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↬ Tradução: Alice Catherine

↬ Revisão Inicial: Patrícia


↬ Revisão Final: Ana Cláudia
↬ Leitura: Aninha
↬ Conferência: Emma e Lorel
↬ Formatação: Lorel West
AVISO
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Nós definimos as regras...
Bem, eu defini as regras…
ele concordou.
Saí antes que pudéssemos quebrá-las, ou então pensei que tinha feito...
Ella Connolly está ansiosa para começar uma nova aventura em sua vida.
Após deixar sua fase de garota festeira e as manchetes dos tabloides para
trás, ela se tornou uma empresária responsável e bem-sucedida. Ao se
mudar para Manhattan, ela está determinada a realizar o sonho de que sua
boutique torne-se uma marca de varejo internacional.
Enquanto está nos Estados Unidos, seu irmão superprotetor insiste que ela
tenha um segurança particular em tempo integral. Isso complica os planos
de Ella em mais de uma maneira.
A vida de Alex Robertsen está em ruínas. Depois de perder a mulher que
ama para seu irmão, ele tem feito uma dieta regular de bebidas e mulheres
fáceis em um esforço para ficar entorpecido. As coisas precisavam mudar.
Mudanças são boas.
Bom, isto é, até que Alex se encontre em um impasse familiar.
Ele é obrigado por um juramento profissional a proteger Ella a todo custo.
Ele jurou não permitir que distrações, mesmo as mais rudes e bonitas, o
impedissem de alcançar seus objetivos.
Mas os velhos hábitos são difíceis de superar...

Quebramos as regras...
Mais de uma vez...
Nós fomos obrigados... e concordamos que valia o risco.
Ele saiu antes que isso nos destruísse... ou assim pensamos.
Para minha garota, Jennifer Smith Vaughn, há muito tempo você me fez
uma pergunta muito importante.

A resposta foi sim, tive coragem de sair da costa.

Obrigada pelo incentivo e apoio para tentar novas aventuras.


“Seja corajoso e destemido. Saiba que mesmo se você tomar uma decisão
errada, você a está tomando por um bom motivo.”

– Adele
Prólogo
Alex
Ano – Confidencial

Localização - Também Confidencial

Missão Final para Elite Eight - Unidade Secreta de Inteligência Americana e


Contraterrorismo.

Comandante oficial, Tenente Alex Robertsen.

O SANGUE estava por toda parte e eu o senti escorrendo em minha boca


enquanto deitava de bruços no chão de concreto frio. A pouco mais de meio
metro de mim, um homem jazia com a garganta cortada e dois buracos no peito.
Sem dúvida, esse feito foi trabalho de Rebecca. O filho da puta provavelmente
falou sobre seus atributos femininos.

— Horton, volte, volte!

Meus ouvidos registraram o som da voz de Sully ecoando pelo tiroteio.

— Estão se aproximando por trás de você, Sully! Cuidado!

Os tiros continuaram a ser disparados por fuzis automáticos, segundo


minha contagem, duas pessoas atiravam enquanto os outros recarregavam suas
armas. Bom, graças a Deus, porra. Parece que estamos todos vivos.

— Rebecca, nos dê cobertura!

Rolei para o lado, tirando minha bandana do bolso e limpei o sangue do


rosto. Os pelos dos meus braços se arrepiaram ao som de uma tempestade de
granizo e flashes. As vibrações da explosão ressoavam em meus ouvidos como
metal se arrastando pelo vidro. Erguendo minha cabeça, meus olhos foram para
o teto e para as paredes, uma luz fraca entrou pela janela presente na parede
oeste. Poeira e detritos turvaram minha visão, mas eu podia ver o contorno de
três figuras em vários pontos ao longo do armazém. Sully, Horton e Rebecca
foram contabilizados. Onde estava Sasha?

— Zero, aqui é a equipe Delta, está me ouvindo? — A mensagem soou


alta e clara em meu fone de ouvido.

Além de pontadas de dor no braço e no peito, eu me sentia bem,


provavelmente apenas uma ou duas costelas quebradas. Eu já havia levado um
tiro antes, mas não havia nenhum sinal físico de trauma. Eu relaxei e lá estava,
uma dor ardente. Senti meu ombro e com certeza minha camisa estava
encharcada de sangue. Merda! Eu tinha sido cortado, mas definitivamente não
fui baleado. Não sei como fiz, mas consegui usar minha bandana como curativo
improvisado.

Ainda sem resposta de Zero. Rebecca, chefe de comunicação da Elite


Eight e agente de campo, tentou mais três vezes obter o comando na linha.
Com os olhos semicerrados, identifiquei três grandes barris à minha frente e à
minha esquerda. Ciente das balas zunindo acima, consegui ficar abaixado e me
agachar atrás deles.

Segundos depois, o vidro estourou e se espatifou. A explosão me jogou


para trás cerca de um metro contra uma barra de ferro. Pedaços de destroços
caíram do teto, e eu escapei por pouco de ser atingido por um maldito dois por
quatro1. Eu o sacudi e, em seguida, tirei minha arma do colete. O gesso caiu,
dando lugar a fios elétricos que emitiam faíscas cada vez que atingiam o solo. A
fumaça negra ondulou lá fora, dançando com uma bola de fogo furiosa. Bando
de terroristas desgraçados.

1 expressão utilizada para referir -se a algo grande


— Estão todos bem? — Horton gritou.

Aproveitei essa oportunidade para informá-los que eu estava vivo.

— Robo, aqui. — Eu gritei de volta. Meus olhos totalmente focados mais


uma vez, me permitiram examinar o ambiente.

— É bom ver que você está acordada, Bela Adormecida! Nós sentimos
saudades de você.

— Foda-se, Sully! Estou comovido com sua preocupação. Você está bem?

— Sim, só mais um dia no paraíso. — Gritou ele, antes de disparar quatro


tiros.

— Uau! Acabem com esses filhos da puta!

Estiquei o pescoço e, na luz empoeirada, a não mais de um metro e meio


de distância, estava Sasha Bloom, Analista de Inteligência da Elite Eight. Sem
me preocupar com minha própria vida ou com a dor em meu peito, corri para
ela. Um líquido escuro escorria pelo chão em um riacho, e foi então que vi o
metal afiado alojado em sua perna. Meu coração desmoronou, como se
houvesse um martelo em meu peito. Eu sabia que isso não era bom. Rasguei a
parte inferior da perna direita da calça e fiz um torniquete e usei o pano restante
para aplicar pressão no ferimento. Ajoelhando-me ao seu lado, segurei sua mão.

— Sasha, ei, baby. Consegue me ouvir?

— Alex. — Ela sussurrou com dificuldade. — Minha perna dói e a outra


está fria agora.

Eu ri. — Desculpe por isso, mas eu precisava.

Apontei para meu ferimento para manter sua mente longe de sua própria
dor.

— Está tudo bem, mas pensei que caras durões como você não se
machucassem.
— Oh, isso é apenas um arranhão, baby. — Brinquei, e tive uma visão
mais clara de seu ferimento. Estava jorrando sangue, o metal cortado atingiu
sua artéria femoral. Porra! Se não sairmos daqui logo, ela morreria no chão deste
armazém sujo. E eu não podia permitir que isso acontecesse. Eu a amava muito.
Além disso, tínhamos planos para depois desta missão, um encontro no bar da
cobertura do The Hilton Molino Stucky. Sua escolha. Ela chamou Veneza de o
lugar mais romântico do mundo. A vista da lagoa do terraço era algo que Sasha
adorava, e ela me contou sobre isso em mais de uma ocasião.

— Rebecca! — Gritei, por cima do ombro. — Ponha o comando na linha!


Diga a eles que Bloom está ferida e precisamos de um plano de extração, agora!

— Fogo, fogo, fogo.

A janela acima de nós quebrou. Instintivamente, cobri o corpo de Sasha


com o meu. Eu não iria deixar isso acabar assim.

Não aqui.

Não agora.

Nunca.

— Tudo bem. — Sua respiração estava superficial e ela engoliu em seco


algumas vezes antes de falar novamente. — Eu amo você. — Sua cabeça
pendeu de um lado para o outro, enquanto seus olhos rolavam para trás. Eu
segurei seu rosto em minhas mãos.

— Olhe para mim, Sasha. Fique comigo. — Eu implorei. Minha garganta


estava seca e apertada. — Você vai ficar bem. Eu vou tirar você daqui.

— Está tudo bem, Alex. — Suas palavras saíram suaves e reconfortantes.


Como se fosse eu quem estivesse mortalmente ferido e ela me consolando. Seu
pulso estava fraco e eu sabia que o sangue que saía de seu nariz era um mau
sinal, ela estava com hemorragia interna. Eu estava perdendo-a. Porra!
— Baby, por favor, não me deixe. — Implorei, ciente do desespero em
minha voz. — Confie em mim. Eu vou nos tirar daqui. — Uma explosão abalou
o prédio, fazendo com que mais vidro e metal caíssem do teto. Eu segurei Sasha
em meus braços, protegendo nós dois dos destroços que caíam. Não sei quanto
tempo ficamos assim, mas ouvi disparos de metralhadora seguido de outra
explosão. Através da névoa densa, o helicóptero apareceu.

— Baby, a cavalaria está aqui. — Eu disse aliviado, olhando para Sasha.


Seus olhos estavam vidrados, úmidos de lágrimas que nunca vieram. — Sasha,
não... não. — Eu sussurrei, puxando-a para mais perto e enterrando meu rosto
em seu cabelo. O entorpecimento se estabeleceu ao meu redor. Eu falhei com
ela e era minha culpa ela estar morta.
1
Alex
Oito anos depois
Que diabos eu estava fazendo? Sentar-me em um bar e tomar meu quarto
uísque com soda certamente não era o que eu deveria fazer. Eu deveria ter
ficado naquela praia, sozinho. Este lugar estava infestado por Millenials demais
para o meu gosto. Ouvir a garota ao meu lado empolgada ao falar sobre política
na Grécia para fazer testes em animais na indústria de cosméticos, em seguida,
iniciar um debate sobre se sua chapinha estava causando o aquecimento global
ou não, estava fazendo meus ouvidos sangrarem. Tenho certeza de que acabei
de esbarrar com "a garota com quem você gostaria de nunca ter começado uma
conversa em uma festa" daquelas enquetes do Saturday Night Live.

Parte de mim queria entrar na conversa e debater todas as suas teorias


insanas, a outra parte queria levá-la ao banheiro e enfiar meu pau em sua boca
para calá-la. Ou talvez enfie sua calcinha na boca, enquanto eu a fodo de todas
as maneiras possíveis. Depois de tomar o último gole da minha bebida, olho
meu telefone para a foto do meu irmão, sua namorada e sua nova filhinha,
Leandra Evelynn Parsons Everett. Uma grande e bela família e em certo
momento pensei que poderia ser a minha. Eu não precisava de outro maldito
motivo para ter essa data permanentemente gravada em meu cérebro. Agora eu
tinha dois: o aniversário de uma morte e o aniversário de um nascimento.
Ambos vinculados à minha própria vida com um grande significado. Lembretes
do que eu já tive e perdi. Claro, fiquei emocionado por Vince e Amanda no
nascimento de seu bebê, mas aquele bebê poderia ter sido meu.

Foda-se, preciso de outra bebida.


Foder e beber para afastar a dor, era isso que minha vida tinha se tornado
nos últimos meses. A dor nunca ia embora, pelo menos não completamente.
Não era a bebida que eu precisava, não, era a sensação entorpecente que o álcool
proporciona. A dormência era como uma amiga há muito perdida e eu a recebi
de braços abertos. Batendo no meu copo vazio, o barman me serviu outro e o
deslizou na minha frente. Eu já estive nessa estrada antes. As coisas não estavam
de todo ruim, desta vez. Por outro lado, eu estava transando regularmente. Eu
gostei do boquete da garota do casaco no restaurante ontem à noite. Se ela foder
tão bem quanto chupa pau, eu deveria assumir a responsabilidade de encontrá-
la. Não importa quantas mulheres esquentam minha cama, ou o número de
uísques ou cervejas que eu consumisse todas as noites, eu ainda sofria na manhã
seguinte. Uma combinação de culpa e remorso, mas principalmente os efeitos
físicos do álcool e a destruição que causou em meu corpo. Eu precisava de uma
atividade noturna melhor, uma que não me fizesse sentir como se tivesse sido
atingido por um tanque. A garota tola me deu um pequeno sorriso me olhando
de cima a baixo, enquanto eu ficava encostado no bar. Por uma fração de
segundo, pensei em levá-la para minha suíte de hotel, mas então ela se virou
para a amiga e abriu a boca novamente e isso foi o suficiente para me mandar,
juntamente com meu pau e minhas orelhas para nosso caminho alegre. Eu virei
minha bebida de uma vez, e sinalizei para a conta. Enquanto eu colocava minha
segunda nota de cinquenta da noite no balcão, o barman disse que traria meu
troco.

— Fique com ele! — Gritei para ele.

— Obrigado, cara. — Ele jogou por cima do ombro. — Volte a qualquer


hora.

Assentindo, coloquei o maço de dinheiro de volta no bolso da jaqueta e


me dirigi para a porta. O segurança perguntou se eu precisava de um táxi, eu
disse a ele que meu hotel ficava a apenas alguns quarteirões de distância.
— Tenha uma boa noite. — Disse ele depois de dar uma longa tragada no
cigarro.

Um barman amigável, um segurança atencioso - definitivamente não era a


Manhattan de anos atrás. Onde estavam todos os nova-iorquinos do tipo "Ei,
estou andando aqui"? Quatro dias na cidade e eu ainda não tinha sido abordado
por um homem vendendo relógios Rolex falsos ou alguém sendo xingado por
um motorista de táxi. Irritado ou amigável, eu tomaria Manhattan de qualquer
forma, a qualquer dia.

Enquanto eu caminhava mais rápido, tentando acompanhar o ritmo de


outros pedestres, o cheiro de borracha queimada e de vários temperos de
comida dos carrinhos chicoteavam ao meu redor. Nada cheirava tão mal, nem
mesmo em Detroit, ok, talvez Detroit, mas definitivamente não em Grand
Rapids.

— Aí está você! Estive te procurando a noite toda.

Eu estiquei meu pescoço para me encontrar cara a cara com uma loira de
pernas compridas como se fosse modelo. Quando digo pernas compridas,
quero dizer que ela era só pernas porque seu vestido estava a uns bons 20
centímetros do topo dos joelhos e ela tinha pelo menos um metro e setenta. E
como eu era um homem de sangue vermelho2, pensei sobre o quanto adoraria
ter essas pernas emaranhadas ao redor do meu corpo. Droga, ela era
incrivelmente bonita e seu leve perfume floral fazendo-se presente em torno de
mim mascarando o desagradável odor que tomava conta das ruas. Seu cabelo
loiro dourado, perfeitamente sedoso, caía até a cintura. Então meus olhos se
moveram para seus lábios - vermelho cereja. O tipo de vermelho que sugeria
que ela era um pouco durona por baixo daquele vestido rosa feminino, e

2
expressão utilizada para descrever alguém que possui muita confiança e energia sexual, ou
seja, sex appeal.
provavelmente não se importaria de borrar o batom. Ou talvez esse fosse isso
que o meu cérebro gostaria de acreditar.

Ela puxou minha jaqueta e sussurrou: — Jogue junto, ok? — Seus olhos
mudaram para a esquerda e eu segui seu olhar. Foi quando vi um cara que
parecia que ia vomitar a qualquer momento encostado em uma porta de madeira
verde pesada.

— Seu amigo está bem?

— Ele não é meu amigo.

— Ele parece um zumbi.

— Você vai me ajudar a colocá-lo em um táxi?

Eu a estudei, fixei meu olhar naquele beicinho sexy, e aqueles longos cílios
tremulando inocentemente ao redor de seus olhos azuis penetrantes. Ela sorriu
para mim e eu sabia que era um caso perdido.

— Também senti sua falta a noite toda, baby. — Passei meu braço em volta
dos ombros dela e puxei-a para perto enquanto caminhávamos em direção ao
cara que não era seu amigo.

— Obrigada. — Ela sussurrou. Depois de colocarmos o menino zumbi


em um táxi, minha nova amiga loira me puxou para o bar ao lado.

— Eu preciso de uma bebida bem forte depois dessa experiência horrível.

— Bem, se vou te pagar uma bebida, preciso saber por quê?

Ela riu balançando a cabeça. — Eu o conheci há alguns dias, e ele parecia


incrivelmente legal, mas foi um encontro terrível. Ele voltou do banheiro com
pó branco sob o nariz e bebeu dois gins com tônica em menos de vinte minutos.
Quando ele caiu da cadeira, eu sabia que era hora de ir.
— Lamento ouvir isso. As drogas e a bebida devem ter causado algum
efeito nele. O que vai beber? — Eu perguntei me esquivando da multidão como
Frogger, tentando encontrar um espaço desocupado no bar.

— Obrigada. Vou mandar uma mensagem para ele mais tarde para ter
certeza de que chegou em casa com segurança. Vodka e refrigerante, mas
primeiro preciso verificar as marcas. Preciso ter certeza de que eles têm os que
gosto. — Eu revirei os olhos. Aqui vamos nós, exatamente o que eu precisava,
outra garota cheia de frescuras. Que porra de sorte a minha.

Ela riu. — Eu vi isso. Não é o que você pensa. Não estou sendo
pretensiosa; tenho problemas com glúten. Sem trigo para mim.

— Oh. — Meus ombros ficaram tensos. — Desculpe.

Não devia tê-la julgado tão rápido, conhecendo meus próprios padrões.
Este lugar não tinha exatamente alguma das minhas marcas preferidas de
uísque. Certamente estava muito longe do conforto do Skyline Club.

Apontando para a garrafa de Cîroc, ela encolheu os ombros. — Não é tão


horrível, apenas irritante às vezes.

Sorri para ela e acenei para o barman: — Scotch e refrigerante para mim,
e para a senhora, vodka Cîroc com refrigerante, com um toque de limão. Ela
tem alergia ao glúten. Eu sugiro que você tome as devidas precauções.

— Você é bastante assertivo.

Dei de ombros. — Adquiri com o trabalho.

— Oh. — Ela disse casualmente. Meus olhos viajaram por suas pernas
mais uma vez, enquanto esperava que ela fizesse a pergunta, mas ela nunca veio.

— Você não vai me perguntar sobre meu trabalho? — Eu respondi


entregando a ela o copo que eu esperava que contivesse a vodka correta. Eu
não queria que ela ficasse doente.
Ela se moveu pelo bar lotado com facilidade, gritando por cima do ombro:
— Não, eu nem quero saber o seu nome.

Perplexo com sua resposta, senti a necessidade de indagar mais. — E por


que não?

Encontramos uma mesa que estava ligeiramente limpa, apenas alguns


anéis de água e um copo sujo. Sendo um cavalheiro, puxei uma cadeira para ela
e me sentei à sua esquerda.

Tomando um gole de sua bebida, ela respondeu: — Eu não quero ser eu


mesma esta noite. Você nunca quis ser outra pessoa, mesmo que apenas por
uma noite?

Essa garota. Quem era ela? O fato de que ela queria esconder sua verdadeira
identidade me deu uma porra de uma ereção. Como um estranho pervertido,
fiquei estranhamente fascinado pela oportunidade de interpretar papéis. O
canudo vermelho passou entre aqueles lábios deliciosos, e me perguntei se ela
gostava de jogos ou se ela realmente estava escondendo algo. Porra. Eu poderia
estar sentado ao lado de uma serial killer. Essa bela jovem poderia ter
envenenado o menino zumbi e eu apenas a ajudei a se livrar do corpo.

Deixando a teoria do serial killer de lado, eu entendi do que ela estava


falando. Hoje, de todos os dias, eu queria ser outra pessoa. A memória da morte
de Sasha estava martelando em minha mente. E recentemente, meu caso com
Amanda havia deixado minha vida em completa desordem. Quando ela decidiu
ficar com Vince, e eu descobri que a menina que ela estava carregando não era
minha, comecei a me desvencilhar. Meu negócio estava desmoronando tão
rápido quanto meu relacionamento com meu irmão. Incapaz de me concentrar
em meus clientes e seus casos, tive que me afastar da toxicidade que se infiltrava
em minha vida para que pudesse me concentrar e seguir em frente. Vir para
New York foi o recomeço de que eu precisava. No momento, escapar da
realidade parecia ótimo pra caralho.
— Eu acho que posso aderir a sua ideia. Se é assim que você quer jogar
esta noite. — Eu sorri, antes de tomar um gole.

— É exatamente assim que eu quero jogar. Esta noite nada de nomes reais,
empregos ou qualquer coisa remotamente próxima à nossa existência genuína.

Eu balancei a cabeça concordando e minha nova amiga loira ergueu sua


bebida, oferecendo um brinde à nossa saída momentânea da realidade. As
palavras soavam como algo que você diria antes de desmaiar de tão bêbado ou
morrer tomando ácido. De baixo para cima.

— Diga-me como você vê esse cenário se desenrolando? — ela perguntou,


lambendo um pouco de suco de limão de seu dedo.

O que eu queria dizer era: "Se minhas chances forem boas, terei você na minha
suíte de hotel com suas pernas enroladas em volta de mim, levando você ao seu terceiro ou
quarto orgasmo." Mas, ao em vez disso, eu disse: — Com alguma sorte, vejo nós
dois nos divertindo, ficando bêbados até cair.

Com uma piscadela, ela respondeu: — No momento em que te vi, soube


que você era uma boa pessoa.

Três drinks e duas doses depois, o bar estava quase vazio e tudo que eu
descobri sobre ela é que seu nome não é Kate, ela não é membro da família real
britânica e ela não fez faculdade de História da Arte. O que aprendi sobre sua
verdadeira identidade é que ela é alérgica a glúten, amava tomar tequila, tinha
uma risada contagiante e, por mais que tentasse esconder, quanto mais bebia,
mais evidente seu sotaque inglês se tornava. Suas palavras eram suaves, como
se estivessem cobertas por um cobertor de plumas.

— Ameaça e risco... Acesso... Avaliação. — Suas palavras saíram um pouco


quebradas, arrastando levemente no final. — Você avaliou as ameaças desta
noite, não William?
Optamos que meu nome falso fosse William esta noite. Ela achou que
seria “terrivelmente hilário” ver como as pessoas reagiriam quando nos
apresentássemos como Will e Kate. Mal sabia ela que William era meu nome
do meio.

Sorrindo, eu respondi: — Avaliação dos risos. Sim, e observei que você


precisa muito de uma garrafa de água.

Inclinando-se sobre o copo, seus olhos brilharam. — Você pode


perguntar a eles se eles têm água com gás, por favor? A propósito, a água da
torneira daqui é terrivelmente horrível.

Eu balancei a cabeça e me dirigi para o bar, voltando com uma garrafa de


Perrier e um canudo. Mais uma vez, vi seus lábios pecaminosamente doces
envolverem o canudo e cada gota de sangue do meu corpo foi direto para meu
pau. Nunca em toda a minha vida eu quis foder alguém tanto quanto queria
foder com ela.

— Vem, vamos sair daqui. — Disse ela deslizando da cadeira.

— Para onde estamos indo? — Eu perguntei, colocando minha mão na


parte inferior de suas costas e levando-a para fora.

— Você ficou olhando para mim a noite toda como se estivesse tirando
minha roupa mentalmente.

Eu ri. — Não sabia que era tão transparente.

— Está tudo bem. Acho que gostaria muito de uma trepada com você.

Quando saímos, seus dentes começaram a bater. Tirei minha jaqueta e


coloquei sobre seus ombros. Em momentos como este, gostaria de ter acesso a
um carro. Eu deveria trabalhar nisso, eventualmente.

— Você deveria esperar lá dentro enquanto eu chamo um táxi.

— Não. — Ela balançou a cabeça em protesto, enlaçando seu braço com


o meu. — Eu quero esperar com você.
— Meu hotel ou o seu?

— Seu.

Seis quarteirões depois, chegamos ao The York Hotel. Eu reservei uma


das suítes de hóspedes, em um andar privativo com varanda, para a semana. O
lugar serviria enquanto minha casa nos Hampton estivesse em reforma. Eu
compraria um lugar aqui na cidade, em breve, de preferência algo com espaço
para escritório caso precisasse trabalhar até tarde. Amanhã, tenho alguns locais
para visitar, após a reunião com o meu novo cliente.

Abri a porta do lugar que eu estava chamando de casa nos últimos quatro
dias, e "Kate" escorregou para dentro do recinto jogando sua bolsa em uma
cadeira na sala de estar.

— Você quer outra bebida? — Perguntei apontando para o bar.

Ela tirou minha jaqueta jogando-a sobre a bancada. — Não, onde é o


banheiro?

— Primeira porta à esquerda.

Ela não olhou para trás enquanto se afastava, eu observei cada um de seus
passos pelo corredor em direção à suíte master. Acendi algumas luzes, li meus
e-mails pelo celular e peguei uma garrafa de água com gás na geladeira. Quando
me virei, ela estava parada usando uma das minhas camisas sociais e quase
tropecei em meus próprios pés. Foi a coisa mais sexy que eu já vi em toda a
minha vida.

— Beije-me. — Ela sussurrou.

Dei um passo para mais perto dela, minhas mãos alcançaram os dois lados
de seu rosto. Seus olhos azuis encontraram os meus. Estudei seus lábios
vermelhos por um momento. Seus dentes roçaram seu lábio inferior em
antecipação. Eu ansiava beijá-la. Eu não sabia o que estava esperando. Meus
lábios traçaram o contorno dos dela. Suas mãos se moveram por baixo da minha
camiseta, e as pontas dos dedos roçaram meu abdômen. Como se esse fosse o
sinal de que eu precisava, pressionei meus lábios contra os dela. No começo foi
sensível e ela derreteu contra o meu corpo. Sua boca se abriu e minha língua
deslizou para dentro da dela lentamente. Suas mãos subiam e desciam de
maneira suave pelas minhas costas, então os beijos começaram a ficar mais
rápidos e intensos. Querendo mais dela, eu a puxei para mais perto,
aprofundando o beijo. Não demorou muito até nossos lábios se separarem, eu
estava ofegante e ela também.

— Beije... beije-me novamente. — Suas palavras saíram ofegantes.

Ela não precisou pedir duas vezes e eu fiz exatamente o que estava
almejando a noite toda, peguei-a no colo e suas pernas sensuais como o inferno
travaram em volta da minha cintura. Foda-se, sim.

Minhas mãos em sua bunda, sua língua deslizando contra a minha, suas
mãos em meu cabelo - foi um milagre eu ser capaz de nos levar para a cama.
Eu queria desesperadamente perguntar o nome dela, mas concordei com suas
regras para a noite.

As regras.

— Você pode me fazer um favor? — Eu perguntei, colocando-a na cama.

— E o que seria?

— Você não pode gritar o nome “William” enquanto eu lhe dou o


orgasmo mais devastador que você já teve.

— Claro. — Ela riu. — Tudo bem se eu apenas gritar Deus?

— Para esta noite, vou seguir suas regras, mas amanhã de manhã talvez eu
precise saber seu nome. Tenho a sensação de que você definitivamente vai
querer saber o meu.

— Veremos. — Brincou ela, puxando-me para mais perto selando nossos


lábios outra vez.
Eu sorri. — Confie em mim, querida. Você pode gritar por Deus uma ou
duas vezes essa noite, mas com certeza vai querer separar essas memórias
daquelas associadas a mim.
2
Alex
Acordei por volta das quatro da manhã e “Kate” não estava mais ao meu
lado. Minhas mãos alcançaram onde ela esteve apenas para descobrir que os
lençóis estavam completamente frios.

— Ughh. — Eu suspirei esfregando meus olhos, trazendo mais foco na


escuridão. Não havia sinal dela em lugar nenhum, exceto no travesseiro e
lençóis amassados da cama. Seu cheiro permaneceu e eu respirei fundo, me
enchendo de baunilha e laranja doce. Como convencer a camareira a nunca
lavar esta fronha?

Eu verifiquei o banheiro, a sala de estar e com certeza a bolsa dela tinha


sumido. Minha camisa, a que ela estava usando, foi jogada em uma cadeira.
Cheirava como ela, era malditamente viciante. A limpeza pode ficar com a
fronha, mas não com minha camisa.

Eu deveria ter verificado sua bolsa e ter olhado sua carteira de motorista
ou um cartão de crédito, afim de saber mais sobre ela. Ok, isso parece um pouco
assustador. Minhas pernas cansadas mal me levaram de volta para a cama. Eu
nunca deveria ter concordado com seu jogo bobo. Mas se eu não tivesse, teria
perdido o sexo mais incrível da minha vida. Estou parecendo uma maldita garotinha.

Com um gemido, virei-me de lado e tentei voltar a dormir. Murmurei em


meu travesseiro: — Estou fodido.

***

Depois de um banho quente, café da manhã e uma leitura rápida do jornal,


eu estava pronto para começar um novo dia. Mais uma vez meus olhos se
voltaram para a cama desarrumada. Imagens de uma loira nua giraram em
minha mente. Eu daria qualquer coisa para vê-la novamente. Eu daria qualquer
coisa para estar dentro dela novamente.

Por que ela foi embora? Não foi por causa do sexo, porque foi fenomenal.
Ela iniciou as duas últimas vezes. Sorrindo com confiança, endireitei minha
gravata no espelho.

Peguei minha carteira e as chaves e caminhei pelo corredor em direção à


porta, mas não sem olhar para trás para a cama pela milionésima vez. Abrindo
a porta, pendurei a placa “Não perturbe” na maçaneta. Eu pediria toalhas limpas
quando voltasse da minha reunião. Mesmo com minha camisa, eu queria ter
mais uma noite com aquele cheiro inebriante na cama comigo.

No momento em que meu terceiro compromisso do dia chegou, cada loira


alta por quem eu passava fazia minha frequência cardíaca aumentar um pouco
mais, na esperança de que fosse ela.

Foco era necessário agora. Novo cliente. Novo emprego.

Estudei o nome na pasta: Ella Connolly. Algumas semanas atrás, recebi


um telefonema de Dean Winters, chefe da segurança do ator Ronan Connolly.
Em uma história de como o mundo era pequeno, Liam Frost deu meu nome a
Ronan. Aparentemente, eles eram velhos amigos e Dean perguntou se eu estaria
interessado em cuidar de Ella enquanto ela estivesse na cidade. Liam era casado
com Ashleigh, a mesma Ashleigh que por acaso era a melhor amiga de Emily
Greene, e Emily conhecia meu amigo Ethan Carlson. Foram seis graus de
separação.

Abrindo a pasta, meus olhos examinaram os detalhes. Eu mal me lembrava


de ter lido qualquer uma dessas informações, mas, novamente, eu coloquei isso
em uma gaveta e não puxei de novo até esta manhã. Isso pode ter algo a ver.

Nenhuma foto atualizada. O básico me dizia que Ella tinha 27 anos, era
dona de uma butique de roupas e estava querendo expandir-se aqui e esse foi o
motivo de sua visita. Dean mencionou que ela foi reconhecida pelos paparazzi
do Reino Unido na ocasião. Houve um tempo em que isso era um problema,
mas parecia ter esfriado no ano passado. Eu não trabalhava na equipe de
segurança pessoal por um tempo. Há muito tempo, na verdade, mas eu era um
profissional. Sempre fui um protetor. Era para isso que eu fui treinado, desde
cuidar dos caras do meu time até ficar de olho na minha irmã mais nova, Amy.
A verificação de antecedentes era uma rotina regular no que dizia respeito a sua
vida amorosa. Felizmente, eu nunca tive que ferir gravemente nenhum de seus
pretendentes. Assumir esse papel foi tão fácil quanto andar de bicicleta.

Nos últimos anos, minha empresa, Robertsen Security, lidou


exclusivamente com clientes privados. Trabalhar para a empresa do meu irmão
e com as autoridades locais e estaduais era um bom disfarce. Na verdade, minha
empresa fornecia operações especiais avançadas, serviços que ninguém mais
poderia ou faria. Minha equipe era boa. Levamos nosso trabalho muito a sério,
um passo errado, qualquer erro de cálculo e pessoas poderiam morrer. Sem
erros permitidos. Foi para isso que treinei meus rapazes e fui considerado pelos
mesmos padrões elevados. Meu sistema era simples: avalie cada situação com
um olho aguçado e uma consciência mental aguçada. Se a situação se tornar
intensa, remova a ameaça pela força física. Cada um dos meus homens foi
ensinado a estudar a probabilidade, o impacto e o efeito de todos os riscos
conhecidos no projeto. O “projeto” é uma pessoa, uma vida humana - uma vida
que eles estariam inseparavelmente conectados e que teriam a confiança de
proteger a todo custo.

Verificando meu telefone novamente, procurei o endereço onde


encontraria Dean. O e-mail me instruiu a ir para a sala de conferências The
Avondale no 17º andar. O saguão do prédio era relativamente silencioso. As
únicas coisas agitadas eram alguns funcionários se misturando ao redor da mesa
da recepção, um carteiro enfiando a correspondência em caixas e um jovem
casal conversando enquanto tomava um café perto da lareira. Fiquei perto dos
elevadores e esperei enquanto uma jovem ruiva com três poodles brancos saía.
Ela estava balançando a cabeça para cima e para baixo, obviamente apreciando
a melodia que saía de seus fones de ouvido. Ela deu um sorriso sedutor na
minha direção, e quase tropecei em um dos filhotes minúsculos que parecia
querer voltar para o elevador comigo.

Virando-me para pressionar o teclado numérico, meus olhos se voltaram


para a tela de anúncios rotativos. Enquanto assistia aos anúncios, bati meus
dedos na parede sob o encanto melódico do som de “Suicide Blonde” tocando
nos alto-falantes. Eu sorri e pensei nela novamente, e no jeito que ela sorriu no
momento em que a vi na calçada na noite passada.

O elevador parou no quinto andar, e um grupo de “Damas Chiques”


entrou carregando suas bolsas Louis Vuitton e Prada. Eu odiava estar tão
familiarizado com bolsas de grife; só me lembrou das viagens de compras caras
de Amanda. Gaguejando, elas saíram no The Palm Court para, sem dúvida, o
que envolveria vários martinis e pequenas saladas.

Sem julgamento, essas mulheres em particular eram regulares no mundo


dos meus pais. Almoços no Country Club, festas extravagantes de verão na casa
do lago da família e jantares para arrecadação de fundos nos hotéis mais
grandiosos. Foi tudo presente um dia na vida da família Robertsen.

O elevador parou e eu rapidamente coloquei uma bala de hortelã. Saindo,


levei um momento para endireitar minha gravata no espelho do corredor.

A sala estava imediatamente à esquerda e a porta estava aberta. Eu


reconheci o Sr. Winters de nossa reunião inicial algumas semanas atrás. Ele se
levantou quando me viu me aproximando.

— Entre, Alex.

— É bom vê-lo novamente, Sr. Winters.


— Não há necessidade de formalidades, Dean está bom. — Ele disse,
apertando minha mão com firmeza. — Este é Ronan Connolly. — Ele acenou
com a cabeça em direção ao homem de terno.

— Sr. Connolly. — Eu disse, estendendo minha mão para outro aperto.

— Alex, é um prazer conhecê-lo. — Ele apontou para a cadeira de couro


à minha esquerda. — E, por favor, me chame de Ronan.

— Obrigado por nos encontrar, você foi informado sobre o trabalho,


suponho? — Ronan perguntou.

Eu balancei a cabeça e levantei a pasta. — Dean me disse que você precisa


de segurança particular para sua irmã, Ella.

— Sim. Cuidado nunca é demais quando se trata da segurança da família.

Eu balancei a cabeça concordando. — Claro.

— Seu trabalho é apenas uma precaução enquanto ela está na cidade. O


que eu gostaria mais especificamente é que você acompanhasse minha irmã pela
cidade durante as atividades dela, dia e noite. Não há necessidade de proteção
24 horas por dia, a menos que a situação em torno da Srta. Prescott piore.

Dean tirou uma foto em preto e branco de um homem de cabelo escuro


saindo do Warwick Hotel and Residences na 53º. Fui informado sobre a
situação em relação à namorada de Ronan, Holliday Prescott. Era um assunto
altamente sensível e privado.

Estudei a foto, captando todos os detalhes e gravando tudo na memória.

— Se você vir este homem, alerte-nos imediatamente. — Dean instruiu,


me encarando.

— Eu vou.

— Minha irmã acabou de chegar. — Ronan anunciou, levantando os olhos


do telefone.
Eu me levantei, abotoando meu paletó e então ajustei meus punhos. Antes
que eu pudesse dizer uma palavra, meus olhos pousaram nas pernas mais sexy
que eu já vi.

Espere um minuto.

Eu conhecia essas pernas. Quão gloriosamente previsível poderia ser. Se


alguma vez houve um sinal de boa sorte, foi essa.

Um sorriso se espalhou pelo meu rosto. Isto vai ser divertido.

— Olá, Srta. Ella. — Eu a cumprimentei com um aceno de cabeça.

Seus olhos azuis se arregalaram, mas ela desempenhou seu papel em


disfarçar sem esforço. — Olá.

— Engraçado, você me lembra uma garota que eu conheço, todavia o


nome dela é Kate.

— Então você é o único. — Ela endireitou a postura, deslizando o cabelo


sobre o ombro. — Você é aquele que meu irmão contratou como minha babá
enquanto estou na cidade!?

Jesus Cristo. Agora eu estava desenhando vários cenários de fantasia de


babá travessa na minha cabeça. Eu tinha que pensar em algo, qualquer outra
coisa além do fato de que eu tinha literalmente e figurativamente fodido minha
cliente.
3
Ella
Bem, você saiu e fez isso, Ella. Meus olhos viajaram lentamente por seu
corpo quente, deixando-me atordoada. O sorriso em seu rosto se alargou
quando meus olhos se conectaram com os seus castanhos brilhantes que tinham
os cílios grossos mais bonitos que eu já vi em um homem. Seu terno era preto
e finamente cortado. Era impressionante saber que os homens americanos
realmente se orgulhavam de sua aparência.

Vê-lo novamente me tirou o fôlego. Antes de escapar de sua suíte no hotel,


peguei meu celular e tirei uma foto dele. Ele parecia tão em paz e uma parte de
mim se sentiu mal por ir embora sem dizer adeus, mas achei que seria melhor
assim. Ninguém poderia ter me preparado para esse encontro.

Por um momento, fiquei sem palavras. Eu queria estender minha mão e


sentir seu toque novamente. Ele não ofereceu, e nem eu. O calor subiu pelas
minhas coxas e se estabeleceu exatamente onde eu não precisava, apenas por
estar perto dele novamente.

Pensamentos altamente obscenos rodaram na minha cabeça, como bolhas


de champanhe me deixando tonta e formigando ao ver “Will” - cujo nome eu
acabei de saber que era Alex - parado na minha frente. Ele era alto e confiante
com pouco mais de um metro e oitenta, e mesmo com minha altura de um
metro e setenta e cinco, eu me sentia pequena comparada a ele. Minhas pernas
pareciam bambas, mas isso era, em parte, por causa da maratona de sexo que
eu tive apenas algumas horas atrás, com ele.

O incrível, fascinante e fantástico sexo me deixou desejando mais, mas eu


tinha outras prioridades. Principalmente, minha boutique, minha marca, meu
negócio era meu foco. Homens não eram, especialmente robusto e bonito
como Alex. Ou alguém que tinha resistência para me levar a cinco orgasmos
alucinantes. Ele fez uma promessa e cumpriu. Se houvesse um prêmio de
melhor orgasmo do mundo, seria para ele. Achei que orgasmos múltiplos
fossem um mito, mas ele me provou estar errada, quatro vezes.

— Ella chegou na cidade esta manhã. — Ronan anunciou, antes de se


sentar à mesa. Eu mal registrei o restante do que meu irmão disse depois que
ele me apresentou a Alex.

Meus ombros ficaram tensos, enquanto eu o olhava estudando sua


expressão. Seus lábios se torceram em um sorriso sexy. Eu provei o inferno fora
daqueles lábios na noite anterior. Eu ainda podia sentir os arranhões em minha
bochecha por causa de sua pele escura e sedosa, quase sem barba por fazer. Ele
se recostou na cadeira e a rica cor âmbar em seus olhos castanhos brilhava
calorosamente. Isso me fez sentir toda derretida por dentro, como um
chocolate pegajoso deslizando sobre uma fatia quente de bolo.

— É mesmo? — Ele comentou, enquanto sua boca se curvava em um


sorriso lento de parar o coração.

Pare de sorrir para mim, seu lindo demônio.

— O que você está achando da cidade, Ella? Você já teve a chance de


visitar algum estabelecimento local?

Claramente ele estava tentando me abalar, e algo me diz que ele adoraria
me ver me contorcendo sabendo do nosso segredinho. Pensando rápido,
respondi: — Ainda não vi muito, talvez você queira me levar para almoçar e
fazer um tour?

O pequeno sorriso em seu rosto se transformou em um sorriso largo. —


Seria um prazer. — O som da promessa em sua voz me deixou molhada e
ansiosa.
— Alex. — Disse meu irmão, enquanto se levantava. — Você está
oficialmente contratado. Se você me der licença, preciso estar no set em uma
hora. Obrigado e seja bem-vindo à família.

Revirei os olhos com o comentário do meu irmão sobre a família. Era


irritante e fofo ao mesmo tempo. Por natureza, Ronan era um protetor, e a
família cuidava da família. É por isso que fui obrigada a ter uma babá... guarda-
costas enquanto estiver aqui. Agora, o homem incrivelmente bonito que eu
pensei que nunca mais veria estava prestes a entrar na minha vida em tempo
integral.

Meu irmão me beijou na bochecha e disse: — Continue com o seu dia e,


se precisar de alguma coisa, ligue para Holliday. Minha agenda está lotada esta
noite.

— Tenho certeza de que Alex pode me ajudar com tudo que eu precisar.
— Falei olhando por cima do ombro. — Não há motivo para incomodar sua
namorada.

— Muito bem, eu ligo para você mais tarde. Tenha um dia maravilhoso.
— Eu fiquei olhando enquanto meu irmão e Dean se afastavam, sentindo o
calor se espalhar por minhas bochechas sabendo que eu estava sozinha mais
uma vez com Alex.

Ele ficou lá olhando para mim atentamente, e tudo que eu conseguia


pensar era naquele beijo incrível que levou a um sexo fenomenal. Tive amantes
que abalaram meu mundo, mas nenhum se comparava com a forma como Alex
fez - ouso dizer - ele não só abalou meu mundo como minha alma. Estou
completamente maluca... ou como dizem os americanos - estou fodida.
4
Alex
Ponha sua cabeça no lugar, Alex. Jesus, eu não conseguia pensar direito.
Não enquanto ela está olhando para mim com aqueles lindos olhos azuis. Eles
eram tão azuis quanto as águas do Lago Michigan. Novamente, eu olhei
boquiaberto para suas pernas, notando que a saia que ela usava era do mesmo
tom vibrante de seus olhos. Ela não era Kate - ela é a pessoa que eu devo cuidar
a todo custo. Meu pau e meu cérebro estavam em uma batalha épica de
desacordo no momento.

— Você está olhando para mim da mesma maneira que olhou na noite
passada. — Comentei.

— Honestamente, você pode me culpar? — Ela perguntou. Sua voz estava


um pouco trêmula.

Aproximei-me dela, mas ela deu um passo para trás, batendo na parede.
Seu perfume flutuou sobre meu nariz mandando uma mensagem direta para
meu pau. Jesus Cristo.

— Ella, eu não mordo. — Ao perceber o duplo significado, limpei a


garganta e falei novamente. — Quero dizer... estou aqui para mantê-la segura.

Afastando-se da parede, ela alisou a saia com as palmas das mãos e jogou
o cabelo dourado sobre o ombro.

— Escute, Alex... pensando bem, qual é o seu sobrenome? Devemos


manter nosso relacionamento totalmente profissional.
— Como você propõe que façamos isso? — Eu rio, olhando para o meu
relógio. — Nós fizemos sexo menos de onze horas atrás. Eu ainda posso ouvir
seus gemidos e choramingos ofegantes na porra da minha cabeça.

Seus olhos ficaram selvagens e ela se mexe em inquietude. O silêncio nos


envolveu e comecei a contar os segundos que ela levou para formular qualquer
tipo de resposta racional. Trinta e três segundos depois, sua resposta veio e não
foi o que eu queria ou esperava ouvir.

— Você... você pode esquecer. — Ela ofereceu.

Arqueando uma sobrancelha, eu caminhei em sua direção. Meu pé bateu


na porta, fechando o resto do mundo. Desta vez, ela não moveu um músculo.

— Agora é você quem está olhando para mim do jeito que olhou na noite
passada.

Sob a pele delicada de seu pescoço, seu pulso latejava. Seus dentes roçaram
seu belo lábio inferior manchado com aquela cor vermelho cereja. Seu doce
aroma rodou em torno de mim, me lembrando de como era bom pra caralho
tê-la presa debaixo de mim - nua e molhada.

Inalando, inclinei-me mais perto. — Você pode me culpar?

Ela riu e disse: — Isso é algum tipo de jogo, não é?

Eu sorri, traçando meu dedo sob seu queixo. — Se bem me lembro, é


você quem gosta de jogar.

Caindo sobre a cadeira mais próxima, Ella suspirou. Suas mãos cobriram
seu lindo rosto. — Oh, Alex. — As palavras saíram abafadas por uma risada.
— Você me viu nua. — A última palavra saiu de seus lábios em um sussurro.

Sentei-me na cadeira em frente a ela, recostando-me para apreciá-la ainda


mais.

— Sim, e muito mais.


Ela fingiu estar chocada, e um leve tom de rosa tingiu suas bochechas. —
Impertinente, mas estou falando sério. Tenho certeza de que isso quebra algum
tipo de regra ética.

— Bobagem, agora estamos apenas mais familiarizados. — Ofereci


abrindo bem os braços. Mas eu estava me enganando, porque queria estar mais
do que apenas familiarizado com essa criatura deslumbrante. E de repente me
vi de volta ao mesmo lugar. Isso, no entanto, era um pouco diferente da minha
situação com Amanda, mas ainda era difícil ignorar os sinais.

Ella começou a bater o dedo em um ritmo uniforme contra o topo da


mesa. Levantando-me da cadeira, fui em direção à porta.

— Vamos, Ella. — Eu implorei endireitando minha jaqueta.

Ela piscou para mim. — O que?

Apontando em direção ao corredor disse: — Você mencionou algo sobre


eu levá-la para almoçar.

— Oh, sim. — Ela riu, e pulou da cadeira. — Estou faminta. Eu poderia


comer um hambúrguer com batatas fritas, sem o pão, é claro.

— Eu sei exatamente o lugar.

Pegando sua mão, levei Ella em direção aos elevadores. Eu não deveria ter
sido tão casual com ela, mas porra, eu não pude evitar. Eu queria tocá-la.

Cliente. Ela era a cliente.

Tecnicamente, seu irmão é o cliente. Ela é quem eu devo proteger. Boa tentativa.

Mentalmente me chutei, precisava parar de pensar com meu pau e colocar


minha cabeça no lugar. Eu poderia fazer isso.

De pé no elevador, eu liberei o aperto que eu tinha em sua mão para


apertar o botão. Enquanto eu olhava para as portas de metal, observei o reflexo
de Ella enquanto ela balançava para frente e para trás em seus calcanhares. Porra.
Ela era muito fofa daquela maneira.

Fofa?

Desde quando uso a palavra fofa para descrever mulheres? Filhotes são
fofos. Bebês são fofos. Mulheres são sexies.

Eu estou perdendo o controle.

As portas se abriram revelando um casal se beijando. Entramos no


elevador e a dupla quente e excitada não se incomodou com a nossa presença,
mantendo a boca fechada uma na outra. Não ousando olhar para Ella, apertei
o botão do saguão. Eu não podia permitir que minhas emoções interferissem
na minha capacidade de mantê-la segura. Apesar de nos conhecermos
intimamente, enquanto ela estivesse sob minha proteção, as coisas com ela
tinham que ser o mais profissional possível.
5
Ella
O casal se amassando não se incomodou em abrir espaço para nós, não
me deixando escolha a não ser ficar do mesmo lado do elevador que Alex. Com
nossos braços roçando um no outro, o calor se espalhou pela minha pele como
um incêndio violento. Nós dois nos aconchegamos em um pequeno espaço.
Minha mão ainda formigava com seu toque. Era impossível me concentrar em
outra coisa senão nele. Ele estava aqui. Bem ao meu lado, com uma beleza
escultural e cheirando divinamente bem. Todos os meus sentidos estavam
direcionados a ele enquanto eu ficava ali fantasiando sobre empurrá-lo contra a
parede e permitir que ele trepasse... fodesse comigo.

Cale a boca, Ella, seu passarinho sujo.

Quando o elevador chegou ao quinto andar, e o casal que estava cheio de


graça saiu, eu sufoquei um gemido de alívio. Não tenho certeza se fiquei
consolada pelo fato de que eles foram embora ou por ter Alex só para mim. Eu
olhei para ele, tentando entender seus pensamentos. Sua boca estava
pressionada em uma linha dura e seus olhos permaneceram para frente, fixos
no painel numérico.

O elevador parou no saguão e Alex saiu, com a cabeça virada para a


esquerda e de volta para a direita. O movimento não ensaiado foi fluido. Ele
fez sinal para que eu andasse na frente dele, mas eu não tinha ideia de para onde
estávamos indo.

— Você lidera o caminho.

— Tudo bem, mas mantenha seu ritmo com o meu. — Ele instruiu. Sua
voz era firme, não zangada.
Eu balancei a cabeça e fiz como fui instruída, mantendo meu passo com
o dele enquanto passávamos pelo saguão espaçoso. Algo mudou seu
comportamento durante o período que ficamos... no elevador. Mentalmente
percebi que precisava aperfeiçoar meu inglês americano. Se eu pretendia fazer
negócios aqui, deveria pelo menos me esforçar para saber os termos adequados.

Uma vez do lado de fora, sua mão alcançou o bolso da jaqueta, tirando os
óculos de sol. Ao nos aproximarmos do manobrista, ele os colocou,
protegendo-me de ver seus olhos lindos que me lembravam da luz do sol
dourada brilhante filtrando as folhas verdes profundas.

Sai dessa, Ella. Ele é seu guarda-costas.

Endireitando meus ombros, coloquei minha bolsa mais alto em meu


ombro. Jurei bloquear todos os meus pensamentos escandalosos.

***

— Oh, é um pub inglês tradicional! — Eu não pude conter meu sorriso


quando meus olhos perceberam o ambiente do bar. Lenços coloridos de tricô
estavam pendurados sobre troféus e placas de bronze em volta. Bolas e mais
bolas de rugby... bolas de futebol estavam empoleiradas em prateleiras altas com
fotos em preto e branco do time no meio.

— Este lugar é adoravelmente fantástico.

— Achei que você gostaria de sentir o gostinho de casa.

— Onde você gostaria de sentar?

Ele apontou para o canto e disse: — Por que não nos sentamos naquela
mesa alta perto do bar?

Eu me sentei na cadeira e comecei a analisar o menu. Deus, eu queria um


litro de cerveja, mas como não podia consumir trigo de nenhum tipo, me
contentei com água mineral.

— Você vai tomar uma cerveja?


— Não. — Ele balançou sua cabeça. — Eu não bebo no trabalho.

Isso era além de estranho, menos de uma hora atrás estávamos rindo sobre
a nossa situação e agora ele estava agindo como se não tivéssemos trocado saliva
e outras coisas mais. Bem, não inteiramente. Não tive o prazer de ter seu pau na
minha boca.

— O que está acontecendo com você?

Uma única sobrancelha se ergueu, enquanto ele me olhava por cima do


menu.

— O que você quer dizer?

— Você está se comportando de maneira estranha.

— Estou tentando ser profissional e fazer meu trabalho.

Meus olhos se estreitaram e olhei para ele me perguntando o que havia


acontecido com a rotina quente e fria. Depois de alguns minutos de silêncio
desconfortável, uma garçonete se aproximou de nossa mesa com dois copos
d'água, disse-nos que seu nome era Meg e anotou nossos pedidos.

— Vou querer o cheeseburger bem passado, com fatias de bacon, sem pão
e batatas fritas.

Alex optou por uma grande salada de frango com molho de rancho à parte.

— Posso pegar uma garrafa de água com gás, por favor? — Eu perguntei.
Ela sorriu.

— Certamente, vou trazer imediatamente.

Mudando seu corpo, ela se virou para Alex, empurrando seus seios mal
cobertos em seu rosto. — E você, lindo, posso ajudar com mais alguma coisa?

— Não, obrigado, a água vai ser suficiente. — Disse ele, erguendo o copo.

— Claro, querido, se você precisar de mais alguma coisa, é só pedir.


Mesmo que ela estivesse flertando, ele não estava interessado. Ela não tem
vergonha? Eu poderia ser namorada dele. Meg voltou com minha água com gás,
dando a Alex um sorriso cheio e uma visão de seus seios.

Eu descansei meu queixo em minha mão, estudando meu companheiro


de almoço - meu guarda-costas. Guarda-costas, e que corpo esse homem tinha.
Pensamentos ilícitos de nossa noite voltaram à tona. Deus, eu daria qualquer
coisa para ter outra oportunidade com ele. Eu gostava de cada centímetro dele
- ombros largos, pernas longas e aqueles braços tensos e sensuais com músculos
grossos, mas suas costas, cobertas com uma tatuagem de duas cobras enroladas
juntas, eram minhas favoritas - ok, o segundo favorito de seus atributos físicos. Alex
era musculoso, mas não muito - seu corpo era tenso, bem esculpido. Nada de
bolos protuberantes para essa garota.

Por um momento, imaginei nós dois enrolados em lençóis macios. Seus


músculos definidos flexionando quando ele me fodeu, me levando a outro
orgasmo de tirar o chão e me deixar nas nuvens.

Tenha um pouco de compostura.

Isso foi um erro. Eu deveria ter puxado Ronan de lado e dito a ele que
tinha feito sexo com Alex, mas conhecendo meu irmão, ele poderia ter ficado
louco. O homem bonito sentado à minha frente não fez nada de errado, e eu
não estava prestes a deixá-lo perder o emprego. Talvez uma conversa aliviasse
o clima.

— Como você encontrou este lugar?

— Meu irmão e eu costumávamos vir aqui. Seu escritório fica na esquina.

— Oh, então você é de Nova York.

— Não, eu me mudei para cá de Michigan. Mas costumávamos vir a cidade


a negócios várias vezes por ano. — Ao som de uma risada, seus olhos
dispararam em direção à porta. Alguns universitários entraram no bar.
— Michigan, sim, o estado que é cercado pelos Grandes Lagos.

Suas sobrancelhas se ergueram. Certo foi porque eu o impressionei com


meu conhecimento. Ele se inclinou para frente e eu continuei falando, lançando
fatos aleatórios sobre o que sabia relacionado a América. Contei a ele sobre
quando fui a South Beach com uma colega de escola e o clube de strip que
encontramos. Ele riu antes de tomar um gole de água.

— O proprietário queria que participássemos da Noite do Amador. — Eu


sorri com a memória. — Eu me pergunto o que Sasha está fazendo hoje em
dia? Eu deveria ligar para ela.

Seus olhos se arregalaram e suas mãos agarraram as laterais da mesa.

— O que foi? Sou eu? Estou falando muito? — Eu perguntei, sentindo


nós de nervosismo fechando meu estômago.

— Cristo, Ella, não. — Disse ele, esfregando a mão sobre o queixo coberto
pela barba por fazer. Tão sexy.

— Bem, algo está claramente o incomodando. Qual é o problema?

Ele se inclinou sobre a mesa, seus olhos castanhos fixos nos meus. Minha
pulsação acelerou enquanto esperava Alex falar. Ele ficou de pé e deu um passo
em minha direção.

— O problema é... — Ele sibilou, enquanto seu hálito quente soprava


sobre meu pescoço. — Não consigo pensar em nada além do fato de que
gostaria de arrastá-la de volta para o meu quarto de hotel e foder seus miolos.

Oh, agora estamos chegando a algum lugar.

— Bem, eu não teria objeções à ideia. — admiti. Sim, eu disse isso em voz
alta. Não consegui manter meus pensamentos pecaminosos trancados por
muito tempo.

Ele ergueu uma sobrancelha. — Eu não posso fazer isso, Ella.


— E por que não?

Enfiando as mãos nos bolsos, ele respirou fundo, me olhou por um


momento, antes de responder: — Não posso, porque você é minha
responsabilidade e coisas ruins acontecem quando eu deixo meu pau interferir
no meu trabalho.

Se seu pau estava envolvido, então ele provavelmente teve um


relacionamento com alguém que estava protegendo. E quanto a coisas ruins? O
que diabos ele quis dizer com essa declaração? Eu duvido que Alex fosse capaz
de fazer algo ruim. Ele mantém os outros seguros, e isso me diz que ele se
preocupa com as pessoas. Ele poderia machucar alguém? Obviamente, sim, se
necessário, ele é um guarda-costas - está na descrição de seu trabalho. Eu me
perguntei por que alguém como Alex escolheria esse tipo de trabalho. Ele já
havia lutado antes? Talvez ele tenha perdido o controle uma vez? Minha mente
girou com tantas perguntas. Para um homem a quem eu disse na noite anterior
que não queria saber nada sobre, criei uma longa lista de perguntas, para as quais
queria respostas agora.

— Não tenho certeza se entendi.

— Não, suponho que não. — Ele respondeu, e colocou uma mecha de


cabelo atrás da minha orelha. — Eu já volto. Preciso de um pouco de ar.

Ele se virou e caminhou em direção às portas, enquanto eu ficava aqui


sentada, confusa. O calor se espalhou por minhas bochechas e pelo pescoço.
Agarrando a garrafa de água, eu bebi na esperança de acalmar meus nervos.

Cinco minutos depois, Alex voltou e Meg trouxe nossa comida.


Inclinando-se sobre ele propositalmente, para lhe dar outro vislumbre de seus
seios, ela tornou a encher seu copo. Eu admirei seu esforço. Ela estava muito
confiante. E ela deveria estar, seus seios eram magníficos.
— Por que não conversamos sobre como vai funcionar toda essa coisa de
guarda-costas. — Eu disse, antes de mergulhar uma batata frita em um pouco
de ketchup. — Acho que você é meu Kevin Costner.

Ele bufou uma risada. — Dificilmente, seu irmão disse que eu deveria
cuidar de você enquanto estiver aqui na cidade. Quando você sair, eu estarei lá.
Pode me considerar como sua sombra.

— Talvez isso não seja tão horrível quanto eu pensei.

Alex olhou para mim e eu sorri, antes de enfiar quatro batatas fritas na
minha boca, sem me importar se ele pensasse que minha atitude era deselegante
ou algo do tipo. Embora às vezes a comida seja minha inimiga, eu adorava
comer. Você não vai me encontrar pedindo uma pequena salada de folhas
verdes e, em seguida, tentando roubar comida do seu prato.

— Está bom o hambúrguer?

— Hmm, uh huh. — Eu consegui murmurar entre as mordidas. — Como


está sua salada?

— A maioria tem gosto de comida de coelho. — Um sorriso apareceu nos


cantos de sua boca.

Uma risada estrondosa e profunda ecoou atrás de mim. Virei minha cabeça
para ver o que estava acontecendo. Alguns caras com canecas de cerveja escura
entraram no bar.

De onde eles vieram?

— Deve haver uma festa na sala de jantar do andar de cima. — Comentei.

— Com certeza, querida. — Alguém disse com uma voz rouca atrás de
mim. Alex colocou o garfo na tigela de salada e limpou a boca com um
guardanapo de pano.

— Olá, Ella, já faz um tempo.


Eu congelei ao ver o homem parado diante de mim. Ele estava certo, fazia
muito tempo que eu não o via. Os pelos dos meus braços se arrepiaram e algo
pesado caiu sobre mim. Embora ele tivesse deixado crescer a barba e seu cabelo
escuro tivesse mechas grisalhas ao redor das têmporas, ele parecia exatamente
como antes.

— Charlie, o que você está fazendo em Manhattan? Você me seguiu?

Alex se levantou empurrando seu banquinho para trás.

— Ella, esse cara é alguém que vai te causar problemas?

— Vejo que você arranjou alguém. — Respondeu ele, ignorando minhas


perguntas. — Ei, cara, eu sou o Charlie e você é?

— Ainda não decidi. — Ele se aproximou de Charlie, e eu jurei que podia


sentir a energia primitiva emanando de seu corpo. — Se a senhorita disser que
não há problema... — Acrescentou ele, passando o dedo pela mesa de madeira.
— ...então você pode me chamar de colega. Por outro lado, se ela disser que
temos um problema, você provavelmente vai se referir a mim como o cara que
lhe disse para deixar a Srta. Connolly em paz e cuidar da porra da sua própria
vida.

— Engraçado você mencionar que se preocupa com ela, cara. — Charlie


olhou para Alex por cima da borda de seu copo de cerveja. — Porque foi ela
que arruinou a minha vida. Por causa dela, eu tive que me mudar para este país
sangrento.

— Você poderia ter se mudado para o Canadá ou, melhor ainda, para a
Antártica.

— Atrevida como sempre, não é? — Ele perguntou, antes de tomar o


resto de sua bebida. Charlie soltou um arroto alto que fez minhas entranhas se
arrepiarem de nojo. — Tive que me mudar para cá porque não tenho permissão
para vender minhas fotos no Reino Unido. Não tenho permissão para vender
fotos de celebridades para os tabloides e revistas obscenas. Agora tiro fotos
respeitáveis em eventos políticos e esportivos. Eu participo de partidas de tênis
e conferências mundanas, em vez de eventos de tapete vermelho e festas
chiques. Tudo graças a Ella aqui.

— Você já terminou? — Eu perguntei, minha voz falhando de raiva.

Ele deu uma risadinha. — Que pena que não estou com a câmera comigo.
Eu adoraria tirar uma foto sua com esse vestido. — Ele deu um passo para trás
para ficar boquiaberto com minhas pernas e eu puxei a bainha da saia tentando
puxá-la mais para baixo.

— Você está ótima, querida, mas eu não preciso ver sua bunda. Eu tenho
uma imagem mental do seu doce corpo bem aqui. — Seus dedos grossos
bateram na lateral de sua cabeça e ele lambeu os lábios.

Meu estômago embrulhou e eu perdi meu apetite. Empurrando meu prato


para o meio da mesa, eu o observei limpar a boca molhada nas costas da manga.

— Hora de seguir em frente, companheiro, antes que você se meta em


problemas. — Alex disse, enquanto se arrumava para ficar diretamente na
frente de Charlie.

— Sem problemas. — Disse ele pesadamente para trás. — Vejo você por
aí, Ella.

— Deus, espero que não. — Murmurei baixinho.

Alex se virou para mim. — Você está bem?

— Sim. — Respondi, e me levantei. — Podemos pagar nossa conta e ir


embora?

— Claro. — Disse ele, antes de sinalizar para Meg. — Este é por minha
conta.

Meg caminhou até nossa mesa e roçou seu braço no de Alex. Ela tinha
duas contas na mão. Alex pegou as duas e uma pequena carranca apareceu em
seu rosto. Vi uma letra manuscrita no verso de um dos papéis. Após uma
inspeção mais próxima, dez dígitos entraram em foco. Eu ri, certa de que era o
número de telefone dela rabiscado no papel.

Alex entregou a ela seu cartão de crédito e ela voltou para o computador
perto do bar. Depois de alguns minutos, ela voltou com uma caneta na mão.

— Com licença, Meg. — Eu disse, dando um passo à frente. — Você foi


muito óbvia com seu flerte hoje.

Alex ergueu uma sobrancelha.

— Aqui está um conselho amigável. — Eu disse, dando mais um passo à


frente.

Os olhos de Meg se arregalaram quando ela se mexeu inquieta sobre os


pés.

— No futuro, eu aconselho você a não enfiar seus peitos na cara de um


homem, especialmente quando ele está acompanhado de outra mulher. — Peguei
a caneta de Alex e virei a conta riscando o número dela.

Sua boca se abriu. — Estou tão... Desculpe. Eu não quis dizer nada com
isso.

— Claro que quis, caso contrário, não o teria feito.

Manchas vermelhas espalharam-se por seu pescoço e por seu peito. Ela
pegou as contas e caminhou em direção ao bar.

— Você não precisava envergonhá-la assim.

— Você está falando sério? Ela se envergonhou e me desrespeitou. — Eu


deslizei minha bolsa pelo ombro. — Coloque-se no meu lugar, amor, e me diga
como você teria reagido.

— Ok, você tem razão. — Ele concordou, e acenou com a cabeça em


direção à porta.
Por um momento, esqueci de Charlie e seu bando de capangas. No
entanto, quando meus olhos focaram na saída, percebi que teríamos que passar
por eles para sair. Peguei a mão de Alex na minha e ele nos conduziu em direção
às portas. Alguém do grupo de Charlie assobiou e chamou meu nome. Alex
manteve o foco na saída e segurou minha mão com mais força.

Uma vez lá fora, ele se virou para mim. — Eu não gosto desse cara.

— Sem brincadeiras. Ele é um idiota. — Respondi, afirmando o óbvio


enquanto caminhávamos em direção ao final do quarteirão.

— Há uma história entre vocês dois, e eu não consigo sentir algo bom daí.
Havia algo no tom de suas palavras que me faz pensar que ele tem tendências
violentas. Ele é uma ameaça.

Eu balancei minha cabeça. — Charlie, ele é um monte de coisas horríveis,


mas ele não é perigoso.

— Eu não confio nele. Qual é a história de vocês dois? Ele mencionou


algo sobre fotos e ter que se mudar. Que tipo de problema você causou a ele?

Parei no meio do caminho, sentindo a raiva crescendo dentro de mim. —


Claro que você acha que fui eu quem causou o problema. — Eu cruzei meus
braços contra meu peito.

Alex se virou para mim. — Desculpe, não foi isso que eu quis dizer. Ele
disse que você lhe trouxe problemas, o que aconteceu?

Com suas palavras, meus ombros relaxaram e meus braços caíram para os
lados.

— Essa é uma longa história.

— Bem, é melhor você começar a falar, Ella, porque se eu vou mantê-la


segura, preciso saber todos os detalhes.

— Puta merda.
— Na verdade, vou ficar no seu hotel com você.

— Absolutamente não. Isso não faz parte do negócio. — Argumentei.

Quando entramos na garagem onde o carro de Alex estava estacionado,


seu celular tocou. Fiquei grata pela interrupção, pois me deu tempo para clarear
a cabeça. A ideia de Alex ficar na minha suíte comigo me deixou sexualmente
excitada. Como eu seria capaz de lidar com essa situação, sem querer arrancar
suas roupas a cada segundo? Não, não posso permitir que isso aconteça.
Quando eu estivesse em segurança em meu quarto, isso seria o fim de suas
obrigações e ele aceitaria.

— Sim, entendo. — Disse Alex, olhando para o relógio. — Estarei aí em


cerca de duas horas. — Ele encerrou a ligação e enfiou o telefone no bolso da
jaqueta. — Vamos, você vem comigo.

— Não, eu preciso explorar os espaços de varejo que meu pai me enviou.

— Você tem compromissos? — Ele perguntou, caminhando em um ritmo


acelerado.

— Não. — Eu respondi, tentando combinar minha velocidade com a dele.

— Então, nada urgente?

— Não, mas...

— Isso está resolvido então. — Ele interrompeu, parando no para-choque


de seu Range Rover. — Hoje, você virá comigo, então amanhã, você marcará
seus compromissos e eu vou garantir que você chegue a todos eles, na hora
certa.

Ele sorriu para mim, e eu juro que ouvi o som da minha calcinha sendo
arrancada do meu corpo, seguido logo depois pela ação dele jogando-a no chão.

Me evitando, ele clicou no botão e abriu a porta do passageiro. Eu subi e


sentei no assento de couro e logo depois a porta se fechou. Minha cabeça caiu
para trás e eu soltei um suspiro. Presa em um carro com Alex por duas horas?
Isso será muito interessante.
6
Alex
— Para onde estamos indo afinal? — Ella perguntou, antes de aplicar mais
daquela cor vermelha sensual em sua boca linda. Então ela estalou os lábios,
fazendo um som de estalo. Por alguma razão estranha eu achei isso tão sexy.
Isso deveria ter me incomodado, mas se Ella mastigasse pedras com a boca
aberta, ainda assim queria beijá-la.

