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TÉCNICAS DE

ENTREVISTA E
OBSERVAÇÃO Profa.
Aula 4 Luciana França
Tema: A Entrevista e a Observação em
Contextos Clínicos.

• Estruturação: entrevista estruturada, semiestruturada e não estruturada.


Tipos de pergunta: aberta, fechada, dupla, bombardeio.

• Referências:
• BENJAMIN, A. A entrevista de ajuda. 13. ed. São Paulo: Martins Fontes,
2011.
• TAVARES, M. A entrevista clínica. In: CUNHA, J. A. Psicodiagnóstico – V. 5.
ed. Porto Alegre: Artmed, 2000, cap. 5, p. 45-56.
• OCAMPO, M. L. S. & ARZENO, M. E. G. A entrevista inicial. In: OCAMPO,
M. L. S. et al. O processo psicodiagnóstico e as técnicas projetivas. 11. ed.
São Paulo: Martins Fontes, 2009, cap. 2, p. 21-43.
A ENTREVISTA DE AJUDA
(BENJAMIN)

• Obter dados era, antigamente, o principal objetivo da entrevista; mas agora


isso tem um papel menor. Hoje toda a ênfase recai na “entrevista de ajuda”,
onde se sublinha a função de relacionamento.
• Pode haver, talvez, fornecimento de informações, mas agora o enfoque
incide sobre o processo de crescimento do cliente.
• O objetivo da entrevista é desenvolver um relacionamento caracterizado
pela confiança mútua e mudança criativa.
• A questão fundamental para o entrevistador deve ser sempre a seguinte:
qual será o melhor modo de ajudar essa pessoa?
A ENTREVISTA
DE AJUDA
“Ajudar é um ato de capacitação. O
entrevistador capacita o entrevistado a
reconhecer, sentir, saber, decidir,
escolher se deve mudar. Esse ato de
capacitação exige doação de parte do
entrevistador. Precisa dar uma parte de
seu tempo, de sua capacidade de ouvir
e entender, de sua habilidade,
conhecimento e interesse, parte de si
mesmo. Se essa doação puder ser
sentida pelo entrevistado, o ato de
capacitação encontrará receptividade.
O entrevistado receberá ajuda de
maneira adequada e significativa para
ele”.
A ENTREVISTA DE AJUDA
• PERGUNTAS ABERTAS X PERGUNTAS FECHADAS
✓A pergunta aberta é ampla, a fechada é restrita.
✓A pergunta aberta permite ao entrevistado amplas possibilidades; a pergunta fechada o
limita a uma resposta específica.
✓A pergunta aberta o convida a alargar seu campo perceptivo; a pergunta fechada o
restringe.
✓A pergunta aberta é um convite às suas concepções, opiniões, pensamentos e
sentimentos; a pergunta fechada exige apenas fatos objetivos.
✓A pergunta aberta pode ampliar e aprofundar o contato; a pergunta fechada pode limitá-
lo.
“Você gosta da escola, não é?” x “Você gosta da escola?” ou “Algumas pessoas gostam
da escola, outras não. E você?”“
A ENTREVISTA DE AJUDA
• PERGUNTAS DIRETAS X PERGUNTAS
INDIRETAS
✓“Como você se sente ao fazer sua lição de casa
com toda essa criançada em volta?” x “Estou
tentando imaginar como lhe parece fazer sua
lição de casa com toda essa criançada em
volta”.
✓ “Você está aqui há uma semana. O que é que
você tem para dizer?” x “Você está aqui há uma
semana. Deve haver muita coisa que esteja com
vontade de falar”.
A ENTREVISTA DE AJUDA
• PERGUNTAS DUPLAS
✓Nunca tem utilidade numa entrevista de ajuda. Quando muito, limita o
entrevistado a uma de duas alternativas; na pior das hipóteses, confunde
tanto ele quanto ao entrevistador. O entrevistado não sabe qual das duas
perguntas responder, e quando responde, não sabemos a pergunta que
respondeu.
❑“OU”: O entrevistado pode preferir ambas, ou nenhuma delas, ou ainda uma
terceira; mas é forçado a escolher uma das duas alternativas que oferecemos:
“Você prefere café ou chá?”; “Você quer morar com a sua mãe ou com o seu
pai?”
A ENTREVISTA DE AJUDA
✓Talvez haja outras alternativas; talvez o entrevistado tenha mudado de ideia,
ou pode estar querendo fazê-lo. O entrevistador poderia dizer, por exemplo:
“O que podemos oferecer no momento é carpintaria ou pintura de paredes.
Não sei se alguma delas o atrai. Se não tiver interesse por nenhuma,
podemos pensar mais nesse assunto”.

