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Tradução: Angel Huntress

Revisão: Angel Huntress

Leitura Final: Sekhmet Huntress

Formatação: Sekhmet Huntress


COPYRIGHT © 2016 POR LEELA ASH.
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recuperação de informações, sem a
permissão por escrito do autor, exceto
pelo uso de citações breves em uma
resenha.
Krista não tinha ideia que naquela
noite seu mundo inteiro estava prestes a
ser virado de cabeça para baixo...

Apenas mais uma noite no bar,


pensara. Ela não tinha ideia. Em um
piscar de olhos, seu mundo inteiro mudou,
enquanto ela é subitamente ameaçada
por um grupo de homens estranhamente
vestidos. Tão rapidamente quanto o
ataque aparentemente aleatório começa,
ela é salva por um homem que
instantaneamente a aquece como
nenhum homem antes.
E as histórias selvagens que ele está
prestes a contar... do lugar dela entre os
dragões? Ela já tinha ouvido algumas
estórias malucas antes, mas esta era um
nível totalmente novo. Mas de alguma
forma acreditou nele. Parecia que toda a
vida dela fazia sentido pela primeira vez.
Ele lhe conta de sua antiga raça e de outro
mundo chamado Kaldernon. Ele disse que
sempre esteve lá protegendo-a, cuidando
dela, esperando pelo tempo em que se
revelaria, e revelaria a ela sua própria
natureza e a verdade de sua herança.
Mas será que ela pode confiar neste
homem? Pode confiar na paixão
crescente dentro dela? É realmente
seguro ceder a esses impulsos que sente
cada vez que ele está próximo? E o que
dizer desses contos selvagens dos
Guardiões e algum rasgo no tecido do
espaço-tempo? Mal sabe ela é que este é
apenas o começo da mais incrível, e mais
quente aventura de sua existência...
CAPÍTULO UM

— Krista, venha aqui e dance! — Marcia


chamou sua melhor amiga, que fazia a
mesma coisa de costume, permanecia
sentada em um canto, com um olhar
entediado no rosto.
Krista suspirou. Ela não estava com
disposição para estar no bar. A intenção dela
era oferecer à sua melhor amiga apoio
moral. Um homem por quem Marcia estava
apaixonada, comemorava seu aniversário e
ela fora convidada, mas estava com muito
medo de ir sozinha e então implorou a Krista
que aparecesse. Krista não sabia por que
deveria estar lá de qualquer maneira, já que
Márcia simplesmente acabara se pendurando
no cara e saindo para lhe dar um presente
particular.
— Eu realmente tenho que ir. — Krista
avisou, balançando a cabeça e apontando em
direção à porta, caso Marcia não
entendesse. Marcia fez uma careta exagerada,
mas desapareceu de volta para a multidão, e
Krista suspirou aliviada. Ela estava livre.
Ou assim pensou.
— Ei, querida! — Chamou um homem
bêbado, com desdém, bloqueando a
saída. Ela havia seguindo para a porta dos
fundos, por onde sairia em um beco, no qual
seguiria para o estacionamento sem
encontrar mais amigos. Ela não reconheceu o
homem bêbado e tentou passar por ele. —
Sente vontade de ter sorte esta noite? Amei
essa bunda!
Ela revirou os olhos com nojo e
finalmente passou por ele. Apesar de virgem,
Krista estava acostumada a homens olhando
para ela e, embora adorasse passar uma noite
sem ser incomodada, parecia que essa noite
simplesmente não seria sua noite de sorte.
— Ei! — Ele protestou quando foi
empurrado para o lado e as pessoas ao seu
redor riram dele. Felizmente, havia pessoas
suficientes entre eles, que não se importavam
com o que ele diria. Ela passou em
segurança.
Finalmente, Krista saiu para a noite
escura e fria e respirou fundo um delicioso ar
fresco. Sair pelo beco fora uma boa ideia.
De repente, ela sentiu uma dor lancinante
na cabeça e sua visão ficou turva.
— Pegue ela, amarre suas mãos!
— Que diabos? — Ela murmurou,
tentando se levantar. Mas antes que pudesse
recuperar o equilíbrio, outro lampejo de dor
trouxe manchas diante de seus olhos e ela
caiu novamente.
— Não se mexa! — um homem furioso
gritou. Ela estava cercada e aterrorizada, mas
decidiu não se mexer. Eles estavam em maior
número.
— Finalmente, estamos esperando há
tanto tempo por isso!
— O que... — Krista levou a mão à cabeça,
estremecendo de dor e confusão.
De repente, ela ouviu um rosnado,
diferente de tudo que já tinha ouvido antes, e
se encolheu.
— Não toque nela! — A voz gutural de um
homem gritou. Ela tentou abrir os olhos, mas
o que viu a aterrorizou. Um dragão negro
gigante estava parado no final do beco. Nesse
ponto, ela desmaiou.
CAPÍTULO DOIS

Clayton fez uma careta para a mulher


desmaiada no chão e lançou um olhar
desafiador para o grupo de homens que
tentavam sequestrá-la. Ele sabia exatamente
quem eram, e o conhecimento o enfureceu.
— O que você pensa que está fazendo?
— Ele rosnou, furioso por eles terem a
coragem de chegar perto da mulher mais
sagrada para seu clã.
Mas Clayton sabia exatamente o que
estavam fazendo. Krista tinha sido o foco
principal dos autoproclamados Guardiões e
do clã Kersh, e por boas razões. Ela era
extremamente valiosa, e a última herdeira
viva, jovem o suficiente para garantir a
continuidade do clã Kersh.
— A garota é nossa! — o líder do pequeno
grupo sibilou, avançando e puxando uma
arma para Clayton. Clayton se encolheu e
pulou para longe, tirando a grande arma da
mão dele. Clayton sabia que não era apenas
uma arma, estava totalmente carregada de
munição que limitaria seus poderes e tornaria
impossível mudar para sua forma de
dragão. A partir daí, poderia ser morto tão
facilmente quanto qualquer outro humano
mortal.
— Eu acho que não! — Ele rosnou,
permitindo que a mudança para sua forma de
dragão se completasse. Ele normalmente se
continha quando estava em áreas humanas,
apenas mudando o suficiente para tirar
proveito de seus poderes enquanto
desencadeava sua fúria contra seu
inimigo. Mas quando ele estava protegendo a
única mulher viva que era capaz de garantir a
continuação de sua raça, não poderia se
arriscar.
Os olhos dos homens se arregalaram e
todos procuraram suas armas, quando
Clayton soltou um rugido poderoso. O chão
tremei sob seus pés, fazendo-os se
encolherem de medo. O calor do hálito dele
seria suficiente para chamuscar as
sobrancelhas deles, fazendo-os fugir,
preocupados em não conseguir sobreviver à
sua fúria, quando ele começou a inalar e uma
explosão de chamas cintilou em sua boca.
Krista estava deitada no chão entre suas
pernas enormes, totalmente desmaiada, e
agora que estavam sozinhos, Clayton voltou à
sua forma humana. Ele colocou sua capa
para esconder sua nudez, pegou Krista e
saltou no ar e levando-a de volta para o
apartamento dela a alguns quarteirões de
distância. Não podia deixar ninguém vê-los, e
sua capa ajudou a escondê-los das pessoas
que poderiam estar olhando para o céu
noturno. Mergulhado nos poderes de seu
próprio mundo, um lugar que sentia muita
falta.
Na verdade, Kaldernon, seu planeta
natal, sentia muita falta de todos no clã, mas
eles não conseguiram encontrar o caminho
de volta ao seu próprio mundo. Após um
terremoto que alterou suas vidas, o mundo
pareceu se abrir e vários membros Nascidos
Dragões do clã Kersh tombaram através de
um portal invisível, aterrissando em um
mundo cheio de confusão.
Eles foram ocultados por um crescimento
de árvores perto de uma ravina e puderam
ver Kaldernon brilhando sobre suas cabeças,
assombrando-os por sua incapacidade de
encontrar um caminho através do
portal. Mudaram para suas formas de dragão
e tentaram voar, mas foram repelidos
violentamente e forçados a se recuperar por
dias de um golpe diferente de qualquer outro
que já haviam experimentado.
Kaldernon brilhava no céu acima de suas
cabeças há centenas de anos, enquanto
aperfeiçoavam seu assentamento subterrâneo
para se protegerem dos humanos, e o clã
Kersh observava os pioneiros começarem a
se estabelecer no deserto e a construir uma
civilização própria ao lado. As pessoas
sempre foram atraídas para a área por algum
motivo inexplicável. Era como se eles
estivessem buscando o imenso poder que
sentiam vindo de Kaldernon e do grupo de
shifters dragões que residiam lá.
CAPÍTULO TRÊS

Um dia, um parente distante de Clayton


teve um encontro com uma das meninas da
vila. Seus olhos eram de um azul cintilante e
fumegante, e não fora capaz de resistir a
ela. Eles haviam sido tão poderosamente
atraídos um pelo outro que se arrebataram
naquele momento e ali, as pernas da mulher
se abriram, com as costas pressionadas contra
um poderoso carvalho.
Quando ele a trouxe de volta ao clã, os
outros ficaram surpresos. Estava claro que ela
era de Kaldernon, por alguma estranha
reviravolta do destino ou por puro acaso. De
repente, o clã Kersh soube de outros rasgos
no tecido dimensional que separavam a
Terra e Kaldernon, foram abertos, deixando
entrar um grupo de pessoas de seu mundo,
que eram conhecidas por sua capacidade de
carregar as crianças dos dragões: as
Lonis. Eles eram excepcionalmente
inteligentes e criativos, e criaram uma
civilização em Kaldernon que trouxe grande
alegria e cultura para aqueles que moravam
lá.
A jovem donzela estava completamente
alheia à importância de sua linhagem, mas
quando ela olhou para o céu e viu Kaldernon
pela primeira vez, seus olhos se arregalaram
em descrença e souberam que era
verdade. Ninguém, exceto os descendentes
de Kaldernon, eram capazes de vê-la
brilhando no céu, provocando-os de cima,
quase como uma visão de um sonho.
Mas, quando perguntada sobre o que
sabia de seus parentes, ficou quieta e infeliz.
— Somos apenas minha irmã e eu. —
Dissera ela tristemente. — Todo mundo
morreu a bordo do navio.
Isso significava que ninguém lhes contara
sobre Kaldernon. Ela rapidamente se
apaixonou pelo shifter dragão e deu à luz
muitos de seus filhos. A linhagem ficou forte
com seus descendentes depois disso, mas
então eles começaram a desaparecer. Agora,
eram apenas os herdeiros de sua irmã que
viviam, alheios aos Nascidos Dragões,
vivendo suas vidas e fazendo sua parte para
garantir a prosperidade e a cultura da
civilização na Terra.
O clã Kersh estava diminuindo, e todo
mundo procurava respostas em Clayton. Ele
era o descendente do líder original do clã
Kersh, e sua linhagem não foi cruzada com
os Lonis. No entanto, era apenas uma Loni
que seria capaz de ajudá-los a garantir a
continuação de sua raça, e ele estava com
medo de que, se não conseguisse encontrar a
última mulher de descendência dos Loni,
tudo pelo que haviam trabalhado seria
perdido. Não haveria Nascido Dragão para
garantir a sobrevivência de suas belas
tradições, e todo o progresso que haviam
feito na pesquisa da fenda de tempo e espaço
que os mantinham afastados de Kaldernon
seria inútil. Todo mundo que viveu antes
dele teria morrido em vão.
E assim os Nascidos Dragões se tornaram
extremamente determinados a proteger os
descendentes dos Lonis. Eles os rastrearam
através dos tempos, mas nunca precisaram de
ajuda até agora, quando havia apenas uma
mulher que era capaz de fazer o que
precisava ser feito. Mas como poderiam se
aproximar dela e pedir o impossível
dela? Era injusto e estranho abordar uma
mulher, pedindo que ela fosse a portadora
involuntária de uma criança de dragão. Ela
era cobiçada e preciosa para o clã Kersh e
estava secretamente protegida desde que era
criança.
Clayton a viu pela primeira vez quando
ambos tinham cerca de dez anos. Ela estava
andando pela calçada, secretamente
cantando uma música calma que lhe dava um
sentimento melancólico. Isso o lembrou das
histórias musicais que haviam sido
compartilhadas com o clã Kersh antes de
serem expulsos de Kaldernon. Os criativos
Lonis haviam criado muitas canções bonitas
que ainda sobreviveram em seu clã, e eles
foram abençoadas com tantos dons musicais,
que sua pequena canção imediatamente o
pareceu como a coisa mais linda que ele já
ouvira.
Ela não o viu e continuou andando, mas
deixou cair um pedacinho de papel da
mochila. Clayton viu e hesitou. Ele deveria
recuperá-lo para ela ou deveria fugir e fingir
que não tinha visto nada? Mas e se fosse
importante? Ele não deveria interagir com
nenhum dos humanos, e principalmente os
Lonis, apenas para não levantar suspeitas. Ele
estava vestido com calças pretas largas e um
colete vermelho, mas eram seus olhos que o
denunciavam. Eles eram um verdadeiro sinal
de ser um Nascido Dragão, iluminado por
manchas verdes e douradas. Às vezes, suas
pupilas se contraíam em fendas, dando-lhes
uma aparência reptiliana anormal que
deixava os humanos inquietos. E se ela
gritasse?
Mas ele não suportou a ideia de ela ter
perdido o pedaço de papel, pegou o papel e
correu atrás dela descalço.
— Ei! — Ele chamou, ofegando e agitando
o papel no ar. — Você deixou cair isso!
Ela se virou e fixou seus lindos olhos nele,
um olhar que fez seu coração bater
dolorosamente em seu peito. Ele
rapidamente desviou os olhos para o
chão. Isso não apenas era uma medida de
segurança, mas também garantia que ela não
fosse perturbada pelo olhar reptiliano dele.
— Obrigada, — Disse ela, virando-se para
guardar o papel na bolsa. Ela queria
continuar a conversa, mas quando voltou
para a calçada, o garoto se fora.
Ela não tinha ideia de que ele estava
fazendo o possível para mantê-la segura, em
segundo plano, durante a maior parte de suas
vidas. Ele tentou não aprender muito sobre
ela, mas era difícil. Sabia que ela gastava
muito tempo e dinheiro em lojas de
arte. Sabia que ela trabalhava em uma
biblioteca e gostava de fazer compras em uma
loja de alimentos orgânicos. E ele também
sabia que era a cantora mais bonita que já
ouvira, e costumava cantarolar para si mesma
enquanto se movia ao longo do dia de um
destino para outro.
Fora isso, ele esperava conhecê-la
naturalmente e fez o possível para não agir
muito como um perseguidor. Mas ele tinha
que ficar de olho nela, especialmente com os
Guardiões em movimento. Eles não
hesitariam em destruí-la e aprender os
segredos de Kaldernon, e se tivessem sucesso
em sua missão, o povo de Clayton estaria
perdido para sempre.
CAPÍTULO QUATRO

