Você está na página 1de 15

1 PSICOLOGIA E PASTORAL

UNIDADE III:

"Se eu deixar de interferir nas pessoas, elas se encarregam de si mesmas.


Se eu deixar de comandar as pessoas, elas se comportam por si mesmas.
Se eu deixar de pregar as pessoas, elas se aperfeiçoam por si mesmas.
Se eu deixar de me impor as pessoas, elas se tornam elas mesmas"
LAO-TSÉ
(Citação de Carl Rogers resumindo o princípio da Abordagem Centrada na Pessoa)

ABORDAGEM CENTRADA NA PESSOA

A Abordagem Centrada na Pessoa é uma abordagem psicológica criada pelo


psicólogo norte-americano Carl Rogers a partir de suas próprias experiências pessoais
e profissionais indo além da psicoterapia, podendo ser utilizada em várias outras
áreas de ajuda.

É uma abordagem que se diferencia das outras, sobretudo por não haver técnica.
Para a abordagem a melhor maneira de se ajudar alguém é acreditar na pessoa e em
sua possibilidade de pensar, sentir, buscar e direcionar sua própria necessidade de
mudança. É a partir daí, dessa crença na pessoa, da sua capacidade em se auto dirigir,
que a A.C.P. busca tentar facilitar à pessoa condições ideais, para que esta tenha
maior oportunidade de entrar em contato consigo mesma.

Para isso o papel do psicoterapeuta (educador, etc...) é o de facilitar através de


alguns pressupostos básicos no intuito de colaborar para que a pessoa possa buscar
em si própria a sua direção.

Ser aquilo que se é, é o que a Abordagem Centrada na Pessoa procura ajudar o


outro a ser, pois aceitando-se a pessoa cria em si condições para repensar e
caminhar em direção ao seu crescimento.

Segundo a Abordagem Centrada na Pessoa, não basta o facilitador assumir


determinadas posturas e aplicá-la como técnica, um facilitador centrado na pessoa
_____________________________________________________________________________
FAJOPA - Faculdade João Paulo II, 41TD7-TDFI 06 – PSICOLOGIA E PASTORAL,
direitos autorais: Me. Pe. Reginaldo Marcolino / SP, 2º semestre de 2017.
2 PSICOLOGIA E PASTORAL

deve acima de tudo crer em seus pressupostos, e ter um jeito de ser que combine com
ele, caso contrário, aplicando o princípio centrado na pessoa como técnica estará
apenas sendo um técnico e ferindo o que a Abordagem Centrada na Pessoa julga
imprescindível em uma relação de ajuda.

Para que esta ajuda seja possível, existe uma crença em alguns pressupostos
básicos para facilitar a relação. São eles:

Tendência de atualização

A Abordagem Centrada na Pessoa crê, que o ser humano possui uma


capacidade inata que lhe impulsiona para a freqüente tentativa de progredir, ou seja,
que dentro de si, a pessoa possui os mecanismos necessários para lidar consigo e com
o outro.

Apesar das diferenças, de cada pessoa ser única, todos no seu íntimo possuem
necessidades semelhantes, que em função de aspectos sociais e aprendidos, como
maneira de se proteger ou ser aceito, a pessoa sem perceber vai ao longo do tempo
abrindo mão dos seus valores, maneira de ser e sentimentos naturais passando a viver
em função de um padrão pré estabelecido. A partir daí tende a achar que aquilo que
vem de fora é verdade e que o que sente quando diferente do pré estabelecido é ruim,
é feio e que portanto deve ser eliminado ou camuflado dentro de si.

Nesse sentido a pessoa perde o seu “eu” como referencia distanciando-se de si,
muitas vezes fazendo coisas socialmente aceitas, mas no fundo ruins para si, ou
coisas socialmente ruins, que terminam sendo ruins também para si, mas que fazem
parte de sua fachada.

A tendência atualizante nada mais é do que a crença de que se o outro tiver


condições favoráveis, ele se direcionará de modo a suprir as suas necessidades e terá
seus sentimentos muito mais claros em si. A partir daí, poderá aceitar e respeitá-los
como legítimos e em conseqüência respeitar também o outro em sua individualidade.

