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Livro 2
Esta tradução foi realizada por fãs sem qualquer propósito lucrativo e apenas com
o intuito da leitura de livros que não têm qualquer previsão de lançamento no Brasil.
Nunca comente com o autor sobre o livro traduzido ou sobre o nome do grupo de
tradução, tampouco publique os arquivos em redes sociais.
adaptações, portanto respeite o tempo do revisor. Caso deseje, ajude. Estamos sempre
Caso seja possível, adquira livros originais para auxiliar o autor e contribuir com
O mundo está aos meus pés, mas não quero nada além dela. Nenhum preço é alto
Não há como desfazer o vínculo do casal, não importa o quanto ela resista. Diz-se
Ela me perdoará, sorrirá para mim, aprenderá a me amar à medida que nosso filho
crescer em seu corpo, mesmo que esteja insatisfeita com o engano necessário para
garantir a concepção.
entretanto, com o intuito de deixar a leitura mais leve e fluida, a revisão pode
Alguns termos, gírias, expressões podem ser encontrados bem como objetos que
Boa leitura!
Capítulo 1
No momento em que ela encontrou a casa dele, Claire mal conseguia rastejar.
Arranhou o portal, com os dedos dormentes, e caiu no chão. Quando a porta se abriu e
Ela estava imunda; cabelos pegajosos molhados de neve e suor, membros muito
mão circulava como um colar triste. Isso não era nada comparado ao estado dos pés
dela quando ele tentou ajudá-la a se levantar. Rasgada e sangrando, havia mais pele
desgastada do que sã. Corday levantou-a do chão, com o corpo congelado colado ao
— Claire! — Ele esfregou vigorosamente as mãos para cima e para baixo nas costas
Foi uma coisa boa que ele fez pois assim que a porta trancou, seus olhos rolaram
para trás, Claire inconsciente. Corday levou-a às pressas para o chuveiro, ligou o
aquecedor e ficou com ela sob o jato de água. Seus lábios estavam azuis, o que não era
a quase zero. O Beta tirou o vestido arruinado e lavou cada filete de sangue de sua
amiga, encontrando mais hematomas, mais feridas, mais motivos para odiar Shepherd.
A gaze em seu ombro ele deixou para o final, grato por pelo menos algo ter sido
cuidado. Mas pela forma como estava saturado, ficou preocupado com o que era podia
estar sob o curativo. Retirando-o, Corday amaldiçoou para ver o que a fera tinha feito
mesmo depois do que pareciam semanas de cura, seu ombro uma bagunça.
O monstro a mutilou.
A água ficou tão fria quanto o sangue de Corday. Ele a puxou para fora, secou-a o
melhor que pôde e colocou Claire no calor de sua cama. Lá ela estava deitada, nua e
de cada vez, ele descobriu membros, cuidando de restos, enfaixando feridas, fazendo o
melhor que podia para preservar a modéstia dela. Isso não significava que ele não os
Ela parecia quase tão mal quanto as Ômegas que a Resistência resgatou...
elas deterioraram-se – quase não falavam, quase não comiam. Mais delas morreram e,
certeza de que, com tudo o que sofreram – os filhos e companheiros que lhes foram
e curativos eram o melhor que Corday podia oferecer. Mas não havia nada que ele
eram recentes. Os ferimentos da Ômega ficaram muito mais complicados nas pernas –
ambas as rótulas estavam grotescas; um corte profundo o suficiente para exigir pontos.
Ele fez o melhor que pôde com suturas em forma de borboleta, fechando a lacuna da
carne rasgada, alinhando a pele para que pudesse ter uma chance de se curar. Suas
articulações iriam inchar - isso era inevitável - e ele hesitou em colocá-las com gelo, pois
— Você vai ficar bem, Claire. — Ele prometeu. — Você está segura comigo.
Claire abriu os olhos vermelhos; olhou para o Beta cujo rosto ela podia ler como um
abrasão na parte externa das coxas, joelhos e canelas. Seus pés eram uma questão
diferente. Havia pouco que ele pudesse fazer, e ela dificilmente conseguiria andar nos
dias que viriam. Ele identificou os detritos, notando como ela não se movia ou se
contorcia mesmo quando uma nova onda de sangue seguia um grande pedaço de vidro,
uma vez que ele era retirado. Ele envolveu os pés dela com força e fez uma oração aos
Não vá!
dela.
Claire segurou com mais força, desarticulada e com medo. — Não me deixe
sozinha.
Jogando uma pilha de ataduras no chão, Corday fez o que desejou. Ele deslizou sob
as cobertas ao lado dela, oferecendo calor corporal e um lugar seguro para descansar.
Com vergonha de perguntar, além de patética, ela sussurrou: — Você vai ronronar
para mim?
Tal coisa era um ato de intimidade entre amantes e familiares, mas não houve
imediatamente. O som era um pouco estranho – o ato era algo com o qual ele não estava
Corday enxugou uma lágrima que escorreu de sua bochecha. — Eu não vou, Claire.
Na voz de uma coisa quebrada, Claire começou a sentir mais do que um mal-estar
sufocante sem fim; ela sentiu nojo... de si mesma. — Eu odeio esse nome.
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acordou. Embora seu corpo doesse, ela estava quente, cercada por um aroma de
segurança e grata pelo sorriso infantil que Corday ofereceu depois de separar os cílios
pegajosos.
Cauteloso e gentil, ele alisou o cabelo emaranhado dela. — Você parece muito
melhor.
Eles estavam tão perto que ela podia ver a barba por fazer em seu rosto, sentir seu
hálito.
Chupando o lábio inferior cortado em sua boca, Claire sentiu uma pontada. Provar
a crosta deixada quando aquela mulher, Svana, lhe bateu por se recusar a espalhar,
tornou o pesadelo real novamente. Era como se Svana estivesse na sala com ela, como se
Corday superou seu terror crescente. — Você está bem, Claire. Vou mantê-la
segura.
Não foi um sonho, foi real. Claire passou a entender que quanto mais Corday
Ela estava separada de Shepherd, sentindo muito desconforto físico, nua, e Corday
Ela tinha, antes mesmo que o ar retornasse aos seus pulmões, correu e fugiu. —
Corri o mais rápido que pude... direto para a sua porta. — Com a voz embargada, um
Vendo seu pânico, ele tentou acalmá-la. — Não há nada para se desculpar.
— Eu droguei você. — Ela sussurrou. — Eu menti. E agora ele vai te encontrar. Ele
vai te machucar.
— Ele não vai. — Corday tornou-se sério e severo. — Você pode confiar em mim.
Não há necessidade de mentir para mim novamente. Não posso ajudá-la se você mentir.
— Se eu tivesse levado você até as Ômegas, ele teria te matado, assim como matou
Lilian e as outras. — Claire olhou para a fronha levemente coberta de sangue. — Ele me
Corday já sabia. Ele sentiu o cheiro quase no instante em que Claire esteve em seus
braços. Só havia uma maneira de tal coisa acontecer. Shepherd forçou outro ciclo de cio.
Havia muito pouco que ele pudesse dizer, pouco que pudesse fazer, mas uma coisa
Corday poderia oferecer a ela. Ele olhou nos olhos dela e perguntou: — Você quer
continuar assim?
Que pergunta... Claire teve que pensar, reconheceu que ela estava agarrada ao Beta
a ponto de ter feito seu ombro doer. Afrouxando seu aperto, ela mediu o pouco de
humano que ainda era, e sabia que ainda não queria um filho. Mais ainda, ela se
monstro que a estava usando como uma égua reprodutora – uma fera cuja amante
tentou matá-la.
Claire apertou a mão na pequena vida que crescia dentro dela. Ela poderia se livrar
do problema; o aborto era uma prática comum, provavelmente acessível até agora. Ela
Depois de respirar estremecendo, ela admitiu sua terrível verdade: — Eu não sinto
Ele deu espaço a ela, oferecendo um sorriso torto. — Eu sei que pode parecer que o
mundo acabou para você, Claire, mas está livre agora. Você é uma sobrevivente.
Ela não pôde deixar de sorrir tristemente para um homem que nunca entenderia.
— Sobrevivente? Que tipo de futuro você vê para mim? Fui unida a um monstro para
ser seu brinquedo, drogada em um ciclo de calor não natural, impregnada contra minha
vontade para que eu me tornasse devotada, e então forçada a ouvir o Alfa, que deveria
ser meu companheiro, foder sua amante - uma fêmea Alfa muito assustadora que
colocou as mãos em volta da minha garganta, que enfiou os dedos dentro de mim bem
na frente dele.
Ele não conseguiu evitar uma careta. — Shhh. Isso pode ser consertado.
— Está tudo bem para nós dois admitirmos que não haverá um final feliz para
mim. — Claire sentou-se, segurando o lençol contra o peito, vazio. — Não tenho futuro,
Afastando os cabelos, querendo puxá-la para mais perto, Corday conteve o desejo
de abraçar a mulher de olhos tristes. — Se você sair por aquela porta e tentar enfrentar
— Eu não vou vencer... mas vou agir. — Um objetivo, algo em que se agarrar,
endureceu sua voz. Claire zombou. — Vou fazer tudo o que puder para fazer barulho. E
— Por favor, me escute. — Corday tornou-se urgente, com medo de assustá-la caso
dissesse a coisa errada. — Vamos conversar sobre isso. A melhor coisa que você pode
disse uma vez que não há nada de bom no povo de Thólos. Ele estava errado. Esta
ocupação despiu nossas pretensões; nos deixou nus para nossa natureza. Você não vê?
Integridade, bondade - existe aqui... — Claire fechou os olhos, aninhando-se mais perto
Ele não hesitou em puxá-la para cima. — E você é uma boa mulher.
Descansando a bochecha em seu ombro, ela suspirou. Ela poderia ter sido uma boa
mulher um dia, mas a verdade é que ela não era mais uma pessoa. Ela era uma sombra.
— Quero que saiba que enquanto você estava fora, descobrimos os distribuidores
recuperando e protegidas. As drogas foram destruídas; cada homem pagou por seus
crimes.
— Você faz parte disso, sabia? — A ansiedade juvenil, o desejo de ver Claire
satisfeita, contagiaram seu sorriso. — Sua determinação - você lutou por elas. Elas têm
— Você está errada. — Corday segurou seu rosto e fez com que ela olhasse nos
olhos dele. — Você enfrentou o maior monstro de todos. Você já escapou dele duas
Mas ela não era. — Não... você não entende. O vínculo do casal, a gravidez...
comecei a cuidar dele, a precisar dele. — Dizer isso em voz alta fez sua boca ficar com
Corday sabia que nada disso era culpa dela. — Dadas as circunstâncias, o que
homem. E depois que ele convenceu meu afeto, fez disso a piada mais doentia do
mundo. Eu deveria estar grata, eu acho. Ouvi-lo com ela... isso destruiu o vínculo do
A total falta de emoção na voz de Claire perturbou Corday. O que quer que
Shepherd tenha feito, danificou a Ômega, e uma parte dele se perguntou se cada
expressão que ela fazia era apenas porque deveria se lembrar de coisas como respirar e
piscar.
violação não era para ganhar poder. Somos seus fantoches, ficando a mercê com um
estalar de dedos. Dançamos no palco dele. Shepherd e seus seguidores, estão nos
punindo por ...— Ela zombou baixinho. — por ignorância cega. Por permitirmos o que
— Você está livre dele, de suas mentiras e de sua maldade, Claire. Lembre-se disso.
— O Domo está rachado. Está nevando lá fora. Não é geada, é neve de verdade.
Não estamos livres dele, não quando deixamos isso acontecer. Deixamos tudo isso
acontecer.
mostra a direção em que ela fugiu e que seu rumo não foi afetado por pernas
quebradas. A trilha foi perdida quando ela deslizou abaixo do nível médio e saiu sobre
o lodo acumulado.
— Considerando a distância que ela caiu, mínima. Hemorragia interna pode ser um
problema.
Seu implacável olhar metálico refletiu a luz. Impaciente, Shepherd rosnou: — Ela
não come há quase uma semana. Ela não terá conseguido percorrer uma grande
Shepherd virou-se para sua mesa, sua atenção voltando para o relatório. — Greve
de fome.
Jules, não surpreso com tal afirmação, permaneceu em branco. — Quando ela
companheira.
Apenas danos psicológicos levariam uma Ômega grávida e unida a uma greve de
fome e a pular de um prédio enlouquecida. Jules ficou contundente. — E se isso não for
possível? A quem você pretende servir como Alfa substituto para cuidar dela até que
Com os músculos tensos, Shepherd avisou: — Você presume muito, Jules. Ela será
Jules era o segundo em comando por um bom motivo: ele era astuto e estava
disposto a agir. Empregando franqueza, ele afirmou: — Sem contato físico, a Ômega
Shepherd não deveria ser contrariado por homem ou mulher. Sua ordem final foi
Percebendo que a situação estava além de sua avaliação original, Jules fez uma
Shepherd foi para sua mesa, sozinho. Memorizando os relatórios que piscavam em
sua tela COM, de vez em quando ele olhava para trás, esperando ver Claire andando de
um lado para o outro. Mas ela não estava lá. Ela se foi... Ele sabia em seus ossos que sua
companheira havia procurado o homem nobre que lhe ofereceu ajuda. O Beta iria
acolhê-la, cuidar dela, confortá-la, tocá-la. A simples ideia de que outro pudesse segurá-
la de seu estupor? Ele até tentou explicar. Ele! O Alfa, o mais forte que nunca foi
questionado, tentou argumentar com uma Ômega. Mas ela nem sequer piscou.
Era sua vocação permanecer, ser devotada, amá-lo, obedecer. Ele não tinha
atendido às necessidades dela? Ele não lhe dera belos vestidos e a melhor comida? Ele
não passou horas simplesmente acariciando a garota até que ela estivesse
ainda, dava-lhe propósito e distração. Shepherd não poderia dizer-lhe com mais
palavras – ela não era uma delas, permanecia demasiada determinada no seu ideal de
bondade para compreender grandeza da sua vocação. Além disso, o raciocínio por trás
de suas ações era desnecessário para ela saber. Shepherd sabia que se Claire percebesse
a verdadeira natureza do que estava por vir, ela ficaria ainda mais preocupada. Ela
choraria por seus patéticos cidadãos em vez de dar toda a sua atenção a ele. A traição
direta era melhor: mantinha-o no controle do destino dela. Mas ela era teimosa, tão
baixo até que papéis voaram e sua tela COM quebrou no chão frio.
ficou descontente com o que encontrou, mas Svana teria arrancado os lindos olhos de
Claire se Shepherd não tivesse pacificado sua amante depois que ela viu o que ele
manteve escondido. Você não argumenta com Alfas provocados, você mostra ação. Se
ele não a tivesse fodido em voz alta, transmitindo seu favor para garantir que a fêmea
territorial não considerasse a Ômega uma ameaça, Claire teria sido assassinada no
primeiro momento em que ele a deixasse sozinha. Ele havia feito o que era necessário,
No entanto, ele a havia perdido de qualquer maneira, mesmo antes de ela fugir.
Observando-a escapar mentalmente, sua onda de raiva, sua fúria total... foi a mesma
raiva que o queimou quando ele saiu de Undercroft para assassinar o primeiro-ministro
Callas... apenas para encontrar o líder de Thólos - o homem que sentenciou sua mãe de
que não poderia ser – até entender o que Svana havia feito.
O discurso que ele preparou para seu maior inimigo, aquele aperfeiçoado noite
após noite enjaulado no subsolo, foi esquecido. O que deveria ter sido uma morte
rápida, o corpo a ser exposto, terminou com sangue escorrendo do teto, as entranhas do
E então veio uma dor muito mais horrível do que qualquer agonia que suas marcas
Shepherd confrontou Svana, a mulher que ele amou desde o primeiro momento em
que se conheceram no escuro, a criatura etérea que foi toda a sua vida, que segurava sua
alma em suas lindas mãos. A mulher que o libertou, deu-lhe poder para ganhar o
ocasional de Ômegas que sua amada havia proporcionado para ele - para que
inferiores, os pares Alfa/Alfa eram difíceis, pois não havia vínculo entre pares, e era da
sua natureza desafiar o domínio. Mas os dois estavam além de tal comportamento
sórdido. Ou assim ele pensou. Ele nunca vacilou... nem uma vez.
Ela fez.
Ela havia fodido o primeiro-ministro, jogado o que eles tinham de lado por algum
estratagema distorcido, como o ponto crucial final não discutido em seu plano.
Enquanto Shepherd a ouvia falar sobre o assunto, enquanto ela pintava de forma
convincente um grande cenário, ele não conseguiu questionar o que ela nunca havia
mencionado. Svana planejou sua sedução o tempo todo. Embora ela segurasse
Shepherd e falasse de seu amor, ele estava em sintonia com ela; ele podia sentir o cheiro
do que havia de errado no cheiro dela. O que foi feito foi ainda pior do que ele
queria ter o filho de seu inimigo... fazer com que a linhagem de um traidor continuasse -
um homem que não estava infectado com Da'rin, que nasceu com linhagem superior -
um homem que poderia até ser o portador do suposto anticorpo ao Contágio Vermelho
em suas veias.
Não como Shepherd, que não sabia qual dos inúmeros prisioneiros que estupraram
sua mãe era o pai dele. Seu sangue não foi promovido através de gerações com acesso à
ciência secreta e a vacinas contra doenças. Em vez disso, ele foi desfigurado por Da'rin
Ela não havia expressado isso, mas Shepherd interpretou a verdade. Svana o
Todos esses anos, a fidelidade de Shepherd foi unilateral. Svana não hesitou em
admitir que tinha outros amantes. Afinal, eles não eram Alfas? Não era direito deles?
Ela acariciava seu peito e sorria perfeitamente, lembrando-lhe que o que eles
a mãe morta de quem ele mal se lembrava. Thólos caiu, todos desempenhando seu
papel com perfeição; no entanto, ele estava menos a favor disso. O mundo mudou, ele
alcançou a grandeza, mas o que sobrou? Nada. Um grande buraco negro onde a luz se
Mas então ele sentiu o cheiro de algo imaculado escondido sob o cheiro pungente
improvável nascida da sujeira de Thólos. Um lótus. Claire, com suas convicções e sua
tímida bravura, caminhou até um homem como ele - esperou teimosamente por horas,
um cordeiro entre os lobos - para implorar por ajuda do próprio vilão que infligia
Uma respiração dela e ele a teria tomado, com calor ou não. Os Deuses
Enquanto ele acariciava aquela coisa estranha e obstinada, Shepherd descobriu que
pênis, que ele teve que garantir que ela nunca pudesse sair. Como Svana havia
afirmado que sua devoção estava além do físico, seu amor era divino, Shepherd sentiu-
apego que só beneficiaria a indisciplinada Ômega. Ele se uniu para manter Claire para
si, sua recompensa pelo serviço prestado ao bem maior da humanidade renascida. A
pureza da pequena de olhos verdes agora era dele, e sua proximidade o socorria. Em
Claire, Shepherd recuperou a peça que faltava, a necessidade cobiçosa de possuir algo
inocente, alcançado.
No entanto, agora sua companheira havia partido com seu filho na barriga,
A Ômega nunca voltaria para ele de bom grado, não enquanto o vínculo do casal
Ele quase podia ouvir o eco das palavras dela no ar: não me dê motivos para te
odiar mais.
O que passou pela mente da Ômega que ele encontrou inconsciente no chão do
banheiro? Ele antecipou a raiva, mas encontrou algo prejudicado muito além de seu
raciocínio. Sua união com Svana deixou Claire indiferente e vazia – deixou o cordão tão
fraturado que tudo que Shepherd conseguia sentir dela era um eco de desolação.
para ele com julgamento e ódio, não importando como ele cuidasse dela, a tocasse ou
forçá-la a alimentá-la se fosse necessário. Ele a faria adorá-lo como deveria. Porque ela
Ele até impediu o compartilhamento do corpo dela com sua amante. Isso não era
alguma coisa?
-*-*-*-*-*-*-*-*-*-
Corday correu para cumprir sua missão para a Resistência, ansioso para retornar
para Claire. Não era porque ele não confiava nela para ficar onde estava, era porque ele
não confiava nela de jeito nenhum. A expressão nos olhos dela quando o senador
Kantor chegou para protegê-la não passava de cálculo. Não havia nada de seu antigo
medo ou nervosismo, sua reação ficou entorpecida enquanto ela avaliava o Alfa.
cortesia. Eles trocaram gentilezas, Corday preparou café e depois saiu para se encontrar
o Executor estava totalmente despreparado para a visão que encontrou quando voltou
para casa.
fazer isso?
abafado. — Rebecca também lutava para adormecer. Aprendi muito cuidando de minha
Era tabu falar de companheiros falecidos; Corday ficou surpreso ao ouvir o Alfa
assassinato há muito tempo pelo adversário político de Kantor. Foi uma sensação e fez
com que o senador Bergie, vários de seus funcionários e até mesmo o filho de Bergie
Sem saber o que dizer em resposta, Corday acendeu algumas velas e arrastou uma
cadeira da cozinha, com o rosto sombrio enquanto olhava para a garota adormecida. —
— Melhor depois que ela comeu - menos catatônica, mais consciente. O senador
doente.
Corday tinha fé que as coisas poderiam melhorar. — Ela me disse que o vínculo
— Agora que você voltou, nós três precisamos conversar. — O senador Kantor
sentou-se mais ereto, alisando a manga. — Primeiro, jante; depois nós dois
explicaremos.
Era perturbador receber ordens em sua própria casa, mas Corday assentiu e foi
para a cozinha. Uma refeição simples foi preparada. Havia algumas frutas frescas para
Claire, acariciando seus dedos até que seus olhos verdes e turvos se abriram. Era óbvio
que ela estava confusa. Por um momento se afastou da proximidade dele, pronta para
correr. Então tudo começou. O rico estrondo de um ronronar de Alfa fez Claire passar
de assustada a furiosa.
O olhar que ela lançou ao senador Kantor teria sido engraçado se seu cheiro não
O velho concedeu.
recompensa?
— Pelo que pude ver, os Seguidores os estavam deixando ir, mas os cidadãos estão
morrendo de fome. — Esta era a oportunidade de Corday explicar por que o senador
Kantor estava realmente ali. — A recompensa pela sua cabeça poderia manter uma
— Preciso que você entenda que o que é dito não pode sair desta sala.
com os cotovelos apoiados nos joelhos, Kantor suspirou. — Muitos do nosso povo
acreditam que a unificação sob o governo dos Seguidores satisfaria Shepherd. O fato é
que estes cidadãos são numerosos e estão se tornando mais leais ao regime do ditador
do que poderíamos ter imaginado. As nossas próprias fileiras, até mesmo alguns dos
nossos irmãos e irmãs em armas, foram tentados para o outro lado. Uma vez abrigados,
eles não podem ser fundamentados. Sua aparição dentro da Resistência pode oferecer
uma tentação muito grande para qualquer um que esteja na linha. Corday e eu
desesperado para explicar assim que viu a expressão no rosto dela. — Nunca. Você
entende?
O senador Kantor se atreveu a apertar a mão dela. — Precisamos que nossas tropas
estejam concentradas. Precisamos encontrar o Contágio. Para fazer isso, você deve
Claire ficou em silêncio, processando tal informação. Quando ela finalmente falou,
suas palavras não foram gentis. — Você parece ser um homem sábio, senador Kantor,
mas não consegue ver que o tempo e mais sofrimento irão corroer aqueles que são leais
a você, não importa o que aconteça? Minha gravidez é a chave para o seu sucesso.
Enquanto eu estiver correndo solta em Thólos com seu bebê como refém, ele não
infectará a população - não correrá o risco de me infectar. Agora é sua chance de atacar.
prematuramente, ele poderá liberar o Contágio. Não posso arriscar milhões de vidas, a
sua vida, em um talvez. Sinto muito, Claire. Até que a localização do Contágio
A linha da boca de Claire ficou nítida. Sentando-se mais ereta, ela olhou para os
dois como se fossem simplórios. — Não é o Contágio que nos mantém sob seu poder. É
a nossa própria covardia. Todos os dias nosso povo não faz nada; o bastardo está
provando que sua visão sobre nosso comportamento está correta. A Cúpula está
rachada. Você não vê que o tempo vai matar muito antes que qualquer vírus o faça?
não são soldados; eles estão assustados e não têm compreensão do combate. Você deve
entender; muitos estão vendo suas famílias sofrerem, seus filhos estão morrendo.
civil, não há neutro. Ou você está com Shepherd ou está contra ele.
jovem e aprenderá com o tempo que as coisas nem sempre são o que parecem.
conceituado distorcida pela triste impotência de tal homem. — Shepherd uma vez me
Corday entendeu o que a irritava; até os ossos, ele sentiu o mesmo. — Progredimos
liderar a rebelião.
— Eu entendo. — E ela fez. Ela entendeu que quanto mais esperassem, mais
pessoas morreriam – que o mundo era um pesadelo onde os homens e mulheres que
uma vez juraram defender a lei poderiam devolvê-la a um déspota por comida que
Depois que o senador Kantor saiu, Corday pegou a mão dela e a levou de volta ao
sofá para descansar. Quando a teve só para si, Corday sorriu e tirou um presente do
bolso.
que estava preso entre os dedos. — Há algumas semanas fui à sua residência. Tudo
estava bastante destruído, mas encontrei isto escondido sob o forro da sua caixa de
joias.
O ouro estava quente, mas a reação de Claire foi totalmente fria. — Esta era a
Quando criança, ela odiava ver isso, ainda com raiva porque a mãe a abandonou,
jovem demais para aceitar o que tinha acontecido. Claire tinha esquecido que ela tinha
guardado. Agora cabia, assim como cabia a decepção de sua mãe com a vida. Erguendo
a mão para ver aquela coisa sombria, ela viu a correlação com o ímpeto de sua mãe –
— Obrigada, Corday.
Ele pegou a mão dela novamente, acariciou seus dedos e prometeu: — Quero que
você saiba que entendo o que sente, mas ele está certo. Se a vida do senador não
estivesse gravemente ameaçada, não sei se confiaria mesmo ele com você.
Claire não tinha certeza do que dizer. — Por que nenhum de vocês me perguntou
sobre Shepherd?
ombro dela. — Considerando que você escapou uma vez, qualquer coisa que ele
permitiu que ouvisse pode ter sido plantada para enganar a Resistência caso você se
libertasse novamente. Odeio dizer isso, mas cada movimento que aquele monstro faz
é… brilhante.
Ninguém estava do seu lado e, embora ela tentasse esconder o olhar de mágoa, isso
Ela escolheu contar as coisas a ele de qualquer maneira; ela precisava que ele a
ouvisse. — Ele nasceu em Undercroft, sua mãe foi encarcerada pelo primeiro-ministro
ideia de uma mulher ser jogada naquele inferno... que seu próprio governo tivesse feito
sotaque que nunca ouvi antes, como se ela não fosse daqui.
inteiras não podem cair da noite para o dia? — Para Claire, parecia haver mais...
verdades sombrias sobre eles que precisavam ser reconhecidas. Encontrando os olhos
do seu amigo, ela confessou: — Não acho que o primeiro-ministro Callas fosse um bom
homem... Receio que a opinião dura de Shepherd sobre nós possa não estar errada.
O braço de Corday apertou-a ao redor dela. — Você está dizendo que concorda
com ele?
— Não. — Ela respondeu rapidamente. — Não. O mal não pode mudar o mal.
Talvez sua motivação subjacente já tenha sido baseada em princípios; eu sei que ele
Capítulo 2
Claire não era uma mulher violenta. Ela não sabia lutar. Ela não era fisicamente
forte.
Mas não era indefesa. Claire era rápida e inteligente. Ela só precisava encontrar
uma maneira de usar essas características para promover sua agenda. Enganar Corday
novamente não lhe agradava; mas a sua lealdade e as suas intenções estavam ligadas à
a localização do Contágio. Então o que? Reuniria as pessoas durante uma série de anos
difíceis enquanto o Domo continuava a rachar e mais neve caía? Claire não iria esperar
para descobrir.
ficar dentro de casa. Admitindo que estava com medo de ser devolvida, que confiava
nele para protegê-la, foram necessários apenas dois dias de bom comportamento antes
Apesar da dor que cada passo custava, uma vez sozinha, ela começou a andar e
planejar.
O próprio monstro lhe disse que ela falhou porque acreditava na bondade em uma
cidade onde não havia nenhuma. Ele estava errado. Claire sabia que ela havia falhado
porque não se esforçou o suficiente, não pensou grande o suficiente; porque, no final,
Uma Ômega.
Que irônico que o campeão que as mulheres escolheram tenha sido Shepherd!
aquelas que ele libertou, que começaram a conversar aqui e ali. Ele estava tentando
apoiá-la, mostrar que havia esperança, mas nunca mencionou as amigas dela.
Claire sabia por quê; Corday temia que a tentação de ir até elas minasse sua
Assim como ameaçou, Shepherd escondeu aquelas mulheres no único lugar onde
nenhum estranho poderia chegar: Undercroft. Claire estava certa até os ossos.
Entrar não seria fácil. Uma vez lá dentro, sua busca se tornaria impossível, a menos
Ninguém iria salvá-las – elas teriam que se salvar. Tudo que Claire podia fazer era
De certa forma, Shepherd pode até ter feito um favor a Claire. Ele teria atendido às
Depois de tantas semanas com comida, as mulheres estariam mais fortes, e Claire tinha
a sensação de que, como a fome não mais atrapalhava seu julgamento, elas também
A raiva era o único sentimento que Claire parecia entender na maioria dos dias. A
Virando-se para andar na outra direção, seu cotovelo bateu na estante de Corday,
Informações sobre Shepherd poderiam estar lá. Talvez até o nome de Svana
Nada.
'Svana'.
Nada.
Este recurso era valioso demais para ser ignorado; devia haver algo ali que ela
pudesse usar. Claire só precisava pensar. Ela precisava desacelerar sua conversa mental,
respirar. Um suor frio veio quando seu dedo bateu na tela, soletrando o nome do único
criminoso que Claire conhecia. O COM brilhou, lindos olhos chocolate olhando para
ela.
em todos os ângulos. Mesmo que já tivessem se passado anos, Claire ainda sabia como
ela cheirava, como era sua risada. Inclinando-se mais perto da tela, a Ômega quase
sorriu.
A hora seguinte foi gasta absorvendo cada detalhe que o cubo de dados continha
agressão, furto, roubo, incêndio criminoso... seu arquivo era enorme. Pelo que parece, a
impressionante infratora da lei passou de fugitiva arrogante do trabalho agrícola para...
Se Claire não soubesse o que tinha sido feito com a mãe de Shepherd, não teria
Ela não sabia o que a levou a fazer isso, mas seus dedos digitaram um último
-*-*-*-*-*-*-*-*-
Corday voltou e encontrou seu apartamento frio e vazio, sem vida onde deveria
estar uma pequena Ômega descansando no sofá. Corday odiou deixá-la, mas ela jurou
tão fielmente, admitindo que mal conseguia andar, que ele acreditou.
Claire o enganou. Claire não confiava nele. Claire o havia deixado... de novo.
Prezado Corday,
Não posso viver uma mentira e ficar escondida. Não do jeito que as coisas estão agora.
Quero que saiba que não importa o que aconteça, eu escolhi – plenamente consciente das
consequências.
Amor,
Claire.
Ela havia assinado 'amor', mas não houve desculpas. Ele sabia onde estava e a
jaqueta, ele saiu direto para as calçadas e lutou pela neve até onde a Brigadeiro Dane
Corday não esperou por um convite, empurrando sua oficial superior para o lado
— Você perdeu a cabeça? — A porta foi trancada rapidamente, o ar frio invasor foi
bloqueado. — Aparecer aqui em plena luz do dia coloca todos nós em perigo.
não há ninguém na rua e meus rastros já estão sendo cobertos. Onde está o senador
Kantor?
velho Alfa balançou a cabeça. — Sinto muito, Corday. Não é como se pudéssemos tê-la
trancado.
podemos arriscar nos expor em uma caçada humana. Nós dois sabemos que ela
Falando em voz baixa, o Alfa tentou transmitir bom senso e uma medida de calma
muito necessária. — A Ômega está grávida, ela está unida e mentalmente desligada. Ela
— Estou dizendo que Claire está lutando contra o que deve ser um pesadelo dentro
autoritário. — Ela está danificada. Sua determinação é a única coisa que a mantém
— Nós dois sabemos que ela vai tentar tirar aquelas Ômegas de Undercroft. —
O senador Kantor entendeu perfeitamente o que estava em jogo. — Ela tem uma
vantagem, é uma refém, e você não sabe onde ela está. Nada pode ser feito. Acredite ou
Ninguém pode compreender as consequências como ela. Ela é uma mulher adulta que
fez sua escolha, assim como pedimos a nossos irmãos e irmãs de armas que façam todos
os dias.
— Isso é uma maldita loucura! — Corday saiu furioso da sala, com o bilhete
Com o braço em seu aperto, o rosto de Dane estava vermelho e seu silvo
desagradável. — Você não fará tal coisa. Volte para sua casa. Acalme-se antes de
comprometer toda a Resistência com sua estupidez impulsiva. Pense, pelo menos uma
vez. Seja o que for que Claire tenha planejado, distraí-la ou ser morto não ajudará
ninguém.
Corday foi fortemente tentado à violência. — Você não conhece Claire.