— Estávamos esperando. — A boca


carnuda do homem bonito sussurrou, com o
hálito quente no pescoço dela. Krista gemeu
quando suas mãos largas percorreram seu
corpo, seus dedos fortes percorrendo cada
curva dela. Fazia tanto tempo desde que fora
explorada assim, e ela não conseguia se
lembrar de um homem que demorou muito
para ser tão surpreendentemente íntimo.
Mas ele parecia sintonizado com ela, cada
centelha de prazer, e sabia exatamente o que
tinha que fazer para persuadir mais o corpo
dela. Ela se permitiu experimentar ondas de
prazer que ele trouxe para ela e se viu
despertada de uma maneira crua e
incomum. Ele era tão poderoso.
De repente, ela se deu conta de sua
própria excitação poderosa, quente e
formigante quando ele pressionou o
comprimento de sua masculinidade
impressionante contra ela. Ela suspirou
quando a boca dele depositou beijos quentes
por todo seu corpo, a provocando e a
atormentando, afastando as pernas dela e
passando as mãos por suas coxas, deixando
rastros de fogo em sua pele.
Ela se permitiu encará-lo, o homem lindo
com o qual se sentia conectada, que a seguia
em seus sonhos por tanto tempo. Quem ela
finalmente viu em carne e osso, cujos braços
ela sentiu protegendo-a quando pensou que
ninguém podia ouvi-la chorar.
Mas agora sua voz assumiu um tom rouco
e animalesco quando ele a tocou. Sua
necessidade urgente de preenchê-la a fazia
sentir-se impaciente, mas ela apreciava o
longos e doce fogo que ele acendia em seu
corpo. Ela sentiu seu próprio corpo se
contorcer de prazer embaixo dele, enquanto
olhava para o corpo perfeito dele. Ele estava
completamente nu, e seu pênis estava ereto,
maciço e paciente, pulsando com o mesmo
desejo desenfreado que o dela.
— Estive esperando... — Disse ele, seus
olhos fixos nos dela. E finalmente, ele a
penetrou profundamente, preenchendo-
a. Seu corpo explodiu de prazer e ela gritou
tão alto que acordou.
Krista gemeu e esfregou a cabeça,
esquecendo imediatamente seu sonho,
quando sua mente ficou turva de dor. Sentiu
uma pontada na nuca. Ela abriu os olhos e
sentou-se com urgência. Como voltou ao seu
quarto? Lembrou-se vagamente de um grupo
de homens esperando do lado de fora do bar
para atacá-la, mas não sabia por que eles
queriam fazer algo assim. Ela era inocente,
afinal. O que teria feito a eles?
Tentou se lembrar de tudo sobre a noite
anterior e se viu frustrada com o vazio de
tudo isso. O que tinha acontecido? Voltou
para casa sozinha? Não conseguia se lembrar
de dirigir o carro, provavelmente ainda estava
no estacionamento do bar. Silenciosamente
amaldiçoou Márcia por forçá-la a sair com ela
naquela noite. Ela ficaria feliz em ficar em
casa e praticar seu violão.
Infelizmente, sucumbira à pressão social
de sua amiga, não teve outra opção a não ser
aceitar, pois se sentiria melhor sabendo que
sua amiga não fora sozinha encontrar sua
paixão. Felizmente, não tinha planos e
acompanhou Márcia, embora preferisse
ficar. Às vezes, sua amiga tinha o pior gosto
pelas pessoas, e sempre a preocupava quando
dizia que tinha interesse em um homem ou
outro.
Tentando se lembrar da noite anterior,
tudo o que ela conseguia se lembrar era o
sonho que teve. Um homem com olhos
verdes brilhantes apareceu do nada e se
transformou em uma fera gigantesca. Fora o
sonho mais intenso que já teve e, por algum
motivo, fez com que se sentisse nostálgica,
como se estivesse encontrando um velho
amigo. Ela esperava sentir-se aterrorizada,
mas não era assim que se sentia.
De repente, as lembranças da noite
anterior começaram a inundá-la. Ela sentiu
como se estivesse sonhando e, no entanto,
parecia real, como se fosse uma
lembrança. Os homens que a atacaram no
beco fugiram gritando quando a besta gigante
ameaçou atacá-los. A enorme fera estava
sobre ela, a protegendo, e dilatou suas
narinas, produzindo faíscas que poderiam
incendiar a lixeira do beco.
Lembrou-se vagamente da sensação de
leveza quando foi levantada, o ar frio
correndo sobre seu corpo. Lembrou-se de
uma voz profunda e estridente. Alguém tão
masculino que invocou uma emoção em seu
corpo que a despertou, enquanto ela se
agarrava firmemente a sua consciência. Seu
corpo respondeu profundamente ao cheiro
inebriante da floresta nele. Sua mente
permaneceu nos longos cabelos negros do
homem, dando-lhe a impressão de alguém
exótico e misterioso. E, no entanto, lhe
parecia familiar, como se eles já tivessem se
encontrado.
Krista se levantou e percebeu que achava
difícil manter o equilíbrio. Quaisquer que
fossem os ferimentos que sofrera, a deixavam
tonta e dificultava o aproveitamento
adequado da manhã. Se arrastou até o
banheiro e olhou para seu reflexo no
espelho. Seus olhos azuis claros estavam
inchados, fundos e com olheiras, como se
tivesse levado um soco no rosto. Ela não
estava machucada nem nada, mas estava
definitivamente muito cansada. Seus longos
cabelos loiros esvoaçantes estavam
bagunçados, e se sentiu muito irritada por
não conseguir se lembrar dos eventos da
noite anterior.
O que diabos aqueles homens estavam
pensando? Por que eles queriam atacá-
la? Tanto quanto sabia, ela não tinha feito
nada de errado. Então, por que fora
alvejada? Nada disso fazia sentido,
especialmente a parte em que o estranho
misteriosamente veio e a salvou.
Talvez tudo isso tivesse sido apenas um
sonho, algum tipo de fantasia boba em que
ela entrara quando ficou inconsciente. Isso
faria algum sentido, parecia mais lógico que
estivesse um pouco louca, do que os dragões
existirem, principalmente nos dias de
hoje. Não apenas isso, mas explicaria como
ela começara a sonhar com um homem que
se transformava em dragão. Era algum tipo
de coisa estranha e fantasiosa que sua mente
inventara para ajudá-la a lidar com os
inexplicáveis eventos da noite anterior.
Mas ela sabia que às vezes até os eventos
mais absurdos não tinham uma explicação
boa o suficiente. Às vezes, pessoas inocentes
eram alvejadas sem nenhuma razão. Essa
parte estava fora de seu alcance. Mas o que
ela faria era tentar encontrar uma maneira de
colocar esses bastardos em problemas, pelos
problemas que haviam causado a ela e fazer
o possível para lembrar dos eventos da noite
anterior.
Estava dor de cabeça latejante e se sentiu
irritada. Ela nem se embebedara na noite
anterior e, no entanto, estava sofrendo dos
mesmos sintomas de uma ressaca. Imaginou
que o mínimo que poderia ter feito era ficar
bêbada para isso. Mas era tarde demais.
Ela se despiu devagar, examinando seu
corpo por algum sinal de lesão. Ela tinha uma
contusão na perna esquerda e uma no braço,
mas fora isso, parecia bem. Era uma sorte se
sentir bem, mas ainda assim, não estava com
vontade de ir trabalhar naquele dia. Depois
de tomar banho, sentou-se na cama e pegou
o telefone. Ela ligaria para o chefe e pediria
uma oportunidade de usar um de seus dias
de férias e fingir que nada da miséria que
havia sofrido acontecera.
De repente, ela ouviu um barulho do lado
de fora da janela e pulou, assustada quase saiu
de sua pele. O telefone escorregou de sua
mão e caiu no chão, se levantou rapidamente,
indo em direção à janela para encontrar a
causa do barulho. Havia obras acontecendo
lá embaixo, e ela estremeceu ao recuperar o
telefone.
O mundo não parecia mais seguro para
ela, e se sentia um pouco desconfortável com
o fato de ter sido atacada poucas horas
antes. O que aqueles homens queriam? Eles
pareciam ter um propósito. Se fosse esse o
caso, voltariam? Sabiam onde ela
morava? Alguém deveria, porque lá estava
ela. Não se lembrava de se deitar e não
conseguia se lembrar de mais nada que
tivesse acontecido. Era realmente assustador,
e ela olhou para o telefone por um momento,
pensando se ela realmente queria ou não ficar
em casa sozinha e se surpreender com cada
pequeno rangido que ouvir.
Por fim, Krista decidiu que não cancelaria
o trabalho e faria o possível para cumprir suas
obrigações em seu trabalho. Ela se sentiria
mais segura perto de outras pessoas do que
apenas andando pelo apartamento como um
pato encurralado, esperando que algo terrível
acontecesse. Talvez, em vez de ir trabalhar,
ela deva ir registrar queixa na polícia. Talvez
isso fosse mais construtivo do que arquivar
papéis e guardar livros o dia todo.
Sua mente voltou para o homem que a
salvara. Por que ele era tão familiar? Ele
poderia ter sido uma invenção de sua
imaginação, mas não achou que fosse. Se
fosse, então estaria muito pior do que estava
agora. Quem sabia o que aqueles homens
teriam feito com ela se o belo estranho não a
tivesse salvado a tempo? Ela não estaria
preocupada em chegar ao trabalho, ao
contrário, ela teria sido roubada durante a
noite. Talvez até morta.
Então, ligou para seu chefe e explicou o
que havia acontecido com ela na noite
anterior. Seu chefe ficou horrorizado e
insistiu que passasse a tarde conversando
com a polícia. Se ela quisesse trabalhar,
poderia fazê-lo depois de registrar seu
relatório. Mas nem um momento antes.
Krista ficou agradecida pelo apoio de seu
chefe e se vestiu rapidamente, percebendo
que o apartamento em que ela morava
repentinamente parecia grande demais para
alguém que poderia ou não ser alvo de um
grupo malicioso de homens estranhos e
zangados a qualquer momento.
CAPÍTULO CINCO

