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NOTA DO EDITOR: Esta é uma obra de ficção. Nomes, personagens, lugares
e incidentes são produto da imaginação do autor ou são usados de forma
fictícia. Qualquer semelhança com pessoas reais, vivas ou mortas,
estabelecimentos comerciais, eventos ou locais é mera coincidência.
DEDICAÇÃO
Para o melhor papai do mundo inteiro.
Antes de você morrer, eu tenho que te contar sobre todo tipo de coisas
incríveis que estavam acontecendo comigo. Estávamos no FaceTiming e você
sorriu e disse: “Estou tão orgulhoso”. Não muito tempo depois, você testaria
positivo para COVID. Serei sempre grato pela nossa última ligação. Eu lembro
que você não se sentia bem, e eu não queria mantê-la por muito tempo, mas
eu queria que você soubesse que eu te amava – e essa foi toda a nossa
conversa. Eu sinto sua falta, eu te amo – uma e outra vez.
Na manhã seguinte, você caiu e foi para o respiradouro.
Quando te vi no hospital, sabia que era um adeus. Você estava lutando e
ainda assim, quando eu peguei sua mão, você abriu seus lindos olhos e sorriu
para mim. A próxima vez que te vi, estava recolhendo suas cinzas.
Eu daria tudo para te abraçar de novo, para ouvir sua voz e sua risada. Para
receber uma mensagem de texto engraçada do nada, para esfregar sua careca
e se apoiar em seu ombro, mas eu sei que você ainda está comigo e que está
tão orgulhoso. Devo minha perseverança a você — a pessoa que sempre
acreditou no que todos achavam impossível.
DESCANSE EM PAZ
PDV de Hades
Um jogo do destino*
Um jogo de
Retribuição
Um jogo de deuses
PDV duplo
Um toque de caos
*- romances lançados
AVISO DE CONTEÚDO
Este livro contém cenas que fazem referência ao suicídio e cenas que
contêm violência sexual.
DEDICAÇÃO
MAIS LIVROS DE SCARLETT ST. CLAIR
EM BREVE
AVISO DE CONTEÚDO
PARTE I
CAPÍTULO I – UM TOQUE DE TORMENTO
CAPÍTULO II – UM TOQUE DE LUTO
CAPÍTULO III – AGRESSÃO
CAPÍTULO IV - NUNCA EU NUNCA
CAPÍTULO V - UM TOQUE DE MAGIA ANTIGA
CAPÍTULO VI - UM TRATAMENTO
CAPÍTULO VII – UM TOQUE DE TERROR
CAPÍTULO VIII – UMA CONCESSÃO
CAPÍTULO IX – A PALAESTRA DE DELPHI
CAPÍTULO X – UM PASSEIO NO PARQUE
CAPÍTULO XI – UM POUCO DE PESADELO
CAPÍTULO XII – UM TOQUE DE ILUMINAÇÃO CAPÍTULO
XIII – UMA TEMPESTADE PERFEITA
CAPÍTULO XIV – O TEMPLO DE SANGRI
CAPÍTULO XV – TORNAR-SE PODER
CAPÍTULO XVI - ESCONDE-ESCONDE
CAPÍTULO XVII – UM TOQUE DE SOMBRA
CAPÍTULO XVIII – CLUBE APHRODISIA
PARTE II
CAPÍTULO XIX – A ILHA DE LAMPRI
CAPÍTULO XX - UM CONSELHO DOS OLÍMPICOS
CAPÍTULO XXI – UM TOQUE DE MEDO
CAPÍTULO XXII - UM TOQUE DE ARREPENDIMENTO
CAPÍTULO XXIII – A BRIGA DE UM AMOR CAPÍTULO XXIV
– AS CORRIDAS DE CARROS
CAPÍTULO XXV - MONSTROS
CAPÍTULO XXVI – RELÍQUIAS
CAPÍTULO XXVII – O MUSEU DA GRÉCIA ANTIGA
CAPÍTULO XXVIII – UM TOQUE DE TERROR
CAPÍTULO XXIX – CURA
CAPÍTULO XXX - UMA FESTA NO OLIMPO
CAPÍTULO XXXI – UM TOQUE DE SEMPRE
CAPÍTULO XXXII – EM UM MAR DE ESTRELAS
CAPÍTULO XXXIII – ABDUZIDO E DESMASCARADO
CAPÍTULO XXXIV - UMA BATALHA ENTRE DEUSES
CAPÍTULO XXXV - UM FAVOR
PARTE III
CAPÍTULO XXXVI
CAPÍTULO XXXVII
CAPÍTULO XXXVIII OBRIGADO
POR LER!
NOTA DO AUTOR
SOBRE O AUTOR
PARTE I
“Mudanças de forma, novas formas, são o tema que meu espírito me
impele agora a recitar. Inspire-me, ó deuses, e gire-me um fio desde o
início do mundo até minha própria vida…”
– METAMORFOSES DE OVIDO
CAPÍTULO I – UM TOQUE DE
TORMENTO
Mãos ásperas separaram suas pernas e deslizaram até suas coxas, os lábios
seguiram – uma leve pressão deslizando por sua pele. Meio adormecida,
Perséfone arqueou-se contra o toque, as restrições mordendo seus pulsos e
tornozelos. Confusa, ela os puxou em uma tentativa de libertar suas mãos e
pés, mas descobriu que as amarras não cederiam. Havia algo sobre isso, a
incapacidade de se mover, de resistir, de lutar, que fez seu coração disparar
e o sangue pulsar em sua garganta e cabeça. "Tão bonito." As palavras foram
um sussurro contra sua pele e Perséfone congelou.
Aquela voz.
Ela conhecia aquela voz.
Ela já considerou seu dono um amigo e agora ele era um inimigo.
“Pírito.”
O nome dele escorregou entre os dentes dela — misturado com raiva,
medo e desgosto. Ele era o semideus que a havia perseguido e sequestrado
da Acrópole.
“Shh,” ele sussurrou, sua língua, molhada e fria, deslizou contra sua pele.
Um grito rasgou de sua garganta. Ela apertou as coxas juntas, torcendo-se
contra o toque estranho que passava por sua pele.
"Diga-me o que ele faz que você gosta", ele sussurrou, a respiração
pegajosa banhando sua orelha, a mão patinando mais perto de seu centro.
"Eu posso fazer melhor."
Os olhos de Perséfone se abriram quando ela se sentou, inalando
bruscamente. Seu peito doía e sua respiração estava irregular, como se ela
tivesse acabado de correr pelo Mundo Inferior com um fantasma em seus
calcanhares. Levou um momento para seus olhos se ajustarem, para perceber
que ela estava na cama de Hades, lençóis de seda grudados em sua pele
úmida, fogo alaranjado na lareira em frente a eles, e ao lado dela estava o
próprio Deus dos Mortos, sua energia, escuro e elétrico, carregando o ar,
tornando-o pesado e tangível.
"Você está bem?" Hades perguntou.
Sua voz era clara, calma, um tônico calmante que ela queria consumir. Ela
olhou para ele. Ele descansou de lado; sua pele exposta polida pela luz do
fogo. Seus olhos brilhavam negros, cabelos escuros derramando sobre os
lençóis como ondas em um mar sem estrelas. Horas atrás, ela o agarrou entre
os dedos enquanto o montava longa e lenta e sem fôlego.
Ela engoliu; sua língua estava inchada.
Esta não foi a primeira vez que ela teve esse pesadelo, nem foi a primeira
vez que ela acordou para encontrar Hades assistindo.
“Você não dormiu,” ela disse.
"Não", ele respondeu, e se levantou ao lado dela, levantando a mão para
acariciar sua bochecha. Seu toque enviou um arrepio por sua espinha, direto
para sua alma. "Conte-me."
Quando ele falou, era como se sua voz fosse mágica, um feitiço que
persuadia as palavras de sua boca mesmo quando estavam presas em sua
garganta.
“Eu sonhei com Pirithous novamente.”
A mão de Hades caiu de sua bochecha e Perséfone reconheceu a expressão
em seu rosto, a violência em seus olhos sem fim. Ela se sentiu culpada, tendo
desenterrado uma parte dele que ele trabalhou tão duro para controlar.
Pirithous assombrava Hades tanto quanto ele a assombrava.
"Ele machuca você, mesmo em seu sono", Hades franziu a testa. “Eu falhei
com você naquele dia.”
— Como você poderia saber que ele me levaria?
"Eu deveria saber."
Não era possível, é claro, embora Hades tivesse argumentado que era por
isso que ele havia designado Zofie como sua protetora, mas o Aegis estava
patrulhando o exterior da Acrópole durante o sequestro. Ela também não
notou nada fora do comum porque a saída de Pirithous foi por um túnel
subterrâneo.
Perséfone estremeceu, pensando em como ela aceitou impensadamente a
ajuda do semideus para escapar da Acrópole, enquanto ele planejava seu
sequestro.
Ela nunca confiaria cegamente novamente.
"Você não está vendo tudo, Hades," Perséfone tentou acalmar.
Nos dias que se seguiram a seu resgate da casa de Pirithous, Hades estava
de mau humor, o que culminou em sua tentativa de punir Zofie, aliviando-a
de seus deveres no Aegis - um movimento que Perséfone havia interrompido.
Ainda assim, mesmo depois que Perséfone rejeitou o decreto de Hades, a
amazona discutiu com ela.
Esta é a minha vergonha de carregar.
As palavras do Aegis frustraram Perséfone.
Não há vergonha. Você estava fazendo seu trabalho. Você parece pensar
que seu papel como meu Aegis está em discussão. Não é.
Os olhos de Zofie se arregalaram quando ela olhou dela para Hades, incerta,
antes que ela cedesse, curvando-se profundamente.
Como quiser, minha senhora.
Depois, ela se voltou para Hades. Espero ser informado antes de tentar
demitir alguém sob meus cuidados.
As sobrancelhas de Hades se ergueram, seus lábios se contraíram e ele
rebateu. Eu a contratei.
Estou feliz que você trouxe isso à tona, ela disse. Da próxima vez que você
decidir que preciso de pessoal, também espero ser incluído na tomada de
decisão.
Certamente querida. Como devo me desculpar?
Eles passaram o resto da noite na cama, mas mesmo enquanto ele fazia
amor com ela, ela sabia que ele lutava, assim como ela sabia que ele lutava
agora.
"Você está certo", respondeu Hades. “Talvez eu devesse punir Helios,
então.”
Ela deu a ele um olhar irônico. Hades havia feito comentários antes sobre
o Deus do Sol. Ficou claro que nenhum deles se importava um com o outro.
— Isso faria você se sentir melhor?
“Não, mas seria divertido,” Hades respondeu, sua voz contradizendo suas
palavras, soando mais ameaçadora do que animada.
Perséfone estava bem ciente da propensão de Hades à violência e seu
comentário anterior sobre punição a lembrou da promessa que ela havia
extraído dele depois que ela foi resgatada – quando você tortura Pirithous, eu
me junto. Ela sabia que Hades tinha ido ao Tártaro naquela noite para
atormentar o semideus, sabia que ele tinha ido desde então, mas ela nunca
pediu para acompanhá-lo.
Mas agora ela se perguntava se era por isso que Pirithous assombrava seus
sonhos. Talvez vê-lo no Tártaro — ensanguentado, quebrado, torturado —
acabasse com esses pesadelos.
Ela olhou para Hades novamente e deu sua ordem. “Eu gostaria de vê-lo.”
A expressão de Hades não mudou, mas ela pensou que podia sentir suas
emoções naquele momento - raiva, culpa e apreensão - mas não apreensão
em permitir que ela enfrentasse seu agressor, apreensão em tê-la no Tártaro.
Ela sabia que uma parte dele temia mostrar a ela esse lado dele, temia o que
ela pensaria – e ainda assim, ele não a negaria. “Como quiser, querida.”
***
Perséfone e Hades manifestados no Tártaro, em uma sala branca e sem
janelas tão brilhante que doeu. Quando seus olhos se ajustaram, eles se
arregalaram, soldados ao local onde Pirithous estava preso em uma cadeira
no centro da sala. Fazia semanas desde que ela tinha visto o semideus. Ele
parecia estar dormindo, queixo apoiado no peito, olhos fechados. Ela uma vez
pensou que ele era bonito, mas agora aquelas maçãs do rosto afiadas estavam
vazias, seu rosto pálido e cinza.
E o cheiro.
Não era exatamente uma cárie, mas era ácido e forte, e queimou seu nariz.
Seu estômago revirou, azedando ao vê-lo.
"Ele está morto?" Ela não podia trazer sua voz acima de um sussurro apenas
no caso, ela não estava pronta para ver seus olhos. Ela sabia que fez uma
pergunta estranha, já que eles estavam no Tártaro, no submundo, mas
Perséfone estava ciente dos métodos preferidos de tortura de Hades, sabia
que ele daria a vida apenas para extingui-la através de uma série de punições
angustiantes.
"Ele respira se eu disser", respondeu Hades.
Perséfone não respondeu imediatamente. Em vez disso, ela se aproximou
da alma, parando a poucos metros dele. De perto, ele parecia uma figura de
cera que tinha ficado muito mole sob o calor, desleixado e carrancudo. Ainda
assim, ele era sólido e totalmente real.
Antes de visitar o Mundo Inferior, Perséfone pensava que as almas eram
sombras - sombras de si mesmas - em vez disso, eram corpóreas, tão sólidas
quanto no dia em que morreram, embora nem sempre tenha sido o caso.
Uma vez, as almas do reino de Hades viveram uma existência branda e lotada
sob seu domínio.
Hades nunca havia confirmado o que havia mudado sua mente, por que ele
decidiu dar ao Submundo e às almas cor e ilusão de vida. Ele costumava dizer
que o Mundo Inferior apenas evoluiu como o Mundo Superior, mas Perséfone
conhecia Hades. Ele tinha uma consciência, ele sentia arrependimento por
seu início como Rei do Submundo. Ele tinha feito essas coisas como uma
gentileza, como uma forma de expiar.
Apesar disso, ele nunca se perdoaria por seu passado e foi esse
conhecimento que machucou seu coração.
"Ajuda?" ela perguntou a Hades, sem saber se ela queria uma resposta. “A
tortura?”
Ela olhou para o deus, que ainda estava onde eles haviam se manifestado,
cabelos soltos, chifres à mostra, parecendo escuro, bonito e violento. Ela não
podia imaginar o que estar aqui fazia com ele, mas ela se lembrava do olhar
em seu rosto quando ele a encontrou no covil de Pirithous. Ela nunca tinha
visto sua raiva se manifestar de tal maneira, nunca o tinha visto tão
horrorizado e quebrado.
"Eu não posso dizer."
— Então por que você faz isso? Ela caminhou ao redor de Pirithous,
parando atrás dele e encontrando o olhar de Hades.
“Controle,” Hades respondeu.
Perséfone nem sempre entendeu a necessidade de controle de Hades, mas
nos meses desde que se conheceram, ela estava começando a desejar
exatamente isso. Ela sabia o que era ser uma prisioneira, ser impotente, estar
presa entre duas escolhas horríveis – e ainda escolher errado.
"Eu quero o controle", ela sussurrou.
Hades a encarou por um instante, e então estendeu a mão.
"Eu vou ajudá-lo a reivindicá-lo."
Sua voz retumbou no espaço entre eles, aquecendo seu peito. Ela se
aproximou dele novamente e ele a puxou para perto, de volta para seu peito.
De repente, Pirithous inalou. O coração de Perséfone disparou enquanto
ela o observava se mexer. Sua cabeça se acalmou e seus olhos se abriram,
sonolentos e confusos.
Mais uma vez, aquele medo de ver o olhar dele a atravessou, sacudindo-a
por dentro. Hades deu-lhe um aperto reconfortante na cintura, como se
quisesse lembrá-la de que ela estava segura, e baixou a cabeça; sua respiração
brincou com seu ouvido.
"Você se lembra quando eu te ensinei a aproveitar sua magia?"
Ele estava se referindo ao seu tempo em seu bosque, depois que Apolo
partiu com esse favor de Hades e uma promessa de Perséfone de que ela não
escreveria sobre ele. Ela buscou conforto entre as árvores e flores, mas só
encontrou decepção quando não conseguiu dar vida a um pedaço de terra
ressecada. Hades veio então, aparecendo como as sombras que ele curvou à
sua vontade e a ajudou a aproveitar sua magia e curar o chão. Ele tinha sido
sedutor em sua instrução, acendendo uma fogueira onde quer que tocasse.
Seu corpo se arrepiou com o pensamento e suas palavras sibilaram entre
os dentes.
"Sim."
“Feche os olhos,” ele instruiu, lábios roçando a coluna de seu pescoço.
"Perséfone?" A voz de Pirithous estava rouca.
Ela apertou os olhos com mais força, concentrando-se no toque de Hades.
"O que você sente?" A mão dele desceu pelo ombro dela, os dedos do outro
braço, firmes ao redor da cintura dela, abertos possessivamente.
Essa pergunta não era tão fácil — ela sentia muitas coisas. Para Hades,
paixão e excitação. Para Pirithous, raiva e medo, tristeza e traição. Era um
vórtice, um abismo escuro sem fim – e então o semideus disse o nome dela
novamente.
“Perséfone, por favor. Eu... eu sinto muito.
Suas palavras a atingiram, uma lança em seu peito, e enquanto ela falava,
ela abriu os olhos.
"Violento."
“Concentre-se nisso,” ele instruiu, sua mão pressionada em sua barriga, a
outra entrelaçada com seus dedos.
Pirithous permaneceu relaxado em sua cadeira de metal, contido e com
icterícia, e os olhos que ela temia olhavam de volta agora, lacrimejantes e com
medo.
Eles haviam trocado de lugar, ela percebeu, e houve um momento em que
ela hesitou, questionando se poderia ou não machucá-lo. Então Hades falou.
"Alimenta-o."
Com seus dedos entrelaçados, ela sentiu o poder se acumular em sua
palma, uma energia que queimou sua pele.
"Onde você deseja causar-lhe dor?" Hades perguntou.
"Este não é você", disse Pirithous. "Eu conheço você. Eu observei você!”
Um rugido começou em seus ouvidos, e seus olhos queimaram, o poder
dentro dela era um calor que ela podia assustar conter.
Ele havia deixado presentes estranhos, perseguido ela, tirado fotos dela em
um espaço que deveria ser seguro. Ele havia tirado sua sensação de
segurança, mesmo durante o sono.
“Ele queria usar seu pênis como uma arma,” ela disse. “E eu quero que ele
queime.”
"Não! Por favor, Perséfone. Perséfone!"
“Então faça ele queimar.”
A energia acumulada em sua mão era elétrica, e quando seus dedos
escorregaram dos de Hades, ela imaginou a magia reunida ali explodindo em
direção a Pirithous em um fluxo interminável de lava quente.
“Isso não é—”
As palavras de Pirithous foram interrompidas quando a magia se enraizou.
Não havia nenhuma indicação externa de que algo estava errado com ele,
nenhuma chama saltou de sua virilha, mas estava claro que ele sentiu a magia
dela. Seus pés cravaram no chão, ele resistiu contra suas restrições, seus
dentes estavam cerrados, as veias em sua cabeça e pescoço estalaram.
Ainda assim, ele conseguiu falar com os dentes cerrados.
“Este não é você.”
— Não tenho certeza de quem você pensa que sou — disse ela. "Mas deixe-
me ser claro - eu sou Perséfone, futura Rainha do Submundo, Senhora do Seu
Destino - que você venha a temer minha presença."
O carmesim escorria do nariz e da boca de Pirithous, seu peito subia e
descia rapidamente, mas ele não voltou a falar.
“Quanto tempo ele vai ficar assim?” Persephone perguntou, observando
enquanto o corpo de Pirithous continuava a arquear e se esforçar contra a
dor. Seus olhos começaram a saltar das órbitas e um brilho de suor brotou em
sua pele, fazendo-o parecer verde.
"Até que ele morra", Hades respondeu simplesmente, observando com
uma expressão de desinteresse.
Ela não vacilou, não sentiu, não pediu para sair até que Pirithous estivesse
em silêncio e mancando mais uma vez. Ela considerou sua pergunta anterior
para Hades - isso ajuda? Na sequência, ela não teve resposta, exceto pelo
conhecimento de que uma parte dela havia murchado e que se ela fizesse isso
o suficiente, o resto dela murcharia.
CAPÍTULO II – UM TOQUE DE LUTO
“Como está indo o planejamento do casamento?” Lexa perguntou. Ela
estava sentada em frente a Perséfone em uma colcha branca, bordada com
miosótis azuis. Fora um presente de uma das almas, Alma. Ela se aproximou
de Perséfone em uma de suas visitas diárias a Asphodel, um pacote em seus
braços.
"Eu tenho algo para você, minha senhora."
“Alma, você não deveria...”
“É um presente para você dar”ela interrompeu rapidamente, mechas de
seu cabelo prateado flutuando em torno de seu rosto redondo de bochechas
rosadas. "Eu sei que você sofre por sua amiga, então aqui, dê isso a ela."
Perséfone pegou o pacote e, ao perceber o que era - uma colcha,
cuidadosamente trabalhada com pequenas flores azuis, lágrimas brotaram de
seus olhos.
“Eu não sei se preciso te dizer o que os miosótis significam”Alma continuou.
“Amor verdadeiro, fidelidade, memórias. Com o tempo, seu amigo voltará a
conhecê-lo.
Naquela noite, depois que Perséfone voltou ao castelo, ela abraçou o
cobertor contra o peito e chorou. No dia seguinte, ela presenteou Lexa.
“Ah, é lindo, minha senhora”, ela disse, segurando o pacote como se fosse
uma criança pequena.
Perséfone endureceu com o uso de seu título; suas sobrancelhas franziram
e quando ela falou, ela parecia mais confusa do que qualquer coisa. "Minha
dama?"
Lexa nunca havia usado o título de Perséfone antes. Seus olhos se
encontraram, e Lexa hesitou, corando.
Lexa nunca corou.
"Thanatos disse que é o seu título," ela explicou.
Perséfone reconhecia que os títulos tinham utilidade, mas não entre
amigos. “Me chame de Perséfone.”
Os olhos de Lexa se arregalaram. "Eu sinto Muito. Eu não queria te
chatear.”
"Você... não fez."
Por mais que Perséfone tentasse soar convincente, ela não conseguia
imbuir sua voz com segurança suficiente. A verdade era que ouvir Lexa
chamá-la de minha senhora era outro lembrete de que ela não era a mesma
pessoa de antes, e por mais que Persephone dissesse a si mesma para ser
paciente com Lexa, era difícil. Lexa parecia a mesma, soava a mesma – ela até
ria da mesma forma, mas sua personalidade era diferente.
“Além disso, se estivermos usando títulos, você teria que chamar Thanatos
de senhor.”
Mais uma vez, Lexa parecia envergonhada. Ela desviou os olhos, e seu rubor
se aprofundou quando ela respondeu: "Ele disse... eu não precisava."
Persephone deixou aquela conversa parecendo estranha e de alguma
forma, ainda mais distante de Lexa do que antes.
"Perséfone?" Lexa perguntou.
"Hum?" Perséfone foi tirada de seus pensamentos. Seus olhos se moveram
e encontraram os olhos de Lexa – azul brilhante, lindo. Seu rosto estava mais
pálido aqui sob a luz do Elísio, emoldurado por seus cabelos grossos e escuros.
Ela também estava vestida com um vestido branco amarrado no meio. Era
uma cor que Perséfone não conseguia se lembrar dela usando na época em
que a conheceu no Mundo Superior.
“Planejamento de casamento – como está indo?” Lexa perguntou
novamente.
“Oh,” Perséfone franziu a testa e admitiu, “eu realmente não comecei.”
Isso era meia verdade. Ela não tinha começado a planejar, mas Hecate e
Yuri sim. Com toda a honestidade, pensar em planejar um casamento sem
Lexa doía. Se ela estivesse viva, sua melhor amiga estaria online procurando
paletas de cores, vestidos e locais. Ela teria feito um plano, listado e explicado
costumes que Perséfone nunca havia aprendido com sua mãe. Em vez disso,
ela se sentou em frente a Perséfone, quieta, subjugada, inconsciente de sua
história. Mesmo que Perséfone quisesse incluí-la nos planos de Yuri e Hécate,
ela não podia – as almas não tinham permissão para deixar Elysium a menos
que Thanatos as considerasse prontas para a transição para Asphodel.
"Talvez possamos levar o planejamento para ela," Perséfone havia
sugerido.
Thanatos balançou a cabeça. “Suas visitas a deixam cansada. Ela não podia
lidar com mais nada no momento.”
Ele também tentou aliviar a rejeição com sua magia. O Deus da Morte foi
capaz de acalmar aqueles em sua presença, trazendo conforto ao luto e
aliviando a ansiedade. Às vezes, porém, tinha o efeito oposto em Perséfone.
Ela achava sua influência sobre a emoção invasiva, mesmo quando ele tinha
boas intenções. Nos dias após a morte de Lexa, Thanatos usou sua magia na
tentativa de aliviar seu sofrimento, mas ela disse a ele para parar. Embora ela
soubesse que ele tinha boas intenções, ela queria sentir, mesmo que doesse.
Parecia errado não fazer isso quando ela causou tanta dor a Lexa.
"Você não parece animado," Lexa apontou.
“Estou animada por ser a esposa de Hades,” ela esclareceu. “É só que... eu
nunca imaginei que iria me casar. Não sei nem por onde começar.”
Demeter nunca a preparou para isso – para nada. A Deusa de
Harvest esperava enganar as Parcas mantendo-a isolada do mundo — de
Hades. Quando ela implorou para sair da estufa, para entrar no mundo
disfarçada de mortal, ela só tinha o sonho de terminar sua graduação,
começar uma carreira de sucesso e desfrutar de sua liberdade pelo maior
tempo possível.
O amor nunca fizera parte desse sonho, muito menos o casamento.
"Hmm," Lexa cantarolou, e ela se inclinou para trás em suas mãos, a cabeça
inclinada em direção ao céu silencioso, como se ela desejasse tomar sol.
“Você deve começar com o que te deixa mais animado.”
Era um conselho que a velha Lexa teria oferecido.
Mas o que deixou Perséfone mais animada foi ser a esposa de Hades.
Quando ela pensava em seu futuro, seu peito parecia cheio, seu corpo
elétrico, sua alma, viva.
“Vou pensar nisso,” Persephone prometeu enquanto se levantava. Falando
no casamento, ela deveria estar no palácio em breve para começar a planejar.
“Embora eu tenha certeza de que Hecate e Yuri terão suas próprias ideias.”
"Eles podem", disse Lexa, e por um momento, Persephone não conseguiu
desviar o olhar. A velha Lexa olhou de volta, pensativa e sincera, enquanto
acrescentava: — Mas é o seu casamento.
***
Mais tarde, ela acordou novamente para encontrar Hades voltando para o
quarto, totalmente vestido.
Suas sobrancelhas se uniram quando ela se levantou em uma posição
sentada, os olhos ainda pesados de sono.
"O que está errado?"
O deus fez uma careta, seu olhar duro e um pouco cruel quando ele
respondeu:
“Adônis está morto. Ele foi assassinado.”
Ela piscou quando uma onda de choque a estremeceu.
Perséfone não gostava de Adônis. Ele havia roubado seu trabalho e
publicado sem sua permissão, ele a tocou mesmo depois que ela disse não, e
ele ameaçou expor seu relacionamento com Hades se ela não o recontratasse
no New Athens News. Ele merecia muito, mas não merecia ser assassinado.
Hades atravessou a sala, voltando ao bar onde se serviu de uma bebida.
"Adônis. Assassinado? Quão?"
"Horrivelmente", respondeu Hades. “Ele foi encontrado no beco fora de La
Rosa."
Levou um momento para Perséfone pensar, sua mente não conseguia
acompanhar as notícias. A última vez que ela viu Adonis foi no Jardim dos
Deuses. Ela transformou os braços dele em membros literais de madeira e ele
rastejou a seus pés, implorando para voltar ao normal. Ela fez isso sob a
condição de que se ele tocasse outra mulher sem consentimento, ele passaria
o resto de seus dias como uma flor cadáver.
Ela não o via desde então.
"Ele chegou aqui... ao submundo?"
“Ele tem,” Hades respondeu enquanto bebia um copo de uísque e servia
outro.
"Você pode perguntar a ele o que aconteceu?"
"Não. Ele... está no Elísio.
O que disse a Perséfone que sua morte deve ter sido traumática para
garantir a colocação nos campos de cura.
Perséfone observou quando Hades jogou outra bebida. Ele só bebia assim
quando estava ansioso e o que mais a preocupava era como ele parecia
chateado com a morte de um homem que uma vez chamou de parasita.
O que quer que ele tenha visto o perturbou.
“Você acha que ele foi morto por causa do favor de Afrodite?” perguntou
Perséfone.
Não era incomum – ao longo dos anos, muitos mortais foram mortos por
essa mesma razão e Adonis era alguém que ostentava sua associação com a
Deusa do Amor.
"É provável", disse ele. “Se foi por ciúmes ou ódio pelos deuses, não posso
dizer.”
O medo se acumulou em seu estômago.
“Você está sugerindo que ele foi morto por alguém que tinha uma vingança
contra Afrodite?”
“Acho que ele foi morto por várias pessoas”, disse Hades. “E que eles
odeiam toda a Divindade.”
Ficou claro que o autor do artigo não era fã dos deuses, provavelmente um
Impiedoso. Começou:
Era um argumento que Perséfone tinha ouvido antes, e embora ela não
pudesse falar por outros deuses, ela poderia defender Hades. O Deus dos
Mortos era o mais rico dos Olimpianos, mas suas contribuições de caridade
causaram um grande impacto no mundo mortal. Helena continuou:
Tríade representa três direitos mortais – justiça, livre arbítrio e
liberdade. Seu objetivo é simples: remover a influência dos deuses da vida
cotidiana. Eles afirmam ter uma nova liderança que incentiva uma
abordagem mais pacífica à sua resistência aos deuses, em oposição às
suas travessuras anteriores, que incluíam bombardear vários locais de
reunião públicos e negócios de propriedade de Deus.
Não havia evidências que sugerissem que a Tríade estivesse por trás de
quaisquer ataques recentes. Na verdade, a única coisa com a qual eles
estiveram conectados nos últimos cinco anos foi um protesto que surgiu nas
ruas de Nova Atenas para se opor aos Jogos Pan-Helênicos. Apesar de ser visto
como um evento cultural importante para alguns gregos, a Tríade abominava
o ato dos deuses escolherem heróis e colocá-los uns contra os outros. Era uma
prática que inevitavelmente levava à morte e enquanto Perséfone tinha que
concordar que lutar até a morte era arcaico, era a escolha do mortal.
Deuses, estou começando a soar como
Hades. Ela leu:
Foi a última frase que deixou Perséfone com um gosto amargo na boca,
especialmente após a morte de Adonis. Ainda assim, mesmo considerando as
verdades que Helen destacou em seu artigo, Perséfone precisava de mais. Ela
queria ouvir a liderança da Tríade – eles assumiram a responsabilidade por
aqueles 593 ataques? Se não, eles planejam condenar ações desonestas?
Quais eram seus planos para o futuro?
Ela estava tão concentrada em fazer anotações que não notou ninguém se
aproximando até que uma voz a tirou de seu trabalho.
“Você é Perséfone Rosi?”
Ela pulou, a cabeça estalando para encontrar o olhar de uma mulher com
grandes olhos castanhos e sobrancelhas arqueadas. Seu rosto era em forma
de coração e emoldurado por cabelos grossos e escuros. Ela usava um casaco
preto, enfeitado com pele e segurava uma xícara de café fumegante entre as
mãos.
Perséfone sorriu para ela e respondeu: “Estou”.
Ela esperava que a mulher pedisse uma foto ou um autógrafo, mas em vez
disso, ela tirou a tampa do café e o derramou no colo. Perséfone pulou de pé
quando a queimadura atingiu a pele e toda a loja ficou em silêncio.
Por um momento, Perséfone ficou atordoada, silenciada pela dor e sua
magia que sacudiu seus ossos, desesperada para se defender.
A mulher virou, sua tarefa cumprida, mas em vez de sair, ela ficou cara a
cara com Zofie, uma Amazona e a Égide de Perséfone.
Ela era linda – alta e morena, cabelos escuros caindo em uma longa trança
pelas costas. Quando Perséfone a conheceu, ela estava vestida com uma
armadura de ouro, mas depois de uma visita à boutique de Afrodite, ela saiu
com um guarda-roupa moderno. Hoje, ela usava um suéter preto. O único
item que não se encaixava era uma grande espada que ela segurava e
balançava na cabeça de seu agressor.
Gritos irromperam na loja.
“Zofie!” Perséfone gritou, e a lâmina da amazona parou um fio de cabelo
do pescoço da mulher. Seus olhos se encontraram com os de Perséfone, sua
expressão frustrada, como se ela não entendesse por que não podia continuar
com sua execução.
"Sim minha senhora?"
“Guarde a espada,” Perséfone ordenou.
“Mas...” Ela começou a protestar.
"Agora."
O comando escorregou entre os dentes cerrados. Isso era tudo que
Perséfone precisava, Zofie derramando sangue em seu nome. Isso já seria
manchete – as pessoas estavam filmando e tirando fotos descaradamente.
Ela fez uma nota para informar Ilias sobre este incidente, talvez ele pudesse
se adiantar à mídia.
A amazona resmungou, mas obedeceu, e sua espada desapareceu de vista.
Sem a ameaça de lesão corporal, a mulher recuperou a compostura e voltou-
se para Perséfone novamente.
"Lemming", ela sibilou com mais ódio em seus olhos do que Minthe ou sua
mãe jamais possuíram, e saiu do The Coffee House, sinalizando o toque
agradável da campainha na porta.
Assim que ela se foi, Zofie falou.
“Uma palavra, minha senhora. Eu vou matá-la no beco.”
“Não, Zofie. Isso é tudo que precisamos, um assassinato em nossas mãos.
“Não é assassinato,” ela argumentou. “É retribuição.”
“Estou bem, Zofie.”
Ela se virou para pegar suas coisas, consciente de que as pessoas ainda
estavam observando. Ela desejou ter controle sobre os relâmpagos como
Zeus porque ela eletrocutaria todos os dispositivos neste lugar apenas para
ensiná-los a cuidar de seus próprios negócios.
"Mas... ela feriu você!" Zofie argumentou. “O Senhor Hades não ficará
satisfeito comigo.”
"Você fez o seu trabalho, Zofie."
“Se eu tivesse feito meu trabalho, você não se machucaria.”
"Você veio o mais rápido que pôde", disse Perséfone. “E eu não estou
ferido.
Estou bem."
Ela estava mentindo, é claro, principalmente para proteger Zofie. A Amazon
poderia tentar se demitir novamente se soubesse quanta dor Perséfone
estava sentindo.
Quem pensaria em usar o café como arma?pensou Perséfone. Que traição.
— Por que ela atacou você?
Perséfone franziu a testa. Ela não sabia.
Lemingue, a mulher a chamou — outra palavra para seguidora cega.
Perséfone conhecia a palavra, mas ela nunca tinha sido chamada de uma
antes.
“Eu não sei,” ela disse, e suspirou. Ela encontrou o olhar de Zofie. “Chame
Ilias, avise-o do que aconteceu. Talvez ele possa ficar à frente da mídia.”
“Claro, minha senhora. Onde você está indo?"
"Para encontrar Hades", disse ela, e avaliar o dano em suas pernas. Sua pele
ardia sob suas roupas. “A última vez que alguém tentou me machucar, ele os
torturou.”
Ela vestiu o casaco e enviou uma mensagem rápida para Leuce e Helen,
informando que a reunião matinal foi cancelada e que ela os veria mais tarde
esta noite.
"Vejo você na casa de Sybil?" ela perguntou à amazona.
“Sim, para a inauguração da casa,” ela disse, e suas sobrancelhas se
juntaram.
“Devo trazer madeira?”
Perséfone riu. “Não, Zofie. Traga... vinho ou comida.”
Perséfone não sabia muito sobre a criação de Zofie, mas era evidente que
a ilha de onde ela se originou não evoluiu com a sociedade moderna.
Quando ela perguntou a Hécate sobre isso, ela disse: “É assim que Ares
prefere.”
"Prefere... o quê?"
“As Amazonas são seus filhos, criados para a guerra, não para o mundo. Ele
os mantém isolados na ilha de Terme para que eles nunca saibam nada além
da batalha.”
Depois de aprender isso, Perséfone se perguntou como Zofie conheceu
Hades e se tornou sua Égide.
Ela se concentrou na Amazônia novamente. “Se precisar de ideias, é só
mandar uma mensagem para Sybil e perguntar o que levar. Ela vai ajudar.
Persephone enviou uma mensagem rápida para Leuce e Helen, informando
que ela teve que sair mais cedo do The Coffee House e saiu. O frio a cortou, e
era pior onde sua roupa estava molhada, congelando sua pele por baixo. Ela
desceu a calçada, escorregadia com água e neve acumulando, contornando a
esquina do prédio até que estava fora da vista dos transeuntes antes de se
teletransportar para o Mundo Inferior.
Ela apareceu em seu quarto, meio que esperando que Hades estivesse lá,
esperando, frustrado, pronto para inspecioná-la em busca de ferimentos, mas
ele ainda não havia chegado. Ela colocou a bolsa de lado e tirou a jaqueta,
tirando a legging de couro falso. Ela ainda podia sentir a picada residual onde
o café quente havia se depositado em sua pele. Por sorte, o dano foi mínimo
– suas coxas estavam vermelhas e um pouco inchadas, uma pitada de pele
borbulhante salpicada em suas pernas. Talvez passar água fria sobre ele
ajudasse, ela pensou.
Quando ela se virou para entrar no banheiro, ela encontrou seu caminho
bloqueado por Hades.
Perséfone se assustou, com as mãos apertando o coração, sobre o peito
nu. O deus estava com os olhos brilhantes, elegantemente vestido em seu
terno preto sob medida. Seu cabelo estava liso e preso em um coque perfeito
na parte de trás de sua cabeça, nem um fio fora do lugar. Sua mandíbula
esculpida, bem barbeada e bem cuidada. Ele era imaculado e sexual, uma
presença que roubou seu fôlego e a fez doer.
“Hades! Você me assustou."
Seu olhar caiu para o peito dela e ele sorriu, pegando sua mão.
“Você deveria saber que eu iria te encontrar assim que você tirasse suas
roupas. É um sexto sentido.”
Quando ele se inclinou para roçar os lábios ao longo de seus dedos, seus
olhos mergulharam mais para baixo, e uma carranca tocou sua boca. Ele
soltou sua mão apenas para pressionar sua palma contra sua coxa. Ela
estremeceu; seu toque frio contra o calor das bolhas.
"O que é isso?" Sua pergunta foi quase um silvo.
Aparentemente, a notícia ainda não tinha chegado a ele.
"Uma mulher derramou café no meu colo", explicou Perséfone.
“Despejado?”
“Se você está perguntando se foi intencional, a resposta é sim.”
Algo escuro brilhou nos olhos de Hades. Era o mesmo olhar que ela tinha
visto na noite passada quando ela trouxe a notícia da morte de Adonis. Depois
de um momento, ele se ajoelhou diante dela. Uma onda de magia explodiu
de suas mãos, pousando em sua pele até que ela não sentiu mais a dor das
queimaduras ou viu a queimadura em sua pele. Apesar de estar curado, Hades
permaneceu de joelhos, as mãos indo para a parte de trás de suas pernas.
"Você vai me dizer quem era essa mulher?" Hades perguntou, seus lábios
roçando a parte interna de sua coxa.
“Não,” ela disse, inalando bruscamente, suas mãos pousando em seus
ombros.
"Eu não posso... convencê-lo?"
“Talvez,” ela admitiu, a palavra escapando em uma respiração. "Mas eu não
sei o nome dela, então toda a sua... persuasão seria em vão."
“Nada que eu faço é em vão.”
O aperto de Hades se apertou sobre ela, e sua cabeça mergulhou entre suas
pernas, sua boca fechando sobre seu clitóris. Persephone engasgou, seus
dedos enfiando em seu cabelo liso.
“Hades—”
“Não me faça parar,” ele disse, sua voz áspera.
"Você tem trinta minutos", disse ela.
Hades fez uma pausa, olhando para ela do chão.
Deuses, ele era lindo e tão fodidamente erótico. O calor no fundo de seu
estômago derreteu suas entranhas. Ela estava molhada para ele. No
momento em que ele colocasse a boca sobre ela, ela gozaria, ele nem
precisaria persuadir um orgasmo dela.
“Só trinta?”
"Precisa de mais?" ela desafiou.
Ele ofereceu um sorriso malicioso. "Querida, nós dois sabemos que eu
poderia fazer você vir em cinco, mas e se eu quiser tomar meu tempo?"
"Mais tarde", disse ela. “Temos uma festa para ir e ainda preciso fazer
cupcakes.”
Hades franziu a testa. “Não é um costume mortal chegar elegantemente
atrasado?”
Perséfone levantou uma sobrancelha. “Hermes te contou isso?”
“Ele está errado?”
“Eu não vou me atrasar para a festa de Sybil, Hades. Se você deseja me
agradar, então você vai me fazer gozar na hora certa.” Hades sorriu.
“Como você quiser, minha querida.”
CAPÍTULO IV - NUNCA EU NUNCA
Perséfone se manifestou na porta do apartamento de Sybil com Hades.
Um arrepio sacudiu sua espinha.
Era uma combinação de frio e pensamentos da última hora passada com o
Deus dos Mortos de joelhos. Ela deveria estar acostumada com a maldade de
Hades, mas ele ainda encontrou maneiras de surpreendê-la, dando-lhe prazer
enquanto ela estava de pé, uma perna puxada sobre o ombro. Sua língua
tinha provado e provocado, devorado e saboreado. Ela se apertou contra ele,
incapaz de evitar que seu corpo caísse sobre sua boca. Ela veio, persuadida
por um rosnado que irrompeu do fundo do peito de Hades. Ela terminou com
tempo suficiente para terminar os cupcakes para a festa de Sybil.
Outro arrepio percorreu seu corpo. O frio era penetrante, como agulhas
penetrando em sua pele. Era um clima antinatural para julho e nada – nem
mesmo a felicidade que o amor de Hades havia inspirado – poderia reprimir
o pavor que ela sentia enquanto a neve continuava a cair.
É o início da guerra.
Eram palavras de Hades; falado na noite que ele havia proposto, desta vez
de joelho dobrado com um anel. Foi o melhor momento de sua vida, mas
ofuscado pela magia de Demeter. De repente, as pontas dos dedos de
Perséfone formigaram com poder, reagindo ao súbito arrepio de raiva que
disparou em suas costas.
A mão de Hades apertou sua cintura.
"Você está bem?" ele perguntou, sem dúvida sentindo o aumento em sua
magia.
Perséfone ainda não tinha conseguido evitar completamente que sua
magia reagisse às suas emoções.
"Perséfone?"
A voz de Hades chamou sua atenção e ela percebeu que não havia
respondido sua pergunta anterior. Ela inclinou a cabeça, encontrando seu
olhar escuro. O calor floresceu na boca de seu estômago quando seus olhos
caíram para os lábios dele e a barba convidativa em sua mandíbula,
lembrando como se sentia contra sua pele, uma fricção deliciosa que
provocava e provocava.
“Estou bem”, respondeu ela.
Hades levantou uma sobrancelha duvidosa.
“Eu sou,” ela disse. “Eu estava pensando na minha mãe.”
“Não estrague sua noite pensando nela, minha querida.”
“É um pouco difícil ignorá-la devido ao clima, Hades.”
Ele levantou a cabeça e olhou para o céu por um momento, seu corpo
ficando rígido ao lado dela, e ela sabia que ele estava tão preocupado, mas
ela não perguntou seus pensamentos sobre o assunto. Esta noite, ela queria
se divertir porque algo lhe dizia que além desta noite, nada seria.
Ela bateu, mas em vez de ver Sybil, um homem loiro atendeu a porta. Seu
cabelo caiu em ondas suaves logo acima de seus ombros. Seus olhos estavam
encobertos e azuis, e sua mandíbula marcada por barba por fazer. Ele era
bonito, mas um completo estranho.
Esquisito, pensou Perséfone. Ela tinha certeza de que este era o
apartamento de Sybil. "Hum, eu acho que podemos ter o errado-"
“Perséfone, certo?” o homem perguntou.
Ela hesitou e o braço de Hades apertou ao redor dela.
"Perséfone!" Sybil apareceu atrás do homem, abaixou-se sob seu braço e a
puxou para um abraço. “Estou tão feliz que você está aqui!”
Havia uma nota de alívio em sua voz. Sybil se afastou e seus olhos se
voltaram para Hades.
"Estou feliz que você possa vir também, Hades." A voz de Sybil era calma e
tímida. Perséfone foi uma pequena surpresa, já que ela não era estranha aos
deuses. Ela serviu Apollo apenas meses atrás como seu oráculo... até que ele
a despojou de seus poderes de profecia depois que ela se recusou a dormir
com ele. Seu comportamento fez dele o assunto do artigo de Perséfone, mas
a decisão dela de escrever sobre o Deus do Sol foi um desastre.
Acontece que ele era amado, e o artigo de Perséfone visto como calúnia.
Não só isso, Hades ficou furioso - tão furioso que ele manteve Perséfone
prisioneira no submundo até que ele pudesse negociar com Apolo para que o
deus não buscasse vingança.
Essa experiência ensinou a Perséfone muitas lições, principalmente, que o
mundo não estava pronto para acreditar em uma mulher com dor. Foi uma
das razões pelas quais ela começou o The Advocate.
"Eu aprecio o convite", respondeu Hades.
“Você não vai me apresentar?” o estranho loiro perguntou.
Persephone notou a forma como Sybil congelou. Foi apenas um segundo,
como se ela tivesse esquecido que o homem estava presente, e um pequeno
sorriso de desculpas se formou em seu rosto antes que ela se virasse.
“Perséfone, Hades, este é Ben.”
“Oi,” ele disse, estendendo a mão para eles apertarem. “Eu sou o
namorado de Sybil
—”
“Amigo, Ben é um amigo,” Sybil disse rapidamente.
“Bem, futuro namorado,” Ben disse, sorrindo, mas o olhar que Sybil deu a
ela era desesperado. O olhar de Perséfone deslizou do oráculo para o mortal
quando ela aceitou sua mão úmida e estendida. "Prazer em conhecê-lo."
Ben mudou para Hades. O Deus dos Mortos olhou para sua mão. “Você não
quer apertar minha mão, mortal.”
Seus olhos se arregalaram um pouco, e um silêncio constrangedor se
seguiu, mas apenas por um instante antes do sorriso de Ben retornar.
“Bem, vamos entrar?” ele perguntou.
Ele ficou de lado, gesticulando para que todos entrassem. Persephone
arqueou a sobrancelha para Hades enquanto eles entravam no apartamento
quente. Hades tinha a capacidade de ver a alma, e Perséfone se perguntou o
que ele vislumbrou quando olhou para Ben, embora ela achasse que poderia
adivinhar.
Assassino em série.
"O que?" Hades perguntou.
"Você prometeu se comportar", disse ela.
"Não é da minha natureza apaziguar os mortais", respondeu Hades.
"Mas é da sua natureza me apaziguar", disse Perséfone.
“Infelizmente,” ele disse, sua voz baixa. “Você é minha maior fraqueza.”
A entrada do apartamento de Sybil era um corredor curto que levava
a uma cozinha e uma pequena sala de estar. O espaço estava quase vazio,
exceto por uma namoradeira e uma televisão. Embora não chegasse nem
perto da extravagância em que ela vivera com Apollo, era pitoresco e
aconchegante. Isso lembrou Persephone do apartamento que ela dividiu com
Lexa por três anos.
"Vinho?" Sybil perguntou, e Perséfone ficou feliz com a distração.
"Por favor", disse ela, sufocando a dor que se formou em seu peito ao
pensar em sua melhor amiga morta.
"Para você, Hades?"
“Uísque... o que quer que você tenha está bem. Limpo... por favor,” ele
adicionou como se fosse uma reflexão tardia. Persephone fez uma careta,
mas pelo menos ele pediu gentilmente.
"Arrumado?" perguntou Ben. “Os verdadeiros bebedores de uísque pelo
menos adicionam água.”