-*-*-*-*-*-*-*-
O tempo estava uma merda. Uma bênção e uma maldição, pois parecia que Thólos
para incomodá-la e, embora a neve que caía tornasse o caminho difícil, a caminhada a
Em todos os anos desde que Claire andou pela última vez pelo calçadão de nível
médio, ela havia esquecido muita coisa. As habitações apertadas ainda eram verdes
como aipo, mas ela levou algum tempo para lembrar qual janela havia abrigado uma
Não havia salpicos de cor agora... nem flores. Em breve, até as árvores murchas não
passariam de gravetos. Tudo o que havia era aquele verde muito alegre espreitando da
Ficando cara a cara com uma porta que já foi familiar, Claire balançou a maçaneta e
a encontrou trancada. Passando a unha pela moldura, ela sentiu uma protuberância na
fenda: uma chave reserva escondida exatamente como estava quando ela era menina.
O interior estava escuro. Ninguém estava em casa.
No lugar da mulher que ela procurava havia lixo; fios, filtros, purificadores de ar,
canos e máquinas de zumbido empilhados por toda a sala. A pega egoísta os roubou da
Era indescritível, irritante e, o pior de tudo, depois de ler seu arquivo, Claire não
Com a boca azeda, Claire tirou as roupas molhadas, pendurou-as para pingar na
cozinha e serviu-se de algo seco. Já era noite quando ela finalmente ouviu o barulho de
Uma beleza alta entrou na sala fria, esfregando as mãos enluvadas. A mulher levou
apenas um segundo para ver Claire descansando no sofá. — Você não deveria estar
aqui.
— Você sempre foi uma idiota. Você sabe disso, certo? — Claire rosnou de volta.
para o lado, o cabelo loiro se movendo como uma cachoeira atrás dela, a Alfa mudou
seu rosnado para um ronronar provocativo. — Você tem alguma ideia de quanto você
vale?
— Não fique muito animada. Ele não vai te pagar... Shepherd enforcou o último
lote que me trouxe, Maryanne. — Claire olhou para aquela que já foi a garota mais
inteligente que ela conhecia e viu uma estranha. — O fato é que ele se ofende com o fato
— Não.
Claire soltou um suspiro. — Meu rosto estava coberto e tenho certeza que você
Claire pegou a mão de Maryanne, a mão daquela que tinha sido sua melhor amiga
de sua ajuda.
— Não.
— Por quê?
Maryanne soltou os dedos e saiu andando. — Você não tem ideia do que esses
caras podem fazer com você, Claire. Faça o que fizer, apenas encontre um lugar para se
— Na verdade, eu sei do que eles são capazes. — Claire cuspiu nas costas de
Ômega.
quando jovens. — Você ficou em cima de mim durante a escola. É por isso que não
Você desejava. Era Patrick Keck que eu queria foder... e eu fiz. Muitas vezes.
— Então você desapareceu. Você era minha melhor amiga e nunca se despediu. —
E isso doeu muito. Mais ainda, porque Claire sabia que Maryanne tinha sido capaz de
muito mais do que o caos que ela havia realizado. — Eu li seu arquivo. É verdade que
— Várias vezes... só fui pega uma vez. Varrer merda de porco por um ano valeu a
pena. Você não tem ideia de quanto algumas pessoas pagam por algo tão mundano
Maryanne lambeu os dentes e fez um gesto amplo para si mesma. — Essa garota
tem habilidades.
que você colocou a mão em mim. Ele vai te fazer em pedaços, porque eu não estou
— Você irá.
algum sinal de problema. — Maldita seja você, Claire. Maldita seja você e suas besteiras
humanitárias inúteis. Você sempre foi uma boazinha quando éramos crianças; era
— Mas eu nunca fui uma tarefa simples. — Claire pegou o braço de Maryanne, com
uma expressão de desespero. — Sinto muito, mas preciso de você. Preciso das
habilidades que você tem e que me faltam. Se fizer isso por mim, nunca mais vou
incomodá-la.
Um olhar mortal veio com a pergunta. — Por que não pergunta ao seu
companheiro?
— Foi ele quem as trancou. — Claire colocou o cabelo atrás da orelha e se manteve
firme. — Assim como você, ele é cego para o que é certo e errado.
Maryanne amaldiçoou. Ela ficou furiosa por horas, tentando dissuadir Claire de tal
loucura, mas o resultado foi inevitável. Maryanne Cauley não tinha escolha e sabia
disso.
Elas brigaram veementemente pelo plano. Não havia tempo para reconhecimento,
a dupla cega para o que poderia ou não estar esperando. Diversão era uma coisa, mas o
que Claire pretendia era insanidade. Mas isso poderia ser feito, Claire sabia disso em
seus ossos. Ela poderia fazer funcionar. Ela tinha que fazer isso, porque se não desse
No final, foi um tiro no escuro, na melhor das hipóteses... suicídio, na pior. Mas
segredos – e embora se recusasse a falar sobre o motivo, era óbvio que, uma vez,
puxou Claire para a cama quando a Ômega não parava de bocejar. Uma vez debaixo
das cobertas, foi simples cair nos velhos padrões; Maryanne trançando o cabelo de
suspirou: — A maneira como você fala sobre Undercroft, a expressão em seus olhos
Não, foi muito mais profundo do que isso. Claire rolou para olhar a amiga nos
olhos. — Não minta para mim, Maryanne. Ele assusta você. Ele assusta você porque
você o conhece. De alguma forma, você já esteve envolvida com aquele monstro. Você
ainda está?
— Eu não estou acasalada com Shepherd por escolha. — Claire não se permitia
vínculo do casal.
Maryanne teve a decência de parecer abalada. — Não leve a mal, Claire, mas este é
Shepherd. Ele é um homem poderoso. Parece um pouco estranho que ele se ligasse a
uma mulher que não conhecia... quero dizer, ele é um senhor da guerra. As pessoas
As palavras de Svana ecoaram na cabeça de Claire. ' Faz algum tempo que não
ele deu apenas palavras vazias e inúteis. — Seus olhos verdes ficaram mais duros, assim
como a exigência de Claire por respostas. — Minha pergunta, Maryanne. Como você o
conhece?
Franzindo os lábios, Maryanne confessou: — Eu, hum, precisei de amigos uma vez.
— Eu era sua amiga. Eu teria sido, se você não tivesse fugido... e.. — Claire
suspirou, conhecendo Maryanne bem o suficiente para ver que ela não era exatamente
inocente. — fez as coisas que você fez até ser jogada em Undercroft.
— Por Shepard.
— Meus serviços em troca da minha vida. — A garota que nunca se sentiu culpada
por uma única transgressão que cometeu em sua vida olhou para sua velha amiga com
e à Cidadela.
Claire não queria ouvir isso. — O que você achou que ele faria quando fosse
libertado?
— Ele já estava livre...— Maryanne sussurrou. — Como você acha que eu saí?
mundo? Ouça-me, Claire, eles não sabem sobre este lugar. Eu apaguei dos registros
quase uma década antes. Fui jogada escada abaixo. Tenho comida suficiente,
purificadores de ar suficientes para passar quase um ano. Você não precisa seguir com
seu plano de merda. Você pode ficar aqui comigo. Se o pior acontecer, tudo o que
teríamos o que fazer é esperar até que o vírus faça o seu trabalho.
pessoas como você. Todos nós vamos morrer; todos nós vamos morrer se nada for feito.
-*-*-*-*-*-*-*-*-
Ambas estavam ansiosas, cansadas... assim como todos em Thólos. Não havia
algo perigoso do nada, lembravam a Claire o quão fora de seu ambiente ela estava.
estava ensinando em vez de apenas fazê-las ela mesma, lembrando a Claire sem
palavras que a associação delas terminaria em breve e que a desajeitada Ômega ficaria
sozinha.
batom como se estivessem planejando um passeio, não um ataque contra os tiranos que
o corpo nu da Ômega.
Claire não precisou olhar para baixo para saber o que Maryanne achava tão
seu pescoço?
Não é nada.
Maryanne segurou seu queixo e virou o rosto de Claire para encontrar seus
grandes olhos castanhos. Ela sorriu, provocando. — Seus pés estão nojentos. Você está
E a dor foi uma bênção, a distração perfeita. — Shepherd não me permitiu ter
— Isso dói?
Maryanne se agachou para ver por que o sangue fresco escorria pela canela de sua
Era muito estranho ter Maryanne Cauley cuidando dela; quando crianças era
sempre o contrário. Observando a mulher adulta puxar uma agulha e um fio metálico
pela pele, sentindo o beliscão e a queimação, o mundo parecia muito estranho. — O que
Claire apenas cantarolou, distraída. — Meu pai morreu há quatro anos. Acidente
de trânsito.
Maryanne esfregou os lábios como se quisesse dizer alguma coisa, mas pensou
melhor. Em vez disso, ela se levantou e reuniu roupas apropriadas para a missão e
— Você sabe, Claire, — Maryanne estava falando sério, amarrando o cabelo para
colocá-lo sob um boné. — no subsolo existe todo um outro mundo. Aqueles que seguem
A voz de Maryanne ficou monótona. — O que estou tentando dizer é que, com
vínculo de casal ou não, eles têm uma agenda. Shepherd pode simplesmente matar
você.
Claire não tinha ilusões a esse respeito. — Estou contando com isso.
— Eu poderia nos poupar de todo esse problema e matar você agora mesmo. —
Ofereceu o Alfa.
— Isso é muito gentil da sua parte. — Claire brincou, ficando na ponta dos pés para
dar um beijo nos lábios de rubi de sua amiga. — Mas eu já estarei morta para você
depois desta noite. Dê-me o que preciso e você terá minha palavra.
Maryanne colocou uma arma carregada no bolso de Claire. — Promessas,
promessas...
Capítulo 3
entre elas. Seguindo os túneis sinuosos que ficavam logo abaixo das trilhas de concreto
das Terras Inferiores, ela disse: — Este andar é para administração e separado do
verdadeiro Undercroft. Se suas Ômegas estiverem sendo mantidas neste buraco de
merda, Shepherd não as esconderia abaixo de aqui. Não se ele quisesse mantê-las vivas.
Claire olhou para a tela COM. Ver seu povo trancado como gado trouxe uma onda
de tristeza insuportável. As Ômegas dormiam dez em cada cela, segregadas por idade,
e eram menos de cinquenta e seis que haviam sido levadas. Três foram enforcadas por
Shepherd, o restante que Claire presumiu ter morrido ou se unido e fugido. Eram quase
quarenta, e uma delas estava em cio, isolada e... a menina só tinha dezesseis anos.
Em seu coração, Claire estava apavorada que Shepherd pudesse ter permitido que
seus homens injetassem nas Ômegas as mesmas drogas que ele usou nela... aliviada ao
— Olhar para elas assim não vai mudar nada, docinho. — Maryanne arrulhou,
— Até você deve ver o quão doentio isso é.— Franzindo a testa, Claire desviou o
olhar da COMscreen para que sua amiga pudesse olhar nos olhos dela. — Não me
decepcione.
Claire assentiu. — Para o seu próprio bem, sugiro que você corra rápido.
nível superior da prisão. Entregando a tecnologia, ela deu a Claire o domínio irregular
Shepherd deu seu golpe. Há caminhos lá nos quais você não quer tropeçar. Se você se
Claire teve que dar o próximo passo sozinha. Segurando um dispositivo construído
com fita adesiva e alguns circuitos roubados, rezando para sua Deusa para que o plano
distribuiu funcionando perfeitamente. Bem na hora, Claire começou a fase dois. Como
espalhados, presos, mas não posso mantê-los por muito tempo. Unam-se, eu as levarei
para fora. Não esqueça que sua irmã está presa no quarto no final do corredor. —
Veneno escorria da voz de Claire. — Não imagino que Shanice tenha sonhado que sua
primeira vez seria montada por um soldado com três vezes a idade dela.
Em seu pequeno monitor, sete mulheres, incluindo Nona, se levantaram e saíram
correndo de suas celas. Mais pessoas ficaram para assistir, com medo, mas se
mulheres largando as celas e correndo para se juntar às irmãs. Mas a atenção de Claire
libertado.
Ômegas supostamente fracas atacando em matilhas. Mesmo o homem mais forte não
poderia resistir a quarenta mulheres enfurecidas. Tiros foram disparados, duas irmãs de
Claire caíram - mas todos os quatro soldados de Shepherd foram destruídos enquanto o
grupo avançava. No momento em que desceram para a sala onde a Ômega de estro
Elas pegaram sua irmã e seguiram todas as direções que Claire gritou nos alto-
Nona a alcançou primeiro. Acima do som dos gritos, Claire gritou instruções
COMscreen de Claire.
de acesso da prisão a ponto de Claire não poder mais ver Nona, não sentir seu cheiro e
semicerrar os olhos quando a fumaça se abriu apenas o suficiente para mostrar quem
ousou desferir um golpe no novo regime de Thólos. Com uma arma apontada para a
O Beta esperava uma resposta; Claire não deu nenhuma. Tudo o que ela fez foi
Quando longos minutos de silêncio continuaram, quando a fêmea não fez mais
Claire sorriu.
— Agora que penso nisso, — A arma ainda apontada para seu crânio, Claire
claro.
— Sim.
Um olhar estranho passou pelos olhos do homem. Ele parecia prestes a falar, mas
foi silenciado pelo som de passos pesados que se aproximavam das sombras.
todo o autocontrole de Claire para não voltar para o manto de fumaça e arruinar seu
Ele era tão grande. Mesmo com uns bons quinze passos entre eles, Claire teve a
impressão de que tudo o que ele precisava fazer era estender a mão para arrastá-la de
volta ao inferno.
Embora ela estivesse com medo de olhar em sua direção, embora mantivesse sua
atenção ancorada no azul vibrante do olhar de Jules, as palavras de Claire eram para
Shepherd. — Se eu achasse possuir a habilidade de mirar e ter certeza de que uma bala
atravessaria o seu crânio, não hesitaria em atirar em você. Mas já lhe disse antes, não
sou estúpida. Apontada para onde está, eu não preciso me preocupar em errar.
Mostrando os dentes, ela se forçou a olhar para ele. — Sua abordagem está
tornando muito tentador puxar o gatilho. Se eu morrer, seu filho morre comigo. Pare.
Mexa-se.
Com a atenção voltada para ele, Shepherd fez uma pausa, guiando a conversa
como se estivessem conversando à tarde. — É bom ver que você não se machucou
Você deixou claro seu ponto de vista. Admito até que estou impressionado com seu
Um latido abafado veio do Alfa, sua boca curvada em um rosnado. — Eu sei que
Sua voz ficou baixa e áspera enquanto ela sibilava com os dentes cerrados: — A
raiva nem sequer começa a descrever como estou. Fui contaminada, manipulada, traída
— Tudo o que foi feito foi necessário. — Rebateu Shepherd, dando outro passo
— Você pode ter me tido por um momento, mas sua mulher abriu meus olhos para
deveria estar agradecendo a você, Shepherd. Sua horrível lição de insurreição foi uma
inspiração. Você me ensinou que mesmo o mais fraco pode se levantar contra a tirania
com o incentivo certo. Bem, estou me levantando contra você e a perversão de seus
ideais.
medo, pronta para fazer o que fazia de melhor, Claire deu um passo para trás na
fumaça.
Shepherd respondeu, lutando para controlar sua raiva. — Não me faça ir buscá-la,
pressionou a mão livre contra o coração, o rosto de Claire era a imagem da angústia. —
Mesmo Shepherd não podia negar a verdade que ecoava no vínculo rompido; era
como se ela nem estivesse lá — o fragmento maior de seu espírito simplesmente havia
desaparecido. Mas ela estava mais naquele momento do que quando passava cada hora
em um estupor subterrâneo.
Olhando profundamente para aqueles olhos cheios de dor, Shepherd falou com
uma voz de certeza, de autoridade. — Seu lugar é comigo. Você retornará para seu
companheiro.
— Você não é companheiro para mim. — Claire cuspiu no chão entre eles. —
Estarei ao lado do meu povo nos meus termos! Se Thólos sofrer, seu filho e eu
enquanto disparava na fumaça. Shepherd era muito rápido para um homem de seu
tamanho, e Claire podia sentir ele e seus seguidores se aproximando dela. Mas, no
O abraço de um velho amigo foi seguido por uma súbita perda de gravidade.
Inferiores antes que o gigante furioso ou seus homens tivessem sequer visto para onde
-*-*-*-*-*-*-*-*-
das Ômegas foi extraordinária. Todas as imagens de vigilância foram apagadas, muitas
das portas mecanizadas manipuladas para prender seus soldados ainda estavam
os Seguidores mais habilidosos de Shepherd levaram mais de uma hora para penetrar,
apenas para descobrir que não havia nem mesmo uma Ômega dentro.
plano de Claire tinha sido extremamente bem coordenado ou ela era dotada de pura
sorte.
— Explique-me, Jules, como uma mulher Ômega que pinta quadros para histórias
infantis conseguiu essa façanha com apenas quatro dias para planejar?
— Não posso. Ainda não, senhor. — O Beta ficou em posição de sentido, sério e
severo. — Rastreamos as Ômegas até o acesso ao esgoto e sabemos que elas foram para
sabendo exatamente o que fariam. Seu lábio se curvou. — E elas estão armadas com
— Essas mulheres ficaram violentas e mataram cinco Alfas com as próprias mãos.
Tenho quase certeza de que aprenderão a disparar rifles de assalto em pouco tempo. —
estalarem.
— Temos perfis e fotografias de todos as Ômegas sobreviventes conhecidas. As
chances de um ser vista são exponencialmente maiores com tantas. Elas serão
encontradas.
— A situação com Claire tem precedência sobre a recuperação das Ômegas. Sua
rota de fuga era divergente. Ela deve estar se movendo por Thólos enquanto
Jules sabia que a mulher estava falando sério sobre acabar com sua vida; essa foi a
única razão pela qual ele não desarmou a mulher trêmula à primeira vista. —
Encurralá-la não terminaria bem. Seu estado mental estava desequilibrado. A senhorita
Shepherd lançou um olhar perigoso para seu tenente. — Onde você quer chegar?
aparência transformou o medo dela em raiva; seu dedo apertou o gatilho. Eu tinha um
comparados ao rosnado que manchou sua resposta. — Todo o plano dela dependia de
nos distrair com o estratagema. Ela não puxou o gatilho, ela correu.
Jules não hesitou. — Seu sucesso lhe dará confiança e poderá levá-la a se expor a
perigos desnecessários para cumprir sua agenda. Devo criar uma situação que ela
gostaria de resolver? Poderíamos atraí-la em nossos termos. Senhorita O'Donnell
— Eu não acho que ela atacará. Nenhuma de suas bombas matou um Seguidor; ela
poderia ter executado todos os nossos camaradas presos lá dentro. As baixas foram
reduzidas ao mínimo. Pelo que sabemos, ela nunca disparou a pistola ou apontou para
qualquer um, menos para ela mesma. Não importa o show que ela faça, Claire
O'Donnell é uma pacifista. Seu ideal seria inspirar, assim como ela ameaçou.
— Sua fé na escória desta cidade é muito mais perigosa para ela do que qualquer
arma. Se soubessem de nosso vínculo, o povo de Thólos não a entregaria em casa. Eles a
despedaçariam.
-*-*-*-*-*-*-*-*-
Enroladas como gatinhos na cama de Maryanne, Claire dormia com uma das mãos
sobre a barriga e uma expressão preocupada. Maryanne observou seu sono agitado,
mais uma vez certa de que havia enlouquecido por ter voltado para arrastar a tola
obstinada embora.
assassino falava o mais baixo que podia, embora estivesse claramente furioso,
Maryanne não conseguia entender. Quando ela foi forçada a trabalhar para ele, ela o viu
em sua forma mais feroz, e isso não era nada comparado ao comportamento cauteloso
Os laços de casal eram coisas estranhas, uma condição que Maryanne escolhera
evitar propositalmente até o dia de sua morte. Quem iria querer abrir mão de sua
liberdade e ficar ligado a outra pessoa para sempre? A própria ideia era repulsiva. Sexo
Como uma mulher Alfa, as opções de quem você poderia foder variavam muito, e
evento. Maryanne não gostava de caras magricelas, o que era bom, já que a
meninos Beta, embora uma menina de vez em quando também fosse divertida.
Nascer como Alfa foi uma bênção. Ela era mais forte, agressiva, rápida e capaz de
se mover na sociedade em uma posição que pessoas como Claire cobiçavam. A pequena
coisa em seus braços sempre se ressentiu de sua dinâmica, mesmo quando eram
pequenas. Maryanne não podia culpá-la. Assim que o cheiro de Claire começou a
encher a sala com doçura, em vez de apenas cheiro de criança, o mundo começou a
tratá-la como se ela fosse feita de vidro. Essa foi metade da razão pela qual Maryanne a
Ou eram, até Claire começar a esconder o que ela era sob a máscara experiente de
uma Beta – as pílulas, sabonete especial. Era triste ver alguém se esforçar tanto para ser
outra coisa.
Afinal, veja o que aconteceu com a mãe de Claire – o modelo do lado negativo. Não
foi nenhuma surpresa que Claire nunca tivesse abraçado sua verdadeira natureza.
Olhando para ela agora, Maryanne se perguntou se a mulher de cabelos escuros sabia a
finalidade absoluta de seu vínculo com Shepherd, e até onde ele iria para recapturar sua
companheira.
pelo menos.
Sorrindo estupidamente, Maryanne pensou nas provocações de Claire e na
pago um bom dinheiro para assistir aquele programa. Se ela não estivesse tão ansiosa
que Shepherd iria arrancar a parede da lateral de sua toca e vir buscar de volta sua
Claire o possuía. Ela libertou seus prisioneiros, ficou sozinha contra os Seguidores, até
ameaçou se matar e provavelmente teria feito isso... simplesmente para dar às Ômegas
Uma pequena idiota que estava agarrada a ela durante o sono com um rosto tão
cheio de tristeza que Maryanne quase não a reconheceu. Claire era dez tipos de
bagunça. Era mais do que arranhões e hematomas, ou o estado grosseiro de seus pés;
era algo em sua maquiagem. A fêmea Ômega parecia uma marionete sem algumas
cordas – nem um pouco a garota espirituosa que foi quando eram crianças. Uma
pequena parte de Maryanne queria perguntar o que havia acontecido. A parte maior e
mais razoável estava determinada a lavar as mãos desse problema o mais rápido
possível. O que quer que estivesse acontecendo entre Claire e Shepherd, o que quer que
pentear os nós.
E essa foi a última razão pela qual Maryanne não seria capaz de mantê-la. Tudo
remontava àquele vínculo de casal. Claire poderia estar lutando contra isso, poderia ser
alimentada pela raiva e pela dor, mas eventualmente iria vacilar e quebrar. Era
inevitável, um laço de almas ou algo assim. Enquanto ela estivesse correndo solta,
Shepherd iria caçá-la, estaria fixado em uma violência, e Maryanne não seria pisoteada
quando nada mudaria o resultado. Ela não devia nada a Claire; na verdade, do jeito que
relação ao seu inquilino; Claire fez isso para ela. A pequena Ômega de cabelos pretos
havia sumido.
-*-*-*-*-*-*-
Claire poderia muito bem estar caminhando pelo Apocalipse. Tudo o que ela viu
foi muito pior do que o pesadelo em que a matilha raivosa a perseguia pelas ruas. Nada
parecia vivo; nenhuma loja estava aberta, nenhum restaurante oferecia comida. Os
edifícios estavam em ruínas, com vidros quebrados e escombros espalhados. Até corpos
como se Claire nunca tivesse conhecido o conforto. Ela vagou, confusa... desejando
poder deixar de ver tudo isso. Em menos de um ano, a cidade tornou-se um terreno
baldio, outro mundo que envenenou tudo o que tocou com geada, gelo e perdas.
parede estava uma criança morta — azulada, congelada —, um garotinho de não mais
de nove anos.
emaranhado, perguntando-se como Shepherd poderia pensar que a morte desta criança
iria satisfazer o seu plano. Que grande lição a sociedade aprenderia com uma vida
uma razão para tudo isso. A tragédia em Thólos não era novidade; desde a ocupação,
O povo falhou. Claire nem tinha certeza se poderia justificar, não depois de ver
isso. Inclinando a cabeça para o lado, ela apoiou o rosto no cabelo do menino morto e
olhou para frente. Não houve prazer em sua liberdade ou em sua visão do céu... nem
mesmo houve uma sensação de vitória por seu sucesso em libertar as Ômegas.
lábios. Não fazia mais sentido ser Claire; em vez disso, ela não seria nada, tão vazia
Foi o som de um soluço que a acordou, e por um momento ela pensou que fosse do
garoto com quem ela dormia. Acordando abruptamente, seus olhos turvos correram ao
redor e não encontraram nada – apenas o mesmo beco vazio e as mesmas pilhas de lixo
gelado. A única diferença de antes era a escuridão, algo a que seus olhos se
rígidos. Seu travesseiro, o cadáver esquecido, estava tão rígido quanto antes, a criança
olhando para frente, para o mesmo futuro que o dela... para o nada.
Claire o reivindicou e, com mais força do que sentia, levantou o garoto nas costas,
Nenhuma alma a perturbou enquanto ela caminhava com seu prêmio macabro
Capítulo 4
Corday olhou para as Ômegas recém-libertadas, observando silenciosamente
enquanto elas montavam um espaço para morar com pilhas de lixo. A Central de
Incineração de nível médio já não produzia composto para os níveis agrícolas – desde
que os cidadãos começaram a despejar o seu lixo nas ruas. Agora, montes de lama
comida podre, mofo e coisas que era melhor não serem descritas.
Uma coisa que não cheirava era a jovem Ômega ainda se contorcendo no estro, a
Corday reconhecidamente não era uma especialista em ciclos de calor Ômega, mas
o que quer que tivesse sido feito com ela, sua resposta aos soluços não poderia ter sido
normal.
Ele manteve distância. As outras Ômegas também lhe deram um lugar respeitoso,
o grupo se amontoou para se aquecer, mastigando as rações que ele havia fornecido.
Uma velha, Nona, bateu à sua porta. Foi Claire, disse ela, quem a orientou a
Ômegas libertadas.
Dane iria matá-lo, e ele iria dizer-lhe diretamente na cara para ir se foder. Ele não
decepcionaria Claire.
Quando chegou na noite anterior, as Ômegas foram... hostis. Elas estavam
Nona o avisou que as mulheres eram perigosas, que estavam armadas e poderiam
atirar em qualquer homem que visse. Ela até o avisou para não segui-la de volta depois
Mas Claire não estava lá. Mesmo horas depois de as mulheres terem se instalado, a
libertadora não mostrou o rosto. A noite se arrastou, a manhã chegou, a tarde, Corday
Nona gentilmente disse a ele que o plano de Claire exigia que ela chegasse por um
se mudar; que ela sempre foi excessivamente cautelosa quando estava longe da
segurança do grupo.
Corday zombou. A Claire que ele conhecia era imprudente. Ela também estava
gravemente ferida.
caiu. A princípio, Corday pensou que seus olhos estavam pregando peças nele. Um
animal corcunda de duas cabeças cambaleou pela escura rampa de lixo da fábrica.
Olhos leitosos olhavam através dele; eles nunca piscaram – assim como a boca sob
mulher que lutava estavam meio cobertos por uma cortina de emaranhados negros.
— Claire!
Claire não parecia feliz em vê-lo. Na verdade, ela não parecia nem um pouco ela
Assim que a criança morta estava deitada em segurança no chão, Corday puxou-a
contra o peito. O calor de seu rosto contra o dela, a barba por fazer arranhando, ele
Puxando-a para o fogo das Ômegas, Corday insistiu: — Você está congelando, Claire.
Sente-se.
Nona correu ao ver a amiga pela primeira vez, a mulher mais velha se jogando em
volta dela. — Sua mãe ficaria orgulhosa. Você sabe disso, minha menina?
Não houve timidez, Corday ignorou as mulheres que assistiam e puxou Claire para
baixo para descansar entre suas coxas. Braços e pernas envolveram o corpo trêmulo da
As Ômegas ficaram abertamente confusas com o estado de seu herói. Onde estava a
libertadora confiante que enfrentou um exército? Por que ela estava deixando um
Nona alisou o cabelo da testa de Claire, observou sua jovem amiga fechar os olhos
e esperou até que a respiração de Claire se estabilizasse durante o sono. Só então ela
cheirou.
Cuidadosa para não acordar a amiga, Nona murmurou as palavras: — Ela cheira
grávida.
Corday a interrompeu. — Eu sei. — Ele apertou ainda mais. — Mas ela não estará
sozinha.
A severidade de Nona diminuiu, ela até sorriu para o menino. — Você se importa
com ela.
Corday fazia. — Jure para mim que não vai deixá-la ir embora quando eu partir.
O inevitável era imparável. — Ela está grávida e unida, Corday. Mesmo que você
cuide dela constantemente, ela não poderá ficar por muito tempo.
Mais velha e sábia, Nona falou o mais gentilmente que pôde. — Isso não é
— Então você vai deixá-la voltar para Shepherd? — Corday seria condenado
primeiro.
— Você não é uma Ômega. Você não pode entender a finalidade de um vínculo de
casal. — Nona começou a alisar o cabelo de Claire, olhando para a amiga com pena. —
A única maneira de Claire ser livre é com a morte de Shepherd ou a dela. Garanto que
Sua amiga sempre teve um altruísmo equivocado. — Ela iria querer que você
tivesse fé. — Em voz baixa, Nona confessou: — Sei que não devo lhe dar falsas
esperanças. Mas saiba de uma coisa: enquanto estiver grávida, ela será preciosa para
Nona percebeu as marcas, com lágrimas nos olhos. As palavras eram difíceis. — É
mais do que apenas o vínculo do casal. Todos aqui sabem que ela está acasalada com
Corday olhou para o grupo de mulheres que lançava olhares furtivos em sua
significa que todas as Ômegas nesta sala merecessem. Bastaria apenas uma para nos
derrubar novamente.
estúpidas.
porque sabia o que havia de errado com seu plano. — Mas ela não vai ficar a menos que
eu a prenda.
-*-*-*-*-**-*-*-*-*-*
que motivava as pessoas, ele perdia apenas para Shepherd nessa habilidade específica.
Ele também era a única pessoa que teve acesso a Claire nos últimos meses. Ele sabia
como ela cheirava, mesmo grávida. Ele conhecia a voz dela e imediatamente a
Ela foi quase doce em sua agenda equivocada, e Jules compreendeu exatamente o
que atraiu Shepherd com tanta força. Claire era um enigma, tudo embrulhado em uma
Seu comandante nunca viveu entre a civilização Dome, não como Jules viveu antes
extremas. Por mais brilhante que Shepherd fosse, sua falta de empatia ao lidar com
pessoas convencionais era óbvia. No entanto, ele era um líder incrível, atraía os homens
para o seu padrão, podia ver o mundo de uma forma que outros não conseguiam.
população selvagem; dado propósito aos escravos, esperança. No entanto, como todos
os prisioneiros, se Shepherd quisesse alguma coisa, ele ordenava; e Deus o ajude se você
o decepcionasse.
Mesmo com toda a agressividade do Alfa, não havia ninguém no mundo que Jules
admirasse mais. Seu respeito resistiu até mesmo à falha de seu superior – o universo de
O fato dos dois Alfas serem amantes não era segredo. Até Jules testemunhou o
entusiasmo de Svana por Shepherd durante anos. Ele conhecia a história de como ela o
atraiu para o subsolo, se aproximou de Shepherd como se fosse um anjo com seus
códigos de acesso e comida rara. Na época, ambos eram jovens; talvez eles tivessem
seduzido um ao outro – duas criaturas selvagens e malvadas escravizadas pelo sistema.
Ele praticamente adorou aos pés dela. Ele se tornou uma missão para ela; construiu
Ela possuía algo que nenhum dinheiro poderia comprar; uma linhagem valiosa.
Svana era a chave para a liberdade, para um novo mundo, para uma terra onde
ninguém os desprezaria por Da'rin – onde ninguém sibilaria a palavra “pária”. Com a
Svana não nasceu em Thólos Dome. Em vez disso, ela foi presenteada ao povo de
Thólos...
Nada disso era de conhecimento público, é claro. Muito poucos sabiam que Svana
tinha chegado num transporte há duas décadas como parte de um comércio Interdome
de fêmeas viáveis. Menos ainda sabiam quem realmente era aquela criança em farrapos.
Seus pais adotivos não sabiam; e pela investigação de Jules, mesmo o primeiro-ministro
Callas não tinha conhecimento de tal informação. O segredo pertencia a Shepherd e aos
Era uma fantasia da qual ela havia superado. Shepherd, por outro lado,
desconhecia totalmente o fato de que sua amada havia seguido em frente. Ela sabia o
que estava fazendo, alimentando o respeito dele por ela, nutrindo sua devoção. Parecia
patético se você não tivesse visto o que os dois poderiam realizar juntos.
Isso Jules odiava. Ela era necessária para o plano. Shepherd, todos os Seguidores,
precisavam dela.
Mas ela também precisava deles. Sem o exército de Shepherd não havia forma de a
sobrevivente da família governante de Greth Dome; uma monarquia que foi deposta e
Svana pode ter sido pequena quando sua vida sob o comando de Thólos começou,
mas ela foi treinada para corromper desde o nascimento. Mas, assim como seus pais, ela
se considerava irrepreensível.
