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JUST ONE MORE

ABOUT LOVE
Uma historia de

Samila Uckermann
Introdução – A fuga.

Era madrugada. O reino inteiro dormia, exceto uns poucos. Os poucos que não
dormiam tinham um tom de urgência.

Diogo: Tome isso. – Disse, tirando a própria capa. Micaela estava branca feito papel,
abraçada a mãe. – Vai ajudar a ocultá-la.

Micaela se virou. Seus olhos eram de um azul impactante. Os cabelos, cor de


chocolate, caiam em cachos generosos até o meio de suas costas. Não tinha vestidos
caros, mas mesmo com os que usava seu corpo, generoso em suas curvas. Mas seu
rosto estava triste, assustado. O pai havia saído para verificar se o caminho estava
mesmo livre.

Micaela : É mesmo necessário? – Perguntou, enquanto Diogo passava a capa por seus
ombros.
Diogo: Se quiser proteger sua vida, é. – Disse, puxando o capuz por cima da cabeça dela
– Eu sei o que ouvi dentro do castelo. Hades se cansou. Mandará seus homens atrás de
você, a possuirá e matará em seguida. – A mãe de Micaela gemeu, desolada. Achava a
beleza da filha uma maldição.

Micaela : Mas para o reino de Joshua, Diogo? Pro castelo dele? Ele próprio me matará
se souber a verdade. – Disse, angustiada.

Diogo: Dentro do castelo de Micaela é o único lugar onde Hades não pode alcançá-la.
Estamos em guerra, e os homens dele mal conseguem passar da fronteira, quem dirá do
castelo. – Explicou – Mantenha seu segredo, e enquanto estiver sob os domínios de
Joshua, estará salva.

Micaela : Meus pais... – Tentou, os olhos lacrimejando de preocupação.

Pai de Micaela : O caminho está livre. – Disse em um sussurro, parando a porta.

Diogo: Vamos. – Micaela se agarrou a mãe – Não vai poder protegê-los aqui, Micaela .
Vamos.

Micaela abraçou a mãe, deixando que o soluço abafado em seu peito viesse. Sentiu
quando o pai a abraçou, despedindo-se. Não haveria retorno. Não havia certeza de
que ela sobreviveria. Diogo a levou pelas ruas, ambos sem fazer nenhum silencio.
Os dois se embrenharam nas arvores, pros lados da fronteira do território de
Joshua, e havia um cavalo amarrado, nas sombras.

Diogo: Agora presta atenção. Quando chegares a fronteira de modo algum deixa-te ser
vista. – Disse, sério, após colocá-la no cavalo – Larga o cavalo a uma distancia e segue a
pé, fique escondida entre as arvores. Espere o anoitecer de amanhã, e não permita que
ninguém a veja. Quando for madrugada outra vez, um homem de nome ChristNicholas
irá buscá-la, e deverá seguir com ele. – Micaela assentiu – Boa sorte, Micaela . Eu
realmente espero que tu não morras.

Micaela agradeceu. Diogo sempre fora um bom amigo. Porém os dois pensaram
ter ouvido o barulho de algo entre as arvores, e ele fez ela sair a galope. Ela não
pararia até chegar perto da fronteira. Sua vida dependia disso.

Casal Principal: Micaela e Joshua.


Joshua era um homem frio. A vida fora amarga com ele, e ele retribuía agora. Se
apaixonara e fora correspondido, amara com toda a intensidade que podia
provar... Então Dulce foi arrancada de seus braços. O fruto do amor dos dois
sobrevivera... Mas os anos passaram e a menina nunca andou. Joshua convivia
com a dor todos os dias quando acordava, olhava e via a cama vazia, pois Dulce
jamais voltaria ao seu lugar. E toda manhã, quando abria os olhos, ele repetia a
mesma promessa: Hades pagaria.

Nicholas: Joshua? – Chamou, entrando no quarto. Joshua revirou os olhos, enquanto


fechava o colete, em frente ao espelho do banheiro.

