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Com medo.
Sozinha.
Então, eu o conheci.
Por ele?
Uma mulher me quebrou uma vez, deixando uma cratera
em meu peito que eu nunca mais vou preencher.
Oco.
Então, eu a conheci.
Por ela?
Este livro contém conteúdo maduro, o que pode ser
perturbador para alguns de vocês. Leia por sua própria conta e
risco.
– Moshe Dayan
DEPOIS
Bella Arabella.
Silêncio.
Silêncio.
Silêncio.
— Você abriria bem sua boca para mim? Isso levará apenas
um segundo.
Soco.
Soco.
Soco.
Soco.
Sensualidade era algo em que eu não era boa, a não ser nas
sedas, onde me sentia segura, incapaz de estar física ou
emocionalmente disponível para ninguém. A dança me permitiu
colocar uma máscara. Balançando nas tiras de tecido sedoso, me
tornei uma pessoa diferente, alguém aliviada pelo peso das
paredes de pedra que construí ao meu redor. A máscara me deu
permissão para possuir meu corpo. Isso trouxe à tona minha
sensualidade e feminilidade e, por alguns minutos, não havia
nada de errado comigo.
Quase.
Mudei meu foco para Ollie e Harry, esperando que eles não
tivessem percebido meu erro, aliviado por encontrá-los moendo
seus corpos em seus encontros, felizmente inconscientes. Eles
realmente eram acompanhantes terríveis. Olhei para a bebida,
tentando decidir o que fazer com ela. Dois goles foram mais que
suficientes, mas doeu desperdiçar um licor tão caro. Meus olhos
zuniram ao redor da sala, e por uma fração de segundo,
considerei presentear um estranho. Ri de mim mesmo,
percebendo que ninguém em sã consciência iria aceitar isso.
Sentei-me e coloquei o copo na bandeja, me perguntando quantas
pessoas haveriam em sã consciência.
A pista de dança ficou parcialmente vazia. A bela dançarina
estava sentada em uma cama do outro lado da pista de dança,
olhando para mim. Embora não pudesse distinguir a cor de seus
olhos, poderia dizer que eles eram tão profundos quanto o
oceano. Ou talvez fossem tão profundos quanto a cratera em meu
peito. Seu olhar era inabalável e cativante, enviando uma onda
de sensações por meu corpo que me deixou fervendo.
Porra.
— Dez! Nove!
— Oito! Sete!
— Seis! Cinco!
— Quatro! Três!
Meu coração.
Merda.
Sonhe, Arabel.
NOSSA CASA DE INFÂNCIA parecia quase exatamente como há
tantos anos. Pelo menos por fora. Fiona e eu ficamos na entrada
da garagem, observando o bege da fachada da casa. Colunas de
pedra sustentavam a entrada em arco que dava sombra a uma
enorme porta esculpida flanqueada por luzes laterais e encimada
por uma travessa em meia-lua. Zimbro, azevinho e arbustos
perenes austríacos cercavam a frente da casa, sem poda, mas
agradáveis à vista. O cheiro fresco do inverno revitalizou meus
pulmões.
Droga.
Obrigada. Obrigada.
— Ele morreu.
Oh Deus.
Ele olhou para mim e riu. — Está com frio? Você gostaria de
usar meu casaco? — Ele sabia que o forte tremor dos meus
músculos não tinha nada a ver com a temperatura, pois eu estava
vestindo um casaco grosso, já que a grande mansão desabitada
estava fria. Ficou claro que este homem gostava de me ver se
contorcendo.
Idiota.
— Especialmente?
1Barítono é a voz masculina intermediária, que se encontra entre as extensões vocais de baixo e tenor.
Trata-se de uma voz mais grave e aveludada que a dos tenores, porém quase nunca conta com a mesma
agilidade.
Eu balancei minha cabeça. — É apenas um hobby para
mim. — Ele não pressionou por mais informações e subimos até
o terceiro andar em silêncio.
Puta merda.
Bom Deus, o que você está fazendo comigo? Por que estou
deixando um homem me tocar assim?
Não.
Eu quero isso. Eu mereço isso. Eu preciso disso.
Eu amei.
— Eu, eu não...
Por que ela falaria com a gente? Foi então que notei Lorenzo
sentado no balanço da varanda, seu corpo musculoso recostado,
as mãos enfiadas no bolso do casaco enquanto olhava
diretamente para mim.
