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— “Brames, quando você estiver lendo isso, é provável que

eu não esteja mais aqui. Sim, essa hora eu já deva ter partido, e
não fui para uma viagem tranquila, essa hora eu já devo estar
morta.” — Brames leu o começo do diário de Alice, com pesar
em sua mente e suas mãos tremulas, mesmo sabendo que não
conseguiria chorar, pois não era capaz, ele sentia como se tivesse
perdido uma parte importante dele. — “Sei que você deve estar
arrasado agora, e deve estar com raiva com quem fez o que quer
tenha feito comigo, mas saiba que você foi a melhor coisa que já
me aconteceu.” — Brames só sabia ler, sem esboçar nenhuma
reação, ou sentimento. — “Você foi a minha melhor criação, meu
melhor amigo, meu companheiro para todo o sempre, te ensinei
tudo o que eu sabia, espero que você viva eternamente, e possa
carregar meu legado consigo. — ... — “Da sua mestra e melhor
amiga, Alice”.
Alice sempre teve uma infância meio conturbada, afinal
imagine ser filha de bruxos importantes e conhecidos de
Markarth, terra de feiticeiros e magos, Lucius e Morgana, e ainda
por cima ser irmã do mais conhecido bruxo prodígio das ruas,
Ambrose, enquanto você era apenas uma criança que nasceu
humana, sem nenhum tipo de poder mágico.
Foi difícil para os pais de Alice aceitarem isso, ter uma filha
que não tinha nenhum controle sobre o mínimo de magia
possível, era vergonhoso e eles preferiam que ela nunca tivesse
existido.
Alice e Ambrose sempre foram muito unidos, e ele era a
única pessoa que ela podia contar com, era a única pessoa que
apoiava ela, mesmo que ela não tivesse nenhum poder, mas mal
sabia ela que essa união não iria durar por muito tempo.
Ambrose era um trombadinha que vivia arrumando
confusão dentro da cidade de Markarth, mas sempre conseguia
fugir de volta para casa, perto de uma floresta a esquerda da
cidade. Até o fatídico dia em que os guardas conseguiram
prender Ambrose e acabaram o recrutando forçadamente para
uma aventura em Sowulo, a esquerda de Cyrodil de Markarth.
Seus pais ficaram arrasados, e começaram a cobrar cada
vez mais de Alice, começaram a castigá-la para que aprendesse
magia de qualquer forma, agredir e violentar, até o dia em que
Alice decidiu fugir de casa, e se isolar de tudo e todos, correu o
mais rápido possível para dentro da floresta e foi ali que ela
cresceu.
Alice passou diversos sufocos no começo, já que a floresta
era repleta de monstros sombrios e perigos desconhecidos, mas
por sorte, ela encontrou um lugar ao sul da floresta, perto do mar,
onde parecia ser tranquilo. Ao longe, ela conseguia ver a ilha de
Valor, e como Alice amava Valor, seu sonho era ter nascido lá,
por não se tratar de uma terra com muita magia, ela se sentiria
em casa, e não seria julgada por não poder conjurá-la.
Anos depois, com Alice já crescida e com uma pequena
cabana na floresta, ela se deparou com viajantes vindos de terras
distantes, terras perto de Vinland. Ela nunca soube direito seus
nomes, mas ouviu suas histórias, eles falavam sobre magia arcana,
e como a terra em que ela vivia era repleta dele, pois antigamente
fazia parte de um reino chamado Edengard. Eles inclusive, antes
de partirem, deixaram alguns livros e pergaminhos referente ao
uso e manipulação de magia arcana, já que disseram que
qualquer um poderia usá-las.
Foram dias, semanas, meses e anos de treinamento, mas
depois de muito esforço, Alice começou a conseguir realizar
pequenos truques, como levitação, empurrar, avanço e força.
Alice era uma jovem ambiciosa e sempre sonhava grande no que
ela poderia fazer com a magia.
