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AUTORIA
Lucimari de Campos Monteiro
Bem vindo(a)!
Já na unidade III teremos acesso aos fatos, dados e hipóteses na análise linguística,
bem como na Coleta de dados e a construção do corpus de análise e os fatos e
preconceitos linguísticos
Aproveito para reforçar o convite a você, para junto conosco percorrer esta jornada
de conhecimento e multiplicar os conhecimentos sobre tantos assuntos abordados
em nosso material. Esperamos contribuir para seu crescimento pessoal e
pro ssional.
AUTORIA
Lucimari de Campos Monteiro
Introdução
Prezado(a) aluno(a), nesta unidade vamos conhecer a teoria de Ferdinand de
Saussure, considerado o pai da linguística moderna, que deu início aos estudos que
se tem hoje sobre a temática.
Vamos também identi car os fundamentos relevantes para o caráter cientí co dos
estudos linguísticos, de nir os conceitos estabelecidos e como eles se aplicam na
prática.
Aos amantes do estudo da língua, nossa sugestão é: atente-se aos conceitos, ideias e
informações aqui apresentadas para que seja possível compreender a Linguística
como ciência. A ciência que estuda a Linguagem.
A ciência e o senso comum
AUTORIA
Lucimari de Campos Monteiro
Falar em ciência nos remete sempre a algo que está provado, quanti cado e
registrado, mas antes de tomarmos essas características como base, vamos analisar
qual ou quais seriam as diferenças entre o senso comum e a ciência.
Logo, ca evidente que o senso comum existe desde que a humanidade existe, o
Mito da Caverna de Platão, tão conhecida e discutida até hoje, é um dos maiores
exemplos que temos do que é o senso comum.
Enquanto podemos de nir o senso comum como cultura popular, ou algo que não
foi comprovado cienti camente, nossos conhecimentos empíricos se resguardam
ao senso comum, o que não se deve ser menosprezado, a nal é um tipo de
conhecimento.
Mas, o que nos interessa de fato em relação à linguística, é entender que esta é um
tipo de conhecimento, mas que está bem longe de ser senso comum. A ciência,
portanto, é a parte do conhecimento que foi, de fato, comprovado, estudado.
Veja a de nição:
A ciência, tanto por sua necessidade de coroamento como por
princípio, opõe-se absolutamente à opinião. Se, em determinada
questão, ela legitimar a opinião, é por motivos diversos daqueles que
dão origem à opinião; de modo que a opinião está, de direito, sempre
errada. A opinião pensa mal; não pensa: traduz necessidades em
conhecimentos. Ao designar os objetos pela utilidade, ela se impede de
conhecê-los. Não se pode basear nada na opinião: antes de tudo, é
preciso destruí-la. Ela é o primeiro obstáculo a ser superado. Não basta,
por exemplo, corrigi-la em determinados pontos, mantendo, como uma
espécie de moral provisória, um conhecimento vulgar provisório. O
espírito cientí co proíbe que tenhamos uma opinião sobre questões
que não compreendemos, sobre questões que não sabemos formular
com clareza (BACHELARD, 1996, p. 18).
Podemos de nir, ainda, ciência como “saber produzido através do raciocínio lógico
associado à experimentação prática” e que nos leva à certeza daquilo que se busca,
é o conhecimento baseado na certeza e não na dúvida. É exata e indiscutível.
O problema da teoria
AUTORIA
Lucimari de Campos Monteiro
No tópico anterior conhecemos a diferença entre senso comum e ciência, conceitos
que foram estabelecidos, mas que no início do século XX foi questionado por um
lósofo chamado Karl Raimund Popper (1902-1994), suas indagações trazem dois
apontamentos sobre o problema da Teoria. A saber:
O problema da indução
Para Popper (2007), há um problema referente à validade ou à justi cação das
proposições universais das ciências empíricas, ele questiona: “Enunciados factuais,
que se baseiam na experiência, podem ser válidos universalmente? É possível saber
mais do que se sabe?”
O problema da demarcação
Para o lósofo, a visão dos positivistas deixava lacunas no conceito estabelecido
como ciência, ou seja, não se pode considerar conhecimento algo apenas por não
ser provado cienti camente?
