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UNIVERSIDADE TUIUTO DO PARANÁ

Ciências Biológicas e de Saúde


Curso de Psicologia

Professora: Jenifer Cortes Demeterco Geromini


Alunas:
• Claudia Batista
• Marcela Roberta Kohl

Estudo Dirigido – Valor: 3,0


Disciplina: Psicologia Clínica Humanista – 1º Bimestre

Resenha: “Condições encontradas e suficientes para a mudança de


personalidade” - Carl Rogers

O recorte do texto faz parte da Teoria da Personalidade e das Relações


Interpessoais, desenvolvida por Rogers, com o intuito terapêutico na tentativa de
estabelecer em termos formais uma teoria de psicoterapia da personalidade e
das relações interpessoais que pudesse conter os fenômenos de sua própria
experiência, contando também com a experiência de colegas – chegando a
conclusão que não oferece certeza sobre tal, aberto a uma série de hipóteses
podendo se confirmar ou serem refutadas.
Rogers traz a tentativa de explicar a mudança terapêutica ou uma
mudança construtiva de personalidade que por ele, são necessárias condições
existentes e que persistam ao longo de um período, onde é necessário que o
terapeuta e o paciente estejam interligados e que o paciente esteja em um
estado de incongruência que se refere a uma discrepância entre a experiência
real e a imagem do selfie do indivíduo até o ponto em que esta representa aquela
experiência ou num estado de vulnerabilidade ou ansiedade.
Segundo o recorte do livro (1995), são seis condições para que esta
mudança possa ocorrer:
1. Que duas pessoas estejam em contato psicológico;
2. Que a primeira, a quem chamaremos cliente, esteja
num estado de incongruência, estando vulnerável
ou ansiosa;
3. Que a segunda pessoa, a quem chamaremos de
terapeuta, esteja congruente ou integrada na
relação;
4. Que o terapeuta experencie consideração positiva
incondicional pelo cliente;
5. Que o terapeuta experencie uma compreensão
empática do esquema de referência interno do
cliente e se esforce por comunicar esta experiência
ao cliente;
6. Que a comunicação ao cliente da compreensão
empática do terapeuta e da consideração positiva
incondicional seja efetiva, pelo menos num grau
mínimo.

Sobre a relação, é importante o estabelecimento do vínculo/confiança.