Joshua: Sinceramente, Nicholas, onde está Maggy? – Perguntou, terminando de fechar o


colete.

Nicholas: Bom dia pra você também. – Disse, irônico – O mensageiro de Zack está lá
embaixo.
Joshua: Pois que espere. – Disse, apanhando o terno na cama.

Nicholas: Vai ser problema seu. Só vim passar o recado pois tens a péssima mania de
demitir todos os criados que lhe enviam recados. – Disse, debochado.

Joshua: Um dia desses demito a tu também. – Ironizou. Nicholas riu.

Nicholas: Não sou teu empregado nem teu inferior, Joshua. Sonha com isso. – Disse,
virando as costas e saindo. Ter que lidar com Joshua pela manhã era cansativo.

Joshua deixou a cabeça cair pra trás, os olhos fechados, respirando fundo. Ser rei
não era um conto de fadas, muito menos quando se está em guerra. Ele precisava
do apoio de Zack. Conseguira o de Nicholas recentemente, fato que fez o mesmo se
hospedar com a esposa, Maggy, em seu castelo. Mas a quantidade de homens e
armas que Zack possuía seria o cheque mate nessa briga, e ele finalmente teria sua
vez com Hades... Mas ele queria ir logo a ação. Dezenas de homens já haviam
morrido em sua espada, mas nenhum deles era o que ele queria. A burocracia o
entediava. Por fim ele apanhou o terno na cama, vestindo-o, e saiu.

---*

Micaela : Meu Deus. – Chamou, cansada.

Micaela havia cavalgado a noite toda, a galope. Não podia ser seguida, e quando o
dia nascesse já queria estar no lugar de espera. Amanhecera e ainda não
conseguira sair da floresta. Estava cansada, com sede, suas mãos ardiam pelas
correias do cavalo...

XXXX: Tem alguém ai? – Perguntou, a voz vindo de longe. Micaela parou o cavalo, os
olhos azuis assustados procurando por alguém.

Ela desceu do cavalo o mais silenciosamente que pode, então desatou a correr. Após
um tempo a sapatinha que usava começou a ceder, seus pés doíam em contato com
as pedras dentro do mato. Não olhou pra trás nenhum instante. Já era mais de
meio dia e ela achava que ia morrer. Não conseguiria. Tropeçara várias vezes, caíra
outras inúmeras, chovia... E finalmente ela viu: A cerca de homens fortemente
armados, bloqueando a passagem. Chegara a fronteira. Ela, cansada, ofegando, se
deixou cair sentada no chão molhado, encostada em uma arvore, e esperou que seu
destino a salvasse.

---*
Joshua, antes de qualquer coisa, todos os dias, ia ver a filha. Suri tinha 4 anos.
Dulce fora envenenada no 7º mês de gestação, e seu ultimo desejo foi que Joshua
salvasse a menina. E ele tentou. Ao entrar no quarto da pequena olhou, desgostoso,
pra cadeira de rodas que havia em um canto. Mas seguiu até a cama.

Suri: Hum... – Suspirou, se esticando, ao acordar. Ela abriu os olhinhos, focalizando o


pai. Ele sempre estava lá quando ela acordava – Bom dia, papai.

Joshua: Bom dia, meu amor. – Disse, retirando o cabelo da menina do rosto – Como foi
sua noite?

Suri: Sonolenta. – Respondeu, sapeca. Joshua sorriu.

Joshua: Sempre é. – Suri deu de ombros, e ele a deu um beijo na testa.

Suri: Vou poder sair hoje? – Perguntou. Toda manhã a mesma pergunta... E a mesma
resposta.

Joshua: Não, meu amor. Hoje ainda não. – Disse, e viu a carinha dela, triste – Logo. –
Prometeu.

Suri: Logo quando? – Insistiu. Joshua sorriu. A menina tinha a tenacidade de Dulce.

