Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
■■ INTRODUÇÃO
Recentemente, tem se observado um aumento expressivo no número de pesquisas nas áreas da
psicopatologia, regulação emocional e neurociências que apontam para fatores comuns em diferentes
condições psiquiátricas. A divisão categórica proposta pelo Manual Diagnóstico e Estatístico de
Transtornos Mentais (DSM-5) da Associação Americana de Psiquiatria (do inglês, American Psychiatric
Association [APA]), apesar de reformular sua última edição de modo a incluir uma perspectiva mais
dimensional, ainda não contempla as semelhanças entre os vários transtornos.1
A literatura tem apontado que mais do que entidades separadas, alguns transtornos podem
ser considerados como variações de uma mesma síndrome, partilhando, portanto, fatores
etiológicos, de sensibilidade ao estresse e à ansiedade, e de temperamento comuns.2–6
Entre esses diferentes tratamentos, a terapia comportamental dialética (do inglês, dialectical
behavior therapy [DBT]) para problemas de desregulação emocional, a terapia cognitivo-
comportamental (TCC), com tratamento ampliado para transtornos alimentares, e, ainda, o
Protocolo Unificado (do inglês, Unified Protocol [UP]), para problemas de humor, ansiedade e
quadros dissociativos, se configuram como recentes intervenções transdiagnósticas que apresentam
dados consistentes de eficácia na literatura.
■■ ESQUEMA CONCEITUAL
Terapia comportamental
dialética como abordagem Treino de habilidades da terapia
transdiagnóstica para a comportamental dialética
desregulação emocional
Exemplo clínico
Estrutura geral do
Protocolo Unificado
Sessão 1
Sessões 2 e 3
Conclusão
Trata-se de uma das abordagens surgidas na década de 1990 e está dentro das chamadas terapias
de terceira onda ou geração, com ênfase nos aspectos contextuais, posto que é uma intervenção
com características muito comportamentais.9
Tal abordagem se baseia na ciência comportamental, bem como na filosofia dialética e, também,
em práticas zen/contemplativas.10
Além disso acredita que a natureza da realidade é dinâmica, e, com base no conceito
de dialética, pode ser descrita por meio do processo de síntese de uma tese e antítese.
Em outras palavras, o problema da desregulação emocional estaria na base de todas as
demais instabilidades, quer sejam cognitivas, comportamentais ou mesmo interpessoais.7
A conceitualização da desregulação emocional na DBT é feita por meio do modelo biossocial, que
postula que uma vulnerabilidade biológica, aliada a experiências aversivas no que é chamado de
ambientes invalidantes, levaria a essa característica patológica e problemática.8 Tais experiências no
ambiente de infância e adolescência, em indivíduos biologicamente vulneráveis e suscetíveis, levariam
ao não desenvolvimento de habilidades de manejar o sistema emocional. Desse modo, o primeiro foco
de intervenção a ser trabalhado na DBT seria o ensinamento de habilidades de regulação emocional,
tolerância ao mal-estar e habilidades de convívio e relacionamento interpessoal.
Dentro dessa perspectiva, a problemática da desregulação emocional pode ser abordada como
um importante foco da atenção clínica. As emoções são vistas como passageiras e involuntárias,
ao mesmo tempo em que são complexas, uma vez que são desencadeadas tanto por estímulos
internos quanto externos, ativando reações fisiológicas, cognitivas e comportamentais.11
Embora o modelo compreensivo da emoção na DBT tenha sido desenvolvido para servir para o
entendimento de uma população clínica específica, é interessante notar que suas bases explicativas
podem ser utilizadas para diferentes transtornos, em que a desregulação emocional é o aspecto-
chave do problema clínico.11
Como exemplo, pode-se observar que indivíduos com transtorno de estresse pós-traumático e
comorbidade com TPB referem um aumento significativo da ativação emocional e sensibilidade
ao evento traumático, isto é, com características de desregulação das respostas emocionais.13
De acordo com Linehan,10 os indivíduos com transtorno de personalidade borderline são como
vítimas de uma “queimadura” emocional, em que qualquer movimento com as emoções se torna
significativamente mais sensível e doloroso, assim como quando alguém toma sol por muito tempo
sem os devidos cuidados necessários e proteções.
LEMBRAR
Apresentar um diagnóstico psiquiátrico torna o indivíduo mais vulnerável psicologicamente
e, em consequência, suscetível a apresentar outras psicopatologias. Em outras
palavras, se, por exemplo, um indivíduo tem problemas de sono, seja por dormir
uma quantidade insuficiente de horas ou por dificuldades para conciliar ou manter um
sono de qualidade, isso pode influenciar na sua capacidade regular as emoções.14
■■ transtornos de humor;
■■ transtornos de ansiedade;
■■ transtornos relacionados ao uso de substâncias;
■■ transtornos alimentares;
■■ esquizofrenia.
É possível inferir que, nos casos em que a desregulação emocional está envolvida,
a reatividade para pistas emocionais, juntamente com estratégias insuficientes de regulação,
podem resultar em psicopatologia.20 Assim, pode-se pensar que a desregulação emocional
pode ser um fenômeno transdiagnóstico.
As pessoas diagnosticadas com TPB têm dificuldades em regular todos os subsistemas das emoções
descritos no modelo da DBT. Do mesmo modo, dificuldades parecidas podem ser encontradas em
diversos outros transtornos mentais descritos nos manuais classificatórios.18,19 As dificuldades podem
ser tanto de um paciente com um transtorno de humor ou de ansiedade em lidar com os fatores
de vulnerabilidade emocional quanto a tendência a avaliar, de maneira catastrófica, uma situação
que acaba levando à desregulação emocional e à escolha de comportamentos inadequados para
lidar com tais situações.12
Diversos trabalhos experimentais, tanto utilizando amostras clínicas quanto indivíduos sem
diagnóstico de transtornos mentais, demonstram a dificuldade em regular sua atenção em contextos
emocionais.21–24 Tais dificuldades provavelmente estejam envolvidas na manutenção de problemas
relacionados com a regulação emocional em populações clínicas.
Uma vez que muitas pessoas com dificuldades em regular as emoções apresentam com frequência
problemas de relacionamentos interpessoais, a DBT também inclui habilidades de efetividade
interpessoal.10 Essas habilidades, agrupadas no acróstico DEAR MAN (Describe “descreva
claramente”; Express “seja expressivo”; Assert “seja assertivo”; Reinforce “certifique-se de que foi
entendido” Stay Mindful “mantenha seu foco de modo consciente”; Appear Confident “imagine-se
como confiante, competente e merecedor do que deseja ou precisa”; Negotiate “negocie suas
necessidades”), se concentram em como obter um objetivo desejado sem ferir o relacionamento
interpessoal, além de promover o respeito por si próprio.
A DBT também inclui um conjunto de habilidades da prática de mindfulness que enfatizam observar,
descrever e participar no momento presente, fazendo uma coisa de cada vez, de forma eficaz e
sem julgamento. Elas são umas das primeiras habilidades ensinadas no tratamento, pois auxiliam
na aplicabilidade de todas as outras que também serão gradualmente inseridas.10
Mas como a DBT é um tipo de terapia cognitiva, ela também utiliza estratégias cognitivas, uma
vez que a reinterpretação dos fatos e eventos também auxilia na regulação da resposta emocional.7
Além disso, estratégias de aceitação da realidade também fazem parte dos recursos empregados
no tratamento dentro da DBT. Nesse contexto, aceitar a realidade não equivale a aprovar a realidade
ou se conformar com ela. Aceitar significa tomar as coisas como elas são postas.10
LEMBRAR
Quando uma emoção é extrema, a capacidade de raciocinar e de implementar
estratégias cognitivas de modo efetivo se torna muito improvável.
A função dessas habilidades é impactar a alta excitação rapidamente, sem exigir um elevado
nível de processamento cognitivo. Agrupadas sob o acróstico TIP (Temperature; Intense Exercise;
Paced Breathing; Progressive/ Paired Muscle Relaxation), tais habilidades focam na ativação do
sistema nervoso autônomo parassimpático.
A primeira habilidade (mudança de temperatura) tem a ver com o uso de frio, água gelada ou gelo
para desencadear o reflexo do mergulho humano (que é tipicamente provocado para ajudar
a sobrevivência ao cair em um lago congelado, por exemplo).
