Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Prólogo
Capitulo 1
Capitulo 2
Capitulo 3
Capitulo 4
Capitulo 5
Capitulo 6
Capitulo 7
Capitulo 8
Capitulo 9
Capitulo 10
Capitulo 11
Capitulo 12
Capitulo 13
Capitulo 14
Capitulo 15
Capitulo 16
Capitulo 17
Capitulo 18
Capitulo 19
Capitulo 20
Capitulo 21
Capitulo 22
Capitulo 23
Epílogo
Bayn, o Príncipe de Inverno, sabe que é apenas uma questão de tempo
antes que os humanos quebrem o tratado com os faes. Quando isso acontecer,
ele mergulhará o mundo em uma nova era do gelo. Isso se sua maldição não o
matar primeiro, e a nova companheira irritante de seu irmão não vai deixar
isso acontecer sem uma luta. Elise encontrou uma pista em uma adaga antiga
que pertencia a Odin, uma arma que poderia impedir o gelo de congelar o
coração de Bayn,
Freya está farta de homens agressivos em sua vida. Ela trabalhou muito
para se livrar de seu terrível ex-namorado e está fazendo o possível para
manter sua loja de antiguidades funcionando. Quando sua prima Elise disse
que estava lhe mandando um cliente, Freya não tinha ideia que ela se referia
ao fae mais sexy e mandão que ela poderia imaginar.
A festa na Ilha dos Ladrões ainda estava acontecendo uma hora depois,
a gala de arrecadação de fundos apenas terminando. Bayn observou os carros
parando para levar as pessoas bêbadas e rindo. Ele anotou seus rostos e as
placas do carro, mas nenhum deles estivera presente no leilão lá em cima. Ele
estava mais interessado em descer de qualquer maneira. Se Leif fosse tão
previsível quanto Bayn suspeitava, então ele sem dúvida teria todas as suas
merdas emocionantes em seu porão.
Quando os convidados finais partiram e as luzes do primeiro nível da
mansão se apagaram, Bayn mergulhou no núcleo congelante de sua magia e
saiu da lateral do prédio.
Os três guardas na porta dos fundos da mansão caíram antes que
tivessem a chance de sacar suas armas. Bayn embolsou seus telefones e cartões
magnéticos. As cozinhas estavam limpas e vazias quando ele passou por elas
e entrou no corredor dos criados. A mansão era velha o suficiente para ter os
corredores originais atrás das paredes, e Leif era arrogante o suficiente para
forçar as pessoas que trabalhavam para ele a usá-los. Ele parou perto de uma
caixa de força na parede e a abriu. Sorrindo, ele desligou todos os fusíveis e a
mansão foi inundada pela escuridão.
Bayn abriu uma porta de entrada no primeiro nível e olhou para fora. Em
algum lugar próximo estavam guardas com pequenas tochas falando
rapidamente em norueguês. Bayn puxou o cabo de uma adaga do bolso e saiu
para o corredor. O gelo enrolou-se no cabo e se formou em uma lâmina.
O primeiro guarda fez um som gorgolejante de asfixia quando a adaga
de gelo afundou em sua jugular. Seu companheiro puxou uma arma e começou
a atirar, mas Bayn havia sumido, sombras e raiva silenciosa. Ele cortou o
homem e foi para o salão de baile.
Os chifres de Kian brilhavam fracamente na escuridão. Bayn lutou contra
as ondas de memórias e seu horror enquanto os puxava para baixo. Tirando as
tiras de couro dos bolsos, ele amarrou os chifres juntos. Não pense no cheiro do
sangue, não pense na dor...
— Espere aí! — Luzes balançaram sobre Bayn. Com cuidado para não
mostrar o rosto, Bayn se levantou, segurando os chifres com uma das mãos e
sua adaga de gelo com a outra.
— Largue os chifres, ladrão, e ponha as mãos para cima. — Exigiu o
guarda. Passos pesados trovejaram pelos corredores e entraram no salão de
baile enquanto mais guardas entraram correndo.
— Você está cercado. Faça o que eu digo e talvez não o matem.
Bayn começou a rir. Foi um som cheio de tempestades selvagens e
magia. Sinceramente, a arrogância desses humanos. A temperatura ambiente
caiu, o vidro das janelas congelando quando Bayn liberou seu poder. Homens
gritaram quando o gelo os prendeu no chão e perfurou suas roupas e carne.
Enquanto a nevasca enchia o salão, Bayn se movia pela neve e pelas
sombras, chifres e lâmina balançando, enviando sangue escuro sobre a geada
deixada em seu rastro. Ele tinha sua magia bloqueada desde que chegara a
Oslo, e soltá-la foi como respirar fundo depois de quase se afogar. Ele fez uma
pausa quando sentiu outra assinatura mágica sair de baixo dele através da
tempestade de seu poder.
Bayn agarrou um homem moribundo. — O que está abaixo de nós?
— Celas C —, o homem engasgou. — Ajude ela.
Bayn o sacudiu. — A porta! Onde está?
— Garagem...
Bayn o largou e invadiu a casa. O gelo lambeu as paredes, congelando
pinturas e esculturas e quebrando-as em pedaços. Ele chutou abrindo um
conjunto de portas duplas que ele tinha visto os manobristas saindo no início
da noite. Dentro havia um pequeno saguão com elevador. Claro que Leif tinha
estacionamento subterrâneo para manter a privacidade de seus clientes.
Bayn examinou os cartões magnéticos que havia roubado, pressionando-
os um de cada vez no painel até que ficasse verde e as portas do elevador se
abrissem. Havia três subsolos, então Bayn pressionou o último.
Ajude ela.
Bayn apertou o botão novamente. Em que diabos Leif estava
metido? Quando as portas se abriram, Bayn teve sua resposta. O cheiro de
morte e sofrimento tomou conta dele, e ele agarrou os chifres ensanguentados
com mais força. Celas revestiam o subsolo, as paredes brilhando com proteções
e barras de ferro. Elas estavam limpas e vazias, mas nenhuma quantidade de
alvejante poderia lavar o horror que cobria cada centímetro delas. Em uma cela
distante, uma mulher estava enrolada no chão de pedra. Riscos de sangue
haviam ensopado o manto fino que ela usava, e suas pernas nuas estavam
cobertas de hematomas. Bayn agarrou a fechadura da porta, enviando seu
poder até que se quebrou.
— Você está viva? — Ele perguntou. A mulher mudou a cabeça e ele viu
as orelhas pontudas entre os cabelos prateados. Elfa.
— Eu não vou te machucar. Vou te levar de volta para o seu povo, ok? —
Ele disse, sem saber se ela havia entendido.
— Você é tipo fae? — Ela sussurrou com um forte sotaque.
— Sim. Eu sou Bayn. Você pode ficar em pé?
A elfa balançou a cabeça. — Eles quebraram meus tornozelos mais cedo
e ainda não se curaram. Tentei chutar um.
— Eu teria chutado eles também. — Bayn amarrou um laço no couro que
prendia os chifres juntos e o deslizou sobre o punho de sua espada. Satisfeito
por estarem seguros o suficiente, ele pegou a elfa nos braços. Ela suspirou
enquanto ele enviava magia de cura através dela. Uma vez que ela estava
estável, Bayn congelou as celas sólidas, esmagando as proteções nas paredes e
quebrando os alicerces da mansão.
— Você é aquele fae. — A elfa sussurrou, os olhos arregalados.
— Sim. — Bayn entrou no elevador e olhou os botões. Ele pressionou o
segundo nível e orou aos deuses para que não houvesse mais celas.
Estava cheio de carros. Carros bonitos, caros e únicos que pertenciam a
Leif e seus associados no andar de cima.
Bayn ficou tentado a roubar um e destruir o resto, mas a elfa em seus
braços precisava de mais do que um impulso de energia de cura. Bayn a
carregou pela rampa de concreto, seu poder rasgando as portas abertas em um
grito de metal. Lá fora, uma tempestade de inverno havia surgido em resposta
ao poder desencadeado por Bayn. Um vendaval de gelo os escondeu de vista
enquanto Bayn criava uma lagoa congelada de gelo perfeito e passava por ela.
Bayn e a elfa emergiram através de uma fonte congelada a meio
quarteirão de seu hotel. Jogando um encanto para se esconder das câmeras,
Bayn a levou para cima sem que ninguém os visse.
Bayn colocou a elfa em seu sofá. — Sente-se aqui. Vou pegar um cobertor
para você. — Ele vasculhou os armários e encontrou cobertores e travesseiros
sobressalentes. Ela estava olhando ao redor da sala sem realmente ver, então
Bayn enrolou o cobertor sobre ela e encontrou seu telefone.
— Como foi? — Kian respondeu imediatamente.
— Peguei seus chifres, mas temos um problema. Encontrei uma garota
elfa em uma gaiola. Você tem contatos entre os elfos aqui? Alguém para quem
você possa ligar para vir e levá-la para a família dela? Ela está entrando em
choque e ela está ferida —, disse Bayn.
— Dê-me vinte minutos. — Kian desligou e Bayn voltou para a mulher
na sala de estar.
— Vou levá-la ao seu povo, eu prometo. — Bayn assegurou a elfa. Ele
encontrou uma garrafa de água no frigobar e algum tipo de batata frita e
colocou na mesa ao lado dela.
— Eu vou me limpar. Você está segura aqui. — A mulher acenou com a
cabeça, piscando para conter as lágrimas.
Bayn fechou a porta do cômodo atrás de si e tirou os chifres e a espada,
colocando-os sobre a mesa.
No banheiro, ele podia ver por que a mulher estava olhando para ele. Ele
estava coberto de respingos de sangue e pedaços congelados de sangue
coagulado. Ele tirou as roupas e tomou um banho rápido para limpar o sangue
de sua pele e cabelo. Ele estava se secando quando viu seu reflexo no espelho
novamente. Bayn cambaleou, as mãos agarrando a pia para se manter de pé.
— Isso não pode estar acontecendo. — Ele olhou novamente, estudando
os tentáculos brancos de sua maldição. O círculo que estava se formando ao
redor de seu coração foi quebrado, a pele quente em seu centro.
Prepare-se. Você não tem tempo para esse surto. Ele se afastou do balcão e
voltou para o quarto. Ele estava vestindo uma calça jeans e uma camisa quando
ouviu uma batida forte na porta do quarto do hotel. Pegando uma adaga, ele
saiu para a sala de estar e verificou a elfa. Ela estava dormindo
profundamente. Alguém bateu novamente. Bayn olhou pelo olho mágico e
agradeceu aos deuses por Kian. Ele abriu a porta para os dois guerreiros
furiosos. Eles estavam vestidos com ternos pretos combinando, mas não havia
como esconder a morte em seus olhos. Um era um elfo e o outro era... outra
coisa.
— Obrigado por terem vindo. Eu sou Bayn. — Ele cumprimentou,
deixando-os entrar.
— Eu sou Arne, e este é Torsten. — Respondeu o elfo alto de cabelo
preto. Ele acenou com a cabeça para Torsten, que se moveu para examinar a
mulher no sofá.
— Estamos procurando Yrsa há mais de um mês. Torsten é Úlfhéðnar e
nem mesmo ele a encontrou. — Disse Arne. Bayn ficou impressionado. Ele
nunca conheceu um dos shifters lobo antes. Nos velhos tempos, eles eram os
furiosos de Odin e, olhando para o tamanho de Torsten, Bayn podia acreditar.
— Como você a encontrou, fae? — Torsten rosnou. Bayn preparou um
uísque para si, servindo um para cada guerreiro.
— Aqui, vocês vão precisar. — Disse Bayn, empurrando os copos na
direção deles. Cuidando de Yrsa dormindo, Bayn contou a eles o que havia
encontrado na mansão de Leif. Arne e Torsten trocaram olhares zangados,
palavras passando silenciosamente entre eles.
— Vocês já sabiam disso? — Bayn adivinhou.
— Não exatamente. Temos ouvido relatos sobre criaturas desaparecidas,
e Yrsa é o quinto elfo. Achamos que eles poderiam ter explorado o mundo mais
abertamente agora que os humanos sabem sobre nós. — Arne respondeu.
— Mas vocês estavam procurando por Yrsa?
— Yrsa é uma amiga. Eu sabia que ela não teria deixado a Noruega sem
me avisar —, respondeu Torsten. O ódio brilhou em seus olhos prateados. —
Eu vou estripar esses malditos monstros.
— Leif só poderia estar segurando-a. Se você o atacar, podemos não
descobrir quem está realmente negociando com escravos. — Bayn pensou na
mulher com o laptop no leilão e no assistente que havia passado um cartão
para Freya se ela quisesse vender Bayn.
— Tenho uma ideia de quem pode estar por trás disso, mas vou precisar
de algumas semanas para chegar ao fundo disso.
Arne acenou com a cabeça. — Temos uma dívida com você por encontrar
Yrsa, então prometemos não atacar este humano até que sua investigação seja
concluída. Peço apenas que compartilhe suas informações conosco, e se houver
uma luta, você nos ligará para que possamos molhar nossas lâminas em seu
sangue.
Bayn sorriu e estendeu a mão. — É um acordo.
— Eu acho que gosto de você, fae, — Arne disse enquanto eles agarraram
os antebraços um do outro. — Boa caçada.
Depois que eles foram embora, Bayn levou sua bebida até a janela e olhou
para o prédio de Freya do outro lado da rua. Sua preocupação por ela estava
aumentando. Leif estava claramente interessado em coisas mais sombrias do
que ela sabia, o que o tornava ainda mais perigoso. Ele teria que contar tudo a
ela para sua própria segurança.
Bayn esfregou a pele recém-aquecida do coração. Não tinha sido assim
antes da festa, e a horrível verdade que ele empurrou a noite toda forçou-se a
entrar em sua mente.
Companheira.
