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RIVER’S

RUN
SÉRIE LORDS OF
KASSIS #1

S. E. SMITH
LORDS OF
KASSIS

EM BREVE
SINOPSE
River Knight esperava umas férias tranquilas nas montanhas com
suas melhores amigas, Jo e Star, irmãs de coração. Quando viaja
para as montanhas da Carolina do Norte à cabana que Star alugou,
se assusta quando as encontra sendo sequestradas. Seguindo-as,
descobre que seus raptores são tudo, menos humanos.
Entrando sorrateiramente a bordo da nave, para resgatá-las,
encontra-se em férias não planejada nas estrelas. Em uma tentativa
desesperada de salvá-las, faz um acordo com um grupo de outros
alienígenas que também foram capturados, os libertará se
prometerem devolve-las à casa delas.
Torak Ja Kel Coradon, líder da House of Kassis e próximo governante
da Kassis Galaxy, tem outros planos quando vê a guerreira de olhos
azuis. Ira reivindicá-la e a única casa que voltará é a dele.
Acredita-se que as três mulheres são guerreiras enviadas para unir
forças para trazer paz à Casa de Kassis.
Mundos colidem quando o mundo dominado pelos homens conhece
três artistas de circo que usam seus talentos para lutar por aqueles
que amam.
Quando um assassino ameaça a vida de Torak, River mostra-lhe que
até mesmo uma artista de circo se torna uma guerreira quando
desafiada O maior desafio está na mente dele quando descobre que
mulheres de outras galáxias são mais do que aparentam.
O amor superará o abismo de alguns milhões de anos-luz ou
umassassino terminará com tudo isso?
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UM
— Estarei lá. Será tarde quando chegar, mas irei, prometo. —
Falou River sentada na cama do hotel que acabara de se hospedar
na Califórnia.

— Jura, River? — Star perguntou ansiosamente. Enrolava o


cabelo castanho na altura dos ombros em volta do dedo e olhava
para a irmã mais velha, Jo. Tentava falar com River Knight nos
últimos dois dias.

— Juro. Star riu.

— E avise Jo que ainda me deve pela última vez que nos


encontramos.

Ela sorriu para a irmã, dando-lhe sinal positivo. Tentavam se


reunir desde o ano passado.

— Virá! — Falou animadamente envolvendo os braços ao


redor do pescoço de Jo e dançando.

River suspirou cansada, girando os ombros para aliviar a


tensão. Faria muito nos próximos dias, já que encontraria suas
melhores amigas. Sorriu. Eram como irmãs para ela. Sua única
família agora. Cresceu viajando com o circo e as conheceu com 5
anos, quando seus pais se juntaram. Os Strauss Family Flyers
eram conhecidos por seus atos de grande repercussão. Quando os
pais de Star e Jo se aposentaram há vários anos, tornaram-se as
Strauss Flying Sisters. Os pais de River faziam quase tudo, desde
caminhadas na corda bamba até acrobacias e a especialidade dela,

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arremesso de facas. Nasceu no mundo de um artista de circo,
assim como Jo e Star.

Cresceram mudando de cidade em cidade, país em país,


nômades no mundo moderno. A vida foi muito gratificante. Eram
muito amadas e protegidas. Sua escolaridade consistia em
aprender uma variedade de idiomas, além de todos os tipos de
truques incríveis. Tinham mais pais, avós, tias e tios que qualquer
garota imaginava. Doeu quando seus pais morreram num incêndio
em um hotel, durante uma de suas paradas quando tinha
dezessete anos, mas sua família do circo a apoiou.

Dois anos atrás, Jo e Star cansaram de todos as viagens e


aceitaram um trabalho no Circus of the Stars na Flórida.
Compraram um apartamento e adoraram a estabilidade de morar
em um só lugar. Ela continuou viajando com o circo. Com quase
vinte e dois anos, era a caçula das três. O circo terminara uma
turnê na Ásia e estava feliz por estar em casa. As meninas
prometeram que se reuniriam pelo menos uma vez por ano. Ano
passado, Jo a convenceu a encontrá-las no apartamento dela, onde
reuniu pelo menos uma dúzia de caras para conhece-la. Sabia o
que faziam também. Pensavam que se ela se interessasse por
alguém, se estabeleceria. Adorava viajar para criar raízes. Os
homens a faziam se sentir estranha e desajeitada, o que era
ridículo, considerando que acertava alvos em movimento com uma
série de facas enquanto voava, presa apenas pelos tornozelos e de
cabeça para baixo.

Simplesmente não ficava confortável com o sexo oposto.


Sempre se sentiu diferente. Talvez seja sua aparência. Parecia um

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elfo. Oh, nada como os elfos do Papai Noel, era mais com o Hobbit.
Não era muito alta com um metro e sessenta, mas era muito
esguia. Tinha cabelos castanhos escuros e grossos que pendiam
até cintura, pele pálida e enormes olhos azuis escuros, delineados
por grossos cílios. A maioria das pessoas pensavam que usava
lentes de contato coloridas quando a conheciam. Normalmente
usava óculos escuros quando estava fora, porque seus olhos eram
muito diferentes. Não se importava quando se apresentava,
ajudava com o misticismo sobre ela, mas em público,
frequentemente era parada e observada. Seus pais a provocavam,
falando que era um presente das estrelas, que ela acreditaria se
sua mãe não tivesse os mesmos olhos incomuns.

Ficou feliz por se encontrarem em outro lugar este ano. Star


escolheu uma cabana no meio do nada. Elas se encontrariam nas
montanhas da Carolina do Norte em dois dias. Ainda estava na
Califórnia, então pegaria um voo. Ligou para Ricki, que fazia os
planos de viagem para o circo e, em uma hora, fez os preparativos
para o voo, incluindo o bilhete eletrônico e o carro alugado. A
vantagem de ele fazer isso era que ela não se preocuparia com as
restrições habituais para o aluguel de carros. Tudo passou pela
empresa.

Puxando uma bolsa grande e preta que lembrava uma


mochila sobre a cama, abriu-a para ver sua coleção de facas
cuidadosamente embaladas. Era muito, muito exigente com elas.
Eram sua vida, literalmente. Arremessava, fazia malabarismos e
lançava-as desde que andava. Alguns dos números que o pai a
ensinou nunca foram realizados por mais ninguém no mundo. Era

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conhecida como a melhor das melhores quando se tratava de
qualquer coisa que envolvesse uma lâmina. Certificando-se que
tudo sobreviveu ao transporte da Ásia riu, quando passou pela
alfândega dos dois lados do oceano. Ricki cuidou de tudo, graças a
Deus. Agora, tinha três meses de folga, quando o circo parou para
um descanso muito necessário. Passaria a maior parte na cabana
que Star alugara praticando novos números.

Fechando a bolsa, terminou de empacotar seus pertences


antes de dormir. Ansiava muito pela a paz e tranquilidade das
montanhas.

Tudo deu certo. Embarcou e, pela primeira vez, não


apresentou a documentação sobre sua mochila. Despachou a
bagagem para não lidar com isso na cabine do avião no longo voo.
Depois de conectar o iPhone e colocar os óculos de sol na cabeça
ficou, felizmente sozinha, por quase sete horas.

Pegando suas malas, colocou-as no porta-malas do SUV preto


e dirigiu por três horas até as montanhas. Não chegaria até depois
da meia-noite. Era uma noite quente, mas não resistiu em dirigir
com as janelas abertas. Adorava a liberdade do vento soprando
pela janela. Parou por uma hora, para abastecer e comer algo
rápido, pois não queria que Jo ou Star cozinhassem para ela tão
tarde. Não reprimiu a emoção de vê-las. Sentia muita falta delas.
Ninguém as separava durante a adolescência e, River que era dois
anos mais nova que Star, que era um ano mais nova que Jo,
sempre fora a mais protegida.

Era noite de lua cheia e a estrada de cascalho estava


iluminada quando virou em direção à cabana. O caminho nas

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últimas dez milhas era sinuoso. Star falou para estacionar na
garagem, localizada abaixo da casa. Carregaria suas coisas por um
caminho estreito. Encontrou a garagem sem problemas e parou ao
lado do SUV de Jo com adesivos da Flórida. Sorriu ao ler 'Flyers
Did It Better'. Segurando sua mochila preta em um braço e sua
bagagem menor no outro, apertou o botão para fechar o porta-
malas. Puxou uma das facas menores da bolsa para enfiar em sua
bota. Não sabia que tipos de animais viviam nas montanhas, mas
se passeasse pela floresta à noite, teria pelo menos uma faca para
proteção. Ao sair sob a lua brilhante, ficou feliz por usar seu jeans
e suéter preto para se proteger do ar mais frio da montanha.
Brilharia em qualquer uma das outras jaquetas com strass.

Andando pelo caminho iluminado pela lua até a cabana,


desfrutou de paz e sossego até que um grito rasgou o ar seguido
por um segundo. Congelou por um momento antes de largar as
malas e correr em direção à cabana. Derrapou até parar atrás de
uma árvore quando ouviu um rosnado. Alcançando a bota, puxou
uma faca da manga escondida dentro dela. Subindo em direção à
varanda da frente, recuou quando a porta abriu de repente e uma
figura enorme passou por ela. Agachou-se para não ser vista.
Espiando pelo canto, sua respiração travou na garganta quando
percebeu que mais de uma enorme criatura saia da cabana.
Contou três deles, dois carregavam algo embrulhado em
cobertores.

Tremia de medo enquanto observava a coisa enorme virar na


parte inferior da casa. Seu rosto, se é que chamaria assim, era
alongado e tinha pele verde e escamosa. Voltou-se para os outros

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dois e sibilou. Enquanto desciam os degraus, quase desmaiou
quando viu o braço de Star pendendo frouxamente pelas costas da
coisa. Moveram-se pelo caminho do outro lado da cabana. Colocou
a faca de volta na bota e partiu em direção de onde acabara de sair.
Se as salvaria, precisaria de mais que uma faca. Escorregando nas
folhas, pegou sua mochila e correu atrás deles. Não sabia o que
faria quando os alcançasse.

Contornou a cabana cautelosamente antes de descer do outro


lado. Ouvia-os caminhando na sua frente. Andou silenciosamente
mantendo-se o mais perto possível das árvores, para que as
sombras a ajudassem a se esconder. Caminhavam em um ritmo
pesado, as pernas longas deles davam o dobro dos seus passos.
Parou de repente, quando um deles virou. Mantendo a cabeça
baixa para que o rosto não ficasse visível, prendeu a respiração.
Depois do que pareceram horas, a criatura silvou para o que os
liderava e seguiram caminho novamente.

Seguiu-os por quase três quilômetros antes de chegarem a


uma clareira. Parou atrás de uma árvore enquanto os observava ir
para algum tipo de nave espacial. Era quase tão longa quanto um
campo de futebol. As duas criaturas que carregando suas amigas
subiram por uma plataforma aberta na parte de trás. Via luzes
brilhando vagamente no interior. O líder sibilou para os outros
quando subiram a rampa, mas permaneceu fora da nave. Alguns
minutos depois, eles voltaram. Um barulho alto vindo do lado
esquerdo da nave chamou sua atenção de repente. Os três silvaram
e correram em direção à floresta.

Tremia enquanto corria em direção à nave, de olho na floresta

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onde eles desapareceram. Não sabia se havia mais algum lá dentro
ou não, mas precisava encontrar suas amigas e tirá-las de lá.
Puxando as alças da mochila sobre os ombros, subiu lentamente a
rampa, lançando olhares rápidos ao seu redor. Viu um corredor
estreito que levava a uma abertura maior. Movendo-se
rapidamente por ele, observou a sua volta. À sua frente havia outro
corredor que levava à frente da nave. Em cada lado dela havia uma
série de assentos que pareciam compartimentos de
armazenamento acima e abaixo deles. Acorrentadas a dois dos
assentos estavam Jo e Star, inconscientes. Aproximou-se delas
com um grito silencioso. Colocou as mãos nas suas bochechas e
suspirou de alívio quando sentiu o hálito quente contra as palmas
das mãos.

— Star, Jo, acorde. Por favor, acordem. Sussurrou


suavemente. Olhou para o pulso delas e notou que estavam
acorrentados a uma barra de metal entre os assentos. Agarrou-os
procurando a fechadura para ver se poderia abri-la. Eram boas em
nisso. Marcus, The Magnificent1, o mágico mais famoso do mundo,
ensinou-lhes como abrir fechaduras antes de andarem de bicicleta.
Torceu o manguito no pulso de Jo várias vezes, mas não viu onde
uma chave se encaixaria. A amiga gemeu levemente quando ela
moveu a algema.

— Jo, acorde. Sou eu, River. Por favor, acorde. Falou


novamente.

— River? — Sussurrou, abrindo os olhos de repente,

1
O Magnífico.

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horrorizados.

— Saia daqui. Corra, River. Não deixe que te peguem. — Seus


olhos voaram para frente e para trás enquanto lutava para se
libertar.

— Não deixarei você e Star. Temos que sair daqui. —


Sussurrou de volta.

— Não há tempo. — Falou enquanto seus olhos se enchiam


de lágrimas. Olhou para Star que ainda estava inconsciente.

— Oh Star.

— Vamos. Ajude-me a descobrir como tirar isso antes que


voltem. — Sussurrou freneticamente. Puxou a faca da bota e forçou
o metal.

— Onde estamos? — Ela perguntou fracamente.

— Parece um tipo de nave espacial. — Respondeu


suavemente.

— As criaturas que as pegaram, as trouxeram aqui. Não sei o


que são. O que aconteceu? — Perguntou. Ocupando-a enquanto
trabalhava na algema. Havia alguma maneira de tirar isso delas.
Se tivesse mais tempo, sabia que descobriria. Sempre havia um
jeito.

— Não sei. Estávamos a sua espera. Ouvi um barulho e pensei


que talvez precisasse de ajuda, mas quando abri a porta da cabana
eram aquelas criaturas. Gritei e tentei fechar a porta, mas
simplesmente a arrancou das dobradiças. Star correu para o
quarto, mas um deles a pegou e ela desmaiou. Não lembro muito

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depois disso. Colocaram algo na minha boca e tudo ficou escuro.
— Jo sussurrou com voz rouca. Tremia incontrolavelmente.

— Estão voltando! Ouço-os. Corra, River, corra. — Chorou


baixinho.

— Nunca. Não as deixarei. — Falou colocando a faca na bota.

Olhando em volta, se abaixou para abrir um dos


compartimentos sob os assentos. Estava cheio de algum tipo de
caixas. Movendo-se para outro, apressadamente abriu e fechou-o
até encontrar um vazio. Removendo a mochila, enfiou primeiro os
pés no compartimento, puxando a bolsa na sua frente, depois
estendeu uma das mãos e o fechou. Jo encarou-a antes de assentir.
Nunca as abandonaria. Fechando os olhos, deixou a escuridão da
inconsciência levá-la para longe das criaturas assustadoras que
embarcaram na nave espacial.

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DOIS
River olhou para a frente da espaçonave, onde se escondeu,
pela milionésima vez. Descobriu que a nave que as criaturas
usaram na Terra era apenas um transporte para uma muito, muito
maior. Assim que atracaram na nave maior, levaram Jo e Star.
Escondeu-se até ter certeza que todos saíram. Então, explorou o
lugar vazio, se familiarizando com o que encontrou e esperando
que a área de transporte esvaziasse.

Espreitando pelo painel frontal, viu cerca de dez das criaturas


transportar os recipientes. Observou enquanto uma única
criatura, que suspeitava ser o líder da tripulação que levara Jo e
Star, discutia com outra que era quase duas vezes maior. O tipo
maior sibilou alto e apontou para os corpos inconscientes das
amigas, enroladas firmemente nos cobertores. O menor respondeu
e se encolheu quando o outro rugia. As outras duas criaturas
deram um passo para trás e pareciam preferir estar em qualquer
lugar, menos ali. Finalmente, o enorme estranho assobiou para os
que as seguravam e eles o seguiram. O outro apenas saiu do
compartimento de transporte por outra saída.

Precisava encontrar uma forma de contornar a nave sem ser


vista. Estas coisas eram enormes comparadas a ela, Star e Jo.
Olhando para cima, notou uma série de plataformas que levavam
ao sistema de ventilação. Se chegasse até lá sem ser vista, deslocar-
se-ia através das aberturas de ventilação. Eram demasiado
grandes para caberem nelas. Além disso, não era isso que faziam
nos filmes? Se ficasse lá, encontraria as amigas e se esconderiam

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até descobrirem uma maneira de sair.

Satisfeita com seu plano, esperaria até as coisas acalmarem


um pouco. Nesse meio tempo, explorou o local em busca de
qualquer tipo de comida ou bebida e um banheiro. Encontrou uma
caixa que parecia ser ração de emergência, encheu a mochila com
o máximo que carregaria com segurança. Precisava se preparar
para o caso de ter que se defender. Ao abri-la, retirou alguns dos
cintos que usava para carregar as facas durante as apresentações.
Tirou o suéter e guardou-o. Precisaria dele mais tarde, mas não
enquanto escalava. Vestindo uma camisa de spandex2 preta de
manga comprida e justa, amarrou nos pulsos dois suportes de
couro que continham sete facas pequenas cada. Em seguida,
agarrou o suporte de costas e peito. Cruzou em sua frente e costas,
que permitia que encaixasse todos os tipos de facas e estrelas de
arremesso nele, incluindo duas pequenas espadas que cruzavam
em forma de X nas costas. Puxando o cinto, tinha mais pequenas
estrelas de arremesso nele. Usava-o quando andava sem suporte e
atirava-as em velas acesas à volta do picadeiro. Tinha nele talvez
vinte e cinco estrelas de arremesso muito afiadas. Por último,
pegou várias de suas facas favoritas e as colocou nos encaixes que
tinha nas botas. Fechando a mochila, apertou as alças, caso
precisasse correr.

Esperou quase duas horas antes da área ficar mortalmente


quieta. Viu quando a última criatura saiu e as luzes diminuíram.
Caminhando em direção à rampa aberta, que abaixaram quando
chegaram, ficou o mais baixo possível, movendo-se devagar para

2
Elastano, licra ou laicra é uma fibra sintética de elevada elasticidade, obtida através de etano. Trata-
se de uma fibra muito utilizada na confecção de calças, meias-calças, maiôs, sungas, cintas e biquínis.

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que ouvisse qualquer barulho. Agarrando a lateral da rampa,
passou por debaixo dela para se esconder. Espreitando para fora,
andou rapidamente quando acreditou que estava segura, em
direção à pilha mais próxima de caixas de carga, se enfiando entre
elas. Seguiu pelo corredor apertado até ficar nas sombras sob as
passarelas que levavam ao sistema de ventilação. Virou, agarrou a
tubulação e subiu. Esperava que não houvesse câmera de
vigilância. Nesse caso, já teria companhia.

Rolando na passarela, subiu as escadas até o nível mais alto


antes de agarrar o encanamento e escalá-lo até a ventilação. Era
pequeno, mas não teria problemas em rastejar ali. Nem tinha uma
grade sobre ele. Segurando o tubo com as mãos, esticou as pernas
até que escorregou para dentro, em seguida empurrou, deixando o
resto do seu corpo seguir. Recuou cerca de três metros na
ventilação antes de se inclinar para trás e respirar fundo para
acalmar seu corpo trêmulo. Nunca se assustou tanto na vida. A
única coisa que a fazia continuar era saber que Jo e Star estavam
ainda mais assustadas.

Rastejou até chegar a um cruzamento na ventilação. Era alto


o suficiente para que ficasse ereta. Imaginou que quem quer que
construiu a nave era muito menor que as criaturas nela agora.
Teriam dificuldade em engatinhar, pois tinha mais de 2,5 metros
de altura e quase a mesma largura. Virou para a esquerda,
esperando ser a direção que levaram as amigas, seguiu o sistema
de ventilação por horas marcando seções conforme passava por
elas com um marcador permanente. Felizmente, sempre foi boa
com direções, provavelmente porque sempre viajou muito.

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Lembrou-a das passagens sob Paris que ela, Star e Jo exploraram
num verão.

Quase gritou de alívio quando viu um mapa da nave preso a


um cruzamento. Puxando uma das facas, o arrancou da parede.
Sentando, estudou-o. Parecia que havia algum tipo de cela dois
níveis acima. Se seguir pela ventilação mais trinta metros à
esquerda, haveria uma abertura para o próximo nível. Faria isso
novamente no próximo nível para chegar aonde queria. Colocando
o mapa rígido em sua blusa, foi para a esquerda. Com certeza,
chegou a uma abertura que foi direto para cima. Era estreita, mas
tinha apoio para os pés. Agarrando o primeiro degrau, subiu.

Passou boa parte das três horas seguintes passando pelo


sistema de ventilação. Chegou ao nível das celas. Levou mais
tempo para subir até lá do que esperava. Estavam muito mais
afastados que esperava. Depois de chegar aonde queria, parou
para descansar e beber algo. No começo, desconfiou do que havia
na garrafa, mas ao cheirar e, finalmente experimentar, aliviou-se
ao descobrir que era água. Bebeu metade da garrafa antes de
perceber que precisava racionar. Fechando os olhos, sentiu o
cansaço tomar conta de seu corpo. Descansaria antes de
continuar. Estava acordada há mais de 72 horas entre a chegada
aos Estados Unidos e seu longo voo e viagem. Depois, houve a
espera no ônibus espacial até todos saírem. Apoiando a cabeça na
parede fria de metal, sentiu um calafrio percorrer seu corpo. Não
sabia como voltariam para casa. Ninguém as procuraria por pelo
menos três meses, quando não voltassem das férias. Até então,
ninguém sabia onde estariam. Sacudindo os pensamentos

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deprimentes, concentrou-se em encontrar as amigas primeiro.
Teria certeza que estavam seguras. Seu último pensamento,
quando seu corpo desligou, foi que se preocuparia com o resto mais
tarde.

Acordou desorientada. Não tinha a intenção de adormecer.


Tomando uma bebida, esfregou os olhos se concentrando. Não
estava longe da primeira linha de celas. Deixaria sua mochila aqui
e verificaria cada cela pela abertura até que, com sorte, as
encontrasse. Tirando a bolsa das costas, verificou se todas as facas
estavam bem presas para não fazer barulho. Levantando, foi para
a primeira cela. Espiando através dela, viu que estava vazia.
Passando para a próxima, encontrou o mesmo. Na terceira, viu um
familiar edredom branco e rosa estendido sobre algum tipo de
cama. Espiando pela sala, esperou uns bons cinco minutos
ouvindo.

— Jo, estou com medo. — Star sussurrou.

— Acha que nos machucarão?

— Não sei, baby. — Jo respondeu suavemente.

— Espero que não.

— Psiu, Jo, Star. — Falou suavemente.

— River? — Star sussurrou animadamente.

Puxou a grade de ventilação para cima. Cara, quem projetou


essas celas pensou que o que haveria nelas seria grande demais
para passar pela abertura. Era perfeito para as pequenas figuras
delas.

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— Está sozinha? — Perguntou em voz baixa.

— Sim. Só aparecem uma vez por dia. Trazem-nos comida e


bebida e depois não voltam até a mesma hora no dia seguinte. —
Jo respondeu.

Ficou surpresa. Não percebeu que já estavam aqui há tanto


tempo. Adormeceu mais cedo no sistema de ventilação, mas não
achou que passou tanto tempo. Culpou-se por dormir muito.

— Quando voltarão? — Perguntou com voz rouca.

— Não por mais oito horas, pelos meus cálculos. — Jo


respondeu.

Riu baixinho. Ela sempre foi a líder das três. Abaixou-se


lentamente pela abertura e ficou em pé devagar.

Star saiu da cama e a abraçou com força.

— Oh River, não deveria estar aqui. — Chorou baixinho.

— Ah? E onde mais estaria? — Brincou suavemente,


empurrando o cabelo dela para trás.

— Qualquer aventura que faremos, faremos juntas. — Falou


suavemente repetindo um mantra que diziam desde que se
tornaram amigas.

Jo sorriu através das lágrimas.

— Sim, mas não somos estúpidas o suficiente para convidá-


la a isto.

— Bem, não gostaria de estar em outro lugar sem vocês. —

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Falou.

— Agora, pensaremos em como sair daqui e voltar para casa.

— O que sugere? Se estamos em uma nave espacial e acredito


nisso... só Deus sabe onde estamos. Mesmo se saíssemos, aonde
iríamos? Não é como se dirigíssemos uma dessas coisas. — Jo falou
tristemente afundando na cama.

— Entende o que as criaturas falam? — Perguntou pensando


em maneiras de deixar as meninas em clima de resistência.
Normalmente, era Jo quem sacudia todo mundo. Era uma nova
experiência para River.

— Sim. Deram-nos algum tipo de tradutor para usarmos. —


Star falou puxando o cabelo para trás, revelando um dispositivo
que parecia um pequeno aparelho auditivo.

— Preciso de um. Explorei a nave. Se acontecer o pior,


desapareceremos no sistema de ventilação até que descubramos
uma maneira de sair daqui. — Falou estendendo a mão.

Entregou o tradutor a ela.

— O que direi quando descobrirem que sumiu?

— Conte que caiu no banheiro. — Sorriu.

— Aposto que perderam coisas antes.

Jo riu.

— Você é tão má. — Suspirando, admitiu.

— Estou feliz que está aqui, River.

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Sorriu suavemente.

— Eu também. Se ficarei aqui, usarei seu banheiro. Deixei


minha mochila na abertura de ventilação algumas celas abaixo.
Imaginei que passaria parte do dia com vocês e a outra
reconhecendo o local. Preciso que fiquem aqui, caso alguém
apareça de surpresa. Deixarei algumas facas para o caso de
precisarem. Aconteça o que acontecer, não tenham medo de usá-
las. — Acrescentou seriamente.

Assentiram enquanto pegavam as facas que lhes entregou.


Sabiam que era real e não teriam uma segunda chance se
hesitassem. River usou o banheiro para se refrescar e encher
novamente sua garrafa. Conversaram pelas próximas horas
planejando estratégias diferentes. Mandou Jo copiar o mapa que
tinha da nave e planejaram onde se encontrar se precisassem
desaparecer no sistema de ventilação. Estabeleceram três lugares
onde se encontrariam, caso se separassem. Jo insistiu que ela
dormisse algumas horas e a acordaria uma hora antes da próxima
visita programada para se esconder. Ficaria por perto para garantir
que o tradutor funcionasse antes que explorasse mais.

Nas duas semanas seguintes, fizeram a mesma rotina.


Revezava entre Jo e Star para explorar a ventilação e se familiarizar
com o navio enquanto ela ficava com a outra. Se cobriria com a
colcha e fingiria que dormia se as criaturas aparecessem mais
cedo. Até agora, ficaram sozinhas. Não foi até o início da terceira
semana de cativeiro que souberam que algo importante acontecia.
A nave sacudiu e estremeceu, jogando-as no chão enquanto as
luzes da cela diminuíram.

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— O que aconteceu? — Star perguntou assustada. Agarrou a
beirada da cama evitando cair novamente.

— Não sei. Darei uma olhada. — River falou.

— Dê-me um impulso.

Levantaram e colocaram as mãos em concha, a


impulsionando pela abertura. Fechou a grade de ventilação antes
de sussurrar.

— Volto logo.

Assentiram enquanto cambaleavam sob outro


estremecimento. A nave rangeu, então tudo ficou mortalmente
quieto. Mexendo-se, sentaram na cama, esperando-a voltar.

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TRÊS
River andou rapidamente pelas aberturas. Era profissional em
se locomover por elas agora. Tinha pacotes cheios de itens que
achava serem úteis. Tinha comida e água armazenadas em todo a
nave. Até encontrou um deposito cheia de armas. Pegou várias que
seriam uteis e as escondeu em lugares estratégicos também. Sua
maior descoberta foi o que pareciam explosivos. Imaginou que
encontrariam um bom uso para eles. Ao descer, seguiu um grupo
de criaturas correndo em direção ao hangar de transporte.
Estavam muito entusiasmados com algo.

Correndo, desceu rapidamente pela ventilação até chegar à


abertura que originalmente escorregou quase três semanas antes.
Ficando nas sombras, se moveu silenciosamente para a passarela
usando os canos para se movimentar. Havia um grande duto
quadrado pendurado, onde se esconderia, e estaria perto o
suficiente para ouvir o que acontecia, já que estaria quase acima
deles. Atravessando a viga grossa de metal, se escondeu atrás dela,
bem quando a enorme criatura, que obviamente estava no
comando, invadiu o hangar com quase vinte homens armados
seguindo-o.

Outros dez cercavam a nave com suas armas em punho. Uma


pequena explosão fez com que a plataforma na parte de trás da
nave abrisse. Os homens entraram rapidamente. Alguns minutos
depois, saíram seguidos por um grupo de quase uma dúzia de
homens. Prendeu o fôlego ao vê-los pela primeira vez. Eram muito

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


diferentes das criaturas que capturaram Jo e Star. Eram altos,
cerca de 2m, mas tinham longos cabelos negros puxados para trás
no pescoço. Estavam vestidos com calças de couro e tinham
camisas de cores diferentes, exceto o da frente, que era mais velho
e usava um tipo de capa formal. Eram tão bonitos que os
chamariam de quase lindos. Pareciam quase humanos na forma.
Não sabia o que havia sobre eles àquela distância, mas sabia que
eram diferentes. Talvez suas constituições fossem muito
musculosas ou a maneira como se moviam, mas algo era diferente.

Observou quando a enorme criatura chamada Trolis,


caminhou até o homem com a longa capa e sibilou para ele.

— Então, Krail Taurus, nos encontramos novamente. Desta


vez não haverá negociação de paz. — Assobiou.

— Trolis, violou o tratado assinado pelo seu povo ao atacar


uma nave da Alliance em uma missão diplomática. — Respondeu
o velho calmamente.

— Isso será visto como um ato de guerra.

Sorriu maliciosamente antes de responder.

— Não, é um ato de guerra.

Antes que soubesse o que Trolis planejava, brandiu uma


espada de dois gumes e cortou o pescoço do homem mais velho,
arrancando-a completamente dos ombros. Os outros homens
rugiram de raiva e atacaram. De repente, os dez que os cercavam
abriram fogo e todos caíram no chão.

Enfiou o punho na boca para não gritar. Lágrimas silenciosas

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


correram por suas bochechas enquanto os observava caírem.
Quase caiu de seu esconderijo quando ouviu Trolis dizer aos
homens para arrastá-los para as celas. Não estavam mortos,
apenas inconscientes. Pensou com alívio. Esperou ouvir o que mais
ele falaria. Precisava saber o que faria com eles. Se planejava matá-
los, avisaria Jo e Star que atacariam as criaturas.

— Comandante Trolis, o que faremos com os outros? — Uma


das criaturas sibilou.

Balançou a cabeça grande para frente e para trás.

— Dois dos homens fazem parte da família real. É necessária


uma demonstração de quem manda. Amarre-os nas paredes.
Pegue o mais novo com a camisa vermelha e prenda-o no centro do
bloco de celas oito. Quero que os outros assistam enquanto é
estripado. Tenho planos para que o irmão mais velho sofra.

— Sim, comandante Assobiou o soldado.

Trolis chamou outras duas criaturas.

— Limpe essa bagunça.

River observou-o sair da baía de transporte. Voltou ao longo


da viga de metal subindo para a abertura e correu. Avisaria Jo e
Star sobre o que aconteceu e chegaria ao bloco oito antes que
matassem mais alguém. Não sabia o porquê, mas acreditava que
aqueles homens eram sua única esperança de encontrar o caminho
para sair desta nave e voltar para casa. Tinham que libertá-los.

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


— Torak. — Uma voz chamou rouca.

Balançou a cabeça para limpá-la. Concentrou-se em


empurrar a dor para longe do peito, onde sentira o choque.
Olhando para cima, viu seus homens acorrentados às paredes; a
maioria recuperando a consciência. Observou e viu que estava
acorrentado também por seus braços e pernas. Olhando em volta,
franziu a testa quando não viu seu irmão mais novo, Jazin, com os
outros. Estreitou seus olhos vendo-o acorrentado a barras no
centro da sala.

— Todo mundo está aqui? — Perguntou severamente.

Enfureceu-se. A Alliance tinha um tratado com os Tearnats.


Sabia que Trolis era um oponente mortal. Lutou contra ele nas
guerras antes da assinatura do acordo. Não sabia que era
desonesto até recentemente. As guerras terminaram dois anos
antes e uma paz provisória foi alcançada com o povo dele. A
criatura fora comandante durante a guerra e era o segundo filho
da família governante. Não ficou feliz com o fim da guerra. A
Alliance superava em muito os Tearnats em tecnologia e em naves
de guerra.

Composta por mais de vinte galáxias diferentes, forneceu


passagem segura e apoio as naves que viajavam entre as galáxias.

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


Torak era um membro da família dominante do sistema estelar
Kassis. Era um dos membros mais poderosos da Alliance. Seu povo
era muito avançado tecnologicamente e tinha as naves de guerra
mais poderosas. Ele, seu irmão três anos mais novo e dez de seus
melhores homens estavam em uma missão diplomática com o
chanceler, Krail Taurus, do sistema estelar Dramentic. Estavam na
nave espacial dele para interceptar o navio de guerra de Torak, The
Galaxy Quest, quando Trolis os atacou, desligando seus motores.
O chanceler insistiu que a nave fosse levada e confiou que
alcançariam uma solução diplomática. Agora morreu e ele e seus
homens eram prisioneiros. Sua única esperança era que seu irmão
Manota recebesse o sinal de emergência que enviou. Nesse caso,
os alcançaria a tempo.

Estreitou seus olhos quando três dos homens de Trolis


entraram na sala. Reconheceu um deles como Progit. Lutou contra
ele e lhe deu um lembrete desagradável do encontro cortando um
de seus braços. A criatura sibilou alto quando o viu. Se os Tearnats
sorrissem, juraria que tinha um sorriso no rosto feio.

— Então, nos encontramos novamente, escória Kassis. —


Progit assobiou. Puxou a espada e fez como se a inspecionasse.

— Progit. — Respondeu.

— Está muito mais confiante porque estou acorrentado. Solte-


me e resolveremos o que começamos há três anos. — Provocou-o.

Apenas assobiou. Puxando a espada, a girou antes de cortar


uma linha fina na bochecha de Jazin.

Rosnou.

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


— Sua batalha é comigo. — Esforçou-se contra as correntes
que o seguravam.

— Não dessa vez. Agora, Trolis me deu o direito de vingança.


Estriparei seu irmão na sua frente. Irei cortá-lo em pedaços
pequenos, um de cada vez, para ouvi-lo gritar. Então, farei isso
com cada um de seus homens. Quando terminar, saberá
exatamente o que te espera. — Sibilou com satisfação.

Torak rosnou mais alto.

— Matarei você.

A criatura apenas sorriu quando acenou para as outras duas


com ele.

— Puxe-o com força. Quero que sinta cada corte que faço.
Acho que pegarei o braço primeiro.

O irmão olhou-o com uma expressão sombria. Mantendo a


cabeça erguida, falou calmamente.

— Encontro você na próxima vida, irmão. Lute bem.

Olhou para ele, sentindo um desespero avassalador ao pensar


em vê-lo morrer uma morte tão dolorosa.

— Morra bem, irmão. Até nos encontrarmos na próxima vida.


— Sussurrou.

Progit sussurrou divertido.

— Tão tocante. Veremos o quão bem grita quando morre. —


Erguendo a espada acima da cabeça, soltou o que só seria uma
risada maliciosa.

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


River ficou sem fôlego enquanto corria pela ventilação. Pegou
sua mochila quando passou pela entrada da cela de Jo e Star.
Puxando a grade, se abaixou e falou uma palavra.

— Agora.

Encararam-na por um momento antes de assentirem. Jo


segurou a mão dela e levantou Star através da abertura. Estendeu
a mão e ajudou-a a atravessar a abertura antes de ambas se
abaixarem e agarrarem Jo enquanto ela pulava, puxando-a para
cima também. Tirou duas armas de sua mochila preta. Entregou a
Star uma besta em miniatura que usava em suas apresentações.
Também deu a ela as vinte flechas que tinha.

— Acerte cada arremesso. Aponte para a garganta ou entre os


olhos. Eles têm um osso grosso cobrindo o peito. Não quero
arriscar que as flechas não passem por ele. Jo, pegue a Staff3.
Pressione o botão central, ela se estende e possui lâminas em cada
extremidade. É a melhor com isso. Tem alguns homens capturados
no bloco de celas oito. Irão matá-los, então temos que ir agora.
Lembrem do plano. Eliminaremos todas as criaturas do bloco oito
e depois desligaremos os elevadores. Irei para a sala de máquinas.
Star, desce para bloquear todas as entradas de seus aposentos.

3 Tipo de Espada

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


Isso cuida de quase metade da equipe. Jo, certifique-se que todos
os elevadores que cheguem ao compartimento de transporte
estejam bloqueados. Nós nos encontramos em quarenta e cinco
minutos na abertura que conduz ao compartimento de transporte.
Lembre-se de matar o mais rápido possível. Não pensem. — Falou,
encarando-as. Agora que agiriam, estava calma. Provavelmente
choraria como um bebê se pensasse.

— Acha que os homens nos ajudarão, River? — Star


perguntou hesitante enquanto colocava as flechas nas costas.

— Sim. Não sei por que, mas sinto que são nossa única
esperança. A enorme criatura decapitou um homem, Star. Planeja
matar os outros. Não sei por que, mas precisamos salvá-los. —
Olhou-a antes de virar para Jo.

— Bem, chutaremos umas bundas alienígenas. — Ela falou


com um sorriso.

— Merda, se morrerei hoje, levarei o maior número de idiotas


comigo.

— Hora do show. — Falaram enquanto colocavam as mãos


uma na outra. Era o ditado favorito delas antes de se
apresentarem.

Desceram pela abertura e subiram silenciosamente para o


bloco oito. Jo levantou a grade. Localizava-se em um pequeno
corredor escuro. Essa cela era muito maior que as outras. River
pulou e ficou agachada até ter certeza que não a ouviram.
Acenando para Jo, se afastou quando ela se abaixou, seguida por
Star. Indicando para cada uma pegar um lado, decidiram que River

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


iria pelo meio. Isso lhe deu mais liberdade para atirar suas facas
com as duas mãos.

Erguendo a mão, ouviram a criatura de um braço explicar


como mataria cada um dos homens antes de matar o que lutava
contra as correntes. Escutou Star recuperar o fôlego quando o mais
jovem se despediu do irmão. Era o que precisavam para saber que
tomaram a decisão certa.

Torak observou quando Progit ergueu a espada com uma


risada áspera. Recusou-se a desviar o olhar do rosto do irmão. No
momento em que a criatura abaixaria a arma para cortar um dos
braços de Jazin, ele congelou. Assistiu incrédulo enquanto se
virava no meio do caminho e caía de cara no chão de metal com
uma faca entre os olhos. Estremeceu quando outras duas
criaturas, que estavam de cada lado do irmão, tiveram o mesmo
destino.

Olhando para cima com uma esperança indisfarçável, falou


baixinho.

— Manota?

River não sabia o que fazer quando o homem amarrado à


parede gritou por alguém. Procurou ao redor da sala para ver com
quem falava, mas não viu mais ninguém. Acenando para Jo e Star,
andou lentamente pela cela. Elas a protegeriam se esses homens
também fossem maus. Puxando as espadas curtas das costas,
segurou uma em cada mão enquanto se movia para a luz.

A respiração de Torak ficou presa na garganta enquanto


observava uma figura sair cautelosamente do corredor escuro.

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


Esperava seu irmão do meio, Manota. Não imaginava a mulher
mais bonita que já vira sair lentamente das sombras, carregando
duas espadas de batalha. Viu quando a fêmea parou no interior da
sala. Olhou para os três Tearnats primeiro, se certificando que
morreram. Quando confirmou, puxou as facas da testa deles com
um olhar de nojo, limpando-as com cuidado nas roupas. Então
guardou-as nas botas.

Erguendo-se, olhou-o brevemente antes de virar os olhos


sobre cada um dos homens que a observavam atentamente. Ficou
na frente de Jazin olhando em seus olhos. Guardou uma de suas
espadas no arnês em suas costas antes de lentamente levar a mão
ao rosto machucado do irmão. Rosnou baixo quando ela o
alcançou. A fêmea congelou, depois virou para encará-lo por um
momento, antes de voltar para Jazin.

O coração de River quase partiu quando ouviu o homem em


pé na sua frente se despedir do irmão. Quando o observou depois
de se certificar que as criaturas verdes e escamosas morreram,
horrorizou-se com o sangue escorrendo pela bochecha dele.
Guardou uma das espadas para pegar um lenço de papel e ver
quão ruim era o corte. Abalou-se quando o homem na parede
rosnou para ela. Observou-o, garantindo que ainda estava
acorrentado. Precisava se certificar que ela, Jo e Star estariam a
salvo antes de soltá-los. O que não esperava foi a resposta imediata
que sentiu a ele. Era como se seu corpo o conhecesse. Lutou para
não correr e libertá-lo. Balançando a cabeça com a loucura, virou
para o homem mais jovem acorrentado à sua frente. Limpando
suavemente o sangue, acalmou-se ao ver que era apenas um corte

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


fino e raso. Teve muitos cortes para saber como era ruim.

O outro acorrentado à parede a observava atentamente,


seguindo cada movimento que fazia. Imaginou que era o líder do
grupo, já que a criatura de um braço se dirigia a ele e não aos
outros. Também parecia que os outros o olhavam e lembrou que
ele estava ao lado do idoso que foi morto. Precisava saber se podia
confiar nele o suficiente para ajudá-los. Caso contrário, não
imaginava o que fariam. Enviou uma oração silenciosa por fazer a
escolha certa.

Falando baixo, fez um sinal para que Star e Jo entrassem na


sala.

— Star, vê se consegue parar o sangramento e verifique se não


está muito ruim. Jo, descubra como abrir os dispositivos de trava
nas correntes, mas não os destranque até que eu avise. Falou
enquanto virava para o homem que rosnou para ela.

Torak ouviu o murmúrio de seus homens quando duas outras


mulheres saíram das sombras. A fêmea menor carregava uma
pequena besta. Segurava com força na frente dela, movendo-a para
frente e para trás enquanto examinava a sala. A outra era um
pouco mais alta que as outras duas, mas não muito. Carregava
uma vara de lâminas duplas que estendia na frente dela. Ficou

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


chocado. A primeira acenou para as outras que assumiram
posições em diferentes partes da sala. Novamente sentiu a
necessidade avassaladora de arrancar as correntes que o
seguravam e arrastá-la para ele. Ela era dele. Quando tocou seu
irmão, rosnou por reação primordial à sua fêmea tocando outro
homem, sem medo do que faria com Jazin. Tremeu ao se sentir tão
possessivo e protetor de uma criatura que nunca viu até agora.

Observou-a através dos olhos estreitos quando se aproximou


dele.

— Você me entende? — Perguntou suavemente, estudando


seu rosto atentamente.

Assentiu, não confiando que sua voz funcionasse bem com ela
tão perto. Queria rosnar para ela por se colocar em perigo. Queria
arrastá-la e abraçá-la. Mas acima de tudo, desejava tomá-la
naquele momento, ali mesmo, para que nenhum outro homem a
reivindicasse. Em vez disso, se contentou com um breve aceno de
cabeça e um olhar intenso.

— Meu nome é River. A que está com seu irmão é Star e a


outra é Jo. Precisamos fugir dessas criaturas. Pode nos ajudar? —
Perguntou. Não resistiu e afastou gentilmente uma mecha de
cabelo grosso e preto do rosto dele. Havia algo que a atraía.
Franzindo o cenho, encarou-o esperando sua resposta.

A respiração de Torak ficou presa na garganta quando a fêmea


esticou o braço e tocou seu rosto gentilmente com as pontas dos
dedos. Virou um pouco para sentir o cheiro dela. Os olhos dela
brilharam com uma luz estranha quando tirou a mão, corando ao

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


fazer algo tão íntimo com alguém que não conhecia. Não controlou
o rosnado suave que escapou de sua garganta quando ela retirou
a mão.

— Sou Torak. Solte-nos e as ajudaremos. — Respondeu


suavemente, quase hipnotizante. Olhou profundamente nos olhos
dela, se afogando em seu intenso azul. Exigiu silenciosamente que
o obedecesse.

Ela balançou a cabeça.

— Preciso da sua palavra. Você nos ajudará a chegar em casa


e não nos machucará. Nós o mataremos se tentar algo. Se me der
sua palavra, os libertaremos.

Olhou-a com diversão. Ela o fascinava. Pediu sua ajuda


enquanto ameaçava mata-los se prejudicassem suas irmãs.
Observou as outras mulheres que esperavam sua resposta.
Franzindo a testa, se perguntou quem eram e por que estavam lá.
Como sabiam usar armas? Nunca viu a espécie delas antes, então
sabia que era de uma galáxia que não estava familiarizado, mas
onde? Observou o irmão mais novo, que não tirou os olhos da
mulher à sua frente. Parecia que Jazin sentia o mesmo efeito por
ela que ele sentia pela mulher em pé na frente dele.

Encarando-a com olhos semicerrados, assentiu.

— Nós lhe daremos uma passagem segura para casa. Liberte-


nos.

River recuou vários passos para longe dele antes de acenar


para Star enquanto passava por ela.

