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Tradução: Angel Huntress

Revisão: Scarlett

Leitura Final: Sekhmet Huntress

Formatação: Sekhmet Huntress


COPYRIGHT © 2016 POR LEELA ASH.
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recuperação de informações, sem a
permissão por escrito do autor, exceto
pelo uso de citações breves em uma
resenha.
Kala está perdida em um mundo
estranho e assustador, pior ainda, sem
nenhuma lembrança de quem ela é ou
como veio parar neste lugar.
Então, um estranho, arrogante e
bonito aparece e a salva dos homens
maus, ao quais ele dá o nome de
Guardiões, ele toma conta dela de sua
maneira um pouco áspera. Ele lhe parece
tão familiar, mas ela não entende como ou
porquê.
Ela precisa desesperadamente
descobrir quem é, de onde veio e qual sua
missão, será que conseguirá?
Zaden ficou encantado e ao mesmo
tempo intrigado com a bela e misteriosa
mulher com a qual esbarrou e salvou dos
Guardiões, curioso para saber por qual
motivo eles a perseguiam. A bela estranha
lhe parece familiar, o faz se sentir
reconfortado.
Ele está determinado a ajuda-la, e logo
se vê envolvido em uma missão suicida
para descobrir mais sobre o passado dela,
achará o que procura, ou morrerá
tentando?
CAPÍTULO UM

Kala estava com frio.


Ela não podia ver ou ouvir nada, exceto o
farfalhar suave do vento dançando com as
árvores ao seu redor. Ela agarrou a terra fria
e percebeu que estava deitada no
chão. Quando tentou abrir os olhos, uma dor
avassaladora inundou sua cabeça e ela
gemeu. O que estava acontecendo? Onde
estava?
Tentou abrir os olhos novamente e a luz
entrava pelas minúsculas fendas em seus
olhos, a dor piorou e os fechou
novamente. Ela não conseguia se lembrar de
nada sobre quem era ou por que estava
deitada em uma estranha floresta
fedorenta. E as folhas dessas árvores eram
realmente verdes? Isso parecia estranho e
desanimador de alguma forma. Talvez ela
tenha visto errado quando conseguiu espiar
com os olhos semicerrados. Ela teria que
deixar seus olhos se ajustarem à luz antes de
tentar novamente.
Kala lutou para se sentar, protegendo os
olhos da luz, para que ela pudesse se
acostumar gradualmente à sensação dolorosa
de manter os olhos abertos. Por que não
lembrava quem era? Um forte medo tomou
conta de seu coração, mas sabia que não seria
útil se afogar nisso. Ela teria que fazer o
possível para manter a calma.
Finalmente, ela estava pronta para
enfrentar o estranho mundo novo e abriu os
olhos lentamente, colocando as palmas
protetoras no rosto. Era verdade, as folhas
das árvores eram verdes e os troncos
pareciam terrivelmente finos por algum
motivo. Eles estavam doentes? Ela não tinha
certeza.
Se estivessem, ela provavelmente deveria
sair de lá o mais rápido possível, caso o que
os tivesse infectado fosse contagioso. Talvez
tenha sido o que a fez perder a memória. O
pensamento era preocupante e se
levantou. Ela teria que encontrar um jeito de
sair daqui, de um jeito ou de outro. Ela não
tinha certeza de que gostava do cheiro da
floresta. Era tão diferente do que
esperava. Isso significava que estava longe de
casa? Ela não tinha certeza, mas sabia que
tinha que sair dali e pedir ajuda.
CAPÍTULO DOIS

— Zaden, por que você é tão tolo?


— Janes rosnou.
Zaden suspirou. Janes realmente levava o
treinamento a sério. Zaden sempre o
considerou um incômodo quando estava
entediado e decidiu fazer suas próprias coisas
para animar seu próprio treinamento. O que
é ainda mais desconcertante e frustrante para
Janes, Zaden não conseguia ver o objetivo de
trabalhar tanto para fortalecer seu corpo
humano quando já era um Shifter Dragão. Se
ele se metesse em problemas, tudo o que
precisava fazer era mudar para a forma de
dragão e começar a causar alguns problemas.
— Eu terminei por hoje — disse Zaden.
— O quê? Eu te direi quando você
terminar! Você sabe que Clayton nos quer o
mais fortes possível. O clã Kersh depende
disso!
— Eu já sou mais forte do que todos os
outros homens por aqui! — Zaden
exclamou. — Por que você não os ajuda e me
deixa em paz?
— Zaden... — avisou Janes.
Mas Zaden não estava mais ouvindo. Ele
já havia virado as costas para Janes e estava
correndo para a floresta, seu sangue
fervendo. Se ele ficasse lá por mais tempo,
Janes acabaria machucado e ele se
arrependeria disso, e então Zaden teria que
enfrentar Clayton, o líder do clã Kersh. Não
era algo que ele estava interessado em
fazer. Além disso, ele dissera a verdade. O
próprio Clayton o treinava há muito
tempo. Ele ficou órfão em tenra idade e o
líder do clã tinha um interesse especial por
ele, dizendo que via potencial no garoto
quando todo mundo só via dor de cabeça.
Ele sabia que Clayton entenderia, mas
ainda temia ter essa conversa com ele
novamente. Aquela sobre disciplina e
trabalho em equipe e sobre como seguir
ordens. Zaden simplesmente não era esse
tipo de homem. Ele cresceu sem autoridade
e também não precisava disso quando adulto.
Ele inalou profundamente, permitindo
que o aroma delicioso da floresta elevasse seu
espírito. Nada o fazia se sentir mais calmo do
que explorar as belas árvores que cercavam o
perímetro do seu clã. Ele olhou para cima,
olhando através do dossel das árvores para o
mundo acima. Kaldernon brilhava sobre ele,
uma aurora de cores que, até onde ele sabia,
só era visível no mundo em que seu povo se
originou. Somente os Shifters Dragões e os
criativos Lonis, suas companheiras em
Kaldernon, eram capazes de ver o mundo
velado entre o tecido do espaço-tempo. Os
Dragões tinham uma casa lá, onde eles não
eram obrigados a recorrer à crueldade da
humanidade e à ameaça sempre crescente de
guerra na Terra.
Ele estava prestes a ir ao seu lugar favorito
- uma área perto de um rio onde ficava
sozinho e meditava sobre as coisas - quando
ele fez uma pausa. Ser parte do Dragão
significava que ele era capaz de ouvir e sentir
coisas em sua forma humana que outros
humanos talvez não conseguissem, e muito
longe ele sentiu um movimento,
começando a farfalhar e cheirar. Alguém
estava invadindo o território do clã Kersh?
O clã foi forçado a dobrar seus esforços
para ter cuidado extra depois que o grupo
maligno de fundamentalistas, que se
autodenominavam — Os Guardiões —,
tentaram tirar a nova companheira
de Clayton. Eles estavam sempre tentando
descobrir novas maneiras de acabar com o
Clã de Dragões e os Lonis, que eram suas
companheiras no mundo acima. Lonis,
criaturas criativas, espirituais e sensíveis, eram
capazes de carregar filhos shifter e às vezes até
adivinhar o futuro. Se os fundadamentalistas
viessem pegar as Lonis de uma vez por todas,
que haviam caído na terra através do rasgo no
espaço-tempo, o clã de Dragões certamente
morreria.
Zaden olhou para trás, imaginando se
deveria pedir ajuda. Se houvesse um grupo
de Guardiões, poderia precisar de mais do
que apenas um homem para derrotá-
los. Infelizmente, já havia colocado muita
distância entre ele e Janes. Ele teria que lidar
com isso sozinho.
CAPÍTULO TRÊS

Kala estava caminhando por horas e


ainda não havia encontrado o caminho para
sair dessa floresta estranha. Se os vapores
nocivos das árvores estranhas e doentes
fossem alguma indicação, ela provavelmente
morreria em breve e talvez nunca recuperasse
sua memória. O pensamento a dissolveu em
lágrimas. Estava com frio e sozinha, e não
podia acreditar no que estava acontecendo
com ela.
De repente, ela ouviu o estalo penetrante
de um galho e olhou para o som com seus
olhos cor de lavanda arregalados. Um
homem alto, sério e nu da cintura para cima,
andava em sua direção. Seus músculos
tremeram com o esforço de seu movimento,
e seus sérios olhos verdes-mar
permaneceram fixos nela enquanto se
aproximava. Ela engoliu em seco quando ele
parou diante dela, seu cabelo loiro escuro
caindo na frente do rosto esculpido,
enquanto ele olhava para o local onde ela
estava descansando, as lágrimas ainda
escorrendo de seus olhos.
— O que está acontecendo? — ele
perguntou casualmente, como se se
conhecessem há anos. Ele foi a primeira
pessoa que ela viu e isso a deixou nervosa. No
entanto, algo nele era reconfortante e
familiar. Talvez ele tivesse sido seu amigo. O
pensamento fez seu coração pular de
esperança, mas não muito alto.
Por outro lado, ela não tinha ideia se ele
poderia ter participação em sua perda de
memória. Talvez eles realmente se
conhecessem antes dela perder a memória,
mas fossem inimigos.
— Eu... você sabe quem eu sou? — ela
perguntou. Ele torceu o nariz e se
afastou. Aparentemente, a pergunta foi
desconcertante.
— Não, mas você parece uma daquelas
humanas esnobes que pensam que seu
dinheiro é suficiente para torná-los famosos
em todo o mundo. O significa isso? — Ele
perguntou.
Ele inclinou a cabeça e levantou uma
sobrancelha para ela.
— Não, é só que... estou perdida —
respondeu ela calmamente.
Ela estremeceu involuntariamente pelo
frio e Zaden levantou a sobrancelha em
alarme.
— Oh, me desculpe. Você está bem?
— É só que…
Antes que ela pudesse terminar, um
homem com uma túnica marrom escura
saltou na direção deles das árvores.
— O que temos aqui?! — ele disse com
uma gargalhada. — Parece exatamente a
pessoa que procuramos!
— Merda — Zaden sibilou, olhando da
garota para o homem, um Guardião com um
sorriso malévolo no rosto. Ele se virou com
raiva para a garota. — Você fez isso para me
atrair aqui? Isso foi uma armadilha?
— É claro que ela não fez — o Guardião
gargalhou. — Estamos aqui pela garota.
— Por quê? — Zaden perguntou. A garota
parecia assustada e confusa, e se encolheu
mais perto do chão, apertando os olhos com
medo.
— Ela é uma visitante aqui — disse ele
misteriosamente, e levantou a arma para
disparar contra a garota. Ela estava
escondendo o rosto, parecia fraca e
cansada, confusa demais para entender o que
estava acontecendo. Zaden rosnou e investiu
contra o homem, jogando-o de volta nas
árvores. Ele aterrissou com um baque
doloroso, mas uma gargalhada ameaçadora
subiu da folhagem onde ele pousou.
— É tarde demais — disse ele. — Mais
estão chegando.
Zaden soltou um rugido
poderoso. Silenciou o riso do homem e a
garota olhou em confusão e terror.
— Temos de ir. Agora. — Zaden disse a
garota.
— Mas...
Zaden não esperou que ela terminasse
seu pensamento. Ele a levantou sobre seus
ombros, carregando-a como carregara
cordeiros no assentamento para festas
especiais, e correu com tudo o que tinha para
levar a garota o mais longe possível dos
guardiões que se aproximavam.
CAPÍTULO QUATRO