_____________________________________________________________________________
FAJOPA - Faculdade João Paulo II, 41TD7-TDFI 06 – PSICOLOGIA E PASTORAL,
direitos autorais: Me. Pe. Reginaldo Marcolino / SP, 2º semestre de 2017.
3 PSICOLOGIA E PASTORAL

Crendo na tendência atualizante, que mesmo tornando-se diferente, o outro tem


o direito de ser o que é, a Abordagem Centrada na Pessoa entende que a melhor
maneira de ajudá-lo é proporcionar condições ideais para essa transformação.

Essas condições são:

1 – Empatia

Em primeiro lugar é imprescindível que tanto o facilitador quanto o cliente


sintam-se bem e verdadeiramente disponíveis nessa relação.

Depois, o facilitador deverá ser capaz de se colocar no lugar do outro sempre,


tendo desta forma, provavelmente maior disponibilidade interna em entender o outro,
seus motivos, seus medos e sentimentos e conseqüentemente mais condições de não
julgar ou direcionar a relação de ajuda.

2 – Congruência

Congruência significa autenticidade por parte do facilitador quanto aos seus


sentimentos em relação a pessoa que está sendo ajudada.

Tudo que o facilitador sente em relação a pessoa deve ser dito, com cuidado,
carinho, respeito, mais principalmente com autenticidade.

É direito da pessoa ajudada saber o que o facilitador sente a respeito do que ela
está dizendo.

Para a Abordagem Centrada na Pessoa, é importante que o facilitador diga o que


sente, mais é claro que dizer como sua verdade, e não como verdade absoluta ou uma
verdade inconsciente do outro.

Numa relação de ajuda onde o facilitador assume os seus sentimentos como


seus, além de dar ao outro o direito de pensar a respeito, a tendência é que o outro
assuma os seus sentimentos também, livre de ameaças, apoiado na aceitação, na
autenticidade e no acolhimento.

_____________________________________________________________________________
FAJOPA - Faculdade João Paulo II, 41TD7-TDFI 06 – PSICOLOGIA E PASTORAL,
direitos autorais: Me. Pe. Reginaldo Marcolino / SP, 2º semestre de 2017.
4 PSICOLOGIA E PASTORAL

3 – Aceitação Incondicional Positiva

É a capacidade do facilitador em aceitar o outro sempre de maneira positiva,


sempre entendendo que o outro a sua maneira está no fundo procurando se sentir bem
e se encontrar.

Se o facilitador acredita e tem claro dentro de si a tendência atualizante, fica


mais fácil aceitar o outro, mesmo que não entendendo ou não concordando. Aceitar
não significa concordar.

O facilitador pode aceitar em si seus sentimentos, seus limites e abrir mão de


ajudar determinada pessoa, assumindo para o outro a própria limitação, falando e
ouvindo, caso não consiga de fato aceitar o outro.

Em um ambiente onde a pessoa sinta-se verdadeiramente aceita e acolhida, livre


de ameaças, ela tende a ser ela mesma e a entrar em contato consigo própria para
buscar aquilo que julga importante para o seu crescimento pessoal.

Psicoterapeuta centrado na pessoa

Assim como tudo na Abordagem Centrada na Pessoa, é valorizada além da


aceitação e do acolhimento a autenticidade, ou seja, ou o psicoterapeuta dentro da sua
autenticidade partilha dos princípios centrados na pessoa, ou não.

Não existe meio termo.

Isso não significa que um psicoterapeuta centrado na pessoa deverá proceder


como Rogers procedia, a Abordagem Centrada na Pessoa tem uma proposta de ajuda
onde, desde que em sua maneira de ser o psicoterapeuta preserve a empatia, a
congruência, a aceitação incondicional, creia na tendência atualizante, rejeite a
diretividade, a interpretação, o condicionamento, ele estará exercendo ajuda ao
cliente de maneira centrada na pessoa, é claro que um psicoterapeuta deve sobretudo
estudar, conhecer e se aprofundar dentro da abordagem escolhida.

