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1. Indique os objetivos do Photovoice.

O Photovoice é uma abordagem de pesquisa participativa que combina fotografia e

narrativa para capacitar indivíduos e comunidades a compartilharem as suas perspetivas,

experiências e vozes sobre questões que afetam as suas vidas. Foi desenvolvido na década de

1990 por Caroline C. Wang e Mary Ann Burris, e desde então tem sido amplamente utilizado em

diversos contextos, como saúde pública, educação, desenvolvimento comunitário e pesquisa

social.

O Photovoice é fundamentado numa combinação de teorias e conceitos de diversas

áreas, incluindo ciências sociais, psicologia, antropologia e educação. Alguns dos fundamentos

teóricos mais relevantes são: a teoria feminista, a educação para a consciência crítica e a teoria

da representação visual.

Os principais objetivos desta abordagem são: Encorajar os indivíduos a identificar e

refletir sobre a sua experiência pessoal e comunitária; Promover o diálogo critico e o

conhecimento sobre aspetos importantes da sua comunidade; e Projetar a visão acerca da sua

vida a outros, especialmente decisores políticos, de forma a aumentar a conscientização sobre

questões sociais relevantes e incentivar a ação social, influenciando políticas, práticas e

mudanças na sua comunidade.

2. Descreva as etapas do Photovoice.

As etapas típicas do processo do Photovoice são a preparação, a ação e a finalização.

A etapa da preparação envolve a concetualização do problema, a definição dos objetivos

gerais e específicos do projeto, o recrutamento de participantes e avaliadores, e a

formação/treino dos profissionais/ facilitadores.


Na etapa de ação são formados os grupos de participantes e iniciam-se as sessões

grupais. As primeiras sessões são destinadas a abordar questões éticas e metodológicas, e as

seguintes são destinadas à discussão em grupo. Os participantes são incentivados a capturar

fotografias que represente as suas perspetivas e experiências em relação ao tema escolhido.

Durante as sessões, os participantes compartilham as fotografias capturadas, contam as histórias

por trás delas e refletem sobre os significados e mensagens que desejam transmitir. Essas

discussões podem ser guiadas pelos facilitadores, mas o foco está nas vozes e perspetivas dos

participantes.

Por fim, a etapa da finalização carateriza-se pela documentação das histórias ou

narrativas e pela sua apresentação e divulgação junto de decisores políticos, media,

investigadores e outros agentes que possam ser mobilizados para gerar mudança. Para além

disso, poderá ser importante, após a divulgação, refletir sobre o processo do Photovoice, avaliar

o seu impacto e discutir possíveis ações futuras com base nas descobertas.

Importa salientar que as etapas do Photovoice são flexíveis e podem ser adaptadas em

função do contexto e dos objetivos específicos de cada projeto. O processo é centrado nos

participantes e pretende-se envolvê-los ativamente em todas as fases, valorizando as suas vozes

e perspetivas.

3. Identifique o perfil e características psicossociais de agressor e vítima de violência

doméstica.

O agressor de violência doméstica pode apresentar uma série de características que

contribuem para seu comportamento violento. Essas características incluem antecedentes

criminais, histórico de problemas de consumo de substâncias, personalidade imatura ou

impulsiva, e possíveis perturbações mentais e/ou físicas. Além disso, antecedentes de maus-

tratos infantis ou ter presenciado violência conjugal na infância podem influenciar o


comportamento agressivo do indivíduo. Dificuldades socioeconómicas também podem

desempenhar um papel importante.

Por sua vez, a vítima de violência doméstica também pode apresentar um conjunto

específico de características psicossociais que podem torná-la mais vulnerável a essa forma de

violência. A presença de vulnerabilidades, como perturbação mental e/ou física, pode aumentar

a dependência da vítima em relação ao agressor. Uma personalidade com características

"dependentes" pode contribuir para a dificuldade de sair do relacionamento abusivo. Uma fraca

rede de suporte social pode limitar as opções e o apoio disponíveis para a vítima. A fraca

autoestima e a tendência a assumir a culpa pela situação podem dificultar o reconhecimento da

violência e a busca por ajuda. A fraca capacidade de perspetiva para o futuro pode levar à

sensação de desamparo e falta de esperança. A dependência emocional do agressor e as

dificuldades socioeconómicas também são fatores que podem contribuir para a vulnerabilidade

da vítima.

4. Indique os objetivos do instrumento EASY-care; e identifique as suas principais vantagens

desvantagens.

O EASY-Care (Elderly Assessment System) é um sistema de avaliação voltado para

pessoas com 65 ou mais anos. Foi desenvolvido para auxiliar na avaliação abrangente das

necessidades e condições de saúde dos idosos, com o objetivo de melhorar a qualidade de vida

e promover o envelhecimento saudável.

