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RISTEARD’S

UNWILLING
EMPRESS
SÉRIE LORDS
KASSIS #4
S. E. SMITH
LORDS OF
KASSIS
EM BREVE

DISTRIBUÍDOS
SINOPSE
Ristéard Roald é o poderoso e mortal governante de
Elipdios, um planeta que está morrendo lentamente sem
as Pedras de Sangue necessárias para absorver a
radiação que destrói gradualmente sua estratosfera.
Jurou fazer o necessário para proteger seu mundo e
povo, porém o tempo está esgotando.
A esperança vem de uma fonte inesperada, Kassis.
Descobriram como replicar os Cristais que os salvarão,
mas sua primeira relação com um traidor Kassisan
deixou uma profunda desconfiança entre as espécies.
Ricki Bailey está acostumada a lidar com diplomatas e
situações complexas. Afinal, como filha dos proprietários
do Cirque de Magik, o mais espetacular circo das
estrelas, organiza viagens a países estrangeiros. Sua
vida muda quando os pais decidem levar o circo para as
verdadeiras estrelas... e outro sistema estelar!
Se pensava que aprender novas leis e costumes seria um
desafio, não era nada comparado ao súbito interesse que
recebeu de um enorme homem azul conhecido como
Grande Governante! Ricki descobre palavras que nem
imaginava existir em seu vocabulário, a maioria delas
nem um pouco educada.
Decide que a melhor maneira de lidar com o cara
arrogante é agir como tratava de cônsules difíceis
durante as viagens do circo na Terra; calma, tranquila,
profissional e lidar apenas com fatos necessários para
concluir qualquer transação comercial.
Ristéard surpreende-se quando uma estranha fêmea
alienígena, predita nas tábuas antigas como a grande
Imperatriz que salvará seu mundo, aparece. Fica ainda
mais surpreso quando ela recusa sua atenção! Com a
vida de seu planeta em jogo, sem mencionar sua própria
paz de espírito e corpo, fará o necessário para garantir
que a humana fique ao seu lado.
No entanto, existem forças contra eles, forças poderosas
que não querem que seja bem-sucedido. Perigos e
traidores em seu conselho não apenas o ameaçam, mas
a ela também. Serão necessários todos seus recursos, e
alguns aliados inesperados, para concluir a perigosa
jornada.
Manterá sua Imperatriz relutante a salvo daqueles que
querem destruí-la? Melhor ainda, salvará seu mundo
quando existem os que o destruiriam pelo tesouro de
preciosas Pedras de Sangue escondidas em algum lugar
abaixo da superfície?
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UM
Terra: vinte e quatro anos antes.
A figura vestida de preto contornou o trailer escuro, preso ao
grande caminhão. Segurou o pacote firmemente contra o peito,
temendo que desaparecesse. Parou quando ouviu uma tosse vinda
da grande tenda, seguida por várias vozes. A trouxa em seus braços
se mexeu ligeiramente, trazendo-o de volta à missão.

Não tinha muito tempo. Caminhando até o trailer, gentilmente


depositou-o no degrau. Por um breve momento, acariciou a
bochecha pálida. Tristeza e arrependimento o abateu, duas
emoções que nunca sentiu.

— Fique segura, minha filha, a buscarei quando for mais


velha, se puder — sussurrou a voz profunda e suave em um dialeto
estranho.

Seus vívidos olhos azuis escureceram com tristeza quando


pegou um envelope da camisa e o colocou no cobertor antes de se
endireitar. Retornou às sombras quando as vozes se aproximaram.
Logo amanheceria e sairia antes que clareasse muito para ser visto
pelas figuras que se moviam pelo grupo de motorhomes1.

1
Motorhome ou moto casa: literalmente uma casa sobre rodas, geralmente ônibus ou vans adaptadas
para ser uma casa.

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Estava atrás da lateral do trailer quando ouviu a porta abrir.
Um suspiro lento e assustado, seguido por um grito abafado
encheu o ar. Recostando-se, esperou para ver se tomou a decisão
certa.

— Walter! — Uma mulher gritou. — Walter, venha aqui!

— O que é, Nema? — A voz profunda do homem perguntou.

Em sua mente, quase via o que a mulher descobriu. A mesma


pele pálida e delicada, o mesmo cabelo dourado vívido e a promessa
de seus próprios olhos azuis, a única coisa que a filha herdou dele
que era óbvia. Apertando os punhos, forçou o corpo a permanecer
imóvel, silencioso, esperando para ver se aceitariam o presente
precioso que colocou na porta deles.

— Um bebê — sussurrou a mulher, com voz cheia de lágrimas.


— Não é linda, Walter?

— Agora, Nema — falou antes que sua voz sumisse. — O que


é isso?

Um fraco raio de luz acendeu, seguido pelo desdobrar do


papel. Por um momento, apenas os sons fracos de um cachorro
latindo ao longe e o ruído de sapos em um lago próximo quebrou o
silêncio.

— O que diz? — Perguntou calmamente.

— Por favor, mantenha nossa filha segura — murmurou. —


Precisa de um lar amoroso, onde será aceita por quem é. Seu nome

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é Ricki. Entrego meu coração para segurar e proteger... por favor,
cuide como se fosse sua.

— Oh, Walter — fungou. — É linda, temos uma filha, uma


linda menina.

— Nema... — começou antes de suspirar. — É linda, assim


como você. Sairemos em algumas horas.

— Não vamos... — sussurrou hesitante, olhando a criança


adormecida em seus braços.

— Não, conheço um advogado que cuidará da papelada —


respondeu roucamente.

— Ricki — falou carinhosamente. — Ricki Rose Bailey.

— Nema... — começou.

— Rose não se importaria — respondeu. — Adoraria ter uma


irmãzinha com seu nome. Sei que a olha agora e sorri orgulhosa.

— Ricki Rose é um nome bonito — respondeu tenso, pensando


na linda filha que perderam um ano atrás, ao nascer. Quase perdeu
Nema também. Fez uma cirurgia de emergência para conter a
hemorragia. Como resultado, nunca teriam o filho que sonharam.
Seus dedos tremeram, quando hesitantemente tocou a bochecha
da criança adormecida. Quando olhou para cima, viu esperança,
medo e lágrimas nos olhos de sua amada esposa. — Tão bonita
quanto você, Nema. Eu te amo.

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Olhou-o e sorriu. — Também o amo, Walter — sussurrou
antes de chorar. — Pode ver se Mary tem leite para alimentá-la?
Pegarei as coisas que tínhamos para Rose. Oh, Walter, temos uma
garotinha!

Olhou a pequena figura da esposa. Com pouco mais de um


metro e meio de altura, parecia uma criança de costas. Elevava-se
sobre ela por um metro e vinte. Suspirou pensando nas duas
caixas escondidas na parte de trás do armário do quarto. Ela
recusou-se a dar as coisas do bebê, dizendo que não estava pronta.
Sabia que esperava que um dia adotassem um, porém duvidava
que algum juiz permitisse.

Não era pelo fato de serem baixos, mas sim pelo estilo de vida.
Como donos do Cirque de Magik, um pequeno, mas único, repleto
de personagens de todo o mundo, constantemente se mudavam.
Pegou o dinheiro que herdou e ganhou durante sua vida como
membro para comprá-lo dos proprietários anteriores, na esperança
de torná-lo um dos melhores já vistos.

Um lento sorriso iluminou seu rosto quando a ouviu cantando


baixinho. — Sou pai — riu. — Temos uma filha.

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A figura escondida nas sombras saiu silenciosamente quando
a porta fechou. O aperto no peito diminuiu um pouco quando se
afastou da estrada que descobriu. Passou a maior parte do dia
ouvindo e observando à distância. No fundo, sabia que era o lugar
mais promissor para manter a filha a salvo daqueles que a
matariam, como fizeram com a mãe.

Parou por um momento para olhar a estranha coleção de


tendas, trailers e exibições de carnaval uma última vez antes de
virar. Para onde iria, não era lugar para criança. Não viu os dois
homens o estudando quando desapareceu na névoa da manhã.

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DOIS
Ristèard tocou o sangue escorrendo do corte na bochecha com
a mão esquerda. Estreitou os olhos nos dois homens e na mulher
que o circulavam. Mudando a lamina em sua mão direita, apertou
o botão escondido no cabo.

Com a esquerda, pegou a segunda espada que separou da


primeira. Girou quando a mulher rosnou, dando um passo à frente
e passando o punhal pelo pescoço dela antes de continuar o círculo
e cortar a parte superior da coxa de um dos homens.

Satisfação o percorreu quando o cara caiu, cortando


músculos, tendões e veias. O idiota agarrou a perna em uma
tentativa desesperada de conter o sangue. Sabia que feriu a artéria
femoral e sangraria até a morte em minutos sem atenção médica
imediata.

— Quem os enviou? — Exigiu, circulando o outro assassino.

O homem apenas negou e sorriu, nunca tirando os olhos dele.


Recuou, bloqueando o golpe quando o outro tentou acertar.
Murmurou uma maldição quando a lâmina subitamente estendeu
e cortou uma longa e fina linha em seu pescoço.

Fúria ardeu em suas veias antes que uma calma fria se


apossasse dele. Limparia o sorriso presunçoso do bastardo.
Recuando, deslizou a espada na bainha. Girando a outra em sua
mão direita, rebateu outro golpe, dando um passo para o lado.

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— Terei as respostas que quero e, quando terminar, desejará
que fosse o primeiro a morrer, em vez de seus companheiros —
informou sem emoção.

— Será o único morto, Grande Governante — sibilou,


circulando à direita de Ristèard. — Deveria manter as duas
lâminas, teria uma chance.

— Quem disse que não — murmurou satisfeito.

Balançou a arma em um arco à sua frente. Apertou o segundo


botão da haste, liberando minúsculas lâminas com um veneno de
ativação lenta. A arma era uma de suas invenções e o salvou
muitas vezes no passado.

Surpresa iluminou o rosto do outro, quando os mísseis


mortais o perfuraram no peito, braços e estômago. Ristèard sabia
que teria pouco tempo para extrair as informações que queria antes
que morresse. Aprendeu com o assassinato do avô que era melhor
eliminar a ameaça quanto antes. Ele morreu obtendo informações
de um dos homens que vieram matá-lo.

O barulho alto da espada ecoou pelo longo e escuro corredor


do palácio. Observou-o cair de joelhos, olhar fixo nos frios olhos
prateados dele. O veneno paralisando os músculos do assassino.

— Esperava que resistisse por mais tempo — o homem


sussurrou com voz rouca.

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— Esperou errado — respondeu, avançando. Inclinou a
cabeça, passando a ponta da lâmina ao longo da bochecha do
inimigo onde a mulher o cortou. — Quem os enviou?

— Nunca... contarei — sibilou.

Sacudiu a cabeça. — Resposta errada — falou friamente,


atingindo-o e jogando-o no chão. — Obterei as respostas antes que
morra.

Seus olhos cintilaram para a porta, que brilhava


intensamente antes de desmoronar. Três de seus quatro guardas
pessoais, cada um cuidadosamente selecionado por ele, pararam
na entrada examinando a sala antes de entrar. Cada um estava
coberto de sangue, a maioria de outros.

Voltaram a Elpidios para descobrir que caíram em uma


armadilha. Não esperava menos. Sabia que tinham membros do
conselho que pensavam que ele não fazia o suficiente para salvar
seu mundo. O fato de que os bastardos eram a razão de sua morte
era um ponto discutível.

— Ristèard — Andras cumprimentou enquanto ele, Emyr e


Sadao avançavam cautelosamente.

— Onde está Harald? — Perguntou, voltando a atenção ao


moribundo que murchava à sua frente enquanto o veneno corria
lentamente pelo corpo.

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— Brincando com seu assassino — respondeu Emyr,
encarando o homem no chão antes de estudar os dois mortos. —
Parece que desta vez eram nove.

— Encontre-o — ordenou, voltando a atenção ao atacante. —


Espero-o no meu escritório assim que terminar aqui.

Andras levantou a mão e os outros assentiram. Um leve


sorriso curvou os lábios de Ristèard. Sabia que não o deixaria
sozinho novamente. Abaixando-se, rolou a figura de costas.

— Agora, dirá o que sabe — ordenou, erguendo a lâmina.

Duas horas mais tarde, olhava pela janela do escritório. Os


escudos mantinham o planeta, mas por pouco tempo. Em breve,
seriam necessárias evacuações maciças das cidades e ativariam as
defesas secundárias para protegê-los.

Os Cristais de Sangue, com os quais retornara, ajudariam


temporariamente, porém precisavam de mais, muito mais, para
sobreviver. Sua espécie lida com uma quantidade maior de

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radiação que a maioria, mas mesmo eles não sobreviveriam se os
níveis aumentassem muito. Uma batida na porta desviou sua
atenção da luz solar, brilhando através das janelas escuras.

— Entre — ordenou, virando para a porta.

Relaxou a mão na lâmina ao seu lado quando viu Andras.


Assentiu e voltou a estudar a cidade. A vida seguia como se não se
preocupassem que tudo pudesse terminar amanhã.

A imagem de um rosto delicado de repente se formou em sua


mente. Uma mulher com cabelos cor do sol, olhos da cor do bebê
recém-nascido de Elipdios e pele da cor das flores noturnas, que
só floresciam nas luas duplas. A profecia era verdadeira? Ela
salvaria seu mundo? Se sim, de que jeito? Como uma mulher,
especialmente uma de outro mundo, os salvariam quando não
sabia nada sobre eles?

O guarda silenciosamente atravessou a sala e ficou ao seu


lado. Por um momento, não disseram nada ao observar a cidade.
Trouxeram um breve alívio. Os cristais replicados pelos Kassissans
funcionavam, todavia eram menores e mais fracos que os
encontrados em abundância na superfície do planeta.

Andras suspirou profundamente antes de falar. — O


assassino que Harald procurava não tinha nenhuma informação
nova. Tudo que obteve antes dele morrer foi que o novo líder
surgiria no aniversário de Elipdios Rising, evento que acontecia
apenas a cada dois mil anos. Foi uma época em que a terceira lua
saiu da sombra de suas irmãs maiores e brilhou. É a mesma coisa

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que cada um divulgou nos últimos dois anos — afirmou. — Receio
que não estamos mais perto de descobrir quem está por trás dos
ataques agora, que antes da morte de seu pai. Digo que matemos
os membros do conselho e terminemos com isso.

Um sorriso divertido curvou seus lábios com o comentário. —


Começa a parecer comigo — brincou.

— Nosso mundo está morrendo — murmurou, olhando o


movimento de pessoas abaixo. — Mesmo com a ajuda dos
Kassisans, não há como produzir o suficiente para manter os
escudos ativos por qualquer período. Existem partes do planeta
que estão inabitáveis. Seria melhor começar a evacuação.

— E o quê, nos trancamos no subsolo e morremos


lentamente? — Perguntou severamente. — Não, tem outra opção.

Olhou-o surpreso. — Qual? Kassis têm mais cristais que nos


dariam? — Questionou confuso.

— Não, supostamente têm algo muito mais valioso —


respondeu, afastando-se da janela e caminhando para a mesa.

Encarou confuso as costas dele. — O que seria?

Apertou um botão no tablet em sua mesa. A imagem da


mulher que pensou anteriormente, apareceu. Observou as feições
pálidas, surpreso com a atração instantânea que sentiu quando
encarou os vívidos olhos azuis o observando com apenas um toque
de irritação neles. Curvou os lábios, lembrando as palavras baixas
e furiosas dele algumas semanas antes.

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— A lendária Imperatriz de Elipdios, minha noiva mítica —
respondeu, olhando o rosto chocado do amigo. — A profecia afirma
que salvará nosso mundo. Sugiro que ponhamos à prova.

Andras olhou da imagem holográfica da mulher para Ristèard


e de volta. Abriu e fechou a boca duas vezes, pensando em como
essa estranha criatura pálida seria a Imperatriz profetizada que os
filhos de Elipdios aprenderam na hora de dormir.

O ceticismo obscureceu suas feições quando encarou seu


amigo e líder. — Realmente acredita nisso? Ela nem se parece
conosco. É muito... pálida — acrescentou com uma careta. — Além
disso, todos sabem que a lenda é apenas um conto para esperançar
crianças pequenas.

Continuou encarando a imagem, perdido em pensamentos.


Sim, era uma história para dar esperança às crianças pequenas.
No entanto, por trás dos grandes contos, há um fio de verdade.
Pensou em uma de suas comandantes, Mena Rue, e em sua
insistente paixão que as tábuas antigas que os pais dela
encontraram, falavam do primeiro sinal que indicava a vinda da
grande imperatriz.

O que o preocupava era o fato que, até agora, o que foi predito
realmente aconteceu! A batalha contra o traidor Kassisan e as três
mulheres incomuns que salvaram a vida de Torak e Jazin Ja Kel
Coradon, dois dos três membros do governo da Casa de Kassis, foi
coincidência demais para ignorar. Não apenas havia três grandes
mulheres guerreiras, foram fundamentais para salvar Kassis e

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trouxeram um grupo incomum de alienígenas, incluindo uma
mulher que parecia suspeita...

— Avise a comandante Rue que desejo vê-la imediatamente —


ordenou de repente, olhando para Andras. — Também quero
qualquer informação que Dedeis Rue e a esposa decifraram das
tábuas antigas que encontraram.

Assentiu e caminhou para a porta. Parou quando a abriu e


virou para Ristèard com o cenho franzido. Encarou a imagem
holográfica. — Como descobrirá se é realmente a Imperatriz que
salvará nosso mundo? — Perguntou, baixo. — E se não concordar
em nos ajudar?

Ergueu os olhos da imagem com uma careta. — Irá —


respondeu arrogantemente.

— Como sabe? — Perguntou.

— Porque não terá escolha — falou com um brilho


determinado nos olhos. — Ela nos ajudará, mesmo que tenha que
sequestrá-la para fazê-lo.

Não disse nada por um momento antes de um sorriso


relutante aparecer em seus lábios. Parece que as coisas se
tornariam muito interessantes... de um jeito ou de outro. Ou
descobririam que encontraram a Imperatriz profetizada dos
Elipdios ou guerreariam com os Kassisans. De qualquer maneira,
a vida do povo deles e de seu Grande Governante mudaria.

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— Instruirei a comandante Rue a vir imediatamente e trazer
qualquer informação que tenha — respondeu. — E alertarei Emyr,
Sadao e Harald para se prepararem para uma missão secreta.

Assentiu. Afundou lentamente na grande cadeira atrás da


mesa, encarando a imagem de Ricki Bailey. Por um momento, uma
sensação de indecisão tomou conta dele. Empurrando de lado,
inclinou-se para frente e digitou um comando no console da mesa.

Uma segunda imagem, desta vez das antigas tábuas que


Dedeis Rue descobriu, apareceu. Compararia as informações que
a comandante trouxe com as que tinha. Para o bem dela e dos pais,
era melhor corresponderem ou serem mais profundas que as que
possuía no momento.

— Quem é você? — Sussurrou, estudando cuidadosamente as


imagens. — Como é possível?

Eram quase idênticas. A cor da tábua de pedra desbotou e


faltava uma parte, mas os traços faciais pareciam como se Ricki
Bailey posasse para a gravura na pedra de dois mil anos. Se havia
algo que não gostava, eram perguntas sem resposta.

— Entre — ordenou, quando uma batida suave soou na porta.

Uma esbelta mulher azul entrou, com um sorriso sensual no


rosto. Vestia um vestido tradicional usado pela maioria das
mulheres. Envolvia-a e dobrava-se sobre um delicado ombro antes
de ser preso por um broche grande e preto. Fez uma careta quando
ela fechou a porta e estendeu a mão para soltar o alfinete que
segurava a parte superior da roupa.

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— Ouvi que voltou — sussurrou. — Vim lhe dar prazer, meu
senhor, Grande Governante.

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TRÊS
Ricki examinou a tenda, procurando pelo pai. Sorriu quando
o viu conversando com Stan, o gênio da computação por trás dos
shows. Era um homem muito legal e tentou convencê-la a sair com
ele ano passado.

O problema era que tinha uma regra muito rígida sobre


namorar membros do circo. Queria ter certeza de que com quem
namorasse se interessava nela e não na riqueza dos pais. Também
tornaria a vida difícil se as coisas não dessem certo. Como não
tinha intenção de deixar o circo, significaria morar com a pessoa
ou teriam que sair.

Considerava-se muito calma e lógica, que olhava para todos


os cenários possíveis. Com base na probabilidade do
relacionamento não dar certo, decidiu que a melhor maneira de
manter um ambiente de trabalho e lar feliz e saudável era evitar
qualquer tipo de relacionamento amoroso com os que viajavam
com eles. Uma vez que só restavam os que não eram associados ao
circo, que constantemente se mudava, significava que não tinha
nenhum relacionamento para contar. Ah, saiu em um encontro
ocasional com alguém que conheceu durante as viagens, mas logo
descobriu que eram mais apaixonados por seu estilo de vida que
por ela. Essa realização muitas vezes se transformou em morte por
qualquer promessa de um segundo encontro.

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Agora, bem... repensaria suas diretrizes rígidas, já que não
moravam mais na Terra. Moveu o olhar pelo local, observando
rostos familiares misturados com os não tão familiares. Um leve
rubor subiu em suas bochechas quando viu um dos guardas
Kassisans, que ficava por perto, olhando-a interessado.

Não, pensou, colocando a máscara serena que sempre usava


quando se sentia constrangida, as coisas não eram mais as
mesmas.

Virando, sorriu para Jo Strauss ou Jo Ja Kel Coradon, como


chamava agora. Era sua melhor amiga e a única que realmente
sabia e entendia quanto se sentia inadequada. Não era talentosa
como Jo e sua irmã mais nova, Star. Não voava, jogava facas como
River Knight-Ja Kel Coradon, escrevia programas complexos como
Stan, fazia as pessoas rirem ou centenas de outras coisas que os
amigos e a família circense faziam. Era boa em duas coisas,
organizar e lidar com centenas de problemas complexos que
surgiam com a mudança de um circo do tamanho do Cirque de
Magik de um lugar para outro.

Seu sorriso cresceu, observando Marvin e Martin, os mímicos


que eram alienígenas, pararem Manota Ja Kel Coradon, marido de
Jo. Sempre foi fascinada por eles. Eram tão bons que até ela muitas
vezes ficava presa em suas travessuras. A descoberta que não eram
humanos não a fez pensar de maneira diferente sobre eles. Se,
alguma coisa, fez com que se encaixassem ainda mais. Seus pais
receberam uma variedade tão grande de desajustados e almas
perdidas ao longo dos anos, que eram apenas parte do costume.

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A quem quero enganar, pensou suspirando. Sou tão
desajustada quanto o resto. Talvez seja por isso que nunca queira
partir.

A mãe e o pai sentaram-se com ela aos cinco anos de idade e


explicaram como entrou na vida deles. Até então, era quase tão alta
quanto a mãe. Lembrou de questioná-la por que era tão diferente
deles.

— Mãe, por que tenho cabelos amarelos enquanto você e papai


têm cabelos castanhos? — Lembrou que questionou. — Star e Jo
se parecem, e eu não pareço nada com vocês.

Sua mãe olhou para o pai por vários segundos antes de,
gentilmente, pegar sua mão e sentá-la. Lembrava de como lhe
contou sobre encontrá-la nos degraus do trailer. Ouviu
atentamente, assentindo, enquanto diziam que era um presente
maravilhoso e a amavam muito, muito mesmo.

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— Acha que voltarão por mim? — Perguntou, com medo. —
Se continuarmos em movimento, não me encontrarão, certo? Não
quero que me afastem de você e do pai.

— Oh, Ricki — Nema respondeu, puxando-a e segurando seu


corpo trêmulo. — Não, Ricki, nunca permitiremos que a tirem de
nós. É nossa garotinha, não é, Walter? É nossa!

— Claro que sim — assegurou o pai, roucamente. — Somos


seus pais, Ricki. E deixe-me dizer, todos os membros deste circo
lutariam para mantê-la conosco. É nossa garotinha para sempre,
não importa o que aconteça! — Declarou, abrindo os braços.

— Está certo pai — concordou apaixonadamente com uma


inclinação teimosa no queixo. — Nunca o deixarei, mãe ou o circo!

Riu baixinho ao lembrar da feroz resposta. Pegou-os de


surpresa, foi o momento em que soube que nunca largaria o circo.
Todos a aceitaram como era, simplesmente, comum, Ricki. Não se
importavam que não fizesse as coisas maravilhosas e mágicas que
podiam. Simplesmente a amavam por ser ela... tímida, lógica,
organizada, prática, Ricki.

— Ricki! — Jo gritou, tirando-a do devaneio.

— Oi, Jo — respondeu, rindo, ouvindo o rosnado baixo de


Manota quando Marvin puxou um longo cachecol da orelha dele.
— Espero que Manota não os mate.

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Bufou e observou o marido amorosamente. — Está
brincando? Depois do que se transformaram há algumas semanas?
Acho que nada os matariam.

Sorriu quando Martin a encarou. O olhar dela suavizou com


o intenso e questionador dele. Era como se tentassem ver sua
reação. Curvou a cabeça levemente para que soubesse que estava
de acordo com o novo status dele e de Marvin como estrangeiros
residentes do circo. — Como está Thea? — Perguntou baixo. —
Estava muito chateada. Já os perdoou?

Negou. — Acredito que não. Não fala muito, mas não acho que
descobrir que os homens que ama sejam muito diferentes do que
pensava ser é o que a chateou. Acredito que seja o que não
revelaram que a incomoda mais — respondeu suspirando.

Assentiu, observando os irmãos saírem silenciosamente da


enorme tenda. — Acho que terminaram de provocar seu marido —
riu.

— Pedi que o segurassem se viesse atrás de mim — admitiu


com um brilho divertido nos olhos. — Desde que descobriu que
engravidei, tenta me prender. Tem pavor que faça qualquer coisa.

— Vá até ele — murmurou com um sorriso ligeiramente triste.


— Só quer protegê-la. É óbvio que a ama profundamente.

Concordou, quando a amiga virou para olhar de onde Manota


as encarava, preocupação e amor brilhavam nos olhos, passando
pela figura levemente arredondada de Jo. Assentiu quando
murmurou que a veria mais tarde. Algo lhe disse que Jo

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provavelmente estaria muito ocupada. Só de pensar, trouxe outro
leve rubor às suas bochechas.

Perguntou-se como seria ser amada tão ferozmente.

— Está mais bonita que nunca, Ricki — comentou Stan,


caminhando até ela. — Quando desistirá e me deixará te levar para
jantar?

Virou surpresa. Estudou-o por vários segundos antes de


decidir que precisava tomar uma decisão. Não estava mais na
Terra. Se teria um relacionamento, não era melhor estar com
alguém que conhecia, confiava e respeitava? Ele era todas essas
coisas. Embora não faça seu pulso acelerar como...

— Que tal hoje à noite? — Respondeu de repente, afastando


os pensamentos. — Isto é, se...

— Ótimo — concordou imediatamente com um sorriso fácil.


— Irei ao seu trailer antes do anoitecer. Há um ótimo lugar na
cidade que encontrei.

Anuiu e empurrou os óculos para cima. — Adorável — sorriu


nervosamente. — Estou ansiosa para esta noite. Se me der licença,
tenho algumas coisas para discutir com meu pai. Até mais tarde.

Deu a Stan um sorriso tímido, observando quando virou e


caminhou até onde um dos palhaços trabalhava em alguns dos
cordames e precisava de ajuda. Recusou-se a reconhecer a
contração no estômago. Já era tempo de tomar uma decisão sobre
o que faria da vida. Stan provou que era confiável, gentil, atencioso

LORDS OF KASSIS #4 – RISTEARD’S


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e agora não importava a riqueza de seus pais, duvidava que a
moeda da Terra fosse aceita aqui.

— Pai, preciso falar com você sobre algumas coisas, se tiver


um momento — chamou, voltando-se para ele.

Walter olhou para Ricki e sentiu uma onda de orgulho e


preocupação antes de voltar a atenção para Marcus. O Mágico
Extraordinário era realmente um batedor de carteiras e traficante
de rua que aprendeu seu ofício em Las Vegas. Era apenas uma das
várias pessoas que procuravam no circo um modo de vida que os
protegesse do passado e desse a adrenalina que precisavam.

— Já irei, Ricki — respondeu. — Marcus, trabalhe com Stan


para verificar como será amanhã. Ainda é novo para todos e sei que
alguns dos cientistas verificarão os animais que temos.

O mágico fez uma careta. — Sabe como Katarina é protetora


sobre os gatos Walter — gemeu. — É mais provável que os mande

LORDS OF KASSIS #4 – RISTEARD’S


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comerem os alienígenas que permitir que se aproximem de um de
seus bebês.

— Bem, certifique-se que não o faça — resmungou. — Diga-


lhe para manter esses malditos gatos sob controle, que comer
nossos anfitriões não ajudará a nos aceitar.

— Droga — resmungou, virando-se. — Odeio lidar com aquela


russa louca. Sempre envia um daqueles gatos malditos atrás da
minha bunda.

— Sim, bem, não precisaria se não tentasse enfiar o filhote de


jaguatirica em uma de suas caixas de desaparecimento — observou
Stan, limpando as mãos de onde ajudava um dos palhaços com
algum equipamento. — Avisei que era protetora com eles.

Walter balançou a cabeça quando os homens saíram da


barraca. Marcus estava certo, Katarina Danshov era extremamente
exigente com seus companheiros felinos, a ponto de nunca ficar
sem um ou mais deles ao seu lado. Não questionou como os
mantinha sob controle. Agora que sabia que aliens realmente
existiam, decidiu que não era tão estranho, afinal.

— O que precisa, amor? — Perguntou, olhando-a. — Juro que


fica mais bonita a cada dia. Quando encontrará um jovem? Sabe
que sua mãe está ansiosa por um neto.

Ricki revirou os olhos e apertou os lábios impedindo que o


gemido escapasse. Agora que River, Star e Jo engravidaram, a mãe
dava dicas que adoraria ter um neto ou neta para abraçar.

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Apenas insistia que, para ter um bebê, precisava de um
marido primeiro. Isso levou sua mãe a postar uma longa lista de
homens elegíveis em seu tablet esta manhã. Balançando a cabeça
para o pai, olhou para o tablet. — É tão ruim quanto a mãe —
resmungou baixinho.

Bufou e cruzou os braços sobre o peito. — Não ficamos mais


jovens e você também não — afirmou antes de suavizar o olhar em
suas bochechas coradas. — Apenas não queremos que fique
sozinha, Ricki. Se algo nos acontecer...

O olhar dela rapidamente se concentrou no rosto do pai.


Preocupação e medo escureceram seus vívidos olhos azuis,
encarando-o. Por um momento, mordeu o lábio preocupada. Um
deles adoeceu? Agendaria uma consulta com os curandeiros aqui.
A equipe médica parecia muito mais sofisticada que na Terra.
Certamente, se algo estivesse errado, os curariam.

— Você ou mamãe estão doentes? — Perguntou roucamente.


— Agendarei uma consulta com Shavic imediatamente. River diz
que é maravilhoso.

Abaixou os braços, antes de agarrar a mão da filha para


tranquilizá-la. Negando, a levou até as bancadas de alumínio e
esperou que sentasse. Nema pediu que conversassem. — Uh, Ricki,
quero discutir algo com você — começou com uma voz
desconfortável, andando um pouco para frente e para trás. — Sua
mãe e eu... bem... ela pensou que seria melhor se conversasse
sobre isso, para lhe dar um pouco do ponto de vista de um homem
e tudo.

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Ricki arregalou os olhos antes de fechá-los para esconder sua
diversão e mortificação. Algo lhe indicava que não gostaria do que
o pai falaria. Voltou a olhá-lo quando pigarreou.

— Agora, Ricki — começou bruscamente. — Há coisas na vida


que acontecem naturalmente. Por exemplo, um homem que
conhece uma mulher ou vice-versa. Quando ele encontrar uma
moça atraente, mostrará isso de muitas maneiras diferentes. Se
souber o que é bom, fará a coisa certa e pedirá para cortejá-la.

Observou-o com os olhos arregalados quando parou de


repente na frente dela e a encarou com uma ferocidade que
assustava homens quatro vezes a sua altura. Descobriu que não
era a altura que fazia um homem, mas a maneira como se
comportava. Seu pai era mais alto e feroz que qualquer um dos
guerreiros alienígenas... até o grande azul, na sua opinião.

— E se não o fizer? — Perguntou curiosamente, inclinando a


cabeça para encará-lo. — O quê então?

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— Assarei as bolas dele e alimentarei os tigres de Katarina
com o resto de sua bunda — rosnou baixo e feroz. — Se o homem
a respeitar, virá me pedir primeiro. Se não, não vale o mijo do
elefante de Tony, se me perguntar.

Piscou várias vezes antes de morder o lábio e olhar em direção


à abertura da tenda. — Eu... Stan — começou, antes de olhar para
o pai.

— Stan já me perguntou se poderia cortejá-la — respondeu


com um suspiro. — Tem me incomodado para caralho por mais de
um ano.

— Pai, não acha que talvez namorar seja um pouco antiquado,


não é? Quero dizer, tenho 24 anos — respondeu suave e firme. —
Tenho idade suficiente para tomar minhas decisões.

Colocou o tablet no colo quando ele estendeu as mãos para


ela. Agarrando os dedos menores e mais grossos com os longos e
esbeltos, sentiu o aperto dele. Seu rosto suavizou com amor
quando viu quão preocupado realmente estava.

— Tem 24 anos, Ricki, sempre será minha garotinha —


respondeu. — Sou um pai antiquado, se não percebeu. Prometi aos
pais de Nema no dia em que a pedi em casamento que sempre a
protegeria. Fiz a mesma promessa a sua mãe quando a encontrou.
Pessoalmente, acho que nenhum homem é bom o suficiente para
você, porém se escolhesse um, Stan quase seria. Às vezes é
brincalhão, mas seu coração está no lugar certo.

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Olhou os dedos entrelaçados. Não queria que visse o indício
de dúvida e preocupação em seus olhos. Sabia que Stan era um
cara legal. O problema era que não fazia o coração dela acelerar ou
o corpo esquentar. Apenas um homem fez isso recentemente e foi
porque estava com raiva suficiente para estrangulá-lo. Não era
comum que se irritasse com alguém, havia algo em Ristèard Roald
que a incomodava.

Pensou em quase um mês atrás. A primeira vez que conheceu


o Grande Governante foi quando o viu em pé na tenda principal.
Quase atacou Marvin e Martin. Agora que sabia o que os dois
mímicos eram, quase desejava que o pai não tivesse interferido.

Ainda assim, foi bastante divertido observá-lo aproximar-se


do alienígena. A expressão dele foi impagável. Parecia que não
sabia o que fazer, pois a confusão torceu seu rosto observando o
pai dela.

Era extremamente bonito, todavia parecia que foi enterrado


em um vaso sanitário cheio de pastilhas de limpeza azuis, era
arrogante demais. Conheceu diplomatas suficientes como ele ao
longo de sua vida! Apenas viu os ombros rígidos e largos e o rosto
rude e bonito, sem mencionar metade das mulheres e um ou dois
homens na tenda babando, para que soubesse que era ciente de
sua própria importância.

A segunda vez que o viu foi na noite em que uma batalha


horrível ocorreu. Ficou aterrorizada, não tanto por si, e sim pela
mãe, pai e a família circense que se ofereceram para ajudar a
impedir um homem horrível, um traidor Kassisan, que quase

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matou River, Jo e Star. Compareceu à primeira apresentação com
mais de uma dúzia de mercenários.

O fato de ser uma armadilha para pegá-lo não importava.


Tudo que sabia era que alguém que amava poderia morrer naquela
noite. Stan preocupou-se com ela e a parou do lado de fora da
entrada pouco antes da apresentação. Também queria que saísse
com ele quando terminasse. Pouco depois, Ristèard a deteve,
exigindo saber quem era o homem e por que a tocou.

Descartou friamente a pergunta, contudo a agarrou,


impedindo-a de completar a tarefa para que foi designada. Se não
fosse ruim o suficiente, ele acrescentou um insulto adicional.
Mesmo agora, sentia sua pele formigar onde segurara a mão dela e
seu intenso e possessivo olhar queimou em sua memória.

— Bom, reivindico-a como minha. Pode ir por enquanto —


falou arrogantemente.

As bochechas dela ardiam quando se lembrou de sua atitude


altiva. Nunca usou palavrões, porém naquela noite, o fez em mais
de uma ocasião. Foi o que aconteceu depois da batalha que selou
sua intensa aversão e determinação em ficar longe do homem.

— Ricki, está bem? — O pai perguntou, trazendo-a ao


presente. — Parece um pouco corada. Talvez deva procurar um dos
médicos ou pedir para Tank vê-la.

Piscou e apertou as mãos dele antes de soltá-las. Pegando o


tablet, levantou graciosamente. Respirou fundo e sorriu. — Estou
bem — prometeu. — Só queria discutir algumas coisas.

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— Então, concorda com Stan? — Walter perguntou com um
sorriso satisfeito.

Escondeu sua confusão. Não tinha ideia do que o pai disse


nos últimos minutos. Dando um sorriso sem compromisso, mudou
de assunto. — Sairemos hoje à noite — respondeu, segurando o
tablet firmemente. — Agora, realmente preciso falar sobre como
encomendar os itens desta lista. Com base nas pesquisas que fiz e
nas discussões que tive com Tony, Katarina e os outros,
concordaram que os suplementos alimentares funcionam se os
incorporarmos gradualmente à dieta dos animais.

Suspirou silenciosamente quando o pai abandonou sua vida


amorosa e concentrou-se novamente no circo. Perguntou-se se é
por isso que a maioria das meninas se mudaram. Perguntaria a Jo
sobre isso mais tarde.

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QUATRO
— Você a vê? — Ristèard rosnou no comunicador quando
pousou no topo de um telhado próximo.

— Sim — respondeu Harald. — Sentaram no pátio externo,


perto da água.

— Estarei aí em breve — retrucou quando a fúria se apossou


dele. — Se saírem, aconteça o que acontecer, não os perca.

— E se esse homem já a reivindicou? — Andras perguntou


calmamente, desligando seu skid2 e se aproximando de Ristèard.
— Faz um mês desde que partiu. Se não demonstrou intenção de
reivindicá-la, pode ter aceitado outro.

Olhou por cima do ombro antes de voltar a atenção para o


caminho. A noite caiu sobre a cidade, facilitando a movimentação.
As luas não subiriam por mais uma hora.

Segurando a lateral do edifício, mediu a distância até o topo


do prédio ao lado daquele em que pousaram. Deu um passo atrás,
ignorando a declaração de Andras. Não importava o que a fêmea
alienígena decidisse, já avisou que lhe pertencia. Quando se
decidia, raramente mudava. Definitivamente não alteraria isso
sobre essa mulher. Correndo, pulou no muro baixo e pousou no
telhado abaixo, rolando antes de levantar e se mover para a lateral.
Ouviu uma maldição baixa pairar no ar antes que seu amigo e

2
Patins, derrapar, derrapagem. No texto se refere a algum tipo de veículo.

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chefe de segurança aparecesse ao seu lado. — Sabe, poderíamos
simplesmente ter pousado mais perto — resmungou, se limpando.
— Devo salientar novamente que levar uma mulher, especialmente
uma sob a proteção da casa real, não é uma boa ideia?

Encolheu os ombros, se inclinando sobre a beirada do telhado


para olhar o pátio aberto do restaurante. Seus olhos foram
imediatamente atraídos para a mulher com cabelos cor do sol.
Sentou de frente para ele em uma mesa perto da água.

Curvou os dedos em torno da superfície dura da parede. Era


ainda mais bonita do que lembrava, um feito que não acreditava
ser possível. Raiva incandescente tomou conta dele quando o
homem falou algo que a fez rir. Não foi o fato dela rir que o irritou,
mas a maneira como o imbecil se inclinou e tirou uma mecha do
cabelo dela que soltou com a leve brisa.

— Você rosnou. — Andras apontou secamente, estudando o


casal abaixo. — Ela é muito incomum e admito, se parece com a
imagem da Imperatriz.

Cerrou os dentes para não rugir e atacar o macho quando se


inclinou novamente e beijou levemente a bochecha de Ricki,
quando levantaram para sair. Estudou-o. Era o mesmo da noite
em frente à tenda. Reconheceria os cabelos castanhos
desgrenhados e a forma magra em qualquer lugar. Para ele, o cara
era um homem morto.

— Vamos — ordenou, virando e caminhando para os degraus


externos que davam para a varanda do terraço. — Quero a fêmea.

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Andras olhou para a mulher que estava ao lado do humano.
Assentiu, ainda não acreditava em como uma mulher alienígena
salvaria seu planeta. Virando, rapidamente seguiu Ristèard escada
abaixo.

Ricki sorriu para Stan e agradeceu enquanto ele segurava seu


suéter amarelo. Usava um vestido amarelo claro e sem mangas
acima dos joelhos e um par de saltos baixos combinando.
Descobriu que quando usava saltos altos muitas vezes se
sobressaía sobre os homens que namorava. Embora Stan fosse da
mesma altura que ela, se os usasse, ficaria uma polegada mais alta
que ele.

Com mais de um metro e oitenta, aprendeu a aceitar sua


altura incomum. Ainda assim, era bom sentir-se mais feminina e
delicada quando estava com um homem. Levantou o rosto para a
brisa e olhou em volta.

— É lindo aqui — admitiu com uma leve risada. — Se não


soubesse, pensaria que voltamos à Terra.

