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Olá! Boas-Vindas!
Cada material foi preparado com muito carinho para que você
possa absorver da melhor forma possível, conteúdos de qua-
lidade!

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Bons estudos! Estamos com você até a sua aprovação!

Com carinho,

Equipe Ceisc. ♥

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Prof.ª Jéssica Prudente

Sumário

1. Psicologia Social no Brasil: contexto inicial.............................................................................. 4


1.1. Introdução ............................................................................................................................. 4
1.2. Psicologia Social: principais vertentes .................................................................................. 5
1.3. Psicologia Social: Constituição de 88 e políticas públicas .................................................... 7
1.4. Referências ........................................................................................................................... 9

Olá, aluno(a). Este material de apoio foi organizado com base nas aulas do curso preparatório para
concursos e deve ser utilizado como um roteiro para as respectivas aulas. Além disso, recomenda-
se que o aluno assista as aulas acompanhado da legislação pertinente.

Bons estudos, Equipe Ceisc.


Atualizado em março de 2024.

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1. Psicologia Social no Brasil: contexto inicial

Prof.ª Jéssica Prudente


@jessica.prudente.psi
1.1. Introdução
A Psicologia foi regulamentada como ciência e profissão no Brasil em 27 de agosto de
1962, e ao longo desses anos tem se fortalecido como espaço de atuação técnica, científica e
política de promoção de cuidado à saúde e da dignidade humana. Ao mesmo tempo, é importante
salientar que a Psicologia não se constitui como um campo homogêneo de epistemologias 1, te-
orias e práticas, pois os tensionamentos e disputas teórico-metodológico-políticas são constan-
tes. Há uma transformação importante nesses 60 anos, de uma área técnica, restrita e aplicada
a ambientes e setores específicos (indústria, clínica e escola), para um amplo espectro de áreas
de atuação.

Sociologia x Biologia?
Quase nenhuma ação humana tem por sujeito um indivíduo isolado. O sujeito da ação é
um grupo, um ‘Nós’, mesmo se a estrutura atual da sociedade, pelo fenômeno da reificação,
tende a encobrir esse ‘Nós’ e a transformá-lo numa soma de várias individualidades distintas e
fechadas umas às outras” (Goldman, 1947).
No livro “Psicologia Social: o homem em movimento” (1984), Silvia Lane apresenta impor-
tantes contribuições para o campo da Psicologia, constituindo uma referência clássica enquanto
marco epistemológico sobre o entendimento do ser humano e da sociedade. A autora indica 4
concepções importantes no campo da Psicologia Social: 1) Tradição pragmática dos Estados
Unidos, com uma tendência a harmonizar conflitos; 2) Tradição europeia, fortemente influenciada
pela fenomenologia, tendo Kurt Lewin como expoente na busca por modelos científicos totali-
zantes; 3) A América Latina e o enfrentamento de uma crise de referências; 4) A oscilação entre
uma visão biologizante e abstrata (universal).
Nessas concepções, o ser humano (objetivado como “homem” nessa época, como cate-
goria geral) ou era socialmente determinado, ou era causa de si mesmo: sociologismo X

1 ABBAGNANO, Nicola. Epistemologia: Em um primeiro sentido, é sinônimo de gnosiologia ou de teoria do conhe-


cimento. Num segundo sentido, é sinônimo de filosofia da ciência. Os dois significados estão estreitamente interli-
gados, pois o problema do conhecimento na filosofia moderna e contemporânea, entrelaça-se (e às vezes se con-
funde) com o da ciência (2007, p. 392).

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biologismo? Tal dicotomia ocupou as ciências humanas e biológicas por muitos anos, e ainda
ocupa, sendo que a Psicologia não foi exceção, dada a sua origem biológica naturalista, na qual,
o comportamento humano decorre de um organismo fisiológico que responde a estímulos.
Entretanto, os psicólogos se esqueceram de que este homem, junto com outros, ao trans-
formar a natureza, se transformava ao longo da história. A Psicologia, quando restrita ao modelo
biológico naturalista, estará apenas reproduzindo as condições necessárias para impedir a emer-
gência das contradições e a transformação social. O entendimento do indivíduo como um ser
concreto e não abstrato, como sendo uma manifestação de uma totalidade histórico-social enseja
uma psicologia social que parte da materialidade histórica produzida por e produtora de indiví-
duos.