AUTORIA
Lucimari de Campos Monteiro
Vamos a partir de agora entrar, de fato no campo de estudo da Linguística, mas para
isso é preciso compreender o seu objeto de estudo e entendê-la como ciência.
Ferdinand de Saussure
Ferdinand de Saussure nasceu em Genebra, Suíça, em 26 de novembro de 1857. Foi
um estudioso da língua e lósofo que propiciou, através das suas elaborações
teóricas, o desenvolvimento da linguística enquanto ciência autônoma.
Saussure tem até hoje in uência nos estudos da teoria da literatura e nos estudos
culturais, e de niu os signos linguísticos e seus estudos, chamados de Semiologia
(ou semiótica). Seus conceitos serviram de base para o desenvolvimento de uma
corrente teórica chamada Estruturalismo, no século XX. Para o linguista suíço, a
linguística pretende:
Fazer a descrição e a história de todas as línguas que puder abranger, o
que quer dizer: fazer a história das famílias de línguas e reconstituir, na
medida do possível, as línguas-mães de cada família; procurar as forças
que estão em jogo, de modo permanente e universal, em todas as
línguas e deduzir as leis gerais às quais se possam referir todos os
fenômenos peculiares da histórias; delimitar-se e de nir-se a si
própria.” (SAUSSURE, 1995, p.13)
É notável que a Linguística é uma ciência relativamente nova e como tal está em
constante aperfeiçoamento. Novos estudos vêm surgindo sobre essa ciência e,
obviamente, novos conceitos podem ser apontados, aperfeiçoando as teorias de
Saussure.
Estruturalismo
O Estruturalismo foi uma corrente de pensamentos que agregou não somente a
linguística, mas também a sociologia, antropologia e demais áreas do
conhecimento, podendo ser entendida como uma metodologia em que os
elementos da cultura humana devem ser relacionados com um sistema maior, mais
abrangente.
Funcionalismo
Posteriores a Saussure, duas tendências teóricas se estabeleceram para que os
estudos do estruturalismo fossem aprimorados, o funcionalismo e o formalismo:
Gerativismo/Formalismo
Além do funcionalismo, outra corrente que estabelece relações com a linguística é a
gerativista ou formalista de Noam Chomsky.
Vale lembrar que teceremos aqui considerações relevantes ao que diz respeito do
estudo da Linguística, no entanto, as dicas de livros e leituras complementares que
faremos ao nal de cada unidade serão importantes para a compreensão integral da
temática, a nal trata-se de uma ciência complexa e relativamente nova, como já
dito anteriormente.
Nos tópicos seguintes vamos conhecer com mais detalhes a teoria de Saussure para
que seja possível identi car as concepções de signo e todas as características
linguísticas que foram fomentadas pelo suíço.
AUTORIA
Lucimari de Campos Monteiro
A teoria de Ferdinand de Saussure é, como já dito, a primeira para entender a
linguística como ciência. Portanto, vamos ver a partir de agora e nos tópicos que
seguem a divisão que ele faz para que fosse possível estudar a língua.
Vamos agora ver como todas essas concepções se relacionam na teoria de Saussure
e como se aplica sua teoria no estudo da língua, e até mesmo nas concepções de
linguagem.
Para tanto, vamos analisar cada de nição com um olhar mais crítico e acadêmico
para que seja possível compreender o que Saussure nos deixou como legado,
levando-se em consideração que os estudos aqui apresentados são a base, a origem
do estudo linguístico e que a partir deles novos conceitos foram estabelecidos nos
anos posteriores.
O objeto da linguística
saussuriana e paradigma
saussureano
AUTORIA
Lucimari de Campos Monteiro
O objeto da Linguística, de fato, é a linguagem. Entenda-se linguagem como a soma
de Língua e Fala chamada por Saussure de Langue e Parole.
LANGUE PAROLE
Social Individual
Constante Variável
Homogênea Heterogênea
Conservadora Inovadora
Fonte: a autora
A dicotomia nos mostra que essa oposição do social versus o individual se mostra
útil, a nal, uma completa a outra, mas, o linguista alerta: 'a linguagem tem um lado
individual (parole) e um lado social (langue), sendo impossível conceber um sem o
outro’.
Logo, podemos dizer que a langue é necessária para que a parole seja clara e
compreensível e a parole estabelece as futuras mudanças da langue.