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A risada de Stan se misturou à dela. — Sim, se superar os
cristais brilhantes, a água púrpura e o fato de vermos luas gêmeas,
é apenas uma caminhada por Paris — brincou, passando o braço
ao redor dela. — Há um calçadão ao longo do rio que acho que
gostará.

Assentiu. — Parece muito bom — concordou, contornando as


mesas. — Como encontrou esse lugar?

— Perguntei a River e a Star — admitiu. — Então, chequei uns


dias atrás.

Olhou ao redor quando voltaram à rua. Pilares finos ficavam


a cada três metros ao longo da estrada movimentada. Cintilavam
com uma luz forte que refletia e brilhava suavemente para os
pedestres que circulavam pelas fachadas das lojas. Transportes
sem pneus deslizavam com um ronronar alertando quem
passavam por ali. Até as calçadas se iluminavam quando pisavam
nelas.

— Tudo parece tão mágico — comentou, enquanto Stan a


guiava por várias pessoas que diminuíram o ritmo ao encará-los.
— Não estou acostumada a ser tão observada — admitiu com uma
risada tímida e constrangida.

— Nem eu — concordou com um sorriso fácil. — Geralmente


estamos nos bastidores. Vamos lá — murmurou, soltando a
cintura dela para pegar sua mão. — Não sei sobre você, mas cansei
de ser a atração principal.

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Riu quando de repente correu lentamente para longe da
multidão. Estavam sem fôlego e rindo quando finalmente
diminuíram a velocidade, passando pelos portões de um parque à
beira do rio. Afastou-se e se aproximou de um banco que estava na
sombra de uma grande árvore. Colocando a bolsa prata lá,
arrumou o longo cabelo num coque que usava normalmente.

— Não — Stan falou roucamente. — Acho que nunca a vi com


o cabelo solto.

Parou, assustada. Uma carranca delicada enrugou sua testa.


Por um momento, ficou indecisa. Realmente gostou da noite e,
embora fosse quase mágica, era mais devido à localização que ao
homem bonito na frente dela. — Stan — começou, antes que sua
voz desaparecesse.

Ele gentilmente afastou a mão dela. Os longos fios dourados


brilhavam na luz fraca lançada pelos pilares brilhantes. Ouviu-o
suspirar quando viu quão comprido e grosso era.

Seu cabelo era um dos seus bens mais preciosos. Estava


muito consciente do tamanho 42 de seus sapatos e seios tamanho
B. Os olhos não eram de um azul escuro incrível como os de River,
mas sim gélidos, que era muito útil para manter as pessoas na
linha. Aperfeiçoou uma certa aparência ao longo dos anos que
congelaria uma discussão em segundos.

A única coisa que amava em sua aparência era o cabelo.


Brilhava ao menor fragmento de luz. Era tão loira que, às vezes,

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parecia que misturava com fios brancos de um floco de neve do
jeito que brilhava na luz.

— É lindo — sussurrou, enroscando os dedos nele enquanto


se aproximava. — Assim como você, Ricki.

Separou os lábios surpresa, quando Stan passou o outro


braço na cintura dela e a puxou para perto. Levantou as mãos
colocando entre eles, para detê-lo instintivamente, antes que se
obrigasse a relaxar. Queria, precisava saber, se havia alguma
faísca entre eles.

Fechou as pálpebras quando pressionou os lábios nos dela em


um beijo lento e sensual. Analisou, notando o calor e a firmeza dos
lábios dele, a leve pressão na parte inferior das costas e nos cabelos
e a maneira como inclinou a cabeça. Tinha gosto da bebida quente
que tomaram, semelhante ao café que apreciava todas as manhãs.
Não foi desagradável. Na verdade, provavelmente, em uma escala
de zero a dez, foi sete ou oito, decidiu quando se afastou.

Os cílios dela tremeram antes de olhá-lo com curiosidade.


Olhos prateados, tocados com uma pitada de exasperação
combinada com diversão, brilhavam para ela. Seus lábios se
separaram quando respirou fundo.

— Juro que ouvi sua mente trabalhando — Stan observou


com uma pitada de diversão seca. — Estaria interessada em
compartilhar seus pensamentos profundos?

Corou, porém não desviou os olhos. Inclinando a cabeça, um


sorriso curvou seus lábios antes que soltasse uma risada baixa e

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balançou a cabeça. Começou a abaixá-la, mas parou quando ele
pegou seu queixo e inclinou a cabeça dela para trás.

— Conte-me — insistiu.

Mordeu o lábio inferior e o olhou indecisa. — Não gostará da


resposta — alertou.

Deu-lhe um sorriso torto. — Sou um garoto grande e lidarei


com isso — assegurou.

— Analisei o beijo — explicou. — Foi muito interessante.

Arregalou os olhos com sua declaração surpreendente. Uma


risada baixa escapou dele novamente e balançou a cabeça. Viu que
lutava contra a curiosidade para saber a que conclusão chegou ou
se era melhor não saber. — Tudo bem — riu. — Acho que é a
primeira vez, vá em frente. Estou fascinado por descobrir.

— Não será necessário — uma voz ameaçadora rosnou na


escuridão.

Ricki ofegou quando a forma familiar de Ristèard Roald saiu


das sombras perto deles. Deu um passo assustado para trás
quando a luz do pilar iluminou brevemente seu rosto. Parecia
furioso!

— Ei, eu o conheço — comentou Stan com uma careta. — É


aquele Grande Governante ou algo do Elope-alguma coisa, não é?

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— Elipdios — Ricki corrigiu automaticamente, quando
Ristèard se aproximou. Olhou-o cautelosamente. — Grande
Governante — cumprimentou em um tom gelado.

— Tire as mãos dela — exigiu, olhos fixos no rosto de Ricki.

Stan instintivamente fez o oposto. O braço direito dele passou


pela cintura dela, puxando-a protetoramente para mais perto. Viu
o cenho confuso escurecer seu rosto, tentando entender o que
acontecia. Ela estava tão confusa.

— Senhor, não há necessidade de se incomodar — Ricki


explicou suavemente. — Tivemos uma noite agradável juntos. Se
não se importa, gostaria de continuar sem interrupção.

Soube imediatamente que falou algo errado, embora não


imaginasse o que. Repetiu a declaração em sua cabeça, para ver se
havia algo ofensivo e ficou em branco.

— Tire-o daqui — ordenou Ristèard, quando dois outros


apareceram atrás dele.

— Leve-me. — Stan repetiu ao mesmo tempo que Ricki.

— Deixe-o... agora, espere apenas um minuto — exclamou,


entrando na frente de Stan. Um suspiro alto escapou dela quando
mãos fortes envolveram sua cintura e a levantaram contra o seu
corpo. — Eu...oh, o que você pensa que está fazendo? —
Freneticamente empurrou contra os ombros largos e musculosos.
Virou a cabeça rapidamente quando ouviu um som de briga atrás
dela.

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Pânico irrompeu por ela quando viu seu encontro atacar um
dos homens. — Stan! — Gritou, lutando para se libertar.

— Corra, Ricki — gritou para ela antes de grunhir quando o


segundo homem agarrou o braço dele e o atingiu no estômago.

Olhou para trás furiosa. Levantando a mão direita, a balançou


em um esforço para atingir Ristèard no rosto. Um grito baixo
escapou dela e sua mão caiu no ombro dele quando sentiu o corpo
deslizar até os pés tocarem o chão. Ele agarrou seu pulso quando
balançou novamente.

— Acho que não — rosnou baixo.

Os olhos dela brilharam com veemência quando viu a diversão


nos olhos dele. Ele pensava que atacá-los era engraçado? Que era
uma florzinha delicada que não se defenderia? Bem, aprendeu uma
coisa ou duas ao longo dos anos com sua família e uma delas era
nunca desistir.

Puxando sem sucesso o pulso na tentativa de se libertar,


reagiu instintivamente, erguendo o joelho ao mesmo tempo em que
usava as unhas para beliscar a orelha dele com a mão livre. Fez
uma careta quando sentiu o joelho se conectar com a carne macia
das bolas dele. Recusou-se a sentir qualquer simpatia pelo
repentino lampejo de surpresa, seguido por intensa dor que
apareceu em seus olhos. Se não fosse tão alta, seria impossível
usar a manobra nele.

Triunfo a encheu quando ele se inclinou e apoiou as mãos nos


joelhos, num esforço para permanecer em pé. Sua respiração

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trêmula foi a prova que o atingiu com força. Aproveitando a
vulnerabilidade dele, se afastou e socou o nariz, exatamente como
Marvin ensinou. Lembrou que Martin sempre dizia para acertar o
agressor enquanto ainda estava desorientado. O ataque duplo
jogou-o de bunda no chão, ao longo da superfície macia e gramada
nas margens da passarela.

Virando, viu Stan atacando um dos homens que o pegaram.


Concentrou-se no mais próximo que dava a volta nele. No momento
em que lhe deu as costas, chutou a perna dele. Conectou o pé com
o traseiro do alienígena, o enviando de cabeça em direção ao outro
quando seu encontro se torceu.

— Corre! — Gritou, estendendo a mão para ele, afastando-se


do caminho dos homens.

Virou para ela e pegou sua mão antes que se sacudisse e


congelasse. Arregalou os olhos em surpresa e abriu e fechou a boca
várias vezes antes de desmaiar. Um grito baixo de terror escapou
dela quando observou um quarto homem sair da escuridão,
segurando algum tipo de arma. Girando, fugiu.

LORDS OF KASSIS #4 – RISTEARD’S


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CINCO
Emyr inclinou-se e estendeu a mão para Ristèard, que estava
deitado de costas, ainda respirando fundo enquanto ondas de dor
irradiavam por ele. Importava-se menos com o nariz. Quebrou-o
mais de uma vez no passado. Não, era com suas bolas que se
preocupou. Nunca fora atingido naquele ponto sensível e esperava
que nunca mais fosse. — Não... a perca — cerrou os dentes.

O amigo acenou simpático antes de pegá-la. — Sadao a está


seguindo — respondeu. — Não irá longe.

Emitiu um palavrão baixo quando se forçou a ficar em pé.


Limpando o nariz, ignorou o sangue. Não quebrou, mas doía para
caralho. Tirando a mão de Emyr do ombro, olhou para os outros.

— Sadao, onde ela está? — Perguntou no comunicador.

O som da respiração pesada o surpreendeu. Pensou que já a


teria pegado por agora, a menos que usasse a mesma defesa que
usou nele. Exigiria a localização novamente quando o guarda
respondeu.

— Desapareceu — respondeu frustrado. — Sei que está por


perto, no entanto.

Reprimiu uma maldição. Moveu os olhos para o céu e o brilho


fraco da primeira lua surgiu. Em pouco tempo, seria mais difícil
manter sua posição não revelada.

LORDS OF KASSIS #4 – RISTEARD’S


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Virando, acenou para Emyr e Harald. — Peguem os skids e
nos encontrem no local de Sadao. Sairemos rápido. Assim que
Ajaska ou Torak descobrirem que estamos aqui, exigirão saber o
porquê — ordenou bruscamente. — Vamos.

Não os esperou. Gemeu levemente quando sentiu as bolas


roçarem a calça enquanto corria. Lutou com várias mulheres ao
longo da vida, a maioria assassinas treinadas, nunca nenhuma
teve tanto sucesso em colocá-lo em sua bunda como Ricki.

Uma admiração relutante surgiu dentro dele. Não apenas o


colocou no chão, mas dois de seus melhores guerreiros. Claro, a
subestimaram muito, algo que não aconteceria novamente.

Surpreendeu-se com a distância que correu antes que


alcançassem Sadao. O guerreiro andava cuidadosamente por uma
pequena área arborizada.

Assentiu quando o soldado virou, frustrado. Ficou surpreso


ao ver a linha de sangue fresco no lábio dele. Parando na frente do
amigo, olhou em volta com uma careta. — Onde está? — Exigiu
antes de franzir ainda mais a sobrancelha. — E o que, porra,
aconteceu?

Sadao assentiu para Andras. — Está em algum lugar nessa


área e ela é o que aconteceu. Havia um galho baixo ao longo do
caminho que não vi. Puxou-o para trás e o soltou exatamente
quando a pegaria, é rápida, Ristèard. Juro que nunca vi uma
mulher correr tão rápido.

LORDS OF KASSIS #4 – RISTEARD’S


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— Tem certeza de que está lá? — Perguntou, olhando o
pequeno grupo de árvores.

Confirmou. — Vejo o caminho. Não tem como não ver. Entrou,


porém não saiu.

Estudou a área cuidadosamente antes de assentir. Sacudindo


a cabeça, se separaram. Tomou o centro, enquanto Andras, à
esquerda, e Sadao, à direita.

Entrando na escuridão que cortava o fino agrupamento de


árvores, ouviu atentamente, examinando. Parou quando viu um
amarelo pálido embaixo de um arbusto. Curvando-se, pegou um
sapato. Olhando ao redor, observou se tinha outras pistas sobre
onde se escondeu. Parou quando viu outro pedaço amarelo.

Dessa vez, era o suéter preso em um galho. Observou,


intrigado, antes de erguer os olhos. Perdê-la-ia entre os galhos se
não fosse a brisa leve que de repente soprou o vestido para fora.
Sorriu antes de assobiar baixo. Não demorou muito para que os
amigos se juntassem a ele.

Com um aceno, apontou. Estava escondida a cerca de três


metros do chão, em um galho baixo. Afirmaria que tentava
permanecer o mais quieta e imóvel possível. Empurrando os
arbustos, pisou debaixo da árvore.

— Vejo-a, cabelo dourado — avisou baixo e rouco. — Desça.


— Por um momento, permaneceu paralisada, fingindo não ouvir
antes de lentamente virar a cabeça e olhá-lo. Mesmo a essa
distância, viu o impulso teimoso de sua mandíbula.

LORDS OF KASSIS #4 – RISTEARD’S


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Estendeu a mão e esfregou o peito quando um aperto estranho
o pressionou. Parecia tão linda com o vestido amarelo brilhante
soprando ao seu redor.

Ela agarrou a árvore com um braço, empurrando


impacientemente os cabelos longos e emaranhados para longe do
rosto. — Não — sussurrou, envolvendo o tronco fino da árvore. —
Vá embora! Juro que gritarei tão alto se não for… que... que todos
do circo me ouvirão daqui.

— Não — advertiu bruscamente. — Não lhe farei mal. Desça e


explicarei. — Grunhiu frustrado quando negou novamente.
Estendendo o sapato dela, murmurou para Andras e Sadao
encontrarem o outro. Não precisava se incomodar porque no que
agarrou o galho mais baixo, ela atingiu o topo da sua cabeça com
um baque forte.

Tropeçando para trás, cairia novamente se Andras não o


agarrasse. Encarou-a, esfregando a cabeça agora dolorida. Seu
olhar aquecido rapidamente voltou para os amigos quando riram.
Virou a tempo de ver o porquê. Ricki mostrava a língua desafiando-
o. Andras deu de ombros quando o olhou com uma expressão de
dor. — Admita, ela tem um bom braço — falou, completamente sem
vergonha de sua diversão.

— E pernas lindas — acrescentou Sadao, sorrindo para ela.

Socou a mandíbula do guarda, jogando-o alguns passos para


trás. — Pare de olhar embaixo do vestido dela — retrucou.

LORDS OF KASSIS #4 – RISTEARD’S


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Andras riu e recuou com as mãos no ar. — Não falei nada
sobre as pernas longas ou sobre a bonita renda amarela por baixo.

Virou quando ouviu o suspiro indignado de Ricki. Seu coração


pulou uma batida quando soltou a árvore e tentou freneticamente
pegar o vestido que voava na brisa. Vacilou por um momento e
quase caiu antes que pegasse o tronco novamente e se pressionou
contra ele. — Desça antes de cair — ordenou, encarando-a.

Ela negou e pressionou a bochecha contra a casca lisa.


Tomando uma decisão, agarrou o galho acima da cabeça
novamente e subiu. Não demorou muito para chegar ao mesmo
ramo que ela. Passando ao redor dela, abraçou-a firmemente na
cintura.

— Solte a árvore, Ricki — sussurrou, pressionando o corpo


contra o dela. Demorou menos de um segundo para perceber que
não apenas tremia violentamente, também que respirava
rapidamente. Sentiu o terror correndo pelo corpo dela e viu o aperto
mortal que tinha na árvore. Firmando-se, afastou o braço dela da
superfície lisa.

— Não! — Sussurrou freneticamente, encarando-o em pânico.


— Não estou... apenas me deixe. Por favor, me deixe em paz!

Apertou-a, passando a mão pelo braço até que enfiasse os


dedos nos dela. Quase estremeceu quando ela os apertou
surpreendentemente forte. Murmurou quando não soltou o tronco
com o outro braço.

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— Ricki — começou, parando quando ela balançou a cabeça
freneticamente de um lado para o outro.

— Não posso — sussurrou chorosa. — Não posso.

Perguntou-se por um momento se cometeu um grande erro ao


planejar a missão. Sabia que Ajaska e Torak nunca entenderiam
sua crença que ela era a Imperatriz enviada pela Deusa para salvar
seu mundo. Porra, ele não acreditava, mas estava desesperado.

Precisava retornar antes que notassem sua ausência. Já


demorou demais na negociação anterior com a família Real
Kassisan. Sua ausência permitiu aos bastardos traidores do
conselho armar uma armadilha para ele e seus guardas.
Programou para encontrá-los amanhã à tarde. Significava que
precisava deixar Kassis o mais rápido possível, para voltar antes
que percebessem que desapareceu novamente.

— Juro que não a machucarei e nem meus homens —


assegurou, envolvendo a cintura dela para puxar o outro braço
livre.

Olhou por cima do ombro e fez uma careta. — Machucou Stan


— retrucou. — Como espera que acredite que não me machucará
também? — Você... o que quer comigo, afinal?

Usou a distração dela para tirar o outro braço da árvore. Seu


grito alto e corpo repentinamente rígido quase os derrubaram.
Levou um momento para recuperar o equilíbrio no galho fino.
Puxou-a e apoiou a mão no tronco enquanto ela cravava as unhas
em seu braço.

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— Calma ou cairemos — ordenou, olhando para baixo quando
Andras avisou que Harald e Emyr retornaram.

— Oh, Deus, por favor, não — Ricki murmurou apavorada. —


Oh, por favor, não, por favor, não, por favor não.

Cerrou os dentes de dor. Tinha certeza de que acabaria com o


braço ensanguentado. Mudou o peso até se equilibrar e chamou
Andras e Sadao.

— Sinto muito, Ricki, mas temos que sair agora — falou


quando o som de alarmes ecoaram na direção em que chegaram.
Descobriram o corpo do humano.

Ela ofegou antes que soltasse um grito alto e penetrante


quando se sentiu caindo no ar. Ristèard xingou, sabendo que as
autoridades a ouviriam. O tempo acabou e fez a única coisa que
pensou para tirá-la da árvore. Pegou-a e a jogou para Andras, que
esperava lá embaixo.

Pulou, pousando ao lado do amigo que a segurava. Pegando


os sapatos com Sadao, se adiantou e os deslizou sobre os pés
descalços. Quando terminou, Andras a colocou no chão.

— Pegue o... — Começou, antes que sua cabeça explodisse


para trás e jurou que viu as estrelas de perto e pessoalmente. —
Por que em nome da deusa fez isso? — Sibilou, segurando a
mandíbula dolorida.

— Seu burro! — Ricki chiou furiosa, afastando os cabelos dos


olhos. — Seu arrogante e horrível pedaço de limpador de vaso

LORDS OF KASSIS #4 – RISTEARD’S


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sanitário azul! Tenho medo de altura e me jogou de uma árvore! É
a pessoa mais horrível, mais terrível... mais malvada que conheci!

Recuou um passo quando bateu o punho nele novamente.


Pegou-a, virando-a para puxá-la contra seu corpo. Gemeu baixo
quando Ricki bateu em seu peito do pé, na tentativa de se libertar
do abraço apertado.

— Ristèard, precisamos sair — alertou Harald, olhando o


scanner. — Tem movimento vindo nessa direção.

Assentiu. Com uma onda de pesar, sabia que deixaria sua


nova e relutante Imperatriz, ainda mais furiosa. Olhou para Emyr
e acenou. Aumentando o aperto nela enquanto lutava mais, viu
como o guarda pressionou uma seringa contendo a mesma droga
que usaram para derrubar o homem, no pescoço dela. Endureceu
e gritou de surpresa e choque antes que sentisse seu corpo
amolecer contra o dele. Curvando-se, passou o braço sob os joelhos
dela e se endireitou, embalando-a. Com outro aceno de cabeça, o
pequeno grupo se moveu rapidamente para os skids do outro lado
da área arborizada. Ajustou-a firmemente contra o corpo antes de
ligar o transporte. Subindo, pensou que foi bom que ordenou que
a sedasse quando estavam acima da linha das árvores. Não
gostaria dessa parte da jornada.

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SEIS
Ristèard levantou os olhos do relatório que estudava quando
a porta da cabine abriu. Andras olhou ao redor com uma
sobrancelha levantada antes de olhar onde sentou no sofá
comprido. Aterrissariam em Elipdios dentro de uma hora. Houve
alguns momentos tensos em Kassis.

Enxames de seguranças convergiram para a área, os forçando


a desviar pela cidade até o transporte que esconderam nos
arredores. Dois dos membros da segurança privada tinham o navio
menor pronto para zarpar quando chegaram.

Harald e Sadao trabalhavam em um novo sistema de defesa


para escondê-los dos radares dos Kassisan. Funcionou bem, pois
os sistemas de controle de solo locais registraram a nave como um
cargueiro de curto alcance, programado para uma corrida de rotina
e não um transporte estelar de Elipdios. Uma hora depois de deixar
Kassis, se encontraram com seu navio de guerra, o Elipdios Star.

Uma vez a bordo, ordenou que Andras os levasse ao seu


mundo o mais rápido possível, carregando o corpo inconsciente de
Ricki para sua cabine. Surpreendeu-se com a onda de
possessividade e ciúmes que o percorreu enquanto a carregava
pelos longos e estreitos corredores do navio.

Mais de um guerreiro encarou os longos cabelos sedosos e


amarelos que caíam em ondas cintilantes. Uma carranca escura
enrugou seu rosto pensando nisso. Desde quando, em nome da

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deusa, dizia termos como ondas cintilantes? Pensou enojado,
encarando Andras.

— O que fiz dessa vez? — Perguntou cautelosamente. —


Normalmente só me olha assim quando está pronto para me chutar
por algum motivo.

Voltou seus olhos inquietos para a cama onde Ricki dormia.


Precisava controlar esses sentimentos irritantes. Frustração e
irritação o consumiam quanto mais pensava.

O que havia nela que chamava sua atenção? Apreciava que


era incomum e extremamente atraente de uma maneira exótica,
viu e esteve com inúmeras mulheres atraentes. Ficou fascinado
pela companheira de cabelos amarelos de Jazin Ja Kel Coradon na
primeira vez que viu os cabelos dela, mas não experimentou
nenhuma das outras emoções além da curiosidade.

Suspirando pesadamente, balançou a cabeça. — Não é você


— respondeu com um aceno de mão em direção à cadeira em frente
a ele. — Há indicação que o conselho percebeu minha ausência?
— Perguntou, colocando o tablet ao lado dele.

Negou. — Não, nossos espiões informaram que estão


ocupados demais discutindo entre eles e como o derrubarão para
perceber que saiu — respondeu com nojo. — Ainda acho que
devemos matá-los e acabar com isso.

Fez uma careta. — Ainda não. Há pelo menos um me


apoiando. Quero descobrir quem são e por que primeiro — falou,
sentando-se com um suspiro cansado. — Os relatórios não são

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bons, Andras. Precisarei tomar uma decisão em questão de
semanas sobre evacuar o planeta.

O amigo não respondeu, viu choque no rosto dele. Ninguém,


exceto ele e os poucos cientistas selecionados, sabiam quão ruins
eram os escudos ou os recursos extremamente baixos que
restavam, mesmo com as toneladas de material replicado vindo de
Kassis, havia pouca esperança.

Os cristais Kassisans, embora similares, não reagiram à


radiação da mesma forma que os de Elipdios. Ninguém imaginava
exatamente o porquê, mas saber não mudaria os fatos, que sem
eles, seu mundo estaria perdido. Sim, absorveram parte das
emissões de partículas e ajudaram a alimentar os geradores, porém
eram apenas uma solução temporária. Um ataque estratégico
contra eles e tudo se perderia. Milhões de pessoas morreriam
envenenados pela radiação, sem mencionar os danos ao meio
ambiente.

— E as cidades subterrâneas? — Perguntou baixo. —


Certamente, poderíamos usá-las. Nossos ancestrais viveram lá por
séculos.

— Encontraram apenas um punhado. A última conhecida é


onde descobriram as tábuas. Conversei com os pais de Mena Rue,
que as acharam na região do deserto oriental — falou, sombrio. —
A população era muito menor de séculos atrás. A humana é nossa
última esperança, Andras. Como? Não sei. Só sei que, a menos que
um milagre ocorra dentro do próximo mês ou dois, milhões de
pessoas morrerão e ficaremos sem casa.

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Ricki ficou imóvel, ouvindo os homens conversarem em voz
baixa. Ficou acordada por vários minutos, tentando descobrir onde
estava e seu melhor plano de ataque. Agora, ouvindo-os, via as
coisas de um ponto de vista diferente.

Não tinha dúvida que falavam a verdade. Recolheu


informações suficientes sobre Kassis para saber por que Ristèard
Roald estava lá, simplesmente não sabia que era tão terrível. Havia
algo no que compartilhavam que a incomodava.

Concentrando-se, pegou palavras que lhe eram vagamente


familiares. Lembrou de ler algo semelhante em alguns arquivos de
Kassis quando pesquisou a história deles. Na verdade, copiou-os
em um chip pouco antes de Stan buscá-la e colocou na bolsa para
verificar mais tarde.

Levou um momento para perceber que o outro homem,


Andras, levantou e saiu. Ele lembrou a Ristèard que chegariam a
Elipdios em breve. Engoliu em seco quando ouviu a porta abrir e
fechar. Por um segundo, pensou que os dois saíram, mas o som
suave de passos dissipou essa esperança.

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Abrindo os olhos lentamente, observou cautelosamente o
alienígena se aproximar da cama. Sentando, tirou os cabelos dos
olhos e levantou quando percebeu que ele não pararia. Arregalou-
os em alarme e se inclinou para trás quando Ristèard de repente
se ajoelhou, colocando as mãos nos lados dela.

— Você me deu uma joelhada — afirmou ameaçadoramente.

— Bem, nos atacou primeiro — respondeu suavemente,


empurrando as palavras por sua garganta seca. — E me jogou de
uma árvore! Farei ainda pior se tentar algo assim novamente!

— Chamou-me de nomes — acrescentou, inclinando-se para


mais perto.

Recostou-se o mais longe que pôde antes que a parede a


detivesse. Colocando uma mão trêmula no ombro dele, usou a
outra para colocar o cabelo bagunçado atrás da orelha. Era por
isso que nunca o deixava solto, exceto à noite, quando está
sozinha.

— Tenho certeza de que não foi nada comparado ao que outros


o chamaram no passado — declarou com um olhar gelado. —
Agora, se não quiser repetir a performance de como posso me
defender, sugiro que saia do meu espaço pessoal.

Não gostou da maneira como ele estreitou os olhos de repente


diante da ameaça. Talvez devesse usar uma abordagem mais
diplomática, mas com toda honestidade, o homem estava em seu
espaço e se aproximando a cada segundo. Engoliu nervosamente,
esperando o que faria em seguida.

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Surpresa a atingiu quando ouviu uma risada seca e
enferrujada escapar dele. Pensou por um momento que talvez
saísse relativamente fácil se achasse o que falou engraçado. Esse
pensamento rapidamente se dissolveu quando envolveu sua nuca,
puxando-a para frente. — Desejo-a — afirmou antes de capturar
seus lábios.

Congelou, incerta. Era beijada... pelo Grande Governante de


Elipdios. Sua mente girou confusa. Não tinha certeza o que fazer
para detê-lo. Sentiu a mão, que pressionou contra o ombro dele
numa tentativa de manter espaço, enrolar contra o material quente
da camisa dele.

Uma parte de seu cérebro dizia para parar e empurrar, não


enrolar e segurar enquanto pressionava os lábios com mais firmeza
sobre os dela. Abriu-os instintivamente quando sentiu a ponta de
uma língua.

Uma onda feroz e quente de prazer a atingiu, assustando-a


quando sentiu os mamilos firmes e tensos contra o material fino
do sutiã. O que mais a assustou foi o calor líquido que acumulou
entre suas pernas, fazendo-a erguer o joelho de surpresa.

Sentiu o corpo dele enrijecer antes que um gemido baixo


escapasse e se afastou, rolando de lado na cama. Rapidamente
puxou a perna debaixo dele quando caiu de lado. Uma carranca
franziu a testa quando olhou para o rosto dele. Seus olhos estavam
fechados e respirava profundamente, como se sentisse uma dor
intensa.

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— O que... — começou, quando ele abriu os olhos e a encarou
acusadoramente. Sua voz desapareceu quando viu onde colocou
as mãos. Um rubor profundo subiu por suas bochechas. — Oh,
desculpe.

Ristèard respirou fundo antes de responder. O joelho dela se


conectou perfeitamente com sua virilha novamente. Não tão forte
quanto antes, ainda assim doeu.

Só a checaria antes de ir à ponte, em preparação para a


chegada deles. Quando o encarou com olhos da mais rara gema
azul de seu mundo, se perdeu. Seus longos cabelos espalhados em
abandono selvagem, como se acabasse de fazer amor. O vestido
amarelo estava enroscado nas pernas compridas e nuas.

Nunca pensou que a cor rica das areias de seu planeta era
bonita, mas a pele dela o lembrava e percebeu que a cor quente e
bronzeada dava água na boca ao imaginar como seria passar seus
lábios ao longo da pele cremosa e beijada pelo sol.

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Esses sentimentos trouxeram de volta a raiva de que ela
parecia ter algum tipo de influência sobre ele. Era o único no
controle. Determinado a provar isso, tentou intimidá-la quando a
encurralou, prendendo-a entre a parede e seu corpo. No entanto,
assim que se aproximou, todo pensamento racional fugiu.

Quando ela respondeu com uma ameaça, o corpo dele reagiu


ao desafio. Soube quando os seus lábios se tocaram que cometeu
um erro estratégico. Em vez de intimidá-la, enviou uma carga
explosiva através de seu corpo que se estabeleceu em sua virilha,
endurecendo as bolas e enchendo o pau até que desejou arrancar
as calças e enterrar-se profundamente nela para satisfazer a sede
selvagem que o dominava.

Ergueu as pálpebras lentamente até que olhava para o rosto


corado dela. Soltou outro gemido baixo, desta vez quando suas
macias bolas e pênis reagiram à sua mortificação de olhos
arregalados. Saber que não deu a joelhada de propósito ajudou um
pouco.

— Você... é perigosa — informou tenso. Seu olhar de


preocupação mudou para uma carranca escura e ela apertou os
lábios com força. Diversão e desejo passaram por ele quando Ricki
dobrou as pernas para o lado e cruzou os braços sobre o peito.
Mesmo com o cabelo caído em um emaranhado de ondas e o vestido
enrugado da viagem, ainda tirava o fôlego.

— Realmente precisa aprender algumas maneiras —


respondeu friamente. — Agora, por que achou necessário me
sequestrar?

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Começou a responder quando o comunicador preso à camisa
apitou. Silenciou-o. Imediatamente, silvou novamente. Suspirando
resignado, murmurou antes de conectar. — O que? — Questionou
com raiva.

— Temos companhia — respondeu Andras cortante. —


Desejará vir até a ponte.

Praguejou, sentando com uma careta. Levantou em um


movimento fluido. Apertou a boca de raiva pela interrupção. Olhou
para onde Ricki ainda estava sentada, o observando atentamente.
— Preciso ir — afirmou. — Fique aqui até que eu ou um dos meus
homens a busque.

Observou-a concordar em reconhecimento. Uma onda


momentânea de arrependimento tomou conta dele por envolver
uma mulher tão delicada nessa bagunça, mas jurou que faria o
necessário para salvar seu planeta e povo. Acenando, girou e saiu.

— Quem é? — Perguntou, conectando-se com Andras quando


fechou a porta atrás dele.

— Parece que o conselho descobriu que desaparecemos.


Manderlin exigiu permissão para embarcar — respondeu. — Posso
explodir o transporte dele e falar que meu dedo escorregou.

Entrou no elevador quando as portas abriram e fecharam


antes de comandar para levá-lo à ponte. Manderlin era novo no
conselho. Era mais velho que as areias do deserto oriental e
igualmente persistente em se esconder. Porque o elegeram, não
fazia ideia. Esperava que o bastardo intrometido e irritante caísse

LORDS OF KASSIS #4 – RISTEARD’S


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morto a qualquer dia. — Não — ordenou, impaciente. —
Descobriremos o que quer primeiro.

Um suspiro exasperado soou no comunicador antes do amigo


murmurar sua concordância. Seus lábios contraíram com a
impaciência de seu segundo no comando em explodir algo. A
natureza sedenta de sangue dele era provavelmente uma das
razões pelas quais se davam tão bem. Eram muito parecidos,
matam primeiro, perguntam depois. Assim que as portas abriram,
saiu.

Dois guerreiros rapidamente saíram do seu caminho e ficaram


atentos quando passou. Parou por um momento, observando-os
antes de olhar o elevador. — Certifiquem-se que a fêmea na minha
cabine permaneça lá — instruiu. — Se algo acontecer, serão
responsáveis por mantê-la segura a todo custo.

Encararam-no com rostos sombrios e determinados. — Sim,


senhor — responderam, antes de virar e entrar no elevador aberto.
Satisfeito que Ricki estaria protegida, continuou sua jornada. Não
tinha tempo nem paciência para lidar com alguém que destruísse
Elipdios por razões egoístas. Acenou para Andras antes de encarar
o vereador idoso. — Manderlin, o que quer? — Perguntou sem
rodeios.

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SETE
Ricki se inclinou, no pequeno espelho para garantir que
parecesse normal e eficiente. Cabelo preso em um coque, confere.
Brilho labial retocado, checado. Vestido... bem, não havia muito
que fazer sobre as rugas, mas limpou as manchas de onde escalou
a árvore. Não foi a decisão mais inteligente, porém a única que
pensou quando percebeu quão perto ele estava de pegá-la.

— Não que importou no final — falou para seu reflexo. —


Servirá. Agora, descobrirei o que acontece.

Fechava a bolsa quando viu o disco com as informações que


baixou. Mordendo o lábio, pegou-o e segurou-o, encarando-o com
uma carranca. Olhando ao redor, o contorno familiar de um tablet
chamou sua atenção.

Pegando a bolsa, voltou à área principal da cabine e foi até o


sofá comprido. O quarto era do tamanho de uma grande suíte de
hotel. Continha uma cama um pouco maior que uma king-size,
uma pequena mesa estreita com duas cadeiras, sofá e uma cadeira
combinando posicionados perto do que parecia uma janela, mas, à
segunda vista, era apenas uma tela para parecer um grande
banheiro com pia, vaso sanitário e chuveiro.

A coisa toda era bastante utilitária. Foi projetado para


eficiência, não relaxamento. Ajustou os óculos, que não perdeu
durante o sequestro. Atravessando a sala, pegou o tablet e foi para
a mesa, onde sentou.

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Tocando-o, franziu a testa frustrada quando viu que estava
bloqueado. Tinha o mesmo problema em Kassis quando acessava
informações dos arquivos. A indecisão a dominou por alguns
segundos antes de abrir novamente a bolsa e puxar um segundo
disco de cristal.

Mencionou a Stan sua frustração por sempre ter que pedir


ajuda ao bibliotecário do Arquivo Mestre. No dia seguinte, piscou,
lhe deu esse disco e avisou para nunca sair de casa sem ele.

— Se deseja informações, Ricki, este programa é a chave


mágica — brincou. — Coloque em qualquer terminal e abrirá as
portas que quiser.

Não achou que realmente daria certo, contudo funcionou.


Qualquer codificação que Stan escreveu, sabia como 'conversar'
com a encriptação nos arquivos compactados. Não sabia se
funcionaria aqui, mas tentaria.

Deslizando o disco fino na lateral do tablet, observou os


símbolos familiares brilharem na tela. Arregalou os olhos de
surpresa e alegria quando viu que acessou. Abriu a bolsa e tirou o
scanner fino que Jazin lhe entregou. Adorava como funcionava,
traduzindo os símbolos da língua deles para o inglês. Embora nem
sempre fosse perfeito, era bom o suficiente para que
compreendesse o significado.

Olhou para a porta, subitamente sentindo-se culpada, antes


de encolher os ombros. Não pediu para ser sequestrada e deixaram
o tablet ali, então não era como se fizesse algo errado. Além disso,

LORDS OF KASSIS #4 – RISTEARD’S


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era inteligente para saber quando usar os recursos ao seu redor
para obter as informações que necessitava.

Tirando o chip milagroso, o colocou na capa protetora e


estudou o documento que abriu. Parecia um relatório. Franzindo a
testa, passou o scanner sobre a superfície lisa, lendo as palavras
que apareciam.

— Status: Crítico — murmurou. — Geradores nas zonas


quatro, oito, dez, dezesseis e vinte e um mostram sinais iniciais de
falha. Capacidade de blindagem reduzida a quarenta e três por
cento. Espera-se que outras falhas adicionais ocorram dentro de
algumas semanas. O nível de radiação aumentou de zero e dois por
cento. Recomendação: evacuação do planeta. Mortes estimadas...

Sua voz desapareceu com o número impensável de vidas.


Lágrimas turvaram sua visão quando terminou de ler o relatório.
Era espantoso pensar em um planeta inteiro destruído e no peso
do desespero que Ristèard Roald sentia.

— Deve ser esmagador ser líder e saber que muitos dependem


de você — sussurrou, limpando a lágrima que escorreu. Tocando
na tela, reduziu o relatório. Arregalou os olhos quando viu o que
abriu por atrás. — O que...

Olhou uma imagem refletida de si, mas não era ela. Os dedos
tremiam um pouco quando tocaram a fotografia da escultura em
pedra. Movendo o scanner para baixo, leu hesitante.

— Só se conhece a imagem da Imperatriz de Elipdios. As


informações transcritas da antiga tábua de pedra encontrada na

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Cidade Perdida, afirmam que retornará ao mundo durante o
período mais sombrio para salvá-lo. O restante dela foi amplamente
danificada pela erosão e nenhuma outra informação pôde ser lida.
— Sussurrou, olhando para a imagem. A antiga Imperatriz. — Oh
Deus — gemeu, balançando a cabeça. — Acham que sou a
Imperatriz desaparecida!

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OITO
Ajaska Ja Kel Coradon caminhou até a pequena câmara no
escritório, servindo-se uma bebida. Precisava desesperadamente
disso para conter o fogo queimando através dele. Adorava um
desafio e definitivamente encontrara um com Katarina Danshov.

Engoliu rapidamente a dose dupla do licor potente. Limpando


a boca, derramou outra antes de virar quando ouviu a voz alta e
furiosa de Walter Bailey ecoando no corredor, se aproximando.

— Torak, exijo que faça algo! — Berrou irritado quando entrou


apressado na sala. — Exijo retribuição.

Encarou o filho mais velho, passou a posição como governante


de Kassis para ele anos atrás. Decidiram que era melhor se
envolver no conselho da Alliance, pois conhecia muitos membros
dos diferentes sistemas estelares. Observou-o levantar da cadeira,
sinalizando para Walter e Nema sentarem. Esperou até que o
criado que o seguia para a sala trouxesse refrescos para o mestre
de cerimônias e sua minúscula esposa, antes de pronunciar
qualquer coisa.

— Qual o problema? — Torak perguntou.

— Aquele imenso bastardo azul sequestrou minha filha! —


Rosnou, colocando o chá na mesa lateral perto do sofá. — Stan
finalmente acordou. Contou que Ristèard Roald atacou-os noite
passada. Lutou contra dois homens, mas outro apareceu atrás dele

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e atirou um sedativo. Queria saber se Ricki estava bem. Ela não
voltou para casa ontem à noite. Faça algo imediatamente! Só Deus
sabe o que aquele idiota brutal fará com ela.

Nema estendeu a mão e segurou firmemente a do marido.


Lágrimas brilhavam em seus olhos, encarando o pequeno grupo na
sala. Olhou-os suplicante.

Ajaska não estava muito preocupado com o desaparecimento


de Ricki. Sua equipe de segurança o informou quando encontraram
Stan. Olhou para Jazin, que assentiu e ficou ao lado dele.

— Confirmou as informações que Jarmen nos deu? — O filho


mais novo perguntou baixinho, olhando por cima do ombro para
Torak antes que seus olhos escurecessem, pousando em sua
companheira.

Jarmen D'ju era o homem que seu filho, Jazin, resgatou de


um centro de pesquisa ilegal. Era diferente de tudo que já viu, mas
se confiava nele, também o faria. Sabia muito pouco sobre ele,
exceto que era um fantasma que se movia nas sombras. Mencionou
que os dois trabalhavam em vários sistemas de defesa diferentes e
que partiria em breve.

— Sim, falei brevemente com Ristèard — respondeu,


observando divertido como Torak se distraiu quando River entrou
na sala. Sempre esperara que os filhos encontrassem suas
companheiras. Não havia como negar que o mais velho encontrou
a dele em River. Por um momento, a imagem de uma gata infernal
de cabelos escuros e cuspidora de fogo passou por sua mente.

