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ENTREVISTA

ENTREVISTA
OBJETIVOS

Que o discente seja capaz de:

• Tomar consciência da importância da entrevista de enfermagem;

• Descrever a etapas da entrevista de enfermagem;

• Adotar as atitudes apropriadas aos diversos tipos de entrevistas.


ENTREVISTA
• Encontro previsto e planificado.
• Contacto entre duas pessoas (conhecer, aceitar, respeitar →
conivência terapêutica)

Trabalho do Enfermeiro implica:


1. Encontro com o cliente cuidado ou família (colher informações)
2. Proceder a avaliações
3. Ajudar a pessoa a enfrentar problemas
ENTREVISTA
“É uma permuta entre o enfermeiro e a pessoa de quem
ela cuida ou sua família e para a qual elabora objetivos
particulares relativos à colheita de informações, à
transmissão de conselhos ou de explicações e ao suporte
psicológico e à resolução de certos problemas”.

Phaneuf, 2002
ENTREVISTA

É uma conversa de caráter profissional entre uma pessoa que ajuda e uma
pessoa que tem necessidade de ajuda.

 Os contactos entre enfermeira e cliente não são todos entrevistas de


enfermagem. (nem todos os contactos são orientados por objetivos
específicos).
ENTREVISTA

A necessidade de entrevista pode também surgir do imprevisto para


responder a uma necessidade do momento (também aqui o enfermeiro
deve ter a iniciativa da troca e dar pistas para orientar a conversa).
ENTREVISTA

PODE EFETUAR-SE
Com um
Com uma Com um Com uma
pequeno
Pessoa casal família
grupo

Trata-se sobretudo de ajudar uma ou mais pessoas a


viver uma situação difícil, à semelhança do que se faz
nos grupos de interajuda.
ENTREVISTA

ETAPAS DA ENTREVISTA
1. Fase de preparação
2. Fase de orientação
3. Fase de exploração
4. Fase de conclusão ou separação
ENTREVISTA – Fase de Preparação

1. Fase de Preparação
- Maior segurança do Enfermeiro
- Resposta mais apropriada às
pessoas e suas necessidades
ENTREVISTA – Fase de Preparação

Antes do
encontro
- Evitar questões
Informar-se: Análise do desnecessárias
processo do utente, análise
- Criar clima mais propício
do plano de cuidados, colocar PERMITE à relação terapêutica
questões aos outros
enfermeiros ou pessoas - Prever possíveis
envolvidas,… dificuldades
ENTREVISTA – Fase de Preparação
Que tipo de entrevista privilegiar?

• Depende de vários fatores ligados ao tipo de trabalho a desempenhar,


à personalidade do enfermeiro e à sua experiência de entrevista.
ENTREVISTA – Fase de Preparação

Para que deve servir Recolha de dados; Avaliação; Transmissão de informação /


esta entrevista? Educação; Suporte psicológico; Estudo dos comportamentos.
De que natureza deve Diretiva ou Semi-diretiva → de acordo com objetivo da
ser? entrevista, características da pessoa cuidada e competências
do enfermeiro para conduzir a entrevista.
Qual deve ser o Fazer falar; Ajudar a expressar emoções; Confortar; Dar
objetivo principal? suporte; Observar comportamentos; Transmitir informações;
Ajudar a mudar um comportamento particular.
Quais os meios de Escuta; Persuasão; Ensino; Estratégias de modificação do
que disponho? comportamento (jogo de papéis, visualização).
ENTREVISTA – Fase de Preparação
A entrevista
deve ser mais
ou menos • Objetivos precisos
diretiva, • Esquema determinado Diretiva
consoante o • Questionário com perguntas fechadas
objetivo a • Desenrolar menos estruturado Semi-
alcançar. • Grandes orientações diretiva ou
• Questionário com questões abertas mista
A diretividade • Troca informal
está ligada ao • Objetivo preciso quanto à colheita de
Não
grau de dados ou a uma relação de ajuda
Diretiva
organização. • Resposta espontânea às necessidades
momentâneas da pessoa
ENTREVISTA – Fase de Preparação
ENTREVISTA DIRETIVA OU ESTRUTURADA