— Estamos indo para minha casa nos Hampton. Vou me mudar para lá.

— Você vai morar a duas horas da cidade? Isso não faz sentido para mim.

Eu rio.

— Gosto de estar perto da água.

— Oh. — Ela disse, enfiando o batom na bolsa. — Por que não morar
em um arranha-céu com vista para o rio Hudson ou para a baía?

— Não é a mesma coisa.

— Algum motivo em particular?

— Interessante. — Eu disse, acionando minha seta para mudar de faixa.


— Menos de vinte e quatro horas atrás, você não queria saber nada sobre mim.
Acho interessante que agora você tenha todas essas perguntas.

Ela soltou uma risada, antes de colocar um chiclete na boca. — Você aceita
um chiclete?

— Não, obrigado, eu prefiro balas de hortelã. — Respondi, dando um


tapinha no bolso da minha jaqueta. O som das balas Altoids se chocou contra
a caixa de metal.
Ela revirou os olhos e enfiou o pacote de chiclete na bolsa. — Então, você
vai me dizer por que gosta de viver perto da água?

— Claro, oferece uma sensação de silêncio e paz. Gosto do som da água


batendo na costa e gosto de correr na praia. Depois, há a vista, você não pode
superá-la. Não há nada como um pôr do sol sobre a água. Cores sem fim, onde
o céu encontra o horizonte.

Dei a Ella a versão mais suave da história, embora me sentisse compelido


a contar a ela a dura verdade. Água não me lembra de guerra ou morte. Ela me
lembra calma e paz. Passei quatro meses viajando pelas Ilhas Cook, Fiji, Bora
Bora e Taiti, terminando no Havaí. Meu terapeuta disse que eu precisava
encontrar uma maneira de aceitar a morte de Sasha e perceber que não foi
minha culpa. A vida descontraída na ilha parecia a melhor maneira de lamentar
e superar.

Talvez Ella pensasse que eu estava louco. Embora, algo me dissesse que
ela seria capaz de lidar com isso. Mas, para manter as coisas leves e profissionais,
essa informação não se encaixava no âmbito dos tópicos de discussão.

Além do meu ex-time e, claro, Ethan, eu nunca realmente falei sobre meu
passado com ninguém. Eu tive meu testamento escrito pelo menos meia dúzia
de vezes, e ele mudava após cada missão. Tive permissão para contar a meu pai
e irmão sobre os dois anos que passei trabalhando em Operações Especiais para
a Elite Eight. Mais tarde, revelei algumas informações a Ethan, mas
principalmente compartilhei alguns pedaços de meu tempo com Sasha.

Em algumas ocasiões, eu tentei me abrir com Amanda, mas falar sobre


tragédias não era seu ponto forte. Talvez, no fundo, eu soubesse que ela não se
importaria em ouvir a feiura. Na época do nosso caso, o mundo de Amanda
estava cheio de tristeza. Adicionar algo a mais nela não era algo que eu quisesse
fazer.

Tristeza... lagoa. Veneza, a viagem que nunca fizemos.


— Parece celestial, algum tipo de lugar aconchegante e convidativo.

O som da voz suave de Ella interrompeu meus pensamentos. Lugar, sim,


esse lembrete traz à tona um assunto inacabado.

— Falando em lugares, vou fazer um upgrade para uma suíte de dois


quartos no The York.

Ela ergueu as mãos. — Não, Alex, eu não vou ficar com você. É
completamente desnecessário. Meu irmão está sendo superprotetor.

— Oh sim? Me fale sobre isso? Deve haver um motivo para Ronan querer
ter certeza de que você esteja segura enquanto estiver aqui.

— Tenho certeza de que isso tem a ver com suas próprias experiências
pessoais em ser famoso. Acredite em mim, ninguém dá a mínima que eu seja a
irmã mais nova de Ronan Connolly.

O tom defensivo rápido em sua voz me disse que ela estava escondendo
algo.

Eu sei. Eu sou um potencial Sherlock Holmes.

— Se houver uma ameaça potencial, eu preciso saber. É aquele cara que


encontramos no bar? Charlie? — Seu comentário idiota sobre ter uma imagem
mental de seu corpo me fez querer quebrar sua cabeça contra a mesa de
madeira. Tirei meus olhos da estrada para estudar sua reação ao nome dele. Ella
fechou os olhos e soltou um suspiro profundo.

— Não, eu não tinha ideia de que ele estava aqui. Eu te disse, Ronan está
apenas sendo superprotetor, como um irmão mais velho chato. — Ela se mexeu
no banco do carro, cruzando a perna esquerda para cima e sobre o joelho
direito. Sua saia ficou mais alta, revelando mais de sua pele deliciosa. O som
alto de um carro esporte passando por nós chamou minha atenção de volta para
a estrada. — Você não tem irmãos para cuidar?

Corri minha mão ao longo do volante e respirei fundo.


— Sim, minha irmã mais nova. E meu irmão mais velho... bem, não mais.

Merda. Eu não deveria ter dito isso. Talvez ela não bisbilhotasse. Os sons
de “Rebel Yell” de Billy Idol. encheram o carro, e Ella começou a cantar junto
e balançar com a batida.

— Eu simplesmente adoro essa música! — Ela gritou por entre a música.

— É, to vendo.

Eu me virei e estudei os lábios dela enquanto ela cantava cada palavra, e


não queria nada mais do que selar minha boca sobre a dela e beijá-la
profundamente. Balançando a cabeça, forcei-me a parar de pensar sobre isso.

O refrão da música explodiu nos alto-falantes do meu Range Rover... e as


palavras - mais, meia-noite, hora e a frase “ela chorou” gritaram em meu
cérebro. E lá estava eu voltando a imaginar Ella nua na minha cama, gemendo
e me implorando para foder com mais força. Olhei para o meu relógio, apenas
mais uma hora e dezessete minutos até chegarmos à minha casa. Mas, sério,
quem estava contando?
7
Ella
Uma hora e vinte e quatro minutos depois, chegamos à casa de Alex nos
Hamptons. Ele se referiu ao seu trecho de estrada, ou melhor, ao bairro em que
morava como The Harbour. Eu tinha visto os Hamptons na televisão e no
cinema, mas nunca pessoalmente. Sem dúvida, fiquei fascinada pelo playground
dos ricos e famosos. Nós dirigimos por uma pequena parte do The Harbour,
antes de virarmos na estrada para sua casa. Alex chamou de "a rua principal".
Era um longo trecho de restaurantes chiques, cafeterias, lojas de luxo e
boutiques charmosas e únicas, todos situados lado a lado em uma adorável rua
arborizada. Foi difícil não me apaixonar por este lugar.

O som de cascalho esmagado sob os pneus de seu Range Rover enquanto


ele navegava pela longa entrada de automóveis, e eu me vi olhando para uma
casa incrivelmente linda coberta de telhas. A grande casa de dois andares estava
graciosamente afastada da estrada principal em um local gramado e arborizado.

Ele estacionou o SUV e eu desci. Tirando meus óculos de sol do rosto,


fiquei ali cativada, me sentindo impressionada pelas grandes janelas e pela
deslumbrante varanda ao redor.

— Por aqui. — Disse Alex, apontando o queixo para o lado onde então
subimos os degraus de madeira para a porta dos fundos.

Uma vez lá dentro, o som de marteladas ecoou por todo o grande espaço
vazio. O cheiro de serragem pairava no ar.

— Sr. Robertsen. — Uma voz profunda ecoou atrás de nós.

Um homem de constituição robusta, vestindo uma camisa polo laranja e


calça marrom escura, nos cumprimentou. Obviamente, ele estava trabalhando
duro, seu cabelo loiro arenoso estava encharcado de suor ao redor de suas
têmporas.

— Gary, como você está, cara? — Alex perguntou apertando sua mão. —
Esta é minha... esta é Ella. Ela é uma amiga.

Por dentro, eu ri e meu estômago vibrou. Eu sei que é algo bobo que as
meninas dizem que acontece, mas eu sei o que senti. Assim que vi as plantas se
desdobrando na mesa improvisada, composta de um pedaço de madeira
compensada sobre dois cavaletes, pedi licença, dando-lhes privacidade. Minha
perambulação pela planta aberta me levou a três grandes cômodos, incluindo a
sala, que tinha lindos pisos de ardósia. O foyer tirou meu fôlego com sua
marcenaria impecável e as portas holandesas adicionaram um toque único.

Subi a escada dos fundos para o segundo andar. O lindo piso de madeira
escura em toda a casa compensava as paredes e o teto brancos. Era um design
simples e limpo. Minha maior espionagem me levou ao que eu só poderia
assumir que seria a suíte master. Tinha uma grande lareira e um lindo banco
próximo a janela. Sorrindo, corri meus dedos ao longo da parte superior da
madeira, imaginando-me enrolada com um livro e uma caneca de chá quente.

Por que eu pensaria nisso?

Afastando o pensamento da minha cabeça, me virei e meus olhos


pousaram em um grande conjunto de portas francesas que levavam a uma
varanda. Empurrei-as para abri-las para contemplar a vista maravilhosa que se
estendia diante de mim - um jardim luxuoso com uma piscina e o oceano bem
ao longe.

Este lugar era maravilhoso. Não havia outra maneira de descrever. Era
magnífico e... e nos Hamptons, com vista para a praia, sem falar na pousada e
nas quadras de tênis.

Puta merda! Esta era a casa de Alex? O lugar em que ele iria morar. Como
poderia ser?
Quanto meu irmão está pagando para cuidar de mim?

Fiquei olhando para o oceano, pensando no homem contratado para ficar


de olho em mim. Ele mencionou uma irmã e um irmão, mas algo na voz de
Alex indicava que havia uma história mais profunda ali. Eu sei, claramente sou a
próxima detetive Olivia Benson, sem a coisa toda de resolução de crimes hediondos, claro.

— Ella? — A voz profunda de Alex soou em meus ouvidos, e eu senti


algo que só poderia descrever como um arrepio me puxando dos meus
pensamentos.

— Sim, estou na varanda! — gritei.

— Vejo que você encontrou meu lugar favorito em toda a casa.

Girando minha cabeça, me virei para encará-lo. Ele sorriu e me entregou


uma garrafa de água com gás.

— Obrigada! Sim, é realmente lindo aqui. — Eu comentei, antes de levar


à garrafa de vidro até meus lábios. Tomando um longo gole, contemplei meus
pensamentos e quando terminei eu sabia como formularia minhas perguntas.

— Então, como um guarda-costas pode pagar uma nova casa tão luxuosa
e dirigir um Range Rover? Você é da realeza americana ou algo assim?

Ele sorriu e chegou até seus olhos. — Bem, na verdade, sim, você poderia
concluir isso.

Eu estudei seu rosto por um momento, porque eu não poderia dizer se ele
estava brincando comigo, ou realmente falando sério. Eu levantei uma
sobrancelha e fiquei em silêncio esperando que ele me esclarecesse sobre o
assunto.

— A família da minha mãe tinha uma grande parte da indústria automotiva


em Detroit e Cleveland. Quando meus avós morreram, nós herdamos uma
grande quantia em dinheiro, e cada um de nós, netos, recebeu um fundo
fiduciário considerável.
— Puta merda. — Eu disse, sentindo minhas bochechas ficarem
vermelhas. — Então você é um bebê do Fundo Fiduciário?

Alex riu. — Mais ou menos, mas tem mais.

— Mais? O que pode ser mais do que ter a sorte de herdar a fortuna de
uma família?

Minhas palavras saíram de meus lábios e temo que soei como uma idiota
total... correção, como uma imbecil. Mais uma vez, ele me deu aquele sorriso
encantador. Aquele que deixou minha calcinha molhada e me fez sentir uma
dor profunda na minha... boceta. Era isso que uma mulher americana diria? Não
estou me referindo à minha região inferior como uma "flor". Deus, Alex me
deixou excitada e pensando em como chamar minha vagina.

Controle-se, Ella.

— A família do meu pai é dona de uma das maiores companhias marítimas


da região dos Grandes Lagos, transportando de tudo, desde ferro, minério e
grãos. — Disse ele, antes de tomar um longo gole de sua água. — A
proeminente família Robertsen de Grosse Point. Temos isso impresso em papel
timbrado. — Ele deu uma pequena risada e então se virou para o oceano.

Senti meus olhos se arregalarem e engoli um nó que se formou na minha


garganta. Alex nasceu em uma das famílias mais ricas da América. Ele deve ter
crescido frequentando festas da alta sociedade, frequentado a universidade mais
prestigiada e viajado para os locais mais exóticos nas férias. E aposto que ele
nunca teve que se preocupar com os paparazzi tentando tirar fotos dele e
espalhando-as nos tabloides.

— Você saiu da empresa para vir trabalhar aqui?

— Não, trabalhei na empresa intermitentemente quando era adolescente.


— Confessou. — Na época, os negócios da família não eram algo que me
interessasse. Em vez disso, me alistei no exército depois do ensino médio.
Alex esteve no exército? Isso faz muito sentido, na verdade - avaliação de
ameaças e riscos. Ele mencionou que era seu trabalho na noite passada, mas eu
nunca poderia somar dois mais dois até esta conversa. “Actuary Science” vem
à mente. Lembro-me do filme com Katie Holmes chamado A Filha Do
Presidente. Minha amiga Nabila e eu costumávamos assistir a esse filme várias
vezes.

— Você é próximo dos seus pais?

— Eu suponho que você poderia dizer isso, nós nos vemos com
frequência e conseguimos não irritar um ao outro. Os jantares de domingo são
uma espécie de tradição. — Disse ele, batendo o pé contra a grade de madeira.
— Mamãe tem uma regra estrita, coquetéis às seis e jantar às sete. Não vejo
meus pais desde a véspera de Ano Novo. — A tensão saiu de seu corpo quando
ele respirou fundo e depois exalou lentamente. Era quase como se ele estivesse
fazendo um exercício de respiração.

Meu telefone apitou, alertando-me para uma mensagem de texto. Era do


meu irmão.

— Por falar em família, estou sendo solicitada para um jantar em minha


homenagem no sábado à noite. Acho que você terá uma noite de folga.

Alex balançou a cabeça.

— O que? Você vai mesmo ser mina babá em um jantar de família?

— Sim. — Ele respondeu, dando-me um sorriso arrogante. — Recebi um


e-mail sobre o evento enquanto almoçávamos. Dean quer que eu ajude com a
segurança. — Ele pegou seu telefone e me mostrou a mensagem.

Meu estômago se revirou, uma sensação desconfortável percorreu meu


corpo. Segurança, em um jantar? Quantas pessoas estariam presentes? É assim
que a vida de Ronan como celebridade se tornou ou havia uma ameaça real de
perigo? Aconteceu alguma coisa? Minha mente foi para os lugares mais
obscuros, e então algo me bateu - seu perseguidor louco deve estar de volta à
cena.

A fama tinha um preço, o preço era a falta de privacidade. Logo depois


que Ronan e Heather Young começaram a namorar, meu irmão recebeu cartas
e telefonemas diários de uma mulher, Devlynn Asher. Ronan mudou de
número, mas as cartas ainda chegavam, até mesmo para a casa de nossos pais
em Londres. Uma carta continha uma mensagem que ameaçava matar Heather
e alimentar os porcos com ela. Heather estava uma bagunça e Ronan estava
assustado com o incidente e com razão. Algumas semanas depois, Asher foi
capturada, depois que ela apareceu na porta da frente de Ronan.

Um arrepio percorreu minha espinha com a memória. Puxando meu


telefone da bolsa, eu rapidamente digitei o nome dela. Sem novas atualizações.
Ela foi condenada a três anos e, pelos meus cálculos, ainda estava na prisão.

— Você está bem? — A pergunta de Alex me tirou dos meus


pensamentos. Eu me perguntei se ele sabia sobre o incidente. Endireitando
meus ombros, eu me concentrei na tentativa de empurrar o caos que se fez em
minha mente.

— Sim, estou ótima. — Menti. — Eu preciso verificar uma coisa.

— Venha, vamos voltar para a cidade. — Ele acenou com a cabeça em


direção à porta e, em seguida, me guiou pela suíte master. Descemos as escadas
e ele gritou por cima do ombro: — Vou ficar com você e vou precisar pegar
uma bolsa para passar a noite.

— Não, não vamos dormir juntos. — Retruquei, sobre o som de nossos


passos ecoando pela casa vazia.

Quando chegamos ao primeiro andar, Alex franziu a testa para mim e


disse: — Ella, isso não está em debate. Eu vou ficar com você. Fim de discussão.
— Seu tom era de advertência e me fez acreditar que o havia pressionado
demais.
Eu toquei seu braço. — Escute, eu farei um acordo com você. Se
acontecer algo que me faça sentir que estou em perigo, então eu ligo para você
imediatamente. Combinado?

Seus olhos se estreitaram, ponderando minha oferta pensativamente.


Depois de alguns momentos, e um doce sorriso meu, ele falou.

— Tudo bem. — Ele bufou, expelindo uma respiração profunda. — Não


adoro a ideia de você ficar sozinha pela cidade, mas vou concordar com seus
termos.

— Perfeito. — Eu respondi juntando minhas mãos. — E Alex?

— Sim?

— Obrigada por confiar em meu julgamento.

Ele me deu um pequeno sorriso. — Admito, não tenho certeza sobre isso,
mas, sim, eu confio em você, mesmo que seja contra o meu melhor julgamento.
— Ele se aproximou de mim e disse: — Parece que continuo quebrando todas
as minhas regras por você, Ella. — Ele levou a mão ao meu rosto, roçando a
ponta dos dedos na minha pele.

Eu não tinha ideia de que um simples toque poderia ser tão erótico. Isso
dizia algo, porque eu já tinha dormido com ele. Mas isso me fez desejá-lo
novamente. Ele estava quebrando suas regras, e eu precisava manter as minhas
ou então eu estaria em apuros, e estaria com grandes problemas.
8
Alex
Eu saí do chuveiro enrolando uma toalha em volta da minha cintura. Eram
oito e meia da noite e eu estava exausto do longo dia. Enquanto esperava o
vapor sair do banheiro, fui até o frigobar para pegar uma garrafa de água. “Shake
It Off” de Taylor Swift tocando nos alto-falantes do rádio e eu me vi
cantarolando junto. Agora, tudo o que queria ouvir era a doce voz de Ella
cantando. Eu não conseguia tirar a voz dela da minha cabeça.

Peguei o controle remoto e apertei o botão liga/desliga. Em vez de música,


liguei a televisão e passei para a CNN.

Percebi que estávamos em uma situação precária.

Foi completamente inapropriado da minha parte tocá-la tão intimamente


hoje, mas porra eu queria... precisava. O jeito que ela estava olhando para mim -
porra, ela era adorável. Foi um milagre que eu não a peguei nos braços e a beijei.
Foi uma batalha épica da minha parte.

Mesmo que eu e ela tivéssemos chegado a um acordo sobre eu não ficar


com ela, eu ainda sentia que precisava estar perto por precaução. Peguei meu
celular da mesa e disquei o número do Hawthorne Park Plaza onde Ella estava
hospedada.

Uma voz doce e alegre soou pelo telefone: — Boa noite e obrigado por
ligar para o Hawthorne Park Plaza. Para onde posso direcionar sua ligação?

— Reservas, por favor.

— Certamente, senhor, um momento.


Quando colocado em espera, fui saudado com a voz de Taylor Swift
cantando "I Knew You Were Trouble".

Eu entendo você, Taylor. Eu sabia que estava com problemas quando Ella
entrou naquela sala de conferências hoje cedo. Ella e eu éramos um caso de
uma noite, e agora eu era responsável por sua segurança. Esse motim nem
sequer começa a arranhar a superfície desta situação maluca.

A música foi cortada e uma suave voz feminina interrompeu.

— Hawthorne Park Plaza departamento de reservas, aqui é Penny, como


posso ajudá-lo?

— Sim, alguma de suas coberturas ou suítes executivas estão disponíveis


para as próximas duas semanas?

O som de seus dedos batendo no teclado soou em um ritmo rápido. Eu


poderia dizer que ela tinha uma alta eficiência de palavra por minuto. Ela recitou
as descrições de duas suítes que estavam disponíveis junto com os preços. Optei
por aquela com terraço privado no último piso. A vista por si só já valeria o
preço.

Encerrei a ligação e joguei meu telefone na cama. Com esse problema


resolvido, eu dormiria mais fácil esta noite. Em vez de estar a quarteirões de
Ella, apenas uma curta viagem de elevador nos separaria.

Certamente, ela não poderia ficar chateada ou discordar de eu ficar no


mesmo hotel que ela. Talvez eu devesse ter perguntado para ela primeiro.

Não.

Eu já estava quebrando as regras, estava fora da minha zona de conforto.


Ela simplesmente teria que lidar com isso. Caminhando de volta pela sala, entrei
no armário. Vesti uma cueca junto com a calça do meu pijama. Depois que
sequei meu cabelo, joguei a toalha no saco de roupa suja e fiz meu caminho até
o bar. Era hora de um drinque e depois dormir.
Cumprindo minha promessa de mudar minhas atividades noturnas, esta
noite eu dormiria em uma maneira decente e estaria revigorado para amanhã.
Sendo um militar, eu sabia que minha autodisciplina não estava muito abaixo
da superfície. Onde Ella estava instalada, esses impulsos primitivos precisavam
ser enterrados bem fundo.

Sem luz.

Sem oxigênio.

Sem chance de desenvolver raízes e crescer.

Não dessa vez. Não é uma chance de bola de neve no inferno.


9
Ella
Enrolei meu tapete de yoga e, em seguida, fiz meu caminho em direção
aos vestiários. O ginásio estava mortalmente silencioso às cinco e meia da
manhã. Apenas um punhado de mulheres e um homem estavam na aula desta
manhã. Minha mente estava clara e a tensão que residia em meus ombros não
existia mais.

Meu corpo ainda estava se ajustando à diferença de fuso horário. Depois


de jantar no meu quarto, adormeci com minhas roupas de ontem à noite por
volta das seis. Acordei à meia-noite para escovar os dentes, lavar o rosto e
colocar o pijama. Então, fiquei acordada por volta de três horas assistindo
televisão antes de cair no sono novamente. Minha esperança era que dentro de
alguns dias, eu estivesse totalmente ajustada ao horário da Costa Leste.

Depois de dar alguns goles da minha água, abri a fechadura do meu


armário de ginástica e tirei meu moletom, deslizando-o pela cabeça. Levantei
minha bolsa colocando-a em meu ombro e caminhei em direção às portas,
quando meu telefone móvel... celular vibrou.

Minha frequência cardíaca, que havia diminuído desde o banho frio pós-
treino, disparou quando vi quem estava ligando. Passei meu dedo pelo ícone do
telefone e levantei o dispositivo até o ouvido.

— Bila, como você está? — Eu disse, cumprimentando minha querida


amiga com um sorriso alegre. Nabila Lawson era minha melhor amiga. Nós nos
conhecemos em um coquetel entre amigos em comum enquanto estávamos na
universidade em Londres. Depois de duas garrafas de vinho tinto de baixa
qualidade e uma discussão sensacional sobre uma garota apaixonada, Alexa
Chung contra Mollie King, trocamos números e o resto é história.

— Eu estou incrivelmente bem, apesar do fato de que sinto sua falta. Esta
chuva fria de primavera é terrível. Estou entrando na Berry and Bramble agora,
precisava de outra rodada de chá e café expresso esta manhã. Como você está
se saindo na cidade que nunca dorme?

Um sorriso se espalhou pelo meu rosto por Nabila mencionando a


cafeteria na esquina da boutique. Seu estúdio de arte ficava no prédio ao lado
do café. Nós duas nos encontrávamos pelo menos uma vez por dia para
almoçar ou tomar uma dose de cafeína muito necessária.

— Eu sinto muita falta de você e de Londres. No entanto, devo admitir,


estou adorando Manhattan. Eu fui aos Hamptons ontem. Como estão os
preparativos para sua exposição de primavera? — Peguei as escadas em vez do
elevador enquanto conversávamos, não querendo perder a conexão.

— Oh, vai ser fabuloso. E Finn Carter concordou em ser DJ na festa. —


Ela gritou.

Meu coração disparou com sua excitação vertiginosa, mas ao mesmo


tempo, senti uma pontada de tristeza, porque não apenas sentia sua falta, mas
também perderia seu evento especial.

— Que notícia incrível! Estou extremamente feliz por você.

O som dos sinos do café tilintou no telefone e o moedor de café ganhou


vida. Quase pude sentir o cheiro do café, da canela e do leite fervido. Por um
momento, desejei estar em casa.

— Honestamente, com quem eu tenho que transar para conseguir uma


bebida por aqui?

Eu sorri enquanto a imaginava jogando as mãos para o alto, fazendo sua


entrada dramática. Então ouvi seu nome ser gritado quase que coletivamente.
Isso me lembrou de quando Norm entrava no bar do Cheers. Eu simplesmente
adorava as comédias americanas. Ouvi Nabila fazer seu pedido e pagar,
enquanto continuava a subir as escadas de volta ao meu quarto.

— Você disse que foi aos Hamptons?

— Sim. — Eu respondi animada. — E era tão elegante e decadente quanto


você poderia imaginar. Não estava cheio de atividades, mas suponho que vai
aumentar no verão, pelo menos é o que Alex me disse.

— Alex? Quem é Alex? — Ela perguntou, deixando escapar um suspiro.


— Você conheceu alguém?

Minhas mãos começaram a suar e minha frequência cardíaca disparou com


sua linha de questionamento. O que eu queria dizer era sim. Falar para ela sobre
o fato de ter conhecido o homem mais bonito. Ele não era apenas quente como
o pecado, mas Alex era inteligente e doce e eu já tive o prazer de transar com
ele. Mas, em vez disso, mantive meu segredo para mim mesma.

— Oh não, nada disso, Alex é meu guarda-costas enquanto estou na


cidade. Meu irmão não mediu esforços no que diz respeito à segurança. —
Admiti.

Ela bufou uma risada que fez cócegas em meus ouvidos. — Oh, boneca,
tenho certeza de que Ronan tem seus motivos.

— Suponho que você esteja certa. — Digo pegando meu cartão-chave na


bolsa.

— Além disso, você não estará totalmente sozinha na cidade e é quase


como se você tivesse um amigo instantâneo. — Acrescentou Nabila com uma
voz cantante.

Eu bufei uma risada e pressionei minha testa contra a porta de madeira.

A ironia em suas palavras, se ela soubesse.


Alex e eu estávamos definitivamente em termos a mais do que amigáveis.
Não sabia definir nossa relação. — Ele é um cara legal e concordou em me
mostrar a cidade. Então, eu acho que isso é uma vantagem. Ouça, Bila, eu tenho
que tomar banho e reunir minhas anotações para minha caçada de hoje. Vamos
marcar um encontro para uma conversa por vídeo em breve. Eu quero ver os
preparos antes da sua exposição.

— Vou mandar uma mensagem, ok?

— Perfeito! Beijos, amor.

— Tchau, boneca.

Encerrei a ligação quando entrei no meu quarto, joguei minha bolsa na


cama e então caí de costas no colchão semi-macio. Por mais que adorasse morar
em um hotel, ansiava pelo conforto da minha própria cama. Suspirei, passando
meu braço pela testa.

Eu ainda não tinha decidido o que fazer em relação aos planos de expansão
da minha boutique. Eu ficaria na América e deixaria Bianca administrar a sede
em Londres? Ou eu ficaria em Londres e contrataria alguém para administrar a
nova boutique? Eu tinha um monte de perguntas, mas sabia que não me
importaria de viajar e dividir meu tempo entre Londres e New York. Além de
duas butiques, eu teria duas casas. Quatro lugares que teriam serviços públicos
entre outras contas que precisariam ser pagas.

Minha mente girava tentando descobrir todos os detalhes antes mesmo de


encontrar um espaço. Talvez eu estivesse perdendo minha cabeça?

Não. Eu me planejei para este momento.

Vai funcionar. Eu vou fazer isso funcionar.

***

Era o terceiro dia à procura de um imóvel e nada estava dando certo. Alex
tinha encontrado falhas em todas as lojas, prédios e quarteirões da cidade que
estavam na minha lista. É certo que foi útil tê-lo por perto. Um gerente de
prédio desprezível deu a entender que queria mais de mim do que apenas o
aluguel mensal. Eu tive que arrastar Alex para fora antes que ele socasse as bolas
do imbecil. Outro local estava em condições condenáveis, e ele apontou vários
problemas estruturais. Isso me custaria o dobro do valor apenas para fazer as
reformas. Alex disse que eu nunca tiraria o que eu colocasse na propriedade.

— Qual é o nome da sua loja?

— La Vienne Rose. — Respondi, erguendo os olhos do meu laptop.


Estávamos sentados no café no andar de baixo do Hawthorne Park Plaza, o
lugar onde, aparentemente, eu e Alex morávamos por enquanto.

Bastardo dissimulado.

Não importa, eu estava grata por ter uma pausa na minha busca por
imóveis; isso me permitiu colocar o trabalho em dia.

Ele repetiu o nome algumas vezes e depois tomou um gole de seu café. —
O que te fez escolher esse nome?

Sorrindo, cruzei as mãos sob o queixo e disse: — Eu queria algo que fosse
atemporal, mas que também refletisse um toque pessoal. Nada parecia
combinar com Ella, e depois de várias sessões de escreve e risca com meu lápis
e bloco de notas, o nome me atingiu.

— Como La Vienne Rose é pessoal para você?

Deixei cair minhas mãos sobre a mesa e agarrei minha caneta, mexendo
na tampa. Nenhum homem jamais me fez esse tipo de pergunta antes. Eles
estavam mais interessados em tirar minhas roupas do que no fato de eu ser uma
proeminente dona de uma loja de roupas.

— Meu nome do meio é Vivienne, e o nome da minha avó era Rosalie.


Depois de tentar algumas combinações de nomes, de repente lá estava ele em
negrito.
— Gostei do nome, é bonito.

— Obrigada. — Eu disse, inclinando-me para a frente na cadeira. — Foi


muita sorte da minha parte a origem francesa do nome também me ter dado
um nicho. Comecei a comprar minhas marcas francesas favoritas que eram
difíceis de encontrar em Londres e lá... — Eu ri, me sentindo tola. — Desculpe,
você deve estar terrivelmente entediado.

Seus olhos pousaram nos meus. — Nada sobre você me entedia.

Suas palavras foram calorosas, e a maneira como ele estava olhando para
mim enviou calor correndo pela minha barriga, estabelecendo-se entre minhas
coxas. Mudei de posição, sentindo-me desconfortável com os arrepios que
decidiram fazer uma festa dançante na minha boceta.

Eu estava sendo ridícula.

— Quantos lugares restam na sua lista?

— Dois. — Falei, soltando um suspiro profundo. — Espero que um deles


seja o futuro lar de La Vienne Rose.

A preocupação e o estresse criaram tensão em meu pescoço e ombros.


Meus músculos pareciam tão tensos quanto um elástico tenso. Fechei os olhos
e tentei aliviar a dor na nuca, massageando os nós com as pontas dos dedos.

— Você está bem?

— Não é nada demais, só estou com dor de cabeça. — Disse, enquanto


levantava. — Acho que vou apenas subir para o meu quarto e tirar uma soneca.
— Juntei minhas coisas e coloquei na minha bolsa.

Alex levantou-se pegando minha bolsa e bolsa do laptop da mesa.

— Eu posso carregar minha própria bolsa, Alex.


— Eu sei, você é completamente capaz. — Ele respondeu, com um
sorriso puxando os cantos de sua boca. — Mas eu estou aqui, deixe-me ajudá-
la.

— Já que insiste. — Eu sorrio, batendo em seu braço com o meu. —


Obrigada.

Achei impossível dizer não a Alex, especialmente porque ele tinha sido
incrivelmente útil no que dizia respeito aos meus empreendimentos
imobiliários. Eu me perguntei se isso realmente fazia parte da descrição de seu
trabalho. Havíamos passado quase de oito a dez horas juntos. Almoçamos,
tomamos café da tarde e jantamos juntos nas últimas duas noites. Agora ele
estava carregando minha bolsa do laptop. Tudo parecia muito íntimo.

Enquanto caminhávamos para a fileira de elevadores, ouvi alguém gritar


meu nome. Eu me virei para encontrar Gavin Lacourt caminhando em minha
direção. Alto, moreno e diabolicamente bonito. Além de ser um dos melhores
fotógrafos de moda do mundo, ele era um dos meus amigos mais próximos.

Nos últimos cinco anos, Gavin foi meu porto seguro. Ele esteve lá durante
o bom, o mau e verdadeiramente horrível momentos. Quando eu precisava de
um ombro para chorar, ou de alguém para lamentar, Gavin estava lá. Quando
precisei de ajuda para pagar meu aluguel, ele me deu trabalho, ajudando-o nas
sessões de fotos. No departamento de amigos, além de Nabila, não havia
ninguém em quem eu confiasse mais do que ele.

— Como está minha garota? — As mãos fortes de Gavin repousaram


sobre meus ombros, enquanto ele beijava minhas bochechas.

— Eu estou bem... mas, estou surpresa de ver você aqui. — Digo a ele,
tropeçando para trás do abraço de Gavin, sentindo as mãos de Alex agarrando
minha cintura.
Os lábios de Gavin se torceram em um sorriso irônico. — Eu voei hoje
de manhã para me encontrar com o Editor de Recursos da Belle Magazine. Eles
querem que eu grave o próximo editorial.

Não tão sutilmente, Alex puxou seu braço para cima da minha cintura e
envolveu-o em volta dos meus ombros, puxando-me para longe de Gavin e
diretamente contra seu corpo - seu corpo muito tenso e musculoso.

Eu estiquei meu pescoço para olhar para Alex. Seus olhos estavam
estreitos e olhando para Gavin. A confusão passou por mim. Eu precisava
difundir a situação antes que ficasse mais embaraçosa.

— Não vai me apresentar, querida? — Disse Alex, seu hálito quente


soprado contra o meu ouvido.

Querida? Que diabos?

É certo que a possessividade em seu tom fez meus joelhos fraquejarem.


Alex estava sob minha pele, era enervante e completamente inebriante. Merda!
Eu estava entrando em apuros. Esse tipo de problema que você sabe que não
levará a um bom lugar, mas você quer ver até onde pode ir.

Perigo! Perigo, Ella! As palavras gritaram em meu cérebro, me atormentando


e provocando ao mesmo tempo.

— Alex Robertsen, conheça meu amigo Gavin Lacourt.

Alex estendeu a mão para Gavin. — Amigos, hein? Como vocês dois se
conheceram? — Alex falou lentamente.

Gavin deu uma sugestão de sorriso ao apertar a mão de Alex. — Sim, Ella
e eu somos grandes amigos há muitos anos, Sr. Robertsen. — Respondeu ele,
com sua voz elegante.

— Nós nos conhecemos anos atrás em uma Exposição de Arte de Moda


em Londres, e somos amigos desde então. — Eu interrompi.
O elevador apitou e uma massa de pessoas saíram correndo. Um homem
com um sobretudo cáqui esbarrou no meu ombro, empurrando-me para Alex.
Seu aperto aumentou, segurando-me com firmeza. Os olhos arregalados de
Gavin pousaram nos meus. Não havia como confundir sua aparência, ele deve
ter mil perguntas em sua mente.

— Vocês dois vão subir? — Gavin perguntou, apontando para o elevador


vazio.

— Nós vamos. — Alex respondeu. — Ella não está se sentindo bem. Ela
precisa descansar.

Mais uma vez, Alex havia acrescentado uma vibração possessiva a suas
palavras. Ele não estava sendo rude com Gavin, de qualquer maneira, mas ele
poderia muito bem ter puxado seu pau para fora e mijado em torno de mim para
marcar território. Alex liberou o controle que tinha sobre mim quando
entramos no elevador.

Depois de pressionar o botão para o nível do mezanino, Gavin se virou


para me encarar e disse: — Bem, então você deve descansar e me ligar quando
estiver se sentindo melhor.

— Eu irei, prometo.

Ondas de náusea subiram do meu estômago. A luz brilhante do elevador


picou meus olhos e minha cabeça latejava de dor. Eu precisava ir para o meu
quarto e tomar um comprimido ou tomar um banho quente.

Eu peguei o reflexo de Alex na porta, seus olhos estavam focados e


voltados para a frente, como estavam no dia em que ele foi apresentado a mim
como meu guarda-costas. O elevador parou e as portas se abriram.

— Foi bom ter conhecido você, Alex.

— Digo o mesmo, Gavin.

— Au revoir, amor.
Meu coração fraquejou. Aquele idiota, ele disse isso de propósito. As
portas do elevador se fecharam assim que ele saiu, me deixando sozinha com
Alex.

— Que merda foi toda aquela bobagem de marcar território? — Eu cuspi,


girando para encará-lo, a dor de cabeça quase esquecida. — Me chamando de
querida. Honestamente, Alex, que porra foi aquilo?

— Abaixe sua voz. — Disse ele com firmeza.

Chegamos ao meu andar, me virei e tirei minha bolsa do laptop de suas


mãos fortes. Seu cheiro me envolveu e eu inalei profundamente. Ele cheirava
divinamente bem. Tão divino que fechei os olhos por um momento para sentir
seu perfume masculino, uma mistura tentadora de loção pós-barba e bergamota.
Por mais chateada que eu estivesse, meu corpo não parecia compartilhar minhas
emoções.

— Eu não sou sua propriedade, Alex. — Digo a ele, entrando no corredor.

Minha respiração ficava mais pesada a cada passo que eu dava. Alex se
manteve perto, logo atrás de mim. Tirei meu cartão-chave da bolsa e o inseri
no slot. A luz verde piscou e eu empurrei para frente, mas parei repentinamente
quando meu ombro bateu na porta.

Eu olhei para cima para encontrar a mão de Alex presa entre a porta e seu
batente, segurando-a firmemente no lugar. Seu corpo pairou sobre mim, todos
os músculos do meu corpo congelaram. Tentei falar, mas nada aconteceu. Sem
palavras. Sem sons. Nada.

Ele deu um passo em minha direção, me prendendo contra a porta. — Eu


não sei o que deu em mim lá embaixo. Por alguma razão, ver outro homem
com as mãos em você me deixou louco, porra. — Ele disse, sua voz era firme,
mas não com raiva. — E então eu não lidei muito bem com a maneira como
Gavin estava olhando para você.
Eu segurei seus olhos castanhos, as manchas brilhantes de âmbar me
atraindo, como uma mariposa atraída pela chama. Sua outra mão veio para o
lado do meu rosto, seu polegar acariciou meus lábios. E eu derreti por dentro.
Santo Deus.

— Por que... por que você está agindo assim comigo? — A pergunta
deixou meus lábios em um sussurro trêmulo.

Ele encolheu os ombros. — Eu não consigo evitar. Não sei como agir
perto de você, Ella. Há uma atração clara entre nós. — Sua mão foi para o meu
cabelo, onde ele colocou uma mecha atrás da minha orelha. — E eu sei que
você está tendo dificuldade em ficar perto de mim também.

— Ah, e como exatamente você sabe disso?

— Parte do meu conjunto de habilidades é coletar informações e avaliar


os fatos de uma determinada situação. Neste caso específico, posso ver em seus
olhos e na maneira como responde quando eu toco você. — Inclinando-se, ele
provocou meus lábios com os dele, roçando-os levemente sobre os meus.
Aqueles lábios... seus lábios, oh como eu senti falta deles e eu amei como eles
pareciam contra os meus.

Me beija. Por favor, não me provoque, Alex.

Na próxima respiração, como se tivesse ouvido meus pensamentos


íntimos, ele concedeu meu desejo esmagando seus lábios nos meus.

Registrei o eco da minha bolsa de laptop e bolsa caindo no chão enquanto


a mão de Alex deslizava sobre minha bunda. Meus braços envolveram seu
pescoço e ele deslizou sua língua para dentro da minha boca. Eu gemi quando
ele colocou seu joelho entre minhas coxas. Quando ele pressionou seu grande
corpo com mais força contra mim, senti seu pau já duro pressionado contra
meu estômago. Enfiei a mão em seu cabelo escuro, segurando-o com força
enquanto chupava sua língua. Ele gemeu. O som era profundo e agradável
fazendo a pressão entre minhas pernas apertar. Eu apertei minha boceta contra
sua coxa enquanto seus dedos cavavam na curva do meu quadril.

Meus olhos se abriram com o som da porta se abrindo e me afastei do


nosso contato.

— Eu... Eu não posso fazer isso com você. — Consegui dizer, sem fôlego
por causa do nosso beijo.

Uma carranca estragou o espaço entre suas sobrancelhas. Seus olhos


escureceram, quando ele os fixou em mim com confusão.

Sorrindo, eu deslizei minhas palmas em seu peito. — O que eu quis dizer


é que não posso fazer isso com você em público. Paparazzis ou o que quer que
seja, quem sabe quem está nos observando. — Joguei minha cabeça em direção
ao cavalheiro que estava parado no corredor algumas portas abaixo.

— Entendi. — Disse ele. — Acho que teremos que ser mais cuidadosos.

— Alex, eu...

Ele pressionou o dedo nos meus lábios e balançou a cabeça. — Não diga
nada. Descanse um pouco e conversaremos mais tarde. — Com o pé preso
entre a porta e o batente, ele pegou minhas bolsas do chão e as entregou para
mim. Eu só pude olhar enquanto ele se afastava, me deixando atordoada. Tive
um desejo sério de correr atrás dele e arrastá-lo de volta para a minha cama e
terminar o que havíamos começado... ele começou.

Meus lábios ainda formigavam com o nosso beijo e meus joelhos


vacilaram e tremeram enquanto eu cambaleava na soleira e no corredor de
minha suíte. A dor na minha cabeça, junto com a dor profunda entre minhas
coxas, estava começando a me desfazer.

Assim que fechei a porta, afundei contra o metal frio. Sem saber quanto
tempo fiquei ali, de alguma forma consegui reviver meus membros gelatinosos
e me mover em direção à área de estar. Coloquei minhas bolsas na mesa e
verifiquei se havia mensagens em meu telefone. Olhando para a tela, meus
dedos pairam sobre o nome de Alex. Não, não ligue para ele.

Quando entrei no banheiro, não conseguia parar de pensar naquele beijo.


Depois de abrir a água, coloquei um pouco de óleo de banho de espuma de
lavanda na banheira. Tirei minhas roupas e liguei o sistema de som em uma
estação clássica leve.

Sentada na penteadeira, puxei meu cabelo em um coque bagunçado e


minha mente repassou tudo o que levou àquele momento no corredor com
Alex. Essa coisa entre nós, eu não sabia o que era exatamente. Suponho que
possa ser descrito como uma coceira aguda que precisa ser coçada ou um desejo
doce que precisa ser satisfeito.

Alex chamou isso de atração.

A última vez que agi de acordo com meus sentimentos de atração por um
homem, acabei aparecendo na primeira página dos tabloides de fofoca. A cereja
do bolo, quebrei meu coração. Ele disse que queria ficar comigo para sempre,
mas em um piscar de olhos, nosso para sempre se modificou.

Uma parede cercava meu coração, não havia nada além de escuridão.
Parecia ridiculamente clichê. Todavia, eu sabia que não era a primeira mulher a
sofrer com um coração partido. Mas, devido ao ocorrido, eu simplesmente não
tinha deixado ninguém entrar, há muito tempo. Nenhum homem desde ele foi
capaz de quebrar a parede.

Uma batida na porta interrompeu meus pensamentos. Fiquei de pé e


inclinei-me sobre a banheira para desligar a água.

— Um momento, por favor. — Eu gritei, deslizando meu robe de seda


sobre meus ombros. Meus pés descalços atingiram o mármore da entrada,
enviando um arrepio na espinha. Abri a porta para encontrar o serviço de quarto
passando por mim com uma grande cesta.
Meus olhos se estreitaram, enquanto o homem alto de cabelos escuros
arrumava a cesta na mesa. — Mas eu não pedi nada. — Anunciei, cruzando os
braços sobre o peito.

— Não, senhorita, este é um presente do Sr. Robertsen. — Ele respondeu


me entregando um envelope.

Abri o cartão e li a mensagem de Alex: Aqui estão algumas coisas para ajudá-
la a ficar bem logo. P.S. Você tem uma massagem na suíte marcada para daqui uma hora.

Meus dedos dançaram sobre meus lábios e meu coração saltou para minha
garganta depois de ler seu recado.

— Há mais alguma coisa que eu possa fazer por você, Srta. Connolly?

— Não, obrigada. — Respondi, colocando o bilhete de volta no envelope.


Ele saiu e eu meio que pulei, meio caminhei até a cesta de guloseimas. Havia
uma máscara de prata para os olhos, um par de meias felpudas, um saco de gelo,
um pouco de chá de camomila, vitaminas B2, uma caixa de chocolates italianos
e uma vela de aromaterapia. O cheiro era bergamota.

Fiquei ali sentindo meu rosto esquentar, enquanto apertava o envelope


contra o peito. Como Alex teve tempo para fazer tudo isso em tão pouco
tempo? A consideração do presente foi certamente sincera e lisonjeira. E ele
mandou uma massagem para mim.

Peguei a vela e inalei profundamente. A riqueza da fragrância deslizou pelo


meu sangue e envolveu meus ossos. Meu corpo reconheceu o cheiro familiar, e
todos os meus sentidos estavam sobrecarregados com Alex. Eu ansiava pela
maneira como me senti quando ele me tocou. Ainda mais, adorei a maneira
como ele respondeu a mim quando eu o toquei.

Com minhas mãos em volta da vela, fui até o banheiro e coloquei-a no


suporte no canto. Depois de acender o pavio, liguei a água quente para terminar
de encher a banheira. Quando entrei na água, ardeu como uma mordida afiada
- estava mais quente do que eu pretendia, quase escaldante. A temperatura ígnea,
assim como estar perto de Alex, deixou meu corpo em chamas com uma
queimação febril - até o meu núcleo.

Talvez eu devesse tomar um banho frio em vez de um banho quente.


10
Alex
Preciso enterrar meus sentimentos por Ella. Eu apenas estava deixando ir
e me afundando por todo aquele plano de merda. Esfreguei minhas mãos pelo
rosto enquanto caminhava pelo corredor da minha suíte. Ella era vibrante e
cheia de vida. Gostava de ouvi-la falar tão apaixonadamente sobre seus
negócios. O que eu odiava era ver aquele idiota francês com as mãos nela.

Idiota francês? Eles são amigos.

Não havia sentido em negar, eu não conseguia resistir aos meus


sentimentos por ela, e estou uma bagunça fodida por isso. Toda essa ansiedade,
eu precisava acabar com ela caso contrário iria...

Explodir. Minha mente disparou e tudo que eu queria eram os lábios


perfeitos de Ella em volta do meu pau, manchando-o com a cor vermelha do
pecado. Eu queria foder sua boca perfeita e depois foder com ela.

Jesus Cristo.

Eu precisava aliviar essa tensão. Já que foder com Ella não era uma opção
neste momento, decidi fazer alguns exercícios. Eu comecei com um conjunto
de dez flexões, dobrei a quantidade de flexões e meus agachamentos na parede
antes de chegar à esteira. Terminei o treino com alguns abdominais, duzentos
para ser exato. Meu treino foi decente, mas uma tensão persistente permanecia.

Depois de tirar minhas roupas encharcadas de suor, liguei o chuveiro e o


vapor embaçou o vidro. Inclinando-me contra a parede, minha cabeça caiu para
trás e agarrei meu pau. Fechei os olhos e imaginei Ella de joelhos na minha
frente, mordendo seu lábio inferior em antecipação. Ao pensar nos olhos azuis
de Ella, pálpebras pesadas e olhando para mim, minha mão começou a se mover
para cima e para baixo no meu pau com golpes longos e lentos.

Na minha fantasia, Ella me chupava profundamente, passando a língua ao


longo do meu pau e lambendo a cabeça e o pré-sêmen. Eu aumentei a
velocidade rudemente, enquanto me imaginava puxando seu cabelo, para vê-la
me observando enquanto eu fodia sua linda boca.

Ela cantarolava e gemia, as vibrações ondulavam ao redor do meu pau, e


fui mais áspero imaginando suas bochechas me encovando, me levando mais
fundo. Minha mente disparou, assim como minha mão, com a ideia de ouvir
Ella implorando para eu transar com ela. Em uma corrida para me aliviar, minha
mão trabalhou meu pau com uma velocidade brutal.

Nossa noite juntos estava gravada em minha memória. A visão de Ella


espalhada sob mim apareceu, seu corpo tenso curvando-se em minha direção
enquanto eu tomava sua boca. Meu corpo estremeceu e gozei forte, rosnando
seu nome com a visão dela olhando nos meus olhos enquanto eu deslizava
profundamente em sua boceta nua.

Porra. Ella. Eu preciso tê-la novamente.

Eu a teria novamente. Quando e onde era a questão.


11
Ella
Eu consegui, com sucesso, me esconder na minha suíte de hotel, evitando
Alex desde o nosso beijo. Esta noite era uma história diferente. Não havia para
onde escapar e não ajudava em nada o fato de eu não conseguir tirar os olhos
dele parado do outro lado da sala, vestindo um terno preto, parecendo quente
como o pecado. A dor havia retornado, sim, aquela entre minhas coxas. Eu tive
que dizer a mim mesma para controlar essa merda toda. Eu não podia arriscar
que alguém me visse babando por Alex, especialmente meu irmão.

Holliday, o novo "sabor do mês" de Ronan - palavras dos tabloides, não


minhas - se aproximou de mim, irradiando verdadeira sensualidade em um
vestido preto sem alças, suas orelhas possuíam diamantes e esmeraldas. Ela era
deslumbrante, com seus longos cabelos escuros e corpo esguio. Para minha
surpresa, ela tinha os pés no chão e falava com uma sinceridade genuína, o que
era exatamente o oposto da sua ex-mulher babaca, Emma e aquela vaca,
Heather Young.

— Ella. — Disse ela, dando-me um abraço caloroso. — Adorei esse


vestido Chanel. Você está magnífica, deslumbrante.

Sorrindo, corri as palmas das minhas mãos sobre o corpete do meu vestido
branco justo. Era um dos meus vestidos favoritos. Não era apenas bonito com
seus enfeites lilases, o comprimento curto, junto com a bainha recortada,
adicionava um toque único me permitindo mostrar minhas longas pernas.

— Você é muito gentil. Estou lisonjeada, é um grande elogio vindo de


alguém que parece ter saído de uma passarela.
— Bem, obrigada, aceito seu o elogio também. — Disse ela, brincando
com seu pingente de esmeralda. — Esta é uma das últimas criações da minha
irmã.

Eu sabia que o vestido era um design da Ricchetti. Eu fazia questão de


acompanhar as coleções de Charlotte. Um dia eu esperava apresentar seus
designs na minha boutique.

— Então, diga-me, como diabos você conseguiu que meu irmão, o


eremita, oferecesse um jantar festivo? — Perguntei, olhando por cima do
ombro, espionando Alex mais uma vez. Ao que parece, eu não era a única
olhando para ele. Minha última contagem foi dez - dez outras mulheres olhando
em sua direção.

Ela riu. — Estamos tentando essa coisa nova em que temos um


relacionamento e incluímos nossos amigos e familiares. Receio que ambos
sejamos culpados de nos esconder.

Eu entendi completamente do que ela estava falando. Depois de alguns


contratempos embaraçosos com os paparazzi, aprendi muito rapidamente a
ficar dentro do meu apartamento, especialmente quando Ronan tinha um
grande evento. Era quando eles me perseguiam implacavelmente, esperando
que eu fizesse algo escandaloso para vender suas merdas. Idiotas.

— Antes que me esqueça, gostaria de dizer o quanto aprecio esta festa. —


Respondi gesticulando ao redor da sala de estar de sua linda cobertura.

— Oh, por favor, é um prazer. — Disse ela, enlaçando seu braço no meu.
— Venha, vamos pegar uma bebida.

Enquanto caminhávamos pela sala, tive que conter uma risada. Holliday
parecia bastante confortável com sua posição como namorada que mora com
Ronan Connolly. Eu amei que ela tivesse essa confiança sobre ela.

— Você está tendo sorte em encontrar um espaço para sua boutique?


— Não. — Respondi com um suspiro. — E temo que, com apenas dois
locais restantes para visitar, posso ter chegado a um beco sem saída.

— Tenho certeza de que você encontrará o local perfeito em breve. —


Respondeu ela, oferecendo-me um sorriso reconfortante junto com uma taça
de champanhe.

Eu exalei e tomei um longo gole. — Obrigada, estava precisando de algum


otimismo.

Continuamos como duas velhas amigas. Ela era doce e muito fácil de
conversar e eu pude ver porque Ronan estava tão apaixonado por Holliday, ela
era linda por dentro e por fora.

Conversamos um pouco, ela contou uma história adoravelmente hilária


sobre como ela e meu irmão uma vez brigaram durante um confessionário que
incluía doses de uísque. Deus, eu a amava e tinha certeza de que Ronan se
casaria com ela.

Um dos funcionários do bufê se aproximou e explicou a Holliday que ela


era solicitada na cozinha. Ela educadamente se desculpou e disse que me
encontraria mais tarde. Isso me deu a oportunidade de explorar o novo lugar
de Ronan.

Conforme eu ia de sala em sala, conversei com algumas pessoas que


conhecia. Todos estavam se divertindo, conversando e rindo. Foi uma reunião
descontraída e casual, apesar de todos aqui estarem vestidos para o tapete
vermelho. O som suave e aveludado de "Who’s Lovin’ You” de Michael Buble
fez com que as mulheres se levantassem. A voz do homem é puro sexo e excitação.

Embora não houvesse uma pista de dança designada, isso não impediu
Holliday e sua amiga Tinley Atkinson de dar início à festa. Ao ver o astro de
cinema lindo, alto e tatuado, Matthew Barber pegando Tinley nos braços e
arrastando-a pelo chão, imaginei Alex e eu nos abraçando e deslizando pela sala.
Apoiando-me contra a parede, bebi o resto da minha bebida e agarrei outra
de uma pequena e bela mulher asiática que se movia no meio da multidão com
a graça de uma dançarina. Seu elegante rabo de cavalo preto balançava,
enquanto ela ziguezagueava entre os convidados da festa com facilidade.
Levantei o copo aos lábios e senti uma mão apertar meu ombro. Meu coração
disparou ao pensar que poderia ser Alex.

— Ei, Lolly. — Disse meu irmão, batendo no meu cotovelo com o braço.
— Está curtindo a festa?

— Oh, sim, estou me divertindo muito. — Respondi, e imediatamente meu


corpo ficou tenso ao som das minhas palavras. Era evidente que não conseguia
esconder minha decepção, que secretamente esperava ouvir a voz de Alex.

— Você está bem? — Ele perguntou, girando o uísque em seu copo.


Jameson Vintage ou Midleton Cery Rare, suspeitei, suas escolhas preferidas.

— Sim, estou bem. — Eu girei no meu calcanhar para encará-lo. Os olhos


do meu irmão estavam deslumbrantes. Um brilho que eu nunca havia notado
antes. Era como se ele estivesse paralisado por algum tipo de feitiço hipnótico.
Meu olhar seguiu o dele e pousou bem em Holliday. Eu olhei para trás para
encontrá-lo sorrindo como um idiota. Um idiota apaixonado. Sim, ele estava
apaixonado, o que significava que estava com um humor fantástico. Aproveitei
a oportunidade para questioná-lo sobre sua ex-perseguidora.

— Eu perguntaria como você está, mas está escrito em seu rosto. Em vez
disso, quero saber qual é o problema com toda a segurança? A sua perseguidora
voltou à cena?

— O que? — Suas sobrancelhas franziram juntas. — Não, aquela maluca


está trancada com segurança em uma cela fria de prisão.

— Então o que aconteceu? — Perguntei, puxando meus ombros para trás.


— E nem adianta tentar mentir para mim.
Respirando fundo, ele acenou com a cabeça em direção ao corredor e eu
o segui até seu escritório em casa. Ele fechou a porta e fez sinal para que eu me
sentasse. Se o pensamento do psicopata me assustou, esse encontro privado me
fez temer muito mais.

— O motivo da segurança é estritamente uma precaução. — Respondeu


ele, sentando-se à minha frente. — Eu só quero ter certeza de que você está
segura enquanto estiver aqui na cidade.

Eu reviro meus olhos. — Sim, você já havia mencionado.

— Revire os olhos o quanto quiser, mas você sabe que meus instintos
nunca estão errados. Alex informou a Dean que um homem chamado Charlie
se aproximou de você outro dia durante o almoço. E por sua descrição, estou
disposto a apostar todo o uísque da Irlanda que foi Charlie McNeil.

Porra! Alex estava relatando a Dean sobre minhas atividades diárias. Eu


deveria saber ou, pelo menos, Alex poderia ter me dito que ele teria que fazer
isso. Fiquei olhando para minha taça de champanhe, observando as bolhas
flutuarem até o topo e desaparecerem. Minhas mãos começaram a tremer e eu
não sabia se chorava ou gritava.

— Ella, ele seguiu você até aqui?

— Não, eu fiz exatamente essa pergunta a ele. Ele me disse que teve que
se mudar para cá porque não consegue vender suas fotos no Reino Unido, que
todos souberam das fotos por causa do julgamento. Acho que agora ele tira
fotos de eventos esportivos. Mas Charlie não era todo o problema. — Eu disse,
batendo meu dedo no vidro. — Alex não sabe sobre David, Charlie e todo o
julgamento, sabe? Ronan, por favor, me diga que você não contou a ele.

— Não, é assunto seu e você decidi a quem contar ou não.

— Às vezes me sinto culpada pela batalha legal em que Charlie estava


envolvido.
— Ella, você não deve se sentir mal, você foi a vítima. Eles fizeram suas
próprias escolhas e agora estão vivendo com as consequências. Você quer obter
uma ordem de restrição contra Charlie enquanto estiver aqui?

— Não. — Respondi, ficando de pé. — Como eu disse a Alex, Charlie é


muitas coisas, mas ele era apenas um oportunista que fez um péssimo negócio
com meu ex.

Uma batida na porta interrompeu nossa conversa. Holliday entrou,


informando-nos que o jantar seria servido em breve. De repente, eu não estava
me sentindo muito alegre, com vontade de conversar ou com fome.

— Posso acompanhar vocês duas amáveis damas para o jantar?

— Eu irei alcançá-lo em um momento. Eu preciso usar o banheiro... toalete.

— Use o banheiro de hóspedes lá em cima. — Instruiu Holliday,


contornando o encosto do sofá de couro. — Depois de passar pela galeria, é a
quarta porta à direita.

Depois que eles saíram, levei um minuto para me recompor. Pensar


naquela época feia e embaraçosa da minha vida me deixou um pouco confusa.
Levou muito tempo para curar meu rompimento doloroso com David, e o fato
de que foi um escândalo altamente divulgado, espalhado por todos os trapos de
fofoca, não ajudou em nada. O único homem que já amei. O desgraçado pegou
meu coração, jogou no liquidificador e apertou o botão.

Atrás de mim, ouvi o arrastar de cadeiras pelo piso de madeira enquanto


eu subia a escada para encontrar o banheiro... droga, o toalete. Eu precisava me
apressar e voltar antes que terminassem de servir o jantar. Enquanto eu
caminhava pela galeria e pelo corredor, as luzes da cidade espalharam-se pelo
carpete e subiram pelas paredes. A vista era incrível, e eu desejei que o tempo
da noite estivesse quente o suficiente para sentar do lado de fora na magnífica
varanda.
Ouvi passos atrás de mim e girei para encontrar Alex subindo a escada.
Ele esticou o pescoço e meus olhos encontraram os dele.

— Ei, aí está você.

Ele disse algo mais enquanto contornava a grade, mas eu me desliguei dele
e fui embora.

— Ella, onde você está indo? — Ele perguntou, seus passos crescendo
mais perto no corredor mal iluminado.

— Vá embora, Alex. Prefiro não ficar perto de você no momento.

— Ok, já percebi que está brava e, obviamente, comigo.

Paramos em frente a uma porta e me virei para encará-lo. — De fato,


estou. Por que você teve que contar a Dean sobre Charlie? Eu já tinha a situação
sob controle. Você sabia que ele contaria ao meu irmão, e isso era uma coisa de
que eu não precisava.

— Calma, Ella.

— Sério, você acabou de dizer isso para mim? Eu estou calma.

— Espere, eu não quis dizer isso. — Disse ele, e gentilmente puxou meu
braço, trazendo-me para encará-lo. — Eu quis dizer para manter sua voz baixa.

— Você é meu funcionário e não pode falar comigo dessa forma. Você
trabalha para mim, lembra? — Minha voz fervilhava de raiva quando empurrei
um dedo em seu peito. — Você não pode me dizer como me comportar. —
Eu me mexi com o aperto que ele tinha sobre mim e me virei agarrando a
maçaneta da porta. Antes que eu pudesse abri-la, ele bateu as palmas das mãos
na madeira.

Ele me envolveu, prendendo-me entre ele e a porta. — Estou bem ciente


do fato de que seu irmão me contratou para cuidar de você. — Ele murmurou
em meu ouvido.
— Bem, você não precisa mais se preocupar com isso porque foi demitido.

— Boa sorte com isso, Ella. — Ele zombou, e em um movimento fluido


me girou para encará-lo mais uma vez. Seus olhos castanhos brilhantes se
estreitaram, focados em mim. — Ninguém mais se candidatou a este trabalho.
Só eu.

— Eu duvido muito disso.

— Confie em mim, querida, eu tenho a vantagem aqui, não você. Veja, fui
recomendado para tomar conta da sua bunda problemática.

— Foda-se, você é um idiota. — Eu sibilei, tentando me afastar, mas ele


prendeu meus braços acima da minha cabeça.

— É isso mesmo que você quer? — Ele perguntou com a mão enrolando
em volta da minha cintura. — Que eu te foda?

Era insuportável - o quão perto ele estava de mim. Raiva e luxúria estavam
em uma batalha épica de desacordo dentro de mim. Todas as memórias de
nossa noite juntos vieram à tona. Eu poderia me perder neste momento, guiá-
lo até o banheiro e... engolindo em seco, eu precisava recuperar minha
compostura. Mas, por um pouco mais de tempo, sua pergunta iria esperar
enquanto eu saboreava a sensação dele contra mim.

Ofegando suavemente, lambi meus lábios secos. — Eu não quero nada de


você.

— Mesmo? — Ele ergueu uma sobrancelha e sua mão livre deslizou por
baixo do meu vestido, deslizando pela borda da minha calcinha. Eu empurrei
com o contato, e ele pressionou seu peito contra os meus seios.

— Absolutamente.

— Mentirosa, você esquece com quem está lidando. — Respondeu ele,


movendo os dedos sobre a minha calcinha encharcada. Seus dentes arranharam
minha orelha. Eu queria Alex. Tudo dentro de mim puxou em direções
diferentes.

— Eu não estou mentindo. — Minha calcinha encharcada não dizia o


mesmo.

— Você mentiu e eu sei disso: nunca perdemos o contato visual e sua voz
baixou uma oitava. — Informou ele, me acariciando para frente e para trás.
Meus olhos se fecharam, enquanto eu afundava contra a porta. — Ao contrário
da crença popular, a maioria das pessoas olha nos olhos da pessoa quando está
mentindo, presumindo que é menos provável que sejam apanhadas fazendo o
oposto do que era esperado.

Seus lábios se conectaram aos meus. Deslizando minha língua em sua


boca, aprofundei nosso beijo. Sua mão caiu do aperto que ele tinha em meus
pulsos, pousando na minha cintura. Meus braços se enrolaram em seu pescoço.

Beijei Alex com força. Nossos movimentos eram apressados e sem


remorso. Tudo o que se acumulou entre nós ao longo da semana passada veio
disparado em alta velocidade, como um trem cujos freios haviam quebrado.
Enviei um lembrete de advertência ao meu cérebro, dizendo que eu deveria
parar antes de sair dos trilhos, mas parece que meu autocontrole tinha me
abandonado. E eu tinha certeza de que o dele também havia feito o mesmo.

Eu não queria uma foda rápida no banheiro do meu irmão no meio de


uma festa. Um de nós precisava parar isso e assumir o controle da situação.

Ofegante, empurrei seu ombro. — Isso é... Ainda estou com raiva de você
e sinto que nenhum de nós esteja pensando com clareza aqui.

Alex se afastou, segurando meu olhar. Suas mãos alisaram meu vestido.
Sem dizer nada, ele se virou e foi embora, me deixando sozinha, meu corpo
agarrado contra o batente de porta, ofegante e dolorida com a necessidade dele
mais uma vez.
12
Ella
Quando voltei para a festa, chamei meu irmão de lado e disse a ele que
não estava me sentindo bem. Como eu esperava, Ronan insistiu que Alex me
levasse de volta ao hotel. Com a ajuda de Holliday, consegui convencê-lo de
que ficaria perfeitamente bem pegando um táxi.

Assim que saí do elevador, corri pelo saguão vazio. Puxei meu casaco mais
apertado em torno de mim enquanto esperava por um táxi do lado de fora do
prédio de Ronan. O ar estava frio, mas não fez nada para aliviar o fogo infernal
que assolava meu corpo. Apesar da atitude calma que demonstrei quando saí da
festa, eu estava tudo exceto calma.

Enquanto eu subia no banco de trás do táxi amarelo, pensei sobre o que


aconteceu entre mim e Alex. Eu gostaria de dizer que foi inesperado, mas quem
eu queria enganar? Era apenas uma questão de tempo antes que tivéssemos
nossas mãos um sobre o outro novamente, ronronando e ofegando como um
par de animais selvagens.

— Para onde, senhorita?

Às oito e meia de um sábado à noite na cidade que nunca dormia, eu não


sabia para onde ir. Bem, isso não era totalmente verdade, eu queria voltar para
a suíte de Alex, ou a minha, e transar com ele. E esse era o problema. Então eu
fiz o que precisava fazer, que era sair e colocar o meu juízo em ordem.

— Você poderia dirigir por aí um pouco? Eu terei um destino em breve.

— Por mim, tudo bem, é o seu dinheiro.


Recostando-me no assento, tirei meu celular da bolsa. Recebi uma
chamada não atendida de Alex e uma mensagem: Você saiu? Onde está você?

Antes de responder a sua mensagem, mandei algumas mensagens de texto


para Gavin. Esperando que ele ainda estivesse na cidade. Meu telefone apitou
segundos depois. Por sorte, ele estava hospedado no Onyx SkyLofts e me
convidou para ir até ele. Meus ombros cederam de alívio e redirecionei o
motorista para o centro da cidade. Eu inalei profundamente e comecei a pensar
seriamente sobre o que acabou de acontecer. Meus olhos espiaram pela janela
e vi quando a eletricidade colorida da cidade passava por mim.

Alex havia enviado outra mensagem de texto: Por favor, fale comigo. Eu preciso
saber se você está bem.

Eu: Estou bem, exceto por estar com dor de cabeça. Preciso descansar. Falamos em
breve.

Depois de clicar em enviar, desliguei meu telefone. Eu não estava pronta


para falar com Alex ainda. Em algum momento, eu o veria e teríamos que
conversar. Eu não tinha certeza do que diria. E ele, que diria?

***

Quando saí do elevador em direção ao saguão privado, uma beleza exótica


de cabelos negros, que eu imaginei ter mais ou menos a minha idade, passou
por mim com um sorriso de boca fechada. Gavin estava encostado no batente
da porta com a camisa desabotoada e seu cabelo escuro úmido. Dizer que ele
era um mulherengo seria um eufemismo. Tenho quase certeza de que ele não
abrirá mão de seu status de solteiro tão cedo.

— Uma amiga sua? — Eu provoquei, puxando a gola de sua camisa. Gavin


me puxou para um abraço, assim que entrei em sua suíte.

— Entre, Mademoiselle. — Ele falou lentamente, puxando-me mais para


dentro da sala.
— Uau, este lugar é espetacular. — Eu tirei meu casaco e o coloquei nas
costas de uma poltrona. Cativada, fiquei sem fôlego, observando os arredores
luxuosos acentuados com amarelo-calêndula e ricos tons de vermelho. O
espaço estava repleto de antiguidades e obras de arte impressionantes. — Acho
que poderia morar aqui.

— Eu não, embora ame Nova York, Londres sempre será minha casa.

— Não sei, Gavin. — Respondi, apontando para as janelas do chão ao


teto que ocupavam uma parede inteira. — Esta vista é impressionante.