O principal objetivo do EASY-Care é fornecer uma avaliação holística e abrangente dos

idosos, considerando não apenas os aspetos médicos, mas também as necessidades sociais,

emocionais e funcionais. Ele é projetado para identificar problemas e necessidades específicas

dos idosos, permitindo intervenções e cuidados adequados.


Entre as suas vantagens destacam-se o facto de: (1) Facilitar o trabalho em equipa, na

medida em que ao oferecer uma abordagem abrangente e integrada, este sistema auxilia a

comunicação entre os vários profissionais de saúde o que promove uma melhor coordenação de

esforços e facilita a tomada de decisões conjuntas; (2) Permitir uma avaliação rápida e

compreensiva; (3) Permitir aceder à perspetiva do idoso pois ao incluir perguntas que exploram

a sua experiência, preferências e expectativas, o sistema permite compreender melhor as

necessidades e desejos do idoso. Isto contribui também para a (4) personalização do cuidado,

tornando-o mais adequado e centrado no indivíduo.

Há semelhança do que acontece com outros instrumentos, o EASY-care também possui

as suas desvantagens. Este sistema avaliação depende da colaboração ativa dos idosos na

resposta às perguntas e na partilha de informações precisas. Deste modo não pode ser aplicado

a pessoas incapazes de se expressarem ou a pessoas que apresentam um comprometimento

cognitivo elevado. Para além disso, apesar deste ser um sistema bastante abrangente, ele não

inclui áreas de potencial interesse como a sexualidade, lazer, nutrição, problemas de sono,

recursos económicos, entre outros.

5. Indique e explique os quatro fatores comuns na mudança terapêutica.

Os 4 fatores de mudança terapêutica em psicoterapia são: remissão espontânea, fatores

comuns, efeito placebo e fatores específicos. Cada um desses fatores desempenha um papel na

eficácia da terapia.

1. Remissão espontânea: A remissão espontânea contribui com cerca de 40% da

variabilidade observada na psicoterapia. Envolve fatores relacionados ao paciente e fatores

externos à terapia, como a integridade do eu, eventos de vida, suporte social, entre outros.
2. Fatores comuns: Os fatores comuns são responsáveis por aproximadamente 30% da

variabilidade terapêutica. Estes fatores são partilhados por diferentes abordagens terapêuticas

e incluem elementos como a qualidade da aliança terapêutica, explicações alternativas da

perturbação, experiências emocionais corretivas, empatia do terapeuta e outros fatores que são

essenciais para o processo terapêutico, independentemente da abordagem utilizada.

3. Efeito placebo: O efeito placebo contribui com cerca de 15% da variância terapêutica.

Esse efeito ocorre quando um indivíduo experimenta melhora devido à crença de que está a

receber um tratamento eficaz, mesmo que o tratamento real seja inerte ou não específico para

o problema em questão. As expectativas otimistas, a credibilidade das técnicas e intervenções

terapêuticas e outros fatores psicológicos podem influenciar o efeito placebo na terapia.

4. Fatores específicos: Os fatores específicos são responsáveis pelos 15% restantes da

variância terapêutica. Estes fatores referem-se às técnicas, intervenções e estratégias

terapêuticas específicas de cada orientação teórica.

É importante ressaltar que esses fatores não são independentes, eles interagem e

influenciam-se mutuamente durante o processo terapêutico.

6. Explique em que consiste o Modelo de CALTAP (Contextual Adult Lifespan Theory for

Adapting Psychotherapy); e indique as influências a considerar quando se adapta a

psicoterapia a adultos idosos.

O Modelo CALTAP (Contextual Adult Lifespan Theory for Adapting Psychotherapy) é uma

teoria contextual do ciclo de vida que visa adaptar a psicoterapia às características e

circunstâncias individuais, levando em consideração várias influências. Este modelo reconhece

que a psicoterapia precisa de ser adaptada para atender às necessidades únicas dos adultos

idosos.
As influências a serem consideradas são:

1. Influências da coorte: A coorte diz respeito ao conjunto de indivíduos nascidos no

mesmo intervalo de tempo. A pertença a um coorte etário molda as trajetórias

desenvolvimentais das pessoas, isto é, dependendo da coorte as pessoas são colocadas em

diferentes contextos sociais, históricos e culturais que acabam por afetar a sua capacidade

funcional, dimensões da personalidade, atitudes e crenças. Por exemplo, os adultos mais velhos

podem ter menos anos de educação formal, o que requer uma adaptação da linguagem utilizada

na psicoterapia. Além disso, podem ter expetativas específicas de papéis de género, e é

importante que o terapeuta esteja aberto a essas questões.