O coração de Perséfone batia forte enquanto ela observava os olhos de
Hades se conectarem com os de Ben. “Eu adiciono o sangue dos mortais.”
“Claro, Hades,” Sybil disse rapidamente, pegando uma garrafa da coleção
no balcão e entregando a ele. “Você provavelmente vai precisar.” "Obrigado,
Sybil", disse ele, rapidamente afrouxando a tampa para beber.
Ela serviu uma taça de vinho para Persephone e a deslizou sobre o balcão.
“Então, como você conheceu Ben?” Perséfone perguntou, pegando seu
vinho.
Sybil começou a responder quando Ben entrou.
“Nós nos conhecemos no Four Olives, onde trabalho”, disse ele. “Foi amor
à primeira vista para mim.”
Perséfone engasgou com sua bebida, o vinho queimando no fundo de sua
garganta enquanto ela cuspiu de volta no copo. Seus olhos se conectam com
os de Sybil, que parecia mortificada, mas antes que qualquer um deles
pudesse falar, uma batida soou na porta.
“Graças aos deuses,” Sybil disse, praticamente correndo para a entrada,
deixando Perséfone e Hades sozinhos com o mortal.
"Eu sei que ela ainda não está convencida", disse Ben. “Mas é só uma
questão de tempo.”
“O que te dá tanta certeza?” Perséfone rebateu. Suas
costas se endireitaram quando ele proclamou. “Eu sou
um oráculo.” "Oh merda," Hades resmungou.
Perséfone lhe deu uma cotovelada.
"Se você me dá licença", disse ele, deixando a cozinha com sua garrafa de
uísque.
Ben se inclinou sobre o bar. “Acho que ele não gosta de mim.”
“O que te deu essa ideia?” Perséfone perguntou, seu nariz ainda queimava.
Ben deu de ombros. "É só um sentimento."
Houve um silêncio longo e constrangedor que se passou entre eles e
quando Perséfone começou a se desculpar para ir em busca de Hades, o
chamado oráculo falou.
"Você perdeu", disse ele.
"Com licença."
"Sim", ele sussurrou, seus olhos desfocados e vidrados. “Você perdeu e vai
perder de novo.”
A mandíbula de Perséfone apertou.
“A perda de um amigo levará você a perder muitos – e você, você deixará
de brilhar, uma brasa tomada pela noite.”
Sua raiva se dissipou lentamente, transformando-se em desgosto quando
ela reconheceu suas palavras.
“Por que você está citando Leonidas?”
O programa de televisão era popular e tinha sido um dos favoritos de Lexa
sobre um rei espartano e sua guerra com os persas. Foi um drama cheio de
amor, luxúria e sangue.
Ben piscou, seus olhos entrando em foco.
"O que você acabou de dizer?" ele perguntou, e Perséfone revirou os olhos.
Ela odiava os falsos profetas. Eles eram perigosos e faziam piada com a prática
real da profecia. Ela começou a falar, mas foi interrompida pelo grito de
emoção de Hermes.
“Sephy!” O Deus do Mal jogou os braços em volta do pescoço dela,
apertando-a. Ele inalou profundamente. "Você cheira a Hades... e sexo."
Ela empurrou contra o deus. “Pare de ser assustador, Hermes!”
O deus riu e a soltou, seu olhar brilhante mudando para Ben.
“Ah, e quem é esse?” Seu interesse evidente no pico de sua voz.
“Este é o Ben. Sybil... Ela não tinha certeza de como terminar essa frase,
mas não precisava porque ninguém estava ouvindo de qualquer maneira. Ben
já estava sorrindo para o Deus da Travessura. “Hermes, certo?” ele
perguntou.
"Então, você já ouviu falar de mim?"
Perséfone revirou os olhos. Ele perguntou a ela a mesma coisa quando eles
se conheceram. Ela nunca perguntou por que ele disse isso, mas ela tinha a
sensação de que era para convidar algum tipo de elogio, considerando que
todos já tinham ouvido falar dele.
Ela não ficou surpresa quando o tiro saiu pela culatra.
"Claro", respondeu Ben. “Você ainda é o Mensageiro dos Deuses ou eles
usam e-mail?”
As sobrancelhas de Perséfone se ergueram e ela apertou os lábios para não
rir.
Hermes estreitou os olhos.
“É Lorde Hermes para você,” ele disse, e se virou, murmurando para Sybil
enquanto ele passava. “Você pode ficar com ele.”
O Deus dos Ladrões não ficou chateado por muito tempo quando notou
Hades parado na sala de Sybil. “Bem, bem, bem, veja quem decidiu escurecer
o canto – literalmente.”
Hades parecia deslocado no apartamento de Sybil, bem como na noite em
que foi até ela e Lexa para fazer biscoitos. Pelo menos ele tentou se encaixar
naquela noite, vestindo uma camisa preta e moletons. Esta noite, ele insistiu
em usar um terno.
"O que aconteceu com aqueles moletons que você usou na minha casa?"
Perséfone perguntou antes de partirem. "Eu... joguei fora." Seus olhos se
arregalaram.
"Por que?"
Hades deu de ombros. “Eu não achava que haveria um momento em que
eu precisaria deles novamente.”
Ela levantou uma sobrancelha. “Você quer dizer que nunca pensou que
sairia com meus amigos novamente?”
"Não." Ele olhou para seu terno. “Não atendo às suas expectativas?”
Ela deu uma risadinha então. “Não, de longe, você os excede.”
Ele sorriu então e ela pensou que seu coração poderia bater direto em seu
peito. Não havia nada tão bonito quanto Hades quando ele sorria.
Outra batida anunciou a chegada de mais convidados, desta vez, Helen. Ela
usava um longo casaco bege com gola de pele que ela tirou e dobrou sobre o
braço. Por baixo da jaqueta, estava uma camisa branca de manga comprida e
uma saia cor de camelo com leggings. Seu longo cabelo estava enrolado e caía
em ondas cor de mel sobre seus ombros. Ela trouxe vinho e entregou a Sybil
com um beijo na bochecha.
Os dois não se conheciam há muito tempo, mas como todos no círculo de
Perséfone, eles se tornaram amigos rapidamente.
"Este tempo", disse Helen. "É quase... antinatural."
"Sim", disse Persephone, calmamente, uma onda de culpa batendo nela. “É
horrível.”
Outra batida enviou Sybil para a porta e ela voltou com Leuce e Zofie a
reboque. Os dois agora eram colegas de quarto, e Perséfone ainda tinha que
decidir se era realmente uma boa ideia. Leuce havia retornado recentemente
ao mundo mortal depois de ter sido uma árvore por séculos, e Zofie não tinha
nenhuma compreensão real dos humanos, tendo sido criada entre guerreiras.
Ainda assim, os dois estavam aprendendo, desde coisas simples, como usar a
faixa de pedestres e pedir comida, até aspectos mais difíceis da vida mortal,
como socialização e autocontrole.
Leuce era uma náiade — uma ninfa da água. Ela tinha cabelos e cílios
brancos e pele pálida que fazia seus olhos azuis parecerem tão brilhantes
quanto o sol. Quando Perséfone a conheceu, ela era combativa, e seus belos
traços eram severos e angulosos. Horas extras, porém, ela conheceu a ninfa
e sua atitude em relação a ela suavizou, apesar do fato de que ela tinha sido
amante de Hades. Ao contrário de Minthe, no entanto, Perséfone tinha
certeza de que não havia mais afeto entre os dois - um fato que tornava a
decisão muito mais fácil para levá-la sob sua asa. Hoje à noite, ela usava um
vestido azul claro simples que a fazia parecer uma rainha do gelo.
Quando Zofie entrou no apartamento, ela estava sorrindo, apenas para
vacilar quando notou Hades parado na sala de Sybil.
"Meu Senhor!" ela exclamou e se curvou rapidamente.
"Você não tem que fazer isso aqui, Zofie", disse Persephone.
"Mas... ele é o Senhor do Submundo."
"Estamos todos cientes", disse Hermes. "Olhe para ele - ele é o único gótico
na sala."
Hades olhou.
“Já que todos estão aqui, vamos jogar um jogo!” disse Hermes.
“Qual é o jogo?” Helena perguntou. “Pôquer?”
"Não!" Todos disseram em uníssono, os olhos se deslocando para Hades,
que olhou como se desejasse incinerá-los. Perséfone podia imaginar a
quantidade de trabalho que ela teria que fazer mais tarde para compensar
seu sofrimento.
“Vamos jogar Eu Nunca!” Hermes disse, ele estendeu a mão sobre o balcão
da cozinha, segurando várias garrafas de vários licores entre os dedos. “Com
tiros!”
“Tudo bem, mas eu não tenho copos de shot,” Sybil disse.
“Então todos vocês vão ter que escolher algo para engolir”, disse Hermes.
"Oh deuses," Perséfone murmurou.
"O que eu nunca fiz?" Zofi perguntou.
"Exatamente o que parece", disse Hermes enquanto colocava as garrafas
na mesa de centro. “Você faz uma declaração sobre algo que nunca fez, e se
alguém fez isso, eles têm que tentar.”
Todos entraram na sala de estar. Hermes estava sentado de um lado do
sofá enquanto Ben ocupava o outro – até que notou Sybil sentada no chão ao
lado de Perséfone. Então, ele abandonou o local para se espremer ao lado
dela. Foi estranho assistir, e Perséfone desviou os olhos, encontrando Hades
olhando. Ele ficou em frente a ela, não fazendo parte do círculo que eles
formaram. Ela se perguntou se ele encontraria uma razão para não jogar este
jogo – e ela não podia negar que parte dela queria ver como ele responderia
a cada uma dessas declarações.
Ela também temia.
"Eu primeiro!" Hermes diz. "Eu nunca... fiz sexo com Hades."
O olhar de Perséfone era assassino – ela sabia porque podia sentir a
frustração consumindo o glamour que ela usava para escurecer a cor de suas
íris.
"Hermes," ela rangeu seu nome entre os dentes.
"O que?" ele gemeu. “Este jogo é difícil para alguém da minha idade. Já fiz
de tudo.”
Então Leuce pigarreou e seus olhos se arregalaram ao perceber o que havia
feito. "Ah", disse ele. "Oh."
Perséfone gostava de Leuce, mas isso não significava que ela gostasse de
ser lembrada de seu passado com Hades. Ela fez questão de não olhar para
Leuce enquanto bebia de uma garrafa de bola de fogo.
Ben foi o próximo. “Nunca persegui uma ex-namorada.”
Houve um constrangimento coletivo que precedeu a declaração do falso
profeta. Ele estava tentando provar que não era um idiota?
Ninguém bebeu.
Sybil foi a próxima.
“Eu nunca... me apaixonei à primeira vista.” Foi um soco em Ben, que não
pareceu notar — ou talvez não se importasse, tão confiante em suas
habilidades como oráculo que atirou.
A seguir foi Helena. "Eu nunca... tive um trio."
Para surpresa de ninguém, Hermes atirou, mas Hades também e algo sobre
isso fez a cor sumir do rosto de Perséfone. Talvez tenha sido a maneira como
ele fez isso - olhos baixos, cílios abanando suas bochechas, como se ele não
quisesse saber que ela o viu. Ainda assim, ela tentou racionalizar que eles
tinham discutido isso antes. Hades não se desculparia por viver antes dela, e
ela entendia isso. Ela esperava que Hades, Deus dos Mortos, tivesse tido
muitas e variadas experiências sexuais — e ainda assim sentia ciúmes.
Finalmente, Hades ergueu os olhos para ela. Eles estavam escuros, uma
pitada de fogo acendendo as íris como uma lasca de lua. Era uma expressão
que ela conhecia bem – não tanto um aviso quanto uma súplica – eu te amo,
estou com você agora. Nada mais importa.
Ela sabia disso - acreditava de todo o coração, mas à medida que o jogo
continuava, os casos em que ela conseguia dar um tiro eram poucos e
distantes entre si - e nada comparado ao de Hades.
"Eu nunca... comi comida do corpo nu de alguém", disse Ben, mas
acrescentou com um olhar direto para Sybil. “Mas eu gostaria.” Hades bebeu
e Perséfone quis vomitar.
"Eu nunca... fiz sexo na cozinha", disse Helen.
Hades bebeu.
“Nunca fiz sexo em público”, disse Sybil. Hades bebeu.
“Nunca fingi um orgasmo”, disse Helen.
Persephone não tinha certeza do que deu nela, mas com essa declaração,
ela virou a bebida e engoliu um gole de vinho. Quando ela sentou o copo,
Hades levantou uma sobrancelha e seus olhos escureceram. Ela podia sentir
a energia dele contra a sua, exigente. Ele estava ansioso para que ela falasse,
para provar sua pele e confirmar que ela havia mentido.
Ela não esperava que Hades a desafiasse na frente de todos.
“Se isso for verdade, terei prazer em corrigir a situação.”
"Oh," Hermes provocou. "Alguém vai ser fodido esta noite."
“Cala a boca, Hermes.”
"O que? Você tem sorte que ele não a levou para o Mundo Inferior no
momento em que você levantou aquele copo.
Ainda não estava fora do reino da possibilidade com o jeito que Hades
estava olhando para ela. Ele tinha perguntas e queria respostas.
"Vamos jogar outro jogo", sugeriu Persephone.
"Mas eu gosto deste," Hermes lamentou. “Estava ficando bom.” Ela
deu-lhe um olhar mordaz.
“Além disso, você sabe que Hades está apenas fazendo uma lista de todas
as maneiras que ele quer fo-”
“Basta, Hermes!” Perséfone se levantou e fez seu caminho pelo corredor
até o banheiro. Ela fechou a porta e afundou contra ela. Seus olhos se
fecharam e ela exalou – foi uma tentativa fracassada de liberar a sensação
estranha que estava crescendo dentro dela. Ela não podia descrevê-lo, mas
parecia grosso e pesado.
Então o ar se agitou, e ela ficou tensa, sentindo o corpo de Hades enjaular
o seu, sua bochecha tocou a dela, sua respiração fez cócegas em seu ouvido
enquanto ele falava.
“Você tinha que saber que suas ações me inflamariam,” sua voz era crua e
áspera, e fez o fundo de seu estômago apertar. Seu corpo estava rígido, uma
força mal contida.
"Quando eu deixei você querendo?"
Ela engoliu em seco e sabia que ele queria a verdade.
“Você não vai responder?”
Ele levantou a mão para a garganta dela, não apertando, mas forçando seu
olhar para o dele.
“Eu realmente preferia não descobrir sobre suas façanhas sexuais por meio
de um jogo na frente dos meus amigos”, disse ela.
“Então você achou melhor revelar que eu não o satisfiz da mesma
maneira?”
Perséfone desviou o olhar. A mão de Hades ainda estava em sua garganta,
e então ele se inclinou para frente, sua língua pressionada levemente contra
sua orelha.
"Devo não deixar dúvidas em suas mentes de que posso fazer você
vir?" Ele levantou sua saia e rasgou sua calcinha de renda.
“Hades! Somos convidados aqui!”
"Seu ponto?" ele perguntou enquanto a levantava do chão, alavancando
seu peso contra a porta. Seus movimentos eram controlados, mas ásperos,
um vislumbre da violência desperta sob esta pele.
“É rude fazer sexo no banheiro de alguém.”
Hades lambeu sua boca antes de sua língua separar seus lábios e seus
protestos foram abafados quando ele a beijou com força – a ponto de ela
não conseguir respirar.
Por que eu o provoquei? Porque eu queria isso, ela pensou. Eu precisava
disso.
Ela queria irritá-lo, senti-lo furioso contra sua pele até que ela não se
lembrasse mais de um passado onde ela não existia com ele.
Seu sexo apertou quando ela sentiu a cabeça do pênis de Hades roçar sua
abertura e no segundo seguinte, ele estava totalmente embainhado. A cabeça
de Perséfone rolou, e um som escapou de seus lábios – cru e descarado, como
uma onda de prazer brotou dentro dela.
Então houve uma batida na porta.
“Eu odeio interromper o que está acontecendo lá”, disse Hermes. “Mas
acho que vocês dois vão querer ver isso.”
"Agora não," Hades rosnou, sua cabeça descansando na curva do pescoço
de Perséfone. Seu corpo estava duro e rígido. Ela o reconheceu pelo que era
— uma tentativa de autocontrole.
Era uma característica que ela desejava que ele abandonasse.
Ela virou a cabeça para ele, a língua roçando sua orelha, então seus dentes.
Hades inalou; suas mãos apertaram sua bunda.
"Ok, primeiro, é rude fazer sexo no banheiro de outras pessoas", disse
Hermes. “Segundo, é sobre o clima.”
Hades gemeu e então rosnou. “Um momento, Hermes.”
“Quanto tempo é um momento?” ele perguntou.
"Hermes," Hades avisou.
"Está bem, está bem."
Uma vez que eles estavam sozinhos, Hades a deixou. Ela sentiu sua
ausência imediatamente — uma dor que cresceu.
"Foda-se", ele disse baixinho enquanto restaurava sua aparência.
"Sinto muito", disse Perséfone.
As sobrancelhas de Hades franziram. "Porque você está se desculpando?"
Ela abriu a boca para explicar – talvez por ciúmes ou porque eles tiveram
que parar, ou por causa da tempestade – ela realmente não sabia. Ela fechou
a boca, e Hades se inclinou para ela.
"Eu não estou chateado com você", disse ele, e a beijou. "Mas sua mãe vai
se arrepender da interrupção."
Persephone se perguntou o que ele queria dizer, mas ela não o questionou
quando eles saíram do banheiro. Do corredor, ela podia ouvir a televisão
berrando.
“Um aviso de tempestade de gelo severa foi emitido para toda a Nova
Grécia.”
"O que está acontecendo?"
"Começou a nevar", disse Helen. Ela estava na janela, as cortinas abertas.
Perséfone se aproximou. Ela podia ouvir o leve toque de gelo quando
atingiu a janela. Ela fez uma careta. Ela sabia que o tempo ia piorar, mas não
esperava que isso acontecesse tão cedo.
"Este é um deus", disse Ben. “Um deus nos amaldiçoando!”
Perséfone encontrou o olhar de Hades. Um silêncio tenso encheu a sala. O
mortal virou-se para Hades, exigindo. “Você nega?”
“Não é sábio tirar conclusões precipitadas, mortal,” Hades respondeu.
“Não estou tirando conclusões precipitadas. Eu previ isso! Os deuses
reinarão o terror sobre nós. Haverá desespero e destruição.”
As palavras do oráculo se assentaram no fundo do estômago de Perséfone
como uma pedra, fria e pesada. Apesar do fato de ela pensar que ele era
louco, ela não podia negar que o que ele falava era completamente possível.
“Cuidado com suas palavras, oráculo.” Foi Hermes quem falou desta vez.
Era enervante vê-lo tão severo, tão ofendido, e o tom de sua voz causou
arrepios na espinha de Perséfone.
As acusações de Ben eram sérias, e era possível que sua previsão
provocasse a ira dos deuses.
“Só estou falando...”
“O que você ouve,” Sybil terminou. “O que pode ou não ser a palavra de
um deus, e a julgar pelo fato de que você não tem patrono, eu estou supondo
que você está sendo alimentado com profecias de uma entidade ímpia. Se
você tivesse treinamento, você saberia disso.”
Persephone olhou de Sybil para Ben. Ela não sabia o que era uma entidade
ímpia, mas Sybil sabia do que ela estava falando. Ela havia sido treinada para
isso.
“E o que há de tão ruim em uma entidade ímpia? Às vezes, eles são os
únicos que contam a verdade.”
“Acho que você deveria ir embora”, disse Sybil.
Seguiu-se um silêncio tenso enquanto Ben parecia registrar as palavras de
Sybil.
"Você quer que eu... vá embora?"
“Ela não gaguejou,” Hermes atirou de volta.
"Mas-"
"Você deve ter esquecido o caminho para a porta", disse Hermes. "Eu vou
te mostrar."
“Sybil—” Ben tentou implorar, mas no segundo seguinte, ele desapareceu.
Todos os olhos se voltaram para Hermes.
“Não fui eu”, disse o deus.
Seus olhares se moveram para Hades, mas ele permaneceu em silêncio, e
embora ninguém tenha perguntado, Perséfone se perguntou onde ele havia
depositado o mortal.
“Acho que todos nós deveríamos ir.” Perséfone disse, embora o que ela
realmente queria era ficar sozinha com Hades para fazer perguntas. “Esta
tempestade só vai piorar quanto mais ficarmos.”
Todos estavam de acordo. “Hades, eu gostaria de garantir que Helen, Leuce
e Zofie cheguem em casa em segurança.”
Ele assentiu. “Vou ligar para Antoni.”
Enquanto as mulheres pegavam suas jaquetas, Persephone puxou Sybil
para o lado.
"Você está bem? Ben é—”
"Um idiota", disse ela. "Sinto muito se ele ofendeu você ou os outros."
"Não se preocupe... mas no ritmo que ele está indo, tenho certeza que ele
vai incorrer na ira de algum deus."
Não tiveram que esperar muito por Antoni. O Ciclope parou em uma
limusine elegante e eles entraram — Hades e Perséfone de um lado, Leuce,
Zofie e Helen do outro.
“Alguém mais realmente odiava aquele tal de Ben?” perguntou Leuce.
“Sybil deveria manter uma lâmina embaixo da cama caso ele volte,” Zofie
disse.
“Ou ela pode simplesmente trancar a porta,” Helen sugeriu.
"Os cadeados podem ser arrombados", disse Zofie. “Uma lâmina é
melhor.”
A cabine ficou em silêncio, exceto pelo gelo batendo nas janelas.
Eles deixaram Leuce e Zofie primeiro. Assim que saíram da cabana, a
escuridão pareceu engolir Helen, cuja pequena estrutura estava perdida no
pelo de seu casaco. Ela olhou para a noite, seu rosto bonito iluminado de vez
em quando pelas luzes da rua.
Depois de um momento, ela falou. “Você acha que Ben está certo? Que isso
é obra dos deuses?”
Perséfone ficou tensa e olhou para o mortal, cujos olhos haviam se
desviado para Hades — arregalados e inocentes. Era estranho ouvir aquela
pergunta sem nenhum veneno por trás das palavras.
"Nós vamos descobrir em breve", respondeu Hades.
A limusine parou e quando Antoni abriu a porta, o ar frio encheu a cabine.
Perséfone estremeceu, e o braço de Hades apertou ao redor dela.
"Obrigada pela carona", disse Helen enquanto saía.
Uma vez que eles estavam na estrada novamente, Perséfone falou.
"Ela realmente acha que uma tempestade vai nos manter separados?"
A forma como a mandíbula de Hades pulsava disse a ela tudo o que ela
precisava saber – sim.
“Você já viu neve, Perséfone?” Hades perguntou, e ela não gostou do tom
de sua voz.
Ela hesitou. "De longe."
Nos cumes das montanhas, mas desde que ela se mudou para Nova Atenas,
nunca.
Hades encontrou seu olhar, seus olhos brilharam; ele parecia ameaçador e
zangado.
“O que está passando pela sua cabeça?” ela perguntou baixinho.
Seus cílios baixaram, lançando sombras em suas bochechas. “Ela fará isso
até que os deuses não tenham escolha a não ser intervir.”
“E o que acontece então?”
Hades não respondeu, e Perséfone não forçou uma conversa porque, na
verdade, ela estava com muito medo e achava que sabia a resposta.
Guerra.
CAPÍTULO V - UM TOQUE DE
MAGIA ANTIGA
“Antoni,” Hades disse não muito depois que eles deixaram Helen. “Por
favor, faça com que Lady Perséfone retorne em segurança para Nevernight.”
"O que?"
A palavra mal saiu de sua boca antes de Hades agarrar sua cabeça e beijá-
la. Ele fez amor com sua boca, separando seus lábios para enfiar sua língua
dentro. O fundo de seu estômago ficou tenso com antecipação, seus
pensamentos se voltaram da ira de sua mãe para a promessa que Hades tinha
feito no banheiro de Sybil. Ela ainda sentia a dor vazia de seu acoplamento
inacabado, e ela queria desesperadamente se perder nele esta noite, mas em
vez de liberá-la, ele se afastou, seus lábios estavam inchados e em carne viva.
Mais, Hades. Agora. Ela queria gritar com ele porque seu corpo doía muito.
E ele sabia disso.
“Não se preocupe, minha querida. Você virá para mim esta noite.”
Antoni tossiu, e parecia que ele estava tentando disfarçar uma risada.
No segundo seguinte, a magia de Hades explodiu, cheirando a especiarias
e cinzas, e ele se foi.
Perséfone soltou um longo suspiro e então encontrou o olhar de Antoni no
espelho retrovisor.
"Onde ele foi?"
“Não sei, milady”, respondeu ele, e ela ouviu o que ele não disse — mesmo
que soubesse, recebi ordens de levá-la para casa. Perséfone de repente sabia
o que ela pediria a Hécate em sua próxima sessão de treinamento - como
seguir alguém quando eles se teletransportassem.
Antoni deixou Perséfone na frente de Nevernight. Apesar do terrível frio e
da corrente de gelo caindo do céu, os mortais ainda estavam na fila,
desesperados para manter a chance de ver o interior do infame clube de
Hades. Ela foi recebida por Mekonnen, um ogro e um dos seguranças de
Hades, quando ela saiu do veículo. Ele segurou um guarda-chuva sobre a
cabeça dela e caminhou com ela até a porta.
"Boa noite, Perséfone", disse ele. Ela sorriu.
“Olá, Mekonnen. Como você está?" “Bem,” ele
respondeu.
Ela ficou aliviada quando ele não comentou sobre o tempo. Mekonnen
segurou a porta aberta e ela entrou no clube. Ela subiu as escadas até o andar,
repleta de mortais e imortais. Ela nem sempre andava no chão, às vezes ela
se teletransportava assim que punha os pés dentro, mas cada vez mais, ela
estava tentando se sentir confortável com o tipo de poder que vinha com o
noivado com Hades.
O que significava que este clube era dela.
Às vezes ela desejava poder andar invisível entre a multidão como Hades,
observando e ouvindo, ininterruptamente, mas ela não achava que o poder
se manifestaria entre seu conjunto de habilidades.
Perséfone atravessou o andar de Nevernight, passando por salões lotados,
o bar iluminado e a pista de dança afundada onde corpos corados pulsavam
sob a luz do laser vermelho. Enquanto ela se movia, ela sabia que os outros
observavam. Mesmo que eles não olhassem para ela, eles sussurravam, e
embora ela não soubesse o que eles diziam, ela podia adivinhar – não havia
escassez de rumores, não havia escassez de especialistas em linguagem
corporal analisando cada movimento dela, não havia escassez de “amigos
íntimos”. ' divulgando detalhes sobre sua vida no submundo, suas lutas com
o luto, os desafios de planejar um casamento e, embora houvesse apenas um
fio de verdade em qualquer um desses artigos, era como o mundo formava
sua opinião sobre ela.
Perséfone sabia que as palavras eram aliadas e inimigas, mas ela sempre
pensou que estaria por trás do jornalismo sensacional, e não o contrário.
Ela estava apenas grata que ninguém se aproximou dela. Não que ela se
importasse a maior parte do tempo, mas esta noite ela estava se sentindo
menos confiante. Talvez tenha algo a ver com o incidente do café de hoje.
Ainda assim, ela sabia que uma das razões pelas quais as pessoas mantinham
distância era que ela estava sendo vigiada. Adrian e Ezio, dois dos vários ogros
que Hades empregava como seguranças e guarda-costas, flanqueavam-na à
distância. Se alguém se aproximasse, eles convergiriam.
Às vezes, porém, mesmo eles não eram intimidantes o suficiente para deter
mortais desesperados.
"Perséfone!" Uma voz feminina soou, quase inaudível sobre o clamor da
multidão. Perséfone estava acostumada com as pessoas chamando seu
nome, e ela estava ficando melhor em não deixar isso parar seu passo, mas
essa mulher empurrou a multidão e, assim que ela chegou às escadas, a
interrompeu.
"Perséfone!" As mulheres de cabelos escuros disseram seu nome, sem
fôlego de persegui-la pelo clube. Ela estava vestida de rosa, e seu peito arfava
quando ela alcançou seu braço. Perséfone se afastou e, de repente, Adrian e
Ezio ficaram entre ela e a mortal.
"Persephone," ela disse seu nome novamente. "Por favor. Eu te imploro!
Me ouça!"
"Venha, minha senhora", Adrian implorou, enquanto Ezio mantinha uma
barreira entre ela e a mulher.
"Um momento, Adrian", disse ela, e colocou a mão no braço de Ezio
enquanto se movia para ficar ao lado dele.
— Você está pedindo minha ajuda? disse Perséfone.
"Sim! Ah, Perséfone...
“Ela é a futura esposa e rainha de Lord Hades,” disse Adrian. “Você vai se
dirigir a ela como tal.”
Os olhos da mulher se arregalaram. Não muito tempo atrás, Perséfone teria
se encolhido ao ouvir a correção de Adrian, mas as vezes em que ela pedia
aos outros para chamá-la apenas pelo nome eram cada vez menos.
"Sinto muito, sinto muito!"
Perséfone sentiu-se ficando impaciente.
“Seja qual for o seu problema, não deve ser tão urgente, considerando que
você está levando uma eternidade para chegar ao ponto.”
Deuses, ela realmente estava começando a soar como Hades.
“Por favor, minha senhora, eu imploro. Desejo negociar com Lorde Hades.
Você deve pedir a ele para me ver imediatamente.
Perséfone rangeu os dentes. Então a mulher não estava pedindo sua ajuda
- ela desejava que ela implorasse a Hades pela dele. Ela inclinou a cabeça,
estreitando os olhos, tentando colocar um limite em sua raiva.
"Talvez eu possa ajudá-lo", sugeriu Persephone.
A mulher riu, como se sua sugestão fosse ridícula. Se ela estivesse sendo
honesta, a reação doía. Ela percebeu que este mortal não sabia que Perséfone
era uma deusa, mas era outro lembrete do valor que era dado à Divindade.
Os lábios de Perséfone se apertaram. “Rejeitar minha ajuda é efetivamente
rejeitar Hades.”
Ela começou a subir as escadas novamente, e a mulher tentou avançar em
sua direção, mas Ezio colocou o braço entre eles, impedindo a mulher de tocá-
la.
“Espere, por favor,” o tom da mulher tornou-se desesperado. “Eu não quis
ofender. É só... como você pode me ajudar? Você é mortal.”
Persephone fez uma pausa e olhou para a mulher. “Se o que você está
pedindo requer a ajuda de um deus, é provável que você não deveria estar
pedindo nada.”
"Isso é fácil para você dizer", a mulher retrucou com raiva. “Uma mulher
que pode pedir qualquer coisa ao seu amante, um deus.”
Perséfone o encarou. Essa mulher era como qualquer outra que escrevia
artigos ou sussurrava sobre ela. Ela havia criado sua própria narrativa em
torno da vida de Perséfone. Ela não sabia como havia implorado a Hades por
sua ajuda, como ele havia recusado, como ela havia fodido e barganhado com
Apolo quando deveria ter parado de interferir.
Ela olhou para Ezio.
"Vá-la fora", disse Persephone, e virou-se para subir as escadas com Adrian.
"Esperar! Não! Por favor!"
As súplicas da mulher explodiram como o som de fogos de artifício dentro
do clube e, lentamente, o rugido da multidão ficou quieto enquanto
observavam Ezio arrastar a mulher para fora do clube. Perséfone ignorou a
atenção e continuou subindo para o escritório de Hades. No momento em
que ela estava atrás das portas douradas, a frustração inundou suas veias.
Uma dor picou seu antebraço que ela reconheceu como sua magia tentando
se manifestar fisicamente - geralmente na forma de uma videira ou folhas ou
flores brotando de sua pele.
O mortal a havia desencadeado.
Ela respirou fundo para aliviar sua raiva até que a pontada de dor se
dissipou.
Qual é a opinião do mundo, afinal? Seu pensamento amargo rapidamente
se transformou em algo muito mais doloroso quando ela percebeu por que
ficou tão brava - a mulher essencialmente disse a ela que ela não tinha nada
de valor a oferecer, com exceção de sua conexão com Hades.
Perséfone já havia lutado antes para se sentir como um objeto – uma posse
de Hades, muitas vezes sem nome em artigos onde seu relacionamento era o
centro das atenções. Ela era amante de Hades ou a mortal.
O que seria necessário para o Mundo Superior vê-la como o Mundo Inferior
a via? igual a Hades.
Perséfone suspirou e se teletransportou para o bosque de Hécate, apenas
para encontrar a deusa engajada em uma batalha com um cachorrinho preto
e peludo que tinha a bainha de seu vestido carmesim presa entre os dentes.
“Nefeli! Solte-me imediatamente!” Hécate gritou.
O filhote rosnou e puxou com mais força.
Perséfone deu uma risadinha, suas frustrações anteriores de repente se
foram, substituídas por diversão ao ver a Deusa da Bruxaria agarrando suas
saias em uma tentativa de se libertar de uma criatura tão pequena e delicada.
“Perséfone, não fique aí parada! Salve-me deste... monstro!”
“Oh, Hécate,” Perséfone se inclinou para pegar a bola de pelo. “Ela não é
um monstro.”
Ela segurou Nefeli no ar. Ela tinha orelhas pequenas, nariz pontudo e olhos
expressivos — quase humanos.
“Ela é uma vilã!” A deusa inspecionou seu vestido, cheio de pequenos
buracos. Em seguida, colocou as mãos nos quadris, estreitando os olhos.
“Depois de tudo que fiz.” "Aonde você a encontrou?" perguntou Perséfone.
“Eu—” Hecate hesitou, e suas mãos caíram de seus lados. "Eu... bem... eu
a fiz."
As sobrancelhas de Perséfone se juntaram, e ela deslocou a cachorrinha
para que ela a segurasse na dobra de seu braço. "Você... a fez?" “Não é
tão ruim quanto parece,” disse Hécate.
Quando ela não ofereceu nenhuma explicação, Perséfone falou. “Hecate,
por favor, não me diga que isso era um humano.”
Não seria a primeira vez. Hécate transformou uma bruxa chamada Gale em
uma doninha que ela agora mantinha como animal de estimação no Mundo
Inferior.
"Ok, então eu não vou", ela respondeu.
"Hécate," Perséfone repreendeu. “Você não... por quê? Porque ela o
incomodou?
"Não, não, não", disse ela. “Embora... isso seja discutível. Eu a transformei
em um cachorro por causa de sua dor.”
"Por que?"
“Porque ela estava ficando louca, e eu pensei que ela preferia ser um
cachorro do que um mortal que havia perdido.”
Perséfone abriu a boca e depois a fechou. “Hecate, você não pode
simplesmente transformá-la em um cachorro sem a permissão dela. Não é à
toa que ela atacou suas saias.
A deusa cruzou os braços. “Ela me deu permissão. Ela olhou para mim do
chão e me implorou para tirar sua dor.”
“Tenho certeza de que ela não queria que você a transformasse em um
cachorro.”
Hécate deu de ombros. “Uma lição para todos os mortais – se você vai
implorar a um deus por ajuda, seja específico.”
Perséfone ofereceu um olhar aguçado.
“Além disso, eu precisava de um novo grim. Hécuba está cansada.”
"Um sombrio?"
"Ah, sim", ela ofereceu um sorriso tortuoso. “É apenas uma velha tradição
que comecei séculos atrás. Antes de tirar a vida de um mortal, envio um grim
para torturá-los por semanas antes de seu fim oportuno.”
"Mas... como você é capaz de tirar vidas,
Hécate?" “Eu sou designada como seu Destino,”
ela explicou.
Perséfone estremeceu. Ela nunca havia testemunhado a vingança da deusa,
mas sabia que Hécate era conhecida como a Senhora do Tártaro por sua
abordagem única à punição, que geralmente envolvia veneno. Perséfone só
podia imaginar o inferno que qualquer mortal passaria com Hécate designada
como a causa de sua morte.
“Mas o suficiente sobre mim e este vira-lata. Você veio me ver?”
A pergunta de Hécate tirou o sorriso do rosto de Perséfone quando ela se
lembrou da razão pela qual ela procurou a deusa. Apesar de sua
frustração anterior, ela não sentia mais raiva, mas decepção.
"Eu só... me perguntei se poderíamos praticar."
Hécate estreitou os olhos. “Eu posso não ser Hades, mas eu sei quando
você não está dizendo a verdade. Venha... fora com isso.
Perséfone suspirou e contou a Hécate sobre a mulher no clube. A deusa
ouviu e depois de um momento perguntou: “O que você achou que poderia
ter oferecido à mulher?”
Perséfone abriu a boca para falar, mas hesitou.
“Eu... não sei,” ela admitiu. Ela nem sabia o que a mulher queria, embora
pudesse adivinhar. Não demorou muito para Perséfone perceber que os
mortais raramente pediam nada além de tempo, saúde, riqueza ou amor.
Nada disso Perséfone poderia conceder, não como a Deusa da Primavera,
muito menos como uma deusa apenas aprendendo seus poderes.
“Eu vejo onde sua mente está indo,” disse Hécate. "Eu não queria fazer
você se sentir menor, mas você respondeu à minha pergunta do mesmo
jeito."
Os olhos de Perséfone se arregalaram ligeiramente. "Quão?"
"Você está pensando como um mortal", disse ela. “O que eu poderia ter a
possibilidade oferecida?”
“O que eu poderia ter oferecido, Hécate? Uma rosa murcha? O sol em um
dia frio?”
“Você zomba de si mesmo e ainda assim sua mãe aterroriza o mundo
superior com neve e gelo. O sol é exatamente o que o mundo mortal precisa.”
Perséfone franziu a testa. A ideia de tentar contrariar a magia de sua mãe
era esmagadora. Mais uma vez, Hécate a deteve.
“Vindo da mulher que usou a magia de Hades contra ele.”
Perséfone estreitou os olhos. “Hecate, você está escondendo que pode ler
minha mente?”
“Esconder-se implica que eu deliberadamente engano você,” Hécate
respondeu.
Perséfone levantou uma sobrancelha.
"Mas sim, é claro que posso ler mentes", ela respondeu e então, como se
isso explicasse tudo, acrescentou: "Sou uma deusa e uma bruxa". "Ótimo,"
Persephone revirou os olhos.
“Não se preocupe,” ela disse. “Estou acostumado a me desligar,
especialmente quando você está pensando em Hades.”
A deusa torceu o nariz e Perséfone gemeu.
“Meu ponto é, Perséfone, chegará um momento em que você não poderá
mais se disfarçar de mortal.”
Uma carranca puxou os lábios de Perséfone, mas até ela estava começando
a se perguntar por quanto tempo ela seria capaz de manter essa farsa,
especialmente com a magia de sua mãe correndo solta no Mundo Superior.
“Foi nobre, querer ser conhecido pelo seu trabalho, mas você é mais do
que Perséfone, uma jornalista. Você é Perséfone, Deusa da Primavera, futuro
Rainha do Submundo. Você tem muito mais a oferecer do que palavras.”
Ela pensou em algo que Lexa havia dito a ela sobre o que significava ser
uma deusa. Você é gentil e compassivo e luta por suas crenças, mas
principalmente, luta pelas pessoas.
Perséfone respirou fundo.
“E o que devo fazer? Anunciar minha Divindade ao mundo?”
“Oh, minha querida, não se preocupe como o mundo irá conhecê-la.”
Perséfone estremeceu, e enquanto parte dela queria saber o que Hécate
queria dizer, outra parte não queria.
"Venha, você queria praticar."
A Deusa sentou-se na grama e deu um tapinha no local ao lado dela.
Perséfone suspirou, sabendo que Hécate pretendia que ela meditasse. Ela
não gostava de meditar, mas estava trabalhando para usar sua magia e,
enquanto estava melhorando, geralmente era por meio da instrução de
Hades que ela era mais bem-sucedida.
Ela tomou seu lugar ao lado de Hécate, liberando Nefeli para vagar no
prado ao redor. Hecate começou, ensinando-a a fechar os olhos enquanto ela
narrava como Perséfone deveria pensar em sua magia - como um poço ou
piscina que ela poderia tirar a qualquer momento.
“Imagine a piscina – brilhante, legal.”
O problema era que Perséfone não pensava em sua magia como uma
piscina – era escuridão, era sombra. Não foi legal, foi fogo. Não estava calmo,
estava furioso. Ele esteve trancado por tanto tempo que a liberdade o tornou
selvagem. Quando ela chegou perto, ele rangeu, brotou, tirou sangue. Era o
oposto da paz — o oposto da meditação.
Enquanto ela estava sentada com os olhos fechados, ela sentiu a magia
agitar ao seu redor – era de Hécate – um poder pesado e antigo que cheirava
a um bom vinho, envelhecido e afiado, e parecia pavor. Seus olhos se abriram
apenas para descobrir que o pequeno e fofo cachorro de antes havia se
transformado em um enorme cão infernal. Ela não era mais fofa, mas feroz,
seus olhos brilhavam vermelhos, seus dentes eram longos, afiados, e suas
bochechas pingavam, salivando de fome.
Nefeli rosnou, os olhos de Perséfone dispararam para Hécate, que se
moveu para pairar atrás de seu novo sombrio.
“Hécate...” A voz de Perséfone assumiu um tom de advertência.
"Sim minha senhora?"
"Não, minha senhora comigo", ela retrucou. "O que você está fazendo?"
“Estamos praticando.”
"Isso não é prática!"
"Isto é. Você deve estar preparado para o inesperado. Nem todos são como
parecem,
Perséfone."
“Acho que entendi. O cachorro não é fofo.”
Um rosnado mortal irrompeu da garganta de Nefeli. Ela avançou em
direção a Perséfone como um predador encurralando sua presa, prendendo-
a contra o chão.
"Ela insultou você, meu doce?" Hécate perguntou, sua voz doce, mas
repreendendo.
Perséfone olhou para a deusa enquanto ela encorajava o cão que ela havia
criticado antes.
“Se você quer que ela ceda, use sua magia,” disse Hécate.
Os olhos de Perséfone se arregalaram. Que magia ela deveria usar para
chamar um cão de caça? "Hécate-"
A deusa suspirou. “Nefeli!”
Quando Hécate disse o nome do cão, suas orelhas voltaram para trás e, por
um breve momento, Perséfone pensou que ia chamar o cão.
Em vez disso, ela disse: "Ataque".
Os olhos de Perséfone se arregalaram e, no segundo seguinte, ela se
teletransportou, pousando na grama ao lado do Oceano Aleyonia. Ela só
esteve aqui uma vez, em uma noite quando ela saiu do palácio de Hades e se
perdeu. Ela se levantou em suas mãos e joelhos, percebendo que ela não
tinha caído do penhasco por uma polegada. Seus membros tremeram quando
ela se acomodou na grama, puxando os joelhos contra o peito. Ela ficou
sentada por um longo tempo, deixando o vento salgado secar as lágrimas que
escorriam pelo seu rosto, relembrando o que havia acontecido na campina.
Teletransportar parecia sua única opção assim que Hécate deu suas ordens,
e enquanto ela agora estava segura, ela também sentiu como se tivesse
falhado. Ela não culpou Hécate. Ela sabia o que a deusa estava tentando lhe
ensinar. Ela tinha que pensar mais rápido. Assim que ela sentiu a magia de
Hécate ao seu redor, ela deveria estar em alerta. Em vez disso, ela ficou muito
confortável - tão confortável que não levou sua instrução a sério.
Ela não cometeria o mesmo erro uma segunda vez, porque,
eventualmente, não haveria espaço para segundas chances.
CAPÍTULO VI - UM TRATAMENTO
Perséfone andou de um lado para o outro em seu quarto.
Hades não voltou desde que a deixou na limusine, e enquanto ela não
estava ansiosa com sua ausência, ela estava nervosa por tentar dormir sem
ele. Cada vez que olhava para a cama deles, sentia pavor. Pelo menos quando
Hades estava aqui, ela sabia que ele iria guardar seu sono e acordá-la de seus
pesadelos se Pirithous decidisse aparecer.
Ela parou na frente da lareira, e seus olhos caíram para a garrafa de uísque
de Hades. Curiosa, ela o pegou estudando o líquido âmbar. Através do cristal,
brilhava como gemas de citrino. Uma vez, ela perguntou a Hades por que ele
preferia uísque como sua bebida preferida.
“É saudável”, ele disse.
Ela bufou.
“É,” ele argumentou. “Isso me ajuda a relaxar.” “Mas
você bebe constantemente,” ela apontou. Ele deu de
ombros então. “Gosto de me sentir relaxado
constantemente.” Se ajudasse Hades a relaxar, talvez
a ajudasse.
Ela puxou a tampa e tomou um gole. Foi surpreendentemente... doce. Isso
a lembrou de baunilha e caramelo, dois ingredientes com os quais ela tinha
muita experiência. Ela tomou outro gole, detectando uma pitada de tempero
semelhante ao cheiro de Hades. Ela gostou. Enfiando a mamadeira contra os
seios, ela saiu do quarto e caminhou até a cozinha, acendendo as luzes que
pareciam brilhantes demais depois de caminhar pelos corredores sombrios
do palácio.
Ela estava se familiarizando mais com a cozinha de Milan - e
surpreendentemente, o cozinheiro estava feliz em dividir o espaço,
provavelmente porque Perséfone poderia lhe ensinar receitas mais modernas
- em particular, ele estava ansioso para aprender a fazer bolos.
"Você sabe", Persephone disse uma tarde enquanto o ensinava a decorar
biscoitos de açúcar. “Tenho certeza de que há muitos chefs famosos em
Asphodel. Você já pensou em trazê-los para sua cozinha?”
"Nunca tive motivos para isso", disse Milan. "Meu Senhor é uma criatura
de hábitos - ele comeu a mesma coisa por toda a eternidade - sem desejo de
variedade ou... sabor." Isso soou como Hades.
“Tenho certeza de que ele estará aberto a experimentar alguns pratos
novos.”
“Se a sugestão vier de seus lábios, não tenho dúvidas de que ele se curvará
à sua vontade.”
Milão não estava errado. Perséfone entendeu o poder que ela exercia
sobre Hades. Ele faria qualquer coisa por ela.
Queime o mundo por ela.
Essas palavras estremeceram através dela, sua verdade soou
profundamente, e ela se perguntou enquanto a neve e o gelo cobriam a terra
acima, se Hades seria fiel às suas palavras.
Ela suspirou e se concentrou em sua tarefa. Ela decidiu que o que ela
precisava, além de uísque, eram brownies. Ela começou a trabalhar,
localizando ingredientes, tigelas e copos medidores. Ela começou derretendo
a manteiga e depois misturou com açúcar. Ela tinha prazer em bater os ovos
– o que era uma coisa boa porque ela não queria descontar sua frustração na
massa real – bater mais não lhe daria a textura que ela queria. Depois dos
ovos, ela adicionou baunilha, flor e cacau em pó. Uma vez que a massa estava
misturada, ela a despejou em uma panela, alisando a ponta romba de sua
colher por cima antes de provar.
“Hmm,” ela suspirou com o sabor em sua língua – quente e doce.
"Qual o sabor disso?"
O som da voz de Hades foi seguido por sua presença enquanto ele se
manifestava atrás dela. Persephone virou a cabeça para ele, ela podia sentir
a respiração dele em seu rosto enquanto ela respondia.
"Divino."
Ela se virou para ele e arrastou o dedo ao longo da colher, juntando massa
suficiente para ele.
“Prove,” ela sussurrou enquanto seus dedos separavam seus lábios.
Não precisou de persuasão – a língua de Hades deslizou ao longo de seu
dedo, a pressão de sua boca aumentando enquanto ele chupava o que restava
da massa. Quando ele a soltou, ele fez um som profundo no fundo de sua
garganta e sua voz retumbou enquanto falava.
"Excelente", disse ele. “Mas eu provei a divindade e não há nada mais
doce.”
Suas palavras apertaram o peito dela e fizeram o espaço que
compartilhavam parecer ainda menor. Eles se encararam por um momento,
fervendo no calor que compartilhavam até que Perséfone se virou,
devolvendo a colher à tigela.
"Onde você estava?" ela perguntou, pegando a forma de brownies e
deslizando-os para o forno. Uma onda esmagadora de calor atingiu seu rosto
quando ela abriu a porta.
“Eu tinha negócios.” Hades respondeu, evasivo como sempre.
Perséfone deixou a porta do forno bater e se virou para ele. "O negócio?