Zaden não parou de correr até que não


pudesse mais cheirar ou ouvir os
Guardiões. Ele não tinha ideia de como
foram capazes de esgueirar-se dessa
maneira. Tudo o que conseguia pensar era
que estava distraído demais para perceber
que se aproximavam. Ele havia corrido
muito, mais longe do que nunca do clã
Kersh. Embora isso o deixasse nervoso, ele
queria permanecer ao lado da bela e
misteriosa mulher.
Ela tinha cabelos loiros acinzentados,
longos até a cintura. O efeito a fazia parecer
angelical e pura como a neve. Quando ela
fixou os olhos cor de lavanda nele, ficou
surpreso com a intensidade deles. Ele só
tinha visto olhos como aqueles uma vez antes,
mas não conseguia localizar onde os tinha
visto.
— Quem é você? — ela perguntou
suavemente, tremendo no local onde a
colocara no chão.
— Meu nome é Zaden — disse ele,
erguendo o queixo, como se tentasse desafiá-
la a questionar. Ela não tinha certeza de qual
era o objetivo da atitude dele, especialmente
depois que a salvara do homem assustador
que a perseguira. O homem que Zaden
murmurou ser um guardião, enquanto
corriam, cheirava horrivelmente e a deixava
nauseada.
— Obrigado por me salvar, Zaden — disse
ela o mais formalmente possível. Ela sentiu
como se houvesse algum tipo de costume que
deveria estar realizando, mas durante toda a
vida não conseguia se lembrar de quem era,
e esperava que uma simples forma verbal de
gratidão fosse suficiente.
— Não é nadac— disse ele com
desdém. Ele fingiu não olhar para ela, mas na
realidade não pôde deixar de encará-la pelo
canto do olho. Havia algo de estranho
naquela mulher. Isso lhe deu uma estranha
sensação de nostalgia.
— Suponho que podemos sair agora,
certo? — Ela perguntou esperançosa. O
homem era intenso e a deixava nervosa. Ela
não tinha certeza do que fazer com ele.
— Não se os Guardiões estiverem atrás de
você por alguma razão. Você fugiu?
— Fugir? — Ela perguntou, franzindo as
sobrancelhas em confusão, imaginando um
formigamento em seu corpo.
— Não então... — disse ele, pensativo. —
Hmm…
De repente, ela percebeu o que ele queria
dizer.
— Fugir de onde? — ela questionou.
— De algum lugar — disse ele. — Para
algum lugar que você queira ir ou que
conhece muito. Esses caras são monstros e
estão atrás de você, tem que haver uma boa
razão.
— Entendo — disse Kala. Ela estava
ficando cada vez mais alarmada, mas não
tinha certeza de quanto da sua situação
poderia compartilhar com esse homem. Ele
era extremamente difícil de conversar. Havia
uma borda áspera nele que não se sentia
particularmente segura ou acolhida. Ele era
certamente arrogante. E no entanto, ele a
salvou.
— De qualquer modo, quem é você? —
Ele perguntou finalmente.
— Eu... eu sei meu nome — disse ela com
um calafrio. — Kala.
— Você está com frio — ele observou.
Ela assentiu e ele pareceu surpreso. Ele
imediatamente começou a trabalhar,
coletando gravetos e galhos
combustíveis. Em quinze minutos, ele tinha
um fogo crepitante. O calor era como um
velho amigo que ela não tinha percebido que
sentia falta. Não se sentira confortável desde
o momento em que acordara na terra
estranha e agora finalmente começava a
relaxar suas defesas com o toque do calor em
sua pele.
— Não devemos ficar longe das árvores?
— Ela perguntou sonolenta, abraçando seu
corpo magro para economizar calor.
— Por que? — Ele perguntou surpreso.
— Elas parecem engraçadas — disse
ela. Ele estava prestes a perguntar porque,
mas antes que pudesse, percebeu que ela
estava encolhida no chão à sua frente,
profundamente adormecida.
CAPÍTULO CINCO

Na manhã seguinte, Kala acordou com os


sons e cheiros da comida cozinhando. Ela
sentou-se animadamente, com o estômago
roncando. Zaden trabalhava duro no fogo,
seus cabelos dourados e grossos amarrados
em um coque atrás da cabeça. Ele tinha um
olhar de intensa concentração no rosto, e ela
não pôde deixar de achar fofo. Ele era
arrogante, mas quando focava em alguma
coisa, dava tudo de si. Isso era admirável.
— Bom dia — ela falou suavemente,
incapaz de lidar com a sensação voyeurística
de vê-lo estava lhe causando.
— Oh, bom, você está acordada agora.
— Sim estou. O que você está
cozinhando? Tem um cheiro incrível.
— Oh, isso é algo que minha mãe
costumava fazer. Eu sempre amei, mas
muitas pessoas acham isso estranho. Minha
mãe não era daqui. Mas queria lhe dar algo
que lhe desse força. Você parece realmente
exausta.
— Isso é verdade. Obrigada.
— Você não precisa me dizer o que
passou, mas se quiser falar sobre isso, estou
aqui.
Ela ficou surpresa com a oferta. A
maioria dos homens, tanto quanto sabia, não
se preocuparia em dizer algo assim. Ele fixou
os olhos verdes-mar nela e sentiu um tremor
no peito. Ele estava falando sério. Não era o
que esperava dele, mas então, nada era mais
o que parecia.
— Obrigada — disse ela
desconfortavelmente. Ela ainda não tinha
certeza se podia confiar nele ou não, somado
ao fato de que ela não tinha nenhuma
lembrança. Pensou que seria melhor manter
isso em segredo. No entanto, ele a mantinha
segura e quente e agora estava fazendo algo
para ela comer. Talvez pudesse confiar
nele. Ela suspirou profundamente, mas ele
não pareceu notar. Ele estava muito focado
em mexer o que havia na panela que tinha
sobre o fogo.
— Onde você conseguiu esse pote? — ela
perguntou.
— Oh, guardo na minha bolsa. É
retrátil. Posso dobrá-lo e torná-lo
pequeno. Te mostro mais tarde.
— Que tipo de mágica é essa? — ela
perguntou bastante surpresa.
Ele riu com vontade até perceber que ela
falava sério. O sorriso caiu de seu rosto e ele
balançou a cabeça, olhando para ela como se
fosse uma espécie estrangeira.
— Você não está falando sério, certo?
— ele perguntou. — Você é Amish1 ou algo
assim?
— Amish? — Ela perguntou. Nada do que
ele falava fazia algum sentido para ela.
— Você sabe, as pessoas que não
acreditam em tecnologia e acessórios
sofisticados além dos botões?

1
Amish é um grupo religioso cristão anabatista baseado nos Estados Unidos e
Canadá. São conhecidos por seus costumes ultraconservadores, como o uso
restrito de equipamentos eletrônicos, inclusive telefones e automóveis.
Ela balançou a cabeça, genuinamente
sem noção.
— O que? De onde você é, afinal?
— Eu... — Seus olhos se encheram de
lágrimas. Ela não sabia.
— Olha, me desculpe por ter zombado de
você — ele disse sem jeito, coçando o
queixo. — Você não precisa chorar por
isso. Foi apenas uma piada de mau gosto.
— Eu não entendo nenhuma de suas
piadas — disse ela, seus olhos cor de lavanda
escuros de tristeza e dor. — Eu nem sei quem
eu sou. Tudo o que sei é meu nome, mas não
consigo me lembrar de mais nada. Não sei
quem você é, não sei quem são os homens
que estavam atrás de mim e não sei por que
essas árvores cheiram e parecem tão
engraçadas. Nada faz sentido. E sinto muito,
mas também não sei o que são os Amishes.
Ele a observou seriamente e depois riu.
— Você quer dizer que perdeu a memória
então? — Ele perguntou.
Ela assentiu. Era isso que estava
acontecendo, gostasse ou não. Talvez se ele
ainda a ajudasse, seria melhor se soubesse a
verdade.
— Isso é difícil — disse ele. — Já ouvi falar
de coisas assim antes, e geralmente é por
causa dos Guardiões. Eles realmente mexem
com sua cabeça. Se eles te torturaram, às
vezes você sai e não se lembra de
nada. Temos algumas pessoas em casa que já
lidaram com isso antes. Talvez você deva
conversar com eles. Aposto que poderiam
ajudá-la a descobrir o que está acontecendo.
— Por que eles me torturaram? — ela
perguntou, franzindo as sobrancelhas. — Eu
não fiz nada de errado.
Um olhar triste escureceu o rosto de
Zaden, e ele olhou para o chão. Os
Guardiões estavam atrás dos Shifters Dragões
há séculos e seu único refúgio se tornara o
assentamento subterrâneo liderado pelo clã
Kersh.
— Não, ninguém que eles torturaram fez
algo errado. Eles são apenas pessoas
terríveis. Eles nem sempre tratam pessoas
diferentes com muito respeito. De fato,
geralmente tentam nos matar ou nos dissecar
como experimentos científicos para ver o que
podem aprender.
— Isso soa horrível, por que fariam isso?
Mas Zaden parou de falar. Ela não
conseguia se lembrar de nada e ele não via
sentido em colocar memórias falsas em sua
cabeça. E se ela não fosse uma Shifter
dragão? Seria a maior quebra de confiança
com o clã que já pensou, para contar seus
segredos sobre a mudança de forma, para
alguém que não saberia ou entenderia do que
ele estava falando. Clayton o veria como um
traidor e isso era algo que ele não podia
tolerar. O homem praticamente o criou e
permitiu um tratamento especial após a
morte de seus pais. Ele não trairia seus
segredos, nem mesmo a esta linda mulher.
— Viajamos para muito longe ontem à
noite e não sei exatamente onde estamos —
admitiu Zaden, evitando o assunto. — Eu
nunca estive aqui antes. E teremos que voltar
ao meu clã antes que os Guardiões nos
encontrem. Não sei o que eles querem com
você ou por que escolheram você. Suas
razões são só deles. Tudo o que você precisa
saber é que são maus e machucarão você se
te pegarem e aqui estamos
desprotegidos. Então, teremos que encontrar
um caminho de volta o mais rápido possível.
Ela assentiu e ele serviu o café da
manhã. Comeram em silêncio, cada um
deles perdido em seus próprios pensamentos
e preocupações com o futuro.
CAPÍTULO SEIS

— O que você quer dizer com ela fugiu?


— Richard exclamou.
Peter olhou para o chão,
estremecendo. Richard sempre foi tão cruel
quando estava com raiva. Às vezes, ele até
descontava em seu próprio grupo. Vários
deles não haviam sobrevivido ao
temperamento do homem.
— Estou lhe dizendo, não foi minha
culpa. Havia um Shifter lá. Não sei quem ele
era, mas acho que era aquele garoto que
Clayton está cuidando.
Richard começou a passear pela sala suja,
parecida com uma masmorra, onde ele havia
feito a sede dos Guardiões. Parecia uma
câmara de tortura medieval e se abria para os
labirintos mais profundos do laboratório,
onde haviam vários espécimes coletados,
tanto da descendência Dragão quanto de
Loni.
O povo de Kaldernon estava desesperado
para voltar ao seu mundo natal, mas antes de
fazê-lo, estava fazendo grande uso dos
recursos limitados da Terra e contaminando
a população genética dos humanos. Sempre
que os Guardiões encontravam alguém,
mesmo com a mais vaga descendência
Dragão ou Loni, eles usavam todos os seus
recursos e poder para capturar e manter em
seus cuidados, para experimentos
futuro. Fora através desses prisioneiros, que
os Guardiões aprenderam os segredos
genéticos e místicos de Kaldernon, que
ameaçavam perturbar o equilíbrio da vida
saudável na Terra.
— Se era Zaden, como você suspeita, não
deveria ser muito difícil corrompê-lo. Aquele
pequeno idiota sempre esteve ansioso para se
rebelar. Talvez possamos fazê-lo trair a garota
e entregá-la para nós — disse Richard,
pensativo.
— Isso é improvável — observou Peter. —
Você sabe que ele tem um ódio intenso por
nós. Talvez isso funcionasse, se não
tivéssemos matado os pais dele, mas como
matamos, duvido que haja alguma chance de
influenciá-lo de uma maneira ou de outra.
— Bem, para nossa sorte, descobrimos os
segredos para mascarar nosso perfume dos
Shifters Dragões. Podemos nos esgueirar no
acampamento deles sem que nos vejam e
pegá-la.
— Você sabe que a fórmula é apenas
temporária e existe uma quantidade muito
limitada. Teríamos que fazer um novo
lote. Nós já usamos isso tentando chegar na
garota.
— Bem, não sabemos se ela é Shifter ou
Loni, então essa foi uma precaução
necessária. Na verdade, estou mais zangado
por você ter desperdiçado essa chance de
pegá-la e feito disso um sequestro perfeito.
Peter empalideceu quando o rosto de
Richard começou a ficar magenta escuro. Os
olhos vazios do homem se fixaram nele sem
piedade e ele teve a sensação de que sabia o
que ia acontecer. Antes de Richard proferir
sua maldição sobre Peter, outro homem
entrou na sala.
— Senhor, houve alguma atividade
relatada na cidade. As pessoas estão
começando a afirmar que viram cores
estranhas no céu. Receio que estejam
começando a despertar para a presença de
Kaldernon.
— Isso é impossível! — Richard cuspiu,
afastando-se de Peter e encarando Duke que
entregara a mensagem.
— Receio que não, senhor — disse Duke
com uma pequena reverência. —
Aparentemente, qualquer um que tenha
ancestrais ou descendência Dragão ou Loni
pode ver o mundo acima através do rasgo no
espaço-tempo. Eles não entendem o que é ou
por que está lá. Pensam que são puramente
humanos e nunca acreditariam na
verdade. As linhagens se tornaram tão
diluídas nesses casos que não têm acesso aos
seus poderes Loni de metamorfose ou
criação, que muitos não tinham. Esse é o
único consolo neste caso.
— Você conseguiu relatórios das pessoas
que afirmaram tal fato? — Richard disse agora
com uma calma estranha. Peter e Duke
trocaram um olhar rápido e nervoso.
— Ainda não — disse Duke. — Mas
podemos fazer que a polícia os detenha por
suspeita de consumo de drogas
alucinógenas. Isso nos dará o tempo que
precisamos para trazê-los aqui antes que algo
estranho aconteça.
— Tudo bem. — Disse Richard. Ele
começou a andar pelo chão da sala, passando
a mão no topo da cabeça careca. Peter
começou a recuar o mais sutilmente que
pôde.
— Pegue a garota — disse Richard,
distraído, perdido em pensamentos.
— Sim, meu senhor — disse Peter. —
Imediatamente.
CAPÍTULO SETE

