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Documento 9.

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Universidade de Vassouras- Campus Maricá.
Prof° Luis Filipe.
Disciplina: História da educação.
Fichamento : O livro didático e o ensino de história antiga- Desafios no presente e
problemas do passado.
Assumpção. Luis Filipe Batim de, Campos,Carlos Eduardo da Costa. O livro didático e
o ensino de história antiga- Desafios no presente e problemas do
passado. Perspectivas e diálogos: Revista de história social e práticas
de ensino, v.2,n.6,p.66 -87, jul./dez.2020
I- Introdução
● O ensino de história exige uma reflexão, contextualização e
sensibilidade dos que estão inseridos neste meio, pois interagimos
com várias condutas: política, cultural, econômica e simbólica.
Portanto, essa interação ocorre no tempo e espaço. ( pág. 66);
● Segundo Stuart Hall (2006), ao citar Anthony Giddens: A
contemporaneidade está relacionada ao fluxo de experiências e
consequentemente torna a modificação algo único que temos a
disposição para compreender a existência. Mas quando há uma
interação com os livros didáticos, podemos supor que vivemos coisas
contraditórias. E que além disso, com as mudanças do cotidiano no
qual o mundo é globalizado, temos presente o conservadorismo
político- social nos materiais didáticos. ( pág.67)
II- Livros didáticos e ensino de história – Considerações gerais
De acordo com Circe Bittencourt (2018), os livros didáticos são rebuscados no processo de
ensino- aprendizagem, sendo produtos da indústria cultural. Portanto, dando destaque para
as demandas políticosociais específicas de um determinado contexto histórico, no qual os
livros são produzidos e publicados para as organizações educacionais. (pág.68);
● Tendo em vista os argumentos de Maria Auxiliadora Schmidt e Marlene Cainelli (2009), os
livros didáticos devem ser tratados por três meios: contexto de produção, forma de”envio”
até à população e manejo do material didático. (pág. 68);
● Agora referindo-se a Mairon Escorsi Valério (2017), para ele o Programa Nacional do Livro
Didático ( PNLD) e Programa Nacional do Livro Didático para o Ensino Médio
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(PNLEM) foram primordiais para que as editoras se esforçassem. Visando corresponder às
solicitações ligadas aos conteúdos curriculares do ensino básico.( pág. 68);
● Como foi citado por Espíndola (2003), podemos dizer que as produções buscam atender
à interesses relacionados ao contexto e local de fabricação. E sendo assim, os aspectos
econômicos possuem a capacidade de impactar na produção e comercialização dos
materiais didáticos.(pág.69);
● Segundo Valério (2017), podemos concluir que muitos livros apesar de terem que atender
as demandas curriculares nacionais... Adaptam estes para satisfazer os interesses de
outros indivíduos.(pág.69);
● Referindo-se a 2020, a conjuntura político- social presenciada reafirma a necessidade dos
professores “exibirem” novos usos dos livros didáticos no ambiente escolar. Pois as opções
de maneira de estudar torna eficaz à autonomia do educando na construção dos
saberes.(pág.70);
● Circe Bittencourt (2018): Os livros didáticos manifestam as culturas de uma época e
sociedade e os docentes/ discentes são importantes para atuar , com intuito de acrescentar
algo neste material didático( pág.72);
● Kazumi Munakata(2007): Para ter uma educação de qualidade , ou seja, aquela que será
efetiva, coerente e eficiente. É necessário que os profissionais da área educacional sejam
valorizados de forma justa .(pág.72)
III- O Livro Didático e o Ensino de História Antiga – desafios presentes e problemas do
passado (considerações gerais)
Assim como todos os tempos nos livros de história, a antiguidade insere o mínimo no
conteúdo do currículo brasileiro, submersa em uma divisão ocidental. Suas temáticas
obedecem às ordens político-institucionais da contemporaneidade, uma vez onde é
percebido que o conhecimento histórico, é organizado em alicerce do tempo e em um
determinado lugar no espaço. (pág.73)
· Porém, Kátia Maria Abud (2017): ressalta que o currículo, os materiais didáticos e o
Ensino de História são espaços onde a ideologia e a política se confrontam, cujos poderes
envolvidos visavam as concepções e interesses por meio da educação. (pág.73)
· Dominique Santos (2019): apresenta que na primeira versão da BNCC não foi organizada
por meio de debate com especialistas e a comunidade científica, além de não incrementar
debates com a sociedade brasileira. Este documento valorizou a História do Brasil, em
desvalorização da Antiguidade e do Medievo. Seu principal argumento para isso foi da
necessidade de aperfeiçoar a compreensão do desenvolvimento histórico, social,
econômico e cultural brasileiro. (pág,73)
