Você está na página 1de 266

STAR’S

STORM
SÉRIE LORDS OF
KASSIS #2

S. E. SMITH
LORDS OF
KASSIS
DISTRIBUÍDO

EM BREVE
SINOPSE
Star Strauss sempre foi uma lutadora. Desde seu nascimento prematuro até
sua vida na estrada como artista circense. Nunca deixou sua pequena
estatura impedi-la de realizar seus sonhos. É uma das melhores artistas
aéreas do mundo. Seu amor por altura e liberdade ajudam-na a superar os
desafios que enfrenta no solo. Somente sua família circense, a irmã e a
melhor amiga entendem sua necessidade de liberdade. Sua vida muda
quando se encontra em um mundo distante, onde toda criatura se eleva sobre
ela.
Jazin Ja Kel Coradon é o terceiro filho do governante da House of Kassis. É
conhecido não apenas por suas habilidades como guerreiro feroz, mas
também por seu conhecimento em comunicação, segurança e armas.
Aumentou a eficácia das defesas de Kassis protegendo seu mundo do ataque
de um novo grupo de rebeldes que ameaçam sua existência. Lutará até o
último suspiro para proteger seu povo.
Sua vida muda quando conhece uma pequena criatura que é diferente de
tudo que já viu. É pequena, delicada e bonita. O problema é que também é a
mulher mais forte e teimosa que já conheceu. Recusa-se a fazer o que ele diz,
desafia-o a todo momento e não entende que só o que deseja é protegê-la.
Se ela ficasse na bela bolha segura que ele criou, sua vida seria muito mais
simples!
Star fartou-se de pessoas em casa colocando-a em uma caixa de vidro, não
deixaria ninguém em um mundo estranho enfiá-la em uma! Quando
sequestram o homem que ama, fará o que faz de melhor. Usará suas
habilidades como artista para resgatá-lo dos homens determinados a extrair
informações para derrubar o sistema de defesa de Kassis antes de matá-lo.
Às vezes, ser pequeno tem suas vantagens. O inimigo não espera que uma
pequena fêmea tenha a força de uma guerreira e um guerreiro teimoso
descobrirá que tem uma parceira que se igualará a ele em face do perigo.
Aviso
A tradução em tela foi efetivada pelo grupo Pegasus
Lançamentos de forma a propiciar ao leitor o acesso à obra,
incentivando-o a aquisição integral da obra literária física ou em
formato E-book.
O grupo tem como meta a seleção, tradução e disponibilização
apenas de livros sem previsão de publicação no Brasil, ausentes de
qualquer forma de obtenção de lucro, direta ou indiretamente.
No intuito de preservar os direitos autorais e contratuais de
autores e editoras, o grupo, sem aviso prévio e quando julgar
necessário poderá cancelar o acesso e retirar o link de download
dos livros cuja publicação for vinculada por editoras brasileiras.
O leitor e usuário ficam cientes de que o download da presente
obra destina-se tão somente ao uso pessoal e privado, e que
deverá abster-se da postagem ou hospedagem do mesmo em
qualquer rede social, e bem como abster-se de tornar público ou
noticiar o trabalho de tradução do grupo, sem a prévia e expressa
autorização do mesmo.
O leitor e usuário, ao acessar a obra disponibilizada, também
responde individualmente pela correta e lícita utilização da mesma,
eximindo o grupo citado no começo de qualquer parceria, coautoria
e coparticipação em eventual delito cometido por aquele, que por
ato ou omissão, tentar ou concretamente utilizar da presente obra
literária para obtenção de lucro, direto ou indiretamente,
responderão nos termos do art. 184 do código penal e lei
9.610/1998.
POR FAVOR, NÃO PUBLIQUE
NOSSOS ARQUIVOS EM REDES
COMO BLOGS E FACEBOOK
Se você viu algum arquivo do PL em algum lugar
sem a nossa autorização, converse com a
moderação.
Se você gosta dos livros do PL ajude!!
Quem gosta, respeita nosso grupo!
Não publique diretamente no Face, blogs e afins,
não exponha o grupo de forma desnecessária.
NÃO ACEITAMOS
RECLAMACÕES SOBRE AS
TRADUCÕES DO GRUPO!
Se não gostou, leia o livro no idioma original!
UM
Star observava as estrelas cintilantes quando uma sensação
de paz se apoderou dela. Surpreendeu-se. Pensou que morrer
doeria, mas não sentia dor. Seu corpo não tremia mais com o frio
que a engolira momentos antes. Agora, não sentia arrepios
percorrendo seu corpo minúsculo. Ouvia a voz chorosa da irmã
implorando para aguentar. Escutava sua melhor amiga, River,
falando algo em segundo plano, mas nada mais importava. O que
importava era a sensação de paz que a dominava.

Olhou para as duas luas no céu escuro. Franziu o cenho


levemente. Por que havia duas? A Terra só tinha uma lua. Sua
mente lutou lentamente para recordar.

Ah sim, lembrou vagamente. Não era a Terra. Estava em


Kassis.

A carranca desapareceu apenas para ser substituída por uma


profunda tristeza quando um nome sussurrou em sua mente...
Jazin. O pensamento de deixá-lo causou-lhe uma forte dor que não
tinha nada a ver com os ferimentos em seu pequeno corpo. Uma
única lágrima escapou de seu olho e deslizou até cair no cabelo
loiro e macio espalhado ao seu redor. Ouviu o grito angustiado da
irmã enquanto a escuridão tomava conta dela. Sentiu o coração
palpitar como se realmente quebrasse pelo amor que deixaria para
trás. Como se estivesse a uma grande distância, ouviu vagamente
a voz de Jo ecoar pela noite, enquanto fechava seus olhos
lentamente.

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


— Não! Droga, Star! — Jo engasgou, tentando
desesperadamente conter o fluxo de sangue do ferimento de sua
irmãzinha— Aguente! É uma lutadora! Não se entregue, merda!
Não me deixe!

— Deixe-me levá-la— Uma voz sibilou na escuridão—


Devemos levá-la ao médico imediatamente.

Virou a cabeça e olhou a enorme criatura enterrando suas


garras afiadas no pilar de pedra em que estavam empoleiradas.
Madas Tal Mod era a companheira do líder dos Tearnats, uma
espécie alienígena reptiliana que as sequestraram. Encarou-a por
um momento antes olhar o rosto pálido e pacífico da irmã. Virou
de volta para Madas com olhos suplicantes. Com a voz chorosa,
sussurrou— Por favor, ajude-a— Implorou, encarando os olhos
negros dela.

— Deixe-me levá-la. Sobreviverá — respondeu Madas em um


sibilo suave— Ainda não é hora dela deixar nosso mundo.

Assistiu impotente enquanto a Tearnat gentilmente pegou o


corpo mole de Star e o embalou com força. Usou suas poderosas
pernas traseiras e cauda para agarrar o pilar enquanto descia.
Recusava-se a acreditar que os deuses chamariam essa pequena
guerreira para o mundo deles. Ainda havia muitos perigos que
enfrentariam e a força e coração dessa pequena de outro mundo
ainda eram necessários.

Pulou os últimos metros para o chão, certificando-se de


amortecer o corpo em seus braços. Não esperou a outra guerreira
a seguir. Não tinha tempo. Ouvia o coração de Star se esforçando

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


para bater. Moveu-se rapidamente pelos jardins escuros situados
no meio da House of Kassis. A batalha de hoje levou várias vidas,
inimigas e aliadas. Estava determinada que aquela em seus braços
não seria outra.

Irrompeu a South House, sibilando por instruções médicas.


Estava prestes a virar quando um rugido selvagem ecoou pelo
corredor que levava dos jardins ao corredor principal. Olhos
selvagens encontraram os dela brevemente antes de baixarem para
o corpo precioso em seus braços.

— Precisa de ajuda imediatamente — falou. — Vá na frente, a


carregarei. É melhor não a mover mais que o necessário. Ouço o
coração dela lutando.

Jazin encarou severamente a grande Tearnat. Cada fibra nele


queria arrancar o pequeno corpo dos braços dela, mas sabia que
estava correta. Forçando-se a se afastar, rugiu para abrirem
caminho e correu para a unidade médica, gritando em seu
comunicador que curandeiros se preparassem imediatamente.
Irrompeu pela porta apenas um milissegundo antes de Madas.
Observou como os médicos, que já esperavam, rapidamente a
instruíram a colocar Star no leito regenerativo antes de
desaparecerem por outro conjunto de portas. Moveu-se para segui-
los, mas a mão grande em forma de garra o parou, segurando seu
antebraço com força. Puxou sua espada laser.

— Deixe-os cuidarem dela — sibilou Madas em compaixão. —


Só ficará no caminho. Dê-lhes tempo para estabilizá-la. Acalme-se
para ser forte por ela — falou, encarando-o.

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


Engoliu várias vezes tentando controlar sua raiva e medo.
Olhou para as portas e de volta para a enorme Tearnat que o
segurava. Sabia que estava certa. Não seria útil para Star na
condição em que estava. Só atrapalharia. Mas... encarou a porta—
Não posso perdê-la — falou severamente.

— Ainda não é a hora dela — respondeu, confiante— Sua


pequena guerreira ainda tem muito a fazer. É simplesmente um
teste dos deuses para ver se tem a força necessária para enfrentar
as batalhas ainda por vir. É forte. Não falhará em um desafio tão
simples. Acredite na força dela e descobrirá que é realmente uma
guerreira tanto quanto você. Uma companheira que ficará ao seu
lado, não na sua sombra.

Encarou-a e lentamente abaixou a espada — Só rezo para que


esteja certa — respondeu. — Mas saiba que se sobreviver, nunca
mais a deixarei exposta ao perigo. Irei protegê-la e cuidarei dela,
mesmo que precise trancá-la. Nunca mais permitirei que alguém a
machuque. Juro— Declarou apaixonadamente.

Madas riu ao ver a determinação feroz no rosto dele. —


Cuidado com o que fala, Lorde Jazin. Existem forças no universo
que não controla. E algumas vêm em pacotes pequenos.

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


DOIS
Star relaxou ainda mais sob as cobertas. Tinha o sonho mais
maravilhoso. Voava pelo ar. Seu pai a observava, treinando-a,
rindo animadamente enquanto ela pegava a barra que ele jogou.
Sentiu o abraço forte de seus pais quando pousou na plataforma
ao lado deles.

De repente, mudou. Não era mais uma garotinha. Walter, o


gerente do circo, apresentava ela, Jo e River. Sentia o enorme
cavalo sob ela ganhando velocidade, quando entrou no picadeiro.
Executaria um novo ato. Era um dos mais desafiadores que já fez
e a primeira vez que era a estrela do show. Jo e River a apoiariam
se precisasse, mas confiava que não teria nenhum problema.
Precisou que o gerente convencesse seus pais que conseguiria
fazer. Era pequena para dezesseis anos, mal alcançando um metro
e meio sem sapatos. Mesmo assim, se elevou sobre a estrutura de
mais de um metro e meio de Walter. Era para ele que recorria
quando sentia medo de não fazer algo. Nunca lhe deu nenhuma
simpatia. Incentivava-a a acreditar em si e em seus talentos
naturais. Fazia-a se sentir tão alta quanto qualquer um dos outros
artistas.

O sonho mudou novamente, afastando-a da família circense.


As cores giravam ao redor dela como se caísse no buraco do Coelho
Branco apenas para acabar em Oz. Pedaços de sua vida brilhavam
em sua mente em um caleidoscópio de imagens, sons e cores.
Deixou-a tonta enquanto rodopiavam.

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


Agora estava no apartamento que ela e Jo possuíam em
Orlando. Estava brava! Sentia a raiva avassaladora queimando por
dela. Ouvira um grupo de outros artistas, incluindo o homem que
namorava, zombando do seu tamanho. Dizia aos outros que só a
namorava para se aproximar de alguns contatos que ela tinha no
ramo de entretenimento. Brincou que estar com ela era como sair
com a irmã mais nova. Não era muito maior! Os outros fizeram
comentários maliciosos, querendo saber se dormiu com a 'bebê'.
Brincou dizendo que tentou, mas não cabia no berço. Estava
prestes a pensar um pouco, quando foi puxada novamente para o
redemoinho de cores enevoadas. Flutuou até chegar a outro
momento de sua vida.

Agora, estava na cabana que alugou para elas. Ela e Jo


conversavam animadamente sobre o que fariam quando a amiga
chegasse. Fazia quase um ano que se reuniram com River Knight,
sua melhor amiga e irmã de coração. Cresceram juntas viajando
com o circo. Eram inseparáveis enquanto cresciam e sentiam
muita falta dela desde que pararam de viajar. A vida na estrada
perdeu seu glamour para Jo e Star depois que os pais se
aposentaram. Ainda se apresentavam em um circo, fazendo
acrobacias aéreas que desafiavam a morte, mas sem viajar.
Quando os pais se aposentaram, ficaram com a família circense
com quem cresceram alguns anos antes de se juntar ao Circus of
the Stars em Orlando, Flórida. Expandiram suas performances,
incluindo acrobacias aéreas misturadas com efeitos especiais
incríveis.

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


Mexeu-se inquieta quando a névoa em seu sonho ficou mais
sombria. Agora memórias invadiam-no. Ouviu um som na varanda
da frente da cabana. Pensou que fosse River. Um grito rasgou sua
garganta quando uma figura escura e alienígena apareceu na sua
frente. Lutou fracamente contra as garras que a seguravam,
tentando se libertar, mas não conseguia que seu corpo obedecesse.
Uma voz suave filtrou antes de desaparecer enquanto o manto de
névoa escura girava até que a arrastou pelas ondas escuras.

Jazin olhou para Shavic, que sedava Star. — O que


aconteceu? Ela está com dor? Por que não a ajuda? — Perguntou
preocupado, acariciando suavemente o rosto dela.

Olhou-a, observando-a relaxar enquanto caía num sono mais


repousante. Foi tocante nas primeiras horas. Um dos curandeiros
pediu-lhe que ficasse perto dela, quando pensaram que não
sobreviveria. Agarrou à mão dela, exigindo que o obedecesse pela
primeira vez. Não toleraria que não lutasse. Recusava acreditar que
a perderia. Ela significava muito para ele.

Shavic, o curandeiro a bordo do navio de guerra do irmão, veio


pouco tempo depois, ordenando que saísse até ele a avaliar. Seu
irmão mais velho, Torak, avisou-o. Confiava no médico mais que
qualquer outro, exceto no curandeiro que trabalhou em River
quando se feriu. Foi apenas porque ele não estava disponível que

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


confiou em Shavic. Passaram duas horas antes que viesse cansado
para a sala de espera onde Jazin, Ajaska, Manota, Jo, Madas e seu
companheiro Gril esperavam. Torak, com River ao seu lado, eram
avaliados por outro curandeiro. Também se feriu naquela noite.

Quase desabou na frente de todos quando o médico falou que


ela viveria. Precisaria de muito descanso e tempo para recuperar
suas forças, mas ficaria bem. Manota levou Jo à casa deles,
ignorando os protestos dela que ficaria com a irmã. Só cedeu
quando viu a emoção mal controlada no rosto dele. Lembrou
vagamente do pai, Madas e Gril, dando-lhe um aperto
reconfortante no braço antes de seguir Shavic de volta à cabeceira
de Star.

Isso aconteceu quase uma hora atrás. O médico ainda a


monitorava. Quando se mexeu inquieta na cama e gemeu, ele
decidiu que era melhor seda-la um pouco mais para lhe dar tempo
adicional para curar. Falou que houve uma atualização do
equipamento para lidar com a anatomia humana, mas ainda
estavam aprendendo. O maior avanço era a fonte de sangue
sintético que desenvolveram e que era compatível com os
humanos.

— Sua companheira perdeu muito sangue. Levará tempo para


reabastecê-la. Não quero dar-lhe muito ainda. Quero garantir que
não tenha reação — falou Shavic. — Não está com dor. Os
inibidores em sua têmpora impedem isso. Apenas sonha.

— Tem certeza que conseguirá? — Perguntou baixinho,


olhando o rosto pálido dela.

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


O médico pousou o injetor na bandeja e olhou-o antes de virar
para Star— Conseguirá. É forte e uma lutadora. Ela se recuperará,
— repetiu confiante. — Dormirá por mais algumas horas. Por que
não se limpa e descansa um pouco?

Encarou-o desafiador— Não a deixarei.

Shavic riu— Use a unidade de limpeza daqui. Descanse ao


lado dela— falou acenando para a cama — Abre-se ainda mais.

Assentiu— Ficará até eu voltar? — Perguntou hesitante, sem


vontade de deixá-la sozinha por um minuto.

— Vá — respondeu gentilmente— Ficarei aqui. Seu capitão


trouxe uma muda de roupa.

Levantou com relutância, deixando os dedos permanecerem


na bochecha dela— É tão teimosa — murmurou— As três são.
Deveria imaginar que tramavam algo.

— Como acha que é o mundo delas? — Shavic perguntou


maravilhado, encarando o rosto pálido e pacífico de Star
descansando. — Acha que todas são guerreiras?

Encarou-o, com um pequeno sorriso no canto da boca. Agora


que sabia que sobreviveria, ficou mais calmo. Pensou no vídeo que
viu dela quando era mais jovem. Sua amiga, River, tinha um
conjunto de discos e seu irmão, Torak, pediu que os copiasse para
um formato que os dispositivos em seu mundo lessem. Nem ele
nem os irmãos esperavam descobrir o que continham. Não eram
guerreiras. Eram artistas que faziam um trabalho incríveis.

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


Não, não eram guerreiras no verdadeiro sentido, mas se
tornavam quando era para proteger aqueles que amavam e se
preocupavam, pensou observando os lábios dela se separarem em
um suspiro profundo. Lutavam com uma engenhosidade e
habilidade que desmentiam suas formas delicadas.

— Não sei — respondeu, momentaneamente congelado que


realmente não sabia muito sobre sua companheira ou mundo dela.

Shavic deu de ombros— Não importa. São incríveis. Vá se


limpar, Lorde Jazin. Vigiarei sua companheira até voltar. — falou
com uma pitada de compaixão.

O médico reconheceu que precisava de tempo para lidar com


o que aconteceu. Não o culparia. Se tivesse uma companheira tão
bonita, feroz e leal quanto ela, reagiria da mesma forma se algo
acontecesse. Afundou-se na cadeira ao lado da cama e estudou o
rosto delicado da fêmea humana. Desde seu primeiro encontro com
elas, ficou fascinado por suas diferenças em relação às espécies
conhecidas que tratara. Havia mais de vinte galáxias na Alliance.
Cada uma com espécies únicas, algumas como Kassis e outras
muito diferentes como os Tearnats. As humanas foram as
primeiras que tinham características intimamente relacionadas às
suas. Gentilmente pegou a mão delicada que estava na beirada da
cama e a virou para estudar a palma. Seus dedos se contraíram
com o leve toque dele. Uma onda de inveja o inundou. Sentir mãos
como estas em seu corpo, tocando-o...

— Ficarei com ela agora — falou Jazin duramente por trás


dele.

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


Jazin manteve um controle rígido de suas emoções. Tomou
um breve banho e trocou de roupa o mais rápido possível, não
queria ficar longe de sua companheira por mais tempo que
necessário. Um profundo medo o atormentava que apenas sonhara
que ela ficaria bem. Quando voltou, um ciúme sombrio o varreu ao
ver Shavic segurando ternamente a mão dela. Observou o rosto
dele intensamente por um momento enquanto o curandeiro a
acariciava. Emoções de confusão, inveja e desejo fluíram pelo rosto
do homem sem impedimentos pela máscara normalmente calma
que usava.

O médico gentilmente soltou a mão dela antes de levantar; a


máscara de calma impassível mais uma vez em seu rosto. — Meu
Lorde — respondeu calmamente antes de se curvar e sair.

Estreitou os olhos quando ele saiu da sala antes de voltar para


a companheira. Foi até a cama e passou a mão sobre o painel acima
dela. A cama mudou, expandindo-se até ficar grande o suficiente
para acomodar seu corpo maior. Puxou as cobertas e deitou,
certificando-se de não a sacudir mais que necessário. Levantou
cuidadosamente o corpo de Star e puxou-a contra ele. Maravilhou-
se com a diferença de tamanho e como se encaixavam
perfeitamente. Abaixou a cabeça até que descansou o queixo

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


contra os fios do cabelo dela. Respirando fundo, aspirou o perfume
de flores silvestres e luz do sol.

Nunca se cansaria dela. Desde o primeiro momento em que a


viu no navio de guerra Tearnat, sabia que estava perdido. Fechou
os olhos quando alívio, misturado com a exaustão do medo e da
batalha, tomou conta dele. Relaxou quando ela se transformou em
seu calor, buscando o refúgio seguro de seus braços, mesmo
inconsciente. Foram seus belos olhos que primeiro chamaram sua
atenção. Falavam de amor e riso. De esperança, admiração e
curiosidade. De poder e força. De paz e para sempre.

O sono tomou conta dele enquanto respirava o perfume


calmante de sua companheira. Sua mente vagou pela primeira vez
que a viu saindo do corredor escuro. Uma pequena guerreira que
tocaria não apenas seu coração, mas seu mundo inteiro.

Cores e imagens rodopiaram e solidificaram quando seu


sonho se formava. Era como se fosse uma aparição revivendo um
momento no tempo. Estavam em uma missão diplomática com
Krail, atual chanceler da Alliance. Sua nave interceptaria o navio
de guerra de Torak quando um grupo rebelde de Tearnats atirou
contra eles, desligando os motores.

Trolis, líder dos rebeldes e segundo filho de Madas e Gril Tal


Mod, matou o chanceler e levou Jazin, Torak e outros guerreiros
prisioneiros. O inimigo planejava matá-los, começando por ele.
Queria dar o exemplo para os outros membros da Alliance,
eliminando dois dos membros mais poderosos da realeza de Kassis.

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


Recordou de acordar, acorrentado entre duas barras usadas
para interrogatório. Progit, um guerreiro Tearnat que Torak
desfigurou durante a guerra, entrou. Jazin enterrou o nariz mais
fundo no aroma tentador do cabelo de sua companheira. Lembrou
da sensação da lâmina afiada enquanto acariciava sua bochecha,
cortando uma linha nela. Progit se gabava de como o mataria,
deceparia um membro de cada vez. Jazin tinha certeza que
morreria. Preparou-se para o primeiro golpe, determinado a morrer
como guerreiro e não dar ao inimigo o prazer de ouvi-lo gritar em
agonia quando o desmembrasse. Em vez disso, foi Progit quem
desabou a seus pés… uma faca entre os olhos.

Mexeu-se inquieto dormindo, puxando o corpo pressionado


contra ele para mais perto. Star... descobriu o nome dela com a
fêmea de cabelos escuros que capturou a atenção de seu irmão
mais velho. River Knight matou os três Tearnats na sala com várias
lâminas bem arremessadas. Abordou-o primeiro para ver o quanto
se feriu. Embora ela capturou sua atenção devido à sua aparência
inesperada e incomum, não sentiu nada além de curiosidade. Nada
o preparou para seu primeiro olhar para a fêmea chamada Star.
Lembrava bem do sentimento. Foi como se alguém lhe desse um
soco no estômago. Mesmo agora, ainda tinha a mesma reação da
primeira vez que a viu.

Curvou os lábios quando lembrou da figura pequenina vindo


para ficar na frente dele. Hesitou em tocá-lo e encarou-o em
advertência para não tentar nada. Ficou tão hipnotizado por sua
beleza pálida que só pensava que ela era dele!

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


Ela limpou o ferimento dele, tentando ao máximo não tocar
sua pele. Ele, por outro lado, ansiava pelo toque dela desde o
primeiro momento em que olhou nos olhos azuis claros dela.
Mesmo assim, o encarou desafiadoramente. Tinha uma inclinação
teimosa no queixo pequeno e delicado e um olhar que o desafiava
a mexer com ela, mesmo enquanto limpava delicadamente o
sangue do seu corte. Sabia que não era ruim. Doeu, mas sofreu
ferimentos piores durante a guerra. Progit apenas brincava com o
que viria.

Lutou para alcançá-la, mas não conseguia com os braços


ainda presos às barras. Sussurrou para ele. Três palavras simples,
mas nunca as esqueceria.

— Está seguro agora! — Sua voz rouca, queimando em sua


alma como se fosse iluminada por dentro.

Desapareceu logo depois. As fêmeas fizeram o impensável.


Libertaram-os e desativaram o enorme navio de guerra, dando a
seu irmão do meio, Manota, uma chance de ultrapassá-lo. Star
desabilitou as saídas para os níveis dos quartos residenciais,
aprisionando os Tearnats para que não lutassem. Seu coração
apertou quando passou do tempo de aparecerem na baía de
atracação. Surpreendeu-se ao descobrir que Manota não viajou
sozinho. Gril Tal Mod, pai de Trolis e líder dos Tearnats, veio com
seus próprios guerreiros. Ficou furioso, mas não surpreso, por seu
segundo filho desobedecer a uma ordem direta. Trolis tentou matá-
lo em um ponto no final da guerra, quando Gril queria paz para
sua espécie. Escapou e construiu um pequeno, mas
impressionante exército de mercenários, guerreiros descontentes e

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


insatisfeitos com a paz e apoiadores leais. Morreu no navio de
guerra quando atacou Torak e Gril. Outra vítima das lâminas
afiadas que sua nova irmã adorava carregar.

Um sonho após outro fluía em uma espiral sem fim através do


tempo. Star a bordo da nave de seu irmão mais velho, seu rosto
quando ela apareceu na baía de atracação diante do conselheiro
que mais tarde os trairia, o momento que se sentiu enganada por
ele por ter sua casa cheia de mulheres. Uma lembrança após outra
flutuava em sua mente. Até mesmo seu rosto indignado quando ele
a jogou por cima do ombro e a reivindicou oficialmente como sua
diante do seu povo. Começou a ser calorosa antes desta noite.
Tinha medo de alguma coisa. Recusou-se a contar, mas sentia a
hesitação sempre que a abraçava e murmurava palavras de
necessidade. Cena após cena encheram as próximas horas
enquanto a segurava firmemente antes de entrar no reino entre os
mundos dos sonhos e da vigília.

Acordou quando sentiu alguém entrar na sala. Moveu a mão


instintivamente para a espada laser debaixo das cobertas. Encarou
Armet quando entrou. Franziu a testa, balançando a cabeça. O
capitão da guarda curvou-se e fez sinal que permaneceria do lado
de fora. Assentiu, olhando para a figura quente em seus braços.

Esperou o homem sair antes que lentamente se


desembaraçasse do corpo, agora deitado mais em cima dele que do
lado. Roçou um beijo suave na testa dela antes de cuidadosamente
levantar e dobrar as cobertas com segurança ao redor dela. Olhou-
a mais uma vez antes de sair da sala. Seu rosto estava vermelho

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


como uma rosa empoeirada e um leve sorriso curvou seus lábios.
Perguntou-se com o que sonhava e esperava que fosse com ele.

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


TRÊS
— Armet — cumprimentou, fechando a porta silenciosamente.

— Meu Lorde. Perdoe minha intrusão — curvou-se


respeitosamente. — Seus irmãos e pai desejam que os encontre.
Expressaram seu pesar, mas novas informações chegaram à sua
atenção e acham que deveria saber.

Jazin apertou a boca. Olhou para a porta. Só dormiu por


algumas horas, mas foi o suficiente para renová-lo. Ainda assim,
hesitou em deixar sua companheira. Olhou para a outra porta que
abriu. Jo, irmã de Star, e River entraram, conversando baixinho.
Pararam, olhando-o ansiosamente.

— Star? — Jo perguntou com uma voz rouca.

— Está dormindo pacificamente e parece muito melhor —


respondeu. — Agradeceria se a deixassem descansar o maior
tempo possível. Shavic falou que é o melhor neste momento.

Jo revirou os olhos. — Imaginei. Só me preocupo com ela —


respirou fundo e sorriu chorosa para a amiga, que passou o braço
em volta da cintura em apoio. — Só estava preocupada.

Relaxou um pouco quando notou o olhar da cunhada. Sabia


que amava a irmã mais nova e era muito protetora. Ficou evidente
nas poucas vezes em que as vira juntas. De fato, viu como as três
eram muito solidárias e protetoras umas com as outras. Pensou
em seu próprio pai e irmãos e apreciou profundamente seu

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


relacionamento com eles. Nunca refletiu sobre isso. Pensar neles o
lembrou que o aguardavam.

— Confio que vigiarão minha companheira até que retorne —


falou. — Sou necessário em uma reunião. Armet ficará fora do
quarto, se precisarem de algo.

O capitão surpreendeu-se por um momento antes de assentir.


Apegou-se à pequena fêmea que assumira a Terceira House of
Kassis, também conhecida como West House. Admitia que era
muito mais fácil de manter desde que chegou. Nunca reclamaria,
mas ele e vários dos guerreiros sob seu comando ocupavam-se às
vezes, lidando com mulheres que moravam na casa. As que
restavam agora eram companheiras, filhas ou casais mais velhos.
A pequena visitava cada uma das famílias para ver como estavam
e se precisavam de alguma coisa. Também era fascinado por
algumas das coisas que fazia. Nunca viu alguém se mover da
maneira que Star fazia na sala de treinamento e algumas das
coisas que criou não eram apenas inovadoras, mas úteis.

— Voltarei o mais rápido possível. — falou Jazin.

Deu um olhar afiado para Armet. Assentiu mostrando que era


ciente do comando não dito; protegê-las com sua vida. Falou
baixinho em seu comunicador e se moveu ao lado da porta
enquanto o Lorde mais jovem lançou um último olhar ansioso a
sala onde sua companheira dormia.

— Proteja-as. — murmurou baixinho enquanto saía pela


porta.

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


— Com minha vida, meu Lorde. — respondeu com um brilho
de orgulho e respeito em seus olhos. — Com minha vida.

Star acordou em etapas. Na primeira, percebeu que havia luz


entrando na sala. Na segunda, reconheceu o som suave de vozes
ao seu lado. Na última e mais importante percebeu que não estava
machucada... em qualquer lugar. Flexionou os dedos dos pés antes
de mover as pernas. Quando não sentiu dor mexeu os dedos antes
de virar a cabeça na direção das vozes e abrir os olhos.

Dois pares de olhos, um de um azul escuro incomum e o outro


de um azul claro como o dela, a encaravam com preocupação e
amor.

Sorriu lentamente antes de sussurrar roucamente. — Oi.

River retornou o sorriso. Jo abriu a boca, fechou-a e


imediatamente chorou. Arregalou os olhos quando viu os ombros
da irmã mais velha tremendo enquanto chorava. A amiga
pressionou uma pequena toalha nas mãos da irmã e a abraçou.

— Está machucada? — Star perguntou. Esforçou-se para


sentar e confortar a irmã e se surpreendeu por não ser tão fácil
fazê-lo. Finalmente chegou à posição vertical, equilibrando-se em
seus braços até que sua cabeça parou de girar.

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


— Uau! — murmurou, levando uma mão trêmula à cabeça—
Tontura.

— Sua idiota! Não deveria sentar ainda— Jo falou entre


soluços. — Quase morreu vinte e quatro horas atrás. Nem deveria
ser... ser… capaz de sentar.

— Água? — Perguntou com uma careta, esfregando a


garganta.

River pegou um copo pequeno que estava na mesa ao lado da


cama. Ela segurou a xícara enquanto Star tomou pequenos goles
antes de colocá-la de volta na mesa. Os soluços da irmã lentamente
pararam até que apenas respirava fundo, acalmando-se.

Jo enxugou as bochechas avermelhadas com o pano que


segurava com força. Quando sentiu que finalmente tinha um pouco
de controle, encarou-a.

— Nunca mais me assuste assim! — Retrucou, limpando as


bochechas ainda úmidas.

Riu quando caiu fracamente contra os travesseiros.

— Não é como se planejasse me machucar — respondeu.

— Jazin? — Perguntou com medo.

— Está seguro — a amiga assegurou-lhe com um sorriso.

— O que aconteceu? — Perguntou olhando-as. — Alguém


mais se machucou?

River mordeu o lábio e olhou para Jo, que assentiu. — Sim —


respondeu calmamente. — Dezoito pessoas morreram na sala de

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


banquetes. A maioria eram mulheres no palco e vários homens
sentados perto dele. Trinta homens que nos atacaram também
morreram. Javonna trabalhava com eles. Também morreu.

— E o conselheiro? Tai Tek? — Perguntou, brincando


nervosamente com a coberta.

Jo balançou a cabeça. — Escapou — respondeu,


pressionando seus lábios em frustração. — Se colocar as mãos
nesse bastardo, assarei sua bunda em fogo vivo.

Riu da carranca feroz da irmã — Alguém mais se machucou?


Ajaska? Manota? Torak? — Perguntou, mordendo o lábio inferior.

River agarrou uma das mãos dela — Torak se feriu quando


lutou contra um dos Tearnat que protegia Tai Tek, mas não
seriamente. Nenhum dos outros se machucou. — Assegurou.

— Jazin se desesperou quando a viu.... — Jo engasgou


novamente.

— Chegamos muito perto de perdê-la, Star — continuou River.


— Assustou-nos, especialmente Jazin. Realmente a ama.

Fungou e desviou o olhar. — Nunca falou isso. Apenas diz que


sou dele e que devo fazer o que manda — resmungou. — Sem
chance de acontecer.

River riu. — Sempre posso emprestar minhas facas, se


precisar. Depois de prender Torak à porta com elas, é muito
cuidadoso com o discurso de 'sou o homem’ desde então.

Sorriu. Olhou para a irmã de criação com os olhos brilhando.


O pensamento de prendê-lo na porta lhe trouxe algumas ideias

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


interessantes. Aceitaria a oferta dela se ele ficar arrogante demais
novamente.

— Há quanto tempo estou fora e o que aconteceu desde que


tudo ficou confuso? — Perguntou, cansada. — E por que sinto que
fui atropelada por um caminhão?

— Não foi um caminhão, mas uma explosão de laser nas


costas, — Jo estalou. — É um milagre que se mova. Se Madas não
a levasse ao médico tão rápido, não estaria aqui. — falou quando
lágrimas encheram seus olhos novamente. — Droga! Estou
chorando de novo.

Três semanas depois, Star pensava seriamente em pedir


emprestado as facas de River. Jazin ordenou aos guardas que
garantissem que a protegeriam o tempo todo, quando ele não
estivesse com ela. Ocupava-se trabalhando em algum sistema de
defesa ‘ultrassecreto’ a maior parte do dia. Pelo pouco que reuniu,
o que não era muito, Tai Tek preparava para outro ataque. Dessa
vez, se aproximou de outra galáxia alienígena fora da jurisdição da
Alliance. A espécie não era bem conhecida, pois se mantinham
principalmente para si. Rumores que chegaram, declararam que o
inimigo prometeu acesso ilimitado às minas de cristal de energia
do planeta em troca de ajuda para derrotar as Houses of Kassis.

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


Jazin trabalhava com o irmão do meio em um sistema de
defesa para proteger não apenas seu planeta, mas também os
navios de guerra. Enquanto os escudos de Manota protegiam as
quatro casas reais, os dele protegiam sua frota de navios durante
a batalha. Enquanto estava ocupado, ordenara-lhe que
descansasse o máximo possível. River e Jo vinham diariamente
visitá-la, mas nem poderia colocar os pés fora da West House.
Droga, até o médico que salvou River veio até ela. Quando
perguntou por que Shavic não cuidava dela, os olhos de Jazin
escureceram mais e respondeu que foi voltou para o navio de
guerra.

Enquanto isso, ela escapara de casa pelo menos uma dúzia


de vezes e a cada vez Armet ou Jazin a pegavam. E cada saída que
usava era bloqueada ou um guarda colocado na frente dela.
Realmente começava a se desesperar.

Era hora de usar as facas, pensou com alegria quando a


imagem dele preso a porta flutuou em sua mente.

Uma batida na porta despertou-a de seus pensamentos


sombrios e alegres. Suspirou e esperou que fosse sua irmã e River.
Sabia que a amiga precisava ter cuidado já que estava grávida, mas
isso não significava que não a ajudaria a escapar dos limites da
casa. Ficava maluca por estar presa!

A batida soou novamente. — Estou indo. Estou indo. Um


pouco de paciência. — falou frustrada.

Abriu a porta e se surpreendeu quando viu Madas Tal Mod.


Os enormes lábios dela se afastaram revelando um conjunto de

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


dentes uniformes, mas muito afiados. Star levantou a sobrancelha.
Provavelmente era a coisa mais próxima de um sorriso de Tearnat,
presumiu.

— Oi Madas. — Cumprimentou. Olhou ao redor para ver se


havia mais alguém com ela. — Gostaria de entrar?

— Geralmente é o que acontece quando alguém solicita


entrada em uma sala. — Brincou.

Riu. Gostava da grande fêmea Tearnat. Não apenas porque


salvou sua vida, mas porque tinha um senso de humor perverso.

— Acho que está certa. — Sorriu, abrindo a porta. Esperou


pacientemente quando ela entrou, farejando o ar ao passar. — O
que a traz aqui? Jo e River não lhe enviaram para me resgatar, não
é? — Perguntou esperançosa.

Madas virou em um círculo elegante para olhá-la


sombriamente. — Precisa de ajuda? — Rosnou ameaçadoramente.
— O Lorde Kassis a maltrata?

Suspirou profundamente e balançou a cabeça. Fez um gesto


para que a criatura sentasse no longo e escuro sofá cor de vinho
no centro da sala de estar. Sentou-se em uma cadeira combinando
em frente a ela. Havia uma pequena mesa de cristal delicadamente
esculpida entre elas. Continha uma bandeja com chá quente,
dezenas de bolos e pães pequenos e uma mistura de frutas frescas
que trouxeram anteriormente.

— Não, a menos que ser mantida em uma gaiola seja


considerado maus-tratos. — respondeu relutante. Serviu-lhes um

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


pouco de chá. — Gostaria de bolo, pão ou frutas? Sempre trazem
demais. Além disso, não é divertido comer sozinha o tempo todo.

Madas cuidadosamente pegou o pequeno copo de líquido


quente dela. Então encheu um prato com cada um dos itens.
Sempre gostou da comida e bebida neste planeta. Era uma das
poucas coisas que a lembravam de sua casa. Sorriu quando viu
Star arregalar os olhos com o tamanho da porção em seu prato. —
Sou muito maior que você pequena guerreira e nunca recuso a
deliciosa comida disponível aqui. Lembra minha casa. Meu clã vive
próximo das grandes montanhas. Cultivamos grande parte de
nossa própria comida. As frutas pendem pesadamente das árvores
que cercam nossa aldeia e as ervas ao longo das cordilheiras de
neve são usadas para fazer pães. Temos cuidado com a quantidade
de carne que comemos. O clã de Gril vem de perto do deserto, onde
não há abundância dessas coisas. Sobrevivemos principalmente de
carne dos animais que vivem na região — explicou.

Star observou atentamente a enorme criatura verde escura,


marrom e preta. Via beleza na forma como sua pele se
transformava em escamas suaves. Sua cabeça era delicadamente
curvada com uma série de cristas ao longo do topo que caíam como
ondas de cabelo. Sua pele era muito macia e seca, não dura e
úmida como esperava. Usava camisa marrom de mangas
compridas e leves, com um colete marrom mais escuro e calças
marrons escuras e macias, enfiadas em botas marrons de
comprimento médio. Em volta de cada pulso havia uma faixa que
parecia ouro. Seus dedos em forma de garra eram esguios e as
unhas, embora muito longas, eram cuidadosamente cuidadas. Sua

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


cauda comprida se abaixava ao longo do lado e a ponta enrolava-
se em torno de um tornozelo como uma capa.

— É muito bonita — murmurou alto antes de corar


envergonhada.

Madas riu quando se inclinou para trás— Obrigada, pequena


guerreira. Não é comum que outras espécies olhem além do que
desejam ver. A maioria pensa nos Tearnats como uma espécie
selvagem, com pouca cultura ou capacidade de cuidar —
respondeu, com olhos tristes por um momento. — Sou igualmente
culpada. Quando vi Gril pela primeira vez... — sua voz rouca
desapareceu quando uma pequena mancha cor de rosa encheu seu
rosto.

— Oh, não, não — falou fascinada. — Não começará e não


terminará! Como se conheceram?

A amiga corou novamente e olhou para o prato. — Ele estava


em uma missão de treinamento. O navio de combate em que estava
teve problemas no motor e precisou pousar. Nunca esteve nas
regiões montanhosas de nosso mundo natal antes. Meu clã era
muito isolado na época. Minha mãe liderou depois que meu pai
morreu. Em nosso clã, as fêmeas aprendem a lutar, assim como os
machos. Minha mãe acreditava que era importante que todos
estivessem prontos para defendê-lo, se necessário. Existem muitos
animais que vivem nas montanhas que não hesitariam em atacar.
Somos excelentes caçadores e rastreadores. Minha avó me ensinou
a curar com plantas— Parou para morder uma fruta fresca em seu
prato. Fechou os olhos brevemente enquanto o suco doce descia
pela garganta. Quando os abriu, brilharam com humor. — Vi a

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


nave dele pousar em um prado a meia montanha da nossa vila.
Corri para ver o que era, pois nunca vi antes. Quando saiu e virou,
pensei que nunca tinha visto um homem mais feio na minha vida!

— Achou-o feio? — Perguntou espantada.

Riu. — Entenda, nunca tinha visto um homem como ele


antes. Era todo musculoso, maior e mais pálido que os machos do
nosso clã. Tinha a cor do deserto.

Star assentiu. Perguntava-se por que Gril era muito mais


claro que a companheira. Também tinha apenas uma crista na
cabeça e os dentes eram mais longos e afiados. Sua coloração era
mais parecida com a cor das roupas de camuflagem do deserto que
os militares usavam em casa.

— Então, o que aconteceu? — Perguntou, impaciente— O que


fez quando a viu?

— Ele não... no início — respondeu com os olhos brilhando.


— Lembre-se, estava no meu território. Eu sabia caçar, rastrear e
me esconder. Era a melhor guerreira do nosso clã e filha do líder.
Mas, subestimei a capacidade dele de perceber que não estava
sozinho. Confia muito em seus instintos e passou por uma guerra
e eu não. Por dois dias, brincamos um com o outro. Ele
desapareceria, circulando ao meu redor enquanto eu ficava um
passo à frente dele. Aprendi a respeitar suas habilidades quando
se aproximava cada vez mais de mim. — Seu tom aqueceu quando
as memórias a inundaram. — No terceiro dia, me pegou. Montou
uma armadilha e entrei nela.

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


Olhava Madas totalmente hipnotizada pela história. Colocou
a mão na garganta. Como foi que a enorme Tearnat perseguindo-o
dia após dia e então, cair em uma armadilha, incapaz de sair?
Sentia seu pulso aumentar com o pensamento. — O que fez?

Ela sorriu. — Amaldiçoei-o, lutei e me apaixonei — respondeu


calmamente.

— Sim, mas.... — Cerrou os dentes. — O que ele fez?

As bochechas da amiga avermelharam quando abaixou a


cabeça. — Reivindicou-me. Repetidas vezes, até não pensar direito.
Então, exigiu que o levasse ao meu clã para que informasse que
lhe pertencia — sussurrou.

— Como sua mãe se sentiu sobre ele? — Perguntou curiosa,


imaginando como seus pais reagiriam à alegação de Jazin.

— Insistiu que provasse que era forte o suficiente para me


reivindicar — respondeu, olhando pela janela lembrando-se de
como ficou assustada. — No meu clã, um guerreiro precisa provar
que é forte o suficiente para proteger sua companheira. Se não for,
ambos morrem. Levaram-me durante a noite para Death Springs.
Gril tinha três dias para me encontrar e resgatar.

— Como assim, os dois morreriam? O que acontece lá? —


Perguntou calmamente, percebendo que não era uma coisa boa.

Olhou-a atentamente antes de baixar os olhos— Há um lugar


nas montanhas onde o calor do planeta está mais próximo da
superfície. Existem nascentes nesta área onde a água ferve e nada
vive. Meu clã usa-as como teste. Suspendem gaiolas acima da

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


maior fonte fervente e o macho ou fêmea que é reivindicado é
colocado nela. Por três dias e três noites, ficam lá sozinhos. Se o
guerreiro que os reivindica não completa a jornada antes da luz do
quarto dia, a gaiola é baixada na água fervente — explicou em voz
baixa— O caminho para as fontes é mortal. Muitos guerreiros
morrem ao fazê-lo. Alguns completaram a jornada, mas não
chegaram a tempo de salvar seu companheiro. Se sobrevivessem,
mas seu cônjuge não, são entregues às águas ferventes por não
serem bons protetores.

— Mas Gril conseguiu — insistiu. — Salvou-a, caso contrário


não estaria aqui agora.

Sorriu. — Sim, conseguiu. Meu clã não ficou feliz por ser
reivindicada por um guerreiro de fora. Eles... — Sacudiu a cabeça
tristemente. — Conte-me por que está infeliz, pequena guerreira.
Talvez a ajude.

Star percebeu que havia mais na história de Madas e Gril,


mas também entendeu que não conseguiria mais. Passaram as
próximas horas conversando sobre a frustração dela em fazer Jazin
perceber que era pequena, mas também era forte. A Tearnat riu ao
contar-lhe sobre a noite em que ela se feriu. Contou como avisou-
o que havia algumas forças no universo que não controlaria. Uma
delas era sua companheira.

Prometeu-lhe que se realmente quisesse sair por um tempo,


tudo que precisava fazer era ligar. Ficaria mais que feliz em
escondê-la. Afinal, sempre fazia isso com Gril ! Star deu a sua
grande amiga alienígena um abraço apertado antes de sair. Este
mundo realmente não era tão diferente daquele que conhecera no

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


circo. Amigos eram de todos os tamanhos, formas e formatos
diferentes também.