✓Evitar perguntas duplas que confundem ambos:


Entrevistador: “Você ficou de novo vendo televisão à noite, e deixou sua lição
de casa para depois, ou sua mãe o forçou a sentar-se e a estudar?”
Entrevistado: “Mamãe saiu ontem à noite para ir ao cinema”.
A ENTREVISTA DE AJUDA
• BOMBARDEIO
✓O instrumento se torna uma arma apontada contra o entrevistado, de modo
que dificilmente inspira confiança, gera relacionamento ou cria uma atmosfera
na qual entrevistador e entrevistado possam examinar o problema que têm em
mãos. Em lugar disso, o entrevistado descobre-se em meio a uma saraivada
de perguntas: “Bem, por que não responde? Precisa de mais tempo para
pensar? Será que não há nada que você possa dizer? Será que não fui
suficientemente claro? Você acha melhor que eu pare de fazer perguntas?
Você acha melhor que eu o deixe sozinho um pouco?”
✓O entrevistador tem a intenção de ajudar, e o entrevistado parece preparado
para receber, além de mostra-se necessitado de ajuda. Porém o bombardeio é
tão intenso que nenhum pode ajudar o outro.
A ENTREVISTA CLÍNICA
(Tavares)

• Entrevista clínica: conjunto de técnicas de


investigação, de tempo delimitado, dirigido por
um entrevistador treinado, que utiliza
conhecimentos psicológicos, em uma relação
profissional, com o objetivo de descrever e
avaliar aspectos pessoais, relacionais ou
sistêmicos (indivíduo, casal, família, rede
social), em um processo que visa a fazer
recomendações, encaminhamentos ou propor
algum tipo de intervenção em benefício das
pessoas entrevistadas.
A ENTREVISTA CLÍNICA
(Tavares)

• A investigação possibilita alcançar os objetivos primordiais da


entrevista, que são descrever e avaliar, o que pressupõe o
levantamento de informações, a partir das quais se torna possível
relacionar eventos e experiências, fazer inferências, estabelecer
conclusões e tomar decisões. Essa investigação se dá dentro de
domínios específicos da psicologia clínica e leva em consideração
conceitos e conhecimentos amplos e profundos nessas áreas.
• A entrevista é a única técnica capaz de testar os limites de aparentes
contradições e de tornar explícitas características indicadas pelos
instrumentos padronizados, dando a eles validade clínica.
A ENTREVISTA CLÍNICA
(Tavares)

• A entrevista clínica é dirigida: mesmo nas entrevistas “livres”, é necessário o


reconhecimento, pelo entrevistador, de seus objetivos.
• Assim, quando o entrevistador confronta uma defesa, empaticamente
reconhece um afeto ou pede um esclarecimento, ele está certamente
definindo direções.
• A função específica do entrevistador coloca a entrevista clínica no domínio de
uma relação profissional. É dele a responsabilidade pela condução do
processo e pela aplicação dos conhecimentos psicológicos em benefício das
pessoas envolvidas. Essa posição lhe confere poder e, portanto, a
responsabilidade de zelar pelo interesse e bem estar do outro.
A ENTREVISTA CLÍNICA
(Tavares)