Foi aí que ela começou a construir um humano artificial, a
imagem do irmão dela, feito de madeira escura encontrada nas
árvores da floresta, uma maneira de representar o sobrenome de
sua família, os Blackwood. Alice sentia falta de seu irmão, e não
sabia o que havia acontecido com ele, se ele ainda estava vivo, se
havia voltado para casa, ou se havia morrido em batalha, por isso
fez o constructo a imagem do seu irmão.
Passou dias tentando imbuir o ser em magia arcana, para
que ele pudesse ganhar vida e não se sentir tão sozinha na floresta,
porém sem sucesso e cada vez mais se frustrando.
Até que o dia fatídico aconteceu, uma grande tempestade
surgiu, as ondas batendo na costa, e a noite emergia cada vez
mais, Alice estava com medo, nunca havia ocorrido uma noite
como aquela, se abrigou dentro de sua cabana, até que começou
a ouvir barulhos lá fora. Ao sair da cabana, uma criatura que não
conseguia identificar, estava invadindo seu acampamento, e pior
do que isso, a criatura a viu quando saiu da cabana, e começou
a ir em sua direção.
Alice só conseguiu pensar em uma coisa, e correu em
direção do ser que havia construído, esperando por um milagre
para protegê-la, tentando conjurar o máximo de magia arcana
que conseguisse, e a criatura estava cada vez mais alcançando os
dois, quando estava prestes a atacar, um raio caiu diretamente no
coração do ser, o monstro parou, em choque, sem entender nada
e tomando o máximo de cuidado para que o raio não o tocasse.
Quando ele olhou para o ser que Alice estava abraçando, ele viu
seus olhos emergirem em uma eletricidade fulminante, como se
estivesse acordado, essa eletricidade começou a irradiar uma luz
vermelha, e começou a levantar em direção a criatura,
derrubando Alice no chão com cuidado.
Ela estava tão em choque, e não sabia o que havia
acontecido, nem o que ela tinha feito para dar certo, era um misto
de horror e felicidade, feliz porque conseguia ter dado vida para
sua criação, mas em horror porque não sabia se ela se revoltaria
ou atacaria ela.
Mas no momento, ela só soube assistir quando a criatura
partiu para cima e bateu com suas garras diretamente no peito do
ser, foi como se não tivesse surtido efeito nenhum, e nem um
simples arranhão foi feito, e no mesmo momento ele agarrou a
garganta da criatura, que se debatia freneticamente tentando sair
do agarrão, porém sem sucesso, o ser começou a socar a cara da
criatura até que ela parasse de se mexer e jogou seu corpo no
mar.
Alice assistia essa cena com medo e entrou mais em
desespero ainda quando o ser que ela havia dado vida, virou em
sua direção e começou a caminhar lentamente. Percebeu que
estava cercada entre uma grande árvore, e a única coisa que ela
conseguia fazer naquele momento, era chorar e se ajoelhar
pedindo piedade, e cada vez mais o ser chegava mais perto, e
Alice fechou os olhos.
Quando os abriu, o ser estava ajoelhado em sua frente,
como se a estivesse reverenciando, e esperando um próximo
pedido, Alice estava surpresa e aliviada por não ter morrido, ela
se levantou e olhou para o ser, se apresentando.
— Olá, meu nome é Alice, qual o seu nome? — O ser ficou
a encarando confuso, como se não tivesse entendido o que ela
havia falado — Só queria te agradecer por ter me ajudado com a
criatura — Continuava confuso, mas tentou falar algo, soltando
um rugido metálico — Calma, calma, aposto que você não sabe
falar não é mesmo? Não tem problemas, nada que eu não consiga
te ajudar, agora quanto ao nome, vou te chamar de Brames, que
é um anagrama para o nome do meu irmão Ambrose, e que
significar rugir, que bem, é o que você acabou de fazer — Brames,
observou Alice rindo e tentou esboçar o que parecia um sorriso.