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


— Jo, ao meu sinal.

Rosnou baixinho quando a viu caminhar silenciosamente pelo


corredor escuro, fora de sua vista. Lutou contra as restrições,
tentando controlar a fúria crescendo dentro dele. Como ousa
desobedecê-lo! O rosnado de Jazin foi mais alto e seus olhos
brilharam quando Star se afastou dele. Também lutou contra suas
restrições tentando ver para onde foi.

— Agora. — Uma ligeira vibração veio pouco antes da fêmea


chamada Jo apertar um botão e liberar suas restrições.

Antes que percebessem, ela correu silenciosamente pelo


corredor onde River e Star desapareceram. Jazin rosnou quando
girou e correu atrás das fêmeas. Parou, enquanto observava os pés
de Jo desaparecerem através da abertura na ventilação. Ele estava
logo atrás, rosnando também.

Ela se inclinou sobre a abertura, ficando longe o suficiente


para os homens abaixo não a agarrarem.

— Nós os encontraremos no compartimento de transporte em


45 minutos, se tudo correr bem. Se uma ou mais de nós não
aparecer quando estiver pronto para sair, vá de qualquer maneira.
Não faz sentido correr risco de sermos pegos.

— Venha aqui agora. Ficará conosco onde a protegeremos. —


Rosnou para ela.

Queria torcer o pescoço da fêmea. Não fazia ideia em quanto


perigo estava. Era uma mulher, não uma guerreira. Era sua
responsabilidade e de seus homens protegê-las e não o contrário.

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


Mal esperava para colocar as mãos nela quando estivessem em
segurança. Ele a ensinaria quem manda.

River ergueu a sobrancelha.

— Caso esqueceu, resgatamos suas bundas. Faremos


algumas coisas para atrasar um pouco os feios caras verdes.
Consegue pilotar uma dessas naves espaciais, não é?

— Claro. Fique conosco para que possamos protegê-la. —


Jazin insistiu encarando Star, que se curvara para espiá-los. Corou
de um vermelho brilhante quando o viu olhando-a com tanta
intensidade e voltou para a abertura, ganhando um rosnado
profundo dele.

— Existem algumas armas no bloco de celas três embaixo da


cama. Agora se apressem. Não sei quanto tempo temos até
descobrirem que matamos seus amigos. Lembre-se, quarenta e
cinco minutos. — Ela colocou a grade de volta sobre a cobertura e
correu para a sala de máquinas, ignorando o rosnado exigente para
que voltasse.

Torak se enfureceu. Nunca uma mulher desobedeceu a um de


seus comandos. Porra, nenhum de seus homens desobedeceu a
um comando direto. Olhou ferozmente para eles antes de respirar
fundo.

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


— Vamos. Pegaremos as armas e iremos para o
compartimento de transporte. Jazin, vê se consegue abrir um link
de comunicação com Manota. Quero-o aqui agora!

Jazin mal continha a própria fúria. A fêmea chamada Star era


pequena demais, delicada e feminina para fazer algo tão perigoso
quanto matar Tearnats. Foi para o console e rapidamente invadiu
o sistema de comunicação principal, mandando um sinal para a
nave de guerra. Configurando-o para enviar um sinal contínuo,
seguiu os outros para pegar as armas que elas deixaram.

River preparou os explosivos para detonarem em cinco


minutos. Ela se apressaria para se afastar o suficiente para não
ser pega na explosão. Colocou cargas diferentes no alto para que o
trilho superior colapsasse sobre o equipamento abaixo. Agradeceu
silenciosamente a Bombing Bill por suas aulas sobre fogos de
artifício e explosivos. Ele montou e gerenciou todas as exibições de
fogos de artifício para o circo, incluindo os efeitos especiais durante
as apresentações. Trabalhou durante anos como artista de efeitos
especiais em Hollywood antes de se juntar ao circo. Sempre foi
paciente mostrando a River, Jo, e Star como criar detonadores e
coisas que assustavam seus pais. Isso não as impediu de entrar
sorrateiramente na sua tenda entre as apresentações ou nas férias
para assistir e às vezes ajudá-lo a montar algumas de suas

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


exibições.

Voltando para a abertura com o detonador, acendeu e correu.


Imaginou que subiria dois níveis antes que as explosões
começassem se quisesse se livrar das portas automáticas que
fechavam o acesso. Descobrira durante suas viagens pela
tubulação que havia várias escotilhas que fechariam as aberturas
em caso de incêndio. Tinha que ultrapassar as que fechariam
quando a casa das máquinas pegasse fogo. Estava quase no
segundo nível quando o navio estremeceu e uma explosão alta soou
atrás dela. Respirando rápido, subiu os degraus o mais rápido que
conseguiu. Precisava sair pela abertura ou seria trancada. Já
sentia o cheiro da fumaça.

Estava quase no topo quando a escotilha fechou,


bloqueando seu caminho. Gritando de consternação, encarou
horrorizada seu caminho bloqueado. Não tinha como abri-la. Teria
que descer e voltar. Levaria mais tempo e não chegaria ao
compartimento de transporte a tempo. Quase chorou. Fizeram um
acordo. Se uma delas não estivesse lá no momento em que saíssem
da nave, iriam de qualquer maneira. Não se arriscariam a perder
seu único meio de fuga devido a uma delas. Rapidamente desceu
os degraus para a abertura abaixo. Encheu de fumaça
rapidamente. Se não saísse de lá, provavelmente morreria
asfixiada.

Correndo o mais rápido que pôde, colocou a camisa sobre o


nariz e a boca, evitando o máximo de fumaça possível nos pulmões.
Sentiu lágrimas molhando suas bochechas ao pensar que foi assim
que seus pais morreram. Virando para a esquerda, desceu outro

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


nível antes de seguir o sistema de ventilação para outro tubo
ascendente. Estava exausta por correr e escalar, combinados com
a fumaça e o estresse. Agarrou o degrau e subiu para o próximo
nível rolando de costas para recuperar o fôlego. Estava agora pelo
menos quatro níveis abaixo da baía de transporte. Dependendo dos
outros obstáculos que encontrasse, estaria mais de uma hora atrás
dos outros.

Rolando sobre suas mãos e joelhos, levantou e correu. Fez


mais dois desvios, incluindo sair do sistema de ventilação em um
ponto para obter o acesso que precisava. Surpreendeu dois
Tearnats durante seu tempo fora dos dutos e mal teve tempo de
matá-los antes que soassem um alarme. Quando chegou ao
compartimento de transporte, estava quase três horas atrasada.

Rastejando o mais perto possível da abertura, espreitou a área


do hangar. Com o coração apertado, viu que estava cheio de
atividade. Notou um grande grupo de Tearnats em uma seção,
incluindo a enorme criatura que matou aquele homem. Abaixando
a cabeça, tremeu enquanto lágrimas silenciosas corriam pelas
bochechas. Precisava saber se Jo e Star escaparam. Se fossem
apanhadas, faria o que pudesse para salvá-las. Se fossem
mortas..., nem pensaria no que faria. Esfregou as bochechas
molhadas na manga da camisa, manchando-a de terra e fuligem.
Respirando fundo, saiu do duto de ventilação e desceu para a
passarela. Ficou nas sombras e se moveu silenciosamente pelas
tubulações ao longo da parede até que ficou perto o suficiente para
cair em um conjunto de caixotes. Deitada por um momento para
garantir que não foi vista, rolou para descer para o próximo antes

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


de deslizar entre outras duas. Era pequena o suficiente para ficar
entre elas. Nenhum dos Tearnats caberia. Também estava escuro
o suficiente para que ninguém a visse. Agachada, caminhou
lentamente em direção a um grupo de Tearnats que estava perto
das caixas. Esperançosamente falariam sobre o que aconteceu.

— Os prisioneiros estão prontos para o transporte? — Falou


um Tearnat especialmente grande. Fez uma careta. Não lembrava
de vê-lo nas suas viagens pela tubulação nas últimas três semanas
ou mais. Olhando atentamente para alguns outros, seu coração
afundou ainda mais quando percebeu que não eram os mesmos de
antes. Foi então que notou mais homens entrando na nave, vindos
do que pareciam tubos se abrindo para o lado da baía de
transporte. Mordendo os nós dos dedos, encostou em um dos
caixotes. Reforços, pensou com desespero.

Recuou ainda mais nas sombras, pensando. O Tearnat falou


algo sobre prisioneiros e prepará-los para transporte, significava
que Jo e Star não saíram daqui. Foram pegas. Tremendo
incontrolavelmente de medo, estresse e desespero, lutou para
controlar suas emoções. Desesperar-se não ajudaria a situação.
Respirou fundo várias vezes antes de puxar as espadas. Faria o
que fosse preciso, pensou olhando com determinação pela abertura
estreita.

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


Torak andava de um lado a outro parando quando viu um de
seus homens se aproximando.

— Encontraram alguma coisa? — Esperou impaciente que


Kev Mul Kar, seu capitão da Guarda, respondesse.

— Nada, meu Lorde. Os homens procuraram nas ventilações


ao redor da casa das máquinas, mas o fogo fechou as escotilhas.
Se a fêmea não saiu, há uma forte possibilidade de estar morta. As
aberturas estão cheias de fumaça densa. — Respondeu
suavemente. Foi um dos homens que ela salvou da terrível morte
que Progit planejou e esperava sinceramente que a encontrassem
viva.

Nenhum dos homens acreditou no que elas realizaram em tão


pouco tempo. A chamada Jo deu um curto-circuito em todos os
elevadores acima do nível do bloco de celas, impedindo que
qualquer um dos Tearnats nos níveis superiores os surpreendesse.
A chamada Star selou todos os tubos de emergência grandes o
suficiente, para os corpos das criaturas, explodindo as escotilhas,
forçando-os a selar enquanto a chamada River ateou fogo na sala
de máquinas impedindo que os Tearnats os seguissem caso um
escapassem em uma nave espacial.

Jo e Star apareceram a tempo na baía de transporte, River


não. No momento em que chegaram ao compartimento, o Galaxy
Quest apareceu. O que mais surpreendeu Torak foi Manota não ser
o único a embarcar. Gril Tal Mod, líder supremo dos Tearnats e pai
de Trolis, estava junto. Esperava um encontro com o chanceler
para expressar sua preocupação com a decisão de seu segundo
filho de continuar a guerra contra a Alliance. Quando receberam o

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


sinal de socorro, ele e seus homens insistiram em se juntar ao
irmão. Enfureceu-se com a audácia de seu filho desafiar tão
abertamente suas ordens de retornar ao seu mundo natal.

Nas últimas duas horas, capturaram os membros da


tripulação ainda vivos, incluindo um Trolis muito zangado. Torak
e seus homens despacharam alguns Tearnats em sua luta para a
baía de transporte. O que o preocupava agora era que ainda não
havia sinal de River. Finalmente convenceu Jo e Star que estariam
mais confortáveis a bordo do Galaxy Quest, mas somente depois
que lhes prometeu que a encontraria, não importa o que
acontecesse e as informariam. Jazin insistiu em escoltar as irmãs
de volta ao navio de guerra.

— Continue procurando. Quero que a encontrem. — Falou


tenso. Recusou-se a aceitar que estava morta.

River estava na passagem estreita entre as caixas, esperando


as enormes criaturas se afastarem. Contornaria a baía do
transporte para ver se encontraria os prisioneiros que detinham.
Quando se moveria para outra fileira de caixas, ouviu uma voz
familiar.

— Torak? — Falou suavemente.

Ele girou quando o chamaram suavemente. Correndo os olhos


ao redor das caixas, parou para ouvir com atenção.

— River? — Gritou.

Ela tremia de medo. Ele estava junto com outras criaturas,


mas não se preocupava com elas. Andava calmamente com um dos

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


outros homens do bloco de celas. Saindo cautelosamente das
sombras entre os dois caixotes, manteve suas espadas à sua frente
em uma postura defensiva.

Torak respirou fundo quando viu o rosto manchado de fuligem


e a evidência óbvia de lágrimas secas. Nunca se sentiu tão
esmagadoramente protetor com outro ser como naquele momento.
Caminhando em sua direção, parou na frente dela, encarando seus
olhos azuis escuros.

— Você nos preocupou, pequena. — Falou suavemente, sem


perder um único detalhe enquanto a estudava. Viu a exaustão em
seus olhos.

— Guarde suas espadas, temos o controle da nave.

River olhou-o mais um momento antes de observar o hangar


de transporte. Ainda estava de pé perto dos caixotes, caso
precisasse correr, pois ainda não confiava no que seus olhos viam.

Olhando para ele com incerteza, perguntou suavemente.

— Jo, Star?

— Estão seguras. Jazin as levou para minha nave de guerra.


Prometi avisá-las assim que te encontrasse. — Respondeu, vendo
como lidaria com as informações. Sabia que estava pronta para
fugir.

Encarando o enorme Tearnat que ouviu falar, acenou na


direção que ele os observava.

— Quem é aquele? Não é como os outros?

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


— Esse é Gril Tal Mod. Líder supremo dos Tearnats e membro
do conselho da Alliance. Ele e seus homens estavam na minha nave
de guerra esperando para encontrar com o chanceler. Assumirá o
controle desta nave e de seus prisioneiros. — Respondeu. Viu a
desconfiança nos olhos dela antes que assentisse lentamente,
abaixando as espadas.

— Lorde Torak, me apresentaria a fêmea? — Gril Tal Mod


perguntou.

Surpreendeu-se ao ver a fêmea sair de dentro dos caixotes.


Conhecera as outras duas, desculpando-se por sua captura por
um dos seus, quando lhe contaram como chegaram à nave.
Desfrutou da breve conversa que teve com elas antes que o irmão
de Torak, Jazin, se tornasse excessivamente protetor e insistisse
em levá-las para a outra nave. Foi totalmente cativante. Ouvira
quando um dos homens do grupo de Torak explicou como uma
mulher de olhos azuis matou três dos guerreiros mais temidos dos
Tearnats. Progit era conhecido por sua crueldade. O fato dessa
criatura pequena e delicada tê-lo matado desafiava toda razão.

Torak virou quando River ficou tensa, olhando abertamente


para o enorme Tearnat à sua frente.

— Gril Tal Mod, apresento Lady River. — Falou com uma leve
reverencia.

Olhou para a enorme criatura antes de dar um passo


hesitante à frente. Curvou a cabeça um pouco antes de responder.

— Senhor.

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


De repente, um barulho atrás deles chamou sua atenção.
Trolis rugiu antes de se libertar dos dois guerreiros Tearnat que o
conduziam através da baía em direção a uma nave. Jogou-os para
o lado, atacando Gril Tal Mod e Torak com uma das espadas que
tirou de um dos guerreiros. River apenas reagiu. Parando na frente
dos dois homens, jogou uma de suas facas com uma precisão
mortal, atingindo o enorme Tearnat entre os olhos. Ele recuou
repentinamente, a força da espada interrompendo seu movimento
para frente antes de cair em uma pilha a vários metros deles.

Não sabia o que aconteceria agora. Segurou a outra faca na


frente dela, girando para frente e para trás, pronta para qualquer
um que a atacasse. Virou quando um grupo de guerreiros Tearnat
e Kassis correu em sua direção. Tremendo, andou para trás
lentamente, chegando aos caixotes. Subiria nos canos para o
sistema de ventilação novamente, pensou loucamente. Respirava
pesadamente enquanto observava o grupo de homens parar e olha-
la com espanto. Deu outro passo para trás, encontrando um corpo
rígido. Braços em volta de sua forma trêmula quando começou a
lutar.

— Calma, pequena. Está segura. — Torak falou, envolvendo


um braço em sua cintura enquanto o outro segurava o pulso com
a lamina.

— Solte a faca. — Sussurrou em seu ouvido.

— Sinto muito. Sinto muito. Pensei que nos machucaria.


Sinto muito. — Falou repetidamente, o tremor em seu corpo
tornando-se incontrolável quando o estresse das últimas semanas
finalmente assumiu o controle.

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


— Salvou nossas vidas, Lady River. Meu filho mataria não só
a mim, mas Lorde Torak e muitos outros também. — Gril Tal Mod
falou com tristeza.

— Seu filho? — Engasgou em horror olhando para a enorme


criatura na sua frente.

— Ele morreria por matar o chanceler. Deu-lhe uma morte


mais pacífica que merecia. Não se arrependa de sua ação, criança.
— Falou olhando nos profundos olhos azuis dela.

Ele acenou para Torak.

— Acredito que não teremos mais problemas com os outros


prisioneiros. Pegue sua fêmea e vá em paz. Uma das nossas naves
de guerra estará aqui em breve para ajudar nos reparos. Voltarei
às câmaras do conselho o mais rápido possível.

Assentiu com gratidão. Sabia que a grande criatura


lamentaria a perda de seu filho em particular. Aumentou a pressão
no pulso de River para que soltasse a faca, esperou até que caísse
com um ruído no chão de metal antes de pegar seu corpo trêmulo
em seus braços.

Olhou-o com olhos sem foco.

— Eu ... eu .. — Começou antes que seus olhos fechassem e


afundasse na feliz escuridão.

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


QUATRO
Torak segurou o corpo inconsciente de River firmemente
contra o seu enquanto se dirigia para a nave. Chamou o resto dos
homens para segui-lo. Não havia mais nada a fazer no navio de
guerra do Tearnat. Moveu-se para um assento seguro enquanto o
piloto se afastava lentamente. Observando o rosto pálido dela, se
perguntou de onde veio e quem era seu povo. Parecia tão pequena
e delicada, até frágil. Passou a mão em sua bochecha, manchada
com um pouco da fuligem. Incrível que sobreviveu. Pelo que
entendeu, a casa das máquinas ficou uma bagunça. Levariam
semanas para limpar e meses antes de voltar a funcionar. Os
explosivos que montou, destruíram a capacidade de movimentação
das espaçonaves. Não teve tempo de questionar as outras duas
mulheres. Estava preocupado demais em encontrar aquela
chamada River. Pensou que seu coração explodiria quando ela não
se encontrou com as outras duas como planejado.

Agora, enquanto a olhava, sabia com certeza que nunca a


deixaria. Puxou o corpo dela para mais perto e beijou o topo de sua
cabeça, segurando o rosto contra o ombro dele. Não, nunca a
deixaria. Ela o fez prometer levá-la para casa e levaria, para a casa
dele. Agora seria dele. Pertencia a ele.

Manota encontrou o ônibus espacial quando atracou com a


nave de guerra. Uma vez que o compartimento de transporte foi
pressurizado na área de ancoragem da nave espacial, a plataforma
na parte de trás abaixou.

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


— Bem-vindo irmão. A fêmea se machucou? — Perguntou com
preocupação, percebendo o quão firmemente a segurava e sua pele
pálida.

— Eu me sentiria melhor se o curandeiro a examinasse.


Acredito que está apenas exausta. — Respondeu Torak andando
rapidamente em direção ao elevador.

— Onde a encontrou? — Perguntou.

Sabia que seu irmão relutou em deixar a outra nave de guerra


até que fosse localizada. Não sabia muita coisa, exceto que Jazin
foi trazido com mais duas mulheres, enquanto estava na outra
nave lutando pelo controle. Ainda não as conheceu. Olhando para
o rosto coberto de fuligem da mulher que Torak carregava,
imaginou o que aconteceu com ela.

— Encontrou-me. Chegou ao compartimento de transporte.


Não consegui questionar por que demorou tanto tempo para
chegar. Suspeito que precisou encontrar outro caminho depois que
o sistema de ventilação bloqueou. — Respondeu Torak, impaciente,
esperando que o elevador parasse no nível médico.

Caminhando pelo corredor, entrou gritando ordens para o


curandeiro. Gentilmente a colocou em uma das camas, alisando
seus cabelos.

— Meu Lorde, como posso ajudá-lo? — Shavic perguntou. Era


o curandeiro residente a bordo do navio de guerra. Um homem alto
e magro, com trinta e poucos anos, era gentil e calmo e trabalhava
bem com a equipe. Sua habilidade como curador era
frequentemente procurada por comandantes de naves de guerra

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


que viajavam por longos períodos no espaço.

— Preciso que a examine e verifique se está ferida. —


Respondeu bruscamente. Precisava saber se ficaria bem. E até que
soubesse, não sairia do seu lado.

Balançando a cabeça, o médico puxou uma grande tampa do


cilindro sobre o corpo dela.

— Sabe que espécie é? — Perguntou curiosamente enquanto


estudava as feições cobertas de fuligem.

Franziu a testa, não pensou nisso. Descobriria com as outras


de qual espécie eram. Assumiu que parecia suficientemente
próxima deles, era compatível. Não imaginava ser tão atraído por
uma espécie que não era.

Balançando a cabeça, respondeu suavemente.

— Não, não sei. Assumi que é próxima da nossa por sua


aparência geral. É menor, mais delicada que nossas mulheres, mas
além disso, tem aparência semelhante à nossa.

Em geral, as mulheres no sistema Kassis eram mais altas por


quase um pé, com a média do mesmo tamanho que os homens.
Normalmente recebiam deveres dentro da casa e não trabalhavam
fora, eram compostas por muitas unidades familiares diferentes.
Dedicando-se às artes, família e cuidando das necessidades dos
homens, aceitavam que eles eram os guerreiros e protetores.
Raramente saíam de casa sem escolta de um homem. Era mais
seguro assim. Uma fêmea poderia solicitar uma casa para aceitá-
la nela. Se a aceitasse, recebia um trabalho específico. Nunca viu

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


uma guerreira como River e suas irmãs.

— Farei o melhor para ver se tem algum ferimento. — Shavic


respondeu.

Fez várias varreduras em River sem encontrar nada que


parecesse muito incomum. Não tinha ossos quebrados ou outros
ferimentos. Preocupou-se com os pulmões dela, pois inalou um
pouco de fumaça. Foi em frente e fez um preparo para limpá-los.

— Além da exaustão, acredito que a mulher está bem. — Falou


com um sorriso enquanto observava o olhar de alívio no rosto de
seu comandante.

Torak ficou aliviado quando Shavic fez seu relatório sobre ela.
Virou quando a ouviu gemer, caminhando suavemente para ficar
perto dela.

River gemeu baixinho, virando a cabeça de um lado a outro.


Estava muito cansada, mas precisava acordar. Algo aconteceu.
Gemeu novamente enquanto tentava lembrar. Estava presa no
sistema de ventilação. Recordou que precisou encontrar um
caminho diferente para sair. A baía de transporte, lembrava disso
e de Torak. Estava junto com outra daquelas criaturas enormes,
então jogou sua espada.

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


Abriu seus olhos quando tentou rolar, apenas para descobrir
que estava presa em algum tipo de objeto cilíndrico. Lutando,
tentou puxar os braços o suficiente para colocar as palmas das
mãos contra o topo e empurrá-lo. Sua respiração acelerou quando
entrou em pânico.

— River, está tudo bem. O curandeiro está se certificando que


não está ferida. — Torak explicou acariciando o cabelo dela
tentando acalmá-la.

Olhou desesperadamente dele para Shavic e vice-versa.


Respirando pesadamente, sussurrou com voz rouca.

— Tire-me dessa coisa.

Acenou com a cabeça para o médico, que ergueu o cilindro.


No momento que houve espaço suficiente para rolar, caiu no chão
e puxou uma das facas de sua bota. Ainda agachada, recuou ao
longo da cama, segurando a faca baixa e ligeiramente à esquerda,
sem tirar os olhos deles.

— River, está segura. — Torak falou calmamente, observando


cada movimento que fazia.

— É o que afirma. Onde estão Jo e Star? — Exigiu. Ainda


estava desorientada e chateada por não saber onde estava. Por
quanto tempo apagou? Olhando ao redor, sabia que não era
nenhuma das salas do navio de guerra que passou três semanas
aprendendo cada canto e recanto.

— Irei levá-la até elas. Basta guardar a faca. — Respondeu ele


se movendo lentamente em sua direção.

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


Sibilou.

— Para trás. Eu te matarei se chegar mais perto. Juro.

O suor gotejou em sua testa com a ideia de matá-lo. Estava


muito perto do limite da razão. Precisava encontrar um lugar onde
pudesse descansar sem medo de ser capturada. Tinha que saber
se Jo e Star estavam seguras como afirmou ou se precisava salvá-
las. Tremendo, sentia que perdia o controle sobre suas emoções.

A repentina abertura da porta a distraiu. Torak aproveitou a


distração para chutar a faca na mão dela. Pulando para frente, a
agarrou, puxando-a para baixo e debaixo dele, onde cobriu seu
corpo com o dele para impedi-la de pegar outra faca. Um grito atrás
dele foi seu único aviso antes de pequenas mãos baterem em suas
costas.

— Deixe-a ir! — Star gritou enquanto o atacava acertando-o


com toda a força que tinha.

— Deixe-a ir! — Chorou.

Jazin puxou-a em seus braços, segurando-a com força


enquanto gritava e chutava. Jo, que seguia de perto atrás deles,
correu para agarrar a faca que Torak chutou da mão de River.
Quando virou, um grande par de braços a agarrou, puxando-a
contra um corpo rígido. Jogando a cabeça para trás, gritou
furiosamente enquanto tentava se libertar.

— Jo, Star? — River gritou debaixo do corpo rígido dele.


Tentou olhar em volta freneticamente, mas tudo que via era ele.

— River! — Star gritou. Chorava tanto que tinha dificuldade

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


para respirar.

Parou de repente sob Torak. Olhou em seus olhos escuros por


um momento antes de pedir suavemente para deixá-la se levantar.
Ele hesitou um momento antes de soltá-la. Levantando, manteve
seu aperto nela, colocando-a na frente dele.

— Pode me soltar. — Falou baixinho, nem mesmo o olhando.


Manteve os olhos focados em Star, que agora soluçava no peito de
Jazin. Olhando para Jo, viu quando o homem que a segurava
relutantemente a soltou.

— Oh River, pensamos que tínhamos te perdido. — Jo lutou


para falar em um soluço.

Começou a se afastar, mas foi interrompida pela mão que


ainda estava enrolada em seu pulso. Deixou a faca que segurava
cair no chão. Só então a soltou, mas não antes que o homem
esfregasse o polegar sobre seu pulso. Assustada, olhou nos olhos
de Manota. Corando, moveu-se em direção a River.

River suspirou de prazer absoluto enquanto bebia o chá


quente. Tomou banho, vestiu roupas limpas e comeu. Ainda estava
cansada, mas se sentia melhor que há três semanas. Após o
pequeno incidente na unidade médica, foram escoltadas para uma
pequena sala onde aproveitou a oportunidade para lavar o cheiro
de fumaça de seu corpo. As amigas a informaram sobre o que
aconteceu depois que se separaram para executar seu plano de
ataque a nave de guerra dos Tearnat. Contaram que ficaram
frenéticas quando ela não apareceu como planejado e como Torak
literalmente surtou quando não voltou.

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


Ele ordenou uma extensa busca por ela depois que Manota e
Gril Tal Mod chegaram com reforços. Depois de quase duas horas
e meia, Jazin insistiu que voltassem com ele para outra nave para
se limpar, comer e descansar um pouco. Só foram depois que Torak
prometeu fazer o que pudesse para encontrá-la. Star corava toda
vez que o nome de Jazin era mencionado.

— Então, o que há com você e Jazin? — Perguntou nem se


incomodando em esconder o sorriso pequeno e travesso que
curvava seus lábios.

— Nada. — Star respondeu com outro rubor.

— O idiota arrogante acha que manda em mim.

Jo riu.

— Ele queria que o curandeiro a examinasse da cabeça aos


pés quando entramos a bordo do navio. Quando recusou, deu-lhe
merda por não o ouvir no sistema de ventilação. Devia ver a cara
dele quando lhe deu o dedo!

— Você não fez? — Falou em choque simulado.

— Mostrou-lhe o dedo?

Star fungou delicadamente.

— Sim, me fez muito bem. Ele não sabia o que significava.

— Sim, devia ver o rosto dele quando lhe explicou em detalhes


explícitos e depois deu as costas a ele como se não existisse. Pensei
que explodiria uma artéria. — Jo falou.

Risos ecoaram pela sala enquanto as meninas deixavam o

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


estresse de sua captura e fuga subsequente finalmente passar.
Pela primeira vez em mais de três semanas, se sentiam seguras e
esperavam encontrar um caminho para casa. Deitou-se na cama e
as ouviu relembrarem o que aconteceu como se fosse uma grande
aventura e como incorporariam algumas das coisas que fizeram em
sua apresentação quando chegassem em casa. O sono logo a
dominou quando sentiu o calor do amor que a cercava. Cuidariam
dela enquanto dormia, pensou.

Manota, Jazin e Torak sentaram ao redor da mesa comprida


na sala de planejamento.

— As fêmeas acreditam que as devolveremos ao seu planeta.


— Jazin rosnou suavemente. Seus dedos agarraram a xícara que
segurava na mão grande.

— Não! — Manota falou desafiadoramente.

Torak olhou-o surpreso.

— Você também? — Perguntou.

Manota corou.

— A chamada Jo. Não entendo os sentimentos que tenho, mas


sei que é minha. Não partirá. — Olhou para as mãos por um
momento antes de olhar para Torak.

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


— E você?

Assentiu em concordância.

— A que se chama River é minha. Não a deixarei. Aprenderão


a se ajustar quando voltarmos a Kassis.

Os irmãos assentiram aliviados. Manota perguntou em voz


baixa.

— O que sabe delas? — Surpreendeu-se quando entrou na


unidade médica para vê-las prontas para a batalha. Quando
segurou Jo, sentiu uma consciência instantânea em um nível
primitivo.

— Não muito. — Respondeu com um suspiro profundo.

— Depois que Trolis nos capturou e matou o chanceler, nos


levaram para uma cela onde Progit nos torturaria antes que nos
matasse. Imagine nossa surpresa quando ele terminou com uma
lâmina entre os olhos, assim como os outros dois Tearnats na sala.
Pensei que tivesse recebido nosso sinal de socorro e vindo em nosso
auxílio. Ficamos surpresos quando a fêmea chamada River saiu
das sombras segurando duas espadas de batalha na frente dela
como uma deusa vingativa. Insistiu em a ajudássemos em troca de
nossa libertação, ameaçando nos matar se as machucássemos. —
Falou com um toque de diversão.

Manota olhou espantado para os dois irmãos.

— Realmente falou que te mataria?

Jazin respondeu com uma risada.

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


— Sim, e depois de ver o que fez com Progit e os outros dois
em questão de segundos, não tenho dúvida que faria isso
rapidamente.

— Não tinha ideia. — Murmurou.

— Depois que concordei em ajuda-las desapareceram no


sistema de ventilação, onde passaram despercebidas, sabotando
os elevadores da nave, os tubos de escape de emergência e a casa
das máquinas. River ficou presa quando as escotilhas fecharam
inesperadamente e teve que desviar para voltar ao compartimento
de transporte, razão que atrasou tanto em se encontrar com as
outras duas. Nunca fiquei tão feliz como quando me chamou.
Estava com medo de Gril Tal Mod e dos outros Tearnats a bordo,
mas ainda assim me procurou. Quando Trolis atacou...

— Trolis te atacou? — Jazin e Manota exclamaram em


preocupação. Sabiam quão forte e mortal era.

— Sim, ameaçou matar seu pai e a mim. Sabia que receberia


pena de morte por matar o chanceler e seria uma morte muito
dolorosa com base nas leis de seu povo.

— O que aconteceu? — Manota exigiu. Seria uma luta


sangrenta se Trolis se envolvesse. Odiava a ideia de Gril Tal Mod
ser derrubado. Gostava do governante.

— River o matou. — Respondeu observando seus irmãos


enquanto absorviam a notícia de um dos guerreiros mais temidos
de Tearnat, encontrando a morte nas mãos de uma pequena
mulher alienígena.

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


— River? A fêmea o matou? — Falou atordoado enquanto
Jazin apenas balançou a cabeça sorrindo.

— Sim. Quando veio até nós, se colocou na nossa frente


jogando sua espada de batalha e golpeando-o entre os olhos. —
Sorriu com orgulho enquanto pensava em como sua companheira
seria reverenciada por sua capacidade de matar dois guerreiros de
poder. Trolis e Progit.

— De onde elas vêm? — Perguntou suavemente.

— Devem ser uma espécie muito poderosa para que as fêmeas


sejam treinadas como guerreiros habilidosos.

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


CINCO
River, Jo e Star riram quando um dos homens da tripulação
a bordo da nave trouxe vestidos para elas. Não usavam vestidos.
Especialmente ela! Já era difícil o suficiente lidar com facas em
jeans ou em seu traje de spandex. Era quase impossível em um
vestido. Não se lembrava da última vez que usara um. Nem possuía
um vestido. Jo e Star eram tão ruins quanto. Voar em um vestido
as mataria e as calças eram mais confortáveis, especialmente
quando repentinamente tinham o desejo de se dobrar de todas as
maneiras estranhas para alongar seus músculos. Era apenas uma
parte de quem eram.

Enviaram o tripulante muito intrigado com instruções sobre


o que vestiriam. Insistiu em deixar os vestidos, ao mesmo tempo
em que prometia voltar com as roupas que lhe pediram. Fiel à sua
palavra, retornou uma hora depois com vários pares de calças
pretas justas e tops combinando. Não parecia muito feliz quando
saiu, mas elas estavam em êxtase, rapidamente trocando suas
roupas novas.

— Oh Deus, são tão macias e vejam como esticam! — Star


falou enquanto curvou as costas e olhou para elas entre as pernas.

— Agora, isso é vida. Mal espero para chegar em casa. Quanto


tempo acha que demorará? — Perguntou River enquanto se
alongava, depois fez uma parada de mão.

— Parem de se exibir! Não há espaço suficiente aqui para nos


tornarmos pretzels humanos! — Jo rosnou, esticando a perna

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


acima da cabeça.

Depois de dormirem bastante nos últimos dois dias, estavam


prontas para alguma atividade física. Nunca ficavam paradas.

— Veremos se têm uma área maior. Tenho certeza que têm


algum lugar onde treinam ou se exercitam durante longas viagens.
Star falou de repente. Precisava voar. Adorava estar no ar.

Logo encontraram alguém para levá-las ao andar reservado


para treinamento. O guarda ficou confuso ao acompanhá-las até o
nível mais baixo antes de deixá-las com o homem encarregado de
treinar os guerreiros a bordo do Galaxy Quest.

Zoran observou-as em pé na frente dele em seus vestidos.


Relutantemente, colocaram os vestidos por cima da calça e da
camisa, quando o tripulante que deixara a roupa falou que não
seria permitido sair da sala a menos que se vestissem
adequadamente. Apenas sorriram maliciosamente enquanto
deslizavam os vestidos por cima de suas roupas, sabendo que eles
não ficariam por muito tempo.

— Desejam se exercitar? — Perguntou Zoran, hesitante. Não


tinha certeza que tipo de exercício as mulheres faziam que exigiria
sua sala de treinamento.

— Sim. Star falou olhando para o teto alto. Havia várias vigas
localizadas através dele. Ligados às elas havia diferentes tipos de
cordas e anéis. Com uma pequena modificação, usariam para
executar trapézios.

— Tem algum outro tipo de barra pendurada lá em cima? —

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


Jo perguntou seguindo os olhos da irmã enquanto avaliava as
barras e plataformas.

— Lá em cima? — Perguntou Zoran, incrédulo.

— Deseja ir até lá? — Encarou-as novamente.

— Sim. — Star respondeu pacientemente.

— Dê-me alguns minutos e pedirei que alguns dos guerreiros


os prendam.

— Tudo bem. Cuidaremos disso se apenas nos indicar alguns


dos seus equipamentos. Precisamos que monte uma rede de
segurança, se tiver. Caso contrário, seremos mais cuidadosas. —
River falou com um sorriso. Apresentava-se frequentemente com
Jo e Star e praticariam algumas de suas rotinas antigas. Não ficava
tão animada em meses, seria como nos velhos tempos.

Zoran balançou a cabeça e apontou o equipamento que


usariam enquanto dirigia vários guerreiros que treinavam para
ajudá-lo a conectar à rede sob o nível de treinamento superior.

Foram para o equipamento, escolhendo o que usariam.


Desfazendo seus vestidos, deixaram o material cair em volta delas,
ficaram em suas roupas pretas justas. Quase chorou quando viu
sua mochila preta. Jo recolheu quando voltou para o hangar de
transporte. Tinha muitas facas faltando, mas nada com que não
viveria. As únicas pelas quais lamentava eram suas duas espadas
curtas. Os pais deram a ela em seu décimo sexto aniversário. Sabia
que um estava na cabeça de Trolis e largou a outra quando Torak
a agarrou. Estava inconsciente quando a levou da nave dos

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


Tearnats.

Fazendo uma série de alongamentos, se aqueceram antes de


levar o equipamento para a escada que levava ao nível superior.
Concentraram-se tanto que nem perceberam o silêncio que pairou
na sala de treinamento enquanto brincavam.

Movendo-se com facilidade após anos de prática, cada uma


andou pelas vigas estreitas, como se passeassem por uma calçada.
Deitadas na trave, prenderam os balanços e as cordas onde
queriam.

Zoran observou incrédulo as mulheres com roupas escassas,


prendendo a respiração enquanto se moviam sobre as vigas
estreitas. Teria sorte se não morresse por isso, pensou
consternado. Não tinha ideia do que planejavam, pois ninguém
pediu o que elas iam fazer com o que solicitaram. Não prestou
atenção no que faziam até ouvir vários guerreiros xingando
baixinho. Ao virar, surpreendeu-se ao descobrir que descartaram
seus longos vestidos por uma roupa que mostrava todas as curvas
de seus corpos. Não desviaria os olhos se sua vida dependesse
disso. Cada uma tinha o cabelo puxado para trás em uma trança
e se movia com um balanço sensual que falava de puro prazer. Sim,
gemeu, decididamente morreria por isso, se não por outra razão
além de seus pensamentos. Os outros murmuravam seu prazer
pelas fêmeas, observando fascinados enquanto ligavam as cordas
e as barras à trave.

Ao virar, rosnou baixo.

— Observe-as. Ligarei para Torak. — Avisou.

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


Foi só quando virou para sair que percebeu que
provavelmente, não definitivamente, pediu a coisa errada. Observe-
as! Pensou descontente, como se desviassem o olhar de três belas
mulheres vestidas com roupas que apenas acentuavam suas
curvas. Eles as observariam muito bem, com luxúria.

Caminhando para o escritório, apertou o botão de


comunicação.

— Torak. — Respondeu uma voz profunda.

— Meu Lorde, é Zoran. Acredito que deveria descer ao nível de


treinamento. — Falou enquanto seus olhos seguiam as fêmeas.

— Algum problema? — Perguntou surpreso.

— Pode haver, meu Lorde. As fêmeas estão aqui. —


Respondeu. Não diria mais se sua vida dependesse disso. Sua
respiração ficou presa na garganta enquanto observava uma delas
descer por uma das cordas e balançar, enquanto outra revirava as
vigas estreitas a dez metros acima do piso dos colchonetes. Não via
a outra mulher do ângulo em que estava. Tinha medo de ver o que
estava fazendo.

— No meu caminho. — Torak disse tenso.

Torak chamou Jazin e Manota para se juntar a ele no piso de

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


treinamento. Mudou de lugar quando o elevador parou e eles
entraram.

— O que aconteceu? — Jazin perguntou curiosamente.


Percebeu que algo estava errado pelo tom da sua voz.

— Parece que as mulheres estão no piso de treinamento.


Zoran me pediu para descer. Parecia chateado. — Respondeu, seus
lábios formando uma linha firme e reta.

Os três não as viam desde que se retiraram aos aposentos que


lhes deram. Elas estavam dormindo ou eles estavam em reuniões
com os governantes da Alliance nos últimos dois dias. Deveriam
verificá-las antes. Na verdade, ficariam longe delas até receberem
a aprovação do conselho do seu pedido para reivindica-las. Seriam
deles com ou sem aprovação; apenas facilitaria a vida se o
tivessem.

Andaram a passos largos pelo corredor até o piso de


treinamento. A porta abriu automaticamente quando entraram.
Zoran, que parecia mais que um pouco corado e angustiado,
encontrou-os.

— Onde estão? — Perguntou, impaciente.

Ele apontou para o teto.

— Lá em cima. — Respondeu roucamente e com olhos


arregalados.

River, Jo e Star se divertiam. Balançavam no ar, fazendo um


de seus números mais árduos. Jo estava de cabeça para baixo, os
tornozelos eram a única coisa que a segurava no balanço.

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


Pendurada em suas mãos estava Star, enquanto River balançava
no outro balanço. Moviam-se cada vez mais rápido, até que ela
voou do balanço fazendo um triplo giro no ar, por pouco acertando
a amiga, que fazia seu próprio salto. Star pegou o balanço que ela
soltou, enquanto Jo pegou River pelos tornozelos, balançando-a no
ar apenas para faze-la dobrar de volta até que estivesse de pé no
balanço acima de Jo. Continuaram por mais vinte minutos antes
de Jo e Star darem piruetas voadoras que fizeram todos os
guerreiros prenderem a respiração e se encolherem ao mesmo
tempo em que caíam na rede. Saltando, fizeram um gracioso giro
da rede para o andar de baixo. River continuou a balançar na
barra.

As irmãs sorriram quando passaram graciosamente por eles


para pegar alguns pequenos pedaços de madeira. Sorriram
novamente quando se mudaram para lugares diferentes ao redor
da sala de treinamento. Estavam muito ocupados assistindo como
River fazia uma série de jogadas e viradas soltando o balanço e
pegando no último minuto. Foi só quando ela gritou que os homens
viraram para ver o que Jo e Star faziam.

Entregaram pedaços de madeira a vários guerreiros ao redor


da sala, pedindo para segurá-los acima de suas cabeças e não os
mover. Nas madeiras, notou pequenos círculos marcados em preto.
Arregalaram os olhos quando, enquanto estudava um dos pedaços
de madeira, uma faca apareceu de repente dentro do círculo.

Os olhos dele foram para cima e a viu voar de um balanço a


outro e depois para uma corda atirando facas enquanto passava,
às vezes de cabeça para baixo ou no ar, nos alvos que seus

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


guerreiros mantinham. Dez facas se encaixaram em dez alvos. Os
guerreiros lentamente puxaram os alvos, olhando com rostos
pálidos para as facas e depois para a mulher que voava no ar.
Observou o rosto de River enquanto se movia. Sorria com
satisfação e parecia alegre enquanto planava, pegando, torcendo e
lançando no ar. As outras a observavam enquanto fazia uma
última jogada e sorriram quando ele gritou de surpresa quando ela
pareceu cair.

Ouviu uma gargalhada de Jo e Star enquanto River fazia um


gracioso salto nas costas na rede para pular e girar antes de pousar
em pé. Caminhou rindo até a beirada da rede em que estava e girou
apenas para pousar em seus braços.

Surpresa, River respirou fundo.

— Ei.

Jo e Star saltaram para ela, corando de tanto rir.

— Oh River, foi demais! Atingiu todos os alvos no círculo! —


Jo falou, excitada. Olhou em volta quando ouviu Star chiar
assustada. Antes que percebesse, olhava nos olhos zangados de
Manota.

River olhou para Torak, percebendo que escondia sua própria


raiva.

— O que está errado? — Perguntou nervosamente. Não sabia


por que estavam tão zangados.

— Vocês têm desejo de morte? — Apertou os dentes, olhando


para os profundos olhos azuis dela. Ainda tremia de medo,

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


observando-a voar pelo ar.

— Claro que não. Sabíamos o que fazíamos, não é? —


Procurou por Jo e Star. É exatamente por isso que evitava o sexo
oposto. Realmente não as entendiam.

Começaram a responder apenas para serem cortadas pelos


homens que as seguravam. Torak olhou para seus irmãos.
Dividiriam as fêmeas. Metiam-se em muitos problemas quando
ficavam juntas.

— Leve-as. — Falou severamente aumentando seu aperto em


River quando ela lutou.

— Leve-as? — Ela chiou olhando-o com crescente raiva.

— Levá-las para onde? Aonde irão? Você não pode. Prometeu


nos ajudar a chegar em casa. O que fará? Jo? Star? — Gritou
enquanto observava os outros dois homens levarem as irmãs para
fora da sala de treinamento.

Zoran veio até onde ele segurava River. Parecia decididamente


mais pálido que quando elas apareceram pela primeira vez na sala
de treinamento.

— Meu Lorde, o que faremos com as facas que jogou?

Olhou para Zoran, incrédulo.

— Faça o que fizer, NÃO devolva a ela. — Falou antes de joga-


la por cima do ombro, esperando que não tivesse mais facas
escondidas em seu corpo.

River deu um grito assustado, que rapidamente se

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


transformou em surpresa, quando foi arremessada por cima do
ombro de Torak. A surpresa, mais que outra coisa, a manteve no
lugar enquanto se movia através da linha de guerreiros que
olhavam sua bunda curvilínea.

Empurrando-se enquanto passava pela porta, gritou.

— Cuide das minhas facas! Quero-as de volta!

Torak desceu a mão na bunda dela, fazendo-a chiar em


protesto pela picada aguda. Já teve o suficiente dessa mulher
pensando que era uma guerreira. Estava pronto para amarrá-la a
sua cama depois de despi-la para garantir que não tivesse mais
facas. Nunca viu um guerreiro com tantas armas em seu corpo
quanto essa fêmea! A única maneira de garantir que não tinha
mais nenhuma, era remover suas roupas para não ter lugar para
esconder. Estremeceu quando seu corpo reagiu ao pensamento
dela amarrada nua à sua cama. Não esperaria pela decisão do
conselho. Ele a reivindicaria antes que chegassem a Kassis,
decidiu.