CARACTERÍSTICAS VANTAGENS INCONVENIENTESS

•Recolha de dados • Ganho de tempo • Risco de negligenciar


(previstas as informações • Eficácia nas informações importantes
a recolher → planificação situações de • Falta de naturalidade
dos cuidados urgência e de espontaneidade
•Grelha precisa incluindo • Sentimento de • Dificuldade de falar
todos os aspetos a segurança no de problemas afetivos e
abordar enfermeiro pouco de exprimir sentimentos
•As questões (fechadas) experiente e emoções no decurso da
vão diretas ao objetivo entrevista
ENTREVISTA – Fase de Preparação

ENTREVISTA DIRETIVA OU ESTRUTURADA

CUIDADOS A TER
• O questionário não deve ser preenchido frente à pessoa
cuidada.
• Memorizar as categorias e questões.
• Tomar apenas as notas essenciais.
• Preencher o questionário após a entrevista
ENTREVISTA – Fase de Preparação
ENTREVISTA NÃO DIRECTIVA

CARACTERÍSTICAS VANTAGENS INCONVENIENTES

• Natureza das informações a recolher • Clima • Grande consumo de


pode ser prevista, excepto quando natural, tempo.
respeita a dificuldades afetivas. caloroso e • Necessidade de
• A abordagem baseia-se em alguns espontâneo. maior destreza do
aspectos gerais. • Comunicação enfermeiro
• Percurso de descoberta para o livre e aberta • Eficácia inferior à da
enfermeiro (questões abertas e • Expressão das entrevista directiva.
indiretas, validação) e cliente, que emoções e dos • Dificuldade de
participa na identificação das suas sentimentos adaptação e
dificuldades e na determinação das insegurança do
soluções. enfermeiro .
ENTREVISTA – Fase de Preparação

CARACTERÍSTICAS VANTAGENS DESVANTAGENS

• Grelha estruturada com • Via eficaz em múltiplas • Exigência de uma


aspetos precisos situações. grande experiência para
(problemas físicos e • Expressão livre de passar de um tipo de
necessidades) e grandes sentimentos e emoções entrevista ao outro e
orientações abordadas • Adequado a dificuldades dominar os dois
informalmente. de natureza emotiva processos.
• Permite responder às
necessidades de cuidados e
favorecer contactos
íntimos.
ENTREVISTA – Fase de Preparação

O OBJETIVO PRINCIPAL DA ENTREVISTA DEPENDE DE VÁRIOS FATORES:

o Sector de cuidados
o Problema de saúde do cliente
o Estado de saúde do cliente
o Natureza do tratamento
o Personalidade do cliente
o Estádio de desenvolvimento do enfermeiro
ENTREVISTA – Fase de Preparação

Preparação material da entrevista:

o Local do encontro (calmo, intimidade)


o Momento do encontro (sem fadiga e sem dor para o
cliente e enfermeiro)
o Conforto do cliente
o Duração da entrevista (capacidades físicas do cliente,
capacidade de concentração e compreensão)
ENTREVISTA – Fase de Preparação

Meios disponíveis

o Enfermeiro (principal instrumento com a sua sensibilidade, perspicácia,


capacidade de observação e contacto caloroso)
o Escuta
o Capacidade de persuasão e aconselhamento (medicação)
o Capacidade de educação (ajuda ao utente para se responsabilizar no seu
auto-cuidado)
o Ajuda (modificação do comportamento – jogo de papéis, visualização,
grelhas de auto-observação)
o Capacidade relacional.
ENTREVISTA – Fase de Orientação

2. Fase de Orientação
Inicia-se no primeiro contacto com a pessoa
cuidada
ENTREVISTA – Fase de Orientação
1. Chamar o cliente pelo nome
2. Apresentar-se e dizer quais são as suas funções
3. Apertar a mão ou tocar o braço ou pulso (proximidade)
4. Se o cliente não esperava a entrevista, solicitar a sua colaboração, pedir alguns minutos do seu tempo e
explicar o objetivo do encontro (tranquilização)
5. Colocar o cliente à vontade e confortável
6. Colocar-se de frente para o cliente (ser vista e compreendida)
7. Manter contacto visual
8. Escutar
9. Estar atento à expressão facial e comportamento não verbal do cliente (disponibilidade afetiva e
intelectual do cliente)
ENTREVISTA – Fase de Orientação

