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Elaborado por: Leila Bernardo David Curumbu, Maria Helena Zacarias e Zainabo Esmael
Mahambo
Introdução
O presente trabalho visa abordar questões inerentes a psicologia comunitária, mais
concretamente sobre a intervenção e avaliação em psicologia comunitária. A psicologia
comunitária é uma área da psicologia que tem como objetivo contribuir de forma positiva
para o desenvolvimento das capacidades psicossociais presentes nas comunidades,
buscando promover a transformação social e o desenvolvimento humano.
A atuação da psicologia comunitária pode ocorrer em diversos contextos, como em
bairros, escolas, empresas, instituições religiosas e organizações não governamentais. A
prática dessa área envolve a escuta e o diálogo com os membros da comunidade, a
identificação das necessidades e demandas locais, a captação de recursos e as ações
coletivas para a transformação das condições de vida das pessoas.
Objectivos
Específicos
Geral
Descrever o caracter político da
Compreender a intervenção e
psicologia comunitária;
avaliação na psicologia Identificar os níveis de intervenção;
comunitária; Descrever a investigação participativa
em psicologia comunitária;
Nível primário: Este nível destina-se a programas, cujo objectivo é evitar a ocorrência do
problema-alvo, isto é, diminuir a incidência prevenindo através de meios eficazes que
alertem e possam antever consequências.
Nível secundário: Este nível de intervenção requer diversas técnicas como a aquisição de
conhecimento em relação à problemática-alvo, à consciencialização em relação ao
comportamento e reacções, dependendo das situações.
Nível terciário: Este nível é o nível mais avançado no que diz respeito ao problema. A única
forma de prevenir é diminuir as consequências e aplicar estratégias que visem uma antevisão,
caso o problema regresse.
Investigação participativa em psicologia
comunitária
A investigação participativa é definida por Arendt (1997), como uma abordagem
colaborativa que envolve de forma equitativa membros da comunidade,
representantes de organizações ou instituições governamentais e não governamentais
e investigadores no processo de produção de conhecimento. Cada parceiro contribui
com recursos únicos e responsabilidades partilhadas para a compreensão do
fenômeno em estudo e da sua dinâmica sociocultural. Essa abordagem combina
investigação com estratégias de capacitação comunitária para reduzir a lacuna entre o
conhecimento produzido através da investigação e a tradução desse
conhecimento em intervenções e políticas que melhorem a saúde das comunidades.
Avaliação das necessidades da investigação
participativa
Os princípios da investigação participativa emergem de uma preocupação
ética face a um histórico de “utilização” das comunidades (especialmente
minoritárias e em maior desvantagem socioeconômica) em prol da
investigação sem garantir que as comunidades se beneficiassem, bem como
da influência do conceito de empoderamento comunitário, muito inspirado
no trabalho de Freire (2007) defendia que o desenvolvimento da
“consciência crítica” tornaria indivíduos e comunidades mais empoderados
para quebrar o ciclo de vulnerabilidade.
A colaboração entre acadêmicos, profissionais e comunidades no
delineamento do desenho do estudo, métodos e instrumentos de coleta de
dados é uma vantagem, pois contribui para tornar esses dados mais
adequados, acessíveis e relevantes para os participantes e a investigação.
Avaliação dos programas de intervenção comunitária
a investigação participativa varia conforme os seus objetivos e o contexto em que se desenvolve a parceria. Um
desafio coloca-se assim em assegurar que, independentemente da diversidade na implementação dessa
abordagem, a investigação se mantenha coerente com os princípios que orientam os processos e resultados de
uma investigação participativa, contribuindo para um aumento do conhecimento e beneficiando as
comunidades.
os investigadores podem sentir pressão quando pretendem estabelecer relações recíprocas e compromissos
duradouros com as comunidades, dado que o meio acadêmico prioriza a produção rápida de publicações
científicas (Freitas, 2007). No entanto, assiste-se a uma valorização dos programas/projetos de investigação
participativa por parte das entidades financiadoras, com incentivo para publicar não só os resultados, mas
também os processos envolvidos nesse tipo de investigação.
