REFERÊNCIA: O Setting: A Criação de um Novo Espaço- cap. 5
ZIMERMAN, D. E. Manual de Técnica Psicanalítica: uma re-visão. Porto Alegre: Artmed, 2004.
RESUMO
Neste capítulo do livro é abordado tudo relacionado ao Setting e suas
funções terapêuticas. Começando pela significação do setting, o que é o Setting? Ele é a criação de um novo espaço, completamente conquistado pelo pacinte, um espaço acolhedor, empático, respeitoso, porém firme. Um espaço que possibilita ao paciente reexperienciar com o analista vivencias antigas, marcantes, experiências emocionais conflituosas e muitas vezes mal compreendidas pela criança que habita o adulto.
Esse Setting, chamado também de enquadre, possuem uma junção de
aspectos que formam sua estrutura para funcionar, nesta estrutura temos as regras, as atitudes tomadas tanto pelo analista como pelo paciente, temos os combinados entre eles e o contrato analítico pré-estabelecido.
O Setting é o mesmo para todos, porém quando se trata de pacientes
muito regressivos, o Setting tende a se adequar a eles, se tornando uma incubadora para aqueles que são prematuros de forma psicológica, oferecendo gratificações básicas, calor, compreensão, amor e paz. O analista se comportara de forma maternal frente a esta demanda, servindo de suplementação de falhas e vazios originais, possibilitando a internalização de uma figura materna faltante.
As regras do setting ajudam a estabelecer limites essenciais entre o "eu"
e os outros. Isso desfaz a indiferenciação e facilita o desenvolvimento das capacidades adultas de diferenciação, separação e individuação. Por isso, uma vez estabelecido, o setting deve ser mantido ao máximo
O enquadre ajuda a desfazer as fantasias do paciente de se igualar ao
analista em questões de valores, funções e capacidades, por isso as regras são necessárias para definir as noções de limites, lugares e diferenças entre eles. Outro ponto importante é a questão da rigidez e permissividade na relação do analista com o paciente. O analista deve equilibrar e fazer manutenção das condições combinadas dentro dos limites dos dois.
Quanto as frustrações durante o Setting, são algo inevitável, um bom
analista frustra adequadamente quando necessário e sabe colocar limitações, evocando o lado adulto. Ao evitar essas frustrações e mudanças no Setting se assemelha a uma conduta sedutora a serviço de seu narcisismo e medo de ser rejeitado pelo paciente.
A expressão de sentimentos de natureza negativa pelo analisando pode
ser complicada a partir do momento em que o analisando não sabe estabelecer uma diferença entre a agressividade boa e construtiva, que traz garra e ambição e a agressividade destrutiva com predominância de inveja. Isso tudo reflete um possível episódio traumático vivenciado que irá influenciar diversos comportamento mais tarde, que deverão ser ressinificados por meio do trabalho analítico.
É perceptível que todo paciente foi simplesmente um sujeito que passou
a vida toda sendo condicionado a mandamentos e expectativas, ordens e ameaças as quais vieram de forma exterior até ele e foram internalizadas no decorrer do tempo no psiquismo.
Em suma, fica claro que a relação entre analista e paciente é complexa,
e o setting terapêutico oferece um espaço para explorar emoções profundas e transformadoras.