Para a Abordagem Centrada na Pessoa, o conhecimento do psicoterapeuta tem


importância, mas a sabedoria tem um peso especial na relação de ajuda. Isso significa
_____________________________________________________________________________
FAJOPA - Faculdade João Paulo II, 41TD7-TDFI 06 – PSICOLOGIA E PASTORAL,
direitos autorais: Me. Pe. Reginaldo Marcolino / SP, 2º semestre de 2017.
5 PSICOLOGIA E PASTORAL

que, muitas vezes o psicoterapeuta através de seu conhecimento cria uma barreira
entre si e o cliente, perde a disponibilidade verdadeira em ouvir o outro desprovido de
técnica, abrindo mão de sua intuição, percepção, do não julgamento, do acolhimento,
preceitos imprescindíveis para a A.C.P.

Ou seja, para a Abordagem Centrada na Pessoa ou o psicoterapeuta acredita nos


pressupostos, e é centrado na pessoa, ou não, não dá para representar ou ocupar os
conceitos como técnica. Em sendo, respeitando o princípio da Abordagem Centrada
na Pessoa o psicoterapeuta, acolhendo seu jeito de ser, irá atender não como Rogers,
mas sim a sua própria maneira, a partir das propostas de Rogers.

Áreas de Atuação da Abordagem Centrada na Pessoa

A partir dos princípios da Abordagem Centrada na Pessoa, existem diversos


campos de atuação para o profissional que possui esta abordagem como referência.
Em psicoterapia: ( individual, grupo, casal, familiar, ludoterapia, breve, plantão
psicológico, aconselhamento psicológico). No hospital, na educação e na empresa.

A Abordagem Centrada na Pessoa é ainda utilizada em diversas áreas de


relacionamento interpessoal de maneira formal ou informal nos mais variados grupos
sociais, buscando colaborar para o crescimento pessoal e nas relações humanas,
sempre através da aceitação, acolhimento, não direcionamento e ética (entendendo
esta como algo muito além das normas pré estabelecidas, mas sim como um respeito
profundo de todos os direitos da pessoa).

Texto de: Marcos Alberto da Silva Pinto-CRP 06/33896-4

_____________________________________________________________________________
FAJOPA - Faculdade João Paulo II, 41TD7-TDFI 06 – PSICOLOGIA E PASTORAL,
direitos autorais: Me. Pe. Reginaldo Marcolino / SP, 2º semestre de 2017.
6 PSICOLOGIA E PASTORAL

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

Fadiman, James & Frager, Robert (1986). Teorias da Personalidade. São Paulo:
Harbra.

Rosenberg, Rachel L. (1988). Aconselhamento Psicológico Centrado na Pessoa.


São Paulo: E.P.U.

Rogers, Carl R. (1997). Psicoterapia e Consulta Psicológica. São Paulo: Martins


Fontes.

Rogers, Carl R. (1992). Terapia Centrada no Cliente. São Paulo: Martins Fontes.

Rogers, Carl R. & Wood, John K. (1978). Teoria Centrada no Cliente: Carl
Rogers. Em A. Burton (Org.), Teorias Operacionais da Personalidade. Rio de Janeiro:
Imago.

CAPÍTULO I As Crenças Irracionais segundo Albert Ellis e como superá-las

Albert Ellis é um famoso psicólogo e psicoterapeuta, dissidente de Freud, que


desenvolveu a Terapia do Comportamento Emotivo Racional (TCER, mais conhecida
pela sigla em inglês REBT – Rational Emotive Behavior Therapy).

Durante trinta anos apresentava conferências sobre suas terapias, e contribuiu em muito
para o desenvolvimento das terapias cognitivas e comportamentais.

Numa época em que os modelos psicanalíticos estavam muito em voga, Ellis ensinava
em Nova York que eles eram uma perda de tempo e era melhor que as pessoas
praticassem os comportamentos de sucesso que desejavam desenvolver, ao invés de se
questionarem por anos a fio do porquê manifestarem comportamentos inadequados.