O caso com o Premier Callas... Quer o Alfa admitisse ou não, Shepherd foi forçado
Em resposta, Shepherd agiu contra sua amada; ele pegou uma companheira
Ômega. Um fato que Jules sabia que Svana não ficaria satisfeita depois de descoberto.
Não foi essa a razão pela qual Shepherd manteve a Ômega obsessivamente escondida?
Nenhuma alma era permitida perto dela, e até mesmo Jules foi expulso por olhar
O Beta não sabia o que havia levado Shepherd a tirar moedas de seu quarto por
dias; ele não perguntou. Em vez disso, ficou preso lidando com um governante irado
que possuía muito menos paciência, e uma Ômega grávida que parecia de coração
partido cada vez que ele trazia para ela outra das malditas bandejas.
Por razões desconhecidas, Shepherd reduziu Claire a uma posição de criadora, não
de companheira. Jules aceitou e cumpriu seu dever. Passou-se menos de uma semana
antes que o tenente abrisse a porta e encontrasse a Srta. O'Donnell no chão, alterada e
presa em uma sala com um odor que Jules havia sentido nos aposentos de seu líder
antes - o aroma apimentado da Alfa Svana. A Ômega que deveria estar aninhada estava
o mais longe possível da cama, então ainda parecia um cadáver. Foi a única razão pela
Olhando mais de perto, foi impossível para Jules não perceber o lábio cortado e a
nos olhos dela quando Shepherd se aproximou do lado de fora de Undercroft; cada
nuance de sua expressão Jules leu com precisão. A Ômega estava arrasada - não apenas
correta. Shepherd havia acasalado com sua consorte de longa data... e ele estava ciente
Claire reagiu mal ao que quer que a visita da fêmea Alfa tenha inspirado.
vingativa de Svana causaram o estrago. Se o que Jules suspeitava fosse verdade, a Srta.
O'Donnell agora tinha bons motivos para odiar o homem, além do medo inicial de sua
exigências de Shepherd para que a Srta. O'Donnell fosse devolvida para retomar sua
situação sendo nada além de problemática. Mas ela carregava o que seria o herdeiro de
Shepherd.
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O chão era duro embaixo dela, o chão inflexível deixava seu quadril dolorido. Mas
Claire admitiu culpa. — Eu sabia que você ajudaria Nona se ela usasse meu nome.
Corday colocou os lábios na testa dela; ele a abraçou com mais força. — Ela me
contou o que você fez. Você apontou uma arma para sua cabeça, Claire.
Ele poderia jogar o jogo beligerante tão bem quanto ela. Ainda segurando-a, ele
moveu o rosto até que seus narizes se tocassem. — Claire, por favor.
Claire olhou para o lado e distraidamente mordeu o lábio. — Não sinto muito por
— Eu não quero que você fique! — Urgente, Corday sussurrou para que as espiãs
não ouvissem. — O que eu quero é que confie em mim. Você não precisa lutar sozinha.
Mas ela o fez... tanto Corday quanto o senador Kantor explicaram sua posição. —
Não vou atacar Shepherd ou seu exército de porcos. As Ômegas estão livres, está feito.
Ainda cansada, Claire suspirou. — Dou-lhe minha palavra de que não atacarei
O Beta parecia satisfeito. — Quanto tempo faz que você não come?
Frustrado, ele a apertou. — Isso foi há três dias, e você vomitou depois.
Não. Ela nem sequer se sentia humana normal. Ela se sentia quase formada e
seu pescoço quando seus ossos quebraram. — E enquanto você está comendo, vou
perguntar que outros planos malucos planejou. Você não precisa esconder segredos de
Eles tinham uma audiência; vários pares de olhos observando sua troca baixa e
murmurada. Corday foi saquear as caixas que trouxera. Com um pedaço de fruta fresca
elas, Claire não seria tolerada pelo bando por muito tempo. — Venha para casa comigo,
Claire.
Claire olhou para o homem que lhe oferecia uma maçã como se ele tivesse
— Então virei aqui todos os dias até você mudar de ideia. —O Beta pegou seus
dedos frios e insistiu: — Quero cuidar de você. Quando você recuperar o juízo, vou
Claire murmurou, olhando para o fogo: — Quando chegar a hora, estarei ansiosa
Foi Nona quem ficou sentada em silêncio durante a conversa, quem tocou o braço
de Claire em compreensão.
dispensando o homem enquanto brincava: — Da próxima vez que você visitar, traga
um café decente.
Ele riu.
De repente séria, ela agarrou o tecido do casaco dele. — E se você for tolo o
Claire concordou. — Nona não permitiria mais nada. Agora, saia daqui, Beta.
Corday não queria ir, mas deu-lhe espaço, jurando que voltaria.
Sem o Beta, Nona colocou o braço em volta da jovem amiga, a velha murmurando:
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estranho.
gesticulou para a bela mulher ao seu lado. — Fizemos contato com minha sobrinha...
Sorrindo suavemente com o alívio sincero de seu tio, a morena fêmea Alfa estendeu
retornando quando Corday sorriu e pegou a mão dela. — É raro recebermos boas
notícias. Bem-vinda.
Pequena em suas camadas, agasalhada, Leslie ofereceu: — E espero ter mais para
Nossas circunstâncias ainda não tinham sido anunciadas. — Ela acenou com a mão
irreverente. — Essas coisas têm que passar pelos canais apropriados, ser aprovadas pelo
Senado, e assim por diante. Nesse ínterim, Callas providenciou para que eu tivesse
acesso a tudo... Como foi feito em segredo, os homens de Shepherd não sabem que
Isto mudou tudo, deu à Resistência uma oportunidade real. — Você sabe onde ele
escondeu o Contágio?
entender. Mas isso não significa que não possamos decifrá-la. Só preciso de tempo.
Mas isso ainda foi um grande progresso. O sigilo do encontro começou a fazer
sentido, ninguém poderia saber o segredo de Leslie Kantor. Ela teria que ser escondida,
a informação restrita. Corday disse isso. — Ninguém pode saber sobre ela. Se Shepherd
mantivéssemos aqui, muitas pessoas a veriam. Não podemos permitir que sejam
ruim, porém não havia como recusar uma missão tão importante. Claire precisava dele,
mas toda a população precisava da informação que Leslie pudesse descobrir. Corday
— Você fez.
E foi isso.
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Jules franziu a testa, algo raro, e ouviu a vigilância por áudio do patético quartel-
general da Resistência de Thólos. A caçada por Claire foi interrompida quando chegou
a notícia de que uma certa fêmea Alfa havia se apresentado na porta da Resistência.
Thólos. Ela tinha uma missão específica que não tinha nada a ver com bancar a rebelde.
E se ela sempre soube onde eles estavam, por que não passar essa informação para
Shepherd?
Svana estava caçando Claire. É claro que ela saberia que o Ômega havia escapado.
Foi a razão pela qual ele seguiu a fêmea Alfa desde que a companheira de Shepherd
desapareceu.
A mulher foi realmente tola ao pensar que esse ato passaria despercebido.
Shepherd poderia ter elogiado sua amada, mas Jules não achou sua astúcia inteligente.
Ah, ela era útil e poderosa, e só por essa razão, Jules não havia arquitetado um acidente
Jules não confiava nela e estava ansioso para provar que ela precisava ser
controlada. Foi por isso que ele escolheu segui-los, para fazer uma visita preventiva ao
algumas distrações bem posicionadas para o duvidoso casal que atravessava a cidade.
Enquanto o Executor e Svana ainda vagavam pelas perigosas ruas da cidade, Jules abriu
Aquela primeira lufada de ar… e o Beta congelou. O quarto estava saturado com o
cheiro da Srta. O'Donnell — o sofá, a cama, ele até encontrou o vestido ensanguentado
Svana não poderia ter pretendido isso, mas ela entregou Jules diretamente ao Beta
Mesmo que a Ômega não estivesse no domicílio, o Executor Corday tinha acesso a
Capítulo 5
seguir Svana. Hoje, Leslie Kantor escolheu entrar em contato com a Resistência -
inadvertidamente ela nos levou direto à porta deles. Enquanto ela estava lá, um Beta
fui à residência do Beta para grampear o local antes que ele pudesse retornar com Svana
residência. Também encontrei o vestido rasgado que ela usava quando pulou do
telhado. O Executor Corday é o Beta com quem ela encontrou refúgio antes de seu
ataque a Undercroft; acredito que ele sabe onde ela está. Ao rastreá-lo através da grade,
Olhando por cima da fotografia do homem bonito, Shepherd deixou o peso de seu
olhar percorrer seu segundo em comando. — Você pode confirmar que Svana abordou
com o queixo erguido, ignorou a rejeição silenciosa do seu líder aos delitos infundados
sabia quando Jules tinha algo mais que queria dizer, era pela astúcia de seu olhar
endurecido e pelas linhas desconfortáveis ao redor de sua boca. De pé, com os braços
enormes cruzados sobre o peito, a postura de Shepherd deixava claro que era melhor
aguda. — Além da ameaça de Svana, Claire O'Donnell está disposta a se matar, irmão.
O único passo mais perto colocou Shepherd à distância para decapitar Jules com
ameaçou: — Você pretende me dizer o que ela fará ou não? Você presume muito
O Beta era leal; era seu dever falar. — Você é responsável pelo estado atual de
Claire O'Donnell. Sua infidelidade aberta alterou o que você criou quando escolheu
formar um vínculo de casal. Esse tipo de ódio não desaparecerá simplesmente porque
contra a parede. Segurando Jules pela garganta, Shepherd rugiu: — Você não sabe do
que fala!
Ofegante, com as botas bem acima do chão, Jules grunhiu apesar do aperto do
gigante: — Você permitiu que Svana o manipulasse para desonrar sua companheira
Jules foi atirado para o outro lado da sala. Antes que ele pudesse quebrar os ossos
concreto se quebraram, os nós dos dedos rasgaram e o sangue jorrou, mas a explosão de
Quando o provocado e ofegante monstro se virou para encarar o Beta, com os olhos
cheios de assassinato, ele encontrou Jules de pé, leal e imóvel como sempre. Shepherd
verdade, irmão?
Shepherd revirou os ombros, rosnando em defesa. — Eu fiz o que tinha que ser
feito e mandei minha companheira sair da sala para que ela não tivesse que assistir
qualquer potencial para a senhorita O'Donnell ser sua companheira do jeito que você
— E você acha que, dado o fato de já ter tido uma esposa Ômega, sua opinião tem
de seu pescoço.
Jules ofereceu uma alternativa. — A única maneira de você ganhar influência sobre
Um minuto se passou, um minuto em que Shepherd teve que lutar contra todos os
instintos que lhe diziam para esmagar o Beta por interrogá-lo. — Explique.
— O perfil dela é o de uma mártir. Se você se oferecer para deixar as Ômegas e seus
aliados em paz, você terá uma moeda de troca - influência sobre a Srta. O'Donnell que
corretamente, espero que ela concorde em retornar por vontade própria em troca da
vida dos outros. O suicídio não será mais um problema, dando-lhe tempo para
Shepherd detestava o que estava ouvindo, mas havia sabedoria nas palavras de seu
auxiliar. — Há mais?
vigilância do Beta.
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jornada não foi simples. Na verdade, parecia que cada calçada que eles tentaram
percorrer continha alguma obstrução ou presença de Seguidor que exigia que a dupla
Demorou horas voltando apenas para dar alguns passos à frente. Não ajudou o fato
de Leslie Kantor não ter ideia de como se defender sozinha. A mulher, embora
Ele não expressou sua opinião, mas ela podia senti-la. Quando eles finalmente
estavam seguros em seu apartamento, ela admitiu: — Estou protegida desde a queda da
cidade. A casa da minha família abriga um quarto de pânico secreto que foi abastecido
com comida e água suficientes para que eu não tivesse necessidade de sair.
Se ao menos todos tivessem tido tal luxo. Avaliando a mulher, Corday perguntou:
— Eu não sabia que meu pai tinha sido enforcado fora da Cidadela. Não sabia que
minha mãe tinha sido enforcada ao lado dele.— Lágrimas caíram livremente por suas
bochechas altas. — Nunca vou me perdoar por não tentar encontrá-los... deveria ter
Conduzindo-a até seu sofá gasto para que a mulher que chorava se recompusesse,
Esfregando os olhos, Leslie suspirou. — Farei tudo o que puder para ajudar a
fazer nada até descobrirmos a localização do Contágio. Essa deve ser a sua prioridade.
— Claro. Deixe-me limpar primeiro. — Leslie olhou para o casaco fino que tinha
ficado sujo com a travessia, para o cachecol, para as luvas, e começou a tirar as camadas.
— O cheiro de sua companheira me leva a acreditar que você terá algumas roupas
em seu casaco... e nesta sala. Mas posso ver que é um assunto delicado. Esqueça que eu
— Não, está tudo bem. — Reunindo comida para que pudessem comer e ir direto
Leslie mordeu o lábio, os olhos brilhando. — E ela dorme com o seu casaco?
olhando por cima do ombro e brincando como se fossem amigas. — Ela é uma mulher
de sorte por ter a atenção de um homem que luta pelo que ama.
Com um sorriso indiferente, Corday balançou a cabeça. — Não é assim. Ela não
estranho, alguém que a maltratava. Qualquer tipo de relacionamento físico está fora de
— Par ligado? — A mulher ficou inexpressiva, o cálculo frio deslizando para sua
Corday deu de ombros, desculpando-se. — Então você vê; não é o que você
imagina.
Leslie balançou a cabeça, contemplando algo monumental. — Não pode ser que
fosse. Ela é uma garota maravilhosa de quem gosto muito... embora ela seja tão irritante
quanto doce.
O sorriso de Leslie voltou, sua postura mais uma vez brincalhona. — Como ela é,
sua Ômega?
Corday deu uma risada pequena e cáustica. — Teimosa; determinada a ser uma
Dando tapinhas em sua coxa, Leslie avisou: — Uma mulher não pode ficar sozinha
— Odeio admitir, mas ela se saiu muito bem até agora. Ela realizou mais do que
nós.
A beleza ao seu lado estava insatisfeita. — Seja cauteloso com ela, Corday. Não se
permita alimentar sentimentos. Se ela estiver unida, como você diz, então ela nunca
— Sim, bem... ela também não está exatamente comprometida com seu
companheiro. Ele tornou isso bastante fácil ao permitir que alguma mulher psicopata
perturbasse o vínculo do casal. — Corday zombou da ironia. — Bem, agora parece que
ele acordou a fera. O monstro Alfa e sua amante desencadearam uma tempestade.
— Corday sorriu, orgulhoso até os ossos. — Estou começando a achar que o bastardo
— Tudo o que sei é que a mulher se comportou como uma agressora sexual
me que Shepherd e a cadela Alfa são uma combinação perfeita - ou talvez o inferno seja
mais apropriado.
-*-*-*-*-*-*-*-*-
Mesmo com a gola aberta da jaqueta de couro que Claire havia roubado de
acalmava. Claire ficou feliz em observar o grupo se adaptando à liberdade, mesmo que
fosse em um lixão fedorento, mesmo que ela não fosse uma parte bem-vinda disso. As
Isso não impediu os olhares perturbados, no entanto. Para eles, ela estava
contaminada.
Não era surpreendente que a cautela viesse do conhecimento de que ela havia sido
A velha franziu a testa. — Acho que não. Mesmo que tivessem, tinham pouco
a conhecia e provavelmente teria dito qualquer coisa que achasse que Shepherd queria
ouvir. Olhando fixamente para o fogo, Claire murmurou: — Você precisa ter certeza de
estavam ligados? — Elas ficavam trancados no subsolo como ela estava? Estavam
assustados? — Nunca vi mais ninguém. Não sei onde estão. Não posso ajudá-las.
— Shepherd me disse que todos haviam se acomodado em seu novo lugar. Você
era a única com dificuldades. — Era um assunto que perturbava Nona tanto quanto
perturbava Claire. — Você sabia que ele veio falar comigo há pouco mais de uma
semana? Seu companheiro alegou que você estava retraída e exigiu que eu lhe dissesse
Ao ouvir tal coisa, Claire ficou verde, dobrando-se para vomitar. Esse foi o fim de
Nona estava um pouco confortável, mas Claire se sentia à deriva – isolada até
Embora fosse óbvio que ela queria, a velha não fez nada para impedi-la.
Assim como nos últimos dois dias, do amanhecer ao anoitecer, Claire vagou por
porção de comida que ela pressionava para que Claire comesse. Depois que sua amiga
de cabelos escuros se aquecia perto do fogo, ela falava bobagens; faria Claire se
Nona nem tinha certeza se sua amiga tinha noção da passagem do tempo.
Claire estava muito além de si mesma, muito desapegada. Mas quando ela
caminhava, a cidade parecia se abrir para ela – todos os caminhos levavam a alguma
empilhados na rua. Marcas de violência estavam por toda parte, bandos itinerantes de
decadência.
Meio consciente, Claire quase descobriu que sua perambulação a levara direto para
a Cidadela.
com tanta velocidade que escorregou em um pedaço de gelo invisível. Com o coração
na garganta, Claire caiu na sarjeta, correndo cegamente até ziguezaguear pela primeira
casa de um estranho e reconhecer por que cada corrente de ar gelado enchia a sala com
sussurros.
pelo chão.
Quem não conhece os males da guerra não pode apreciar os seus benefícios.
Enojada, Claire fechou o livro gasto e encontrou A Arte da Guerra, de Sun Tzu.
Ela teve vontade de jogá-lo, de rasgar até a última página da lombada, mas em vez
disso seus olhos foram atraídos de volta para as páginas com orelhas. Esparramada
sobre uma pilha de coisas saqueadas de alguma alma morta, ela leu até ficar escuro
demais para continuar. Então dormiu, passando mais uma noite livre de Shepherd,
Quando a manhã chegou e ela acordou rígida, Claire levantou-se de sua toca
improvisada e saiu pela porta como se nunca tivesse estado lá. Só quando voltou ao
refúgio das Ômegas é que ela percebeu que seus dedos ainda seguravam a obra-prima
Ela estava olhando para aquilo como se lhe devesse uma explicação por estar ali.
Tzu disse para parecer fraca quando você é forte, e forte quando você está fraca. —
Claire começou a tirar as roupas. — Vá buscar o COMscreen. Preciso que você me faça
parecer forte.
-*-*-*-*-*-*-
bombardeios, acusações e indignidades, ele não estava no seu melhor. Onde o vínculo
do par se conectou, Shepherd sentiu uma pulsação estranha. A força que queimou e
roubou seu foco condenou sua raiva. A sensação denunciou suas ações com frequência
nos últimos meses, trazendo consigo um grande desconforto. Foi um desconforto que
ele suportou, sabendo que o resultado final tornava necessárias ações às vezes
Ele podia tolerar a dor do vínculo assim como tolerava a dor de uma infecção tão
extensa por Da'rin. Tolerar ser desafiado por um subordinado, mesmo que fosse um
curvaram a tal grandeza, e nenhum Beta insignificante tinha o direito de ditar o que era
melhor... como se quisesse compartilhar sabedoria... como se dissesse que o que ele
Shepherd teria sua Claire em seus termos. Tudo seria como a natureza pretendia,
Mas havia uma mensagem mais profunda entre as palavras, uma lista astuta de
'Infidelidade...'
grávida…'
Tudo isto implicava uma violação do código; castigo. Jules inferiu que Shepherd
Mesmo ciente de sua ira latente, o Beta de olhos azuis permaneceu vigilante ao seu
lado.
Reprimindo a raiva amarga, não querendo ser visto como menos do que
mínimo. Jules seria punido por seu fracasso assim que Claire voltasse. Como Alfa – o
criador do vínculo – Shepherd provaria ao Beta menor que sua Ômega cairia sem
Mas o vínculo sussurrou que ela queria morrer, que ela encontraria um caminho
de raiva de Claire semanas atrás. Mas ele queria que sua companheira visse por que ela
sofreu o colapso. Ela tinha que admitir que o desejava, responder à sua presença, que as
coisas tinham melhorado. Shepherd lhe deu espaço para considerar uma visão tão
importante – deixou-a sentir a perda do companheiro que ela precisava – para que ela
Até mesmo Shepherd teve que admitir que sua tentativa de condicionar, sua
rejeição à presença dela, deve ter feito seu acasalamento com Svana parecer deliberado
– outro castigo.
Os sentimentos dentro de Claire, uma vez que começou, a degradação, não poderia
A melhoria não veio com o tempo. Sua terrível desolação não diminuiu com a
borbulhante sem fim. Claire já havia passado do ponto do desespero. Foi algo que ele
havia falado; seus olhos estavam cheios de fogo quando ela o enfrentou nas ruas, uma
E foi o Beta sorrindo para Svana que a despertou. Corday foi para onde Claire
correu, sua comida ela aceitou. Ele era o homem que Claire preferia a ele.
Shepherd deliberou sobre tal ultraje, frustrado ainda mais ao ver Svana bancando a
Svana tinha muitos pontos fortes, mas a fêmea Alfa tinha uma tendência a perder
as minúcias. Foi por essa razão que Shepherd tinha certeza de que ela não tinha ideia de
que ele estava observando, que o apartamento do Executor já havia sido grampeado...
À medida que a conversa entre Corday e Svana continuava, era impossível não
perceber a rigidez de seu segundo em comando. Jules achava tudo aquilo desagradável.
Svana não tinha motivos para se envolver, para distrair. Seu único dever era
manter o Contágio escondido e liberá-lo assim que o êxodo começasse. Se ela fosse
capturada ou morta nesta manobra, o final da sua grande insurreição, da sua grande
vingança, fracassaria.
Pior ainda, a cada minuto que Corday ficava preso cuidando de Leslie Kantor, ele
tratado e resolvido. Shepherd pagou o preço por Claire – um preço muito mais alto do
que ele esperava – arruinando a crescente afeição da Ômega. Ele até fodeu Svana na
mesma cama que dividia com Claire, observando a fêmea Alfa ficar excitada com o
Sem fôlego, Svana afirmou que seu acasalamento foi o mais glorioso até então,
satisfeita quando o orgasmo de Shepherd foi finalmente alcançado. Como sempre, ele
garantiu que seu nó permanecesse do lado de fora da boceta dela; Svana não estava
disposta a permitir que eles fossem ligados a uma posição que os deixasse vulneráveis –
As palavras pareciam injustas. A própria Svana não fornicara e tentava atrair seu
corpo Alfa para uma gravidez altamente improvável com seu inimigo? Não eram as
suas próprias palavras a idealização de que o amor deles estava além da carne... uma
Shepherd a fodeu mais duas vezes, uma vez quase imediatamente, simplesmente
para evitar que Svana falasse sobre o assunto, e novamente para garantir que a
esgotasse. Não houve mais conversa de travesseiro. No final, não houve nenhuma
exigência sobre Claire. Como se a Ômega escondida não tivesse importância, Svana
simplesmente se vestiu e saiu. Tudo o que restou foi o perfume feminino Alfa saturando
Não, não foi só isso que restou. A Ômega que apenas alguns dias antes começara a
responder, que pela primeira vez estava ansiosa para finalmente estar perto dele, estava
caída no chão do banheiro – tudo entre eles deixado em destroços – todo o seu esforço
desmantelado e arruinado.
Ele não tinha visto Svana desde então e agora era forçado a ouvir suas sutis
Minha amiga estava ligada a um estranho, alguém que a maltratava. Qualquer tipo de
E se não pudesse piorar, como num passe de mágica, piorou. A reação de Svana às
palavras de Corday foi autêntica. Shepherd viu seu rosto através do feed, a beleza de
sua exótica estrutura óssea perdeu a máscara de Leslie Kantor. Svana se mostrou.
Indignado, Shepherd foi forçado a concluir que Svana acreditava que ele mantinha
uma mulher trancada a sete chaves em seus aposentos que não era sua posse legítima.
O estupro estava abaixo dele, como Svana bem sabia, considerando a triste história de
auge, anos de raiva ameaçando vazar como um uivo baixo e interminável de raiva.
Apenas uma coisa interrompeu a explosão, uma frase que o levou além da explosão e
O sangue latejava em seu crânio. Essa era a interpretação de Claire sobre Svana?
Dele? Ela o chamou de estuprador uma vez, e ele a levou quando ela estava relutante...
mas ela era sua companheira. Claire ficou disposta quando soube que ele reservava um
aproveitá-lo. Mesmo na primeira vez, ele não a tocou sem o consentimento dela. A
única vez que a puniu fisicamente, ele não a machucou. Depois que ela chorou tão
pateticamente depois, ele não conseguiu fazer isso de novo; mesmo que fosse seu
direito como Alfa corrigir o mau comportamento dela e estabelecer o domínio. Nunca
tinha sido estupro. Sua hesitação se deveu apenas ao mal-entendido de sua posição
como Ômega e ao medo de seu Alfa desconhecido. Depois do tempo que passaram
Ele não desonraria Claire, nem Svana. Sua amada nunca tocou em Claire, ele
Mas ele encontrou Svana sufocando sua companheira... a Ômega foi empurrado
perspectiva mudou. Svana entrou em seu quarto e atacou uma Ômega grávida
claramente sob sua proteção... mas ela não a teria agredido sexualmente. Era contra
companheira.
Não! Tal coisa era impossível. Sua amante nunca se degradaria dessa forma. Talvez
isso tenha sido baseado na sugestão de Svana de que Claire se juntasse a eles em
Shepherd não perdeu nenhuma nuance da reação de Claire a essas palavras; sentira sua
quo, Shepherd não considerou a intenção mais básica da troca. Como ele não viu?
Svana atacou a Ômega tão perfeitamente... pronunciou cada palavra para vergonha e
degradação. Pensando nisso agora, o palavreado de Svana parecia tão indigno dela, tão
calculadamente terrível.
Quanto mais Shepherd considerava, mais ele odiava: odiava Jules por ousar fazer
menos do que lhe foi ordenado. Ele odiava o belo Executor Corday que teve a audácia
de sentir carinho por sua Ômega – um homem que falava como se conhecesse Claire
intimamente. Corday não poderia conhecê-la. Um Beta básico nunca poderia ter o
vínculo que expunha a alma e a perfeição de Claire com seu companheiro Alfa.
Shepherd a conhecia. Cada respiração que ela dava, a música de seu zumbido, sua
por sua amante o confundiu. Mecanicamente, Shepherd olhou para a única pessoa na
Tudo estava escrito na expressão plana do homem menor. Nenhuma palavra dita
surpreendia Jules.
— Sim, senhor.
A ponta afiada do olhar morto do homem era mais do que suficiente. — Escolha
ousasse tocá-la.
As outras Ômegas provavelmente pensaram que ela estava louca, e talvez ela
estivesse. Neste ponto, isso não importava mais. Claire sabia que seu tempo estava
quase acabando, que o grupo estava começando a se irritar com sua presença, que seu
Claire entendeu exatamente o que estava acontecendo; essa era a razão pela qual
— não essenciais— úteis para sua estratégia. Com Shepherd no poder, as telas COM e
as redes estavam fora do alcance de Claire, mas, assim como o livro em seu bolso de
Um folheto impresso com sua imagem em relevo olhava para ela; reproduzido
Nona foi corajosa o suficiente para se juntar a ela. Para encontrar as máquinas e
fazer as cópias… Através da loucura, a velha não saiu do seu lado, nem uma vez. Sua
amiga até ajudou Claire a criar o que a arruinaria aos olhos do mundo.
quem ela era para Shepherd – sobre o resultado potencial caso a Resistência colocasse as
mãos sobre ela. A conversa ficou gravada em sua memória e a arrebatou repetidas
Não havia nenhum grande herói que representasse o que um dia fora Claire
O'Donnell; até mesmo seu próprio povo a considerava útil apenas como mercadoria.
Que assim seja. Se fosse isso que ela deveria ser, ela faria todos comerem. Ela se
Claire não era uma líder de homens nem uma grande oradora. Ela era uma Ômega
que gostava de pintar quadros para crianças, que antes acreditava ter um futuro
promissor. Agora ela sabia que nunca haveria um companheiro amoroso ou filhos
sorridentes. Distorcida e arruinada, ela era apenas uma estatística sem rosto numa
cidade cheia de pesadelos e indiferença. Bem, não mais. Ela não tinha mais nada e nada
a esconder. Então Claire criou a voz que ela havia perdido, a última Resistência que ela
conseguiu controlar – algo horrível de sua fraqueza que poderia dar força aos outros.
Embora o panfleto fosse preto e branco, algo naqueles olhos grandes e fascinantes
brilhava enquanto a garota do panfleto olhava para frente. Foi a profunda expressão de
dor, os rastros de lágrimas, o desafio, tudo equilibrado com a expressão de sua boca e o
corte óbvio em seu lábio inferior. Claire olhava para o espectador por cima do ombro,
como uma flor podre. Seu queixo estava levantado, o cabelo preto puxado para trás, de
modo que o dano em sua garganta ficasse exposto. Ela estava absolutamente nua, a
plenitude de um seio acima das costelas finas, o mamilo apenas coberto pelo braço que
segurava seu cabelo. O mundo a veria como ela era; cativante e lindamente trágica.
Cada Thólosen que não faz nada está do lado do mal. Não há desculpas. Enfrentem os abusos
Claire fugiu do armazém assim que a escuridão lhe deu cobertura, correndo com
sua própria sombra como uma coisa selvagem. Para um corpo estranhamente apático,
Foram necessárias todas as horas escuras da noite, várias viagens de ida e volta
para reunir mais pilhas de papel que Nona entregou a ela. Os panfletos foram colocados
no topo dos edifícios para serem soprados pelo vento gelado como lixo pelas ruas, para
chover continuamente nas áreas comuns onde em apenas algumas horas os cidadãos se
reuniriam.
Quando seu corpo cedeu e sua visão começou a ficar turva, Claire deixou cair a
última braçada de panfletos da ponte mais alta que conseguiu alcançar. Feito isso, ela
rastejou como um animal ferido até o prédio mais próximo. Num canto escuro, ela
apartamento do Executor adormecido. Svana foi recolhida e, pelo monitor nas mãos de
Shepherd, ficou claro que a aparência de Jules foi um tanto surpreendente para ela.
Quando ele torceu o dedo, ela saiu da sala com seu habitual ar de superioridade, a
pequeno e cheio das armadilhas da vida urbana. O Beta estava dormindo em sua cama,
roncando alto o suficiente para tornar simples a garantia contínua de seu sono, o
O cheiro de Claire era rico no quarto. Até, para extremo antagonismo de Shepherd,
levantando-se dos lençóis. Observando o belo Beta, com os lábios entreabertos no sono,
o predador acordou; a fera lambeu os beiços, pronto para rasgar a garganta de sua
presa. Mas o gigante precisava do jovem e ingênuo Executor vivo por tempo suficiente
para que o tolo pudesse levá-lo até Claire. Uma vez cumprida a missão, ele
pessoalmente rasgaria Corday membro por membro, saboreando cada grito. Olhando
para o Beta, Shepherd já podia imaginar o prazer tátil... sentir o calor do sangue
Afastando-se antes que pudesse ceder à tentação de executar tal punição antes do
No banheiro, Shepherd encontrou o vestido que ela usou quando Claire se recusou
Shepherd não sabia quanto tempo ficou naquele espaço escuro e desordenado,
segurando aquele vestido, querendo rasgar o tecido tanto quanto queria levá-lo consigo.
Mas nenhum sinal da sua visita poderia ficar para trás. Colocando-o de volta no
recipiente de roupa suja, ele notou o cesto de lixo cheio de embrulhos e papel branco de
Isso o fez querer apertar o pescoço do homem até sentir suas vértebras se
romperem.
O cheiro de Corday já havia perfumado sua fêmea uma vez, era claramente suas
roupas suadas que ela usava quando as Ômegas a denunciaram. Pior era o odor do
almíscar de Svana, separando a doçura de Claire em um lembrete grosseiro do que
havia sido criado em seu corpo. Então, quando todas as suas semanas de esforço
dedicado para extrair sua Ômega foram estragadas por uma ação tão rudimentar
quanto o sexo.
Através de sua inspeção, sua ira só cresceu, e Shepherd sabia que precisava partir
antes que o fedor de sua indignação escapasse de seu casaco cuidadosamente abotoado
Fechando a porta para enfrentar o assunto de sua raiva, Shepherd dirigiu-se a ela
Svana ronronou por cima do ombro, sua voz cheia da riqueza de sua história
esperando.
Ela sorriu, seus lábios curvando-se como um gato lambendo leite. — Não sou linda
todas as noites?
O calor da mão dele chegou ao ombro dela. — O Executor Corday é uma aquisição
pescoço, para pressionar a pequena quantidade de carne quente exposta para que nada
pudesse ficar entre eles. — Você não está satisfeito com a facilidade com que eles
A sensação do corpo dela sob as palmas de Shepherd era familiar. — Nada além de
penetrante e estreita. — Não é típico de você fazer tal referência, especialmente a mim
mesmo.
Shepherd sibilou. — Sua aparição não discutida em meio à Resistência não foi
sancionada.
Imediatamente, Svana saiu do conforto de seu toque. — Eu não sou uma criança
para ser corrigida, Shepherd. Lembre-se com quem você está falando.
Observar Svana no escuro, o brilho do luar sobre a perfeição de seu rosto, não lhe
trazia paz. Em vez disso, ele se viu cada vez mais irritado por ainda não ter havido
nenhuma menção direta a Claire. Ela achava que ele não sabia? Que ela esconderia dele
o conhecimento, propositalmente, novamente... que ela iria presumir não admitir suas
ações... isso não caiu bem em seu íntimo. — Equívoco não combina com você. Vamos
sua voz, tudo isso era para seduzir. — Será que você está descontente comigo?
