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Aula 01.

MAFOUD, M. A vivência de um desafio: Plantão Psicológico. In: MAHFOUD, M.


(Org.) Plantão Psicológico: novos horizontes. São Paulo: Companhia
Ilimitada, 2012. 2ª edição. p. 17-31.

Resumo: A vivência de um desafio: Plantão Psicológico – Miguel Mahfoud.

A ideia de plantão está associada com um profissional que esteja à disposição


durante um período.
Demandas lidas como não graves: (Exercício coma turma – Role play)
- Paula, que estando apaixonada por um rapaz é pressionada pelo marido a
resolver-se com quem fica, num prazo de 15 dias, sob pena de ser expulsa de
casa, e não se sente em condições de resolver isso.
- Sérgio, preocupado com a sua esposa por ela estar ouvindo vozes e acordar
à noite imaginando que ele tenha morrido, pede atendimento para ela.
- Mirian, que, tornando-se viúva aos 30 anos, defronta-se com o seu filho de
três anos, com sua família e a do marido, e com amigos, e pede ajuda no
sentido de localizar-se melhor.
- Caetano que quer saber como convencer seu irmão alcoólatra de que ele e
seus filhos precisam de ajuda psicológica.

“Quem vive uma ansiedade ante a alguma dificuldade circunstancial ou ante a


necessidade de se localizar quanto às possibilidades de recursos de saúde
mental, normalmente permanecem à margem, sem um espaço adequado onde
ser acolhido e ajudado a lidar melhor com recursos e limites” (p.18) 
Podemos pensar nas questões que chegavam até o caps, nas quais a gente
entendia que não tinha a cronicidade e gravidade para ser atendido na
instituição, porém não existia outro serviço na rede que seria capaz de acolher
a demanda de sofrimento daquela pessoa.
Enfoque do Aconselhamento Psicológico Centrado na Pessoa é de se colocar
disponível para acolher a experiência do cliente em determinada situação, ao
invés de enfocar o seu problema. Na prática, essa atitude significa
dispobilidade para atender uma gama bastante ampla de demandas, já que o
foco se define pelo próprio referencial do cliente e não pela especialização do
profissional (p.18)

Plantão Psicológico: Foco na experiencia do cliente. Outra característica é de


responder à pessoa que coloca sua demanda, já no momento presente, no
agui e agora da situação do encontro.
Trabalho do conselheiro psicólogo: facilitar ao cliente uma visão mais clara de
si mesmo e de sua perspectiva ante a problemática que vive e gera um pedido
de ajuda. Nisso, a forma de enfrentar a problemática se definirá no próprio.
O plantão trata-se de enfrentar a problemática que é apresentada, via a própria
pessoa que está presente.
Enfrentar a problemática apresentada a partir da experiência da pessoa ali
presente permite acolher a demanda já naquele momento, no momento de sua
expressão: e isso é apenas uma primeira característica importante de um
atendimento em sistema de plantão psicológico. A consequência é que além de
se poder estar disponível a uma gama muito grande de demandas, as formas
de continuidade são também muito diversificadas. E ao acolher a demanda já
no momento presente, o referencial do próprio cliente conduz o processo de
atendimento para uma direção ou para outra.
A presença clara e atenta do conselheiro permite que o referencial do próprio
cliente defina a direção do processo.
Conselheiro deve estar atento à forma de relação que se estabelece e à forma
como o cliente percebe sua problemática, para bem ajudá-lo também nas
diversas possibilidades de continuidade e /ou encaminhamento.

CURY, V. E. Plantão Psicológico em Clínica-Escola. . In: MAHFOUD, M. (Org.)


Plantão Psicológico: novos horizontes. São Paulo: Companhia Ilimitada,
2012. 2ª edição. p. 131-150.