Eu me virei para a mulher, tentando reprimir a reação do
meu corpo à sua proximidade.
E se?
— Lorenzo Simonetti.
— Arabel?
— Olá, Enzo.
Porra.
Morri.
— Sim.
Espere o quê?
— Sim.
Não.
Espere o que?
— Bem, você sabe, seus resorts são grandes por aqui. Todo
mundo sabe quem ele é — ela zombou, suas bochechas de
repente combinando com seu cabelo vermelho como sempre fazia
quando era pega em uma mentira. Mamãe entrou no meu
armário como se estivesse fugindo de problemas, murmurando
algo sobre montar uma roupa para mim. Eu recuei, permitindo
que ela vasculhasse meu guarda-roupa. Ela adorava roupas e
tínhamos estilos semelhantes. Ela era um pouco mais hippie e
eu um pouco mais Boho Chic. Ela costurava seus próprios
vestidos e os usava todos os dias. No início, suas criações a
faziam parecer a Anne Raggedy, mas ficou muito melhor, e agora
elas eram muito bonitas. Encontrou algo pelo qual era
apaixonada, quando estava aprendendo a pintar à mão algumas
de suas roupas. Foi impressionante.
Eu não sabia o que dizer sobre isso. Meio que concordei com
ela, mas estava com medo de aceitar nossa suposição como um
fato, então apenas a encarei, mordendo meu lábio inferior.
— Eu não estou.
— Eu gosto dele.
— Ahh, finalmente!
— Irmã!
Ela acenou com a mão com desdém. — Não grite irmã. Você
sabe que quer, então vá fazer acontecer.
— Tudo bem, mas não quero que você fale sobre o pau dele.
4 Calma, Lupo!
um grande sorriso quando vi dois outros filhotes vindo em nossa
direção. Um cachorro marrom adulto que parecia algum tipo de
Setter veio e se concentrou em me cheirar, provavelmente
sentindo o cheiro de Liam. O filhote mais adorável se arrastava
atrás, uma fofura de manchas brancas, pretas e marrons.
Adorava cachorros e fiquei mais do que satisfeita ao descobrir
que Lorenzo tinha vários deles. Eu coloquei um joelho no chão, e
os caninos não perderam tempo me atacando, suas caudas
balançando como se me conhecessem por toda a vida. O pastor
branco se chocou contra mim de novo, me desequilibrando. Desta
vez, minha bunda bateu no chão. Não me importei nada. Rindo,
sentei-me no chão, desfrutando do amor enquanto coçava suas
orelhas e barrigas, o cachorrinho lambendo e mordendo minhas
mãos. Fiona se juntou a mim no chão, e o cachorrinho correu em
sua direção com abandono juvenil. Era o céu puro e, por um
momento, esqueci onde estava. Esqueci que o homem de quem
gostava e por quem me sentia intimidada estava parado atrás de
mim. Mas então me lembrei, e quando olhei para ele, o sorriso
enfeitando seu rosto aqueceu minha alma. Seus olhos brilhavam
mais do que Vênus em uma noite clara. Era hipnotizante e o fazia
parecer mais bonito do que nunca. Nós nos olhamos por um
momento, e em um instante, seu sorriso desapareceu,
substituído por sua máscara de distanciamento divertido, a
mesma máscara que eu vi no clube e na visitação a mansão. Meu
sorriso vacilou e minhas inseguranças voltaram contra mim.
Queria saber o que ele estava pensando, o que estava sentindo.
Mas tudo o que recebi foram mensagens confusas que me
mantiveram à beira da insanidade. Então, novamente, meu
comportamento não tinha sido tão claro também.
Oh meu Deus.
5 A sigla inglesa corresponde à expressão crua Dad I'd Like to Fuck (pai que gostava de levar para a cama)
— Uau, isso é fantástico! — Ele disse com a voz estridente
que os humanos reservam para crianças e animais fofos.
Caterina cruzou as mãos atrás das costas, balançando o corpo,
bochechas rosadas e dentes pequenos aparecendo enquanto ela
ria em agradecimento a ele com os mesmos olhos adoradores que
eu tinha todas as vezes que olhava para meu pai enquanto
crescia.
Meu medo, meu corpo, talvez até meu coração? — Você não
gostaria de saber?
Deixa acontecer.
Fui até ela, espiando pelo vidro. Meu queixo caiu com um
suspiro quando vi um dilúvio de flocos de neve tão grande que
quase pude ver cada desenho único em todo o seu esplendor.