A habilidade de ação oposta utilizada na DBT é fundamentada na ideia de que modificar ações
deliberadas, associadas com emoções indesejadas, pode efetivamente mudar as emoções.10
Os tratamentos eficazes para a raiva também requerem que os indivíduos ajam contra
os impulsos associados à raiva (ataque físico ou verbal), deixando a situação de lado.
As intervenções na raiva também se concentram em tomar a perspectiva oposta, passando
da agressão e do culpar para a gentileza e o perdão.29 Ademais, tanto a terapia cognitiva
convencional quanto a terapia de análise do comportamento trabalham com a técnica de
ativação comportamental para o tratamento da depressão.
■■ nome da emoção;
■■ evento típico que leva à emoção;
■■ interpretações ou avaliações;
■■ mudanças fisiológicas associadas à experiência;
■■ expressões e ações;
■■ consequências da ativação emocional;
■■ emoções secundárias associadas a cada emoção.
Usando a taxonomia, os pacientes são treinados a aprender a observar e a descrever suas emoções
em relação aos mais variados eventos.
LEMBRAR
Quando comparado com as condições de tratamento comum ou lista de espera, o
treinamento de habilidades da DBT diminuiu a depressão no tratamento de indivíduos
com depressão resistente.33
Um exemplo de caso clínico em que a DBT é indicada como abordagem transdiagnóstica será
ilustrado a seguir.
ATIVIDADES
A) A DBT salienta que apenas os processos que ocorrem antes da ativação emocional,
e que a condicionam, têm importância na manutenção da psicopatologia.
B) O modelo da DBT enfatiza a desregulação emocional, na qual os pacientes tendem
a apresentar sensibilidade reduzida a estímulos emocionais.
C) De acordo com o modelo da DBT, devem ser levados em conta também os fatores
de vulnerabilidade emocional, os quais resultarão em uma ativação mais intensa
como resposta a estímulos emocionais, mas também um retorno mais rápido para
os níveis basais de emoção.
D) A DBT também leva em conta os fatores de vulnerabilidade emocional, os quais
resultarão em uma sensibilidade aumentada a estímulos emocionais, uma ativação
mais intensa para essas respostas e um retorno mais lento para os níveis basais
normais nos indivíduos com desregulação emocional.
Resposta no final do artigo
A) nos casos em que a desregulação emocional está envolvida, a reatividade para pistas
emocionais, juntamente com estratégias insuficientes de regulação, podem resultar
em psicopatologia.
B) apesar de a desregulação emocional estar associada unicamente a indivíduos com
transtorno de personalidade borderline, certos mecanismos relacionados com essa
desregulação são similares aos característicos de outras psicopatologias, o que
sugere que tratamentos utilizados em pacientes com transtorno de personalidade
borderline também podem ser úteis nesses casos.
C) a desregulação emocional é característica de várias psicopatologias, o que sugere
alguns diagnósticos diferenciais.
D) a desregulação emocional é uma característica presente em diversas psicopatologias,
sugerindo que pessoas com transtorno de personalidade borderline quase sempre
apresentam outros transtornos mentais que possuem essa característica.
Resposta no final do artigo
■■ EXEMPLO CLÍNICO
V. é uma mulher de 29 anos, casada, mãe de dois filhos (8 e 6 anos), que buscou
atendimento após muita insistência de seu marido D. Vários tinham sido os momentos em
que o esposo pensara em separar-se, pois o comportamento da esposa estava “difícil de
aguentar”. Entretanto, mediante os intensos pedidos de V., resolveu fazer mais uma tentativa
de salvar o casamento, com a condição de que, agora, ela recebesse acompanhamento
psicoterápico. Conforme seu marido comenta, seu amor por ela parecia diminuir a cada
dia que passava, uma vez que já estava saturado com seus “joguinhos” e estava cheio
de sempre ter que ficar lhe paparicando.
D. em diversas vezes sentiu-se extremamente constrangido com as situações criadas pela
esposa. A última e mais importante dessas situações, ocorrida há cerca de 1 mês, deu-se
quando estava em uma reunião com a alta cúpula de sua empresa e V. simplesmente entrou
na sala, interrompeu a reunião e começou a gritar enciumada por ter pego uma mensagem
no celular dele que dizia: “Vou ficar um amor ou não vou?” de um número desconhecido.
D., todo ruborizado, acompanhou a esposa até uma sala ao lado e lhe obrigou a voltar
imediatamente para casa sem dizer uma palavra sequer. Enquanto argumentava,
V. gritava com ele, afirmando que era um retardado que não conseguia reconhecer a
mulher maravilhosa que tinha ao seu lado. Quando ela finalmente decidiu voltar para casa,
D. não sabia com que cara iria continuar a reunião. Ao retornar para sala de reuniões,
todos os dirigentes estavam com uma cara de espanto e cochichando sobre a situação.
Nenhuma das perguntas do terapeuta foi respondida com objetividade, mesmo diante
de suas solicitações. O discurso emocionalmente intenso era recheado de palavrões e
autoacusações. V. tinha uma opinião bem estabelecida sobre o seu problema: “Eu acho
que eu sou bipolar mesmo, eu não consigo me controlar direito, eu sou do tipo que não
aguenta as barras que a vida coloca no caminho da gente” [sic].
Com muito esforço, o terapeuta verificou que, ultimamente, a paciente estava se sentindo
muito desanimada.
Na semana anterior, V. relatou que estava sozinha em casa quando teve uma de suas
crises de dor de cabeça. Frente a “mais insuportável das insuportáveis dores” [sic], ligou
para o marido pedindo que viesse imediatamente para lhe cuidar. Preocupado, D. disse
que iria assim que terminasse de tratar de alguns assuntos com uma importante cliente
que estava na empresa. A paciente sequer respondeu e desligou o telefone na cara do
esposo, chorando compulsivamente em seguida.
Quando D. chegou em casa, V. recusou-se a falar com ele. Após muita insistência, disse
que compreendia que ele não gostasse mais dela, pois era gorda, feia, inútil e problemática.
Disse que tinha certeza de que ele estava na cama com a cliente, e repetia, gritando:
“Vou transformar tua vida em um inferno” [sic].
Tal situação, entretanto, não foi circunscrita. Desde a época em que começaram a
namorar, episódios semelhantes aconteciam. A paciente, nas ocasiões em que estava
mais depressiva, solicitava ao namorado que ficasse junto com ela para que lhe desse
apoio. Quando ele tinha algum outro compromisso que o impedia de ficar, nem mesmo
as mais longas explicações a convenciam de que ele não a amava mais.
V. é caçula e única mulher de uma prole de cinco irmãos, cuja diferença de idade entre
cada um é de cerca de 1 ano. Com relação a sua infância, a qual viveu “na encantadora
e romântica serra gaúcha” [sic], ela conta: “Foram os anos de ouro da minha vida. Era
magnífico ver a chuva límpida recair sobre a exuberante mata virgem que tanto embelezava
aquela terra sem similares no mundo. Tenho muito orgulho de ter nascido e crescido num
lugar tão admirado por todos os brasileiros” [sic].
Segundo suas informações, seus pais sempre lhe obrigaram a ser muito respeitadora
com os membros da família, sendo simpática e cordial. Eles lhe ensinaram que se deve
dar atenção para as pessoas que se gosta, porque, se assim não for, corre-se o risco de
magoá-las e de que as pessoas percam o sentimento que têm ela.
falando a respeito da vida dos vizinhos, fazendo comentários sobre suas famílias, do tipo:
“Tu vês o Fulano, filho da Cicrana, aquele guri não vai dar em nada, é um imprestável,
um inútil. Ele está repetindo de ano pela segunda vez e não se presta nem a procurar
um emprego. Já está com 17 anos na cara e ainda é sustentado pelos pais como se
fosse uma criança”. Comentários como esse eram comuns no ambiente de família,
e V. ficava sempre muito assustada, temendo os comentários dos outros em relação a ela.
