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Capitulo 1

Tempos antigos- A queda de Algoz negro

Algoz Negro era um caçador de bruxas temido por todos. Ele perseguia as bruxas com uma
determinação implacável, acreditando que eram a raiz de todos os males do mundo. Ninguém
sabia ao certo de onde ele vinha ou como havia adquirido tais habilidades sobrenaturais, mas
todos sabiam que ele não tinha piedade pelas suas vítimas, alguns até acreditavam que ele
fosse um bruxo rejeitado pela irmandade.

As bruxas viviam em constante medo do caçador, tentando se esconder o máximo possível


para evitar cruzar o seu caminho. Mas, infelizmente, nem todas conseguiam escapar dele.
Aquelas que eram descobertas eram perseguidas sem piedade, até que o Algoz Negro as
capturava e levava para a fogueira.

Uma jovem bruxa chamada Elena foi descoberta pelo caçador enquanto tentava escapar de
sua perseguição. Elena era uma bruxa poderosa, mas não tinha a mesma experiência e
habilidade do Algoz Negro. Ela correu desesperadamente, tentando se esconder mas o
caçador a encontrou e a prendeu.

A jovem sabia que não tinha como escapar daquele destino trágico, ela temia por sua vida mas
não estava disposta a deixar o Algoz Negro vencê-la sem lutar. Uma batalha foi travada, e
Galladorn foi destruída em um banho de sangue. A irmandade se juntou para um conflito final.

O fardo de enterrar amigos, conhecidos e parentes, a consumia. Tantos corpos mutilados e


mortos jogados de qualquer jeito e para quem ficava só restava desespero e um fio de
esperança que esse conflito terminasse logo, mas sempre seguia nesse ritmo.

Os dois lados já estavam cansados ambos buscavam por paz, mas nenhum lado baixava a
guarda, pois as ordens recebidas pela igreja, todos que obedeciam pelo código. A luta voltará,
não dava para saber se era dia ou tarde, pois o céu estava se fechando em uma tempestade, a
chuva não ajudava nem um pouco, as roupas omeçavam a pesar mais no corpo da jovem,
precisava se esforçar para sobreviver nessa confusão, suportar a luta mais um pouco e matar
os inimigos. Se os deuses soubessem como não aguentavamos mais isso, enviaria um anjo para
nós salvar, nos libertar de tais conflitos, sem derramar mais sangue.

Sendo um cavaleiro da guarda da igreja, foram treinados pelos melhores cavaleiros, tinham
uma conduta e ainda juraram pela nação e pelo rei, isso deixava Elena em aflito. O garota
refletia sobre a vida que havia escolhido seguir, se era realmente esse tipo de tarefa que
gostaria de seguir, com tantos ferimentos ela não sabia se guentarianpor muito mais tempo,
em meio aos pensamentos foi pega de surpresa por um sujeito que vinha gritando em sua
direção, usava malha de ferro acinzentada com uma túnica azul e uma flor dourada e o
capacete cobria toda a cabeça, com certeza um francês) não deu tempo de empunhar o
escudo, defendeu com a espada, obvio que seu inimigo tinha mais força, mas deferiu um golpe
perto da costela e imediatamente o sangue já tingiu seu lado, Elena pode notar que aquilo só
fez com que seu oponente se irritasse e bufasse de ódio, investiu contra o rapaz várias vezes.
O rapaz por mais que tentasse golpeá-la, só conseguia fazer cortes, mas nunca de fato matá-la,
não estava acovardando ou realmente teria nascido para aquilo?. Sentiu-se fraquejar e não
tinha mais forças, essa hora seu oponente já tinha o derrubado, estava suja de lama e a chuva
a deixou praticamente sem visão e o seu inimigo já estava pronto pra dá o golpe fatal, ele
erguendo a espada, enquanto fechava os olhos... Um barulho de metal estalido e junto um
tremor de terra com relincho de cavalo, se aproximava, seria possível ela morrer de uma forma
pior? Foram longos minutos escutando uma luta em sua volta, até voltar a abrir os olhos. Elena
conseguiu derrotar o Algoz Negro com ajuda das suas irmãs bruxas, mas não sem custo. Ela
ficou gravemente ferida e precisou de muito tempo para se recuperar. O homem havia caído,
todos ajoelhados em seus próprios pecados, consumidos pelo ódio, deitados em seus próprios
sangue.