LORDS OF KASSIS #4 – RISTEARD’S


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Moveu os dedos distraidamente para as longas e estreitas fendas
na camisa, quando um sorriso curvou seus lábios. — Admitiu que
a sequestrou.

Franziu o cenho para a diversão do pai. — Bem, o avisou que


a trará de volta? Sabe que oferecemos proteção aos humanos.
Manota o avisou quando veio que Ricki estava sob a proteção da
família real.

— Ristèard é um bastardo frio e brutal, porém também é justo


— murmurou. — Não a machucará.

— Então, só o deixará levá-la? — Perguntou, incrédulo.

— Claro que não — respondeu sorrindo, ouvindo Walter exigir


que Torak fizesse algo sobre o sequestro da filha.

— E minha filha? — Exigiu, levantando e agitando os braços


curtos no ar, irritado. — O que fará?

Balançou a cabeça e sorriu para Jazin. — Iremos sequestrá-


la de volta — respondeu alto o suficiente para todos ouvirem. —
Bem debaixo do nariz azul dele.

LORDS OF KASSIS #4 – RISTEARD’S


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Ristèard encarou o conselheiro idoso, frustrado. Manderlin
veio avisá-lo que arquitetaram outro plano para matá-lo. Virou
para encarar a janela, sua mente agitada com fúria. Foi perigoso
deixar Elipdios neste momento volátil, todavia estava de mãos
atadas.

Programou para se reunir com o resto do conselho em menos


de duas horas. O homem avisou-o que vários vereadores
pressionavam para que ele e seu segurança fossem presos por
traição. Traição! — Quem influenciou isso? — Exigiu, sem virar.

Soltou um suspiro cansado. — Texla e Raomlin — respondeu.


— Embora acho que não foram eles que começaram. Há alguém
mais os influenciando. Disse que o traidor Kassisan morreu há
quase um mês, não foi? Temo que não era o único.

Virou com as palavras suavemente ditas. Viu que o homem


não percebeu que falou alto. Estreitou os olhos no rosto enrugado,
notando linhas de cansaço e estresse. — O que não está revelando?
— Exigiu friamente. — Por que acha que o conselho trabalha com
outra pessoa?

LORDS OF KASSIS #4 – RISTEARD’S


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Deu um passo em direção ao lugar onde Manderlin sentou,
na sala de comando. Estava determinado a entender as constantes
ameaças que aumentaram nos últimos seis meses. Olhou por cima
do ombro com uma careta irritada quando a porta da sala abriu de
repente. Harald parou na entrada, encarando-o resignado.

— O que é agora? — Frustrou-se. Viu o amigo fazer uma


careta com seu tom agudo. Demorou um momento para perceber
por que o interrompeu depois que instruiu a não deixar ninguém
entrar. Havia um brilho de cabelo cor de luz do sol pouco visível
sobre o ombro direito dele, testemunho do porquê seu guarda de
confiança ignorara sua ordem.

— Exigiu vê-lo — respondeu, dando um passo para o lado com


um olhar de desculpas.

Franziu a testa para Ricki. O olhar sombrio se aprofundou


quando tudo que fez foi erguer uma sobrancelha delicada para ele
e passar por Harald com um murmúrio educado de agradecimento.
O que, caralho, fazia fora da cabine? Teria as cabeças dos homens
que designou para mantê-la lá.

— O que faz aqui? — Perdeu a cabeça. Quase imediatamente,


se arrependeu do tom severo. Mexeu-se inquieto quando ela entrou
na sala, encarando enquanto pressionava os lábios com força,
desaprovando o tom dele. — Não é seguro vagar pelo navio —
murmurou quando parou a uma curta distância dele.

Seus olhos a percorreram, absorvendo todos os detalhes. O


cabelo retornou ao coque familiar que sempre usava. Seus dedos

LORDS OF KASSIS #4 – RISTEARD’S


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realmente se contraíram e teve que cerrá-los para não o soltar
novamente. Alisou as rugas do vestido e colocou a bolsa em um
ombro. Observou sua figura esbelta, parando no tablet em suas
mãos. Parecia suspeitamente com o dele. Voltou para o rosto dela
e quase estremeceu quando soltou um suspiro pesado. Como a
liberação de uma respiração indicava tanto, nunca entenderia,
quase sentiu a exasperação dela com ele.

— Como vai? — Perguntou, afastando-se e se concentrando


em Manderlin. — Sou Ricki Bailey. Espero não interromper nada
muito importante, porém é imperativo que fale com o Grande
Governante. Espero que perdoe minha intromissão.

Ristèard cruzou os braços no peito, a observando. Apertou a


mão do perplexo conselheiro e conversou com ele, perguntando
qual era sua posição e de onde era. Até questionou sobre a família
dele! Irritação e frustração se apoderaram dele quando viu o velho
cretino sorrir em troca. Estava prestes a dizer algo quando virou
para olhá-lo.

— Sinto muito por interromper a reunião, mas o que tenho a


dizer não pode esperar. Li o relatório que enviaram e várias coisas
me lembraram algumas informações recentes sobre Kassis —
explicou, olhando-o com uma expressão muito séria. — Embora
ainda não tenha uma imagem clara, acredito que é relevante para
a situação em questão.

— Situação? — Perguntou, franzindo a testa. Olhou inquieto


para Manderlin. — De qual relatório fala e como acessou meu
login?

LORDS OF KASSIS #4 – RISTEARD’S


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Observou-a ajeitar os óculos. Uma maldição silenciosa passou
por sua mente quando seus dedos contraíram novamente. O que
havia nessa mulher que desejava bagunçar sua postura ‘não-me-
toque’ calma?

— Parece um garotinho que teve a chance de colocar um sapo


na frente da blusa de uma menina — murmurou, apertando os
lábios quando abaixou os olhos imediatamente na frente do
vestido. — Não recomendaria.

— Recomendaria o que? — Perguntou roucamente.


Relutantemente desviou-os do modesto vestido e voltou ao rosto
dela. Um leve rubor não familiar manchou as bochechas quando
viu a diversão lutando com um tom de preocupação.

Balançou a cabeça. — Vim porque li uma seção do relatório


que provocou uma lembrança de outra coisa que encontrei ao
pesquisar a história de Kassis — explicou. — Compartilharei isso
em particular ou incluirá os outros? Pessoalmente, acho melhor
que o conselheiro Manderlin permaneça, pois se refere a uma área
que seja mais familiarizado que você.

Olhou por cima do ombro, onde Andras encostou na parede,


observando silenciosamente tudo o que acontecia, antes de voltar
a atenção para Manderlin. O idoso observava-a com uma expressão
de espanto. A curiosidade lutou com seu instinto natural de
privacidade. Uma surpreendente sensação de admiração o encheu
quando percebeu que ela aguardava pacientemente sua resposta.
No curto período desde que a conheceu, descobria cada vez mais
sobre a personalidade e caráter dela que, não apenas admirava,

LORDS OF KASSIS #4 – RISTEARD’S


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também confiava, algo reservado a poucas pessoas. Não tentou
convencê-lo, esperou sua decisão. Surpreendendo-se assentiu. —
Prossiga.

— Obrigada — respondeu com um ligeiro aceno. — Talvez um


breve histórico ajude a entender minha metodologia e porque
acredito que há uma conexão com os arquivos de Kassis e a
situação atual em Elipdios. No meu mundo, uma das minhas
especialidades era ser capaz de ler, interpretar e organizar grandes
quantidades de informações para que determinasse a maneira
mais eficiente de lidar com quaisquer confusões antes que
ocorressem. Descobri que conhecer avançadamente os países para
os quais viajaríamos me ajudaria tremendamente ao lidar com os
governos locais. Muitas vezes evitou problemas desnecessários que
surgiriam ao lidar com diferentes culturas. Também me deu uma
melhor compreensão das leis e como garantir que não as violassem.

Ristèard puxou a cadeira ao lado dela e acenou para que


continuasse. Assim que ela sentou, moveu-se ao redor da mesa e
tomou a cadeira à sua frente para estudar seu rosto enquanto
falava. Tocou discretamente um botão no controle preso ao cinto
na cintura. Olhou o tablet que segurava. Algo lhe dizia para gravar
o que compartilharia para referência futura. Uma coisa que
aprendeu há muito tempo era nunca dar como certo seus
sentimentos. Salvou sua vida e de seus homens em muitas
ocasiões. — Continue — falou, cruzando os braços sobre o peito e
recostando-se na cadeira.

LORDS OF KASSIS #4 – RISTEARD’S


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NOVE
Ricki respirou fundo para se acalmar antes de encarar
Ristèard. Levou quase uma hora percorrendo informações e
juntando linhas do tempo para fazer algum sentido. Conferindo,
faria mais pesquisas, principalmente do lado de Elipdios, sentia-se
confiante que o que leu em Kassis relacionava-se.

Quebrando o contato visual intenso, abaixou a cabeça para o


tablet em suas mãos. Colocando-o sobre a mesa, olhou ao redor da
sala decidindo a melhor maneira de transmitir o que aprendeu até
agora. Uma curta aula da história de Kassis era necessária para
entenderem a conexão com Elipdios.

— Não tenho certeza quanto sabe sobre a história de Kassis,


por isso darei uma rápida visão geral. Mais de mil anos atrás,
houve uma intensa batalha entre os primitivos de Kassis e uma
raça alienígena. Esse povo nunca foi identificado, mas a partir de
esboços e descrições documentados, parece que era um tipo de
família Mantodea3, quase como um Praying Mantas4, crescido na
Terra. Há uma descrição de uma segunda espécie envolvida, porém
preciso de mais tempo para entender como seria. Pelos registros
que revisei, isso chamou minha atenção: “o vermelho se dissolveu
até o chão brilhar com os cristais acesos. Ao seu redor havia pedras
brilhantes. Nova vida cresceu quando o solo os absorveu,

3
Ordem composta por insetos popularmente conhecidos como louva-a- deus, incluindo
aproximadamente 2300 espécies com distribuição principalmente Pantropical.
4
Louva-a-Deus.

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crescendo e espalhando”. Acho que há uma correlação entre o
sangue das espécies e os cristais em Kassis.

— É muito bom, como nos ajudará? — Andras perguntou,


endireitando-se de onde estava. — Essas espécies não são vistas
há mais de mil anos.

— Verdade — Respondeu, olhando o tablet novamente com


uma careta. — Mas é uma pista de onde os cristais vieram. O que
achei curioso foi que o solo os absorveu, crescendo e se
espalhando. Se for esse o caso, o que aconteceu com todos os
cristais do seu mundo?

Ristèard se inclinou e juntou as mãos. Seu rosto estava tenso


de arrependimento. Olhou para o amigo, quando deu um passo à
frente.

— Outras espécies valorizam o poder dos cristais.


Diferentemente dos de Kassis, que crescem rapidamente, os nossos
não. Não foi até vários séculos atrás que descobrimos quanto eram
valiosos à sobrevivência do planeta. Quando compreendemos o
motivo do aumento da radiação, meu avô proibiu a exportação.
Infelizmente, havia quem ganhou muito com a venda — explicou.

Assentiu. — Temos os mesmos problemas na Terra —


respondeu calmamente. — O desenvolvimento extensivo de certas
terras e a remoção de recursos naturais causaram estragos.
Felizmente, existem pessoas que trabalham para reverter alguns
danos causados.

LORDS OF KASSIS #4 – RISTEARD’S


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— Sim, porém seu planeta agora está... — Manderlin
começou, parando quando Ristéard balançou a cabeça. — Sim,
bem, receio que se não fizer algo logo, milhões perecerão. — Virou
e a observou com um olhar avaliador antes de voltar sua atenção
para o chefe. — Sei que existem no conselho os que se opõem a
você e desejam derrubá-lo, Grande Governante, contudo não
desejo isso. Lutei ao lado do seu avô quando éramos meninos. Era
um homem orgulhoso e o respeitava. A única razão que me
colocaram no conselho foi porque pensaram que era velho demais
para ser uma ameaça. Estou velho — acrescentou com um brilho
nos olhos — porém longe de estar morto.

A risada leve e divertida de Ricki encheu o ar, puxando uma


resposta imediata dele. Sorriu para o idoso, olhando-o com um
calor que fez Ristéard desejar que olhasse para ele assim.

— Sugeri que o senhor permanecesse porque acho que há


mais coisas escondidas na cidade antiga — admitiu baixo,
encarando o Grande Governante. — Li o relatório dos cientistas
que estudaram a cidade antiga onde encontraram a pedra. Havia
um conjunto de símbolos no lado da mesa.

Acenou. — Sei. Rue e seu companheiro afirmam que estava


muito danificado para interpretar — interrompeu.

— É verdade que a maior parte foi corroída, mas não toda —


afirmou — Havia suficiente para os reconhecer. Consegui combiná-
los com a pedra encontrada pelos cientistas Kassisans.

LORDS OF KASSIS #4 – RISTEARD’S


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Franziu a testa, estudando o rosto determinado dela. — O que
quer dizer com 'suficiente para reconhecer'? — Perguntou,
olhando-a atentamente.

Fixou os olhos nos dele pelo que pareceu minutos, quando na


verdade foram meros segundos. Viu inteligência, determinação e
teimosia que reforçavam sua crença que tomou a decisão certa ao
sequestrá-la. Os estranhos sentimentos que o atormentavam desde
que a viu na grande tenda em Kassis o invadiram. O que havia nela
que o mantinha desequilibrado?

Observou quando ela forçou a romper o contato. Deslizou o


tablet para ele através da mesa. Olhou as imagens lado a lado. Uma
delas era uma tábua mais intacta. Não lia os escritos antigos,
porém eram muito parecidos. Verticalmente ao longo da lateral,
havia outro conjunto de símbolos. Observou os que estavam
intactos, antes de observar a tábua encontrada no deserto oriental.
Os dez primeiros eram idênticos. — O que dizem? — Perguntou
fascinado.

— Acredito que são coordenadas — respondeu. — Usei a


chave que o cientista usou para decifrar a pedra. Se tocar na parte
inferior, mostrará o que acredito que a mensagem danificada diz.
É uma série de números. Tomei a liberdade de inseri-los no mapa
que tem no tablet e localizei um local não muito longe da cidade
subterrânea marcada no mapa.

Fez uma careta. — Sabe que leu informações confidenciais,


não é? Sou o único que teve acesso — afirmou, sentando e
cruzando os braços. — Lembre-me de perguntar, quando

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estivermos sozinhos, como não apenas acessou meu tablet,
também os dados confidenciais.

Curvou os dedos quando ela deu um sorriso sereno e sem


compromisso. Franzindo a testa, encarou o aparelho novamente.
Estava correta. As coordenadas apontavam para uma cordilheira a
apenas vinte quilômetros da entrada da cidade antiga. Parecia que
sua relutante Imperatriz vivia de acordo com a lenda que a cercava.

Meia hora depois, Ristèard parecia convencido por suas


descobertas. Continuará a elaborar sobre a semelhança entre a
tábua encontrado pelos Kassisans, a encontrado em Elipdios e a
conclusão que chegou das informações que reuniu até agora.
Realmente precisaria de mais tempo para pesquisar os arquivos
Elipdios. Tinha que existir arquivos adicionais que continham mais
sobre a história dos alienígenas que chegaram ao planeta e porque
as duas continham as mesmas coordenadas.

Sua mente mudou para o homem que a sequestrou quando


saíram da sala de conferências e entraram na parte principal da

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ponte. Recusou-se a ser intimidada. Ele tinha uma personalidade
muito forte e imponente. Depois de ler o relatório e reunir fatos que
já sabia sobre o Grande Governante, entendeu por que foi
necessário. Ainda assim, algo lhe dizia que era importante que não
o deixasse passar por cima dela, não que permitiria, em primeiro
lugar. A sua própria personalidade era de controle. Embora não
fosse tão agressiva e direta quanto ele, era muito tenaz quando se
dedicava a algo. Pensaria nele apenas como mais uma tarefa que
concluiria. Embora os olhares que lhe dava eram perturbadores,
não eram nada que não suportaria. Ajustando os óculos, acenou
para o outro homem, que permaneceu observando silenciosamente
ao passar por ele na porta que dava para a ponte.

Não resistiu a olhar ao redor da sala grande. Por um


momento, parou nos dois guardas que a escoltaram até Ristéard.
Sorriu tranquilizadoramente, notando os olhares nervosos que
lançavam para o homem grande ao seu lado.

Insistiram que permanecesse na cabine, mas persistiu,


dizendo que era uma questão de vida ou morte. Sabia que
intimidava bastante quando queria algo. Os pais se referiram a isso
como “o visual”. Não era o maior talento do circo, contudo os
ajudou centenas de vezes. Riu quando pensou em algumas dessas
vezes. Seus olhos dançavam de brincadeira quando pegou o olhar
interrogativo de Ristéard. Encolhendo os ombros, continuou a
avaliação do navio de guerra. — Nunca estive na ponte de uma
nave espacial antes — observou ao redor. — Quando estávamos no
navio de Manota, ficamos restritos principalmente às seções
inferiores, exceto quando nos atacaram. Foi bastante assustador.

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— Foram atacados? — Perguntou surpreso. — Por quem? É
muito incomum afrontarem um navio de guerra, mesmo viajando
sozinho. As naves Kassisans são conhecidas pelo armamento
avançado.

— Sim, bem, não o impediu de ir a Kassis e me sequestrar,


não é? — Questionou. — A tecnologia é incompreensível. A Terra
não é tão avançada.

— Sim, foi o que ouvi — respondeu desconfortável. — Admitir


que, pelo que aprendi recentemente, estou surpreso que você e
outros de sua espécie foram tão receptivos à ideia de alienígenas.

Estudou a meia dúzia de homens e mulheres trabalhando


silenciosamente em seus postos designados. Dois sentaram com
um console na frente. Atrás deles, Andras, o homem da sala de
conferências, sentou no que seria a cadeira do capitão. O outro,
Harald, acenou quando passou e saiu da ponte. Havia outros em
diferentes estações, monitorando telas e sussurrando.

Riu, assentindo. — Houve várias coisas que ajudaram, acho


— respondeu distraidamente. — Primeira, Jo voltou com Manota.
Confiava nele e a trouxe a salvo para casa. Como alguém seria ruim
se faz isso? A segunda coisa que acredito que fez a maior diferença
é que a maioria dos membros é diferente e incomum. Não foi tão
difícil aceitar um alienígena quanto aceitar Katarina, Mattie,
Marcus, Stan, meus pais ou os outros. Quero dizer, olhe para
Marvin e Martin! Estão no circo há quase dez anos e nunca
suspeitamos que eram alienígenas.

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— Os Kor d'lurs são conhecidos por serem capazes de se
misturar. É assim que estudam outras espécies — comentou,
encolhendo de ombros. — As informações que trazem são muito
úteis, como...

Ergueu a sobrancelha para ele, quando sua voz sumiu e tudo


que fez foi encolher os ombros novamente. Era como se de repente
decidisse que falou muito. Se se preocupava que ela ou qualquer
um no circo sustentasse o fato que Marvin e Martin eram estranhos
contra eles, não precisaria. Provaram que eram indivíduos justos e
decentes, especialmente com ela. Foram incrivelmente protetores
com seus pais e com ela ao longo dos anos. Todos os amavam.

Bem, exceto Thea agora, pensou com um suspiro. Ainda


estava profundamente magoada pela falta de confiança. Assustou-
se quando sentiu o calor da mão dele através do tecido fino do
vestido, envolvendo-a com o braço e puxando-a tão perto que se
pressionou contra ele. Soltou um guincho baixo quando a mão dele
deslizou sob o suéter amarelo que usava e passou o polegar pela
pele, onde o vestido mergulhava nas costas. O calor do toque
queimou o resto do material como se não usasse nada. Xingou
silenciosamente, sentindo calor florescendo dentro dela e se
espalhar do núcleo de sua feminilidade até as bochechas.

— Sente isso... bem? — Perguntou rouco, inclinando-se mais


para sussurrar em seu ouvido, guiando-a para fora da ponte. —
Descanse. Em breve chegaremos a Elipdios.

Envolveu os dedos da mão direita em torno da alça da bolsa,


usando a esquerda para endireitar os óculos. Condenar-se-ia se o

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deixasse saber que o toque a afetou de alguma forma. Endurecendo
os ombros, se afastou, dando dois passos para o lado. — Sinto-me
perfeitamente bem, obrigada — respondeu friamente. — Só não
estou acostumada a alguém estar constantemente no meu espaço
pessoal. Não lembro de ler nada sobre ser um hábito da sua
cultura. — Soube imediatamente que não era habitual no minuto
em que viu o sorriso perverso que curvou os lábios dele.

— Não é — informou-a, envolvendo a mão no braço direito


dela para que desse a volta. — Mas, acostume-se — acrescentou,
apoiando-a até que ficou pressionada contra a parede do lado de
fora da ponte.

O pânico se apoderou dela antes de ser substituído por uma


determinação gelada quando viu vários guerreiros sorrirem quando
passaram. Mesmo em pé, mais ereta possível, ainda levantava os
olhos para os prateados escuros dele. Malícia e desejo ardente
brilhavam lá.

— Não faria isso se fosse você — avisou em tom gelado. —


Exijo que dê um passo atrás.

— Se não... — respondeu com uma voz baixa e grossa cheia


de promessas. — O que fará?

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DEZ
Ristèard olhou para Ricki, estremecendo quando o curandeiro
tocou o nó na parte de trás da sua cabeça com o scanner.
Distraidamente esfregou o centro do peito e sua carranca ficou
ainda mais escura. Olhou-o brevemente antes de voltar a atenção
ao tablet que deixara cair quando o bateu na bunda... novamente.

— Quero que saiba que já matei por menos. — Estremecendo


novamente, encarou o curandeiro. — Cuidado!

Virou para fazer uma careta para Ricki. A carranca se


transformou em cautela quando ela suspirou longa e
exasperadamente e colocou o tablet na mesa antes de levantar.
Endireitou-se, inclinando-se, para que o médico olhasse para o
galo na cabeça. — Vá — ordenou.

— Grande Governante — começou, antes de se afastar com


um breve aceno quando lhe lançou um olhar de advertência. — Se
sentir tonturas, ligue.

— Obrigado, Karis — respondeu Ricki educadamente. —


Tenho certeza de que a cabeça dele é muito dura para machucar
tanto.

Grunhiu e murmurou que a cabeça não era tão dura. Voltou


os olhos para a mulher quando cobriu a risada que escapou por
trás de uma tosse falsa. A cabeça dele doía e o peito também, onde
pressionou aquele maldito cilindro.

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Ricki apertou os lábios e colocou as mãos nos quadris. Mexeu-
se na cadeira onde Sadao e Emyr o colocaram depois que o
levantaram do chão.

— Tem outras armas? — Exigiu, piscando cautelosamente


para as mãos dela antes de voltar ao rosto.

— Se tivesse, não admitiria — respondeu revirando os olhos,


pensando no pequeno dispositivo que Marcus lhe deu. Foi
basicamente um único tiro de paintball, poderoso o suficiente para
disparar de perto, bater em alguém e machucá-lo. O fato de atingir
a cabeça dele com força, depois de acertar em um robô que estava
no corredor foi inesperado. Apenas tentou colocar espaço entre eles
e avisá-lo que não era totalmente indefesa. — Avisei para ficar fora
do meu espaço pessoal.

Apertou a boca em uma linha teimosa. — E a adverti que a


reivindiquei — afirmou, levantando e cruzando os braços
arrogantemente. — Chegaremos à Elipdios dentro de uma hora.
Mandarei Sadao acompanhá-la para minha cabine até a hora de
desembarcarmos. Desta vez, sugiro que fique lá. — Observou
satisfeito quando a boca dela abriu antes que a fechasse.

— Preciso entrar em contato com meus pais e informá-los


onde estou e que estou bem — ferveu. — E, para sua informação,
farei o possível para ajudá-lo, mas não significa que concordo com
essa tolice. Não tenho nem certeza de que o ajudarei mais que a
pequena quantidade de informações que lembrei. Tenho certeza de
que seus cientistas ou estudiosos fazem um trabalho muito bom.

LORDS OF KASSIS #4 – RISTEARD’S


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Acho que seria melhor, afinal, me devolver a Kassis ou pelo menos
notificar Torak, Jazin ou Manota, para que um deles me busque.

Ignorou a última afirmação. Ninguém a levaria a lugar


nenhum. Acendeu um fogo em seu sangue que precisava acalmar
antes de devolvê-la. Embora tivesse dificuldade em acreditar que
era realmente sua Imperatriz “profetizada”, não significava que não
era curioso. Descobrir por que toda vez que estava perto, suas
emoções cuidadosamente controladas, se transformavam em caos.

No momento, tinha muito a fazer, sem mencionar uma dor de


cabeça latejante, para lidar com as ações ou exigências dela.
Cuidaria disso depois de resolver a mais nova turbulência entre o
conselho. Chamando Sadao, esperou até o homem entrar na sala
antes de falar.

— Leve-a para minha cabine e a mantenha lá — ordenou, sem


tirar os olhos dela. — Não a deixe sair até que ordene.
Responsabilizo-o pela sua segurança.

O amigo olhou inquieto de um lado a outro. Não havia como


perder a tensão que enchia a unidade médica. Assentiu, movendo-
se para a porta quando Ristèard deu um passo à frente.

— Preciso entrar em contato com meus pais — Ricki implorou,


inclinando a cabeça para que o olhasse. Tocou levemente o braço
dele quando parou ao lado dela. — Por favor. Não quero que se
preocupem.

Estreitou os olhos quando encarou os pálidos azuis. Uma


onda de determinação e um toque de desespero o invadiu. Ignorou

LORDS OF KASSIS #4 – RISTEARD’S


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a sobrancelha levantada de Sadao. — Por um beijo — falou. —
Beije-me e informarei seus pais que está segura.

— Um beijo — sussurrou em choque, piscando várias vezes e


balançando a cabeça como se não acreditasse no que ouviu. — Ora,
isso é... é ... chantagem!

— Pegue ou largue. Seus pais nunca saberão ao certo o que


lhe aconteceu — respondeu encolhendo ombros. — Pessoalmente,
me importa menos.

A respiração rapidamente inalada dela ecoou alto na sala. Um


rubor escuro manchou suas bochechas. Suspeitava que fosse
causado mais por raiva que paixão. Ainda assim, estava
desesperado para suportar até mesmo essa emoção. Afinal,
raciocinou, raiva e paixão eram metades de um todo, se ventiladas
corretamente.

— É um desgraçado desprezível — assobiou baixinho. — Um


horrível, arrogante...

Os olhos dele brilharam em um aviso feroz quando virou e a


agarrou. Puxou-a mais perto, entretanto não curvou para capturar
seus lábios, apesar de tudo dentro dele implorar para fazê-lo.
Queria que fosse a única a alcançá-lo. Não se importava se a
chantageasse para isso. Só desejava, ansiava, que o beijasse pela
primeira vez.

— É sua escolha — respondeu, repentinamente soltando-a e


dando um passo para trás com um aceno de cabeça.

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— Leve-a. — A satisfação estourou através dele quando ela
estendeu a mão para o guarda.

— Tudo bem, mas... — parou e olhou para o homem antes de


voltar para ele. — Prefiro não ter audiência, se não se importa —
afirmou roucamente.

— Espere lá fora — ordenou, sem olhar para amigo. Não se


moveram até a porta fechar. Somente quando ficaram sozinhos,
Ricki se aproximou. Por uma fração de segundo, sentiu uma onda
de inquietação. Devia ter pensado na exigência antes de fazê-la.
Afastando o pensamento, esperou.

— Sabe que farei por pressão, não é? — Murmurou com uma


voz suave e rouca, colocando as mãos nos ombros dele e se
erguendo na ponta dos pés. — Coação total e absoluta.

Engoliu em seco e começou a responder antes que uma


explosão de emoções inundasse todo pensamento racional quando
pressionou a boca na dele em um beijo sensual, que fez os dedos
dos pés enrolarem. Separou os lábios automaticamente quando ela
tocou a língua neles. Depois disso, o caos reinou quando o atingiu
com uma força que quebrou a parede protetora que construiu em
torno do coração.

Pelo amor da deusa, pensou incrédulo, quando colocou os


braços no pescoço dele e aprofundou o beijo. Acho que nunca me
cansarei disso.

LORDS OF KASSIS #4 – RISTEARD’S


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Ricki não acreditou quando Ristèard exigiu que o beijasse em
troca ligar para seus pais e avisá-los que estava segura. Seu
primeiro pensamento foi informá-lo onde enfiaria a exigência.
Novamente, seu instinto de lidar com situações dizia que
conseguiria melhor o que precisava com uma abordagem mais
diplomática.

Se queria um beijo, decidiu. Daria um que o deixaria tonto.

Embora não teve muitas lições sobre beijos, achou que não
seria tão difícil. Imaginou que era alguém a quem realmente
gostaria de beijar. Alguém alto. Que a fazia se sentir feminina e
frágil. Tudo bem, alguém como ele, porém não como ele, decidiu
quando se aproximou.

Umedecendo os lábios, passou as mãos pelos ombros do


homem. Uma onda feroz de determinação e poder a inundou
quando viu o olhar de inquietação e dúvida brilhando com suas
palavras suavemente murmuradas. Bem, seria bom para ele se
sentir desconfortável.

LORDS OF KASSIS #4 – RISTEARD’S


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— Sabe que farei por pressão, não é? — Murmurou, sem
querer dizer uma única palavra, se erguendo na ponta dos pés. —
Coação completa e absoluta.

Capturou os lábios dele em um beijo caloroso, derramando


cada grama de sua raiva. Ok, pensou vagamente, tocando a língua
na boca macia e firme, em um esforço de aprofundar o beijo, talvez
raiva fosse uma palavra intensa demais.

Ainda assim, ensinaria uma lição que não esqueceria, ou seja,


não mexa com Ricki Bailey! Não era uma covarde que demorava
diante de um desafio. Levou o circo ao redor do mundo, a quase
todos os continentes habitados e países da Terra.

Não havia um diplomata vivo que a enganasse, se tratando de


encontrar uma ou duas brechas. Se achava que exigir um beijo a
intimidaria, era hora de mostrar quem enfrentava. Era uma
jogadora mestre de xadrez e graças a Marvin e Martin, de pôquer
ainda melhor. Sabia quando blefar e enfrentaria os melhores
jogadores do mundo.

Passando os dedos pelos cabelos curtos dele, inclinou a


cabeça e abriu a boca para brincar com a língua. Passou a ponta
ao longo dos dentes. Um gemido baixo e gutural escapou do Grande
Governante ao mesmo tempo em que um calafrio percorreu seu
corpo e apertou os braços firmemente em volta da cintura dela.

Deixou seu corpo derreter contra ele. Decidiu que, se


mostrasse que poderia dar tão bem quanto ele, iria muito bem

LORDS OF KASSIS #4 – RISTEARD’S


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atrás do ouro. No momento em que terminasse, comeria na palma
da mão dela. Só esperava que não fosse o contrário.

Levantando a perna direita, esfregou a parte interna da coxa


contra ele e arrastou as unhas pelo couro cabeludo em uma
massagem suave. Outro tremor o percorreu, dando-lhe coragem
para continuar.

Pequenas explosões de prazer irromperam nela, fazendo-a


desejar mais quando respondeu à sua exploração suave. Seu corpo
instintivamente pressionou mais perto dele, buscando calor.
Soltou um pequeno suspiro quando a posição de mover sua perna
para cima fez com que o pênis excitado dele pressionasse nela. O
pensamento racional retornou, fazendo-a perceber quão perigoso
era o jogo. Especialmente quando o sentiu mover as mãos por suas
costas e bunda.

O beijo foi muito diferente do que esperava. Nunca sentiu


tanta emoção ou necessidade antes. Lentamente terminou com um
suspiro de arrependimento. Incapaz de resistir, prendeu o lábio
inferior entre os dentes antes de respirar fundo. Deslizou a perna
pela dele até que ficou em pé novamente, em vez de ficar colada
contra ele. Observando o rosto tenso, não resistiu a pressionar
outro beijo no canto da boca antes de dar vários passos instáveis
para trás.

Observou o rosto corado de Ristèard. Era um azul mais escuro


e havia uma veia pulsando na bochecha, como se mal segurasse o
controle. Olhou as mãos dele, fechadas em punhos.

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Levou um momento para perceber que elas também se
ocuparam. Seu cabelo balançou livremente pelas costas. Não tinha
ideia do que aconteceu com os grampos. Felizmente, sempre
carregava mais na bolsa.

Engolindo em seco, abriu-a e tirou um lápis. Suas mãos


tremiam demais para se incomodar com alfinetes. Fechando-a,
agarrou os cabelos longos e torceu-os.

— Não faça isso — ordenou com uma voz gutural cheia de


desejo.

Levantou a sobrancelha e terminou a torção. Quando ficou em


um coque, colocou o lápis para segurá-los temporariamente no
lugar até fazer algo um pouco mais refinado. O principal era
garantir que não percebesse quanto o beijo a afetara. Teria um
colapso assim que ficasse sozinha.

Satisfeita pelo cabelo estar novamente contido, ergueu o


queixo e o encarou com uma expressão calma e fria. Ele nunca
imaginaria que não tinha um Royal Flush5. Com um sorriso sereno,
ignorou que o rosto dele ficava ainda mais azul que antes.

— Espero que cumpra a promessa de notificar meus pais e


garantir que estou bem — afirmou, envolvendo os dedos na alça da
bolsa. — Também apreciaria um cronograma do meu retorno.
Agora, se me der licença, acredito que me refrescarei antes da
nossa partida.

5
No pôquer é a mais alta das mãos de carta.

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Suspirou aliviada quando a porta atrás dela abriu de repente
e Andras e Sadao entraram. Girando, saiu. Não se incomodou em
ver se o guarda a seguia ou não. Lembrava do caminho para a
cabine. Agora, precisava colocar distância entre eles.

Foi só quando estava a vários metros no corredor que


percebeu que esqueceu o tablet na mesa onde. Diminuindo a
velocidade, virou ligeiramente e esperou Sadao. Respirando fundo,
sorriu educadamente.

— Seu nome é Sadao, não é? — Perguntou educadamente.

Assentiu, olhando-a com uma expressão cautelosa. Andras já


o advertiu para tomar cuidado com essa fêmea, que não era tudo
que parecia ser. Teve um sentimento estranho sobre ela também.
Havia algo diferente. Não conseguia apontar, mas havia
definitivamente algo incomum nela. — Sim — respondeu.

Mordendo o lábio inferior, olhou para a unidade médica. Não


queria voltar para onde Ristèard e Andras estavam, porém
precisava pesquisar mais. Tomando uma decisão, o olhou. —
Preciso de um tablet — afirmou, levantando a mão quando diria
algo. — Por favor. Entendo sua hesitação, pelo que li, seu mundo
está à beira de um grande desastre. Encontrei algumas
informações úteis, porém preciso pesquisar mais. Sou muito boa
nisso. Sei que falta algo, sinto. Por favor — implorou. — Sei que
ajudarei.

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Sorriu quando ele soltou uma maldição baixa e acenou. — É
melhor não tentar nada que prejudique Ristèard e meu povo, ou
juro que a derrubarei — rosnou baixo.

O sorriso dela desapareceu, mas não desviou o olhar. Em vez


disso, se aproximou, colocou a mão no braço dele e esperou até
que a olhasse. Havia muita coisa em jogo, para encontrar algumas
informações adicionais. — Sou muito boa no que faço — prometeu.
— Se houver alguma informação que ajude a salvar seu mundo,
encontrarei. Sei que posso.

Estendeu a mão e agarrou seu antebraço. — Venha comigo —


disse, olhando por cima do ombro. — Os computadores principais
são mais rápidos e fáceis de usar.

Assentiu, virando enquanto ele segurava seu braço e correu


ao lado dele. Se recusou a pensar no que aconteceria se falhasse.
Leu os relatórios, viu os números e sabia que, pela primeira vez,
deveria se empenhar como nunca.

Um momento de angústia encheu-a ao pensar no que Ristèard


sentia por ter um peso nos ombros. Viu quanto seu pai se
preocupou durante alguns dos momentos mais difíceis, quando o
circo ainda era pequeno e lutava para permanecer vivo.

Walter se sentia responsável por todos do elenco e equipe. Não


entendia como seria ter milhões de vidas e a existência de um
planeta em seus ombros. Era um peso que ninguém deveria
suportar sozinho.

LORDS OF KASSIS #4 – RISTEARD’S


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ONZE
Ristèard fez uma careta antes de retornar à cadeira que estava
antes. Sentou e se inclinou, descansando os cotovelos nos joelhos.
Fechando os olhos, esperou enquanto Karis, que também voltou à
sala, pegou o scanner e terminou de curar o ligeiro nó na parte de
trás da cabeça.

Soltou um leve grunhido quando a dor de cabeça que sentia


se dissolveu. Abriu os olhos e assentiu para o médico. Esperou que
o curandeiro saísse novamente antes de dirigir a atenção para
Andras. — O que descobriu? — Perguntou.

Contraiu os lábios. — Sobre o quê? A humana ou Texla e


Raomlin? — Questionou em troca.

Franziu o cenho e levantou, girando os ombros. Sabia a que o


amigo se referia. Seu segundo no comando queria saber como uma
mulher tão delicada e, obviamente, não treinada como Ricki, o
colocou em sua bunda. Sabia a resposta. Não pensava direto
quando estava ao redor dela e a subestimou mais uma vez. — Texla
e Raomlin — rosnou.

O sorriso dos lábios do amigo desapareceu. — São fracos. Se


precisasse adivinhar, são fantoches de alguém — respondeu. — O
problema é descobrir de quem. Sempre mantêm um grande grupo
de guerreiros ao redor. Houve aumento na atividade dentro das
respectivas zonas.

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Estreitou os olhos. — Que tipo de atividade? Armas?

Apenas assentiu. — Minhas fontes afirmam que farão um


movimento para desacreditá-lo, hoje na reunião e buscar o controle
sobre os militares — acrescentou.

Não respondeu. Não era nada que já não suspeitasse. Nos


últimos anos, houve tentativa atrás de outra para assumir o
controle do governo e eliminá-lo e aos mais próximos a ele.
Aumentou há seis meses após a descoberta da tabua contendo a
imagem da Imperatriz de Elipdios juntamente com a profecia que
afirma que salvaria seu mundo. Agora que forjou uma aliança com
a casa real de Kassis, parecia que os que desejavam derrubá-lo
ficavam desesperados.

— Prepare nossa partida — ordenou. — E Andras...

— Sim.

— Aconteça o que acontecer, sua primeira prioridade agora é


proteger Ricki Bailey — falou com um olhar intenso. — Algo me diz
que estará em perigo extremo.

— Sabe que jurei protegê-lo, Ristèard. Elipdios precisa de você


— Falou com o cenho franzido.

Negou. — Meu instinto diz que precisa dela — admitiu


relutantemente. — Assim que o conselho a ver, saberão que a
profecia se tornará realidade. Todos viram a imagem na pedra que
Rue descobriu. Traz esperança para um mundo moribundo. Se
nada mais, causará uma reação.

LORDS OF KASSIS #4 – RISTEARD’S


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— Acha que é verdade? — Perguntou baixo. — Realmente
acredita que é a Imperatriz de Elipdios?

Pensou por vários segundos. Sua mente voltou ao beijo que


exigiu minutos antes. A intensidade o abalou, algo que não
aconteceu antes. Seu primeiro pensamento foi que as emoções
eram apenas luxúria, mas sabia que mentia para si. O prazer e sua
reação ao toque dela, foi muito intenso.

Abalou-o profundamente. Tinha uma dúzia de mulheres


dispostas e prontas se precisasse de alívio, contudo não suportou
o toque delas desde que a conheceu. Não deixou de compará-las
com sua beleza incomum e sentiu uma onda de desgosto com a
ideia de até mesmo tocá-las. Mesmo sua consorte, Cherissa, não
conseguiu seduzi-lo e se chocou quando a dispensou
imediatamente.

— Ristèard — chamou. — Realmente acha que é a Imperatriz?

Voltou ao presente, virando para encarar o amigo. — Sim —


respondeu com uma expressão intensa. — Sim, não só acredito que
é a Imperatriz profetizada de Elipdios. Sei que só ela salvará nosso
mundo.

Surpreendeu-se. — Então, informarei os outros que deve ser


protegida acima de tudo — finalmente concordou. — Até mesmo
você.

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Ristèard parou ao lado da porta do quarto. Sadao se
endireitou de onde encostou. Sabia que o guarda tinha algo em sua
mente. Quando isso acontecia, geralmente o ouviu.

— Ela não é o que aparece — Declarou com um olhar sombrio


e determinado. — Há algo nela que não consigo definir.

— É humana — respondeu. — Quantos já conheceu?

Grunhiu e suspirou. — Verdade — admitiu. — Até chegarmos


a Kassis, nenhum. Simplesmente não consigo evitar, sinto que há
algo mais sobre ela.

— É a Imperatriz de Elipdios — falou baixo. — Instrui Andras


que será protegida a todo custo.

Assentiu. — Percebi quando a vi — concordou. — De nós


cinco, sempre fui o mais supersticioso. Mesmo assim, me pegou de
surpresa e...

Levantou a sobrancelha quando a voz dele sumiu e olhou


inquieto para a porta. — E? — Perguntou.

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Encarou-o antes de olhar para o chão. Ristèard viu a confusão
no rosto do amigo e entendeu. Também sentia. Como era possível
que uma pedra de dois mil anos de idade previsse o futuro?

Finalmente olhou para cima antes de responder. — E me deu


esperança para nosso mundo — concluiu tranquilamente. — Acho
que encontrará a resposta que precisamos.

— Eu também — falou finalmente. — Eu também.