Nesta hora?"
Ela nem tinha certeza da hora, mas sabia que era de manhã cedo.
Ele ofereceu um sorriso ameaçador e inclinou a cabeça. “Eu faço barganhas
com monstros, Perséfone.” Ele olhou para a tigela no balcão. "E você,
aparentemente, assar." Ela franziu a testa.
“Você não conseguiu dormir?” Ele perguntou.
“Eu não tentei.”
Foi a vez de Hades franzir a testa, e então seus olhos mudaram. “Esse é o
meu uísque?”
Persephone seguiu seu olhar para onde ela havia deixado o recipiente de
cristal.
“Era,” ela respondeu.
Então ela sentiu a mão de Hades em seu queixo quando ele virou o rosto
para o dele e pressionou seus lábios nos dela, levemente no início e depois
mais forte, se aproximando, selando o espaço entre eles.
“Eu sofro por você,” ele falou contra sua boca, suas mãos deslizaram por
seu corpo, uma mão apertou sua bunda, a outra pressionou contra a seda de
seu roupão para acariciar seu centro úmido através do tecido. Persephone
gemeu, seus dedos cavando em sua camisa enquanto o calor florescia no
fundo de seu estômago, derretendo entre suas coxas. Cada parte dela parecia
sensível e inchada.
Hades quebrou o beijo e Perséfone assobiou enquanto ele se movia para
pressionar sua ereção no calor de seu corpo.
"Vamos jogar um jogo", disse ele.
"Acho que terminei com os jogos da noite", disse ela, sem fôlego.
"Apenas um", disse ele, beijando sua mandíbula e pegou a colher coberta
de massa que ela deixou cair na tigela mais cedo.
Suas sobrancelhas franziram enquanto ela o observava, curiosa.
"Eu nunca", disse ele, arrastando a parte de trás da colher em seu peito. A
massa estava fria, e ela estremeceu.
“Hades—”
"Shh", disse ele, sorrindo e traçando a colher sobre os lábios dela. Ela
começou a lamber a massa. "Pare."
Ela congelou, seus olhos
aquecidos. "Isto é para
mim." Ela engoliu em
seco.
“Eu nunca quis ninguém além de você.”
"Nunca? Mesmo antes de você saber que eu existia? ela desafiou.
"Sim", disse ele, e ele lambeu os lábios antes de abrir a boca. Ele tinha gosto
de caramelo e uísque e cheirava a especiarias — uma mistura de cravo,
gerânio e madeira. Seus lábios deslizaram para sua mandíbula e seus lábios
ficaram inchados de seu beijo. Ele falou contra sua pele, as palavras vibrando
no fundo de seu estômago. “Antes de você, eu só conhecia a solidão, mesmo
em uma sala cheia de pessoas – era uma dor aguda, fria e constante e eu
estava desesperado para preenchê-la.”
"E agora?" ela respirou.
Hades riu. “Agora eu anseio por te encher.”
Sua língua tocou seu peito enquanto ele lambia a massa em sua pele, e suas
mãos vieram descansar em seus seios, os dedos provocando seus mamilos
através de sua camisola. Perséfone engasgou, seus dedos se atrapalhando
com os botões de sua camisa, mas Hades teve outras ideias quando ele a
levantou na beirada da ilha, acomodando-se entre suas pernas. Ele estava tão
perto que ela não podia continuar despindo-o.
"Conte-me sobre esta noite", disse ele, as mãos arrastando levemente suas
coxas, provocando sua entrada. Ela se sentia tão desconfortavelmente vazia.
“Eu não quero falar sobre esta noite,” ela disse, pegando seu pulso, ela
tentou puxá-lo para dentro dela.
"Eu faço", disse ele, ainda circulando ela, enviando uma emoção prazerosa
por sua espinha como um relâmpago. “Você ficou chateado.” “Eu me sinto...
estúpida,” ela disse.
“Nunca,” ele respirou quando um dedo se curvou dentro dela. O braço de
Hades impediu que sua cabeça caísse para trás, seus olhos presos enquanto
ele implorava. "Conte-me."
“Eu estava com ciúmes,” ela disse entre os dentes, o sentimento feio a
atravessou tão poderoso quanto o prazer que ele estava dando a ela agora.
"Que você compartilhou tanto com tantos antes de mim e eu sei que você
não pode evitar e que você viveu tanto tempo... mas eu..."
Suas palavras foram engolidas por uma sensação avassaladora – uma onda
de prazer que sacudiu seu cérebro e roubou suas palavras. Ela mal conseguia
respirar e Hades perseguiu esse sentimento, os dedos espiralando mais
fundo, o polegar roçando levemente sobre seu clitóris.
"Eu teria tido você desde o início", disse Hades, seu tom baixo, áspero,
sensual. “Mas as Parcas são cruéis.”
"Eu só fui dada para punir", disse ela.
“Não, você é prazer. O prazer é meu."
Ele beijou sua boca novamente enquanto seus dedos continuavam a
trabalhar e suas respirações se misturavam, vindo mais rápido até que Hades
pressionou a palma da mão em seu peito e a guiou de costas. Ele olhou para
ela enquanto falava.
“É você agora, você para sempre.”
Quando ele se curvou, persuadindo suas pernas largas, a língua saboreando
seu centro inchado, ela arqueou o balcão de granito sobre o qual ele se
banqueteou. Seus dedos e língua se moveram mais rápido, perseguindo seu
orgasmo com cada gemido ofegante, mas antes que ela pudesse gozar, ele
parou, endireitou-se e puxou-a para fora do balcão.
"O que você está fazendo?" ela perguntou quando seus pés tocaram o
chão. Havia algo escuro em seu olhar e era erótico e violento, e Perséfone
queria desafiá-lo, trazê-lo à vida.
"Quando eu terminar, da próxima vez que jogarmos esse maldito jogo, você
vai embora tão bêbado que vou ter que carregá-lo para casa."
"E daí? Você pretende me foder de todas as maneiras que eu não fodi esta
noite?”
Ele riu. “Tecnicamente é de manhã.”
“Tenho que ir trabalhar logo.”
“Pena,” ele disse e a girou, e com a mão em seu pescoço, ele a empurrou
para frente até que seu rosto tocou a bancada de granito. Ele chutou suas
pernas e a penetrou por trás, afundando profundamente. A mão que
segurava seu pescoço se moveu para sua boca e ele separou seus lábios. Ela
chupou seus dedos, saboreando o metal de seu gozo em sua pele.
Persephone estendeu a mão para agarrar a borda do balcão enquanto
Hades bombeava nela, mas assim que ele começou, ele a levantou do balcão.
Um som gutural escapou de sua boca enquanto ela se movia com ele ainda
dentro dela, seu pênis tocando um lugar diferente e mais sensível enquanto
suas costas encontravam seu peito.
"Eu não esqueci sua reivindicação anterior." A voz dele estava rouca contra
o ouvido dela. Ele estava se referindo ao jogo que eles jogaram na casa de
Sybil, quando ela alegou ter fingido um orgasmo.
“Eu menti,” ela gemeu, tentando se mover contra ele, mas Hades não se
mexeu.
"Eu sei", disse ele, e seus dentes roçaram o ombro dela. “E pretendo
desencorajar tais mentiras. Eu vou foder você até o ponto em que você está
desesperado por liberação - uma e outra vez para que quando você
finalmente goze, você nem se lembre do seu nome.
A promessa em sua voz a excitou.
“Você acha que vai conseguir parar?” ela perguntou. “Para se privar da
satisfação do meu orgasmo?”
Hades sorriu. "Se isso significa ouvir você implorar por mim, querida, sim."
Ele esticou o pescoço e devorou sua boca. A língua dele se entrelaçou com
a dela, varrendo e deslizando, deixando sua boca tão aberta que sua
mandíbula doía. Ela não podia sequer beijá-lo de volta. Este era dele e ela só
podia se agarrar a ele. Quando ele a soltou, foi para virá-la, levantar sua perna
e penetrá-la novamente. O ângulo permitiu que permanecessem próximos, e
ele cobriu a boca dela com a dele, beijando-a com tanta força que ela não
conseguia respirar. Quando seus lábios deixaram os dela, foi para arrastar
beijos e dentes sobre seu pescoço, parando para chupar a pele sensível até
machucar sob seu toque. Quando ela não conseguiu mais se segurar, ele a
pressionou contra a parede, empurrando mais forte, mais rápido.
Ela observou seu rosto, olhos selvagens e desfocados, um brilho de suor
escorrendo em seu rosto, até que ela não conseguia mais se concentrar em
nada além da sensação dele e do prazer que ele torcia dentro dela. "Eu te
amo", disse ele. “Eu só amei você.” "Eu sei", ela sussurrou.
"Você?" ele a questionou por entre os dentes, mas não por raiva. Ele estava
se esforçando, as veias em seu pescoço estalaram, seu rosto estava corado.
"Eu sei", ela repetiu. "Eu amo Você. Eu só quero tudo, quero mais, quero
todos vocês.”
“Você tem isso,” ele prometeu e a beijou novamente, seus corpos
escorregadios e pegajosos. Sua mão se moveu, uma pressionada contra a
parede atrás dela, a outra apertando sua bunda com tanta força que ela sabia
que iria machucar. Seu peito estava apertado, tenso com o ar que ela não
podia liberar.
Então, de repente, ele rasgou com uma maldição, dentes roçando seus
lábios. Seu grito gutural era de frustração. Ele realmente queria torturá-la,
mas então ele a puxou completamente e a colocou de pé, ajustando suas
roupas antes que Hermes aparecesse na cozinha.
De repente, Perséfone entendeu a pressa de Hades.
Seria a segunda vez que o Deus do Mal os interromperia. A expressão de
Hades era assassina, mas um olhar para ele silenciou sua frustração. O deus
dourado parecia ferido, pálido.
“Hades, Perséfone – Afrodite pediu sua presença. Imediatamente."
O primeiro pensamento de Perséfone foi que isso devia ser sobre Adonis —
mas por que Hermes parecia tão preocupado? Alguma coisa não estava
acertando. "Nesta hora?" O braço de Hades apertou em torno de Perséfone.
“Hades,” Hermes disse, seu rosto pálido. "Não é bom." "Onde?" ele
perguntou.
“A casa dela.”
Não houve mais perguntas, apenas o cheiro do ar cortante do inverno e das
cinzas enquanto eles se teletransportavam.
CAPÍTULO VII – UM TOQUE DE
TERROR
Eles apareceram em uma grande sala que Perséfone pensou que deveria
ser um escritório. A luz estava abafada, fazendo as paredes parecerem de uma
cor escura. Estantes de cor castanha forradas com túmulos encadernados em
couro encaixotados em uma escrivaninha da mesma cor. Espessas molduras
de ouro antigo estavam penduradas na parede, envolvendo pinturas
representando ninfas nuas, querubins alados e amantes sob as árvores. A
parede oposta era toda de janelas, nuas, deixando-as expostas à noite gelada.
A decoração não era nada parecida com a de Afrodite - sem tapetes de
pelúcia, cristais ou pérolas - e por um momento, Perséfone pensou que eles
tinham chegado ao local errado, mas seus olhos logo encontraram a Deusa
do Amor sentada na beira de uma espreguiçadeira. o centro da sala. Ela estava
vestida com uma camisola de seda azul-clara e um roupão transparente. Seu
corpo estava torcido em direção a uma mulher que estava deitada ao lado
dela.
Perséfone não a reconheceu, mas achou que ela tinha indícios das feições
de Afrodite – na curva de seus lábios, no arco de sua sobrancelha, na
inclinação de seu nariz. Ela estava pálida, maltratada e espancada. Suas mãos,
que estavam curvadas sobre seu estômago em ascensão, estavam
ensanguentadas, unhas quebradas e irregulares.
Mas o que fez o estômago de Perséfone se revirar foram os chifres da
deusa. Dois pedaços de osso mutilado se projetavam de seu cabelo cor de mel
enlameado e nodoso. Um cachorrinho com pelo branco sujo estava enrolado
ao lado dela, tremendo.
Isso não era nada do que Perséfone esperava. Esta deusa lutou por sua vida,
e se ela não fosse capaz de sentir a vida, ela teria pensado que a deusa estava
morta porque sua respiração era tão superficial.
“Oh meus deuses,” as mãos de Persephone foram para sua boca e algo
grosso e azedo se juntou no fundo de sua garganta. Ela correu para eles, e se
ajoelhou, pegando a mão de Afrodite na dela.
A deusa do amor olhou para Perséfone, os olhos vermelhos e o rosto
manchado. Era difícil vê-la tão emocionada. Afrodite geralmente tentava o
seu melhor para reprimir seus sentimentos, o máximo que ela transmitia era
raiva, e se isso começasse a derreter seu exterior frígido, ela se fechava, mas
isso – isso destruiu suas defesas. Quem quer que fosse essa deusa, ela era
importante para ela.
"O que aconteceu?" Hades fez a pergunta, enchendo a sala com uma
tensão escura que parecia enrolar em seus pulmões e roubar seu fôlego.
Havia uma pontada em sua voz, um estremecimento de violência, e escorreu
por sua espinha.
"Nós não sabemos ao certo", uma voz respondeu, surpreendendo
Perséfone. Ela percebeu que Hades não estava levando Afrodite ou Hermes,
mas outro – um homem que apareceu no canto perto das portas. Era como
se estivesse preparado para uma saída rápida, só que também parecia à
vontade, encostado na parede, braços grossos cruzados sobre o peito. Ele era
quase igual em tamanho a Hades, mas ele não se vestia como nenhum deus
que ela já tinha visto. Ele vestia uma túnica bege sem fios e um par de calças
que chegavam até as panturrilhas. Apesar de sua simplicidade nas roupas, sua
barba e cabelos loiros eram bem cuidados e quase sedosos na aparência.
Ela pensou que poderia adivinhar quem era quando seu olhar caiu para os
pés dele, onde uma perna protética de ouro espreitava da perna da calça. Este
era Hefesto, Deus do Fogo, e o marido ausente de Afrodite – ou assim diziam
os rumores.
Mas se ele estava ausente, o que ele estava fazendo aqui agora?
Hefesto continuou falando, sua voz como um fósforo riscado em silêncio.
“Acreditamos que ela estava passeando com seu cachorro, Opal, quando
foi atacada e teve força suficiente para se teletransportar aqui. Quando ela
chegou, ela não estava
consciente e não conseguimos acordá-la”. “Quem fez isso vai
sofrer”, disse Hermes.
Era estranho ver o deus normalmente alegre tão sério.
Ela olhou de Hermes para Hades, depois para Hefesto, notando seus
olhares ferozes. Perséfone virou-se para a mulher deitada na espreguiçadeira
e perguntou: “Quem é ela?”
Desta vez, Afrodite falou, sua voz cheia de emoção.
“Minha irmã, Harmonia.”
Harmonia, Deusa da Harmonia – ela era a menos combativa dos deuses,
nem mesmo uma olímpica. Perséfone nunca a conheceu, nem percebeu sua
conexão com Afrodite.
Ela se virou para Hades. "Você pode curá-la?"
Ele a curou várias vezes, mas suas feridas nunca foram nada assim. Ainda
assim, ele era o Deus dos Mortos e tinha a capacidade de trazê-los de volta à
vida. Com certeza isso não estava além de suas habilidades?
Ainda assim, ele balançou a cabeça, uma expressão sombria no rosto.
“Não, para isso vamos precisar de Apollo.”
"Eu nunca pensei que essas palavras sairiam da sua boca", disse Apollo,
aparecendo de repente. Ele estava vestido arcaicamente, com um peitoral de
ouro, um linotórax de couro e sandálias com tiras que envolviam suas fortes
panturrilhas. Uma capa dourada pendia de um ombro, e alguns de seus
cachos escuros grudavam na testa suada. Perséfone pensou que ele devia
estar praticando, talvez para os Jogos Pan-Helênicos.
Ele estava sorrindo, suas covinhas em plena exibição, até que seu olhar caiu
sobre Harmonia, e então sua expressão se transformou em algo feroz. Era
quase assustador, como ele podia ficar sério em segundos, muito parecido
com seu irmão, Hermes.
"O que aconteceu?" Ele exigiu, movendo-se para se ajoelhar ao lado da
espreguiçadeira e Perséfone não pôde deixar de detectar que o deus
cheirava... diferente. Seu cheiro habitual de louro - doce e terroso - foi
dominado por algo mais picante, como cravo. Ela pode não ter notado
tanto, mas ele se colocou entre ela e Afrodite para alcançar Harmonia.
"Nós não sabemos", disse Hermes.
"É por isso que convocamos você", respondeu Hades, sua voz pingava com
desdém.
"Eu... não entendo", disse Perséfone. “Como Apollo saberia o que
aconteceu com Harmonia?”
O deus sorriu novamente, seu horror momentaneamente esquecido
enquanto se gabava: “Enquanto me curo, posso ver memórias. Eu deveria ser
capaz de explorar seus ferimentos e descobrir como ela os recebeu... e por
quem.
Perséfone se levantou e recuou um passo, observando enquanto Apolo
trabalhava, e ela ficou surpresa com o quão gentil ele tratou a deusa.
“Doce Harmonia,” ele disse calmamente, colocando a palma da mão na
testa dela, ele escovou seu cabelo emaranhado. "Quem fez isto para voce?"
Enquanto ele falava, seu corpo começou a brilhar, e logo esse brilho foi
transferido para Harmonia. Os olhos de Apolo se fecharam, e Perséfone
observou enquanto seu rosto se contorcia – sobrancelhas franzidas,
espasmos corporais – e ela percebeu que ele estava sentindo sua dor. A
respiração de Apollo ficou irregular quanto mais ele trabalhou. Foi só quando
o nariz dele começou a sangrar que ela começou a se preocupar.
“Apolo, pare!”
Perséfone o empurrou. Ele caiu para trás, sua mão indo para o nariz onde
o carmesim agora pingava em seus lábios. Ao afastar os dedos, parecia
confuso com os efeitos de sua cura.
"Você está bem?" ela perguntou.
Apollo olhou para ela, seus olhos violeta estavam cansados. Ainda
assim, ele sorriu. — Ah, Seph — disse ele. “Você realmente se
importa.” Ela franziu a testa.
"Por que ela não está acordando?" Afrodite perguntou, chamando sua
atenção de volta para Harmonia que não havia se mexido.
“Eu não sei,” ele admitiu. “Eu a curei o máximo que pude. O resto... é com
ela.
Persephone sentiu a cor sumir de seu rosto. Ela pensou em Lexa no limbo,
escolhendo entre retornar ou ficar no Mundo Inferior.
“Hades?” perguntou Perséfone.
“Eu não vejo o fim da vida dela,” ele respondeu, e ela teve a sensação de
que ele estava apenas respondendo sua pergunta não dita por ela, não por
Afrodite.
“A questão mais urgente é o que você viu enquanto a curava, Apolo.”
Ele estremeceu como se estivesse com dor de cabeça. "Nada", disse ele.
"Nada que vai nos ajudar, de qualquer maneira."
"Então você não podia ver as memórias dela?" perguntou Hermes.
"Não muito. Eles eram escuros e nebulosos, uma resposta ao trauma, eu
acho. Ela provavelmente está tentando suprimi-los, o que significa que
podemos não ter mais clareza quando ela acordar. Seus agressores usavam
máscaras – brancas com bocas escancaradas.”
"Mas como eles conseguiram prejudicá-la?" Afrodite perguntou.
“Harmonia é a Deusa da Harmonia. Ela deveria ter sido capaz de influenciar
esses... vagabundos e acalmá-los.
Isso era verdade. Mesmo que seu agressor tivesse conseguido desferir um
golpe surpresa, Harmonia deveria ter sido capaz de impedir qualquer outro
ataque.
“Eles devem ter encontrado uma maneira de subjugar seu poder”, disse
Hermes.
Todos os deuses trocaram um olhar, até mesmo Hefesto parecia
preocupado, descruzando os braços para sair da sombra apenas um
centímetro.
"Mas como?" perguntou Perséfone.
"Tudo é possível", disse Apollo. “Relíquias causam problemas o tempo
todo.”
Perséfone aprendeu sobre relíquias enquanto estava na faculdade. Eles
eram qualquer item imbuído do poder dos deuses – espadas, escudos, lanças,
tecidos, joias – basicamente qualquer coisa que um deus tivesse possuído ou
presenteado a um de seus favoritos. Os itens eram geralmente encontrados
em campos de batalha ou túmulos. Alguns acabaram em museus, outros nas
mãos de pessoas que pretendiam usá-los para seu próprio ganho desastroso.
“Hades?” ela chamou seu nome porque ela podia dizer que sua mente
estava funcionando, girando em possibilidades enquanto falavam. Depois de
um momento, ele respondeu.
“Pode ser uma relíquia ou talvez um deus ansioso por poder.”
Ela notou que seu olhar estava em Hefesto. O ferreiro criou muitas coisas
ao longo dos séculos - escudos e carruagens, espadas e tronos, animatrônicos
e humanos. “Alguma ideia, Hefesto?”
Ele balançou a cabeça, sua expressão sombria quando seus olhos cinzentos
caíram sobre sua esposa e cunhada.
“Eu precisaria saber mais.”
Perséfone teve a sensação de que não era exatamente verdade. Ainda
assim, ela entendia querer mais informações do que Apollo tinha sido capaz
de dar.
"Deixe-a descansar e quando ela acordar dê-lhe ambrosia e mel", disse
Apolo, levantando-se. Perséfone se levantou com ele e o firmou enquanto
ele tropeçava, colocando a mão na cabeça.
“Tem certeza que está bem?”
"Sim", ele respirou, então ele riu. “Fique alerta, Seph. Eu vou te chamar em
breve.”
Então ele desapareceu. Perséfone encontrou o olhar escuro de Hades e
enquanto ele parecia focado nela por um momento, ele rapidamente mudou
para Afrodite.
“Por que nos convocar?”
Perséfone estremeceu com o tom de Hades - era vazio de emoção, mas ela
achava que sabia o porquê. Isso o deixou inquieto como a deixou inquieto, e
se ela tivesse que adivinhar, ele provavelmente a estava imaginando naquela
espreguiçadeira espancada e machucada, não Harmonia.
As costas de Afrodite se endireitaram e ela olhou para Hades.
"Eu convoquei Perséfone, não você", ela respondeu rapidamente, olhando
para Hermes.
"O que?" ele rebateu. “Você sabe que Hades não a deixaria vir sozinha!”
"Eu?" Perséfone perguntou, os olhos arregalados de surpresa. "Por que?"
“Eu gostaria que você investigasse os ataques de Adonis e Harmonia,” ela
disse.
“Não,” Hades disse uniformemente.
As deusas olharam para ele.
“Você está pedindo a minha noiva para se colocar no caminho desses
mortais que machucaram sua irmã. Por que eu diria sim?”
"Ela me perguntou, não você", Persephone apontou. Embora, Hades tinha
um ponto. Se Adonis e Harmonia fossem atacados por sua conexão com o
Divino, eles não hesitariam em machucá-la com base no mero fato de que ela
deveria se casar com o Deus dos Mortos. “Ainda assim, por que eu? Por que
não pedir ajuda a Hélios?”
“Helios é um idiota,” Afrodite cuspiu. “Ele sente que não nos deve nada
porque lutou por nós durante a Titanomachy. Prefiro foder suas vacas do que
pedir sua ajuda. Não, ele não me daria o que eu quero.” "E o que você quer?"
perguntou Perséfone.
“Nomes, Perséfone,” Afrodite respondeu. “Quero o nome de todas as
pessoas que colocaram a mão na minha irmã.”
Ela notou que não mencionou Adonis. Ainda assim, um pavor frio varreu
Perséfone quando ela percebeu o que a deusa estava procurando – vingança.
“Eu não posso te prometer nomes, Afrodite. Você sabe que
eu não posso.” "Você pode", disse ela. "Mas você não vai
por causa dele." Ela estreitou seu olhar sobre Hades.
“Você não é a Deusa da Retribuição Divina, Afrodite,” Hades respondeu.
“Então me prometa que enviará Nemesis para decretar minha
vingança.” “Eu não farei tal promessa,” Hades disse
simplesmente.
Eles não estavam chegando a lugar nenhum — e então Hefesto falou.
“Quem machucou o mortal e Harmonia tem uma agenda,” ele disse.
“Prejudicar aqueles que os agrediram não nos levará ao propósito maior.
Você também pode, inadvertidamente, provar a causa deles.”
Afrodite o encarou, seus olhos brilhando com algo que parecia mais com
dor do que com raiva.
“Se for esse o caso, posso ver o valor de Persephone investigar o ataque de
Harmonia. Ela se encaixa — como mortal e jornalista. Dado seu histórico de
calúnias contra os deuses, eles podem até pensar que podem confiar nela, ou
pelo menos transformá-la em sua causa. Em ambos os casos, seria uma
maneira melhor de entender nosso inimigo, fazer um plano e agir.”
Foi a vez de Hades olhar para ele, mas as palavras de Hefesto a deixaram
esperançosa e ela se virou para Hades.
“Eu não faria nada sem o seu conhecimento,” Perséfone assegurou a
Hades.
"E eu vou ter Zofie."
Hades a encarou por um longo momento. Ele estava rígido, tudo nele
odiava isso, mas então ele respondeu: “Vamos discutir os termos”. Perséfone
se envaideceu — isso não foi um não.
Ele continuou: “Mas, por enquanto, você precisa descansar”.
Ela sentiu sua magia subindo para se teletransportar, acrescentando antes
que eles desaparecessem: “Convoque-nos assim que Harmonia acordar.”
***
***
Ela acordou mais tarde para encontrar Hades sentado na cama, as costas
nuas para ela, os pés plantados no chão.
Nós vamos, ela pensou, ele fez progressos ao ir para a cama, pelo menos.
Ela estendeu a mão para ele; a mão dela estendeu-se sobre os músculos
duros das costas dele.
"Você está bem?" ela sussurrou.
Ele se virou e olhou para ela, então se mexeu completamente, seu corpo
nu se esticando até que sua boca se alinhou com a dela, mas em vez de beijá-
la, ele roçou o polegar com ternura sobre sua bochecha.
"Estou bem", disse ele e se endireitou. "Dorme. Estarei aqui quando você
acordar.”
Mas essas palavras não lhe trouxeram conforto e, em vez de ouvir, ela se
sentou e rolou de joelhos.
“E se eu não quiser dormir?”
Ela montou nele, seus braços indo ao redor de seu pescoço enquanto as
mãos dele se estabeleceram em sua cintura.
"O que está errado?" ela perguntou. “Você não me beijou antes e não vai
deitar comigo agora.”
Ela sentiu as mãos dele flexionarem contra seus lados.
“Não consigo dormir”, disse ele. “Porque eu não consigo
parar minha mente.” “Eu posso te ajudar,” ela sussurrou.
Ele sorriu um pouco, mas foi triste e quando ele não disse mais nada, ela
falou.
"E... por que você não me beija?"
"Porque há raiva dentro do meu corpo e para entrar em você... bem, eu
não tenho certeza de que tipo de liberação eu encontraria."
"Você está bravo comigo?" Ela perguntou, seus dedos entrelaçando em seu
cabelo.
“Não, mas temo ter concordado com algo que só vai machucar você e já
não consigo me perdoar.”
“Hades,” ela sussurrou seu nome, seus medos machucaram seu coração.
Ela queria dizer a ele que não era apenas a decisão dele, que tinha sido dela
também, mas ela sabia que não poderia confortá-lo. Este era um deus que
viveu por séculos, um deus que conhecia o mundo ao contrário dela, um deus
que tinha motivos para acreditar como ele, e ela não podia argumentar com
isso.
Ela se inclinou para mais perto; sua respiração acariciou seus lábios. A
tensão entre seus corpos era elétrica.
"Cuide de mim", ela sussurrou. “Eu posso lidar com você.”
Ele a apertou contra ele, enfiando a língua em sua boca, beijando-a até que
ela não conseguia respirar, até que seus olhos lacrimejaram e seu peito doeu
e apenas quando ela pensou que não podia mais lidar com isso, ele se separou
dela.
Enquanto ela respirava irregularmente, as mãos dele deslizaram sob sua
camisa de dormir, guiando o tecido sobre sua cabeça. Quando ela estava nua,
suas mãos pressionaram em cada parte dela – suas costas e seios e bunda e
ele beijou sua boca e chupou seu pescoço e mamilos. A doce sensação e o
prazer cortante a fizeram arrastar as unhas pelas costas dele, e então ele a
penetrou – deslizando um dedo dentro e depois o outro – trabalhando-a tão
rápido e tão forte que ela não reconheceu os sons que saíam de sua boca.
"Por favor", ela cantou. "Por favor por favor por favor." "Por favor, o que?"
ele perguntou.
Sua resposta foi um grito gutural de libertação. Ela não estava recuperada
quando ele a depositou na cama e suas pernas estavam tão dormentes que
estavam abertas, prontas para ele. Hades sentou-se sobre os calcanhares
diante dela, acariciando-se.
"Você pode lidar comigo?" Ele perguntou.
"Sim", ela respirou. No segundo seguinte, ele agarrou sua bunda, inclinou
seus quadris e bateu nela, movendo-se em um ritmo que falava de seu
desespero para gozar. Mais uma vez, suas mãos estavam em toda parte -
agarrando suas coxas, amassando seus seios - de vez em quando ele se
inclinava para provar sua língua ou lamber o suor de sua pele e quando eles
gozavam, Perséfone tinha certeza de que todos no submundo ouviram seus
gritos de êxtase.
Hades caiu sobre ela, esfarrapado e molhado e pesado.
Persephone envolveu suas pernas ao redor dele e suas mãos se moveram
para seu cabelo, alisando-o de seu rosto. Quando ela recuperou o fôlego, ela
falou, sua garganta doía dos gritos que Hades tinha arrancado de sua
garganta.
"Você é meu. Claro, eu posso lidar com você.”
Era o que ela queria dizer antes, quando ele perguntou, mas ela não tinha
ar suficiente para fazê-lo. Hades se afastou para olhar para ela, seu olhar a
penetrou, direto para a alma.
Isso, ela pensou, foi o mais vulnerável que eles já estiveram um com o
outro.
“Eu nunca pensei que agradeceria ao Destino por qualquer coisa que eles
me dessem, mas você... você valeu a pena por tudo isso.”
“Tudo o que?”
"O sofrimento."
CAPÍTULO VIII – UMA CONCESSÃO
Perséfone acordou em pânico.
Não foi estimulado por um sonho, mas pela sensação de que ela havia
dormido demais. Ela se levantou da cama, seu olhar caindo para Hades que
estava diante da lareira. Depois da intensidade com que ele fez amor com ela
na noite anterior, ela esperava que ele estivesse dormindo ao lado dela.
Encontrá-lo acordado e totalmente vestido fez seu peito parecer um pouco
sagrado.
Ainda assim, ele era lindo e havia algo diferente em sua expressão, uma
vulnerabilidade que veio com as palavras que ele disse ontem à noite.
Ele estava com medo.
E ele tinha todo o direito de estar porque alguém lá fora havia incapacitado
um deus.
Ela sabia que o medo não era para ele, no entanto, era para ela e tudo o
que ela conseguia pensar era que talvez se ela fosse mais forte, se ela pudesse
invocar seu poder como Hades, ele não teria que se preocupar.
— Você dormiu? ela perguntou.
"Não."
Ela franziu a testa. Ela não o tinha ouvido se mexer. Ele se levantou logo
depois que ela adormeceu?
"Pesadelo?" ele perguntou.
"Não. Eu... pensei que dormi demais.
"Hum."
Ele jogou de volta sua bebida e a colocou de lado, aproximando-se dela. Ela
esticou o pescoço, segurando seu olhar, enquanto ele acariciava sua
bochecha com os dedos.
“Por que você não dormiu?” ela perguntou.
"Eu não estava com vontade de dormir", disse ele.
Ela arqueou uma sobrancelha. — Achei que você estaria exausto.
Ele riu e falou suavemente. “Eu não disse que não estava cansado.”
Seu polegar permaneceu em sua boca, e Perséfone o colocou entre os
lábios, chupando com força. Hades inalou, narinas dilatadas, e sua outra mão
emaranhada em seu cabelo na base de seu pescoço.
Era um sinal – uma dica – de que ele não havia liberado totalmente a
escuridão que tentou manter afastada na noite passada, ou talvez ele tivesse
reabastecido seu poço enquanto ela dormia. De qualquer maneira, ela viu o
mesmo indício de violência, a mesma necessidade de paixão descarada como
na noite anterior.
Seus olhos estavam em seus lábios, e a tensão entre eles umedeceu o
espaço entre suas pernas.
"Por que você está se segurando?" ela sussurrou.
"Oh, querida, se você soubesse."
"Eu gostaria de." Ela deixou o lençol cair de seus seios. Houve um momento
de silêncio, um momento em que Hades ainda estava como pedra, mas ele
não mordeu — em vez disso, engoliu em seco e disse: “Vou manter isso em
mente. Por enquanto, eu gostaria que você se vestisse. Eu tenho uma
surpresa para você."
“O que poderia ser mais surpreendente do que o que está acontecendo na
sua cabeça?”
Ele ofereceu uma risada ofegante e beijou seu nariz. "Vestir. Eu vou esperar
por você."
Persephone o seguiu enquanto ele se dirigia para as portas, chamando-o
quando ele as alcançou.
“Você não precisa esperar lá fora.”
"Sim eu quero."
Ela não o questionou, apenas o deixou escapar quando ela saiu da cama e
se vestiu para o dia. Em um dia típico de julho, ela usaria um vestido de verão
para trabalhar, algo brilhante e estampado, mas a tempestade de sua mãe
exigia roupas mais quentes. Ela escolheu uma camisa preta de manga
comprida, saia cinza e meia-calça. Ela combinou com saltos e sua jaqueta de
lã mais quente. Quando ela entrou no corredor, Hades estava esperando,
franzindo a testa.
"O que?" ela perguntou, olhando para sua roupa.
"Estou tentando avaliar quanto tempo vou levar para despir você."
"Não foi por isso que você saiu da sala?" ela perguntou.
O canto de sua boca se ergueu. “Estou apenas planejando com
antecedência.”
Ela se aqueceu - ele estava fazendo uma promessa de cumprir seus
pensamentos anteriores? Ele estendeu a mão para ela pegar e então a puxou
contra ele antes que sua magia os cercasse.
Eles se manifestaram no que parecia ser uma sala de espera. Havia um sofá
esmeralda sobre o qual pendiam duas gravuras de arte moderna e uma mesa
de centro de ouro e vidro. O chão era de mármore branco, e uma parede de
vidro dava para uma rua familiar – ela reconheceu que era Konstantine Street
– a mesma que ela tinha andado com Lexa quando ela visitou Alexandra
Tower pela primeira vez.
Uma onda de emoção queimou seus olhos ao pensar em sua melhor amiga.
Ela limpou a garganta e perguntou: "Por que estamos na Torre de
Alexandria?"
A torre era outro edifício de propriedade de Hades, a partir do qual a
Cypress Foundation, empresa filantrópica de Hades, operava. Perséfone tinha
aprendido com Lexa que Hades tinha várias instituições de caridade - aquelas
que apoiavam animais e mulheres e aqueles que haviam perdido. Ela se
lembrava de se sentir envergonhada por não saber de seus múltiplos esforços,
e quando ela o confrontou, ele explicou que estava tão acostumado a existir
sozinho que nunca pensou em falar sobre como estava envolvido no Mundo
Superior.
Mais tarde, ela descobriria que seu mundo se estendia além do Submundo
e de sua filantropia, mas também até o submundo da Nova Grécia. Ela estava
bem ciente de que nem mesmo entendia a gravidade do que Hades
controlava, e esse pensamento a fez estremecer.
"Eu gostaria que você trabalhasse aqui", disse Hades.
Persephone virou-se para olhá-lo, os olhos arregalados.
"Isso é por causa de ontem?"
"Essa é uma razão", respondeu Hades, e continuou. “Também será
conveniente. Eu gostaria de sua opinião enquanto continuamos The Halcyon
Project e eu
imagine que seu trabalho com o The Advocate levará a outras ideias.”
Ela ergueu uma sobrancelha. "Você está me pedindo para trabalhar com
Katerina?"
Katerina era a diretora da The Cypress Foundation e trabalhava no The
Halcyon Project com Sybil, um centro de reabilitação de última geração que
oferecia atendimento gratuito aos mortais. Não muito tempo atrás, eles
anunciaram um jardim de terapia que seria dedicado a Lexa, que trabalhou
no plano antes de sua morte.
"Sim", disse ele. “Você deve ser a rainha do meu reino e império. É justo
que essa base comece a beneficiar também suas paixões.”
Perséfone não disse nada e girou em círculo, avaliando o espaço de uma
nova perspectiva. Havia quatro portas — duas de cada lado da área de espera.
Um era uma sala de conferências, os outros três eram escritórios menores.
Eles estavam vazios, exceto por mesas simples, mas como ela observou, ela
começou a se imaginar operando neste lugar.
“Você é contra?” ele perguntou.
“Não,” ela disse. Seus pensamentos estavam apenas espiralando.
Ela pensou em algo que Hades havia dito: É apenas uma questão de tempo
até que alguém com uma vingança contra mim tente prejudicá-lo. Eram
palavras que Perséfone mal tinha acreditado na época, principalmente
porque ela não queria, mas desde então, ela viu a verdade uma e outra vez,
de Kal a Pirithous, até a mulher furiosa que derramou café nela. .
Agora havia outra ameaça potencial — os atacantes desconhecidos de
Adonis e Harmonia.
Ela seria louca se não aceitasse a oferta de Hades.
"Obrigada. Mal posso esperar para contar a Helen e Leuce.
O canto do lábio de Hades se ergueu, e ele estendeu a mão para
roçar sua bochecha. “Egoisticamente, ficarei feliz em tê-lo por
perto.” “Você raramente trabalha aqui,” Persephone apontou.
“A partir de hoje, este é o meu escritório favorito.”
Ela tentou não sorrir, estreitando os olhos para o deus, seu futuro marido.
"Lorde Hades, devo informá-lo que estou aqui para trabalhar."
"Claro", disse ele. "Mas você vai precisar de pausas e almoço, e estou
ansioso para preencher esse tempo."
“O ponto de uma pausa não é para não fazer nada?”
"Eu não disse que faria você trabalhar."
As mãos dele apertaram a cintura dela. Era uma pressão familiar, que
geralmente era seguida por um beijo, mas quando ele começou a puxá-la para
frente, alguém pigarreou e Perséfone se virou para encontrar Katerina.
“Minha Senhora Perséfone!” ela sorriu, oferecendo uma linda reverência.
Ela estava vestida com seda amarela e calças cáqui. Seus cachos apertados
criaram uma auréola ao redor de sua cabeça.
"Katerina," Perséfone sorriu. "Um prazer."
"Peço desculpas pela intrusão", disse ela. “Assim que soube que Hades
havia chegado, eu sabia que teria que pegá-lo antes que ele desaparecesse.”
Persephone olhou para Hades, que agora estava olhando para Katerina. A
expressão em seu rosto a deixou curiosa. Ele parecia calmo o suficiente na
superfície, mas havia um leve aperto em seus lábios que a fez se perguntar o
que Katerina tinha para compartilhar com o Deus dos Mortos.
"Eu estarei junto em breve, Katerina."
"Claro." O olhar do mortal deslizou para Perséfone. “Estamos honrados em
tê-la aqui, minha senhora.”
Ela saiu depois disso, e Perséfone olhou para Hades. “O que
foi isso?”
"Eu vou te dizer mais tarde", disse ele.
Ela levantou uma sobrancelha desafiadora. "Assim como você ia me dizer
onde você estava na outra noite?"
“Eu disse que estava negociando com monstros.”
"Uma não-resposta, se é que alguma vez houve uma", comentou ela.
Hades franziu a testa. “Eu não desejo esconder coisas de você. Eu
simplesmente não sei com o que sobrecarregar você em sua dor.”
Perséfone abriu a boca e depois a fechou. "Eu não estou bravo com você.
Eu estava brincando, principalmente.”
Hades ofereceu uma risada ofegante. "Majoritariamente."
Ele estava acariciando sua bochecha novamente, e seu olhar era terno.
“Vamos conversar hoje à noite,” ele prometeu.
Ela pensou que ele iria beijá-la, mas em vez disso ele retirou o toque e saiu
do chão. Perséfone ficou ali por um segundo, perdida em uma névoa de
desejo e de repente tudo o que ela queria fazer era segui-lo e desafiá-lo a
levá-la em seu escritório de vidro antes de toda a criação, como ele havia
prometido uma vez. Ele não hesitaria - ele era tão insaciável quanto ela - e se
ela não fosse mais cuidadosa com seus pensamentos e ações, não haveria
conversa esta noite como ele prometeu.
Ela suspirou e retirou o telefone, enviando uma mensagem rápida para
Leuce e Helen, informando-os para encontrá-la na Torre Alexandria em vez
de seu local habitual. Perséfone teve que admitir, ela estava aliviada por
poder trabalhar sem o público observando cada movimento dela.
Ela vagou pela sala novamente, absorvendo a realidade de que tinha um
novo espaço para seus negócios, preparando-se mentalmente para como
organizaria o espaço e seu novo escritório.
Ela acabou perto das janelas. Estar no terceiro andar significava que ela
tinha uma vista deslumbrante de Nova Atenas, envolta em nuvens pesadas,
neblina e neve. Arados e caminhões de sal estavam trabalhando para limpar
as estradas, enquanto mais neve e gelo caíam. Até a janela estava coberta de
gelo. Ela pensou nas palavras de Hécate. Sua mãe aterroriza o Mundo
Superior com neve e gelo.
O sol é exatamente o que o mundo mortal precisa.
Ela colocou a mão sobre o vidro.
Havia uma parte dela que sabia que poderia lutar contra sua mãe, porque
ela tinha antes. Ela enviou Demeter de joelhos na corte de Hades e a Deusa
da Colheita, antiga e poderosa, não se levantou contra seu poder. Ainda
assim, outra parte dela temia que isso fosse resultado de Demeter ser menos
poderosa no reino de Hades.
Você usou os poderes de Hades contra ele, ela lembrou a si mesma, e tinha
sido aterrorizante. Suas entranhas tremeram e ela se sentiu exausta nas
semanas seguintes, dormindo quando não estava trabalhando. Ela sabia que
era um sinal de que ainda não era forte o suficiente para exercer esse tipo de
poder. Ela ia ter que construir resistência, e a única maneira de fazer isso era
praticar mais.
Ela desviou o olhar quando uma gota de água escorreu pela vidraça. Ela
moveu a mão e, abaixo dela, o gelo começou a derreter. Ela apertou os dedos,
tentando decidir se era seu poder ou seu toque que aqueceu o vidro. Sua pele
não estava mais quente do que o normal, mas sua magia estava em guarda e
alerta, ela podia sentir isso, como nervos altamente sensíveis reagindo à sua
frustração.
Mas esse era o problema.
Ela teve que começar a usar o poder intencionalmente.
Colocando a mão na janela mais uma vez, ela se concentrou na energia
na palma da mão, quente e elétrico. Logo, o gelo começou a derreter
novamente. Ela observou gotas de água escorrerem pelo vidro e tudo o que
conseguia pensar era que isso era um truque de salão. Não era nada
comparado à magia que ela precisaria para derrubar o inverno eterno de
Demeter.
Ela deixou a mão cair e, ao fazê-lo, as gotas de água congelaram no lugar.
"Perséfone?"
Ela se virou para encontrar Sybil parada na porta do escritório.
“Sybil,” ela disse, sorrindo. Eles se abraçaram.
"É verdade? Você vai trabalhar aqui?” Sybil perguntou.
“Hades pediu que eu usasse este espaço como meu escritório e tenho que
admitir, estou mais do que feliz em aceitar.”
Ela estaria segura aqui, mas o mais importante, Leuce e Helen estariam
seguras.
"Como você está?" perguntou Perséfone. — Ben incomodou você?
Sybil deu a ela um olhar sombrio e bufou. “Sinto muito por ele,
Perséfone. Não sabia que ele era tão…”
"Esquisito?"
“Acho que vou ter que mudar de número.”
“Eu me ofereceria para ameaçá-lo – ou pedir para Hades fazê-lo – mas ele
não parecia temer os deuses.”
"Eu acho que ele é muito egocêntrico para temer os deuses", disse ela.
“Desculpe, Sybil.”
Ela deu de ombros. "Isso é o que eu ganho por tentar rebote", ela brincou.
Ainda assim, Perséfone franziu a testa. Ela estava se referindo ao seu
relacionamento de curta duração com Aro. O mortal tinha sido um amigo de
longa data de Sybil e parecia um bom par, mas por alguma razão, Aro só
queria continuar amigo.
“Acho que estou mais chateado por nunca mais poder entrar no Four
Olives. Esse foi um dos meus lugares favoritos para o almoço.”
"Acho que sempre há entrega", disse Persephone.
“Sim, mas é provável que ele apareça com meu pedido e eu realmente não
quero que ele saiba onde trabalho.”
“Baseado em seu fator de fluência, eu diria que ele já sabe onde você
trabalha.”
Sybil ofereceu a Persephone um olhar maçante. “Obrigado, amigo.”
Ela sorriu. "Não se preocupe, eu não acho que ele poderia passar por Ivy."
Ivy era a recepcionista da Torre de Alexandria. Ela era uma dríade — uma
ninfa da floresta. Ela era organizada e arregimentada. Ninguém foi além de
sua mesa que não foi convidado.
"Vamos almoçar em breve", disse Sybil, oferecendo outro abraço antes de
voltar ao trabalho. Perséfone não foi deixada sozinha muito antes de Leuce e
Helen chegarem. Helen gritou com a notícia de seu novo espaço de escritório,
e os dois correram pelo chão em uma enxurrada, verificando os escritórios,
discutindo sobre qual mesa eles ficariam e discutindo decoração. Persephone
entrou no primeiro escritório à esquerda, tirou a jaqueta e pegou o laptop.
Quando ela se sentou, houve uma batida na porta. Olhando para cima, ela
encontrou Helen esperando na porta.
“Ei, você teve a chance de ler meu artigo?” "Sim.
Sente-se”, disse Perséfone.
"Você não gostou", disse Helen imediatamente, entrando no escritório.
“Não é isso, Helen. Você tem alguns pontos válidos, mas... este é um artigo
perigoso.
As sobrancelhas de Helen se uniram. “Como é perigoso?”
“Você comenta sobre os deuses”, disse Perséfone, e citou: “Em um mundo
onde os mortais superam os deuses, deveríamos estar perguntando o que o
divino deveria fazer?”
“Não estou pedindo nada menos do que você pediu quando escreveu sobre
Hades”, argumentou Helen.
“Helen—”
"Multar. Vou retirar a sentença,” Helen disse, seu tom era entrecortado,
sua frustração óbvia. Isso deu uma pausa em Perséfone – ela nunca tinha
testemunhado esse comportamento dela antes. Em todas as vezes em que
trabalhou com ela no New Athens News e desde o lançamento do The
Advocate, ela se mostrou alegre e entusiasmada. Por outro lado, Perséfone
nunca havia criticado seu trabalho antes.
Apesar de sua reação, Perséfone se sentiu aliviada por ela ter concordado
em deletar seu comentário sobre os deuses.
“Eu também quero que você encontre alguém na liderança da Tríade para
entrevistar.”
Os lábios de Helen se apertaram. “Você não acha que eu tentei? Ninguém
retornou meus e-mails. Essas pessoas não querem ser conhecidas.”
“E-mail não é a única maneira de rastrear uma fonte, Helen. Se você quer
muito, você vai fazer o trabalho de pés.”
Os olhos azuis de Helen brilharam. “E como você sugere rastrear a liderança
secreta de uma organização terrorista?”
Perséfone deu de ombros. “Eu fingiria ser um deles.”
"Você quer que eu finja que sou um membro da Tríade?"
“Você quer quebrar uma história? Você quer ser o primeiro a revelar os
escalões mais altos da organização terrorista mais perigosa da Nova Grécia?
Isto é o que vai demorar. No final, depende inteiramente de você – o que você
quer?”
Helen ficou em silêncio, olhando para Perséfone. Depois de um longo
momento, ela perguntou:
“E se eles descobrirem o que estou fazendo?”
Perséfone enrijeceu, mas respondeu. “Eu posso proteger você.”