2. Influências da cultura: A cultura em que a pessoa se insere influencia os seus valores

e as suas crenças, a interpretação que faz das doenças, a procura (ou não) de apoio psicológico,

a forma como se apresenta em terapia e a maneira como descreve os seus sintomas.

3. Influências dos contextos: Conhecer os ambientes específicos em que vivem é

fundamental para compreender as experiências dos adultos mais velhos e para proceder à

adaptação da psicoterapia. Devemos ter em consideração o local de residência uma vez que ele

influencia aquilo que se pode ou não propor em termos de atividades. Os dois settings mais

importantes são a família imediata e a comunidade.

4. Influências da maturação: As influências da maturação incluem tanto os aspetos

positivos quanto os negativos associados ao processo de envelhecimento. Por um lado, os

adultos idosos podem apresentar ganhos, como maior sabedoria associada à acumulação de

experiência e conhecimentos de vida e maior resiliência emocional. Por outro lado, também

podem enfrentar desafios, como declínio físico e mudanças cognitivas, como diminuição da

velocidade de processamento, memória de trabalho e atenção. Levando em consideração estes

aspetos, pode haver a necessidade de tornar o processo da psicoterapia mais lento, incluir

sessões mais curtas, falar de forma mais devagar, diminuir ruídos e distrações, ser mais direto na
comunicação, repetir e sumarizar pontos-chave, incentivar que o paciente tire apontamentos e

fornecer materiais escritos, como flyers e usar mnemônicas para ajudar na memória.

5. Desafios específicos relacionados à idade: Nos desafios específicos relacionados à

idade podem incluir-se lidar com doenças crónicas e incapacidades, lidar com tristeza e luto

devido a perdas de pessoas significativas (e.g., amigos, companheira/o, familiares), e também

enfrentar os desafios de ser um recetor de cuidados ou de cuidar de outro idoso.

Importa salientar que cada grupo de influências acima mencionadas não deve ser

considerado separadamente, uma vez que existe uma interação entre os diferentes grupos.

7. Refira, no âmbito do consumo de álcool, o que são intervenções breves e quem se dirigem.

Intervenções breves são uma abordagem terapêutica utilizada no campo do consumo de

álcool, projetada para ajudar pessoas que apresentam padrões de consumo de risco ou

problemáticos, mas ainda não estão num estágio avançado de dependência. Estas intervenções

são baseadas na ideia de que a consciencialização e a motivação para mudar podem ser

promovidas através de um breve diálogo entre o profissional de saúde e o indivíduo.

O objetivo principal das intervenções breves é ajudar as pessoas a refletirem sobre os

seus padrões de consumo de álcool, fornecer informações sobre os riscos associados ao

consumo excessivo e motivá-las a fazer mudanças positivas no seu comportamento.

Alguns elementos comuns das intervenções breves incluem:

1. Feedback de risco: O profissional fornece informações claras sobre os riscos à saúde

relacionados ao consumo de álcool, com base nos padrões de consumo do indivíduo.

2. Responsabilidade do usuário: O foco é colocado na responsabilidade pessoal do

indivíduo em relação ao seu comportamento e na capacidade de promover mudanças positivas.


3. Conselhos claros e enfáticos: O profissional fornece orientações claras e diretas,

destacando a importância da redução ou mudança no consumo de álcool.

4. Identificação de alternativas de mudança: São discutidas opções e estratégias para o

indivíduo reduzir ou interromper o consumo de álcool, considerando seus recursos e

circunstâncias pessoais.

5. Estilo empático do terapeuta: O profissional adota uma abordagem acolhedora,

compreensiva e não julgadora, criando um ambiente propício para a mudança.

6. Fortalecimento da autoeficácia: É enfatizada a crença do indivíduo na sua capacidade

de realizar mudanças positivas e alcançar os seus objetivos.

Estes tipos de intervenções têm-se mostrado eficazes na redução do consumo de álcool

e na gestão de problemas relacionados a ele. Elas são uma abordagem preventiva importante

para identificar e intervir precocemente em comportamentos de consumo de risco, com o

objetivo de evitar complicações mais graves no futuro.

8. Defina violência doméstica, descreva o ciclo de violência doméstica e elenque as dinâmicas

que o mantêm.

A violência doméstica é caracterizada comportamento violento único ou continuado

exercido sobre qualquer pessoa que habite no mesmo agregado familiar, ou que, mesmo não

coabitando, seja companheiro, ex-companheiro, familiar ou no âmbito de processos de maior

acompanhado. A manutenção de uma relação abusiva resulta de uma interação complexa entre

diversos fatores sociais, interpessoais, económicos, psicológicos e, às vezes, psicopatológicos.