O que Saussure diz é que há uma in nidade de opções na construção de uma frase
ou fala.
Por exemplo, se eu for falar algo que se re ra ao dia, dando uma característica para
ele, tenho inúmeras opções. Veja:
Fonte: a autora
Para que a frase fosse construída foram combinadas alternativas até que se
chegasse ao resultado. Essa relação de opções e escolhas é o que chamamos de
eixos sintagmáticos e paradigmáticos.
Sintagma
Fonte: Chom'SkyPédia
AUTORIA
Lucimari de Campos Monteiro
Entender o signo linguístico é requisito básico para compreendermos um pouco
mais a teoria de Saussure. Valendo-se do que já foi até aqui explanado sobre língua e
fala, temos o conceito de que a primeira é social, enquanto a segunda é individual.
O signo, pode ser entendido e de nido como uma unidade constituinte do sistema
linguístico é formado por duas partes: a do signi cado e a do signi cante.
Significante Significado
DOCE
Fonte: Chom'SkyPédia
Então, “a rmar que o signo linguístico é arbitrário, como fez Saussure, signi ca
reconhecer que não existe uma reação necessária, natural, entre a sua imagem
acústica (seu signi cante) e o sentido a que ela nos remete (seu signi cante).”
(COSTA, 2008, p.119).
REFLITA
“A língua é um sistema cujas partes podem e devem ser consideradas
em sua solidariedade sincrônica” (Saussure, 1975).
Para Saussure:
Para entendermos melhor esses dois conceitos estabelecidos por Saussure, vamos a
um exemplo prático:
Sincrônico:
4 letras: v-o-c-ê
2 sílabas: vo-cê
Diacrônico:
Pronome de tratamento
Expressão originária: vossa mercê
Variações da expressão: “vossemecê“, “vosmecê“, “vancê“ e você
Uso na segunda pessoa no singular (no lugar de Tu, principalmente na
oralidade)
ACESSAR
ACESSAR
REFLITA
“O tempo altera todas as coisas; não há razão para que a língua escape
a esta lei universal.”
Ferdinand de Saussure
Conclusão - Unidade 1
Fato é que Saussure deixou um importante legado conceitual para que os estudos
fossem ainda mais aprimorados nos anos e décadas posteriores.
Vale lembrar que a o livro que deu início na Linguística como ciência só foi publicado
alguns anos após a morte de Saussure e ele está no nosso material complementar
como dica – importante e indispensável – de leitura.
A nal, não há como falar de linguística sem falar de Ferdinand de Saussure, e nem há
como falar de Saussure sem citar sua obra primeira e fundamental “Curso de
Linguística Geral”. Boa leitura e bons estudos.
Livro
Filme
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Web
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Unidade 2
Gramática, forma e o
processo de signi cação
AUTORIA
Lucimari de Campos Monteiro
Introdução
Prezado(a) aluno (a), nesta unidade vamos conhecer o processo de signi cação dos
signos linguísticos completando ainda mais o que foi visto da unidade I.
Vale lembrar que as de nições apontadas aqui serão de grande importância para a
continuidade do material nas unidades que virão, por isso, é imprescindível que as
características de signi cado e signi cante sejam bem absorvidas por você aqui
para que haja compreensão posteriormente.
AUTORIA
Lucimari de Campos Monteiro
Quando se fala em gramática e forma logo nos vem à mente o conceito que temos
de gramática normativa, a nal é ela a responsável por nomear a formalizar as regras
estabelecidas para a fala e a escrita da Língua Portuguesa.
Antes, porém, vale lembrar que vimos na unidade I deste material que há correntes
teóricas da Linguística: a estruturalista, a funcionalista e a gerativista, e que cada
uma delas traz um conceito diferente sobre o estudo da Língua.
Gramática
A gramática é a nossa principal ferramenta de estudo da língua no que diz respeito
a sua estrutura, sua forma, suas regras e a ns:
Nós conseguiu
Exemplo:
AUTORIA
Lucimari de Campos Monteiro
No tópico anterior vimos a respeito do conceito de signi cado e signi cante, mas é
evidente que tal conceito foi estabelecido fora de uma situação contextualizada, ou
seja, quando se pensa em signi cado de uma palavra logo recorremos ao referente.