Algumas horas depois, Krista estava


conversando com uma gentil policial sobre
sua terrível experiência. A mulher assentia
seriamente sempre que ouvia as respostas de
Krista às suas perguntas.
— Devo dizer que não ouvi falar de mais
ninguém sendo atacado ultimamente. Se
fosse atividade de gangue, acho que já
teríamos ouvido algo mais sobre isso. Muitas
pessoas geralmente são alvo em bares, mas
foi um mês lento. Infelizmente, parece que
você é uma das primeiras a denunciar
qualquer violência dessa natureza por um
bom tempo. Isso é bom para a cidade como
um todo, mas isso significa que não temos
pistas ou suspeitos no momento. Você
poderia tentar descrever seus atacantes e suas
roupas para mim? Isso realmente nos
ajudaria a fazer uma distinção quando
pegarmos o agressor.
Krista tentou pensar no que os homens
estavam vestindo. Ela franziu a testa,
pensando que a policial talvez não acreditasse
nela. Parecia incomum demais para ser
verdade e, para ser sincera, ela também não
estava confiando nas próprias
memórias. Não depois de pensar ter visto o
homem que a salvou se transformar em um
dragão. Isso era muito fora deste mundo para
ser aceito. Então, naturalmente, ela manteve
essa parte para si mesma e apenas mencionou
que um homem de cabelos escuros parecia
ser quem a salvara. Mas a partir daí, ela não
conseguia se lembrar de mais nada que
tivesse acontecido.
A policial assentiu e disse-lhe que um
lapso de memória era normal após um
evento traumático como esse. Mas seria
muito útil se ela fosse capaz de explicar que
tipo de roupa os atacantes estavam vestindo.
— Era como se eles estivessem vestindo
mantos ou algo assim... — Disse Krista,
relutante.
Ela não queria que a policial a olhasse
como se estivesse louca, mas os penetrantes
olhos azuis da mulher se fixaram nela por um
momento, sua sobrancelha erguida
quase imperceptivelmente. Krista era
perspicaz, porém, e sabia que teria que tomar
cuidado para permanecer do lado bom da
policial. Caso contrário, ela não seria mais
receptiva à experiência de Krista.
— Que tipo de roupa? — a policial disse,
rabiscando uma nota e sem tirar os olhos de
Krista.
— Não é o tipo de roupa que você
normalmente vê ou pensa. — Disse Krista
com um suspiro. — Era mais como os tipos
de roupas que os monges da época medieval
usavam. Não estou dizendo que eles estavam
correndo de roupão ou algo assim. Isso seria
estranho. Mas isso também é estranho. Era
quase como se eles fossem um culto de algum
tipo.
— Isso é muito estranho... — Disse a
policial com um aceno de cabeça. — Você se
lembra de mais alguma coisa distinta sobre
suas aparências? Terei que fazer o meu
melhor para examinar os registros da cidade
e descobrir se existe alguma organização que
possa ter esse tipo de guarda-roupa.
— Bem, eles estavam vestindo casacos
sobre as vestes, então eles se misturavam. Os
casacos eram pretos e usavam sandálias. Eles
pareciam maldosos e sujos, e me atacaram do
nada. Não entendo por que fizeram algo
assim.
Krista esperou que a policial
respondesse, mas estava muito ocupada
rabiscando suas anotações.
— Eles estavam carregando armas de
qualquer tipo? — A policial perguntou a ela.
— Sim, na verdade estavam. Eles tinham
um tipo estranho de armas que nunca vi
antes, mas não as usaram em mim. Mas as
puxaram para o homem que surgiu para me
resgatar. Não sei para onde ele foi. Eu
gostaria que ele estivesse por perto, para que
pudesse ter alguma ajuda para preencher este
relatório e descobrir o que está acontecendo.
— Você está indo bem — Disse a policial
com um breve aceno de cabeça. — Agora,
diga-me qualquer outra coisa que você se
lembre daquela noite, e nós enviaremos isso
e tentaremos encontrar os autores o mais
rápido possível.
— Obrigado. — Disse Krista, e começou a
trabalhar, lembrando cada pequeno detalhe
que pudesse. Seria bom conseguir uma
pequena quantidade de justiça. Ainda assim,
sabia que não seria suficiente. Ela não teria
paz até entender exatamente o que aconteceu
naquela noite.
CAPÍTULO SEIS

Clayton rosnou para si mesmo enquanto


corria pela floresta, com a mente
completamente em Krista. Ela o vira, isso era
certo, mas ele não sabia o quanto ela se
lembraria. Ele a tinha deitado em sua cama,
cobrindo-a e tratando a sua cabeça ferida o
mais breve e gentilmente que podia. Sabia
que ela provavelmente ficaria muito chateada
se soubesse que ele estava lá, e sendo assim,
foi embora o mais rápido possível e voltou
para o seu esconderijo subterrâneo com o
resto do seu clã.
Todos eles estavam curiosos sobre o que
aconteceu naquela noite, porque não era
típico de Clayton estar fora do comum de
maneira nenhuma. Estavam acostumados a
ele ser legal e sereno em todas as situações,
e o fato de estar perturbado, parecia acender
uma bandeira vermelha que atraía muita
atenção dos membros de seu clã. Os
Nascidos Dragões eram muito astutos em
perceber emoções e sabiam que ele estava
angustiado.
— O que aconteceu com você, Clayton?
— eles perguntaram, trazendo copos de água
e pratos de comida. — Onde você esteve a
noite toda? Sabemos que a Nascida Human
não fica fora até tarde, ela gosta de dormir
cedo. Algo deve estar errado.
— Ela foi atacada pelos Guardiões. —
Disse Clayton, com o rosto sombrio. Ouvir
as palavras em voz alta serviu apenas para
deixá-lo ainda mais irritado. A pobre mulher
não tinha ideia de sua linhagem, e ela não
seria tão útil para os Guardiões quanto eles
pensavam que seria. Levaram muito tempo
para localizá-la, mas agora que finalmente a
tinham, o clã Kersh não seria mais capaz de
dar um tempo para protegê-la.
Os Nascidos Dragões encararam Clayton,
os olhos arregalados em descrença e
medo. Eles não queriam que nada
acontecesse com ele ou com a mulher que
poderia ser potencialmente a salvadora de
seu clã. As notícias eram terríveis e
começaram a sussurrar entre si, espalhando
um pânico silencioso.
— Por favor, fiquem quietos. — Disse
Clayton, colocando a mão nas têmporas. —
Não sabemos o que vai acontecer, mas acho
que devemos fazer o possível para observar
Krista e garantir que ela não corra mais
perigo. A partir de agora, teremos que fazer
turnos para patrulhar, em vez de assumir que
ela ficará bem por algumas horas sem
nenhuma supervisão. Você sabe o que os
Guardiões farão se conseguirem pegá-la.
E eles não desistirão por falharem apenas
uma vez. É definitivo que voltarão e atacarão
novamente. “Só espero que eles não tenham
rastreado apartamento dela ainda. Eles a
encontraram aparentemente por engano no
beco, como esperavam, colocando homens
do lado de fora das portas de áreas populares
e movimentadas. De alguma forma, essa
estratégia ineficiente conseguiu trabalhar para
eles e ela se viu uma infeliz vítima das
circunstâncias. Foi realmente uma sorte estar
lá para detê-los.”
As pessoas ao seu redor ouviram
atentamente, acenando com a cabeça na
compreensão da terrível situação. Eles não
queriam deixar Krista cair nas mãos dos
Guardiões. Eles eram pessoas
terríveis. Muitos dos Lonis foram submetidos
a imensa tortura pelos Guardiões. Os
Guardiões vieram de uma ordem
estabelecida há muito tempo de homens que
descobriram que os tecidos entre as
dimensões estavam rasgados, às vezes
permitindo que criaturas e seres místicos
caíssem, dando-lhes outra opção a não ser se
sentirem confortáveis na Terra.
Esses fundamentalistas acreditavam que
não era motivo de alegria e que a Terra não
era para ser compartilhada. A terra era, de
fato, apenas para seres humanos, e se eles
eram ameaçados pela invasão de outra
espécie, isso significava que os seres humanos
talvez não estivessem no topo da cadeia
alimentar. Isso foi algo que eles não
conseguiram resolver, e rapidamente
começaram a aprender o máximo possível
sobre a ordem paranormal das coisas. Eles
claramente não sabiam tanto quanto
esperavam, ou tanto quanto
pretendiam. Esse buraco no conhecimento
deles lhes trouxe um profundo sentimento de
medo e pânico.
Eles não pareciam se importar ou
entender que os seres que se encontravam na
Terra não tinham escolha. De fato, foram
vítimas de circunstâncias infelizes que se
perderam em um mundo que não
reconheciam, repleto de amargura e
medo. Sem o conhecimento e a compaixão
do Guardião em relação aos povos
deslocados de outras dimensões, eles
estavam sutil e lentamente criando um
ambiente hostil capaz de promover uma
guerra devastadora, aquela que transcenderia
através dos tecidos do tempo e do espaço.
Clayton estava familiarizado com os atos
dos Guardiões. Os Lonis e o clã Kersh não
foram os únicos seres paranormais que foram
capazes de atravessar as escotilhas no céu. Ele
viajou por um longo caminho com seu
antecessor, o líder do clã, e também seu
pai. Juntos, eles viram outros rasgos no tecido
da atmosfera da Terra. Foi-lhe dito que
outros seres, fadas e outras criaturas ocultas
místicas haviam sido lançadas através das
dimensões e perdidas na Terra.
— Mas como isso é possível? — Clayton
perguntara. — O que acontece nesses
mundos que torna as criaturas suscetíveis a
serem jogadas em outro mundo?
— Assim como os Guardiões especulam,
tudo o que posso dizer é o que o líder
anterior me disse. Sua pergunta é aquela que
os Guardiões esperam responder. Eles
querem proteger este mundo de tal
invasão. Eles pensam em todos nós como
monstros. Infelizmente, tanto para as pessoas
na Terra, que não nos querem aqui, como
para nós, que não estaríamos aqui se
tivéssemos uma escolha, é impossível mudar
os rasgos no tecido ou impedir que criaturas
inocentes caiam. Francamente, nenhum de
nós realmente queria acabar na Terra, e o
fato é que muitos de nós somos mais
miseráveis aqui do que estaríamos em nossa
terra natal.
— No entanto, parece não haver nada que
possamos fazer para evitar essas
ocorrências. De vez em quando, há uma forte
vibração que pulsa através do universo. Tudo
na criação é afetada por isso. Durante muito
tempo, os tecidos entre as dimensões foram
capazes de resistir à tensão, mas, devido à
corrupção na Terra e às más intenções das
pessoas que moravam lá, tornaram a
atmosfera muito tóxica e fina. É fácil que as
coisas caiam diretamente ou se percam fora
dela. Existem buracos por todo o lugar que
não deveriam estar lá e não existem em
outros lugares e mundos.
Clayton ouvira sombriamente o pai, e seu
coração doía dolorosamente com a
lembrança. Seu pai havia morrido há muito
tempo e, desde então, cabia a ele levar o clã
à prosperidade. Mas eles estavam ficando
sem opções, e agora ele sabia que Krista era
a única que poderia salvá-las.
— Onde está a garota agora? Posso ir e
cuidar dela. — Disse uma das mulheres
Nascida Dragão, obedientemente,
levantando-se e preparando-se para sair da
entrada do túnel subterrâneo.
— Não tenho certeza, fiquei vigiando a
casa dela a noite toda, mas quando ela saiu,
eu sabia que tinha que voltar aqui. É
impossível para mim manter os olhos abertos
por mais tempo. Foi uma noite muito
longa. Tenho certeza de que ela vai trabalhar
na biblioteca e, se não, vai apresentar uma
denúncia contra as pessoas que a
atacaram. Não deve ser muito difícil
encontrá-la na delegacia ou no local de
trabalho. Apenas ouça a vibração sutil. Ela
canta enquanto caminha. Ela tem uma
música das Lonis e é um som que ressoa com
a nossa espécie. Você não irá confundir, não
importa onde esteja. Pode ser alto e óbvio o
suficiente para que você possa encontrá-la
agora. Eu gostaria de poder tentar, mas tenho
medo de estar cansado demais.
— Não, não se esforce. Vamos nos
assegurar de ficar de olho nela.
— Eu aprecio isso — Disse Clayton. —
Vocês todos entendem o quão importante ela
é. Entendo que será ainda mais desafiador do
que antes, mas, de alguma forma, temos que
descobrir como podemos levá-la ao clã e
ajudá-la a entender nossos caminhos. Se ela
souber sobre sua linhagem, talvez consiga
encontrar alguma paz e conforto entre os
membros do nosso clã. Esse é o ideal, e
realmente espero que vocês considerem as
maneiras pelas quais podemos trazê-la aqui e
fazê-la se sentir bem-vinda.
Todo mundo assentiu baixinho, vendo
que seu belo líder estava muito perto de
adormecer. Eles começaram a sair
silenciosamente da sala, alguns demorando e
levando-o a uma cama macia com
travesseiros de penas. Ele afundou nela e
fechou os olhos, e se viu puxado para o
profundo conforto de um sono
rejuvenescedor.
CAPÍTULO SETE