A relação de V. com os irmãos raramente era amigável. Eles frequentemente lhe rechaçavam,
impedindo-a de participar das brincadeiras que inventavam. Nesses momentos, era comum
que fizesse seus escândalos, pois, assim, ela era autorizada a brincar junto, uma vez
que seus irmãos temiam uma represália por parte dos pais.
Quando estava no 2º grau, optou pela entrada no magistério. A sua atividade profissional,
contudo, sempre foi muito limitada. Quando se casou com D., um homem de negócios
com um futuro promissor, ele preferiu que não trabalhasse em turno integral, pois não teria
tempo para cuidar da casa e dos filhos. Antes do casamento, V. teve alguns namorados,
mas nunca conseguiu ter uma relação duradoura. Apesar de muito assediada, acreditava
que nunca teria sorte no amor, pois os homens sempre a abandonavam quando ela “se
entregava aos seus sentimentos” [sic].
V. nunca teve nenhum tipo de contato com substâncias psicotrópicas ilícitas e jamais teve
um episódio de consumo excessivo de álcool. O seu pai, entretanto, lutou a vida toda
contra o alcoolismo, vindo a falecer de cirrose hepática no ano em que ela se casou com D.
Embora o DSM-51 classifique a anorexia nervosa (AN) e a bulimia nervosa (BN) como
transtornos psiquiátricos distintos, sugerindo, consequentemente, tratamentos específicos,
a sintomatologia e o curso natural da doença não sustentam essa distinção classificatória.34
Adicionalmente, não raras vezes, tais pacientes migram entre esses transtornos com o
passar do tempo, não havendo, muitas vezes, uma estabilidade diagnóstica ao longo dos
anos. Desse modo, associa-se o fato de que os transtornos alimentares compartilham
a mesma psicopatologia que as distingue, sugerindo mecanismos “transdiagnósticos”
comuns envolvidos na persistência do transtorno da alimentação.35
Dessa forma, uma abordagem transdiagnóstica de TCC foi desenvolvida para toda a gama de
transtornos da alimentação observada em adultos, a partir da intervenção em TCC para BN.35,37
A TCC com tratamento ampliado (TCC-A) recebe essa denominação porque faz uso de estratégias
e procedimentos voltados a aumentar a adesão terapêutica. O modelo apresenta módulos que
abordam certos obstáculos à mudança, os quais não participam da psicopatologia central desses
transtornos, como perfeccionismo, baixa autoestima e dificuldades interpessoais.35
Há duas formas de TCC-A descritas na literatura: uma forma concentrada (focused, TCCA-F), que
se direciona à psicopatologia do transtorno da alimentação, sendo considerada a versão “padrão”,3
e outra, nomeada como ampla (broad, TCCA-B), pois amplia o tratamento aos obstáculos à
mudança mencionados anteriormente. Embora difiram na estrutura, ambas as versões são eficazes
em pacientes com transtornos alimentares, cogitando-se, ainda, que também possam ser eficazes
no tratamento de outros transtornos neuroendócrinos.39
Quanto à duração do tratamento, também há dois modelos de aplicação, pois os pacientes que não
são considerados muito abaixo do peso esperado, com índice de massa corporal (IMC) acima de
17,5kg/m², participam de uma abordagem de 20 semanas, enquanto os pacientes com um IMC
abaixo de 17,5kg/m² participam de uma versão de 40 semanas de tratamento.3
A TCC-A é um tratamento ambulatorial para adultos que foi desenvolvido para ser aplicado
individualmente, sendo, posteriormente, feitas adaptações para os adolescentes40 e para os
pacientes internados.41 Em um estudo, Dalle Grave e colaboradores42 recrutaram 68 pacientes
adolescentes com um transtorno alimentar, em que cada um realizou 20 sessões de TCC-A ao longo
de 20 semanas. Do total de pacientes que completaram a intervenção, cerca de dois terços (67,6%)
apresentaram uma mínima psicopatologia residual do transtorno alimentar ao final do tratamento,
apontando a TCC-A como uma abordagem promissora para esses pacientes.
A seguir, será descrita a abordagem TCC-A na versão de 20 semanas, concentrada (versão padrão),
para pacientes acima de 18 anos, com o estado físico estável e sem risco de suicídio.36
A entrevista inicial tem por objetivos permitir ao paciente que expresse livremente suas queixas,
com a finalidade de desenvolver um relacionamento terapêutico positivo e estabelecer um diagnóstico
adequado, levando em conta os possíveis diagnósticos diferenciais, a gravidade dos sintomas e a
presença de comorbidades psiquiátricas.
A avaliação não necessariamente ocorre em uma única consulta, pois uma segunda
consulta pode trazer novas informações importantes, assim como a discussão sobre
opções de tratamento.
Ao final do período destinado à avaliação, deverá ser possível decidir sobre as melhores opções
de tratamento, podendo ser elas:4
■■ conduta expectante, nos casos em que a natureza ou a gravidade do problema não são esclarecidas;
■■ TCC-A, nos casos de pacientes com algum transtorno da alimentação que tenham um IMC entre
15,0 e 40,0, excetuando-se os casos em que o estado físico ou psiquiátrico torna inapropriado
conduzir o caso de maneira ambulatorial, principalmente se houver risco de suicídio;
■■ tratamento mais intensivo (hospital-dia ou internação), nos casos de pacientes cujo IMC esteja
abaixo de 14,0 ou para aqueles cujo estado clínico apresenta-se instável, não estando a TCC-A
inicialmente indicada a esses pacientes.
É importante que, para realizar o adequado tratamento, todas as barreiras para realizar a terapia sejam
exploradas, bem como a observação de algumas contraindicações à sua aplicabilidade, tais como:36
DURAÇÃO DO TRATAMENTO
A TCC-A é um tratamento psicoterápico de curto prazo, aplicado individualmente, com duração
limitada, para pacientes com transtornos da alimentação. Conforme mencionado, para os pacientes
com IMC acima de 17,5kg/m², o protocolo é constituído de uma consulta para avaliação inicial,
seguida de 20 sessões ao longo de 20 semanas. Há circunstâncias nas quais é adequado ajustar
a duração do tratamento, sendo rara a sua abreviação, embora isso possa ocorrer nos casos de
melhora significativa, com pouco ou nenhum sintoma psicopatológico para ser abordado.
A TCC-A não deve, segundo as recomendações iniciais, ser combinada com outras
abordagens de psicoterapia.44 Caso ocorra uma situação de crise durante o tratamento,
providencia-se uma ou mais “sessões de crise” para tratar do problema em questão,
além das sessões de TCC-A.
Quadro 1
PROTOCOLO DA TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL
COM TRATAMENTO AMPLIADO
Estágios Período Objetivos
■■ motivar o paciente ao tratamento;
■■ criar, em colaboração com o paciente, uma formulação
Duas sessões por semana, dos processos mantenedores do transtorno da
Estágio 1 durante 4 semanas. alimentação;
■■ instruir e induzir dois procedimentos importantes: a
pesagem semanal e a alimentação regular.
■■ reavaliar a situação e os avanços;
Uma sessão por semana,
Estagio 2 ■■ identificar os obstáculos à mudança;
durante 2 semanas.
■■ modificar a formulação, caso necessário.
Esse é o estágio inicial e intensivo, em que o maior desafio é engajar o paciente ao tratamento,
o que é crucial para a mudança, podendo, inclusive, serem utilizadas estratégias e abordagens da
entrevista motivacional.45 Como muitos pacientes estão ansiosos para iniciar o tratamento e superar
seu problema alimentar, é importante motivá-los e psicoeducá-los sobre os transtornos alimentares.
O próximo passo é criar uma formulação, em colaboração com o paciente, por meio de uma
representação visual dos processos mantenedores do transtorno alimentar, fazendo uso das
experiências relatadas. Essa formulação ajuda os pacientes a perceberem seu comportamento
disfuncional e possíveis mecanismos que estejam perpetuando o transtorno.
Esse novo padrão alimentar não deve ser inflexível, de modo a excluir a possibilidade de
ajustar horários para atender compromissos diários dos pacientes. Eles são orientados a
aderir ao seu plano de alimentação regular e a não comer entre as refeições planejadas.
Para que isso ocorra, muitas vezes faz-se necessário orientá-los para identificar as
atividades que sejam incompatíveis, ou que tornem menos provável, com a prática de
uma alimentação regular.