“Eu não posso acreditar que o derrotei”, pensou a jovem Elena, ofegante. “Eu nunca poderia
ter feito isso sem a ajuda de minhas irmãs bruxas.”

De repente, Elena ouviu passos vindo em sua direção e, quando se virou viu um grupo de
bruxas se aproximando dela. A líder do grupo era uma mulher de meia-idade chamada Antenai
que havia sido uma mentora para a garota quando ela era mais jovem

“Elena, você está bem?”, perguntou Ayla preocupada, ao ver o ferimento grave no braço de
Elena. “Eu estou bem”, respondeu a jovem com um sorriso fraco. “Nós conseguimos, o
derrotamos”.

“Sim minha querida, nós conseguimos, graças a você Galladorn está segura novamente.” ,
exclamou mentora, abraçando Elena. “Mas ainda não acabou, a igreja virá atrás de nós, nós
caçara mesmo que Algoz se foi. O Algoz Negro é um oponente temível, mas você provou que é
mais forte do que ele.”

As bruxas se reuniram em torno de Elena, comemorando sua vitória sobre o Algoz Negro. Foi
um momento de alegria e gratidão, e Elena sabia que nunca esqueceria aquela noite em que
finalmente conseguiu derrotar o terrível caçador de bruxas.

Capítulo 2

Astraea corria ansiosa adentrando uma floresta escura, a nevoa fazia com que a mesma
tivesse dificuldade para enxergar á sua frente, deixando atrás de si uma vila em ruínas, chamas
e gritos por aqueles que ansiavam ter sua cabeça,

A jovem não imaginava viver uma história de terror e fantasiosa das quais a mãe sempre lhe
contava antes de dormir, mas ali estava ela, correndo na tentativa de salvar sua vida e o resto
de esperança em que mantinha por perto, um pequeno amuleto de um pássaro azul em que
apertava fortemente em sua mão.

Sentindo o ar lhe falhando, certificou-se de que estava longe o suficiente para saber que
ninguém ousaria segui-lá por dentro da floresta. Aconchegou as mãos sobre os joelhos
curvando um pouco o corpo para a frente em uma tentativa de se acalmar e recuperar o
fôlego que havia perdido por alguns minutos. O cabelo antes preso em um coque estava agora
caído encharcado sobre o seus ombros e rosto. Suas roupas agora ensopadas e grudentas pela
chuva pesavam em seu corpo, com tamanha dificuldade sentia seu peito subindo e descendo
buscando desesperadamente acalmar sua respiração.

A chuva agora estava parando aos poucos, apenas chuviscos que faziam aquela noite ser ainda
mais gelada e solitária. Precisava de um lugar para se estabelecer, se aquecer e descansar o
corpo dolorido e molhado. Voltar para a vila seria perda de tempo, sabendo das circunstâncias
que sua presença causaria depois dos acontecimentos atuais. Não! Ela precisava de um lugar
novo, distante de toda aquela confusão que havia arrumado, não que realmente a culpa teria
sido dela, mas mesmo assim, um lugar novo era o essencial para agora. Ela sabia que os
moradores da vila não entraria na floresta a sua caça, pois os mesmo a achavam um lugar
amaldiçoado por forças incompreendidas, assim diziam eles.