Cuidados preliminares

1. Começar comunicando de forma calma, sobre


assuntos banais como o tempo (quebrar o gelo)
2. Manifestar interesse (questionar o que se crê
ser uma preocupação importante para o
cliente: dor, problema de saúde, afastamento
da família…)
3. Abordar necessidades e expectativas do cliente
ENTREVISTA – Fase de Orientação
É importante recordar que:
O encontro deve desenrolar-se como uma conversa
o Os primeiros minutos determinam o clima normal em que o cliente se sinta aceite, compreendido e
do resto do encontro à vontade.
o A apresentação física do enfermeiro tem
grande impacto no cliente
o A atitude aberta e calorosa dispõe o cliente
a se exprimir

Relação de confiança – Aliança terapêutica


ENTREVISTA – Fase de Exploração

3. Fase de Exploração

É o momento por excelência da entrevista


ENTREVISTA – Fase de Exploração

o Enfermeiro faz uma abordagem de forma relativamente estruturada.


o Utiliza técnicas próprias para recolher a informação necessária
o Explora as suas habilidades de comunicação para apoiar o cliente,
confortar e ajudar a clarificar a comunicação.
ENTREVISTA – Fase de Exploração
Qualquer que seja a forma da entrevista, os principais
procedimentos do enfermeiro incluem

1. Escutar
2. Questionar
3. Aprofundar
4. Analisar o comportamento e as palavras do cliente
5. Interpretar o que é dito e observado
6. Clarificar e validar as suas perceções e as do cliente
7. Refletir o que é compreendido (manifestar a sua compreensão)
8. Identificar claramente o problema
9. Fazer emergir pistas de soluções.
ENTREVISTA – Fase de Exploração
Particularidades da fase de exploração nos
diferentes tipos de entrevista

São utilizadas questões e reflexões que permitem

Entrevista aprofundar e compreender as necessidades e


dificuldades do cliente e planificar cuidados
de Colheita
personalizados e de qualidade.
de
informação Não é apenas colocação de questões é em
primeiro lugar uma relação que se estabelece.
ENTREVISTA – Fase de Exploração
Particularidades da fase de exploração nos
diferentes tipos de entrevista
O enfermeiro utiliza as suas habilidades em
comunicação pedagógica para transmitir
Entrevista
informações ou o ensino previstos
de Ensino
e de Não é apenas transmissão de informações. O
informação enfermeiro sabe identificar as emoções e
dificuldades que surgem, para dar ao cliente
suporte e compreensão
ENTREVISTA – Fase de Exploração
Particularidades da fase de exploração nos diferentes
tipos de entrevista
Permite a expressão das emoções de sofrimento,
ansiedade, desgosto, medo, culpa, frustração e cólera,
para ajudar a pessoa a colocar as suas dificuldades em
palavras, para lhe manifestar a sua compreensão e
Entrevista empatia, para a ajudar pelo respeito, autenticidade e
de Ajuda e confrontação, a ver melhor a sua dificuldade e a avaliar
de Suporte as opções possíveis para uma solução.
psicológico
Uma relação de ajuda implica um resultado
identificável (ex: diminuição da ansiedade, do
sofrimento, capacidade de ver mais claramente o seu
problema)
ENTREVISTA – Fase de Exploração
Particularidades da fase de exploração nos
diferentes tipos de entrevista
Favorece uma melhor compreensão das
Entrevista de dificuldades, uma identificação mais clara
trabalho nos do comportamento problema, uma melhor
avaliação das suas proporções e a tomada de
comportamentos consciência das suas responsabilidades.
problemas e
conflitos Implica um clima de respeito, autenticidade,
compreensão empática e confrontação suave.
ENTREVISTA – Fase de Conclusão

4. Fase de Conclusão
É a ocasião de relembrar se os objetivos foram
atingidos ou estão em vias de o ser e serão
prosseguidos numa próxima entrevista
ENTREVISTA – Fase de Conclusão

Relembrar:
1. Relembrar os objetivos atingidos e caminho percorrido para os atingir
2. Mostrar o que não pôde ser realizado e aprofundar as razões disso.
3. Retornar às expectativas do enfermeiro e do cliente
4. Sintetizar o que foi dito e preparar o próximo encontro pela determinação dos
objetivos do mesmo.
5. Agradecer ao cliente a sua colaboração e tempo
6. Referir disponibilidade para qualquer necessidade do cliente
7. Trabalhar a separação, quando se trata do fim de uma série de encontros (não
criar dependência)
ENTREVISTA – Comportamentos a evitar
1. Interromper o cliente