River ficou deitada sobre no ombro de Torak, observando em


volta enquanto desciam a passagem. Levantou a palma da mão
para os guerreiros que passavam como se dissesse. Não sei qual é
o problema dele. Eles apenas olhavam enquanto passavam.

Torak nunca ficou tão contente de entrar nos confins fechados


do elevador como ficou quando as portas se fecharam. Abaixando-
a até o chão, a virou antes que falasse qualquer coisa e passou os
braços ao redor dela, prendendo-a ao seu lado.

River olhou para os traços rígidos de Torak, decidindo que

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


seria mais sensato ficar calada. Não sabia por que estava tão bravo.
Também não perguntou onde a levaria. Notou que apertou um
botão para um piso diferente do que ela, Jo e Star estavam.
Relaxou no abraço quente dele, descansando a parte de trás da
cabeça em seu peito largo. Sentia-se relaxada depois de se
exercitar, satisfeita com o desempenho das coisas. As três não se
apresentavam juntas há quase dois anos, então era bom saber que
ainda poderiam fazer isso. Experimentou alguns de seus
movimentos recentes depois que elas saíram. Falou-lhes o que
fazer com os pedaços de madeira que encontrou. Fechando os
olhos, se aconchegou um pouco mais perto do corpo dele enquanto
o ar esfriava seu corpo quente. Pensou em alguns dos diferentes
movimentos que gostaria de tentar. Não tinha ideia enquanto se
aconchegava mais perto de Torak que ele pensava em alguns de
seus movimentos.

Torak reprimiu um gemido quando River se aproximou de seu


corpo. O material que a cobria deixava pouco para a imaginação
quando visto à distância, mas próximo dela como agora, fez com
que a imaginação dele se incendiasse com todos os tipos de ideias.
Fechando os olhos, puxou-a para mais perto, subindo os braços,
para que o peso de seus seios descansasse ao longo dos braços
dele.

Reprimiu um palavrão quando as portas do elevador abriram


no piso que tinha seus aposentos. Pegando-a nos braços, a levou
até seu quarto, ordenando que trancassem a porta atrás dele.
Colocou-a no chão e observou enquanto ela olhava ao redor com
crescente preocupação.

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


River não sabia o que estava acontecendo, mas sabia que esse
era o alojamento de alguém, provavelmente de Torak.
Nervosamente afastou uma mecha de cabelo do rosto.

— Uh Torak, por que estamos aqui? — Perguntou enquanto


se afastava com um olhar nervoso.

— O que achou que fazia na sala de treinamento? —


Perguntou ele, observando seus olhos deslocarem-se para longe da
cama.

Moveu-se o mais longe possível da cama, o que não ficou tão


longe quanto queria. O quarto não era muito maior que o dela.
Andando para perto de uma pequena mesa, passou os dedos
trêmulos sobre ela.

Olhou-o antes de observar novamente a mesa.

— Estávamos entediadas e precisávamos de algum exercício.


Não havia espaço suficiente em nossos aposentos e um dos
tripulantes nos falou que havia um piso de treinamento. Pensamos
em dar uma olhada. Era perfeito.

— Poderia morrer! — Falou Torak, caminhando lentamente


em sua direção, a fazendo recuar até suas costas encostarem na
parede.

— Não, não teria. Fiz isso a vida toda. É divertido. — Falou


defensivamente.

— Divertido? — Exclamou em voz alta.

— Diversão! Perdi dez anos da minha vida por sua diversão!

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


Olhou-o confusa.

— Não entendo. Por que se preocupa com o que faço? Quero


dizer, não estava em perigo e não machucaria nenhum dos seus
homens. Faço coisas mais arriscadas o tempo todo. Eu…

— Mais arriscado? — Rosnou suavemente.

Observou-o, incapaz de se mexer. Não conseguia falar com ele


tão perto, apenas assentiu. Torak colocou as mãos em cada lado
da cabeça dela, descendo-as até os ombros, deixando-as
deslizarem por ela. Sem aviso, agarrou-a pelos pulsos e virou-a
para que encarasse a parede. Colocando as mãos dela na parede
na altura dos ombros, a puxou para trás em volta da cintura até
que ela usou a parede para não cair para frente.

— Fique assim. — Torak sussurrou severamente em seu


ouvido.

— O quê?! — Perguntou sem fôlego. Não entendeu o que fazia


até sentir as mãos dele vagando por seu corpo.

Torak revistou River em busca de armas adicionais. Sabia que


teria mais. O pouco tempo que passou com ela, percebeu que
sempre tinha um monte delas escondida em algum lugar em seu
delicioso corpinho. Fez uma pausa no cinto fino em volta da
cintura, puxando-o e deixando-o cair no chão com um baque.
Passou as mãos sobre a bunda dela, engolindo um gemido quando
arqueou em suas mãos.

River gemeu ao sentir as mãos quentes dele se movendo sobre


ela. O material da roupa que usava era extremamente fino e sentia

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


seu calor como se acariciasse sua pele. Silvou e se contorceu
quando passou a mão entre suas pernas.

— O que está fazendo? — Gaguejou corando, quando a ideia


de suas mãos correndo sobre seu corpo a fez querer coisas que
nunca pensou antes.

A mandíbula dele doía por cerrar os dentes impedindo que os


gemidos escapassem enquanto procurava.

— Procurando mais facas.

— Mas por quê? — River perguntou intrigada.

— Sempre carrego-as comigo. Bem, exceto quando passo


pelos aeroportos. Porque não quero ter problemas. Esqueci uma
vez e foi um pesadelo. Ricki precisou explicar tudo. Pensei que
Walter teria um ataque cardíaco. Trancou-me em seu quarto por
quase dois dias até que tudo se esclareceu. Certifiquei-me de
nunca mais esquecer de verificar depois disso. — Sabia que
divagava, mas era tudo o que conseguia fazer, pois estava nervosa
com as mãos dele percorrendo seu corpo.

— Walter? Quarto? — Torak resmungou com ciúmes.

— Sim. Se não fosse tão bom para mim, o cortaria. — River


gemeu quando ele passou a mão por dentro da coxa dela depois de
remover as pequenas facas presas aos tornozelos.

— Acho que tem todos elas. — Sussurrou roucamente.

— Preciso ter certeza. — Respondeu com voz rouca. Sua voz


profunda enviou arrepios através dela.

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


Sentiu todos os pontos de contato quando ele levantou,
correndo seu corpo ao longo do dela. Engasgou quando sentiu algo
duro esfregar contra sua bunda. Quando tentou se afastar, viu-se
virada e presa na parede com as mãos acima da cabeça. Encarou
os belos olhos escuros dele, imaginando vagamente se lutaria.
Sabia que, se realmente quisesse se afastar poderia, mas agora não
estava com vontade de ir a lugar algum.

Torak observou os olhos azuis escuros de River ficarem ainda


mais escuros. Nunca viu olhos tão bonitos antes. Lembravam-no
da nebulosa azul com seus redemoinhos, alguns tão escuros que
pareciam quase pretos. Olhou-a nos olhos, observando-os
enquanto pressionava seu corpo duro contra ela. Viu-a hesitar por
um momento antes que se enchesse de desejo. Sentiu um breve
momento de triunfo antes de abaixar a cabeça e reivindicar seus
lábios em um beijo selvagem cheio de desejo e posse.

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


SEIS
River nunca foi beijada tão profundamente antes em sua vida.
Gemeu e mexeu seu corpo inquieto contra o de Torak, querendo
mais. Desejava passar suas mãos pelos longos cabelos escuros;
puxá-lo ainda mais perto. Prendeu a respiração quando o sentiu
pressionar seu eixo duro em seu estômago. Sem pensar, levantou
uma das pernas envolvendo-a no quadril dele, puxando-o em
direção ao seu núcleo feminino.

Torak se empurrou contra ela, levantando-a até que o V entre


suas pernas se encaixasse no eixo pulsante. Estremeceu quando
ela levantou a outra perna, envolvendo-as ao redor da cintura dele
e arqueando as costas contra a parede, forçando-o ainda mais
perto. Moendo os quadris contra ela, soltou a boca e beijou sua
mandíbula e pescoço.

— Oh, oh, oh .. — Gemeu, circulando seus quadris.

Ele mudou seu aperto para que segurasse os dois pulsos dela
com uma das mãos grandes, passando a outra por seu corpo.
Pegou a trança em uma mão, forçando-a a inclinar a cabeça para
um lado, dando-lhe melhor acesso à garganta. Gritou e arqueou na
boca dele quando mordeu seu pescoço. A dor repentina seguida
por sua língua passado por ela fez que seu útero apertasse e a sua
vagina umedecesse de desejo. Fazer amor com ele seria um passeio
selvagem, pensou vagamente, com uma combinação de prazer e
dor levando-a à loucura.

— Minha. — Torak murmurou, sua voz cheia de desejo.

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


— Eu... Oh Deus, o que está fazendo comigo? — Ofegou
quando a mão dele deslizou sob sua camisa fina para agarrar seu
seis através do sutiã esportivo que usava.

— Minha. — Rosnou possessivamente enquanto empurrava o


sutiã esportivo, expondo seu mamilo duro e rolando-o entre os
dedos.

Ela soltou um pequeno grito quando sentiu seu corpo


tencionar com a necessidade.

— Oh Deus, tem que parar. Por favor, pare. — Falou


balançando a cabeça para frente e para trás.

Torak puxou a mão da camisa de River, segurou seu queixo


na mão e a encarou ferozmente.

— Você é minha. Registro de computador: Eu, Torak Ja Kel


Coradon de House of Kassis, reivindico você River, para minha casa
e como minha companheira. Reclamo-a como minha mulher.
Nenhum outro a reivindicará. Matarei qualquer um que tentar.
Dou-lhe minha proteção como é meu direito como líder da minha
casa. Reivindico-a como é meu direito pela House of Kassis.
Gravação final e arquivo no computador. — Observou-a enquanto
dizia as palavras tradicionais que a ligavam a ele. Para todos os
propósitos e intentos, agora pertencia a ele como companheira.
Enquanto tinha outras mulheres em sua casa, nunca se ligou a
nenhuma delas. Registrou sua promessa e a arquivou. Uma cópia
seria enviada automaticamente ao conselho e aos membros de sua
casa, mostrando que a vinculou como sua companheira.

Olhou-o confusa.

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


— O que fez?

— Liguei-a mim. Agora é minha companheira e me pertence.


— Falou ferozmente.

— Não te pertenço. Não pertenço a ninguém. Sou jovem


demais para ser de alguém e, além disso, não quero pertencer a
ninguém. — River sussurrou, de repente sentindo-se muito, muito
nervosa.

Sentiu o constrangimento que normalmente sentia ao redor


do sexo oposto. De repente, percebeu que estava com as pernas
enroladas na cintura dele. Corou e se soltou para que as abaixasse.
Ainda estava presa contra ele e a parede com as mãos acima da
cabeça.

Olhando para todos os lugares, menos para ele, murmurou


baixinho.

— Por favor, me deixe ir. — Realmente estava desconfortável.


Nunca foi além da primeira base com nenhum rapaz antes e
apenas com beijo dele, estava na metade do caminho para a
terceira.

— É minha, River. Reivindiquei-a. Pertence a mim. — Torak


falou arrogantemente. Afastou-se o suficiente para encará-la
possessivamente.

Estreitou os olhos. Apenas uma vez antes falaram isso a ela e


olhou-a dessa maneira. Foi um cara que saiu em dois encontros e
pensou que tinha direito ao seu corpo. Não gostou naquele
momento e não gostou agora.

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


Estreitando os olhos, falou calmamente.

— Retire.

Ele pareceu surpreso antes de responder.

— Não.

Olhou-o friamente.

— Falei, retire o que disse.

— E falei que não. — Respondeu com a mesma frieza.

— Bem. Seu funeral. — Falou antes de levantar o joelho e


bater na virilha exposta dele.

Torak arregalou os olhos antes que soltasse os braços dela,


derrubou-o com um golpe de caratê nos ombros, deixando-o de
joelhos. Teve um momento de dúvida quando o chutou no peito,
derrubando-o sem folego. Torcendo para longe da dor e da fúria
que viu nos olhos do homem, percebeu que agiu de uma maneira
apressada. Sem saber mais o que fazer, foi até a porta e descobriu
que não abria.

Ele gemeu.

— Pagará por isso. — Ofegou enquanto segurava a virilha com


uma das mãos e o peito com a outra.

Olhou ao redor freneticamente tentando descobrir uma saída


antes dele se recuperar. Correndo para o banheiro, implorou que a
porta fechasse e trancasse por dentro. Olhando em volta, notou
uma abertura no teto. Era apertado, mas sabia que poderia entrar
nela. De pé no banheiro, puxou a grade para baixo e pulou içando-

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


se através da pequena abertura. Recuando até alcançar a grade, a
puxou para o lugar enquanto ouvia um baque forte contra a porta
externa. Assustada, recuou até chegar a um cruzamento que
levava a uma abertura maior. Movendo-se sobre as mãos e os
joelhos, engatinhou o mais rápido possível através do sistema de
ventilação. Oh Deus, voltaria a viver no sistema de ventilação,
pensou com desespero.

— Como assim, se foi? — Perguntou Manota, incrédulo.

— Aonde iria?

Torak passou a mão pelos cabelos, corando. Finalmente


arrombou a porta do banheiro apenas para descobrir que River
desapareceu. Sabia que o único lugar que iria era ao sistema de
ventilação. Chamou-a repetidamente, mas não respondeu. Quando
rasgou a grade da abertura para que, pelo menos colocasse a
cabeça para olhar em volta, não a achou.

— Está no sistema de ventilação. — Murmurou, passando a


mão pelo pescoço.

— E por que sua companheira está no sistema de ventilação?


— Jazin perguntou intrigado.

— Queria que revogasse minha reivindicação. — Murmurou

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


baixinho.

— O que? — Manota perguntou irritado.

— Queria que você o quê?

Virou e olhou para os irmãos.

— Falei que queria que revogasse minha reivindicação e


recusei.

Os dois o encararam em choque. Nunca uma mulher recusou


uma reivindicação, especialmente de um dos membros no poder.
Era uma grande honra ser reclamada por um dos homens no
poder. A fêmea receberia muita atenção e se manteria com grande
respeito e honra em qualquer casa que estivesse. Torak, como o
próximo líder, era considerado um dos maiores prêmios, com
muitas mulheres pedindo para ficar em sua casa com a esperança
de ser escolhida. Não sabiam o que pensar de uma mulher se
recusando a ser reivindicada.

— Como entrou no sistema de ventilação? — Jazin perguntou


curiosamente.

Apenas encarou o irmão mais novo, frustrado. Não contaria


como a mulher o desarmou e colocou um dos guerreiros mais fortes
de Kassis no chão como uma criança chorona.

— E as outras duas? O que fez depois de levá-las do centro de


treinamento? — Perguntou. Se possível, as manteria separadas.
Odiava pensar em quanto dano causariam a seus homens e sua
nave. Experimentara o poder delas na nave de guerra dos Tearnats.

Foi a vez de Jazin corar e esfregar a mão na parte de trás do

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


pescoço.

— Levei Star para outro quarto e a tranquei. Não parou de


chorar enquanto fiquei perto dela. Não aguentei mais as lágrimas
e lhe disse que voltaria mais tarde depois que se acalmasse.

— E você, Manota? O que fez com a chamada Jo? —


Perguntou frustrado.

— Levei-a de volta ao quarto. — Manota respondeu


defensivamente.

— O que? — Falou que nunca mais conversaria comigo e toda


vez que tentava me aproximar, apenas levantava a mão, nem
mesmo me olhando. Era como se não existisse!

Passando a mão pelo rosto, Torak gemeu. Essas guerreiras


seriam a morte de todos eles. Tinha que descobrir uma maneira de
encontrar River e fazê-la entender que não havia como mudar sua
reivindicação. Não mudaria, mesmo que pudesse. Admitia que uma
pequena parte dele estava impressionada com sua capacidade de
desarmá-lo. Não significava que aconteceria novamente, apenas
que se orgulhava de ter uma mulher forte como companheira. Seus
filhos seriam fortes, pensou com um sorriso.

— Por que está sorrindo? — Perguntou Manota, descontente.

— Pensei que estava com raiva da fêmea.

Sorriu.

— Admita, a vida será interessante com três guerreiras fortes.


Apenas pense quão forte será nossa prole.

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


— Sim, bem, simplesmente não sei se sobreviverei tempo
suficiente para criá-los. — Jazin murmurou.

Os joelhos de River a estavam matando. Rastejou através do


que parecia uma tonelada de pequenas aberturas procurando por
Jo e Star. Finalmente encontrou Star no nível abaixo daquele que
foi levada.

— Star. — Chamou suavemente. O quarto estava escuro, com


apenas uma pequena luz brilhando no banheiro.

— Star, está acordada?

— River? O que faz na ventilação? — Perguntou intrigada,


olhando da cama para a amiga, que a encarava através da grade.

— Meio que derrubei Torak e meio que se chateou com isso.


— Sussurrou de volta.

— Bateu no capitão da nave? — Star arfou antes de rir.

— Oh River, o que fez para merecer isso?

— Reivindicou-me ou algo parecido. Lembra de Billy Myers?


— Sussurrou.

— Oh não, não puxou um Billy Myers, não é? — A amiga


perguntou rindo.

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


— Sim, fez. — Retornou o sorriso, descansando o queixo na
beirada da abertura.

— Pedi para retirar o que falou e negou, então o derrubei.

Star riu tanto que tinha lágrimas escorrendo pelo rosto.

— Oh River, isso não tem preço. — Séria, olhou-a de onde


estava deitada na cama.

— Acho que não nos levarão para casa. Jazin também não me
deixa ver Jo. Falou que nos separariam por um tempo até
aprendermos a nos comportar como mulheres. Estou com medo,
River.

Olhou para Star.

— Vamos. É hora de encontrar Jo e descobrir como sair daqui.


É a última vez que confiamos em um homem.

Star olhou para ela e assentiu incerta.

— Como sairemos daqui?

Abaixou e pegou a mão de Star, puxando-a para a abertura


ao lado dela.

— Quem sabe? — Falou com um sorriso.

— Enquanto estivermos juntas, quem se importa! Agora


vamos lá, encontraremos Jo. Talvez tenha alguma ideia e um pouco
de comida!

Star sorriu. Talvez tudo que precisassem era mostrar para um


monte de machos quem era realmente o chefe, pensou. Desta vez

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


será divertido. Fechou a grade de ventilação e rastejou atrás de
River.

As meninas estavam no sistema de ventilação por três dias,


passando de um nível a outro, deixando-os loucos. As saídas de ar
eram pequenas demais para entrarem e elas eram muito
inteligentes para ficarem em qualquer lugar por tempo suficiente
para serem apanhadas. Agora tinham um novo desafio. Torak,
Manota e Jazin colocaram homens nos tubos de emergência
maiores, em um esforço de capturá-las.

Manota se concentrou sobre os sistemas da nave enquanto


Jazin andava de um lado para o outro. Torak sentou na mesa da
sala de conferências com a cabeça entre as mãos, rosnando de
frustração. Chegariam a Kassis amanhã. Não fazia ideia de como
explicaria sua companheira e as duas amigas desaparecidas aos
membros do conselho que solicitaram que as apresentassem à
assembleia.

— Alguma sorte? — Jazin rosnou. Ficou lívido quando foi


verificar Star apenas para descobrir que desapareceu. Quando
soou o alarme, Manota foi verificar Jo e descobrir que sumiu
também.

Nos últimos três dias elas os provocaram com comida, roupas


e cobertores desaparecendo misteriosamente de diferentes
cômodos ao redor do navio. Preocupou-se tanto que colocara
guardas adicionais na sala de armas e até nos tubos de acesso de
emergência. Não encontraram nada, nada além de algumas risadas
assustadoras que ecoavam por toda a nave e não lhes mostravam
absolutamente nada. Nesse ponto, estava pronto para arrancar os

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


cabelos.

Xingando alto, se levantou.

— Onde caralho estão?

River olhou para os homens através da grade de ventilação.


Pareciam exaustos. Era estranho, mas quase sentiu pena deles.
Não conseguia tirar os olhos de Torak. Era tão bonito que quase
doía olhá-lo. Era inteligente o suficiente para saber que o queria de
um jeito que nunca desejou outro antes. Simplesmente não gostou
de como a reivindicou, sem perguntar. Queria ser cortejada, não
reivindicada como um carro. Queria conhecê-lo, não apenas ser
reclamada. Queria-o.., apenas de uma maneira que conseguisse
lidar. Também tinha que aceitar o que significaria pertencer a ele.
Sabia que se aceitasse, nunca mais veria a Terra e não tinha
certeza se estava pronta para dar esse salto. Nunca mais ver sua
casa, amigos, seu mundo... precisava de tempo para tomar esse
tipo de decisão.

— Chegaremos a Kassis amanhã. Como explicará aos homens


do conselho o desaparecimento não apenas de sua companheira,
mas das outras mulheres? — Perguntou Jazin, recostando-se na
janela de vidro, a vasta escuridão do espaço atrás dele.

— Não sei. Não há como saírem da nave. É apenas questão de


tempo até que serem apanhadas. — Torak respondeu, cansado.

— Sim, mas o tempo é a única coisa que não temos. —


Acrescentou Manota furioso, olhando a planta da nave. Havia
quilômetros e quilômetros de sistema de ventilação passando por
ela. Mesmo com os tubos maiores bloqueados, os ignorariam,

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


usando os menores. Era uma estratégia que nunca pensaram
antes e levariam em consideração. Tiveram sorte de serem essas
fêmeas e não outras espécies que se empenhavam em sua
destruição.

— Não tenho ideia de onde estão! — Manota falou frustrado


enquanto sentava.

— Podem estar em qualquer lugar. Existem quilômetros de


sistemas de ventilação que podem acessar que não podemos. Se se
empenhassem em nossa destruição, estaríamos mortos agora.

— Nunca vi um clã tão esquivo quanto essas mulheres. Não


gostaria de enfrentar seus machos se forem tão bons quanto elas.
— Continuou ele.

River não impediu que um sorriso se espalhasse pelo rosto.


Pensavam que eram guerreiras? Mal esperava para contar as
amigas. Perguntou-se o que achariam se soubessem que eram
apenas artistas de circo. Nunca lutaram contra nada pior que um
resfriado forte ou um namorado ruim. Afastando-se da abertura de
ventilação, saiu silenciosamente da sala de conferências e voltou
para onde as amigas a esperavam.

— Acham que somos guerreiras? — Jo perguntou, incrédula.


Olhou para River e Star e riu. Nem gostavam de discutir, muito
menos brigar. Só fizeram o que fizeram no último mês e meio
porque não tiveram escolha.

— Então, o que faremos? — Perguntou olhando entre as


amigas.

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


— Não sei. O que acham? — Perguntou.

— Quero sair desses respiradores. — Star falou suavemente.

— Sinto falta de Jazin. — Encarou-as duramente, desafiando-


as a negar seus próprios sentimentos.

Soltou um suspiro aliviado.

— Acho que isso responde à sua pergunta. Voltaremos.

Decidiram que apareceriam amanhã de manhã na área de


traslado. Sairia primeiro com Jo e Star cobrindo suas costas. Elas
se encontrariam com os membros do conselho e os
cumprimentariam como representantes do planeta Terra.
Recuperou sua mochila preta durante uma de suas excursões e
planejava se arrumar. As amigas levariam suas armas de escolha.
Não sabiam o que aconteceria, mas esperavam que um pouco de
bravura fosse bom, porque estavam assustadas. Nenhuma falou
sobre as escolhas difíceis que fariam em breve, ficar ou voltar para
casa. No momento, nenhuma sentia que tomaria essa decisão
importante sem saber mais sobre os homens que as faziam duvidar
de retornar ao seu mundo.

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


SETE
Torak, Jazin e Manota estavam na baía de transporte
esperando os homens do conselho desembarcarem. Passou
impaciente de um pé para o outro. Não esperava que os membros
embarcassem no Galaxy Quest. Elaborou todos os tipos de
desculpas para explicar por que as mulheres não seriam
apresentadas à assembleia imediatamente. Agora, essas desculpas
eram inúteis, pois o conselho decidiu trazer a assembleia a bordo
da sua nave de guerra.

Encarou os irmãos com um olhar frustrado. Apenas deram de


ombros. Não sabiam o que dizer e estavam tão frustrados quanto
ele.

— Lorde Torak, apresento os membros do conselho. — Um


dos guardas falou recuando para deixá-los se aproximarem.

Deu um passo à frente, curvando-se antes de ficar em pé.

— Cavalheiros.

Grif Tai Tek deu um passo à frente. Fez uma careta quando o
alto conselheiro se aproximou. Reprimiu uma maldição. Tai Tek
era um pé no saco em um bom dia e hoje não era um bom dia.
Opunha-se ao fim da guerra e sempre teve inveja do nome Ja Kel
Coradon e da House of Kassis.

— Torak, onde estão as guerreiras, as quais ouvimos falar


tanto? — Tai Tek perguntou olhando em volta, cético.

— Não as vejo.

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


Pigarreou.

— Não estão disponíveis no momento. Era nosso


entendimento que as apresentaríamos na sala de conferência.

Ele sorriu maliciosamente.

— Sim, bem os membros se intrigaram com a ideia de


mulheres realmente serem guerreiras e não queriam esperar.
Certamente, realmente existem ou foi apenas outra maneira de
fazer a House of Kassis parecer algo que não é?

Torak estreitou os olhos e levantou a mão para impedir que


seus irmãos avançassem com o insulto à casa deles.

— Existem. Iremos apresentá-las mais tarde.

Tai Tek olhou diretamente para ele antes de exigir baixinho.

— Acho que não. Apresente-as agora ou admita que são um


truque de faz-de-conta criado pela House of Kassis.

Reprimiu uma resposta brusca. O que realmente desejava


fazer era desafiar Tai Tek por tentar manchar o nome da sua casa,
mas não podia fazê-lo sem provas e, sem as mulheres não tinha
provas. Em pé em silêncio diante do conselho, encarou-o.

River, Jo e Star assistiam o que acontecia nas vigas acima da

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


área da baía de transporte. Prenderam cordas às vigas mais altas
e planejaram fazer uma entrada dramática. Ouvir o cabeça de
alfinete estufada abaixo deixou-a tão furiosa que estava pronta
para deixá-lo louco. Quem achava que era ridicularizando Torak
na frente dos outros homens do conselho e de seus próprios
soldados? De pé na viga estreita, acenou para as amigas antes de
soltar um grito de guerra do qual Mel Gibson se orgulharia.

Assustado, Torak virou e olhou para as vigas acima. Sua


respiração ficou presa na garganta quando viu River parada ali
observando-o. Ela olhou nos olhos de Tai Tek antes de mergulhar
de cabeça para fora da trave. Ele soltou um grito estrangulado ao
vê-la mergulhar. Em segundos, Jazin e Manota gritaram enquanto
assistiam Jo e Star fazerem a mesma coisa. Com absoluta graça e
facilidade, River voava antes de soltar a corda que segurava para
dar um giro no ar e aterrissar no chão do hangar da espaçonave.
Agachada com um joelho e uma das mãos no chão e a cabeça
inclinada, não levantou até que as outras aterrissassem atrás dela.
Só então levantou lentamente, sacando duas espadas curtas de
batalha em câmera lenta da bainha nas costas. Olhando para cima
com seus vívidos olhos azuis delineados em preto, olhou com
intenção mortal nos olhos de Tai Tek. Dando um passo à frente, as
outras levantaram atrás dela. Star segurava uma pequena besta
nas mãos enquanto Jo um cajado de lâmina dupla.

Tai Tek ficou atordoado. Pensou que finalmente tinha Torak


onde queria. Nenhum dos membros do conselho acreditou nos
relatórios que voltavam do Galaxy Quest sobre mulheres guerreiras
que não apenas mataram alguns dos Tearnats mais ferozes da

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


galáxia conhecida, como também aleijaram sozinhas uma de suas
enormes naves de guerra! Foi fundamental para leva-los a bordo.
Não daria a Torak a chance de encontrar algumas mulheres que
pudesse vestir e passar por guerreiras ou dar uma desculpa
estúpida para explicar por que não as apresentaria. Realmente
queria que o conselho visse a zombaria de Torak e da House of
Kassis. Quando os viu sozinhos, exceto por seus homens, sentiu
uma onda de triunfo amargo passar por ele. Por fim, os humilharia.

Esperava Torak admitir que inventara as fêmeas quando um


grito de guerra ecoou pela baía com um grito retumbante. Nunca
em sua vida esperava ver o que viu quando olhou para cima. Quase
quinze metros acima do piso do hangar de transporte, uma
pequena mulher estava de pé sobre uma viga estreita, encarando-
o. Seu corpo esbelto, vestido com uma roupa preta justa. Assistiu,
incrédulo, enquanto ela afundava de frente na viga, parecendo voar
antes de subir em um arco gracioso e completar um giro para
pousar em frente ao conselho. Com a mesma rapidez, duas outras
fêmeas apareceram e aterrissaram atrás dela. Um arrepio
percorreu sua espinha quando lentamente se levantou para
encarar o conselho puxando duas espadas curtas das costas.
Moveu-se com uma graça que capturou sua atenção. Quando
encarou seus olhos azuis escuros, sentiu como se se afogasse em
suas profundezas líquidas. Era a criatura mais hipnotizante que já
vira, caminhando com confiança enquanto balançava as espadas
na sua frente, desafiando qualquer um que se dispusesse a ficar
diante dela. Deu um passo para trás enquanto caminhava em sua
direção com um brilho mortal nos olhos.

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


— Tenha muito cuidado com quem insulta, Tai Tek. — A
fêmea falou em uma voz suave e delicada que continha um fio de
aço enquanto balançava a espada, parando a um suspiro do
pescoço dele.

— Minhas irmãs e eu apoiamos a House of Kassis. Insultá-los


é nos insultar.

River olhou para Tai Tek observando-o enquanto ele engolia


nervosamente. Não tirou a espada do pescoço dele até baixar os
olhos. Fez seu ponto. Não toleraria ele ou qualquer outra pessoa
insultando Torak ou seus irmãos.

Dando um passo atrás, virou para Torak e inclinou a cabeça.

— Meu Lorde. — Falou, olhando-o suavemente com uma


curva maliciosa nos lábios e um brilho nos olhos maquiados.

Somente depois de reconhecer Torak e seus irmãos, virou


para curvar-se aos homens do conselho. Ao fazer isso, mostrava
sua lealdade a ele e seus irmãos primeiro. De pé, se moveu, ficando
um pouco atrás de Torak e à esquerda. Queria se dar espaço
suficiente, caso precisasse provar sua capacidade de se defender
ou proteger aqueles com quem se importava.

Torak olhou nos olhos dela quando ela o encarou. Tinha muito
a responder quando ficassem sozinhos. Conseguia pensar em uma
dúzia de punições diferentes que gostaria de lhe dar, mas todas
desapareceram quando a olhou agora.

Encarando os homens, falou com voz firme.

— Membros do conselho, apresento minha companheira,

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


Lady River e suas irmãs guerreiras, Lady Jo e Lady Star.

River deixou escapar um suave 'humph' por a reivindicar tão


publicamente. Sorriu. O fato dela estar atrás dele agora falava
muito. Era dele, pronta para admitir ou não. Viu o rosto de Tai Tek
avermelhar de raiva com sua afirmação, mas sabiamente segurou
sua língua. Sabia que teria que vigiá-lo no futuro. Nunca o desafiou
publicamente, mas ficou descuidado. Não esqueceria seu insulto,
assim como seu constrangimento pelas mãos de uma guerreira não
seria perdoado.

River esperou até todos os membros do conselho embarcarem


na espaçonave antes de olhar ao redor do piso do estacionamento.
Tinha um homem da tripulação que precisava encontrar e
agradecer. Aproveitou que Torak se distraiu com um membro do
conselho relutante em sair para olhar ao redor. Seus olhos se
estreitaram no tripulante que estava a bordo da nave de guerra do
Tearnat e que conversava com Torak antes dela matar Trolis e
desmaiar de exaustão. Sabia que o nome dele era Kev Mul Kar e
era o capitão da guarda. Ao vê-lo parado de lado examinando a sala
sabia quase imediatamente quando ele a sentiu olhando para ele.
Caminhando até ele, deixou um pequeno sorriso curvar seus
lábios.

— Capitão Kar. — Falou suavemente.

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


— Um momento do seu tempo, por favor.

Kev Mul Kar viu a companheira de Torak se aproximar. Sabia


o que queria e corou. Era difícil ignorar quão bonita era. Ficou
fascinado quando apareceu na nave do Tearnat, matando Progit e
resgatando-os, mas vê-la vestida com a roupa que usava agora,
com os longos cabelos trançados nas costas e os olhos incomuns
destacados mais ainda pela coloração escura ao redor deles era
quase mais que seu autocontrole suportaria. Fazia tudo ao seu
alcance para não se fazer de bobo. Lady River era a criatura mais
exótica e sensual que já vira e, sua perícia como guerreira só
aumentou seu misticismo.

Inclinando a cabeça levemente para reconhecer sua posição e


seu respeito, respondeu.

— Como posso servi-la, minha Lady?

Ela riu.

— Chame-me de River.

Sorriu de volta.

— Como posso servi-la, Lady River? — Perguntou com a voz


um pouco rouca.

— Queria agradecer por recuperar minhas espadas. — Ela


corou um pouco antes de também pedir desculpas.

— Sei que não tinha o direito de entrar no seu quarto, mas


quando as vi, não resisti. Significam muito para mim. —
Acrescentou suavemente.

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


Olhou nos olhos dela, retornando seu sorriso.

— Pertencem a você, Lady River. Não precisa se desculpar por


pegar o que era seu por direito.

— Mesmo assim, obrigada. — Respondeu dando um abraço


nele.

Ficou rígido por um momento antes de passar os braços pela


cintura dela e retribuir o abraço. Fechou os olhos brevemente
quando sentiu a forma macia dela pressionando contra a sua mais
dura. Sentindo o perigo repentino, ficou tenso. Abrindo os olhos,
encontrou o olhar mortal de Torak, que congelou a menos de seis
metros de distância. O intenso olhar frio falou de morte se não a
soltasse imediatamente. Relutantemente, soltou-a e se afastou,
curvando-se brevemente antes de virar e ir embora. Foi uma das
coisas mais difíceis que já fez.

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


OITO
Torak ficou em silêncio durante a viagem de ônibus até o
planeta. River encarava-o de vez em quando, mas principalmente
ouvia a conversa ao seu redor. Os homens estavam animados por
finalmente voltar para casa. Muitos estavam no espaço por quase
um ano e ansiavam voltar. Outros conversavam sobre o que
aconteceu no compartimento de transporte e como prenderam a
respiração quando ela soltou seu grito de guerra.

Jo e Star sentaram lado a lado entre Manota e Jazin. Nenhum


dos irmãos as perderam de vista desde que apareceram no piso de
transporte. Jo a olhou e revirou os olhos, depois os cruzou e enfiou
a língua para fora. Reprimiu uma risada. Riu quando Torak a
encarou antes de olhar para Jo. Estreitou seus olhos enquanto
observava a interação entre elas. Falou algo a Jazin e Manota em
um idioma que seus tradutores não reconheceram. Um momento
depois, apertaram firme os pulsos de cada uma delas.

Levantou uma sobrancelha para ele quando a encarou com


um sorriso triunfante. Então, pensou que falar outro idioma que não
estava no tradutor era justo? Bem, usar a mesma estratégia era jogo
limpo.

Falando em cantonês, explicou sua teoria para Jo e Star


observando os rostos deles enquanto falava.

—Acho que tentarão algo e não querem que saibamos.

As cabeças deles giraram para observa-la com uma careta. Jo

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


sorriu e falou em italiano.

— Acredito que está certa. Não acho que seus tradutores


trabalhem em outro idioma que não o inglês, já que foi o único que
falamos antes.

Star observou o rosto de Jazin escurecer, falando em francês


e acrescentou.

— Bem, se misturarmos os idiomas, nunca entenderão o que


falamos. Veremos se gostam de comer corvo tanto quanto gostam
de servir.

Riram quando fizeram uma careta para elas. Jazin murmurou


baixinho.

— O que fizemos para merecer essas mulheres? — Fazendo-


as rir ainda mais.

River estava empolgada e assustada ao mesmo tempo quando


a nave pousou. Adorava viajar, mas até isso era um pouco longe
para ela! Realmente não teve muito tempo para absorver o fato de
estar em uma nave viajando pelo espaço antes, pois se preocupava
em apenas permanecer viva. Agora, daria seu primeiro passo em
um planeta alienígena. Olhando para Jo e Star, percebeu que
também estavam nervosas.

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


Torak olhou para baixo enquanto River torcia nervosamente
uma pequena faca entre os dedos, movendo-a para dentro e para
fora sem sequer olha-la. Tinha a sensação que ela nem sabia que
fazia isso, pois olhava para todos e tudo. Era muito orgulhoso de
sua casa, pois é uma das maiores e mais fortes de Kassis.
Providenciou um transporte para levá-los à casa deles. A House of
Kassis consistia em quatro edifícios principais. O edifício Sul era
composto por salas de conferência, salas de jantar, uma ala
médica, quartos adicionais para visitantes dignitários e salas para
entretenimento dos hóspedes. A ala Norte era a casa principal e
pertencia a ele. Abrigava o próximo líder da House of Kassis e agora
era a principal moradia dele, embora seu pai ainda vivesse e era o
líder de Kassis. Sua casa consistia em sua segurança particular e
as famílias deles, seus aposentos particulares, aposentos para
todos que estavam sob sua proteção, quartos de hóspedes
adicionais e várias áreas comuns. A casa Leste pertencia a Manota
e era conhecida como Segunda House of Kassis. Foi construída
quase idêntica à casa Norte, com poucas modificações que o irmão
fez. Continha sua força de segurança pessoal, alojamentos para
aqueles que estavam sob sua proteção e áreas de estar privadas e
comuns. A última casa era a casa Oeste, que pertencia a Jazin e
era conhecida como Terceira House of Kassis. Idêntica às outras
duas casas. No centro, entre elas, havia uma grande área de jardim
com fontes e caminhos que levavam a cada uma das casas
particulares e à casa comum. Se necessário, todo o complexo se
isolaria tornando-se uma fortaleza gigante.

Estava ansioso para apresentar River à sua casa. Ouvira seus


homens conversando sobre a entrada dela hoje de manhã e o

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


desafio que apresentara a Tai Tek. Cada história de seus atos,
desde resgatá-los de uma morte hedionda nas mãos de Progit,
passando por sua façanha na sala de treinamento, até o desafio
desta manhã, tornou-se ainda maior e mais grandioso que o
anterior.

Se fosse sincero, admitiria que foi o que aconteceu depois que


os conselheiros partiram que ainda o incomodava e o que o tornava
tão possessivo em mantê-la perto. Quando finalmente convenceu o
conselheiro Rai Marcs a embarcar em sua nave, se surpreendeu ao
encontrá-la abraçando seu capitão da guarda. Um ciúme feroz o
invadiu ao vê-la envolvida nos braços de outro guerreiro. Viu
lágrimas brilhando nos olhos dela quando olhou para Mul Kar, os
braços ao redor do pescoço dele; mas, pior ainda, foi o olhar no
rosto do seu capitão. Nunca viu emoção no rosto de seu guarda
mais confiável antes, como naquele momento. Sabia que levou
tudo que Mul Kar tinha para se afastar dela.

River assustou-se quando a mão de Torak apertar seu pulso


de repente. Encarava-a com um brilho feroz, um olhar de pura
determinação e posse estampado em seu rosto.

— Ei, está bem? — Perguntou, puxando suavemente seu


pulso para que soubesse que a segurava um pouco mais apertado
que esperava.

A boca dele ficou em linha firme.

— Você é minha. Lembre-se disso.

Levantou a sobrancelha para ele. O que trouxe isso?

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


— Pensei que esclarecemos isso. Não pertenço a ninguém. Não
sou algo que pode comprar. Sou um ser humano que tem opinião.
— Sussurrou ferozmente.

— Bem, entenda que me pertence. — Respondeu, antes de


virar mostrando que a discussão terminou.

De todos os cabeça-de-boi, teimoso, arrogante, machista-


chauvinista... Hugh! Pensou recostando-se no assento. Olhou para
Jo e Star, que os observavam. Cruzou os olhos e sinalizou que a
deixava louca. Reprimiram uma risada acenando em concordância.

River, Jo e Star sentaram entre os homens, exclamando por


todas as coisas diferentes que viam enquanto o transporte passava
pela cidade. Nunca viram um veículo que viajasse sem o uso de
rodas, exceto nos filmes. Depois que o ônibus pousou, foram a um
veículo enorme do tamanho de uma limusine, mas sem teto. Estava
parado a cerca de um metro do chão, sem nada o segurando. Jo e
Star andaram ao redor do veículo procurando o que o mantinha,
enquanto River realmente se ajoelhou para olhar embaixo. Os
homens assistiram com humor enquanto faziam várias perguntas
animadas. Torak finalmente levantou River e a sentou dentro do
transporte para que saíssem.

O resto do passeio provocou algumas das mesmas reações

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


enquanto se inclinavam sobre eles ou se levantavam enquanto o
transporte se movia para olhar algo que passava. Se não fosse pelo
agarre firmes deles, provavelmente teriam caído em mais de uma
ocasião, enquanto giravam para olhar para um prédio ou qualquer
número de Kassianos andando pelas estradas.

Chamaram quase tanta atenção quanto a cidade chamou a


delas. Vestidas como estavam em roupas justas pretas, com olhos
realçados e pequena estatura, causaram mais de uma parada ao
longo do caminho, enquanto seu povo vislumbrava as estranhas
fêmeas alienígenas que trouxeram para seu planeta. Parecia que
as notícias viajaram rapidamente sobre o que aconteceu no Galaxy
Quest esta manhã. Filas de pessoas margeavam a estrada
observando as três ferozes mulheres guerreiras.

Torak balançou a cabeça quando a agarrou mais uma vez,


quando ela levantou e apontou para a estátua de seu pai.

— Little One, sente antes de cair. — Falou enquanto a puxou


em seu colo, onde envolveu os braços ao redor dela.

— Mas viu isso? Era como se fosse feito de algum tipo de


cristal ou algo assim e brilhava! — Falou River excitada. Cara,
desejou que seu celular não tivesse morrido. Tiraria várias fotos
agora.

Torak riu junto com seus irmãos ao ouvir a reverência na voz


dela.

— Sim, é feito de um cristal que mineramos aqui em Kassis.


Verá grande parte dele enquanto estiver aqui.

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


— Jo, você ou Star não tem seu celular ou uma câmera, não
é? — Perguntou enquanto girava para frente e para trás no colo
dele.

Torak reprimiu um gemido quando sentiu a doce bunda dela


esfregar de um lado a outro contra sua virilha. Sentiu seu pênis
inchar quando se mexeu. Cresceu em resposta ao convite inocente
que involuntariamente lhe dava. Olhou para os irmãos que riam às
suas custas. Sabiam exatamente o que acontecia e não
demonstraram nenhuma simpatia pelo seu desconforto. O que os
divertiu ainda mais foi o fato dela estar totalmente alheia ao seu
efeito. As mulheres de suas casas tinham grande prazer em
chamar a atenção dos homens. Era revigorante e extremamente
provocador ter três mulheres que não tinham consciência de seu
impacto nos homens; não apenas não imaginavam, como se
esforçavam para fazer exatamente o oposto; tentavam afastá-los.

— Tipo, não. — Star respondeu sarcasticamente.

— Esqueci de embalá-los antes de partir para esta pequena


viagem.

River apenas riu.

— Opa, desculpe!

Jo riu. Inclinaram-se para trás quando a entrada das Houses


of Kassis apareceu. Ficavam em um dos níveis mais altos da
cidade, dando a cada casa uma visão da cidade abaixo.

— Uau! Fale sobre exagero. — River respirou. A cabeça dela


caiu contra ele quando passaram sob os elaborados portões que

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


levavam à entrada da frente.

Não resistiu e deu um beijo no pescoço dela enquanto o


arqueava para olhar para trás, sem se virar. Não reprimiu um
gemido suave diante da reação trêmula dela. Virou para ele com
uma expressão surpresa. Olhou-o nos olhos por um minuto antes
de corar e virar quando se aproximaram das casas.

Aquele breve beijo alimentou seu desejo ainda mais, fazendo


que seu pau crescesse mais sob sua bunda curvilínea. Ouviu a
respiração rápida e profunda dela quando o sentiu. Apertou-a
ainda mais em seu colo quando tentou se afastar. Precisou de um
momento para se controlar, antes de deixá-la ir. Mesmo assim,
seria óbvio para qualquer um que olhasse para sua virilha o efeito
que tinha nele.

Torak, Manota e Jazin estavam em pé a um lado do


transporte, observando atentamente as três desembarcarem.
Torak apareceu atrás de River e, apoiando a palma da mão nas
suas costas, a guiou em direção à entrada da South House,
explicando o objetivo de cada uma.