“A cada novo plantão aprendemos um pouco mais sobre as aflições de nossa


comunidade e perdemos o medo de enfrentar nossas próprias angústias, ao
tentarmos entrar em contato com mundo do outro a partir de sua urgência”

- Plantão surgiu para suprir uma demanda que não tinha lugar para existência.
- PP viabiliza um atendimento de tipo emergencial – compreendido como um
serviço que privilegia a demanda emocional imediata do cliente – e que
funciona sem necessidade de agendamento, destinado a pessoas que a ele
recorrem, espontaneamente, em busca de ajuda para problemas de natureza
emocional.
- Tradicionalmente temos a ideia de psicólogo atrelada a ideia de psicoterapia,
como um processo longo e quanto mais longo, melhor.
- Postura do Plantonista
 disponibilidade emocional imediata e genuína para o encontro com o
outro.
 Busca preservar a autonomia emocional do cliente
 Facilitar o desenvolvimento de um processo gerador de alternativas à
angustia vivenciada
 Processo pautado na experiencia do sujeito, evita que o plantonista
estabeleça uma posição autoritária ou filantrópica.
“ esta abordagem se realiza quando alguém dirige a melhor parte de si mesmo
à melhor parte do outro e, assim, pode emergir algo de inestimável valor que
nenhum dos dois faria sozinho”
Técnico - o plantonista recorre a atitudes e estratégias clínicas que objetivam o
acolhimento adequado ao cliente em forma a possibilitar a explicitação da
demanda emocional que o aflige, no exato momento em que busca uma
relação de ajuda psicológica. (Ex: tornar pública as conversas internas).
Relação plantonista-cliente:
A eficácia do serviço prestado não utiliza como critério o grau de
resolutibilidade do problema. O foco do atendimento não é a queixa em si, mas
sim a pessoa, compreendida como um todo que se revela em suas formas
características de expressão, matizes de comportamento, atitudes e emoções.
Ou seja, como a pessoa está enxergando e se relacionando com o problema.
Visando conferir ao cliente autonomia e também facilitando a reflexão, na
busca de maneiras ou caminhos possíveis para transpor as dificuldades que
vivencia.
Também cabe ao plantonista orientar o cliente, prestando-lhe as informações
necessárias para compreender a instituição e outras possibilidades quanto aos
recursos disponíveis na comunidade.

A vivência do plantão psicológico como tema de pesquisa


Objetivo principal: descrever a vivência do plantão para aqueles que se
responsabilizam por sua efetivação institucional.
Método: fenomenológico, qualitativo, entrevistas abertas, critério de saturação.
Questões: a) o serviço de pronto-atendimento psicológico oferecido a
comunidade pela Clínica-Escola da Puc-Campinas constitui-se, efetivamente
numa alternativa de relação de ajuda psicológica
b) quanto a formação do futuro psicólogo, a participação como plantonista
representa uma oportunidade de ampliação da experiencia clinica?
Entrevista:
1) O que é para você plantão psicológico?
2) Você vê algum tipo de contribuição do plantão para a formação do
aluno?
3) Em relação aos pacientes desta clínica, você percebe algum tipo de
contribuição do plantão à comunidade?
4) Que tipo de pacientes você encaminharia ao plantão?

Conceito sobre o plantão psicológico: consiste num tipo de ajuda, ou


atendimento profissional imediato, aberto às pessoas da comunidade
que se sentem desesperadas, com problemas ou em crise; caracteriza-
se por fornecer alívio, orientação e apoio em situações de urgência.
Contribuição para a formação do estagiário: possibilita o acesso a uma
diversidade de pessoas e problemas, levando a um contato direto com o
inesperado, criando impacto emocional, desenvolvendo uma escuta
diferenciada e promovendo um raciocínio clínico mais rápido e preciso.
Também promove um senso de responsabilidade ampliado, ao retirar o aluno
de uma situação de aprendizagem mais protegida.
Quanto aos benefícios aos pacientes: sentem-se acolhidos no momento
mesmo em que surge uma necessidade de ajuda, ao estarem desorientados,
com um problema muito sério, ou simplesmente quando precisam desabafar
com alguém. O atendimento oferecido pelo plantonista ajuda a diminuir a
ansiedade, permite uma compreensão do problema, oferece uma perspectiva e
uma visão mais realista do trabalho do psicólogo, como alguém que sabe ouvir
e está ali na hora exata da procura.
Tipos de pacientes que encaminhariam ao plantão: pessoas desorientadas,
que chegam aos prantos, que precisam de alguém naquele momento, mães
desesperadas, pessoas que esperam por uma vaga para fazer psicoterapia, ou
aquelas que apenas querem conversar para tirar dúvidas e receber
informações sobre o trabalho do psicólogo e as formas de atendimento da
instituição.
Psicólogos – a importância de um raciocínio social e político, para que seja
capaz de desenvolver uma definição ideológica norteadora numa busca por
modelos alternativos mais adequados à extensão dos serviços psicológicos.