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


QUATRO
— Jazin, preciso retornar à Terra e falar aos meus pais que Jo
e eu estamos bem. Pensei que talvez... — Star falou mais tarde
naquela noite. Olhou no espelho e balançou a cabeça. — Não, não
falarei que penso, talvez — suspirou em frustração. — Desde
quando pediu para fazer alguma coisa, garota? Não é fraca e
carente! Walter me colocaria nos joelhos e espancaria minha bunda
se me tornasse covarde — rosnou para seu reflexo.

— Ninguém a colocará nos joelhos e te baterá, exceto eu —


um rosnado veio atrás dela.

Gritou de surpresa. Estava tão ocupada descobrindo a melhor


maneira de abordá-lo sobre levá-la à Terra que não o ouviu entrar.
Era tarde, bem depois da meia-noite. Sempre era tarde quando
voltava ultimamente. Desde que se machucou, ele insistiu que
compartilhassem a cama. Recusou-se por todo o bem que isso
fazia. Dormia na cama dela e acordava na dele ou ele estava na
dela.

Estava com medo que ele fosse como Justin, seu primeiro
namorado. Sentia como se estivesse em um casulo a vida inteira
até que ela e Jo conseguiram o apartamento em Orlando. Era difícil
ir a um encontro ou levar alguém a sério quando estava em uma
cidade diferente todas as noites. Sem mencionar que tinha mais
tias, tios e avós substitutos que qualquer criança precisava como
acompanhante. Em Orlando, moraram com os pais durante o
primeiro ano depois que desistiram do circo. Queriam se certificar

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


que era algo que realmente queriam fazer. Estava tão consumida
em aprender novas rotinas e se adaptar à vida fora do pequeno
mundo do circo que nem sequer pensou em namorar.

O ano passado foi a primeira vez que se sentiu à vontade com


a ideia de sair. Só saiu em alguns encontros antes de conhecer
Justin. Ele se juntou à trupe performática três meses antes de
serem sequestradas. Foi imediatamente atingida por sua bela
aparência loira. Levou mais dois meses antes que a convidasse.
Deveria saber que tinha algo errado quando ele nem a olhou até
que uma equipe da Nighttime Entertainment filmou ela e Jo se
apresentando. O produtor da NTE fazia um documentário sobre os
Strauss Family Flyers para promover um filme que participaram.
Depois disso, Justin ficou em cima dela. Felicitou-se por ficar
nervosa em levar o relacionamento deles para o próximo nível, logo
depois que a convidou para sair.

Desejava o que os pais tinham, um relacionamento amoroso


e de longo prazo. Tinha dúvidas se seguiria em frente e faria amor
com ele antes de assumir algum compromisso. Afinal, as meninas
da trupe sempre conversavam sobre caras que 'pegavam' na noite
anterior. Relutou porque não foi assim que a criaram. Graças a
Deus, ouviu a conversa entre ele e outros membros do elenco antes
de cometer esse erro! Estava na passarela acima deles, verificando
o cordame1 antes da apresentação daquela noite. O som de suas
vozes subiu e ouviu cada palavra cruel que, as pessoas que
pensava serem suas amigas, diziam. Desabou e contou a Jo o que
aconteceu. Na noite seguinte, se demitiram após a apresentação.

1
Conjunto de cordas.

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


Encontrariam River e avisariam que voltariam ao circo. Era onde
se encaixavam.

Respirou fundo e o encarou. Recusava-se a recuar. Ele a


aceitaria por si ou o relacionamento não avançaria. Percorreu o
cabelo preto dele, preso na nuca. Elevava-se sobre ela, com um
metro e oitenta e cinco, mas nunca se intimidou por alguém mais
alto que ela. Walter mostrou-lhe que tamanho não importava se
queria algo. Mordeu o lábio inferior, olhando-o nos olhos escuros,
quase negros. Nunca viu olhos tão escuros e sentiu como se fosse
se afogar neles. Seu rosto era definido por linhas afiadas, mas
bonitas.

Pensou que suas cores mais escuras vieram do trabalho


externo ao sol, se não fosse pelo fato de ter visto a cor desaparecer
abaixo da cintura de suas calças pretas pela manhã. Seus olhos
eram da cor da meia-noite em uma noite sem lua, uma pequena
lasca de luz prateada brilhava no centro. Seu nariz forte e lábios
carnudos a incitava e frustrava com suas próprias inseguranças.
Queria ceder. Desde o primeiro momento que o encarou no navio
de guerra Tearnat. Era apenas a incerteza do que aconteceria com
ela e sua irmã que a deteve. Não tinha dúvida que River nunca
mais voltaria à Terra. A principal diferença entre elas era que River
não tinha família para retornar. Fechou os olhos brevemente com
a dor que a varreu ao pensar que seus pais estavam com o coração
partido. A ideia de perder uma filha era horrível, mas pensar que
as duas desapareceram e presumivelmente morreram estava além
do domínio da sanidade.

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


— O que foi? — Jazin perguntou ansiosamente. — Está com
dor? Devo chamar o curandeiro?

Lágrimas encheram os olhos dela e amaldiçoou o fato de que


sempre foi um bebê chorão quando se chateava— Não, não estou
com dor. Pelo menos não dor física — sussurrou. — Jazin, sinto
falta dos meus pais. Não paro de pensar no que estão passando. A
ideia de perder uma filha é trágica, mas perder as duas é
insuportável para eles. Não imagino o que estão passando. Devem
saber agora que algo aconteceu conosco. Nunca ficamos tanto
tempo sem ligar para eles.

Jazin olhou para os olhos cheios de dor de sua companheira.


Tocou gentilmente a bochecha dela. — Sua irmã falou isso a
Manota — suspirou profundamente. — Não se comprometerá até
garantir a seus pais que estão seguras.

Star estremeceu de surpresa. Jo nunca mencionou uma


palavra sobre seu relacionamento com Manota ou o fato que o
pressionara a entrar em contato com os pais de alguma forma.
Estava muito cansada de as pessoas esconderem coisas dela. Só
porque era pequena e tinha sido ferida, não significava que a
manteriam no escuro.

— O que farão? — Perguntou com uma inclinação teimosa no


queixo— Não os deixarei passar o resto da vida sofrendo por nós.
Não espere que façamos isso. Se seu pai pensasse... — suas
palavras afiadas desapareceram quando ele a puxou para mais
perto com um gemido de necessidade.

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


Amava quando ela tinha aquele fogo nos olhos. Não resistiria
mais. O último de seu controle firmemente mantido se dissolveu
quando sentiu o corpo dela derreter no dele. Dera-lhe tempo no
navio de guerra para se adaptar ao que lhe aconteceu e aceitar a
perda de tudo que conhecia, exceto sua irmã e amiga. Uma vez em
Kassis, lutou com ele mais que qualquer guerreiro que encontrou
antes, quando a levou para sua casa. O mundo dela não aceitava
os mesmos níveis de reconhecimento de classe que o dele. Saiu de
casa chorando quando as fêmeas que moravam lá o receberam. Era
considerado um nível de força, poder e riqueza para um homem ter
muitas mulheres em sua casa. Ela não gostou de seu status. De
fato, a dor e a raiva, em seus olhos queimaram através dele,
deixando-o tudo menos orgulhoso. Quando a carga de um
assassino quase tirou a vida da companheira de seu irmão,
aprendeu que as fêmeas humanas não compartilhavam, nunca. A
recusa dela em voltar para sua casa o fez repensar as coisas.
Finalmente se mudou para a casa dele algumas semanas atrás.
Mesmo assim, começara a se aquecer com ele nos últimos dias
antes do jantar e do subsequente ataque.

Afastou-se um pouco para olhar nos olhos cheios de paixão


de sua companheira— Manota levará Jo para seus pais. Kev Mul
Kar, capitão da guarda de Torak, irá com eles. Voltou de sua
missão. Conhece os mapas de navegação do Tearnat. Temos a
localização do seu planeta do navio de guerra de Trolis. Nossa
tecnologia é mais avançada e a viagem levará metade do tempo
necessário antes de retornar, uma vez que se assegurar a seus pais
— explicou com voz rouca.

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


Encarou-o em choque antes de um sorriso enorme iluminar
seu rosto. Jogou os braços em volta da cintura dele e o abraçou
com força. Seus pais ficariam totalmente chocados, mas ficariam
felizes, desde que soubessem que as filhas estavam bem. Várias
coisas ocorreram-lhe enquanto o segurava firmemente. Primeiro,
ele e Manota não se incomodariam em fazer isso se realmente não
se importassem com elas. Segundo, ele estava muito excitado se a
protuberância pressionando contra seu abdômen fosse qualquer
indicação dos sentimentos dele. E terceiro, o queria com um desejo
feroz que a corroía. Desde o primeiro momento que ouviu a voz
rouca dele se despedindo do irmão.

Afastou-se, um tom rosado colorindo suas bochechas


enquanto olhava para o peito dele— Você… ah… seu... — respirou
fundo e olhou-o timidamente. — Está excitado.

Os olhos dele brilharam quando a segurou frouxamente na


frente dele— Estou excitado desde o primeiro momento em que a
vi a bordo do navio de guerra de Trolis — admitiu roucamente.

— Bem — falou olhando-o nervosamente. — Acho que


devemos fazer algo sobre isso, não é?

Levou um momento para Jazin entender o que ela falou.


Acostumou-se tanto a ela lhe dizer ‘não’ que seu cérebro entrou em
curto-circuito por um segundo ou dois. Fechou os olhos quando
um raio de necessidade dolorosa o inundou. Seu nariz se contraiu
quando o aroma tentador de sua excitação penetrou em sua
consciência. Deus, pensou lutando para controlar seu corpo
repentinamente hipersensível. Quero-a tanto que tenho medo.

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


— Jazin? — O tom suave em sua voz atraiu seus olhos para
os dela novamente.

— Eu, Jazin Ja Kel Coradon, da Terceira House of Kassis,


reivindico você, Star, por minha casa e como minha companheira.
Reivindico-a como minha mulher. Nenhum outro a tomará.
Matarei quem tentar. Dou-lhe minha proteção, assim como meu
direito como líder da minha casa. Reivindico-a como é meu direito
junto à House of Kassis — declarou roucamente, tirando os belos
cabelos loiros do rosto com dedos trêmulos. — Nunca a deixarei ir,
Star.

Os olhos dela encheram de lágrimas. Mordeu o lábio inferior


e deu um passo mais perto do corpo quente dele— Promete, Jazin?
Para sempre?

— Oh, sim — suspirou, sabendo que ela nunca entenderia o


quanto significava para ele. — É meu coração, Star. É a mulher
para quem o entreguei e a única que o terá — jurou solenemente.

Star tocou sua bochecha com as pontas dos dedos. —


Reivindico você, Jazin. Como meu parceiro, meu amigo, meu
marido. Ame-me, — sussurrou.

— Tem certeza? — Perguntou, o músculo em sua mandíbula


apertou enquanto segurava seu controle por um fio. — Não sei se
pararei uma vez... — Sua voz desapareceu quando ela gentilmente
colocou os dedos contra os lábios dele.

— Não mudarei de ideia — prometeu.

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


Para provar seu argumento, deu um passo para trás e pegou
o fecho que segurava a túnica que a cobria. Soltou a trava de
cristal, revelando o vestido transparente que usava por baixo.
Encolheu os ombros, deixando o material sedoso cair em torno de
seus pés.

A respiração de Jazin ficou presa na garganta quando seu


sangue ferveu. Deu um passo à frente, erguendo-a em seus braços.
Caminhando pelo corredor até seu quarto, empurrou a porta com
o ombro, sem parar até que abaixou seu corpo pequeno sobre as
cobertas de seda. Seguiu-a, pressionando os lábios freneticamente
nos dela em um beijo profundo que prometia uma explosão de
paixão e necessidade que tiraria o fôlego de ambos.

A mente dele se fragmentou quando pressionou a forma


pequena de Star. Sabia que deveria ir devagar, mas seu corpo só
pensava em reivindicá-la com noo sua para sempre. Sentimentos
o inundaram quando o gosto dela o varreu como as ondas
quebrando na areia em uma praia recém-formada. Enroscou os
dedos freneticamente nos cabelos dela antes de roçar seu rosto.
Desceu até que alcançou a alça do vestido que usava. Com um
gemido, rasgou a alça com um puxão. Seus dedos tremeram
quando tocaram sua carne aquecida. Engoliu o gemido dela,
empurrando o material ofensivo ainda mais para baixo.
Interrompeu o beijo com um suspiro trêmulo e sentou, prendendo
o corpo dela entre suas coxas musculosas.

— É tão linda — suspirou, agarrando a parte de cima do


vestido rasgado e puxando-o para baixo para revelar seus seios
pequenos e agradáveis.

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


— Jazin — sussurrou com voz rouca, olhando-o. — Faça amor
comigo.

Sorriu, passando as palmas ásperas sobre o inchaço sensível


de seus seios antes de rolar os mamilos macios entre os dedos. Seu
sorriso aumentou quando ela arqueou com um suspiro assustado.
Beliscou-os com força suficiente para tirar-lhe um gemido.

— São meus — sussurrou suavemente. — Afirme. Diga-me


que são meus. Fale que só pertencem a mim.

Star encarou os olhos ardentes que a observavam com tanta


paixão que um nó se formou em sua garganta. Abriu a boca para
responder, mas um gemido suave escapou quando ele apertou as
pontas inchadas com mais força. Engoliu em seco e assentiu
curvando-se sob ele, alcançando as coxas dele com suas mãos.

— Diga — sussurrou, apertando-os novamente e esfregando


seu pênis inchado contra seu ventre. — Admita que são meus.

— Eles... — Engoliu em seco novamente antes de continuar.


—São seus. Apenas seus. Para sempre.

— Coloque as mãos acima da cabeça — ordenou,


massageando os pequenos globos.

Hesitou por um segundo antes de levantar os braços acima


da cabeça. O movimento forçou os seios a subirem. Ele se inclinou
para a frente, pegando primeiro um mamilo e depois o outro na
boca e chupando até que estivessem duros e doloridos.

— Por favor — Star gemeu, fechando os olhos enquanto os


puxões nos mamilos buscavam algo profundamente dentro dela

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


que nunca sentiu antes. Moveu as pernas quando sua vagina
apertou. — Por favor.

Jazin tirou os lábios com relutância do mamilo esticado que


atormentava. — Confia em mim? — sussurrou.

Abriu os olhos com a intensa pergunta. Pedia uma rendição


total. Queria que se entregasse totalmente a ele, sem restrição, sem
questionar. Por um momento, o medo cresceu quase sufocando-a.
E se a usasse e a jogasse de lado? E se cometesse um erro?
Confiaria nele completamente? Daria tudo a ele, incluindo seu
coração? Olhou nos seus olhos escuros e sabia sem dúvida qual
era a resposta...

— Sim — respondeu, nunca quebrando o contato— Sim,


confio.

Jazin soltou a respiração que segurava e alisou o emaranhado


de cabelos loiros para trás do rosto com a mão trêmula. Jurou em
silêncio que nunca lhe daria a oportunidade de se arrepender de
sua decisão. Alcançou atrás da cabeceira da cama e agarrou as
suaves algemas que anexou a ela dias antes. Sabia que chegava ao
fim de sua resistência e as instalou com a ideia de convencê-la a
perder o controle. Agora, quase perdeu a pouca sanidade que lhe
restava. Se o tocasse com aquelas mãos suaves e doces, temia que
a levasse muito rápido e áspero. Suas mãos tremiam quando
gentilmente prendeu as algemas em volta de seus pulsos e as
apertou apenas o suficiente para que não se libertasse.

— O que...? — Perguntou perplexa, observando-o amarrar as


mãos dela acima da cabeça.

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


— Mal me controlo. Se me tocar... — explicou. — Se me tocar,
não garanto o que acontecerá. Deixe-me amá-la da única maneira
que posso agora. Eu me mataria se a prejudicasse. É muito
pequena e eu não sou.

Star abriu a boca para protestar, mas ele quis dizer isso
quando falou que estava por um fio. Uma leve camada de suor
percorria sua testa, um músculo pulsava furiosamente em sua
mandíbula cerrada, e sentia o ligeiro tremor de seu corpo lutando
pelo controle. Depois que prendeu seus pulsos, deslizou por seu
corpo. Afastou suas coxas para se ajoelhar entre elas. Soltou um
suspiro trêmulo antes de arrancar o resto da sua camisola.
Suspirou surpresa e dobrou os joelhos, levantando a bunda da
cama longe o suficiente para que removesse a camisola debaixo
dela.

Jazin se inclinou dando beijos leves e pequenas mordidas ao


longo da parte interna da coxa direita dela. Seu pulso acelerou
quando ela levantou novamente sem saber, se abrindo em convite.
O cheiro inebriante de sua excitação explodiu sobre seus sentidos,
tirando um rosnado baixo e gutural dele. Se antes pensava que seu
pau estava duro o suficiente para quebrar cristais, agora estava
ainda mais.

Afastou-se e saiu da cama. Esticou a mão, envolvendo a coxa


firme dela quando ela tentou fechar as pernas. Seus olhos estavam
grudados nos cachos loiros úmidos que lhe imploravam para se
deliciar com seu núcleo. — Não faça isso! — Rosnou.

Star parou, olhando as intensas chamas prateadas que


tomaram conta dos olhos dele. Engoliu em seco ao ver o olhar de

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


possessão primitiva em seu rosto. Lentamente, forçou os músculos
da coxa a relaxarem até que as pernas se separaram. Sentia-se
poderosa, bonita, desejável com o conhecimento que só ela levaria
um homem como ele a ponto sem volta de paixão incontrolável.
Quando esse poder a varreu, aumentou seu próprio desejo por ele.
A umidade acumulou-se entre suas pernas até que quis se esfregar
nele, cobrindo-o apenas com seu perfume.

— Possua-me— Ronronou, baixando as pálpebras até quase


se fecharem. Abriu as pernas ainda mais. — Tome a mim.

Jazin fechou os olhos e absorveu as palavras ditas


suavemente enquanto respirava seu perfume erótico e inebriante.
Pegou sua camisa e a rasgou, sem se incomodar com os botões.
Tirou as botas e rangeu os dentes alcançando a frente da calça.
Rapidamente a empurrou, chutando-a para o lado. Abriu os olhos
quando ouviu o suspiro assustado dela. Seu pênis saltou para cima
e para baixo em seu olhar congelado. Agarrou-o e bombeou
algumas vezes, na esperança de aliviar um pouco a dor, mas era
inútil. Só uma coisa aliviaria e ela estava amarrada à sua cama,
finalmente.

Sua maldição ecoou por toda a sala quando assistiu a língua


minúscula e rosada dela sair para lamber os lábios enquanto seus
olhos grudaram no movimento da mão dele, massageando
gentilmente o eixo duro. Quando o fez de novo, empurrou para
frente. — Abra a boca — exigiu com voz rouca.

Star nunca tirou os olhos de seu pênis. Em vez disso, abriu a


boca e inclinou-se o máximo que pôde, embora ainda estivesse
contida. Jazin deslizou até ajoelhar-se sobre ela, as mãos

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


agarrando a cabeceira da cama com força. Seu pau longo e grosso
latejava tão dolorosamente que temia gozar antes que sentisse os
lábios quentes dela envolvendo-o. Inclinou-se um pouco mais para
frente, clamando alto quando a ponta de seu pênis passou por seus
lábios. Empurrou o mais longe que ousou antes de recuar com
medo de sufocá-la. Entrou e saiu devagar várias vezes, ignorando
o gemido de descontentamento dela cada vez que se afastava.

Observou a visão erótica enquanto seu pau deslizava para


frente e para trás. Seu corpo tremia com a força para conter seu
próprio desejo até que a satisfizesse pelo menos uma vez antes de
procurar seu primeiro clímax. Teria uma chance de alguma
restrição se ela não resolvesse o problema com as próprias mãos
ou boca, por assim dizer. Deslizava seu pênis lentamente quando
ela levantou as pernas atrás dele, envolveu-as sob seus braços e
as prendeu nas costas, forçando-o a avançar com tanta força que
sentiu seu pau passar pela garganta dela.

Sua mente se despedaçou quando lhe permitiu recuar um


pouco antes de fazê-lo novamente. A sensação de seu pênis
inchado sendo apertado enquanto ela trabalhava os músculos da
garganta literalmente explodiu sua mente. Seus gritos ficaram
cada vez mais altos, até que tudo o que pôde fazer foi apertar a
cabeceira da cama com os dedos enquanto sua alma era puxada
para fora dele e para dentro dela. Jogou a cabeça para trás e fechou
os olhos em êxtase enquanto mexia os músculos da garganta para
cima e para baixo enquanto ofegava.

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


Star engoliu rapidamente quando a semente quente de Jazin
derramou em sua garganta. Não fez sexo antes, mas assistiu
alguns vídeos por curiosidade, então sabia o que ele queria
enquanto a observava lamber seus lábios. Foi seu primeiro
boquete, mas havia uma coisa em que era boa: engolir espadas
graças a Amazing2 Kid Cozack, extraordinário engolidor de
espadas. Se o olhar em seu rosto e o tremor em seu corpo eram
alguma indicação de sua habilidade, ele gostou muito.

Gemeu quando saiu de sua boca devagar para não a


machucar. Relaxou as pernas e as deixou cair na cama. Ele estava
com os olhos fechados e o queixo enfiado no peito quando se
afastou dela. Lambeu os lábios inchados e engoliu em seco quando
deslizou por seu corpo.

— Jazin — sussurrou.

— Silêncio — falou severamente, balançando a cabeça. — Não


diga nada... ainda não.

Star olhou para baixo enquanto ele descia por seu corpo com
os olhos fechados até que ficou entre as pernas dela. Enterrou a
boca em seus cachos loiros úmidos. Ofegou quando sentiu os
dentes dele perfurarem a carne macia de seu monte. Ergueu-se

2
Surpreendente.

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


bruscamente, curvando as costas enquanto um intenso prazer e
dor a invadiram.

— O quê? — Engasgou com lágrimas ardendo em seus olhos.

— É minha, Star. Só minha — murmurou, liberando-a. —


Diga.

— Sou sua, Jazin — repetiu olhando para o teto, observando


a superfície espelhada enquanto puxava os seus cachos sedosos.

— Quantos já tomou dessa maneira? — Perguntou com


ciúmes.

— Nenhum — falou com um pequeno sorriso. — Só você.

Jazin sentiu um intenso alívio. Ouviu a verdade na voz dela.


Nunca experimentou algo assim com nenhuma de suas amantes.
Ninguém foi capaz de colocar seu grande pau na boca do jeito que
ela fez. Nunca sentiu um orgasmo tão intenso também. Isso o
abalou até o âmago.

— Quantos já levou aqui? — Perguntou roucamente,


deslizando o dedo grosso em seu canal liso.

Engasgou com a intrusão inesperada. — Nenhum — falou. —


Só você.

Afastou-se antes de colocar dois dedos longos e grossos


profundamente nela. Sentia o aperto enquanto a empurrava.
Quando as pontas dos dedos encontraram uma barreira, precisou
de tudo para não gritar em triunfo. Em vez disso, a acariciou até
choramingar. Mordiscou, provou e sorveu seu doce suco até fluir

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


como um rio transbordando pelas chuvas. Só então, levantou e
alinhou seu eixo duro e grosso em seu canal quente.

— Olhe-me enquanto a reivindico como minha — exigiu com


voz profunda e grossa. — Olhe-me, minha linda Star.

Ela abriu os olhos atordoados para encará-lo. Ofegou quando


soltou seus pulsos com uma mão e os trouxe ao seu peito.
Arregalou os olhos quando empurrou, esticando-a. Mordeu o lábio
com o repentino desconforto, estendendo as mãos sobre o peito
dele e balançando a cabeça, conforme ficava mais doloroso.

— Jazin? — Chamou com voz trêmula. — Não acho que


caberá.

Cerrou os dentes. — Sinto muito por machucá-la —


sussurrou severamente, saindo um pouco.

O suspiro de alívio dela se transformou em um grito agudo de


surpresa. Em vez de se afastar como pensava que ele faria, a
abraçou forte e avançou com um impulso poderoso de seus
quadris. Seu pênis grosso a esticou, rompendo a barreira e se
enterrando profundamente dentro dela. Seu gemido agudo e o
soluço abafado ecoou pela sala. Tentou empurrá-lo, mas apenas a
apertou mais, segurando-a o mais imóvel possível até que sentiu
que ela lidaria com ele.

Sua respiração trêmula quase derreteu sua determinação. Ele


virou a cabeça, beijando as lágrimas que caíam pelo canto do seu
olho. Moveu os quadris novamente, balançando lentamente para
frente e para trás. Quase gritou de alívio quando sentiu as mãos

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


pequenas agarrando-o em vez de empurrá-lo. Mais alguns golpes e
se mexeu com ele. Levantou as pernas para envolver as costas dele.

Apertou a mandíbula quando o pequeno corpo embaixo dele


se moveu mais rápido. — Envolva as pernas em minha cintura? —
Grunhiu quando o atrito enviou raios de pura felicidade ao longo
de seu pênis, apertando suas bolas até que sentiu que explodiria
novamente.

Star respondeu, levantando as pernas e envolvendo-as na


cintura. Estremeceram quando o movimento o levou mais fundo do
que jamais imaginou ser possível. Lutou contra o formigamento na
base da espinha que o avisava que atingiria o clímax.

— Mais rápido — Star gemeu. — Só um pouco mais rápido.

Fechou os olhos, gemendo com a sensação requintada dela


envolta dele. Balançou mais rápido até senti-la gozar em torno dele,
agarrando-o com tanta firmeza que não conseguiu sair dela. Seus
gritos se misturaram quando se uniram, pulsando em um clímax
alucinante que os deixou moles.

— Você me matou — Star murmurou depois que seu corpo


parou de tremer. — Acho que estou morta. Não consigo me mexer.

A risada baixa dele soou em seu ouvido. — Dê-me um minuto


e a reviverei. — Se afastou o suficiente para pressionar um beijo
em seus lábios. — Nunca me senti assim antes — admitiu a
observando. — O que faz comigo... nunca senti antes.

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


Ela gentilmente colocou uma mão em sua bochecha ao ver a
vulnerabilidade em seus olhos e a incerteza em sua voz. — Ficará
tudo bem — sussurrou. — Nunca me senti assim antes também.

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


CINCO
Jazin relutantemente tirou seus braços da figura adormecida
de Star. Gemeu silenciosamente enquanto deitava, olhando para o
teto, frustrado. Tomou-a várias vezes na noite passada com um
desespero que o chocara. Nunca se cansaria dela. A culpa se
apoderou dele. Olhou para o rosto bonito e relaxado dela com
pesar. Planejava contar-lhe na noite passada que ficaria fora por
algumas semanas, talvez mais. Testaria o sistema de defesa de
armas, que desenvolvera com um amigo de confiança, em um dos
planetas remotos à beira do sistema estelar Kassis. Seu amigo,
Jarmen, preferia o isolamento do pequeno planeta desabitado no
qual construíra sua casa para viver em Kassis. Jazin reconhecia a
escuridão silenciosa em seu amigo e respeitava seu desejo de
privacidade. Encontravam-se várias vezes por ano, compartilhando
histórias, experiências e bebidas.

Nos últimos meses, Jar montou o sistema de defesa que ele


projetou e o testava em uma série de navios de guerra. Estavam
prontos para os testes finais. Se fossem bem-sucedidos, os navios
de Kassis seriam praticamente inexpugnáveis3. Ninguém sabia
onde ficava a base oculta de Jar, além dele. Levaria uma nave
especialmente modificada para o pequeno planeta sozinho.

Rolando para fora da cama, os olhos dele suavizaram quando


Star estendeu a mão o procurando enquanto dormia. Puxou seu
travesseiro ainda quente para mais perto dela e riu silenciosamente

3
Inconquistável; diz-se de cidades ou posições que não podem ser invadidas ou tomadas.

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


quando ela suspirou e enterrou o rosto nele. Seu coração se
contorceu com a ideia de deixá-la agora, mas não tinha escolha. O
conhecimento de Tai Tek seria devastador se armasse os Elpidios
com informações sobre as defesas de Kassis. A proteção dos
cristais de poder que usavam e seu povo vinham antes de sua
própria felicidade. Só esperava que ela entendesse. Também sabia
que nunca o deixaria ir sozinho. Outra razão que sentia culpa.
Fugiria como um ladrão.

Uma maldição congelou em seus lábios quando se forçou a se


afastar. Rapidamente banhou-se e fez as malas. Parou apenas
tempo suficiente para dar um beijo suave na testa dela e colocar
um disco de vídeo que gravou no travesseiro ao lado dela. Com um
último olhar, saiu do quarto.

— Proteja-a com sua vida — falou ao seu capitão enquanto


descia o longo corredor e os degraus que davam para sua casa.
Parou para encará-lo. — Eu a reivindiquei. É Lady Star Ja Kel
Coradon agora. Não deixe que saia da West House sozinha.
Armet olhou para a determinação no rosto de seu jovem Lorde.
— Eu a protegerei com minha vida. Boa sorte em sua missão, meu
Lorde — falou pressionando o punho contra o peito em respeito.

Jazin olhou para a casa uma última vez antes de acenar em


reconhecimento. Rapidamente desceu a última escada e
desapareceu pelo jardim. Tinha uma missão a cumprir antes de
voltar aos braços quentes de sua companheira.

Se o aceitar quando retornar, pensou com uma careta sabendo


muito bem que ela não ficaria feliz quando descobrisse que a
deixou para trás.

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


— Assarei as bolas dele sobre uma fogueira — Star rosnou.
— Preciso da gaiola que Madas falou, aquela pendurada sobre água
fervente. Eu o colocarei nela e o deixarei suar, perguntando se o
reivindicarei — falou, andando de um lado a outro, frustrada.

Faziam duas longas, longas semanas desde que acordara


sozinha. Duas semanas assistindo ao vídeo que implorava que o
perdoasse por não avisar que sairia em uma missão. Duas
semanas de silêncio, imaginando se estava seguro. Lágrimas de
frustração encheram seus olhos e as enxugou com impaciência.

— Star, acredito que ele ficará bem — falou River mordendo o


lábio inferior observando-a. — Torak não comentou nada. Tenho
certeza que me falaria se algo acontecesse.

Parou e fez uma careta para a amiga. — Está brincando


comigo? Os homens aqui não falam nada para as mulheres! Tenho
sorte de ir ao banheiro sem Armet ou um de seus guardas —
rosnou. — Já chega! Se soubesse que Jo sairia ontem para a Terra,
estaria naquele navio de guerra com ela. Estou farta disso! Só
quero ir para casa.

River agarrou o braço dela. Mostrava um pouco a gravidez


agora e tinha um brilho sobre ela. Segurou o braço de Star com

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


força até que a encarou— Realmente não quis dizer isso, não é? —
Perguntou olhando profundamente em seus olhos. — Não quero
ficar aqui sozinha. Se não fossem vocês — sua voz desapareceu
quando lágrimas encheram seus olhos— Porra, agora fiquei
emotiva.

Suspirou. — Não, não estou falando sério. É apenas… amo o


imbecil e ele me trata como se fosse um vidro frágil. Deixa-me louca
— falou, sentando no sofá.

River sorriu sem graça. — Sei o que quer dizer. Acho que brigo
com Torak diariamente. Ele acha que eu deveria sentar e planejar
como os criados devem limpar a North House. Pessoalmente, me
importaria menos. — Um sorriso travesso curvou seus lábios. —
Que tal sairmos daqui e explorarmos a cidade?

Arregalou os olhos de excitação antes de olhar o pequeno


inchaço no estômago dela. — E o bebê? — Perguntou.

A amiga colocou a mão protetoramente sobre a barriga antes


de sorrir. — Gosta de lugares altos. Levo-o quase diariamente.
Como acha que cheguei aqui?

Os lábios de Star formaram um 'O'. Riu de emoção. — Mudarei


para algo mais apropriado.

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


Três horas depois, Star recostou-se na cadeira do pequeno
restaurante que descobriram. Escaparam, saindo pela janela do
terceiro andar para o telhado. Longas vigas decorativas ligavam as
quatro casas. Era muito fácil andar sobre elas. Escalaram uma das
colunas com as trepadeiras perfumadas subindo por toda a parte
perto da South House. Uma vez lá dentro, simplesmente se
misturaram com um grupo de visitantes saindo.

Visitaram o mercado onde compraram diferentes tipos de


frutas, pães e geleias e várias lojas de roupas. Empolgou-se com
vários conjuntos de calças e camisas que encontraram.
Casualmente, descansou as botas recém-compradas no parapeito,
com vista para a água cristalina batendo no paredão.

- Agora, isto é a vida. — Riu, tomando um longo gole da bebida


gelada de frutas que a garçonete trouxe. — Estou muito feliz que
Jazin tem uma linha de crédito em todos os lugares. Apenas
mencionar o nome dele é melhor que ter um cartão Visa Black.

River se inclinou para trás e apoiou os pés ao lado dos dela.


— Concordo — respondeu sonolenta. — Adorei as camisas que
comprou e as botas que usa são lindas.

— O homem na loja disse que a sua estará pronta em alguns


dias — falou bocejando.

Não dormia bem desde que ele saiu. Agora, sentia que se
enrolaria em uma pequena bola feliz e cochilaria como um gato em
uma caixa. O bocejo da amiga a fez rir. River parecia como ela se
sentia. Os olhos da amiga estavam caídos quando tomou outro gole
da bebida.

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


— O que acha que meus pais pensarão quando Jo contar o
que aconteceu? — Perguntou calmamente olhando para os brilhos
refletidos na água.

— Conhecendo-os, receberão Manota, Jazin e Torak de braços


abertos — respondeu com um sorriso. — Amam todos e todos os
amam.

Star curvou os lábios em um sorriso. Estava certa. Alan e


Tami Strauss abriam seus corações e suas casas para todo mundo.
Eram muito ativos na comunidade, compartilhando suas
habilidades e amor pelas acrobacias aéreas no centro comunitário
local e trabalhando com crianças deficientes. Eram fotógrafos
talentosos e trabalhavam como freelancers4 vendendo suas fotos
para revistas e sites.

— Lady Star — Armet interrompeu suas reflexões.

Gemeu alto em frustração. Apanhada! Provavelmente a


colocaria na masmorra até Jazin voltar. O gemido de River ecoou o
dela quando ouviu a voz de Dakar.

— O substituto de Kev é tão ruim quanto ele — a amiga


sussurrou, colocando um sorriso brilhante no rosto. — Admito que
amo o deixar louco, no entanto.

Observou-os caminharem pelas mesas em direção a elas. Os


dois tinham uma profunda carranca de preocupação no rosto.
Revirou os olhos para River e levantou-se.

4
Termo inglês para denominar o profissional autónomo que se autoemprega em diferentes empresas ou, ainda,
guia seus trabalhos por projetos, captando e atendendo seus clientes de forma independente.

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


— Oi Armet — cumprimentou alegremente. — O que faz aqui?

Ele apertou a boca frustrado. Quando a criada que limpava a


área de estar de Jazin e Star não recebeu uma resposta ao seu
pedido de entrada, preocupou-se e notificou o guarda. Uma rápida
pesquisa revelou que o apartamento estava vazio. O guarda de
plantão jurou que apenas Lady River entrou e nenhuma delas saiu.
Entrou em contato com Dakar e descobriu que nem ele e nenhum
dos guardas de Torak sabia que ela tinha deixado a North House.
Isso deixou uma conclusão: elas escaparam.

Ele e Dakar, junto com um pequeno exército de guardas,


vasculharam a cidade à procura delas. Sua coloração incomum e
o fato de serem moderadamente famosas ajudaram na busca.
Depois de seguirem o rastro de visitas a comerciantes locais, que
não apenas ficaram fascinados com as mulheres, mas totalmente
extasiados por sua simpatia e beleza incomum, finalmente as
localizaram. Rangeu os dentes ao vê-las relaxadas, totalmente
alheias ao fato que uma pequena multidão de espectadores se
reunia para ver as espécies incomuns que capturaram não apenas
os corações da família real, mas a imaginação do povo Kassisan.

— Gostaria de uma bebida? — Ela perguntou com um sorriso.


— Fazem a bebida frutada mais incrível daqui. Aposto que
colocariam um pouco de licor para ajudá-lo a relaxar. Sabe que
estar desolado e melancólico o tempo todo não é bom para a
pressão arterial — brincou.

— Talvez duas — falou River, inclinando a cabeça e


observando o rosto bem controlado do outro guarda. — Oi Dakar.

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


— Lady River — cumprimentou rigidamente.

Revirou os olhos e encarou Star. — Acho que solicitaremos


uma garrafa do produto bom. Acha que Torak se chateará quando
aparecer em seu crédito? — Perguntou maliciosamente.

O riso leve e rouco de Star chamou a atenção dos homens no


estabelecimento e um gemido frustrado saiu de Armet. Sabia que
a pequena fêmea não tinha ideia do efeito que causava nos machos
Kassisan. Mesmo ele não era imune à sua aparência delicada e voz
rouca. Era como as pequenas e frágeis criaturas imaginárias
contadas a todas as crianças de Kassis. Seus longos cabelos
brilhavam quando o sol os tocava, suas bochechas rosadas, olhos
dançantes e uma figura minúscula e perfeitamente proporcionada,
puxava a necessidade de um guerreiro de proteger. Sua voz rouca
tirava a necessidade do homem de possuir e reivindicar. Rangeu os
dentes ao sentir as respostas a ela.

— Minhas Ladies, acho melhor voltarmos para as casas reais


— falou Dakar friamente. — Lorde Torak não ficará feliz por sair
sem proteção.

As sobrancelhas de River se ergueram ao tom dele— Sem


ofensas, Dakar, mas tenho idade para não pedir permissão se
quiser sair por um tempo.

Ele corou quando os incomuns olhos azuis escuros dela o


encararam com desafio. Um músculo pulsou em sua mandíbula
antes que inclinasse a cabeça em respeito. River recusou-se a
recuar. Aprenderia que ela não seria intimidada por ele ou

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


qualquer outra pessoa. Além disso, não era estúpida. Tinha
lâminas suficientes para lidar com praticamente qualquer coisa.

— Minha Lady, prometi a Lorde Jazin que a protegeria com


minha vida — falou Armet calmamente, aproximando-se de Star.
— Por enquanto, se quiser visitar os mercados ou lojas da cidade,
tomarei providências. Só peço que não saia da West House sem
proteção — acrescentou, relutante.

Star torceu a boca em remorso quando notou o olhar tenso no


rosto dele. — Não sou acostumada a pedir permissão para fazer as
coisas — respondeu com um sorriso triste. — Não prometo, mas
tentarei. Eu lhe avisarei e direi a Jazin quando o vir novamente,
que não serei mantida em uma gaiola dourada.

Ele inclinou a cabeça brevemente para mostrar que ouviu o


aço atrás das suas palavras. Um sorriso relutante surgiu no canto
da boca. Ouvira rumores que eram as guerreiras profetizadas
mencionadas em um templo recentemente descoberto nas ruínas
de Karazdin, a antiga cidade do conhecimento. Se não tivesse
lutado durante a batalha várias semanas atrás e tivesse visto os
guerreiros mortos no jardim, nunca acreditaria que as fêmeas
fossem guerreiras. O fato delas também escaparem das casas reais
sem serem vistas provou suas habilidades em se mover por uma
área altamente segura. Um feito que um guerreiro experiente teria
dificuldade em fazer.

— Não acredito que exista uma gaiola em todas as galáxias


conhecidas que a segure por muito tempo, minha Lady — admitiu
relutante.

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


— Armet — Dakar chamou.

— Precisamos retornar imediatamente.

Star olhou para Dakar. Ele ouvia atentamente o comunicador


preso ao ouvido nos últimos minutos. Seus olhos ficaram mais frios
quanto mais ouvia e focou no rosto dela. Uma sensação de
desconforto percorreu seu estômago. Algo estava errado. Sentia
isso quando um arrepio percorreu seu corpo. Algo aconteceu com...

— Jazin — Suspirou, olhando atentamente para o rosto dele


enquanto falava o nome do homem que significava tudo para ela.

O brilho em seus olhos disse-lhe que a sensação de


desconforto era correta. Abaixou e pegou as sacolas aos seus pés.
River levantou-se imediatamente, um olhar de preocupação em seu
rosto enquanto a encarava. Nenhuma palavra era necessária. A
amiga sentiu a mesma coisa que ela. Algo ruim aconteceu com o
homem que amava.

Armet pegou as sacolas delas, dando um passo para trás para


que passassem à frente dele. Star seguiu entorpecida a figura letal
de Dakar através da sala lotada e saiu para a rua. Um transporte
parou e abriu a porta. Não falaram uma palavra quando
rapidamente entraram nele. Olhou cegamente pela janela quando
o transporte subiu e fez uma inversão de marcha no meio da rua
movimentada. Percorreram as ruas em um ritmo acelerado
voltando ao palácio. Estremeceu quando sentiu River enrolar os
dedos em volta dos seus.

— Tudo ficará bem — sussurrou com compaixão.

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


Abriu a boca antes de fechá-la. Assentiu uma vez antes de
virar e olhar pela janela as imagens borradas de prédios e pessoas
vivendo sua vida cotidiana. Não via nada disso. A única imagem
que tinha em mente era o belo sorriso de Jazin quando a olhou
depois de tê-la reivindicado. Uma única lágrima escapou e correu
silenciosamente por sua bochecha. Recusava-se a acreditar que
seria sua última imagem dele.

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


SEIS
O transporte diminuiu, parando em frente aos degraus da
South House. Dakar saiu rapidamente. Examinou a área com
cuidado antes de recuar o suficiente para eles descerem. Armet a
pegou pelo cotovelo enquanto Dakar escoltava River em direção aos
degraus que levavam à entrada da frente. Torak e Ajaska
esperavam no topo. Torak desceu imediatamente os degraus
quando viu River. Puxou-a para seus braços, segurando-a
firmemente contra ele. Ajaska olhou tristemente para Star. Abriu
os braços enormes sem dizer uma palavra. Ela balançou a cabeça,
negando, subindo lentamente os degraus. Seu coração batia
irregularmente quando parou na frente dele e olhou para cima.
Encarou o sogro por um breve momento antes de entrar em seu
abraço quando tremores incontroláveis a percorriam.

— Por favor, diga-me que ele está bem — implorou. — Por


favor, me diga que não está... não... — virou o rosto para o peito
quente e musculoso e lutou sem sucesso para controlar o soluço
que tentava escapar.

A tristeza puxou Ajaska enquanto segurava a pequena


companheira de seu filho mais novo nos braços. Dor e tristeza
passaram por ele quando sentiu seu medo e descrença. Ele e Torak
receberam a notícia que a nave de Jazin foi destruída ao retornar
do Spaceport de Uri. Relatórios iniciais diziam que explodiu após
deixar o popular posto de abastecimento. O relatório não oficial
afirmou que a nave foi danificada quando um cargueiro de curta
distância chegou rapidamente e o atingiu.

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


— Sinto muito, minha filha — murmurou, passando a mão
sobre os fios loiros e sedosos. — Ele não sofreu — tranquilizou-a
mesmo quando seus olhos fecharam enquanto a dor o varria.

— NÃO! — O grito abafado de dor e sofrimento dela saiu do


centro de sua alma.

Segurou-a enquanto caía, soluços rasgando seu corpo


minúsculo até que temeu que ela se machucasse ao tremer. Pegou-
a nos braços e virou para entrar na South House, em direção a
área médica. Os soluços de sofrimento dela ecoavam enquanto
caminhava pelos corredores silenciosos. Torak os seguiu,
segurando uma chorosa River contra seu corpo. Seu próprio rosto
se contorcendo de dor ao seguir o pai.

Star sentou na cadeira ao lado da janela, olhando para os


jardins cegamente. Fazia pouco mais de uma semana desde que
Ajaska lhe disse que Jazin morreu. Lembrava muito pouco dos
primeiros dias. Uma dormência se instalou ao seu redor. Sabia o
que acontecia, mas era mais como um fantasma observando tudo
de fora, em vez de ser uma participante. Não lembrava de comer,
beber ou dormir. Sabia quem veio e quem foi, mas era tudo. Não
respondia a ninguém; nem mesmo a River, que passava
diariamente um tempo com ela.

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


— Star, tente beber um pouco disso — River falou estendendo
uma xícara para ela. — É um caldo que ajudará a manter sua força.

Lutou contra a bílis que subiu com o cheiro do líquido. Virou


a cabeça ligeiramente para longe do cheiro. Ouviu o suspiro da
amiga e o som da xícara sendo colocada sobre a mesa. No fundo,
ouviu alguém batendo nas portas externas. A batida tornou-se
mais persistente até que River finalmente foi atender.

Ouviu vozes abafadas no outro cômodo antes de passos


ecoarem contra o chão de azulejos. Não sabia quem era. Não se
importava. Só esperava. Pelo que, não sabia. Talvez a dormência
passar. Talvez alguém falasse que houve um erro e Jazin não
morreu. Talvez pela morte, para que não sentisse a dor
entorpecente que a corroía. Não sabia e realmente não se
importava. Sentaria e esperaria.

— A amiga a chamou suavemente. — Madas veio vê-la.

Não respondeu. Ouviu-a explicando á visitante que não


respondia desde que o efeito do sedativo que o curandeiro aplicou
passou após o primeiro dia. Madas fez várias perguntas antes de
questionar River se se importaria se conversasse com Star sozinha.

— Preciso verificar Torak. Não é fácil para ele também —


respondeu. — Por favor, informe o guarda antes de sair. Não quero
deixá-la sozinha por muito tempo.

— Prometo que não a deixarei — sibilou suavemente. — Não


perca a esperança ainda, Lady River. Existem algumas coisas que
não revelaram.