— Moro na North House como próximo líder de Kassis. Morará


lá comigo. — Falou ele.

Reprimiu a resposta que lhe daria por seu comentário


arrogante, em vez disso se contentou com uma resposta sem
compromisso.

— Veremos.

Lançou um olhar zangado a ela antes de continuar pelo

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


vestíbulo.

— Meus Lordes, bem-vindos de volta. — Um homem idoso


falou enquanto se aproximava deles. Vestia-se com algum tipo de
uniforme com vários metais pendurados no peito.

— Je'zi. — Responderam eles que se aproximaram e


agarraram os antebraços do idoso.

— É bom estar em casa. Tudo bem? — Perguntou Torak,


olhando ao redor.

— Sim, meu Lorde. A House of Kassis recebeu vários


visitantes enquanto estava fora das regiões orientais. Seu pai os
encontrou e assinaram um novo acordo comercial. Acredito que
retornarão em algumas semanas para iniciar negociações
adicionais. A casa principal e a segunda e terceira casas aguardam
ansiosamente o retorno de meus Lordes. — Je'zi entregou vários
documentos a Torak antes de entregar outros a Manota e Jazin.

Depois que explicou o que ocorreu durante a ausência deles,


acrescentou antes de sair.

— Notificarei cada casa de seus retornos, meus Lordes.

River, Jo e Star assistiram divertidas o homem virar


bruscamente e sair por duas enormes portas intrincadamente
esculpidas. Olharam espantadas ao redor as elaboradas
esculturas, estátuas e móveis. Merda, até as paredes e o teto eram
exagerados e visitaram alguns lugares realmente exagerados na
Terra. O teto brilhava com milhões de pequenos cristais. Ficou
tonta de dar voltas e voltas absorvendo tudo.

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


Quanto mais passavam pela South House, mais ficava
desconfortável. Era lindo, mas não pertencia a isso. Era uma
garota simples por natureza, aproveitando a vida de um artista de
circo itinerante; não uma grande dama. Visitava lugares como este
como turista, não vivia neles. Quando chegaram aos jardins no
centro entre as quatro casas, ficou ainda mais silenciosa quando a
escala do lugar que Torak chamava de casa se tornou mais
evidente. Admirou os jardins enquanto contemplava a multidão de
plantas e flores, maravilhada com as diferentes combinações e com
o belo paisagismo ao caminhar. Passando por ainda mais fontes e
estátuas de cristal, cruzou os braços impedindo que o arrepio da
depressão a dominasse. Não ficaria confortável lá. Conversaria com
Jo e Star e veria se encontrariam algo menor, grande o suficiente
para as três até que voltassem para casa. Conversaria com ele
sobre isso também. Certamente, saberia de um lugar. Abordaria o
assunto quando Manota puxou Jo em sua direção e seguiu para a
East House sem aviso. Jazin rapidamente puxou Star em sua
direção e para a West House ignorando a breve luta dela. Os
protestos de ambas morreram quando os homens as levantaram,
não dando tempo para discutir.

Encarou suas amigas subitamente se sentindo muito sozinha


e insegura. Torak colocou a mão nas costas dela novamente e a
empurrou gentilmente em direção a casa dele. Moveu-se
lentamente, pensando no que se meteu.

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


A North House tinha enormes degraus curvos que levavam às
portas duplas da frente, com quase seis metros de altura. Pensou
que os agentes de mudança não teriam problemas em passar os
móveis em portas tão grandes antes de perceber que era um
pensamento estúpido. Quando entrou no vestíbulo, realmente
desejou ter seus óculos escuros para se esconder atrás. Quanto
mais perto chegava da casa dele, mais as pessoas paravam e
encaravam. Não se importava quando se apresentava, mas era
muito tímida fora do picadeiro. Como não conseguia se esconder
atrás de óculos escuros, manteve o olhar baixo, para não ver as
pessoas a observando. Foi só quando ouviu um grito que levantou
os olhos para ver o motivo de toda confusão.

Não acreditou no que viu quando entraram no vestíbulo da


North House. Mulheres saíram dos quartos, desceram as escadas
e passaram pelas portas para cercá-lo, beijando-o, passando as
mãos sobre seu corpo e dizendo coisas que a fez corar
furiosamente. Nunca ouviu mulheres falarem assim, nem mesmo
no cinema. Ele ficou lá, sorrindo, deixando-as beijá-lo e acariciá-lo
como se fosse o animal de estimação favorito esquecido que foi
redescoberto. A cereja no topo do bolo veio quando uma mulher
alta e magra, vários anos mais velha, desceu as escadas com um
vestido bonito, mas muito revelador. O vestido em si era
praticamente transparente e a parte de cima, o que havia, nem

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


cobria os mamilos. Ficou boquiaberta por um minuto antes de virar
para encará-lo. Ele apenas sorriu quando a mulher alta veio até ele
e abaixou para um beijo profundo.

Sentiu um nó no estômago enquanto a observou passar as


mãos sobre o corpo dele, se pressionando contra ele. Incapaz de
suportar mais, deu meia-volta e saiu pelas portas da frente que
estavam abertas e desceu os degraus.

— Oh, meu Lorde, senti muito sua falta. — Javonna falou com
voz rouca. Ouvira que ele voltara e se preparara cuidadosamente,
usando um vestido que sabia que o atrairia para sua cama.
Pressionando-se nele, o deixou sentir seus mamilos enquanto
inchavam com o pensamento que os amava.

Sorriu para ela, quando gentilmente puxou os braços dela em


volta do pescoço. Era uma de suas amantes frequentes e a
apreciara por um tempo, mas agora que tinha River, descobriu que
não gostava que ela o tocasse. Cheirava predominantemente a um
perfume florido e suas curvas não eram tão suaves quanto as de
River em seus braços. Embora fosse experiente em saber como
levar um homem ao auge da excitação, descobriu que não sentia
desejo por ela.

Puxando os braços para baixo e segurando-os para não os


envolver em volta do pescoço, falou em voz alta.

— Apresento Lady River, minha companheira, chefe da House


of Kassis e futura mãe dos meus herdeiros.

Virou para onde a deixara parada quando entrara em sua


casa para ser cumprimentado. Pensou que se impressionaria com

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


o número de mulheres sob sua proteção, pois mostrava que era um
homem muito poderoso por ter tantas. Em vez disso, não estava
em lugar algum. Girando para olhar na sala a chamou, apenas
para não obter resposta.

River estava além de furiosa. Estava mortificada e humilhada.


Com raiva, enxugou as lágrimas que escorriam pelo rosto. Aquele
homem-prostituta arrogante. Aquela... aquela doninha nojenta.
Isso... estava tão brava que nem pensava em mais coisas ruins
para xingá-lo. Aquele idiota! Pensou que era cabeça grande. Nunca
ficou tão chocada ou magoada em toda sua vida. E falou que era
dele. Significava muito! Tinha mais de vinte mulheres vasculhando
todo o corpo dele e essa... mulher nem estava vestida! Praticamente
correndo agora, parou no centro do jardim, sem saber que caminho
seguir... Star ou Jo. Foi só quando contornou a fonte central que
viu Jo sentada na beirada segurando uma Star chorando.

— O que aconteceu? — Perguntou quando contornou a fonte


para ajoelhar na frente das duas. Sabia que Jo chorava também.

— Aqueles... aqueles.. — Jo engasgou com sua raiva.

— Idiotas! — Praticamente gritou sua frustração por não


encontrar uma palavra melhor para chamá-los.

— Você também, hum? — Perguntou.

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


Star se afastou para observá-la, lágrimas correndo pelas
bochechas inchadas.

— Jazin tinha cem mulheres o apalpando! Quando me


perguntou por que me chateei, enquanto tentavam tirar as roupas
dele na minha frente, não aguentei mais. Chamei-o de gigolô e
corri.

Jo olhou para River.

— O mesmo aqui, apenas bati nele quando tentou me beijar


depois que todas o beijaram. Como se realmente quisesse as provar
nele!

Assentiu, sentado ao lado das irmãs.

— Torak tinha umas vinte o apalpando. Uma delas usava um


vestido transparente com os mamilos aparecendo. Sai enquanto
enfiava a língua na garganta dele. — Fungou.

Jo encarou-as com determinação.

— Quero ir para casa. Para a Terra. Hoje não seria muito cedo
para mim. Pelo menos sei como os homens idiotas são. Aqui parece
ser normal.

Concordaram. Isso ajudou-as a ver a decisão que relutavam


em tomar. Era hora de voltar para a Terra. Não pertenciam aqui,
neste mundo. Levantou estendendo a mão. As duas a olharam por
um minuto antes de se juntarem a ela em uma demonstração de
solidariedade.

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


Torak estava frenético. Encontrou seus irmãos enquanto
desciam as escadas em direção a sua casa.

— Viu Star? — Jazin perguntou freneticamente, olhando-o.

— Correu.

— Jo também. — Manota falou, seu olho esquerdo inchando.

Olhou Manota assustado.

— O que aconteceu com você?

— Jo me deu um soco quando tentei beijá-la. — Falou


confuso.

— Ficou muito chateada com alguma coisa, mas não me falou


o que era.

Jazin os olhou.

— Minha Star também se chateou. Chamou-me de 'gigolô', o


que quer que isso signifique e correu antes que a impedisse.

— Onde está River? — Perguntaram ao mesmo tempo.

Passou a mão pelo pescoço.

— Não sei. Um minuto estava lá, no outro se foi. Iria


apresentá-la à minha casa, mas sumiu. Por que se chatearam

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


tanto? — Perguntou, confuso, olhando de um irmão ao outro.

— Jazin, o que fez antes de Star partir? — Perguntou.

— Fui recebido pela minha casa. — Respondeu intrigado.

— E você, Manota? — Perguntou.

— O mesmo. As mulheres me receberam em casa. Nada


incomum. — Respondeu antes de acrescentar.

— Exceto quando Jo me deu um soco.

— E você? O que fazia? — Manota perguntou.

— Fui recebido pelas mulheres da minha casa, como é


costume em nosso retorno; nada que a perturbaria. — Respondeu.

— É melhor encontrá-las antes que se juntem. Sabemos o que


acontece quando se reúnem. — Jazin falou.

River, Jo e Star decidiram que voltariam aonde o veículo


pousou. De lá, sequestrariam uma das naves espaciais, forçando
alguém, caso necessário, a levá-las a nave de guerra. Foi até onde
chegaram quando eles as encontraram.

River girou, puxando suas espadas e apontando-as para


Torak quando ele, Manota e Jazin apareceram.

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


— Afaste-se… seu... idiota. — Rosnou. Transformou seu
choque em vê-lo sendo apalpado em pura fúria.

Jo e Star assumiram posição mantendo-os na mira. Estavam


tão bravas quanto ela e mais que prontas para espancar alguém.

— River, Little One, conte-me por que está tão chateada? —


Torak implorou suavemente.

— Chateada? Acha que estou chateada? — Gritou. Os três se


encolheram quando sua voz veio em forma de grito.

— Star, baby. Por favor, volte para minha casa. — Jazin pediu
dando um passo na direção dela.

Ela estreitou os olhos.

— Quando o inferno congelar... seu puta! Não voltaria à sua


casa por todo o dinheiro do mundo!

— Jo, abaixe sua arma agora. — Manota exigiu.

— Voltará comigo para minha casa, onde discutiremos porque


está tão chateada.

Encarou-o e deu-lhe um sorriso feio.

— Sobre seu cadáver. — Respondeu friamente.

Torak percebeu que passaram algum tempo juntas, o que


significava que se uniram no que quer que decidiram.

River olhou-o friamente.

— Prometeu que nos devolveria a nossa casa se o


libertássemos. Estou cobrando essa promessa.

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


Seus olhos ficaram frios com o pedido dela.

— Prometi levá-la para casa e fiz. Sua casa agora é aqui.

River puxou a espada para cima, apontando para seu pescoço.

— Não era o acordo. O negócio era nos devolver à nossa casa,


a Terra. Aqui não é a nossa casa e nunca será. Ou nos devolve ou
encontraremos um caminho por conta própria.

Entrou na lâmina que apontou para ele, deixando a ponta


afiada cortar uma pequena e fina linha ao longo de sua garganta.

— Reivindiquei-a como minha, River. Sua casa agora é Kassis.


Nunca a deixarei ir e matarei qualquer um que ajudá-la ou a tirar
de mim. — Falou com uma voz fria e dura.

Os olhos dela arregalaram quando viu uma pequena linha de


sangue se formar a partir do corte.

— Então morrerei tentando me afastar de você porque nunca


te pertencerei. Nunca! — Respondeu trêmula.

Estremeceu ao ver o olhar frio no rosto dele. Nunca o vira


assim antes, nem mesmo quando Progit ameaçou matar seu irmão.
Faria o que fosse necessário para mantê-la.

Encarou-o fixamente decidindo o que fazer a seguir quando


viu um lampejo pelo canto do olho. Virou para o flash e arregalou
os olhos em horror. Gritou enquanto jogou a espada para o lado e
o empurrou para longe, derrubando-o no chão enquanto enfiava o
pé entre os dele empurrando seu ombro.

Torak amaldiçoou quando caiu no chão. Enfureceu-se com a

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


recusa dela em aceitar a reivindicação e a insistência em devolvê-
la ao seu planeta. Quando falou que preferia morrer a lhe
pertencer, foi tomado pela fúria. Como ousa negá-lo! Era o próximo
líder de seu planeta, o governante de sua casa, e preferia morrer a
estar com ele! Percebeu que pensava em uma maneira de sair da
situação quando abriu seus olhos repentinamente de horror. Antes
que respondesse, largou a espada e o empurrou para o chão.

Jo virou quando algo borrifou sua bochecha. Estava ocupada


olhando feio para Manota para prestar atenção no que acontecia
ao seu redor. Sabia que River discutia com Torak sobre levá-las
para casa e, no minuto seguinte, gritou.

— Cuidado! — Para todos.

Levantou a mão para limpar o líquido escorrendo pela


bochecha. Soltou um pequeno grito quando notou que era, de fato,
sangue. Manota percebeu ao mesmo tempo que Jazin. Os dois as
agarraram e as puxaram para o chão atrás da fonte.

River parou encarando Torak, incrédula. Deitou no chão


olhando-a, sua expressão mudando de fúria para horror quando
afastou a mão do peito para olhar o sangue encharcando a frente
da blusa. Com a mesma rapidez, caiu no chão ao lado dele.

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


NOVE
Torak rugiu para seus guardas, enquanto rolava para proteger
o corpo de River. Ela estava de lado, seu sangue encharcando o
caminho de seixos. Estava com problemas para respirar e tudo
ficava confuso. Suas respirações saíam em suspiros rasos
enquanto tentava aspirar oxigênio suficiente para falar.

Rolou-a para ver o quanto se feriu. Percebeu pela respiração


dela e a quantidade de sangue que era muito ruim. Arrancando
sua camisa, agarrou a frente da dela e a rasgou, expondo o sutiã
esportivo que usava. Tinha um pequeno ferimento na parte
superior do peito. Pela quantidade de sangue acumulado, o tiro
atravessou seu corpo saindo pelas costas. As mãos dele tremiam
quando rasgou a camisa ao meio, tentando impedir o fluxo de
sangue da ferida. Ao seu redor, houve gritos quando membros da
guarda de elite de cada casa entraram em ação. Em instantes, uma
equipe médica puxava cada um deles, procurando ferimentos.

Bateu nas mãos que o alcançavam, em vez de gritar para o


curandeiro cuidar de River. Observou enquanto o médico
rapidamente gritou instruções e trouxeram uma maca
antigravitacional. Olhou-a nos olhos observando enquanto lutava
para respirar, lágrimas silenciosas escorriam pelo canto dos olhos
antes de fechá-los.

— NÃO! — Rugiu, lutando contra as mãos que o seguravam.

— Não! — Gritou roucamente, nunca tirando os olhos do rosto


pálido e imóvel dela.

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


— Torak, venha. Temos que nos proteger. — Manota pediu
desesperadamente. Tinha que levar seus irmãos, Jo e sua irmã
para a segurança.

— Venha. Eles a levarão ao médico. — Falou, puxando-o com


força.

Lutou quando Jazin e Manota o afastaram dela. Virou bem a


tempo de ver um curandeiro atravessar o corpo dela e forçar o ar
para dentro.

— Farão o possível para salvá-la. Venha, os levaremos para


casa em segurança.

O capitão da guarda de Torak, Kev Mul Kar, tinha vários de


seus homens escoltando as mulheres em direção à casa comum.
Manota estava frenético para garantir que o sangue em Jo não
fosse dela. Ambas se mudaram rapidamente para a casa, seguindo-
os até a ala médica.

Pouco depois de chegarem, um dos curandeiros saiu para


verifica-las.

— E a minha companheira Lady River? — Perguntou, ansioso.

— Os outros estão a estabilizando enquanto conversamos. —


Falou o médico olhando-o com simpatia. — Não parece bom. Irei
informá-lo de sua condição depois que a avaliarem. — Acrescentou
antes de sair, satisfeito que Jo e Star não se feriram.

Choraram até não poderem mais enquanto esperavam para


saber se River conseguiria. Logo depois que o curandeiro saiu,
voltou a chamar Torak. Falou que estava estável por enquanto,

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


mas que perdeu muito sangue. Sofreu ferimentos nos órgãos
internos, incluindo um corte em uma das válvulas em seu coração.
Não sabiam se o sangue que tinham seria compatível e hesitavam
em usá-lo, porque estava muito fraca. Jo e Star tinham o mesmo
tipo de sangue que ela e se ofereceram para doar.

Agora, sentaram em uma cadeira, bebendo um suco de frutas


adocicado, sentindo-se muito cansadas. O estresse de chegar às
casas e ver os homens que se apaixonaram, cercado por mulheres
ansiosas, River levar um tiro e doar mais sangue que deveriam,
deixou-as fracas.

Torak afastou a mão de Javonna novamente enquanto andava


de um lado a outro. Incapaz de lidar com o toque dela, finalmente
a mandou de volta à North House. Ela ficou muito infeliz com sua
recusa em voltar com ela. Jo e Star apenas o assistiram com nojo.

— Nem sei por que está aqui. — Jo falou friamente.

— Não fez o suficiente para River sem lhe causar mais dor e
humilhação?

Virou para encará-la. Dando um passo ameaçador em sua


direção, apertou os dentes com força.

— Cuidado com o que fala. Guerreira ou não, não estou com


disposição para seu escárnio.

Manota se aproximou de Jo e colocou a mão no ombro dela.


Encolheu-se quando levantou se afastando mais dele.

— Mantenha suas mãos sujas para si.

— Por que está tão brava? — Jazin perguntou suavemente.

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


— O que fizemos para nos odiar de repente?

Star encarou-o com lágrimas nos olhos.

— Realmente não sabe?

Apenas balançou a cabeça, com o coração partido ao ver o


olhar de total devastação no pequeno rosto dela.

— São todas as mulheres que possui. — Jo respondeu


severamente.

— Pode não se importar de ter um harém tocando em você,


mas nós sim. Não compartilhamos. Nunca. — Não conseguia mais
esconder as lágrimas, então virou as costas para Manota.

Eles congelaram. Não imaginavam que as perturbaram tanto.


Era uma prática aceita em Kassis que uma casa tivesse muitas
mulheres. De fato, quanto mais mulheres, mais destaque a casa
teria, pois era preciso um guerreiro forte para satisfazer tantas. O
macho não procriava com nenhuma das fêmeas da casa, exceto
com a que escolhesse como companheira. Como eram muito
sexualmente ativos, era aceito por ela que mantivesse outras
fêmeas para não a incomodar com seus desejos sexuais
hiperativos. Agora, essas guerreiras diziam que era por causa
dessa prática que não queriam nada com eles.

— Não entendo. — Torak respondeu olhando entre elas.

— Seus homens não têm mais de uma fêmea em sua casa?

Jo respirou fundo sacudindo a cabeça antes de olhá-lo nos


olhos.

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


—Não. Não se quer viver ou pelo menos não perder qualquer
parte do corpo que gostam de ter. — Sentou ao lado de Star,
apontado para fazerem o mesmo. Somente depois que sentaram,
explicaram como os relacionamentos na Terra evoluíram.

— Na Terra, é normal ter um homem e uma mulher.


Geralmente se amam muito e se comprometem em construir uma
vida juntos. Se é um bom relacionamento são monogâmicos, o que
significa que nunca mais tocam em outro homem ou mulher de
maneira sexual. Existem nomes para a maneira como vocês têm
relacionamentos em nosso planeta e nenhum deles é muito bom.
River, Star e eu só temos um homem em nossas vidas que é
dedicado apenas àquela com quem está. Se esse homem tiver, e
quero dizer isso, um encontro sexual de qualquer tipo com outra
mulher ou homem, então o relacionamento termina e sairemos tão
rápido que não saberia o que o atingiu. — Jo falou encarando
Manota.

— Mas como é conhecida a força do homem se não tem mais


de uma mulher? — Perguntou Jazin observando Star.

— Confie em mim quando digo que uma mulher é tudo que


precisa. — Ela respondeu.

— Deixe-me perguntar uma coisa. Como se sentiria hoje se


entrasse em minha casa e tivesse tantos homens me beijando e
tocando, como você tinha mulheres?

Empalideceram com a ideia de tantos homens tocando e


sentindo suas mulheres. Ruborizando, Jazin respondeu
calorosamente.

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


— Mataria todos!

— Bem, é exatamente assim que nos sentimos. — Jo


respondeu.

— A propósito, sabe que uma mulher lida com mais de um


homem por vez muito melhor que um homem com mais de uma
mulher. Sem mencionar que uma mulher é capaz de ter múltiplos
orgasmos, onde um homem é bom para uma dose; mesmo que
demore um pouco para recarregar. — Falou rigidamente.

— Como sabe? — Questionou Manota, levantando e a


encarando.

— Livros, filmes, Internet. — Acrescentou apressadamente.

— Não por experiência pessoal.

— Então River me deixou por causa das mulheres em minha


casa. Ela... vocês, querem voltar ao seu mundo por causa das
mulheres que temos em nossas casas? — Perguntou Torak,
tentando entender o que explicaram a ele e seus irmãos.

— Sim. — Foi a resposta suave das meninas.

— Eu lhes avisarei, não importa o que façam, se tiver


mulheres vivendo sob o mesmo teto que vocês, não ficaremos.
Nunca. — Star falou encarando Jazin.

— Mesmo assim, acho que será difícil esquecer. — Jo


acrescentou observando Manota antes de se afastar, mas não
antes de ver a dor e traição em seus olhos e o tremor nos lábios.

— Eu lhe digo agora, Torak. Se aquela mulher que esteve aqui

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


há pouco tempo ficar perto de River quando acordar, a mato e a
você. — Star avisou encarando-o para que soubesse que falava
sério.

— Não deixarei você ou ninguém mais machucá-la. Não


merece isso e nós também não.

Ele assentiu. Tinha muito que pensar. Seu maior medo,


percebeu de repente, era que não teria a chance de provar a River
o quanto a amava. Abalado por perceber quanto significava para
ele, afundou-se na cadeira, olhando cegamente para a porta da
sala de espera.

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


DEZ
Torak enlouqueceria. Nenhum dos médicos voltou desde que
levaram Jo e Star para doar sangue. Fazia quase doze horas que
River fora baleada. Andava de um lado a outro, pronto para voltar
a unidade médica e encontrá-la. Os outros finalmente desistiram e
procuraram um lugar para dormir. Star dormia com a cabeça no
colo de Jazin no sofá, enquanto Jo se encolheu no colo de Manota.
Adormeceu na cadeira e somente depois disso ele a pegou. Ainda
não conversava com ele, a menos que precisasse, e se recusou a
olhá-lo por qualquer período. Torak virou e as duas sentaram
assustadas quando a porta abriu.

Um curandeiro idoso entrou na sala exausto. Seu rosto estava


pálido e cansado quando olhou para os rostos o encarando com
tanta esperança.

Encarando Torak, suspirou cansado.

— Meu Lorde, sua companheira sobreviverá. — Falou


cansado.

— Foi por pouco e não está totalmente fora de perigo.

— Por que ainda está em perigo? Nossos soldados já tiveram


ferimentos piores e não levaram muito tempo para curar. Por que
ainda sofre? — Exigiu.

O médico olhou-o antes de responder.

— Há muito mais na cura que apenas o corpo. Existe a mente


também. Sua companheira decidiu que é hora de ir para a próxima

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


vida.

Recuou quando o curandeiro falou.

— Mas por quê? Como sabe disso? — Sussurrou.

Jo se afastou de Manota e correu para o sofá onde Star se


segurava para não chorar novamente.

— River te ama. — Star sussurrou.

— Ela te amou desde o começo.

Afundou na cadeira perto da janela, a encarando.

— Contou isso?

Encarou-o antes de responder.

— Nunca se sentiu confortável com o sexo oposto. É o único


que deixou perto dela. Ah, saiu em um encontro ou dois, mas
nunca levou ninguém a sério. Nem mesmo Billy Myers e ela saiu
em dois encontros com ele. Não é só isso, sabia quando estávamos
nos tubos de ventilação. Esgueirava-se para encontrá-lo e ficava
fora por horas. Ficava te observando, se certificando que estava
bem. Preocupa-se com você.

— E não esqueça o que aconteceu ontem. — Jo continuou.

— Viu que estava em perigo e o protegeu mesmo com risco de


sua própria vida. Mesmo magoada pelo que, para nós é uma traição
profunda, não suportou que estivesse em perigo.

O curandeiro ouviu em silêncio antes de acrescentar.

— Acredito que as jovens estão corretas. Lady River pediu que

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


lhe transmitisse uma mensagem caso não sobrevivesse antes de
ficar inconsciente. Queria que lhe dissesse que espera que
encontre a felicidade, meu Lorde.

Olhou para ele em choque.

— Falou que sobreviveria. O que fazer para garantir que viva?

— Acredito que apenas você tem esse poder, meu Lorde. —


Respondeu antes de inclinar a cabeça em respeito e sair da sala.

— O que faço? — Encarou os irmãos. Pela primeira vez, se


sentiu perdido sobre como assumir o comando de uma situação.
Tinha muito a perder se tomasse a decisão errada.

Jo levantou e colocou as mãos nos quadris antes de encará-


los.

— Bem, para começar livrem-se das mulheres em suas casas!


Garanto que não entraremos em nenhuma delas novamente, se
uma mulher que vocês fodem ainda esteja lá, sem mencionar que
não nos tocará.

Star levantou e concordou, olhando para Jazin quando falou.

— Vale para todas. Vamos, Jo, encontraremos River e


sentaremos com ela.

Assistiram quando duas das três mulheres que amavam


saíram pela porta. Fariam algumas mudanças em suas casas, se
desejassem manter as guerreiras alienígenas que atingiram seus
corações e almas.

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


— Lembra da vez que Jenny a malabarista e Mad Andy
brigaram? — Star falou quando Torak entrou na sala onde River
permanecia deitada tão pálida e imóvel.

— Jogou os pombos nele e ele corria em círculos sem saber o


que fazer, tentando pegar as coisas. Foi a coisa mais engraçada,
até que ele correu para o poste quando não olhava e se nocauteou.
A pobre Jenny chorou por uma semana, sempre que via o rosto
dele depois disso. Ninguém teve coragem de contar-lhe que ele já
havia quebrado o nariz em mais de uma ocasião, por isso não era
culpa dela que estava tão torto.

Jo riu.

— Sim, e lembra da vez que os macacos se soltaram e


roubaram o carro dos palhaços? Eles os conduziram por toda a
pista, atropelando o pé de Walter e jogando o pobre Marcus no
tanque cheio de água.

Torak franziu a testa enquanto contavam uma história atrás


da outra sobre pessoas chamadas Jeffrey, o Snakeman4 ou Donna,
a Dragonbreather5. Foi só quando falaram sobre algumas coisas
que River fez que as parou para perguntar.

4 Homem Cobra.
5 Cuspidora de Fogo.

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


— Falou que Marcus, o Magnificent, cortou-a ao meio e se
recusou a montá-la novamente até que lhe contasse onde estavam
seus coelhos? Como sobreviveu a algo assim?

Em seguida.

— O que é coelho? Por que os escondeu? Quem é Walter? Por


que lutou com os palhaços? O que é um palhaço? — Foi a última
gota para as garotas, suas risadas ecoando pela sala.

— Podem, por favor, falar mais baixo? Tem uma garota tendo
seu sono da beleza aqui. — River murmurou fracamente.

— River? — Jo e Star falaram ao mesmo tempo pegando sua


mão.

River teve dificuldade em forçar as pálpebras a abrirem. Ouviu


Jo e Star conversando nos últimos vinte minutos mais ou menos,
apreciando a cadência de suas vozes e as lembranças felizes que
contavam. Estava prestes a abrir os olhos quando outra voz falou
suavemente. Torak. Sentiu lágrimas nos olhos quando lembrou
dele envolto no abraço alto e magro da mulher. Não tinha forças
para lutar agora. Esperava que fosse embora, mas, em vez disso,
questionou sobre coisas que eram importantes para ela, coisas que
a fizeram feliz.

Abriu os olhos e encarou, por cima da cabeça das amigas, os


lindos olhos escuros dele.

— Um palhaço é alguém que faz você rir, mesmo quando sofre.


— Respondeu suavemente, lágrimas brilhando em seus olhos e
escorrendo por sua bochecha.

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


— Então encontrarei esses palhaços e os trarei para você. —
Falou suavemente.

As amigas olhavam entre eles. Jo fez sinal para Star a seguir.


Parou quando passou por Torak.

— Lembre o que te falei. Quis dizer isso. — Falou antes de


soprar um beijo e a deixar sozinha com ele.

Olhou-o por vários minutos antes que abaixar a cabeça.

— O que te falou?

— Que se te machucasse novamente, me mataria. —


Respondeu.

Seus olhos voaram para os dele antes que os abaixasse


novamente, mordendo o lábio para impedir que um pequeno
sorriso escapasse diante da ideia da pequena e gentil Star matando
um guerreiro duas vezes maior que ela.

— Ela faria isso. — Falou.

Torak foi até ela, gentilmente pegando sua mão antes de


sentar ao seu lado.

— Eu sei. E a deixaria. — Acrescentou.

Encarou-o e balançou a cabeça.

— Não voltarei lá. Não irei. — Seus lábios tremeram e levantou


uma das mãos para enxugar uma lágrima perdida.

— Falaremos disso mais tarde. Ainda está fraca. — Olhou


para seu rosto pálido, afastando seus cabelos.

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


Torak não viu o cabelo dela até alguns dias atrás, quando Jo
e Star desfizeram a trança para lavá-lo. Quando entrou,
conversavam como hoje, como se River estivesse realmente lá.
Acabaram de banhá-la e a vestiram com um vestido novo. Entrou
enquanto a seguravam gentilmente, escovando seus longos cabelos
escuros até que brilhasse como orvalho delicado nas teias das
árvores. Fazia mais de uma semana que levara um tiro, mas ainda
não havia acordado. O curandeiro estava certo. Foram capazes de
curar seu corpo, mas não sua mente. Retirou-se do mundo dos
vivos para o mundo sombrio de uma meia-vida, seu corpo aqui,
mas sua mente não. Elas chamavam isso de coma. Falaram que,
em seu planeta, acreditava-se que se alguém estivesse em coma,
ainda ouviam aqueles que estavam na terra dos vivos e era
importante conversar com a pessoa para que encontrassem o
caminho de volta.

Durante o dia, permaneciam ao lado de River enquanto


Manota, Jazin e ele cuidavam dos negócios nas suas casas. Toda
mulher que fora uma amante não estava mais lá. As únicas fêmeas
que ficaram eram as acasaladas, crianças pequenas ou idosas. Não
foi uma tarefa fácil, pois muitas delas brigaram para não se
transferir para outra casa.

Na casa dele, Javonna foi a mais difícil gritando, xingando e


finalmente ameaçando River. Foi só quando fez a declaração final
que teve o suficiente. A ameaça contra sua amada era demais,
considerando que lutava por sua vida enquanto Javonna falava em
acabar com ela. Ele prometeu matá-la pela ameaça e Mul Kar
ansiava cumprir a sentença de morte. Notou que seu capitão

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


vigiava de perto a condição de River e até a visitou em uma ocasião,
embora nunca sozinho. Conhecia tudo que tocava a vida dela
agora. Nunca mais seria ameaçada ou prejudicada se pudesse
impedir.

A noite era o tempo que ficava com ela. Na quietude da noite,


lia, contava histórias de quando ele e seus irmãos eram jovens,
conversava sobre seu povo e escovava os cabelos compridos,
dizendo o quanto a amava e precisava dela. Não sabia se o ouvia
ou não, mas foi um tempo de cura para si. Descobriu, pela primeira
vez em sua vida, que desejava saber mais sobre alguém além de
seus homens ou irmãos. Queria saber mais sobre ela. Sua cor
favorita, o que gosta de comer, o que a relaxava, que histórias se
interessava. Em suma, queria saber tudo sobre ela.

River estava cansada demais para lutar, então apenas acenou


com a cabeça.

— O que aconteceu? Sei que Jo e Star estão bem, e seus


irmãos?

Pegou a escova da mesa lateral e cuidadosamente a ajudou a


sentar. Seus ombros eram tão pequenos e frágeis. Parecia que uma
brisa suave a levaria. Agarrou a escova com força enquanto
pensava quão perto esteve de perdê-la para sempre. Respirando
fundo para afastar a dor, sentou atrás dela na cama, colocando-a
entre suas pernas e recostando-a nele. Escovou os cabelos dela
gentilmente enquanto respondia.

— Estão bem. Kev encontrou algumas cápsulas no telhado da


South House. Pertencem a uma arma comumente usada por

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


assassinos.

River tentou virar, mas não conseguiu, pois estava presa entre
os braços e as pernas dele.

— Por que alguém desejaria assassiná-lo?

— Sou o próximo líder de Kassin e chefe da House of Kassin.


Muitos estão descontentes com o fato de nossa casa apoiar o fim
da guerra.

— Então sempre estará em perigo? — Perguntou com um


calafrio. Parecia que não importava em que mundo vivia; se era
poderoso, corria perigo.

— Na maioria das vezes estou muito seguro. Nossas forças de


segurança são as melhores da galáxia e sou muito difícil de matar.
— Murmurou enquanto pressionava um beijo no lado do seu
pescoço, onde puxara os cabelos para trás.

Estremeceu e sentiu seu útero tremer com a sensação dos


lábios dele. Ah, queria sentir os lábios nela. Inclinando a cabeça
para o lado para expor mais do pescoço, deitou no ombro dele.

— Ah, Little One, é tão bonita. Minha linda mulher guerreira.


— Falou enquanto colocava a escova na cama e passava as mãos
em volta do estômago dela, deslizando-as ainda mais até que
descansassem sob seus seios.

Gemeu quando relaxou contra ele, apreciando a sensação de


seus braços fortes ao seu redor. Quando os moveu para cima, o
peso de seus seios repousou nas palmas das mãos dele. Pensou
que gozaria ali. Nunca em sua vida se sentiu tão frágil, bonita e

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


amada. Sentia seu pau duro pulsando contra suas costas avisando
que não era imune ao que acontecia.

— Torak. — Sussurrou, colocando as mãos sobre as dele e


guiando-as até que cobrissem seus seios.

Ele gemeu ao sentir os mamilos duros nas mãos. Puxando-os


e beliscando-os através do material macio e fino, balançou os
quadris contra ela.

Sua respiração acelerou enquanto ele revirava os mamilos


entre os dedos. Beliscou-os com força o suficiente para que
pulasse, inclinando-se para frente. Aproveitou para deitar ainda
mais sob dela, para que sentasse em seu colo, com o pênis
pressionado contra sua vagina. A única coisa entre eles era o
material fino de suas calças e vestido.

— Oh Torak! — Gemeu esfregando sua vagina em seu


comprimento duro.

— Sente-se, River. Deite sobre mim. — Sussurrou com voz


rouca. Não seria capaz de se aliviar, mas daria o que ela
necessitava.

Tremeu quando deitou contra o peito largo dele. Sentiu-o


juntar o tecido do vestido em uma das mãos e deslizar até que
tocasse os cachos macios entre suas pernas. Recuou quando ele
usou os dedos de uma das mãos para espalhar seus lábios macios.
Gritou quando esfregou o dedo sobre seu clitóris. Nunca sentiu
nada assim antes. Seu corpo queimava e sentia a umidade escorrer
entre suas pernas enquanto ele esfregava seu clitóris. Tremeu
quando colocou a outra mão ao seu redor, puxando-a ainda mais

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


perto para que separasse seus lábios com uma das mãos enquanto
esfregava sua protuberância inchada com a outra. Deixou sua
cabeça cair contra ele enquanto movia o dedo para frente e para
trás, mudando de posição e velocidade.

— Bonita. — Ele murmurou olhando para baixo e observando


enquanto acariciava seu clitóris.

— Observe o que faço, Little One. Olhe enquanto lhe dou


prazer.

Abaixou os olhos para ver o que fazia com ela. Viu quando
separou seus lábios. Arregalou os olhos quando o viu acariciar seu
clitóris esfregando-o para frente e para trás. O tremor em seu corpo
aumentou e gritou seu clímax quando observou os dedos dele
desaparecerem dentro dela para bombeá-la e acariciá-la. Tentou se
inclinar para frente para fugir dos sentimentos avassaladores,
enquanto puxava seu orgasmo até que se tornou muito e desabou
contra ele soluçando.

Torak puxou lentamente os dedos para fora de River,


deixando-os acariciar seu nó ultrassensível. Ela estremeceu
quando passou os dedos sobre ela. Lentamente abaixou o vestido
e puxou-a para mais perto, enterrando seu rosto nos cabelos dela.
Sentiu o cheiro de sua excitação e lutou muito para não reagir. Seu
corpo palpitava dolorosamente de desejo. Nunca considerou o
prazer de outro antes do seu. Agora, não se imaginava apenas
tendo o prazer dele e nunca proporcionado o dela. Ficou selvagem
em suas mãos. Sabia que ela era inocente. Não usou nenhum dos
gemidos que outras mulheres com mais experiência usavam. Se
não se enganou, nem sabia o que acontecia até gozar.

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


Segurou-a em seus braços até ter certeza que adormeceu. Em
alguns dias a levaria para sua casa. Amanhã, iniciaria o processo
de cortejá-la, como Jo e Star falaram que precisava fazer para
recuperar sua confiança. Sabia que tinha seu amor. Pode não
admitir, mas viu o brilho em seus olhos, quando o encarou depois
de levar um tiro. Esperaria até que estivesse pronta. Só então a
reivindicaria como sua.

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


ONZE
River esperava nervosamente Torak aparecer. Jo e Star vieram
cedo para ajudá-la a se arrumar. Ainda estava fraca por perder
tanto sangue e ficar em coma por quase duas semanas, mas ficava
mais forte a cada dia. Corou quando insistiram em ajudá-la no
chuveiro até que contaram que a banharam enquanto estava
inconsciente. Ajudaram a se vestir e escovaram os cabelos
compridos, fixando-os no topo da cabeça em um penteado
elaborado.

A única vez que protestou foi quando a ajudaram a se vestir.


Ficou surpresa quando entraram usando vestidos longos. Jo
explicou que tentavam chegar a um acordo com os homens e
decidiu que experimentariam os vestidos temporariamente. Star
decidiu que fariam algumas alterações nos vestidos, então eram
realmente calças que se pareciam com vestidos. Trouxeram um
lindo vestido azul escuro que ornava com seus olhos. Combinava
com sua figura esbelta como uma segunda pele empurrando seus
seios e exibindo seus traços delicados. Depois que a ajudaram a
ficar na frente do espelho, corou com sua aparência. Nunca se
sentiu tão feminina. Com os cabelos escuros empilhados na cabeça
e olhos azuis escuros com delineador preto, parecia o mais longe
possível de uma guerreira.

— Fiz alguns ajustes rápidos no vestido. — Star sorriu


enquanto pegava uma pequena bolsa contendo seis facas. Havia
quatro pequenas e duas maiores.

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


— Pensei que as menores caberiam em sua cintura e se
misturariam ao cinto. As maiores serão presas a você, uma na coxa
que possui uma pequena abertura tipo zíper para alcançá-la e uma
na parte interna do braço com o mesmo tipo de abertura para que
ninguém as perceba a menos que use um detector de metal. —
Explicou enquanto deslizava as facas em suas bainhas.

Seus olhos brilhavam com lágrimas quando encarou a amiga.

— É a melhor irmã de todo o universo.

— Agora, não chore. — Jo murmurou.

— Se o fizer estragará meu trabalho duro.

— Ok, não chore. — Riu.

De repente, sua respiração travou na garganta quando olhou


para cima e viu Torak parado na porta a encarando. Corou de um
rosa brilhante quando pensou no que fez com seu corpo alguns
dias antes. Virando devagar, olhou-o nervosamente, brincando
com a saia do vestido.

— Oi. — Falou timidamente.

— Está linda, Little One. — Falou com voz rouca. Não tirou os
olhos dela. Tirava o fôlego.

Jo e Star sorriram.

— Bem, felizmente, não irá muito longe. Nós nos vemos mais
tarde, River.

— Mas.. — Falou em pânico, mas já era tarde demais.


Desapareceram pela porta em um acesso de risos.

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


Observou-o novamente e corou ainda mais.

— Não sei para onde ir. — Falou em voz baixa. Encarou o


chão. Estava na ala médica desde o dia em que chegara a Kassis.

Torak se moveu silenciosamente na direção dela. Colocando


os dedos sob seu queixo, o ergueu até olhá-lo nos olhos.

— Você se juntará a mim, na minha casa.

Colocou o dedo nos seus lábios quando protestaria.

— Será a única mulher que olharei. As outras são acasaladas,


muito jovens ou idosas. Não há outras, River. Só você.

Lágrimas lhe queimaram os olhos quando lembrou da última


vez que esteve na casa dele. Tinha medo de confiar no que falava.

Torak via a indecisão nos olhos dela. Afirmaria que estava com
medo de confiar nele. Abaixando-se, capturou seus lábios
enquanto a puxava para perto do seu corpo. Sentiu o corpo dela
relaxar no seu e aproveitando sua aceitação, passou a mão por ela
para segurar sua bunda com as mãos em concha. Sentiu a boca
dela aberta e mergulhou a língua nela fazendo amor com sua boca
com a mesma intensidade, o mesmo amor que teve com sua vagina
no outro dia. Quando a soltou, se derreteu em seus braços.

Segurou-a em pé, quando sentiu seus joelhos cederem.


Gostava desse cortejo. Era mais difícil que a merda, mas se
interessava mais no prazer dela que em sua própria satisfação. Nos
últimos dias, aprendeu mais sobre River. Sabia que amava a cor
azul, tinha medo de aranhas, quaisquer que fossem, era exigente
com quem tocava suas facas, recebera suas espadas de batalha

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


curtas como presente de aniversário de dezesseis anos de seus pais
e gostava de ouvir uma variedade de músicas. Passava cada
minuto livre que podia com ela, todos os dias se apaixonando mais,
quando descobriu que era tão bonita por dentro quanto por fora.
Puxando-a para mais perto, mal podia esperar até que a tivesse em
sua cama hoje à noite. Conheceria cada canto, cada linha, cada
covinha em seu corpo no momento em que tivesse seu prazer.

Andando pela porta da ala médica, não parou quando ela


agradeceu, sem fôlego, ao curandeiro ao passaram por ele. O idoso
apenas riu enquanto observava o Lorde de Kassis levar sua
companheira para casa. Não se surpreenderia se houvesse um
novo herdeiro dentro de um ano. Assobiando baixinho, desceu o
corredor animado.

River ergueu o rosto para o sol brilhante quando Torak a levou


para fora da South House e desceu os degraus para os jardins.
Olhou em volta cautelosamente enquanto ele se movia mais para
dentro.

— Acha que é seguro estar aqui? — Perguntou nervosamente.

— Sim, Little One. Criamos um campo de força desde que foi


baleada. Ninguém entra ou sai da House of Kassis sem que
saibamos. Para entrar, eu, um dos meus irmãos ou meu pai tem

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


que permitir ou quem entrar será incapacitado até receber um
antídoto.

— Como é possível? — Perguntou atônita. Só ouvira coisas


desse tipo no canal de ficção científica em casa.

— Todo mundo que entra dá uma amostra de sangue para ser


aprovado. Uma pesquisa completa é feita sobre qualquer pessoa.

— Mas e os visitantes inesperados? — Perguntou, curiosa.

— Entrarão em partes da South House, onde os convidados


se alojarão até novo aviso. A rede de segurança é muito precisa. —
Respondeu divertindo-se com todas as perguntas.

— Bem, e se vierem de cima? — Questionou apontando


diretamente para o céu.

— Não dá para ver, mas o campo de força cobre


completamente toda essa área. É para não ser visto. — Respondeu
presunçosamente.

— Uau. — Foi tudo que falou. Não tinha mais perguntas. Em


vez disso, observou ao redor curiosa, imaginando para onde a
levava.

Torak foi por um caminho ao lado de sua casa. Deitou a


cabeça em seu ombro, apreciando a sensação de seu corpo quente
e braços tensos. Temia que pesasse demais para carregá-la a
qualquer distância, mas até agora não se cansou e gostava de ser
carregada para sugerir uma caminhada. Não foi até caminhar até
um dossel de árvores que engasgou de surpresa. Do outro lado
havia um pequeno lago com flores e algum tipo de pássaro colorido

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


nadando. Perto do banco havia um cobertor e uma pequena cesta.
Foi até o cobertor e gentilmente a deitou.