Psicologia e os problemas sociais
Um problema social existe quando coletividades sofrem por mutilações do
cotidiano, por desigualdade social e injustiça vivenciada. Isto é, quando as
instituições que deveriam estar em consonância com o desejo humano não
cumprem seus objetivos ou não existem.
Os problemas sociais são produtos de um sistema social, econômico, político e
cultural e, como tal, não são explicados unicamente pelas características e
condições das instituições sociais vigentes ou pelas características dos seres
humanos e da cultura. São, antes, fenômenos sociais configurados no jogo dessas
relações, nas intersubjetividades em ato, durante o viver cotidiano.
A análise dos problemas sociais, na perspectiva da Psicologia, reflete, por um lado,
uma compreensão desse entrelaçamento. Por outro lado, exige referências
conceituais e metodológicas que deem conta dessa realidade, isto é, do ser humano
e suas implicações com o mundo e com os problemas sociais. É necessário ir além
do empírico e ser capaz de explicitar os mecanismos ocultos de construção do real.
Prevenção e tratamento em psicologia
comunitária
Prevenção Primária: Intuito de reduzir a incidência de novos casos de desordem mental na população
para combater forças perniciosas, que operam na comunidade e, pelo fortalecimento da capacidade das
pessoas lidarem com o stress (Arendt, 1997).
Prevenção Secundária: Obejtivo de reduzir a duração de casos de desordem mental que ocorrem apesar
dos programas de prevenção primária, preocupa-se em identificar os grupos vulneráveis, de forma a
reduzir a gravidade ou duração das dificuldades identificadas (ou potenciais dificuldades) por forma a
prevenir problemas futuros, entre outras (Arendt, 1997).
Prevenção Terciária: O intuito é minimizar as incapacidades permanentes e reduzir os efeitos residuais
das dificuldades emocionais, o foco encontra-se essencialmente nos programas de tratamento e
reabilitação; direcionada para a redução das probabilidades de que indivíduos que já experienciaram
dificuldades emocionais se tornem mais severamente incapacitados (Arendt, 1997).
Contextos de saúde e educação
A Psicologia, busca a melhoria da qualidade de vida do ser humano e para conseguir isso foca suas
forças em diferentes áreas. Seu arcabouço teórico e prático embasa o trabalho deste profissional onde
quer que esteja, mesmo em áreas pouco reconhecidas pela sociedade como é o caso da Psicologia
Escolar e Educacional.
No contexto aqui apresentado, o psicólogo, enquanto agente de transformação, tem um vasto campo de
trabalho. Algumas das atividades desenvolvidas por ele, que demonstram resultados práticos são:
facilitação de processos de educação permanente em saúde; preparação de outros profissionais para esta
facilitação; gestão de projetos e processos educativos que estimulem a reflexão, a autonomia e a
transformação da realidade dos serviços; apoio metodológico / pedagógico para as atividades
educativas direcionadas tanto para profissionais quanto para gestores; avaliação e acompanhamento dos
processos educacionais.
Contextos institucionais
A inserção da psicologia nos contextos institucionais se dá de diversas formas,
amparada por distintos referenciais teóricos, posicionamentos políticos e
dispositivos de investigação e intervenção (Freitas, 2007).
Deleuze, G. & Guatarri, F. (1995). Mil Platôs: capitalismo e esquizofrenia. Vol. 4, S. Rolnik, Trad. São Paulo: 34.
Freire, P. (1980). Conscientização: teoria e prática da libertação. Uma introdução ao pensamento de Paulo
Freire São Paulo: Cortez e Moraes.
Freitas, M. F. Q. (2007). Intervenção psicossocial e compromisso: desafios às políticas públicas. 1ª ed. Porto
Alegre