"Você quer dizer que Hades pode."
“Não,” ela disse. "Quero dizer que vou protegê-la."
Helen saiu e os ombros de Perséfone caíram. Por que sua conversa com
Helen parecia um impasse? Ela definitivamente esperava que Helen fosse um
pouco mais receptiva ao seu feedback e o fato de ela não ter sido
surpreendente. Parecia contrário à pessoa que ela achava que Helen era, mas
talvez ela não conhecesse a garota.
De repente, a magia se enrolou ao redor dela, endireitando sua coluna, e o
cheiro familiar de louro permeou o ar.
"Foda-se", disse Persephone logo antes de desaparecer de vista.
CAPÍTULO IX – A PALAESTRA DE DELPHI
Ela nunca se acostumaria a ser roubada pela magia de outro deus, exceto
Hades. Ela não gostou da sensação, do jeito que a embalou, acariciou sua
pele, invadiu seus sentidos, mas pelo menos ela sabia quem estava fazendo
isso com base no cheiro da magia.
“Apolo,” ela rosnou.
O frio a atingiu instantaneamente quando ela se manifestou no centro de
um longo pátio retangular cercado por uma varanda coberta. A neve que
caía do céu era mínima – algumas rajadas de vento rodopiando no ar, mas a
terra a seus pés estava molhada e enlameada. Ela examinou seu ambiente,
tentando descobrir exatamente onde ela estava, mas congelou quando um
homem nu e musculoso tropeçou para trás, como se tivesse sido
empurrado.
Seus olhos se arregalaram, o coração martelando — mova-se, ela disse a si
mesma, mas por alguma razão, seus pés não paravam. Então ela foi puxada
pelo braço, colidindo com um peito duro revestido de couro. Persephone
plantou as mãos e empurrou, mas quem a segurou, a soltou rapidamente. Ela
cambaleou para trás, e seus olhos lentamente percorreram o colossal corpo
de um homem. De suas fortes panturrilhas embrulhadas com as tiras de couro
de suas sandálias até seu linotórax de couro, até seus olhos redondos de íris
brancas. Eles eram provavelmente a parte mais impressionante sobre ele – e
a mais enervante. Sua mandíbula era forte, seu rosto bonito e emoldurado
por cachos escuros. O homem era um guerreiro, um hoplita, se ela tivesse que
adivinhar a julgar por sua roupa.
Persephone começou a agradecer ao homem por ajudá-la quando ouviu
um baque alto atrás dela. Ela se virou para descobrir que o homem nu tinha
rolado de bruços enquanto outro homem nu tinha as mãos em concha sob o
queixo e a cabeça puxada para trás.
“Você cede?” gritou o homem.
O outro homem rosnou, um som raivoso que veio do fundo de seu peito.
Ao lado dela, o homem que a salvou, riu.
Ela olhou para ele.
"Onde estou?" ela perguntou.
O homem não pareceu ouvi-la, então ela perguntou novamente.
"Você sabe onde eu estou?"
Mais uma vez, ele não pareceu ouvir. Desta vez, ela deu um passo na frente
dele. Seu olhar caiu, encontrando o dela.
“Você pode me dizer onde estou?”
Suas sobrancelhas se uniram e ele olhou ao redor. Talvez ele estivesse
confuso com a pergunta dela. Depois de um momento, ele estendeu a mão,
como se estivesse pedindo a dela.
Hesitante, ela obedeceu e ele virou-o, traçando letras em sua palma.
DELPHI, ele soletrou e depois PALAESTRA.
A palaestra era um centro de treinamento, usado principalmente para luta
livre.
A Palaestra de Delfos.
Ela estava em Delfos.
“Apolo,” ela gritou, frustrada que o Deus do Sol a trouxe aqui sem
nenhum aviso prévio. Apesar de seu aviso ontem à noite na casa de
Afrodite, ela pensou que ele pelo menos visitaria antes de levá-la para
algum compromisso desconhecido.
Então ela olhou para cima, para os olhos brancos e assombrosos do
homem.
“Você é surdo?” ela perguntou.
Ele assentiu.
"Mas você lê lábios", disse ela.
Ele assentiu novamente.
"Obrigado por me salvar mais cedo."
Ele levou a palma da mão aos lábios e a moveu em um movimento para
frente, falando: “De nada.”
Sua fala estava levemente distorcida, quase gutural.
Ela sorriu assim que uma voz soou que a fez estremecer.
"Aí está você, Sugar Dumplin'!"
Perséfone virou-se para encontrar o Deus do Sol caminhando em direção a
eles. Ele parecia luminoso, especialmente na penumbra do dia. Ele usava uma
roupa semelhante ao enorme homem atrás dela, mas seu peitoral era de ouro
e folhas de louro entrelaçadas em seu cabelo escuro. Apesar do tom
exuberante de sua voz, ele parecia quase frustrado, sua mandíbula apertada,
seus olhos em um tom de púrpura não natural.
“Apollo,” ela rangeu quando ele segurou seu braço.
"Não gosto desse também, hein?" ele perguntou.
“Conversamos sobre apelidos.”
"Eu sei, mas eu pensei que você poderia... gostar disso."
Ela olhou e Apolo suspirou. "Multar. Vamos, Seph! “Apolo,” ela
avisou, plantando seus pés. “Solte meu braço.” Ele se virou para
encará-la, os olhos brilhando. Algo estava definitivamente
errado.
"Barganha", ele retrucou, como se essa palavra fosse convencê-la a deixá-
lo empurrá-la.
“A palavra que você está procurando é por favor.”
Eles olharam um para o outro, e então, de repente, ela sentiu uma presença
atrás dela. Ela inclinou a cabeça para trás e encontrou o homem enorme que
a ajudou mais cedo. Ele pairou, olhando para Apollo, braços grossos cruzados
sobre o peito.
“Você está me desafiando, mortal?” Os olhos de Apolo se estreitaram.
Perséfone podia sentir sua magia se acumulando.
"Você não vai lutar com ele", disse Persephone, olhando para ele
incisivamente.
Apolo riu. "Lutar? Não haveria luta. Este não poderia me levar para a
batalha.”
“Eu lutarei por você, meu senhor,” outra voz se juntou à briga e todos se
viraram para ver os homens nus que estavam lutando mais cedo. Eles
pararam, e agora estavam nus e enlameados, completamente alheios ao frio
– ou muito entorpecidos. Aquele que falava tinha sido o que tinha a vantagem
mais cedo. Ele era bonito, com grandes olhos castanhos, uma massa de cabelo
curto e encaracolado e barba. "Não há necessidade", disse Perséfone.
“Eu não respondo a você, mulher.”
Por um breve segundo, Perséfone viu fúria brilhar nos olhos de Apolo.
“Esta mulher é a noiva de Hades, a futura Rainha do Submundo. Ajoelhe-se
diante dela ou enfrente minha ira.”
Os olhos do homem se arregalaram antes que ele caísse de joelhos, seguido
por seu oponente e pelo surdo, seu novo amigo. Quando ela olhou para o
Deus do Sol, ele estava sorrindo.
"Vê o que seu título faz com os homens, Perséfone?"
Ela suspirou. “Eu deveria ter deixado essa barganha quando tive a chance.”
Ela passou por Apollo e se dirigiu para a cobertura da varanda. Ela não sabia
para onde estava indo, mas estava frio e ela estava com raiva.
— Você nem sabe para onde está indo, Seph — disse Apollo, correndo para
alcançá-lo.
"O mais longe possível do seu concurso de medição de pau", ela
respondeu.
"Você age como se isso fosse minha culpa", disse ele. "Você foi o único que
não veio quando eu pedi."
“Você não perguntou. Você comandou. Nós conversamos sobre isso.”
Apolo ficou em silêncio enquanto caminhava ao lado dela. Depois de um
momento, ele começou a fazer o que parecia ser um assobio. "Eu sou... ss-"
Perséfone diminuiu a velocidade enquanto Apollo lutava ao lado dela. Ele
tentou novamente.
“Desculpe...”
Sua boca tremeu, como se as palavras o fizessem querer vomitar.
"Sinto muito", ele finalmente conseguiu, estremecendo.
“Seu cérebro está com hemorragia?” perguntou Perséfone.
"Isso pode surpreendê-lo, mas pedir desculpas não é minha coisa", disse
Apollo, olhando.
"Estou surpreso. Eu nunca teria adivinhado.”
“Sabe, você poderia reconhecer o quão difícil isso foi para mim. Não é para
isso que servem os amigos?”
“Oh, nós somos amigos agora? Porque com certeza não parecia que éramos
amigos antes.”
Apolo franziu a testa.
"Eu... não queria chatear você", disse Apollo. "Eu estava... frustrado."
"Percebi. Por que?"
“Eu fiquei... distraído enquanto trazia você aqui,” ele admitiu. "Eu pensei...
que eu perdi você."
As sobrancelhas de Perséfone franziram. — Por que você estava distraído?
Apolo começou a abrir a boca e depois a fechou. “A neve começou a cair
novamente.”
Com a menção de neve, ela se virou na direção que ele estava olhando – as
rajadas giraram, mais espessas agora, e seu estômago deu um nó.
"Podemos, por favor, concordar que você não vai teletransportar todo o
meu ser sem permissão?"
“O Hades precisa de permissão?” Mais
uma vez, ela o encarou.
"De que outra forma eu deveria convocar você?"
“Como as pessoas normais fazem.”
“Eu não sou gente.”
“Apolo—”
Eles estavam juntos há segundos e ela já o havia avisado duas vezes.
"Tudo bem", ele suspirou, cruzando os braços sobre o peito, enquanto
franzia os lábios.
“Por que você me trouxe aqui?” perguntou Perséfone.
"Eu queria apresentar a você meu herói", disse ele, "mas você já o
conheceu."
"O grande?" ela perguntou, pensando que ele se referia ao homem surdo,
e ficou surpresa quando as feições de Apolo endureceram. “Não, esse é o
adversário do meu herói, o Ajax. Meu herói é Hector, Aquele que mantém
tudo junto.”
Ela esperava que ele parecesse um pouco mais orgulhoso desse fato, mas
enquanto ele continuava a falar, ela entendeu sua frustração.
“Aquele que insultou você.”
"Hmm, onde você o encontrou?"
"Delos", disse ele. “Ele é um herói condecorado, mas arrogante. Será a
morte dele.”
"E ainda assim você dá a ele o seu favor?"
“Delos é onde minha mãe se refugiou para dar à luz a mim e a Artemis”,
disse ele. “Esse é meu povo e ele os protegeu. Devo-lhe favor.”
Eles lançaram seus olhares para o campo onde vários homens
permaneciam, todos nus. Ela notou Hector, cujos olhos estavam apertados,
expressão zombeteira. Ela seguiu seu olhar e viu que ele olhava para Ajax, que
estava no meio de tirar a roupa. Perséfone desviou os olhos. Ela sabia que era
tradicional para os gregos participarem da maioria dos esportes nus – com
exceção das corridas de bigas – mas eles realmente precisavam praticar dessa
maneira também?
“Hades não vai ficar feliz quando descobrir como passei meu dia,” ela
meditou.
Ela esperava que Apollo fizesse uma resposta sarcástica, mas tudo o que
ele disse foi: "Hmm".
Quando ela olhou para ele, seu olhar estava fixo em Ajax, os olhos
queimando. Ela conhecia aquele olhar, mesmo nos olhos de outra pessoa,
porque era o jeito que Hades olhava para ela. Ela deu uma cotovelada em
Apolo.
"Eu pensei que Hector era seu herói", disse Perséfone.
"Ele é."
"Então por que você está olhando
para o Ajax?" Um músculo se contraiu
na mandíbula de Apollo.
“Seria tolice da minha parte não observar o oponente do meu
herói.” “Quando ele está se despindo?” ela perguntou,
levantando uma sobrancelha.
Apolo zombou. “Eu não gosto de você.”
Ela gargalhou, mas sua diversão durou pouco quando ouviu algo que
escureceu seu espírito.
"Olhe para ele - vestido como um guerreiro e não consegue ouvir nada."
Um dos homens no campo disse, ele estava ao lado de outro, braços cruzados,
acenando para o Ajax. "Que piada."
Os punhos de Perséfone se fecharam e ela olhou para Apolo, que
permaneceu sem emoção.
“Não confio nele”, disse outro. “E se ele estiver enganando a todos nós?
Talvez ele esteja fingindo que é surdo, então vamos baixar a guarda ou
pegar leve com ele? "Ele é um fodido favor", acrescentou uma mulher.
“Poseidon é se eu ouvi corretamente.” Todos riram, mas Perséfone ficou
horrorizada. Ela olhou para Apolo. "Você vai deixá-los continuar a falar
assim?" “Eles não são meus heróis”, disse ele.
“Eles podem não ser seus heróis, mas você é o chanceler dos Jogos. Você
não estabelece o padrão para o comportamento deles?” ela fez uma pausa.
“Ou esse é o padrão?”
O olhar de Apolo era assassino, mas sua atenção voltou para o campo
quando Hector se abaixou para pegar um cajado de madeira.
"Apolo," a voz de Perséfone aumentou de tom.
Hector recuou, sua força evidente na protuberância de seus músculos, e
jogou o bastão em direção ao Ajax. Perséfone assistiu horrorizada enquanto
o cajado voava pelo ar, direto para a cabeça de Ajax, mas então o mortal se
virou a tempo e pegou o cajado com uma mão. Ele olhou para ele por um
segundo antes de seu olhar frio cair sobre Hector e aqueles que ficaram de
lado durante a tentativa de ataque. Seus sorrisos se desvaneceram em bocas
escancaradas, assim como o de Perséfone estava agora.
Ajax quebrou o cajado no joelho e descartou os pedaços. Héctor sorriu.
"Então seus reflexos são bons, mas como você está no poço?"
No segundo seguinte, ele atacou o Ajax. Juntos, eles caíram na lama, a água
espirrando por toda parte, borrifando os rostos dos mais próximos. Apolo se
aproximou da borda do pórtico enquanto os dois lutavam — exceto que não
estavam exatamente lutando, estavam lutando. Por um momento, Hector
parecia ter a vantagem, esmurrando o rosto de Ajax depois que ele caiu de
costas, mas Ajax rapidamente assumiu o comando, capturando o punho de
Hector entre as mãos e jogando-o como se ele não pesasse nada. Os dois se
levantaram, circulando um ao outro, suas expressões cheias de raiva.
Hector correu para Ajax, que se curvou, socando-o no estômago. Então, ele
levantou Hector do chão e o virou de costas.
“Eles se odeiam”, disse Perséfone.
"Eles são adversários", respondeu Apolo, mas Perséfone não tinha tanta
certeza. Hector riu e brincou com os outros heróis; foi o Ajax que ele tratou
de forma diferente. Ela se perguntou brevemente se era porque ele era
diferente – surdo – ou talvez fosse ciúme. O Ajax era forte e capaz apesar de
sua audição. Ainda assim, Perséfone sentiu como se conhecesse essa raiva -
ela a sentiu na floresta do desespero.
Seu olhar volta para Hector que gemia no chão congelado.
Tão rápido quanto sua luta começou, acabou. Ajax não ficou em cima de
Hector para se vangloriar, mas ele se virou e olhou para Apolo antes de pegar
suas roupas e sair do pátio.
As sobrancelhas de Perséfone se juntaram quando ela olhou da forma do
mortal em retirada para o Deus do Sol.
“Você não vai checar seu herói?” ela perguntou.
"Não. É a punição de Hector por sua arrogância”, disse Apollo. “Talvez isso
o humilhe antes de enfrentar o Ajax nos Jogos Pan-helénicos.”
“Você ainda vai sediar os Jogos com este tempo?”
“Se homens e mulheres não podem lutar com um pouco de neve, então
eles não pertencem aos jogos.”
“Não se trata apenas dos concorrentes, Apollo. E os espectadores?
Viajar é perigoso com este tempo.”
“Se você está tão preocupado, então talvez você devesse falar com sua
mãe.”
Persephone baixou o olhar, franzindo a testa. "Então você sabe?"
"Todos nós sabemos", disse Apolo. “Não é como se Demeter não tivesse
feito isso antes.
É apenas uma questão de quando Zeus intervirá.” O
estômago de Perséfone azedou.
“Ela vai ouvir Zeus? Se ele disser a ela para parar?
“Ela vai,” Apolo respondeu. “Ou haverá guerra.”
Eles deixaram o campo e Apolo deu a Perséfone um passeio pelo Palestra
de Delfos. Era uma bela instalação com várias salas para banho, esportes e
equipamentos que se ramificavam do pórtico que circundava o campo. Havia
alguns campos de treinamento cobertos e um grande estádio aberto para
treinos de carruagem. Ela olhou para o campo agora de uma suíte privada que
incluía um bar, grandes televisões montadas nas paredes e assentos de couro
que davam para um painel de janelas. Perséfone estava feliz por estar lá
dentro, onde estava quente.
“Este lugar é incrível”, disse ela.
Havia algo ainda mais impressionante nos estádios e corridas de bigas.
Perséfone só os tinha visto na televisão, mas estar aqui pessoalmente deu a
ela uma ideia de quão monumentais eles eram.
“Estou feliz que você goste,” disse Apollo. "Estou... muito orgulhoso disso."
Perséfone achava que nunca tinha ouvido Apollo dizer algo assim.
Houve silêncio enquanto ela olhava para o centro da trilha, onde um muro
baixo chamado spina descia a trilha oblonga. Várias estátuas o decoravam,
incluindo uma de Apolo de ouro, mas também havia Ártemis e uma mulher
que ela não reconheceu.
“Quem é a terceira estátua?” ela perguntou.
“Minha mãe, Leto,” Apollo disse. “Ela arriscou sua vida para dar à luz minha
irmã e eu, então a protegemos.”
Perséfone sabia que Hera havia perseguido Leto implacavelmente antes e
depois de dar à luz seus gêmeos divinos, com ciúmes da infidelidade de Zeus.
Ela também sabia o que Apolo queria dizer com proteger – ele e sua irmã
haviam massacrado tanto mortais quanto criaturas. A boca de Perséfone se
apertou com o pensamento.
"Eu gostaria que você assistisse ao primeiro dos jogos comigo", disse
Apollo. “É uma corrida de bigas.”
"Você está perguntando ou dizendo?" disse Perséfone.
"Perguntando", respondeu Apolo. “A menos que você diga não.”
"E aqui eu pensei que você estava mudando", ela respondeu suavemente.
“Passos de bebê, tetas de açúcar.”
“Se Hades se manifestar para matá-lo, não vou intervir.”
"O que? Não é como se eu soubesse o gosto deles por experiência própria!”
“O simples fato de estarmos tendo essa conversa é suficiente para enviar
Hades em fúria.”
“Talvez você devesse dizer a ele que masculinidade tóxica não é atraente.”
Perséfone revirou os olhos e respondeu: "Ele não confia em você."
“Mas ele deveria confiar em você.”
"Ele sabe, ele também sabe quantas vezes eu disse para você não me
xingar", ela deu a ele um olhar desafiador.
Apolo fez beicinho e cruzou os braços sobre o peito. “Estou apenas me
divertindo.”
“Achei que estávamos nos divertindo!”
O Deus do Sol se iluminou. "Você estava se divertindo?"
Ela suspirou alto. “Você me faz me arrepender de manter minha parte
neste acordo.”
Ele sorriu. “Lição número dois, Sephy. Quando um deus te der uma saída,
pegue.”
“E qual é a lição número um?”
“Nunca aceite uma barganha de um deus.”
“Se essas são lições, ninguém está ouvindo.”
"Claro que não. Deuses e mortais sempre querem o que não podem ter.”
"Incluindo você?" ela perguntou, olhando para ele.
Ele parecia sóbrio então, uma careta estragando seu rosto perfeito.
"Eu mais do que ninguém", respondeu Apolo.
CAPÍTULO X – UM PASSEIO NO
PARQUE
Apolo devolveu Perséfone à Torre de Alexandria sem aviso prévio. Sua
única indicação de que ele estava prestes a agir era o cheiro de sua magia.
“Apolo!” ela rosnou, mas sua frustração foi perdida quando o chão pareceu
sair debaixo de seus pés. Seu estômago embrulhou, o mundo brilhou, e
quando clareou, ela encontrou Hades sentado atrás de sua mesa em seu novo
escritório. “Oi,” ela disse.
“Oi,” sua voz retumbou – um rosnado baixo e suas sobrancelhas franzidas.
Ele não parecia satisfeito, mas parecia confortável, recostou-se na cadeira
dela, um dedo pressionado contra a boca, as pernas bem abertas, e ela
pensou que se encaixaria perfeitamente no espaço entre as coxas dele.
"Você está bem?" ela perguntou.
"Harmonia está acordada", disse ele.
O coração de Perséfone subiu em sua garganta.
"Como ela está?" suas palavras vieram com pressa.
"Estamos prestes a descobrir", disse ele e se levantou, dando a volta na
mesa. "Você gostou do seu tempo com Apollo?"
Perséfone não estava surpreso que Hades sabia onde ela tinha ido, ele
provavelmente podia sentir o cheiro da magia de Apolo. Ainda assim, ela
franziu a testa, sabendo que Hades não estava feliz - e ainda assim, não havia
nada que ele pudesse fazer. Ela e Apollo estavam vinculados por uma
barganha que ela insistiu em cumprir quando ele tentou liberá-la do contrato
– algo que Hades não estava animado para aprender.
Ainda assim, Perséfone manteve sua decisão. A última coisa que Apollo
precisava era se sentir abandonado.
“Em uma escala numérica?” Ela perguntou. "Eu daria cerca de um seis."
Hades ergueu uma sobrancelha. Era como se ele quisesse se divertir, mas
sua irritação estava vencendo.
“Lamento que você não esteja satisfeito.”
“Não estou descontente com você”, ele respondeu. “Eu preferiria que
Apolo não te levasse para Delfos durante a birra de sua mãe e enquanto
Adonis e
Os atacantes de Harmonia ainda estão por aí.”
"Você... me seguiu?"
O pensamento não a perturbou - na verdade, ela desejou que Hades
pudesse rastrear sua localização com mais frequência. Houve momentos em
que ele não foi capaz de encontrá-la - de alguma forma, e ela não tinha
certeza exatamente como - ela bloqueou sua capacidade de sentir e rastrear
sua magia. Aconteceu algumas vezes - uma vez quando ela se perdeu no
submundo, novamente quando Apolo a roubou para uma competição de
karaokê ridícula e, finalmente, quando Pirithous a sequestrou. Cada instância
era mais perigosa que a anterior.
Os olhos de Hades caíram, e ele levantou a mão dela para que seu anel
ficasse em plena exibição, as gemas brilhando sob a luz, o centro de várias
flores delicadamente trabalhadas.
“Essas pedras – turmalina e dioptase – emitem uma energia única, sua
energia. Contanto que você use isso, posso encontrá-lo em qualquer lugar.”
Perséfone não ficou surpresa com essa habilidade; Hades era o Deus dos
Metais Preciosos.
"Não foi... intencional", acrescentou Hades. "Eu não pretendia... colocar
um rastreador em você."
"Eu acredito em você", disse ela. "É... reconfortante."
Hades olhou para ela e, em seguida, roçou os lábios ao longo de seus dedos.
Sua respiração era quente contra sua pele fria.
“Venha, Afrodite está esperando,” ele disse, e eles desapareceram.
***
***
Mais tarde, depois que as almas se retiraram para suas casas durante a
noite, elas permaneceram no prado. Hades descansou de costas, com a
cabeça no colo de Perséfone. Ela brincou com o cabelo dele, passando os
dedos por ele enquanto se derramava sobre sua coxa e na grama. Seus olhos
estavam fechados, seus cílios grossos roçando os pontos altos de sua
bochecha. Ele tinha linhas fracas ao redor de seus olhos que se aprofundavam
quando ele sorria. Se havia algum ao redor de sua boca, ela não podia ver a
barba por fazer em seu rosto.
Os deuses não envelhecem além de um certo ponto em sua vida. Era
diferente para todos, razão pela qual nenhum deles parecia o mesmo, e
provavelmente uma decisão tomada pelas Parcas. Hades parecia ter
amadurecido em seus trinta e tantos anos.
“Hades,” ela disse o nome dele e então se acalmou, hesitando.
"Hum?" Ele olhou para ela e ela segurou seu olhar.
“O que você trocou por sua capacidade de ter filhos?”
Ele enrijeceu e desviou os olhos para o céu. Era algo que ela estava
pensando desde que brincava no prado. Um dia, depois que eles
cumprimentaram as almas nos Portões do Submundo, Hades admitiu que não
podia dar filhos a ela porque havia negociado a habilidade. Ela não conhecia
os detalhes, e naquele momento, ela estava mais preocupada em aliviar sua
ansiedade. Ele parecia pensar que essa admissão significaria o fim de seu
relacionamento.
Mas Perséfone não tinha certeza se queria ter filhos e não estava mais
perto de tomar essa decisão agora, mesmo que ela pedisse.
“Eu dei divindade a uma mulher mortal,” ele respondeu.
As palavras fizeram com que sua garganta ficasse apertada e seus dedos
parassem enquanto se enfiavam no cabelo dele. Depois de um momento, ela
perguntou: "Você a amava?"
Hades ofereceu uma risada sem humor. "Não. Eu gostaria de poder afirmar
que foi por amor ou mesmo compaixão”, respondeu ele. “Mas... eu queria
reivindicar um favor de um deus e então negociei com as Parcas.”
"E eles pediram seus... nossos... filhos?"
Desta vez, Hades rolou em uma posição sentada, girando para
encará-la, os olhos percorrendo seu rosto.
"O que você está pensando?"
Ela balançou a cabeça. "Nenhuma coisa. Eu só... estou tentando entender
o Destino.
Hades sorriu ironicamente. “O destino não faz sentido, por isso é tão fácil
culpar.”
Os cantos de seus lábios viraram para cima, mas apenas por um momento
enquanto ela desviava o olhar. Seus pensamentos estavam confusos
enquanto ela tentava entender como exatamente a barganha de Hades a
fazia se sentir.
Ele estendeu a mão para escovar os dedos ao longo de sua bochecha.
"Se eu soubesse - se eu tivesse alguma suspeita - eu nunca teria"
"Está tudo bem, Hades," Persephone interrompeu. "Eu não pedi para
causar-lhe sofrimento."
“Você não me causou dor,” ele respondeu. “Eu penso naquele momento
com frequência, reflito sobre a facilidade com que eu desisti de algo que
eu desejaria, mas isso é a consequência de barganhar com as Parcas.
Inevitavelmente, você sempre desejará o que eles tomam. Um dia, eu
acho, você vai se ressentir de minhas ações.”
"Eu não, e não vou", disse Perséfone, e ela acreditou nisso, apesar de uma
sensação estranha apertando seu peito. “Você não pode se perdoar tão
facilmente quanto você me perdoou? Todos nós cometemos erros, Hades.”
Ele a encarou por um momento e então a beijou, guiando-a para trás, para
o chão acolchoado. Ela relaxou sob seu peso e o deixou devorar sua boca com
movimentos lentos e aquecidos. Ela puxou os joelhos para cima, prendendo-
o entre as coxas enquanto procurava seu comprimento duro sob suas vestes.
Uma vez que ela o tinha na mão, Hades se afastou para se posicionar contra
seu calor. Ela arqueou contra a sensação dele empurrando nela. Ele se
acomodou ali por um momento, enterrado profundamente e enchendo,
beijando-a mais uma vez antes de estabelecer um ritmo lânguido. Suas
respirações eram lentas para acelerar, seus gemidos suaves, suas palavras
sussurradas, e sob o céu estrelado do Submundo, eles encontraram alívio e
refúgio nos braços um do outro.
***
***
***
Perséfone considerou ir para Elysium para visitar Lexa, mas depois de sua
sessão com Hecate, ela se sentiu particularmente esgotada. Em vez disso, ela
voltou para o palácio. Cerberus, Typhon e Orthrus caminharam
obedientemente ao lado dela, e ela teve a sensação de que eles foram
ordenados a escoltá-la dentro do Submundo, mais do que provavelmente
devido à sua tendência a vagar e encontrar problemas. Suas suspeitas foram
confirmadas quando, assim que ela entrou no palácio de Hades, os três
Dobermans se dispersaram.
Ela não estava chateada com sua presença ou sua escolta, mas isso a fez
ansiar por um momento em que ela precisasse menos. Mais uma vez, ela
pensou nas palavras de Hécate, e se perguntou no que exatamente ela estava
se metendo ao pedir à deusa para treiná-la como ela fez hoje.
“Ah, e Perséfone,” Hécate disse quando ela estava saindo de sua casa. “Não
conte a Hades sobre hoje. Acho que não preciso dizer que ele desaprovaria.
Essas palavras pesavam sobre ela enquanto ela se dirigia ao quarto deles.
Ela fez uma prática de ser completamente transparente com Hades,
especialmente depois de perder Lexa. Deu muito trabalho, considerando que
ela não estava acostumada a se comunicar. Crescer sob o polegar de sua mãe
a ensinara que expressar a opinião ou os sentimentos chamava atenção e
críticas. Era melhor apenas ficar em silêncio – existir o máximo possível em
segredo para evitar a punição.
Foi assim que ela viveu por anos, mas depois da morte de Lexa, ela
percebeu que não podia mais fazer isso. Mais importante, não havia
necessidade. Hades queria ouvir dela, queria entender sua perspectiva - e ela
queria o mesmo dele.
Ela ainda estava pensando em como falar com ele sobre os métodos de
treinamento de Hécate quando ela entrou no quarto para encontrar Hades
ocupando seu espaço habitual na frente do fogo e outro deus que ela não
conhecia. Ele era bonito e elegante — pele negra, cabelo branco e curto,
encaracolado rente à cabeça. Ele tinha olhos grandes, como corça e lábios
carnudos. Ele usava branco com detalhes dourados – um cinto na cintura e
uma camada de colares. Seus pés estavam descalços, mas provavelmente era
porque ele não precisava de sapatos — grandes asas brancas brotavam de
suas costas.
“Olá,” ela disse, fechando a porta atrás dela. "Eu estou... interrompendo
alguma coisa?"
Ela percebeu que era uma pergunta estranha, mas... o quarto também era
um lugar estranho para Hades fazer negócios.
O deus desconhecido bufou.
"Perséfone", disse Hades, puxando uma mão do bolso para gesticular em
direção ao deus. “Este é Hypnos, Deus do Sono. Ele é irmão de Thanatos. Eles
não são nada parecidos.”
Hipnos o encarou. “Ela teria descoberto isso sozinha, você não precisava
contar a ela.”
“Eu não queria que ela tivesse a falsa impressão de que você seria tão
gentil.”
Perséfone olhou, um pouco surpresa com a rapidez com que o tom e a
atmosfera da sala mudaram na presença desses dois.
“Eu não sou indelicado,” Hypnos argumentou. “Mas eu não me dou bem na
presença de idiotas. Você não é uma idiota, é, Lady Perséfone?
Ele definitivamente não era como Thanatos. Este deus parecia mais
imprevisível.
Talvez fosse por causa da natureza do sono.
“N-não,” ela disse, oferecendo uma resposta hesitante.
"Eu chamei Hypnos aqui para que ele possa ajudá-lo a dormir", disse Hades
rapidamente.
“Tenho certeza que ela entendeu isso,” Hypnos retrucou.
"E você? Você disse a ele que não dorme?
Hypnos riu — um som profundo que veio de algum lugar de sua garganta.
“O Deus dos Mortos admitindo que precisa de ajuda? Isso é um sonho
impossível.”
Até agora, Hades permaneceu imperturbável com o deus mal-humorado,
mas de repente, seus olhos escureceram.
"Isso é sobre você", ele retornou, trabalhando para fazer sua voz soar gentil
e calma, apesar do fato de que ele cerrou os dentes. “Ela não tem dormido e
quando dorme, acorda de pesadelos. Às vezes coberto de suor, às vezes
gritando.”
"Não é... nada", Persephone tentou argumentar. Ela não estava interessada
em seguir este caminho – em reviver o que ela tinha experimentado desde o
dia em que Pirithous a levou. “São apenas pesadelos.”
"E você é apenas um jardineiro glorificado", respondeu Hypnos.
"Hypnos," Hades soltou um grunhido de advertência.
"Não é à toa que você vive fora dos Portões do Submundo," Perséfone
murmurou.
Foi a primeira vez que Hypnos pareceu divertido. “Para sua informação, eu
moro fora dos portões porque ainda sou uma divindade do Mundo Superior,
apesar da minha sentença aqui.”
“Sua sentença?”
"É minha punição viver abaixo do mundo por colocar Zeus para dormir",
disse ele.
“Duas vezes,” Hades enfatizou.
Hipnos olhou de soslaio para o deus; uma sobrancelha zangada arqueou-
se.
"Duas vezes? Você não aprendeu da primeira vez? perguntou Perséfone.
Hades tentou reprimir um sorriso.
“Eu aprendi, mas é difícil ignorar um pedido da Rainha dos Deuses.
Rejeitar Hera significa viver uma vida infernal e ninguém quer isso, certo
Hades?”
A pergunta direta de Hypnos tirou a diversão do olhar de Hades.
Satisfeito com seu golpe, o deus voltou sua atenção para Perséfone.
“Conte-me sobre esses pesadelos”, disse Hypnos. “Preciso de detalhes.”
"Por que você deve ouvir sobre eles?" Hades perguntou. “Eu disse que ela
estava tendo problemas para dormir. Isso não é suficiente para criar um
rascunho?”
"O suficiente, talvez, mas um rascunho não resolverá o problema", ele
olhou para Hades. “Eu sou mais velho que você, meu Senhor – uma divindade
primordial, lembra? Deixe-me fazer o meu trabalho.”
Hypnos voltou seu olhar para Perséfone. "Nós vamos?" A voz dele era
rouca, exigente, mas ela teve a sensação de que se ele não quisesse ajudá-la,
já teria ido embora. “Com que frequência você os tem?” "Não todas as
noites", disse ela.
“Existe um padrão? Eles vêm depois de um dia particularmente
estressante?”
"Acho que não. Essa é parte da razão pela qual eu não quero ir dormir. Não
tenho certeza do que vou encontrar do outro lado.”
"Esses sonhos... eles procedem de algo traumático?" Perséfone
assentiu.
"O que?"
“Fui sequestrada”, disse ela. “Por um semideus. Ele estava obcecado por
mim e... ele queria me estuprar.
“Ele foi bem sucedido?”
Perséfone se encolheu com a pergunta direta de Hypnos, e Hades rosnou.
“Hipnos.”
"Senhor Hades," Hypnos estalou. “Mais uma interrupção e deixarei sua
companhia.”
Os olhos de Perséfone se voltaram para Hades, cuja mão havia brotado de
pináculos negros letais.
“Está tudo bem Hades. Eu sei que ele está tentando ajudar.”
O deus sorriu com tristeza. “Ouça a mulher. Ela aprecia a arte da
interpretação dos sonhos.”
"Não", disse Perséfone. “Ele não foi bem sucedido, mas quando eu sonho,
ele parece estar cada vez mais perto de… ser bem sucedido.”
Ela não pôde evitar, ela poupou um olhar para Hades enquanto falava e viu
que ele estava pálido. Seu peito estava apertado. Ela não tinha pensado sobre
o que isso poderia fazer com ele, talvez ela devesse ter dito a ele para sair. No
entanto, ela duvidava que ele tivesse ouvido.
“Sonhos – pesadelos – nos preparam para sobreviver”, disse Hypnos. “Eles
dão vida às nossas ansiedades para que possamos combatê-los. Você não é
diferente, Deusa.” “Mas eu sobrevivo,” Persephone argumentou.
“Você acredita que sobreviveria se isso acontecesse de novo?” Ela
começou a falar.
“Não na mesma situação – uma diferente. Uma onde talvez um deus mais
poderoso tenha seqüestrado você.”
Ela fechou a boca.
"Você não precisa de um gole", disse ele. “Você precisa considerar como
você vai lutar em seu próximo sonho. Mude o final e os pesadelos cessarão.”
O deus se levantou então.
“E pelo amor de todos os deuses e deusas, vá dormir, porra.” Com isso,
Hypnos desapareceu.
Perséfone olhou para Hades. "Bem, ele foi agradável."
A expressão de Hades lhe disse tudo o que ela precisava saber sobre o que
ele pensava do Deus do Sono. Então seus olhos desceram e se estreitaram.
“Por que há sangue na camisa?” Ele perguntou.
Os olhos de Perséfone se arregalaram e quando ela olhou, ela viu uma
mancha carmesim. Ela não tinha notado antes de sair da casa de Hécate. Ela
adivinhou que esta era a maneira de contar a Hades sobre sua sessão de
treinamento da tarde.
“Ah... eu estava praticando com Hecate,” ela
disse. “Praticar o quê?” “Curando,” ela disse.
As sobrancelhas de Hades se juntaram. “Isso é muito sangue.”
“Bem... eu não poderia exatamente me curar se não estivesse ferida,” ela
explicou, mas ela podia dizer pelo olhar no rosto de Hades que era a coisa
errada a se dizer. Ele inclinou a cabeça para o lado, endurecendo a boca.
"Ela está fazendo você praticar em si mesmo primeiro?"
Perséfone abriu a boca para falar, mas não havia nada a dizer, exceto:
"Sim... por que isso está errado?"
“Você deveria estar praticando fodidamente... flores. Não você mesmo. O
que ela mandou você fazer?”
"Isso importa? Eu me curei. Eu fiz isso." Ela estava orgulhosa. “Além disso,
não tenho muito tempo. Você sabe o que aconteceu com Adonis e viu o que
aconteceu com Harmonia.”
"Você acha que eu deixaria o que aconteceu com eles acontecer com
você?" ele perguntou.
“Isso não é o que estou dizendo,” ela falou com cuidado, sabendo que suas
palavras importavam aqui – Hades já se culpava pelo que aconteceu com
Pirithous. “Quero ser capaz de me proteger.”
Hades apenas olhou, seus olhos mergulhando no sangue que a fez cruzar
os braços sobre o peito para escondê-lo.
"Eu juro que estou bem", disse ela. “Beije-me se você acha que estou
mentindo.”
Seus olhos voltaram para os dela e ele avançou, sua mão segurando sua
mandíbula. "Eu acredito em você, mas vou te beijar de qualquer maneira."
Os lábios pressionaram os dela docemente - era muito curto e muito
manso. Quando ele se afastou, ela olhou para ele e perguntou: "Por que você
não me disse que eu tinha a capacidade de me curar?"
“Achei que em algum momento Hécate iria te ensinar,” ele disse. "Até
então, era um prazer curá-lo."
Ela corou – não com qualquer lembrança em particular, mas com o som da
voz de Hades – uma voz de amante, quente e hipnótica. Seus olhos caíram
para os lábios dele, deliciosos, sedutores.
"O que devemos fazer esta noite, querida?" Hades perguntou.
Um sorriso curvou os lábios de Perséfone quando ela respondeu: "Estou
ansiosa por um jogo de cartas".
CAPÍTULO XVI - ESCONDE-ESCONDE
"Nós jogamos pelas minhas regras", disse Perséfone.
Eles se sentaram um diante do outro diante da lareira em seu quarto, uma
mesa e um baralho de cartas entre eles.
Hades levantou uma sobrancelha. "Suas regras? Como eles diferem das
regras estabelecidas?”
“Não há regras estabelecidas”, disse ela. “É isso que torna este jogo tão
divertido.”
Hades franziu a testa e ela sabia que este era exatamente o tipo de jogo que
ele odiava.
Ele precisava de estrutura, diretrizes — controle.
"Apenas ouça. O objetivo é coletar todas as cartas do baralho”, disse
Perséfone. “Cada um de nós colocará uma carta ao mesmo tempo. Se as
cartas somarem dez ou você baixar um dez, você dá um tapa no baralho.”
"Você... deu um tapa no convés?" Hades perguntou.
"Sim."
"Por que?"
“Porque é assim que você reivindica as cartas.”
Ele limpou a garganta. "Continue."
“Fora da regra das dezenas, há uma regra para as cartas de rosto”, explicou
ela.
Ela teve que dar a Hades, ele fez uma demonstração de interesse nas regras
do jogo, mais do que provavelmente porque ele estava interessado nas
apostas. “Dependendo da carta de figura que você compra, você tem um
certo número de chances de obter outra carta de figura ou o jogador que
colocou a primeira carta de figura leva todas as cartas.”
“Ok,” ele disse muito deliberadamente.
Ela continuou. “E por último, se você bater na hora errada, então você tem
que colocar duas cartas no fundo da pilha.”
"Certo", disse ele. "Claro. Como esse jogo se chama mesmo?” "Ratscrew
egípcio", disse Perséfone.
"Por que?"
Ela franziu a testa. “E-eu não sei. Apenas isso."
Hades levantou uma sobrancelha. “Bem, isso deve ser divertido. Vamos
para a parte importante – apostas. O que você deseja se você obtiver este...
todo o baralho de cartas primeiro?”
Perséfone considerou isso antes de dizer: "Eu gostaria de um fim de
semana", disse ela. "Sozinho. Com você."
Os lábios de Hades se curvaram. “Você está apostando por algo que eu
daria de bom grado — e já fiz muitas vezes.”
“Não é um fim de semana isolado em seu quarto,” ela disse, revirando os
olhos. “Um fim de semana… em uma ilha ou nas montanhas ou em uma
cabana. Umas férias."
"Hum. Você não está me dando uma boa razão para vencer”, disse ele.
Perséfone sorriu. "E você? O que você deseja?"
“Uma fantasia”, disse ele. "Realizada."
"Uma fantasia?"
“Um sexual.”
Levou tudo nela para não gaguejar.
"Claro", ela conseguiu dizer suavemente, respirando superficialmente.
Agora, quem estava tornando difícil querer vencer? Ela mordeu o lábio.
“Posso perguntar o que essa fantasia sexual implica?”
"Não." Seus olhos brilharam com diversão. "Você aceita?"
"Eu aceito", disse Persephone e enquanto falava, ela apertou as coxas,
sentindo uma onda de calor em seu estômago. Ela esperava poder se
concentrar o suficiente no jogo para realmente tentar ganhar.
Ela cortou o baralho e deu a cada um deles vinte e seis cartas. A primeira
carta que ela colocou foi um dois de espadas. Hades colocou uma rainha de
paus.
“Isso significa que tenho três chances de conseguir outra carta de rosto”,
explicou ela.
Sua próxima carta era um rei.
“Agora você tem quatro chances de obter uma carta de rosto.”
"Tudo bem."
Sua primeira carta foi um cinco de ouros, a seguinte um três de paus e a
terceira um valete de copas. Então, foi a vez de Perséfone - felizmente, ela
colocou outro cartão de rosto.
“Agora você tem uma chance de tirar uma carta de rosto”, disse ela.
O que ele tirou foi um dez de espadas.
Rapidamente, a mão de Hades desceu sobre o convés com um estrondo
alto.
Perséfone se encolheu e olhou para ele com surpresa. Ela não esperava que
ele se movesse tão rápido – ou se lembrasse tão bem das regras.
"O que?" ele perguntou quando notou a expressão dela. “Você disse para
dar um tapa.”
“Isso não foi um tapa, foi mais como uma colisão.”
Ele sorriu. “Eu só quero muito ganhar.”
Ela levantou uma sobrancelha. — Achei que você estivesse intrigado com
minha aposta.
“Sim, mas posso fazer sua aposta se tornar realidade a qualquer
momento.”
"E você não acha que eu posso fazer sua fantasia se tornar realidade a
qualquer momento?"
Os lábios de Hades se curvaram. "Você pode?"
Eles se encararam por um instante. A tensão entre eles se acumulando
rapidamente, uma tempestade no horizonte. Parte dela queria descartar o
jogo completamente apenas para incorporar o corpo dele no dela.
Então Hades falou, sua voz baixa e rouca. "Devemos continuar?"
O jogo deles progrediu — uma troca quase interminável de cartas. A certa
altura, Hades só tinha uma carta sobrando - a vitória de Perséfone estava
próxima. Ela estava tão animada que podia sentir o gosto.
“Não pareça tão presunçoso, querida. Voltarei com este cartão”,
prometeu.
E quando ele largou a carta, era um dez.
Ele deu um tapa no baralho e reivindicou as cartas - um vencedor.
Perséfone o encarou.
"Você trapaceou!" Ela acusou.
Hades riu. “Reivindicação de um perdedor.”
“Cuidado, meu senhor – você pode ter vencido, mas eu sou responsável
pela experiência. Você quer que seja bom, não é?”
Ela não tinha certeza do que ele ia pedir – uma fantasia de algum tipo. O
que ele desejou? Ela pensou na vez em que ele ameaçou levá-la em seu
escritório de vidro. Talvez ele tivesse desejos mais sombrios – submissão ou
escravidão ou interpretação. Ela mal conseguia respirar enquanto esperava
que ele falasse – instruísse.
Então ele se levantou, afrouxando a gravata e as abotoaduras. Persephone
inclinou a cabeça para trás, o olhar percorrendo os planos de seu físico
musculoso.
"Dez segundos", disse ele.
Perséfone franziu as sobrancelhas. Ela esperava que outras palavras
saíssem de sua boca como... se despir ou talvez se ajoelhar.
"O que?" Talvez ela o tivesse ouvido mal. Não havia como ela interpretar
mal a tensão nesta sala. Seu olhar mergulhou onde sua ereção esticada contra
sua calça.
Ela não tinha.
“Você tem dez segundos para se esconder. Então eu vou
procurá-lo.” “Sua fantasia é esconde-esconde?” ela perguntou.
"Não. Minha fantasia é a perseguição. Eu vou caçar você e quando eu te
encontrar, vou me enterrar tão fundo dentro de você que a única coisa que
você vai conseguir dizer é meu nome.”
Isso parecia justo.
Ela fingiu considerar esta proposta e disse: "Você vai usar magia?"
Seu sorriso se alargou. "Oh, isso vai ser muito mais divertido com magia,
querida."
Ela estreitou os olhos. “Mas este é o seu reino. Você saberá em todos os
lugares
Eu vou."
"Você está me dizendo que não deseja ser pego?"
Foi a vez dela sorrir. Sem outra palavra, ela se teletransportou e apareceu
no jardim de Hades. Ela aterrissou ao ar livre, no caminho de pedra negra que
serpenteava por entre flores coloridas e árvores escuras. Ela disparou para a
folhagem, abaixando-se sob cortinas de glicínias e ramos de salgueiro.
Ela sentiu Hades aparecer. Ele era calor, uma chama que aqueceu sua pele
e ela foi atraída por ela como uma mariposa. Ela se apertou contra o tronco
do salgueiro, observando-o através de seus membros graciosos.
Ele se virou em sua direção, dando passos deliberados, mas cuidadosos em
direção a ela.
"Pensei em você o dia todo", disse ele, e um arrepio passou por ela. Ela se
afastou da árvore e vagou pela beira do jardim. Hades continuou seguindo e
falando.
“O jeito que você prova, a sensação do meu pau deslizando dentro de você,
o jeito que você geme enquanto eu te fodo.”
Perséfone chegou ao muro do jardim, o coração batendo mais rápido. Ela
estava presa. Ela se virou para encontrar Hades bloqueando seu caminho, seu
olhar faminto. Ele estendeu um braço e depois o outro, prendendo-a entre
ele. Sua respiração acariciou seus lábios enquanto ele falava.
“Eu quero te foder com tanta força que seus gritos chegam aos ouvidos dos
vivos.”
Os lábios de Perséfone se curvaram e ela se inclinou para perto, a língua
saindo para provar os lábios dele antes de perguntar sem fôlego: "Por que
não?" Então ela desapareceu.
Ela apareceu em Asphodel, no centro de suas ruas lotadas. Era um dia de
mercado, o que significava que as almas saíam em massa, negociando as
mercadorias que faziam no conforto de suas casas. O cheiro de fermento de
pão, chás amargos e canela doce pairava no ar.
“Senhora Perséfone!”
"Minha dama!"
"Perséfone!"
As almas a chamaram e começaram a atacá-la. As crianças ficaram
especialmente felizes em vê-la e se espremeram entre as almas mais velhas
para alcançá-la, abraçando suas pernas e agarrando suas mãos.
“Venha brincar com a gente, Perséfone!”
“Eu sinto muito, todo mundo. Receio estar... no meio de um jogo com
Senhor Hades.”