· Outro fato que influenciou na direção foi que a História antiga e a medieval são
eurocêntricas. Santos se situa reforçando que isso é ilógico, sabendo que lidando com
outros tempos históricos e espaços geográficos contribui no crescimento da consciência de
uma trajetória sendo um sujeito da história. (pág,73)
· Na “Carta de Repúdio à BNCC produzida pelo Fórum dos Profissionais de História Antiga
e Medieval”, de 30 de novembro de 2015, reforçando que promover a ideia de
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nação pauperiza a educação e considerar a Antiguidade e o Medievo unicamente pela
perspectiva eurocêntrica não aprimora a aprendizagem dos jovens. (pág,74)
· Dominique Santos (2019): introduz que a versão da BNCC era “brasilcêntrica” e
“presentista”, sobrepondo as temáticas como o estudo do “Grão-Pará e do Maranhão”, do
“Reino Unido a Portugal e Algarve”, a “economia gomífera” e a “pacificação do Rio de
Janeiro”. Mesmo sendo assuntos relevantes em uma história regional, estes suprimem a
percepção de mundo dos educandos, sem contar que estas questões se baseiam na
relação entre culturas, etnias e sociedades para além da brasileira. (pág,74)
· Com isso recordamos de Alexandre Santos de Moraes (2015): que destaca as
investigações sobre o mundo antigo realizadas no Brasil, decisivamente nós somos os
frutos do nosso tempo e sociedade, o que torna todos os momentos e os acontecimentos da
antiguidade, uma forma de indagar os acontecimentos do nosso presente. Ele reforçava
também que muitos dos debates da História Antiga – como o eurocentrismo e o excesso de
nacionalismos – contribuem para se refletir como é elaborada a trajetória histórica do Brasil.
(pág,74)
· Com isso podemos ver que nos conteúdos da história antiga, os alunos no 1° ano
possuem o aprendizado concentrado em casa e em um material denominado Bienal que
consiste em quatro apostilas ao ano com conteúdos pequenos e sua apresentação recai na
figura do professor. E seus professores recebem o Bienal e um livro texto, na qual é
preferível que organizem seus ensinos em função do primeiro e cada temática seja dada em
um determinado tempo de aula- mostra como os conteúdos foram divididos. (pág,75)
· No terceiro ano o ensino é mais corrido devido aos vestibulares, portanto a temática era
resumida focando apenas no que era pedido nos exames de acesso as faculdades,
(pág,75)
· Nos materiais dos livros do 1° ano temos três capítulos direcionados à Antiguidade, sendo
um voltado ao “Oriente”, um para Grécia e outro para Roma. Em seu total são vinte e nove
(29) páginas de conteúdo cujo está na bienal em onze (11) aulas cada um sendo dada em
cinquenta minutos. Já no 3° ano apenas é tratado Grécia e Roma em um total de quatro (4)
aulas, que se resumem em quatro (4) páginas de conteúdo. Estas são acrescidas de doze
(12) páginas de texto, que discutem as teorias dessas temáticas aderindo ao fato da
Mesopotâmia e Egito não estarem pela cobrança dos vestibulares, tornando assim o ensino
superficial, massacrante e reduzido. (pág,75)
· Retomando ao material do 1° ano o capítulo “Antiguidade Oriental: Mesopotâmia e Egito”
manifesta o problema da “desafricanização” do Egito e o seu deslocamento para a Ásia
Menor – algo que foi denunciado há pelo menos três décadas por especialistas em História
da África. Raíssa Sagredo (2018) diz que é um pensamento eurocêntrica que “extirpa” o
Egito do continente africano, adaptando-o à perspectiva do Orientalismo. (pág,75)
· Em sua parte textual a descrição se restringe à unificação do Egito por Menés , em 3100
a.C.; uma caracterização da estrutura social no modelo de pirâmide, com ênfase especial
ao escriba como funcionário; tendo uma leve perspectiva sobre sua economia, a
importância do rio Nilo para o povo e sua cultura, outro problema no livro que vale ressaltar
é que não possui marcos cronológicos que situem a Antiguidade egípcia. Embora o livro
texto do Sistema Anglo e o Bienal sejam
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complementares, o conteúdo de ambos são extremamente limitados e limitantes. (pág,76)
· Onde corresponde sobre a Mesopotâmia retrata apenas em duas páginas onde narram
superficialmente as sucessões dos reinos que existiram, expressando a sua tendencia por
uma história política tradicional, como no ensino do Egito as imagens que demonstram a
Mesopotâmia são simplesmente ilustrativas e não acrescentam em nada no processo de
ensino-aprendizagem em sala de aula. (pág,76)
· Com a falta de especialistas sobre o mundo antigo na realização dos livros didáticos, e
com o material reduzido que nos apresentam, e difícil não só se aprofundar, mas também
promover novas ideias sobre um mundo ao qual não conhecemos quase nada por falta de
material.

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