A noite caiu e Kala se viu inquieta. Por


alguma razão, não conseguia dormir, apesar
de ter sido muito fácil para ela na noite
anterior. Eles andaram o dia inteiro, o que a
fez pensar que provavelmente estaria exausta
demais para insônia. Infelizmente, este não
era o caso. Ela seguiu Zaden pelas colinas e
pelas árvores estranhas das quais ainda
suspeitava. Por que elas pareciam tão
diferentes do que pensava que deveriam
ser? De fato, como ela esperava que
fossem? Não fazia ideia. Talvez estivesse
apenas confusa por causa de sua perda de
memória.
De certa forma, ela se sentia pior por
estar com alguém, do que por estar
sozinha. Tudo era muito mais confuso. Não
apenas isso, mas começava a sentir se tornara
um fardo para o homem impaciente e
intragável que salvara sua vida. Embora fosse
forte e bonito, também era irritado e cheio de
si mesmo. Ele mencionou que era um dos
lutadores mais capazes de seu clã, que ela
estava segura com ele. Mas, era a impressão
que ela tinha dele como um fanfarrão, que
lhe dava um mau pressentimento. Quem
sabia em quem ela podia confiar aqui neste
mundo estranho?
Os sons estranhos da floresta a
mantinham acordada. Havia animais de todo
tipo. Zaden mostrara alguns para ela, mas
nenhum deles convocou qualquer tipo de
familiaridade ou memória em sua mente. Foi
decepcionante, embora ela gostasse de ver a
maneira fofa com que os animais se moviam
e faziam som.
Ela tocou o laço branco de seu lindo
vestido, seus olhos descansando no caminho
que refletia a luz da lua. De onde ela era, era
um lugar capaz de criar tecidos tão bonitos
quanto este. Não era nada parecido com o
tecido marrom estranho que o homem
Guardião fedorento usava, ou o couro das
calças justas de Zaden. Ela sabia que não
pertencia a esse lugar, mas não conseguia
descobrir de onde tinha vindo.
Enquanto olhava para o céu acima, seus
olhos cor de lavanda se arregalaram quando
viu uma estrela cadente. Parecia rastrear por
trás cores familiares. Cores que pareciam
estar faltando no mundo em que ela estava,
nas árvores, no céu e em qualquer outro
lugar. Por que essas cores a faziam sentir
tanta saudade de casa?
Ela não percebeu que chorava até sentir
os braços fortes de Zaden ao seu redor. Ela
permitiu que ele a abraçasse com força e
enterrou a cabeça nos ombros dele,
envergonhada pelas emoções que sentia e
pela causa delas.
— Está tudo bem. — Disse ele suavemente
em seu ouvido. Ela sentiu estranhos
tentáculos de prazer com a vibração da voz
dele e parou de chorar, confusa com a
sensação. — Farei o meu melhor para ajudá-
la a descobrir de onde você é. Meu clã é bom
nesse tipo de coisa, não se preocupe.
Ela se afastou, saindo dos braços dele e
olhando para a escuridão ameaçadora da
floresta ao redor deles. Podia senti-lo em pé
atrás dela, seu corpo másculo perto do
dela. Ela não conseguia entender porque o
cheiro dele era tão bom. Mas se
envergonhava em admitir o quão confortável
se sentia nos braços desse homem
estranho. Ele colocou a mão no ombro dela
e depois a deixou cair, as pontas dos dedos
tocando levemente seus longos cabelos loiro-
acinzentados. Ela esperava que ele dissesse
alguma coisa, mas em vez disso, se afastou
dela e voltou para perto do fogo.
— Tudo ficará melhor quando o sol
nascer — disse ele. Então ele se acomodou no
chão e voltou a dormir.
CAPÍTULO OITO

O dia chegou mais rápido do que


esperavam. Zaden levantou-se primeiro e
ficou olhando para Kala. Toda vez que a via,
ele se assustava com a beleza dela e a olhava
por mais tempo do que pretendia. Todas as
mulheres de seu clã pareciam claras demais
para ele. Porem algo em Kala parecia
diferente. Seus cabelos o intrigavam e ele
desejava poder colocar os dedos neles, mas
exatamente quando se aproximava dela, ela
se mexeu e encontrou os olhos dele.
Ela deu um pulo para trás, assustada, e ele
desviou o olhar envergonhado.
— O que você está fazendo? — Ela
perguntou, sentando-se e deslizando para
longe dele.
— Há algo estranho em você — disse ele
decididamente — Os Guardiões
provavelmente fizeram algo estranho.
Era mais fácil simplificar seus
sentimentos por ela dessa maneira. Isso o fez
se sentir mais no controle de si mesmo.
— Estranho? O que você quer dizer? —
Ela perguntou, olhando furiosamente para
ele. — Não sou estranha.
— Eu não sei. Seus olhos ou algo
assim? Você parece diferente.
Ela o encarou e ele se mexeu
desconfortavelmente.
— Quero dizer, não é ruim, nem nada —
Seus olhos verdes escureceram e ele se
afastou dela. Ele a insultou quando realmente
pensou em como era bonita. Que tipo de
idiota faz isso?
— Alguém já te disse antes que você é
muito rude? — Ela perguntou, levantando-se
com raiva.
— Sim — ele respondeu sorrindo para ela
por cima do ombro. — Agora vamos
lá. Temos que sair daqui antes que os
Guardiões descubram onde estamos. Eles
querem você por algum motivo e não vão
parar até pega-la. Você ficara mais segura
com meu clã.
Ela rosnou baixinho para si mesma e o
seguiu para longe do acampamento. E se não
quisesse ficar com o clã dele? Embora tivesse
que admitir, ele parecia ser a única coisa em
toda a situação que lhe dava algum senso de
normalidade. E ele não era tão ruim de se
olhar também. De fato, ela se pegou
encarando os contornos das suas costas
musculosas, naquele momento. O poder
bruto de seu corpo fez seu coração pular uma
batida.
Ela olhou para o chão, frustrada consigo
mesma. Por que ele tinha que ser tão
bonito? Ela não suportava o jeito como ele
continuava tentando assumir o
comando. Mas o que faria sobre isso? Não
era como se soubesse alguma coisa sobre o
lugar. Ela não tinha escolha a não ser segui-
lo. Pelo menos até que ser capaz de se
lembrar de algo. Esperava que ele estivesse
dizendo a verdade e as pessoas em seu clã
pudessem ajudá-la.
Caso contrário, ela não sabia o que faria.
CAPÍTULO NOVE

Zaden suspirou, olhando para trás,


enquanto Kala lutava para acompanhar.
— Você é lenta demais! — Ele
exclamou. Lá estava ele, insultando-a
novamente, quando realmente pensava em
maneiras de ajudá-la a acompanhar seus
passos.
Os olhos cor de lavanda dela o olhavam
sombriamente e ele riu apesar da irritação
que viu lá.
— Você sabe que quanto mais cedo
chegarmos em casa, mais cedo você terá a
ajuda que necessita, certo?
— Casa? — Ela questionou, erguendo a
sobrancelha para ele. Ela estava ofegante,
enquanto o corpo musculoso e capaz de
Zaden subia rápido e impacientemente sobre
enormes formações rochosas. Ele era
claramente mais ágil do que ela e parecia
gostar de se exibir — Essa é a sua casa e não a
minha.
— Bem... — começou ele
desconfortavelmente.
— E por que você não diminui a
velocidade? Nenhum de nós sabe que tipo de
espancamento meu corpo sofreu nos últimos
dias! Podemos desacelerar?
Zaden apertou os lábios escondendo seu
rosto dela. Ele se sentiu culpado por
pressioná-la tanto, mas tinha medo do que
poderia acontecer com ela se os Guardiões os
alcançassem. De alguma forma, eles foram
capazes de passar por seu “radar” sem serem
notados e isso o deixou abalado. Eles eram
capazes de um grande mal, mas ele não
queria que ela soubesse disso. A quantidade
de perigo em que estava, não era algo que ela
precisava se preocupar no momento. Se
preocupar agora não faria nada de bom para
eles, e queria protegê-la das verdades
terríveis.
Tinha sido um golpe do acaso, encontrar
com ela o antes dos guardiões a
pegarem. Andar rápido não seria nada
comparado ao que poderia acontecer com
ela se fosse capturada. Não estava pensando
em como seu ritmo a afetava. Era
acostumado a tentar se exibir para todos os
outros cadetes novatos do exército de
Clayton, provando que estava lá apenas
porque queria estar, não porque era
necessário.
— Assim é melhor — resmungou ela,
agora capaz de acompanhar o passo dele. A
voz dela tão perto de suas costas o assustou e
percebeu que uma parte da razão pela qual se
movia tão rapidamente, era para manter uma
distância segura entre eles, e porque se sentia
desconfortável perto dela. Era estranho, mas
ela mexia com algo dentro dele que nunca
experimentara antes. Ela era inebriante e
dificultava que confiasse nela.
— Então — começou ele, tentando se
distrair do silêncio desconfortável que havia
caído entre eles e das coisas proibidas que
parecia sugerir em sua mente. — Você já
conseguiu se lembrar de alguma coisa?
— Não. — Ela respondeu
rispidamente. Ela estava de mau humor, e
não tinha certeza se tinha a ver com ele ou se
estava apenas chateada com sua situação. De
qualquer maneira, ela era uma péssima
companhia e os dois estavam no limite. Ele
estava ansioso para acalmar as coisas.
— Alguma coisa parece familiar?
Kala estava quieta, e um fogo percorreu
suas bochechas, enquanto pensava em como
a única coisa familiar que tinha visto fora a
estrela cadente. E o jeito que Zaden cheirava
e se mexia. Ela não pôde deixar de observá-
lo enquanto viajavam, seu corpo grande e
ágil, enquanto andavam rapidamente pela
paisagem arborizada.
— Não — ela mentiu. — Mas há coisas que
não são familiares.
Isso pareceu capturar seu interesse.
— Como o quê? — Ele perguntou,
parando brevemente.
— As árvores, por exemplo. Elas me
parecem estranhas. Doentias. Tem certeza
de que é seguro estar perto delas?
— Claro que é — ele respondeu
pomposamente, erguendo o queixo
conscientemente, como se ela fosse
estúpida. — São apenas árvores! O que
poderia estar errado com as árvores? Temos
uma das áreas florestais mais exuberantes por
quilômetros!
— Entendo — disse ela, apertando os
lábios em um esforço para não rir dele. Ela
tentou esconder, mas era tarde demais e ele
fez uma careta para ela.
— O que? — Ele perguntou, projetando o
queixo para fora. Bonito, mesmo quando faz
beicinho, observou Kala. Este homem era
perigoso.
— Você é tão orgulhoso — disse ela com
um pequeno sorriso.
— Você nunca teve algo do que se
orgulhar? — Ele exigiu.
— Eu não sei — disse ela.
A resposta deixou um ar sombrio e ele
ficou quieto por um momento antes de se
virar. — Tenho certeza que sim — disse ele. —
Você parece uma pessoa realmente
capaz. Provavelmente há muitas coisas boas
sobre você.
Ele continuou sem esperar para ver se o
seguiria ou não. Ela suspirou profundamente
e o seguiu, tentando não deixar seu elogio
subir à sua cabeça.
CAPÍTULO DEZ