— Onde está o seu homem? — Ele perguntou, me cutucando com o


cotovelo. — Você sabe, aquele que te chama de querida?

Claro, Gavin estava apenas brincando sobre Alex, mas isso não me fez
sentir menos estranha.

— Ele está trabalhando.

— O trabalho dele não é proteger você?

Meus olhos se estreitaram. Como ele sabia disso? E então me dei conta,
Nabila deve ter contado a ele. Rapidamente, mudei de assunto sem saber se
estava pronta para falar sobre Alex.

— Por que você não mencionou que estava em um encontro? —


Perguntei sentando no sofá. — Eu teria entendido.

Ele riu e ignorou minha pergunta. — Quer uma bebida?

— Cairia muito bem.

Com a garrafa e dois copos cheios nas mãos, Gavin se juntou a mim no
sofá. Ele me entregou um e eu tomei um grande gole do líquido cor de vinho.

— Algo está pesando sobre você. Você parece estressada. É o Sr.


Robertsen?
— É uma combinação de coisas, mas não, Alex não é o motivo do meu
estresse, talvez da confusão. — Respondi, antes de limpar meu copo. — Mas
isso pode esperar. Quero saber como foi sua sessão de fotos.

— A sessão de fotos é na segunda-feira.

— E a senhora que acabou de sair é a estrela da sessão de fotos?

— Não, Isabelle não foi cotada. — Ele passou a mão pelo cabelo
ondulado. — Ela estava chateada, e eu também...

— E então você ofereceu consolo a ela. — Terminei sua frase e enchi


novamente meu copo.

— Consolo, sim, parece que estou em serviço duplo esta noite.

— Eu não preciso de consolo.

— Ah, não? — Ele inclinou a cabeça e ergueu uma sobrancelha. — Você


deixou sua própria festa mais cedo, e posso dizer que algo está te incomodando.
Tenho certeza de que tem algo a ver com o musculoso americano.

— Ugh, você poderia, por favor, parar de se referir a Alex dessa maneira
boba. É terrível. — Eu ri, inclinando minha cabeça para trás nas almofadas do
sofá.

— Comece a falar e considerarei abandonar o apelido.

Claro, eu disse tudo a Gavin. Começando com como eu conheci Alex, e


então o que aconteceu quando nos vimos no dia seguinte. A partir daí, eu não
conseguia parar de tagarelar sobre a viagem para a casa dele nos Hampton,
nossas conversas doces e como ele foi atencioso em organizar uma massagem
particular quando eu não estava me sentindo bem. Fazia menos de uma semana
e aqui estava eu falando sobre um homem que, quando o conheci, não queria
saber nada sobre ele.

Quando terminei, inclinei minha cabeça para Gavin. Ele girou o resto de
sua bebida e, em seguida, a tomou.
— O que você está pensando?

— Estou pensando que é uma série de eventos. — Ele ficou de pé e


caminhou até o bar trocando sua taça de vinho por uma garrafa de água. —
Mas há uma coisa que você deixou de fora.

Eu levantei uma sobrancelha. — Ah, e o que seria?

— Onde está o problema? — Ele perguntou, estendendo os braços. —


Você mencionou todas essas coisas maravilhosas junto com um pouco de sexo
louco e quente, mas você não mencionou um único problema.

Inclinei-me para frente, colocando meus cotovelos nos joelhos. — Não é


óbvio? Ele é meu guarda-costas, isso está errado em vários níveis.

— Errado, certo, o que diabos isso importa?

— Eu deveria estar aqui a negócios, não para brincar.

— Por que não ter os dois? O cara quer você, você mesma disse. E, eu sei
com certeza, não é o vinho que está fazendo você corar agora. — Gavin
levantou a garrafa da mesa e me serviu de outra bebida. — Só de pensar em
Alex você fica toda quente e excitada.

Talvez Gavin estivesse no caminho certo. Eu não conseguia acreditar que


estava recebendo o conselho de um notório playboy. Sexo casual era divertido,
então por que não? Contanto que Alex e eu discutíssemos o que queríamos e
estabelecêssemos as regras básicas, não haveria linhas borradas.

De repente, eu estava tendo um déjà vu. Não foi isso que discutimos na
noite em que nos conhecemos?

Regras. Isso não parecia funcionar para Alex e eu.


13
Ella
Na manhã seguinte, encontrei-me sentada no café na esquina do meu
hotel. As manhãs de domingo eram uma coisa normal para mim e Nabila em
Londres. Se não estivéssemos de ressaca da noite anterior, iríamos para a
academia e, em seguida, iríamos parar na esquina para um café da manhã.

Agora estou sóbria e muito lúcida, apesar de estar confusa em relação a


minha situação com Alex, sentei-me a uma mesa perto da frente, saboreando
meu café e um croissant sem glúten. Eu me peguei lendo o mesmo parágrafo
novamente de um livro que comprei em Heathrow antes do meu vôo. Eu tinha
deixado Londres alguns dias antes de dizer a Ronan que estava vindo para os
Estados Unidos. Não era minha intenção mentir propositalmente para meu
irmão, mas eu queria ter alguns dias para mim mesma.

— Você está tornando meu trabalho muito difícil, Ella. — Uma voz baixa
sussurrou em meu ouvido. — Ainda não aprendi todos os seus truques.

Levantei minha cabeça do livro e me virei para ver Alex parado ali com
uma xícara de café na mão, vestindo jeans e uma camiseta preta com decote em
V que grudava em seus músculos. Seus olhos castanhos estavam brilhantes, e a
maneira como ele olhou para mim fez meu coração disparar. É injusto o quão
bonito ele era.

— Uma garota precisa de seu café com leite e guloseimas pela manhã.

— Você não é britânica? — Ele perguntou, deslizando para a cadeira ao


meu lado. — Onde estão o seu chá e bolinhos?

Eu ri e fechei o livro. — Bem, eu não sou como a maioria dos britânicos,


embora adore o chá da tarde. Sou inglesa, irlandesa, russa e sueca. — Eu puxei
meu cabelo loiro e apontei para meus olhos azuis. — Uma mistura de culturas,
como tenho certeza que você também é.

Ele riu e seus lábios formaram um lindo sorriso. — Sou parcialmente


irlandês e Robertsen é escocês. Em algum lugar ao longo da linhagem, eles
mudaram o 'o' no nome para um 'e'. Meu avô brincou que os Robertsen que
soletravam seus nomes com o 'o' eram os cérebros da família. Ele tinha um
senso de humor estranho.

Ele se recostou na cadeira e esticou as longas pernas sob a mesa. Seu braço
alcançou sua xícara de café e o tecido de sua camiseta avançou sobre seus bíceps
musculosos e tríceps definidos. Jesus Cristo, ele é tão gostoso. Minha mente
voltou para o assunto do sexo casual.

Sexo.

Sexo quente como o pecado, com Alex.

— Então, sobre a noite passada. — Disse ele, inclinando-se para a frente.

Eu acenei para ele. — Não precisamos falar sobre isso. Claramente, nos
deixamos levar pelo momento e cometemos um erro.

A mão de Alex cobriu a minha. — Ella, não acho que o que aconteceu foi
um erro.

A sensação de seu toque, juntamente com sua admissão, me fez voltar ao


mesmo lugar em que estava ontem à noite e às emoções avassaladoras que senti.
Quando conheci David, tive os mesmos sentimentos; foi instantâneo, uma
paixão avassaladora. Então tudo ao meu redor, ao nosso redor, foi extinto e eu
jurei não deixar outro homem chegar perto o suficiente para me queimar.

— E quanto a todas as coisas que você disse sobre coisas ruins que
acontecem quando você deixa que seu pau tome as decisões?

Ele riu. — Se me lembro bem o que eu disse foi ‘permitir que meu pau
interferisse no meu trabalho’. É verdade, eu já tomei muitas decisões ruins na
minha vida, mas esta não parece uma. Além disso, você me despediu, lembra?
Então, tecnicamente, você não é mais meu trabalho.

Porcaria. Eu me senti terrivelmente envergonhada e cruel pela maneira


como falei com Alex.

— Peço desculpas. Eu não deveria ter sido tão cruel. Eu não quis dizer
aquilo. Você estava apenas fazendo seu trabalho e eu deveria ter respeitado.

— Eu também agi como um idiota. — Admitiu. — E também sinto muito.


Você pode ser um problema, mas não um ruim como disse ontem. Gosto muito
de você, na verdade, e gostaria de conhecê-la melhor. Então, por hoje, como
fui demitido e você não me recontratou, seremos apenas Ella e Alex. Ok?

Calor fluiu por mim com suas palavras. — OK. — Meu coração batia
forte no peito e eu tinha certeza que ele podia ver meu pulso acelerado. Alex
era observador, treinado para ler as pessoas. A seu pedido, concordei em ser
apenas eu. Isso seria interessante.

— Venha, vamos sair daqui.

— O que?

— Eu quero te mostrar uma coisa. — Ele disse, acenando com a cabeça


em direção à porta.

— Alex, tenho trabalho a fazer esta tarde e preciso me organizar para meus
compromissos desta semana.

Eu tinha certeza de que, quando ele disse que queria me conhecer melhor,
ele não quis dizer que íamos simplesmente sair para tomar um café e bater um
papo.

— É domingo. Você pode relaxar um pouco. — Ele balançou as


sobrancelhas e deu aquele sorriso arrogante dele. — Você sabe que quer isso.

Alex era adorável. Por mais que tentasse, não pude resistir à sua oferta. —
Tudo bem, eu vou com você.
— Ótimo. — Seus dedos afastaram meu cabelo do rosto.

Eu me levantei quando Alex puxou minha cadeira e juntei minhas coisas.


Sua mão caiu nas minhas costas e ele me guiou em direção às portas da cafeteria.
O sol estava mais quente do que eu estava acostumada, mas adorei a sensação
do calor na minha pele. Voltamos para a garagem e Alex segurou minha mão
na sua. Gostei dessa atitude porque ele era a razão de eu estar tendo esses
sentimentos novamente.

O manobrista deu a volta em seu Range Rover e eu deslizei para o banco


do passageiro e coloquei o cinto de segurança.

— Você vai me dizer para onde está me levando?

— Não. — Ele respondeu com um sorriso irônico. — Mas tenho certeza


de que você vai descobrir em algum momento.

Alex engrenou o veículo e saímos do estacionamento. Assim que pegamos


a via expressa de Long Island, meu palpite foi que estávamos a caminho de
Hamptons. Reconheci a rota de nossa primeira viagem até lá.

— A temperatura está boa assim?

— Sim. — Respondi, acomodando-me ainda mais no assento. Alex pegou


minha mão na sua, traçando círculos contra minha pele com o polegar, e foi
maravilhoso. Meus olhos observaram o céu, pintado do tom mais incrível de
azul com listras de nuvens brancas. Eu não queria fechar meus olhos, mas a
exaustão tomou conta, ou talvez fosse puro contentamento. Por fim, relaxei e
me preocupei menos com as regras.

***

— Ella. — A voz de Alex sussurrou calorosamente em meu ouvido. —


Acorda.

Eu me mexi no assento e consegui bater meu joelho contra o painel.


— Ai! — Eu gritei, esfregando a dor da pancada em meu joelho. Malditas
pernas longas.

— Você está bem?

Assentindo, eu abri meus olhos e olhei pela janela. Eu sorri ao ver a bela
casa de praia de Alex. Esta foi uma surpresa adorável. Alex saltou do veículo e
abriu minha porta. Ele me ajudou a sair e eu manquei sobre as pedras enquanto
caminhávamos para a varanda.

— Você disse que queria me mostrar algo, mas eu já vi sua casa. Você me
trouxe aqui para se exibir? — Eu provoquei, cutucando seu braço.

Alex levou a mão ao peito, fingindo ter ficado ofendido. — Eu nunca faria
uma coisa dessas. — Ele destrancou a porta e me puxou para dentro. Eu fiquei
pasma, sentindo meu queixo cair com a visão diante de mim, o lugar parecia
muito diferente da última vez. Não havia trabalhadores circulando, e o cheiro
de tinta fresca substituiu o cheiro de serragem. A casa estava incrivelmente
inacabada, mas vê-la agora me deixou sem palavras. Meu olhar estava fixo na
roda vintage montada sobre uma mesa de console francesa de zinco,
simplesmente linda, e este era apenas a entrada. Alex puxou meu braço,
puxando-me do meu transe e eu o segui pelo corredor em direção à sala de
estar.

Quase tudo era branco, com toques de azuis profundos, cinzas e ricos
toques de bronze. Cortinas suaves e arejadas presas à hastes de madeira e tapetes
de sisal cobriam o piso de madeira. Caminhamos de cômodo em cômodo, cada
um mais impressionante do que o anterior. Eu não teria imaginado que um
homem como Alex tivesse um gosto tão impecável para decoração de uma casa.
Mas então me lembrei de como ele ficava naquele terno, e hoje, mesmo vestido
tão casual, Alex era bonito. Se seu estilo pessoal de se vestir fosse uma
indicação, talvez eu não devesse estar tão surpresa.

— O que você acha?


— É impressionante e acho que combina com você.

Ele encolheu os ombros. — Meu designer de interiores disse que a casa


precisava ter toques femininos sutis. Eu não tinha certeza sobre as cortinas e
algumas das velas. Você acha que é muito feminino?

Meu coração se alegrou com sua preocupação. Nada sobre este lugar
gritava gênero para mim de uma forma ou de outra - tinha equilíbrio ideal. A
casa era incrível e, quando olhei em volta, pude ver que refletia sua
personalidade de várias maneiras. Para mim, vi uma estrutura forte e segura que
oferecia aconchego e tranquilidade.

— Tudo é perfeito. — Eu disse tranquilizadora. — Você não precisa de


um letreiro de cerveja em néon na sua casa para dizer: ‘Eu sou um homem.’

Ele riu. — Caramba. Tem certeza? Eu estava pensando em pendurar um


na sala de jantar.

Eu apontei meu dedo em seu peito. — É melhor não, Alex Robertsen.


Ficarei furiosa com você se fizer isso.

— Eu vi você ficar com raiva de mim e meio que gostei. — Sua voz estava
rouca de desejo.

Eu ri. — Você só gostou por causa do resultado final.

Ele se aproximou de mim, segurando meu rosto em suas mãos. — Ella,


isso não é verdade. Claro, eu também gostei disso, mas gosto de estar com você.

Eu sorrio. — Eu também gosto de estar com você.

— Agora que nos entendemos, vou fazer o que estou morrendo de


vontade de fazer desde que vi você no café.

Antes que eu pudesse responder, seus lábios pressionaram contra os meus.


Meus braços envolveram seu pescoço enquanto ele aprofundava nosso beijo.
Nossas línguas se debatiam e eu me sentia leve, abandonando todas as minhas
regras e receios. Um gemido baixo ressoou em seu peito, enviando um arrepio
pela minha espinha. Meus dedos se enrolaram em seu cabelo, puxando os fios
com força enquanto suas mãos alisavam minhas costas para cima e para baixo.
O calor formigou em todos os lugares que nos tocamos. Seus dedos deslizaram
sob minha blusa, avançando lentamente até minha caixa torácica.

— Ella. — Ele sussurrou, quebrando nosso beijo. — Quero que você


passe a noite.

— Você quer que eu seja sua primeira convidada?

Ele balançou sua cabeça. — Eu quero você na minha cama... a noite toda.

— Ok. — Eu respirei. E mais uma vez, eu me deixei ir e concordei com


tudo o que Alex me pediu.

— Mas, primeiro, temos alguns negócios para cuidar, porque eu não


trouxe você aqui apenas para uma boa foda. Anteriormente, quando disse que
queria conhecê-la, me referia a tudo em você. Com isso dito, você aceita
almoçar comigo?

— Eu adoraria.

Alex inclinou meu queixo e seus lábios encontraram os meus mais uma
vez. Ele me deu um beijo terno e demorado. Foi suave e doce, cheio de paixão,
mas não a necessidade de me foder ou me reivindicar. Foi significativo por si
só, tratava-se de conectar e falava muito.

Eu era a garota que rejeitava os homens, pelo menos a parte em que me


permitia buscar conforto ou encontrar a verdadeira companhia. Agora parecia
que a parede que eu construí em torno do meu coração não era tão resistente
quanto eu pensava. A cada beijo, os tijolos caíam um por um. Eu só esperava
que isso não me esmagasse no processo.
14
Ella
Alex e eu voltamos depois de pegarmos comida para viagem... em um dos
muitos restaurantes de frutos do mar da cidade. As opções eram infinitas, mas
finalmente decidimos por um lugar que tinha a maior opção de pratos sem
glúten. Alex abasteceu sua casa com alguns mantimentos, principalmente
produtos secos e enlatados, nada fresco que pudesse estragar. Ele contratou
uma governanta para cuidar das coisas enquanto ele ficasse na cidade. Quando
ele me contou, uma pontada de culpa percorreu meu peito sabendo que eu era
a razão para impedi-lo de morar em sua linda casa nova.

Ele puxou uma garrafa de vinho branco da geladeira e eu o observei


pegando uma taça de vinho, sua camiseta levantada mostrando suas costas
esculpidas e eu pensei em sua tatuagem. Fiz uma nota mental para perguntar a
ele sobre isso na próxima oportunidade.

Depois que ele serviu meu copo e me entregou, ele abriu uma garrafa de
cerveja para si mesmo. Pegamos nossos pratos de comida e nos acomodamos
na mesa do lado de fora.

— Então me diga como você conseguiu juntar tudo isso, sua casa, quero
dizer. — Perguntei pegando um pedaço do meu prato de camarão grelhado
com vegetais.

— Eu tive algum tempo livre enquanto você estava trancada em seu


quarto depois do nosso beijo. — Ele lembrou com um sorriso malicioso.

— Oh, a propósito, obrigada pela adorável cesta de guloseimas. Lamento


não ter agradecido antes.
— De nada. Quando Gary ligou e disse que a casa estava pronta para uma
inspeção final, vim voando para cá naquela noite e repassamos os detalhes.

Atordoada, deixei cair meu garfo no prato. — Você voou até aqui? Como
isso é possível?

Alex riu genuinamente. — Cuidado com os pratos, querida, eles são


novos. Não foi grande coisa. Eu tenho contatos.

— Contatos, hein?

— Meu irmão é coproprietário de uma pequena empresa de aviação. Na


verdade, não é mais tão pequena. E digamos que sou um passageiro frequente.
— Respondeu ele, e então deu outra mordida em seu taco de camarão e abacate.

— Seu irmão, aquele que tem escritórios na cidade e com quem você
trabalhava? Vocês dois devem ser bem próximos.

Respirando fundo, Alex fechou os olhos e balançou a cabeça. Seu olhar


voltou para mim.

— Não somos mais tão próximos, e eu sou a causa da tensão em nosso


relacionamento.

Eu cobri sua mão com a minha, oferecendo conforto da melhor maneira


que podia. Merda! Eu não queria deixá-lo chateado.

— Tudo bem se você não quiser falar sobre isso, mas se quiser, estou aqui
para ouvir.

Um sorriso apareceu nos cantos de sua boca, enquanto ele entrelaçava


nossos dedos. — Eu precisava ouvir isso, espero que o que estou prestes a dizer
a você não destrua o pedestal no qual você me segura.

Eu ri. Na verdade, acho que bufei. — Oh, por favor, você não é tão
maravilhoso.

— Mais uma vez, você esmagou meu ego muito frágil.


— Duvido, mas posso ver que estamos abordando um assunto bastante
delicado.

Alex acenou com a cabeça. — Há algo aqui e eu não vou enrolar ou tentar
suavizar — eu tive um caso com a namorada do meu irmão.

Meus olhos se arregalaram. — Oh. — Foi tudo o que consegui dizer.

Momentos de silêncio se passaram entre nós, mas pareceu durar uma


eternidade. Mil pensamentos passaram dentro de mim com sua admissão. Alex
agarrou minha mão com um pouco mais de força.

— Ella, diga alguma coisa.

Meu coração disparou e minha garganta ficou seca. Eu não conseguia


formar nenhuma palavra. Isso deve estar relacionado ao fato de que “coisas
ruins acontecem quando o pau dele faz o que pensa”. Ele estava obviamente
com dor por causa do caso e meu coração doeu por ele. Peguei minha bebida e
tomei um grande gole, e depois outro, terminando o copo. Limpei minha
garganta e encontrei seu olhar. — Se há uma coisa que eu sei que é verdade,
essa coisa é que sempre há mais em histórias assim. Por que você não me conta
desde o começo?

Alex
O início... isso parecia bastante simples. Enquanto reunia meus
pensamentos, peguei nossas caixas vazias do almoço e joguei no lixo. Eu não
esperava ter essa conversa com Ella hoje, mas ela perguntou, e eu me recusei a
ser um desses caras. O que tem medo de arruinar uma coisa boa por ser franco e
fugir da conversa, não é quem eu sou.

Mesmo que Vince tenha me perdoado, o caso prejudicou nosso


relacionamento, nossa proximidade. Houve momentos em que ele ainda me
odiava por dormir com Amanda. Ela era dele e eu não deveria ter esses
sentimentos por ela, mas nós dois passamos muito tempo juntos e Vince
raramente estava por perto. Eu estava sozinho e ela estava sozinha, e a coisa
toda saiu do controle. Nem uma vez tentei impedi-la, e quando Amanda queria
parar, eu sempre a convencia de que eu era o melhor homem.

Peguei o vinho e outra cerveja para mim e voltei para o deck. Ella mudou-
se para uma das espreguiçadeiras e me juntei a ela.

— Quero que você saiba que não sou um fura olho. — Disse, enquanto
enchia seu copo.

Ela ergueu uma sobrancelha, me dando um pequeno sorriso.

— Ok, entendi. — Ela disse antes de tomar um gole gigante de sua bebida.
— Você tem que saber que Vince, meu irmão, não é... nem sempre foi o melhor
cara. Ele era um viciado em trabalho clássico que ignorava os filhos e mal era o
marido da ex-mulher. Sua família estava se desfazendo e Vince estava muito
envolvido em seus empreendimentos para se importar.

— Você sabe que as deficiências dele são dele, não suas, para corrigir.

— Eu entendo isso, e não foi assim comigo e Amanda. Éramos amigos e


comecei a me preocupar com ela. Ela estava com pouca sorte e Vince a pegou
e ofereceu a ela uma vida de conto de fadas. Ele deu a ela tudo, menos a única
coisa que ela precisava, ele.

— Então você pensou que seria o príncipe encantado dela. — Ella me


olhou com uma mistura de aborrecimento e compaixão. Pelo menos não foi
com decepção.

— Meu irmão me pediu para cuidar dela. Ele confiou em mim e eu o traí.
Ela era dele, pelo amor de Deus! — Eu soltei um suspiro profundo e rolei para
ficar de pé. — Eu assumi o trabalho de protegê-la pessoalmente. Ela estava
com muita dor emocional e me pediu para tirá-la. Eu deveria ter sido um amigo
para ela, mas vi algo que não estava lá e... Eu simplesmente estraguei tudo.

Ella apertou minha mão, incitando-me a sentar ao seu lado. — Alex, você
cometeu um erro. Ninguém é perfeito, e lembre-se que duas pessoas decidiram
ter um caso. Você não pode se considerar totalmente responsável.

Responsável. A menção dessa palavra me lembrou de quão irresponsável eu


fui com Amanda. Ela engravidou e eu poderia ter sido o pai. Ella merecia saber
essa parte da história. Afinal, descobrir que eu não seria pai e que Amanda havia
escolhido uma vida com Vince foi o que me trouxe aqui. Respirei fundo e
esperei que o que eu estava prestes a dizer não mandasse Ella correndo de volta
para a cidade.

— De muitas maneiras, o caso me mudou, e as coisas poderiam ser muito


diferentes hoje. — Cada parte de mim vibrou com a tensão quando as palavras
saíram. Porra. Não conseguia me lembrar de uma época em que estivesse mais
nervoso, nem mesmo as missões perigosas me deixavam tão nervoso. O polegar
de Ella passou suavemente nas costas da minha mão.

Meu olhar se voltou para Ella e engoli em seco. — No dia em que você e
eu nos conhecemos, Amanda deu à luz uma menina.

Ela engasgou ligeiramente e fechou os olhos. — E você poderia ter sido


o pai do bebê.

— Sim, e depois que descobri que não era, minha vida desabou. Nosso
caso destruiu Vince e eu senti um enorme peso de vergonha. Achei que estava
apaixonado pela Amanda, ou talvez fosse a ideia de sermos uma família. Não
sei.

— Lamento que você tenha que passar por toda essa dor. Eu nem consigo
imaginar como você se sentiu. Você deve ter sofrido em agonia.
— E foi então que decidi tirar férias e isso me trouxe aqui. — Coloquei
meus dedos sob o queixo de Ella, trazendo seus olhos para encontrar os meus.
— De certa forma, minhas más decisões trouxeram você a mim ou vice-versa.

— E você me protegendo, e essa atração que temos. Tudo isso te lembrou


de sua situação com Amanda?

Eu concordei. A verdade é que era uma junção de coisas, mas eu não


queria sobrecarregar Ella com um monte de coisas pesadas hoje. Eu queria
conhecê-la, e só esperava que esta conversa não tivesse colocado uma nuvem
negra sobre o resto do nosso dia.

Ella puxou os braços para cima e em volta do meu pescoço. Seus lábios
pousaram nos meus, dando-me um beijo suave e prolongado. Meu braço
enrolou em torno de sua cintura, trazendo-a para mais perto. Ela se aconchegou
ao meu lado e descansou sua bochecha contra meu bíceps.

Acho que tenho minha resposta.

***

Foi bom ter esse tempo com Ella, ela precisava se afastar do dia a dia e
apenas relaxar. Arregaçamos nossos jeans e eu carreguei seus sapatos enquanto
caminhávamos ao longo da praia.

— Então me fale sobre sua família. O que está no papel timbrado da


família Connolly?

— Obviamente você sabe sobre meu irmão, a estrela de Hollywood com


um hobby no mercado imobiliário. Ele se casou com Emma Bailey-Wilson, a
modelo, quando eles eram bem jovens. — Ela enrugou o nariz. — E graças a
Deus ele ficou mais esperto e se divorciou daquela vadia. Eles têm duas filhas,
Leah e Jade. Minhas sobrinhas são as queridinhas mais fofas que você já viu.

— Você não se importa com a ex-mulher do seu irmão?


— Não, no minuto em que a conheci, soube que ela era uma
aproveitadora. Emma usou meu irmão para ganhar mais fama. Não sei como
você não ficou sabendo, saiu em todas as manchetes de Hollywood, eles se
divorciaram porque ela traiu meu irmão com Dax Martin. Talvez a traição tenha
sido uma coisa boa, porque aquela estrada quebrada o levou a Holliday.

— Assim como a minha me levou a você.

Eu a lembrei mais uma vez. Ela sorriu, afastando o cabelo do rosto. —


Minha irmã, Molly, e seu marido moram em Vancouver, eles têm três filhos.
Molly era química, mas deixou o mundo corporativo para criar os filhos.

— Não sei o que seria mais difícil, criar três meninos ou ser químico.

— Sério? Molly trabalhava para uma empresa de cosméticos


desenvolvendo novas fragrâncias. Você já ouviu falar de Tallulah ou Miss
Victoria?

— Não, mas com certeza estarei à procura deles agora. Espere. — Eu


parei por um momento e olhei para ela. — Por acaso você usa um deles?

— Tallulah. — Ela admitiu.

— Eu gostei muito. Não deixei a governanta trocar meus lençóis por dois
dias porque o cheiro do seu perfume ainda estava lá.

Ela corou. — Estou lisonjeada e com fome. Eu li um artigo que Praline


Dreams é um dos destinos imperdíveis em The Harbour. Preciso experimentar
o sorvete caseiro deles. Ouvi dizer que é de morrer.

— Sorvete, isso entra nas listas de alimentos sem glúten?

— Contanto que não haja pedaços de brownie ou algo que contenha trigo,
a maioria dos sabores de sorvete são seguros. Graças a Deus, porque se eu
tivesse uma alergia a laticínios, acho que me mataria.
Essa garota era fascinante e eu queria saber tudo sobre ela. Ela era doce,
inteligente, ambiciosa e sua boca suja era um bônus. Ella correu na minha frente
e pegou algumas pedras e as jogou no oceano.

Quando chegamos ao caminho que ia da praia à cidade, usamos o chuveiro


externo para enxaguar os pés. Isso realmente não ajudou muito; a areia estava
por toda parte. Então paramos em uma das lojas locais e escolhemos alguns
calçados adequados para a praia.

— E quanto aos seus pais, você é próxima deles?

Ella segurou meu braço enquanto experimentava um par de sandálias


pretas. — Somos uma família muito unida, eu diria, apesar do fato de não
morarmos perto um do outro. Meus pais moram em Londres e viajam para
Cork, na Irlanda, algumas vezes no ano. É onde eu cresci. Mamãe é professora
aposentada. Quando ela não está viajando com o papai, ela trabalha meio
período em uma padaria. — Ella deu a volta e parou para estudar seu reflexo
no espelho. Eu não conseguia tirar os olhos de suas pernas, meus olhos
percorreram seu corpo de cima a baixo enquanto ela se virava em direções
diferentes. Se ao menos estivéssemos em uma loja de lingerie. Meu pau ficou
duro só de pensar em Ella provando várias peças de renda e seda.

— Meu pai começou na construção, mas depois mudou-se para o ramo


imobiliário. Enquanto trabalhava na construção, ele começou a comprar
imóveis; prevendo o mercado emergente e ganhando uma quantia considerável
de dinheiro. Ele ensinou a cada um de nós como investir nosso dinheiro e
diversificar nossos portfólios.

Ella e eu éramos semelhantes neste ponto. Apesar do fato de que cada um


de nós, irmãos Robertsen, tínhamos uma confiança, meu pai era inflexível
quanto a cada um de nós trabalhar e economizar nosso dinheiro. — Você
sempre quis ser proprietária de uma empresa?
— Essas são as minhas sandálias favoritas das que vendemos. — Olhei
por cima do ombro de Ella para encontrar uma mulher dobrando camisetas,
sorrindo em nossa direção.

— Sim, elas são adoráveis. — Respondeu Ella. — Acho que vou ficar com
elas, obrigada.

A mulher acenou com a cabeça. — O prazer é meu, e por favor, deixe-me


saber se você precisar de mais alguma coisa.

— Eu gostaria de sair com elas da loja, se isso for possível?

— Não, problema nenhum.

Ella bateu o dedo no lábio e começou a andar. — Você me fez uma


pergunta. Oh sim, eu não sabia o que queria fazer, para ser honesta. — Ella e
eu viramos a esquina e descobrimos que os sapatos masculinos estavam bem
na nossa frente. Os tênis que eu estava usando estavam oficialmente
encharcados de água e areia. Eu tinha certeza de que os jogaria fora.

— Fui para o London College of Fashion e estudei Gestão de Moda. Eu


imaginei trabalhar na Harrods ou na Burberry. — disse, pegando um par de
chinelos Reef segurando-os na minha direção.

Eu balancei a cabeça e comecei a procurar meu tamanho. Não tive essa


sorte.

— Um dia estava comprando algumas peças específicas e designers


franceses que adorei. Não consegui encontrar nada remotamente perto. Foi
quando eu tive essa ideia. No final, acabei pesquisando e depois fiz um plano
de negócios para meu pai. Ele ficou impressionado e me ajudou a conseguir o
empréstimo de que precisava para abrir uma loja. O resto é história.

Comecei a procurar outros estilos. Encontrei um par que gostei no meu


tamanho e experimentei. — Isso é muito legal, Ella. Você deveria estar muito
orgulhosa de si mesma. — Eu não era muito um cara de chinelo, eu tive um par
de Birkenstocks uma vez, e toda vez que eu os usava minha irmã, Amy revirava
os olhos. Ela me fez doá-los para a Goodwill. Então tentei convencê-la de que
poderia usar Crocs. Isso foi uma péssima ideia.

— Obrigada. — Ela girou e se virou para me encarar. — Isso fica bem


em você.

— O que você acha de pagarmos e irmos pegar um pouco daquele sorvete


de que você estava falando?

— Parece uma ótima ideia.


15
Ella
A tarde se acomodou no anoitecer e voltamos para sua casa, onde
relaxamos no sofá de sua sala de estar. Durante nosso passeio pela cidade, não
consegui parar de pensar sobre o caso dele com Amanda. Eu entendi muito
bem a dor que ele sentiu. Eu queria me abrir com Alex e mostrar a ele o mesmo
tipo de honestidade que ele me deu. Mas como você diz a alguém que seu ex-
namorado estava sendo julgado por um escândalo sexual envolvendo uma
menor? Normalmente, eu não precisava contar às pessoas, porque elas já
sabiam graças aos tabloides. E as manchetes sempre diziam “Pobre Ella
Connolly”, apanhada na mira de todo o curso doentio e tortuoso dos eventos.
Um violento estremecimento passou por mim com a memória.

Eu gostei da nossa conversa, no entanto. Alex me contou tudo sobre


como ele começou seu negócio enquanto tomávamos sorvete. Aprendi um
pouco mais sobre sua vida militar, mas não muito. Ele respondeu a várias
perguntas como sendo "classificado".

— Você quer assistir Duro de Matar ou Exterminador?

— Sério? Não tem nenhum filme mais recente que poderíamos considerar
assistir?

— Se assistirmos a um filme que não vi, terei que prestar atenção. E se eu


me distrair porque estou ocupado beijando você?

— Ahh, e quanto ao Netflix e relaxar?

Ele riu e balançou a cabeça. — Não exatamente, querida.


Peguei o controle remoto e comecei a passar os canais. Para minha
surpresa, a IFC estava exibindo um dos filmes do meu irmão.

— Oh, Ronan está neste filme. — Eu disse apontando para a tela. — É


um filme brilhante.

— Isso é um filme de beijos? — Ele perguntou, passando o braço em


volta dos meus ombros e me puxando para mais perto.

Eu ri de sua versão sobre sua referência de The Princess Bride. — Sim, há


um pouco de beijo. — Eu o cutuquei com meu cotovelo. — Não é um filme
totalmente feminino. Você ficará feliz em saber que há ação também. — Minha
mão caiu em seu peito, onde as pontas dos meus dedos tinham vontade própria,
traçando as duras cristas e planos de seu peito.

— Como é ter um irmão famoso?

— É interessante, com certeza.

— Você consegue se imaginar vivendo sua vida sob os holofotes, sob um


microscópio e sendo perseguida por paparazzi?

Infelizmente, sim, eu sabia e muito bem. Esta era uma oportunidade para
compartilhar mais. Por uma fração de segundo, pensei em derramar minhas
entranhas sobre David e toda a bagunça, mas por agora, parecia muito cedo.
Algo me disse que Alex seria capaz de ouvir tudo, mas eu simplesmente não
sabia se conseguiria contar a ele. De qualquer maneira, ainda não.

— Bem, é para isso que eu tenho você. — Inclinei-me para que pudesse ver
seu rosto. — Para me manter em segurança.

— Eu prometo fazer exatamente isso, você sempre estará segura quando


estiver comigo. — Ele baixou seus lábios nos meus e me beijou, selando sua
declaração. Seus braços envolveram minha cintura e ele se moveu de forma que
eu estava deitada de costas e ele estava em cima de mim. Os dedos de Alex
roçaram o lado da minha caixa torácica e senti meus batimentos dispararem pela
garganta. A atração entre nós era intensa e se tornava mais forte a cada vez que
ficávamos perto um do outro.

A língua de Alex traçou a concha da minha orelha e minhas mãos


empurraram sob sua camiseta, buscando a necessidade de sentir sua pele. Meus
dedos acariciaram suas costas ao longo de sua espinha e sua tatuagem passou
pela minha mente.

— Por que as duas cobras? — Perguntei, enquanto ele beijava meu


pescoço.

Ele puxou a cabeça para trás para olhar para mim, seus olhos escurecendo.
— As cobras são protetoras e, para mim, as duas representam a dualidade do
homem.

Engoli em seco antes de falar: — Você está dizendo que tem duas
personalidades?

— Não, uma me lembra do passado e dos erros que nunca mais serão
cometidos. Enquanto a outra representa o futuro e tudo o que aspiro.

Erros do passado, e aqui a história se repetia. Eu tinha escolhido ficar com


um homem em vez de trabalhar em minhas próprias aspirações. A própria razão
de eu estar no país. Pareceu irônico, porque tomei muitas decisões erradas na
minha vida. Eu não tinha aprendido nada?

Não fique pensando no passado, disse a mim mesma. Aproveite o presente


e este momento com Alex.

— Quem diria que você era tão profundo. — Eu respondi, permitindo


que meus dedos traçassem a tatuagem em suas costas musculosas.

— Profundo, sim, eu sou. — Sua voz era rica e calorosa.

A mão de Alex empurrou por baixo do tecido do meu sutiã. Quando seus
dedos ágeis traçaram meu mamilo, deixei escapar um gemido baixo. Seu braço
foi para trás de seu pescoço e ele arrancou sua camiseta, jogando-a no chão. Eu
não pude deixar de admirá-lo. Cada lindo centímetro dele foi esculpido com
perfeição masculina.

— Enterrado bem profundo dentro de você é onde eu quero estar. — Ele


murmurou, antes de me beijar. Sua língua varreu ao longo do céu da minha
boca, me deixando louca pela necessidade de tê-lo. Eu friccionei minha boceta
contra seu pau, mostrando a ele que queria isso também. Meus olhos se
fecharam enquanto sua mão flutuava pelo meu corpo, encontrando o caminho
de volta para a bainha da minha camisa.

— Você é tão linda. — Disse ele, enquanto levantava a bainha da minha


camisa para cima e sobre a minha cabeça. — Cada fodida parte de você é
perfeita. — Seus lábios voltaram para o meu estômago e ele beijou cada
centímetro, deixando rastros quentes como o inferno por onde passava. As
alças do meu sutiã desceram e eu levantei para que ele pudesse removê-lo. Meus
quadris levantaram do sofá quando sua boca envolveu meu seio, sugando e
lambendo meu mamilo. Um gemido baixo subiu pela minha garganta e minhas
mãos encontraram o caminho para sua bunda, sua incrivelmente bem definida
bunda.

— Você tem alguma ideia do que está fazendo comigo?

— Diga-me, Alex. O que eu faço com você?

Oh merda, eu deveria ter respondido? Ou foi uma pergunta retórica?

Por que estou debatendo isso?

Um homem quente, um homem que eu cobiçava desde que o conheci,


estava em cima de mim me beijando e me disse que queria estar enterrado
dentro de mim e eu estava pensando esse tipo de merda. Minhas mãos
emaranhadas em seu cabelo enquanto ele beijava meu pescoço e minha
clavícula. Alex me levantou do sofá e, instintivamente minhas pernas
prenderam ao redor de sua cintura.
— Para onde você está me levando?

— Para minha cama, é claro.

Sua língua mergulhou dentro da minha boca, me beijando lentamente. Ele


tinha gosto de chocolate, rico e cremoso chocolate pecaminoso. Com cada beijo
e carícia, meu corpo zumbia de desejo. Eu estava pressionada com tanta força
contra ele que quase não conseguia respirar. Mas isso não importa. Eu desistiria
do oxigênio se tudo que eu precisasse fossem os beijos de Alex para me manter
viva.

— Eu quero ir devagar. — Ele sussurrou contra meus lábios. — Quero


passar um tempo com você e lembrar de tudo, do seu toque, do seu gosto,
saborear cada momento.

Minha voz estava trêmula. — Sim, eu também quero isso.

Subimos até a metade da escada, mas uma batida na porta interrompeu


nosso momento. Eu deslizei pelo corpo alto de Alex e ele me puxou para trás,
me protegendo de quem estava do lado de fora. Estávamos fora de vista, então
não havia como quem estava do lado de fora nos ver seminus.

— O que a gente vai fazer? — Sussurrei.

— Eu deveria ter pendurado uma placa de "Não incomode, estamos


fodendo”, na porta.

Soltei uma risada abafada e enterrei meu rosto nos músculos rígidos de
suas costas.

Ele se virou para mim. — Se ficarmos quietos, talvez eles vão embora. —
Ele trouxe seu dedo indicador aos meus lábios e eu corri minha língua ao longo
de sua pele, chupando seu dedo em minha boca. Um sorriso cruzou seus lábios
e ele colocou a outra mão em volta do meu peito, apertando e acariciando meu
mamilo com a ponta do polegar. Ondas de choque e prazer percorreram minha
espinha. Eu coloquei seu dedo mais fundo em minha boca e rodei minha língua.
Um gemido retumbou de seu peito e eu o senti correr por todo o meu corpo.

— Continue fazendo isso e eu vou te foder bem aqui na escada.

Desta vez, a batida na porta foi acompanhada pelo som da campainha.

— Sr. Robertsen. — A voz estridente de uma mulher soou. — Sei que


você está aí, seu carro está estacionado na garagem. Preciso falar com você
sobre o seu paisagista.

Alex balançou a cabeça, seu dedo escorregou por entre meus lábios. Ele
roçou seus lábios nos meus, passando sua língua ao longo da costura dos meus
lábios.

— Ughh, é a Sra. Shaw... Eu preciso falar com ela. Ela está chateada com
a altura das minhas cercas.

— O que você quer que eu faça? Eu meio que preciso da minha camisa, a
menos que você queira que eu cumprimente seus convidados de topless.

— Acho que não, você vai subir para o meu quarto, onde vai se despir e
me esperar na cama. — Ele me beijou antes de se virar para descer as escadas.
— Serei rápido, eu prometo.

Eu me virei e subi correndo a escada, quando cheguei ao topo, olhei para


ele por cima do ombro. — É melhor ser ou então eu posso ser forçada a
começar sem você. — Eu deslizei para fora da minha calça jeans e calcinha, e
coloquei ambas no topo da escada.

Tudo o que ouvi foi um gemido enquanto caminhava pelo corredor em


direção ao seu quarto.
16
Ella
Fechei meu bloco de notas colocando-o na minha bolsa. — Bem, essa foi
a minha última visita agendada. — Eu disse a Alex, enquanto deslizava para me
sentar. — Não sei se gosto da ideia de uma boutique dentro de um hotel.

— Não é um hotel qualquer, é o The York Hotel, um dos melhores do


mundo. — Ressaltou.

— Eu entendo isso, mas acho que a fachada seria essencial. Acredito que
estaria me limitando ao tráfego de pedestres. — Inclinei-me para frente,
colocando meus braços sobre a mesa. Olhando ao redor do saguão, observei as
pessoas correndo ao redor, ocupadas demais para se preocupar com as lojas de
varejo. Não importa onde fosse o local, sempre haveria um risco. — Além do
que o aluguel é extremamente alto, e, sem falar, eu teria que assinar um contrato
de no mínimo três anos.

A garçonete do café veio até nossa mesa e eu pedi um chá e alguns


macaroons de coco cobertos com chocolate. Alex pediu um brownie de
chocolate duplo, que me deixou com inveja, e uma garrafa de água.

— Então, o que vai fazer agora? — Ele perguntou, acomodando-se em


seu assento.

Suspirei, batendo meu dedo contra a madeira. — Talvez não seja o


momento certo.

Dizer essas palavras me deixou com a sensação de derrota. O pensamento


real era deprimente. Eu já estava aqui há um mês e nada parecia estar dando
certo. Meu pai conseguiu reunir mais meia dúzia de estabelecimentos, para eu
visitar, depois que as dez primeiras opções foram uma catástrofe, e Ronan foi
quem descobriu sobre o espaço aqui no hotel.

— Ou talvez Manhattan não seja o que você está procurando.

— Se não for aqui, onde você me recomenda?

— Estou feliz que tenha perguntado. — Ele acenou para o nosso


atendente pedindo a conta e mudou nosso pedido para viagem.

— Onde estamos indo?

— Primeiro, de volta ao hotel, você vai fazer suas malas e vamos sair daqui
para o fim de semana. Será uma pausa agradável e, se nos apressarmos, não
pegaremos todo o trânsito no caminho para The Harbour.

A ideia de passar um fim de semana inteiro com Alex em sua casa de praia
me emocionou. Eu precisava disso também; uma pequena pausa para clarear
minha cabeça... e isso parecia perfeito. Enquanto eu voltava para o meu quarto
de hotel, decidi mandar uma mensagem para meu irmão. Não que eu precisasse
pedir a autorização dele, mas da última vez que conversamos, ele parecia um
pouco fora de controle, até no limite, porque meu irmão sempre foi bem-
educado. Mesmo durante seu divórcio público com Emma e o escândalo de
traição.

Eu: Ei, só queria que você soubesse que vou passar um tempo no The Harbour.

Ronan: Oh, ok. Vai ficar com amigos?

Não, vou ficar com meu guarda-costas quente como o inferno, o cara que
você contratou, e provavelmente vamos transar como coelhos durante todo o
fim de semana. Merda. Pense, Ella, pense. Você precisa de algo para dizer a ele
que não deixe suspeitas.

Eu: Sim, e estou pensando em fazer algumas visitas em estabelecimentos para a


boutique. Talvez papai estivesse certo sobre os Hamptons. Avisarei a você quando comprar
uma casa de verão.
Não era uma mentira completa. Na nossa conversa anterior, Alex me fez
pensar em outros lugares além de Manhattan. Tecnicamente, essa resposta
funcionaria por enquanto.

Ronan: Talvez eu compre um lugar e você poderá ficar lá.

Eu: Isso é um pouco demais, até para você.

Ronan: Tenha um fim de semana maravilhoso. Falamos em breve.

Uma hora depois, estávamos na estrada dirigindo em direção aos


Hamptons. Nabila me ligou enquanto eu fazia as malas exigindo que eu baixasse
o aplicativo Snapchat para que pudesse assistir sua mostra de arte em tempo
real. Consegui criar uma conta e, não mais de cinco minutos depois, ela fez uma
chamada em tempo real. Demorei um pouco para descobrir como usar o
aplicativo bobo, mas ele conseguiu nos manter entretidas.

— Pensei em parar no mercado e comprar algumas coisas antes de ir para


a casa. — Alex pegou minha mão na sua, entrelaçando seus longos dedos nos
meus. — Antes de sairmos, liguei para minha governanta, a sra. Curtis, e pedi
que ela entregasse algumas coisas essenciais. No entanto, eu queria alguns itens
especiais para o jantar.

— Oh, você irá fazer o jantar? Algum tipo de mimo para mim.

— Para que você saiba, sou um excelente cozinheiro. — Ele piscou e


trouxe nossas mãos entrelaçadas para sua boca perfeita, beijando as costas da
minha mão. Ele olhou para mim com aquele sorriso doce do caralho, aquele
que ia até os olhos, e eu derreti. Eu não pude deixar de olhar para ele - ele era
inegavelmente bonito, inteligente, charmoso e engraçado. Além disso, ele sabia
cozinhar. Isso deve ser um sonho. Era bom demais para ser verdade.

— O que é isso?

— Você está me levando para sua casa novamente. Estivemos juntos


praticamente 24 horas por dia, sete dias por semana nas últimas semanas. Isso
se parece muito com um namoro, em vez de qualquer relacionamento que as
pessoas deveriam ter com seus guarda-costas.

Ele riu. — E o que você quer dizer exatamente?

— Absolutamente nada. — Eu respondi, apertando sua mão um pouco


mais forte. — Apenas fazendo uma observação.

— Se você quiser, eu me demito amanhã, querida. Eu me sinto um pouco


culpado por pegar o dinheiro do seu irmão.

— Por quê?

— Bem, para começar, estou dormindo com sua linda e inteligente irmã.
— Ele mexeu as sobrancelhas. — Quebrando todas as regras.

Senti minhas bochechas esquentarem com seu elogio. — Discordo, eu


deveria dizer a ele para lhe dar um aumento, já que você cuidou tão bem de
mim e do meu corpo. — Eu escorreguei minha mão de seu aperto e lentamente
acariciei sua coxa musculosa, provocando-o.

— Aqui está uma ideia, e se contássemos a ele sobre nós? Então eu seria
absolvido de minha culpa.

— Sobre nós? Quando nos tornamos nós? — Eu brinquei, sentindo


borboletas se formando na minha barriga. — Nós nem mesmo tivemos um
encontro adequado. Acho que é muito cedo para discutir sobre nós.

— Muito cedo, hein? — Ele ergueu uma sobrancelha em minha direção.


— Não foi seu irmão que foi morar com a namorada depois de algumas
semanas de namoro? Aposto que eles seriam nossos maiores apoiadores.

Sorrindo, eu encolhi os ombros e fingi estar ocupada com meu telefone.


Eu sabia que ele estava dizendo algo sincero, mas no que dizia respeito aos
relacionamentos, eu tendia a pular de cabeça, coração e corpo inteiro. Caso em
questão - David. Também sou conhecida por me perder em meus casos e
esquecer todo o resto. É por isso que eu não vi o que realmente estava
acontecendo ao meu redor quando David e eu estávamos juntos. Por outro
lado, devo simplesmente esquecê-lo e perceber que não existem dois
relacionamentos iguais. Também devo me atentar que Alex não é David, eles
não possuem qualquer semelhança.

Meu telefone me alertou para outra chamada instantânea de Nabila. As


fotos mostravam que ela colocava etiquetas vendidas em várias de suas
fotografias e pinturas de seus artistas em destaque. E a última era uma foto dela
com Finn Carter. Eu sorri e enviei a ela uma mensagem de parabéns rápida e
disse que ligaria para ela em breve para obter as notícias completas. Essa
conversa seria bastante longa, pois eu tinha algumas coisas para conversar sobre
mim, e um desses assuntos era Alex.

Viramos para atravessar a ponte para a aldeia enquanto nuvens de


tempestade caíam sobre a baía, sombreando o céu de rosa claro e cinza escuro.
Enfiei meu telefone de volta na na bolsa enquanto Alex nos levava para o
mercado no meio da cidade. Saímos do Range Rover e ele pegou minha mão,
enviando calor pela minha pele. Uma vez lá dentro, ele pegou uma cesta e tirou
seu telefone do bolso, soltando minha mão. Imediatamente, um calafrio tomou
conta de mim com a perda.

— Eu até fiz uma lista. — Disse ele com orgulho. — Você irá adorar.

Eu sorri enquanto ele me conduzia pelo corredor de produtos. Ele pegou


mirtilos frescos, laranjas, limões, brócolis e um pouco de frango fresco. Quando
passamos pelo corredor de guloseimas, consegui persuadi-lo a pegar quatro
litros de sorvete Häagen-Dazs. Antes que eu percebesse, ele tinha uma cesta
cheia com a mais estranha mistura de alimentos.

— Pegue o que quiser - vinho, vodka, tequila. — Ele acenou com a cabeça
em direção às prateleiras de álcool.

— Tentando me deixar bêbada? — Eu o provoquei.

— Eu só quero tornar este fim de semana especial para você.


— Tem certeza de que não posso ajudar a pagar por nada disso?

— Não, é por minha conta.

Ele colocou a cesta no balcão do caixa e me puxou para seu corpo alto,
beijando o topo da minha cabeça. Enquanto Alex pagava, folheei uma revista
imobiliária, curiosa para saber o valor das casas aqui. Meus olhos pousaram em
uma lista de um imóvel comercial na rua principal. Li a descrição e, no papel,
parecia perfeito. O preço estava um pouco fora do meu orçamento, mas isso
sempre poderia ser negociado, como diria Ronan.

— Pronta para ir?

Eu balancei a cabeça e coloquei a revista na minha bolsa. Parecia bom


demais para ser verdade. E se todo esse tempo, este fosse o lugar que eu deveria
estar? Havia muitos fatores a serem considerados. Minha mente estava girando,
especialmente porque eu tinha acabado de dizer a Ronan que estava realmente
considerando um espaço aqui.

Mentiras imitando a vida. Isso é um sinal?

Eu pensaria no trabalho e no espaço da boutique mais tarde. No


momento, eu estava mais interessada em explorar o “nós” como a possibilidade
para mim e Alex. É tudo uma questão de encontrar equilíbrio, certo?

Alex
Depois de desempacotar as compras, peguei a receita do jantar no meu
tablet e comecei meu trabalho de preparar nossa refeição. Eu estava preparando
o jantar dela. Esta era uma das minhas especialidades e era algo que adorava
fazer pela mulher com quem namorava. Às vezes, se um caso de uma noite dava
sorte, eu preparava o café da manhã para ela. Isso acabou bem para mim na
maioria das vezes, porque significava sexo depois de panquecas, waffles ou
mesmo bacon com ovos. Agora, estou aqui com Ella mais uma vez e isso nunca
pareceu tão certo. Mais certo do que qualquer coisa que eu senti em muito
tempo.

Ella estava na janela, olhando para o oceano. Deus, ela é linda. O suéter de
Ella caiu de seu ombro, expondo a alça do sutiã de renda preta e tudo que eu
conseguia pensar era minha língua em torno de seus lindos mamilos rosados. E
agora, eu estava olhando para suas pernas, aquelas lindas pernas, longas, magras
e ligadas à sua bunda perfeita.

— Você quer um pouco de vinho ou algum drink?

Coloquei as fatias finas de frango em uma tigela, adicionando a cebola, o


alho e o molho de soja, dando tempo para gratinar, enquanto picava os brócolis
e os cogumelos.

— Claro, vinho parece bom, já que vamos comer algum tipo de prato de
frango. — Ella se encostou no balcão e se apoiou nos cotovelos.

— Sim, eu encontrei este incrível site com várias receitas de comida sem
glúten. E para sobremesa, café expresso com sorvete.

Seus olhos se arregalaram. — Expresso, hein? Vou ficar acordada a noite


toda.

— Bom, não sei se vamos dormir muito.

Ela deu a volta no balcão ficando atrás de mim, deslizando os braços em


volta da minha cintura. — Eu pensei que você me trouxe aqui para relaxar e
agora você vai me negar descanso? — Suas mãos encontraram o seu caminho
por baixo da minha camisa, acariciando suavemente meu abdômen.

Depois de lavar minhas mãos, limpei-as no pano de prato e me virei para


Ella. — Você terá muito descanso, acredite em mim, você vai precisar. — Meu
nariz roçou no dela, enquanto eu passava minhas mãos em seus cabelos. Todo
o resto desapareceu no fundo, exceto o som de sua respiração, um ritmo baixo
e instável. Inclinei sua cabeça em direção à minha. Meus polegares roçaram suas
bochechas que já estavam rosadas; a mesma tonalidade que atualmente pintava
o céu. Se isso soou clichê, eu não dou a mínima, sou observador e isso sempre
me ajudou muito.

— Alguém já disse o quão sexy você é?

— Tanto quanto estou preocupada, você é o único homem que já me disse.


— Ela respirou.

Boa resposta, porra.

Ella me pegou de surpresa quando me empurrou contra a bancada,


enfiando a língua dentro da minha boca. Suas mãos se moveram para o botão
da minha calça jeans, mergulhando os dedos dentro da minha calça e abrindo-
o. Eu a beijei com mais força, gemendo em sua boca quando sua mão deslizou
pela minha boxer, agarrando meu pau.

Por mais que eu soubesse que iria gostar para onde isso estava indo, virei
o jogo contra ela. Chupando seu lábio inferior em minha boca, segurei sua
bunda, levantando-a do chão. De repente, eu não estava com fome de comida,
só dela.

Ela não parecia se importar com a nova posição. Suas unhas cravaram em
meu bíceps e um sorriso predatório cruzou seus lábios.

Porra, esses lábios, eles vão, sem dúvida, ser a minha ruína.

Eu apertei minha boca na dela, e minhas mãos agarraram seu cabelo,


segurando-a no lugar. Pressionando-a contra mim, a umidade vazou através de
suas leggings e na minha calça jeans. Foda-se, sim.

Eu a empurrei contra a parede da cozinha. Minhas mãos acariciaram cada


centímetro de seu corpo. Seus mamilos endureceram sob o tecido delicado de
seu suéter. Arrepios espalharam-se por sua pele deliciosa e impecável. Ela era
como um fio elétrico, onde quer que eu a tocasse, provocaria uma reação em
mim.

Eu levantei seu suéter sobre sua cabeça, jogando-o sobre a cadeira. Meus
lábios viajaram por sua clavícula, em seu ombro, beijando meu caminho até seu
pescoço.

— Alex. — Ela gemeu. Ouvir meu nome foi como uma oração, então me
ajoelhei.

Provocando-a, eu arrastei minha língua por seu estômago, passando meus


dedos por suas coxas. Minhas mãos agarraram o cós de sua legging, puxando-a
para baixo. Eu belisquei sua pele, alternando beijos entre suas coxas. Abrindo
suas pernas, minha respiração bateu sobre sua pele. Sua excitação encheu meus
sentidos.

— Mal posso esperar para te provar.

Sim, Ella e eu fizemos sexo, mas não tive o prazer de prová-la, até agora.
Puxei sua calcinha de renda de lado e descobri sua boceta molhada. Cristo.

Eu a lambi lentamente, passando minha língua sobre sua carne aquecida.


Ela se contorceu sob minha língua, seus dedos cravados em meu cabelo,
puxando com força os fios. Envolvendo meus lábios em torno de seu clitóris,
chupei com força, enquanto colocava meu dedo dentro dela.

Nossos olhos se encontraram com um calor escaldante. — Você está


encharcada para mim, querida.

Eu precisava tirar sua calcinha; eu a queria nua. Puxei o tecido removendo-


o, em seguida, coloquei sua perna esquerda sobre meu ombro. Minha língua
chicoteou sobre sua pele sensível, enquanto massageava seu clitóris com meu
polegar, deixando-a mais molhada.

— Oh Deus, sua boca. — Ela gemeu, esfregando sua boceta contra meu
rosto. Prendi seus quadris contra a parede e deslizei minha língua sobre seu
clitóris, em seguida, mergulhei de volta para dentro dela querendo mais de sua
doçura. Ninguém sabe exatamente qual é o gosto de Ambrosia (manjar dos
Deuses), mas se eu tivesse que adivinhar, diria que é isso.

Meu pau latejava, lutando contra meu jeans. Mas isso não era sobre mim,
era tudo sobre Ella. Pequenos gemidos e choramingos saíram de seus lábios,
alimentando meu desejo de fodê-la com a língua até um orgasmo épico. Eu
enfiei minha língua com mais força, deixando nós dois loucos.

— Oh, Alex, por favor... Eu...

Ela arqueou contra minha boca, minha língua circulou seu clitóris inchado
e fui recompensado com um gemido suave. Eu a queria à minha mercê,
ofegante e implorando por mais, me implorando para deixá-la gozar.

Eu queria vê-la enlouquecer.

Suas unhas cravaram no meu couro cabeludo, puxando-o dolorosamente.


Súplicas e sussurros escaparam de seus lábios, enquanto seus quadris
ondulavam contra meu rosto. Um prazer abrasador me feriu, enquanto eu
trabalhava minha língua, encontrando um ritmo que traria sua liberação.

— Por favor, Alex. — Ela gemeu.

Senti seus músculos apertarem quando mergulhei dois dedos dentro,


acariciando e lambendo em uníssono perfeito. Mais uma vez, minha língua
circulou seu clitóris e a senti pulsando contra mim. Eu torci meu pulso e
aumentei o ritmo. Seus quadris sacudiram e Ella gritou meu nome enquanto
gozava em todos os meus dedos. Da próxima vez, será na minha língua que ela gozará.

Eu absorvi cada onda de seu prazer, fazendo-a descer da sua onda de


prazer com movimentos longos e lentos de meus dedos, antes de liberar meu
domínio sobre ela. Eu me levantei e ajustei meu jeans. Ella se agarrou à parede,
sua pele corou e um sorriso preguiçoso cruzou seu rosto. Peguei sua calcinha e
a ajudei a colocá-la de volta, junto com sua legging.
— Alex, meu Deus, isso foi... Não tenho palavras, acho.

— Eu deixei você sem palavras e isso está ótimo para mim.

Em resposta, ela pegou meu jeans novamente e eu peguei suas mãos nas
minhas. — Veremos isso mais tarde. Agora, tenho o nosso jantar para preparar.

Ela pressionou seus lábios nos meus, beijando-me suavemente. Fiz sinal
para que Ella se sentasse e, em seguida, tirei uma garrafa de vinho da geladeira
e servi um copo para ela. Eu encontrei seus olhos e ela me deu um sorriso
sedutor.

— Quem te ensinou a cozinhar?

— Minha mãe. — Liguei o fogão e esquentei duas colheres de sopa de


óleo de coco em uma frigideira grande. — Apesar de ter uma equipe em tempo
integral, minha mãe gosta de cozinhar. Ela ajuda na cozinha sempre que pode.
Eu sentia falta de refeições caseiras quando estava no exército, especialmente
durante as férias.

— Eu posso certamente entender isso, toda a minha família adora


cozinhar e comer. Se isso for bom, lembre-me de enviar a sua mãe uma nota de
agradecimento.

— Oh, querida, não haverá ‘se’. Posso garantir que esta será a única
refeição que você vai se referir como a melhor que você já provou. — Gabei-
me, sentindo-me bastante confiante em minhas habilidades culinárias.

— Ah, sim e qual foi a melhor refeição que você já comeu?

— Você.
17
Ella
Na manhã de segunda-feira, acordei sozinha na cama de Alex. Ele havia
deixado um bilhete no travesseiro dizendo que tinha um assunto urgente para
cuidar e que não demoraria muito. Eu deslizei para fora das cobertas que
cheiravam a sexo e Alex e tropecei em direção ao closet. Eu olhei para o meu
reflexo no espelho, minhas bochechas estavam rosadas e eu parecia ter um
sorriso permanente nos lábios. O fim de semana foi absolutamente perfeito e
eu não queria ir embora.

Vasculhei as gavetas, tirando um short de corrida e uma camiseta. Depois


de jogar meu cabelo para cima em um rabo de cavalo e calçar meus tênis de
ginástica, peguei a página do imóvel de varejo da revista imobiliária, a dobrei
colocando-a no bolso. Desci as escadas para pegar uma garrafa de água.

— Oh, olá, querida.

Levei um susto, pulei e quase caí de bunda. O chão da cozinha estava


escorregadio e agora eu sabia o motivo - eles tinham acabado de ser esfregados.
Uma mulher alta, vestindo uma camisa com estampa floral e calça preta, se
aproximou de mim enquanto eu contornava o balcão.

— Desculpe, querida, eu não queria assustar você. — Disse ela, afastando


o cabelo castanho escuro do rosto.

— Oh, tudo bem. A propósito, sou Ella. — Eu disse, estendendo minha


mão para ela.

— Prazer em conhecê-la, Ella. Sou Rita, a governanta do Sr. Robertsen.


Posso fazer um café da manhã para você?
— Ah, não, mas obrigada. — Respondi, abrindo a porta da geladeira. —
Eu estou de saída, vou correr. Devo estar de volta em uma hora. Você ainda
estará aqui?

— Sim, ainda tenho algumas coisas para fazer. Vá em frente e aproveite


sua corrida. Vou preparar um pouco de café e ele estará pronto para você
quando voltar.

Sorri, colocando meus fones de ouvido. Depois de esticar as pernas na


varanda da frente, deslizei a tela do telefone até chegar à lista de reprodução de
cardio. Era uma linda manhã de primavera e o ar frio tinha um toque de sal e
grama fresca.

Comecei em um ritmo leve enquanto corria pela estrada de terra. Assim


que cheguei à estrada principal, acelerei quando os restaurantes e lojas de The
Harbour apareceram e "Hands to Myself" da Selena Gomez explodiu em meus
ouvidos. Memórias decadentes de Alex rodaram em minha mente, ele pairando
sobre mim, seus bíceps flexionando e nossa pele escorregadia de suor enquanto
fazíamos amor. Fazíamos amor? Não, nós fizemos sexo.

É hora de ficar séria. Você pode pensar em vocês dois mais tarde.

O calor tomou conta de mim, enquanto eu corria pela rua quente. Assim
que cheguei à calçada, a copa das árvores forneceu a sombra necessária. Do
lado de fora do Café North Harbor, o cheiro de baunilha e caramelo me
envolveu. Parei para recuperar o fôlego, usando minha camiseta para limpar as
gotas de suor que escorriam pelas laterais do meu rosto. Depois de tomar alguns
goles de água, tirei o papel do bolso e dei uma olhada no endereço da cafeteria.
A lista dizia 1204 North Harbor Drive, e a cafeteria era 1600 North Harbor
Drive.

Assim que cheguei ao bloco 1500, comecei a correr novamente e o ar


salgado do oceano chicoteou ao meu redor. Meus pulmões queimavam
enquanto eu corria pelos últimos quarteirões. Reduzi o passo quando cheguei à
loja de decoração de interiores na esquina do bloco 1200. E então meus olhos
brilharam com a visão do espaço. Era perfeito, duas janelas enormes e a fachada
da loja era branca, o que eu adorei ainda mais. Imaginando um plano, dei a volta
na frente do prédio vazio. Eu poderia ter este lugar instalado e funcionando de
quatro a seis semanas, dependendo das reformas.

O pânico cresceu lentamente e eu esfreguei a dor em meu peito. Papai


havia mencionado algo para mim no início deste ano sobre procurar lugares nos
Hamptons, mas eu realmente queria estar na cidade. Se eu tivesse meu espaço
aqui, teria que morar aqui e tinha certeza de que a faixa de preço era mais alta
do que Manhattan. Tudo isso dependia de eu decidir ficar ou não nos Estados
Unidos. Respirando fundo, decidi não apertar o botão de surtar. Primeiro, eu
preciso analisar os números e, em seguida, rever uma lista de prós e contras.
Um ponto positivo era que a loja em Londres estava indo bem e Bianca tinha
tudo sob controle.

Meu visto expirará em cinco meses, eu honestamente pensei que já teria


um jeito melhor de lidar com esta situação. Ronan disse que eu sempre poderia
registrar uma prorrogação se precisasse de mais tempo aqui. Mais tempo seria
necessário porque eu estava colocando mais energia na minha vida pessoal do
que na profissional. Talvez eu esteja pensando demais em tudo.

Como Alex se sentiria sobre eu abrir uma loja aqui no The Harbour? Eu
girei sob meus calcanhares e atravessei a rua movimentada para começar minha
corrida de volta para sua casa. Quais eram seus planos futuros? O que
aconteceria conosco se eu não ficasse aqui? Tudo isso pode ter sido um
pensamento prematuro da minha parte. Por que eu estava considerando Alex
nas decisões sobre minha boutique? Meu telefone vibrou, alertando-me para
uma mensagem.

Alex: Volto para casa em uma hora. Eu tenho uma surpresa para você.
Lendo a mensagem, meu coração deu um pulo e um sorriso se abriu em
meu rosto. Seria possível que eu estivesse considerando Alex nas decisões da
minha vida porque eu queria? Eu chutei e corri o mais rápido que pude como
se minha vida dependesse disso.

***

Depois do banho, Rita insistiu em me preparar o café da manhã. Expliquei


minhas restrições alimentares e ela me disse que não era um problema, já que
seu filho mais novo era alérgico a tudo - laticínios, trigo, nozes e frutos do mar.
Convidei-a para tomar café comigo, mas ela recusou e voltou para seus afazeres.
Assim que Rita terminou seu trabalho, ela se despediu e saiu correndo porta
afora.

Depois que ela saiu, peguei uma das minhas revistas de fofoca favoritas e
fui até a piscina. Eu sei que deveria odiar os tabloides, mas esse é o meu vício.
Eu sentei em uma das espreguiçadeiras azuis e brancas, tomando mais sol.
Nunca me senti tão relaxada em toda minha vida, era quase como se estivesse
de férias. Eu estava começando a entender por que Alex amava esse lugar. Isso
tudo é como um calmante, especialmente por estar perto do oceano.

Eu folheei as páginas da revista, pulando todo o drama das Kardashian


presente. Meus olhos pousaram em uma história sobre meu irmão e Holliday a
caminho de uma separação. Bobagem. Percorrendo mais algumas páginas,
encontrei um anúncio de Nadia Dream com Gigi Ellis, minha atriz favorita. Ela
me inspirou a tentar ser modelo enquanto estava na universidade, infelizmente
Ronan ficou com todo o talento nessa área.

— Lar Doce Lar. — eu ouvi Alex gritar.

Ficando de pé, corri para dentro. Vê-lo em seu jeans escuro e uma camiseta
desbotada de Nova York fez meu sangue bombear e acender o fogo em minhas
veias. Eu pulei em seus braços, puxando sua boca para a minha em um beijo
molhado e carente, eu o devorei.
Ele mordeu meu lábio inferior. — Também senti sua falta.