Com essa única palavra, o destino queimou seu mundo. Ele estaria
condenado se o deixasse destruir o de Freya. Ele não tinha mais nada de seu
coração miserável para oferecer a uma companheira, muito menos a uma
mulher ardendo de vida como Freya. Ela abandonou Leif porque ele a
assustou. Se ela realmente soubesse o que Bayn era - quem ele era -, ela correria
na direção oposta. Todo o seu corpo se contraiu de medo e angústia com a ideia
de nunca mais vê-la novamente.
Naquele segundo ofuscante, Bayn sabia que estava irrevogavelmente e
inegavelmente fodido.
Freya acordou no dia seguinte com um sorriso no rosto. Foi o melhor que
ela dormiu em meses, apesar daquele show de merda de festa. Ela olhou para
o travesseiro ao lado dela e se permitiu sentir uma pontada de arrependimento
por Bayn não ter subido as escadas na noite anterior.
Quero que você saiba exatamente no que está se metendo e o que isso significa
antes que isso vá muito mais longe... As palavras de Bayn voltaram à sua mente,
causando arrepios em seus braços. Ele tinha sido bom em avisá-la. Mas ela
realmente consideraria namorar um fae? Elise tinha feito mais do que isso. Ela
havia acasalado com um e estava mais feliz do que Freya jamais a vira. Querer
namorar com ela era o que ele estava perguntando? Ela não tinha ideia e estava
muito atordoada com endorfinas pós-orgasmo para obter esclarecimentos.
Com um gemido, Freya se arrastou para fora da cama e caiu em sua
rotina matinal. Ela estava com preguiça de enfrentar o dia gelado e
tempestuoso para correr, então, em vez disso, fez ioga e tomou um banho
quente.
Freya lutou contra o desejo de enviar uma mensagem de texto para Bayn,
embora ela checasse suas mensagens muito mais do que deveria. O que ela
diria que não soasse estranho?
— Deus, você é tão ruim com os homens —, ela murmurou para si
mesma. Então ela fez o que era boa em fazer e trabalhou. Ela fez um novo
cartão para Dieter em seu catálogo, anotando todas as informações que sabia
sobre ele e seus associados. Seu sangue ferveu ao olhar para o cartão que a
assistente de Dieter lhe dera, caso ela quisesse vender Bayn. Como se ele fosse
apenas mais uma bugiganga bonita para montar na parede. Mesmo que
ela tenha seu Bayn, ela não iria nunca deixá-lo ir.
Você vai ouvir o quão louca você parece agora? Você mal o conhece.
Freya enviou uma mensagem a Von perguntando o que ele sabia sobre
Dieter e fez uma busca infrutífera no Google. O sol estava se pondo quando ela
pegou o telefone para mandar uma mensagem para Bayn, mas se acovardou
no último segundo. Ela estava prestes a desligar o telefone novamente quando
Elise ligou.
— Ei prima, o que foi? — Freya atendeu, abrindo uma cerveja.
— Você viu Bayn hoje? — Elise perguntou, sua voz engatando com
preocupação.
— Não. Ele nem mesmo me mandou uma mensagem. Por quê?
Elise praguejou. — Ele teve uma noite difícil ontem à noite, e eu estou
preocupada.
— Do que você está falando sobre uma noite difícil? Fomos a uma festa
e nós... hum... — Freya se conteve.
— Você o quê, Freya? — Elise tinha um tom distinto de desaprovação que
normalmente só manifestava quando Freya fazia algo terrível, como fazer
tatuagens quando estava bêbada.
— Nada?
— Mentira. O que aconteceu?
— Podemos ter ficado um pouco —, Freya murmurou. — Mas
certamente não foi algo que constituiria uma noite difícil. — Fumegante e
sensual, talvez, mas não áspera.
— Ele realmente não falou com você hoje? A noite dele não terminou com
você, Freya. Deus, ele é o pior. Você pode ir ver como ele está? Ele não está
respondendo minhas ligações ou de Kian, e estou preocupada. Ele não deveria
ficar sozinho depois do que fez.
— O que diabos ele fez? — Perguntou Freya, o medo se instalando em
seu estômago. Elise hesitou tanto que Freya teve que verificar se eles não
haviam sido interrompidos.
— Ele pode dizer quando você for vê-lo. Ou foi estranho depois que você
ficou?
Freya bufou e tentou não se contorcer. Ela era uma mulher adulta, droga,
ela podia falar sobre homens.
— Não foi estranho. Estava quente, até o ponto em que uma marca
brilhou em sua mão, e ele ficou um pouco intenso e desistiu de levar isso
adiante. Ele meio que insinuou que os faes não fazem sexo por uma noite,
então, a menos que eu queira algo mais sério, não vai acontecer. Provavelmente
é o melhor, certo, prima? — Freya disse apressadamente.
— Que tipo de marca brilhante? Talvez como um tipo estranho de runa?
— Perguntou Elise.
— Sim, como você sabia?
— Nenhuma razão. Só uma coisa fae, tenho certeza.
— Você não parece muito convincente agora. Isso é algo com que eu
deveria me preocupar? Porque eu gosto dele, Elise, mas não estou pronta para
ter meu coração partido de novo. — Freya esvaziou sua cerveja. — Quer saber?
Esta é uma conversa idiota. Eu não o conheço. Não fazer sexo com ele é uma
coisa boa, e eu deveria esquecer tudo isso.
— Não, você não deveria. Se Bayn está te avisando sobre isso, significa
que ele já te atacou e está tentando fazer a coisa certa. Olha, não se preocupe
com isso agora. Coisas maiores estão acontecendo. Vá e veja ele e obtenha os
detalhes da noite passada. Então me ligue porque eu tenho certeza que Kian se
conteve nas partes interessantes.
O pavor de Freya se enrolou mais forte em seu estômago. — Bayn não
está ferido, está?
— Kian não disse e não está preocupado. Sou eu que estou estressada.
Bayn geralmente atende minhas ligações, mesmo quando eu o irrito. Sei que
ele está no quarto número 302, mas não quero pedir a equipe do hotel para
incomodá-lo, a menos que seja uma emergência —, explicou Elise.
O telefone de Freya vibrou com uma mensagem em seu ouvido, e ela
rapidamente verificou. Era de Von, e foi o suficiente para o medo descer por
sua espinha.
A casa de Leif foi atacada ontem à noite. Alguém com magia de gelo. Se
você estiver envolvida, não me diga.
— Freya? Você ainda está aí? — Elise perguntou.
— Tenho que desligar. Avisarei você se encontrar Bayn —, Freya
respondeu e desligou. — Foda-se. Foda-se. Foda-se!
Freya colocou uma roupa quente, tentando não pensar no que Leif faria
com quem atacou sua mansão. Ela trancou, verificando os alarmes e saiu para
a nevasca.
Olhando em volta para as ruas vazias, ela manteve as chaves entre os
dedos enquanto corria para o hotel em que Bayn estava hospedado. Se Leif
suspeitasse de seu envolvimento no ataque, não seria inferior para ele vigiar a
casa dela ou enviar alguns de seus capangas para interrogá-la.
Freya caminhou pelo aconchegante saguão do hotel, ignorando o olhar
investigativo da recepcionista. Ela estava arrastando neve para todos os lados
e estava com raiva demais para se sentir mal por isso. No elevador, ela deu
uma olhada em sua aparência encharcada de neve e se encolheu. Ela balançou
a trança atrás dela e endireitou os ombros. Como Bayn ousava preocupar Elise
e agora ela?
Você pode estar errada, e ele não pode ter nada a ver com a luta na mansão de
Leif.
Freya bateu na porta antes de se acovardar. — Bayn? Abra a maldita
porta! — Vozes murmuraram lá dentro. Oh Deus, e se ele estivesse com outra
mulher e ela tivesse apenas... Bayn abriu a porta e cruzou os braços.
— Boa noite, Freya. — Bayn estava olhando para ela, então ela franziu a
testa de volta.
— Por favor, me diga que você não teve nada a ver com o ataque a Leif
na noite passada, porque se teve, eu juro...
Uma voz clareou atrás de Bayn, e um homem incrivelmente bonito
passou por ele. Os olhos de Freya observaram o lindo homem de cabelos
negros e focaram em suas orelhas. As pontas não eram tão afiadas quanto
orelhas fae. Elfo de luz. O que um dos Ljósálfar estava fazendo com Bayn?
— Obrigado por compartilhar o que os elfos estão investigando, Arne. —
Disse Bayn.
Arne olhou entre Freya e Bayn. — Boa sorte com isso, meu príncipe. —
Arne sorriu para Freya ao passar, e ela lutou contra o desejo de chutá-lo na
bunda perfeita.
— Entre, Freya. Não vou ter essa conversa em um corredor. — Disse
Bayn. Freya cedeu e o seguiu para dentro. Ela tirou a jaqueta e as botas
encharcadas e se sentou no sofá de veludo preto. Bayn colocou um copo de
uísque na frente dela e se sentou a uma distância segura. Ele parecia cansado,
o cabelo comprido ainda despenteado pelo sono e as roupas amassadas como
se ele tivesse se vestido com pressa.
Fodidamente sensual.
Freya deu um tapa mental em seus hormônios. Ela avistou o par de
chifres apoiados contra uma parede do outro lado da sala, e uma sensação de
naufrágio encheu seu estômago.
— O que diabos ele quis dizer com 'príncipe'? — Ela exigiu. —
Quem é você?
Os olhos de Bayn brilharam com poder enquanto o gelo se enrolava em
padrões sobre seus braços. — Eu sou o Príncipe de Inverno.
— Eu sou o Príncipe de Inverno.
Essas palavras de confirmação sacudiram Freya, e ela foi forçada a
reavaliar tudo o que tinha acontecido desde o momento em que o conheceu.
Freya teve vontade de atirar o copo na cabeça de Bayn, embora não
soubesse por que estava com tanta raiva. Em vez disso, ela esvaziou o uísque.
— Não admira que Elise tenha sido tão vaga sobre como ela o conheceu.
Kian é seu irmão, e é por isso que você o perdeu quando viu os chifres.
Vou matar minha prima por isso.
Foi a vez de Bayn xingar. — Elise é sua prima pelo sangue?
— Claro que ela é. Espere, ela não te contou isso também?
Bayn balançou a cabeça e, se possível, parecia ainda mais irritado.
— Eu pensei que você era um recluso que nunca deixou a Escócia.
— Eu deixo quando preciso caçar adagas míticas com mulheres bonitas.
Freya bufou. Ser um príncipe certamente explicava de onde veio sua veia
arrogante. — Não espere que eu me ajoelhe, mesmo se você for da realeza.
Bayn deu a ela um olhar que deveria ter sido ilegal na hora. — Só há uma
razão pela qual eu gostaria que você se ajoelhasse diante de mim, e não seria
porque eu sou um príncipe.
Freya apenas revirou os olhos e se levantou para pegar a garrafa de
uísque no frigobar. Bayn não tirou os olhos dela, um sorriso preguiçoso se
espalhando em seu rosto.
— Você estava preocupado comigo esta noite, não estava? É por isso que
você veio correndo como uma Valquíria furiosa. — Disse ele, parecendo
absurdamente satisfeito com isso.
— Não, Elise me enviou. Agora que estou aqui, explique por que
escolheu atacar Leif em vez de fazer sexo comigo. — Freya queria enfiar algo
na boca, mas assim que viu sua expressão confusa, não conseguiu parar. — Eu
teria abalado o seu mundo. Eu tenho aquela lista que você pediu, e é uma pena
que você não vai descobrir o que estava nela. Especialmente o número quinze.
Você teria visto a face de Deus com aquele. Agora você nunca vai saber.
Os olhos safira de Bayn dançaram divertidos. — Oh, minha querida
Freya, você sabe que é mentira.
— Não acho que seja porque, claramente, você está mais interessado em
começar guerras de gangues do que fazer sexo alucinante. — Freya sentou-se
novamente e se acomodou. — Quem é Arne?
— Ele é um guerreiro elfo. — Bayn passou a mão no rosto, sua frustração
era palpável. — Não quero envolver você nessa merda, Freya.
— É tarde demais para isso. Assim que você entrou pela minha porta, eu
estava envolvida.
— Você não vai entender. Você nunca vai me aceitar uma vez que saiba
do que sou capaz! — Bayn gritou.
Freya estremeceu com seu tom. Depois de Leif, ela era terrível com o tipo
de raiva que gritava. Bayn não parecia zangado com ela, mas com ele mesmo.
O Príncipe de Inverno.
Freya conhecia as histórias. Todos sabiam sobre o príncipe fae que
construiu um castelo de gelo e reivindicou o norte da Escócia. Enquanto Kian
se tornou o representante fae para o mundo, odiado e amado por sua vez, não
havia nada além de especulação quando se tratava de seus irmãos.
Elise havia dito que o irmão mais novo de Kian tinha sido o mais difícil
de convencer a não se vingar dos humanos. E que se eles estragassem o tratado,
ele ficaria feliz em congelar o mundo todo. Freya não conseguia entender esse
tipo de poder.
E, no entanto, Elise mandou Bayn direto para a porta dela. Ela não tinha
contado a ela sobre ele... mas ele também não.
— Por que você não me disse que era um príncipe? — Ela perguntou
suavemente.
— Porque eu não queria que você me olhasse como está olhando agora.
— A mão de Bayn agarrava seu copo de uísque com tanta força que Freya
achou que iria quebrar.
— Bayn, olhe para mim. — Ele a fixou com aqueles olhos de safira frios
que não continham nem um grama de calor. Ela não iria recuar só porque ele
queria que ela o fizesse. — Eu não me importo que você seja um príncipe. Eu
me importo que você esteja mentindo para mim ao não me contar tudo o que
está acontecendo. Por que você atacou Leif, e como isso envolve os elfos?
Bayn bebeu seu uísque. Freya empurrou a garrafa em sua direção, e ele
encheu os copos de ambos.
— Você não tem ideia do que ver aqueles chifres significou esta noite... o
que desencadeou. — Ele começou e se interrompeu como se não tivesse certeza
de por onde começar. Ela cruzou os braços.