Naquela noite, eles estavam cansados


demais para continuar, então acamparam.
— Eu devo ter nos perdido — Zaden
admitiu enquanto fazia o fogo. — Não tenho
mais rações. Teremos que caçar.
— Não tenho certeza sou boa nisso —
disse Kala. Na verdade, a ideia de prejudicar
qualquer uma das deliciosas criaturas da
floresta que conheceram a enojou.
— Bem, eu continuaria te alimentando
das coisas boas, se tivéssemos alguma — disse
Zaden, olhando para o chão. Talvez Clayton
e Janes estivessem certos. Ele deveria ter
prestado mais atenção ao treinamento.
Ele sempre pensou que seria capaz de
cheirar o caminho de volta para casa e
desconsiderou completamente as aulas de
navegação. Ele não tinha percebido a rapidez
com que poderia perder o perfume dos
seus. Os elementos devem estar trabalhando
contra ele. Ventos fortes e leves gotas de
chuva haviam se transformado em algo
substancial e o suficiente para que perdesse a
trilha. Ainda assim, seguiu em frente,
assumindo que captaria o perfume mais cedo
ou mais tarde. Isso apenas serviu para deixá-
los mais perdidos.
— Eu sei — disse ela, com a voz baixa. Ela
ficou quieta a maior parte do tempo juntos,
mas quanto mais ela falava, mais ele notava
que falava com uma qualidade musical em
sua voz. De alguma forma, se sentiu
instantaneamente à vontade. Relaxado. Ou
até feliz, o quanto poderia ser de qualquer
maneira.
— OK. Vou caçar então, sua alteza — ele
disse com um floreio sarcástico. Não estava
bravo, mas se sentia exasperado. Não tinha
ideia do que fazer com ela e estava claro que
tinha dificuldade em simplesmente tolerá-
lo. A atitude dela fez com que se ressentisse,
principalmente porque, por algum motivo,
ele parecia querer que ela gostasse dele. Ela
zombou quando ele partiu para a floresta
escura, deixando-a sozinha na fogueira.
Ela o viu partir, com o rosto cheio de
emoção. Por que era tão impossível passar
um tempo com esse homem? Era sua
arrogância ou havia algo mais do que isso? E
por que as únicas pessoas que encontrara até
agora, era um homem vil que queria capturá-
la por algum motivo e Zaden, que por algum
motivo, nunca parecia longe de seus
pensamentos. Ele ficou sob sua pele, mas
parte disso foi porque sua atração por ele a
deixou nervosa. Ela não podia deixar-se
tornar vulnerável a ninguém. Especialmente
quando não conseguia nem lembrar quem
era ou de onde veio. Ela ficaria por aqui até
ter uma opção melhor, mas até então, só teria
que ser inteligente.
Seus pensamentos voltaram para a bela
estrela cadente que vira. O que acontecera
com ela? Por que ela viu aquelas cores no
céu, quando não estavam em outro lugar?
O fogo estava morrendo, então ela se
ocupou em coletar lenha enquanto Zaden
caçava. Parecia que ele tinha ido embora por
muito tempo, e começou a se preocupar. E
se decidisse que levá-la com ele era
demais? Parecia estar certo, junto com sua
natureza, deixá-la lá, em vez de manter sua
palavra. Ou talvez algo tivesse acontecido
com ele.
Ela sentiu choque e pânico. Ela não
queria que nada de ruim acontecesse com
ele. E se algo acontecesse, o que faria
então? Ela ficaria sozinha novamente,
vulnerável aos homens que Zaden chamava
de “guardiões”. Ela sabia que eram más
notícias simplesmente pelo cheiro. Ela não
sabia dizer como, mas sua intuição dizia para
ficar o mais longe possível deles.
— Zaden? — ela chamou humildemente
para a floresta. Não havia som, exceto o vento
soprando através das árvores, e mordeu o
lábio inferior, vagando para longe do brilho
reconfortante da fogueira e para a escuridão
desconhecida da floresta.
O fogo quase desapareceu quando algo a
agarrou pelo braço. Ela gritou e se afastou.
— O que você está fazendo? — Zaden
perguntou com sua voz severa. — Eu te disse
que caçaria. Aqui é perigoso! Você nem
consegue se proteger!
— Mesmo que isso seja verdade, é rude da
sua parte dizer isso! — Exclamou Kala,
afastando o braço dele. De repente, ficou
furiosa, tanto por estar assustada, quanto pela
maneira que Zaden falou com ela.
— E daí? Não vou mentir para você sobre
isso! Teria sido útil se você tivesse ido comigo
em primeiro lugar, mas a partir de agora, é
simplesmente estúpido! Eu já consegui o que
procurava.
Ele segurava dois coelhos à sua frente,
seus corpos balançando no ar. Kala desviou
o olhar, com o estômago retorcido e saiu
correndo em direção à fogueira.
— Ugh... — Zaden gemeu, seguindo-a. Por
que era tão difícil conversar com essa
mulher?
Quando ele chegou ao acampamento,
Kala estava sentada no chão, de frente para
ele, com o rosto escondido nos joelhos. Ele
suspirou e não disse nada quando começou a
tratar os coelhos e prepará-los para
cozinhar. Ela não se mexeu até o cheiro da
carne de coelho começar a flutuar em suas
narinas.
— Isso cheira bem... — Disse ela
calmamente.
— Não sei se você vai gostar do sabor —
disse Zaden rabugento. — Mas eu estou
tentando.
Kala suspirou, olhando secretamente
para o homem bonito, enquanto cozinhava a
carne. Seus longos cabelos estavam caídos
agora, e seu rosto esculpido parecia ainda
mais bonito no brilho dourado da luz do
fogo. Ele estava pensativo, concentrando em
sua tarefa e ela percebeu subitamente que
havia uma espécie de simplicidade
confortável pela qual ele vivia sua
vida. Talvez ela estivesse pensando demais
em tudo. Talvez pudesse confiar nele.
Ela se sentou ao lado dele quando a
comida terminou e ele lhe entregou um
espeto com o coelho. Ela pegou,
examinando a carne com curiosidade. Não se
parecia em nada com as criaturas fofas que
ela tinha visto, o que tornava mais fácil
suportar a ideia de comê-lo. Seu estômago
roncou alto e Zaden riu.
— Parece que você está pronta para isso —
disse ele, cutucando-a de brincadeira.
Ela se permitiu sorrir para ele. Talvez
tivesse sido muito dura com ele. Todo esse
tempo ele estava fazendo a única coisa que
sabia fazer para ajudá-la. Que tipo de pessoa
saberia automaticamente o que fazer com
alguém que perdeu a memória? Mas ele a
salvou de homens que estavam tentando levá-
la, homens aos quais teve uma reação física
negativa e estava simplesmente fazendo o
possível para cuidar dela, mesmo que
estivesse tão perdido quanto ela.
— Vá em frente, dê uma mordida — disse
ele com um pequeno sorriso tocando seus
lábios. Ela olhou para ele por um momento,
sentindo-se envergonhada por sua
atenção. Em um esforço para se distrair de
seus sentimentos, ela afundou os dentes na
carne do coelho e mastigou chocada com o
quão bem ele o havia preparado.
— Isso é bom — disse ela, comendo como
se não comesse há anos. Na verdade, fazia
apenas um dia que as rações acabaram, mas
isso foi tempo o suficiente para seu estômago
roncar violentamente.
— Eu sei — ele disse com um sorriso, antes
de começar a mordiscar seu próprio coelho.
Ela já tinha terminado, enquanto ele
ainda estava na metade do dele e o observou
comer, com os olhos concentrados na
deliciosa carne de coelho. Ela ainda se sentia
faminta, mas não queria lhe dizer. Ele
percebeu pelo jeito que olhava para ele como
um cachorro implorando, e sorriu.
— Aqui — disse ele, entregando-lhe o resto
de seu coelho. — Estou satisfeito. Não quero
dormir com o estômago cheio.
— Mas...
Ele se levantou e foi para a beira do
acampamento. Seus olhos mais uma vez
percorreram secretamente os contornos
definidores de seu corpo musculoso. Ela se
sentiu segura o suficiente para fazê-lo,
enquanto ele não estava olhando, mas ficaria
horrorizada se ele suspeitasse de algo do que
estava pensando.
— Não conseguirei vigiar, se estiver de
estômago cheio para dormir — disse ele,
sentado de pernas cruzadas, de costas para
ela. Ele ficou lá, com os ouvidos alertas para
qualquer sinal de perigo. Kala suspirou,
olhando de sua silhueta, para o coelho que
deixara para ela comer. Sendo homem, ela
tinha certeza de que tinha um apetite maior,
mas fora generoso o suficiente para lhe dar
sua refeição. Ela estava meio tentada a se
juntar a ele do outro lado do acampamento e
devolvê-lo, certificar-se de que ele comesse,
mas parecia tabu. Um homem e seu orgulho
não devem ser desafiados. Ela ouvira isso em
algum lugar.
E assim ela comeu, seus pensamentos em
uma onda de emoção, enquanto Zaden
empoleirava-se à distância, destemido e
pronto para protegê-la a qualquer sinal de
perigo.
CAPÍTULO ONZE

