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ESPECIALIZAÇÃO AVANÇADA EM

PSICOLOGIA CLÍNICA E DA SAÚDE


[E-LEARNING]
Módulo: Consulta psicológica no adulto: entrevista clínica e métodos de
avaliação

Formadora: Anita Santos


Avaliação Psicológica no contexto clínico:

1. Obter informações necessárias para o diagnóstico;


2. Obter informações úteis para o desenvolvimento de um plano de
tratamento específico;
3. Auxiliar na compreensão do cliente, identificando os problemas e questões
mais importantes que precisam ser abordadas;
4. Monitorização do tratamento.
1. Avaliação do diagnóstico
• Importante para o desenvolvimento de qualquer plano eficaz de
tratamento
• Ajuda no diagnóstico diferencial de perturbações psicopatológicas
• A informação recolhida em qualquer fonte deve ser usada em
conjunto com outras informações clínicas para chegar a um
diagnóstico.
• Conjunto de procedimentos para a tomada de informações que se necessita e não
deve ser entendida como um momento único em que um instrumento poderia ser
suficiente para responder às questões relacionadas ao problema que se pretende
investigar.
• Abrange aspectos passados, presentes (diagnóstico) e futuros (prognóstico) do
paciente.
• A avaliação psicológica não tem por objetivo apenas identificar os aspectos deficitários
ou patológicos do paciente, mas também reconhecer os seus recursos e potenciais.
2. O Papel da Avaliação Psicológica para o
Planeamento do Tratamento
• Identificação do problema
• De forma ampla, identifica-se o problema e investiga-se a possibilidade da presença
de múltiplas áreas problemáticas.

• Esclarecimento do problema
• Os testes psicológicos podem a clarificar um problema conhecido, e podem melhorar a
compreensão do cliente sobre o problema, conduzindo a um plano de tratamento mais
adequado (e.g., maior consciencialização da forma como se sente e age a partir da resposta às questões).
• Os três tipos mais importantes de informação que podem ser recolhidos para este fim
são: a gravidade do problema, a complexidade do problema, e 0 grau em que o
problema prejudica a capacidade do cliente de funcionar em um ou mais papéis da
vida.
• Identificação das Características Importantes do Cliente
• Identificação de características do cliente que podem servir como recursos para atingir
seus objetivos terapêuticos (e.g. suporte social, trabalho, talento…).
• O conhecimento das fraquezas ou défices do cliente que também podem afetar o
plano de tratamento (recursos monetários insuficientes, dificuldades relacionais, falta de
competências sociais, doença…).
Avaliação Psicológica como coadjuvante da
psicoterapia
• Avaliação Psicológica no apoio ao julgamento clínico
• Nomeadamente na tomada de decisão em relação ao rastreio, diagnóstico,
planeamento do tratamento e monitorização do progresso do tratamento.

• Na avaliação
• O cliente não é apenas o principal provedor de informações necessárias, mas também
participa ativamente na formulação das questões que devem ser respondidas pela
avaliação.
• O feedback sobre os resultados da avaliação é fornecido ao cliente e é considerado um
principal, se não o principal, elemento do processo de avaliação.
• Assim, o cliente torna-se parceiro no processo de avaliação.
3. Avaliação Psicológica como Técnica de
Intervenção
• Reconhecer padrões de funcionamento (e.g., cansaço, fadiga pontuados altos vs
pessoa ativa – cansaço e fadiga normais);
• Apresentar os resultados da avaliação diretamente ao cliente
• Pedir feedback ao cliente: reconhecimento do direito dos clientes
para ver seus registos de saúde, médicos, psicológicos e psiquiátricos;
• Mostrar a evolução – mudança (e.g., melhoria na sintomatologia);
• Perceber o que deve ser trabalhado (e.g., áreas ainda afetadas –
relacionamento interpessoal);
• Discutir o significado dos resultados em termos de objetivos de
intervenção definidos pelo cliente;
• Suscitar as reações do cliente.
4. Monitorização da intervenção
Utilização de testes psicológicos ao longo do tratamento?

• Acompanhamento do progresso do tratamento com instrumentos de avaliação psicológica


é muito importante

• Se o tratamento for ineficiente, inadequado ou não resultar nos efeitos esperados, as


mudanças no plano de tratamento podem ser formuladas e implementadas.
• Esses ajustes podem refletir a necessidade de
• Tratamento mais intensivo ou agressivo
• Tratamento menos intensivo
• Uma abordagem terapêutica diferente.
Cuidados a ter na monitorização da intervenção?
• Questionários longos – cansaço, resposta ao “calha”
• Quantidade de questionários – muitos questionários podem desmotivar
• Adequação dos questionários – mediar apenas o necessário
• Questionários todas as sessões vs de x em x sessões
Avaliação clínica do diagnóstico

Competências

Competências básicas Competências no uso


de atendimento e de de instrumentos
influência

Entrevistas clínicas:
Instrumentos
- Entrevista semi-estruturada
de psicopatologia
- Entrevista de diagnóstico

Relação interpessoal Intencionalidade


(Micro)Competências de
atendimento
(Micro)Competências de atendimento
• Para conseguirmos ajudar alguém é importante atender/ ouvir essa pessoa.
• É crucial no início da psicoterapia saber realizar a entrevista, para obter informações que vão
orientar a intervenção, mas também fundamentar a relação terapêutica

• Numa situação de entrevista ou de terapia o factor mais importante é a


capacidade para estabelecer uma relação com outra pessoa.
• Ouvir o outro é um aspecto crucial, possibilitando que este continue a falar e explorar.
• Certamente que deve colocar as questões que o interessam e lhe parecem relevantes, mas é
igualmente importante dar “tempo de antena ao cliente”.
(Micro)Competências de atendimento
• São a base da entrevista clínica intencional.
• Competências de comunicação que fornecem alternativas específicas para
serem usadas com vários tipos de clientes e qualquer modelo terapêutico
• Inicialmente, deve-se dominar uma a uma, e depois integrar numa entrevista clínica

• Quando somos competentes nas microcompetências, somos capazes de


ouvir com eficácia e ajudar os clientes a mudar e a crescer.
• Permite antecipar ou prever como é que os clientes irão responder às intervenções.
• Se não responderem como esperado, podemos alterar para competências que
atendam às necessidades deles.
A intencionalidade
• A intencionalidade é um objetivo central de uma entrevista eficaz.
• Implica agir com capacidade de decidir entre uma vasta gama de ações
alternativas.
• O terapeuta tem mais de uma ação, pensamento ou comportamento para
escolher como resposta às situações expostas em terapia
• Pode gerar alternativas numa dada situação e abordar um problema de
vários pontos de vista, usando uma variedade de competências e qualidades
pessoais, adaptando estilos para se adequar a diferentes indivíduos e
culturas.
A intencionalidade

• O objectivo central destas competências é encorajar o cliente a falar.


Deve usar esta competência para ajudar o cliente a falar mais e
abertamente e para reduzir a parte de conversa do entrevistador.