ESTÁGIO 2
Nessa etapa, além de continuar com os procedimentos adotados no estágio anterior, realiza-se
uma avaliação do progresso obtido, assim como ocorre no tratamento com demais transtornos
psiquiátricos,46,47 pois se observa que a mudança significativa nas primeiras semanas de
tratamento é um fator preditor positivo para a melhora esperada. Outro objetivo é identificar os
problemas que ainda representam barreiras para o sucesso do tratamento, bem como a reformulação
do esquema terapêutico, caso necessário.
Nessa fase, o foco está nos mecanismos que estão sustentando o transtorno da alimentação,
podendo ser:
Para a adequada abordagem desse tema, pode-se fazer uso de cinco estratégias:
As pessoas com baixa autoestima frequentemente apresentam uma visão negativa de si,
independente do seu real desempenho. Assim, os pacientes com transtorno alimentar e com
baixa autoestima acreditam que não conseguem controlar o peso e a sua forma, além de
sentirem que não merecem um tratamento ou que serão incapazes de realizá-lo efetivamente.35
Nessa situação, o paciente é orientado sobre o papel da baixa autoestima na manutenção
do transtorno alimentar e a identificação do emprego de distorções cognitivas, como a
maximização do negativo e a generalização.
Devido a essa abordagem ser diferente da TCC-A, ela não é integrada ao protocolo,
optando-se por realizar sessões alternadas de TCC-A e de psicoterapia interpessoal.
ESTÁGIO 4
O objetivo dessa última etapa é a manutenção do progresso conquistado e a redução do
risco de recaída.
A TCC-A vem sendo empregada com sucesso no tratamento dos transtornos alimentares. Entretanto,
o UP é uma proposta inovadora que aborda principalmente problemas relacionados aos transtornos de
ansiedade e humor, bem como, nos casos mais graves, também pode abordar sintomas dissociativos.49
ATIVIDADES
............................................................................................................................................
............................................................................................................................................
............................................................................................................................................
............................................................................................................................................
Resposta no final do artigo
10. Com relação à entrevista de avaliação inicial da TCC-A, assinale a alternativa correta.
A) A avaliação não necessariamente ocorre em uma única consulta, pois uma segunda
consulta pode trazer novas informações importantes, assim como a discussão sobre
opções de tratamento.
B) A coleta de informações deve ser realizada unicamente tendo o paciente como fonte,
sem a interferência de familiares ou de acompanhantes.
C) A aferição do peso corporal e da estatura do paciente é facultativa, sendo possível
basear-se em informações dadas pelo paciente.
D) A aferição do peso corporal e da estatura do paciente deve sempre ser realizada no
início da entrevista.
Resposta no final do artigo
A) F — V — F — V.
B) F — F — F — V.
C) V — F — V — F.
D) V — V — F — F.
Resposta no final do artigo
13. De acordo com o protocolo de tratamento TCC-A, inicialmente proposto por Fairburn
e colaboradores, o período recomendado para o estágio 4 do tratamento é de:
A) V — F — V — V.
B) V — F — F — F.
C) V — F — V — F.
D) V — F — F — V.
Resposta no final do artigo
Além das altas taxas de comorbidade entre tais transtornos, pesquisas têm mostrado que os
transtornos de ansiedade e do humor apresentam características e fatores etiológicos e de
vulnerabilidade comuns.51,52 Entre clínicos é frequente, por exemplo, a observação de que o tratamento
de determinado transtorno de ansiedade afeta e leva à melhora nos sintomas depressivos, mesmo
que eles não tenham sido especificamente tratados durante a intervenção.
Assim, haja vista uma possível sobreposição entre alguns transtornos psiquiátricos, observa-se,
recentemente, o desenvolvimento de programas de tratamento unificados e transdiagnósticos
para quadros que compartilham características comuns, sendo que evidências científicas apontam
resultados positivos para o uso de tais intervenções.
O UP foi desenvolvido para ser aplicado em pacientes que apresentam diferentes diagnósticos,
como transtornos de ansiedade, transtorno depressivo maior e também em quadros em que há
um intenso componente emocional, como nos transtornos de sintomas somáticos e dissociativos.
Tais transtornos são considerados como transtornos da emoção ou transtornos emocionais e
têm em comum uma resposta emocional excessiva, sendo que o UP se baseia na premissa de
que indivíduos com tais condições vivenciam e respondem às suas emoções de modo semelhante,
tendendo a perceber experiências emocionais intensas como aversivas e fora do próprio controle.56
O UP é uma nova intervenção dentro da TCC que integra recentes pesquisas científicas da área
da regulação emocional e, também, estudos que avaliam os aspectos comuns dos transtornos de
ansiedade e humor.2,52 Por ser uma abordagem cognitivo-comportamental, o UP utiliza técnicas
como, entre outras:49
■■ extinção;
■■ prevenção de esquiva comportamental e cognitiva;
■■ identificação e modificação de cognições disfuncionais;
■■ psicoeducação;
■■ questionamento socrático;
■■ exposição.
Outra estratégia de regulação emocional disfuncional frequentemente utilizada por pacientes com
transtornos emocionais está relacionada ao modo como esses indivíduos focam a atenção: tais
indivíduos focam excessivamente a atenção nas emoções e nos potenciais gatilhos emocionais
situacionais ou desviam a atenção desses estímulos e vivências emocionais. Preocupação excessiva,
ruminação, supressão de pensamentos e distrair-se de determinados pensamentos são exemplos
de estratégias de regulação emocional atencional disfuncional, uma vez que impedem que os
indivíduos vivenciem plenamente as experiências que estão ocorrendo no presente.
Outro aspecto que o tratamento com UP foca é em comportamentos que são respostas a gatilhos
emocionais. É válido salientar, entretanto, que nem todos os comportamentos emitidos frente
às experiências emocionais são considerados como disfuncionais, como o comportamento de
fuga, que é gerado pelo medo e pela percepção de um perigo real e imediato. Entretanto, alguns
comportamentos que são emitidos frente à vivência de emoções podem se tornar disfuncionais e
mantenedores do quadro patológico quando não congruentes com o contexto, como, por exemplo,
o comportamento de esquiva de pacientes com transtorno de ansiedade social frente à ansiedade
de participar de uma festa.
emocionais, o terapeuta deve ativamente delinear situações que provoquem essas vivências
tanto dentro quanto fora da sessão, utilizando, como já mencionado, uma hierarquia de
exposição emocional.56,57
O tratamento visa, ainda, promover consciência e tolerância às sensações físicas por meio
de exposições interoceptivas, que são utilizadas para auxiliar os pacientes a reconhecer
as sensações físicas como parte inerente das experiências emocionais e, também, como
fatores desencadeantes de pensamentos e comportamentos. Tal exposição ocorre de forma
gradual e contínua, de modo a reduzir ou eliminar os comportamentos de segurança.56
LEMBRAR
No tratamento com o UP, sentimentos, comportamentos e pensamentos são vistos
como dinâmicos e inter-relacionados, sendo que cada um desses componentes
contribui e modula a experiência emocional que os indivíduos vivenciam.
Deve-se salientar que como o UP foi idealizado para tratar pacientes com diferentes
transtornos, o uso dessa intervenção no formato de grupo apresenta uma interessante
relação custo–benefício, uma vez que um número maior de participantes pode ser
atendido, haja vista que o terapeuta deve formar grupos de pacientes com diferentes
transtornos, além dos componentes terapêuticos inerentes ao tratamento em grupo, como
a normalização e validação dos sintomas entre os participantes.59,60
Ao utilizar o UP, o clínico deve utilizar diferentes escalas ao longo do tratamento para
avaliar o progresso do paciente, sendo que tais medidas são utilizadas dentro do setting
terapêutico como modo de apresentar ao paciente os ganhos obtidos com a intervenção,
os tópicos que devem ainda ser focados e, também, para auxiliar o paciente a adquirir
maior percepção de pensamentos, emoções e comportamento.49
Para uma discussão mais detalhada, o leitor pode consultar o manual do terapeuta e do
paciente.49,55
SESSÃO 1
A primeira sessão é fundamental para a instilação de motivação para a realização do tratamento e
para encorajar o paciente quanto à abertura para a mudança. Os pacientes são solicitados a listar
os prós e contras tanto do processo de mudança quanto de permanência às mesmas estratégias
de enfrentamento já utilizadas. Essa sessão ainda é importante para o estabelecimento de metas,
sendo que o terapeuta deve promover, de modo socrático, uma discussão para o estabelecimento
de objetivos concretos e possíveis ações que podem ser utilizados para atingi-los.