"Que tipo de jogo?" Uma das crianças perguntou.
“Podemos brincar também?” Disse outro.
Ela realmente deveria ter mantido a boca fechada, mas quando Hades
chegou, as almas de Asphodel voltaram sua atenção para ele.
“Hades!” as crianças choraram e correram em sua direção. O Senhor do
Mundo Inferior pegou um – o menor, Theo – e o ergueu no ar. A criança riu e
Hades sorriu. Era um sorriso de tirar o fôlego e atingiu seu coração como uma
flecha. Mais uma vez, ela se viu pensando em Hades como um pai.
Ela engoliu.
“Hades, brinque conosco!” eles choraram.
"Receio ter feito uma promessa a Lady Perséfone que devo cumprir", disse
ele. "Mas vou fazer uma promessa a você agora - Lady Perséfone e eu
voltaremos a jogar o mais rápido possível."
Ele nivelou seu olhar com o dela, e ficou claro que ele ainda estava
concentrado em seu objetivo.
“Vamos visitar em breve!” Perséfone prometeu e desapareceu. Hades o
seguiu - ela podia sentir a magia dele se entrelaçando com a dela, e quando
eles apareceram, foi nos Campos de Asfódelos.
Ele a beijou e, por um breve momento, Perséfone esqueceu que eles
estavam no meio de uma perseguição. Foi áspero e sua língua colidiu com a
dela. Ele bebeu profundamente, como se desejasse consumir sua essência.
Seus dedos cavaram em seus braços musculosos enquanto ela segurava, se
afogando em seu poder.
Ela conseguiu voltar a seus sentidos e se afastar. Hades pareceu surpreso,
e seus olhos escureceram. Ele agarrou a frente de seu vestido e a puxou
contra ele, rasgando o tecido em dois para que expôs seus seios. Ele pegou
cada um em sua mão e os cobriu com a boca, trabalhando seus mamilos com
sua língua quente até que eles estivessem provocantes. Então ele beijou seu
pescoço, suas mãos substituindo sua língua enquanto beliscava cada conta
apertada.
A cabeça de Perséfone caiu para trás enquanto ela engasgava, e Hades
rosnou baixo em sua garganta. "Render."
Sua cabeça girou, cercada pelo cheiro dele. Ele se afastou o suficiente
para que ela pudesse ver seu rosto e quando ela encontrou seu olhar, ela
respondeu. "Não." Foi uma das coisas mais difíceis que ela já fez em sua
vida.
Então ela desapareceu.
Desta vez, ela apareceu na cavernosa sala do trono de Hades. Apesar de ter
várias janelas, grande parte da sala foi deixada na escuridão. Ela subiu ao
trono e sentou-se. A obsidiana estava escorregadia e fria contra seus braços
e costas, e apesar do fato de que seu vestido estava rasgado, ela estava
sentada com as costas retas, os seios expostos.
Se Hades pensou que esta era sua vitória, ele estava enganado.
Quando ele se materializou e a viu em seu trono, seus olhos pareceram
escurecer, e seus lábios se curvaram em um sorriso sedutor. Ele estava
faminto, e seu desejo permeava o ar. Cheirava a especiarias e fumaça e ela se
inclinou para ele, querendo prová-lo.
“Minha rainha,” ele disse, e foi em direção a ela.
“Pare!” ela ordenou. Para sua surpresa, Hades obedeceu imediatamente,
embora estivesse claro que ele não queria – suas mãos em punhos, e sua
mandíbula apertada, seus ombros tensos. Antes que ele pudesse protestar,
porém, ela deu outro comando. "Despir."
Ele a observou por um momento, e seus lábios se curvaram. “Para alguém
que não gosta de títulos, você com certeza está comandando.”
Ela olhou para ele. “Devo me repetir?”
Agora Hades estava sorrindo. Ele ergueu a mão e Perséfone o parou.
“Não com magia. O caminho mortal. Devagar." "Como você quiser",
disse ele.
Hades demorou para desabotoar a camisa e as calças. Ele tirou a camisa
primeiro, mostrando sua pele polida e os músculos de seus braços e
estômago. Em seguida, ele deslizou para fora de suas calças, revelando sua
ereção grossa e pesada.
Quando ele terminou e ficou nu diante dela, ela se sentou na beirada de
seu trono, suas mãos agarrando os braços. Ela considerou alcançá-lo,
envolvendo os dedos ao redor de seu pênis, mas se conteve.
"E seu cabelo", disse ela. "Detenha-o."
Ele estendeu a mão, músculos maciços flexionando, enquanto desamarrava
seu cabelo geralmente penteado para trás. As longas e escuras mechas caíam
ao redor de seus ombros em ondas fazendo-o parecer selvagem e indomável.
Isso a emocionou.
Mas havia mais uma coisa que ela queria.
"Abandone seu glamour", disse ela.
Os cantos de sua boca se ergueram. "Eu vou se você for."
Ela olhou para ele por um momento, então soltou sua magia. Era como
deixar cair uma capa pesada sobre ela ou perder a pele que se tornou
provocante e vagamente desconfortável. Os olhos de Hades varreram todo o
seu corpo - de seus chifres esbeltos e brancos que se retorciam de uma cabeça
de cabelos dourados rebeldes até seus pés descalços, sujos de correr pelo
jardim e Asphodel. Não deveria parecer tão íntimo porque a maneira como
ele olhava para ela era familiar, mas quando seus olhos escuros encontraram
os dela, ela sentiu como se pudesse implodir com a intensidade.
Ele largou seu glamour em seguida. Perséfone adorava ver Hades se
transformar. Sua magia evaporou como fumaça, descascando de seu corpo
para revelar o antigo deus abaixo. Hades não estava frequentemente em sua
forma Divina, o que era estranho, considerando que ele encorajou Perséfone
a permanecer na dela. Seus chifres eram negros, letais e, no entanto,
graciosos, com as mesmas curvas esbeltas de uma gazela. A escuridão de seus
olhos queimou para revelar íris azuis elétricas.
Ela se levantou então, estudando-o tão atentamente quanto ele era ela, e
se aproximou.
“Não se mova,” ela sussurrou.
Ela pensou que o ouviu gemer, mas não podia ter certeza.
Ela colocou a palma da mão em seu peito. Seu corpo era um inferno sob
sua mão, tão quente quanto o Rio Phlegethon. Sua pele era lisa e seus
músculos duros. Ela o explorou — seu abdômen e seus lados, movendo-se
para baixo até que sua mão entrou em contato com sua ereção. Quando seus
dedos se fecharam ao redor dele, Hades inalou, suas mãos tão apertadas que
ela tinha certeza de que ele havia perfurado a carne.
Ela olhou para ele, acariciando-o até que uma gota grossa de gozo brilhou
na ponta de seu pênis. Ela o removeu com o dedo e o levou à boca. Hades
assistiu como um predador. Ela estava empurrando seus limites, mas isso é o
que ela queria.
Ela voltou para o trono dele, sem tirar os olhos dele, o gosto dele em seus
lábios, e disse: “Venha”.
Agora Hades sorriu. "Apenas para você."
Ela considerou desaparecer novamente, mas Hades estava sobre ela
instantaneamente. Ele rasgou o resto de suas roupas e a levantou de seu
trono pela cintura. Ela não tinha vontade de resistir a ele. Ela se fundiu com
ele – peito a peito, pernas ao redor de sua cintura, pele macia ao músculo de
ferro.
Hades a penetrou e um grito gutural escapou do fundo de cada um deles.
“Eu estava começando a pensar que tudo que você queria fazer era olhar,”
ele disse contra sua pele.
Ela respondeu com um gemido quando ele alavancou seu peso e começou
a se mover para dentro e para fora. Cada polegada escorregadia dele a enchia
a ponto de explodir.
"Eu queria você", ela conseguiu. “Eu queria foder no momento em que
estivéssemos sozinhos.”
Sua voz era um sussurro agora, rouca e grossa de prazer. Cada vez que ele
empurrava, ela parava de falar, deleitando-se com o prazer destruindo seu
corpo. “E em vez de foder, você pediu um jogo, por quê?” "Eu gosto de
preliminares", disse ela, mordiscando sua orelha.
A risada de Hades se transformou em um rosnado e ele a beijou com força,
batendo nela por alguns momentos descontrolados. Os gritos de Perséfone
encheram a sala do trono, mas suavizaram quando seu impulso diminuiu. Foi
uma doce tortura, ele a estava arrastando para a beira de um penhasco,
segurando-a por um fio.
Hades era o vício supremo. Ele era um prazer glorioso, uma felicidade
inebriante que ela queria o tempo todo.
"Eu odeio esperar por você", disse ela.
"Então me encontre", disse Hades, beijando seu pescoço.
"Você está ocupado."
"Sonhando em estar dentro de você", disse ele.
Ela conseguiu dar uma risada ofegante.
"Eu amo essa risada", disse ele, beijando-a.
"Eu te amo", disse ela.
Algo mudou quando ela pronunciou essas palavras. Hades encontrou o
olhar dela e o segurou enquanto se sentava na beirada de seu trono.
Perséfone manteve as pernas em volta da cintura dele.
"Diga de novo", disse ele.
Ela o estudou por um momento e torceu seu cabelo em torno de seus
dedos. Seria sua tábua de salvação porque ela sabia pela voz de Hades e pelo
jeito que ele olhava para ela, que ela estava prestes a ser consumida.
“Eu te amo, Hades,” ela disse suavemente.
Seu sorriso era de tirar o fôlego, e ele a beijou, ajudando-a a se mover para
cima e para baixo em seu eixo.
"Eu amo Você. Você é a perfeição,” ele disse, apertando seu traseiro onde
ele ainda a segurava. "Você é meu amante. Você é minha rainha."
Ele se inclinou para trás e deslizou a mão entre eles. Uma nova sensação a
abordou enquanto ele acariciava sua fenda. Ela gemeu e assumiu o controle,
montando-o mais forte, mais rápido, sentindo-o mais profundo do que nunca.
Hades respondeu, encontrando seus impulsos. O bater de seus corpos era
cruel, e eles vieram brutalmente. Perséfone caiu contra ele, seus corpos
escorregadios e quentes, enquanto lutavam para recuperar o fôlego.
Depois de alguns momentos, ela sentiu Hades beijar seu cabelo.
"Por que esta é a primeira vez que estou ouvindo sobre suas fantasias?" ela
perguntou.
Quando ele não respondeu imediatamente, ela olhou para ele.
“Como eu verbalizo uma coisa dessas?” Ele perguntou.
Ela deu de ombros. "Eu suponho que você apenas... me diga o que você
quer", disse ela. “Não é isso que você quer de mim?”
Um sorriso puxou seus lábios. "Sim", ele respondeu. “Então me diga, qual
é a sua fantasia?”
Perséfone não esperava essa pergunta, e apesar de estar deitada nos
braços de seu amante, nua e coberta de suor por ter feito amor, ela corou.
"Eu... não acho que tenho um", disse ela.
"Você vai me perdoar se eu não acreditar em você", disse ele.
“Não,” ela disse. "Eu não vou - é da sua natureza detectar mentiras."
Hades ofereceu uma pequena risada e então, “Mas o que será preciso?
Para saber de suas fantasias?
Perséfone não respondeu imediatamente enquanto passava o dedo pelo
peito musculoso dele.
"Um dia... eu quero que você... me contenha", disse ela.
Ela notou o quão duro Hades engoliu, mas ele não riu e por isso, ela estava
grata.
"Eu sempre farei o que você pede", disse ele.
Eles ficaram em silêncio por um longo momento, então Perséfone falou.
"E você?" Sua voz estava calma. “Que outras fantasias vivem nessa sua
cabeça?”
Hades riu, seus braços apertando em torno de seu corpo
escorregadio. "Querida, toda vez que eu te fodo é uma fantasia."
CAPÍTULO XVII – UM TOQUE DE
SOMBRA
Persephone foi trabalhar na manhã de segunda-feira. Ela havia recebido
um e-mail de Helen na noite anterior pedindo uma reunião logo de cara. Ela
tinha uma atualização sobre a Tríade e sua liderança e Perséfone estava
ansiosa para descobrir o que ela havia aprendido. No caminho, ela abriu seu
tablet para acompanhar as notícias. A primeira manchete que chamou sua
atenção foi a maior e estava localizada sob um banner que dizia as últimas
notícias.
Um indivíduo que se identifica como membro do Movimento do
Renascimento, uma seita de mortais ímpios, afirma ter descornado
com sucesso uma deusa.
***
– Homero, A Ilíada
CAPÍTULO XIX – A ILHA DE LAMPRI
Quando Perséfone acordou, ela estava em uma cama desconhecida. Sua
língua estava inchada, mas ela podia respirar, sua garganta não estava mais
cheia de sangue. Ela ergueu os braços, sua pele lisa e imaculada da magia que
ela usou para se defender no porão do Clube Aphrodisia. Ela foi curada, e
ainda assim ela não podia deixar de sentir como se tivesse falhado porque ela
não tinha sido capaz de fazer isso sozinha.
Ela se sentou, vasculhando a sala iluminada em busca de Hades. Não
demorou muito para que ela o encontrasse. As portas da varanda estavam
abertas, deixando entrar ar fresco e salgado que movia as cortinas de gaze
sobre a cama. Do lado de fora, Hades estava sentado. Ela escorregou da cama,
enrolou o lençol ao redor de seu corpo e se juntou a ele.
Ele usava uma túnica preta e se inclinou para frente, os cotovelos apoiados
nas coxas, um copo de uísque preso entre os dedos. Suas feições eram
severas, sobrancelhas unidas, mandíbula apertada. Ele parecia absorto em
pensamentos e ela estava com um pouco de medo de perturbá-lo, mas ela
queria ver seus olhos.
"Hades", ela sussurrou.
Ele olhou para ela, seu olhar tempestuoso e ela se perguntou que tipo de
batalha ele estava travando lá dentro?
"Você está bem?" ela perguntou.
“Não,” ele disse, e a resposta a fez estremecer. Ele tomou um gole de seu
copo e seu olhar voltou para seus pés. Hesitante, ela se aproximou e estendeu
a mão para enfiar os dedos pelo cabelo dele. Estava molhado e cheirava
fortemente a especiarias. Ela respirou fundo, confortada por isso.
“Hades,” ela disse o nome dele novamente. Desta vez, ele levou mais
tempo para levantar os olhos para ela. "Eu amo Você."
Ela notou como ele engoliu em seco e desviou os olhos. Ela suspirou e
pegou o copo dele, sentado na mesa ao lado dele. Ela conseguiu escarranchá-
lo na pequena cadeira, um joelho de cada lado de suas pernas. Ela pegou o
rosto dele entre as mãos e roçou os polegares em suas bochechas. Ele era tão
bonito e tão quebrado.
“Você vai me dizer como está se sentindo?”
“Eu não sei se há algo a dizer,” ele respondeu.
Ela o estudou por um longo momento. "Você está bravo comigo?"
“Estou com raiva de mim mesmo por deixar você ir, por confiar em outro
para cuidar de você.”
“Eu pedi Hermes—”
"Ele fez um juramento", ele rosnou, cortando-a. Perséfone congelou por
um momento, pega de surpresa pela raiva de Hades. Ela não estava acordada
tempo suficiente para pensar sobre isso. Ela tinha acabado de vê-lo e o queria.
Ela deveria saber que ele levaria o dele para o lado pessoal. Ele se culpava por
Pirithous, ele se culparia por isso também.
Ainda assim, ela tentou explicar.
"Hades", ela colocou as mãos em seu peito. "Eu me machuco. Eu falhei. Eu
não podia curar.”
A mandíbula de Hades se apertou.
"Estou bem", disse ela. "Estou aqui."
“Mal,” ele disse com os dentes cerrados.
Foi a primeira vez que ela notou que as mãos de Hades não estavam sobre
ela. Em vez disso, eles agarraram os braços de sua cadeira. Quando ela viu
isso, ela escorregou do colo dele e deu um passo para longe, as costas
batendo no corrimão da varanda.
“Eu não sei o que fazer,” ela disse impotente.
"Você pode parar", disse ele, seu olhar cheio de raiva. “Você pode decidir
não se envolver. Você pode parar de tentar mudar a mente das pessoas e
salvar um mundo. Deixe que as pessoas tomem suas decisões e enfrentem as
consequências. É como o mundo funcionava antes de você e é como o mundo
continuará.”
Ela empurrou para fora da varanda, endireitando-se sob suas palavras
raivosas.
“Isso é diferente, Hades, e você sabe disso. Este é um grupo de pessoas que
conseguiram capturar e subjugar deuses.”
"Eu sei exatamente o que é", ele rosnou. “Já passei por isso antes e
Eu posso protegê-lo disso.”
"Eu não pedi para você me proteger disso", disse Persephone, sua voz
subindo.
“Eu não posso te perder,” ele se levantou, prendendo-a, seus dentes à
mostra. “Eu quase fiz, você sabe disso? Porque eu não conseguia acertar
minha mente para curá-lo. Eu segurei homens e mulheres e crianças para mim
enquanto eles sangravam como você sangrou. Eu tive meu rosto borrifado
com o sangue deles. Fiz com que implorassem por sua vida — uma vida que
não pude estender, curar ou presentear porque não posso lutar contra seu
destino. Mas você... você não implorou pela vida; você nem estava
desesperado por isso. Você estava em paz.”
"Porque eu estava pensando em você", ela cuspiu de volta para ele. Era
como se ele tivesse enfiado uma faca no peito dela. Seu coração estava aberto
e exposto, batendo com toda a sua dor e a dele. Hades congelou. "Eu não
estava pensando em vida ou morte ou qualquer coisa, mas o quanto eu te
amava e eu queria dizer isso, mas eu não podia..."
Ela parou. Ela não precisava explicar mais — Hades já sabia por que ela não
tinha sido capaz de falar, e ela não queria lembrá-lo do horror que ele
experimentou enquanto ela estava inconsciente e sangrando. Seu olhar
permaneceu em seu rosto antes de sua cabeça cair na curva de seu pescoço
e seu corpo tremer contra o dela. Ela não disse nada enquanto sentia as
lágrimas quentes ensopando sua pele. Levou muito tempo antes que ele se
recompusesse, e quando ele se afastou, seus olhos estavam escuros e
avermelhados. Ela nunca o tinha visto assim antes.
Esta era sua dor, real e crua.
Ela pressionou a mão na bochecha dele. "Você vai me levar para a cama?"
"Vou levá-la aqui", disse ele, e se inclinou para beijá-la. Ele tinha gosto de
sal e uísque e falou contra sua boca. “E então eu vou te levar na cama e depois
no chuveiro, e na praia. Vou levá-lo em cada superfície desta casa e cada
centímetro desta ilha.”
Suas mãos se moveram para os quadris dela, e ele a puxou contra ele
enquanto voltava para a cadeira. Ela deixou o lençol cair de seu corpo antes
de montar nele. As mãos de Hades em concha em seus seios e então ele
tomou seus mamilos em sua boca. Persephone enfiou os dedos pelos cabelos
dele enquanto ele trabalhava, sua respiração ficando rasa, seu corpo se
movendo contra sua ereção, que ainda estava coberta pelas vestes que ele
usava. Ela ficou frustrada, querendo sentir pele contra pele e os separou,
expondo seu peito e sua carne inchada. Ela se moveu contra seu calor, a
fricção deixando-a mais molhada.
As mãos de Hades se moveram para sua bunda, apertando enquanto ela
balançava contra ele, então seus dedos deslizaram dentro dela e ela
estremeceu. Ela passou alguns minutos se aquecendo na sensação dele, mas
logo desejou mais. Ela o puxou livre e alcançou seu pênis, guiando-o dentro
dela. Ela se apertou contra ele, sentindo-se frenética e desesperada. O cabelo
arrastando de seu estômago para sua virilha provocou seu clitóris. Enquanto
ela assumiu o controle, Hades se inclinou para trás, os braços esticados sobre
a cabeça, segurando o topo da cadeira. Ele observou o rosto dela, os olhos
brilhando, ainda cheios de sombra.
Logo suas mãos voltaram para a cintura dela, e ele a ajudou a se mover, se
esfregando nela. A sensação dele era um tônico que ela levaria para o resto
de sua vida. Trouxe vida aos seus membros e chamas à sua alma. A boca dele
se moveu sobre o ombro dela, os dentes roçando sua pele. Suas respirações
se misturaram; seus gemidos começaram a sair em rápida sucessão.
Persephone sentiu o fundo de seu estômago apertar, seus músculos se
apertaram ao redor do pênis de Hades, e sua liberação quente se derramou
nela.
Ela desmoronou contra ele, respirando com dificuldade. Depois de um
longo momento, ela se mexeu, pressionando um beijo em seu peito antes de
se endireitar com Hades ainda dentro dela. Ela sorriu.
"Você está cansado?"
"Eu nunca me senti mais vivo", disse ele, e parecia que um pouco da
escuridão havia diminuído de seus olhos. Ela o beijou - longo e lento, sua
língua lambendo a dele até que ele estivesse duro mais uma vez. Ela se
afastou e descansou a cabeça contra o peito, contente em ficar assim para
sempre.
"Onde estamos?" ela perguntou, sua voz era calma.
“Estamos na ilha de Lapri”, respondeu. “Nossa ilha.”
"Nosso?"
"Eu já tive isso", disse ele. “Mas raramente venho. Depois que eu encontrei
você no clube, eu não queria ir para o Mundo Inferior. Eu não queria estar em
nenhum lugar, a não ser sozinho. Então, eu vim aqui”.
Houve outro longo período de silêncio.
“Você sabe se Tyche sobreviveu?”
Foi então que as mãos de Hades se apertaram ao redor dela.
"Não", disse ele. "Ela não."
***
Mais tarde, Hades deu a Perséfone seu telefone, o que permitiu que ela
falasse com Sybil, Leuce e Zofie. Eles criaram um texto em grupo para dizer
que a amavam. Seus olhos lacrimejaram com suas doces mensagens. Ela os
informou que estava bem e perguntou por eles.
Estamos bem. Zofie se certificou de que chegamos em casa seguros, disse
Sybil e ela explicou o que aconteceu lá em cima. Sabíamos que algo estava
errado quando as pessoas saíram das sombras gritando que um deus estava
atacando as pessoas. Não sabíamos se era Hermes ou... Hades.
Mas não tinha sido nenhum dos dois.
Foi Afrodite.
Tinha sido ela. De repente, ela se lembrou da carnificina que havia causado.
Quantas pessoas ela matou?
Ela colocou o telefone de lado e quando Hades entrou no quarto, ele fez
uma pausa.
"O que está errado?"
“Quantas pessoas eu matei?” ela sussurrou.
Hades fez uma pausa e então perguntou: “Do que você se lembra?”
“Hades—”
“Ajudará saber?” ele perguntou.
Ela abriu a boca para falar, mas não sabia como responder.
"Pense nisso", disse ele. “Digo isso como um deus que sabe a resposta.”
Depois, caminharam pela praia. Era estranho ver Hades em um lugar tão
brilhante vestido com nada, mas um pano enrolado em sua cintura. Sua pele
estava polida sob o sol, transformando-se em um bronze dourado. Ela não
conseguia desviar o olhar.
"Por que você está olhando?" ele perguntou.
“Isso te incomoda?” ela perguntou, franzindo a testa.
"Não", disse ele, na verdade. “Isso me faz querer foder.” Ela
sorriu.
Quando chegaram à praia, ela correu para o oceano gritando de alegria
enquanto a água corria sobre ela, encharcando a barra de seu vestido branco.
Ela se virou para encontrar Hades caminhando em direção a ela.
“Há quanto tempo?” ela perguntou a Hades. "Desde que você visitou o
oceano?"
"Para se divertir?" ele perguntou. “Eu mal sei.”
"Então vamos tornar isso memorável", disse ela, levantando-se em seu
corpo, os dedos cavando em seus ombros largos e musculosos enquanto ela
envolvia as pernas ao redor de sua cintura. Seu pênis se acomodou contra ela,
e seus dentes roçaram seu lábio inferior.
"Eu te amo", ela sussurrou.
Suas bocas e corpos se fundiram. Seu sangue pulsava, dispersando seus
pensamentos. Suas mãos deslizaram sobre a pele um do outro, apreciando a
sensação um do outro. Quando os dedos de Hades se apertaram em seu
traseiro, esmagando-a com uma ferocidade desesperada que ela queria
igualar, eles se separaram, os lábios latejando.
"Eu quero te mostrar uma coisa", disse ele.
Ela levantou uma sobrancelha, sua luxúria superando qualquer outro
pensamento. "É o seu pau?"
Ele riu. “Não se preocupe, minha querida. Eu vou te dar o que você quer,
mas não aqui.”
Eles deixaram a água e Hades a guiou pela praia em direção a um bosque
de plantas e árvores tropicais. Além deles havia um caminho que se tornou
rochoso ao se aproximar de uma caverna aberta. Logo lá dentro, havia um
conjunto de degraus que desciam em espiral em uma gruta. A água tinha a
cor de centenas de safiras cintilantes. Acima deles, o telhado havia
desmoronado, permitindo que um fluxo de luz solar quente se infiltrasse,
atingindo a água. A vegetação luxuriante crescia dentro das paredes da
caverna, derramando-se sobre a superfície áspera.
Perséfone olhou, impressionada com o quão bonito era.
"Você gosta disso?" ele perguntou.
"É lindo."
Hades sorriu e começou a descer outro conjunto de degraus que levavam
à água. Ele tirou a cobertura em sua cintura e ficou nu, virando-se para
encará-la. Quando ela se aproximou dele, Hades saiu da borda, afundando na
piscina profunda. Ela o observou emergir a alguma distância da costa.
Seus olhos brilhavam, escuros e reverentes.
“Você vai se juntar a mim?”
Ela puxou o vestido fino sobre a cabeça, descartando-o ao lado dela
enquanto mergulhava na água. Hades a pegou pela cintura, pressionando
seus lábios nos dela enquanto eles vinham à tona. Flutuando na gruta, ele fez
amor com sua boca quando ela alcançou entre eles, guiando seu pênis entre
suas pernas para que ela pudesse senti-lo ali. Sua respiração ficou presa
quando os lábios dele deixaram sua boca, arrastando sua mandíbula.
“Construirei templos em homenagem ao nosso amor e te adorarei até o fim
do mundo. Não há nada que eu não sacrificaria por você,” ele se afastou para
olhar para ela, olhos como estrelas cintilantes. "Você entende isso?"
"Sim", disse ela, apertando seu aperto em torno dele. “Eu vou te dar tudo
o que você sempre quis, até coisas que você pensou que viveria sem.”
Suas bocas colidiram novamente, e Hades a agarrou, guiando-os para trás
em direção a um declive na parede rochosa onde uma cachoeira escorria
mantinha uma caverna maior obscurecida. Ele a levantou da água e caminhou
até ela, guiando-a contra a parede da caverna. Um braço esticado para cima,
o outro encontrou apoio ao lado de sua cabeça. Ela segurou seu olhar
ardente.
“Há algo sombrio que vive dentro de mim”, disse ele. “Você viu.
Você reconhece agora, não é? Ela
assentiu.
“Ele quer você de maneiras que o assustariam.”
Ele estava dizendo isso para assustá-la? Porque teve o efeito oposto,
enviando um arrepio de excitação pela espinha.
"Conte-me."
“Essa parte de mim quer você rezando pelo meu pau. Contorcendo-se
debaixo de mim enquanto eu bato em você. Implorando pela minha vinda
para te encher.”
Perséfone manteve as mãos pressionadas na parede, as unhas raspando na
rocha atrás dela. Ela olhou para ele através de seus cílios, sentindo-se tímida
e ousada.
“Como você prefere receber a oração, meu senhor?”
"De joelhos", disse ele.
Ela o observou enquanto se ajoelhava, ao nível de sua ereção. Hades juntou
seu cabelo em uma mão, enrolando-o em torno de seus punhos até que seu
couro cabeludo formigou com dor.
"Chupe-me", ele ordenou, e ela obedeceu.
Tomando-o em sua boca, esbanjando sua coroa com sua língua, chupando
a ponta até que ela provou seu gozo. Hades gemeu, sua mão apertando o
cabelo dela, trazendo lágrimas aos olhos dela, mas ela continuou, querendo
brincar com a escuridão surgindo na mordida de seu aperto. Quando ele
começou a empurrar em sua boca, tudo o que ela podia fazer era receber, um
recipiente para seu prazer. Suas duas mãos seguraram a cabeça dela, seus
músculos inchados, sua respiração irregular. Ela pensou que ele viria, mas ele
se retirou de repente, arrastando-a para seus pés rudemente, moldando sua
boca na dela. Ela ampliou sua postura enquanto ele guiava seu pênis entre
suas pernas, provocando sua abertura, escorregadia com a necessidade dele.
“Hades...” Sua voz saiu estrangulada – um apelo que ele respondeu
segurando seus quadris e batendo nela. Enquanto ele a empurrava contra a
parede, outra mão pousou em seu pescoço, seu rosto pressionado contra o
dela enquanto ele se movia. Cada impulso extraiu um gemido desesperado
de sua garganta, seus dedos morderam seus ombros, raspando sua pele. A
boca de Hades voltou para a dela, a língua provando, os dentes raspando. Ele
beijou e se moveu com uma ferocidade que ela não tinha sentido antes e isso
arrancou palavras e sons sujos de sua boca que ela nunca tinha dito ou ouvido
antes.
"Eu quero sentir sua liberação", disse ela, arqueando as costas, suas
omoplatas cortando a rocha. “Eu quero seu gozo dentro de mim,” sua
respiração ficou presa em sua garganta.
“Eu quero senti-lo escorrer pelas minhas coxas,” os calcanhares dela
cravaram em sua bunda.
"Eu quero estar tão cheio de você, eu só gosto de você por dias," sua boca
fechou sobre o lóbulo de sua orelha e ela chupou forte.
Enquanto ela falava, Hades continuou a empurrar, sua boca se moveu para
seu pescoço onde ele chupou sua pele e a mordeu com força. Ela gritou com
a doce picada, quando a vibração de seu primeiro orgasmo começou a
balançar através dela - continuou, não chegando ao pico, apenas durou até
que seu corpo inteiro tremeu, e quando Hades gemeu, oferecendo um
rosnado selvagem, ela sentiu o calor de sua liberação dentro dela.
Eles ficaram grudados um no outro por um tempo, até que Hades se
afastou e a levantou em seus braços, teletransportando-se para o quarto
onde ele a deitou na cama. Ela esperava que ele se estendesse ao lado dela,
mas em vez disso, ele se ajoelhou entre suas pernas e beijou suas coxas até
que sua boca cobriu seu clitóris, sua língua docemente devorando sua pele
inchada.
“Hades,” ela sussurrou seu nome de novo e de novo. Suas mãos
mergulharam em seu cabelo e então caíram nos lençóis embaixo dela,
torcendo quando outro clímax a atravessou, e quando ela desceu do alto,
Hades finalmente descansou ao lado dela.
Exausta, ela caiu em um sono profundo.
Mais tarde ela acordou, encontrando Hades dormindo ao lado dela. Ele
estava deitado de bruços, seus dedos enfiados nos dela. Ele parecia pacífico,
os tentáculos da escuridão que se agarraram a ele horas antes, banidos pelo
sono. Ela o observou por um tempo e então se desvencilhou de suas mãos,
vestindo um roupão e saindo. Ela se encostou no parapeito da sacada,
observando a noite. Era pacífico aqui, intocado pela destruição de sua mãe.
E parecia errado estar aqui, errado sentir-se tão feliz quando reinava tanto
caos.
“Por que você franziu a testa?” Hades perguntou.
Sua voz a assustou, e ela se virou para encontrá-lo na porta, seu corpo nu
envolto em luz do quarto. O calor floresceu em sua barriga quando seus olhos
caíram para sua carne ereta e ela pensou em como ele olhou para ela na
gruta, as palavras eróticas que ele disse, a restrição que ele quebrou.
Ela engoliu em seco e sacudiu os pensamentos de sua cabeça.
"Você sabe que não podemos ficar aqui", disse Perséfone. “Não com o que
deixamos para trás.”
"Mais uma noite", disse Hades - implorou.
“E se for tarde demais?”
Hades não falou. Ele deixou seu lugar na porta e veio até ela, segurando
seu rosto, os olhos procurando.
“Não posso convencê-lo a ficar aqui?” ele perguntou. “Você estaria seguro,
e
Eu retornaria a você a cada momento livre.”
Suas mãos se fecharam sobre seus
antebraços.
"Hades", ela sussurrou. “Você sabe que eu não vou. Que tipo de rainha eu
seria se abandonasse meu povo?”
Seus lábios se inclinaram para cima, mas seu olhar estava triste. “Você é a
Rainha dos Mortos, não a Rainha dos Vivos.”
“Os vivos eventualmente se tornam nossos, Hades. De que nos serve se os
abandonarmos em vida?”
Hades suspirou e descansou sua testa contra a dela.
"Eu gostaria que você fosse tão egoísta quanto eu", disse ele.
"Você não é egoísta", disse ela. “Você me deixaria aqui para ajudá-los,
lembra?”
Seu olhar caiu para os lábios dela e ele a beijou, suas mãos deslizaram para
sua cintura, mergulhando sob seu roupão, alcançando seu centro quente.
Perséfone engasgou, o nome dele em seus lábios.
"Hades," ela respirou contra seus lábios.
"Se não mais uma noite, pelo menos mais uma hora", disse ele.
Como ela poderia dizer não?
Os braços dela se fecharam ao redor do pescoço dele quando ele a ergueu
para a beirada da sacada, os dedos mergulhando em sua carne lisa por tempo
suficiente para provocar um gemido. Quando ele se retirou, as unhas dela
cravaram em sua pele e Hades riu.
"Você estava errado", disse ele, levando os dedos à boca. "Eu sou egoísta."
Ela o observou, uma fome carnal irrompendo dentro dela. Enquanto ele
chupava sua carne, ela abriu mais as pernas, convidando-o a voltar.
"Apenas uma hora", ela lembrou Hades.
Seu sorriso mal estava lá e assim que ele se moveu para se juntar a eles
mais uma vez, ele rosnou, puxando Perséfone da borda da sacada para o
chão.
"Foda-se", ele cuspiu. "Hermes."
“Eu adoraria me juntar a você,” disse o deus, aparecendo na varanda a
poucos passos de distância. “Outra hora, talvez.”
Perséfone se virou para fechar o manto e, quando olhou para trás, viu que
o rosto esculpido do deus estava marcado por um grande corte que ia do
fundo do olho até o lábio.
Seus olhos se arregalaram.
“Hermes, o que aconteceu com seu rosto?”
Ele sorriu, seus olhos gentis apesar de sua resposta. “Eu quebrei um
juramento.”
Os lábios de Perséfone se separaram, e seu olhar voltou para Hades, que
não olhou para ela, muito zangado e focado no Deus do Mal.
“O que você quer, Hermes? Estávamos prestes a voltar.”
"Quanto tempo está 'prestes a'?" ele perguntou, mas o sorriso que ele
ofereceu não tinha humor e Perséfone descobriu que ela não gostava da
melancolia agarrada a ele. Essa era sua dor por perder Tyche ou algo mais?
"Hermes-" Hades começou.
“Zeus convocou vocês dois para o Olimpo,” Hermes interrompeu. “Ele
chamou o Conselho. Eles desejam discutir sua separação.
CAPÍTULO XX - UM CONSELHO DOS
OLÍMPICOS
“Nossa separação?” Perséfone repetiu, olhando para Hades. “Não há
questões mais urgentes? Como a Tríade assassinando uma deusa e atacando
outra?
"Eu só lhe dei uma razão para Zeus ter chamado o Conselho", disse Hermes.
“Isso não significa que não discutiremos outras preocupações.”
"Eu estarei em breve, Hermes", disse Hades, que não fez nenhuma tentativa
de se cobrir.
Hermes assentiu e então olhou para Perséfone.
"Vejo você mais tarde, Sephy", disse ele, piscando. Ele desapareceu, e ela
pensou que talvez ele estivesse tentando amenizar a culpa que ela sentia ao
ver seu rosto marcado.
Perséfone virou-se para Hades. "Você fez isso com o rosto de Hermes?"
Sua mandíbula se apertou. “Você pergunta e ainda assim você sabe.”
“Você não tinha—”
"Eu fiz", ele a cortou. “Sua punição poderia ter sido pior. Algumas de nossas
leis são sagradas, Perséfone, e antes que você se sinta culpada pelo que
aconteceu com o rosto de Hermes, lembre-se de que ele sabia das
consequências, mesmo que você não soubesse.
Suas palavras pareciam uma reprimenda. Ela desviou os olhos e disse
baixinho: "Eu não sabia."
Hades suspirou, parecendo frustrado, mas ele pegou a mão dela, puxando-
a para ele.
"Sinto muito", disse ele, pressionando a palma da mão contra sua
bochecha. “Eu quis te confortar.”
"Eu sei", disse ela. "Deve estar tentando... constantemente ter que me
ensinar."
"Eu nunca me canso de ensinar", disse ele, sua voz calma. “Minha
frustração vem de outro lugar.”
“Talvez eu possa ajudar... se você me disser mais,” ela ofereceu.
Hades segurou seu olhar, considerando antes de falar.
“Eu me preocupo que minhas palavras saiam erradas e que você ache meus
motivos bárbaros.”
Ela franziu a testa. Ela não estava surpresa que ele se sentisse assim. Ela o
chamou de o pior tipo de deus. Ela assumiu que suas barganhas com os
mortais eram meramente para sua diversão, não tentativas reais de salvar
almas.
"Sinto muito", disse ela. “Acho que te dei esse medo quando nos
conhecemos.”
"Não", disse ele. “Estava lá antes de você, mas só importou quando eu te
conheci.”
“Eu entendo o castigo de Hermes,” ela disse. “Estou consolado.”
Apesar de suas palavras, ela sentiu que sua expressão permanecia incerta,
cautelosa. Ainda assim, ele se inclinou para frente e pressionou os lábios na
testa dela. Ela fechou os olhos contra o beijo dele, sentindo o calor dele
através de seu corpo. Ela encontrou seu olhar enquanto ele se afastava.
"Você gostaria de me acompanhar ao Conselho?" ele perguntou.
Seus olhos se arregalaram. "Você é serio?"
Ele ofereceu um pequeno sorriso. “Tenho condições”, disse. “Mas se o
Os olímpicos devem discutir sobre nós, é justo que você esteja
presente.” Ela sorriu.
"Venha, devemos nos preparar", disse ele, e ela sentiu o toque de sua
magia enquanto eles se teletransportavam.
Ela esperava aparecer em seu quarto para que eles pudessem se vestir, mas
em vez disso, Hades os trouxe para uma sala cheia de armas.
"É isto…"
"Um arsenal", disse Hades.
A sala era redonda, o chão de mármore preto como o resto do castelo. A
maioria das paredes estava fixada com o que pareciam estantes de livros, só
que continham uma variedade de armas – lâminas e lanças, dardos e fundas,
arcos e flechas. Também havia armas modernas — canhões, granadas e
outras artilharias. Também havia escudos, elmos, cota de malha e couraças
de couro em exposição, mas o que chamou sua atenção foi a peça no centro
da sala - uma exibição da armadura de Hades. Parecia tanto ameaçador
quanto mortal. Pontas afiadas de metal cobriam os ombros, braços e pernas.
Uma capa preta pendia sobre o ombro esquerdo e um elmo escuro repousava
a seus pés.
Perséfone se aproximou e passou os dedos pelo metal frio do capacete. Ela
tentou imaginar Hades vestido com isso. Ele já era grande e imponente – isso
o tornaria... monstruoso.
“Há quanto tempo?” ela perguntou baixinho. "Desde que você usou
isso?" “Um tempo,” ele respondeu. “Eu não preciso disso a menos
que eu esteja lutando contra deuses.” "Ou contra uma arma que
pode matar você", disse ela.
Hades não respondeu. Ele estendeu a mão ao redor dela e pegou o leme.
"Este é o Elmo das Trevas", disse ele. “Ele concede ao seu usuário a
capacidade de se tornar invisível. Foi feito para mim pelo ciclope durante a
Guerra da Titanomaquia.”
Ela conhecia as Três Armas: o Elmo das Trevas de Hades, o Raio de Zeus e
o Tridente de Poseidon. Sempre havia pontos de virada durante a batalha -
um momento em que a maré muda para melhor ou pior para ambos os lados.
Essas armas mudaram o destino dos olímpicos e permitiram que eles
derrotassem os Ticianos.
Ver o elmo fez Perséfone sentir medo. Ela suspeitava que a Tríade
desejasse a guerra. Ela veria Hades vestido com essa armadura em breve?
“Por que você precisa deste elmo?” Ela perguntou. “Um de seus poderes é
a invisibilidade.”
"A invisibilidade é um poder que ganhei ao longo do tempo à medida que
me tornei mais forte", disse ele, então ele ofereceu um sorriso irônico. “Fora
isso, prefiro proteger minha cabeça durante a batalha.”
Ele achou que era engraçado, mas Perséfone franziu a testa quando ele
entregou o leme para ela. Ela o segurou entre as mãos, olhando para os
arranhões e pequenos amassados em sua superfície. Ela sempre imaginou
que ninguém chegaria perto o suficiente de Hades para machucá-lo durante
a batalha, mas as marcas neste elmo a lembravam do contrário.
"Eu quero que você use isso enquanto estiver no Conselho", disse ele.
Perséfone levantou a cabeça. "Por que?"
“Conselho é para atletas olímpicos”, disse ele. “E não estou ansioso para
apresentá-lo a nenhum dos meus irmãos, especialmente nestas
circunstâncias. Você não vai gostar de tudo o que é dito.”
"Você está preocupado que minha boca vai sabotar nosso noivado?" ela
perguntou, levantando uma sobrancelha.
Hades sorriu, e foi revigorante, considerando que ele estava tão sério nos
últimos dias desde os ferimentos dela no Clube Aphrodisia.
"Oh querida, eu tenho fé que sua boca só vai melhorar isso."
Eles olharam um para o outro por um longo momento antes de seu olhar
mergulhar, arrastando sobre seus músculos para seu pênis ainda ereto.
“Você vai ao Conselho nu, meu senhor? Se sim, insisto em assistir.”
“Se você continuar me encarando assim, nós não iremos ao Conselho de
jeito nenhum,” ele disse, e com um movimento de seu pulso, ambos estavam
vestidos de preto – Hades em seu terno e Perséfone em um vestido justo. Isso
a fez se perguntar como os outros deuses se vestiam para participar do
Conselho. Eles usariam a elegância dos deuses antigos? Hades estendeu a
mão.
"Preparar?"
Na verdade, ela não tinha certeza, mas ela foi confortada por Hades e seu
elmo. Esta seria uma das últimas vezes que ela teria tempo para considerar
se estava pronta. Chegaria um ponto em que não havia tempo, quando tudo
dependia de ação rápida.
Ela colocou os dedos na palma dele, ainda segurando o elmo, e eles se
teletransportaram.
Eles pousaram na sombra, suas costas estavam para uma grande coluna, e
quando ela olhou para o lado, ela podia ver mais curvas para a esquerda e
para a direita. Perséfone podia ouvir vozes – crescendo e frustradas.
“Esta tempestade deve acabar, Zeus! Meu culto implora por alívio.”
Perséfone não sabia quem falava, mas ela adivinhou que era Hestia a julgar
pelo tom ainda gentil.
“Não estou ansioso para ver a tempestade passar”, disse Zeus. “Os mortais
ficaram muito ousados e precisam aprender uma lição. Talvez congelar até a
morte os lembre de quem governa seu mundo.”
Perséfone encontrou o olhar de Hades. As palavras de Zeus eram um
problema. Eles eram o motivo pelo qual Harmonia havia sido atacada e por
que Tyche havia morrido. Era um comportamento do qual os mortais estavam
se cansando e se rebelando.
Hades colocou o dedo nos lábios, pegou o elmo dela e o colocou sobre sua
cabeça. Ela não se sentiu diferente uma vez que estava ligado, exceto que era
pesado e não se encaixava em sua cabeça corretamente. Os lábios de Hades
roçaram seus dedos antes que ele a soltasse. Ele se moveu pela escuridão sem
ser detectado. Ela só sabia quando ele apareceu diante dos Olimpianos
porque ele falou — sua voz sombria, pingando desdém.
"Você vai lembrá-los de nada além de seu ódio por você - por todos nós",
disse Hades, respondendo à declaração anterior de Zeus.
"Hades," seu nome saiu como um rosnado da boca de Zeus.
Perséfone rastejou ao longo do lado de fora das colunas. Além deles, ela
podia ver a parte de trás de um conjunto de tronos – e a frente de três outros
– Poseidon, Afrodite e Hermes. Cada trono representava um pedaço dos
deuses. Para Poseidon, era um tridente, Afrodite, uma concha rosa, para
Hermes, a varinha de seu arauto.
Seu olhar permaneceu por mais tempo em Afrodite, lembrando como ela
ficou com o coração de Okeanos em sua mão, imperturbável pela selvageria
de sua magia. Ela enfrentaria consequências por matar um dos filhos de Zeus?
Perséfone não conhecia as regras dos Olimpianos, mas ela pensou que a
deusa devia ter se justificado para o Deus do Trovão porque ela estava
sentada aqui entre os doze como se nada tivesse acontecido.
Perséfone se aproximou, até que ela tocou a borda de um dos tronos – um
que ela supôs pertencer a Apolo, enquanto raios dourados saíam do topo.
“Pelo que eu entendo, Hades, a tempestade é sua culpa. Não consegui
manter seu pau longe da filha de Demeter. "Cala a boca, Ares", disse Hermes.
Perséfone notou a escuridão sombreando os olhos do deus e o conjunto de
sua mandíbula que fazia suas maçãs do rosto parecerem afiadas.
“Por que ele deveria? Ele fala a verdade.” Uma voz disse da direita...
Perséfone achou que soava como Artemis.
“Você poderia ter fodido um milhão de outras mulheres, mas escolheu ficar
com uma, e a filha de uma deusa que te odeia mais do que ama a
humanidade”, continuou Ares.
"Essa boceta deve ser de ouro", ponderou Poseidon.
Perséfone sentiu algo azedo no fundo da garganta e, em seguida, uma
sensação sombria de pavor quando a magia de Hades explodiu, forte e
vibrante.
“Eu pessoalmente cortarei o fio de qualquer deus que se atreve a falar
outra palavra sobre Perséfone.”
“Você não ousaria.” Perséfone reconheceu a voz de Hera. “As
consequências de matar um deus fora das Parcas serão terríveis. Você pode
perder sua querida deusa.”
Um silêncio tenso se seguiu enquanto Perséfone tentava imaginar o olhar
no rosto de Hades. Provavelmente comunicou algo ao longo das linhas de –
tente-me.
“O fato é que a tempestade de neve está causando grandes danos.” A voz
sedosa de Athena, calmante e dominante, entrou na briga.
“Então devemos discutir soluções para acabar com sua raiva”, disse Hades.
“Nada vai convencê-la a acabar com a agressão, exceto a separação de você
de sua filha”, disse Hera.
Embora isso fosse verdade, também implicava que não havia outras
maneiras de acabar com a ira de Deméter.
“Isso está fora de questão.”
"A garota ainda deseja estar com você?" Hera desafiou. "Não é verdade que
você a prendeu em um contrato para forçá-la a passar um tempo com você?"
Os dedos de Perséfone se fecharam em punhos.
“Ela é uma mulher”, disse Hermes. “E ela ama Hades. Eu vi isso."
“Então devemos sacrificar a vida de milhares pelo verdadeiro amor de dois
deuses?” disse Artemis. "Ridículo."
“Eu não vim aqui para que o Conselho pudesse discutir minha vida
amorosa”, disse Hades.
"Não, mas infelizmente para você", disse Zeus. “Sua vida amorosa está
causando estragos no mundo.”
"Então é o seu pau", disse Hades. "E ninguém nunca ligou para o Conselho
sobre isso."
“Falando em paus e nos problemas que eles causam,” Hermes interveio.
“Ninguém vai falar sobre os problemas que sua prole está causando? Tyche
está morto. Alguém está nos atacando... conseguindo nos matar... e você
quer brigar sobre a vida amorosa de Hades?
Perséfone não pôde deixar de sorrir com as palavras de Hermes, mas não
demorou muito para que os outros deuses a roubassem.
