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Estratégias em Psicologia

Institucional
Possibilidade do trabalho psicológico em instituições
Márcia Casella Severo

UCS - Universidade de Caxias do Sul


Curso de Psicologia
Psicologia Institucional - PSI0395X
Docente: Daniela Duarte Dias
Possibilidade do Divisão de 5 categorias:

trabalho A. exercício profissional clínico

psicológico em B. exercício profissional em

instituições pequenas instituições


C. exercício profissional em grandes
instituições
D. atuação profissional de tipo
organizacional
E. atuação profissional em
secretarias
Exercício Em clínicas de caráter
profissional “clínico” institucional, ambulatórios,
postos de saúde, em que o
trabalho do psicólogo
dirige-se a uma
população/cliente que tanto
pode ser de adultos ou
crianças, como de ambos,
com alta demanda.
Clínico com vasta demanda // contexto

Senso comum: psicólogo é o médico da cabeça, trata dos problemas, ajuda a


resolver problemas, ajuda a transformar menino ruizinho em menino bonzinho.

Já é difícil a reformulação do comportamento numa clínica privada. Como


fica a atuação quando a clientela é flutuante, o tempo restrito e a oferta de
atendimento, sujeita às chuvas e trovoadas institucionais?

Muitas vezes visto como inviável, principalmente nas formas clínicas


tradicionais, ditas de “consultório”.
Clínico com vasta demanda // contexto

● Clientela flutuante por motivos econômicos


● Nível cultural restrito
● Distância cultural entre profissional e a população é muito grande,
necessidade de um tradutor (?)
● Nem todos que procuram ou são encaminhados recebem o tratamento;
questões econômicas.
Começam a ficar claros alguns
determinantes de ação:
Clínico com vasta demanda // contexto

● O trabalho deve ser o mais rápido possível


● Na medida do possível deve ser grupal, não necessariamente pela demanda
mas pelo (serviço de tradução?)
● Trabalho de diagnóstico, sócio diagnóstico e acordos de possibilidade de
encontros.
● Psicodiagnóstico sem modelos tradicionais de testes, mas avaliações de
nível intelectual, situação atual da família, estrutura de personalidade e
sintomatologia incomodante
Clínico com vasta demanda // contexto

Através do sócio diagnóstico e do psicodiagnóstico o psicólogo estará


razoavelmente instrumentado para a avaliação do que seria a clientela viável para
o trabalho terapêutico. Esta clientela constitui uma parcelo mínima da população
inicial que se acerca dos serviços de psicologia institucional.

O desconhecimento desse processo como acontecimento normal é causa de


fortes sentimentos de insatisfação/frustração no profissional que trabalha em
instituições de forma clínica.
No trabalho institucional a forma
de trabalho principal não deve e
não pode ser desperdiçada
exclusivamente em terapias. Há
outras formas de ajudar a
população
Clínico com vasta demanda // contexto

1. Grupos de orientação 4. Grupos de orientação que funcionem na


a. para mães; comunidade
b. para gestantes; 5. Palestras constantes sobre temas
c. para familiares de alcoólatras; específicos, feitas no próprio local de
d. para familiares de toxicômanos; trabalho ou em ambientes próprios na
e. para familiares de delinquentes; comunidade
f. para familiares de doentes mentais. 6. Cursos de férias dados a outros
2. Grupo de espera para trabalho terapêutico profissionais da comunidade sobre
3. Supervisão da formação de grupos de princípios psicológicos fundamentais ou
aprendizagem diversos que funcionem em outros temas (enfermeiros, professores,
comunidades (clubes de costura, de tricô, vigilantes, funcionário de creches,
de cozinha) orfanatos)
Modelo e Técnicas Institucionais

1. Momento Inicial de Chegada

● Onde o profissional recebe os primeiros contatos;

● O primeiro momento é o do agendamento dos clientes para uma


entrevista grupal;

● Para esta etapa do atendimento é utilizada a instrução de Haim


Ginott, iniciado pela primeira entrevista, chamada triagem. Onde
poderá ser chamado até 20 casos.
Objetivos para um bom atendimento na Triagem
● Experiência no contato grupal para o atendimento nesta
modalidade;

● Verbalização do problema que foi o resultado da consulta. Com o


intuito de liberar a ansiedade resultante do mesmo;