Um sorriso lento apareceu no rosto do amigo. — Irei protegê-


la — prometeu. — Pela primeira vez na vida, acredito que há uma
chance para um futuro.

Sua garganta apertou com emoção. Nunca pensou no futuro.


Sua vida foi uma questão de sobrevivência. Dedicou-a a encontrar
uma maneira de salvar seu mundo. No processo, significou
permanecer vivo tempo suficiente para ver o que aconteceria.

Agora... agora, sentiu um pequeno raio de esperança


florescendo dentro dele. Murmurou para Sadao entrar em contato
com Andras e coordenar com Emyr e Harald o fornecimento de
proteção contínua para Ricki quando não estivesse com ela.
Observou enquanto o guarda disparava pelo corredor antes de virar
para a porta da cabine e a abrir.

Como seria ter um futuro? Perguntou-se antes que seu olhar


fosse capturado pela figura incomum no sofá. Um futuro com Ricki.

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Naquele instante, via-o. Imaginava um futuro com ela. Via...
balançando a cabeça, piscou várias vezes quando percebeu que ela
disse algo.

— O quê? — Perguntou, com carranca sombria por ser pego


desprevenido mais uma vez. — Como faz isso?

Franziu a testa, colocando o tablet no braço do sofá e


levantando. — Perguntei se está bem? Tem uma expressão
engraçada no rosto. E, como faço o que? — Questionou confusa.

Passou a mão pelos cabelos, grato que a cabeça não doía mais.
Apertou os lábios com o pensamento. Precisava instruí-la em
algumas coisas antes de deixaram a nave. A tripulação foi
cuidadosamente escolhida por ele e seus homens. Assim que
saíssem, não garantiria quem seria confiável. — Sempre que estou
ao seu redor, não penso direito — confessou. — Nunca aconteceu
antes. Que poderes estranhos os humanos têm?

Viu os olhos dela suavizarem com diversão. — Temo que os


únicos poderes que tenho são a capacidade de ser muito
organizada e descobrir informações. Nada espetacular, asseguro —
riu. — Embora admito que ninguém nunca me confessou antes que
não pensasse direito perto de mim. Talvez acrescente isso ao meu
currículo.

O desejo cresceu dentro dele novamente em sua admissão


provocada. Caminhou até ela, perguntando-se vagamente se a
beijasse de novo se seria tão intenso quanto antes. Imagens deles
entrelaçados, pele escura contra a leitosa em sua mente. A

LORDS OF KASSIS #4 – RISTEARD’S


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frustração por não poder transformá-las em realidade queimou
através dele. Esta noite, pensou.

Reivindicá-la-ia como sua Imperatriz perante o conselho e o


mundo. Isso daria a vantagem que precisava para separar os
traidores de uma vez por todas. Não havia dúvida em sua mente
que quem armou contra ele, atacaria com esforço para impedi-lo.

Também cuidaria da dor persistente e agravante em seu


interior que construiu desde que a viu pela primeira vez. Era
ridículo se comportar tão irracionalmente. Certamente, uma vez
que saciasse a fome que o queimava, se sentiria mais no controle.

Claro, então selaria sua vida com ela para sempre, mas lidaria
com isso mais tarde. Agora, só desejava matar os traidores, salvar
seu planeta e se enterrar no corpo de Ricki Bailey e não
necessariamente nessa ordem.

Não faz mal que quanto mais fico perto, mais a quero, pensou,
parando na frente dela. Depois que a tomar, cuidarei dos
sentimentos estranhos. A primeira coisa que farei é pegar todos os
grampos que usa para prender os cabelos. Não os quero assim
novamente.

A diversão nos olhos dela virou cautela quando o observou.


Recusou-se a libertar o olhar, abaixando-se para capturar seus
lábios. A surpresa o agarrou quando encontrou uma mão delicada
pressionada contra a boca dele.

— Um beijo — falou severamente. — Foi tudo que pediu em


troca de contatar meus pais. Nunca houve negociação para outro.

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Rosnou. Um rubor subiu pelas bochechas quando continuou
a olhá-lo com uma sobrancelha levantada. Por despeito, puxou o
lápis dos cabelos dela, fazendo com que caíssem em ondas sedosas
pelas costas. Satisfação o percorreu quando suspirou
exasperadamente e tirou a mão para agarrar o lápis que segurava
ao lado. Ricki emitiu um grunhido baixo quando percebeu que seu
braço era mais longo que o dela. Aproveitando a distração,
envolveu-a pela cintura e a puxou. Queria que sentisse a reação
que tinha por ela.

— Viu o que faz comigo? — Perguntou roucamente. — O que


fará a respeito?

Inclinou a cabeça e o olhou. — Quer que o coloque em sua


bunda novamente? — Sugeriu.

Riu. — Ainda falarei sobre isso — respondeu, ficando sério


novamente. — Em breve partiremos para o planeta. Preciso instruí-
la sobre os perigos.

— Tudo bem — anuiu. — Avise-me, mas antes, gostaria do


lápis de volta.

— Por um beijo — exigiu com um sorriso astuto. — Devolverei


por um beijo.

Decepção passou por ele quando viu a cautela imediata


retornar aos olhos dela e balançar a cabeça. Segurando o lápis,
levantou a outra mão e tocou o cabelo fascinado. Quanto mais o
observava, mais cores brilhantes via.

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— Ristèard — sussurrou numa voz mal audível antes de
limpar a garganta. — Grande Governante, acredito que é melhor
mantermos uma distância respeitosa enquanto resolvemos os
problemas. Fiz uma pesquisa adicional...

— O que? — Perguntou, balançando a cabeça e pensando no


que acabou de acontecer. — Que pesquisa? — Piscou para o tablet
no sofá. — Como conseguiu outro dispositivo?

Afastou-se e se desvencilhou de suas mãos. Era outra coisa


que pararia. Normalmente era ele quem dispensava uma mulher,
não o contrário.

— Esse não é o ponto — respondeu com entusiasmo


repentino. — O que falo é que encontrei algo muito interessante
nos arquivos.

— O que? — Questionou novamente, sentindo uma mudança


nela, quando pegou o tablet.

Virou e sorriu triunfante. Seu rosto brilhava de excitação.


Mesmo os olhos rodaram com vívidos tons de azul e prata que os
faziam reluzir. Pego na alegria dela, se aproximou e olhou para o
tablet.

— É um mapa — falou sem fôlego.

Franziu a testa confuso, olhando o mapa detalhado coberto


de símbolos antigos. Viu que era um, mas para o que? Essa era a
verdadeira questão. E o que os símbolos significam?

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— Vejo que é um mapa. Porém, para onde? Como ajudará
Elipdios? — Perguntou, olhando-a antes de observá-lo novamente.
— As Pedras de Sangue... — sussurrou, tocando o símbolo familiar,
ainda em uso.

— Parece quase um mapa do tesouro — sussurrou. Olhando-


o, sorriu. — Olhe aqui — continuou. — Acho que a entrada foi
gravada nas tábuas. Se virá-lo assim, corresponderá às montanhas
ao longo da beirada do deserto oriental. Seguindo as coordenadas,
nos levará a isso!

— Como o encontrou? — Perguntou maravilhado, estudando


o tablet. — Como os cientistas não perceberam isso?

Raiva o varreu por tal informação não ser compartilhada com


ele. Se Ricki a encontrou, certamente os cientistas sabiam. Que
ignoraram algo dessa magnitude, agrava o insulto, não o informar,
era uma sentença de morte por traição.

— Não sabiam sobre isso — respondeu, mordendo o lábio. —


Pelo menos os cientistas do seu mundo não.

— Por quê? — Perguntou firmemente, olhando-a com


descrença. — Se descobriu em poucas horas, por que não
encontraram o mesmo há séculos, quando perceberam que nosso
mundo morria?

— Porque, nem todas as informações foram encontradas em


seu mundo — explicou. — Admiti que gosto de aprender sobre a
história de outros países. Estudei a história de Kassis. Os arquivos
são fascinantes e depois que descobri como navegar por eles, foi

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relativamente fácil encontrar as informações que queria graças a
Stan.

Revirou os olhos para ele quando lhe deu um olhar afiado e


desaprovador, por mencionar o nome do humano. Era outro
problema que resolveria esta noite. Seja qual for os sentimentos
que tinha pelo homem, esqueceria. O lugar dela seria ao seu lado
depois que anunciasse ao conselho.

— Certo — disse firme. — Explicava como encontrou a


informação.

Distraidamente colocou o cabelo atrás da orelha e assentiu.


— Trabalhei com Stan e Jazin para desenvolver um algoritmo para
me ajudar a localizar palavras-chave. Sempre usei esse sistema na
Terra quando precisava de informações. Jazin criou uma varinha
de tradução que, passando sobre as palavras, as traduz. Para
qualquer palavra desconhecida, aplica milhões de símbolos-chave
diferentes e combina um padrão que encaixa no melhor e faz
sentido. Sempre soube que Stan era um gênio, mas Jazin é muito
incrível — sorriu.

Era muito familiarizado com Jazin Ja Kel Coradon e seu


irmão, Manota, com conhecimentos de informática e armamento.
Em Kassis, enviou Emyr e Harald em missão de reconhecimento
para reunir o máximo de informação que encontrariam sem alertar
Ajaska e Torak Ja Kel Coradon. A comandante Mena Rue estava
correta na avaliação da tecnologia avançada. Infelizmente, Ajaska
focou suas atenções em uma humana e não seria capaz de usar o
relacionamento anterior deles para descobrir mais.

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— É possível que outra pessoa conheça isso? — Perguntou,
sua mente girando com o que essa informação significaria. Se
houver um tesouro de Pedras de Sangue em Elipdios, seria
suficiente para salvá-los. As pedras se replicam rapidamente sob a
radiação de seu mundo. O problema era que, não havia o suficiente
para se reproduzirem rápido. Se houvesse um grande estoque
delas, lhes dariam tempo suficiente para que o processo natural
começasse novamente.

— Não, a menos que soubessem exatamente onde procurar


nos arquivos Kassisan — respondeu, mordendo o lábio. — Mesmo
assim, duvido que juntem as peças, sem saber exatamente onde
olhar. As informações que encontrei vieram de uma coleção de
pinturas, documentos e um bom e antigo trabalho de detetive.
Também, havia partes dos arquivos em Kassis que não estão no
sistema e só são acessados pelo bibliotecário mestre. O cara esteve
lá desde o início pela aparência dele.

Esperança cresceu dentro dele, olhando o mapa. Se fosse


genuíno, conteria a salvação de Elipdios. Examinou os símbolos
antigos. Precisaria de alguém em quem confiasse para os decifrar.
Alguém que soubesse como localizar informações, bom em escolher
os detalhes e juntar as peças do quebra-cabeça. Encarando-a,
colocou as mãos nos ombros dela e esperou que o encarasse.

— Poderia... — por um momento, sua garganta apertou com


o pedido incomum. Estava acostumado a ordenar que as pessoas
fizessem o que queria. Dessa vez, perguntaria. — Ricki, me
ajudaria a encontrar esse tesouro?

LORDS OF KASSIS #4 – RISTEARD’S


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Uma estranha sensação de expectativa e nervosismo o
encheu, aguardando a resposta. Os lábios dela curvaram em um
pequeno sorriso, quase como se sentisse a incerteza desconhecida
dele. Suspirou aliviado quando ela levantou a mão e tocou seu
peito.

— Apenas tente me parar — sussurrou emocionada. — Oh,


Ristèard, espero que ajude seu mundo.

A emoção o sufocou quando, de repente, ela passou os braços


pela cintura dele e o abraçou rapidamente antes de se afastar com
uma risada nervosa. Timidamente colocou o cabelo atrás da orelha
novamente e olhou para o tablet.

Naquele momento, sentiu como se seu coração despertasse de


um longo sono enquanto outra emoção brotou. Soube
imediatamente o que era... amor. Apaixonou-se por sua relutante
Imperatriz.

Ficou alerta quando o comunicador em seu ouvido soou.


Chegaram ao porto e o transporte estava pronto para partirem.
Tocando com impaciência, esperou Andras responder.

— O transporte está pronto? — Perguntou, encarando os


cabelos beijados pelo sol de Ricki.

— Sim — respondeu cortante — Prepare-se para uma


comissão de boas-vindas. Manderlin informou ao conselho que
retornou com a Imperatriz de Elipdios.

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DOZE
Ricki assentiu enquanto Ristèard, Emyr e Sadao a instruíam.
Franziu a sobrancelha, preocupada. Nunca esteve em uma
situação tão perigosa antes. Uma coisa que não faria era
desconsiderar o que compartilhavam. Percebeu pela intensidade
das expressões que realmente falavam sério.

— O que fará o tempo todo? — Ristèard perguntou.

Sorriu nervosamente. — Manterei Sadao e Emyr em cada


lado. Harald protegerá as costas. Se algo acontecer, seguirei Sadao.
Ele me manterá segura até que você e os outros venham ou... —
sua garganta apertou, dificultando continuar. — Ou até alertarem
Ajaska ou Torak. Já conversou com meu pai? Sabe que estou
segura? Bem, meio segura, só não conte o que faremos. É muito
protetor comigo e mamãe.

Viu um lampejo de inquietação cruzar o rosto dele.


Preocupação a atormentou quando o viu desviar o olhar. Tocou o
braço do homem. — Não contou, não é? — Perguntou baixo.

Ele se mexeu na cadeira. O transporte era muito menor do


que ela imaginara. Continha seis assentos de passageiro
parafusados no chão e teto. Três de cada lado do veículo. Sadao e
Emyr sentaram em ambos os lados dela, enquanto Ristèard em
frente. Andras e Harald pilotavam até o planeta.

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— Conversei com Ajaska — respondeu asperamente. — Sabe
que a sequestrei.

Levantou a sobrancelha. Pela maneira como se contorceu,


havia alguns detalhes que não compartilhou. Se quisesse sua
ajuda, aprenderia que gostava de saber tudo, não apenas o que
desejava compartilhar.

— E... qual a resposta dele? Contou por que me levou? —


Parou e franziu o cenho. — Por que me sequestrou? Sei que pensa
que pareço essa Imperatriz de Elipdios, mas garanto que não sou.
Duvido seriamente que seu povo soubesse sobre humanos ou a
Terra naquela época.

Exceto por aquela referência que ainda não fazia sentido,


pensou.

Star lhe contou um sonho que teve e combinava com uma das
histórias do arquivo. Descartou isso como apenas um devaneio,
agora se questionava. E se fosse verdade e de alguma forma, os
terráqueos já viajaram pelas estrelas?

Piscou quando o Grande Governante de repente se inclinou,


tanto quanto as alças em seu peito e colo permitiram. O olhar feroz
a fez engolir nervosamente. Tinha a sensação de que não gostaria
do que diria.

— Não importa no que acredite ou não — respondeu em um


tom baixo e intenso. — O que interessa é o que meu povo pensa.
Se acreditam que é a Imperatriz profetizada de Elipdios que voltou
para salvar seu mundo, então você é. O tempo está esgotando,

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Ricki. Se as informações que encontrou não tiverem sucesso,
milhões de Elipdiosianos perecerão. Tomei-a porque preciso de
você. É a única coisa que tem que entender. É um símbolo de
esperança para meu povo. Ajaska está ciente que está aqui e dei
minha palavra que a manterei segura. Informará seus pais. Não há
nada que ele ou seu pai possam fazer agora.

Treinou o rosto para esconder a mágoa que sentiu pelas


palavras. Estava certo. Só porque compartilharam alguns beijos
não significava nada. Precisava se concentrar no plano original,
ajudá-lo e a seu povo, se pudesse e retornar a Kassis e sua família.
Quando voltasse, veria se Stan gostaria de um segundo encontro.

— Muito bem — respondeu friamente. — Assim que


estivermos no planeta, quero ter acesso total a qualquer
informação sobre a história do seu mundo. Materiais digitais e
impressas.

Recostou-se, acenando. — Primeiro nos encontraremos com o


conselho. Depois, darei o acesso que ainda não tem — afirmou
secamente. — Quando ficar livre, mostrarei o palácio.

— Obrigado — agradeceu, encostando na cadeira quando o


transporte saltou. — Estou ansiosa para aprender mais sobre a
história do seu mundo.

Acenou em reconhecimento antes de voltar a atenção para os


homens ao lado dela. Escutou distraidamente enquanto discutiam
o que esperavam que acontecesse na reunião. Sua mente voltou
para o material que encontrara até agora.

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Olhando para baixo, abriu o mapa no tablet. Estudou-o
cuidadosamente, ampliando seções para ver melhor os símbolos
marcados. Abrindo a bolsa, puxou o scanner fino que Jazin lhe
entregou e o passou no canto em alguns símbolos muito tênues.

Frustração tomou conta dela. Realmente desejava ter o mapa


físico. Se ainda existisse, o encontraria. Moveu a mão pelo vidro
liso quando o transporte girou e pousou. A luz do scanner piscou,
deslizando por uma seção que parecia em branco.

Espiou Ristèard. Ainda falava. Abaixando os olhos, passou


cuidadosamente de volta pela tela. Foram necessárias várias
tentativas até captar os símbolos quase invisíveis. Estreitando os
olhos, esperou decifrar as palavras.

Um buscador cuidadoso do tesouro encontra-se protegido pelos


guardiões Elipdios. Somente os verdadeiros de coração, liderados
por alguém nascido com sangue de gelo passarão pelas portas de
cristal. Fique atento, pois perigos se escondem para manter seguro
o tesouro que curará este mundo. Emera.

— Quem é Emera? — Perguntou, olhando-o.

Os homens pararam de falar e ouviu-se apenas o som dos


motores do transporte por vários segundos. Pela expressão de
surpresa, significava algo. Empurrando os óculos de volta no nariz,
esperou a resposta.

— Foi a Primeira Imperatriz — afirmou encolhendo ombros.


— Diziam que era louca, foi ela quem ordenou a construção das
cidades subterrâneas, que mais tarde salvariam o povo de Elipdios.

LORDS OF KASSIS #4 – RISTEARD’S


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Acredita-se que não era do nosso mundo, mas que o Primeiro
Imperador caiu sob o feitiço que ela lançou e a reivindicou como
sua noiva. Contam que morreu durante o nascimento do segundo
filho.

— Por que o chamam de Grande Governante se os anteriores


foram chamados de Imperador? — Questionou, olhando de um
lado a outro. — Desculpa por não saber mais, não esperava ser
sequestrada. Se imaginasse, revisaria a história.

Sadao e Emyr riram. Ristèard lançou um olhar sombrio para


eles antes de encará-la. Franziu o cenho, recostou-se novamente
no assento e cruzou os braços. — Meu pai mudou o nome para
Grande Governante e redesenhou as nomeações do conselho para
cargos eleitos — informou.

— Depois que matamos os outros — Emyr riu. — O antigo


conselho era formado por senhores de guerra de diferentes zonas
que não se importavam nada com o povo, apenas com poder e
riqueza que acumulavam nas costas dos súditos.

— Esse poder e riqueza vieram dos Cristais de Sangue que


venderam pelas armas estrangeiras — acrescentou Sadao baixo. —
Quando o avô de Ristèard tentou detê-los, voltaram-se contra ele.

O líder assentiu. — Meu pai foi preso — falou sombrio. — O


que não esperavam era que construísse uma resistência entre os
prisioneiros.

— Isso incluía nossos pais — acrescentou Emyr. — Nosso


vínculo foi feito por nascermos nas entranhas de uma prisão.

LORDS OF KASSIS #4 – RISTEARD’S


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Olhou-os horrorizada. — Cada um... como? — Perguntou em
choque.

Ristèard negou. — Não importa. Emera foi a Primeira


Imperatriz. Foi considerada louca e banida para os desertos de
Elipdios para viver seus últimos dias como pária — falou. —
Aterrissaremos, lembre-se do que dissemos.

Assentiu. Estava muito chocada com as informações que


obteve, para questionar mais no momento. Havia tanta coisa que
não entendia, mas queria saber.

Silenciosamente, estudou o homem à sua frente. Encarou-a


em silêncio, desafiando-a a sentir pena. Piedade era a última
emoção que sentia; respeito, confusão e compreensão, sim. Pena?
Nunca. Ristèard Roald era acostumado à violência, uma vida no
limite e perfeitamente capaz de lidar com ambos.

Desviou o olhar e virou para janela da frente. Sua garganta


contraiu quando viu pela primeira vez a capital, Elipdios. Um
imenso palácio negro se erguia bem acima da cidade que o rodeava.
Parecia esculpido na montanha, onde permanecia como uma
magnífica sentinela vigiando os cidadãos lá embaixo.

— Bem-vinda ao meu mundo Ricki Bailey — murmurou,


quando o transporte começou a descer.

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TREZE
Ristèard discretamente observou o rosto de Ricki, tentando
decifrar qual seria a reação dela à sua casa antes de pressionar o
controle e abrir a plataforma de carregamento. Acenou para
Andras, quando murmurou que verificou com os guardas de elite
do palácio e se certificou que tudo estava seguro para a chegada
deles. Apertou a boca quando a rampa para o transporte baixou e
viu a multidão empurrando os guardas.

Ricki se aproximou dele e olhou em choque à multidão. Torceu


nervosamente a ponta da trança que fez para manter o cabelo fora
do rosto. Um alto rugido soou quando os avistaram.

— Parecem muito felizes em vê-lo — murmurou, observando


com os olhos arregalados.

Apertou a boca em linha reta. — Não vieram me ver —


respondeu, colocando a mão nas costas dela. — É você.

Virou para encará-lo, incrédula. Tropeçou um pouco na


beirada da plataforma quando a guiou. Rapidamente passou o
braço na cintura dela e segurou-a. Um canto baixo começou no
fundo, subindo lentamente quando chegaram ao final da
plataforma.

— Por quê? — Perguntou, olhando as pessoas de pele azul a


observando. — Por que viriam me ver?

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Soltou a cintura e enroscou os dedos nos dela. Levantando as
mãos entrelaçadas acima da cabeça, olhou a enorme multidão.
Uma onda de gritos de euforia subiu. O som caiu ao redor deles
quando seu povo reconheceu que o boato da mítica Imperatriz era
verdadeiro. Voltou para salvá-los.

— É a Imperatriz deles — sussurrou. — Retornou para salvar


Elipdios.

Sentiu os joelhos enfraquecerem e a cabeça nadou por um


momento. Ristèard a sentiu balançar. Fez a única coisa que pensou
para impedi-la de desmaiar. Abaixando as mãos entrelaçadas, a
virou na direção dele e passou o outro braço ao redor dela.

— Ristèard? — Sussurrou, olhos vidrados e desorientados. —


E se...?

Não esperou terminar a frase. Puxando-a bruscamente contra


seu corpo, capturou os lábios dela. Bloqueou o rugido alto de
aprovação das pessoas. Seu único foco era Ricki agora. Não era
assim que gostaria de apresentá-la ao seu mundo, mas
relutantemente apreciaria a atitude de Manderlin. Não tinha como
negar a existência dela ao seu povo agora.

Orgulho o invadiu quando sentiu o corpo dela estremecer e


relaxar por um momento antes que retornasse o beijo. Ela piscou
várias vezes e viu sua visão clarear quando o olhou. Cobriu a
bochecha macia com a mão.

— Sinto muito — sussurrou, a olhando com pesar. — Não era


assim que desejava apresenta-la o meu mundo.

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Um sorriso fraco e relutante curvou os lábios e assentiu. —
Deveria ter pensado antes de me sequestrar — brincou fracamente
antes de olhar a multidão subitamente quieta. — Tenho medo de
decepcioná-los — admitiu, virando e sorrindo para um grupo de
crianças espiando pelas pernas dos guardas.

— Não é a única — murmurou, observando-a descer os


degraus da plataforma de desembarque e caminhar até onde as
crianças a encaravam admiradas. — Não é a única — repetiu antes
de segui-la.

— Leve-a para meus aposentos — ordenou Ristèard baixo


para seu segundo no comando uma hora depois. — Fique lá e a
mantenha segura. E Sadao, não confie em ninguém.

— Claro — respondeu, inclinando a cabeça e descansando a


mão sobre o coração, demonstrando respeito e lealdade. — Lady
Ricki.

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Viu-a hesitar por uma fração de segundo, o olhar preocupado
focado nele antes de assentir. Outra onda de orgulho tomou conta
dele quando ignorou os gritos ásperos dirigidos a ela. Ficou ao lado
dele, cabeça erguida, ouvindo e observando a fúria que explodira
de vários conselheiros. Estava certo quando disse que tê-la ao seu
lado mostraria as cores verdadeiras dos que se opunham.

Fúria ardeu por ele enquanto os homens ao seu lado


discutiam uns com os outros. As ameaças ficavam mais altas e
suspeitava que viraria violência em pouco tempo. Tinha certeza de
que seu próximo passo empurraria os traidores a campo aberto.

— Suficiente! — Rugiu, trazendo um silêncio instantâneo. —


Desafiou-me pela última vez. A partir de agora, dissolvo o conselho.
Os que desejam contestar meu direito fiquem diante de mim agora
e lidaremos com isso de uma vez por todas.

Contorceu o rosto de desgosto quando Texla e Roamlin


levantaram e puxaram as armas. Parece que os bonecos queriam
brincar. Estreitou os olhos quando cinco outros levantaram e
saltaram sobre os lados da sala circular, aterrissando no centro.
Apenas três permaneceram sentados, Manderlin, Pertilis e Dertus.

— Há anos tentamos matá-lo, rato da prisão — rosnou Texla.


— Mas você e seus companheiros roedores continuaram a escapar
das armadilhas que montamos. Não acontecerá mais.

Olhou para Andras, que se aproximou para ficar de costas


com ele. Sabia que Harald e Emyr também estavam na sala. Seus
guardas pessoais de confiança e os únicos homens que chamaria

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de amigos assumiram uma posição na sala. Sete contra quatro não
eram chances ruins. Lidaria com isso sozinho.

Virou, observando enquanto um dos guardas da porta entrava


antes que o outro a trancasse. Seis guardas adentraram pelos
fundos da sala do conselho.

Catorze a quatro, pensou com uma determinação sombria.

— Quem puxa suas cordas, Texla? — Zombou, deslizando as


lâminas na cintura e estendendo-as. — Contaram-me que é apenas
a marionete. Sempre há um mestre, porque o boneco é burro
demais para se mover sozinho.

O traidor sibilou e zombou. — Não sou fantoche — rosnou. —


A riqueza que colecionei me manterá confortável pelo resto da vida.

Seu rosto congelou em uma máscara fria e mortal. — Venderia


seu planeta para ganhos pessoais, porém não viverá o suficiente
para cobrar por ele — prometeu — Verei a ele e aos traidores de
Elipdios mortos primeiro.

Riu. — Está em menor número, Grande Governante —


zombou, acenando com a lâmina em direção aos guardas que
circundavam a área central. — Dois contra nós, desta vez é quem
finalmente morrerá. Você e aquela mulher que trouxe para
Elipdios. Enquanto está aqui, nossos homens irão matá-la.

— Não apenas dois — Manderlin rugiu, levantando e


atingindo um dos guardas mais próximos. — Cinco!

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— Mate todos! — Texla ordenou, entrando para atacá-lo. —
Mate-os!

Ricki observou Sadao com um olhar preocupado. Discutiram


que isso aconteceria, porém não facilitava as coisas. Começou a
olhar por cima do ombro, mas Sadao a deteve.

— Não olhe — murmurou, agarrando o braço dela e


acelerando o passo. — Estão nos seguindo.

Assentiu. Olhando para frente e para trás, não teve muito


tempo para apreciar a beleza do palácio. As paredes eram tão lisas
que a superfície lembrava um espelho polido. A única luz que
entrava no longo corredor era das grandes janelas pelas quais
passavam ou das luzes escondidas nas paredes.

Estendeu a mão para tocar a superfície quando viraram a


esquina. Suspirou quando os fios de ouro floresceram.

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— A pedra contém um produto químico natural que reage ao
toque — explicou o guarda baixo enquanto se aproximavam de
uma escada estreita. — Não toque até estarmos em segurança.

Assentiu novamente, colocando a mão para trás e envolvendo


os dedos na alça da bolsa. Estava feliz por raramente usar saltos.
Os sapatos macios e amarelos não eram apenas confortáveis, mas
silenciosos contra o chão de azulejos.

Rapidamente o seguiu escadas acima e vários outros


corredores antes que parassem em frente a um conjunto de portas
pretas enormes e esculpidas, guardadas por dois homens. Sadao
murmurou em tom baixo que eram seguidos. Concordaram e
rapidamente abriram uma porta para entrarem.

Olhou nervosamente por cima do ombro quando ouviu o som


de passos vindo pelo corredor. Pulando levemente quando sentiu
uma mão no braço, virou e olhar para Sadao com olhos arregalados
e assustados. Deu-lhe um sorriso tranquilizador antes de acenar
em direção à abertura.

— Vá — ordenou, olhando por cima do ombro.

Rapidamente passou pela porta. Seguiu-a, trancando-a atrás


dele. Virando, olhou para o que parecia ser um escritório
elaborado. Moveu os olhos pela sala.

Tapeçarias enormes representando eventos diferentes


cobriam as paredes negras espelhadas. Caminhou pela sala,
olhando nervosamente para a porta. Eram tão grossas que
duvidava que ouvissem qualquer coisa do outro lado. Ele foi até a

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mesa e pressionou uma série de botões. Em segundos, escudos
pesados desceram sobre as grandes janelas e luzes acenderam.

— Preciso garantir que o resto dos quartos estão seguros —


avisou, levantando. — Existem dois outros conectados a este.
Fique aqui.

— E os guardas? — Perguntou, olhando preocupada à porta.


— Não pode deixá-los enfrentar quem vem, sozinhos.

— São bem treinados e alertei outros. Ristèard ordenou que


ficasse com você. Confie em mim, temeria muito mais ele que os
traidores — afirmou. — Voltarei em um momento.

Engoliu o protesto. Virou lentamente, olhando ao redor. Uma


lareira grande o suficiente para ficar em pé cobria a maior parte da
parede oposta. Vários troncos grandes, duas vezes mais grossos
que seu corpo e tão altos quanto ela, queimavam.

Sobre o manto da lareira havia uma tapeçaria de dois homens.


Ficaram lado a lado, um olhar de determinação feroz nos rostos
ensanguentados. Aproximou-se para estudá-los atentamente. Um
era um pouco mais velho que o outro. Demorou um momento para
perceber que o mais jovem era Ristèard. Na foto, seguravam uma
espada ensanguentada e estavam cercados pelos restos mortais de
dezenas de homens.

Fascinação e náusea a percorreram, observando a área


circundante na imagem. Quanto mais olhava, mais detalhes
surgiam. No fundo, via as imagens de Emyr, Andras, Harald e
Sadao, com vários outros homens, mulheres e crianças. Alguns

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estavam presos atrás de grandes grades. Foi a imagem de uma
mulher, segurando o corpo pequeno e sem vida de uma criança que
chamou sua atenção.

Voltou para os dois cercados pelos mortos. Os olhos do mais


velho tinham tanta emoção, tanto desgosto, que sentiu a dor dele.
Afastando-se da tapeçaria, olhou para as janelas fechadas que
adornavam a parede oeste. Cobriram-na do chão ao teto,
provavelmente para permitir uma maior iluminação natural na
sala. Cortinas pesadas delineavam cada janela e estavam puxadas
para trás com grossas cordas de prata e ouro.

Continuou a explorar. Uma grande mesa redonda que


acomodava pelo menos uma dúzia de homens estava perto do
centro da sala. Dois grandes sofás prateados com duas cadeiras
iguais estavam dispostos em frente à lareira acesa. Havia seis
mesas laterais iguais, feitas da mesma pedra negra que as paredes.
Estavam no final de cada móvel.

Curiosa, se aproximou e tocou uma. O espanto tomou conta


dela quando viu filamentos de ouro iluminando-a antes de
desaparecer novamente. Era quase mágico.

Envolvendo os braços na cintura, caminhou até uma das


tapeçarias na parede atrás da grande mesa. Tinha mais de quinze
pés de altura e vinte de largura.

Havia uma foto que parecia quase um labirinto. Dentro dele


viu representações de cenas diferentes. Aproximando-se, ajoelhou

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para estudar o fundo dela, onde quase encostava o chão. Estendeu
os dedos instintivamente para tocar a figura da mulher tecida nela.

Sentiu tontura por um momento, inclinando-se. Pensou que


era porque não comia há mais de vinte e quatro horas. Fechando
os olhos, apertou a mão contra a tapeçaria para manter o
equilíbrio. A vertigem aumentou até que soube que desmaiaria.

Era estranho ser capaz de analisar o que acontecia, mesmo


quando sentiu o corpo mexer para o lado e deitou no chão entre a
mesa e a parede. Tentou abrir os olhos, mas era inútil. Em vez
disso, permitiu que a escuridão a levasse. Algo dentro dela indicava
que era importante. Afundou ainda mais na névoa rodopiante
quando cores vivas explodiram atrás de suas pálpebras.

Pergunto-me se foi isso que Star viu quando sonhou, pensou,


cedendo às luzes brilhantes.

Ristèard acertou Texla com força no rosto quando o atacou


novamente. O golpe lançou o bastardo traidor em Roamlin.

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Abaixando a lâmina, pegou-o no estômago quando o outro o
empurrou na frente dele como proteção. Cortou o estômago de
idiota de um lado a outro.

Ignorou o grito sufocado do moribundo, ao invés disso, virou


para impedir que um dos guardas o atravessasse por trás.
Balançando as lâminas com uma precisão fria, despachou-o e
voltou-se para Texla. Queria respostas e o desgraçado ganancioso
as forneceria antes de morrer.

— Ristèard, atrás de você — Emyr gritou, girando em um


esforço para se afastar dos dois que o atacavam.

Desviou e virou, curvando-se. A lâmina apontada para seu


pescoço balançou sobre sua cabeça pela largura do seu dedo
mindinho. Avançando, enterrou a espada curta no peito do guarda.
Puxou-a e virou quando outro veio até ele.

— Harald, tente chegar a Ricki e Sadao — gritou, seus olhos


examinando a luta, procurando o inimigo. — Texla! — Rugiu,
espiando o bastardo sorrateiro escalando o corpo de um dos
conselheiros mais velhos.

O traidor virou e zombou. O escárnio se transformou em


pânico quando a porta da sala explodiu. Arregalou os olhos quando
viu vários homens incomuns na porta.

Imediatamente reconheceu o Kassisan, mas não os outros


com ele. Os dois homens grandes, de pé ao lado de dois seres
menores, estremeceram de repente. Ao fazer isso, seus corpos se

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contorceram e transformaram em criaturas maciças com escamas
grossas e prateadas.

— Mate-os — Texla gritou estridente. — Mate todos!

Ristèard contorceu o rosto de raiva com a retirada do covarde.


— Acho que não. Ajaska, encontre Ricki! Está em perigo — gritou,
subindo no muro baixo que levava à área de estar superior.

— Eu irei — respondeu Jarmen, seus olhos brilhando


vermelho escuro. — Está no seu escritório, de acordo com a
vigilância.

— Marvin, leve Walter e Nema para um lugar seguro —


ordenou Ajaska, atingindo vários homens enquanto atacavam.

Olhou para trás quando ouviu um rosnado baixo. Viu-se cara


a cara com um dos Kor d'lur. Os olhos do homem subiram. A
grande criatura pegou uma das cadeiras ao lado dele e a jogou em
Texla, atingindo-o nas costas com um bufo satisfeito.

— Obrigado — resmungou, pulando sobre a mesa e usando-a


como escada para chegar ao idiota. Caindo ao lado dele, rolou-o de
costas e o golpeou com força na mandíbula. — Agora, mostrarei
como um rato da prisão faz alguém falar — rosnou, passando a
ponta da espada pelo estômago dele.

— Ristèard! — Andras chamou urgentemente.

Mexeu-se, olhando o amigo, que subia a lateral da plataforma.


O olhar de preocupação dele disse-lhe que algo aconteceu. Passou
os olhos ao redor da sala.

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Viu que Ajaska e os Kor d'lurs acabavam com os rebeldes
restantes, enquanto Emyr pressionava um pano no ombro de
Manderlin. Voltou para Texla. Ainda estava atordoado com o golpe
da cadeira e de onde o atingiu.

— Ristèard, Sadao entrou em contato comigo — falou Andras


em voz baixa. — Ricki colapsou. Disse que não consegue acordá-
la.

Medo irrompeu por ele. Curvando-se, puxou o traidor pela


frente da camisa e o golpeou forte na mandíbula com a ponta da
espada. A cabeça dele caiu para trás. Largou-o e virou. —
Certifique-se que ele e qualquer um dos que ainda vivem, sejam
trancados — rosnou, pulando no piso inferior da sala. — E Andras,
garanta que todos os traidores sejam retirados do palácio.
Mantenha apenas os que confia dentro dos muros.

Não esperou por ninguém. Sua mente estava em Ricki.


Mataria Sadao se algo acontecesse a ela. Pavor o levou pelos
corredores. Diminuiu a velocidade brevemente quando viu o
amontoado de corpos no chão.

Desacelerou ao ver Jarmen ajoelhado do lado de fora da porta


do escritório, atendendo a um dos guardas feridos. O homem
incomum olhou para cima brevemente, olhos brilhando de um
vermelho assustador por um momento antes de mudarem para
preto quando o reconheceu. Ignorando-o, tocou o painel perto da
enorme porta.

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No momento em que as fechaduras soltaram, abriu-a e
entrou, procurando os cabelos dourados e corpo esbelto de Ricki.
Viu Sadao levantar de trás de sua mesa. Preocupação fez a
sobrancelha dele franzir quando retornou seu olhar interrogativo.

— Só a deixei por alguns momentos para verificar se os outros


quartos estavam protegidos. Quando retornei, encontrei-a deitada
aqui — explicou, afastando-se quando avançou. — A respiração
parecer normal e não encontrei nenhum trauma. Tentei acordá-la,
mas não responde. É como se estivesse em algum tipo de transe.

Ricki girou, tentando descobrir onde estava. Suspirou quando


viu uma mulher caminhando em sua direção. Parecia-se com ela!
Cambaleou quando a figura atravessou seu corpo.

Virando incrédula, observou-a olhar para trás com uma


careta antes de desaparecer na esquina. Curiosa, a seguiu.
Surpresa e fascinação a encheram quando viu que o longo corredor
em que estavam, na verdade era a entrada de uma cidade grande
e subterrânea.

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Olhando para trás, viu portas gigantescas no extremo oposto.
O corredor era na verdade uma ponte que ligava as portas à cidade.
Em cada lado havia uma vasta fenda. Não via nada na escuridão
abaixo. Não tinha ideia do quão profunda era. Algo lhe disse que
realmente não gostaria de descobrir.

Observando a entrada, examinou os degraus em busca da


mulher. Não foi difícil encontrar a pele clara e o cabelo loiro branco
entre as figuras sombrias de homens e mulheres de cabelos pretos
e pele azul ao seu redor. Achou estranho que apenas a mulher
parecesse claramente definida. As outras tinham uma aparência
fantasmagórica em contraste.

Percebeu que a mulher falava urgentemente com vários


homens. Continuou olhando-a, curiosa sobre quem era e por que
estava lá. Só quando ficou de lado para discutir com um homem
alto e imponente que percebeu que estava muito grávida.

Girou para frente e para trás enquanto mais figuras


apressavam-se por ela. Seguiu-a enquanto corriam para o pequeno
grupo. Ao se aproximar, captou as palavras silenciosas entre eles.

— Emera, é muito perigoso — insistiu. — Deixe um dos outros


terminar a tarefa.

Negou. — Sabe que sou a única que selará a última porta,


meu Imperador. Deve ser assim — respondeu com um sorriso
cansado. — Convença o povo a mudar para as cidades
subterrâneas antes que as criaturas que o avisei cheguem. Diga
que a radiação lá fora se tornou perigosa demais para que

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continuem na superfície. Por favor, os monstros destruíram o
mundo do povo do meu pai, não permita destruir o seu também.

O fantasma do Imperador acariciou a bochecha de Emera.


Virou o rosto na mão dele e a beijou. O coração de Ricki derreteu
com o toque terno. Sentia a dor e o desamparo do casal.

— Vá então — ordenou duramente. — Leve dois guerreiros.


Sele a câmara e prepare as armadilhas. As criaturas não a
alcançarão. E Emera, fique segura.

— Irei — sussurrou, afastando-se. — Depressa, receio que não


resta muito tempo.

Pulou quando a Imperatriz e dois homens passaram por ela e


subiram os degraus. Virou para os seguir, mas sentiu como se
caísse. Um grito baixo escapou dela quando o mundo ao seu redor
girou vertiginosamente em um círculo de névoa.

Flashes de imagens inundaram sua mente. Era como se


estivesse presa na tapeçaria e atravessando o labirinto ao lado de
Emera. Imagens sombrias ergueram-se, solidificaram-se e
desapareceram novamente, enquanto a antiga Imperatriz de
Elipdios cuidadosamente guiava os homens pelas armadilhas que
encontraram no caminho.

Finalmente parou diante de portas enormes. Lágrimas


brilhavam em seus olhos quando observou a entrada esculpida.
Um deles deu um passo à frente e a agarrou quando começou a
desmoronar. Depois de alguns segundos, falou baixinho e soltou-a
relutante.

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Recuaram alguns metros quando ela colocou as mãos na
porta. Espantou-se quando finas linhas de gelo subiram pelas
belas portas de pedra negra. Lembrava-a a porta do escritório, só
que em uma escala muito maior. Cristais de gelo se formaram,
delineando uma imagem definida no centro. Somente quando
tocou o centro que um conjunto de formas circulares se separou e
girou. Ao fazê-lo, as enormes portas abriram lentamente.