Enquanto Clayton dormia, ele sonhava


com os Guardiões. Lembrou-se de seu
primeiro encontro com eles quando jovem, e
nunca havia superado completamente as
repercussões disso. Foi exatamente esse
encontro que levou à morte de seu pai.
Os Guardiões eram impiedosos e cruéis,
e acreditavam que estavam fazendo um favor
a todos, livrando-se de qualquer espécie
interplanetária que pudesse estar invadindo a
Terra. Era uma das coisas mais íntimas que
Clayton já ouvira, e ele originalmente
acreditava que negociar com eles e mostrar-
lhes que não eram realmente tão ruins quanto
os homens ignorantes acreditavam, de
alguma forma fazer a diferença e acabar com
o abate, de uma vez por todas.
Esse erro crucial custara a vida ao
pai. Clayton sonhava com o dia horrível
repetidamente, e esta noite não era
diferente. Sempre começou da mesma
maneira.
Clayton e seu pai passeavam pela
floresta, procurando comida e itens que eles
poderiam usar para fazer
ferramentas. Clayton ouvia a voz de seu pai,
o suave estrondo, enquanto explicava o
funcionamento interno secreto do mundo
para seu único filho.
E então, confusão e caos. Clayton sendo
jogado no chão e seu pai grunhindo de
dor. Os homens selvagens sem cabelo e
brilhantes, com olhos raivosos enquanto
amarravam cordas ao redor de seu pai. Seu
pai rosnando e começando a mudança para
sua poderosa forma de dragão, sendo
eletrocutado antes que pudesse terminar a
transformação e caiu frouxamente no chão.
Clayton levantou-se, com as pernas
trêmulas, e gritou para o homem como
sempre fazia em seus sonhos, como havia
feito naquele dia fatídico, para deixar seu pai
em paz. Essa paz era possível. Ele tinha uma
fantasia de que seria capaz de explicar a
situação dos seres celestes que se viram
perdidos na Terra. Talvez pudessem
trabalhar juntos para encontrar uma solução
e se livrar do problema. Seu pai estava fraco
e ferido, e as pessoas estavam cortando seus
membros com machados. Eles tentavam
atravessar as escamas grossas de dragão e sua
armadura, mas não foi fácil e foi doloroso.
— Que diabos esse garoto pensa que está
fazendo? — Um dos homens disse com um
rosnado. — Nós vamos ter que colocá-lo no
lugar dele, você sabe. Vai ser bem divertido
de assistir, não é?
Com isso, o pai de Clayton ficou
furioso. Ninguém ameaçou seu filho e se
safou. Especialmente esses homens. Seu pai
se levantou e tentou atacar, mas isso deixou
sua parte inferior vulnerável. Um homem
enfiou uma espada nele, e Clayton
assistiu horrorizado quando seu pai começou
a perder grandes quantidades de sangue. Ele
caiu frouxamente no chão da floresta,
ofegando e olhando para o filho com olhos
perdidos e assustados. Havia uma expressão
em seu rosto que levou Clayton a esse
pesadelo repetidas vezes. Foi mais do que
apenas um pesadelo. Era a realidade
miserável de suas vidas. A experiência mais
traumática que ele já teve.
— Pai... — Clayton sussurrou quando seu
pai respirou fundo. Seu corpo grande tremeu
e estremeceu quando a vida se foi, e Clayton
deu meia-volta e fugiu. Os atacantes de seu
pai estavam ocupados demais amarrando
cordas ao redor do cadáver do shifter para
perceber que Clayton fugira. Eles queriam
devolvê-lo à sua sede o mais rápido possível.
Clayton nunca esteve tão horrorizado em
sua vida e se viu correndo o mais rápido que
suas pernas podiam carregá-lo, até ficar sem
fôlego. Ele caiu no chão da floresta, assim
como seu pai momentos antes. E ficou lá,
silencioso e imóvel, até que um dos membros
do seu clã tropeçou nele. Pensaram que ele
estava doente, o levantaram e o levaram de
volta às cavernas subterrâneas. Demorou três
dias para ele falar uma palavra, mas até então
todo mundo imaginou que seu pai se
fora. Ele não voltou com o filho, e o agudo
estado de luto que Clayton estava passando
dizia tudo.
Agora, em seus sonhos como adulto,
Clayton conseguia se vingar. Tudo acontecia
da mesma maneira todas as vezes, até o olhar
perdido e assustado nos olhos de seu pai. No
entanto, agora que ele era adulto e tinha
alguma experiência como guerreiro, se viu
capaz de revidar contra o inimigo. Ele os
atacaria e espancaria todos eles. Às vezes, os
rasgava com as mãos e os dentes nus. Ele se
tornaria um selvagem, com um desejo
ardente de destruir tudo a qualquer custo,
mesmo que isso significasse condenar a si
mesmo. Nada mais importava: tudo o que ele
queria era ter o pai de volta. Como isso era
impossível, ele foi forçado a viver sem
esperança. Ninguém pensou que Clayton iria
se recuperar de sua dor, e isso era
verdade. Clayton permaneceu quieto e
reservado desde então.
A maior alegria que ele conseguiu
encontrar foi observar Krista de longe, e a
lembrança que ele apreciava do sorriso dela
enquanto lhe entregava o papel que ela
deixara cair na calçada. Agora, ela era dele
para proteger, e ele faria o que fosse
necessário. Ele não poderia falhar com ela da
mesma maneira que falhou com seu pai. Se
ele apenas ficasse de boca fechada ou
prestasse mais atenção à situação em questão,
talvez seu pai ainda estivesse vivo. Talvez eles
pudessem superar os Guardiões em vez de
transformar o dia em uma tragédia.
Ele rolou, gemendo, até ficar sentado na
cama com lágrimas quentes escorrendo pelo
rosto. Sempre desencadeava sua ira quando
tinha esse sonho, e embora parecesse bom
vingar-se e despedaçar todos os homens que
o machucaram e a seu pai, Clayton se sentia
vazio toda vez que acordava. Isso nunca traria
seu pai de volta, e nenhuma vingança seria
suficiente.
CAPÍTULO OITO

— O que faz você pensar que vamos


encontrá-la no bar novamente? — Perguntou
Frederick. Ele fez uma careta para o líder na
frente da fila e Richard sorriu.
— Não sei se a encontraremos lá, mas
acho que talvez possamos encontrar uma
pista sobre o paradeiro dela agora. E de
qualquer maneira, já que era o último lugar
em que a vimos, não faria mal tentar. Faria?
Frederick não discutiria sobre isso, e
seguiu Richard até chegarem ao bar onde
haviam visto a portadora de Nascido
Dragão. Se eles pudessem levá-la de volta ao
laboratório, era possível que finalmente
tivessem a chave. Seu sangue poderia ensinar
a eles tudo o que precisavam saber sobre
como abrir e selar as dimensões dos portais
de tempo e os rasgos no tecido entre os
mundos.
Com base em muitas pesquisas que
fizeram, o sangue das portadoras era
extremamente especial. Com isso vieram
grandes possibilidades. Havia uma razão para
que esse tipo específico de pessoas do mundo
acima fora tão reverenciado. Eles foram os
construtores e criadores; os oráculos e os
artistas. Sem eles, não apenas não haveria
cultura, mas haveria muito pouco prazer na
vida do povo de Kaldernon. Seus dons
haviam sido utilizados, uma e outra vez, para
manter o equilíbrio e a ordem no mundo em
que viviam.
Mas agora os Loni estavam na Terra, e
isso teria que ser suficiente. Eles não eram
especiais, não da maneira como eram
considerados especiais antes em
Kaldernon. Eles não eram criaturas
fantásticas que deveriam esculpir a paz e a
unidade, espalhando paz e arte em todo o
mundo. Eles eram os cidadãos esquecidos e
sub-cantados do mundo aos quais pensavam
pertencer, mas eram realmente bons demais.
Aproveitar qualquer um de seus poderes,
particularmente o poder da última Loni na
Terra, com a capacidade de gerar um filho
para os Nascidos Dragões, era uma grande
oportunidade. Com ela em seu poder, eles
seriam capazes de aprender mais e
aperfeiçoar a melhor arma em seu
arsenal. Algo que podia sentir um rasgo no
tecido dimensional e mantê-lo selado. Algo
que poderia destruir um ser paranormal
átomo por átomo. Se o sangue dela pudesse
ajudá-los o quanto pensavam, eles não
mediriam esforços para capturá-la e mantê-la
em seu laboratório.
— Quanto tempo faz a última vez que
estivemos aqui? — Rodney perguntou.
— Já faz cerca de dezessete horas. O que
significa que o perfume ainda está
fresco. Talvez possamos colocar um dos cães
de caça na trilha.
— Posso ir buscar um, se você quiser. —
Respondeu Rodney.
— Isso seria fantástico. Faça
isso. Enquanto isso, vamos ficar aqui e torcer
para que possamos vislumbrar a portadora.
O grupo se entreolhou e assentiu. Cada
um deles foi instruído a manter os olhos em
uma determinada área do corpo de uma
Portadora, para que pudessem reconhecê-la
mesmo sob o disfarce mais elaborado. Se os
Nascidos Dragões pudessem alcançá-la
primeiro, isso significava que todo o trabalho
deles seria desperdiçado. E isso era algo que
nenhum deles queria ver acontecer. Eles não
podiam pagar esse tipo de revés. Não quando
estavam tão perto de alcançar seus objetivos.
De repente, o celular de Richard
começou a tocar. Ele fez uma pausa e
atendeu.
— Alô? — Ele perguntou. E ouviu
atentamente enquanto a voz do outro lado
falava rapidamente. Suas sobrancelhas
franziram com preocupação e depois alívio.
— Ela estava na delegacia. — Disse
Richard, fechando o telefone e colocando-o
no bolso. — Ela estava registrando uma
denúncia contra nós por atacá-la. Ainda bem
que Josie estava lá hoje. Ela é tão leal à nossa
missão. Ela costumava participar das
reuniões quando era pequena, sentada no
colo do pai. Eu sempre mantinha livros de
colorir lá para ela. É uma alma preciosa e
pura.
Todo mundo assentiu e murmurou seu
agradecimento por Josie. Era bom ter amigos
em lugares altos, e o conselho dos guardiões
certamente tinha isso. Eles precisavam, se
realmente iam moldar a face do mundo ao
seu redor e protegê-la de espécies invasoras.
— Devemos ir e interceptá-la agora?
— Richard perguntou ao resto do
grupo. Todo mundo assentiu e o seguiu em
direção à delegacia. Richard ficou satisfeito
com o grande golpe de sorte que eles estavam
tendo. Fazia muito tempo que eles tinham
esperança de encontrar a Portadora, e agora
tudo parecia estar se encaixando. Foi uma
sorte tão grande descobrirem exatamente
onde a Portadora estava, certamente quando
mais precisavam dela. Se ela fornecesse ao
clã de Nascidos Dragões mais herdeiros, a
erradicação de sua espécie extremamente
perigosa seria um desperdício. Se eles
estavam se reproduzindo, quem garantia que
não se voltariam contra seus companheiros
humanos e usariam seu poder contra
eles. Era perigoso e provável que isso
acontecesse, e todos estavam aterrorizados
com as consequências de tal comportamento.
Se ela desse ao clã de Nascidos Dragões
mais herdeiros, a missão deles seria
inútil. Eles estavam certos de que o clã Kersh
estava melhorando sua tecnologia e, se
descobrissem o portal entre os mundos antes
dos guardiões, haveria um inferno a pagar.
Josie fez o possível para ligar o mais
rápido possível, sem levantar suspeitas. Krista
ainda estava terminando sua papelada, o que
deu aos Guardiões tempo suficiente para
chegar à delegacia. Eles esperaram do lado
de fora por ela, sorrisos presunçosos em seus
rostos enquanto se preparavam para outro
ataque. A maioria da força policial os
conhecia como homens poderosos que
trabalhavam nos bastidores, para que suas
ações não fossem questionadas. Eles ficaram
escondidos atrás das árvores e observaram
silenciosamente a porta da frente da
delegacia, enquanto esperavam que Krista
surgisse.
Pareceu levar um tempo
extraordinariamente longo, mas finalmente,
lá estava ela. Seus lábios carnudos estavam
curvados em um sorriso aliviado quando
desceu os degraus de pedra da
delegacia. Quando Richard assentiu, todos
começaram a se aproximar dela.
Antes de alcançá-la, uma mulher Nascida
Dragão pousou do nada na frente deles, seus
olhos penetrando através do grupo de
Guardiões ameaçadoramente. Ela voou do
céu e aterrissou em forma semi-humana, o
que era quase mais perigoso que a forma de
dragão. Sempre dependia. Às vezes, suas
armas não funcionavam quando o shifter era
parte dragrão, parte humano.
— O que diabos você pensa que está
fazendo? — A mulher perguntou indignada,
encarando os Guardiões. Eles ficaram
aborrecidos e escalaram um ao outro para
passar por ela, alguns deles pegando suas
armas, mas outros mais preocupados que
estavam perdendo Krtista de vista. A direção
em que ia logo seria desconhecida para eles.
— Saia do nosso caminho! — Richard
rosnou, passando pela mulher shifter. Ela
deu um sorriso ameaçador antes de passar as
garras dolorosamente pela bochecha
dele. Ele sibilou de raiva e fez sinal para que
todos a atacassem. Esta parecia ser a ação que
ela esperava e logo eles se envolveram em
uma briga. Krista estava completamente
alheia e já havia chegado ao
estacionamento. Em pouco tempo, se
afastava da delegacia de polícia em seu
pequeno carro cor de cobre.
De fato, ninguém parecia notar a batalha
entre os Guardiões e a única Shifter Dragão
que se ofereceu para cuidar de Krista durante
a tarde. Eles haviam aprendido um truque
com as fadas em cativeiro sobre ocultação, e
haviam roubado parte de sua magia para
tornar suas próprias ações mais fáceis de
realizar.
Clayton ficaria furioso, pensou a mulher
Nascida Dragão enquanto emitia ondas de
calor perigosas que repreendiam os
Guardiões. Eles gritaram em agonia quando
a pele começou a empolar e cobriram o rosto
com as mãos. Afastando-se da Shifter, eles se
retiraram para a área arborizada ao redor da
delegacia.
A Shifter, cujo nome era Jasmine, seguiu
junto com o carro de Krista no ar,
completamente escondida de todos. Ela
nunca ficou tão agradecida por sua
capacidade de se misturar à atmosfera da
Terra. Seu alívio durou pouco quando seus
pensamentos começaram a atingi-la.
Era vital que eles protegessem Krista dos
perigos dos Guardiões. Agora que os
Guardiões sabiam quem era Krista,
provavelmente tinham uma ideia de onde
morava, ou pelo menos da vizinhança geral
da cidade de onde ela vinha. Eles teriam que
ter um cuidado extra. De fato, se eles tinham
pessoas que trabalhavam na delegacia, era
provável que eles já tivessem o endereço dela
registrado. O pensamento fez Jasmine fazer
uma pausa, e ela estremeceu quando um
pânico gelado começou a dominá-la. Ela
tinha que contar a Clayton e agora.
CAPÍTULO NOVE