● Aceitação e apoio do psicólogo e do grupo;

● Permitir que o cliente perceba que problemas similares ao dele ou


até piores, afetam outras pessoas;

● Dar início no diagnóstico, para determinar os motivos do


problema;
Vantagens desse processo
● Dentre a vantagem mais importante deste processo, diz respeito a
seleção inicial das pessoas que realmente se interessam em
comparecer. As outras vantagens são em relação a informação que
o cliente receberá do serviço para que:

* Possa se dispor e se programar a ele;


* Saiba o que esperar do serviço de atendimento;
* Desvencilhe-se de estereótipos.
2. Momento Diagnóstico
● Grupo pequeno (as pessoas, juntamente com o psicólogo já se
conhecem e podem fazer perguntas umas às outras);

● Quadro minucioso sobre cada participante;

● A problemática diz respeito ao indivíduo em particular? Há um


problema relacional? Quem mais está envolvido na
problemática? O cliente tem facilidade de expressão? Sua
linguagem é normal ou apresenta dificuldades? etc. (crianças em
grupo – entrevista de observação);
● Psicodiagnóstico infantil abreviado: Processo amplo, com
oportunidades variadas de observação e interação grupal;

● Experiência feita em uma clínica de atendimento psicológico em


São Paulo (Estudantes quintanistas de psicologia e Márcia
Casella Severo);
● 1º Tempo:
Triagem com as mães (Chegada para o atendimento);

● 2º Tempo:
Atendimento às crianças (Apresentação, discussão grupal –
Porque vocês acham que estamos aqui?)
a) Ludodiagnóstico grupal – atividade livre (caixa de brinquedos
variados por 45 minutos, arrumação da sala, intervalo de 10
minutos, observação dos inibidos);

b) Ludodiagnóstico grupal – atividade dirigida (psicólogo retira


os brinquedos e dispõem materiais diferentes para um trabalho
em grupo a combinar por 45 minutos, observação do desenrolar
da tarefa);
c) Aplicação coletiva de alguns testes (desenho livre individual);

Objetivo: Observação de comportamentos e personalidades de cada


criança, esboço grosseiro de uma hipótese de diagnóstico individual
(A problemática parece basicamente emocional? Há distúrbio(s)
psicomotor(es)?, O quadro envolve suspeita de problemas
neurológicos?, A criança tem graves dificuldades de compreensão?,
Há comportamentos bizarros, fóbicos, isolados? etc.)
3º Tempo ( anamnese seletiva)

● Comparecem novamente as mães


● O psicólogo pergunta como estão as crianças
● Explica que precisará de informações importantes para fechar o
quadro de cada uma delas.
● As perguntas são feitas aleatoriamente, mas cada classe de
perguntas é precedida de explicação simples, que já funcione como
esclarecimento precoce, a fim de facilitar a compreensão da devolutiva
final.
4º Tempo ( testagem individual)

● No máximo um teste para cada criança .


5º Tempo (devolutiva grupal)

● É importante que cada mãe compreenda claramente a classe de


distúrbio que seu filho apresenta, qual sua origem e o que é proposto
para sua situação.

● Para os casos que receberão encaminhamentos externos (classes


especiais, escolas especializadas), o psicólogo pode oferecer
oportunidades extras, individuais ou mesmo em grupo, para que tudo
fique claro para cada um.
● Com o material coletado, reunir as informações para saber em quais
casos:
- há necessidade e se pode investir terapeuticamente;
- bastam sessões esporádicas de orientação;
- haverá necessidade de atendimento concomitante com outro
profissional (psiquiatra, neurologista);
- deverá haver melhor observação.
Não devem receber atendimento psicoterapêutico:

● clientes com deficiência mental leve ou severa;


● clientes com problemas psiquiátricos acentuados;
● clientes sem vínculo forte com a instituição ( faltas constantes,
atrasos, má participação). Estes podem ser atendidos quando
modificarem o comportamento.
Os objetivos do psicodiagnóstico

O momento do psicodiagnóstico é crítico para o psicólogo com pouca experiência, pois o


esboço diagnóstico deve ser realizado após dois contatos grupais. O principal objetivo é obter
um quadro mais claro e detalhado possível do funcionamento global da psique do sujeito.