— Preciso ver uma última vez — Emera sussurrou. — Proteja-


o de cair em mãos erradas. Tem o poder de salvar seu povo. As
criaturas farão tudo que puderem para recuperá-lo. Não permita
que aconteça.

Os guardas assentiram sombriamente. Ricki virou para ver


sobre o que Emera falava, mas vozes altas romperam seu sonho,
puxando-a à consciência. Lutou para ver o interior da área antes
que as portas fechassem novamente, porém as vozes, combinadas
com a repentina sensação de flutuar em uma nuvem dura, a
puxaram muito à superfície.

— Assarei suas bolas e as darei aos gatos de Katarina —


ameaçou uma voz muito familiar. — Quando terminar, alimentá-
los-eis com o resto de vocês.

Lutou para abrir os olhos. Medo e confusão a inundaram


quando a primeira coisa que viu foi o rosto encharcado de sangue
de Ristèard. Levantou a mão e tocou o queixo dele, congelando
quando parou de repente e a olhou preocupado.

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— Deite-a no sofá — uma voz suave insistiu. — Cuidarei dela
enquanto lhe ensina uma lição, Walter.

— Mãe — sussurrou, piscando novamente para clarear a


visão. Virou a cabeça e a viu parada ao lado do sofá. — O que faz
aqui?

— Direi o que fazemos aqui — seu pai rosnou baixo e


ameaçadoramente. — Estamos levando-a para casa antes que...
esse criminoso a mate, é o que fazemos aqui.

— Não irá a lugar nenhum — Ristèard retrucou, baixando-a


cuidadosamente no sofá. — Emyr, verifique-a. Sadao, o que
aconteceu? Mandei mantê-la segura.

Girou a cabeça para frente e para trás para as diferentes


pessoas na sala. Ristèard, Andras, Emyr e Harald pareciam ter
tomado banho em um matadouro. Piscou quando viu o amigo de
Ajaska e Jazin, Jarmen, parado no canto conversando com Marvin
e Martin.

— Não, Ricki. Apenas deite, querida, enquanto garanto que


está bem — a mãe falou suavemente e preocupada quando se
esforçou para sentar. — Quantos dedos tem aqui?

Revirou os olhos. Era a primeira pergunta que Nema sempre


fazia, se tinha um corte, um joelho esfolado, um resfriado ou uma
gripe. Era muito boa em muitas coisas, contudo medicina não era
uma delas.

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— Dois, mãe — respondeu, impaciente, deslizando as pernas
do sofá e sentando. — Sempre levanta dois dedos.

Deu um tapinha no joelho dela. — Ficará bem — suspirou


aliviada.

Passou os olhos por todos até a tapeçaria pendurada na


parede atrás da mesa. De repente, fez total sentido. O mapa os
levou à localização da entrada onde estava escondido o 'tesouro de
Elipdios' e a tapeçaria informava como obtê-lo. Levantando,
ignorou os protestos dos pais.

Seguiu em frente, hipnotizada pela informação que via.


Percorreu-a com os olhos, escolhendo os símbolos principais,
traduzindo-os com o que já sabia e continuou. Não parou até
chegar ao fim do labirinto de corredores e a imagem de Emera em
pé diante das grandes portas que continham a chave da salvação
de Elipdios.

Braços fortes a envolveram quando balançou. Piscando, olhou


nos olhos prateados escuros de Ristèard com compreensão
repentina. Não precisava procurar nos arquivos as respostas,
estavam bem ali. Seus ancestrais tinham a solução para a salvação
na frente deles todo esse tempo e nem perceberam.

Voltaram à tapeçaria quando a sala ficou mortalmente quieta.


Inclinou a cabeça, olhando a figura da mulher no centro. Uma
carranca franziu a testa, tentando descobrir a última peça do
quebra-cabeça.

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Somente os verdadeiros de coração, liderados por alguém
nascido com sangue de gelo passarão pelas portas de cristal.

Sangue de gelo, pensou, lentamente levantando as mãos,


pensando em Emera fazendo a mesma coisa no sonho. Suspiros
altos ecoaram pela sala quando cristais se formaram sobre seus
dedos delgados, formando espirais no ar antes de transformarem
em névoa.

— Quem sou eu? O que sou eu? — Perguntou sussurrando,


cheia de medo e confusão. Virou para os pais com olhos
suplicantes. — Mãe, de onde vim?

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CATORZE
Mais tarde naquela noite, Ristèard observou Ricki do outro
lado da sala, incapaz de desviar o olhar de seu rosto pálido. Ela
sorriu para o pai quando estendeu a mão e pegou o prato vazio que
segurava. Imediatamente pediu uma refeição para ela, sentindo um
remorso por não pensar nisso antes. Uma parte dele queria mandar
todos embora de seu escritório. Todo mundo, exceto Ricki. Queria
ficar sozinho com ela e se ressentia de compartilhar sua atenção,
mesmo com os pais, o que o confundia ainda mais.

— São confusos, não são? — Ajaska perguntou, estendendo


um copo de licor.

Assentiu distraidamente, pegando a bebida. Tragando-a de


uma só vez, estendeu o copo para mais. Ignorou a risada do
Kassisan quando o espertinho derramou mais líquido verde escuro.

— Quem é ela? — Perguntou, levando o pequeno cálice de licor


potente aos lábios novamente.

— Se tivesse que adivinhar, diria que faz parte de Glacian.


Encontrei o embaixador algumas vezes. Os olhos dela são da
mesma cor que os dele. O sistema estelar deles recentemente se
juntou ao conselho da Alliance. Um bando de bastardos durões.
São governados por uma coalizão com um grupo de diretores. O
embaixador, Rime, foi recentemente nomeado representante da
Alliance — comentou, estudando-a carrancudo. — O que gostaria

LORDS OF KASSIS #4 – RISTEARD’S


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de saber é como uma Glacian acabou na Terra e ninguém sabia
disso.

— Provavelmente da mesma maneira que os Kor d'lurs —


murmurou, olhando para onde Marvin e Martin estavam em
silêncio. — Acho que sabem mais que transparecem.

Ajaska olhou surpreso para Ristèard antes de voltar a atenção


para os homens altos e silenciosos perto da lareira. Recusaram-se
a ficar em Kassis quando declarou seus planos de sequestrar Ricki.
O primeiro pensamento foi que era porque protegiam Walter e
Nema, agora se perguntava se tinha mais a ver com a garota. Olhou
para Jarmen que estava na frente da janela, observando a cidade
ou pelo menos parecia. Na verdade, invadia o sistema de
computadores do lugar. Tomando um gole da bebida, olhou para
Ricki, que conversava baixinho com os pais. Nema sentou ao lado
dela, segurando firmemente a mão esbelta.

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— Deveria... obrigado pela ajuda mais cedo — agradeceu
Ristèard de repente, drenando a bebida após as palavras
incomuns.

— Mas... — solicitou.

Olhou para o rosto divertido do Kassisan. — Saiba que Ricki


não voltará com você.

Recostou-se na parede ao lado dele e estudou o Grande


Governante. Não era muito mais velho que Jazin. De muitas
maneiras, viu nele os mesmos tipos de características que os
próprios filhos tinham.

Via nele orgulho, determinação feroz e necessidade de se


sentir completo, que observou nos filhos antes de encontrarem
suas companheiras. Relutantemente admitiu que se sentia da
mesma maneira quando a imagem de uma bela russa de cabelos
escuros formou em sua mente.

Duvidava que Ristèard estivesse ciente que toda vez que a


olhava, a carranca suavizava e os olhos perdiam a distância fria e
dura ou que seu rosto mostrava... amor. O Grande Governador de
Elipdios apaixonou-se pela delicada fêmea, metade
humana/metade Glacian, que sequestrou.

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Passava da meia-noite quando todos finalmente terminaram
a noite. Ristèard ordenou a um dos guardas que a acompanhasse,
junto com os pais, aos aposentos onde ficariam. Garantiu-lhes que
aqueles que permaneceram no palácio eram leais, quando o pai
dela resmungou que preferia voltar ao navio de guerra de Ajaska.

Recusou teimosamente o pedido. Só quando ameaçou enviá-


los sozinhos, que o pai concordou, relutantemente, em passar uma
noite aqui. Ricki sabia que apenas tentava protegê-las, também
entendia a importância de ajudar a salvar um planeta inteiro.

O guarda mostrou-lhe um conjunto de quartos, enquanto os


pais receberam os do outro lado do corredor. Os aposentos eram
elegantemente decorados, mas com um tema levemente masculino.
As grossas paredes negras cintilavam com os fios dourados,
iluminando a ampla sala de estar.

Um longo sofá de pelúcia preto e dourado e duas cadeiras


combinando foram colocados diante da lareira. Assim como no
escritório, era grande o suficiente para ela ficar em pé. Um fogo
baixo queimava, aquecendo a sala a um nível confortável. Seus

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olhos percorreram o quarto cansadamente. Tanta coisa aconteceu
nos últimos dias que parecia que tinha corrido uma maratona.

Decidindo que sua exploração esperaria até o dia seguinte,


quando não estivesse tão exausta, buscou a cama mais próxima
para deitar. Pisando no tapete que cobria o chão preto polido,
caminhou pelo longo corredor. Notou que várias portas estavam
fechadas enquanto uma foi deixada aberta.

Parou na entrada do quarto enorme. No centro havia uma


cama grande. Do teto, cortinas grossas pendiam ao redor. Estavam
amarradas e as cobertas da cama viradas para baixo, como se
convidando um ocupante disposto a entrar e descansar.

Seus olhos brilharam na longa camisola azul e roupão que


estavam no pé da cama. Alívio a invadiu. Caminhando para a
cama, pegou o belo material de seda. Realmente, brilhava na luz
baixa da sala.

Olhou em volta novamente, para ver se havia um banheiro no


quarto ou se estava separado. Suspirou aliviada quando viu a sala
iluminada ao lado. Decidindo que um bom banho quente
definitivamente ajudaria a dormir, pegou o roupão e desapareceu
no banheiro.

Pouco tempo depois, limpa e relaxada, sentou no pequeno


banco, escovando os cabelos e pensando em tudo que aconteceu
no início do dia. Pelo que descobriu, Ajaska, Jarmen, Marvin,
Martin e os pais chegaram no momento em que o golpe de Estado

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começou. Ajaska e Jarmen ouviram o som de briga na sala do
conselho e irromperam pelas portas.

Olhando para as mãos, colocou o pente sobre a penteadeira à


sua frente. Erguendo a mão direita, refletiu no que aconteceu no
escritório de Ristèard. Focando, pensou em Emera novamente e no
gelo que saia das mãos da antiga Imperatriz.

Um arrepio a percorreu quando viu pequenos cristais se


formarem na ponta dos dedos. Quanto mais se concentrava, mais
gelo aparecia até que tinha uma pequena lança saindo das pontas.
Sua mão congelou de repente quando a porta atrás dela abriu. Um
suspiro surpreso separou seus lábios quando viu o reflexo de
Ristèard no espelho da penteadeira. Permaneceu em silêncio na
porta, olhando-a com uma intensidade que a abalou.

— Não deveria estar aqui — murmurou roucamente,


apertando o punho quando a lâmina gelada se dissolveu em uma
névoa. Girou no pequeno assento até ficar de frente para ele.
Levantando, conscientemente puxou o roupão por cima do decote
baixo da camisola. — Tudo bem?

Os olhos preocupados dela brilharam sobre ele. O cabelo


estava úmido, como se também acabasse de tomar banho e usava
apenas uma calça macia pendurada nos quadris. Tentou não olhar
para o corpo dele, mas era impossível vestindo tão pouco.

Seu corpo era como mármore esculpido, liso, firme, mas tão
suave que desejou passar as mãos sobre ele. A cor azul de sua pele
parecia brilhar com prata, quase do jeito que a pedra negra do

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palácio ondulava em ouro quando passou os dedos por ela. Uma
parte sua perguntou se caso o tocasse, os fios prateados dançariam
em sua pele.

Respirou fundo quando ele assentiu e entrou na sala. Seu


corpo parecia como se alguém acendesse uma tocha dentro dele.
Repreendeu-se por ter pensamentos tão ultrajantes quando era
óbvio que estava exausto e provavelmente veio se certificar que
estava bem depois do colapso anterior. Dando-se um pontapé
mental, se forçou a se concentrar na razão pela qual estava lá e
não no corpo dele.

— Tão bem quanto possível no momento — respondeu


cansado. — O conselho foi dissolvido.

— Tende a acontecer quando mata a maioria — respondeu


secamente. — Quais seus planos agora?

— Enviei Harald e Emyr para assumir o controle das zonas


até que seja feita a substituição para cada uma — falou, fazendo
uma pausa quando estava a poucos passos dela. — Podem não ser
necessárias se não encontrarmos uma solução em breve. Ajaska
designou Jarmen para examinar os escudos atuais e ver se algo
pode ser feito. Também trouxe outro suprimento de cristais.

— O que não está me contando? — Perguntou, inclinando a


cabeça. — Vejo nos seus olhos. Algo está errado.

— Os cristais que os Kassisans têm, quebram muito mais


rápido do que imaginávamos — murmurou. — Não há como
acompanharem a demanda, mesmo que tripliquem a produção.

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— Por quê? Pensei que eram iguais? — Perguntou, confusa.

— Nós também, até uma análise mais aprofundada —


Admitiu. — São parecidos, porém os materiais óxidos são
ligeiramente diferentes. O metal é diferente de tudo que já vimos, e
não é encontrado naturalmente em nenhum planeta.

— Alien — murmurou, lembrando do cofre em seu sonho. —


Emera disse que desejava vê-lo mais uma vez.

— Emera? — Perguntou, intrigado.

Riu nervosamente e colocou o cabelo atrás da orelha. —


Quando fiquei inconsciente, sonhei com ela — confessou. — Juro
que parecia que estava lá. Star teve um sonho semelhante. Sei que
desmaiei devido ao baixo nível de açúcar no sangue, porém era tão
real. Emera foi ao labirinto que está na tapeçaria pendurada na
parede. No final, há portas enormes com as mesmas gravuras que
estão na do seu escritório, em escala muito maior. Acho que seus
antepassados sabiam que o melhor lugar para guardar a chave do
labirinto estava bem na frente de todos.

— O que tinha no cofre? — Perguntou carrancudo. — São as


Pedras de Sangue?

Balançou a cabeça em pesar. — Não sei — sussurrou. —


Como a maioria dos sonhos, acordei antes de ver o que havia lá.
De manhã, quero olhar mais de perto a tapeçaria e as portas —
acrescentou. — Acho que é onde encontraremos as respostas que
procura.

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Olhou-a nos olhos, perdendo-se. Seguiu os dedos delgados
dela, colocando os cabelos atrás da orelha novamente. Tocou os
fios sedosos de ouro branco. Incapaz de resistir, passou os dedos
pelas ondas até que segurou a parte de trás da cabeça dela,
puxando-a gentilmente.

— Ristèard — sussurrou, deslizando as mãos entre eles.

Parou, mas não a liberou. — Um beijo — murmurou. —


Preciso saber...

Os olhos dela escureceram com a emoção profunda e áspera


na voz dele. — O que quer saber? — Perguntou, relaxando as mãos
e abrindo os dedos sobre o peito nu.

— Se o fogo ainda está lá — sussurrou antes de capturar seus


lábios.

Poderia ter dito que o fogo não apenas estava lá, também fora
de controle sempre que a tocava. A fachada fria que se escondeu
evaporou, assim como o gelo de seus dedos.

Pela primeira vez, não analisou o beijo. Não meditou se o


homem que a beijava seria um bom ajuste. Só pensou em como era
ótimo e na sensação das mãos dele em seu corpo.

Suspirou longamente quando continuou a beijá-la.


Deslizando as mãos pelo peito dele, as enrolou no pescoço,
pressionando-se mais perto. Não entendia o porquê, tudo parecia...
certo.

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Gemeu quando ele quebrou o beijo e passou os lábios ao longo
de sua mandíbula até a garganta. Inclinando a cabeça para o lado,
estremeceu com o toque quente e úmido contra sua pele sensível.
Enroscou a mão direita na parte de trás da cabeça dele,
pressionando-o mais. — Não pare — exigiu em um sussurro rouco.

O rosnado baixo de Ristèard contra o pescoço dela e a


sensação dos braços apertando ao seu redor foram sua resposta.
Passou a mão esquerda por cima do ombro, acariciando a pele
esticada. Era quente ao toque. Chocou-se quando gritou frustrada
que ele se afastou.

— Diga sim, Ricki — exigiu.

Encarou-o atordoada. — Sim para que? — Perguntou rouca.

— Sim, para nós — respondeu, segurando o seio dela. —


Preciso de você esta noite.

O pensamento racional a cutucou, mas o afastou. Cansou de


sempre ser sensata, lógica, calma e sob controle. Por uma noite,
seria selvagem e livre. Levantando a mão trêmula para tocar a
bochecha dele, afastou a dúvida. Eram adultos. Uma noite. Apenas
essa, porque não tinha ideia do que aconteceria depois. — Sim —
sussurrou, olhando-o nos olhos.

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QUINZE
Ristèard gentilmente levantou Ricki e caminhou até a porta
que levava ao seu quarto. Ordenou que o guarda a colocasse em
seus aposentos. Planejou mantê-la lá, ao lado dele antes mesmo de
sequestrá-la. Por isso já estava preparado para a chegada.

Sabia que era atraído por ela desde os poucos encontros em


Kassis, porém não esperava os sentimentos avassaladores que o
inundaram. Compreendia que se perdeu no momento em que
bateu na cabeça dele com o sapato. Capturou seu coração com o
desafio, mesmo abraçando a árvore com medo de altura.

Esta noite, a reivindicaria como sua Imperatriz. Apertou


protetoramente a figura esbelta. Respirou o leve perfume do
shampoo que usou. Esfregou a bochecha contra os fios macios,
antes de pressionar um beijo na testa dela.

Voltando pela porta do quarto, caminhou até a cama enorme.


Abaixou-a cuidadosamente até que tocou o tapete grosso que
cobria o chão. Envolvendo a nuca, inclinou a cabeça para trás e a
beijou, desta vez desesperadamente.

Era diferente. Antes, quando transava com uma mulher, era


só isso. Fazia para aliviar a pressão, mas sempre o deixava
insatisfeito. Desta vez, estava realmente nervoso. Desejava
aproveitar o tempo e explorá-la. Dar-lhe tanto prazer que não
pensaria em ninguém além dele.

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Passou a mão na cintura dela e puxou o pequeno laço que
mantinha a túnica fechada. Liberando o aperto em seu pescoço,
deslizou-a pelo ombro, tirando o roupão. Explosões de prazer
reverberaram através dele quando sentiu os dedos dela contra sua
pele, unhas roçando pesadamente seus ombros, quando ela sentiu
o ar contra os ombros nus.

Interrompeu o beijo, retrocedendo o suficiente para os braços


dela descessem por seu peito. Gentilmente puxou o material macio
para removê-lo, de onde acumulou ao redor dos cotovelos. Flutuou
até o chão, quase em câmera lenta, aterrissando em um
semicírculo.

Sua mão tremia um pouco quando tocou a bochecha da


mulher. Respirando fundo, capturou todos os detalhes da pele
suave. O contraste entre a mais escura e a clara o hipnotizaram.

— É tão... linda — murmurou roucamente. — Assisti-la-ia se


mover o dia todo. Quando a vi na tenda, não desviei o olhar. O
humano... — começou, olhando-a nos olhos. — O que é para você?

Curvou os lábios e o encarou. — Um amigo — admitiu,


sabendo que é tudo que seria agora. — Stan é apenas um amigo.

— Bom — resmungou arrogante. — Então, não o matarei.

Soltou uma risada suave e vibrante e segurou as bochechas


dele. — Não, não o matará — murmurou, passando os polegares
em seu rosto. — Vejo padrões dançando em sua pele quando o toco.
É tão bonito.

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Mal ouviu as palavras ditas suavemente. Fechou os olhos por
um momento quando sentiu uma dor aguda de desejo e algo mais
com o toque terno. Abrindo-os, agarrou as tiras finas do vestido e
as tirou, para se juntar ao roupão.

— Tão linda — murmurou, segurando os seios dela.

Corou e tremeu quando passou os polegares sobre os mamilos


tensos. — São pequenos — murmurou.

— Não, são perfeitos — corrigiu-a, se inclinando e capturando


um, depois o outro entre os lábios, chupando-os com força.

Agarrou-a quando os joelhos cederam e desmoronaria.


Levantou-a gentilmente e a deitou na cama. Recuou apenas o
suficiente para tirar a calça que usava.

— Ristèard — Sussurrou. Arregalou os olhos para o pênis


tenso quando percorreu seu corpo excitado. — É lindo.

Cerrou os punhos enquanto a observava deitada em na cama.


Os cabelos dourados espalharam-se para um lado e cobriram
parcialmente o peito direito. Os mamilos estavam duros e uma cor
um pouco mais escura dos lábios. Desceu os olhos sobre o
estômago plano, para os cachos macios entre as pernas. Era da
mesma cor beijada pelo sol que os longos cabelos. Movia as longas
pernas, inquietas quanto mais a encarava. Em sua mente,
imaginava-as em volta de seus ombros enquanto se deleitava nela.

— Preciso de você — murmurou com uma voz gutural. — Eu...


nunca me senti assim antes.

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Suavizou os olhos com a repentina vulnerabilidade nos
prateados escuros quando a observou. Sabia que não deveria
admitir tais coisas, algo lhe dizia que entenderia. A onda de
sentimentos desconhecidos era demais para segurar.

— Também nunca me senti assim — admitiu, erguendo um


braço esbelto para ele. — Preciso de ti, Ristèard.

Dentro dele acendeu um fogo furioso. Sua admissão suave o


tomou como um incêndio descontrolado. Precisava dele, não
apenas o queria, necessitava.

Ajoelhando na beirada da cama, acariciou a curva do pé


esquerdo, até o tornozelo. Envolvendo-o, o ergueu até descansar
em seu ombro. Um sorriso triunfante curvou seus lábios quando
ofegou, mas não resistiu. Em vez disso, ergueu a outra perna e a
colocou no esquerdo. O movimento abriu seu núcleo úmido.

Queria acender o fogo dentro dela, até que ficasse tão fora de
controle quanto ele. Movendo-se lentamente entre as longas
pernas, forçou-as a abrir. Parou para beijar ao longo das coxas.

O grito alto e a resposta apaixonada dela ecoaram pela sala.


Respirou o perfume inebriante de excitação, continuando a
provocá-la com os lábios. Estreitou os olhos nos cachos úmidos
que protegiam seu canal. Querendo explorar, passou os dedos pela
fenda úmida e escura.

Recompensou-o com outro grito abafado e o aperto dos


calcanhares nas costas dele, puxando-o para frente. As costas dela
se curvaram quando deslizou o dedo profundamente. O núcleo

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úmido e aquecido apertou, fazendo-o gemer com a resposta de seu
pênis.

Sua imagem, enterrado ao máximo, profundamente dentro


dela, fez seu pau estremecer. O roçar da ponta contra os lençóis de
cetim quase o fez gozar. Um arrepio percorreu seu corpo e respirou
profundamente, esforçando-se para colocá-lo sob os fios finos de
controle que desesperadamente mantinha. Não ajudou muito. Se
qualquer coisa, rasgou outro fio, quando seu perfume inebriante
se fundiu ao dela. — Ricki — murmurou.

— Preciso de você — sussurrou tensa, pressionando os


calcanhares nas costas dele e se mexendo inquieta. — Ristèard,
dói.

Sua garganta fechou com as palavras. Não era a única


sofrendo. No momento, era muito suave para descrever a dureza
de seu pênis e a pressão em suas bolas. Classificaria mais sob os
termos tortura excruciante.

Inclinando-se, gentilmente abriu os lábios macios. Seus olhos


brilharam de satisfação quando esfregou o polegar sobre o pequeno
e sensível nó. Agitando a língua contra ele, foi recompensado com
um suspiro. Determinado a lhe dar prazer, provocou-a, acariciando
o canal quente.

— Ristèard! — Ofegou alto. — Eu... oh meu Deus!

Aumentando a pressão, empurrou outro dedo


profundamente. Choque o percorreu quando sentiu uma barreira.

LORDS OF KASSIS #4 – RISTEARD’S


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Confusão, depois compreensão, surgiram, de repente. Uma
poderosa onda de possessividade o sacudiu.

Fechando os olhos, concentrou-se no prazer dela, lambendo e


provocando até explodir em torno dele. Forçou os olhos abertos,
erguendo-os. Suas costas estavam curvadas quando se
despedaçou. Tudo o que viu foi a barriga lisa e os seios, os mamilos
tensos e pontudos. Frustração explodiu por ele. Desejava ver o
rosto dela quando gozasse.

Afastando-se, tirou gentilmente as pernas dos ombros para


subir sobre ela. Ricki agarrou as cobertas, como se segurasse uma
tábua de salvação. Olhos fechados e rosto tenso enquanto o corpo
estremecia. Observou as pálpebras dela abrirem quando sentiu seu
eixo duro pressionando-a. Abaixando, prendeu os pulsos dela.

— Coloque as pernas na minha cintura — exigiu, erguendo os


braços dela ligeiramente acima da cabeça e os segurando lá. —
Faça isso, Ricki. Enrole-as em mim agora.

Segurou seu corpo congelado contra o dela, a ponta do pênis


pressionada contra a entrada. Bastaria um golpe para reclamá-la
como sua Imperatriz. Cerrou os dentes, esperando que cumprisse
a exigência. Não queria machucá-la, porém estava perto de perder
o controle que possuía. Um calafrio percorreu-o quando a sentiu
envolver as pernas nele e pressionar os calcanhares em suas
nádegas.

— Agora é minha — murmurou roucamente. — Minha


Imperatriz.

LORDS OF KASSIS #4 – RISTEARD’S


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Impulsionando-se para frente, lentamente pressionou-se
nela. Suor escorreu pela testa quando o calor escorregadio o
cercou. Sentiu o corpo dela apertando seu pênis, esticando,
lentamente a preenchendo. Suas respirações controladas,
combinavam quando sentiu a barreira mais uma vez. Inclinou-se
até ficar a poucos centímetros. Prendendo os olhos, vívidos azuis
pálidos, lentamente avançou. Dor passou por ela e fechou os
dedos, mas não protestou.

— Ricki — sussurrou com voz grossa. — Eu... faz-me sentir


coisas que me confundem.

Soltando-a, cuidadosamente abaixou o corpo, balançando os


quadris suavemente até se enterrar profundamente. Nunca sentiu
tanta necessidade de ser gentil. O fato de lhe causar dor, o rasgou,
mesmo quando outra parte dele rugiu em triunfo por ser seu
primeiro amante.

Fechando a distância, beijou-a possessivamente. Emoções


estranhas tomando-o, mudando, construindo e quebrando a cada
golpe. Apertou-a, segurando-a mais perto que pôde, enquanto
lábios e língua exploravam sua boca. Transmitiu a emoção que
sentia em cada carinho.

Recuando, observou-a novamente. Sentiu as bolas apertando


mais. Queria... ansiava... gozar, mas desejava vê-la se desfazer
primeiro.

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— Goze para mim, Ricki — exigiu, balançando mais rápido e
forte que antes, enquanto seu orgasmo aumentava. — Goze, minha
imperatriz. Deixe-me vê-la quebrar em meus braços.

Um arrepio a sacudiu com as palavras. As mãos dela,


libertadas mais cedo, agarraram seus antebraços. Resistiu ao
desejo de capturar seus lábios novamente quando os separou, em
vez disso, concentrou-se nos olhos, bombeando mais forte e rápido.
Sentiu o corpo da amante apertando seu pênis, segundos antes de
gritar novamente. Ofegando, seu próprio corpo explodiu quando
pulsou em torno dele.

Desmoronando, lembrou-se de manter os cotovelos travados


para não a esmagar. Suas respirações pesadas ecoaram alto. Virou
para beijá-la na têmpora.

— Ricki, acho que entendo o que me faz sentir — murmurou


em seu ouvido.

Inclinou a cabeça o suficiente para olhá-lo. — E o que é? —


Perguntou saciada.

— Amor.

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DEZESSSEIS
Ricki ficou surpresa com a confissão de Ristèard. Amor... seria
possível que se apaixonou por ela? Dúvida e confusão a invadiram.
Se a amava, o que os sentimentos que a atravessavam
significavam? Apaixonou-se por ele?

Abraçando-o, tentou racionalizar seus sentimentos. Sim,


esteve ciente dele desde a primeira vez que o viu, atribuiu isso à
exasperação mais que outra coisa. Foi extremamente arrogante e,
bem, mandão. Nenhuma característica que a atraía. Ainda assim,
não negaria que saiu com Stan para tirá-lo da cabeça. Agora, sabia
que nunca aconteceria. Pressionando os lábios no ombro dele,
fechou os olhos e explorou-o.

Não havia nada lógico sobre o que sentia. Queria-o


fisicamente, e quanto mais aprendia, mais reconhecia que gostava
de conversar com ele. Enquanto era todo áspero e rude do lado de
fora, sua compaixão e determinação em ajudar seu povo
mostravam um lado que muitos talvez não vissem... era um homem
que se importava. Abriu os olhos quando o sentiu levantar a
cabeça. Outro sorriso apareceu no canto de seus lábios quando viu
a carranca no rosto dele. Pela pequena saliência do lábio inferior,
não conseguiu o que queria.

— Deveria responder que me adora e me ama também —


afirmou sem rodeios.

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— Estou esperando. — Riu divertida. Sua mente percorreu
suas emoções, tentando nomeá-las. Amava-o? Possivelmente, mas
não estava pronta para admitir ainda. Não até confirmar. — Estou
profundamente atraída por você — admitiu. — Se não, não
estaríamos aqui.

Aprofundou mais a carranca e os olhos prateados brilharam


determinados. Soltou um suspiro baixo quando ele mudou os
quadris. Sentiu o pênis inchar dentro dela.

— Não era isso que queria que dissesse — desafiou. — Sei que
me ama. Só a reivindicarei de novo e de novo até que admita. Sou
o único homem para ti agora, minha Imperatriz.

Seu temperamento explodiu brevemente. Aprenderia que não


apenas exigiria que dissesse que o amava. Diria quando estivesse
bem e pronta! Arregalou os olhos com o pensamento.

Sim, o amo, relutantemente reconheceu. Simplesmente não se


sentia preparada para admitir. Ainda havia muitas perguntas sem
resposta e lidar com um relacionamento quando nem sabia quem
era, seria demais. Lidaria com os aspectos físicos. Só não estava
pronta para emoções, até que descobrisse quem era, de onde veio
e quem eram seus pais biológicos.

Sem mencionar, salvar um planeta, pensou enquanto dúvidas


e sentimentos de ser oprimida ameaçavam afogá-la.

— Está pensando demais — murmurou Ristèard, invadindo


seus pensamentos.

LORDS OF KASSIS #4 – RISTEARD’S


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— Preciso de mais tempo para entender quem e o que sou e
tudo mais que aconteceu — admitiu, olhando-o antes de gemer
quando ele balançou os quadris. — Além disso, não pode
simplesmente exigir que confesse algo. Não é assim que se faz.
Deveria... oh, isso é bom. — Interrompeu, olhando-o quando um
intenso prazer a percorreu novamente.

— Irá se sentir ainda melhor antes que termine — prometeu


roucamente. — Então... afirmará que me ama repetidamente.

Curvou os dedos contra a carne quente das costas do amante.


Arqueando-se, colocou as pernas na parte de trás das coxas dele.
O movimento o empurrou mais fundo.

— Talvez seja o contrário — brincou, antes de gemer


novamente.

Ricki olhou à forma adormecida de Ristéard. Precisava de


tempo sozinha para recuperar os pensamentos e emoções. A noite
passada foi...

LORDS OF KASSIS #4 – RISTEARD’S


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Inesperada, totalmente impulsiva e incrível, pensou, saindo
silenciosamente do quarto e voltava para o dela. Colocou as roupas
sujas na cadeira antes de pegar algumas novas que a mãe lhe deu
na noite passada. Correu para o banheiro e tomou um banho
rápido, ignorando a ternura desconhecida de seus seios e entre as
pernas.

Só minha mãe para lembrar do essencial quando sai em uma


aventura, pensou divertida, abotoando a blusa.

Pegando o vestido azul e a túnica, foi para a cama. Pendurou-


os no final e pegou o bloco de notas. Havia algo reconfortante em
escrever algo com lápis e papel. A tecnologia era ótima, mas, às
vezes, fazer coisas à moda antiga a ajudava a resolver um
problema.

Saindo silenciosamente, caminhou pelo corredor e sala de


estar. Abriu a porta, sorrindo educadamente para os guardas do
lado de fora. Endireitando os óculos, acenou quando saiu.

— Ricki — Nema cumprimentou, abrindo a porta do quarto


deles. — Falei ao seu pai que acordaria cedo.

Walter saiu, enfiando a camisa na calça. Um sorriso curvou


seus lábios. O pai sempre parecia arrumado e alinhado, mesmo de
jeans e camisa de botão. O cabelo castanho escuro estava penteado
para trás e úmido e tinha a costumeira carranca matinal. Era uma
dessas pessoas com quem você não conversa até depois da
primeira xícara de café.

— Bom dia, pai — Murmurou.

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— Bom dia, Ricki — resmungou. — Acha que tomam café
neste planeta?

— Tenho certeza de que sim — riu, virando enquanto Marvin


e Martin se aproximavam silenciosamente. — Ei pessoal.

— Bom dia, Ricki — responderam, olhando-a tão


intensamente, que corou.

— Seu pai e eu sairíamos para o café da manhã — comentou


Nema. — Sabe onde encontramos a cozinha?

— Irei acompanhá-los — informou um dos guardas. — O


Grande Governante pediu que não deixássemos a Imperatriz sem
escolta.

Suas bochechas avermelharam quando os pais a olharam


interrogativamente. Colocando uma mecha de cabelo rebelde atrás
da orelha, olhou-o. A cor em suas bochechas aprofundou quando
Marvin e Martin riram.

— A Imperatriz dele? — Walter rosnou. — Que significa isso?

— Explicarei mais tarde, pai — respondeu, ajustando os


óculos, por hábito. — Preciso estudar a porta do escritório dele e a
tapeçaria novamente. Irei me juntar a vocês daqui a pouco, se não
se importa. Não demorarei.

— Escoltarei seus pais à sala de jantar, depois você ao


escritório do Grande Governante — o guarda acenou.

— Seria maravilhoso — respondeu, aliviada.

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A pequena procissão percorreu os elegantes corredores. Ricki
riu quando a mãe tocou as paredes. Fios brilhantes de ouro
dispararam na pedra negra antes de desaparecer. Ouviu
distraidamente os pais conversando sobre como usariam isso como
atração ou parte de um dos shows.

Seu foco estava nas belas pinturas e obras de arte em


exibição. Figuras diferentes pendiam pelos corredores,
representando uma variedade de períodos na história de Elipdios.
Passaria semanas sozinha, estudando-as.

Suspirando, percebeu que ficava para trás e correu para


alcançá-los quando viraram a esquina. Parou quando esbarrou em
uma mulher na direção oposta. O impacto derrubou o bloco da mão
dela. Antes que o pegasse, a mulher se ajoelhou.

— Sinto muito — falou baixo, encarando-a antes de olhar para


cima e ver que o pequeno grupo parou na frente de uma escultura,
mais adiante no corredor.

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A outra encarava as anotações que fizera ontem. Ricki
gentilmente pegou o bloco com um sorriso de desculpas e fechou-
o. Por alguma razão, algo lhe dizia que deveria ter cuidado ao
compartilhar as descobertas com alguém que não fosse Ristéard.

— É a mulher que o Grande Governante afirma ser sua


Imperatriz — afirmou, a olhando de cima a baixo. — Sou Cherissa,
sua consorte.

Arregalou os olhos, surpresa. — Isso é... interessante. —


Respondeu, sem muita certeza do que mais dizer. — Se me der
licença, devo conversar com meus pais.

A vadia parou na frente dela, bloqueando o caminho.


Estreitou os olhos, avaliando a pele pálida de Ricki. Deu outro
passo para o lado, mas a mulher se moveu junto.

— Ele terminou com você por hoje? Se sim, irei até lá. Um
macho de Elipdios é muito agressivo quando procura uma mulher
para ficar — comentou. — Não parece satisfazê-lo da maneira que
posso.

Apertou a boca em uma linha reta. Havia certas coisas que


não discutia com os outros. Sua vida sexual era uma delas. Se a
vagabunda pensou que abordaria essa declaração ousada com
outra, teria uma triste surpresa.

— Se me der licença — respondeu em tom curto, dando um


passo à esquerda novamente para passar. — Alcançarei minha
família.

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Mais uma vez, a mulher entrou na frente dela. Contando até
dez lentamente, jurou que se a impedisse de novo, daria um tapa
na cabeça azul. Percebendo que a diplomacia não funcionaria,
decidiu ser franca sobre quais seriam suas intenções se não a
deixasse passar.

— Sei como cuidar das necessidades dele — Cherissa


murmurou baixinho. — Sei como lhe dar prazer.

Encarou-a friamente. — Realmente não dou a mínima para o


que sabe fazer. Agora, sugiro que não bloqueie meu caminho
novamente. Se o fizer, a removerei — afirmou.

Olhou-a ressentida. — Tenho uma boa vida no palácio —


respondeu ameaçadoramente. — Pretendo mantê-la. O Grande
Governante ficou satisfeito com minhas atenções até que você veio.
Não a deixarei tirá-lo de mim.

Recusou-se a responder. Contornando-a, sorriu ao ver Andras


observar de onde conversava com o guarda. Caminhando na
direção dele, se atrapalhou com o bloco para esconder as lágrimas
de raiva.

— Lady Ricki, tudo bem? — Perguntou preocupado, olhando


por cima do ombro para Cherissa em aviso.

Deu um sorriso tenso e assentiu. — Sim — respondeu,


olhando para o corredor vazio. — Meus pais?

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— O guarda os acompanhou para o café da manhã —
respondeu. — Falou-me que deseja voltar ao escritório de Ristéard
por um curto período.

— Sim, obrigada — afirmou com um sorriso fraco. — Há


algumas coisas que gostaria de ver novamente.

Assentiu, virando para andar com ela. — Descobriu uma


maneira de salvar Elipdios? — Perguntou, com um olhar afiado e
avaliador. — Uma fonte de Pedras de Sangue?

Anuiu. — Sim, bem, talvez — admitiu relutante. — Ainda não


tenho certeza, acho que estou perto. Só preciso de um pouco mais
de tempo para ver se o que encontrei realmente é o que penso.

Parou quando abriu uma porta no final do corredor. Olhou-a


com uma expressão séria. Encarou o bloco antes de voltar para o
rosto. — Realmente espero que tenha, Imperatriz — respondeu com
um sorriso repentino. — Realmente espero.

Eu também, pensou, atravessando as portas que levava ao


escritório de Ristéard. Eu também.

Nenhum deles viu a mulher no final do corredor, observando-


os desaparecerem. Ódio ardia em seus olhos, observando a fêmea
de pele clara. Não mentiu quando falou que tinha algo bom no
palácio, mas esse tempo logo terminaria.

Este mundo morria e já prometeu uma vida agradável em


outro planeta em troca de informações. Um sorriso curvou seus
lábios. Não lembrava de todas as informações que estavam no

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papel estranho, reconheceu o suficiente para saber que era
importante. Esta noite, passaria adiante... por um preço. Queria
mais que uma vida agradável, desejava viver como uma Imperatriz.
Girando, rapidamente voltou aos aposentos para registrar o que se
lembrava dos símbolos.

Ristèard piscou várias vezes ao acordar na manhã seguinte.


Virando a cabeça, via a fraca luz do sol nascendo. Por um
momento, se perdeu naquela beleza. Amava seu mundo, o povo,
com uma intensidade nascida de séculos de governo de seus
ancestrais.

Suspirou profundamente antes de se virar para olhar para


Ricki. Estremeceu quando descobriu que o travesseiro estava
vazio. Sentando, procurou loucamente ao redor. A porta entre os
quartos estava aberta. Jogando as cobertas para o lado, levantou.

— Ricki — murmurou. Medo correu por ele quando entrou na


outra sala e a descobriu vazia. Seus olhos relampejaram para o
vestido amarelo, suéter e sapatos combinando cuidadosamente

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dobrados na cadeira enquanto a camisola azul estava mais uma
vez no final da cama bem arrumada. Voltando ao quarto, procurou
as calças largas que usara na noite anterior. Também estavam bem
dobrados e sobre a cômoda grossa e polida de madeira.

Rapidamente as puxou antes de sair. Caminhou através de


seus aposentos vazios até a porta principal que dava para o resto
do palácio. Abrindo-a, olhou sombriamente para os guardas do
lado de fora. — Onde está a Imperatriz? — Perguntou.

— Ela e os pais retornaram ao seu escritório, Grande-


Governante — respondeu um.

— Sozinhos? — Indagou.

— Não, senhor — falou o outro. — Andras nos encontrou


quando escoltava ela, os pais e os Kor d'lurs até o escritório.
Afirmou que permaneceria com eles.