SESSÕES 2 E 3
Nessas sessões, o terapeuta deve promover uma psicoeducação acerca da natureza das emoções,
os componentes comuns às experiências emocionais e o conhecimento de que os indivíduos
aprendem a emitir comportamentos quando experimentam emoções, sendo que tais respostas, ao
longo do tempo, podem se tornar padrões comportamentais emitidos perante gatilhos emocionais.
O paciente é estimulado a perceber suas emoções e as reações que geralmente emite quando
as vivencia. Como tarefa de casa, o paciente deve monitorar as respostas emitidas frente às
emoções e, também, os gatilhos emocionais situacionais e/ou internos, de modo a adquirir
maior consciência dos próprios padrões emocionais.
Essas sessões têm como objetivo promover maior consciência e aceitação das próprias emoções.
Os pacientes são estimulados a identificar o modo como respondem às próprias emoções e de modo
não julgador, focando a atenção nas experiências emocionais. Os exercícios de mindfulness e
que induzem emoções são utilizados com o intuito de promover a habilidade de observação das
próprias emoções enquanto elas ocorrem.
SESSÕES 6 E 7
Nessas sessões o objetivo é promover uma discussão sobre a influência que as cognições disfuncionais
possuem sobre as experiências emocionais. Os pacientes são estimulados a identificar, avaliar e
modificar os pensamentos disfuncionais e que exacerbam as experiências emocionais.
SESSÕES 8 E 9
Essas duas sessões são destinadas a uma discussão sobre o componente comportamental
das experiências emocionais. Os pacientes são estimulados a identificar padrões de esquiva
emocional e comportamentos disfuncionais que são gerados por emoções, e modificar tais
padrões emocionais.
SESSÃO 10
O objetivo dessa sessão é promover uma discussão sobre o papel das sensações físicas durante
as experiências emocionais. Por meio de exposição interoceptiva às sensações físicas que
são similares à resposta de ansiedade, por exemplo, os pacientes são estimulados a identificar
a relação entre a percepção de tais respostas fisiológicas e os pensamentos e comportamentos.
A hiperventilação, por exemplo, pode ser uma das técnicas utilizadas para auxiliar o paciente a
entrar em contato com tais sensações fisiológicas.
SESSÕES 11 A 16
De modo similar à sessão anterior, essas sessões têm como objetivo promover exposição tanto às
sensações fisiológicas relacionadas às emoções quanto, também, aos estímulos condicionados
externos que atuam como gatilhos para respostas emocionais. Assim, sessão a sessão, os pacientes
têm a oportunidade, de forma progressiva, de adquirir maior tolerância às experiências emocionais.
O terapeuta pode realizar as exposições dentro da sessão, fora do contexto do consultório e
também imaginativa, sendo construída com o paciente uma hierarquia das respostas de esquiva
emocional, de modo a auxiliar terapeuta e paciente na realização da exposição.
Além disso, os ganhos obtidos com o tratamento UP parecem ser mantidos mesmo após
considerável tempo da finalização da intervenção. Em recente pesquisa, Bullis e colaboradores63
avaliaram a presença de sintomas depressivos e de ansiedade em 15 pacientes com diferentes
transtornos emocionais, sendo observada a manutenção dos ganhos da intervenção após 1 ano e
6 meses da finalização do tratamento.
ATIVIDADES
A) F — V — F — V.
B) F — F — F — V.
C) V — F — F — F.
D) V — V — F — F.
Resposta no final do artigo
17. Com relação às respostas a gatilhos emocionais e à maneira como elas são tratadas
no UP, assinale a alternativa correta.
A) Apenas a I.
B) Apenas a I, a III e a IV.
C) Apenas a III e a IV.
D) Apenas a IV.
Resposta no final do artigo
19. Com relação à exposição emocional, tal como vista no UP, assinale a alternativa
correta.
A) Apenas a I.
B) Apenas a I, a II e a III.
C) Apenas a II, a III e a IV.
D) Apenas a IV.
Resposta no final do artigo
O atendimento aos pacientes torna-se cada vez mais desafiador, tendo em vista as múltiplas
comorbidades que podem apresentar e a observação que as categorias classificatórias do DSM-
5 podem não contemplar com relação às semelhanças entre os transtornos mentais. Assim, a
escolha de abordagens específicas, focadas na classificação etiológica, pode negligenciar as reais
necessidades do paciente. Torna-se, portanto, útil desenvolver e aplicar técnicas transdiagnósticas,
conforme expostas neste artigo, para serem aplicadas nesses casos.
Embora originalmente desenvolvida para fazer parte de uma intervenção mais abrangente
(DBT standard), o treinamento de habilidades por si só pode ser um mecanismo por
meio do qual a mudança ocorre em uma variedade de populações com dificuldades na
regulação das emoções. De fato, o treinamento de habilidades tem sido ligado à redução
dos índices de desregulação das emoções.25
Por sua vez, a desregulação emocional foi relacionada com uma variedade de problemas de saúde
mental.14 Embora essa área de pesquisa ainda possa ser considerada incipiente, a evidência sugere
que esse tipo de abordagem é um tratamento promissor para intervenção na desregulação emocional
nas diversas psicopatologias, sendo um importante modelo de tratamento transdiagnóstico.
Entretanto, a TCC-A, derivada de uma teoria transdiagnóstica, é aplicada por meio de uma
formulação altamente personalizada, em vez de ser baseada em critérios diagnósticos dos
manuais diagnósticos.37 Tal abordagem tem implicações para o tratamento psicológico dos transtornos
alimentares e problemas relacionados à alimentação e considera as evidências que surgem sobre
o papel dos processos psicopatológicos comuns em diferentes categorias diagnósticas.
Por fim, o presente artigo realizou a apresentação do UP, que é uma nova intervenção dentro da TCC
para tratamento de transtornos emocionais, principalmente os transtornos de ansiedade e depressão ou
aqueles em que há um intenso componente emocional envolvido, como os transtornos dissociativos.49
Tal intervenção é baseada em evidências científicas da área da TCC, pesquisas com regulação
emocional e psicopatologia, sendo que diferentes pesquisas, inclusive realizadas no Brasil, têm
mostrado sua efetividade no tratamento de variados transtornos.
Atividade 2
Resposta: C
Comentário: A visão de mundo dialética pressupõe que o indivíduo é um ser integral (totalidade) e que,
ao mesmo tempo, influencia e é influenciado pelo ambiente (interdependência). Ademais, acredita
que a síntese de opostos é mais representativa da realidade do que os extremos de preto ou branco,
ou oito e oitenta (polaridade). Por fim, acredita que a natureza da realidade é dinâmica, e, com base
no conceito de dialética, pode ser descrita por meio do processo de síntese de uma tese e antítese.
Atividade 3
Resposta: D
Comentário: Apesar de também considerar os aspectos cognitivos presentes na ativação emocional,
tal como a terapia cognitiva convencional, o modelo explicativo da DBT enfatiza as dificuldades na
resposta de regulação emocional, sendo que alguns estudos sugerem que os processos que ocorrem
após a ativação emocional, como consequência dessa resposta, são fundamentais para a manutenção
da psicopatologia. A DBT também leva em conta os fatores de vulnerabilidade emocional, efeitos
distais e proximais que antecedem os eventos de iniciação, curso e intensificação das respostas
emocionais, os quais resultarão em uma sensibilidade aumentada a estímulos emocionais, uma
ativação mais intensa para essas respostas e um retorno mais lento para os níveis basais normais
em indivíduos com desregulação emocional.
Atividade 4
Resposta: A
Comentário: É possível inferir que, nos casos em que a desregulação emocional está envolvida, a
reatividade para pistas emocionais, juntamente com as estratégias insuficientes de regulação, pode resultar
em psicopatologia. Isso sugere que a desregulação emocional pode ser um fenômeno transdiagnóstico.