Ambos precisam estar integrados, possuindo uma consideração/atenção
positiva e incondicional ao paciente. Aceitando como ele é, em todos seus
aspectos, dificuldades, cristalizações, sentimentos, culpas, negações –
compreendendo que a relação empática é estritamente necessária para haver
uma comunicação sobre as referências internas do esquema, de uma forma mais
objetiva sobre os seus aspectos, conscientes e presentes de fato na relação de
cliente e terapeuta.
Sobre o estado do cliente, segundo Rogers (1995), é necessário que o
cliente esteja em um estado de incongruência, estando vulnerável ou ansioso –
sendo assim discrepância (que apresenta discordância/divergência) – entre a
experiência real do organismo e a imagem de self do indivíduo - até o ponto em
que ele simula a experiência – quando apresenta um problema/conflito diante de
uma situação, sendo assim a causa e o efeito e como mediar isso.
Sobre o terapeuta na relação com o cliente, é quando o terapeuta é
apenas ele mesmo, sem máscaras, a partir de uma escuta atenta, foco no que
faz e como faz – pautado sempre na teoria. Temos sentimentos, mas eles não
devem ser mais altos do que a fala do cliente – nossas experiências também são
importantes mais o foco é o cliente.
O texto traz o termo Consideração Positiva Incondicional, que é a
aceitação incondicional entre terapeuta e cliente – a aceitação é incondicional,
ela não leva em conta se a pessoa tem apenas “coisas boas” ou só tem “coisas
ruins” – é ouvir de fato, entender e acolher, se colocar no lugar do outro –
cuidando com as projeções e introjeções.
Se fala tanto sobre empatia e na verdade nem se quer muitos de nós, no
curso de psicologia sabemos o que é de fato, até porque o que sempre
pensamos quando ouvimos a palavra empatia é se colocar no lugar do outro.
Mas se colocar no lugar do outro é uma coisa irreal, não dá para se colocar no
lugar do outro e sentir o que ele está sentindo de fato - seja bom ou ruim. O
correto é “como se” tivesse sido/acontecido comigo, “como se” se fosse comigo
– Jamais seremos capazes de sentir o que o outro sente, então se engana muito
quem diz: “Eu sei o que você está passando! Aconteceu igualzinho comigo!” –
Não, não aconteceu igualzinho com você, pode ter acontecido algo semelhante,
mas as pessoas são diferentes, os contextos, épocas – totalmente diferentes.
Você/o terapeuta pode ter tido uma situação muito semelhante, mas a maneira
como ele lidou ou lida, é totalmente diferente, suas experiências são suas – a do
cliente, é dele; sua história de vida e experiências são necessárias e
importantíssimas, mas elas são suas – não se confunda e sua régua não pode
medir o outro.
Ouvi uma frase do Mário Sergio Cortella, em um vídeo, um tempo atrás e
não me recordo se é dele, ou se ele parafraseou alguém, mas é sobre você ver
as coisas sobre os seus olhos e não pelos olhos dos outros. Volto a falar
novamente, precisamos das nossas experiências sim, elas são a base para o
nosso trabalho. Acredito que podemos saber a teoria e até usá-la como se fosse
uma receita de bolo, falando bem grosseiramente, pois todas as teorias têm
fundamentos, você acreditando ou não sobre, mas o fato é que, não podemos
ver só com os nossos olhos, mas também não podemos ver só com os olhos do
paciente/cliente. Sentiremos a raiva que ele está sentindo, mas levaremos em
conta todo o contexto que talvez ele não esteja vendo/percebendo e temos que
de fato estarmos atentos se realmente o que temos de teoria e experiência é
suficiente para uma intervenção – é normal julgarmos e sentirmos raiva ao ver
uma criança aos berros no meio do mercado ou do shopping... olhar a mãe e a
mesma está parada olhando para a birra do filho sem fazer nada – Mas você não
é mãe, não tem ideia do que é passar pela fase da birra, que todos os pais
passam e você não vais ser o ser supremo que faria diferente ao ponto daquilo
não acontecer e ainda soltar a frase que sempre ouvimos por aí: “Ahh, mas se
fosse comigo!” – mas não é com você! Não sabe por que a mãe está parada
apenas olhando. – Sofrimento ou qualquer sentimento não pode ser medido,
ainda mais pela sua régua, compreender é uma coisa, medir e achar que sabe
como é, é outra.
Devemos também ter discernimento do que somos capazes ou não de
trabalhar, que talvez nossa teoria não seja suficiente para aquela situação. Em
algumas situações pode-lhe faltar teoria ou experiência de trabalho ou ainda de
vida e aí cabe o encaminhamento do paciente, devemos ter condições, clareza
e humildade de vermos que somos falhos e independente da abordagem nem
sempre poderemos trabalhar. Para o bem do paciente e seu/terapêuta, as vezes
é melhor o encaminhamento – não queira por exemplo ajudar uma pessoa com
um luto semelhante ao seu, se você mesmo se esquivou e não foi capaz de lidar
com a sua perda ou trabalhar com crianças se você não passou pela experiência
de ser mãe/pai – será que o atendimento terapêutico seria eficiente ou
deficitário?
De tudo que li sobre o texto e o que penso que adquiri de conhecimento
até o momento, acredito que esses trechos são incríveis e fazem total sentido –
independente da abordagem. Se não houver a conexão, do vínculo, não há nada
– não haverá mudanças, se não houver confiança, se o terapeuta não demostrar
interesse ou estar com atento a escuta – com uma escuta atenta, se não tiver
base teórica e vivências, se não tiver empatia – “como se” fosse com ele, sem
aceitação e sem julgamentos, simplesmente não haverá mudança terapêutica
ou mudança construtiva da personalidade – lembre-se sempre que é um outro
ser humano na sua frente, é uma pessoa que necessita ser ouvida e acolhida,
sem isso, nem pense em teoria/abordagem.

Referências
Rogers, C. (1995). As condições necessárias e suficientes para a mudança de
personalidade. Em JK Wood, Abordagem centrada na pessoa. Vitória: UFES.
(págs. 157-179)

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