Joshua: Logo. – Resumiu – Agora tenho que ir, pessoas me esperam. Logo Nina virá
cuidar-te. – Suri se emburrou – Não faça este bico, é para o teu bem. Dá o beijo do teu
pai. – Pediu, oferecendo o rosto, e recebeu uma bitoquinha da menina.

Suri: Posso dormir mais um pouquinho? – Pediu, manhosa.

Joshua: 30 minutos. – Propôs. Ela aceitou, sorrindo. – Então durma. Fique bem, meu
anjo. – Disse, acaricNicholasdo os cabelos dela. Em seguida se levantou e saiu.

O dia de Joshua fora normal. Deu ordens, revisou papéis, encontrou pessoas... Sem
saber que havia uma plebéia morrendo na floresta, perto da fronteira. Micaela
tinha sede, fome, cansaço... Seus pés estavam feridos pela corrida, a roupa
molhada pela chuva que tomara. Ela apenas olhava o céu, esperando...
Esperando... E o dia se fez noite. Ela quis se levantar, esperar em alerta, mas não
teve forças.

ChristNicholas: Micaela ? – Chamou, em um sussurro.

Micaela : Sou eu. Estou aqui. – Respondeu, tentando se levantar. Seus pés doeram
horrivelmente.

ChristNicholas: Sou ChristNicholas. – Disse, após se aproximar. Havia uma pequena


carroça ali perto. Ela nem o vira chegar, vagando entre a consciência e a inconsciência –
Deus, está pior do que eu imaginei. – Lamentou.
Micaela : Não tive o melhor dos dias. Como conseguiste vir aqui? – Perguntou, os olhos
vendo a silhueta dele – E os guardas?

ChristNicholas: Vim descarregar o carvão do castelo, e buscar mais lenha. Faço isso
todos os dias, e é esse fato que a ajudará. Tudo bem, te apóia em mim. – Disse, se
abaixando.

ChristNicholas carregou Micaela até a pequena carroça. Já havia descarregado o


carvão, só restara o cheiro. Ele a pôs em um canto, deitada, com cuidado, e a
cobriu com uma manta. Micaela viu pouco a pouco ele depositar lenha cortada ao
seu lado, e apenas duas camadas por cima dela, cobrindo-a. Por fim ele parou.

ChristNicholas: Machuca? – Micaela negou com o rosto – Cobrirei teu rosto com a
manta, para que não vejam ao passar. Se algo acontecer, balança isto. – Disse,
entregando um galho seco a ela. Micaela assentiu.

Assim ele cobriu o rosto dela. Micaela esperou que parassem ChristNicholas, que
a descobrissem, mas ele não parou de andar por um bom tempo. Ela até dormiu
um pouco. Foi quando, por fim, ele a descobriu. Ela percebeu que o peso da lenha
em cima de si havia sumido.

ChristNicholas: Graças aos céus, pensei que houvesse morrido. – Micaela sorriu, fraca
– Venha. – ChristNicholas a ajudou a descer da carroça, pondo-a de pé. Ela olhou em
volta e viu muita madeira armazenada, assim como uma pilha de carvão num canto.
Havia uma fornalha. As paredes eram altas, e tudo estava silencioso – Precisarei cuidar
de ti antes de te expor. Está muito mal. – Avaliou, vendo a fraqueza dela.

Mas Micaela mal ouvia. Seus ouvidos zuniam contra a verdade. Havia conseguido
chegar ao castelo. Estava a salvo... Pelo menos de Hades.

---*

Micaela realmente precisou ser cuidada. A viajem a enfraquecera, e seus pés


estavam cortados demais, mal conseguia andar. Passou duas semanas escondida no
quarto de ChristNicholas, sendo alimentada pelo mesmo, que passara a dormir no
chão pra ceder sua cama a ela. Mas então estava pronta.

ChristNicholas: Então lhe levarei até Nina, e ela lhe dará instruções. Me espere aqui, só
um instante. – Micaela assentiu com a cabeça.