O ciclo de violência é mantido através de uma sucessão de fases. Começa com a

reconciliação, em que o agressor promete não repetir o comportamento abusivo, oferece

presentes e minimiza ou nega o abuso. Em seguida, ocorre a fase de acalmia, na qual as


agressões não se repetem e o agressor cumpre as promessas feitas na fase anterior, fazendo com

que a vítima tenha esperança de que a violência não ocorrerá novamente. Essa fase é seguida

pela escalada de tensão, na qual o agressor culpa a vítima por pequenos incidentes, as ameaças

tornam-se mais frequentes e graves. Por fim, ocorre a reincidência da agressão, que pode ser

física, emocional ou sexual.

Alguns dos fatores que mantêm a violência doméstica incluem o medo de represálias, a

esperança de mudança, a presença de filhos, a dependência económica e emocional/abuso

económico, a aceitação do comportamento violento como norma devido a crenças religiosas,

culturais ou mitos, a falsa sensação de controlo ou segurança, o isolamento imposto pelo

agressor, a falta de intervenções anteriores eficazes, além da pressão familiar.

9. Apresente e reflita sobre o processo de intervenção com homens vítimas de violência.

O processo de intervenção com homens vítimas de violência inclui 6 etapas distintas.

Em primeiro lugar, a avaliação da história de vitimação onde se deve considerar o tipo

de violência presente, identificar as vítimas primárias, secundárias e indiretas, avaliar a

frequência, intensidade e gravidade da violência, bem como o risco de repetição ou até mesmo

homicídio conjugal. Além disso, é importante verificar a existência de armas de fogo e entender

as dinâmicas que mantêm a situação de violência.

Em segundo lugar, a avaliação das necessidades da vítima. Estas necessidades podem

ser identificadas tanto pela vítima como pelo profissional técnico durante e após a avaliação da

história de vitimação. São consideradas necessidades relacionadas com diferentes áreas, como

saúde, emprego e formação, habitação, segurança social e autonomia financeira.


Em terceiro lugar, a elaboração do plano de segurança. Este consiste num conjunto de

orientações e estratégias que visam promover a segurança da vítima. Este plano deve ser sempre

realizado após a avaliação do risco e deve prever diferentes cenários.

Em quarto lugar, a estabilização emocional que envolve ouvir ativamente a vítima,

validar os seus medos, intervir nos sintomas emocionais decorrentes do trauma e promover o

bem-estar e a segurança do homem que sofreu violência, assim como das vítimas secundárias

ou indiretas. Além disso, é importante explicar o ciclo da violência e a dinâmica do poder e

controle, bem como abordar os fatores que perpetuam esta violência. É igualmente essencial

fornecer psicoeducação sobre o processo-crime e sobre os possíveis desfechos.

Em quinto lugar, a intervenção com o/a agressor/a e encaminhamento.

E por último, a colaboração no processo-crime que envolve apoiar e orientar a vítima

durante o processo legal, garantindo que esta tem acesso à justiça e a serviços de apoio

essenciais à promoção da sua segurança e bem-estar.

Importa salientar que no decorrer deste processo o profissional deve sempre respeitar

a vontade e o tempo da vítima.

Os profissionais devem estar cientes de que a intervenção com homens vítimas de

violência é um processo complexo e desafiador. Embora haja uma maior conscientização na

sociedade em relação a este fenómeno, ainda persistem a minimização e a desvalorização dessa

problemática quando se trata de homens. Os homens podem enfrentar um estigma social mais

intenso ao apresentarem-se como vítimas de violência. Desta forma, podem ter dificuldade em

procurar ajuda devido à perceção de que isso vai contra as normas de masculinidade, o que pode

levar a sentimentos de vergonha e embaraço. Além disso, os serviços disponíveis para ajudar as

vítimas de violência geralmente estão mais direcionados para mulheres pelo que a falta de

serviços especializados e de abrigo para homens pode limitar as opções de apoio disponíveis e

tornar a intervenção ainda mais desafiadora.


10. Descreva as etapas de um processo-crime no âmbito da violência doméstica.

O processo-crime é um conjunto de etapas e procedimentos que visam investigar e julgar

um crime. Inicia-se com a Denúncia, que é o ato de comunicar às autoridades a ocorrência de

um crime. A denúncia deve conter o maior número possível de informações, como o dia, hora,

local e forma como o crime foi cometido, a identificação do agressor e da vítima, possíveis

testemunhas e outros meios de prova. Qualquer cidadão que tenha conhecimento do evento

pode fazer a denúncia, uma vez que se trata de um crime público. No momento da denúncia, é

realizada a avaliação do risco. Se for constatada a presença de um risco elevado, é necessário

realizar uma reavaliação dentro de até 72 horas após a apresentação da denúncia.