Continuava seu caminho por aquela floresta escura sem saber exatamente para qual direção
seguir, ela sabia que precisava ir mais para o Norte, com sorte provavelmente ela conseguiria
alguma ajuda por lá. Mesmo cansada, não poderia parar e se dar ao luxo de um descanso
entre as árvores e o chuvisco, não sabia o que poderia sequer haver dentro daquela floresta,
ou entre as enormes árvores que a rodeavam, mas sabia que quanto mais tempo permanecia
ali dentro era um perigo a mais.

Precisava de um plano, um que não envolvesse usar sua magia, isso quase custou sua cabeça a
alguns minutos ou horas atrás, já não sabia mais também. Pegou sua pequena lanterna
pendurada em sua calça e esperava que a mesma não tivesse estragado por conta da chuva e
dando graças, a luz fraca que emanava daquele pequeno objeto fez sua respiração sair em um
ar aliviada, pois agora ela poderia encontrar o caminho certo para o Norte, a ideia não era
caminhar até lá mas sim pegar um barco em um pequeno porto que se seguia a algumas
distâncias dali. Seria bem melhor se pegasse o caminho da vila, mas não seria possível, por isso
o caminho mais longo seria pela floresta.

Capítulo 3

A caminhada começava a fazer efeito, seus pés já não aguentavam mais estarem em terra
firme, na verdade, Astraea não aguentava mais andar, necessitava de uma parada nem que
fosse por uns cinco minutos. Não sabia mais o horário, mas acreditava que passava das onze
da noite, ou que já era madrugada. O tempo já havia se dissipado, agora restava um céu
nublado e um vento gelado, que batia fortemente em seu rosto, deixando à mesma soltar um
gemido de frustração por ainda estar molhada e tremendo de frio. A floresta não estava
completamente em silêncio, Astraea conseguia ouvir o barulho das corujas, o chacoalhar das
folhas por conta do vento, mas fora isso era um silêncio que a deixava desconfortável, e ainda
pior, se sentia observada, mas por quem? Não acreditaria que alguém a teria seguido até ali,
ninguém teria tamanha coragem para fazer isso, e se tivesse feito já a teria confrontado, o que
não aconteceu. A mesma tentava afastar tais pensamentos e focar em seu plano, ainda
segurando sua lanterna, não demorou muito para que garota avistase uma passagem direta a
passarela de barcos, o que significava que estava perto de acabar com o seu pesadelo, pelo
menos naquela noite.

Atravessando com rapidez mais algumas árvores que simplesmente surgia em sua frente,
Astraea chegou a passarela, e logo se aprontou colocando o capuz ainda úmido sobre sua
cabeça, para que assim ninguém conseguisse reconhecê-la, assim ela esperava.

Havia algumas pessoas por ali, mas agradeceu por não ser tantas, pelo menos ajudaria ela a ter
uma passagem segura sem ninguém a seguindo. Com sua face pálida , e seus músculos
completamente doloridos e cansados, ela despertou de seus pensamentos quando o aroma de
algo muito bom invadiu suas narinas, fazendo ao mesmo tempo seu estômago soltar um
barulho que ela considerou dolorido. Passou tanto tempo andando que esqueceu
completamente de que estava com fome, e que precisava urgente de algo para acalmar seu
estômago barulhento.

Prosseguiu abrindo caminho entre às poucas pessoas paradas por ali, ela precisava ser rápida e
esperta, por sorte antes de fugir conseguiu recolher algumas coisas, como roupas, uma garrafa
de água até então esquecida dentro de sua bolsa, e algumas moedas que ajudariam ela por um
tempo.

Não tinha muito, mas o que tinha era o suficiente para uma passagem para qualquer lugar do
Norte e uma refeição que não tomasse muito de seu tempo.

O bar a sua frente ainda se encontrava aberto, e ela tinha certeza de que o cheiro que
emanava pelo lugar vinha de lá. Aproveitou a oportunidade da porta aberta e adentrou no
local caminhando em direção ao balcão. Não deixou de sentir alguns olhares sobre a mesma,
mas deu de ombros, não era hora de pensar nisso, precisava comer e sair dali o mais rápido
possível.