Também sugeria analisar os comportamentos inadequados e eliciar (descobrir) as


crenças irracionais que servem de base para tais comportamentos. E depois de destacar
_____________________________________________________________________________
FAJOPA - Faculdade João Paulo II, 41TD7-TDFI 06 – PSICOLOGIA E PASTORAL,
direitos autorais: Me. Pe. Reginaldo Marcolino / SP, 2º semestre de 2017.
7 PSICOLOGIA E PASTORAL

as consequências óbvias destes comportamentos, fazer um processo regressivo – isto é,


do fim para o princípio – decidindo quais seriam os comportamentos desejados,
estabelecer que crenças são adequadas para manifestar tais comportamentos e, por fim,
praticar tais comportamentos até que tais crenças se tornassem naturais.

Ele tratava os distúrbios emocionais segundo o modelo ABC:

(A) Antecedentes
(B) Beliefs (Crenças)
(C) Consequências.

A técnica ABC ensina que, através de modelos cognitivos, as pessoas podem se


conscientizar de que é possível superar suas próprias inibições através da detecção do
que chamava de “pensamentos contraproducentes” e das crenças irracionais subjacentes,
opondo a elas uma análise de sua sustentação empírica (baseada em fatos reais) e
também do exercício de pensamentos e crenças mais úteis.

Os textos mais atuais tratam esta técnica como “ABCD”, sendo o (D) Debater, isto é, o
confrontamento das crenças irracionais. Assim fica mais claro que apenas conhecer
cognitivamente as (C) Consequências dos próprios comportamentos disfuncionais e das
crenças irracionais não é suficiente; é necessário praticar comportamentalmente a
mudança, isto é, o (D) Debate, seja no plano da linguagem ou da ação.

Os estudiosos de PNL (Programação Neurolinguística) muito se beneficiariam em


estudar mais as teorias de Albert Ellis. Suas práticas são de fácil aplicação, sem
necessidade de técnicas laboratoriais tão em voga nas terapias comportamentais atuais.
A prática do metamodelo linguístico e do trabalho de modelagem, como também o
trabalho de linguagem da PNL para a mudança de crenças, são muito enriquecidos com
o conhecimento da REBT.

Entre os seus livros disponíveis no Brasil, estão: “Como Conquistar sua Própria
Felicidade”; “Fique Frio: como Manter a Calma em meio a pressões”; “Sexo sem culpa
e sem medo” e “Caminho para a Libertação Feminina”.

_____________________________________________________________________________
FAJOPA - Faculdade João Paulo II, 41TD7-TDFI 06 – PSICOLOGIA E PASTORAL,
direitos autorais: Me. Pe. Reginaldo Marcolino / SP, 2º semestre de 2017.
8 PSICOLOGIA E PASTORAL

Em 1970 Albert Ellis formulou uma lista de onze crenças irracionais, e asseverou
que a oposição a elas produziria um ser humano mais satisfeito, motivado e eficiente.

O texto das crenças do autor está muito empolado para os dias atuais, e em alguns textos
a lista das crenças difere ligeiramente. Já vi esta lista com doze itens.

Fazendo uma compilação de vários textos acabei encontrando treze itens importantes,
ao invés de doze. E por isso aproveito para acrescentar minha contribuição, listando
abaixo a minha interpretação, tanto da forma de listar as crenças irracionais quanto às
sugestões do que considero a melhor abordagem cognitiva para sua confrontação.

Minhas Ressignificações (R):


1 – Extrema necessidade para o adulto ser amado ou aprovado por outra pessoa
significativa.
R – Os outros refletem o amor que sentimos por nós mesmos. Decida o que deseja ser,
fazer e agir no mundo e se sentirá amado pela pessoa que mais importa: você mesmo.

2 – Certas pessoas são más e deveriam ser punidas.


R – Ser mau ou bom é um ponto de vista após o acontecido. O importante é agir de
forma justa no presente, ao invés de analisar o passado.

3 – É horrível e catastrófico quando as coisas não são do jeito que gostaríamos que
fossem.
R – Seria mais horrível se nunca houvesse nada inesperado. O mundo sem novidade é
horroroso.

