Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
1
Vale destacar que aquele que deseja ajudar o outro precisa passar pelo
processo de autoaceitação, pois somente desta maneira e vai aceitar o outro,
Rogers traz nesse livro uma pesquisa que diz que quando a aceitação do terapeuta
entende mesmo que ligeiramente para o menor grau de aceitação o outro fica mais
na defensiva dificultando todo o processo de relação de ajuda.
Mas o que é esse processo de tornar-se pessoa? Uma vez que o terapeuta
consegue estabelecer segurança, empatia, tranquilidade e confiança na relação
terapêutica, o indivíduo passa a sair da defensiva e ter consciência daquilo que ele
está vivenciando e não simplesmente daquilo que ele se permite experimentar após
ter passado por um filtro conceitual.
Nesse sentido a pessoa pela primeira vez torna-se o que é. Que é o que os
clientes costumam relatar durante esse processo de relação de ajuda, pois
consegue ser o que é, expressar seu sentimento, sem ter que sempre passar por um
certo filtro, sem ter que a todo momento se preocupar com que o outro vai dizer ou
pensar, sem a preocupação de que vai perder o controle, pois a partir do momento
que ele pode ser quem ele é, não significa que vai simplesmente fazer o que bem
entender, e sim que agora ele tem o controle e se antes ele priorizava os outros,
agora ele se prioriza e para para refletir se aquela atitude vai facilitar ou prejudicar
ele como pessoa, cidadão, aprende a ser capaz de limpar o campo para alcançar
seus objetivos e assim por diante.
Compreendi os pensamentos de Rogers da seguinte maneira: que para que
uma relação de ajuda seja eficaz precisa que o terapeuta consiga estabelecer nessa
relação uma confiança, segurança, tranquilidade para o outro, que o terapeuta esteja
disposto a sair um pouco de seu conhecimento e suas técnicas e compreenda o que
o outro traz, não ficar naquela de comandar e ditando o que ele deve ou não fazer, e
sim compreender, respeitar o tempo, o momento, a história que o outro trás para ele,
pois só assim o cliente vai conseguir sair da defensiva e tornar-se o que realmente
é, mas para que o cliente consiga falar de seus sentimentos mais íntimos e mais
verdadeiros ele precisa sentir que o terapeuta está sendo verdadeiro com ele, pois
conforme Rogers, 1997 p.19): “Nas minhas relações com as pessoas descobri que
não ajuda, a longo prazo, agir como se eu fosse alguma coisa que não sou.”
Nesta frase Rogers nos faz compreender a necessidade da autenticidade do
terapeuta, e que somente desta maneira o cliente conseguirá definitivamente tirar
2
suas máscaras e aceitar seus receios, seus medos, suas inseguranças, suas falhas,
seus sentimentos.
Rogers diz ter aprendido na prática com seus clientes que não podemos
mudar, não podemos nos afastarmos de quem somos, se não aceitarmos
profundamente quem somos, não seremos capazes de exercer o controle sobre
nossas vidas. Com afirmações tão relevantes não é de se estranhar que se
levantasse a seguinte questão: quem vai controlar o mundo se cada um fizer o
quiser? E Rogers responde: Na terapia o indivíduo se torna verdadeiramente um
organismo humano com todas as riquezas que isso implica, ele é realmente capaz
de controlar a si próprio, e estar incorrigivelmente socializado nos seus desejos e
isso não é a besta do homem, apenas o homem é o homem e foi isso que
conseguimos libertar. Dessa maneira o terapeuta precisa compreender que para que
esse processo funcione é necessário uma disposição por parte dele, que não entre
nessa relação focado em um diagnóstico e sim em desenvolver um olhar mais amplo
para o sujeito, pois como disse Rogers, enquanto eu olhar para o cliente como um
objeto, ele tenderá a tornar-se um objeto.
Acredito que o Livro Tornar-se pessoa é de leitura obrigatória e indispensável
ao curso de psicologia, visto que o livro nos traz a partir dos relatos de Carl Rogers
um atendimento psicológico na abordagem humanista centrada na pessoa, onde o
cliente é o precursor de sua própria mudança e o terapeuta apenas o guia nesse
processo de Tornar-se pessoa.