2. Dar conselhos e propor soluções rápidas

3. Não ter em conta emoções manifestadas

4. Tranquilizar o cliente utilizando frases estereotipadas como:


“Não se preocupe, vai correr tudo bem”

5. Mudar o tema da conversa para evitar assuntos dolorosos ou


delicados

6. Fazer julgamentos e juízos morais

7. Discutir com o cliente, criticá-lo, procurar ter razão

8. Adoptar comportamentos defensivos


ENTREVISTA – Registos

Terminada a Entrevista:

o Registar por escrito os conteúdos (planificação dos cuidados /


Informação sobre estado do cliente/ Preparação dom próximo
encontro)
o Avaliar a entrevista (Objetivos preconizados/ Estratégias
implementadas/ Resultados obtidos)
o Analisar a interação com o cliente
ENTREVISTA – Análise da Interação
o Consiste num relato detalhado do que se passou entre enfermeiro e cliente, redigido de memória após
o encontro.
o O enfermeiro deve ser objetivo e relatar fielmente os factos ocorridos durante a interação.

CARACTERÍSTICAS
1. Relata as palavras pronunciadas, os sentimentos e as emoções vividas, e os
factos abordados durante o encontro

2. Permite ao enfermeiro fazer uma reflexão crítica sobre a sua maneira de ser e
agir na relação com o cliente

3. Coloca em evidência as diferentes partes da interação, os seus objetivos e


desenrolar desta
ENTREVISTA – Análise da Interação
CARACTERÍSTICAS
4. Facilita a identificação das habilidades utilizadas e a avaliação da sua pertinência e
dos seus resultados

5. Ajuda a determinar o estilo de ajuda do enfermeiro (autoritária, aberta


empenhada…)

6. Coloca em evidência a natureza da entrevista (superficial, mecânica, profunda,


humanismo)

7. Clarifica os pontos fortes a reforçar e os pontos fracos a melhorar


ENTREVISTA – Tipos

Tipos
1. Entrevista de Colheita de dados

2. Entrevista de Informação e de Ensino

3. Entrevista de Ajuda

4. Entrevista de Ajuda para modificação de certos comportamentos

5. Entrevista de Ajuda em situação de Crise

6. Entrevista de Grupo
ENTREVISTA – Colheita de Dados
Trata-se de uma comunicação profissional pela qual o enfermeiro instaura um processo de observação e de
questionamento da pessoa cuidada com o objetivo de compreender os detalhes do seu problema de saúde e do
contexto no qual este problema se situa a fim de conseguir planificar cuidados apropriados

Recolher informações precisas e amplas

OBJETIVOS Orientar o pensamento


A
ALCANÇAR

Diagnóstico de Determinação
Enfermagem de problema

Ação
ENTREVISTA – Colheita de Dados
Fontes de Informação
Cliente Dificuldades, problemas físicos, sofrimento,
problemas emocionais, preocupações, tristezas,
impotência, dificuldades relacionais…
Família Completa/Confirma/Contradiz o que o cliente disse,
ponto de vista diferente.
Processo do cliente Informações sobre problemas anteriores,
tratamentos, ações dos outros intervenientes, notas
do processo
Outros enfermeiros e Já cuidaram do cliente ou têm experiência no seu
profissionais de Saúde problema de saúde
Bibliografia de Informa sobre as patologias, tratamento e
referência abordagem psicológica
ENTREVISTA – Colheita de Dados
Precauções:
1. Evitar escrever durante a entrevista

2. Evitar cansar ou aborrecer a pessoa

3. Evitar que a colheita de dados pareça um inquérito policial

4. Observar pontos com necessidade de intervenção urgente


(agitação, ansiedade, ideias de suicídio)

5. Suspender temporariamente e reiniciar mais tarde, na


presença de dor, cansaço ou aborrecimento
ENTREVISTA – Colheita de Dados
Dados a colher:

 Os dados variam em função do tipo de entrevista dirigida pelo


enfermeiro
 Se a entrevista serve para colher informações, tendo em vista a
planificação dos cuidados, deve ser coberto um leque amplo de
assuntos, respeitando as orientações de um Modelo de
Enfermagem.
 Os dados também variam em função do cliente e das suas
particularidades
ENTREVISTA – Colheita de Dados
Dados a colher
Dados demográficos Data de nascimento, estado civil, língua
falada, religião, ocupação, endereço, pessoa
que pode ajudar
História pessoal Hospitalizações anteriores (data e motivo),
dificuldades vividas (luto, separação,
divórcio), hábitos de dependência (tabaco,
álcool, drogas), medicamentos e efeitos
secundários
Organização de vida Com quem e onde vive
Nível de Consciência Orientação no espaço, tempo, em relação às
pessoas e à sua identidade
ENTREVISTA – Colheita de Dados
Dados a colher (cont.)
Estado físico e satisfação das Dispneia, tosse, palidez da pele, secura da
necessidades boca, desidratação, insuficiência
alimentar, febre, tensão arterial, peso,
magreza, obesidade, risco de acidentes…
Nível de dor Escala de 10 pontos, localização, tipo de
dor, irradiação
Comportamentos Agitação, sonolência, violência
Linguagem Capacidade de comunicar
Estado afectivo Ansiedade, agressividade, mutismo,
tristeza, desconfiança, percepção negativa
de si, risco de fuga
ENTREVISTA – Colheita de Dados

Dados a colher (cont.)


Pensamento Dificuldade em emitir pensamento abstrato
e resolver problemas, perturbações da
memória
Alterações dos tegumentos e do Escara, contusão, hematoma, rubor da
estado da ferida ferida, exsudação, presença de pus
Capacidade funcional Autonomia, limites dos órgãos dos sentidos,
limites da mobilidade, intolerância à
actividade, risco de acidente
Medicação atual (no domicílio) Nome do medicamento, dosagem prescrita,
frequência, efeitos secundários
ENTREVISTA – Colheita de Dados

Dados a colher (cont.)


Necessidade de conhecimentos Patologia, tratamento, efeitos secundários a
comunicar ao médico, regime, penso,
programa terapêutico (alimentação,
exercício, medicação)
Elementos de vigilância Estado de consciência, tensão arterial,
efeitos secundários dos medicamentos,
estado de ferida, hemorragia
ENTREVISTA – De Informação e de Ensino
Trata-se de uma estratégia de comunicação profissional através da qual o
enfermeiro estabelece um processo que fornece à pessoa cuidada, à
família e / ou ao grupo informações respeitantes à prevenção da doença,
à promoção da saúde e à explicação dos problemas e do tratamento, a
fim de ajudá-los a compreender e aceitar a situação, responsabilizar-se e
tornar-se autónomos na continuação do tratamento e na promoção do
Bem-estar.

A entrevista de ensino é uma estratégia pedagógica utilizada para fazer a


educação do cliente.

É um processo que visa aumentar ou aprofundar os conhecimentos do


cliente relativamente à sua saúde e ao seu tratamento, proporcionando-
lhe autonomia para ser responsável pelo seu próprio Bem-estar.
ENTREVISTA – De Informação e de Ensino
Exigências
1. Supõe uma relação particular com o cliente, em que a comunicação funcional e a
relação de ajuda estão intimamente ligadas.

2. Exige habilidade na observação e na realização da entrevista

3. Exige estratégias pedagógicas adequadas ao cliente e ao seu estado e aos


conhecimentos a comunicar

4. A entrevista deve desenrolar-se num clima de respeito, aceitação e compreensão


empática

5. O comportamento do enfermeiro, a sua forma de comunicar e a clareza da


linguagem são importantes
ENTREVISTA – De Informação e de Ensino

Preparação:
o Este tipo de entrevista não se improvisa.

Dados a colher previamente ( observação e colocação de questões):


o Necessidades de conhecimento do cliente
o Capacidades do cliente
o Limites do cliente
o Fatores suscetíveis de influenciar a aprendizagem
ENTREVISTA – De Informação e de Ensino
Factores que influenciam a aprendizagem
1. Motivação do cliente

2. Capacidades intelectuais do cliente (memória, nível de instrução, nível de


compreensão, efeito dos medicamentos sobre o estado de alerta)

3. Limites dos órgãos dos sentidos (visão, audição)

4. Limites de mobilidade

5. Ansiedade e Preocupação

6. Medo

7. Dor e Fadiga
ENTREVISTA – De Informação e de Ensino
Factores que influenciam a aprendizagem
9. Stress

10. Desgosto

11. Sonolência

12. Desconfiança em relação ao sistema de cuidados

13. Facilidade de se expressar verbalmente

14. Facilidade de compreender e fazer-se compreender na língua do meio de cuidados

15. Factores culturais e religiosos (alimentação, higiene, saúde, doença, tratamento, alívio da dor,
morte)

16. Baixo nível de educação


ENTREVISTA – De Informação e de Ensino

Temas :