Foi então, que a amizade dos dois começou a florescer, ela
o ensinou a falar, mesmo que com dificuldade, ele conseguia
formar algumas frases falando pausadamente, o ensinou a pescar
no mar, mesmo que ele não precisasse comer para sobreviver,
ensinou a se proteger, e inclusive fez uma espécie de martelo feito
de madeira e pedra de presente para ele, que agradeceu com um
aceno da cabeça, e assim foram seus dias, Bramer era curioso e
queria conhecer mais do mundo, mas sempre ao lado de Alice.
Até que um dia, quando Alice estava dormindo na cabana,
Bramer começou a escutar gritos e tochas ao longe, como se
alguém estivesse vindo, ele a acordou e ambos ficaram fora da
cabana, preocupados com o que iria acontecer. Quando menos
notaram, estavam cercados por um exército que Alice sabia que
pertenciam a Markarth, mas não havia contado para Bramer.
Alice sabia que estavam atrás dela, pelo uso proibido de
magia arcana, uma magia que o povo de Markarth não apoiava
o uso, mas que mesmo assim ela manipulava, uma grande batalha
aconteceu, Bramer tentou proteger a todo custo Alice, derrotando
alguns homens, quando algo acertou em sua cabeça, e foi como
se ele tivesse desligado, e simplesmente apagou em meio a luta,
sem saber o que havia acontecido, os olhos fechados, e um breu.
Quando seus olhos abriram novamente, foi como se ele
tivesse sido despertado de um sono profundo, a floresta havia
mudado, as árvores pareciam mais velhas, ele estava coberto de
musgos, e na frente dele havia uma mulher. Uma mulher, bem-
vestida, como se fosse uma nobre, e atrás dela havia uma escolta
de alguns guerreiros.
Bramer se levantou, seus olhos ficaram vermelhos, ele rugiu
e pegou sua arma em mãos, os guerreiros ficaram prontos para
batalhar, quando ele começou a gritar.
— A-LI-CE A-LI-CE — Todos olharam para ele confusos,
mas mantendo a posição de ataque
— O QUE FIZERAM ALI-CE? — Os guerreiros começaram
a partir para cima de Bramer, quando a mulher interveio na frente
deles
— Não ataquem, ele parece confuso e perdido, ele não quer
o mal de ninguém. — Bramer olhou para baixo e viu essa cena,
de alguém o protegendo, seus olhos se clarearam novamente e
seu modo de fúria passou.
— Viu só? Ele só estava assustado, falei para vocês não
tocarem nele com suas lanças, ele podia estar apenas dormindo.
— A mulher sorriu olhando para ele.
— Olha, eu não sou a Alice, mas meu nome é Astrid, muito
prazer, qual o seu?
— BRA-MER.
— Muito prazer Bramer, somos um pelotão de Valor, e eu
só vim aqui com minha escolta porque havia rumores de
existirem flores exóticas aqui. Você parece perdido, quem é
Alice?
— ALICE, MELHOR, AMIGA
— E você não sabe onde ela está? — Bramer só balançou a
cabeça em negação.
Astrid olhou aos arredores e percebeu sinal de luta, vendo
algumas bandeiras de Markarth espalhadas pelo chão junto com
seus corpos e já sabia o que havia acontecido, mas não queria
deixar o grandão em choque.
— Olha, eu também não sei onde ela está, e sei que ela é
sua melhor amiga, mas eu também posso ser sua amiga, e te
ajudar a procurar ela, por que você não vem com a gente para
Valor? Fique sabendo que eles sempre precisam de mais gente
para se juntar aos militares, e você parece saber lidar bem com
esse assunto, quem sabe você não se tornou um soldado famoso
e a Alice fica sabendo da sua fama e vem te encontrar.
Bramer balança a cabeça em afirmação, mas antes de ir,
entra dentro da cabana de Alice, e pega um livro em que ela vivia
escrevendo todos os dias, seu nome era “Diário de Alice”, Bramer
abriu o livro e começou a ler enquanto acompanhava Astrid em
direção a Valor, enchido de determinação em descobrir o que
havia acontecido com Alice, se estava morta ou se foi capturada,
pois não acreditava naquela mensagem do diário, ele se juntou
ao exercito de Valor, pronto para fazer o seu legado como
Bramer, o Juggernaut.

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