Com um suspiro, Bayn cedeu e contou a ela o que acontecera depois que
ele a deixou em casa. A cada revelação, Freya ficava mais chocada e
chateada. Que ele enfrentasse todos os capangas sanguinários de Leif por conta
própria era aterrorizante.
— Você está machucado? — Freya perguntou.
— Isso é tudo que você tem a dizer depois que eu disse que feri e
provavelmente matei um bando de funcionários do seu ex-namorado?
Bayn tinha razão, mas isso não a impediu de examiná-lo em busca de
quaisquer sinais de feridas.
— Leif só contrata bastardos para seus guardas. Ex-presidiários, homens
que foram expulsos do exército, esse tipo de multidão. Você é meu... meu
amigo. — Freya não sabia mais como descrevê-lo.
A expressão de Bayn derreteu um pouco. — Estou bem, Freya, o que é
mais do que posso dizer sobre Yrsa.
— Leif está traficando elfos. — Ela resmungou, lutando para dizer isso
em voz alta.
— E outras criaturas. Eu tenho que perguntar se você sabia sobre isso.
— Claro que não! Como você pode pensar isso?
— Porque é melhor eu perguntar a você do que a Arne. Os elfos estão
chateados porque esta é a quinta pessoa que desapareceu. Eles estão em busca
de sangue. Você era a garota de Leif, e isso é o suficiente para eles a colocarem
em uma pilha de suspeitos, — Bayn argumentou. — Não se trata mais de
encontrar a adaga. Temos que encontrar e parar esse círculo de traficantes.
— Você tem que acreditar em mim, Bayn. Eu nunca teria feito parte de
algo assim.
— Então o que fez você deixá-lo? Você deve saber que algo estava
acontecendo.
Freya curvou os joelhos até o peito. — Eu sabia que ele odiava os faes e
os elfos, que ele pensava que eles iriam se tornar uma ameaça. Eu realmente
não pensei que ele se envolveria no tráfico. — Bayn se levantou e trouxe uma
garrafa de água para ela. Ela pegou a mão dele e o segurou. — Você realmente
acha que eu poderia estar envolvida em algo tão horrível?
Bayn se sentou ao lado dela, fechando os dedos suavemente em torno
dos dela. — Não, mas tinha que perguntar. Protegerei você de Leif e os elfos
são espertos o suficiente para não chegar perto de ninguém sob minha
proteção.
Freya não ousou olhar para ele. — E eu sou?
Bayn segurou sua bochecha com a mão quente. — Definitivamente. Você
tem que me dizer o que sabe sobre a operação dele porque os elfos estão se
contendo por respeito a mim. Não vai segurá-los por muito tempo. Pare de
tentar proteger este pedaço de merda.
— Não estou tentando protegê-lo, mas a mim mesma! Quando saí, ele
disse que se eu contasse a alguém o que havia acontecido, ele me mataria
também. — Ela passou os últimos oito meses contendo seu medo, tentando
colocar sua vida de volta nos trilhos e lutando contra os pesadelos.
— Ele nunca mais vai colocar um dedo em você, verão. Os dias dele estão
contados. — Bayn prometeu. Seu braço foi ao redor dela, e ela se recostou nele,
aproveitando seu calor. A cabeça dela caiu para o ombro dele, sentindo como
se o sulco fosse feito para ela.
— Houve um colecionador que disse a Leif que ele não tinha um amuleto
que Leif queria para um de seus caras da máfia. O problema de lidar com
aqueles homens é que se você aceita um trabalho, você tem que seguir em
frente, não importa o que aconteça, — Freya começou, suas velhas frustrações
vindo à tona. — Eu disse a Leif para não pegá-lo. Implorei a ele. No início de
nosso relacionamento, ele costumava ouvir meus instintos. Então ele ficou
ganancioso e parou de se importar. Este colecionador fingiu que não tinha o
amuleto, mas Leif não quis acreditar nele. Fui acordada no meio da noite e
colocada em um carro por alguns dos homens de Leif. Acabamos em uma
mansão à beira do lago em Kolbotn.
— Leif estava lá e amarrou o proprietário a uma cadeira. Alguém o
espancou. Tentei falar um pouco com Leif, mas ele... Ele apontou uma arma
para mim e me fez usar minha habilidade de pesquisar a mansão. Encontrei o
amuleto escondido na moldura de uma pintura, e Leif colocou duas balas no
coletor.
Freya enxugou uma lágrima de sua bochecha, não querendo que o horror
daquela noite a dominasse.
— No dia seguinte, arrumei minhas coisas e fui embora. Leif tentou me
impedir, mas eu o ameacei que se ele não me deixasse ir embora, o arquivo que
eu havia criado sobre ele iria direto para a polícia. Meu blefe foi bom o
suficiente para que ele me deixasse ir com dois olhos roxos e uma promessa
que se eu contasse a alguém o que tinha acontecido, ele me mataria. Fui para a
casa dos meus pais na Dinamarca por algumas semanas para deixar as coisas
em Oslo se acalmarem. Quando eu cheguei em casa, Leif tinha passado por
Mardøll e roubado um monte de coisas. Mudei as fechaduras e alarmes e,
mesmo que tenha me prejudicado financeiramente, eu o deixei escapar
impune. Ele me deixou em paz desde então, e fiz tudo que poderia para ficar
fora de seu mundo e não cruzar com ele.
— E eu fiz você voltar. Deuses, Freya, sinto muito. — Disse Bayn, seu
braço puxando-a para mais perto.
— Não sinta. Se não tivéssemos, você nunca teria encontrado Yrsa. —
Freya se mexeu para poder olhar para ele. — Por favor, me diga que não há
como eles rastrearem o ataque até você.
— Eu destruí todas as câmeras que pude e apaguei todas as luzes. Ao
dizer isso, eles saberão que um fae ou um elfo os atacou por causa da magia
envolvida. — Bayn mostrou a ela um arquivo em seu telefone. — Arne me
enviou isso. São todas as informações que eles têm sobre os desaparecimentos.
Nenhum de nós acha que Leif está no comando, apenas uma ferramenta, mas
a maneira como os assistentes de Dieter reagiram a nós os colocou no topo da
minha lista de merda. Tímidez em se oferecer para me comprar, o que significa
que eles fizeram isso mais de uma vez.
Freya colocou as mãos nos cabelos. — Oh Deus, eles acham que eu seria
o tipo de pessoa que compraria um fae?
— Pode funcionar a nosso favor se o fizerem. Podemos usar isso como
uma forma de nos aproximar deles —, disse Bayn. — Vai ficar perigoso, Freya,
então se você quiser sair, agora é a hora.
Freya olhou para ele. — Você acha que eu sou uma covarde que vai
embora e deixar você fazer isso por conta própria?
— Isso não foi o que eu quis dizer.
— Não me importa o que você quis dizer. Não vou deixar você fazer isso
sozinho. Eu deveria ter impedido Leif há oito meses, então aqueles elfos
poderiam nunca ter sido levados. — Freya apoiou a palma da mão em seu
peito. — Não vou a lugar nenhum. Vamos descobrir quem está fazendo isso e
detê-los.
— Isso não será uma justiça humana branda, Freya. Os faes e os elfos se
vingam com sangue. Fui responsável por dar esse tipo de punição por séculos.
Não é um lado meu que você vai gostar ou querer ver.
Freya sabia que Bayn estava dizendo a verdade, que ele era um guerreiro
até os ossos e que derramaria sangue se precisasse. Ao contrário de Leif, ela
sabia que ele não seria o tipo de pessoa que se divertia com isso, e isso fazia
toda a diferença. Ele parecia genuinamente se importar que a opinião dela
sobre ele mudasse, o que a surpreendeu.
— Não importa, quero que Leif e pessoas como ele parem
permanentemente. Não sou uma flor frágil, Bayn. Já vi as partes sujas do
mundo e verei isso até o fim.
Freya reuniu coragem e torceu para não cometer um grande erro. O
aperto dela em sua camisa aumentou quando ela olhou em seus olhos. — E eu
quero conhecer todo você, até as partes sombrias e feias. Não sei como explicar
isso, e honestamente, eu realmente deveria saber melhor, mas sinto que você
será uma das pessoas mais importantes que eu nunca irei encontrar
novamente. Eu não vou me afastar de você sem lutar, então não me obrigue.
A expressão de Bayn ficou ainda mais sombria. — Freya, eu não mereço
isso.
— Provavelmente. Você disse que não faria nada casual comigo. Bem,
não vou nem mesmo considerar algo sério baseado em meias-verdades e
besteiras ocultas. Não quero mais mentiras, Bayn. — Antes que ele pudesse
discutir mais, Freya se inclinou e beijou-o de leve nos lábios. — Mas se você
correr o risco e não me afastar, eu prometo que o número quinze realmente
valerá a pena.
A expressão séria de Bayn quebrou e ele riu alto. — Por que você tem que
ser tão irritante e linda ao mesmo tempo?
— Tenho muitos talentos especiais.
— Você não sabe que estou tentando me manter longe de você para o seu
próprio bem?
— Hmm, nunca fui de deixar outras pessoas decidirem o que é bom para
mim. — Freya estava prestes a beijar sua boca sorridente novamente quando
seu telefone começou a tocar com um número desconhecido. — Olá?
— É Von. Leif está enviando caras para buscá-la em Mardøll. Dê o fora
daí, agora!
Bayn se levantou em um piscar de olhos e perto das vitrines que davam
para a loja de Freya. Em trinta segundos, dois carros pretos pararam na frente
dele e seis homens desceram. Freya se juntou a ele, sua mão segurando a dele
novamente com medo.
— Você vai ficar aqui e me deixar cuidar disso. — Disse ele.
Os olhos de Freya se arregalaram. — O que você vai fazer?
Bayn não sabia que resposta dar a ela que não a assustasse. — Vou me
certificar de que saibam que você está protegida por alguém mais assustador
que Leif.
Freya abriu a boca para protestar, mas Bayn a beijou. Seus lábios macios
cederam sob os dele, e a raiva que tinha se agitado dentro dele durante todo o
dia finalmente se acalmou. — Por favor, Freya, não lute comigo sobre isso. Não
posso deixar nada acontecer com você.
Freya concordou. — Ok, eu vou ficar, mas tome cuidado.
Bayn apenas riu. — Olha como você é fofa, pensando que aqueles
bandidos ainda têm uma chance contra mim.
— Tudo bem. Vá levar um tiro, veja se eu me importo. Apenas certifique-
se de não destruir minha casa no processo. — Disse ela, empurrando-o para
longe dela.
Bayn agarrou dois punhos de sua adaga no quarto, a boca de Freya se
abrindo enquanto ele criava lâminas de gelo. — Eu ganho um beijo antes de ir?
— Você pode conseguir um se voltar com vida. — Freya respondeu,
puxando uma cadeira até a janela para poder observar.
— E eles dizem que sou eu que tenho o coração frio.
— Contanto que seu pau esteja quente, eu não me importo. — Freya
disse, e dane-se ele não queria subir no sofá e provar que era.
— Continue pensando no meu pau. Eu volto em breve.
Bayn saiu para a varanda e deixou o ar frio acalmá-lo. Ele lançou a Freya
um sorriso de adeus quando saiu do lado e pousou três andares na calçada
gelada.
O primeiro dos homens de Leif estacionado do lado de fora da porta viu
Bayn apenas quando seu punho o derrubou na calçada.
Tanto para um vigia. Ele encontrou uma pequena bomba instalada na
porta de Freya, mas a engenhoca estava inativa. Ele subiu as escadas com pés
macios de gato e encontrou três homens em seu escritório.
— Divertindo-se? — Bayn perguntou casualmente. Todos os três homens
apontaram armas para ele. — Talvez vocês possam me dizer o que estão
procurando, e eu posso ajudar?
— Fodido fae. — O homem mais próximo a ele cuspiu e encontrou seu
rosto agarrado com força. Bayn o empurrou contra a parede e o homem caiu
no chão.
— Algum de vocês gostaria de me dizer por que vocês estão colocando
uma bomba no apartamento da minha senhora?
— Ela é a senhora de Leif, seu idiota, e a bomba era para você. — Disse o
mais jovem dos dois homens restantes. Bayn apenas riu deles.
— Vocês humanos patéticos realmente não entendem. Freya é minha
senhora, e Leif não é aquele de quem vocês deveriam ter medo. — O gelo
escapou das mãos de Bayn, congelando suas armas e forçando-os a largá-las. O
mais inteligente dos dois ergueu as mãos em sinal de rendição.
— Eu não vou lhes matar porque Freya me pediu para não bagunçar o
apartamento dela. Mas vocês vão levar uma mensagem para Leif. Digam a ele
que se ele chegar perto de Freya ou deste prédio novamente, eu irei destruir
tudo o que ele ama, começando com seu pau pequeno que ele sente a
necessidade de acenar onde não é desejado. Entenderam?
— Sim. — Os dois homens disseram com os dentes cerrados.
Bayn cutucou o homem inconsciente no chão com a ponta da bota. —
Levem isso com você. — Ele os acompanhou para fora, queimando com a
necessidade de separá-los.
Depois que eles foram embora, ele enviou magia pelo apartamento e pela
loja, certificando-se de que não haviam plantado nenhuma outra bomba. Que
eles pensavam que um dispositivo tão ridículo poderia parar um fae disse a ele
o quanto eles o subestimavam. Ele recolheu o dispositivo semiacabado na
porta e envolveu as peças em gelo para que pudesse descartar tudo com
segurança mais tarde. Satisfeito por que tudo estava em ordem, voltou para o
hotel.
Freya estava andando de um lado para o outro quando ele entrou, seu
rosto visivelmente relaxando assim que ele entrou pela porta. Talvez ele
devesse ter deixado um deles dar um soco para que ela pudesse ter se agitado
por causa dele.
— Continua vivo? — Disse ela, afastando sua preocupação.
— Não soe tão desapontada. Seu ex continua a ser medíocre. — Bayn foi
para seu quarto e começou a colocar suas coisas de volta em sua mochila. —
Ele tentou plantar bombas para me matar. Eu encontrei os homens dele
passando pelo seu escritório também.