Este tipo de entrevista permite abordar numerosos assuntos relativos às aprendizagens no domínio da
saúde Assunto simples e conteúdo curto, deve desenrolar-se como uma conversação.

o Prevenção
o Alimentação
o Hábitos de vida
o Perceção da vida e do futuro
o Ensinamentos psicomotores fáceis
ENTREVISTA – De Informação e de Ensino

Princípios pedagógicos
1. Clima de conversação simples e natural

2. Escolher momento apropriado (evitar momentos de cansaço, sofrimento ou pressas da


enfermeira)

3. Zelar pelo conforto do cliente (atenção à fadiga, queixas, indisposições

4. Atenção aos fatores que influenciam a aprendizagem

5. Avaliar o que o cliente já sabe sobre o assunto

6. Respeitar o ritmo de compreensão do cliente

7. Partir do que o cliente conhece para aquilo que ele desconhece


ENTREVISTA – De Informação e de Ensino
Princípios pedagógicos (cont.)
9. Fazer explicações do abstrato para o concreto (comparações, esquemas,
desenhos, metáforas…)

10. Começar dos elementos mais simples para os mais complexos

11. Tirar partido do estilo de aprendizagem do cliente (ex: se tem memória visual
utilizar imagens)

12. Utilizar linguagem simples e frases curtas

13. Evitar linguagem técnica, clarificando os termos especializados essenciais à


explicação

14. Fazer repetições intencionais (ajuda a compreender e memorizar)


ENTREVISTA – De Informação e de Ensino
Princípios pedagógicos (cont.)
15. Tornar a aprendizagem significante ligando-a ao vivido da pessoa (exemplos de acordo
com a sua vida)

16. No ensino de procedimentos de cuidados, solicitar a demonstração prática após a


exposição.

17. Verificar compreensão da pessoa, através de questões abertas ou aplicações da técnica


demonstrada, sobre o assunto ensinado

18. Dar feed-back ao cliente (“É isso mesmo…”)

19. Utilizar o reforço positivo para encorajar o bom desempenho do cliente

20. Repartir os assuntos a transmitir por várias entrevistas, para evitar o cansaço e
saturação do cliente e permitir melhor aprendizagem
ENTREVISTA – De Informação e de Ensino

Princípios pedagógicos (cont.)


21. Tornar a aprendizagem agradável pela compreensão empática, alegria e humor

22. Não exigir demasiado da pessoa (evitar stress e preservar auto-imagem)

23. Terminar fazendo uma pequena síntese, para memorização do que foi abordado
ENTREVISTA – De Informação e de Ensino
Planificação :

o Colheita de dados para determinar as necessidades de conhecimentos do cliente (o que sabe e o que
deve aprender)
o Determinação dos fatores que influenciam a aprendizagem do cliente

1. Elaboração do plano de ensino:


→ Determinação dos objetivos a atingir
→ Organização do conteúdo:
• Determinação dos elementos de conteúdo necessários para atingir os objetivos
• Organização dos conteúdos por ordem lógica
• Adequação dos conteúdos ao tempo disponível e capacidades do cliente
• Exploração dos materiais apropriados para enriquecer a comunicação (desdobrável, desenhos,
esquemas, fotografias)
• Utilização de materiais simples.
ENTREVISTA – De Informação e de Ensino
Desenvolvimento :

2. Implementação do plano de ensino:

• Exploração das suas forças, personalidade,


maneira de ser e saber para apresentar o
conteúdo ao cliente.
• Flexibilidade na execução do plano de ensino
• Comunicação natural, alternando conteúdo,
questões e respostas às interrogações.
• Compreensão e apoio face às emoções e
dificuldades suscitadas no decurso da entrevista
ENTREVISTA – De Informação e de Ensino
Avaliação :

3. Avaliação da aprendizagem:
• Olhar sobre os objetivos perseguidos e conjunto do
desenvolvimento da entrevista
• Avaliação da eficácia do ensino
• Reflexão sobre o que deve ser corrigido e o que deve ser
acrescentado

4. Avaliação do ensino:
• Questionar satisfação e insatisfação do cliente face à estratégia
pedagógica (questionário de satisfação: “ De que é que gostou ou
não gostou neste ensino?”; “Achou as explicações claras?”)
• Análise da interação

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