Suas mãos grandes foram até as lapelas de seu casaco pesado, apertando-o com
força enquanto ele falava. — Os Seguidores ouviram cada palavra de sua conversa com
Corday, e nada relevante para nossa missão foi sequer perseguido. O que você busca
realizar neste jogo? Você corre o risco de expor sua identidade e propósito para
brinquedo, imaginei que fosse uma fantasia passageira para preencher as horas que
poderia passar comigo. Descobri-la grávida foi bastante surpreendente, mas mal posso
acreditar no que aquele idiota lá embaixo descreveu. Vocês se uniram. Com algo tão
abaixo de você!
— Você teve muitos amantes para satisfazer seu corpo. Eu escolhi ter apenas uma.
Eu não poderia legitimamente manter Claire sem vínculo. Aceitá-la como minha
Respirando com raiva, Shepherd deu um passo mais perto. — Além disso, você deve
tomar cuidado para onde apontaria o dedo. Você tentou produzir um herdeiro com o
primeiro-ministro Callas!
Era raro Svana demonstrar surpresa, mas isso se insinuava nos cantos de sua
expressão.
Shepherd não esperou que ela falasse. — Você realmente acreditou que eu não
sabia de sua tentativa de concepção? Senti o cheiro do efeito das drogas em seu corpo.
na camisa dele. — Seus genes abrigam um tesouro que não pode ser perdido:
imunidades, Resistência a doenças. Por que deveria ter sido desperdiçado? Que melhor
vingança do que ter um dia o filho do primeiro-ministro Callas liderando nosso povo?
Shepherd estendeu a mão para passar os dedos pelos cabelos de Svana, observando
o cabelo castanho deslizar através de seu toque. — Você teria preferido carregar a
descendência do homem responsável pela corrupção de Thólos. Ele jogou minha mãe
em Undercroft. Eu nunca criaria um filho daquele monstro como se fosse meu. O que
O rosto de Svana se contorceu em desgosto. — Então você semeou uma fraca por
despeito? Sinto-me honrada e desapontada por você ter agido assim por ciúme
Sua grande raiva ficou atrás de uma expressão alarmantemente plácida. —Não foi
sua explicação que nosso amor transcendia o físico? Meu desejo por uma companheira
— Mesmo tão gloriosa como você é, as chances de uma fêmea Alfa conceber com
esperma de macho Alfa são muito pequenas - e levar a termo ainda mais. — Colocando
as grandes mãos sobre os ombros dela, Shepherd descreveu o que era imutável. —
Claire gerará meus descendentes e servirá como minha companheira, e você governará
ao meu lado quando Thólos estiver em ruínas e meu exército libertar Greth Dome
honra!
Shepherd sibilou, agitado porque ela iria questioná-lo ainda mais sobre o assunto.
— Claire estava intocada, seu corpo puro e receptivo. Eu fui o primeiro. Esse é apenas
Svana riu, zombando. — Uma Ômega da idade dela... Não, querido, tal coisa não é
— Através do vínculo ela não pode esconder nada de mim. — De onde vinha a
cadência perfeita das palavras, ele não sabia. Ele também não perdeu a pequena
compreendeu o seu significado mais profundo. Compondo o rosto com uma expressão
O corpo dela se suavizou contra o dele, conformando-se com sua força, buscando
compartilhe comigo.
dada a sua apresentação, que ela não estaria disposta a acasalar com você se pedisse. É
impossível.
aprender seu lugar... ela está abaixo de mim. Ela pode ter lutado contra meu toque
inicial, mas você é seu Alfa; a opinião dela pouco importa. Ela nada mais é do que um
lhe uma parte de sua alma acusar: — Você tentou tocá-la sexualmente e ela resistiu. Foi
para que eu pudesse provar... eu apenas queria confirmar o cheiro de sua gravidez - o
que fiz.
Uma onda de violência quase superou seu controle. Ele tremeu, sentiu a adaga do
elo torcer-se horrivelmente em seu peito. A fêmea Alfa se atreveu a tocar sua
defensiva e sexualmente obediente apenas a ele. Shepherd piscou, lutando para não
estender a mão e quebrar o osso. — Isso é inaceitável, Svana! Além do seu ataque
desnecessário a uma mulher fraca e grávida, tal comportamento é tão contra a sua
natureza que eu questiono se você se perdeu. Como você consideraria o que fez como
apropriado?
Seus olhos se estreitaram, ela mostrou os dentes. — Você fica com ela para transar
que pareceu estranho que as janelas tremessem com uma força invisível.
— E então, sem questionar, me fodeu bem na frente dela, provando que ela não é
nada além de uma substituição lamentável. Porque eu sou aquela que você adora. A
magrela Ômega é apenas uma diversão que você acredita ser mais importante do que
ronronar veio do peito de Svana. — Agora entendo que negligenciei você. A situação
será corrigida e de agora em diante cuidarei de suas necessidades físicas. Não há
Shepherd piscou, a mandíbula cerrada enquanto olhava para baixo. Sua amante
estendeu a mão para abaixar o zíper, seus dedos elegantes puxando o comprimento
flácido do pênis de Shepherd. Svana começou a acariciar. Foi a raiva que fez seu sangue
bombear e o fez enrijecer em seu aperto, a fúria que provocou o rosnado baixo de um
Esfregando o polegar em círculos suaves sobre a ponta de seu pênis, ela arrulhou e
o encarou com um olhar faminto. Apanhada no aperto, da maneira como Svana sabia
exatamente como obter uma resposta, Shepherd rasgou os fechos de suas calças, já
esfregando a mão em desespero para redirecionar tanto erro para algo certo.
pressionava era tão nojento quanto a corrente podre em seu peito. Agarrando seu
cajado em punho, ele encontrou os olhos dela, alinhados com a fenda de abertura da
A sensação imediata de vitória que ele viu nos olhos brilhantes dela foi terrível.
Agarrando as pernas dela e voltando sua atenção para olhar pela janela escura sobre a
cidade que ele havia conquistado, ele bateu forte e rápido, assim como havia feito no
mulher que não possuía a estrutura menor e a boceta mais apertada que o ordenharia
quando ela gozasse, que extrairia sua essência até que cada gota fosse saboreada. Não
havia nenhuma voz musical suspirando seu nome como se fosse o som mais lindo do
mundo. As fêmeas alfa não respondiam dessa forma; elas foram construídas para
acasalar com Ômegas, para serem dominantes... elas dificilmente se auto lubrificavam.
sexo agressivo e raivoso... e isso o estava consumindo. Svana estava tendo um bom
seu corpo. Não foi suficiente. Sua fúria abjeta não diminuiu, apenas distorceu, deixou-o
Ele fez o impensável e virou Svana, para montar sua amante por trás, para não ter
mais que olhar para ela. Ela engasgou, inclinou os quadris com a força dele e pareceu
apreciar o manuseio brusco. Para manter a cabeça para frente, Shepherd agarrou seu
cabelo, percebendo imediatamente como estava errado. Não era preto sedoso, mas de
um marrom mais grosseiro, e seu grunhido não provocou nenhuma onda de umidade
Mesmo com os olhos fechados, mesmo pensando em outra pessoa, tudo o que ele
conseguia ver era Svana... alterada, aparentemente contaminada pelo que ela havia
feito, pelo que ele sabia e não conseguia esquecer. Assim que ela gozou, puxando o
clitóris com pequenos movimentos dos dedos, Shepherd não conseguiu continuar por
mais um momento. Puxando para fora, ele guardou seu pau já amolecido.
Girando, ela ficou boquiaberta para ele. — Querido... tudo será como antes. Venha,
Ela já estava alcançando seu zíper novamente, inclinando-se da cama para levá-lo
em sua boca.
Shepherd sentiu uma película impura em sua pele, por todos os lugares onde as mãos
de Svana haviam passado impuras sobre ele. — Foi errado eu te levar agora. Sua
tentando acasalar com você novamente. As coisas mudaram, nós dois devemos aceitar
isso.
Sua voz falhou. — Você não pode preferir outra a mim. — Svana estava diante
dele, exigindo que ele enxergasse a razão. — Especialmente uma mulher que desafia
Shepherd baixou o queixo até o peito, o sulco profundo entre as sobrancelhas era
sinistro. — Claire não é esclarecida e não entende meu propósito. O próprio fato de ela
enoja.
minha, carrega meu herdeiro e está sob minha proteção. — Ele cresceu, quebrando
ossos enquanto se posicionava. — Você não vai tocá-la novamente, Svana. Você me
entendeu?
— Você virá chorar até mim quando tudo que criou imprudentemente desmoronar.
— Svana assentiu, olhando para frente como se pudesse ver o futuro. — E eu te amo
Shepherd não poderia tolerar outro momento de tal rancor. Depois do que ele tinha
ouvido antes, a mentira saindo de seus lábios, era dolorosamente óbvio que Svana
nunca pretendera deixá-lo cumprir o que lhe era devido. Ela esperava que ele se
livrasse da Ômega. Nada do que ele fez a satisfez - e como o monstro que Claire
acreditava que ele era, ele ficou de lado e deixou Svana rebaixar sua companheira... até
Apertando os olhos fechados, ele ouviu as palavras de Jules ecoarem pelo que
parecia ser a centésima vez: Você permitiu que Svana o manipulasse para desonrar sua
companheira grávida.
Shepherd aceitou as demandas de sua amante, embora a revelação o tivesse
deixado pasmo. Ele até adorava Svana, apesar de sua maldade com o primeiro-ministro
Callas. O mesmo respeito não foi exercido em sua direção, as expectativas dela eram
contraditórias, imaturas.
Callas foi cuidadosamente escolhida para se libertar da culpa, para justificar as suas
próprias ações. Agora ele entendia: ela nunca esperou que ele buscasse satisfação sexual
Havia algo muito cortante na revelação. Afinal, as ações dela levaram à resposta
dela.
Com a fé abalada, Shepherd assentiu tristemente. O que uma vez foi a adolescente
que subiu em cima dele ao seu primeiro impulso e acasalou, jurando ser dele para
sempre, não era a mulher para quem ele descobriu que não conseguia olhar.
De volta ao seu quarto, ele tomou banho com água tão quente que sua pele
queimou, sentiu o desconforto se purificar, mas ainda sentiu a mancha do que tinha
feito – encontrou o recuo do vínculo, a dor violenta, uma penitência bem-vinda por ter
apreciava isso como algo que lhe era devido, assim como fazia cada vez que machucava
Uma batida veio à porta. Um de seus tenentes entrou para lhe entregar algo muito
mais perturbador do que qualquer outra coisa que ele havia enfrentado nas últimas
olhar.
inclinação arrogante de seu queixo e o julgamento em seus olhos, ela era linda. Mas
foram as marcas em seu pescoço, o lábio cortado... feridas criadas quando Svana forçou
Relatórios dizem que eles foram descobertos espalhados em seis locais até agora. Eles já
desapareceram ao perceber o que suas ações poderiam significar. Seus olhos prateados
percorreram toda a página, absorvendo cada curva de um corpo que era apenas para
seus olhos... leu as palavras dela... e não conseguia desviar o olhar da dor complicada.
Ele não queria nada mais no mundo do que abraçá-la, tocar aquela pele nua, fazer
A sua mensagem para o mundo, a expressão exposta do seu espírito – foi a rebelião
final. A morte estava vindo para ela, e ela alimentaria a cidade na tentativa de mostrar a
eles toda a verdade sobre o que eles haviam se tornado. A tola e corajosa pequena
Ômega.
Não haveria santuário para Claire depois disso. Ela não viveria o suficiente para
conhecer a dor do Contágio Vermelho. Thólos iria matá-la; despedaçá-la como cães
Saber que o Beta Corday esteve com Svana e sob vigilância durante toda a noite
significava que o homem não poderia saber que a Ômega tinha feito isso. Se o Executor
se importasse com ela, mesmo que um pouco, ele também saberia exatamente o que
aquele panfleto significava. Apostando que assim que Corday visse a imagem, ele
correria impulsivamente direto para Claire, Shepherd pegou seu casaco e organizou
uma equipe para garantir que o Beta tropeçasse naquele mesmo panfleto no segundo
imóvel como um rio congelado. — Uma equipe deve manter contato visual com Svana.
detenção.
— Sim, senhor.
-*-*-*-*-*-*-*-*-*-
Como uma mulher poderia causar tamanho caos? Corday ficou furioso, olhando
para baixo com uma carranca para a imagem sugestiva. A princípio ele viu apenas lixo
Nua, ela olhava para ele da página, desfigurada e danificada, mas muito orgulhosa.
Depois havia a mensagem dela... a maldita mensagem dela! O que diabos ela estava
pensando?
Ao se aproximar dela, Corday passou por pessoas na rua que tinham seus próprios
Corday moveu-se tão cautelosamente quanto pôde pela cidade até que os atalhos
de nível médio se espalharam diante dele. O panfleto esmagado em sua mão, passado
de chateado, ele encontrou a Usina de Processamento fechada, desolada e sem vida,
exatamente como as Ômegas pretendiam que fosse. Mas um olhar atento poderia ver a
escotilha do paraquedas. O caminho foi aberto e ele entrou, correndo pelo espaço para
Shepherd e uma equipe de vinte pessoas já haviam cercado a casa inteligente que
Claire havia encontrado para sua matilha. Havia pouca visão lá dentro. Mesmo assim,
do poleiro invisível de Shepherd no prédio em frente, ele e Jules podiam ver as fêmeas
meditando no espaço escuro... mas assim como o Executor Beta examinando a sala, eles
não viram nenhum sinal dos cabelos negros de Claire entre o rebanho.
Capítulo 7
Quando você não voltou, fiquei preocupado que tivesse sido morto. Claire me garantiu
que não, disse que podia sentir que você ainda estava vivo.
Não houve oportunidade de escapar com Leslie exigindo tanto do seu tempo.
Durante três dias ele trabalhou na tradução da linguagem escrita dos Seguidores. A
cada hora eles aprendiam mais, mas à custa do tempo, precisava estar com Claire. Se ele
estivesse aqui, poderia ter impedido a loucura de Claire. — Você sabe o que ela fez?
Corday ergueu o panfleto amassado. — Como você pôde permitir isso, Nona?
— Não há como parar aquela garota agora. — Nona agarrou seu braço, tentando
fazer com que o garoto visse o que estava bem diante dele. — Não há como parar o que
Corday inclinou a cabeça e teve que concordar. — Você está certa. Claire
— Corday...
Ele não queria discutir com uma velha. Corday queria discutir com Claire. — Pelo
— Oh…
Nona agarrou seu braço novamente, parando o Beta para que ela pudesse falar o que
queria. — Claire acabou de voltar. Ela está cansada; não espere muito.
através das Ômegas que não estavam nada felizes por ele ter aparecido novamente.
Uma porta reforçada abriu, a luz do sol invadiu e lá estava ela, a cabeça baixa sobre
se mover como uma sombra sobre o telhado. E então lá estava ela, imóvel como uma
estátua, a menos de nove metros de distância, olhando para um pequeno monte de terra
aproximar dela.
Foi como se ela não tivesse registrado Corday — não até que o Executor enfiou o
— Você acha isso engraçado? — Corday retrucou, esforçando-se para não levantar
a voz. — Você percebe o que fez, Claire? Todo mundo saberá. Não haverá segurança no
Ela não precisaria do anonimato, mas precisava que Corday se mudasse. — Você
abraçou com muita força, sua voz embargada. — Sua mensagem... vai lhe custar
qualquer tipo de vida. Você será perseguida até o dia de sua morte.
o que fiz. Sei que você não consegue entender que nossas agendas não se alinham, mas
mal posso esperar que a Resistência pare de se arrastar. Não existe herói, Corday. Não
existe salvador. Thólos se tornou inferno e não posso nem atribuir a culpa por isso aos
pés de Shepherd. O que aconteceu aqui, nós fizemos a nós mesmos. Ou os cidadãos
veem o que a complacência diante do mal lhes custou, ou todos eles vão morrer.
tentando inspirar uma revolução? Você me prometeu que não atacaria os homens de
Shepherd.
Claire pegou as mãos dele, puxando-as para baixo para que ele pudesse olhar para
ela. Ela parecia a morte; exausta, com marcas escuras sob os olhos. — Não é um ataque
— Eu não ligo. — Claire deu um passo para trás, seu temperamento explodindo. —
Eu disse que não havia mais nada para mim. Você ainda não entendeu? Isso é tudo que
não é egoísta. Cidadãos que odeiam o bastardo simplesmente matarão você por esporte.
Isso é suicídio.
A voz de Claire era monótona e firme enquanto ela afirmava o óbvio. — Eu sei.
Ela lambeu os lábios rachados. — Olhe para mim, Corday. Estou ficando sem
fôlego, vomito tudo que como; o sono não me dá paz... já estou morrendo.
— Você não está morrendo, você está se matando! — O Beta gritou, agarrando seus
ombros como se pudesse incutir nela o bom senso. — Se você apenas descansasse... Se
— Não.
uma questão de tempo até que você seja expulsa. — Por que ela não perceberia que ele
Ele nunca a tinha visto com tanto fogo nos olhos. — Você está chateada.
Jogando as mãos para o alto, Claire concordou: — Claro que estou chateada! Tudo
que eu quero fazer é gritar. Saber que tudo que posso oferecer a Thólos é uma foto nua
em um panfleto me faz me odiar. Como VOCÊ OUSA repreender o fato de que pelo
menos estou tentando fazer algo enquanto ainda posso? Sua preciosa Resistência não
faz nada!
— Claire. — Ele estendeu a mão para segurá-la, acalmando o que a fazia tremer e
— Eu não posso ser o que você quer que eu seja. — Ela soluçou contra o peito dele.
— Sinto muito. — Sussurrou Corday, com o coração partido ao vê-la tão triste. —
Não chore. Vou ronronar para você e você pode descansar. Ok? Eu não deveria ter
gritado.
Sua vibração baixa oferecida começou, Claire chorando como uma criança em seus
comeremos e você não ficará doente... Eu ficarei para que você possa dormir.
Ele teve que carregá-la e ela deixou, agarrando-se ao seu pescoço como se ele fosse
À distância, Shepherd lutou contra todos os instintos que lhe diziam para correr e
tirá-la do homem que confortava o que era dele. Ele mal percebeu a mão de Jules
Mesmo que ele a arrastasse de volta, ela não sobreviveria neste estado.
-*-*-*-*-*-*-*-
em exposição para qualquer uma que negasse sua companheira, Shepherd mediu cada
olhar cauteloso que elas dirigiam para Claire, até mesmo odiando as mulheres que
Todas eram indignas dela, cada uma delas; assim como esta cidade de mentiras e
maldade.
O Beta cuidou dela, a fez comer e segurou o cabelo dela vinte minutos depois,
quando tudo voltou. Ele a alimentou novamente, pressionou a coisinha para beber
água, o tempo todo segurando-a no colo, peito contra peito, as pernas dela enroladas
em seu torso, como se ela fosse uma criança ou sua amante. A segunda porção pareceu
seu ombro.
com os lábios do homem pressionados contra o cabelo de Claire. Por fim, o Beta deitou-
palavras.
curva nos lábios do próprio Shepherd. O Beta poderia ser quem a segurava, mas mesmo
danificado como o vínculo estava, a mente de sua Ômega estava cheia de pensamentos
sobre seu legítimo companheiro. Um sinal dos deuses, um lembrete para todos eles de
-*-*-*-*-*-*-*
ouvir, Corday pressionou os lábios em seu ouvido e sussurrou: — Claire, isso vai acabar
em breve, temos acesso às comunicações deles agora. Então espere. Espere até poder
Fazendo o possível para fingir que não estava doente, Claire assentiu e beijou sua
cobertor improvisado, ela pegou a mão de Corday e colocou a faixa em seu dedo
mindinho.
— Eu quero que você guarde isso para mim. — Claire sorriu ao dar seu token. —
Um lembrete, para que você não esqueça que estou torcendo por você.
Ele a abraçou e sentiu seu coração disparar. — Claire. Eu também tenho fé em você.
puxar seus lábios para os dele. Mas não era isso que eles eram; não era isso que ela
poderia ser...
— Agora. — Claire quebrou o momento, tímida. — Você precisa sair daqui antes
do sol nascer. Se eu não sentir que você está seguro, vou me preocupar.
ficar ali, Claire instou-o a partir antes que a luz pudesse tornar sua jornada perigosa.
Era óbvio que ele não queria ir, mas ela parecia muito melhor, com os olhos mais vivos
Corday não a ouviu vomitar, nem viu sequer um indício dos Seguidores que o
cercaram tão perfeitamente quando ele saiu de sua vista. Ele abriu o colarinho para
Shepherd deixou Corday nas mãos da equipe de Jules, sua atenção em sua Ômega
sorriso falso desapareceu, e ela se afastou do grupo e de suas fogueiras para sentar-se
em solidão, como se estivesse invisivelmente atraída para mais perto do lugar onde
Uma vez confortável, a mulher tirou um livro gasto do bolso e recostou-se para ler.
Shepherd levantou uma sobrancelha. Sua fêmea estava lendo um livro que ele sabia de
Claire leu enquanto a maioria das mulheres ainda dormia; ela leu o mesmo livro
que lia todos os dias desde que o encontrou e deixou seus olhos se deterem em citações
memorizadas. Às vezes imaginava que era como ler um pedaço da alma de Shepherd.
Ela podia ver a mentalidade dele no livro, suas táticas, e procurou em vão entender –
— Que sabedoria você tem para mim hoje? — Perguntou Nona, colocando uma
Claire jogou o livro no chão como sempre fazia quando terminava de lê-lo,
tratando-o mal. — De acordo com Sun Tzu, grandes resultados podem ser alcançados
com pequenas forças... Mas escolho interpretar isso como: irritar um monte de mulheres
A velha Ômega riu baixinho, os olhos dançando enquanto observava Claire tomar
cappuccinos, mas temo que isso seja o melhor que posso fazer.
Olhando para a bebida aguada de merda, Claire tentou brincar. — Tenho muitos
motivos para odiar Shepherd, mas o motivo número um é que não tomo uma xícara de
Claire tomou outro gole da água marrom fumegante. Com Nona ao seu lado, ela
ficou sentada em uma quietude miserável, os olhos injetados ficando cada vez mais
resolutos. Ela não sabia o que estava causando isso, mas seu tédio estava começando a
Ela havia mudado... uma indiferença esmagadora em guerra com uma sensação
insuportável de perda.
Ela deveria estar se sentindo vitoriosa – ela não o fazia. Ela deveria ter sentido
Nona estava falando alguma bobagem sobre o nascer do sol que se aproximava,
Claire bebendo roboticamente a bebida sem gosto. Quando a infusão terminou, a xícara
Já era tempo.
A velha a observou partir, viu o cabelo escuro desaparecer... e sabia que Claire
Lá fora estava frio, mais frio a cada dia. Claire passou os braços em volta do corpo e
saiu cambaleando do refúgio de Ômegas. Não houve nenhuma direção em sua marcha
mortal, mas de alguma forma ela se viu no limite da reserva de água de Thólos. A parte
superior estava coberta de gelo, coberta de branco, tão vazia e incolor quanto ela havia
se tornado por dentro. Mas se apertasse os olhos, poderia ver através dele um mundo
Colocando uma mecha solta de cabelo atrás da orelha, ela estremeceu e esperou
que o céu pesado de nuvens do lado de fora do Domo brilhasse. Assim que ficou com
um tom rosado, Claire sentiu que se ela permitisse qualquer prazer em tal momento, a
dor iria vazar. A única maneira de continuar era não sentir nada para sempre. Então ela
deu um passo à frente, depois outro, e sozinha, na primeira luz sombria da manhã,
Não havia dúvida de hesitação; seu trabalho estava feito. Ela havia completado sua
missão, dando tudo que podia. Ela havia conseguido sua libertação da prisão. O ar
fresco em seu rosto, o cheiro inconfundível de frio, começou a acalmar onde as lágrimas
próximos dez passos foram recebidos com um silêncio enganoso. Claire escolheu
Só quando ela estava perto do centro do reservatório é que o som que ela esperava
— Eu sou a sua imagem. Eu sou o seu deleite. Pois você me mantém sob seus
O primeiro pensamento ao ouvir o som daquela voz de comando foi que ela
deveria saber que ele estaria ali. O diabo teria que testemunhar seus momentos finais.
Seu foco deixou o horizonte e desceu em direção aos pés, até o padrão fraturado
que florescia sob as botas roubadas. Claire respirou fundo lentamente, sentiu seu peito
esticar e olhou por cima do ombro. — A cidade é um show de terror e não me resta
menos eu sei o que fez você ser do jeito que é. Não foi apenas sua vida em Undercroft.
Foi ela.
Um olhar de pena – e era pena o que ela sentia – entristeceu o rosto de Claire. —
Você conta essa mentira quase como se realmente acreditasse nela. A escolha que você
fez não foi a única maneira; foi a maneira que você escolheu. Você escolheu fazer aquela
seguida, parecia que as palavras lhe eram estranhas: — Se eu pedisse desculpas, isso
— Não.
— Então vou oferecer algo em vez disso. — Ele estendeu a mão ainda mais. — Se
você voltar para mim, eu lhe darei o que quer. Deixarei as Ômegas em paz e cuidarei
Claire cantarolou, sua atenção voltando para o gelo quebrando sob seus pés.
Ele tentou novamente, determinado. — Svana não será permitida perto de você;
Claire o ignorou.
Exasperado, ele disse: — Vou até permitir que você veja o seu céu.
Ela murmurou as palavras, falou-as como se a própria ideia não significasse mais
— Eu cuidarei de você.
A água caiu de seus olhos e escorreu por suas bochechas. Sua voz estava tão triste.
Pouparei o Beta, Executor Corday, cuja morte será muito lenta e dolorosa.
Esse foi o ponto de inflexão. A qualidade nebulosa de seus olhos verdes se aguçou
e seus lábios macios formaram uma linha firme. Ela ouviu atentamente.
Shepherd empregou uma voz de razão, seu ronronar retumbante para mostrar
sinceridade.
Claire olhou para a palma da mão virada para cima, para a grandeza dela, as linhas
que havia sido sussurrado entre eles no escuro. Ela pensou na criança pela qual sentia
Ela nunca permitiria que o malvado Shepherd ou aquela mulher horrível tivessem
o seu filho, mas ela poderia ganhar tempo para Corday. Se ele falhasse, ela mataria a si
mesma e à vida que crescia dentro dela antes que pudesse nascer; ela poderia fazer isso,
e faria. A curva suave de seu passo, o pequeno movimento necessário para encarar o
gigante fez o gelo rachar ainda mais, mas ainda assim ela permaneceu acima do que
Shepherd sabia que ela diria sim, que se sujeitaria a ele para salvar todas as vidas
que mencionou. Claire já podia sentir isso através de um link que não deveria estar ali;
uma farpa ardente batendo onde seus pulmões lutavam para se expandir. Sua
— Quem?
você me der sua palavra inequívoca de que essa pessoa nunca sofrerá nenhum dano.
— E se eu fizer isso, você retornará para mim e viverá plenamente como minha
companheira? — Era o que ele queria, ele podia ver, senti-la só um pouquinho mais
através do link, e ele não impediu o mal malicioso e ganancioso que alimentava seu
sorriso.
Ela sentiu o prazer dele, olhou nos olhos vorazes e viu cada grama de sua euforia
desesperada. — Sim.
— Maryanne Cauley.
Houve um lampejo de percepção, um minúsculo estreitamento dos olhos. O Alfa
prisioneira que uma vez jurou lealdade a ele em troca de refúgio seguro em Undercroft,
quando a marcha para Shepherd não quebrou o gelo e a sugou. O peso de seus dedos
frios ela colocou nos dele, não retribuindo o sorriso quando a mão do diabo engoliu a
dela. Shepherd tocou seu rosto, e ela instintivamente se afastou quando o calor da
Seu grande polegar enxugou a linha de lágrimas, ele sabia que ela estava sofrendo
pelo peso do vínculo cada vez mais intenso abrindo caminho através de sua resistência.
Intenso, superexcitado, ele estendeu a mão para ela, não querendo esperar mais um
momento para levá-la para casa. Claire continuou a lutar contra a reivindicação,
apertando seu coração, lutando para manter a sensação de nada sem fim que a levou ao
gelo. Ela não queria mais ser Claire, o esquecimento havia se tornado sua armadura. Se
não houvesse Claire, não haveria dor. O nada era o seu orgulho... então ela lembrou que
não tinha orgulho. Ela havia perdido o controle o dia todo em que começou a cuidar do
Como se conhecesse seus pensamentos, ele a agarrou um pouco mais forte contra o
da única outra vez em que ele o pronunciou arruinou-a. Ela perdeu a guerra - Claire
sentiu algo: a dor e a tristeza que ela não conseguiu sentir naquele dia, e tudo
desmoronou.
-*-*-*-*-*-*-*-
Sua retirada foi organizada com precisão militar. Shepherd segurou seu prêmio
Parecia um desperdício de barulho. O ronronar não acalmou Claire; ela estava além
do conforto enquanto o verme dentro dela inchava, cada respiração doía, corrompia e
odiava.
O som da fechadura, a finalidade do momento, tudo isso passou por ela enquanto
ela lutava arduamente para não demonstrar o que estava sentindo - para não dar a ele o
prazer de reconhecer que tinha o poder de machucá-la novamente. Mas ele não parava
de tocar, ele até arrancou os dedos dela de onde ela segurava o peito para que ele
entranhas. — Vamos começar de novo. — Ele sussurrou, suas mãos enormes puxando
as camadas com as quais ela estava vestida, tirando suas roupas assim como ele tirou
ela deveria ter gritado com ele duas semanas antes. — Companheira?
COMPANHEIRA? Você é menos que nada para mim! Um monstro enganador que eu
abomino. Você é depravado; você me dá nojo! O que você fez foi imperdoável. EU TE
ODEIO!
Mesmo enquanto ela gritava, mesmo quando ela batia contra ele, ele acariciava, ele
se calava.
Claire gritou, o fluxo de vileza ricocheteando nas paredes cinzentas, até que os
gritos se transformaram em grandes soluços de partir a alma. Ela chorou tanto que mal
conseguia respirar. Ela implorou que ele a matasse, amaldiçoou-o até o inferno por tê-la
tentado no gelo, e só encontrou na suavidade do colchão sob suas costas a resposta aos
seus apelos. Aquelas grandes mãos estavam por toda parte, traçando os arranhões, os
pontos em seu joelho, explorando cada hematoma, até que Shepherd começou sua
inspeção com um longo movimento possessivo das pontas dos dedos ao longo do
Parecia não haver fim para a agonia da corda cancerosa dentro dela, que se torcia
como um jacaré indignado, arrancando seus órgãos. Ela estava com os olhos bem
fechados, tentando afastar tudo, até que lábios nus chegaram ao seu peito, ao mesmo
lugar que havia sido tão corrompido. Claire começou a revidar, gritando como uma
alma penada. Não houve como parar sua penetração, ou o gemido gutural que lhe
escapou ao sentir o calor apertado dela agarrando seu pênis. Shepherd sugou seus seios,
passou os dentes levemente por seu pescoço, tentou beijar sua boca entre lamber as
Os sons da besta, o ruído suave que emanava dos seus lamentos de coração
partido, eram os de um homem sedento a quem finalmente foi dada água. Cada golpe
de seu canal de veludo apertado enquanto ele empurrava seu pênis o elevava mais
perto daquele paraíso inatingível; para a liberdade. Ela era dele novamente, presa e
amarrada, e ele a tomaria de qualquer maneira que pudesse, mesmo que ela o odiasse,
mesmo que ela fosse apenas uma escrava do vínculo. Porque ele precisava dela.
Ele rosnou tão baixo e profundo que a fez vibrar e escorrer, a fez gritar de ódio
horrorizado, e ele gemeu em sua boca ao sentir o cheiro escorregadio. Tomando o que
precisava, ele a montou suavemente, abrindo bem as pernas para ver a espessura que se
brincando com seu nó, ele roubou o que exigia e a onda explodiu através de sua
resistência até que Claire alcançou um clímax desconfortável e devastador que a fez
arquear e engasgar.
Ele a empurrou com força contra a cama, deu um nó tão profundo quanto pôde, e
compartilhou sua conclusão, enchendo-a de calor, com sua própria essência, respirando
Capítulo 8
enquanto o vínculo se reformava... para garantir que ela não pudesse escapar dele.