— Clayton! — Jasmine exclamou quando


entrou no quarto subterrâneo, os olhos
arregalados de medo. — Eles sabem quem é
Krista. Eles tentaram interceptá-la na
delegacia. Eu preciso de ajuda.
Clayton sentou-se imediatamente, com o
coração batendo dolorosamente no
peito. Krista estava em perigo. A única
pessoa que deu sentido à sua vida pode estar
com problemas naquele momento. Ele se
levantou imediatamente e correu para fora,
sem pensar duas vezes em Jasmine. Todo
mundo assistia com os olhos arregalados
quando Clayton mudou para sua poderosa
forma de dragão e se lançou para o céu,
batendo as asas enormes, emitindo uma
energia sombria e sinistra enquanto voava
pelo céu.
Krista estava alheia aos perigos ao seu
redor e caminhava alegremente para o
trabalho. Ela se sentiu um pouco mais leve
depois de falar sobre o que havia acontecido
durante o ataque, e estava se permitindo
apreciar a memória do homem bonito que a
salvara. Ela teve tempo de sobra para deixar
sua mente vagar enquanto serpenteava pelo
caminho. Ela gostava do ar fresco e da brisa
fresca, e decidiu estacionar a alguns
quarteirões da biblioteca para poder se
exercitar. Sempre foi atlética e era difícil para
ela ficar presa por muito tempo. Ela sempre
gostou do ar livre muito mais do que as
restrições de seu veículo.
Ela estava cantarolando para si mesma,
como costumava fazer quando estava do lado
de fora. De repente, parou. Alguém a estava
observando. Ela sentia isso. Pensou na noite
anterior, quando fora atacada, e procurou
por quem quer que estivesse lá. Ela não viu
ninguém a princípio, mas continuou a olhar
em volta apenas por precaução. Não se sentia
em perigo, mas sentia uma inquietação.
Ela ficou chocada quando um par
familiar de olhos verdes brilhantes encontrou
os dela. Sua respiração ficou presa na
garganta quando o homem mais majestoso
que já vira, se materializou diante dela. Seu
salvador da noite anterior.
A boca do homem lindo se curvou em
um sorriso gentil quando ela encontrou seus
olhos, e uma onda de energia pareceu pulsar
entre eles, uma que a fez se sentir
hiperconsciente de cada sensação em seu
corpo. A brisa fresca em sua pele, o coração
batendo forte no peito. O calor inesperado
de seu olhar e a agitação do desejo que seu
olhar parecia invocar.
Krista caminhou em sua direção
lentamente, a tensão entre eles mais alta do
que nunca entre ela e outro ser humano. Ela
abriu a boca para chamá-lo, para perguntar
por que ele parecia tão familiar, mas de
repente derrubou o celular na calçada. Ela se
abaixou para pegá-lo e, quando se virou para
procurá-lo novamente, ele se fora. Ela sentiu
uma sensação devastadora de decepção por
ele ter sumido, e foi arrastada para uma
lembrança distante da infância. Outro garoto
moreno e bonito que estava lá em um
segundo e desapareceu no outro, deixando
apenas o papel em sua mão para lhe dizer
que ele realmente esteve lá.
O rosto do homem bonito ficou com ela
durante todo o dia, e aleatoriamente se viu
pensando nele. Não conseguia se livrar do
sentimento de que o reconhecia de algum
lugar, e o fato de não se lembrar de onde ele
a conhecia realmente a
incomodava. Onde poderia ter visto um
homem que atraente? De quem era presença
pura que a eletrificava dessa maneira? Mas
ela ainda não conseguia, por mais que
tentasse.
Ela gemeu consigo mesma, incapaz de se
concentrar em seu trabalho enquanto seus
pensamentos vagavam para o homem lindo e
repetiam seu ataque e o visual proeminente
do dragão. Todos ao seu redor pareciam
estar alheios ao fato de que ela ainda sofria
psicologicamente pela noite anterior. Ela
nunca fora atacada, não com tanta violência,
e decidiu conversar com seu chefe e
perguntar se poderia sair mais cedo para ter
um tempo pessoal para se recuperar. Ela se
sentiu um pouco culpada por isso, sabendo
que parte do motivo pelo qual não conseguia
se concentrar era porque não conseguia parar
de fantasiar sobre o misterioso estranho que
salvara sua vida, mas, de qualquer maneira,
nada estava sendo feito e ela preferia estar em
casa.
Seu chefe assentiu e ofereceu os serviços
do conselheiro que poderia visitá-la se ela
precisasse. Krista ficou lisonjeada e
emocionada com a oferta, mas sabia que só
se sentiria melhor se pudesse passar algum
tempo sozinha por um tempo. E assim, ela
arrumou as coisas e saiu do escritório da
biblioteca. Decidiu ir para casa, para seu
apartamento, e ficou agradecida, mais uma
vez, pelo lindo dia lá fora, enquanto
caminhava alguns quarteirões até onde havia
estacionado o carro. Ela parou no local onde
vira o homem antes e espiou a vegetação,
com o coração batendo esperançoso. Ela
sentiu outra onda confusa de excitação
enquanto procurava por ele, mas não havia
ninguém lá.
Ela se sentiu nervosa enquanto dirigia
para casa, mas não conseguia entender o
porquê. Decidiu que provavelmente era
apenas por causa dos homens no beco que a
atacaram na noite anterior. A policial que
registrou sua denúncia, assentiu como se
entendesse exatamente do que Krista estava
falando, mas quando chegou a hora de
finalmente agradecê-la e falar sobre
acusações urgentes, a mulher parecia
distante, e disse-lhe para não ter esperanças.
Parecia que ela estava passando por um
momento difícil mentalmente, e se esse era o
caso, era improvável que as pessoas que
Krista descreveu, fossem o que dissera.
Foi muito estranho. Ela parecia estar
tentando fazer Krista duvidar de si mesma e
de suas experiências, mesmo que ela não
tivesse contado à mulher sobre O Shifter
Dragão que a salvara. Krista teve a sensação
de que, se a mulher tivesse ouvido falar sobre
essa parte, provavelmente a teria mandado
para a ala psiquiátrica.
O que Krista não sabia era que teve sorte
de a mulher não ter ideia de quem era. Se ela
soubesse que era a Portadora, ela a colocaria
em uma cela e esperaria que os Guardiões a
levassem embora. No entanto, ela
simplesmente disse aos Guardiões que
alguém os havia visto, e os Guardiões sabiam
quem ela era e a levariam de lá. Eles eram
muito discretos sobre seus assuntos e estavam
felizes por Josie ainda estar no escuro sobre
quem era Krista. Como era um assunto
muito complicado, eles queriam deixar o
assunto em suas próprias mãos e prosseguir
em sua busca secretamente pela Portadora
das crianças Nascidas Dragões.
Quando Jasmine interceptou os
Guardiões para salvar Krista, ela esperava
que eles desistiriam e deixariam Krista em
paz pelo resto do dia. Mas depois de
colocaram as mãos em todos os arquivos
dela, incluindo seu endereço residencial e
comercial e praticamente tudo o que
precisavam saber, decidiram que não havia
tempo como o presente. Eles iriam atrás dela
até que ela fosse deles.
CAPÍTULO DEZ

Krista suspirou e jogou as chaves do carro


na mesinha ao lado da porta. Ela a fechou
pesadamente atrás dela e se inclinou contra
ela, pensando consigo mesma como seria
bom tomar um café gelado. Se sentia
completamente esgotada e ficara
desconfortável com seus agressores desde
que deixou o trabalho. Quase parecia que
eles estavam no carro com ela, e isso a deixou
muito nervosa.
Felizmente para Krista, todo mundo na
biblioteca era independente e não
precisavam dela lá, para que as coisas
funcionassem sem problemas. Conseguiu
sair sem se sentir culpada e decidiu passar o
resto do dia tomando um longo banho e
assistindo alguns de seus dramas favoritos na
televisão. Ela sabia que seria bom fazer uma
pausa, e não podia permitir-se sentir
pressionada a se apresentar quando sentia
vontade de afundar no sofá.
Ela começou a tirar a jaqueta quando um
barulho vindo da sala a fez congelar. Um
medo frio tomou conta de seu coração, e
ficou paralisada quando seus piores medos se
realizaram. O mesmo grupo de homens que
a atacara antes saiu dos aposentos de sua casa
e começou a sorrir para ela. Tinha que ser
um pesadelo. Ela fechou os olhos e esperava
que, quando os abrisse, sumissem. Mas não
sumiram.
— O que diabos você está fazendo aqui?
— Ela perguntou com uma voz trêmula.
Desejou ter prestado mais atenção durante os
cursos de autodefesa que havia feito alguns
anos atrás. Fora divertido na época, mas
esquecera completamente a maior parte do
que aprendera com o instrutor.
— Estamos aqui para você, querida... —
Disse o homem que imaginava ser o líder,
enquanto deslizava em sua direção. Foi
estranho como fez isso. Parecia que ele não
tinha pés.
— O que você quer de mim? — Ela
perguntou. — Não há nada que eu tenha que
você queira.
— Suponho que não. Mas, novamente, há
coisas neste mundo sobre as quais você não
sabe nada.
— Do que você está falando? — Ela
perguntou, afastando-se deles com as mãos
trêmulas. Se apenas encontrasse uma
maneira de sair pela porta aberta e correr
para o elevador, talvez ficasse segura. Se
houvesse pessoas no corredor, ela não
precisaria se preocupar. Eles seriam capazes
de ajudá-la. Talvez pudesse até bater na porta
de um vizinho e dessa maneira chamar
atenção. Ninguém seria capaz de prejudicá-
la, pelo menos não sem testemunhas. Se
fosse morta, poderia muito bem sair com
uma pequena chance de justiça.
— Sei o que você está pensando, mas nem
tente. — Disse Richard com um sorriso de
escárnio, quando três de seus homens
correram para frente e a agarraram pelos
braços. Richard se aproximou, erguendo um
martelo pesado, com toda a intenção de bater
na cabeça dela com ele, sem a menor
cerimônia.
De repente, todo o apartamento estava
tremendo e cheio de calor. Todo mundo se
encolheu e olhou em direção à janela
gigantesca perto da varanda, onde um
enorme dragão preto, batia suas asas
enormes e rugia. Ele pulou pela janela,
quebrando o vidro e derrubando parte da
parede. Krista estava aterrorizada, mas se este
era o mesmo dragão que a salvara desses
homens antes, ela só precisaria se preocupar
com seu depósito do aluguel mais tarde.
— Maldito! — Richard exclamou, virando-
se para o dragão e alcançando o coldre ao seu
lado. Antes que ele tivesse a chance de
apontar sua arma, Clayton a atirou para longe
dele, usando uma de suas garras gigantescas
para cortar o braço de Richard. A arma e a
mão caíram no chão, e Richard gritou.
— Mate ele! — Richard disse, olhando
para o pequeno esboço onde costumava estar
sua mão. — Não mostre misericórdia. E tire a
garota daqui.
Instantaneamente, o apartamento era um
inferno e os homens gritavam e corriam em
todas as direções. A maioria deles estava com
as roupas chamuscadas e pegando fogo, e
corriam em direção à entrada do prédio, na
esperança de escapar. Krista se afastou deles,
fazendo o possível para evitar os homens e as
chamas. Ela estava apavorada, mas tinha que
se orientar, caso contrário morreria.
Logo, todos os homens haviam
desocupado o apartamento e nenhum deles
ousou voltar. Krista colocou um pano no
rosto, relutante em sair para o corredor onde
os homens maus certamente a
esperariam. Ela não sabia o que
fazer. Parecia não haver chance de
escapar. Ela tinha certeza de que iria
morrer. Mas ela preferiria morrer em um
incêndio violento ou nas mãos dos homens
terríveis?
Antes que tivesse chance de decidir, uma
figura sombria se aproximou dela. Não era
um dragão enorme. Era um homem, um
ondulante e musculoso homem. Os olhos de
Krista se arregalaram quando ele se
aproximou dela, afastando seus longos
cabelos negros do rosto. Ela ficou surpresa ao
perceber que estava completamente nu, e ele
se parecia exatamente com o homem que ela
vira no início do dia, antes de ir trabalhar.
— Devo estar sonhando... — Ela sorriu,
bebendo-o descaradamente da cabeça aos
pés. Ele era ainda mais bonito nu do que
completamente vestido. Parecia que passava
o tempo todo fazendo atividade física
extenuante. Ela não acreditava no quão bem
esculpido era. Ela secretamente imaginava o
homem perfeito às vezes, quando estava
deitada na cama tarde da noite, deixando suas
mãos explorarem seu corpo sensível e
excitado, mas era virgem e só conseguia
imaginar alguém tão bonito para roubar-lhe a
virgindade. Os olhos dela se fixaram na
virilha exposta por um momento, ele era
impressionantemente bem-dotado, e ela
estava corando profundamente antes que ele
falasse.
— Venha comigo Krista. — Disse ele,
estendendo sua enorme mão.
— Quem é você? — Ela perguntou, mas
não conseguiu entender a resposta dele. A
fumaça se tornou demais e ela desmaiou nos
braços dele.
CAPÍTULO ONZE