Resposta: C
Comentário: A DBT inclui um conjunto de habilidades de mindfulness que enfatizam observar,
descrever e participar no momento presente, fazendo uma coisa de cada vez de forma eficaz
e sem julgamento. O aumento de consciência desenvolvida por essas práticas visa aumentar a
sensibilidade às contingências atuais do meio ambiente, o que permite a oportunidade para novas
aprendizagens. Nesse contexto, mindfulness em DBT não seria empregada com o objetivo de
reduzir a frequência de pensamentos angustiantes, e, sim, para diminuir a influência que esses
pensamentos têm sobre o comportamento e as emoções subsequentes.
Atividade 6
Resposta: D
Comentário: A teoria “transdiagnóstica” de Fairburn e colaboradores destaca o fato de que a AN e
a BN compartilham muitos aspectos da psicopatologia, principalmente a superestimação da forma,
do peso e do seu controle. Dessa forma, uma abordagem transdiagnóstica de TCC foi desenvolvida
para toda a gama de transtornos da alimentação observada em adultos, a partir da intervenção
em TCC para BN. Mesmo quando há presença de comorbidades psiquiátricas, como transtornos
de ansiedade e depressão, essa abordagem mostrou-se eficaz, com redução dos sintomas tanto
para o transtorno alimentar central quanto para as comorbidades.
Atividade 7
Resposta: D
Comentário: Existem duas formas de TCC-A descritas na literatura: uma forma “concentrada”, a
TCCA-F, que se direciona à psicopatologia do transtorno da alimentação, sendo considerada a versão
“padrão”; e uma forma ampla, a TCCA-B, que é nomeada dessa maneira porque amplia o tratamento
a eventuais obstáculos à mudança, os quais não participam da psicopatologia central dos transtornos
alimentares, como perfeccionismo, baixa autoestima e dificuldades interpessoais. Embora difiram na
estrutura, ambas as versões são eficazes em pacientes com transtornos alimentares, cogitando-se,
ainda, que possam ser eficazes também no tratamento de outros transtornos neuroendócrinos.
Atividade 8
Resposta: A
Comentário: Quanto à duração do tratamento com TCC-A, há dois modelos de aplicação, sendo que
os pacientes que não são considerados muito abaixo do peso esperado, com IMC acima de 17,5kg/
m², participam de uma abordagem de 20 semanas; enquanto pacientes com um IMC abaixo de
17,5kg/m² participam de uma versão de 40 semanas de tratamento. A TCC-A não é recomendada,
inicialmente, para pacientes com IMC abaixo de 14,0kg/m².
Atividade 9
Resposta: Os objetivos da entrevista inicial são permitir ao paciente que expresse livremente suas
queixas, com a finalidade de desenvolver um relacionamento terapêutico positivo, e estabelecer
um diagnóstico adequado, levando em conta os possíveis diagnósticos diferenciais, a gravidade
dos sintomas e a presença de comorbidades psiquiátricas.
Atividade 11
Resposta: B
Comentário: Após o período de avaliação inicial, é possível decidir quanto à melhor opção de
tratamento para os distúrbios alimentares. Nos casos em que a natureza ou a gravidade do problema
não são esclarecidas, recomenda-se a conduta expectante. Já em pacientes cujo IMC esteja abaixo
de 14,0 ou para aqueles cujo estado clínico apresenta-se instável, recomenda-se tratamento mais
intensivo, como hospital-dia ou internação, não estando a TCC-A inicialmente indicada a esses
pacientes. A TCC-A é recomendada nos casos de pacientes com algum transtorno da alimentação
que tenham um IMC entre 15,0 e 40,0, excetuando-se os casos em que o estado físico ou psiquiátrico
torna inapropriado conduzir o caso ambulatoriamente, principalmente se houver risco de suicídio.
Atividade 12
Resposta: C
Comentário: Entre as contraindicações à aplicabilidade da TCC-A, é possível citar presença de
depressão grave, abuso de substâncias psicoativas, dificuldades ou momentos de graves crises
na vida, incapacidade de comparecer às sessões de psicoterapia e falta de sucesso da TCC-A em
possíveis tentativas anteriores. Mesmo quando há presença de comorbidades psiquiátricas, como
transtornos de ansiedade e depressão, a TCC-A mostrou-se uma abordagem terapêutica eficaz,
com redução dos sintomas, tanto para o transtorno alimentar central quanto para as comorbidades.
Apesar do uso de substâncias psicoativas ser considerado uma contraindicação, estudos mostram
que a eficácia da TCC-A não foi diminuída em pacientes que faziam uso crônico de bebida alcóolica,
tendo, inclusive, observado a diminuição da ingestão nesses pacientes.
Atividade 13
Resposta: D
Comentário: De acordo com o protocolo de tratamento TCC-A, inicialmente proposto por Fairburn e
colaboradores, o estágio 4 tem como objetivo garantir que as mudanças feitas no tratamento sejam
mantidas no decorrer dos meses que se seguem e minimizar o risco de recaída em longo prazo, e o
período recomendado para a sua aplicação é de uma sessão a cada 2 semanas, durante 6 semanas.
Resposta: A
Comentário: O estágio 1 é intensivo, no qual o maior desafio é engajar o paciente ao tratamento,
o que é crucial para a mudança, podendo, inclusive, serem utilizadas estratégias e abordagens da
entrevista motivacional. Como muitos pacientes estão motivados para superar seu problema alimentar
e ansiosos para que o tratamento comece, é importante fomentar a esperança e psicoeducá-los sobre
os transtornos alimentares. Um dos procedimentos importantes instituídos nesse estágio é a pesagem
semanal, pois é a oportunidade de educar os pacientes sobre o peso corporal, fornecendo dados
precisos em um momento em que os hábitos alimentares estão mudando, e ajuda-os a interpretar os
números na balança, que, caso contrário, tende a ser interpretado de forma equivocada. No estágio
2, além de continuar com os procedimentos adotados no estágio anterior, realiza-se uma avaliação
do progresso obtido, assim como ocorre no tratamento com demais transtornos psiquiátricos, pois
observa-se que a quantidade de mudança do paciente nas primeiras semanas de tratamento é um
fator preditor positivo para a melhora esperada. No estágio 3, além de outros aspectos, aborda-se
a superestimação da forma e do peso, em que ocorre o julgamento do valor de si por meio da forma
e do peso, e da capacidade de controlá-los. Como essa psicopatologia ocupa um lugar central na
formulação da maioria dos pacientes, é fundamental que ela seja abordada no tratamento, pois,
caso contrário, os pacientes apresentam alto risco de recaída.
Atividade 15
Resposta: B
Comentário: As evidências mais recentes apontam para a efetividade de intervenções transdiagnósticas
unificadas para transtornos que compartilham características comuns e que respondem a estratégias
terapêuticas similares. Diversos estudos e pesquisas têm apontado, ainda, para a efetividade do uso
do UP no tratamento de transtornos de ansiedade e/ou depressão, sendo que os ganhos obtidos
com esse tratamento parecem ser mantidos mesmo após considerável tempo da finalização da
intervenção. Quanto ao uso do UP em outros transtornos, a literatura aponta alguns estudos que
avaliaram o uso do protocolo transdiagnóstico para tratamento de pacientes com TPB e múltiplas
comorbidades, sendo observada, nesses pacientes, uma diminuição significativa nos sintomas
borderline e melhora da qualidade de vida após o final do tratamento.
Atividade 16
Resposta: C
Comentário: Os tratamentos transdiagnósticos têm sido desenvolvidos devido à observação de
que alguns transtornos apresentam alta taxa de comorbidade, além da literatura científica apontar
que alguns desses transtornos apresentam características comuns, como fatores etiológicos e
mesma resposta ao tratamento. Entre tais transtornos, a literatura aponta que os transtornos de
humor e ansiedade compartilham um alto índice de comorbidade: 40 a 80% dos pacientes com
transtornos de ansiedade apresentam depressão como comorbidade. Ao utilizar um tratamento
transdiagnóstico, o clínico não precisa definir qual a primeira condição que será tratada, uma vez
que tais protocolos foram desenvolvidos para tratar mecanismos comuns a diferentes condições
psiquiátricas. Entre os tratamentos transdiagnósticos, o UP foi desenvolvido, inicialmente, para tratar
pacientes que apresentam transtornos considerados emocionais como de humor e ansiedade, e
não especificamente pacientes com TPB e transtorno de humor.