• O papel principal da pessoa entrevistada é o de prestar informações, e o


sucesso da entrevista depende do seu modo de participação.
• Supõe-se que a entrevista clínica deve ter como beneficiado direto as pessoas
entrevistadas.
• O entrevistador tem a necessidade de conhecer e compreender algo de
natureza psicológica, para poder fazer alguma recomendação,
encaminhamento ou sugerir algum tipo de atenção ou tratamento
(intervenção). Nos casos em que parece haver dificuldades de levantar a
informação, é bem provável que o entrevistador tenha de centrar sua atenção
na relação com a pessoa entrevistada, para compreender os motivos de sua
atitude.
A ENTREVISTA CLÍNICA
(Tavares)
• Quando uma entrevista clínica ocorre em uma empresa, por exemplo, o
entrevistador deve estar ciente dos conflitos de interesse e das questões
éticas envolvidas, mesmo quando a entrevista tem apenas a finalidade de
encaminhamento.
A ENTREVISTA CLÍNICA
(Tavares)

• TIPOS E OBJETIVOS DA ENTREVISTA CLÍNICA


• Quanto ao aspecto formal, as entrevistas podem ser divididas em
estruturadas, semi-estruturadas e de livre estruturação.
• As entrevistas estruturadas são de pouca utilidade clínica. A aplicação desse
tipo de entrevista é mais frequente em pesquisas, principalmente nas
situações em que a habilidade clínica não é necessária ou possível. Sua
utilização raramente considera as necessidades ou demandas do sujeito
avaliado – usualmente, ela se destina ao levantamento de informações
definidas pelas necessidades de um projeto. As perguntas são quase sempre
fechadas ou delimitadas por opções previamente determinadas e buscam
respostas específicas a questões específicas.
A ENTREVISTA CLÍNICA
(Tavares)
• Nas entrevistas clínicas, desejamos conhecer o sujeito em profundidade, visando a compreender
a situação que o levou à entrevista. Essa especificidade clínica favorece os procedimentos semi-
estruturados e de livre estruturação.
• Toda entrevista exige alguma forma de estruturação. É necessário que se conheçam suas metas,
o papel de quem a conduz e os procedimentos pelos quais é possível atingir seus objetivos.
• Entrevistas semi-estruturadas: o entrevistador tem clareza de seus objetivos, de que tipo de
informação é necessária para atingi-los, de como essa informação deve ser obtida (perguntas
sugeridas ou padronizadas), quando ou em que sequência, em que condições deve ser
investigada (relevância) e como deve ser considerada (utilização de critérios de avaliação). Além
de estabelecer um procedimento que garante a obtenção da informação necessária de modo
padronizado, ela aumenta a confiabilidade ou fidedignidade da informação obtida e permite a
criação de um registro permanente e de um banco de dados úteis à pesquisa, ao
estabelecimento da eficácia terapêutica e ao planejamento de ações de saúde.
A ENTREVISTA CLÍNICA
(Tavares)

• Classificação quanto aos objetivos


• A finalidade maior de uma entrevista é sempre a de descrever e avaliar para
oferecer alguma forma de retorno. Este objetivo último é comum a todas as
formas de entrevista clínica.
• São muitos e variados os exemplos de objetivos instrumentais. Quando se
pretende avaliar um quadro psicopatológico, torna-se necessário um exame
detalhado dos sintomas apresentados. Na entrevista psicodinâmica, é
importante a investigação do desenvolvimento psicossexual. Cada modalidade
de entrevista define seus objetivos instrumentais, e estes delimitam o alcance
e as limitações da técnica.
A ENTREVISTA CLÍNICA
(Tavares)

• A entrevista de triagem tem por objetivo principal avaliar a demanda do


sujeito e fazer um encaminhamento. Geralmente, é utilizada em serviços de
saúde pública ou em clínicas sociais, onde existe a procura contínua por uma
diversidade de serviços psicológicos, e torna-se necessário avaliar a
adequação da demanda em relação ao encaminhamento pretendido. Outra
situação importante ocorre quando existe a opção de terapia individual e
grupal, tornando-se necessário avaliar a adequação dos membros conforme a
composição e os objetivos dos grupos terapêuticos. A triagem é também
fundamental para avaliar a gravidade da crise, pois, nesses casos, torna-se
necessário ou imprescindível o encaminhamento para um apoio
medicamentoso.
A ENTREVISTA CLÍNICA
(Tavares)

