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Ética e Deontologia

Ineficácia Terapêutica

Processo psicoterapêutico é gratificante para o profissional. Em alguns caso, pode ser frustrante,
tanto para o cliente como o profissional, devido a uma elevada ineficácia terapêutica. Estes casos
levantam questões éticas.

Ineficácia Terapêutica: não concretização dos objetivos terapêuticos (diferentes consoante a


abordagem terapêutica).

Há 4 objetivos gerais: redução da sintomatologia (motiva as pessoas procurar ajuda); expansão


do insight (consciência das suas dificuldades); interrupção dos padrões negativos de pensamento e
comportamento (fatores de manutenção); aumento das competência para lidar com stressores.

A ineficácia terapêutica resulta da interação de vários fatores: características do paciente;


contexto da intervenção; recursos do psicólogo.

Característica do paciente

1. Experiência e/ou expressão emocional negativa intensa


Por vezes, o paciente está no distress significativo, como resultado de experiências
traumáticas, que pode causar trauma secundário/vicariante no psicólogo. Pode levar ao
psicólogo perder a objetividade.

2. Dificuldades Relacionais
São dificuldades no estabelecimento da relação terapêutica ou estilos interpessoais que
impedem a construção/desenvolvimento da relação. Pode ter manifestações diretas
(insultos, agressividade verbal) ou indiretas (faltar/atraso às sessões, falha no
pagamento…). Possibilidade de reter informação importante, falha na expressão
apropriada de preocupações, postura de desconfiança com os psicólogos, reações de
zanga/raiva à feedbacks construtivos, também pode afetar a relação terapêutica.

3. Redes Sociais
São dificuldades no estabelecimento e manutenção de rede socias de suporte. A relação
terapêutica serve como laboratório para vermos como os clientes agem fora. São
competências sociais poderes e relações familiares enfraquecida (são fonte de stress,
incapacidade na parentalidade e cumprir obrigações sociais).

4. Insight pobre ou inexistente


Clientes de alto risco podem ter um insight pobre sobre o seu comportamentos/processos
internos. Isto pode os impedir compreenderem como eles próprios contribuem para a
manutenção dos seus problemas ou criar soluções alternativas e uteis. A visão do mundo
e autoconceito podem ser rígidos e resistente à mudança, com uma ambivalência quanto à
psicoterapia.
Ética e Deontologia
Contexto da Terapia

1. Clientes Involuntários
A pessoa pode ter pedido acompanhamento por pressão (do empregador, companheiro…).
Vai contribuir para o insucesso, já que há pouco investimento emocional, pouca reflexão
sobre os seus comportamentos e baixa motivação para a mudança.

Recurso e competências do terapeuta

1. Domínio de técnicas terapêuticas com eficácia empiricamente demonstrada.


2. Recursos emocionais, autocuidado, tempo (trabalho-lazer) e suportes externos.
3. Gestão da carteira de paciente (receber um nº elevado de caso difíceis não é boa ideia).
4. Monitorização da resposta emocional causada pelo cliente no terapeuta, e estar
consciente das dinâmicas interpessoais.

Indicadores de Alerta

1. Contacto/Entrevista Inicial
Podem estar presentes mas não quer dizer que leve (não conclusivos per se):
 Frequência extensa de serviços psiquiátricos (o cliente manifesta uma história longa
de apoio a recursos a saúde mental).
 Há acontecimentos de vida que aumentam a ineficácia terapêutica pois aumentam um
certo tipo de psicopatologia/fenótipo psicológico (abuso na infância; registo criminal,
problemas no trabalho, múltiplos trabalhos, múltiplos períodos de desemprego)
 Relações interpessoais (múltiplos divórcios, cortes relacionais)
 Comportamentos desadequados na entrevista (impulsividade, reatividade, exigência,
desconfiado)

2. Curso da intervenção
As resposta à intervenção e desenvolvimento de uma relação ineficaz.

Utilização de princípios éticos para aumentar a qualidade dos serviços

1. Manutenção de fronteira claras


A ausência de indicadores de alarme e dada a improbabilidade de encontros sociais:
possibilidade de aceitação do caso. Ter atenção a pacientes de alto risco: dificuldade em
separar os parâmetros da relação terapêutica de uma relação social ou profissional,
mal-entendidos na leitura do comportamento, dificuldades na intervenção, evitar auto-
revelação

2. Consentimento Informado
Importante dar mais detalhes sobre os métodos e objetivos. Com estes casos é importante
clarificar os papeis, regras e responsabilidade associados à terapia. O psicólogo pode não
aceitar clientes que não estão de acordo com o plano de tratamento que não tomam
medicação. Também pode não aceitar intervir com família que rejeita o tratamento.
Avaliação da motivação intrínseca e de fatores externos (e.g., tempo para as sessões e
recursos financeiros)
 Ser o mais claro possível sobre o trabalho que será desenvolvido e como será
desenvolvido (respeito pela autonomia e tomada de decisão).
Ética e Deontologia
3. Participação Colaborativa
Assenta no CI. É importante maximizar o envolvimento do paciente em todos os aspetos
centrais da terapia, já que leva a uma maior investimento na relação terapêutica e
concretizar os objetivos terapêuticos. É um processo continuo ao longo da terapia.

4. Documentação
As nossas notas sobre os acontecimentos ao longo da terapia dos progressos
terapêuticos (registos…) podem ser importantes para eficácia terapêutica (mostrar ao
cliente o quanto já evoluiu no processo quando esta pensa que não consegue). Aplicação
de instrumentos baseline e repetição ao longo do processo. Qualidade da documentação
deve aumentar à medida que a complexidade do caso e/ou do tratamento aumentam
 Ser fiável e honesto (beneficência).

5. Consultadoria e supervisão
Ser honesto em relação aos nossos pontos fortes e limitações durante supervisão Os
outros são uma fonte fiável de análise do seu comportamento
 Beneficência

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