Zaden olhou para Kala enquanto ela


dormia. As bochechas dela finalmente
tinham um pouco de cor, observou ele. A
carne de coelho lhe fizera bem. Sempre era
bom ter uma boa refeição, e parecia estar
mais animada, enquanto sonhava. Suas
pálpebras suaves tremeram enquanto dormia
e seus lábios se curvaram em um sorriso que
provocou uma onda de desejo pelo corpo
dele.
Ele franziu a testa. O que aconteceu com
aquela garota? De onde ela veio? Se os
Guardiões sabiam quem ela era, isso era um
mau sinal. Mas talvez ele pudesse ir lá para
descobrir, depois que a levasse em
segurança. Ele poderia ajudá-la a recuperar
sua identidade.
Ele sabia que era uma jogada
perigosa. Os Guardiões tinham armas e
tecnologias que o clã de dragões temia mais
do que qualquer coisa. Com o passar do
tempo, sua inteligência e intenção maliciosa
simplesmente evoluíram e continuaram a se
tornar cada vez mais letais. Mas ele
enfrentaria isso. E se ninguém mais fosse
com ele, iria sozinho.
A manhã finalmente chegou e Zaden
suspirou para si mesmo. Ele não queria
acordar Kala para outro dia de caminhada
por terreno desconhecido. Nenhum deles
era bom em navegar neste terreno e não
queria decepcioná-la por não conseguir obter
as respostas de que precisava o mais rápido
possível. Ele faria o que fosse necessário para
levá-la de volta ao clã Kersh.
Quando Kala finalmente acordou, Zaden
preparou o café da manhã para ela mais uma
vez. Ela pareceu notar o olhar determinado
em seu rosto, porque o olhou
inquisitivamente.
— Vamos chegar lá em breve — disse ele
simplesmente, e seu rosto se suavizou. No
entanto, ela não disse nada e comeu em
silêncio. Ela não falava muito de manhã e
escolheu poupar suas palavras para quando
realmente precisava delas. Era estranho para
Zaden, que estava acostumado a estar perto
dos soldados barulhentos, mas também era
refrescante. Ainda assim, não pôde deixar de
sentir que ela o estava mantendo distante e
desejou que houvesse alguma maneira de se
aproximarem sem ter que ultrapassar
nenhum limite.
Eles partiram e, em vez de tentar fazer
brincadeiras vazias dessa vez, permaneceu o
mais concentrado possível. Algo havia
mudado nele durante a noite. Ele percebeu
que não sabia necessariamente o que fazia,
automaticamente, sendo um forte Shifter
Dragão. Ele teria que ler seu ambiente
cuidadosamente. Viu o sol nascer e sabia que
tinha que levá-la para o leste, e foi o que fez.
Kala, que não esperava a caminhada
sombria e silenciosa, deu um passo ao lado
dele. Ele podia sentir seus olhos cor de
lavanda examinando-o, e não tinha certeza se
estava lisonjeado ou constrangido. Ele se
contentou com uma mistura de ambos e
fingiu que não a viu olhando.
— Obrigado — ela finalmente disse. — Por
cuidar tão bem de mim.
Zaden olhou-a, certo de que o estava
provocando ou pegando em seu pé, mas seus
olhos estavam sérios e o fantasma de um
sorriso estava em seus lábios. Seu coração
batia loucamente, mas não queria que ela
notasse o jeito como o fazia se sentir. Não
estava certo. Uma mulher como ela teria um
marido ou namorado em sua vida, antes de
tudo que aconteceu, antes que eles
terminassem juntos. Estava certo disso. Que
tipo de homem ele seria para ignorar isso?
— Você não precisa me agradecer — ele
disse casualmente. — Eu conheço muitas
pessoas no seu lugar. Não é grande coisa.
Era bom se apressar e parar de
brincar. Ele se sentiu diferente, com um
propósito. A determinação e o impulso
foram emocionantes. Talvez tenha sido esse
o sentimento que manteve Clayton, sempre
pensando no que era melhor para todo o
grupo. Colocando-se por último e
trabalhando em direção a um objetivo
maior. Ele nunca seria Clayton e não
escolheria ser, mas por enquanto estava se
divertindo.
— Se tenho que agradecer ou não, sou
grata. Mesmo se eu não agir assim.
— Não é nada.
Eles continuaram em um silêncio
confortável, até que Kala falou novamente.
— Você se lembra da sua vida, não
é? Você poderia me falar sobre isso?
Parecia um pedido simples, mas o
pensamento de descrever a tortura de seus
anos de formação, fez seu peito apertar
dolorosamente. Ele olhou para longe dela,
sem saber o que fazer. Queria fazer o que
pudesse para agradá-la, mas seus segredos
eram dele.
Quando a olhou para lhe dizer isso, foi
pego de surpresa pela natureza gentil de seus
olhos cor de lavanda e pela pura beleza de
seu rosto. Ela não parecia capaz de prejudicar
outra alma viva. Em vez do olhar curioso que
esperava, ela parecia apenas curiosa para
saber mais sobre ele. Talvez estivesse
começando a confiar nele.
— Vamos ver — disse ele, procurando em
sua mente algum dos momentos mais leves
de sua vida. Ele tinha um desejo ridículo de
protegê-la do desespero turvo de seu passado
e dar-lhe apenas coisas para sorrir. Se o rosto
dela parecia ferido em seu nome, ele sentia
que seria demais para suportar. — Fui mais ou
menos educado pelo líder do clã Kersh. Ele
me ensinou a lutar, melhor do que a maioria
dos sacos que ele chama de exército.
— Isso é uma sorte para mim, ao que
parece — disse ela com uma risada suave.
Ele sorriu. — Parece que sim.
Ele esperava que esse pedacinho de
informação fosse suficiente para sustentá-la,
mas ela continuou.
— E seus pais? — Ela perguntou, olhando
para o chão. Ela parecia triste. Ela não
conseguia se lembrar de nada de onde tinha
vindo. Talvez estivesse se confortando ao
ouvir a história de outra pessoa, quando ela
não conseguia se lembrar da sua.
Ele quis chorar. Para contar a ela todos os
detalhes de cortar o coração sobre a morte de
seus pais, mas ele apertou os lábios em um
sorriso de dor. — Eles morreram quando eu
era pequeno.
— Oh, me desculpe.
Ela parecia horrorizada, mesmo não
contando como eles foram mortos pelos
Guardiões. Ele decidiu não lhe contar nada
sobre isso. Ela merecia ter paz de espírito.
— Está tudo bem. Fui criado bem o
suficiente.
Ele ficou chocado quando Kala passou o
braço pelo dele e deitou a cabeça no ombro
nu dele. Era como se ela estivesse
concordando sem vocalizar. A proximidade
dela levou as batidas do coração dele aos
ouvidos. Ele nunca se sentira tão perto de
ninguém antes, e tinha em mente dizer isso a
ela. Mas ele estava envergonhado pela
maneira como se sentia. Ela poderia
entender mal e pensar que tentava seduzi-
la. Embora o pensamento tivesse passado por
sua mente mais de uma vez, afinal ela era
surpreendentemente bonita, ele preferia
morrer a fazê-la pensar que era um homem
desonroso. Eles andaram por um tempo, até
que de repente Zaden cheirou algo
familiar. Seus olhos se arregalaram e ele
olhou em volta.
— Eu sei onde estamos! — Ele exclamou,
sorrindo para ela. Ela pareceu surpresa, mas
satisfeita. — É este caminho!
Ele começou a correr, e dessa vez Kala
continuou sorrindo, em vez de fazer uma
careta.
CAPÍTULO DOZE

Kala olhou para o povoado, os olhos


arregalados. Ela esperava algo glamouroso
quando Zaden descreveu o clã Kersh. Ele
parecia realmente reverenciar sua casa e o
líder deles, Clayton. Mas o que ela encontrou
foi uma coleção sombria de túneis
subterrâneos, escondidos por entradas feitas
de árvores e relva cuidadosamente modelada.
— Aqui é onde você mora? — Ela
perguntou, tentando não deixar a decepção
aparecer em sua voz.
— Sim — disse ele, parado na entrada de
um dos túneis. — Não se preocupe, você se
acostuma.
Ela suspirou interiormente, sem ter
certeza se isso aconteceria. Ele se virou e
começou a andar pelos túneis escuros, e teve
que correr para segui-lo, para não o perder
de vista no escuro. Ela estava quase pronta
para dar meia-volta e voltar ao ar livre quando
algo a congelou no lugar. Um cheiro, quase
musical em sua bondade, flutuando pelos
túneis. Algo como o que Zaden havia
preparado para ela em sua primeira refeição,
mas ainda mais inebriante.
— O que é isso? — Ela ofegou.
— O que? — Ele perguntou, mal
diminuindo a velocidade. Ele estava ansioso
para levá-la a Clayton.
— O cheiro!
— Oh isso. É uma receita especial — ele
disse. — É feito em dias importantes. Eu
esqueci que a celebração estava
chegando. Voltamos bem a tempo.
Logo, seus olhos ficaram chocados com
uma clarabóia brilhante que iluminava uma
enorme toca subterrânea. Havia móveis nas
mesmas cores brilhantes que ela vira na
estrela cadente. Seria possível que essa fosse
sua casa? É de onde veio? Mas se sim, Zaden
não a teria reconhecido?
— Zaden! — A voz crescente de um
homem exclamou.
— Clayton!
Os dois homens trocaram um breve
abraço.
— Encontrei alguém que precisa da nossa
ajuda, Clayton.
— Hã?
Zaden sussurrou algo no ouvido de
Clayton e depois levou o homem enorme até
onde Kala estava parada timidamente,
tocando o tecido de um belo sofá. Ela não
esperava encontrar nada bonito nos túneis
escuros e terrosos. De repente, Clayton
olhou para ela com intenso interesse.
— Venha minha filha — disse ele, embora
ela claramente não fosse mais nova que
Zaden. — Você passou por uma
provação. Está na hora de fazer uma refeição
adequada e descansar um pouco.
— Obrigado — disse ela, sentindo-se
tímida, apesar de si mesma. Clayton sorriu
gentilmente para ela.
— Papa! — Disse uma criança pequena,
correndo na direção deles e agarrando as
pontas das majestosas vestes esvoaçantes de
Clayton.
— Olá, Archer — disse Clayton, sorrindo
para o garoto. Ele era adorável e olhou para
ela com os olhos arregalados.
— Quem é ela?
— Pergunte a ela mesma — disse Zaden,
um pouco bruscamente. Kala o estudou por
um momento e notou dor em seus
olhos. Antes que ela pudesse registrá-la, o
pequeno Archer estava na sua frente,
olhando com olhos arregalados e inquisitivos.
— Quem é você?
— Kala — disse ela, embora desejasse que
ele não tivesse perguntado. Seu primeiro
impulso foi dizer que não sabia e isso a
lembrou do terrível sentimento que sua
situação lhe dera.
— De onde você é?
— Já chega Archer — disse Clayton,
segurando o ombro do menino.
— Mas...
— Você não deveria estar fazendo
artesanato com sua mãe para a celebração?
O rosto do garoto se iluminou.
— Oh sim! — Ele exclamou e correu por
um dos longos túneis escuros.
— Por favor, perdoe meu filho — disse
Clayton. Havia um pequeno pulso de energia
escura vindo de Zaden e dessa vez Kala teve
tempo de deixá-la entrar. Ele poderia estar
com ciúmes do filho biológico de
Clayton? Seu coração doeu repentinamente
pelo homem, que ficou com uma expressão
endurecida, quando Clayton a pegou pelo
braço e a conduziu por um túnel diferente
daquele em que seu filho havia desaparecido.
CAPÍTULO TREZE

Zaden sorriu enquanto observava Kala


comer. Seus olhos se arregalaram, quando
Clayton convocou os cozinheiros para servi-
la em uma câmara particular, onde os três se
sentaram em um silêncio confortável,
enquanto os pratos mais tradicionais e
cobiçados de todo o clã eram servidos. Ela
parecia gostar especialmente daquele que
sentira o cheiro primeiro, ao entrar nos
labirintos do clã Kersh. Eram as
especialidades Loni que a maioria das
pessoas tinha dificuldade em engolir. A
mistura de sabores era esmagadora para
alguns, mas para Lonis, era como uma
sinfonia.
Foi bom vê-la se divertindo em um
ambiente seguro. E ele também adorava que
Clayton imediatamente gostasse dela. Ela era
uma mulher sem timidez e bonita,
exatamente o tipo de pessoa com quem
Zaden sempre imaginara se estabelecendo.
Mas esses eram os tipos de pensamentos
que o colocariam em problemas. Não havia
como ele se estabelecer com alguém,
especialmente uma mulher que nem sabia
quem era. Ele educadamente se desculpou
da mesa e suspirou enquanto caminhava para
seu quarto. Ele ainda podia ouvir Kala rindo
com Clayton.
De repente, a voz estridente do filho de
Clayton flutuou em sua direção e ele se
encolheu. Ele não queria odiar o garoto, mas
não podia deixar de se sentir substituído. Ele
não estava orgulhoso de seus sentimentos,
mas era algo que não tinha nenhum
controle. Era melhor não pensar muito
nisso. Ainda assim, se Clayton suspeitasse de
seus verdadeiros sentimentos, tinha certeza
de que isso acabaria com o relacionamento
deles.
Ele se sentou na cama, encarando o teto
escuro. Era a magia Loni que mantinha o
lugar iluminado, ou então nenhum deles seria
capaz de lidar com a escuridão. De alguma
forma, a magia durou enquanto eles
residissem nas tocas subterrâneas, e ter mais
Lonis na mistura, manteve o lugar cheio de
beleza e animação. Eles eram os verdadeiros
milagres de Kaldernon - podiam fazer até um
buraco parecer sua casa.
Zaden de repente percebeu o quão
cansado estava. Talvez deitar fora um
erro. Mas ele ficou acordado para vigiar, ao
mesmo tempo que tentava guiar Kala para
casa. Ele conversou em particular com
Clayton por um momento para que ele
soubesse que os Guardiões estavam atrás dela
e para lhe dizer que ela não conseguia se
lembrar de nada. Isso implicava que ela havia
sido capturada e experimentada. Clayton
saberia o que fazer com ela a partir daí. Agora
ele estava finalmente livre para dormir.
CAPÍTULO QUATORZE