Postura do plantonista: O respeito pelas pessoas, o reconhecimento do outro


como totalidade e unicidade, a intolerância frente às manifestações de valores
deterministas que tendem a enfocar o ser humano genericamente, o
compromisso com o devir humano.
O ato de compreender já constitui uma intervenção. considerar que a evolução
de uma sociedade depende das condições existentes para que as pessoas,
individualmente ou em grupo, possam engajar-se em rituais institucionalizados
que lhes garantam a oportunidade e o contexto apropriado para compartilhar
suas vivências, sentindo-se respeitadas e valorizadas.
Finalmente, a experiência vivida e os resultados do estudo sugerem que o
Plantão Psicológico representa uma flexibilização quanto às formas de
atendimento clínico oferecido à população, podendo levar, também, a uma
economia para o sistema, na medida em que promove encaminhamentos
internos e externos.
De maneira geral, proporciona, efetivamente, uma relação de ajuda suficiente,
reduzindo as listas de espera junto ao próprio serviço de triagem. Quanto ao
estagiário-plantonista, desenvolve uma compreensão mais abrangente da
comunidade, amplia sua capacidade diagnóstica pela diversidade de casos
atendidos num espaço de tempo relativamente curto, e aprende a estabelecer
um contato emocional com os clientes a partir de uma escuta empática que
precisa ocorrer de imediato. Também vivencia um processo de
amadurecimento pessoal que confere maior autonomia a sua prática clínica. Os
clientes, da forma como são apreendidos pela instituição, beneficiam-se da
oportunidade de um atendimento psicológico que se configura no momento em
que há uma demanda emocional, diminuindo o nível de ansiedade e
viabilizando o surgimento de recursos pessoais para a busca de soluções para
a problemática vivida.

Exercício 1 – Com base nas leituras dos textos discuta sobre os temas abaixo.
1) O que é para você plantão psicológico?
2) O que você imagina que irá contribuir o plantão para a formação para
sua formação?
3) Em relação aos pacientes desta clínica, você imagina que tipo de
contribuição do plantão trará à comunidade?
4) Que tipo de pacientes você encaminharia ao plantão?

Exercício 2 – Dividir em três, sortear quem será o plantonista, a pessoa e o


observador. Se inspirar nos casos apresentados no texto . A vivência de um
desafio: Plantão Psicológico e simular uma sessão de plantão psicológico.
Entrevistador: deve buscar uma escuta ativa, observar os tons de voz, a
comunicação não verbal, as pausas, tentar compreender e clarificar a
demanda, refletir sobre encaminhamentos.
A pessoa: Deve buscar se aproximar das demandas emocionais do caso, se
conectar com algum momento que passou por algum semelhante. Observar
como se sente ao ser perguntado, quais emoções provoca.
Observador: Ficar atento à relação que está sendo estabelecida naquele
encontro. Observar a interação e as mudanças causadas pelas perguntas ou
pontuações.
Após exercício:
1) Como você sentiu desempenhando o seu papel?
2) Quais foram as suas dificuldades? O que te surpreendeu? O que foi
inesperado?
3) Se vocês fossem produzir um relatório psicológico dessa sessão, como
seria?

Casos:

- Paula, que estando apaixonada por um rapaz é pressionada pelo marido a


resolver-se com quem fica, num prazo de 15 dias, sob pena de ser expulsa de
casa, e não se sente em condições de resolver isso.

- Sérgio, preocupado com a sua esposa por ela estar ouvindo vozes e acordar
à noite imaginando que ele tenha morrido, pede atendimento para ela.

- Mirian, que, tornando-se viúva aos 30 anos, defronta-se com o seu filho de
três anos, com sua família e a do marido, e com amigos, e pede ajuda no
sentido de localizar-se melhor.

- Caetano que quer saber como convencer seu irmão alcoólatra de que ele e
seus filhos precisam de ajuda psicológica.

- Lúcia é estudante de arquitetura, trabalha já na sua área, gosta do que faz,


mora com a família. Procura o SAP e pede atendimento dizendo que não
aconteceu nada de anormal nos últimos tempos, mas está querendo se
conhecer melhor, e quer ter um tempo e um espaço específico para se dedicar
a isso.

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