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[TEXTO 1]
O termo «filosofia» deriva das palavras gregas philos («amigo de»; «amor de»)
e sophia («sabedoria»; «saber»), e significa «amizade pelo saber» ou «amor à
sabedoria». Crê-se ter sido criado por Pitágoras (filósofo pré-socrático do séc. VI a.C.)
para identificar a atitude daquele que busca o conhecimento e a sabedoria.
Para isso, deve ser capaz de problematizar, ou seja: perguntar acerca das
razões e fundamentos que fazem com que aquilo que nos rodeia pareça ser de uma
certa forma; e a filosofia é uma atividade que trabalha com conceitos.
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5. É uma atividade radical: procura questionar os problemas pela sua “raiz”.
[TEXTO 4] Metafísica
Já há muito que os homens filosofam, hoje como antes, movidos pelo espanto,
de início causado por qualquer fenómeno surpreendente e familiar. Confrontando-se,
pouco a pouco, com aporias maiores – as fases da lua, o movimento do Sol e dos
astros, a génese do todo –, caindo nas aporias e espantando-se, apercebem-se da
sua ignorância. (…)
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Aquele que filosofa para fugir à ignorância busca o saber pelo saber. Não pode,
portanto, ser movido por qualquer utilidade».
Aristóteles
Noções breves:
Filosofar – Busca do saber pelo saber; é uma atividade cuja única finalidade é
fugir à ignorância, procurando resolver as aporias.
Exercícios:
«Existe acaso qualquer conhecimento tão certo que nenhum homem possa
dele duvidar? Problema que, podendo à primeira vista parecer pouco árduo, se
apresenta na verdade dos mais difíceis. Quando tenhamos formado ideia nítida dos
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obstáculos que se opõem aqui a uma resposta clara e assegurada, achar-nos-emos
bem lançados no estudo da filosofia».
B. Russell (1912)
«1 – Que para examinar a verdade é necessário, uma vez na vida, pôr todas as
coisas em dúvida, tanto quanto se puder.
Como fomos crianças antes de sermos homens, e como formulámos vários
juízos acerca das coisas sensíveis antes que tivéssemos o completo uso da nossa
razão, somos desviados do conhecimento da verdade por muitos preconceitos; destes,
parece que não nos podemos libertar se não tomarmos a iniciativa de duvidar, uma
vez na vida, de todas as coisas em que encontramos a mínima suspeita de incerteza.
2 – Que é útil também considerar como falsas todas as coisas de que se pode
duvidar.
Será mesmo muito útil rejeitarmos como falsas todas aquelas coisas a respeito
das quais pudermos imaginar a mínima dúvida, a fim de que, se descobrirmos
algumas coisas que, apesar de tal precaução, nos pareçam manifestamente
verdadeiras, possamos considerar que também elas são muito certas e as mais fáceis
que é possível conhecer».
R. Descartes (1644)
Exercícios:
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[TEXTO 7] Que quer dizer tudo isto?
Sócrates [S2]: – Visiona também, ao longo deste muro, homens que transportam toda
a espécie de objectos, que o ultrapassam: estatuetas de homens e de animais, de
pedra e de madeira, de toda a espécie de lavor; como é natural, dos que os
transportam, uns falam, outros seguem calados.
Gláucon [G2]: – Estranho quadro e estranhos prisioneiros são esses de que tu falas.
Gláucon [G3]: – Como não, se são forçados a manter a cabeça imóvel toda a vida?
Sócrates [S5]: – Então, se eles fossem capazes de conversar uns com os outros, não
te parece que eles julgariam estar a nomear objectos reais, quando designavam o que
viam?
Sócrates [S7]: – De qualquer modo, pessoas nessas condições não pensariam que a
realidade fosse senão a sombra dos objectos?
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Gláucon [G7]: – É absolutamente forçoso – disse ele.
Sócrates [S8]: – Considera, pois, o que aconteceria se eles fossem soltos das cadeias
e curados da sua ignorância. Logo que alguém soltasse um deles, e o forçasse a
endireitar-se de repente, a voltar o pescoço, a andar e a olhar para a luz, ao fazer tudo
isso, sentiria dor, e o deslumbramento impedi-lo-ia de fixar os objectos cujas sombras
via outrora. Que julgas tu que ele diria, se alguém lhe afirmasse que até então ele só
vira coisas vãs, ao passo que agora estava mais perto da realidade e via de verdade,
voltado para objectos mais reais? E se ainda, mostrando-lhe cada um desses objectos
que passavam, o forçassem com perguntas a dizer o que era? Não te parece que ele
se veria em dificuldades e suporia que os objectos vistos outrora eram mais reais do
que os que agora lhe mostravam?