• Pelo contrário, o não uso intencional destas competências pode ajudar a


reduzir ou cortar o tempo em que o cliente procura falar acerca de tópicos
destrutivos ou não produtivos.
Hierarquia de microcompetências
• Microcompetências são as unidades de comunicação únicas da entrevista
(por exemplo, perguntas, reflexão de sentimentos).
• A hierarquia organiza micro-habilidades numa estrutura sistemática para a
sua eventual integração na entrevista de uma forma natural.
• Cinco etapas para aprender as competências individuais de entrevista:
1. Conhecer a competência;
2. Visualizar a execução;
3. Ler e aprender sobre os usos mais amplos da competência;
4. Prática da competência;
5. Generalização da aprendizagem.
Dificuldades que podem ser sentidas ao longo da entrevista…

1) Postura de atendimento e escuta inadequada


2) Fazer demasiadas questões fechadas
3) Falar demasiado
4) Dar demasiadas (e prematuras) sugestões ou conselhos
5) Agir como “amigo/a”
6) Não permitir o silêncio
7) Auto-revelação desapropriadas por parte do terapeuta
8) Desencorajar a expressão emocional
9) Sentir-se em pânico, desligado ou inadequado
Interpretação/
Reenquadram
ento

Focalização

Confrontação

Integração das competências na


Entrevista

Sequência básica de atendimento: questões,


observação, encorajamento e reflexão de
sentimentos
Competências básicas de atendimento (Escuta ativa):
contacto ocular; linguagem corporal, qualidades vocais,
seguimento verbal

Ética, competência multicultural, e bem-estar


Interpretação/
Reenquadram
ento

Focalização Competências de
influência

Confrontação

Integração das competências na


Entrevista

Sequência básica de atendimento: questões, Competências


observação, encorajamento e reflexão de básicas de
sentimentos atendimento
Competências básicas de atendimento (Escuta ativa):
contacto ocular; linguagem corporal, qualidades vocais,
seguimento verbal

Ética, competência multicultural, e bem-estar


Ética, competência
multicultural e bem-
estar
Ética

• Código de ética
• Código Deontológico da Ordem dos Psicólogos Portugueses

• Competência profissional
• Consentimento Informado
• Confidencialidade
• Desafios do uso das novas tecnologias
Competência multicultural

• O entrevistador deve ter consciência das questões da diversidade, com o


cruzamento de múltiplas identidades multiculturais.
• As questões raciais e étnicas tendem a predominar, mas a diversidade também inclui
género, orientação sexual, idade, localização geográfica, capacidade física, religião /
espiritualidade, estatuto socioeconómico e outros fatores.

• Os terapeutas precisam também de abordar as suas próprias questões


relacionadas com o preconceito.
Bem-estar

• Na avaliação, devemos ajudar os clientes a descobrir e redescobrir os seus


pontos fortes
• Encontrar pontos fortes e recursos positivos nos clientes e na sua rede de apoio.
• Reconhecer que uma parte importante do processo de resolução de problemas é ajudar os
clientes a descobrir os seus pontos fortes e recursos.
Competências
básicas de
atendimento
Competências básicas de atendimento

• Ajudam o entrevistador
• A demonstrar que se importa com o cliente e que está envolvido.
• A observar as mensagens não ditas e a responder mais apropriadamente
às necessidades imediatas do cliente.
Competências básicas de atendimento
• Comunique ao cliente que você está interessado no que ele está a dizer.
• Aumente a sua consciência sobre o padrão do cliente de se focar em determinados
tópicos.
• Modifique seus padrões de atendimento para estabelecer um relacionamento com
cada indivíduo.
• Desenvolva competências que possam ser usadas quando estiver perdido ou
confuso durante a entrevista.
• Ofereça suporte ao cliente com contacto ocular, qualidade vocal, seguimento
verbal e linguagem corporal adequados individualmente e culturalmente.
• Os clientes falarão com mais liberdade e responderão abertamente,
principalmente em torno de tópicos importantes.
Competências básicas de atendimento
• Contato ocular: se você vai falar com as pessoas, olhe para elas.
• Qualidade vocal: o tom de voz e velocidade de fala também indicam claramente
como o terapeuta se sente em relação a outra pessoa (e.g., interesse).
• Seguimento verbal: não mudar de assunto, ficar com a história do cliente.
• Linguagem corporal: estar atento! Os clientes sabem que o terapeuta está
interessado se os encarar diretamente e ligeiramente inclinado para a frente, com
um rosto expressivo e com gestos facilitadores e encorajadores.

• Resumindo, permita-se ser você mesmo - autenticidade na


participação é essencial.
Contacto ocular

• Usar o contacto ocular não intrusivo de forma moderada.


• Contacto ocular é, geralmente, indicador de interesse e atenção.
• Não estabelecimento do contacto ocular poderá ser sinal de timidez,
desconforto, desinteresse, insegurança ou outros factores.
• Quebras no contacto: clientes e terapeutas tendem a desviar olhar quando
abordam temas que os perturbam. No entanto, por vezes pode ser
importante, quando um cliente se mostra perturbado a falar acerca de um
tópico, evitar o contacto ocular directo.
Qualidades vocais

• Tom de voz suave e congruente com o não-verbal.


• O tom vocal e ritmo do discurso são também indicadores do que sente em relação ao
outro/estado interno do cliente
• Mudanças no tom vocal, ritmo ou frequência do discurso:
• Geralmente, palavras chaves ou informações relevantes são sublinhadas pelo volume ou ênfase
com que são apresentados; hesitações ou quebras no discurso tendem a assinalar confusão ou
desconforto.
• Hesitações ou confusões no discurso poderão ser indicadoras de dificuldade ou desconforto no
tópico de conversação
• O entrevistador pode usar estas mudanças intencionalmente para pontuar e/ou enfatizar
determinados segmentos do seu discurso
Seguimento verbal
• Dar continuidade ao que o cliente diz:
• Exemplos: repetir a última palavra, usar palavras chave, ajudar o cliente no discurso,
direcionar, reformular a informação
• O cliente apresenta-se com um tema de preocupação, não mude de tema.
• Silêncio – às vezes a melhor forma de ajudar é apoiar o outro em silêncio, enquanto
chora, enquanto decide o que vai dizer a seguir...
• Não atendimento intencional: quando o diálogo perde um fio condutor por vezes pode
ser necessário guiar o cliente (e.g., Percebi que…., mas há pouco disse-me que…poderá
falar mais um pouco acerca disso?)
Como usar os silêncios?
• Usar o silêncio quando o cliente ainda está a processar algum tipo de
informação.

• Usar quando o cliente responde de forma mínima ao terapeuta e


pretendemos saber se o cliente tem mais alguma coisa a dizer.