— Você matou algum deles? — Ela perguntou de sua porta.
— Não. Eu bati em alguns, mas os enviei de volta ao seu mestre com um
aviso. Da próxima vez que eles tentarem essa merda, eu vou matá-los. — Bayn
pegou seus produtos de higiene pessoal no banheiro e fechou o zíper de sua
mochila.
Freya se mexeu nervosamente. — Você está indo?
— Eu não vou longe. — Bayn pendurou sua bolsa no ombro. — Eu sou
seu novo colega de apartamento.
— O quê? Não! Eu não concordei com isso. — Freya disse, colocando as
mãos nos quadris.
— Que pena. Está acontecendo. Ficar com você é a única maneira de
garantir que você esteja protegida, não só de Leif, mas também de quem quer
que ele esteja trabalhando. Eu o envergonhei esta noite, então ele vai se
reagrupar e encontrar outra maneira para chegar até mim. Já conheci homens
como ele antes. Com alguma sorte, ele irá para quem quer que esteja
trabalhando e os mandará atrás de nós. — Bayn agarrou o que restava da
garrafa de uísque. — Não se preocupe, serei um bom amigo e ficarei no quarto
de hóspedes.
Os olhos de Freya se estreitaram. — Eu não gosto disso, embora eu saiba
que você está certo. Se você ultrapassar os limites e se tornar um idiota
autoritário, eu direi a Elise, então Kian pode lidar com você.
Bayn tentou não rir na cara dela. Ele tinha sido capaz de chutar a bunda
de Kian por séculos. Ele deu a ela um aceno sério. — Sim, Freya. Eu entendo,
Freya. Vou ficar bem, Freya. — Ela apenas murmurou algo em norueguês e se
afastou.
Essa é minha companheira, estabelecendo a lei. Bayn não conseguia acreditar
o quão adorável ela era quando era mandona, suas calças apertadas tornavam
suas tempestades uma experiência ainda melhor.
— Pare de olhar para a minha bunda também. — Freya jogou por cima
do ombro e abriu a porta do quarto do hotel.
— Eu não ousaria fazer isso. Sou um príncipe, lembra? — Bayn disse,
sorrindo pelas costas durante todo o caminho até seu apartamento.
Freya checou seu escritório primeiro, praguejando de forma
impressionante em três idiomas diferentes quando viu a bagunça.
— O que você acha que aqueles idiotas estavam procurando? —
Perguntou Bayn. Freya estava vasculhando as pequenas gavetas do armário de
madeira e verificando as cartas.
— Quem sabe? Leif pegou um terço de minha pesquisa da última vez
que roubou de mim. Parece que tudo ainda está aqui. — Freya soltou um
suspiro de alívio. — Obrigada por pará-los. Eu não acho que poderia ter
começado de novo depois da última vez. É muito desanimador.
— Eu disse que iria protegê-la, e eu quis dizer isso. Isso inclui seus bens.
Freya se sentou em sua cadeira giratória, seu rosto profissional de
repente de volta. — Por que, Bayn? Você mal me conhece.
— Eu mantenho minhas promessas. Além disso, você é a primeira pessoa
de quem gosto em quinhentos anos. — Ele respondeu com o que esperava ser
um encolher de ombros indiferente.
A boca severa de Freya se curvou. — Muito bem. Deixe-me mostrar seu
quarto.
Bayn não se importava com o quão tarde era. Assim que Freya foi para a
cama, ele pegou seu telefone e fez uma vídeo chamada para Kian. Seu irmão
demorou a responder, como sempre.
— O que há de errado agora? Você descobriu mais alguma coisa com os
elfos? — Kian respondeu. Ele estava bem acordado, o que significava que
provavelmente estava trabalhando e não passando tempo com Elise.
— Oh, eu descobri algo. É sobre sua companheira e como ela gosta de
mentir para as pessoas. — Bayn retrucou. Ele deveria saber que não era apenas
sobre a adaga.
— Tenha cuidado ao falar sobre minha companheira, irmãozinho. — Os
olhos de Kian brilharam com poder dourado.
— Você estava envolvido nisso também? Isso tudo foi uma armação? —
Bayn estava lutando para manter a voz baixa. Ele não queria que Freya
pensasse que ele estava com raiva dela.
— O que você está falando?
— Freya é prima de Elise de sangue! Ela nem mesmo disse a Freya que
eu era o Príncipe de Inverno. Toda essa maldita coisa foi armada porque Elise
não quer que eu morra em paz.
A cabeça de Kian girou, olhando para algo atrás dele. — Isso é verdade?
Elise apareceu na tela com fogo nos olhos. — Em primeiro lugar, idiota,
eu não disse a você que ela era minha prima porque não queria que você
duvidasse de sua capacidade profissional. Em segundo lugar, eu não disse a
ela que você era o Príncipe de Inverno porque ela não te aceitaria como cliente.
Não sei o que tem sobre a sua calcinha em um nó quando eu estava apenas
tentando ajudar seu grande e burro...
— Estou com raiva porque acho que ela é minha companheira de merda!
— Bayn interrompeu. Ele tinha se mantido firme o dia todo, mas agora o puro
terror da verdade o estava rasgando. Kian deixou cair a taça de vinho que
segurava, mas Elise... Elise parecia envergonhada. — Suponho que você
também sabia, irmã.
— Eu não tinha cem por cento de certeza, mas ela me disse que vocês
dois tinham ficado, e quando uma runa apareceu, você surtou. Eu não tinha
certeza se era uma runa como quando eu estava com Kian.
Bayn ia vomitar. — Você não disse a Freya o que significava, não é?
— Não! Como eu disse, não tinha certeza se era a mesma coisa, então me
esquivei da pergunta.
Bayn desabou na cama, o peito doendo por causa do coração batendo
forte. Kian moveu Elise suavemente para fora do caminho e beijou sua testa. —
Deixe-me falar com ele a sós, meu amor.
— Bayn, você tem que acreditar em mim. Eu nem sequer considerei que
ela pudesse ser sua companheira. — Disse Elise antes de sair da sala.
— Irmãozinho, respire, — Kian comandou. Ele dizia essas palavras a
Bayn desde que era uma criança, então ele fez isso automaticamente, e o aperto
em seu peito diminuiu. — Agora, você tem certeza que ela é sua companheira?
— Meu coração está batendo de novo, e não estou falando
metaforicamente. — Bayn tirou a camisa e mostrou a Kian as linhas da
maldição. — Eu também tenho vontade de matar todos que já a machucaram,
primeiro o fodido ex-namorado dela. — Bayn contou a Kian sobre as bombas
e a tentativa de sequestro.
— Estou honestamente surpreso que ele ainda esteja respirando.
— Não posso deixar Freya em paz. Isso vai trazer seu chefe para fora,
mas quando os tivermos, vou matar aquele filho da puta —, jurou Bayn. Ele
passou as mãos pelos cabelos. — O que eu vou fazer, Kian? Eu não posso
acasalar com esta mulher e ligá-la a mim. Ela é uma boa pessoa, e viva e
maravilhosa. Eu sou um velho bastardo que merece morrer. Eu não quero para
foder a vida dela.
Os olhos dourados de Kian se encheram de compaixão. — Ela é
definitivamente sua companheira. Talvez você precise discutir isso com ela e
ver como ela se sente sobre isso? Espere até que você tenha lidado com esta
quadrilha de tráfico primeiro, então fale com ela. Elise irá informá-la sobre
quaisquer detalhes se for a ideia a assusta.
— Claro que vai assustá-la! Eu sou o assassino da família desde que
posso empunhar uma lâmina. Ela não tem ideia sobre o sangue em minhas
mãos. A merda que eu fiz.
— Elise me aceitou, e você sabe que eu pertenço ao círculo mais escuro
do inferno junto com você.
— O vínculo de acasalamento não dará a ela uma escolha a não ser me
aceitar.
Kian balançou a cabeça. — Não, você está errado. Elise teve uma escolha,
mesmo depois que fizemos sexo. Eu tenho mantido um registro das mudanças
e efeitos que o vínculo de acasalamento teve sobre nós dois, e há um padrão.
— Isso é simplesmente estranho.
— Não, não é. Não temos informações reais sobre companheiros, apenas
histórias. Eu quero ser capaz de ajudar outros como meus irmãos estúpidos,
para que eles tenham mais facilidade do que eu —, respondeu Kian. Ele olhou
para ele por baixo do nariz. — Algo que vai te ajudar agora.
Bayn revirou os olhos. — Ok, deslumbre-me com suas observações,
grande estudioso.
— As runas são um sinal, uma forma de reconhecer que você encontrou
um companheiro. Nós também nos sentimos instantaneamente conectados um
ao outro, embora nos odiamos. O vínculo cresceu rápido entre nós porque
trocamos sangue, mas eu acredito que era específico apenas para Elise e eu por
causa da maldição. Ela pegou minha velocidade desde o início. Foi acionado
por sua necessidade de me proteger —, explicou Kian.
— Quando fizemos sexo pela primeira vez, as runas apareceram em
todos os lugares em nós dois. É como uma marca mágica que fortalece um
vínculo. O vínculo de acasalamento real não se tornou inquebrável até que
verbalizamos que aceitamos o acasalamento.
— Então o que você está dizendo é que eu posso fazer sexo com ela e não
me acasalar, a menos que digamos 'Eu te aceito como meu companheiro'?
Kian beliscou a ponta de seu nariz. — Claro que sua mente só pensaria
no sexo.
— Elise mostrou a você uma foto de sua amada prima? É meio difícil não
pensar em sexo quando ela está por perto —, Bayn argumentou. Na verdade,
ele não conseguia se lembrar de uma época em que tivesse pensado mais em
sexo. Era constrangedor.
Kian franziu a testa, sua magia piscando ao redor dele novamente. —
Não brinque com ela, Bayn. Quer você queira tomá-la como companheira ou
não, ela é a família de Elise, e você precisa respeitar isso. Freya não é uma noite
que você pode foder e ir embora.
Bayn gemeu de frustração. — Seios de Beira, não sei. Pare de pensar o
pior de mim, ok? Eu soube desde o momento em que a vi que só poderia ter
algo sério com ela. Eu até fiz uma coisa principesca e disse isso a ela bem depois
que ela me convidou para transar com ela sem sentido. Eu recusei, Kian, para
o nosso bem.
— Aposto que você se arrependeu de fazer isso. — Disse Kian com um
sorriso de lado.
— Tanto. — Bayn sufocou uma risada. — Mas minha decisão ainda está
de pé. Ela tem que querer mais de mim do que apenas uma foda, porque eu
não acho que poderia estar com ela e fazê-la ir embora depois. Ela não é fae,
ela poderia fazer isso, e eu perderia minha mente do caralho. O que sobrou
dela, de qualquer maneira.
Kian riu com ele, e parecia que era pela primeira vez em séculos. —
Acasalar com Freya seria realmente tão ruim? Você parece quase feliz.
— Não, Kian, não seria ruim para mim. Eu me preocupo que seria para
ela, porém, e você sabe como é... a felicidade deles tem que vir em primeiro
lugar, não importa o quanto isso te foda. — Disse Bayn.
— Eu entendo, mas você não sabe que não será um bom companheiro
para ela. Lide com esse desastre de tráfico, converse com ela e deixe Freya
decidir por si mesma se ela quer você —, respondeu Kian. Porque ele não pôde
evitar, ele acrescentou: — Embora os deuses estejam com ela se ela fizer isso.
Boa sorte, irmãozinho.
— Obrigado, vou precisar.
Freya não sabia como iria dormir naquela noite. Leif tentou sequestrá-la
e explodir sua loja; ele estava traficando elfos como se fossem bugigangas, e
isso foi antes de ela chegar a Bayn.
Bayn, o maldito Príncipe de Inverno, que estava determinado a protegê-
la.
Ninguém havia tentado protegê-la antes. Ela sempre lutou em suas
próprias batalhas, desde os valentões da escola até a foda de um
relacionamento com Leif. Seu pai sempre apoiou sua capacidade de se
defender. Não era como se ela não pudesse cuidar de si mesma, mas Bayn
cuidar dela era... bom. Ela também era inteligente o suficiente para saber que
essa era uma luta que ela não venceria sozinha. Ela mal conseguia imaginar
que estava nisso.
Porra de bombas no meu prédio. Para quem diabos Leif estava trabalhando
para se sentir seguro o suficiente para arriscar esse tipo de retaliação? Se ele
não sabia que Bayn foi quem o atacou, então ela tinha que presumir que Leif
estava agindo assim porque estava com ciúmes por ela ter estado com um
fae. Ele claramente não conhecia Freya se pensava que sequestrá-la e matar seu
amante era a maneira de reconquistá-la.
Mas Bayn não é seu amante, ela se lembrou. Era? Ele estava a três portas, e
sua presença enchia o apartamento dela como se fosse pequeno demais para
contê-lo. Em vez de sufocá-la, era reconfortante.
Freya teve uma reação instintiva por ele vir e ficar com ela, mas ver a
bagunça que os idiotas de Leif haviam feito em sua casa a fez se sentir melhor
por Bayn ficar com ela.
Exceto por agora, quando ela estava tentando dormir, imaginando-o em
sua cama de hóspedes, seu corpo grande e musculoso esticado e nu em sua
colcha favorita. Freya colocou um travesseiro sobre a cabeça e gemeu.
A voz abafada de Bayn atravessou as paredes, e ela se sentou,
ouvindo. Com quem ele estava falando agora? Ela se encolheu, odiando a
pontada de ciúme. Ela o ouviu dizer 'Kian' e caiu de costas no colchão com um
suspiro de alívio. Então ela voltou a gemer no travesseiro.
Patético.
Freya acordou horas depois com tanto frio que não conseguia sentir os
dedos dos pés. Ela acendeu o abajur da mesinha de cabeceira para descobrir
por que o aquecimento havia desligado. Todo o telhado e a parede do quarto
estavam cobertos de geada, o cheiro da magia de Bayn no ar.