— Seu quarto é por aqui — disse Krista,


esposa de Clayton. Havia algo que Kala
imediatamente amou em Krista, mas ela não
conseguiu identificar o que era. Ela parecia
familiar de alguma forma. Bonita e gentil,
como se não pudesse esconder todo o amor
em seu coração e não tivesse intenção. Havia
algo de pacífico nisso.
Krista levou-a para uma pequena sala,
mobiliada com uma cama e uma mesa de
cabeceira de carvalho. Havia uma pequena
prateleira com alguns livros apoiados nela e
um caderno apoiado em uma pequena mesa
ao lado.
— Quando você quiser dormir, basta
bater palmas e as luzes diminuirão. Nós não
queremos que desliguem, ou a sala parecerá
muito escura. Estamos no subterrâneo e
pode levar algum tempo para se acostumar.
— Obrigado — disse Kala, sentando-se
lentamente na beira da cama.
— Vou te trazer um pijama. — Disse Krista
com um sorriso gentil, como se estivesse
lendo sua mente — Eu sei que é tudo um
pouco desorientador no começo. Quando
cheguei aqui pela primeira vez, foi muito
difícil me ajustar. Mas não se preocupe, você
se sentirá em casa antes que perceba.
Krista saiu brevemente e voltou com uma
camisola suave de cor lilás.
— Isso deve chamar sua atenção — disse
ela com uma piscadela antes de desaparecer
na escuridão do labirinto. A cortina que
cobria a porta balançava atrás dela, e Kala
trocou de roupa lentamente. A sala era
desconfortavelmente pequena, mas serviria
até que ela pudesse descobrir mais sobre de
onde viera.
Não demorou muito tempo para que
adormecesse. Ela esperava dormir
profundamente depois de uma refeição tão
maravilhosa, mas em vez disso, foi
assombrada por vozes de pessoas que
conhecia, mas não conseguia se lembrar e
pelas imagens terríveis de criaturas que
pareciam impossíveis. Mais impossíveis do
que o coelho de orelhas caídas que Zaden
havia pegado para comerem.
Seu medo veio à tona quando o homem
que tentara capturá-la na floresta estendeu a
mão para agarrá-la e levá-la embora. O terror
a acordou de um sono morto e seus olhos
arregalados e assustados procuraram no
quarto a única coisa familiar que havia
encontrado. A única pessoa que a ajudou a se
sentir segura em um mundo perigoso e
desconhecido.
Zaden.
O quarto escuro de repente parecia estar
se aproximando dela e ela partiu no escuro
dos túneis, correndo o mais rápido que seus
pés podiam carregá-la. Era tarde e a maioria
das pessoas do clã havia se acomodado para
dormir a noite. Isso dava às tocas uma
sensação oca e assustadora. Seus pulmões
estavam queimando quando chegou à porta
que sabia que era de Zaden. Ela não tinha
certeza de como sabia que era dele, mas era
certo em seu coração.
Com uma mão trêmula, ela puxou a
cortina para trás e entrou na sala. Era muito
maior do que aquela em que dormia, e as
luzes ainda estavam brilhantes o
suficiente para serem vistas. Ela olhou para
Zaden na cama, roncando pesadamente
enquanto ele navegava no que parecia ser um
sonho muito cheio de ação. Só de vê-lo
ajudou a tranquilizá-la, mas ela estava
desesperada para interagir com ele.
— Zaden — ela sussurrou, tocando seu
ombro. Ele tomara banho e vestia um
confortável conjunto preto antes do jantar
com Clayton, ao mesmo tempo em que ela
tomara banho e vestira um vestido novo,
semelhante ao que usava. Ela não tinha
conseguido tirar os olhos dele durante o
jantar, embora não gostasse de admitir isso,
nem para si mesma. Ele murmurou
incoerentemente antes de olhar para ela
através de pequenas fendas em seus olhos
cansados.
— Kala, o que há de errado?
Ela subiu na cama com ele, precisando
estar perto do homem que salvara sua vida,
que poderia ajudar a salvá-la ainda.
— Eu tive um pesadelo — disse ela
calmamente, tentando evitar o olhar dele. Ela
rolou para não precisar encará-lo. Ele passou
os braços fortes em volta dela, sem fazer
perguntas, e a abraçou contra seu corpo. Ela
ofegou suavemente com o calor pressionado
contra seu corpo. Não era familiar e assustou-
a perceber que a sensualidade do ato era
exatamente o que esperava.
— Você está segura aqui comigo — Zaden
sussurrou em seu ouvido. O estrondo de sua
voz a fez fechar os olhos em êxtase. Ela não
esperava ser absorvida pelo perfume
reconfortante e picante da cama dele. Suas
mãos fortes acariciaram seu corpo
suavemente e ela se pressionou contra ele,
suas costas pressionadas firmemente em sua
virilha e seu peito largo duro e reconfortante
contra suas costas.
Ela sabia que estava segura com
ele. Nunca se sentiu mais segura do que com
ele a segurando. Ainda assim, de alguma
forma, queria mais e se viu pressionando
mais firmemente contra ele. O atrito de seus
corpos fez Zaden gemer baixinho e ela sentiu
o comprimento dele crescer duro, contra
suas nádegas. Uma onda de desejo intenso
percorreu o corpo de Kala e ela se virou para
Zaden.
— Beije-me — disse ela calmamente.
Zaden ficou quieto por um momento,
contemplativo. Ela quase pensou que não iria
beijá-la, mas ele a surpreendeu. Os lábios
dele envolveram os dela e ofegou quando o
calor deles pareceu atravessar seu corpo,
despertando um desejo que ela nunca
imaginou ser possível. Logo, ele subiu em
cima dela e estava cobrindo seu corpo com
beijos quentes e fervorosos. Ela fechou os
olhos para captar a sensação, impressionada
com a sensação de finalmente sucumbir aos
seus desejos. Ele parecia saber exatamente o
que fazer e só parou uma vez.
— Você tem certeza de que quer fazer
isso? — Ele perguntou. — Se eu começar acho
que não conseguiria parar.
— Tenho certeza — disse ela com uma
risada suave. Ele sorriu para ela, seus olhos
verdes-mar dançando na estranha iluminação
de seu quarto. Ela tirou a camisa dele e
deixou suas mãos percorrerem seus
músculos impressionantes, suspirando
quando ele tirou o vestido lilás sobre sua
cabeça. Os olhos dela tinham ficado escuros
de desejo e ele rosnou suavemente em seu
ouvido enquanto tirava suas calças. Ela
gemeu quando sentiu sua carne nua contra
ela.
Ele arrastou seu eixo para cima e para
baixo no meio dela lentamente, enviando
ondas de prazer por todo seu corpo,
enquanto suas terminações nervosas e
sensíveis eram estimuladas. De repente,
seu mamilo estava coberto pelo calor da boca
dele e ela gemeu baixinho enquanto uma
onda de calor se inflamava em seu ventre. A
barba em sua pele parecia
surpreendentemente boa contra sua carne
sensível, e antes que soubesse o que estava
acontecendo, ele mergulhou completamente
dentro dela, testando os limites de seu corpo
e submergindo-a em um oceano de prazer
para o qual não estava preparada.
— Shh... — ele riu em seu ouvido. Ela
colocou a mão sobre a boca e ele gentilmente
a removeu, subsistindo pelo seu polegar. Ela
se apertou ao subir e descer uma montanha
russa de prazer inimaginável.
Ele fechou os olhos, dominado pela
sensação de estar envolvido no calor do
corpo dela. Ele não tinha percebido o quanto
a queria até que sabia que era possível e
liberou todo o poder de seu corpo nela. Ela
gemeu em sua mão, enquanto ele a levava as
alturas dos reinos do êxtase.
Kala ficou surpresa quando seu corpo
começou a tremer e agarrou seus ombros
enquanto contraiu com força o membro de
Zaden. Ele gemeu profundamente quando o
início de seu orgasmo começou a apertá-lo,
massageando-o intimamente com seu corpo
e agitando o início de seu próprio clímax
poderoso. Ele aguentou o máximo que pôde,
mas logo foi incapaz de se manter longe da
erupção devastadora. Ele a puxou
rapidamente, esperando ter conseguido parar
a tempo. Ela pareceu desapontada por ele ter
deixado o corpo dela, e caiu ao lado dela,
ofegando.
— Você pode dormir aqui hoje à noite —
disse ele suavemente. E então adormeceu.
CAPÍTULO QUINZE

Quando Zaden acordou, Kala já se


fora. Ele sentou-se rapidamente e recostou-se
nos travesseiros com um suspiro pesado. O
que diabos fizera? Ele havia se aproveitado
de uma mulher que nem sabia quem ela
era. Ela o procurara, assustada e de alguma
maneira conseguira fazer a única coisa que a
faria pensar que era desonroso - era a única
coisa que ele não suportava fazer. Como
viveria consigo mesmo?
Ele pulou da cama e começou a andar
pelo quarto, batendo no queixo,
pensativo. Ele desonrou tudo o que poderia
ter sido a vida dela antes. Como fora tão
descuidado? Não havia como eles
conseguirem terminar juntos, especialmente
depois que fez algo tão vergonhoso. O que
Clayton diria a ele sobre isso? E ele não
podia esperar que ela mudasse sua vida
inteira, uma vez que tivesse suas memórias de
volta. Se ela tinha um marido ou namorado
antes de conhecê-lo, deveria estar com
ele. Ele teria que removê-la completamente
do seu sistema. E mesmo se não, como eles
poderiam se amar quando ela nem sabia
quem era?
Era tudo um enigma que o deixava
infeliz. Ele se odiava por tirar vantagem
dela. Ela estava se sentindo vulnerável e fraca
e ele deixou que isso acontecesse, algo que
não deveria ter permitido. Como poderia
encará-la novamente? Não havia como ela
olhá-lo nos olhos, depois da noite que haviam
compartilhado em sua cama. Era tudo uma
bagunça. Talvez todo mundo estivesse certo
sobre ele. Nunca seria capaz de crescer e era
culpa dele se meter em situações tão
estúpidas.
Zaden se vestiu rapidamente, sua mente
girando. Se ele a tivesse engravidado, isso
seria ainda pior. Mas como ele poderia, a
menos que...
Um choque doloroso perfurou seu
coração. E se ela fosse uma mulher Loni,
perdida e vagando pela floresta depois de ter
se libertado de alguma forma do covil dos
Guardiões? Eles saberiam quem ela
era. Eram as únicas pessoas que pareciam ter
uma pista. O futuro dele com Kala dependia
do passado dela, e a única maneira de
encontrar paz de espírito sobre seus
sentimentos por ela, seria ajudá-la a descobrir
sua própria identidade. Dessa forma, na
próxima vez em que se encontrassem, ela
saberia exatamente quem era e o que havia
deixado para trás. Essa era a única maneira.
Ele enfrentaria os Guardiões.