Em outras palavras, só há como a rmar seu signi cado quando esta estiver
contextualizada. Mas, pensando linguisticamente, vale lembrar que a criança é um
bom exemplo de como funciona esse “jogo de sentido”, para ela uma palavra tem
aquele signi cado e pronto, pois a criança é objetiva. Conforme ganha maturidade
entende que a mesma palavra pode contemplar vários sentidos.
Referência e contexto
Os elementos propostos por Jakobson são, ainda, aqueles que fazem relação com as
funções da linguagem, a saber:
Portanto, é importante lembrar que, para a linguística, veri car toda referência, todo
contexto da situação é necessário para estabelecer a relação de signi cado e
signi cante. Quando se emprega uma palavra em um determinado contexto há
possibilidades de que o seu signi cado também seja exível.
Forma e signi cação: o
signi cado e a estrutura
linguística
AUTORIA
Lucimari de Campos Monteiro
Como já visto até aqui na unidade II deste material, a forma e a signi cação das
palavras estão diretamente conectadas em seu contexto.
As estruturas linguísticas se modi cam não somente através dos referentes, como já
vimos, mas também através das modalidades:
ACESSAR
REFLITA
“Sem a linguagem, o pensamento é uma nebulosa vaga, inexplorada.”
Ferdinand de Saussure
Conclusão - Unidade 2
A linguística é uma ciência viva que estuda a língua em suas mais variadas vertentes,
e mesmo que haja descobertas recentes e maneiras distintas de aplicá-la, ca
evidente que não há uma norma fechada e uma verdade absoluta quando se trata do
estudo de algo que é social.
E como tal não pode ser restrito, se o mundo se modi ca ano após ano e a sociedade
também, como podemos achar que a língua permaneceria intacta?
Leitura complementar
Variação linguística e ensino de gramática
A variação social
A variação estilística
Livro
Filme
Web
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Unidade 3
Fundamentos da
linguística descritiva
AUTORIA
Lucimari de Campos Monteiro
Introdução
Prezado(a) aluno(a), nesta unidade vamos estudar as características da gramática
prescritiva, chamada mais comumente de gramática normativa e também da
gramática descritiva que, como o próprio nome diz, descreve as características da
língua.
Depois, vamos conhecer ainda alguns outros tipos de gramáticas, além das duas
que foram citadas no primeiro tópico. É importante saber que essa diferença entre
as gramáticas se faz necessário para que haja um estudo completo e profundo da
língua em sua totalidade, seja na escrita, na fala e nos seus contextos.
No tópico 4 deste material, você encontrará ainda um plano de aula elaborado com
o foco em análise linguística no gênero textual resenha crítica. O plano foi
desenvolvido para o sexto ano do ensino fundamental 2, mas pode ser adaptado e
reconstruído para as demais séries.
AUTORIA
Lucimari de Campos Monteiro
Ao estudar linguística sabemos que muitos conceitos aparecem e que,
inevitavelmente, recorremos a Saussure para identi car as características dessa
ciência. O pai da Linguística foi, de fato, o precursor dos estudos na área, mas anos
após suas teorias novos conceitos foram aparecendo e novas perspectivas de se
estudar a língua.
Ela é repleta de regras do que se deve ou não fazer, classi cações, análises
profundas e difíceis e que, na maioria das vezes, deixa os alunos com certa aversão
ao estudo da língua (e não é para menos!). O que acontece é que todos nós
carregamos uma bagagem social, costumes, cultura, tradições e que re etem
diretamente na nossa forma de comunicar.
Veja o poema de Oswald de Andrade que trata bem essa questão do que é “certo e
errado” segundo a gramática prescritiva/normativa e o modo de dizer:
Pronominais
Dê-me um cigarro
Diz a gramática
do professor e do aluno
E do mulato sabido
Mas o bom negro e o bom branco
Da Nação Brasileira
Dizem todos os dias
Deixa disso camarada
Me dá um cigarro.
AUTORIA
Lucimari de Campos Monteiro
É importante sempre lembrar que quando falamos de gramática o primeiro
pensamento se remete à gramática normativa. E não está errado, a nal é essa
gramática que aprendemos a vida toda na escola.