Havia um pouco de sangue entre suas pernas, pois ela estava seca e agressivamente
resistente quando ele empurrou pela primeira vez. Até a boca de Claire estava inchada
por causa dos beijos indesejados; novos hematomas estavam se formando em torno de
lembrete de que ela era dele novamente - cada ferimento era um troféu e uma prova do
Ela lutou bem, mas Claire se acalmou com o passar das horas, embora não
completamente. O fio em seu peito estava desgastado; isso doeu nela; então Shepherd a
segurou com força e manteve o calor da palma da mão onde as unhas dela tentavam
arranhar sua pele. As lágrimas haviam cessado e, em vez disso, estava em transe,
O ronronar nunca cessava e, embora ela lhe desse as costas, Shepherd acariciava e
acalmava, permitindo seu pequeno desafio. Ela precisava de nutrição e hidratação, mas
ele reteve sua imensa insatisfação com o estado de seu corpo para permitir-lhe algum
descanso depois de sua luta – para deixá-la pensar que poderia descansar em seus
Claire de vista. Segurando-a com força, permitiu que Jules colocasse o que era
necessário na mesinha ao lado da cama. Quando a porta foi trancada, ele a encontrou
Shepherd viu a reação dela à comida, teve certeza de que ela não aguentaria nada
por mais chateada que estivesse, e pegou seu braço. Quando a agulha perfurou uma
tratado e enfaixado, os pontos grunhidos, e os pés dela, uma coisa que deixava a fera
de nosso filho. — Ele sussurrou seus ideais distorcidos, passando os dedos pelos
realizaria, como seria uma lenda, como faria isso por ela.
Na compreensão vaga de Claire, Shepherd nunca tinha falado tanto e dito tão
pouco.
Deitada de bruços, de costas para ele, ela se viu ouvindo os devaneios de um louco
até não aguentar nem mais um instante. Virando-se, interrompendo o jogo dele com o
equivocada que ainda não havia desaparecido, não importa o que tivesse acontecido
com o resto dela. — Não me use como desculpa para as coisas horríveis que você faz.
Ele sorriu, sorrindo sombriamente para suas queixas roucas. Moldada à mão no
formato de sua barriga, Shepherd deu um tapinha no local onde seu filho crescia. — O
— Shhh. — Seu silêncio foi roçado em seu peito. Ele beijou onde o vínculo deles
Curvando os lábios, Claire expôs seus pecados. — Você forçou um vínculo de casal,
me drogou e me engravidou, fodeu sua louca amante Alfa em meu ninho...— Ela não
terminou. Em vez disso, sua dor aumentou novamente e Claire descobriu que seus
olhos poderiam de fato vazar mais lágrimas. — Eu reconheço, Shepherd, que estou aqui
apenas para ser seu brinquedo. Sou uma escrava, uma coisa mantida. Eu me vendi por
eles.
Era previsível, a tempestade de fúria em seus olhos. O que foi surpreendente foi a
pequena pitada de arrependimento. Onde ele estava esfregando o peito dela, sua mão
se moveu para um seio e começou a rolar e beliscar o mamilo até que o rosa suave
É claro que ele iria transar com ela novamente, não importa o quão desagradável
Claire achasse a ideia. Esse sempre foi o recurso dele para a sua boca esperta. Essa era a
com aquele olhar calculista. Um polegar traçou seus lábios e mergulhou um pouco entre
eles para brincar com a língua. O rosnado foi feito, o aroma de sua mancha perfumava o
Shepherd pressionou o peito contra o dela, rosnou baixo e profundo mais uma vez,
Undercroft, tive minha mãe por tão pouco tempo que mal consigo me lembrar de seu
rosto. Ela morreu devido ao uso severo de muitos homens. — Um dedo escorregadio
deslizou para seu ânus enrugado e Claire se assustou. Shepherd lentamente adicionou
pressão contra seu reto, sua respiração prendendo-se com a cãibra desconfortável
daquele lugar sendo esticado. Olhos arregalados mostravam sua angústia; Claire se
abaixou para agarrar o pulso do membro agressor, sua reclamação perdida em torno do
Quando ela se acalmou, percebendo que ele não estava se movendo, não
homens desta forma. — O dedo explorador passou pelo anel apertado de Claire. — Ou
torturada - até mesmo os gemidos daqueles que sentiam prazer em tais coisas -essa é a
contorcendo. Claire tentou se contorcer, mas o peso dele estava sobre ela, e Shepherd
rosnou novamente até que mais líquido escorregasse para cobrir o que penetrava em
seu reto.
Ela choramingou.
— Eu era menor do que você agora na primeira vez que fui encurralado. Eu estava
de costas para a parede, um homem com feridas no rosto arrancou seu membro e
estendeu a mão para minha garganta. O que ele não sabia, o que ninguém sabia, foi que
minha mãe se prostituiu por uma faca. Eu esfaqueei meu agressor. Durante a luta
ganhei a cicatriz em meus lábios que você em seu cio chamou de linda.
Ela tinha?
Houve um ronronar, uma breve oferta de conforto quando ele pressionou o dedo
ainda mais em sua bunda, sabendo que o alongamento não era bem-vindo, mas usando-
o para ter certeza de que ela ouvia cada maldita palavra que ele dizia.
— Deixei seu cadáver amarrado fora da minha cela, seu pênis pendurado em sua
boca como um aviso para os outros. Ele foi apenas o primeiro, e eu estava cercado por
monstros de coração sombrio. À medida que crescia, ficava mais forte, os pequenos e
fracos vieram até mim; oferecendo suas bocas ou seus corpos para proteção daqueles
Eu matei vários apenas para deixar claro meus sentimentos sobre o assunto.
ele falava. — Um dia, algo vindo da luz me encontrou no escuro, uma jovem com sua
Svana.
— Ela ouviu falar de mim, rastejou até o inferno para me procurar. Ela me deu os
meios para governar e não pediu nada. Suas visitas eram frequentes, seu afeto
esplêndido. Como eu, sua mãe foi morta antes dela. Como para mim, o futuro dela
— Sua mente, as coisas que ela sabia, estavam além de tudo que eu havia
encontrou valor no monstro que os presos temiam. O anjo até me trouxe o arquivo com
daquela pessoa desaparecida havia uma fotografia. Minha mãe Beta, antes de
Undercroft apodrecer os dentes, era muito bonita, como você. Eu odiava ouvir seus
gritos.
Claire colocou a mão em seu flanco, ela sentiu a dor dele quebrar contra ela.
O Alfa continuou. — Eu não pude salvá-la e até hoje não consegui dizer qual dos
Claire não queria deixar a história dele tocá-la, mas era tão patética que não pôde
— Eu não fui o único homem preso naquela escuridão pela corrupção acima. Assim
como minha mãe, mais da metade dos homens forçados abaixo eram bastante inocentes,
mas inconvenientes para os poderes constituídos. Aprendi segredos com eles, coisas
que você não pode imaginar... se você soubesse da infecção que se espalha pelos
corações desta cidade, pequena, se pudesse ler as histórias gravadas nas rochas abaixo
de nós...
Por que ele estava contando isso a ela? Ela começou a lutar e se encolheu quando o
dedo dele dentro dela se aprofundou, esticando-a até que ela se acalmasse.
— Abra os olhos, pequena. — O rosnado era ameaçador, gutural. — Você vai olhar
Ela não queria olhar para ele, sentiu-se invadida por aquele único dedo enorme e
pela maneira como ele ainda brincava com a língua dela com o polegar. Empurrando
as falhas. Eu poderia lhe contar coisas que a manteriam acordada à noite. Todos,
— E sim, anos atrás Svana se tornou minha amante e eu pensei que ela também era,
equivalentemente, minha companheira. Aprendi que estava errado. Ela é uma mulher
motivada, poderosa, mas você é a companheira que os Deuses projetaram para mim. Se
você tivesse caído em Undercroft, e se eu tivesse sentido seu cheiro, eu teria matado
todos os homens que tentassem tocar em você. Eu teria reivindicado você e te arrastado
para minha cela, curvado você sobre minha cama e te fodido onde cada condenado
pudesse ver através as grades... para que todos soubessem que você pertencia a mim.
Você entendeu?
Shepherd cheirou-a e rosnou. Com o dedo ainda submerso em sua bunda, ele
trabalhou seu pênis bem no fundo, onde ela estava molhada e pronta. Ela deu um
pequeno grito, abafado pelo polegar quando ele começou a fazer cio. Não houve nada
de terno, foi pura agressão, mas satisfez de uma forma estranha. A sensação de
superlotação, a maneira como ele não deixava nenhum lugar intocado enquanto aquele
dedo indesejado se contorcia. Ela chegou ao clímax tão rapidamente que foi
surpreendente, sentiu o nó pressionando sua passagem trêmula enquanto ele retirava o
Claire gritou quando seu orgasmo se transformou em uma vibração desafinada que
Quando ele atirou sua carga contra seu ventre, cada impulso foi acompanhado por
um rugido. Com a cabeça enterrada em seu ombro, os lábios em seu pescoço, Shepherd
pressionou o peito contra ela, no local onde estavam amarrados. A corda cantava,
Seu polegar deixou sua boca, Shepherd ficou satisfeito quando ele apertou seu nó
dentro dela.
Esmagada sob ele, sua Ômega gemeu, baixou os cílios e encontrou sono nos braços
do que poderia, se as circunstâncias tivessem sido diferentes, ter sido um bom homem.
-*-*-*-*-*-*-*-*-
— O que você quer dizer com ela não está aqui? — Corday exigiu.
— Quero dizer, Executor Corday, — Nona deu um suspiro cansado. — que ela não
preocupação estava fazendo seu estômago revirar, e pela expressão nos olhos de Nona
ficou claro que ela estava igualmente chateada, só que disfarçando melhor.
Como se tentasse dar uma explicação ao jovem, Nona disse: — Acho que ela
— Para Shepherd? — Ele retrucou, raiva estampada em seu rosto. — Claire nunca
faria isso.
— Ela estava desanimada, Executor. O que estou tentando lhe dizer é que ela
— Você está errada. — Corday cuspiu as palavras. Ele havia falado com Claire
apenas três dias antes. A Ômega lhe deu seu anel... ela fez uma promessa. — Essas
mulheres a expulsaram?
A agitada Beta olhou para a velha como se ela fosse estúpida. — Então ela foi para
— Talvez. — Admitiu Nona, debatendo se seria melhor para o jovem ter algo em
que se agarrar.
multidão de Ômegas que se reunia. — Sente-se! — O macho Beta obedeceu por decoro,
com Nona olhando furioso. — Claire não queria que eu lhe contasse quem eu realmente
sou. Mas vou contar de qualquer maneira, porque você é um Beta e eu sei que se
Nona o fez ficar quieto, recompondo-se ao lado dele. — Quando eu tinha dezesseis
anos, fui sequestrada de minha casa, mantida trancada a sete chaves por dias até ser
vendida como gado - comprado por um homem chamado David Aller e forçado a
formar um casal no meu próximo cio por um estranho que tinha duas vezes a minha
idade.
aceitou o que não poderia ser mudado, embora eu implorasse para que me ajudassem.
Eu não tinha defensor; eu era apenas uma Ômega vinculada, sem direitos. Quando saí a
primeira vez, consegui menos de duas semanas antes de começar a perder o contato
com a realidade. Fui encontrada vagando, confusa, pelas ruas. O Executor que me
perdido.
Ele me bateu; uma prática comum para corrigir Ômegas renegadas. As surras
pioraram e corri novamente alguns meses depois. Era sempre a mesma coisa, aquele
antes que eu o envenenasse e adquirisse uma nova identidade. Ainda sonho com ele, às
Com o queixo solto, Corday olhou para a velha e gentil mulher e soube que ela
falava a verdade.
deles tem que morrer para que ela seja um pouco livre. Matar Shepherd poderia salvá-
la, mas seu tempo estava se esgotando e ela sabia disso. Ela só não queria te preocupar...
— Ela mesma me disse que o vínculo foi prejudicado. Por que nenhum de vocês
— Corday. — Nona pegou a mão do menino e girou o anel em seu dedo. — Claire
se foi. Ela te deu o anel para que você não a esquecesse, porque ela também tinha
acreditar que ela tinha um plano, todos nós vimos do que ela é capaz. Tenho fé em
Claire.
— Eu amo Claire como se ela fosse minha filha. Eu sabia o que ela estava sofrendo,
o que havia sacrificado por nós, e espero que você esteja certo. Que ela tenha ido para
Shepherd.
Rangendo os dentes e olhando para ela, Corday rosnou: — Ela não teria voltado
para Shepherd.
— Concordo.
-*-*-*-*-*-*-*-*
O calor de uma mão grande afastou suavemente o cabelo solto de seu rosto,
e pela maneira como o colchão afundou, ela percebeu que Shepherd estava sentado na
beira da cama.
Foi o cheiro que a fez obedecer, o aroma de grãos de café torrados e algo doce.
Piscando os cílios com crosta, ela olhou diretamente para a mesa de cabeceira. Em uma
xícara branca sobre um pires havia um cappuccino fumegante feito por alguém que
de processamento. Shepherd ouviu a conversa dela com Nona e fez isso em resposta.
— Por favor, não me diga que você sequestrou um barista. — Claire gemeu,
— O chef que sequestrei meses atrás para preparar suas refeições precisava de
companhia.
Claire não sabia se Shepherd estava tentando fazer uma piada. Carrancuda, ela
olhou para o homem que ainda acariciava suas costas alongadas e franziu os lábios.
Pela expressão em seus olhos, ficou claro que o bruto estava absolutamente sério.
Ele pegou o pires para entregar a ela, usando a outra mão para levantá-la e virá-la
para sentar-se contra os travesseiros. Situada com a bebida na mão, ela tomou um gole e
suspirou, sem se surpreender quando Shepherd moveu a cortina de seu cabelo sobre o
Shepherd nunca a acordou, a menos que fosse para fazer sexo, e certamente não
com café na cama. Claire não confiou nele nem por um momento. — Eu não vou te
agradecer. — Mas ela tomou outro gole e derreteu... odiando admitir que a bebida era
realmente boa.
Embora a expressão dele não tenha mudado, Claire estava certa de que ele estava
— Considerando como você me recolheu, duvido que alguém saiba que estou aqui.
— Claire ficou beligerante. — Eu vim com você de bom grado para respeitar minha
É claro que Shepherd iria negar o pedido, ele sabia que ela sabia disso. Com um
suspiro profundo, ele pegou a xícara e o pires vazios. — Eu não quero discutir com
você.
— Então você pode voltar a torturar Thólos e eu ficarei sentado aqui como uma boa
travesseiros. Seus lábios roçaram os dela quando ele perguntou: — Qual é a sua
— Assim como você, — Claire franziu a testa, — ela também já foi inocente...
Embora, ao contrário de você, eu ache que ela está tentando ser boazinha agora. Ela
— Como você quiser. — Claire respondeu, com a voz monótona quando ele se
desvencilhou.
— Você está dolorido — Seus dedos mergulharam sob as cobertas para roçar seu
monte. — aqui?
A qualquer segundo ele iria rosnar e ela estaria espalhada sob seu corpo no cio. —
Isso importa?
A mão a deixou. Shepherd fez beicinho nos lábios. — Você vai descansar hoje. A
comida será enviada. Se eu descobrir que você não comeu, um dos seus quarenta e três
— Você não precisa ameaçá-los. — Claire não queria jogar esses jogos. — Eu te dei
minha palavra.
— Isso me agrada, pequena. — Shepherd estava confiante quando saiu da cama.
Ele lançou-lhe um longo olhar enquanto ela voltava para debaixo das cobertas para
Na próxima vez que ela acordou, a comida estava esperando na mesa. Ela tomou
banho e vestiu um dos vestidos femininos que Shepherd parecia achar que ela deveria
usar, e olhou para os ovos Benedict. Ele tinha um chef em algum lugar do complexo
apenas para preparar a comida dela. Ela quis revirar os olhos diante da estranheza do
gesto há muito ignorado, mas percebeu isso quase desde o início. Vegetais enlatados e
apenas cerca de uma semana depois de sua chegada. A confirmação não deveria ter
importância, mas a incomodava que ele tivesse mencionado isso, e agora o assunto
O que mais a incomodava era que o chef provavelmente estava mais seguro lá
embaixo do que acima do solo. Claire até suspeitou que ele ou ela tivesse sido levado da
Claire comeu cada pedaço daquela comida, embora fosse muito rica e seu
estômago estivesse fadado a se rebelar. A vitamina veio em seguida e todo o leite foi
bebido. É claro que ela vomitou tudo cerca de trinta minutos depois, mas não havia
como evitar.
O ritmo habitual veio em seguida, sua única forma de exercício. As coisas
precisavam ser resolvidas agora que seu pensamento estava mais aguçado. Shepherd
conhecia as Ômegas, Corday e Maryanne - a fêmea Alfa era a única em sua lista da qual
ele não tinha conhecimento anteriormente. A verdadeira questão era como Shepherd a
encontrara, que parte do ramo fora observada pela primeira vez? Considerando quando
ele veio, parecia que a resposta era Corday. O que significava que Shepherd minaria
Shepherd havia se infiltrado nos Executores... mas deve ter sido muito
recentemente. Caso contrário, ela teria sido recolhida naquela primeira noite.
mordendo o lábio. A grade da fechadura chamou sua atenção; a porta se abriu e Jules,
A Beta de olhos azuis não parecia interessada em reconhecer sua presença, então
As bandejas foram trocadas e ele grunhiu: — Você se saiu bem fora do Undercroft.
Surpresa por ele ser envolvente, mesmo que não estivesse olhando para ela, ela
O homem parou e virou a cabeça o suficiente para que ela pudesse ver seu perfil.
— Seria sensato que você escolhesse os tópicos de conversa com maior moderação.
Claire zombou e olhou para Beta de repente imóvel. — Você segue uma louca.
— Eu sigo Shepherd.
Claire realmente sorriu, um pouco malvada, e riu do homem. — E ele a ama; seu
argumento é inválido.
Na porta, ele falou por cima do ombro. — Não meça o seu valor por um pequeno
— Você luta por aquilo em que acredita, mas quando ficou frágil, sua resposta foi
buscar uma morte sem sentido. A minha é passar os anos que me restam trabalhando
por um propósito maior. Verei o mundo alterado, melhorado. Você e eu não somos tão
diferentes. Simplesmente escolhi ser mais forte e estar disposto a pagar o preço para
promover mudanças.
Ela não tinha ideia de onde vinham as palavras ou por que pareciam tão
importantes. — Sua lógica está corrompida. Escolhi morrer antes de me tornar como
O homem a encarou uma última vez, aqueles olhos marcantes inquietantes. — Isso
desencadeando nada mais do que uma brisa sussurrante e inútil... porque havia um
Não havia mais nada a ser dito entre eles, o homem a dispensou como se ela não
fosse nada. A porta se fechou com um baque. Ela deve ter ficado ali por muito tempo,
mastigou e engoliu sem ter ideia do que comia, nem percebeu que não ficou doente.
Pensando naquele livro idiota, A Arte da Guerra, em Sun Tzu e em tudo que ele
parecia ter realizado, Claire lembrou: Assim, o especialista em batalha move o inimigo e
Então, como mover uma montanha? Suas palavras não significaram nada para
Shepherd, as discussões terminaram em sexo, mas suas ações o afetaram mais de uma
vez. Ocasionalmente, ela deve ter causado distração em sua perseguição. O monstro até
disse que a amava, à sua maneira distorcida. Isso deu a ela uma espécie de influência,
Seus olhos verdes foram para a aquarela de papoulas ainda apoiadas na parede –
um projeto estúpido que antes tornara sua cela um pouco mais suportável. A corda
indesejável em seu peito pulsou. Ela precisava de uma reação, algo pequeno, um ponto
de partida.
Distraidamente, preparou suas tintas, com a mente cheia de uma imagem, uma
dura verdade. Não havia necessidade de muita cor, o mundo não passava de tons de
Capítulo 9
Claire ignorou a entrada e aproximação do gigante, até mesmo sua mão grande, uma
Ela havia pintado sua última manhã de liberdade; o momento negou-lhe a saída no
gelo.
Seus lábios estavam em sua orelha, sua respiração agitando seus cabelos. — Você
A ponta do pincel foi mergulhada novamente até ficar encharcada de tinta preta. —
Não.
Ela sentiu a mão dele prender seu cabelo para que ele pudesse puxar sua cabeça
para trás, de onde ela estava pendurada sobre seu projeto. Shepherd não a estava
Ele foi severo enquanto examinava sua expressão. — Você vai pintar outra coisa.
— Não gosto do que isso sugere. — Ele soltou o cabelo dela para pegar o ofensivo
pedaço de papel, olhando com rancor onde Claire havia pintado seus últimos
momentos de liberdade... apenas para mudar a história para mostrar o gelo rachado em
um buraco aberto - aludindo que ela havia caído em seu caminho à morte.
foi completamente enrolada e arruinada, ele a jogou no lixo, descobriu que ela ainda
estava olhando para ele de boa vontade, e lentamente sentou-se em frente à sua
companheira.
Ele ainda não tinha tirado o casaco ou a armadura, parecendo exatamente como
quando Claire o viu pela primeira vez na Cidadela – ou seja, intimidador e irritado.
A nebulosa e onírica onda de estro a fez achá-lo atraente. Ver Shepherd agora, vê-lo
A prata de seus olhos nunca vacilou enquanto ele a observava, embora eles tenham
ficado um pouco duros quando ela semicerrou os olhos e se inclinou mais perto. Então
a atenção dela se voltou para o papel e, como num passe de mágica, as linhas do rosto
A cada poucos segundos, olhos curiosos olhavam para o Alfa imóvel, percorriam
qualquer parte do contorno que ela precisava ajustar e depois voltavam para o papel.
Rapidamente, a linha de sua mandíbula e seu cabelo curto foram capturados em tons de
preto. Concentrando-se em seu trabalho, Claire começou a criar a boca, com a cicatriz
que ela uma vez chamou de linda cortada nela. Se eles não tivessem sido estragados,
Claire até admitiria que os lábios de Shepherd teriam sido considerados bonitos – sua
plenitude quase bonita. Seu nariz, agora que ela olhou mais de perto, não era reto; havia
lugares, pequenos desvios, onde ele foi quebrado e recolocado mais de uma vez.
Pequenas cicatrizes estavam em sua barba por fazer, por toda a linha do cabelo e na
testa.
Claire respirou fundo e obrigou-se a olhar nos olhos de Shepherd. A prata lhe era tão
familiar que ela poderia tê-la pintado mil vezes sem olhar, mas cada estudo teria sido
contida.
Do jeito que estava, parecia levar séculos para traduzir tal expressão no papel. Ela
Mais uma vez ela tentou capturar a expressão dele. — Não consigo acertar os olhos.
Lentamente, a mão dele se estendeu e tirou o pincel dos dedos manchados dela. O
contornou a mesa para poder limpar os pincéis. Uma mão grande interrompeu seu
progresso, puxando-a para mais perto. As tintas foram retiradas e colocadas de volta na
Shepherd apenas olhou para ela e observou a mulher de cabelos escuros que o
havia pintado.
Segurando as mãos bagunçadas para não manchar o casaco dele, ela ficou parada
sem jeito, sem saber por que ele estava olhando para ela com tal expressão. Ela não
fizera nada para suavizá-lo no quadro; cada marca, cada cicatriz, cada parte dele estava
naquele papel.
Observando-o como alguém observa uma cobra, Claire sentou-se rigidamente. Ele
começou a tocar seu rosto, a enfiar os dedos em seus cabelos, e então aqueles lábios, os
Ele foi insistente mesmo em um beijo lento e lânguido, mesmo quando ela
me.
Uma língua quente deslizou em sua boca, Shepherd a segurou com força... mas ela
Os lábios dele traçaram seu queixo, provaram seu pescoço, mordiscaram sua orelha
ronronava.
— Não.
O monstro riu baixinho e retomou sua boca com paixão, curvando seu corpo até
que a mesa encontrasse suas costas. As tintas estavam embaixo dela, a cor infiltrando-se
em seu vestido. Shepherd não se importou; tudo o que ele queria era sua boca no corpo
dela.
Os lábios estavam em seu mamilo, sua língua sacudindo o botão antes de se mover
mais abaixo e pressionar a boca em seu monte. Ele a atacou ali, saboreando um lugar
que não desfrutava desde que a pegou das Ômegas. Claire tentou empurrá-lo, gritou
Apoiando-se nos cotovelos, o queixo de Claire caiu, seus quadris balançando para
escapar de algo tão íntimo. Ele observou cada expressão dela, ao mesmo tempo que
suspiros abafados de ar, ele a bebeu, parecendo saber exatamente onde mover aquela
língua até que o rosto de Claire ficou dolorido e ela começou a gozar. Um grito, curto e
gaguejante, passou por seus lábios quando a espiral apertada que o homem havia
florescente até que a semente espalhou-se pelo chão. Com o ar impregnado do cheiro de
sêmen, ele cavalgou, beijando ternamente a parte interna das coxas de Claire e
Caindo de costas contra a mesa, Claire olhou fixamente para o teto cinza
memorizado, tentando ignorar que suas coxas estavam sobre os ombros dele, que ele
estava lambendo-a até deixá-la limpa, e que ele tinha, mais uma vez, comandado
habilmente a resposta de seu corpo... como Svana havia alegado que os dois faziam com
outras Ômegas.
Esse pensamento trouxe um calor escaldante ao seu peito, o conhecimento doloroso
não montei em você; isso não deveria ter lhe causado dor.
Mais beijos suaves na parte interna de sua coxa e um ronronar forte precederam a
promessa: — Vou substituir suas tintas; você não precisa se sentir angustiada.
Para vencer a guerra, ela teria que travar uma batalha. Fechando os olhos com
força, ela disse a si mesma que poderia fazer isso. — Não são as tintas. Eu estava
— Elas estão seguros, conforme nosso acordo. Meus homens os vigiam à distância.
— Mais uma vez ele provou seu centro, apreciando como ela se curvou até mesmo com
Ofegante, Claire respondeu: — Não essas Ômegas. Aquelas que você compartilhou
com Svana.
O homem congelou, hesitando antes de falar. — Por que você pensaria nelas?
vergonha.
Estro distorce a mente. — Ela sabia disso melhor do que ninguém. — Você falou com
— Não.
Claire deitou-se, os olhos mais uma vez voltados para o teto. — Não me lembro
-*-*-*-*-*-*-*-*-
Sua boca estava fechada e ela estava claramente descontente. — Outro encontro
— Mesmo assim você tem o cheiro dela. — Leslie chegou um pouco mais perto, seu
Com os olhos cansados e o rosto marcado pela decepção, Corday não conseguia
arrogante. Com a arma já em mãos, Corday fez sinal para que Leslie desaparecesse de
vista.
você se escondendo na pilha de lixo das Ômegas. Veja só, era o fedor do Executor que
ela estava usando quando veio até mim. Agora que sinto o cheiro dela em você, vejo
que estava certo, como sempre. Deixe-me entrar, eu quero falar com Claire.
— Mentira. — A mulher cuspiu, olhando por cima do ombro de Corday para espiar
dentro do apartamento.
— Você tem três segundos para me dizer quem você é antes que eu atire em você.
— Ah, cale a boca. — A loira passou por ele. — Estou aqui para ver minha amiga.
— Claire O'Donnell não é sua amiga. — Mas ele sentiu uma centelha de esperança
de que talvez sim... porque ele podia sentir o cheiro da Ômega nas roupas da mulher
estranha.
Ele fechou a porta e observou a mulher olhar ao redor, franzindo a testa quando
Maryanne jogou o pacote que tinha nas mãos no chão. — Ela deixou essas roupas
na minha casa. Sinta-se à vontade para me agradecer por devolver suas porcarias para
você. — Indo mais fundo no apartamento, seus olhos castanho chocolate olharam
Passando a mão pelo cabelo, Corday disse: — Essa é minha namorada, Monica.
atenção sabe que o coração de Leslie Kantor anseia pelo primeiro-ministro Callas. —
Sorrindo maldosamente, a loira olhou para a mulher e brincou: — Eu dormi com ele
duas vezes para sair da prisão. Ele foi horrível... Você se esquivou de uma bala quando
Kantor, Maryanne rosnou: — Senti seu cheiro no apartamento dela, senti seu cheiro nas
roupas dela, este quarto está saturado dela, mas ela não está aqui ou com sua matilha...
— Quem você acha que escolheu o local de sua nova e aconchegante casa? Claire?
— Maryanne revirou os olhos quando o homem olhou carrancudo. — Deusa nos salve,
Maryanne não veio até ali para ficar desapontada. — Eu quero falar com aquela
maluca. Uma última vez, Executor Corday - isso mesmo, eu sei quem você é - onde está
Claire?
Lábios curvados, ombros tensos, Corday sibilou: — Claire está desaparecida, ok?
mais alguma coisa na explosão do homem. — Eu não acho que você esteja mentindo.
Isso deixou o resultado mais provável. — Então ela provavelmente está morta... ou
E foi exatamente por isso que Corday sentiu tanta desolação. — Eu não acho que
Shepherd esteja com ela. — Se Shepherd a tivesse, o tirano saberia de sua própria
localização, as Ômegas teriam desaparecido e o acesso de Leslie às suas comunicações
— Você tem razão. — Maryanne cobriu sua dúvida com um sorriso arrogante. —
Porque se ele fizesse, você e eu seríamos enforcados na Cidadela... A menos, é claro, que
nós e seu pequeno pacote de Ômegas fôssemos oferecidos em troca por comportamento
— Ela não voltaria para ele. — Não havia como. Cada sentimento dentro de
Corday sabia o que era melhor. Ele tinha visto o que o monstro tinha feito com ela... o
que ela tinha sido forçada a viver. Tocando onde o anel dela circulava seu dedo
mindinho, ele voltou para a porta, abrindo-a para que seu convidado pudesse entender
uma dica.
melhor do que qualquer outra pessoa no mundo. Também sei que ela queria se matar...
É por isso que vou rezar para que ela o tenha feito, em vez de considerar a alternativa
Shepherd, se ela fez alguma troca imprudente por nossas vidas, então ele sabe sobre
você. Se tudo isso for verdade, então cada informação que você descobriu está
comprometida... inútil.
Capítulo 10
Claire ainda estava dormindo, inquieta debaixo das cobertas da cama ao lado dele.
Foi necessário muito esforço para deixá-la confortável depois que Shepherd a encontrou
Svana ainda estava escondida em seu apartamento, e a irritante Maryanne Cauley veio
A agenda de nenhuma das mulheres era clara. Svana estava brincando com a
Resistência, com que propósito Shepherd não tinha certeza, mas ela estava tramando
alguma coisa.
divisória entre eles. Ordenar a Jules que continuasse com sua vigilância constante tinha
sido... difícil. Estudar os motivos dela, como havia estudado os senadores, suas famílias,
Esta mulher não era a mesma revolucionária que ele amava com cada fibra do seu
ser. Pior ainda, não saber onde ela havia escondido o Contágio, tendo mandado revistar
observando esvoaçando pelo apartamento do Beta era sua maneira nada sutil de
Ela jogou seus jogos com a Resistência. Leslie Kantor queria que eles considerassem
suas informações valiosas, até mesmo fragmentadas, que poderiam minar o controle de
Shepherd.
Por que?
Até agora, apenas Maryanne Cauley havia lançado a única chave em seus planos.
Como uma mulher como Maryanne possuía informações das quais nem mesmo
Shepherd tinha ouvido falar? Por que Svana quase estendeu a mão e quebrou o pescoço
da loira?
Mais importante ainda, por que Svana não percebeu o olhar imediato de suspeita
que o Executor Beta lançou em sua direção assim que essas palavras foram divulgadas
abertamente?
problema. Profundamente, Shepherd queria confiar em Svana como sempre fez. Mas a
pequena Ômega de cabelos pretos se enrolou ao seu lado... basta olhar para ela e
Ele nunca confiaria em Svana perto de Claire. Esse fato lhe causava dor.
E foi por isso, em essência, que Svana permaneceu com o Executor. Ela sabia que a
envolvente.
Nunca antes em sua vida Shepherd havia lutado com tantas questões. As respostas
Agora ele sabia que precisava alterar bastante o plano. Ele tinha que descobrir o
maior vantagem, ele poderia argumentar com sua amante, talvez encontrar para ela um
A sua parceria, a sua rica história, não precisaria ser manchada pela sua devoção
transcrição que era intrigante. Assim como Claire havia explicado; a outrora lacaia
aumentando o plano inicial de Jules para ganhar mais do que apenas a complacência de
Claire. Ela poderia ser uma ferramenta valiosa, e a egoísta fêmea Alfa estaria até
Antes que tudo pudesse ser corrigido, havia uma lista de problemas que
precisavam ser remediados. A Ômega não demonstrava nenhum sinal do carinho que
havia demonstrado antes da recente… complicação. Durante suas horas de vigília não
houve atividades de nidificação, não como antes. Os hábitos normais de uma Ômega
grávida deveriam ser incentivados, mas ela não tocava mais a barriga como deveria –
nunca reconheceu a criança que ele colocou em seu ventre, embora isso fosse a causa de
sua náusea quase constante. Somente durante o sono sua mão repousava sobre o bebê, e
que seus olhos permaneciam meio dilatados, quase como se estivesse nos primeiros
incontestado, e isso a acalmava. Mas ela já não sussurrava ou chamava o nome dele,
Puro escapismo…
Faltando apenas oito semanas para que o transporte levasse aqueles que escolheram a
lealdade à sua causa para tomar Greth Dome, sua nova vida logo começaria. A
suprimento digno de Seguidores para elevar seu padrão, e o governo Greth não tinha
Claire as coisas que lhe trariam felicidade, nada além de cadáveres e podridão seria
Foi apenas um pequeno barulho no escuro, uma voz misturada com medo... um
Shepherd percebeu que ela não estava totalmente acordada quando, em vez de
ficar tensa com o toque dele, agarrou o tecido da camisa dele e puxou-o para mais perto,
Engolindo em seco, tentando recuperar o fôlego, Claire tentou não pensar no som
dos gritos dos condenados e nos flashes persistentes de homens fazendo fila para
machucá-la em seu sonho. Foi outro pesadelo horrível que o Shepherd de Undercroft
descreveu desde sua infância; uma prisão que deu origem a monstros, habitada por
demônios que até mesmo Maryanne havia alertado uma vez ainda se escondia lá
embaixo.