• Usar como forma de desafio quando pretendemos responsabilizar e


autonomizar o cliente pela exploração/processo terapêutico.
Linguagem corporal

• No entanto, importa procurar manter uma postura corporal natural e


relaxada, adaptada às características do indivíduo que tem perante si.
• Sinais de nervosismo ou insegurança: mexer as mãos; mudanças na postura
corporal; braços cruzados
• Excessiva rigidez ou relaxamento como indicador da (falta de) abertura
para o outro

• Preservar a distância de “segurança”, culturalmente adequada


• Exemplo distância corporal – americanos (aproximadamente distância de um
braço); britânicos (maior distância); hispânicos (metade dessa distância),
Europa leste (olhos nos olhos).
§ Questões
abertas e
fechadas
Sequência básica de § Observação
§ Escuta ativa
atendimento § Reflexão de
sentimentos
Questões abertas e fechadas
Questões abertas e fechadas
• As questões ajudam a iniciar a entrevista
• Com clientes verbais e com um relacionamento confortável, a pergunta aberta facilita
a discussão livre e deixa muito espaço para conversar.
• Sobre o que é que gostaria de falar hoje? Como estão as coisas desde a última vez em em
que falamos? Como correu esta semana?

• Questões abertas ajudam a elaborar e enriquecer a história do cliente


• Pode falar-me um pouco mais sobre isso? Como é que se sentiu quando isso
aconteceu? O que significou essa situação?
Questões abertas e fechadas
• As questões ajudam a revelar especificidades concretas do mundo do
cliente
• Será que me pode dar um exemplo?

• As questões são críticas na avaliação

• A primeira palavra de certas perguntas abertas determina parcialmente o


que o cliente dirá a seguir
• O uso de questões-chave resulta em resultados previsíveis.
Questões abertas e fechadas

• Questões-chave:
• "Quem" - quem é o cliente, a sua história pessoal e familiar, que outras pessoas se
encontram envolvidas?
• "Qual" - qual é o problema, quais os detalhes específicos da situação?
• "Quando" - quando ocorre o problema, antecedentes e consequências da situação?
• "Onde" - onde ocorre o problema, em que contextos e situações?
• "Como" - como reage o cliente, como se sente acerca disso?
• "Porquê" - porque ocorre o problema?
Questões abertas e fechadas

• As questões também pode apresentar alguns problemas:


• Bombardeio / inquérito; Várias perguntas; Perguntas como afirmações; Perguntas
“porquê”.

• As questões podem ser usadas para ajudar os clientes a identificar recursos


e competências pessoais
Como devem ser usadas as questões?

• As questões devem ser curtas, simples e focadas numa parte do problema de cada vez;
• Manter o foco da questão no cliente e não em outras pessoas.
• Se o cliente estiver a explorar de forma produtiva evitar interromper para colocar questões;
• Variar o formato das questões;
• Ter uma intenção/objetivo para cada questão;
• Evitar questões que já tenham uma resposta (ex.: Não acha que é correto agir dessa forma,
pois não?);
• Evitar a utilização de uma questão fechada logo após uma questão aberta – diminui a
exploração.
• Usar questões fechadas em situações de crise (potencial suicídio, homicídio, abuso…) e
avaliação/diagnóstico de aspetos específicos.
Competências de observação
Comportamento não verbal do cliente:
• Padrões de contacto ocular, linguagem corporal, características vocais são
elementos importantes, podendo mudanças nesses aspectos indicar interesse ou
desconforto.

• As pistas faciais (cerrar sobrancelha, morder ou soltar os lábios, corar, aumento do


ritmo cardíaco visível nas têmporas) são particularmente importantes para aceder ao
registo emocional do cliente.

• Movimentos corporais mais amplos podem também ser indicativos de mudanças de


reacção, pensamento ou de assunto por parte do cliente.
Comportamento verbal do cliente:
• Importa atender aos padrões de seguimento verbal, em que momentos o
cliente muda de assunto, e na direcção de que temas - o seguimento verbal
e a atenção selectiva podem ser elementos importantes para entrar no
mundo do cliente e compreender os seus padrões de pensamento.

• Estes podem focar exclusivamente num tema excluindo outros igualmente


importantes, ou mudar de assunto abruptamente quando querem evitar
falar acerca de um tema difícil.

• A tarefa de manter o discurso no mesmo assunto pode ser difícil, sendo


igualmente importante compreender o porquê da mudança do cliente.
Atenção a ter:
• Palavras chave do cliente (palavras que se repetem, são dadas
com um volume e entoação diferente…)
• Apontar e repetir essas palavras pode ser muito importante para ajudar a
explorar os factos, sentimentos e significados subjacentes a essas palavras.
O uso dessas palavras constitui também uma excelente estratégia para
facilitar a comunicação com o cliente.
• No entanto, quando o cliente usa expressões muito negativas, se num
primeiro momento é importante focá-las, é depois importante procurar uma
linguagem mais positiva que as represente.
• Tipo de palavras que os clientes utilizam para descrever a forma como
interagem com o mundo (auditivas, visuais, cinestésicas).
Discrepâncias
• Incongruências, mensagens ambivalentes, contradições, conflitos são
expressos com frequência durante a entrevista.
• O entrevistador deve estar atento e ser capaz de as identificar e nomear
correctamente, e por vezes proporcionar feedback ao cliente.
• Essas discrepâncias podem ocorrer ao nível do comportamento não -
verbal, entre duas frases, entre o que o cliente diz e o que faz, ou entre o
que diz e o comportamento não - verbal, podendo representar conflitos
entre pessoas, entre o cliente e uma situação, ou algum tipo de conflito
interno.
Escuta ativa:
Encorajamento, paráfrase e sumarização
Escuta ativa
• Os encorajamentos, paráfrases e resumos são básicos para ajudar um cliente a
sentir que está a ser compreendido:
• O terapeuta ouviu o que ele disse, percebeu o seu ponto de vista e sentiu o seu mundo
conforme o cliente o viveu.
• Uma vez que as histórias dos clientes foram realmente ouvidas, os clientes podem estar
muito mais abertos e prontos para mudanças.
• Estas competências permitem:
• Ajudar o cliente a esclarecer o que ele está a dizer, bem como ajudar o terapeuta a
esclarecer que compreendeu o que foi dito
• Facilitar o detalhe sobre questões de interesse.
• Mostrar ao cliente que ouviu e percebeu.
• Ajudar os clientes a organizar os principais aspetos de seus problemas e preocupações por
meio de sumarizações periódicas.
Escuta ativa
• Além de serem apoiados para falar sobre si, os clientes precisam de saber
que sua história foi ouvida.
• Atender, questionar e outras competências ajudam o cliente a falar, mas a
escuta ativa é necessária para comunicar que o terapeuta, de facto, ouviu a
outra pessoa.
• Ouvir ativamente encoraja os clientes a falar livremente.
• A paráfrase e a sumarização comunicam ao cliente que este foi
ouvido e compreendido;
• O encorajamento ajuda o cliente a explorar os sentimentos e os
pensamentos mais profundamente.
Encorajamento

• Estratégias verbais e não verbais que o entrevistador utiliza para incentivar o


cliente a continuar a falar.