Quando Kala acordou, seu corpo estava


dolorido e de repente se lembrou de ter
escapado dos aposentos de Zaden para
adormecer em seu próprio e opressivo
quartinho. Ela teria que falar com ele o mais
rápido possível, para que pudessem resolver
qualquer que fosse o relacionamento
deles. Ela não podia se comprometer com
ele, sem saber quem era e esperava que ele
fosse capaz de entender. Por mais que
gostasse dele e dependera dele durante os
dias em que se conheceram, o fato era que
sua vida tinha que permanecer focada em
aprender seu passado, para que ela pudesse
seguir em frente. Esperançosamente, o clã
seria capaz de ajudá-la a resolver o que a
impedia de recuperar sua memória.
Ela esperava vê-lo logo depois de se
levantar, mas ficou surpresa quando o dia
inteiro passou e ela não ouviu uma palavra
dele. Ela foi levada por Krista durante o dia
todo, e a mulher gentil ensinou tudo o que
precisava saber sobre viver no subsolo. Ela
estava preocupada quando o jantar foi
servido e Zaden não tinha sido visto por
ninguém. Clayton estreitou os olhos na
cabeceira da mesa, onde ela fora convidada
para jantar com sua família, quando Janes
relatou que ele não havia aparecido para
treinar ou mesmo para o refeitório, do qual
nunca perdeu.
— Parece que Zaden está desaparecido —
anunciou ele, depois de fazer uma pesquisa
completa do local. — Ele saiu sem aviso
prévio. Só posso suspeitar que esteja fazendo
algo precipitado e tolo.
As notícias atingiram Kala com força. Ela
sabia, no fundo do seu coração, que era a
razão pela qual ele havia partido. Ele
provavelmente tinha tido tanta vergonha da
noite anterior, que não queria enfrentá-la
novamente. Talvez ele não gostasse muito
dela e simplesmente quisesse manter uma
distância entre eles. Ela era tão repulsiva que
ele deixaria sua casa simplesmente para fugir
dela? Fazia sentido para ela que ele fizera
isso. Ele era um homem impulsivo e se
sentisse que cometera um erro,
provavelmente sairia sem pensar duas vezes.
— Você está bem, Kala? — Krista
perguntou gentilmente.
Kala assentiu surpresa por ser notada e
ter seus sentimentos percebidos tão
rapidamente.
— Tenho certeza que ele está bem —
assegurou Krista. Kala tinha certeza de que
ele também estava bem, mas sorriu
educadamente e assentiu novamente. Ele
provavelmente estava bem, viajando pelo
deserto, se chutando por se envolver com a
mulher estranha que não tinha
memória. Kala suspirou e pediu licença da
mesa. Não seria capaz de comer mais,
sabendo que Zaden havia partido. Não havia
como ela não levar em consideração a
decisão dele, e saber que esse era um dos
piores sentimentos que já sentira.
CAPÍTULO DEZESSEIS

— O que?
Peter, o Guardião que perseguia Kala e
Zaden, abaixou-se quando o punho de Zaden
quase alcançou seu rosto. Ele se afastou e
Zaden o agarrou pela frente do roupão.
— De onde você surgiu? — Zaden latiu
para ele. Seu aperto era forte e Peter
começou a tremer de medo. O resto dos
Guardiões estava ocupado reunindo as
pessoas da cidade que tinham visto as luzes
de Kaldernon.
— Por ai! — Peter disse, projetando o
queixo desafiadoramente. Zaden rosnou e
deu um soco forte no rosto dele. O estalo alto
de seu nariz ecoou na floresta e Peter caiu no
chão em uma pilha, lágrimas queimando seus
olhos. Todo mundo era tão violento hoje em
dia.
— Leve-me ao seu covil — exigiu Zaden.
— Por que você quer ir lá? Você será
morto — ele disse, segurando o nariz e
olhando para Zaden.
— Talvez você possa me ajudar então —
disse Zaden, reconsiderando. A última coisa
que equeria era entrar no parquinho do
diabo.
— Por que eu te ajudaria? Você quebrou
meu nariz!
— Eu poderia fazer muito pior que isso —
ameaçou Zaden.
— O que você quer saber?
— Diga-me o que você sabe sobre a garota
— disse Zaden.
— Eu não sei nada sobre ela.
Zaden o chutou com força nas costelas.
— Que tal agora?
— Você está errado! — Peter chiou no
chão. — Eu não sei de nada.
Zaden suspirou. Parecia que a única
maneira de obter informações seria a pior
maneira imaginável. Mas faria o que tinha
que fazer para ajudar Kala a recuperar sua
vida.
— Então me leve a alguém que
sabe. Antes que eu te mate.
Peter gemeu quando se levantou e olhou
para Zaden.
— Tudo bem, se você insiste, me siga.

Zaden olhou em volta nervosamente


quando se aproximaram do pequeno prédio
de cimento onde os Guardiões haviam
construído sua fortaleza. Ele sentiu um nó no
estômago, pensando em todas as pessoas que
estiveram lá, Kala provavelmente entre elas,
simplesmente torturados por serem quem
eram. Nenhum deles escolheu vir a este
planeta patético e ainda assim sofria por isso,
punido por esse grupo maligno de bastardos
e forçado a se esconder.
— Aqui estamos seu homenzinho tolo —
disse Peter, sorrindo maldosamente. Ele
parecia convencido de que Zaden se
arrependeria de sua escolha em entrar na
cova do lobo e embora estivesse nervoso, a
presunção o irritou. Ele faria o que fosse
necessário.
— Peter me leve para uma entrada dos
fundos, você faria? — ele perguntou,
segurando o homem parecido com uma
serpente pela nuca.
— Você ainda é muito ousado? — Peter
riu. Zaden começou a apertar, até Peter
tossir. — Tudo bem, tudo bem. Acalme-
se. Vamos por aqui.
— Nenhuma merda engraçada ou vou te
matar — Zaden lembrou.
— Eu entendi — Peter suspirou, levando
Zaden para a entrada do laboratório. Lá
dentro, Zaden ficou chocado ao ver um
grupo de homens e mulheres em uma
pequena gaiola.
— Eu tenho que começar a trabalhar! —
Um homem gritou, apontando com raiva
para o relógio de pulso. — Quando estaremos
fora da quarentena?
Zaden ficou surpreso ao perceber que
eles estavam falando com ele. Não, para
Peter, que estava andando na frente dele com
os olhos no chão.
— Sinto muito, mas você terá que ser
paciente — disse Peter, com uma falsa doçura
na voz que fez seu estômago revirar.
Peter passou pela gaiola, para grande
desgosto deles. Seus gritos descontentes os
seguiram por todo o laboratório. Zaden ficou
horrorizado com os números de pessoas que
os Guardiões haviam coletado. Muitas celas
cheias de mulheres e homens, mal vigiadas. E
por que teriam que vigiá-los? As pessoas
eram tão boas quanto vegetais. Drogados e
alheios ao mundo ao seu redor.
— O que você fez com eles? — Zaden
sibilou para Peter, sacudindo-o um pouco
com um empurrão.
— Eu não fiz nada disso — disse Peter,
indignado. — Isso é da conta de Richard. Nós
apenas ajudamos a livrar o mundo da escória
sobrenatural. Não é bom para o nosso
planeta, você sabe.
— Ok, certo. Quem eram aquelas pessoas
lá atrás? Por que eles não são zumbis como o
resto deles?
— Acabamos de trazê-los — disse
Peter. Ele parecia ansioso para se gabar e
falou casualmente com Zaden. E porque
não? Ele imaginou que Zaden seria morto
em breve e se transformaria em um dos
vegetais do laboratório. E então certamente
se divertiria com ele.
— Por quê? Eles não cheiram a Shifters.
— Você pode sentir o cheiro de outros
Shifters? — Peter perguntou, erguendo a
sobrancelha incrédulo — Estou anotando
isso, Richard certamente será capaz de usar
essa informação.
— Não diga nada a essa escória! — Zaden
exclamou. — Porque eles estão aqui?
— Eles conseguiram ver as luzes de
Kaldernon — disse Peter, os lábios finos
contraídos, de modo que quase
desapareceram.
— Isso é impossível — disse Zaden com
desdém.
— É? — Peter perguntou. Eles pararam de
andar agora, finalmente alcançando a porta
onde Peter estava convencido de que Zaden
encontraria seu destino. — Aqui
estamos. Bem na cova dos leões.
CAPÍTULO DEZESSETE

Kala respirou baixinho, esperando que


ninguém a ouvisse enquanto se arrastava pela
floresta. Zaden estava desaparecido há tempo
suficiente para que soubesse que ele não
voltaria. E mesmo que o fizesse, ela não tinha
certeza se seria capaz de enfrentá-lo
novamente. Ela odiava o jeito como ele a
fazia se sentir. O clã começou a se sentir
inquieto e assustador sem ele lá. Ela não
conseguia lidar com os efeitos psicológicos de
estar escondida sem alguém que
confiasse. Ela tentou confiar em Krista, mas
o fato era que elas mal se conheciam. Ela
tinha que ser legal, porque era o que se
esperava de uma Dama do clã.
Ela se sentia muito vulnerável na sala
escura e havia algo estranho nas pessoas de
lá. Eles estavam preocupados com grandes e
assustadoras criaturas que chamavam de
dragões e parecia que estavam escondendo
alguma coisa. Toda vez que ela entrava em
uma sala, as conversas paravam e suas vozes
abafadas a faziam sentir como uma pessoa de
fora. Era uma sensação terrível e ela queria
sair dali o mais rápido possível. Não havia
como eles a ajudarem a recuperar sua
memória. Tudo o que ela realmente podia
esperar era sair sozinha. Ela não tinha medo
de nada. O pior já havia acontecido. Não
tinha ideia de quem era. Poderia apenas
construir uma nova vida em outro lugar.
Ela havia esquecido o quão miserável era
sentir frio, mas logo o frio da noite trouxe
arrepios aos seus braços e ela desejava estar
em um dos acampamentos confortáveis de
Zaden. Mas ele deixou claro que ela não seria
mais sua prioridade. Desde que conseguiu o
que queria dela. Ele não era homem o
suficiente para ficar por perto e dizer-lhe que
sentia que ela não era mais sua
responsabilidade.
Ela estava muito magoada e com raiva
para pensar mais sobre Zaden. Ainda havia a
possibilidade quase inexistente de que algo
estranho tivesse acontecido com ele, mas ela
sabia que ele provavelmente acabara de
decolar. Até o próprio Clayton havia dito
isso. Ele estava fazendo algo tolo. Ignorando
seu clã e seus deveres por causa de Kala.
— Zaden estúpido — ela rosnou alto na
escuridão.
— O que foi isso, querido coração? —
Uma voz decadente disse em seu ouvido. Ela
ofegou quando um par grosso de mãos a
agarrou pelos braços. — Olhem aqui,
caras. Acontece que isso foi mais fácil do que
pensávamos.
Três homens apareceram diante dela e
começaram a exclamar.
— A Loni!
— Ela está aqui!
— Finalmente, nós a encontramos!
Kala estreitou os olhos.
— Loni? — Ela perguntou.
— Venha — disse o primeiro homem,
ignorando-a. — Vamos levá-la para Richard,
ele ficará satisfeito.
E com isso, os homens amarraram Kala
com cordas e a empurraram na frente deles,
levando-a profundamente para a floresta.

Suas pernas estavam doloridas quando


chegaram ao prédio de cimento dos
Guardiões. O assentamento finalmente
apareceu à frente deles e ela se encolheu
quando o medo começou a coagular em seu
peito. Os homens invadiram a entrada.
— Richard! Nós a pegamos! — Exclamou
os homens.
Richard emergiu de uma sala escondida,
arrastando-se rapidamente na direção deles,
em sua longa túnica marrom.
— Sim! — Ele exclamou, seus olhos
selvagens de excitação. — Finalmente, todos
os segredos serão revelados, finalmente
saberemos.
— Me deixe ir! — Kala exclamou
ferozmente. Sua voz era tão feroz que pegou
todos os homens desprevenidos por um
momento. Ela até se assustou. Talvez tenha
sido mais feroz do que pensava em sua vida
anterior.
Richard se recuperou e um sorriso
doentio se espalhou por seus lábios.
— Vejam, garotinha corajosa — ele
gargalhou. — Venha, traga-a aqui
imediatamente. Quero vê-la por mim
mesmo.
Os homens empurraram Kala na direção
de Richard, que começou a esticar a mão
trêmula na direção dela. Foi repulsivo o
suficiente que quase vomitou naquele
momento. De repente, uma porta se abriu e
um vento gelado encheu a sala.
— Se você colocar uma mão sobre ela,
você morrerá.
CAPÍTULO DEZOITO

Kala assistiu com admiração quando


Zaden irrompeu na sala, jogando o corpo
flácido de outro homem em uma túnica no
chão, na frente dele. Mas, em vez do belo
Zaden que ela conhecia e amava (ela o
amava?), ele era maior e mais feroz do que
qualquer coisa que já vira.
Ele ainda estava se transformando, seu
corpo e músculos se rearranjando e se
mudando até completar sua
transformação. Um dragão. A criatura com
que seu clã era obcecado.
Zaden era um Shifter Dragão.
E de repente sua missão ficou clara em
sua mente mais uma vez. As belas ruas de
Kaldernon. A aldeia Loni, onde o rei de
Kaldernon havia chamado a alma mais
corajosa e aventureira a saltar de bom grado
pelo espaço-tempo, para levar uma
mensagem de esperança àqueles que haviam
sido abandonados por tantos anos na Terra,
um planeta há muito tempo considerado
morto pelo povo de Kaldernon. Foi sua
própria escolha submeter-se à perigosa e
experimental magia Loni que a enviou
cambaleando pelo espaço-tempo. Ela sabia
que isso poderia atrapalhar seu cérebro e até
mesmo tornar impossível recuperar suas
memórias de casa. Estava disposta a se
adaptar, ela disse. E assim eles procederam e
a enviaram para a Terra.
Os Guardiões devem ter sentido sua
chegada de alguma forma. Eles a chamavam
de — a visitante — e agiam como se ela fosse à
ponte em sua lacuna de conhecimento do
povo de Kaldernon.
Kala se assustou com um rugido feroz,
quando Zaden arreganhou as presas e soltou
uma corrente de ar gelado. Os guardas de
Richard estavam congelados onde estavam
incapazes de penetrar no ar congelado. De
alguma forma, Kala e Richard sozinhos não
foram afetados por sua respiração, e Zaden
encarou o homem com fogo nos olhos.
— Eu me injetei com transfusões de
sangue Loni — gabou-se Richard. — Então sua
merda de gelo não vai funcionar comigo.
Ele se lançou em direção a Kala,
esperando finalmente colocar as mãos nela,
mas antes que pudesse, Zaden o
interceptou. Seu corpo imenso e dourado os
impedia de se tocar, e Zaden pensando em
nada além de vingar seus pais e proteger Kala,
apertou suas presas ao redor do minúsculo
corpo de Richard, terminando com o
homem mau de uma vez por todas.