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


Olhou inquisitivamente para Madas por um momento antes
de assentir. — Volto em breve, Star — falou calmamente, se
aproximando e ajoelhando ao lado da cadeira dela. Apertou a mão
da amiga com força. — Amo você, irmã mais nova. Nunca se
esqueça disso. — Levantou e acenou em lágrimas para a Tearnat
antes de sair silenciosamente.

Madas observou a figura esbelta sair. O que revelaria era


apenas para os ouvidos da pequena guerreira. Os deuses enviaram
uma mensagem e acreditava firmemente que era hora de Star
provar que era feroz.

Olhou para a mulher sentada na cadeira. A luz brincava com


as cores dos fios de ouro no cabelo dela. Seu rosto estava parado,
quase sereno. Era como se esperasse por algo. Talvez por ela.

— Pequena guerreira — assobiou baixinho. — Seu


companheiro precisa de você.

Star não respondeu, mas algo lhe disse que ouvia. Era tudo
que queria. Seu próprio companheiro era teimoso e se recusou a
acreditar nela. Havia apenas uma outra pessoa que sabia que
acreditaria em seu sonho selvagem, a pessoa que conhecia o
homem responsável pela suposta morte de Jazin.

— Não está morto. É um prisioneiro. É hora de reivindicar seu


cônjuge antes que seja verdadeiramente tirado desta vida — sibilou
firmemente, cheia de confiança e crença. — Os deuses falaram
comigo. Preciso que acredite.

Star virou a cabeça e olhou nos olhos negros dela por longos
minutos. Não desviou o olhar. Precisava que a pequena

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


acreditasse, confiasse nela. Não tinha animosidade por seu próprio
companheiro não acreditar em seus sonhos. Ele foi criado para crer
na lógica e nos fatos, onde ela foi criada para acreditar no espírito
dos deuses e nas mensagens que frequentemente enviavam através
de sonhos. Sua avó era a líder espiritual de seu clã e aprendeu
desde cedo a acreditar e aceitar as vontades dos deuses. Muitas
vezes, enquanto crescia, teve visões que pouparam ou ajudaram
seu clã acreditando nelas. Seu sonho várias noites atrás mostrou-
lhe por onde começar e quem chamaria para ajudá-la. A visão da
pequena guerreira em pé, feroz e orgulhosa em face da batalha na
fortaleza escura, o companheiro dela ao seu lado foi uma das visões
mais claras que já teve.

— Como? — Perguntou— Como sabe?

— Olhe bem dentro do seu coração — respondeu, estendendo


um dedo fino e com garras para tocar o peito dela. — O que lhe
diz?

Star fechou os olhos brevemente, concentrando-se


internamente. O que seu coração falava? Sentiu as batidas lentas,
fortes e constantes. Não bateria tão forte, tão firme se faltasse.
Sabia que se Jazin morresse, não bateria do jeito que estava. Pois
se morresse, o coração dela morreria com ele.

— Ainda está lá. Não foi embora — respondeu rouca, abrindo


os olhos. Uma pequena esperança a aqueceu de dentro para fora.

Madas afundou na cadeira em frente a ela. — Tive uma visão


sobre seu companheiro várias noites atrás. Minhas visões não
devem ser ignoradas. Meu teimoso companheiro ainda tem

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


dificuldade em acreditar nelas, mas nos protegeram muitas vezes.
Vi seu companheiro. É prisioneiro. Fica mais fraco a cada dia, mas
está vivo — falou confiante.

Observou os olhos enormes da Tearnat atentamente. —


Onde?

— Minha visão não mostrou onde estava, mas deu pistas.


Pistas que conhece alguém que conhece o homem que o levou. Que
nos ajudaria a encontrá-lo — falou, agarrando as mãos dela com
força.

— Quem? — Perguntou um pouco mais alto. — Quem


saberia?

— Eu saberia — Dakar falou baixinho atrás delas.

Star virou para encarar o grande guerreiro Kassisan. O rosto


dele era sombrio. Sombras escuras repousavam sob seus olhos e
parecia mais magro que há pouco mais de uma semana. Linhas
profundas cortavam sulcos ao redor de sua boca e o músculo em
sua mandíbula tremiam se mantendo sob controle.

— Como? Como saberia? — Perguntou suavemente.

— Porque eu era o capitão da guarda de Tai Tek. Era meu


trabalho mantê-lo seguro, vivo — respondeu asperamente. —
Estava disfarçado. Lorde Ajaska suspeitou que ele estivesse por
trás da morte de vários conselheiros anos atrás. Fui designado
para a casa dele. Prometi-lhe lealdade total e com o tempo, subi
até capitão da guarda.

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


— Não sabe que o traiu? — Perguntou, encarando o homem
que de repente parecia mais escuro e perigoso que lembrava.

Balançou a cabeça brevemente. — Acredita que morri na


batalha. Enviaram imagens do meu corpo, repletas de raios laser.
Meu irmão me condenou publicamente como traidor de nosso
povo. No que diz respeito a todos, não existo mais — explicou sem
emoção.

— Mas — sacudiu a cabeça em confusão. — As pessoas não o


reconheceriam?

Madas riu. — Não, não o fariam. Tive muita dificuldade em


entender porque Dakar estava no meu sonho. Conhecia Adron
muito bem, encontrei-o várias vezes ao longo dos anos, durante
reuniões com Tai Tek. Não reconheci Dakar como Adron, irmão de
Kel Mul Kar. Apenas Torak, Manota e River são cientes de sua
identidade.

Star enrugou a testa em confusão. Como ninguém o


reconheceu? Sacudiu a cabeça tentando esclarecê-la. O movimento
faz sua cabeça girar.

— Beba — encorajou Madas, liberando as mãos dela para que


enchesse uma xícara de chá quente da bandeja sobre a mesinha
ao lado delas. Pressionou o copo na mão da mulher. — Deve estar
pronta.

— Não entendo — confessou, olhando entre o rosto cansado


de Dakar e Madas.

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


— Fui submetido à reconstrução facial para não ser
reconhecido, — respondeu Dakar, o músculo em sua mandíbula
tenso. — Era o único caminho sem morrer verdadeiramente.
Quando meu irmão recebeu a missão de ir com Manota para seu
mundo natal, Torak pediu-me que protegesse Lady River. Achou
que desde que conhecia Tai Tek e como pensava, saberia melhor
que ninguém como proteger sua companheira de ser assassinada
caso tentasse novamente. Além disso, me deu mais tempo para me
adaptar aos meus novos recursos.

— Aproximei-me dele — falou Madas com um sorriso


presunçoso, curvando seus lábios finos. — Depois de algumas
palavras, sabia por que apareceu no meu sonho.

— Enganou-me — murmurou com olhos faiscando.

— Fiz, não é? — falou com um brilho nos olhos.

— Então o que fazemos agora? Onde acha que Jazin está


preso? — Star perguntou ansiosamente, inclinando-se para a
frente. — Quando partiremos?

— Iremos atrás de seu companheiro agora — falou Madas com


uma risada. — Dakar acredita que sabe onde ele é mantido com
base nas descrições do meu sonho.

— Está preso no Geylur Prime II. Estou certo disso. Tai Tek
tem uma base prisional lá e a descrição corresponde ao terreno do
planeta — respondeu ele, lançando um olhar sombrio para Madas.

— Partimos dentro de uma hora — sorriu — Apropriei-me de


uma nave estelar de elite Tearnat para nossa jornada. É um

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


presente de um amigo de Lorde Jazin. É um protótipo promissor,
tenho certeza. Só precisa ser testado.

— Quem irá conosco? — Perguntou olhando-os, quando


Dakar bufou com o uso da palavra ‘apropriado’ por Madas.

— Apenas nós — respondeu a amiga com um silvo


entusiasmado.

Ele resmungou. — Quanto menos pessoas souberem, melhor.


A prisão é uma fortaleza. Nem tenho certeza se seremos capazes de
entrar e muito menos sair.

— Preciso ver River antes de irmos — falou olhando fixamente


para Madas. — Tem alguns itens que preciso pegar emprestado.

— Ligue para ela, mas certifique-se que entenda que não deve
contar a ninguém, incluindo seu companheiro, se possível —
respondeu, levantando. — Pegarei os itens no meu caminho e a
encontro na nave.

Star levantou também. Olhou para a enorme fêmea com o


coração nos olhos. — É realmente muito bonita — elogiou
abraçando-a com força. — Obrigada por me dar esperança.

— É um prazer, pequena guerreira — sibilou baixinho,


segurando-a firmemente por um momento antes de se afastar e
tirar os longos cabelos dela do rosto. — Anseio vê-la em ação. Algo
me diz que seus inimigos não saberão como lidar com você.

Os olhos de Star brilharam com determinação. — Aprenderão


o que acontece quando mexem com a minha família.

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


Dakar gemeu e balançou a cabeça. — Sabe que, se Lorde
Jazin estiver vivo, me matará por deixá-la ir, não é? Gril o ajudará.

Ambas riram com a expressão de resignação no rosto do


grande guerreiro Kassisan.

É melhor Dakar não atrapalhar quando, não se, encontrarem


Jazin vivo, porque matarei qualquer um que impedir meu caminho
de trazê-lo para casa, pensou, enquanto a esperança brotava
dentro dela.

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


SETE
Star se agachou do lado de fora da South House, garantindo
que não a vissem. Usou um método diferente do que ela e River
usaram quando escaparam. Era um pouco mais desafiador, mas
menos provável que a vissem ou a capturassem. Sentiu-se mal por
não contar a Armet o que faria. Lembrou que falou a ele que
tentaria contar quando decidisse ir a algum lugar, não que o faria.

Além disso, pensou, consolando sua consciência culpada,


deixou um bilhete explicando que não podia contar-lhe antes, mas
que não se preocupasse. Não estava sozinha e sabia o que fazia -
mais ou menos.

Levantou e correu para o final do edifício onde Dakar falou


que um transporte a esperaria. Suspirou aliviada quando viu
exatamente onde prometeu que estaria. Correu rapidamente para
o veículo e entrou atrás. Virou sem fôlego para agradecer-lhe
novamente por não insistir em ir sem ela. As palavras morreram
em seus lábios quando viu que não estava sozinho.

— Uh, oi Armet — cumprimentou, encarando os brilhantes


olhos escuros do capitão da guarda de Jazin. — Que surpresa o
encontrar aqui — acrescentou com uma expressão de culpa.

— Sim, imagino que sim — rosnou. — Deveria me avisar se


fosse a algum lugar.

Mexeu-se desconfortavelmente em seu assento ao olhar


acusador. Empurrando uma mecha de cabelo para trás, mordeu o

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


lábio inferior e espiou Dakar, que ocupava-se manobrando no
tráfego. Olhou de volta para o rosto furioso de Armet.

— Fiz, mais ou menos — falou com um pedido suave de


compreensão em seus olhos. — Deixei-lhe um bilhete.

O rosto dele não relaxou. — Não sei seu idioma — lembrou-a


antes de olhar para frente. — Sabe como atirar com uma pistola
ou empunhar uma espada a laser? — Perguntou rispidamente.

Levou um minuto para entender que não a devolveria ao


palácio— Sei como disparar uma arma e usar uma espada comum
no meu planeta. Suponho que não seja muito diferente —
respondeu esperançosa.

Encarou-a severamente por um momento antes de virar


novamente. — Nunca assuma nada. Sua vida e a de seus
companheiros dependem da sua capacidade de usar os dois.
Trabalharemos no caminho para onde quer que em nome de Deus
iremos — afirmou friamente.

Ficou em silêncio quando sentiu um par de braços pequenos


e delicados envolverem seu pescoço por trás. Lábios suaves
acariciaram sua bochecha antes de descansar contra ele em um
abraço feroz. Seu coração estremeceu em resposta ao abraço
inesperado.

— Obrigada, Armet — sussurrou antes de lhe dar outro beijo.


— Não tem ideia do quanto isso significa para mim. Jazin é minha
vida.

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


Ele respirou fundo quando a pequena guerreira o soltou e
sentou em seu assento. Olhou pela janela cegamente. Fazia tanto
tempo que sentiu seu coração bater calorosamente, e se
surpreendeu ao saber que ainda podia. Desde que a mulher que
amava escolheu outro homem do seu clã. Havia algo sobre essas
guerreiras de outro mundo que ficavam sob a pele de um homem
e atraíam sentimentos indesejados. Talvez fosse o espírito, a graça
ou apenas a alegria nas coisas simples. Tudo que importava era
que cumpriria sua promessa de protegê-la ou morreria tentando.

Dakar passou pelos portões de um porto indefinido. Ônibus e


transportes mais antigos chegavam e partiam em um labirinto de
confusão organizada. Homens gritavam uns para os outros
enquanto moviam enormes contêineres de uma doca a outra.
Desceu pela estrada estreita entre os ônibus, desacelerando
algumas vezes para deixar homens e equipamentos atravessarem
antes que acelerasse novamente. Continuou pelo longo e estreito
corredor entre blocos marcados, viajando até o final da linha.

Star observava tudo com os olhos arregalados. Havia tanto


neste mundo que não conhecia. Em alguns aspectos, não era muito
diferente da Terra e, em outros, tinha dificuldade em entender.
Especialmente quando viu uma nave elevando-se antes de
desaparecer em uma explosão de luz.

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


— Madas tem a nave estelar segura no final. Falou para não
deixar a aparência nos enganar. É muito melhor que sua aparência
externa — falou Dakar, cético.

— Onde estamos? — Perguntou, observando um homem, em


uma máquina enorme que parecia o robô do filme O Gigante de
Ferro, se inclinar e pegar um contêiner do tamanho de um SUV
grande como se fosse um brinquedo e ir embora.

— Doca de carregamento II. Esse porto é usado


principalmente para importações e exportações fora do mundo
para as colônias de mineração nas luas e para o Spaceport ao longo
das laterais do sistema estelar Kassis — explicou Armet. — Em que
plataforma Madas está?

— Cento e trinta e quatro A — respondeu Dakar lentamente,


estacionando próximo a um pequeno prédio de metal.

— Só pode estar brincando — falou Armet consternado, ao ver


a velha nave Tearnat que Madas adquiriu para a missão.

— Não é maravilhoso! — Star exclamou animadamente.


Inclinou-se sobre o assento entre eles, que encaravam horrorizados
a nave em ruínas.

Viraram para encará-la incrédulos, antes de virar para a nave.


Armet soltou uma torrente de maldições quando seu segundo olhar
para a nave não parecia melhor que o primeiro. Esperava que não
morressem na decolagem. Teria uma longa conversa com Madas
Tal Mod sobre a diferença entre uma nave estelar e uma pilha de
parafusos sem valor. Apertou o botão para abrir a porta e saiu.
Olhou para Dakar, que saia lentamente do outro lado do

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


transporte. O olhar no rosto do outro guerreiro confirmou que se
sentia da mesma maneira.

— Jurei que protegeria Lady Star com minha vida —


murmurou. — Como caralho farei isso, se nos matar sem sair do
maldito planeta?

Dakar estudou a nave com desânimo. — Talvez pareça melhor


de perto — murmurou com uma voz duvidosa.

Star saiu de trás do transporte, ansiosa para seguir seu


caminho. Queria encontrar Jazin e cada segundo que demorava,
seu coração doía em pensar o que sofria. Pegou o pequeno pacote
que trouxe. Passando por eles, gritou por cima do ombro. — Vamos
lá, o que estão esperando? — Perguntou, impaciente, enquanto
caminhava em direção onde Madas subiu a rampa de
carregamento e os esperava com uma expressão divertida.

— Um milagre? — murmurou antes de pegar sua própria


bolsa no chão do banco da frente.

— Não acho que teríamos tanta sorte — Dakar respondeu,


seguindo-os.

Madas assistiu com diversão enquanto os dois Kassisan se


aproximavam. Tinham olhares de consternação e ceticismo nos

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


rostos. Sabia o que pensavam. Era exatamente o que esperava.
Enquanto o exterior não parecia muito impressionante, era o que
havia dentro que contava. Não lhes avisou que era o protótipo do
navio que Lorde Jazin trabalhava antes de 'morrer'. Na manhã
seguinte ao sonho, o homem com quem ele trabalhava entrou em
contato com ela. Jarmen D'ju se apresentou simplesmente como
amigo dele. Falou com a condição que não mencionasse seu nome
a ninguém. Afirmou que era melhor permanecer anônimo. Jazin o
fez prometer que, se algo lhe acontecesse, entraria em contato com
Madas e lhe pediria que ajudasse a proteger sua pequena
companheira. Falou que o amigo mencionou como salvou a vida de
Star. Jar ouviu ela lhe contar seu sonho antes de compartilhar sua
dúvida que Jazin estava na nave quando explodiu. Enviou-lhe o
vídeo do equipamento de vigilância do Spaceport Uri.

As imagens tremidas mostraram um Jazin inconsciente sendo


arrastado enquanto um Tearnat subia no caça e decolava.
Reconheceu o inimigo em questão. Era um guarda pessoal de seu
filho, Trolis. Isso confirmou sua crença que seu sonho era de fato
uma visão dos deuses. D'ju se encontrou com ela nos arredores do
sistema estelar Kassisan, após o terceiro anel do planeta. Sabia
que ela operaria a nave estelar. Tudo que fez foi mostrar-lhe as
modificações que fizeram. Quando ficou satisfeito que entendia o
sistema desapareceu, falando que faria o possível para ajudar a
resgatá-lo quando chegasse a hora.

— Bem-vinda pequena guerreira — cumprimentou. Olhou


para Armet, que vinha em sua direção com uma profunda carranca
no rosto. — Vejo que trouxe companhia.

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


Star olhou por cima do ombro com uma careta. — Descobriu
de alguma forma e me esperava no transporte. Juro que o rosto
dele congelará assim, se não parar de fazer careta para tudo o
tempo todo.

Riu. — Acredito que sua expressão mudará em breve. Venha,


quanto antes partirmos, mais cedo chegaremos ao nosso destino.

— Liberação da nave estelar 782.226 concedida. Boa viagem.


— Afirmou a torre de controle.

Star tremia nervosamente na cadeira em que estava. Tinha


uma visão clara da porta da frente. Observou o chão se afastando
lentamente, ficando menor. Uma poderosa explosão a fez recuar de
novo em seu assento. Segurou as mãos com tanta força que os nós
dos dedos ficaram brancos. Em segundos, a escuridão do espaço a
cercou e relaxou. Ouviu um murmúrio no sistema de comunicação
enquanto a torre de controle lhes dava permissão para o portão de
saída. Armet respondeu calmamente. Antes que soltasse o fôlego
que prendeu por todo o caminho, as luzes no interior da nave
diminuíram, enquanto as cores externas brilhavam quando
ganhou velocidade ao passar no primeiro portão.

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


— Ah sim, agora está tranquilo — falou Dakar com um sorriso
de apreciação. — Madas, sei que os Tearnats não têm uma nave
como esta. Onde conseguiu?

Ela riu, relaxando. Era uma boa piloto, mas não tanto quanto
os dois guerreiros à sua frente. Faça sua lição de casa ontem à
noite depois de esgotar seu companheiro. Sabia que Gril iria atrás
dela quando percebesse o que fez. Era muito protetor. Divertia-se
com sua necessidade de protegê-la e seu comportamento
possessivo. Gostava de mantê-lo em suas garras. Era um excelente
amante, mas quando se indignava com ela por algo, um calafrio de
prazer explodiu nela ao pensar na reação dele a essa pequena
aventura. Sim, valerá a raiva quando retornar, pensou com um
pequeno sorriso.

— É um presente de um amigo de Lorde Jazin. Confirmou que


não estava a bordo do navio quando explodiu. Um traidor Tearnat
foi a vítima. Tai Tek está por trás do desaparecimento de seu
príncipe — garantiu aos homens.

— Como tem certeza que esse suposto amigo está do nosso


lado? — Star perguntou, mordendo o lábio inferior. — E se for uma
armadilha?

Apertou delicadamente a mão fechada da mulher e a segurou


com ternura. — Confie em mim, pequena guerreira. Não a levaria
para uma armadilha. O guerreiro que me deu essa nave é confiável.
Sabia coisas sobre você que apenas seu companheiro lhe diria.
Coisas que não compartilharia com um inimigo, mesmo sob
tortura.

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


Os olhos de Star encheram de lágrimas ao pensar nele falando
sobre ela. — Como o quê? — Perguntou instável.

Madas pegou um fio de cabelo dourado, deixando-o passar


pelos dedos finos. — Como seu cabelo é da cor do sol, coberto de
ouro em um dia claro e quão bonita, forte e corajosa era contra
aqueles inimigos muito maiores e ferozes que você. Da sua coragem
e lealdade. Mas acima de tudo, de seu respeito e amor por você.

Uma lágrima escorreu por seu rosto. Por um momento, era


como se o sentisse afastando-a com um beijo carinhoso. Fechou os
olhos e colocou uma imagem dele em sua mente. Agarrou a mão
da amiga com força, desejando que ele a segurasse. Respirou fundo
antes de abrir os olhos e encará-la.

— Ele está vivo — sussurrou. — Sinto-o aqui — falou, tocando


o peito sobre o coração. — Sinto-o me chamando.

Assentiu. — Está vivo, pequena guerreira. Tem muito pelo que


viver.

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


OITO
A dor assolou o corpo de Jazin, onde estava pendurado na
parede. Inclinou-se para a frente, apoiando a cabeça na pedra
dura, aliviando a pressão dos ombros. A exaustão o atingiu, mas
não cederia. Voltou sua mente para Star. Na semana passada ou
mais desde que o capturaram, a imagem do rosto dela o encarando
era a única coisa que o impedia de enlouquecer. Tai Tek
pessoalmente cuidava de sua tortura. Os inúmeros cortes,
contusões e queimaduras atestam o desejo do ex-conselheiro de
descontar sua frustração nele. Seus métodos de extrair
informações se tornavam mais brutais. Seu último truque foi ver
quanto tempo ele ficaria de pé sem deslocar os ombros. Seus
braços estavam acorrentados para o lado e apenas sua posição,
segurando firmemente as correntes com os punhos, impedia que
os pesos presos às extremidades puxassem os braços para fora do
corpo. Ficou assim nas últimas seis horas ou mais. De vez em
quando, Tai Tek entrava com um chicote e o golpeava
violentamente várias vezes, deixando em suas costas uma massa
sangrenta de carne dilacerada. Recusava-se a dar-lhe a satisfação
de vê-lo com dor. Olhava para a parede com um rosto frio e
impassível enquanto golpe após golpe rasgava sua carne. Sua
mente voltou para a companheira e as lembranças de como suas
mãos gentis o acariciaram na noite anterior à sua partida. O idiota
o deixou várias horas atrás com uma maldição que garantiria que
ele falasse quando voltasse ou então...

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


Sabia que não duraria muito mais tempo. Não apenas porque
sua força diminuía, mas porque Tai Tek ficava cada vez mais
desesperado. Esse desespero levava a golpes mais brutais. Era
apenas questão de tempo até morrer. Nunca revelaria o que ele
queria. Morreria primeiro. Olhou para o teto de sua prisão e lutou
contra a tristeza, com a ideia de nunca mais ver sua companheira.
Se tivesse apenas mais um momento com ela, lhe diria que o pouco
tempo que passaram juntos trouxe mais alegria que qualquer outra
coisa em sua vida. Seus olhos ardiam, mas não deixaria lágrimas
de dor se formarem. Pensaria apenas na beleza de Star. Reviveria
apenas os momentos em que seu espírito feroz despertou uma
necessidade dentro dele que nunca teve.

— Amo você, minha pequena guerreira feroz — sussurrou na


escuridão da cela. — Mais que tudo, gostaria de lhe dizer uma
última vez o quanto.

Sua cabeça caiu sobre o peito enquanto a exaustão puxava as


correntes que o seguravam. Talvez deixasse a morte levá-lo.
Enquanto tivesse suas memórias de Star, não morreria sozinho.
Ele a procuraria em outra vida. Sempre a procuraria, não importa
para onde os deuses o mandassem. Era sua alma gêmea, para
sempre.

Não levantou a cabeça quando a porta abriu. Tentou,


mentalmente, se preparar para outra surra. Puxou ainda mais sua
mente cansada, procurando abrigo quando sentiu soltar-lhe
primeiro um pulso e depois o outro. Não sabia qual nova tortura
sofreria, mas morreria um guerreiro. Forçou a cabeça para cima ao
ser virado e olhou diretamente nos olhos de seu algoz. Franziu o

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


cenho quando viu um par de olhos familiares. Olhos âmbar escuros
e brilhantes encontraram os dele por um breve momento antes de
virar. Quando seus braços tensos caíram fracamente para o lado,
a enorme figura à sua frente o abaixou suavemente para o chão
frio.

— Sua guerreira vem te buscar — sussurrou roucamente. —


Fique vivo. Ela não está sozinha e você também não.

Jazin descansou a cabeça fracamente no chão. Não sabia se


a voz ou a figura era invenção de sua imaginação. Talvez tenha sido
um dos truques de Tai Tek para torturar sua mente e corpo, dando-
lhe esperança. Rolou fracamente e olhou ao redor da cela mal
iluminada. Estava sozinho. Virando novamente, se enrolou o
máximo que seu corpo dolorido permitiu para preservar o calor
contra o frio da cela de rocha em que o prenderam. Sua mente
voltou à primeira vez que viu Star. Tudo ficou confuso quando seu
corpo e mente se desligaram de exaustão. Estendeu os dedos
trêmulos para tocar a leve cicatriz na bochecha onde Progit o
cortou. Pensou em quando ela o tocara pela primeira vez. Seu
toque terno, gentilmente limpando o sangue e suas palavras ditas
suavemente. Virou a cabeça um pouco quando sentiu os dedos
gentis dela contra sua bochecha por um momento.

— Está seguro agora — sussurrou através da cela solitária.

— Eu sei — sussurrou de volta. — Enquanto a tiver no meu


coração, sempre estarei seguro — respondeu ao fantasma em sua
mente enquanto a escuridão se apossou dele.

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


Star acordou do sonho que teve. Sentou tremendo, cobrindo
a boca com a mão, enquanto lágrimas silenciosas escorriam por
suas bochechas. Viu-o. Viu Jazin. Estava em uma cela escura,
acorrentado a uma parede a princípio, antes que o visse novamente
deitado, enrolado. Seu corpo estava coberto de vergões,
machucados e cortes por ser espancado.

Empurrou as cobertas da cama estreita e calçou as macias


botas de couro marrom. Empurrando o cabelo para trás,
impaciente, endireitou a blusa antes de ir ao banheiro, do tamanho
de um armário. Observou seu pálido reflexo. Seus olhos pareciam
grandes demais para o rosto e estavam levemente vermelhos de
chorar durante o sono. Jurava que o tocou. Sentiu a pele dele sob
as pontas dos dedos enquanto acariciava sua bochecha. Olhou
para os dedos e se surpreendeu ao ver um pequeno traço de
vermelho. Suas mãos tremiam quando as ergueu para a fraca
iluminação acima do pequeno espelho. Pequenas manchas de
sangue seco mal eram visíveis nas pontas, mas estavam lá. Olhou
para o reflexo no espelho, vendo se se coçara enquanto dormia.
Procurou freneticamente, abrindo a camisa e verificando os braços,
peito, rosto e barriga em busca de qualquer sinal de lesão que
explicasse o sangue.

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


Nada, pensou. Sem arranhões, cortes, marcas, exceto...
ergueu os olhos para o espelho novamente, incrédulos. Esteve com
ele. Sabia disso. Falou-lhe que estava seguro agora.

Atrapalhou-se ao fechar os botões da camisa. Rapidamente


trançou os cabelos, escovou os dentes e lavou o rosto. Grudou os
olhos na trilha fraca de vermelho enquanto lavava as mãos antes
que desaparecesse. Endureceu o rosto em uma máscara de
determinação. Levaria ele para casa. Seus olhos brilharam em
fúria, encarando o espelho uma última vez antes de virar para
encontrar Madas. Ela o levaria para casa e mataria o homem que
o machucara. Ninguém mexe com sua família e vive, ninguém!

Dakar colocou uma xícara de chá fumegante na frente de Star


antes de sentar do outro lado da mesa estreita que usavam como
mesa de conferência. Madas deixou a língua provar a bebida antes
de sorrir de prazer e tomar um gole mais profundo. Armet entrou
no quarto tarde. Configurou o piloto automático e checou alguns
dos sistemas de armas antes de se juntar a eles.

— É isso que enfrentaremos. Precisamos não apenas invadir


esta fortaleza, mas também sair dela inteiros — falou Dakar,
puxando um mapa tridimensional da prisão de Tai Tek. — São
quatro níveis no total. Três acima do solo e um abaixo. As celas
estão abaixo, é claro. Veja essas torres. Existem seis delas. Cada

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


uma possui um canhão a laser de alta potência capaz de derrubar
naves de qualquer tamanho. Além disso, existem canhões
automatizados menores que são controlados a partir deste edifício
central. São definidos para disparar automaticamente em qualquer
coisa que mostre assinatura de calor. Entenderia o que digo se
andasse pelo perímetro da fortaleza — falou com desgosto. — Está
cheio de restos de qualquer criatura infeliz o suficiente para vagar
pelo campo de tiro. Sinceramente, acho que não há como entrar
vivo.

Star olhou para a estrutura. Seus olhos seguiram as linhas


da fortaleza conforme a mostrava de diferentes ângulos e explicava
os materiais usados para construí-la. Continuava olhando para o
cabo longo e fino que se estendia da encosta da montanha, onde
foi construída até as principais salas de controle no centro do
terreno. — E de cima? — Perguntou, hesitante. — Os canhões
apontam para qualquer coisa vinda de cima?

— Claro, estão prontos para disparar contra qualquer veículo


que se aproximar — respondeu, apontando para uma série de
canhões virados para cima.

— Sim, mas e daqui? — Perguntou, apontando para o estreito


sistema de aquedutos que saía da montanha e o cabo preso abaixo
do prédio central— E se alguém atravessasse o túnel de acesso no
topo da montanha? Faria seu caminho para este canal de
liberação. Os canhões detectariam alguém atravessando o fio de
onde está conectado aqui à torre de controle?

Armet se inclinou para frente estudando as áreas sobre as


quais ela perguntou. Balançou a cabeça. — Não há como fazer isso.

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


Os respiradores são muito pequenos. Não tem mais que sessenta
centímetros de diâmetro. Mesmo que Dakar ou eu passássemos,
não atravessaríamos o cabo. Há um campo de segurança
configurado que tem cerca de trinta centímetros debaixo do fio.

— Mas, se alguém conseguisse passar pela ventilação, cruzar


o cabo até a torre e entrar a sala de controle, permitiria que outros
invadissem a fortaleza, certo? — Insistiu, olhando para o fio que
ligava o lado de fora de uma porta de acesso à sala de controle. Era
uma sobra do estágio de construção e provavelmente deixaram
como um adendo para manutenção.

— ‘Se’ alguém se espremesse pelo tubo estreito e cruzasse o


fio sem disparar os alarmes, então sim, acho que é possível desligar
o sistema por tempo suficiente para obter suporte adicional —
respondeu relutante, observando-a sorrir, com crescente
inquietação.

— Então, sabemos como entrar. Dakar, precisarei de você e


Armet. Jazin está machucado e não sou grande ou forte o suficiente
para carregá-lo. Conhece o interior da prisão. Provavelmente
saberá onde ele está. Madas, pilotará a nave — falou, olhando
excitada de um rosto franzido a outro que sorria.

— Não, pequena guerreira. Irei com Dakar. Armet é o melhor


piloto. Quando as defesas caírem e pegarmos Lorde Jazin, teremos
que sair rapidamente. A nave é capaz de pousar aqui — falou
Madas, apontando para uma área maior usada para treinamento.
— Sou uma boa piloto, mas precisamos de um excelente piloto que
entre e saia com a mesma rapidez.

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


Star olhou-a por um momento antes de encarar o rosto de
desaprovação de Armet. — Está certa. É forte o suficiente para
ajudar a carregar Jazin.

— Não — falou ele, olhando severamente para a pequena


fêmea humana em frustração, mesmo sabendo que estava certa.
— Prometi que a manteria segura.

— E irá — interrompeu, inclinando-se para colocar a mão em


cima da dele. — Tirando-nos de lá em segurança. Posso fazer isso.
Já trabalhou comigo e tenho alguns truques na manga. Por favor
Armet — sussurrou olhando-o nos olhos, determinada. — Não
posso perdê-lo. Eu o amo e não posso perdê-lo, de novo não.

O músculo pulou na mandíbula dele, encarando os brilhantes


olhos azuis claros dela. Virou para Dakar, que estava com uma
expressão sombria também. Seus olhos colidiram com a mensagem
tácita que nenhum deles gostava do plano, mas aceitaram que era
o único caminho. Finalmente voltou-se para a enorme Tearnat, que
tinha um olhar brilhante e presunçoso no rosto. Se não soubesse
melhor, juraria que sabia de algo que eles não eram cientes e fez o
músculo pulsar mais rápido.

— Revisaremos algumas estratégias antes de ir — falou com


voz baixa e rouca. — É melhor não ser capturada ou morta. Juro
que, se algo acontecer com você, pessoalmente desmontarei esse
lugar maldito pedra por pedra. É muito pequena e delicada para
fazer isso — acrescentou baixinho.

Star apertou a mão que ainda segurava. — Posso ser pequena


e não ser tão forte quanto uma Tearnat ou mesmo uma Kassisan,

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


mas minha força é construída no amor e na determinação de trazer
meu companheiro para casa. Não falharei e não morrerei. Tenho
muito pelo que viver — declarou calma e apaixonada. — Acredite
em mim.

— Eu acredito — falou Madas estendendo a mão e a colocando


em cima das mãos de Star e Armet.

— Oh Deus! — Dakar murmurou sombriamente antes de


colocar a mão em cima da de Madas — Eu também. É tão louco
que pode funcionar — falou com uma risada incrédula enquanto
observava a imagem da fortaleza circular lentamente no centro da
mesa.

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


NOVE
Star e Madas riam como duas garotas do ensino médio em um
show de carro clássico com seus namorados, enquanto ouviam
Dakar e Armet exaltando e admirando as modificações na nave
estelar. Uma das atualizações de defesa era a capacidade de
desviar qualquer tipo de radar de detectá-la. A segunda era o novo
design do motor. Jazin desenvolveu um mecanismo que não era
apenas mais poderoso, mas também não liberava nenhum sinal de
calor. Praticamente impossível de detectar e rastrear. A última era
mais importante, pois lhes dariam a vantagem que precisariam
quando Armet chegasse quente e rápido, tinha um dispositivo de
camuflagem.

— Os homens não são muito diferentes quando se trata de


brinquedos — falou Star, os observando conversarem
animadamente enquanto descobriam outro recurso que não
exploraram.

— Gril é assim também — Madas respondeu com um aceno


de cabeça. — Entende as coisas que pode tocar, não as que não
pode — acrescentou suavemente. — Sinto falta dele. Não estou
acostumada a ficar longe por tanto tempo.

Tocou a mão da amiga. — Ficará chateado com você? —


Perguntou, mordendo o lábio em culpa.

Riu e olhou-a maliciosamente. — Acredito que sim. Gosto


quando se chateia.

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


Star arregalou os olhos com a insinuação e corou, atraindo
outra risada da Tearnat. — Nunca lhe agradeci por me dar
esperança — murmurou com lágrimas se formando em seus olhos.

Se não a procurasse, nunca saberia o que realmente


aconteceu com Jazin. Morreria nas mãos de Tai Tek e ninguém
saberia. Ainda poderia morrer, mas se recusava a acreditar que
chegaria tão perto de encontrá-lo e ele não sobreviver. Tinha que
estar vivo. Tocou seu peito, sentindo o batimento constante de seu
coração e extraiu força do pensamento que ainda batia porque o
dele batia.

— Foram os deuses que deram a orientação que precisava.


Sou apenas a mensageira. Além disso, estava pronta para uma
aventura. Não é justo que Gril tenha toda a emoção. Seria bom
lembrar que também sou uma guerreira. Seu companheiro
aprenderá isso também, pequena guerreira. Estava certa quando
falou que é menor e mais delicada, mas tem uma força dentro de
você que nem sempre se vê, mesmo no maior e mais feroz guerreiro.
Seu coração a guiará em sua jornada — afirmou confiante.
— Considero-me afortunada por chamá-la de amiga e ficar ao seu
lado na batalha.

Levantou da cadeira e passou os braços em volta do pescoço


de Madas, segurando-a com força enquanto a abraçava. Era
realmente a primeira pessoa ou espécie, além de Walter que a fazia
parecer que era tão grande e forte quanto todos os outros. Enterrou
o rosto no pescoço macio antes de se inclinar para trás e dar um
beijo na bochecha dela.

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


— Obrigada novamente — sussurrou. — Estou feliz que é
minha amiga.

— É um prazer, pequena guerreira, é um prazer — respondeu,


colocando uma mecha de cabelo loiro atrás da orelha de Star.

— Concentre-se, Star — Armet rosnou enquanto ele e Dakar


a circulavam com um conjunto de espadas a laser de treinamento.
— Se a encontrarem, provavelmente terá mais de um guerreiro
vindo em sua direção. Precisa saber como se defender.

— Sim, mas por que tenho que me defender dessa maneira?


— Perguntou frustrada, sacudindo outra picada de onde a espada
dele atingiu seu ombro.

— Estamos ensinando-a a se defender de um ou mais


agressores ao mesmo tempo — respondeu Dakar. — Já teria
morrido meia dúzia de vezes — rosnou. Olhou para o outro,
frustrado. — Não há como deixá-la fazer isso, Armet! Será pega ou
morta. De qualquer maneira, representa um perigo maior para
Jazin. Se for capturada, a usarão para obter qualquer informação
que quiserem dele. Se morrer, ele a seguirá.

Virou e o atacou. Para a merda com eles, pensou


selvagemente. Não tinha tempo de aprender a lutar da maneira que
foram treinados. Passaram anos aprendendo. Ela tinha alguns

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


dias! Bem, deveria aprender algumas das maneiras pelas quais um
artista de circo aprendia. Mais de uma vez, os artistas foram
prejudicados por alguns cidadãos barulhentos que pensavam que
era divertido tocar nos 'malucos'. Até Walter sabia uma coisa ou
duas sobre lutar. Nem sempre era justo e nem sempre era
sofisticado, mas funcionava.

Usou sua força, agilidade e habilidade atlética natural para


guiá-la através de golpe após golpe. Quando eles lutaram em
legítima defesa, usou a estrutura da sala para ajudá-la. Correndo
para Dakar, ela se abaixou, trazendo a espada na frente das pernas
dele. Quando caiu, saltou com uma mão sobre ele, passando a
espada em seu pescoço antes de girar graciosamente e rolar atrás
de Armet cortando-o duas vezes, uma na parte de trás dos joelhos
e a outra na parte de trás do pescoço.

Levantou-se quando os dois ofegaram com o choque violento


da espada. — Buscarei Jazin. Ninguém, e reforço ninguém, me
parará — sussurrou friamente.

Armet rolou de costas e agarrou a parte de trás do pescoço


que queimava— Está com a espada na potência máxima, não é? —
resmungou. — Porque te falo, isso dói como um... — Parou e
encarou Madas, que ria dele e de Dakar.

— Avisei-lhe. É a guerreira da profecia e não a subestime —


falou presunçosamente. — Aumentei a energia. Precisam saber que
ela é capaz.

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


Star olhou para baixo, consternada. Os rostos deles retorciam
de dor. — Realmente os machuquei? — Perguntou, olhando para a
amiga.

—Não, ficarão bem em alguns minutos. Mostrou-lhes que


existem muitas maneiras que um guerreiro pode lutar. Venha,
analisaremos os itens que precisará. Fiz alguns explosivos. Um
deles é exclusivo para Tearnat. O pó nocauteará todos por várias
horas. É importante que não inspire. Quero repassar como
funciona — falou, puxando-a. Virou quando alcançou a porta e
lançou um último olhar para os homens que agora estavam
sentados. — Agora, mostrarei a ela como lutar como um Tearnat.

— Ótimo — Armet murmurou, esfregando a nuca novamente.


— Simplesmente ótimo.

— São pequenas, mas muito potentes — falou Madas,


mostrando-lhe pequenas bolas que pareciam feitas de barro. — Se
jogá-las, quebrarão, liberando uma nuvem de poeira. É pólen de
uma planta encontrada perto da minha aldeia. É usado
principalmente quando alguém se fere e precisa dormir, para o
curarem. Também é usado para incapacitar nosso inimigo sem
matá-lo. A única coisa que a protegerá é isso — continuou,
pegando uma pequena máscara tecida de fibras vegetais. — É um
absorvente natural para pólen. Se um guerreiro usar uma máscara

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


de filtragem, não funcionará, pois o pó é tão fino que passa pelas
máscaras. Pode não os deter totalmente, mas os atrasará.

— Pareço uma ninja — falou Star sorrindo enquanto colocava


a máscara de tecido. — É tão leve que é como se não tivesse nada!
— Exclamou surpresa.

Riu. — É por isso que gostamos. Caso contrário, restringiria


nossa respiração. Aqui estão as armas que peguei com Lady River
— falou, puxando a pequena besta que já usou, além de várias
pequenas facas de arremesso — falou que nos daria um dia de
vantagem antes de contar ao companheiro. Não é ciente que essa
nave é mais rápida que as naves de guerra Kassisan. Ainda assim,
tenho certeza que estarão aqui para nos apoiar quando
precisarmos.

Encarou-a intrigada. — Contou-lhe aonde íamos?

— Não, mas entre Gril, Ajaska e Torak, acredito que


descobrirão nossa localização — assegurou. — Não se preocupe,
pequena. Não arriscaria seu companheiro. Suspeito que se Tai Tek
desconfiasse que existe a possibilidade de sua base na prisão ser
descoberta, já teria matado Lorde Jazin. É melhor que apenas um
pequeno grupo esteja ciente do que acontece até que esteja seguro.

Assentiu. — Espero que esteja certa. — Olhou para a pequena


imagem tridimensional da fortaleza e suspirou. — Espero que
esteja certa — repetiu calmamente.

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


Jarmen abaixou a cabeça enquanto caminhava por um
pequeno grupo de guardas. O pequeno dispositivo preso à sua capa
tornava-o invisível aos olhos em sua maior parte. A única coisa que
ainda viam eram seus brilhantes vestígios de seus dias nos
laboratórios Mendes Research, onde o criaram. Pressionou-se ao
lado, respirando fundo quando um dos guardas cambaleou um
pouco, quase tropeçando nele. Era invisível, mas ainda podiam
senti-lo. Levou mais tempo que esperava para entrar na prisão.
Pousou seu pequeno transporte a vários quilômetros de distância
e caminhou mais perto da fortaleza quatro dias antes. Acampou ao
lado da zona morta, tentando descobrir como entraria. Sua sorte
mudou na manhã do quinto dia, quando um pequeno grupo de
guardas conduziu uma série de transportes pela entrada para
descartar resíduos em um barranco próximo, que se abriu
provavelmente há mil anos. Esperou até que o último recuasse
antes de agarrar um veículo e se segurar de volta à prisão.

Procurou seção após seção, nível após nível, onde seu amigo
estava. Quase desistiu até virar uma esquina e quase colidir com
Tai Tek. Se um dos guardas não chamasse a atenção dele no último
minuto, provavelmente estaria no fundo da ravina com o lixo.

Seguiu o inimigo por quase uma hora antes que o conselheiro


traidor finalmente chegasse a Jazin. Fechou os olhos e xingou

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


silenciosamente enquanto torturavam seu amigo. Não havia nada
que fizesse para evitá-lo. Foi incapaz de seguir o idiota para a sala
por causa do número de guardas no caminho. O covarde nunca foi
a lugar nenhum com menos de vinte homens ao seu redor. Depois
que ele saiu, Jarmen entrou furtivamente na cela e soltou o amigo.
Lamentou não fazer mais. Colocou um remendo de dor solúvel
nele, mas não podia fazer mais nada até que a enorme Tearnat
chegasse com as forças de Torak e Ajaska. Chocou-se quando a
companheira do líder Tearnat não apenas o reconheceu, mas lhe
falou coisas que não deveria saber. Foram apenas suas exigências
insistentes que Jazin não morreu que finalmente o atingiram. Fez
uma pequena pesquisa e descobriu o vídeo real da doca do
Spaceport Uri que reabasteceu, mas estava cético até mostrar o
vídeo para ela. Assim que viu a evidência, contatou a fêmea
novamente e deu-lhe o protótipo em que trabalhavam para resgatar
o amigo. Sabia que apenas uma equipe pequena e furtiva de
guerreiros seria capaz de salvá-lo antes que o executassem.
Enquanto isso, faria o possível para ajudá-lo a sobreviver até a
chegada deles.

Levantou a cabeça e caminhou silenciosamente para a cela.


Voltou seus pensamentos para a época em que era ele em tal lugar.
Sua tortura foi diferente. Seus algozes eram cientistas que
experimentavam maneiras de criar o guerreiro supremo.
Conseguiram até certo ponto. Seu corpo e mente eram de um
guerreiro perfeito. Movia-se, pensava e matava mais rápido que
qualquer outro. A única coisa que falharam, no entanto, foi em
eliminar sua consciência, não importava quanto tentassem.

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


Jazin descobriu informações sobre o centro de pesquisa ilegal
com um guarda bêbado. O homem tinha um vídeo de algumas das
experiências. Jurou que era a única coisa que o mantinha vivo.
Falou que outros guardas que deixaram o centro de pesquisa
desapareceram, apenas para se tornarem uma das vítimas dos
experimentos. Estava determinado a não se tornar um monstro
como o que os médicos criaram ou morrer como alguns outros que
conhecia. Mostrará o disco a Jazin. Jarmen era o monstro em que
trabalhavam na época. Duas semanas depois, o futuro amigo e um
pequeno grupo de guardas de elite entraram na instalação
determinados a fechá-la. A batalha foi breve, mas mortal. Os
pesquisadores ordenaram que todos os experimentos fossem
encerrados imediatamente se violassem a instalação. Não sabia ao
certo quantas existiam, mas descobriu que era um dos poucos
sobreviventes nos registros que invadira antes que destruíssem os
arquivos. Foi gravemente ferido pelos guardas. Foi Jazin quem o
salvara e o levara ao pequeno planeta isolado que agora chamava
de seu. Construiu um laboratório de pesquisa e só se comunicava
com o jovem príncipe Kassisan, que mantinha sua existência em
segredo. Devia-lhe sua vida e muito mais.