Para isso, separei a sinopse (entenda-se como uma dica de leitura também) de um
livro do Professor Sírio Possenti, chamado “Por que (não) ensinar gramática na
escola”:
É relevante, ainda, ressaltar, que o uso das gramáticas é importante, mas apenas o
seu manuseio não fará de você “um senhor da verdade absoluta”:
É importante também ter a consciência de que “saber gramática” não
implica necessariamente em “falar bem” ou “escrever corretamente”.
Isso é só mais um dos muitos mitos que compõem o preconceito
linguístico tão vigoroso em nossa sociedade. Se o conhecimento da
gramática normativa garantisse o “escrever bem”, todos os professores
de língua seriam excelentes escritores, prosadores criativos... Isso não
acontece, não é? Os gramáticos, então seriam os maiores artistas da
língua! Ora, sabemos que não é bem assim. Aliás, muito pelo contrário:
a maioria dos gramáticos escrevem num estilo rebuscado, empolado,
pouco ágil, usando recursos retóricos antiquados, justamente porque
se apegam demais à tradição (Bagno, 2004, p. 160).
AUTORIA
Lucimari de Campos Monteiro
Quando se fala em análise linguística estamos nos referindo ao estudo da língua, ou
seja, estamos dizendo que determinada língua poderá ser analisada de vários níveis,
a saber:
A partir dos conceitos de nidos dos níveis da análise linguística, ca mais fácil
entender como podemos fazer essa análise. Há, portanto, algumas maneiras de
analisar algo linguisticamente:
Como tal precisa ser analisada de foram coerentes e para que as nossas análises
sejam compreendidas e e caz vamos dividir em três partes: fatos, dados e hipóteses:
Fatos
Podemos entender como fato tudo o que é verídico, ou seja, o que aconteceu no
nível real, o que não é inventado. Por isso, um dos critérios de análise linguística deve
se basear em fatos, e não estamos nos referindo somente a acontecimentos, mas
sim em algo concreto. Por exemplo, um diálogo é um fato, bem como um poema
também é. Desde que seja algo que exista, de fato, já pode entrar para nossa análise;
Dados:
Outro critério não menos importante é a dos dados. Quando temos informações
baseadas em dados e registros tudo ca ainda mais fácil de se analisar. Como toda e
qualquer ciência necessita de registros e dados, na linguística também é importante
que haja, ainda mais se sua análise se tratar de algum evento ou acontecimento
histórico;
Hipóteses:
AUTORIA
Lucimari de Campos Monteiro
Neste tópico vamos nos atentar a um exemplo prático de análise linguística. Antes,
porém, vamos apenas conceituar o que seria o nosso corpus de análise:
Corpus de análise: podemos dizer que são os materiais mais importantes e de fontes
con áveis para que o pesquisador fundamente seu texto, adequado, portanto, ao
que se pede no caráter cientí co. Logo, podemos entender que o corpus em
qualquer pesquisa é a parte fundamental, ou seja, o material selecionado para
análise efetiva do que nos propomos a fazer. Mas, na linguística há o que chamamos
de Linguística de corpus. Veja a de nição do Instituto Brasileiro de Pesquisa e
Análise de Dados (IBPAD):
Portanto, o que de fato nos interessa aqui é o que a linguística de corpus nos propõe,
e para tal criamos um plano de aula que poderá ser adaptado de acordo com a
temática trabalhada em sala e a realidade da sua turma:
Quadro 2: Plano de Aula com Análise Linguística
PLANO DE AULA
Fonte: a autora
A semiótica provém da raiz grega ‘semeion’, que denota signo. Assim, desta mesma
fonte, temos ‘semeiotiké’, ‘a arte dos sinais’. Esta esfera do conhecimento existe há
um longo tempo, e revela as formas como o indivíduo dá signi cado a tudo que o
cerca. Ela é, portanto, a ciência que estuda os signos e todas as linguagens e
acontecimentos culturais como se fossem fenômenos produtores de signi cado,
neste sentido de ne a semiose. Ela lida com os conceitos, as ideias, estuda como
estes mecanismos de signi cação se processam natural e culturalmente. Ao
contrário da linguística, a semiótica não reduz suas pesquisas ao campo verbal,
expandindo-o para qualquer sistema de signos – Artes visuais, Música, Fotogra a,
Cinema, Moda, Gestos, Religião, entre outros. (SANTANA, 2018, online).