• Inclui desde:
• O aceno de cabeça, gestos abertos, expressões faciais positivas (e.g.,
sorrisos), que encorajam o cliente a continuar a falar,
• Frases tais como "Uh - uh", “Percebo” ou “Pois”, ou a simples repetição
das palavras chave do cliente.
• O silêncio emparelhado com comunicação não verbal adequada também
pode ser uma forma de encorajamento.
Paráfrase

• Dá retorno ao cliente, feedback, acerca do que este acabou de dizer,


resumindo e clarificando o discurso do cliente, facilitando a exploração.
• Parafrasear não é mimetizar o que o cliente diz (não acrescenta nada de
novo), devendo o terapeuta usar as suas palavras, integrando algumas das
palavras chave do cliente (para não impor as suas ideias ao cliente).
• O uso adequado de uma paráfrase pode também ser importante para o
cliente parar de repetir uma história.
Paráfrase

• Parafrasear envolve quatro dimensões:


• Frase condicional - utilizando se possível o modo do cliente processar a informação
("Parece estar a dizer...")
• Conceitos e descrições chave do cliente - integrando as palavras chave do cliente na
descrição das ideias mais importantes.
• Sumário do discurso - procurando transformar frases longas e confusas ou várias frases
numa forma relativamente breve, mantendo-se fiel às ideias do cliente, sem se limitar a
repeti-las.
• Comprovação - o terapeuta deve procurar averiguar se ouviu correctamente,
directamente, colocando uma breve questão no final da paráfrase, solicitando feedback ao
cliente (”estou certo?", "compreendi bem?"), ou indirectamente, terminando a paráfrase
em tom de pergunta.
Sumarização

• Similar à paráfrase mas integra um conteúdo mais extenso, podendo ser


utilizado no início e no final de cada sessão, como forma de transitar para
um outro tópico, ou para clarificar assuntos complexos e extensos. Além de
demonstrar que estamos a ouvir pode também ajudar o cliente a organizar o
seu pensamento.
Como usar estas competências?
• Não assumir que compreendemos: usar um tom tentativo, dando possibilidade do cliente discordar, do
que sermos categóricos e estarmos errados!
• Se efetivamente não entendemos o que o cliente disse, mais vale pedir para repetir do que parafrasear
erradamente!

• Evitar reformular tudo o que o cliente diz - Escolher a parte mais importante do cliente
• Menos é mais: devemos conter e abreviar as nossas intervenções

• Focar preferencialmente no cliente e não nas outras pessoas


• Não interromper o cliente com uma reformulação quando o cliente já está activamente a explorar!

• Variar na forma como usamos as reformulações (partes iniciais, intermédias, finais)

• Usar estas competências de forma calma e apoiante


• Usar as reformulações quando queremos focar o cliente num determinado aspecto

• Usar a linguagem do cliente sempre que possível (usar palavras-chave)


Reflexão de sentimentos
Reflexão de sentimentos

• É uma repetição ou paráfrase do que o cliente disse que inclui uma


referência ou identificação explícita de sentimentos reconhecidos pelo
cliente ou não assumidos por este, visando a sua exploração.

• O terapeuta pode inferir esses sentimentos do conteúdo das intervenções


anteriores do cliente, do não-verbal do cliente, ou do contexto da situação
que o cliente descreve.
• Envolve as seguintes dimensões:
• Frase condicional - “Parece que hoje se sente. . . ," ”Estou a ouvi-lo e soa como . . ."
• Um rótulo emocional é adicionado à frase inicial: ”Parece sentir-se mal ..." "Parece-me que está
feliz..."
• Para sentimentos confusos, mais de uma palavra emocional pode ser usada

• Um contexto ou uma breve paráfrase podem ser adicionados para ampliar a reflexão
do sentimento. “Parece sentir-se mal com todas as coisas que aconteceram nas últimas
2 semanas”
• O tempo da reflexão pode ser importante. As reflexões no tempo presente tendem a
ser mais úteis do que as do passado
• Solicitar confirmação: é especialmente útil se o sentimento não for expresso (“Você
está com raiva hoje – será que percebi bem?”).
É uma competência importante para:
• Identificar e intensificar a experiência de emoções
• Encorajar o reconhecimento de sentimentos por parte do cliente, clarificar,
veicular esperança e expressão emocional
• Focalizar na experiência emocional básica aliada às situações (oscilar a
conversação entre a intelectualização ou reflexão abstracta e a exploração
emocional)
• Promover a auto-regulação de sentimentos
§ Confrontação
Competências de § Focalização
influência § Reflexão de
significado e
interpretação
Confrontação

• O confronto implica notar incongruências e discrepâncias que o cliente


parece não reconhecer ou notar
• É particularmente útil quando o cliente está estagnado nos seus esforços de mudança
• Facilita o movimento para a mudança
Confrontação
• Processo:
• 1. Observe o conflito do cliente, mensagens confusas e discrepâncias no comportamento
verbal e não verbal.
• 2. Aponte e esclareça as discrepâncias internas e externas, devolvendo-as ao cliente,
geralmente por meio das competências de escuta ativa
• Por um lado… mas por outro lado…
• Diz-me que… mas tem feito…
• Por vezes… mas outras vezes…
• As suas palavras salientam que… mas as suas ações indicam…

• 3. Avalie como o cliente responde e se o confronto leva ao movimento ou mudança do


cliente.
• Se o cliente não mudar, o entrevistador flexiona intencionalmente e tenta outra habilidade.
• Os clientes podem responder com ideias, pensamentos, sentimentos e comportamentos
• Se nenhuma mudança ocorrer, ouça ativamente. Em seguida, tente uma competência
alternativa ou estilo diferente de confronto
Observar a resposta do cliente

• Cliente rejeita o desafio


• Repensar na forma como o desafio foi apresentado; avaliar se o cliente está
preparado para o ouvir; ou se o desafio foi a intervenção adequada
• Cliente não tem reação ao desafio
• Perceber se o desafio foi apresentado adequadamente e de forma precisa; ou se o
cliente está defensivo.
• Cliente aceita parcialmente o desafio ou reconhece-o, mas não muda
•Continuar o desafio de forma cuidadosa e refletir sobre como pode ser assustador
mudar.
• Cliente responde com uma nova compreensão
• Passar para a interpretação, por exemplo.
Focalização
• Focalizar possibilita múltiplas narrativas da história do problema:
• Os clientes irão focalizar a sua história nas dimensões selecionadas pelo terapeuta.
• À medida que o entrevistador traz novos enfoques, a história é elaborada a partir de
múltiplas perspetivas.