Eu deslizei para baixo em seu corpo e me inclinei contra o balcão. —


Então, onde está essa surpresa? — Eu perguntei, balançando minhas
sobrancelhas.

Ele enfiou a mão no bolso de trás e colocou dois itens em minhas mãos:
ingressos para um jogo de beisebol, New York contra Boston.

— Vamos a um jogo de beisebol?

— Sim, lembra outro dia quando você disse que queria fazer algo
verdadeiramente americano?

— Lembro-me de ter dito algo assim.

— Bem, você disse isso e eu estou aqui para atender a esse pedido. —
Disse ele, antes de colocar um boné na minha cabeça.

— Oh, uau, mas e se eu quisesse torcer por Boston? — Lancei para ele
um olhar de deboche e toquei os ingressos na palma da minha mão. Claro, eu
estava apenas dificultando a vida dele.

Suas sobrancelhas franziram em uma carranca e ele puxou os ingressos da


minha mão. — De jeito nenhum, nós torcemos por New York, a menos que eles
estejam jogando em Chicago, então é sempre Chicago. Ah, mais uma coisa, aqui
está sua camisa oficial do dia do jogo. — Alex jogou uma camiseta azul marinho
na minha direção.

Eu balancei minha cabeça e encarei minha camisa. — Muito obrigada, mas


eu tenho uma confissão. Não sei muito sobre o esporte. Eu prometo não ser
chata e ficar perguntando o tempo todo, mas você pode ter que me explicar
algumas coisas.

Ele esfregou meus ombros, alisando as mãos para cima e para baixo em
meus braços. — Eu não me importo com isso, muito pelo contrário. — Ele
assegurou, colocando minha incerteza de lado.
— Tudo bem, me leve para o jogo. — Eu disse, tirando minha camisa e
puxando a que Alex me trouxe.

Saímos de casa e Alex não dirigiu em direção a Manhattan, ele começou a


dirigir na direção oposta.

— Eu sei que não estou aqui há tanto tempo, mas você sabe que a cidade
é para o outro lado.

Ele riu e ligou a seta e começamos a dirigir pela Bay Shore Drive.

— Você é muito observadora. Estamos indo para o aeroporto, porque


iremos voando para a cidade.

— Você está falando sério?

— Eu disse que era um passageiro frequente.

Ele pressionou o dedo contra a tela para ouvir música e "Kiss Me", de
Olly Murs, reverberou por seu Range Rover.

Procurei por algum carro da polícia. Quase não havia carros neste trecho
da estrada. Corajosamente, tirei o cinto de segurança e me inclinei para beijá-lo
na bochecha. Ele pegou minha mão na sua, levando as costas à boca e
salpicando meus dedos com beijos suaves.

— Então, como foi sua manhã? — Ele abaixou o volume do rádio,


olhando para mim.

— Foi boa. Fui correr e bem... Eu meio que tropecei em uma loja vazia
na Harbor Drive. Está para alugar e eu estava pensando em abrir minha loja lá.

Meus ombros ficaram tensos quando terminei a última parte da minha


frase. Eu não queria que Alex pensasse que eu era uma psicopata por
possivelmente trabalhar e morar perto dele.

— Mesmo? — Sua mão alcançou o console e ele tirou uma revista. —


Isso é irônico porque comprei isso para você no café esta manhã. Rita
mencionou algo sobre uma de suas lojas favoritas na praça que estava fechando
e isso me fez pensar que talvez fosse uma opção.

Peguei a revista da mão dele, percebendo que era a mesma que eu havia
comprado no mercado. Sorri enquanto tracei a capa com a ponta dos dedos.

— Isso é muito atencioso. Acho que você e eu estamos mesmo em


sintonia.

— Parece que sim. Talvez você devesse pensar em morar e trabalhar aqui
ao invés de na cidade.

Senti um sorriso puxando meu rosto e meu coração pulou uma batida.
Assim que estacionamos no aeroporto de East Hampton, Alex abriu minha
porta e pegou minha mão enquanto caminhávamos para dentro. Mil
pensamentos estavam nadando em minha mente. Eu me perguntei o que ele
estava pensando. Precisávamos conversar, obviamente, havia algumas questões
maiores pendentes.

Enquanto caminhávamos pela pista em direção ao avião, decidi que era


hora de colocar minhas cartas na mesa e, possivelmente, meu coração. Precisava
ser feito antes de cairmos mais fundo no que quer que seja isso entre nós. Não
sei por que estava tão nervosa, conversar com Alex sempre foi fácil. Parecia tão
natural quanto respirar.

O capitão cumprimentou Alex e eu antes de subirmos as escadas. Nosso


comissário de bordo, Joni, nos cumprimentou quando nos sentamos. A última
vez que estive em um jato particular, foi com David. Poucos dias depois de
voltarmos daquela viagem em Tenerife, em que ele foi preso por suspeita de
atividade sexual com uma garota de quinze anos.

Eu inclinei minha cabeça para trás contra uma das grandes e macias
poltronas brancas e Alex se sentou à minha direita. Depois que Joni trouxe
nossas bebidas, Alex disse a ele para nos verificar em cerca de vinte minutos.
— Você está bem? — Alex acariciou meu braço, capturando minha
atenção.

— Quais são seus planos para o futuro? — Eu soltei sem hesitação.

Seus olhos se arregalaram. — Essa é uma pergunta fora do comum.

— Bem, vamos a um jogo de beisebol, parece apropriado para mim.

Alex riu e isso me fez sorrir. — Vejamos, gostaria de expandir meus


negócios. Meu plano é ter um escritório em Manhattan, mas também posso
trabalhar com clientes no The Harbour.

— Sim, e não vou precisar de um guarda-costas para sempre.

Sua mandíbula estava tensa e ele respirou fundo. Apesar da expressão


séria, seus lindos olhos permaneceram suaves. — Você deve saber que às vezes
trabalho com os militares.

Meu coração batia forte no meu peito. — Em missões, digo, colocando


você em perigo?

— Não, eu tenho uma equipe de homens que se oferecem como


voluntários para as missões. Eu geralmente não vou.

— Geralmente? — Por alguma razão estranha, meus olhos se encheram de


lágrimas, ameaçando abrir um caminho pelo meu rosto, mas consegui segurá-
las.

O capitão veio pelo alto-falante nos instruindo a colocar os cintos de


segurança, já que estávamos liberados para a decolagem. As vibrações do avião
percorreram meu corpo enquanto minhas mãos agarraram o apoio de braço.
Minha pergunta pairou no ar, assim como as nuvens no céu azul entre as quais
estávamos agora pairando.

Sua mão procurou a minha no console, os dedos se entrelaçando antes de


puxá-los para descansar em seu colo. — Faz anos que não faço uma missão,
mas se for necessário, tenho de ir. Espero que isso te tranquilize.
Eu não poderia dizer que gostei da ideia de Alex, ou qualquer outra pessoa,
indo para lugares perigosos. O pai de Nabila foi piloto da Royal Air Force. Ele
foi morto durante um exercício de treinamento no País de Gales. Apesar da
devastação pela perda do pai, Nabila disse que ele morreu servindo ao seu país,
um país que ele amava tanto quanto sua própria família.

— Acho que é preciso ser uma pessoa muito corajosa para lutar por seu
país. Uma pessoa honrada. Não consigo imaginar como deve ser dar tanto,
defender e salvar a vida de tantas pessoas.

Ele não disse nada e nem precisava. Nas últimas semanas, fiquei bastante
familiarizada com os trejeitos de Alex. Pela maneira como ele respirou fundo e
esfregou o dedo indicador sobre a boca, eu sabia que ele estava pensando em
algo emocionalmente doloroso. Ele fez a mesma coisa quando falou sobre seu
caso com Amanda.

Abri a boca para falar, mas Joni entrou rapidamente e perguntou se


gostaríamos de beber mais. Pedimos outra rodada de bebidas pouco antes de o
capitão anunciar que chegaríamos ao aeroporto em breve e que deveríamos
colocar o cinto de segurança. Eu esperava não ter dito algo que estragaria este
dia.

Alex pegou minha mão, apertando com força. — Você está pronta para
experimentar seu primeiro jogo de beisebol da liga principal?

— Pronta como nunca.


18
Alex
Quarenta minutos depois, chegamos ao estádio. A viagem do aeroporto
tinha sido silenciosa e isso foi minha culpa. Trazer à tona meu tempo no
exército não deixa de ter seus lembretes sombrios. Durante o vôo minha mente
voltou para todas as pessoas que não pudemos salvar, incluindo Sasha.

A culpa ainda me consumia, mesmo depois de anos de terapia. Onde meu


terapeuta me disse que eu não tinha do que me sentir culpado. A missão final
foi seu último dia na Terra. Tentei persuadi-la a não ir, mas ela insistiu. E uma
vez que Sasha se decidisse, não havia como convencê-la do contrário. Mas isso
não significa que eu não poderia ter ordenado que ela ficasse, eu era seu superior
afinal. Eu permiti que ela fosse colocada em uma situação perigosa e isso acabou
por mata-la. Tenho certeza de que ela estava me xingando do céu agora,
gritando que era sua maldita decisão de fazer parte da missão.

Passaram-se algumas semanas desde que pensei em Sasha. Oito anos


depois, sua morte ainda pesava em minha mente. A culpa tomou conta de mim
por dois motivos. Um, por pensar em Sasha quando eu estava aqui com a
mulher que consumiu todos os meus pensamentos desde que a conheci e dois,
porque me perguntei se um dia eu esqueceria Sasha por completo. Eu a amei
uma vez e não gostava da ideia de perder as memórias que tinha.

É normal se sentir assim?

Assim que saímos do carro, peguei a mão de Ella na minha. Observei todo
o seu rosto se iluminar quando ela viu o estádio. O calor voltou para o meu
peito e o gelo que momentaneamente agarra meu coração derreteu.
— Uau! — Ela ficou do lado de fora do Portão Quatro com as mãos nos
quadris e balançou a cabeça. — É simplesmente incrível.

— Vamos, por aqui.

Imediatamente, meu velho amigo, Cole Simmons, nos cumprimentou.


Durante as férias de verão, ele trabalhava na empresa de navegação da minha
família. Ele permaneceu na empresa por muitos anos, chegando ao nível
executivo. Agora, Cole trabalhava para a equipe, e foi assim que consegui os
ingressos para o jogo desta tarde.

— Cole. — Eu disse, segurando sua mão. — Obrigado por nos conseguir


esses ingressos hoje.

— Não é problema nenhum, tudo por um velho amigo.

Depois de apresentar Ella a Cole, ele nos levou para um passeio pelo Hall
dos Campeões e até o campo, onde encontramos alguns dos treinadores e
jogadores. Então Cole providenciou para que Ella e eu rebatêssemos algumas
bolas com seus arremessadores principais, Daniels e Griggs.

Daniels estava ficando um pouco mais ousado com Ella, colocando o


braço em volta dela tentando mostrar como balançar o taco. Ela não era
estúpida. Tenho certeza que ela entendeu após a primeira demonstração. Levou
tudo de mim para não persegui-lo no estilo homem das cavernas.

Ella. Minha. Foda-se você.

Eu não me importava se ele era um atleta profissional. Eu não teria


nenhum problema em derruba-lo bem aqui no campo na frente de seus
companheiros de equipe. Talvez eu deva considerar isso um elogio. Afinal, ela
parecia sexy com sua camiseta amarrada, mostrando apenas um pouco de sua
barriga, e aquelas longas pernas em plena exibição em seu short.
Em sua quinta tentativa, Ella balançou o bastão, jogando a bola bem no
meio do campo. Minha segunda tacada foi alta e certeira, para minha sorte foi
um jogo justo.

Uma vez que os fãs começaram a preencher os assentos, Cole nos


acompanhou até o Club Level, onde as luxuosas suítes executivas estavam
localizadas. Entramos na Champions Club Suite, onde os dois troféus do
campeonato mundial da equipe estavam em exibição em uma grande caixa de
vidro. Camisetas aposentadas de alguns dos maiores jogadores de beisebol
penduradas nas paredes em grandes molduras. A vista do campo era incrível,
incluindo o horizonte de Manhattan ao fundo. Parecia que todas as partes do
estádio estavam visíveis.

— Uau, este lugar é incrível. — Comentou Ella, ao entrar na suíte. — Um


banheiro privativo, um bar completo e olhe essas cadeiras lindas. Este lugar é
maior do que meu apartamento em Londres.

— Escute, eu tenho que ir, mas vocês dois aproveitem o jogo. — Cole
disse, contornando o bar para apertar minha mão mais uma vez.

— Aqui? Vamos assistir o jogo de beisebol daqui? — Ella perguntou, sua


voz embargada de entusiasmo.

Ele acenou com a cabeça e abriu a porta. — Prazer em conhecê-la, Ella.

— O prazer foi meu, Cole.

— O serviço de bufê deve estar aqui em cerca de trinta minutos, antes do


início do jogo, para ser configurado e todas as suas solicitações dietéticas
tenham sido atendidas.

— Obrigado, amigo, tome cuidado. — Eu disse, batendo minha mão em


seu ombro.
Assim que a porta se fechou, puxei Ella em meus braços. — Se você fosse
uma bola de beisebol e eu um bastão, você me deixaria bater nisso? — Minhas
mãos agarraram sua bunda e a apertaram.

— Oh não, você não acabou de dizer isso. — Ela se afastou de mim e


balançou a cabeça.

— Essa cantada não funcionaria com você?

Ela apenas riu e deu a volta até o bar. — Será que essas falas não tão sutis
com carga sexual realmente funcionam?

Dei de ombros e me juntei a ela atrás do bar enquanto ela preparava um


drink de refrigerante com vodka. Quando terminou, serviu um uísque para
mim. Sentamos na mesa do bar no meio da sala e eu liguei a tela plana para
ouvir a cobertura pré-jogo.

— Qual é a pior cantada que você já ouviu? — Ela perguntou, antes de


tomar um gole.

Eu ri. — Belo pacote, deixe-me desembrulhar para você.

— De jeito nenhum, alguma garota realmente disse isso para você?

— Sim, mas em sua defesa, ela estava realmente alterada. E você?

— Este é tão nojento. Um cara se aproximou de mim em um bar, agarrou


minha mão, colocou em seu pau e disse: ‘Fiz um shake de proteína e o canudo
está na minha calça’.

— Espero que você tenha dado um soco nele.

— Fiz melhor do que isso. — Ela ergueu uma sobrancelha. — Minha mão
ainda estava em seu pau, então eu o apertei e suas bolas - com força. Eu disse a
ele para nunca mais dizer isso a nenhuma mulher, porra.
Encolhendo-me, senti a dor percorrer meu próprio pau e minhas bolas.
— Ai, em nome das bolas dos homens de todo o mundo, quero dizer que ele
não merecia isso, mas ele definitivamente mereceu.

— Absolutamente, um idiota total, e eu tinha certeza que Nabila ia


arrancar os olhos dele. — Ela disse entre uma risada. — Qual é a frase mais
idiota que você já ouviu?

Isso foi um acéfalo. — Ei, você malhou?

— Só isso? — Ela perguntou, balançando a cabeça.

— Sim. — Eu respondi, virando o resto do meu scotch. — Logo depois


ela vomitou nos meus sapatos.

— Pobre menina, você a deixou tão nervosa que fez ela vomitar.

— Não acho que fui eu que a fez vomitar. — Fiquei de pé e caminhei até
o bar, enchendo meu copo com mais uísque. — Ok, sua vez, a pior frase.

— Ótimas pernas, que horas elas abrem?

Eu balancei minha cabeça. Ouvindo isso, não pude deixar de sentir que a
espécie masculina era uma decepção completa. Ella deu a volta no bar e se
serviu de outra bebida. Houve uma batida na porta. Eu a abri para encontrar o
pessoal do bufê com quatro carrinhos de comida. Droga, Cole nos prendeu.

Depois que eles saíram, Ella e eu nos servimos da comida. Todos os itens
sem glúten foram devidamente rotulados. Tudo parecia e cheirava
deliciosamente, desde as tendas de frango às trufas de batata frita e os mini
cheeseburgers de bacon.

— Alguém já usou uma frase de efeito em você que funcionou? — Ella


perguntou, despejando um pouco de ketchup em seu prato.

— Agora que você mencionou, sim, eu posso me lembrar de uma. Esta


linda loira veio correndo até mim na calçada de um bar em Manhattan e disse:
‘Aí está você! Estive procurando por você a noite toda.’
Ela sorriu e deu uma mordida em seu hambúrguer. Um pouco de ketchup
caiu no canto de sua boca. Inclinei-me sobre a mesa, escovando meu polegar
sobre sua pele e limpei o molho. Sua língua disparou sobre os lábios, lambendo
o ketchup do meu polegar.

Aproximei-me e pressionei meus lábios nos dela. Sua língua bateu no céu
da minha boca e ela mordeu meu lábio inferior.

— Se você tiver sorte, poderá dar a volta por todas as bases hoje à noite.

Eu sorrio. — Não preciso de sorte. Estou confiante de que vou acertar


um home run.

— Oh, estamos de volta ao tópico de você acertar isso com seu grande
bastão de madeira. — Ela brincou, dando um tapa rápido em sua bunda incrível.

Envolvendo meus braços em volta de sua cintura, puxei-a para o meu colo
e escovei meus polegares ao longo de sua pele lisa. Ela mexeu sua bunda contra
o meu pau, propositalmente me deixando louco. Pelo amor de Deus, eu já
estava meio duro.

Eu esmaguei meus lábios nos de Ella, sua língua deslizando contra a minha
boca. Minhas mãos envolveram seu longo cabelo loiro enquanto eu
aprofundava o beijo, precisando prová-la, devorá-la completamente. Minhas
mãos caíram para sua bunda perfeita - amassando e agarrando enquanto eu
continuava a foder sua boca com minha língua. Luxúria encheu o ar enquanto
ela pressionava sua pélvis contra mim, silenciosamente me implorando para
tomá-la. Eu considerei jogar Ella sobre o bar e transar com ela até que gritasse
meu nome, mas por mais quente que fosse, eu precisava desacelerar as coisas,
haveria muito tempo para isso mais tarde.

Ella lambeu minha boca, seus gemidos abafaram meus próprios


pensamentos, tirando-me da minha fantasia.
— Você está me dando alguns pensamentos descontroladamente
inadequados agora. — Murmurei contra sua garganta, sentindo seu pulso
batendo contra meus lábios.

— Você também. — Ela sussurrou.


19
Ella
Após o jogo ter terminado, Cole nos convidou para uma bebida na suíte
VIP do proprietário. Como se eu precisasse ingerir mais bebida ou comida. Eu
teria que trabalhar duro amanhã, provavelmente correr oito quilômetros ao
invés dos meus quase cinco habituais.

Bebi uma taça de vinho tinto, para não ser indelicada, além disso, sabia
que beberia mais devagar do que vinho branco. Ouvi os dois conversarem como
velhos colegas de escola sobre o jogo e relembrar seus verões no lago.

Fomos apresentados ao proprietário e sua esposa, juntamente com


algumas outras pessoas importantes. Reconheço que estava um pouco nervosa
com a possibilidade de alguém me reconhecer como a ex-namorada de David
Warner. Antes de ser condenado, ele era conhecido como um astro
internacional, mesmo tendo jogado na seleção olímpica de futebol da Inglaterra.
Eu não sabia quantas pessoas na indústria do esporte fofocavam. Embora,
depois de uma hora de conversa, eu me sentisse bastante confiante de que as
pessoas proeminentes entre o beisebol americano e o futebol inglês não
viajavam nos mesmos círculos.

— Ei. — Eu disse, quando Cole se afastou para atender uma ligação. —


Vou dar uma passada nas lojas e comprar alguns presentes para minhas
sobrinhas e sobrinhos.

Alex colocou sua cerveja na mesa. — Ok, vou com você.

— Não, estou bem. Qualquer coisa eu te ligo. Você fica aqui e aproveita
a conversa com Cole.
Suas mãos fortes esfregaram para cima e para baixo em meus braços. Eu
podia ver a preocupação estampada em seu rosto. — Alex. — Eu sussurrei,
enrolando minha mão sobre seu ombro grosso. — Eu vou ficar bem, há pessoas
em todos os lugares. Apenas Alex e Ella, lembra?

— Eu gosto de ser apenas Alex e Ella. — Suas mãos envolveram minha


cintura, me puxando para ele. Ele roçou seus lábios contra os meus, varrendo
sua língua em minha boca com golpes lânguidos. Depois de dizer adeus a Cole
e alguns outros, Alex me acompanhou até a porta.

— Eu vou encontrar você em cerca de vinte minutos. — Disse ele, antes


de me beijar novamente.

— Vejo você em breve.

Eu fiz meu caminho até a loja e imediatamente vi uma linda camisa rosa e
branca que ficaria adorável em Leah e Jade. Eu consegui encontrar apenas o
tamanho de Leah na pilha.

— Com licença. — Eu disse a vendedora — Por acaso você tem esta


camisa em tamanho quatro de menina?

— Eu sei que temos mais desses nos fundos. Vou verificar para você.

— Obrigada. Eu estarei na seção masculina. — Respondi, apontando para


o canto mais afastado da loja.

Abrindo caminho no meio da multidão de compradores, examinei as


camisetas com o logotipo. Os meninos da minha irmã precisariam de designs
diferentes ou, pelo menos, cores diferentes.

— Olá, Lovie.

E antes que a última sílaba deixasse sua boca, meus ouvidos registraram a
quem pertencia a voz malandra. Senti meu peito ceder quando ele se aproximou
de mim, lentamente contornando a exibição de camisetas para ficar ao meu
lado. Meu estômago embrulhou quando o cheiro de cerveja e suor me envolveu.
Seu cabelo estava despenteado e sua pele pálida estava tingida de um vermelho
rosado.

— Charlie, tenho certeza de que você tem outro lugar que precisa estar.
— Afirmei, olhando para o passe de imprensa pendurado em seu pescoço. —
Então, corra e vá irritar outra pessoa.

— Vamos, Ella, isso é jeito de tratar um velho amigo?

Meus olhos se estreitaram. — Nós não somos amigos.

A vendedora com quem eu estava conversando antes de Charlie me


agraciar com sua presença apareceu no momento certo.

Entregando-me a camisa, ela perguntou: — Há mais alguma coisa que eu


possa fazer por você?

Eu balancei minha cabeça, antes de voltar à tarefa de vasculhar as pilhas


de camisetas. Charlie ainda se demorou, me olhando como se eu fosse um
pedaço de carne de primeira.

— Então, Lovie, o que te trouxe ao jogo hoje?

— Meu namorado. Eu sugiro que você dê o fora antes que ele chegue
aqui. Ele sabe tudo sobre o que você e David fizeram comigo. Tenho certeza
que ele adoraria bater em você. — Uma mentira branca, mas se isso fizer Charlie
ir embora, eu não me importo.

— Se seu namorado quiser comprar algumas fotos, tenho certeza de que


posso vasculhar o arquivo zip e enviar a ele alguns retratos sensacionais. Porra,
vou até mesmo enquadrar as fotos sem nenhum custo extra. Seria um prazer.

Meu estômago embrulhou com vinho e frango grelhado. O pensamento


de que Charlie ainda tinha fotos minhas nuas me deixou doente de nojo. Eu
tinha vencido o caso e ele recebeu a ordem de entregar tudo o que tinha aos
tribunais. Algo em seu tom ameaçador registrou medo dentro de mim. Em vez
de me encolher, me mantive firme e ereta para ficar cara a cara com ele.
— Eu não acredito em você. Se você tiver alguma foto minha dessa época,
tudo o que tenho a fazer é ligar para meu advogado e você será algemado.

— Oh, algemas, pervertida. — Ele sorriu e seus dedos se curvaram sobre


meu pulso. — Sim, eu ainda tenho suas fotos e dou um bom puxão no meu
pau só de olhar para seus seios empinados e bunda redonda todas as noites. Eu
sonho como eu adoraria afundar até as bolas nessa sua boceta apertada. David
me disse que você foi a melhor transa que ele já teve. Por que você não me dá
uma noite e depois eu entrego os arquivos restantes.

— Foda-se. — Eu cuspi.

— Isso é um convite?

Eu puxei minha mão do aperto de seus dedos ásperos. — Não importa se


você tem as fotos, como eu disse, uma ligação para o meu advogado e tenho
certeza que desta vez você irá para a cadeia.

Ele estava mentindo. Todo o seu equipamento foi apreendido pela polícia
e qualquer coisa relacionada ao meu caso foi apagada de sua câmera e de seus
computadores. Se Charlie tivesse alguma coisa, ele estaria violando gravemente
seu acordo com os tribunais.

— Contanto que eu não venda ou envie as fotos... — Ele lambeu os lábios,


colocou a mão sobre o pau e começou a se acariciar na minha frente. — Não
estou fazendo nada de errado.

A raiva cresceu dentro de mim. A última coisa que eu precisava era pensar
nele se masturbando com minhas fotos nua. Respirando fundo, meus dedos
agarraram o pacote de roupas com mais força.

— Você me enoja. Por que você não encontra outra pessoa para fixar seus
desejos sujos? Sou notícia velha, pegue uma nova manchete. — Não dei a
Charlie a chance de responder. Passei por ele, jogando a pilha de camisas no
carrinho dobrável vazio. Comprar online parecia a melhor opção neste
momento.

Charlie me chamou e vários clientes olharam em minha direção. Sentindo


o calor subindo pelas minhas bochechas, eu contornei em direção à frente da
loja, indo para a saída. Minha frequência cardíaca disparou enquanto eu desviava
do corredor lotado. Virei uma esquina e entrei no banheiro feminino. Havia
algumas mulheres se misturando, verificando seus cabelos e reaplicando o
batom.

Olhei em volta antes de entrar em uma das cabines vazias, sentando-me


no vaso sanitário. Tudo que eu precisava era de alguns minutos para acalmar
minha mente. Lembretes do passado sempre estariam lá. Era uma sensação
inquietante na boca do estômago.

Assim que o banheiro ficou silencioso e eu tive certeza de que todas as


pessoas tinham saído, abri a porta e fui até a pia para lavar as mãos. Pela primeira
vez em muito tempo, me senti impotente. Depois de abrir a torneira, mergulhei
minhas mãos na água. Meu queixo descansou contra meu peito e eu olhei para
cima novamente, só que desta vez outro rosto apareceu no espelho - Charlie.

Minhas mãos molhadas agarraram as laterais da pia. Eu o observei


enquanto ele caminhava em minha direção, seus olhos escurecendo enquanto
ele se aproximava. Ele ficou atrás de mim, seu corpo alto me prendendo contra
a porcelana fria. — Um dia, doce Ella. — Ele sussurrou, segurando meus
ombros com as mãos. — Eu terei você. — Seus dedos grossos deslizaram sobre
meus ombros e minha garganta.

Contei até cinco. Os segundos pareceram minutos. Eu engoli em seco


antes de pisar no pé dele e empurrar meu cotovelo em seu estômago, forçando-
o a recuar. Correndo para a porta, ouvi Charlie gemer ou talvez fosse uma
risada. Eu corri de volta por onde vim. Sem prestar atenção, perdi a placa de
piso molhado. Eu escorreguei pelo menos um metro antes que mãos fortes me
pegassem. Alex.

— Ei, você está bem? — Agarrando-me com força, ele me puxou para seu
peito.

Fechando meus olhos, respirei seu cheiro familiar. — Sim eu... Estou bem.

— Mentirosa. — Disse ele, com uma piscadela. — O que está


acontecendo?

— Nada, não estava prestando atenção, só isso.

Suas mãos alisaram minhas costas para cima e para baixo. Acolhi a
sensação de segurança que Alex estava me dando. De repente, as mãos pararam
e todos os seus músculos ficaram rígidos. Eu me afastei e segui o olhar de Alex
que estava preso diretamente em Charlie quando ele se aproximou da área de
concessão.

— Ella. — Disse ele com firmeza. — Diga-me por que estou olhando
para Charlie McNeil agora e eu pensarei duas vezes antes de descartar isso como
algo aleatório.

O que eu poderia dizer? Eu já havia descartado o assunto Charlie uma vez.


Fazer isso de novo seria desrespeitoso, especialmente considerando meus
sentimentos por Alex. Era hora de revelar a verdade.

— Charlie se aproximou de mim na loja de presentes e novamente no


banheiro.

Ele soltou um suspiro áspero e passou a mão pelo cabelo escuro. — Ele
colocou as mãos sobre você? Se ele te machucou de alguma forma, então, Deus
me ajude. — Seu corpo vibrou de raiva quando ele se virou para encarar a
barraca de cerveja. Felizmente, Charlie havia partido.
Era hora de parar de ser tão blasé sobre a provação e perceber que Charlie
representava uma ameaça real. — Ele não me machucou, mas, para ser honesta,
este último encontro me deixou no limite.

As palavras que eu queria dizer estavam ali na superfície, mas eu sabia que
este não era o lugar certo para contar a ele sobre meu passado. Doeu-me ver
que manter minha conexão com Charlie em segredo estava prejudicando Alex.
Eu não queria que alguém o machucasse, nunca.

— Jesus. — Sua voz aumentou uma oitava. — O que é essa merda entre
vocês dois?

— Por favor, não vamos fazer uma cena. Eu prometo que vou te contar
a história, toda a coisa sórdida. — Eu segurei seu rosto em minhas mãos na
esperança de trazer seu foco de volta para nós.

Apenas Alex e Ella.

Ele segurou meu olhar e soltou um suspiro profundo. — Me desculpe por


ter gritado com você, Ella. — Suas mãos envolveram meus pulsos, enquanto
ele se inclinava e beijava minha testa.

O alívio passou por mim enquanto a expressão em seu rosto se acalmava.


Eu quis dizer o que disse. Eu contaria a Alex.

— Não precisa se desculpar comigo, e você está certo, havia algo entre
Charlie e eu, mas posso garantir que não é o que você está pensando.

Ele ergueu uma sobrancelha. — Escute, eu não dou a mínima se ele é um


ex-amante seu...

— Charlie e a palavra amante nunca deveriam estar na mesma frase. Mas


isso envolve um ex meu. Existem coisas que você deve saber. Com sorte, você
não vai pensar menos de mim.

Ele roçou o polegar em meu lábio inferior e pressionou sua testa na minha.
— Nada na terra poderia me fazer pensar menos de você.
Dado o que soube sobre Alex, não estou surpresa que ele não se importe
com meu passado. Com base em sua reação inflamada em relação a Charlie,
suspeito que seus sentimentos por mim intensificaram os meus sentimentos por
ele.

— Eu gostaria de ir para o hotel e fazer as malas. — Eu disse. Suas


sobrancelhas franziram juntas.

— Você quer ir embora? Ir para sua casa em Londres?

— Não, eu não vou embora. Lembra quando eu disse que, se não me


sentisse totalmente segura, avisaria você?

Ele balançou a cabeça e me puxou para mais perto, me abraçando com


força. — O que você quer fazer?

Minha mente estava uma bagunça. Toda a clareza que pensei ter sobre o
que havia acontecido desapareceu. — Eu realmente não tenho um plano.

— Eu tenho. Você vai ficar comigo na minha casa. É privado e Charlie


não poderá chegar perto de você.

— Ok. — Eu respondi suavemente. Antes, eu me opunha a esse acordo,


mas agora ele me deu paz de espírito. Havia poucas coisas neste mundo das
quais eu tinha certeza absoluta, e ter Alex Robertsen para me manter segura era
uma delas. Não que eu fosse uma donzela em apuros, mas confiava nele e
realmente gostava de ter aquela sensação que ele me transmitia.

Alex pegou seu celular e instruiu nosso motorista a trazer o carro. Os


corredores do estádio estavam quase desertos, apenas as equipes de limpeza
permaneceram. Quando pisamos na calçada, o ar quente da primavera pairou
ao nosso redor. O carro estava parado na entrada VIP e Alex me conduziu para
dentro. Eu deslizei no banco de trás e Alex se acomodou ao meu lado. Quando
ele pegou minha mão, senti ainda mais segurança em seu compromisso de me
manter segura.
Não nos falamos durante o trajeto do estádio ao hotel. Alex apenas
esfregou pequenos círculos nas costas da minha mão com o polegar. Tentei
pensar em como começaria a contar a Alex sobre essa parte da minha vida
passada.

Quando chegamos à minha suíte, fui para o quarto e comecei a tirar


minhas roupas do armário e da cômoda. Tudo o que eu realmente queria fazer
era tomar um banho e lavar esse dia. Eu ouvi Alex no telefone falando com
Dean. Ele perguntou se eles poderiam marcar uma reunião amanhã à tarde.

— Sim, ela está absolutamente segura. Neste ponto, não há nada para
alarmar Ronan, mas estou tomando precauções extras. — Ele fez uma pausa.
— Minha casa, sim, é particular e há uma casa de hóspedes onde Ella pode se
sentir em casa.

Quando puxei minha mala de debaixo da cama, senti o peso de sua


preocupação comigo. Adorei a consideração em me oferecer um lugar de
privacidade para mim mesma. Embora eu suspeitasse que a menção à casa de
hóspedes era uma história de fachada.

Entrei no banheiro e peguei o resto das minhas coisas, não havia muito,
pois a maioria dos meus pertences já estava na casa dele.

— O assunto está resolvido. — Alex avisou de fora do quarto. — Você


ficará comigo por um futuro próximo.

Ele se aproximou de mim na porta, e eu fiquei na frente dele bebendo em


seu lindo rosto, admirando cada linha e ângulo. Envolvendo seus braços em
volta de mim, ele me puxou para perto. Enterrei meu rosto em seu peito,
respirando o cheiro familiar reconfortante, rico e quente como os últimos dias
de verão. Era exclusividade de Alex. Seus braços fortes também eram familiares,
e dia a dia eu me sentia mais segura de que aquele era o lugar ao qual pertencia.
Meus dedos cravaram nos músculos de suas costas. — Não sei o que teria
feito se você não estivesse lá hoje. Sempre tento ser corajosa, mas agora que
pensei sobre isso... Eu admito que estava com medo.

— Ei, você sempre estará segura comigo. — Ele murmurou em meu


cabelo. — Fale comigo, Ella. Diga-me o que está deixando você dessa maneira.

— É melhor você se sentar, esta é uma longa história. Talvez você queira
uma bebida também.

Ele sorriu e entramos na sala de estar. Calor deslizou por minhas veias
quando ele pegou a garrafa de vinho tinto do bar e serviu dois copos. Ele se
sentou no sofá. Eu me juntei a ele, me enrolando e colocando minhas pernas
embaixo de mim. Depois de tomar um longo gole, minhas mãos agarraram o
copo com força.

— Ok, aqui vai. — Eu respirei fundo. — Quando eu era mais jovem, eu


era uma garota festeira. Se houvesse um clube quente abrindo em Londres, eu
estava lá. Ella Connolly, a querida dos tabloides, convidada para todos os
eventos chiques. Houve momentos em que me encontrei em situações precárias
com os trapos da fofoca. Como na vez em que namorei um jogador de rúgbi e
ele ficou tão bêbado que caiu e levou minha blusa com ele na queda.

Os olhos de Alex se arregalaram.

— Sim, lá estava eu com meus seios à mostra para todo o Holland Park
ver. O deslize da irmãzinha de Ronan Connolly foi a manchete daquela vez.
‘Noites Selvagens com Ella’ tornou-se uma ocorrência regular nos jornais.

— Não posso dizer que culpo os paparazzi por querer tirar fotos suas
continuamente. Mas eu prefiro ter as de topless para mim.

Eu olhei para o meu copo. — Gostaria de dizer que foi meu único
contratempo com os jornais, mas a história vai um pouco mais fundo. Quando
achei que as fofocas haviam acabado comigo, conheci David Warner, um
jogador inglês muito popular... jogador de futebol, digo. Uma coisa levou à
outra e começamos a namorar e esse relacionamento reacendeu o interesse da
mídia.

— Ah, sim, namorando uma celebridade. Ouvi dizer que é um negócio


difícil. — Ele colocou meu cabelo atrás da orelha e baixou os dedos na minha
bochecha. Meu olhar pegou o dele e ele sorriu.

— Após alguns meses de nosso relacionamento, o telefone de David foi


um dos muitos envolvidos no escândalo de invasão de celebridades. O que
descobri mais tarde é que o editor-assistente da revista La Interviu fez um acordo
com David e o treinador de sua equipe. Em troca de não divulgar o que estava
em seu telefone e arruinar sua carreira, David concordou em fornecer à revista
os tipos de fotos que mais vendem para a publicação - você pode adivinhar
onde isso vai dar.

Ele balançou a cabeça e deu um longo gole no copo. — Fotos de você


nua?

Eu me levantei e terminei o resto do meu vinho. — Sim, David me


surpreendeu com uma fuga para o sul da França e enquanto estávamos lá,
Charlie tirou fotos minhas. Assim que as fotos foram publicadas, eu entrei com
um processo e acabei ganhando. Alguns meses depois, mais fotos surgiram.
Novamente, eu estava presa em outro processo com a mesma revista. Eles
tinham bolsos muito fundos.

Meu coração começou a bater forte no peito enquanto eu caminhava pela


sala. — Depois que a temporada de futebol terminou, o time de David ganhou
o campeonato da liga e saímos de férias para relaxar e comemorar. Poucos dias
depois, David foi preso e minha vida entrou em parafuso.

— Por que ele foi preso? — Ele se levantou e caminhou em minha


direção. Pegando minha mão na dele, ele deu um leve aperto. De alguma forma,
isso tornou mais fácil dizer as palavras.
— Abuso de crianças e atividade sexual com uma garota de quinze anos.

A boca de Alex se torceu e seus olhos se estreitaram. — Ele te traiu? Ele


dormiu com uma garota de quinze anos? — A expressão de nojo em seu rosto
refletia a maneira como eu me sentia por dentro.

Eu balancei a cabeça e senti minha pele picar com o calor. —


Aparentemente, depois que o time de David venceu, a garota se gabou para
todos os seus amigos que ela havia dormido com ele. Sem o seu conhecimento,
diz ela, alguém gravou um vídeo dela contando a história. Assim que foi
carregado nas redes sociais, a jovem enlouqueceu e disse que David arruinou a
vida dela.

Alex esfregou meus ombros, em um esforço para aliviar um pouco da


minha tensão. — Lamento que você tenha passado por tudo isso. Não consigo
imaginar o quão doloroso deve ter sido para você.

— Eu queria que isso fosse tudo, mas tem mais. — Consegui pronunciar
as palavras, apesar de minha garganta estar seca. Meu copo estava vazio, mas
eu não queria que Alex pensasse que eu precisava do álcool para superar as
memórias do passado. Naquela época, eu precisava para anestesiar a dor, mas
não mais. Hoje em dia estou com a cabeça no lugar. — Durante o julgamento,
foi revelado que David e seu treinador encobriram o fato de que o telefone de
David havia sido hackeado. Fotos da jovem, junto com mensagens de texto
entre os dois - estava tudo lá. A pior parte foi no tribunal aberto, foi assim que
descobri que David arranjou para Charlie tirar as minhas fotos de topless. Ele
admitiu que me usou.

Alex esfregou as mãos pelo rosto e soltou um suspiro áspero. — As fotos


de você nua existem em algum lugar? Presumo que David está na prisão?

— Sim, e ele está cumprindo uma sentença de seis anos. Em relação às


fotos, meus advogados foram muito bons e, junto com a ajuda de Ronan, estava
tudo enterrado. É por isso que Charlie não pode mais vender fotos para os
tabloides. Ele está na lista negra. De vez em quando, nus falsos meus aparecem
na internet, mas esses sites são notificados imediatamente e as fotos geralmente
são retiradas em questão de horas.

— Charlie cumpriu alguma pena de prisão?

— Não, mas acho que o fato de ele não poder vender suas fotos de
celebridades para os tabloides já foi punição suficiente. É um grande negócio -
extremamente lucrativo.

— Eu vejo. O que ele disse para você hoje?

Meus olhos se fecharam e seu nome saiu em um sussurro trêmulo. —


Alex, você não quer saber.

— Sim, quero ou não teria perguntado.

Um arrepio subiu pelas minhas pernas e se estabeleceu na minha espinha


enquanto eu me lembrava da memória. — Ele disse que um dia me teria e fez
referências grosseiras a transar comigo. Não só isso, mas ele disse que ainda
tem fotos minhas e entrou em detalhes explícitos sobre o que ele faz enquanto
olha para elas.

Ele tocou meu rosto, as pontas dos dedos percorrendo minha bochecha.
— Tudo ficará bem, querida, não se preocupe com Charlie. Isso será tratado.
Eu vou mantê-la em segurança.

— Eu acredito nisso, Alex.


20
Alex
Eu vou matar Charlie.

Eu não conseguia acreditar que não olhei para a história de Ella depois
que aceitei este trabalho. Além disso, por que diabos eu não investiguei Charlie
depois daquele primeiro encontro no pub? Uma simples pesquisa no Google
poderia ter me atualizado. Erro de novato. e o bem-estar de Ella não eram o
momento para eu falar sobre minhas responsabilidades.

Ela disse que não era nada e acreditei. Não é culpa dela eu estar quebrando
minhas próprias regras. Fui eu quem disse que deveríamos ser apenas Ella e
Alex. Eu gostei... amei ser apenas nós.

Ella dormia pacificamente e eu liguei o laptop no escritório do jato para


ver se havia algo que eu pudesse encontrar sobre meu novo inimigo - Charlie
McNeil. Não havia muito na forma de informações pessoais. Eu encontrei
alguns artigos sobre ele estar envolvido com o escândalo de David Warner e era
basicamente isso.

— Sr. Robertsen. — Disse Joni, da porta. — O piloto disse que


pousaremos em breve.

— Muito bem. Obrigado. — Desliguei o laptop e voltei para o meu lugar.


Ella se mexeu em seu curto cochilo. — Ei, bela adormecida.

— Oi. — Disse ela com um bocejo enquanto esticava as pernas. — Vamos


pousar?

— Sim. Está com fome?

— Faminta.
— Restaurante ou casa?

— Que tal um remover... quero dizer para viagem?

— Parece bom para mim.

— Vou precisar de um pouco de sorvete também.

— É isso aí, querida.

***

Eu dirigi meu Range Rover pelas ruas movimentadas de Midtown


Manhattan. Passava um pouco da uma da tarde e eu estava indo me encontrar
com Dean Winters. Depois do jantar, fui para a cama e me revirei a noite toda.
Ella disse que não estava cansada, então ficou acordada para assistir televisão.
Quando desci as escadas, uma hora depois, ela estava dormindo profundamente
no sofá.

Quando eu disse a Dean que Ella poderia ficar com a casa de hóspedes,
falei com toda a sinceridade. Ella, no entanto, tinha outros planos. Ela foi direto
para o meu quarto e desfez as malas. Eu não pude deixar de sorrir ao perceber
que ela estava na minha cama todas as noites. Com sorte, não haveria visitas
surpresa de seu irmão ou Dean.

Eu odiava o fato de termos que esconder nosso relacionamento, embora


tecnicamente não devesse haver qualquer relação entre nós. Eu deveria ter
deixado Ella em paz, mas não consegui. Assim como eu não poderia deixar
Amanda sozinha, e veja como isso acabou. Porra. Não, não era nada disso. Estar
com Ella parecia certo, muito certo e valia o risco. Ela valia tudo.

Eu parei com o manobrista no Addison e entreguei minhas chaves. O


concierge ligou para a residência Connolly e eu fui escoltado até o elevador
particular para sua cobertura. Dean me cumprimentou quando eu saí do
elevador.
— O que você tem para mim hoje, Alex? — Ele perguntou, enquanto eu
o seguia pelo corredor até o escritório.

— Bem, como eu disse ao telefone, Charlie McNeil se tornou uma ameaça.


— Eu comecei, e expliquei o que tinha acontecido no estádio.

— Eu sei. — Ele sustentou meu olhar com autoridade firme. — Para


atualizá-lo, nossa situação original foi resolvida, mas com esses novos detalhes,
acho melhor que você continue como guarda-costas da Srta. Connolly. Eu sei
que o Sr. Connolly vai concordar.

A situação original foi resolvida, isso era uma boa notícia. — Pelo menos
essa ameaça não paira mais sobre a Sra. Prescott. Talvez essa coisa com McNeil
seja resolvida com a mesma rapidez.

— Claro. — Eu respondi, esfregando o nó de tensão que se formou na


minha nuca. — Normalmente, neste tipo de situação, eu sugeriria uma ordem
de restrição, mas sinto que seria uma medida prematura.

— Por enquanto, vamos monitorar as atividades do dia a dia de McNeil.


Além disso, meus homens descobrirão onde ele mora, onde trabalha e seus
lugares favoritos.

— Parece bom. — Eu concordei e me levantei. — Você tem minha


palavra, Ella estará segura.

Ele deu um tapa no meu ombro e sorriu. — Com você lidando com isso
pessoalmente, não tenho dúvidas de que ela estará.

Meus olhos fecharam com força e as palavras me pegaram de surpresa,


assim como ela naquela noite. Ella. Jurei que poderia prová-la, sentir sua pele
na minha - o cheiro dela. Estava tudo quebrando ao meu redor, e uma decisão
em fração de segundo significava salvar minha alma de ser engolida por um
poço de culpa.

— Você precisa de algo mais, Robertsen?


— Sim, sim, na verdade eu preciso.
21
Ella
Eu preciso de algum tempo para pensar sobre a vida, o trabalho e meu
problema com Charlie McNeil. Ele estava brincando comigo e agora ele forçou
minha mão. Contar a Alex sobre meu passado foi mais fácil do que eu jamais
imaginei.

Embora, uma nuvem de preocupação tomou conta de mim ontem à noite


com o pensamento de Alex ir para o fundo do poço e possivelmente rastrear o
próprio Charlie. Quem sabe o que ele poderia ter feito.

Bem, eu tenho uma ideia vaga.

Alex tinha saído cedo esta manhã. Ele não me acordou, mas o bilhete na
mesa de centro tinha instruções estritas para eu relaxar. Ele também sugeriu que
eu desse um mergulho na piscina. Vasculhei minha mala e comecei a pendurar
minhas coisas no armário. Meu traje de banho ainda tinha as etiquetas. Eu o
comprei uma semana antes de partir. Era um biquíni vermelho sexy de corte
triangular com detalhes dourados nas alças do pescoço. Comprei com a
intenção de não impressionar ninguém na piscina do hotel, mas tinha certeza
de que Alex iria adorar.

Coloquei meu biquíni, apliquei um filtro solar e peguei uma toalha de linho
do armário. Uma vez fora da casa, sentei-me em uma espreguiçadeira com
minhas revistas de fofoca favoritas.

Depois de dez minutos folheando as páginas, encontrei um artigo com


uma foto de Finn Carter passeando por Londres de mãos dadas com uma
mulher não identificada. Mas eu conhecia aquela mulher - Nabila! Essa pequena
atrevida. Imediatamente, desbloqueei meu telefone e enviei a ela uma mensagem.
Eu: Você está tão ferrada. Você está namorando Finn Carter?

Nabila: Digamos que estamos nos divertindo. Você está namorando alguém?

Eu sorri para sua pergunta por dois motivos. Um, eu sabia o que
significava "estamos nos divertindo" e, dois, fez meu coração bater um pouco
mais rápido pensando em Alex. Meus sentimentos por ele estavam se
multiplicando exponencialmente. Adorava estar com ele.

Meu telefone apitou com outra mensagem de Bila: Não se preocupe, boneca,
Gavin me contou tudo sobre seu guarda-costas gostoso. Seu segredo está seguro comigo. ☺

Eu ri, sim, seguro - seguro com Bila, mas aparentemente não com Gavin.
Quem diria que ele não conseguia ficar de boca fechada?

Estava quieto aqui, pacífico até, apenas o som dos pássaros e as ondas do
oceano à distância. De repente, tudo fez sentido para mim porque Alex
escolheu estar aqui. A água, a espécie de isolamento e o quase silêncio, era
realmente terapêutico.

O calor da tarde era muito mais intenso aqui do que em casa. A água da
piscina me chamou a atenção. Em um grito brincalhão, corri e mergulhei na
água. Nadei algumas voltas e depois flutuei sem peso na superfície enquanto os
raios quentes do sol dançavam em minha pele. Mais uma vez caí na água, dando
uma cambalhota rápida.

Quando voltei à superfície e abri os olhos, encontrei Alex sentado na


espreguiçadeira sorrindo. — Como está a água?

— Incrível. — Respondi, nadando em direção à borda. — Você deveria


se juntar a mim.

— Talvez sim, mas estou gostando da vista daqui. — Ele se recostou na


cadeira e ouvi o som de papéis sendo amassados.

— Alex, você está sentado em minhas revistas.


Ele as puxou de baixo de sua bunda fabulosa e, em seguida, olhou para
elas e me olhou com cautela. — Eu não entendo por que você lê isso. Eu acho
que você não gostaria de ter nada a ver com eles.

Eu me empurrei para cima e descansei meus joelhos na saliência


construída. — Tabloides são minha obsessão doentia, mas é catártico.

Ele olhou para mim como se eu tivesse falado as palavras em uma língua
estrangeira.

Ele é adorável.

— O quê? — Eu balancei minha cabeça. — Você não tem um segredinho


sujo. Algo estranho que você ama, mas que pode surpreender as pessoas?

Ele se sentou, puxando a camiseta pela cabeça e depois jogando-a na


cadeira. — Aqui está um para você, eu assisto The Bachelorette.

Eu levantei uma sobrancelha.

— Eu gosto da ducha épica. Algumas das merdas que saem da boca dos
caras são realmente estúpidas. Eu não posso acreditar que as mulheres caem
nisso. — Ele tirou os sapatos e em seguida foi o relógio.

Rindo, eu caí de volta na água, observando enquanto meu show de strip


particular de Alex continuava. — Acho que assistir reality shows é mais um
prazer culpado.

— Não há nada prazeroso em assistir um bando de 'alfas idiotas'


exagerados recitar falas cafonas alegando que querem encontrar o amor, mas,
mesmo assim, é divertido como o inferno.

— Bem, o que mais você acha prazeroso? — Sim, eu sei exatamente o que
estou fazendo neste momento.

Em um piscar de olhos, sua cueca box tinha sumido e eu fiquei na água


admirando um Alex lindo e completamente nu. Eu poderia ficar olhando para
ele para sempre. Meu olhar disparou para todos os cantos do terreno. — Entre
nesta piscina antes que alguém veja você.

Água moldou minha pele e ondulou ao redor do meu corpo. Abrindo


meus olhos, usei minhas mãos como um escudo contra o sol, observando sua
silhueta enquanto ele vinha em minha direção. Colocando água nas mãos, ele
derramou sobre o cabelo escuro, alisando-o para trás. Seus olhos castanhos
brilharam e gotas de água escorreram por seu pescoço e peito largo. Saboreando
este momento, meus dedos deslizaram ao longo das cordas grossas dos
músculos de seus braços memorizando cada ondulação rígida. Eu sei que os
homens não deveriam ser vistos como bonitos, mas meu Deus, para mim, Alex
era.

Seus braços se uniram em volta de mim, me segurando possessivamente


enquanto sua boca esmagava a minha, me consumindo em um beijo profundo
e exuberante.

— Só para constar, beijar você é extremamente prazeroso.

— Bem, então, deixe-me dar-lhe as boas-vindas de maneira adequada. —


Eu disse.

Ele sorriu. — Sim, por favor, mas mantenha o adequado fora disso.

Ele me beijou com força, deslizando sua língua profundamente dentro da


minha boca. Envolvi minhas pernas em volta de sua cintura e ele apertou seu
pau contra mim. Deslizando as mãos pelas minhas costas, ele puxou as cordas
do meu biquíni. Perdida em uma névoa de luxúria, minhas mãos necessitadas
puxaram seu cabelo. A mordida afiada do concreto contra minhas costas
adicionou um arrepio delicioso ao seu ataque aos meus sentidos. Um gemido
escapou de meus lábios enquanto seus dedos cravaram em minha bunda.

— Alex... — Sussurrei asperamente.


O mundo ao nosso redor pareceu desaparecer, todos os meus problemas
e medos foram levados embora. Eu senti como se tivesse esperado minha vida
inteira para encontrar esse homem e, por alguma casualidade maravilhosa, nós
tínhamos nos encontrado acidentalmente em uma calçada na cidade de New
York. Eu escapei de seu quarto nas primeiras horas da manhã, sem saber que
ele tinha sido designado para minha vida de uma forma maior - para me
proteger.

Pegando meu rosto, ele me puxou para outro beijo, roçando seus lábios
nos meus. Soltando um grunhido, Alex puxou as cordas nas laterais da parte de
baixo do meu biquíni.

Ele se foi.

Sua língua percorrendo minha clavícula enviou ondas de choque de prazer


que percorreram todo meu corpo. À distância, estrondos de trovão podiam ser
ouvidos, mas nada comparado à tempestade frenética se formando dentro de
mim.

Eu queria este homem, aqui e agora.

Suas mãos massagearam suavemente minhas coxas e eu descaradamente


esfreguei meus quadris contra ele. Enquanto eu estendia a mão ao longo de suas
costas musculosas, arranhando e puxando-o para mais perto, sua boca envolveu
meu seio, lambendo e chupando, deixando-me ofegante e querendo mais.

— Por favor, eu preciso de você. — Eu implorei, enquanto seus dedos se


moviam provocadoramente ao longo de minhas coxas. — Deus, sim, me toque,
Alex.

Eu me ouvi gemer quando seus lábios deslizaram pela minha garganta e


ao longo do meu queixo. Inclinando-se para trás para olhar para mim, seus
lindos olhos estavam cheios de fogo. Um arrepio percorreu meu corpo quando
senti a atração magnética das emoções de uma só vez.
— Eu vou te dar o que você precisa. — Ele brincou, com um sorriso
perversamente sexy.

Apesar de estar na água revigorante, todas as terminações nervosas do meu


corpo estavam queimando. Incapaz de desviar o olhar, mais uma vez, seus olhos
castanhos perfeitos penetraram em minha alma.

— Você é linda. — Ele sussurrou. — Guerras foram iniciadas por


mulheres muito menos impressionantes do que você. — Deslizando suas mãos
em meu cabelo, ele agarrou minha nuca com força carnal, me puxando para um
beijo sensual.

Ele se virou, trazendo nós dois para a borda onde ele me puxou para seu
colo. Seu pau balançou contra meu estômago. Frenética em minha necessidade
por ele, agarrei seu pau. Ele gemeu enquanto eu continuava massageando seu
corpo.

Alcançando, suas mãos acariciaram meus seios, espalmando e então


beliscando meus mamilos em um ritmo tentador. Seus dedos criaram uma trilha
elétrica enquanto desciam para minha boceta latejante. A sensação de seu toque
no meu clitóris era demais. Um longo gemido subiu pela minha garganta.
Choramingando, inclinei-me para trás dando-lhe melhor acesso enquanto ele
deslizava dois dedos dentro de mim. Ele bombeou seus dedos para dentro e
para fora, me provocando a cada estocada. Minha necessidade de que ele me
preenchesse era insuportável.

— Alex. — Eu disse sem fôlego. — Você está me torturando.

— Suponho que isso já esteja demorando demais. — Ele sussurrou


naquele tom rouco que me deixava louca. Seus dedos deixaram meu corpo,
deixando-me com uma dor física.

— Foda-me, por favor, agora.


Sua língua mergulhou dentro da minha boca, me lambendo lentamente.
— Monte em mim, Ella. — Seus dedos cravaram em meus quadris e eu agarrei
seu pau, segurando-o firme enquanto afundava em sua ereção. Trabalhando
minha pélvis, engasguei enquanto o tomava centímetro a centímetro. Minha
respiração ficando rápida e curta enquanto eu saboreava a sensação dele me
esticando, me enchendo. Me dando exatamente o que eu precisava.

— Alex. — Eu disse em um sussurro trêmulo.

Seus olhos castanhos pousaram em mim e um sorriso malicioso se


espalhou por seu rosto. Os sons da água batendo contra os ladrilhos da piscina
e trovões estrondosos entrelaçados em algum tipo de sinfonia erótica.

Eu só esperava não parecer a personagem de Elizabeth Berkley em


Showgirls. No entanto, deve-se notar que é um filme incrível. Por que estou pensando
nisso enquanto faço sexo incrível na piscina com Alex?

— Ella. — Ele gemeu. — Porra, isso é tão bom.

Isso me estimulou e agarrei seus ombros, minhas unhas cravadas em sua


pele. Enterrando o rosto no meu pescoço, ele ergueu sua pélvis combinando
impulso com impulso, em seguida, ultrapassando minha própria velocidade.

— Sim... oh, Alex... — Gritei seu nome, assim que as ondas de um


orgasmo começaram a tomar conta. Ele guiou meus quadris para cima e para
baixo, empurrando para cima, atingindo meu ponto G com precisão, me
enviando para o esquecimento. Meus olhos se fecharam enquanto minha boceta
ondulava em torno de seu pau.

— Porra, o que você faz comigo. — Ele rosnou, balançando-se através


dos espasmos do meu orgasmo. Com o salto final de seus quadris, seu nome
saiu em um grito e eu senti seu pau grosso me enchendo com seu esperma.

Alex esmagou seus lábios nos meus, enfiando sua língua dentro da minha
boca. Suas mãos acariciaram minhas costas para cima e para baixo, acendendo
minha luxúria novamente. Assim como pensei que poderíamos ir para a
segunda rodada na piscina, o céu se abriu, liberando uma chuva torrencial.

Nós destrancamos nossos corpos e pulamos para fora da água procurando


proteção contra a tempestade na casa da piscina. Alex pegou duas toalhas
gigantes do armário e me envolveu antes de puxar uma toalha em volta da
cintura.

— Ella.

— Hmm?

— Eu mencionei que realmente gosto do seu biquíni?

— Sim. — Eu disse através de uma risada, e então fiquei na ponta dos pés
para beijá-lo nos lábios. — Acho que você deixou isso bem claro.
22
Ella
Ir para o Nancy's Diner foi uma aventura. Em vez de ser um local
tranquilo e afastado para eu almoçar com meu irmão, acabou sendo uma
enorme foda em grupo. Não ajudou em nada o fato de The Harbour estar
inundado com mais pessoas do que o normal devido ao feriado americano que
o impedia de sair. Os paparazzi avistaram Ronan no aeroporto, então decidiram
segui-lo até o restaurante. Em uma mesa de canto, sentei-me sozinha enquanto
ele conversava com a mídia e dava alguns autógrafos para os fãs.

Ele é muito educado.

Quanto mais tempo eu ficava lá, meus pensamentos se voltavam para


Alex. Fechando meus olhos, lembrei-me da sensação de suas mãos no meu
corpo naquela manhã. Ele me fodeu me dando dois orgasmos épicos, uma vez
na cama e mais uma vez no chuveiro. Com a memória, senti uma dor
maravilhosa e profunda e empurrei minhas coxas juntas, sentindo o calor passar
por minha pele.

Jesus.

O repicar dos sinos atraiu meus olhos para a porta. Ronan e Dean
entraram, e imediatamente se sentaram no balcão. Eu respirei fundo e empurrei
meus pensamentos lascivos para fora do meu cérebro.

— Sr. Hollywood Big Shot. — Eu murmurei sobre meu menu. — Você


não se cansa de ser bonzinho com os paparazzi?

Ronan me beijou na bochecha e então deslizou para a cadeira na minha


frente. — Desculpe ter feito você esperar, irmã. Me perdoe?
— Você está pagando o almoço?

— Claro.

— Então eu te perdoo.

Ele sorriu e se acomodou de volta na cabine. — O que você recomenda?

— A salada de lagosta é uma das iguarias locais. Alex gosta dos tacos de
camarão apimentados com molho de manga.

— Engraçado, que você mencionou Alex.

Oh, aqui vamos nós.

Mantendo uma atitude calma, engoli em seco, antes de responder. Meu


coração batia forte no peito, sentindo que talvez a razão de Ronan me convidar
para almoçar foi porque ele sabia que eu estava transando com Alex todas essas
semanas. Bem, acho que se passaram alguns meses.

— Engraçado, por que isso é engraçado? — Eu perguntei, prendendo a


respiração por uma resposta.

— Desculpe, escolha ruim de palavras. Eu não quis dizer nada com isso.

Eu levantei uma sobrancelha. Depois de tomar minha decisão para o


almoço, usei meu cardápio como abanador. Era início de julho e o calor estava
insuportável. Meu vestidinho branco definitivamente precisaria de uma lavagem
completa.

Meu estômago roncou, assim que um grande prato de caranguejos


recheados e uma garrafa de água com gás apareceram diante de nós.

— Cumprimentos de Nancy Brooks, a proprietária. — Nosso garçom


disse colocando os pratos de aperitivo na mesa. — Vocês estão prontos para
fazer o pedido?

— Eu acredito que sim. — Meu irmão respondeu educadamente. — E,


por favor, agradeça a Nancy pelos caranguejos recheados.
— Acho que vou querer camarão com alho-limão e grãos. E um grande
chá gelado.

Ronan pediu salmão grelhado com molho de abacate e uma cerveja.


Enquanto esperávamos pelo nosso almoço, ele me contou sobre seu último
filme entre as mordidas. Eu não comi nenhum aperitivo, mas o cheiro era
incrível, os temperos Cajun combinados com a cebola e o caranguejo me deram
água na boca. Nancy era famosa por misturar algumas de suas receitas clássicas
do sul com pratos tradicionais de frutos do mar da costa leste. Assim Alex me
contou.

— Diga-me, como você está, Lolly?

Eu sorri com o apelido que meu irmão me deu desde que éramos crianças.
Num verão, eu estava obcecada em comer pirulito no café da manhã, almoço e
jantar. Naquela época, era minha coisa favorita no mundo inteiro. Eu saí dessa
fase, mas não acho que Ronan planeja parar de me chamar de Lolly tão cedo.

— Estou indo bem, mantendo-me ocupada. Estou pronta para fazer uma
oferta por um espaço aqui. Aquele sobre o qual eu estava falando em Harbor
Drive.

Eu teria uma marca internacional. Foi para isso que trabalhei tanto. Meu
sonho finalmente estava acontecendo.

No início, pensei que Alex seria uma distração. Em vez disso, ele me
ajudou de mais maneiras do que eu poderia contar. Agora, eu esperava que
estivesse ansiosa para voltar para Londres. De volta para meus amigos e de volta
para meu apartamento. Mas, nos últimos meses, Alex se aprofundou mais em
minha vida e eu não estava pronta para deixá-lo ir. Eu ainda precisava?

A vida após a finalização deste acordo estava repleta de "e se". Na maioria
das noites eu deito na cama, olhando para o teto do quarto de Alex, fantasiando
sobre ele parando na boutique para me trazer um café, só porque quis. Pensei
em todas as noites em que faria o jantar para ele e depois daríamos um passeio
na praia.

Nunca discutimos o que aconteceria a seguir. Alex certamente não seria


meu guarda-costas para sempre. Ele tinha aspirações profissionais e sonhos
próprios. Esses sonhos me incluíam?

— Mana. Ei, Ella.

— Hmm?

— Aonde você foi agora?

— Oh, desculpe. — Eu disse, redirecionando meu foco de volta para a


conversa. — Só pensando. O que você disse?

— Quer que eu faça esse negócio para você?

Sacudindo desdobrei o guardanapo de pano branco em meu colo. — Você


é o único em quem eu confio, bem, além de papai, é claro. Eu tenho o
pagamento inicial e posso fazer o banco transferir o dinheiro ou processar um
cheque.

Ronan acenou com a cabeça, tomando um gole de cerveja. — Parece bom,


vou fazer a bola rolar hoje. Vou levar apenas três por cento da comissão. Você
fica com o resto e usa-o para o negócio.

Senti meu sorriso crescer mais. — Obrigada! Eu já te disse que você é o


melhor irmão de todos?

Ele piscou. — O prazer é meu, acho que você é uma boa irmãzinha.

Nossa refeição chegou e, como um glutão, dei três grandes mordidas antes
de subir para respirar. Ronan apenas olhou para mim e então moveu seu prato
para mais perto dele.

— Bom Deus, quando foi a última vez que você teve uma refeição
decente?
Eu engoli e limpei minha boca. — Desculpe, isso é tão incrivelmente bom.

— Nancy, me dê um pouco de açúcar! — Eu ouvi uma voz grave explodir.


Minha cabeça chicoteou e vi Grady James parado a alguns metros de distância.
Ronan sorriu e revirou os olhos.

Não era segredo que Ronan e Grady eram menos que amigáveis. Em
dezembro passado, a briga de clube deles era tudo o que se podia falar, até que
Ronan e Holliday divulgaram seu relacionamento algumas semanas depois.
Desde então, não vi muito de Grady nos tablóides.

Ele sussurrou algo para Nancy. Sorrindo, ela segurou o queixo dele e
beijou sua bochecha, como uma mãe faria. Seus olhos azuis elétricos travaram
nos meus e eu rapidamente desviei o olhar. Dean se levantou assim que viu
Grady parado em nosso estande.

Merda! Por favor, não lutem hoje, rapazes.

— Connolly, não parece ser Holliday com quem você vai jantar hoje.

— Você é observador, James. — Ele falou lentamente, e então se


levantou. — Esta é minha irmã, Ella.

— Ella, é um prazer conhecê-la. — Disse Grady, oferecendo um sorriso


brilhante.

— Uhmm, oi.

Grady se virou para encarar meu irmão. — Parabéns pelo filme de Van
Wyk, cara. Será um sucesso com certeza.

— Obrigado, sim, é difícil acreditar que terminaremos no próximo mês.

Grady enfiou as mãos nos bolsos da bermuda. — Algum de vocês


participará do Stars and Stripes Polo Challenge neste fim de semana?
— Não, receio que não. Holliday e eu vamos passar o fim de semana na
casa dos pais dela em Malibu. Eles têm uma grande celebração do Quatro de
Julho todos os anos.

— Oh sim, Helen dá uma festa e tanto, você vai se divertir.

Minhas sobrancelhas ergueram-se e estudei meu irmão por um momento.


Esses dois são bastante íntimos.

— Quais são seus planos para o fim de semana, Ella? — Grady perguntou,
dando-me aquele sorriso encantador mais uma vez.

— Eu realmente não pensei muito sobre isso. — Respondi honestamente.


— Este é meu primeiro quatro de julho, visto que não sou americana.

Esse comentário me rendeu uma risada de Grady. Com cautela, observei


a troca de idas e vindas entre eles, era muito civilizado. Nenhum sangue foi
derramado. Sem agressão verbal. O que estava acontecendo com esses dois?

— Escute, foi bom ver você, Ronan, mas meu agente acabou de entrar e
eu preciso ir.

— Tome cuidado, cara. — Respondeu ele, dando a Grady um aperto de


mão rápido.

— Ella, prazer em conhecê-la, vocês dois aproveitem seu almoço. Espero


ver você neste fim de semana.

— Ok, sim, talvez.

E com isso, Grady se moveu pelo corredor da lanchonete e se dirigiu para


a porta da frente. Ronan deslizou de volta para a mesa e pegou seu garfo. Eu
apenas o encarei.

— O que? — Ele perguntou, e encolheu os ombros.


— Você percebe que estava tendo um doce romance público com Grady
James, o cara que você socou em um clube alguns meses atrás. O mesmo cara
que foi pego beijando sua namorada.

— Dificilmente um bromance. — Ele zombou, tomando um longo gole


de cerveja. — Se você quer saber, ele é alguém importante para Holliday e
descobri que ele não é um cara mau.

— Sim, aparentemente ele é importante para ela. — Inclinei-me mais


perto, girando meu canudo. — Quero dizer aquele beijo.

— Pise com cuidado, Ella. — Seu tom era de advertência. — Às vezes, as


fotos podem enganar muito. Eles foram próximos uma vez e Grady ajudou
Holliday durante um período difícil em sua vida. Isso é tudo que você precisa
saber. Satisfeita?

— Desculpe, não tive a intenção de insinuar ou desrespeitar Holliday.


Você sabe que eu a adoro.

Ele pegou um pouco de salmão em seu prato. — Vamos conversar sobre


você. Ouvi dizer que Alex a levou a um jogo de beisebol e foi quando você viu
Charlie novamente. E agora, você está morando na casa de hóspedes dele. Ao
que parece, Alex está indo além em seus deveres.