4 – A felicidade é externamente causada.


R – Felicidade é um hábito interno, isto é, o mundo é um jogo divertido, e não uma luta
feroz.

5 – Devemos ficar preocupados com as coisas que podem ser perigosas ou assustadoras.
R – O sentido do perigo é como a sirene do bombeiro: incômoda, mais muito útil. Mas
quando já apagamos o fogo, não adianta deixar a sirene ligada. Prevenir-se de forma
calma e atenta é muito mais garantido do que se preocupar.

_____________________________________________________________________________
FAJOPA - Faculdade João Paulo II, 41TD7-TDFI 06 – PSICOLOGIA E PASTORAL,
direitos autorais: Me. Pe. Reginaldo Marcolino / SP, 2º semestre de 2017.
9 PSICOLOGIA E PASTORAL

6 – É mais fácil evitar do que enfrentar certas dificuldades ou responsabilidades.


R – Evitar é correr em círculos, sem sair do lugar. Enfrentar é subir uma escada, cada
degrau levando para algo

7 – Precisamos nos apoiar em alguém ou alguma coisa mais forte do que nós próprios.
R – Pense em uma tenda, onde todos os cordéis contrabalançam todos. Quando todos se
sustentam e apóiam uns aos outros; somos em conjunto mais fortes.

8 – Deve-se ser inteiramente competente, adequado e realizador em todos os aspectos


para ter valor.
R – Ser perfeito é muito chato e cansativo. Fazer bem algo é muito mais satisfatório do
que fazer de tudo de forma medíocre.

9 – O passado de alguém é um determinante do seu comportamento para sempre.


R – O passado é história, e o que conta é a interpretação dela no presente. Interprete-a
da forma mais positiva possível e ela lhe servirá para um futuro melhor.

10 – Há uma solução certa, precisa e perfeita para os problemas humanos e precisamos


encontrá-la para controlar a situação.
R – Só há uma solução única para problemas previamente montados com soluções
convergentes, tais como questões de escola. Na vida, os problemas são questões de
soluções divergentes, isto é, “cobrir um santo descobrindo outro”. As soluções reais são
sempre uma questão de equilíbrio entre vários fatores.

11 – Os problemas e as preocupações de outras pessoas devem nos preocupar.


R – Cada um tem sua cota de desafios no jogo da vida. Resolver os desafios dos outros
torna o jogo de todos muito chato.

12 – As pessoas têm pouca ou nenhuma habilidade para controlar seus distúrbios


emocionais e como se sente.
R – A habilidade vem com a prática.

13 – Não fazer nada ou protelar uma solução pode ajudar na resposta a uma solução de
conflito.

_____________________________________________________________________________
FAJOPA - Faculdade João Paulo II, 41TD7-TDFI 06 – PSICOLOGIA E PASTORAL,
direitos autorais: Me. Pe. Reginaldo Marcolino / SP, 2º semestre de 2017.
10 PSICOLOGIA E PASTORAL

R – Há pouquíssimas chances do adiamento ou protelação ser eficaz. É estatisticamente


mais útil jogar uma moeda para o ar e fazer a opção que ocorrer. E é ainda mais útil
esforçar-se para decidir a melhor solução, a partir do método de solução de problemas
mais prático de todos, conforme descrito abaixo.

MÉTODO DE SOLUÇÃO DE PROBLEMAS - “OPADIA”


(Orientação / Problema / Alternativas / Decisão / Implementação / Verificação)

Orientação
- distancie-se emocionalmente da questão;
Problema
- reconheça o problema e defina-o de forma sintética;
- especifique o que quer no lugar, isto é, a solução;
- transforme-a em uma pergunta, isto é, “como consigo sair daqui e chegar ali?”;
Alternativas
- colha informações;
- examine como e onde ocorre e como e onde não ocorre o problema e as soluções
satisfatórias;
- liste hipóteses alternativas possíveis para a solução;
Decisão
- analise o custo/benefício de cada alternativa;
- tome a decisão de aplicar uma das alternativas, mesmo que de forma provisória;
Implementação
- acompanhe os efeitos da aplicação desta alternativa;
- crie uma estratégia para manter de forma constante a nova solução;
Verificação
- avalie se a implantação da alternativa atingiu os critérios da solução desejada
previamente;
- se não atingiu, faça um novo ciclo de análise do problema, até ficar satisfeito com os
resultados;