— Ha, ha.
— Cat, por que você não vai assistir alguns desenhos na TV,
amore mio.
— Cavalos.
— Cavalos — repeti.
— Lori teve uma vida difícil. Depois que coloquei minha vida
em ordem e a Simonetti Enterprises decolou, eu finalmente
estava em posição de ajudar minha família. Para ajudá-la. —
Observei enquanto seus olhos se enchiam de emoção. — Acho
que ela se sente em dívida comigo e tem medo de me decepcionar,
o que é impossível.
Estou radiante.
Merda!
— Deixa acontecer.
Porra!
Foda-me.
Arabel era como uma tempestade. Você sabia que ela estava
chegando e como eram as tempestades porque já as tinha vivido
antes, mas ninguém sabia o quão forte e prejudicial seria. Tudo
que eu sabia era que achava as tempestades lindas, formidáveis
e majestosas, mas também as respeitava e fazia o possível para
ficar longe, me recusando a ser varrido, explodido e jogado em
um precipício mais profundo do que aquele que levei anos para
sair.
— George Reid.
Não. Porra.
— Eu amo jardinagem.
— Petúnia.
— Feliz?
Seu corpo congelou sob meu toque, seu doce perfume floral
substituído pelo cheiro podre de medo. O desafio em seus olhos
se transformou em um apelo vergonhoso que extinguiu minha
ambição de viver novamente. Para sentir novamente. Algo havia
mudado e ela não estava mais receptiva.
Eu descolei nossos corpos e dei um passo para trás
porque... consentimento.
Estuprada.
Violada.
Envergonhada.
Suja.
Inútil.
Mercadorias estragadas.
Quebrada.
Fim da linha.
Um pesadelo terrível.
– Enzo
Eu olhava a nota todos os dias, transferindo-a para o bolso
de qualquer casaco, suéter ou moletom que decidisse usar todas
as manhãs. Alguns dias, meu dedo pairava sobre o botão de
chamada do meu telefone, mas nunca o pressionei.
Deus, sim.
OS DIAS SE transformaram em semanas enquanto Fiona e eu
passávamos pelo árduo processo de mudança para nossa nova
casa. Felizmente, o lugar vinha quase todo mobiliado, embora
houvesse várias peças que precisávamos encomendar, como
nossos colchões e alguns móveis de sala e escritório.
Nosso pai foi criado por uma mãe solteira que trabalhava
em dois empregos para vesti-lo e alimentá-lo. Ele aprendera o
significado do trabalho duro desde muito jovem, e foi por meio de
esforço e carisma que um pobre garoto de uma favela de Oakland,
que nunca foi para a faculdade, construiu um império, um grão
de serragem de cada vez.
- Enzo
Eu: Minha cama ainda não está aqui, então acho que você
vai ter que me foder na sua.
Lorenzo: Pode apostar que sim. Ei, há uma flor para bunda?
Porque, tenho planos para a sua.
Não!
Bom menino.
Porra. Isso não poderia estar acontecendo. Por que ela não
estava me respondendo?
— Arie!
Meu estômago caiu para minhas bolas quando a vi enrolada
no chão, sua pele amarelada e seus cabelos vermelhos cobertos
com tanta fuligem e cinzas que parecia cinza.
Se conseguirmos sair.
— Senhor?
Eu mudei. — Sim?
Corra.
Corra.
— Por quê?
— O que aconteceu?
A casa.
Ela jogou a cabeça para trás de tanto rir. — Esta sou eu!
Pelo menos seu homem ainda está tentando. O meu nem achava
que eu merecia um adeus. Ele apenas me afastou.
— Merda.
— Mas é claro, ele não foi embora. Ah não. Você sabe o que
ele fez? Ele me virou, me segurou e me estuprou. — Minhas
pernas cederam e desabei no chão coberto de palha. Doeu muito
falar sobre isso. Eu trouxe meus joelhos ao meu peito e enterrei
meu rosto entre eles até que pudesse falar novamente. Queria
olhar para Enzo, mas não consegui.