Era uma coisa estranha para ele dizer, especialmente porque foi ideia dele
que eu fosse cuidada enquanto estivesse na cidade. Acho que era fora do normal
eu morar sob o mesmo teto que meu guarda-costas. Normalmente é o guarda-
costas que fica com quem eles estão protegendo. Nossa família não é
exatamente normal.

— Em primeiro lugar, vou ficar na casa de hóspedes dele. — Uma


pequena mentira, tecnicamente alguns dos meus pertences estão lá. — Dada a
situação atual, acho que seria reconfortante saber que tenho segurança 24 horas
por dia. Além disso, Alex é meu amigo. Ele tem sido muito bom para mim.
Bom para mim, dentro e fora do quarto. Eu senti uma risadinha borbulhar
na minha garganta. Cresça, Ella.

— Amigos, hein?

— Sim, amigos. — Eu repeti, antes de tomar o último gole da minha bebida.

— Normalmente, o rosto de uma pessoa não fica cinquenta tons de


vermelho com a menção do nome de um amigo.

Campainhas de alarme dispararam. Ella, rápido, pense.

— Oh, pare. Está mais quente do que o inferno aqui, além disso, você não
é amigo de Dean? — Eu balancei a cabeça em direção ao balcão onde ele estava
sentado.

— Suponho que Dean e eu compartilhamos uma cerveja de vez em


quando. — Ele empurrou o prato para trás e chamou a atenção do nosso
servidor sinalizando para a conta. — Eu não estava tentando ser um idiota ou
dizer a você como viver sua vida. Verdade seja dita, estou muito feliz que você
tenha um amigo e alguém em quem confia enquanto está aqui. Me preocupo
com você.

Alcancei a mesa e cobri sua mão com a minha. — Você é muito doce e eu
te amo por se importar. Você não precisa se preocupar comigo e, obviamente,
seus instintos estavam certos ao contratar Alex. Mas a boa notícia é que não
ouvi um pio de Charlie por um mês. Então, como você pode ver, meus instintos
de estar aqui no The Harbour também estavam corretos. Eu amo esse lugar.

Seu lábio se curvou. — Sim, posso ver isso.

***

Depois que voltei do almoço, encontrei Alex sentado em seu escritório,


uísque em uma das mãos e algo que parecia um cartão de felicitações chique na
outra. Ao som dos meus saltos batendo no chão de madeira, sua cabeça se
ergueu. Por sua reação, eu poderia dizer que o assustei, tirando-o de
pensamentos profundos.

— No que você está pensando tanto? — Perguntei, servindo-me de um


copo de vodka do carrinho de bebidas prateado no canto.

Ele soltou um suspiro profundo. — Fui convidado para uma festa.

— Ahhh, sim, festas - total chatice.

Ele deu uma risadinha. — Na verdade, é uma arrecadação de fundos para


uma causa muito importante. Uma amiga minha, a família dela é proprietária de
uma empresa de doces gourmet, a Bloom Bars. Você já ouviu falar deles?

Eu balancei minha cabeça e tomei um gole da minha bebida.

— Eles doam uma porcentagem de seus lucros para várias organizações


de caridade que ajudam militares, mulheres e suas famílias. Este ano, eles estão
organizando uma campanha de arrecadação de fundos para Mulheres Militares
em Negócios. Basicamente, este programa oferece treinamento em negócios,
gestão e finanças para incentivar o empreendedorismo para veteranas.

— Bem, isso soa como um evento adorável. Sou totalmente a favor de


mulheres que desejam dirigir suas próprias empresas. Como diz Beyoncé, ‘quem
comanda o mundo – meninas’. — Depois de colocar minha bebida em uma
mesa, levantei-me enquanto cantava o refrão da música e, em seguida, comecei
a realizar meus melhores passos de dança Queen Bey.

Alex se aproximou e colocou as mãos em meus quadris, parando meus


movimentos. — Você gosta de dançar, hein?

— Eu gosto, muito. — Respondi, passando minhas mãos sobre seu peito,


o tecido de sua camisa macio em meus dedos.

Ele sorriu e pegou um controle remoto de sua mesa. Com um movimento


rápido, a música tocou pelos alto-falantes, mas, aparentemente, essa não era a
música que ele queria.
Clique. Clique. Clique.

O som melódico da voz sedutora de The Weeknd foi registrado e eu não


pude deixar de balançar meus quadris com a batida. Os longos dedos de Alex
mapearam minha bunda, pressionando ao longo do ritmo sensual de "As You
Are".

— Sabe, eles dizem que toda vez que uma de suas músicas estão tocando,
significa que alguém está fodendo.

Alex sorriu, seus olhos castanhos semicerrados. — É mesmo? — Ele


enganchou seu braço em volta da minha cintura, enquanto usava a outra mão
para trazer minha perna para envolver sua cintura. Meu corpo ficou relaxado
em seus braços, sua mão deslizou pelas minhas costas e se enredou no meu
cabelo. Com um movimento fluido, ele me puxou de volta, mergulhando meu
corpo. Eu flutuei livremente e então voltei na posição vertical encontrando seus
olhos. Era tudo muito parecido com o Dirty Dancing.

Ele me puxou para cima em seu corpo, puxando-me para um beijo


profundo. Sua língua lambeu a minha, me provocando, me levando para fora
da minha mente.

Este parece ser um padrão.

— Eu acho que se você ouvir com atenção, pode realmente ouvir o som
da calcinha batendo no chão.

— Eu acho que é um excelente lugar para sua calcinha estar agora. — Ele
murmurou, seus lábios subindo pela minha garganta. — Eu não via a hora de
você voltar do almoço. Tudo que eu conseguia pensar era quando eu foderia
você de novo.

Suas mãos se moveram sob a minha saia, seus dedos provocando a borda
de seda da minha calcinha.
— Isso deve ter sido troca de pensamento, porque estive pensando em
você o dia todo. — Enfiei minhas mãos no cós da calça jeans, abrindo o botão.
— Eu mal consegui sobreviver ao almoço. Tudo que eu conseguia pensar era o
quanto eu gostaria de chupar seu pau.

Minha necessidade gananciosa por ele entrou em ação. Consumida pelo


desejo, eu o devorei, pegando seu lábio inferior com meus dentes. Suas mãos
se enlaçaram no meu cabelo e ele selou sua boca sobre a minha, lambendo e
chupando minha língua. Minhas mãos agarraram e puxaram os fios de seu
cabelo. Seus dedos deslizaram sobre minha umidade e eu amoleci com o
contato. Estávamos em uma batalha épica pelo controle do que aconteceria a
seguir - quem receberia o prazer primeiro.

Ele gemeu quando eu o empurrei para a poltrona de grandes dimensões,


minhas mãos descendo por seu estômago e sobre sua ereção.

— Ella... Cristo.

Depois de puxar o zíper para baixo e alcançar dentro de sua cueca boxer,
envolvi minhas mãos em torno de seu pau. Alex era tão grosso, tão grande. Eu
o acariciei lentamente, saboreando a sensação dele.

Lambi meu lábio inferior. — Quero você. Eu quero provar você, Alex.

Minhas mãos abaixaram suas calças e eu caí de joelhos na frente dele.


Antes que eu pudesse gerar um pensamento, minha boca estava sobre ele.

Seu perfume masculino e a suavidade de sua pele eram uma combinação


inebriante. Eu me contorci e gemi, seus gemidos vibrantes de prazer me
deixando mais excitada. Girando minha língua em torno de seu pau, continuei
a provocá-lo enquanto as veias grossas de seu pau latejavam contra minhas
palmas.

— Foda-se. — Ele assobiou, empurrando em minha boca. — Leve-me


bem fundo, querida.
Despertada por seu pedido, eu afundei minhas bochechas e coloquei todo
o seu comprimento em minha boca. Suas mãos agarraram meu cabelo, me
puxando e me estimulando.

— Essa sua língua talentosa está me fazendo desmoronar. — Ele rosnou,


agarrando-me pela nuca. Nossos olhos se encontraram, a maneira como ele
estava olhando para mim me deixou mais escorregadia e quente. Minha mente
girou com o pensamento sobre o quanto eu amava dar a ele esse prazer.
Desejando que ele tivesse um orgasmo, eu o chupei mais fundo, segurando suas
bolas e massageando-as suavemente.

— Ella, eu vou gozar. — Seu tom era de advertência, mas cheio da mais
soberba agonia. Minha urgência em prová-lo era cega, agarrei seu pau com as
duas mãos e o lambi intensamente.

Fechando os olhos com força, todo o seu corpo estremeceu e eu o chupei,


engolindo tudo o que ele me deu. Assistir ele desmoronar de uma forma
espetacular, era uma sensação incrivelmente poderosa.

Ele exalou duramente. — Puta merda, você é incrível.

— Você é tão gostoso. — Eu disse, levantando-me do chão e montando


nele.

— Vou te foder com tanta força que você estará dolorida amanhã.

— Bem, eu estou por cima, então parece que serei eu quem estara no
controle aqui. — Eu o desafiei.

— Não, isso não vai acontecer. — Ele rosnou, me levantando e me


prendendo embaixo dele no tapete de pele de animal falsa.

Entre beijos, ele conseguiu tirar a calça jeans e então tive o prazer de abrir
os botões de sua camisa, sentindo a textura dos pelos sob meus dedos. Minhas
mãos percorreram os músculos de seu abdômen e ao redor de suas costas, onde
tracei minhas unhas ao longo de sua coluna e sobre sua tatuagem.
Ele ficou de joelhos e deslizou a camisa sobre os ombros grossos. — Ella,
você tem poucos segundos, no máximo, para ficar nua ou eu farei isso por você.
Por favor, não me coloque em uma posição em que serei responsável pela
destruição deste vestido sexy.

Eu estava de pé antes que percebesse e tirando tudo de mim. Joguei


minhas roupas na cadeira e me virei para encarar Alex.

Ele estava em cima de mim, as mãos agarrando e me empurrando sob a


mesa. Inclinando-se sobre mim, ele pegou meu rosto com as duas mãos e me
beijou, enfiando a língua bem fundo na minha boca. Ele segurou meus seios, as
pontas de seus polegares circulando meus mamilos. Meus dedos dançaram ao
longo dos músculos de suas costas. Eu sei que estou obcecada por suas costas.

Suas mãos desceram para minha bunda. Segurando com força, me puxou
para frente até a borda de sua mesa. Ele encaixou seu pau na minha entrada e
bateu em mim.

— Oh, porra, sim, Alex. — Eu gemi, minhas unhas arranhando ao longo


de sua nuca.

Meus olhos caíram para seu pau e eu o observei bombeando em mim,


deslizando para dentro e para fora com golpes intensos. Um turbilhão de
pensamentos passou por mim e meus olhos se voltaram para os de Alex. Algo
pesado atingiu meu coração. Ondas de emoção crua fluíram quando pressionei
meus lábios nos dele. Ele me beijou com força, com urgência, um elogio aos
meus gritos de necessidade por ele.

Eu precisava de tudo dele. Eu precisava de Alex. Não apenas no sentido


físico, bem, eu precisava disso também, eu queria tudo dele - mente, corpo e
alma.

Seus dedos deslizaram sobre meu clitóris o estimulando, e então, eu


desmoronei - explodindo em pedaços por um orgasmo devastador.
Lambi meus lábios secos e encontrei seus olhos. — Isso foi incrível.

Ele acenou com a cabeça e beijou a pele ao longo do meu pescoço e


ombros. — Você é incrível.

A ponta de seu polegar acariciou minha bochecha e seus lábios


encontraram os meus para um beijo suave. Por um longo momento ele olhou
para mim, quase como se estivesse tentando falar algo que simplesmente não
poderia ser dito em palavras.

Eu também senti isso... foi poderoso, devastador. E, naquele momento,


meu mundo inteiro estava centrado em Alex. Há muito tempo, dei meu coração
e hoje ele foi devolvido ao remetente. Completo, pleno e cheio de amor - amor
por ele.
23
Alex
Enquanto Ella terminava seu banho, eu me encarreguei de preparar um
pequeno piquenique improvisado no tapete na sala de estar. Apenas uma
comida estava no menu e era uma caixa de sorvete crème brûlée da Häagen-
Dazs e, claro, o bar estava aberto. Criei um clima romântico jogando alguns
cobertores no tapete, empilhando meia dúzia de travesseiros e acendendo
algumas velas.

A música ainda estava tocando no escritório e eu caminhei pelo corredor


para desligá-la. Meu escritório cheirava a suor, a sexo e a Ella. Eu encarei o
canto da minha mesa, o espaço onde ela abriu as pernas para mim, gemeu meu
nome e gozou em todo o meu pau. Esta era a mulher que eu deveria proteger.
Agora ela estava morando na minha casa, dormindo na minha cama e ligada a
mim de uma maneira totalmente diferente.

Quando passei pela mesa de centro, o convite do evento para arrecadação


de fundos caiu no chão. Depois de escanear os detalhes mais uma vez, coloquei
de volta dentro do envelope. Então me sentei em minha mesa, abri meu laptop
e o adicionei ao meu calendário. Sim, eu iria. Eu devia a Sasha e sua família estar
lá.

Eu precisava contar a Ella sobre Sasha. Na verdade, eu queria.

— Alex? Onde você está?

Depois de fechar meu calendário, me levantei e voltei para a sala de mídia.


Eu não pude deixar de olhar para Ella. Ela estava linda usando um short jeans
puído e um top cinza. Seu cabelo loiro, ainda molhado do banho, caia sobre seu
ombro.
Ela balançava para frente e para trás com os pés descalços. — O que é
tudo isso?

Minhas mãos subiram para os lados de seu rosto.

— Achei que podíamos comer alguma sobremesa antes do jantar. — Eu


balancei minhas sobrancelhas.

— Você está tentando transar comigo em todos os cômodos da casa. —


Ela sussurrou, subindo na ponta dos pés para me beijar.

— Eu sou totalmente a favor de fazer sexo com você de novo, mas na


verdade eu quis dizer comida - sorvete para ser exato.

— Mmmm, meu favorito.

— Eu sei... crème brûlée. Agora, sente-se e eu trarei tudo para você.

Ela riu e depois se sentou, colocando as pernas embaixo do corpo. Depois


de colocar o sorvete em duas tigelas, coloquei-os em uma bandeja de servir
junto com colheres e guardanapos. Minha mãe me disse que a apresentação era
tudo. Isso certamente teria excedido suas expectativas.

— Lá vamos nós. — Eu disse, colocando a bandeja entre nós.

Ela deslizou o cabelo por cima do ombro, atraindo meus olhos para sua
pele sedosa e impecável. Pensei em marcar com os dentes logo acima do seio.
Era uma coisa estranha de se pensar, mas em outras notícias estranhas, eu
amava pra caralho pensar em marcá-la como minha.

— Oh, que bom, obrigada. — Respondeu ela, pegando uma tigela e uma
colher.

— Então, eu estava pensando. Você gostaria de ir ao baile de gala comigo?

Suas sobrancelhas se ergueram. — Você quer que eu vá como seu par?

— Eu gostaria de tê-la comigo, como minha convidada.


Ela baixou a cabeça e girou a colher para frente e para trás na tigela. Meu
coração parou por um momento. Merda! Eu estraguei tudo? No que diz respeito
a essa coisa entre nós, posso estar lendo todos os sinais incorretamente. Ela
estava sentindo algo mais? Parecia algo mais do que apenas sexo, mas eu já
cometi esse erro antes. Ter meu coração destroçado me transformou em uma
boceta gigante.

— Ella, olhe para mim. — Coloquei meus dedos sob seu queixo,
forçando-a a olhar para mim. — O que há de errado?

— É um grande caso social e não quero envergonhá-lo.

Suas palavras me pegaram desprevenido. — Uau, espere um minuto. —


Pousei minha tigela sob a bandeja e peguei suas mãos nas minhas. — Querida,
você nunca poderia me envergonhar.

— Acredite em mim, se este é um evento de alto nível, então eu


certamente poderia.

— Como exatamente?

— Se apenas uma pessoa me reconhecesse como a ex-namorada de David


Warner, não demoraria muito para que as piadas grosseiras fluíssem tão
livremente quanto as bebidas.

— Bem, as bebidas não são de graça. — Brinquei, na esperança de aliviar


sua preocupação.

Um pequeno sorriso cruzou seus lábios. — Você sabe o que estou


tentando dizer.

— Este grupo de pessoas não faria isso e mesmo se alguém fizesse, eles
teriam que lidar comigo. Você se preocupa com isso o tempo todo?

— Não, este é mais um desenvolvimento recente na confusão que é... foi


minha vida. Todas essas coisas com Charlie me deixaram um pouco nervosa.
Abriu as velhas feridas.
Minha mente agitou-se. Eu não queria que Ella sentisse que deveria se
esconder por causa da situação de Charlie. A vida é para ser vivida plenamente
e sem medo. Palavras fáceis de dizer, Alex. Eu não tinha um possível perseguidor
obcecado, fazendo ameaças grosseiras contra mim.

Acalme-a, tranquilize-a.

— Eu entendo isso, eu entendo. E ei, vamos fechar essas velhas feridas


para sempre - juntos.

— Juntos. — Ela repetiu.

— Sim, viva sem medo. — Eu ouvi a ironia de minhas palavras. Eu deveria


seguir meu próprio conselho. — O que você diz? Você vem comigo para
Chicago?

— Chicago? Você nunca disse que era a Windy City! Sim, adoraria
acompanhá-lo ao evento.

Ela começou a divagar. — Pizza. Prato fundo. Trigo. Magnificent Mile.


Compras. Cais da Marinha.

Inclinando-me para perto, eu a beijei enquanto agarrava a tigela em suas


mãos.

— Espere aí, senhor. Estou terminando esta tigela de decadência celestial


primeiro e depois vou ficar com você.

Eu ri e peguei minha própria tigela. Recostando-me na pilha de


travesseiros, pensei em uma miríade de coisas. Ella. Eu adorava tê-la em minha
vida e, para ser honesto, realmente gostava de tê-la aqui comigo. Eu já estive
nessa estrada antes, mas desta vez algo parecia diferente. E isso me assustou pra
caralho. A reação de Ella levantou questões. Eu considerei a possibilidade de
mais.
O que aconteceria quando essa provação com Charlie acabasse? Quando
ele não representasse mais uma ameaça, meu trabalho deixaria de existir. Este
trabalho era para ser apenas temporário enquanto eu resolvia minhas coisas.

As coisas na Robertsen Security estavam indo muito bem. Patrick, meu


braço direito, me mantinha atualizado sobre o dia-a-dia dos negócios por meio
de e-mails e vídeo chamadas. Tínhamos uma reunião semanal, onde ele me
informava sobre novos contratos e os já existentes. Ele e o resto da equipe
estavam fazendo um ótimo trabalho. Claro, eu considerei tê-lo administrando
o escritório em Grand Rapids indefinidamente. No momento, os planos para a
expansão da Costa Leste foram suspensos enquanto eu me concentrava em
assuntos mais importantes. Ella. A segurança dela era minha maior prioridade.

Nas últimas semanas, com Ella hospedada aqui, eu a estudei, observando


enquanto ela esboçava o layout de seu espaço e esquemas de cores coordenadas
para sua boutique. Eu ficava em um estado constante de excitação toda vez que
ela pintava aquela cor vermelha nos lábios ou o jeito que ela sorria para mim
por cima da caneca de café. Era uma raridade que ela bebesse mais chá e seu
uso de termos de gíria em inglês era raro. Já se foram os dias de alguém que era
uma idiota, em vez disso o idiota agora era seu insulto.

Tínhamos caído em uma rotina fácil. Pegar café e uma caixa de doces
saudáveis em um dos cafés seguido dos nossos exercícios matinais. Houve
longos almoços à tarde no cais e alguns almoços em que a comida foi totalmente
ignorada para prolongadas maratonas de sexo. Também havia noites de farra
assistindo televisão, ela adorava seriados - Friends e Will & Grace eram suas
principais escolhas. Eu finalmente consegui que ela assistisse Game of Thrones.
Embora ela passasse a maioria dos episódios com as mãos no rosto, toda a
violência a deixava enjoada.

Terças e quintas-feiras estavam se tornando meus dias favoritos da


semana. A privação de sono valeu a pena para assistir Ella dobrar e torcer seu
corpo ágil em poses de ioga à beira da piscina enquanto o sol surgia sobre as
dunas. Todo o tempo, tentei descobrir o que ela estava pensando.

Ella tentou me dar dinheiro para o aluguel ou comprar mantimentos.


Expliquei que o dinheiro dela não era bem vindo aqui. Ela insistiu que eu
aceitasse alguma forma de compensação. Oferecer a sugestão de trocar favores
sexuais por hospedagem e alimentação me rendeu um olhar de reprovação e
um soco no braço. Uma noite, encontrei uma nota aleatória de cem dólares
enfiada na minha gaveta de cuecas. O gesto me fez sorrir. Mais notas
apareceram com o passar das semanas - outros cem apareceram no bolso da
minha camisa social e duas apareceram misteriosamente no console do meu
Range Rover. As notas agora ocupavam espaço no cofre do meu escritório.
Talvez eu devesse investir em sua boutique ou atualizar o sistema de segurança.

Ella limpou a boca em um guardanapo e colocou a tigela agora vazia de


volta na bandeja de serviço. — Então, enquanto eu estava no banho...

— Já gosto do início desta história.

— Meu irmão...

Minha sobrancelha franziu. — Ok, talvez eu não queira ouvir isso.

— Eu sabia que isso tiraria sua mente das obscenidades. Ronan me


mandou uma mensagem e disse que seu, uh, amigo, Grady está enviando dois
convites para o Stars and Stripes Polo Challenge neste fim de semana. Você
quer ir?

— Você está me convidando para um encontro?

— Tecnicamente, você seria meu convidado, já que Ronan fez a doação.


— Disse ela, enrolando-se ao meu lado.

Eu ri. — Touché. Eu ainda vou fazer uma doação. Isso me daria um ou


dois beijos?
— Talvez valha a pena o risco. Meu primeiro feriado de quatro de julho e
posso comemorar com você.

Por um momento, pensei em perguntar a ela onde estava sua mente em


relação ao futuro - mais especificamente conosco. Valeria a pena o risco?

— Primeiro, vamos assistir aos fogos de artifício e depois voltaremos aqui


e faremos alguns dos nossos.

— Alex Robertsen. — Ela respirou, e inclinou o rosto para o meu. —


Você pensa em outra coisa além de sexo?

Essa foi uma pergunta carregada.

— Sim. — Eu murmurei contra seus lábios. — Eu penso em mais do que


apenas sexo. — Minhas mãos emaranhadas em seus cabelos e ela deixou cair
sua bochecha no meu ombro.

Já lidei com muitas situações delicadas em minha vida, mas esse era um
risco em que não fui totalmente capaz de avaliar todos os detalhes.
Probabilidade e resultado desejado, essas eram duas coisas que eu poderia
calcular em menos de dez segundos. As coisas não estavam claras e essa situação
com Charlie McNeil precisava acabar logo.
24
Ella
Alex manobrou seu Range Rover pelos portões do The Harbor Polo Club.
Era um lindo dia para uma partida de pólo. O céu estava em um tom magnífico
de azul cobalto e a brisa quente sussurrava suavemente a grama alta e a
abundância de flores que decoravam a extensa propriedade. À distância, havia
uma enorme tenda branca com um mar de pessoas bem vestidas se misturando
embaixo dela. Diretamente em frente à tenda estava o campo de pólo
imaculado, apenas esperando para ser rasgado. Cadeiras brancas sob guarda-
sóis com logotipo alinhavam-se na arena verde brilhante intocada.

Depois que Alex estacionou, caminhamos em direção à barraca, sua mão


roçando a minha. O calor se espalhou por toda parte, circundando para baixo,
aquecendo aquela dor profunda que eu sentia por ele. Eu queria tanto entrelaçar
meus dedos com os dele; em vez disso, bati em seu ombro.

Fomos abordados por uma mulher com um vestido com listras azuis e
brancas segurando uma prancheta. Os diamantes pendurados em seu pescoço
refletiam o brilho do sol, lançando flashes de luz deslumbrantes.

Apresentei meu convite. — Senhorita Ella Connolly e convidado. — Ela


anunciou para ninguém em particular antes de puxar o papel das mãos. Meus
ombros ficaram tensos, mas consegui dar um sorriso brilhante. Depois de
marcar nossos nomes na lista VIP, ela nos direcionou para o tapete vermelho,
que na verdade era azul.

Um pouco nervosa, me virei para as câmeras e Alex deu um passo para o


lado. Respirei fundo e me concentrei em algo positivo. Pensei em todo o
dinheiro que esse evento arrecadaria para as várias causas. Protegendo e
preservando marcos dos EUA e o fundo Heroes of America.

— Viva sem medo! — Murmurei para mim mesma.

Câmeras piscavam e saltavam enquanto eu mudava minhas poses. Meu


equilíbrio vacilou e cambaleei ligeiramente. Em um movimento fluido, Alex
enganchou seu braço em volta da minha cintura, uma garantia tácita de
segurança. Um arrepio percorreu minha pele. Ele era meu protetor, contratado
como profissional para cuidar de mim. Por um breve momento, me permiti
sonhar que estávamos aqui como um casal legítimo. Estávamos correndo riscos
com nosso flerte e toque. Qualquer pessoa que olhasse de perto poderia notar
que estivemos juntos.

— Peguei você, querida, apenas respire. — Seu hálito quente soprou em


meu ouvido, atiçando as brasas ardentes no fundo da minha barriga. Alex
parecia sexy vestindo calça branca com uma camisa xadrez por baixo de uma
jaqueta azul marinho. Eu o elogiei, vestindo uma saia azul marinho plissada com
listras brancas e verdes combinada com uma blusa branca impecável.

Um dia antes do evento, eu comprei um lenço de bolso branco com


debrum azul marinho para sua jaqueta. Eu disse a ele que os acessórios faziam
o homem. Ele franziu a testa, mas me satisfez de qualquer maneira. Parados
lado a lado, poderíamos ser um daqueles casais mauricinhos dos anúncios da
Ralph Lauren.

Apesar de o evento ser privado, apenas para convidados de caridade, eu


sabia que havia uma chance de as fotos aparecerem nas redes sociais ou em
revistas de fofoca, não apenas nas páginas da sociedade. Excitação e medo
dançaram pela minha espinha. O suor se formou em minha pele, fazendo meus
dedos escorregarem contra minha bolsa de couro. Alex e eu estávamos
transando por meses e eu me perguntei se as fotos que seriam publicadas em
breve revelariam nosso segredinho deliciosamente sujo. Parte de mim queria
dar um salto e viver minha vida do jeito que eu queria. O que eu queria era Alex.
Poder jogar meus braços em volta do pescoço dele e salpicar-lhe com beijos e
deixar o mundo inteiro saber. Principalmente, eu queria dizer que me apaixonei
por ele. Amava-o. Confiava nele. Mesmo que ele me rejeitasse, eu sabia que seria
incapaz de amar alguém novamente. Só isso parecia incrível.

Quando descemos do tapete, corremos sutilmente para o bar. Para minha


surpresa, era um evento familiar. O East Harbor Athletic Club patrocinou a
barraca das crianças, com passeios de pônei, artes e artesanato, e hortelã
orgânica com morango e limonada de framboesa.

Meus olhos percorreram a multidão, admirando todos os casais elegantes


e seus filhos bem vestidos. Meninas em vestidos transparentes espelhavam os
vestidos de renda elegantes de suas mães. Meninos vestidos com estampas
riscadas coloridas combinadas com calças cáqui. Alguns usavam chapéus,
outros, suspensórios.

— Você está linda. — Seus olhos me observaram com sinceridade, mas a


fome crua também era visível.

— Obrigada, você também.

Alex soltou uma risada baixa. Corei percebendo o humor em meu elogio.

— Eu quis dizer que você está sexy como o inferno. — Meus dedos
brincaram com as lapelas de sua jaqueta.

O barman interrompeu nosso momento. — Olá e bem-vindos, o que vão


querer?

Alex discutiu algumas vodkas com o barman, o que fez meu sorriso ficar
mais largo. Ele sabia o meu pedido de bebida - ele nem precisava perguntar.
Olhando ao redor da tenda, notei vários homens bebendo copos altos de
cerveja. Nesses eventos em Londres, os convidados bebiam Pimm's ou
champanhe. Eu me perguntei o que Alex pediria? Meu palpite era um uísque
com soda.

— Aqui está... vodka com refrigerante e um toque de limão. — Alex me


entregou o copo junto com um guardanapo, assim que o barman voltou com
sua bebida - uma cerveja. Droga, ele me enganou.

Com a mão na parte inferior das minhas costas, ele me levou a uma das
mesas de coquetéis. Alguns jogadores de pólo entraram e eu olhei para ver se
Grady James fazia parte da multidão. Gostaria de agradecê-lo novamente pelo
convite.

— Alex? Alex Robertsen, meu Deus, é você!

Uma mulher vestida com um vestido de seda rosa e branco se aproximou


de nós com champanhe em uma das mãos e uma bolsa branca perolada na
outra. Ela parecia elegante com seu cabelo preto ondulado preso em um rabo
de cavalo e enfiado sob um chapéu de aba larga coberto com flores delicadas.

— Francesca, é bom ver você. — Respondeu Alex antes de beijar sua


bochecha. Eles foram apropriadamente afetuosos, ela elogiou seu traje e ele
educadamente a agradeceu.

— Francesca Baldwin, gostaria que conhecesse Ella Connolly.

— Olá, é um prazer conhecê-la, Francesca.

Olhos castanhos estreitos me olharam de cima a baixo enquanto ela


deslizava sua mão na minha. Por um momento, pensei em quando Alex e Gavin
se conheceram. Eu me perguntei se deveria envolver meus braços ao redor de
Alex e fazer minha reivindicação assim como ele havia feito. Ela era uma antiga
namorada? Ex-amante?

— Ella, é um prazer conhecê-la. — Seus lábios formaram um sorriso doce.


— Alex, ela é muito bonita.

— Ela é. — Ele concordou e me deu uma piscadela.


Olhando entre os dois, perguntei: — E como vocês dois se conhecem?

— Franny é amiga da família.

A aprovação de sua resposta brilhou em seu sorriso. — Sim, nós


praticamente crescemos juntos. No verão, nossas famílias passavam muitos fins
de semana juntas no lago. — Ela se virou para mim. — Mas eu sei o que você
realmente está perguntando; você quer saber se dormimos juntos?

Você poderia ter me derrubado com uma pena. Eu não estava preparada
para essas palavras. É uma raridade encontrar uma mulher direta.

Seus olhos permaneceram conectados com os meus. — A resposta é não.

Eu sorri. — Eu gosto dela, Alex.

Não houve muito tempo para os dois conversarem, porque o clarim soou
alertando-nos que a partida iria começar. Francesca saiu correndo, mas não
antes de nos dar um abraço. Os jogadores entraram em campo e a empolgação
espalhou-se pela multidão. Após o discurso do árbitro, focamos nossa atenção
na bola branca na palma de sua mão.

Os dedos de Alex traçaram ao longo da parte de trás do meu joelho e meu


batimento cardíaco tamborilou em meus ouvidos. A sensação de suas mãos
ásperas contra minha pele nua, aquele pequeno pedaço era quase demais para
aguentar. A umidade se acumulou entre minhas coxas com cada toque suave.
Se estivéssemos em um cinema escuro, eu teria considerado remover meu fio
dental e permitir que ele me fodesse com os dedos.

Depois de tomar um gole, sussurrei: — Você está se divertindo?

— Eu estou. Você está?

Olhando para ele através dos meus cílios, eu sorri.

O golpe do martelo contra a bola foi como um estrondo de trovão. Os


jogadores correram em seus cavalos para cima e para baixo no campo de uma
forma exuberante. Quando os cavalos galopantes passaram rugindo por nós,
avistei Grady em sua camisa azul marinho com o número quatro. Ele era o
principal jogador de defesa e tinha permissão para se mover para qualquer lugar
do campo.

Habilmente enganchando seu taco em volta do jogador adversário, ele


balançou na defesa. A bola voou para o jogador número três, permitindo que
ele dirigisse e marcasse com facilidade. Assobios de apreciação e aplausos
estrondosos derramaram da multidão.

Após seis chukkas, houve uma pausa no jogo para os jogadores trocarem
de montaria. Caminhando rapidamente, disparamos no meio da multidão. Alex
agarrou minha mão com força. Seu toque era uma fogueira, derretendo-me
como caramelo.

Abrindo o portão, ele me puxou para trás dos estábulos e então pressionou
seu corpo alto contra mim. Antes que eu pudesse perguntar a Alex o que ele
estava fazendo, sua boca estava na minha, sondando e buscando entrada. Um
zumbido familiar de eletricidade acendeu, serpenteando por cada centímetro do
meu corpo.

Um beijo, um olhar ou apenas um toque dele é tudo o que eu precisava


para me transformar em uma massa de hormônios, pronta para cometer atos
obscenos em um lugar público.

Eu gemia em seus beijos, alisando minhas mãos em suas costas. Seus


dedos cravaram em minha pele, empurrando meus quadris para frente.

— O que você acha de sairmos daqui? — Ele murmurou.

— Estamos aqui há menos de duas horas.

A brisa quente soprou, empurrando a barra da minha saia para cima.


Arrepios espirraram em minha pele. Alex alisou o tecido da minha saia.

— Isso é uma observação, não uma resposta. — Alex murmurou contra


meus lábios.
— Você não acha que seria indelicado sair?

— Responder a uma pergunta com outra pergunta não é aceitável. — Suas


mãos continuaram massageando minha bunda, tornando impossível para mim
pensar com qualquer razão. O vento estava implacavelmente brincando com
minha saia.

— Ahh, aí está aquela bunda que eu amo tanto.

Eu quase me dei uma chicotada quando me virei na direção do sotaque


corajoso de Charlie. Ele passou por nós, fazendo um gesto de chupar um pau
com a mão. Sua língua disparou sobre seu lábio inferior e então ele me soprou
um beijo. Havia dois outros caras com ele carregando equipamento fotográfico
e rindo do comentário grosseiro de Charlie. Um deles parecia o hipster de Tom
Hardy.

Ah Merda. Minha bunda estava literalmente pendurada de novo.

— Filho da puta. — Alex sibilou. Ele puxou meu cotovelo, me


empurrando para trás de seu corpo alto. Desta vez, meus anos andando de salto
alto me ajudaram, impedindo que eu caísse.

Um rápido estalo mental junto com a brisa soprando em minha saia me


fez alisar minhas palmas sobre minha bunda. Meu peito pressionou contra as
costas de Alex, sentindo a energia primitiva emanando dele. Espiando por cima
do ombro, deslizei minhas mãos em torno de seus bíceps segurando com força.

— Melhores peitos e bunda que vocês já viram, companheiros. — As


palavras de Charlie doeram nos meus nervos.

A próxima coisa que eu vi foi quando Alex puxou seu corpo para longe
de mim e jogou sua jaqueta no chão. Ele caminhou em direção a Charlie,
jogando o babaca para trás. Todos os três homens se viraram para encarar Alex.

— Peça desculpas à ela. — Alex rosnou.


O olhar de Charlie encontrou o meu, e seus lábios se curvaram em um
sorriso de escárnio. O mais alto dos três homens, enfrentou Alex, enquanto o
outro se afastou.

— Pedir desculpas por falar a verdade? Acho que não, cara.

— Escute, cara. — Alex respondeu. — Duas palavras e então vocês


podem ir embora.

Ele estufou o peito. — E se eu não fizer isso, o que você vai fazer a
respeito?

— Para o seu bem, rezo que não chegue a esse ponto.

Charlie riu e colocou a mão no peito de Alex. — Não me enche.

A mão de Alex balançou e pousou em cima da de Charlie. Uma troca de


olhares gelados disparou como flechas voadoras entre os homens e, em seguida,
Alex liberou o controle que tinha sobre Charlie.

Crack!

Charlie deu um soco em Alex, acertando-o bem no queixo.

Alex nem mesmo vacilou quando seu punho acertou o nariz de Charlie.

— Alex! — Minhas mãos voaram para minha boca, abafando o grito de


seu nome. Tudo estava em câmera lenta depois daquele momento. Tudo o que
vi foi sangue espirrando pela cerca branca antes de Charlie cair no chão.

Minha garganta apertou e o pânico passou por mim. Peguei a jaqueta de


Alex e corri em direção dele. Alex ficou olhando diretamente para Charlie e
todos os cabelos do meu pescoço se arrepiaram.

Charlie rolou, apoiando-se nas mãos e nos joelhos, tentando se equilibrar.


O homem alto se ofereceu para ajudá-lo a se levantar, mas Charlie bateu em seu
braço.
— Você. — Charlie rosnou, apontando o dedo para Alex. — Você é um
homem morto.

Alex endureceu sua espinha, dando-lhe um aceno petulante de suas mãos


e ficou olhando para os homens até que dobraram a esquina. Ele se virou para
mim depois que os homens sumiram de vista.

Quando Alex embalou meu rosto em suas mãos, senti todo o ar sair dos
meus pulmões. — Ei, você está bem?

— Sim, estou bem. — Meu olhar disparou de seus olhos para sua
mandíbula. — Você está bem?

— Não vou mentir, eu não achei que o filho da puta tivesse coragem de
me acertar, mas ele o fez.

Pelo menos o humor de Alex ainda estava intacto. Ele me puxou para ele
e beijou o topo da minha cabeça. Apertando sua mão, caminhamos atrás dos
estábulos e através do mar de carros. Ele precisava de um saco de gelo e
provavelmente um banho e uma bebida forte.

— Eu só preciso de você. — Disse ele, enquanto abria a porta do


passageiro para mim. Eu o encarei confusa.

Ele riu. — Você estava pensando em voz alta, mas aquela bebida parece
muito boa.

— Desculpe, minha cabeça está girando com o que aconteceu com


Charlie. Você acha que ele vai cumprir sua ameaça?

Suas mãos se enredaram no meu cabelo. — Não, eu não acho. Esse era
seu ego masculino ferido falando besteiras. Ele vai se acalmar, lamber suas
feridas e esquecer tudo sobre isso.

— Mas e se ele abrir acusações contra você?

Ele pressionou sua testa contra a minha, passando a ponta do polegar em


meus lábios. — Se ele fizer, então eu vou lidar com isso. Ele me bateu primeiro,
então eu poderia facilmente tê-lo preso por agressão. Tente não se preocupar,
ok?

Dando a Alex a paz de espírito que ele precisava, eu balancei a cabeça. —


Ok.

Os eventos de hoje certamente me deixaram confusa. A maneira como


Charlie se aproximou de mim no jogo de beisebol e agora sendo tão ousado e
declarando seus comentários em voz alta. Ele tinha um desejo de morte? Ou
ele era realmente tão estúpido? Eu não podia me preocupar com Charlie ou
como isso me afetava. Meu foco estava em Alex.
25
Alex
Charlie Mcneil. Era um nome que eu estava muito cansado de ouvir, ver
ou mesmo pensar nele.

O suor escorria pelas minhas costas. Eu me empurrei com força nos


últimos quilômetros no longo trecho de praia. As dunas que decoravam minha
propriedade entraram em foco. Gotas de suor escorreram pela minha testa,
correndo para os meus olhos. O suor escorria do meu nariz e meus quadríceps
doíam de dor.

Corri duna acima e desabei no gramado recém aparado. Este não foi o
melhor desaquecimento. Dando-lhe toda a minha força, me levantei e fiquei de
pé. Eu estiquei meus membros e fiz alguns abdominais para uma boa medida.
Mesmo que eu tivesse acabado de treinar como se estivesse prestes a partir para
uma missão de campo, ou competir nas Olimpíadas, a tensão ainda persistia.

Minha mente estava uma bagunça do caralho. Talvez eu devesse fazer ioga
como Ella. Ela parecia incrivelmente calma para uma mulher que estaria
abrindo um negócio em menos de um mês. Enquanto eu caminhava em círculos
ao redor da piscina, respirando fundo, não pude deixar de sorrir.

Apesar de como o dia da partida de pólo havia começado, Ella e eu


conseguimos salvar o feriado. Depois de sair, ela me fez parar no mercado para
comprar frutas e chantilly. Para o jantar, nós devoramos bifes e as maiores
batatas assadas recheadas que você já viu. Elas pingavam manteiga e estavam
cobertas com sal marinho e cebolinha. Ao anoitecer, nós nos sentamos na praia
para comer nossa sobremesa tripla de frutas silvestres enquanto assistíamos os
fogos de artifício iluminando o céu sobre The Harbour.
Nas últimas três noites, Ella me cutucou, dizendo que eu estava sonhando
e estava roubando as cobertas. Eu ri de cada uma de suas adoráveis acusações
e depois me desculpei deslizando profundamente dentro dela, dando a nós dois
um orgasmo explosivo, enviando-nos satisfeitos de volta à terra dos sonhos.

Ainda assim, o alívio era apenas uma solução temporária.

Ela perguntava se estava tudo bem. Eu sorria e beijava seus lábios macios,
assegurando-lhe que estava tudo bem e que provavelmente era apenas o calor
do verão. Eu até sugeri que posso ter síndrome das pernas inquietas. Estúpido,
eu sei.

Com sua boutique marcada para abrir em semanas, eu não senti a


necessidade de aumentar seu nível de estresse confessando que o porra do
Charlie McNeil estava ocupando espaço na minha cabeça. Duas semanas se
passaram e ele nem havia feito uma reclamação. Eu tinha certeza de que aquele
bastardo nojento teria, apenas para tornar minha vida miserável.

Nada além de silêncio desde o evento, e foi inquietante. Talvez esse fosse
o jogo dele, me fazer pensar, essencialmente me deixando louco. Ele não sabia,
mas eu tive treinamento nessa área. Eu só precisava me lembrar de como
compartimentar essa merda. Foda-se seus jogos mentais.

Além disso, eu precisava manter minha cabeça limpa e focada em Ella. A


ideia de ela trabalhar longos dias na boutique sem mim, eu não gostava dessa
porra. No entanto, eu precisava respeitar seu processo enquanto ela se
preparava para a grande inauguração.

Para minha própria paz de espírito, eu trouxe Marcus Blevins de Grand


Rapids para fornecer segurança. Ele era um dos meus amigos mais antigos e um
dos caras importantes da empresa. O fato de ele ter trabalhado como presidente
da equipe de segurança de Detroit por oito anos me deixou com pouca
preocupação.
Subi os degraus da casa. Uma vez lá dentro, tirei minha roupa de treino e,
em seguida, joguei as roupas encharcadas de suor no cesto de roupa suja.

***

Meu telefone tocou assim que amarrei a toalha na cintura.

— Marcus, o que houve?

— Cara, você precisa vir aqui o mais rápido possível. — O tom de sua voz
me deixou em pânico por dentro.

— Ella está bem? — Meu coração batia forte no peito. — Sim ou não,
Marcus?

— Fisicamente ela está bem. Visivelmente ela está chateada.

— Peguei você, já vou. — Passei meu dedo em desligar sem outra palavra.

Não estar no controle me deixou doente de preocupação. A incerteza


sobre o que aconteceu me deixou um pouco abalado. Embora meu instinto me
dissesse que Charlie McNeil não estava mais em silêncio.

Ella
Fechei a porta do meu escritório e, em seguida, sentei em cima de uma das
muitas caixas que ocupavam o pequeno espaço. Mais uma vez tirei as fotos do
envelope. Frio se infiltrou em meu corpo e se estabeleceu em minha espinha
enquanto eu passava de uma foto brilhante para a próxima. Aquele babaca de
merda tinha tirado fotos da briga de Alex e Charlie. Eu nem tinha percebido
que a versão hipster de Tom Hardy estava tirando fotos no momento da briga.

A pior parte é que elas foram manipuladas de uma forma que o mundo
veria Charlie como uma vítima. O que isso faria com a reputação de Alex?
Nenhuma foto de Charlie socando Alex ou tentando correr em sua
direção. É assim que as fotos podem ser enganosas. Algo capturado em um
milissegundo de tempo significa mais do que realmente significa. Como os
tabloides colocariam isso?

— Ella! — Eu ouvi Alex chamando meu nome.

— Estou no escritório. — Gritei, em seguida, puxei a maçaneta abrindo a


porta.

— Ei, você está bem?

Minhas mãos tremeram quando entreguei o envelope a Alex. Não tenho


certeza se era frustração, aborrecimento ou apenas raiva pura. —
Honestamente, não tenho certeza de como me sinto.

Os olhos de Alex capturaram os meus e isso foi o suficiente para me enviar


correndo para seus braços. Talvez a exaustão pelo peso de tudo finalmente
tivesse se firmado. Ou outro ângulo, talvez eu tenha sentido a necessidade de
confortá-lo antes que ele abrisse o envelope encontrando as fotos junto com
um pedido de quinhentos mil dólares. Meu palpite era que Charlie e Hipster
Hardy dividiriam o dinheiro.

Consegui arrancar meu corpo de Alex. Seu olhar caiu para o envelope e
eu balancei a cabeça para ele abri-lo. Eu coloquei minha bunda de volta na caixa,
que decidi que seria minha cadeira até que a nova chegasse.

— Tão ruim assim, hein?

— Isso depende da sua definição de ruim. — Enterrei meu rosto em


minhas mãos, incapaz de olhar para Alex enquanto ele vasculhava o conteúdo
dos envelopes.

— Hmm.

Eu encarei Alex, sua expressão estava vazia - sem sobrancelha franzida ou


dentes cerrados. Como ele poderia não estar zangado com isso?
— Isso é tudo que você tem a dizer, 'hmm'?

— Sim.

Dei de ombros. — E quanto ao dinheiro? Isso não te incomoda?

— Não, isso é um blefe. E eu não negocio com maricas chantagistas.

— Oooookay. — Eu me inclinei contra a parede.

— Ella, as fotos são minhas, mas ele as enviou aqui para sua boutique. Ele
não sabe meu endereço ou meu sobrenome. Quem se importa se elas forem
publicadas? Inferno, vou enviá-las para minha página de mídia social e estragar
sua diversão. — Ele empurrou as fotos de volta para o envelope e jogou-as em
cima do meu arquivo.

Eu não conseguia entender. Sua família não ficaria desapontada? — Então


você não está nem um pouco preocupado?

— Se as fotos fossem suas, com certeza, eu ficaria preocupado. — Suas


juntas roçaram meu braço. — Vou mandar examinar esse envelope e seu
conteúdo. Estou atualizando seu sistema de segurança aqui. E, por precaução,
estamos entrando com uma ordem de restrição.

Nem uma vez eu pensei que teria que entrar com uma ordem de restrição,
ou ter que ir tão longe para me sentir segura. Alex se inclinou para encontrar
meus olhos, suas mãos enquadraram meu rosto. — Ella, fale comigo.

— Não acho que você deva postar as fotos em suas contas de mídia social.

Ele riu. — Sim, não acho que tenha sido uma ideia muito boa.

Ele deu um beijo suave na minha boca. — O que mais precisa ser feito
por aqui? Coloque-me para trabalhar.

Minhas mãos escorregaram para cima e ao redor de seu pescoço. — Por


que você não vai fazer todas as coisas que mencionou e eu terminarei de
desempacotar. Quero ver algumas coisas da minha lista antes de partirmos para
Chicago.

— Como quiser, querida. — Ele me beijou novamente e então saiu pela


porta.
26
Alex
O fato de Charlie ter deixado pessoalmente essas fotos na butique de Ella
me levou ao limite. Esse filho da puta estava claramente perseguindo-a e isso
iria acabar hoje. Embora eu não tivesse certeza de como isso funcionaria com
a ordem de restrição, já que Ella não era cidadã dos EUA.

Enquanto eu subia em meu Range Rover, um milhão de coisas giravam


em minha cabeça. Eu precisava de mais informações. Normalmente, Marcus
era meu pesquisador, mas eu não poderia deixá-lo distraído com nada além de
ficar de olho em Ella.

— Patrick, preciso de um favor. — Gritei no Bluetooth.

— Claro, e aí, chefe?

— Qualquer projeto em que você esteja atualmente, atribua-o a outra


pessoa. Temos um projeto urgente. Preciso de um top de linha, e quero dizer,
o melhor sistema de segurança absolutamente instalado em um prédio aqui. A
garota que fui designado para a segurança, alguém esta... Eu não confio em mais
ninguém e...

— Já entendi. Eu sei que isso é importante.

— Vou arranjar um avião para você e enviar todos os detalhes. Eu preciso


que isso seja feito pra ontem, Patrick.

— Não precisa dizer mais nada. Estou trabalhando nisso.

— Só mais uma coisa, estou indo para Chicago no fim de semana, você e
Marcus me atualizem assim que tudo estiver instalado.

— Pode deixar. Você está levando a senhora com você?


Eu bufei um suspiro. — Estou.

— Não se preocupe com nada, Alex. Nós vamos cuidar disso.

— Obrigado, cara. — Encerrei a ligação assim que entrei na garagem. Eu


estava tenso de novo, mais tenso do que antes. Nesse ponto, outra corrida
ajudaria? Eu bati a porta e subi as escadas.

Salpiquei um pouco de uísque em um copo e me sentei na cadeira atrás da


minha mesa. Como as coisas ficaram tão bagunçadas? Primeiro, eu era apenas
um cara contratado para trabalhar na segurança privada por um curto período
de tempo para desestressar e colocar minha vida em ordem. Agora, eu tinha
mais problemas do que Jay Z neste momento. Eu engoli a bebida, sentindo a
queimadura todo o caminho.

Charlie McNeil estava jogando um jogo muito perigoso. Uma coisa era
certa; ele não estava preparado para jogar nas minhas regras.

***

Assim que nos acomodamos no hotel, eu surpreendi Ella com um dia


inteiro de mimos. Eu queria que ela estivesse completamente relaxada antes da
arrecadação de fundos desta noite. O diretor do spa me ajudou a montar os
serviços, já que meu conhecimento desse tipo de coisa se limitava a tratamentos
faciais, massagens, pedicure e manicure.

Com Ella felizmente ocupada, tirei algum tempo para relaxar. O Bar At
the Peninsula ainda não estava aberto, então fui para um dos meus lugares
favoritos de Chicago, o Giordano. Sentei-me no bar assistindo ao jogo dos Cubs
junto com vários outros clientes.

Cara, eu amo essa cidade.

Fiz sinal ao barman pedindo uma bebida. Durante o intervalo comercial,


meus olhos percorreram a massa de pessoas que passava pela rua. A maioria
carregava sacolas de compras de todas as lojas importantes da Magnificent Mile.
— Exatamente o homem que eu esperava ver. — Uma mão forte bateu
nas minhas costas e me virei para ver meu velho amigo, Garrett “Sully” Sullivan.

— Sully, é bom ver você, cara.

— Bom ver você também, Robo.

— Sente-se. — Eu balancei a cabeça para o barman. — O que quer que


esse cara esteja bebendo, coloque na minha conta.

— Miller Lite, garrafa, sem copo. — Ele se inclinou e sussurrou por cima
do ombro. — Todo mundo nesta cidade quer colocar minha cerveja em um
copo. Direto da garrafa ou lata, é assim que eu gosto.

Não tive coragem de dizer a ele que a cerveja ficava melhor em um copo.
Bem, não tanto quanto o gosto melhor, mais pela experiência, mas com Miller
Lite isso realmente não importa.

O barman colocou a garrafa de cerveja na frente de Sully. — Obrigado,


cara.

— Então, quanto tempo faz?

Com a cerveja na mão, ele balançou a cabeça de um lado para o outro. —


Pelas minhas contas, já se passaram pelo menos cinco anos. O casamento de
Rebecca.

Eu concordei. — Jessie veio com você?

— Nah. — Ele respondeu, antes de dar um longo gole na garrafa. — Ela


está em casa com as meninas, e temos outro a caminho em setembro.

— Uau, parabéns. Fantástico. Você já tem filhos o suficiente para começar


um time de beisebol?

Ele deu uma risadinha. — Perto. Este será o nosso quarto, um menino.
Jessie acabou depois deste. E quanto a você? Já é casado?

— Não, mas estou saindo com alguém; ela é ótima - mais do que ótima.
Senti uma pontada de culpa por admitir que tinha alguém especial. Sully
sabia que Sasha e eu estávamos juntos. Era difícil manter nosso relacionamento
em segredo. Quando Sasha morreu, Rebecca e Horton obviamente fizeram suas
conexões.

— É bom ouvir isso, cara. Isto é sério? — Ele perguntou, antes de tomar
outro gole.

Aplausos explodiram da multidão do bar. Meus olhos se voltaram para a


TV. Os Cubs estavam três a um sobre os Cardinals. Isso me deu um momento
para pensar sobre minha resposta, mas, honestamente, não havia necessidade
de pensar sobre o que eu sentia por ela. Eu estava falando sério sobre Ella, mas,
assim como meu relacionamento com Sasha, tínhamos que agir com cautela.

— Faz muito tempo que não me sinto assim e é muito bom. — Admiti,
estremecendo ligeiramente com a minha confissão. Não é normal se sentir assim.

Ele ergueu uma sobrancelha, um sinal de que ele tinha uma leitura sobre
mim. — Está tudo bem, cara. Ninguém espera que você não supere a Sasha.
Foi há muito tempo, e todos nós sabemos o quanto você a amava.

— Esse dia ainda me assombra. Estou melhor agora, mas foi difícil por
muito tempo. — Eu levantei meu copo e tomei um gole. Eu nunca me abri para
nenhum membro da Elite Eight sobre meus sentimentos em relação à morte
de Sasha e como isso me afetou.

— Você deveria ter entrado em contato conosco. Teríamos ajudado.

— Eu aprecio isso e agradeço. Não posso deixar de sentir um senso de


responsabilidade sobre a situação.

— É o líder em você que faz se sentir assim.

— Suponho que sim. — Respondi secamente.

— Ninguém previu isso. — Disse ele, balançando a cabeça. — Tínhamos


boas informações, era a decisão certa. Sasha conhecia os riscos da missão e fez
a escolha naquele dia. Você não poderia tê-la impedido de ir. Ela foi uma
verdadeira heroína, cara.

Eu bebi o resto do meu bourbon, permitindo que suas palavras fossem


absorvidas.

Sully sinalizou para o barman. — Duas doses de tequila, prateleira de cima


e coloque na conta dele.

Eu bufei uma risada. — Vou tomar uma cerveja.

— Resumindo, ninguém tem culpa pelo que aconteceu naquele dia. E


ninguém o responsabiliza pela morte dela. Em algum momento você tem que
deixar ir, irmão, ou isso vai te comer vivo.

— Se eu deixar ir, eu a deixo ir.

— Nah, eu não acredito nisso. Acho que ela sempre estará com você - em
seu coração.

— Quando você se tornou um idiota sentimental?

Três bebidas apareceram na nossa frente, junto com fatias de limão fresco.

Ele encolheu os ombros. — Provavelmente o fato de eu ter três meninas.


— Respondeu ele, entregando-me um dos copos. — Para Sasha Bloom, uma
mulher incrível, uma grande amiga e uma foda total.

Eu levantei meu copo. — Para Sasha. — Jogando para tras a dose, engoli
o líquido e junto com ele minha culpa por sua morte. Esses poucos momentos
conversando com Sully proporcionaram mais clareza do que qualquer sessão de
uma hora com meu psiquiatra.

— Você está trazendo alguém especial esta noite?

— Sim, acho que você realmente vai gostar dela.

— Estou certo de que vou. Você contou a ela sobre Sasha?

— Ainda não, mas eu planejei isso. Só não sei quando seria a hora certa.
— Antes da gala. — Ele aconselhou, e então tomou um gole. — Ter essa
conversa depois pode ser muito difícil. Só minha opinião, no entanto.

Seria difícil não importa a hora ou o lugar.

Sully se levantou do banco do bar e jogou uma nota de cinquenta no


balcão. — Pela bebida.

— Obrigado, cara, vejo você hoje à noite. — Eu disse, inclinando meu


copo de cerveja em sua direção.

Sua mão apertou meu ombro. — Foi bom conversar com você, Robo.
Tenha essa conversa com sua garota. Você não quer que algo tão pesado a
surpreenda.

Depois de pagar a conta, olhei para o relógio. Passava pouco das duas da
tarde. Ella ficaria no spa por pelo menos mais uma hora. Eu coloquei uma
pastilha de hortelã enquanto caminhava pela calçada lotada. O ar estava quente
e a umidade me envolvia. Quando cheguei ao hotel, parei no balcão do
concierge e pedi uma garrafa de champanhe e alguns aperitivos com instruções
para serem entregues o mais próximo possível dàs três e meia.

Sozinho com meus pensamentos, esta seria uma longa hora.


27
Ella
— Alex, você está aqui?

— Sim, já vou sair.

Alex devia estar no escritório, trabalhando. Pensando bem, talvez não,


enquanto eu me movia mais para dentro da suíte, os sons de um jogo de
beisebol se filtravam pelo grande espaço. Pegando uma garrafa de água da
geladeira, tirei a tampa e bebi metade. Meu olhar varreu a janela, observando os
prédios altos e o lago à distância. Era uma cidade linda. Eu só queria que
tivéssemos mais do que uma curta estadia. Talvez possamos voltar em breve.

— Olá. — Alex murmurou em meu ouvido, envolvendo seus braços em


volta de mim por trás.

— Olá. — Eu me inclinei para trás em seu corpo, seus músculos tensos.

— Como foi o spa?

— Totalmente revigorante e muito relaxante.

— Bom ouvir isso. — Ele pegou minha mão e me levou para o sofá. —
Espero que não se importe, mas pedi um serviço de quarto e deve estar aqui
em breve.

— Oh, isso soa adorável. — Eu me joguei no sofá macio e tirei minhas


sandálias.

Houve uma batida na porta. — Momento perfeito, já volto.

Junto com o serviço de quarto, nossas roupas para esta noite chegaram
depois de serem devidamente passadas. Assim que eles saíram, Alex abriu o
champanhe e me ofereceu uma taça. Foi uma coisa boa eu ter optado por não
receber a massagem ou não teria podido beber esta noite.

Alex se sentou no sofá e se levantou. Caminhando pela sala, ele virou o


copo inteiro e depois serviu outro. Esfregando a mão na testa, ele soltou um
suspiro profundo.

— Alex, está acontecendo alguma coisa?

— Sim. — Ele abaixou a cabeça, olhando para o chão. — Eu preciso falar


com você sobre uma coisa.

— Você está bem? — Minhas pernas balançaram para fora do sofá e me


levantei com pressa. — Oh, Deus, aconteceu algo com Charlie?

— Não, não é nada sobre ele. Preciso contar a você algo sobre minha
amiga Sasha.

— Oh, tudo bem. Eu a encontrarei esta noite?

Ele olhou para a janela. — Não, você não vai conhecê-la esta noite.

— Ei. — Inclinei minha cabeça para encontrar seu olhar. — Fale comigo.

Alguns segundos de silêncio se passaram. Ele soltou outra respiração


profunda. Senti que ele estava organizando seus pensamentos. — É a gala de
hoje à noite, é em homenagem a Sasha. Ela morreu. Foi há muito tempo. Oito
anos para ser exato. — Ele ergueu a mão, apontando o copo para mim. — Na
verdade, na noite em que te conheci, essa data é o aniversário de sua morte.

Soltei um leve suspiro e coloquei minha mão sobre minha boca.

Sua mão esfregou sua nuca. — Sasha e eu, estávamos em um esquadrão


de operações especiais da inteligência militar, Elite Eight - está dissolvido agora.
Contraterrorismo, missões confidenciais, não posso te dizer muito, mas há
coisas que você deve saber. Coisas que eu quero que você saiba.

Missões especiais? Contra o terrorismo?


De alguma forma, consegui acenar com a cabeça. Elefantes pisoteavam
meu peito. Eu massageei a dor nervosa que sentia em meu coração.

— Ella, aqui, sente-se. — Alex agarrou meu cotovelo com uma das mãos
e me sentou de volta no sofá. Ele se ajoelhou na minha frente e seus dedos
acariciaram a parte de trás da minha perna. — Vou começar com esse dia.
Tínhamos rastreado uma célula terrorista por alguns meses. Naquela manhã,
recebemos a notícia de que alguns dos líderes estavam se escondendo em uma
fábrica abandonada na Irlanda do Norte. A inteligência verificou e o comando
nos deu sinal verde. Para encurtar a história, fomos traídos pela nossa fonte -
foi tudo uma armação.

Seu rosto empalideceu e ele ficou de pé. Quando suas mãos esfregaram
seu rosto, foi quando eu vi que ele estava tremendo. Meu coração caiu, caindo
na boca do meu estômago.

— Alex. — Minha voz mal era audível.

— Sasha não precisava ir para a missão, mas foi assim mesmo. Ela estava
a dias de deixar a Elite Eight. Ela era o que chamamos de temporizador curto,
e tradicionalmente... tecnicamente, quando alguém atinge esse status, não vai para
o campo. Sasha era teimosa e estava determinada a ajudar. Acho que ela sentiu
que era seu dever ir até o fim. Se esse fosse o dia em que pegaríamos os homens
que estávamos procurando; ela queria ajudar de qualquer maneira que pudesse.

Ele andou em um pequeno círculo ao redor da sala de estar, quase como


se estivesse preso em uma gaiola. A luz do sol passou por seu rosto, seus olhos
castanhos estavam vidrados. Estudando seu rosto, senti um forte
estremecimento passar por mim.

— Sasha e eu tínhamos um relacionamento. Isso nos pegou de surpresa e


mantivemos as coisas em segredo. Eu a amava muito. — Seus olhos
encontraram os meus. A angústia que os preenchia doeu em meu coração. —
Em vez de bater o pé no chão como seu comandante, permiti que meus
sentimentos pessoais interferissem e é por isso que ela estava lá naquele dia.
Como seu amante, eu não poderia dizer não a ela, mas como seu superior eu
deveria.

Uma dor cortante passou por mim, vendo este homem desmoronar na
minha frente. Segurando minhas próprias lágrimas, permaneci em silêncio,
permitindo que ele apenas conversasse sobre isso.

Ele se agachou no chão, esfregando as mãos na parte superior das coxas.


— Por quê? Por que, eu não apenas ordenei que ela ficasse? Ela ainda estaria
viva!

A palma da sua mão bateu no tapete. Antes que eu percebesse, eu estava


de pé e fui até ele. Minhas mãos agarraram seus bíceps, ajudando-o a se levantar.
Suas palmas cobriram os olhos, enquanto ele soltou um suspiro profundo.
Apressei Alex a se sentar no sofá enquanto corria para a geladeira para pegar
outra garrafa de água.

Eu não sabia se havia algo mais na história, mas se ele precisasse ficar
quieto ou fazer uma pausa, eu queria que ele soubesse que estava aqui para ele.
Me sentei ao seu lado e, em seguida, entreguei-lhe a garrafa gelada. Sua mão
livre agarrou minha nuca enquanto ele beijava o topo da minha cabeça.

— Naquele dia, fui atingido e fiquei inconsciente. Quando acordei, o caos


total me cercava. Depois de alguns momentos avaliando as coisas, eu a vi
deitada no chão e a situação estava péssima. Tentei estancar o sangramento,
mas seus ferimentos eram extensos. Nós estávamos presos e eu não pude salvá-
la.

Ele engoliu em seco, antes de acrescentar: — Eu a segurei em meus braços


e ela sangrou até a morte no chão de um armazém frio e sujo.

Eu empurrei minhas emoções de lado, percebendo que ele viveu através


de traumas que eu não conseguia nem começar a entender.
Ele caiu de costas no sofá, puxando-me junto com ele. — Meses depois,
por insistência do meu terapeuta, tirei férias, muito prolongadas. Passei alguns
meses viajando ao redor do mundo tentando lidar com minha culpa. Eu me
escondi em algumas das praias mais bonitas do mundo, tentando encontrar um
pouco de paz de alguma maneira para aceitar de alguma forma que a morte dela
não tinha sido minha culpa. Não posso dizer que fui completamente curado,
mas encontrei consolo perto da água.

Cada palavra que saia de sua boca estava misturada com dor. Eu podia
ouvir isso e sentir a dor por ele. Eu queria tirar sua dor e a enorme culpa que
ele sentia pela morte de Sasha. Abracei Alex, esperando poder absorver um
pouco da agonia que ele sentia. Está tudo bem, Alex.

— A dor ainda persiste, mas eu conversei com Sully... uhmm, Garrett,


você o encontrará esta noite. Ele também estava na Elite Eight. Não tinha
percebido até hoje o quanto precisava falar com alguém do nosso grupo...
alguém que estava lá. — Sua mão acariciou meu braço para cima e para baixo e
ele beijou minha testa mais uma vez.

— Estou me desviando do caminho, aqui. Nunca fui bom em


relacionamentos. Na verdade, sou muito bom no começo, mas em algum lugar
ao longo do caminho eu vou e estrago tudo. Eu não quero fazer isso com você,
Ella.

Meu coração bateu fora de sincronia e eu me esforcei para recuperar o


fôlego. Inclinei-me para olhar seu rosto. Suas mãos encontraram o caminho
para minhas bochechas.

Eu queria dizer a ele que o amava. Que eu não iria deixá-lo, mas algo
dentro de mim me disse que não era a hora. Cavando fundo, consegui conter
as lágrimas que ameaçavam sair. — Você é um bom homem, Alex Robertsen.
Sua boca selou a minha, me puxando para um beijo que me consumia. O
sonho de alguma garota de um cavaleiro de armadura brilhante é bom, mas as
cicatrizes que eles carregam contam histórias mais profundas.

Alex
Ella colocou os braços em volta do meu pescoço enquanto eu a levantei
do chão e suas pernas giraram em volta da minha cintura. Quase nos levei para
a suíte master. Uma trilha de roupas estava em nosso rastro na minha pressa
para deixá-la nua.

Pela segunda vez em alguns meses, consegui descarregar algo pesado em


Ella. Havia tanto que eu não podia contar a ela. A maior parte da minha vida
profissional foi classificada, e a razão para isso era uma lista de lavanderia com
um quilômetro de comprimento.

Abrir-me para ela sobre Sasha do jeito que eu fiz foi inesperado. Mais
especificamente, expor essas emoções e quebrar na frente dela, tudo meio que
desencadeou, mas de alguma forma eu me senti um pouco mais leve. Ela não
falava muito, Ella ouvia, e era o que eu mais precisava no momento. As poucas
palavras que ela falou significaram mais para mim do que eu jamais poderia ter
imaginado.

— Alex. — Ella gemeu, cravando suas unhas na minha nuca.

Minha língua acariciou a dela, saboreando a doçura do champanhe.


Quando entramos no quarto, ela deslizou pelo meu corpo. Pegando seu rosto
em minhas mãos, estudei cada linha e ângulo lindos. Ela era a mulher mais linda
e perfeita - minha maior fantasia.
Inclinando-me para frente, tirei seus longos cabelos do caminho, beijando
o ponto macio entre seu pescoço e ombro. — Talvez devêssemos pular a gala.
— Minha mão deslizou por baixo do tecido de renda de seu sutiã.

Ela empurrou meu peito. — Sem chance. Eu tenho um lindo vestido e


não vai ser desperdiçado. — Afastando-se de mim, ela prendeu o cabelo. —
Solte meu sutiã.

Meus dedos roçaram seus braços. Arrepios espirraram em sua pele quando
meus dedos deslizaram por suas costas, logo abaixo das alças. Eu amava seu
corpo, mas também amava sua mente e seu bom coração. Eu a amava.

Eu amo Ella.

Eu não ia fingir que era um sentimento estranho. Nós dois já tínhamos


nos apaixonado antes, apenas para ter nossos corações arrancados. Tudo tinha
sido um risco com Ella, mas valia a pena e eu queria mais. Mesmo que ela
estivesse morando comigo, eu queria que ela se mudasse. Parecia estranho, mas
fazia sentido na minha mente. Sua coleção insana de sapatos, que eu tinha
certeza que havia mais na casa dela em Londres, junto com todas as suas roupas,
eu queria que tudo ocupasse espaço no armário principal.

Eu queria que ela tivesse uma escova de dentes, não duas. Neste ponto,
ela tinha duplicatas para tudo. A casa de hóspedes era apenas uma diversão, um
conjunto de adereços habilmente arranjados para disfarçar nossa verdade. Era
hora de trazer a verdade para a luz. Sem mais camuflagem.

Com seu sutiã e calcinha agora jogados no chão, eu nos levei para a cama.
Pelos meus cálculos, tínhamos uns bons trinta minutos antes que Ella precisasse
começar a se preparar. Puxando o edredom, coloquei seu corpo ágil sobre o
colchão.