— Que diabos? — Freya saiu da cama e cambaleou sonolenta pelo
corredor. — Bayn? — Cobrindo a mão com a manga da camisa, ela abriu a
porta fosca do quarto de hóspedes. Flocos de neve do tamanho de sua mão
pendiam suspensos no ar, a geada cobria as paredes e, no centro da cama, Bayn
suava e se agarrava aos lençóis, pego pelo terror noturno.
— Merda. — Freya murmurou. Como alguém acorda um fae sem levar
um soco?
— Bayn! Acorde! — Ela chamou, sua respiração pesando no ar frio. Ele
não se mexeu, apenas se enrolou no cobertor. Freya estendeu a mão e
empurrou os flocos de neve suspensos para fora do caminho.
— Bayn? Acorde, você está tendo um pesadelo. — Disse ela, e com uma
mão trêmula, ela tocou seu ombro. A dor percorreu sua mente no instante em
que foi sugada para seu sonho.
Sangue e pequenos corpos estavam espalhados pelo chão. Kian estava gritando
enquanto Killian o puxava para fora de uma casa em chamas. Bayn enfiou sua espada
nas entranhas de um guerreiro humano, esquivando-se da lança de outro antes de
congelá-lo.
Killian estava lutando enquanto os guerreiros o seguravam e o espancavam com
sangue. Ele se recusou a revelar suas asas para eles cortarem como tinham feito com os
chifres de Kian.
A maldição queimou Bayn, sugando-o para Faerie, para uma terra que eles
teriam que lutar para manter.
Então os anos se passaram, uma eternidade de escuridão fria, de assassinar
qualquer um que ameaçasse seus irmãos e seu povo novamente.
Bayn estava em um trono de gelo, congelando lentamente e desaparecendo pouco
a pouco para se tornar parte do trono também.
— Não! — Freya gritou. Ela correu para o trono, pegou seu rosto nas mãos,
beijou seus lábios congelados. — Acorde, Bayn!
Freya engasgou quando a magia a deixou ir. Os olhos escuros de Bayn se
abriram de repente, a viu pairando sobre ele, e ele atacou, levantando-a e
prendendo-a na cama com um grunhido feroz.
— Bayn! Saia dessa! — Ela gritou em seu rosto rosnando. O
reconhecimento se espalhou por seus olhos quando os pesadelos finalmente se
soltaram.
— Freya? — Ele sussurrou, a mão tocando sua bochecha. — Porra, Freya,
eu machuquei você? O que você está fazendo aqui? — Ele olhou ao redor do
quarto, viu o estado dele e recuou diante dela.
— Estou bem. Você está bem? — Ela perguntou, sentando-se.
Bayn fez um pequeno movimento com a mão e a geada e os flocos de
neve gigantes desapareceram. Ele começou a tremer, as lágrimas escorrendo
pelo seu rosto enquanto ele passava os braços ao redor de si mesmo.
— Ei, você está bem. — Freya tentou acalmá-lo. Ela não suportava vê-lo
confuso com o sono e angustiado.
— Nada disso está certo! Eu poderia ter machucado você.
— Mas você não machucou. — Ela estendeu a mão para ele, puxando-o
de volta para a cama. — Venha aqui.
Bayn se deixou levar e ela o puxou para baixo e gentilmente em seus
braços. Ele descansou a cabeça no sulco de seu ombro, seu braço indo ao redor
de sua cintura e pendurado nela como se ela fosse sua tábua de salvação. Ele
ainda estava tremendo, então ela acariciou seu cabelo escuro repetidamente.
— Apenas respire, Bayn. Você está bem. Foi apenas um pesadelo —, ela
sussurrou. Mas ela sabia que não era. Ela tinha falado com Elise, sem
mencionar que viu a transmissão de Kian sobre os humanos massacrando os
faes. Ver o inferno na mente de Bayn e como isso ainda o assombrava a fez
querer matar todos os bastardos que o machucaram e o fez se tornar um
assassino apenas para sobreviver.
— Freya, sinto muito. — Ele murmurou.
— Não sinta. Nós dois estamos bem.
Suavemente, ela começou a cantar para ele uma canção de ninar em
dinamarquês com a qual sua avó costumava acalmá-la. Bayn a puxou contra
seu corpo duro e lentamente derreteu nela enquanto o terror diminuía.
Freya colocou os braços em volta dele e jurou que nunca, jamais, o
deixaria desaparecer como no sonho.
Freya não conseguia parar de sorrir quando reabriu a loja vinte minutos
depois. Ela teve que refazer o cabelo e arrumar a maquiagem, mas valeu a
pena. Deuses, teria valido a pena, mesmo que suas mãos tivessem brilhado
com runas azuis por dez minutos depois.
Freya queria perguntar a Bayn sobre elas, ela tinha certeza de que eram
parecidas com as que apareceram com ele na limusine na primeira vez que
ficaram juntos. Aquilo pareceu mudar seu humor naquela noite, e ela não
estava prestes a estragar as boas vibrações que agora zumbiam entre eles.
Freya também estava determinada a não olhar para Bayn pelo resto do
dia porque ela não seria capaz de parar de rir.
Fique calma, Freya. Você sempre pode perguntar a ele sobre as runas durante o
jantar esta noite. Ela estava muito ocupada tentando agir como se não tivesse
desfrutado de um orgasmo alucinante. Ela nunca seria capaz de olhar para seu
contador de trabalho da mesma maneira novamente.
A campainha tocou e todos os seus sentimentos pós-coito
desapareceram. O assistente de Dieter, que se ofereceu para comprar Bayn,
estava parado ao lado de um conjunto de prateleiras de vidro. Ele estava
admirando uma coleção de ícones russos em miniatura do século XXIV, com
um sorriso interessado. Ela sentiu a atenção de Bayn ficar em alerta máximo,
sentindo-o se movendo atrás dela sem precisar olhar.
— Olá de novo. — Freya cumprimentou educadamente, saindo de trás
do balcão, mas mantendo uma distância segura dele.
— Senhorita Havisdottir, que loja charmosa você tem. — Disse ele.
— Obrigada. Você está procurando algo em particular com que eu possa
ajudá-lo?
Os olhos do homem desviaram-se por cima do ombro direito para Bayn,
e todos os seus nervos queimaram com raiva. Freya casualmente mudou sua
postura, bloqueando sua visão.
— Dieter me pediu para estender um convite para outro de seus
encontros esta noite em sua mansão em Trondheim. Ele ficou desapontado ao
ver você e seu companheiro partirem tão repentinamente no último leilão.
Espero que não tenha sido algo que eu disse.
Freya forçou um sorriso deslumbrante. — Nem um pouco. Não suporto
Leif. Ele é meu ex-namorado por uma razão.
— Ah, Leif. Que infortúnio terrível ele teve mais tarde naquela noite.
— Deixe-me adivinhar, ele quebrou uma unha? Alguém disse a ele que
ele não era bonito? — Freya respondeu de brincadeira. O assistente riu.
— Você é divertida, Freya. Gosto disso. Infelizmente, Leif foi roubado e
está bastante aborrecido com isso.
Bem, se você se deitar com cachorros, acabará se levantando com pulgas. Freya
balançou a cabeça com simpatia. — Pobre Leif, espero que ele se recupere.
— Sem dúvida, ele vai. Homens como ele sempre fazem. — O assistente
tirou outro cartão e entregou a ela. Era feito com o mesmo estoque e design,
exceto que este tinha um endereço. Seu senso extra sobre itens mágicos ganhou
vida assim que ela o tocou. Sua pele se arrepiou, mas ela não ousou arremessá-
lo para longe dela. — Eu espero que você possa vir hoje à noite, apesar do curto
prazo.
— Eu não perderia. Tenho dinheiro que não gastei no leilão de Leif, então
espero que algo me chame a atenção. — Freya disse alegremente.
— Economize seu dinheiro, minha querida. Este é um evento de
networking para pessoas que pensam como você. Um bom lugar para fazer
alguns contatos para alguém como você. — O assistente deu a Bayn outro
longo olhar antes de sorrir friamente para Freya. — Espero ver vocês dois lá.
— Freya observou o homem sair e jogou o cartão no tapete, antes de começar
a vomitar.
— Freya? O que é? — Bayn estava ao lado dela em um instante, com a
mão em suas costas.
— Há algo mágico infundido naquele cartão. Não toque nele, eu acho
que foi feito para você.
— Está tudo bem, deixe-me dar uma olhada. — Bayn se agachou ao lado
do quadrado branco. Sua magia aumentou e a náusea de Freya foi lavada com
o cheiro do ar de inverno, pinho e canela. Runas verde-escuras apareceram no
cartão, sua tinta subindo da superfície branca.
— Feitiço de compulsão, e um bastante bom nisso —, disse Bayn. Ele
tirou uma foto em seu telefone antes de desenhar no ar acima dele. Um sigilo
feito de gelo apareceu sobre as runas, e elas se derreteram. — Deve estar bem
para tocar agora.
— Deixe-me.— Freya tirou um par de luvas brancas de uma gaveta da
escrivaninha e o pegou. — Filho da puta, minha mãe pensa que vou te vender...
Bayn estava tentando não rir. — Alguém foi acionado.
— Esse bastardo quer você.
— E você não vai deixar ele me ter?
— Absolutamente não! — Freya retrucou e então fez uma careta para
ele. — Cale a boca, Bayn.
Eles colocaram o cartão em uma pequena caixa de madeira e Freya
procurou o endereço em seu telefone. Era uma propriedade na orla do Parque
Nacional Skarvan og Roltdalen.
— O que você acha? Armadilha? — Ela perguntou, mostrando a Bayn a
localização.
Ele assentiu. — Provavelmente.
— Mas ainda estamos indo?
— Não gosto de levar você para uma briga, mas eles estão esperando nós
dois. — Disse Bayn, devolvendo o telefone.
— Isso mesmo. É melhor você estar pronto para receber minhas
ordens, Bjørn.
Os olhos safira de Bayn brilharam com uma perversidade que a
encantou. Ele se curvou, pegando sua mão e beijando seus nós dos dedos. —
Seu desejo é uma ordem, senhora.
Freya encontrou um vestido de cetim preto abandonado na parte de trás
de seu guarda-roupa e ficou surpresa que ainda lhe servia bem. Estaria
nevando no norte, então ela combinou o vestido com uma meia-calça
transparente e estilosa, mas com botas de cano alto até o joelho. Teria que ser
feito no último minuto. Algo disse a Freya que era intencional ver o quão
desesperada ela estava. Deiter não tinha feito sua pesquisa se pensava que
poderia despistá-la tão facilmente.
Quando Freya perguntou a Bayn como iriam chegar a Trondheim, a sete
horas de carro, ele sorriu e disse que cuidaria disso. Teria que ser de
helicóptero tão tarde; a festa deveria começar em menos de uma hora.
Freya pensou em sua última limusine com ele e teve que soltar os ombros
do casaco para se refrescar. Ela se perguntou se era uma parte de sua magia
fae que a deixava tão quente e incomodada. Ela pensou em perguntar a Elise,
mas sabia que sua prima iria querer detalhes que ela era privada demais para
compartilhar.
Freya retocou o batom e foi descobrir se Bayn já estava pronto para
sair. Ele estava sentado em seu balcão de café da manhã, um copo de uísque
congelado a meio caminho de seus lábios. Ele olhou para ela como se ela
tivesse pendurado a lua e entregue a ele poeira estelar. Freya de repente queria
mantê-lo olhando para ela assim para sempre. Isso a fez se sentir como uma
rainha que poderia conquistar qualquer coisa. O calor correu por suas costas,
mas ela manteve seu sorriso casual.
— Você está pronto para ir? — Ela perguntou.
— Huh? Sim? — Bayn estava vestido com outro terno que mostrava seus
ombros largos. Ele tinha a metade superior de seu cabelo amarrada para trás,
tornando seu rosto ainda mais bonito.
— Tem certeza? — Freya tirou a bebida de sua mão e bebeu.
Bayn roçou os dedos levemente em sua bochecha. — Sabe, eu lutei em
muitas guerras, matei monstros, enfrentei horrores que você nem pode
imaginar. Nenhum deles me assusta como você.
Freya se inclinou ao seu toque, seu coração crescendo perigosamente. —
Se você continuar falando assim, não chegaremos a Trondheim e perderemos
nossa chance de investigar a casa de Dieter.
Bayn deixou escapar um som de dor e afastou a mão. As runas estavam
brilhando ao longo de sua pele, mas desta vez quando as viu, ele apenas sorriu
um pouco desamparado.
— Você vai me dizer o que elas significam? — Perguntou Freya, pegando
sua mão e entrelaçando seus dedos com os dele.
— Quando o problema do tráfico for resolvido, aí sim, eu vou — Bayn
beijou sua testa, fazendo seus olhos arderem com a ternura repentina. —
Vamos.
Bayn a conduziu para o jardim dos fundos, onde uma lagoa de gelo
perfeitamente transparente se formou nas pedras do pátio.
— Estou confusa. — Disse Freya.
— Segure-se em mim — Bayn instruiu, puxando-a para perto e para o
calor sob o sobretudo. Freya pressionou as mãos nas costas dele enquanto Bayn
a apertava com mais força. — Não grite.
— Por que eu... — Freya disse e gritou quando Bayn pisou no gelo. Freya
se agarrou a ele enquanto eram puxados por um mundo borrado de cinza, azul
e preto. Justamente quando ela pensou que iria cair, eles foram arrastados para
cima novamente e apareceram no gelo à beira de um lago.
Freya inspirou profundamente, assustada, em seus pulmões em chamas
antes de bater no peito de Bayn.
— Você poderia ter me avisado! — Ela gritou. Bayn a puxou para perto
novamente, seu corpo inteiro tremendo de tanto rir.
— Sinto muito, eu não queria avisá-la no caso de você se recusar a tentar.
— Bayn esfregou as costas dela. — Você estava segura. Eu tinha você.
— Se você arruinou meu cabelo, vou te matar. — Freya fungou,
afastando-se dele. Ele olhou para ela e ajeitou um cacho sobre seu pescoço, os
dedos demorando em sua pele.