Ela era tudo que eu não era. Fiquei na frente dela, minha
expressão dura, mas minhas entranhas desmoronando. Limpei
as lágrimas do meu rosto com as mãos, oprimido demais para me
preocupar em chorar na frente dela. O cheiro forte e argiloso de
cavalo que eu sempre amei misturado com o fedor imundo da
depravação humana, fazendo meu estômago revirar. A bile subiu
de minhas entranhas e a engoli, esperando que ela não
percebesse e confundisse meu ódio com aquele estuprador filho
da puta, como nojo por ela. Porque o que eu senti foi exatamente
o contrário. Eu queria abraçá-la, confortá-la, amá-la.
Mas a raiva e o sentimento de inadequação não me
permitiram. Esta não foi a minha primeira vez lidando com a dor
de um ente querido que foi abusado sexualmente. Mesmo assim,
eu ainda não conseguia descobrir como um homem deveria lidar
com esse tipo de situação. Como eu deveria lidar com isso? O
estupro foi difícil o suficiente, mas quando combinado com o fato
de que o estuprador bateu nela até quase a sua morte, tornou-se
demais para a minha força emocional suportar. Eu não sabia
como ser forte o suficiente para ela. Não queria que ela se
tornasse mais uma mulher com quem falhei.
Foi demais.
7Samuele Romanini é um trenó italiano que compete desde 2001. Ele ganhou uma medalha de bronze
no evento de dois homens no Campeonato Mundial da FIBT de 2007 em St. Moritz.
Eu concordei. — Ele dizia ser filho do dono do Romanini's
Italian Restaurant em São Francisco, mas descobri que o senhor
Romanini não tinha filhos. Pesquisei o nome no Google e descobri
sobre o trenó8. Ele enganou a todos. Ele até tinha documentos de
identidade com seu nome fictício.
8 Utilizado para a prática de Bobsleigh ou bobsled – um esporte de inverno em equipe que envolve
corridas cronometradas em pistas estreitas, tortuosas, inclinadas e congeladas em um trenó movido à
gravidade. As competições internacionais de bobsleigh são regidas pela International Bobsleigh and
Skeleton Federation, também conhecida como FIBT da Federação Francesa de Bobsleigh et de
Tobogganing. As competições nacionais são geralmente governadas por órgãos como a Federação de
Bobsled e Skeleton dos Estados Unidos e a Bobsleigh Canada Skeleton.
do corpo. Estava quieto, aparentemente processando a
informação.
Confie.
Confie nele.
Confie em mim.
Confie neste processo.
Concordei.
— Arabel, nunca vou fingir que mereço você, mas quero que
me dê a honra de fazer isso.
Eu olhei para ele por debaixo dos meus cílios com mais
confiança do que tinha em muito tempo. — Leve-me para a cama,
Sr. Steel — eu disse, minha voz carregada de antecipação.
Ele não perdeu tempo, me levantando e me colocando no
colchão confortável antes de rastejar sobre mim, salpicando
minhas pernas e torso com beijos até chegar ao meu rosto. O ar
estava quente e denso com nosso desejo um pelo outro. Apoiado
nos cotovelos, ele me encarou com olhos azuis encharcados de
intensidade.
Liberdade.
O quê?
Meu coração doeu por ele e por como deve ter sido perder
seu sonho. Olhei e encontrei seus olhos implorando para que
largasse isso, então eu o fiz. — Deite-se. — Quando ele o fez, tirei
o jeans e joguei no chão antes de sentar nos calcanhares, meus
olhos examinando sua cueca boxer.
— Foda-me, Enzo.
9 Calla, muitas vezes referida como arum, é uma modalidade de flores de bulbo.
Uau. Entregando-me a este homem, meu corpo estava
aceso, minhas pernas e boceta tremendo com a sensação de seu
toque.
— Sim.
Mas nunca imaginei que estar com Arie mataria alguns dos
meus demônios também. Tocá-la e fazer amor com ela foi tão
libertador para mim quanto eu esperava que tivesse sido para
ela.
— Você está pronta para ver o que está além da porta élfica?
— Afastei mechas de cabelo ruivo sedutor de seu rosto.
— Sim, Sr. Steel. — Sua voz era suave e feminina. Ela era,
sem dúvida, a mulher mais deslumbrante.
Porra.
Ela soltou uma risada. — Não, embora ache que seu apelido
se encaixa em mais de uma maneira. — Sua voz era sensual e
seu olhar abaixou, olhando para meu pau.
— Bem, posso não saber seu motivo inicial para me dar esse
apelido, mas vou aceitá-lo. Você com certeza sabe como estimular
o ego de um homem.