— Pensei que gostaria de ficar do lado de fora por um tempo


depois de ficar presa na nave de guerra e na ala médica. — Ele
falou enquanto sentava ao seu lado.

Encarou-o. Não acreditava que era tão atencioso. Os últimos


dias foram maravilhosos. Passou um tempo com ela apenas
conversando, embora esperasse mais. Lambeu nervosamente os
lábios quando recordou o que fizeram. Lembrou da sensação das
mãos dele, da maneira como seus dedos se moviam.

Torak gemeu enquanto a observava.

— Little One, estende os limites do meu controle. Tento me


comportar. Não planejei fazer amor com você até mais tarde.

Olhou-o com olhos carregados de desejo.

— Planeja fazer amor comigo mais tarde? — Perguntou


encarando os lábios dele.

— Sim. Agora, comporte-se ou minha boa intenção será em


vão. Gostaria de comer algo? — Perguntou Torak, tentando
desesperadamente distraí-la. Sentia seu desejo e jogava com todas
suas boas intenções. Planejou conversar, conhecer mais sobre o
seu mundo enquanto comiam e, possivelmente beijar-lhe enquanto
aprendia ainda mais sobre ela, depois a deixaria dormir por um
tempo. Planejara tudo com cuidado.

E tudo saiu pela janela quando, de repente se lançou em seus


braços, fechando os lábios nos dele e o derrubando. Agarrou suas

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


bochechas mordiscando seus lábios e aproveitando sua boca
quando a abriu. A língua dela passou por seus lábios provando e
provocando a dele até que gemeu e devolveu o beijo. Quando sua
língua deslizou pela dela, a chupou. Quase se desfez quando River
a chupou inocentemente para cima e para baixo como se fosse seu
pau. A imagem queimou em seu cérebro e tudo que fez foi agarrar-
se aos fios frágeis de seu controle, que iam embora a um ritmo
assustador.

Virando até que a tinha debaixo dele, deslizou entre suas


pernas na esperança de prender seu corpo por um momento até
que se controlasse.

Inclinou-se e o beijou, colocando os braços em volta do


pescoço dele, passou as mãos por seus cabelos, raspando o couro
cabeludo com as unhas.

Desistiu de resistir a ela. Queria-a desde o momento em que


a viu na nave de guerra do Tearnat.

Afastando-se, olhou-a ferozmente.

— Eu a reivindicarei, River. Tem uma escolha. Faço aqui e


agora. Ou a levo aos meus aposentos na North House para uma
cama. Qual sua decisão?

— Aqui, agora. — Sussurrou.

Rosnou quando se afastou o suficiente para virá-la de bruços.


Desfez os laços nas costas do vestido, a colocou nas mãos e joelhos
para tirá-lo pelos ombros. Prendeu a respiração quando percebeu
que não usava nada por baixo.

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


— Ajoelhe-se para tirá-lo. — Falou com voz carregada.

River se ergue até ficar de joelhos, ainda de costas para ele.

— Fique de pé. — Rosnou puxando-a até que estava de pé.


Enquanto isso, o vestido desceu por seu corpo formando uma poça
aos seus pés. Só restava a faca presa à coxa e a presa no antebraço.
Jo e Star fizeram isso, explicando que as mulheres neste mundo
não as usavam. Star planejava fazer alguns modelos para mostrar
aos rapazes o quão sexy as roupas poderiam ser.

Apertou os dentes. Vê-la nua com nada além de duas facas


presas foi emocionante. Ele a reivindicaria enquanto as usava para
honrá-la como a guerreira que era. River começou a se virar, mas
deu-lhe um tapa na bunda quando se mexeu. Ela pulou com o
tapa. Realmente não a machucou, apenas a surpreendeu. Olhou
por cima do ombro, surpresa.

— Não se mova, a menos que peça. — Rosnou, o calor do


acasalamento assumindo o controle. Lentamente despiu-se
andando até ficar na frente dela enquanto fazia isso. Queria ver
seu rosto enquanto se despia.

Os olhos dela arregalaram e lambeu os lábios, repentinamente


secos enquanto o observava remover suas roupas. Tirou a camisa
primeiro, desamarrando-a lentamente. Observou-a seguir seus
dedos enquanto desfazia cada um dos botões que a mantinham
fechada. Quando parou, seus olhos voaram para os dele antes de
voltar para os dedos. Quando desfez a gravata, lambeu os lábios
novamente. Fez a mesma coisa mais três vezes, vendo seus olhos
irem para os dele antes de voltar para as mãos.

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


Respirava pesado quando alcançou os botões da calça. Os
olhos de River observavam seus dedos, que de repente pareciam
grandes e desajeitados. Parou por um momento para tirar as botas
e meias, sorrindo quando a ouviu gemer. Endireitando-se, voltou
aos botões da calça. Desfez cada um observando a pequena língua
dela disparar ao fazê-lo. Estava tão duro quando terminou que mal
esperava para tirar o material subitamente pesado de seu pênis
latejante. Empurrando as calças para baixo, as chutou de lado e
ficou em pé na frente dela, dolorosamente excitado.

Os olhos de River estavam colados aos dedos de Torak. Toda


vez que parava em um botão, sentia sua boceta pulsar em
antecipação. Quase se ajoelhou e implorou que a deixasse terminar
de despi-lo quando parou para tirar as botas e meias. Sabia como
ele era nu. Viu-o no chuveiro. Mas nada a preparou para como
parecia totalmente excitado em pé diante dela.

Incapaz de se conter, estendeu a mão e gentilmente passou as


pontas dos dedos sobre a cabeça inchada dele.

— Bonito. — Respirou.

Torak estremeceu com o toque tímido e gentil dela na cabeça


de seu pênis inchado. Um rosnado profundo retumbou de seu peito
quando a desafiou a fazê-lo novamente.

Olhou para cima quando ouviu o rosnado profundo saindo do


peito dele. Observando seus olhos, viu um fogo lá que a teria
assustado, mas não o fez. Em vez disso, se sentiu mais poderosa,
bonita, mais desejável que nunca. Afundando de joelhos diante
dele, não sabia o que fazer, além de precisar prová-lo. Envolvendo

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


a mão em torno de seu pau grosso, o puxou para a boca, olhando-
o em busca de orientação.

Olhou para o rosto bonito de River, sua mão apertada em


torno de seu pênis o encarando como se pedisse permissão para
prová-lo. A doce inocência em seu rosto fez com que seu pau
sacudisse e latejasse.

— É isso aí, pequena. Prove-me. — Sussurrou. Puxou os


grampos dos cabelos dela, deixando-os cair pelo seu corpo.
Agarrando um punhado dele, guiou seu pau para a boca dela
gemendo profundamente enquanto o observava deslizar entre seus
lábios.

River provava o gosto do quente e almiscarado pré-sêmen


perolado na ponta do pênis de Torak. Tinha um gosto tão bom que
gemeu quando passou a língua sobre ele. Adorava a sensação das
mãos de seu amado envolvidas firmemente em seu cabelo
enquanto deslizava seu pau cada vez mais fundo em sua boca.
Vagamente o ouviu pedir para relaxar, para que tomasse mais. O
que ele não sabia era que praticou engolir espada com Amazing6
Kid Cozack, o melhor engolidor de espadas do mundo. Ensinou-lhe
como superar seu reflexo de engasgar e praticou durante vários
anos e ainda o fazia de vez em quando, durante algumas de suas
performances. Claro, não eram espadas reais, mas comparado a
engolir um pau, seria moleza.

Puxou o pênis dele totalmente para fora e lambeu os lábios.


Gemeu em decepção por não ser capaz de tomar muito de seu pênis

6 Surpreendente.

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


em sua boca. Nenhuma das mulheres foi capaz, pois era grande.
Olhou para ela, observando seus olhos sorrirem. Foi o único aviso
antes que não apenas o deslizasse em sua boca, mas levasse tudo
até suas bolas. Arregalou os olhos em descrença. Ainda não
terminou com ele. Observando seu rosto, engoliu, deixando a
sensação das contrações de sua garganta massagear seu pênis
enquanto cantarolava. A combinação da massagem na garganta
dela e a vibração o levaram ao extremo e gritou sua liberação,
bombeando sua semente quente pela garganta dela. Somente
quando engoliu tudo, soltou seu cabelo e lentamente saiu de sua
boca estremecendo enquanto sua língua passava sobre seu
membro longo.

Caindo de joelhos na frente dela, encarou-a, incrédulo. Nunca


conheceu uma mulher capaz de fazer o que fez.

River encarou-o e sorriu timidamente.

— Gostou? — Perguntou suavemente.

Rosnou.

— Foi incrível. Não sei se quero saber onde aprendeu uma


coisa dessas. Talvez mate o homem que te ensinou. — Sentiu o
ciúmes levantar a feia cabeça ao pensar no homem que lhe ensinou
como dar um prazer tão requintado.

Apenas sorriu. Realmente não entendeu por que se chatearia


com The Kid por ensiná-la a ser uma engolidora de espadas. Para
ela, Torak tinha sua própria espada escondida na frente da calça e
se dispunha a engoli-la sempre que o quisesse.

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


— Agora Little One, acredito que é sua vez. Foi muito má. Não
lhe dei permissão para me fazer gozar. Queria que sentisse prazer
antes de mim.

— Mas, achei que gostou. — Falou confusa. Estendeu a mão


para tocar o rosto e o cabelo dele.

— Gostou, não é? — Perguntou suavemente.

— Ah sim. Gostei muito. Demorarei um pouco para me


recuperar para que possa reivindicá-la. Até que esteja pronto,
pretendo lhe dar prazer. — Terminou em um sussurro.

Estremeceu com a promessa. Quando falou que ‘planejava lhe


dar prazer’, parecia mais que planejava ‘torturá-la com prazer’. Se
fosse algo como experimentou outro dia, se viciaria em ser
agradada. Antes que soubesse o que aconteceu, Torak pegou a laço
de couro do cabelo dele e o enrolou nos pulsos dela. Puxando-os,
os amarrou juntos. Empurrou-a para baixo até que deitasse no
cobertor. Passando a mão pelo seu corpo, sibilou quando se
arqueou, enquanto passava por cima do seu suave e encaracolado
monte, moveu a mão para baixo para agarrar a faca amarrada na
coxa dela. Rolando, puxou a faca ao mesmo tempo que a montava.
Agarrando seus pulsos amarrados com uma das mãos, mergulhou
a longa faca na raiz de uma árvore acima da cabeça dela e amarrou
a outra ponta da tira de couro para que os braços se esticassem
sobre a cabeça. River olhou onde suas mãos estavam amarradas e
de volta para ele. Sorriu enquanto acariciava seus mamilos com os
dedos.

Ela soltou um breve grito quando a mistura de prazer e dor

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


rodou por seus mamilos enquanto os acariciava repetidamente até
que latejasse dolorosamente. Mexeu-se sob ele, tentando fugir da
tortura. Sorriu ao observá-la morder o lábio várias vezes enquanto
brincava com eles até incharem. Ah, se tivesse planejado com
antecedência, a veria com grampos de mamilo naquelas pedras
rosadas. Na próxima vez se prepararia. Agora, enquanto a sentia
resistir gemendo, decidiu que era hora de dar-lhe mais prazer.

Tirando dois dos longos laços do vestido, foi para os


tornozelos, amarrando-as em torno de cada um antes de prendê-
los em duas estacas no chão, perto de algumas plantas. Lembraria
de pedir ao jardineiro para usar mais estacas no futuro. São muito
úteis. Quando terminou, estava amarrada com as mãos acima da
cabeça e pernas bem abertas. Percebendo que seus mamilos não
estavam tão inchados quanto antes, se inclinou novamente e os
apertou várias vezes até ela soluçar novamente. Só então abaixou
e chupou uma das belezas inchadas em sua boca, observando o
rosto dela enquanto puxava, lambia e beliscava. Quando se satisfez
com o resultado, uma vez que ficaria sem grampos, foi para o outro,
dando a mesma atenção que dera ao outro.

Ela gritou quando chupou com força em sua boca.

— Oh Torak, oh Torak, por favor. — Choramingou.

— O que deseja, River? Quer me sentir aqui? — Perguntou


enquanto chupava seus seios inchados.

— Ou aqui? — Falou deslizando um dedo em sua boceta,


satisfeito com quão molhada estava.

Arqueou seu corpo tentando levar o dedo ainda mais fundo.

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


— Ou... — Aprofundou mais sua voz.

— Quer que a tome aqui? — Perguntou enquanto usava sua


suculenta vagina encharcada para molhar o anel apertado de sua
bunda antes de enfiar um dedo nela.

River saltou com sua invasão em uma área tão privada em


seu corpo. Reprimiu um gemido, ofegando quando ele moveu o
dedo dentro dela.

— Saiba disso, Little One, quando reivindico, é tudo. Não há


nada que não me pertença. Nenhuma parte do seu corpo não terei
um gosto ou não tomarei. Será minha. Totalmente.

Choramingou com o tom possessivo na voz dele. Acreditava


em cada palavra que falava. Queria que a tivesse da maneira que
ansiasse.

— Torak, preciso de você. — Sussurrou com voz rouca.

— Por favor, preciso de você.

— Ainda não, amor. Não precisa de mim o suficiente ainda. —


Respondeu enquanto empurrava dentro dela até o nó dos dedos,
amando o jeito que sua bunda apertada o envolvia.

River quase chorou quando ouviu a resposta dele. Pegava fogo


com necessidade. Não o imaginava fazendo outra coisa para fazê-

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


la querer mais. Soluçando, suspirou chocada quando o sentiu
espalhar os lábios entre suas pernas e cobrir seu monte dolorido
com a boca quente. Desistiu de tentar respirar, movendo as pernas
enquanto ele sugava seu clitóris, puxando-o em um minuto e
lambendo e mordendo-o no próximo. Quando colocou um dedo
dentro de sua vagina enquanto o outro continuou a bombear sua
bunda, não sabia o que esperar; seu corpo tremeu enquanto
trabalhava cada vez mais, mantendo-a no limite e não a deixando
gozar.

Torak a queria tão excitada que, quando a tomasse pela


primeira vez, nunca esqueceria como era pertencer a ele. Estava
pronto para gozar há um tempo, mas agora era sobre River.
Gostava que não foi fodida na bunda. Seria seu primeiro e único a
levá-la lá. Sentia-a agarrando seu dedo enquanto chegava mais
perto do orgasmo. Querendo estica-la um pouco, forçou outro dedo
em sua buceta e bunda. Sabia que era maior, provavelmente maior
que qualquer um dos machos humanos, e não queria machucá-la
quando a reivindicasse. Percebeu ela estremecer e a respiração
aumentar quando sentiu a plenitude de ter dois dedos em sua
bunda ao mesmo tempo em que bombeava sua boceta. Quando
gozaria, mordeu seu monte sem mexer a boca ou os dedos até que
soluçasse de frustração.

Somente quando finalmente gritou seu nome como se


enlouquecesse, levantou, segurando suas coxas com as duas
mãos.

Estabelecendo-se entre elas, ergue sua boceta até que


nivelasse com seu pau duro e latejante.

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


— River, olhe para mim. — Exigiu severamente.

— Observe-me enquanto te reivindico.

Ela balançou a cabeça para frente e para trás, implorando que


a liberasse. Viu seus pequenos seios balançarem com o movimento
da cabeça. Soltou uma de suas coxas, apenas o suficiente para
bater forte em seu monte excessivamente sensível, enquanto
chamava sua atenção.

— Olhe para mim, enquanto a reivindico. — Repetiu.

Manteve os olhos arregalados no rosto dele enquanto repetia


sua afirmação sobre ela.

— Você é minha. Eu, Torak Ja Kel Coradon, da House of


Kassis, reivindico você, River, para minha casa e como minha
companheira. Reclamo-te como minha mulher. Nenhum outro a
reivindicará. Matarei qualquer um que tentar. Dou-lhe minha
proteção, como é meu direito como líder da minha casa. Reivindico
você como é meu direito pela House of Kassis.

Quando repetiu as palavras tradicionais que falou a bordo do


Galaxy Quest avançou, empurrando seu pau grosso e duro
profundamente no ventre dela com um impulso forte, nunca
tirando os olhos do seu rosto, enquanto reivindicava o que era dele.
Sentiu a fina barreira romper quando entrou profundamente.
Sabia que com as mulheres em seu mundo, significava que nunca
estiveram com outro homem. Um desejo primitivo tomou conta
dele, sabendo que nenhum outro jamais a tomou. Ela era sua!
Rosnando, sentiu um rugido rasgá-lo ao mesmo tempo que ela
gritou. Não pararia mesmo se quisesse. Era sua. Avançou,

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


enterrando-se até o ventre dela de uma só vez. Segurando as coxas,
observou lágrimas escorrerem do canto dos olhos dela e pingarem
no cobertor abaixo.

— Sinto muito, River. Não consigo me conter. — Desculpou-


se.

— É minha, Little One. — Falou enquanto recuava e avançava


repetidamente.

Ela sabia que uma vez que a dor inicial, dele rompendo sua
virgindade acabasse, haveria prazer. Deixou a dor passar por ela
enquanto seu corpo se ajustava ao seu comprimento longo e
grosso. Quando se afastou quase todo o caminho e empurrou pela
terceira vez, o prazer definitivamente voltou dez vezes mais. O
aperto dele em suas coxas, combinado com os braços amarrados,
a excitou. Movendo os quadris para coincidir com as investidas de
Torak, ofegou quando atingiu uma terminação nervosa após outra.

Ele rosnou enquanto empurrava profundamente nela. Queria


mais, pois perdeu-se no calor do acasalamento de seu povo.
Tirando a faca da bainha no antebraço, cortou a tira de couro dos
pulsos. Sem sair dela, recostou-se e cortou os laços do vestido,
liberando seus tornozelos. Só então se afastou, agarrando-a pela
cintura e virando-a de bruços.

— Fique de quatro. — Exigiu batendo na bunda dela quando


não se moveu rápido o suficiente.

River ficou em suas mãos e joelhos o mais rápido que pôde


com seu corpo tremendo de necessidade. Ainda não gozou.
Construiu seu desejo preparando-a para sua reivindicação. Agora,

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


estava pronto e ela também. Ela o sentiu um momento antes de
penetrá-la o mais fundo que podia por trás, agarrando seus
mamilos entre os dedos enquanto a fodia várias vezes. Foi só
quando beliscou seu nó inchado que sentiu a liberação que
procurava. Foi tão forte, tão inesperado que ela estremeceu
enquanto gritava. Grunhiu quando sentiu seu orgasmo seguir o
dela. Empurrou seus quadris ainda mais, querendo que sua
semente chegasse até o útero.

Segurou seus quadris quando ela estremeceu, impedindo-a de


se afastar enquanto bombeava sua semente nela por trás. A visão
de seus longos cabelos escuros caindo ao seu redor enquanto
observava seu pênis desaparecer dentro dela era uma bela visão.
Queria que gozasse repetidas vezes. Nunca viu nada tão bonito
como ela gozando. Agora esperava enquanto seu corpo se
recuperava de seu último orgasmo. Durante a reivindicação,
tomaria a fêmea totalmente para completar o ritual, assim não
contestaria que era dele. Já sentia seu corpo recuperado enquanto
o calor do acasalamento fluía através dele. O pensamento de levá-
la de todas as maneiras possíveis era um poderoso afrodisíaco.
Bombeou nela novamente, brincando com seu clitóris. Quando ela
choramingou e tentou se afastar, bateu em sua bunda.

— Gozará novamente. É minha e a reivindicarei de novo e de


novo. — River falou severamente.

— Por favor. — Gemeu.

— Pretendo agradá-la, Little One, uma e outra vez. — Falou


entre dentes.

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


— Agora abra essas lindas coxas, para que desfrute também.

River estremeceu quando obedeceu. Abriu as pernas ainda


mais, gemendo ao mudar o ângulo das estocadas de Torak. Gritou
quando voltou a acariciar seus mamilos até incharem. Ele os
agarrou, rolando-os enquanto se movia rápido e depois lentamente
em sua boceta. Quando mudou o ângulo mais uma vez e a puxou
para cima e para trás, até que suas costas se pressionaram contra
o peito dele, sabia que gozaria novamente. Agarrou um dos
mamilos distendidos em uma das mãos enquanto a outra esfregava
seu clitóris. Abriu as coxas forçando as dela a se espalharem ainda
mais. A força de ter as pernas abertas enquanto enterrava seu
pênis profundamente dentro nela era demais. Lutou contra ele
enquanto a segurava no lugar.

Ordenou.

— Agora, Little One. Agora, gozemos juntos.

Ela balançou a cabeça.

— Não posso. — Soluçou. — Não aguento mais.

— Oh sim, pode. Aguentará isso e muito, muito mais. —


Sussurrou.

—É apenas o começo.

Estremeceu com a promessa velada. Iria matá-la de prazer se


fosse apenas o começo. Tremeu novamente quando o sentiu se
mover.

Torak sorriu sombriamente quando a curvou. Agora,


gozariam. Não sabia se ela estava preparada para reivindicá-la

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


completamente, mas tentaria. Provou ser tão disposta quanto
esperava que sua companheira fosse. Também era uma verdadeira
guerreira lutando contra ele enquanto faziam amor e em todas as
outras áreas. Agora se igualaria a ele.

— Aguenta, River? Consegue lidar em como seria a vida


comigo? — Desafiou.

River rosnou para ele. Queria saber se aguentaria bem,


apenas a tomaria, pegaria o que oferecesse e mais pensou,
subitamente se sentindo a mulher mais sexy e desejável da galáxia.
Empurrou contra ele, de repente soube que desejava ser
reivindicada de todas as maneiras imagináveis. Ansiava o que lhe
daria, assim como ansiou pelo gosto dele.

Torak sentiu a mudança nela quando ouviu seu desafio. Sim,


seria a companheira perfeita. Amou quando empurrou contra ele e
esfregou sua bunda como se o convidasse a possuí-la. Olhou-o por
cima do ombro e de repente se afastou saindo de seus braços e
ficando de frente para ele.

Observou-a em pé enquanto ela respirava profundamente.

— Se me quer, tem que me pegar. — Ronronou, afastando-se


para correr pela cobertura das árvores.

Estremeceu com o desafio à parte primordial de sua alma.


Com um sorriso malicioso, partiu atrás dela. Sabia que não iria
longe, não desejaria ser vista. Felizmente, avisou a todos para
ficarem longe desta parte do jardim, pois não queria que o
incomodasse durante seu cortejo. Agora, se alegrou por insistir na
privacidade deles, embora a tomaria na frente de todos, se

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


necessário. Não negaria a reivindicação de acasalamento quando
iniciada. Parou escutando por um momento, antes de uma brisa
suave soprar o perfume de sua companheira. Saindo da cobertura
das árvores, esperou um momento antes de virar e voltar correndo.

River gritou de surpresa quando ele encontrou seu


esconderijo. Subiu na árvore e esperou silenciosamente,
prendendo a respiração, quando passou por baixo do galho que
estava. Quando ele saiu, pulou, pensando em correr para o
cobertor, onde esperaria seu retorno. Em vez disso, ele a manteve
cativa contra um galho baixo.

— Minha. — Torak rosnou passando o nariz de cima e a baixo


na mandíbula dela. Abaixou-se deslizando os dedos em sua boceta
molhada.

— Minha. — Falou novamente tirando os dedos e lambendo-


os.

Tremeu de desejo enquanto o observava. Foi só quando a


pressionou no galho, curvando-a sobre ele e abrindo as bochechas
de sua bunda que corou, sentindo sua vagina apertar e encharcar
as coxas.

— Minha. — Repetiu passando os dedos pelo suco escorrendo


por sua perna e esfregando-o no anel apertado de sua bunda.

— Toda minha. — Falou enquanto empurrava-os nela,


esticando-a.

Gemeu com a queimadura dos dedos esticando-a. Sentia sua


boceta reagindo a sua reivindicação, sabendo que não negaria nada

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


a ele.

— Sua. — Gemeu abrindo ainda mais as pernas em convite.

Torak a empurrou ainda mais sobre o galho até que sua


bunda estava no ar. Afastando as coxas para que a espalhasse
ainda mais, deslizou seu pênis em sua vagina encharcada,
cobrindo-o com seu lubrificante natural enquanto esticava sua
bunda com os dedos. Sentiu ela apertar ao redor dele enquanto
empurrava o pênis lentamente dentro e fora dela. Observava como
seu pau desaparecia. Enquanto a bombeava, passou os dedos pela
umidade dela, molhando seu buraco apertado e enfiando primeiro
um, depois dois e três dedos, abrindo-o. River gemeu quando
pressionou contra os dedos, sentindo a plenitude de ter algo em
seus dois buracos ao mesmo tempo.

— Agora, River. Assumo minha reivindicação final sobre você.


Relaxe enquanto a levo, Little One. — Falou suavemente tirando
seu pênis duro para fora de sua vagina e passando-o para o anel
apertado da bunda dela. Assistiu enquanto lentamente
desaparecia dentro dela, ambos ofegando quando a queimação de
seu eixo grosso rompeu o anel apertado dela e sentindo-a o
segurando como uma luva. Empurrou mais enquanto brincava
com seu clitóris, deixando-a mais excitada.

— Oh sim, Little One. Sim. — Gemeu, quando afundou até as


bolas no traseiro dela. Esperou um momento para lhe dar tempo
de se ajustar antes de tirá-lo. Empurrou de novo lentamente, cada
vez tirando um pouco mais que antes e empurrando mais forte.

River ofegou com a sensação de plenitude. Estava dobrada

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


sobre a árvore, aberta para ele. Queria mais, precisava de mais,
sentia a pressão de outro orgasmo e precisava gozar.

— Mais rápido, oh Torak, preciso que vá mais rápido. —


Gemeu quando se empurrou contra ele.

Deu-lhe um tapa na bunda enquanto empurrava.

— Quer forte e rápido, Little One, receberá forte e rápido.

Torak agarrou os quadris dela e investiu em sua bunda cada


vez mais rápido, mais fundo, até que não pôde ir mais longe.
Ouviu-a quando lamentou no momento que seu clímax chegou a
um ponto de ruptura. Sabia que não demoraria a gozar. Investindo
nela, gritou quando a sentiu o apertando, a força sugando sua
própria liberação. Enterrando-se totalmente, gritou sua
reivindicação final sobre a guerreira alienígena que capturou seu
coração.

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


DOZE
River sorriu olhando a cidade abaixo, vendo uma chuva leve
cair. Estava na North House há mais de uma semana e não
acreditava na mudança. Foi apresentada a todos os moradores da
enorme casa. Era um lugar muito mais tranquilo e calmo, pois as
mulheres foram retiradas. Havia ciúmes entre elas, o que tornara
a vida difícil para todos, de acordo com Jenta, esposa de um dos
membros da equipe de segurança. Conheceu-a um dia enquanto
explorava a casa. Tornaram-se amigas. Visitava River depois que
Jo e Star saíam durante o dia ou à noite se Torak estivesse
ocupado. Decidiu que provavelmente levaria um ano para aprender
a se locomover pela North House. Nunca viu tantos cômodos e
passagens em sua vida. Fazia com que as catacumbas
subterrâneas de Paris parecessem um parquinho infantil.

Uma coisa que não se acostumara era sempre ter alguém com
ela. Até que o assassino fosse capturado, Torak não a deixaria ir a
lugar algum sozinha, mesmo em casa. Hoje, Kev Mul Kar e dois
outros homens a acompanhavam.

— Kev, conhece um lugar que posso me exercitar? —


Perguntou quando saiu da janela.

— Há uma sala de treinamento, minha Lady, no nível mais


baixo que lhe agradará. — Respondeu suavemente. Ele a observava
enquanto olhava pela janela, apreciando como sua figura era
mostrada em silhueta contra a enorme janela.

Suspirou. Realmente gosta dele, mas a deixava louca quando

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


as pessoas a chamavam de 'minha Lady'.

— Pode me mostrar onde é? Não me exército há quase três


semanas e estou ficando doida!

Jo e Star não viriam hoje. Star trabalhava nas modificações


dos vestidos e Jo estava de castigo por não conversar com Manota
novamente, que significava que ela não receberia visitas.

— Claro, minha Lady.

Apenas revirou os olhos observando enquanto lutava para


esconder o sorriso curvando seus lábios com sua resposta em
chamá-la pelo título.

Parou no quarto dela e de Torak para trocar sua roupa para


algo mais apropriado para malhar. Esperava que Star terminasse
seus novos designs em breve, porque os vestidos eram um pé no
saco. Tirou sua mochila de debaixo da cama e pegou a calça preta
que usara na nave de guerra e um sutiã esportivo. Não tinha mais
a camisa, pois Torak a destruiu quando foi baleada. Felizmente, Jo
resgatou suas outras roupas. Pegou uma das camisas do
companheiro e vestiu por cima da roupa. Ficou acima dos joelhos
e a cobriu quase tão bem quanto os vestidos.

Quando fechava a bolsa, prendeu seu olhar em um disco


brilhante. Riu enquanto pegava não um, mas quase uma dúzia de
DVDs. Esqueceu completamente deles! Encontrou vídeos antigos
de quando estavam juntas de anos atrás, quando saíram do circo.
Walter sempre foi muito bom em gravar vídeos e os fez para ela.
Perguntaria a Torak ou Kev se tinha como assisti-los. Colocando-
os na mesa perto da cama, fechou a bolsa e guardou-a.

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


Olhou ao redor da sala de treinamento, surpresa. Era como
um enorme playground com cordas penduradas no teto, áreas
abertas cobertas de tapetes, paredes de escalada, aros e todo tipo
de obstáculo que imaginava. Pensou que morreu e foi para o
paraíso do circo.

Kev Mul Kar engoliu o nó na garganta, decidindo que cometera


um erro muito sério ao levar Lady River à sala de treinamento. O
caroço cresceu quando ela tirou os chinelos que usava e a camisa
que a cobria. De pé de costas para ele, com as mãos nos quadris,
percorreu sua figura. Vestida com calças pretas justas que
mostravam seu doce traseiro e pernas longas, engasgou quando
viu que usava apenas um pequeno pedaço de tecido sobre os seios.
Ouviu os dois homens gemerem quando repentinamente puxou a
perna para cima da cabeça, apoiando-se em um pé enquanto
segurava o outro nas mãos estendidas.

— Já viu um corpo dobrar assim antes? — O membro mais


jovem da força de elite perguntou.

— Nem se mexe!

Engoliram em seco quando dobrou-se, curvando até que


estava realmente olhando por entre as pernas.

— Não acho que um corpo é capaz de fazer isso, não é? —


Sussurrou o outro.

Pelas três horas seguintes, eles ofegaram, engoliram em seco,


suspiraram e suaram enquanto a observavam girar, rodopiar,
dobrar e virar em posições impossíveis. Quando foi até onde os
alvos para a prática de tiro ficavam, balançaram a cabeça com

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


espanto, pois, vez após vez, atingia-os no meio, mesmo depois que
Kev a vendou.

Torak entrou no momento em que Kev Mul Kar desatava a


venda dos olhos de River. Recuou nas sombras enquanto os
observava. Ela falou algo, fazendo-o rir. Qualquer que foi a resposta
dele, gostou, porque riu de volta para o capitão. Teve o suficiente
quando o ele abaixou e gentilmente colocou uma mecha de cabelo
dela atrás da orelha.

— River. — Gritou, enquanto caminhava até onde estavam de


pé. Estreitou os olhos quando observou o rubor nas bochechas dela
e a falta de roupas.

— Oh Torak, me diverti muito! É como ter meu próprio


playground particular! — Dançou até ele.

Olhou para Mul Kar com olhos escuros e frios.

— Por que ela está aqui?

— Lady River queria malhar. Foi o único lugar aceitável que


pensei. — Respondeu calmamente.

— O que vi não é aceitável. — Falou com uma calma mortal.


Ficou furioso. Nenhum outro homem deveria ver tanto do corpo
dela como mostrava agora. Percorreu a figura escassamente
vestida de River, antes de olhar para o capitão novamente.

Um dos guardas se aproximou segurando as facas dela.

— Lady River, é incrível. Nunca vi um guerreiro fazer o que fez


hoje.

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


O outro membro riu.

— Nunca vi um corpo capaz de fazer o que fez.

O olhar dele gelou ainda mais enquanto a observava rir dos


dois homens. Pegou as facas e as embainhou ao redor do corpo.
Quando se inclinou para deslizar quatro delas nas bainhas presas
às panturrilhas, teve o suficiente. Os dois guardas mais jovens
devoravam sua bunda arredondada.

— Vão embora. —Ordenou mal contendo sua raiva.

Ergueram os olhos com o tom na voz dele. Rapidamente se


curvaram em direção à porta.

O capitão hesitou.

— Meu Lorde, ela não sabe o que faz. — Falou olhando para
onde River foi buscar seus sapatos e camisa.

— Cuidado, Mul Kar. Ela é minha. Matarei qualquer um que


pense de outra maneira. — Avisou friamente.

Ele retribuiu seu olhar frio por um momento antes de abaixar


a cabeça e sair.

River voltou para ele procurando os homens.

— Foram embora? Queria agradecer-lhes por me assistirem


hoje.

— Não é necessário. O trabalho deles é protegê-la. — Rosnou


agarrando o braço dela com força.

— Ei, qual o problema? Teve um dia ruim? — Praticamente

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


corria para acompanhá-lo.

— Não até agora. — Respondeu, sua mandíbula doía de


apertar os dentes com tanta força. Realmente tentava manter o
pouco de controle que tinha.

— Oh. Bem, o que aconteceu? Alguém atropelou seu gato? —


Ela perguntou sem fôlego.

Parou de repente, franzindo a testa.

— Que gato?

Riu da confusão no rosto dele.

— É apenas uma expressão. As coisas só ficam ruins se deixar


que te afetem. — Explicou, estendendo a mão e acariciando o rosto
dele.

— River, precisamos conversar. — Falou baixinho, olhando


nos inocentes olhos azuis. Passou a mão pelo braço dela e respirou
fundo ao sentir a pele macia e sedosa de seu estômago através da
camisa aberta. Isso o lembrou do motivo que o chateou tanto.

Virando, levou-a pelas passagens até chegar a seus aposentos


particulares. Empurrando-a para dentro, virou e trancou a porta.
Recostando-se nela, cruzou os braços sobre o peito enquanto
esperava que o olhasse.

River sentiu um arrepio percorrer seu corpo. Sabia que Torak


estava chateado, mas realmente não imaginava o porquê. Foi para
o quarto, isso lhe daria tempo para acalmar antes de descobrir o
que o deixou tão bravo. Caminhou até a mesa e retirou as bainhas
contendo as facas, colocando-as uma de cada vez na mesa perto

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


da janela. Ficou de costas para a porta, enquanto o sentia
seguindo-a até lá.

— River, não é aceitável o que fez hoje. — Torak falou com


firmeza.

Congelou, antes de virar e encará-lo. Quanto mais falava,


mais fria ficava a expressão em seus olhos e mais firme sua boca
se comprimia.

— É membro desta casa. Um membro do sexo feminino. Não


fará mais o que fez hoje. Seu lugar é administrar minha casa,
cumprimentar meus convidados e cuidar dos meus filhos, não
exibir seu corpo, provocando meus homens e jogar facas. Se
insistir em tal comportamento, tomarei medidas para puni-la até
entender seu lugar. Você me dará suas facas, incluindo as
espadas. Além disso, quero o que está vestindo agora e qualquer
outra semelhante. Serão destruídas para que não as use
novamente. Tem vestidos prontos para usar. Entendeu? —
Terminou firmemente orgulhoso de si por não perder a paciência.
Recostou-se na porta do quarto, satisfeito por mostrar-lhe quem
manda.

River ouviu a princípio incrédula, depois com crescente raiva.


Seus olhos estavam em chamas azuis quando ele terminou suas
exigências estúpidas.

— Deixe-me ver se entendi corretamente. — Falou lentamente


pegando uma faca da mesa e batendo no queixo.

— Sou mulher. — Jogou a faca. Acertou próximo ao lado


esquerdo do rosto dele, perto o suficiente que, se mexesse um fio

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


de cabelo sentiria a lâmina fria. Congelou vendo-a chateada.

Pegou outra faca. — Acha que me dirá o que fazer. — Jogou-


a e acertou próximo ao lado direito do rosto dele, exatamente na
mesma posição do esquerdo.

Torak sentiu uma fina gota de suor se formar em sua testa


quando percebeu que ela não terminou.

Pegando outra faca, passou o dedo pela ponta.

— Administrarei essa monstruosidade. — Jogou a faca que


estava na manga esquerda da camisa, prendendo o braço dele na
porta.

Puxando mais quatro das bainhas sobre a mesa, as jogou com


tanta velocidade que não viu a mão dela se mover.

— Acha que sou uma provocação, que tirará minhas facas,


me punirá, e que usarei o que diz que posso usar. — Rosnou
friamente quando cada faca encaixou em um lugar diferente ao
redor do corpo dele, prendendo-o na porta.

Pegou uma última faca, suou abertamente ao olhar nos olhos


dela.

— Ah, e não esqueçamos o mais importante. Sou uma cadela


no cio que abrirá as pernas para ter seus filhos quando comandar.
— Jogou a última faca, que pousou confortavelmente no espaço
estreito entre as pernas ligeiramente separadas dele.

Agarrou o resto das facas da mesa, puxou sua mochila preta


de debaixo da cama, caminhou até onde ele estava preso à porta.
Encarou-o, desafiando-o a dizer qualquer coisa.

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


— Entendi direito? — Perguntou suavemente antes de sair da
sala.

River estava tão brava que nem viu Manota até esbarrar com
ele. Abriu a porta da sala de estar privada sem saber aonde iria,
mas sabia que não ficaria com alguém que quisesse mudar quem
era.

— Oh, desculpe. — Murmurou enquanto se movia em torno


dele.

— Onde está Torak? Preciso falar com ele. — Manota


perguntou. Nunca entenderia essas guerreiras.

— No quarto Gritou. — Sem virar. — Vá em frente,


provavelmente usaria alguma ajuda.

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


TREZE
— O que aconteceu? — Perguntou Manota, olhando incrédulo
para Torak.

— Apenas puxe algumas facas para que possa me mover. —


Grunhiu.

Atravessou os aposentos depois que Torak respondeu ao seu


pedido de entrada. Quando passou pela porta do quarto, parou de
preocupar-se ao vê-lo parado estranhamente ao lado da porta.
Quando percebeu que seu irmão mais velho não se mexia por
causa de todas as facas que o cercavam, riu. Puxando várias delas
para que se movesse, observou-o agarrar e puxar o resto, fazendo
uma careta enquanto tirava a que estava entre as pernas.

— Acho que River está chateada com você. — Afirmou


secamente.

Deu a seu irmão do meio um olhar sujo.

— O que o faz pensar isso?

— Seriam as facas o segurando na porta ou talvez entre suas


pernas. Admita que ela é incrível se tratando de jogá-las. — Sorriu.

— Pedirei que faça uma demonstração na próxima vez que a


vir. — Respondeu.

Manota seguiu-o para a próxima sala. Observou o irmão mais


velho pegar um recipiente de vidro cheio de um líquido âmbar

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


escuro. Tirando a tampa, derramou um copo grande do líquido e
tragou todo o conteúdo antes de enche-lo de novo. Quando
levantou o copo, notou que sua mão tremia um pouco. Deus,
parecia tão bonita quando jogava aquelas facas.

Olhando para a bebida que rodava em seu copo, perguntou


distraidamente para o irmão.

— Acha que os guerreiros do planeta dela são como ela, Jo e


Star?

Manota deu uma risada áspera antes de responder.

— Deus, espero que não. Não gostaria de enfrentá-las em uma


luta. Se não nos matassem primeiro, nos desgastariam com sua
beleza, inteligência, senso de humor, lealdade, sua.. — Parou
enquanto olhava pela janela. Tudo o que falava era o que o atraía
em Jo.

— Tomarei um desses. — Falou de repente, acenando em


direção a garrafa. Serviu-se de um copo grande, tomando um gole
antes de sentar em frente ao irmão.

Torak sentou no sofá.

— Por que veio me ver?

Manota tomou outro gole antes de informá-lo sobre o que as


forças de segurança descobriram até agora a respeito da tentativa
de assassinato.

— Parece que Tai Tek está mais que um pouco chateado com
seu retorno. Falou ao conselho sobre sua captura e morte nas
mãos dos Tearnats. Imagine seu desapontamento quando você se

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


reportou. O engraçado é que relatou a morte do chanceler, sua e
de seus homens antes de realmente serem capturados. Parece que
estava demasiado ansioso que morresse para esperar o evento
realmente acontecer.

Recostou-se pensando profundamente.

— Tem prova disso.

Sorriu sombriamente.

— Sim, nossos espiões foram muito minuciosos. Temos o


vídeo do anúncio ao conselho.

Inclinando-se, colocou as mãos nos joelhos.

— O que faremos? — Observou-o levantar e encher novamente


o copo. Manota era mortal se tratando de espionagem. Tinha
espiões por toda parte e mataria tão silenciosamente e
eficientemente quanto qualquer assassino.

— Acho que uma armadilha é adequada. Ele quer assumir o


controle da House of Kassis. Encontrei conspirações contra o pai
duas vezes, embora não consegui provar quem estava diretamente
por trás delas. Ele foi para a região leste, onde Tai Tek sabe que
não deve atacá-lo. Voltará no final da semana às negociações
comerciais. Acredito que tente novamente.

— Nenhum assassino entrará na House of Kassis agora com


o campo de força no lugar. — Respondeu.

— Não, mas Tai Tek pode. Haverá um jantar comemorando o


novo acordo comercial. Como membro do conselho, será
convidado. Como ocorrerá na South House, será mais difícil

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


proteger-se que nas outras casas. Terá que se envolver
pessoalmente na tentativa. Quando atacar, o pegaremos.

— Não gosto de usar o pai como isca. — Respondeu


suavemente.

— Foi ele quem sugeriu o jantar. — Manota sorriu.

— Deveria saber. —Respondeu.

Uma batida na porta desviou a atenção deles. Movendo-se


para responder, se surpreendeu ao ver dois dos membros da
segurança em pé.

— O que aconteceu? — Exigiu.

— É Lady River, meu Lorde. Precisamos da sua assistente, por


favor. — Um deles resmungou.

— Machucou-se? — Perguntou com o coração acelerado


enquanto passava por eles.

— Onde está? Sua equipe deveria a observar o tempo todo.

— Ela está bem, meu Lorde. Tentávamos vigiá-la, mas não


cooperou. — O outro respondeu.

Ele e Manota os seguiram para fora da North House e em


direção à East House. No meio do caminho, pararam quando
encontraram um grande número da força de elite perto de uma das
estruturas do jardim. Estavam parados, olhando para o céu.
Franzindo a testa, os irmãos olharam para cima vendo o que
chamava a atenção deles. Em um cabo fino a doze metros de altura,
sentada, estava a pequena figura de sua companheira.

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


— Como caralho chegou lá? — Sussurrou empalidecendo.

— O que porra faz lá em cima? — Manota perguntou.

Como parte da decoração do jardim, uma série de oito pilares


foram colocados entre as casas North e East. Eram presos um ao
outro por cabos para impedir que se movessem. Havia um espaço
de quinze metros entre eles. Eram cobertos por uma trepadeira que
florescia em determinadas épocas do ano. River sentou em uma
das seções entre o segundo e o terceiro pilar.

— Há outra! — Um dos homens gritou enquanto observava a


pequena figura de Star andar pelo cabo, seguida por Jo.

— Oh Deus. — Manota gemeu assistindo-a testar o cabo.

— Ei. — Star chamou calmamente caminhando sobre o cabo


para sentar ao lado dela.

— Oi. — Respondeu sombriamente.

— Ei, pessoal. — Jo cumprimentou enquanto se equilibrava


para sentar ao lado de Star.

— O que aconteceu? Além de nós!

Olhou para Jo e sorriu. Ela sempre fazia uma situação ruim


parecer não tão ruim. Observou o crescente número de pessoas.
Viu Torak correr e sabia que provavelmente estava em uma
confusão maior do que antes.

— Então... por que nos sentamos em um fio acima de todos?


— Star perguntou curiosamente.

Enxugou uma lágrima.

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


— Torak me deixou tão brava! Então, sua equipe de segurança
não me deixava em paz.

— Oh! — Exclamou, vendo Jazin andando em círculos,


puxando os cabelos e esfregando o rosto com as mãos. Aprendeu
que fazia muito isso quando estava por perto.

— Então, o que ele fez que a deixou tão brava que prefere
sentar aqui que ficar lá embaixo. — Jo perguntou.

— Tentou jogar a carta 'sou o homem e faça o que digo'. Deu


uma longa lista de coisas que podia e não podia fazer. — Ficaram
em silêncio enquanto pensavam sobre o que desabafou.

— Então, o que estava na lista de 'pode'? — Star perguntou


curiosamente, balançando os pés suavemente para frente e para
trás.

— Oh, usar vestidos, cumprimentar seus convidados, ter


filhos, esse tipo de coisa. — Respondeu sarcasticamente.

— Hum, e a lista de 'não pode'? — Jo murmurou imaginando.

— Não posso usar calças, malhar e desistir das minhas facas.