Shepherd os rolou, segurando-a contra seu peito para que Claire pudesse descansar
em cima dele enquanto dormia antes das complicações das últimas semanas. Nessa
posição, as vibrações dele passariam muito mais visivelmente para ela, e o ódio nos
das 16:00.
Deus, ela estava tão cansada mesmo depois de tanto sono. Cansada demais para
protestar contra os braços grossos que vinham abraçar e acariciar, sentindo-se culpada
por estar sentindo conforto com tal coisa, ela reclamou: — Odeio as horas aqui
Claire deu um gemido irritado com seu sermão inútil. Foi culpa dele que ela não
conseguisse dormir, culpa dele que sua mente estava instável, culpa dele que ela teve o
pesadelo, culpa dele que ela podia sentir novamente e que tudo parecia horrível. Sem
saber se ela falou simplesmente para irritá-lo, ou para testá-lo, ou porque era disso que
ela realmente precisava, Claire murmurou contra o tecido da camisa dele. — Eu quero
sair.
O ronronar parou.
Um momento pairou entre eles, o ar tangível de insatisfação mútua. Trilhando os
dedos no peito dele, ela deixou claro que estava esperando por uma resposta e que só
Você vai comer e tomar banho primeiro. Depois de acasalarmos... vou acompanhá-la
Com vontade de continuar sendo difícil, Claire disse: — Quero comer batata frita
com maionese.
— E um shake de chocolate.
Ciente de que ele estava tentando fazê-la derreter até que ela esquecesse seu
pedido, e consciente de que Shepherd estava prestes a atingir seu objetivo, Claire
trabalhar para escapar. Mesmo com o braço sobre ela, a maldita coisa pesava uma
tonelada, e ele parecia muito mais interessado em apalpar sua bunda do que em deixá-
Ela foi até o banheiro, ignorando a risada leve vinda do gigante deitado na cama.
Um longo banho, felizmente sozinha, ajudou a limpar os restos de seu pesadelo. Não foi
a primeira vez que sonhou que estava trancada em uma cela, a parte superior do corpo
Claire não queria pensar em Undercroft, nas coisas que estavam trancadas lá, mas
os sentimentos do sonho pareciam permanecer como uma mancha que nem mesmo um
Ela desligou a água, penteou o cabelo diante do vidro embaçado e sentiu que a
Apagando a luz, voltou para a sala principal de sua jaula e descobriu que Shepherd
havia criado o dia ao acender todas as luzes. Depois que ela estava vestida, ele saiu para
pegar sua comida. As tintas dela foram limpas dias atrás, a ejaculação dele do chão
também, mas o retrato permaneceu sobre a mesa. Ela não sabia exatamente por que ele
o havia deixado ali e tentou ignorá-lo, mas parecia que os olhos incorretos estavam
sempre a observando.
Estudando a coisa, o rosto áspero do homem que machucou tantas pessoas, ela não
conseguiu descobrir o que na pintura parecia agradá-lo. Claro, ela pode ter interpretado
mal a reação dele – o Alfa estava coberto de meias verdades e não tinha escrúpulos em
enganar se isso significasse que ele alcançaria seu objetivo. Mas algo no cordão, algo na
Claire queria uma reação, ela conseguiu uma. Mas agora não tinha ideia do que
Absorvida pelos olhos imperfeitos, ela listou os erros em sua interpretação. Eles
não eram duros o suficiente; a prata não continha uma onda de história distorcida.
Shepherd parecia apenas um homem. E como ela ficaria se alguém a pintasse? Seria a
que os olhos dela estavam infectados com a mesma coisa que permanecia nos dele?
Quanto tempo levaria para ela acordar e não se importar mais com as quarenta e
três vidas que ele tinha sobre sua cabeça, ou com os milhões em Thólos pelos quais ela
teve que encontrar uma maneira de lutar? Por que ela não bateu o pé no gelo e o
que o ferrolho da porta sibilou seu aviso metálico que Shepherd havia retornado.
Esfregando rapidamente as lágrimas do rosto, Claire sentou-se ereta e se preparou para
a próxima rodada.
O homem entrou com uma bandeja e a colocou diante dela, notando a vermelhidão
Quando ela viu o que ele havia trazido para ela, Claire começou a fungar. Ela
Shepherd, presumindo que ela estava, finalmente, tendo algum tipo de momento de
gravidez.
devorando o que para Shepherd parecia absolutamente nojento, como se fosse maná
dos céus. Quando ela terminou o que devia ser a coisa mais prejudicial à saúde do
Limpando a boca, Claire olhou para o homem que observou sua refeição. Era óbvio
que Shepherd queria que ela lhe agradecesse – ele havia feito algo de bom para ela, algo
aparente e óbvio que ela havia solicitado especificamente. Todos aqueles outros meses,
ela desafiadoramente não usou nenhuma de suas coisas fora da mera necessidade,
nunca fez pedidos além de exigências de liberdade... simplesmente para deixar claro
que ela estava recusando sua hospitalidade. Mas esta refeição ela declarou abertamente
que desejava, e ele a entregou, embora fosse claramente algo que ele não achava que
fosse o melhor para ela. Na sua estranha linguagem era quase como se, mais uma vez,
ele afirmasse que havia um novo precedente e que estava fazendo um esforço.
Olhando para a bagunça derretida restante em seu prato, Claire respirou fundo e
expirou. — Obrigada.
A bandeja foi afastada antes que uma mão grande chegasse ao seu rosto e a
levantasse. Seu polegar limpou uma mancha de chocolate que faltava, e Shepherd ficou
Ela não queria olhar naqueles olhos impossíveis, mas ele a manteve escravizada.
Claire estava perdida enquanto media quantas mortes aconteceram com ele, quantas
coisas terríveis ele tinha feito e das quais ela esperava nunca saber. Por que ele tinha
que ter uma história trágica que assombrava seu sono, e como ele se tornou tão
confessava: — Sonhei com seu Undercroft e fiquei presa com os prisioneiros que me
procuravam através das grades... enquanto eu estava sendo estuprada, como você disse.
Com o cotovelo apoiado na mesa, ele segurou sua bochecha e ronronou: — Foi
Sem saber exatamente o quanto deveria revelar, Shepherd disse: — Escuro, frio. Os
prisioneiros comem o mofo nas paredes; não há sistema de esgoto. Nos túneis é fácil se
túneis abrangem todo o continente da Antártica. Eles duram muito tempo; você anda e
anda e nunca encontra uma saída. Mas encontra os ossos de outras pessoas que
enlouqueceram procurando pelos caminhos apenas para morrer por falta de água ou
fome.
você.
A maneira como ele a observava, o movimento lento de seu olhar analisador, era
como se ele já soubesse tudo o que ela confessou. — Pequena, é apenas uma indicação
Suas sobrancelhas baixaram, formando uma pequena linha entre elas. — É aqui
Shepherd sorriu. — Você é um tanto tola, mas não é uma covarde - simplesmente
cadeira, as mãos puxando as alças do vestido para que o tecido pudesse sussurrar por
seu corpo. Ansiosa para terminar o requisito final para sair da sala, ela se moveu, nua e
Com a voz áspera, Claire sentiu a culpa, a raiva, o medo consumi-la. — O que você
vê agora?
A vibração era profunda em seu peito, algo que exigia muita concentração para
lembrar que não era bem-vindo. Confusa, ela o observou, sem saber por que ele não a
Assim que ela estava prestes a se virar, para simplesmente se afastar dele, o
rosnado foi feito. Foi alto, expectante, e trouxe consigo uma pequena cãibra prazerosa
Fluido veio grosso e copioso com tal chamada, escorrendo por sua perna. Shepherd
Levantando-se lentamente, ele puxou a roupa pela cabeça, despindo-se apenas até
ficar diante dela em um estado igual. Ele era lindo e grandioso; todo o glorioso epítome
do físico Alfa no controle de um homem que usava tal força implacavelmente. Claire
teve que esticar o pescoço para olhar para cima, para manter os olhos longe do corpo
marcado, onde ela pudesse focar no rosto dele e naqueles olhos odiados.
Um monstro, o homem que arruinou a vida dela, o garotinho criado no inferno cuja
mãe realizou atos indescritíveis apenas para lhe garantir uma faca, um ex-prisioneiro
que dedicou seu amor a Svana, um homem com uma fé distorcida, o homem que havia
traído o vínculo de casal e causado grande dor a ela, seu carcereiro, o pai da vida que
crescia dentro dela, uma criatura em quem ela não podia confiar... Claire respirou fundo
e disse a única coisa que pôde. — Eu vejo o par Alfa ligado a mim.
— Você não consegue ver mais? — Shepherd sugeriu, tentando extrair as palavras
adequadas.
Sua resposta se torceu e arrancou seu coração, mas Claire ficou parada, seu rosto
— Você está excepcionalmente bem hoje. — Afirmou o Alfa, mas ainda assim não
se mexeu.
E Claire entendeu. Shepherd queria que ela iniciasse o sexo, ele estava
ultrapassando seus limites, vendo o quanto ela estava disposta a trocar pelo que queria.
ela queria isso. Ela queria que ele a fodesse com tanta força que se esqueceu, que Claire
desapareceu. Tinha sido seu único descanso desde que o acordo foi fechado; ela tinha
apenas o sexo como distração. De um modo doentio, ela quase ansiava por um ciclo de
cio, uma fonte estúpida de existência que desligasse seu pensamento até que tudo o que
importasse fosse a gratificação física. Mas ela não poderia permitir-se tal coisa se
Shepherd não a forçasse ou aceitasse; isso tornaria o ato de acasalar algo que ela não
poderia suportar.
— Não posso.
Outro daqueles grunhidos poderosos, tão alto que era quase um rugido, e sua
boceta apertou, mais daquela maldita escorregadia escorrendo por sua perna.
Ela sabia o quão fácil poderia ser, o quão falsamente gratificante seria a sensação de
seus braços - a decadência de fornicar com tal criatura, ouvir suas palavras sussurradas
em seu ouvido... o culminar do momento em que seu mundo explodiu e tudo de ruim
era esquecido. Ela não sentiu isso centenas de vezes? Mas Shepherd teve que infligir
isso, se ela desse aquele passo fatídico e admitisse que desejava tal coisa, isso a
arruinaria.
Desmoronando, ela fechou os olhos e apoiou a testa em seu peito, não fazendo
nada além de respirar fundo o que a natureza lhe dizia ser dela, mas o que a experiência
lhe ensinou que estava longe de ser o caso. Levemente, as pontas dos dedos dela
Claire congelou. Ela não podia se vender pelo céu ou pelo esquecimento.
Ela o sentiu se curvar para alcançar sua orelha, conhecia a pressão dos lábios
O enorme homem puxou-a para a cama. Claire foi girada e pressionada de barriga
para baixo, com as pernas penduradas em direção ao chão. Uma mão passou quase com
muita força por sua espinha, a cabeça pulsante de seu pênis posicionada em suas
dobras. Ele não pressionou. Em vez disso, Shepherd deu um tapa nela; a palma da mão
enquanto ela gritava de surpresa. Seus quadris subiram e, no meio de seu grito, ele a
— Você está tão molhada, mas ainda se atreve a fingir que não quer isso? Que
precisa ser forçado? — Ele rugiu, agarrando seus quadris enquanto ela se apresentava,
foder você?
Seus olhos grudados na espessura brilhante e latejante que ele deveria estar
O homem ficou ali, ofegante, com os olhos brilhando, com a mancha dela
Claire bateu o punho contra o colchão e olhou para cima com olhos furiosos e meio
dilatados. Houve um rosnado, sua própria versão do rosnado, e ela se lançou sobre ele
para pegar de volta a única coisa que lhe restava para aliviar a dor. O som de sua
seus braços, mergulhando seu pênis lenta e profundamente onde ela doía, e observou
dela, Shepherd moveu-se com decidida astúcia na dissecação de sua evitação do que
eles eram e por que ele acasalou com ela - forçando Claire a reconhecer quem oferecia
sua satisfação carnal, o que ele sentia contra ela, e o quanto ela adorava isso.
Sem o frenesi não havia vazio, não havia perda de si mesmo. Claire sabia em seus
ossos que ele estava conscientemente negando a ela a única fuga que lhe restava,
que ela tivesse que reconhecer sua voz e controlando cada impulso, não importando
como ela se contorcia ou balançava os quadris. Não havia como escapar dele ou do
prazer.
Sua mente captou a ironia com cada golpe suave de que a única coisa que ela lutou
para preservar quando Shepherd a tomou pela primeira vez foi seu senso de
identidade... até que ele a quebrou. Agora tudo o que ela queria, agora que o seu
Havia tanto prazer em sua voz, Shepherd balançando suavemente os quadris para
Isso durou horas, até que ela estremeceu e arrulhou pequenos sons de prazer. Foi
assim nas primeiras semanas, mas a angústia subjacente era diferente. Ela não tinha
mais medo do que ele poderia fazer com ela; ela tinha muito mais medo de seu senso de
Quantas vezes ele já havia ordenado que ela fizesse isso? Por que ele tinha que
fazê-la olhar? Obedecendo, seus olhos verdes encontraram um lindo prateado. Ela viu a
palma da mão embalar sua bochecha, ela o viu beijar a ponta do polegar dela.
de reação de prazer em seu rosto. — Amoleça, pequena. Deixe acontecer assim. Não há
Ele entrelaçou os dedos nos dela, seus músculos escorregadios de suor movendo-se
por todo o seu corpo. Cada vez que a enchia, ele moía sua virilha em um círculo
apertado para provocar seu clitóris, extraindo sons da Ômega que faziam suas bolas
apertarem.
O nome de Shepherd veio aos seus lábios quando ela sentiu a primeira vibração
das horas construindo o clímax, um nome que ela nunca mais queria gritar com paixão
novamente.
Não havia sequer um indício de névoa velada em sua mente quando ela sentiu
lágrimas escorrendo de seus olhos e sua boceta apertando como um punho em torno de
Shepherd, suas entranhas ordenhando vigorosamente seu pênis, extraindo até a última
Desossada, vibrando com o zumbido, Claire não sabia o que fazer. A sensação da
bochecha dele passou pela palma da mão dela, a Ômega murchando contra o colchão.
— Isso foi perfeito. — Ele beijou seus lábios frouxos e acariciou sua bochecha. —
ameaçou o homem ainda profundamente atado. — Nunca mais me chame desse nome!
Capítulo 11
O nó estava fresco, o pênis do macho ainda a enchia com um fio constante de
sêmen, seus dedos ainda calorosamente envolvidos nos dela. No entanto, qualquer
Seu pequeno corpo estava rígido, os quadris de Claire se moviam apenas o suficiente
para comunicar seu desejo de rejeitar o nó, mesmo que estivesse presa por ele.
Se Shepherd estava com raiva, ele escondeu bem. Olhando para ela com uma calma
Sua raiva crescente se misturou com desgosto, mas ela refletiu o movimento dele
no tabuleiro. Em um tom tão calmo que era arrepiante, ela explicou: — Cada vez que
ouço você falar esse nome, sinto a mão da sua amante Alfa esmagando minha garganta.
Sinto os dedos dela coçando minhas entranhas. Vejo você, um monstro que tem a
audácia para se chamar de meu companheiro, ficar parado e assistir. Eu ouvi você me
mandar ir ao banheiro dizendo Claire ... um nome que você se recusou a reconhecer até
Shepherd tinha que aproveitar esta oportunidade; ele precisava argumentar com
ela. — Eu não a testemunhei tocando você sexualmente e só soube disso mais tarde. Isso
tudo bem?
O homem tentou novamente. — Estou ciente de que você nutre grande raiva por
Ela sustentou os olhos dele, os dela violentamente furiosos. — Nós dois sabemos
por quê.
Mas precisava ser dito em voz alta. — Claire, seu ódio por si mesma vem do fato de
que você reconheceu que tinha afeição por mim antes que as circunstâncias lhe
causassem dor.
Ela tem um nome. É Svana. O que você fez comigo tem um nome. Chama-se traição.
dela. — Você tem minha fidelidade agora. Eu lhe dei minha palavra. Poderíamos nos
Claire saturou sua resposta com cada grama de desgosto que conseguiu reunir. —
mal, Shepherd, mas sua compreensão das pessoas é primordial. Você afirma me amar,
Ele sabia o que ela queria. Rosnando como uma fera, Shepherd deu. — Eu acasalei
— Você fez.
Suas mãos apertaram os dedos dela com tanta força que doeu. — Eu fiz isso porque
não poderia machucá-la; ela é minha única família... Porque estava preocupada que ela
tirasse você de mim. Dei a ela a atenção que veio buscar para distraí-la, para que você
não fosse considerada uma ameaça. — Quase freneticamente, ele admitiu: — O tempo
— Isso é nojento.
Shepherd não sabia como responder a tal coisa, então escolheu o silêncio. Enquanto
o nó persistia, ele segurou suas mãos relutantes, ronronou e acariciou, mas Claire havia
— Vista-se. — Shepherd ficou com uma graça que um homem de seu tamanho não
Claire havia perdido o interesse em sair; ela não queria nada além de dormir. —
Você não precisa desperdiçar esforço. Não quero mais ver isso.
Shepherd agarrou seu braço e puxou-a para ficar de pé quando ela começou a rolar.
Depois de limpar o esperado rio de sêmen que saiu de seu ventre, Claire pegou o
vestido do chão e puxou-o pela cabeça. O gigante se vestiu e voltou para ela,
estendendo um cobertor, esperando por ela para poder envolvê-lo nos ombros no lugar
Claire obedeceu e sua mão enorme se fechou sobre seu pequeno pulso, deixando
metal frio e um som áspero de algemas sendo colocadas. A extremidade oposta ele
Ele a levantou em seus braços. — Seu esforço recente não passou despercebido.
Assim que ela se acomodou contra seu peito, eles saíram do quarto.
Shepherd a levou por um caminho alternativo que terminava em um elevador de
Ele a estava levando para os níveis superiores, uma região que ela só visitava uma
vez por ano quando era menina. Ou pelo menos foi o que pensou. Quando a porta se
limpas e cheias de suaves luzes de cristal. Não havia janelas, e quando Shepherd se
aproximou de uma porta de aparência sinistra, Claire começou a pensar que o homem a
havia enganado.
que ela havia sido destrancada. Abrindo-a com os ombros, Shepherd levou-a para
Ele a colocou no chão. Os pés de Claire estavam tocando um tapete macio que
parecia ter saído de um livro ilustrado do velho mundo. Havia papel de parede
Ansiosa por chegar à janela, ela deu um passo à frente apenas para descobrir que
seu braço ainda estava acorrentado ao homem atrás dela. Claire estava confusa. — Isso
nunca concordei em permitir que você saísse. Acredito que o acordo era que eu
Tecnicamente ele estava certo, e Claire sabia que não havia sentido em discutir.
A perspectiva que o pequeno cômodo proporcionava era diferente de tudo que ela
já vira em uma casa; uma vasta exibição de tundra acidentada. A janela era uma parte
real do Domo; se ela tocasse o vidro, estaria tocando a única coisa entre ela e centenas
permitir seu movimento, Claire colocou a mão no vidro e sentiu seu frio. A natureza
selvagem era sua visão, em uma sala quente, onde ela foi acorrentada a um Alfa para
Os móveis da sala foram removidos, restando apenas aquele lindo tapete e uma
única cadeira grande. Estava voltada para a janela, cheia por um homem que puxou
Claire para seu colo. Com as luzes acesas, a presença iminente de Shepherd às suas
para fora.
Por que eles olhariam? Não havia nada além de neve lá fora. No entanto, Claire se
viu encantada com a vista, toda branca, de montanhas distantes e gelo saliente. A terra
O homem não arruinou seu conforto falando ou fazendo exigências, e Claire ficou
grata por isso. Ele estava imerso em pensamentos, olhando para o sol poente, sua
A noite inteira passou antes que a luz intrusa deixasse a parte de trás de suas
pálpebras brilhando em vermelho. Ela acordou confortável com apenas a beleza diante
dela. Era quase como se Thólos não existisse. Ela poderia sentar lá e fingir; poderia
Mas a verdade não poderia ser ignorada. Embora ela estivesse aquecida e segura,
seu povo acordava sem nada para comer, sem energia, sem aquecimento. Fora daquela
bela sala, por trás daquela vista grandiosa, o mundo estava caindo aos pedaços.
Shepherd se espreguiçou, com a mão grande em concha sobre o local onde seu filho
crescia. — Você gosta deste quarto e da vista; você se sente confortável aqui.
Desviando o olhar da janela, ela examinou a sala vazia. — Por que você removeu os
móveis?
Havia lógica em seu raciocínio. Se houvesse uma cama e outros objetos de conforto,
ela teria desejado mais do que apenas o colo dele naquela cadeira enorme. Ela pode até
ter ficado chateada quando ele exigiu que eles fossem embora. — Eu vejo…
— Como prometi, vou trazer você aqui. — Ele respirou fundo em seu cabelo e
beijou uma trilha que descia por seu pescoço. — E como você prometeu, você viverá
-*-*-*-*-*-*-*-*-
Quando eles voltaram do céu, Shepherd libertou sua mão. A algema não estava
apertada, mas assim que ele a removeu, ela sentiu uma dor. Ele pegou o pulso e usou os
grandes polegares para esfregar a pele, como se entendesse a sensação e por que ela
esmagá-la, Shepherd parecia saber quanta pressão era apropriada. Enquanto o toque
estranho continuava, ela mordeu o lábio e o encontrou mais uma vez observando-a
Não querendo agir sem ordens específicas, não querendo ser enganada ou
Shepherd prendeu seu pulso com dedos circulares que pareciam muito mais fortes
do que a algema. — Como você preencherá suas horas enquanto eu estiver fora hoje?
— O que você fazia com seu tempo livre antes de eu reivindicar você como minha
companheira?
Isso foi fácil de responder. — Passava todas as horas tentando encontrar comida
para as Ômegas.
O gigante sorriu, usando o pulso dela para puxá-la para mais perto. — Antes de
piano da minha mãe. Passava um tempo com meus amigos... lia histórias, fazia aulas de
A resposta satisfez o homem. Shepherd soltou o braço dela, o arrastar de suas mãos
Claire aproveitou a oportunidade para colocar distância entre eles, indo em direção
Quando ela saiu do banho, descobriu que Shepherd havia trazido sua bandeja de
café da manhã. Franzindo o rosto diante da oferenda, ela fez um barulho que
refeição estava fora do cardápio. Em seu lugar havia algum tipo de fluido verde que
cheirava fortemente a gengibre amargo. Ela bebeu, odiando, e então ficou estupefata
observava. Ele ainda estava lá, deixado numa posição óbvia, ainda esperando que
alguém fizesse algo com ela. Enxugando as mãos, ela o pegou, consciente de que
mesmo nas horas em que esteve livre dele, o rosto dele ainda a atormentava.
Ocorreu-lhe então que o Alfa mal saía de seu lado durante as horas de vigília, ou
mesmo deixava fisicamente seu toque há dias. O que quer que tenha acontecido entre a
chegada dela e a noite passada em seu colo deve tê-lo deixado satisfeito por ela estar
Maryanne. Ela faria o que ele desejasse para dar uma chance a todos eles, e continuaria
Mas era estranho ficar sozinha naquela cela, bem acordada por mais do que apenas
uma hora fugaz. Olhando para trás, para aquele maldito retrato, para o rosto do homem
na página, a expressão rígida de sua mandíbula, até mesmo a beleza de seus lábios, ela
ficou inquieta com a aparente mudança nele. Ela o atacou verbalmente quando ele não
pôde usar seu recurso normal - já com o nó, ele não podia transar com ela, e parecia
Shepherd não gritou ou puniu. Em vez disso, ele admitiu seu erro, e quando seus
corpos foram desamarrados, o homem até forneceu o que ela exigiu antes que perdesse
a paciência - ele a levou para ver o céu, deixou-a acordar ao sol... e então fez perguntas
pessoais.
O tópico cantarolava: Seu companheiro não está tentando? Você não está satisfeita
com isso?
quente e vermifugado. Cantava para ela que não havia necessidade de entrar em
pânico. Até Claire teve que concordar. O pesadelo terminaria com o fim do seu regime
antes do bebê nascer, ou ela voltaria a fazer greve de fome. Ou ela poderia quebrar o
em tédio. Claire precisava pensar objetivamente, ela precisava não sentir. Um dedo
Claire o acusou no gelo de ter sido distorcido por Svana, mas isso não era
Shepherd havia sofrido; sua mãe foi estuprada até morrer. Quantas crianças
sofreram, quantas pessoas foram violadas neste cerco? O que ele realmente esperava
realizar aqui?
Além disso, por que ele a capturou se tinha uma amante que era sua há anos? Era
mais do que o legado que ele afirmava desejar de sua companheira. Caso contrário,
Shepherd teria reproduzido com Svana. Por que não fazer casal com sua amada?
Havia alguma reviravolta, alguma chave além de simplesmente querer um filho
que Shepherd não estava disposto a compartilhar. Recriando a linha do tempo em sua
tentativas de fuga. Ele a engravidou como resultado de sua primeira fuga, injetou
drogas para fertilidade nela antes mesmo que ela recuperasse a consciência. Foi uma
resposta tão extrema, e quanto mais ela se permitiu pensar sobre isso objetivamente, ver
além dos seus sentimentos, mais claro isso se tornou. Não era só o bebê; ele queria a
devoção dela, estava disposto a forçá-la por todos os meios que pudesse. Shepherd fez
tudo ao seu alcance para mantê-la só para si, obcecado por isso, e escondeu-a ao ponto
Shepherd nem a conhecia, seu amor era baseado em algo que ela não conseguia
identificar.
Eu quero tudo.
olhos azuis... A fêmea Alfa estava descontente com sua existência, Claire tinha certeza
louca fêmea Alfa pensava que deveria ser parecido com ela, como se cada Ômega que
ela afirmava que eles compartilhassem fossem similares à sua beleza exótica.
Por que sua consorte, uma que Shepherd admitiu que amava, não saberia que
havia arranjado uma companheira ou que havia gerado um bebê? Por que aqueles olhos
olhavam para Claire quase como se ela fosse um mero incômodo, um rebote agravante?
Reparação…
Svana era minha amante e eu pensei que também fosse minha companheira. Aprendi que
estava errado.
A compreensão surgiu e o queixo de Claire caiu; ela foi um rebote. Sua pele
direções ao mesmo tempo. O mundo inteiro de Shepherd foi abalado e sua reação
mutilada foi tomar uma Ômega – continuar sua dedicação à mulher que o libertou de
Undercroft, mas aliviar sua própria dor de cabeça perturbada, forçando outra pessoa a
Assustada, Claire olhou para cima e viu que o Beta de olhos azuis tinha vindo com
uma nova bandeja. Virando o papel preso em seus dedos na direção do intruso, ela
— Não.
desequilíbrio. — Eu sei.
descobrir... por que ele me levou. Não tenho certeza se me sinto pior por minha própria
vida arruinada ou por um homem que é tão sem noção. Shepherd pode pensar que
deixando de lado sua dor pela infidelidade de Svana, fará com que isso desapareça, pois
ao tomar uma companheira ele poderá preencher esse vazio... mas o amor não funciona
dessa maneira.
Jules enrijeceu. — Sua avaliação está incorreta; não pense nisso novamente. Tais
— Por que você diz filho? Como você sabe que não é uma menina?
Ele cheirou o ar, mas não alterou sua expressão. — Eu tive dois filhos uma vez... a
Tudo em sua declaração era exatamente o que havia de errado com toda essa
maldita situação. — Crianças estão morrendo em Thólos agora; filhos e filhas de outros!
Jules respondeu suavemente: — É uma pena que seu povo ataque os fracos, mas o
se para a mulher que seu mestre arruinou porque ele não sabia como lidar com seus
sentimentos feridos!
— Discuta isso com Shepherd. — Com o rosto inexpressivo, Jules saiu, trancando-a
Discutir que parte com Shepherd? A parte sobre como ela era supérflua e ele ainda
não tinha percebido, ou a parte dos bebês mortos? Deitada em seu espaço de concreto,
Claire olhou para o teto e sentiu como se estivesse se afogando em toda a bagunça das
coisas, nas histórias distorcidas e na corrente patética que foi forjada por um homem
Ela falaria com ele sem problemas; ela o faria ver diretamente como ele era
hipócrita. Ela mostraria a Shepherd o que havia descoberto, a verdade sobre o que ele
estava fazendo através dos olhos dela... não de sua visão distorcida. Os deuses até a
direcionaram para a placa de sinalização de como tudo parecia uma piada triste. Aquele
garoto. Aquela criança enrolada sobre a qual ela havia descansado, o cadáver sem nome
e sem nada nos bolsos. Ele seria seu mascote, e Shepherd teria que olhar para ele e
responder a ela.
Claire misturou suas tintas e começou a recriar aquele momento solitário no beco.
Havia horas para dedicar ao trabalho, horas em que ela detalhou o tijolo, o frio, a
Ela nunca havia se pintado antes, usava a lembrança do cabelo preto na bochecha
para mascarar a maior parte do rosto, mas era ela. A mesma forma esbelta e enrolada, a
estrutura óssea que gritava Ômega, tudo nas roupas que roubou de Maryanne.
cores enquanto sua mão se movia freneticamente. Shepherd estava sentado à sua frente,
ela reconheceu alegremente o fato de que ele havia chegado, mas o ignorou em seu
grotesco de seu rosto murcho e olhos leitosos e enrugados. Só quando a mão que
segurava o pincel começou a tremer é que ele se esticou e a acalmou. O pincel foi
retirado de seus dedos, a pintura virada para que Shepherd pudesse ver. Com a mão
envolvendo a dela, ele viu o que havia consumido as horas do seu dia.
Presa na névoa do artista, naquele momento borrado em que se sabe que estão
que tinha acontecido, desde que você me trancou neste quarto. Encontrei esse garoto
que havia morrido sozinho e sentei-me ao seu lado, sentindo-me tão morta quanto ele...
Shepherd apertou ainda mais a mão dela, rosnando: — Você poderia ter morrido
congelada.
Claire assentiu. — Como aconteceu com aquela criança. Aquele menino morreu
sem ninguém para cuidar dele... sozinho e assustado em um beco cheio de lixo.
Claire olhou para o prato frio de peixe e sabia que não devia discutir. Alcançando o
garfo, ela começou a empurrar a truta pelos lábios. Depois de engolir metade da
refeição sem provar o que provavelmente era uma receita divina, olhou para o Alfa
iminente. — Eu carreguei o cadáver daquele menino nas costas até Terras Inferiores...
Para que eu pudesse enterrá-lo com as Ômegas. Assim ele não teria que ficar sozinho.
Shepherd suspirou e cerrou os punhos ao lado do corpo. — Você está chateada com
Com uma expressão aberta, Claire admitiu: — Estou confusa sobre como você
inocentes em Thólos. Por que você mudou? O que justificou isso, Shepherd?
Ele a puxou para ficar de pé e levou os dois em direção à cama. — Você está
cansada e suspeito que não cochilou como seu corpo exige. Vamos nos deitar.
Suas palavras não foram lançadas com crueldade, mas com curiosidade. — Você
não tem uma resposta? Nenhuma explicação prolixa de lendas e grandeza para
Ele pegou o vestido dela, colocou-a na cama e a seguiu assim que suas roupas
foram tiradas. Puxando Claire para cima dele, para o lugar onde ela pudesse sentir o
ronronar mais forte, um lugar que era pouco dominante para a Ômega, Shepherd a
preparou para dormir. — Não há nenhuma resposta que eu possa dar que você
considere satisfatória.
compartilhou sua frustração. — Você nunca se perguntou que eu posso ter mantido
você segregada para que não tivesse que ser exposta ao que está acontecendo fora
destas paredes?
Meio adormecida, Claire cantarolou. — Sou uma mulher adulta, grávida do seu
filho... um bebê não diferente daquele garotinho que morreu por causa do que você
inspirou aqui.
Os dedos esfregaram seu couro cabeludo e ele a lembrou: — Um bebê que você
quase matou ao tentar o suicídio. Um bebê que você não toca mais.
Colocando o queixo no peito dele, sabendo que as palavras eram verdadeiras, ela
não hesitou. — Depois do que testemunhei e aprendi sobre sua natureza... as coisas que
ela disse que você fez... você nunca imaginou que eu preferiria matar a mim mesmo e
ao feto do que permitir que gente como você e Svana o arruinassem como vocês
arruinaram um ao outro?
O peito de Shepherd inchou e ficou claro pela sua expressão que o homem estava
incrivelmente chateado. Rolando-a de costas, pairando sobre ela, sua grande mão
fechou-se sobre sua barriga. — Não estou nada satisfeito com sua mentalidade ou
acusações atuais.
Colocando a mão sobre a dele, Claire sustentou seu olhar raivoso e perguntou: —
Você acha que é algum modelo digno desta criança? Você fodeu Svana...