Suspirou aliviado por chamarem Tai Tek. Pareceria que o


elusivo grupo de guerreiros alienígenas com quem lidava queria se
encontrar pessoalmente e ver o que os ofereceria. Só esperava que
olhassem para o ex conselheiro e cortassem sua garganta, mas não
tinha muita esperança de uma solução tão simples. Ainda assim,
daria a Jazin um dia ou dois para se recuperar antes de o
submeterem a mais tortura. Enfraqueceu vários elos da corrente
para parecer que cederam com os pesos anexados e não com a

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


ajuda de alguém. Não daria ao bastardo mais aviso, sobre a invasão
iminente, que o necessário. Abriu a porta da cela, entrou e fechou-
a silenciosamente.

— Ou uma aparição com brilhantes olhos âmbar acabou de


entrar na minha cela ou os deuses me enviaram um salvador —
um sussurro rouco soou na escuridão.

Sorriu e tirou a capa da cabeça. Seus olhos brilhavam como


uma luz estranha na escuridão. — Nenhum nem outro, meu amigo.
Apenas um monstro para lhe fazer companhia.

A risada seca de Jazin doeu tanto que respirou fundo até que
a dor diminuiu— Não me faça rir, Jar. Dói demais.

Aproximou-se silenciosamente de onde estava sentado contra


a parede dos fundos. Estendeu um pequeno recipiente de água e
uma vitamina poderosa. Virou e afundou no chão frio ao lado de
seu amigo. Não falou nada por vários minutos enquanto o amigo
bebia a água e pegava a pequena cápsula.

— Então, qual o plano? Como sabia onde eu estava? — Jazin


perguntou com a voz um pouco mais forte. — E tem mais adesivos
para dor? Estou tão machucado que mal consigo pensar.

Olhou para a carne rasgada no ombro dele e se sentiu mal por


não ter escondido uma cama de regeneração ou algo assim. Em vez
disso, puxou vários adesivos do bolso e entregou ao amigo, que
colocou no pescoço com um suspiro aliviado. Observou como a
tensão lentamente desapareceu do rosto dele enquanto o remédio
fazia efeito.

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


— Uma amiga sua me contatou. Falou que estava vivo e
precisava de ajuda — respondeu com uma voz enferrujada.

O príncipe levantou a cabeça e olhou-o fixamente. — Quem?


— Exigiu em um sussurro áspero.

— Uma fêmea chamada Madas Tal Mod. Falou que teve um


sonho — respondeu, entregando-lhe uma barra de energia. —
Coma. Precisará de sua força. Falou que trará o guerreiro mais
feroz de Kassis para lhe salvar.

— O guerreiro mais feroz de Kassis? — Questionou com uma


careta. — Torak ou meu pai?

— Não sei. Só falou o guerreiro mais feroz de Kassis. Disse


que os deuses enviaram o guerreiro para ajudá-lo — respondeu,
descansando a cabeça para trás e olhando em volta da superfície
rochosa e irregular. — Minha prisão era ruim, mas pelo menos
tinha um banheiro e uma cama — refletiu.

A barra de energia pairou no meio do caminho para a boca


repentinamente seca de Jazin. Sua garganta fechou quando as
palavras de Jarmen repetiram em sua mente. O guerreiro enviado
pelos deuses. O guerreiro mais feroz de Kassis. Star. Sua mão caiu
fracamente ao seu lado. — Pare-os. Fale para me deixarem aqui.
Entre em contato e diga o que for necessário, mas certifique-se
que… não… venham… aqui! — falou selvagemente. —Agora! Antes
que seja tarde demais.

Virou para encará-lo intrigado. — É tarde demais. Monitorei


a nave que modificamos. Não só estão na superfície do planeta,

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


mas ao menos três desembarcaram. Não sei a localização no
momento. Não têm um dispositivo de comunicação ativado.

— Droga! — Amaldiçoou tentando ficar em pé. — Tem que


encontrá-la. Tem que detê-la antes que seja capturada ou morta.

— Quem? — Perguntou intrigado. A enorme Tearnat parecia


mais que capaz de se proteger, pensou confuso. Levantou e agarrou
o braço de Jazin quando cambaleou bêbado.

— Star! — Assobiou frustrado e com medo. — Minha


companheira! É a guerreira que Madas falou, não meu irmão, pai
ou guerreiros. Enviou Star. Matarei aquela lagarta se acontecer
alguma coisa com minha mulher — jurou, sacudindo a mão do
amigo enquanto tentava ir até a porta.

Deu apenas alguns passos antes das pernas cederem e cair.


Seus punhos batiam fracamente no chão frio e duro de raiva e
desamparo. Não podia nem andar muito menos lutar, como a
impediria de resgatá-lo. Era uma missão suicida.

— Farei o que puder — falou, ajudando-o a levantar e


colocando-o gentilmente contra a parede.

— Não aguentarei mais uma surra — avisou cansado. — É


melhor ela me deixar. Nem consigo andar. Não tem como sair daqui
sem matá-la.

— Não está sozinho. Com ajuda, o tiraremos daqui — Jar


afirmou teimosamente. — Fez-me acreditar em você. Agora é hora
acreditar em mim — sua voz normalmente calma ficou mais dura,
mais rouca que já ouviu antes.

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


— Não posso perdê-la — falou calmamente. — Se Tai Tek
pegá-la, lhe daria o que quisesse. Mesmo assim, ainda a mataria.
Prometa-me... — Engoliu a bile que subiu em sua garganta. —
Prometa-me que a protegerá com a sua vida e... — Pausou
novamente quando sua garganta apertou de dor. — Prometa-me
que, se for capturada, a matará rapidamente antes que o imbecil a
prejudique. Não o deixe torturá-la.

Franziu a testa observando o rosto do amigo— Quer que mate


sua companheira se a capturarem? — Perguntou tenso.

— Sim — respondeu suavemente. — Leu os relatórios do que


ele fez com outras mulheres. Eu... não deixarei isso acontecer a
Star.

A mente de Jarmen trouxe à tona os relatórios que baixou dos


arquivos pessoais do inimigo. Era outra coisa que trabalharam na
última visita. Demorou um tempo, mas finalmente invadiu as
contas privadas de Tai Tek para localizá-lo e determinar o que fazia.
Nesses arquivos havia registros de coisas hediondas que o ex
conselheiro fez com algumas das mulheres em sua casa.

— Prometo — afirmou relutante. — Não a deixarei sofrer.

— Obrigado — agradeceu olhando cegamente para o teto. —


Por favor, a mantenha segura — sussurrou em uma oração
silenciosa.

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


DEZ
Star se inclinou para a frente e enxugou o suor da testa contra
a manga, enquanto se equilibrava na borda estreita em que parou
para descansar por um momento. Olhou para o lado do penhasco
que escalavam. Estavam quase no topo, graças a Deus. Pousaram
a uma curta distância, sem correr o risco de os verem desembarcar
da nave estelar. Ela é invisível aos olhos, mas eles não. Afirmaria
que Armet travou uma batalha feroz consigo mesmo antes que
dissesse rispidamente que era melhor ela não se machucar ou ele
pessoalmente chicotearia sua bunda. Conversou longamente com
Dakar antes de encará-la mais uma vez e fechar a porta da
plataforma de desembarque. Ela e Madas ficaram de lado, perto de
um pequeno aglomerado de pedras, enquanto os dois discutiam o
que os incomodava.

Estava uma pilha de nervosismo, enquanto a amiga assistiu


à troca com um pequeno sorriso nos lábios finos. — Aprenderão a
não duvidar de você, pequena guerreira — comentou com humor.

— Sim, bem acho que tenho dúvidas suficientes por todos nós
— murmurou olhando para as mãos trêmulas.

Madas inclinou a cabeça para o lado e observou atentamente


sua amiga. — Dúvida que passe pela abertura?

Franziu a testa e balançou a cabeça. — Claro que não.

— Então duvida que atravesse o fio? — Continuou.

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


— Isso será fácil — zombou, cruzando os braços e encarando-
a.

— Então duvida que resgataremos Jazin? — Sugeriu


calmamente.

A carranca de Star se transformou em raiva e desafio


ardentes. — Não — rosnou, abaixando os braços, com punhos
cerrados— Irei levá-lo para casa, não importa o quê!

— Então o que há para duvidar? — Perguntou gentilmente.

Abriu a boca e depois fechou. Os olhos dela brilharam


divertidos quando percebeu que Madas a enganava com medo e
insegurança; assim como Walter fazia o tempo todo. Sua amiga era
uma senhora muito, muito esperta.

Riu suavemente. — Faz isso com Gril? — Perguntou.

— O tempo todo — respondeu levemente. — Venha,


começaremos nossa escalada. Se precisar de ajuda, peça. Sou uma
escaladora muito, muito boa.

Mais de duas horas depois, olhou com inveja a maneira como


Madas usava as garras da frente e o rabo para subir. Apreciaria a
oferta de ajuda dela, mas se satisfazia por se controlar. Olhou para
baixo para ver como Dakar estava. Via o brilho do suor em seu
rosto e ombros enquanto subia à sua esquerda. Olhou para ela por
um momento antes de assentir que estava bem.

— Está bem? — Ele perguntou suavemente.

Star assentiu silenciosamente mostrando que o ouviu e que


estava bem, antes de voltar sua atenção para a próxima e última

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


subida ao topo. Estendeu a mão, procurando uma boa pegada.
Tateou ao longo da borda estreita, certificando-se que poderia
segurá-la antes de levantar. Preparava-se para se erguer quando
ouviu Madas gritar em aviso. Só teve tempo de vê-la saltar para
uma pequena saliência quando várias rochas menores se soltaram.
O que chamou sua atenção foi a pedra maior que balançou
precariamente antes de deslocar ligeiramente. Olhou para ela por
uma fração de segundo antes de perceber que precisava se mover
rápido. Chamou Dakar com medo, quando a pedra mexeu um
pouco mais.

— Vá — ele gritou. — Estou livre disso.

Observou, vendo para onde iria, mesmo quando mais pedras


caíam, batendo em seus ombros e sufocando-a com poeira. A cerca
de um metro dela havia um pequeno afloramento. O problema era
que não tinha apoio, pois a parede se curvava demais sob ela. Se
pulasse, dependeria apenas do controle que tinha com as mãos. O
silvo áspero da Tearnat ecoou alto quando a pedra mexeu
novamente e rolou lentamente no início e depois mais rápido. Não
tinha escolha. Tentaria ou morreria. Respirando fundo, se
concentrou na borda, imaginando que era uma barra balançando
para pegá-la. Enquanto os gritos de horror de Madas e Dakar
ressoavam ao seu redor, puxou a imagem para si e pulou. Sentiu
a força em suas pernas quando a adrenalina fluiu, dando-lhe o
extra necessário para alcançar e agarrar a superfície rochosa. A
mão esquerda escorregou, mas a direita segurou até que se viu
pendurada quase sessenta metros no ar por uma mão.

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


— Deus, não! — Dakar gritou severamente quando viu o
minúsculo corpo dela balançando precariamente.

O próprio grito estrangulado de Madas misturou ao dele.

— Espere aí pequena guerreira — gritou freneticamente,


encontrando um caminho seguro de volta.

— Estou bem — gritou, levantando a mão esquerda e


segurando a borda rochosa.

Usando apenas a força da parte superior do corpo, se ergueu


até colocar o pé na beirada. Equilibrando-se na ponta dos pés,
girou na saliência estreita e olhou para Madas com um sorriso. Seu
coração batia como um louco, mas se sentia mais viva desde o
momento em que fez seu primeiro trapézio solo.

Os xingamentos de Dakar ecoaram quando ele subiu, até


estar quase nivelado com ela. Seu rosto sombrio mostrou-lhe que
não estava tão empolgado com seu pequeno truque quanto ela.
Levantou a sobrancelha antes de virar e estudar a rocha
novamente. O incidente com a pedra foi uma bênção. Viu que seria
mais fácil subir de onde estava agora que de onde estava antes.
Encarou o incidente como um teste simples, como diria a amiga,
pelos deuses para ver se era forte o suficiente para o que estava à
sua frente.

Não sou apenas forte o suficiente, pensou ferozmente, apenas


tente me impedir. Deuses ou não deuses, iria atrás de seu homem.

Uma pequena parte se perguntou se isso era parecido com o


que Gril fez quando salvou Madas. Talvez seja por isso que ela

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


estava tão confiante na capacidade de Star. Sabia como era ter um
companheiro que passaria por qualquer coisa para salvar quem
importa.

Vinte minutos depois, estendeu a mão e agarrou as duas


estendidas para ela; uma era verde escura e o outra, bronzeada.
Riu quando a levantaram tão alto que ficou cerca de trinta
centímetros do chão. Olhou para as formas muito maiores com os
olhos brilhando enquanto a examinavam em busca de ferimentos.

— Estou bem! — Afirmou. — Juro.

No momento em que seus pés tocaram o chão, viu-se


envolvida nos poderosos braços de Dakar. — Nunca mais faça algo
assim — falou em um tom rouco antes de soltá-la para que Madas
a abraçasse brevemente.

— Concordo — Sibilou rispidamente. — Meu coração parou


quando a vi pular e novamente quando se pendurou.

Star retornou o abraço antes de dar um passo atrás e


inspecionar a área. Arregalou os olhos de emoção quando viu a
grade de metal cobrindo o tubo estreito usado para direcionar a
água da chuva para a fortaleza. As barras da entrada eram
separadas por cerca de meio metro. Quase correu para a cobertura.
Ficava cada vez mais perto de Jazin. Sentia isso. Olhou para o céu.
Ficava mais escuro. Precisaria se mover rápido. Cruzaria o fio no
escuro, confiando em suas habilidades e toque para guiá-la. Seria
difícil, mas sabia que conseguiria. Uma vez do outro lado, seguiria
com o plano e fecharia a sala de controle, no topo do edifício. Madas
e Dakar prenderiam barras ao arame e escorregariam para a torre

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


principal sem acionar o sistema de defesa. Dakar cuidaria do resto
do sistema antes de ajudá-las a localizar Jazin.

Madas pegou a bolsa contendo os itens que precisaria—


Lembre-se, a ajuda virá do homem com olhos brilhantes. É um
amigo. Não o tema.

— Lembrarei — falou, ajoelhando e olhando para as barras.


— Esperem meu sinal para saber que está livre.

— Iremos — sibilou baixo. — Pequena guerreira, acredite em


suas habilidades e fique segura.

Assentiu solenemente. — Tomarei cuidado. Só quero tirá-lo


daqui levá-lo para um lugar seguro.

— Lembra da configuração dos controles que funcionam no


sistema de defesa acima do solo? — Perguntou Dakar.

Assentiu, passando os pés pelas barras— Sim, lembro. Dê-me


pelo menos duas horas — falou, abaixando cuidadosamente o resto
do corpo. Era apertado, mesmo para sua forma pequena. — Passe-
me a bolsa — pediu suavemente.

Madas colocou a pequena bolsa dentro de uma maior.


Continha os explosivos que precisaria, além de várias armas e um
dispositivo que substituiria os controles das portas. Recuou para
que Dakar guardasse os últimos itens que precisaria, sua besta,
flechas e um cajado que se estendia apertando um botão.
Precisaria disso para ajudá-la a se equilibrar enquanto cruzava o
fio.

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


— Duas horas — falou para os rostos olhando-a antes de se
virar. — Hora do show — murmurou antes de ir para a tubulação
estreita que atravessava a montanha.

— Acorrentarei minha companheira quando colocar minhas


garras nela — Gril Tal Mod rosnou furioso, estudando o último
relatório que chegou.

Perderam dois dias de viagem quando seguiram uma trilha


falsa. A que seguiam agora lhes enviaram anonimamente, por um
informante que passou informações que apenas ela diria ao
homem. Informações que compartilhou com ele e ignorou. Culpa e
medo o consumiam por não a ouvir. Era algo que mudaria na
próxima vez que a colocasse debaixo dele. Ouviria seus sonhos e
os levaria a sério no futuro. Se tivesse uma chance no futuro.
Haverá uma próxima vez, jurou baixinho.

— Temos alguma ideia de quem é o informante? — Perguntou


Ajaska, encarando o filho e ele. — Torak, autenticou as imagens do
vídeo que enviaram?

— São autênticas. Verifiquei-as duas vezes — respondeu,


encarando a imagem tridimensional que receberam, que também
incluía imagens da prisão que mantinha seu irmão mais novo.

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


— Não há nada sobre o informante, mas sabia coisas que
apenas minha companheira lhe diria — falou Gril. — Sabia coisas
que ela nunca contaria a ninguém, mesmo sob tortura —
acrescentou com relutância.

— Também sabia coisas sobre Jazin que apenas algumas


pessoas selecionadas conhecem — Torak acrescentou.

Ajaska assentiu, estudando as informações que possuíam e


analisava a melhor maneira de tirar o filho caçula com vida.
Quando Gril o procurou com o vídeo e as informações que Jazin
estava vivo e preso, ficou atordoado. Quando River se aproximou
dele e de Torak naquela mesma manhã com o que Madas e Star
lhe contaram, se enfureceu. Não com a delicada guerreira de olhos
azuis, mas consigo mesmo por aceitar que o filho morreu sem
verificar as informações pessoalmente. A dor nublou seu
julgamento. Era algo que não faria novamente. Por causa de sua
falta de ação, seu filho estaria perdido sem que soubesse o que
realmente aconteceu com ele. Ainda o faria se não o alcançassem
em breve.

Cerrou os punhos sob a mesa, furioso com seu ex conselheiro.


Deveria tê-lo matado quando suspeitou que estava por trás dos
assassinatos de alguns membros do conselho. O fato de não ter
provas concretas foi a única coisa que o deteve. Antigamente, não
importaria, mas a nova Alliance estabeleceu diretrizes para cada
galáxia. Matar membros do seu conselho só por presumir que
assassinaram outras pessoas, estava na lista do que não era
permitido. Queriam provas primeiro.

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


— O informante avisou que nos contataria se precisassem de
mais assistência. Só espero que cheguemos a tempo — falou Torak.
— O sistema de defesa na fortaleza é relativamente novo, criado
pelos Corazans. Podemos retirá-lo, mas os alertaria que estão sob
ataque. Existem vários túneis de fuga. Também os cobriremos.
Temos três naves de guerra A-Class e seis C-Class. Cada uma tem
mais de cem combatentes a bordo.

— Tenho três naves de guerra Tearnat que chegarão em breve.


Cada uma tem cinquenta caças a bordo e cobrirá a região externa
para as naves estelares inimigas — acrescentou Gril.

Ajaska assentiu e se inclinou estudando a estrutura da


prisão. — O que é isso? — Perguntou, apontando para uma área
mais escura sob a superfície do planeta. A forma mais escura
percorria uma longa distância não muito longe da fortaleza e
parecia ser muito profunda.

— É uma ravina natural — respondeu Gril. — Tem mais de


duzentos metros de profundidade. Contorna três lados da
fortaleza. A parte traseira está construída na montanha.

— Nossa melhor aposta é entrar rápido. Os caças podem


retirar os canhões de laser aqui, aqui e aqui — falou Torak,
apontando para os três maiores canhões montados no alto. —
Lançaremos transportes de ataque aqui e aqui. Podem entrar e
receber fogo pesado com pouco dano. Dois virão do Leste e do Sul
para tirar os canhões ao longo deste muro. Permitirá que as tropas
terrestres se movam usando transportes blindados adicionais.

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


— Ordenarei tropas adicionais a partir daqui — acrescentou
Gril apontando para a montanha. — Descerão a encosta da
montanha facilmente.

— E o lado Oeste? — Perguntou Ajaska.

— É aí que suspeitamos que Jazin está preso. Iremos nível


por nível. Não correremos o risco de matá-lo ou enterrá-lo vivo —
afirmou Torak, olhando melancolicamente para a imagem. — Só
espero que o alcancemos antes que Tai Tek ordene sua execução.
Na verdade, essa é minha maior preocupação.

— Já estará fora — falou uma voz da porta suavemente.

Virou-se e fez uma careta para sua companheira. Deixou-a


em seus aposentos. Deveria pensar melhor que acreditar que
ficaria lá. Planejara deixá-la em Kassis, mas um olhar para seu
rosto lhe avisou que não aconteceria. Seus dedos foram para a
têmpora que de repente latejou. Tinha tendência a fazer isso
sempre que ela tinha aquele olhar.

— Por que acredita nisso, Lady River? — Gril perguntou


olhando nos olhos azuis escuros da mulher incomum.

— Porque sei o que faria se estivesse no lugar deles e Star


faria o mesmo — respondeu calmamente olhando a imagem
flutuando acima da mesa. — Não é muito diferente que no navio
de guerra de Trolis — murmurou entrando na sala e mais perto da
planta tridimensional.

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


— Diga-nos como resgataria meu filho — Ajaska pediu
calmamente, olhando atentamente para o rosto dela enquanto
estudava o mapa.

— O que é isso? — Perguntou, apontando para um ponto


escuro no lado da montanha.

— Parece um sistema de dutos para água. É pequeno demais


para os guerreiros atravessarem e, mesmo que pudessem, não
desceriam a montanha sem serem vistos ou sem acionar o sistema
de defesa — respondeu Gril, franzindo a testa.

— Um guerreiro Tearnat ou Kassisan talvez, mas não uma


pequena artista de circo — falou com um pequeno sorriso— E isso?
O que é e para onde irá?

Torak franziu a testa, estudando o cabo fino. Voltou seus


olhos para a torre onde se conectava. Seria impossível para um
guerreiro usá-lo. Se tentassem, seriam atacados porque o sistema
de defesa a laser chegava a alguns centímetros abaixo dele. A única
maneira de atravessá-lo seria...

Uma maldição irrompeu dos lábios dele e do pai ao mesmo


tempo. — É suicídio atravessar isso! Seria depois do anoitecer ou
a veriam e não há garantia da força ou integridade do cabo.
Provavelmente existe desde que a fortaleza foi construída há cem
anos ou mais — falou.

— E o que faria se conseguisse? — Perguntou Ajaska,


incrédulo.

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


— É apenas uma mulher pequena. Precisaria entrar na sala
de controle e descer oito níveis ou mais através de uma fortaleza
cheia de guerreiros experientes.

River sorriu. — Descobrirá uma maneira. Não esqueça, não


está sozinha. Tem Madas, Dakar, Armet e nosso informante
desconhecido para ajudá-la — respondeu confiante. — Sabemos
como chegará à torre de controle. Simplesmente não sabemos
como tirará Jazin. Estaremos prontos para quando o fizer. Porque
se há uma coisa que sei, é que... — pausou, olhando cada homem
sentado na mesa antes de continuar — se fosse Torak, Ajaska ou
qualquer outro membro da minha família, nunca pararia, nunca
desistiria até tê-los comigo. — Olhou para o Tearnat e sorriu. —
Algo o impediria de chegar a Madas?

Gril pensou em um tempo não muito atrás. Uma época em


que ficou em uma posição semelhante a Jazin. Só que fora sua
companheira que foi capturada e condenada a morrer. Não, nunca
desistiria, nada o pararia. Sua cabeça enorme e grande girou para
olhar a imagem novamente. Desta vez, pensou o que Madas faria.
Pensou como a guerreira que ela era. Curvou seus lábios finos em
um sorriso, mostrando os dentes longos e afiados.

— Sei como tirarão Lorde Jazin — rosnou baixo e confiante.


— É isso que faremos para ajudá-los.

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


ONZE
Star empurrou a bolsa na sua frente. Finalmente viu a luz no
fim do túnel. Era fraca, mas uma luz. Moveu-se pelo cano um
pouco mais rápido, pois era mais largo que pensavam inicialmente.
Levantou o rosto para a brisa constante que passava pelo
aqueduto, avaliando a velocidade. A travessia seria difícil com a
visibilidade limitada. A última coisa que precisava era de uma
grande rajada de vento balançando-a. Fez alguns trabalhos aéreos
externo, mas não muito. Não contou isso aos outros.

Quando chegou ao fim, sentou e observou a enorme fortaleza.


Dentro estava o homem que amava mais que a própria vida. A brisa
leve brincava com os longos fios de cabelo loiro que soltaram da
trança e secou o suor em seu rosto, esfriando a pele quente. Moveu
seus olhos sobre o complexo. Muros altos o cercavam por três
lados, onde se misturavam à montanha. Era bonito de uma
maneira medieval. As paredes eram quase pretas e escorregadias,
como se cada bloco de pedra fosse encaixado perfeitamente e polido
à mão. Três torres altas adornavam as paredes com passagens
interconectadas entre elas. Via o movimento de guerreiros nas
torres e nas paredes. Grandes e pequenos canhões cobriam as
paredes. Encarou a torre alta no centro. Logo abaixo do topo, via
uma abertura onde um canhão estava montado. Percorreu o
edifício com cuidado, procurando ameaças em potencial. Contou
dois guerreiros na torre. Colocou os óculos que Armet lhe deu.
Ajustando o foco, observou os homens por vários minutos. Não
olharam para cima, felizmente. Observou onde o fio se conectava à

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


alta torre central. Poderia ser um fio terra, portanto, se um raio
atingisse a torre, atravessaria o fio na montanha, em vez de
danificá-la. Conectava-se a cerca de cinco metros acima do centro
aberto, onde estavam os guerreiros. O telhado era curvo, mas havia
apoios para mãos e pés perto do fio estava preso, para que fizessem
a manutenção.

Focou na abertura onde os guerreiros estavam novamente.


Teria que tirá-los dali. Não usaria as pequenas bombas de pó que
Madas fez. A área era muito aberta e a brisa sopraria para longe.
Precisaria matá-los; rápido e silenciosamente. A porta que ia
acessar ficava dentro de onde estavam. Seu coração torceu com a
ideia de tirar outra vida, mas faria o que fosse preciso para resgatar
Jazin. Não era como se não tivesse matado antes, lembrou
enquanto tirava os óculos da cabeça e os enfiava na mochila. Olhou
de onde estava sentada. Desceria menos de um metro até uma
plataforma estreita de metal ao redor do cabo que atravessaria. O
diâmetro do cabo era um pouco mais grosso do que o que estava
acostumada a balançar, então confiava que a travessia não seria
muito difícil. Olhou para o céu. Começaria em dez minutos.
Enquanto isso, organizou sua mochila para ter tudo o que
precisava à mão.

— Irei atrás de você, Jazin — murmurou no crepúsculo. — Se


pode me sentir, o buscarei.

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


Jazin ergueu a cabeça. Caiu em um sono leve, graças à
exaustão total de seu corpo e aos adesivos para dor que ainda
aliviavam seu desconforto. Vasculhou a escuridão da cela. Ouvira
a voz de Star. Jurava que quase sentia seu hálito quente contra
sua pele. Estava perto. Fechou os olhos com força, lutando contra
o medo que crescia dentro dele, como lava dentro de um vulcão que
não podia mais contê-la.

Deixaram-no alegremente sozinho nas últimas horas desde


que Jarmen saiu para verificar se captaria algum sinal de
comunicação ou saber quando Tai Tek retornaria. Um tremor
balançou seu corpo. Esperava que o ex conselheiro não retornasse.
Pendurava-se na vida por um fio. Tinha apenas a pequena
quantidade de água e nutrientes que o amigo lhe trouxera. Entre a
falta de comida, água e a perda de sangue pela tortura que sofreu,
estava extremamente fraco. O medo o envolveu com o pensamento
do que aconteceria com Star se o traidor a pegasse.

— Por favor, se me ouvir — sussurrou na escuridão fria que o


cercava. — Por favor, mantenha-se segura.

Antes de conhecê-la, fazia anos que pensava nos deuses que


libertaram seu mundo. Zephren, deus da guerra, seus dois filhos e
três filhas chegaram ao mundo há milhares de anos. Os escritos
antigos contavam sobre uma época em que o povo de Kassis quase

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


se extinguiu. Seu mundo foi dominado por uma raça cruel de
alienígenas que queriam despoja-lo de tudo que vivia. Zephren,
seus filhos e filhas, chegaram na noite em que as luas gêmeas de
Kassis se alinharam para formar apenas uma. Dizia-se que só
acontecia uma vez a cada dois mil anos. O céu ficou roxo escuro
com a tempestade feroz que o assolava. Fora da tempestade, seis
grandes navios apareceram nos céus das últimas cidades restantes
de Kassis, cada uma comandada por um dos grandes deuses e
deusas. A batalha que foi feroz, mas no final, o povo de Kassis ficou
livre. Sua família era descendente de uma das deusas. Contam que
se apaixonou pelo comandante das forças que protegiam a cidade
onde estava sua casa, enquanto as irmãs se apaixonaram por seus
primos. Falam que foi assim que os diferentes clãs se formaram em
um esforço para tornar seu mundo mais forte. De fato, lembrava
das lições que recebeu quando menino, o jardim localizado no
centro das quatro Houses of Kassis é onde seu antepassado e a
Deusa juraram seu amor e as casas reais de Kassis foram
construídas para seus filhos. Recebeu o nome desse grande
guerreiro de muito tempo atrás.

Agora, pensou, inclinando a cabeça contra a parede irregular,


tenho minha própria guerreira alienígena.

Como seu ancestral lidava com uma companheira que estava


em constante perigo estava além dele. Sentia seu estômago revirar
ao pensar em algo acontecendo com ela. Um pequeno sorriso
curvou seus lábios quando pensou no olhar rebelde dela depois de
levá-la para sua casa. Constantemente tentava escapar ou fazer
coisas que sentia que eram demais para ela. Suas maldições

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


empolgantes ainda ardiam em seus ouvidos sempre que a pegava,
assim como seus beijos quentes aqueciam sua alma. Uma risada
escapou quando se lembrou.

Não, pensou, não a queria de outra maneira. Amo-a tanto. Não


lembro se lhe falei. Viverei para contar-lhe o quanto significa para
mim.

Puxou um adesivo para a dor que escondeu debaixo de uma


pedra solta e o colocou no pescoço. Se o que Jarmen falou era
verdade, outros sabiam onde estava e o procurariam. Faria o que
pudesse para ajudar. Concentrou-se, focando sua mente e corpo
em reunir força necessária quando chegasse a hora. A esperança
floresceu dentro dele quando percebeu que não morreria sozinho
nesta prisão desconhecida. Uma fúria ardente aumentou com essa
esperança. Voltaria para casa. Não decepcionaria seu povo. Não os
deixaria vulneráveis a ataques. Era Jazin Ja Kel Coradon, o
terceiro filho da House of Kassis, descendente da deusa e do grande
guerreiro Jazin. Protegeria seu povo, como era seu direito como
Lorde de Kassis.

Levantou devagar, com firmeza ao sentir o espírito dos


guerreiros da antiguidade retornarem à sua mente e corpo. Com
esforço, moveu-se em um padrão focado. Lentamente a princípio,
antes de aumentar a velocidade enquanto seu corpo respondia aos
seus comandos. Ignorou a carne rasgada no peito e nas costas, o
puxão nos cortes ou a dor dos machucados. O adesivo bloqueava
a maior parte de seu desconforto. Virou, fazendo a dança milenar
do guerreiro. Estaria pronto quando sua companheira viesse.
Lutaria ao lado dela enquanto pudesse.

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


Star parou, esperando que a rajada de vento terminasse seu
fluxo rodopiante e inconstante à sua volta. Não era ruim, mas havia
rajadas ocasionais que ameaçavam desequilibrá-la. Esperou até
que passou, o longo cajado em suas mãos inclinando-se levemente
quando precisava do equilíbrio adicional de um lado ou de outro.
Os sapatos que usava eram mais macios que as botas guardadas
na bolsa. Manteve a pequena besta e flechas enfiadas firmemente
sob a mochila. Olhou para frente, tateando cuidadosamente com
os dedos dos pés, enquanto os olhos focavam na imagem da ponta
do fio que tinha em sua cabeça. Desceu de seu esconderijo logo
após escurecer e pisou no arame. Calculou que tinha pouco menos
de cem metros até a torre. Parou quatro vezes enquanto as rajadas
se reuniam e dançavam ao seu redor, tentando desequilibrá-la.
Recusou-se a se curvar a ele. Agora, quando o fim se aproximava,
se concentrou nisso. Estava perto o suficiente para ver onde o fio
era preso na pesada fortaleza de pedra. Uma luz de busca dançou
sob ela brevemente, mas digitalizava muito abaixo de onde estava.

Suspirou aliviada ao pisar no telhado curvo da torre.


Inclinando-se para a frente, agarrou um dos anéis de ferro usados
como apoio para os pés e as mãos. Virou e sentou, puxando a
mochila e a besta de suas costas. Colocou a bolsa em volta de um
dos anéis mais altos antes de carregar duas flechas na besta.
Apertou outra entre os dentes antes de descer até o último anel.

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


Girando, enfiou os pés nele e curvou-se lentamente para trás.
Ficaria pendurada pelos pés e atiraria de cabeça para baixo. Seria
semelhante à quando fazia alguns de seus atos. Só se concentraria
no fato que os alvos estariam vivos e em movimento. Arqueando as
costas, abaixou o corpo lentamente usando os músculos que
aperfeiçoara ao longo de uma vida de treinamento. Mal alcançou a
beirada do telhado. Permaneceu imóvel, os músculos tensos
mirando cuidadosamente. Um guerreiro virou a esquina para
conversar com outro homem. Teria que ser rápida para matá-los.

— Preciso de bebida — um falou. — Quer alguma coisa?

— Traga-me um pouco de comida — resmungou o outro,


movendo a luz em um arco lento. — Não jantei. O novo capitão de
Tai Tek me mandou aqui em cima. É o terceiro turno que fiz sem
interrupção — reclamou. — Dormirei algumas horas mais tarde.

— Poderia também — respondeu o primeiro guerreiro,


avançando até ficar no caminho do outro homem. — Nada acontece
aqui. Não me importo, só não deixe o capitão pegá-lo — murmurou
sombriamente. — Cortou a garganta de dois guerreiros por
reclamar.

— Na primeira chance que tiver, estarei fora daqui —


respondeu o homem. — Encontrarei melhor salário vendendo
lutadores para os ringues em Elpidios que aqui.

— Talvez entremos juntos — disse o outro antes de virar para


a porta. Arregalou os olhos quando viu a longa trança loira de Star
pendurada abaixo dela.

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


Disparou a besta no momento em que ele abriu a boca. Deu
um passo para trás surpreso e olhou a flecha saindo de seu peito
antes de cair no chão. O outro homem virou surpreso e deu um
passo à frente, mas foi o mais longe que chegou antes que ela
soltasse a segunda flecha, atingindo-o na garganta. O suspiro
estrangulado dele foi suave, mas pareceu ecoar alto nos seus
ouvidos sensíveis. Rapidamente se levantou. Girando, agarrou a
mochila e deslizou-a nos ombros. Deixou o bastão equilibrado nos
anéis e prendeu a besta firmemente ao seu lado antes de voltar ao
último anel. Virou de frente para o topo do telhado e ficou de
cabeça para baixo, segurando o anel antes de deixar seu corpo cair
sobre a lateral do telhado e balançar na área aberta. Dobrou e
rolou, subindo em um joelho e rapidamente enfiou outra flecha na
besta. Depois de confirmar que estava sozinha, exceto pelos dois
cadáveres, bateu no pequeno dispositivo preso ao ouvido para ligá-
lo.

— Entrei — sussurrou antes de desligar o dispositivo.

Removeu a mochila e pegou os itens que precisaria para


derrubar o sistema de defesa. Puxou a máscara de tecido sobre o
rosto, certificando-se que estava segura antes de pegar duas das
pequenas bolas de pó que Madas fez. A última coisa que retirou foi
o dispositivo para destrancar a porta sem alertar quem estava
dentro. Levantou e caminhou até a porta estreita. Um painel estava
aceso ao lado dela. Conectou o dispositivo e apertou o botão que
Dakar lhe mostrou. Esperou impaciente, observando ao redor
enquanto uma série de luzes no painel mudava de vermelho para
verde. Seus olhos contornaram os dois homens que matou.

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


Recusou a sentir remorso. Fizeram sua escolha quando decidiram
trabalhar para Tai Tek.

Pelo que ouviu antes de atirar, planejavam outras coisas que


também machucariam outros indivíduos. A última luz acendeu e a
porta à sua frente abriu silenciosamente. Entrou e virou,
encarando a porta que fechava atrás dela. Não haveria volta agora.

— Ela entrou — Dakar gritou baixinho para Madas, que


descia a encosta da montanha.

— Quase chegamos no cabo — respondeu em um assobio


suave.

Ele olhou para baixo. Via o cabo tão claro como o dia com os
óculos noturnos. A companheira não precisava de nada. Aprendeu
algumas coisas muito interessantes sobre a Tearnat. Tinha uma
coragem que faltava às mulheres de Kassis. Também tinha um
estranho senso de humor que gostava. Ofereceu-se para carregá-
lo nas costas pela encosta da montanha, se quisesse. Quando
conteve uma resposta irritada, ela se dissolveu em risos que lhe
disseram que sabia que nunca aceitaria tal ajuda. Quando
ameaçou contar a Gril sobre sua oferta, ela corou furiosamente.

— Não faria se fosse você — Madas sussurrou, abaixando a


cabeça.

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


— Por quê? Acha que se chatearia ao saber que tinha outro
homem enrolado em você? — Perguntou com uma sobrancelha
levantada, gostando de vê-la desconfortável.

Ergue os longos cílios e olhou-o com um pequeno sorriso. —


É muito ciumento. Se fosse nas minhas costas, ele pensaria que
queria me montar — sussurrou com uma risada. — Não que fosse,
mas não o veria assim.

Arregalou os olhos, estudando-a. Era muito bonita à sua


maneira. Seus longos cílios emolduravam olhos de meia-noite que
brilhavam frequentemente com humor, compaixão e inteligência.
Correu os olhos sobre a curva delgada da cabeça e pescoço antes
de viajar pelo corpo. Era diferente, mas linda.

— Não teria tanta certeza, Lady Madas — falou com uma


ligeira curva nos lábios em troca. — É muito bonita. É difícil ignorar
e acredito que seu companheiro está mais consciente de sua beleza
que você — respondeu, desaparecendo na beirada da montanha.

Madas arregalou os olhos quando as palavras de Dakar


afundaram e corou de um verde ainda mais escuro quando os olhos
dele a percorreram. Nunca pensou que outro homem a olharia com
desejo como Gril. O fato do guerreiro Kassisan a ver como uma
mulher desejável a surpreendeu. Perguntaria ao seu companheiro
sobre isso. Imaginou o rosto de Gril quando relatasse o que o
guerreiro acabou de falar e decidiu que talvez, apenas talvez, fosse
melhor não dizer nada, afinal.

Pulou, aterrissando levemente na beirada de acesso de metal


ao redor do cabo. Um momento depois, Dakar pousou ao seu lado.

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


Ele rapidamente examinou a área aberta onde Star falou que
estava. Não viu nada que significasse que já acessou o elevador que
a levaria à sala de controle. Respirou fundo, calmamente, tentando
acalmar os nervos que se contorciam ao pensar no que aconteceria
se fosse pega.

Virou quando sentiu uma mão roçar seu braço. — Ela ficará
bem — falou Madas olhando, não para ele, mas a torre em frente.

— Defesas desligadas — uma voz suave de repente acariciou


seu ouvido.

— Assumiu a sala de controle — falou Dakar severamente,


enquanto o fôlego que prendia era liberado em alívio. — Vamos.

Madas prendeu a barra de mão no arame e se lançou. O ligeiro


ângulo para baixo permitiu-lhe deslizar a uma taxa constante de
declínio. Entrou na área aberta no momento em que estava perto
o suficiente e virou. Estendeu a mão e agarrou Dakar pela cintura
quando veio atrás dela um pouco mais rápido que pensava.
Firmou-o antes de soltá-lo rapidamente e recuar.

— Obrigado — falou rispidamente.

— Pegaremos Lorde Jazin e sairemos daqui — apontou para


os dois homens mortos. — Espero que haja muito mais antes de
sairmos. Preferiria não ser um deles.

Dakar assentiu e foi em direção ao elevador. O dispositivo


ainda estava conectado para que entrassem. Apertou-o e o elevador
abriu. Tirando-o do painel, entrou e esperou por ela antes de
pressionar o painel interno. Em instantes, desciam rapidamente

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


da torre para a sala de controle do térreo. Tanto ele como Madas
sacaram suas pistolas em preparação. Não queriam surpresas.

Star virou quando a porta da sala de controle abriu, puxando


a besta na frente dela. Lançaria a flecha que preparara quando
olhos brilhantes congelaram seu dedo no gatilho. Olhou-o
atentamente antes de fazer uma careta.

— Bem, entrará ou deixará todos saberem que algo está


acontecendo? — Perguntou, impaciente.

Voltou ao painel de controle e se concentrou no que faria.


Armet disse-lhe para desativar o sistema de comunicações, assim
os guerreiros não enviariam e receberiam instruções. Tentava
encontrar o painel que lhe mostrou no diagrama.

— O que está fazendo? — A voz rouca e profunda perguntou


hesitante.

Olhou por cima do ombro. — Armet e Dakar falaram para


desativar o sistemas de comunicação, mas não encontro o painel
que me mostraram — reclamou.

— Irei desativá-lo — respondeu o homem calmamente.

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


Observou quando os olhos cor de âmbar mudaram de cor, se
concentrando por um momento. — Está desativado — respondeu
antes de virar a cabeça.

Jarmen deu um passo para trás, mas parou surpreso quando


uma mão pequena e esbelta tocou seu braço. Estremeceu surpreso
ao sentir outro ser tocá-lo, mesmo através do material de sua
camisa. Fixou seus olhos nos azuis claros, encarando-o
atentamente.

— Ainda está vivo? — A voz rouca do sexo feminino perguntou


com tremor — Jazin. Meu companheiro está vivo?

— Sim — respondeu. — Está vivo.

Os olhos dela lacrimejaram e fungou antes de se aproximar


para envolver seus braços firmemente na cintura dele. — Obrigada.
Muito obrigada por tudo. Nunca poderei retribuir o que fez —
engasgou.

Jarmen olhou por cima da cabeça da mulher que tinha os


braços ao seu redor. O calor inundou seu sistema enquanto
sentimentos que nunca teve antes o rasgavam. É isso que significa
receber um abraço. Seu cérebro processou a informação que
recebia e analisou os efeitos em seu corpo. Respirou
profundamente. Choque fluiu através dele com a reação. Detectou
cada cheiro e os decompôs em sua forma mais elementar. A
classificação das flores que se misturavam com o folículo piloso, a
loção que tinha junto com outro perfume delicado, o sal, o suor e
o aroma natural da pele. Tudo lhe veio e processou, analisou e
armazenou. Fechou seus braços levemente ao redor dela, querendo

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


ver se a sensação de sua pele combinava com o que leu. Os
sensores nas pontas dos dedos captaram a textura e quase gemeu
com a suavidade. A cobertura de sua própria pele não era tão macia
como essa e as vezes em que tocara em Jazin para ajudá-lo a se
levantar ou agarrar sua mão nunca foram tão macias, delicadas e
suaves.

A porta abriu de repente. Imediatamente entrou em modo de


defesa, girando para que seu corpo ficasse entre a porta e a fêmea.
Levantou o braço, vários raios de luz focados no centro dos peitos
de Madas e Dakar, enquanto sua cabeça se voltava para eles. O
homem empurrou a fêmea Tearnat, que encontrou na extremidade
do planeta, para atrás dele e levantou a própria arma.

— É o informante? — Dakar perguntou asperamente.

— É a equipe de resgate? — Perguntou em troca.

Dakar manteve a arma apontada, mas ergueu a outra mão em


saudação. — Sim. Agora, solte Lady Star ou explodirei sua cabeça.

Madas riu, afastando a atenção de Dakar por um breve


momento. Longo o suficiente para avaliar o tom de proteção que o
macho tinha para as mulheres. Relutantemente soltou a pequena
fêmea em seus braços e deu um passo para trás. Ficou surpreso
que foi a primeira vez que realmente olhou ao redor da sala. Estava
tão fascinado pela pequena mulher que nem avaliou a sala.
Rapidamente contou dez formas inconscientes. Franzindo a testa,
olhou-a novamente tentando entender como derrubaria tantos
guerreiros ao mesmo tempo.

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


— O que é isso? — Perguntou, tocando suavemente a máscara
que cobria a metade inferior do rosto de Star.

— Uma máscara de fibra vegetal que Madas fez para mim.


Protegeu-me das bombas — respondeu, tirando a máscara.

Ele respirou fundo. Captava levemente o resíduo do pólen da


no ar. Balançou a cabeça quando uma leve onda de tontura o
ameaçou. Precisaria analisá-lo mais profundamente quando
retornasse à sua casa. Por enquanto, se apressariam. Já era tarde,
muitos guardas dormiam, mas não duraria muito se alguém
usasse o sistema de comunicações e percebesse que não
funcionava mais.

— Precisamos nos apressar antes que percebam que algo está


errado — falou. — Eu a levarei até Jazin. Dakar e eu o
carregaremos. São capazes de nos defender se precisar? —
Perguntou, olhando primeiro para Star e depois para Madas.

Ambas o encararam com sobrancelha levantada. Não sabia o


que significava, mas esperava que fosse um sim. Estava prestes a
virar quando congelou. Uma mensagem era transmitida. Tai Tek
voltou e não estava sozinho.