1.2. Psicologia Social: principais vertentes


A discussão sobre o binômio indivíduo-sociedade é uma das dualidades mais importantes
no campo da Psicologia Social e tem origens em epistemologias distintas, tanto em termos teó-
ricos quanto geográficos, pois as influências histórico-culturais de diferentes países são eviden-
tes. A tirinha abaixo apresenta essa dicotomia, de modo bem-humorado.

A Psicologia Social é um campo heterogêneo, múltiplo e constituído por diferentes áreas


e abordagens (Psicologia, Sociologia, História, Filosofia, Antropologia etc.) dentre as quais des-
tacam-se as seguintes vertentes teóricas, de acordo com Maria Cristina Ferreira (2010):
1) Psicologia Social Psicológica – América do Norte, pincipalmente Estados Unidos
2) Psicologia Social Sociológica – Europa

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3) Psicologia Social Crítica – América Latina

1) A Psicologia Social Psicológica, segundo a clássica definição de G. Allport (1954),


procura explicar sentimentos, pensamentos e comportamentos do indivíduo na presença real ou
imaginada de outras pessoas. Enfatiza principalmente os processos intraindividuais, ou seja,
que estariam dentro do indivíduo (em uma concepção de separação entre indivíduo e sociedade;
dentro e fora; interno e externo etc.) responsáveis pelo modo pelo qual os indivíduos respondem
aos estímulos sociais.
A Psicologia Social Psicológica pode ser explicada como uma disciplina objetiva, de
base experimental e focada no indivíduo (Franzoi, 2007). Estabelece-se como a tendência pre-
dominante no cenário norte-americano, em especial nos Estados Unidos da América (EUA), sob
forte influência do behaviorismo (estudo experimental do indivíduo, no qual o grupo constituía-
se tão somente em mais um estímulo do ambiente social).
2) A Psicologia Social Sociológica, segundo Stephan e Stephan (1985), tem como foco
o estudo da experiência social que o indivíduo adquire a partir de sua participação nos diferentes
grupos sociais com os quais convive. Nessa vertente há uma ênfase dos fenômenos que emer-
gem dos diferentes grupos e sociedades.
A Psicologia Social Sociológica apresenta maior preocupação com a estrutura social:
identidade social, que se insere principalmente no contexto das relações intergrupais, e as re-
presentações sociais, que remetem a uma psicologia dos grupos e coletividades. Enfatiza a di-
mensão social do comportamento individual e grupal, ao postular que o indivíduo é moldado pela
sociedade e pela cultura.
3) A Psicologia Social Crítica ou Psicologia Social Histórico-Crítica, engloba, na rea-
lidade, diferentes posturas teóricas (Socioconstrucionismo, Psicologia Discursiva, Psicologia
Marxista, Pós-modernismo, Feminismo, entre outras). Tais perspectivas guardam em comum o
fato de adotarem uma postura crítica em relação às instituições, organizações e práticas da so-
ciedade atual, bem como do conhecimento até então produzido pela Psicologia Social a esse
respeito. Colocam-se contra a opressão e a exploração presentes na maioria das sociedades e
têm como um de seus principais objetivos a promoção da mudança social como forma de garantir
o bem-estar do ser humano.

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1.2.1. Psicologia Social no Brasil: crise de referências