• Focalizar permite:
• Aumentar a complexidade cognitiva e emocional do cliente. Muitas vezes, os
problemas são considerados a partir de um único quadro de referência.
• Compreender melhor os pontos de vista dos outros com um aumento concomitante da
compreensão empática e na intencionalidade cultural.
• Incorporar questões familiares e culturais.
• Diferentes enfoques:
• No cliente: “Estava a dizer na última sessão que se preocupa com o seu futuro. . . . ”
• No tema ou problema principal: “Conte-me mais sobre a sua demissão. O que
aconteceu especificamente? ”
• Nos outros: “Então você não se dava bem com o gerente. Eu gostaria de saber um
pouco mais sobre ele. . . . ”
• Na família: “Até que pontoa sua família tem apoiado?”
• No entrevistador: “Minha experiência foi. . . ”
• Questões culturais / ambientais / contextuais
Reflexão de significado e interpretação /
reenquadramento
• O objetivo da reflexão de significado é facilitar aos clientes a descoberta de
significados e valores mais profundos que forneçam um sentido de orientação para
as suas vidas.
• O objetivo de interpretar / reenquadrar é fornecer uma nova forma de
compreender pensamentos, sentimentos e comportamentos, o que muitas vezes
resulta em novas formas de criar significado.
• Os clientes geralmente geram seus próprios significados, enquanto as interpretações /
ressignificações geralmente partem do terapeuta.
• A interpretação pode ser enraizada numa perspetiva teórica específica
• O reenquadramento, um tipo de interpretação, tende a ser mais no momento e
permite que os clientes vejam uma formas mais positiva de avaliar a sua situação
Reflexão de significado
• Os significados estão próximos da experiência do clientes.
• Incentive os clientes a explorar seus próprios significados e valores com mais
profundidade
• Uma reflexão de significado pode assemelhar-se a uma paráfrase, mas vai além do que
o cliente diz. Frequentemente, as palavras “significado”, “valores”, “visão” e
“objetivos” aparecem na discussão.
• O cliente discutirá histórias, problemas e preocupações com mais profundidade, com
ênfase especial em significados, valores e entendimentos mais profundos.
• Os clientes poderão ser capazes de discernir os seus objetivos de vida e visão para o
futuro.
Reflexão de significado
• Para extrair significado (“O que é que isto significa para si?”) devem usar-se
as palavras-chave importantes do cliente
• Elabora-se de forma idêntica às reflexões de sentimentos, sendo que as
palavras “significado”, “valores” ou “intenções” substituem as palavras de
sentimento.
• Por exemplo: “Você quer dizer. . . , ”“ Isso poderia significar que. . . , ”“ Parece que
valoriza. . . , ”Ou“ Um dos motivos / intenções subjacentes às suas ações foi. . . . ”
• Em seguida, usar as palavras do cliente para descrever o seu sistema de significado.
• Pode adicionar uma paráfrase do contexto e fechar com uma confirmação.
Interpretação / reenquadramento

• Fornecem ao cliente um novo significado ou perspetiva, quadro de


referência ou forma de pensar sobre as suas questões.
• O cliente encontrará outra perspetiva ou significado para uma história,
questão ou problema.
• Esta nova perspetiva pode ser gerada pelo terapeuta, a partir da ligação de ideias ou
informações, ou simplesmente olhando para a situação de outro ângulo.
Interpretação / reenquadramento
• O terapeuta ajuda os clientes a obter novas perspetivas, novos quadros de
referência e, às vezes, novos significados alterando o modo de pensar dos clientes
sobre seus problemas

• As interpretações tendem a ter uma base teórica


• Os reenquadramentos tendem a vir da experiência no aqui-e-agora da sessão, ou
podem ser grandes resignificações de histórias de clientes importantes.
• Fornecem ao cliente outra interpretação do que aconteceu ou de como a história é vista.
• Podem mudar o significado das principais narrativas na vida dos clientes.
• O reenquadramento positivo no aqui e agora é frequentemente o mais útil.
Avaliação clínica do diagnóstico

Competências

Competências básicas Competências no uso


de atendimento e de de instrumentos
influência

Entrevistas clínicas:
Instrumentos
- Entrevista semi-estruturada
de psicopatologia
- Entrevista de diagnóstico

Relação interpessoal Intencionalidade


Integração das competências básicas de
atendimento: A entrevista
Estruturação de uma entrevista

• Transmissão de empatia e compreensão empática: As competências estudadas


constituem a base comportamental do entrevistador que permite o
estabelecimento de um contexto relacional empático.

• Respeito e consideração positiva incondicional do cliente


• Atitude de não-julgamento
• Comunicação clara, autêntica e congruente
• Proximidade no acesso à experiência do outro
• Estruturação da entrevista:
1. Iniciação
2.Reunião de informação
3. Construção de objectivos conjuntos
4.Geração de alternativas de acção/resolução
5.Finalização
As fases da entrevista

1. Iniciação:
• Construir a aliança terapêutica e uma relação de confiança que permita a auto-
revelação do cliente (mantendo o rapport durante todo o encontro)

• Informar/Instruir sobre o contexto e estruturar o que se vai passar a seguir (objectivos


da situação actual, confidencialidade e suas excepções)

• Exemplo: Vamos passar x minutos juntos e o meu objectivo é explorar o


assunto que o/a traz cá.
As fases da entrevista

2. Reunir informação
• Suscitar as problemáticas, dificuldades ou assuntos a explorar na sessão
• Ajudar na definição mais concreta da situação (por ex. com sumarizações)
• Explorar aspectos/recursos positivos do passado que sejam úteis no presente

3. Estabelecimento de objectivos mútuos


• Explorar a solução ideal para o cliente e a direcção desejada
• Exemplo: O que desejaria que acontecesse?
As fases da entrevista

4. Gerar alternativas de acção/resolução


• Exploração das dinâmicas pessoais, de alternativas implementadas ou planeadas
(estratégias de resolução de problemas), confronto com incongruências e
reenquadramento da situação
• Exemplo: O que já pensou fazer sobre isto?

• Sabemos que já explorámos o suficiente quando conseguimos responder a:


1. Qual é a dificuldade/assunto elaborado pelo cliente?
2. O que motiva o cliente a procurar ajuda agora?
3. O que é que ele/ela pensa e sente sobre o assunto?
As fases da entrevista

5. Finalização

– Generalização de novas narrativas e possíveis acções

• Consolidação das mudanças implementadas, através de uma revisão do que


foi mais importante

• Exemplo: O que acha que é mais importante reter/implementar do que


falámos?
SESSÃO DE AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA
Estrutura
• Introdução do entrevistador/terapeuta
• Avaliação do conhecimento acerca do contexto/processo
• Estabelecer a agenda e transmitir informações acerca da sessão
• Decidir conjuntamente com o cliente se um familiar/amigo poderá estar presente
na sessão ou em parte da sessão iniciar apenas com o cliente e avaliar a
possibilidade de integrar um familiar (e.g., intervenção com adolescentes)
• Conduzir a avaliação inicial (a avaliação não se esgota nesta sessão)
• Avaliação das expectativas do cliente
• Estabelecer objetivos gerais iniciais
• Solicitar feedback por parte do cliente
SESSÃO DE AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA 49
Fase de avaliação: Anamnese
´ Informações sociodemográficas do cliente e pais
´ Principais queixas e problemas
´ História do problema, eventos precipitantes e compreensão do cliente acerca do
mesmo
´ Estratégias de coping (adaptativas e desadaptativas), atuais e passadas
´ História psiquiátrica, tratamentos, hospitalizações, medicação, tentativas de
suicídio
´ História de abuso de substâncias
´ História médica
´ História familiar psiquiátrica
´ História pessoal (durante infância, idade escolar, adolescência e idade adulta)
´ História desenvolvimental
´ História familiar, social, educacional e vocacional
SESSÃO DE AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA
50
Fase de avaliação: Anamnese
História religiosa/espiritual
Forças, valores e outras estratégias de coping adaptativas

Outros aspetos a avaliar:


• Descrição de um dia normal
o Variações no humor
o Frequência e forma como interagem com familiares, amigos e colegas de
trabalho
o Como funcionam em casa, trabalho e noutros contextos
o Como usam o seu tempo livre
• O que não estão a fazer ou que estão a evitar
• Dificuldades relacionadas com o sono, concentração, rotinas, relacionamento
interpessoal, entre outras
• Expectativas em relação ao tratamento
• Comprometimento do cliente com o tratamento
CONCEPTUALIZAÇÃO DO PROBLEMA 52

Cuidados a ter
Detetado o problema é importante determinar:
• Duração:
o Há quanto tempo dura? Quando começou?