“Não teremos nada com que nos preocupar se a tempestade de Demeter
continuar”, disse Artemis. “Os mortais serão congelados no chão. Será
Pompeia novamente.”
“Você acha que a ira de Demeter é o pior que pode acontecer?” Hades
perguntou, seu tom ameaçador. “Você não conhece a minha.”
Era uma ameaça; um que Perséfone sabia que não levaria a conversa a
lugar nenhum. Hades havia pedido que ela não se revelasse, mas o fato era
que esses deuses estavam conversando sobre ela - seus pensamentos, seus
sentimentos, sua escolha - e eles não estavam progredindo em direção ao que
realmente importava e isso era o que Deméter estava planejando. Tríade. Ela
deixou o local ao lado do trono de Apolo e deu a volta no arco. Quando ela
chegou à borda - onde Ares estava sentado, ela tirou o elmo de Hades e o
colocou de lado. Sacudindo seu glamour, ela entrou no centro do arco e de
repente foi cercada por onze atletas olímpicos.
Seu olhar se conectou com o de Hades e segurou. Ele se sentou
rigidamente; suas mãos se curvaram ao redor das bordas de seu trono. Sob
seu olhar, ela foi capaz de endireitar os ombros e levantar o queixo. Ela não
tinha ideia de como ela parecia para esses deuses antigos - provavelmente
jovens e inexperientes, mas pelo menos eles a veriam e a conheceriam e, no
final disso, a respeitariam.
“Hades,” ela falou seu nome e pareceu acalmá-lo. Ela lhe ofereceu um
pequeno sorriso antes que sua atenção fosse atraída para Zeus, cuja voz
parecia ressoar profundamente sob seus pés.
"Bem, bem, bem. A filha de Deméter.
“Eu estou,” ela disse, não gostando de como os olhos do Deus do Trovão
brilhavam quando eles estavam sobre ela. Ela tinha visto o rei muitas vezes,
uma figura imponente e grande, seu corpo preenchia seu trono. Apesar de
ser o mais novo de seus dois irmãos, seu cabelo tinha um tom prateado que
o fazia parecer mais velho. Ela não sabia por que, talvez ele achasse que isso
lhe dava mais autoridade ou ele havia negociado um pouco de sua juventude
em troca de poder. Ao lado dele estava Hera que a olhava com julgamento.
Seu rosto, belo e nobre, era esculpido e cínico.
Ela olhou para a esquerda, encontrando o rosto passivo e dourado de
Atena, o trono vazio de sua mãe, e depois Apolo e Ártemis. Apolo inclinou a
cabeça um pouco. Foi o único reconhecimento que ela recebeu – não havia
luz em seus olhos ou inclinação de seus lábios. Ela tentou não deixar que o
humor dele a perturbasse enquanto olhava para ela exatamente onde
encontrou Poseidon olhando abertamente e com fome.
Depois Hermes, Héstia e Ares.
Hermes sorriu, seus olhos gentis.
"Você causou muitos problemas", disse Zeus, chamando sua atenção
relutante. Ela encontrou seu olhar sem brilho.
"Acho que você quer dizer que minha mãe causou muitos problemas",
disse ela.
“E ainda assim você parece decidido a punir Hades.”
“Eu apenas procuro resolver um problema da maneira mais simples
possível.”
“Isso pode ser verdade se Deméter fosse responsável apenas por uma
tempestade”, disse Perséfone. “Mas tenho motivos para acreditar que ela
está trabalhando com os semideuses.”
Houve uma batida de silêncio. “Que razões?”
"Eu estava lá na noite em que Tyche morreu", disse Perséfone. “Minha mãe
estava lá. Eu senti a magia dela.”
“Talvez ela estivesse lá para te resgatar,” Hera sugeriu. “Como é seu direito
pela Lei Divina. Ela é sua mãe."
“Já que estamos baseando nossas decisões em leis arcaicas, então devo
discordar”, disse Perséfone.
O olhar de Hera endureceu e Perséfone teve a nítida impressão de que ela
não gostava de ser desafiada. “Com que fundamento?”
"Hades e eu fodemos", afirmou Perséfone. “Pela Lei Divina, somos
casados.”
Hermes engasgou com uma risada, mas todos os outros permaneceram
quietos. Ela olhou para Zeus. Por mais que ela odiasse, ele era o que ela
precisava convencer.
“Foi a magia da minha mãe que manteve Tyche contido.” disse Perséfone.
O deus a encarou por um instante e então olhou para Hermes em busca de
confirmação.
"Isso é verdade, Hermes?"
Seus dedos se fecharam em punhos.
"Perséfone nunca mentiria", ele respondeu.
"Tríade é um verdadeiro inimigo", disse Perséfone. “Você tem motivos para
temê-los.”
Houve algumas risadas, e Perséfone olhou ao redor dela. “Você não acabou
de ouvir o que eu disse?”
“Harmonia e Tyche são deusas, sim, mas não são olímpicas”, disse
Poseidon.
“Tenho certeza que os Titãs pensavam o mesmo de você,” ela retrucou.
“Além disso, Deméter é uma olímpica.”
"Ela não seria a primeira que tentou - e falhou - me derrubar", disse Zeus,
e ela notou como ele olhou para a esquerda e para a direita. Apesar de como
os olímpicos se sentavam - neste círculo, unificados, eles estavam divididos.
Havia ódio aqui e permeava o ar como fumaça.
"Isso é diferente", disse Perséfone. “Você tem um mundo pronto para
mudar sua aliança para um grupo de pessoas que eles acreditam ser mais
mortais que deus e a tempestade de minha mãe forçará a decisão.”
“Então, voltamos à questão real”, disse Hera. "Você."
Perséfone o encarou; sua mandíbula se apertou.
“Se você me devolver à minha mãe, eu me tornarei um problema real”,
disse Perséfone. “Eu serei a razão de sua miséria, de seu desespero, de sua
ruína. Eu prometo que você vai provar meu veneno.”
Ninguém riu. Ninguém falou. Houve apenas silêncio. Ela olhou para Hades
cujo olhar queimava no dela. Ela não sentiu que ele estava desapontado com
ela, mas ele estava no limite. Preparado. Pronto para agir se necessário.
"Você fala sobre o que não faremos", disse Zeus. “Mas o que você quer que
façamos? Quando o mundo sofrer sob uma tempestade criada por sua mãe?
“Você não estava pronto para ver o mundo sofrer minutos atrás?”
Perséfone rebateu. Não era o que ela desejava, é claro. Era a última coisa que
ela queria, mas ela sentiu como se esses deuses estivessem a segundos de
mandá-la de volta para sua mãe, e Perséfone não iria. Ela teria Hades. Ela teria
o mundo — de um jeito ou de outro.
"Você está sugerindo que permitamos que isso continue?" Héstia
perguntou.
"Estou sugerindo que você puna a fonte da tempestade", disse ela.
"Você esqueceu. Ninguém foi capaz de localizar
Demeter.” “Não há nenhum deus aqui que tudo vê?”
Houve risos.
“Você fala de Helios,” disse Artemis. “Ele não vai nos ajudar. Ele não vai
ajudá-lo porque você ama Hades e Hades roubou seu gado.” Ainda assim,
ela olhou para Zeus apesar das outras respostas.
“Você não é Rei dos Deuses? Hélios não está aqui por sua graça?”
“Helios é o Deus do Sol”, disse Hera. “Seu papel é importante – mais
importante do que o amor obsessivo de uma deusa menor.”
“Se ele fosse tão grande, ele não poderia derreter a tempestade de neve
que devasta a terra?”
"O suficiente!" A voz de Zeus ecoou na câmara; seus olhos brilhando
quando caíram sobre ela. Perséfone sentiu seu interior tremer. Ela não gostou
do olhar de Zeus, não gostou de quaisquer pensamentos que estivessem se
agitando dentro de sua cabeça. Ainda assim, quando ele falou, ela ficou
satisfeita com suas palavras.
“Você nos deu muito a considerar, deusa. Procuraremos Deméter — todos
nós. Se ela está em aliança com a Tríade, que ela admita e enfrente a punição.
Até esse ponto, no entanto, vou adiar o julgamento de seu casamento com
Hades um pouco mais.
Hera olhou para o marido, claramente insatisfeita com essa escolha.
"Obrigada, Senhor Zeus", disse ela, inclinando a cabeça.
Ela odiava falar as palavras ou pensar muito sobre por que ele tomou essa
decisão. Ela tinha a sensação de que ele esperava de alguma forma ganhar
seu favor.
Os olhos de Perséfone se voltaram para Hades
enquanto Zeus continuava. “Nesta noite, nos
despediremos de Tyche.” Um por um, os deuses
desapareceram da sala.
"Vejo você mais tarde, Sephy!" disse Hermes.
Hades deixou seu trono e Perséfone falou enquanto ele se aproximava.
"Eu sinto Muito. Eu sei que você pediu para eu ficar escondida, mas não
consegui. Não quando eles desejavam—”
Ele a silenciou com um beijo - queimou seus lábios e sua boca e quando ele
se afastou, ele segurou seu rosto.
"Você foi maravilhoso", disse ele. "Verdadeiramente."
Seus olhos lacrimejaram. “Eu pensei que eles iriam me tirar de você.”
"Nunca", ele sussurrou, e ele falou a palavra uma e outra vez como uma
oração - um apelo desesperado - até que ela quase acreditou.
CAPÍTULO XXI – UM TOQUE DE MEDO
A pira sobre a qual Tyche repousava era linda — mármore, cravejado de
esmeraldas e rubis e polvilhado com ouro. Sobre ela havia pilhas de madeira
e, em cima, a própria Tyche. Seu rosto e membros eram brancos pálidos,
banhados pelo luar. Seu corpo envolto em seda preta. Seu cabelo, tão escuro
quanto a meia-noite, derramou-se sobre a borda da pira.
Os deuses estavam a vários metros de distância em um arco enquanto
outros moradores do Olimpo se reuniam atrás deles. Não foram ditas palavras
enquanto Hefesto acendia a pira com sua magia. As chamas foram pequenas
no início, mas consumiram rapidamente e Perséfone não conseguia desviar o
olhar.
Minha mãe fez isso, ela pensou.
Seus olhos lacrimejaram, enquanto o ar se enchia de fumaça. Os ramos de
lavanda e alecrim destinados a ajudar a cobrir o cheiro, não conseguiam
mascarar o cheiro avassalador de carne queimada. Os braços de Hades
apertaram sua cintura.
"A morte de Tyche não foi culpa sua", disse ele. Ela sentiu a vibração de sua
voz contra suas costas. Ela não se sentia culpada, mas se perguntava quem
seria o próximo? Quanto tempo até sua mãe e Tríade atacarem novamente?
“Para onde vão os deuses quando morrem?” perguntou Perséfone.
“Eles vêm até mim, impotentes”, disse ele. “E eu lhes dou um papel no
Submundo."
“Que tipo de papel?”
Perséfone estava curiosa, dadas as barganhas que ele fazia com os mortais.
“Depende do que os desafiou em sua vida como um deus. Tyche, porém,
ela sempre quis ser mãe. Então, vou presenteá-la com o Jardim das Crianças.”
Algo grosso se juntou em sua garganta e ela levou vários momentos para
engolir.
“Podemos falar com ela? Sobre a maneira como ela morreu?
Perséfone odiava perguntar, mas ela queria saber a história de Tyche assim
como eles conheciam a de Harmonia.
“Não imediatamente,” ele respondeu. “Mas dentro de uma semana.”
Perséfone não gostou da ideia de pedir a Tyche para reviver sua morte,
especialmente quando ela estava no Mundo Inferior. Era para ser um espaço
de renovação e cura, mas eles não poderiam lutar contra esse inimigo se não
soubessem com o que estavam lidando.
Seu olhar permaneceu nas chamas consumindo a deusa até que elas
diminuíram e nada além da imagem brilhante e borrada das brasas
permaneceu.
***
***
Perséfone sentiu uma profunda sensação de pavor enquanto estava em
frente a Hades no centro de seu bosque. Era o jeito que ele estava olhando
para ela, como se ele tivesse enterrado todo o seu calor. Ele estava vestido
com uma túnica curta e preta que exibia seus braços e coxas poderosos. Seu
olhar vagou sobre sua pele, a ascensão e queda de seus músculos e quando
ela encontrou o caminho de volta para seus olhos, uma dor profunda se
instalou em seu peito. Ele olhou de volta, sem emoção, quando o desejo
normalmente acenderia seus olhos.
Então ele falou, sua voz baixa e rouca, estremecendo sua espinha.
"Eu não vou ver você sangrar novamente", disse ele.
“Ensine-me,” ela respirou.
Ela pediu o mesmo dele na noite em que se conheceram, quando o
convidou para sua mesa para jogar cartas. Então ela não tinha entendido o
que estava realmente perguntando – ela não tinha certeza se entendia agora,
mas a diferença era que esse deus a amava.
"Você me ama", ela sussurrou.
"Eu faço."
Mas a verdade não estava escrita em seu rosto. Ele parecia severo, a
cavidade de suas bochechas profunda e sombreada. Então o ar ao redor deles
mudou, ficando pesado e carregado. Ela havia sentido isso antes, na Floresta
do Desespero, quando a magia de Hades surgiu para desafiar a sua. Ele
arrepiou o cabelo em seus braços e fez com que seu batimento cardíaco
parecesse lento em seu peito.
Então, tudo ficou em silêncio.
Perséfone nem tinha notado o barulho antes; ela só sabia que havia uma
ausência disso agora. Ela olhou para as árvores prateadas que os cercavam,
para o dossel escuro acima – e então ela notou movimento à sua esquerda e
direita. Antes que ela tivesse tempo de reagir, algo sombrio passou por ela,
sacudindo seus ossos, sacudindo sua alma. Não foi exatamente doloroso, mas
roubou seu fôlego. Ela caiu de joelhos, seu estômago revirando. Ela queria
vomitar.
Que porra.
“Aparições das sombras são a morte e a magia das sombras,” Hades disse,
na verdade.
“Eles estão tentando ceifar sua alma.”
Perséfone lutou para recuperar o fôlego, levantando os olhos para
encontrar os de Hades. A expressão dele enviou uma estranha corrente de
medo através dela, e a parte mais enervante sobre o sentimento era que ela
nunca o tinha temido antes.
"Você está tentando me matar?"
A risada fria de Hades a gelou até os ossos.
“Os espectros das sombras não podem reivindicar sua alma a menos que
seu fio tenha sido cortado, mas eles podem deixá-lo violentamente doente.”
Persephone engoliu em seco, ainda sentindo o gosto do filme azedo no
fundo de sua garganta enquanto se levantava com as pernas trêmulas.
“Se você estivesse lutando contra qualquer outro atleta olímpico, qualquer
inimigo, eles nunca o deixariam de pé.”
“Como eu luto quando não sei que poder você usará contra mim?” "Você
nunca vai saber", disse ele.
Ela o encarou por um instante e então algo emergiu da terra sob seus pés
– uma mão preta com garras. Fechou em torno de seu tornozelo e
estremeceu. Ela caiu para frente quando ele puxou, arrastando-a para o poço
de onde emergiu. Ela estendeu as mãos para amortecer a queda e sentiu uma
dor aguda no pulso ao cair.
“Hades!” Perséfone gritou, arranhando a terra em um esforço para se
ancorar, seu coração acelerado de medo e adrenalina. Ela rolou e sentou-se
o mais rápido possível, suas mãos indo para a garra estranha que segurava
seu tornozelo como um torno, mas quando ela tentou arrancá-la, espinhos
afiados se projetaram dela, perfurando sua pele.
Persephone recuou, rosnando antes de invocar um enorme espinho de sua
pele e esfaquear a criatura que a segurava. Sangue preto escorria dele, mas
ele se soltou e desapareceu na Terra. Antes que ela pudesse se virar, outra
sombra passou por ela. Desta vez ela se arqueou, gritando ao cair no chão.
No chão do bosque, ela lutou para respirar e sua visão ficou turva.
"Melhor", ela ouviu Hades dizer. “Mas você me deu as costas.”
Ele pairava sobre ela, um verdadeiro Deus dos Mortos, uma sombra
escurecendo sua visão.
Ela odiava sentir que ele era o inimigo. Ela virou a cabeça para que ele não
pudesse ver as lágrimas ameaçando, seus dedos se fecharam em punhos.
Espinhos brotaram da Terra, mas Hades desapareceu antes que eles tivessem
a chance de enredá-lo. Ela rolou em suas mãos e joelhos e o encontrou do
outro lado da clareira.
“Sua mão entregou suas intenções. Convoque sua magia com sua mente –
sem movimento.”
"Eu pensei que você disse que iria me ensinar", disse ela, sua voz trêmula.
"Eu estou ensinando você", disse ele. “Isto é o que será de você se você
enfrentar um deus em batalha. Você deve estar preparado para qualquer
coisa, para tudo.”
Perséfone olhou para suas mãos. Eles estavam ensanguentados e sujos e
ela estava treinando apenas cinco minutos, mas nesse tempo, Hades
conseguiu ilustrar o quão mal equipada ela estava para lidar com qualquer
tipo de batalha. Ela se lembrou do discurso de Hécate — marque minhas
palavras, Perséfone, você se tornará uma das deusas mais poderosas do nosso
tempo. Ela riu sem humor. Como ela deveria se tornar tão poderosa, tão
controlada quando confrontada com deuses que passaram vidas
aprimorando seu poder?
Exceto que ela possuía tal poder. Na Floresta do Desespero. Ela tinha usado
o poder de Hades contra ele, e parecia cruel e agonizante e tinha gosto de
tristeza – amargo e acre.
“Para cima, Perséfone. Nenhum outro deus teria esperado.”
Eu vou persuadir a escuridão de você ele sussurrou antes de explorar seu
corpo pela primeira vez e agora, essas palavras cavaram nela, desvendando
fios de escuridão. Ela se levantou, tremendo. Não pela surra que seu corpo
tinha levado, mas pela frustração, pela raiva.
A terra começou a tremer e pedaços de rocha se ergueram do chão. Em
resposta, a magia de Hades a cercou – um exército de fumaça e sombra.
Deveria parecer errado, ao contrário de sua própria magia, mas Hades nunca
foi o inimigo.
Exceto agora, ela lembrou a si mesma. Agora mesmo, ele estava.
À medida que a rocha e os pedaços de terra subiam, as sombras de Hades
também, correndo em direção a ela. Ela os observou – focada neles, forçou-
os a desacelerar e estendeu a mão – não para pará-lo, mas para aproveitá-lo.
A magia penetrou em sua pele. Era uma sensação estranha, tangível, uma vez
que se entrelaçava com seu sangue, e quando ela abriu a mão, garras negras
se projetaram das pontas de seus dedos.
Hades sorriu.
"Bom", disse ele.
E então Perséfone bateu nos joelhos.
Seu peito parecia ter implodido — toda a sua respiração roubada por
qualquer força invisível que a atingiu. Quando ela atingiu o chão, todo medo
que ela possuía sobre sua curta vida estava de repente arranhando seu
caminho de sua garganta. De repente, Demeter estava diante dela.
"Mãe-"
Ela puxou Persephone pelo pulso. Ainda estava dolorido de sua queda mais
cedo e o empurrão enviou uma dor mais aguda através dela.
Gritando, Demeter riu.
"Kore", disse ela, e Perséfone estremeceu com o nome. "Eu sabia que esse
dia chegaria."
Perséfone lutou para se libertar, para agarrar seu poder, mas ele não
atendeu ao seu chamado.
"Você será meu. Para todo sempre."
“Mas o Destino—”
“Desvendaram seu destino,” ela disse e se teletransportou. O cheiro da
magia de Demeter fez Perséfone querer vomitar. Ela se manifestou dentro
das paredes de uma caixa de vidro. Do lado de fora, estava Deméter.
Perséfone atacou o vidro, batendo e chutando, gritando a plenos pulmões.
"Te odeio! Te odeio!"
"Talvez agora", disse ela. “Mas em um milênio, você terá apenas a mim.
Divirta-se vendo seu mundo morrer.”
Tudo ficou escuro e, de repente, ela estava cercada por imagens. Ao seu
redor havia telas nas quais as vidas de seus amigos e inimigos passavam,
passando enquanto ela permanecia a mesma dentro de sua prisão. Até Lexa
tinha um espaço – uma imagem estagnada de sua lápide desgastada pelo
tempo. Ela viu como as vidas de Sybil, Hermes, Leuce, Apollo e mais
continuaram sem ela. Sybil prosperou e morreu, Hermes e Apolo entraram
em espiral, e Leuce voltou para Hades - Hades, seu amante, sua verdadeira
alma gêmea - a acolheu em sua cama. Ela viu como ele encontrou consolo no
corpo de outra — em Leuce, que foi deixada, e outras mulheres que ela não
reconheceu. Eles vieram, uma porta giratória, e Hades se esvaziou em cada
um, respirando com dificuldade na curva de seus pescoços até que ele ficou
exausto e ainda sozinho.
Os dedos de Perséfone cravaram nas palmas de suas mãos; sua garganta
sangrou enquanto ela gritava com ele e o amaldiçoava.
Você disse que queimaria este mundo por mim - e ainda assim ele vive, e
prospera, e você existe dentro dele - sem mim.
Ela descarregou sua raiva nas paredes, mas mesmo sua raiva não era forte
o suficiente para convocar seu poder. Enquanto ela estava lá, observando o
mundo de Hades continuar sem ela, ela jurou que iria acabar com isso. Ela iria
acabar com ele.
"Perséfone."
Seu nome – a forma como foi falado – um sussurro suave e sem fôlego,
chamou sua atenção para baixo e ela encontrou o olhar de Hades. De repente,
o mundo ficou diferente, como se ela tivesse escapado de sua jaula e agora
estivesse no centro de um campo de batalha em chamas. No chão a seus pés
estava Hades, os olhos vidrados, o vinco de seus lábios cheio de sangue e
escorrendo pelo rosto.
Perséfone caiu de joelhos.
"Hades," sua voz era diferente, tensa. Ela afastou o cabelo do rosto dele e
apesar do sangue, ele sorriu para ela.
"Eu pensei... pensei que nunca mais veria você."
“Estou aqui,” ela sussurrou.
Ele levantou a mão e passou um dedo ao longo de sua bochecha. Ela inalou,
fechando os olhos até que o toque dele sumiu e quando os abriu, descobriu
que ele havia fechado os dele.
“Hades!” ela colocou as mãos em seu rosto e seus olhos se abriram em
fendas. "Hum?"
“Fique comigo,” ela implorou.
"Eu não posso", disse ele.
“O que você quer dizer com não pode?” ela disse. “Você pode se curar.
Curar!" Seus olhos estavam mais abertos agora e sua expressão triste.
"Perséfone", disse ele. "Acabou."
“Não,” ela disse, balançando a cabeça. Ela enfiou os dedos por seu cabelo
emaranhado e alisou as mãos sobre seu peito.
As mãos de Hades apertaram as dela. "Perséfone, olhe para mim", ele
ordenou. Foi o mais forte que sua voz soou desde que ela o encontrou deitado
aqui. “Você era meu único amor, meu coração e minha alma. Meu mundo
começou e terminou com você, meu sol, estrelas e céu. Eu nunca vou te
esquecer, mas
Eu irei perdoar você."
Lágrimas queimaram seus olhos e engrossaram em sua garganta.
"Me perdoe?"
Era como se essas palavras a tornassem mais consciente de seu entorno e
do horror ao seu redor. De repente, ela percebeu onde estava e se lembrou
dos eventos que aconteceram - ela estava no submundo e queimou. Não
havia mais nada da beleza exuberante e elegante que Hades havia criado –
nem os jardins ou a vila de Asphodel, nem mesmo o palácio surgindo no
horizonte. Em seu lugar havia fogo e espinhos - eles eram grossos e
espiralados, juntando detritos como uma agulha através de um fio - e era um
daqueles galhos que haviam perfurado o estômago de Hades.
"Não!"
Ela tentou ordenar que o galho desaparecesse e quando isso não
funcionou, ele tentou quebrá-lo, mas suas mãos escorregaram no sangue de
Hades.
"Não por favor. Hades, eu não quis dizer...
"Eu sei", disse ele, quieto. "Eu amo Você."
“Não,” ela implorou, lágrimas escorriam pelo seu rosto. Sua garganta doía,
seu peito doía. “Você disse que não iria embora. Você prometeu."
Mas Hades não se moveu novamente, e os gritos de Perséfone encheram
o silêncio enquanto sua dor se manifestava na escuridão.
Mais tarde, ela acordou cercada pelo cheiro familiar de especiarias e cinzas,
seu corpo embalado suavemente contra um peito duro. Ela abriu os olhos e
se encontrou nos braços de Hades. O choque de vê-lo bem e ileso fez com
que sua pele ficasse muito apertada e formigando.
"Você fez bem", disse ele.
Suas palavras serviram apenas para convocar uma nova onda de emoção.
Seus lábios tremeram e ela cobriu o rosto quando começou a chorar.
“Está tudo bem,” Hades disse, seus braços apertados ao redor dela e seus
lábios pressionados em seu cabelo. "Estou aqui."
Ela só soluçou mais forte. Ela trabalhou para se recompor, para dominar
sua emoção, porque ela precisava de distância dele e deste espaço onde ela
havia testemunhado o horror que parecia tão real.
Ela lutou para se livrar de seu aperto.
"Perséfone-"
Ela se levantou e se virou para ele. Ele se sentou no chão, parecendo o
mesmo de quando eles começaram – completamente inalterado pelo que
aconteceu e isso só serviu para enfurecê-la ainda mais.
“Isso foi cruel.” Sua garganta doía enquanto ela falava, áspera e arruinada.
“O que quer que tenha sido, foi cruel.”
"Era necessário", disse Hades. "Você precisa aprender-"
"Você poderia ter me avisado", disse ela. “Você ao menos sabe o que eu
vi?” Sua mandíbula se apertou e ela sabia que sim. “E se os papéis
tivessem sido invertidos?” Seus olhos ficaram planos.
"Eles foram revertidos", disse ele.
Ela se encolheu. “Isso foi algum tipo de punição?”
"Persephone-" ele tentou alcançá-la, mas ela deu um passo para
longe. “Não...” Ela levantou as mãos para detê-lo. "Preciso de
tempo. Sozinho." "Eu não quero que você vá", disse ele.
Ela não sabia o que dizer, então deu de ombros. “Eu não acho que seja sua
escolha.”
Ela desapareceu, mas não antes de ouvir Hades proferir um grunhido baixo
e gutural.
CAPÍTULO XXII - UM TOQUE DE
ARREPENDIMENTO
Perséfone apareceu em um banheiro. Ao aterrissar, ela caiu de joelhos e
vomitou no vaso sanitário. Ela não estava lá por muito tempo quando ouviu
seu nome.
"Perséfone?" A voz confusa de Sybil veio de perto, e a deusa olhou para
cima para encontrar o oráculo na porta, uma faca na mão. "Oh, meus deuses,
o que aconteceu?"
Ela entrou na sala, e Perséfone levantou a mão para impedi-la de se
aproximar.
"Está bem. Eu estou bem,” ela disse, arfando mais uma vez.
Houve alguns longos segundos em que ela não conseguia falar e Sybil se
aproximou, afastando o cabelo emaranhado do rosto e colocando um pano
frio na testa. Quando a náusea passou, Perséfone recostou-se na banheira,
seu corpo cedendo de exaustão. Sybil sentou-se ali perto. Ela não tinha ideia
de como deveria ser, mas se suas mãos eram algum tipo de indicação, deveria
ser ruim. Eles estavam sujos e machucados, suas unhas rasgadas e
ensanguentadas e havia uma dor em seu pulso que a lembrou de sua queda
anterior.
"Você vai me dizer o que aconteceu?" Sybil perguntou.
"É uma longa história", ela respondeu, mas realmente, ela não queria
pensar nisso agora porque ela não tinha certeza se poderia evitar ficar
doente, e ela não tinha mais nada para vomitar. Só de pensar em ter que
recordar detalhes fez seu estômago revirar.
“Eu tenho tempo,” Sybil disse.
Um movimento veio da porta e por um piscar de olhos, Perséfone pensou
que Hades poderia tê-la seguido até a casa de Sybil, mas em vez disso ela
encontrou um rosto familiar olhando de volta.
“Harmonia?” Persephone perguntou, franzindo as sobrancelhas. "O que
você está fazendo aqui?"
Ela sorriu, segurando Opala em seus braços. — Saindo — disse ela. "Você
está bem?"
“Eu estarei,” ela respondeu e então olhou para Sybil. "Posso... tomar um
banho?"
"Claro", disse Sybil. "Eu... vou pegar algumas roupas para você."
Perséfone esperou para se mexer até que Sybil voltasse. Ela colocou um
conjunto de roupas na bancada perto da pia junto com uma toalha e um pano.
"Obrigado, Syl," Persephone sussurrou.
O oráculo hesitou na porta, franzindo a testa.
"Você tem certeza que está bem, Perséfone?"
“Eu estarei,” ela disse e então sorriu levemente.
"Promessa." "Vou fazer um chá para você", disse ela antes
de fechar a porta.
Perséfone se levantou e abriu a torneira, deixando-a esquentar até que o
vapor flutuou no ar e embaçou o espelho. Ela tirou a roupa e se abaixou na
água que esperava. Completamente imersa, ela fechou os olhos e se
concentrou em curar tudo que doía – sua garganta arranhada, corpo
machucado e pulso torcido. Uma vez que ela se sentiu um pouco mais inteira,
ela puxou os joelhos contra o peito e enterrou o rosto nos braços e chorou
até a água esfriar. Depois, levantou-se, secou-se e vestiu-se.
Ela encontrou Sybil na sala sozinha, uma xícara de chá esperando. O oráculo
estava sentado de pernas cruzadas no sofá com a televisão ligada, mas
Perséfone não reconheceu o programa e Sybil também não parecia estar
prestando atenção.
Ela tinha um baralho de cartas de oráculo na mão e estava embaralhando-as.
“Onde está Harmonia?” ela perguntou.
"Ela foi embora", disse Sybil.
“Oh,” disse Persephone, sentando-se ao lado de Sybil. “Espero que ela não
tenha ido embora por minha causa.”
Ela não podia deixar de sentir como se tivesse interrompido alguma coisa,
no entanto, ela supôs que realmente tinha. Ela veio para a casa de Sybil
porque era o único lugar que ela sentia que poderia ir – e ela sabia que seria
seguro.
“Claro que não,” Sybil respondeu. “Ela saiu porque Afrodite viria procurá-
la.”
“Ela é muito protetora com a irmã”, disse Perséfone. "Eu... não sabia que
vocês dois eram amigos."
“Nós nos conectamos logo depois que nos encontramos do lado de fora do
seu escritório”, disse Sybil.
Houve uma longa pausa, o som dos passos de Sybil continuou um pouco
mais até que ela parou e olhou para Perséfone.
“Você quer me contar o que aconteceu?”
Persephone ficou quieta antes de tomar um gole de chá e se sentar de lado.
"Tudo está desmoronando", ela sussurrou.
“Oh, Perséfone,” Sybil disse. “Tudo está se encaixando.” Com suas
palavras, ela deitou a cabeça no colo de Sybil e chorou.
***
Persephone acordou mais tarde com o alarme de Sybil. Ela tinha
adormecido no sofá sem retornar ao Mundo Inferior. Ela se levantou para se
arrumar, pegando emprestadas as roupas de Sybil — um par de meias
grossas, uma saia e uma camisa de botão.
“Nós deveríamos visitar o local de construção do Projeto Halcyon hoje, mas
tivemos que remarcar por causa do clima”, disse Sybil enquanto servia uma
xícara de café para Persephone.
Perséfone franziu a testa. Ela esperava que Zeus cumprisse sua palavra e
realmente procurasse Deméter - melhor ainda, ela esperava que os olímpicos
pudessem convencê-la a cessar seu ataque.
"Não é sua culpa, você sabe", disse Sybil.
"É", disse Perséfone. “Tenho certeza que você viu isso acontecer antes
mesmo de acontecer.”
O oráculo balançou a cabeça. “Não, eu só seria capaz de ver o que meu
deus queria que eu visse”, ela respondeu. “Mas você não está no controle das
ações de sua mãe.”
“Então por que me sinto tão responsável?”
"Porque ela está machucando as pessoas e culpando você", disse Sybil. “E
ela está errada em fazer isso.”
Deméter pode estar errada, mas o fardo ainda era pesado. Ela pensou nas
pessoas que morreram naquele terrível acidente na estrada. Ela nunca se
esqueceria de receber tantas almas no Mundo Inferior de uma só vez, ou
como ela viu como seus sonhos os deixaram enquanto passavam sob o olmo,
ou a culpa que ainda podia se agarrar a uma alma mesmo depois de passar
pelos Portões. Ela sabia que não seria a última vez que algo assim aconteceria,
embora preferisse que sua mãe não fosse responsável.
Persephone suspirou e tomou um gole de seu café, deixando-o de lado
enquanto saíam do apartamento de Sybil. Eles decidiram caminhar a curta
distância até a Torre de Alexandria no frio. Perséfone pensou em se
teletransportar, mas parte dela queria experimentar o que a magia de sua
mãe estava fazendo em primeira mão. Ela procurou alimentar sua raiva e
frustração – e funcionou. A caminhada foi miserável — neve e gelo bateram
em seus rostos, e seus pés escorregaram na neve, compactados na calçada. O
gelo se desfez de arranha-céus e arranha-céus, caindo no chão com impacto
suficiente para ferir ou danificar.
No momento em que eles subiram os degraus gelados e entraram na torre,
eles estavam congelados.
"Bom Dia minha senhora!" Ivy disse, dando a volta em sua mesa, um café
em cada mão. "Bom dia, senhorita Kyros." Ela entregou os copos a cada um
deles.
"Ivy, você é um mago?" Perséfone perguntou, enquanto tomava um gole
de café, deixando o vapor aquecer seu nariz.
“Estou sempre preparada, milady,” ela respondeu.
Sybil começou a subir as escadas e quando Perséfone começou a segui-la,
Ivy falou.
"Minha senhora, não tenho certeza se você teve a chance de ler os jornais
esta manhã, mas acho que você vai querer começar com o New Athens
News." O pavor se instalou no estômago de Perséfone.
“Não é bom,” ela disse quando seus olhos musgosos encontraram os de
Perséfone.
“Eu não pensei que seria.”
Persephone subiu as escadas para seu escritório. Depois que Perséfone foi
instalada, ela puxou a notícia. A manchete em negrito dizia:
O artigo foi escrito por Helen e começou dando uma visão geral de
Teseu - ela o chamou de filho de Poseidon, charmoso e bem-educado. A
descrição fez Persephone sentir náuseas, considerando que ela conheceu o
semideus e ele a deixou desconfortável.
O artigo continuou:
***
Eles chegaram a uma parte do Tártaro que Perséfone nunca havia visitado
antes. Era um salão cavernoso, cada lado ladeado por enormes colunas de
obsidiana. Levou um momento para ela perceber que cada conjunto de
colunas estava bloqueado por um portão. Eles estavam em uma masmorra. O
ar aqui era espesso, pesado com um poder antigo. Ela inclinou a cabeça para
trás, procurando a fonte da magia.
"Há monstros aqui", disse Hades, como se explicasse.
"Que... tipo de monstros?" ela perguntou.
"Muitos", disse ele, parecendo um pouco divertido. “Alguns estão aqui
porque foram mortos, alguns estão aqui porque foram capturados. Venha."
Ele pegou a mão dela e a guiou por muitas celas escuras. Enquanto eles
iam, ela ouviu assobios e rosnados e um gemido horrível. Perséfone olhou
para Hades em busca de uma explicação.
"As harpias", disse Hades. “Aello, Ocypete e Celaeno – eles ficam inquietos,
especialmente quando o mundo está um caos.”
"Por que?"
“Porque eles sentem o mal e desejam punir”, disse ele.
Eles passaram por muitos outros, incluindo uma criatura que era metade
mulher, metade cobra. Dedos graciosos envolveram firmemente as barras de
sua cela quando sua cabeça apareceu. Ela era linda, seu cabelo era comprido
e caía sobre os ombros em ondas vermelhas, cobrindo seus seios nus.
“Hades,” ela sussurrou, seus olhos semicerrados brilhando.
"Lamia", disse ele em reconhecimento.
“Lâmia?” perguntou Perséfone. “O assassino de crianças?”
O monstro assobiou com suas palavras, mas Hades respondeu. “A própria”.
Lamia era filha de Poseidon e uma rainha. Seu caso com Zeus levou Hera a
amaldiçoá-la a perder qualquer filho que ela desse à luz, eventualmente, ela
enlouqueceu, roubando bebês de suas mães apenas para se banquetear com
sua carne. Sua história era horrível, especialmente porque Lamia havia
passado de desejar um filho acima de tudo para consumi-lo.
Eles continuaram até chegarem ao final da passagem onde um portão
mantinha uma enorme criatura parecida com um dragão aprisionada. Tinha
sete cabeças de cobra, escamas e barbatanas com membranas ao longo do
pescoço. Eles assobiaram, barrando presas que pingavam um líquido preto
em uma poça que chegava até sua grande e bulbosa barriga. Naquela água
estavam várias almas, cujos rostos estavam queimados além do
reconhecimento.
"O que é isso?" ela perguntou.
"Isso é uma hidra", disse Hades. “Seu sangue, veneno e respiração são
venenosos.”
Perséfone olhou.
“E os mortais na piscina? O que eles fizeram?"
"Eles são os terroristas que atacaram o estádio", disse ele.
“Esse é o castigo deles?”
"Não", disse Hades. “Pense nisso como a cela deles.”
Perséfone deixou as palavras de Hades se estabelecerem entre eles. Isso
significava que não havia adiamento quando os juízes atribuíam o destino de
uma alma ao Tártaro. Sua punição começou imediatamente - e essas
queimaduras, o veneno corroendo sua pele direto para o osso - foi apenas o
começo.
“E como você vai puni-los?” ela perguntou, inclinando a cabeça para
encontrar seu olhar. Hades olhou para ela.
"Talvez... você gostaria de decidir?"
Mais uma vez, ela se viu sorrindo apesar do horror da conversa. Hades
estava pedindo a ela para determinar o castigo eterno de uma alma - e ela
gostou. Isso a fez se sentir poderosa, confiável. Por um breve momento, ela
se perguntou o que isso fazia dela, mas ela já sabia. Isso fez dela sua rainha.
Seu olhar voltou para as almas no lago venenoso.
“Desejo que eles existam em constante estado de medo e pânico. Para
experimentar o que eles infligiram aos outros. Eles existirão, por toda a
eternidade, na Floresta do Desespero.”
"Então você terá isso", disse Hades, e levantou a mão para ela pegar.
Quando seus dedos se estabeleceram nos dele, as almas sob a hidra
desapareceram.
"Deixe-me mostrar-lhe algo."
Ele a levou para a biblioteca, para a bacia que ela tropeçou no início de suas
visitas ao palácio. Quando ela o encontrou pela primeira vez, ela assumiu que
era uma mesa - mas ao se aproximar, ela descobriu um mapa parcial do
Submundo refletido na superfície escura. Então, ela só conseguiu ver o
palácio, Asphodel e os rios Styx e Lethe. Quando ela perguntou a Hades por
que não estava completo, ele disse a ela que o resto seria revelado quando
ela ganhasse o direito.
Nesse ponto, apenas Hécate e Hermes foram capazes de ver todo o
submundo.
Agora, quando ela olhava, via todos os rios, prados e montanhas. Ela sabia
que as chances de o mapa permanecer o mesmo eram pequenas, pois Hades
muitas vezes manipulava seu mundo - adicionando, movendo ou apagando
locais.
“Mostre o Desespero da Floresta,” Hades disse, e a água ondulou até que
uma cena dura aconteceu diante de seus olhos. Quando Perséfone vagou
entre aquelas árvores, ela estava sozinha, a floresta quieta ao seu redor, mas
agora ela viu o que era – cheio de milhares de almas, todas vivendo alguma
forma de seu inferno pessoal. Havia almas que se sentavam nas bases das
árvores, os joelhos dobrados ao peito, tremendo. Outros caçavam uns aos
outros, atacando e matando – apenas para serem revividos e caçados
novamente.
"Aqueles que caçam", disse ela. “Qual é o medo
deles?” "Perda de controle", disse Hades.
“E os que estão sendo mortos?” ela perguntou baixinho.
“Eles foram assassinos em vida”, respondeu ele.
Havia outros também – almas que bebiam de riachos e morriam de morte
lenta e dolorosa, almas que eram capturadas em uma parte da floresta que
permanecia perpetuamente em chamas, almas que eram amarradas e
esticadas entre as árvores enquanto eram cutucadas e cutucadas até serem
expostas. levar à sua eventual morte.
À medida que cada ciclo terminava, começava de novo — e um ciclo
interminável de tortura e morte.
Depois de um momento, Perséfone se afastou da bacia. “Já vi o suficiente.”
Hades se juntou a ela, pegando sua mão e beijando seus dedos.
"Você está bem?"
"Estou... satisfeita," ela respondeu e encontrou seu olhar. “Vamos para a
cama.”
Hades não discutiu, e quando eles voltaram para seus aposentos, ela
percebeu que a vingança tinha um sabor – era amargo e metálico com uma
doçura subjacente.
E ela ansiava por isso.
"Perséfone," Hades disse o nome dela, um tom de preocupação em sua voz.
Ela sabia que ele se perguntava se tinha ido longe demais ao lhe mostrar a
Floresta do Desespero.
Ela tirou as vestes, sentindo-se tensa. Ela revirou os ombros antes de se
virar para ele.
"Hades", ela respondeu. Ela precisava dele dentro dela, precisava da
distração e liberação que ele proporcionaria.
"Você passou por muita coisa", disse ele, embora seus olhos queimassem
com um desejo
tão potente, suas pernas já tremiam. "Você tem certeza que quer isso hoje
à noite?" "É tudo que eu quero", disse ela.
Ele deu outro passo, fechando o espaço entre eles e suas bocas colidiram,
línguas varrendo juntas. Ela estremeceu sob suas mãos, arqueando-se contra
ele, seus quadris desesperados para se mover contra os dele. Ela o ajudou a
tirar suas vestes enquanto beijava seu peito, fazendo seu caminho para seu
sexo inchado. Quando os lábios dela tocaram sua cabeça, ele deu um suspiro
pesado e quase cru, raspando contra sua garganta.
Ela olhou para ele, curiosa para ver sua expressão – cheia de paixão
sombria. Isso só encorajou o fogo na boca do estômago. O espaço entre suas
coxas umedeceu, seu corpo se preparando para acomodá-lo.
"Está tudo bem?" Ela não tinha certeza por que ela perguntou. Talvez ela
só quisesse ouvi-lo dizer sim com aquele fogo consumidor em seus olhos.
“Mais do que,” ele respondeu, e ela voltou para ele, a língua provando da
ponta à base, provocando cada crista e lambendo a pele aveludada. Ele inalou
entre os dentes quando atingiu a parte de trás de sua garganta, os dedos
enroscando em seu cabelo. Ela olhou para ele. Seu olhar era terno, amoroso,
e ainda assim queimou sua alma, aquecendo cada parte dela até que ela se
derreteu.
"Você não sabe as coisas que desejo fazer com você", disse ele.
Ela segurou seu olhar, dando uma última chupada dura na coroa de seu
pênis e então o soltou. Ela se endireitou, sua cabeça inclinada em direção a
dele, suas bocas niveladas enquanto ela sussurrava: "Mostre-me."
Foi um desafio e Hades aceitou o desafio. A mão dele apertando a nuca
dela, ele trouxe a boca dela para a dele, a língua invadindo e entrelaçando
com a dela e então, como se ela não pesasse nada, ele a puxou para o centro
da cama. Mais uma vez, sua boca cobriu a dela chupando e acariciando. Ela
se curvou contra ele, seus dedos cavando em seus braços musculosos até que
ele os prendeu sobre sua cabeça – e então ela sentiu algo se entrelaçando ao
redor deles – algo suave, mas contido – ela olhou para cima e descobriu que
seus pulsos estavam amarrados com magia de sombra.
Um fio de inquietação estremeceu através dela.
"Está tudo bem?" ele perguntou, sentando-se para trás, suas coxas fortes
montadas nela, seu pênis pesado e ereto. Ela engoliu em seco, aquele fio
estranho de inquietação puxando no fundo de sua mente. Estava tudo bem?
Ela não conseguia decidir.
Este é Hades, ela lembrou a si mesma. Você está seguro.
Ela assentiu com a cabeça, o desconforto se dissipando quanto mais ele a
varreu com aquele olhar aquecido.
Hades sorriu, e seu coração bateu mais forte em seu peito, antecipação
apertando dentro dela.
“Eu vou fazer você se contorcer,” ele prometeu, rastejando por seu corpo
com graça predatória. “Eu vou fazer você gritar; Eu vou fazer você gozar com
tanta força que você sentirá isso por dias.”
Sua boca se fechou sobre a dela, movendo-se para que suas pernas
estivessem entre as dela e ele beijou seu corpo, sua pele deslizando
deliciosamente contra seu clitóris enquanto ele fazia seu caminho para seu
centro – e ainda assim seu peito apertou de uma maneira que não era
familiar. .
Ela tentou liberar o sentimento que tinha dado um nó bem ao lado de seu
coração, mas ela não conseguia respirar fundo o suficiente. Ela levantou a
cabeça, observando Hades descer, parando para pressionar beijos no interior
de suas coxas, lambendo a carne sensível.
Seguro,ela pensou várias vezes, a sensação em seu peito em conflito com
o fogo no fundo de seu estômago. Seguro. Seguro. Seguro.
Então ele a abriu, achatando suas pernas contra a cama e, de repente, ela
não conseguia respirar. Era como se ela tivesse se encontrado no Estige
novamente, sendo puxada da superfície da água negra para as profundezas
escuras nas garras dos mortos que viviam lá. Quanto mais ela lutava, mais
forte ela era segurada, mais escuro tudo se tornava. As amarras em seu pulso
eram ásperas – corda, ela percebeu. As mãos sobre suas coxas estavam
úmidas.
"Perséfone."
A voz estava abafada, mas ela se moveu em direção a ela.
"Hades," ela engasgou com seu nome.
Uma mão quebrou abaixo da superfície da água, e ela estendeu a mão para
ela, mas quando ela subiu para respirar, ela se viu cara a cara com Pirithous –
rosto magro, lábios pálidos, olhos sangrando – e ela foi subitamente devolvida
aquela cadeira de madeira. Suas bordas mordendo em sua pele. Pirithous
estava de joelhos diante dela. "Ingrato", sua voz rouca.
"Não não não!"
Ela apertou as pernas nuas juntas, mesmo quando a mão de Pirithous a
deslizou da panturrilha até a coxa.
"Eu estava protegendo você", ele fervia, olhando de soslaio sobre ela, o
sangue pingando de seu rosto em sua pele. “E é assim que você me paga?”
“Não me toque porra,” ela gritou, mas o aperto de Pirithous se apertou,
seus dedos cavaram nela, e ele abriu suas pernas, prendendo seu corpo entre
elas. Ela caiu para frente em uma tentativa de se afastar, e algo azedo subiu
pelo fundo de sua garganta.
Ela ia vomitar.
"Não", ela gemeu. "Por favor não."
Onde estava Hades? Por que ele permitiu que isso acontecesse? Ele disse
que Pirithous não poderia alcançá-la, não poderia machucá-la mais.
Onde estava sua magia? Ela tentou alcançá-lo, mas parecia tão paralisado
quanto ela.
"Persephone," Pirithous disse, as mãos avançando mais perto de seu
centro. Seu corpo se contraiu; suas entranhas estremeceram. "Está bem."
Então Pirithous se inclinou para pressionar os lábios em sua coxa, e ela
quebrou.
"Não!"
As amarras ao redor de seus pulsos se soltaram e ela golpeou Pirithous, sua
mão conectando com sua bochecha. Foi então que ela percebeu que havia
espinhos saindo de sua pele – como se suas mãos fossem o caule de uma rosa.
Assim que viu o sangue, sentiu como se tivesse emergido da escuridão.
Ela não estava mais naquela cadeira de madeira, mas no centro de um mar
de seda preta em sua cama - e não era Pirithous na frente dela, mas Hades.
Sua bochecha sangrou de seu golpe.