Seus olhos azuis encontraram os meus e a maneira como ela estava


olhando para mim era como eu supus que todo homem queria ser olhado -
como se eu significasse tudo para ela ou que eu fosse uma espécie de deus.
Ela se apoiou nos cotovelos. — Eu amo assistir você se despir.

O brilho perverso em seus olhos quase me fez desmoronar antes mesmo


de colocar minha boxer nos quadris.

— Eu amo que você já esteja nua. — Eu rastejei por seu corpo, minha
língua lambendo uma linha de seu umbigo até o espaço entre seus seios.
Quando meus dentes roçaram seu mamilo, um suspiro escapou de seus lábios
e seu corpo estremeceu embaixo de mim.

Suas unhas cravaram em meu couro cabeludo enquanto eu chupava seu


mamilo em minha boca. — O que você quer, Ella?

— Mmmm. — Ela murmurou. — Seu pau, bem dentro de mim.

Esmagando contra ela, meu pau estava escorregadio de sua umidade. O


doce aroma de laranjas em sua pele misturado com sua excitação encheu meus
sentidos. Era inebriante como o inferno.

— Bem, você com certeza terá isso, mas não é exatamente o que estou
perguntando.

Ella começou a falar e eu pressionei meu polegar sobre seus lábios. Ela
me surpreendeu mordendo a ponta do meu polegar e, em seguida, muito
suavemente, me chupou em sua boca.

— Eu te amo. — Confessei. — Quero ser o homem da sua vida, aquele


que cuida de você agora e sempre e não por causa do contrato, que, a propósito,
você deve saber que deixei de receber há um tempo.

Suas mãos foram para o meu rosto e seus olhos azuis se encheram de
lágrimas. — Eu também te amo, muito, Alex.

Meus lábios encontraram os de Ella e meus dedos se emaranharam em


seus cabelos. — Eu quero que você vá morar comigo.
Ela colocou as mãos em volta dos meus pulsos enquanto eu empurrava
em seu calor. Gemendo, afundei mais fundo nela, a sensação dela me atraindo
iluminou cada terminação nervosa do meu corpo.

— Já estou morando com você. — Seus dedos roçaram meus antebraços.

— Eu sei que você está, mas quero que você faça da minha, sua casa,
permanentemente. — Chupei seu lábio inferior em minha boca e agitei meus
quadris.

— Você quer mais? — Ela perguntou, raspando as unhas para cima e para
baixo nas minhas costas.

— Sim, foda-se, sim, e eu quero isso com você.

— Alex, sim. — Ela gemeu, lambendo os lábios. — Eu quero mais.

Nossos corpos se encaixavam perfeitamente, tão em sintonia um com o


outro. Ella me encontrou impulso por impulso até que estávamos ambos
encharcados de suor. Seus olhos estavam turvos de luxúria. Meus dentes
cerraram juntos, quando o calor atingiu a base da minha espinha.

Ella cravou os dedos em meus ombros. — Ahhh, você se sente tão bem.
— Ela gemeu, suas coxas apertando em torno de mim.

Observei Ella enquanto ultrapassava o limite, seu corpo relaxando sob o


meu. Meus olhos se fecharam e eu me soltei, meu orgasmo carregou em minhas
veias. Eu coloquei minha testa em seu ombro. — Puta merda. — Eu gemi.

Levantando minha cabeça, meu olhar encontrou o dela. Ella olhou


profundamente em meus olhos, exigindo minha atenção. — Caso você não
tenha certeza, minha resposta é sim. — Ela me puxou para mais perto,
pressionando um beijo em meus lábios. — Eu vou morar com você, Alex
Robertsen.

Eu sorri contra seus lábios. — Bom, estou feliz por termos tido essa
conversa.
28
Ella
Enquanto empurrava a parte de trás do meu brinco, pensei em Alex e suas
confissões - o relacionamento que ele tinha com Sasha e basicamente o fato de
que ele era uma espécie de versão durona americana de James Bond. Pelo
menos em minha mente foi assim que imaginei.

Afofando as pontas do meu cabelo, girei grandes mechas com os dedos


para realçar as ondas suaves. Uma última olhada no espelho e eu passei um gloss
rosa em meus lábios.

Essas não foram as únicas confissões da noite. Alex confessou seu amor
por mim e me pediu para morar com ele. Não havia dúvidas restantes, era claro
que ele queria um futuro comigo. Eu queria tudo com ele.

No chuveiro, Alex explicou que disse a Dean que não queria mais receber
um salário. Algumas semanas atrás, ele instruiu que todo o dinheiro deveria ser
dividido entre a campanha Connolly e a Fundação Robertsen. Fiquei sabendo
que sua família doava dinheiro a várias organizações em todo o mundo.

As palavras ecoaram em minha cabeça.

“Por que você não recebe o salário, Alex?”

“Este trabalho, proteger você, nunca foi sobre o dinheiro. Era sobre eu colocar minha
vida de volta nos trilhos. Quando comecei a me apaixonar por você, não parecia certo aceitar
o pagamento.”

— Você está linda pra caralho. — Alex entrou no banheiro e ajustou suas
abotoaduras.
Eu espirrei um pouco de perfume no meu pulso. — Eu? E você? Você
tem um corpo projetado para ternos sob medida.

Ele sorriu e suas mãos deslizaram sobre meus ombros. — Este vestido...
podemos adicionar uma camada de tecido bem aqui. — Seu dedo indicador
deslizou pela minha clavícula e pousou no espaço entre meus seios. Eu estava
pronta para arrancar o vestido e trepar com ele de novo, mas esse evento era
importante.

— Não, você pode aprecia-los a noite toda.

— Mudança de planos. Nós fazemos uma aparição, jantamos, bebemos


alguns drinks e eu entrego a doação. — Seus dedos dançaram sobre a curva do
meu quadril. — Duas horas, no máximo. Então voltamos aqui e eu faço amor
com você a noite toda.

Eu ri. — Aww, querido, é fofo o que você disse, 'faço amor'. Eu não sabia
que esse termo estava em seu vocabulário.

Ele me ofereceu o braço. — Tudo bem, vou te foder a noite toda. Melhor?

Eu sorrio, enlaçando meu braço com o dele. — Eu amo você. — Três


palavras simples, eu estava exultante em dizê-las em voz alta.

Ele beijou minha bochecha. — Eu também te amo.

***

Quase chegamos à nossa mesa, mas não antes de ouvir uma doce voz
feminina chamá-lo. — Olá, Alex.

Virando, fui confrontada por uma mulher muito bonita. Ela era alta e cheia
de curvas, todas nos devidos lugares, com lindos cabelos castanhos que caíam
em ondas sobre seus ombros nus.

— Laura, oi. — Respondeu Alex, antes de beijar sua bochecha.

Ela sorriu para mim. — Olá, sou Laura Bloom-Olsen.


Enquanto eu apertava sua mão, Alex alisou minhas costas. — Laura,
gostaria que conhecesse Ella Connolly.

— Prazer em conhecê-la, Ella, sou irmã de Sasha. — Seu lábio se curvou


e ela balançou a cabeça. — Peço desculpas, Sasha era minha irmã. Nunca sei
como lidar com o relacionamento, principalmente neste evento.

Alex deu a ela um sorriso simpático. — Está tudo bem, Laura. Sasha é sua
irmã e sempre será.

— É muito bom conhecê-la. — Interrompi educadamente. — Estou


muito honrada por estar aqui com todos vocês nesta noite especial.

— Esperamos arrecadar muito dinheiro esta noite. — Ela acenou com a


cabeça na direção do bar. — Bem, não me deixem ficar perturbando vocês,
tomem uma bebida e divirtam-se.

Trocamos adeus e, em seguida, Laura saiu correndo para cumprimentar


um pequeno grupo de pessoas na porta.

Quando chegou a segunda hora da festa, Alex e eu parecíamos nos


preocupar em sair correndo. Esta gala me deu a oportunidade de ver o outro
lado dele, o Tenente Alex Robertsen, o homem que serviu seu país com
orgulho. Ele falou com muita paixão sobre o que significava para ele servir, mas
seu interesse em dedicar tempo livre a instituições de caridade para veteranos
me surpreendeu.

Havia algo em sua voz que aqueceu meu interior quando ele me
apresentou a sua família militar - Sully e Rebecca. Não havia dúvida de que os
três compartilhavam um forte vínculo.

Como se eu tivesse escorregado para algum universo alternativo, me vi


cercada por pessoas que não me viam apenas como sendo a irmã mais nova de
Ronan Connolly. Mesmo que eu tenha sido questionada sobre meu irmão e seus
filmes, isso não consumiu a conversa da noite. E não havia nenhum indício de
que alguém soubesse sobre meu passado com David.

Alex deu continuidade a todas as minhas realizações, informando que eu


era uma empresária internacional. Qualquer nervosismo que eu já tive se
acalmou e tudo por causa dele. Fiquei surpresa ao descobrir que as pessoas
estavam interessadas em mim e por que decidi abrir um negócio nos Estados
Unidos. Como um bônus, a esposa de Rebecca, Sara, me disse que faria uma
viagem especial para fazer compras na minha butique.

Durante o jantar, o trio de amigos compartilhou memórias sinceras de


Sasha. Cada vez mais eu ficava fascinada com o carinho que todos tinham por
Sasha, era incrível. Isso me fez sentir como se a conhecesse. Assim como Alex,
ela queria servir a seu país e não aos negócios da família. Ela era uma amante
de línguas, fluente em francês, espanhol, alemão e árabe.

Depois da sobremesa, roubei um momento para mim mesma e caminhei


pelo salão admirando os tampos das mesas decoradas com grandes vasos
cilíndricos contendo copos-de-leite, que descobri ser a flor favorita de Sasha.
Molduras de prata bonitas adornavam cada mesa contendo citações de
mulheres notáveis, incluindo Condoleezza Rice, Amy Poehler e até Coco
Chanel.

Saindo para o pátio, absorvi o ar da linda noite de verão. As luzes de


Chicago eram brilhantes e o horizonte tinha uma das vistas mais bonitas do
mundo.

— Aí está você.

Eu me virei para encarar Alex, sentindo o calor se espalhar por minhas


bochechas. — Eu só queria dar uma olhada nesta vista impressionante.

— Não se compara à vista deslumbrante que tenho. — Disse ele, apoiando


as mãos na minha cintura.
Meus dedos alisaram o tecido de sua camisa. — Como vai isso aí?

— A festa está acabando. Sully, Rebecca e alguns dos caras nos


convidaram para jogar pôquer, mas eu disse a eles que tínhamos outros planos.

— Pôquer, hein?

Ele ergueu uma sobrancelha. — Você joga?

— Posso ter jogado uma ou duas vezes.

— Bem, então vamos adiar para depois nossa festa?

Enquanto ele pressionava seu corpo alto contra o meu, eu encarei aqueles
olhos castanhos impossivelmente lindos procurando meu rosto. Antes que
pudesse abrir minha boca para responder, seus lábios estavam nos meus, me
beijando suavemente. Minha língua deslizou pela dele, acariciando-a
avidamente.

— Alex. — Eu respirei. — Preciso me refrescar primeiro. Me encontre na


escada?

— É claro, querida. — Suas mãos surgiram e emolduraram meu rosto. —


Mais uma coisa, quero agradecer a você por estar aqui comigo e celebrar a vida
de Sasha.

Engolindo o nó na garganta, eu balancei a cabeça. — Claro, obrigada por


me convidar. Eu realmente adorei conhecer seus amigos. Sasha teve sorte de
ser tão amada.

Um sorriso largo e brilhante cruzou seu rosto. — Eu amo você.

— Diga de novo. — Eu sussurrei.

— Eu. Amo. Você. — Ele pressionou seus lábios nos meus.

Houve um tempo na minha vida em que não achava que felicidade ou


amor eram uma possibilidade para mim novamente, mas acabou quando
conheci Alex. Apesar do meu plano original de me mudar para New York para
fazer algo para mim sem as complicações de um relacionamento, consegui me
apaixonar. Não só isso, mas eu me apaixonei por alguém que apoiava a mim e
aos meus sonhos.

Quando cheguei ao banheiro feminino, encostei-me no azulejo frio. Meu


corpo estava quente e formigando por ter beijado Alex. Depois de tomar um
momento para me recompor, sentei-me em uma penteadeira e apliquei um
pouco de batom. Ao som de saltos batendo no chão de mármore, meus olhos
se voltaram para a porta. Laura apareceu e caminhou em minha direção, o tecido
de seu vestido vermelho flutuando elegantemente a cada passo que ela dava.

— Ei, Ella. — Disse ela, sentando-se ao meu lado. — Olha, eu só queria


te dizer que Alex parece muito feliz.

Minhas sobrancelhas enrugaram. — Eu espero que sim, mas o que você


quer dizer exatamente?

— Não, por favor. — Ela começou, as palmas das mãos cruzadas sobre o
peito. — Eu não queria que isso soasse de forma negativa. Eu só queria que
você soubesse que minha irmã amava muito Alex. Ele disse a você que os dois
tinham um relacionamento?

Endireitando meus ombros, eu balancei a cabeça. — Sim, ele me disse o


quanto Sasha significava para ele. Sinto-me muito sortuda por ter sido incluída
no evento desta noite. Eu poderia dizer que sua irmã era uma pessoa incrível.

— Esta noite desperta tantas memórias e sentimentos. — Ela suspirou,


abanando o rosto com as duas mãos. — Quando eles estavam de licença, ou
entre as missões, eu honestamente não sei como chamar, encontrei Sasha em
Berlim e foi quando ela me apresentou a Alex. Eles não disseram de uma forma
ou de outra, mas eu deduzi que estavam no mesmo ramo de trabalho.

— Oh, então você sabe sobre Elite Eight? — Eu sussurrei a pergunta,


pisando levemente.
Fiquei olhando ao redor do banheiro feminino, em busca de câmeras ou
pessoas ouvindo nossa conversa. O tempo todo pedindo a Deus que Laura e
eu não estivéssemos divulgando segredos militares. Eu tinha a sensação de que
teria alguns sonhos estranhos nas próximas noites.

— Sim, metade da sala pensa que minha irmã morreu em um exercício de


treinamento militar, mas há muito mais do que isso. Em vez de me preocupar
com uma pessoa na Elite Eight, de repente eu tinha duas. — Ela limpou a
garganta e usou os dedos indicadores para enxugar as lágrimas.

Meu coração estava com ela. — Não consigo imaginar o que deve ter sido
para você. Manter essa parte da vida de sua irmã em segredo e depois perceber
que Alex estava na mesma situação.

Ela acenou com a cabeça. — Desculpe, estou uma bagunça agora.

— Tudo bem, é o banheiro. — Respondi baixinho, entregando-lhe um


lenço de papel. — Tenho certeza de que este lugar já viu seu quinhão de
lágrimas. Não há necessidade de desculpas.

Ela riu, enxugando os olhos. — O que estou tentando dizer é que minha
irmã o amava muito e eu não o via feliz há muito tempo. Eu sei que Sasha ficaria
emocionada por ele encontrar o amor novamente.

Surpresa com suas palavras, respirei fundo. — Você acha que Alex me
ama?

— Com certeza, ele está totalmente apaixonado por você. — Ela apertou
minha mão na dela. — Alex nunca trouxe ninguém para a festa. Realizamos
esse evento todos os anos e ele aparece com uma doação, toma um drink e
depois vai embora. Ele nunca ficou.

Mil emoções piscaram dentro de mim com sua revelação. Minha mente
me levou de volta para a conversa que tive com Alex, ele tinha acabado de me
dizer que me amava e queria que eu morasse com ele. Eu já sabia há algum
tempo que o amava, mas o fato de o mundo exterior perceber isso fez meu
coração derreter.
29
Alex
— Você se guardou durante o pôquer. Ainda não consigo acreditar que
você ganhou de Sully por duzentos dólares. — Gritei por cima do ombro.

Ela riu profundamente enquanto corríamos ao longo de uma das estradas


de terra fora do The Harbour. — Ele foi muito gentil em perder, é um oponente
digno.

Mudei e comecei a correr para trás. — Eu gostei de ver você colocá-lo à


prova. Foi muito sexy.

Ela me soprou um beijo. — Vire-se, baby, eu amo assistir sua bunda


enquanto corremos.

Balançando a cabeça, me virei, dando o que ela queria. Eu amava sua


mente suja. O sol da manhã derramava-se por entre as árvores crescidas e a
brisa soprava sobre a grama alta que cercava a estrada. Por alguma razão, Ella
tinha começado a correr comigo e, embora eu gostasse de tê-la comigo, estava
se provando muito perturbador. Comecei a correr na frente dela, porque assistir
seus seios saltando e balançando, sua bunda, sua respiração, tudo me lembrava
de sexo.

Correr com uma semi-ereção não é recomendado.

Mesmo que estivéssemos de volta ao The Harbour por alguns dias, o fim
de semana passado estava fresco em minha mente. Dizer a Ella que a amava e
pedir que se mudasse, tudo parecia certo, mais certo do que eu esperava. Não
só isso, mas ela me amava.
O suor escorreu pelo meu peito e diminuí o ritmo. Eu estava muito à
frente de Ella.

— Você está bem aí atrás?

Ela acenou para mim e apontou para suas orelhas. Aumentei meu ritmo
novamente, sentindo a queimação em meus pulmões. Olhando para o meu
relógio, notei que tínhamos percorrido cerca de oito quilômetros e tínhamos
mais três para percorrer. Falando em números, tínhamos pouco mais de duas
semanas até a inauguração de sua boutique.

Não houve nenhuma palavra de Charlie e tudo ficou quieto enquanto


estivemos em Chicago. Mas silêncio não era mais o que queríamos, pelo menos
no que dizia respeito ao nosso relacionamento. Quando voltamos, Ella ligou e
convidou seu irmão para um brunch e foi quando planejamos contar a ele sobre
nós dois. Infelizmente, Ronan estava fora da cidade gravando um filme e não
voltaria até alguns dias antes de sua boutique inaugurar. Isso me serviu muito
bem, eu estava totalmente bem em ter mais alguns dias para preparar o que diria
a ele sobre morar com sua irmã mais nova nos últimos meses.

Empurrando para frente, meus quadríceps vibraram com agonia soberba.


Quase me dei uma chicotada com o rugido de um motor e o cascalho sendo
triturado sob a borracha. Uma van marrom-avermelhada disparou pela estrada
de terra indo direto para Ella. Eu corri em sua direção, acenando meus braços
para ela sair do caminho. — Ella! Saia!

Eu estava a cerca de trinta metros dela, mas a van estava mais perto. —
Atrás de você!

Dando de ombros, ela diminuiu o ritmo e tirou os fones de ouvido. Ela


parou completamente e se virou ao ouvir o som do motor e das engrenagens
girando.

— Ah, Merda! — Ella deu um chute e começou a correr em minha


direção.
Minhas panturrilhas doíam e meu peito tremia enquanto eu corria mais
rápido para chegar até ela. — Ei, filho da puta! Desacelere!

A van aumentou sua velocidade, perseguindo Ella enviando poeira em


redemoinhos e engolindo-a. Meus pés escorregaram, mas consegui manter o
equilíbrio.

A nuvem de poeira diminuiu e eu esfreguei o suor dos meus olhos. — Ei,


idiota, dê o fora daqui!

Ainda assim, não consegui ver nada, mas ouvi a van parar e começar a
girar os pneus. A janela do passageiro estava escurecida, impedindo-me de ver
quem estava lá dentro. O motorista insano acelerou o motor e, em meio à
poeira, procurei qualquer sinal de Ella.

Por favor, esteja bem.

Os segundos pareceram minutos.

— Ella, fale comigo, querida!

Quando bati minhas mãos sobre o capô, senti o ronco do motor. —


Temos negócios, idiota?

O motor acelerou novamente. Meus olhos focaram no motorista, vestindo


uma camisa preta e óculos escuros, seu passageiro usava uma camisa vermelha
em zigue-zague. Mentalmente, analisei cada detalhe que pude antes que o
motorista acelerasse pela estrada. A palavra Ford espalhada na grade.

A placa do carro. Porra!

Corri para o lado esquerdo da estrada chamando por Ella. Quando cheguei
mais perto, meus piores medos me atingiram, vendo suas longas pernas imóveis.
Meu coração bateu forte contra meu peito.

— Alex. — Ela gritou baixinho.


— Maldição, filhos da puta desgraçados, o que eles fizeram com você? —
Minha garganta ficou seca.

Ella estava deitada na grama alta, tossindo e lutando para se levantar com
as mãos. Ela sacudiu a cabeça em direção à estrada e respirou fundo.

— Espere, querida. Te peguei. — Afastei o cabelo de seu rosto e a levantei


em meus braços. Ela serpenteou seus braços em volta do meu pescoço.

— Você acha que pode ficar de pé?

Ela acenou com a cabeça e eu ajudei a colocar seus pés no chão. — Quem
eram eles? — Ela estremeceu, segurando-se em mim.

— Não sei, provavelmente alguns moradores da cidade procurando


encrenca. — Eu balancei minha cabeça, tentando manter a calma e manter
minha raiva sob controle. Mas a raiva enchia minhas veias. Eu deveria estar
cuidando dela. Mantendo-a segura, eu deveria estar atrás dela, os olhos bem
abertos.

— Placa dourada. — Ela murmurou. — FAA, essas eram as três primeiras


letras.

Eu me virei para encará-la, percebendo o corte em seu braço. — O que?

— Sinto muito, FAA, a cor dourada e dizia Empire State na parte inferior;
foi tudo o que vi.

— Querida, você foi bem.

Ela olhou para mim, sorrindo e seus olhos azuis estavam brilhantes. —
Eu fui?

Suspirando pesadamente, beijei sua testa. — Venha, vamos levá-la ao


hospital e verificar se você está bem.

***
Para frente e para trás, eu andava pela mesma seção do carpete na sala de
espera, sentindo meus nervos queimando a cada passo.

Uma das enfermeiras pediu que eu me sentasse. Inclinando-me para trás


na cadeira, minhas pernas saltavam para cima e para baixo nervosamente. Eu
podia sentir Ella em todos os lugares, no fundo dos meus ossos, na minha pele
e no meu coração. Exalando uma respiração profunda, meus olhos se fecharam
com força.

Cada vez que fechava os olhos, minha mente ricocheteava de Ella deitada
no chão para Sasha sangrando no chão do armazém. Eu engoli o caroço na
minha garganta e esfreguei minhas mãos no meu rosto. A adrenalina correu por
todo o meu corpo, vibrando com a tensão. Eu queria bater meus punhos na
parede para aliviar a dor.

Porra. Outra mulher que eu amava estava sofrendo por causa da minha
capacidade inapta de cuidar dela.

Enquanto esperava impacientemente, peguei meu telefone e fiz mais


anotações - a cor da van, as informações da placa do carro e a descrição fraca
das duas pessoas lá dentro. Eu procurei o nome de Patrick e enviei uma
mensagem para ele.

Eu: Enviando algumas informações para você. Preciso de qualquer coisa que você possa
me dizer sobre este veículo.

Patrick: Vou verificar, chefe.

Eu: Muito obrigado. Alguma notícia de McNeil?

Patrick: Não, absolutamente nada.

Ainda não me parecia bom que McNeil tivesse ficado em silêncio. Por
outro lado, Marcus e Patrick não demoraram a colocar o sistema de segurança
em funcionamento no La Vienne Rose. Eles já tinham tudo instalado quando
voltamos de Chicago no final da tarde de domingo. Isso foi um alívio.
— Sr. Robertsen, Ella está ótima.

Minha cabeça se ergueu ao som da voz do Dr. Carpenter. Eu me levantei,


sentindo o alívio tomar conta de mim.

— Nós fizemos curativos em seus cortes e arranhões. Sem ossos


quebrados, no entanto, ela tem algum desconforto no ombro e inflamação nas
costelas. Ela foi empurrada com força.

— Obrigado, doutor. Posso vê-la agora?

Ele assentiu. — Minha recomendação é que ela descanse nos próximos


dias e absolutamente nada de malhar.

Depois de apertar sua mão, fiz meu caminho pelo corredor até o quarto
de Ella. Eu fiquei na porta observando a ascensão e queda de seu peito
enquanto ela estava deitada na cama. Ela estava viva, não graças a mim e meu
descuido no trabalho.

— Ei, você. — Ela disse fracamente.

— Ei. — Fui até a cama dela e sentei na cadeira. — Como você está se
sentindo?

Alcançando minha mão, ela sorriu. — Um pouco dolorida, mas nada que
eu não possa controlar.

Isso era verdade. Pensei em tudo que ela havia passado - sua história com
David, o escândalo, a humilhação pública, o julgamento e como ela conseguiu
superar tudo isso. Ela fez tudo isso sozinha, porque Ella era uma lutadora.

Eu soltei sua mão e me levantei. — É bom ouvir isso e estou tão feliz que
você esteja bem. — Tocá-la era quase insuportável agora.

— Você está bem? — Ela perguntou, sua voz estava trêmula.

— Estou bem, apenas preocupado com você.


Eu encarei as bandagens que cobriam seu braço e os hematomas ao longo
de seu pescoço e sua pele na região do ombro que estava vermelha e roxa. Meu
estômago revirou e eu me senti mal. Isso era ruim, e as coisas poderiam ter sido
muito piores do que alguns arranhões e hematomas.

Muito pior.

Minha principal preocupação era levá-la para casa, mas não havia como
negar que outros fatores pesavam muito em minha mente.

***

Assim que chegamos em casa, Ella queria mergulhar na banheira, então eu


a deixei e depois refiz o curativo em seu braço. Depois disso, ajudei-a a se vestir
e a ir para a cama. Deixando-a descansar, desci as escadas para o meu escritório.

Sentando-me na minha mesa, soltei uma respiração profunda. Peguei meu


telefone e toquei na tela, uma mensagem de Patrick apareceu.

Patrick: Nada com a van, mandei algumas informações por e-mail.

Liguei meu laptop e abri meu e-mail. Não havia muito na mensagem e
nada sólido para sequer iniciar uma investigação. A tela do meu telefone piscou,
era outra mensagem de Patrick.

Patrick: McNeil foi visto em Newark esta manhã. Eu verifiquei, apenas no desencargo.

Eu: Obrigado, cara.

Patrick: Sem problemas, é por isso que você me paga muito dinheiro. Como está Ella?

Eu: Lembre-me de lhe dar um aumento. Ela está bem, apesar de estar um pouco
abalada. Ela está descansando agora.

Patrick: Fico feliz em saber que ela está bem. Provavelmente eram apenas alguns
moradores locais sendo idiotas e completamente aleatórios. Não se preocupe, amigo, e diga a
Ella que eu disse para ficar bem logo.

Eu: Vou dizer. Vou verificar mais tarde.


Depois de enviar minha última mensagem para Patrick, fui até o bar e servi
uma bebida. Era depois do meio-dia de uma quinta-feira. Além disso, são cinco
horas em algum lugar.

Eu tomei o conteúdo do copo e derramei outro. Preocupado com a


segurança de Ella, eu estava em alerta máximo e cada som que ouvia
desencadeava um flashback. Minha mente ficou nublada de preocupação.

Talvez eu deva dar um passo atrás neste trabalho. Eu afundei na cadeira e


me chutei mentalmente.

Ella não é um trabalho, você a ama.

E isso era verdade, mas se eu não a amasse, estaria fazendo meu trabalho
e protegendo-a de forma eficaz, mantendo-a ilesa. Agora, ela estava deitada no
andar de cima coberta de cortes e hematomas e a culpa era minha.
30
Ella
Assim que Alex me deixou sozinha em sua cama, as lágrimas escorreram
pelo meu rosto. Meu coração bateu forte e enterrei meu rosto no travesseiro.
Além de estar exausta e cansada, não queria que Alex me visse ou me ouvisse
chorar. Não sei o que teria feito se estivesse correndo sozinha.

Uma mistura de emoções choveu sobre mim. Eu queria chorar e deixar


sair todo o medo e alívio. Talvez tenha sido apenas a medicação que me deixou
com o emocional aflorado e um pouco tonta.

Quando não pude ver Alex em meio à poeira, fiquei morrendo de medo.
Naquele momento, os piores medos tomaram conta de mim, que ele estava
ferido porque aqueles idiotas o atropelaram.

Jogando de lado, não consegui desligar meu cérebro. Eu só pensava nas


tarefas que precisava terminar na loja antes do dia da inauguração. E então meus
pensamentos mudaram para Alex, ver o olhar de dor em seu rosto enquanto eu
estava deitada na cama do hospital fez meu coração desmoronar.

Meu telefone acendeu, o nome de Nabila piscou. Estudei a tela por um


momento antes de responder.

— Ei, garota. — Eu falei tentando soar otimista.

— Ella, meu amor, eu sinto tanto sua falta.

— Eu também sinto sua falta, boneca. — Sentei-me na cama encostada


na cabeceira.

— Como você está?

— Estou bem. — Eu suspirei, sentindo a torrente de lágrimas formigando.


— Corta essa merda. — Ela repreendeu. — Você parece horrível. Está
doente?

Dor irradiou em meu peito, com a memória da van correndo em minha


direção. — Não, mais ou menos, eu acho... Sofri um acidente esta manhã.

Ela engasgou. — Oh, meu Deus, Ella. O que aconteceu?

— Alex e eu saímos para correr e uma van quase nos atropelou. Eu pulei
para fora do caminho e caí no mato, cortei meu braço em um galho ou algo
assim. Nada importante, eu já tive alta do hospital.

— Cristo, isso é horrível. Eu sinto muito.

— Estou bem, de verdade. — Respondi de forma tranquilizadora, em


seguida, olhei para a bandagem que cobria meu braço. — Graças a Deus Alex
estava lá. Eu não tenho certeza do que teria feito se estivesse sozinha.

— Parece-me que seu namorado guarda-costas não estava fazendo seu


trabalho bem o suficiente, afinal você se machucou.

O sarcasmo em sua voz me irritou. Eu esperava que ela estivesse apenas


brincando.

Abaixei minha cabeça no travesseiro e olhei para o teto. — Isso não foi
culpa de Alex, Bila. Não há muito que se possa fazer quando babacas ficam
atrás do volante e agem como completos idiotas.

— Suponho que seja verdade. É melhor Alex cuidar melhor de você ou


será ele que vai acabar no hospital.

Eu ri. — Alex sempre cuida bem de mim. Agora, o que está acontecendo
com você?

Nabila tagarelou sobre sua última coleção de arte e Finn. Na maior parte
do tempo eu escutei, mas me descobri ficando distraída e incapaz de conter
meu bocejo.
— Deixe-me dizer a você, seus dedos longos não são úteis apenas para
girar as mesas. Esse homem pode massagear um ponto G com precisão
gloriosa, como você não acreditaria.

Balançando a cabeça, deixei escapar uma longa risada que se transformou


em lágrimas. Encerrei nossa ligação com a promessa de ligar para ela em alguns
dias. Era bom conversar com Nabila, e eu fui uma péssima amiga por não
acompanhar o que estava acontecendo em sua vida. Apertando o telefone
contra o peito, jurei arranjar tempo para conversar pelo menos uma vez por
semana com ela.

A escuridão caiu sobre o quarto. O trovão estalou e meu olhar disparou


para a janela. Limpei as lágrimas. O bater da chuva me acalmou, lembrando-me
de Londres. Em algum lugar entre traçar desenhos no edredom e jogar Tetris
no meu telefone, adormeci.

***

No quinto dia, após o acidente, eu tinha certeza de que estava ficando


totalmente louca. O fato de eu ainda não poder correr ou mesmo fazer ioga não
ajudava em nada. Se eu estivesse no meu apartamento em Londres, já teria feito
uma farra de limpeza total. Para minha surpresa, tive vontade de esfregar o chão
e esfregar o chuveiro. Até mesmo tirar o pó parecia atraente.

Quanto a Alex, ele passava a maior parte do tempo escondido em seu


escritório. Ele me checava, quase como se tivéssemos chegado a um estranho
acordo de colega de quarto. Ele já estava entediado comigo? Inferno, o homem
tinha acabado de me pedir para morar com ele. Para piorar a situação, não
fazíamos sexo há dias. Nossos beijos agora eram castos, os apaixonados eram
poucos e distantes entre si. Mesmo à noite, íamos para a cama separadamente.
Eu me perguntei como as coisas mudaram tão rapidamente.

Meu coração gaguejou, temendo que a fase de lua de mel já tivesse


acabado.
Depois do almoço, encontrei uma maneira de fugir de casa sem que ele
soubesse. Eu lidaria com as consequências mais tarde. Além de fazer check-in
na butique, a necessidade de um grande café com leite de caramelo salgado e
um daqueles deliciosos muffins de cranberry de laranja sem glúten da padaria
foi elevado ao nível cinco de emergência.

Convenci Marcus a não contar a Alex que eu estava na boutique, uma caixa
de guloseimas açucaradas e um café preto era minha única ferramenta de
barganha e ainda funcionava.

Depois de algumas horas de roupas fumegantes e merchandising em


algumas paredes de exibição, sentei-me à minha mesa para verificar o último
carregamento de roupas. Apesar da minha ausência de vários dias, as coisas
estavam correndo dentro do cronograma com a grande inauguração. Além
disso, a loja de Londres estava indo bem e as vendas subiram 6% em relação ao
ano passado nesta mesma época.

Toc, toc.

Quando eu levantei minha cabeça, meus olhos viram um Alex muito sexy
encostado no batente da porta, com os braços cruzados contra o peito largo e
seus olhos castanhos estreitos.

— Marcus, há um homem muito alto que se parece muito com Alex


parado na minha porta. — Gritei, minha voz falhando de tanto rir.

— Desculpe, Ella, ele é o chefe.

— Mas eu te dei donuts. Eu pensei que éramos amigos.

— A culpa é da minha crise de açúcar.

Alex acenou com a cabeça em direção à frente da loja. — Vamos, Ella,


deixe-me levá-la para casa.

— Mas eu...

Ele me cortou. — Sem mas, além disso, preciso falar com você.
O tom sério de sua voz fez o medo rolar por mim. Terminei de inserir o
último item e anotei onde parei. Depois de encerrar o programa, peguei minha
bolsa e fechei a porta do meu escritório.

Engolindo o nó na garganta, olhei para Alex. — O que está acontecendo?

Ele me levou para fora, conduzindo-me até seu Range Rover. — Aqui
não, vamos conversar em casa.

Tive um mau pressentimento. Cada terminação nervosa do meu corpo


estava iluminada como um fio elétrico. Apesar do som do meu coração batendo
forte em meus ouvidos, o caminho para a casa foi muito silencioso.

Eu reconheço o peso ao meu redor; é assim que parece o fim.

Não esperei Alex abrir a porta do passageiro. Eu pulei para fora e segui
em linha reta subindo os degraus de trás, subindo dois degraus de cada vez.
Nada sobre isso era bom, eu praticamente podia sentir a bile subindo na minha
garganta.

— Ok, Alex, o que está acontecendo? — Eu exigi. — Você está agindo


de forma estranha desde o dia do acidente.

Ele esfregou as mãos no rosto. — Você está certa e peço desculpas por
estar tão distante.

Meus ombros ficaram tensos. — Distante, sim, e sem falar no frio - as


coisas entre nós têm estado um pouco geladas. Então, o que está acontecendo?

Passamos pela cozinha e quando passei pelo corredor que levava à porta
da frente, foi quando vi suas malas no saguão perto da escada.

Meu coração caiu na boca do estômago quebrando em pedaços pesados.


— Alex? O que está acontecendo?

O silêncio preencheu o espaço entre nós e, em seguida: — Eu preciso


voltar para Grand Rapids.
— Oh. — Minha sobrancelha enrugou. — Aconteceu alguma coisa com
a sua família?

— Não, isso não tem nada a ver com minha família. Eu preciso voltar por
mim.

Por ele? Ele quis dizer permanentemente? Por mais que tentasse lutar
contra as lágrimas, não consegui. Alex caminhou em minha direção e me puxou
para seu abraço. — Ella, por favor, não chore. Meu coração não aguenta.

Os soluços ficaram mais fortes enquanto eu agarrava sua camisa em


minhas mãos. — Como posso não chorar? Você está me deixando.

Ele se afastou do nosso abraço e, em seguida, baixou os olhos para


encontrar os meus. — Eu preciso de algum tempo para pensar e clarear minha
cabeça.

— Mas esta é a sua casa, o lugar que você comprou para pensar e ficar
longe das coisas. Não faça isso, Alex.

Ele olhou para mim, a agonia lavando seu rosto. — Estou preocupado
por não ser o homem que pode cuidar de você. Eu só preciso de um pouco de
tempo.

Ele não vai embora. Acabei de me mudar.

— Por favor, não fuja. Vamos tomar um sorvete e conversar. — As


palavras estavam saindo da minha boca, mas eu não tinha ideia do que estava
dizendo. Enquanto eu caminhava pela cozinha, continuei, balbuciando sobre
sabores de sorvete.

Ele me pegou pela cintura. — É um problema mais profundo e é meu.


Você não fez nada de errado.

— Eu sei que não fiz nada de errado, estou apenas falando sobre sorvete.
Vamos, vou me trocar e depois podemos ir tomar um.
Eu me virei para ir embora, mas ele agarrou meu braço. — Eu preciso ir.
— Seus olhos me imploraram e suas mãos subiram para enquadrar meu rosto.
— Antes que seja tarde demais.

— Tarde demais. — Eu repeti, raiva vibrando em minha voz.

Ele disse que valia a pena o risco. Que eu valia o risco. Eu o amo e ele me
ama. Tudo sobre isso era tarde demais.

Ele engoliu em seco antes de falar. — Ella, eu preciso colocar minha


cabeça no lugar. Eu providenciei para que Marcus seja meu substituto, está tudo
resolvido. Eu pedi para você morar aqui e eu quero que você fique.

As palavras ecoaram em meu cérebro. Cada fibra dentro de mim gritava


em agonia. Eu olhei para os meus hematomas desbotados onde fui cortada, e
então me dei conta.

— Isso é sobre Sasha, não é? — Eu olhei para ele com um olhar simpático.

Ele ficou em silêncio, enquanto seus olhos caíram para o chão. Por mais
que eu estivesse sofrendo, isso era mil vezes pior para ele. Quando a raiva
deixou meu corpo, eu percebi, por mais que cortasse meu coração como cacos
de vidro, eu tinha que deixá-lo ir. Minhas mãos tremiam enquanto as lágrimas
caíam em cascata pelo meu rosto.

As costas de seus dedos roçaram minha bochecha e a ponta de seu polegar


enxugou as lágrimas. — Eu não posso ser responsável por sua dor.

— Foi um acidente, essas coisas acontecem. — Eu engasguei, meu


coração doendo por ele. — Você não deve se culpar. Eu gostaria que você não
se culpasse.

De repente, uma infinidade de emoções agitou dentro de mim. Pisquei, e


então ele esmagou sua boca na minha. Se ele me deixasse, eu engoliria seu
tormento e afogaria todos os seus medos. Suas mãos se enredaram no meu
cabelo e ele aprofundou o beijo, era impaciente e generoso. Como isso poderia
acabar? Mal começou.

Segurando-o com força, meus dedos cravaram em seus ombros. Fechei


meus olhos, inalando seu cheiro, saboreando a sensação de seu corpo contra o
meu, precisando catalogar tudo na memória.

Depois de alguns momentos, coloquei minha mão sobre seu coração,


imediatamente sua mão cobriu a minha apertando com força. — Você está aqui.
— Ele sussurrou em meu cabelo.
31
Alex
Meu apartamento em Grand Rapids estava muito frio e muito vazio. Não
havia um traço físico de Ella em qualquer lugar, mas era exatamente por isso
que vim para este lugar - desintoxicação, para tirá-la do meu sistema. Fora da
vista, longe da mente, certo?

A última vez que estive aqui, minha irmã, Amy, estava chorando no meu
sofá e me implorando para reconsiderar a partida. Talvez eu devesse ter ficado
aqui. Eu poderia ter poupado Ella da dor de me amar e de toda a minha história
fodida. Ela era muito boa para mim de qualquer maneira.

Quando eu finalmente rolei para fora da cama na terceira manhã... tarde,


eu não tinha a porra da ideia de por que eu estava de volta aqui. Meu plano para
apagar Ella da minha mente não estava funcionando. Nem um pouco. Apesar
de nunca ter estado fisicamente aqui, ela estava em toda parte. Eu via seu reflexo
no espelho. Seu perfume floral permanecia em minhas roupas e manchava
minha pele. Qualquer coisa da cor vermelha se transformava em seus lábios
deliciosos.

Encarei meu teto e me ocorreu que eu era um idiota de primeira classe.


Ella merecia um homem melhor do que eu.

Quando cheguei o local estava impecável, mas hoje precisava seriamente


de uma limpeza. Garrafas de cerveja vazias cobriam a pia, junto com caixas
vazias de pizza para viagem. Tudo graças às conveniências modernas de
aplicativos como Drizly e Grub Hub.
Todas as minhas chamadas foram para o correio de voz e eu não tinha
vontade de ouvir nenhuma delas. A única coisa que eu queria fazer era beber e
preencher o vazio que estava dentro de mim.

Jesus, Alex, você parece um maldito covarde.

A realidade era que eu era, na verdade, um maldito covarde.

— Alexander William Robertsen, você tem trinta segundos para abrir essa
porra de porta ou eu vou arrombá-la!

— Merda. — Eu gemi e me levantei cambaleando.

— Alex, levanta essa sua bunda e abra essa maldita porta!

Abri a porta e arrastei minha irmã pelo braço. — Amy, todos aqueles
palavrões foram realmente necessários?

— Relaxa. — Ela zombou, puxando seu braço do meu aperto. — Além


disso, você é o único residente neste andar.

Embora isso fosse verdade, não justificava seu comportamento rude.


Esfreguei minhas mãos pelo rosto e me joguei no sofá. Os olhos azuis de Amy
examinaram cada superfície e canto enquanto ela batia o pé contra o piso de
madeira.

— O que você está fazendo aqui? — Ela perguntou, prendendo mechas


de seu cabelo castanho atrás das orelhas.

— Tenho uma pergunta melhor. — Eu atirei de volta. — Como você


sabia que eu estava aqui?

— Nosso irmão me contou.

Minha sobrancelha enrugou. — Como diabos Vince sabia que eu estava


aqui?

— Sério? — Ela ergueu as mãos. — Você voou em um de seus aviões.


Seu escritório recebe uma cópia de todos os manifestos de vôo, idiota.
Meus dedos esfregaram minha testa. Sim, eu deveria ter voado em um
comercial.

— Alex. — Ela suspirou, sentando-se ao meu lado. — O que está


acontecendo?

— É uma longa história.

— Bem, eu tenho tempo.

— Você não deveria estar no trabalho? Tenho certeza de que há um


estagiário com quem precisa gritar.

Ela olhou para mim. — Os estagiários da faculdade concluíram o


programa na semana passada.

— Espertinha.

— Por que você não toma um banho? — Ela instruiu e apontou para o
corredor. — Vou arrumar as coisas por aqui e depois conversaremos.

— Talvez eu não queira falar. Eu vim aqui para ficar sozinho.

— É realmente assim que você quer jogar?

— Tudo bem, se isso te tirar do meu apartamento.

Ela cruzou os braços contra o peito, me dando um olhar frio e duro. —


Marche para o chuveiro agora ou vou chutar seu traseiro até lá. E vamos
conversar sobre por que você está aqui e parece um merda.

Amy era teimosa e por isso eu era grato. Eu gostaria de lutar, mas estava
muito cansado e talvez devesse ter essa conversa.

Minha mão esfregou minha nuca. — Na verdade, você poderia ligar para
o Ethan? Para este problema, vou precisar de seu conselho.

Amy se levantou e pegou minha mão na dela, apertando-a com força. —


Considere isso feito.

***
Trinta minutos depois, saí de banho tomado e descobri que meu
apartamento estava em ordem. Amy foi uma dádiva de Deus. Ela sorriu para
mim e, por um momento, pensei em confessar tudo. Minha carreira militar,
Sasha, e como quase morri em uma missão em Istambul. Mas, se eu lhe
contasse, ela nunca mais teria uma noite de sono tranquilo.

Eu sentei em um dos bancos no balcão. — Você é a melhor.

Ela encostou o quadril no balcão, balançando a cabeça lentamente. — Eu


sou, e não se esqueça disso.

A campainha tocou e eu deslizei para fora da banqueta. Amy contornou o


balcão e eu dei um passo atrás dela no corredor.

Depois de pegar sua bolsa, ela abriu a porta. — Ele é todo seu, Ethan.

Eu a peguei pelo braço e a puxei para um abraço. — Obrigado, mana, eu


te devo uma.

— Você me avisará se houver algo que eu possa fazer? — Ela perguntou.

— Eu irei, prometo.

Até poucos dias atrás, este lugar esteve vazio por meses, e agora estava
cheio de um visitante após o outro. Dei as boas-vindas ao meu velho amigo e
tirei a garrafa de uísque de suas mãos.

— Charlemagne está se ramificando e tomando uísque agora?

Ele riu. — Engraçado, talvez conhaque.

Ele deu um tapa nas minhas costas enquanto caminhávamos para a


cozinha. — Por que você não me disse que estava voltando?

Dei de ombros. — Honestamente, eu não pensei que voltaria a menos que


fosse um feriado ou um fim de semana de reunião do colégio.

— Você não fez o ensino médio em Detroit?


Eu balancei minha cabeça e tirei dois copos do armário. — Cara, eu fui
para um colégio interno em Bloomfield Hills.

— Desculpe, eu só perguntei. — Ele ergueu as mãos e acenou com a


cabeça em direção à garrafa. — Apenas despeje.

— É bom ver você, E. — Eu disse entregando-lhe um copo. — Como


está o relacionamento?

— É bom ver você também, amigo, mas hoje não é sobre mim. Agora, o
que é toda a encenação de Howard Hughes? Você não está mijando em potes
de conserva, está?

— Porra, não. Eu não estou tão fundo no poço, ainda. — Eu levantei meu
copo em um brinde, e então tomei um longo gole. Queimou todo o caminho,
e foi bom pra caralho. Fui até a janela e olhei para a rua abaixo. As pessoas
caminhavam ao longo do Riverwalk, possivelmente discutindo política para essa
eleição fodida ou discutindo seu futuro. Alguns podem estar se separando,
enquanto outros estão se reconciliando.

Quem entre eles estava sofrendo? Quem entre eles tinha algo para olhar?

Naquela noite fria de primavera, todos aqueles meses atrás, eu senti que
havia atingido meu ponto mais baixo. Vince e Amanda tiveram uma menina e
toda a felicidade do mundo. Arrasado pela culpa, eu ainda não conseguia me
livrar do caso ou da morte de Sasha. Então Ella saltou para o meu mundo e de
repente eu não parecia fixado na minha culpa ou coração partido.

— Então, o que o traz de volta aqui? Estou presumindo que seja uma
mulher e é melhor não ser Amanda.

Eu ri. — Não, eu superei ela. Mas, sim, estou ferrado por causa de uma
mulher.

— Ótimo, mal posso esperar para ficar todo sensível e falar sobre seus
sentimentos.
— Aperte o cinto. — Eu sorri, girando o conteúdo do meu copo. — Será
uma história acidentada.

Duas horas e meia uma garrafa de uísque depois, eu havia revelado


suficientemente meus sentimentos por Ella e expliquei como o acidente foi
semelhante ao que eu senti no dia em que Sasha morreu.

Ethan se inclinou para frente, apoiando os cotovelos nos joelhos. — Eu


tenho que ser honesto, você precisa deixar Sasha ir. Você não a matou e
certamente não foi a causa dos ferimentos de Ella.

— Se eu estivesse fazendo meu trabalho, Ella não teria morrido.

Ele me olhou com os olhos arregalados. — Você quis dizer que Sasha não
teria morrido.

— Claro, foi isso que eu quis dizer, foi o que disse, não foi?

Ele balançou sua cabeça. — Não, você disse Ella.

Bem, merda.

Eu deixei essa frase rolar na minha cabeça por alguns minutos. Não
precisava de um terapeuta para me dizer o que isso significava. Na verdade, sim,
porque meu próprio terapeuta explicou que a perda de controle era minha
fraqueza. Morte era algo que eu não conseguia controlar, mas como minha
profissão - um protetor, estou constantemente lutando pelo controle. Eu sou
humano e devo controlar a morte. Essa era uma faca afiada de dois gumes.
32
Ella
— Decidi que minha próxima casa, definitivamente, terá uma piscina. —
Anunciou Nabila, jogando as pernas sobre a espreguiçadeira. Ela jogou os
óculos escuros sobre a mesa e pulou na água.

Eu sorri e continuei lendo o artigo sobre a nova boutique de Charlotte


Ricchetti inaugurando na esquina da minha neste outono. Nós duas teríamos
lojas aqui no The Harbour. Ainda assim, eu não conseguia acreditar, e ela até
compareceu à minha grande festa de inauguração algumas semanas atrás.
Charlotte me disse que eu tinha um verdadeiro olho para o estilo e amou a
estética francesa da loja. Isso foi o suficiente para me colocar nas nuvens por
alguns dias.

Meus pais, minha irmã, Molly, Ronan e Holliday, até mesmo Gavin
apareceram para me apoiar em minha nova aventura. Nabila tinha me dito que
ela não poderia vir, mas a pequena atrevida acabou me surpreendendo. Além
disso, como era agosto e com toda a Europa de férias, ela decidiu ficar mais um
pouco. Tê-la aqui me fez sentir um pouco menos solitária.

Não tive notícias de Alex no dia em que La Vienne Rose foi inaugurada.
Não diretamente, pelo menos. Ele enviou um buquê de flores com uma nota
que dizia simplesmente: Parabéns. Com amor, Alex.

Nabila tentou jogar o pacote no lixo, mas consegui salvá-las de uma morte
prematura. Pelo menos as flores me deixaram saber que ele pensava em mim.

Certamente pensei nele. Como eu não poderia? Eu estava aqui morando


em sua casa e as lembranças de Alex permaneciam em cada canto e em cada
superfície. No começo as noites foram as piores, eu chorei horrores. Uma noite,
desmaiei e tive aquele choro feio no chuveiro. Eu sentia muito a falta dele.

Não ajudou em nada o fato de a HBO estar aparentemente correndo uma


adorável maratona de filmes temáticos de camundongos, onde eu gritava
enquanto assistia Cinderela e um Conto Americano.

Nabila estava fazendo o seu melhor para me ajudar a encontrar um novo


lugar, mas achei defeitos em cada espaço. Minhas desculpas padrão incluíam
custo e distância até a loja.

Eu nunca admitiria isso para ela, mas queria ficar aqui, caso ele voltasse.
Ele voltaria, certo? Um pouco de tempo foi o que ele disse que precisava. Eu
não poderia estar com raiva de Alex por ir embora.

Eu estava frustrada? Com certeza, mas isso era algo que ele precisava
resolver.

— Simplesmente não é um domingo adequado, a menos que você esteja


bebendo champanhe de biquíni. — Meus olhos levantaram para ver Nabila
voltando do bar da piscina com uma bebida na mão. Eu nem a tinha ouvido
sair da água. Peguei meu telefone para verificar a hora. Por que Alex nem me
mandou uma mensagem? Sei que ele precisava de tempo para clarear a cabeça
e eu estava tentando respeitar seus desejos, mas me sentia desmoronando mais
a cada dia.

Não, você está bem.

— Ella, você precisa virar essa carranca de cabeça para baixo. — Nabila
agarrou a toalha da parte de trás da espreguiçadeira e enxugou o rosto.

Eu dei a ela um sorriso. — Estou bem.

Estou bem. Tudo estava bem.


Depois de enxugar as pontas de seu cabelo, ela caiu de volta na cadeira.
— Já se passou mais de um mês desde que ele saiu. Provavelmente é seguro
dizer que ele não vai voltar.

Depois de enfiar meu telefone debaixo da toalha, coloquei a revista sobre


a mesa. — Ele tem que voltar. É a casa dele.

— Você vai ficar aqui ou voltar para Londres?

Não tinha pensado em voltar para Londres permanentemente. No fim de


semana em que Alex me pediu para morar com ele, passei o vôo para casa
compilando uma lista de coisas que precisava fazer para me mudar. Eu não
estava indo a lugar nenhum.

— Como eu disse antes, Alex me pediu para morar com ele e pretendo
fazer exatamente isso.

— Sim, e então ele saiu uma semana depois para colocar a cabeça no lugar.
— Ela disse as últimas três palavras com aspas no ar anexadas. —
Honestamente, Ella, não sei como você está aguentando o comportamento
desse homem agora.

Na verdade, ele foi "colocar a cabeça no lugar" cerca de duas semanas


depois, mas esse não era o ponto.

— Eu não acredito estar aguentando nada. O que eu realmente acredito é


que este homem está sofrendo profundamente e precisa de um tempo longe
para se curar. Eu o amo, até que ele me dê um motivo para não confiar em suas
palavras. Eu escolho acreditar que ele estará de volta e nós começaremos nossa
vida juntos.

Ela me deu um sorriso simpático. — Você não acha que isso a torna fraca,
digo, ficar esperando por um homem?

Eu estreitei meus olhos. — Eu não estou esperando por ele. Minha vida
continua. Eu poderia ter adiado a abertura da boutique, mas não o fiz. Não é
como se eu estivesse sentada chorando ou afogando meus sentimentos em um
sorvete.

Sim, eu fiz isso no começo, mas alguém poderia me culpar? Uma manhã,
depois de sentir o arrependimento de engolir meio litro de sorvete de cereja
com baunilha, decidi que não seria a mulher que se afogaria em lágrimas e ficaria
doente. E eu certamente não queria ser a mulher que diz para si mesma, ‘Eu
deveria ter pensado melhor. Eu deveria saber que ele iria me quebrar’. Amar
Alex era um sentimento bom, melhor do que bom, era maravilhoso.

— É minha última noite aqui antes de voar de volta para Londres. Não
podemos colocar vestidos fofos e dançar na cidade? Eu ouvi coisas incríveis
sobre Indigo Row.

Eu gemi. — Você realmente quer sair para dançar e beber a noite toda e
depois entrar em um avião para um vôo de sete horas?

— Podemos passar a noite na cidade e depois posso pegar um táxi para o


aeroporto.

Pegando a revista novamente, refleti sobre a ideia enquanto folheava um


artigo sobre uma lista dos melhores retiros de ioga. Mesmo lendo sobre
atividades pós-ioga em Turks e Caicos e massagens com pedras quentes, não
consegui prender minha atenção. Tudo em que pensei foi que na última vez em
que estive na cidade bebendo e dançando conheci Alex. Prefiro ir a um dos
bares de vinho tranquilos no The Harbour. Mesmo que eu estivesse fazendo
uma cara de corajosa, eu não sabia que gatilho iria me derrubar.

Lembre-se, você está bem.

— Vamos lá, será uma explosão total.

— Vamos fazer algo aqui. Eu poderia fazer sua refeição favorita, e então
poderíamos fazer uma fogueira na praia e beber grandes quantidades de vinho.
Ela acenou com a mão para mim. — Ella, mesmo que você não esteja
sendo honesta consigo mesma, eu sei que está sofrendo. Você precisa sair desta
maldita casa, e não me refiro apenas para ir ao trabalho.

Merda. Eu realmente odiava que Nabila me conhecesse tão bem a ponto


de ver através das minhas mentiras, mas também amava que ela se importasse
o suficiente para me criticar.

— Ok, tudo bem, mas a culpa é sua se você viajar para casa de ressaca e
cansada.

Ela sorriu e murmurou algo em francês. Presumi que ela estava xingando,
mas o sotaque francês fazia parecer uma bela poesia, mesmo que ela pudesse
ter sugerido que eu chupasse um pau.

— Ei, Marcus. — Gritei em direção à casa de hóspedes onde ele residia


desde que Alex saiu.

Ele saiu na porta sem camisa, seu tanquinho totalmente exposto e seu
short preto de basquete pendurado na cintura, totalmente o guarda-roupa
profissional de guarda-costas.

Nabila se virou para mim. — Foda-me, como teve sorte de ter esse
homem delicioso cuidando de você? Sério, o que têm na água daqui?

Optei por ignorar seu comentário, mas ela não estava errada em sua
opinião. Marcus era bonito, ele tinha lindos olhos castanhos dourados, pele cor
de moca clara e se isso não fosse o suficiente para chamar sua atenção, sua altura
de um metro e noventa seria facilmente.

— Como posso ajudá-la? — Sua voz era fria, enquanto ele olhava para o
terreno. Eu já tinha visto isso centenas de vezes, outro lembrete de Alex.

— Nabila quer dirigir até Manhattan hoje à noite para alguns coquetéis e
dança. Você acha que podemos fazer isso acontecer?
Sua mão coçou a nuca. — Não vejo por que não, mas ouvi dizer que havia
uma festa de final de verão incrível acontecendo na Castle Hill Beach House.

Eu olhei para ele por cima dos meus óculos de sol. — Como você sabe
sobre esta festa?

Ele sorriu, esticando as mãos acima da cabeça. — Eu sei tudo, Ella.

Isso era verdade. Marcus era um profissional treinado por completo. E


aparentemente isso incluía ficar de ouvido no chão, onde coquetéis e festas
aconteciam.

Nabila estava praticamente espumando pela boca e rastejando para fora


de sua pele com a menção desta festa. — Ok, isso encerra tudo. Hoje à noite,
faremos uma festa na praia. — Ela deu um pulo e girou no deck.

— Fabuloso. — Eu disse, me acomodando na espreguiçadeira. — Marcus,


podemos fazer arranjos para que Nabila chegue ao aeroporto amanhã?

Ele pigarreou. — Ela está na lista de passageiros do jato para um voo para
Manhattan. A senhorita Nabila chegará com tempo de sobra para embarcar em
seu vôo. Os relatórios meteorológicos não mostram atrasos. Posso acompanhá-
la, se quiser.

Eu inclinei minha cabeça. — Eu pensei que o jato estava em Grand


Rapids?

— Estava, mas Alex achou que Nabila ficaria mais confortável voando
para o JFK. Ele também providenciou um town car, se você preferir.

Nabila lançou um olhar de olhos arregalados em minha direção. — Bem,


deixe-me corrigir uma questão. Eu gosto do Sr. Robertsen muito mais agora.
Vou pegar o jato, querida.

O rubor atingiu minhas bochechas e usei meu punho para esconder meu
sorriso.
Um lampejo de esperança era tudo que eu precisava. Eu acreditava no sol
mesmo quando não estava brilhando e acreditava em Alex mesmo quando ele
estava em silêncio.

***

Depois de duas horas dançando e bebendo, meus pés estavam me


matando.

— Eu preciso de outro coquetel. — Nabila gritou enquanto


caminhávamos de volta para o nosso canto.

Eu sentei na cadeira. — Eu estou tão cansada. Tem certeza que quer


outro?

Ela acenou com a cabeça, tomando o resto de sua bebida - um Blushing


Kiss Martini, a bebida de assinatura da festa desta noite. Eu pedi que eles
substituíssem o gin por vodka sem glúten. O barman me mostrou algumas
marcas, mas depois que Marcus deu uma sugestão útil, ele ficou muito feliz em
fazer meu pedido. Eu ia encontrar essa receita no Pinterest ou ligar para o
bartender e fazer com que ele me desse a receita. Talvez Marcus devesse fazer
essa ligação.

Gritos altos vieram da porta quando uma festa nupcial entrou e o DJ


mudou a melodia de “Celebration” de Kool and the Gang.

Tão clichê.

Por mais que quisesse odiar, não consegui e me vi pulando e batendo


palmas junto com o resto do bar.

— Ella, por favor, seja uma boa amiga e me traga outra bebida? — Ela me
deu um olhar amuado e eu assenti.

Fiz um gesto para o nosso garçom e pedi outra rodada de bebidas.


Olhando por cima do ombro, vi Marcus parado a poucos metros do bar. Eu
balancei a cabeça e levantei dois dos meus dedos. Anteriormente, ele solicitou
isso quando pedíssemos bebidas, para que ele soubesse para que pudesse ficar
de olho na atividade do bar. Aparentemente, houve um boato de que algum
cara tinha colocado Clonazepam na bebida de uma jovem alguns fins de semana
atrás e ela foi levada às pressas para o hospital. Marcus não disse muito, mas eu
sabia que era um código para um possível estupro.

— Vou usar o banheiro. — Nabila cantou, enquanto se levantava.

— Eu irei com você.

— Ella, parei de usar o banheiro com minhas amigas depois da faculdade.


Eu vou ficar bem.

Observei enquanto ela girava no meio da multidão e olhei para Marcus,


cujo olhar fixo e frio estava nela também. Assim como Alex, sempre atento a
tudo.

Quando nossas bebidas chegaram, eu imediatamente tirei o ramo de


tomilho e joguei em um guardanapo. Eu girei a fatia de toranja no copo, odiava
tomilho, o cheiro era horrível e tinha gosto de mofo seco. Alecrim, sálvia e
orégano estavam no topo da lista de ervas que eu odiava. Na verdade, eu não
conseguia pensar em uma única erva seca que eu não odiasse.

Bebendo minha bebida, observei as pessoas derramarem da pista de dança


na praia. O gosto de toranja na minha língua me lembrou de bergamota e
bergamota me lembrou de Alex.

Tomilho estúpido.

— Oh, bom, esta bebida é exatamente o que eu precisava. — Nabila


confessou, e balançou a cabeça com a batida.

Secretamente, eu esperava que ela voltasse do banheiro e decidisse que


estava cansada. Olhei para a tela do meu telefone, eram nove e meia.

— Escuta isso. — Disse Nabila, inclinando-se sobre a mesa. — No meu


caminho de volta do banheiro, um cara perguntou se você e eu éramos modelos.
Eu inclinei minha cabeça para longe dela. — O que? Você não pode estar
falando sério.

— Sério? Eu ri na cara dele. — Observei enquanto ela girava seu raminho


de tomilho. — Mesmo depois que eu disse a ele que não éramos, ele ainda
queria saber se poderia fotografar nós duas.

— Isso não é nem um pouco assustador. — Respondi, antes de tomar


outro gole.

Ela deu uma risadinha e balançou a cabeça. — Não, de jeito nenhum.

— Ele ainda está aqui?

Ela se levantou e olhou ao redor do bar. — Não, eu não o vejo. Ele era
alto, cerca de dois metros de altura... mais ou menos um metro e oitenta com
cabelo escuro.

— Tão estranho, mas é bom saber que em seu estado ligeiramente


embriagada, você pode identificar um estranho em potencial.

— Você é modelo? Sério, tem que ser a linha de escolha mais idiota do
livro.

Eu balancei a cabeça e tomei um longo gole. “Aí está você! Estive procurando
por você a noite toda.”

Apesar de não me aventurar na cidade de New York esta noite, um


lembrete anterior daquela noite verdadeiramente incrível tomou conta de mim.
Acho que Alex e eu sempre teríamos um pedacinho dessa calçada de Manhattan
em nossos corações. Pelo menos eu sabia que o faria.

Fiquei olhando para a noite observando enquanto a lua e as estrelas


borrifavam as ondas e a areia com luz. E por mais estúpido que parecesse, eu
realmente esperava que Alex estivesse olhando para o mesmo céu.

Eu ouvi você Fievel, eu sei que ele está por aí em algum lugar.
***

Sentei-me na minha mesa batendo uma caneta no meu lábio enquanto


olhava fixamente para a tela do meu computador. Havia pelo menos quinze
coisas que exigiam minha atenção, mas não consegui me concentrar em
nenhuma delas por mais de cinco minutos. Pelo menos a loja estava operando
com a precisão requintada de um navio no mar. As operações diárias raramente
precisavam da minha atenção porque Mary-Ellen era a chefe oficial, a segunda
oficial e a terceira oficial, tudo em um. Os vendedores a respeitavam, mas acho
que também tinham um medo secreto dela, e é por isso que houve poucos
deslizes em seu turno.

As vendas aumentaram três por cento desde o dia da inauguração e mal


conseguimos acompanhar a demanda pelas jaquetas de couro e das saias
circulares que carregávamos. Vestir-se como uma francesa era um sucesso no
The Harbour. Eu estava fazendo uma declaração aqui. Profissionalmente, tudo
estava se encaixando, melhor do que eu jamais sonhei. Pessoalmente, essa era
uma catástrofe totalmente diferente.

Toc, toc.

Tiffany apareceu na minha porta sorrindo e segurando um envelope rosa


brilhante nas mãos, junto com meu pedido de chá da tarde na padaria. Aos
dezoito anos, Tiffany era minha funcionária mais jovem. Ela era alegre e muito
boa com os clientes. Ela tinha loucas habilidades de atendimento e sabia como
complementar um look com perfeição.

E não atrapalhou em nada o fato de ela ser membro de uma família


altamente respeitada e bem relacionada, muito pelo contrário, acabou sendo
bom para os negócios. Os Buchanans possuíam metade do The Harbour e
parecia que eram uma espécie de pequeno exército de elite. A árvore genealógica
imediata de Tiffany estava repleta de casamentos, divórcios, novos casamentos,
e esse era apenas seu pai. Não só isso, ela tinha meio-irmãos e meio-irmãos fora
do ying yang.

— Ella, este pacote chegou para você.

Peguei o envelope com meu chá. — Obrigada, Tiffany. — Percebi que ela
tinha uma tatuagem na parte interna do pulso direito, um adorável laço preto,
minúsculo e bem feito.

— Quando você fez sua tatuagem?

Ela passou o dedo indicador e sorriu. — No fim de semana passado,


minhas amigas e eu, todas nós dissemos que teríamos uma assim que fizéssemos
dezoito anos. Foi o aniversário de Fiona no sábado passado - oh, ela é minha
melhor amiga e a última em nossa tribo a fazer dezoito anos, então foi quando
fizemos isso.

Minhas sobrancelhas se ergueram. — Sua tribo?

Ela riu e inclinou a cabeça para o lado. — Oh, desculpe, essa é apenas
outra maneira de dizer grupo de amigos.

— Entendo, isso é fofo e sua tatuagem é adorável. Por que você escolheu
um laço?

— Obrigada. — Ela respondeu com um sorriso. — Pode parecer idiota,


mas li em algum lugar que laços significam amor e feminilidade. Eu apenas
pensei nisso mais como um outro acessório, como uma pulseira ou anel. Você
tem uma tatuagem?

— Eu, uma tatuagem? Não, mas estou considerando seriamente a ideia.

— Bem, se quiser fazer uma, eu irei com você.

— Obrigada, Tiffany. Eu te aviso.

— Ok, tenho que ir. Eu preciso voltar para o trabalho. — Ela girou e se
dirigiu para o depósito.
— Divirta-se. — Meus olhos caíram para o envelope na minha mesa.

— Falo com você mais tarde, tchau. — Ela gorjeou, enquanto passava
correndo pela minha porta com uma pilha de suéteres.

Sorrindo, balancei a cabeça e tomei um gole do chá. Virando o envelope,


percebi que o endereço do remetente era Manhattan. Mas eu não o reconheci.
Usando meu abridor de cartas, cortei o papel rosa.

Era um convite para o aniversário de Holliday e o evento seria realizado


no Lorenzo em Manhattan. Mais adiante no convite, percebi que dizia que eu
poderia trazer um convidado.

Soltei um suspiro profundo. Se eu tivesse alguém para levar...

Peguei o telefone e apertei o interfone para a área administrativa. — Ei,


Tiffany, pensando bem, faça uma pausa agora. Precisamos discutir a questão da
tatuagem.

— Ok, Ella, já vou aí.


33
Alex
Meu surto mental anterior, colapso ou como você quiser chamá-lo, me
levou ao extremo oeste de Fiji, nas ilhas Yasawa. As ilhas são acessíveis apenas
por barco ou caiaque. Dizer que as cerca de vinte ilhas que formavam a cadeia
eram escassamente povoadas era um eufemismo. Sem estradas, sem carros ou
bancos. Os resorts servem como única fonte de renda para cada ilha.

Depois de vinte e quatro horas de viagem, estava exausto e decidi ficar na


Ilha dos Pés Descalços. Eu caminhei, nadei, mergulhei e passei muito tempo na
rede fora da minha tenda que ficava a dez metros da praia. Provavelmente foi a
pior ideia da minha vida parar aqui primeiro. Desligar o barulho na minha
cabeça era um desafio.