Clayton conseguiu pegar Krista antes que


caísse no chão. Ele a levantou em seus braços
fortes e sabia que tinha que tirá-la das
chamas. Foi uma jogada perigosa e arriscada
disparar contra os atacantes, mas ele não se
importava com quantos deles matou. Ele se
sentiu um pouco mal por destruir a casa dela,
mas, pensou tristemente, teria sido ainda
melhor matar todos eles do que permitir que
Krista fosse capturada por homens tão maus.
Sabia que não era a melhor solução, mas se
tivesse que fazer a escolha, matá-la seria mais
misericordioso do que permitir que se
tornasse um dos experimentos deles.
Felizmente, ele chegou lá bem a
tempo. Ela o viu, e agora, se ele não a tirasse
dali, morreria. Ele se transformou de volta
em sua forma de dragão e se lançou pela
janela, segurando Krista firmemente em suas
garras. Ele não a deixaria escapar ou se tornar
mais vulnerável aos ataques dos Guardiões.
Enquanto voava pelo céu e Kaldernon se
tornou visível, ele relaxou um pouco e
permitiu que sua mente voltasse para o
momento em que Krista encarara seu
corpo. A fome inconfundível em seus olhos
o despertou profundamente, e ele apertou
seu corpo quente com força, esperando que
ela estivesse bem.
Todo mundo ficou empolgado e confuso
quando Clayton reapareceu do céu com
Krista nas garras. Ele a abaixou suavemente,
entregando-a a alguns dos outros Shifters que
confiava. Ela ainda estava desmaiada, e eles
decidiram que seria melhor levá-la
imediatamente aos médicos. Clayton caiu no
chão, suspirando quando voltou à sua forma
humana. Tinha sido demais
emocionalmente, encontrar os Guardiões
novamente. Tudo em que ele conseguia
pensar, uma vez terminado o pânico, eram
suas terríveis lembranças daquela noite em
que perdeu o pai.
Eventualmente, ele voltou para os túneis
subterrâneos e se arrastou para sua
cama. Precisava dormir. Fazia muito tempo
desde que dormira bem. Mas ele ainda estava
tão empolgado e cheio de adrenalina do
encontro com os Guardiões, que tudo o que
ele fez foi se virar e se preocupar com a
possibilidade de Krista ficar bem ou não. Ela
desmaiara de choque, tinha certeza disso,
mas ainda era perigoso para ela por ter
inalado fumaça. E estar no subsolo significava
que a qualidade do ar poderia não ser tão
boa.
Com esse pensamento, ele se forçou a se
levantar e seguir para onde os médicos
levaram Krista. Ele esperava encontrá-la
ainda dormindo, e ficou surpreso quando
percebeu que ela estava bem acordada e
muito alerta. Todos os Shifters ao seu redor
estavam sorrindo pacientemente e assentindo
enquanto ela fazia perguntas impossíveis para
eles. Um dos médicos sorriu e empurrou
Clayton em sua direção.
— Ela está chamandiopor você. — Disse
ele, parecendo grato por uma chance de
escapar do intenso questionamento de Krista.
Clayton de repente se sentiu nervoso. Ele
nunca esperou ficar sozinho em um quarto
com Krista antes. Mas logo todos estavam se
afastando e os deixando sozinhos
juntos. Krista estava olhando para ele, seus
olhos com um intenso tom de azul. Fiel ao
estilo dos Loni, seus olhos pareciam mudar
de humor. A expressão dela era séria, se não
descarada, e ela deixou os olhos percorrê-lo
mais uma vez, tirando seu manto e,
obviamente, decidindo que gostava dele de
outra maneira. Ele teve que sorrir, ela era
exatamente como ele imaginara que seria.
— Então, o que diabos está acontecendo
exatamente? — Ela perguntou, sem perder
tempo. Ela se agitou e começou a tossir, e
Clayton franziu a testa. Encheu um copo de
água para ela e levou-o para a cabeceira,
sentando-se pesadamente em um banquinho
ao lado de sua cama.
— Não sei em quanto disso você
acreditaria, ou mesmo no quanto gostaria de
ouvir.
— Oh, confie em mim... — disse Krista
com um brilho nos olhos — Quero ouvir
tudo.
Clayton se remexeu por um momento,
enquanto tentava descobrir por onde
começar. Ele sempre pensou que seria fácil
explicar a ela o que havia acontecido e o quão
importante era para o clã deles, mas agora
que era posto à prova, as palavras pareciam
falhar.
— Ok, então por que não me deixa
começar — disse Krista, tocando o queixo. —
Por que te reconheço? Por que está me
seguindo? E por que esses caras estão
tentando me matar?
— Não acho que eles estão tentando te
matar — disse Clayton. — Mas se eles te
pegassem, acho que você desejaria
rapidamente a morte. O que eles fariam com
você é muito pior do que a morte.
— O que você quer dizer? E quem é você,
afinal?
— Meu nome é Clayton e sei que seu
nome é Krista. Agora, essas pessoas também
sabem seu nome. E não acho que seja uma
coisa boa.
— Bem, obviamente não, se isso significa
que eles podem me encontrar onde quer que
eu vá — Disse Krista com uma careta.
— Sim, eles provavelmente poderiam
agora. Mas você está muito mais segura aqui
do que em seu próprio apartamento.
— Oh meu Deus, meu apartamento...
Todas as minhas coisas. Elas provavelmente
estão todas queimadas agora — disse Krista,
colocando a cabeça no travesseiro com
força. — Sabe o quão difícil é encontrar o
guarda-roupa perfeito? Vocês realmente me
devem por isso.
— Sinto muito — disse Clayton, tentando
esconder o sorriso. — Posso ter agido de
modo um pouco imprudente, mas não sabia
mais como protegê-la.
— Bem, acho que é melhor do que ficar
presa com esses caras. Eles são bem cruéis —
disse Krista.
— Você não faz ideia. — Disse Clayton,
seu rosto ficando duro. A mudança de
humor dele era óbvia, e Krista ergueu os
olhos, o rosto brilhando de intriga.
— Acho que você também não gosta
muito. — Disse Krista com um sorriso tenso.
— Eles mataram meu pai. — Disse
Clayton, meditando na direção da porta.
— Então o que faz você pensar que eles
não querem me matar? — Krista disse, seu
rosto subitamente preocupado novamente.
— Porque você é útil para eles — Clayton
disse a ela. — E, na verdade, você também é
útil para nós. Mas isso vai ser muito difícil
para você entender e para eu explicar.
— Sempre que algo for difícil para mim,
vou começar do começo — disse Krista, — e
abrir caminho.
— Bem, no começo da minha história,
havia Kaldernon — disse Clayton,
pensativo. — É de onde viemos. Todos no
meu clã. E seus antepassados também.
— Meus ancestrais? Todos os meus
ancestrais morreram em um barco, todo o
resto a partir de então, era apenas pura sorte
que minha linhagem fosse capaz de durar
tanto tempo.
— Bem, sei algo sobre sua linhagem que
você não sabe, e é aí que a origem dessa
angústia se originou. Posso mostrar para
você, se você quiser. Mas é um lugar muito
especial que a maioria das pessoas não
consegue ver. No entanto, sei que você
provavelmente já percebeu que tem sentidos
maiores do que a maioria das outras pessoas
até agora. E seu dom para a música.
Krista olhou para ele bruscamente. Ela
não achou que gostaria do fato de ele saber
que cantarolava.
— Não sou nada de especial — disse ela
nervosamente.
— Permita-me discordar — disse
Clayton. Krista ergueu uma sobrancelha para
ele, mas não disse nada. Ele era um homem
muito atraente, e era bom ser elogiada. Mas
também poderia ser apenas uma conversa
louca e bajulação para impedi-la de adivinhar
o que realmente estava acontecendo. O que
era exatamente? Ela ainda não tinha ideia.
CAPÍTULO DOZE