Portanto, nossa análise linguística baseada no plano de aula para uma turma de
sexto ano do ensino fundamental 2 deve ser aplicada buscando todos os contextos
que o texto, imagem, gesto ou qualquer que seja o objeto analisado, traz.
AUTORIA
Lucimari de Campos Monteiro
Segundo o Professor Marcos Bagno (1999) o preconceito linguístico pode ser
de nido como todo juízo de valor negativo (de reprovação, de repulsa ou mesmo de
desrespeito) às variedades linguísticas de menor prestígio social.
Um país tão diversi cado como o Brasil possui, obviamente, uma enorme variação
linguística, seja ela regional ou até mesmo variações ligadas à religião.
Preconceito socioeconômico
Um dos tipos de preconceitos linguísticos mais comuns, mas que não deveria existir
é o que está relacionado às pessoas de classes sociais mais pobres que, pelo seu
contexto de vida, não tiveram acesso à educação ou não tiveram chances de estudar
adequadamente. Seu conhecimento é limitado e sua forma de comunicação acaba
re etindo essa lacuna social, na prática, essas pessoas se tornam marginalizadas e
não conseguem ingressar em determinadas pro ssões com bons postos no
mercado de trabalho.
Preconceito regional
Preconceito cultural
Racismo
Palavras de origem africana ainda trazem essa herança racista que há no Brasil.
Termos como “macumba”, por exemplo, é um instrumento musical utilizado em
cerimônias religiosas, mas no Brasil está ligada à magia negra, satanismo ou
feitiçaria. Prova viva de que há, sim, preconceito com alguns termos da cultura afro.
SAIBA MAIS
Leia o texto de Drummond e veja os exemplos de variações linguísticas
no âmbito histórico:
ANTIGAMENTE
(Ferdinand de Saussure)
Conclusão - Unidade 3
Nesta unidade pudemos conhecer os tipos de gramáticas que temos à disposição sobre o estudo da língua.
Desde a normativa, que é a que mais conhecemos e estudamos na escola até mesmo as características da
histórica que analisa fatos e acontecimentos.
O conceito que temos de gramática é, na maioria das vezes, super cial e levamos em consideração somente o
que aprendemos na normativa. Consequentemente, esse ensinamento somente através da gramática
normativa nos leva a um grande equívoco, na maioria das vezes inconsciente, que é do preconceito linguístico.
Essa de nição de certo e errado que aprendemos na gramática normativa é transpassado para a oralidade e
camos cada vez mais presos a essas normais, deixando de lado o que a língua realmente é: VIVA! Diante disso,
é evidente que tais preconceitos linguísticos devem ser aniquilados do nosso cotidiano, passando a ser um
exercício diário o aprendizado de que a diversidade linguística existe e precisa ser respeitada.
Leitura complementar
A variação linguística e o preconceito linguístico no âmbito escolar
Samuel Santos
O trabalho com o ato comunicativo e, sobretudo, com variantes e variáveis na perspectiva da sociolinguística
busca amenizar essa problemática, que, intoleravelmente, está embutida na esfera social, uma vez que a
hegemonia da norma gramatical atrelada ao certo e errado é uma das grandes responsáveis por esse problema
social. Assim, a rma Bagno (1999):
O preconceito linguístico está ligado, em boa medida à confusão que foi criada, no curso de
história, entre língua e gramática normativa. Nossa tarefa mais urgente é desfazer essa confusão.
Uma receita de bolo não é um bolo, o molde de um vestido não é um vestido, um mapa-múndi não
é o mundo...Também a gramática não é a língua. A língua é um enorme iceberg utuando no mar
do tempo, e a gramática normativa é a tentativa de descrever apenas uma parcela mais visível dele,
a chamada norma Culta. Essa descrição, é claro, tem seu valor e seus méritos , mas é parcial( no
sentido literal e gurado do termo) e não pode ser autoritariamente aplicada a todo resto da língua
– a nal, a ponta do iceberg que emerge representa apenas um quinto de do seu volume total. Mas
é essa aplicação autoritária, intolerante e repressiva que impera na ideologia gerada pelo
preconceito linguístico. (BAGNO, 1999, p. 9-10).