_____________________________________________________________________________
FAJOPA - Faculdade João Paulo II, 41TD7-TDFI 06 – PSICOLOGIA E PASTORAL,
direitos autorais: Me. Pe. Reginaldo Marcolino / SP, 2º semestre de 2017.
11 PSICOLOGIA E PASTORAL

- faça checagens periódicas, seja para manter ou para aprimorar a solução, readequando
às mudanças ambientais.

Disponível em: azevedo.wordpress.com/2008/05/04/as-crencas-irracionais-albert-ellis

ALBERT ELLIS E A TERAPIA RACIONAL EMOTIVA CONDUCIONAL

Segue uma tradução de um trecho de um vídeo, disponível no Google Vídeo, onde


Albert Ellis explica sua Terapia do Comportamento Emotivo Racional. Como é uma
tradução de um discurso falado, provavelmente espontâneo, a linguagem pode ser um
pouco confusa; mas acredito que a leitura seja válida para conhecer algumas das
idéias deste psicólogo, nas suas próprias palavras:

"A Terapia Racional ou Terapia do Comportamento Emotivo Racional, TCER, é


baseada em várias proposições fundamentais, ou hipóteses. E a primeira delas é a de que
o passado não é crucial na vida de uma pessoa; o passado afeta bastante uma pessoa,
mas esta pessoa afeta a si mesma muito mais do que o passado a afeta. Pois não importa
o que ela aprendeu durante o seu desenvolvimento histórico, a única razão para que
estas coisas que aconteceram a ela, que foram ditas a ela, continuem afetando ela agora,
é por que ela continua doutrinando a si mesma com as mesmas filosofias de vida, os
mesmos valores, que foram inicialmente incorporados e ensinados a ela, muito cedo,
durante a sua infância.

Nós nos firmamos grandemente no presente, na Terapia do Comportamento Emotivo


Racional, ao invés do passado. E nós acreditamos, que as experiências atuais do
indivíduo, repletas de emoções negativas e comportamentos auto-derrotistas e
ineficientes, são causadas por que o indivíduo, agora, continua doutrinando a si mesmo,
com aquilo que chamamos de simples frases exclamatórias, que envolvem idéias.
Seres humanos podem introjetar idéias, em todos os tipos de linguagem: em figuras,
linguagem de sinais, em expressões não verbais, equações matemáticas, por exemplo,
mas eles normalmente falam consigo na sua linguagem nativa. E quando eles falam

_____________________________________________________________________________
FAJOPA - Faculdade João Paulo II, 41TD7-TDFI 06 – PSICOLOGIA E PASTORAL,
direitos autorais: Me. Pe. Reginaldo Marcolino / SP, 2º semestre de 2017.
12 PSICOLOGIA E PASTORAL

consigo de maneira irracional ou ilógica, eles criam, literalmente, seus sentimentos


negativos, ou emoções e comportamentos que se seguem.