Para garantir a proteção da vítima, são adotadas medidas de segurança, como a

elaboração de um plano de segurança, encaminhamento para apoios diversos, teleassistência e,

se necessário, afastamento da vítima da residência, com encaminhamento para estruturas de

apoio, como casas seguras de familiares, respostas de acolhimento de emergência ou casas de

abrigo. Além disso, podem ser aplicadas medidas de coação ao agressor, que são restrições à sua

liberdade. Essas medidas podem ser aplicadas logo após a denúncia ou após a acusação, quando

há perigo de fuga, contaminação ou destruição de provas, ou continuação da atividade

criminosa. Algumas medidas de coação incluem proibição de contato com a vítima, afastamento

da residência da vítima, suspensão do exercício de profissão, função, atividade, direitos e

responsabilidades parentais, obrigação de permanecer em habitação com ou sem vigilância

eletrônica e até mesmo a prisão preventiva.

Após a aplicação das medidas de proteção e coação, inicia-se a fase de inquérito, que é

uma fase obrigatória da investigação e que se inicia sempre que há notícia da prática do crime.

Esta fase pode durar semanas ou meses, dependendo da quantidade de provas e da


complexidade da investigação. Ao fim do inquérito, podem ocorrer três desfechos: acusação,

arquivamento do inquérito ou suspensão provisória do processo.

Caso seja requerido pela vítima ou pelo agressor, inicia-se a fase de instrução, que é uma

fase facultativa e representa uma "segunda fase" de investigação. Nessa etapa, um juiz de

instrução é designado ao processo, e ele tem a função de validar a acusação ou o arquivamento

do processo ocorrido na fase anterior, com base nas provas existentes. Tanto a vítima, caso tenha

se constituído assistente no processo, quanto o agressor podem apresentar novas provas

durante a fase de instrução. O juiz decide o desfecho da denúncia, se ela avança para julgamento

ou não.

A fase de julgamento ocorre quando há acusação na fase de inquérito ou despacho de

pronúncia na instrução. Nesta fase, ocorre o debate e a apuração dos factos e das provas, além

da discussão das questões jurídicas em audiência. No final, é proferida uma decisão

condenatória ou absolutória, que pode ser passível de recurso.

Por fim, existe a fase de recurso, na qual o Ministério Público, a vítima (caso tenha se

constituído assistente nos crimes públicos ou privados) ou o réu podem solicitar uma revisão da

decisão. O recurso é apresentado a um tribunal de instância superior, como o Tribunal da

Relação, o Supremo Tribunal da Justiça ou o Tribunal Europeu dos Direitos Humanos.

11. Indique em que consiste o Paradigma Normativo Sistémico da Doença, e de forma breve,

descreva as suas dimensões.

O Paradigma Normativo Sistémico da Doença, proposto por Rolland, aborda os desafios

normativos enfrentados pelos indivíduos e pelas famílias que lidam com doenças crónicas. Este

modelo reconhece a interação sistémica evolutiva entre a doença, o individuo e a família, e


procura conjugar as características biomédicas das doenças com as exigências psicossociais que

criam aos indivíduos e aos seus familiares.

O modelo combina 3 dimensões: Tipologia psicossocial das doenças; Fases da história

natural da doença; e Variáveis chave do sistema familiar.

A tipologia psicossocial das doenças descreve diferentes tipos de doenças crónicas com

base nas suas características psicossociais e características biomédicas. Isto envolve considerar

aspetos como o início, o curso e o resultado da doença e incapacitação resultante da mesma.

As fases da história natural da doença envolvem o reconhecimento de que as doenças

crónicas têm uma trajetória evolutiva que pode ser dividida em diferentes fases, como a fase de

crise, a fase crónica e a fase terminal. Cada uma destas fases apresenta desafios e exigências

específicas que requerem competências, atitudes e transformações na família.

As variáveis chave do sistema familiar referem-se aos aspetos do sistema familiar que

influenciam a forma como a doença crónica é vivenciada e gerida. Isso inclui a estrutura familiar,

os papéis e as relações entre os membros da família, a comunicação, os padrões de interação,

os recursos disponíveis e as crenças e valores familiares.

12. Considerando o Paradigma Normativo Sistémico da Doença Crónica, pense numa doença

crónica e indique a tipologia psicossocial dessa doença, explicando brevemente.

