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Centro de Ciências Biológicas

Dept. de Psicologia e Psicanálise


Psicologia UEL • 4°ano • turma 1000 (segunda de manhã)
Disciplina: 6PEP073 - Clínica Psicanalítica I
Docente: Daniel Maireno
Discentes: Ana Beatriz Ferneda, Ana Paula O. Pascuim; André L. R. Del Pintor; Daiana S.
Santos

Estudo dirigido IV
Texto: FREUD, S. (1913). Sobre o início do tratamento.

1. Quais são as funções das sessões iniciais no tratamento psicanalítico?


R: De acordo com Freud, uma de suas indicações para o início da terapia, se relaciona com
aceitar ou não o paciente para análise, o autor recomenda que para pacientes novos, deve
aceitá-lo de início provisoriamente por algumas sessões iniciais e após esse curto período
decidir-se pela continuidade ou não do tratamento. Essas sessões iniciais teriam como função
para Freud, a possibilidade de conhecer o paciente e decidir se ele é apropriado para análise,
tanto em relação ao que o paciente espera conseguir com ela, quanto sobre o tratamento que o
analista pode ofertar, tendo esse “período de prova” evita-se uma frustração maior ao
paciente de uma cura fracassada.
Outra função seria de diagnóstico diferencial, uma diferenciação se os sintomas do paciente
se relacionam com uma neurose ou a uma parafrenia, já que a clínica descrita por Freud, em
sua concepção, seria possível apenas para neuróticos. Com essa precaução, seria possível,
pelo menos em boa parte dos casos, o analista identificar traços de uma parafrenia, mesmo
que em seu estágio inicial, e assim decidir-se por não prosseguir com a tentativa de
tratamento.

2. O que Freud tem a dizer sobre a dimensão temporal em sua relação com o tratamento
psicanalítico?
R: Inicialmente, Freud discorre sobre o tempo dedicado para paciente em seu dia. Ele
restringe esse período para uma hora fixa, em que o paciente é responsável por ela toda,
utilizando-a ou não. O autor também enfatiza a rigidez dessa hora, não deixando espaço para
flexibilizações. Caso o paciente tenha imprevistos ou outros problemas de saúde, o
tratamento pode ser interrompido e retomado quando se sentir melhor. Além disso, as sessões
são feitas diariamente, com exceção do domingo. Freud afirma que as interrupções, mesmo
que breves, atrapalham o tratamento. Para pacientes mais leves ou que possuem um
tratamento já avançado, três horas por semana são suficientes.
Outro ponto importante levantado por Freud refere-se à duração do tratamento. O autor
afirma que a psicanálise requer longos períodos de tempo, semestres ou até mesmo anos,
tempo que é mais do que o paciente espera. Isso se deve graças a natureza imprevisível das
mudanças psíquicas, ou seja, a "atemporalidade" dos processos inconscientes. Freud sugere
revelar essas informações para o paciente, deixando-as muito explicadas para que não haja
reclamações posteriores sobre a duração do tratamento. Ele afirma, também, que não impede
o paciente de desistir do tratamento, mas que a pessoa deve estar ciente de que a interrupção
antecipada do tratamento pode trazer consequências insatisfatórias. Por fim, ele afirma que os
pacientes mais bem-vindos são aqueles que possuem saúde plena e tem em disposição todo o
tempo que for necessário para o tratamento.

3. Aponte e discuta a função clínica do pagamento de honorários, segundo Freud.


R: Freud não contesta que o dinheiro, em primeiro lugar, deve ser visto como
autopreservação e obtenção de poder. No entanto, não podemos esquecer dos fatores sexuais
que estão envolvidos na apreciação deste viabilizador da vida em um economia capitalista. O
dinheiro, assim como as questões sexuais, são tratadas por nós de forma hipócrita e com um
falso pudor. Uma vez que o analista pretende educar o paciente, cabe a este personagem,
tratar assuntos relacionados ao dinheiro de forma franca, visando a mesma naturalidade que
se pretende educar, sobre as questões sexuais, o doente. Dessa forma, a função clínica do
dinheiro seria de viabilizar o processo terapêutico, que exige uma reserva temporal e,
também, de educar o paciente. Freud nos adverte que a ausência do regulador - dinheiro - faz
a relação médico/paciente se afastar do mundo real, podendo aumentar algumas resistências
do neurótico, além de retirar deste “um bom motivo para se empenhar pelo fim do
tratamento.”

4. Ainda segundo Freud, qual a importância e principal justificativa para o uso do divã no
tratamento psicanalítico?
R: Com Freud, o uso do divã têm um motivo histórico, por ser um resquício da hipnose. Ele
costumava sugerir que o paciente se deitasse no divã e, então, se sentava logo atrás, fora da
vista do analisando. O primeiro motivo é: Freud não suportava ser encarado fixamente por
horas e horas ao longo do dia, motivo que, contudo, não esgota as justificativas para o uso do
mobiliário. Ao não poder ver o analista, o analisando estaria impossibilitado de ver as
expressões faciais de Freud, não podendo, assim, reagir a estas expressões. Quando escutava
o paciente, Freud também se entregava a seu próprio “curso de pensamentos inconscientes”
(Freud, 1913, p. 134), e não queria que suas expressões influenciassem a associação livre do
paciente. Mais que um motivo histórico ou pessoal, não transformar a transferência em
resistência era a principal justificativa para o uso do divã.

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