Peguei sua mão, puxei-a para ficar de pé, peguei uma toalha
da prateleira contra a parede e a limpei entre beijos de
agradecimento. Estar com Arabel foi uma experiência inestimável
que eu não merecia.
— Isso doeu?
Droga.
Sabia que ela estaria limpa, visto que era celibatária há três
anos. — Eu também estou limpo. Faz um tempo que não saio
com ninguém e fiz o teste desde então.
Puta merda.
— Você prometeu.
Sorri, lembrando da promessa que fiz a ela durante nossa
briga na visita à mansão. — Bem, você sabe que nunca quebro
uma promessa. — Rosnei.
Jesus Cristo.
Sim.
Sem ela.
— SEGUI SEU CONSELHO — disse a Mignon enquanto minhas
mãos seguravam suas pernas, impedindo-a de cair enquanto
ficava pendurada no teto durante sua primeira aula de dança
aérea. Eu encontrei um estúdio em Truckee, e era bom dançar
novamente.
— O quê?
Tão quente.
— Porra, você é tão linda. — Sua voz era áspera como uma
lixa, carregada de desejo.
— Enzo…
Ele soprou ar quente na minha fenda antes de mergulhar
dois dedos dentro e circular sua língua ao redor do meu clitóris.
Fechei meus olhos e joguei minha cabeça para trás, consumida
pelo fogo que me rasgava. Seus dedos experientes se curvaram,
atingindo aquele ponto especial que me fez desmoronar em uma
explosão de gemidos e fogos de artifício.
— Meu o quê?
Eu ri, apontando para as lâmpadas espalhadas pela sala de
estar.
— Por quê?
— Oh?
— Outra surpresa?
Jesus.
— Sou sua.
Ela piscou para mim, porra, e meu pau estava mais duro do
que nunca desde a puberdade. Gemi de excitação, passei meus
braços em volta de suas coxas e a coloquei em meu ombro, cada
uma de suas risadas me deixando ainda mais excitado. Assim
que entramos em casa, coloquei-a no chão e cobri seus olhos,
guiando-a até o grande solário onde Mario e Boston, seu parceiro
de negócios, estavam esperando para nos dar massagens lado a
lado.
— Abra seus olhos. — Meu coração deu um pulo atrás das
minhas costelas. O prazer de mimá-la quase tão bom quanto o
prazer de estar dentro dela. Quase.
O que. O. Porra.
Mentiroso.
Raiva.
Meu corpo se moveu para o lado e ele entrou pela porta com
a cabeça baixa, tirando o casaco.
Enzo puxou seu rosto para olhar para mim, sua testa
franzida como se ele não pudesse entender como eu poderia amá-
lo. Ele quase parecia zangado. Mordi o interior da minha
bochecha, me preparando para o que viesse a seguir.
— Oh...
— Eu sei.
Manter este quarto trancado e deserto não era bom para ele.
Não foi bom para ninguém. Minhas pernas começaram a se
mover, levando-me para o corredor escuro, uma escuridão tão
profunda que não havia luz no final.
— Porra, sim.
Jesus.
Caro Enzo,
Eu sei que você vai me odiar por matar seu filho, mas como
você pode ver, não é seu, é dele.
Tentei ser feliz por você e por mim. Mas tudo que vejo é dor,
e a única coisa que pode acabar com isso é a morte.
Eu só quero que a dor pare.
Por favor, não se culpe. Minha tristeza não foi sua culpa, e eu
acredito de todo o meu coração, você fez o melhor que pôde.
Sua Gracie.
Não.
Faziam três dias que Enzo saiu da minha vida, levando com
ele minha alma nua e a garotinha que eu amava como uma filha.
Tirando minha capacidade de me abrir para o amor novamente.
— De fato.
DNA fetal.
Zero.
Nada.
Inexistente.
Nix.
Nada.
— Eu quero um aborto.
— Absolutamente não.
— Mas...
— É o seu corpo, então você pode fazer o que quiser, mas isso
não significa que estarei bem com você escolhendo me roubar meu
filho. — Eu me virei e saí, sem saber que aquele momento seria a
última vez que a veria enquanto estivesse totalmente viva.
Felicidade.
Caterina.