- Boa noite senhor, gostaria de uma porção de comida, por favor –A voz da mesma soava baixa
para não chamar tanta atenção, o que não foi fácil.

Soltou algumas moedas sobre o balcão de madeira sem dirigir olhar diretamente para seja lá
que estivesse por trás dele. Se dirigiu até uma mesa afastava e encostando na cadeira sentiu
que podia respirar pelo menos um pouco aliviada por ter conseguido sobreviver até ali.

Capítulo 4

O cheiro delicioso que vinha de sua comida a estava deixando estagnada, assim que o seu
pedido foi entregue. Não demorou muito para seu estômago voltar a arder e se calar em
seguida com a comida descendo por sua garganta. Uau! Aquilo estava divino, demorou até
terminar sua refeição, com certeza aproveitou o máximo que pode para poder se lembrar do
gosto mais tarde. Pode certificar as horas em um pequeno relógio ao lado de uma prateleira
de bebidas, o relógio marcava quase 3 da manhã, ela passará tanto tempo assim dentro
daquela floresta? Ou apenas tinha errado o tempo em que havia deixado a vila? Não sabia,
tudo aconteceu tão rápido, os gritos, o fogo, os xingamentos, tais lembranças fizeram ela
voltar sua atenção para o que acontecia no momento em sua volta. Aparentemente uma
discussão normal de bar, não era de seu interesse e muito menos algo de grande preocupação.
Mas ela estava errada, e como estava.

- Disseram que foi uma bruxa – Astraea não precisava ter prestado atenção na conversa toda
para saber do que se tratava o assunto, ela.

Astraea começava a sentir seu corpo pesar, seus músculos endurecerem e sua respiração
falhar, e se fosse reconhecida? E se todos ali já soubessem quem ela era, e estavam apenas
esperando um deslize de magia para poderem mata-la? Não! Não podia pensar nisso agora,
não podia deixar esse medo aparecer e desviar de seus planos, precisava se concentrar, focar
no que era necessário. Balançou a cabeça algumas vezes, afastando qualquer pensamento que
deixasse suas emoções amostra.

- Impossível – Outro senhor disse batendo as mãos com alvoroço na mesa – As bruxas estão
extintas a anos, mortas pela igreja – Ele não estava errado, o incidente das bruxas com a igreja
foi algo para se lembrar por anos. Não se sabe tanto a respeito, mas que a igreja e um grupo
de caçadores de bruxas foram os principais responsáveis pelo acontecimento naquela época.
Sabe-se que um incêndio foi a causa da morte de muitas mulheres e nada mais.

- E como podemos ter certeza de que elas não sobreviveram? Não eram as únicas vivendo de
baixo de nossos narizes, o que garante que não estavam se escondendo esse tempo todo, e
agora retornaram para se vingarem? – Questionou o outro com a voz ainda mais alta.

Sentiu os ombros cair de alívio quando um dos outros homem, que parecia ser mais velho
levantou para interromper qualquer índice de uma briga sendo começada.

- Senhores, vamos nos acalmar. Isso não é assunto para agora, além do mais, temos que focar
nas pescas, os moradores estão reclamando da falta de peixe nas feiras, temos que aumentar
os números de pescadores, agilizar o trabalho para a colheita. O assunto das bruxas deixamos
para os especialistas.

Ouve algumas reclamações dos homens insatisfeitos pelas palavras de um dos pescadores,
mas que se calou em minutos com a atenção voltando para a colheita.

Astrea levantou-se rapidamente andando em direção a saída, nervosa e com medo de que
fosse descoberta, mas em meio a movimentação Astraea se viu esbarrando em um dos caras
que estava envolvido na roda de conversa. Não demorou muito para que o mesmo se virasse e
encarasse a moça de cima a baixo, deixando um fio de nervosismo a consumir.