— Na verdade, você é muito


especial. Você vem da mesma terra que o
meu clã. Estamos presos neste planeta há
muitas gerações. Foi um erro cairmos na
Terra. Somente as pessoas que são do nosso
mundo podem ver Kaldernon. Muitas
pessoas nem conseguem nos ver, apenas por
estarem tão convencidas de que nada disso
poderia existir.
— Então, quem é você, afinal? —
Perguntou Krista, desesperada por respostas.
— Somos Shifters Dragões — disse
Clayton. — Acho que você me viu se
transformar em dragão mais de uma
vez. Portanto, isso não deve ser uma grande
surpresa.
— Eu vi um pouco mais do que isso... —
disse Krista, erguendo as sobrancelhas
ironicamente, com a lembrança de seu corpo
perfeito e nu se aproximando dela em toda a
sua glória, em seu apartamento. Ele era
ridiculamente bonito, e ela sentia que aquela
seria a lembrança que valorizaria.
— Sinto muito por isso — disse ele,
apertando os lábios com um sorriso
divertido.
— Eu não sinto. — disse Krista com um
sorriso. O rosto de Clayton ficou vermelho e
ele olhou para o chão. Ela riu, achando
engraçado e adorável poder fazer esse
homem feroz e bonito corar.
— De qualquer forma, sua linhagem é
especial. Meu clã está diminuindo e apenas
pessoas do nosso mundo podem nos ajudar
a repovoar. Depois que essa geração de
Shifters se for, sumiremos para sempre, sem
nunca encontrar um caminho de volta ao
nosso próprio mundo.
— Os Guardiões que estão atrás de você,
sabem que é capaz de carregar filhos de
Shifters e eles pensam que seu sangue os
ajudará a abrir e fechar os portais entre as
dimensões. Estão obcecados em erradicar
qualquer coisa remotamente mística e
interplanetária. Querem manter a Terra
pura, dizem eles, e recorrerão ao
derramamento de sangue incessante e sem
coração, sempre que possível, para fazer o
trabalho.
— Espere um minuto — disse Krista,
levantando a mão e olhando-o nos olhos. —
Você está tentando me dizer que por causa
de algum tipo de sangue especial que tenho,
de alguma outra dimensão, posso ter bebês
dragões?
— Algo assim — disse Clayton, deixando
um sorriso enrugar seu rosto. Ele tinha uma
covinha na bochecha esquerda e Krista olhou
para o modo como seu lindo rosto se
iluminou quando sorriu. Sua voz profunda
era calma e suave, mas Krista ainda achava
toda a situação um pouco ridícula para o
gosto dela.
— Acho que vocês são loucos, e seja qual
for a guerra santa que pensam que estou no
meio, acho ridículo. Gostaria de ir para casa
— disse Krista. Se ele era bonito ou não,
queria dar o fora dali.
— Não é seguro para você lá fora. Você
viu o que eles estavam tentando fazer. Eles
não vão parar até te capturar.
— Talvez eles pensam que morri no
incêndio. Sei que pensei que iria — disse
Krista, com o rosto pálido.
— Eles saberão que você está segura, mas
não sabem onde está. Assumirão que você
está aqui, tenho certeza, mas sabem que não
devem se esgueirar na cova de um dragão.
— Espere, volte. Você está tentando me
dizer que todo mundo aqui é um dragão?
— Krista disse, erguendo as sobrancelhas em
descrença. — Até aquele médico que me
ajudou a respirar melhor?
— Bem, nascemos Dragões e somos
capazes de mudar para uma forma mais
prática. Você consegue imaginar que tipo de
fome sentiríamos se fôssemos dragões o
tempo todo? Comeríamos tanto que não
restaria nada no planeta — disse Clayton
rindo. — Eu já tenho um apetite bastante
saudável.
— Então você escolheu parecer tão
devastadoramente bonito? — ela se
aventurou com ousadia.
— Eu... não. Na verdade, favoreço a
minha mãe.
Que pergunta, ele pensou, tentando
pensar em outra coisa menos em sua
excitação. A mulher certamente era
descarada.
— Vejo. Então você é um garoto bonito.
Houve um silêncio constrangedor, antes
que ela se permitisse cair em um ataque de
riso musical. Clayton riu com ela, seus olhos
brilhando. Eles se entreolharam por um
momento e, quando ficaram quietos
novamente, o silêncio entre eles parecia
cheio de vida. Ele nunca teria adivinhado o
quanto adoraria conversar com Krista. Ela
era enigmática e intrigante. Não só isso, mas
era extremamente bonita. Ele podia olhá-la o
dia inteiro e, de fato, já fazia exatamente isso
há um bom tempo.
— Receio que você precise ficar aqui por
um tempo, pelo menos até que a barra esteja
limpa. Ajudaremos você a encontrar um
lugar confortável para ficar, quando parecer
seguro o suficiente. Mas realmente espero
que você decida ficar conosco. Talvez você
possa encontrar felicidade dentro do nosso
clã.
— Sim, certo... — disse Krista com um
sorriso. — Vocês só querem que eu tenha
bebês dragões.
— Bem, isso seria conveniente — disse
Clayton com uma risada. — Mas, na verdade,
percebemos que não podemos forçá-la a ter
um filho com um de nós. Sabemos o quão
primitivo isso seria. Você tem uma escolha
aqui, mas realmente espero que você opte
por nos conhecer um pouco, antes de se
decidir.
— Tudo bem — disse Krista, — acho que
podemos ver como as coisas serão. Tenho
certeza de que estou tendo algum tipo de
pesadelo de qualquer maneira, por isso
realmente não importa no final.
Clayton riu e se levantou, curvando os
lábios em um sorriso sexy. Ele acenou para
ela e foi em direção à entrada da sala.
— Bem, você lida com isso da maneira
que precisa. Manteremos você em segurança
até que haja outra opção. Talvez eu possa lhe
mostrar Kaldernon quando estiver se
sentindo melhor. Por enquanto, vou dormir
um pouco. Estou muito cansado.
Krista assentiu, observando-o com olhos
curiosos enquanto se movia graciosamente
para fora da sala. Os olhos dela
permaneceram no corpo malhado e
musculoso dele, e de repente ela soube o que
os homens queriam dizer quando
pensavam: amo essa bunda. Ela riu baixinho
para si mesma, balançando a cabeça em
confusão. No que ela se meteu?
Tudo o que contara a ela parecia tão
estranho e ridículo. Mas, por algum motivo,
ela sentiu que ele estava dizendo a
verdade. Algo em seu interior ressoava com
ele, e ela decidiu que, pelo menos por
enquanto, confiaria nele. E não apenas
porque era bonito.
CAPÍTULO TREZE

Cerca de uma semana depois, Krista


estava em pé e conseguia respirar sem
nenhum problema. Parecia que tivera um
terrível caso de bronquite, mas agora que seus
pulmões e garganta estavam melhorando, ela
estava curiosa sobre o lugar estranho que o
homem bonito a levara.
Clayton. O homem que a seguia antes
que fosse atacada. O homem que a salvou,
duas vezes, dos homens carecas
aterrorizantes com olhos sem
alma. Fundamentalistas, ele os
chamara. Homens com a missão de proteger
o mundo de homens bonitos como Clayton.
Krista riu de si mesma. Só porque era
bonito, não significava que não era perigoso
para ele estar no planeta dela. Ou era esse seu
planeta? A alegação era de que eles eram do
mesmo lugar. Como ela deveria saber se
esses seres interdimensionais eram ou não
seguros para coexistir?
Esses eram os tipos de perguntas que ela
nunca pensou em fazer para si
mesma. Embora sempre estivera muito
interessada em histórias sobre viagens no
tempo e pessoas que pudessem pular em
diferentes dimensões no tempo, nunca
considerou a possibilidade de que houvesse
alguma verdade nelas.
Mas agora, essa bela criatura, que poderia
se transformar em um dragão e salvá-la à
vontade, lhe dizia que era melhor acreditar
em tudo que ele dissera. Foi meio assustador,
mas também emocionante.
— Eu acho que você está pronta para se
juntar à comunidade para jantar agora — disse
o Dr. Mason, andando na sala médica
subterrânea com um sorriso satisfeito
no rosto. — Você fez alguns progressos
notáveis. Sei que nossa tecnologia é
avançada, o que tem muito a ver com isso,
mas também ajuda que os Lonis se curam
rápido. Tenho certeza que você percebeu
isso ao longo da sua vida, provavelmente você
nunca ficou doente.
— Na verdade, realmente. — Disse Krista,
um pouco surpresa. Ela não tinha certeza se
acreditava que sua família era do mesmo
mundo interdimensional. Clayton vinha
visitá-la de vez em quando, enquanto se
recuperava, e eles se aproximaram muito
rapidamente. Não só ele era bonito, mas era
gentil, inteligente e engraçado. E parecia
fascinado por ela. Ele admitiu que eles
estavam tentando protegê-la por um longo
tempo, o que significava que eles
provavelmente já haviam se visto mais de
uma vez. Isso explicaria por que ele se sentia
tão familiar.
— Bem, isso não me surpreende nem um
pouco — disse o médico, interrompendo seus
pensamentos. — Muitas pessoas têm os
sintomas por mais tempo, mas você se
recuperou muito rapidamente. Posso até ver
que você se queimou, mas deixou muito
pouca marca na sua pele. Para a maioria das
pessoas, vira uma cicatriz, mas para você,
quase sumiu. É realmente notável, não
é? Você deve estar muito orgulhosa de sua
herança.
A conversa sobre sua herança a deixou
desconfortável, e ela simplesmente olhou
para longe silenciosamente enquanto o Dr.
Mason fazia todos os ajustes necessários em
seu quarto. Ela estava animada por poder sair
da sala e conhecer mais pessoas Shifters do
clã Kersh.
— Olá — a voz sedosa de uma mulher
falou, olhando Krista. — Dr. Mason me disse
que você está se sentindo muito melhor
agora, mas precisará de algo para vestir
enquanto estiver aqui.
Krista não tinha certeza do que dizer e
simplesmente assentiu. Ela estava bastante
deprimida que todas as suas roupas
provavelmente foram arruinadas no fogo, e o
que ela vestia também foi chamuscado e
arruinado.
— Meu nome é Jasmine — disse a mulher
com um sorriso. Ela tinha cabelos ruivos
encaracolados e um rosto gentil, e parecia ter
mais de trinta anos. — Vim tirar algumas
medidas, gostaria de fazer um traje
tradicional para você. Pensei que poderia
ajudá-la a se sentir um pouco mais perto de
sua ascendência Loni.
— Tudo bem. — disse Krista, incerta. —
Obrigado.
— Oh, não diga isso. Só queria que você
estivesse vestida adequadamente para ver
Kaldernon pela primeira vez. Tenho a
sensação de que você entenderá tudo
perfeitamente naquele momento e talvez
sinta que está vestida para a ocasião. Sei que
me sentiria infeliz se tivesse a mesma
oportunidade e a desperdiçasse usando
vestes de hospital.
— Agradeço sua consideração — disse
Krista com uma risada.
— Acho que vai ajudar você a se sentir
melhor — Jasmine disse com uma
piscadela. — O traje de uma Loni é
tradicionalmente muito bonito e
elegante. Vai lhe
servir espetacularmente. Será uma ótima
maneira de homenageá-la, quando você se
juntar ao clã para jantar hoje à noite.
— Honra-me? — Perguntou Krista,
erguendo as sobrancelhas.
— Sim, honrar você. Estamos todos muito
animados para conhecê-la. É uma das últimas
de sua espécie na Terra, você sabe. Isso faz
de você uma pessoa muito cobiçada para
nós. Trabalhamos há muito tempo para
protegê-la e mantê-la segura. É a maior honra
poder recebê-la em nosso clã, mesmo que
seja apenas uma breve reclusa do
perigo. Faremos o possível para protegê-la a
todo custo.
— Isso é um pouco extremo — disse
Krista, mudando desconfortavelmente. —
Vocês nem me conhecem.
Jasmine parecia divertida com isso. Ela
riu e seus olhos se enrugaram gentilmente
enquanto tirava uma fita métrica. Ela chamou
Krista para perto e começou a tirar suas
medidas.
— Não precisamos conhecê-la para honrá-
la — disse Jasmine. — Você pode não estar
acostumado a ser honrada, mas confie em
nós, você foi reverenciada desde o momento
em que nasceu e, portanto, permanecerá
honrada pelo clã Kersh.
Krista ficou quieta quando Jasmine
terminou de tirar suas medidas e assentiu em
silêncio, enquanto saía para começar a
trabalhar no vestido. Ela duvidava de que
estaria pronto para o jantar naquela noite,
mas ficou surpresa quando ouviu uma batida
na porta por volta das cinco da tarde.
— Aqui está — Jasmine sussurrou,
apresentando a Krista o vestido mais bonito
que já vira. Parecia muito com os vestidos
usados na Terra, mas era muito mais fluido e
elegante. Era feito de um tecido que nunca
vira antes, cintilante e delicado, quase como
seda, mas, ainda mais suave ao toque. Isso fez
todo o seu corpo brilhar quando ela vestiu o
vestido, e Jasmine a ajudou a amarrá-lo em
todos os lugares necessários. Havia um
pedaço de pano, quase como uma faixa, que
ela usava entre os seios, e Jasmine conseguiu
convencê-la a deixá-la arrumar seu cabelo da
maneira tradicional Loni.
— Tenho certeza de que, a essa altura, os
estilos mudaram em Kaldernon, mas fomos
capazes de salvar o material que
precisávamos para fazer este vestido. Alguns
de nós trouxeram consigo as últimas coisas
que tocavam. Foi a única maneira de
sobrevivermos tanto tempo na Terra, antes
de entendermos como o planeta funcionava.
— Isso deve ter sido assustador para você.
— Disse Krista com uma careta.
— Foi difícil — Jasmine disse com um
aceno de cabeça. — Mas as coisas estão muito
melhores agora e certamente
melhorarão. Afinal, podemos encontrar o
caminho de volta. Lonis são abençoados com
uma intuição sagrada.
Krista suspirou e permitiu que Jasmine a
conduzisse ao refeitório. Ela não tinha saído
de seu quarto na enfermaria desde que
chegou e, ao atravessarem os corredores,
ficou muito triste com o estilo de vida
empobrecido ao qual o povo Kersh fora
forçado. Assim que entrou na sala de jantar,
seus olhos encontraram instantaneamente os
de Clayton. Ele acenou com a cabeça em
sinal de agradecimento e fez sinal para ela.
— Todo mundo, gostaria da atenção de
vocês, por favor — disse ele em uma voz alta
e crescente. — Este é Krista, a última Loni
restante na Terra.
A sala se encheu de murmúrios
silenciosos, enquanto Krista caminhava em
direção a Clayton. Havia dois assentos, em
uma grande mesa de banquete, em uma
plataforma elevada onde Clayton estava
sentado. A plataforma estava direcionada
para todos os outros. Aparentemente, ele era
o líder deles, algo que não havia considerado
antes. O olhar em seus olhos quando ele a
olhou fez seu coração pular uma batida. Ele
era tão bonito e não conseguia tirar os olhos
dela.
Ela lembrou de um dos dias em que ele a
visitou no quarto da enfermaria, e ele
tropeçou em si mesmo e em suas palavras,
tentando dizer em como ela estava bonita,
apesar do fato de estar acamada. Ela nunca
imaginaria que ele falaria com tanta facilidade
e autoridade, a um grande grupo de pessoas,
quando ele parecia estar nervoso demais para
olhá-la nos olhos às vezes. Ele era sexy e
feroz, mas também era incerto e tímido.
— Espero que você aproveite a sua
refeição — disse ele com um sorriso privado
para ela quando se sentou ao lado dele. Ela
assentiu, sentindo-se mais bonita e bem-vinda
do que jamais havia se sentido em sua vida. O
clã estava em êxtase por finalmente encontrá-
la, e ela viu que muitos deles estavam
mudando por algum motivo, se
transformando em meio-dragões e meio-
humanos antes de finalmente relaxar de volta
à sua forma humana e continuar a brindar
por ela.
— Você atrai para fora o Dragão que há
em nós — disse ele com uma piscadela, rindo
e olhando para o prato de comida. Uma
mulher e um homem estavam começando a
servir a multidão, e um grande prato de
comida fumegante foi colocado na frente de
Krista. Seu estômago roncou alto e Clayton
riu.
— Faz um tempo desde que você fez uma
refeição real, não é? — Clayton disse.
Krista assentiu e olhou para o prato. A
comida cheirava melhor do que qualquer
coisa que já cheirara antes, mas ela nunca
tinha visto nada assim. Clayton a viu olhando
e sorriu.
— Esta é uma especialidade de
Kaldernon. — Explicou ele. Ele se inclinou
perto da orelha dela e começou a explicar
silenciosamente o processo de cozimento. O
som profundo de sua voz estridente trouxe
arrepios em seus braços, e ela esperava que
nunca parasse de falar. No entanto, é claro,
ele precisava, e logo ela estava cavando o
prato, saboreando a refeição com um
profundo prazer que não achava possível.
Eles conversaram casualmente enquanto
comiam, a voz profunda e suave de Clayton
parecendo prestar atenção apenas nela. Ela
nunca se sentira tão íntima com outra pessoa
antes e desfrutara da refeição mais do que
pensava. Depois do jantar, Clayton anunciou
que a levaria para ver Kaldernon. Todos
murmuraram em excitação e concordância,
mas não o seguiram quando ele a pegou pela
mão e a levou para fora dos túneis
subterrâneos.
CAPÍTULO QUATORZE