A doença de Huntington é uma doença neurodegenerativa hereditária que afeta o

sistema nervoso central. De acordo com o Paradigma Normativo Sistémico da Doença Crónica,

podemos observar os seguintes aspetos relacionados a esta doença:

1. A probabilidade de desenvolver a doença é de 100% devido à hereditariedade. Ou

seja, uma vez que é transmitida de forma autossómica dominante, o desenvolvimento da doença

é garantido para aqueles que herdam a mutação genética.


2. A gravidade da doença de Huntington é elevada. Ela provoca uma série de sintomas

debilitantes que tem um impacto significativo na vida dos indivíduos.

3. Relativamente ao início da doença, as primeiras manifestações dos sintomas

geralmente surgem na idade adula, por volta dos 40 anos, com uma incidência gradual ao longo

do tempo.

4. A evolução da doença é progressiva e leva à deterioração das capacidades motoras,

da fala e cognitivas dos indivíduos afetados. Com o tempo, ocorre desorientação e perda de

memória, incluindo a amnésia retrógrada.

5. O resultado da doença de Huntington é encurtar o tempo de vida e, eventualmente,

ser fatal.

6. Relativamente à incapacitação, esta demonstra ser severa na medida em que a

progressão da doença acarreta níveis cada vez mais graves de incapacitação.

7. Não existe um tratamento ou cura para esta doença pelo que a abordagem

terapêutica centra-se na reabilitação neuropsicológica, procurando atrasar o declínio iminente

das funções cognitivas e motoras.

13. Defina envelhecimento ativo e diga quais os seus pilares.

O envelhecimento ativo refere-se a um processo pelo qual as pessoas otimizam as

oportunidades para ter uma vida saudável, participativa e independente à medida que

envelhecem. É uma abordagem que enfatiza a promoção da saúde, bem-estar e qualidade de

vida durante o processo de envelhecimento.

Existem quatro pilares principais do envelhecimento ativo: a saúde, a participação, a

segurança, e a aprendizagem ao longo da vida.


O pilar da saúde envolve a adoção de hábitos saudáveis e a manutenção de um estilo de

vida ativo. Isso inclui cuidar da alimentação, realizar atividades físicas regularmente, evitar o

tabagismo, controlar o stresse e ter um sono adequado. Além disso, é importante fazer exames

médicos regulares, acompanhar e tratar qualquer condição de saúde existente e aderir às

orientações médicas. Uma melhor perceção de saúde correlaciona-se de forma positiva e

significativa com melhor qualidade de vida.

O pilar da participação refere-se ao envolvimento cívico, cultural e/ou espiritual. Isso

pode incluir participação em grupos de interesse, atividades de voluntariado, envolvimento em

organizações comunitárias, participação em eventos culturais e desportivos, entre outros. A

interação social e o sentimento de pertença são fundamentais para o bem-estar emocional e

mental durante o processo de envelhecimento.

O pilar da segurança envolve a adoção de medidas para garantir um ambiente seguro e

protegido. Isso inclui a prevenção de acidentes domésticos, a avaliação das condições de

segurança em casa, a adesão a medidas de segurança no trânsito, o uso adequado de

medicamentos, o acesso a cuidados de saúde adequados e a busca de apoio em caso de

necessidade. A segurança é essencial para promover a confiança e a independência durante o

envelhecimento.

O pilar da aprendizagem ao longo da vida suporta os restantes pilares e incentiva a

procura de conhecimento e o desenvolvimento de habilidades ao longo da vida. Isso pode incluir

a participação em cursos, workshops, palestras, leitura de livros, aprendizado online,

aprendizado de novas tecnologias e qualquer atividade que estimule o crescimento intelectual.

A aprendizagem ao longo da vida ajuda a manter a mente ativa, estimula a criatividade e

proporciona uma sensação de realização.

Estes quatro pilares funcionam em conjunto para promover um envelhecimento

saudável, ativo e gratificante. Cada pilar desempenha um papel importante na manutenção da


qualidade de vida e no aproveitamento das oportunidades disponíveis ao longo do processo de

envelhecimento.

14. Defina envelhecimento saudável e capacidades funcionais.

O envelhecimento saudável é definido como o processo de desenvolvimento e

manutenção da capacidade funcional que permite o bem-estar em idade avançada. Por sua vez,

a capacidade funcional corresponde aos atributos relacionados à saúde que permitem que as

pessoas sejam ou façam o que com motivo valorizam. A capacidade funcional é determinada

pela combinação das capacidades físicas e mentais intrínsecas de um indivíduo, bem como pelo

ambiente em que ele vive, compreendendo aspetos físicos, sociais e políticos. É por meio das

interações entre essas capacidades e o ambiente que a funcionalidade é alcançada.