Kala e Zaden ficaram assim por um


momento, antes que ele finalmente se
sentisse seguro o suficiente para retornar à
sua forma humana. Lentamente, se encolheu
de volta ao seu tamanho normal. Kala correu
para ele e o abraçou, apesar de sua nudez
flagrante. Não era nada estranho para ela,
agora que tinha sua memória de volta. Este
era o caminho do Shifter.
— Kala, temos que ajudá-los antes que o
gelo acabe. Eu poderia lidar com um de cada
vez, mas estou exausto. Não tenho energia
para mudar de novo.
— Ajudar quem? — Ela perguntou,
quando ele a puxou para a porta de onde
havia emergido.
Ela ofegou quando o horror da visão
ficou claro. Um laboratório cheio de Lonis e
Shifters Dragões, que tiveram a vida toda
drenada. Houve uma comoção no final do
corredor. Vozes humanas, algumas mais
musicais que outras. Sangue diluído de Loni
e Shifter.
Zaden estava lutando com botões e
mostradores, xingando de frustração
enquanto tentava abrir cada gaiola, uma de
cada vez. As pessoas lá dentro não estavam
mais conscientes e encaravam o nada.
— Zaden — disse ela, tocando-o
suavemente. Ele estava frenético com a
necessidade de ajudar, mas a intuição dela
estava lhe dizendo para seguir em frente. —
Zaden, essas pessoas se foram. Eles
encontraram sua paz. Temos que os impedir
de prejudicar mais alguém. Por favor, é a
única maneira de vencer essa luta.
Zaden rugiu de dor e raiva, sabendo que
Kala estava certa. Ele não queria deixar
ninguém para trás, mas agora que sabia que
eles estavam lá, nunca deixaria de lutar por
uma maneira de libertá-los.
— Elas vão abrir em breve — disse ela
gentilmente.
— Tudo bem — ele disse com relutância.
— Eu vou ser demitido! — Um homem
estava gritando. — Por que ele está nu?
Zaden levantou uma sobrancelha para o
homem, enquanto ele lutava para abrir a
gaiola. Kala gentilmente o empurrou para o
lado. Ela seria capaz de fazer isso. Fechou os
olhos e concentrou-se, desejando encontrar a
combinação e libertar os prisioneiros. Depois
de alguns momentos pressionando
silenciosamente o botão, houve um assobio e
um clique, e a porta se abriu.
— Vão para casa — Zaden disse
severamente para eles. — Agora. E obtenha
ajuda para o resto das pessoas aqui.
O grupo assentiu. A voz autoritária do
homem era convincente o suficiente para eles
e saíram correndo pela porta dos fundos, que
Zaden e Peter haviam deixado escancarada.
— Acho que também deveríamos correr
— disse Zaden a Kala. E assim foram.
CAPÍTULO DEZENOVE

— Você acha que eles vão ficar bem? —


Kala perguntou a Zaden na
fogueira. Demorou algumas horas para os
eventos da noite afundarem. Zaden assentiu.
— Os humanos são ótimos em fazer
barulho. Você os ouviu gritar sobre chegar
atrasado ao trabalho? Como se estivessem
propositadamente alheios ao fato de que suas
vidas estavam em sério perigo. Eles
provavelmente já entraram em contato com
os jornais e tiveram o lugar invadido pela
polícia.
— Graças a Deus — Kala suspirou. Seus
olhos cor de lavanda se encheram de lágrimas
e ela as deixou cair pelo rosto.
— Ei — disse Zaden, aproximando-se dela
e colocando o braço em volta do ombro
dela. — Está tudo bem. Fizemos o melhor
que pudemos.
— Eu sei, foi tão horrível.
— Sim — disse Zaden, segurando o rosto
nas mãos dele. — Mas nós
conseguimos. Richard não pode mais te
machucar.
Kala abraçou Zaden com força,
permitindo que seu corpo forte e masculino
a tranquilizasse. Ela o olhou com um suspiro,
de repente percebendo que não tinha dito a
ele.
— Eu me lembro de quem sou — disse ela,
seus olhos cor de lavanda sérios.
— O que? — Zaden perguntou, erguendo
as sobrancelhas em surpresa. — Desde
quando? Quem é você?
— Eu tenho que dar uma mensagem ao
líder do clã Kersh — disse ela com firmeza —
Lembrei-me de volta ao esconderijo dos
Guardiões. Sou uma Loni, de Kaldernon.
— O que? — Ele perguntou, chocado. De
repente, fez sentido por que ela parecia tão
familiar. Havia uma mulher Loni quase de
sangue puro no clã quando ele era pequeno,
mas desde então ela foi vitimada pelos
Guardiões.
— Vim diretamente de Kaldernon. E
preciso falar com Clayton o mais rápido
possível.
Zaden ficou em silêncio por alguns
momentos e se afastou um pouco dela.
— Então, Kaldernon... — ele
começou. Ele parecia estar tendo alguma
dificuldade em formular as palavras.
— Sim? — Ela perguntou.
— Você tem um marido?
Ela riu, um som musical que trouxe um
profundo rubor ao rosto dele.
— Não, Zaden. Eu não tinha
ninguém. Nada. Eu também sou órfã.
Ele olhou para ela em choque.
— Sério?
— Sim — ela disse gentilmente, pegando
sua mão larga na dela. Seus polegares
acariciaram um ao outro por um momento
longo e íntimo, antes de Zaden finalmente
falar novamente.
— Então... isso significa que poderemos
ficar juntos?
— É isso que você quer? — Ela perguntou,
examinando-o de perto.
— Eu vim aqui para ver o que os
Guardiões sabiam sobre você. Então poderia
ficar comigo sem precisar se preocupar mais
com sua identidade. Não acho certo estar
com alguém que nem sabe quem é.
Ela riu de novo, desta vez acariciando seu
braço, paquerando-o.
— Acho que às vezes é melhor me perder
quando estou com a pessoa que amo — disse
ela suavemente, inclinando o rosto para
encontrar os lábios dele. Zaden os tomou
com avidez, sem precisar de mais nenhum
convite. Ele a levantou com facilidade no
colo e ela pôde sentir sua masculinidade
endurecer pelo calor do meio. Um gemido
de prazer escapou de seus lábios e eles se
beijaram profundamente, sua língua
deslizando sensualmente contra a dela.
Ele agarrou a cintura dela quando ela
começou a se mover suavemente em cima
dele, triturando-o lentamente até que ele teve
que cerrar os dentes para não gemer alto. Ele
a despiu lentamente, admirando o corpo dela
à luz do fogo. Ela era tudo o que poderia ter
pedido e ele enterrou o rosto nos seios dela,
tomando um mamilo na boca, enquanto se
movia em cima dele, provocando a cabeça de
seu pênis com o clitóris até que nenhum
deles pudesse suportar mais
preliminares. Eles estavam andando por aí
por muito tempo e ela tinha visto exatamente
do que Zaden era feito.
Ela gemeu quando ele deslizou seu eixo
grosso profundamente dentro dela e
começou a bombear seus quadris
habilmente, levando-a a um passeio de prazer
diferente de tudo que ela já havia
experimentado. O sexo tinha sido bom da
primeira vez, mas nada comparado à alegria
de saber quem ela era e confiar plenamente
no homem com quem estava. De alguma
forma, ela sabia que ele nunca a abandonaria
e ficariam juntos.
Logo, ela estava tremendo em cima dele,
a felicidade a dominando
completamente. Ela nunca se sentiu tão
completamente satisfeita, e quando ele a
sentiu se aproximando de seu orgasmo,
acelerou o ritmo, grunhindo quando seu
pênis foi envolvido por seu corpo quente. Ela
gemeu profundamente quando o corpo dele
a trouxe mais fundo nas poças de êxtase e ele
sibilou de prazer quando o corpo dela se
contraiu em torno de seu membro.
De repente, seu corpo foi preenchido
com o poder quente de seu clímax
explosivo. Isso aumentou a felicidade de seu
próprio orgasmo e os dois gemeram quando
foram levados a uma nova altura juntos, um
patamar que nenhum dos dois esperava
alcançar.
Eles caíram no chão juntos, ofegantes e
Kala descansou a cabeça na dobra do braço
de Zaden.
— Tudo bem se ficarmos juntos por um
longo tempo? — Ele perguntou.
— É claro — ela disse com um sorriso. E
com isso, adormeceram.
EPÍLOGO

O filho mais novo de Clayton foi o


primeiro a ver o casal aparecer à distância e
ele correu até eles e abraçou as pernas deles.
— Eu estive tão preocupado!
Kala e Zaden trocaram olhares. Eles
haviam conversado brevemente durante sua
jornada de volta ao assentamento, sobre os
sentimentos de Zaden por Archer e Kala o
ajudou a entender que era normal sentir
ciúmes e que não tirava o quanto ele amava o
garoto. Zaden o segurou com força e sorriu
quando se separaram.
— Nós apenas tivemos que lutar contra
bandidos — disse ele com uma piscadela. —
Matei Richard.
Os olhos de Archer se encheram de
emoção e ele correu, gritando por seu pai.
Clayton parecia cansado quando emergiu
e pôs os olhos em Zaden, como se ele
finalmente descobrisse um tesouro
desaparecido.
— Você me deixou louco! — Ele
exclamou, abraçando Zaden.
Zaden se suavizou e permitiu que Clayton
se preocupasse com ele por alguns
momentos antes de se lembrar da
importância da missão de Kala.
— Podemos ter uma palavra, por favor?
Depois de falar brevemente com Clayton,
foi decidido que Kala faria seu anúncio a todo
o clã. Clayton não tinha certeza do que era,
mas confiava em Zaden que isso era
importante.
— Povo da Terra — ela começou, quando
o clã inteiro se reuniu em uma
assembléia. Todo mundo se mexeu
nervosamente, confuso com o jeito que ela
estava falando. — Meu nome é Kala. Fui
escolhida como mensageira de
Kaldernon. As provações de viajar pelas
dimensões cobraram seu preço, como você
deve saber. Eu perdi minha memória. Mas,
ao ver o nobre Zaden derrotar Richard,
lembrei-me do meu objetivo. Povo da Terra,
vocês não estão sozinhos. Kaldernon não se
esqueceu de vocês.
Todo mundo ficou em silêncio por um
momento, antes que a sala rugisse com
aplausos estrondosos. Kaldernon não os
abandonara. E a presença de Kala ali só
poderia significar uma coisa.
Logo eles voltariam para Kaldernon.

Fim...
Ou apenas o começo?

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