— Sussurrou enquanto outra lágrima desceu por sua bochecha.

— Até me acusou de agir como uma provocadora com seus


homens. Por que os homens são tão idiotas?

Sentaram no arame observando o crescente número de


homens reunidos embaixo delas, enquanto a notícia das três
guerreiras sentadas no céu se espalhava.

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


CATORZE
— O que está acontecendo? — Uma voz alta ecoou sobre todas
as outras. O silêncio caiu sobre a multidão quando um pequeno
grupo avançou em direção a Torak, Manota e Jazin.

Ajaska Ja Kel Coradon, líder de Kassis, caminhou pela


multidão. Era alto e imponente como seus filhos. Seus longos
cabelos negros estavam presos na nuca e usava roupas
tradicionais de guerreiro, calça de couro preta, camisa escura e
colete de couro. Uma leve cicatriz percorria uma das bochechas,
um lembrete das batalhas que travara. Ainda era sombriamente
bonito, parecendo não muito mais velho que Torak. Desde o final
da guerra, deixava a maior parte das coisas para o filho mais velho,
enquanto trabalhava com outros planetas no desenvolvimento de
acordos comerciais e lidando com o conselho da Alliance. Como
líder das pessoas que vivem no sistema Kassis, seus deveres
mudaram desde o fim da guerra. Agora, em vez de liderar navios
de guerra em batalha, lutava no chão da Assembleia do Conselho.

Andou a passos largos para ficar ao lado dos três filhos.


Chocou-se com a falta de reconhecimento deles. Nunca deixaram
de cumprimentá-lo quando voltava.

— Torak, não me cumprimentará? — Perguntou, virando para


seguir a linha de visão deles.

— O que, em nome de todos os deuses, é isso?

— Não é o quê. Quem. — Murmurou distraidamente.

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


— Bem-vindo ao lar, pai. Como vê, estamos um pouco
ocupados agora.

— Como as tiraremos de lá? — Jazin perguntou, nunca


tirando os olhos da pequena figura de Star. Seu coração estava na
garganta enquanto observava suas longas pernas balançarem para
frente e para trás como se o mundo não importasse enquanto
estava em um cabo fino a doze metros de altura.

— Acho que esperaremos até que estejam prontas para


descer. Será muito perigoso removê-las à força. — Manota
respondeu, observando Jo soltar o cabo para esticar os braços
acima da cabeça.

— Por que não corta meu coração com uma faca cega? Seria
uma morte muito menos dolorosa. — Murmurou baixinho,
suspirando de alívio quando ela colocou as mãos de volta.

— Quem são elas? — Ajaska perguntou intrigado.

— Ladys River, Jo e Star. As guerreiras do navio de guerra dos


Tearnat, Sua Graça. Dei-lhe o relatório assim que seus filhos o
preencheram. Lorde Torak reivindicou Lady River como sua
companheira. — Uma voz nasalada respondeu.

— Está tudo no relatório que leu.

— O que fazem lá em cima? — Perguntou o pai, assentindo


enquanto lembrava de ler sobre mulheres guerreiras. Considerou-
o um exagero.

— River se chateou comigo. — Torak respondeu um pouco


vermelho.

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


Ajaska observou o filho mais velho por um momento,
percebendo que havia mais do que leu no relatório. Olhou para as
figuras pequenas sentadas no cabo como algumas das criaturas
voadoras em seu mundo. Virando, olhou para o homem com a voz
nasal.

— Ordene que todos saiam. Falarei com as mulheres.

Em poucos minutos, todos se foram, exceto ele. Ordenara que


Torak, Manota e Jazin retornassem às suas casas para esperar
suas fêmeas. Protestaram inflexivelmente antes de concordarem
que desceriam mais rápido se não estivessem lá. Desapontados,
foram embora, praguejando uma longa lista de palavrões. Quando
Ajaska ficou satisfeito com a saída de todos, andou sob o arame
para encará-las.

— Desçam. — Ordenou com uma voz que abalara até alguns


dos guerreiros mais fortes da galáxia. Era acostumado a dar ordens
e ser obedecido imediatamente. Sentia-se confiante que
cumpririam suas ordens e retornariam à segurança do solo.

River, Jo e Star olharam para o homem parado embaixo delas.


Jo observou-o com um brilho perverso nos olhos antes de olhar
para as irmãs. Não tinham disposição para lidar com mais homens
arrogantes dizendo-lhes o que fazer.

— Já ouviu o ditado 'cuspa como um homem'? — Perguntou


antes de deixar cair uma grande bola de cuspe.

Ajaska saltou para trás quando a bola pousou perto de seu


pé. Logo, recuou alguns metros, colocando uma distância segura
entre eles.

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


River gritou sorrindo.

— Gostaria de reformular seu pedido?

Encarou-as e sorriu. Elas tinham fogo!

Contendo uma risada, gritou.

— Poderiam descer... por favor? Gostaria de conhecer as


mulheres que causam tanto sofrimento aos meus filhos.

Torak ouviu uma risada suave e feminina, seguida pelo riso


profundo de seu pai. Andara de um lado a outro na entrada da
frente pela última hora. Quando a porta finalmente abriu,
encontrou sua companheira com o braço em volta da cintura do
pai. Ele carregava a bolsa preta dela.

— Quer me matar? — Perguntou freneticamente examinando-


a, se certificando que não se feriu. Bateria na bunda dela por
assustá-lo tanto antes de beijá-la sem sentido.

Ergueu a sobrancelha.

— Se desejasse isso, estaria morto há muito tempo. —


Respondeu friamente. Ainda estava brava por ser tão idiota.

Virando para homem mais velho, inclinou-se e lhe deu um


beijo na bochecha. — Obrigada por ouvir. Se não se importa, me

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


recolherei para a noite. Vejo-o pela manhã.

O sogro passou as costas da mão suavemente por sua


bochecha antes de lhe dar um beijo na testa.

— Bom sono, guerreira feroz.

Apenas riu balançando a cabeça com o rótulo. Se soubessem,


pensou, se apenas soubessem.

Ajaska observou River sair da sala olhando-a pensativamente


antes de olhar para o filho mais velho.

— Tomarei uma bebida. Sinto que o relatório não foi tão


detalhado quanto deveria. — Falou andando em direção aos
aposentos que usava quando estava na cidade.

Torak se dilacerou ao seguir o pai com relutância. Queria ir


com River até seus aposentos, mas sabia que ainda estava com
muita raiva dele para ouvir qualquer coisa que dissesse. Com um
suspiro resignado, seguiu-o.

Ajaska entregou a ele um copo cheio do líquido âmbar escuro


que bebeu mais cedo e o viu se sentar na beirada da cadeira.

— Conte-me sobre ela. — Exigiu suavemente.

Nas duas horas seguintes, contou sobre tudo que aconteceu.

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


Explicou como se surpreendeu na primeira vez que a viu sair do
corredor escuro do navio de guerra de Tearnat, como matou Progit
e outros dois inimigos antes de libertar ele, Jazin e seus homens e
sabotar a nave. Como matou Trolis quando atacou Gril e ele no
compartimento de transporte e a luta dela ao reivindicá-la. Não
deixou nada de fora. Suas mãos tremiam quando contou como
quase morreu, salvando sua vida no dia em que voltaram ao
planeta.

— É a criatura mais bonita que já vi. — Sussurrou


suavemente.

— É impossível pensar nela como uma guerreira quando a


seguro em meus braços. É tão suave, tão delicada... tão frágil. É
preciso cada grama de força que tenho para não amarra-la e
escondê-la.

Ajaska ficou quieto por um tempo antes de responder Torak.

— Deixe-a ser quem ela é. Não é como nossas mulheres. Se


quisesse uma das nossas, as escolheria. Seu espírito é tão
selvagem e belo como ela. Se tirar isso, logo se ressentirá e o
espírito que tanto ama morrerá. É o que deseja?

Levantou e foi até uma bolsa que estava pendurara em uma


cadeira. Puxando uma tela de dados, entregou ao filho.

— Leia. É de um texto antigo encontrado nas regiões do Leste.


Examinei antes de sair, depois de ouvir sobre suas mulheres
guerreiras.

Torak olhou para o pai e depois para a tela. Ao tocá-la, leu

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


devagar, pois estava em um idioma antigo de Kassis, desconhecido
por muitos, mesmo por seus cientistas que estudaram sua história
antiga. Como membro real, aprendeu a língua como parte de seu
treinamento quando mais jovem.

Depois das grandes guerras, haverá aqueles que se opõem ao


seu fim. Tema-os, pois usam uma falsa máscara de lealdade. Além
das margens de nossa galáxia, virão três grandes guerreiras que se
levantarão das sombras do ódio para libertar os filhos de Kassis.
Carregam as armas que lhes foram dadas pelos deuses: a lâmina
da paz, a besta da honra e o bastão da justiça. Somente quando as
guerreiras e os filhos se unirem como um, haverá então paz à House
of Kassis.

Olhou para o pai tentando entender o que lia.

— O que viu é uma profecia de mil anos, descoberta há quase


três meses, esculpida na pedra de um dos templos nas ruínas de
Karazdin, a antiga cidade do conhecimento Ajaska. — Respondeu
calmamente pegando a tela de dados dele e guardando-a na
mochila.

— Falou do seu resgate, de seu irmão e seus homens pelas


três guerreiras. Surgiram das sombras do navio de guerra de
Tearnat. Um, cheio de ódio que lutou para continuar a guerra e
que mataria quem apoiasse seu fim. Que armas carregavam? —
Perguntou cuidadosamente.

Torak encarou-o, arregalando os olhos enquanto sussurrou.

— River carregava duas espadas de batalha, Star uma


pequena besta e Jo um cajado de lâmina dupla.

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


— Talvez não esconda sua companheira ainda. — Falou
encarando o líquido âmbar em seu copo.

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


QUINZE
Torak passou mais uma hora com o pai discutindo o plano
para prender Tai Tek, caso tentasse algo no jantar para assassinar
membros da House of Kassin. Depois de planejar, desejou uma boa
noite de sono a ele e se retirou para seus aposentos privados.

Abrindo a porta do quarto, foi até a cama, observando a forma


adormecida dela. Amava-a tanto que o abalara profundamente.
Quando não estava com ela, sempre pensava nela, preocupava-se
com ela, com medo que outro ataque fosse bem-sucedido. Por duas
vezes, sentiu o medo avassalador de perdê-la. Nunca mais queria
senti-lo novamente.

Silenciosamente se despiu e deitou na cama ao lado dela,


reunindo sua pequena forma contra a dele. Enterrando seu rosto
nos cabelos dela, respirou profundamente.

— Torak? — Perguntou sonolenta.

— Sim, Little One. — Respondeu gentilmente acariciando


suas costas.

— Sinto muito por jogar as facas em você. — Falou


aconchegando-se mais perto de seu corpo quente e duro.

— Lamento pelas coisas que disse. Não deveria te mudar. Eu


te amo do jeito que é, pequena. Eu te amo muito. — Sussurrou em
seus cabelos.

River levantou a perna, roçando sua virilha. — Também te


amo. — Falou virando o rosto e beijando seu ombro.

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


Sentiu-se responder aos movimentos sensuais. Ela esfregou
seu corpo contra ele colocando a perna entre as dele, passando as
mãos até que acariciasse seu comprimento crescente, colocando
pequenos beijos em seu ombro e peito.

Gemeu quando a sentiu descer por seu corpo. Rolando em


cima dele, deu pequenos beijos e mordeu seu estômago antes de
tomar seu pênis em sua boca. Afastou as pernas, excitando-se
mais quando os cabelos compridos dela acariciaram sua pele, na
parte interna das coxas. Ela levantou o suficiente para deslizar seu
comprimento longo e grosso em sua garganta, engolindo-o.
Agarrou os lençóis com as mãos trêmulas.

— Oh Deus! — Gemeu alto, lutando para resistir quando ela


se afastou e engoliu novamente.

— Senhor! — Gritou novamente, arqueando-se quando sentiu


sua liberação explodir dele. Tremia tanto com os sentimentos
avassaladores, que pensou que perderia a cabeça quando ela usou
a garganta para massagear seu pau até que engoliu cada gota de
sua semente quente.

— Não sei como faz isso. — Ofegou quando ela se afastou para
sentar entre suas pernas, sorrindo timidamente. Encarando-a, não
acreditava como era sortudo por tê-la.

— Você é incrível. — Falou com um sorriso. — Agora é a minha


vez.

River riu enquanto tirava a camisola sobre a cabeça. Torak


lambeu os lábios enquanto observava seus belos seios se soltarem.
Amaria ela como nunca. Sentando, segurou os seios dela,

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


passando os polegares sobre os mamilos inchados.

— River, te amarei hoje à noite como nunca. Confia em mim?


— Perguntou.

— Prometo que é apenas seu prazer que procuro. —


Murmurou enquanto colocava um dos mamilos em sua boca.

River sentiu um arrepio de excitação percorrê-la com a


promessa de doce prazer. Inclinando-se, levantou o rosto dele,
beijando-o suavemente nos lábios.

— Confio em ti com minha vida. Leve-me, Torak. Leve-me a


novas alturas.

Sorriu assentindo.

— Fará o que eu mandar a partir deste momento. — Sorriu


quando ela levantou a sobrancelha.

— Somente no quarto, Little One. Só pedirei que me obedeça


no quarto. Trabalharemos fora dele.

Ela sorriu concordando antes de soltar uma gargalhada


quando a agarrou pela cintura, puxando-a para ficar em pé na
cama.

— Fique aqui. Não se mexa.

Assentiu silenciosamente enquanto o observava andar até


uma gaveta e a abrir. Pegou vários itens, colocando-os
cuidadosamente na cama antes de virar.

— É minha, River, depois de hoje à noite nunca mais


esquecerá isso. Prometo a você. — Falou enquanto colocava

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


delicadamente as tiras ao redor de cada um de seus pulsos.

Tremendo quando o desejo inundou seu corpo, observou-o


prender cada alça a dois parafusos no teto acima da cama,
esticando os braços sobre a cabeça até ficar na ponta dos pés. As
tiras estavam posicionadas apenas o suficiente para esticar sua
parte superior, forçando os seios para cima. Gemendo, sentiu-se
umedecer entre as pernas ao pensar no que aconteceria.

Torak sorriu ao perceber sua reação.

— A antecipação é um afrodisíaco muito poderoso, River.


Quero manter seu corpo no limite, para que quando finalmente
deixá-la gozar, sinta por todo o corpo.

Ajoelhado na cama, pegou uma venda.

— Está acostumada com isso, não é? Gosta de vendar os


olhos. — Sussurrou, vendando-a.

— Ajudará a visualizar o que farei com você. Somente quando


estiver pronta, a deixarei ver exatamente o que faço.

Virou a cabeça enquanto seguia o som da voz dele. Ofegava,


pensando o que reservou para ela. Sua imaginação decolava
quando lembrou de como a tomara no jardim. Fizeram amor
muitas vezes depois, mas nunca como naquele dia.

Arfou quando Torak tocou seu mamilo com algo frio e duro.
Afastando-se, descobriu que não iria muito longe do jeito que
estava. Estremeceu de surpresa quando o chupou profundamente,
deixando-o em um pico duro. Quando a soltou, pensou que
chuparia o outro da mesma maneira. Em vez disso, sentiu um

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


beliscão, depois uma onda de prazer e dor a inundou quando
prendeu o primeiro grampo nela.

— Oh Deus! — Gemeu, sentindo-o ir ao outro mamilo. Agora


sabia o que aconteceria, sentiria o mesmo prazer e dor no outro,
ofegou novamente.

— Antecipação. — River falou, enquanto chupava o outro


também.

Gritou quando prendeu o outro grampo.

— Linda Falou enquanto roçava os dois mamilos.

Deixou a cabeça cair para frente enquanto o ouvia se mexer


novamente. Inundou-se de um calor tão quente que explodiria em
chamas a qualquer momento. Ergueu a cabeça quando ouviu o
som de uma corrente. Quando ele agarrou seu primeiro mamilo e
puxou a corrente, certificando-se de acariciar seu nó sensível,
gemeu alto.

Torak sorriu enquanto passava a corrente pelos grampos dos


mamilos e os prendia para puxá-los quando estivesse pronto.
Agora, prepararia o resto do corpo dela para ele.

Andando em ao redor, passou as mãos grandes e calejadas


pelas suas costas, esfregando-a.

— Tem uma bunda tão bonita. — Falou enquanto abria as


bochechas.

— Logo, Little One, logo me observará enquanto a levo aqui.


— Sussurrou, enquanto gentilmente pegava um grande plug anal
que lubrificou e o pressionava contra seu anel apertado. Empurrou

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


lentamente dentro dela, deixando o corpo se ajustar. Viu a cabeça
bulbosa desaparecer. Fechou os olhos quando sentiu uma onda
quente de desejo fluir através de seu corpo lembrando como foi
doce debaixo das árvores, como curvou-se quando a reivindicou.
Queria-a novamente, desesperadamente.

Ela gritou quando a combinação dos grampos nos mamilos e


a queimadura do plug provocaram uma resposta.

— Por favor.. — Abaixou a cabeça novamente respirando


fundo.

— Prometo te agradar. — River falou enquanto se afundava


de joelhos na frente dela.

Puxando suas pernas, colocou-as nos ombros dele, levando


seu monte molhado em sua direção. Tinha certeza que a aliviaria,
ao invés disso, sentiu algo quente sobre ela. Gritando, estremeceu.
Usava um aparelho de depilação a laser, removendo os cachos que
a cobriam. Reconheceu a sensação de quando Jo lhe mostrou como
usar para depilar as pernas e as axilas. Gabou-se que nunca mais
se depilaria.

— É linda demais para se esconder, River. Quando a olho,


quero te provar, quero vê-la nua. — Falou suavemente passando o
laser repetidamente até que tudo que restou foi uma pele macia e
lisa. Correu os dedos pelo monte sedoso, fazendo-a estremecer e
gritar. Enterrou os dedos dentro dela, sentindo como estava
molhada. Quase, pensou, alcançando o plug e o torcendo. Ela
arqueou e ele abriu a boca para puxar seu clitóris inchado em sua
boca. Sim, definitivamente era mais bonita descoberta. Abrindo os

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


lábios da buceta dela, lambeu-a até que soluçava.

Relutantemente tirou as pernas dela dos ombros até que ficou


na ponta dos pés novamente. Estava linda pendurada lá e queria
que visse quão bonita era enquanto faziam amor. Tirando a venda,
soltou um comando e todas as paredes da sala brilharam,
transformando-se em uma superfície espelhada.

River olhou incrédula para seu reflexo. Parecia selvagem. Seu


cabelo caia ao seu redor em ondas. Os braços estavam esticados
acima da cabeça, mostrando sua figura esbelta. Uma corrente
pendia dos grampos presos aos mamilos e a parte mais feminina
dela estava nua. Tinha pequenas mordidas de amor na parte
interna das coxas e nos seios, mas era seus olhos que mais a
chocou. Mostravam uma chama selvagem de desejo, enquanto
observava o reflexo de seu corpo nu, pendurada como uma
oferenda a Torak. A forma nua dele estava ao seu lado, passando
as mãos sobre seu o corpo em um caminho sensual, puxando a
corrente entre os seios e descendo para segurar seu monte nu,
abrindo os lábios para que assistisse enquanto brincava com seu
clitóris.

Grudou os olhos nas mãos dele, quando lentamente separou


os lábios de sua vagina para passar os dedos sobre seu clitóris.

— Olha como é linda. Veja como te reivindico, River. Sinta-me


enquanto a tomo.

Não desviaria os olhos, mesmo que quisesse. Ele tirou os


grampos de seus seios, sorrindo enquanto ofegava quando o
sangue voltou a fluir neles. Soltou seus braços das tiras, puxando-

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


a para a cama, onde lentamente a deitou de costas, abrindo as
pernas para que deitasse entre elas.

— Olhe para o teto, faça o que mando e veja como a levo. —


Torak murmurou, sua voz espessa de desejo.

— Mexa nos mamilos. Quero vê-la brincar com eles enquanto


me vê provar sua doce vagina. — Ela moveu as mãos até os seios e
brincou com as pontas, gemendo de quão sensíveis estavam.
Arregalou os olhos quando se concentrou no que ele fazia. Brincava
com seu clitóris, rolando-o para frente e para trás entre os dedos
enquanto usava a outra mão para girar suavemente o plug
aninhado em seu traseiro. Moveu os dedos para que fosse mais
fundo na boceta dela, enquanto dava voltas fortes no plug, parecia
que era fodida nos dois lugares ao mesmo tempo. Quando se
inclinou para lambê-la, se desfez. Sentiu o fluxo de seus sucos
encharcando o rosto dele. Ele gemeu e a bebeu mais
profundamente até que arqueou, clamando por misericórdia
quando um orgasmo fluiu para outro.

— Ainda não, amor. Não haverá piedade esta noite. Apenas


comecei. — Torak falou acariciando-a gentilmente, observando
seus olhos arregalarem enquanto amarrava os tornozelos no final
da cama e se movia para refazer os pulsos.

— A noite toda. — Prometeu enquanto deslizava seu pau


grosso e pesado em sua vagina inchada.

Finalmente caiu em um sono exausto quando o sol nasceu


sobre as montanhas. Desamarrou os laços que a seguravam.
Tomou-a repetidamente, elevando-a cada vez mais alto até que se

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


desfez totalmente. A última vez que a levou, estava amarrada de
bruços na cama. Certificou-se que virasse a cabeça e observasse
como a tomava por trás. Fodeu-a até que gritou seu orgasmo se
debatendo enquanto lutava contra as restrições, seu corpo
tremendo quando o apertou. Sentiu a mesma liberação várias
vezes, gozando quando o apertou com força em seu corpo,
ordenhando seu pau até que estivesse à beira do colapso. Amava
quão selvagem e confiante era, deixando-o fazer o que quisesse com
seu corpo. Nunca ficou tão satisfeito. Deitou segurando-a na
segurança de seus braços até o sol atingir o pico sobre as
montanhas brilhando na cidade abaixo.

Havia muito a fazer antes que montassem a armadilha para


pegar Tai Tek, mesmo assim relutou em deixar o conforto do corpo
abrigado ao seu lado. Passou a mão pelas costas dela e pela curva
de sua bunda. Pensou na profecia que seu pai o fizera ler na noite
passada. Era possível que River e suas irmãs fossem as guerreiras
que falaram? Como criaturas tão pequenas, delicadas e bonitas
seriam guerreiras tão fortes? Seria feliz aqui, tão longe de seu
mundo? Sabia que não sobreviveria se partisse. Nunca a deixaria
ir, mesmo que lhe pedisse. Não faria isso antes e sabia que não
faria isso agora.

Aconchegou-se mais perto dele. Sorriu com sua busca


inconsciente por ele. Passou a mão por ela novamente, segurando
delicadamente um seio antes de descer sobre seu estômago. De
repente, sua mão tremeu e a colocou sobre sua barriga lisa. E se
estivesse grávida? Era possível. Não usou nada para impedir que
acontecesse. A ideia dela carregando seu filho sentiu uma forte

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


onda de desejo inundar seu corpo. Queria vê-la inchada com seu
filho. Queria vê-lo mamando seus seios. Sorriu quando descansou
a mão por mais um momento nela. Sabia que no fundo nunca o
deixaria se engravidasse. Um sorriso determinado curvou seus
lábios. Sim, havia muito a fazer, pensou.

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


DEZESSEIS
Torak saiu silenciosamente da cama e tomou banho.
Encontraria com seu pai e irmãos na sala de planejamento. Foi até
a cama uma última vez para observá-la. Uma risada suave escapou
quando a ouviu roncar suavemente. Estava exausta. Inclinando-
se, deu um beijo em sua testa antes de se endireitar e derrubar
com o cotovelo alguns discos que estavam sobre a mesinha ao lado
da cama, no chão. Pegou-os, franzindo a testa. De onde vieram?
Perguntou-se. Virando um deles, viu uma imagem gravada no
metal prateado. Girando para que a luz que passava através das
janelas mostrasse a ele, ofegou quando a imagem de uma River, Jo
e Star muito jovens apareceu. Encarando-o com espanto, olhou
para os outros. Cada um tinha fotos das três garotas em momentos
diferentes de suas vidas. Olhando para River dormindo tão
pacificamente, sorriu. Saberia o que tinha no disco. Se lhe desse
alguma pista sobre o mundo dela, desejava saber. Empilhando-os,
comandou para a janela escurecer e silenciosamente saiu da sala.

Jazin levantou os olhos quando ele entrou na sala de


planejamento.

— Pensei que teria que enviar a força de elite para encontrá-

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


lo esta manhã, irmão. Não é seu costume atrasar para uma
reunião. — Brincou ao ver o jeito descontraído do irmão mais velho.

Apenas sorriu.

— Se a noite durasse mais, não teria forças para comparecer.

Olhou-o com inveja.

— Gostaria de dizer o mesmo. — Murmurou.

Manota olhou para Jazin com os olhos arregalados.

— Você também? — Falou surpreso. Pensou que era o único


incapaz de domar a guerreira.

Corou quando seu pai o olhou e depois para Manota.

— Conte-me.

Ficaram vermelho brilhante. Somente o pai exigiria que lhe


contassem uma coisa dessas. Como admitiriam que ainda não
reivindicaram as outras duas guerreiras? Ah, tentaram, mas não
cooperavam.

Torak riu alto.

— Ah, sim, por favor, conte. — Sentia-se muito bem agora.


Não apenas reivindicou sua guerreira, mas também garantiria que
não escapasse dele.

Manota olhou-o com desgosto. — Não precisa gostar tanto do


nosso desconforto. — Respondeu.

— Oh, sim faço. Quantas vezes vivi com vocês, tornando


minha vida uma merda? — Respondeu assistindo seus irmãos se

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


contorcerem.

— Torak, não está ajudando. Devo lembrá-lo o que a profecia


afirma? 'Somente quando as guerreiras e os filhos se unirem é que
a paz chegará à House of Kassis'. Deixe-os explicar. — Ajaska
advertiu severamente. Sentou à mesa comprida e cruzou as mãos,
esperando.

— Que profecia? — Jazin perguntou.

— Mais tarde. Conte por que não reivindicarão as guerreiras.


— Falou, olhando severamente para seus dois filhos mais novos.
Não permitiria que o distraíssem.

Manota passou a mão pela nuca.

— Jo é a mulher mais obstinada, teimosa e frustrante que já


conheci! Deveria apenas bater em sua bunda, amarrá-la e
reivindicá-la, mas tenho medo que corte minha garganta quando a
soltar apenas para provar que pode. — Falou, sentindo-se
esmagadoramente frustrado. Não sabia o que fazer.

— Não é atraída por você? — Perguntou o pai, surpreso.

— Não, é atraída por mim, com certeza. Os beijos são.. — Sua


voz desapareceu quando olhou para as mãos.

— Tem família em seu mundo. Os pais. Não se compromete


comigo porque sente que deve retornar para eles.

— Star é o mesmo. Não se compromete, sabendo que a irmã


pode ir embora e que causará muita dor aos pais por não saberem
o que aconteceu com elas. — Jazin falou suavemente.

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


— Está muito angustiada.

Intrigado, Ajaska virou-se para Torak.

— Por que sua companheira não tem esses mesmos


sentimentos? — Perguntou.

— Não sei. — Olhou para o pai e os irmãos.

— Talvez haja respostas nisso. Encontrei-os ao lado da nossa


cama. Têm imagens delas. Jazin, consegue baixar os dados deles?
— Perguntou, empurrando a pilha de discos ao irmão mais novo.

Pegou-os, virando-os repetidamente. Assentiu.

— Não deve ser muito difícil. Posso digitalizá-los enquanto


trabalhamos e ver se decifro as informações.

Puxou um scanner da cintura e o passou lentamente por cada


disco, copiando o conteúdo. Em seguida, pediu ao computador
para decifrar as informações e avisá-los quando fossem concluídas.
Talvez ajudassem ele e Manota a entender por que Jo e Star
estavam relutantes em aceitar suas reivindicações.

Acenando para os outros, discutiram sua estratégia para


capturar o homem ou homens por trás da tentativa de assassinato
de Ajaska e Torak.

— O jantar está planejado. Kev se encarregará da segurança


da South House. Trabalhará com Manota e o capitão da guarda de
Jazin. Cada um terá homens agindo como garçons durante o
jantar. Além disso, criou telas adicionais no campo de força que
nos permitirão rastrear cada um que entrar na casa. Enviará um
link, mostrando onde cada um está em um dado momento. —

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


Torak explicou.

— Como faz isso? — Ajaska perguntou surpreso. O campo de


força era bom para impedir a entrada de qualquer pessoa que não
fosse permitido, mas, uma vez que o fez, não era capaz de rastrear
indivíduos específicos.

— Graças a Manota, agora será feito. Trabalha nisso há um


ano e criou um mapeamento digital do marcador genético de cada
pessoa. Mesmo se usarem um disfarce, acusaria quem realmente
são.

— Alguém mais sabe disso? — Perguntou ele, curioso.

— Não. — Respondeu Manota.

— Não compartilharei ainda, até que apanhemos quem está


por trás das tentativas contra você. Será útil assim que o Conselho
se reunir novamente.

Balançando a cabeça, voltou-se para Torak.

— Continue.

— Jazin cobrirá os jardins. Monitorará qualquer um que


venha e passe por essas áreas, pois os campos de força se
concentrarão na proteção das outras três casas. Serão acessíveis
aos convidados, como é habitual durante jantares formais. Manota
cobrirá a South House. Monitorará qualquer um que esteja em
qualquer um dos níveis, incluindo os mais baixos e o teto onde o
assassino tentou antes Seus olhos escureceram quando lembrou
do dia em que quase perdeu River.

— Vocês estarão na entrada da frente cumprimentando a

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


todos. Torak anexará uma pequena câmera a Tai Tek quando
entrar, além de anexá-lo a qualquer um de seus convidados ou
aliados conhecidos. — Jazin acrescentou, pegando um aparelho
tão pequeno que era quase impossível ver na ponta do dedo.

— Outra das invenções de Manota.

Ajaska divertiu-se enquanto o estudava.

— Lembre-me de nunca o deixar bravo. — Provocou seu filho


do meio.

— Depois que todos chegarem, não achamos que Tai Tek


tentará algo tão cedo. Dará a impressão de ser o conselheiro leal
que foi eleito. Depois do jantar, quando as pessoas se misturarem,
é quando pensamos que atacará. Obviamente, manterá um alto
perfil para ter muitas testemunhas para atestá-lo. Seremos os
principais alvos e atuaremos como iscas. Se ele ou algum de seus
convidados tentar nos afastar, iremos com eles. Seremos
observados o tempo todo. Também olharemos para quem não é
quem parece ser. Em caso de dúvida, basta tocar o olho esquerdo
e uma imagem da pessoa aparecerá. Manota mostrará como usar
as lentes oculares antes do jantar. Funcionam por cerca de quatro
horas antes de se dissolverem. Depois que Tai Tek fizer sua jogada,
o cercaremos e o eliminaremos. —Torak terminou.

— Alguma pergunta?

Conversaram por quase mais uma hora repassando diferentes


cenários possíveis e ajustando seus planos. Estavam terminando
quando o computador avisou Jazin que a decifração dos discos foi
concluída. Olhou para os dados e ficou surpreso ao ver que era um

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


tipo de vídeo.

— Ficaremos mais à vontade na sala comum. — falou.

— Não sei vocês, mas não comi esta manhã e poderia tomar
algumas bebidas.

Enquanto saíam da sala de planejamento, ouviram o som de


risadas femininas vindo da sala de estar que usavam quando
tinham companhia. Torak entrou na sala e observou as três
mulheres sentadas, bebendo um líquido quente que chamavam de
'café'. River o fez descobrir como replicar a bebida logo que se
mudou para a North House. Sorriu suavemente enquanto a
observava se inclinar e afastar um cacho perdido da bochecha de
Star. O amor que tinham pela outra era óbvio. Sentiu a sorte de
sua companheira não contestar sua reivindicação enquanto as
irmãs o faziam. Não sabia se teria autocontrole para não a tomar à
força, se necessário.

— Algo cheira bem. — Falou enquanto se aproximava para


beijar-lhe.

River corou. Falou-lhe aquilo durante a noite enquanto a


lambia.

— Comporte-se. — Sussurrou suavemente beijando-o de


volta.

— Nunca. — Respondeu enquanto mordiscava seu pescoço.

Manota e Jazin pigarrearam alto.

— Estamos com fome. — Falaram ao mesmo tempo, olhando


para Jo e Star com uma profunda fome nos olhos.

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


As duas coraram e riram.

— Não estamos no cardápio hoje de manhã. Há outras coisas


maravilhosas. Não sei o que é tudo. Os cozinheiros nessas casas
são incríveis. — Jo falou acenando com a mão em direção à mesa.

— River, encontrei alguns discos no quarto. Jazin foi capaz de


decifrá-los. Permitiria assisti-los? — Perguntou Torak gentilmente.
Não queria que pensasse que fazia algo por suas costas ou
perturbá-la.

— Conseguiu! Oh Torak, te amo! — Falou enquanto jogava os


braços em volta do pescoço dele, dando-lhe um grande beijo.

— Jo, Star, eu os esqueci. Walter fez alguns filmes caseiros de


nós desde quando nos conhecemos até saírem, dois anos atrás.
Surpreenderia vocês com uma cópia, mas não tive chance de fazê-
lo. Encontrei-os novamente outro dia na minha bolsa e perguntaria
a Kev ou Torak se poderiam convertê-los. Obrigado, Jazin, por fazê-
lo. — Falou ignorando o modo como ele rosnou quando disse
primeiro o nome de seu capitão.

— O que há neles? — Perguntou Manota, sentando ao lado de


Jo com um prato cheio de comida.

— Apenas espere e verá! — Respondeu com um sorriso


travesso.

Recostou-se contra as pernas de Torak no chão. Sentaram


com pratos empilhados com comida. Star soltou um gemido
quando Jazin a puxou entre as pernas. Jo apenas deu a Manota
um olhar que avisava 'nem tente' antes de sentar entre ele e Ajaska.

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


Jazin comandou ao computador para iniciar os vídeos.

— Oh. Meu Deus. — Jo gemeu quando enterrou o rosto no


ombro de Manota.

— Não achei que quis dizer realmente desde o início.

Na tela apareceu três meninas muito jovens. River tinha cinco


anos, Star tinha sete e Jo tinha oito. Vestiam-se com trajes de
bailarina e se perseguiam em uma rede enorme a vários metros do
chão.

— Ei, Walter. — Gritou River, de cinco anos.

— São Jo e Star. Serão minhas novas irmãs! — Riu quando


Jo fez cócegas nela. Star pulava, acenando para a câmera.

— Oh. Meu Deus. — River falou, enquanto lágrimas escorriam


por suas bochechas.

— Tem nossos pais. — Sussurrou e Star e Jo se inclinarem


para frente.

— Veja como eram jovens.

Os quatro homens se esqueceram completamente de comer


enquanto assistiam ao vídeo. Walter, de quem Torak ouvira falar
várias vezes, era um homem com cerca de um metro de altura, que
usava uma roupa vermelha e um chapéu com a metade da altura
dele. Enquanto continuavam, viu uma jovem River crescendo
lentamente. Tinha muitas imagens das três juntas, mas também
de cada uma com pessoas diferentes, pessoas incomuns. Quando
mostrou um homem chamado Kid Cozack, de trinta a oito anos de
idade, ensinando-a como engolir uma espada, encolheu-se

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


primeiro então, arregalou os olhos com uma compreensão
repentina. Se engolia uma espada, não teria problemas em
engolir... ele engoliu em seco.

— Então é assim que sabe como fazer. — Murmurou em


descrença.

— Sabe como fazer o quê? — Manota perguntou olhando para


ele, que tinha uma expressão de reverência no rosto antes de olhar
para River, que estava vermelho brilhante.

Olhou para Jo.

— Sabe como fazer isso? — Perguntou com um sorriso.

— Claro, Kid nos ensinou. Por quê? — Perguntou, intrigada,


olhando-o. Foi só quando olhou para River que entendeu o que
mais poderia engolir. Ficou tão vermelha quanto sua amiga e
lançou-lhe um olhar que prometia dor intensa, caso falasse mais
alguma coisa sobre o assunto.

Sorriu muito antes de responder para Manota.

— Só espero que descubra um dia, irmão. Os dois. É uma


coisa incrível.

Entreolharam-se perplexos antes de encolher os ombros. As


meninas gostariam de engatinhar debaixo do sofá. River escaparia
se não tivesse largado a comida e a puxado para o colo. Suspeitava
que era para cobrir a protuberância muito grande que saia dele.

Assistiram aos vídeos pelas duas horas seguintes, parando


nos momentos em que os homens precisavam de esclarecimentos
sobre algumas das coisas que viam. Quando Marcus, o

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


Magnificent, a cortou em dois por esconder seus coelhos, Torak a
encheu de perguntas sobre se doía, porque um homem faria uma
coisa dessas, como sobreviveu e o que queria dizer com ele fez mais
de uma vez. Jazin e Manota foram avisados várias vezes para
afrouxarem seus braços sobre Jo e Star quando as assistiam
voando, andando nas cordas bambas ou caindo no fogo. Não
entendiam que os palhaços eram apenas homens e mulheres com
maquiagem fazendo coisas ultrajantes.

Quanto mais assistiam, mais confusos ficavam. Viram


edifícios magníficos e um mundo que era um pouco semelhante ao
deles, mas muito diferente em outros. A tecnologia era primitiva
comparada à deles. Viram mulheres trabalhando ao lado de
homens, muitas coisas que em seu planeta nunca fariam. Quando
viram algumas das roupas, ou melhor, a falta delas, que usavam
na frente de tantos outros homens a sala encheu de rosnados,
exceto pela risada de Ajaska. Walter era o maior mistério para eles.
Mandava e ordenava a todos, não importava que fosse uma fração
de seu tamanho.

Quando mostrou a performance dedicada aos pais de River,


ela caiu em lágrimas, enterrando o rosto no peito dele. Abraçou-a
com força, acalmando-a enquanto chorava.

— Os pais dela morreram em um incêndio no hotel em que


ficaríamos. Houve uma confusão com os arranjos. Quase todos
estávamos em outro hotel a uma quadra de distância. Seus pais
ficariam no quarto reservado originalmente porque foi onde se
conheceram. River ficou conosco para dar-lhes privacidade. Nunca
tiveram chance. A escada da saída estava acorrentada e fechada,

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


contra os regulamentos de incêndio. Morreram por inalação de
fumaça. — Jo explicou suavemente se aproximando para esfregar
as costas de sua amiga enquanto Star acariciava os cabelos.

— Levou quase um ano para se recuperar. Ouviu as sirenes e


correu pela rua. Quando não os encontrou, entrou no prédio.
Quando os bombeiros a retiraram, mal estava viva.

Star continuou.

— Tinha apenas dezessete anos. Morou comigo, Jo e nossos


pais, mas o circo também era sua família.

River olhou para cima, seus lábios tremiam quando olhou


para Star, suavemente sussurrou.

— Envolveram-me em seu amor. Amavam muito meus pais.


Ainda ouço Walter anunciando: 'O Magnífico Deus e Deusa da
Lâmina, Godwin e Godiva Knight e sua filha, River'. Ninguém
atirava facas como meu pai.

Star a abraçou antes de voltar e sentar ao lado de Jazin.

— Tínhamos mais mães, pais, tias, tios e avós que qualquer


garota tinha. Esqueça um encontro! Se um garoto fosse corajoso
de pedir, passaria por todas as pessoas ali.

— Sim, lembra daquele que finalmente chegou até Walter? —


River riu olhando para Jo.

—Tinha esse garoto que não a deixava em paz. Chegou ao


ponto que quase a perseguia enquanto passávamos de cidade em
cidade. Enfim, se infiltrou onde nos hospedamos uma noite.
Chegou ao quarto de Jo antes de Walter o surpreender. —

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


Continuou rindo.

— Sim, o surpreendeu tanto que fez xixi nas calças quando


puxou as cobertas para me dar um beijo e encontrou a careca feia
de Walter. — Jo riu.

Manota rosnou.

— Walter matou esse homem?

Olhou-o, incrédula.

— Claro que não. Sentou o pobre garoto e disse-lhe que se


voltasse, o colocaria para limpar os currais dos elefantes.

Star riu.

— Sim, agora tem duas apresentações por dia com essas


coisas.

— Faltou alguma coisa. Vi muitas pessoas, algumas fazendo


coisas incríveis, mas não as vi lutar com ninguém. Como é que
Walter não filmou suas batalhas com seus inimigos? — Perguntou
Torak, intrigado.

River, Jo e Star se entreolharam antes de rir.

— Não somos guerreiras. Estamos tão longe de ser quanto


vocês de... bem, digamos muito, muito longe de sermos guerreiras.
Somos artistas. Fazemos pessoas rirem e esquecerem seus
problemas por um tempo. Vêm de todas as partes para nos assistir
realizando números que desafiam a morte apenas por diversão.
Nunca lutamos contra nada pior que um resfriado forte antes de
tudo isso acontecer. — River explicou.

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


Os quatro apenas as encararam em um silêncio atordoado.

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


DEZESSETE
— Não são guerreiras! — Torak rosnou novamente para o pai.

Surpreenderam-se quando falaram que eram apenas artistas


de uma coisa chamada circo. Era o que faziam para se sustentar.
Explicaram que não tinham um homem para cuidar delas e que
isso não era algo incomum em seu mundo. Frequentemente viviam
e trabalhavam sozinhas sem homens em suas vidas. O mundo
delas tinha guerreiros, mesmo mulheres, mas lutavam usando
armas diferentes e iriam para o exército, o que nenhuma delas fez.
Quando River explicou como entrou no navio de guerra de Tearnat,
como se escondeu na esperança de libertar suas amigas e como se
revezavam aprendendo mais sobre a nave e escondendo itens que
usariam para escapar usando apenas as habilidades que
aprenderam com o circo Torak, Manota e Jazin ficaram
horrorizados.

— A Profecia diz que três guerreiras virão carregando os itens


que suas mulheres carregaram. Falo que são elas as quais a
Profecia falou! — Ajaska insistiu.

— Pai, nunca mataram nada em suas vidas até embarcarem


no navio de guerra dos Tearnat. — Jazin falou. Isso explicava muito
para ele agora. Como porque Star era gentil e sensível. Porque
parecia tão assustada na primeira vez que a viu. Porque gritava
durante a noite.

— Em nome de todos os deuses e deusas, nem sabiam que


existia vida fora de sua galáxia! O mais longe que o homem chegou

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


foi a lua e nem era tão longe assim! — Manota explodiu.

— Agora espera que lutem ao nosso lado, sabendo que


sabemos disso?

— Sim, espero. — Respondeu suavemente. Observou os filhos


o encararem em um silêncio atordoado, imaginando se
enlouqueceu.

— São elas. Estou certo disso. Veja o que fizeram até agora.
Não subestime suas habilidades. Só porque não foram treinadas
como guerreiras, não significa que não sejam.

— Quase perdi River duas vezes. Não correrei esse risco


novamente. Irei mandá-la para nossa propriedade rural até que a
ameaça seja cuidada.

— Não. — Veio uma resposta suave da porta.

Virou. Paradas na porta estavam River, Jo e Star. Estavam


perfeitamente imóveis. Ela entrou na sala. Usava uma calça que
parecia quase a parte longa de um vestido. Em volta da cintura,
havia um cinto de joias. Sua blusa era um decote em sequência
com mangas onduladas presas nos pulsos. Tinha o cabelo
trançado, que caia pelas costas. Parecia tão bonita, tão frágil, tão...
brava.

Gemeu. Na última vez em que o olhou assim, acabou preso à


porta do quarto deles. Desviou o olhar para se certificar que estava
longe o suficiente de qualquer coisa que pudesse usar, caso
lançasse suas facas novamente.

— River. — Começou suavemente.

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


— Não me venha com 'River'. Não me enviará a lugar algum.
Seu pai está certo. Não somos treinadas como guerreiras, mas
lutamos e defendemo-nos e àqueles que amamos. — Falou ficando
na sua frente. Colocou a mão no peito dele sobre seu coração.

— Disse que não me mudaria. Agora aceite quem sou.

As amigas estavam do lado de fora da porta.

— Isso vale para nós também. — Jo falou suavemente. Star


assentiu.

River sentou no sofá baixo. — Se Tai Tek está por trás das
tentativas de assassinato, tenho um grande interesse em capturá-
lo. — Tocou gentilmente seu peito e a pequena cicatriz quase
invisível.

— Devo-lhe um favor de retorno.

Os olhos de Torak escureceram com o lembrete. Atravessou a


sala para se ajoelhar na frente dela.

— River, é muito perigoso. Não permitirei que corra perigo. Por


favor, Little One, não viverei se algo lhe acontecer. — Implorou
suavemente, segurando as mãos dela.

Inclinou-se para frente e roçou os lábios nos dele,


respondendo suavemente.

— Então me mantenha em segurança, deixando-me ajudá-lo.

— Além disso, não seria um pouco engraçado de repente


desaparecermos? River é sua esposa, quer dizer, companheira. Se
aparecer no jantar sem ela, os bandidos não suspeitariam? — Jo

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


perguntou olhando para Manota.

— Eu suspeitaria!

Manota suspirou profundamente.