Um lamento profundo subiu pela minha garganta,
misturado com uma dor intransponível que ricocheteou nas
paredes, me golpeando uma e outra vez, como milhares de
chicotadas contra meu peito. Contra meu coração. Pela
centésima vez naquela semana, chorei. Chorei por mim, por
Grace. Chorei por Caterina e Arabel. O tipo de choro que não me
deixava subir para respirar, espremendo o oxigênio dos meus
pulmões por um longo tempo até que finalmente fosse liberado,
me deixando sem fôlego. Implorei aos meus pulmões para se
soltar e permitir que a dor os esmagasse até que a vida ficasse
negra. Até eu ir embora. Eu era um pedaço de merda por pensar
dessa maneira, por desejar morrer e deixar Cat sem mãe e pai.
Minha depressão intensificada pelo álcool fez com que eu me
desprezasse.
Perdido.
WHAM!
Wham!
Wham!
Wham!
Wham!
Wham!
Wham!
Wham!
Wham!
10 Vá se foder.
11 Nem pense nisso
machucar sua filha. Não aguentava perder minha alma gêmea e
o único pai que conheci na mesma semana.
— Derrame. — Gemi.
— Esqueça. — Zombei.
George era o pai que nunca tive. Tive um pai, mas ele foi um
pedaço de merda para minha mãe, irmã e eu até o dia em que
morreu de ataque cardíaco, que eu não tinha dúvidas de que era
induzido pela raiva. Meu pai nunca teria ameaçado lavar minhas
bolas apenas para me tirar de um lugar escuro e anti-higiênico.
Ele teria apenas me deixado apodrecer em minha própria miséria
e sujeira. Sim, George era o melhor e, há duas semanas, quando
lhe pedi a mão de Arabel em casamento, ele não apenas abençoou
minha união com sua filha, mas também me tornei seu genro.
Sim. Ela era minha filha. Porque o amor era mais forte do
que o sangue.
Depois que Cat foi dormir, limpei nossa casa. O lugar que
construí com minhas próprias mãos. Joguei as garrafas restantes
de conhaque no porta-malas do meu carro para dar aos outros
London Boys. Sempre disse que não era alcoólatra, mas não
podia mais negar a verdade. Precisava me conter e melhorar. Não
podia me dar ao luxo de buscar refúgio em uma garrafa toda vez
que as coisas ficavam difíceis. Seria para sempre um alcoólatra
em recuperação, e estava tudo bem.
— Nonya.13 — murmurei.
— Eu quero vê-lo.
SOS.
14Uma entrada é um corredor geralmente localizado na entrada da frente de uma casa. Uma entrada
geralmente tem um armário de casacos e geralmente tem linóleo ou piso de cerâmica em vez de carpete,
tornando-se um espaço de transição fácil de limpar entre as áreas externa e interna.
de dentro para fora. Mas Migs era minha amiga e o que quer que
estivesse acontecendo, ela estava em apuros.
Boa.
15 Kismet é um analisador de rede, e um sistema de detecção de intrusão para redes 802.11 wireless.
esvaziei seu conteúdo em seu rosto. Ele soltou um grito de gelar
o sangue, que foi estúpido porque metade do spray caiu em sua
boca, fazendo-o vomitar e engasgar enquanto a pimenta expandia
os vasos capilares em sua garganta. Ele agitou os braços,
arranhando o tapete, tentando agarrar meus tornozelos. Eu dei
um passo para trás, vendo-o gritar e se afogar, devolvendo o
desamparo que ele uma vez me deu e devolvendo a virulência que
uma vez me consumiu, mas não pertencia a mim, mas ao seu
legítimo dono.
— Ah, seu rosto não está mais tão bonito. — Não pude negar
a satisfação de jogar suas palavras desagradáveis de volta em seu
rosto. Eu me levantei, observando em silêncio o homem patético
aos meus pés. E foi então que aconteceu. O poder. Meu poder.
Lavou meu corpo como uma onda quebrando na costa, fluida,
perfeita e absoluta.
SOS.
Sal.
Derrotado.
— Ela fica.
Enganador.
Desonesto.
Decepcionante.
Eu precisava vê-lo.
Chupador de pau.
Depois que minha nova tatuagem foi feita, fomos para nosso
café vintage favorito para comprar smoothies. Sentamos no pátio,
aproveitando o calor do verão. Fiquei olhando para o meu
telefone, ansiosa para verificar a hora.
Minha família.
TRÊS MESES DEPOIS
Prosperar.
UM ANO DEPOIS
Ela jogou a cabeça para trás e riu. — Só para você, Sr. Steel.
— Lillianna.