• Elementos episódicos e sua sequência:


o Precipitantes, estímulos associados ou desencadeadores, consequências: Pense um pouco
acerca da situação em que apareceu este problema: O que desencadeou o seu
aparecimento?...

• Desenvolvimento do problema:
o Eventuais mudanças no padrão e sua intensidade: O que aconteceu antes/depois/durante?

• Expectativas, crenças, significados:


o O que pensou? O que sentiu? O que significou para si?

• Tratamento prévios formais e tentativas de resolução por parte da pessoa:


o Já procurou ajuda antes? O que já tentou fazer para resolver este problema?
No final da avaliação….
Definição de objetivos para o tratamento
E se o cliente se mostrar cético relativamente à eficácia do tratamento?
• Empatizar com o ceticismo e reforçar a sua expressão
• Solicitar pensamentos associados à ineficácia- O que o faz pensar que o
tratamento não irá funcionar?
• Questionar o que poderia ajudar a tornar o tratamento mais eficaz
• Conceptualizar o problema em termos cognitivos e delinear estratégias
• Estabelecer contrato/acordo terapêutico
Entrevista clínica semi-estruturada
- Exemplos
SCID-I

• Entrevista Clínica Estruturada para realizar os


diagnósticos das Perturbações do Eixo I (DSM-TR IV)
• Objetivos:
• Aumentar a fidelidade e a validade do diagnóstico
SCID-I
• Usado em contextos clínicos
• Inclui Caderno de Administração e Folha de Cotação
• Pode ser usada:
• Apenas uma parte, relativa a critérios de diagnóstico de uma
perturbação específica
• Totalmente e em conjunto com SCID-II, para avaliação sistemática do
diagnóstico
• Para melhorar as competências dos estudantes na área da saúde mental
SCID-I

• Apropriada para:
• Clientes/utentes de psicologia e/ou psiquiatria
• Adultos, com 9º ano de escolaridade

• A cotação é um julgamento clínico sobre o diagnóstico


• E não a resposta dos clientes
• Podem ser utilizadas várias fontes de informação
• Administração
• Momento único, de 45 a 90 minutos
SCID-I
• Cotação
• ? = informação inadequada
• - = o sintoma está ausente ou abaixo do limiar de dx especificado no
critério; ou falso
• + = o limiar para o critério é preenchido; ou é verdadeiro
• Instruções de avanço

• Faça e não faça


• Pag. 19 do Guia do Utilizador
SCID-II

• Entrevista de diagnóstico de 10 Perturbações de Personalidade do Eixo II


do DSM-IV (incluindo Perturbação Depressiva da Personalidade e Passivo-
Agressiva do Anexo B)
• Utilizada para:
• Confirmar ou documentar um ou mais diagnósticos de Perturbação de Personalidade
• Método de recolha de informação do Eixo II
• Melhorar competências clínicas dos alunos
Estrutura
• Critérios
• ? = informação inadequada
• 1= ausente ou falso
• 2= insuficiente
• 3 = suficiente ou verdadeiro

• Dispõe de um questionário de personalidade de auto-resposta


• Instrumento de triagem
Sessão de avaliação de um adulto em contexto
clínico
• Entrevista clínica semi-estruturada
• SCID-I e SCID-II - avaliar a necessidade de utilizar (completa ou parcialmente)

• Instrumentos de avaliação da sintomatologia


• Bateria de testes standard, ou
• Mediante a avaliação inicial
• Formulação clínica de caso e plano de tratamento
• Sessões de seguimento
• Monitorização de resultados e de processo
• Avaliação final
• Sessões de follow-up
Avaliação do risco de suicídio
98
Avaliação do risco de suicídio
Agora, gostaria de lhe fazer algumas questões sobre estes pensamentos que me disse que
tem tido e o impacto que eles têm na sua vida…

1. [PRESENÇA DE IDEAÇÃO SUICIDA ATIVA] Tem tido pensamentos sobre a morte ou de


fazer mal a si próprio? SE SIM, QUESTIONAR:
2. [TENTATIVAS PRÉVIAS] No passado, já alguma vez pensou ou tentou suicidar-se? SE SIM:
Há quanto tempo é que isso aconteceu? O que fez em concreto?
3. [SEVERIDADE DA IDEAÇÃO ATUAL] Atualmente, já pensou concretamente na forma de
concretizar esses pensamentos?/Pensou num plano para o fazer? Existem meios
disponíveis? [Importante: Avaliar a letalidade do meio e o acesso]

• Quão forte é a sua intenção de o fazer? [Régua de 1 a 10, sendo 10 o máximo de intenção]
Consegue resistir ao impulso de o fazer?
• Pensou em algum momento específico para levar concretizar isto? [Importante: Avaliar a
oportunidade e a probabilidade de ser interrompido]
Avaliação do risco de suicídio
Treino de competências de relação terapêutica | Aula nº 10 99

4. [NÍVEL DE CONTROLO DOS IMPULSOS] Sente que consegue controlar, de alguma forma, estes
pensamentos sobre a morte e/ou o suicídio e resis>r-lhes? Durante estas úl>mas semanas aconteceu
magoar-se a si próprio propositadamente?
• Quando as coisas não lhe correm bem, já aconteceu ter agredido ou ter sido verbalmente agressivo com
alguém e/ou ter par>do objetos ou outra situação em que tenha colocado a si e/ou outros em perigo?
• Ouve vozes que lhe dizem para se magoar ou matar?
5. [FATORES DE STRESS e problemas de vida] Aconteceu ou está a acontecer algo na sua vida que possa ter
mo>vado estes pensamentos?
6. Como vão as coisas na sua vida (família, casamento/relação, trabalho/escola)?
[Domínios a explorar: saúde – incluindo tratamentos médico-cirúrgicos recentes nos 6 meses anteriores,
finanças, casamento, relações interpessoais, trabalho e aspetos legais]
7. O que costuma fazer quando tem estes pensamentos? [Recursos posiOvos: contactar amigos, pensar em
pessoas significaOvas, procurar ajuda profissional, pensar em aspetos posiOvos de si e da vida, etc.]