Virou a cabeça e encarou-os. — É tarde. Tai Tek voltou. Eu o


deterei e a seus homens o maior tempo possível enquanto resgatam
Jazin. Vá para o final do corredor, desça dois níveis, vire à esquerda
nas próximas duas curvas, depois três a direita e desça outro nível.
Está na quinta cela. Voltarei se puder. Depressa, ele trouxe mais
guerreiros.

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


Star observou com os olhos arregalados quando o homem com
olhos âmbar brilhantes desapareceu pelo caminho oposto que lhes
instruiu. Assustou quando Madas agarrou seu braço, puxou-a
para a porta e desceu em direção à escada no final do corredor.
Seu coração bateu mais rápido com a adrenalina. Dakar as seguiu
de perto.

— Como carregaremos Jazin se não pode andar? —


Perguntou, descendo as escadas correndo.

— Tenho algo que ajudará — Dakar murmurou. — Não se


preocupe, o tiraremos daqui.

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


DOZE
Ajaska olhava as informações que chegaram. Havia quase
uma dúzia de navios de guerra Elpidios ao redor do pequeno
planeta. Com nove navios de guerra Kassisan e três navios de
guerra Tearnat, eram iguais em número. A maior diferença era a
tecnologia. Os navios de guerra Kassisan eram superiores,
enquanto os Tearnat e Elpidios iguais não apenas em tecnologia,
mas também em sua crueldade na luta. Teve o privilégio de
encontrar uma guerreira Elpidios uma vez antes. Na verdade,
foram três e teve sorte de sobreviver ao incidente. Esfregou a nuca
e olhou desconfortavelmente para o filho mais velho. Nunca
mencionou o encontro simplesmente porque mal se lembrava da
maior parte. Estava muito bêbado na época e era muito mais
jovem. Tudo que realmente lembrava era que mal sobreviveu e uma
ressaca forte na manhã seguinte.

— Senhor, somos saudados — gritou o alferes no console de


comunicações, interrompendo seus pensamentos.

— Comunicações abertas — respondeu, levantando e


cruzando as mãos atrás das costas com uma oração silenciosa aos
deuses.

Obviamente não o ouviram no momento, pensou resignado,


reconhecendo o rosto no centro da tela.

Estremeceu quando o rosto que apareceu a sua frente


escureceu com surpresa e algo mais. Não era o único que lembrava
um pouco daquela noite, tantos anos atrás. Suspirou

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


profundamente estudando o rosto que imaginava nunca mais ver.
Estava um pouco mais velha como ele, mas nunca esqueceria.

— Saudações âme soeur — a voz falou friamente. — Muito


tempo se passou desde que desapareceu.

— Mena — respondeu friamente.

— Então, lembra de mim? — A mulher alta falou com uma


risada sarcástica— Por que está aqui?

— Meu filho é prisioneiro — respondeu severamente. — Não


tenho disputas com os Elpidios, mas tenho com Tai Tek e os
responsáveis por seu sequestro.

A fêmea de pele azul clara levantou lentamente da cadeira


central. Torak olhou para o pai com uma sobrancelha levantada
antes de voltar para a comandante Elpidios. Aproximou-se dele,
ficando à sua direita e atrás em apoio.

— Outro de seus filhos? — Declarou a comandante Mena Rue


olhando para Torak com olhos claros e inteligentes— Seu pai
contou que acasalou não com uma, mas com três guerreiras
Elpidios de uma só vez antes de desaparecer?

O aperto ao redor da boca dele foi a única indicação que não


sabia. Os lábios da comandante se torceram em um sorriso antes
de olhar Ajaska de cima a baixo. Sentiu um calafrio percorrê-la,
pensando nas poucas horas de prazer que desfrutara com o
enorme guerreiro Kassis, quase quarenta anos atrás. Perguntou-
se na época se foi sua imaginação ou a bebida excessiva que tornou

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


a memória mais que realmente foi, mas olhando o peito largo,
admitiu secretamente que não era.

— Que prova tem que o conselheiro Kassisan tem seu filho?


— Perguntou bruscamente.

— Meu filho está lá — afirmou, sem responder à pergunta.

Mena não apontou esse fato óbvio. Tinha um esquadrão de


navios de guerra em que pensar, em vez de uma alma gêmea fora
de lugar que não passou de uma noite há muitos anos. Seu
comandante ordenou que protegesse os cristais necessários que o
Kassisan prometeu. Seu mundo morria e precisava da energia que
forneciam para trabalhar os escudos necessários para protegê-lo
da radiação que o matava lentamente. Tinham uma maneira de
impedir a morte do planeta. O que não tinham era a fonte de
energia para fazê-lo. Avisaram-lhe para não voltar, a menos que
tivesse pelo menos uma nave de suprimentos cheia dos cristais de
energia vital. Tai Tek se aproximou do líder de seu mundo com uma
promessa. Em troca de sua ajuda para se livrar da família
governante corrompida de Kassis, lhes daria acesso aos cristais
que precisavam. Estava cética sobre a promessa. Merda, nem
gostava dele e nem do supremo almirante, mas o Grande
Governante ordenou a missão.

Agora, enfrentava uma força armada mortal que combinava


com a dela. Se recusasse, provavelmente abateria algumas das
naves, mas não havia dúvida que perderia todas as dela. Estudou
o macho enorme e seu filho e sabia que lutariam até a morte para
recuperar o membro da família desaparecido. Voltou seus olhos
para outra figura que surgiu atrás deles, em pé na frente da janela.

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


Arregalou os olhos de surpresa quando uma mulher pequena de
olhos azuis escuros igual oceanos se moveu para perto da versão
mais jovem de Ajaska. Algo sobre ela trouxe uma memória distante.
A carranca dela ficou ainda mais sombria quando o conhecimento
ficou fora de seu alcance. — Desde quando permitem que mulheres
entrem em suas naves de guerra? — Perguntou com a sobrancelha
levantada.

— Não é importante agora — respondeu endireitando-se,


enquanto a preocupação pela segurança de Jazin o pressionava—
Tai Tek está a bordo de uma de suas naves?

Mena olhou para a fúria escura que queimava nos olhos do


líder Kassisan e decidiu naquele momento que não se oporia a ele.
Matar a si e a seus subordinados não lhes dariam os cristais
desesperadamente necessários. Além disso, algo lhe dizia que o
Grande Governante Elpidios conversava com o homem errado, se
ele os quisesse. Relaxou sua postura para mostrar menos agressão
na esperança que saíssem vivos.

— Não, estava a bordo de sua própria nave e voltou à


superfície, — respondeu. — Os Elpidios não disputam com você,
Lorde Ajaska. Apenas concluíamos uma transação de cristais que
nosso mundo precisa desesperadamente. Se precisar de ajuda para
proteger seu filho, ofereço-me e às minhas naves como apoio.

— Agradeço a oferta, mas não acho que seja necessário —


respondeu friamente. — Informe seu Grande Governante que, se
quiser negociar cristais, entre em contato com meu filho, Torak ou
comigo — acrescentou asperamente. — Tai Tek é um traidor. Será
executado por sua participação na tentativa de assassinar a família

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


real. O mesmo vale para qualquer um que pense em prejudicar a
casa real de Kassis.

Mena inclinou a cabeça ao entender a mensagem não dita;


saia ou morra. Voltou os olhos para a mulher em pé
silenciosamente ao lado de Lorde Torak. Arregalou-os em
descrença quando a lembrança que flutuou nos limites de sua
mente de repente se solidificou. Com uma maldição, fez sinal para
que o oficial da comunicação cortasse o sinal aberto. No momento
em que o fez, a comandante Mena Rue virou e gritou para os que
comandavam as outras naves. Retornariam a Elpidios o mais
rápido possível. Se o que lembrava era verdade, a vida ficaria
muito, muito interessante.

Entrou na sala do comandante e sentou no console embutido


na mesa. O bipe exclusivo reservado para comunicações entre os
comandantes da frota soou. Fez uma careta quando viu quem era.
Debateu o que diria ao Grande Governante antes de decidir pela
verdade. Talvez a nova informação fosse ainda mais útil que a
promessa de um traidor Kassisan.

Dakar levantou a mão parando Star e Madas. Ouviu


atentamente e sinalizou que guardas se aproximavam. Star
levantou a besta, pressionando-a firmemente contra o ombro,
enquanto se movia contra a parede. Pelo canto do olho, via o punho

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


de Dakar apertar a pistola a laser que segurava. A respiração
silenciosa de Madas soou perto de seu ouvido enquanto a amiga
pressionava suas costas.

Já despacharam cinco guardas ao sair da sala de controle.


Estavam no segundo nível e tinham mais um a percorrer. Dakar
respirou fundo e virou no corredor disparando enquanto avançava.
Star virou na direção oposta, cobrindo suas costas. Atirou uma
flecha em um guarda quando levantou o braço para disparar
contra Dakar. A explosão do laser atingiu a parede acima da cabeça
dela, quando ele caiu de cara no chão de pedra.

— Limpo — falou calmamente, desmentindo como realmente


se sentia.

— Vamos — resmungou Dakar. — Temos mais um nível,


então sairemos daqui o mais rápido possível.

Madas gesticulou para que ela fosse à sua frente enquanto


seguia Dakar por outro longo corredor antes de se deparar com
outro conjunto de degraus estreitos e sinuosos. Desceram
rapidamente.

Ele parou quando se aproximou dos últimos passos. — Deixe-


me dar uma olhada primeiro — sussurrou.

— Não, não temos tempo — Assobiou. — Ouviu o informante.


Tai Tek está aqui. Não lhe darei a chance de chegar a Jazin antes
de nós!

Dakar apertou a boca, foi a única coisa que mostrou seu


desacordo. Assentiu e desceu os últimos degraus que davam para

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


um longo corredor escuro e estreito. Espiou ao virar a esquina, mas
não viu ninguém. Entrou na abertura e contou as portas, parando
na quinta.

— Lorde Jazin! — Exclamou baixou, olhando pelo pequeno


buraco quadrado na porta.

— Dakar? — respondeu com voz rouca.

— Sim, meu Lorde — respondeu aliviado. — Dê-me um


segundo e abrirei a porta.

Jazin oscilou vertiginosamente por um momento antes de


travar os músculos. O suor picou os vários cortes enquanto descia
por seu corpo, mas o ignorou. Pelo menos ainda estava de pé,
pensou aliviado. Quando ouviu passos se aproximando, temeu que
fossem os guardas ou Tai Tek. Preparou-se para lutar. Não o
torturariam novamente. Relaxou os dedos, soltando a pedra que
cortava sua mão. Sua boca secou a ponto de não conseguir nem
perguntar a Dakar sobre Star.

A porta abriu de repente e uma forma pequena e delicada


irrompeu por ela, respondendo sua pergunta não feita. O suave
grito de raiva dela encheu a cela escura e fria enquanto corria em
direção à sua forma oscilante.

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


— Jazin — gritou, largando a besta no chão para abraçá-lo.

O corpo dele desabou com o toque terno. Estava vagamente


ciente dos braços dela e de Madas controlando sua descida ao
chão. Uma parte sua queria se enfurecer com sua fraqueza.

Não queria que sua companheira o visse fraco demais para


protegê-la. Era o lugar dele ser forte. Infelizmente, seu corpo não
estava com humor para concordar com o que sua mente dizia.

— O que te fizeram? — Star sussurrou passando a mão pelo


rosto machucado e maltratado. — Madas, ajude-o.

A Tearnat olhou para Dakar com preocupação. — Está muito


fraco. Temos que levá-lo à nave o mais rápido possível.

— Notifiquei Armet que entramos e que Tai Tek retornou —


falou, ajoelhando ao lado do príncipe. — Estará no pátio central
em vinte minutos. Jazin, preciso dar-lhe um Fast Patch5 — falou,
sombrio.

— O que é isso? — Star perguntou quando ouviu a hesitação


na voz dele enquanto falava com seu companheiro.

Dakar enfiou a mão na bolsa que carregava e tirou um


recipiente de água e um pequeno pacote. Rasgou-o, revelando um
pequeno adesivo redondo amarelo. Segurou a água na boca de
Jazin, deixando uma pequena quantidade fluir dentro dela antes
de repetir o procedimento até que cerca de um quarto do recipiente
acabasse. Assim que achou que bebeu água suficiente para lidar

5
Adesivo rápido.

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


com a dose de remédio que seu sistema receberia, colocou o
adesivo no centro do peito de Jazin, sobre o coração.

A mão de Star disparou, parando-o antes que o colocasse. —


O que é um Fast Patch? — Perguntou novamente, desta vez com
um traço de aço em sua voz.

Dakar encarou-a antes de olhar para o rosto imóvel de Jazin.


— Acelerará o processo de cicatrização. Minutos depois do sistema
absorver, seu corpo começará a curar — declarou, sombrio.

— O que não está me dizendo? — Perguntou apertando o


punho.

— O que não lhe falou é que há um efeito colateral —


respondeu Madas em voz baixa. — O remédio fará com que se torne
muito, muito agressivo. Isso lhe dará força adicional e inibirá a dor.
Já o vi usado apenas uma vez por causa dos efeitos colaterais.
Foram necessários muitos homens para conter quem usou e ficou
em uma gaiola por muitas horas até o remédio sair completamente
do sistema. Por isso é proibido.

Star olhou para a respiração difícil de Jazin. Sua mão tremia


quando tocou sua pele fria e úmida. Moveu seu olhar sobre a carne
rasgada de seus ombros, peito e estômago. Uma grande
descoloração ao redor de suas costelas se destacou, afirmando que
provavelmente tinha várias costelas quebradas.

— Isso o matará? — Perguntou baixinho, recusando-se a


olhar para as duas pessoas que aguardavam sua decisão.

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


— Não — respondeu Dakar com confiança. — Mas não
prometo que não tentará nos matar.

Star levantou a cabeça e o encarou. — Ele nunca me


machucaria. Irei mantê-lo sob controle. Só nos tire daqui o mais
rápido possível — falou soltando o pulso dele.

Assentiu antes de bater com a mão no peito de Jazin.


Levantou e foi para a porta. Madas colocou a mão no ombro de Star
e apertou levemente antes de levantar e ir em direção à porta
também. Os dois viraram e o observaram cautelosamente.

Quase imediatamente, Star viu uma mudança na respiração


e na cor de seu companheiro. A pele ficou quente, quase quente ao
toque. A respiração ficou mais firme, mais rápida. Seus olhos se
arregalaram quando pequenos cortes e contusões foram
desaparecendo diante de seus olhos. Um minuto estava ajoelhada
ao lado do corpo imóvel dele Jazin, no momento seguinte estava
deitada debaixo dele.

Um rosnado profundo e animalesco ecoou pela cela. Madas


gritou em protesto e deu um passo à frente, mas Dakar a deteve
passando um braço pela cintura dela. Os olhos de Jazin brilharam
para ela quando ele pressionou seu corpo sobre o menor de Star,
prendendo-a no chão.

— Não — Dakar murmurou urgente no ouvido dela. — Ele a


está marcando como dele. Se tentar detê-lo, atacará e matará a nós
dois. Não nos reconhece, mas reconhece o cheiro dela. Fará
qualquer coisa para protegê-la.

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


O rosnado baixo de Jazin reverberou quando seus olhos se
voltaram para Dakar. — Minha! — Rosnou, envolvendo o braço em
volta da cintura minúscula dela e puxando-a contra seu corpo—
Minha! — Repetiu encarando os olhos arregalados e assustados
dela com um olhar ferozmente possessivo.

— Star — Madas sussurrou. — Precisamos sair. Ouço passos


se aproximando.

Star virou a cabeça, mesmo quando Jazin ainda a mantinha


presa contra ele. Seu corpo pendurado contra o dele como uma
boneca de pano. Lambeu nervosamente os lábios secos. Precisava
dizer-lhe que não era com eles que lutaria.

— Jazin — chamou, levantando lentamente o braço para


colocar a mão na bochecha dele. — Querido, precisamos sair. Os
bandidos estão chegando e querem machucá-lo novamente. Não
deixarei que o machuquem, mas não posso lutar contra todos.
Precisamos seguir Dakar e Madas. São nossos amigos. Pode fazer
isso? — Perguntou com uma voz trêmula.

Virou a cabeça e cheirou o pulso de Star antes de passar a


língua sobre o pulso que batia rapidamente. — Minha — ronronou.

— Sim, sua, mas os homens maus me machucarão e me


matarão, se me pegarem — sussurrou desesperadamente ao ver os
amigos fazendo sinal para que se apressasse. — Por favor me
ajude. Estou com medo.

Jazin estreitou os olhos e rosnou novamente. — Vá! — Rosnou


girando com ela ainda nos braços.

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


— Coloque-me no chão — implorou. — Podemos nos mover
mais rápido se andar.

Balançou a cabeça, mas ela empurrou contra ele, implorando


suavemente, até que relutantemente a deixou descer por seu longo
comprimento. Mesmo quando seus pés tocaram o chão, os dedos
dele prenderam seu pulso como uma corrente de ferro. Mal teve
tempo de pegar sua besta antes de ser puxada pela porta e entrar
no corredor escuro.

— Por aqui — murmurou Dakar. — Há um conjunto oculto de


degraus. Se tivermos sorte, Tai Tek não estará ciente deles.

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


TREZE
O lado de Star doía, mas se recusava a reclamar ou diminuir
a velocidade. Não que tivesse muita escolha. Jazin estava selvagem
no momento. A passagem estreita e oculta no extremo oposto do
corredor fora uma surpresa. Lembrou-a algumas das passagens
escondidas nos castelos ingleses que ela, Jo e River visitaram num
verão entre shows. A arquitetura era muito semelhante, fazendo-a
pensar se talvez os humanos fossem realmente descendentes de
alienígenas.

Tropeçou quando se aproximaram do topo. Ele imediatamente


virou e passou o outro braço em volta dela, pressionando-a contra
a parede. Enterrou o nariz no seu pescoço e lambeu uma gota de
suor que escorria pela pele sedosa. Aproximou-se, moendo a pélvis
na dela. Sufocou o grito de surpresa que alertaria todos na fortaleza
sobre sua localização quando sentiu a ereção.

— Só pode estar brincando comigo! — Grunhiu, tentando se


libertar— Está com tesão? Agora?

A risada suave de Madas mal alcançou seus ouvidos, mas foi


o suficiente para saber que a amiga ouviu sua exclamação
assustada. Seu rosto ardeu de vergonha. Esfregava-se nela,
lambendo e chupando o pescoço, ombro e orelha como se fossem
um casal de adolescentes excitados na parte de trás de um carro.

— Pare com isso! — Sibilou quando a mão dele subiu por


baixo da blusa procurando por seu seio.

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


Dakar revirou os olhos antes de acenar para Madas ir na
frente. — Avisei que o remédio o tornaria mais agressivo.

— Agressivo eu entendo. Mas com tesão? — murmurou,


lutando para agarrar a mão que encontrou seu pequeno peito e
puxou o mamilo. Gemeu ao sentir seu corpo responder. — Jazin
não agora, caramba!

— Alguém está vindo! — Madas sibilou pressionando as


costas contra a abertura escura.

Dez guardas corriam pelo corredor. Uma maldição silenciosa


explodiu dos lábios de Dakar antes que rugisse de raiva e puxasse
sua espada laser. Em locais tão estreitos, a pistola seria muito
perigosa. As explosões ricocheteavam nas paredes lisas e polidas
como a luz do sol no espelho. Cortou três quase imediatamente
antes que os outros se reagrupassem e revidassem. Madas
avançou para o corpo a corpo, rodopiando e cortando com suas
garras afiadas e atacando os agressores com seu rabo. Três deles
circularam Jazin. Os olhos de Star brilharam com puro ódio
quando viu que um desenrolava um chicote longo e iluminado.

— Oh, porra, não! — Disparou, erguendo a besta sobre o


ombro do companheiro e soltando uma flecha.

O guarda largou o chicote e agarrou o peito. Olhou para os


olhos ardentes dela, incrédulo, antes de cair morto. Ela não
terminou. Lançou duas flechas adicionais. Uma furou a garganta
do outro guarda, enquanto a outra bateu no ombro do terceiro,
jogando-o de costas em Madas, que virou e passou as garras
desembainhadas no pescoço dele.

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


Jazin a soltou, empurrando-a para trás quando mais dois
vieram para ele. Rosnou, investindo neles. Rolou no último minuto,
pegando o chicote e ficou de pé. Com um movimento do pulso,
enrolou uma ponta em volta do pescoço do guarda e o puxou para
trás com um puxão cheio de adrenalina. O corpo do homem
continuou em pé, mesmo quando sua cabeça decepada caiu para
trás. O grito dela ecoou no corredor enquanto assistia horrorizada.
O segundo guarda correu para ela, determinado a usá-la como
escudo. Não conseguiu. Seu companheiro pulou, aterrissando de
costas e torcendo o pescoço com um puxão selvagem.

Encarou os olhos horrorizados dela e rosnou— Minha! Minha


para proteger.

Levantou e caminhou na direção que estava pressionada


contra a parede. Parou na sua frente e olhou em seus olhos azuis
claros pelo que pareceu uma eternidade. Por um momento, dúvida
e razão lutaram pelo controle de sua mente louca por drogas.

— Star — murmurou com uma voz baixa e confusa.

Via-o lutando pela sanidade. Por apenas um breve segundo,


viu seus olhos claros brilharem de preocupação e amor através do
remédio que percorria seu sistema. Levantou a mão e gentilmente
tocou sua bochecha, um pequeno sorriso de entendimento curvou
seus lábios.

— Está seguro agora — sussurrou diante de seus olhos


nublados.

Agarrou-a pela cintura, erguendo-a até que seu rosto nivelou


com o dele. Esmagou os lábios contra os dela em um beijo forte e

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


possessivo que queimou com desejo e violência mal suprimidos. A
voz de Dakar quebrou a promessa acalorada de posse.

— Movam-se — gritou, limpando o sangue do rosto quando o


último homem caiu no chão. — Jarmen falou que Tai Tek tem duas
dúzias de homens ou mais vindo nessa direção.

Jazin levantou a cabeça ao ouvir os nomes familiares. Lutou


para trazer uma imagem em sua mente para combinar com o
primeiro nome, mas tudo o que imaginou era olhos âmbar
ardentes. Virou, rolando o ombro e passou a mão grande em torno
do pequeno pulso. O nome dela sussurrou em sua mente, mas não
se lembrava agora. Tudo que sabia era que seu cheiro o instigava
a acasalar, possuir, reivindicar e matar qualquer um que tentasse
levá-la. Tudo nele se reduziu a afastá-la de todos. Tinha que deixá-
la sozinha, em algum lugar seguro, e quando o fizesse, a
reivindicaria.

— Ele matou todos, menos Tai Tek e os homens que trouxe —


o guarda murmurou, pressionando a mão no ouvido onde estava o
comunicador. — Falou que estão nesse caminho e tem pelo menos
cinquenta homens.

— Vá — falou Jazin com um movimento da cabeça.

O guerreiro assentiu e passou por cima dos corpos mortos.


Levantou Star em seus braços, segurando o rosto dela contra o
ombro enquanto o seguia. Alguma parte dentro dele sabia que isso
não era algo com sua companheira estava acostumada. O horror
dela o atravessou quando o encarou. Doeu mais que os ferimentos
em seu corpo. Mesmo enquanto pensava nisso, sabia que seu corpo

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


se recuperava rapidamente. Sentir a pele puxando e remendando.
Sentia os ossos das costelas mexendo e o cálcio fazendo a ponte
entre os pedaços quebrados. Sentia até o sangue replicando e
reabastecendo seu suprimento diminuído. Sua mente era um
turbilhão de raiva cega e necessidade desesperada. Cada
respiração dela, cada som de seus lábios, cada toque de sua pele o
enlouquecia com a necessidade de tomá-la. Somente o cheiro dela
era suficiente para fazê-lo ir ao chão ou pressioná-la contra uma
parede e empalá-la em seu eixo latejante. Foi apenas sua parte que
reconheceu que estava em perigo que o impediu de fazer o que seu
corpo e mente exigiam. Predadores protegem seus companheiros
do perigo, anulando todo o resto.

Estavam quase no nível do solo quando homens bem armados


vieram de todas as direções possíveis. O rugido retumbante deles
quando avançaram foi ensurdecedor. Dakar e Jazin responderam,
empurrando as duas mulheres entre eles. Star rapidamente
carregou a besta, disparando flecha após flecha no grupo de
atacantes até que esgotou seu suprimento limitado. Puxou as facas
que River lhe dera e as jogou com a precisão mortal que aprendera
com ela e seus pais. Quando pegou a última faca, segurou...
esperando. Dakar e Madas impediam que os guardas que vinham
de sua frente pela esquerda se aproximassem enquanto Jazin se
movia com a velocidade da luz, abrindo caminho entre os que
vinham atrás deles.

Girou quando ouviu Madas gritar. Viu-a cair sobre o corpo de


um guarda morto, sangue escorrendo de uma ferida na perna. Um
dos guardas rugiu e levantou a espada laser, preparando-se para

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


inseri-la no peito dela. Gritou quando jogou a faca que segurava
com força. A lâmina golpeou com tanta força que afastou o homem
vários passos antes de cair. Correu em direção a amiga. Pegou uma
das espadas ao lado do cadáver de outro guarda e avançou. Jazin
e Dakar estavam ocupados demais para ver o que acontecia. Girou,
cortando a barriga de um atacante antes de se inclinar para trás
enquanto outro lançava um chicote de laser no ar. Viu o rabo
iluminado como se estivesse em câmera lenta, enquanto se
arqueava a centímetros do peito. Endireitou-se quando o rabo se
retirou. Madas levantou com a espada que segurava em seu punho
ensanguentado de onde estava deitada no chão. Os gritos de dor
do homem encheram a câmara junto com outros sons. Star
tropeçou dirigindo-se a ela enquanto mais dois guardas as
atacavam. Seus braços tremiam de fadiga, mas não deixaria
ninguém machucar a Tearnat enquanto estivesse de pé. Avançou
ao mesmo tempo em que um dos guardas chutou, acertando-a no
estômago tão forte que a levantou do chão e jogou para trás vários
metros, onde caiu com força no chão frio de pedra.

Lutou para respirar. Tudo ficou confuso. Apertou a barriga,


mas não recuperou o fôlego. A escuridão embaçou sua visão
mesmo ao ouvir o rugido de raiva de Jazin, o grito horrorizado de
Madas e o grito de negação de Dakar. Sinto muito, pensou, te amo
muito.

O tempo desacelerou até que jurou que viu a menor partícula


de poeira flutuando no ar. Viu o companheiro girando em fúria
contra os homens que a atacaram. O idiota que a chutou caiu de
joelhos sob a força dos golpes da espada dele. A cabeça caiu longe

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


do corpo quando desabou. Madas levantou, equilibrando-se em
uma perna e sua cauda balançando o machado de guerra dupla-
face. Dakar matou um guarda antes que outro enfiasse a espada
na lateral do seu corpo. Ouviu seu grito antes dele virar e derrubar
o homem. De uma passagem escura, um homem apareceu. Era
alto, musculoso e tinha os mais lindos olhos brilhantes que já vira.
Passou pelos poucos guardas que atacavam com uma precisão
mortal. Quando o último caiu, os três viraram para olhá-la onde
estava imóvel. Fechou os olhos lentamente enquanto Jazin se
movia através do labirinto de cadáveres.

Tentou abri-los, mas era muito difícil— Está segura agora —


sussurrou gentilmente levantando seu pequeno corpo.

Cedeu à escuridão que a cercava. Seus braços caíram


frouxamente quando a levantou com um cuidado impossível. A luz
ardente chamando-a para casa.

— Onde estou? — Star perguntou olhando ao redor,


maravilhada e confusa.

O mundo onde estava parecia sair de uma pintura de Van


Gogh. Pequenos telhados de palha eram pouco visíveis à distância.
O céu era roxo profundo. Um forte contraste com os campos de
ouro. Algumas árvores pontilhavam a paisagem de colinas que

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


levavam ao limite das montanhas distantes. Pássaros enormes
voavam alto, suas grandes penas vermelhas, amarelas e verdes se
destacando. Nuvens brancas pontilhavam o céu como a primeira
pintura a dedo de uma criança.

Girou na grama dourada. Era quase tão alta quanto ela. O


som dos pássaros fez com que protegesse os olhos para ver o que
os assustou. Arregalou os olhos quando enormes naves espaciais
romperam a atmosfera. Assistiu horrorizada as naves atirarem nos
telhados da vila. Não via nada devido à fumaça que enchia o céu
lindo e brilhante, mas ouvia os gritos. Virou-se quando a pintura
em que estava, derretia ao seu redor, as cores se torcendo,
desfocando, misturando-se até que um céu noturno cheio de
milhões de pontos brilhantes fosse a única luz visível. O céu não
era preto, mas um rico azul escuro. Lembrou-lhe dos olhos de
River. Redemoinhos de um azul mais claro dançavam na noite,
fluindo como um rio pelo universo. Jurava que via o movimento na
corrente celestial.

Prendeu a respiração quando as estrelas caíram ao seu redor


como uma chuva leve. Pareciam tão reais que realmente levantou
as mãos para segurá-las enquanto caíam. O céu iluminou-se
quando mais e mais estrelas caíram até que foi cercada pelas
brasas brilhantes. Abaixou, pegou uma e olhou-a. Dentro, viu uma
batalha. Um homem que parecia Jazin liderava um grupo de
guerreiros contra uma raça alienígena diferente de tudo que já viu.
Os corpos retorcidos eram enormes e pareciam as mantas de
oração em casa. A luz piscou e morreu. O céu ao redor avermelhou
e ela estremeceu. A cor do sangue a cercou. O companheiro parou

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


em uma colina que agora estava enegrecida e seca. Seu rosto
refletia uma dor tão profunda que a rasgou. Mas havia também
uma determinação de sobreviver, de lutar que admirou. Virou para
ver o que ele olhava. Ao longe, pequenas naves saiam do céu como
as estrelas que vira. Atacavam a espécie alienígena que avançava
para ele e seus guerreiros. A luta foi feroz, mas curta quando
entraram na fúria da batalha com um grito de guerra alto.

O vermelho dissolveu até o chão mostrar cristais iluminados.


Ao seu redor havia pedras brilhantes. Nova vida crescia enquanto
o solo os absorvia, crescendo e se espalhando. Virou quando Jazin
saiu de uma árvore solitária que ainda estava alta e orgulhosa no
lado da colina. Uma forte tempestade assolou o céu roxo escuro,
relâmpagos se formando como se fossem uma grande exibição de
fogos de artifício. Um dos guerreiros que lutaram contra as
criaturas alienígenas pousou a uma curta distância. Ele não se
mexeu. Era um homem enorme, como urso. Flexionou os
músculos, mantendo a mão firmemente na espada. Seus olhos
eram de um preto penetrante. Ela virou-se para o lutador
novamente, fascinada.

A blusa escura com capuz deslizou para trás e uma figura se


levantou. O corpo era pequeno, quase do tamanho de uma criança.
Não viu como era por causa do capacete e do uniforme, mas sabia
que era de aparência humanoide. Seus olhos a seguiram enquanto
avançava a poucos passos dele.

— Quem é você? — Exigiu baixo e feroz.

A figura lentamente removeu o capacete. Com um movimento,


longas mechas loiras caíram em ondas nas costas dela. Star ofegou

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


quando olhou para uma imagem que seria uma réplica exata de
sua silhueta contra o céu roxo e tempestuoso.

A fêmea sorriu antes de responder com uma voz


estranhamente acentuada. — Starla — falou suavemente.
Levantou a mão em saudação. — De um planeta distante
conhecido como Terra.

Ele estudou a mão estendida antes de agarrá-la e puxá-la em


seus braços. — Sou Jazin. Reivindico-a como minha — falou,
curvando ligeiramente os lábios antes de esmagá-los nos dela.

Star gemeu quando ondas de necessidade fluíram por seu


corpo. Queimava. A cena deles há muito tempo se misturou com a
sensação quente de mãos em seu corpo. Sentia-se como as estrelas
que caíram ao seu redor. Arqueou seu corpo de prazer quando uma
língua quente passou sobre seus mamilos inchados. As cores
entraram em foco quando abriu os olhos em uma névoa atordoada
de desejo. Um grito rasgou dela quando as mãos nela desceram
pelo corpo, tocando, acariciando, acendendo chamas enquanto
avançavam. — Jazin — gritou.

— Minha — uma voz profunda rosnou perto de sua orelha.


—Toda minha.

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


Estremeceu ao sentir um longo e duro eixo de pele sedosa
pressionar seu canal vaginal inchado. Mãos duras a agarraram,
levantando os quadris da cama estreita e macia debaixo dela. Com
um impulso, empalou seu comprimento latejante o mais longe que
pôde na fêmea abaixo dele. Estava quase louco com a necessidade
de possuir e marcar a mulher que sabia que era dele. Sua mente
ainda era uma névoa torturada de imagens da semana passada.
Mas, nos recônditos, uma voz suave e calmante o chamou.
Reconheceu seu perfume, seu toque. Quando a viu voando com o
golpe que um dos homens lhe dera, sua mente se dividiu em uma
névoa vermelha de morte e destruição. Mataria todos na sala se
não fosse o homem com brilhantes olhos cor de âmbar. Lembrou-
se dele. Agarrou-o, forçando-o a recostar-se contra a parede em um
abraço inquebrável, enquanto lutava para alcançar as duas figuras
vivas restantes na sala. Falou com ele calmamente. Dizendo-lhe
que sua companheira precisava dele. Pedindo-lhe para combater
as drogas e cuidar de sua mulher. Apenas pense em sua
companheira, nada mais.

Soltou-o lentamente e deu um passo cauteloso para trás.


Jazin o empurrou para longe e correu para o corpo desintegrado
dela. O outro que pairava sobre ela se afastou quando ele se
aproximou, disse-lhe que ela estava apenas inconsciente de ter a
respiração tirada dela. Rosnou para eles, advertindo-os a se
afastarem. Observou quando os dois machos ajudaram a outra
mulher ferida a ficar de pé novamente. Gentilmente puxou o
pequeno corpo em seus braços e o embalou enquanto se levantava.

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


Seguiu-os simplesmente porque tinha que levá-la à
segurança. Saíram para a noite escura. No centro do pátio, uma
nave estelar apareceu subitamente. Gritos e tiros a laser os
seguiram, mas outros combatentes apareceram por cima dos
muros, forçando aqueles que os atacavam a recuar. Não largou a
fêmea em seus braços. Curvou seu corpo protetoramente ao redor
dela enquanto subia a plataforma. Uma vez a bordo, a abraçou
forte, recusando-se a libertá-la quando decolaram sob o fogo
protetor das outras naves. A nave estelar explodiu na atmosfera,
onde uma enorme nave de guerra os escoltou. Recusou-se a deixar
o ônibus, uma vez que atracaram em segurança dentro da nave
maior. Foi a garantia do homem com olhos brilhantes e de Dakar
que seria melhor deixá-los selados lá dentro até que a medicação
passasse por seu sistema. O guerreiro temia que, se os removesse,
causaria mais mal que bem.

Jazin encarou-os até a plataforma fechar. Somente quando as


luzes apagaram e o silêncio o cercou, levantou do assento que
ocupava. Vasculhou a pequena nave até encontrar uma sala
comprida e estreita com um pequeno beliche. Gentilmente deitou
a pequena figura antes de trancar a porta. Mataria qualquer um
que entrasse e a pegasse. Quando sua mente registrou que
estavam em segurança, voltou para a cama onde estava deitada
pacificamente.

Seus olhos vagaram sobre ela possessivamente. Inclinou-se e


agarrou a frente da blusa dela, rasgando-a. Seu pulso já acelerado,
disparou quando uma onda de desejo enviou sangue fluindo para
seu pênis, que latejava dolorosamente. Seus seios pequenos

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


brilhavam à luz suave da sala. Seus olhos foram para a calça justa
que usava. Enrolou os dedos em cada lado e tirou até alcançar as
pequenas botas marrons e macias. Com um grunhido de
frustração, tirou-as e as jogou por cima do ombro. Queria-a nua
agora! Com outro puxão, a calça seguiu as botas. Rosnou baixo
quando seu cheiro o acariciou, implorando-lhe que pegasse o que
era dele.

Rapidamente arrancou a calça esfarrapada e subiu na cama


ao lado dela. Queria ver seus olhos novamente. Queria que
acordasse e aceitasse sua reivindicação. Separou suas pernas e se
estabeleceu entre elas antes de capturar um dos mamilos na boca.
Chupou profundamente, sugando e puxando sem piedade antes de
soltá-lo com um estalo alto. Seu corpo reagiu violentamente
quando a pequena figura arqueou em resposta, buscando seus
lábios e língua.

Seus olhos brilharam com triunfo antes que voltasse sua


atenção para o outro mamilo rosado, implorando por sua atenção.
Chupou-o profundamente antes de mordê-lo com força o suficiente
para puxar um suspiro dos lábios macios. Abaixou uma das mãos
e enfiou os dedos nela, vendo se estava pronta. Pré-sêmen perolado
saiu da ponta de seu pau enquanto deslizava os dedos contra a
maciez de seu canal quente. Empurrou o máximo que pôde
enquanto chupava seus mamilos distendidos. Tirou quase todo o
caminho antes de pressionar ainda mais, mais fundo que antes.

Ela abriu os olhos azuis claros quando arrancou um profundo


gemido de dentro dela. Tirou os dedos para agarrar seu
comprimento duro, alinhando-o enquanto se erguia acima dela

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


para agarrar seus quadris. Queria que soubesse que a
reivindicaria. A névoa profunda e primitiva em sua mente queria
marcá-la como sua para todos verem.

— Minha! — Rugiu, empurrando os quadris para frente,


empalando-a, esticando seu canal apertado até que eram um ser,
uma alma.

— Jazin! — Gritou, agarrando seus braços firmemente


enquanto a empurrava.

Star levantou as pernas, enrolando-as nos quadris estreitos


dele, enquanto se afastava e empurrava para frente uma e outra
vez. Era como se desejasse absorver o corpo dela no dele em uma
possessão feroz que embalava sua alma. Emoções de alívio, amor
e uma necessidade de mostrar-lhe o quanto significava para ela
quebrou as restrições que tinha. Chegou tão perto de perdê-lo. Os
primeiros dias que pensou que o perdeu a fizeram perceber como
seria a vida sem ele. Nunca mais queria se sentir assim. Não se
achava capaz de sobreviver se o perdesse novamente.

Um punho envolveu seus cabelos quando ele abaixou seu


corpo mais perto do dela empurrando mais fundo a cada impulso.
Sua respiração pesada e os sons de seus grunhidos ecoaram na
sala enquanto balançava mais e mais rápido. Soltou a cintura dele,
abrindo-se ainda mais quando ficou mais áspero em sua
necessidade. Seus gritos abafados se tornaram mais altos à medida
que a fricção dentro dela aumentou e se aproximou da beirada do
precipício em que estava. Jazin puxou o cabelo que cerrou no
punho, virando a cabeça dela para o lado antes de morder seu
ombro. Star quebrou sob seu ataque. Seu corpo explodiu em um

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


clímax construído sobre medo, necessidade e amor. Arqueou-se
quando um grito estrangulado rasgou sua garganta, conduzindo-o
tão fundo que não sabia onde começavam e terminavam. Sua
vagina apertou seu pênis com força, pulsando enquanto seu clímax
o envolvia.

— Minha! — Seu grito estrangulado ecoou com seus soluços


suaves, enquanto arrancava a boca do ombro dela e se derramava
profundamente. Seu pau contraiu e sacudiu quando despejou sua
semente em seu ventre. — Minha. Eu, Jazin Ja Kel Coradon, da
House of Kassis, reivindico você, Star, por minha casa e como
minha companheira. Reclamo-a como minha mulher. Ninguém
poderá tomá-la. Matarei qualquer um que tentar. Dou-lhe minha
proteção, assim como meu direito como líder da minha casa.
Reivindico-a como é meu direito pela House of Kassis.

Não sabia de onde as palavras vieram. Sua mente ainda não


processava raciocínios suficientes para entender de onde se
originavam. Só sabia que as palavras que saíram de sua boca
faziam parte dele tanto quanto a respiração que saia de seu corpo
tenso.

Estremeceu quando pequenas mãos subiram sobre a carne


curada nas costas e na lateral antes de passar ao longo do peito.
Encarou os olhos azuis claros. A confusão os nublou por um
momento antes de se encherem de calor novamente. Esmagou seus
lábios nos dela, mesmo quando seu corpo começou a balançar para
frente e para trás novamente. A adrenalina que o percorria fez com
que seus braços se apertassem ao redor dela quando uma onda
dolorosa de intensa necessidade quebrou sua carne quente.

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


— Mais — rosnou em voz baixa e profunda— Preciso de mais.

Star ofegou quando de repente se retirou dela e a virou de


bruços na cama. Seu suspiro se transformou em um grito
assustado quando o braço dele a envolveu e a colocou de joelhos
enquanto a outra mão empurrou a cabeça para baixo. Usou suas
coxas grossas para afastar as pernas dela, expondo-a em uma
posição submissa que a deixava vulnerável.

— Jazin — sussurrou incerta.

— Silêncio — cantarolou, passando as mãos sobre sua bunda


redonda, apertando-a. — Linda — murmurou se inclinando e
mordendo uma bochecha.

— Oh! — Ofegou surpresa.

Um tapa alto soou na sala quando ele bateu na bochecha que


mordeu. — Não se mexa — rosnou. — Minha.

— Jazin? — sussurrou trêmula, sentindo a mão dele subir e


descer sobre sua bunda antes que a abrisse. — O que vai... — Sua
voz sumiu quando outro tapa aqueceu a outra bochecha.

— Quieta — ordenou novamente.

Estremeceu, mas permaneceu em silêncio. Confiava nele,


mesmo induzido por drogas. Era loucura, mas sabia que nunca a
machucaria, não importava o quê. Parecia mais curioso. Ela
também estava. Tiveram apenas uma noite juntos antes disso e foi
muito gentil. Uma parte dela queria que perdesse o controle e a
levasse a um abandono selvagem. Tinha a sensação que
descobriria o quão selvagem e despreocupado poderia ser. Um

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


gemido escapou dela quando sentiu dedos separando os lábios de
sua vagina. Seus dedos passaram para cima e para baixo sobre as
dobras inchadas até que sentiu vontade de gritar enquanto o calor
seguia cada golpe. Quando enrolou os dedos nos cachos macios e
puxou, não ficou em silêncio.

— Jazin, por favor — gemeu, enterrando o rosto nas cobertas.

Um forte golpe seguiu seu pedido, seguido por outro e outro.


Às vezes eram na bunda, outras nos lábios inchados até quase
chorar de frustração. Quando desmoronaria, ele parou e deslizou
os dedos em suas dobras pulsantes. Estava tão molhada que o
interior de suas coxas ensopou com sua necessidade. Ficaria
envergonhada, se não fosse pelo fato de estar quase louca de tesão,
não se importava com o que faria com ela, desde que tirasse a dor.

Dedos longos se moveram através da umidade, arrastando-a


até que circulou o anel apertado de sua bunda. Resistiu, mas ele
se inclinou sobre suas costas e sacudiu o mamilo do peito esquerdo
em aviso. Forçou a cabeça para baixo e mordeu o lábio. Seu pau
batia contra sua bunda em ritmo com a carícia de seu dedo, indo
para frente e para trás sobre seu canal escuro. Não sabia o que
faria. Estremeceu ao pensar em quão grande era. Sua respiração
aumentou quando sentiu a ponta de seu pênis pressionando
contra as dobras macias de seu canal. Soltou um suspiro aliviado
que mudou para um grito de prazer e dor quando ele empurrou em
sua vagina ao mesmo tempo que pressionou o dedo em sua bunda.

— Você me levará aqui — murmurou, movendo o pênis e o


dedo juntos. — Sim, a reivindicarei de todas as maneiras.

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


Star quebrou novamente quando seu corpo respondeu. Sua
mente se foi. Todos os pensamentos se dissolveram na fricção
aquecida de prazer, dor e euforia.

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


CATORZE
Jazin lentamente abriu os olhos. Seu cérebro estava livre da
confusão de pensamentos, imagens e impulsos incontroláveis. Seu
corpo estava totalmente satisfeito. Seus olhos vagaram pela
pequena sala. Reconheceu-a imediatamente como a que ele e
Jarmen modificaram. Franziu a testa tentando lembrar de como
acabou ali. Sua última memória cognitiva foi de Star segurando-o
enquanto caia no chão da prisão. Virou a cabeça quando um
suspiro suave soou em seu ouvido. O cabelo dela estava em todo
lugar. Fluía sobre seu peito, ombro e cobria metade do rosto.
Apertou o corpo quente pressionado contra ele. Gemeu ao lembrar
de Dakar avisando que colocaria um Fast Patch nele.

Passou a mão sobre o peito e o abdômen, sentindo a pele


macia e firme. Encarou cegamente o teto enquanto outras imagens
se formavam, quando sua memória retornou lentamente. Lembrou
do incontrolável medo e raiva quando viu o pequeno corpo dela
voando e aterrissar no chão duro. Estava ciente de cada respiração
que ela lutava para inalar e a necessidade de matar todos na sala
para que chegasse até ela. Estremeceu ao lembrar de Jarmen o
segurando. Devia muito ao amigo. Ele o impedira de matar Dakar
e Madas. Não tinha dúvida que faria sem pensar duas vezes.
Apenas Jar era forte o suficiente para segurá-lo com a droga
fluindo através de seu sistema.

Também lembrou o que fez depois que desembarcaram. Não


tinha certeza de onde estavam, mas sabia que estavam seguros.
Jarmen e Dakar nunca o deixariam se estivessem preocupados

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


com a segurança deles e sabia que Madas protegeria Star com sua
vida. Gemeu quando lembranças vívidas do que fez com sua
pequena companheira fluíram por sua mente, agora clara.