As capacidades funcionais incluem:

1) Capacidade de satisfazer necessidades básicas: Refere-se à habilidade de realizar de

forma independente atividades essenciais, como alimentação, higiene pessoal e execução de

tarefas diárias.

2) Capacidade de aprender, crescer e tomar decisões: Envolve as habilidades cognitivas

necessárias para adquirir novos conhecimentos, continuar a desenvolver-se pessoalmente e

tomar decisões informadas.

3) Mobilidade: Compreende as habilidades físicas relacionadas ao movimento, como

caminhar, subir escadas e utilizar dispositivos de auxílio, se necessário.

4) Capacidade de construir e manter relacionamentos: Refere-se à habilidade de

estabelecer conexões sociais significativas, manter relacionamentos interpessoais e participar

ativamente da comunidade.
5) Capacidade de contribuir para a comunidade: Envolve a capacidade de participar

ativamente na sociedade, contribuir para a família ou comunidade e se envolver em atividades

que proporcionem um senso de propósito e satisfação.

Estas capacidades funcionais são influenciadas tanto pelas características intrínsecas do

indivíduo quanto pelo ambiente em que ele vive, abrangendo aspetos físicos, sociais e políticos.

Ao promover e apoiar o desenvolvimento dessas capacidades funcionais, é possível promover

um envelhecimento saudável e melhorar a qualidade de vida dos idosos.

15. Indique em que consiste a Terapia da Validação. Identifique e explique duas técnicas de

validação.

A Terapia da Validação é um modelo psicoterapêutico desenvolvido por Naomi Feil na

década de 1980, especialmente voltado para o cuidado de pessoas desorientadas e/ou com

demência. A abordagem procura validar e aceitar as experiências emocionais e cognitivas desses

indivíduos, reconhecendo as suas emoções e sentimentos como válidos e significativos, mesmo

que possam parecer irracionais ou desconectados da realidade.

A Terapia da Validação baseia-se na compreensão empática e respeitosa do mundo

interior da pessoa idosa, considerando que a expressão das suas emoções são uma tentativa de

comunicação. Em vez de tentar corrigir ou desafiar as crenças ou perceções distorcidas do

paciente, o terapeuta procura estabelecer uma conexão empática e proporcionar um ambiente

de aceitação.

Existem diversas técnicas utilizadas no âmbito da Terapia de Validação. Estas não têm o

objetivo de curar a pessoa, mas sim torná-la o mais feliz possível e ajudá-la a expressar (livre de

julgamentos) aquilo que sente.


A técnica do espelho envolve o reflexo das emoções e expressões faciais do paciente

pelo terapeuta. Ao espelhar a linguagem corporal e as expressões emocionais do paciente, o

terapeuta demonstra empatia e conexão com o que o paciente está a vivenciar. Esta técnica

valida e legitima as emoções do paciente, ajudando-o a se sentir compreendido e aceite.

A técnica da reformulação envolve a reestruturação das palavras ou declarações do

paciente para expressá-las de maneira mais clara ou resumida, num ritmo e tom de voz

semelhantes ao seu. O terapeuta reformula as afirmações do paciente para mostrar

compreensão e fornecer uma perspetiva diferente. Esta técnica pode ajudar o paciente a ganhar

uma nova visão de seus próprios pensamentos e sentimentos, além de promover uma melhor

compreensão das emoções envolvidas.

16. Defina Reminiscência enquanto processo mental.

A reminiscência é um processo mental voluntário e espontâneo que envolve recordar

memórias passadas ou reviver experiências anteriores consideradas significativas e verídicas

para o indivíduo. É uma forma de reflexão introspetiva em que lembranças e imagens do passado

são trazidas à mente consciente. Durante a reminiscência, as pessoas podem relembrar eventos,

pessoas, lugares, emoções e pensamentos que ocorreram em momentos anteriores das suas

vidas. Este processo ocorre em todas as idades, mas é mais frequente nas pessoas idosas e tem

mais impacto na sua adaptação.

A reminiscência é um componente importante do funcionamento cognitivo e está

relacionada à memória autobiográfica. À medida que recordamos o passado, podemos

reconstruir narrativas e reconectar-nos com aspetos significativos de nossas vidas. Esse processo

pode trazer uma sensação de conexão com a própria identidade, ajudar no sentido de

continuidade ao longo do tempo e fornecer insights sobre quem somos e como chegamos onde

estamos.
Além disso, a reminiscência pode ter um impacto emocional significativo. Lembranças

positivas podem evocar sentimentos de felicidade, nostalgia ou gratidão, enquanto lembranças

negativas podem desencadear tristeza, arrependimento ou pesar. Através deste processo, as

pessoas podem processar emoções passadas e ganhar uma perspetiva mais ampla sobre as suas

experiências de vida.