• Considerar também, caso necessário, a u3lização de instrumentos auxiliares


como Ques3onário de Ideação Suicida (Versão original: Reynolds, 1988; Versão
Portuguesa: Ferreira & Castela, 1999)
Avaliação de fatores sociodemográficos 101

Retrato de elevado risco Suicídio vs. para-suicídio


• Retrato >pico do suicida:
• Homem, idade >75 anos,
separado/divorciado/viúvo, isolamento • Sexo masculino, idade > 45 anos,
social, ausência de religião, profissão de da região sul (grande Lisboa ou
risco, desemprego/reforma c/ Alentejo), com método letal
inatividade, emigração, cultura suicida (arma de fogo, pesEcidas,
(familiar e/ou meio), psicopatologia precipitação, afogamento,
associada…
lançamento contra objeto em
movimento).
• não se deixar prender pelos
estereótipos, que raramente congregam
todas as características num só • Retrato >pico do para-suicida:
indivíduo! • Sexo feminino, 15 a 24 anos, com
comportamentos autolesivos
(sobredosagem medicamentosa).
Instrumentos de avaliação
específica da ideação suicida
102

Ferreira, J. A., & Castela, M. C. (1999).


Cunha, J. A. (2001). Manual da versão QuesEonário de ideação suicida. In M. R. Simões,
em português das escalas Beck. São M. M. Gonçalves, & L. S. Almeida (ed), Testes e
Paulo: Casa do psicólogo. provas psicológicas em Portugal (vol. 2, cap. 12,
pp. 123-130). Braga: Apport/Sho.
Treino de competências de relação terapêu9ca | Aula nº 10 103

Níveis de risco de suicídio (Saraiva, 2014)


RISCO DE SUICÍDIO FATORES ASSOCIADOS
IMINENTE (48 ou 72 horas) Intenção suicida, plano estruturado, acesso a
meio letal.
Expressão de desesperança, desespero,
pessimismo extremo quanto ao futuro.
Sintomas psicóOcos, sobretudo alucinações
audiOvo-verbais imperaOvas.
A CURTO PRAZO (dias ou semanas) Comorbilidade depressão/abuso de álcool,
sobretudo com ansiedade elevada.
Tentativas graves de suicídio anteriores;
história familiar de suicídio
A LONGO PRAZO (meses) Presença de 1 ou + fatores de risco clínico de
forma moderada, na ausência de
comportamento suicidário.
Entrevista estruturada do risco de suicídio
Risco de suicídio
• O risco de .suicídio é o estado de maior ou menor vulnerabilidade de um utente para
cometer uma tentativa de suicídio:

• Baixo risco de suicídio: não parece haver indicadores para considerar que a pessoa
está em qualquer tipo de risco.

• Risco de suicídio a longo-prazo: o utente pode vir a tentar o suicídio dentro de


alguns anos, ou, na presença de um evento precipitante dentro de alguns meses.

• Risco de suicídio a curto-prazo: o utente pode vir a tentar o suicídio dentro de


algumas semanas, ou, na presença de um evento precipitante, dentro de alguns
dias.

• Risco de suicídio iminente: o utente pode vir a tentar o suicídio dentro das
próximas 48 horas.
Risco – Intervenção sugerida

• Baixo Risco de Suicídio:


• Rastreio periódico
• Sugere-se que seja iniciada, caso haja evidência de sintomas depressivos, a avaliação
do nível de depressão.
• Esta avaliação poderá ser realizada no imediato, se o profissional de saúde tiver
disponibilidade, ou poderá ser agendada para, no máximo, 15 dias depois.
• Risco de suicídio a longo prazo:
• Avaliação da depressão no máximo até uma semana depois
• Caso haja depressão associada:
a. Se não exibe tentativa passada, não revela forte intenção de se suicidar e não
apresenta evidência de descontrolo de impulsos, deverá ser efetuada a avaliação da
depressão,
b. Se exibe tentativa passada ou revela forte intenção de se suicidar ou apresenta evidência de
descontrolo de impulsos, deverá ser efetuada a avaliação da depressão,
• Sugere-se ainda que seja iniciado um plano de gestão do risco.
• Risco de suicídio a curto prazo:
• Avaliação psiquiátrica num período de 24 horas.
• plano de gestão do risco até que o utente seja atendido e acompanhado por um
profissional especializado em saúde mental.
• Risco de suicídio iminente:
• Avaliação psiquiátrica de emergência num serviço de urgência psiquiátrica.
• Sugere-se também que haja uma articulação próxima e frequente com o serviço para o
qual a pessoa é referenciada.
• propõe-se que a pessoa seja transportada por um veículo de emergência (contactar
112) ou, no mínimo, que seja acompanhada por um familiar até ao serviço de urgência
psiquiátrica.
Gestão do risco de suicídio
• Estabelecer contrato de suicídio
• Este contrato consiste num documento (sem validade legal) composto por três partes:
• na primeira parte, o utente acorda com o profissional que não irá, em nenhuma
circunstância, suicidar-se.
• Na segunda parte, o utente e o profissional deverão listar vários contactos telefónicos de
pessoas que fazem parte da rede de suporte social do utente (em último caso o número do
serviço do profissional de saúde).
• Na terceira parte, deverá ser enfatizado que sempre que o utente estiver em perigo
imediato de morrer por suicídio, deverá ligar o número de emergência 112 e sempre que
tiver pensamentos sobre suicídio deverá ligar para um dos números da lista.
• Fornecer psicoeducação a um familiar/pessoa de confiança sobre suicídio,
oferecendo indicações sobre como atuar, onde se dirigir, sinais de alarme e
situações que o possam precipitar.
• Pedir ao utente para indicar um familiar ou uma pessoa de confiança, de
preferência com quem partilhe a casa, no sentido de a informar da situação,
solicitando, caso seja possível, que tome as seguintes atitudes:
• Tanto quanto possível, evite o acesso fácil, por parte do utente, a pesticidas e produtos que
possam provocar morte por envenenamento.
• Tanto quanto possível, restrinja o acesso, por parte do utente, a uma quantidade de
medicação que seja capaz de provocar morte por overdose (por ex. paracetamol,
antidepressivos tricíclicos, medicação para problemas cardiovasculares ou hipertensão). Em
concreto pretende-se que o utente tenha à sua disposição apenas a medicação que
necessita (guardar os excessos)
• Tanto quanto possível, restringir o acesso a produtos que possam provocar intoxicação
respiratória (gás doméstico, entre outros)
• Perguntar ao utente se tem armas de fogo em casa e, eventualmente,
negociar com a família ou, em situações extremas, com as forças da
autoridade, a possibilidade de lhe serem retiradas, enquanto a situação não
se estabilizar.
• Estabelecer um plano de contingência com o utente e, se possível, com um
familiar ou pessoa de confiança. Este plano deve antecipar situações
passíveis de escalar o risco suicidário tais como:
• Deterioração de relações amorosas ou familiares
• Aumento de sintomas (por ex. depressão, ideação suicida)
• Dificuldades em aceder aos serviços
• Experiências de rejeição ou humilhação
• Acontecimento negativo inesperado (por ex. morte de alguém)
Questionários para avaliação de
sintomatologia

Contextos de psicologia clínica


BSI- Brief Symptom Inventory (versão portuguesa -Inventário
de sintomas psicopatológicos)

• Autor da versão original: Derogatis (1993)


• Adaptação portuguesa: Canavarro, M.C.