Não é de admirar que me sinta tão bem, pensou com uma


pequena parte de repulsa e uma grande de admiração.

Ela acompanhou-o. Não se afastou ou protestou quando a


levou repetidamente, de todas as maneiras possíveis. Submeteu-se
a ele, ao mesmo tempo que exigiu mais. Seus gritos de paixão
ecoaram por toda a cabine misturados com os dele, enquanto se
reuniam uma e outra vez em um acasalamento feroz e primitivo
que o sacudiu até o fundo da alma.

— Jazin — murmurou sonolenta. — Eu te amo muito.

Rolou para olhar nos olhos sonolentos dela. Afastou o


emaranhado de cabelos loiros do rosto com dedos trêmulos. Seu
coração apertou com o pensamento de perdê-la. Deu um beijo na
testa dela e a puxou mais perto, até que sua cabeça estava enfiada
sob o queixo dele, para que não visse lágrimas queimando em seus
olhos.

— Amo-a mais, minha pequena guerreira — respondeu


roucamente. — Amo-a mais que minha vida.

— Nunca mais quero passar por isso — fungou. — Pensei que


o perdi e não queria continuar. Nunca me deixe — sussurrou
enterrando o rosto no pescoço dele.

Seu coração torceu quando sentiu lágrimas contra sua


garganta. Sabia exatamente o que ela falou. Nunca esqueceria os

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


sentimentos que o percorreram ao pensar em nunca mais vê-la.
Seu coração se despedaçou e a dor de sua tortura não era nada
comparada à dor de perdê-la.

— Não a deixarei — prometeu suavemente, segurando-a


firmemente. — Sentia-a lá comigo — sussurrou reverente.

— Também o senti — suspirou. — Sonhei que o tocava e


quando acordei havia sangue em meus dedos. Jazin... — pausou,
respirando fundo e se afastando para olha-lo nos olhos.

Sorriu gentilmente e passou os dedos por seus cabelos antes


de descansar a mão contra sua bochecha. — O que amor? —
Perguntou distraidamente.

Star mordeu o lábio inferior inchado e estremeceu. Passou a


ponta da língua sobre ele. Estava dolorida em alguns lugares, se
admitisse, mas era um bom tipo de dor.

— Vi-nos... em outra vida — admitiu. — Foi tão real. Havia


essas criaturas estranhas. Destruíam tudo. Vi-o lutando contra
elas em uma colina. Havia sangue por toda parte. Vestia-se de
maneira diferente, mas era você. Então, apareceram enormes
naves e milhares de combatentes do céu. Ajudaram-no contra as
criaturas. Depois que acabou... — pausou novamente para respirar
fundo, enquanto a lembrança vívida dos campos de sangue encheu
sua mente. — Depois que acabou, uma nave pousou e uma mulher
saiu. Era eu, mas não era — sussurrou confusa. — Era como se
nos visse, mas não éramos nós ao mesmo tempo.

Jazin respirou fundo, estremecendo. Ela descreveu o primeiro


encontro entre seu ancestral e a deusa que reivindicaria como sua

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


companheira. Lera o conto um milhão de vezes em sua juventude,
imaginando se algum dia encontraria uma companheira como o
primeiro Jazin. Jurara que, se alguma vez o fizesse, a reivindicaria
e nunca a deixaria, assim como seu antecessor.

— Éramos nós — respondeu com uma voz rouca. — Em outra


vida, mas éramos nós.

Star inclinou-se sobre um cotovelo e olhou profundamente em


seus olhos. Seus dedos subiram e traçaram a testa dele antes de
descer sobre as maçãs do rosto e tocar carinhosamente seus lábios.
Um sorriso brincou em seus lábios vermelhos e inchados, atraindo
seus olhos para eles com avidez. Forçou seu corpo a não responder
sabendo que estaria muito dolorida, considerando quantas vezes,
para não mencionar maneiras, a fodeu. Forçou os olhos de volta
para os dela e gemeu baixinho quando viu o desejo em resposta
neles.

— Estou feliz por termos outra chance — declarou. — Uma


vida nunca seria suficiente para mostrar o quanto o amo.

O gemido dele se transformou em um grito apaixonado


quando ela recolocou os dedos nos lábios. Rolou-a de costas,
enjaulando-a sob ele, tomando-a de novo. Fechou os olhos quando
a sentiu se fechar firmemente ao seu redor.

— Está certa — falou roucamente, balançando mais rápido.


— Nem sei se duas vidas serão suficientes.

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


— Você parece bem — Jazin falou, observando-a se vestir com
as roupas que ele finalmente pediu para ela.

Era tão delicada e pequena que nenhuma das calças a bordo


da nave caberia. Engoliam seu corpo pequeno. Usaria apenas uma
das camisas de Jarmen que deixaram a bordo. Cobriu-a até os
joelhos, mas parecia tão sexy que se recusou a deixá-la sair da
nave. Provavelmente era uma coisa boa quando pensou em como
ele provou seu argumento. Voltou para a unidade de limpeza para
outro banho, quando se viu curvada sobre a mesa com a camisa
em volta da cintura e ele enterrou as bolas profundamente dentro
dela novamente. Teve sorte de andar depois de todo amor que
fizeram.

Desculpou-se por seu comportamento grosseiro enquanto


estava sob a influência do Fast Patch. Cortou-o pela raiz. Ameaçou
colocar outro nele se dissesse mais uma palavra! Não tinha
absolutamente nenhuma queixa, nem mesmo estando
deliciosamente dolorida. O brilho de travessura e sinceridade o fez
acreditar, porque sorriu maliciosamente, pois prometeu que não
precisava da droga para tomá-la como antes.

— Sabe como Madas está? — Perguntou, deslizando os pés


nas botas de couro. — Ah, a propósito, receberá uma conta por

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


algumas compras de vingança que River e eu fizemos enquanto
estava fora.

— Compras de vingança? — rosnou. — Quem a levou para


fazer compras? Não deveria deixar a West House.

Endireitou-se e colocou as mãos nos quadris. — Oh não, não,


garotão. Não iremos para lá novamente. Escapamos e fomos a
cidade. Tivemos um tempo maravilhoso comprando e gastando
seus créditos, então apenas aguente e aceite. Não me colocará em
um pedestal. Entrarei e sairei quando desejar. Se não gostar... —
A voz dela desapareceu quando ele avançou rapidamente e
capturou seus lábios.

— Posso não gostar — falou, se afastando. — Mas aceitarei, é


minha companheira. Uma guerreira em seu direito próprio.

Não falou que conversara com Jarmen e Dakar enquanto ela


estava no banheiro. Deram-lhe uma versão abreviada do que
aconteceu na fortaleza. O fato que queria matá-los por permiti-la
fazer uma coisa tão perigosa foi substituído por respeito pelo que
ela fez. Provou que era uma verdadeira guerreira. Descobriu que
Dakar levou uma lâmina na sua lateral. Acabara de ser liberado da
área médica. O capitão brincou que Jarmen ficou com ele apenas
para evitar outras pessoas. Ajaska e Torak finalmente sentiram
pena do homem e deram-lhe sua própria cabana para que se
escondesse. Madas foi curada, mas precisaram sedar Gril. Ficou
louco quando os viu carregando sua companheira ferida. Arrancou
Madas de seus braços, chamando alto o curandeiro Tearnat que
trouxe a bordo do seu navio. Não os viram desde que a liberaram
da unidade médica.

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


— Madas está com seu companheiro — respondeu, baixando
a mão para prender seus dedos entre os dele. — Feriu-se, mas o
médico Tearnat já a liberou. Dakar também foi liberado e Jarmen
pode se curar.

— Gostei dele — falou quando deixaram a nave. — Foi um


amor e, se não fosse por ele e Madas, nunca saberíamos que estava
vivo.

Apertou os dedos esbeltos dela com ciúmes, antes que


soltasse a respiração. — Nunca retribuirei sua ajuda. Fui
acorrentado à parede com pesos presos a cada braço. Era apenas
uma questão de tempo até que não os segurasse mais e me feriria
gravemente a tal ponto que nem mesmo o Fast Pacth me ajudaria.

Star inclinou a cabeça com lágrimas ardendo em seus olhos.


Lágrimas de tristeza pela dor que suportou, mas principalmente de
raiva pelo homem que a infligiu. Se tivesse a chance de matar Tai
Tek, faria sem pensar duas vezes. Nunca o deixaria machuca-lo
novamente.

— Nunca a machucará novamente ou — Jazin falou, parando


no meio da baía de pouso e virando-a para ele. Ela suavemente
murmurou, lembrando-lhe que não foi o único prejudicado. — Não
terá outra chance de prejudicar minha família. Iremos caçá-lo. Não
esperarei que ataque a próxima vez.

— Concordo — Ajaska falou asperamente observando seu


filho mais novo. Orgulho e respeito pelo guerreiro que se tornou,
brilharam em seus olhos.

— Ajaska! — Star gritou alegremente.

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


O riso dele ecoou pela baía, fazendo com que os guerreiros
que trabalhavam ali parassem e sorrissem enquanto a pequena
guerreira voava em seus braços abertos com uma risada
contagiante. Riu quando a jogou no ar e a pegou de novo. Segurou
seus ombros largos e lhe deu um beijo na bochecha, recebendo um
rosnado baixo de Jazin. Riu novamente da demonstração de ciúme
possessivo do filho.

— Se não fosse tão jovem e companheira do meu filho, a


reivindicaria como minha. No momento, orgulho-me de chamá-la
de filha caçula. — Riu, colocando-a em pé.

Jazin puxou-a para seus braços no momento em que ficou


livre. — Encontre sua própria companheira pai — respondeu com
um sorriso relutante.

— Pelo que ouvi, teve três ao mesmo tempo — respondeu


Torak.

— Torak! — River repreendeu ferozmente. — Não deveria falar


sobre isso.

O rosto do pai ficou realmente vermelho quando lembrou sua


indiscrição juvenil. Star persistiria se não fosse o fato de estar tão
feliz em ver a amiga novamente. — River! — Gritou chorosa.

A irmã de coração se afastou dos braços possessivos do


companheiro e a abraçou como se nunca fosse deixá-la ir. — Sei
como se sente agora. Foi horrível quando quase a perdemos, mas
pelo menos estava com você. Fiquei aterrorizada o tempo todo que
se foi — fungou.

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


Jazin lutou contra o desejo de puxar Star em seus braços o
máximo que pôde. Finalmente agarrou a cintura dela e puxou-a
gentilmente para que soubesse que precisava dela. Talvez não fosse
tão normal quanto pensava. Ficava nervoso por não a tocar.

— Isso se tornará mais controlável — murmurou o irmão mais


velho. — Ainda reajo assim com River, mas é um pouco mais
administrável que antes.

Observou com uma sobrancelha levantada quando ele puxou


a companheira mais perto depois que ela foi caminhar com seu pai.
Torak olhou-o timidamente e deu de ombros. Reprimiu um sorriso.
Perguntou-se se Manota tinha a mesma reação a Jo que eles
tinham com as irmãs. Nesse caso, imaginava o irmão do meio
enlouquecendo. Sempre foi o solitário dos três. Gostava de ficar
sozinho para mexer em seus brinquedos.

— Quero ver Madas — pediu Star, tirando-o de seus


devaneios.

— Está descansando no momento — gritou Torak por trás


dela.

Ajaska riu. — Duvido seriamente disso, mas relaxará assim


que Gril terminar com ela.

— Ele não a machucará, né? — Perguntou preocupada. — Ela


quem nos avisou que Jazin estava vivo. Se não fosse ela, nunca
saberíamos. Se a machucar, assarei a bunda dele — falou
ferozmente, virando.

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


— Acalme-se, pequena guerreira — o sogro falou com uma
risada. — Gril nunca a machucaria. Está apenas certificando-se
que seja bem cuidada e verificando se não tem nenhum ferimento
que o médico perdeu.

Abriu a boca para discutir, mas Jazin se inclinou e sussurrou


suavemente em seu ouvido. Seu rosto ficou vermelho brilhante
antes de soltar um pequeno “Oh” Ele riu com seu olhar arregalado.
Ela abaixou a cabeça, deixando o cabelo cobrir o rosto. Parece que
Gril fazia um exame completo em Madas.

Mais tarde naquela noite, Star sentou no salão comum com


River e Madas, enquanto os homens se reuniram na sala de
conferências do comandante. Discutiriam com eles, mas a Tearnat
gentilmente pegou-as pelos braços e as afastou. Star encarou a
amiga, que parecia um pouco mais verde que antes.

— Madas, está bem? — Perguntou quando sentaram


enroladas em um sofá com uma xícara de chá quente. — Parece
mais verde.

Ela corou um tom mais escuro de verde, castanho e vermelho


e abaixou os cílios. — Gril se chateou muito que me feri — hesitou.

Star inclinou-se para a frente com uma expressão feroz no


rosto— Não te machucou, machucou? — Exigiu.

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


— Não, não... — Gaguejou antes de olhar para cima com um
pequeno sorriso em seus lábios finos. — Apenas se preocupou.
Queria se certificar que não me machuquei mais e... — Sua voz
sumiu quando olhou para a janela. — Estou grávida… não sabia.

Star olhou inexpressivamente para ela por um momento.


River levantou e deu um abraço enorme na Tearnat, que suspirou
profundamente, olhando para as mãos segurando a caneca de chá.

— Poderia perder seu bebê por minha causa — Engasgou ao


pensar quão perto estiveram de morrer.

Sacudiu a cabeça. — Sabia que viveríamos. Temos muito pelo


que viver. Tai Tek nunca tiraria isso de nós.

— Madas — River falou calmamente, segurando as mãos dela


com força. — Sei que nunca substituirá Trolis, mas estou feliz por
você.

A Tearnat se inclinou para frente e descansou a bochecha


macia contra a de River por um momento antes de se afastar. —
Embora afirmasse que era meu filho, não era. Gril teve dois filhos
de um acasalamento anterior. Sua companheira o traiu após os
ovos chocarem. Mais tarde descobriu que Trolis não era seu
verdadeiro filho, mas o criou como se fosse. Seu primeiro filho, Kali,
é dele. Parecem-se muito e ele é uma alegria. Estamos juntos há
muitos anos, mas nunca concebi. As fêmeas de minha espécie
precisam atingir uma certa idade antes de nos tornarmos férteis.
Aproximava-me da idade, mas não imaginava que já chegou.

Star riu. — Está me dizendo que ainda era muito jovem para
ter filhos?

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


Assentiu. — Sou consideravelmente mais jovem que Gril. Ele
tem duzentos e trinta e cinco anos, enquanto tenho apenas
setenta. As fêmeas normalmente não atingem a idade reprodutiva
antes de quase cem anos.

— Tem setenta anos? — Perguntou River, incrédula.

— Quero ter uma aparência tão boa aos setenta. — Star


resmungou. — Então, quantos anos tinha quando Gril a capturou?

— Ele a capturou? — River perguntou atordoado. Olhou para


a amiga com um sorriso enorme. — Conte-me sobre isso.

Riu. — Tinha quarenta e cinco anos quando me capturou. Foi


uma das razões pelas quais minha mãe e o clã se chatearam tanto
com sua reivindicação. No que lhes dizia respeito, ainda era uma
criança. Mas eu não era — acrescentou. — Sabia no momento em
que o vi que era meu companheiro.

— Pensei que falou que era o homem mais feio que já viu
quando o viu pela primeira vez — falou Star confusa.

— Achei e era. Não significa que não sabia que era meu
companheiro — respondeu, impaciente. — Por que acha que lutei
tanto com ele?

Gargalharam ao compartilhar suas primeiras impressões,


frustrações e momentos mais engraçados com os companheiros.
Foi assim que as encontraram mais tarde naquela noite. Gril foi o
primeiro a pegar Madas e levá-la embora apesar de seus fracos
protestos. Torak foi o próximo, puxou River em seus braços,
ignorando os protestos que estava grande demais para carregá-la

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


por toda parte. Finalmente, sobrou apenas Jazin e ela. Sentou ao
lado dela por uns minutos sem falar nada, apenas desfrutando a
paz e o sossego enquanto a abraçava.

— E quanto a Tai Tek? — Star finalmente perguntou,


quebrando o silêncio.

— Iremos atrás dele. Escapou por um novo túnel que não


tinha no mapa original da fortaleza — respondeu calmamente.

— Quando? — Perguntou com um calafrio.

— Jarmen, Dakar e Armet estão fazendo cálculos sobre onde


acham que iria. Está na hora de partirmos para a ofensiva —
respondeu cuidadosamente.

— Por onde começamos? — Perguntou encarando-o. Havia


algo que não lhe dizia.

Suspirou profundamente antes de pegá-la nos braços.

—Começamos com Elpidios.

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


QUINZE
Elpidios: duas semanas depois

A comandante Mena Rue ficou alerta. Não foi tão difícil,


realmente. Congelou de medo. O Grande Governante sentou no
outro lado da mesa, mas poderia facilmente segurar uma lâmina
na garganta dela. Engoliu em seco quando a bile subiu, ameaçando
sufocá-la. Não apenas retornara a Elpidios sem os cristais, mas
também com uma história tão grande, tão ridícula que se
surpreenderia se os oficiais do lado de fora da sala não recebessem
ordens para remover o que restava de seu corpo. Ele não era
alguém que queria com raiva. Não estava apenas bravo, estava
além de furioso quando leu o relatório.

— Realmente espera que acredite nisso — ele rosnou baixo e


perigoso.

Por dentro, se encolheu. Externamente, permaneceu


completamente atenta com uma máscara em branco no rosto.
Engoliu em seco e assentiu uma vez, incapaz de forçar as palavras
que a condenariam à morte instantânea.

— Acredita? — Retrucou jogando o relatório e levantou para


encará-la.

— Sim senhor — engasgou.

— Por quê? — Perguntou, virando para olhar seu mundo


agonizante.

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


— Meus pais estudaram os arquivos antigos. São conhecidos
por suas pesquisas — respondeu.

— Estou bem ciente de tudo sobre você, Comandante Rue.


Incluindo quem são seus pais e o que fazem — falou sem virar.

— Quero saber por que acha que esta fêmea é a mensageira


de uma antiga profecia que foi escrita há mais de dois mil anos.

— As tábuas antigas que meus pais encontraram quando eu


era mais jovem falavam do primeiro sinal que contaria da vinda da
grande Imperatriz. Falava de uma estranha fêmea de pele pálida
com olhos cor dos oceanos daqui. Diz-se que é uma das três
grandes guerreiras que salvarão a House of Kassis e trarão a futura
Imperatriz de Elpidios. Através do vínculo dessas grandes fêmeas
virão as pedras de sangue que salvarão seu povo e seu mundo —
respondeu apaixonadamente, recontando a lenda que os pais lhe
falaram enquanto lutavam para encontrar uma maneira de salvar
seu planeta moribundo.

— Sabemos o que precisamos para salvar nosso mundo —


afirmou friamente virando para olha-la com uma implacabilidade
que a fez dar um passo para trás.

— Realmente acredita neste mito escrito há milhares de anos?

— Ela é o primeiro sinal — insistiu com uma voz instável—


Dizem que trará sua noiva.

E isso, pensou Ristéard Roald, era o problema.

Não procurava uma noiva e, quando o fizesse, não seria uma


mulher alienígena de uma profecia obscura. A raiva cresceu dentro

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


dele quando o estranho sentimento de desamparo tomou conta
dele. Seu pai e seu pai antes dele por inúmeras gerações
procuraram uma solução para a radiação que matava lentamente
seu mundo. Era causado pelo afinamento de sua atmosfera. Era
um fenômeno que já aconteceu, quase extinguindo sua raça. Seus
antepassados não tinham escolha antes, a não ser morar nas
grandes cidades subterrâneas sob seu solo.

Com o tempo, o mundo deles voltou ao normal. Dizia-se que


uma espécie mortal chegou para atacar seu mundo apenas para
morrer devido à radiação. Foi o sangue deles que derramou no solo,
que deu vida aos cristais que mantiveram seu mundo seguro por
quase dois mil anos. Mantiveram seu planeta vivo, mas várias
gerações de coleta ilegal esgotaram a fonte até que nenhum
restasse. Seu avô descobriu o que acontecia e tentou impedir, mas
fora assassinado pelo próprio conselho ordenado para proteger seu
governo e planeta. Seu pai executou os traidores e se tornou o
primeiro Grande Governante. Gastou sua vida e energia dedicado
a encontrar uma maneira de salvar seu mundo. Os cientistas de
Elpidios trabalhavam incansavelmente em soluções, tanto através
do estudo de sua história quanto de extensas pesquisas.
Finalmente, determinaram que havia outra fonte de cristais.
Compraram uma pequena quantidade de cristal Kassisan que
combinava com os do seu mundo. Precisavam deles para alimentar
os geradores de escudo que criava uma grade protetora em torno
de seu planeta. O problema era que precisavam de uma quantidade
enorme até os cultivarem por conta própria. Seus cientistas
conseguiram fazê-lo com sucesso, mas não conseguiram cultivá-
los com rapidez suficiente para salvar seu povo. Ele se aproximaria

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


de Ajaska Ja Kel Coradon. Se a família governante de Kassis
negasse seu pedido, ponderaria se atacaria ou apenas roubaria os
cristais necessários. De qualquer maneira, não era um bom
presságio para seu povo. O comunicador em sua mesa soou. Abriu
as comunicações.

— Grande Governante, uma nave de guerra Kassisan saúda o


planeta. Lorde Ajaska Ja Kel Coradon pede permissão para
encontrá-lo — falou a voz do outro lado.

— Passe-me para ele — ordenou sem virar— Saia —


acrescentou a Mena.

Parece que a reunião aconteceria mais cedo que esperava.


Veria se o que a comandante Rue especulava era verdade. E se
fosse, lidaria com as consequências. Enquanto isso, convenceria
uma espécie sobre a qual sabia muito pouco, para lhe dar uma
grande quantidade de sua fonte de energia.

— Sim senhor — falou rigidamente com uma saudação antes


de virar bruscamente e sair da sala.

— Como foi? — Sua segunda no comando perguntou assim


que fechou a porta atrás de si.

Recostou-se na porta fechada e soltou a respiração que


segurava. — Melhor que esperava — respondeu encarando a amiga
com um sorriso cansado. — Ainda estou viva.

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


Jazin olhou para o planeta através da janela da sala de
conferências. Seu pai contatou o Grande Governador Elpidios e se
encontrariam dentro de uma hora. Ficaram surpresos quando
solicitou que levassem a pálida fêmea alienígena junto. Torak
argumentou que sua companheira não iria. Não sabiam muito
sobre eles para expô-la a esse perigo, especialmente grávida.
Ajaska hesitou, mas o outro homem insistiu que, se a alienígena
pálida não fizesse parte do grupo, não pousariam. Gril, Ajaska e
finalmente River garantiram a Torak que tudo ficaria bem. O
Grande Governante deu sua palavra que só queria conhecê-la.

O que Jazin não gostou foi o fato que Star também viajaria
com eles. É claro que, assim que Madas ouviu que elas iriam,
informou que não ficaria para trás. Ele decidiu que era seu
interesse manter a boca fechada depois de ouvir Torak e Gril.
Especialmente quando Star lhe deu 'o olhar' e calmamente o
informou para 'nem pensar nisso'.

— Tudo ficará bem — falou ela calmamente.

Estava tão perdido em pensamentos que nem ouvira a porta


da sala de conferências abrir. Virou e sorriu tranquilizadoramente
para sua companheira. Era tão linda. Usava uma camisa azul clara
e macia enfiada em uma calça justa e as botas marrons que tanto
se orgulhava. Fez uma anotação mental para comprar uma dúzia

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


de pares em todas as cores disponíveis. Abrindo os braços, riu
quando ela se apressou e aconchegou-se a ele.

— Amo você, minha pequena guerreira — murmurou,


pressionando um beijo na cabeça dela.

— Sabe, isso é realmente emocionante — exclamou,


inclinando-se um pouco para olhar pela janela.

Franziu a testa. — O que?

— Ver outros mundos e conhecer novas pessoas — respondeu


sorrindo. — Era isso que mais sentia falta quando Jo e eu deixamos
o circo. Conhecemos novas pessoas em Orlando, mas não era a
mesma coisa. Quando viajávamos com o circo, víamos coisas novas
o tempo todo. Especialmente quando Walter e Nema decidiram
levá-lo para o mundo todo — suspirou quando virou e se recostou
no peito dele. — Pergunto-me como Jo está. Tenho saudades dela.

Uma risada soou atrás deles. Jazin virou com o som e franziu
a testa. Era a segunda vez em poucos segundos que foi
surpreendido. Balançou a cabeça em desgosto. Desde sua captura,
tinha problemas em manter seus pensamentos sobre a tarefa em
mãos.

Correção, pensou, respirando o perfume inebriante de sua


companheira. Desde que conheci uma certa fêmea alienígena, tenho
problemas em manter minha mente nos assuntos em questão.

— Sua irmã está bem — Ajaska falou sorrindo. — Já não


tenho tanta certeza quão bem meu filho está.

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


— O que quer dizer? — Star perguntou surpresa— Jo e
Manota brigaram?

— Não, não brigaram — respondeu ficando ao lado deles e


olhando para o planeta abaixo. — Parece que seus pais não são os
únicos viajantes que retornaram com eles.

— Oh. Meu. Deus! — River gritou da porta quando entrou


correndo na sala. — Star, Walter, Nema, Ricki, e todo o circo estão
chegando!

Ela dançou até a amiga com um sorriso enorme no rosto.


Torak entrou logo atrás com uma expressão de dor. Star abriu e
fechou a boca, e depois gritou de volta, dando as mãos a ela e
dançando em círculos.

— Acha que é algum tipo de ritual? — Jazin perguntou ao pai


e ao irmão enquanto as duas gritavam, riam e conversavam em
frases quebradas que apenas elas entendiam.

— Não sei se nosso planeta está pronto para isso — rosnou


Torak em tom baixo. — Lembra dos vídeos que assistimos? E se
esses palhaços se soltarem? Viu o dano que causariam.

Ajaska riu. Não tinha ideia o que aconteceria com seu mundo
quando esse 'circo' chegasse, mas apostaria tudo que tinha que a
vida ficaria ainda mais interessante que antes. Olhou para a
resignação nos rostos dos filhos. Emoções vívidas cintilaram em
cada um. Por um breve momento, pensou como seria ter uma
companheira como as duas que falavam em frases rápidas e sem
fôlego compartilhando histórias. Seus rostos brilhavam com uma
beleza e energia internas, fazendo-as parecer quase etéreos.

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


Entendia facilmente o que seus ancestrais pensaram quando viram
a beleza e a força incomuns das fêmeas alienígenas de tempos
atrás.

— Pai? — Jazin chamou novamente com uma careta ao tocar


o braço dele chamando sua atenção de volta ao presente.

Saiu do seu devaneio. — Sim?

— O ônibus está pronto. Gril e Madas se juntarão a nós —


falou.

— É claro — respondeu, pigarreando enquanto olhava


brevemente para as noras que ainda conversavam enquanto
seguiam Torak para fora da sala de conferências.

Jazin não falou nada. Viu o olhar de inveja nos olhos do pai.
Nunca pensou no fato de seu pai estar sozinho. Fazia tanto tempo
que sua mãe passou para o outro mundo que mal lembrava dela
às vezes. Deram-na a seu pai em uma tentativa de curar uma
brecha entre seu clã e o clã de um primo distante. Sabia que nunca
a amou, mas fora bom para ela. Sabia disso pelas conversas com
Je'zi, secretário do pai, que agora servia Torak e River. Ajaska
investiu tudo que tinha para proteger seu povo. A guerra tirou
muito dele e ainda trazia a marca dela no rosto.

Seguiu lentamente atrás dos outros, profundamente


pensativo. Sua vida mudou muito desde sua captura pela primeira
vez. Moveu os olhos sobre a figura esbelta de sua companheira
enquanto conversava com a amiga. Quase fez uma careta com a
rapidez que seu corpo reagiu a esse olhar simples. Seu pênis
inchou com a lembrança.

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


Deus, tudo nela aquece meu sangue, pensou ferozmente.

Sabia de uma coisa, é melhor que o Grande Governante seja


um homem de palavra, porque se machucasse um cabelo de sua
companheira ou de River, o mataria sem pensar duas vezes.
Cansou daqueles que pensavam que o prejudicariam, sua
companheira ou sua família. Era hora de acabar com isso de uma
vez por todas.

Ristéard parou na ponta da plataforma de pouso, observando


o ônibus Kassisan desacelerar e pousar. Era imponente. Com
quase dois metros e meio de puro músculo, carregava um ar de
violência quase reprimida em sua postura. Sua pele azul clara era
marcada com tatuagens azuis mais escuras que ostentava com
orgulho. Ganhou cada uma em batalha ou competição contra
aqueles que pensavam em conquistar seu título. Aqueles que eram
estúpidos o suficiente para ousar, qualquer um deles, morreram
com uma morte lenta e dolorosa. Não mostrava misericórdia a
ninguém, seja homem ou mulher. Houve três mulheres que
pensaram em tomar seu lugar, uma em batalha, duas por engano.
Ele as matara tão lentamente quanto os numerosos machos que
tentaram. Se queriam lhe causar dano, achava que mereciam o
mesmo castigo.

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


Seu povo sabia que seria um guerreiro brutal e sem coração,
mas também sabiam que era um governante justo. Sua pesquisa
mostrou que Lorde Ajaska Ja Kel Coradon, líder de Kassis, era
igual. Depois de o informarem que ele queria se encontrar, ordenou
que a comandante Rue retornasse. Queria saber tudo sobre o líder
de Kassis... tudo. Percebeu pelo aumento da respiração dela e pelo
rubor em sua pele que escondia informações. Seu comando
suavemente sibilado a advertiu para não segurar nada, se
valorizasse não apenas sua posição, mas sua vida. Contou-lhe da
noite em que ela e duas outras oficiais passaram com ele, quase
quarenta anos antes, quando terminaram de treinar e festejaram
em um Spaceport distante. Transmitiu o que lembrava em detalhes
específicos. Sua visão daquela noite lhe deu uma ideia do tipo de
homem que enfrentaria. Também o deixara altamente excitado, o
que era um estado constante para um homem Elpidio. Depois de
dispensá-la, chamou uma das mulheres que mantinha para seu
prazer. Quando a inclinou sobre a mesa, demorando-se com ela,
concentrou-se nas informações que possuía. Sua liberação veio
rapidamente, aliviando a tensão, mas nunca o satisfazendo.
Empurrou a decepção para o fundo de sua mente. Tinha coisas
mais importantes para lidar que a fome constante que vivia nele.
Depois que a fêmea o limpou, a dispensou para os quartos onde as
mantinha para seu uso particular.

Agora, concentrava-se apenas na fêmea de pele pálida que a


comandante falou ser o primeiro sinal da profecia, afirmando que
sua noiva, a mulher que salvaria seu mundo, chegaria. O ônibus
aterrissou e, em instantes, a plataforma abriu, permitindo que os
passageiros desembarcassem.

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


Levantou a sobrancelha quando viu a figura enorme de um
macho Tearnat descer primeiro e olhar ao redor com uma profunda
carranca no rosto. Olhou atentamente para Ristéard por um
momento antes de mergulhar a cabeça em respeito. Somente
quando respondeu da mesma maneira fez um gesto para os outros.
Uma esbelta e esverdeada fêmea Tearnat desceu a plataforma com
a cabeça erguida. Reprimiu um sorriso com a carranca que o outro
deu-lhe, que acenou com a mão como se afastasse uma mancha
irritante. Saiu da plataforma e ficou ao lado do homem que
imediatamente passou um braço enorme em volta da cintura,
puxando-a protetoramente contra ele.

O próximo era um homem enorme que só poderia ser Ajaska


Ja Kel Coradon, pela descrição da sua comandante. Era quase tão
grande quanto ele, tanto em altura quanto em força pelo que
parecia. Parou, encarando-o antes de olhar para a plataforma e
assentir. Sua atenção foi realmente capturada pela proteção dos
machos para aqueles que ainda estavam a bordo do ônibus
espacial. Entendeu o porquê, no momento em que viu os dois
casais descendo. Seus olhos estavam fixos nas duas belas
mulheres, cercadas por quatro homens que observavam
intensamente a área em busca de sinais de ameaça.

As fêmeas tinham pele pálida e dourada. Suas cores e


tamanho contrastavam como se fossem pintadas com pincéis e
artistas diferentes. Uma era mais alta, com cabelos escuros presos
em uma longa trança. Quando o olhou, viu que os olhos eram
realmente da cor de seus oceanos. Um azul escuro que atraía a
alma. Percorreu sua forma elegante, parando no ligeiro inchaço em

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


seu abdômen. Moveu seus olhos para o homem um pouco mais
alto que o olhou em aviso.

Seu companheiro, pensou. Não seria um adversário fácil de


vencer.

Inclinou a cabeça levemente em reconhecimento ao aviso do


homem. Ele lhe daria o respeito de saber que não machucaria a
companheira de outra pessoa, a menos que fosse necessário.
Mantinha sagrado o vínculo entre companheiros e uma fêmea
enquanto reproduzia.

Moveu os olhos para a outra mulher, que o fascinou com sua


coloração incomum. A comandante Rue não mencionou uma
segunda mulher de pele pálida. Era tão pequena que se
perguntaria se era uma criança, se não fosse pela maneira como o
outro homem a tocava. O cabelo era de uma cor que nunca viu,
exceto nos cristais que costumavam encher seu mundo. Os poucos
que restaram pertenciam à família governante e seu pai os
entregou aos cientistas na esperança de descobrirem as
propriedades escondidas dentro deles. Apenas um punhado
permaneceu. Os outros foram usados ou destruídos nos
experimentos.

A cor era tão intensa que queria passar as mãos pelos fios
sedosos para ver se pareciam tão macios. Virou e olhou-o com os
olhos mais claros dos azuis. Lembrou-o da cor dos poucos bebês
que ainda nasciam. Um bebê Elpidio nascia de um azul pálido e
lentamente escurecia à medida que amadurecia. Inclinou a cabeça
em confusão quando sentiu outra dor profunda que nunca
experimentou, como se seu corpo desejasse algo que faltava. O

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


sentimento desapareceu tão rápido quanto surgiu. Ela sorriu-lhe
brilhantemente e acenou em saudação, atraindo uma resposta
rápida do homem que a tocava. Sua risada suave ecoou enquanto
ela respondia ao que o homem dizia. Era óbvio que não estava nem
um pouco intimidada. Isso o confundiu ainda mais, considerando
que era tão pequena em comparação ao macho.

Aproximou-se do pequeno grupo quando os últimos seis


saíram da plataforma. Seu guarda de elite o seguia a uma distância
discreta. Parou na frente do líder, avaliando-o.

— Bem-vindo a Elpidios — saudou. — Sou Ristéard Roald.

— Sou Ajaska Ja Kel Coradon. Este é Gril Tal Mod, líder dos
Tearnats e sua companheira, Madas — afirmou calmamente. — Os
outros dois são membros da nossa equipe de segurança —
continuou sem nomear os homens. — Permanecerão no ônibus.

Ignorou os dois homens antes de se curvar a Gril e Madas.


Voltou seus olhos para as fêmeas em pé entre os outros dois— E
estes? — Perguntou.

— Meu filho mais velho, Torak e sua companheira, River


Knight, — respondeu cautelosamente, sem saber se gostou da
curiosidade na voz dele. — O outro é meu filho mais novo, Jazin e
sua companheira, Star Strauss.

Deu um passo assustado para trás quando Star deu um passo


inesperado e estendeu a mão. — Oi — cumprimentou com um
sorriso brilhante e contagiante iluminando seu rosto. — Sou Star.
É um prazer conhecê-lo.

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


Os lábios dele se contraíram quando notou o olhar levemente
ousado, como se o avaliasse para ver se passaria em algum teste
secreto. Quando ela levantou uma sobrancelha em desafio,
encontrou sua própria mão engolindo a menor. Ela apertou-a
brevemente antes de se afastar com uma pequena risadinha. O
rosnado baixo vindo do macho ao seu lado e seus olhos revirados
em resposta atraíram uma risada inesperada dele.

— Bem-vinda Lady Star — falou com um arco profundo antes


de olhar para seu companheiro, que deu um passo mais perto em
advertência. Fez uma pausa antes de se dirigir a Ajaska com uma
calma que não sentia há anos. — Por favor sigam-me. Temos muito
que discutir.

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


DEZESSEIS
Ristéard os acompanhou onde vários transportes esperavam.
Não foi com eles, em vez disso sentou em uma motocicleta sem
rodas. Seu guarda de elite pilotava tipos semelhantes de veículos.
O transporte para o qual foram escoltados era quase idêntico ao de
Kassis.

— Quero um desses — falou Madas com um sorriso travesso


quando entraram no transporte. — Parecem divertidos.

Gril bufou. — Não.

— Já montou um? — Perguntou a seu companheiro erguendo


a sobrancelha.

Ficou com um bronzeado mais escuro. — Sim — respondeu


relutante. — Mas a resposta ainda é não.

Encarou-o atentamente até que ele quebrou o contato visual


com um suspiro resignado. — Está grávida. Não deve fazer nada
perigoso — murmurou defensivamente.

Star e River riram quando o enorme Tearnat lutou por ceder


a companheira. Star adorava observar Madas com ele. Lembravam
muito a seus pais. Seu pai sempre mimava sua mãe e ela sempre
o deixava louco, fazendo exatamente o oposto.

— Não seria perigoso se estivesse comigo — ronronou


ternamente, deitando a cabeça no peito do companheiro.

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


Gril olhou para os outros com uma expressão de dor. — Vê o
que faz comigo? Perco o controle quando quer algo — rosnou.

Ajaska riu enquanto Torak e Jazin olhavam para as


companheiras com uma expressão amotinada.

— Bem, parece divertido. Já andei de moto antes. Não deve


ser tão diferente — falou Star com um brilho nos olhos.

— Absolutamente... — Jazin falou teimosamente antes de


notar a curva provocadora nos lábios dela. — Talvez se andarmos
juntos — resmungou antes de encarar Gril, que ria.

Vinte minutos depois, entraram em uma área sob o enorme


palácio feito das mesmas pedras negras da fortaleza. Star
estremeceu com a lembrança. Os olhos dela procuraram Jazin.
Deixou-os percorrer sua pele macia. Ainda carregava a fina cicatriz
de onde Progit o cortou. Desce os olhos para os braços nus dele.
Usava um colete de couro preto, calça e botas que reconheceu
como seu uniforme militar. Ajaska e Torak vestiam-se da mesma
maneira. Seus olhos permaneceram na pele macia dos ombros e
na pequena área do seu peito que era visível. Lembrou da carne
rasgada. Se olhasse perto o suficiente, ainda veria uma leve teia de
aranha de cicatrizes onde a pele curou.

As cicatrizes desapareciam mais rápido que as lembranças,


pensou, imaginando se algum dia esqueceria o que inimigo fez a
ele.

— O que foi? — Jazin perguntou— O que a incomoda?

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


— Ainda não sabemos onde Tai Tek está — respondeu em voz
baixa. — Como o encontraremos se continua desaparecendo? O
homem me assusta, Jazin. Não quero que ele o machuque
novamente.

— Nós o encontraremos, minha pequena guerreira —


murmurou puxando-a para perto quando o transporte parou—
Dakar, Armet e Jarmen trabalham nisso. Podem encontrar
qualquer coisa. Dakar conhece os esconderijos dele e Jar bem,
digamos que tem talentos que poucos possuem — acrescentou,
descendo a mão pelas costas dela para massagear a curva de seu
quadril.

— Espero que sim — falou suavemente quando a porta abriu


para saírem— Realmente, realmente espero que sim.

O pequeno grupo foi escoltado por uma série de degraus


amplos e polidos. As paredes do palácio eram tão polidas que a
superfície parecia um espelho. A única luz era refletida nas grandes
janelas. Star estendeu a mão para tocar a superfície com o dedo e
ofegou quando fios de ouro floresceram. Tocou de novo e mais fios
de ouro brilharam antes de desaparecer.

— A pedra contém um produto químico natural — explicou


Ristéard do alto da escada. — Passe a mão por ela.

Olhou para o enorme homem azul com admiração antes de


fazer o que sugeriu. Passou a mão em uma grande onda ao longo
da parede. Centenas de fios de ouro apareceram, fluindo para criar
desenhos brilhantes antes de desaparecer.

— É tão incrível — riu, repetindo a ação. — River, tente isso!

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


A amiga e Madas passaram as mãos sobre o muro. — Ok,
estamos felizes. Podem falar de coisas chatas. Ficaremos e
brincaremos com as paredes — anunciou River, olhando por cima
do ombro para Torak.

— É melhor do que quando vimos toda a fosforescência


quando atravessávamos a Europa naquela época — exclamou Star,
excitada.

Jazin, Torak e Gril envolveram um braço musculoso em torno


de suas respectivas companheiras e as puxaram para longe da
parede que as fascinava. Nunca chegariam a lugar algum se as
risadas que elas emitiam fossem alguma indicação.

— Venha, brincará com as paredes outra hora — falou Jazin


rindo.

As três gemeram, mas os seguiram enquanto subiam as


escadas até chegarem a Ristéard. Seguiram-no por vários
corredores diferentes até chegarem a um conjunto de enormes
portas pretas sólidas com desenhos gravados nela. As portas
devem pesar uma tonelada, porque foram necessários dois
guerreiros de cada lado para abri-las. Mesmo assim, Star via os
músculos dos homens se esforçando.

Ristéard os escoltou para uma sala luxuosamente decorada.


Tapeçarias enormes representando eventos diferentes cobriam as
paredes negras espelhadas. Ao longo de uma parede, uma enorme
lareira estava vazia. Sobre o manto havia outra tapeçaria. A figura
de dois homens lado a lado. Um pouco mais velho que o outro. Na
foto, cada um segurava uma espada ensanguentada e a área ao

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


redor era cheia de restos de guerreiros mortos. Não era algo que
desejaria em sua sala de estar, mas como não era a casa dela, não
diria nada. Em vez disso, continuou observando a sala. Janelas do
chão ao teto adornavam a parede oeste. Cortinas pesadas foram
presas com cordas grossas de prata e ouro. Uma grande mesa
redonda, que acomodava pelo menos uma dúzia de homens, estava
perto do centro da sala. Dois grandes sofás prateados com duas
cadeiras iguais estavam dispostos em frente à lareira. Seis mesas
finais de pedra preta estavam em cada extremidade dos móveis.

O Grande Governante ficou de lado quando entraram. No


momento em que passou, ele estendeu a mão e tocou seus cabelos.
Virou quando sentiu um leve puxão, mas relaxou quando viu que
olhava para os fios que reunira com uma expressão fascinada. Era
acostumada com pessoas fazendo isso quando o circo fazia turnê
pela Ásia e partes do Oriente Médio. Jazin cuidadosamente a
afastou, mas ele não terminou sua análise do cabelo dela. Ele os
seguiu até a sala tocando a onda sedosa repetidamente até seu
companheiro agarrar o pulso do outro homem. Um membro da
guarda de Ristéard avançou com a violação de seu governante.
Observou o rosto de provocação do Kassisan por um momento
antes de sacudir a mão, dispensando os guardas. Inclinou a cabeça
levemente para que o príncipe soubesse que entendeu o aviso
silencioso antes de caminhar até onde Ajaska, Torak e River
sentaram no final da mesa. Jazin colocou a mão protetora na parte
inferior das costas dela e a guiou para longe do enorme líder azul
em direção aos dois sofás onde Gril e Madas sentaram.

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


— O que achou dele? — Perguntou baixinho, sentando no sofá
de pelúcia.

Um estrondo baixo escapou de Jazin antes que o impedisse,


seu olhar tremeluzia para o governante de Elpidios, que falava
intensamente com seu pai. O que achou dele? Pensava seriamente
em matar o bastardo! Era isso que achava. Ristéard aproveitou
todas as oportunidades que pôde para tocar os cabelos macios dela
quando entraram.

Nem fez parecer que foi um acidente. Após a quinta vez que
tocou os fios, teve o suficiente e agarrou seu pulso em aviso.
Finalmente se sentou ao lado de seu pai, mas seus olhos voltavam
ao cabelo de Star.

— É uma mulher muito singular, não é? — Ajaska perguntou


a Ristéard quando viu os olhos do homem voltarem para onde seu
filho sentou com sua companheira.

— Minhas desculpas — murmurou, com uma leve torção nos


lábios com o eufemismo. — Nunca vi essa cor e a acho fascinante.
É comum entre suas espécies?

River riu quando ouviu as palavras ditas baixinho e


respondeu pelo sogro, que a olhou em busca de orientação. — É
bem comum. Temos os cabelos de cores diferentes. Enquanto o
meu é marrom escuro, Star e Jo têm um loiro quase branco. Nossa
amiga Ricki também tem cabelos loiros, mas é mais um loiro mel.
Outros têm cabelos pretos ou ruivos. Mesmo esses variam
bastante. A maneira como reagiu me lembrou a época em que

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


fomos a Turquia. Star, Jo e Ricki quase não saíram de Istambul.
Lembra, Star?

A amiga riu assentindo. — Ricki comprou lenços para nós,


para que saíssemos do mercado sem sermos assaltadas ou
sequestradas. As pessoas que moram nessa área têm cabelos
escuros como você, então quando nos viram, foi como enviar uma
luz piscando dizendo 'estrangeiros!'

— Há uma terceira mulher? É uma guerreira também? —


Perguntou com um intenso olhar de interesse.

— Lady Jo é companheira de Manota, meu filho — falou


Ajaska em um aviso silencioso ao interesse que brilhava nos olhos
dele.

— Quem é essa Ricki? — Perguntou cautelosamente, quando


um sentimento de desconforto cresceu profundamente dentro dele.

— É a Imperatriz da organização! — River riu. — Se precisar


fazer algo, um desafio impossível ou precise encontrar alguma
coisa, ela fará.