Acenou rapidamente antes de dar um passo para trás e fechar


a porta. Girando, passou as mãos pelos cabelos e soltou uma
respiração profunda e calma. Falaria com Ricki sobre não sair do
seu lado. Enquanto ele e Andras mataram a maioria dos traidores
ontem, seu instinto dizia que Texla e Roamlin não eram a cabeça
da serpente. Voltando, entrou no banheiro. Tirando as calças, as
chutou antes de entrar no chuveiro grande. Tocou o controle antes
de fechar os olhos enquanto a água quente caía em cascata sobre
seu corpo ainda zumbindo. Ricki estava certa. Foi ele, não ela, que
confessara seu amor repetidas vezes. Determinação queimou

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através dele. Sabia que o amava. Embora não dissesse as palavras,
os toques carinhosos transmitiam.

Um sorriso curvou seus lábios. Sua Imperatriz relutante


também era muito teimosa. Abrindo os olhos, derramou uma
pequena quantidade de sabonete na mão. Esfregando-o em sua
pele, pensou na noite passada. Perderam-se um no outro várias
vezes, cada vez mais apaixonados que a anterior. Explorou o corpo
dele com tanta intensidade que só de pensar o deixou duro
novamente. Segurou seu pau rebelde. Pensaria que a maldita coisa
ficaria satisfeita por pelo menos algumas horas! Em sua mente,
lembrou dela deslizando por seu corpo.

Ela envolveu a mão em seu pênis, como o segurava agora, só


que não parou de acariciá-lo. Amaldiçoou baixo quando sentiu o
saco pesado apertar. Acariciando-se, fechou os olhos e imaginou
que era Ricki de joelhos entre suas pernas. A língua quente e
úmida o acariciou, sugando-o profundamente, antes de se afastar
lentamente.

Gemendo, apoiou a outra mão na parede do chuveiro e


bombeou seu pau mais e mais rápido. Não demorou muito, entre
a imagem da noite passada e a mão dele, para derramar sua
semente. Respirando pesadamente, abriu os olhos e viu o sêmen
se misturar com a água do chuveiro.

Ricki deveria estar aqui, pensou exasperado. Seria muito mais


agradável.

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Era mais uma conversa que teriam. Aprenderia a obedecê-lo
se ele quisesse mantê-la segura e sua sanidade, admitiu relutante.
Impaciente por vê-la, desligou o chuveiro e saiu.

Em questão de minutos, se vestiu e caminhou em direção ao


escritório. Afastando os pensamentos rebeldes, concentrou-se no
que faria. Ela descobriu informações que talvez salvassem seu
mundo. O tempo se esgotava e precisava tomar uma decisão sobre
iniciar a evacuação e ordenar que os residentes mudassem para as
cidades subterrâneas.

Mesmo que fizesse as duas coisas, sabia que milhares


morreriam. Muitos se recusariam a sair até que fosse tarde demais.
Também acreditava que, mesmo com os vastos navios militares, de
transporte e as seis grandes cidades subterrâneas, não tinham
recursos para atender a todos.

Seus olhos percorreram o antigo palácio que abrigava sua


família há séculos. Exceto pelos breves anos em que mantiveram
ele e os pais em cativeiro, um Roald sempre governou. Seu avô,
percebendo a ameaça, ordenara que escondessem os tesouros nos
vastos sistemas de catacumbas nas profundezas da montanha.

Por sete anos, trancaram eles e aqueles que seguiram a


família Roald, dentro da única cidade subterrânea conhecida. Lá,
lutaram para sobreviver até que escapassem e retomassem seu
lugar de direito. Os cidadãos que viviam acima precisaram
finalmente se levantar contra o conselho governante para se
libertarem.

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Somente quando a devastação ao planeta se tornou óbvia
demais para omitir, é que os cidadãos exigiram saber o que
acontecia. Alcolsis, o cruel e ganancioso senhor da guerra, não era
mais capaz de se esconder atrás das mentiras. As pessoas se
levantaram, exigindo saber o que houve com a família real. Lutas
internas massivas ameaçavam a própria estrutura de sua
existência. Ele decidiu que recuperaria o controle se detivesse o
poder por trás do trono... o próximo imperador de Elipdios,
Ristèard Roald.

Nunca esqueceria o dia em que os conselheiros traidores


chegaram com os guerreiros. Pensaram que o tomariam como
prisioneiro, um garoto que colocaria no trono e controlaria como
um mestre faz com o aluno. Só que já tinha um mestre que
admirava, seu pai.

Treinavam diariamente, o empurrando até que sua mente e


corpo estivessem preparados para o dia em que buscariam justiça.
Quando Alcolsis chegou, ele e o pai, juntamente com outros
homens e mulheres que juraram lealdade à sua família, atacaram
com força e rapidez antes que o velho soubesse o que aconteceu.

Perdeu o irmão mais novo naquele dia e, pouco depois, sua


mãe. Durante o tempo na cidade subterrânea, também ganhou
outros que considerava família. Andras, Emyr, Harald e Sadao
tinham a mesma idade que ele, quando juntamente com os pais e
outros membros das aldeias, foram presos por não serem fieis ao
tirano.

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Virando a última esquina que levava ao escritório, parou
quando viu Ricki ajoelhada em frente às enormes portas. Dois
guardas estavam de lado, olhando-a curiosos. Usava calça marrom
escura e blusa branca de mangas compridas. Tinha o cabelo bem
torcido e preso novamente. A princípio, uma sensação de
exasperação o encheu por insistir em prendê-lo, até que viu o olhar
de apreciação dos homens.

Voltou a observá-la. Agora que sabia como era com as ondas


douradas soltas, admitiu que tinha ciúmes suficiente para querer
mantê-la só para seu prazer. Também sabia que, com o
comprimento, era mais fácil para ela deixá-lo preso.

Por um momento, apenas a observou apreciando. Tinha nas


mãos a familiar prancheta que ele vira em Kassis e concentrava-se
entre ela e a porta. Em um ponto, parou e traçou levemente um
padrão nos enormes painéis pretos. O jeito que o tateou o lembrou
do jeito que ela o tocou noite passada. Praguejou baixo quando
sentiu o corpo reagir à memória.

Avançou quando a viu virar para ele. Uma sensação de


desconforto tomou conta dele quando, em vez de parecer satisfeita,
pressionou os lábios em uma linha dura e reta de desaprovação.
Observou-a quando levantou graciosamente.

Se pensava que estava chateada, bastou um breve olhar para


a máscara suave de seu rosto e o olhar furioso para saber que não
estava feliz em vê-lo. Aproximando-se, acenou para os guardas que
se endireitaram e abaixaram a cabeça em reconhecimento.

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— Não deveria ter saído da minha cama — afirmou sem
rodeios, estremecendo quando a fúria fria se aprofundou nos olhos
dela. — Senti sua falta — acrescentou baixo, apenas aos ouvidos
dela.

Deu de ombros. — Tenho certeza de que Cherissa ficaria feliz


em mantê-lo aquecido esta noite — respondeu cortante — Acredito
que entendo o que significam as esculturas. Se quiser, explicarei
antes de sair.

Surpresa, então fúria o varreu com as palavras. Olhando para


os guardas, estendeu a mão e agarrou o cotovelo da mulher. Os
homens deram um passo à frente e abriram as pesadas portas. Fez
uma careta quando Ricki imediatamente puxou o cotovelo e
entrou.

Ficou grato quando um rápido olhar confirmou que estavam


sozinhos na sala. Segui-a com o olhar enquanto caminhava pelo
tapete grosso até a janela, virando apenas quando colocou uma
distância entre eles. Ergueu o queixo e o encarou com uma
expressão glacial.

— Ricki — começou, parando quando ela colocou o bloco de


notas sobre a mesa e levantou uma mão trêmula para alisar uma
mecha solta dos cabelos. — Não se chateie com ela. Não significa
nada para mim.

— Não é a impressão que tive esta manhã, quando me


perguntou se terminou comigo e queria que fosse ‘cuidar de suas

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necessidades pessoais’. Acredito que essa foi a expressão correta
— acrescentou com desagrado.

Frustração e preocupação o encheu com a expressão no rosto


dela, repetindo o que Cherissa disse. Na verdade, esqueceu não
apenas da vagabunda, mas também das outras que mantinha no
palácio.

— Nenhuma significa nada para mim, Ricki — rosnou baixo.


— Os Elipdios são uma espécie muito agressiva e com alto desejo
sexual, como descobriu ontem à noite. É natural que tanto o macho
quanto a fêmea da minha espécie liberem essa agressão através do
sexo.

Soube no momento em que terminou, que piorou a situação,


em vez de melhorar. Os olhos dela brilharam antes que piscasse
rapidamente. Respirou fundo, estremecendo e olhou além dele
para a tapeçaria atrás da mesa.

— Repassarei o que acredito ser a chave para encontrar o local


do cofre escondido com você, antes de retornar à Kassis com meus
pais — falou sem emoção. — Se preferir, deixo as informações para
repassá-las mais tarde com seus homens e cientistas aqui em seu
mundo. Sugiro, no entanto, que não demore a tomar uma decisão.
Conversei com Ajaska hoje de manhã. Jarmen não foi capaz de
fazer muito com o sistema de blindagem atual e confirmou o que
já me falou, que os cristais quebram mais rápido do que qualquer
um esperava devido à radiação.

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Deu um passo mais perto, apertando os punhos para não a
agarrar e sacudir. Não havia como a deixar sair, especialmente
depois do que aconteceu noite passada. Pertencia-lhe. — Ouça-me,
minha Imperatriz — falou baixo e firme. — Permanecerá ao meu
lado. Aqui em Elipdios ou em um mundo novo, pertence-me.
Reivindiquei-a como minha, a Imperatriz de Elipdios. Seu lugar é
ao meu lado agora e no futuro.

Encarou-o com um olhar gelado. — Não sou um objeto que


possa ser reivindicado — respondeu friamente, pegando o bloco de
notas. — Agora, se terminou de desperdiçar meu tempo, tenho
assuntos mais importantes que exigem minha atenção. Prometi a
meus pais que me juntaria a eles no café da manhã assim que
terminasse.

— Ricki — murmurou, incapaz de manter distância por mais


tempo. — Ricki, olhe para mim... por favor.

Demorou vários segundos antes que voltasse o rosto para ele.


O brilho nos olhos retornou, só que desta vez um diamante líquido
e frágil escapou e deslizou pelo canto. Erguendo a mão, pegou a
lágrima. A luz que passava através da janela a pegou e, por um
momento, viu seu reflexo nela. Levantando-a aos lábios, capturou
a umidade salgada.

— Não serei como aquela mulher ou as outras que... você...


tem aqui. — Sussurrou, virando o rosto novamente para que não
visse a dor que sentia. — Foi apenas uma noite. É melhor voltar
para Kassis, onde pertenço.

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Odiou a maneira como ela enrijeceu e tentou se afastar de seu
toque. Segurando as bochechas dela, esfregou suavemente a pele
macia. Abaixou as pálpebras, impedindo-o de ver os olhos.
Pacientemente esperou que o encarasse. Quando não o fez, se
inclinou e tocou os lábios ternamente nos dela.

— Não significam nada para mim, Ricki Bailey — murmurou


roucamente contra ela. — É você quem capturou meu coração.
Preciso de ti. Nunca disse isso a ninguém, nem aos amigos, nem
ao meu pai, nem outra mulher. Anseio-a Ricki, como necessito do
ar para respirar. Para mim, só existe você, minha Imperatriz.

Sentiu a respiração trêmula que inalou lentamente. Demorou


vários segundos antes que as pálpebras levantassem e o encarou
com olhos feridos e desconfiados. Mais uma vez, sentiu como se
caísse nos claros lagos azuis, encontrados no alto das montanhas
de seu mundo.

— Como acreditarei? — Perguntou. — Afirma que me ama,


mas não me conhece. Como pode, quando nem sei quem sou? De
que maneira sei que não me usará como fez com as outras? Como...
sei que ficaria feliz comigo?

Gemeu baixo e a beijou calorosamente, cheio com as emoções


agitadas profundamente dentro dele. Derramou cada grama de
amor e necessidade. Puxou-a contra ele. Quando finalmente a
soltou, respiravam pesadamente.

— Sinta meu coração — falou, rispidamente. — Sinta e saiba


que troveja para você, Ricki. Diz que não a conheço, porém

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conheço. A primeira vez que a vi, estava na enorme tenda em
Kassis. Vi uma mulher que se importava com aqueles ao seu redor.
Que respeita o conhecimento e as habilidades de seu povo. Na noite
da apresentação, quando sabia que os que amava estariam em
perigo, permaneceu calma. Observei-a e sabia que era minha,
mesmo antes de entender o porquê. A profecia contou sobre sua
vinda, não desejava ou acreditava que precisaria de uma noiva até
conhecê-la. Noite passada, vi-a de uma maneira que ninguém viu
antes e me apaixonei mais.

Bufou delicadamente e um rubor subiu por suas bochechas.


Olhou-a como se enlouquecesse. Talvez tivesse, contudo se
acontecesse, não pensaria em uma maneira melhor. Inclinando-se,
deu outro beijo carinhoso nos lábios dela antes de se afastar com
relutância quando a porta atrás dele abriu.

— O que é, Andras? — Perguntou em voz baixa e dura, não se


afastando de Ricki.

— Desculpe interromper, Ristèard, apenas checando Lady


Ricki para ter certeza de que estava segura e ver se está pronta
para se juntar aos pais — respondeu calmamente.

Olhou por cima do ombro. — Irei acompanhá-la — avisou. —


Preciso que prepare minha partida. Necessitaremos de um
transporte e rações para vários dias.

— Deseja que chame Harald e Emyr para ir conosco? —


Questionou com uma sobrancelha levantada. — Ainda
supervisionam as zonas.

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Negou. — Não, Sadao viajará com Ricki e eu enquanto
caminhamos para o escondido Templo da Imperatriz — decidiu. —
Quero que fique aqui para monitorar os escudos e garantir que não
haja mais ataques.

— Como quiser — respondeu, acenando em reconhecimento.

— Andras — chamou quando o amigo se virou. — Enquanto


estou fora, quero que revise o vídeo e os dados sobre Texla e os
membros do conselho que nos atacaram. Além disso, fale com
Manderlin e veja se esclarece quem está por trás disso. Meu
instinto diz que quem quer que seja, atacará novamente,
especialmente agora que há uma maneira de salvar o planeta.

Parou, observando brevemente Ricki antes de voltar para


Ristèard. — Avisarei assim que encontrar algo.

— Uma última coisa. — Falou, olhando fixamente nos olhos


dele. — Providencie para que Cherissa seja removida do palácio.

Um sorriso frio curvou seus lábios. — Cuidarei disso


pessoalmente — respondeu, retirando-se da sala.

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DEZESSETE
— Aceite isso, Blueboy, iremos juntos — afirmou Walter,
acenando para Marvin e Martin. — Certifiquem-se de ter as coisas
de Nema, garotos.

Marvin sorriu para o irmão. — Sem problemas, Walter. Nema


já pediu — respondeu com um leve sotaque. — Tem suas malas e
as de Ricki prontas.

— Preciso agradecer a mamãe por me trazer algumas roupas


— falou Ricki, checando a mochila com os blocos de notas e tablets.
— Pai, tem certeza de que irá? Será perigoso. Não sabemos o que
encontraremos.

Ristèard fez uma careta, ouvindo o caos na sala. Não ajudou


quando ouviu a risada suave de Ajaska atrás dele. O Kassisan
gostava demais de sua frustração. — Sabe que rir disso não cria
um bom relacionamento diplomático, não é? — Resmungou. —
Como lida com esse humano? Não imagina o que faria com ele.

Olhou-o divertido. — Observei-o com os outros. Tem uma


presença muito imponente, às vezes é muito rude, mas tem um
bom coração — falou.

Esfregou a parte de trás do pescoço e viu Martin pegar os itens


que Walter se referiu e os colocar na parte de trás dos skids que
ele e Marvin usariam. Escoltou Ricki para tomar o café da manhã,
enquanto Andras organizava o equipamento necessário. O que não

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esperava era a insistência dos pais dela em acompanhá-los. Claro,
Marvin e Martin se recusaram a permitir que ficassem sem
proteção, o que levou Ajaska a encolher os ombros e informar que
também iria.

— Posso muito bem acompanhá-lo. Assim, vou cobrir suas


costas e minhas novas filhas me matariam se algo acontecesse com
Walter, Nema ou Ricki. Além disso, estou curioso sobre as
descobertas dela — comentou. — Jarmen também pediu mais
tempo para analisar por que os escudos falham. Está fascinado por
sua estrutura e pela tecnologia por trás disso.

Sabia exatamente por que os escudos falhavam. Alguém os


sabotava. Os fracassos começaram logo após o primeiro encontro
com o homem mais velho. A princípio, suspeitava que seria um
ataque secreto dos Kassisans para testar a tecnologia e a resposta.
Rapidamente descartou isso depois de visitá-los.

— Tem alguma ideia de quem está por trás dos ataques? —


Perguntou calmamente, puxando-o ao presente.

Negou. — Andras está verificando os registros, cada pessoa


envolvida, do nível mais baixo ao mais alto. Só depois que nós nos
encontramos os ataques começaram nas estações de blindagem —
respondeu cautelosamente.

Lançou-lhe um olhar penetrante. — Não sugere que eu ou


qualquer um do meu pessoal seja o culpado, está? — Perguntou
irritado. — É melhor ter meu povo como aliado que inimigo.

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— Não, não acho que você ou a Casa Real estejam por trás
dos ataques — respondeu pensativo, observando Ricki enquanto
ela ajoelhava na frente da mãe que acabara de se juntar a eles. Via
a preocupação em seu rosto, bem como desalento. Estava tão
frustrada com a determinação dos pais de ir quanto ele. — O que
me confunde é que foram aleatórios e facilmente corrigidos até os
últimos dias.

Virou a cabeça para observar o que Ristéard olhava. Uma


carranca franziu sua testa. Seus olhos escureceram preocupados.
— Acha que é por causa de Ricki, não é? — Observou. — Os
ataques aumentaram desde que soube dela.

— Sim — murmurou. — Por isso que não a quero fora de vista.


Temo que quem estiver por trás disso a alveje a seguir.

Curvou os lábios. — Apaixonou-se por ela — afirmou


satisfeito. — Admito, acho as humanas fascinantes.

Olhou-o surpreso, porém não respondeu. Sim, eram


impressionantes. Era mais que uma coloração única, era a maneira
como abordavam as coisas. Enquanto as fêmeas Kassisans eram
protegidas e consideradas frágeis, as de Elipdios eram forçadas
pela história de seu mundo a serem mais agressivas, assim como
os machos. As humanas tinham características entre as duas;
frágil e forte. A força era mais interna que física, ou pelo menos
parecia assim até que lembrou dos feitos incríveis que as amigas
de Ricki, River, Star e Jo fizeram durante a luta com Tai Tek.

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Curvou os lábios, observando sua Imperatriz se inclinar e
beijar a bochecha da mãe. As amigas dela não eram as únicas
fortes, pensou com um sorriso irônico. Fez um bom trabalho me
batendo na bunda mais de uma vez.

— Está na hora de partir — avisou de repente. — Chegaremos


à área pouco antes do anoitecer. Não quero pegar um dirigível.
Ainda existem grupos tribais que consideram a área sagrada. Os
skids ficam sob vigilância, mas ainda precisamos viajar
cuidadosamente.

— Desejo colocar minhas mãos em uma dessas motos desde


a primeira vez que as vi — respondeu, esfregando as mãos. — Quão
rápido andam?

Sorriu. — São meu projeto pessoal — gabou-se, caminhando


até a sólida bicicleta preta. — Rápido suficiente quando necessário.

Conectou os olhos aos preocupados de Ricki. Estendeu a mão


para ela. Montaria atrás dele, enquanto o pai iria com Martin e a
mãe com Marvin. Sadao e Ajaska pegariam a retaguarda e levariam
a maioria dos suprimentos.

Cada um vestia-se com um traje preto com controle


ambiental, projetado para o calor brutal do dia do deserto oriental
e o frio extremo da noite. Foi um desafio modificá-lo para Walter e
Nema em tão pouco tempo, outra razão que atrasou mais de três
horas do tempo que pretendia sair. Do jeito que estava, não sabia
se chegariam às montanhas antes do anoitecer.

— Obrigado — Ricki murmurou, pegando o capacete.

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— Pelo que? — Surpreendeu-se.

Olhou para o lado em que Marvin levantava a mãe na parte


de trás do skid e certificava-se que não estava apenas confortável,
mas também segura. Suspirou quando voltou a atenção para ele.
Suas emoções estavam confusas. Ainda estava magoada por seu
encontro anterior no corredor com Cherissa e não tinha certeza no
que acreditar.

— Por ser paciente e permitir que meus pais também viessem,


mesmo que eu preferisse que voltassem ao navio de guerra —
admitiu.

Segurou a bochecha dela e se inclinou para roçar um beijo em


seus lábios. — É direito de um pai proteger a filha — respondeu
antes de sorrir ironicamente. — Além disso, ameaçou chutar
minha bunda se o detivesse.

Riu e um rubor suave e rosado coloriu suas bochechas


quando virou para o pai e percebeu que todos os esperavam.
Erguendo o capacete, o colocou. Imediatamente, o sólido escudo
preto acendeu com um brilho verde suave e viu o interior da
caverna subterrânea que abrigava os transportes particulares. No
lado esquerdo do escudo havia uma série de informações,
mostrando a temperatura externa, localização e seu link de
comunicação com Ristéard.

— Pode me ouvir? — Ecoou uma voz profunda.

Assentiu antes de fazer uma careta. — Sim, desculpe —


respondeu roucamente.

LORDS OF KASSIS #4 – RISTEARD’S


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— Se precisar se conectar com os outros, basta dizer o nome
— explicou. — Liguei meu capacete ao seu, para monitorar seus
sistemas. Caso fique desconfortável ou precisar de algo, me avise.

— Ficarei bem — afirmou, deslizando na parte de trás do skid


e segurando as alças. — Salvaremos seu planeta.

— Nosso planeta — corrigiu-a, rouco. — É seu agora também,


minha Imperatriz.

Não respondeu. Não queria admitir o medo avassalador que a


percorria que estivesse errada. E se interpretou mal as
informações? E se fosse apenas uma história elaborada esculpida
na porta para dar esperança às pessoas quando não havia
nenhuma? E se...

Não, pensou ferozmente, afastando o medo e as dúvidas.

Havia uma maneira de salvar Elipdios. O pensamento de que


tantas pessoas morreriam a sufocava. O rugido alto da multidão
quando Ristéard levantou as mãos unidas ainda deixava uma
sensação de descrença atordoada dentro dela.

Por um momento, lembrou do olhar das crianças quando


estavam ali. Desceu a plataforma, incapaz de ignorar os braços
estendidos. Afastando a preocupação dos guardas, tocou suas
mãos pequenas, apertando-as e murmurando para elas. Foi
quando levantou e encarou os olhos suplicantes dos pais delas,
que percebeu que não iria embora. Sabiam que o planeta morria,
mas também viu esperança e determinação renovada.

LORDS OF KASSIS #4 – RISTEARD’S


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Enrolou os dedos firmemente à sua frente enquanto o skid se
elevava. Engolindo, sentia a sensação de pânico crescer à medida
que levantava. Olhou para o lado, suspirando aliviada quando
percebeu que estava a apenas um metro e meio do chão. Pularia,
se precisasse. Quatro pés não era ruim, lidaria com isso.

— Respire Ricki — murmurou Ristéard em seu ouvido.

Ergueu a cabeça, olhando a parte de trás do capacete. —


Estou respirando — murmurou. — Estava com medo de que
subisse mais, todavia isso não é tão ruim.

Deveria saber pela risada rouca que estava em apuros. Não


imaginou por que não colocou dois e dois juntos. Claro que
estavam a poucos metros do chão, permaneciam dentro de um
sistema de túneis sob o palácio. Isso mudou quando romperam as
paredes restritivas. Foi quando soltou mais palavras que não
imaginava que conhecia no ouvido de Ristéard. As primeiras
começando com ‘Oh, merda!’

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DEZOITO
Ricki perfurou Ristéard com outro olhar irritado quando
sorriu para ela. Virando, puxou o boné de malha preta que a mãe
retirou do estoque interminável de itens que empacotou. Admitia
que estava agradecida por ser tão engenhosa. Não só para ela, para
todos, pensando como estava frio, comparado com antes. Os trajes
regulavam os corpos, porém precisariam de uma cobertura para as
cabeças com o vento forte que soprava.

— Está com frio? — Ristéard perguntou atrás dela.

Olhou por cima do ombro e fez uma careta. — Não —


respondeu, admitindo relutante. — Nunca tive problema com frio,
é o calor que me incomoda. Mamãe sempre implicava comigo
quando era pequena para usar suéter ou vestir roupas mais
quentes, mas adorava quando esfriava e viajávamos para países
onde frequentemente fazia frio. Agora, acho que entendo o porquê.

Observou-a levantar a mão esquerda e se concentrar por


alguns segundos. Cristais de gelo delicados formaram na ponta dos
dedos. Recuou quando ela de repente torceu a mão e apontou para
longe de onde estavam. Uma rajada de gelo disparou do centro.

Colocou o braço ao redor dela quando balançou e os joelhos


dobraram. A preocupação obscureceu seu olhar, vendo o rosto
pálido. Seus olhos estavam fechados e respirava superficialmente.
— Ricki?

LORDS OF KASSIS #4 – RISTEARD’S


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Os cílios tremeram antes que erguesse as pálpebras
lentamente. — Desculpe — sussurrou. — Não esperava isso. Meio
que me esgotou.

Bufou, erguendo-a e a carregando para o abrigo que montou


pouco antes. Fizeram um bom tempo, considerando que
percorreram mais de dois mil e quatrocentos quilômetros de
terreno traiçoeiro. A última hora foi feita na escuridão quase
completa.

Estacionaram os skids na encosta das montanhas, mais


próximo da posição que Ricki determinara que os levaria à entrada
do labirinto. Ordenou a Martin e Marvin que fizessem a primeira
vigília, sabendo que os Kor d'lurs são excelentes em mapear e
misturar-se nos ambientes. Sadao montou um sistema de defesa
de perímetro, enquanto Ajaska ajudou Walter e Nema a montar o
abrigo durante a noite.

Arrumou o dele e de Ricki antes de se afastar do grupo para


chamar Andras. Conversaram por alguns minutos antes que
desligasse as comunicações e retornasse ao acampamento.
Preocupação o invadiu quando a viu parada ao lado, na escuridão.

Falou algumas palavras muito interessantes no início da


jornada. Levou quase uma hora conversando em tom calmo e suave
antes que finalmente se acalmasse o suficiente para respirar
normalmente. Sugeriu retornar ao palácio quando o pulso dela
disparou de forma alarmante. Recusou-se, mas ele sabia que tinha
um aperto mortal no veículo. O orgulho e a admiração dele
cresceram ainda mais, enquanto sua Imperatriz lutava para

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superar o medo de altura, acelerando em direção às Montanhas
Orientais.

Abriu caminho através da fina barreira de tecido do abrigo.


Apertou-a mais quando se moveu inquieta. Curvando-se,
gentilmente a deitou na roupa de cama macia. — Não se mova —
ordenou, alcançando o pequeno pacote ao lado da cama. Puxando
um scanner, lentamente passou por ela. — Está desidratada.

Devolvendo o scanner à bolsa, pegou um pequeno frasco e o


levou aos lábios dela. Esperou até que bebesse quase metade antes
de afastá-lo. Segurando a bochecha, percorreu o rosto dela.

— Estou bem — sussurrou. — Surpreendeu-me apenas. Não


esperava isso, o gelo apenas... saiu.

— Bem, não deixe acontecer novamente — rosnou. — Não


gosto do que te fez. Já comeu?

Negou e fez uma careta. — Esqueci — admitiu. — Faço isso


quando me concentro em alguma coisa.

Sentou-se sobre os calcanhares e vasculhou a bolsa


novamente. Desta vez, pegou um pequeno pacote. Apertou um
botão. Uma luz vermelha acendeu por vários segundos, antes de
piscar verde. Arrancou a tampa e um perfume encheu o abrigo.

Tirou um utensílio fino com aparência de garfo da tampa e o


colocou na bandeja de comida. Sentando novamente, usou um
braço para ajudá-la a levantar. Balançou a cabeça quando ela

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começou a pegar a bandeja. — Deixe-me — falou, levando o garfo
à boca dela.

Revirou os olhos. — Posso me alimentar — reclamou. — Eu...

Aproveitou a oportunidade para deslizar mais comida entre os


lábios protestantes. Era a primeira vez que cuidava de outra
pessoa. Franziu a testa em concentração, continuando a alimentá-
la. — Nunca fiz isso antes — falou calmamente. — Lembro da
minha mãe alimentando meu irmão mais novo. Observava-a cuidar
dele. Nasceu cedo e estava muito doente. O único remédio que
tínhamos eram as poucas ervas que ela e algumas outras mulheres
cultivavam.

Engoliu o líquido quente que a alimentava. Sua mente


relampejou na pintura na parede acima da lareira no escritório.
Lembrou de uma mulher segurando o corpo de uma criança
pequena e a tristeza nos olhos do homem mais velho.

— A pintura — murmurou. — Era você e seu pai no centro. A


mulher segurando a criança atrás de você, sua mãe e irmão?

Assentiu, encarando o recipiente vazio. — Não penso mais


neles com frequência. Houve tanta morte desde então e haverá
mais, muito, muito mais, se não encontrar uma maneira de salvar
meu mundo — admitiu.

— Quantos... quantos anos tinha quando o mandaram à


prisão? — Perguntou hesitante, puxando as pernas para cima e
passando os braços em volta dos joelhos.

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Colocou a bandeja vazia ao lado da sacola e a empurrou para
o outro lado da cama improvisada. Depois que se acomodou, puxou
o lençol térmico sobre eles e deitou, levando-a junto. Por vários
minutos, ficaram em silêncio. Os únicos sons eram as vozes suaves
dos pais dela e de Ajaska conversando e o vento que soprava
através das montanhas. Em algum lugar lá fora, os irmãos
vigiavam. Ele e Sadao fariam o segundo turno em poucas horas.

— Tinha dez anos quando assassinaram meu avô —


respondeu, puxando-a para mais perto. — Atacaram tarde da
noite. Entendo agora que foi o culminar de séculos de desacordos
e disputas de poder entre os vários senhores da guerra, que
levaram a isso. — Parou por um momento, dando tempo a ela
quando rolou para descansar a cabeça no ombro dele. A mão dela
estava gentilmente sobre seu coração. Suspirou profundamente e
relaxou antes de continuar.

— Meu tataravô falava cada vez mais sobre a quantidade de


Cristais de Sangue que os senhores mineravam e vendiam. Foi ele
quem os pressionou a formar um conselho, em um esforço para
estabilizar a colheita e venda. Queria que cada zona percebesse
quanto afetavam não apenas suas áreas, mas o mundo inteiro.
Demorou quase um século para os cientistas admitirem que o
aumento gradual da radiação foi causado pela quantidade cada vez
menor de Pedras. Sugeriram instalar os escudos para tentar
retardar o processo até que encontrassem mais ou os replicassem.
Armazenaram uma pequena reserva para alimentar os escudos e
fornecer uma fonte de replicação. Então, durante a época do meu
avô, um jovem e poderoso senhor da guerra chamado Alcolsis foi

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eleito para representar sua zona. Era cruel e ganancioso.
Convenceu os outros que meu avô inventava informações para que
controlasse as Pedras de Sangue e, assim os Elipdios.

Um arrepio a percorreu. Ouviu ou leu o mesmo tipo de


histórias repetidas vezes ao longo do tempo. Parece que não
importava que mundo ou espécie era, ganância e poder
desempenhavam um papel significativo. Não sabia por que aquilo
a surpreendia tanto. Em todo reino animal, era o modo de vida. —
O que aconteceu? — Perguntou.

Apertou-a, acariciando o quadril e o braço dela que estava em


seu peito, ternamente. Algo lhe indicava que nunca compartilhou
o que aconteceu com outra pessoa. Somente os que estiveram lá
realmente sabiam.

— Minha mãe estava grávida do meu irmão — murmurou. —


Entrou no meu quarto e me acordou. Ouvi sons de luta. Meu pai e
avô, junto com a força de segurança leal, lutaram contra Alcolsis e
seus capangas, mas havia muitos. Combinou com as forças dos
outros senhores e assumiram o controle. Uma dúzia de homens
invadiram a porta do meu quarto. Um deles atingiu minha mãe
quando tentou detê-los, a nocauteando. Tentei protegê-la, porém
havia muitos e eu era muito jovem.

— Imagino que foi aterrorizante — sussurrou. — Nenhuma


criança deve passar por algo assim.

— Não — concordou. — Contudo, para mim, acho que é pior


uma criança crescer sabendo que seu planeta está morrendo.

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Outro arrepio a percorreu, pensando na Terra. Como ficaria
se soubesse que acabava? Pior ainda, como se sentiria se trouxesse
uma criança ao mundo sabendo que quase certamente morreria ou
a seria forçada a deixar sua casa para algum lugar desconhecido.

— Oh, Ristéard — engasgou, virando o rosto para o pescoço


dele. — É de partir o coração.

Por vários minutos, não falou nada. O que diria? Sim, é


comovente ver a casa que ama morrer? Que os sentimentos de
desamparo às vezes quase o afogam? Foi apenas sua determinação
em não deixar isso acontecer que o manteve alguns dias. Antes
dela, não tinha nada além do desejo de salvar seu mundo e mantê-
lo.

— Alcolsis executou meu avô antes de nós — continuou com


uma voz sem emoção. — No dia seguinte, nos transportaram à
cidade subterrânea Elipsis. Qualquer um que não jurasse lealdade
a ele era encarcerado. — Um sorriso amargo curvou sua boca. —
O que o traidor não esperava era o progresso das pessoas que
moraram lá antes ou nossa vontade de sobreviver. Nosso povo
viveu por séculos abaixo do solo antes, usando elementos naturais
contidos sob a superfície de Elipdios para construir e prosperar. A
cada poucos meses, uma remessa de suprimentos era entregue.
Meu pai suspeitava que fosse pelas famílias dos mantidos em
cativeiro.

— Ainda tinha família acima do solo? — Perguntou.

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Negou, parando a mão no braço dela. — Não — respondeu
baixo. — A única família que restou foi meu pai, mãe e irmãozinho,
nascido na cidade subterrânea algumas semanas depois de sermos
selados. Estava quase dois meses adiantado e o curandeiro preso
conosco não achava que viveria a noite toda. Ele conseguiu, porém,
estava muito doente, como muitas outras crianças pequenas. Os
cientistas que estudaram o período e a cidade descobriram mais
tarde que havia um tipo de fungo crescendo nas cavernas que
liberava esporos no ar. Nosso sistema imunológico normalmente
não seria afetado, mas os muito jovens, doentes ou idosos não
lutariam contra. Instalava-se nos pulmões e se afogavam
lentamente. Meu irmão, Erindos, tinha sete anos quando morreu.
Minha mãe nunca recuperou totalmente as forças após o
nascimento dele e faleceu poucos dias depois de nos libertarem.
Meu pai dedicou a vida a corrigir o malfeito ao nosso mundo.
Continuei a luta.

— Sinto muito, Ristéard — sussurrou. — Já passou por tanta


coisa. Viver com isso e ter o destino do mundo em seus ombros
deve ser avassalador.

Riu baixo. — Tenho ombros muito largos — brincou, antes de


ficar sério. — Durma agora, minha linda Imperatriz. Amanhã,
pretendo devolver a esperança ao meu mundo.

Aconchegou-se mais perto, aproveitando a sensação de seus


braços. Um sorriso relutante curvou seus lábios quando lembrou
dele contando-lhe sobre algumas das travessuras que ele, Andras
e os outros faziam, em um esforço para distraí-la e acalmá-la
quando aumentou a altitude durante o voo. Por mais rude e

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arrogante que fosse, realmente era um homem que se importava
profundamente com todas as arestas. O estresse do dia, combinado
com a falta de sono da noite anterior, a atraiu para um sono
profundo.

Definitivamente estou me apaixonando, pensou,


desaparecendo no mundo vívido de um garoto e suas aventuras em
um lugar mágico.

Um sorriso satisfeito curvou os lábios de Ristéard com as


palavras sussurradas. Sabia que Ricki não imaginava que falou em
voz alta, mas a ouvira. Um passo de cada vez, lembrou-se. Para
chegar ao topo da montanha, concentrar-se-ia no passo à sua
frente. Seria o mesmo com ela.

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DEZENOVE
Ristéard encarou o scanner em sua mão. Virou quando Sadao
desceu a superfície rochosa em sua direção. O olhar sombrio do
amigo lhe dizia que os aparelhos não erraram, teriam companhia.

Observou o céu. O horizonte a leste já mostrava a luz da


manhã. Apertou os lábios frustrado, contando o número de
imagens de calor na tela.

— Vinte e cinco — confirmou o amigo, deslizando na superfície


escorregadia e ajoelhando-se ao lado dele. — Posso despistá-los
enquanto leva os outros para um local seguro.

Negou. — Eles se espalharam, contei outras dez imagens


vindas de diferentes ângulos. — Tocando o comunicador preso ao
ouvido, esperou que Ajaska respondesse. — Acorde Walter, Nema
e Ricki. Temos companhia.

— Já acordaram — respondeu calmo. — Quantos?

— Trinta e cinco, talvez mais — falou cortante. — Avise Marvin


e Martin que Ricki deve ser protegida a todo custo. Quero que a
tirem daqui agora.

— E Walter e Nema? — Questionou preocupado.

Fechou os olhos, pensando no casal pequeno. Sua mulher não


gostaria da decisão que tomaria, mas ela é a chave para a
sobrevivência do mundo dele. Como líder, às vezes tomava decisões

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que não gostava, especialmente quando sabia que poderia resultar
em morte.

— Ricki é a prioridade — respondeu severamente. — Meu


mundo precisa dela. É a única que importa.

Silêncio saudou sua declaração antes de ouvir uma voz dura.


— Ordenarei que a levem.

— Sadao e eu retornaremos ao acampamento — falou,


cortando a conexão. Encarou o guarda e assentiu. — Vamos.

— Como os Kor d'lurs farão com que ela passe por quem nos
rodeiam? — Perguntou baixinho.

Encarou o rosto preocupado dele. — Podem se misturar ao


ambiente. Se a cobrirem, passaríamos direto e nunca os veríamos
— respondeu.

Pareceu surpreso. — Como sabe disso? — Questionou


curioso. — Nunca tinha visto um antes.

Não teve chance de responder. Em vez disso, parou e levantou


as mãos quando de repente descobriu que estavam cercados. As
figuras, cobertas da cabeça aos pés nas mesmas cores da areia e
das rochas, carregavam longas hastes de força. As pontas
brilhavam do mesmo vermelho que as Pedras de Sangue.

Raiva e frustração brotaram dele, pensando sobre quão perto


e ainda quão longe estava do objetivo pelo qual passara a vida
trabalhando. Manteve os olhos na figura menor à sua frente.

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Manderlin o alertou sobre um grupo tribal que vivia na base das
montanhas orientais.

— São como fantasmas, entrando e saindo entre as


montanhas — Manderlin disse baixinho quando o visitou pouco
antes de partirem. Queria verificar o idoso e agradecê-lo por lutar
ao seu lado quando Texla o atacou. — Há poucas razões para viajar
para essa área, pois a maior parte é estéril. Existem as areias do
deserto a leste e as rochas ásperas das montanhas a oeste. Poucos
indivíduos vivem lá e dizem que é assombrada pelos espíritos das
criaturas que atacaram nosso mundo.

— Como sobrevivem se a terra é tão dura? — Perguntou. —


Certamente trocam com alguns dos viajantes mercantes.

Negou cansadamente, estremecendo quando sacudiu a ferida


ainda curando. — Não, os poucos que sobreviveram a um encontro
com eles falam de criaturas hediondas de olhos pretos que
carregam gravetos mortais que brilham com o sangue dos mortos.

Compreendeu melhor o que o ancião contou. Usavam


coberturas grandes e arredondadas sobre os olhos. Eram pretas e
provavelmente ajudavam a impedir que a areia e o sol as cegassem.
As roupas ajudavam a camuflá-las. O que chamou sua atenção foi
o brilho do Cristal de Sangue nas pontas dos cajados. Não os via
tão grandes desde garoto.

— Exijo que nos deixe passar. — Falou severamente, olhando


as três figuras em pé silenciosamente na frente dele.

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Seus olhos brilharam quando se separaram de repente e outra
figura, ainda maior que as outras, deu um passo à frente. Estudou-
o por vários segundos antes de sacudir a mão. Ouviu o grito de
advertência de Sadao enquanto as menores baixaram os cajados e
apontaram para eles quando uma explosão bateu em seu peito.

Lutou contra a escuridão ameaçando levá-lo por uma fração


de segundo depois que desabou. Piscou rapidamente quando sua
visão turvou e as figuras sombrias o cercaram. Não sentiu seu
corpo ser levantado e carregado pelo chão irregular ou viu a
maneira como a grande criatura parou para observar enquanto os
corpos dos outros em seu grupo também eram levados.

Ricki espiou entre os corpos rígidos de Marvin e Martin.


Choque a percorreu quando Ajaska gritou severamente para eles a
esconderem. Lutou quando percebeu que abandonavam seus pais.

— Não! — Gritou, virando. — Pegue-os, eu seguirei.

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Marvin a agarrou e puxou contra seu corpo, olhando
preocupado para o irmão. — Podemos lutar — falou a Ajaska. —
Poucas coisas nos prejudicam em nosso estado alterado.

— Não podemos arriscar, Marvin — afirmou. — Ristéard está


certo. Ricki é a prioridade. Deve ser protegida a todo custo.

— Mãe — sussurrou, lágrimas escorrendo pelas bochechas.