Notoriamente, a tônica do preconceito linguístico está alicerçada nas entranhas da gramática normativa, logo,
a ciência linguística busca uma diminuição nessa problemática, mas é perceptível grande resistência por parte
dos pro ssionais de língua portuguesa, que encaram a normatividade gramatical como a perfeição da
linguagem. Com esse fato, se concretiza o desmerecimento da diversidade linguística, que é plural na esfera
brasileira.
Disponível em:
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Unidade 4
Princípios de análise
linguística
AUTORIA
Lucimari de Campos Monteiro
Introdução
Prezado(a) aluno(a), nesta unidade vamos conhecer algumas características das
regras das línguas e como analisar linguisticamente alguns termos. Os aspectos
formais e de conteúdo da língua analisados sob a perspectiva sintática e semântica
também são relevantes para uma boa análise de conteúdo.
Outro fator importante, é que nessa unidade veremos com mais detalhes as
características da Linguística Descritiva e como ela se opõe à gramática normativa,
mostrando que não há certo e errado nas construções comunicativas.
AUTORIA
Lucimari de Campos Monteiro
Vimos até agora os conceitos e características da linguística enquanto ciência e de
como ela pode ser entendida sob vários pontos de análise e estudo da língua. Nesta
unidade vamos nalizar o assunto de forma mais prática, apontando alguns
conceitos, mas evidenciando também exemplos para que seja possível identi car a
maneira de se fazer uma análise linguística.
Linguística Geral: Como o próprio nome diz, é a área que estabelece os conceitos
gerais dessa ciência, ela estuda de maneira global as análises e foca nos primeiros
conceitos da temática. Como não poderia deixar de ser, Ferdinand de Saussure é o
principal nome da linguística geral e os conceitos que temos dela vieram dele a
partir da obra Curso de Linguística Geral”. Nesse livro Saussure nos traz os conceitos
de: língua, fala, signo linguístico, signi cante, signi cado, sintagma, sincronia e
diacronia. Essa é a base de todo o conhecimento que temos sobre a ciência.
Linguística Aplicada: Aqui nessa categoria da linguística ela se preocupa mais com
as traduções dos textos e com os problemas que possam surgir no que diz respeito
ao ensino de línguas de modo geral.
Linguística Textual: Como o próprio nome sugere, ela contempla as análises dos
textos com o foco no processo comunicativo que há entre o escritor e o leitor do
texto. Aqui nesse tipo de análise linguística é evidenciado aspectos de coesão
textual, como intertextualidade, contexto e informações.
Língua e signi cação:
Aspectos formais e de
conteúdo (sintaxe e
semântica)
AUTORIA
Lucimari de Campos Monteiro
Quando passamos a estudar a língua em seus vários aspectos tomamos
conhecimento das várias formas que esta pode se apresentar, ou até mesmo ser
analisada. Vamos entender aqui como essa divisão do estudo da língua acontece:
Fonte: a autora
Análise linguística e suas
ferramentas de análise na
linguística descritiva
AUTORIA
Lucimari de Campos Monteiro
A gramática descritiva é diferente da que conhecemos da gramática normativa por
se preocupar mais com questões de interpretação do que com regras e normas e o
que é “certo e errado”.
1) Posição linear: é a posição que uma unidade ocupa dentro de uma frase em
relação às outras unidades.
Exemplo:
João entregou o relatório atrasado para seu chefe.
João entregou o relatório para seu chefe atrasado .
Essa mudança de posição traz também mudança de sentido, e é isso que a posição
linear estuda.
A evidência dada na palavra “hoje” faz dele o tópico principal e destacado, ou seja,
ele está topicalizado, evidenciado, e sempre haverá um motivo para essa ênfase. Na
prática, a GD (gramática descritiva) analisa de forma mais abrangente os elementos
da mensagem. Veja:
Quadro 2: exemplo de análise descritiva
Fonte: a autora
AUTORIA
Lucimari de Campos Monteiro
Para a linguística a de nição de alguns conceitos são extremamente importantes
para que seja possível fazer uma análise mais detalhada, portanto temos:
Fonológico: sons
Sintático: combinação
Lexema: unidade mínima de natureza não gramatical, ou seja, são palavras que
recebem su xos exivos e pertencem à mesma classe gramatical. Exemplo:
Cantor, Cantora, Cantores, Cantoras fazem parte do mesmo lexema, pois são de
mesma classe (verbos) e se diferem apenas por su xos
* Nome (N);
* Pronome (pro);
* Determinante (Det);
* Modi cador nominal (MOD)
* Oração (O)
SN SV
Det N MOD V
SA
Adj.