Atividade 18
Resposta: B
Comentário: O foco do tratamento com UP está no modo como os indivíduos respondem às próprias
emoções. Assim, o tratamento com o UP é uma intervenção focada principalmente nas emoções
e no modo como os indivíduos vivenciam e respondem a elas.
Atividade 19
Resposta: A
Comentário: Um dos principais focos do UP é promover uma mudança dessa estratégia de regulação
emocional, utilizando, para isso, a exposição emocional, a qual, no UP, foca no contato progressivo
e sistemático com as experiências emocionais, em que terapeuta e paciente selecionam, por
meio de uma lista de hierarquia de esquiva emocional, as situações que atuam como gatilho de
respostas emocionais.
Atividade 20
Resposta: C
Comentário: Ao utilizar o UP, o clínico deve utilizar diferentes instrumentos de avaliação ao longo da
intervenção para avaliar o progresso do paciente, sendo que tais medidas são utilizadas dentro do
setting terapêutico como modo de apresentar ao paciente os ganhos obtidos com o tratamento, os
tópicos que devem ainda ser focados e, também, para auxiliar o paciente a adquirir maior percepção
de pensamentos, emoções e comportamento.
■■ REFERÊNCIAS
1. American PsychiatricAssociation. (2014). Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: DSM
5 (5a ed.). Porto Alegre, RS: Artmed.
2. Brown, T. A., & Barlow, D. H. (2009). A proposal for a dimensional classification system based on the
shared features of the DSM-IV anxiety and mood disorders: Implications for assessment and treatment.
Psychological Assessment, 21(3), 256–271.
3. Fairburn, C. G., Cooper, Z., & Doll, H. A. (2009). Transdiagnostic cognitive behavioral therapy for patients with
eating disorders: a two-site trial with 60-week follow-up. American Journal pf Psychiatry, 166(3), 311–319.
4. Fairburn, C. G., Cooper, Z., Shafran, R., & Wilson, G. T. (2009). Transtornos da alimentação, um protocolo transdi-
agnóstico. In. Barlow, D.H. Manual clínico dos transtornos psicológicos (pp. 577–614). Porto Alegre, RS: Artmed.
disorder and comorbid disorders: a clinical replication series. Journal of Personality Disorders, 30(1), 35–51.
6. Sauer-Zavala, S., Gutner, C. A., Farchione, T. J., Boettcher, H. T., Bullis, J. R., & Barlow, D.H. (2016). Cur-
rent definitions of “transdiagnostic” in treatment development: a search for consensus. Behavior Therapy,
48(1), 128–138.
8. Korner, K., & Dimeff, L. A. (2007). Overview of dialectical behavior therapy. In: Dimeff, L., & Koerner, K.
(Org.). Dialectical behavior therapy in clinical practice: Applications across disorders and settings (pp.
1–18). New York, NY: Guilford Press.
9. Melo, W. V., Sardinha, A., & Levitan, M. N. (2014). O desenvolvimento das terapias cognitivo-comportamentais
e a terceira onda. In Neufeld, C. B., Falcone, E. M. O., & Rangé, B. P. (Org.). Programa de atualização em
terapia cognitivo-comportamental (v. 2, pp. 9–44). Porto Alegre, RS: Artmed.
11. Neacsiu, A. D., Eberle, J. W., Kramer. R., Wiesmann, T., & Linehan, M. M. (2014). Dialectical behavior
therapy skills for transdiagnostic emotion dysregulation: a pilot randomized controlled trial. Behaviour
Research and Therapy, 59, 40–51.
12. Aldao, A., Nolen- Hoeksema, S., & Schweizer, S. (2010). Emotion-regulation strategies across psychopa-
thology: a meta-analytic review. Clinical Psychology Review, 30(2), 217–237.
13. Harned, M. S., Rizvi, S. L., & Linehan, M. M. (2010). Impact of co-occurring posttraumatic stress disorder on
suicidal women with borderline personality disorder. American Journal of Psychiatry, 167(10), 1210–1217.
14. Gujar, N., Yoo, S., Hu, P., & Walker, M. P. (2011). Sleep deprivation amplifies reactivity of brain reward networks,
biasing the appraisal of positive emotional experiences. Journal of Neuroscience, 31(12), 4466–4474.
15. Kring, A. M., & Sloan, D. M. (2010). Emotion regulation and psychopathology: a transdiagnostic approach
to etiology and treatment. New York, NY: Guilford Press.
16. Cisler, J. M., Olatunji, B. O., Feldner, M. T., & Forsyth, J. P. (2010). Emotion regulation and the anxiety
disorders: an integrative review. Journal of Psychopathology and Behavioral Assessment, 32(1), 68–82.
17. Harrison, A., Sullivan, S., Tchanturia, K., & Treasure, J. (2009). Emotion recognition and regulation in
anorexia nervosa. Clinical Psychology and Psychotherapy, 16(4), 348–356.
18. Kring, A. M., & Werner, K. H. (2004). Emotion regulation and psychopathology. In Philippot, P., & Feldman,
R. S. (Eds.). The regulation of emotion (pp. 359–408). Mahwah, NJ: Erlbaum.
19. Thorberg, F. A., Young, R. M., Sullivan, K. A., & Lyvers, M. (2009). Alexithymia and alcohol use disorders:
A critical review. Addictive Behaviors, 34(3), 237–245.
20. McHugh, R. K., Murray, H. W., & Barlow, D. H. (2009). Balancing fidelity and adaptation in the dissemination
of empirically-supported treatments: The promise of transdiagnostic interventions. Behaviour Research
and Therapy, 47 (11), 946–953.
22. Silveira, R. D., Peixoto, M. S., & Melo, W. V. (2013). Sintomas depressivos e o processamento emocional
de expressões faciais. Revista Saúde e Desenvolvimento Humano, 1(2), 47–58.
23. Melo, W. V., Peixoto, M. S., Oliveira, A. A., & Bizarro, L. (2012). Avaliação da ansiedade e do processa-
mento da atenção em universitários através da tarefa de Stroop Emocional. Revista Brasileira de Terapia
Comportamental e Cognitiva, 14(2), 23–35.
24. Melo, W. V., Oliveira, A. A., Peixoto, M. S., & Bizarro, L. (2012). Avaliação da ansiedade e do viés de
atenção no canal visual para estímulos emocionais em uma amostra não clínica. Estudos de Psicologia,
17(1), 107–114.
25. Neacsiu, A. D., Rizvi, S. L., & Linehan, M. M. (2010). Dialectical behavior therapy skills use as a mediator and
outcome of treatment for borderline personality disorder. Behaviour Research and Therapy, 48(9), 832–839.
26. Martell, C. R., Addis, M., & Jacobson, N. S. (2001). Depression in context: strategies for guided action.
New York, NY: Norton.
27. Joiner, T. E. Jr., Lewinsohn, P. M., & Seeley, J. R. (2002). The core of loneliness: Lack of pleasurable en-
gagement: more so than painful disconnection: predicts social impairment, depression onset, and recovery
from depressive disorders among adolescents. Journal of Personality Assessment, 79(3), 472–491.
28. Hurwitz, B. E., & Furedy, J. J. (1986). The human dive reflex: an experimental, topographical and physi-
ological analysis. Physiology and Behavior, 36(2), 287–294.
29. Tafrate, R. C., Kassinove, H., & Dundin, L. (2002). Anger episodes in high- and low-traitanger community
adults. Journal of Clinical Psychology, 58(12), 1573–1590.
30. Dolan, R. J. (2002). Emotion, cognition, and behavior. Science, 298(5596), 1191–1194.
31. Iverson, K. M., Shenk, C., & Fruzzetti, A. E. (2009). Dialectical behavior therapy for women victims of
domestic abuse: a pilot study. Professional Psychology: Research and Practice, 40(3), 242–248.
32. Koons, C. R., Chapman, A. L., Betts, B. B., O’Rourke, B., Morse, N., & Robins, C. J. (2006). Dialectical
behavior therapy adapted for the vocational rehabilitation of significantly disabled mentally ill adults. Cogni-
tive and Behavioral Practice, 13(2), 146–156.