• A entrevista em que é feita a anamnese tem por objetivo primordial o levantamento


detalhado da história de desenvolvimento da pessoa, principalmente na infância. A
anamnese é uma técnica de entrevista que pode ser facilmente estruturada
cronologicamente.
• A entrevista diagnóstica pode priorizar aspectos sindrômicos ou psicodinâmicos.
O primeiro visa à descrição de sinais (baixa autoestima, sentimentos de culpa) e
sintomas (humor deprimido, ideação suicida) para a classificação de um quadro ou
síndrome (Transtorno Depressivo Maior). O diagnóstico psicodinâmico visa à
descrição e à compreensão da experiência ou do modo particular de
funcionamento do sujeito, tendo em vista uma abordagem teórica. Tanto o diagnóstico
sindrômico quanto o psicodinâmico visam à modificação de um quadro apresentado
em benefício do sujeito. Hoje em dia, entretanto, vemos cada vez mais um esforço de
integração dessas duas abordagens.
A ENTREVISTA CLÍNICA
(Tavares)

• A entrevista de devolução tem por finalidade comunicar ao sujeito o resultado


da avaliação. Em muitos casos, essa atividade é integrada em uma mesma
sessão, ao final da entrevista. Em outras situações, principalmente quando as
atividades de avaliação se estendem por mais de uma sessão, é útil destacar a
entrevista de devolução do restante do processo. Outro objetivo importante da
entrevista de devolução é permitir ao sujeito expressar seus pensamentos e
sentimentos em relação às conclusões e recomendações do avaliador. Ainda,
permite avaliar a reação do sujeito a elas.
A ENTREVISTA INICIAL
(OCAMPO E ARZENO)
• Caracterizamos a entrevista inicial como entrevista
semidirigida. Uma entrevista é semidirigida quando o
paciente tem liberdade para expor seus problemas
começando por onde preferir e incluindo o que desejar.
• Em termos gerais, recomendamos começar com uma
técnica diretiva no primeiro momento da entrevista,
correspondente à apresentação mútua e ao
esclarecimento do enquadramento pelo psicólogo e, em
seguida, trabalhar com a técnica de entrevista livre para
que o paciente tenha oportunidade de expressar
livremente o motivo de sua consulta. Finalmente, no
último momento desta primeira entrevista, devemos,
forçosamente, adotar uma técnica diretiva para poder
“preencher” nossas “lacunas”.
A ENTREVISTA INICIAL
(OCAMPO E ARZENO)

• 1) Perceber a primeira impressão que nos desperta o paciente e ver se ela se


mantém ao longo de toda a entrevista ou muda, e em que sentido. São
aspectos importantes: sua linguagem corporal, suas roupas, seus gestos, sua
maneira peculiar de ficar quieto ou de mover-se, seu semblante, etc.
• 2) Considerar o que verbaliza: o que, como e quando verbaliza e com que
ritmo. Comparar isto com a imagem que transmite através de sua maneira de
falar quando nos solicita a consulta (geralmente por telefone). Avaliar as
características de sua linguagem: a clareza ou confusão com que se expressa,
a preferência por termos equívocos, imprecisos ou ambíguos, a utilização do
tom de voz que pode entorpecer a comunicação ao ponto de não se entender
o que diz, ainda quando fale com uma linguagem precisa e adequada.
A ENTREVISTA INICIAL
(OCAMPO E ARZENO)

• Quanto ao conteúdo das verbalizações é importante levar em conta quais os


aspectos de sua vida que escolhe para começar a falar, quais os aspectos a
que se refere preferencialmente, quais os que provocam bloqueios,
ansiedades, etc., isto é, tudo que indica um desvio em relação ao clima
reinante anteriormente. Aquilo que expressa como motivo manifesto de sua
consulta pode manter-se, anular-se, ampliar-se ou restringir-se durante resto
desta primeira entrevista ou do processo e constitui outro dado importante. Por
outro lado, o paciente inclui em sua verbalização os três tempos de sua vida:
passado, presente e futuro.
• A atitude mais produtiva é centrar-se no presente e a partir daí procurar
integrar o passa do e o futuro do paciente.
A ENTREVISTA INICIAL
(OCAMPO E ARZENO)