O sistema arbóreo, como cou conhecido, é utilizado para uma análise mais
profunda das frases e orações. Ele determina de forma mais detalhada a
classi cação de cada um dos elementos dispostos nos termos.
Funções e categorias
gramaticais: a importância
do processo de
classi cação
AUTORIA
Lucimari de Campos Monteiro
Sabe-se que a Gramática normativa segue as regras da NGB - Nomenclatura
Gramatical Brasileira – de nindo as classes gramaticais em 10 partes. Sendo:
1. Substantivo
2. Verbo
3. Adjetivo
4. Pronome
5. Artigo
6. Numeral
1. Preposição
2. Conjunção
3. Interjeição
4. Advérbio
Se o vocábulo apresenta forma, função e sentido, é lógico que os critérios mór cos,
sintáticos e semânticos se con itam nessa tentativa de classi cação. Contudo, não
se pode confundir classe com função, como é o caso da NGB. O nome, o pronome e
o verbo são classes. O substantivo, adjetivo e advérbio são funções. As classes são
estudadas na morfologia. As funções são estudadas na sintaxe. A diferença entre
classe e função, linguisticamente falando, é que a “classe” é identi cada por critérios
mór cos e semânticos; a “função” possui natureza estritamente sintática e varia de
acordo com o contexto. (SANTOS, 2018, online).
Logo, o que chamamos de nome não se trata apenas do substantivo, mas também
das funções básicas como o adjetivo ou o advérbio, e além dessa divisão, toda
palavra será:
Figuras de palavras
Zeugma: uma palavra que foi omitida para evitar a repetição. Eu adoro calor, e
você frio.
Polissíndeto: repetição intencional de um conectivo: Eu amo ler, e escrever, e
cantar, e correr.
Anáfora: repetição intencional de uma palavra ou termo no início da frase:
Todos os dias ela vai ao mercado, todos os dias ela sai com seu cachorro, todos
os dias ela tenta viver um novo dia.
Pleonasmo: emprego redundante das palavras: Cheguei em casa e havia uma
surpresa inesperada.
Figuras de Pensamento
AUTORIA
Lucimari de Campos Monteiro
Quando estudamos os termos essenciais da oração na sintaxe, o primeiro conceito
que nos vem à mente é o Sujeito e Predicado. Eles podem se dividir:
Sujeito:
Predicados:
ACESSAR
REFLITA
"A linguagem é um sistema de sinais que expressam ideias."
(Ferdinand de Saussure)
Conclusão - Unidade 4
Nesta unidade pudemos conhecer um pouco mais sobre as características das regras
das línguas e como analisar linguisticamente alguns termos. Vimos ainda os aspectos
formais e de conteúdo da língua analisados sob a perspectiva sintática e semântica.
Foi possível também identi car as características da Linguística Descritiva e como ela
se opõe à gramática normativa, mostrando que não há certo e errado nas
construções comunicativas.
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Considerações Finais
Prezado(a) aluno(a),
Os conceitos estabelecidos por ele foram essenciais para que se pudesse estudam a
língua sob uma perspectiva mais profunda e não apenas baseada na escrita e em
todo o formalismo que até então havia estabelecido.
Fato é que Saussure deixou um importante legado conceitual para que os estudos
fossem ainda mais aprimorados nos anos e décadas posteriores.
A linguística é uma ciência viva que estuda a língua em suas mais variadas
vertentes, e mesmo que haja descobertas recentes e maneiras distintas de aplicá-la,
ca evidente que não há uma norma fechada e uma verdade absoluta quando se
trata do estudo de algo que é social.
Espero que as dúvidas tenham sido sanadas e que todas as informações tenham
chegado até você de maneira didática e possível de compreensão.
A partir de agora acreditamos que você já está preparado para seguir em frente e
aplicar a gramática de forma e ciente e real, que é o que podemos chamar de
semantização da gramática na prática.