- Cuidado por onde anda criança- A voz áspera do senhor atravessou seus ouvidos a deixando
atordoada e a mesma não sabia o porquê.
- Perdoe-me senhor – Respondeu com a voz mais baixa e tentando manter a calma, o que não
foi fácil. Alguns murmúrios começava a se formar, mas não podia se concentrar nisso, não
agora. Antes de prosseguir, se voltou ao senhor que antes havia a atendido, se encostando no
balcão.

- Onde eu poderia encontrar um barco? – Deixou seu capuz escorregar pelos seus cabelos
levantando os olhos para encarar o senhor parado a sua frente.

- Oras, barcos tem de monte por lá, achar alguém para conduzi-lo é que será um problema
jovem.

O senhor era educado, com feições cansadas e algumas rugas pelo rosto também. Mas não
deixou de sorrir educadamente para a garota, que assentiu mantendo a conversa em mais
uma pergunta.

- E onde eu poderia encontrar alguém? – Sua voz ainda calma e baixa acabou que por chamar a
atenção aos homens restante no bar, e só então percebeu um deles se aproximando.

- E para onde você gostaria de ir criança? A essa hora o mar está agitado, vai ser um milagre se
alguém se despuser a levá-la onde quer que seja.

Astraea se voltou para o homem a sua frente, era um senhor alto e encorpado, diria mais para
uma forma gorda, preguiçosa de dizer. Os olhos verdes e a barba grisalha mantendo o
combinado com seus cabelos rasos. Mantinha uma forma suave, não parecia de grande perigo,
ao menos ela queria acreditar nisso.

- Ao Norte senhor – A garota respondeu mantendo uma postura confiante e menos aflita – O
senhor saberia me ajudar? – Perguntou olhando a figura sua frente coçando sua barba numa
postura pensativa.

- E o que uma jovem faria ao Norte, sozinha? Mesmo que eu a ajudasse, o que ganharia em
troca? – Sua voz agora mais grossa mas ainda calma fez o corpo de Astraea estremecer e seu
estômago se revirar em um turbilhão de sentimentos não decifráveis. Mas tentou ao máximo
não demostrar o seu nervosismo.

- Eu tenho dinheiro senhor, e no momento o Norte me parece ser a escolha certa para um
pouco de aventura. – Sua confiança exalou aquele lugar e seu nervosismo foi ao pouco se
dissipando. – E então, vai me ajudar?
A essa altura, poderia jurar ter ouvido mais murmúrios, mas deu de ombros.

- Certo! Partiremos pela manhã, esteja pronta – A resposta fez Astraea enrijecer os punhos.

- Não! – Sua voz agora soando um pouco mais alto. – Partiremos agora. – Se não fosse por sua
postura confiante, teria certeza que o homem teria percebido o nervosismo voltando a
assombrar o seu corpo.

Com desconfiança, o homem relutou mas não fez perguntas, apenas assentiu as demandas da
jovem e prosseguiu abrindo passagem para que Astraea fosse na frente. Com um aceno de
cabeça, Astraea concordou e seguiu em direção a saída abrindo a porta que logo se bateu atrás
de suas costas. Perseguiu o caminho em silêncio até o barco do senhor que a levaria para o
Norte. Uma movimentação começava pela passarela, não se sabia ao certo o que estava
acontecendo, mas não deu importância, e na esperança daquilo não ser algo haver com os
acontecimentos recentes na vila próxima dali. A sua frente o homem prosseguiu entrando num
barco espaçoso, logo dando passagem para que jovem fizesse o mesmo.

Ainda havia certa relutância, seus músculos enrijecidos começavam a deixá-la nervosa,
novamente. Aquilo tudo só podia ser cansaço, ela precisava descansar.

- Onde posso me retirar para um descanso? – Perguntou para o homem que a olhou como se a
jovem tivesse contado alguma coisa engraçada, pois o mesmo soltou uma gargalhada alta e
desengonçada que fez Astraea o olhar com um ar de confusa.