— Pare de mentir para si mesmo. Você já disse não a ela, ou faz qualquer coisa que
ela queira apenas para agradá-la? Você a capacita... e ela se considera irrepreensível...
porque você a adora. Eu mesmo vi! E por essa perversão, ela te transformou no que
palavras. — Da mesma forma que você afirma que me ama... o tipo de amor que
poderia ter sido mil vezes pior. O aperto que ele tinha no braço dela, a maneira como
ele o dobrou para removê-lo de seu corpo, Claire ignorou, alcançando seu ombro
A sala se moveu e um grande peso esmagador tornou difícil respirar. Seu aperto
em seus antebraços deixou suas mãos quase roxas, mas os olhos verdes permaneceram
nos prateados enquanto ela lutava pelas respirações curtas e gaguejantes que sua massa
permitia.
O que quer que o possuísse era frio em sua raiva, calculista em sua fala. — Você
Não houve fôlego suficiente para responder completamente, então ela balançou a
outra mão para cobrir seu rosto, ignorando as marcas negras que já brotavam em sua
pele, ele não a impediu, mas também não gostou de seu toque.
— Estou tentando ser sua companheira; uma mulher que você só tomou porque
você porque você era para ser minha. Eu podia sentir o cheiro em você.
O calor de sua pequena mão deslizou para seu pescoço, para os músculos que ele
uma vez alegou que o machucavam, e ela esfregou. — Se ela tivesse permanecido fiel,
embora estivesse furioso, seu pênis estava duro como uma pedra contra sua coxa.
Claire parou seu toque. — Eu só estava tentando acalmar você, como faz comigo
quando estou chateada. Quando suas emoções estiverem calmas, você verá que estou
certa.
Rosnando, ele se enfiou dentro dela com um golpe forte. Claire fez uma careta e se
preparou. Shepherd, pesado dentro dela, segurou seu rosto, rosnando enquanto tocava
escorregadia dela facilitou sua passagem. — E você vai gritar meu nome toda vez que
Capítulo 12
Todo o seu corpo doía, mesmo com a água morna derramando sobre os hematomas
pegajosa, que emaranhava seu cabelo, segurando-a contra ele enquanto banhava sua
companheira.
Mesmo agora, seus olhos estavam meio dilatados, como se ainda estivesse em alta de
acasalamento, o que provavelmente era a única coisa que impedia a Ômega de sibilar ao
toque de suas mãos na pele macia que sua posse zelosa havia esfregado em carne viva.
Shepherd segurou seu queixo, atraindo seus olhos sonolentos para seu rosto. — Eu
fez?
— Sim.
Cada palavra foi perfeitamente enunciada e não tinha a amargura que o homem
sentia no estômago. — O valor dele para você é maior do que o resto dos seus quarenta
e dois.
Claire lambeu os lábios molhados e pensou na melhor forma de responder, ou se
Shepherd sentiu o fluxo de sangue atrás dos olhos, lutou para ser gentil enquanto
enxaguava o cabelo dela. — É mais do que isso. Eu vi vocês juntos. Você gosta do Beta.
Inspirar qualquer tipo de ódio excessivo em Shepherd por Corday poderia ser
perigoso para seu amigo e não serviria a nenhum propósito, exceto agitar inutilmente o
Alfa. — Eu não amo Corday, não da maneira que imagina. Mas devo a ele, como disse.
tanto apaziguado com a verdade de suas palavras e seu eco no vínculo. — Isso não
parece familiar?
— Eu disse não porque quis dizer não. — Argumentou Claire, fazendo uma careta
diante da rigidez em seus quadris quando ele começou a esfregar. — Você não me
Ele pegou seu queixo e virou seu rosto para forçar sua total atenção. — E esse bebê
justifica seu valor para meus homens. Ele está mantendo você viva.
não tomar cuidado, se não começar a aninhar novamente e garantir que nossa prole
— Você não precisa. Você simplesmente precisa ser mãe. — Mudando de posição,
ele a pressionou de volta contra os azulejos. — Você é minha e farei qualquer coisa para
estupraria você se fosse necessário e te encheria de filhos novamente caso você perdesse
este.
Como ela sentiu um momento de poder sobre este homem? — Você está me
assustando.
— Bom. — Ele desligou a água e puxou-a para fora. — Parece ser a única maneira
Ele sorriu, uma coisa desagradável, e deu uma patada na barriga dela. — Será
incomparável.
Murchando, Claire murmurou: — Não tenho vontade de fazer ninho. Não naquela
Como se a ideia não tivesse ocorrido ao Alfa, ele estreitou os olhos e pareceu
— E você desejaria novos materiais, na cor que gosta... — Ele estava passando uma
Ela rosnou e afastou as mãos dele. — Você está me machucando, seu idiota surdo.
Saindo de seu discurso, ele congelou e olhou para a pequena coisa que acabara de
latir para ele. Dando uma risada cáustica, ele grunhiu: — Você se tornou muito mais
— Eu me tornei muito mais franco porque não me importo mais se você me matar!
Eu não quero uma cama nova. Quero que explique do que diabos você está falando!
Shepherd pegou o braço dela e gentilmente a virou para poder secar seu cabelo. —
— Ok, tudo bem! Já que você não escuta nada do que eu digo, aqui vai: quero uma
cama nova em um quarto grande com carpete em vez de concreto. Um quarto com uma
parede de janelas que dê para um jardim que plantarei minhas flores - o que seria um
milagre, já que todas as plantas de casa que já tive morreram. Quero me mover sem
restrições por esta grande casa onde farei o ninho e ser livre para sair e sentar na
grama... E quero um pônei também, Shepherd. Não, esqueça isso. Eu quero a porra de
um unicórnio.
Puxando o cabelo dela para que ela olhasse para ele, ele fez uma careta. — Você
Ela realmente não queria, estava tão confusa por dentro que não conseguia nem
começar a entender de onde veio, mas só por um segundo, ela riu. Tapando a boca com
a mão, ainda com a cabeça inclinada para trás em um ângulo não natural, ela forçou o
rosto à neutralidade e continuou a defender seu ponto de vista. — De que cor você tem
Foi por isso que quase todos os vestidos que ele forneceu eram verdes? — O que
Parecia que tal erro de cálculo não era possível. — Essa não é a cor que você
prefere?
— Claro, é uma cor bonita... mas não é minha cor favorita. — Compreendendo,
— Vermelho, gosta da sua foto? — Ele tentou novamente, soltando o cabelo dela
mundano? — Mas então ela percebeu. Ele queria fornecer coisas que ela deveria gostar
sem avisar... como uma espécie de tática; porque essa era a única maneira que ele sabia
ser.
Shepherd ficou irritado, ficou nu e exigiu rudemente: — Qual é a sua cor favorita?
— Azul igual ao ovo de pássaro. — Zombando dele, Claire inclinou a cabeça para o
lado e piscou os cílios. — E, Shepherd, já que estamos sendo tão simpáticos, qual é a
sua?
— Expressamente, a cor exata dos seus olhos. — Ele não estava flertando, estava
irritado, mas mesmo assim as palavras eram... alguma coisa. Eles a fizeram corar e ele
percebeu isso, seu olhar intenso perdendo o foco e ganhando aquele cálculo enervante.
Ela estava positivamente escarlate e claramente queria que ele desviasse o olhar. Já
fazia meses que ela tentava cobrir sua nudez e não sabia o que a levou a fazer isso, mas
Shepherd parecia apenas divertido, ou fascinado poderia ter sido uma descrição
melhor. — E agora você está tímida... — Ele murmurou, maldosamente. — Isso não é
Mas ela propositalmente nunca ouviu... ela ignorou e odiou o som de sua voz rouca
e distorcida.
— Você sabe que eu acho você muito bonita. — Continuou o monstro, rondando
orgulhosamente, prendendo-a contra a pia. — Você é, de fato, a mulher mais bonita que
já vi.
Claire estava extremamente tentada a gritar algo desagradável com ele, a falar de
Svana, ou das Ômegas, ou qualquer coisa para fazê-lo parar de olhar para ela daquele
jeito. Em vez disso, ela apenas gaguejou: — Eu... estou com frio.
Os lábios dele chegaram ao ouvido dela e o homem rosnou com a voz mais
licenciosa que ela já tinha ouvido: — E você tem a boceta mais linda que eu já conheci. É
a perfeição. Toda vez que você pedir, eu a lamberei, provarei você até gritar meu nome
— PARE!
Acariciando seu corpo até que a mandíbula de Claire descansasse em sua mão, ele
puxou a Ômega de onde ela tentava esconder o rosto contra seu peito. Com os olhos a
poucos centímetros de distância, a mão dele mergulhou entre as pernas dela para
passar levemente a camada lisa em suas dobras. Afastando os dedos escorregadios, ele
fez um ruído masculino satisfeito e a deixou de pé, ofegante, corada e excitada,
-*-*-*-*-*-*-*-*-
Esses momentos... quando alguém tem um saco preto na cabeça, quando um corpo
está sendo empurrado, e você sabe, tem certeza, de que será apenas mais um número a
Sentindo mãos empurrando-a para trás até que seu traseiro fizesse uma conexão
desconfortável com uma cadeira dura, Maryanne se preparou para seu melhor
desempenho. Ou ela fez isso até que a bolsa caiu de repente e ela ficou cara a cara
As palavras presas em sua garganta, a típica qualidade sensual que ela sabia usar
para manipular falhou, e tudo que Maryanne pôde fazer foi olhar.
Aquele homem dizimou Thólos... arruinou a cidade dela. Aquele homem fedia à
— Bem, — Maryanne soltou um suspiro. — acontece que eu estava certa sobre pra
onde Claire foi desde que desapareceu. Acho que isso significa que estou fora dos
limites, hein?
O homem iminente se aproximou. — Devemos discutir as nuances do acordo entre
minha companheira e eu? Eu apenas me ofereci para poupar sua vida. Não houve
menção do que faria com essa vida. Tecnicamente, eu poderia quebrar todos os ossos do
seu corpo, sujeitá-la a tortura, tomar a pouca liberdade que lhe resta. Enquanto você
Mas ele queria alguma coisa, caso contrário ela não estaria lá. Ele queria algo para
Claire.
O terror estava lá, o pânico crescente e lento que contaminou seu suor e sinalizou
para o Alfa, muito mais forte, que ela estava com medo. — Você tem uma utilidade para
mim.
Sua boca não se moveu nem um pouco, mas Maryanne tinha certeza de que sua
expressão mostrava o quão estúpida ele pensava que ela era. — Seu dever será levar
Claire. Nessas conversas, aconselho que você a faça feliz, ou ficará muito infeliz quando
elas terminarem.
A ideia de ver Claire afugentou uma fração do pavor. — Claro. Eu sei exatamente
pessoas que lhe enviarei para fotografar. Você não interagirá com essas pessoas nem
será visto. Todas as imagens serão verificadas antes que Claire as veja, e se eu encontrar
algo perturbador, não seria um bom presságio para você. Você não falará de
A última advertência continha a ameaça de grande dor caso ela falhasse com ele. —
E se ela tentar lhe passar um bilhete ou fizer qualquer coisa subversiva, você me contará
Claire poderia tentar, Maryanne sabia disso em seus ossos, e ela já odiava saber
— Quando eu começo?
-*-*-*-*-*-*-*-*-
Demorou algumas horas e outro café da manhã com aquele horrível smoothie
extremamente grata para que ela pudesse se esticar, andar e formular seu próximo
movimento.
certa de que doeria por algum tempo. Valeu a pena. Shepherd pode tê-la encurralado
parede na noite anterior, apenas o tempo suficiente para expor que ela estava certa.
para si, usando-a para aliviar a dor que Svana causava, quer ele reconhecesse esse fato
A reação inicial de Shepherd foi violenta, até mesmo no sexo, mas quando
acordaram ele foi apenas indulgente. Era como se a raiva da noite anterior, a força que o
compeliu a fodê-la tão rudemente e por tanto tempo que ela ficou desossada, tivesse
acabado.
Mesmo nos momentos mais perigosos, ele nunca desviou o olhar do rosto dela,
manteve grande parte de sua pele pressionada contra a dela, ordenou que ela chamasse
seu nome, seus olhos ardentes quase rolando para trás em seu crânio cada vez que ela o
fazia. Ele comunicou a ela com sua necessidade intensa, com a força com que incitava
seu clímax; suas expressões ferozes costumavam assustá-la, a postura de sua
Shepherd estava sempre observando a reação dela, procurando por algo, alguma
pequena dica enquanto persuadia seus impulsos sórdidos. Ele tinha alguma
necessidade que havia sido negligenciada. Quando acoplada, ela era terna e o
acariciava, aspirava seu cheiro e sorria. Talvez fosse por isso que ele acasalava com ela
com tanta frequência; ele tinha um desejo básico por tal afeição. Shepherd queria que
ela o amasse e estava confuso sobre como promover tal coisa quando ela não caía
Claire não o amava, mas lhe ofereceu conforto quando o lado dele da corda
mostrou a turbulência que suas palavras provocaram. Isso foi instintivo e, embora ela
desprezasse Shepherd, era a coisa certa a fazer na guerra que estava travando. O
progresso exigiria que ela cumprisse sua posição de companheira se quisesse ter pelo
Claire não era tola o suficiente para acreditar que poderia consertá-lo. Afinal, o
pensamento de Shepherd estava distorcido muito além de qualquer coisa que ela
pudesse desvendar. Mas ela poderia eliminar o erro; poderia expor a fraqueza de um
Claire iria desnudá-lo pedaço por pedaço, mesmo que isso a matasse.
Provavelmente mataria.
rapidamente e depois foi trocar as bandejas. — Seu braço. — Jules grunhiu. — Você
Ciente do que a Ômega fez para ganhar tais hematomas, Jules zombou: — Você
Inclinando a cabeça, Claire sentiu algo estranho na conversa deles, mas não
Olhando para o braço, para as manchas pretas, ela franziu a testa. — E aqui eu
Tirando as alças do vestido dos braços, ela perguntou com uma voz desprovida de
Olhando por cima do ombro para a mulher decorada com hematomas de sexo
violento, Jules virou-se rapidamente para a parede e gritou: — Coloque seu vestido de
volta!
— Isso é o que me confunde em vocês. — Claire continuou, indiferente à sua
moralidade. — Vocês não vão olhar porque acham minha nudez inadequada, mas
criaram uma cidade cheia de estupros para os quais nem piscam. Vocês são todos
contradições ambulantes.
Foi estranho ver o homem que sempre parecia inalterado ficar agitado. Sorrindo,
Claire puxou o tecido sobre a pele macia. — Acho que nós dois demonstramos nosso
ponto de vista.
Uma vez certo de que ela estava decente, o homem a olhou com um olhar que
quase tinha o mesmo poder que o de Shepherd. — Você está jogando um jogo muito
perigoso.
Mantendo-se firme, Claire disse: — Nem todo mundo está jogando. Estou
Isso foi um elogio real? — Então fale comigo. Quantos anos tinham seus filhos
Claire alisou a saia, sentiu tristeza. — Por que eles foram mortos?
— Minha esposa era Ômega. — A nitidez de seu olhar era assustadora. — Um Alfa
a queria. Antes mesmo de eu saber o que tinha acontecido, ela estava ligada a um amigo
— Rebeca.
De alguma forma, ela simplesmente sabia, mas Claire sussurrou: — E você a matou
Rebecca teria sido destruída pelo poder de um vínculo que ela devia odiar mais do que
Claire odiava o seu. Seu lábio começou a tremer. — Sinto muito pelo que aconteceu com
sua família, mas não entendo como isso o trouxe aqui para fazer o que está fazendo
agora.
— Todos os membros deste exército estão aqui pela mesma razão que eu.
expressão urgente. — Como você não vê as falhas em seu próprio argumento? Você
Executor Corday. Você admitiu abertamente que Thólos fez isso consigo mesmo. —
Jules se aproximou dela, sem piscar. — Mesmo antes da violação, essa mesma
degradação infectava toda a vida sob o Domo... Não perca nosso tempo fingindo que
Não era tão simples. — Shepherd me levou. Eu tive uma vida antes. Eu tive uma
— Shepherd ter escolhido você como companheira foi o melhor resultado possível
para você, embora você seja incapaz de aceitar esse fato por sua ignorância e
ressentimento.
Olhando para a porta como se o homem ainda estivesse diante dela, Claire apertou
a mandíbula com tanta força que doeu. Em alguns momentos e em algumas frases
cinco semanas em que o conheceu. Jules era um vilão, disso ela tinha certeza, mas uma
Parecia que a raiva era tudo de que ela tinha na maioria dos dias.
Esses homens não eram simplesmente os psicopatas que Claire presumia. Eles
estavam todos em uma missão. Jules afirmou que cada membro do exército de
poderia estar?
— Eu trouxe remédios para aliviar qualquer dor. — Explicou Shepherd assim que
Claire sentada estupidamente enquanto Shepherd segurava seu copo, servindo-o com
cuidado para que ela pudesse engolir. Ela obedeceu e o polegar grande dele enxugou
hoje?
— Não. O que quer que esteja naquela bebida verde nojenta parece acalmar meu
estômago.
— Mas você está com dor e fui notificado de que você precisava de alívio. — O
fisicamente exigente e meu corpo nem sempre está à altura do desafio. — Claire estava
cansada. Muito cansada. — Além disso, não foi esse o motivo da sua punição?
Agachando-se para ficar mais perto do nível dos olhos dela, Shepherd enterrou as
mãos em seus cabelos e embalou seu crânio. — Não houve punição. — O macho
começou a passar os dedos pelo couro cabeludo dela. — Esses hematomas... Você
deveria saber que eu estava incrivelmente contido. Antagonizar seu companheiro a tal
ponto é perigoso, pois você é frágil, pequenina, e eu sou muito forte. No entanto, na
raiva que você propositadamente fomentou, eu lutei comigo mesmo. Eu não acertei
puxando o cabelo dela... mesmo que suas palavras fossem perturbadoras. — Valeu a
O homem exalava paciência, ainda naquela aparente calma com a qual acordou. —
batalhas. Se você conhece a si mesmo, mas não conhece o inimigo, para cada vitória conquistada
você também sofrerá uma derrota. Se você não conhece nem o inimigo nem a si mesmo,
Claire precisava conhecer Shepherd. Ela não podia mais se dar ao luxo de ignorá-lo
como fizera antes. Ela precisava conhecer seus seguidores. Mais ainda, precisava ter
certeza de que se conhecia e não perderia de vista o que ela era caso ele a machucasse
novamente.
Pensando na melhor forma de responder, ela suspirou. — Seria normal sentir que
eu poderia confiar em você para simplesmente sentar e conversar comigo. Mas você
parece incapaz de se conter para ouvir o que talvez não goste - e sentir-se não ouvido
— Você não coloca parte da culpa em si mesmo, pequena? Seu esforço para ignorar
— Por que eu prestaria atenção a um homem que não me escuta ou não respeita o
que sinto?
déspota. E eu realmente não acho que você me conheça, Sr. verde é sua cor favorita.
Ele não respondeu. Em vez disso, Shepherd estendeu a mão e os braços que ele
O Alfa sentou-se na beira do colchão, brincou com seus cabelos e ordenou que ela
-*-*-*-*-*-*-*-*-*
Quando ela acordou no quarto escuro, foi o melhor que Claire sentiu em algumas
propósito, um sentimento mais profundo de que seu progresso foi positivo. Bons
sentimentos eram perigosos e fáceis de perder em sua prisão, então ela os guardou
O homem alegou que falaria com ela; isso deu a ela um espaço que poderia
preparar.
Tinha sido proveitoso iniciar um diálogo com ele sobre a pintura dela no dia
anterior, então ela começaria de forma simples e tentaria o que sabia. Claire misturou
suas tintas e começou a detalhar a imagem que viu no feed de segurança antes de
libertar as Ômegas da prisão. Ela pintou a pequena Shanice, de dezesseis anos, sendo
Enrolando-se, seus olhos brilharam de fúria, enquanto ele respirava tão profundamente
Claire não reagiu; ela apenas soltou um suspiro e deixou o pincel de lado.
nome dela é Shanice. Ela tem dezesseis anos. Esse foi seu primeiro cio e posso garantir
que ela não estava disposta. Ela chorou até dormir todas as noites desde que o cio
terminou.
— Se meu oficial tivesse conseguido formar um vínculo, ela teria ficado tão
contente quanto todas as outras! — Shepherd apoiou seu peso na mesa, agressivamente
irritado ao descobrir que não era o ideal ao qual esperava retornar. — Você é o único
inquieta.
Claire colocou a mão sobre a dele, não para confortá-lo, mas para deixar claro que
entendia as consequências. — Esse homem não pode ter menos de quarenta e cinco
para ser meu pai. Também sou uma mulher adulta, Shepherd. Não sou uma criança.
Flexionando o punho sob sua mão pequena, Shepherd rosnou: — Estou ciente do
— Estou tentando me comunicar com você sobre coisas que não entendo. —
Rebateu Claire. Pequenos dedos apertaram sua mão novamente e ela deixou seus
Shepherd sentou-se à sua frente, agitado, mas cada vez mais composto. — Os pares
sucedidos.
— Se o bebê que estou carregando fosse uma Ômega, você iria querer isso para o
sua filha?
dignos. Todas são alimentadas; ficam seguras... elas não são maltratadas. Você é quem
Shepherd capturou os dedos dela e brincou com eles, embora suas palavras fossem
duras. — Você nunca teve isso, Claire. Você nunca foi livre nesta cidade... Você nunca
desagradáveis que isso provocava apareciam em seu rosto e sentia sua fortificação
escorregar. Além disso, ela odiava como Shepherd segurava sua mão como se fossem
amantes, como se ele tivesse o direito de fazê-lo, mesmo que ela tivesse iniciado o
contato. — Você me maltratou. E não sei o que odeio mais: suas suposições, ou o fato de
você ter falado meu nome simplesmente porque sabe que não gosto.
Um grande polegar circulou a palma da sua mão. — O que torna este discurso o
momento perfeito para começar a ajustá-la ao som dele em meus lábios, pequena.
Sustentando o olhar dele, forçando-se a não retirar a mão, Claire admitiu: — Então
Puxando o braço para mais perto, Shepherd ronronou: — Não teremos uma
— Esse assunto já foi abordado. Conheço meus sentimentos, sei o que foi feito e sei
por quê... mesmo que você não admita. Cabe a você encarar ou não o que é fato. —
Depois de respirar, Claire ergueu os olhos de onde suas mãos estavam unidas e tentou
Ela olhou fixamente. — Você deve desejar ter escolhido com menos impulsividade.
— Eu nunca questionei reivindicar você. — Quase musicalmente, ele explicou sua
verdade: — E em resposta à sua pergunta de ontem; sim, eu ainda teria lutado contra a
multidão e alegado que você não tivesse Svana desviado. Você nasceu para ser minha.
— Então devo admitir que vejo a ironia de que, como meu pai, recebi um
companheiro que realmente deseja estar com outra pessoa. Isso certamente é cruel da
Ela soltou um suspiro. — A primeira vez que te vi na Cidadela, a primeira vez que
senti seu cheiro, não te vi como meu companheiro. Tudo que senti foi medo. Foi muito
pergunta que apertou sua boca e endireitou seus ombros. — Por causa das minhas
marcas Da'rin?
Claire balançou a cabeça, as sobrancelhas franzidas. — Não. Por causa do que você
fez, onde estava, quão grande você é... a violência. Meu pai era um homem muito bom -
adequado. Você não é nenhuma dessas coisas. Desde que você forçou o vínculo, me
sinto controlado, manipulada, você me causou tristeza, não posso confiar em você
culpa sua. Você fez pouco esforço para ser uma companheira contente. Sua resistência e
subversão contínua requerem uma mão firme para garantir sua segurança. Eu faria isso.
Ser cruel com você para mantê-la segura, e eu a manipulo livremente, pois não há outro
recurso para atraí-la para mais perto. Se você tivesse se estabelecido como os outras
Ômegas se estabeleceram, sua vida seria feliz. E eu cuido do seu bem-estar. Eu trago-lhe
Claire pretendia que a conversa destacasse suas preocupações com Thólos, e não
criticasse as questões principais sobre por que, além de suas muitas transgressões, o
vínculo entre eles era uma loucura. Rangendo os dentes diante da lista de acusações
ridículas, ela respirou fundo e tentou controlar seu temperamento. — Quando você
estava em Undercroft, você agradeceu aos seus carcereiros pelo que levaram para você?
Claire rosnou: — Obrigada por todas as horas que passei limpando este quarto.
— Pequena. — A mudança nele foi perturbadora. O macho ronronou e apertou a
— Não vou aceitar suas tintas. Entendo que você precise delas e que há pouca saída
Ela não acreditou nele, mas isso não importava. Seu lábio inferior tremeu. Sentindo
Toda a maldita conversa foi imperceptivelmente movida para a tensão entre eles por
um homem muito mais talentoso no discurso. Esse não era o seu objetivo; esse não era o
propósito dela.
Entrando no quarto pela janela, Claire ficou cautelosa no segundo em que seus pés
tocaram o chão. A configuração mudou; uma pequena mesa continha duas bandejas de
comida... como se Shepherd fosse comer com ela - o que não só seria estranho, mas
também um ato doméstico que ela não estava com vontade de realizar com ele.
Como uma barra de ferro em volta de sua cintura, o braço de Shepherd a segurava
contra seu corpo, a desconfortável algema ainda no lugar. Eles não estavam se
cheirá-la possessivamente.
— Eu teria preferido acasalar com você antes disso, mas renunciei à experiência
porque você desejava conversar. Também vou permitir que fique um pouco sem as
comportar.
a sibilar e seu corpo foi deslocado de modo que não houvesse nenhuma visão além do
peito de Shepherd. A porta foi aberta e fechada, e só então Shepherd as virou para que
jogar seu corpo entre Maryanne e Shepherd. — Que porra ela está fazendo aqui? Você
me prometeu!
jogando um braço em volta dos ombros dela. — Fui convidada para jantar.
conta da Ômega. Sua atenção se voltou para a mesa dobrável, de volta para seu enorme
se não tivesse nenhuma preocupação no mundo. — Era impossível dizer não depois
que ele me disse que bife estava no cardápio... Não pense nem por um momento que
sentaram-se, Shepherd dirigiu-se para uma terceira cadeira no canto para observar
enquanto Claire trabalhava com o nó em seu estômago e rezava para que a comida
permanecesse ali. Com o passar de meia hora, a situação tensa se acalmou. O ronronar
suave de Shepherd no canto e o olhar de aprovação em seus olhos toda vez que Claire
Ter Maryanne por perto já era extraordinário e, por um momento, Claire se sentiu...
confortável.
— Maryanne. — Engolindo o último pedaço de bife, Claire olhou para sua linda
amiga e brincou: — Acho que você pode ser a única mulher em Thólos que ainda usa
batom.
Claire, franzindo a testa. — E você tem sido negligente. Você precisa cortar o cabelo.
— Como você deve ter notado pelo bife pré-cortado, não tenho acesso a objetos
pontiagudos. Também tenho certeza de que os serviços de salão não fazem parte da
filosofia de Shepherd.
faz?
Antes que ela pudesse impedir, a Ômega caiu na gargalhada. Com a mão
pressionada na boca, ela imaginou a expressão de Shepherd atrás dela e riu ainda mais.
Demorou um minuto antes que ela pudesse repreender sua amiga arrogante e
sorridente. — Pelo amor de Deus, Maryanne. Ele nunca vai deixar você voltar agora.
E foi por isso que Maryanne veio. Claire passou a mão pelos cabelos, preocupada.
— Sim.
— Isso é bom. Elas ficariam preocupadas se pensassem que eu ainda estava viva.
docinho.
Irritada por Maryanne ter pensado em repreender, Claire se inclinou para frente e
— Que depois de uma boa olhada em você, posso ver que está se fazendo de vítima
em vez de tentar viver. — Não havia mais tom brincalhão na voz de Maryanne, nem
olhares brincalhões. — Sim, sua situação é uma droga; sim, não é o que você queria.
Mas é o que é. E eu conheço você... posso te ver estagnando em vez de se adaptar, toda
teimosa a ponto de doer. Ele pode não ser o Príncipe Encantado, mas é seguro aqui. Ele
alimenta você. Você está melhor do que quase todos os outros sob o Domo.
Parecendo estar prestes a arrancar a cabeça de seu convidado, Claire sibilou: — Ele
Você não sabe como era lá embaixo, Claire. Até você teria feito qualquer coisa para sair.
— Bem, pelas decisões de sua vida, fica claro que seu julgamento nem sempre é o
melhor.
— Esse olhar em seus olhos. — A loira se acomodou, tão infeliz quanto sua amiga.
— Eu sei o que isso significa. Você sabe que estou certa. E sim, eu estraguei tudo. Eu
Um forte calor repentino se instalou na nuca de Claire. Ela ficou tensa, sem
perceber que Shepherd havia surgido silenciosamente atrás dela. Com o polegar
acariciando sua coluna, ele falou: — Isso será o suficiente por hoje.
— Você não deveria. Maryanne sorriu suavemente. — Você pode ser mal-
E assim, Claire estava rindo de novo, saindo da sombra de Shepherd para abraçar
sua amiga. Na ponta dos pés, Claire beijou os lábios de Maryanne, o adeus habitual das
E foi um erro.
mantendo-a presa ao seu lado enquanto Shepherd gritava uma série de palavras
Os ferrolhos foram acionados e a porta aberta para que a Sra. Cauley pudesse ser
escoltada para fora por um desfile de Seguidores armados. Mesmo quando a porta
estava fechando, Shepherd pressionou Claire contra a parede. Ela ouviu o zíper dele, a
impaciência do rosnado de Shepherd enquanto ele levantava sua saia, e ele estava
Não era nada além de um animal reclamando, ambos ainda vestidos, mas seus
grunhidos eram altos, e Claire sabia que Maryanne, qualquer um, nos corredores
poderia ouvi-los. E esse, claro, era o seu ponto. Shepherd estava transmitindo em voz
alta que ela era dele. Ela queria sentir vergonha, mas descobriu que seu corpo se
especialmente satisfatório quando ele a girou pouco antes de ela gozar. Cara a cara, o nó
se formou, as pernas dela em volta da cintura dele, a força dele apoiando-a totalmente
— Você não disse meu nome. — Ele ofegou, os olhos como ferro derretido.
Ela disse isso, só para que ele calasse a boca e a deixasse aproveitar os efeitos
posteriores. — Shepherd.
Havia uma mancha de batom vermelho na boca de Claire. Mantendo-a imóvel,
Shepherd esfregou. Seu dedo hesitou, mudou de rumo e, em vez disso, espalhou-o até
que os lábios dela adquiriram um tom rosado. — A avaliação da Sra. Cauley estava
perguntas estúpidas. Olhando para ele como se fosse maluco, Claire fez uma careta. —
— Não vejo nenhum problema com o comprimento do seu cabelo, nem ele está
Seus lábios foram para sua bochecha, sua orelha, seu pescoço. — Eu nunca ouvi
Não havia nada que ela pudesse dizer que não fosse inflamado, mas estava claro
que ele esperava algum tipo de resposta. — Ela é engraçada. Sempre foi.
Claire concordar totalmente com a avaliação de sua amiga. Svana nunca o achou
agradar, adorava os presentes que ele lhe trazia e sempre agradecia profusamente.
Claire era desinteressada em quase tudo que ele fornecia, nunca olhava duas vezes para
roupas novas, joias enfiadas em sua gaveta ou coisas bonitas que ele colocava no quarto.
Ele sabia que ela gostava da comida, embora seu orgulho a impedisse de expressá-lo... e
ela encontrava prazer em suas pinturas; nada mais provocava uma reação.
Ele odiou cada momento da conversa das mulheres, exceto a sábia reprimenda de
Maryanne à amiga. Era a única coisa que poderia induzi-lo a permitir novamente tal
encontro.
Mais estranho ainda, Claire tinha ficado hostil, elas discutiram, e então tudo
seu membro amolecesse. Quando o nariz dela foi até o pescoço dele e ela começou a
sentir o cheiro dele, o Alfa encorajou seu comportamento, brincou com seu cabelo e
ouviu seu estranho zumbido musical – um barulho Ômega que ela não fazia desde...
desde Svana.
Ele agradou sua companheira. Ela estava até sorrindo contra a pele do pescoço
dele, Shepherd tinha certeza de que ela não sabia que ele poderia desfrutar de tal visão
embaixo, ela sabia o que estava em ordem. — Não sei por que você fez isso, e só posso
presumir que houve algum propósito oculto e egoísta, mas neste momento agradeço.
Ele poderia ser gentil, muito diferente. Segurando seu rosto, ele olhou para ela com
uma expressão suave. — Meu motivo foi simplesmente mostrar a você que estou
queria que ela reconhecesse isso. Chupando o lábio inferior na boca, ela se permitiu um
momento para estudá-lo de perto; levantando de modo que seu membro amolecido
escorregou, eles ficaram cara a cara. Claire tocou onde seu pescoço estava cheio de
Fazer o homem falar a tirou de seu olhar abstrato. O que era um assunto tornou-se
uma pessoa e Claire recuou. — O senador Kantor me disse que suas marcas Da'rin
Eles estavam sentados sob um raio de sol e, embora ele usasse mangas compridas,
as marcas em seu pescoço estavam expostas. Ele parecia tão calmo, seus olhos focados
Shepherd sorriu e tentou beijar seus lábios indiferentes. — Eu posso suportar a dor.