— Ela está certa, Torak. Se aparecermos no jantar sem as


mulheres, Tai Tek desconfiará. Seria óbvio demais que planejamos
algo. Não esperaria que deixássemos nossas mulheres quando há
perigo possível.

— Então está decidido. Ficarão e participarão da armadilha.


— Ajaska falou.

Os irmãos assentiram, seus rostos mostrando a dor que a


decisão lhes custava. Jazin olhou para Star com fúria mal
escondida. Era pequena demais, delicada demais para lutar.
Deveria levá-la para algum lugar seguro e...

— Jazin. — Star chamou suavemente, puxando-o de seus


pensamentos.

— Sim, amor.

— Não acontecerá, então nem tente. — Murmurou com


firmeza.

Suspirou pesadamente novamente.

— Sim, amor.

O resto da tarde planejaram quais seriam os papéis delas


durante o jantar. Elas se misturariam com os outros convidados e
agiriam como olhos extras. Esperava-se que os homens as
ignorassem por serem mulheres, mesmo sendo consideradas

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


guerreiras. Em nenhum momento sairiam da sala principal, a
menos que acompanhadas por um dos homens ou um dos
membros selecionados da força de elite.

Antes de sair no início da noite, Star puxou River para um


lado.

— Trabalhei em mais roupas. Tenho vestidos especiais que


usaremos. — Sorriu maliciosamente quando notou Torak a
olhando.

— Não está planejando nada, está? — Jazin perguntou


desconfiado quando viu o olhar de Torak.

— Por que acha isso? — Star perguntou enquanto o olhava


com um sorriso inocente.

Olhou-a um momento antes de gemer. O que fiz para merecer


uma mulher assim? Pensou.

À medida que o jantar se aproximava, os homens passavam


mais tempo longe, dando às elas mais tempo juntas. River as levou
até a sala de treinamento, onde praticavam intensamente. Dois
membros mais novos da força de elite foram designados para
observá-las enquanto Kev Mul Kar finalizava os planos com outros
membros que formariam o grupo principal de segurança.

Os dois assistiam em silêncio apreciativo enquanto as três


mulheres treinavam. Após se alongarem, fluíam pelas pistas de
obstáculos movendo-se silenciosamente para cima e sobre as
paredes, atravessando vigas e cordas, algumas vezes de cabeça
para baixo, outras parando no meio do caminho antes de dar uma

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


cambalhota e aterrissar com os pés silenciosos nos tapetes abaixo
antes de ter uma arma na mão para atacar um oponente
imaginário.

Quando praticavam com armas os homens empalideciam.


Hoje, River e Star treinavam uma rotina que os pais de River eram
famosos. Assistiram enquanto Star puxava uma besta compacta
da cintura, abrindo a trava e carregando seis flechas, atirando-as
em River em rápida sucessão. Esquivou delas, curvando-se,
rolando e girando no último segundo antes que flecha a acertasse.
Ouviram Star suspirar, assistindo horrorizados quando a
penúltima flecha atingiu o peito dela enquanto se afastava da
última. Correram, gritando para um dispositivo de comunicação
enquanto avançavam em direção a ela.

Em questão de minutos, Torak, Jazin e Manota corriam para


a sala de treinamento. Encontraram River no chão ao lado dos dois
membros da força de elite, Star e Jo em pé sobre eles .

— Respire, ok. Apenas coloque a cabeça entre os joelhos e


respire fundo. Ficará bem. A tontura passará. — Torak ouviu Jo
falar baixinho.

— O que em nome de todos os deuses aconteceu? — Rugiu,


empalidecendo quando viu os homens sentados no chão com a
cabeça entre os joelhos, River dando-lhes tapinhas nas costas.

— Está tudo bem, Torak. Ficarão bem em alguns minutos,


quando a tontura passar. — Falou olhando para cima enquanto
continuava esfregando as costas deles.

— Está bem, querido? — Star perguntou a um dos soldados

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


que parecia que desmaiaria novamente.

— Querido? — Jazin rosnou.

— Chama-o de querido, enquanto tudo o que recebo é ser


chamado...

Star corou.

— Agora não. Pare de ser idiota. Estou fazendo-o se sentir


melhor.

— Idiota. — Gaguejou.

— Quer fazê-lo se sentir melhor e sou chamado de idiota por


me preocupar! — Puxou os cabelos da cabeça antes de soltar um
rugido alto que ressoou nas paredes. Olhou-a por um momento
antes de andar com passos lentos e determinados em sua direção.

Agarrou o pulso dela, encarando-a.

— Chega, Star. É minha. Farei algo que deveria ter feito há


muito tempo. Registro do computador: Eu, Jazin Ja Kel Coradon,
da Terceira House of Kassis, reivindico você, Star, pela minha casa
e como minha companheira. Reclamo-a como minha mulher.
Nenhum outro a tomará. Matarei qualquer um que tentar. Dou-lhe
minha proteção, assim como é meu direito como líder da minha
casa. Reivindico-a como é meu direito pela House of Kassis.
Gravação e arquivo final no computador. — Sem outra palavra,
pegou-a em seus braços, virou e saiu da sala de treinamento,
deixando todos em um silêncio atordoado.

— Bem, idiota pomposo. — Jo engasgou.

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


— Quem pensa que é?

Manota a encarou. Vendo a expressão em seu rosto,


cambaleou para trás, erguendo as mãos.

— Agora, não tenha ideias! Já te avisei que não acontecerá. —


Gritou e virou para correr, apenas para ser agarrada por trás e
jogada por cima do ombro dele.

Rosnando, Manota falou, abafando os protestos dela.

— Reivindico você, Jo. Deveria ter feito semanas atrás. É


minha. Que seja conhecido, eu, Manota Ja Kel Coradon, da
Segunda House of Kassis, reivindico você, Jo, pela minha casa e
como minha companheira. — Lutou, chutando-o. Soltou um uivo
de raiva quando ele deu um tapa na sua bunda com força.

— Reclamo-a como minha mulher. — Bateu na bunda dela


novamente quando não parou de lutar.

— Nenhum outro a tomará. — Tapa.

— Matarei qualquer um que tentar. — Tapa.

— Dou-lhe minha proteção, como é meu direito como líder da


minha casa. — Tapa.

— Reivindico-a como é meu direito pela House of Kassis. —


No quinto tapa, acalmou, sua bunda queimava e sua boceta
encharcou. Rosnou novamente quando ela tentou falar esfregando
a mão em sua bunda ardente. Ficou tensa por um momento antes
de relaxar em cima do ombro, sem lutar mais.

Torak e River observaram incrédulos quando Manota virou e

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


carregou uma silenciosa Jo para fora da sala de treinamento. Foi
apenas o gemido de um dos homens quando levantou, que chamou
a atenção dele de volta ao assunto em questão. O outro ainda
estava sentado no tapete, parecendo apenas um pouco melhor.

— O que aconteceu? — Exigiu entre os dentes.

Tinha um mau pressentimento sobre o que descobriria.


Levantou a mão quando ela tentou explicar, estendendo-a para a
tela de dados presa à cintura do homem. Silenciosamente entregou
a ele, dando a River um olhar de desculpas.

Torak assistiu à repetição por um tempo. Sabia exatamente


quando chegou à parte que quase causara o desmaio dos dois
homens. Ela e Star praticavam uma jogada que o pai dela
aperfeiçoou com a mãe. Era extremamente perigoso. O pai atirava
flechas ou facas na mãe dela. Ela se esquivaria ou, como nesse
caso, as pegaria no último segundo. Era preciso disciplina e
concentração incríveis, sem mencionar alguém em quem confiava.
Tudo foi cronometrado com perfeição. Ouviu o suspiro de Star e
sabia que era hora de pegar antes de perfurá-la. Só por segurança,
usavam flechas de borracha. Não a mataria se atingisse, mas
doeria e deixaria um hematoma. Fez questão de trocar para flechas
de borracha, depois de ser atingida várias vezes ao praticar a rotina
com o pai.

Torak empalideceu enquanto assistia o vídeo de Star atirando


flechas nela e ela se esquivando na última. Ficou quase branco
como os dois homens quando correram até ela. Quando virou,
parecia que a flecha estava embutida no peito. Quando a viram
afastar a flecha, sorrindo e girando-a entre os dedos, quase

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


desmaiaram. Levantou a mão silenciando ao homem. Devolveu
calmamente a tela de dados a ele antes de virar para ela sem
expressão no rosto.

— Torak. — Chamou estendendo a mão.

— Agora não. Não aqui. — Respondeu com a voz desprovida


de emoção.

— Vá para nossos aposentos.

— Preciso pegar.. — Falou.

Fechou os olhos.

— Vá para nossos aposentos agora, River.

Ela olhou para sua expressão tensa antes de assentir.


Murmurou um pedido de desculpas suave aos dois guardas por
assustá-los antes de sair. Correu assim que chegou aos corredores
externos. Voltou aos aposentos em tempo recorde, batendo a porta
enquanto passava por ela. O medo se transformou em raiva. Pelo
que tinha que se desculpar? Por que que alguma delas tinham que
se desculpar? Apenas faziam coisas que fizeram a vida toda. Não
era como se fossem flechas de verdade. Não era estúpida! Seu pai
a instruiu para nunca usar as verdadeiras, porque alguém teria
um dia ruim. Aprendeu isso da pior maneira quando chegou perto
de matar a mãe dela uma vez.

Tirando a roupa, foi ao banheiro. Estava com calor e suada do


treino e da corrida aos seus aposentos. Levou um momento para
se esticar enquanto a água enchia a enorme piscina que
funcionava como banheira. A água vinha de um riacho subterrâneo

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


aquecido por uma camada térmica na crosta do planeta. Seria
filtrada e devolvida após o banho. Apaixonou-se por ela, pois
praticamente nadava na enorme piscina enquanto tomava banho.
Também adorava o chuveiro esculpido na rocha da montanha onde
ficavam as Houses os Kassis. Ficaria de molho por um tempo para
aliviar seus músculos e sua mente antes de confrontá-lo. Não se
desculparia, simplesmente não iria! Se fizesse agora, passaria o
resto da vida se desculpando por tudo.

Entrando na água quente, um gemido de prazer escapou de


seus lábios. Mergulhando, deixou-a fluir sobre ela. Rolou de costas
e fechou os olhos flutuando e deixando a água quente acalmá-la
enquanto movia ao redor de seu corpo acariciando-a em seu fluxo
suave.

Torak parou na porta do banheiro assistindo-a enquanto


flutuava, as mãos se movendo lentamente para frente e para trás
enquanto a água acariciava seu corpo. Chegou perto de se juntar
aos homens no tatame quando assistiu ao vídeo do incidente. Teve
flashbacks dela com sangue escorrendo do peito, caindo em uma
poça ao lado dele enquanto gritava por ajuda. Puxou as cordas que
seguravam sua camisa encolhendo os ombros, suas botas e calças
rapidamente o seguiram. Entrou na água quente nadando até onde
flutuava.

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


River se assustou quando sentiu mãos deslizarem sob ela.
Abrindo os olhos, encarou Torak, se afogando no desejo
desesperado que viu ali. Erguendo os braços, foi até ele, circulando
as pernas na cintura dele. Sem uma palavra penetrou-a, puxando-
a enquanto entrava e saía, com força crescente. Abraçou-o mais
forte, se segurando nele. Torak segurava seus quadris penetrando-
a cada vez mais fundo a cada impulso. Sabia que, no fundo, algo
dentro dele se quebrou. Seu medo o levou além da racionalidade e
agia sob um desejo primitivo de dominá-la. Para mostrar que lhe
pertencia e que não a perderia, para ninguém ou a nada. Sentiu
seu clímax enquanto empurrava mais fundo, atingindo cada
terminação nervosa dentro dela enquanto a reclamava. Quando
atingiu o pico resistiu, fugindo dos sentimentos avassaladores que
inundavam seu corpo. Gritando, lutou enquanto ele a abraçava
firmemente, não a deixando se afastar da fonte de seu prazer/dor.
Sentiu seu corpo tencionar antes de permitir que sua própria
liberação fluísse dentro dela calorosamente.

River desabou contra ele. Chocou-se quando de repente se


afastou dela e saiu da piscina. Observou-o com medo. Estava de
costas e ainda não disse uma palavra. Foi o silêncio que mais a
assustou. Normalmente, quando estava bravo, gritava ou falava
que não faria algo, nunca se calou.

Observou quando pegou uma toalha e entrou no quarto.


Lentamente saiu da piscina pegando uma toalha e secando a água
do cabelo antes de enrolá-la ao corpo. Pegou nervosamente uma
escova e o seguiu para o quarto. Torak se vestiu e saia quando ela
entrou.

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


— Aonde irá? — Perguntou baixinho.

— Há coisas que cuidarei. Voltarei mais tarde. Não me espere.


—Respondeu sem se virar. Um momento depois, ouviu a porta
perto de seus aposentos fechar.

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


DEZOITO
Era a noite antes do jantar e Torak ainda mal conversava com
ela, apenas respondia perguntas diretas com o mínimo de palavras.
Estava uma pilha de nervos. Não foi autorizada a sair de seus
aposentos. Jo e Star não foram vistas desde o dia na sala de
treinamento. Os dois guardas que estavam no centro de
treinamento foram substituídos por outros que pareciam comer
um monte de limões azedos. Toda vez que tentava sair, ficavam na
sua frente, balançando a cabeça silenciosamente. Por ordem de
Lorde Torak, ficaria lá dentro, avisaram. Gentilmente a
empurravam de volta e fechavam a porta.

Tentou, a princípio, arrancar uma reação de Torak, mas


permaneceu em silêncio virando e saindo. Só voltava depois que
ela dormia. Acordou para se encontrar fazendo um amor
requintado também. Gritou seu orgasmo quando o sentiu pulsar
dentro dela. Depois, a abandonou novamente, retornando depois
que caiu em um sono exaustivo de tanto chorar. Quando acordou
de manhã, fez amor com ela novamente. Depois, se soltou de seus
braços, ignorando seu choro para ficar um pouco mais.

Já durava três dias, embora parecesse uma vida inteira. Não


dormia bem e perdeu o apetite. Esta manhã foi a gota d'água. Não
continuaria assim. O silêncio entre eles a estava matando. Sabia
que gostava do sexo, a procurava várias vezes ao dia, fazendo amor
sem falar uma palavra e saindo assim que alcançavam o orgasmo.
Seu coração partiu e não sabia o que fazer. Não tinha com quem
conversar. Não a deixava sair de seus aposentos e, aparentemente,

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


Jazin e Manota não permitiam Star e Jo sair também. Sabia que
faria uma de duas coisas: quebrar a barreira entre eles ou desistir.
Não ajudou que nos últimos dois dias ficou muito enjoada quando
se levantou. Imaginou que o estresse de tudo finalmente a atingiu.

Limpando uma lágrima do rosto, decidiu que faria sua parte


amanhã à noite no jantar e depois apresentaria a ele um ultimato:
conversar ou deixa-la ir. Despedaçava-se lentamente, sem saber o
que fazer. Balançou, respirando fundo quando outra onda de
náusea tomou conta dela. Colocando a mão na barriga, virou para
o banheiro. Talvez um banho a ajudasse a se sentir melhor. Chegou
na metade do quarto quando uma onda de tontura a atingiu e
nublou sua visão. Tentou chegar à cama, mas outra onda veio e a
escuridão desceu como um cobertor, fechando-se em torno de sua
forma caindo.

Torak suspirou, jogando a tela de dados que segurava sobre a


mesa. Segurava a maldita coisa durante a última hora e não sabia
uma única palavra do que tinha lá. Odiava o silêncio entre ele e
River. No começo, estava com muita raiva para conversar. Fizeram
amor na piscina, seu corpo desesperado para saber que ela estava
bem. Precisou sair logo depois, porque a levaria repetidas vezes.
Sentia-se sem controle quando o medo, por quase perdê-la de novo,
o inundou com tanta violência, que quase parecia físico. Não queria

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


machucá-la. Depois, quis puni-la. Seu coração partiu quando
deitou e viu lágrimas em seu rosto ou a ouviu implorar para
abraçá-la depois que fizeram amor. Não ficaria com ela, mas não
ficaria longe também.

Gemendo, sentiu seu corpo mexer novamente quando


lembrou da sensação do doce corpo dela envolvendo o dele esta
manhã. Era tão sensível ao toque. Levantando, gemeu de desgosto.
Queria-a novamente. Levou-a várias vezes nos últimos dias
pensando que a tiraria de seu sistema. Por um breve momento,
pensou em procurar outra mulher em busca de alívio, para ver se
ajudaria, mas não tocaria em outra.

Caminhando com propósito, abriu a porta da sala e foi em


direção a seus aposentos. Ele a tomaria novamente. Era sua
companheira. Reivindicou-a e a desejava. Por que não pegaria o
que era dele? Pensou com um grunhido. Além disso, não era como
se ela não gostasse. Toda vez que se reuniam, ficava selvagem e
disposta em seus braços.

Acenando para os guardas, que se afastaram em silêncio,


abriu e fechou a porta suavemente. Olhando ao redor, franziu a
testa quando viu a comida não consumida na mesa. Nas duas
últimas manhãs, se certificou que ela recebesse comida. Nos
últimos dois dias, devolveu sem consumo. Certamente, já estava
de pé, pensou. Talvez estivesse no chuveiro ou na piscina. Parecia
gostar dos dois ultimamente. Fizeram amor lá muitas vezes desde
que a reivindicou.

Andando pelo quarto, fez uma careta quando viu que as


janelas ainda estavam sombreadas. Dando o comando para clareá-

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


las, para que a luz natural entrasse no quarto, gritou quando a viu
deitada ao lado da cama. Correndo até ela, gentilmente a rolou,
afastando os cabelos do rosto com a mão trêmula. Estava
mortalmente pálida, seus cílios escuros fechados imóveis nas
bochechas brancas.

— River, Little One, fale comigo. — Implorou. Pegou-a e


deitou-a na cama. Puxando um comunicador da cintura, falou
rapidamente, solicitando o curandeiro aos seus aposentos
imediatamente. Ela não se mexeu quando a colocou na cama ou
quando a cobriu gentilmente. Sentindo sua testa e bochechas,
notou que pareciam frias e úmidas. Quase rosnou quando um de
seus guardas bateu na porta do quarto.

— O curandeiro, meu Lorde. — Anunciou olhando com


preocupação para River.

O médico idoso que a atendeu quando foi baleada entrou na


sala no momento em que ela soltava um pequeno gemido. Virou e
agarrou a mão pequena dela.

— Little One, olhe para mim. — Murmurou passando a mão


trêmula sobre o rosto pálido.

— O que há de errado com ela? — Exigiu com voz rouca


enquanto olhava para o médico.

— Não tenho certeza. Diga-me o que aconteceu? — Foi até a


cama, colocando a mão na cabeça dela. River abriu os olhos. Olhou
para o companheiro com olhos nublados e confusos.

— Torak? — Falou fracamente.

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


— Entrei e a encontrei inconsciente no chão. Agora está
acordando. Não sei quanto tempo ficou inconsciente. — Respondeu
tenso.

O idoso olhou-o por um momento antes de virar e observá-la.

— Se não se importa de esperar na outra sala, a examinarei.


Estarei lá em breve.

Torak protestaria, mas o médico sorriu gentilmente.

— Tome uma bebida, meu Lorde. Acredito que ajudará.

Ficou indeciso por um momento antes de assentir e


lentamente levantar. Virou, mas parou no último momento se
curvando e dando um leve beijo nos lábios dela antes de sair.

— Tem dez minutos. Então voltarei. — Falou enquanto


fechava a porta.

River olhou para o curandeiro confusa. Não lembrava de nada


além de se sentir um pouco enjoada e tonta. Observou-o pegar um
scanner da bolsa e puxar as cobertas para trás. Passou-o sobre ela
várias vezes antes de tocar gentilmente seu estômago,
pressionando-o suavemente. Depois de alguns minutos, cobriu-a e
guardou o aparelho.

— Bem? — Perguntou assustada.

— O que há de errado comigo?

O médico sorriu gentilmente. Adorava quando estava certo.

— Sim, minha querida. Espera seu primeiro filho. Gostaria de


saber se será menino ou menina?

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


Encarou-o, incrédula, movendo as mãos protetoramente
sobre o estômago. Sua mente estava em um redemoinho, girando
enquanto absorvia o que compartilhara.

— Pode saber tão cedo? — Sussurrou.

— Claro. Diria que tem quase dois meses. Ficou grávida não
muito tempo depois de levar o tiro. — Respondeu com um sorriso
divertido.

— O que.. — Falou com um nó na garganta. Não importava se


seria menina ou menino, mas saber seria bom.

— Qual o sexo?

— Terá um garoto muito saudável pela aparência do scan.


Tomei a liberdade de concluir alguns testes adicionais enquanto
estava na ala médica e me certifiquei que não houvesse problemas
de compatibilidade entre nossas espécies. Existem poucas
diferenças, mas nossos tipos de sangue são tolerantes. Não terá
dificuldade no que diz respeito a isso. Nosso período de gestação é
de oito meses e meio. Diga-me qual é o período normal para sua
espécie?

— Nove meses. — Sussurrou. Teria um bebê. Filho de Torak.

— Isso é bom. Gostaria de vê-la em alguns dias para fazer um


exame completo e prescrever algumas vitaminas. Sua pressão
arterial está um pouco alta e quero que coma corretamente e evite
situações estressantes. Pode se exercitar, mas aconselho a usar o
bom senso e a mantê-lo menos árduo que normalmente faz
também. — Terminava suas instruções quando a porta abriu.

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


Torak entrou, seguido por seus irmãos, Jo, Star, Ajaska e dois
guardas.

O curandeiro virou enquanto se aglomeravam na sala. Dando


a Torak um olhar severo, dirigiu-se a ele.

— Não a chateie de forma alguma. Quero vê-la novamente em


alguns dias para executar uma série completa de testes. Quero que
descanse hoje. Certifique-se que coma, pequenas refeições, mas
com frequência. Precisa construir sua força. Prescreverei
suplementos adicionais depois de executar todos os testes. Pode se
exercitar, mas deve mantê-lo leve. Parabéns, meu Lorde. Sua
Graça, parabéns. — Falou enquanto pegava a bolsa e passava por
todos que o olhavam confusos.

— Parabéns? — Torak falou confuso. Jo e Star se


entreolharam por um minuto antes de gritarem de alegria e voarem
para a cama.

— Oh, seremos tias! — Falaram, abraçando-a. — Oh River,


estamos muito felizes por você. Quando Jazin e Manota ouviram o
chamado frenético pelo comunicador, os fizemos nos trazer para
garantir que estava bem. Oh querida, será uma mãe linda.

— Mãe? — Falou Torak, olhando-as estupidamente.

Jazin apareceu e deu um tapinha nas costas dele.

— Parabéns, irmão. — Aproximou-se e puxou uma Star


relutante da cama murmurando baixinho em seu ouvido antes de
sair do quarto.

— Parabéns, Torak. — Manota sorriu.

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


— Talvez agora ela se acalme. — Deu a Jo um olhar
especulativo antes de sorrir.

— Talvez teve a ideia certa.

Jo lançou um olhar sujo para ele.

— Não tenha ideias. Murmurou enquanto caminhava em


direção à porta.

— Sim, acredito que teve a melhor ideia. — Murmurou antes


de dar um tapinha nas costas do irmão e seguir sua relutante
companheira pela porta.

Ajaska foi até onde River estava encostada nos travesseiros.


Inclinou-se e a beijou gentilmente na testa.

— Tenho orgulho de chamá-la de filha. Anseio ver o filho do


meu filho crescer dentro de você. Será tão bonita quanto sua mãe.
— Ele sorriu com lágrimas brilhando em seus olhos.

— É um menino.

— Estou ansioso para ver meu neto crescer dentro de sua


linda mãe. — Falou curvando-se para ela antes de olhar
severamente para o filho.

— Espero que cuide dela direito. Ficarei muito descontente se


a chatear!

— Um menino? — Falou Torak, olhando fixamente para o pai.

Ajaska apenas riu quando viu o rosto atordoado do filho.


Acenando para os dois guardas que esperavam pacientemente na
porta, olhou-a pela última vez piscando antes de sair. A sala

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


parecia estranhamente silenciosa, apenas com ela e Torak. Passou
uma das mão protetoramente sobre o estômago enquanto a outra
brincava com as cobertas.

— Está decepcionado? — Perguntou com uma voz quase


inaudível, incapaz de olhá-lo. Estava com medo. Não sabia o que
faria. Descobriria algo. Depois dos últimos dias, não tinha mais
certeza de nada.

Uma lágrima escorregou lentamente por sua bochecha


quando ele não respondeu. Sentiu a cama mergulhar quando
sentou ao seu lado.

— Calma, Little One. Como me decepcionarei com algo que


sonhei desde a primeira vez que a vi na nave de guerra de Tearnat?
Sonhava com quão linda ficaria grávida do meu filho. Anseio pela
visão dele ou dela mamando em seus seios. Eu te amo, River.
Desde a primeira vez que a vi. — Falou suavemente, sinceramente.

Olhou para cima, seus profundos olhos azuis escuros


brilhando com lágrimas não derramadas.

— Também te amo. Fiquei com tanto medo que não me


amasse mais. Não sabia o que fazer. — Enterrou o rosto no pescoço
dele, segurando-o perto.

— Oh Torak, te amo muito.

Ele limpou gentilmente as lágrimas do seu rosto, roçando os


lábios nos dela.

— É minha, River, para sempre. Eu, Torak Ja Kel Coradon,


da Lead House of Kassis, tomo você, River, por minha casa e como

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


minha companheira. Reivindico-a como minha mulher. Nenhum
outro pode tomá-la. Matarei qualquer um que tentar. Dou-lhe
minha proteção, assim como é meu direito como líder da minha
casa. Reivindico-a como é meu direito pela House of Kassis.
Orgulho-me de te chamar de mãe dos meus filhos e te amarei para
sempre.

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


DEZENOVE
A noite do jantar finalmente chegou. Os planos estavam em
vigor, incluindo algumas modificações nos de River. Torak ficou
fora de si com a ideia de ela estar em perigo. Depois que desmaiou
ontem, insistiu que ficasse na cama o dia todo. Passou boa parte
do dia com ela, mas se recusou a fazer amor novamente até que o
curandeiro afirmasse que tudo ficaria bem. Ficou tão louca no final
da tarde que o fez entrar em contato com o médico, que lhe
assegurou que fazer amor não colocaria River ou o bebê em perigo
e, segundo os relatos, seria uma maneira positiva de mantê-la
relaxada e menos estressada. Mal reconheceu o comentário final
dele antes de desligar o aparelho e prendê-la na cama debaixo dele.
Alimentou-a a cada duas horas, até que falou rindo, que não
comeria mais nada. Falou isso antes dele se oferecer como
sobremesa. Decidiu que sempre tinha espaço para ele e o levou a
novas alturas com seus gritos ecoando pelas paredes do quarto.

Nesta manhã, a levou ao banheiro e a banhou. Fizeram amor


novamente no chuveiro. Riu da insistência dele em cuidá-la. Ela
deixou. Imaginou que em poucos dias recorreria à ajuda de seus
irmãos e pai para resgatá-la antes que a enlouquecesse; mas até
então, aproveitaria a atenção que lhe dava. Nunca se sentiu tão
amada, necessária e bonita em toda sua vida.

Agora, enquanto se preparava para o jantar, passou a mão


protetoramente sobre o estômago enquanto ajustava a faca
amarrada na parte interna do braço. Teria um cuidado extra por
enquanto, pois havia mais que apenas ela a considerar. Usava o

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


vestido especial que Star desenhou para ela. A parte superior era
decotada e mostrava uma quantidade significativa de seu busto. A
amiga explicou que ajudaria na distração e daria a impressão de
ser mais feminina camuflando sua imagem de guerreira, já que os
homens tinham dificuldade em pensar que guerreiros não tinham
peitos. Sorriu, mas concordou que seus seios estavam mais cheios
que antes, então definitivamente mostrava seu lado feminino. A
parte da saia era, na verdade, calças com a camada externa, dando
a aparência de uma saia longa e cheia. Retiraria em menos de um
segundo para dar liberdade de movimento. Havia várias fendas
ocultas que abriam na parte interna de suas mangas e nas calças.
Cada uma tinha uma bainha combinando com a cor da roupa,
dificultando a visão. Dentro havia uma coleção de facas. Seu cinto
era uma bela coleção de estrelas brilhantes e joias, que na verdade
eram feitas de cristal. Cada uma destacava e usaria como uma
estrela de arremesso, o cristal duro a tornava uma arma perfeita.
A última escondia-se discretamente em uma mecha de cabelo dela.
Um par de grampos de cabelo eram na verdade facas disfarçadas.
Eram revestidas de cristal, lindamente esculpido para combinar
com seu cinto. Sentiu que Star perdeu sua vocação. Deveria
trabalhar para o governo, projetando roupas para seus espiões.
James Bond nunca esteve tão preparado quanto ela esta noite.

Virou quando Torak entrou na sala. Olhou-o, seu amor por


ele brilhando como faróis gêmeos de luz em seus olhos azuis
escuros. Estava de tirar o fôlego em seu uniforme. Era preto sólido
com tranças douradas bordadas em cada ombro. Usava camisa
branca por baixo de sua jaqueta justa que estreitava na cintura.
As calças pareciam pintadas nele, encaixavam-se tão bem em sua

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


forma e estavam enfiadas em um par de botas pretas brilhantes e
altas até o joelho. Tinha uma espada de batalha decorativa em um
quadril e uma pequena pistola a laser no outro. Seus longos
cabelos grossos estavam puxados para trás e amarrados.

— Está tão lindo. — Falou quando caminhou até ele.

— E você é a criatura mais linda que já vi. — Respondeu ele,


levando as mãos dela à boca e beijando-as gentilmente.

— Lembra o que fará? — Perguntou gentilmente enquanto a


puxava em seus braços.

— Sim. — Respondeu com uma pequena risada.

— Manterei meus olhos abertos e ficarei longe de problemas.

— E ficará segura. Por mim Little One e pelo nosso filho, não
faça nada que os coloque em perigo. — Murmurou em seus
cabelos, apertando-a com força.

— Prometo. — Falou suavemente se afastando e olhando-o


nos olhos. Ficou na ponta dos pés e deu-lhe um beijo leve nos
lábios no momento em que uma batida soou na porta do quarto.

River andava cercada por Torak e seu sogro. Encontraram


com Jazin, Star, Manota e Jo no centro do jardim. Era uma noite
linda e as estrelas começaram a aparecer. As três arfaram quando

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


viram as luas gêmeas.

— É tão bonito. — Falou em voz baixa, olhando para cima.

As luas entravam em órbita juntas aproximadamente a cada


noventa dias. Foi a primeira vez que se alinharam desde que
chegaram a Kassis. Pareciam enormes no céu do começo da noite.

Torak e Ajaska apenas sorriram, apreciando sua expressão de


admiração por algo que consideravam normal. Para ele todo o resto
empalideceu em comparação com a beleza dela. Desde que
descobriu que estava grávida, parecia brilhar tão intensamente
quanto as luas que via. Descendo a mão pelas costas dela, um
sorriso malicioso curvou seus lábios com a resposta ao seu toque.
Ficaria feliz quando a noite terminasse, para que a devolvesse à
segurança da sua casa e cama.

Os três casais e Ajaska subiram as escadas para a entrada


traseira da South House e se posicionaram. Jo e Star piscaram
para ela enquanto caminhavam suavemente murmurando hora do
show sob seu fôlego. Mal conteve a risada que ameaçava escapar.
Mesmo assim, Torak lançou-lhe um olhar sombrio suspeitando
que tramavam algo.

Ajaska e ele cumprimentaram as pessoas na entrada da frente


quando começaram a chegar. River, Jo e Star se encontrariam no
grande salão de baile, onde se misturariam, desfrutando de
refeições leves antes do jantar e entretenimento adicional depois.
Jo iria primeiro com Manota para se encontrar com a equipe de
elite que cobria as cozinhas, enquanto Star iria com Jazin para se
encontrar com a equipe que cobriria as escadas. River suspeitava

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


que era a maneira deles impedirem que se reunissem antes da
hora.

Pegou uma bebida não alcoólica e tomou, saboreando o gosto


refrescante do suco de frutas. Pensou nas portas duplas que
davam para o terraço e os jardins. Esta noite seria interessante.
Pegariam Tai Tek em sua armadilha ou escaparia mais uma vez.
Lembrou-lhe de uma enguia escorregadia à espera de uma vítima
inocente.

— Muito encantador, não é? — Falou uma voz suave atrás


dela.

Congelou por um momento antes de relaxar.

— Sim, é. — Um pequeno sorriso curvou seus lábios.

— Sinto muito por assustar seus homens outro dia.

Kev Mul Kar deu uma risada rouca quando respondeu.

— Sim. Os outros se divertiram brincando com eles até verem


o vídeo do seu pequeno truque. Acho que todos se tornaram muito
simpáticos quando Borat e Waytec foram designados a você.
Desejo-lhe meus parabéns pela sua gravidez. A maternidade lhe é
muito apropriada. — Acrescentou suavemente estudando o brilho
no rosto dela.

Era verdade, resplandecia com um brilho que suavizava o


rosto e lhe dava um ar de elegância frágil.

Olhou-o por cima do ombro corando.

— Obrigada.

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


Pigarreou antes de continuar.

— Fique nesta sala ou na sala de jantar a todo momento. Não


a deixe por qualquer motivo. Alguém te observará o tempo todo.

Revirou os olhos para ele e mostrou a língua apenas o


suficiente para ver a ponta rosada. Mul Kar precisou de tudo para
não gemer com o gesto inocente. Conversou com Torak.

Ele não responderia se quisesse. Sua garganta se fechou


abruptamente devido ao caroço que tinha. Com um aceno duro, se
afastou. Jo e Star entraram na sala e observaram enquanto
passava por elas, dando-lhes uma reverência rápida.

— O que lhe torceu as cuecas? — Perguntou Jo, quando a


alcançaram.

Star revirou os olhos.

— Sabe que por ser a mais velha, nem sempre é a lâmpada


mais brilhante da embalagem. Não percebe que é meio apaixonado
por River? Está desde o navio de guerra do Tearnat.

River encarou-a como se enlouquecesse.

— O que? Não me diga que também não percebeu? —


Perguntou a amiga.

— E acham que sou ingênua!

— Então, qual o plano? — Perguntou Jo, olhando ao redor


para as pessoas que chegavam.

Havia dignitários de diferentes províncias, bem como


membros intergalácticos. Os olhos de River entristeceram quando

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


viu Gril Tal Mod entrar na sala junto com uma versão feminina de
sua espécie. Ainda era difícil aceitar que matou o filho dele, não
importa se executaria seu próprio pai. Murmurando uma breve
desculpa para as amigas, se aproximou para cumprimentar o líder
Tearnat.

— Lorde Tal Mod? — Falou suavemente. Não tinha certeza de


como se dirigir a ele, pois nunca cumprimentou formalmente
líderes intergalácticos.

Gril Tal Mod virou ao vê-la se aproximar. O olhar dele não


perdeu nada, pois fluiu sobre sua figura no vestido que Star criou.
Parecia muito diferente da mulher guerreira que era no navio de
guerra dele.

— Lady River, um prazer vê-la novamente. Afirmo que está


ainda mais bonita que a última vez que nos encontramos.
Apresento minha companheira Madas Tal Mod. — Puxou os lábios
para trás, que parecia um sorriso para sua espécie, mostrando
uma fileira de dentes longos e afiados.

Sentiu um momento de horror com a ideia que era mãe de


Trolis. O que pensaria dela?

Ele observou com curiosidade os olhos de River se


entristecerem e encherem de lágrimas não derramadas com a
lembrança.

— Desejava recebê-lo hoje à noite. É bom vê-lo também. —


Respondeu suavemente, olhando para a mulher que observara a
conversa com uma expressão curiosa.

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


— É a mulher guerreira que meu companheiro me falou? — A
enorme fêmea falou baixinho.

— Sim, Lady Tal Mod. Expresso meu arrependimento pela


morte de seu filho. — Respondeu prontamente.

— Chame-me de Madas. Não sou muito de títulos, pergunte


ao meu companheiro. Nosso filho merecia pior. Deu-lhe uma morte
mais pacífica que merecia por tudo que fez. Agradeço por salvar a
vida do meu companheiro. Não tem nada que se arrepender. Eu o
mataria se estivesse lá. — Sibilou, colocando sua mão na de Gril
Tal Mod.

— Meu companheiro é minha vida. Protegeu-o. Sempre


estaremos em dívida.

River pasmou-se ao ouvi-la falar de modo tão desagradável


sobre seu falecido filho. Madas deu um passo à frente, pegando
uma das mãos pequenas dela na sua maior e escamada, quase
divertida enquanto observava as emoções passarem pelo seu rosto.

Virando para seu companheiro, Madas perguntou


provocativamente.

— Gril, tem certeza que é uma guerreira? É tão delicada e


pequena. Como algo assim paralisou seu grande navio de guerra?
Talvez ofereça uma posição para treinar seus guerreiros.

Olhou para o rosto de Madas e observou enquanto lentamente


uma tampa descia sobre seu grande olho. Apenas piscou para
mim, pensou incrédula.

Rindo, respondeu levemente.

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


— Adoraria mostrar alguns movimentos a seus guerreiros.
Espero que lidem com isso melhor que os de Torak! Tendem a
desmaiar ou hiperventilar quando as meninas estão por perto.

Gril Tal Mod sibilou para sua companheira puxando-a contra


ele, abraçando-a.

— Pagará por sua insolência mais tarde, Madas.

— Promessas, promessas. — Ela sibilou de volta, olhando


para River com um brilho nos grandes olhos antes de se afastarem.

— Ok, isso foi assustador. — Jo falou observando os dois


Tearnats se aconchegarem.

A risada dela morreu em sua garganta enquanto via Grif Tai


Tek entrar na sala com ninguém menos que Javonna no braço.
Passou a mão protetoramente sobre seu abdômen, acalmando a
repentina sensação de náusea que sentiu.

— Aquele desgraçado. — Jo sussurrou.

— Essa cadela. — Star rosnou veementemente. — Falei a


Torak que a mataria se entrasse na mesma sala que você.

River e Jo a encararam incrédulas. Nunca a ouviram falar algo


tão... tão desagradável antes. Parecia que o faria realmente. Sentiu
uma pequena risada escapar, seguida por outra até que ria alto.
Somente Star a faria se sentir melhor ao ver a ex-amante de Torak
na mesma sala. Agora, passaria o resto da noite visualizando todas
as maneiras que lentamente mataria Javonna.

— Oh Star, amo você. — Falou enquanto pegava a mão dela


dando um aperto apreciativo.

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


VINTE
Tai Tek olhou para as mulheres e mal escondeu sua surpresa
com a transformação delas. Se não estivesse na ponta receptora da
espada da mulher de olhos azuis, nunca acreditaria que eram
guerreiras. A fêmea de olhos azuis brilhava tirando seu fôlego e
endurecendo seu pênis. Ele a queria e a teria antes que a noite
terminasse. Uma vez que eliminasse seu companheiro, a
reivindicaria para si.

— Estou com sede. — Javonna murmurou friamente, jogando


punhais com o olhar para River.

Olhou-a com desgosto.

— Arranje algo para beber, então. — Virou com um ar de


despedida que a enfureceu enquanto o observava caminhar em
direção a companheira de Torak.

— Minha querida Lady River, faz as luas de Kassis


empalidecerem em comparação com sua beleza. — Ele falou
enquanto se curvava levemente. Mal reconheceu Jo e Star atrás
dela.

River olhou-o com um olhar ligeiramente cansado.

— Lorde Tai Tek, bom saber que não guarda rancor. Espero
que aproveite o jantar. Entendo que é uma celebração de um novo
acordo comercial.

Ele a encarou antes de sorrir um pouco.

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


— Como teria sentimentos ruins contra alguém tão amável?
Se não visse e sentisse com meus próprios olhos suas habilidades
minha Lady, acho difícil acreditar que é a mesma mulher que
colocou uma espada na minha garganta.

Opa, pensou ela, ainda guarda rancor. Sorriu, um pouco


divertida com o lembrete velado.

— Tem que admitir que foi uma grande entrada. Se me der


licença, creio que meu marido, ah companheiro, terminou seus
deveres. — Acenou em uma reverência real e caminhou, com
joelhos trêmulos, em direção a Torak, que entrara na sala.

Tai Tek observou enquanto ela, seguida pelas amigas, se


afastava. Um pequeno sorriso cruel curvou seus lábios por um
momento antes de voltar à máscara suave que mantinha para
funções como essa. Logo, Torak, seu pai e seus irmãos morreriam.
Planejou bem. O Tearnat seria suspeito de seus assassinatos, feitos
em retaliação por matar seu segundo filho. Livrar-se-ia do réptil de
grandes dimensões ao mesmo tempo que eliminaria os principais
membros de Kassis e da House of Kassis. Então, reivindicaria as
guerreiras como suas. Manteria a guerreira de olhos azuis para ele
até se cansar dela. Daria as outras duas a seus guardas leais, que
as compartilhariam antes de matá-las. Suspeitava que a pequena
guerreira não duraria muito.

Virou quando sentiu unhas cravando em seu braço, Tai Tek


encarou Javonna com um sorriso sombrio.

— Está pronta, minha querida. Sei como se machucou sendo


substituída pela guerreira de olhos azuis. Traga-a para mim e

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


Torak será todo seu.

Javonna observou Torak abraçar River, puxando-a para


perto. Um sorriso selvagem curvou seus lábios antes que
respondesse suavemente.

— Irei trazê-la, meu Lorde. Prometo que antes que a noite


acabe será sua e fará o que quiser com ela.

Torak estreitou os olhos quando notou Tai Tek conversando


com River. Levou toda sua força de vontade para permanecer
calmo. Cortaria o homem ao meio exatamente onde estava se ela
não virasse e o olhasse com um brilho divertido nos olhos. Tirou
seu fôlego. Quando Tai Tek atravessou as portas com Javonna, mal
conteve sua fúria. Não queria River chateada e sabia que ficaria
quando a visse lá. Queria procurá-la imediatamente, mas não
deixaria seus deveres. Rangendo os dentes, não pensou em mais
nada enquanto cumprimentava os convidados, como estaria
magoada e chateada.

— Pensei que estaria com um humor diferente. — Falou


suavemente enquanto a puxava em seus braços.

— Não tinha ideia que a traria esta noite. Se soubesse,


impediria de alguma forma.

Riu baixinho enquanto ficou na ponta dos pés para dar-lhe


um beijo na boca.

— Relaxe, Star o cobriu. Passarei o resto da noite imaginando


quantas maneiras a matará. Realmente, nos dará algo para fazer e
será divertido.

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


— Eu te amo, River. Lembre-se disso. Reivindiquei-a como
minha. — Murmurou beijando-a mais profundamente.

— Hum hum. — Ajaska pigarreou alto.

— Como manterá sua mente concentrada e seus olhos claros,


se os tiver colados à minha nova filha?

River riu.

— Continuem. Socializem. Visitarei o quarto das meninas.

Torak e Ajaska pareciam intrigados, repetiram com o cenho


franzido.

— Quarto das meninas?

— Irei ao banheiro refazer a maquiagem. Levarei Jo e Star


comigo para cobrir minhas costas, Riu.

Torak a observou falar baixinho com Jo, depois com Star.


Assentiram seguindo-a para fora da sala. Sabia que havia guardas
por toda parte, então se sentiu um pouco melhor em deixá-la ir.
Nenhum deles esperava que Tai Tek fizesse nada até depois do
jantar. Sentiu uma onda de inquietação fluir através dele de
repente e procurou até encontrar os olhos escuros de seu capitão.
Com um aceno de cabeça, Kev Mul Kar as seguiu.

Pegando uma bebida de um dos criados que passavam,


tomaria um gole quando dedos escamosos o deteve.

Assustado, olhou nos olhos de Madas Tal Mod, que sibilou


baixinho.

— Não acredito que a bebida seja adequada ao seu gosto, meu

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


Lorde. Recomendo uma bebida da bandeja de um empregado
diferente.

Encarou a bebida, seus lábios em uma linha reta.

— Como sabia?

Afastou os lábios, mostrando uma extensão de dentes afiados.

— Sua companheira não é a única guerreira. Tenho um olfato


altamente desenvolvido para certos venenos nativos de nossas
terras. Senti o cheiro dos efeitos da árvore da junta do outro lado
da sala.

A árvore da junta crescia apenas no planeta natal dos


Tearnat, em uma área de madeira de onde veio o clã de Gril Tal
Mod. Alguns goles da bebida e morreria em questão de momentos.
Uma vez encontrada a causa, assumiriam que Gril Tal Mod
estivesse por trás de sua morte. Olhou em volta rapidamente para
seus irmãos e pai, com medo que recebessem a mesma bebida
envenenada.

— Não se preocupe. Foram avisados e a nenhum outro


ofereceram bebida. Gril está muito descontente por alguém tentar
matá-los. Não aprecia quem incrimina os Tearnats por
assassinato. Temos honra. Se queremos alguém morto,
simplesmente o matamos. — Sibilou divertida.

— O servo será descartado imediatamente.

Acenou tenso para ela.

— Minha companheira e as irmãs?

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


Sibilou baixinho.