— Perfeita, como sempre. — Ele a assegurou.
— Pare de bajular.
— Não.
Freya o ignorou, virando-se para olhar para trás e para a mansão
brilhante. Ela havia sido construída ao lado do lago, com paredes de vidro ao
longo da frente para admirar a vista. Ela já podia ver os festeiros brilhantes se
movendo com bebidas nas mãos.
— Vamos, senhora? — Bayn ofereceu-lhe o braço. Freya o pegou e tentou
não sorrir. Ele a ergueu do gelo e a colocou em um deck de madeira para que
ela não tivesse que se arrastar pela neve com suas lindas botas. Foi o tipo de
gesto atencioso, como preparar o café da manhã, que fez o coração de Freya
amolecer de uma forma que ela não sabia ser saudável para ela. Ela sempre foi
tão independente que ter alguém que a considerava bagunçava sua cabeça.
Bem, ele é antigo. Talvez seja uma coisa das maneiras fae? Mesmo enquanto
ela pensava sobre isso, ela sabia que estava errado. Bayn não fazia nada que
não quisesse, nem mesmo sutilezas sociais.
— Qual é o problema? Você está com a expressão mais estranha no rosto
agora mesmo. — Disse ele.
— Não é nada —, Freya respondeu automaticamente e então parou de
andar. — Só prometa quando pararmos os traficantes e você tiver a adaga que
não vai desaparecer?
A carranca preocupada de Bayn ergueu-se de surpresa. — Você não
quer? Eu pensei que você queria que sua vida voltasse ao normal.
Freya balançou a cabeça. — Talvez eu pudesse viver sem as bombas em
meu apartamento, mas não quero que você volte para a Escócia e nunca mais
fale comigo. Eu... gosto de você.
— Eu prometo que não vou desaparecer de volta para a Escócia. — Bayn
beijou o topo de sua cabeça. — Eu também gosto de você.
Freya sorriu, aliviando a pressão no peito. — Ótimo. Agora, vamos
encantar todos que encontrarmos, Bjørn.
— Você vai ter que fazer o charme porque eu não falo, lembra?
Freya estendeu a mão e beliscou sua bochecha. — Isso mesmo, você
apenas se concentra em ficar bonito.
Bayn deu a ela um olhar que prometia vingança, mas eles foram
interrompidos por um guarda.
— O que vocês dois estão fazendo aqui? — Ele demandou.
— Só estou observando as belas paisagens. — Freya respondeu e
entregou-lhe o cartão que a assistente de Dieter lhe dera naquele dia.
— Minhas desculpas, madame, por favor, venha por aqui. Temos outra
queda de temperatura na próxima hora. Não queremos que você congele. —
Respondeu o guarda com um sorriso de desculpas. O braço de Bayn apertou
ligeiramente, fazendo o sorriso de Freya se alargar.
— Um cavalheiro. Por favor, mostre o caminho. — Disse ela docemente.
O interior da mansão estava repleto de tesouros. Arte cara pendurada
nas paredes, contrastando com os manuscritos antigos nas estantes. Música
estava sendo tocada através de alto-falantes invisíveis e, em todos os lugares
que ela olhava, as pessoas estavam bebendo, rindo, beijando ou
conspirando. Ela manteve sua expressão neutra e agradável e indiferente
enquanto os olhos se demoravam em Bayn como se ele fosse um dos
entretenimentos da noite.
Não perca esse seu temperamento viking, Freya. Ela precisava ficar se
lembrando de que era por isso que haviam sido convidados. Ela nunca tinha
sido tão superprotetora com Leif ou qualquer um de seus outros ex-
namorados, mas assim que alguém olhava para Bayn, ela queria rosnar para
eles como uma besta.
Que diabos está acontecendo com você? Vocês não são nem um casal. Vocês estão
trabalhando juntos. Mas não importa o quanto ela dissesse a si mesma, seus
sentimentos de possessividade estavam apenas piorando.
Arne apareceu trinta minutos depois com o maior maldito viking que
Freya já vira. Ele era mais alto do que Bayn, com cabelo loiro trançado, barba
aparada e olhos cinzentos como nuvens de tempestade.
— Freya, este é Torsten. — Disse Arne à guisa de introdução.
O Úlfhéðnar. Von ia perder o controle quando Freya dissesse a ele que os
furiosos sagrados de Odin ainda estavam circulando.
— Prazer em conhecê-lo. Eu fiz panquecas se você estiver com fome. —
Freya o cumprimentou.
— Tor está sempre com fome.
— Deixe-me ajudar. — Torsten disse em uma voz profunda, seguindo
Freya até a cozinha. Bayn e Arne estavam na sala de estar, olhando para o
corvo na caixa e resmungando juntos.
— Eles estão conspirando. — Freya comentou.
— Arne não pode evitar. Ele é um espião mestre. Juro que a mãe dele
esteve grávida do próprio Loki. — Torsten ajudou a carregar pratos e talheres
para a mesa de jantar, e Bayn fez mais café para todos.
— Você realmente acha que Leif vai deixar você ir até ele depois de tudo
que ele fez com você? — Perguntou Arne enquanto comiam.
— Ele vai, se achar que estou com medo dele, e estou muito arrependida.
Talvez eu tenha que beijá-lo para que saiba que estou do lado dele. — Disse
Freya.
Bayn murmurou: — Então eu realmente terei que matá-lo.
— Precisamos interrogá-lo primeiro, — Torsten o lembrou. — O que você
pode nos dizer sobre a terra que ele quer se encontrar, Freya?
A propriedade em Bogstad foi comprada antes que Freya percebesse o
quão fodido Leif estava. Ela descreveu o pequeno trecho de árvores que
escondia a propriedade principal da estrada e a parte do lago que a circundava.
— Podemos esconder alguns de nossos funcionários lá, ficar de olho na
troca e entrar como reforço, se necessário —, disse Arne enquanto terminava a
última das panquecas. Ele olhou para Bayn. — Isso se você não transformá-la
em uma desolada cratera de gelo porque perdeu a paciência.
— Sem promessas. — Bayn recostou-se na cadeira. — Ainda não gosto
de quanto perigo está colocando Freya.
Torsten grunhiu. — Eu não gostaria que minha companheira se
aproximasse disso também, mas ela é a melhor maneira de trazer nossa mulher
de volta.
Freya ficou imóvel. Seu corpo inteiro estava em chamas e o sangue rugia
em seus ouvidos. — O que você acabou de dizer?
Torsten deu a todos um sorriso confuso; Arne parecia envergonhado e
Bayn empalideceu.
— Olhem as horas. É melhor irmos embora. Obrigado pelas panquecas,
Freya. — Disse Arne, empurrando Torsten carrancudo para fora do
apartamento. As mãos de Freya cerraram-se em punhos, incapaz de olhar para
Bayn, incapaz de pensar com clareza o suficiente para formar uma frase.
— Freya...
Ela ergueu um dedo. — Não. — Ela saiu da cadeira e foi para o quarto.
— Precisamos conversar sobre isso. — Disse Bayn, mas Freya fechou a
porta na cara dele. Preto começou a manchar sua visão, e ela se abaixou no
tapete e colocou a cabeça entre os joelhos.
Como posso ser sua companheira? Não era possível. Elise disse que ele não
queria uma companheira, foi por isso que ele não disse a ela?
Bayn quebrou a fechadura da porta do quarto e entrou. — Sim, estamos
falando sobre isso agora, antes que sua mente tire suas próprias conclusões
erradas. — Disse ele, sentando-se no chão ao lado dela.
— Você sabia quando veio para Oslo?
— Não, e nem Elise. Era realmente sobre encontrar a adaga. Eu não sabia
que você era sua prima de sangue também. Isso significa que você é da mesma
linhagem dos reis, Hengist e Horsa, que foram responsáveis por minha
maldição. Apenas uma companheira de sua linhagem pode quebrá-la.
Elise havia contado a Freya sobre eles terem o sangue do rei há muito
tempo, mas ela havia se esquecido completamente disso. — Mas você
descobriu que eu era sua companheira?
— Eu descobri, na noite do primeiro leilão que fomos quando as runas
apareceram na minha pele. Kian me contou o que mais procurar.
O peito de Freya doeu. — O leilão? E você nunca disse nada.
— Eu não queria assustá-la e tínhamos coisas maiores com que nos
preocupar.
— Elise disse que você não quer uma companheira.
— Eu não queria, mesmo que isso significasse quebrar minha maldição.
Freya se encolheu, enrolando-se ainda mais em si mesma. — Você
prefere morrer do que ser meu companheiro?
— Não foi isso que eu disse. Eu não disse a você, não porque não quero
você como companheira. É porque você merece algo melhor do que ficar
comigo para sempre. — Disse Bayn, com a voz embargada. Freya ergueu os
olhos dos joelhos. Ele parecia mais chateado do que ela já o tinha visto.
— Você não acha que eu iria querer você? Isso é ridículo. — Disse ela.
— Não, não. — A expressão de Bayn endureceu. — Você sabe por que eu
chamo você de verão? É porque você é dourada, vibrante e cheio de vida. Eu
sou o Príncipe de Inverno. Eu não poderia prendê-la a mim. Eu não seria capaz
de lidar com isso se eu destruísse sua luz pouco a pouco.
— Se você realmente acha que isso é verdade, por que você tem dormido
comigo em vez de me empurrar para longe? É o vínculo de acasalamento
forçando você?
— Não tem nada a ver com o maldito vínculo de acasalamento. Eu não
posso ficar longe de você porque estou apaixonado por você! — Bayn
exclamou.
— Você está?
— Deuses, sim. Estar perto de você parece que posso respirar pela
primeira vez na minha vida. Você me faz querer um futuro. Eu não disse isso
antes porque eu não sou um homem bom, Freya. Você precisa de alguém
melhor do que o que eu sou.
— Obrigada, mas tenho quase certeza de que posso tomar essa decisão
sozinha —, Freya respondeu, seu coração disparando. — Os faes acreditam
que companheiros são escolhidos pelo destino, como você quiser chamá-lo,
certo?
Bayn concordou miseravelmente.
— Então você já parou para pensar que eu era sua companheira por um
motivo? Não, você não é um homem bom, mas você é um bom homem. Você
realmente acha que eu poderia tolerar um homem bom? Não é só sobre você,
seu asno arrogante. Já lhe disse que não sou uma flor delicada que não
consegue lidar com o que você é. Sou uma maldita Viking. — Freya se recostou
na cama com um bufo. — Já é uma coisa feita? Estamos acasalados?
Bayn balançou a cabeça. — Não. De acordo com Kian, não é inquebrável
até que digamos verbalmente que nos aceitamos como nossos companheiros e
falamos sério. Quando isso acontecer, você pode obter algumas das minhas
habilidades, como Elise fez com Kian. — Bayn colocou a mão em seu joelho. —
Eu nunca vou forçar você a ser minha companheira, Freya.
— Mas você não odiaria se eu fosse? — Ela perguntou.
Bayn sorriu. — Não, eu não odiaria. Posso não pensar que sou bom o
suficiente para você, mas faria tudo o que pudesse para ser um bom
companheiro para você.
— Acho que sim. — Freya fungou. Bayn balançou a cabeça para ela e
puxou-a para seu colo. A ideia de ser sua companheira era enervante, mas ela
já estava apaixonada por ele, então quão mais aterrorizante poderia ser?
— Eu ia te contar ontem à noite, sabe. Me segurei porque não queria te
dar outra coisa com que se preocupar. Queria que essa merda com Leif
acabasse e tivesse o momento perfeito. — Bayn beijou o topo de sua cabeça. —
Maldito Torsten, arruinando meus grandes planos.
Freya riu. — Que idiota.
— Você não está enlouquecendo e tentando me matar, então posso
presumir que você está bem?
Freya ergueu uma sobrancelha para ele. — Estou chateada por você não
ter me contado antes, mas entendo por que não o fez. Estou emocionada por
não ter que encontrar outra mulher para ser sua companheira.
— Eu também. Você é a deusa viking feroz com que sempre sonhei.
Freya respirou fundo. — Você realmente vai deixar a decisão de acasalar
comigo, não é?
Bayn acenou com a cabeça. — Você pode demorar o tempo que quiser.
Eu não vou a lugar nenhum. Se pegarmos a adaga esta noite, e ela funcionar
para quebrar minha maldição, então você nunca terá que decidir.
Ele estava fazendo o possível para soar como se estivesse tudo bem com
isso, mas Freya sabia melhor. Ela podia sentir sua tristeza com o pensamento,
então ela colocou os braços em volta do pescoço.
— Talvez você precise começar a pensar em todas as maneiras de me
convencer de que acasalar com você será a melhor coisa que já aconteceu
comigo. — Disse ela e o beijou. Os braços de Bayn se apertaram ao redor dela
e ele soltou um rosnado frustrado.
— Eu vou, mas não temos tempo para começar agora. — Bayn beijou sua
testa. — Temos que nos preparar para ir, e precisamos encontrar uma maneira
de fazer parecer que sou seu prisioneiro.
Freya riu maldosamente. — Como você se sente sobre correntes?
Bayn considerou a pergunta por um longo momento. — Tudo depende,
podemos ficar com elas depois?
Freya revirou os olhos. — E você acha que não somos companheiros
compatíveis.
Bayn mudou de posição nas correntes de prata fria, imaginando todas as
coisas que ele faria com elas uma vez que o problema com Leif fosse resolvido.
— Pare de sorrir como se estivesse se divertindo, ou vai estragar o
engano. — Freya o repreendeu.
Ela os levou até Bogstad em seu SUV preto. Em seu sobretudo preto,
calças de couro e suéter preto, ela estava deslumbrante. Ele queria esfregar o
rosto em todo o tecido macio e, em seguida, arrastá-la para o banco de trás...
ele se conteve, resmungando de frustração.
— Não posso evitar. Uma linda mulher me acorrentou e agora estou à
mercê dela. — Respondeu ele.