- Qual a graça? – Perguntou incrédula da cena que se prosseguia a sua frente.

- Você pode descansar aqui – Seguiu com os olhos para onde o homem apontava, um pequeno
espaço com alguns cobertores dobrados ao chão, uma cama improvisada. – É tudo o que
tenho jovem. – Disse o homem agora arrumando as cordas que antes se encontravam presas a
madeira do píer. Com tamanha relutância, a jovem irou sua bolsa á fazendo de travesseiro e
deitando logo em seguida sobre a cama improvisada, se cobrindo com outro cobertor solto.
Ainda estava com as peças de roupas úmidas, mas nada que a incomodasse mais, acreditaria
que aquele cobertor fino pudesse a aquecer até chegar em seu destino. Não demorou muito
para que seus olhos pesados se fechassem e seu corpo se relaxasse num sono profundo.

Capítulo 5

Assim que adormeceu, Astraea sonhou, como todos os dias. Era o mesmo sonho de sempre,
casas em ruínas, sangue derramado, gritos de ódio pelos fiéis e armas sendo carregadas. Não
conseguia se lembrar de muita coisa quando acordava, mas o que lembrava já a deixava
apavorada o suficiente.
Conseguia ouvir ao fundo vozes, e barulho de água, mas só abriu mesmo os olhos ao sentir o
toque de mãos ásperas sobre seu rosto.

- Vamos criança, acorde. – Foi o que conseguiu ouvir antes de se sentar sobre o cobertor, abrir
os olhos foi uma tarefa difícil por conta da claridade que batia em sua face. Respirou fundo
algumas vezes, e assim que se dispersou por completo pode correr os olhos a sua volta,
avistava perto uma cidadezinha o que significava que haviam chegado no seu destino.

- Espero que tenha conseguido dormir bem – O homem a algumas passos disse, se não fosse
um desconhecido, Astraea teria gostado mais dele, e o errado nisso era ter aceitado a ajuda do
mesmo.

- Consegui sim, obrigada. – Foi o que conseguiu dizer, apesar de seus sonhos, ou diria
pesadelos, Astraea teria descansado um pouco o corpo, que naquela manhã já não parecia tão
dolorido como na noite passada. – Acredito que já tenhamos chegado?- Perguntou na
esperança de poder seguir seu caminho o mais rápido possível.

- Sim criança, nós chegamos – Respondeu encostando o barco no píer e amarrando as cordas
em volta dele. – Seja lá qual o seu plano, espero que não seja seguir o caminho sozinha, as
pessoas não são confiáveis – Ele acrescentou com um sorriso fraco, o que deixou a menina
ainda mais alerta para qualquer tipo de perigo.

- Não se preocupe senhor, sei para onde ir. – Ela respondeu se pondo para fora do barco, e
logo pegando em sua bolsa um saquinho de moedas e entregando ao homem na sua frente-
Espero que seja o suficiente. – Sem relutância alguma, aquelas mãos ásperas já tocavam o
saquinho de moedas. – Tenha um bom dia e obrigada pela ajuda. – Conseguiu terminar a fala o
mais educada possível, e com um sorriso e um aceno de cabeça, a jovem deixou o homem para
trás antes de ele dizer alguma coisa e seguiu caminhando por dentro da cidadezinha.

Astraea odiava o fato de ser educada demais, preferia mais o sarcasmos, mas nessas
circunstância ela agradecia por ainda ter sua cabeça grudada ao corpo. Ela se sentiu aliviada ao
percorrer os olhos pelas pessoas que passavam por ali. Aparentemente ninguém sabia quem
ela era, e o que era.

A garota levou a mão a um de seus bolsos da calça, retirando de lá um pequeno papel com um
nome escrito, o nome que mudaria sua jornada até então, que a ajudaria entender tudo e
quem sabe lhe contar a história verdadeira de sua descendência.

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