• Questionário de auto-relato
• Foi construído a partir de uma análise e selecção dos itens do SCL-90 (Derogatis,
1977) - medem o mesmo construto.

• Avalia sintomas psicopatológicos


• em 9 dimensões correspondentes a elementos da sintomatologia avaliada
para o diagnóstico das perturbações do Eixo I (DSM-IV)
BSI- Brief Symptom Inventory; (versão portuguesa -
Inventário de sintomas psicopatológicos)

Dimensões descritas por Derogatis:


1. Somatização
2. Obsessões - compulsões
3. Sensibilidade interpessoal
4. Depressão
5. Ansiedade
6. Hostilidade
7. Ansiedade Fóbica
8. Ideação paranóide
9. Psicoticismo
BSI- Brief Symptom Inventory; (versão portuguesa -
Inventário de sintomas psicopatológicos

Índices Gerais

• Índice geral de sintomas (IGS): combina a intensidade do mal estar experienciado


com o número de sintomas assinalados.

• Índice de sintomas positivos (ISP): média da intensidade de todos os sintomas


que foram assinalados

• Total de sintomas positivos (TSP): número de queixas somáticas apresentadas


BSI- Brief Symptom Inventory; (versão portuguesa -
Inventário de sintomas psicopatológicos

Procedimentos de aplicação:
• Individualmente ou colectivamente,
• Instruções: a escolha deve corresponder ao item que melhor descreve a forma como o problema
afectou a pessoa nos últimos 7 dias,
• Tempo médio de resposta: 8 a 10 minutos,
• Cálculo das pontuações das escalas: somatório dos valores de 0 a 4 em cada item de cada dimensão /
nº total de itens da respectiva dimensão

Cálculo dos índices


• IGS: ∑ pontuações de todos os itens / 53 (nº total de respostas)
• TSP: ∑ nº itens assinalados com resposta > zero
• ISP: ∑ de todos os itens /TSP
BDI-II: Beck Depression Inventory-II
(Inventário da Depressão de Beck)
• Instrumento de autorrelato para caraterizar a intensidade e diversidade da
sintomatologia depressiva, baseando-se, para tal, nos critérios de
diagnóstico do DSM-IV.
• Tempo de aplicação estimado entre cinco a dez minutos, sendo composto
por 21 questões relativas às duas semanas anteriores.
• Categoria sintomatológica:
• sintomatologia ligeira
• depressão ligeira
• depressão moderada
• depressão severa
BDI-II: Beck Depression Inventory-II
(Inventário da Depressão de Beck)
• Versão Portuguesa desenvolvida por Amadeu Quelhas Martins e Rui Coelho
• Cotação de 0 a 3. Nota: os itens com mais de 4 respostas de opção cota-se pela seguinte ordem:
0/1/1/2/2/3/3
• Pontuação total: soma total – oscila entre 0 e 63

0 - 13 Sintomatologia Ligeira
14 - 19 Depressão Ligeira
20 - 28 Depressão Moderada
29 - 63 Depressão severa

Sub-escalas Itens
Factor Cognitivo 3, 5, 6, 7, 8, 10, 13, 14
Factor Afectivo 1, 2, 4, 9, 12, 21
Factor Somático 11, 15, 16, 17, 18, 19, 20
OQ-45: Outcome Questionnaire -
(Questionário de Resultados)
• Escala composta por 45 itens, que tem como objetivo verificar o progresso
de pacientes em psicoterapia

• Os itens do OQ45 avaliam três diferentes domínios:


• Desconforto subjetivo: identifica aspectos psicopatológicos referentes a perturbações
de humor, de ansiedade e de abuso de substâncias;
• Relacionamentos interpessoais: avalia os relacionamentos interpessoais dos
indivíduos, mais especificamente relacionamentos conjugais, familiares e de amizades
• Desempenho de papel social – avaliar questões referentes ao trabalho e atividades de
lazer.
OQ-45: Outcome Questionnaire -
(Questionário de Resultados)
• Cotação de 0 a 4
• O score total é o somatório dos itens
• Pontuação invertida: 1, 12, 13, 20, 21, 24, 31, 37, 43
Itens
Suicídio 8
0 - 63 Sem Relevância Clínica
Abuso Substâncias 11,32
64 - 180 Com Relevância Clínica Violência 44
Ponto de
Sub-Escalas Itens corte

Desconforto Subjectivo (SD) 2,3,5,6,9,10,13,15,22,23,24,2527,29,31,33,34,35,36,40,41,42,45 31

Relações Interpessoais (IR) 1,7,16,17,18,19,20,26,30,37,43 15

Desempenho do Papel Social (SR) 4,12,14,21,28,38,39, 14


STAI-Y: Inventário de Estado-Traço de
Ansiedade (STAI-Y)
• Instrumento de auto-resposta composto por duas escalas: uma com 40
itens

• Ansiedade-estado (20 itens)


• Estado transitório que varia em intensidade, ao longo do tempo, em função da
percepção de uma ameaça
• Ansiedade-traço (20 itens)
• Diferenças individuais, relativamente estáveis, de tendência para perceber várias
situações como ameaçadoras, respondendo às mesmas com um aumento da
ansiedade-estado
STAI-Y: Inventário de Estado-Traço de Ansiedade
(STAI-Y)

Dados para comparação


Homens Mulheres
Variáveis
Média DP Média DP
Ansiedade estado 36,3 9,61 38,2 10,77
Ansiedade traço 35 8,35 37,3 7,9

Nota: STAI – Y e BDI-II são muitas vezes usados no mesmo protocolo de avaliação devido à comum
comorbilidade de sintomas
STAI-Y: Inventário de Estado-Traço de
Ansiedade (STAI-Y)

NOTA:
Caso a folha de resposta contenha 1 ou 2 itens não respondidos, faz-se o seguinte:

üCalcula-se a média dos outros itens


üMultiplica-se por 20
üArredonda-se o produto obtido para o número inteiro mais alto seguinte.
üHavendo 3 ou mais itens omissos, não podemos considerar este procedimento.
Outros instrumentos

• SCL-90 – Symptoms cheklist (escala de avaliação de sintomas)


• EAESDIS - Escala de ansiedade e evitamento em situações de desempenho
e interacção social
• RSES - Rosenberg self-esteem scale (escala de auto-estima)
Sessão de avaliação de um adulto em contexto
clínico
• Entrevista clínica semi-estruturada
• SCID-I e SCID-II
• Avaliar a necessidade de utilizar (completa ou parcialmente)
• Instrumentos de avaliação da sintomatologia
• Bateria de testes standard, ou
• Mediante a avaliação inicial
• Formulação clínica de caso e plano de tratamento
• Sessões de seguimento
• Monitorização de resultados e de processo
• Avaliação final
• Sessões de follow-uo
• Avaliação

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