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nascimento. John derruba veemente essa possibilidade, a de que nós só podemos conhecer por
meio da experiência.
3. Através de pensamentos simples, posso notar que a filosofia inatista é ainda mais
tola que a empirista, entretanto, por ter que defender uma ramificação, salvaguarda a filosofia
empirista. Tudo que apreendemos passa pela experiência, o homem sozinho, sem experiência,
sem a relação com o objeto intermediado pela imagem e pelo processo indutivo, nada
aprende. Nós dependemos de um mundo e uma sociedade para que busquemos nossos
fundamentos, afinal, se minhas ideias fossem de fato inatas, jamais estaria duvidando dessa
possibilidade, de que pode haver outra maneira de conhecer a não ser as ideias inatas, afinal, o
criador colocaria essa contradição em minha mente? Se posso pensar que existe outra
possibilidade a não ser esta, logo essa não é a realidade da verdade acerca do conhecimento.
4. O inatismo é mais confortável de permanecer pois o dá um sentido de vida, os
homens não compreendem que nem tudo é possível conhecer, e para aliviar essa angustia de
impotência transmitem esse sentimento para um Pai Criador, que de tudo cuida e que aqui me
faz relembrar das coisas do mundo modelo, seria a vida na terra uma peregrinação de
rememoração.
5. Ao invés de me dar a árdua tarefa de cair em problemas por defender a corrente
inatista, determino logo, que há coisas que não tenho como explicar, que não posso conhecer,
e isso não significa que ela não está presente na realidade. Mas, o fato de estar presente na
realidade e não poder conhecer não significa que estou apoiando as ideias inatistas, muito pelo
contrário, estou eu, dizendo que não tenho capacidade cognitiva de chegar a tal ponto e me
conformo com o pouco que posso saber acerca daquilo. Se as ideias inatistas de fato fossem
verdadeiras, não haveria evolução, afinal essa evolução que temos hoje teria se dado a muitos
anos atrás, desde que a humanidade é humanidade.
6. O processo empirista impõe em nossa mente a “evolução”, e não só cientifica, mas
também de pensamento, como a própria história da filosofia vai nos mostrar, as ideias de
outros filósofos surgiam a partir da experiencia com o pensamento de outro anterior a ele, seja
a completação do que faltara para completar tais perspectivas ou refutação formulando novas
ideias. As crianças desde pequenas passam por experiências para apreender as coisas, o que
não vem pela experiencia, é antes instinto humano, como o de comer, chorar, beber água e por
assim poderia enumerar uma série de coisas. É fato que aprendemos por meio da experiência,
e a experiência de alguém, que apreendeu determinada ideia e que é ensinada a nós também é
experiencia, pois raciocinamos com imagens, e só há imagens se há empirismo, e se podemos
decodificar a fala do outro dentro da mente com imagens, temos experiência.
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REFERÊNCIAS
LOCKE, John. Ensaio acerca do entendimento humano. São Paulo: Nova Cultural, 1999.
Tradução de: Anoar Aiex. p. 37-43.