Apenas para citar um exemplo, o indivíduo geralmente diz para si mesmo, quando está
chateado, primeiro sentenças sãs, depois sentenças insanas. As sentenças sãs são algo do
tipo: 'Eu não gosto daquilo que fiz, eu estou descontente com meu próprio
comportamento’. E isso seria bom, mas infelizmente o que se segue são as sentenças
insanas, nas quais ele diz para si mesmo: 'E porque eu não gosto do meu
comportamento, eu sou uma droga, sou um inútil, eu não sou bom para nada’.
E estas sentenças razoavelmente insanas, que são sentenças de fé infundada, em fatos
que não possuem evidências empíricas, que remetem a superstições ou a sistemas
religiosos dogmáticos, criam o que conhecemos como ansiedade e, através da
ansiedade, a depressão, a culpa e as outras formas de auto-derrotismo.
Ou então, o indivíduo diz para si mesmo as mesmas formas de sentenças sãs, quando ele
pensa: 'Eu não gosto do teu comportamento’. Quando alguém agiu de forma
inapropriada para com ele e, ao invés de seguir esta linha de pensamento com algo do
tipo: 'E, mesmo que eu não goste do teu comportamento, eu ainda posso suportá-lo, e
vou tentar modificá-lo’. Ele pensa: 'Eu não posso suportar o teu comportamento’. De
uma maneira absolutamente categórica, onipotente e determinística, ele procede com:
'Você não deveria ser da maneira que você é, porque eu não gosto da maneira que você
é’. Agora, é o segundo tipo de sentença, as sentenças 'Ser', que chateiam o indivíduo.
Outra maneira de se referir a elas é como Epitetus, o filósofo romano, disse muitos anos
atrás: 'Não é o que acontece conosco que nos chateia, é SER, ou VER o que acontece
conosco’. Na Terapia do Comportamento Emotivo Racional nós vamos atrás deste
indivíduo, da visão do paciente, e mostramos para ele que, o que quer que ele pense que
o está chateando, geralmente alguma situação externa, algo que uma outra pessoa fez, é,
na verdade, o que ele está dizendo a si mesmo sobre esta situação, este evento. É isso
que o chateia. E ainda que ele jamais seja capaz de fazer algo em relação a este evento
externo 'A', ele pode sim modificar o evento interno 'B', suas sentenças, suas crenças
para consigo mesmo.

_____________________________________________________________________________
FAJOPA - Faculdade João Paulo II, 41TD7-TDFI 06 – PSICOLOGIA E PASTORAL,
direitos autorais: Me. Pe. Reginaldo Marcolino / SP, 2º semestre de 2017.
13 PSICOLOGIA E PASTORAL

Na Terapia do Comportamento Emotivo Racional nós tentamos mostrar para o paciente


três tipos de insight, o que nos distingue de algumas outras terapias que enfatizam
apenas um insight principal. O primeiro tipo de insight que tentamos mostrar para ele é
que todos os seus comportamentos, especialmente seus comportamentos negativos e
derrotistas - nos quais nós estamos interessados e os quais estão chateando ele -,
possuem antíteses ideológicas bem evidentes. Ele pode ter aprendido estas teses no
passado, mas agora, neste momento, ele ainda continua acreditando nestas mesmas
teses, caso contrário ele não conseguiria sustentar o comportamento negativo que se
origina delas.

O insight número dois, que é o mais importante e que é, infelizmente, negligenciado em


outros sistemas de psicoterapia, é que ele, criatura, 'o animal simbólico' como Ernst
Cassirer disse certa vez, está continuamente doutrinando a si mesmo com estas
ideologias, e este é o problema, é por isso que ele está agora perturbado.
E o insight número três é que, mesmo quando ele ver claramente o que ele está dizendo
a si mesmo, e que o que ele está dizendo para si mesmo não faz sentido, apenas através
do trabalho e da prática, continuamente repensando e reavaliando suas próprias
assunções filosóficas, é que ele irá, eventualmente, melhorar.

Agora, nós damos ênfase ao fato de que ação também é necessário para mudar o
indivíduo. Apenas falar sobre as coisas, e pensar sobre as coisas, é bom, mas não é a
única condição necessária para que ocorra a mudança psicoterapêutica. O que o
indivíduo tem de fazer, geralmente, é agir; e desta forma nos damos tarefas concretas a
serem realizadas fora do ambiente terapêutico, e acompanhamos a execução destas
tarefas e seus resultados conseguintes para saber se ele as está realizando.
E nosso objetivo final é fazer com que o indivíduo aprenda, e aprenda para o resto de
sua vida, a desafiar e questionar seu próprio sistema de valores, seus próprios
pensamentos, de maneira que ele realmente pense por si mesmo. Ele deve fazer isso,
especialmente, quando ele se sentir miserável, quando ele se sentir ansioso, ou
deprimido, ou culpado, ou frustrado demais, ou qualquer outra coisa que seja negativa
quando ele se comportar muito ineficiente.