A “crise” de referências da Psicologia Social brasileira se expressa nos textos publicados
na década de 1970 enquanto críticas à psicologia social norte-americana aplicada no Brasil e
sua concepção individualista de homem, ao método experimental e à sua irrelevância social.
Este método importado acabou afastando a Psicologia Social da realidade social do país, pois
centraram seus esforços na replicação de teorias e experimentos da Psicologia Social estaduni-
dense e seus problemas sociais, se alienando da realidade latino-americana e brasileira. Tais
teorias provocaram uma percepção da realidade a partir de uma lente ideológica que naturaliza
o ser humano e a realidade social, em vez de mostrar sua historicidade. De acordo com Cordeiro
e Spink (2018), destacam-se alguns pontos nessa crise:
Começava a cair por terra a visão de uma Psicologia Social como ciência neutra e uma
prática descomprometida;
• Críticas ao conceito de doença mental e ao modelo hegemônico de intervenção
psiquiátrica;
• Deslocamento da patologia para a saúde;
• Importância de ações preventivas junto a populações pobres e desatendidas pelo
Estado;
• Educação popular: fundamentada nas ideias de Paulo Freire como conscientização
e resistência contra a opressão do regime militar;
• Vários movimentos, críticas e acontecimentos criaram o solo epistêmico, social e
político para que a chamada “crise de referência” acontecesse, trazendo à tona a
necessidade de refletir sobre o papel da Psicologia em um contexto marcado pela
violência de Estado, pela miséria e pela desigualdade social.

1.3. Psicologia Social: Constituição de 88 e políticas públicas


De acordo com Pimenta, Valencio e Lemos (2017), com o fim do governo dos militares e
a reabertura política, a Constituição Brasileira de 1988 ficou conhecida como constituição cidadã
em virtude da mobilização social que sustentou sua elaboração. Este fato a elevou à condição
de marco no processo de redemocratização do país.
Importante destacar que a Constituição de 1988, ao garantir direitos individuais e sociais,
vai precisar construir equipamentos e organizações (escolas, abrigos, serviços de assistência
social, centros de atenção psicossocial etc.), que por sua vez irão implicar na produção de

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conhecimentos, metodologias e práticas. Para o exercício das garantias previstas na Constitui-


ção de 1988, foram necessárias inúmeras transformações nas diversas áreas de conhecimento,
especialmente na Psicologia, provocando mudanças teórico-políticas enquanto ciência e profis-
são. Assim, os direitos e garantias constitucionais revolucionaram diversas áreas, motivados pe-
las Reformas Sanitária e Psiquiátrica, por exemplo, com a criação do Sistema Único de Saúde –
SUS.
Em relação às políticas públicas, a participação social é a diretriz à qual podemos des-
tacar como sendo de maior importância. É por meio da participação social que é possível garantir
a legitimação da sociedade civil como cogestora dessas políticas. Os sujeitos, ou seja, a socie-
dade civil, ao exercer esse ato político contínuo se tornam protagonistas na construção, na con-
dução e na transformação do público.
Dentre as políticas públicas, existem três cuja participação social é importante para a Psi-
cologia, são elas: Saúde, Assistência Social e Educação. A regulamentação dessas políticas
demandou a construção de espaços de luta social, lutas que são travadas ainda na contempo-
raneidade, para a manutenção e a garantia de tais direitos e para a conquista de novos.

Atenção!
O conteúdo dessa primeira aula é introdutório e aborda temas clássicos e tradicionais do
campo da Psicologia Social, sendo necessário citações e referências que indiquem as localiza-
ções das discussões em seus respectivos contextos

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1.4. Referências

ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de Filosofia. - 5ª ed. – São Paulo: Martins Fontes,


2007.

ALVARO, José Luis; GARRIDO, Alicia. Psicología Social: perspectivas psicológicas e


sociológicas. Madri: Editora McGraw Hill, 2003.

CORDEIRO, Mariana Prioli; SPINK, Mary Jane Paris. Apontamentos sobre a História da
Psicologia Social no Brasil. Estudos e Pesquisas em Psicologia, Rio de Janeiro, v. 18,
n. spe, p. 1068-1086, dez. 2018.

FERREIRA, Maria Cristina. A Psicologia Social Contemporânea: Principais Tendências e


Perspectivas Nacionais e Internacionais. Psicologia: Teoria e Pesquisa, Vol. 26 n. es-
pecial, pp. 51-64, 2010.

LANE, Silvia; CODO, Wanderley (Orgs). Psicologia Social: o homem em movimento.


Brasília: Editora Brasiliense, 1985.

PIMENTA, L. C. P.; VALENCIO, R. D.; LEMOS, D. C. Psicologia, políticas públicas e par-


ticipação social: diálogos com a Multidão. Gerais: Revista Interinstitucional de Psico-
logia, 10 (2), jul-dez, 239 – 249, 2017.

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