O sangue drenou de seu rosto enquanto ela olhava para ele, olhos
arregalados, seu cérebro lutando para entender o que havia ocorrido, mas
não fazia sentido.
Seguro, ela pensou.
Ela começou a alcançá-lo – querendo limpar o sangue, apagar a evidência
de seu golpe, mas parou quando viu suas mãos, cheias de espinhos
sangrentos. Sua boca tremeu, suas mãos tremeram, e então ela começou a
chorar.
Levou um momento para Hades se mover – tomá-la em seus braços, mas
quando o fez, seu corpo estava frio e rígido.
"Eu não sabia", disse Hades, sua voz era baixa e áspera. Era como se ele
estivesse com raiva, mas se esforçando para não deixar transparecer.
Eu sinto Muito, ela queria dizer, mas sua boca não
funcionava. “Eu não sabia,” Hades repetiu. "Eu sinto Muito.
Eu amo Você." Ele repetiu essas palavras até que sua voz
falhou.
CAPÍTULO XXVI – RELÍQUIAS
Quando Perséfone acordou, Hades já tinha ido embora.
Sua ausência renovou sua angústia e fez seu peito doer. Ela sentiu horror
por ter Pirithous invadindo um espaço tão querido. Pior, ela se sentiu
envergonhada. Ela pensou que poderia lidar com qualquer coisa desde que
fosse com Hades, e ainda assim, assim que ela foi contida, ela perdeu o
contato com a realidade.
Como eles deveriam seguir em frente a partir daqui?
Hades sempre sabia o que fazer, mas na noite passada ela o viu congelar e
ela o conhecia bem o suficiente para adivinhar que ele iria se afastar.
Ela suspirou, seu corpo todo pesado de tristeza, e se levantou da cama,
vestindo um peplos branco para o dia. Ela conversou com Sybil, Leuce e Zofie,
que estavam bem, mas preocupados com ela. Ela enviou uma mensagem
rápida, assegurando-lhes que ela estava bem e curada. Leuce também enviou
uma série de artigos e Perséfone passou parte da manhã lendo-os e assistindo
a vídeos associados aos ataques no Estádio Talaria. Parte dela se perguntou
se alguém conseguiu capturar um vídeo de sua magia, mas todas as imagens
compartilhadas eram de fora do local.
Os mortos eram impressionantes — um total de cento e trinta pessoas se
foram. Desses, três heróis morreram – Damon, Esopo e Demi. Ainda assim,
havia manchetes que afirmavam que o número de mortos era devido ao uso
desnecessário de magia pelos deuses que compareceram aos jogos.
Foi uma tentativa fracassada de justificar o terrorismo da Tríade.
Persephone deixou seu tablet de lado, precisando de uma pausa do peso.
Ela fez seu caminho para fora do palácio, para os jardins. Perséfone sempre
foi capaz de sentir os aromas que pertenciam à magia variada, mas quanto
mais tempo ela residia no Mundo Inferior, mais ela notava que cada flor
cheirava a Hades – era uma corrente oculta, fraca, mas definitivamente
distinta. As rosas, por exemplo, eram doces com um toque de fumaça. Fazia
um tempo desde que ela foi capaz de andar por esses caminhos e visitar essas
flores e quando ela chegou ao final da trilha, ela parou em seu terreno - o que
Hades havia dado a ela depois que ela aceitou sua barganha de criando vida
no submundo.
Era estéril, areia preta. Ela imaginou que todas as sementes que ela plantou
ainda estavam enterradas, adormecidas, mas algo sobre dar vida ao jardim
neste momento não parecia certo. Talvez ela guardasse a transformação para
Hades e a oferecesse como presente de casamento, se alguma vez
acontecesse. Qualquer planejamento havia sido interrompido enquanto
esperavam que Zeus desse sua bênção, que agora foi adiada devido à
tempestade de Deméter - embora Perséfone tivesse que admitir, não parecia
tão importante neste ambiente, onde deuses estavam morrendo e pessoas
estavam sendo assassinadas. .
Ela deixou os jardins, entrando nos Campos de Asfódelos, onde se juntou a
Cerberus, Typhon e Orthrus. Eles passearam pelos mercados do Vale
Asphodel. Algumas almas estavam cuidando de seus negócios habituais –
comerciar alimentos e tecidos, regar seus jardins enquanto outras
ordenhavam as vacas no prado. O cheiro de pão assando e canela doce
encheu o ar – e com ele vieram alguns soluços fracos. Perséfone seguiu o som
e encontrou Yuri acalmando uma alma.
"Está tudo bem?" perguntou Perséfone. Ela nunca tinha visto uma alma
ficar chateada em Asphodel antes e mesmo assim Perséfone sabia que havia
uma espécie de melancolia no ar que ela nunca havia sentido antes.
A alma imediatamente se afastou de Yuri e enxugou os olhos, sem olhar
para Perséfone. Ainda assim, ela poderia dizer que ela era jovem,
provavelmente em seus vinte e poucos anos. Ela tinha cabelos pretos e franjas
rombas que emolduravam um rosto pálido.
“Lady Persephone,” Yuri fez uma reverência, e a alma ao lado dela imitou
sua ação rapidamente. “Aqui é Angeliki. Ela acabou de chegar em Asphodel.”
Perséfone não precisava de mais explicações. A mulher estava no Estádio
Talaria.
"Angeliki", disse Perséfone. "É bom conhecer você." “Você
também,” a mulher sussurrou.
"Lady Persephone em breve será nossa rainha", disse Yuri.
Os olhos de Angeliki se arregalaram.
“Há algo que eu possa fazer por você, Angeliki? Para ajudá-lo a se adaptar
à sua nova casa?”
Isso só fez a mulher chorar ainda mais, e Yuri a abraçou mais uma vez,
passando a mão pelo braço dela.
“Ela está preocupada com sua mãe,” Yuri explicou. “Angeliki era seu
zelador. Agora que ela está aqui, não há ninguém para cuidar de sua mãe.”
Perséfone sentiu uma pontada de tristeza por esta mulher cujas lágrimas
não eram por si mesma, mas por outra e ela sabia que tinha que fazer alguma
coisa.
"E se o nome da sua mãe, Angeliki?"
“Nessa,” ela disse. “Nessa Levidis.”
"Vou garantir que ela seja cuidada", disse Perséfone.
Os olhos de Angeliki se arregalaram. "Você irá?
Verdadeiramente?" "Sim", disse ela. "Eu
prometo."
E os deuses não podiam quebrar promessas.
A jovem jogou os braços ao redor de Perséfone.
"Obrigada", disse ela, soluçando contra ela, o corpo tremendo. "Obrigada."
"Claro", disse Persephone, antes de se afastar. "Tudo ficará bem."
Ela respirou fundo e então ofereceu uma pequena risada. “Vou limpar.”
Perséfone e Yuri assistiram enquanto a alma desaparecia na casa.
"Isso foi muito gentil de sua parte", disse Yuri.
“Foi a única coisa que eu consegui pensar em fazer,” ela disse, e ela não
tinha certeza se Hades aprovaria, mas muitas pessoas morreram no ataque
de Talaria, e elas deixaram para trás entes queridos. os jovens e velhos. Não
era como se ela tivesse se oferecido para entregar uma mensagem pessoal.
Ela fez uma nota mental para falar com Katerina sobre iniciar um fundo
para ajudar as famílias das vítimas – isso era algo que Hades aprovaria.
"É bom ver você", disse Yuri.
"E você", disse Perséfone. “Lamento não ter visitado.”
"Está tudo bem", disse ela. “Sabemos que as coisas não estão bem acima.”
Perséfone franziu a testa. "Não, eles não são."
Ela olhou ao redor, percebendo que nenhum dos jovens residentes tinha
vindo correndo para ela como costumavam fazer.
“Onde estão as crianças?”
Yuri sorriu. "Eles estão no jardim com Tyche", disse ela. “Ela tem lido para
eles todas as manhãs. Você deveria visitar. As crianças iriam adorar.”
Ela gostaria de ver as crianças, mas também gostaria de visitar Tyche. Ainda
assim, ela se preocupou. Tyche estava pronto para responder a perguntas
sobre sua morte?
“Venha, vou caminhar até o pomar”, disse Yuri. “Eu estava indo colher
romãs quando me deparei com Angeliki.”
Eles deixaram a vila principal, seguindo um caminho em direção a um
aglomerado de árvores onde Yuri ficou para colher frutas. Além do pomar,
ficava o Jardim das Crianças — que não era um jardim, mas mais um parque
construído na floresta ao redor. Desde que Perséfone chegou ao Mundo
Inferior, o espaço havia se transformado lentamente de um par de balanços
e uma gangorra em algo muito mais mágico e aventureiro. Agora se estendia
por cinco acres com escorregadores e terrenos de areia, estruturas de
escalada e pontes suspensas onde as crianças costumavam brincar, mas hoje
ela os encontrou reunidos em uma clareira e Tyche empoleirado em uma
grande pedra. Ela estava contando uma história da maneira mais animada –
suas expressões e vozes mudando para combinar com os personagens
enquanto ela falava.
“Prometeu queria que o mundo se tornasse um lugar melhor e em vez de
passar seus dias no Monte Olimpo, ele explorou e viveu entre homens que
lutaram apesar de toda a beleza do mundo. Um dia, Prometeu percebeu que
se apenas os homens tivessem fogo, eles poderiam se aquecer e cozinhar
alimentos e aprender a fazer ferramentas. As possibilidades eram infinitas!
Mas quando Prometeu foi até Zeus e implorou para ele compartilhar o fogo
com os mortais, o Deus do Trovão recusou, temendo a força dos mortais. 'É
melhor', disse Zeus, 'que os mortais confiem nos deuses para tudo o que
precisam - deixe-os orar por suas necessidades e nós os atenderemos.'
Mas Prometeu discordou e assim ele desafiou Zeus e deu fogo ao homem.
Demorou muitos meses para Zeus olhar de seu poleiro sobre o Monte Olimpo,
mas quando o fez, ele viu mortais se aquecendo com fogos – que agora
estavam em lareiras, nas casas que eles construíram porque Prometeu lhes
deu fogo.
Enfurecido, Zeus acorrentou Prometeu ao lado de uma montanha como
punição por sua traição, mas Prometeu não estava triste com sua sentença,
mas sim feliz, feliz, porque sabia que na Terra selvagem os mortais
prosperavam.
A voz de Tyche era uniforme, exuberante e agradável e Perséfone
descobriu que preferia o final a esta versão da história de Prometeu — a
verdade era muito mais sombria. Após a trapaça de Prometeu, Zeus lançou
Pandora sobre o mundo e deu a eles tanto medo quanto esperança —
esperança, talvez a mais perigosa das armas.
Perséfone viu semelhanças em como Zeus via a humanidade até agora. Era
desejo do deus manter os mortais em uma posição de submissão. Foi sua
razão para descer à Terra - para lembrar aos humanos que era todo-poderoso.
Era também por isso que a Triad estava retaliando.
“Conte-nos outra história, Lady Tyche!” Uma criança disse.
"Amanhã, jovem", disse ela com um sorriso. “Temos uma visita.”
A Deusa da Fortuna encontrou o olhar de Perséfone e as crianças se viraram
para olhar.
“Senhora Perséfone!”
Eles correram para ela, jogando seus braços ao redor de suas pernas e
puxando sua saia.
Ela riu e se inclinou para aceitar seus abraços.
“Você veio brincar com a gente?” Um perguntou.
“Por favor, jogue conosco!”
"Eu vim para falar com Lady Tyche," Persephone respondeu. “Mas vamos
assistir você jogar. Você pode nos mostrar todos os seus novos truques.”
Isso pareceu satisfazê-los, e eles correram em direção ao playground —
subindo e correndo, balançando e deslizando.
Tyche se aproximou. Ela era linda, alta e esbelta, seu corpo envolto em
vestes pretas, seu longo cabelo preto estava amarrado em um nó no topo de
sua cabeça.
Ela fez uma reverência.
"Lady Perséfone", disse ela. “É bom conhecê-lo.”
“Lady Tyche,” ela cumprimentou. "Eu sinto muitíssimo."
"Não há necessidade de tristeza", disse ela, oferecendo um pequeno
sorriso. “Vem, vamos caminhar.”
Ela ofereceu seu braço, e Perséfone aceitou. Os dois ficaram na sombra.
Nesta parte do Mundo Inferior, o ar estava sempre quente, e as árvores
tinham um brilho que lembrava a Perséfone da primavera.
"Suponho que você deseja saber como eu morri", disse Tyche.
As palavras se torceram no peito de Perséfone como uma faca.
"Eu não quero muito saber", disse Perséfone. "Mas... temo que isso
continue acontecendo se não aprendermos com você."
"Eu entendo", disse Tyche. “Fui derrubado por algo pesado, como uma
rede. Em seguida, atacado por mortais - vários deles. Lembro-me de sentir a
primeira pontada de dor e ficar chocado que eles estavam me machucando.
Então senti outra facada, depois outra. Eu estava cercado.”
“Oh, Tyche,” Perséfone sussurrou.
“Eu não conseguia me curar. Acho que, talvez, as Parcas cortaram meu fio.
Eles andaram um pouco mais e então pararam. Tyche virou-se para
Perséfone, seus olhos tempestuosos gentis.
“Eu sei o que você deseja perguntar,” a deusa disse.
Perséfone engoliu. As palavras estavam na ponta de sua língua – minha
mãe estava envolvida? Você sentiu a magia dela também?
“Eu senti a presença de sua mãe,” Tyche disse. “Eu esperava... ela estava lá
para me ajudar. Eu não estava consciente o suficiente para entender que era
apenas sua magia.”
A culpa torceu Persephone, fazendo seu estômago dar um nó.
"Eu não entendo por que minha mãe tomou esse caminho", disse
Perséfone, e ela sentiu a dor daquelas palavras ricochetear em seu corpo.
Houve uma pausa e então Tyche falou.
"Sua mãe e eu costumávamos ser próximas", disse ela.
As sobrancelhas de Perséfone se uniram. Ela não sabia que Deméter e
Tyche eram amigas. No tempo que ela passou na estufa, ela nunca ouviu falar
ou conheceu a Deusa da Fortuna.
"Eu... não me lembro de você", disse Perséfone.
Tyche sorriu e foi triste. “Nós éramos amigos muito antes dela implorar ao
Destinos para uma filha”, disse ela. “Muito antes de ela estar tão zangada e
magoada.”
"Conte-me."
Tyche respirou fundo.
“Sua mãe manteve você em segredo por muitas razões. Você está ciente
de um – seu eventual casamento com Hades, mas Deméter estava
escondida muito antes de você chegar. Ela foi estuprada”.
Perséfone sentiu como se sua garganta estivesse em carne viva enquanto
engolia esse conhecimento.
"O que?"
“Poseidon a enganou – atraindo-a para ele na forma de um cavalo, então a
atacou. Esse foi o começo de seu ódio pelos outros atletas olímpicos.
Continuou depois que ela foi até Zeus, implorando que ele punisse seu irmão,
mas ele recusou. Não digo isso para desculpar o comportamento dela em
relação a você ou ao mundo. Eu lhe digo isso para que você entenda o porquê
dela.”
"Eu... não sabia."
“Sua mãe não vê força em sua sobrevivência.”
Perséfone nunca havia considerado de onde sua mãe tinha vindo – o abuso
que ela havia sofrido ou superado.
Mas isso.
Este foi o trauma de Demeter. Foi a semente que plantou as raízes de seu
medo do mundo, seu medo por ela. Poseidon e Zeus eram um dos três –
quando se tratava de Hades, era provável que Deméter não tivesse espaço
para considerá-lo digno.
“Ela nunca mais foi a mesma,” Tyche continuou. “Acho que ela enterrou
partes de si mesma para poder existir, mas ao fazer isso, ela perdeu a parte
de si mesma que também vivia.”
Perséfone tentou inalar, mas falhou.
“Sinto muito, Perséfone.”
"Estou feliz que você me disse", disse ela, embora sua mente girasse com
uma nova compreensão. Apesar do erro que Deméter havia cometido,
Perséfone podia ver os fios que levam sua mãe por esse caminho e, no final,
eles não tinham nada a ver com ela e tudo a ver com trauma. Poseidon a havia
quebrado; Zeus a tinha esmagado, e ela tinha que existir em um mundo onde
eles permaneciam poderosos e no controle.
— Hades sabe? perguntou Perséfone.
“Não sei se Deméter disse a alguém, me salve.”
Ela não tinha certeza do porquê, mas isso a fez respirar um pouco mais
fácil.
"O que eu faço?"
Tyche deu de ombros. "É difícil saber. Talvez viva com o conhecimento de
que Deméter fez o seu melhor dadas as circunstâncias e ainda saiba que isso
não significa que seu trauma seja inválido. Estamos todos quebrados,
Perséfone. É o que fazemos com as peças que importa.”
Deméter estava usando seus pedaços para machucar, e Perséfone sabia
que, no final, apesar das lutas de sua mãe, ela teria que ser impedida.
“Obrigado, Tyche.”
“Não será fácil, Perséfone. O sistema está quebrado; algo novo deve tomar
seu lugar, mas não há promessas na guerra, nenhuma garantia de que aquilo
pelo que lutamos vencerá”.
"E ainda assim a chance vale a pena... não é?"
Tyche sorriu, um pouco triste e disse: “Isso é esperança. O maior inimigo
do homem.”
***
***
Persephone estava sentada atrás de sua mesa, uma xícara de café entre as
mãos. Ela olhou fixamente para o vapor enrolando no ar, incapaz de se
concentrar. Ela não tinha dormido e se sentia grogue. Seu corpo não queria
nada mais do que encontrar um lugar tranquilo e tirar uma soneca, mas seus
pensamentos eram caóticos, repetindo-se em sua cabeça.
Ela agonizou, oscilando entre se sentir culpada ou zangada pela distância
de Hades. Talvez ela devesse ter forçado a conversa em torno de sua reação,
mas depois que ele se recusou a ir para a cama, ela perdeu a confiança e, em
vez disso, sentiu-se ansiosa para abordar o assunto. Ela foi acionada do nada,
e atacou Hades, e embora ela soubesse que ele também sofria, não era nada
comparado ao quão envergonhada, devastada, violada ela se sentiu.
Outro pensamento lhe ocorreu – e se ele não estivesse mais disposto a
explorar suas fantasias com ela? E o dela?
Uma batida chamou sua atenção e Leuce entrou carregando uma braçada
de jornais. Ela parecia tão exausta quanto Perséfone se sentia.
"Você está bem?" perguntou Perséfone.
A ninfa colocou a pilha em sua mesa e deu de ombros. “Eu não durmo bem
desde...”
Suas palavras sumiram, mas ela não precisou terminar sua frase porque
Perséfone sabia que ela estava lutando após o ataque ao Estádio Talaria.
“Algumas coisas não mudaram desde a antiguidade”, disse Leuce. “Vocês
ainda se matam, apenas com armas diferentes.”
Ela não estava errada — a sociedade era tão violenta quanto pacífica.
Os olhos de Perséfone caíram para a pilha de papéis que Leuce havia trazido
para ela. A primeira foi do New Athens News e a manchete era sobre o ataque
ao Estádio Talaria:
Era um artigo de Helen que afirmava que o ataque foi planejado pela Tríade
para forçar a mudança – e que, sem conflito, os mortais continuariam a viver
sob o controle dos deuses.
O estádio foi escolhido porque os jogos representavam o domínio que os
deuses ainda tinham sobre a sociedade e para que isso mudasse, ele precisava
ser desmontado. O problema era que, das cento e sessenta pessoas que
morreram naquele estádio, quantas queriam ser mártires da Tríade?
A resposta de Helen foi cruel: onde estavam seus deuses?
"Eu não posso acreditar que Demetri aprovou esse artigo", disse Leuce, mas
Perséfone tinha a sensação de que Demetri não tinha muito a dizer sobre isso.
“Helen enlouqueceu.”
"Eu não acho que ela realmente acredita no que está escrevendo", disse
Persephone. “Eu não acho que ela pensa por si mesma.” Na verdade,
Perséfone tinha certeza disso.
“Se você a ver novamente, por favor, transforme-a em uma árvore”, disse
Leuce.
Perséfone deu uma pequena risada quando Leuce saiu, fechando a porta
atrás dela. Por um momento, ela afundou na cadeira, sentindo-se ainda mais
exausta do que antes. A traição de Helen tinha sido chocante, mas isso era
outra coisa. Algo muito pior. Quase como uma declaração de guerra.
Ela se endireitou o suficiente e leu mais alguns artigos, sentindo o coração
cada vez mais pesado a cada manchete:
Pelo menos 56 mortes atribuídas ao clima de inverno - isso é apenas
na semana passada
Mas foi um título em particular que chamou sua atenção perto da parte
inferior da página:
***
***
***
Perséfone esperou atrás de uma fileira de árvores com Lexa que usava um
vestido que parecia uma versão de seu véu, só que o tecido era preto. Ela
ainda tinha que espiar ao redor dos galhos para ver o bosque no qual ela
realmente se casaria com Hades, mas Lexa viu.
Ela inalou e virou-se para encará-la.
"Oh, meus deuses, Perséfone", ela exclamou. “É lindo e há tantas...
pessoas.”
Persephone acho que Lexa estava dividida entre chamá-los de pessoas e
almas.
Ela espiou novamente.
"Eu não posso acreditar que estou realmente me casando", disse
Persephone, segurando suas flores com tanta força que suas palmas
começaram a suar. Quando ela pensou de onde ela veio, foi ainda mais
surreal. Ela nunca tinha considerado o casamento, nunca tinha sonhado com
este dia, mas conhecer Hades mudou tudo isso.
"Você está nervoso?" Lexa perguntou, olhando para ela por cima do
ombro.
"Sim."
“Não fique,” ela disse e veio para o lado de Perséfone. “Quando você pisar
além daquelas árvores, apenas procure por Hades. Você não vai pensar em
mais nada, não vai querer mais ninguém além dele.
Era algo que a velha Lexa diria, e deu conforto a Perséfone.
Ainda assim, ela olhou para a amiga com curiosidade.
"O que?" Lexa perguntou quando percebeu.
"Nada", disse Perséfone. “Parece que você está falando por experiência
própria.”
Seguiu-se um silêncio estranho e denso.
"Eu acho que sei o que é não querer mais ninguém", disse ela calmamente.
"Tanatos?" Persephone perguntou, ainda observando Lexa de perto.
Ela assentiu. Não era tão difícil adivinhar, dado como eles conversaram um
sobre o outro no último mês. Perséfone queria dizer alguma coisa — fazer
mais perguntas. Ela tinha falado com Thanatos sobre seus sentimentos? Eles
se beijaram? Mas um som doce e bonito encheu o ar, enviando calafrios por
seu corpo.
"Essa é a nossa fila", disse Lexa, puxando o braço de Persephone.
Ela segurou suas flores e sua respiração mais forte, e quando ela virou a
esquina, ela foi arrancada dela. Eles estavam em um enorme bosque cercado
por árvores altas, cada uma decorada com guirlandas de lavanda e flores cor-
de-rosa, e no alto as lampades brilhavam como lanternas. Então havia Hades
- terrivelmente bonito - envolto por um arco de vegetação e flora,
Cerberus, Typhon e Orthrus sentaram-se estoicamente a seus pés.
Assim que seu olhar colidiu com o dele, ele era tudo o que ela queria.
Seu sorriso largo e brilhante iluminou seu rosto inteiro. Até seus olhos
pareciam mais brilhantes e a seguiram enquanto ela se aproximava dele. Ele
havia escolhido um terno para a ocasião, preto com uma única flor de
polianthus vermelha no bolso do paletó. Seu cabelo estava liso e amarrado na
parte de trás. Seus chifres estavam em exibição — coisas lindas e letais que
pairavam sobre sua cabeça.
Toda a procissão parecia frenética, selvagem e perfeita.
Ela parou para abraçar aqueles que ela podia alcançar — Yuri e Alma, Isaac
e Lily e as outras crianças do Submundo, Caronte e Tyche. Então ela encarou
Apollo, que sorriu, seus olhos violeta eram calorosos e sinceros.
“Parabéns, Seph.”
“Obrigado, Apolo.”
Quando ela veio para Hermes, ela o abraçou por mais tempo.
"Você está linda, Sephy", disse ele, e se afastou. Ele ainda estava vestindo
seu terno amarelo.
“Você é o melhor, Hermes. Verdadeiramente."
Ele sorriu e roçou os dedos sobre a curva de sua bochecha. "Eu sei."
Eles riram, e quando ela se virou, ela percebeu que agora estava cara a cara
com Hades. Ela foi em direção a ele quando Lexa a puxou de volta, pegando
seu buquê.
"Ansioso, querido?" Hades perguntou e a multidão riu.
"Sempre", disse ela.
Ele pegou suas mãos, e seu olhar não se desviou de seu rosto. O sorriso
dele — oh, o sorriso dele era brilhante, e algo que ela raramente via e
enquanto ele a olhava da cabeça aos pés, olhos cor de safira tão profundos
quanto as partes mais frias do oceano, ela sabia que ele era dela para sempre.
“Oi,” ela disse baixinho, quase timidamente.
“Oi,” ele respondeu, levantando uma sobrancelha. "Você é lindo."
"Então é você."
Hades parecia completamente divertido.
Eles foram interrompidos por Hécate, que havia entrado no espaço diante
deles, pigarreando, e quando eles se viraram para olhar para ela, ela sorriu,
calorosa e feliz.
“Eu sabia que esse momento chegaria”, disse Hécate.
"Eventualmente." A Deusa da Bruxaria olhou para Hades.
“Eu vi amor—de todas as formas e graus—mas há algo querido sobre este
amor—do tipo que vocês dois compartilham. É desesperador e feroz e
apaixonado,” ela fez uma pausa para rir – e assim fizeram todos atrás deles.
Perséfone corou, mas Hades permaneceu passivo. “E talvez seja porque eu
conheço você, mas é meu tipo favorito de amor para assistir. Floresce e arde,
desafia e provoca, machuca e cura. Não há duas almas melhor combinadas. À
parte, você é luz e escuridão, vida e morte, um começo e um fim.
Juntos, vocês são uma fundação que vai tecer um império, unir um povo e
unir mundos. Você é um ciclo que nunca termina — eterno e infinito. Hades.”
Hécate estendeu a mão e, no centro da palma, estava o anel que Hades
havia feito para ela. Ele o pegou e segurou entre o polegar e o indicador.
O olhar de Perséfone colidiu com o dele – um anel! Ela não tinha um anel,
e ainda assim, a inclinação do canto de seus lábios lhe disse que tudo ficaria
bem.
“Você aceita Perséfone como sua esposa?” Hécate perguntou.
“Eu quero,” ele disse, sua voz profunda deslizou contra sua pele, fazendo-
a estremecer quando ele colocou o anel em seu dedo.
“Perséfone,” disse Hécate, e estendeu a outra mão. Um anel preto
repousava no centro de sua palma. Era pesado, e enquanto ela o segurava,
sua mão tremia.
“Você aceita Hades como seu marido?”
"Eu quero", disse ela, e deslizou o anel em seu dedo. Ela olhou para o anel
por um longo momento, sentindo um profundo sentimento de orgulho ao vê-
lo ali – significava que ele pertencia a ela.
"Você pode beijar a noiva, Hades."
Os olhos de Perséfone estavam fixos em Hades quando sua expressão ficou
pensativa - quase sombria, mas Perséfone sabia que não era porque ele
estava chateado, era uma marca de quão sério ele levou este momento. Um
peso caiu sobre seu peito quando ela percebeu quanto tempo ele esperou -
enquanto o namoro deles foi um segundo em sua vasta vida, ele passou a
maior parte disso sozinho, ansiando por companheirismo, por amor
correspondido, e quando seus lábios se encontraram, seria ser um fim para
esse vasto vazio.
Ele segurou seu rosto, e ela agarrou seus pulsos, sorrindo para ele.
"Eu te amo", disse ele, e selou sua boca na dela.
A princípio, ela pensou que ele terminaria o beijo ali – algo simples e doce
diante de todo o submundo, mas então a mão dele se moveu de seu rosto,
para a parte de trás de sua cabeça, enquanto a outra envolvia sua cintura. A
língua dele deslizou contra a boca dela, e ela se abriu para ele, sorrindo por
um momento antes que ele aprofundasse o beijo.
Ao redor deles, as almas aplaudiram.
"Obter um quarto!" Hermes gritou.
Quando Hades se afastou, havia um sorriso em seu rosto, e ele se inclinou
para dar um beijo na testa dela antes de pegar sua mão. Eles se viraram para
encarar a enorme multidão.
“Posso apresentar, Hades e Perséfone, Rei e Rainha do
Submundo."
Os aplausos foram ensurdecedores. Hades guiou Perséfone pelo corredor
que parecia muito mais curto do que quando ela o caminhou pela primeira
vez. Uma vez que estavam atrás da linha de árvores, ele a puxou contra ele e
a beijou novamente.
"Eu nunca vi nada mais bonito do que você", disse ele. Seu sorriso
se alargou. "Eu amo Você. Muito."
“Venha,” disse Hécate enquanto virava a esquina.
Ela usou sua magia para teletransportá-los e os conduziu até a biblioteca.
“Vocês têm alguns minutos para vocês até que eu volte para buscá-los para
as festividades,” Hécate disse nas portas. “Se eu fosse você, manteria suas
roupas.” Ela parou por um momento e acrescentou: “E seus pés no chão”.
Quando a porta se fechou, Hades olhou para Perséfone.
"Isso", disse ele. “Parecia um desafio.”
Perséfone arqueou uma sobrancelha. "Você está disposto a
isso, marido?" Mas com a palavra, ele fechou os olhos e
exalou.
"Você está bem?"
Seus olhos ainda estavam fechados enquanto ele falava. "Diga isso de novo.
Me chame de seu marido.”
Ela sorriu.
"Eu disse, você está pronto para o desafio, marido?"
Hades abriu os olhos. Eles escureceram de azul para preto, queimando de
desejo. Ele alcançou seus quadris, apertando a seda de seu vestido em suas
mãos.
"Tanto quanto eu quero você agora", disse ele. "Eu tenho outra coisa
planejada para nós esta noite."
Persephone passou as mãos sobre o peito e atrás do pescoço.
"Isso envolve... algo novo?" Ela perguntou.
Hades levantou uma sobrancelha. "Você está pedindo... algo
novo?" "Sim", ela sussurrou.
Hades pegou sua mão e beijou o interior de seu pulso. — E o que você
deseja experimentar?
Ela engoliu. “Restrições.”
CAPÍTULO XXXII – EM UM MAR DE
ESTRELAS
Hécate os retirou da biblioteca e os conduziu até a entrada do primeiro
andar do salão de baile. Do outro lado das portas, ela ouviu a voz de Hermes.
“Apresentando seu Senhor e Senhora do Submundo, Rei Hades e
Rainha Perséfone.”
Perséfone tinha certeza de que nunca se cansaria de ouvir seu nome falado
em conjunto com o de Hades, e quando as portas se abriram, ela se deparou
com seu povo - todas as almas do Submundo que ela havia aprendido a
amar. Eles aplaudiram e aplaudiram novamente quando entraram na
multidão, derramando-se no pátio onde pararam e lá sob o céu do
Submundo e diante de todas as almas - novas e velhas, Hades puxou
Perséfone para perto.
A música era suave — uma bela melodia que parecia juntá-los.
"O que você está pensando?" perguntou Perséfone.
"Estou pensando em muitas coisas, esposa", disse ele.
"Como?"
Os cantos de seus lábios se curvaram.
“Estou pensando em como estou feliz,” ele respondeu, as palavras
aquecendo seu peito. Ainda assim, ela arqueou uma sobrancelha.
"Isso é tudo?"
“Eu não terminei,” ele disse, apertando seu abraço e se curvando para que
sua bochecha pressionasse contra a dela, sua respiração roçando sua orelha.
“Eu estou querendo saber se você está molhada para mim. Se seu estômago
está apertado de desejo. Se você está fantasiando sobre esta noite tanto
quanto eu... e seus pensamentos são tão vulgares?
Quando ele se afastou, ela estava corada, o calor se acumulando no centro
de seu corpo. Ainda assim, ela segurou seu olhar e quando a música terminou,
eles pararam no centro do pátio. Perséfone esticou o pescoço; seus lábios
perto dos dele enquanto ela respondia suas perguntas.
"Sim."
Seus olhos escureceram, e Perséfone sorriu assim que sua atenção foi
atraída por um grupo de crianças implorando por uma dança. Ela se separou
de Hades e segurou as mãos das crianças enquanto elas se moviam pelo pátio,
alheias ao ritmo ou trabalho de pés. Ainda assim, Perséfone não se importou
- ela riu e sorriu e sentiu mais alegria do que em meses.
Quando a música terminou, outra começou, e as crianças se separaram
para brincar sozinhas.
“Posso ter essa dança, rainha Perséfone?”
Ela se virou para encontrar Hermes, que se curvou em sua presença.
“Claro, Lorde Hermes,” ela respondeu, pegando sua mão estendida.
"Estou orgulhoso de você, Sephy", disse ele.
"Orgulhoso? Para quê?”
"Você se saiu bem na frente dos olímpicos esta noite", disse ele.
“Acho que fiz inimigos.”
Ele deu de ombros e a guiou em um giro. “Ter inimigos é uma verdade
universal”, disse ele. “Significa que você tem algo pelo qual vale a pena lutar.”
"Você sabe", disse Perséfone. “Apesar de todo o seu humor, Hermes, você
tem muita sabedoria.”
O deus sorriu. “Outra verdade universal.”
Depois de dançar com Hermes, Perséfone foi passada para Caronte e
quando ela se viu cara a cara com Tânatos, seu sorriso desapareceu.
Ele estava pálido e bonito e parecia um pouco triste.
O deus baixou a cabeça. "Lady Persephone, você vai dançar comigo?"
Thanatos não se aproximou dela desde o dia em que disse que ela não
podia ver Lexa. Enfrentá-lo agora parecia estranho.
Ela hesitou e Thanatos notou, acrescentando. "Eu entendo se você quiser
recusar."
"Eu não espero que você seja gentil porque eu sou sua rainha", disse ela.
“Eu não te convidei para dançar porque você é minha rainha”, disse ele.
"Eu te pedi para dançar para que eu pudesse me desculpar."
"Peça desculpas então, e vamos dançar."
Ele franziu a testa; seus olhos azuis sinceros enquanto falava: “Sinto muito
por minhas ações e minhas palavras. Levei a proteção de Lexa ao extremo e
me arrependo de como te machuquei.
"Desculpas aceitas", disse ela, e Thanatos ofereceu um sorriso triste.
"Não parece que meu pedido de desculpas tenha feito você se sentir
melhor", disse Perséfone enquanto dançavam.
“Acho que estou chocado com meu comportamento”, disse o deus.
“O amor faz isso com o melhor de nós”, disse ela. Os olhos de Thanatos se
arregalaram e Perséfone deu uma pequena risada. “Eu sei que você se
importa com ela.”
O Deus da Morte não falou, então Perséfone acrescentou algo que ela
conhecia muito bem. “Às vezes, é difícil explicar nossas ações quando elas são
guiadas pelo nosso coração.”
"Ela vai reencarnar um dia", disse Thanatos.
"E?"
“Ela não vai se lembrar de mim.”
“Eu não entendo o que você está tentando dizer.”
“Estou dizendo que ela e eu não podemos ser.”
As sobrancelhas de Perséfone se uniram. “Você se privaria de um momento
de felicidade?”
“Para escapar de uma vida inteira de dor? Sim."
Perséfone não disse nada por um longo momento.
— Ela sabe da decisão que você tomou?
Thanatos não pareceu gostar dessa pergunta, porque ele apertou os lábios
em uma linha dura.
"Você deveria pelo menos dizer a ela", disse Persephone. “Porque
enquanto você está escolhendo escapar da dor, ela está vivendo nela.”
Uma vez que sua dança com Thanatos terminou, ela vagou além do pátio,
precisando de descanso e distância da multidão, para o jardim onde grandes
rosas floresciam, emitindo um perfume doce. À sua frente, Cerberus, Typhon
e Orthrus vagavam, narizes no chão. Ela ficou surpresa quando notou a
silhueta familiar de seu marido à sua frente. Ele ficou com as mãos nos bolsos,
olhando para o céu.
Depois de um momento, ele se virou, seus olhos brilhando.
"Você está bem?" ele
perguntou. “Eu sou,” ela
respondeu.
"Você está pronto?"
"Eu sou."
Ele estendeu a mão e quando ela pressionou os dedos em sua palma, eles
desapareceram.
***
A última linha acendeu uma raiva fina dentro dela, principalmente porque
ela sabia que esta era a verdade de Helen – ela estava procurando uma
maneira de subir e ela escolheu o lado errado.
Perséfone olhou para cima e notou as pessoas olhando. Ela começou a se
sentir desconfortável e verificou a hora. Sybil estava quase quinze minutos
atrasada e ela não respondeu ao texto de Persephone, ambos eram
diferentes dela.
Ela mandou uma mensagem novamente: Você está bem?
Então ela ligou e seu telefone foi direto para o correio de voz.
Estranho.
Perséfone desligou e ligou para Ivy na Torre de Alexandria.
"Bom dia, Lady Persephone", ela disse.
— Ivy, Sybil chegou?
"Ainda não", disse ela. “Mas vou verificar novamente.”
A ninfa a colocou em espera e, enquanto Perséfone esperava, seu
estômago revirou de pavor. Ela já sabia que Sybil não tinha chegado ao
trabalho. Ninguém passou por Ivy, uma verdade que se confirmou quando ela
voltou ao telefone.
“Ela ainda não chegou, minha senhora. Você gostaria que eu ligasse quando
ela ligar?”
“Não, tudo bem. Eu estarei lá em breve."
Perséfone desligou o telefone e franziu a testa. Ela não gostou da sensação
de enrolar no fundo de seu estômago. Ele tomou conta de seus pulmões,
tornando difícil respirar e engolir.
Talvez ela tenha passado a noite com Harmonia. Talvez tenham perdido a
noção do tempo.
“Zofie,” Persephone chamou o nome da amazona, e ela apareceu
instantaneamente. Os espectadores ficaram surpresos, mas Perséfone os
ignorou.
"Sim minha senhora?"
"Você pode localizar Harmonia?"
"Vou fazer o meu melhor", disse ela. "Devo acompanhá-lo até
a torre?" "Não, eu prefiro que você encontre Harmonia o
mais rápido possível." "Como você quiser", disse ela, e
desapareceu.
Zofie vai encontrá-los, ela pensou.
Ela tentou se confortar com esses pensamentos enquanto pagava pelo café
e fazia a curta caminhada até a Torre de Alexandria no frio intenso. Assim que
ela chegou, ela deu as boas-vindas ao calor formigando em seu rosto,
derretendo sua pele congelada.
"Lady Perséfone", disse Ivy. "Eu liguei para a senhorita Kyros, mas o
telefone dela parece estar desligado."
Era o único fato que a impedia de acreditar completamente que estava com
Harmonia. O telefone de Sybil nunca estava desligado.
Talvez ela tenha esquecido seu carregador, ela raciocinou. Ainda assim, seu
medo cresceu.
"Vou tentar novamente em alguns minutos", disse Ivy. “Deixei café na sua
mesa.” "Obrigado, Ivy."
Persephone subiu as escadas e entrou em seu escritório. Ela começou a
tirar a jaqueta, mas parou quando deu a volta em sua mesa, notando uma
pequena caixa preta. Estava amarrado com uma fita vermelha e estava ao
lado de seu café. Ivy deixou um presente e não disse nada sobre isso? Ela o
pegou e ficou ainda mais confusa quando encontrou uma substância pegajosa
no fundo - então, horrorizada, ao perceber o que era.
Sangue.
“Bom dia...” A voz de Leuce parou abruptamente quando ela entrou.
escritório de Perséfone e viu a mancha carmesim em sua mesa. "Isso é...
sangue?"
De repente ficou muito difícil para Perséfone respirar e havia um zumbido
em seus ouvidos que doía.
“Leuce. Pegue Ivy.”
"Claro."
Persephone segurou a caixa com cuidado, suas mãos já tremendo. Ela
puxou a fita e removeu a tampa. Dentro havia papel branco manchado de
sangue. Ela separou as folhas e encontrou um dedo decepado. Uma dor
começou no fundo de sua garganta e ela largou a caixa, afastando-se de sua
mesa.
Nesse momento, Ivy e Leuce voltaram.
— O que é, minha senhora?
Perséfone podia sentir lágrimas grossas se acumulando.
"Esta caixa estava aqui quando você trouxe meu café esta manhã?"
"Bem... sim", disse ela. “Eu assumi que era de Hades.”
“Alguém mais esteve no meu escritório?” ela olhou de uma ninfa para a
outra enquanto elas respondiam em uníssono.
“Não”, eles disseram.
“Sua porta estava fechada quando cheguei aqui”, disse Leuce.
Perséfone sentiu-se tonta e sua mente disparou. Seu olhar caiu novamente
para a caixa, e o galho de cinzas espreitando através do papel.
"Eu tenho que verificar Sybil."
“Persephone espere...”
Ela não o fez.
Ela se teletransportou para o apartamento de Sybil e se viu no meio da
sala de estar do oráculo. Estava completamente destruída — a mesa de
centro estava em pedaços, a televisão quebrada. As portas do console
sobre o qual ela repousava pareciam ter sido arrancadas de suas
dobradiças. As cortinas haviam sido arrancadas de suas hastes. Vidros
quebrados espalhavam-se pelo chão. Foi nesse caos que ela notou algo
tremendo, enrolado no sofá – Opala, a cachorra de Harmonia. Perséfone
a pegou em seus braços. "Está tudo bem", ela acalmou, mas mesmo ela
não acreditou nas palavras. Ela começou a explorar o resto do
apartamento.
“Sibila!” Perséfone chamou, seus sapatos esmagando os escombros
enquanto ela se movia pelo corredor, reunindo sua magia nas palmas das
mãos, uma energia agitada que combinava com o que ela sentia. Ela verificou
o banheiro e encontrou o espelho quebrado; a vaidade salpicada de sangue.
Seus olhos se voltaram para a banheira, escondida atrás de uma cortina de
chuveiro. O tempo parecia desacelerar à medida que ela se aproximava, sua
magia quente em sua mão.
Ela puxou a cortina para trás, mas encontrou a banheira vazia — impecável.
Ainda assim, ela se sentiu no limite quando saiu do banheiro no corredor
onde ficava o quarto de Sybil. A porta estava entreaberta e, ao chutá-la um
pouco mais, encontrou-a demolida, mas não havia Sybil.
Sem Sibila.
Então ela se lembrou das palavras do falso oráculo.
A perda de um amigo levará você a perder muitos - e você, você deixará de
brilhar, uma brasa tomada pela noite. Ben.
***
Não.
Não não não.
- Homero, A Odisseia
CAPÍTULO XXXVI
- PERSÉFONE
Teseu conduziu Perséfone para fora da Torre de Alexandria e entrou em
um SUV que esperava. Do lado de dentro, as janelas estavam tão escuras que
ela não conseguia enxergar. Teseu subiu no veículo atrás dela e estendeu a
mão.
“Seu anel,” ele exigiu.
"Meu... por quê?"
"Seu anel ou eu vou cortar seu dedo também."
Perséfone olhou para ele. Ela queria tanto usar sua magia contra esse meio-
deus, mas não conseguia fazer isso, não sem saber se Sybil estava bem.
Ela torceu o anel de seu dedo e o entregou, sentindo como se estivesse
dando um pedaço de seu coração. Ela observou quando Teseu o colocou no
bolso interno de sua jaqueta.
"Para onde você está me levando?" ela exigiu.
“Nós iremos para o Diadem Hotel”, disse ele. “Até que eu esteja pronto
para executar meus planos com você.”
“E o que são esses?” Ela não conseguiu evitar que sua voz tremesse.
Ele riu. “Eu não sou de mostrar minha mão antes de estar pronta, rainha
Perséfone.”
Ela ignorou o uso de seu título; provavelmente não era sério - apenas uma
maneira de ficar sob sua pele.
“Sybil está aí? No hotel?"
"Sim", disse ele. “Você a verá – você precisará vê-la para poder se lembrar
por que deve seguir em frente em sua missão.”
Perséfone deixou o silêncio se estender por um momento antes de
falar novamente. "Você está trabalhando com minha mãe?" “Temos
objetivos comuns”, disse.
"Vocês dois querem derrubar os deuses", disse ela.
"Não derrubar", disse ele. "Destruir."
"Por que? O que você tem contra os deuses? Você nasceu de um.” Mesmo
que Teseu quisesse, ele não poderia negar sua ascendência.
“Eu não odeio todos os deuses, apenas os inflexíveis”, disse ele.
"Você quer dizer aqueles que não vão deixar você fazer o que quer?"
“Você me faz parecer egoísta. Não falei sempre em ajudar o bem maior?”
“Nós dois sabemos que você quer poder, Teseu. Você está apenas
brincando de oferecer aos mortais o que outros deuses não concederão.”
Teseu sorriu. “Sempre cética, Lady Perséfone.”
Ela não tinha certeza de quanto tempo eles dirigiram, mas em algum
momento, o carro parou. Teseu se inclinou para ela e capturou seu queixo
entre os dedos, apertando com força e forçando-a a encontrar seu olhar.
"Temos um pequeno passeio a fazer", disse ele. “Apenas saiba que estarei
contando o número de vezes que você se comporta mal e, para cada ofensa,
cortarei outro dedo do seu amigo. Se eu ficar sem dedos, vou passar para os
dedos dos pés.” Ele a soltou e ela a encarou, respirando com dificuldade. "Eu
confio que você vai obedecer."
Assim que ele falou, alguém abriu a porta, e ela quase caiu do veículo, mas
ela se segurou e se mexeu, saindo da cabine graciosamente, a ameaça de
Teseu ainda em sua mente.
O Diadem Hotel era grandioso, uma estrutura semelhante a um palácio que
se estendia por quilômetros. Perséfone nunca tinha entrado antes, mas ela
sabia que o lugar ostentava vários restaurantes sofisticados e era um refúgio
tanto para os moradores locais quanto para os turistas.
Teseu deu a volta no SUV e enlaçou seu braço com o dela.
“Hera sabe que você está usando as instalações dela para atividades de
traição?”
Teseu riu — uma gargalhada profunda que Perséfone achou terrível apesar
de seu calor. Então ele disse: “De todos os deuses, Hera está do nosso lado há
mais tempo”.
Entraram no extravagante saguão do hotel. Grandes candelabros de cristal
pendiam de um teto de sete andares, coroado com vitrais. Havia várias áreas
de estar, e muitas delas estavam cheias, cheias de gente, conversando e
bebendo.
Era um lugar magnífico.
E em algum lugar lá dentro estava Sybil, sangrando.
Enquanto os olhos de Perséfone se perguntavam, ela notou que as pessoas
a notavam. Ela não ficaria surpresa se alguém já tivesse tirado fotos dela
chegando aqui com Teseu sem o anel e no braço do semideus. Os paparazzi
procuravam esse tipo de coisa. Ela virou a cabeça para Teseu.
"Eu assumi que você seria mais discreto", disse ela entre os dentes.
“Já que você está infringindo a lei.”
Ele sorriu e se inclinou para perto, seu hálito quente em sua orelha. Os
espectadores pensariam que ele estava sussurrando palavras doces, mas suas
palavras a enfureceram.
“Você infringiu a lei. Você se envolveu em batalha com os deuses.”
“Você sequestrou meu amigo.”
“É um crime se ninguém sabe?” ele perguntou.
Ela o odiava.
“Não desperdice seus pensamentos em como você vai me torturar quando
eu morrer. Hades já reivindicou essa honra.”
Finalmente, Perséfone encontrou algo para rir. “Oh, eu não vou torturá-lo
quando você morrer. Eu vou torturá-lo enquanto você viver.”
Teseu não respondeu, não que as palavras dela pareçam afetá-lo. Ele não
tinha medo — e por que deveria temer? Agora mesmo, ele estava ganhando.
Eles continuaram ao longo da borda do saguão, em direção a uma grande
escadaria que se ramificava em direções opostas. Eles pegaram o da
direita. A subida era de quatro andares e as pernas de Perséfone
queimaram, mas nada poderia superar a profunda sensação de pavor que
estava mexendo em seu estômago. Eles subiram a escada e Teseu a
conduziu por um corredor de portas, parando em uma à esquerda —
número 505. Ele entrou na sala e segurou a porta aberta para ela.