_____________________________________________________________________________
FAJOPA - Faculdade João Paulo II, 41TD7-TDFI 06 – PSICOLOGIA E PASTORAL,
direitos autorais: Me. Pe. Reginaldo Marcolino / SP, 2º semestre de 2017.
14 PSICOLOGIA E PASTORAL

Finalmente, quando ele estiver capacitado em pensar e repensar suas assunções, ele irá
poder aplicar o que chamamos de o método científico às facetas da vida humana, e
poderá ser verdadeiramente científico em seus comportamentos, questionando e
desafiando suas próprias conclusões a maneira como fazemos na ciência, conseguindo
minimizar ou, eventualmente eliminar, as terríveis ansiedades e as hostilidades atrozes
que infelizmente afetam a maioria de nós nesta existência”.

Faço algumas observações, neste primeiro momento, após ter assistido ao vídeo e
traduzido esta introdução. A essência da Terapia do Comportamento Emotivo Racional
ou, pelo menos, do sucesso nesta terapia, é justamente desprogramar ou desconstruir
boa parte daquilo que a sociedade, em especial nos seus mecanismos de coerção e
doutrinação, fazem com o indivíduo. Desde cedo a escola, a religião, nossos pais e a
televisão nos ensinam como devemos pensar, o que devemos sentir, como devemos nos
sentir em relação a cada tipo de situação ou evento e o que devemos desejar. Como boa
parte destes ensinamentos, ou teses, ou hipóteses, seja lá como se queira chamar, são
direcionados à interesses de terceiros, e não, realmente, aos interesses dos indivíduos
envolvidos, não é de se surpreender que, a medida que estes mecanismos de doutrinação
fiquem mais sofisticados, o nível de funcionamento relacional e pessoal do indivíduo
fique mais e mais comprometido, sendo que a população que sofre de ansiedade,
estresse e frustração é cada vez maior.

Pensar numa abordagem terapêutica para contrabalançar isso, é muito bom, mas
também devemos questionar o que a própria sociedade, uma vez que esta não deixa de
ser produto direto ou indireto das ações e escolhas de cada um de nós, está fazendo com
os indivíduos e se esta é a sociedade que queremos.

Outra observação que faço é quanto ao nome da linha proposta por Ellis: Terapia do
Comportamento Emotivo Racional. Eis ai um grande oximoro por nome. As palavras
Racional e Emotivo, usadas no mesmo contexto, de maneira complementar, são quase
um contra-senso. Digo quase, pois, pessoalmente, não sei até que ponto é possível ser
verdadeiramente emocional, ser legítimo para com suas emoções, sendo racional. Mas
não faço disso uma crítica pessoal ao pensamento de Ellis, uma vez que entendo que

_____________________________________________________________________________
FAJOPA - Faculdade João Paulo II, 41TD7-TDFI 06 – PSICOLOGIA E PASTORAL,
direitos autorais: Me. Pe. Reginaldo Marcolino / SP, 2º semestre de 2017.
15 PSICOLOGIA E PASTORAL

esta seria uma interpretação totalmente equivocada do proposto por ele: reprogramar a
racionalidade subjacente ao pensamento do indivíduo de maneira que esta faça com que
a sua racionalidade manifesta e os sentimentos que brotarem dele sejam mais positivos e
eficientes.

Em países de língua portuguesa, a terapia de Ellis parece se chamar Terapia Racional


Emotiva Conducional, mas prefiro a minha tradução, uma vez que o nome original em
inglês é Rational Emotive Behavior Therapy.

Disponível em: psicologiarg.blogspot.com/2008/07/albert-ellis-e-terapia-racional-


emotiva.html

_____________________________________________________________________________
FAJOPA - Faculdade João Paulo II, 41TD7-TDFI 06 – PSICOLOGIA E PASTORAL,
direitos autorais: Me. Pe. Reginaldo Marcolino / SP, 2º semestre de 2017.

Você também pode gostar