Cruzando um dedo sob seu queixo, ansiosa para distrair as intenções mais
amorosas do homem, Claire o incentivou a se esticar para que ela pudesse ver seu
pescoço sob a luz. Raspando as marcas de ramificação com as unhas, ela explorou,
Com os olhos tristes, ela confessou: — Tentei contá-las repetidas vezes. Sempre
perco a conta...
Ele a queria carinhosa e contente, não assustada e ansiosa para brigar. — Isso é
tradição clandestina. Você também tem tradições. A maioria dos homens fica em
Undercroft por alguns anos, talvez uma década, se forem fortes. Eu nasci lá. Antes de
para Da'rin se espalhar tão amplamente quanto as minhas. Minhas marcas eram
foram jogados lá por pequenas infrações... por Maryanne... Claire podia se permitir
entender. — O Domo não é o que eu pensei que fosse, mas também não é o que você
pensa que é.
Passando os dedos pelos cabelos dela, ele brincou: — Você sabe tão pouco, mas fala
tão alto.
— Não minimize minha vida. — Ela passou a mão pelos olhos. — Um Alfa não
pode imaginar como é crescer como Ômega. É claro que a dinâmica não é confirmada
até os doze ou treze anos, mas esse medo, de saber que todas as suas orações de infância
por ser uma Beta, ficaram sem resposta. Saber que você nunca seria mais do que um
um momento de ternura. Ele até beijou a testa dela. — Algum dia você vai me
agradecer - cercado por nossos filhos, feliz pela vida que proporcionei.
Cauteloso, apertando vértebra por vértebra, ele fez da pergunta um aviso. — Sim?
Com a mão em seu peito, seu hálito quente em seu pescoço, ela suspirou. —
Quando eu vaguei por Thólos, vi Lilian e os outras Ômegas pendurados do lado de fora
avaliando os prós de fazer tal coisa para ela. Virando o queixo, os olhos de Shepherd
Claire estava desiludida com este homem há muito tempo. É claro que ele iria
Seu olhar ficou líquido, como ferro derretido. — Acho que nós dois sabemos o que
eu quero.
— Não vou ser enganada em nada. Seja exato ou esqueça meu pedido.
Uma risada suave e Shepherd disse: — Você ficou ainda mais inteligente, minha
— Você teria que oferecer algo muito maior para me motivar a beijar você. Em vez
como ele movia a mão quente em pequenos círculos contra a parte inferior de suas
costas, encorajando-a. negociação. — Eu vou oferecer...— Ela realmente não tinha nada
— Não.
— Não.
Ela havia falhado em tantos; ela poderia pelo menos fazer uma coisa pelas
mulheres mortas. Movendo a mão para pairar sobre seu pau exposto, ela fingiu
determinação, mas sua voz instável a traiu. — Eu iniciarei o sexo na hora que você
escolher.
Shepherd olhou para baixo entre eles, onde sua mão estava tão perto, mas não o
suficiente. Seduzido, ele ronronou, os olhos prontos para devorá-la. — Essa é uma
Tudo bem, então era isso que ele conseguiria. — Quero uma prova de que foi feito.
Movendo o cabelo atrás das orelhas, Shepherd garantiu que sua visão estaria
desobstruída. — A música que você cantou primeiro, mas desta vez não chore. Você
aparentemente satisfeito com o arranjo. Claire não chorou, ansiosa demais para
Quando ela terminou, ele estava manso... olhando para ela como havia olhado para
Ela colocou a mão em seu rosto e disse suavemente com o coração duro como
mostrar.
-*-*-*-*-*-*-*-
Tudo era macio, quente e fofo. Claire não tinha interesse em mudar, nem mesmo
pelo cheiro de café e pela mão quente entrando em sua toca. Shepherd a prendeu pela
cintura e puxou até que seu cabelo bagunçado se afastasse do edredom azul e uma
A cama nova havia chegado durante o jantar com Maryanne – tudo em seu tom
favorito de azul, tudo fresco. Mesmo com o esforço que o Alfa fez, Claire não sentiu
vontade de fazer ninho por muitos dias. Mas ele continuou colocando-a de volta,
tirando-a do que quer que ela estivesse fazendo e enterrando os dois sob as cobertas,
acariciando sua barriga para encorajar os pensamentos de sua Ômega sobre o bebê, até
que finalmente tudo fez sentido e ela subconscientemente começou a cheirá-lo e ela se
aproximar.
Esfregando o sono dos olhos, Claire ficou de mau humor, infeliz por Shepherd tê-la
acordado. Homem sábio, serviu-lhe um cappuccino e esperou pelo seu novo ritual
matinal; sua pequena espiando, tentando esconder o interesse em descobrir o que era o
quadro que estava na espuma naquele dia antes de ela bebericar e a arte ser estragada.
pessoa que faz isso tem alguma ideia para quem são?
Shepherd respondeu com uma pergunta. — Você pergunta por causa do formato
da flor?
— Você tem que admitir, é um pouco ridículo que eles lhe deem uma bebida com
flores.
com a tentativa de gesto romântico dele, que ele iria confundir o constrangimento dela
com timidez, que já estava olhando para ela com um brilho arrogante nos olhos.
Shepherd apresentou seu COMscreen. — Isso pode te incomodar, então peço que
Não havia nenhuma chance no inferno de Claire confiar em tal homem. — Não
tirada à distância, com os três corpos pendurados, mas não perto o suficiente para ser
Claire ficou tentada a parar por aí, a aceitar isso como suficiente, mas fazer isso seria
mostrar fraqueza diante de seu adversário. Seu dedo deslizou pela tela. Corpos lado a
lado em uma cova aberta, rostos apodrecidos à mostra, restando apenas buracos onde
antes havia olhos. Cada cadáver ainda estava amordaçado, os lábios encolhidos
O que ela estava era incrivelmente doente. Assentindo, sua boca ficou azeda, Claire
afundou ainda mais em sua cama na esperança de que ele fosse embora para que ela
Shepherd conhecia cada carrapato dela, sabia que ela não estava bem. Claire
poderia ir até o banheiro e passar mal com dignidade, ou ele iria se envolver, sua
Saindo da cama, ela passou por ele, fechando a porta para ter privacidade, e
vomitou tudo o que acabara de engolir, com certeza que levaria algum tempo até que
compreendia o quão difícil seriam os autorretratos. — Isso está fora do meu alcance.
Ele estalou os dedos, chamando-a para mais perto. Apreensiva de que ela deveria
cumprir a outra exigência do acordo naquele exato momento, Claire ficou tensa, mas foi
até ele.
Tirando o pincel das mãos dela, ele a colocou de lado e a puxou para descansar
sobre seus joelhos. — Eu quero que você cante para mim agora.
várias vezes. Você simplesmente disse que cantaria para mim e desejo que o faça
novamente.
Claire suspeitava que era muito mais para seu benefício do que para ele, uma
distração que mudaria seu pensamento para uma direção mais tranquila. — Se você
estabelecer esse precedente e começar a quebrar as regras, o tiro acabará saindo pela
culatra.
Ele tocou o nariz dela com um dedo; Shepherd semicerrou os olhos e o homem
Ela cantou a primeira coisa que lhe veio à mente, um hino relíquia sobre a guerra...
uma canção que era comovente, triste e muito expressiva da situação difícil de Thólos.
— Você ainda se sente mal? — Shepherd perguntou, ciente de seu pequeno motim
arrastada para fora da cama para ver fotos das vítimas que Shepherd havia assassinado,
com a declaração dela. — Se sua morte tivesse trazido lucro, elas não teriam hesitado
em matá-la. Você foi gentil o suficiente para vê-las enterradas. Não chore mais por elas.
— Você não deseja ficar de luto quando morrer? — Claire perguntou, sem ameaçar,
Acariciando o bebê, a pequena coisa que ainda não tinha distorcido sua figura,
Shepherd perguntou: — Você não ficaria de luto por mim, pequenina? Ou você
vínculo, o súbito e inquieto latejar em seu peito que parecia entristecido pelo simples
suspeitava que a morte dele não equivaleria à sua liberdade – muita coisa já havia sido
feita. Ela definharia como aconteceu quando o vínculo foi danificado. Ela morreria. Sem
e os toques suaves de um homem que ela sabia que fingia ser algo que não era. — Você
Às vezes parecia que Shepherd conseguia ler seus próprios pensamentos. Outras
vezes parecia que ele estava tão longe da base que era como se vivessem em planetas
separados.
Claire tinha que sair do colo dele, ela precisava pensar. Shepherd permitiu.
Alisando o cabelo para trás, ela pensou em abordar outro assunto. — Não consigo
entender. O que você quer de Thólos? Você é um rei com uma lista de ambições, mas
deixou suas terras descaírem. Você governa tudo sob o Domo, mas odeia seus súditos.
de suas palavras doer. — Aqueles que aderiram desde a violação são traidores que
— É verdade, mas a maior parte do terrorismo em Thólos foi perpetrado pelos seus
Engolindo em seco, Claire torceu as mãos, procurando por algo que pudesse usar.
Claire pensou que ela poderia perder a calma. — Eu não vou ter essa briga com
você.
conquistou pelas Ômegas. O que ocorre em Thólos define o caráter. Você é excepcional.
Isso estava longe de ser verdade. Envergonhada, Claire voltou os olhos para o chão
e confessou: — Maryanne lhe contou o que eu tive que fazer para convencê-la a me
ajudar?
— Eu não discuti essas coisas com a Sra. Cauley. O que foi feito está perdoado e sua
motivação compreendida.
— Eu a ameacei. — Admitiu Claire, certa de que ele devia ver como sua ocupação
preocupe. Você nunca teria cumprido a ameaça. Nós dois sabemos disso.
Mas ela ainda havia feito algo errado com sua amiga. — Eu odiei fazer isso,
Shepherd.
influenciar. Ele permaneceu pouco reativo, paciente, e Claire se perguntou por que ele
cultivada.
Lutando para não cerrar os dentes, Claire voltou ao assunto em questão. — Cheio
de pessoas prejudicadas? Como Shanice vai gostar do mundo que inspirou seu estupro?
— Se você não tivesse interferido, ela estaria segura, separada dos perigos de
Thólos e cuidada por seu companheiro - que teria fornecido tudo o que ela precisava.
Ela não iria bater em um cavalo morto. — Nesta utopia, onde está a justiça para o
consegue ver o que eu vejo. — Disse Claire, com olhos verdes arregalados e suplicantes.
— Menos de vinte mil homens foram libertados em uma cidade de milhões... uma
honradas - um povo que é facilmente corrompido. Eu nunca lhes disse para saquear,
— Você manipula todos nós com uma habilidade terrível, mas que pode ser
— Seria inútil em um lugar tão imoral e corrupto. Você não pode argumentar com
esse tipo de pessoa, pequena. Você não pode explicar ou educar. Eles estão
absolutamente conscientes do que fazem. Eles não se importam com você, sua bondade,
ou qualquer coisa além de seus próprios desejos insaciáveis. Afinal, o que você sabe
sobre o senador Kantor, o campeão do povo? Esse homem faria qualquer coisa pelo
poder, manipularia qualquer um por riqueza. Ele conhece segredos que, caso os
Lutando para não perder terreno ou se distrair, Claire rosnou: — Você está amargo
pensar que não sei onde ele está neste exato momento?
Shepherd. — Thólosens nunca se levantarão à custa de seu conforto cada vez menor.
Sabendo que a pergunta iria irritá-lo, Claire perguntou sem rodeios: — Meu
estreitaram-se em desaprovação.
Isso foi algo que inspirou esperança. — Então você está errado.
cabelos pretos que se parecem com você. Meus homens descobrem mais a cada dia.
A voz de Claire falhou, o pedaço de esperança que ela tinha desmoronou. — Você
está mentindo! — Mas ela já estava desmoronando, porque era muito crível.
inspirado e quão estúpida ela era por não reconhecer o que isso poderia levar, Claire
segurando-a com força para que ela não se machucasse ao revidar. Ela chorou o tempo
todo, lágrimas escorrendo enquanto chegava ao clímax, mesmo enquanto ele lhe
contava coisas doces e reconfortantes. Quando isso não funcionou, Shepherd proclamou
que não era culpa dela, que ela era boa, e até ele sabia que ela não poderia ter
suspeitado de tal resultado - ela estava livre de culpa, era pura, seus ideais eram
Nas vinte e quatro horas seguintes, Claire mal suportou sair do ninho. Shepherd a
deixou em paz, desde que ela comesse tudo o que ele trouxesse, incluindo fatias de
Quando Claire acordou no dia seguinte, Shepherd deu banho nela, vestiu-a e tirou
as algemas para que pudesse levá-la para ver o céu. No fundo, ela sabia que a auto
piedade não a levaria a lugar nenhum. Ela queria se recompor, voltar a forjar o
progresso, porque devia isso àquelas mulheres de cabelos negros assassinadas, mas
perder a fé era uma ladeira escorregadia e ela não tinha nada em que se agarrar.
Ele a carregou para o quarto com janela. Ele trancou a porta e mostrou a ela seu
último presente. O piano de sua mãe estava apoiado no papel de parede, seus
Não havia banco, apenas um banquinho que ele pegou, deixando-a em seu colo,
onde ela poderia franzir a testa ao ver as teclas arranhadas. Como eles ainda estavam
acorrentados, Shepherd seguiu onde os dedos dela flexionavam, seu corpo envolvendo-
a como um cobertor.
começou a tocar Bach exatamente como sua mãe lhe ensinara. Os pedais eram difíceis
de alcançar, pois o homem servia como seu assento – um homem com a mão sobre seu
ventre, que se movia conforme ela se movia, sem nunca atrapalhar. Eles eram uma
única criatura. Até o braço volumoso acorrentado ao dela seguiu suavemente; Shepherd
melodia: tristeza, vergonha, culpa. Mas à medida que a música continuava, à medida
Claire não era nenhuma virtuosa, seus dedos tocavam notas amargas, mas tocar lhe
dava prazer. Foi um prazer que ela permitiu, que sugou como se estivesse faminta por
isso. Os olhos molhados se abriram, mais lágrimas caíram. O som precioso, a sensação
Mas mesmo uma distração tão bela não poderia durar. — Eu nunca teria feito
Foi apenas um sussurro. — Thólos precisava saber. Eles precisavam ver. Mas eles
Shepherd respirou em seu ouvido. — Você não pode salvar Thólos, pequena.
murmurou: — Se eu não tivesse vindo, que tipo de vida você teria, Claire?
O que ela sempre imaginou. — Eu teria encontrado um marido, teria filhos,
pintado... não teria medo pelos meus amigos, lamentando mais pessoas do que consigo
me lembrar. Minha linda cidade não estaria em ruínas ou minha casa destruída.
Shepherd usou seu raciocínio contra ela. — As pessoas de quem você cuida estão
seguras por sua causa. Meus homens cuidam delas. Você ainda pinta. Você tem um
companheiro que cuidaria de qualquer necessidade que você expressasse a ele, desde
que isso não colocasse você em perigo - alguém que exige sua ajuda e paciência. Além
Lágrimas quentes caindo livremente, Claire olhou para onde uma pequena vida
seria extinta quando ela acabasse - uma pequena vida que crescia diariamente e se
tornava mais real, o que a afetava e aumentava sua dependência do Alfa ronronando
em seu ouvido.
Shepherd murmurou em seu ouvido: — Você amará nosso bebê e cantará para ele,
pintará quadros para ele... e ele terá cabelos escuros como os seus, e talvez seus olhos.
Ela nunca se permitiu imaginar a criança. Ao ouvir uma descrição tão tentadora,
Claire não conseguiu evitar que a imagem invadisse sua mente, odiando o homem que
sussurrava tão docemente pela crueldade do que estava fazendo para tornar seu filho
real.
A insistência invadiu a tentativa de Shepherd de falar gentilmente. — Você não tem
que lutar contra isso, Claire. Você poderia me perdoar, perdoar a si mesmo, e sua dor
acabaria. Você poderia fazer isso por seu filho, para que ele não precisasse sofrer com
em sua música. Gentilmente, Shepherd segurou suas mãos, evitando sua tentativa de
Ômega; beijou seu pescoço. — Eu sei que foi doloroso para você aceitar o que enfrentou
entre nós, o que você viveu em Thólos. Eu também sei que você entende meu propósito
até certo ponto, e embora possa não querer admitir isso, você vê o quão errado este
lugar é.
— Se você desejar.
descobriu que Shepherd não a impedia mais de atingir seu objetivo. Ela começou a
teclas, ela pensou em sua mãe, a mulher que ficou sentada ao seu lado por horas,
ensinando pacientemente a filha a única coisa pela qual ela sentia verdadeira alegria.
Era um ato de amor que Claire sempre quis, para compartilhar com seus próprios
Pensamentos sobre sua mãe morta levavam a pensamentos sobre seu pai morto –
ao cheiro de flores de laranjeira e à lembrança do sol quente. A risada de seu pai era o
Outro homem a lembrava vagamente do homem; Corday, com seu sorriso bobo de
para ele, ele levantou a saia de Claire e acariciou sua coxa. Era bom o jeito que Shepherd
tocava. Foi perfeitamente agradável quando a música se agitou e sua atenção relaxou
para alterar o ritmo no ritmo dos longos e quentes golpes do Alfa. Ele ficou mais
ousado, e a respiração dela ficou presa quando seus dedos grandes exploraram,
A maneira como ele conseguia brincar com o corpo dela, a facilidade com que
separava suas dobras, a simplicidade com que as pernas dela se abriam por vontade
própria para oferecer acesso para que ele pudesse agradá-la... às vezes parecia pura. —
E aquela voz, o calor das roucas masculinas, por que não poderia pertencer a outra
pessoa?
Um polegar hábil expôs seu clitóris, circulou-o enquanto ela miava e tropeçava mal
Claire choramingou, sua respiração ficou presa, e foi o nome do Alfa que ela ofegou.
— Shepherd.
A felicidade de seus dedos desapareceu, mas em seu lugar ele libertou seu membro
deliberada. Com o pau engolfado, o Alfa permaneceu imóvel, sem definir ritmo - ele
apenas gemeu em seu ouvido enquanto Claire instintivamente girava para seu próprio
prazer.
pequenos gritos abafados. Claire não sabia mais o que estava tocando ou se fazia algum
corpo familiar. O que quer que seus quadris fizessem, os dedos de Shepherd seguiram.
Embora sua respiração estivesse difícil e ele desejasse muito recuar naquela pequena e
som do gemido desesperado do Alfa, ela estremeceu e caiu com força, culminando tão
Shepherd seguiu o comando, encharcando seu interior com calor e seu perfume
favorito – algo que se tornou muito mais lindo do que o cheiro de flores de laranjeira.
Claire não chorou, pela primeira vez ela não se castigou; simplesmente sentou-se
no colo dele com o nó fundindo seus corpos, sentiu-o ainda jorrando nos minutos
remanescentes de sua própria liberação, e começou a tocar Bach novamente - porque ela
mesma tinha que sobreviver, ela tinha que sobreviver para dar a Corday sua chance,
sobreviveria se não pudesse aceitar o conforto oferecido por Shepherd quando ela
O Alfa rosnou, satisfeito com cada expiração. Aconchegando-se mais perto, ele a
Ele havia vencido; sua companheira estava permitindo que seu vínculo a
acalmasse.
-*-*-*-*-*-*-*-*-
— Dê-me o seu pé! — Gritou Maryanne, sacudindo uma pequena garrafa na mão
Recheadas de bolo - uma coisa enorme em camadas, da cor azul do ovo de pássaro
Shepherd... que mesmo depois do ataque brutal ainda poderia alimentar metade do
o para colocá-lo no colo da amiga. — Por que não estou surpresa que a cor que você
— Depois que eu saí, você alguma vez cedeu e namorou aquele cara, Seymour? Ele
Claire gemeu e revirou os olhos. — Deuses, não. Mandei meu pai afastá-lo quando
— Depois da academia?
espalhando a tinta carmesim com cuidado. — Isso é uma pena. Quero dizer, pense
nisso. Se apenas dormiu com Shepherd, você não tem nada com que comparar. Ele pode
ser horrível e você nunca saberia. Aposto que você gostaria de ter experimentado
antes...
Rindo tanto que doeu, Claire se esforçou para dizer: — Pare de antagonizá-lo!
— Isso é o que ele ganha por escutar conversas de garotas. Há razões pelas quais as
Maryanne soprava na ponta dos pés. — Que outras coisas interessantes você tem nos
bolsos?
Desatarraxando a tampa, Maryanne fez uma cara de artista criando uma obra-
prima. Claire se inclinou para frente, franziu as sobrancelhas e deixou que ela pintasse
— É a mesma cor que você está usando! — Claire bufou, arrancando o tubo das
mãos de Maryanne. — Eu já usei um batom assim, mas não tenho um lugar para usá-lo.
— O que você quer dizer com lugar para usar? Basta usá-lo. — Respondeu a amiga,
recostando-se na cadeira.
O sorriso suave de Claire foi gentilmente repreensivo. — Isso é fácil para você
dizer, Alfa. Se você chamar a atenção, sendo tão bonita como é, não precisa se
paranoico. É só batom. E eu acho que você não precisa mais se preocupar com isso.
Os olhos verdes ficaram tristes. — Não é isso que ouvi dizer que está acontecendo
lá fora...
Uma voz cheia de culpa confessou: — Mulheres que se parecem comigo... por
— Você contou a ela sobre isso? — Maryanne rosnou para o homem hostil que
Claire não conseguia ver a reação dele ao desabafo da amiga, mas sabia que não
poderia ser boa. Ela interrompeu: — Não sou criança, Maryanne. Perguntei e ele me
contou a verdade.
Maryanne tinha sua própria opinião dura sobre as coisas. — Nada disso foi culpa
sua, você sabe. Achei o panfleto muito corajoso, mas você tem que enfiar isso na sua
— As pessoas podem mudar. — Claire respirou, sabendo que tinha que ser
verdade.
Maryanne ergueu uma sobrancelha e fez uma afirmação dura. — Você acha que
comportamento dele em relação a ela havia mudado, era muito mais palatável, mas
tudo isso poderia facilmente ser resumido como uma estratégia insincera para ganhar
seu afeto. Afinal, ela tinha certeza de que não houve nenhuma mudança nele fora de
Quando sua pequena mão se estendeu e a fêmea segurou sua bochecha, Shepherd
permitiu, imóvel enquanto permanecia entre suas pernas abertas. Seus olhos prateados
Claire respirou fundo como se fosse falar, então hesitou, fazendo beicinho com seus
lábios vermelhos até que ele ronronou e as costas de seus dedos quentes acariciaram
sua barriga.
A questão era para ela mesma. — Será que Shepherd poderia mudar?
Estava tudo presente em sua expressão – o quanto ela desejava que ele pudesse
mudar. Quão duro ela tentou afetar algo nele. Sussurrando, com a voz tão suave quanto
as pontas dos dedos que tocavam a pele de sua bochecha, Claire perguntou: — Você
poderia mudar?
Uma mão grande e quente envolveu a dela, removendo suavemente o toque de seu
Respirando, saindo de seu transe, Claire deu um passo para trás enquanto o homem
colocava uma pequena tesoura em sua mão. — Eu dei permissão a ela para cortar seu
Do outro lado da sala, a mulher deixou escapar: — Quão difícil pode ser?
Claire sorriu, pensando na terrível tentativa de Maryanne dez anos antes. — Isso
foi o que você disse da última vez, e devo lembrá-la, aquela franja terrível levou mais de
Ela voltou para Maryanne e deixou a loira aparar seu cabelo, quase certa de que
com a qual Claire se importava era o COMscreen que Maryanne produziu; cheio de
fotos das Ômegas, e até uma de Corday, que sorria com seu sorriso de covinhas
enquanto falava com quem estava fora do quadro. No dedo mínimo da mão dele estava
Certificando-se de não olhar para ele por muito tempo, Claire largou o COMscreen
Maryanne sabia o que estava acontecendo, podia ver através das rachaduras na
Segurando o espelho, fazendo questão, ela rosnou assim que a Ômega virou a
Mover o espelho para a nova linha de visão de Claire produziu o mesmo resultado.
Ela fez. Claire olhou para um rosto odiado, com lábios carnudos pintados para
ficarem bonitos e cabelos pretos cortados para emoldurar seu rosto. Um rosto com olhos
verdes e pele pálida; um rosto que ela não conseguiu olhar durante a última semana
sem ver mulheres mortas que se pareciam com ela. Mulheres que ela matou.
Com uma voz que não aguentava mais a inflexão, Claire disse: — Você está certa. O
batom é vagabundo.
— Você não precisa fazer isso consigo mesmo, sua idiota. — Maryanne deu um
pequeno puxão no cabelo de Claire. — Não há nada de errado com essa mulher no
— Afaste-se dela, Sra. Cauley. Fique perto da porta e não se mova. — Não havia
fêmea Alfa viu a montanha se ajoelhar diante de sua companheira. Seu ronronar era
agressivo, suas mãos já acariciavam uma Ômega que parecia composta e paciente, mas
— Ela não fez nada de errado. — Explicou Claire. — Tudo está bem.
Shepherd falou naquela outra língua, alto o suficiente para que os Seguidores do
desapareceu. Assim que a porta foi trancada, Shepherd puxou Claire para se levantar e
Um grande espelho estava pendurado sobre a bela pia e, com um piscar de luzes, lá
para seu reflexo. — Então não vamos perder tempo, certo? Por que você só está olhando
melhor, Claire olhou diretamente para seu reflexo. — Meu estômago estava
embrulhado.
olhar.
Uma grande mão ergueu-se como se fosse agarrar-lhe o crânio. Em vez disso,
Shepherd arranhou seu cabelo, a coisa mais próxima de um animal de estimação que
Estou com raiva por não poder fazer nada por ninguém, porque tudo que tentei só
horrível que tive em mulheres que se parecem comigo. — Olhos suplicantes dispararam
para seu reflexo. — E estou frustrada porque não importa o que eu diga a você, a um
homem com quem estou ligado, isso não mudaria nada - mesmo se eu tivesse o poder
de redimi-lo - porque Thólos fez coisas horríveis quando as pessoas poderiam ter se
reunido e te derrubado.
— O preço que você está cobrando de si mesmo não cabe a você pagar. É de Thólos.
Ela estava ficando com raiva. — Eu sou Thólos, Shepherd. Nasci e cresci aqui.
— Você é uma Ômega, fisicamente pequena e fraca, mas incrivelmente inteligente. Dito
isto, por mais astuta que seja, você também é tola o suficiente para pensar que deve
carregar o fardo dos pecados dos outros... Essa é a sua verdadeira falha. O trauma
psicológico que está causando a si mesmo é imaturo e inútil. Não faz nada para mudar
redenção digno, é na sua própria paz que você precisa se concentrar agora. Auto
Com uma voz dura e assertiva, Shepherd rosnou: — Mas você não fez isso, e sabe
disso. Quarenta e três pessoas estão vivas porque você teve a coragem de me enfrentar.
Não era assim tão simples, não quando o mundo e a sua mente estavam num
constante estado de turbulência. Não quando ela estava apenas respirando para ganhar
tempo.
— Parece legal.
— E o vestido?
— É algo que eu nunca teria escolhido para mim em mil anos. Pareço a garota-
propaganda de uma dona de casa Ômega pré-peste - o que suponho ser adequado, já
— Você está tentando fazer piada? — Pela primeira vez o homem realmente
parecia inseguro.
-*-*-*-*-*-*-*-*-
Durante dias ela desperdiçou papel enquanto o Alfa olhava, observando-a pintar o
retrato prometido para ele. Claire estava começando a suspeitar que Shepherd estava
tentando deixá-la louca com a avaliação constante de seu trabalho. Mas havia um
método para sua loucura, até Claire entendia isso. Ele a estava forçando a olhar para si
mesma repetidamente, até que não fosse mais tão nauseante, até que fosse o rosto dela
Uma respiração profunda, do tipo que precedia algum grande discurso que o
bastardo iria fazer, passou pelos lábios de Shepherd. Os olhos de Claire se ergueram,
alertando enquanto ela rosnava: — Eu juro pelos deuses, Shepherd, se você disser
Destemido, ele ergueu uma sobrancelha e afirmou: — Quero que você se pinte
sorrindo mais.
Claire soltou uma torrente de obscenidades tão vulgares que o homem começou a rir.
Mãos manchadas de tinta enrolaram a foto, Claire jogando-a bem na cara dele. Então foi
contorno, pintando o mesmo sorriso maroto que exibia naquele momento. Quando a
forma básica foi desenhada, ela ergueu-a arrogantemente e observou-o estreitar os olhos
e avaliar.
Antes que ele pudesse falar, alguém bateu na porta e um homem cuja voz Claire
que ele estava ouvindo, o Alfa já estava de pé enquanto respondia na mesma moeda.
Uma estranha ansiedade revirou seu estômago, esta situação não tendo surgido
poderia ser perigoso para ele, para Thólos, para qualquer um.
O ronronar começou. Shepherd vestiu o casaco e foi até onde ela estava sentada,
alarmado e tenso. Acariciando a linha de sua mandíbula, ele explicou: — Não há nada.
Ele estava mentindo; o homem sempre sabia que horas eram sem a presença de um
Ignorando a acusação dela, ele estalou o pescoço e olhou para sua companheira
nosso acordo.
Ela lutou para manter uma expressão impassível enquanto Shepherd traçava seus
lábios com o polegar e lançava sobre ela um olhar líquido cheio de luxúria e expectativa
voraz. Ele mergulhou o polegar entre os lábios dela, rosnou ricamente como se estivesse
prestes a transar com ela, e a deixou sentada em uma pequena poça escorregadia.
Atordoada, Claire olhou para a porta se fechando. Ela sabia o que ele estava
cobrando, o que havia deixado entre eles durante semanas – para cumprir o acordo,
Sem saber se ele havia escolhido aquele momento como um meio de distraí-la de
sua preocupação, ou se era algum tipo de celebração de vitória para o que quer que ele
estivesse fazendo, ela se mexeu desconfortavelmente por ter sido deixada em tal estado.
Não era como se ela tivesse esquecido o que havia oferecido para que Lilian e os
outros fossem enterrados, mas ela tinha outras coisas muito mais urgentes nas quais
concentrar seus pensamentos. Além disso, a intimidade física com Shepherd ocorreu
inúmeras vezes. Ela sabia do que ele gostava, onde tocá-lo para provocar uma reação...
Muito.
Procurando por uma distração, Claire tomou banho e limpou a pintura, esperando
que ele voltasse a qualquer momento. Mas as horas se passaram e ela começou a ficar
Era uma insurreição? Corday; ele encontrou uma maneira de acabar com isso?
Claire estava à beira do pânico total quando a fechadura finalmente virou. O metal
arenoso gemeu e a porta se abriu para dentro. Ela parou de andar habitualmente,
imóvel no lugar em que fora largada depois que Jules a puxou da lança do lado de fora
da Cidadela e trouxe a coisa repugnante para Shepherd. Não houve nenhum corte
limpo onde o pescoço foi separado dos ombros; apenas um coto rompido de músculo e
homem que segurava a mesa com tanta força que os nós dos dedos ficaram brancos.
cruzados sobre o peito enquanto ele olhava para seu segundo em comando. — Você foi
contra minhas ordens e o matou enquanto ele ainda era útil para nós?
— Não…
Svana.
Ela tinha feito isso. Ela havia assassinado seu tio. Quem mais poderia se mover
furtivamente para escapar bem debaixo do nariz de Seguidores treinados? Quem mais
enfiaria a cabeça em uma lança fora da Cidadela, como se quisesse insultar não apenas
Shepherd, mas também a cidade que ela tentava destruir? Quem mais ganharia com
isso?
Era uma coisa delicada, atormentar uma população apenas o suficiente para mantê-
la na miséria; Shepherd teve cautela para não pressionar milhões além do ponto do
Foi isso que despertou a raiva de Shepherd, e não as acusações de Jules de que
mercenária.
Mesmo diante desse tipo de prova da traição de Svana, Shepherd não via um erro
imprudente — sim, Svana poderia ser difícil, mas ela não quebraria a hierarquia, não
quando pudesse ganhar o máximo com o sucesso de seu grande plano. Se ela tivesse
Shepherd apenas colocou a mão no ombro do amigo, tanto como conforto quanto
como aviso. — Não permita que esta complicação atrapalhe o seu pensamento. As
Jules engoliu em seco, com os lábios tensos. — Ela procura controlar a rebelião.
acredita for verdade, só seria benéfico para nossa causa ter Svana no comando das
forças inimigas.
Havia alguma verdade pungente nas palavras de seu líder. Se a mulher em questão
fosse outra pessoa que não Svana, Jules poderia até ter concordado. O Beta não
permitiria que ela despertasse animosidade, tendo visto anos de suas manipulações e
rancor. Ele não lhe daria esse prazer; o melhor caminho era seguir ordens. —
Entendido.
Sozinho, por uma hora, Jules ficou agachado, com os olhos na altura da cabeça
catarata. Entre as pálpebras meio caídas, as retinas incompatíveis na direção para a qual
apontavam e a boca aberta, o Alfa finalmente parecia tão monstruoso por fora quanto
— E eu vi você ser elogiado e adorado por uma década. Eu vi você mentir e poluir,
e esperei minha hora para que você pudesse conhecer o verdadeiro sofrimento. — A
fúria crua percorreu o silvo de Jules. — Sua morte foi minha, e farei com que ela pague
Fim
Para quem chegou até aqui, o nosso muiiiito obrigado.
Esperamos que tenha gostado pois foi feito especialmente para você!