Freya puxou a ponta de sua trança. — Você sempre estará à minha mercê,
mesmo sem as correntes, amor.
— Pare de flertar comigo, ou eu vou fazer você parar este carro e me
foder.
Freya balançou as sobrancelhas para ele. — Talvez no caminho para casa.
É a primeira vez que vejo seu cabelo trançado para trás, e está fazendo isso por
mim.
— Nós estamos entrando em uma luta. É por isso que está trançado. Você
sabe que tipo de guerreiro não prende o cabelo para trás antes de uma luta? O
tipo morto de merda.
Freya acenou o indicador e seu sorriso desapareceu. — É isso. Coloque
seu rosto de guerreiro assustador.
Bayn avistou Leif e um grupo de guardas parados na beira do lago
congelado. Suas mãos coçaram para envolver a garganta do homem e assistir
a vida se esvaindo de seus olhos.
— Respire fundo. — Disse Freya.
Bayn não sabia se ela estava falando consigo mesma ou com ele. Ela saiu
do carro e abriu a porta dele. Bayn passou os dedos nas costas da palma da
mão dela para tranquilizá-la. Seu rosto permaneceu travado enquanto ela
pegava a guia da corrente e esperava que ele saísse do carro. O gelo e a neve
rangeram sob suas botas, Bayn controlando sua magia para não ouvir seu
chamado.
— Freya, querida, nunca pensei que você teria isso em você. — Disse Leif
como forma de saudação.
— Você me conhece, sempre gostei de te surpreender. — Freya mordeu
o lábio inferior e olhou para os pés. —Eu quero que este sangue ruim entre nós
acabe, Leif. Oslo é muito pequena para nos ter lutando. Este fae atacou sua casa
sem meu conhecimento, então você pode tê-lo para punir como quiser.
— Um presente generoso. — Leif acenou com a cabeça para seus homens,
que pegaram a corrente de Bayn e o trouxeram para frente. Leif deu um soco
nas costelas, um golpe fraco, mas Bayn ainda gemeu e caiu de joelhos. Leif
puxou as correntes, inspecionando as runas que haviam arranhado nelas.
— Freya, você está escondendo de mim. Eu não tinha ideia de que você
era capaz de uma magia como essa.
— Minha prima se casou com um dos príncipes faes. Isso vem com
vantagens. — Freya disse. Leif segurou sua bochecha e ela curvou o rosto
contra ela.
— Você sempre foi tão engenhosa. Nós fomos feitos um para o outro,
Freya, com certeza você pode ver isso agora. Eu me fodi pensando que você
não era forte o suficiente, que não seria uma boa parceira de negócios.
— E eu estraguei tudo por não acreditar que você poderia governar a
Noruega como sempre quis. Podemos começar de novo? Acho que podemos
fazer funcionar.
A visão de Bayn ficou vermelha quando Leif a beijou. As mãos de Freya
foram em seu cabelo, puxando-o para mais perto e fazendo-o acreditar o
quanto ela o queria. Bayn ia vomitar. Ele começou a se mover, mas o guarda
atrás dele o empurrou de volta para baixo.
Não mate todos eles, ainda não. Não até Freya terminar.
— Eu senti falta disso. — Leif riu.
— Eu também, baby. Você realmente encontrou a adaga de Odin? —
Freya perguntou, com os olhos arregalados.
Leif assentiu e estendeu a mão para um de seus homens. Eles passaram
a adaga e Leif a desembainhou. Magia antiga e poderosa cantou da lâmina,
mas apenas Freya fez uma pausa. Os outros humanos não conseguiam ouvir
nada.
— Mostre-me. — Disse ela, estendendo a mão animadamente para pegá-
la. Leif assentiu e Freya foi agarrada por um de seus homens e arrastada alguns
metros para trás. — Ei! Que diabos, Leif?
— Nada pessoal, querida. Só preciso fazer uma coisa primeiro, para saber
que você está começando de novo comigo — respondeu Leif. Ele se virou para
Bayn. — Você tocou em minha mulher, fae, e destruiu minha casa. Considere
isso um olho por olho. — E ele enfiou a adaga no peito de Bayn.
— Não, não, não! — Freya gritou, se debatendo contra os homens que a
seguravam. A magia da lâmina queimou Bayn quando ele caiu no chão
congelado, sangue âmbar escorrendo dele. Leif estava dizendo algo que não
entendeu. Ele só podia olhar para o rosto furioso de Freya.
— Príncipe de inverno! — Ela gritou no topo de seus pulmões. — Eu te
aceito como meu companheiro! Bayn, você está me ouvindo? Eu te aceito como
meu companheiro!
— Eu também te aceito, Freya. — Ele murmurou na neve e na lama. O
vínculo que ele estava lutando dentro dele se encaixou, e o poder correu por
ele.
O mundo ficou branco quando Freya soltou um grito anormal de raiva
primitiva. A magia explodiu para fora dela, o gelo do lago rachou e lanças de
gelo dispararam, perfurando dois homens e os arrastando para baixo da água.
— Você tinha magia o tempo todo? Você está mentindo, sua vadia. —
Rosnou Leif, sacando uma arma.
Bayn quebrou as correntes ao redor dele, arrancou a faca de seu peito e a
jogou em Leif. O homem gritou quando a lâmina perfurou seu antebraço e a
arma escorregou de seus dedos.
— Você ousa enfiar uma lâmina no meu companheiro? — Freya exigiu
com uma voz distante e furiosa.
— Seus olhos... — Leif ofegou. Freya rosnou, e pontas afiadas de gelo
perfuraram as botas de Leif. Seu grito foi agudo e apavorado quando ele caiu
para trás e foi empalado com estacas nas coxas e ombros.
— Você enfiou uma lâmina no meu companheiro. — Freya agarrou o
cabo da adaga de Odin e, com um puxão violento, arrancou-a do braço de
Leif. Ela colocou a ponta ensanguentada da lâmina na bochecha dele, logo
abaixo do olho. — Olho por olho, certo Leif? — Freya cortou seu olho com a
lâmina e Leif gritou e gritou. Bayn se endireitou, puxou Freya para longe do
homem ensanguentado e puxou-a contra o peito, passando os braços em volta
dos ombros dela.
— Chega, verão, chega agora. Estou bem. — Ele murmurou.
— Bayn. — O corpo de Freya amoleceu e ela se apoiou nele. — Como
você está vivo?
— Veja. — Bayn puxou a camisa para que ela pudesse ver a ferida
curando na borda de suas tatuagens. — A lâmina acertou bem no lado das
proteções do meu corpo. Não foi fatal. Só me deixou sem ar.
Freya olhou em volta para os mortos, ainda sangrando onde o gelo havia
rasgado os homens e de volta para ele. Um de seus olhos era dourado e agora
o outro era azul gelo. — Eu acho que tenho um pouco do seu poder.
Bayn soltou uma risada suave. — Sim, minha companheira, eu acredito
que você tem. — Ele a beijou e sentiu o gosto do gelo e das tempestades em
suas veias. As tempestades de inverno que sempre o acalmaram agora estavam
presas dentro dela, e ele sabia que estaria em casa onde quer que ela estivesse.
— É seguro sair? — Arne chamou, uma espada pousada casualmente em
seu ombro. Ele soltou um longo assobio. — Lembre-me de nunca irritar sua
companheira, Príncipe de Inverno.
— Você deixou algum vivo? — Torsten perguntou, aparecendo por entre
as árvores.
— Só esse pedaço de merda. — Freya apontou para Leif, que havia
desmaiado. Torsten deu um tapa forte no rosto dele, sacudindo-o para acordá-
lo.
— Onde está o elfo que você levou? — Perguntou Arne.
— Porta. — Leif gemeu com os lábios ensanguentados.
— Seu clichê, pedaço de merda —, Freya murmurou. Ela acenou para
eles. — Por aqui.
Bayn seguiu sua companheira por uma fileira de bétulas, onde um poço
de pedra havia sido coberto com tábuas apodrecidas. Torsten levantou a tampa
e lá dentro havia um lance de escadas. O cheiro de sangue velho, terra e
sofrimento atingiu o nariz de Bayn, e ele pegou a mão de Freya.
— Você não precisa ir lá. — Disse ela, olhando para Torsten.
— Vou verificar, minha senhora. Ele pode ter armado armadilhas.
Freya bufou. — Tudo bem, mas só porque você me chamou de minha
senhora.
— Bem, você é uma princesa agora. — Disse o berserker de lobo.
Freya lançou um olhar horrorizado para Bayn. — Diga-me que não é
verdade.
Bayn tentou não rir. — Você me aceitou como seu companheiro.
— Só porque pensei que você estava morrendo! — Ela argumentou.
— Vocês dois sempre brigam tanto assim? — Perguntou Arne. Torsten
apareceu na penumbra, uma elfa pendurada no ombro.
— Ela vive, mas está ferida —, disse ele, carregando-a para fora. — Você
deveria ver as armas que eles têm lá embaixo.
Freya se abraçou. — Já vi o suficiente por um dia.
— Esta é a última elfa que estava faltando?— Bayn perguntou a Arne. O
guerreiro acenou com a cabeça. — Ótimo. Importa-se se eu pegar sua espada
emprestada por um momento?
— De jeito nenhum. — Arne deu-lhe a lâmina. Bayn deixou Freya com
eles, caminhou de volta para Leif e arrancou sua cabeça de seu corpo com um
golpe satisfatório.
Quando Elise chegou sem avisar a Mardøll no dia seguinte, Freya ficou
dividida entre ficar muito feliz em vê-la e irritada por não poder passar o dia
todo na cama com Bayn. Ela precisava dormir por uma semana depois de usar
magia pela primeira vez ontem, e ela queria um tempo para estudar a adaga
que agora estava em sua mesa de cabeceira.
— Oh meu Deus, você acasalou com ele. — Disse Elise. Ela estava
enrolada em um casaco pesado e gorro, um sorriso enorme no rosto.
— Sim. Entre e saia da neve —, Freya respondeu, puxando a prima para
um abraço. — O que você está fazendo aqui?
— Uma boa pergunta. — Bayn estava de pé no topo da escada com
apenas um par de calças de pijama, olhando para Elise com fúria justa.
— Irmão mais velho! Sua maldição foi suspensa! — Elise subiu a escada
correndo e o envolveu em um abraço, totalmente imune a seu beicinho. —
Estou tão feliz que você está bem e que Freya não o matou ainda.
Bayn suspirou, olhando suplicante para Freya por cima da cabeça de
Elise. — Vou procurar uma camisa.
— Não há necessidade. — As duas mulheres disseram ao mesmo tempo
e depois explodiram em risadas.
— Onde está Kian? Certamente ele não deixou você vir por conta própria.
— Ele está no hotel do outro lado da rua. Ele pensou que você ficaria
chateada em nos ver, mas nenhum fae resmungão iria me impedir de ver
minha prima, — Elise disse, deixando-o ir. Ela sorriu para ele, um grande
sorriso brilhante. — Não é verdade?
Bayn realmente se contorceu sob sua intensidade. — Não. — Ele
murmurou algo em fae enquanto se afastava.
— Não me chame assim, seu idiota, — Elise disse para as costas dele. —
E se você tivesse atendido o telefone, eu não teria que recorrer
à música Frozen e aparecer na sua porta para chamar sua atenção!
— Então essa é a razão de eu ter 'Into the Unknown' presa na minha
cabeça o dia todo. — Freya jogou uma das almofadas decorativas do sofá para
ela. — Idiota!
— Eu não sabia que ele tinha acasalado com você. — Elise respondeu,
tirando o casaco e sentando-se no sofá ao lado dela.
— Na verdade, ela acasalou comigo. — Corrigiu Bayn.
— Era uma situação de vida ou morte! Achei que ajudaria.
— Continue dizendo isso a si mesma, verão — Bayn rosnou, os olhos
safira brilhando com magia. Freya rapidamente se virou para fazer café
quando sua campainha tocou novamente. — Eu vou atender.
— Isso é verdade? — Elise perguntou.
— Desculpe! Não consigo ouvir você na máquina!
Freya não se arrependeu de ter acasalado com Bayn; simplesmente tinha
acontecido muito mais rápido do que ela esperava. Leif esfaqueando Bayn se
repetiu em sua mente, e ela quase deixou cair a xícara que estava
segurando. Suas mãos tremiam e ela agarrou o balcão para se equilibrar.
Ele está bem. Você está bem O crepitar da magia estava dançando na ponta
dos dedos, seu olho esquerdo latejando em resposta. Estava implorando
silenciosamente para que ela o soltasse, clamando pelo poder de Bayn para
jogar. Freya respirou fundo algumas vezes e o rugido dos ventos de inverno se
acalmou. Uma mão quente tocou seu ombro, trazendo-a de volta a si mesma.
— Kian está aqui, mas estou feliz em expulsá-los se você precisar. — Bayn
sussurrou.
— Estou bem. — Freya assegurou-lhe. Ela se virou com um sorriso
brilhante no rosto. Kian estava parado no meio de sua sala de estar, olhando
ao redor com um sorriso curioso. A boca de Freya se abriu com a visão de seus
chifres incríveis. Vê-los montados em uma parede não era nada como vê-los
na carne. Ele era assustador e magnífico ao mesmo tempo. Ela podia ouvir sua
magia, como tambores de batalha em sua cabeça. Elise estava sorrindo para ele
com olhos de adoração, como se o Flagelo de Londres fosse o único homem no
mundo. Freya balançou a cabeça.
— Por favor, diga que não parecemos tão patéticos juntos. — Freya disse
a Bayn.
— Ninguém pode parecer tão patético. — Bayn colocou um braço em
volta da cintura dela e a conduziu. — Freya, este é Kian.
Kian sorriu. — Companheira de Bayn, sua pobre menina.
— Eu posso lidar com isso. O que os traz aqui para Oslo? — Freya
perguntou. Elise remexeu na bolsa e passou um livro para ela.
— O Hávamál, como prometido. — Disse Kian. As pontas dos dedos de
Freya formigaram enquanto ela acariciava a capa.