3) Estabelecer o grau de coerência ou discrepância entre tudo o que foi


verbalizado e tudo o que captamos através de sua linguagem não verbal
(roupas, gestos, etc.). Tal confronto pode informar-nos sobre a coerência ou
discrepância entre o que é apresentado como motivo manifesto da consulta e o
que percebemos como motivo subjacente.
4) Planejar a bateria de testes mais adequada quanto a: a) elementos a utilizar
(quantidade e qualidade dos testes escolhidos); b) sequência (ordem de
aplicação), e c) ritmo (número de entrevistas que calculamos para a aplicação
dos testes escolhidos).
A ENTREVISTA INICIAL
(OCAMPO E ARZENO)

5) Estabelecer um bom rapport com o paciente para reduzir ao mínimo a


possibilidade de bloqueios ou paralisações e criar um clima preparatório
favorável à aplicação de testes.
6) Ao longo de toda a entrevista é importante captar o que o paciente nos
transfere e o que isto nos provoca. Referimo-nos aqui aos aspectos
transferenciais e contratransferenciais do vínculo. E importante também poder,
captar que tipo de vínculo o paciente procura estabelecer com o psicólogo: se
procura seduzi-lo, confundi-lo, evitá-lo, manter-se a distância, depender
excessivamente dele, etc., porque isto indica de que maneira específica sente
seu contato com ele (como perigoso, invasor, maternal, etc.).
Contratransferencialmente surgem no psicólogo certos sentimentos e fantasias
de importância vital para a compreensão do caso.
A ENTREVISTA INICIAL
(OCAMPO E ARZENO)
7) Na entrevista inicial com os pais do paciente é importante detectar também qual é o
vínculo que une o casal, o vínculo entre eles como casal e o filho, o de cada um deles
com o filho, o deste último com cada um deles e com o casal, o do casal com o
psicólogo. Outro vínculo é o que procuram induzir-nos a estabelecer com o filho ausente
e ainda desconhecido (o que dizem dele), que pode facilitar ou perturbar a tarefa
posterior.
8) Avaliar a capacidade dos pais de elaboração da situação diagnóstica atual e potencial.
É interessante observar se ambos — ou um e, nesse caso, qual deles — podem
promover, colaborar ou, pelo menos, aceitar as experiências de mudança do filho caso
este comece uma terapia.
Já que nos referimos à entrevista com os pais, queremos esclarecer que a presença de
ambos é imprescindível. Consideramos a criança como emergente de um grupo familiar
e podemos entendê-la melhor se vemos o casal parental.
A ENTREVISTA INICIAL
(OCAMPO E ARZENO)

• Pais separados: Se desejam vir separadamente, temos que respeitá-los.


• Filhos adotivos: O psicólogo deve investigar elementos essenciais, tais como as
fantasias de cada um a respeito da adoção (não se sentir inferior aos outros por não
ter filhos, não estar só agora ou no dia de amanhã, ter a quem deixar uma herança,
etc., podem aparecer como motivos manifestos da adoção, além das motivações
inconscientes que também devem ser investigadas). Outros dados que devem ser
levados em conta são: como sentem atualmente a situação de pais adotivos, se estão
de acordo com a decisão tomada, se puderam comunicá-la ao filho e a outros.
Quando a adoção não foi esclarecida, centramos o fato da adoção como motivo real e
subjacente da consulta, sem desvalorizar o que tragam como motivo da mesma.
A ENTREVISTA INICIAL
(OCAMPO E ARZENO)

• 9) Outro ponto importante que deve ser investigado na primeira entrevista é o


motivo da consulta. O motivo manifesto é o sintoma que preocupa a quem
solicita a consulta. Isto é, algo o preocupou, reconhece que não pode resolvê-lo
sozinho e resolve pedir ajuda. Geralmente o motivo é outro, mais sério e mais
relevante do que o invocado em primeiro lugar. Denominamo-lo motivo latente,
subjacente ou profundo da consulta.
• É comum acontecer que os pais de uma criança ou de um adolescente não
esclareçam ao paciente o motivo pelo qual o levam a um psicólogo. Surgem
então distorções, negações, etc., que na realidade confundem o paciente e
aumentam os seus conflitos ainda mais que o conhecimento da verdade.

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