Seu coração batia forte no peito quando a


mão forte dele a puxou para frente, levando-
a através do labirinto e saindo para a luz do
sol. Ela olhou para o céu, animada por
finalmente ver as nuvens e o sol. Fazia muito
tempo, e começava a se sentir
deprimida. Quando seus olhos se ajustaram à
luz, ela ofegou. Havia um brilho no céu,
quase como a aurora boreal. Ela nunca tinha
visto algo tão bonito antes, e as cores
pareciam combinar com as que estavam em
seu vestido.
— Você está tão linda — disse Clayton,
puxando a mão dela em direção aos seus
lábios quentes e pressionando um beijo suave
nela. — Você vê o mundo lá em cima? É daí
que viemos. E se quiser, é para lá que
tentaremos retornar. Se encontrarmos um
caminho, antes que os Guardiões destruam
todos nós, eu poderia levá-la conosco.
Os olhos de Krista se encheram de
lágrimas. Ela nunca tinha testemunhado algo
tão bonito, ou se sentiu tão amada e aceita
por alguém antes. Ela se sentiu envergonhada
por ser tomada pela emoção, mas felizmente
ele não riu dela. Em vez disso, ele parecia
entender exatamente como ela se sentia e
passou o braço forte em volta do ombro dela.
— Eu te conheci antes, depois que meu
pai morreu. Claro, você não se lembra — Ele
disse suavemente. — Mas eu nunca esqueci.
— Do que você está falando?
— Perguntou Krista, confusa.
— Tenho protegido você esse tempo
todo, todos esses anos. Éramos jovens, talvez
com cerca de dez anos. Você estava cantando
aquela linda canção Loni que nunca te
deixa. Fiquei encantado com isso, é claro. —
Ele disse com uma risada.
Ela ouviu, intrigada, seu coração batendo
forte enquanto Clayton falava. Seus olhos
gentis olharam para ela, incertos e
tímidos. Ela sorriu para ele e o incentivou a
continuar.
— Bem, você deixou cair um pedaço de
papel e não percebeu. Então senti que
deveria pegá-lo para você. E peguei. Eu
queria ficar e conversar, mas depois fiquei
com medo. Eu sabia que você não deveria
me ver. E entao…
— Você foi embora — Krista disse
suavemente. — Na verdade, me lembro disso,
e penso em você há muito tempo. Não
acredito que você é a mesma pessoa. Tudo
isso parece tão inacreditável.
— Gostaria de estar inventando — disse
Clayton, passando as mãos pelos cabelos
pretos. Seus brilhantes olhos verdes fitavam
Kaldernon, e ela aproveitou a oportunidade
para permitir que seus próprios olhos
percorressem o corpo dele, repousando
sobre o rosto esculpido. — Mas essa é a
verdade, estamos protegendo você. Não há
mais ninguém como você aqui. Mas no outro
mundo, você não ficará mais sozinha.
— Você gostaria de não ter que me
proteger? — Perguntou Krista.
— Claro que não, é a única coisa que deu
sentido à minha vida depois que perdi meu
pai. Você tem sido a minha vida inteira esse
tempo todo. Sem nunca saber.
Krista virou-se para ele, abrindo a boca e
fechando-a, sem saber o que dizer para
ele. Seu belo rosto abriu um sorriso
brilhante, e ele a puxou para perto de seu
corpo musculoso.
— Posso fazer algo um pouco estranho?
— ele perguntou.
Ela não tinha certeza do que dizer, mas
assentiu de qualquer maneira. Clayton virou
meio dragão então e respirou fundo contra o
pescoço dela. Ele voltou para sua forma
humana e sorriu.
— Como foi isso?
Ela engoliu em seco, chocada com a
inesperada onda de desejo que ele acendeu
dentro dela.
— Que raio foi isso? — Ela sussurrou.
— Eu queria ver se somos um par... —
disse ele com um pequeno sorriso. — Como
você se sentiu?
Ela olhou para o chão, com o rosto
vermelho. Ela nunca esteve com um homem
antes, mas esse gesto aparentemente inocente
tinha sido mais agradável do que imaginou
que o sexo seria. Os olhos de Clayton
dançaram. Ele teve sua resposta.
A respiração dela foi cortada quando ele
pressionou os lábios quentes contra a boca
dela, e estremeceu quando a língua dele
começou a massagear a dela. Ele a agarrou
com força em seus braços fortes, firmando-a
quando suas pernas ficaram fracas.
— Você é tão bonita... — disse ele, seus
olhos reptilianos brilhando
sensualmente. Ela gemeu de prazer quando
ele a levantou e a segurou com força,
pressionando as costas contra uma árvore e
beijando-a fervorosamente pelo pescoço. Ela
sentia a intensidade de seu desejo, enquanto
eles continuavam se beijando, e passeava suas
mãos para cima e para baixo nos grandes
bíceps dele. Ela queria tocar os músculos
dele por um longo tempo, e os agarrou com
força, fechando os olhos em êxtase quando o
sentiu crescer contra sua coxa.
— Não posso acreditar que você cuida de
mim todo esse tempo, e eu nunca soube
quem você era. — Ela sussurrou em seu
ouvido, segurando um punhado de seus
cabelos. Ela sempre sentiu que estava se
guardando para alguma coisa, mas nunca
imaginaria que seria algo assim.
— Eu sempre acordo e durmo pensando
em sua segurança — disse ele, dando beijos
quentes na clavícula e passando a mão forte
para cima e para baixo nos seus quadris. Ela
ficou tensa quando seu corpo foi dominado
por tentáculos de prazer. Ele descansou a
mão na coxa dela, acariciando até que ela
estivesse ofegando por mais. Ele se permitiu
deslizar a mão sob a saia dela, enquanto
libertava um de seus seios grandes dos limites
de seu vestido. Um gemido profundo e
gutural escapou de seus lábios quando seus
dedos roçaram sua abertura molhada.
— Como você está fazendo isso? — Krista
ofegou, seus lábios carnudos quentes e
ofegantes em seu ouvido. Ele estava fazendo
o possível para se conter e ir devagar,
sabendo que se fossem um par, como seu pai
e sua mãe foram um par, então seria a
primeira vez para os dois. Os prazeres eram
novos e imensos. De repente, sentiu um peso
quente em sua virilha, dedos agarrando seu
eixo e desafiando-o a empurrar os limites de
sua carne. Ele gemeu quando seu membro
ficou inchado em suas mãos, pulsando com
uma necessidade que ele nunca conhecera
antes.
Ela apertou os quadris contra a mão dele
e ele permitiu que ela arrastasse seu sexo
molhado pelo pulso dele, enquanto deslizava
a mão pelo comprimento de seu membro,
explorando todas as curvas com movimentos
suaves e enlouquecedores. Por fim, Krista
não conseguiu resistir à curiosidade e puxou
o pau duro da calça, pressionando-o contra a
coxa e trazendo um gemido aos lábios. Ela
nunca quis tanto alguém antes, e ele sibilou
quando a cabeça de seu pênis encontrou a
caverna quente e convidativa entre as pernas
dela.
As mãos dele percorreram o corpo dela,
acariciando cada curva dela, até que os dedos
roçaram o monte duro do mamilo. Ela
reprimiu um grito de êxtase, apertando mais
o punho dele. Ele fechou os olhos quando
uma onda de prazer o atravessou. Ela
finalmente soltou seu pênis e passou as unhas
pelas costas dele, dando-lhe mais espaço para
relaxar entre as pernas. Ela inclinou a cabeça
para trás em êxtase quando começou a
penetrá-la. Ele foi devagar, saboreando cada
momento. Krista gemeu profundamente ao
sentir cada curva do seu eixo empurrando os
limites de seu corpo, pressionando com força
dentro dela até que ela engasgava com um
suspiro que era uma mistura de prazer e dor.
— Você está bem? — Ele perguntou a ela.
Ela manteve os olhos bem fechados, mas
assentiu e ele começou a estocar lentamente,
incapaz de se segurar por mais tempo.
— Foda-se! — ela sussurrou, mordendo o
ombro dele para não gritar mais alto.
De repente, aconteceu. Ele empurrou o
selo que a definira como virgem por tanto
tempo. Clayton parou, olhando-a com olhos
arregalados e preocupados.
— Não pare — ela sussurrou, puxando-o
para mais perto pela cintura. Seus olhos
verdes brilhavam sombriamente, incapazes
de esconder a luxúria animal que estava
transbordando logo abaixo de sua fachada
composta. Ele foi dominado por sua
necessidade e arremeteu seu pênis nela o
mais forte que pôde. Ela gritou em êxtase
quando o corpo dele começou a mostrar o
quão poderoso realmente era. Ele beijou seu
pescoço e acariciou seus seios, cobrindo sua
boca com a dele para reprimir os gritos de
prazer que ela emitia toda vez que se afastava
dela e estocava com força dentro dela
novamente.
Ela queria que durasse para sempre, mas
seu corpo tinha outros planos. O prazer
crescente que eles estavam trabalhando
alcançou seu auge, e ela não tinha para onde
ir a partir daí, mas para cima. Seu corpo
tremia sob o de Clayton quando seu pênis
perfeito estocou uma última vez. Seu corpo
estremeceu poderosamente, apertando-o
com força enquanto ela soltava uma
inundação quente em torno de seu
membro. Ele fechou os olhos, sibilando de
prazer enquanto o corpo dela ordenhava seu
pau quando gozou, até que ele não conseguiu
mais conter a erupção forte de sua semente
quente. Os dois gemeram profundamente,
uma necessidade neles tão plenamente
satisfeita que ambos caíram no chão,
agarrando-se fervorosamente e abraçando-se
com força. As sensações de prazer a
invadiram em ondas de uma maneira que ela
gritava alto.
Finalmente, seu corpo estremeceu
poderosamente quando seu orgasmo quase a
derrubou. Ele sibilou de prazer quando o
clímax dela começou a inundar seu eixo, e
desencadeou outra rodada de estocadas
incansáveis que a deixaram sem fôlego e
ansiando por mais. Finalmente, ela o sentiu
tenso e gemeu de felicidade quando sua
semente quente derramou dentro dela. Foi
como uma erupção vulcânica que a levou ao
auge do clímax.
Eles se apoiaram fracamente um no
outro, ofegando quando ele lentamente se
retirou dela. Eles ficaram em silêncio por um
momento enquanto pressionavam suas
testas. De repente, sentiu-se leve, como se
perdesse a gravidade. Ela sabia, sem
realmente saber, exatamente o que aquilo
significava. Ela olhou para Clayton, pensando
se devia ou não contar a ele ou se deveria
guardar para si mesma.
Talvez ela não devesse ter esperanças, e
talvez nem estivesse certa. Mas sabia que sua
intuição estava lhe dizendo que seu corpo
não era mais dela. Sua semente conseguiu
impregná-la com apenas uma tentativa. O
pensamento de alguma forma a fez esquentar
de novo, e ela pegou seu lindo rosto com as
duas mãos e o beijou apaixonadamente.
— Quer tentar de novo? — ela sussurrou,
e Clayton sorriu.
— Eu adoraria.

Fim...
Ou apenas o começo?

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