Depois de três dias sozinho com pensamentos de que não poderia escapar,
entrei no barco e fui rumo ao norte, para o resort Blue Lagoon. Eu precisava
de algumas conveniências modernas e interação humana. Outro erro - me
cercar de casais apaixonados, pior ainda, em lua de mel.

Depois de vários drinques, liguei para minha terapeuta e encontrei muito


pouca satisfação em dizer a ela que essa era uma ideia terrível pra caralho. Além
disso, eu disse que queria de volta cada centavo que já paguei a ela e, graças à
sua sugestão idiota, eu estava mais infeliz do que quando saí.

Ela riu e me disse para retomar o controle. Cabia a mim decidir como
curar e voltar ao ponto morto. Como diabos eu deveria fazer isso?

Agora, eu me encontro sentado na varanda da casa de praia de Ethan,


olhando para as ondas do Lago Michigan, ponderando a mesma questão. As
folhas começaram a mudar e sinais de queda começaram a estalar no ar, apesar
do fato de estar vinte e oito graus em meados de setembro.

Ao tomar um gole da cerveja que estava bebendo, ouvi a porta da varanda


se abrir. Esticando o pescoço, eu esperava ver Ethan, mas em vez disso Amy
apareceu.

— Oi Mana. — Eu me levantei e a puxei para um abraço.

Amy tinha vindo quase todas as noites enquanto eu estava aqui, sempre
trazendo comida e fazendo o jantar. Era tudo desnecessário, mas ela insistiu.
Olhei para o meu relógio, era pouco depois das quatro e ela fez um bom tempo
saindo de Grand Rapids para South Haven em uma sexta-feira.

— Este tempo está inacreditável, mas ainda vou fazer lasanha para o jantar
esta noite.

Minha irmã designava todas as refeições para certas estações do ano.


Lasanha era uma refeição de inverno, mas qualquer coisa depois do Dia do
Trabalho era um jogo justo para comidas reconfortantes. A qualquer momento
ela estará fazendo sopa de abóbora e torta de cheddar penne com maçãs.

— Você realmente não precisa fazer isso. Eu ia acender a grelha e fazer


hambúrgueres. — Tirei a tampa de uma garrafa de cerveja e entreguei a ela. —
Espere, você está comendo carne esses dias? Ou isso não é permitido?

Ela acenou para mim e caiu em uma das cadeiras. — Sim, estou comendo
carne. Se minha memória não falha, lembro-me de você grelhar em uma noite
de dezembro de um ano com uma tempestade de neve a caminho.

Eu ri.

— O meio-oeste, o único lugar onde você pode experimentar todas as


quatro estações em um dia.

Seu telefone tocou e ela entrou para atender a ligação. O silêncio me


envolveu mais uma vez, e observei um grande navio-tanque à distância,
enquanto ele deslizava pelas águas azuis cristalinas. A cor me lembrou dos olhos
de Ella. Meus dedos arranharam a curva da minha mandíbula, eu deixei minha
barba crescer. Por um momento, me permiti imaginar como Ella gostaria.

— Eu fui ver minha médium outro dia. — Amy informou, antes de tomar
um longo gole de sua cerveja.

Eu revirei meus olhos. — Eu não sei por que você se importa tanto com
essa merda.

— Sempre um cético. — Ela balançou a cabeça. — Eu escuto porque traz


uma perspectiva diferente para minha vida. Gosto da sabedoria de Michele e
ela me ajudou a resolver inúmeros problemas apenas reenquadrando a questão.

Eu tirei o rótulo da minha garrafa. Eu não sabia o que dizer, fiquei quieto
esperando que Amy passasse para outro tópico de discussão percebendo que
eu não estava interessado.

— Michele me convidou para participar de uma de suas discussões em


grupo. O assunto era amor e medo.

Minhas sobrancelhas se ergueram. — Oh, vamos lá.

Ela se virou para mim. — Apenas ouça, isso faz sentido. O cerne da
conversa centrou-se no medo de perder o amor ou nunca ser visto como digno
de amor. Na maioria das vezes, quando temos um problema em nossa vida
amorosa, a causa raiz é o medo.

Eu a encarei inexpressivamente. — Sim, e?

— Michele nos disse que amor e medo nunca deveriam compartilhar o


mesmo espaço energético.

Passei a mão pelo cabelo. — Vá direto ao ponto, Amy.

— Olha, Alex. — Ela ficou de pé e alisou o rabo de cavalo. — Estou bem


ciente de que você acha que sou um pouco maluca por buscar a orientação de
uma médium. Tenho certeza de que você revira os olhos quando leio afirmações
diárias e recito mantras. Eu sei que não tenho todos os detalhes sobre o que
aconteceu com você e o tempo que passou no exército, mas tenho uma boa
ideia de que o motivo de você se mudar para centenas de quilômetros de
distância de sua família e amigos foi para evitar Vince e Amanda porque você
fez merda. Parece-me que precisa superar a si mesmo e seus erros. Volte para
o porto e diga a Ella que você a ama - é tão simples quanto isso. — Ela bateu a
cerveja e se dirigiu para a porta.

Percebendo que a havia empurrado longe demais, levantei-me e agarrei


seu braço. — Ei, me desculpe e não acho que você seja uma idiota... um pouco
excêntrica, talvez.

— Alex, você é meu irmão mais velho e eu te amo, mas você precisa amar
sem medo. Confie no universo. Você não entende que estava destinado a
conhecer Ella? Eu acredito que você deve gastar tempo criando seu destino ao
em vez de fugir dele.

— Desculpe?

— Sim, você me ouviu. — Disse ela, levantando uma única sobrancelha.


— Sua primeira reação é fugir da emoção. Tornou-se um padrão. Quando
voltou para casa de sua viagem militar, você decolou por três meses, embora
isso possa ter sido justificado. Quando Amanda escolheu Vince, você fugiu para
New York. E agora, você deixou Ella para trás, em vez de ficar para resolver
isso. Você pode foder tudo e cometer alguns erros, mas quando vai embora
para ‘limpar sua cabeça’, você não está resolvendo o problema.

Tudo isso fazia sentido ou eu tinha estado perto de Amy e seu jumbo da
nova era por muito tempo? Para ser honesto, ela estava certa sobre a fuga. Era
possível que eu não estivesse me dando a oportunidade de resolver meus
problemas em um nível emocional, o que provavelmente era porque eu não
conseguia ver além da minha culpa.
Amy agarrou meus ombros. — Tudo o que você precisa fazer é se
perguntar se Ella vale o risco e se a resposta for sim, então pare de deixar o
medo dominar o amor.

Eu estava começando a achar que Amy era uma leitora de mentes. Quando
tudo isso começou, eu disse a Ella que ela valia o risco.

— Você faz tudo parecer tão simples, mana.

— Eu sou muito sábia.

Já havia se passado quase seis semanas e eu ainda não havia chegado a


nenhum tipo de clareza. Nenhuma quantidade de tempo explicaria por que a
vida de Sasha terminou naquele dia. Como Sully disse, ninguém me culpou por
sua morte. Amanda, eu a esqueci, então não havia necessidade de repetir. Ela e
Vince estavam felizes e isso era tudo que importava.

Em vez de eu ir embora, talvez fosse hora de mandar embora o remorso,


a vergonha e a responsabilidade - tudo isso e trancá-los para sempre.
34
Ella
Lindos tons de laranja e rosa pintavam o céu noturno. Meu humor estava
negro e combinava perfeitamente com as letras da tatuagem que agora
enfeitavam minha coxa. A tatuagem tinha cicatrizado bem e eu saboreei a dor
quando a agulha picou ao longo da minha pele. A sensação física não era nada
comparada à dor em meu coração.

Eu parei de contar quanto tempo Alex estava longe. Tudo que eu sabia é
que setembro estava se transformando em outubro e ele não havia voltado para
The Harbour, para sua casa ou para mim.

O Range Rover parou na banca de manobrista do Lorenzo e a porta se


abriu. Eu deslizei para fora e então Marcus me entregou o presente que eu
trouxe para Holliday. Torci o laço prateado e usei meus dedos para afofá-lo.
Embora meu presente fosse muito legal, nada poderia superar o fato de que
Ronan fez nossa irmã, Molly, desenvolver uma fragrância especial para ela.
Molly me enviou uma amostra para testar e eu simplesmente adorei.

— Não vou trabalhar esta noite, mas estarei por perto se você precisar de
mim. Estarei pronto para levá-la para casa quando quiser. — Disse Marcus,
enquanto abria a porta.

— Obrigada, Marcus, você tem permissão para tomar uma bebida comigo,
já que tecnicamente não está trabalhando?

Ele me lançou um olhar de soslaio. — Você realmente quer que eu beba


e depois te leve para o seu hotel?
— Foda-se, podemos pegar um táxi ou um daqueles Uber sobre as quais
as pessoas vivem falando. — Entreguei meu casaco ao atendente. O lugar estava
vazio, nenhuma alma à vista.

— Não irei permitir que você entre em um Uber. — Ele cruzou os braços
contra o peito. — Divirta-se, e se eu não estiver dentro, provavelmente significa
que saí para fumar.

— Você realmente deveria parar com essas varas de câncer. — Gritei atrás
dele. — Eles não são bons para você!

Ele acenou para mim e eu deixei meu presente na mesa de presentes. Esta
foi alguma propagação. Eu fiquei sozinha na porta admirando o mini país das
maravilhas do inverno que estava diante de mim. Pequenos cupcakes com glacê
branco em folhas de prata cobriam a mesa de sobremesas e havia um pote com
espumantes ao lado. Havia uma barra de chocolate com balas, pretzels
mergulhados em chocolate branco e palitos de cana-de-açúcar azuis e brancos,
e havia até uma estação para fazer s'mores. Tudo ao redor da sala tinha camadas
de branco, prata e tons sensacionais de azuis gelo - até mesmo as velas.

— Gostaria de uma bebida, senhorita?

Eu me virei e fiquei cara a cara com a mesma garota asiática pequena que
notei na festa de Ronan e Holliday meses atrás. — Oi, presumo que haja um
coquetel exclusivo?

Ela sorriu. — O open bar soa como uma boa bebida exclusiva?

Eu rio. — Vodka e refrigerante com um toque de limão, oh, eu tenho uma


alergia ao glúten, vodka de batata, por favor.

Ela acenou com a cabeça. — Sim, eu lembro. Voltarei em breve.

Eu afundei em uma cadeira perto da parte de trás, e observei as pessoas


entrarem com suas bebidas. Senti meu humor mergulhar cada vez mais na
melancolia, eu não deveria ficar triste. Esta é uma celebração. Ainda me
assustava o fato de eu ser apenas sete meses mais velha do que Holliday.

— Aqui está, senhorita. — Disse ela, colocando a bebida na minha frente.


— Eu sou Lila, a propósito, e se você precisar de alguma coisa, é só me avisar.

— Obrigada, eu sou Ella. Saúde.

Tomei um gole de minha bebida e observei mais pessoas entrarem,


incluindo Tinley Atkinson e Matthew Barber. Eles estavam com as mãos um
sobre o outro. Porra. Isso me fez sentir falta de Alex. Meu telefone vibrou.
Recebi vinte notícias do Snapchat, todas da Nabila. Além de alguns estilistas,
ela era a única pessoa que eu realmente seguia.

Deslizando minha tela, rolei pelo fluxo interminável de fotos e vídeos.


Havia imagens fofas dela e Finn - rindo durante o café, fazendo um brunch,
saindo de seu estúdio e a última foto era dos dois de mãos dadas e se beijando
sob um guarda-chuva na chuva.

Ela parecia muito feliz. Inferno, isso foi um erro. Eu não deveria ter vindo
aqui. Pegando minha bebida e bolsa, me levantei com pressa. Antes que eu
desse um passo, o som de palmas me enraizou no lugar.

Meu irmão e sua linda namorada entraram, também conhecida como a


mulher da hora.

Estática, essa era minha posição atual. Em seguida, Charlotte entrou na


sala e eu só esperava poder manter minha compostura por tempo suficiente
para falar com ela sobre a Fashion Week e sua última coleção, porque eu perdi
totalmente todos os desfiles. Eu estava ocupada com outra coisa e muito ocupada
definhando por um homem que aparentemente só queria que eu morasse em
sua casa enquanto ele estava fazendo porra de sabe-se lá o quê. Eu engoli o
resto da minha bebida e antes que eu percebesse outro copo apareceu na minha
frente. Foi quando me lembrei que ela me colocou na lista de convidados de
seu show.
Ai Jesus. Ela acabou de me ver.

Puta merda.

O que diabos há de errado comigo?

Essa é a pergunta de um milhão de dólares.

Ela se aproximou elegante em seu vestido vermelho-sangue que apertava


as curvas, com o cabelo loiro preso em um coque clássico. — Ella, como vai
você? — Ela beijou minhas duas bochechas.

— Eu estou indo bem, obrigada. E você?

— Exausta, mas é tudo devido ao trabalho, certo?

Eu balancei a cabeça e bebi um pouco de coragem líquida.

Ela acenou para alguém do outro lado da sala. — Continue sorrindo. —


Ela sussurrou. — Quando te entregar um convite para comparecer ao meu
desfile na semana de moda, espero que você esteja lá, porra. Eu poderia ter
aberto muitas portas para você, Ella. Espero que você não cometa o mesmo
erro duas vezes.

Porra. Porra. Charlotte Ricchetti me odeia.

Todo o suor do meu corpo escoou pelo meu vestido dourado brilhante.
— Eu... Lamento muito, Charlotte. Eu farei o meu melhor na próxima vez. Eu
juro que não tive a intenção de acabar com o seu show.

— Faça melhor do que o seu melhor. Este é um negócio difícil e New


York não é para os fracos de coração. — Ela me abraçou, mas eu estava com
medo de que uma faca fosse cravada em meu estômago. De repente, me senti
como Robb Stark no Red Wedding.

A festa ainda não acabou, certo?

***
Depois de brincarmos com fogos de artifício no pátio externo, saí para a
sala de jantar principal e me sentei em um banco. Eu rolei pela lista de contatos
do meu telefone e meu dedo pairou sobre o nome dele. Lágrimas encheram
meus olhos, entre a ameaça não tão sutil de Charlotte e ver meu irmão
apaixonado e tão feliz, era muita informação para uma noite só. Este foi o meu
ponto de ruptura. Eu respirei fundo para segurar o sistema hidráulico, mas as
lágrimas caíram em cascata pelo meu rosto.

As pessoas se reuniram em torno do bar pedindo mais bebidas. Enxuguei


as lágrimas e me ocupei com uma revista que alguém deixou para trás.

Eu virei as páginas e meus olhos pousaram em uma foto de Grady James


vestindo seu traje polo. Oh, Deus. The Stars and Stripes Polo Challenge.

Minha mão tremia enquanto eu passava para a próxima página. Várias


fotos cambalearam na página central, incluindo uma de Alex e eu parados no
bar conversando. Eu encarei a foto e meus dedos traçaram seu rosto.

As lágrimas derramaram no papel quando rasguei a página. Enfiei na


minha bolsa e, em seguida, limpei minhas bochechas.

— Ei, Ella. — Disse Holliday, enquanto se sentava no banco de veludo


ao meu lado. — Você está bem?

Além do fato de que sua irmã foi uma grande vadia comigo e eu sentia
falta do homem que eu amava mais do que tudo? Estou bem.

— Oh, estou bem. — Disse, estampando um sorriso meloso no rosto. —


É um problema de trabalho que preciso consertar, mas posso esperar até
segunda-feira.

— Tem certeza de que é só isso? — Ela inclinou a cabeça e sorriu.

— Eu sou positiva. — Eu dei a ela um abraço rápido.

— OK. Bem, se você precisar conversar, me ligue a qualquer hora.


— Obrigada. Espero que você tenha tido um lindo aniversário, Holliday.
Você me dá licença?

Não dei a ela a chance de responder, com o telefone na mão, corri pelo
corredor e, em seguida, abri a porta do banheiro feminino. Meu peito apertou
e eu estava tendo problemas para recuperar o fôlego.

Joguei um pouco de água no rosto e usei uma toalha de papel para limpar
meu rímel manchado. Meus lábios também estavam inchados e havia manchas
vermelhas por todo o meu pescoço. Eu me joguei em uma das cadeiras da
penteadeira e respirei fundo algumas vezes. Foi só quando ouvi ecos de risadas
do lado de fora da porta que percebi que quatorze minutos haviam se passado.

Eu: Estou pronta para ir.

Marcus: Ok, vou dar a volta na entrada lateral.

Eu: Obrigada, e preciso parar para tomar uma garrafa enorme de vodka.

Marcus: Não precisa. Pedi aos funcionários do hotel que estocassem o bar da sua suíte
com todos os itens essenciais.

Eu: Você é o melhor. Isso significa que você vai realmente tomar uma bebida comigo
esta noite?

Marcus: Claro, por que não. Saindo da garagem agora.

Depois de me recompor, desci pesadamente a escada. Decidi que iria


deixar Marcus bêbado hoje à noite e, em seguida, arrancar informações sobre
Alex. O ar fresco do outono girou em torno de mim enquanto eu empurrava a
porta. Não havia sinal do Range Rover, apenas um carro em marcha lenta junto
ao meio-fio. Tentei abrir a porta de saída, mas é claro, ela estava trancada atrás
de mim. Virando-me, deixei escapar um gemido de frustração. Foi quando eu
senti uma mão envolvendo meu pescoço e tudo ficou preto.
35
Ella
O som estridente de uma buzina me acordou. Senti uma dor aguda na
nuca, que só se intensificou quando a buzina soou novamente. Abrindo meus
olhos, a luz do sol das janelas se espalhou pelo piso de madeira. O cheiro de
mofo e peixe me enjoou e meu estômago embrulhou.

Piscando contra a luz, meus olhos percorreram um amplo espaço e me vi


deitada em uma cama de ferro forjado. Eu estudei as paredes lascadas de tinta
verde e amarela, enquanto meus dedos tocavam a borda do edredom marrom
embaixo de mim.

Seis cadeiras de madeira com almofadas coloridas cercavam uma grande


mesa retangular que ficava em frente à cama. Situado em um tapete de tecido
ornamentado, havia uma cadeira de couro preto e uma pequena mesa de centro.
A decoração era modesta, girassóis frescos espalhados em um vaso de plástico
no chão e rosas vermelhas iluminavam a mesa. O decorador tinha um senso de
estilo variado.

Onde diabos estou?

Apesar de estar confusa e assustada, sabia que precisava catalogar tantos


detalhes de memória quanto pudesse. Eu me arrastei silenciosamente pelo chão,
percebendo que ainda estava usando o vestido que estava na festa de aniversário
de Holliday.

— Oh, merda. — Eu engasguei enquanto olhava pela pequena janela.

Água rodeava o local, o que explicava o cheiro de peixe. Além disso, havia
uma passagem de pedra ladeada por algumas árvores e um poste de luz.
Eu poderia estar em algum lugar no The Harbour?

Eu me virei procurando um relógio ou meu telefone. Meu próximo


pensamento foi encontrar minha bolsa e meus sapatos.

Depois de alguns passos ao redor da sala, sem sorte em encontrar minhas


coisas, corri em direção à porta. Meu coração batia forte no peito. Girei e sacudi
a maçaneta violentamente sem sucesso.

Eu estava presa e não conseguia me lembrar como cheguei aqui. Minha


boca parecia algodão e minha cabeça latejava de dor.

A pressão na minha bexiga era irritante e doía como o inferno. Existe um


banheiro aqui? Eu corri pela sala, fazendo o meu melhor para não mijar na
perna. Agarrando a maçaneta da janela, tentei levantá-la. Não se mexeu. Eu bati
minha mão no vidro, ele estava totalmente pintado. Todos eles estavam.

— Socorro! Alguém me ajude! — Eu bati no vidro, gritando a plenos


pulmões por alguém para me ajudar.

Em meu acesso de raiva, estudei a queda da varanda. Se conseguisse


estourar o vidro, poderia pular e nadar até o barranco.

Quando a vontade de fazer xixi se intensificou, passei pela cozinha em


direção ao corredor escuro. Virei a esquina e encontrei um conjunto de escadas.
Movendo-me com cautela, desci os degraus estreitos. Para minha surpresa, o
primeiro andar cheirava a novo. O cheiro me lembrou da casa de Alex. Meus
dedos alisaram as paredes brancas.

Lindas portas de vidro exibiam a doca para barcos e a área da garagem. Eu


puxei as maçanetas - trancado. Claro.

Remos, varas de pescar e coletes salva-vidas estavam espalhados pela


parede. Um grande kit de primeiros socorros estava preso à parede acima de
um longo banco de madeira. Eu estava perdendo tempo.

Ok, faça xixi e depois escape.


Entrei no banheiro e o som de um motor me paralisou de medo. Meu
estômago roncou e ecoou pelas paredes.

Faça xixi mais rápido, Ella.

Terminei no banheiro e subi correndo as escadas. A adrenalina disparou


em minhas veias. Corri para a pequena área da cozinha, abrindo as gavetas e
armários de madeira. Sem facas, sem objetos pontiagudos em qualquer lugar.
Não vi nada que pudesse usar para me defender contra o psicopata que estava
me segurando nesta masmorra na água.

Pulei na cama e prendi a respiração ansiosamente esperando meu


sequestrador aparecer. Com cada som de pés batendo nos degraus de madeira,
minha frequência cardíaca disparava e lutei contra a vontade de gritar.

— Olá, Ella, fico feliz em ver que você finalmente acordou.

Ao som de sua voz, eu pulei da cama. — Charlie, o que diabos isso


significa? — Eu gritei, enquanto minhas mãos se fechavam em punhos ao meu
lado.

Ele largou as sacolas no balcão e marchou em minha direção. Quando ele


ficou perto demais de mim para me confortar, seus olhos encontraram os meus
e o pânico tomou conta de mim.

— O significado disso são negócios. Temos negócios inacabados.

Minha mão conectou com sua bochecha. Ele soltou uma risada altiva e
depois me deu um tapa na mão. Eu caí na cama. Ele agarrou meu braço e me
colocou de pé. — Vadia, você está prestes a aprender uma lição muito valiosa.

A raiva incendiou meu sangue, reunindo tudo que pude, joguei meu corpo
para frente e corri em direção às escadas. Charlie me pegou pela cintura e me
jogou na cama. O colchão afundou e o terror faiscou dentro de mim.

Por favor, não deixe este homem se impor sobre mim.


Estendendo sua mão, ele alisou sua palma na minha coxa. Eu vacilei com
o contato de seus dedos grossos calejados pastando ao longo da minha pele.

Dou um tapa na mão dele ou isso o deixará com raiva de novo? Jesus Cristo.

Lágrimas encheram meus olhos, mas eu não choraria na frente desse


homem. Engoli todas as emoções e, embora todas as coisas inconcebíveis que
pensei que ele pudesse fazer comigo estivessem frescas na superfície, resolvi
não vacilar.

Charlie me puxou da cama, eu lutei contra seu aperto. Ele me colocou em


uma das cadeiras de madeira.

— Isso faz você se sentir grande e durão me jogando de um lado para


outro?

— Você não sabe quando calar a boca, não é?

Minha cabeça virou para o lado e meu olho parecia que ia explodir. O fogo
queimou em minha bochecha e tudo ficou embaçado. Eu consegui morder
minha língua no processo de sua conexão com minha bochecha.

— Sua boca sempre foi o problema.

O gosto de cobre era amargo na minha língua. — Você pode me bater o


quanto quiser, Charlie, mas não vai fazer você se sentir melhor.

Soltando uma risada, ele invadiu a cozinha e puxou algo de uma das
sacolas. — Você vê isso? — Ele balançou um objeto embrulhado em plástico
no ar. — Este é o meu bilhete dourado, Lovie.

Eu realmente não conseguia ver o que ele segurava nas mãos. — Você
roubou um pré-adolescente de um bar Wonka?

Ele rondou em minha direção, me atingindo mais uma vez. O plástico


cortou meu queixo, sangue pingou no meu vestido. Charlie agarrou minha nuca.
— Veja, este é um telefone descartável. Vamos ligar para o seu namorado e seu
irmão e vou trocar sua bunda doce por algum dinheiro vivo. E assim que eu
tiver o dinheiro, estou fora daqui.

A enjoo rodou dentro de mim e eu lutei para respirar. — Além de


sequestro... você deseja adicionar extorsão à sua lista de crimes? O único lugar
para onde você vai é a prisão.

Estreitando os olhos, ele me agarrou pela nuca, puxando meu cabelo. Eu


gritei de dor. — Charlie, você está me machucando!

Ele liberou o controle que tinha sobre mim e, em seguida, caminhou de


volta pela madeira até a pequena cozinha. Os sons de Charlie resmungando e o
farfalhar de papel foi tudo que ouvi. Eu queria saber o que ele estava fazendo.
Era difícil ver através do pequeno espaço entre os armários suspensos e o
balcão.

— As fotos que enviei para a sua loja, eu realmente pensei que teriam feito
seu cara explodir e eu receberia meu pagamento. Para sua sorte, nenhum meio
de comunicação deu a mínima para as fotos de uma luta em uma partida de
pólo. Então ele conseguiu ficar com seu dinheiro.

A luz combinada com a escuridão girou em um tom nebuloso de cinza.


Não ajudou em nada o fato de eu estar tonta. Minhas pernas tremiam enquanto
eu tentava me levantar. Respirei fundo para sacudir a tontura.

— Sequestrar você é uma ideia muito melhor. Vou receber um pagamento


do seu cara rico e do seu irmão rico. É uma situação em que todos ganham.
Agora eu só tenho que decidir quanto você vale para eles.

Eu rastejei em direção à cozinha. Era estranho como suas palavras ficavam


mais suaves a cada passo que eu dava. Um golpe afiado fez contato com minha
pele e a dor gritou pelo meu corpo. O calor deslizou sobre mim e eu flutuei em
uma nuvem macia. Meus olhos se fecharam e na escuridão, uma luz apareceu,
era Alex.
Alex.

Lutei para manter meu foco nele. — Alex, volte para mim.
36
Alex
Nada nesta vida poderia ter me preparado para as notícias sobre o
sequestro de Ella. Além disso, Marcus estava gravemente ferido em uma cama
de hospital. Por volta das duas horas da tarde de domingo, a equipe do hotel
descobriu que Ella não havia feito check-out do quarto. Entre assistir ao jogo
do Lions e ajudar Ethan a fechar a casa do lago, não me incomodei em verificar
minhas mensagens. Caso contrário, eu teria chegado mais cedo. Meu irmão fez
sua mágica acordando todos os funcionários da Everett Sterling Aviation nas
primeiras horas da manhã para me colocar em um vôo para New York.

Nenhum corpo que corresponda à descrição de Ella foi encontrado. As palavras de


Dean arranharam minha alma como unhas em um quadro-negro. Onde ela
estava?

Enquanto eu estava na porta, a cena ao meu redor se desenrolou em


câmera lenta. O barulho de várias conversas percorreu a sala. Dezenas de
pessoas estavam curvadas sobre laptops ou ao telefone. Foi como se eu voltasse
no tempo para o centro de comando para uma conferência da missão Elite
Eight. Uma base de operações foi montada em The Addison, um dos edifícios
mais famosos da cidade de New York e na residência de Ronan e Holliday.
Quando Dean me ligou sobre o desaparecimento de Ella, ele me informou
sobre o cenário. Minhas mãos tremeram, medo e raiva dispararam em minhas
veias. Eu precisava me concentrar. Iríamos encontrar Ella. Eu iria encontrá-la
e trazê-la para casa, e quem fez isso com ela iria pagar um preço muito alto.
— Alex, que bom que está aqui. — Dean gritou, apontando-me para a
grande mesa de conferência. Com minhas malas ainda em mãos, caminhei por
entre a massa de pessoas observando cada detalhe que me cercava.

— Celia, por favor, leve as malas do Sr. Robertsen para o apartamento no


trigésimo andar.

— Imediatamente, Sr. Winters.

Eu passei minhas mãos pelo cabelo. — Qual é a situação, Dean?

— Não mudou muito desde a última vez que conversamos. Tivemos uma
testemunha ocular que confirmou o carro preto no Lorenzo sábado à noite, e
temos um vídeo do mesmo carro na garagem pouco antes de Ella desaparecer.

— Alguma mudança com Marcus?

— Sinto muito. — Respondeu ele, balançando a cabeça. — Nenhuma


palavra por enquanto, ele ainda está em cirurgia.

Mais cedo, Dean me disse que uma van saiu do nada e bateu no Range
Rover, jogando Marcus de frente em um pilar de cimento. Isso foi tudo de
acordo com o manobrista de plantão. O hospital não poderia nos dar muitas
informações, já que nenhum de nós era sua família direta.

Tudo ao nosso redor parou ao som da voz elevada de Holliday.

— Você disse o que para ela? — Holliday gritou do outro lado da sala. —
Eu entendo que você pode ser uma megera vadia às vezes, Charlotte, mas nunca
mais fale com Ella desse jeito de novo.

— Eu não estava pensando. — Charlotte enxugou as lágrimas dos olhos


e alisou o cabelo loiro atrás das orelhas. — Jesus, e se nunca vermos...

— Não diga isso, nem pense nisso. — Seu tom era de advertência.

Dean ergueu as mãos. — Qualquer pessoa que não seja diretamente


relacionada a Ronan, Holliday ou Ella ou conectada a eles a título pessoal, faça
uma pausa para o almoço. E, sim, eu sei que já almoçamos, mas preciso limpar
este quarto. Ligue os telefones e enviaremos uma mensagem de texto quando
precisarmos de vocês de volta aqui. Obrigado.

O barulho de pés se arrastando não mascarou os sussurros e resmungos


enquanto a sala se diluía. Bom homem. Era exatamente assim que eu teria lidado
com a situação. Quando a poeira baixou, apenas Ronan, Holliday, Charlotte,
Lucan, Blake, Grady e a irmão mais velha de Connolly, Molly - eu a reconheci
de sua foto - ficaram. E então havia Liam Frost, o homem que me recomendou
a seu amigo para o trabalho de proteger Ella. Ele deve pensar o pior de mim.

A tensão rolou pela sala, lançando uma sombra pesada sobre todos nós.
Tudo o que pude fazer foi recuar e deixar esse cenário se desenrolar.

— O que diabos você disse para minha irmã, Charlotte? — Ronan rugiu,
quando a porta da suíte se fechou.

— Fiquei chateada por ela ter estragado meu evento da Fashion Week,
devo ter dito a ela, de uma forma não tão amigável, para nunca mais fazer isso.

— A porra da semana da moda, você está falando sério? — Holliday jogou


as mãos para o alto.

As mãos de Ronan se fecharam em punhos. — Puta merda, você pode


lançar insultos em mim o quanto quiser, mas nunca fale mal das minhas irmãs.
Você me entendeu, princesa?

Charlotte olhou para Ronan. — Não me chame assim, porra.

Lucan se levantou e agarrou o braço de sua esposa. — Charlotte, la mia


bella, você precisa respirar.

— Ronan. — Molly começou, dando um passo à frente. — Calma, tenho


certeza de que ela não quis dizer nada com isso, além disso, nós dois sabemos
que Ella pode ser um pouco instável.
— Instável? — Ronan repetiu, olhando carrancudo para sua irmã. —
Honestamente, você está ouvindo as baboseiras que estão saindo de sua boca?
Nossa irmãzinha está desaparecida e seu guarda-costas está deitado em uma
porra de cama de hospital. Sim, tenho certeza de que seu antigo comportamento
“instável” a fez ser sequestrada. — Ronan saiu balançando a cabeça e Molly o
seguiu rapidamente.

O silêncio caiu sobre a sala, e tudo que eu conseguia pensar era no filme
Escola de Verão, quando Motosserra gritou antes de fazer o exame, "Quebra de
tensão, tinha que ser feito”.

Charlotte se voltou para a irmã. — Sou só eu ou seu sotaque fica mais


pesado quando ele está emocional?

Holliday deu uma risadinha. — Às vezes, quando estamos transando, eu


não consigo entendê-lo de jeito nenhum.

Liam e Blake trocaram sorrisos. Grady tossiu uma risada e Holliday o


ignorou. Meus ombros cederam de alívio e fiquei grato pelo humor dissipando
a situação tensa. Todo mundo estava nervoso e a falta de sono não ajudava. Eu
deveria pedir um pouco de comida reconfortante, e então todos poderiam cair
em um sono profundo enquanto eu trabalho para encontrar Ella.

— Se me é permitido. — Eu limpei minha garganta. — Eu conheço Ella


e Marcus muito bem. Acho que eles ririam com a gente e tenho a sensação de
que sabem que estamos pensando neles. Vamos encontrar Ella e trazê-la para
casa em segurança.

— Oh, sério, menino bonito. — Disse Ronan, se aproximando de mim


lentamente. — É assim mesmo? Você conhece minha irmã bem o suficiente,
tão bem que se levantou e deixou o emprego e agora está de volta agindo como
se você se importasse.

— Você acha que porque eu fui embora, isso significa que não dou a
mínima para Ella? Você não pode estar falando sério.
Dean se colocou entre nós dois. — Alex, agora seria a hora de contar a ele.

Meus olhos se arregalaram e eu senti a necessidade de socar Dean. Meus


dedos se curvaram contra minhas palmas, eu queria estourar Ronan na boca
também, mas sabia que sua reação não era sobre mim. Sua irmã estava lá fora,
porra, sabe-se lá onde, e ele precisava de alguém para ser seu saco de pancadas.

Seus olhos se estreitaram. — Me dizer o quê?

Este não era o momento ou lugar ideal para deixar Ronan saber que eu
estava apaixonado por sua irmã. Meus olhos dispararam de Dean para Ronan e
foi quando percebi que todos presentes na sala haviam formado um semicírculo
em torno de nós três.

— Espere um minuto. — Disse Grady, dando um passo à frente.

Eu balancei minha cabeça. — Não, cara.

Grady ergueu as mãos em sinal de rendição simulada.

Porra.

Eu poderia dizer que Ronan era um cara razoavelmente bem construído.


Provavelmente um corredor e provavelmente levantava pesos ocasionalmente
para manter a massa muscular. Porém, sendo um centímetro mais alto, para não
descontar que eu facilmente tinha dez quilos a mais que ele, somado a todos os
anos de treinamento de combate, caso ele decidisse me dar um soco, eu estava
bastante confiante de que poderia me defender. Se eu fosse honesto, no
entanto, tinha aprendido que se alguém que contratei para manter minha irmã
segura estava transando com ela, pensando bem, sim, eu definitivamente
chutaria minha bunda.

— Olha, Ronan. — Eu resmunguei. — Não era assim que eu... como


planejamos contar...

— Oh, meu Deus. — Holliday engasgou.


Naquele momento, eu juro que minhas bolas pularam direto para a minha
garganta. Eu me senti como Chandler no episódio de Friends, quando Ross
descobriu sobre ele e Monica. Só que eu tinha certeza de que Ronan não ficaria
muito satisfeito. Eu assisti muito Netflix nos últimos dois meses.

— Ah, vamos. — Gritou Ronan, balançando a cabeça. — Você só pode


estar brincando comigo. — Ele passou as mãos pelo cabelo e parecia que tinha
sido eletrocutado, o que era adequado, já que a notícia obviamente veio como
um choque.

Merda. Sim, eu teria que me mudar para o Polo Norte

— Você está brincando com a minha irmã?

— Não é desse jeito.

— Oh, então como é, porque eu certamente não estou pagando para você
dormir com minha irmã mais nova.

— Na verdade, você não está pagando a ele. — Dean apontou.

Ronan lançou-lhe um olhar confuso.

— Alex veio até mim há um tempo e pediu que o dinheiro de seus


contracheques fosse dividido entre duas instituições de caridade.

Seu olhar mudou para mim. — É isso mesmo?

Eu endireitei meus ombros. — Sim. E não estamos apenas brincando. Eu


amo Ella e ela me ama.

Ronan passou a mão pelo queixo. Ele olhou para trás e para frente entre
Dean e eu. Era difícil fazer uma leitura dele, mas sua linguagem corporal
mostrou que ele estava um pouco irritado.

Liam pigarreou. — Gente, o tempo está passando, temos que encontrar


Ella. Por que vocês não colocam isso na mesa por enquanto e realizam seu
conselho tribal mais tarde?
Eu sabia que gostava do galês. Ele estava certo, estávamos perdendo um
tempo precioso e ainda não tínhamos pistas sobre o paradeiro de Ella. Nós
controlamos nossas emoções e optamos por nos concentrar na tarefa em mãos
- encontrar Ella. Arregacei as mangas e examinei todos os dados à minha frente.

Lucan pegou seu telefone, eu o ouvi instruindo alguém a pedir o bufê do


Kitchen Provance. Duas mulheres usando vestidos de cores vivas passaram
pelas portas carregando vários cafés, em linha reta para Charlotte.

— No que todos estão trabalhando? — Eu perguntei, ligando meu laptop.

Celia apareceu à mesa. — As chaves do seu quarto, Sr. Robertsen.

— Obrigado.

— Neste ponto, estamos pesquisando nas mídias sociais e nos blogs de


notícias por qualquer informação que possa pertencer a Ella. — Dean
respondeu, me entregando um café. — Principalmente, acho que a família é
grata por estar junta.

— E os pais de Ella? Eles ouviram alguma coisa?

— Os Connollys estão em KwaZulu-Natal, África do Sul, em uma reserva


particular de caça. Eles estão relativamente inacessíveis, mas Ronan e Molly não
querem alcançá-los, a menos que sejam absolutamente necessários.

— Eu teria aconselhado a mesma coisa. — Eu esfreguei minhas mãos no


meu rosto. — E os policiais. Por que eles não têm nada para nós?

— Os policiais estão fazendo tudo o que podem. Tenho contatos pessoais


no NYPD e no Bureau. Meu amigo, Rhodes, está me mantendo totalmente
informado. Seremos notificados no segundo que eles ouvirem alguma coisa.

Meu intestino torceu com uma preocupação avassaladora. — Devíamos


estar lá fazendo mais. — Apontei para as janelas.

— Eu sei que você está frustrado, mas não temos nada sólido para
prosseguir, ainda.
— Eu não acho que posso sentar aqui e beber café, sabendo que Ella está
lá fora em algum lugar possivelmente ferida e assustada. — Meus dedos
entrelaçados. Eu poderia contar com uma mão quantas vezes na minha vida me
senti completamente desamparado, esta foi uma dessas vezes. Eu vasculhei
meus e-mails, esperando que Patrick tivesse me enviado algo que eu pudesse
trabalhar em relação a Ella. Nada de Patrick. Isso foi angustiante. Meus dedos
voaram pelo meu telefone enquanto eu digitava uma mensagem para Patrick.

Eu: Eu preciso de qualquer informação sobre o paradeiro de Charlie McNeil nas


últimas vinte e quatro horas.

Patrick: É pra já.

A lista de suspeitos em potencial crescia a cada hora. Todos eram culpados


até que se provasse o contrário. Minha mente abriu arquivos sobre todos com
quem Ella tinha entrado em contato desde sua chegada. Eu descartei o canalha
que sugeriu que Ella pagasse o aluguel em favores sexuais. Eu também omiti
Mark Daniels. Ele estava seguro apenas porque a equipe estava a caminho da
World Series. Até risquei meu empreiteiro, Gary, da lista. Isso pode ter sido um
exagero acrescentá-lo, mas quando trouxe Ella para minha casa, seu olhar mais
longo do que o necessário foi devidamente notado.

Houve apenas uma pessoa que se destacou e ele estava no topo da lista.
Não poderia ser McNeil. Eu não queria pensar que era ele. Se apenas pelo bem
de Ella, eu não queria puxar esse fio e abrir aquelas velhas feridas novamente.
A mídia teria um dia de campo vasculhando toda aquela merda de seu passado
e espalhando em todos os tabloides. Recusei-me a deixá-la passar por isso
novamente.

Duas xícaras de café e vinte suspeitos eliminados depois, a comida chegou.


Ninguém parecia querer comer e eu estava subindo pelas paredes. Fiquei
olhando pela janela, admirando o horizonte da cidade, repassando todos os
meus momentos com Ella. Ela sabia que eu estava ficando louco de
preocupação? Não, havia uma boa chance de eu ser a última pessoa que ela
imaginou se importar com ela. Exatamente como Ronan disse.

Dean se juntou a mim na janela. — Há bastante comida.

— Não estou com fome. — Menti.

— Dizem que não se deve dar conselhos durante uma crise, apenas
assistência. Então, eu não vou dizer para você comer. Tenho certeza de que
você está enlouquecendo agora, mas garanto que a polícia está fazendo tudo o
que pode para encontrar Ella.

— Eles precisam fazer mais. Precisamos fazer mais.

— E você precisa confiar na Unidade de Inteligência. — Ele deu uma


mordida em seu sanduíche de pastrami.

Eu levantei uma sobrancelha. — É isso que você estaria fazendo no que


diz respeito a Derek Saunders? Confiar na lei?

Ele engoliu em seco. — Esse é um ponto justo. Faça o que você precisa e
farei tudo o que puder para ajudá-lo.

Caminhamos até a porta. — Quero voltar ao Lorenzo e ao


estacionamento. Vou ver se consigo dar uma olhada na câmera de segurança ou
falar com o guarda.

— Traga-a de volta para casa, para sua família.

Eu concordei. — Eu vou. Conte com isso.


37
Alex
O Atendente da garagem do estacionamento era inútil. A van branca bateu
no Range Rover preto, ele repetia várias vezes, junto com o fato de que foi ele
quem ligou para o 911. Pelo que eu sabia, a polícia havia descoberto o acidente.
Eu não tinha ouvido falar de Patrick em mais de uma hora. Quando falei com
ele pela última vez, ele ainda não tinha informações sobre McNeil.

Caminhei pela calçada perto da entrada lateral do Lorenzo. Folhas caíram


no concreto em meu caminho. O desejo de esmagá-las sob minhas botas era
forte. Estudei todos os pontos de direção enquanto estava parado no meio-fio
onde o carro foi avistado.

— Dê-me um sinal, vamos. — Murmurei.

Um casal estava olhando para um prédio do outro lado da rua quando me


aproximei da porta lateral. Eles estavam falando sobre a arquitetura da estrutura.
Uma vez que eles saíram, meus dedos arrastaram ao longo do aço quente, e
então se enrolaram em torno da alça.

Ela estava neste mesmo lugar. Meus punhos bateram contra o vidro.

— Ella. — Eu respirei.

Soltando um suspiro forte, chutei uma pedra na calçada. Um homem com


uma câmera estava do outro lado da rua. Quando seu olhar encontrou o meu,
ele fugiu.

Eu atravessei a rua correndo. — Ei cara, espera!

Raiva e frustração correram em minhas veias. Viramos uma esquina em


um beco e a raiva me impulsionou para frente. O cheiro de lixo e cerveja velha
foi o suficiente para me fazer querer vomitar. Ele tropeçou e bateu em uma
fileira de barris de cerveja. Eu agarrei seu moletom e o empurrei contra a parede
de tijolos.

Eu estudei seu rosto, enquanto ele lutava contra meu aperto. Esse cara
estava na partida de pólo com McNeil. — Onde diabos está Ella Connolly?

— Ei, cara, olhe minha câmera. Este é um equipamento caro.

— Cara, eu não dou a mínima para a sua câmera. — Rosnei. — Onde está
minha namorada?

— Ela... ela esta... se eu te contar, você vai me deixar fora disso? — Sua
voz tremeu com cada palavra que ele proferiu.

— Diga-me onde ela está, filho da puta, e eu vou pensar sobre isso. —
Rosnei, e dei um golpe rápido em seu estômago.

Com um longo gemido, ele se dobrou de dor. — Isso dói pra caralho. —
Ele respirou fundo. — Se eu te contar, você tem que me prometer que não vai
me denunciar à polícia.

Eu agarrei seu colarinho com força, puxando-o de pé contra os tijolos. —


Não faço promessas e só para você saber, posso fazer isso a tarde toda. Eu
sugiro que você comece a falar ou o próximo golpe será na sua cara.

— Está bem, está bem! — Ele ergueu as mãos trêmulas. — Ela está no
interior do estado de Canandaigua. Charlie alugou uma casa-barco lá no lago
algumas semanas atrás.

— Você tem um endereço?

— Sim, está no meu telefone. Charlie, ele... uh, planeja ligar para você e
seu irmão, a estrela de cinema. Ele vai pedir dinheiro a vocês dois.

Meus dedos se desenrolaram e eu o soltei. Enquanto ele afundava contra


a parede, ele puxou o telefone da jaqueta. Ele ligou o dispositivo e o entregou
para mim. — Aqui, esse é o endereço.
Peguei o telefone de suas mãos e digitei o endereço no aplicativo de notas
do meu telefone.

— Cara, você vai contar aos policiais sobre mim?

Eu me endireitei contra ele e meu punho colidiu com sua mandíbula. Sua
cabeça balançou para trás contra os tijolos.

— Se alguma coisa acontecer com Ella, não é com a polícia que você terá
que se preocupar, idiota. — O sangue de seu lábio pingou em seu moletom. Eu
agarrei seu rosto, inclinando-o em minha direção. — Eu serei o seu pior
pesadelo.

Ele caiu no chão como um saco de cimento, esmagando sua câmera no


processo. Antes de sair, tirei uma foto de sua identidade, em seguida, joguei em
seu peito e fui embora.

— John Kemp, eu começaria a orar se fosse você. — Murmurei baixinho.

Chamei um táxi a alguns quarteirões do Lorenzo e instruí o motorista a


me deixar no Addison. Ao cruzar o saguão até a fileira de elevadores, peguei
meu telefone e liguei para a linha particular da Everett Sterling Aviation.

— Connie, eu preciso de um avião hoje, quanto mais cedo melhor. É uma


necessidade muito urgente.

— Sinto muito, Sr. Robertsen, parece que o Sr. Everett e o Sr. Sterling
fretaram os dois jatos da empresa. Deixe-me verificar os outros voos, espere
por favor.

Enquanto esperava Connie voltar à linha, enviei uma mensagem de texto


a Dean.

Eu: Recebi uma dica sobre o paradeiro de Ella. Precisamos conversar em particular.
Onde devemos nos encontrar?

Dean: Bom trabalho. Encontro você em seu apartamento no Addison. Podemos


formular um plano de ação.
— Sr. Robertsen, o avião mais próximo que tenho de você vai chegar a
Boston hoje à noite às sete e trinta e quatro. Será que isso está bom para você?

Eu balancei minha cabeça, coçando meu couro cabeludo. — Não, não


esta. Não há mais nada?

— Deixe-me verificar novamente, senhor.

Eu desliguei e esperei. Dois elevadores entraram e saíram. Subi as escadas


e cruzei o nível do mezanino no momento em que Connie voltou à linha e me
disse que nenhum dos aviões da E&S estava vindo para Manhattan, e o elevador
apitou.

Agradeci a ajuda dela e entrei no vagão vazio. Porra, parece que terei que dirigir.

***

Uma hora depois, eu estava navegando pela rodovia no meu caminho para
o interior. Entre informar Dean e mapear uma rota para Canandaigua, Celia
providenciou um carro. Ao ver um carro da polícia no canteiro central, pisei no
freio. Eu não tinha percebido que estava em alta velocidade, mas precisava
chegar até minha garota. Minha Ella.

Meu celular tocou e eu deslizei a tela. — Fale comigo, Dean.

— Acabamos de receber o pedido de resgate de McNeil. Ele está pedindo


cinco milhões.

Respirando fundo, minha mão bateu no volante. — Filho da puta


ganancioso, não é?

— Alex, tem mais.

Meu peito tremia e eu temia o pior. Charlie era estúpido, ele era realmente
estúpido pra caralho, mas ele precisava do dinheiro.

— Ronan conseguiu falar com Ella, ela disse que estava bem, mas ele
mandou fotos e era visível que ele a espancou muito.
— Eu vou matá-lo! — Eu rugi. — Eu vou matá-lo, porra.

— Alex, você precisa se acalmar. Qual é sua localização?

— Ainda estou a quatro horas de distância. Porra! — Minhas mãos


agarraram o volante até que meus nós dos dedos estivessem brancos. — Porra,
porra, porra!

O silêncio passou entre nós, e tudo que ouvi foi o som de sangue correndo
em meus ouvidos. Respirando fundo, consegui me acalmar.

— Chame as autoridades. Não podemos esperar mais, diga a eles para


entrar.

— Ligarei para você quando eles tiverem Ella e McNeil sob custódia.

Sem dizer nada, encerrei a ligação. Meu pé pisou fundo no acelerador e eu


queria quebrar todos os limites de velocidade para chegar até ela, mas tudo que
pude fazer foi esperar.

Esperar para ver Ella. Eu teria que esperar para abraçá-la. Esperar para
envolvê-la em meus braços e dizer que a amava.

Esperar para acabar com Charlie por colocar suas mãos nela.

Charlie McNeil cometeu um erro muito grave.


38
Ella
Lágrimas pingaram na camiseta de algodão branco que Charlie tão
agradavelmente comprou para mim, junto com uma legging preta. Meu lindo
vestido dourado estava amarrotado no chão, manchado de sangue e vômito.
Comi uma fatia de pão só porque estava morrendo de fome, mas não acabou
bem.

Eu disse a mim mesma que não choraria, mas Charlie tinha ido embora e
eu me permiti algumas lágrimas. Elas não eram para mim. Em vez disso, eram
para meu irmão e minha irmã. Foi um alívio ouvir suas vozes, mas meu
estômago se contorceu de dor por eu tê-los feito passar por tanta preocupação.

Durante o curto telefonema anterior, Molly me disse para não me


preocupar. Eu ouvi a dor em sua voz. Eu disse a ela que estava bem, embora
duvide que ela tenha acreditado em mim depois de ver as fotos que Charlie
enviou. Ronan disse apenas quatro palavras, “eu te amo, Lolly”. Charlie encerrou
a ligação antes que eu pudesse responder.

Antes da ligação, eu tive permissão para escovar os dentes, tomar banho


e lavar o cabelo sob supervisão, o que foi assustador e humilhante. Ele inclinou
a câmera para que a luz do sol me banhasse e eu tinha certeza que ele estava
fazendo isso propositalmente para disfarçar os hematomas com que decorou
minha pele nos últimos dias.

Dias, horas - não conseguia me lembrar há quanto tempo estava aqui.

A única marca de tempo que eu tinha era que lavei meu cabelo na tarde de
sábado, antes da festa. Dois dias, foi o máximo que consegui deixar passar antes
de precisar lavá-lo novamente. Portanto, de acordo com meu cabelo flácido e
oleoso de antes, pensei que hoje poderia ser segunda-feira. Foi tão estúpido. Eu
não sabia o que deveria pensar sobre estar trancada neste lugar.

Minha cabeça estava girando e eu estava tão cansada. Charlie havia pedido
cinco milhões de dólares. Ele esperava esse pagamento pelo meu retorno
seguro. Jesus.

Meus dedos torceram as pontas do meu cabelo. Como Ronan saberia onde
me encontrar? Charlie tinha cinco telefones descartáveis. Ele se livrou do
anterior, quebrando-o em pedaços e depois jogando-os na água. Ele brincou
sobre como ele estaria me dando de comida para os peixes se o dinheiro não
chegasse.

O barulho de uma máquina a vapor me assustou, fazendo meu pulso


disparar.

Estou muito nervosa.

Charlie foi tão legal em me dar uma aula sobre o Canandaigua Lady, o
barco de roda de pás no estilo Mississippi que servia como uma lembrança dos
antigos barcos a vapor. Os barcos a vapor eram o principal meio de transporte
aqui até as estradas serem construídas.

Todas aquelas informações estúpidas me disseram que eu não estava perto


do The Harbour. Eu também não estava nem perto de Manhattan e estava ainda
mais longe de Alex.

Alex.

Eu me perguntei se ele estava na sala com Molly e Ronan no momento da


ligação. Alex tinha ouvido minha voz? Enxugando as lágrimas, sonhei com
piqueniques internos com sorvete, jogos de beisebol e dançar na praia sob as
estrelas.

Com um suspiro pesado, bati meus punhos no edredom. Eu puxei a corda


enrolada em meu tornozelo. O plástico cravou na minha pele, mas felizmente
não o suficiente para cortar. Era desnecessário e eu não tinha dado a Charlie
nenhum motivo para pensar que eu fugiria. Quer dizer, honestamente, não
havia maneira de sair daqui que eu pudesse encontrar.

— Socorro! Alguém pode me ouvir? — Eu gritei com toda a força dos


meus pulmões.

Por que eu ainda me incomodava? Ninguém estava por perto para ouvir
meus gritos e pedidos de ajuda. Eu tirei outra tira de tinta verde da parede. Por
que Charlie não poderia ter me deixado uma revista ou mesmo um livro para
ler enquanto ele estava fora? Não havia nem televisão ou rádio neste lugar.
Amenidades modernas, eu estava esperando muito. Este não era o The York
Hotel.

Para me entreter, comecei a repetir cenas de Friends em minha mente.


Nabila e eu começamos a assistir o seriado um pouco depois de ele ter ficado
disponível no Netflix. Passamos um fim de semana inteiro de pijama assistindo
as temporadas cinco e seis e debatendo qual temporada teria os momentos mais
engraçados. Eu fiz a escolha pela cinco por causa do episódio em que todos
descobriram sobre Monica e Chandler. O confronto sexual entre Chandler e
Phoebe, sério, sem dúvida, foi a coisa mais engraçada que eu já vi. Para não
mencionar todas as grandes frases de efeito.

"Talvez, eu dance para você."

"Você parece bem."

E minha citação favorita de todos os tempos de Phoebe, "Eles não sabem


que sabemos que sabem que sabemos."

Nesse ponto, eu estava chorando e rindo, pressionei o punho contra a


boca para me acalmar. O silêncio me cercou e então eu juro que ouvi um
barulho de clique.
A porta se abriu e fechou nas dobradiças. A luz se espalhou por todos os
cantos do espaço, lançando raios brilhantes de poeira pelo ar.

— Puta merda! — Eu gritei, enquanto um exército de homens pisoteava


o chão gritando comandos. Meus gritos se entrelaçaram com uma canção de
maldições quebradas enquanto eu observava a cena se desenrolando diante de
mim.

— Entrada livre. — Uma voz estrondosa gritou.

— Corredor livre.

Minha boca estava aberta e meus dedos agarraram a cama embaixo de


mim. A cama balançou e sacudiu contra a parede. A escuridão girou com leveza
e meu estômago embrulhou.

— Vai! Vai! Vai.

Era difícil dizer quem estava falando com quem na agitação da atividade.
Ao som de vidro quebrando, eu instintivamente enterrei meu rosto nos
travesseiros. Meu peito tremia enquanto meu coração batia ferozmente.

— Tudo limpo aqui, chefe.

Minha perna estremeceu e desta vez a corda cortou minha pele. O fluxo
de sangue escorreu pelo meu tornozelo, pingando no feio edredom de cor
marrom.

— Ai, caramba. — Eu gemi no travesseiro.

— Senhorita. — Uma voz profunda me chamou. — Ella Connolly? — A


voz perguntou sobre o bater das botas contra a madeira.

Eu olhei para cima para ver um homem com cabelo escuro e olhos azuis
brilhantes olhando para mim. — Senhorita Connolly, você pode me ouvir?
Você está bem?
Assentindo, engoli e suspirei. — Sim, bem, na verdade não, meu tornozelo
dói. — Apontei para a corda que me prendia à estrutura de ferro da cama.

Ele sorriu. — Ah, deixe-me ajudar você com isso. — Ele puxou uma faca
e com um movimento rápido fui libertada da cama.

— Obrigada, uhhh, Senhor? — Eu tropecei nas palavras, sentindo minhas


bochechas esquentarem.

— Agente Rhodes. — Ele respondeu com um largo sorriso.

— Obrigada, Agente Rhodes. — Eu balancei minhas pernas para fora da


cama e, em seguida, massageei minha coxa e minha perna tentando fazer
circular um pouco de sangue.

— Vamos tirar você daqui e remover esse pedaço de plástico de maneira


adequada. Você acha que pode andar?

— Eu acredito que sim. — Eu manquei e o agente Rhodes ofereceu seu


braço para me ajudar. Uma vez lá fora, o frio do ar envolveu-me e respirei
fundo. Os paramédicos correram em nossa direção.

— Ela tem uma corda no tornozelo. — Ele informou. — Ela precisa ser
removida imediatamente.

Homens e mulheres em vários uniformes correram para cima e para baixo


no cais. Meus olhos percorreram a fileira de casas em ambos os lados de mim,
sem um único residente à vista.

— Tudo feito, senhorita.

— Hmm. — Meus olhos encontraram os do paramédico. Ele balançou o


plástico manchado de sangue no ar e finalmente registrou no meu cérebro que
meu tornozelo não estava latejando de dor aguda. Um cortador de unhas foi o
suficiente para quebrar o plástico. Seus dedos varreram minha pele aplicando
uma pomada e então ele cobriu o corte no meu tornozelo com uma bandagem.
— Senhorita, devemos levá-la para o hospital. Você realmente deveria
pedir a alguém para olhar esses cortes e hematomas em seu rosto.

— Oh, ok. — Eu disse, afastando meu cabelo do rosto.

O Agente Rhodes se aproximou. — Vou levar a Srta. Connolly ao hospital.


Os detetives Marshall e Seelen têm algumas perguntas.

Os paramédicos trocaram olhares enquanto guardavam seus


equipamentos. Nenhuma palavra necessária, estava claro que Rhodes estava no
comando e sua palavra era a única coisa que importava. Calafrios subiram e
desceram pela minha espinha e eu passei meus braços em volta do meu corpo.
O agente Rhodes percebeu, porque a próxima coisa que eu sabia, era que ele
estava colocando sua jaqueta azul do FBI em volta dos meus ombros. Eu puxei
com força enquanto continuava caminhando ao longo do cais em direção ao
estacionamento.

Meus dentes começaram a bater a cada passo que dava. — Meus pés...
Meus pés estão congelando.

— Vou pegar algumas meias para você, eu prometo. — Disse ele, e me


conduziu para a parte de trás de um SUV preto.

***

O Dr. Baker inclinou meu rosto em direção à luz, estudando meus


hematomas. — Tudo isso deve melhorar com o tempo. Nada está quebrado, o
que é uma coisa muito boa. A enfermeira Shaw estará aqui com um kit de
estupro em alguns momentos.

Minhas sobrancelhas uniram-se e balancei a cabeça. — Não. — Eu engoli


em seco. — Eu não fui estuprada.

Ele se levantou e jogou as luvas no lixo. — Você tem certeza?

Sentindo o choque percorrer minhas veias, só pude ficar olhando para ele.
— Sim, tenho certeza de que não fui abusada sexualmente.
Dando-me um pequeno sorriso, ele acenou com a cabeça e saiu da sala.
Meu rosto queimou e meu coração deu um pulo. Pensei em como tive sorte
por Charlie não ter se forçado sobre mim. O pior dano que ele fez foi me dar
um tapa e aqueles hematomas iriam embora.

Eu sentei lá, repassando tudo em minha mente. Em um minuto eu estava


pensando sobre o quanto eu sentia falta de Alex e no próximo eu estava uma
péssima bagunça deixando a festa de Holliday. Oh, Marcus, ele provavelmente
estava louco de preocupação por eu não estar esperando por ele. Suspirando,
enterrei meu rosto em minhas mãos.

Talvez um pouco de televisão ajudasse. Afinal, o riso é o melhor remédio.


Comecei a percorrer os canais e, para minha sorte, acabei em um episódio de
Two Broke Girls. Eu amava Max e Caroline.

Toc, toc.

— Senhorita Connolly. — O Agente Rhodes me cumprimentou,


carregando uma bolsa de cor escura. — Lamento perturbá-la.

— Oh, oi. — Eu disse, puxando-me para cima da cama e, em seguida,


silenciando o programa. — O que você está fazendo aqui? — Eu não achei que
o veria novamente. Ele teve a gentileza de se sentar comigo enquanto eu
respondia às perguntas do detetive mais cedo.

— Bem, senhorita. — Ele começou, se aproximando do pé da cama. —


A equipe varreu a casa do barco e encontrou alguns itens que acreditamos
pertencerem a você.

Assentindo, eu estendi minhas mãos tirando a bolsa dele. — Obrigada. —


Eu cavei na bolsa, vasculhando os itens. Estava tudo lá - vestido, sapatos, bolsa
e telefone. — Você já encontrou Charlie?

Ele passou a mão pelo cabelo escuro. — Ainda não. — Quando o agente
Rhodes disse essas palavras, meu estômago embrulhou.
— Ele não irá longe. Há uma caça ao homem em andamento e todos os
oficiais disponíveis estão procurando por ele. — Ele apontou para a janela. —
Senhorita Connolly, garanto-lhe que o encontraremos e ele será processado em
toda a extensão da lei.

— Bom. — Meus dedos esfregaram os hematomas em meu rosto e um


arrepio violento percorreu meu corpo. — Isso é bom.

— Eu preciso ir embora, então vou deixar você descansar.

— Obrigada novamente por tudo.

— Não precisa agradecer, só estou fazendo meu trabalho, senhorita. —


Ele se virou e caminhou em direção à porta.

— Oh, Agente Rhodes. — Eu gritei atrás dele.

Ele ergueu a cabeça e se virou para me encarar. — Sim.

— Minha família foi contatada? Eu não tive a chance de ligar para eles
ainda.

— Eles sabem que você está segura e aqui no Memorial. Está em meu
entendimento que um cavalheiro está a caminho para buscá-la.

Depois que ele saiu, eu me mexi na cama e minha cabeça caiu para trás
contra os travesseiros. Precisando desligar minha mente, desliguei a televisão.
Sombras decoravam as paredes do meu quarto. O céu estava pintado com
lindos tons de rosa e laranja, assim como na noite da festa de Holliday. A noite
que Charlie... Eu não podia mais pensar nisso. Tinha acabado.

Eu não adormeci. Lá fora, o vento uivava e batia contra o vidro - cada


barulho me mantinha acordada. Eu não tinha certeza se consegui descansar.

Expulsando uma respiração profunda, me joguei para enfrentar o


corredor. Um par de sapatos pretos estava no azulejo rosa. Meus olhos
levantaram para ver Alex parado na porta, seu rosto contorcido de dor.
Lágrimas caíram em cascata pelo meu rosto. — Alex. — Eu sussurrei seu
nome como uma oração. — Já era hora.
39
Alex
Entrei mais rápido na sala, e a luz fraca das janelas banhou o rosto de Ella.
Ao ver seu queixo enfaixado, lábio e bochecha machucados, raiva e ódio ferveu
dentro de mim, mas o alívio de que ela estava segura apagou as chamas que se
enfureceram.

— Ella. — Eu sussurrei, meu coração batia forte de dor. — Você está


bem?

Ela se puxou para cima da cama. — Estou muito melhor agora que você
está aqui.

Passei meus braços em volta dela, segurando-a com força. — Eu não estou
machucando você, estou?

Ela começou a tremer, seu corpo vibrando de tanto rir. — Não, a única
maneira de me machucar é se você me soltar.

Foi bom ouvir sua voz e sua risada.

— Em algum momento, talvez seja necessário, mas esta noite vou jogar
de acordo com suas regras.

— Bom. Eu preciso de você nesta cama comigo.

Depois de jogar minha jaqueta de couro na cadeira do canto, tirei os


sapatos e me aconcheguei na cama. Eu a abracei e ela descansou a cabeça no
meu peito. Beijei sua testa, acariciando minha mão para cima e para baixo em
suas costas.

— Eu senti sua falta. — Eu respirei. — Sou um homem estúpido, idiota,


Ella. Você vai me perdoar algum dia?
— Eu sei que temos muito o que discutir. — Ela disse, levantando a
cabeça para olhar para mim. — Mas o que eu mais quero agora, mais que tudo
neste mundo, é segurar o homem que amo enquanto durmo.

— Você ainda me ama? — Eu perguntei, minha voz quase inaudível.

Ela abriu um sorriso e as lágrimas brotaram de seus olhos azuis. — Eu


nunca deixei.

Porra, eu perdi aqueles olhos. Tanta emoção fluía atrás deles e eu sabia
sem dúvida que ela me pertencia.

Nós pertencemos um ao outro.

— Eu acho que pertencia a você, antes mesmo de te conhecer. — Ela


sussurrou.

— O que? — Eu a encarei confuso. — Você disse isso em voz alta, bem,


você sussurrou em voz alta.

Inclinei meus lábios nos dela, beijando-a suavemente. — Eu te amo, Ella.

Sua cabeça caiu contra meu peito e eu a abracei com mais força. Tendo-a
em meus braços, sua pele contra a minha, sentindo sua respiração estável,
percebi que Ella era o meu mundo inteiro e eu nunca a deixaria ir.

***

Assim que o piloto disse que tínhamos atingido nossa altitude de viagem,
Ella pulou no meu colo. Seus lábios pousaram nos meus.

— Ella, seu lábio. — A força brutal do beijo me deixou preocupado com


aquele corte.

— Eu não dou a mínima para o meu lábio. Eu preciso de você. — Ela


segurou meu rosto com as mãos, esmagando seus lábios nos meus mais uma
vez.

— O que deu em você?


Ela arqueou uma sobrancelha, seus olhos azuis deslumbrados. — Vamos
falar sobre você entrar em mim, em vez disso.

— Tem certeza?

Ella ficou de pé e eu a segui. Suas mãos foram para a bainha do suéter que
comprei para ela, puxando-o sobre sua cabeça. Antes que ela tivesse alta, fiz
uma rápida viagem à cidade e comprei algumas roupas para ela. Eu não queria
que ela estivesse naqueles trapos de merda com os quais Charlie a vestiu. Mais
importante, eu não queria nenhum lembrete dele perto dela.

Eu cliquei no botão de chamada. — Joni, por favor, certifique-se de que a


Srta. Connolly e eu não seremos incomodados pela próxima hora.

— Sim, Sr. Robertsen.

Seu cabelo loiro caiu sobre seus ombros e ela passou os dedos pelas
pontas.

— Você é sexy pra caralho. — Estendi a mão e emaranhei minhas mãos


em seus cabelos, puxando-a para mim.

Merda. Eu estava sendo muito rude? Isso a lembraria do que ela acabou de
passar?

— Alex, eu sei o que você está pensando. — Disse ela, segurando a ponta
da minha camiseta. — O que ele fez comigo foi uma agressão. O que você... o
que estamos fazendo é puro prazer. Ele não consegue ter esse controle sobre
mim.

— Entendido. — Mudei minha mão para sua nuca, puxando sua boca
para a minha. Eu a beijei com força, empurrando minha língua contra a dela.

Suas mãos voaram para o meu jeans, abrindo o botão e eles caíram,
agrupando-se aos meus pés antes que eu tivesse a chance de tirar os sapatos.

— Muito impaciente? — Eu sorri.


Ela deu um passo para trás. Seus dedos cravaram no cós da calça. Ela as
chamava de calça comprida. Achei que fossem apenas leggings. Ela discutiu,
por longas horas, as diferenças entre leggings, roupas de descanso e calça de
ioga durante o café da manhã. Enquanto dirigíamos para o aeroporto, Ella me
pediu para adicionar uma nota no meu celular para lembrá-la de procurar
lingerie francesa para a loja.

Todas as pequenas coisas me lembraram o quanto eu sentia falta de seu


peculiar senso de humor e sua capacidade de transição de um tópico para outro
sem perder o ritmo.

Ela estava diante de mim com um sutiã sem alças e calcinha de algodão.
Porra, ela era linda. — Isso é novo. — Comentei, apontando para a tatuagem
que marcava a parte superior de sua coxa. — O que está escrito?

— Diz “ame sem medo”, em francês.

Como se essa mulher não pudesse ficar mais sexy, ela saiu e fez uma
tatuagem.

— Falando em novo, você tem mais barba do que eu me lembro. — Ela


comentou, puxando o pelo espesso que cobria minha bochecha.

— Fique nua, Ella. — Eu disse, tirando minha camiseta. — Nus agora,


falar mais tarde.

Minha mão trabalhou em meu pau enquanto a observava revelar seus seios
incríveis. Ela torceu os mamilos, endurecendo-os em picos perfeitos. Ela se
afastou de mim e tirou a calcinha, dando-me uma visão completa de sua bunda
sensacional presa àquelas pernas assassinas. Fazia tanto tempo que quase não
sabia por onde começar com ela.

— Absolutamente deslumbrante. — Eu disse, enquanto ela chegava mais


perto de mim.
— Deixe-me te ajudar com isso. — Ela agarrou meu pau com as duas
mãos, me bombeando com golpes lentos e longos.