— Obrigada, é lindo.
— De nada. Arne gostaria que fôssemos ver o esconderijo de armas
também. Achei que você e Elise poderiam nos acompanhar ao mesmo
tempo. — Kian olhou para Bayn e sorriu. — Você não tem um problema com
isso, tem, irmãozinho? Pode haver outras relíquias fae lá.
— Não gosto da ideia de ir embora, Freya...
— Pelo relato de Arne sobre os acontecimentos de ontem, Freya pode se
cuidar muito bem. — Freya tentou não rir como os irmãos se encaravam, uma
batalha silenciosa de vontades.
— Eu vou ficar bem, Bayn. Vá com seu irmão e divirta-se.
— Sim, Bayn. Precisamos conversar sobre coisas de garotas. —
Acrescentou Elise.
— Você está vencido na votação. Pegue seu casaco, irmãozinho. Está frio
lá fora. — Disse Kian, seu sorriso afiado se alargando.
— Foda-se, Kian, — Bayn estalou, mas agarrou seu sobretudo de
qualquer maneira. — Vamos. — Bayn segurou o rosto de Freya e deu-lhe um
beijo sonoro que fez todos os tipos de promessas deliciosas para mais tarde.
— Comportem-se. — Disse Kian e empurrou Bayn escada abaixo.
Elise fez Freya se sentar no sofá e colocou os pés no colo de Freya como
costumava fazer quando eram crianças. — Ok, as orelhas grandes sumiram.
Diga-me o que está acontecendo.
Não havia como discutir com Elise quando ela estava determinada, então
Freya se acomodou e lhe contou tudo desde que Bayn apareceu em sua loja e
sua vida implodiu.
— Deus, isso é muito, prima —, Elise disse quando ela terminou. Ela
levantou uma sobrancelha escura. — Bebidas?
— Todas as bebidas —, Freya concordou. — Eu conheço o melhor lugar.
Freya trocou de roupa rapidamente e colocou o Hávamál com segurança
em sua bolsa. Ela abriu a porta para sair e gritou de surpresa. Um fae
imponente estava parado do lado de fora na neve olhando para ela.
Onde Freya ouvia os tambores de batalha da magia de Kian, a magia
deste fae sussurrava coisas sombrias e sedosas feitas a portas fechadas. Ele era
mais alto do que Bayn e Kian, seu cabelo preto caindo em ondas no centro de
seu peito, com uma mecha de prata brilhando em sua têmpora. Olhos
esmeralda brilhavam em seu rosto castanho dourado, e seu sorriso era
perverso o suficiente para fazer o rosto de Freya queimar enquanto a olhava
de cima a baixo.
— Bem, bem, então o boato é verdadeiro —, ele ronronou em uma voz
profunda que era como mel quente em seus ouvidos. Freya foi empurrada sem
cerimônia para o lado quando Elise passou por ela e se jogou no fae com um
êxtase, — Killian!
O enorme fae sorriu com ternura para ela. — Irmãzinha, tive a sensação
de que você estaria aqui.
— Os meninos estão procurando armas, então vamos pegar uma bebida.
— Então meu tempo é perfeito. Prefiro beber com duas mulheres bonitas
do que lidar com meus irmãos qualquer dia.
— Killian, esta é Freya. Companheira de Bayn. Trate-a bem, ou ele vai
arrancar sua cabeça. — Disse Elise.
— Eu sempre trato bonito. Freya, um prazer conhecê-la. Eu sou Killian.
— Ele curvou-se graciosamente.
— O Príncipe da Noite. — Ela respondeu, arregalando os olhos.
Killian ergueu uma sobrancelha escura. — O primeiro e único.
— Por favor, me diga que ninguém mais vai aparecer no escuro. Eu não
sei quantos faes lindos e imponentes eu posso aguentar. — Freya disse, com
um sorriso atrevido.
Killian devolveu com uma dose extra de atrevimento. — Oh, minha
querida, você vai se perder com meu irmão.
O Ritual estava em alto e bom som enquanto os três desciam em sua
barriga escura. Os sentidos de Freya explodiram, intensificados pelo
acasalamento com Bayn, e ela poderia ter se perdido no barulho de tambores e
batidas de pés. Ela os levou a uma cabine com vista para a pista de dança que
ela havia chamado antes e reservado.
— Agora, este é o meu tipo de lugar. — Disse Killian.
— Bayn também gosta —, Freya respondeu. — Então, sobre o que é a sua
maldição?
— Freya! — Elise sibilou.
— O quê? Eu sou família agora. Eu quero saber.
Killian ergueu as mãos que ainda estavam em suas luvas de couro preto
apertadas. — Minha maldição é um toque envenenado. Literalmente.
Freya olhou para o fae que quase irradiava sexo e balançou a cabeça. —
Puta que pariu, a primeira bebida é por minha conta.
Killian riu. — Obrigado, irmã.
— Tenho procurado por algo que possa ajudar a quebrar a maldição de
Killian, também, como pensei que a adaga funcionaria para Bayn, mas nada foi
útil ainda. — Explicou Elise. Ela estava carrancuda como se estivesse
pessoalmente ofendida por esse fato.
— Encontrar coisas é meu superpoder, então vou ajudar. O que acontece
quando você toca em alguém? — Freya perguntou.
Suas bebidas chegaram, e Killian esvaziou a sua e pediu outra rodada.
— Linhas negras de veneno se espalham a partir do local de contato e
morrem em minutos —, disse ele, com um sorriso zombeteiramente triste. —
Eu não toquei em ninguém em séculos. Você não tem ideia de como estou
excitado.
— Você, pobre querido. — Elise deu um tapinha em sua mão
enluvada. — Sabe, eu costumava pensar que você era o Voldemort dos fae
porque ninguém nunca falava sobre você, mas acho que eles pararam porque
a maldição o tornava chato.
— Mulher, por favor, se eu vou ser qualquer vilão da cultura pop, será
Kylo Ren, porque não importa o quão ruim eu fique, as mulheres ainda querem
me foder, — Killian a corrigiu. — E se você quer saber, os faes não falam sobre
mim porque eu comecei um boato quando eu era jovem que se eles falassem
meu nome, estava me dando permissão para invadir seus sonhos e corrompê-
los com seus desejos mais sombrios.
— E você corrompia?
Killian pensou sobre isso. — Não se eles fossem feios.
Freya ainda estava rindo quando Von apareceu na mesa deles. Ela se
levantou em um piscar de olhos, envolvendo-o em um abraço.
— Filha de Odin, estou tão feliz em vê-la inteira. — Von segurou seu
rosto e ergueu seu queixo. — Uau, você realmente é filha dele agora. Um olho
normal, um mágico. Estou com tanto ciúme que poderia morrer.
— Não fique com muito ciúme, eu tenho um presente para você.
Os olhos de Von foram direto para Killian. — Eu aceito. — O Príncipe da
Noite apenas riu e Von ficou vermelho.
— Infelizmente, não é Killian. — Freya procurou em sua bolsa e ofereceu-
lhe o livro. — Por salvar minha vida e nos ajudar, eu lhe dou uma cópia
completa do Hávamál original. Mas prometa que me fará uma cópia digital,
porque estou morrendo de vontade de lê-lo.
Os olhos de Von se encheram de lágrimas quando ele pegou o livro com
reverência e abriu a capa. — Oh, Freya.
— Devo dizer a ele que Odin era um idiota total? — Killian perguntou
com uma sobrancelha levantada.
— Eu já sei. Essa foi a metade de seu apelo. — Von riu, sem perceber que
Killian era tão velho que poderia estar falando por experiência própria.
Freya não ousou perguntar; havia tantos choques que ela poderia
suportar em uma noite. Ela estava pegando sua bebida quando a onda fria da
magia de Bayn açoitou seus sentidos. Com uma precisão enervante, ela o
encontrou instantaneamente na multidão abaixo. Kian estava com ele, seus
chifres enfeitiçados para que ele não causasse um tumulto. O rosto de Bayn
prometia morte, então Freya acenou para ele com o dedo. Killian engasgou
com sua bebida.
— Talvez eu estivesse errado, e você vai ser a melhor coisa que já
aconteceu com o pequeno pedaço de gelo amargo. — Disse ele com uma risada
profunda.
Kian deslizou para a cabine ao lado de Elise. — Você deveria ficar no
apartamento.
— Deveríamos? Não me lembro de concordar com isso. — Disse ela,
aninhando-se ao lado dele.
— Elas estiveram completamente seguras. Eu estive com elas o tempo
todo —, acrescentou Killian, dando a Bayn um sorriso comovente. — Sua
companheira é encantadora.
Bayn cruzou os braços. — Ela é. Estou surpreso que você deixou a
Irlanda.
— Eu não ia, mas tinha que ver se você estava realmente acasalado por
mim mesmo. Parabéns, irmãozinho. — Killian ergueu um copo para ele. —
Que ela tire a carranca permanentemente do seu rosto.
— Skal! — Freya gritou, batendo o copo contra o dele antes de esvaziá-
lo.
Killian sorriu para Bayn, que parecia pronto para socá-lo no rosto. —
Agora, digam-me, senhoras, vocês têm alguma outra prima escondida em
algum lugar?
Passou-se mais uma hora antes que Freya tivesse pena de Bayn e eles
deslizassem para o meio da multidão e saíssem do clube. Bayn lutou contra
todos os instintos que tinha de não a mandar para a Escócia, onde seus irmãos
intrometidos não seriam capazes de interrompê-los.
Bayn pegou a mão de Freya e ela sorriu para ele. Ele nunca se
acostumaria a como ela sorria para ele como se ela sempre estivesse feliz em
vê-lo. Eles caminharam em um silêncio confortável todo o caminho de volta
para a loja.
— O frio não está incomodando você? — Ele perguntou a ela.
Freya estendeu a mão para pegar flocos de neve. — Não, não parece o
mesmo. O inverno parece...
— Vivo. — Disse Bayn, e ela acenou com a cabeça.
— Exatamente. Você se preocupa por eu ter um pouco da sua magia?
— Não, isso a torna um pouco mais perfeita para mim. — Quando eles
entraram na privacidade de seu jardim, Bayn puxou-a para seus braços. — Eu
sei que o acasalamento aconteceu mais cedo do que você queria, mas por favor
me diga que você não se arrepende.
Freya colocou a palma da mão quente em sua bochecha. —
Bayn... claro que não. Eu estava brincando antes quando disse que era porque
pensei que você estava morrendo. Quer dizer, estava, mas não me arrependo
de tê-lo feito meu. Nem por um segundo.
Os joelhos de Bayn quase dobraram de alívio. Seu coração estava
explodindo de amor quando ele a agarrou com mais força. — Não tivemos a
chance de conversar sobre isso antes que Elise chegasse, e eu precisava ouvir...
— Freya beijou seus medos.
— Você é meu, Príncipe de Inverno, agora e sempre, e Deus ajude quem
tentar se colocar entre nós de novo. — Freya rosnou.
O pau de Bayn endureceu ao som daquele rosnado possessivo. — Essas
características fae já estão aparecendo.
— Isso mesmo, é melhor você se lembrar que você foi o bobo o suficiente
para acasalar com uma Viking, e nosso temperamento esquenta.
— Eu não sei disso.
— Fale-me sobre Edimburgo. — Freya disse rapidamente.
— Por que?
— Todos os negócios horríveis com Leif azedaram Oslo para mim, então
pensei em dar uma olhada em imóveis em Edimburgo. Ver se eles precisam de
um antiquário decente. — Freya parecia casual sobre isso, mas Bayn sabia o
contrário. Ela iria mudar sua loja para ele. Ele tentou parar de pular sobre ela
de alegria.
— Bem, se você vai vir morar na Escócia comigo em um castelo, eu tenho
um presente para você. — Ele estendeu as mãos e se concentrou. Sua magia
circulou a ponta dos dedos e finos filamentos de gelo se entrelaçaram para criar
uma coroa. O rosto de Freya brilhou de alegria quando ele a colocou em seu
cabelo dourado. — Eu não disse que você merecia uma coroa, Princesa de
Gelo? — Freya subiu em seus braços e envolveu as pernas com força ao redor
de sua cintura.
— Leve-me lá para cima, Príncipe de Inverno. Acredito que seja a hora
do número quinze da minha lista. — Disse ela com um sorriso malicioso. Bayn
deu-lhe um beijo profundo e sedoso que fez suas coxas se apertarem ao redor
dele.
— Vou pegar as correntes.
Com o retorno dos faes à Inglaterra, a magia retornou ao mundo dos
humanos. Pensamos que o perigo havia passado com a vigência dos tratados
de paz, e ameaças como os eventos em Oslo continuaram a ser neutralizadas.
Ninguém, nem humanos nem seres mágicos, poderia ter previsto que a
maior ameaça à sua sobrevivência não eram uns aos outros. Outros seres
raivosos e perversos rondavam incansavelmente ao redor dos portões do
mundo humano.
O retorno dos faes e a onda de magia enviaram ecos através da própria
Faerie, todo o caminho para as terras brutais de Tir Na Nog.
A ira dos faes era para ser o início de uma guerra maior e uma liberação
da horda antiga.
A rainha fantasma, a deusa da guerra, destino e condenação, esperou por
milhares de anos para que sua profecia fosse cumprida. Névoa de sangue,
tambores de batalha e asas de corvo teriam anunciado seu retorno, e os
humanos que a abandonaram saberiam que ela não era a mulher que toleraria
ser posta de lado.
Agora, com a promessa de sua própria vingança contra os humanos
escorregando por entre seus dedos com garras, a Morrigan volta seus olhos
negros para a Irlanda.
Apenas um príncipe permaneceu útil. Um terror profano em seu auge
que todos temiam e desejavam. Com quem a própria Morrigan uma vez
passou uma noite, cheia de êxtase. Ele seria útil ou se quebraria sob suas
lâminas e botas.
O mundo não sabia que o pior ainda estava por vir, e não se engane, a
Morrigan exigiria lealdade de sangue.