Sócrates [S9]: – Portanto, se alguém o forçasse a olhar para a própria luz, doer-lhe-
iam os olhos e voltar-se-ia, para buscar refúgio junto dos objectos para os quais podia
olhar, e julgaria ainda que estes eram na verdade mais nítidos do que os que lhe
mostravam?
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Sócrates [S12]: – Finalmente, julgo eu, seria capaz de olhar para o Sol e de o
contemplar, não já a sua imagem na água ou em qualquer sítio, mas a ele mesmo, no
seu lugar.
Sócrates [S13]: – Depois já compreenderia, acerca do Sol, que é ele que causa as
estações e os anos e que tudo dirige no mundo visível, e que é o responsável por tudo
aquilo de que eles viam um arremedo.
Sócrates [S15]: – E as honras e elogios, se alguns tinham então entre si, ou prémios
para o que distinguisse com mais agudeza os objectos que passavam e se lembrasse
melhor quais os que costumavam passar em primeiro lugar e quais em último, ou os
que seguiam juntos, e àquele que dentre eles fosse mais hábil em predizer o que ia
acontecer – parece-te que ele teria saudades ou inveja das honrarias e poder que
havia entre eles, ou que experimentaria os mesmos sentimentos que em Homero, e
seria seu intenso desejo "servir junto de um homem pobre, como servo da gleba", e
antes sofrer tudo do que regressar àquelas ilusões e viver daquele modo?
Gláucon [G15]: – Suponho que seria assim – respondeu – que ele sofreria tudo, de
preferência a viver daquela maneira.
Sócrates [S18]: – Meu caro Gláucon, este quadro – prossegui eu – deve agora
aplicar-se a tudo quanto dissemos anteriormente, comparando o mundo visível através
dos olhos à caverna da prisão, e a luz da fogueira que lá existia à força do Sol. Quanto
à subida ao mundo superior e à visão do que lá se encontra, se a tomares como a
ascensão da alma ao mundo inteligível, não iludirás a minha expectativa, já que é teu
desejo conhecê-la. O Deus sabe se ela é verdadeira. Pois, segundo entendo, no limite
do cognoscível é que se avista, a custo, a ideia [ou forma] do Bem; e, uma vez
avistada, compreende-se que ela é para todos a causa de quanto há de justo e belo;
que, no mundo visível, foi ela que criou a luz, da qual é senhora; e que, no mundo
inteligível, é ela a senhora da verdade e da inteligência, e que é preciso vê-la para se
ser sensato na vida particular e pública.»
Platão
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Posição: aquilo que é próprio do ser humano é o saber e não a ignorância; o
humano define-se como aquele que quer conhecer, que pode conhecer e que deve
conhecer – a sua verdadeira identidade é justamente o saber. A alegoria apresenta
uma ilustração da condição humana caracterizada pelo imobilismo, pela ilusão e pela
inconsciência; contudo, a verdadeira natureza do ser humano impulsiona-o para um
(difícil e demorado) movimento de libertação e desejo de saber.
Interpretação:
Partes principais:
IMAGENS CONCEITOS
A caverna O mundo sensível (opinião e mudança)
Os prisioneiros Condição humana
Trevas Ignorância
Confusão sombras/realidade Indistinção entre a aparência e a realidade
Dificuldade de olhar a luz e os objetos Conformismo
Etapas da ascensão até ao mundo exterior Progressiva eliminação dos preconceitos
Compreensão da situação vivida na caverna Reconhecimento da ignorância
Contemplação da luz do Sol Conhecimento de uma realidade superior às
sombras (superficiais e ilusórias)
O regresso à caverna O dever (e o perigo) da atividade filosófica
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Dicotomias fundamentais
Síntese:
1. O mundo revelado pelos sentidos não é real, mas apenas uma cópia (ou,
muitas vezes, uma imitação de uma imitação) imperfeita do real.
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O que se entende (em filosofia) por «senso comum»?
- é aceite por um grupo por ser o modo corrente (usual e pronto) de conhecer;
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[TEXTO 10] [Conhecimento e ciência]
Karl Popper (filósofo austríaco do séc. XX) defendeu que o saber filosófico
(tal como o saber científico) tem como ponto de partida o senso comum.
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Exercícios:
Se P, então Q; P; logo: Q.
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Metafísica
Por que razão existem coisas? Somos livres ou determinados? Deus existe? A
vida tem algum sentido ou propósito? A consciência reduz-se ao cérebro ou é uma
realidade diferente? O nada existe? Que tipo de entidade é a forma lógica?
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- Objeto: aquilo que é conhecido;
- Bem último (ou bem supremo): aquele bem em função do qual valorizamos
todas as outras coisas como meios instrumentais;
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- Ética deontológica: teoria ética que defende que a correção moral de uma
ação depende unicamente da intenção de cumprir o dever (e não depende das
suas consequências nem tão pouco do caráter de quem age);
Estética
Filosofia Política