— Irá com Marvin e Martin, Ricki — ordenou o pai. —


Protegerei sua mãe. Ele sabe que é a chave para salvar o mundo
dele. Fará o que precisa ser feito.

— Não! — Assobiou consternada, olhando-o e balançando a


cabeça. — Não os deixarei.

Nema se afastou de Walter e correu para ela. — Faça o que


seu pai manda, Ricki — ordenou severamente. — Ficaremos bem,
e se não... bem, estaremos juntos.

— Pense no que está em jogo. É mais que você ou seus pais,


é um planeta inteiro — interrompeu Ajaska. — Não há tempo para
discutir.

O peso da responsabilidade a atingiu com força. A mãe


apertou a mão dela antes de retornar aos braços abertos do pai.
Assentindo, se encolheu contra Marvin. Sentiu-o mudar quando as
placas duras cobriram seu corpo. Desta vez, eram da mesma cor
que as rochas ao seu redor. Um momento depois, o corpo duro de
Martin se fechou do outro lado até que estava capsulada entre eles
com apenas um espaço estreito para enxergar

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Mordeu o punho quando viu as primeiras figuras sombrias
deslizarem em sua linha de visão. O pai rugiu de raiva. Ouviu o
grito de medo da mãe antes de tudo ficar em silêncio. Lágrimas a
cegaram um momento depois, quando viu os corpos moles nos
braços de várias figuras. Outro conversava, mas não ouviu o que
dizia. Empurrou contra o corpo rígido de Martin, era como
empurrar contra as pedras que cobriam a área do acampamento.

Inclinando a cabeça, chorou silenciosamente. Se levaram


Ajaska e os pais, não tinha dúvida que Ristéard e Sadao também.
Fechando os olhos, esperou até seus protetores sentirem que era
seguro.

Ricki levantou-se rigidamente, acenando para Martin quando


segurou o cotovelo dela ajudando-a a levantar. Olhou ao redor
preocupada. As criaturas pegaram tudo, incluindo os skids.
Estremeceu. Sabia que o choque chegava. Abaixando o boné,
colocou os braços em volta da cintura e virou para a montanha.

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— O que fazemos agora? — Sussurrou, olhando os pontos
irregulares.

Marvin se aproximou. — Encontramos o que procuramos —


respondeu, colocando uma mão suave no ombro dela.

Lágrimas queimavam novamente, mas piscou de volta. — E


meus pais e os outros? E quanto a... Ristéard? Não devemos ir
atrás deles, tentar ajudá-los? — Perguntou, virando para encará-
lo. — Jurou proteger meus pais.

O rosto dele suavizou e encarou o irmão em busca de


orientação. Um momento depois, Martin ficou na frente dela.
Levantou a mão e passou as costas pela bochecha. — Sempre foi
nossa primeira prioridade — respondeu, olhando à montanha. —
Algo me diz que, se encontrarmos o labirinto, também
encontraremos os outros.

— Concordo — falou Marvin calmamente. — Acho que eles


guardam o tesouro que procuramos, Ricki.

Apertou a mandíbula e colocou a máscara fria e calma que


usava quando não queria que soubessem o que sentia. Voltando
para os homens, levantou o queixo determinada. — Então
encontraremos o tesouro — falou calmamente.

Marvin curvou os lábios em aprovação. — Será perigoso —


advertiu.

Levantou a sobrancelha e a mão. Gelo rodopiou das pontas,


formando uma lâmina longa e afiada. Olhou-a por um momento

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antes de encará-los. — Eu também — respondeu friamente. —
Vamos.

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VINTE
Ristéard encarou a entrada alta entalhada na encosta da
montanha. A figura da Primeira Imperatriz de Elipdios estava
esculpida acima da porta, onde olhava para os que entravam. Uma
série de pilares apoiava o teto. Engoliu em seco quando viu que
uma dúzia de suportes enormes foram feitos em Pedras de Sangue.
Essa quantidade abasteceria os escudos por alguns anos. Uma
dúzia de degraus levava à entrada de seis metros de altura. Além
disso, só escuridão.

Cambaleou quando a criatura atrás dele o empurrou com o


longo cajado que carregava. Olhou para Sadao e Ajaska quando
pararam ao seu lado. Agora estavam lado a lado. Observando
brevemente por cima do ombro, ouviu Walter estalar com raiva
para uma das criaturas que estava perto dele.

— Toque na minha esposa e enfiarei esse cajado na sua bunda


— rosnou, puxando Nema para mais perto. — Apenas aponte para
onde quer que a gente vá, caramba. Não precisamos que empurre
ou aponte aquelas coisas malditas para isso.

A risada baixa de Ajaska ecoou pelo grupo. — Sempre amei


uma boa luta — falou. — E você, Ristéard?

Sacudiu a cabeça. O guerreiro Kassisan tinha um estranho


senso de humor que ainda tentava entender. Como pensava que
estar amarrado era motivo de riso, nunca saberia. Relutantemente,

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deu um passo à frente quando a figura alta da qual se lembrou de
antes virou e silenciosamente o encarou.

Seguindo-a com o olhar, piscou enquanto sua visão se ajustou


ao interior mais escuro. Não demorou muito para perceber que
atravessavam uma passarela estreita e comprida. O chiado alto de
Sadao confirmou o que notou, a ponte inteira também era feita de
Cristais.

— Como nossas explorações e buscas perderam isso? —


Sussurrou reverente. — Essas Pedras salvariam nosso mundo por
anos.

Pensou a mesma coisa, mas não desejava apenas salvá-lo por


mais alguns anos, ansiava fazê-lo por centenas de séculos. Não
queria que as gerações futuras nascessem imaginando se um dia
deixariam seu mundo ou morreriam. Desejava que vivessem,
crescessem e planejassem um futuro.

Quero um futuro, admitiu silenciosamente. Um futuro para


meus filhos e filhas.

Pensou em Ricki. Desejou ter mais uma chance de vê-la, estar


com ela. Arrependimento o encheu por ter apenas uma noite com
sua amada. Ansiava por centenas, milhares, mais.

— Ristéard, olhe! — Ajaska falou quando se aproximaram do


fim da ponte e viram o brilho intenso da grande sala do outro lado.
— Acho que encontrou seu tesouro!

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Encarou o brilhante reflexo da câmara. As paredes polidas
reluziam vermelho escuro. Tudo na sala era feito das Pedras de
Sangue; paredes, chão, cadeiras e altar, até o teto. O pequeno
grupo parou no centro da sala. Girou em um círculo lento,
absorvendo toda a área.

— Viu isso? — Nema sussurrou, observando o teto. — Nunca


vi algo tão bonito antes…

Olhou para cima. Do teto, grandes depósitos de cristais


pendiam em espirais majestosas. Voltaram para a figura alta que
parou diante de uma tapeçaria semelhante à que estava em seu
escritório. No centro dela havia uma imagem que parecia
assustadoramente com Ricki quando o olhou da árvore à beira do
rio em Kassis.

Uma dor aguda o atravessou, encarando-a. Seu cabelo estava


solto como naquela noite e soprava ao seu redor em abandono
selvagem. Olhava determinada, o queixo projetado para frente,
como fazia quando teimava. Bebeu a beleza dela, sabendo que
nunca se cansaria de olhá-la.

Em sua mente, a via espalhada na cama, encarando-o com


vívidos olhos azuis. Mantendo o olhar nela, se adiantou.

— Parece já ter visto a Imperatriz antes — afirmou uma voz


rouca.

Relutantemente, desviou o olhar. Engoliu em seco e assentiu.


A figura estendeu a mão e lentamente puxou a máscara protegendo
o rosto. Surpresa iluminou seus olhos quando viu que era uma

LORDS OF KASSIS #4 – RISTEARD’S


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mulher. Era de um azul ligeiramente mais claro que a maioria das
fêmeas de Elipdios.

— Onde? — A fêmea perguntou. — Onde a viu?

— É minha filha — Nema respondeu suavemente, encarando


a tapeçaria também. — É o nossa Ricki.

A fêmea olhou para Nema e Walter, confusa. Não se pareciam


com a Imperatriz com sua coloração escura. Então, novamente,
não se pareciam com nenhuma espécie que já viu.

— Quem é essa Ricki? — Perguntou, inclinando a cabeça. —


Onde está?

— Onde fica o cofre? — Ristéard interrompeu asperamente,


lançando um olhar de aviso para Nema e Walter. — O que há nele?

Virou e o encarou. Seu rosto estava duro e os ombros


endureceram. Girando o cajado, o golpeou na mandíbula com a
ponta. Tropeçou para trás, mas não caiu.

— Como sabe do cofre sagrado? — Exigiu. — Como descobriu


esse local?

Cuspiu o sangue de onde mordeu o interior da bochecha


quando o atingiu. Lentamente virou a cabeça para a mulher. Seus
próprios olhos prometeram que não esqueceria o ataque.

— Porque lhe contei — respondeu uma voz suave,


empurrando através da multidão de figuras encapuzadas.

LORDS OF KASSIS #4 – RISTEARD’S


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Ricki encarou a fila de criaturas. Moviam-se em linha para
passar por um pedaço especialmente estreito nas rochas. Marvin e
Martin se aproximavam da última figura.

Não demorou muito para os alcançar. Como foram capazes de


rastrear o grupo na superfície rochosa, nunca saberia. Estava grata
pela experiência deles. Avisaram-na para ficar escondida no
aglomerado de rochas até que voltassem.

Estremeceu quando viu Marvin agarrar a figura por trás e


arrastá-lo para fora da vista. Mordeu o lábio e voltou até estar de
novo na alcova sombreada. Não demorou muito para retornarem,
a criatura inconsciente lançada sobre o ombro de Marvin.

Deu um passo à frente e abaixou o corpo no chão. Martin


rapidamente puxou a máscara cobrindo o rosto dela. Sentaram-se,
surpresos quando revelou a face de uma jovem.

— Não a matou, não é? — Ricki perguntou com medo. — É


jovem, pouco mais que uma criança.

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— Não — respondeu Marvin. — Iria até perceber quão
pequena é — admitiu com relutância.

— Tire a capa — Martin instruiu. — Não temos muito tempo.


Ricki, use-a e alinhe-se atrás dos outros. Seguiremos atrás.

— Lembre-se — falou Marvin. — Se ficar muito perigoso ou


for descoberta, nossa prioridade é tirá-la de lá.

Assentiu. — E ela? — Perguntou preocupada. — Não podemos


simplesmente deixá-la aqui.

Martin tocou o queixo de Ricki, inclinando-o na direção dele.


Seus olhos estavam tristes, porém determinados. Soube
imediatamente que não gostaria do que diria.

— Iremos protegê-la de uma maneira que eventualmente se


libertará, contudo não a levaremos junto — respondeu. — Não é
hora de deixar o coração guiá-la. Faça o necessário para entrar na
montanha.

Olhou o rosto pacífico da jovem. Sim, sabia que não deveria


deixar o coração guiá-la, mas também precisava ser fiel a quem
era.

Respirando fundo, assentiu. — Contanto que consiga se


libertar — insistiu, pegando a capa que lhe estendeu e levantando
para coloca-la sobre as roupas. Ergueu a máscara até a cabeça,
parando por um breve momento antes de colocá-la. — Vejo-os lá
dentro.

LORDS OF KASSIS #4 – RISTEARD’S


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Martin assentiu. Segui-la-ia enquanto o irmão protegia a
fêmea. Assim que terminasse, os encontraria. Dava-lhes uma
chance melhor também, se algo desse errado. Então, haveria pelo
menos um deles que viria ao resgate.

Pouco tempo depois, Ricki entrou no grupo de figuras


encapuzadas que estavam do lado de fora da magnífica entrada do
labirinto. Imediatamente reconheceu a imagem das portas. Foi
somente quando o grupo se separou que viu as feições orgulhosas
de Ristéard acima de todos.

Mordendo o lábio, apertou os dedos ao redor do cajado nas


mãos enluvadas. Queria tanto passar pelo grupo e ir até ele.
Precisava saber se seus pais estavam bem. Viu as cabeças de
Sadao e Ajaska quando se concentrou. Certamente estariam com
eles.

Forçou-se a lembrar as palavras de Martin para permanecer


no final. Dar-lhe-ia tempo para seguir e para ela saber o que
acontecia. Deu um passo decidido para trás quando a procissão

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subiu os degraus. Olhando por cima do ombro, mal via a diferença
nas pedras atrás dela. Foi só porque sabia que Martin estava lá que
distinguiu a forma pouco incomum. Virando, subiu lentamente os
degraus e desapareceu na entrada escura.

Ricki agarrou o cajado e tentou se concentrar nos arredores,


era impossível. Teve um vislumbre dos pais quando subiram os
degraus. Partiu seu coração ver o pai cuidadosamente ajudar a
mãe a subir as escadas altas. Ninguém ofereceu ajuda, porém pelo
menos não os machucaram por demorarem mais para subir os
degraus de quase 60 centímetros.

Esperava desorientar-se por alguns minutos quando entrou


na montanha, mas os óculos que usava se ajustaram
imediatamente ao interior mais escuro. Certificando-se que ficou
na parte de trás, olhou em frente, mantendo Ristéard em sua visão.

Atravessando a ponte estreita, sentiu uma sensação de déjà


vu. Era como se o sonho ganhasse vida. Virou, observando a
entrada. Prendeu a respiração quando olhou para a abertura

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enorme e estreita. Girando em câmera lenta, jurou que viu as
figuras fantasmagóricas de seu sonho se movendo ao redor.

— Emera... — sussurrou, vendo a grande tapeçaria na parede.

Piscou várias vezes quando o som da voz de Ristéard ecoou


na câmara. Avançando, assistiu horrorizada quando a mulher o
atingiu no rosto. Fúria a queimou, gelando seu sangue. Curvou os
dedos e sabia que as pontas estavam cobertas de gelo no interior
das luvas.

— Como sabe do cofre sagrado? — A mulher perguntou


severamente. — Como descobriu esse local?

Estendendo a mão, puxou a máscara da cabeça, atravessando


a multidão. — Contei-lhe — respondeu com uma voz suave e fria.

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VINTE E UM
Ristéard manteve o braço firmemente em volta da cintura de
Ricki enquanto observava a mistura de homens e mulheres no
vasto salão. Ainda não acreditava que ela, Martin e Marvin os
seguiram. Seu olhar foi para onde os Kor d'lurs encostaram na
parede perto da entrada da câmara subterrânea. Conversaria com
eles quando terminassem sobre não seguir suas ordens.

— Ei — Ricki murmurou — Pare de encará-los. Fizeram a


coisa certa.

Virou e beijou-a duramente nos lábios. — Desobedeceram


minhas instruções para colocá-la em segurança.

Encostou a testa na dele e suspirou. Sim, desobedeceram às


ordens dele, mas também se certificaram que estava segura. Não
corriam riscos extremos e estavam lá para apoiá-la. — Funcionou
— simplesmente respondeu, virando para as festividades que
aconteciam ao seu redor. — Esta caverna estava vazia no meu
sonho.

Ouviu o leve desconforto na voz dela. Aproximando-se ainda


mais, a abraçou enquanto assistiam um grupo de crianças
recontar a história da Primeira Imperatriz de Elipdios. O
movimento gracioso de seus braços e o eco da música aumentaram
e reverberaram por toda a sala de jantar.

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Lyna, a Guardiã do Templo da Imperatriz de Elipdios, chocou-
se quando Ricki arrancou a máscara. Medo, raiva e descrença
cruzaram o rosto da outra mulher quando retornou o olhar gelado
dela. Quando levantou o cajado, Ricki rapidamente arrancou uma
das luvas. Levantou a mão ao mesmo tempo em que apontou o
cajado para ela. O vermelho ficou branco quando a carga da Pedra
de Sangue foi engolida pelo gelo.

Com um movimento da mão, tanto o gelo quanto a carga se


dissolveram em uma névoa, chovendo cristais vermelhos
brilhantes entre os que estavam na sala. Caiu lentamente de
joelhos, olhos arregalados de descrença e reverência, antes de
inclinar a cabeça.

Ele e os outros assistiram como se em câmera lenta um após


outro ajoelharem até que apenas ele, Sadao, Ajaska e seus pais
estivessem de pé. Martin entrou na sala e rapidamente cortou as
amarras que os seguravam. Soube imediatamente que o show
esgotou Ricki. Empurrou a multidão ajoelhada e a pegou quando
os joelhos cederiam.

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— Pensei que tivesse pedido para não fazer isso — murmurou,
segurando-a embalada. — Preciso de água.

Lyna ergueu os olhos para a demanda. Levantando, acenou e


fez um gesto para que a seguisse. Ignorou os outros. Sua única
preocupação era Ricki, que estava quieta em seus braços.

Voltou ao presente quando sentiu o hálito quente dela em seu


ouvido. — Sobre o que está pensando?

— Preocupo-me contigo — admitiu. — Quando faz coisas


como anteriormente, exige muito de ti.

Sentiu o suspiro que soltou. — Reagi instintivamente —


confessou, tocando o machucado na mandíbula dele. — Fiquei
furiosa por bater em você.

Seus olhos escureceram e olhou para trás, aliviado pela


apresentação ter terminado. Desejava-a. Depois de hoje, quando
pensou que nunca mais a veria, percebeu que aproveitaria cada
segundo pelo resto da vida.

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Levantando, a puxou com ele. Acenou para Marvin e Martin
para que ficassem de olho em Walter e Nema, que batiam palmas
e conversavam animadamente com as crianças. Apenas lançou um
olhar exasperado para Ajaska quando o Kassisan ergueu as
sobrancelhas e riu.

Virando, deu a Lyna um olhar que a advertiu para não o parar.


— Minha Imperatriz está esgotada e precisa descansar — disse
rispidamente. — Meus homens montaram nossos abrigos na
câmara externa.

Acenou em respeito. — Meu povo guardará a câmara,


prometeu. — Amanhã, o levarei até a entrada do labirinto.

— Até a manhã — despediu-se, virando.

Ricki olhou para onde os pais estavam. — Meus pais... —


começou.

Puxou-a. — Estão bem — sussurrou. — Marvin e Martin os


escoltarão seguros de volta à câmara.

Franziu o cenho, olhando ao redor da grande área de jantar.


— Onde está Sadao? — Perguntou. — Não o vejo desde o jantar.

— Provavelmente explorando a área — respondeu encolhendo


os ombros. — A única pessoa que me preocupa agora é você.

Encarou-o e ele sorriu. O rubor que se espalhou por suas


bochechas indicou que finalmente entendeu o que dizia. Um
sorriso de resposta curvou os lábios dela e assentiu, deslizando a
mão na dele e apertando-a.

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— Também me preocupo com você — murmurou.

Os olhos dele escureceram até que a prata parecia se


transformar em líquido. No momento em que entraram no longo
corredor que levava à câmara principal superior, a empurrou
contra a parede lisa. Envolveu os pulsos dela e os ergue sobre a
cabeça.

Abriu-se para ele, seus lábios encontrando os dele em um


beijo inebriante que acariciou o fogo ardendo para uma chama
incandescente. Por vários minutos, o beijo se aprofundou enquanto
suas línguas se enredavam e brigavam em uma dança apaixonada.
Soltou as mãos dela e pressionou os lábios na pele quente da
bochecha antes de seguir a curva da mandíbula até a orelha. Suas
mãos freneticamente se atropelaram na tentativa de memorizar o
outro.

— Amo-a, Ricki — respirou contra a pele. — Pensei que nunca


mais a veria e, pela primeira vez na vida, a verdadeira desesperança
me ameaçou de uma maneira que nada jamais fez. Já vivi muita
coisa, mas a ideia de algo lhe acontecer...

Sua voz quebrou e capturou os lábios dela novamente.


Enroscou as mãos nos cabelos loiros. Ela envolveu as costas dele,
procurando freneticamente um caminho sob a camisa até a pele.

Com uma maldição, se afastou e a levantou. Segurando-a,


caminhou pelo corredor escuro até a câmara onde Marvin e Martin
montaram os abrigos que recuperaram anteriormente.
Atravessando a sala, encolheu-se sobre a porta e entrou.

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Cuidadosamente, colocando-a em pé, agarrou a blusa e
puxou-a por cima da cabeça. Ficou sem fôlego quando viu que não
usava a capa sobre os seios. Os mamilos endureceram quando os
encarou.

Os cabelos, que trançara depois do banho antes do jantar,


caíam por cima do ombro. Afastou-os e segurou os seios nas mãos.
Um suspiro alto encheu a tenda quando capturou um pico tenso
entre os lábios e chupou profundamente.

Seguiu-a quando os joelhos cederam e afundou na roupa de


cama macia. Enlaçou-a embaixo do corpo, enquanto atacava seus
seios. Os dedos dela trabalharam freneticamente nas mangas da
camisa dele, puxando até que abrisse.

Um calafrio a percorreu quando beliscou os mamilos.


Soltando o pico rosado, beijou-a novamente, desafiando-a a
encontrar sua paixão com a dela. Suas línguas lutavam, dançavam
e acasalavam, em um ritual mais antigo que o tempo.

Afastando-se, torceu e chutou as botas e calças. Sua amada


fez o mesmo, encontrando-o carne com carne, enquanto se
ajoelhavam na cama. Gemeu quando ela repentinamente soltou o
aperto em seus ombros e ficou de quatro. A posição a colocou à
altura de seu pênis.

— Ricki — gemeu, acariciando os cabelos dela. Curvou os


dedos na parte de trás da cabeça e a guiou para frente. — É isso
aí. Leve-me! Leve tudo de mim — exigiu com uma voz gutural.

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Soltou um grito sufocado quando o obedeceu. Olhou para
baixo e observou quando lentamente deslizou seu pênis latejante
entre os lábios. Dessa vez não houve hesitação, nem timidez.
Tomou-o como uma mulher faminta. Soluçou, observando-a levar
centímetro após centímetro delicioso na boca.

Jogou a cabeça para trás quando o chupou. A sensação da


boca quente e úmida em torno dele o deixou louco. Gritou quando
Ricki deslizou a boca para frente e para trás ao longo de seu
comprimento.

Inclinando a cabeça para frente, a observou sugar seu pau.


Suas bolas apertaram e tentou de tudo para conter o orgasmo, mas
a visão erótica de seu pênis desaparecendo entre os belos lábios
dela era demais. Avisou-a, esperando que parasse. Em vez disso,
estendeu a mão delicada e segurou seu saco duro e enrolou-o
suavemente ao mesmo tempo em que deslizava a boca ao redor
dele.

Explodiu na garganta dela. Em vez de se afastar, sua mulher


bebeu a semente quente, segurando o saco pesado. Um dedo
esbelto esfregou suavemente a pele macia logo abaixo. Se achava
que foi incrível antes, o estímulo incomum que adicionou o enviou
a um novo reino de êxtase.

— Ricki! — Suspirou roucamente. — Oh, minha Imperatriz.

Tremia no momento em que soltou seu pênis. O último toque


de seus lábios contra a ponta sensível foi tão prazeroso que quase

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causou dor. Desceu as mãos para os ombros dela, segurando-a
para que soubesse que queria que ficasse de joelhos.

Passou-as pelas costas, antes de segurar os seios. Agora era


a vez dele. Não mentiu quando disse que os homens de Elipdios
eram agressivos ou que tinham um apetite sexual alto. Esta noite,
acendeu os dois.

Afastou-se o suficiente para estudar as linhas suaves das


costas dela. Levantando, rosnou baixo quando ela se moveu.
Abaixou a cabeça, mas era para que seguisse o movimento dele
mais que por submissão.

Seu grito baixo surpreso ecoou na tenda antes de enterrar o


rosto nas cobertas para sufocá-lo. Um grunhido de satisfação
escapou dele quando empurrou outro dedo em sua boceta lisa. Não
esperava que a pressionasse tão agressivamente para testar seu
desejo.

Era mais que esperta. Sua própria necessidade amorteceu os


cachos sedosos entre as pernas até que pudesse vê-lo. Esfregando
os dedos, se inclinou, pressionando o pênis nas nádegas,
espalhando seus sucos escorregadios sobre os mamilos.

— Ristéard — sussurrou roucamente.

— Confesse que me ama, Ricki — exigiu, beliscando-os com


força e segurando-os. — Diga. Quando voltarmos ao palácio,
prenderei seus mamilos.

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Enterrou o rosto nas cobertas novamente quando os soltou.
Sangue bombeando até as pontas, fazendo-os latejar. Seu corpo
tremia quando se inclinou novamente. A sensação do pênis duro e
pronto novamente, pressionando contra sua bunda, a deixou
quente e nervosa.

— Preciso de você — sussurrou entrecortada. — Sofro.

— Há coisas que quero fazer, Ricki — sussurrou. — Coisas


que a farão gritar.

Virou e o olhou. Seus olhos azuis voltaram à cor dos lagos da


montanha, profundos e claros. Neles, viu curiosidade. — Que tipo
de coisas? — Perguntou.

Sorriu e acariciou o clitóris pulsante com os dedos. Uma vez


escorregadios com os sucos dela, os deslizou ao longo da linha das
nádegas. Arregalou os olhos em choque quando pressionou contra
a roseta apertada da bunda dela.

— Coisas maravilhosas que a farão implorar por mais —


prometeu, endireitando-se até alinhar seu pau com seu canal
quente. — Será minha em todos os sentidos, minha Imperatriz.
Conhecerei cada centímetro do seu corpo.

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Ricki sufocou o gemido nas cobertas novamente. As palavras
dele desenharam uma imagem muito vívida do que planejava fazer.
O que não esperava era que as lições começassem ali mesmo.

O pênis de Ristéard estava mais cheio e grosso que se


lembrava quando entrou nela. Respirou fundo, segurando o desejo
de exigir que a levasse com força e rapidez. Empurrou os quadris
para trás quando a empalou. Era como se ele quisesse que sentisse
cada centímetro.

Abriu mais as pernas e empinou a bunda em um convite


inocente. Não tinha ideia que lhe mostrava que era submissa. Só
desejava mais.

Enrolou os dedos nas cobertas quando se moveu para frente


e para trás em um ritmo que a fez querer gritar. Um calafrio a
percorreu quando aumentou a velocidade, seus quadris golpeando
com força suficiente para sentir o pênis tocando seu ventre.

A pressão em seu corpo aumentava a cada golpe. A dica que


lhe deu antes sobre o que faria cresceu em sua mente até que

LORDS OF KASSIS #4 – RISTEARD’S


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pensou que morreria se não mostrasse o que seria. O pensamento
dele possuindo-a em todos os sentidos, enviou seu corpo em uma
espiral fora de controle.

Sentiu as mãos dele na bunda novamente, abrindo as


bochechas. Instintivamente, contraiu os músculos. Gritou
surpreso quando sentiu um tapa. Começou a levantar, mas parou
quando o sentiu esfregar a pele quente.

Pressionando-se contra a mão, gemeu novamente quando


tirou seu pau quase todo. Revirou os quadris, provocando-o a
empurrar de volta. Ele o fez, porém desta vez, também pressionou
com o dedo o anel apertado da sua bunda. Gemeu baixo de dor
quando a pressão aumentou antes que o dedo entrasse.

Continuou o balanço lento, pressionando um segundo dedo.


Somente quando ela relaxou, aumentou a velocidade de seu pênis
e dedos. A estimulação dupla foi demais para seu sistema nervoso
supersensível.

Soltou um grito baixo e gutural quando se despedaçou ao


redor dele. Seu corpo apertou e pulsou quando gozou. Sentia a
vagina apertando o pênis dele, ampliando seu prazer. Um momento
depois, seu grito se misturou ao dela quando explodiu, jorrando a
semente profundamente em seu ventre.

Esperou até relaxarem antes de tirar o dedo. Desmoronando


para o lado, se envolveu nas costas dela. Seu corpo, preso ao de
Ricki, ainda era muito difícil tirar com segurança. Pressionou um
beijo em seu ombro enquanto seu pau ainda pulsava.

LORDS OF KASSIS #4 – RISTEARD’S


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— Ristéard — sussurrou sonolenta.

— Sim, minha Imperatriz — respondeu, beijando-a


novamente. — O que é?

— Amo você — falou. — Eu... só queria que soubesse que te


amo.

Passou o braço com mais força pela cintura dela e pressionou


os quadris para cima. — Também a amo, Ricki — sussurrou. —
Também te amo, minha Imperatriz relutante.

Um sorriso curvou seus lábios quando suspirou satisfeita.


Sabia que ela caiu em um sono exausto. Levou mais alguns
minutos antes que saísse com segurança dela.

Assim que o fez, usou o limpador em sua mala de viagem para


os higienizar. Viu que dormia profundamente quando não se
mexeu quando a limpou. Amanhã, pensou. Amanhã,
encontraremos uma maneira de salvar nosso mundo.

Sabia que ainda tinha que encontrar o traidor, mas lidaria


com quem quer que fosse assim que voltassem. O Templo continha
suficientes Pedras de Sangue para dar-lhes tempo necessário para
descobrir uma maneira de consertar as coisas. Com sorte, o que
quer que estivesse no cofre os ajudaria a resolver o problema
permanentemente.

De qualquer maneira, neste mundo ou em outro, teriam uma


vida juntos. Queria um lugar em que os filhos não se

LORDS OF KASSIS #4 – RISTEARD’S


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preocupassem se teriam onde morar. Pois sabia agora que, onde
quer que vivessem, enquanto estivesse com ele, teria um lar.

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VINTE E DOIS
Ricki olhou ao redor na manhã seguinte, observando a beleza
da cidade subterrânea. Ontem à noite aprenderam que Lyna e os
outros eram descendentes diretos dos trabalhadores originais que
construíram o labirinto. Separaram-se em dois grupos há séculos,
aqueles que eventualmente se tornariam parte do povo de
Manderlin e os que se tornaram os fantasmas das Montanhas
Orientais.

— Um membro da minha família é Guardião desde a primeira


Imperatriz — Lyna explicou, enquanto caminhavam pela cidade. —
É nossa responsabilidade proteger o labirinto e o cofre até que a
Imperatriz de Elipdios retorne.

Descobriu que quase sessenta famílias viviam ali. Também


soube que muitos deixavam as montanhas por um período quando
atingiam a idade para acasalar com alguém fora do clã, para
reduzir a chance de consanguinidade. Os companheiros daqueles
que partiram, retornariam à cidade, ou voltariam com o filho.
Todos que não eram originalmente desta área eram vendados para
não saberem suas localizações.

— Ninguém localizou o Templo antes de você — admitiu. —


Parte da segurança vem do que está no cofre. Nenhum
equipamento funciona aqui.

— Isso explica por que as varreduras deram negativo —


acenou Sadao. — Sabe o que está no cofre?

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Negou. — Ninguém sabe, só a primeira Imperatriz. Foi a única
que entrou. Disseram-nos que tudo que está lá, só ela controlaria.

— Há armadilhas no labirinto — murmurou Ricki. — Sabe


alguma coisa sobre elas?

Parou surpresa e nervosamente a olhou. Parecia debater se


diria algo. Observou o rosto dela quando uma mistura de emoções
tomou conta dele. — Sei que existem armadilhas — admitiu
relutantemente. — Quando era mais jovem, duas amigas e eu
descemos lá, sabíamos que seria a próxima Guardiã do templo e...
bem, descobrimos a verdade por trás das histórias. Na primeira
armadilha, uma delas foi gravemente ferida. Se não estivéssemos
tão próximas, ela morreria. — Sua voz sumiu quando olhou ao
redor das famílias que trabalhavam no mercado. — Era jovem e
tola naquela época e aprendi uma lição valiosa. Desde então,
colocamos guardas na entrada para evitar que outras pessoas,
especialmente crianças, se aventurassem no labirinto.

Nema se aproximou e segurou a mão de Lyna com compaixão.


— Todos já fomos assim — falou suavemente. — Walter ainda é
assim, às vezes.

— Você gostaria — murmurou Walter. — Não fui o único que


tirou palha da bunda.

— Pai! — Ricki ofegou, encarando-o.

Nema sorriu, mesmo com o rosto rosado. — Oh, sim, ele era.
Sempre fui mais inteligente. Palha não é macia — retrucou
presunçosamente.

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Riu e piscou para Ajaska que sorria. — Valeu a pena. Tive
uma erupção na bunda por uma semana, mas merda, foi bom —
gabou-se.

— Oh, meu Deus! — Ricki gemeu, virando para Ristéard e


colocando a testa contra o peito com um aceno. — Tire-me daqui.
Há coisas que filhas nunca devem saber e a vida sexual dos pais é
uma delas.

— Falando sobre vida sexual — disse Walter sem rodeios. —


Quais são suas intenções com minha filha? Casará com ela?

Ergueu a cabeça e o encarou. — Ok, hora de ir — retrucou.

Ristéard puxou-a de volta. Inclinando seu queixo para cima,


a olhou até que se esqueceu de tudo, exceto dele. Um sorriso
curvou seus lábios quando viu amor neles.

— Amo-a, Ricki Bailey — falou, ignorando os outros. —


Reclamo-a como minha Imperatriz, diante do seu pai, mãe e
testemunhas. Deste dia em diante ficará ao meu lado como minha
parceira. É a Imperatriz de Elipdios.

Separou os lábios e lágrimas brilharam em seus olhos.


Enquanto finalmente absorvia as palavras, capturando seu
coração e alma. Anunciou ao mundo, ao seu povo e ao dela, que
lhe pertencia. Estava muito bem até que ele inclinou a cabeça e a
olhou carrancudo.

— Agora é hora de me aceitar como seu Imperador e admitir


minha reivindicação — solicitou.

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Balançou a cabeça e riu. — Aceito-o como meu parceiro. Como
o Imperador de Elipdios — retrucou divertida. — Falaremos mais
sobre a parte da reivindicação quando ficarmos sozinhos.

— Oh, Ricki — sussurrou, Nema — Ele soa exatamente como


seu pai quando me propôs.

Walter riu e envolveu o braço em torno da pequena esposa. —


Acredito que as palavras foram ‘amo-a, droga, nos casaremos quer
seu pai aprove ou não’ — falou sorrindo.

Nema revirou os olhos para a filha e balançou a cabeça. —


Papai o amava — admitiu. — Não foi tão dramático quanto faz
parecer.

Ajaska sorriu para Walter com um olhar pensativo. — Mas


funcionou, sim? — Perguntou.

Olhou-o e assentiu. — É claro que funcionou. Ela está aqui,


não é? — Respondeu bem-humorado.

— Ok, acho que é hora de nos movermos — Ricki interveio


suspirando. — Lyna, acho que as armadilhas são reais e procederei
cautelosamente.

Assentiu, olhando o grupo incomum. O Imperador de


Elipdios, a Imperatriz mítica, o guarda do Grande Governante, um
Kassisan e quatro criaturas diferentes de tudo que já viu. Por mais
estranho que pareça, todos foram preditos na profecia transmitida
a ela.

LORDS OF KASSIS #4 – RISTEARD’S


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A Imperatriz retornará com um exército próprio incomum. Virão
de mundos distantes e trarão as habilidades necessárias para
salvar os Elipdios.

Virou e guiou-os pelo mercado. Do outro lado, continuaram


por uma série de corredores e degraus que levavam mais fundo na
montanha. No final de uma longa passagem, estavam dois guardas.

Parou antes de alcançá-los. Virando para o pequeno grupo, os


encarou. Ricki soube imediatamente que ela não iria mais longe.
Viu a expressão preocupada no rosto da Guardiã. Dando um passo
à frente, estendeu as mãos. Hesitou por um momento antes de
reverentemente segurá-las. — Obrigada — agradeceu calmamente.

— Que a primeira Imperatriz os guie — respondeu. Recuando,


acenou para os guardas. Imediatamente deram um passo para o
lado. — A primeira armadilha está vinte passos à frente. É o mais
longe que fui. Observe onde pisa. Uma das pedras no chão está
solta.

— O que acontece? — Ajaska perguntou.

— Uma lança de Pedra de Sangue é acionada — respondeu


Lyna e Ricki ao mesmo tempo.

A guardiã a olhou, assustada pelo conhecimento. — Como...


fique segura, minha Imperatriz — falou ao invés, saindo do
caminho.

LORDS OF KASSIS #4 – RISTEARD’S


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Estendeu a mão quando Ristéard começou a passar por ela.
Negando, olhou o percurso escuro da escada. Encarando-o, sorriu
determinada. — Irei primeiro — murmurou. — Sei o que fazer.

O rosto dele apertou, como se fosse argumentar, em vez disso,


relutantemente concordou. Suspirou aliviada. Sabia o que fazer,
esperava. As respostas estavam parcialmente na porta e na
tapeçaria.

Admirou a inteligência do povo antigo que construiu o


labirinto. Deram as respostas, mas não todos em um só lugar.
Revisou suas notas esta manhã, enquanto seu amante dormia. Se
não fosse isso, perderia as pistas embutidas em ambos.

Pegando o caderno para referência futura, estudou-o.


Desenhado ordenadamente nas linhas estava cada armadilha e
como contorná-las. Mordendo o lábio, leu a primeira.

Conte dezenove passos. Terceira pedra à esquerda e quinta à


direita, gatilho de lanças de Cristal. Siga as etapas na tapeçaria até
a sétima. Acompanhe as instruções para armadilha dois.

A tapeçaria retratava os passos para perder as arapucas,


enquanto a porta continha a chave para qual direção tomar.
Respirando fundo, deu um passo à frente. Ristéard a seguiu, então
os pais, Ajaska e Sadao. Marvin e Martin ficaram na retaguarda.
Parou no décimo oitavo degrau e estudou o chão à sua frente com
o brilho vermelho e baixo lançado pelos cristais que revestiam as
paredes.

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— A montanha inteira é feita de Pedras de Sangue — Sadao
sussurrou admirado, passando a mão ao longo da superfície lisa.
— A montanha é o tesouro.

— Não — discordou, olhando os símbolos no chão. — O que


quer que esteja no cofre é o tesouro. A montanha é apenas parte
dela.

Daria um passo à frente, mas parou quando sentiu Ristéard


segurar seu braço. Olhou-o sobre o ombro e sorriu hesitante.
Colocando a mão sobre a dele, apertou-a para tranquilizá-lo.

— Tenha cuidado — ordenou em voz baixa e rouca.

— Terei. Certifiquem-se de seguir exatamente os meus passos.


Se não... bem, se não, não será bom — instruiu, girando e seguindo
os passos que lembrou da tapeçaria.

Duas horas tensas depois, pararam para descansar.


Passaram por quatro armadilhas até agora. Olhou para o rosto
pálido de Sadao. Seu coração derreteu com a dor que viu ali.

LORDS OF KASSIS #4 – RISTEARD’S


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— Acho que deveria voltar — falou calmamente, observando a
preocupação da mãe tanto com ele quanto com seu pai. — Marvin
e Martin retornarão com vocês. Só inverterem as etapas para
retornarem.

— Ficarei bem — murmurou, segurando o braço.

Nema negou. — Quebrou — respondeu, olhando-a antes de


voltar a atenção para ele. — Quantos dedos tem aqui?

Ricki revirou os olhos. — Mãe, a pedra atingiu o braço, não a


cabeça. Não acho que corre perigo de uma concussão.

— Nema está certa — falou Ristéard. — Os irmãos retornarão


com você.

— Não — Marvin e Martin disseram ao mesmo tempo. Ficaram


em silêncio até agora. — Nosso lugar é com Ricki. É a única que
devemos proteger.

— Retornarei com Sadao, Nema e Walter — interveio Ajaska.


— Estão certos. Não sabe o que encontrará no cofre. Os
conhecimentos e habilidades deles serão úteis.

Ristéard assentiu. — Tenha cuidado — respondeu.

— Entregarei minhas notas, caso precise — falou Ricki,


rasgando a página a entregando ao Kassisan.

— E você? — Perguntou, quando viu que continha as


instruções para as próximas cinco armadilhas. — Precisará delas.

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Sorriu e negou. — Sempre faço cópias e mantenho em lugares
diferentes caso uma seja danificada — respondeu, puxando um
pedaço de papel separado e perfeitamente dobrado do bolso. — É
meu TOC.

— Ricki, desculpe, querida — o pai murmurou.

Ajoelhou na frente dele e suavemente apertou as bochechas.


Inclinando-se, escovou um beijo contra um lado áspero e com
bigode. Sentou e sorriu. — Não é sua culpa — sussurrou. — Os
degraus eram mais altos do que imaginávamos e o último estava
liso da água. Também cairia, se Ristéard não me segurasse.

Era verdade. A quarta armadilha foi difícil de passar. Água


escorria em cada lado da escada curva, tornando os degraus lisos.
A chave era não tocar nas laterais, uma tarefa difícil, pois ajudaria
a manter o equilíbrio.

O que não estava nas instruções era que seriam de alturas


variáveis, sendo necessário se concentrar em cada degrau.
Estavam perto do topo quando o pai perdeu o equilíbrio. Ajaska
assumiu a posição atrás da mãe, caso precisasse de assistência,
enquanto Sadao ficou atrás dele.

Walter raspou a mão na parede, quando começou a cair. O


guarda o agarrou, mas o movimento também o colocou em perigo.
Uma grossa placa de cristal disparou, atingindo-o no braço direito
enquanto empurrava o pai dela para cima.

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O golpe o atingiu com precisão, quebrando o antebraço. Cairia
se Martin não o agarrasse. Ajudou-o a subir o resto da escada
estreita.

Ricki viu Walter olhar o rosto pálido de Nema. A jornada se


tornava mais difícil quanto mais viajavam e as armadilhas mais
elaboradas. A pequena altura da mãe e as demandas físicas
cobravam o preço sobre ela. Pegou as mãos dele, apertando-as em
encorajamento.