17. Indique dois aspetos que diferenciam o modelo biomédico do modelo biopsicossocial.

O modelo biomédico e o modelo biopsicossocial são duas abordagens distintas

amplamente utilizadas na área da saúde. Estes modelos surgem como complementares, sendo

que o modelo biopsicossocial veio expandir a visão do modelo biomédico.

Existem diversos aspetos que diferenciam estes dois modelos. Por exemplo, o modelo

biomédico tende a adotar uma abordagem reducionista, ou seja, procura entender a saúde e a

doença através de uma análise fragmentada e isolada de partes específicas do corpo ou sistemas

biológicos. Em contrapartida, o modelo biopsicossocial adota uma visão holística da saúde,

reconhecendo a interação e interdependência entre os aspetos biológicos, psicológicos e sociais.

Para além disso, modelo biomédico adota uma abordagem remediativa, concentrando-

se principalmente na identificação e tratamento de doenças ou condições de saúde já existentes.

Ou seja, neste modelo a atenção é direcionada para cura da doença, focando no alívio dos

sintomas e no restabelecimento da saúde física. Por sua vez, o modelo biopsicossocial adota uma

abordagem de promoção da saúde, que tem como objetivo principal prevenir o surgimento de

doenças e promover um estado de bem-estar geral. Esta abordagem de prevenção da saúde

enfatiza a importância da adoção de medidas preventivas antes do surgimento de doenças (e.g.,

alimentação saudável, pratica regular de atividade física).


18. Indique, explicando brevemente, os quatro componentes essenciais para a construção de

uma relação de confiança/terapêutica.

Os quatro componentes essenciais para a construção de uma relação terapêutica/ de

confiança são o tempo, a flexibilidade, a informalidade e as ajudas materiais.

O tempo é fundamental para que a relação terapêutica se desenvolva adequadamente.

Neste sentido importa saber que a intervenção terapêutica costuma ser mais eficaz quando é

prolongada ao longo do tempo, permitindo uma análise aprofundada e mudanças significativas.

É normal haver ciclos de progresso e recuo durante o processo terapêutico, e é necessário

paciência e perseverança para lidar com eles. A coordenação entre serviços é importante para

oferecer suporte abrangente ao cliente, convergindo as intervenções de diferentes profissionais.

As intervenções devem ocorrer no momento certo, considerando as necessidades imediatas e

oportunidades para mudanças mais profundas. É importante abordar as necessidades imediatas

dos clientes para que haja espaço físico e emocional para o envolvimento em processos de

mudança mais profundos. Os profissionais têm limites em relação ao número de casos que

podem atender adequadamente, para evitar exaustão e manter a qualidade do atendimento.

A flexibilidade refere-se à capacidade do profissional se adaptar às necessidades

individuais do cliente. Cada pessoa é única e tem diferentes formas de se expressar, de lidar com

os problemas e de se envolver no processo terapêutico. O profissional deve ser flexível na sua

abordagem, personalizando as suas técnicas e estratégias de acordo com as características e

preferências do cliente. Isso ajuda a estabelecer uma relação de confiança, mostrando ao cliente

que ele está a ser compreendido e respeitado.

Embora a terapia seja um ambiente profissional, a informalidade pode desempenhar um

papel importante na construção da relação terapêutica. Neste sentido, o profissional deverá

comunicar usando uma linguagem simples e adotando uma postura acolhedora. Um ambiente
menos formal pode ajudar a reduzir a tensão e promover uma comunicação mais aberta e

autêntica.

As ajudas materiais referem-se aos recursos tangíveis que podem ser utilizados durante

a terapia para facilitar a comunicação e o processo de intervenção. Estas ajudas materiais podem

auxiliar na exploração de emoções, no desenvolvimento de habilidades e na promoção da

autoconsciência. Elas aumentam a probabilidade de o paciente investir na intervenção.

19. Identifique um conceito/tema que tenha sido abordado nas aulas e sobre o qual gostaria

de aprofundar os seus conhecimentos. Explique esse tema/conceito, indique o que mais

gostava de saber e porquê.

No âmbito da intervenção com adultos idosos, foi abordado durante uma das aulas um

tipo de terapia que chamou a minha atenção: a terapia assistida por animais mais

especificamente a intervenção com animais robots.

A intervenção com animais robots é uma abordagem terapêutica, que envolve o uso de

animais robots para interagir com seres humanos, e que tem como objetivo promover benefícios

físicos, emocionais, sociais ou cognitivos. Diferentemente da terapia assistida por animais

convencionais, onde animais reais são utilizados, nesta intervenção, robots com aparência e

comportamento semelhantes aos dos animais são usados como substitutos.

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