— Isso é um eufemismo! — Star falou com um aceno de


cabeça— Se precisar de um milagre, é ela quem fará. Nunca vi
alguém realizar algumas das coisas que fez com apenas alguns
toques dos dedos. É pura magia.

— Espero passar algum tempo com ela quando chegar — falou


River. — Mas, a conhecendo, passará os próximos seis meses
pesquisando as leis e regulamentos dos sistemas estelares para ver
o que fará para facilitar as coisas para todos.

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


Ristéard as ouviu conversarem por um curto período sobre
alguns dos 'milagres' que Ricki realizou. Sua mente filtrou a
conversa, escolhendo elementos-chave. Pelo que reuniu, essa
fêmea era conhecida por suas habilidades em obter itens que
ninguém podia e lidaria com situações que outros consideravam
impossíveis. Voltou os olhos para elas novamente, notando sua
beleza e graça incomuns. Sentiu o corpo mexer de desejo com a
ideia de ter uma mulher com cabelos brancos. Talvez fosse hora de
adicionar outra à sua casa. Perguntou-se se seria maior.

Observou a maneira como o jovem senhor Kassisan se


apertava mais forte na pequena fêmea. Enquanto achava a
pequena de cabelos claros fascinante, não mexia seu sangue
sexualmente. Era pequena demais. Teria medo de quebrá-la.
Balançou a cabeça e voltou sua atenção para os assuntos em
questão. As últimas duas horas foram muito esclarecedoras. Não
gostou de saber que foi manipulado. Enviou seus próprios homens
para encontrar o homem Kassisan que o usou para seu próprio
ganho. Não era enganado facilmente. Sua preocupação com seu
povo obscureceu as reservas que tinha das promessas do traidor.

— Concorda em fornecer os cristais necessários que


precisamos então? — Perguntou, concentrando-se em Ajaska e
Torak, que discutiam a melhor maneira de lidar com o aumento da
necessidade de cristais de energia.

— Sim — Ajaska assentiu. — Torak retornará a Kassis e


tomará as providências necessárias. Solicitaremos o fornecimento
da primeira remessa dentro de três semanas.

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


— Enquanto isso, temos algumas reservas a bordo de dois de
nossos navios que serão transportados para ajudar. Nossos
cientistas replicaram com sucesso os cristais. Organizarei uma
equipe de pesquisadores para ir a Elpidios com sua permissão —
acrescentou Torak.

Olhou de pai para filho. Não via sinais de engano nos rostos
ou nas vozes, apenas preocupação genuína. Fazia tanto tempo que
não confiava em outro que relutou em acreditar que era possível
que houvesse outras pessoas no sistema estelar com um código de
honra que correspondesse ao seu.

Balançou a cabeça quando sentiu uma mão esbelta tocar


levemente a dele. — As Houses of Kassis não o decepcionarão ou
ao seu povo — afirmou River com um sorriso reconfortante. — Foi
difícil para mim confiar também. Ficarão ao seu lado.

Seus olhos prateados olhavam profundamente para os azuis


escuros da fêmea de pele pálida. Por um momento, perdeu-se em
suas profundezas. Quase via algo nas cores rodopiantes. Voltou ao
presente quando ela retirou a mão e acenou com a cabeça quando
levantou.

— Apreciem a hospitalidade do palácio. Tenho reuniões


agendadas que preciso participar. Tomarei providências para que
os navios de suprimentos necessários partam nos próximos dias.
Gostaria de visitar a fábrica de replicação de cristal que falou
pessoalmente. Entrarei em contato em breve — afirmou com uma
autoridade silenciosa comunicando que a reunião terminou.

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


Todos levantaram de onde estavam. Torak e Jazin colocaram
os braços protetoramente ao redor de suas companheiras. Ristéard
se virou e deu um passo em direção a Jazin e Star. Antes que
pudesse detê-lo, o Grande Governante tocou o cabelo de Star uma
última vez com um sorriso torcido.

— Incomum — murmurou antes de soltá-lo e sair.

Star riu quando viu a expressão do companheiro. Olhou para


todos como se chutaria a bunda enorme e azul do homem. Apertou
os dedos dele para que soubesse que não tinha nada com que se
preocupar antes de seguirem os outros para fora da sala.

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


DEZESSETE
Três dias depois, iam para o Spaceport distante na borda
externa do sistema estelar Tearnat. Das doze naves de guerra,
restavam apenas três. A Blue Star, navio de guerra de Jazin e dois
Tearnats. Gril e Madas partiram em outra nave depois que ele
recebeu um relatório que havia um pequeno levante de rebeldes
em seu planeta natal. Torak e River retornaram à Kassis enquanto
Ajaska levava outro navio para o sistema estelar Dramentic quando
o conselho da Alliance relatou um distúrbio na extremidade de seu
sistema. As maldições acaloradas dele eram ouvidas enquanto
tomava providências para sair. Levou seis navios de guerra para
subjugar o conflito. A última nave restante de Kassis desenvolveu
problemas no motor e estava em órbita em torno de Elpidios até
que concluíssem os reparos.

Star franziu o cenho ao pensar em todos os eventos que


explodiram de uma só vez. Também não era a única que pensava
assim. Ouviu, antes que os outros partissem, que era muito
incomum o sistema estelar Dramentic ter problemas, mas um
asteroide de mineração estava sob ataque. Os Dramentians eram
uma sociedade passiva, conhecida por suas habilidades de
negociação, não por sua capacidade de lutar. Era uma das razões
que se apoiavam fortemente na Alliance para proteção. O último
chanceler do conselho era de Dramentic. Trolis o matou. Foi
durante esse incidente que Star, Jo e River encontraram Jazin,
Torak e mais tarde Manota.

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


Jazin esteve dentro e fora de reuniões nos últimos três dias.
Ela foi até o replicador e o programou para uma xícara de chá
quente. Voltava ao seu lugar confortável ao lado da janela para ler
um pouco mais quando alguém pediu permissão para entrar. Ficou
surpresa, pois não esperava ninguém. Colocou a xícara na
mesinha ao lado da porta e acenou com a mão sobre o painel. A
porta abriu revelando dois homens que nunca viu. Um era um
pouco mais baixo que o outro. O mais alto usava o uniforme padrão
de segurança, enquanto o mais baixo usava o uniforme de
manutenção. Surpreendeu-se ao ver um pequeno carrinho de
reparos atrás deles.

— Jazin não está no momento — falou, olhando-os com um


sorriso. — Solicitarei a localização dele, se quiser. Algo está
quebrado?

— Uma ordem de reparo chegou para o seu replicador — falou


o mais baixo.

Virou a cabeça e olhou para o replicador que acabara de usar.


— Está funcionando bem. Apenas usei — respondeu, virando para
os homens novamente com uma careta.

— Enviaram uma ordem de serviço e olharei — insistiu ele.

Ela recuou quando um sentimento engraçado revirou seu


estômago. — Ligarei para Jazin e verei se tem problemas com isso
— falou, virando para alcançar o comunicador que não usava
desde que ainda estava na cabine.

— Não será necessário — replicou o mais alto, erguendo o


braço e atirando.

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


Ambos assistiram ela estremecer, derrubando o copo da
mesa. Seus dedos se curvaram quando o choque percorreu seu
corpo, apertando seus músculos antes que a escuridão se
instalasse a sua volta. O mais alto entrou, pegando o copo e
colocando-o na unidade de limpeza, enquanto o outro empurrava
o carrinho para a cabine. Em questão de minutos, seguiam pelo
longo corredor. Só tiveram minutos para colocar o corpo da mulher
na posição. A cada três dias, os resíduos líquidos eram eliminados
do navio. Desta vez, haveria uma massa sólida.

Jazin esfregou a nuca, cansado. Recebeu relatórios de todos


e conversara com seu pai, irmão, Gril e o comandante do navio que
deixaram em Elpidios. Seu pai descobriu que o asteroide de
mineração foi destruído. Não havia nada além de pedaços de
fragmentos metálicos. Quem quer que fosse o responsável, já foi há
muito tempo. Gril descobriu que o grupo de rebeldes não passava
de um pequeno grupo de jovens Tearnats que lhes prometeram
créditos extras e tempo com algumas mulheres se causassem uma
perturbação. Interrogou-os separadamente, mas as histórias eram
iguais. Três Tearnats mais velhos chegaram em suas aldeias com
promessas de riquezas e mulheres. Em troca, fingiriam causar um
levante. Foram informados que ajudariam um treinamento militar.
Estava pronto para coloca-los nas forças armadas para um
treinamento real!

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


O comandante do navio deixado em Elpidios não entendia
como as placas de circuito receberam danos causados pela água.
A única maneira era se fossem sabotadas de propósito. Revisava a
lista de tripulantes para ver quem teve acesso a esse nível. A única
coisa que parecia dar certo era em seu planeta natal. Torak chegou
bem a tempo. Foi a uma de suas maiores Crystal Replication
Plants. Durante uma visita às instalações, observou vários
trabalhadores agindo estranho. Fez seus guardas de elite os
revistarem. Descobriram explosivos suficientes para desativar a
fábrica e matar vários trabalhadores. Eles resistiram e dois
morreram. O último foi gravemente ferido. Ordenou que todas os
laboratórios fossem bloqueados e revistados minuciosamente. Os
trabalhadores também seriam vistoriados. Assim que o bandido
ferido se recuperasse o suficiente para falar, descobriria quais
outros atos terroristas planejaram.

— Precisa descansar, meu amigo — falou Jar, parando ao seu


lado, onde observava os homens abaixo dele na ponte.

— Logo — afirmou— A que distancia chegamos aonde Dakar


acha que Tai Tek se refugiou?

— Mais dois dias — respondeu calmamente. — Estou


preocupado com o que ocorreu. Uma análise dos eventos sugere
que são apenas uma distração para outra coisa. Examinei cada um
através de vários cenários diferentes. Apenas um deles apresenta
uma porcentagem de aceitação superior ao normal.

Assentiu, olhando para baixo antes de curvar seus lábios em


um pequeno sorriso para seu amigo incomum— Que resultado é
esse?

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


Jar olhou para ele com uma careta. — É óbvio que limitar o
número de navios de guerra disponíveis é uma distração, mas a
segunda é talvez pegar algo sem sabermos.

Olhou para o amigo pensativo. Perguntaria o que achava que


alguém levaria quando a Blue Star balançou violentamente. Os
alarmes soaram quando as luzes piscaram. Luzes de emergência
vermelhas acenderam. Uma segunda onda atingiu a nave
inclinando-a para cima a bombordo brevemente antes de
acionarem os estabilizadores. Agarrou a balaustrada ao redor do
nível superior da ponte. Jar fez o mesmo. Estenderam a mão para
pegar um guerreiro que alcançou o parapeito, mas errou quando a
segunda onda atingiu. O homem foi jogado para cima, seu corpo
caiu ao nível abaixo com um baque horrível. O amigo segurou a
parte de trás do colete dele quando quase passou por cima do
parapeito atrás do homem.

Gritos e gemidos ecoaram por toda a ponte para extinguir os


pequenos incêndios e os que se lançavam ao redor e que ainda se
moviam com dificuldade. Entreolharam-se, Jar assentiu e se
concentrou. Seus olhos âmbar brilharam e falou rapidamente.

— Uma das naves de guerra Tearnat explodiu. Nossos escudos


resistiram, mas a explosão enviou ondas de choque pelo espaço. A
outra nave estava mais próxima e danificou gravemente.
Comprometeu a integridade do casco nas plataformas oito, doze e
quinze. Estão evacuando-a. A explosão é provável. O casco da Blue
Star não danificou. Os motores desligaram devido à onda de
choque. Danos menores nas plataformas um, cinco, seis, dez, onze,
vinte e vinte e dois. Número desconhecido de causalidades ou

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


lesões no momento. Acionaram a emergência e implantaram
equipes médicas. Recomendaria mover oito pontos a quatro e cinco
quilômetros do navio Tearnat para reduzir mais danos — falou
quando a luz âmbar lentamente voltou ao normal.

— Star — murmurou, lutando entre sua responsabilidade por


seu navio e sua companheira.

— Irei checá-la — respondeu, soltando o corrimão. — Avisarei


imediatamente.

— Obrigado meu amigo — agradeceu com um aceno de


cabeça.

— Diga-lhe que iria, mas preciso garantir que a nave fique


segura primeiro.

— Falarei — confirmou, se aproximando da porta. Não abriu


a princípio. Jar agarrou-a pelas dobradiças e arrancou-a como se
rasgasse papel de uma caixa.

Jazin olhou para os homens abaixo dele. Dois removiam o


corpo que caiu. Alguns membros trabalhavam no reparo do
equipamento em suas estações, enquanto outros ajudavam os
feridos. Ordenou que desligassem os alarmes. As luzes acenderam
enquanto as equipes de emergência trabalhavam restaurando a
ordem. Pediu que reparassem o comunicador o mais rápido
possível. Precisavam resgatar o maior número de Tearnats que
conseguissem antes que o segundo navio se desintegrasse.

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


Jar desceu até o convés quatro. No caminho, passou por
vários guerreiros feridos. Fez uma pausa longa o suficiente para
registrar sua localização e a enviou à equipe de emergência mais
próxima. Não foi prejudicado pela limitação dos sistemas de
comunicação, pois poderia contorná-la e conectá-la diretamente ao
sistema da nave. Foi assim que entrou em contato com Dakar e
Armet.

— Em quanto tempo ligará os sistemas novamente? —


Perguntou, conectando seu comunicador.

— Nós? — Dakar rosnou— É você quem tem o cérebro de


computador. Por que não conserta a maldita coisa?

— Sou bom, mas não tão bom — respondeu sério. — Ligarei


os sistemas que consigo, mas não substituirei meus próprios
sistemas.

— Estamos na baía de desembarque. Dois dos ônibus


soltaram e bateram em outro. Demorará um pouco para conseguir
o equipamento que precisamos para retirá-los — amaldiçoou
Armet.

Parou por um momento antes de abrir a porta da escotilha de


emergência que levava ao nível mais baixo. — A nave Tearnat foi
danificada?

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


— Sofreu alguns danos menores quando a extremidade
dianteira de um dos ônibus a atingiu — respondeu. — Levará
algumas horas para reparar, mas ficará bem.

Agarrou os corrimãos de cada lado da escada que descia e


escorregou para o próximo nível. — Muito bem. Checarei a pequena
guerreira de Jazin.

— Deus — amaldiçoou novamente. — Nem pensei nela. Sou


um bom capitão da guarda — falou com desgosto. — Já subirei.

— Irei informá-la — falou e desligou. Caminhou pelo corredor


percebendo que estava vazio. Não era incomum, pois esse nível
continha os aposentos de alguns oficiais e várias salas de
relaxamento para a tripulação. Parou em frente aos aposentos de
Jazin e Star, inseguro quanto ao protocolo de pedir admissão
quando não havia alerta automático. Bateu várias vezes na porta.
Quando não recebeu resposta, se preocupou que talvez a pequena
estivesse inconsciente ou ferida gravemente.

Agarrou a porta e abriu. Imediatamente soube que não estava


na sala. Entrou e respirou fundo. Seus sentidos imediatamente
captaram o perfume da fêmea. Também sentiu o leve perfume de
Jazin. O que o preocupava era o cheiro de dois homens
desconhecidos. Estreitou os olhos e examinou a sala. Parou
quando chegou à umidade no chão perto da porta. Abaixou e
passou o dedo pelo líquido. Tocou a ponta do dedo na língua.
Imediatamente, o gosto de um chá de ervas com todos os
compostos químicos fluiu por seu cérebro. Levantou e rapidamente
revistou os quartos. Voltou para a área. Seus olhos brilharam
quando mudou seu campo de visão. Perto do replicador tinha a

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


pegada de um dos machos. Examinou a maçaneta da unidade de
limpeza, documentando as impressões digitais no processador em
seu cérebro. Sua mente examinou os documentos da tripulação e
descobriu que o homem se transferiu da nave de guerra desativada
uma hora antes de partirem de Elpidios.

Abriu cuidadosamente a unidade e descobriu um copo


quebrado na prateleira superior. Sua mente processou as
informações em ordem rápida e chegou a uma conclusão que
enviou um arrepio incomum de emoção através dele. Acessou o
sistema de computador do navio novamente e fez uma varredura
na nave pela mulher. Convés após convés, departamento após
departamento teve resultado negativo. Finalmente comandou para
recuperar seu último local conhecido. Em segundos, o
compartimento de descarte respondeu. Enviou mais um pedido,
temendo a resposta que sabia que receberia.

— Star Strauss, membro da tripulação, ejetada da porta três


de resíduos líquidos — respondeu o computador.

Conectou-se ao comunicador de Jazin, localizando a gravação


do corredor e a localização dos membros cujas impressões
arquivou. O homem estava no compartimento de transporte. Abriu
a comunicação com Dakar e Armet ao mesmo tempo em que Jazin
respondeu.

— Está segura? — O amigo perguntou tenso.

— Dakar, prenda o tripulante Delant. É necessário o


questionarmos. Espere resistência mortal. Armet, vá ao
compartimento de descarte e verifique o último local de descarte.

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


Jazin, sua fêmea foi expulsa da Blue Star — respondeu friamente.
— Desejo permissão para interrogar o tripulante Delant por seu
papel em seu sequestro — interrompeu Jar ao receber o vídeo. Seus
olhos brilharam intensamente quando a informação chegou.
Avançou rapidamente até receber a informação que precisava—
Também precisarei do tripulante Corklar.

— Eu o pegarei — Armet rosnou— Passei por ele na


engenharia.

Jazin congelou, ouvindo Jarmen. Tudo que sua mente


processou era que Star fora ejetada da nave para o espaço aberto.
Agarrou a grade enquanto seus joelhos ameaçavam ceder. Fechou
os olhos e puxou seu lindo rosto em sua mente. Uma raiva fria e
mortal se formou. Obteria as informações necessárias dos
traidores, um pedaço de cada vez.

Star gemeu quando voltou a si. Sua cabeça latejava como se


alguém tocasse um bumbo pela primeira vez na aula de música.
Uma coisa era certa, davam uma festa infernal pela sensação.
Esperava que o baterista gostasse, porque com certeza ela não
gostava!

Abriu os olhos e sentiu um momento de terror incontrolável.


Abriu a boca para gritar, mas o que saiu foi um pequeno gemido.

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


Ergueu as mãos o máximo que pôde e apalpou o lado do recipiente
em que estava. Sua mente exibia todos os filmes de terror que já
vira onde alguém era enterrado vivo. Definitivamente era um tipo
de contêiner. Sua respiração acelerou quando um ataque de pânico
ameaçou dominá-la.

— A respiração aumentou — afirmou uma voz calma. —


Reduza-a, usando respirações profundas para diminuir seu
consumo.

— Onde… onde estou? — sussurrou roucamente.

— Relaxe e respire o mais normalmente possível. As


orientações da cápsula de escape fornecem níveis mínimos de
oxigênio para ampliar a possibilidade de resgate. Os passageiros
que não entram em pânico estendem os níveis em mais duas horas
se permanecerem calmos. A luz de resgate está ativa e foi
respondida. Recuperação em aproximadamente vinte e quatro
minutos e oito segundos.

A voz repetia as instruções a cada poucos minutos, até sentir


vontade de gritar apenas para fazê-la calar a boca. Já entendeu a
mensagem. Estava presa, alguém estava a caminho, respire
lentamente.

Permaneceu imóvel, olhando para o interior pouco iluminado.


Respirando fundo, se concentrou no que lembrava e tentou
preencher os espaços em branco. Os dois homens obviamente
eram responsáveis por estar aqui. A pergunta de um milhão de
dólares era porque fizeram e o que queriam. Se adivinhasse,
colocaria todas as fichas que Tai Tek está por trás de seu sequestro.

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


Aquele homem realmente a irritava. Apostava que ele estava por
trás de todas as outras 'situações' repentinas também. O babaca
tinha muito carisma que obviamente ela não viu ou tinha dinheiro,
ou créditos, nesse caso, até dizer chega.

Flexionou os dedos no interior macio do pano e franziu a testa


quando roçou algo pequeno e duro. Abaixou ainda mais e procurou
ao longo da fenda até sentir novamente. Rolou entre os dedos. Um
soluço suave escapou quando reconheceu o comunicador que
pegou antes que o idiota a atordoasse. Não sabia ao certo o quanto
funcionaria, mas havia uma chance de resgate, por menor que
fosse.

Procurou até encontrar o pequeno botão ao lado. Respirou


fundo e o apertou. Estava ligado diretamente ao de Jazin, mais
ninguém, apenas ele.

— Jazin — gritou. — Jazin, por favor, tem que me ouvir.

— Star — respondeu. Era fraca, mas era sua voz. A


interferência tornou impossível ouvir o que dizia, por isso nem
tentou.

— Jazin, estou em algum tipo de caixa. Ajude-me. O


computador disse que algo viria — chorou. — Por favor, me ouça.
Estou em um recipiente. Parece um caixão. Não gosto de caixões.

O contêiner estremeceu e um estrondo soou do lado de fora,


perto da cabeça dela. — Recuperação em andamento. O suporte de
vida é estável. Parabéns passageiro, está seguro — falou a voz
automática antes que as luzes da caixa apagassem, mergulhando-
a na escuridão.

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


— Jazin me pegaram — sussurrou.

O grito furioso de Jazin ecoou pelo nível. Foi tão alto e


doloroso que os guerreiros ao redor pararam e abaixaram a cabeça.
No momento em que a voz de Star ativou seu comunicador, Jar
aumentou a recepção. O som da voz torturada de sua companheira
destruiu seu controle rígido. Agarrou a espada laser que
recuperara de seus aposentos. Os dois tripulantes foram levados
para a sala de treinamento. Ordenou que limpassem tudo. Quando
terminasse, o quarto estaria coberto de sangue.

Os homens estavam de joelhos, com os braços presos as


costas quando entrou. Olharam-no desafiadores quando passou
pela porta. Seus olhares se transformaram em medo enquanto
estudavam seu rosto. Encarou cada um antes de acenar para
Armet e Dakar para colocá-los em pé.

— Pode nos matar — declarou o mais alto, Corklar, friamente.


—Não tirará nada de nós.

O sorriso de Jazin transformou o sangue dos homens em gelo.


Deu um passo mais perto, avaliando cada um cuidadosamente.
Agarrou a garganta de Delant, apertando lentamente até engasgar.
Balançou a cabeça sombriamente.

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


— Não morrerá tão fácil — sussurrou sombrio e ameaçador.
— Cortarei um pedaço pequeno de cada vez. Implorará pela morte
e ainda negarei o conforto dela. Aprenderá a penalidade de
prejudicar a companheira de um Lorde Kassisan. Somos
inacreditavelmente cruéis quando prejudicam o que nos pertence.

A porta abriu e dois homens entraram com um carrinho


pequeno. Os sequestradores empalideceram quando viram o
carrinho médico. Voltaram os olhos para ele. A garganta de Delant
se agitava freneticamente.

— Jar — chamou calmamente. O amigo se adiantou e abaixou


o capuz da capa que sempre usava. — Quero tudo.

Voltou seus brilhantes olhos cor de âmbar para o homem.

—Descobrirei tudo, meu amigo, tudo.

Os gritos de Delant encheram a sala quando colocou as


pontas dos dedos na têmpora do homem. As fibras finas
irromperam pelas pontas, perfurando o osso e entrando no tecido
mole do cérebro do homem. Acessou a memória. Seus olhos ardiam
intensamente enquanto baixava as imagens. Toda lembrança
agora lhe pertencia. O processo não foi doloroso para Jarmen, mas
seria para o destinatário da sonda. Tinha a capacidade de bloquear
a dor se escolhesse, mas não o fez. Quando terminou, o idiota
afundaria no chão se Dakar deixasse.

Sorriu brandamente para o outro.

— Próximo — falou calmamente.

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


— Não — gritou Corklar com voz rouca. — Não, lhe contarei
tudo. Juro, lhe contarei tudo.

Jazin acenou para o amigo para continuar. — Sim, contará —


falou Jar, colocando os dedos nas têmporas dele. — Diga-nos tudo.

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


DEZOITO
Star enfiou o comunicador no bolso quando sentiu que
manuseavam a caixa. Fechou os olhos e focou na respiração. Era
como quando ajudou Marcus, o Magnificent, o mágico mais famoso
do mundo, quando precisou de uma assistente. Era realmente
Marcus Jones, um picareta de Las Vegas que aprendeu os truques
nas ruas antes de Walter o pegar esgueirando-se para o circo
quando tinha vinte anos. Mudou seu nome e sua vida. Ensinou a
ela, Jo e River como abrir todas as fechaduras que já feitas. Falou
que não se sabe quando ficaria preso em uma masmorra de
quinhentos anos ou em uma cela de trinta anos. Também alguns
traficantes de drogas locais e cafetões o jogaram em baús
determinados a dar-lhe um novo lar sob o céu brilhante de Nevada.

De fato, muitos dos artistas de circo têm habilidades que


aprenderam nas ruas ou, como no caso de Bombing Bill, nas forças
armadas. Aperfeiçoou suas habilidades quando se aposentou,
fazendo efeitos especiais para Hollywood antes de ir a um show
uma noite. Apaixonou-se pela magia e beleza dos artistas. Walter
o encontrou sentado nos degraus de seu trailer na manhã seguinte
com nada mais que um olhar triste e uma mala desgastada.

Deixou suas memórias acalmá-la quando depositaram a


caixa.

Recusou-se a deixar o mundo que lembrava, pois precisava


permanecer o mais calma possível até que uma oportunidade se
apresentasse. A tampa deslizou para trás lentamente. O ar

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


almiscarado circulava ao seu redor e lutou para não espirrar. No
instante em que a retiraram a tampa, explodiu. Atacou como Armet
e Dakar a ensinaram com um pouco de Walter para compensar.
Seus pés se conectaram com o nariz de um homem, enquanto a
palma da mão pegou a garganta do que se curvou sobre ela. Virou,
antes de sair da caixa. Encarou-os. Estavam de joelhos. O que
chutou no nariz gemia com sangue escorrendo por seu rosto. O
que bateu na garganta engasgava. Não esperou. Avançou,
agarrando o que engasgava pela nuca e batendo com o rosto na
caixa de metal o mais forte que pôde. O segundo tentou levantar e
pegar a pistola presa ao seu lado. Chutou novamente, sentindo
uma imensa satisfação com o som de ossos esmagando sob sua
bota.

Era incrível quão forte é quando está assustada, pensou,


puxando a pistola da cintura do idiota e atirando nos dois à
queima-roupa.

Olhou para as configurações quando não viu sangue e


suspirou aliviada por só atordoar. Olhou ao redor, balançando a
pistola para cima e apontando-a para o caso de mais alguém
aparecer. Parecia que estava em um tipo de pequeno cargueiro.
Ouviu atentamente, mas não ouviu nada além de sua própria
respiração pesada.

— Ok, agora preciso de ajuda para movê-los onde não me


pegarão, se acordarem — murmurou, olhando para as figuras
inconscientes.

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


Virou-se com um guincho e apontou a pistola quando outra
figura avançou. — Pediu assistência? — A figura de metal
perguntou com um movimento na cabeça.

— S... sim, pedi. O que você é? — Perguntou hesitante.

— Sou Numbnuts6, um robô de serviço classe A — respondeu.

— Deram-lhe o nome de Numbnuts? — Engasgou com uma


risadinha. — Sério?

— Sim, sou real. Solicitou assistência — respondeu com outro


movimento.

— Pode me ajudar a amarrar esses dois para não se soltarem?


Não quero que me machuquem. O que realmente preciso é de uma
maneira de trancá-los e assumir o controle disso… seja o que for
— falou, olhando em volta do cargueiro escuro.

— Este é um First Class Piece of Shit7 — afirmou o robô,


curvando-se e agarrando as camisas de cada homem. — Irei
prendê-los no buraco da merda.

Riu quando ele virou e os arrastou pelo longo corredor de


metal. Estremeceu e sentiu um pouco de pena deles. Suas bundas
estariam em carne viva quando os depositasse no 'buraco da
merda'.

Largou-os no meio do corredor. Star assistiu fascinada


quando o robô curvou e puxou uma seção do chão, que estava oca
sob o painel. Barras grossas de metal cobriam o buraco do

6
Imbecil.
7
Pedaço de Merda de Primeira Classe.

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


tamanho de lixeiras. Levantou a escotilha e deslizou para o lado.
No fundo do buraco estava o que parecia ser um penico. Havia
também várias pilhas de cobertores e garrafas vazias. Pegou um
dos corpos e jogou-o na pilha de cobertores, onde prontamente
rolou no chão frio. Virou e fez a mesma coisa com o outro. Depois
que terminou, colocou as barras de metal no lugar e colocou um
dispositivo de trava.

— Deseja cobrir o ‘buraco de merda’ ou não? — O robô


perguntou-lhe, ela assistia o processo com olhos arregalados.

— O que normalmente faz? — Questionou, mordendo o lábio.

— Depende. Se Dumbass8 está bêbado e irritante, Jackoff9


pede que eu faça. Se Jackoff está bêbado e irritante, então não faço.
Dumbass diz que é mais fácil para ele jogar coisas sem a cobertura.

— Está me falando que usam isso um no outro? — Perguntou


fracamente.

— Sim — respondeu. — A menos que sejam abordados por


um navio da Alliance. Então escondem a carga ilegal no ‘buraco da
merda’.

— Que tipo de carga ilegal? — Questionou curiosa.

— São especialistas no tráfico de um líquido fedido que os


tornam barulhentos e irritantes — respondeu, esperando se
cobriria ou não.

8
Imbecil.
9
Idiota.

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


Olhou para os homens que roncavam alto agora. Riu quando
um deles rolou e se aconchegou no outro. Algo lhe disse que não
eram os guerreiros típicos que Tai Tek contratava.

— Não os cubra e faça o que fizer, não os deixe sair! —


ordenou. — Existe mais alguém aqui?

— Apenas IQ — respondeu, jogando o revestimento para um


lado do corredor.

— E quem é IQ? — Questionou, perguntando-se se fosse o que


fosse, seria mais maluco.

— IQ. Chamou IQ? E agora, Numbnuts? Estou ocupado.


Alguém tem que trabalhar nesse ‘pedaço de merda’ — um robô
muito pequeno, com cerca de cinquenta centímetros de altura,
enrolou-se em uma bola e desenrolou-se até ficar em pé sobre duas
pernas com rodas presas nas extremidades.

— Oh — Star engasgou— Olá.

IQ girou sobre as rodas e a examinou— Ah, minha linda


borboleta. Veio por mim? — Ronronou até ela. — Sou IQ. Darei vida
as suas fantasias — murmurou com uma voz que lembrava de Pepe
Le Pew, o gambá adorável da série de desenhos animados.

Ele estendeu um braço, ou pelo menos pensou que era um


braço, e agarrou sua mão com firmeza entre os três dedos. Inclinou
a cabeça e pressionou a boca nas costas da mão dela antes de virar
e fazer o mesmo na palma. Star puxou a mão quando sentiu algo
viscoso tocá-la. Olhou para baixo e viu uma linha fraca de óleo.
Nojento!

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


— Oh, minha linda querida, tornarei sua vida incrível —
ronronou, rolando até a perna dela e a apalpou.

— IQ é o piloto. Tenta ensinar Dumbass e Jackoff a dirigir a


nave, mas não aprendem muito rápido. Ganharam a nave em um
jogo de azar há dois anos e ainda não dominaram os controles. IQ
e eu já fazíamos parte da equipe.

Star olhou para a pequena criatura olhando-a com olhos


incompatíveis que piscavam lentamente em momentos diferentes.
Ok, ficou muito estranho, pensou rindo. Era acostumada a coisas
estranhas, mas isso era demais.

— IQ, pode entrar em contato com alguém para mim? —


Perguntou educadamente, afastando a perna. Se não estivesse
enganada, juraria que o pequeno robô tentava acasalar com ela.

— Claro, meu amor. IQ fará qualquer coisa por você —


respondeu antes de girar e seguir pelo corredor rapidamente.

— Envie uma equipe de limpeza e descarte os corpos —


ordenou Jazin, ignorando os olhares que recebeu caminhando pelo
corredor.

Estava coberto de sangue. Não era dele, claro. Foi cruel, frio,
mortal. Não teve piedade. Dakar, Armet e Jarmen ficaram de lado,

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


nunca interferindo e nem condenando sua brutalidade contra os
homens que atacaram sua família, especialmente sua
companheira. Era um exemplo do que aconteceria com quem
ousasse. A sala de treinamento era um banho de sangue. Ele
parecia quase tão ruim. Cobria-o da cabeça aos pés. Seu peito
estava nu, longas faixas de sangue misturadas ao suor escorriam
por trilhas misteriosas. Os amigos o seguiram. Respingos de
sangue os cobriam, evidência da violência por trás da punição. A
visão do Lorde mais jovem aterrorizou aqueles que o viram se
aproximando da ponte. Durante as três horas que levou para matá-
los, as equipes de emergência repararam a maior parte dos danos
à nave de guerra e levaram os guerreiros Tearnat antes que o navio
implodisse. Jarmen informou que os motores da nave
funcionariam dentro de uma hora.

Homens pararam quando se aproximou, inclinando a cabeça


em respeito. Até os guerreiros Tearnat se ajoelharam e colocaram
as mãos sobre o coração, numa demonstração de respeito e
lealdade. Entrou na ponte sem dizer uma palavra. Olhou
brevemente para Jarmen, que assentiu. Seu amigo fechou os olhos
e se concentrou. Quando os abriu, brilhavam mais forte, acessando
o sistema de comunicações e o abriu para todas as naves Kassisan,
Elpidios, Tearnat e Alliance dentro da distância de recepção.

— Meu nome é Jazin Ja Kel Coradon. Sou o terceiro filho da


House of Kassis. Saibam que quem atacar minha família ou minha
companheira não terá misericórdia. A morte não virá rápido o
suficiente. Para aqueles que tomaram minha companheira, não há
lugar que se escondam para que não os encontre, nenhum sistema

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


estelar os protegerá e nenhum Deus lhes darão misericórdia. Irei
pela minha companheira e levarei a morte comigo — rosnou com
voz gelada.

Jarmen fechou os olhos, liberando o console para o soldado


encarregado. Lentamente, um a um, os guerreiros na ponte
levantaram. Os homens olharam orgulhosamente para sua figura
sangrenta antes de ajoelharem. Cada um inclinou a cabeça e
colocou o punho contra o coração. Viajaria por toda a grande nave
e encontraria a mesma coisa. Tearnast e Kassisans se ajoelharam
em união. Há muitas coisas que um verdadeiro guerreiro tem medo
de perder, sendo sua companheira a mais importante.

Apertou a mandíbula. Não mostraria o que a perda de Star


fazia com ele. Virou, acenando para Armet e Dakar. Olhou para
Jarmen, que assentiu em resposta à sua ordem silenciosa de segui-
lo. Quando a porta abriu, uma voz suave ecoou pelo sistema de
comunicação do navio.

— Conectou? — A voz ansiosa de Star soou.

— Claro, amor. Tem som, mas não tem vídeo, receio. Gostaria
de fazer mais — a voz masculina ronronou— Conectaria o universo
para trazer um sorriso ao seu rosto.

Jazin ficou incrédulo quando a risada de sua companheira


ecoou pelo comando. — Não precisa fazer isso, seu adorável pacote
de doçura. Só preciso conversar com uma nave de guerra chamada
Blue Star.

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


— Tudo o que precisam ouvir é o doce som da sua voz, minha
bela lata de óleo, e procurarão o rosto bonito que a acompanha —
disse o homem suavemente.

— Conecte a transmissão a uma linha segura no console do


comandante — Rosnou, olhando brevemente para o amigo.

Assentiu antes de fechar os olhos e redirecionar a transmissão


como solicitou. — Feito.

Jazin invadiu a sala de conferências, andando de um lado a


outro, respirando fundo para se acalmar. Jar entrou atrás dele e
selou a porta. O Kassisan olhou para o amigo com tanta fúria, que
estremeceu. Acabara de matar dois homens. Acabara de abrir as
comunicações para todos os sistemas estelares conhecidos com
um voto de vingança e sua companheira o chama, rindo! Rindo!
Passou as mãos manchadas de sangue pelos cabelos e lutou contra
a necessidade de gritar de fúria. Despedaçaria o homem que
sussurrava palavras doces para sua companheira.

— Onde, pelos deuses, está Star? E quem é o homem? —


Rosnou, parando tempo suficiente para segurar a cadeira que
estava presa ao chão.

— Jazin? Oh Jazin, estava com tanto medo. Não sei onde


estou? IQ querido, onde estamos? — Perguntou suavemente.

— Claro, meu sonho. Estamos no espaço.

Riu novamente. — Oh Jazin! Entendeu? Perguntei-lhe onde


estávamos e disse que no espaço! Não é a coisa mais fofa que já

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


ouviu? Chama-me de todos esses nomes ridículos, mas é realmente
inteligente e querido — acrescentou.

— Star, preciso saber qual sua localização? — falou em uma


voz baixa que não refletia a violência que sentia no momento.

— Oh, sim, desculpe.

Ouviu quando ela pigarreou e perguntou ao homem qual era


a localização deles novamente. Desta vez, deu-lhe as coordenadas
necessárias. Depois de tê-las, programou as informações no
sistema de navegação. Agora, só descobriria quem estava com sua
companheira para matá-lo.

— Star, como entrou em contato com a Blue Star? —


Perguntou, balançando para frente e para trás, flexionando os
dedos em um aperto esmagador nas costas da cadeira.

— Oh, a caixa em que estava foi puxada a bordo de um


cargueiro chamado Piece of Shit. Quando os homens a bordo
abriram, usei os movimentos de defesa que Armet e Dakar me
ensinaram e os derrubei. Jazin, deveria ter me visto! Chutei bem o
traseiro deles. Ah, não acreditará no nome deles! Um deles chama
Dumbass e o outro Jackoff. De qualquer forma, peguei uma pistola
que um deles tinha e atirei, mas só os atordoou, então realmente
não os machuquei, mas isso os nocauteou bem. — Parou para
respirar.

Ele apoiou a testa na cadeira, ouvindo o tom animado dela.


Não parecia nem um pouco com medo agora. Ergueu a cabeça
quando percebeu que atordoou os homens, não os matou. Deuses,

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


significava que ainda poderiam machucá-la. — Star, e os homens?
— Perguntou ansiosamente.

— Oh, não se preocupe. Numbnuts, o robô de serviço,


trancou-os no ‘buraco da merda’ — falou suavemente. — Então, só
está eu, IQ e Numbnuts cuidando desse ‘pedaço de merda’ —
terminou antes de gargalhar. — Isso é tão bom, Jazin. De jeito
nenhum inventaria essa ‘merda’ — acrescentou antes de rir quase
histérica.

O coração dele se contorceu quando ouviu o tom em sua voz


quando finalmente se acalmou. — Jazin, pode vir me buscar?

— Estarei aí em menos de uma hora — respondeu


roucamente. — E quero um tempo a sós com a equipe.

Ela riu quando IQ cantou uma canção de amor em francês,


de todas as línguas. — Será uma conversa interessante.

— Mantenha a linha aberta o tempo todo — resmungou sobre


o barulho. — Não quero perder nossa conexão.

— Irei. Ah, acho que Dumbass e Jackoff acordaram — falou,


sem fôlego. — É melhor conversar com eles.

— Star — rosnou, mas tudo o que ouviu era aquela maldita


voz masculina cantando em algum idioma que não entendia e que
não traduzia. — STAR! — Gritou alto.

— Monitorarei as comunicações — falou Jarmen, atrás de seu


amigo. — Talvez seja melhor se limpar. Ela não deve vê-lo coberto
de sangue do jeito que está.

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


Olhou para as mãos. Jar estava certo. Com uma maldição
murmurada, virou em direção à porta. Quando abriu, olhou para
o amigo e apontou para o console da comunicação.

— Matarei aquele bastardo irritante — rosnou antes de fechar


a porta.

Jarmen estremeceu quando o homem do outro lado cantou


uma nota particularmente alta e a segurou por um longo tempo. —
Irei ajudá-lo, meu amigo, terei prazer em ajudá-lo.

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


DEZENOVE
Star agarrou a pistola firmemente nas mãos enquanto
caminhava até o buraco no chão. Ouvia conversas abafadas
enquanto os homens conversavam entre si. Parou, ouvindo por
alguns minutos. Balançando a cabeça, franziu a testa. Falavam em
francês! Um dizia ao outro que ainda o amava, olhos negros e tudo.
O outro gemeu que seu nariz o deixaria mais feio agora.

— Luc, o amaria, não importa o quão torto seu nariz fosse —


assegurou o homem com uma voz profundamente acentuada.

— Não era para abrir a caixa, Jon Paul — respondeu Luc. —


O homem falou que devíamos apenas pegar uma caixa no espaço,
não a abrir e ele compraria esse ‘pedaço de merda’ quando a
entregássemos ainda lacrada! Como abriremos um restaurante
agora?

— Apenas o ganhará em um jogo de pôquer — respondeu


levemente.

— Bonjour messieurs — Star gritou com uma voz suave e


hesitante— Mon nom est Star Strauss. Avec qui dois-je le plaisir de
parler10? — Perguntou em francês.

Olharam-na assustados. O homem que ela bateu na garganta


levantou e baixou a cabeça em saudação. — Bom dia madame. Sou
Jon Paul e este é o meu parceiro, Luc. Somos seus servos humildes
da cidade mais romântica em um planeta chamado Terra.

10
Meu nome é Star Strauss. Com quem tenho o prazer de falar?

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


— Paris? — Riu com uma sobrancelha levantada.

— Não — respondeu com um sorriso malicioso. — Montreal


no Canadá.

— Então, como franco-canadenses possuem um cargueiro de


merda no meio de um sistema estelar distante? — Perguntou,
mudando para o inglês, sentando de pernas cruzadas perto da
abertura.

— É uma longa, mas magnífica história de amor verdadeiro,


piratas e um maravilhoso jogo de azar — respondeu com um
sorriso travesso. — Gostaria de ouvir nossa incrível história de
aventura?

— Sim — riu— Acho que sim.

Luc levantou lentamente e deu-lhe um sorriso doloroso— E


compartilhará sua história, de como acabou na caixa mágica de
Branca de Neve, oui11? Seriam mais bem compartilhadas com uma
garrafa de vinho — acrescentou com uma voz levemente
esperançosa. — Além de ajudar com a dor no meu nariz e meu
orgulho, que uma fada tão pequena e bonita derrubou dois
franceses tão grandes, mas amáveis.

Riu alto. — Libertarei vocês saírem, mas aviso, se tentarem


me machucar, meu namorado ficará muito, muito chateado —
brincou levantando. — A propósito, realmente nomeou seu robô de
serviço de Numbnuts? — sussurrou.

O rosto dele torceu novamente quando Jon Paul gargalhou.

11
Sim.

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


— Essa minha adorável fada, é mais uma história.

Quando a Blue Star chegou, Star estava apaixonada pelos


dois adoráveis franceses que emigraram de Paris para Montreal
para abrir um restaurante. Contaram-lhe como voltavam de uma
fazenda que era famosa por seus queijos quando furou o pneu do
SUV que dirigiam. Discutiram tanto sobre a maneira correta de
troca-lo que não perceberam luzes estranhas no céu até que fosse
tarde demais. Acordaram em uma nave espacial estranha. O grupo
de piratas que planejavam vendê-los decidiu mantê-los depois que
Jon Paul e Luc convenceram o capitão a deixá-los cozinhar para a
tripulação. Passaram os próximos dez anos cozinhando e lutando
ao lado do grupo de desajustados. Há dois anos, o capitão decidiu
que se aposentaria. Vendeu a nave e se encontraram em um
Spaceport distante, com alguns créditos e o pouco conhecimento
que tinham durante os anos a bordo do navio pirata. Luc era um
mestre no pôquer e apresentou o jogo no bar. Tornou-se um
enorme sucesso e o dono do bar deixou-os permanecerem por seis
meses com a promessa de um lugar para ficar e todo o licor que
desejavam em troca de realizar os jogos. Uma noite, um homem
horrível entrou. Fascinado, jogou e jogou até tudo o que restou ao
acaso foi Dread, o cargueiro de curta distância que estava a duas
viagens da pilha de lixo. Luc ganhou-o. Na manhã seguinte,
acordaram com uma ressaca no meio do espaço, no que chamaram

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


de 'pedaço de merda'. O nome ficou gravado. A única coisa pela
qual ficaram realmente agradecidos foi que veio com IQ e
Numbnuts, nenhum dos nomes originais dos robôs de serviço.
Como nem Luc nem Jon Paul sabiam pilotar uma nave espacial,
confiaram nos robôs para isso. Receberam uma ligeira
reprogramação nos últimos dois anos, motivo pelo qual agiam
dessa maneira. Os novos nomes de Jon Paul e Luc surgiram na
noite em que acordaram. Trocaram insultos por se encontrarem
em outra estranha confusão. Os robôs os pegaram e gravaram, não
descobriram como apagar os nomes da memória deles.

— Temos convidados, Dumbass. Embarcaram sem permissão


— anunciou IQ sobre o console da comunicação preso à parede. —
Devo pedir-lhes para sair ou os esperam?

— Primeiro, precisamos saber se são amigos ou inimigos. Que


outra forma sabemos se oferecemos um copo de vinho ou não? —
Jon Paul respondeu com um sorriso.

— Saberá exatamente o que sou quando cortá-los em pedaços


pequenos — rosnou uma voz, passando pela abertura estreita que
levava à pequena área da cozinha.

— Jazin! — Star gritou, pulando da cadeira e se jogando nos


braços dele. — Você veio!