— Não receberam uma bebida. Acredito, de propósito. Fique


de olho nelas. Temo que quem quer que esteja por trás disso tenha
planos para elas.

River entrou no banheiro bem decorado. Riu, tudo na House


of Kassis era exagerado. Movendo-se para o espelho, verificou sua
maquiagem enquanto Star e Jo foram ao banheiro. De repente,
outra imagem apareceu atrás dela.

Javonna olhou-a desapaixonadamente, observando a mulher


menor com um toque cruel nos lábios. Foi até o espelho como se
checando sua própria maquiagem antes de falar.

— Sabe que se cansará de você em breve.

Levantou uma sobrancelha para a mulher e não disse nada.


O que diria? Pare de ser uma vadia? Supere isso? Nada que falasse
faria diferença, então não valia a pena desperdiçar o fôlego.

— Quero-o de volta. — Continuou.

— Fui bem na casa dele. Era a amante principal e controlava


as outras mulheres. Sabia como satisfazê-lo.

Os olhos de River escureceram com a lembrança que Javonna


conhecia Torak intimamente. Havia muitas coisas que estava

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


disposta a suportar e ser lembrada da cadela nos braços do homem
que amava não era uma delas.

— Javonna, se sabe o que é bom para você, parará agora. —


Falou friamente.

Virou-se para olhar para ela com desagrado.

— E quem me impedirá?

Star e Jo saíram de trás da parede que separava os banheiros


do lavatório.

— Eu irei, vadia! — Respondeu Star, olhando-a.

— Falei a Torak que, se estivesse na mesma sala que River,


chutaria sua bunda. Se não quiser morrer antes do jantar, sugiro
que saia daqui.

River e Jo olharam para ela em um silêncio atordoado. Era a


menor e mais delicada das três, mas naquele momento parecia que
não só causaria grandes danos, como a mataria. Javonna encarou
Star por um momento antes de levantar lentamente olhando para
elas.

— É corajosa quando estão juntas. Será interessante ver se é


corajosa quando estiver sozinha. — Falou antes de sair
rapidamente pela porta.

Kev Mul Kar viu Javonna passar por ele. Virou para River com
preocupação quando a viu sair do banheiro.

— Está tudo bem, minha Lady? — Perguntou suavemente.

River sorriu antes de assentir.

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


— Sim, Star cuidou disso. Falou a Javonna que, se não
quisesse morrer antes do jantar, era melhor sair do caminho.

Ele olhou para Star com olhos assustados antes de soltar uma
risada. Gostaria de ter visto a pequena guerreira ameaçar Javonna.
Nunca gostou daquela mulher peculiar.

Torak procurou as mulheres. Conversavam baixinho com seu


pai. River olhou-o e sorriu gentilmente enquanto passava a mão
sobre o estômago. Uma onda feroz de proteção passou por ele.
Tinha que colocá-la em segurança assim que terminasse.

Passou por Kev e entregou-lhe o copo.

— Teste isso. — Murmurou sem interromper o passo em


direção a sua companheira.

— Torak, seu pai falou que alguém quis envenena-los.


Tentaram matar não apenas você e seu pai, mas também seus
irmãos. — Falou com um sorriso trêmulo.

— Agora, apenas me irritaram. — Jo falou em tom afiado.


Estava mais que irritada, estava pronta para vingança. Ninguém
se metia com aqueles que amava.

— Onde está Manota?

— Ele e Jazin se juntarão a nós em breve. — Torak respondeu

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


olhando-as cautelosamente.

Nunca as viu com raiva ao mesmo tempo. Foi vítima de uma


mulher irada, se a destruição que fizeram na nave de guerra de
Tearnat foi alguma indicação de como eram quando não estavam
bravas, não imaginava o que fariam quando estavam.

— Madas pensa que não prejudicarão você ou suas irmãs.


Cuidado, não gosto do jeito que as coisas estão progredindo. —
Falou suavemente, levando o punho fechado dela à boca.

Estremeceu ao sentir os lábios firmes contra sua mão.

— Talvez devêssemos circular separadamente. Podem se


sentir mais confiantes para tentar alguma coisa.

Os olhos de Torak brilharam com fogo.

— Não se colocará em perigo.

Sorriu e apoiou a mão na bochecha dele.

— Claro que não, simplesmente falarei e ouvirei. Estarei na


mesma sala que você.

Os olhos dele escureceram com frustração e raiva. Levou tudo


nele para não chamar Tai Tek. Assistiu-a se juntar a um pequeno
grupo de mulheres não muito longe.

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


Javonna observou enquanto River se movia pela sala.
Enfureceu-se com a ameaça da pequena guerreira. Mal esperava
até a mulher ser espalhada sob os homens de Tai Tek. Pediria para
assistir enquanto a levavam. Seria uma recompensa vê-la sofrer.
Pensou em uma maneira de pegá-la sozinha. Estava sempre com
as outras duas, Torak ou um dos guardas. Olhou
especulativamente para Kev Mul Kar. Sabia que nunca gostou ou
confiou nela. Tentou várias vezes se livrar dele, mas sempre
passava pelas armadilhas que montava. Agora, viu como os olhos
dele nunca saíam de River. Um pequeno sorriso satisfeito curvou
seus lábios. Talvez finalmente tenha encontrado uma maneira de
se livrar dele.

O jantar passou sem mais interrupções. Isso deixou River


muito cautelosa, pois calmaria geralmente vinha antes da
tormenta. Desenvolveu um relacionamento instantâneo com
Madas. Ouviu-a contar histórias das desventuras de Gril quando a
cortejava. Parecia que tinham mais em comum que jamais
imaginou. Gril olhou com carinho enquanto sua companheira
contava as histórias às vezes, refutando algumas de suas alegações
de tê-lo levado à distração com alguns de seus comportamentos
estranhos. Durante o jantar, Torak a tocava, às vezes
discretamente outras descaradamente. Não reclamou. Achou
reconfortante. Depois do jantar, os homens se retiraram para uma

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


sala e as mulheres para outra. River, Jo e Star encararam seus
homens como se fossem loucos. Era a prática mais antiquada que
já ouviram falar.

Eles logo partiram para o entretenimento designado,


enquanto as mulheres foram escoltadas para o delas. O rosto de
River refletia seu humor severo quando entrou na sala agrupada
com outras mulheres. Jo e Star obviamente se sentiram da mesma
maneira pelo olhar que lhe deram.

— Acho que é hora de ser a mulher perfeita. — Jo murmurou,


olhando para todas as mulheres. Exceto por Madas, não
encontraram ninguém com quem realmente se relacionassem.

River suspirou profundamente quando a música tocou. Era


um número estranho que nunca ouvira falar com instrumentos
incomuns tocando. Star fez uma careta antes de colocar o dedo na
boca, fingindo estar amordaçada.

Não conteve uma risada suave.

— Meninas, circulem. Mantenha olhos e ouvidos abertos para


qualquer coisa útil.

Javonna suspirou aliviada quando as viu se separarem para


andarem pela sala, conversando com outras mulheres presentes.
Pegando uma bebida de um criado, tirou um frasco da manga e o
esvaziou na bebida. Caminhando em direção a River, colocou seu
sorriso mais doce.

— Lady River. — Falou calmamente.

— Um momento do seu tempo, por favor.

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


Olhou para a inimiga. Então, era hora do show, afinal.
Assentiu levemente com a cabeça e seguiu-a até um canto perto
das enormes portas que davam para os jardins.

Javonna sorriu e pegou outra bebida enquanto um criado


passava. Estendendo um para River, tomou um gole do copo novo.
Pegou o copo de Javonna com um silencioso.

— Obrigado.

— Acredito que lhe devo desculpas pelo meu comportamento.


Comportei-me de maneira vergonhosa. Espero que aceite minhas
sinceras desculpas. É difícil quando é forçada a deixar a casa que
tanto amava. Falou ela tomando um gole da bebida novamente.

River curvou seus lábios em um pequeno sorriso. Levando a


bebida a boca, fingiu tomar um gole. Assistira filmes suficientes
para saber que nunca deveria tomar um drinque vindo de alguém
que o queria morto; especialmente se esse alguém se desculpasse
com você.

— Sinto muito que se machucou, Javonna. Nunca esperei me


apaixonar por Torak e que ele se apaixonasse por mim. De onde
venho é normalmente um homem e uma mulher. Fico feliz que
entenda que não houve intenção maliciosa. — Falou suavemente.
Deixe a cadela acreditar. Dois podem jogar este jogo.

A idiota bebeu o resto da bebida antes de responder.

— Sim, bem, espero que tenha uma vida longa.

— Obrigado, Javonna. Vida longa para você também. — Falou


educadamente, sem ser verdade.

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


Agindo como se tomasse outro gole, esperou até que ela
olhasse Star e Jo caminhando em direção a elas antes de derramar,
discretamente o resto da bebida em uma planta próxima. Quando
virou para ela novamente, parecia que tinha bebido tudo. Entregou
o copo vazio a um criado próximo.

— Se me der licença. — Falou, virando para olhar as amigas.

— Claro, minha Lady. — Javonna respondeu com um sorriso


largo. Passou por Star e Jo, sorrindo para elas enquanto se movia
na multidão de mulheres.

— O que foi tudo isso? — Jo perguntou desconfiada.

— A cadela não assiste televisão americana com muita


frequência. Aposto cem dólares que tentou me drogar com a
bebida. — Murmurou.

— Então, como provaremos isso? — Star perguntou assistindo


a vadia andar pela sala.

— É hora do show, meninas. Tenho a sensação que a merda


está prestes a atingir o ventilador. Agirei como se de repente não
me sentisse bem. Estão prontas? — Perguntou em voz baixa.

Sorriram.

— Oh amo uma ótima performance.

Gemeu baixinho, colocando uma das mãos na barriga e outra


na cabeça. Balançando, dobrou os joelhos. Jo e Star a agarraram
quando desabou. Gemendo, deixou a cabeça cair sobre os ombros.

— Socorro, alguém ajude! — Star gritou freneticamente.

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


— River, oh River, está bem?

Apenas gemeu e fechou os olhos enquanto a abaixavam


cuidadosamente no chão. As mulheres na sala pediram ajuda.
Quase imediatamente, dois homens uniformizados se
aproximaram.

— Lady River, qual o problema? — Um deles perguntou,


ajoelhado ao seu lado.

Gemeu, mal abrindo os olhos para que olhasse para o homem.


A leitura digital das lentes de contato mostrava que não era um dos
seguranças deles, embora usasse uniforme. Manota se certificou
que todos os membros da equipe fossem programados no banco de
dados das lentes.

Olhou para Jo e Star balançando a cabeça antes de gemer


novamente. Falando em italiano, murmurou.

— Esses homens são falsos.

Olharam para elas para ver o que River falava.

— Está confusa. Não está bem. — Jo falou, lágrimas enchendo


os olhos.

— Por favor, ajude-a.

— Claro. Iremos levá-la ao médico. Podem nos seguir. — O


mais alto falou. A pessoa ajoelhada ao lado dela se inclinou e a
levantou gentilmente em seus braços. Gemeu novamente,
colocando um dos braços atrás do homem, enquanto o outro se
movia sobre seu peito.

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


— Torak. Por favor, Torak. — Sussurrou antes de fechar os
olhos.

Star chorou quando o homem mais alto colocou o braço em


volta da cintura dela. Apoiando-se nele, soluçou quando as
acompanhou para fora da sala. Jo se moveu para ficar do outro
lado andando tão perto que praticamente o tocava.

— Ficará bem, Star. Verá, baby. River ficará bem. — Jo


repetia, enquanto soluçava ao lado do segurança.

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


VINTE E UM
Torak estava perto das portas da enorme sala, onde os
homens também foram escoltados. Esperou que seus irmãos e pai
também se posicionassem. Cobriam todas as saídas, garantindo
que Tai Tek não escapasse. Quando os artistas entraram em um
palco improvisado, as luzes diminuíram. Dezenas de mulheres com
pouca roupa apareceram no palco e dançaram. Torak nunca tirou
os olhos dele.

— Tem alguma coisa? — Perguntou a Manota.

— Nada ainda. Mas não demorará muito para que o bastardo


tente alguma coisa. — Respondeu.

— E você, Jazin?

— Nada, exceto que se Star descobrir sobre as mulheres aqui,


provavelmente estarei morto de manhã. — Respondeu, deixando
seus olhos vagarem pela multidão.

— Várias mulheres são identificadas como pertencentes à


casa de Tai Tek. Não gosto disso.

— Imagino que as ameaçou se não fizessem o que mandou. —


Ajaska respondeu.

— Manota, consegue identificar os homens que entraram pela


entrada leste? Essas portas deveriam estar seladas.

Assim que as palavras saíram da boca dele, ouviram gritos.


Os disparos de laser encheram a sala quando o grupo que acabara

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


de entrar disparou no teto, ordenando para que todos deitassem.
As dançarinas gritaram e correram para a porta que entraram, mas
ficarem atordoadas antes que escapassem. Vários homens na
frente da sala levaram tiros no peito, desmoronando no chão do
salão de baile. Ajaska rugiu, puxando sua pistola e disparando
contra os homens que o atacavam. Movendo-se para ficar atrás de
um enorme pilar, disparou um tiro e derrubou um.

— Manota, onde estão Kev e seus homens? — Gritou em seu


comunicador.

— Estão lutando contra um grupo que pousou no telhado e


outro tentando entrar pela frente. Estão contidos e a caminho
daqui. — Respondeu quando se aproximou de dois dos invasores e
os derrubou.

— Merda, dois homens não identificados entraram na sala


com as mulheres.

Torak lutava contra três intrusos que circularam o irmão mais


novo. Jazin estava ocupado com dois homens. Ajaska, vendo dois
de seus filhos cercados, soltou um rugido que sacudiu a sala. Gril
Tal Mod ergueu a cabeça, suas narinas inflaram de raiva. Estendeu
os braços enormes segurando o homem lutando contra ele e
apertou. O inimigo caiu aos seus pés. Virando, dobrou as pernas
poderosas e pulou nas costas dos dois lutando contra Jazin,
esmagando-os sob seu peso.

— Vá para as fêmeas. Mada avisou que as levaram. — Rosnou.

Torak rugiu de raiva, enfiando a faca no peito de um homem


enquanto chutava o joelho de outro, antes de cortar a garganta de

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


um outro com um golpe de sua lâmina. Jazin mergulhou sua faca
no último homem rosnando, enquanto localizava Star no mapa
embutido na lente de contato.

— Merda. Ela não está com as outras. — Falou, procurando


descontroladamente pelo inimigo.

— Onde está Tai Tek? Cadê o bastardo?

Os outros homens na sala rapidamente ajudaram a subjugar


os atacantes. Ajaska e Gril Tal Mod empurraram cadeiras e mesas
fora do caminho. Manota os alcançou no momento em que
chegaram aos irmãos.

Torak agarrou um dos rebeldes pelo pescoço em um aperto


estrangulado.

— Onde levaram as fêmeas? — Exigiu com uma voz


desprovida de toda emoção.

— É tarde demais. — O imbecil resmungou, avermelhando


enquanto lutava por respirar.

— Tai Tek já terá acasalado com sua mulher e as outras serão


dadas aos guardas como pagamento por sua lealdade.

Agarrou o pescoço do homem com tanta força que se partiu.


Deixou o corpo inerte cair no chão. Seus olhos brilhavam com
fúria. Mataria Tai Tek e todos que o apoiaram. Fechou os olhos,
concentrando-se no mapa e no sinal de rastreamento de sua
companheira e irmãs.

Abriu os olhos e uma luz profana cintilou dele quando rosnou.

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


— Estão no jardim. Usaram elas para escapar.

River ficou flácida nos braços do guarda, gemendo baixinho


enquanto murmurava em português.

— Acho que é quase hora do show, meninas.

— Oh River, estamos quase no centro do jardim. Logo


estaremos na sua casa. — Star falou baixinho. Passou a mão pela
cintura do soldado que a segurava e entregou a pistola a laser para
a irmã, que a colocou no bolso escondido da saia.

Jo pegou a arma do outro e inseriu uma pistola de brinquedo


que pertencia a uma das crianças da casa de Manota. Inclinou-se
sobre ele a maior parte do tempo, soluçando.

Gritaram assustadas quando pararam subitamente perto da


fonte central. Uma figura sombria apareceu ao lado dela. Quando
puxou o capuz da capa, o rosto duro de Tai Tek apareceu. Encarou-
as, River flácida nos braços de seu guarda e os dois rostos
manchados de lágrimas das outras mulheres. O segurança mais
próximo de Jo agarrou seu braço enquanto outro saiu das sombras
e agarrou Star. Empurraram os atacantes, lutando para quebrar o
domínio que tinham sobre elas.

— Parece que não são tão fortes quanto pensava. — A boca de

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


Tai Tek se curvou em um sorriso cruel.

O guarda que segurava River se adiantou.

— Meu Lorde, as trouxemos como pediu. Lady River bebeu o


que Javonna lhe deu.

— Lembre-se da promessa de me deixar assisti-lo tomá-la.


Também quero ver como seus guardas compartilham a pequena.
— Javonna falou desagradavelmente saindo de trás dele.

— Receio minha querida, que sua utilidade chegou ao fim.


Também apreciará as atenções deles até que se cansem de você. —
Falou friamente antes de empurrá-la em direção a dois guardas
que apareceram.

— Não pode fazer isso! Jurou que se ajudasse, teria Torak.


Prometeu que assistiria enquanto acasalava com aquela cadela.
Prometeu que observaria enquanto seus guardas estupravam e
matavam aquela putinha! — Gritou de raiva.

Olhou-a antes de sorrir.

— Menti.

Ela gritou e lutou contra os dois homens que a seguravam até


que um deles a virou, dando um tapa forte em seu rosto. Caiu entre
eles choramingando quando a puxaram para a casa de Torak.

— Meu Lorde, derrotaram nossas forças. Os Lordes de Kassis


estão vindo nessa direção. Devemos partir agora. — Alertou um
guardas.

— Tolos! E as armadilhas definidas? — Encarou friamente seu

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


capitão da guarda.

— Não conseguiram colocá-las antes que os guardas


atacassem. Respondeu com uma voz morta.

— É hora de ir. Leve-as pela passagem para o ônibus que


espera do outro lado do complexo. Quando os encontrarem, será
tarde demais. — Ordenou se virando para sair.

— Não tão rápido, idiota. — River falou no momento em que


socava o nariz do guarda que a segurava. O homem a deixou cair
quando seu nariz quebrou sob o golpe direto dela.

Torceu enquanto caia, pousando em pé e saltando, colocando


distância entre ela e os outros. Virando para ajoelhar-se, jogou
duas facas nos homens que seguravam Jo e Star, que giraram para
trás, pousando perto dela. Jo puxou uma das pistolas e disparou
rapidamente, enquanto Star pegou sua besta.

— Movam-se, movam-se, movam-se. — Gritou enquanto


ficava atrás da fonte. Jogou uma faca, xingando quando cravou no
ombro de Tai Tek. Apontou para o coração dele, mas o bastardo
virou no último minuto.

Jo e Star foram para as sombras que a cobria enquanto virou


para correr. Contou três, mas havia pelo menos oito, contando o
idiota. Rasgando a saia, deixou-a no chão, quando uma rajada de
laser errou sua cabeça em menos de um centímetro. Caiu no chão,
rolando antes de levantar.

Não sabiam onde Tai Tek atacaria ou para onde seriam


levadas se as capturasse. O fato de ser o jardim provavelmente foi

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


uma bênção, pois as três o conheciam muito bem. Movendo-se
rapidamente, cada uma agarrou as trepadeiras de um dos pilares
altos que o rodeavam e subiram. Imaginaram que teriam uma visão
melhor do que acontecia no chão e que passariam a maior parte do
jardim por via aérea. A lente que Manota lhes deu tinha visão
noturna. Pela sua estimativa, tinham cerca de trinta minutos antes
de dissolverem.

Chegando ao topo, rolou e deitou enquanto Jo e Star vinham


atrás.

— Estão bem? — Perguntou suavemente.

Jo sussurrou.

— Sim, estou bem. Star, e você?

Abaixou, sentindo a umidade pegajosa ao seu lado. Conteve


um soluço quando a dor passou por ela. Mordendo o lábio,
sussurrou fracamente.

— Acho que farão isto sem mim.

River ergue a cabeça quando ouviu a dor voz dela.

— Merda, onde a atingiram?

— Não, querida, não. Star, não. — Jo sussurrou


desesperadamente segurando um soluço. Moveu-se sobre a
superfície estreita do pilar chegando a ela.

— Lado esquerdo. — Respondeu fracamente. — Fui atingida


enquanto corríamos. — Ofegou quando Jo tentou movê-la.

— Jo, não... diga a Jazin que o amo.

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


Agarrou a mão da irmã com força.

— Precisa falar isso a ele, Star. Espere até que possamos tirá-
la daqui. Você me ouve? Aguente, querida.

Sorriu suavemente, olhando para as luas gêmeas.

— É tão bonito.

Jo não conteve o grito que saiu dela quando os olhos de Star


fecharam.

— Não!

River virou quando ouviu o som de pés se movendo embaixo


delas.

— Fique com Star. Proteja-a e mantenha-a viva até que


consigamos ajuda.

Assentiu silenciosamente, tentando conter o sangue que fluía


da ferida.

— Irei. Mate esse bastardo por mim, River. Mate-o.

Assentiu. Ao andar na corda bamba, concentrou-se em


manter o equilíbrio. Uma coisa era andar na corda bamba em plena
luz do dia ou sob luzes; outra era fazer isso com lentes de visão
noturna. Moveu-se silenciosamente, parando apenas uma vez
quando viu homens andando abaixo dela. Foi para o próximo pilar,
mantendo um olho aberto em seu alvo. Acabaria com Tai Tek. Mate
o líder e eliminará suas tropas, pelo menos era o que esperava. Foi
para o próximo pilar. Olhando para baixo, viu-o perto dos degraus
da casa de Torak, segurando Javonna firmemente contra ele.

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


Então, o bastardo deixaria seus homens apodrecerem enquanto
escapava.

Desceu as trepadeiras movendo-se silenciosamente até que


estivesse baixo o suficiente para pular. Pousando agachada,
esperou para ver se alguém se aproximaria. Ouvia vagamente os
homens se afastando para a esquerda, mas estavam longe o
suficiente para que chegasse à casa sem ser vista. Correndo, saltou
sobre a grade que cercava e entrada da frente. Tinha a sensação
que sabia para onde iriam. Durante seus primeiros dias de
exploração, descobriu uma passagem sob a sala de treinamento. A
porta estava trancada, mas não foi um problema para ela abrir e
descobrir que levava a uma caverna dentro da montanha antes de
sair em uma saliência rochosa e uma cachoeira sob a House of
Kassis. Provavelmente funcionava como um túnel de serviço para
o sistema de água. Seguiu-o e notou um caminho escorregadio que
levava ao fundo. Não se aventurou por medo de cair sem algum
tipo de apoio para segurar. Obviamente, não seria um impedimento
para Tai Tek.

Chegando, passou por cima do parapeito e correu até a porta


aberta. Parando, esperou um momento antes de entrar. Os
membros da casa permaneceriam em suas áreas de estar durante
a noite para protegê-los. Qualquer pessoa fora, seria considerada
hostil. Apareceu ao lado de uma grande planta perto da porta e se
escondeu, observando ao redor com cuidado. Viu uma leve trilha
de sangue atravessando o vestíbulo em direção às escadas que
levavam à sala de treinamento. Sorriu sombriamente. Tai Tek
estava na casa dela agora. Quando se moveria, ouviu passos

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


subindo os degraus do lado de fora e quatro homens entraram
correndo. Subindo as escadas sem olhar, viu o pânico nos rostos
deles, observando descontroladamente enquanto corriam.

— É uma missão suicida. Nenhuma mulher vale isso! — Um


rosnou enquanto corria.

— Tai Tek é tolo por pensar que derrotaria a House of Kassis.


Somos homens mortos.

— Cale-se. Temos que atravessar o túnel e descer a montanha


até o ônibus espacial antes que nos deixe. — Outro rosnou.

Sorriu. Sim, seriam homens mortos se atrapalhassem. Nunca


se considerou uma pessoa sedenta de sangue, mas esses homens
pretendiam matar sua família. Nunca deixaria isso acontecer.
Seguiu-os silenciosamente, enquanto os observava virar tentando
encontrar o caminho no labirinto de passagens. Olharam para o
chão seguindo os rastros de sangue que Tai Tek deixou. Ia matá-
los quando um homem mais velho saiu segurando uma pistola a
laser.

— Senhores, estão presos por sua entrada não autorizada na


House of Kassis. Por favor, largue suas armas ou serão eliminados
à força Je'zi, o homem idoso que os recebeu no primeiro dia, estava
de pé vestido com seu uniforme, segurando uma pistola.

Quase gemeu. Parecia que tinha cem anos e a pistola tremia


na mão magra. Os quatro grandes guardas ririam se não
estivessem tão desesperados para escapar.

— Afaste-se, velho. — Um deles rosnou puxando uma grande

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


espada.

— Receio que seja meu dever.. — Je'zi começou a falar.

O maior guerreiro grunhiu e foi para cima dele. O idoso caiu


quando foi para trás, indo para o quarto e batendo a porta. O laser
atingiu o enorme guerreiro no ombro, recuando um passo.
Balançou por um minuto antes de transferir a espada para a outra
mão.

— Pare! — Gritou River, ficando atrás dos quatro homens.


Tinha quatro facas na mão.

Viraram para encará-la.

— Por favor, parem. Rendam-se e jurem lealdade à House of


Kassis e viverão. Se não, morrem agora.

Os homens encararam a linda mulher guerreira em pé na


frente deles. Nunca viram nada como ela antes. Parecia brilhar
enquanto estava diante deles. Seus cabelos caíam ao seu redor em
ondas e sua saia e blusa grudavam nela, mostrando sua figura
esbelta. Arregalaram os olhos quando viram as facas que tinha nas
mãos.

— Eu os matarei antes que percebam. A escolha é sua. —


Falou suavemente.

— Tai Tek os deixou para morrer. Não tem que ser leal a ele.

O maior guerreiro rosnou dando um passo à frente.

— Prometeu-nos as fêmeas. Reivindico-a! — Deu dois passos


em direção a ela antes de congelar, um olhar surpreso no rosto.

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


Agarrando o pescoço, sentiu duas facas enfiadas nele. River puxou
mais duas para substituí-las.

— Alguém mais quer morrer? — Falou friamente quando o


enorme guerreiro desabou no chão na frente dos outros.

Os três observaram o companheiro morto e rapidamente


largaram as armas. Abaixando-se sobre um joelho, inclinaram a
cabeça.

— Juramos lealdade a você, minha Lady.

— Je'zi, venha aqui. — Chamou o velho.

Ele abriu a porta do quarto com cuidado, espiando.

— Sim, Lady River.

— Por favor, mantenha-os em segurança até meu retorno. Se


tentarem escapar, mate-os. Dou minha palavra que não serão
prejudicados, a menos que reneguem sua promessa de lealdade.
Fui clara? — Falou em voz alta, garantindo que o velho a ouvisse.

— Sim Lady River. Mantê-los em segurança, a menos que


precise matá-los. — Respondeu.

Sorriu.

— Perto o suficiente.

Olhou-os mais uma vez antes de acenar. Somente quando


teve certeza que não seriam uma ameaça, andou rapidamente pela
passagem sob a sala de treinamento. Tinha mais uma a eliminar.
Essa seria por Star.

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


VINTE E DOIS
Torak atacou o homem que o emboscou no escuro. Andou
rapidamente pelo jardim, seguido por seus melhores homens. Seu
pai e Gril Tal Mod procuravam na South House por traidores
restantes.

Parou quando encontrou cadáveres na fonte principal.


Ajoelhou-se vendo as facas embutidas nos homens mortos. Olhou
para cima se concentrando no mapa na lente. Viu o marcador de
identificação de River se movendo na casa deles, enquanto Jo e
Star permaneciam no jardim. Foi a última coisa que viu antes que
a lente se desintegrasse.

— Manota, Jazin, encontrem Jo e Star. Irei atrás de River.


Kev, acabe com quem estiver no jardim. — Os homens assentiram
sombriamente antes de se separarem.

Correu em direção a sua casa. A última vez que a viu fora na


passagem perto da sala de treinamento. Saltou os degraus,
parando apenas um instante enquanto notava um rastro de
sangue. O pânico o atingiu enquanto se perguntava se era dela.
Uma determinação sombria e fria tomou conta dele quando
percebeu que, se ela não sobrevivesse, mataria todos que apoiaram
Tai Tek antes de tirar sua própria vida. Sabia com certeza que não
sobreviveria sem ela. Seguindo a trilha, chegou à passagem onde
um grande guerreiro estava morto. Virou-o para ver duas facas
saindo de sua garganta.

Uma porta à esquerda abriu um pouco e Je'zi espiou.

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


— Ah, meu Lorde, Lady River desceu para a sala de
treinamento até a passagem que continha o sistema de água. Pediu
que ficasse de olho nesses cavalheiros. Prometeu-lhes segurança
se jurassem lealdade à sua casa. Devo vigiá-los até que volte.

Olhou sombriamente para os homens sentados no chão com


a cabeça baixa.

— Onde está Tai Tek?

Um deles ergueu a cabeça.

— Foi pelo corredor até uma clareira do outro lado do rio. Um


ônibus o espera para levá-lo a uma nave Tearnat.

— Quem está com ele? — Perguntou laconicamente.

— Apenas a mulher, Javonna. Foi ela quem lhe contou sobre


a passagem e modificou o sistema de segurança. — Respondeu.

— Prometo minha lealdade, meu Lorde e minha espada, se


permitir.

Olhou para o jovem por um momento antes de assentir.

— Aceito sua promessa, mas recusarei sua ajuda neste


momento.

O homem assentiu em entendimento. Nunca quis lutar por


Tai Tek, mas ameaçou eliminar toda sua família. Não teve escolha
a não ser lutar por ele até que garantisse a segurança deles.

Torak virou e correu pela passagem. Sentiu uma sensação de


alívio e raiva ao mesmo tempo por River. Carregava o filho dele.
Como ousa perseguir Tai Tek? Ele a amarraria e garantiria que

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


nunca mais colocasse a si ou a seu filho em perigo. Virou a última
esquina e viu a porta que dava para a caverna totalmente aberta.
Moveu-se mais devagar agora, apesar de seu desejo de se apressar,
sabia que nunca protegeria sua companheira se morresse.

River parou enquanto ouvia o arfar pesado de Javonna.


Agachou-se, mantendo-se o mais baixo que pôde e ainda
conseguindo andar. Alcançou-os quando entravam na passagem.
A fechadura da porta foi destruída por um laser. O som deu-lhe a
pista que precisava para saber quão perto deles estava. Agora, se
movia com cautela. Não havia muito espaço na caverna úmida para
mexer se ele disparasse sua pistola a laser. Além disso, sabia que
a visão dele no escuro era superior à dela. Mal movendo a cabeça,
olhou ao redor da beirada de uma rocha.

— Por favor, Tai Tek. Por favor, deixe-me ir. — Javonna


choramingou.

— Mexa-se, vadia. Cansei do seu gemido. — Falou friamente


puxando a mulher atrás dele.

— Não, deixará seus homens me terem. Não sobreviverei a


isso! —Gritou com voz rouca.

— Prometeu que teria Torak. Prometeu.

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


Atingiu-a no rosto, derrubando-a.

— Se quiser aquele bastardo do Torak, fique com ele.

Ela gritou quando Tai Tek atirou nela com a pistola a laser.

— Terá seu cadáver choroso.

River colocou a mão na boca enquanto observava os olhos


mortos de Javonna. Viu-o avançar em direção à entrada da
caverna. Seguiu-o, tentando não notar o sangue da outra mulher
escorrendo pelo chão. Não havia nada que pudesse fazer. Quase
sentiu pena dela. Moveu-se lentamente, sabendo que só teria uma
chance de detê-lo.

Iria ao centro da caverna, para observar melhor, quando duas


enormes sombras apareceram de cada lado da entrada. Dois
Tearnats se posicionaram diante de Tai Tek.

— Onde estão os outros? — Uma das criaturas perguntou.

— Mortos. Foi uma armadilha. Torak, seu pai e irmãos sabiam


sobre nosso ataque. Gril Tal Mod e sua companheira ajudaram. —
Respondeu friamente.

— Deveria ter cuidado deles.

— Partiram antes que os matássemos. — A outra criatura


sibilou.

— Sairemos antes de sermos descobertos. Teremos que nos


reagrupar. A nave estelar está pronta.

De repente, uma das criaturas virou com um grunhido


olhando para a caverna.

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


— Sinto cheiro de mulher.

Os três viraram para observar a caverna onde se pressionou


contra a parede. Congelou por um momento antes de ofegar de
terror. Uma das criaturas se moveu com uma velocidade incrível
em sua direção. Nem pensou antes de jogar uma faca atrás da
outra. O inimigo rosnou antes de cair em uma pilha morta a seus
pés. Virou e correu o mais rápido que pôde em direção à porta que
dava para a passagem. Um rosnado baixo a seguiu e ouviu o baque
do outro Tearnat atrás dela. Assim que sentiu o hálito quente da
criatura na parte de trás do pescoço, ouviu um grito avisando para
se abaixar. Caindo no chão duro, se enrolou em uma bola no
momento em que uma explosão de pistola a laser jogou a criatura
para trás na parede de pedra.

O coração de Torak estava na garganta quando ouviu o rugido


do Tearnat enfurecido. Correu através do túnel. Viu River vindo em
sua direção no momento em que uma enorme criatura a empalaria
com uma de suas longas garras. Gritando para abaixar-se,
disparou sua pistola com força total contra o atacante, atingindo-
o no peito e o jogando para trás. O tórax duro do Tearnat o
protegeria até certo ponto da explosão, mas pelo menos o afastou
dela. Abaixando-se, agarrou-a pelo braço, balançando-a para cima
e para trás dele enquanto o Tearnat sacudia a explosão.

— Está morto, escória Kassisan. — A criatura rosnou


enquanto puxava sua espada de batalha de dois gumes.

Torak jogou a pistola para o lado. A carga completa


combinada com o uso anterior esgotou e era inútil. Puxando sua
própria espada, agarrou o cabo carregando a lâmina que brilhava

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


em um azul brilhante.

O Tearnat balançou a espada na sua cabeça. Curvou-se no


último segundo e atravessou o peito do Tearnat, abrindo uma linha
profunda sobre a placa do peito duro. O atacante rugiu de dor e
surpresa, dando um passo para trás e tocando seu peito. Um
vermelho escuro manchava sua mão com garras.

— A lâmina corta qualquer coisa, inclusive sua placa peitoral.


—Rosnou.

O Tearnat silvou em fúria.

— Eu te matarei e montarei sua companheira. Morrerá


debaixo de mim, Kassisan. Gostarei de transar com ela e vê-la
gritar enquanto a rasgo de dentro para fora.

Torak sorriu cruelmente.

— Homens mortos não fodem. — Com uma volta, fez um corte


profundo nas duas coxas do Tearnat.

O idiota gritou de raiva quando balançou sua lâmina


novamente. Cortou uma linha fina no peito de Torak quando ele
caiu para trás. A lâmina continuou até atingir a parede. Pequenos
pedaços de pedra caíram neles quando a criatura puxou sua
lâmina para atacá-lo novamente. Torak golpeou com força e
rapidez, abrindo feridas profundas no braço do Tearnat rolando
para o lado. Agora o inimigo sangrava devido a numerosos cortes,
alguns profundos, mas nenhum fatal.

River se preocupou com a ferida no peito do companheiro,


vendo a frente da camisa ficar vermelha de sangue. Mordeu o

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


punho novamente, enquanto o Tearnat balançava a espada ao
mesmo tempo em que erguia uma das pernas atingindo Torak no
estômago, jogando-o contra a parede de pedra. Resmungou, mal
erguendo sua própria espada a tempo de desviar da criatura de
rasgá-lo em dois. Gritou quando o inimigo o prendeu na parede,
pressionando sua lâmina mais perto do pescoço dele. Incapaz de
suportar a ideia de perdê-lo, soltou uma série de estrelas de cristal
que revestiram as costas do Tearnat do pescoço à cintura.

Ele recuou com um rugido de dor voltando-se para ela. Jogou


seus dois grampos de cabelo no momento em que Torak enfiou a
espada na barriga da criatura. O Tearnat soltou um grito
estrangulado ao cair, a espada atravessando-o e os dois grampos
saindo de sua garganta.

— Oh Torak. — Gritou, correndo em sua direção.


Freneticamente puxou a camisa dele vendo quão ruim era o
ferimento.

Agarrou as mãos dela com força, não querendo que se sujasse


com seu sangue.

— Onde está Tai Tek?

— Vi-o na entrada da caverna. — Respondeu, olhando para o


rosto dele tentando determinar se estava bem.

— Seu peito...

— É apenas um ferimento de carne, não há com o que se


preocupar. Volte para nossos aposentos e tranque-se. — Falou
severamente.

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


— Irei atrás dele.

— Não, está machucado. Se for, também irei. — Começou a


discutir.

Torak se abaixou e beijou-a com força na boca antes de


encará-la.

— Prometeu ficar segura. Proteger-se e a nosso filho.

Encarou-o, com lágrimas nos olhos.

— Atingiram Star. Não sei se está viva. Prometi matá-lo.

O olhar dele suavizou com a dor nos olhos dela. Afastando os


cabelos do rosto, a beijou gentilmente. Queria puxá-la em seus
braços, mas não queria seu sangue nela. Seria demais, como se
fosse dela.

— Venha, mas me obedeça. — Falou.

— Tem alguma faca sobrando?

— Duas. — Respondeu suavemente.

Assentiu.

— Não se coloque em perigo ou nosso filho, entendeu? Se lhe


pedir para sair, saia.

Concordou em silêncio. Ele encarou-a por mais um momento


antes de descer a caverna em direção à entrada. Chegando lá,
olharam para baixo, observando Tai Tek virar para trás brevemente
antes de subir a bordo de um ônibus espacial Tearnat. Soltou uma
maldição. Falou rapidamente em um link solicitando que o

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


interceptassem e alertando sobre um navio estelar Tearnat em
órbita. River observou o ônibus girar, passando pelas árvores altas
antes de desaparecer sobre as montanhas.

— Para onde acha que vai? — Perguntou, nunca tirando os


olhos do ônibus que foi embora.

— Provavelmente têm um acampamento base escondido na


Região Proibida. Será difícil seguir, já que a área é fortemente
coberta por uma névoa que nunca dissipa. — Respondeu,
puxando-a mais perto de seu lado.

— Voltaremos para os outros.

Olhou-o impotente.

— Torak, se Star...

Ele balançou a cabeça, os dedos repousando suavemente nos


lábios dela.

— Levaram-na ao médico. Jazin está com ela.

Seus lábios tremeram quando o estresse do que aconteceu


naquela noite a alcançou. Enterrou o rosto no ombro dele quando
um pequeno soluço escapou. Nunca pensou que sua vida seria
assim. Lutar ao lado do homem que amava em um planeta
alienígena. Quando observou o rio abaixo com as luas gêmeas
lançando suas sombras na água, colocou a mão protetoramente
sobre o estômago.

Assustou-se quando Torak cobriu sua mão com a dele.

— Eu te amo, River. Não acho que meu coração lide com mais

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


ameaças a você.

Deu-lhe um sorriso aguado.

— Eu também. Venha, o levaremos ao médico. Quero que seja


curado para que me ame.

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


VINTE E TRÊS
River deitou na cama observando Torak secar o cabelo com
uma toalha. A sala estava escura graças a um comando simples,
embora o sol nasceu horas atrás. Voltaram à South House em
busca de atendimento médico para ele e descobrir como estava
Star. Ajaska e Gril Tal Mod derrotaram os homens de Tai Tek que
não se renderam. Muitos que se renderam, juraram lealdade à
House of Kassis, afirmando que só fizeram o que fizeram porque
ele mantinha membros de suas famílias em uma prisão sob sua
casa ameaçando matá-los se não lutassem. Kev Mul Kar e seu
irmão, Adron, capitão da guarda do inimigo, que trabalhavam
disfarçados para a Alliance, saíram para procurar e libertar os
prisioneiros.

— Acho que nunca vi Jazin tão fora de controle. — Falou


enquanto passava o dedo sobre o lençol fino que a cobria.

— Se a companheira de Gril Tal Mod não chegasse a Star


quando o fez e a levasse ao médico, seria muito pior. — Torak
respondeu baixinho, jogando a toalha no final da cama.

Suspirou profundamente enquanto admirava o corpo duro


dele. Seu peito curou e ele não se incomodou em enrolar uma
toalha em volta da cintura quando saiu do banho. Tomara banho
uma hora antes, enquanto o esperava terminar com o pai e os
irmãos. Tai Tek escapou por enquanto. Gril se enfureceu ao saber
que algumas pessoas planejavam matar não apenas ele, mas sua
companheira. Agora trabalhavam juntos para encontrar os

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


rebeldes que apoiavam o desejo de seu falecido filho de continuar
a guerra. Esse confronto criou um vínculo mais forte entre a House
of Kassis e o Clã Tal Mol. Star permaneceria no médico por mais
alguns dias, pois perdeu muito sangue e o curandeiro achou
melhor dar a Jazin mais tempo para se acalmar. A última coisa que
ela ouviu foi que ele ‘acorrentaria Star na cama e nunca mais a
deixaria sair'. Riu quando a amiga revirou os olhos fracamente
antes de adormecer no colo dele.

Alcançou Torak quando subiu na cama ao seu lado. Sorriu


quando a puxou com força contra seu corpo.

— Sabe que a punirei por me desobedecer, não é? —


Murmurou quando beijou o pescoço dela.

— Punir-me? — Gemeu.

— Espero que inclua cordas, grampos e... Ah, sim, querido. —


Suspirou profundamente quando se moveu sobre ela apertando o
mamilo e afastando suas coxas.

— Tem sorte de estar grávida do nosso filho. Caso contrário,


acho que seria bom um açoite ou pelo menos uma surra que nunca
esqueceria. — Ele murmurou com voz rouca.

Gemeu novamente quando a imagem dele a espancando


passou por sua mente.

— Pode fazer isso se for gentil. — Murmurou contra a boca


dele.

Torak se moveu entre suas coxas, empurrando seu pênis


inchado contra sua entrada escorregadia.

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


— Ainda não. Agora quero te amar devagar. — Sussurrou
contra os lábios dela enquanto a preenchia. — Preciso ver seu lindo
rosto enquanto fazemos amor, sabendo que está segura em meus
braços.

Gemeu quando empurrou seu comprimento grosso dentro


dela. Passou os dedos pelos cabelos dele, amando a sensação da
textura sedosa.

— Eu te amo muito, Torak.

Esmagou os lábios nos dela para que a bebesse, movendo


lentamente a princípio, e depois de forma mais agressiva quando
sua necessidade de a reivindicar o dominava. Nunca mais queria
experimentar o medo de perdê-la. Quando beijou seu ombro,
pescoço, rosto e lábios, sentiu seu clímax elevar a um nível que
nunca experimentou antes, como se todo o amor que sentia por ela
explodiria. Gritou quando River o apertou com sua vagina, seu
próprio clímax quebrando em ondas de êxtase. Estremeceu quando
derramou o restante de sua semente profundamente em seu
ventre. Ao pensar em quão perto esteve de perdê-la e seu filho
ainda não nascido, seus ombros tremeram.

River passou as mãos pelas costas dele, sentindo uma


umidade quente em seu pescoço.

— Torak, o que há de errado? Está machucado? — Perguntou,


acariciando-o ansiosamente.

Recostou-se antes de rolar e puxá-la para cima.

— Não posso te perder nunca, River. — Desceu a mão até o

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


estômago dela e ficou lá suavemente.

— É minha companheira e mãe do meu filho. Não suporto


pensar no perigo que estava na noite passada. Poderia facilmente
ser você que se ferisse ou morresse. — Sussurrou.

— Mas não foi. Salvou-me. — Falou beijando-o. — É meu


protetor, companheiro e pai do meu filho. Juntos, o protegeremos.
Enquanto estivermos juntos, somos mais fortes.

— Juntos, para sempre. — Falou com um sorriso antes de


beijá-la.

— Agora, acho que estou pronto para lhe dar seu castigo. —
Falou com um sorriso sexy.

A risada dela virou um gemido quando se moveu sob o


comprimento crescente dele.

— Estou ansiosa para isso. Agora, sobre essas cordas.. —


Murmurou.

FIM.

LORDS OF KASSIS #1 – RIVER’S RUN


SOBRE A AUTORA
S. E. Smith sempre foi romântica e sonhadora. Uma escritora
ávida, passou anos escrevendo, embora geralmente fossem artigos
técnicos para a faculdade. Agora, passa suas noites e fins de
semana escrevendo e sonhando com novas histórias. Uma
afirmada ‘geek7’, passa os dias trabalhando em computadores e
outros periféricos. Gosta de acampar e viajar quando não está em
um encontro com seu namorado. Os fãs podem entrar em contato
com ela em SESmithFL@gmail.com.

7 Geek é um anglicismo e uma gíria inglesa que se refere a pessoas peculiares ou excêntricas, fãs de tecnologia, eletrônica,
jogos eletrônicos ou de tabuleiro, histórias em quadrinhos, mangás, livros, filmes e séries

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