Perséfone manteve os olhos fixos em Teseu até passar pela soleira. Havia
uma pequena entrada que dava para uma sala maior, onde um homem estava
encostado na parede. Ele não era familiar, grande, mas ficou parado como um
soldado em guarda. Quando ela entrou na sala, seus olhos se conectaram com
Sybil, cujo nome explodiu de sua boca em um gemido quebrado. Ela correu
para ela e caiu de joelhos.
O oráculo estava sentado com as pernas e os braços presos. Sua cabeça
estava inclinada para o lado, descansando contra seu ombro. Seu cabelo loiro
estava emaranhado com sangue seco e cobria parte de seu rosto. Perséfone
afastou as mechas, revelando olhos machucados, lábio quebrado e nariz
sangrando. Lágrimas se acumularam e queimaram no fundo de sua garganta.
“Sybil,” a voz de Perséfone era mais um lamento, mas os olhos do oráculo
se abriram em fendas e ela tentou sorrir, mas estremeceu e então gemeu.
Perséfone levantou-se e virou-se para Teseu, sua raiva aguda, mas
encontrou outra pessoa na sala com eles.
“Harmonia!”
A Deusa da Harmonia estava no canto oposto, também contida. Ela estava
machucada e espancada, muito pior do que na noite em que Perséfone a
conheceu na casa de Afrodite. Ela sangrou de uma ferida em seu lado.
“Ah, sim,” Teseu zombou. “Aquele estava com ela quando aparecemos.
Fiz uma bagunça de coisas, então fui forçado a fazer uma bagunça com ela.”
Persephone rangeu os dentes, os dedos se curvando na palma da mão.
“Você não precisava machucá-los,” ela disse, sua voz trêmula.
"Mas eu fiz. Você vai entender o que é preciso um dia para vencer uma
guerra,” ele disse e então indicou para o homem grande e silencioso que
estava encostado na parede. “Theo aqui é seu guarda-costas. Theo.”
Ele disse seu nome como uma ordem, brandiu uma faca, aproximou-se de
Sybil e segurou-lhe o pulso. Ela choramingou quando ele colocou a lâmina
contra seu dedo anelar – seu dedo médio já estava faltando.
"Não!" Perséfone começou a se mover em direção a eles, mas a voz de
Teseu a deteve.
“Ah-ah-ah,” ele repreendeu. “Theo é filho de um açougueiro. Ele é um
escultor especialista. Ele recebeu ordens para desmembrar seu amigo se
você se comportar mal. Claro, não tudo de uma vez. Voltarei em breve,” o
semideus prometeu e saiu.
No silêncio que se seguiu, Perséfone manteve-se de costas para a parede,
de frente para o homem cujas mãos ainda estavam sobre Sybil. Ela se
perguntou se ele pretendia permanecer assim enquanto Teseu estivesse fora.
"Você deveria ter vergonha", ela cuspiu. “Se são os deuses que você
odeia, suas ações que você despreza, você se colocou no nível deles.” Theo
não falou.
— Não tente raciocinar, Seph — Sybil conseguiu dizer, com a voz abatida.
“Eles sofreram lavagem cerebral.”
Ao seu comentário, Theo apertou a mão de Sybil.
"Pare!" Perséfone implorou. Os gritos de Sybil arranharam seu coração.
"Pare por favor! Por favor!"
Quando ele a soltou, Sybil soluçou.
Depois disso, nenhum deles falou.
Perséfone sentou-se na beirada da cama do hotel. Ela olhou para seu dedo
nu, sentindo falta do conforto do peso de seu anel e temendo por Hades. Ela
se perguntou se ele havia escapado de suas amarras. Ela fechou os olhos
contra a memória de sua expressão, o choque, o desespero. Ele não queria
que ela se afastasse, e ainda assim ela continuou, dando passo após passo até
que a porta se fechasse. Ela disse a si mesma que não demoraria muito, não
vamos nos separar por muito tempo. Ele se libertaria das amarras e viria.
Mas os minutos se transformaram em horas, e eles ainda estavam sentados
sem sinal de Hades. Perséfone lutou contra o sono, sem vontade de descansar
enquanto seus amigos sofriam sob o olhar de seus inimigos. Cada vez que ela
cochilava, sentia como se estivesse caindo e acordava com um sobressalto.
Quando ela não aguentava mais ficar sentada, ela se levantou. Quando ela
não aguentou mais, ela andou de um lado para o outro.
Ela não tinha certeza de quantas vezes ela cruzou o andar, ou quantas horas
eles ficaram trancados neste quarto de hotel, mas a porta finalmente se abriu,
revelando Teseu e outro homem grande que poderia ter sido o gêmeo de
Theo. Ele passou por Perséfone e foi direto para Sybil.
"O que você está fazendo?"
"Você está prestes a descobrir por que eu precisava de você", disse Teseu.
Perséfone cerrou os dentes, encarando o semideus. Ela o odiava tanto.
Então algo mudou no ar; uma mudança que ela não conseguia identificar,
mas ela sabia que vinha de Teseu, que se enrijeceu de repente e depois se
torceu quando a porta se abriu. Tudo aconteceu tão rápido que tudo o que
Perséfone pôde fazer foi olhar horrorizada enquanto o semideus estendeu a
mão. Sua magia estalou no ar, uma corrente como um relâmpago
encontrando a água, e congelou Zofie, que havia chutado a porta com os pés,
brandindo sua lâmina.
Perséfone podia dizer pela expressão em seu rosto – olhos arregalados,
boca aberta – que ela não esperava enfrentar tanto poder quando viesse em
seu socorro. Então, Teseu manifestou uma lâmina, segurou-a como uma lança
e a jogou em Zofie, atingindo-a no peito.
Ela caiu no chão na porta do quarto do hotel.
Os gritos de Perséfone foram cortados por uma mão que rodeou sua boca.
Ela lutou contra Theo, lágrimas escorrendo pelo rosto.
"Cale-se!" Teseu ferveu, estendendo a mão para o braço dela. “Se você não
quer que seus outros amigos se juntem a ela, você vai calar a boca!” Perséfone
tremeu.
"Limpe isso", Teseu ordenou, olhando para Zofie com desgosto.
Perséfone queria abraçá-la, tirar o cabelo do rosto, dizer que ela era uma
guerreira talentosa, mas Teseu manteve o aperto no braço dela.
"Vamos lá."
Ele a puxou e eles saíram da sala, passando por Zofie, descendo as escadas,
em uma garagem onde uma limusine esperava. Teseu empurrou Perséfone
para dentro, onde ela ficou cara a cara com sua mãe. Vê-la foi como uma
rajada de ar frio, e ela recuou.
Ela sabia que sua mãe acharia uma fraqueza, que ela recuou por medo, mas
não era isso – era nojo. Esta deusa, a ceifeira, a nutri, tinha o sangue de
milhares em suas mãos.
“Sente-se,” Teseu ordenou, empurrando-a para o espaço oposto a sua mãe.
O semideus sentou-se ao lado de Demeter enquanto Sybil e Harmonia
foram arrastadas para dentro da limusine e praticamente jogadas na cabine
em frente uma da outra. Persephone sabia por que eles os mantinham
separados - eles estavam com medo de que Harmonia se teletransportasse
com Sybil. No entanto, ela não achava que a Deusa da Harmonia tivesse
energia suficiente para usar sua magia.
Quando as portas foram fechadas, eles saíram em disparada e Teseu falou.
"Vou levá-lo para Lerna Lake", disse ele.
"Essa é uma entrada para o submundo", disse Perséfone. Ela nunca tinha
visto isso pessoalmente, mas sabia que era um caminho antigo para o reino
de Hades. Conhecendo o deus como conhecia, ela não podia imaginar que
tipo de armadilhas ele havia preparado para impedir a entrada, mas podia
imaginar que fossem mortais.
"Sim", disse ele.
“Por que não passar por Nevernight?” ela perguntou.
"Porque há muitas pessoas lá que vão tentar protegê-lo", disse ele. “Afinal,
você é a rainha deles.”
Deméter fez uma careta. “Não fale essas coisas. Me deixa doente."
Perséfone o encarou. “Por que você deseja entrar no Mundo Inferior? Você
está esperando recuperar uma alma?”
"Eu não sou tão previsível", disse ele. “Você me levará ao arsenal de Hades
e garantirá minha passagem segura.”
"Você quer armas?"
"Eu quero uma arma", disse Teseu. “O Elmo das Trevas.” Ela
engoliu em seco.
“Você deseja usar o elmo de Hades,” ela disse. "E o que? Roubar as outras
armas?”
“Eu não vou ter que roubá-los. Eles serão dados a mim”, disse ele.
Ela deveria ter adivinhado. Poseidon era seu pai, guardião do tridente, e
Hera garantiria que ele tivesse o raio de Zeus. Eram armas de guerra que
ajudaram os Olimpianos a derrotar os Titãs — fazia sentido que Teseu
pensasse que poderia usá-las para derrubar os Olimpianos.
“Essas armas não o ajudarão a vencer uma guerra contra os olímpicos. Os
deuses estão muito mais fortes agora.”
“Eu nunca confio em um método para derrotar meu inimigo”, disse Teseu.
Ela não ficou surpresa que ele não deu mais detalhes. Teseu não era de se
tornar poético sobre seus planos.
Uma vez que ele lhe deu a missão, ninguém falou novamente. Perséfone
temia dizer algo que pudesse fazer Teseu encostar e cortar Sybil ou Harmonia.
Ela olhou para eles, olhando fixamente para ter certeza de que ambos
estavam respirando. Harmonia descansou a cabeça novamente na janela
enquanto Sybil cedeu contra o couro.
O carro parou e as portas de ambos os lados do veículo se abriram.
Perséfone foi arrastada para fora do carro por Theo. Eles pararam perto da
margem do lago Lerna, e ela foi guiada com uma mão pesada em seu ombro,
por um píer frágil onde um barco a remo esperava. Uma lanterna pendurada
em sua proa acendeu uma pequena parte do lago negro.
“Entre,” Theo ordenou, novamente dando um pequeno empurrão em
Perséfone.
Ela olhou para o homem, mas entrou no barco. Ela foi seguida por Teseu,
que ajudou Deméter. Depois vieram Sybil e Harmonia. Sybil tremeu ao descer,
mas conseguiu fazê-lo sem problemas. Então ela se virou para alcançar
Harmonia, que estava pálida e ainda sangrando de qualquer ferida que havia
sido infligida ao seu lado.
“Não toque nela,” Teseu ordenou. “Deméter.”
A Deusa da Colheita pegou o braço de Harmonia e a puxou para dentro do
barco. Perséfone se inclinou para frente e conseguiu pegar a deusa antes que
ela batesse na lateral do barco.
"Eu disse para não tocar nela", disse Teseu e balançou. Perséfone se
abaixou quando o minério voou sobre sua cabeça. Quando ele tentou bater
nela novamente, ela estendeu a mão e agarrou, parando seu ataque, seus
olhos brilharam.
“Se você quer aquele leme, sugiro que comece a remar”, disse ela. “Você
não tem muito tempo antes de Hades quebrar minhas amarras.”
Com suas palavras, Teseu pareceu se divertir e arrancou o minério de suas
mãos.
“Como quiser, Rainha do Submundo.”
Teseu empurrou para fora do cais. A água estava escura e grossa, como se
não fosse água, mas óleo. Perséfone observou a superfície, sentindo uma
presença abaixo, algo monstruoso vivia em suas profundezas. Não foi até que
eles estavam quase do outro lado do lago – a entrada da caverna se
aproximando – que o que quer que vivesse na água se fez conhecido
balançando o barco com força, fazendo com que a água os espirrasse.
Os olhos de Teseu encontraram Perséfone.
"O que foi que eu disse?"
Antes que ela tivesse a chance de reagir, um grito horrível veio da escuridão
ao redor deles, e o barco virou.
Persephone atingiu a água com força, mas quebrou a superfície
rapidamente, a tempo de ver Sybil lutando para segurar Harmonia.
“Sibila!” Persephone chamou, mas assim que ela começou a nadar em
direção aos dois, um choque de poder os fez voar de volta. Perséfone lutou
contra as ondas enquanto uma criatura rugia, explodindo da água – seguida
por Deméter que estava em cima de uma nuvem de água. A criatura era algo
que Perséfone não reconheceu. Ela era uma deusa com grandes chifres
virados para baixo que se projetavam em ambos os lados de sua cabeça. Seu
cabelo era comprido e caía sobre os ombros, pelos seios nus, caindo até a
borda de seus tentáculos escamosos - que ela usou para manter Teseu
prisioneiro.
“Ceto,” Demeter disse. “Não hesitarei em cortar seus tentáculos de seu
corpo.”
"Você pode tentar, Dread Demeter", disse ela. — Mas você não é bem-
vindo aqui.
Sua mãe convocou uma lâmina e pulou, movendo-se em um borrão. No
segundo seguinte, o tentáculo que segurava Teseu foi cortado, caindo no lago
negro abaixo. Ceto rugiu e atacou Demeter, enviando a deusa voando. Em sua
raiva, as ondas subiram, altas e rápidas, enterrando Perséfone, Sybil e
Harmonia sob a superfície mais uma vez.
"Pare!"
Perséfone gritou, água correndo em sua boca, mas as duas deusas
continuaram a se envolver, criando o caos no lago ao redor delas. Os
tentáculos de Ceto saíram, pegando Perséfone pela cintura e levantando-a do
lago.
“Ceto!” ela gritou, seus pulmões queimando enquanto ela tossia, cuspindo
água. “Eu ordeno que você pare!”
A deusa congelou e virou-se para Perséfone; seus olhos se arregalaram.
"Minha senhora", disse ela, colocando a mão no peito e inclinando a
cabeça. "Me perdoe. Eu não senti você.”
Ela começou a falar quando sentiu uma onda de poder de Demeter. Sua
cabeça virou na direção de sua mãe a tempo de ver a deusa empunhando sua
espada no ar.
"Não", ela retrucou, e sua mãe congelou, os olhos arregalados e selvagens,
o rosto contorcido em uma carranca de raiva.
Perséfone voltou-se para Ceto. "Meus amigos estão neste lago", disse
Perséfone. "Você vai encontrá-los para mim?"
"Claro, minha rainha", disse ela, mas seus olhos se voltaram para Demeter,
que ainda estava suspensa no ar.
"Ela não vai incomodá-lo novamente", ela prometeu.
Ceto moveu Perséfone para a costa, antes da entrada em forma de caverna
para o submundo e desapareceu sob a água. Não demorou muito para que o
monstro voltasse com Sybil e Harmonia. Enquanto ela os sentava na praia,
ambos desabaram, exaustos de lutar contra a corrente não natural da água.
Sybil rolou sobre suas mãos e joelhos e rastejou até Harmonia que parecia
pálida, quase azul. Perséfone correu, caindo de joelhos ao lado deles.
“Harmonia! Abra seus olhos!" ela implorou. “Harmonia!”
Mas a deusa não respondeu. Perséfone olhou freneticamente do rosto para
o peito, sentindo a pulsação fraca da vida, mas estava desaparecendo
rapidamente.
“Sybil, mexa-se!” Perséfone ordenou, empurrando o oráculo para fora do
caminho. Ela colocou as mãos sobre o peito da deusa e fechou os olhos,
buscando a vida que permanecia dentro dela e quando ela o prendeu, seu
corpo começou a ficar quente - da mesma forma que sentiu quando ela se
curou. Ela empurrou aquele calor em Harmonia, e depois de um momento,
seu estômago revirou, e ela foi forçada a se afastar e vomitar na areia – não
era nada além de água, mas queimou a parte de trás de sua garganta e
gotejou de seu nariz. Ao fazê-lo, Harmonia respirou fundo.
Eles mal tiveram tempo de se recuperar antes que Teseu aparecesse,
puxando Sybil pelos cabelos, puxando uma faca contra sua garganta.
"Não por favor! Por favor!" Perséfone implorou. Ela estava de quatro diante
do semideus, frenética.
"Eu disse a você passagem segura", disse Teseu com os dentes cerrados.
"Eu não sabia!" Ela gritou, sua voz embargada.
“Não importa o que você sabe,” ele retrucou. “Ela vai sofrer por sua
ignorância!”
Ele soltou o cabelo dela e agarrou sua mão, cortando um segundo dedo e
jogando-o aos pés de Perséfone. Sybil gritou, Harmonia soluçou e Perséfone
se enfureceu, seus olhos ardendo de lágrimas.
Uma vez feito, Teseu pareceu se acalmar.
“Levante-se,” ele ordenou. Em seguida, virou-se para onde Deméter ainda
estava pendurada, suspensa no ar. “Solte-a.”
Perséfone fez o que ele pediu, e a deusa mergulhou no lago. Levou alguns
minutos para ela se juntar a eles em terra, seus olhos brilhantes e brilhando
com tanta raiva quanto Perséfone sentia.
“Leve-nos para o Mundo Inferior,” Teseu ordenou.
CAPÍTULO XXXVII
– HADES
O filho da puta do Teseu.
Esqueça uma eternidade de miséria no Tártaro, Hades não descansaria até
que seu sobrinho deixasse de existir. Ele quebraria sua alma, cortaria seu fio
em um milhão de pedaços e os consumiria. Seria a refeição mais saborosa que
ele já havia comido.
Maldito favor.
Malditos Destinos.
Ele se esforçou contra as amarras de Perséfone, seus membros tremeram,
seus músculos se contraíram, mas eles não cederam.
Porra. Porra. Porra.
Ela era poderosa e ele teria se sentido mais orgulhoso se ela não tivesse
saído com aquele semideus bastardo. Ele sabia por que ela tinha feito isso.
Ela queria protegê-lo, e o pensamento o encheu de um conflito que fez seu
peito doer. Ele a amava tanto e se enfurecia por ela se colocar em perigo,
mesmo que ele entendesse.
O que Teseu faria com ela?
O pensamento enviou outra onda de fúria através dele, e ele lutou contra
as amarras dela mais uma vez. Desta vez, ele ouviu o estalo distinto de um, e
seu pé estava livre. Ele torceu o braço, as veias subindo à superfície de sua
pele, a videira cortada em seu pulso, até que finalmente quebrou. Ele rasgou
as amarras restantes depois disso, e uma vez que ele estava livre, ele se
teletransportou.
Perséfone tinha um talento especial para esconder sua própria assinatura
de energia pessoal. Ele ainda não tinha descoberto se era apenas um de seus
poderes, ou o resultado de ter seus poderes adormecidos por tanto tempo.
De qualquer forma, era impossível encontrá-la, exceto quando ela usava o
anel. Ele se concentrou na energia única das pedras - a pureza da turmalina e
a doce carícia da dioptase. Ele não tinha a intenção de rastreá-la quando ele
deu a ela, ele teria sido capaz de rastrear qualquer metal precioso ou pedra
preciosa desde que ele se familiarizasse com isso.
Ele se manifestou entre as ruínas.
Não demorou muito para ele reconhecer onde havia chegado: o Palácio de
Cnossos em ruínas. À noite, era impossível distinguir as pinturas detalhadas e
coloridas que cobriam o que restava das paredes antigas, ou exatamente
quantos quilômetros os terrenos se estendiam, mas Hades sabia porque
conhecia este lugar em seu auge e ao longo de sua vida. destruição inevitável.
Foi aqui que ele sentiu o toque de Perséfone, mas fracamente. Ele sabia
que essas ruínas penetravam profundamente no ventre da terra; um labirinto
retorcido destinado a confundir. Ele imaginou Perséfone em algum lugar
dentro e sua raiva o atraiu para a concha do palácio.
Embora estivesse escuro, seus olhos se ajustaram e, ao atravessar um piso
de mosaico azul quebrado, chegou a um poço escuro. Parecia ser uma parte
do chão que havia cedido. Ele falou com as sombras, ordenando-lhes que
descessem. Ele observou através deles enquanto o abismo se transformava
em outro nível do palácio, depois mergulhava ainda mais em um nível ainda
mais profundo.
Hades saltou, aterrissando silenciosamente em outro piso de mosaico.
Aqui, o palácio estava mais intacto - suas paredes e salas com colunas eram
mais pronunciadas. À medida que Hades rastejou através de cada um,
seguindo as energias do anel de Perséfone, o desconforto se infiltrou nele. Ele
sentiu a vida aqui — a vida antiga — e a morte profunda. Isso não era
incomum, já que este site datava da antiguidade. Centenas de pessoas
morreram aqui, mas essa morte, parte dela, foi recente — dura, aguda, ácida.
Hades continuou a descer até chegar à beira de outro poço escuro. O cheiro
da morte era mais forte aqui, mas o anel de Perséfone também. A raiva e o
medo de Hades se entrelaçaram em seu corpo – um pavor grosso e de ave se
reuniu no fundo de sua garganta. Memórias da noite em que ele a encontrou
no porão do Clube Aphrodisia o abordaram e por um momento, foi como se
ele estivesse lá novamente, Perséfone de joelhos diante dele, quebrada. Ele
podia sentir o cheiro de seu sangue e sua mente espiralou em um lugar escuro
e violento. Era o tipo de raiva que ele precisava, a pressa que usaria para
rasgar o mundo em pedaços se a encontrasse ferida.
Ele pisou na escuridão, desta vez quando ele pousou, ela sacudiu a terra.
Ao se endireitar, encontrou vários corredores estreitos.
Um labirinto.
Ele também estava familiarizado com esse artesanato, reconhecendo o
trabalho de Dédalo, um antigo inventor e arquiteto conhecido por sua
inovação – inovação que acabou levando à morte de seu filho.
Porra, pensou Hades, girando em círculo, estudando cada caminho. Estava
mais frio aqui, e o ar estava cheio de poeira. Parecia sujo e um pouco
sufocante. Ainda assim, ele podia sentir o toque de Perséfone, e a energia era
mais forte no caminho que se estendia à sua direita. Ao entrar na escuridão
mais profunda, notou que partes do túnel estavam quebradas – como se
tivesse sido atingido por um objeto grande.
Algo monstruoso tinha vivido aqui.
Talvez ainda fosse.
Hades reuniu suas sombras para ele e as enviou pelo corredor, mas elas
pareciam ficar desorientadas e desapareceram na escuridão. Seu
comportamento arrepiou o cabelo na nuca de Hades. Havia um erro aqui, e
ele não gostou.
De repente, a parede à sua esquerda explodiu, enviando-o voando pela
barreira oposta e quando ele pousou, ele ficou cara a cara com um touro – ou
pelo menos a cabeça de um. O resto de seu corpo era humano.
Era um Minotauro, um monstro.
Ele berrou e arranhou o chão com um de seus cascos, empunhando um
machado duplo que estava lascado e coberto de sangue. Hades imaginou que
a criatura o estava usando para matar desde sua prisão aqui, o que, se ele
tivesse que adivinhar pelo estado da criatura – cabelo emaranhado, pele suja
e olhos enlouquecidos – era muito tempo.
A criatura rugiu e balançou seu machado. Hades empurrou a parede e se
abaixou, enviando seus espectros de sombras em direção a ele. Se fosse
qualquer outra criatura, sua magia teria abalado a alma. A reação usual era
uma perda completa dos sentidos, mas quando eles passaram por esse
monstro, ele só pareceu ficar mais irritado, perdendo o equilíbrio
momentaneamente.
Hades atacou, batendo no Minotauro. Eles voaram para trás, batendo
parede após parede após parede. Quando eles finalmente pousaram, estava
em uma pilha de escombros, e Hades rolou para longe, criando a maior
distância possível entre eles.
O Minotauro também foi rápido e ficou em pé com cascos. Ele pode não
ter magia, mas ele era rápido, e parecia tirar de um poço sem fim de força.
Ele rugiu, bufou e atacou novamente, desta vez, ele manteve a cabeça baixa,
seus chifres em exibição. Hades cruzou os braços sobre o peito, criando um
campo de energia que fez a criatura voar mais uma vez.
Tão rápido quanto ele caiu, ele estava de pé, e desta vez o rosnado que veio
do Minotauro foi ensurdecedor e cheio de fúria. Ele jogou seu machado, a
arma cortando o ar de forma audível. Ao mesmo tempo, ele atacou Hades,
que se preparou para o impacto. Quando a criatura avançou contra ele, Hades
convocou sua magia, cravando as pontas afiadas de seus dedos no pescoço
do Minotauro. Quando ele se soltou, sangue espirrou em seu rosto. A criatura
rugiu, mas continuou a correr a toda velocidade em cada parede do labirinto.
O impacto contra as costas de Hades começou a enviar uma dor aguda em
sua espinha. Ele cerrou os dentes contra ela e continuou a enfiar os espinhos
no pescoço do Minotauro repetidamente.
Hades poderia dizer quando a criatura começou a perder sua energia. Ele
desacelerou; sua respiração veio áspera, bufando exala pelo nariz e boca onde
o sangue também pingava. Assim que Hades estava prestes a soltar, o
Minotauro tropeçou e se viu caindo com o monstro em outro poço. Este se
estreitou rapidamente, fazendo com que Hades batesse nas laterais como
uma bola de pinball, tirando o ar de seus pulmões. Eles giraram e viraram
bruscamente, até que ambos foram jogados do túnel para uma sala maior. O
Minotauro aterrissou primeiro, e Hades depois, atingindo uma parede que
não cedeu, o que lhe disse que o que quer que eles tivessem pousado não era
concreto ou pedra.
Adamantina, Hades percebeu.
Adamantine era um material usado para criar muitas armas antigas. Era
também o único metal que podia prender deuses.
Hades se levantou rapidamente, pronto para continuar a luta com o
Minotauro, porém, a criatura não se levantou.
Ele estava morto.
Seus olhos se ajustaram a essa nova escuridão. Era de alguma forma mais
grosso. Talvez isso tivesse algo a ver com o quão abaixo da terra eles estavam
localizados, ou talvez fosse o adamante. De qualquer forma, a cela era simples
— um pequeno quadrado com chão arenoso. À primeira vista, tanto quanto
Hades poderia dizer, não havia saída, mas ele teria que procurar mais. No
momento, sua atenção foi atraída para a presença de Perséfone. Era forte
aqui, como se seu coração batesse dentro das paredes desta cela. Então ele
viu um brilho de uma das jóias em seu anel.
Se o anel dela estava aqui, onde ela estava? O que Teseu fez?
Quando ele se aproximou, houve um leve som mecânico e uma rede caiu
do teto acima, mandando-o para o chão. Ele aterrissou com um estalo áspero
no chão. Enquanto tentava invocar sua magia, seu corpo convulsionou – a
rede o paralisou.
Ele nunca se sentiu tão desamparado e isso o deixou com raiva.
Ele se debateu e amaldiçoou, mas sem sucesso. Finalmente, ele ficou
imóvel, não porque não quisesse lutar, mas porque estava exausto demais
para se mexer. Ele fechou os olhos por um momento. Quando voltou a abri-
los, teve a sensação de que tinha adormecido. Ele levou um momento para se
ajustar, sua visão nadando mesmo na escuridão. Enquanto ele estava ali,
respirando superficialmente, ele notou um fraco lampejo de luz a uma curta
distância dele.
O anel de Perséfone.
Ele começou a alcançá-lo, mas a rede manteve seu braço travado no lugar.
O suor brotou em sua testa, seu corpo perdendo força. Mais uma vez, ele
fechou os olhos, a areia do chão cobriu seus lábios e língua enquanto ele
trabalhava para recuperar o fôlego.
"Perséfone", ele sussurrou o nome dela.
Sua esposa, sua rainha.
Ele pensou em como ela estava deslumbrante em seu vestido branco
enquanto caminhava até ele pelo corredor, ladeada por almas e deuses que
passaram a amá-la. Ele se lembrou de como o sorriso dela fez seu coração
disparar, como seus olhos verde-garrafa, brilhantes e tão felizes, fizeram seu
peito inchar de orgulho. Ele pensou em tudo que eles passaram e lutaram –
as promessas que eles fizeram para queimar mundos e amar para sempre – e
aqui estava ele, separado dela, sem saber se ela estava segura.
Ele cerrou os dentes, uma nova onda de raiva correndo em suas veias. Ele
abriu os olhos e pegou o anel novamente. Desta vez, embora sua mão
tremesse, ele conseguiu esticar e agarrar um punhado de areia e, quando a
deixou escorrer por entre os dedos, encontrou o anel incrustado de pedras
preciosas.
Respirando com dificuldade e tremendo, ele levou o anel aos lábios,
enrolou-o com segurança na palma da mão e segurou-o contra o coração
antes de cair na escuridão mais uma vez.
CAPÍTULO XXXVIII
- PERSÉFONE
Perséfone entrou na boca escura da caverna e os outros o seguiram. Teseu
manteve Sybil por perto, uma mão constantemente em seu antebraço, um
lembrete de que, se Perséfone estragasse, sua amiga arcaria com as
consequências.
A caverna era grande e cada fungada, gemido e soluço ecoava nos ouvidos
de Perséfone, alimentando sua fúria. Ela teve que pensar em um plano e
começou a se perguntar se essa entrada para o Mundo Inferior era como a de
Nevernight. Era um portal que a levaria a qualquer lugar que ela imaginasse?
Eles caminharam até se depararem com uma parede de pedra que parecia
bloquear sua entrada.
"O que é isso?" Teseu exigiu.
"Esta é a entrada para o submundo," Perséfone explicou rapidamente. Ela
estendeu a mão, as mãos afundando na parede. O portal estava frio e a magia
girando em torno de sua pele era como o bater de asas. Era reconfortante
porque era a magia de Hades, e isso fez seu peito doer.
Onde estava Hades? Ela o amarrou no Mundo Superior apenas para
garantir que ele concedesse o favor de Teseu, que foi cumprido no momento
em que ela deixou a Torre de Alexandria.
Talvez ele esteja esperando por nós no submundo, ela disse a si mesma.
"Vou passar primeiro", disse ela.
“Não,” Teseu ordenou. “Deméter irá.”
"Isso não é sábio", argumentou Perséfone. “Monstros guardam esses
portões.”
“Preocupada comigo, minha flor?” Demeter perguntou, sua voz cheia de
sarcasmo.
"Não", disse Perséfone. “Eu me preocupo com meus
monstros.” Para Cerberus, Typhon e Orthrus
especificamente.
"Eu não vou arriscar a dor de Sybil", disse Perséfone. "Você não tem nada
para se preocupar de mim."
"Tudo bem", disse ele, a palavra escorregando entre seus dentes como uma
maldição. “Apenas lembre-se, estou um pouco entediado cortando dedos.”
Com isso, Perséfone entrou no portal. Era como atravessar a água e ela se
moveu devagar, aquecendo-se na sensação da magia de Hades, antes de sair
do outro lado no prado de Hécate. Parecia tão brilhante depois de
experimentar a noite no Mundo Superior e a escuridão da caverna.
“Perséfone,” disse Hécate. "O que está errado?"
Ela piscou virando-se para a Deusa da Bruxaria que estava vestida com
vestes escuras com Nefeli ao seu lado.
“Hécate,” Perséfone começou, mas rapidamente fechou a boca quando
Teseu, Sibila, Deméter e Harmonia entraram atrás dela. Quando eles
apareceram, um rosnado mortal irrompeu ao redor deles. Veio de Nefeli e de
Cerberus, Typhon e Orthurus que se esgueiraram por entre as árvores.
“Não, Cérbero!” Perséfone ordenou.
Os cães pararam, ainda tensos, ainda prontos para o ataque, mas não
rosnaram.
"O que é isso?" perguntou Teseu. "Uma armadilha?"
"Não!" disse Perséfone. "Não. Não é uma armadilha!”
Ela olhou para Hécate, seus olhos arregalados e desesperados,
comunicando o que podia, sabendo que a deusa podia ler sua mente. Ela
mostrou a ela o que havia acontecido nas últimas horas – desde o
momento em que Sybil desapareceu, até encontrar seu dedo decepado
no trabalho, a avalanche e a batalha entre os Olimpianos, a favor de
Teseu.
Perséfone virou-se para encarar o semideus.
“Hécate é minha companheira. Ela só veio para garantir que eu estava
bem.”
“Sim, claro,” Hecate conseguiu dar um sorriso tenso, então seus olhos se
voltaram para Demeter. "Que mimo. A Deusa da Colheita no Reino dos
Mortos. Veio prestar seus respeitos às centenas que você assassinou no
último mês?
Demeter ofereceu um sorriso frio. “Não tenho nenhum desejo de me
debruçar sobre o passado.”
“Se isso fosse verdade,” Hécate respondeu. “Você não está aqui por causa
do passado?”
Deméter fez uma careta e falou com Teseu. “Ela é uma deusa poderosa –
talvez você devesse escolher um membro do mortal, então Perséfone se
comporta.”
"Não", disse Persephone, sua voz sombria. “Hécate não vai nos incomodar,
vai? Ela permanecerá em seu prado enquanto viajamos para o palácio.
“Claro, farei o que minha rainha ordenar”, respondeu Hécate. “No entanto,
seria mais rápido para você se teletransportar.”
"Sem teletransporte", disse Teseu. “Não posso confiar que vamos acabar
onde deveríamos.”
“Se minha senhora ordenar, você pode confiar que eu a levarei exatamente
para onde você quer ir,” disse Hécate, sua voz agradável, mas Perséfone
sentiu a escuridão dentro dela.
Perséfone olhou para Teseu. Ele hesitou, incerto.
“Não confie na magia desta deusa. Ela é má”, disse Demeter.
"Cale-se!" Teseu ordenou.
Os olhos de Demeter se estreitaram.
"Comande-a", disse ele. “Mas lembre-se, eu tenho a vida de seu amigo em
minhas mãos.”
“Hecate, nos leva ao arsenal de Hades.”
Enquanto a magia de Hécate os cercava, Perséfone estremeceu. Ela se
lembrou de lutar contra a deusa neste mesmo prado, sentindo a força e a
idade de seu poder. Deixou uma escuridão no coração que era difícil de
abalar, mas agora, era reconfortante - reconfortante porque ela sabia que
Hécate lutaria, e os resultados seriam mortais.
Eles apareceram fora do arsenal. A porta do cofre era redonda e dourada,
incrustada com vidro grosso e transparente que mostrava todas as
fechaduras e engrenagens.
Teseu virou-se para Perséfone e Hécate, seus dedos mordendo o braço de
Sibila.
"Eu pensei que você disse que nos levaria para o arsenal."
“Eu tenho,” Hécate disse calmamente. “Mas até eu estou impedido de me
teletransportar para dentro. A rainha ou o próprio rei são os únicos que
podem abrir o cofre.” Perséfone começou a protestar, mas Teseu mais uma
vez ameaçou Sybil.
"Abra!" Ele gritou, sua loucura retornando - ele estava tão perto do que
queria, que mal conseguia se conter.
Perséfone olhou para Hécate, desesperada.
Eu não sei como.
Você não precisa saber, ela disse.
Persephone deu um passo à frente e colocou a mão em um bloco ao lado
da porta. Uma vez que escaneou sua marca de mão, a porta começou a
ranger, abrindo-se como uma roda para revelar o arsenal de Hades. Perséfone
entrou na sala redonda familiar com seu piso de mármore preto e paredes
cobertas de armas, mas seus olhos - como os de Teseu - foram para o centro
onde a armadura de Hades assomava e o Elmo das Trevas repousava a seus
pés.
Teseu empurrou Sybil em direção a Deméter quando ele entrou.
"Segurá-la!" Ele latiu.
Hécate pairava perto de Harmonia.
"É mais magnífico do que eu poderia ter imaginado", disse Teseu enquanto
caminhava em direção à tela. O olhar de Perséfone fixou-se no de Hécate,
inabalável.
Tire-os daqui, ela implorou.
Claro, disse a deusa.
Quando Teseu tocou o elmo de Hades, a magia de Hécate foi como um
empurrão, varrendo Harmonia e Sybil para fora do arsenal em segurança. As
mãos de Teseu escorregaram e o elmo de Hades caiu de seu lugar sobre o
pedestal, rolando no chão com um estalo alto.
"Não!" Teseu rosnou.
A magia de Perséfone explodiu, espinhos se ergueram dos cortes no
mármore, selando as saídas. Os lábios de Demeter se separaram de seus
dentes brilhantes enquanto ela sorria maliciosamente.
“Eu vou te ensinar uma lição final, filha. Talvez isso o mantenha
complacente.”
Se magia era uma linguagem, então o ódio confessado de Deméter.
Imediatamente seu poder jorrou em uma onda de energia feroz, jogando
Perséfone de volta em uma parede, que desmoronou sob seu peso. Ela caiu
de pé, apenas para encontrar Teseu armado com uma lâmina da coleção de
Hades.
“Cadela do caralho!” ele rosnou enquanto balançava.
Perséfone atacou; as pontas de seus dedos cravadas com pontas pretas que
foram lançadas como balas no peito do semideus. Ele cambaleou para trás,
sua camisa escurecendo com sangue, seus olhos brilharam, brilhando
artificialmente. Então ele atingiu o chão com o punho e a terra começou a
tremer, sacudindo as armas na parede e fazendo Perséfone perder o
equilíbrio.
Ao mesmo tempo, Deméter evocou outra explosão de energia. Atingiu-a
com força, enviando-a voando mais uma vez. Quando ela aterrissou, Teseu
ergueu a arma sobre a cabeça para atacar. Perséfone ergueu as mãos e
quando sua lâmina encontrou a energia que ela havia reunido lá, ele colidiu
com a armadura de Hades. Perséfone chamou vinhas que o restringiam onde
ele pousava.
Então Perséfone voltou toda sua atenção para Deméter. Sua magia colidiu
- cada explosão de energia encontrou e explodiu, cada videira e espinho,
emaranhados e desintegrados. A Deusa da Colheita lançou outra explosão,
esta agitou o ar, causando uma rajada, emaranhando o cabelo e as roupas de
Perséfone. Demeter alcançou a lâmina que Teseu havia usado durante seu
ataque, balançando-a em Perséfone. Ela contra-atacou com sua magia — com
tudo o que pudesse convocar rapidamente.
"Os deuses vão destruir você", disse Demeter. "Eu teria mantido você
seguro!" “De que adianta estar seguro quando o resto do mundo está
ameaçado?” “O resto do mundo não importa!” ela fervia.
Foi a primeira vez que Perséfone viu o verdadeiro medo de Demeter por
ela e, por um breve segundo, ambas pararam de lutar. Eles olharam um para
o outro, ambos no limite, mas as palavras que saíram da boca de Demeter
estavam quebradas, e eles quebraram Perséfone.
"Você importa. Você é minha filha. Eu implorei por você.”
Havia uma verdade crua nessas palavras e, embora Perséfone pudesse
entender a ação de sua mãe até certo ponto, havia algumas coisas com as
quais ela nunca concordaria. Hades também implorou por ela. Hades também
queria protegê-la, mas ele estava disposto a deixá-la lutar, vê-la sofrer, se isso
significasse vê-la subir.
"Mãe", disse ela, balançando a cabeça.
"Vá embora comigo", disse ela, desesperada. “Saia comigo agora e
podemos esquecer que isso aconteceu.”
Perséfone já estava balançando a cabeça. “Eu não posso.”
Para sua mãe sugerir isso era realmente insano, mas Perséfone tinha
crescido para entender algo sobre a deusa. Apesar de quanto tempo ela viveu,
ela não estava mais bem. Ela estava quebrada e ela nunca seria inteira
novamente.
As feições de Demeter endureceram, e ela estendeu a mão, enviando um
raio de magia em sua direção enquanto levantava sua lâmina. Perséfone
bloqueou a magia e convocou a sua própria, chamando a escuridão que se
manifestou na sombra - os espectros atacaram Deméter e enquanto
estremeciam através dela, ela tropeçou, caindo de joelhos.
Quando Demeter encontrou o olhar de Perséfone novamente, seu olho
brilhou. Ela se levantou, gritando sua raiva, sua magia reunida rapidamente
como um vento uivante.
"Você estava certa sobre uma coisa, mãe", disse Perséfone.
"E o que é isso?"
"A vingança é doce."
No segundo seguinte, as armas mais afiadas subiram ao chamado de
Perséfone – lanças, facas e espadas – e desceram, atingindo Deméter,
prendendo-a no chão.
Seguiu-se um silêncio horrível quando o vento morreu de repente.
Perséfone caiu de joelhos, respirando com dificuldade.
“Mãe,” ela murmurou, rastejando em direção a ela.
Deméter não se mexeu e não falou. Ela estava deitada com os braços
abertos, os dedos ainda segurando a lâmina. Seus olhos estavam arregalados,
como se ela estivesse em estado de choque, e sangue escorria de sua boca.
"Mãe," Perséfone respirou.
Ela conseguiu se levantar e começar a puxar as armas. Quando ela
terminou, a deusa estava deitada no chão frio de mármore e Perséfone
sentou-se com ela, esperando que ela se curasse.
Mas ela nunca se moveu.
"Mãe," Perséfone ficou frenética, ficando de joelhos, sacudindo a deusa.
Ela queria muitas coisas de Deméter – que ela mudasse, fosse mãe, que a
deixasse viver sua vida, mas nunca a morte. Nunca isso.
Então ela se lembrou de algo que Hades havia dito sobre as armas aqui –
que algumas eram relíquias e podiam impedir que um deus curasse.
“Mãe, acorde!”
“Venha, Perséfone,” disse Hécate, aparecendo atrás dela. Ela nem sentiu a
deusa se aproximar.
"Acorde-a!" Perséfone exigiu. Ela colocou as mãos sobre seu corpo, que
agora estava ficando frio, tentando usar sua própria magia, desejando que
sua mãe respirasse novamente, mas nada funcionou.
“Seu fio está cortado, Perséfone. Não há como trazer Deméter de volta.”
“Não era isso que eu queria!” Perséfone chorou.
Então Hécate colocou as mãos no rosto de Perséfone, forçando seu olhar
para o dela.
“Você verá Deméter novamente. Todos os mortos vêm para o submundo,
Perséfone, mas agora Sybil e Harmonia precisam de você.
Persephone respirou fundo algumas vezes, seus olhos ardendo.
Finalmente, ela assentiu e deixou a deusa ajudá-la a se levantar, mas quando
eles começaram a se dirigir para a porta, ela parou.
“Teseu!”
Ela se virou para onde o havia contido mais cedo e descobriu que ele tinha
ido embora.
“O leme!”
As duas deusas começaram a vasculhar o arsenal quando o Submundo
sacudiu violentamente e houve um horrível som de estalo.
O coração de Perséfone batia forte em seu peito, e quando seu olhar se
conectou com o de Hécate, a deusa estava pálida.
"O que é que foi isso?" Perséfone sussurrou.
“Isso,” disse Hécate. “É o som de Teseu liberando os Titãs.”
OBRIGADO POR LER!
Espero sinceramente que você tenha gostado de ler este livro tanto
quanto eu gostei de escrevê-lo. Se você gostou, eu gostaria de uma breve
resenha na Amazon ou no seu site de livros favorito. As resenhas são
cruciais para qualquer autor, e até mesmo uma ou duas linhas podem fazer
uma enorme diferença.
Amazonas
GoodReads
NOTA DO AUTOR
Além disso, um enorme obrigado ao meu Street Team. Vocês todos são a
melhor equipe de hype que eu poderia ter pedido. Eu aprecio todo o tempo
que você gasta investindo em mim e em meus livros. Vcs são os melhores.
Sobre o livro:
Escrever este livro foi um borrão – foi uma mistura confusa de exaustão,
agonia e tristeza e alguma esperança de que tudo melhorasse. Refletindo
sobre o processo, não posso dizer como cheguei aqui, mas estou muito feliz
por ter chegado. Estou muito orgulhoso deste livro — além de orgulhoso. Eu
sei que todos nós temos nossas opiniões sobre Ruin, mas espero que você
possa dizer por que sofremos, por que essa jornada foi tão importante – foi
para chegar a isso. Ao poder da Malícia. Olhando para trás em quem
Perséfone foi em Darkness, suas lutas em Ruin e quem ela é no final deste
livro, isso me deixa orgulhoso. Sua jornada me dá esperança – que as
dificuldades, o trauma e a dor apenas nos tornam poderosos.
O resto:
Como todos sabem, eu jogo com vários mitos e gosto de repassar esses mitos
e como os adaptei ou mudei em meus livros. Vou começar com a
Titanomaquia.
Titanomaquia: A Guerra dos Dez Anos
A principal pergunta que me fiz enquanto me preparava para Malice foi: o que
levaria a outra Titanomaquia? Todos nós sabemos que os deuses passam por
esse ciclo – os Primordiais foram derrubados pelos Titãs, os Titãs derrubados
pelos Olimpianos.
Eu só queria fazer uma nota rápida que eu fiz referência a Pan, o Deus da
Natureza, como filho de Hermes, que, como parentesco em toda mitologia,
pode ou não ter sido seu pai real. Ainda assim, gostaria de ter um momento
para dizer que, dos deuses gregos, Pan é o único conhecido por morrer. Sua
morte não é detalhada — na verdade, ninguém sabe como ele morreu. Foi
basicamente apenas um jogo de telefone que acabou alcançando as massas.
A ideia é, no entanto, que com o nascimento de Cristo, Pan teve que morrer.
Eu não sei o que me fez enviar Apollo com Ajax, mas eu sabia que Ajax e
Hector duelavam na mitologia durante a guerra de Tróia, então pensei que
seria uma dinâmica interessante. No mito, Heitor também é favorecido por
Apolo porque Apolo apoia os troianos, enquanto Ajax luta pelos gregos.
Também decidi que o Ajax, descrito como colossal e forte, deveria ser surdo
porque queria mostrar que surdez não significa incapaz. Dito isto, eu não
queria que o Ajax tivesse nenhum tipo de poder 'super-herói' além do que ele
recebeu no mito - sua força, seu tamanho e seus reflexos. Eu não acho que
sua surdez deveria mudar por ele ter treinado como os guerreiros ouvintes ao
seu redor.
Afrodite e Harmonia
No mito, Harmonia é dito ser filha de Ares e Afrodite - OR Zeus e Electra. Como
não shippo Ares e Afrodite, fui com a segunda opção e fiz dela a irmã de
Afrodite. Harmonia também foi casada com Cadmus, que eu acredito que ela
realmente amou porque quando ele foi transformado em serpente, ela meio
que enlouqueceu e também foi sintonizada em uma serpente - eu não sei se
vou tocar nesse mito em particular em nenhum dos meus livros, mas achei
importante mencionar aqui.
Dependendo das leituras e interpretações do mito, senti que Helen pode ser
alguém que procura o melhor caminho para o topo. Afinal, ela é uma mulher
espartana. Ela é forte, capaz e inteligente. Ela sabe usar sua beleza como
ferramenta e sua mente como arma. Dada a minha impressão dela, você pode
entender sua trajetória em Malice.
Os monstros
A hidra residia no Lago Lerna, que você reconhecerá como uma das entradas
para o submundo. Eu escolhi ter esse monstro no submundo porque é muito
venenoso - além disso, o monstro acabou sendo morto por Heracles como
parte de seu trabalho.
Lamia era a rainha da Líbia. Como afirmei no livro, ela teve um caso com Zeus
que resultou em ser amaldiçoada por Hera para perder todos os seus filhos.
Os mitos variam sobre se eles foram mortos ou seqüestrados, bem como
como ela eventualmente começou a devorar crianças. Seja qual for o caso,
ela enlouqueceu e começou a sequestrar e comer crianças. Zeus deu a ela o
poder de remover os olhos – aparentemente para ajudar a aliviar sua insônia
(Hera também a amaldiçoou com insônia). Ele também a presenteou com
profecia, o que, suponho, é um presente que todos os monstros comedores
de crianças merecem?
Por último, menciono Aracne. Ela aparece nas Metamorfoses de Ovídio, que
cito no início deste livro. Ela era uma mulher que desafiou Atena para um
concurso de tecelagem. A razão pela qual eu queria mencioná-la é que Aracne
escolhe tecer cenas que ilustram os crimes dos deuses, assim como eu
escolho fazer nesses livros. De qualquer forma, o resto da história diz que a
tecelagem de Aracne é impecável e isso enfurece Atena. As versões de como
Aracne se tornou uma aranha variam, mas ela se transforma mesmo assim.
No livro, menciono o poço de Aracne, que gosto de pensar como um castigo
no Tártaro.
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