Retraiu sua espada laser quando ela jogou seu pequeno corpo
no dele e pressionou beijos em seu rosto. Apertou os braços ao
redor dela e a puxou para perto, inalando sua doce fragrância. A
sensação dela, segura e protegida contra ele enviou ondas de alívio
por seu corpo. Mandou Jar monitorar as comunicações da melhor

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


maneira possível, mas o homem chamado IQ não ajudou em nada.
O merdinha enlouqueceu-o com seu canto, perguntas constantes
sobre como era e insinuações tentando descobrir se Jar estava em
um relacionamento aberto.

— Como assim? É claro que viria — falou roucamente.

Focou os olhos nos homens sentados do outro lado da


pequena mesa encarando-os. Estavam abraçados e o observavam
como se fossem velhos amigos. Um deles estava com a cabeça no
ombro do outro. Sorriam com um sorriso bobo, não com terror.

— Ah, amor — Luc suspirou satisfeito. — Não formam um


casal lindo, Jon Paul?

Star riu e sussurrou no ouvido de Jazin. — Aquele com olhos


negros é Luc. O outro é Jon Paul. São do meu planeta e estão muito
apaixonados um pelo outro.

Afastou-se e a olhou surpreso antes observa-los em um


entendimento repentino. — Então, quem é o outro que conversava
com você? — Rosnou olhando ao redor. Queria matar alguém,
talvez não os homens sorrindo para ele como tolos, mas alguém.

— Esse era IQ — respondeu com um enorme sorriso. — É o


piloto.

— Chamou, meu amor? — A voz rouca que deixou Jar louco


pela última hora falou. Ele e o amigo viraram ao mesmo tempo,
erguendo as espadas. Pararam, com a boca aberta, quando o
pequeno robô rolou e se desenrolou a seus pés.

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


— Bem, olá bonito! — falou IQ olhando nos brilhantes olhos
âmbar de Jar. — Pode brincar com minha programação a qualquer
momento. — Um ronronar baixo e sexy retumbou da pequena
coisa.

— Senhores, conheçam IQ. O piloto do ‘pedaço de merda’ —


falou Star, antes gargalhar. — Oh Jazin, preciso contar a Jo e River
sobre isso!

Jarmen rosnou para o pequeno robô que passou um de seus


braços pela perna dele, falando coisas que não entendia. Sacudiu-
o com um grunhido de nojo e lançou um olhar gelado aos homens
que riram. Achavam engraçado, mas ele não. Fechou os olhos e se
concentrou no robô minúsculo. Em segundos, o reprogramou ao
seu status original com algumas melhorias.

Veremos se gostam disso! Pensou, abrindo os olhos


novamente. O pequeno robô balançou para frente e para trás antes
de ficar em silêncio com um olhar congelado em seu rosto metálico.

— Jar! — Star gritou em decepção— Gostava dele como era.


Programe-o de volta neste instante!

Olhou para o rosto amuado da pequena guerreira que se


enrolou em torno de seu amigo e suspirou profundamente. Jazin
não era o único que ela enrolava em seus dedos. Seus olhos
brilharam novamente antes que a olhasse com uma careta.

— Se mexer na minha perna novamente, superaqueço suas


placas de circuito — rosnou antes de apontar para os dois que
riam. — Vale para vocês também.

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


Luc pegou a garrafa de vinho caseiro da mesa e tomou um
gole enorme antes de limpar a boca e responder. — Meu amigo
brilhante, a pequena fada já o venceu! Não vê meus olhos e nariz?
Não é magnífica?

Jazin rosnou enquanto falavam sobre o que a bela fada os fez


e como se encantaram com ela. Estava mais que pronto para
retornar à Blue Star quando o velho cargueiro estremeceu,
derrubando-os.

Ele e Jarmen usaram um pequeno ônibus de serviço para


entrar, para que não os detectassem. No momento, estava
ancorado na escotilha de serviço sob o cargueiro. O ônibus era
grande o suficiente para duas pessoas. O plano era embarcar,
colocar Star em um lugar seguro e matar os homens que a levaram.
Armet e Dakar estavam a caminho com a nave Tearnat. A Blue Star
os encontraria assim que voltasse comunicação e destruiria o
cargueiro depois que estivessem em segurança a bordo da nave de
guerra. Agora, parecia que alguém tinha o mesmo pensamento.

— Dumbass, alguém nos cumprimenta! É o idiota que quer


comprar nossa casa. O que digo? — IQ chamou através do console
de comunicações.

— O que falamos? — Jon Paul perguntou quando o cargueiro


balançou novamente — Numbnuts, entre aqui! Temos escudos?
Armas? Qualquer coisa?

Jazin e Jarmen encararam os dois enquanto se


aconchegavam um ao lado do outro. — Nem sabem se tem sistema
de defesa a bordo? — Jazin perguntou, incrédulo.

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


— Nós franceses somos amantes, não lutadores. A única arma
que tínhamos, sua linda fada pegou — Luc respondeu com um
sorriso de desculpas.

— Não é verdade! — Jon Paul falou ferozmente. — Os


franceses são uns dos maiores lutadores da história! Somos
conhecidos por nossas habilidades em batalha.

— Oui, verdade. Houve a Revolução Francesa, a Primeira


Guerra Mundial e a Segunda Guerra Mundial, sem mencionar a
Legião Estrangeira Francesa — Luc falou com um sorriso fraco. —
Mas eu? Sou definitivamente um amante.

— A Legião Estrangeira Francesa é composta de muitas


nacionalidades, não é? — Star perguntou, agarrando-se ao
companheiro, que se apoiou na mesa.

— Podemos discutir isso mais tarde? — rosnou. — Jarmen,


entre no sistema e veja se há algo que impeça que nos destruam.
Você — apontou para Jon Paul — contate-o e descubra o que está
acontecendo. Diga-lhe que tem o que ele quer e faça-o embarcar.

— E eu? — Luc falou quando o amante saiu de trás da mesa


e foi para os comandos. — O que faço?

Lutou contra o desejo de dizer-lhe o que realmente queria. A


primeira sugestão era que o humano estranho tomasse uma
cápsula de fuga para que usassem como alvo ao invés do cargueiro.
Em vez disso, falou-lhe para guardar quaisquer itens que
causassem danos ao cargueiro, esperando que isso o mantivesse
ocupado por um tempo. Saiu, seguido de perto pelo robô maior.

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


— Os escudos estão com setenta por cento — avisou Jarmen,
olhando-o. — Existem duas pistolas a laser montadas. Uma no
topo e outra embaixo. Sem poder para qualquer uma, são inúteis.

Assentiu, ouvindo vozes vindas da frente. — Pode monitorar a


conversa daqui?

— Claro — respondeu, inclinando a cabeça para o lado e


melhorando a audição. — É Tai Tek. Captou o sinal de socorro que
a pequena guerreira enviou. Aquele chamado Jon Paul falou que
abriram a caixa e encontraram uma fêmea humana — a boca de
Jar se inclinou. — Está amaldiçoando Tai Tek em uma combinação
de idiomas. Não sou capaz de traduzir completamente, mas é
seguro dizer que o chamou de bastardo covarde e desafiou-o a um
duelo.

— Que porra é um duelo? — Perguntou, exasperado. Não


achava que esta situação ficaria pior.

— É quando um homem defende sua honra desafiando


alguém que o insultou a lutar, geralmente até a morte — respondeu
Star, agarrando firmemente o braço dele. — Não o deixará lutar
com Tai Tek, né? Não quero que ele se machuque.

Rangeu os dentes, encarando os olhos preocupados de sua


companheira. É por isso que desejava trancá-la. Tinha um coração
muito terno! Imaginou qual Deus ou deusa insultou em suas vidas
anteriores. Somente sua companheira seria sequestrada, ejetada
no espaço e acabaria em um cargueiro em ruínas, sem sistema de
armas e uma tripulação de quatro, dois dos quais eram totalmente

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


ignorantes de qualquer habilidade de sobrevivência. Os únicos que
provavelmente poderiam lutar eram os robôs de serviço!

Uma maldição explodiu de seus lábios quando o cargueiro


balançou novamente. — Armet! Onde está? — Berrou. — Dakar,
quanto tempo até os motores da Blue Star funcionarem?

— Dez minutos — Armet respondeu firmemente.

— Ligaram agora — respondeu Dakar. — Estará aí em vinte


minutos.

— Podemos não ter dez minutos, muito menos vinte — ladrou.


—Essa pilha de sucata enferrujada não tem sistemas de defesa.

— Deus! — Armet amaldiçoou— Acelerarei a nave.


Conseguirei alguns minutos extras.

Ouviu Dakar ordenando para colocar a nave em potência


máxima imediatamente. Olhou para Star. Encarava-o com total
confiança. Seu coração bateu forte. Era magnífica.

— Amo você, minha Star — falou roucamente. — Agora, sente-


se até que saiamos daqui.

— Jazin, enviaram um grupo de abordagem — alertou


Jarmen. — Espere companhia, se conectaram à escotilha de
emergência.

— Temos uma escotilha de emergência? — Luc perguntou


enquanto voltava correndo para a pequena área da cozinha.

Jazin apenas balançou a cabeça e assentiu para o amigo.


— Ficará aqui e protegerá Star com sua vida — rosnou.

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


— Oui, com minha vida — Luc falou quando Jon Paul e IQ
desceram do comando.

Olhou mais uma vez para o homem com olhos negros e nariz
quebrado e gemeu. — Vá! — Disparou para Jarmen.

Tai Tek gritou ordens ao comandante do navio em que estava.


Tinham minutos antes que precisassem desaparecer. Avisou-o que
um navio de guerra Kassisan estava a quinze minutos. Ordenou
que ao grupo de mercenários matasse os machos humanos e
capturassem a fêmea. Precisava dela. Era óbvio pela resistência do
jovem Lorde Kassisan, quando o manteve na fortaleza, que não
quebraria. Precisava da tecnologia de defesa que o príncipe
possuía. Estava sem recursos e a tecnologia não apenas lhe daria
as ferramentas necessárias para derrotar a House of Kassis, como
também a venderia para financiar sua rebelião, já que o Lorde do
meio, Manota, encontrou algumas de suas contas e apreendeu os
créditos nelas. Estava desesperado e homens desesperados faziam
o necessário para vencer.

Além disso, a pequena guerreira de cabelos brancos lhe devia.


A faca que a fêmea de cabelos escuros jogou acabou em seu ombro,
mas a besta da pequena guerreira também não errou. Pensou no
corpo que atingira. Seu amante estava ao seu lado. A única coisa
que se importava além de governar Kassis. Seu plano era ter seu

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


guarda-costas e amante ao seu lado quando governasse. Agora,
Narus morreu. A fúria e a necessidade de vingança queimavam
através dele enquanto pensava no homem que estava ao seu lado
desde crianças. Mataria ela lentamente, para que sentisse sua dor
e queria que o jovem Lorde a visse e a ouvisse como ele ouviu.

— Diga a seus homens que têm dois minutos para agarrá-la


— retrucou.

— Senhor, encontraram resistência — respondeu o


comandante.

Ligou para o outro em fúria. — Como dois humanos fracos e


sem armas, resistem a dez mercenários? — Perguntou friamente.

O comandante olhou-o com cara de pedra. — É isso mesmo.

Virou quando uma voz familiar soou no console da


comunicação. — Tai Tek, é um homem morto — falou Jazin
friamente. — Os homens que enviou morreram e se juntará a eles
em breve. Nunca tocará minha companheira.

Recuou quando a voz gelada o invadiu. Um arrepio de pavor


tomou conta dele brevemente ouvindo a promessa nas palavras do
Kassisan. Fez um gesto para que os tirasse dali, mesmo quando o
navio balançou com uma explosão em seus escudos. Amaldiçoou
silenciosamente por ser derrotado novamente.

— Ainda não morri, Lorde Jazin — respondeu furioso. — Não


a manterá segura para sempre. Quando menos esperar, estarei lá
para aquecer seu lugar ao lado dela.

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


— Não nesta vida, seu idiota miserável! — Star gritou. — Quer
um pedaço de mim, imbecil, vamos lá!

Tai Tek cortou as comunicações com o cargueiro e virou para


o comandante do navio que Trolis lhe deu. — Abra fogo no
cargueiro e nos tire daqui! — Estalou. — Deveria saber que não
seria tão corajoso se não tivesse reforços por perto — rosnou
quando outra explosão abalou a nave de guerra.

— E meus homens? — Perguntou.

— Já estão mortos — respondeu, saindo da sala de comando.

Jazin agarrou Star pela cintura com um braço e colocou a


outra mão sobre a boca dela. Suas maldições abafadas e ameaças
ainda eram ouvidas. Soltou sua boca quando ela balançou o braço
quase acertando-o na cabeça. Agarrou o pulso dela e olhou
incisivamente para a frigideira que segurava na mão.

— Luc não me deu a pistola a laser — murmurou. — Falou


que precisaria para me proteger se os bandidos passassem por você
e Jarmen e chegassem à cozinha.

— Onde ele está agora? — Perguntou.

— Jon Paul está com ele — respondeu, largando a panela no


chão, onde saltou com um barulho alto contra o chão de metal.

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


— Estava com muito medo — sussurrou antes de puxá-lo e beijá-
lo desesperadamente, alimentada pelo medo e alívio.

Jar entrou na sala de comando seguido de IQ. Jazin olhou-o


em aviso enquanto aprofundava o beijo. Sentia o corajoso corpo
dela tremendo quando se pressionou nele. A luta foi curta, mas
feroz. Havia dez homens. Eles os abateram quando entraram no
compartimento de armazenamento. As coisas ficaram complicadas
quando um deles tentou explodir a escotilha pela qual entraram.
O compartimento foi descomprimido, fechando as portas
automáticas. Seriam varridos para o espaço se não fosse o grande
robô. Agarrou-os pelos braços, ativou as garras magnéticas em
seus pés e os puxou para fora enquanto Jar mantinha a porta
aberta apenas o suficiente para passarem.

Recuou quando os alarmes soaram quando a explosão da


nave Tearnat irrompeu pelos escudos. — Morreremos! — Lamentou
IQ, vindo para Jarmen.

— Não morreremos — falou Jazin, exasperado. — Jar, quanto


tempo temos?

— Um minuto, talvez dois — respondeu. — Se não


escaparmos dessa coisa, morreremos.

Star, cansada, encostou a cabeça no peito dele— Qual o


próximo passo?

Jon Paul e Luc entraram cambaleando, carregando uma


grande caixa, que retiniu e estalou quando o vidro bateu um no
outro. Tinham um sorriso enorme. Olhou brevemente para o teto
antes de encarar Jar com resignação.

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


— Estamos embalados e prontos para ir — falou Luc
animadamente.

— Armet, onde está? Poderíamos sair dessa coisa antes que


exploda — falou, movendo-se em direção à escotilha de emergência
que entraram.

— Atraquei no cargueiro agora. Espero que não tenha se


apegado a essa nave de manutenção — respondeu calmamente. —
É melhor se mover. Este balde de parafusos não parece muito bom.

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


VINTE
Escaparam do cargueiro sem um segundo de sobra. Jon Paul
e Luc se despediram alegremente enquanto IQ tentava se
aconchegar em seu amigo. Jar finalmente desligou o pequeno robô.
Star não sabia se era porque estava envergonhado ou para ter um
pouco de paz e sossego. Numbnuts solicitou prontamente
permissão para recarregar e desligar sozinho. No momento em que
estavam a bordo da Blue Star, Tai Tek desapareceu. Sabia que os
homens estavam frustrados, mas também se sentiam mais
confiantes que nunca, era apenas questão de tempo antes que o
pegassem.

Jazin disse-lhe que Manota e Jo retornaram junto com seus


pais e outros personagens. Não lhe contou que o irmão do meio
jurou que metade dos novos passageiros eram uma dúzia ou mais
de espécies bizarras! Ele, que normalmente era quieto, parecia
extremamente agitado.

— O que está errado? — Perguntou assim que Dakar, Armet


e Jarmen foram descansar um pouco. — Encontrou problemas
para voltar ao mundo de nossas companheiras?

— Sim — Manota admitiu com relutância. — Trouxemos


alguns passageiros adicionais que não faziam parte da família ou
do circo. Dois membros da força de segurança mundial nos
seguiram. Não tive escolha a não ser trazê-los.

— Quem mais? — Perguntou preocupado.

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


— Aquele chamado Walter encontrou uma jovem que foi
espancada na noite que partiríamos. Precisava de cuidados
médicos imediatos — respondeu baixinho. — Não tive escolha a
não ser trazê-la. Não sei se se curará, pelo menos mentalmente.
Ainda não falou. Jo, seus pais e alguns outros passam tempo com
ela.

Sentiu uma onda de inquietação. — Como os pais delas


reagiram a você? — Perguntou, hesitante.

— Jazin, essas criaturas... — respirou fundo antes de olhar


por cima do ombro se certificando que estava sozinho. — São
alguns dos mais incomuns que já vi.

— O que aconteceu? — Questionou sem rodeios.

Queria voltar para sua companheira. Não tinha tempo de


decifrar o que o irmão relutava em compartilhar. Estava muito
cansado de qualquer maneira. Pessoalmente, se importaria menos
se os pais de Star o aceitassem. Ela era dele e nunca a deixaria.
Inclinou-se para frente, esfregando a testa, cansado, e olhou para
Manota. Nunca o viu tão incerto antes.

— Diga-me — disse, impaciente.

— Os pais delas ficaram tão felizes em vê-la e saber que


estavam seguras que não questionaram quem eu era no início.
Claro, isso mudou depois que descobriram onde planejava os levar.
A próxima coisa que soube era que tenho cem seres diferentes,
supostamente humanos, suas casas móveis e sua grande
variedade de animais de estimação na minha nave de guerra. Acho
que nunca entenderei os que chamam de palhaços. São

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


assustadores! — Admitiu em voz baixa. — Verá quando chegar em
casa. Papai os colocou não muito longe da cidade. Achou que é
melhor se assimilarem lentamente em nossa sociedade para que
não causem pânico entre nosso povo. Quando chegará?

— Em alguns dias — respondeu, passando as mãos pelos


cabelos. — Sabe que Tai Tek desapareceu de novo, não é?

— Sim — rosnou antes de sorrir cruelmente. — Mas será


surpreendido. Localizei outro estoque de seus créditos. Não só isso,
fez outro inimigo. Ristéard Roald não gostou de ser usado. Enviou
alguns de seus homens atrás do idiota. Os sistemas estelares
ficaram um pouco menores. Mesmo os mercenários que contratou
não desejarão cruzar o Elpidio. O Grande Governante não é
conhecido como um homem que perdoa.

Jazin suspirou profundamente. A única coisa boa sobre a


traição de Tai Tek foi a aliança entre Kassis e Elpidios. Esse
sistema estelar nunca recebeu outros antes. Agora, desenvolveram
uma necessidade mútua e talvez trazer outro sistema estelar para
a Alliance. Tê-los como aliados fortaleceria ainda mais o conselho
e proporcionaria mais proteção aos viajantes.

Deus, estava cansado. Não lembrava a última vez que


dormiu—Mantenha-me informado sobre quaisquer alterações —
pediu, inclinando-se para a frente novamente. — Estaremos em
casa em breve.

Manota riu inquieto. — Verá o que digo quando chegar —


falou esfregando a nuca. — Há um humano que talvez eu mate. Se

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


o fizer, as coisas ficarão ruins. Eu lhe contarei mais tarde.
Descanse um pouco, irmão. Não somos tão jovens mais.

Riu e assentiu. — Sinto isso. Até que nos encontremos


novamente, irmão, esteja seguro. — Encerrou a sessão e levantou.
Estava na hora de abraçar sua companheira.

Star enrolou-se o mais perto que pôde contra Jazin. Passando


a mão pelo peito dele, ficou maravilhada por encontrar alguém tão
perfeito para ela. Ele estava tão exausto quando finalmente chegou
aos aposentos que ela se surpreendeu que pudesse andar.
Abraçou-o, murmurando ternamente para deixá-la cuidar dele pela
primeira vez. As queixas dele atraíram uma risada dela, mas não
resistiu quando o guiou para o banheiro e lavou ternamente o suor
e a sujeira do corpo exausto. Praticamente dormia em pé quando
terminou. Duvidava seriamente que se lembrasse dela secando-o
ou ajudando-o na cama. Dormiu antes mesmo de sua cabeça bater
no travesseiro. Aconteceu quase quinze horas atrás. A única razão
pela qual acordou foi porque Armet ficou preocupado e veio vê-los.
Levantou quando ouviu a batida na porta duas horas atrás. Depois
de garantir que ele estava bem, apenas recuperando um descanso
necessário, usou o banheiro e voltou para a cama.

— Quero dar-lhe meu filho — Jazin murmurou suavemente


na penumbra do quarto. — Você me deixará?

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


O coração dela acelerou em surpresa. Sempre sonhou em ser
mãe, mas era só isso, um sonho. Sentiu um calafrio de necessidade
e desejo passar por ela, enquanto a palma calejada dele acariciava
sua barriga lisa.

— Quero vê-la arredondada com nosso filho — sua voz


engrossou e se aprofundou quando sua mão desceu cobrindo os
cachos macios de seu monte. — Permitira lhe dar minha semente?
— Gemeu, rolando para prendê-la debaixo dele.

Star olhou em seus olhos escuros. Os destaques prateados


ardiam com amor e paixão. Sorriu para o lindo rosto acima dela.
Suas mãos subiram pelo lado dele, raspando levemente a pele com
as unhas antes de envolvê-las firmemente no pescoço dele. — Sim
— sussurrou, puxando-o para baixo. — Sim.

O gemido feroz dele soou alto no quarto silencioso. Seu corpo


reagiu à palavra simples. Passou a mão pelo quadril dela antes de
mergulhar em seu canal quente para ver se já estava pronta. Ele
estava mais que pronto para ela. Era como se acendesse uma tocha
dentro dele com apenas um olhar, um toque, um aroma de sua
pele delicada. Seus dedos tremeram quando testou seu núcleo liso.
Alcançou entre eles e alinhou seu pênis latejante contra sua
buceta. Fechou os olhos brevemente ao suspiro em seu ouvido
antes de agarrar seu quadril e empurrar para frente, esticando-a
sem piedade, perdendo o controle.

— Star — engasgou, entrando até o punho, a ponta do seu


pau roçando o ventre dela.

— Leve-me — sussurrou. — Para sempre, Jazin.

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


Esmagou seus lábios nos dela, balançando mais e mais
rápido. Ele a levaria repetidamente. Seu controle desapareceu
quando o medo de quase perdê-la e a adrenalina da batalha se
soltaram. Apertou os braços ao redor dela a tal ponto que sabia
que a esmagava, mas não se conteve. Empurrou mais fundo e mais
forte quando o formigamento em sua espinha cresceu e explodiu.
Seu grito ecoou quando se esticou acima dela. Sentiu-a explodir
em torno de seu pênis, pulsando sua semente profundamente nela.
A sensação de ordenhá-lo tirou outro gemido dele quando os
músculos vaginais dela agarraram seu pênis, massageando-o e
puxando ainda mais sua essência.

Suas respirações pesadas foram o único som na sala por


vários minutos. Jazin passou os lábios ao longo do pescoço dela,
enviando arrepios pelo seu corpo em reação à sua língua e dentes
beliscando-a. O cheiro de sua excitação combinada com a dele era
um afrodisíaco.

— De novo — ele resmungou.

— Novamente? — Perguntou atordoada. — Está falando sério?


— Sentia como se não tivesse um osso sólido em seu corpo.

Os olhos dele brilharam e um sorriso perverso curvou seus


lábios. — Estou bem descansado agora. De novo.

Riu e balançou a cabeça. — Bem, Sr. Descansado, preciso de


um banho.

Ele baixou as pálpebras e o sorriso em seu rosto ficou ainda


mais perverso, se fosse possível. — Boa ideia.

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


Deveria saber que estava com problemas pelo sorriso no rosto
dele. Seu grito assustado o fez rir quando ele se afastou do seu
corpo e a pegou nos braços, levantando da cama em um movimento
fluido. Agarrou o ombro dele quando sua cabeça girou com o
movimento. Comandou para iniciar a unidade de limpeza e entrou
com ela ainda em seus braços. Colocou-a no chão tempo suficiente
para pegar um pano seco. Assistiu confusa quando rasgou em
tiras. Ofegou quando a agarrou pelos pulsos e os amarrou. Acima
da ducha havia uma barra que era usada para segurar, se
necessário. Virou uma ponta antes de amarrá-lo nos pulsos dela
novamente. Com um puxão, a levantou do chão até que estivesse
pendurada na frente dele. A única opção que tinha era se pendurar
na barra ou envolver as pernas em torno da cintura dele ou sobre
os ombros.

Mordeu o lábio antes de levantar a perna e colocar uma coxa


delgada em cada ombro. Esse movimento a abriu, empurrando os
quadris para a frente e inclinando os seios para cima. O profundo
grunhido de aprovação dele mostrou-lhe que fez escolha certa.
— Agora o que? — Perguntou, olhando seu companheiro.

— Agora isso — respondeu, abrindo-a.

O grito sufocado dela e o aperto de suas coxas nos ombros


dele indicou que gostava que atacasse seu clitóris com a língua
áspera. Lambeu, chupou e beliscou até que ela lutava e implorava
para que a liberasse. Toda vez que se aproximava do orgasmo,
parava ou mordia seu clitóris até que ficasse quieta novamente. Ele
a treinaria para gozar sob seu comando.

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


— Quero-o — lamentou quando a excitou novamente e
parando.

— Somente quando eu permitir — rosnou satisfeito quando a


água morna escorreu sobre eles como as chuvas suaves em casa.
—Diga-me a quem pertence — ronronou, deslizando dois dedos
nela.

Star puxou os braços e o encarou, enquanto a acariciava


lentamente dentro e fora. Lutou para manter os olhos abertos
enquanto o aperto dentro de seu corpo aumentava novamente—
Você, só a você.

— Goze para mim — ordenou, empurrando-a profundamente


ao mesmo tempo em que apertava seu traseiro inchado com uma
impiedade que tirou um grito quebrado dela quando seu corpo
explodiu com o ataque feroz.

Jazin não desviou o olhar, bebendo o doce creme que escorria


dela como um rio que transborda subitamente da represa que o
retinha por muito tempo. Afastou-se, tirando as pernas dela de
seus ombros. Levantando, a virou de costas para ele. Puxou-a para
trás e empurrou seus lábios inchados e sensíveis até que se
enterrou o mais profundamente que pôde. Puxou seus mamilos
distendidos enquanto ela lutava contra a invasão. O corpo dela
estava sobrecarregado pelas suas manipulações cuidadosas.
Queria aquecê-la até que ficasse irracional. Conseguiu.
Murmurava descontroladamente quando a levou sem piedade,
derramando sua semente nela uma e outra vez até que sentiu o
momento em que seu corpo se abriu para e o aceitou. Inclinou-se
para frente, mordendo seu ombro enquanto ela choramingava,

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


implorando que a deixasse gozar novamente. Quando seu pênis se
expandiu e sua semente quente derramou nela, se afastou o
suficiente para lhe dizer para lhe dar tudo dentro dela. Aquelas
palavras acaloradas de necessidade os percorreram enquanto o
corpo dela respondeu ao dele em completa rendição.

Segurou o corpo flácido dela. Ainda era muito difícil se afastar.


Uma parte dele sabia que deveria se vergonhar do que fez, mas se
recusou a sentir qualquer remorso. Era egoísta. Não arriscaria algo
a tirar dele. Se voltassem para seu mundo e os pais dela
influenciassem seus sentimentos por ele ou houvesse outro
homem que a reclamasse, seria um ponto discutível. Só
responderia ao corpo dele agora. Não só isso, carregava o herdeiro
para a House of Kassis. Como tal, nunca a tirariam dele, exceto a
morte. Ele a selara completamente, para sempre, como lhe pediu.

Desamarrou as tiras de tecido que a prendiam. Mudou a


umidade aquecida do chuveiro para o calor suave do ar secando
seus corpos. Cuidadosamente se libertou dela quando o suavizou
o suficiente para fazê-lo sem causar-lhes dor. Mesmo assim, ainda
estava semiduro. Era seu estado constante desde que a pequena
guerreira entrou em sua vida.

Girou-a gentilmente em seus braços, pressionando a cabeça


dela em seu ombro enquanto saía da unidade de limpeza.
Carregou-a para seus aposentos e a deitou suavemente na cama.
Abaixando-se, afastou ternamente os cabelos do rosto ainda
vermelho. Esperou pacientemente até os cílios dela tremerem antes
que seus olhos abrissem lentamente. Ergueu a mão dela até a boca
e deu um beijo nos nós dos dedos.

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


— Uau! — falou com uma risada rouca e tímida.

Jazin riu. — Uau.

— Se não engravidei agora, definitivamente tentaremos


novamente — murmurou, levantando e colocando a mão na cabeça
girando. — Foi… uau!

O riso dele se transformou em uma risada profunda e


satisfeita. Inclinou-se para a frente e beijo os lábios carnudos—
Seu corpo aceitou minha semente. Em breve crescerá com nosso
filho. Mas não significa que não continuaremos praticando.

Star colocou a mão na barriga ao mesmo tempo que abriu a


boca. — Como sabe se engravidei ou não? Levará semanas até
confirmarmos.

Balançou a cabeça. — Não. Senti o momento em que seu


corpo abriu e aceitou minha semente. Um guerreiro Kassisan não
dá sua semente levianamente e, quando o faz, sabe quando é
aceito. Em breve, saberá que falo a verdade. Seus pais terão que
me aceitar. É minha para sempre, Star.

Viu a vulnerabilidade brilhar nos olhos dele quando


mencionou seus pais. Uma luz se acendeu quando pensou no que
acabara de acontecer. Seu grande e forte guerreiro estava com
medo. Tinha medo de perdê-la. Temia que seus pais não o
aceitassem. Não tinha absolutamente nada a temer.

— Meus pais o amarão — murmurou. — Verá. É o homem que


amo, para sempre — o tranquilizou.

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


Passou os dedos sobre a leve cicatriz na bochecha dele, que
recebeu quando se conheceram. Parecia que foi em outra vida. Sua
vida na Terra parecia surreal em comparação com agora. Nunca
pensou que seria grata por ser sequestrada por um grupo de
alienígenas rebeldes, mas seria eternamente grata ao destino.

O comunicador soou ao lado da cama e ele suspirou quando


se afastou o suficiente para ativá-lo. — Fale.

— Estamos em órbita ao redor de Kassis. As tripulações do


planeta já iniciaram o reabastecimento e a transferência — afirmou
Dakar.

— Estaremos prontos em breve — respondeu. — Diga a Armet


e Jarmen para se prepararem para partir conosco. Precisamos nos
encontrar com meu pai e irmãos para discutir nosso próximo plano
de ofensa contra Tai Tek.

— Sim, meu Lorde — respondeu.

Suspirou profundamente quando olhou as características


relaxadas de sua companheira. Seus olhos percorreram sua figura
nua e reprimiu um gemido quando seu corpo respondeu
novamente. Seria sua morte.

— Venha, nos prepararemos — falou. — Suspeito que seus


pais, irmã e River estão ansiosos para vê-la.

Os olhos de Star se iluminaram com prazer. — Ah, esqueci


tudo sobre eles! Não penso em mais nada além de você quando
estamos juntos — falou com uma risadinha animada.

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


Escondeu seu sorriso de deleite pela resposta dela enquanto
se movia para pegar suas roupas. Ouviu distraidamente enquanto
se vestiam. Contou-lhe sobre vários membros de sua família. Diria
que tinha um profundo carinho por todos, enquanto contava
história após história. Seu corpo minúsculo praticamente zumbia
com energia reprimida enquanto se movia.

Pegou-a nos braços antes de saírem de seus aposentos. —


Amo-a, Star Ja Kel Coradon.

Um sorriso tímido curvou seus lábios quando pressionou os


lábios contra os dele levemente. — Também te amo, Jazin Ja Kel
Coradon. Nunca duvide.

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


VINTE E UM
Duas semanas depois, Jazin assistia, incrédulo e com muito
medo, sua companheira voar pelo ar. Seu coração despencou e não
voltou ao peito até que viu as mãos minúsculas dela agarrarem a
barra que balançava. Estava prestes a invadir a enorme tenda
montada no meio do complexo onde os pais dela e as outras
espécies, humanos, viviam, para pegá-la quando duas criaturas
estranhas com tinta branca e preta incomum no rosto o detiveram.
Não falaram uma palavra. Apenas o pararam. Havia algo sobre eles
que sempre o parava, mesmo que não entendesse o que era. Não
carregavam armas, nunca o tocaram, mas congelava quando agiam
revistando-o, puxando coisas estranhas como lenços, penas, até
uma coisa peluda estranha com cauda longa do ouvido, das costas
do colete e de outros lugares. Então, agiam como se houvesse uma
porta invisível que destrancariam e abririam antes que ele
entrasse. Era absolutamente intimidador!

Pessoalmente, concordava com Manota sobre os palhaços,


mas adicionaria outras criaturas também. Passou pela porta
invisível estendendo a mão discretamente para ver se sentia
alguma coisa enquanto passava. Até inclinou a cabeça como as
duas figuras o ensinaram. Fez uma careta quando riram
silenciosamente.

Um dia descobrirei onde nos deuses encontraram todas essas


coisas em mim, pensou, estremecendo quando a criatura branca e
peluda com a cauda longa veio em sua mente e esfregou a orelha
esquerda de onde a tiraram.

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


Acenou para os franceses, Jon Paul e Luc, que sentaram na
parte inferior ao lado de Madas e Gril. Os homens apontavam
coisas para os Tearnats, enquanto diferentes membros do circo
faziam acrobacias diferentes. Jarmen desapareceu quase
imediatamente quando os dois chegaram sem dizer uma palavra.
Apenas balançou a cabeça ao comportamento incomum de seu
amigo recentemente. Estava mais preocupado com seus próprios
problemas agora.

Passou pela poltrona de metal e foi para o centro onde os pais


de Star estavam. Admitia que gostava de Alan e Tami Strauss.
Aceitaram-no calorosamente em sua família. Apresentaram-no a
muitas espécies diferentes, humanos, nas últimas semanas.
Voltou os olhos para o homem pequeno que estava perto do círculo
central, mandando nas pessoas ao redor e observando enquanto
se esforçavam para fazer o que lhes pedia antes de voltar para o
casal, satisfeito, assistindo tudo.

— Boa tarde, Jazin — cumprimentou a mãe de Star,


levantando para lhe dar um grande abraço e um beijo.

— Lady Tami — respondeu com um sorriso divertido.

Ainda não se acostumou ao carinho dos humanos. A mãe de


sua companheira era tão pequena e delicada quanto a filha, com o
mesmo cabelo loiro branco e olhos azuis brilhantes e cintilantes.
Seu pai era vários centímetros mais alto e tinha um cabelo loiro
escuro e olhos azuis escuros. Ele estendeu a mão e apertou a mão
dele antes de indicar que sentasse por um tempo.

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


— Jazin — Alan Strauss cumprimentou antes de acenar para
onde suas filhas voavam. — São bonitas de assistir, não são?

Engoliu em seco novamente, observando Jo pegar Star


girando no ar. — Sim — respondeu. — Não sei se deveria fazer isso?

O sogro riu, observando o rosto dele empalidecer um pouco.

— Aceite que não há como impedi-la. Tami estava grávida de


oito meses de Jo e ainda voava pelo ar. Ser trapezista faz parte de
nós tanto quanto o ar que respiramos.

Tami apertou a mão do genro em encorajamento. — Nossa


Star sempre quis ser aceita por quem e o que é. É pequena em
estatura, mas tão alta quanto Jerry, o Gigante.

Observou onde um humano enorme, com quase dois metros


e meio de altura, acenava para o que o pequeno mestre do
cerimonia, dizia. Viu quando um jovem entrou com vários animais
enormes, chamados cavalos. O homem deu um tapa na garupa do
líder que disparou rapidamente para o círculo, seguido pelos
outros. Alguns minutos depois, seus olhos subiram para o topo do
ringue, onde duas cordas longas se desenrolaram e Jo e Star
desceram por elas. Enquanto as enormes criaturas passavam por
baixo, elas caíam levemente de costas. Uma leve camada de suor
escorria em sua testa enquanto as duas ficaram nas costas das
criaturas enormes, circulando o picadeiro antes de pular nos
braços de dois palhaços que surgiram do nada para pegá-las. O
homem que trouxe os cavalos assobiou, saindo do picadeiro e
passando pela saída da tenda do outro lado.

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


— Walter é muito, muito rigoroso em relação à segurança —
falou Alan olhando-o com compreensão. — Nunca permitiria que
fizessem algo que as prejudicassem.

Suspirou profundamente ao dar um sorriso trêmulo.

— Não o recebi corretamente em nosso mundo. Ou pedi


formalmente por sua filha. Na verdade, não sabia como reagiria à
sua filha acasalando com alguém diferente dela.

O sogro riu, puxando a esposa para mais perto.

— Olhe ao seu redor, Jazin. Star foi criada para aceitar


aqueles que são diferentes. Não direi que não ficamos um pouco
preocupados quando conhecemos Manota ou vimos os ônibus que
nos transportaram até a nave espacial que nos trouxe a este
mundo notável — falou Alan.

— Ou quando soubemos que Star se feriu — acrescentou


Tami, apertando suavemente a mão do marido. — Mas sempre
esperamos que encontrassem alguém que as fizesse felizes,
completas. Sinto que faz isso com Star.

Viu a sinceridade nos olhos deles. — Daria minha vida para


protegê-la. Amo-a profundamente. Provou ser uma guerreira. Eu
morreria se não fosse por suas habilidades — admitiu, observando
as irmãs rindo com várias pessoas que se juntaram a elas.

— É verdade que seu povo acredita que Jo, Star e River fazem
parte de uma profecia? — Alan perguntou, hesitante. — Seu irmão
mencionou.

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


Virou a cabeça surpreso ao saber que Manota compartilhou
essa informação tão cedo. Pensava que o irmão se contivesse,
preocupado que os pais delas relutassem em permitir que as filhas
se acasalassem com eles, sabendo que havia uma possibilidade de
perigo.

Limpou a garganta antes de responder. — Sim, acredita-se


que são as guerreiras mencionadas em uma profecia de muito
tempo atrás. Suas forças e habilidades salvarão e unirão a House
of Kassis. Acredito que seja verdade. River salvou meu irmão,
Torak, de um assassino. Star salvou minha vida quando fui
sequestrado. Star... — parou, quando seu olhar se suavizou no
rosto brilhante de sua companheira. — Teve uma visão. Viu-nos
juntos em outra vida. Recebi o nome de um grande guerreiro de
muito tempo atrás. Nosso mundo foi atacado e nosso povo levado
à extinção pela invasão. Na noite em que as duas luas de Kassis
formaram uma, os céus tempestuosos se abriram e do céu, os
deuses e deusas mandaram chuva destruindo nosso inimigo. Uma
nave desceu até onde meu ancestral estava em desafio feroz. Do
caça, sua companheira, a deusa Starla, apareceu. Reivindicou-a e
juntos construíram a House of Kassis, trazendo esperança e amor
ao seu povo. Assim como sua filha trouxe esperança e amor para
mim.

Tami enxugou uma lágrima e sorriu envergonhada. — Bem,


quem somos nós para negar isso!

Alan deu um beijo na têmpora da esposa. — Bem-vindo à


família, filho. Sei que cuidará bem da nossa garotinha.

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


Olhou para baixo e sorriu antes de encará-los com um sorriso
resignado. — Acho que ela cuidará tão bem de mim quanto eu.
Gostaria de convidá-los para um jantar para recebê-los em nosso
mundo.

— Teremos a honra de participar — disse Alan. — Não é seu


pai?

Virou, quando seu pai e Ristéard Roald entraram na enorme


tenda. Pararam para conversar com Walter, que correu até eles
quando o Grande Governante dos Elpidios ergueu uma espada
para os homens de rosto pintado que sempre o paravam na
entrada.

— Sim, vem regularmente para conversar com Walter.

— Quem é o outro? — Tami perguntou, olhando para o


enorme homem de pele azul que olhava ao redor da arena com
olhos estreitos. — Parece um pouco assustador. Não me
surpreenderia se Walter não tentasse contratá-lo.

A risada de Jazin foi rica e profunda ao pensar em Ristéard


Roald, o Grande Governante de Elpidios, sendo mandado pelo
pequeno homem humano. Embora apreciasse a autoridade que o
homenzinho obviamente tinha sobre os que estavam no circo,
duvidava muito que tivesse uma chance de ter sucesso ao
comandar o enorme guerreiro. Arregalou os olhos quando ouviu
um rosnado baixo e profundo surgir de Ristéard. Seus olhos
seguiram para onde o Grande Governante olhava e riu. Parecia que
algo chamou a atenção do grande guerreiro azul e não gostou da
ideia de alguém ter os mesmos pensamentos.

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


Uma fêmea alta e esbelta, usando botas pretas até os joelhos,
saia justa que terminava quase nos joelhos e blusa azul de mangas
compridas e macia conversava com os dois homens que o pararam
quando entrou. Ela olhou para Ristéard com uma carranca antes
de voltar a atenção para os homens. Estudou a fêmea com cuidado.
Era muito alta para uma fêmea humana, com mais de um metro e
oitenta se adivinhasse. Seu cabelo loiro escuro estava preso em um
coque apertado na parte de trás da cabeça e usava algo sobre os
olhos. Era adorável de uma maneira longa e desengonçada. Ela o
lembrava dos animais esbeltos que olhavam nas florestas perto de
seu refúgio na montanha.

Ouviu Walter gritar alguma coisa e a fêmea virou com uma


careta. — Quem é essa? — Perguntou curiosamente.

— É a filha de Walter e Nema, Ricki. Lida com todas as


questões de viagens, jurídicas e comerciais do circo. É a cola que
mantém tudo junto. É muito meticulosa e mantém tudo
funcionando sem problemas em segundo plano — respondeu Tami.

Olhou da pequena figura de Walter para a da mulher que


caminhava na direção dele. Também lembrara que a companheira
do homenzinho era ainda menor. Como era possível para eles...

— Adotaram ela quando criança — explicou Alan, vendo sua


expressão confusa. — Deixaram-na nos degraus do trailer. Uma
breve nota implorando que cuidassem do bebê.

— Nema não podia ter filhos e Ricki foi uma bênção para eles
— falou Tami observando Ricki ouvir atentamente o que seu pai

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


dizia. Ofegou de repente quando o enorme homem azul deu um
passo ameaçador em direção à garota tímida.

— Não a machucará — Jazin assegurou. — Meu pai não


permitiria.

Alan riu observando Walter analisar o enorme guerreiro com


uma profunda carranca e o deixou entrar enquanto Ricki girava
nos calcanhares e saía da tenda rapidamente. Jazin não tinha
certeza o que foi dito, mas o olhar no rosto de Ristéard era o
suficiente para que soubesse que o Grande Governante não estava
feliz. Os olhos dele não voltaram para Walter até que a fêmea não
fosse mais vista.

— Oi! — Cumprimentou Star, parando na sua frente,


bloqueando sua visão.

Olhou assustado e sorriu antes de perceber o que fez. Era um


guerreiro e aqui estava sorrindo como um garoto com sua primeira
mulher. Estendeu a mão e puxou-a para seu colo, beijando-a
apaixonadamente na frente de seus pais, aqueles palhaços loucos,
seu pai, o Grande Governante e os deuses e deusas.

Quem se importa se tem um sorriso tão pateta quanto aqueles


dois franceses que resgataram ou tão estúpido quanto um jovem
rapaz, pensou quando ela devolveu seu beijo caloroso. Estava
apenas se adaptando ao resto dos personagens estranhos e
incomuns que seu irmão trouxe.

Ignorou os suspiros ao lado dele e os assobios altos enchendo


a enorme tenda enquanto pressionavam sua reivindicação. Sua
vida mudou muito desde que uma pequena guerreira de outro

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


mundo entrou em sua vida e não mudaria uma única coisa.
Palhaços, franceses bêbados, uma mulher Tearnat aventureira ou
as duas belas guerreiras que corrompiam a que estava em seus
braços sempre que podiam.

Não, não me importo nem um pouco, pensou, perdendo-se na


tempestade que sua incrível guerreira de outro mundo despertou
dentro dele.

FIM!

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


SOBRE A AUTORA
S. E. Smith sempre foi romântica e sonhadora. Uma escritora
ávida, passou anos escrevendo, embora geralmente fossem artigos
técnicos para a faculdade. Agora, passa suas noites e fins de
semana escrevendo e sonhando com novas histórias. Uma
afirmada ‘geek12’, passa os dias trabalhando em computadores e
outros periféricos. Gosta de acampar e viajar quando não está em
um encontro com seu namorado. Os fãs podem entrar em contato
com ela em SESmithFL@gmail.com.

12
Geek é um anglicismo e uma gíria inglesa que se refere a pessoas peculiares ou excêntricas, fãs de tecnologia, eletrônica,
jogos eletrônicos ou de tabuleiro, histórias em quadrinhos, mangás, livros, filmes e séries

LORDS OF KASSIS #2 – STAR’S STORM


Aviso 1
Por favor, não publicar o arquivo do livro em redes sociais
ou qualquer outro meio!
Quer baixar livros do PL? Entre no nosso grupo ou em grupos
parceiros do Telegram, lá você encontrará todos os livros que
disponibilizamos e acompanhará nossos lançamentos!
Postagens dos livros em outros meios podem acarretar problemas
ao PL!
Ajude-nos a preservar o grupo!

Aviso 2
Cuidado com comunidades/fóruns que solicitam dinheiro para ler
romances que são feitos e distribuídos gratuitamente!
Nós do PL somos contra e distribuímos livros de forma gratuita,
sem nenhum ganho financeiro, de modo a incentivar a cultura e a
divulgar romances que possivelmente nunca serão publicados no
Brasil.
Solicitar dinheiro por romance é crime, pirataria!
Seja esperta (o).

Você também pode gostar