33. Harley, R., Sprich, S., Safren, S., Jacobo, M., & Fava, M. (2008). Adaptation of dialectical behavior therapy skills
training group for treatment-resistant depression. Journal of Nervous and Mental Disease, 196(2), 136–143.
34. Fairburn, C. G., & Harrison, P. J. (2003). Eating disorders. Lancet, 361(9355), 407–416.
35. Fairburn, C. G., Cooper, Z., & Shafran, R. (2003). Cognitive behavior therapy for eating disorders: a
“transdiagnostic” theory and treatment. Behaviour Research and Therapy, 41(5), 509–528.
36. Murphy, R., Straebler, S., Cooper, Z., & Fairburn, C. G. (2010). Cognitive behavioral therapy for eating
disorders. The Psychiatric Clinics of North American, 33(3), 611–627.
37. Fairburn, C. G., Marcus, M. D., & Wilson, G. T. (1993). Cognitive-behavioral therapy for binge eating and
bulimia nervosa: a comprehensive treatment manual. In Fairburn, C.G., & Wilson, G.T. (Eds.). Binge eating:
Nature, assessment and treatment (pp. 361-404). New York, NY: Guilford Press.
39. Groff, S. E. (2015). Is enhanced cognitive behavioral therapy an effective intervention in eating disorders?
A review. Journal of Evidence-Informed Social Work, 12(3), 272–288.
40. Cooper, Z., & Stwart, A. (2008). CBTE for adolescents. In Fairburn, C. G. (Ed.). Cognitive-behaviour therapy
and eating disorders. New York, NY: Guilford Press.
41. Dalle-Grave, R. (2008). Inpatient CBTE. In Fairburn, C. G. (Ed.). Cognitive-behavior therapy and eating
disorders. NewYork, NY: Guilford Press.
42. Dalle Grave, R., Calugi, S., Sartirana, M., & Fairburn, C.G. (2015). Transdiagnostic cognitive behaviour therapy
for adolescents with eating disorder who are not underweight. Behavioral Research and Therapy, 73, 79-82.
43. Karačić, M., Wales, J. A., Arcelus, J., Palmer, R. L., Cooper, Z., & Fairburn, C. G. (2011). Changes in alcohol
in take in response to transdiagnostic cognitive behavior therapy for eatingdisorders. Behaviour Research
and Therapy, 49(9), 573-577.
44. Wilson, G. T. (2005). Psychological treatment of eating disorders. In Noln-Hoeksema, S. (Ed.). Annual
review of clinical psychology (pp. 439–466). Palo Alto, CA: Annual Reviews.
45. Wilson, G. T., & Sclam, T. R. (2004). The transtheoretical model and motivational interciewing in the treat-
ment of eating and weight disorders. Clinical Psychology Review, 24(3), 361–378.
46. Wilson, G. T. (1999). Cognitiv behavior therapy for eating disorders: progress and problems. Behaviour
Research and Therapy, 37, 579–595.
47. Agras, W. S., Walsh, B. T., Fairburn, C. G. (2000). A multicenter comparison of cognitive behavioral therapy
and interpersonal psychotherapy for bulimia nervosa. Archives General Psychiatry, 57(5), 459–466.
49. Barlow, D. H., Farchione, T. J., Fairholme, C. P., Ellard, K. K., Boisseau, C. L., Allen, L. B., & Ehrenreich-
May, J. (2011a). Unified protocol for transdiagnostic treatment of emotional disorders: therapist guide. New
York, NY: Oxford University Press.
50. Kessler, R. C., Berglund, P., Demler, O., Jin, R., Merikangas, K. R., & Walters, E. E. (2005). Lifetime preva-
lence and age-of-onset distributions of DSM-IV disorders in the National Comorbidity Survey Replication.
Archives of General Psychiatry, 62(6), 593–602.
51. Barlow, D. H., Sauer-Zavala, S., Carl, J. R., Bullis, J. R., & Ellard, K. K. (2014). The nature, diagnosis, and
treatment of neuroticism: Back to the future. Clinical Psychological Science, 2(3), 344–365.
52. Krueger, R. F., & Eaton, N. F. (2015). Transdiagnostic factors of mentaldisorders. World Psychiatry, 14(1), 27–29.
53. Tsao, J. C. I., Mystkowski, J. L., & Zucker, B. G. (2002). Effects of cognitive-behavioral therapy for panic
disorder on comorbid conditions: replications and extension. Behavior Therapy, 33(4), 493–509.
54. McEvoy, P. M., & Nathan, P. (2007). Effectiveness of cognitive behavior therapy for diagnostically hetero-
geneous groups: a benchmarking study. Journal of Consulting and Clinical Psychogy, 75(2), 344–350.
56. Boswell, J. (2013). Intervention strategies and clinical process in transdiagnostic cognitive–behavioral
therapy. Psychotherapy, 50(3), 381–386.
57. Fairholme, C. P., Boisseau, C. L., Ellard, K. K., Ehrenreich, J. T., & Barlow, D. H. (2009). Emotions, emotion
regulation and psychological treatment: A Unified perspective. In Kring, A., & Sloan, D. (Eds.). Emotion
regulation and psychopathology. New York, NY: Guilford Press.
58. Ellard, K. K., Fairholme, C. P., Boisseau, C. L., Farchione, T. J., & Barlow, D. H. (2010). Unified protocol
for the transdiagnostic treatment of emotional disorders: protocol development and initial outcome data.
Cognitive and Behavioral Practice, 17(1), 88–101.
59. Maia, A. C., Braga, A. A., Nunes, C. A., Nardi, A. E., & Silva, A. C. (2013). Transdiagnostic treatment using
a unified protocol: application for patients with a range of comorbid mood and anxiety disorders. Trends
in Psychiatry and Psychotherapy, 35(2), 134–140.
60. Maia, A. C. O., Nardi, A. E., & Cardoso, A. (2014). The utilization of unified protocols in behavioral cognitive
therapy in transdiagnostic group subjects: a clinical trial. Journal of Affective Disorders,172, 179–183.
61. Boswell, J. F., Anderson, L. M., & Barlow, D. H. (2014). An idiographic analysis of change processes in the
unified transdiagnostic treatment of depression. Journal of Consulting and Clinical Psychology, 82(6), 1060–71.
62. Farchione, T. J., Fairholme, C. P., Ellard, K. K., Boisseau, C. L., Thompson-Hollands, J., Carl J. R., …
& Barlow, D. H. (2012). The unified protocol for the transdiagnostic treatment of emotional disorders: a
randomized controlled trial. Behavior Therapy, 43(3), 666–678.
63. Bullis, J. R., Fortune, M. H., Farchione, T. J., & Barlow, D. H. (2014). A preliminary investigation of the long-
term outcome of the Unified Protocol for Transdiagnostic Treatment of Emotional Disorders. Comprehensive
Psychiatry, 55(8), 1920–1927.
64. Lopez, M. E., Stoddard, J. A., Noorollah, A., Zerbi, G., Payne, L. A., Geffen, D., … & Ray, D. B. (2015).
Examining the efficacy of the unified protocol for transdiagnostic treatment of emotional disorders in the
treatment of individuals with borderline personality disorder. Cognitive and Behavioral Practice, 22(4),
522–533.
65. Ellard, K. K., Deckersbach, T., Sylvia, L. G., Nierenberg, A. A., & Barlow, D. H. (2012). Transdiagnostic
treatment of bipolar disorder and comorbid anxiety withthe unified protocol: a clinical replication series.
Behavior Modification, 36(4), 482–508.
Franzin, R., Caetano, K. A. S., & Melo, W. V. (2018). Tratamentos transdiagnósticos eficazes
em terapia cognitivo-comportamental. In Federação Brasileira de Terapias Cognitivas, C. B.
Neufeld, E. M. O. Falcone & B. P. Rangé. (Orgs.). PROCOGNITIVA Programa de Atualização em
Terapia Cognitivo-Comportamental: Ciclo 4. (pp. 31–73). Porto Alegre: Artmed Panamericana.
(Sistema de Educação Continuada a Distância, v. 4).