Inclinando-me para frente, escovei seus longos cabelos por cima do


ombro, beijando sua pele macia. Eu levei minhas mãos em seu rosto,
pressionando meus lábios nos dela, despejando semanas de frustração, miséria,
preocupação e paixão em um beijo. Ella entendeu o que eu estava transmitindo,
porque suas mãos deixaram meu pau e se enrolaram nas minhas costas, me
puxando para mais perto.

Beijei sua garganta, através de sua clavícula, lambendo uma linha descendo
o vale entre seus seios antes de levar seu mamilo em minha boca. Eu mordisquei
e chupei ao longo de sua pele, beijando o máximo de seu corpo que pude.

— Alex. — Ela suspirou, suas unhas cravando em meus ombros.

— Senti falta de ouvir meu nome em seus lábios.

Eu a levantei contra o meu corpo e nos levei até o bar, onde a prendi
contra o balcão. Seus olhos estavam selvagens com antecipação. Eu caí de
joelhos e pressionei meus lábios em sua tatuagem. Minha língua traçou sobre a
bela tinta escrita enquanto minhas mãos espalmavam sua bunda.

— Abra suas pernas.

Suas unhas cravaram no meu couro cabeludo como uma mordida afiada
enquanto ela ampliava sua postura. O cheiro de sua excitação tomou conta de
mim, chamando minha atenção para sua fenda brilhante. Arrastei minha língua
através de seu calor úmido e ela soltou um gemido suave quando minha língua
chicoteou contra seu clitóris.

— Oh, aí está você. — Ela gemeu.

— Eu estou bem aqui. — Eu sorri contra sua pele e deslizei dois dedos
dentro dela. Um arrepio de corpo inteiro passou por ela e ela gritou meu nome.

— Você é linda pra caralho.


Eu torci meus dedos dentro dela, empurrando contra todos os pontos
certos enquanto seus dedos puxavam meu cabelo.

Súplicas e sussurros alternavam com gemidos ofegantes enquanto eu


empurrava mais fundo. Ella levantou seus quadris enquanto eu lambia mais e
mais sua maciez. Eu a devorei, provocando, saboreando e tomando tudo que
pude. Os espasmos atingiram seu corpo rapidamente e enquanto ela tremia de
prazer, suas coxas roçaram minha barba.

— Alex, meu Deus. — Ela engasgou, enquanto minha língua rodava


contra seu clitóris prolongando seu orgasmo. Retirando meus dedos, olhei para
cima, vendo-a corada e a cabeça pendurada de um lado para o outro.

— Eu não terminei com você, querida. — Eu rosnei, agarrando seus


quadris e girando-a. Suas palmas bateram contra a mesa de mármore. Com uma
mão pressionada contra a base de sua coluna, inclinei meu pau e empurrei
dentro dela com um movimento suave.

— Ahh, sim. — Ela gemeu, empurrando de volta contra mim. A sensação


era quase insuportável. Pegando seus seios, minha boca traçou uma trilha entre
suas omoplatas. Começamos devagar e aumentamos nossas estocadas,
encontrando o ritmo perfeito.

— Alex, mais Alex. — Ela implorou. — Mais de você.

Ela não tinha ideia do que estava dizendo, bem, talvez ela tivesse. Como
ela estava certa. Eu queria mais disso, nós dois juntos. Chega de fugir. Não se
preocupe mais com a culpa. Eu estava deixando essa merda ir.

— Mais forte, oh, por favor. — Ela murmurou.

Ondas do meu orgasmo agitaram-se na base da minha espinha. Uma das


minhas mãos agarrou a dela e eu afundei mais nela, gemendo ao sentir sua
boceta apertando meu pau. Impulsionando meus quadris com mais força, suas
pernas tremeram e eu sabia que ela estava perto.
— Ella, você se sente bem pra caralho, deixe ir.

Ela puxou a mão livre para a parte de trás do meu pescoço, sussurrando:
— Eu te amo, Alex.

Meus olhos se fecharam enquanto eu bombeava dentro dela com tudo que
eu tinha. A luxúria me levou e o êxtase iluminou cada célula do meu corpo. Suas
paredes se apertaram em torno de mim e meu orgasmo disparou pelas minhas
bolas. Chegamos ao clímax juntos. Porra.

— Isso foi incrível.

— Senti sua falta. — Disse eu, arrastando beijos ao longo de suas costas.

Ela se virou para me encarar. — Senti falta de sermos apenas Alex e Ella.

Meus lábios encontraram os de Ella e suas mãos se contorceram no meu


cabelo enquanto ela se derretia em mim. Ela era linda e perfeita e toda minha.

— Eu também.
40
Ella
Parecia que a única comunicação que eu e Alex tínhamos feito desde que
deixamos Canandaigua era de natureza física. Quando chegamos em casa, Alex
me pegou e me carregou direto para o chuveiro. Sem perder o ritmo, ele tirou
nossas roupas e, em seguida, me fodeu contra os azulejos frios enquanto o
vapor rolava em torno de nós. A única vez que saímos do quarto foi para jantar
e incrivelmente acabamos transando no chão da sala.

Não havia dúvida de que Alex e eu éramos muito bons em falar a língua
que dispensa palavras. No entanto, eu queria que fôssemos melhores para
realmente conversar um com o outro. Achei que éramos muito decentes nessa
parte do nosso relacionamento. Na verdade, provavelmente éramos melhores
do que a maioria, mas havia algo de errado nessa capacidade e tínhamos que
fazer alguns ajustes.

A tarde se transformou em noite rapidamente. Em vez de suar muito e


implorar a Alex para ligar o ar-condicionado, deitamos na cama olhando para
uma lareira no início de outubro. Eu me aconcheguei ao seu lado e ele deu um
beijo no topo da minha cabeça. Sua mão massageou círculos lentos contra meu
quadril e emaranhou minhas pernas com as dele. Não acho que ele tenha parado
de me tocar nenhuma vez desde ontem.

— Você está realmente seguindo a regra de não me deixar ir.

Ele mudou seu corpo para que ficássemos deitados cara a cara. —
Algumas regras devem ser seguidas.

Nossos lábios se encontraram para um beijo longo e lento, que se


transformou em um emaranhado de línguas e seus dedos provocando meus
mamilos. Cada parte dele estava dura e seus olhos castanhos se arregalaram no
momento em que virei a mesa e montei nele.

— O sexo pode esperar, temos coisas para discutir.

— Que tal conversarmos enquanto você está montando meu pau? — Suas
mãos estavam na minha bunda, me puxando para mais perto de sua ereção.

— Comporte-se. — Eu avisei batendo em suas mãos. — E eu vou


considerar isso.

Suas mãos alisaram meus braços para cima e para baixo. — Ok, eu
prometo.

— Em primeiro lugar, percebi que Marcus não estava em casa. O Range


Rover também não está aqui.

Seu rosto caiu e ele se virou para olhar pela janela. — Ella. — Ele suspirou
pesadamente. — Não há uma maneira fácil de te dizer isso. Ele está no hospital.

Minhas mãos voaram para minha boca. — O que aconteceu?

Alex me pegou em seus braços, puxando-me para o lado dele. — Houve


um acidente na noite em que você foi levada.

Pobre Marcus, meu coração subiu até a garganta. Eu ouvi Alex explicar
que uma van bateu em Marcus enquanto ele estava dirigindo. Ele passou a me
dizer que Marcus não estava usando cinto de segurança no momento do
acidente. O resto das palavras tocava repetidamente... concussão... sangramento
interno... cirurgia.

Eu encarei Alex e não pude deixar de chorar. — Eu me recuso a ser


qualquer coisa menos que positiva.

Seu polegar enxugou minhas lágrimas. — Ser positiva é uma ideia muito
boa. Por falar em positivo, as coisas no La Vienne Rose estão indo bem.
Alex foi muito gentil em mudar de assunto. Saber que não havia nada que
ele pudesse fazer por seu amigo de longa data deitado em uma cama de hospital
era uma agonia total para ele.

— Charlotte e Holliday pararam para avisar Mary-Ellen sobre o que havia


acontecido e ela concordou em não alertar a equipe. Ronan e Dean fizeram um
grande esforço para manter a mídia fora de tudo isso. Seus pais...

— Oh, meu Deus, meus pais. — Eu fechei meus olhos. — Eles devem
estar muito preocupados.

Os dedos de Alex puxaram meu queixo, me forçando a olhar para ele. —


Eles não sabem de nada. Ronan e Molly acharam que era melhor assim. Além
disso, seus pais estão na África do Sul em alguma reserva de caça remota. Eles
estão inacessíveis no momento.

Eu soltei um suspiro profundo, tentando absorver todas essas


informações. Marcus sendo ferido e no hospital pesava muito em minha mente.
Ele só precisava ficar bem. Juntando meu cabelo em minhas mãos, torci as
mechas jogando-as sobre um ombro.

Meus dentes roçaram meu lábio inferior. — Como você sabia onde me
encontrar?

Suas mãos se fecharam atrás da cabeça. — Bem, essa é uma história


interessante. Honestamente, eu me sentia impotente sentado no Addison. Eu
precisava voltar para onde você foi vista pela última vez. — Ele engoliu sua
emoção e continuou: — Eu tinha que fazer mais.

Eu sorri, pegando sua mão na minha. — Você sentiu algo chamando você
lá, não é?

Ele acenou com a cabeça e passou a me contar sobre o centro de comando


que Ronan e Molly tinham estabelecido e todas as pessoas que pararam para
ajudar a me encontrar. Meu coração estava explodindo, transbordando de
gratidão.

— Depois que o estacionamento não deu certo, fui ao Lorenzo. Do outro


lado da rua, notei um homem com uma câmera no pescoço. Quando ele me
viu, ele fugiu e eu corri atrás dele. Acontece que ele era um dos caras que estava
com Charlie na partida de pólo e ele me deu todas as informações que eu
precisava para encontrar você. — Ele engoliu em seco e esfregou o rosto com
as mãos. — Não sei o que teria feito se tivesse perdido você, Ella.

Eu trouxe minha mão para sua bochecha. — Você sabia como me


encontrar. Estou aqui por sua causa.

Segurando minha mão, ele salpicou meus dedos com beijos. Oh, como eu
amo este homem.

— Falando em câmeras, aqui está uma história bizarra para você. Nabila
e eu fomos a uma festa de fim de verão em Castle Hill e um cara perguntou se
podia tirar uma foto nossa, pensando que éramos modelos. Claramente, foi uma
frase de efeito muito ruim.

Alex ergueu uma sobrancelha. — Você deu uma olhada nele?

— Não, não consegui.

Alex se levantou e cruzou a sala dando-me uma bela vista de sua bunda.
Ele pegou seu telefone e seus dedos deslizaram pela tela. — Estou mandando
uma mensagem para você com a foto de um cara chamado John Kemp. Você
pode mandar para Nabila?

Peguei meu telefone e olhei para a tela. Apesar do fato de eu ter tido duas
conversas muito longas com meus dois irmãos antes de sair do hospital, cada
um deles havia enviado várias mensagens de texto ao longo da tarde.
Rapidamente construí uma mensagem em grupo, deixando-os saber que estava
bem e que entraria em contato com os dois em breve.
Quando puxei a foto que Alex enviou, reconheci o rosto do homem.
Enviei a mensagem para a Nabila. Era uma hora da manhã em Londres. Seria
uma disputa entre Nabila estar dormindo ou ter saído para dançar com Finn.

— Ok, agora que resolvemos essas questões cruciais. Que tal voltarmos
para assuntos mais íntimos? — Ele balançou as sobrancelhas e agarrou minhas
panturrilhas evitando meu tornozelo machucado, puxando-me para o meio da
cama. O colchão afundou quando Alex subiu e se acomodou entre minhas
coxas.

— Ainda precisamos conversar sobre por que você ficou fora por tanto
tempo.

Seu queixo caiu sobre o peito. — Sinto muito, Ella. Eu não deveria ter
deixado você sozinha. — Ele ergueu a cabeça, seus olhos castanhos fixos nos
meus. — Eu deveria ter ficado e trabalhado nisso. Na verdade, eu deveria ter
trabalhado com minha culpa e tristeza anos atrás.

Meu peito apertou ao ouvir o arrependimento em sua voz.

— Minha irmã disse que eu fujo das emoções. Ela argumentou que é meu
primeiro instinto. Aparentemente, é um padrão.

Dado o que Alex me contou sobre como ele veio para cá para The
Harbour depois de seu caso com Amanda e, em seguida, partiu após o acidente
com a van que me colocou no hospital, eu pude ver que era esse o problema.

— Estou inclinada a concordar com sua irmã.

Ele sorriu, arrastando os dedos pelas minhas coxas e joelhos. — Você sabe
o que mais Amy me disse, e espero que você também concorde?

— Diga-me.

— Ela me disse que você e eu estávamos destinados a nos encontrar.


Nunca pensei muito sobre destino e a coisa toda antes. Acho que a vidente dela
disse isso a ela, ou algo do tipo.
Minhas sobrancelhas arquearam com esta informação. — Sua irmã tem
uma vidente?

— Sim, ela também pratica o budismo, mas não conte para minha mãe,
ela é católica. — Seus dedos acariciaram mais alto, eventualmente roçando meu
abdômen.

Eu concordei. — Não vou contar a ninguém, mas acho que realmente


gostaria de conhecer sua família.

— Acho isso justo, considerando que conheci metade da sua. A propósito,


você precisa saber que eu tive que confessar ao seu irmão sobre nós dois.

Eu rolei sobre meus cotovelos. — Então, todo mundo sabe sobre nós?

— Sim, e estou oficialmente me aposentando como seu guarda-costas.

Eu fiz uma careta e mudei de posição em minhas mãos. — Mesmo? Mas


o que você vai fazer agora?

Ele agarrou minha nuca me puxando para mais perto. — Tive muito
tempo para pensar enquanto estive em Michigan, e muito mais nas últimas
quarenta e algumas horas estranhas. Lembra que eu disse que estava pensando
em expandir a Robertsen Security para Manhattan?

— Mhmmm.

— Pela primeira vez na minha vida, em vez de fugir de algo, estou


correndo em direção a algo - alguém. Eu tinha um motivo para vir aqui, pode
não ter sido claro naquela época, mas agora é, foi você, Ella. Sempre foi você.
— Ele roçou os lábios nos meus e minhas mãos se enredaram em seu pescoço.

O beijo foi longo, lento e maravilhosamente quente. Suas belas palavras


ondularam ao meu redor e desvendaram uma avalanche de emoções batendo
em cada parte de mim.

Alex passou o braço em volta da minha cintura, me guiando de volta para


o colchão. Sua boca mergulhou no oco da minha garganta, seu corpo vibrando
com a tensão. Alex e eu éramos dois estranhos que nos conhecemos em uma
calçada em Manhattan sem saber que estávamos ligados um ao outro de uma
forma surpreendente, mas significativa. Nós fomos embora, sem saber o nome
um do outro, na verdade, eu ainda não sabia o nome do meio de Alex.

— Ei, qual é o seu nome do meio?

Um sorriso afetado apareceu no canto da boca de Alex, seus olhos


castanhos brilharam com diversão. — William.

Com os olhos arregalados, eu encarei incrédula. — De jeito nenhum.

— Sim, agora posso voltar ao assunto de seduzi-la? — ele perguntou, antes


de envolver sua boca em volta do meu mamilo.

— Oh, sim, por favor continue.


41
Alex
Entrando na delegacia de polícia, um calafrio se instalou na minha espinha.
Fazia três semanas desde que Ella voltou para casa e a cada dia essas memórias
se distanciavam de nossas vidas. Dean me ligou uma hora atrás para me
informar que as autoridades finalmente capturaram Charlie McNeil.
Aparentemente, ele seduziu uma estudante universitária e ela o levou para a casa
dos pais no lago perto de Ithaca, onde ele estava se escondendo.

Desde o sequestro, Ella havia acordado algumas vezes no meio da noite


suando e entrando em pânico com pesadelos. Esta noite, no entanto, eu tinha
certeza que ela dormiria pacificamente sabendo que Charlie havia sido preso e
iria embora por um longo tempo. Seus pesadelos variavam de ser sequestrada e
espancada a ter Charlie jogando-a na lateral de um barco no oceano. Eu odiava
isso por ela, porque a água era minha calma e eu não queria que fosse uma fonte
de medo para ela. Mas eu colocaria a casa à venda em um segundo se ela me
pedisse.

Com a ajuda de Dean, Ronan e eu faríamos tudo o que pudéssemos para


garantir que Ella não tivesse que enfrentar o bastardo no tribunal.

Acontece que John Kemp era, na verdade, o cara com quem Nabila tinha
falado em Castle Hill naquela noite. Charlie o fez perseguir Ella, aparentemente
aquela era a noite em que planejavam levá-la, mas as coisas obviamente deram
errado.

Mais boas notícias, Marcus estava indo muito bem. Como ele estava se
curando rapidamente e implorando para que voltasse ao trabalho, nossos
médicos o liberaram para voltar ao serviço leve. Eu disse a ele para demorar
mais uma semana e depois conversaríamos. Ele concordou, embora eu pudesse
sentir que havia muita relutância.

— Alex, é bom ver você. — O agente Jake Rhodes se aproximou


estendendo sua mão para a minha. — Ele está perguntando por você.

— Eu não deveria dar a ele essa satisfação. — Meus punhos se fecharam


ao meu lado.

— A decisão é sua. — Respondeu ele. — Cinco minutos parece um bom


tempo para dar-lhe alguns conselhos amigáveis.

Corri a mão sobre a barba por fazer do meu queixo. Sim, a barba tinha
que sumir. Ella reclamou que escondia meu rosto. Eu tinha outras teorias que
envolviam erupções na pele e arranhões em seus seios e coxas. Verdade seja
dita, fiquei feliz por ela ter me pedido para fazer a barba.

Eu soltei um suspiro áspero. — Sim, ok, vou vê-lo.

A porta de metal se fechou com estrépito e meus olhos encontraram os


de Charlie. Ele se sentava em uma cadeira de plástico com as mãos amarradas
à mesa por correntes. Minha mandíbula apertou quando me sentei em frente a
ele.

— Fico feliz em ver que você pode vir, cara. — Uma única sobrancelha
se ergueu e ele se recostou na cadeira.

— Eu não posso dizer o mesmo, cara.

— Como está Ella? Os hematomas desagradáveis sararam?

Ele estava me provocando e eu não ia dar a ele a satisfação de saber que


me irritou.

— Eu deveria ter fodido sua pequena e doce boceta quando ela estava na
minha cama.
Quando ele falou essas palavras, tudo o que vi foi vermelho. Levantei-me e
minhas mãos voaram sobre a mesa, agarrando-o pela gola de seu macacão
laranja, trazendo-o a centímetros do meu rosto. — Escute bem, filho da puta.
— Eu rosnei. — Acabou. Você merece tudo o que está vindo para você. — Eu
o coloquei de volta na cadeira. Enquanto eu caminhava para trás, o sorriso
presunçoso permaneceu impresso em seu rosto.

Quando minhas costas bateram na porta, bati duas vezes. — Tenha uma
boa vida trancada, apodrecendo atrás dessas grades, idiota.

A porta se abriu e eu saí para o corredor. O agente Rhodes me deu um


aceno de cabeça enquanto eu passava pela recepção. Quando virei a esquina,
fiquei cara a cara com Ronan.

— Ei, cara, o que você está fazendo aqui?

Ele cruzou os braços sobre o peito. — Você achou que era o único a ter
um cara-a-cara com McNeil?

Uma risada áspera retumbou do meu peito, e eu corri a mão pelo meu
cabelo. — Acho que sim.

Ele se endireitou para mim e eu endureci minha espinha. Esse cara não
me pegaria em uma delegacia de polícia, certo? Ronan não me parecia um
cabeça quente. Na verdade, ele me lembrava alguém com uma atitude calma.
No entanto, o homem era um protetor. Eu estava a par dos detalhes da situação
de Derek Saunders. Ele fez um grande esforço para garantir que Holliday
estivesse segura e suponho que ele faria o mesmo por suas irmãs e filhas.

Mas, esse é um cara que sabe que coloquei minhas mãos em toda a sua
irmãzinha, e tenho certeza que ele pode ver em meu rosto que eu a fodi de seis
maneiras no domingo. Se ele precisava me bater por isso, eu entenderia. É
provavelmente justo dizer que eu faria o mesmo no que diz respeito a Amy.
Ele bateu com a mão no meu ombro. — Em tempos de crise, sempre
acreditei que um homem mostra seu verdadeiro caráter. Você é um ato de
classe, Alex. Obrigado por ajudar a trazer Ella para casa com segurança.

Minhas sobrancelhas se ergueram. O alívio tomou conta de mim. Não só


consegui manter minhas bolas, mas também não tive que me mudar para o Polo
Norte.

— Eu faria qualquer coisa por Ella. Você tem minha palavra. Eu sempre
vou mantê-la segura.

O aperto que ele tinha no meu ombro aumentou e ele segurou meu olhar
com autoridade firme. — Bom. Não me dê uma razão para pensar o contrário.

Ficando um pouco mais alto, eu assenti. — Garanto que não vou.

Um pequeno sorriso apareceu nos cantos de sua boca enquanto ele se


afastava. Não achei que Ronan e eu chamaríamos um ao outro de irmãos tão
cedo, mas estava claro que havíamos chegado a um acordo.

Lá fora, o cheiro de folhas molhadas com fumaça de escapamento pairava


pesado no ar. Do outro lado do estacionamento, pequenas crianças saíam de
um ônibus escolar. Eles formaram duas linhas, conforme as instruções de seu
professor. Eu sorri e pulei em meu Range Rover recém-restaurado. Ao sair do
estacionamento, pensei no dia em que meus próprios filhos fariam uma
excursão à delegacia de polícia para conversar com heróis reais do dia a dia.

Calma, Alex. Vamos com calma.

***

O som de sinos tocou. Da minha posição sentado no balcão, vi uma loira


sexy aparecer. Minha loira sexy balançando em minha direção enquanto seu
rabo de cavalo balançava de um lado para o outro.

— Ei, querido. — Disse ela, sentando-se ao meu lado.


Nos quinze segundos que ela levou para andar da porta do bar, eu pensei
em meia dúzia de maneiras de convencê-la a pular o encontro do café desta
tarde em favor de ir para casa e ficar nua.

— Bem, olá para você. — Inclinei-me e dei um beijo em seus lábios


vermelho-cereja.

— O que você tem feito hoje?

Ela tirou o casaco e colocou a bolsa na banqueta vazia ao lado dela. —


Bem, esta manhã parei em La Vienne Rose e verifiquei o carregamento. Liguei
para a loja de Londres e conversei com Bianca sobre o desfile de inverno. Estou
expressando positivamente que as vendas aumentaram 6% em relação ao ano
passado. Estou pensando em dar um aumento a ela.

Um pequeno prato com um muffin de cranberry e laranja sem glúten


apareceu diante de nós, junto com um grande chá e café preto.

— Tomei a liberdade de fazer o pedido para você.

— Yum, meu favorito. — Disse ela, seus olhos azuis brilharam. — Oh,
eu preciso que você marque o próximo sábado em sua agenda. Estamos indo
para a inauguração da boutique de Charlotte.

Eu olhei para ela por cima da minha caneca. — Sim, querida.

Ela se concentrou no muffin à sua frente, primeiro retirando o papel e


depois arrancando um pedacinho. — O que você tem feito hoje?

— Bem, eu dirigi até a cidade e parei na delegacia.

Sua cabeça estalou para olhar para mim. — Me diga mais.

É assim que era conosco agora, direto ao ponto. Nós concordamos em não
adoçar nada. Ella admitiu que adorou a maneira como me expressei quando
falei com ela sobre meu caso com Amanda. Real. Cru. Honesto.
Aparentemente, estávamos procurando indiferença em todos os assuntos
importantes. Tive a sensação de que isso mudaria com o tempo.
Meu polegar acariciou seu joelho. — Eles prenderam Charlie e eu tive uma
conversinha com ele.

Ela engoliu em seco e balançou a cabeça. — Graças a Deus eles o pegaram.


Tenho certeza de que tudo correu bem.

— Digamos que ele está arrependido de suas ações. — Menti. Foi uma
pequena mentira, mas não tinha estômago para contar a Ella o que ele realmente
disse.

— Certo. — Ela falou lentamente, arrancando um pedaço de muffin. —


Tenho certeza de que ele fez algum comentário sarcástico sobre meus seios ou
minha bunda ou de alguma parte do meu corpo e você disse imediatamente
para ele se foder. Eu entendi a essência?

Eu ri. — Droga, você é boa.

Às vezes eu me esquecia de como Ella poderia ser tola, além de ser


inteligente e doce. Ela era incrivelmente bonita, engraçada, minha companheira
de corrida favorita, e eu estava apaixonado por ela. Tudo dela.

— Eu também encontrei seu irmão.

Seu rosto se contraiu. — Ooooh, e como foi?

— Meu pau e minhas bolas ainda estão presos, e ele não ameaçou me
matar por foder com você todos esses meses.

Ela se aproximou sussurrando em meu ouvido: — Essa é uma boa notícia


para mim, porque gosto muito de seu pau e suas bolas.

Deus, eu amava sua mente suja. Não havia nenhuma maneira no inferno
que eu iria deixá-la ir. Tivemos a sorte de nos encontrar. Não havia dúvida de
que o que tínhamos era um amor verdadeiro.

— Oh, Tinley Atkinson passou na loja hoje à minha procura.

— Quem é Tinley Atkinson? — Dei de ombros antes de tomar meu café.


Ela revirou os olhos. — Oh, doce Alex, ela vive a dez casas de você. Ela
está namorando Matthew Barber, o cara que interpreta o super-herói em todos
aqueles filmes de quadrinhos.

Eu balancei minha cabeça. Sinceramente, não fazia ideia. — Não é


importante. — Ela acenou com as mãos na minha frente. — Ela me pediu para
vesti-la para uma entrevista que ela vai dar na televisão e eu estou muito animada.
E no próximo mês vou tomar coquetéis com ela e Holliday. Aparentemente, há
um evento de moda chamado Sip n’ Shop no primeiro sábado de dezembro.

Joguei uma nota de cinquenta no balcão e me levantei. — Ella, vamos


embora.

Seus olhos se estreitaram. — Mas ainda não terminei meu muffin ou chá.

O garçom colocou uma caixa rosa gigante na nossa frente. — Eu tenho


um pedido de muffins para viagem. Agora, pegue seu chá. E vamos dar o fora
daqui.

Ela fez uma careta para mim e pegou suas coisas. — Você é tão mandão.

Inclinei-me e sussurrei em seu cabelo. — Casa. Cama. Fodendo você,


agora.

Ela agarrou minha mão e liderou o caminho em direção à saída. Essa é


minha garota.
42
Ella
— Então, onde vocês se conheceram, afinal? — Meu irmão perguntou,
desdobrando seu guardanapo.

— Fora do O'Brien. É um pub irlandês não muito longe do The York


Hotel, na verdade. — Eu respondi, apontando para meu irmão e Holliday.

Eles trocaram olhares e riram.

Meu irmão bateu com a palma da mão na mesa. — Puta merda, agora,
tenho que comprar a porra do lugar.

Minhas sobrancelhas uniram-se. — O que?

— Ronan e eu tivemos um de nossos primeiros encontros lá. —


Respondeu Holliday, sorrindo e beijando a bochecha do meu irmão. — Ele está
pensando em comprá-lo desde então.

— É verdade. — Ele admitiu, levantando um ombro. — Agora, o que


devemos pedir?

Apesar de meus melhores esforços para ficar em paz desde a inauguração


da butique de Charlotte, fomos amarrados a um almoço tardio. Verdade seja
dita, isso já devia ter sido feito há muito tempo.

— Ouvi dizer que o pato com curry tailandês é excelente. — Eu disse


enquanto olhava o menu.

Ronan e Alex se entreolharam. — Hambúrgueres e batatas fritas.

No caminho para o restaurante, Alex e eu tentamos inventar desculpas


variadas para desistir, mas sabíamos que nenhuma funcionaria. Parecia que
havíamos encontrado um amor mútuo pelo cancelamento de planos no último
minuto. Era tão errado que nós apenas quiséssemos ir para casa e assistir Chicago
Fire? Começamos a assistir Chicago PD e então percebemos que os personagens
se cruzavam de vez em quando, então ficamos obcecados em acompanhar
Chicago Fire.

Embora secretamente, achei totalmente possível que ainda vivêssemos


com medo. Quando comecei a notar esse padrão, lembrei-me das palavras de
Alex "viva sem medo". Decidi que não seríamos mais caseiros. Uma noite, perto
do fogo, passamos um tempo fazendo uma lista de próximas viagens. Além de
Michigan, Alex queria me levar para Napa Valley. Aparentemente, a família de
seu amigo Ethan tinha uma vinícola lá. Eu queria levá-lo para um retiro de ioga
nas ilhas da Dalmácia. Não demorou muito para ele concordar, tudo o que tive
que fazer foi mostrar a ele o barco que nos levaria pelos vários portos da
Croácia. Eu também acho que a oportunidade para o paddle boarding foi
bastante atraente.

— Oh, meu Deus. — Holliday gorjeou, e passou a tela de seu telefone.

— O que é? — Eu perguntei, antes de tomar um gole do meu martini.

Ela apertou o telefone contra o peito. — Ok, eu tenho um grande segredo,


mas estou morrendo de vontade de contar a alguém. Eu mordi minha língua o
dia todo.

Alex olhou para ela. — Bem, se é um segredo, talvez devesse permanecer


em segredo.

Ela acenou para ele. — Estraga prazer. Você não é engraçado.

Ronan olhou para ela e balançou a cabeça. — Holliday, não.

Abençoado seja seu coração, isso não iria impedi-la de contar os detalhes
suculentos para mim. Eu estava feliz por ficar nos Estados Unidos
permanentemente, porque estava muito feliz por conhecer Holliday e adorava
ter meu irmão tão perto.
Eu levantei uma sobrancelha. — Diga logo, garota.

Seu rosto se contorceu e ela sussurrou gritando: — Grady James e Heather


Young foram para Las Vegas e se casaram. Ele me enviou uma foto esta manhã,
e agora eles estão indo para Belize para sua lua de mel.

— Não. — Eu engasguei e minha boca abriu em um silêncio atordoado.

Holliday empurrou seu telefone para mim e eu vi a foto, uma prova


positiva de que esses dois realmente se casaram. — Quanto tempo você acha
que vai durar?

Dei de ombros. — Milhões de mulheres em todo o mundo simplesmente


tiveram suas esperanças e sonhos destroçados. E você... — Eu disse,
levantando meu copo na direção de Ronan. — Você, meu irmão, se esquivou
de uma bala. Heather é uma idiota.

Holliday quase engasgou com sua bebida. — Eu amo seu irmão — Ela
tossiu.

Ronan fez uma careta para mim. Alex apenas balançou a cabeça e tomou
outro gole de uísque e perguntou sobre a compra do bar. Tive a sensação de
que Alex queria participar desse investimento imobiliário. O tempo diria.

Nossa garçonete se aproximou com um sorriso enorme. — Prontos para


pedir?

***

O resto do nosso almoço foi tranquilo, mas nos divertimos muito. A união
de negócios levou Ronan e Alex a tópicos relacionados a estatísticas de beisebol
e música country. Foi a coisa mais estranha, mas eu tinha certeza de que eles se
tornariam bons amigos.

O céu mudou de um tom pacífico de azul para um cinza maravilhoso. Alex


entrou na garagem e eu jurei que vi um floco de neve patinando no para-brisa.
Eu mantive meu foco no vidro e com certeza uma rajada de flocos pesados e
úmidos apareceu.

— Primeira neve da temporada. — Alex apontou enquanto estacionava o


Range Rover.

— É lindo. — Comentei, saindo para o frio.

Ele contornou a frente do Range Rover com as mãos nos bolsos. — Você
é linda.

Sem ter certeza de quanto tempo ficamos ali admirando a natureza em


toda sua beleza e pegando flocos de neve em nossas línguas, eu senti um arrepio
profundo em meus ossos. Meus dentes batiam e Alex passou os braços em volta
de mim por trás. Senti minhas entranhas derretendo, apesar do vento frio
uivando ao nosso redor.

Alex digitou o código de segurança em seu telefone enquanto subíamos as


escadas. Abri a porta e caímos para dentro. Alex estava diante de mim, seu
cabelo molhado da neve e seus olhos castanhos brilhando como chamas de
ouro. Ele me tirou o fôlego. Seus braços envolveram minha cintura e meu corpo
pressionou contra o dele.

Ele tomou minha boca em um beijo urgente e eu o puxei para mais perto
em busca de calor. Desabotoando o casaco de Alex, joguei-o no banco do hall
externo antes de remover o meu. Tiramos nossas roupas molhadas e implorei
a Alex para me aquecer na parte mais quente da casa que ele pudesse pensar.

Com um movimento de seu braço, seu telefone acendeu a lareira da sala.


Ele agarrou meu rosto e me beijou, seu calor irradiando por todo o meu corpo.

— Como você sabia?

Os dentes de Alex arranharam o lóbulo da minha orelha e seus dedos se


enredaram no meu cabelo. — Como eu sabia que você queria que eu te fodesse
na frente de uma lareira?
— Danadinho. — Eu bati em seu peito, seus músculos flexionaram sob
meu toque.

Ele me pegou e me puxou por cima do ombro até a sala de estar. Quando
estávamos sentados no tapete, suas mãos massagearam minhas coxas e tudo em
mim começou a enrolar e apertar. Minhas mãos encontraram o caminho sobre
seus ombros e eu o guiei sobre mim.

Sua cabeça baixou para me beijar e seus lábios estavam em todos os lugares
- meus lábios, minhas bochechas, minha garganta, eventualmente fazendo seu
caminho para meus seios, onde ele chupou e lambeu até que eu implorei para
ele me foder.

— Eu quero você, Alex. Eu preciso sentir você dentro de mim.

Seus dentes roçaram meu mamilo. Meus braços envolveram seu pescoço,
um incentivo suave da minha parte para fazer com que ele me desse o que eu
queria.

Ele empurrou em mim, girando seus quadris, me enchendo


completamente. Gemidos de prazer e suspiros sedutores pedindo por mais
acompanhavam os golpes lentos e suaves.

— Você se sente tão bem. — Minha voz estava ofegante, meu pulso
acelerado.

A intensidade chamejou em seus olhos. Ele trabalhou seus quadris e


minhas unhas cravaram em sua cintura.

— Você é tão perfeita, isso é perfeito. — Ele murmurou.

Mudei meus quadris, esticando-me amplamente, ele deslizou todo o


caminho fazendo-me arquear e gritar.

— Estou tão profundamente dentro de você. — Ele sussurrou


sombriamente.
Arrepios irradiaram e eu pude sentir a dor profunda do meu orgasmo
tomando conta. Os músculos de seu pescoço e ombros se contraíram. Eu alisei
minhas mãos em suas costas, esmagando meus lábios nos dele, enfiando minha
língua em sua boca.

Ele aumentou seu ritmo sabendo que eu estava no limite. — Chegue lá,
querida. — Ele murmurou sedutoramente, enquanto empurrava dentro de
mim.— Estou perto e preciso de você comigo.

Eu agitei meus quadris embaixo dele, perseguindo o orgasmo que estava


tão perto. Seus quadris trabalharam a uma velocidade magnífica que quase me
fez entrar em combustão. Ele atraiu o polegar para o meu clitóris e ondas
maravilhosas de prazer me rasgaram. Soltei um grito sem fôlego seguido por
seu nome: — Alex.

E então ele estava lá ultrapassando o limite comigo. Com um gemido, ele


caiu em cima de mim e rolou para se aninhar ao meu lado. Nós nos agarramos
um ao outro, ofegantes.

— Você está tão linda, toda rosa e corada. — Sua mão subiu para a base
do meu pescoço. — Eu amo você.

— Eu te amo, obrigada por me deixar toda rosa e corada. — Eu me enrolei


nele e adormecemos enrolados juntos. Foi perfeito e mágico, e de alguma forma
eu sabia que sempre seria assim com nós dois.
43
Ella
Vários meses depois
Eu levantei minha cabeça com o cheiro de canela quente fazendo cócegas
em meus sentidos. Alex estava parado na porta do meu escritório parecendo
sexy como o inferno, vestindo uma camiseta azul debaixo de sua jaqueta de
couro. Meus olhos admiraram suas pernas longas e musculosas, seu torso tenso
e aqueles olhos castanhos brilhantes, que nunca deixaram de dizer "venha me
foder". Ele nem estava nu, mas eu tinha pensamentos muito sujos girando em
minha mente.

Puta merda, sou uma garota de sorte.

— O que você está fazendo aqui? — Eu perguntei, olhando para o relógio.


Eram oito e meia e eu ainda não tinha terminado de analisar os números do
relatório de vendas semanais. Além disso, eu tinha o plano aberto para compra
que precisava da minha atenção, juntamente com uma edição de moda para a
revista One Park Avenue. Fiquei surpresa quando eles me pediram para editar
como convidada para a edição de março - depois da edição de setembro, esta
era a segunda maior edição de moda.

— Eu só queria ver como você está, sei que você tem muito trabalho,
arrumando as pontas soltas antes de partirmos.

— Aww, você é um doce, mas Tiffany e eu temos isso sob controle. Você
não precisa se preocupar.

— Mandei Tiffany para casa, ela tem um namorado e é seu último ano,
deixe-a aproveitar a última semana de suas férias de inverno.
— Droga, você é tão legal.

Ele deu de ombros e deu um beijo em meus lábios. — Eu não posso evitar,
mas você deve saber que fiz isso por motivos puramente egoístas. Então, talvez,
eu não seja tão legal.

Eu sorri. — O que você disser, lindo.

Depois de tomar um gole do meu café, desliguei a música e fechei meu


laptop. Os últimos meses foram incríveis. Ambas as lojas aumentaram o índice
de vendas em quase vinte por cento combinadas. Mesmo que sua loja não
ficasse longe da minha, Charlotte perguntou se eu levaria algumas peças de sua
coleção. Ela se desculpou por seu mau comportamento na festa de aniversário
de Holliday e eu aceitei. Ela não estava errada em suas ações, estava em uma
época ruim. Tivemos uma boa conversa. Além disso, em breve seríamos uma
família.

Peguei o relatório que imprimi da copiadora. — Quando nosso voo sai


para Park City amanhã de manhã?

Ronan foi convidado para participar do Festival de Cinema de Sundance


como um dos jurados. Então ele convidou Alex e eu para irmos também. Ele e
Heather Young iriam estrear o trailer de seu filme, A Thousand Words, no jantar
de arrecadação de fundos da campanha Connolly.

Alex me olhou por cima de sua xícara. — Dez horas. Ronan ligou esta
tarde e finalizou o itinerário do voo. Ele mencionou que Van Wyk dará uma
festa de boas-vindas amanhã à noite.

— Sim, Holliday ligou mais cedo e disse a mesma coisa. — Levantei-me e


fui até o arquivo, guardando as últimas planilhas de vendas. — Ela queria aquele
suéter cinza, aquele com zíperes. Eu empacotei junto com algumas outras peças
que serão perfeitas para o clima de neve.
— Vocês garotas e suas roupas. — Ele zombou, balançando a cabeça. —
Seu plano de me tirar para fora do armário está quase completo.

— Por que você simplesmente não constrói um maior para mim? — Eu


perguntei, empurrando o laptop na minha bolsa e puxando-o no meu ombro.

— Vou resolver isso com todo o tempo livre que tenho.

Alex tinha muito pouco tempo livre atualmente. Ele se retirou


completamente do trabalho de campo e estava perfeitamente feliz por ser o
chefe. Escondido em seu escritório, ele passava os dias rastreando a logística,
monitorando a inteligência e, como podia, enfrentava escândalos ocasionais
com celebridades. Patrick mudou-se para Manhattan para dirigir o escritório de
New York e Marcus era o comandante-chefe em Grand Rapids. Além de tudo
isso, ele abriu um negócio com meu irmão e eles compraram o O'Brien Irish
Pub. Foi uma grande coincidência ter um significado tão especial para mim e
meu irmão.

Íamos para a cidade uma vez por semana porque Alex concordou em ver
um terapeuta algumas vezes por mês para trabalhar com qualquer culpa ou
medo que ainda possa persistir. Eu estava muito orgulhosa dele. Ele voltaria ao
seu neutro em breve.

Dobrei a esquina da minha mesa e corri para a sala de estoque, onde


apaguei todas as luzes e o sistema de som. Meu trabalho podia esperar até de
manhã, ou pelo menos até quando estivéssemos no jato. A única coisa que
faltava fazer era definir o alarme e o painel de segurança estava perto da frente
da loja.

— Oh. — Eu bati em seu ombro com o meu. — Eu já disse que Tinley e


Matthew nos convidaram para uma festa na casa dele em Aspen depois do
festival?

— Que tipo de festa? — Ele perguntou, antes de jogar sua xícara de café
vazia na lixeira.
Dei de ombros. — Ela disse que seria algo íntimo, coquetel, suponho.

Ele soltou um suspiro. — Vou precisar de um assistente para me ajudar a


controlar minha vida social.

Eu ri. — Isso faz parte do meu trabalho. Posso ajudar em todas as coisas
relacionadas a festas.

— Diz a ex-festeira.

— Touché, mas não podemos gastar todo o nosso tempo assistindo TV e


nos escondendo.

— Eu gosto de ter você só para mim. — Ele suspirou, envolvendo os


braços em volta da minha cintura. — Veja, eu sou egoísta.

— Viva sem medo. — Eu o lembrei, antes de dar um beijo em seus lábios.


— Além disso, me ame sem medo.

Uma noite, depois do jantar, expliquei a Alex o significado por trás da


minha tatuagem, mesmo durante a parte mais sombria de nosso
relacionamento, eu o amava e ele me amava. Eu acreditava que poderíamos
estar juntos, amando um ao outro sem ninguém ou nada nos segurando.

Foda-se as regras. Foda-se nossas regras. Deus, éramos tão burros.

— Não é um problema.

— Bom, vamos sair daqui.

Depois que tranquei meu escritório, caminhamos pelo corredor de mãos


dadas. A vida era boa. Na verdade, era melhor do que boa, era literalmente
incrível. Passamos o Natal com sua família em Grosse Point e, em seguida,
passamos o ano novo deitados em uma praia em St. Barts. Era difícil imaginar
como era minha vida antes de conhecer Alex. Nossa vida estava se
transformando em uma aventura após a outra e não havia ninguém com quem
eu preferisse estar nessa jornada.
No caminho para a porta, parei para pegar um lenço que havia caído no
chão.

Dando um passo atrás de mim, suas mãos caíram em meus quadris, ele
sussurrou: — Eu tive um sonho que começou exatamente assim.

— Interessante... eu curvada sobre uma mesa dobrando roupas? — Eu


me virei para encará-lo. — Tem certeza de que não estava me observando lavar
roupa?

Seus lábios roçaram os meus, mas ele não me beijou. — Passe-me esse
lenço e eu mostro a você. — O calor de sua voz combinava com o fogo em seu
olhar intenso.

Intrigada, entreguei-lhe o lenço. Ele me conduziu pela área de vendas até


uma das colunas em frente aos provadores. Um sorriso sacana apareceu no
canto dos lábios de Alex.

— Tire a roupa.

Eu arqueei uma sobrancelha. — Agora?

— Vamos lá, seja uma boa menina e me dê o luxo.

— Oh, então fazemos esse tipo de coisa agora. — Eu disse, gesticulando


da coluna para o tecido de seda que ele segurava em suas mãos.

Ele balançou sua cabeça. — Não temos que fazer nada.

Ainda assim, minha curiosidade levou o melhor de mim. — Talvez eu


também já tenha tido esse sonho uma ou duas vezes.

Verdade seja dita, eu tive alguns sonhos em que estava amarrada, meus
pesadelos se transformaram em minhas fantasias. Talvez eu tivesse distorcido
um pouco as coisas.

— Mesmo? — Ele ergueu uma sobrancelha e um sorriso presunçoso


cruzou seu rosto.
Meus lábios se torceram. — Eu posso praticamente ouvir seu pau
endurecendo com a minha confissão.

— Eu adoro quando você fala sujo.

— Talvez eu precise arrumar minha cabeça. Devo marcar uma consulta


com seu terapeuta.

— Não bata até tentar.

Sem demora, tirei minha calça jeans e joguei minha blusa de lado. Logo
estávamos ambos nus no meio da minha loja. Graças a Deus, as luzes estavam
apagadas. Caso contrário, todos em Harbor Drive iriam ter um show de sexo.

Ele me obrigou a avançar, trazendo minhas mãos de cada lado da coluna.


— Estou te machucando?

— Não. — Respondi com sinceridade, sentindo meus mamilos


endurecerem enquanto roçavam o concreto frio.

— Você confia em mim? — Ele perguntou, envolvendo a seda em volta


dos meus pulsos, fazendo um nó duplo.

— Absolutamente.

Alex nem havia me tocado ainda e eu já estava pegando fogo por ele. Ele
se moveu para ficar atrás de mim. As pontas dos dedos dele sussurraram nas
minhas costas, deixando rastros quentes de fogo picando cada centímetro da
minha pele. O concreto frio foi quase um alívio bem-vindo.

— Olá, linda. — O calor de sua respiração soprou contra minha bochecha,


enviando um delicioso arrepio pela minha espinha.

— Alex. — Seu nome saiu em um gemido baixo. Eu empurrei meu corpo


contra o dele, sentindo seu pau contra a minha bunda. Suas mãos subiram pela
minha caixa torácica, segurando cada seio e massageando em círculos lentos.
Minha cabeça caiu para trás em seu ombro. Afagando meu cabelo para
fora do caminho, ele beijou o caminho até minha garganta. Seu pau apertou
contra minha bunda. Eu estava com tanto calor que pensei que poderia entrar
em combustão.

— Estive pensando em você o dia todo. Sabia disso?

Despertada com sua voz, tremi com sua pergunta. — Sim... Eu sei.

Eu estava incrivelmente molhada, senti a umidade se acumulando entre


minhas coxas. Com um impulso rápido, ele estava dentro de mim, girando seus
quadris contra mim. Não ser capaz de tocá-lo era uma tortura, embora eu não
pudesse vê-lo, eu o senti, ele estava lá me tocando. Alex estava em toda parte -
ligado a mim, não por causa de algum tecido de seda ou um cheque de
pagamento, mas porque vivíamos um dentro do outro. O que não sabíamos era
que as estrelas definitivamente tinham um plano para nós e estávamos
conectados de uma forma muito maior.

— Dê-me tudo que têm, Ella.

Os espasmos profundos do meu orgasmo ondularam, iluminando cada


nervo do meu corpo. Seus dedos cravaram em minha pele enquanto ele
aumentava o ritmo. Impulsionando seus quadris com mais força, eu sabia que
estava perto, quando minhas pernas tremeram e bateram contra o pilar.

— Sim... Sim... Mais. — Minha mente estava nebulosa perdida em uma


névoa de luxúria.

— Eu quero tudo. — Ele rosnou. — Porra, você é tão boa.

Minhas paredes se contraíram em torno dele e eu pulei, mergulhando em


um mar de êxtase. Ele gozou com um rugido silencioso enquanto seus lábios
beijavam entre minhas omoplatas. Uma ladainha de maldições gemeu em minha
pele.

— Que tal Amsterdã?


— Você disse tremores secundários? — Eu estava uma bagunça, os
tremores continuando seu ataque implacável.

Nu e lindo, ele parou na minha frente, um sorriso preguiçoso nos lábios.


— Eu disse, que tal Amsterdã?

— Oh, tudo bem?

— Você aumentou seu tom de voz, de novo. — Ele afrouxou a seda dos
meus braços. — A propósito, coloque isso na minha conta. — Alex me
empurrou para trás, massageando suavemente meus braços. Ele afastou o
cabelo do meu rosto e mergulhou seus lábios nos meus, beijando-me suave e
lentamente. Eu derreti nele.

— Jantar? — Ele perguntou, suas mãos acariciando minhas costas.

— Em Amsterdã?

Ele riu. — Você é adorável, preciso amarrá-la com mais frequência.


Rápido, qual é o meu nome?

— William, foi isso?

— Sim, Kate, era uma vez, por uma noite incrível. — Ele sorriu, puxando
o jeans para cima e sobre os quadris.

— Uau, fechamos o círculo da representação de dominação.

Ele puxou a camisa pela cabeça. — Isso dificilmente foi dominação.

— Beije-me, Alex.

— Oh. — Ele solicitou, enquanto as pontas de seus polegares acariciavam


minhas bochechas. — Então você se lembra do meu nome?

— Eu nunca esqueceria o seu nome.


Epílogo
Alex
Um ano e alguns meses depois
— Você tem um filho. — Afirmou Vince com orgulho, batendo no meu
ombro. — Parabéns irmão.

— Ele é simplesmente lindo, Alex. — Disse Amanda com um sorriso


brilhante. A filha deles, Leandra, tinha acabado de fazer dois anos não fazia
muito tempo.

— Obrigado, não poderíamos estar mais felizes. — Eu disse, colocando-


o de volta em seu berço.

Ethan entrou na sala com Nabila bem atrás dele.

— Está quase na hora, amigo. Esta pronto? — Ele perguntou, suas mãos
segurando meus ombros.

— Oh, meu pequeno afilhado é incrivelmente adorável. — Nabila


murmurou, ajustando o cobertor de Will.

Sorrindo, apontei para nossa babá. — Rosie, você poderia levar William
para o berçário?

Ela acenou com a cabeça e então o pegou em seus braços. Rosie era tão
boa com ele. Era difícil acreditar que ele já tinha cinco meses. Vince e Amanda
saíram da casa e se juntaram aos outros convidados na praia.

— Como está minha garota? — Eu perguntei, parando na frente do


espelho ajustando minha gravata.

— Ella está bem. Ela mal pode esperar para se casar com você.
— Excelente notícia. — Eu disse, juntando minhas mãos. — E, o negócio
é o seguinte. Eu preciso me casar. Minha noiva e eu temos um avião para pegar
em breve, e estou muito ansioso para comemorar adequadamente.

— Bem, eu não consigo controlar o sol, amigo. Você é quem queria se


casar ao entardecer em uma praia em junho.

— Aham, na verdade, Ethan, isso não foi totalmente preciso. — Ao som


da doce voz de Ella, cobri meus olhos.

— Ella, você sabe que dá azar nos vermos antes da cerimônia.

— Vocês poderiam nos dar um momento? Preciso falar com Alex.

O som de saltos batendo contra o piso de madeira fez meu coração


disparar. O sangue subiu aos meus ouvidos e, de repente, me senti tonto.

Pare de ser um covarde, Alex, e pare de ser um imbecil.

— Querida? — Chamei por cima do ombro. — Se você está tendo


dúvidas, agora é a hora de me dizer. Quer dizer, está tudo bem. Minha mãe está
um pouco chateada comigo por não nos casarmos em uma igreja, mas eu sei
que ela vai superar isso. Amy vai dizer que ela é budista para tirar a pressão de
nós hoje.

Suas mãos vieram até as minhas e então ela as empurrou para longe dos
meus olhos, que eu ainda mantive bem apertados.

— Alex, olhe para mim, por favor.

Eu lentamente abri meus olhos. Meu queixo caiu no chão. Ela era de tirar
o fôlego, uma visão em marfim, e aquela cor vermelha ardente em seus lábios
deixou meu pau meio duro. Metade de seu cabelo loiro estava amarrado para
trás com algumas mechas soltas emoldurando seu rosto e longas ondas caindo
em cascata sobre seus ombros.

Jesus Cristo.
O vestido que ela usava a abraçava em todos os lugares certos e mostrava
a plenitude de seus seios. Depois do bebê, Ella ficou ainda mais linda. Quando
a pedi em casamento, ela estava grávida de cinco meses. Ela disse não e depois
engoliu meia caixa de sorvete. Mais tarde naquela noite, eu a encontrei chorando
no chuveiro, resmungando sobre estar inchada e feia. Tirei minhas roupas e me
juntei a ela, beijei-a em todos os lugares e não parei. Eu disse a ela o quanto a
amava e que para mim ela era a mulher mais linda do mundo. Então, tivemos o
sexo mais incrível no chuveiro. Aparentemente, o sexo na gravidez era uma
loucura quente.

Quem iria saber?

Entre o sexo no banho e o reabastecimento do freezer com seus sabores


de sorvete favoritos, ela concordou em se casar comigo. Eu encarei o diamante
cintilante em sua mão esquerda. Ronan arrumou para mim com seu designer de
anel, Tomas, e eu mandei desenhar o anel perfeito - um diamante French Pave
Halo de quatro quilates incrustado em platina. Sua aliança de casamento era um
círculo de diamantes brilhantes, possuindo duas coisas que ela amava: o estilo
francês e detalhes clássicos.

Meus dedos brincaram sob a alça fina de seu vestido, roçando a nova
tatuagem acima de seu seio. Algarismos romanos para a data em que nos
conhecemos, dando-me um novo motivo para lembrar.

Ela baixou a cabeça para encontrar meus olhos. Ela estava dizendo algo,
mas poderia muito bem ser em francês, porque eu estava muito ocupado
admirando cada centímetro de seu corpo para ouvir qualquer coisa.

— Querida, você está deslumbrante. — Eu disse, deslizando minha mão


sobre sua barriga. Eu explorei todas as maneiras de tirá-la desse vestido. Além
de rasgá-lo, havia apenas uma maneira que fazia sentido lógico, um zíper que
começava na parte inferior das costas.

Pedaço de bolo.
— Obrigada, você também. — Disse ela, passando as mãos para cima e
sobre o meu peito. — Esse terno é incrível, só a alfaiataria. — Seus olhos
continuaram observando cada centímetro do meu terno azul escuro.

Meus dedos puxaram seu queixo. — O que está acontecendo?

Ela olhou para mim, aqueles olhos azuis brilhantes perfurando minha
alma. — Eu não acho que posso fazer isso. É tudo demais.

Meus braços envolveram sua cintura e eu respirei seu perfume floral. —


Ok, vamos fugir e nos casar. Vou dar a Ethan as chaves da nossa casa e ele e
Nabila podem cuidar de tudo.

Ela balançou a cabeça, batendo o punho no meu peito. — Porra, eu te


amo.

Eu tirei seu cabelo de seu ombro e, em seguida, dei um beijo em sua pele
dourada. — Eu também te amo. Deixe-me pegar as chaves do Mercedes e as
malas do quarto e então podemos ir embora.

— Querido, não, temos convidados.

Meus lábios roçaram a pele abaixo de sua orelha e eu senti minha


preocupação desaparecer como o sol da tarde. Nossos convidados
provavelmente estavam suando muito, então eu precisava apressar essa
conversa.

— Então, você vai se casar comigo hoje?

— Talvez, mas não vou ficar parada lá sozinha.

— Não. — Eu disse, olhando em seus olhos. — Nabila, Tinley e Holliday


estarão todos bem atrás de você. E eu estarei de pé na sua frente.

Ela riu. — Alex, querido, estou grávida, de novo.

— Puta merda, você está falando sério?


Ela acenou com a cabeça e disse: — Oito semanas. Você deve ter algum
tipo de superespermatozóide mutante ou algo assim.

Meus braços a envolveram e eu a levantei do chão. — Você me faz muito


feliz.

— E você me deu mais do que eu jamais sonhei ser possível. No momento


em que coloquei meus olhos em você, todo o meu mundo mudou.

— Então, que tal mudar meu mundo hoje e permitir que eu me torne seu
marido.

— Seria possível conseguir um pouco de sorvete após a cerimônia?

Dei um beijo em sua testa. — Você pode ter todos os trinta e um sabores,
se quiser.

Peguei minha noiva, renunciando à tradição de fazer seu pai levá-la até o
altar. O cara teria que me perdoar. Meus motivos eram duplos. Um: demos ao
nosso filho o nome do meio Carrick, apropriadamente chamado em
homenagem ao pai de Ella. Dois: ele já acompanhou Molly até o altar. Bônus:
Ella e eu estávamos dando a ele outro neto.

O quão louco ele poderia ficar?

Eu a carreguei além da piscina, através do gramado e até a duna com vista


para o oceano. Eu mal podia esperar para me casar com essa mulher. O pai de
Ella nos lançou um olhar confuso e desceu as escadas para ficar ao lado de sua
família.

— Nós estamos grávidos! — Ella riu levantando o punho no ar. — Agora


case comigo, Alex Robertsen, para que possamos ir fazer sexo!

Ronan e seu pai estreitaram os olhos para mim.

Merda. Talvez eu devesse repensar o Iêmen.

FIM
Cena Bônus
Alex
— Ella, você está em casa?

Eu me arrasto pela cozinha e pelo corredor, agarro a maçaneta da porta


do porão e desço as escadas.

— Querida, você está aqui embaixo? — Eu chamo para o porão.

— Sim, apenas terminando os últimos minutos do meu tempo.

Eu pulo o último degrau e é quando a vejo correndo na esteira. Seus seios,


cheios e lindos, saltam a cada passo que ela dá. E não me fale sobre suas pernas
longas.

Eu olho para a tela; ela tem cerca de trinta segundos restantes. Eu pretendo
prolongar.

— Onde estão as crianças? — Eu pergunto, tirando meus sapatos.

A esteira desacelera e ela solta um suspiro profundo. — Eles estão no


centro de arte com Holliday, Michael e Arabella.

Eu soltei uma risada. — Holliday está com nossos filhos e os dela?

Ella acena com a cabeça. — Sim, mas ela tem duas babás à disposição,
então é isso.

Eu entrego a ela uma toalha do gancho na parede. Nosso ginásio em casa


é muito útil. Nós dois trabalhamos horas longas e loucas. Sem mencionar que
temos dois filhos na escola primária, então fazer um treino pode ser um desafio.

— Obrigada, — ela diz. — O que você está fazendo em casa tão cedo?
Eu tiro minha camisa e jogo no chão. — Você esteve em minha mente o
dia todo. Eu quero algum tempo adulto sozinho com minha esposa.

Ella esteve em Las Vegas em uma feira de roupas nos últimos seis dias.
Ontem à noite, quando ela chegou em casa, tudo se resumia a um tempo para
a família. Ela estava tão exausta de viajar que adormeceu logo após o jantar.

Suas mãos pousam em seus quadris. — Eu não vou te foder depois de ter
suado pra caramba na última hora. Estou fedendo.

— Bom, — eu digo. — Eu amo o cheiro de suor em você.

Minha esposa tem a teoria de que suor e boceta não combinam bem. Eu
poderia me importar menos; ela é minha esposa e eu a amo. Ella ainda luta com
o corpo pós-bebê. Mesmo que ela não esteja grávida há anos.

— Querida, tire essas roupas ou eu faço isso por você.

Suas mãos caem para os quadris e ela sorri. Eu faço meu movimento
empurrando minhas mãos sob o tecido de seu sutiã esportivo. Eu coloco o
material para cima e sobre seus seios e rolo um de seus mamilos entre meus
dedos.

Ela solta um gemido, — Alex.

Eu beijo meu caminho até seu pescoço, lambendo sua pele encharcada de
suor. — Deus, você cheira tão bem, — eu respiro. — Estou pulando as
preliminares esta tarde. Vou compensar mais tarde. — Abro o zíper da calça e
tiro meu pau.

As mãos de Ella passam pelos meus ombros e pelos meus braços. — Eu


sei que você vai. — Sua voz fica rouca.

Eu amo o jeito que ela me olha. Seus olhos azuis cristalinos estão cheios
de muito amor por mim. Sou um homem de sorte.

— Você é tão linda e você é minha, — eu digo, antes de enganchar meus


polegares no cós de seu short puxando-o sobre sua bunda perfeita.
Minhas mãos são gananciosas enquanto deslizam sobre cada centímetro
de sua pele úmida de suor, amassando e acariciando todos os lugares que
conheço tão bem.

Eu a giro e cavo meus dedos em seus quadris. — Ella, segure na esteira,


porque isso vai ser rápido e forte.

— Ahhh, — ela grita quando eu cavo meus dedos em seus quadris.

Um arrepio percorre todo o seu corpo quando deslizo meu pau em sua
umidade. Meus primeiros golpes são lentos. Eu gosto da sensação de estar
dentro dela, estar tão perto dela.

— Tão bom, — ela geme. — Mais forte, Alex, por favor.

Eu enterro minha cabeça em seu pescoço, mordendo e chupando


enquanto meus quadris balançam contra ela por trás. — Seu corpo foi feito para
mim, — digo a ela.

— Sim, sim, — ela sibila. O desespero em sua voz me anima. Eu posso


dizer que ela está perto. Eu aumento minha velocidade e empurro mais fundo.
Um arrepio se agita na base da minha espinha.

— Oh, porra, — sua cabeça cai para frente e seus músculos internos
apertam todo o comprimento do meu pau.

Meu orgasmo sobe e toma conta. — Ella, — eu rugi, enquanto estrelas


piscavam atrás de minhas pálpebras.

Eu arrasto meus lábios em suas costas, pressionando beijos entre suas


omoplatas, respirando-a, deleitando-me com o momento. Ella se levanta e se
vira para mim.

Meus braços ficam moles, mas consigo ajudá-la a colocar o sutiã de volta
no lugar. Ela usa a toalha para limpar meu pau e dá um beijo em meus lábios.

Ela usa um pano úmido e joga no lixo. Ela puxa o short e eu puxo minha
camisa de volta.
Pegando-a pela cintura, empurro as mechas soltas de seu cabelo loiro de
seu rosto. — Isso foi incrível.

As mãos de Ella enquadram meu rosto. — Eu preciso de sorvete.

Eu ri. — Primeiro, diga que você me ama.

Ela pressiona seus lábios nos meus. — Eu amo você.

Subimos as escadas. Quando estamos na cozinha, pego um pote de


baunilha francesa que escondi na gaveta de baixo.

Ela pega duas colheres e entramos na banheira. Nosso momento não dura
muito porque cerca de dois minutos depois nossos filhos correm pela porta dos
fundos com seus primos e sua tia Holliday.

— Mamãe, papai, — William grita correndo para a cozinha. Sua irmã,


Everly, está atrás dele.

Ella sorri para mim. — Estou feliz que você voltou para casa mais cedo.

— Eu também, querida.
Playlist
As You Are by The Weeknd
Don’t Be So Hard On Yourself by Jess Glynne
Elevate by St. Lucia
Final Song by MØ
Hands To Myself by Selena Gomez
iKnow by Roman GianArthur
Kiss Me by Olly Murs
No Money by Galantis
Not Letting Go by Tinie Tempah featuring Jess Glynne
One And Only by Adele
Rebel Yell by Billy Idol
Roses by The Chainsmokers
Save A Prayer by Duran Duran
Say You Won’t Let Go by James Arthur
Sorry by Justin Bieber
Stay by Kygo, Maty Noyes
This Is What You Came For by Calvin Harris, Rhianna
Agradecimentos
Quando os leitores me enviaram mensagens e pediram mais de Alex, fiquei
chocada. Alex foi um jogador secundário em Fifteen Weekends, mas seu
mistério e charme cativaram os leitores e eles se apaixonaram por ele. Não tive
escolha a não ser escrever sua história. Depois de folhear minhas anotações e a
pequena biografia do personagem que criei para ele, ficou claro que a história
de Alex começou anos antes de seu relacionamento complicado com Amanda.
Alex tinha muito a dizer, e Ella também. Eu amei meu tempo com esses dois
personagens e dando a eles seus Felizes para Sempre. Obrigado por ler Bound
to Me. Agradecimentos especiais ao meu marido Kevin, que viajou comigo para
assinar autógrafos após autógrafos, apoiando-me em todos os aspectos da
minha jornada de escrita no ano passado. Tenho muita sorte de tê-lo a bordo
deste trem de grandiosidade épica, mesmo quando alguém fica irritado com
carregadores de telefone. Sem o seu amor e apoio, eu seria ainda mais louca do
que já sou. Eu sei que isso é difícil de imaginar. Para resumir, não há dúvida de
que você pode lidar com uma tonelada de loucos. A seguir, tenho que
mencionar minha editora, Missy Borucki também conhecida como “The
Comma Wrangler”. Muito obrigada por sua orientação, incentivo e por fazer a
jornada de edição, ouso dizer, DIVERTIDO?! Acredite em milagres, quatro
vezes um encanto. Robin Bateman, muito obrigado a você e sua caneta
vermelha por garantir que este livro fosse perfeitamente polido. Talvez um dia
eu escreva um personagem só para você. Claro que ele será a versão sexual de
Tom Hardy. Além disso, se acontecer de estarmos juntos em Chicago,
DEVEMOS visitar o Giordano's.

Kylie, Jeananna e a equipe de promoções da Give Me Books, pela incrível


revelação e lançamento da capa. Gostei muito de trabalhar com todos vocês.
Sara Eirew, obrigada pela capa mais inacreditavelmente linda. Estou
maravilhada com o seu talento como fotógrafo e designer. Esta capa captura
perfeitamente a sensação geral de Bound to Me. O motivo pelo qual o interior
deste livro parece absolutamente lindo é graças a Stacey Blake, da Champagne
Formats. Muito obrigado Andrea Joan, obrigada por amar Alex o suficiente
para me ajudar a imaginar sua história com Ella. #LobstersForever Kelly, onde
eu estaria sem nossas teleconferências matinais... com licença, reuniões de
operações matinais? É tudo diversão e jogos até que alguém dá uma trepada,
não consegue alcançar o café ou quase é expulso do Marriot. Iowa nunca mais
será o mesmo. Agradecemos o seu apoio e feedback inestimável do que você
jamais imaginará. E obrigado por me fazer rir e lembrar de levar as coisas dia
após dia. Resumindo: você está bem. Christina Manis Westrich, você entrou na
minha vida como uma bela luz brilhante. No ano passado, você me ajudou de
uma maneira muito maior do que jamais perceberá. Na verdade, são as
pequenas coisas que fazem uma grande diferença. Obrigada por ser você. Eu
amo seu rosto.

Rachel Blaufeld e Fabiola Francisco, sério, não sei o que faria sem vocês
dois na minha vida. Obrigada pela maratona de sessões de suporte via
messenger ou às vezes quando um telefonema é justificado.
#SoapyThighsForLife Jennifer Naumann, eu adoro você e estou extremamente
feliz por nos conhecermos no ano passado. Você está sempre lá, do outro lado
da linha, ouvindo, oferecendo apoio ou dando uma boa risada. Obrigado por
sua amizade. Tenho a sorte de ter alguns amigos especiais em minha vida -
Alison, também conhecida como Beatrice, Amy Kelly, Cori, Megan, Millie,
Michelle Rodriguez, Patti, Susie, Melissa e Kelly, também conhecida como
#FuckinJenny. Essa mistura de coisas que me manteve sã enquanto escrevia
este livro, e tudo por causa de cada um de vocês - coquetéis, noite de jogos,
conversas épicas com memes, me informando sobre os acontecimentos de The
Young and The Restless, textos bêbados , odeio assistir The Bachelor,
Bachelorette e Bachelor in Paradise (todos com comentários de cores), vodka,
coquetéis à beira da piscina, coquetéis no Fubar Lounge, mais memes, bate-
papos instantâneos durante Game of Thrones e devassidão em geral. Obrigada
Josh Galloway por responder a todas as perguntas médicas e conversar sobre
cenários sólidos comigo. Agora você está na discagem rápida. Will Shouse,
obrigado por me permitir pegar no seu cérebro com todas as minhas perguntas.
Seu conhecimento deu legitimidade aos personagens deste livro com passado
militar. Muito obrigado pelo seu serviço aos Estados Unidos. Aos meus amigos
autores que me inspiram e continuam a acreditar em mim - Alyson Reynolds,
Ann Serafini, Anna Bendewald, Ashley Erin, BJ Harvey, Kate Canterbary, KI
Lynn, Pawnie Santana, Stacey Lynn e Skyla Madi. Quando eu tenho uma
pergunta, não importa o quão grande ou pequena, é bom ter suas palavras de
sabedoria e conversa franca. Eu me sinto muito sortuda por ter todos vocês em
minha vida.

A cada dia, fico maravilhada com os incríveis blogueiros que trabalham


incansavelmente para divulgar a palavra e o amor de nossos livros a esta
comunidade. Do fundo do meu coração, obrigada todos vocês que se
arriscaram em mim, minhas heroínas ousadas e incompreendidas, e a cada um
dos meus heróis - meus cavalheiros despreocupados com um lado travesso.

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