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Estudo dirigido IV
Texto: FREUD, S. (1913). Sobre o início do tratamento.
2. O que Freud tem a dizer sobre a dimensão temporal em sua relação com o tratamento
psicanalítico?
R: Inicialmente, Freud discorre sobre o tempo dedicado para paciente em seu dia. Ele
restringe esse período para uma hora fixa, em que o paciente é responsável por ela toda,
utilizando-a ou não. O autor também enfatiza a rigidez dessa hora, não deixando espaço para
flexibilizações. Caso o paciente tenha imprevistos ou outros problemas de saúde, o
tratamento pode ser interrompido e retomado quando se sentir melhor. Além disso, as sessões
são feitas diariamente, com exceção do domingo. Freud afirma que as interrupções, mesmo
que breves, atrapalham o tratamento. Para pacientes mais leves ou que possuem um
tratamento já avançado, três horas por semana são suficientes.
Outro ponto importante levantado por Freud refere-se à duração do tratamento. O autor
afirma que a psicanálise requer longos períodos de tempo, semestres ou até mesmo anos,
tempo que é mais do que o paciente espera. Isso se deve graças a natureza imprevisível das
mudanças psíquicas, ou seja, a "atemporalidade" dos processos inconscientes. Freud sugere
revelar essas informações para o paciente, deixando-as muito explicadas para que não haja
reclamações posteriores sobre a duração do tratamento. Ele afirma, também, que não impede
o paciente de desistir do tratamento, mas que a pessoa deve estar ciente de que a interrupção
antecipada do tratamento pode trazer consequências insatisfatórias. Por fim, ele afirma que os
pacientes mais bem-vindos são aqueles que possuem saúde plena e tem em disposição todo o
tempo que for necessário para o tratamento.
4. Ainda segundo Freud, qual a importância e principal justificativa para o uso do divã no
tratamento psicanalítico?
R: Com Freud, o uso do divã têm um motivo histórico, por ser um resquício da hipnose. Ele
costumava sugerir que o paciente se deitasse no divã e, então, se sentava logo atrás, fora da
vista do analisando. O primeiro motivo é: Freud não suportava ser encarado fixamente por
horas e horas ao longo do dia, motivo que, contudo, não esgota as justificativas para o uso do
mobiliário. Ao não poder ver o analista, o analisando estaria impossibilitado de ver as
expressões faciais de Freud, não podendo, assim, reagir a estas expressões. Quando escutava
o paciente, Freud também se entregava a seu próprio “curso de pensamentos inconscientes”
(Freud, 1913, p. 134), e não queria que suas expressões influenciassem a associação livre do
paciente. Mais que um motivo histórico ou pessoal, não transformar a transferência em
resistência era a principal justificativa para o uso do divã.