Os objetivos do psicodiagnóstico podem ser vários:

a) Para basear nesse quadro o trabalho terapêutico;

Não há como esperar realizar terapias profundas na situação institucional. A forma mais
indicada são as terapias ditas abreviadas, enfocadas e restritas tanto quanto possível à
situação atual.
Os objetivos do psicodiagnóstico

b) Para devolver ao sujeito ou a seus responsáveis ( se for criança)


uma explicação para seu comportamento;

A situação devolutiva é muito simples. A família costuma ignorar fatos


corriqueiros ( para o psicólogo) de promoção de saúde mental.
Não tem sentido enfocar para os pais uma problemática edípica se o
quadro da criança reveste-se de agressividade por tratamento violento de
um dos pais ou irmãos.
Os objetivos do psicodiagnóstico

c) Para embasar minha orientação de vida para o sujeito;

d) Para enviá-lo a outro profissional que, assim, iniciará o tratamento


terapêutico imediatamente, baseado em minhas conclusões;
A não ser que não existam esses profissionais para tratamento
individual gratuito.
Os objetivos do psicodiagnóstico

e) Para enviá-lo a outro serviço que, para receber o sujeito, exija


estes resultados de exames;

f) Para transferir o sujeito de um lugar para outro ( quadros de


deficiência mental- prescreve a saída de crianças de uma escola
comum para outra de ensino especializado)
Nesses casos ( e e f) costuma haver especificações dos dados
desejados ( Q.I. por exemplo)
3. Momento da formação dos grupos terapêuticos

Neste momento já se tem os clientes adequados ao trabalho terapêutico.


Agora > disponibilidade de horários, quadros patológicos complementares,
superlotação.

Há grupos de excelente dinâmica, mas a maioria não possuem bons


elementos para ser trabalhados.

Quanto ao número de participantes, o ideal o texto traz ser em torno de 5 a


6, mas como se perdem durante o processo, é bom iniciar com 8 a 10.
4. Momento da espera:

Não pode ser prolongada > perda da motivação > Razoável > 2 meses.

Grupos de crianças/adolescentes: ideal espaço de espera ser preenchido com


grupos de mães/responsáveis atendidos mensalmente > objetivo manter contato com
o psicólogo.

Às vezes essas experiências nos grupos de espera já são suficientes e tornam


desnecessária a terapia. Muitas vezes falta apenas orientação para um bom manejo
da criança por parte dos pais.
Geralmente os grupos de espera acabam se perpetuando durante a terapia e somam
positivamente para um bom resultado, inclusive abreviando o tratamento.
Grupos de espera para terapia de adultos:

Inúmeras pessoas podem aguardar em fila de espera. Então, deve-se


investir em trabalhos com esses grupos de espera, podendo ser criados
mais de um, com 10 participantes em cada, os quais não são fechados.
Reuniões mensais – objetivos:
1. Acompanhando a evolução sintomática.
2. Atualizando a situação de vida.
3. Aprimorando o diagnóstico.
4. Preparando para terapia os casos mais defensivos.
5. Permitindo a percepção de situações emergenciais e urgentes.
6. Permitindo avaliação, os casos frustrados, os que desistem,
destacando que acaba sendo os mesmos que desistiriam durante
o processo psicoterápico.

A técnica dos grupos de espera:


Simples e visa a facilitar o contato do cliente com o psicólogo.
Consiste em:

1. Apresentação do psicólogo e participantes.

2. Explicação da finalidade da reunião e da dificuldade em atender a todos


de imediato.

3. Atualização da situação pessoal de cada um. Como estão? Mudou algo


desde que chegaram?
4. Explicações sobre o processo que os aguarda no atendimento.

5. Avaliação pelos membros do grupo, da utilidade destes


atendimentos – dos grupos de espera e da sessão em particular.

6. Marcação da seguinte e encerramento. Destacar a importância


de avisar os casos em que não poderão comparecer, sob pena de
desligamento da lista de atendimento.
Integrantes
Ana Marisa dos Reis Silva de Aveiro Ferrugem
Diego Jahn Berselli
Elisandra Trevisan Rossetto
Gabriele Becker Delwing Sartori
Mauricio Baggio

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