— Pense na mamãe — murmurou. — Como ficaria se algo lhe


acontecesse. Então, imagine o que seria do senhor se algo
ocorresse a ela.

O rosto dele refletiu sua resignação. — Basta lembrar o que


seria de nós se algo lhe acontecer, Ricki — acrescentou
bruscamente. — Sempre será nossa menina.

— Eu sei, pai — respondeu. — Terei Ristéard, Marvin e Martin


comigo. Vá com Ajaska e Sadao. Preciso saber que está seguro.

Assentiu. — Se eu cair, basta sair do caminho — falou,


passando por Ajaska e Sadao até Nema. — Encontrá-los-ei no final.

O Kassisan riu, mas seus olhos permaneceram sérios quando


virou para ela e Ristéard. — Terei certeza de que retornem em
segurança — prometeu.

Observou os pais, Ajaska e um Sadao muito pálido


caminharam lentamente por onde vieram. Respirando
profundamente, virou quando desapareceram nos degraus

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molhados. Acenou para seu amante, insinuando que ficaria bem.
Tinham mais seis seções para passar. Mais seis armadilhas até
atingir o cofre. Não parariam até que chegassem.

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VINTE E TRÊS
Ristéard segurou o corpo trêmulo de Ricki. Amaldiçoou baixo,
guiando-a gentilmente para sentar no chão irregular. Virou e
murmurou para Martin conseguir um pouco de água e uma barra
energética.

— Fez novamente — reclamou provocadoramente.

Apoiou a cabeça na parede. Deixaram-nas em seu estado


natural. Suspeitava que o motivo era devido a menos trabalhadores
permitidos nas seções mais próximas do cofre.

Cansada, olhou ao redor da enorme câmara. Acabaram de


passar pela nona armadilha. Um arrepio percorreu seu corpo,
pensando nisso. Escalada nunca, nunca a atraiu. Subir estava
bem, foi a parte de descer que a paralisou.

Piscou quando sentiu a mão quente de Ristéard afastando os


fios soltos de cabelo da sua bochecha. Levantou o frasco de água
para os lábios, segurando-o para ela. Somente quando se afastou,
o abaixou.

— Já falei quão orgulhoso sou de você? — Murmurou


ternamente. — Enfrentou essa tarefa com a mesma determinação
de quando subiu naquela árvore para fugir de mim.

Soltou uma risada seca, lembrando daquela noite, não muito


tempo atrás. Tanta coisa mudou, pensou exausta. Seu mundinho

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limpo e ordenado se foi. Ponderando, sua vida inteira foi virada de
cabeça para baixo desde que deixaram a Terra.

— Se me falasse há um ano se imaginava que viveria em outro


planeta, riria — sorriu fracamente. — Se me perguntasse se
pensava que me confundiriam com uma Imperatriz profetizada que
salvaria um mundo moribundo e atravessaria um labirinto cheio
de armadilhas mortais, apontaria o hospital mental mais próximo.

— E se me dissesse que me apaixonaria por uma bela


alienígena, que me tira o fôlego com sua beleza e coragem, nunca
acreditaria — falou, acariciando a bochecha rosada com as costas
da mão. — Só prova que nunca se sabe o que acontecerá no futuro.

— A menos que seja uma Imperatriz vidente de outro mundo.


— Riu. Olhou para onde Marvin e Martin conversavam
calmamente. — De onde eles vêm?

Olhou e encolheu os ombros. — Não sei — admitiu. — Acho


que ninguém sabe. A única coisa que se conhece sobre os Kor
d'lurs é a curiosidade natural sobre os mundos ao redor. É uma
espécie altamente avançada, é tudo que sei.

Assentiu e mordeu a barra energética. — Se o povo da Terra


soubesse que realmente existem alienígenas nos sistemas
estelares, provavelmente surtariam — observou. — Especialmente
se descobrirem que visitam a Terra e que alguns vivem lá.

— Sim, pelo que ouvi, não lidam muito bem — concordou.

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Lentamente virou a cabeça e o encarou perspicaz e
avaliativamente. Inclinando-se, tocou o braço dele. Uma carranca
escura enrugou sua testa quando tentou evitar seus olhos. — O
que não está me contando? — Exigiu.

Mudou-se desconfortavelmente antes de suspirar. — Sabe


que Elipdios ingressou recentemente ao Conselho da Alliance,
certo? — Perguntou.

— Acho que ouvi mencionarem algumas vezes. Ajaska faz


parte do conselho, não é? — Questionou.

— Sim — respondeu. — Recebi apenas alguns relatórios,


muitos com semanas ou meses. Minha prioridade é encontrar uma
solução aos problemas do meu mundo e não de outros. O único
motivo que me juntei à Alliance foi na esperança que forneceriam
ajuda e recursos adicionais para encontrar uma solução para a
radiação que destrói Elipdios e para potenciais lugares para nos
mudar.

— Ok, entendo o raciocínio para se juntar ao conselho, todavia


o que tem a ver com a Terra? — Perguntou exasperada.

Encarou-a. — Seu mundo envia sinais por quase um século.


A Alliance decidiu que avançaram a nível de ser contatado —
explicou lentamente.

Ficou em silêncio por vários minutos, pensando no que


revelou. Sabia sobre os satélites e sondas que enviaram. Ainda
assim, honestamente não pensou que alguém realmente esperava
uma resposta. Ergueu os olhos preocupados e viu a verdade neles.

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— Primeiro contato — sussurrou. — Como... como o povo da
Terra reagiu?

Suspirou longamente. — Tão bem como imagina. A Alliance


enviou um grupo avançado de guerreiros conhecido como
Trivators. Em breve, terão a Terra sob controle. Estão lá para
estabelecer a calma, mas admito que não invejo a tarefa.

Assentiu, atordoada ao pensar sobre como a Terra está agora.


Algo lhe dizia que ela e os membros do circo estavam muito melhor
que se estivessem em casa. Lentamente terminou a barra de
energia, mesmo sem fome.

Demorou outra hora para finalmente chegarem à última parte


antes do cofre. Passou a mão suja na bochecha. O caminho era
revestido com grandes seções de Cristal caído. Sadao estava certo,
a montanha era feita de Pedras de Sangue. Parecia que quanto
mais fundo entravam, mais denso e brilhante ficava.

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— Preciso descansar por um minuto — admitiu, afundando
cansadamente em uma grande pedra.

Ristéard entregou-lhe o frasco de água que reabasteceu em


um riacho subterrâneo que cruzaram pouco depois de começar a
última etapa. Sentado ao lado dela, assentiu para Marvin e Martin
quando anunciaram que gostariam de analisar uma seção do
Cristal que parecia um pouco diferente que o resto.

— Qual a próxima armadilha? — Perguntou, pegando a


garrafa e bebendo profundamente. — É a última, correto?

Sabia que ele não gostaria do que diria, razão que não
mencionara ainda. Nervosamente, colocou uma mecha de cabelos
atrás da orelha. Do outro lado de uma ponte fina de Cristal estavam
as grandes portas que conduziam ao cofre. Seus olhos se
perderam, absorvendo cada detalhe minucioso.

Abriu a boca para responder quando ouviu um ruído atrás


dela. Virando, levantou surpresa. Moveu a mão instintivamente
para Ristèard em advertência.

— Qual a próxima armadilha? — Uma voz familiar perguntou


com um sorriso torto. — Não escreveu como passar por ela.

O Grande Governante virou lentamente, seu rosto


endurecendo e o olhar esfriando. Ignorou a dor da traição,
encarando a figura. Seus olhos cintilaram para onde Marvin e
Martin estavam inconscientes no chão da grande câmara. Longos
dardos contendo o que suspeitava ser um sedativo poderoso em
seus pescoços.

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— Por quê? — Exigiu, olhando o homem que considerava um
irmão. — Por que, Andras? Por que me trair? Por que trair seu
mundo?

Andras observou friamente Ristéard. O porquê era fácil de


responder. Queria riqueza suficiente para deixar esse mundo
miserável e moribundo. Sua família fez uma fortuna das Pedras de
Sangue antes de nascer. O problema veio do tio. Alcolsis invejava
a riqueza que o avô e seu pai acumularam ao longo das décadas.
Um desentendimento entre eles o tornara um pária. Não se
importou. Mesmo quando menino, reconheceu a diferença entre a
forma que sua família vivia e a dos outros na aldeia.

O que o pai não percebeu foi que Alcolsis construiu uma


riqueza ainda maior, reunindo seguidores que ouviam suas
mentiras. Subiu rapidamente, matando silenciosamente os que lhe
resistiam, enquanto aumentava constantemente aqueles que
acreditavam nas promessas vazias.

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Tinha dez anos quando o tirano voltou à aldeia onde nascera.
Alegremente matou seu avô e lançou a família na cidade
subterrânea. Levou anos para entender por que simplesmente não
os matou. Alcolsis sabia que quebrar a resistência consistia em
destruir homens, mulheres e crianças. Não faria isso os matando.
A morte os tornaria mártires.

— Odiei esse mundo minha vida toda — falou, apontando a


arma para Ristéard. — Acabará, então por que me importaria de
uma forma ou de outra com que rapidez?

Começou a entrar na frente de Ricki, mas parou quando


Andras sacudiu a cabeça. Seus olhos cintilaram para Marvin e
Martin, esperando que não fossem afetados pela droga. —
Realmente espera escapar impune disso? — Exigiu baixo. —
Saberão o que fez. Eu sei o que fez. Só por isso, o matarei.

Riu e balançou a cabeça. — Fiz uma pequena pesquisa antes


de descer — explicou. — Esses dois são praticamente impossíveis
de matar, porém podem ser drogados desde que não os pegue de
surpresa. Quando acordarem, estarão presos dentro da câmara,
enterrados como o tesouro escondido. O qual será meu bilhete fora
deste mundo.

— Lyna e os outros o impedirão — falou Ricki com raiva.

Negou novamente. — Temo que meus seguidores os


prenderam, juntamente com seus pais na cidade acima. Devo
agradecer ao embaixador Kassisan por me dar a chave para chegar
a você. Claro, ajudou quando ameacei matar seus pais.

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— Bastardo — grunhiu, tentando se libertar quando Ristéard
a agarrou. — É uma desculpa horrível de homem.

A risada divertida dele ecoou na grande câmara. — Acredito


que ouvi o mesmo sobre Ristéard — riu antes ficar sério. — Não
tenho tempo para tagarelices, Imperatriz. Qual a chave para passar
pela última armadilha e abrir o cofre?

Observou como o rosto dela virou uma máscara de raiva.


Esperava esse tipo de resistência e, por isso não nocauteou o
companheiro dela. Percebeu que precisaria usar o ex amigo para
incentivá-la a fazer o que desejava.

— Vá para o inferno — sibilou, apertando os punhos.

Observou cautelosamente quando o gelo cobriu as pontas dos


dedos. — Não faria — advertiu, atirando na perna de Ristéard.

Gritou quando sentiu seu Imperador tropeçar com a força da


explosão. Virou e pegou-o quando cairia. A dor brilhava nos olhos
e no aperto do maxilar, mas não fez um som quando o ajudou a
deitar. Sangue acumulava em uma taxa alarmante sob sua coxa.
Uma área escura e queimada tirou o pano das calças.

— Ristéard — sussurrou, freneticamente, estancando o fluxo


sanguíneo. Lágrimas de frustração a cegaram quando percebeu
que não era forte suficiente para rasgar o material da camisa. —
Preciso parar o sangue.

— Não — sussurrou. — Tem que escapar.

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— Não o deixarei — sussurrou, fechando os olhos e colocando
a mão sobre a ferida. Um pulso de gelo saiu da palma. Endureceu,
congelando o sangue. Abriu os olhos quando sentiu a mão dele
para detê-la.

— Não faça isso — ordenou, percebendo que já era muito


tarde quando cambaleou. — Não bebeu água suficiente.

— Estou bem — insistiu, roçando os dedos na sua bochecha.


Congelou quando sentiu Andras atrás dela. — Não continue! —
Advertiu, girando para encara-lo.

— O próximo tiro será no estômago — Informou-a friamente.


— Demorará horas para morrer de tal ferida sem ajuda médica.

Levantou, ignorando seus membros trêmulos. Cerrou os


punhos novamente. Estava muito drenada para formar qualquer
gelo. Seu corpo desidratou pela jornada e falta de apetite. O pouco
de água que bebeu não foi suficiente para reabastecê-la. — Por
favor — implorou, olhando para onde o amado deitou de olhos
fechados. — Precisa de atenção médica.

Riu asperamente. — Como pode ver, não está disponível. Não


importa de qualquer jeito — falou. — Agora, a décima armadilha.
Como passamos e abrimos o cofre?

Respirou fundo. Cintilou os olhos para a estreita ponte de


Cristal na frente das portas maciças. Suspirando, sabia que iria
junto com Andras até encontrar uma maneira de detê-lo.

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— A ponte é parte dela — sussurrou. — Há uma linha no
centro. Precisa permanecer nela.

Assentiu, encarando-a. — Então, sugiro que lidere o caminho


— afirmou. — Segui-la-ei. E, Ricki... — parou, esperando ter
certeza de que entendesse exatamente o que diria. — Aprendi com
Ristéard a melhor maneira de levar meu tempo matando alguém.
Assim que terminar com ele, começarei com você.

Observou a garganta dela subir e descer. O pequeno aceno de


reconhecimento foi a única resposta que deu. Girando, caminhou
em direção à ponte.

Uma figura solitária ficou nas sombras, observando enquanto


quase duas dúzias de homens seguravam aqueles na sala central
trancados. Seguiu o grupo, percebendo a transmissão entre eles.
Procurou na área por dois específicos. Franziu a testa quando não
os viu. Em vez disso, se concentrou nas duas pequenas figuras que
trouxeram à frente.

LORDS OF KASSIS #4 – RISTEARD’S


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Apertou os lábios quando viu um dos mercenários levantar
uma arma e apontá-la para a cabeça da pequena mulher. Curvou
os dedos em um esforço para não reagir muito cedo. Não os
ajudaria, se o capturassem. Viajou muito para encontrar o que
procurava e não estava disposto a arriscar perdê-la.

Reconheceu o alto Kassisan parado ao lado. Teve pequenas


interações com ele no ano passado. O enorme homem encolheu os
ombros, afastou as mãos que o prendiam e ergueu um pedaço de
papel. O que quer que estivesse lá, satisfez o bandido, porque
depois que o olhou, deu meia-volta e foi embora.

Um sorriso ameaçador curvou seu rosto. Deslizando para as


sombras, abriu caminho através dos carrinhos vazios espalhados
pelo mercado principal. Precisava falar com o Kassisan.

— Não deveria ter dado o papel — Nema se preocupou,


enrolando as mãos. — E se machucar Ricki? Oh, Walter, e se
machucar nossa garotinha?

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Puxou a esposa trêmula nos braços e a segurou firmemente.
Amaldiçoou o fato que o sentiria tremer também. Quando Andras
ameaçou matá-la, assustou-o profundamente.

— Estão muito à frente — tranquilizou-a suavemente. — Além


disso, tem Marvin e Martin. Não há como alguém machucar
aqueles dois.

— Nema, por que não senta e descansa? — Ajaska sugeriu. —


Walter, está certo. Ricki tem os dois Kor d'lurs. São muito
protetores com ela.

— Eu também — uma voz atrás deles declarou friamente. —


Quem é ele e por que está atrás da minha filha?

Ajaska mudou para o lado. Vislumbrou o Glacian quando


entrou na câmara inferior. Reconheceu a forma enorme de Rime
quase imediatamente.

— Seu... seu... quem é você? E quem é sua filha? — Walter


gaguejou, observando desconfiado o homem alto com olhos azuis
estranhamente familiares.

— Embaixador Rime, do sistema estelar Glacian —


respondeu. — Ricki é minha filha. Procuro-a desde que a Coalition
concordou com a Alliance sobre o contato com a Terra. Tentei
chegar lá antes que os Trivators, mas não consegui. Quando
aterrissei, parecia uma zona de guerra.

— Do que está falando? — Perguntou, olhando entre Ajaska e


Rime. — Por que a Terra é uma zona de guerra?

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O Kassisan fez uma careta e lançou um olhar de desculpas
para Walter e Nema. — Contaria sobre isso — suspirou. — Mas
agora não é a hora. — Virou para Rime. — Consegue algumas das
armas que Lyna e os outros usam?

— Claro — respondeu, virando-se. Fez uma pausa quando


Nema deu um passo à frente e tocou seu braço.

— É verdade? — Perguntou baixinho, procurando seu rosto


frio e duro. — É o pai biológico de Ricki?

Concentrou-se nos suaves olhos castanhos que o encaravam.


Tomou a decisão certa vinte e quatro anos atrás ao deixá-la com os
humanos minúsculos. Sua garganta apertou, pensando no perigo
que corria. Se não tomasse cuidado, nunca a encontraria.

— Sim — respondeu. — Voltarei em breve. Sabe para onde o


bastardo foi?

Um olhar frio e duro surgiu nos olhos de Ajaska e assentiu.


— Irei com você — falou. — Precisará da minha ajuda para passar
pelas armadilhas. Precisamos chegar até ele antes que chegue a
quinta, não passamos por ela. — Virou e olhou o rosto pálido de
Sadao. Andras bateu nele quando tentou proteger Walter e Nema.
— Cuide deles — ordenou.

— Sempre — respondeu, lutando para levantar. — Ajaska…

Parou nas sombras de uma grande carroça. — Sim?

— Se Ristéard não matar Andras, certifique-se de o fazer —


falou friamente. — O que fez não merece menos.

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Ficou parado por uma fração de segundo a mais antes de
assentir. Virando, seguiu Rime. O ex Star Ranger movia-se nas
sombras como se fizesse parte delas. Decidiu que não faria mal
pesquisar sobre os Glacians. Eram um grupo muito talentoso para
se ter ao lado.

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VINTE E
QUATRO
Ajaska acenou para Lyna. Ele e Rime trabalharam até
descobrir onde dois dos homens de Andras prenderam a Guardiã
e seus guardas. A eliminação silenciosa dos traidores reafirmou
sua conclusão que precisava conversar seriamente com ele.

— Como faz isso? — Perguntou baixinho. — A coisa do gelo.

Curvou os lábios. — É genético — respondeu.

— Bem, merda — murmurou desapontado, usando uma das


novas palavras que aprendeu com humanos. Virando, encarou
Lyna. — Você e seus guardas podem cuidar dos outros?

Girou o cajado na mão. Levantou o queixo, olhando-o. Um


sorriso frio no rosto, não parecia que teria problema. — O homem,
Andras, afirmou ser amigo da Imperatriz — respondeu. — Não
acreditarei tão facilmente na próxima vez.

— Vamos — rosnou Rime. — Temos que ir rápido.

Assentiu. Escorregaram através da área estreita, mais uma


vez usando as estruturas espalhadas como cobertura. Os poucos
homens que o salafrário trouxe não cobriam as áreas mais baixas.
Era óbvio que os considerava dispensáveis. O que o preocupava era
que devia ter outro plano de saída.

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— O único plano de saída que terá é morrer — Rime
respondeu em uma voz apertada para seu pensamento
murmurado.

— Então, como é que tem uma filha meia humana? —


Perguntou, olhando sobre o ombro. — Pensei que fosse proibido a
qualquer membro da Coalition estar em um planeta primitivo.

Encarou a parte de trás da cabeça dele. — É uma longa


história. — Retrucou. — E pessoal.

Encolheu os ombros quando pararam antes da primeira


armadilha. — Quando isso acabar, comprarei uma bebida e me
contará — ofereceu. — Certifique-se de fazer exatamente como faço
ou tomarei essa bebida sozinho.

Fez uma careta ao observá-lo passar pelas pedras. — Basta


ter em mente quem acabou de salvar sua bunda — falou, seguindo.
— Oh, e já aviso que tenho gosto muito caro.

Correu, familiarizado com o caminho. — Por que isso não me


surpreende? — Murmurou, diminuindo enquanto se aproximavam
da próxima armadilha.

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Ristéard focou no som dos passos de Ricki. Sabia do que
Andras era capaz, afinal, treinavam juntos desde os dez anos. O
que não esperava foi a traição. Agora, pequenas coisas que
aconteceram ao longo dos anos faziam sentido.

A família do infeliz ficou quieta, retraída, durante os anos em


cativeiro, porém ele o procurou. Houve duas ocasiões em que
estavam juntos que quase morreu. Ambas, estava com ele, antes
de desaparecer. A primeira foi quando uma passagem estreita feita
de madeira e cordas rompeu enquanto atravessava. Andras estava
na liderança, mas parou. Disse-lhe para ir na frente, que o
alcançaria.

A ponte quebrou quando estava na metade do caminho.


Conseguiu pegar uma das pranchas de madeira que formavam a
ponte. Finalmente se levantou. No dia seguinte, voltou para
estudá-la, mas o pai de Andras já a substituiu.

Tropeçou nos restos da corda vários meses depois. Era óbvio


que um lado foi parcialmente cortado. O pai do ex amigo disse que

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usou parte dela em outro lugar, por isso, estava cortada, contudo
sabia que era mentira.

A próxima vez foi quando escalavam um lado da rocha para


um nível mais alto. Andras estava à frente e passou pela saliência
antes de chegar ao topo. Uma grande pedra soltou e caiu no chão
da caverna que estavam. Se não achasse uma maneira mais fácil
de subir pela lateral e mudar sua direção, estaria na reta do
pedregulho e morto. O idiota olhou pela lateral pouco depois e
brincou que não o acertou por polegadas.

Lembrou de outros momentos. Os problemas com os escudos


são os mais recentes. Andras insinuou que talvez Emyr ou Harald
fossem os culpados. Foi ele quem sugeriu que os transferisse para
lidarem com os distúrbios.

Ele também queria ir, porém Ristéard pensou que seria


melhor descobrir quem os sabotou. Não é de admirar que Jarmen
não encontrou o problema. O traidor ficou um passo à frente,
fazendo com que os infortúnios parecessem aleatórios e os
consertando antes que o homem chegasse.

Tocando sua perna, estremeceu de dor. Ricki diminuiu o


sangramento, mas precisava interrompê-lo. Tirando a pequena
faca a laser da bainha, pressionou o botão, ampliando a lâmina.

Olhando para baixo, levantou a cabeça apenas o suficiente


para enxergar a ferida. Moveu a lâmina sobre a área e pressionou-
a contra a carne rasgada da coxa. Sua cabeça caiu contra o cristal
duro, enquanto o cheiro de carne queimada o alcançou. Encarou o

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teto, sua mandíbula doendo com a força de impedir que qualquer
som escapasse.

Demorou vários minutos para a dor diminuir a uma pulsação


maçante e constante, em vez da agonia que estava. Retraiu a
lâmina, a mantendo na mão enquanto rolava sobre o estômago. De
sua posição, viu Ricki caminhando cuidadosamente pela longa e
estreita ponte. Andras seguiu-a, ficando alguns metros para trás.

— E agora? — A voz dele ecoou.

Ela estava de costas para ele. Encarava as portas maciças.


Depois de vários segundos, virou para o traidor.

— Não sou forte o suficiente para abri-las — admitiu. — A


primeira Imperatriz devia ser Glaucin pura. Usou gelo para
expandir as fechaduras. Tem que fazer corretamente para
desengatá-las.

Ristéard estremeceu quando o idiota a atingiu no rosto. O


golpe a fez bater as costas contra as portas. Seu corpo lentamente
caiu quando os joelhos cederam.

— Resposta errada — Disparou. — Vi o que pode fazer.

Atacaria quando a viu lutando para levantar. Pressionou o


chão com as mãos para impulsioná-lo quando sentiu uma
presença atrás dele. Rolando, encarou um par de olhos azuis
familiares, em um rosto muito desconhecido. Piscou para o homem
ajoelhado ao lado do estranho.

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Ajaska fixou-se nele com determinação fria. Os longos dardos
cravados no pescoço de Marvin e Martin estavam cerrados em seu
punho. Olhou para onde Ricki estava. As mãos dela pressionadas
contra a porta.

Sabia que tentaria abri-las. Preocupou-se com o que isso faria


com ela. Apenas as pequenas rajadas que fez a drenaram. Temia
que algo dessa magnitude a matasse.

— Ricki — sussurrou. — Se tentar abri-las, pode matá-la.

— O que está fazendo? — Rime perguntou.

— Não tenho certeza, mas acho que tem algo a ver com o gelo
— respondeu preocupado. — Temos que parar Andras.

— Existe outra armadilha? — Ajaska perguntou,


silenciosamente.

Assentiu. — Sim — confirmou, curvando a cabeça. — Há uma


linha no centro. Temos que permanecer nela. Caso contrário,
desabará.

Acenou. — Rime e eu iremos — falou, levantando.

— Não — discordou determinado. — Irei. Acordem os irmãos.


Não deixe o traidor perceber que estão aqui.

Rime olhou ao redor. Um sorriso sombrio curvou seus lábios.


Não usaria a Ponte de Cristal, faria sua própria com gelo. —
Distraia-o — instruiu. — Farei minha ponte e atravessarei. Ajaska,
acorde os Kor d'lurs. Não vim tão longe para perdê-la agora.

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— Perdê-la... quem é você? — Ristéard exigiu, encarando o
homem que lhe dava ordens.

Virou para olhá-lo. — Meu nome é Rime. Ricki é minha filha


— respondeu calmamente.

Ricki olhou para Andras. Pressionou a mão direita contra a


bochecha aquecida. Pulsava onde a atingiu.

— Afirmo, não consigo — falou, usando a porta para levantar.


— Faço uma pequena quantidade de gelo, mas não o necessário
para mover as fechaduras.

Medo a atingiu quando apontou a arma para sua cabeça.


Encarou-o, esperando. Ambos viraram quando ouviram a voz de
Ristéard.

— Andras, não — ordenou. — Deixe-a ir. Fala a verdade.

Tentou se afastar quando o imbecil se deslocou. Amaldiçoou


baixo quando a puxou na frente dele antes de virar para enfrentar

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o Grande Governante. Reprimiu outro grito de dor quando apertou
o braço dela em advertência.

— Já é o suficiente — advertiu Andras. — Está tão resistente


quanto sempre, vejo.

O rosto de Ristéard congelou em uma máscara calma. —


Nenhum de seus assassinos me mataram, o que o faz pensar que
conseguiria?

Levantou a arma e pressionou contra a testa de Ricki.


Estremeceu ao olhar para seu amado. Cerrou os dedos e sentiu o
formigamento familiar nas pontas. Estreitou os olhos quando
olhou para baixo, antes de encará-lo novamente. Viu entendimento
clarear os olhos dele antes de voltar a observar o traidor. Sua
respiração prendeu quando o viu fazer uma careta ao sair da ponte.

— Irei matá-la. — Falou friamente. — Sabe que farei.

— Se fizer isso, então nunca conseguirá abrir as fechaduras


— afirmou, sabendo que estava certo.

Deu um passo em direção a porta. — Verdade — falou,


puxando a arma longe da testa dela e apontou em Ristéard. —
Mova-se...

Reagiu no segundo em que afastou a arma da sua cabeça. Sua


mão voou para cima, direcionou-a para o ombro e rosto de Andras.
Sua grande maldição ecoou enquanto uma explosão de gelo voou
nos olhos dele.

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Correu para os braços de Ristéard. O flash da lâmina quente
deixando a mão dele voou por ela. Virou a tempo de ver a espada
entrar no corpo de Andras ao mesmo tempo em que caiu. Arregalou
os olhos nas longas hastes de gelo projetando-se de suas costas.

Virando aturdida para o homem caminhando por trás dele,


observou os olhos da mesma cor que os dela. Tremeu e recuou
quando se aproximou. Seus dedos instintivamente procuraram os
de Ristéard quando envolveu o braço na cintura dela.

— Quem... quem... é você? — Sussurrou, encarando-o.

Rime parou a vários metros de onde o corpo de Andras estava.


Gelo ainda cobria seus punhos. Erguendo-os, ela observou quando
dissolveu em uma névoa. Virou e viu Ajaska, Marvin e Martin
lentamente cruzarem a ponte.

— Meus pais? — Perguntou, olhando para o Kassisan.

— Estão bem — Assegurou.

O homem na frente dela olhou para os irmãos. Sabia que não


perceberam que os viu anos atrás. Eram eles que originalmente
foram contratados para a trazer. Foi preciso muita caça para
encontrar os verdadeiros criminosos por trás dos assassinatos no
Service Port. Somente quando teve provas que dois Kor d'lurs não
foram responsáveis, revogaram a recompensa por suas cabeças. —
Obrigado — agradeceu, acenando.

Martin sorriu relutante. — Nós quem agradecemos. O mínimo


que poderíamos fazer era cuidar de sua filha — respondeu.

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— A recompensa? — Marvin perguntou.

— Revogada há quase quinze anos — respondeu.

Ricki olhou entre eles, franzindo a testa. — Espere um minuto


— sussurrou. — Filha? Filha de quem?

O aperto de Ristéard ficou mais forte quando o estranho deu


um passo mais perto. Agradeceu o apoio, mesmo enquanto se
preocupava com a perna dele. O tremor que começou mais cedo
retornou com o choque começou a se instalar.

— Minha filha — respondeu solenemente. — Você é minha


filha, Ricki. Sua mãe era uma humana que conheci. Foi morta logo
depois que nasceu por alguns humanos radicais que suspeitavam
que eu não era do seu mundo. Não consegui salvá-la, porém a
encontrei. Roubei-a deles. Desejava levá-la comigo, mas sabia que
para onde iria seria muito perigoso para um bebê. Tinha muitos
inimigos na época que fariam de tudo para chegarem a você.
Também levei em consideração a Coalition, que governa meu
mundo. A Terra era considerada um planeta primitivo e fora de
limites, mesmo se estivesse em uma missão. Teriam me instruído
a eliminar qualquer terráqueo que tive contato, já que não
tínhamos tecnologia para apagar memórias, como agora. — Parou,
respirando fundo, olhando-a fixamente. — Sabia que seria
diferente. Precisava de um lugar onde a aceitariam por quem é —
explicou calmamente.

— Qual... qual seu nome? — Perguntou hesitante.

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Deu um passo à frente, incapaz de resistir a tocar na filha que
pensou que nunca mais veria. Acariciou a bochecha suave. Parecia
muito com a mulher que se apaixonou quando era um jovem Star
Ranger. — Meu nome é Rime. Sou Glacian — respondeu. — Parece
sua mãe quando tinha sua idade.

Seus olhos encheram de lágrimas. Engoliu o nódulo na


garganta, observando o homem, o alienígena, que era seu pai.
Agarrando a mão de Ristéard firmemente, superou a tristeza pela
mãe biológica estar morta e nunca saber quem era.

— Qual o nome dela? O nome da minha mãe? — Perguntou,


com voz grossa de emoção.

Sorriu. — Ricki — respondeu com um sorriso triste. — Ricki


Strickland. Era de Bentonville, Arkansas.

Retribuiu o sorriso. Agora sabia quem era. Era Ricki Rose


Strickland-Bailey e era meio humana e meio alienígena. Virando
nos braços do amado, abraçou-o, enterrou o rosto em seu peito e
chorou.

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VINTE E CINCO
— Tem certeza de que funcionará? — Ricki perguntou,
encarando as portas maciças. — A profecia diz uma mulher com
sangue de gelo.

— Bem, podemos colocar uma peruca nele? — Marvin


sugeriu.

Rime olhou para o Kor d'Lur que sorriu para ele. Ela apenas
revirou os olhos, agradecida pelos irmãos retirarem o corpo de
Andras da frente das portas. Claro, o fato deles terem o jogado na
fenda, foi bem tenso.

Sorriu quando Martin passou um zíper imaginário em seus


lábios quando o Glacian virou seu intenso olhar para o irmão.
Importunavam-no pela última hora, enquanto esperavam-na
chorar e se controlar.

Também enfaixaram a perna de Ristéard enquanto a


consolava. Sorriu quando ele pressionou um beijo no topo de sua
cabeça. Queria que o homem descansasse, porém insistiu em ver
o que tinha no cofre.

— Sou o Imperador de Elipdios — lembrou-a rispidamente —


É isto que minha família e inúmeras pessoas procuram por séculos
para encontrar uma resposta.

— A resposta estava debaixo do nariz todo esse tempo —


lembrou-o.

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Suspirou fortemente e assentiu. — Verdade, mas a chave para
entender não.

— Nem a habilidade necessária para abrir as portas —


respondeu Ajaska. — Rime, está pronto?

— Sim — respondeu, encarando-as. — Ricki, explique-me o


que preciso fazer novamente.

— Coloque as mãos na impressão — instruiu. — Então, libere


lentamente o gelo. Fluirá através dos tubos estreitos que compõem
o sistema de bloqueio. À medida que expandir, os liberará.

Assentiu, erguendo os olhos. — Parece simples suficiente —


falou calmamente.

Observou o pai biológico se concentrando. Gelo se formou,


fluindo dos dedos e espalhando pelos longos tubos. Quando
alcançou o primeiro conjunto de círculos conectados, os envolveu.
No momento que tocou o segundo conjunto, o primeiro abriu.
Ricki, Ristéard, Ajaska, Martin e Marvin, deram vários passos para
trás para assistir a impressionante exibição.

— É um mapa estelar — murmurou. — Olhe, vê os sistemas


estelares? E, essas parecem constelações.

Ajaska e Ristéard amaldiçoaram, enquanto Martin e Marvin


encararam a imagem preocupados. Olhou para os irmãos,
observando suas séries expressões. Arregalou os olhos quando o
último bloqueio desengatou e as portas abriram lentamente. Rime

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puxou as mãos e ficou na frente enquanto se separavam para
dentro.

Agarrou a mão de Ristéard firmemente, parada ao lado dele.


Seu alto suspiro ecoou pela câmara quando uma brilhante luz
vermelha derramou pelas portas e os cercou. Avançou quando
sentiu a mão dele a puxar para frente, atravessando-as.

— O que é? — Ele respirou, olhando a enorme forma vermelha


que parecia inacreditavelmente como uma nave espacial.

Martin e Marvin os seguiram. Olhos colados no grande navio


de cristal. Viram apenas um durante sua viagem. Era usado para
viajar através do espaço... e tempo. Existiam poucos fora do reino
que visitaram brevemente.

— É um navio vivo — Martin respondeu calmamente. — Ficou


preso aqui todo esse tempo. Os cristais cresceram e reproduziram
até selar na montanha.

— Um navio vivo? — Ristéard perguntou, caminhando ao


redor da estrutura. — O que... De onde veio?

— Meu mundo — Rime respondeu tranquilo. — Ou devo dizer


de onde meu povo veio originalmente. Dizem que os Glacians
viajavam em tais navios, passando por diferentes dimensões.
Encontramos uma espécie desconhecida que seguiu um dos navios
de volta para nossa galáxia... houve uma grande batalha, nosso
planeta foi destruído e com ele os cristais que chamam de Pedras
de Sangue. Alguns sobreviventes se espalharam ao redor dos
sistemas em um esforço de escapar. Somente oficiais do Star Realm

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pilotavam uma nave viva. A primeira Imperatriz deve ter feito parte
do SR. Escapou e se escondeu em Elipdios, mas então algumas das
criaturas a rastrearam. Sabia que precisava impedir que
obtivessem o navio, então o escondeu no interior da montanha.

— Por quanto tempo continuará a produzi-los? — Ricki


perguntou, caminhando e o tocando.

Olhou-a, depois para os cristais que formavam as paredes.


Espalharia continuamente. Não se surpreenderia se os cristais já
se formassem sob a superfície das montanhas da região.

— Para sempre — respondeu. — Sua tecnologia não os


detectaria encobertos tão profundamente. Precisaria de alguém
que se conectasse com isso para tirá-lo daqui. Os oficiais do Star
Realm podiam fisicamente unir-se com suas naves. Cada um foi
incorporado a um nano-computador em seu cérebro de acordo com
a história que li. Abandonaram esta tecnologia quando perderam o
último navio. Precisaria de alguém capaz disso para movê-la daqui.
Assim que estiver fora e não mais confinado, reproduzirão ainda
mais rápido.

Ristéard fez uma careta ao observar o navio. — Sobrou algum


oficial? — Perguntou.

— Não — respondeu, balançando a cabeça. — Pelo menos,


nenhum que saibamos.

— Conheço alguém que se conectaria a ele — respondeu


Ajaska sorrindo.

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— Quem? — Ricki questionou, encarando-o com a testa
franzida.

— Jarmen — respondeu. — Poderia controlá-lo.

— Podemos ajudá-lo — Marvin e Martin falaram juntos.

Ristéard observou o navio. — Agora que sabemos de onde vem


os cristais, os usaremos para curar meu mundo — um sorriso
grande curvou seus lábios. Virou para Ricki e a puxou, ignorando
a dor em sua perna enquanto a abraçava. — Conseguiu, minha
Imperatriz! Salvou Elipdios.

O riso dela foi cortado quando capturou seus lábios.


Abraçando-o, retornou o beijo. Começou como sua Imperatriz
relutante, mas definitivamente estava pronta e disposta agora.

— Significa que voltaremos ao palácio agora? — Sussurrou


quando ele lentamente interrompeu o beijo.

Ergue a sobrancelha com a pergunta. Quando viu desejo


escuro queimando no olhar dela, lembrou da última conversa sobre
quando retornassem. Seus próprios olhos escureceram e sentiu
seu corpo endurece. — Em breve, minha Imperatriz, em breve —
prometeu.

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Ristéard distraidamente acenou para a explicação técnica de
Jarmen. Martin e Marvin passaram os dois últimos dias
desmontando as armadilhas que levavam ao cofre. O outro se
juntou a eles esta manhã. Ficou fascinado pelo navio vivo,
passando as mãos sobre ele com reverência.

— Acredito que estou pronto para me conectar — falou


Jarmen. — Retornarei para o local configurado fora da cidade. Os
Rues liderarão a pesquisa. Acredito que ajudarão o suficiente na
compreensão da história dos cristais. Pelo que aprendi, a nave
absorve a radiação e converte-a em comida. O subproduto é mais
cristais. Os pesquisadores teorizaram que ela absorveu a radiação
e continuou a fazê-lo, mas quando ficou completamente presa na
montanha, não recebeu mais o alimento necessário para
reproduzir nos níveis anteriores. Os depósitos dos cristais do cofre
sozinhos são suficientes para estabilizar o planeta pelos próximos
cinco milênios se permanecerem em seu mundo.

— Certifique-se que esteja seguro — ordenou Ristéard. — Não


quero que ninguém o pegue.

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— É altamente improvável — respondeu. — Sou o único que
tem a capacidade de se conectar.

— Quanto tempo antes de sabermos com certeza que salvará


meu mundo? — Perguntou, olhando o navio brilhante.

— Uma redução notável será notada dentro de dias, níveis


normais em um mês com o montante dos depósitos disponíveis —
respondeu, seus olhos brilhando tão vermelhos quanto a nave à
medida que processava a informação. — Menos de um ano para
todos os recursos ambientais estabilizarem e retornarem ao
normal.

— Obrigado pela informação, Jarmen — agradeceu, a voz


desaparecendo enquanto Ricki atravessava a ponte com seus pais
e Rime. — Compartilhe com os outros cientistas.

Os olhos dele voltaram ao normal. Por um momento, estudou


o Grande Governante antes de virar e olhar para o rosto
incandescente de Ricki. Uma expressão de perplexidade cruzou seu
rosto quando tentou processar as emoções que sentia. — O que
sente por Ricki? — Perguntou de repente.

Olhou para o ser incomum e sorriu. — Amor — respondeu


simplesmente. — Sinto amor quando a olho.

Ricki olhou para cima e sorriu. Seus olhos suavizaram


quando retornou o olhar firme de Ristéard. Avançou na direção
dela quando as palavras calmamente murmuradas de Jarmen o
atingiram. Tropeçando até parar, virou e o olhou com descrença.
— O que disse? — Perguntou roucamente.

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Franziu a testa e encarou o homem azul, perguntando-se se
falou algo inapropriado. — Falei que está reproduzindo. Não é o
termo apropriado para uma mulher que está grávida?

Ignorou a pergunta. Seus olhos brilhando ferozmente com


orgulho e possessividade. Tinha sua casa de volta e agora uma
família. Sua Imperatriz salvou mais que Elipdios, o salvou.

Abrindo os braços, enterrou o rosto no pescoço dela,


envolvendo-a protetoramente. Um estremecimento escapou dele
quando respirou profundamente para se acalmar.

— Está bem? — Sussurrou preocupada, acariciando os


cabelos grossos. — Ristéard, tudo bem?

Afastou-se e olhou nos olhos preocupados dela. Um sorriso


curvou seus lábios e beijou-a suavemente. Perdendo-se nos
brilhantes olhos azuis, viu algo que não percebeu antes, viu um
futuro. — Penso em sequestrá-la — sussurrou.

Continua em Jamen’s Jane Doe

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SOBRE A
AUTORA
S. E. Smith sempre foi romântica e sonhadora. Uma escritora
ávida, passou anos escrevendo, embora geralmente fossem artigos
técnicos para a faculdade. Agora, passa suas noites e fins de
semana escrevendo e sonhando com novas histórias. Uma
afirmada ‘geek6’, passa os dias trabalhando em computadores e
outros periféricos. Gosta de acampar e viajar quando não está em
um encontro com seu namorado. Os fãs podem entrar em contato
com ela em SESmithFL@gmail.com.

6
Geek é um anglicismo e uma gíria inglesa que se refere a pessoas peculiares ou excêntricas, fãs de
tecnologia, eletrônica, jogos eletrônicos ou de tabuleiro, histórias em quadrinhos, mangás, livros, filmes
e séries

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