ChristNicholas se afastou, logo sumindo. Micaela se sentia insegura, mas procurou


relaxar. Olhou a estrutura do castelo. Era enorme, com vários pátios, várias
torres... Ela apostava que alguém já devia ter se perdido ali dentro. Mas era muito
bonito... E olha que ela nem sabia quem estava dentro dele.

Nina: Quem é você? – Perguntou, e Micaela tremeu, em choque. Seu rosto procurou
ChristNicholas, mas ele ainda não havia voltado. Ela se virou, respirando fundo.
Micaela : Sou Micaela . – Disse, tentando se acalmar – ChristNicholas me enviou. Para
trabalhar.

Nina: ChristNicholas, sempre me envNicholasdo problemas que eu não posso resolver.


– Disse, suspirando. Ela avaliou Micaela de cima a baixo – Venha comigo. – Disse,
virando as costas e passando pelo portão pro pátio do castelo.

Micaela a acompanhou, passando pelos enormes portões de ferro. Nem acreditava


em sua sorte. Chegara ao seu destino final; estava salva. Nina, por sua vez, era
rígida demais. Explicou a Micaela o que deveria fazer de modo rápido, ela mal
pode entender, e lhe entregou uma pilha de uniformes, levando-a em seguida ao
que disse ser seu quarto. Micaela nem havia tido tempo de respirar quando Nina
saiu, dizendo que ela tinha 15 minutos pra se apresentar ela não lembrava onde.
Micaela olhou o quarto. Era pequeno, havia apenas uma cômoda, uma cadeira,
um espelho e uma cama, mas era acolhedor. As paredes eram beges. A cama
parecia confortável. Micaela foi até a cômoda, abrindo uma das gavetas. Mais
vestidos iguais. Uniforme de trabalho. Exceção há uns mais simples, mais largados,
que pelo que Micaela sabia eram usados quando se ia lavar roupas. Tinha uns
desses em casa, usava quando ia até o rio com a mãe, lavar roupas.

Micaela : Então vamos. – Disse, pondo a pilha de vestidos que Nina lhe dera na cama,
que estava forrada com lençóis simples, brancos. Só havia um travesseiro.

Micaela se trocou sozinha. Demorou mais pra conseguir puxar os cordões do


espartilho sozinha, mas por fim estava pronto. O vestido era cinza, sem detalhes ou
decotes. Os vestidos daquela época já haviam perdido a saia balão, mas tinham,
por baixo, umas 15 camadas de tecido debaixo da saia, o que fazia volume e peso.
Micaela parou na frente de um espelho, pegando os cabelos. Nina lhe criticara os
cabelos. Ela os enrolou, prendendo-os com um grampo, deixando os cachos e o
tamanho de presos em um rabo de cavalo baixo. Calçou as sapatilhas que lhe
foram indicadas, e saiu.

Nina: Pensei que não viesse mais. – Disse, revirando os olhos. – Pelo menos vestiste o
uniforme corretamente. Agora ouve. Para começar, apanhe os coadores e os panos da
cozinha, e os leve para a lavanderia, há um setor lá para este tipo de coisa. – Micaela
assentiu – Quando voltar, reponha tudo com peças limpas; encontrará tudo o que
precisar na dispensa. Depois encontrará instruções para seguir o trabalho. Entendido?

Micaela : Perfeitamente. – Assentiu. Nina saiu.

Cozinheira: Não tenha medo. – Disse, vendo a expressão pálida de Micaela – Ela é
assim mesmo, alguns dizem que tem o diabo no corpo. – Micaela riu de leve, ainda
acanhada – Sou Maria.

Micaela : Micaela . – Se apresentou.

Maria: Ande, faça o que ela mandou. Aqui estão os coadores. – Disse, apanhando vários
pedaços de pano anteriormente brancos, mas com borras de café, e pondo em cima de
um balcão. – E aqui os panos. – Disse, em seguida catando vários panos de prato e
flanelas, juntando a pilha – Dá conta? – Micaela assentiu – Siga em frente pelo
corredor dos quartos dos empregados, depois vá pelo pátio dos fundos. Não terá
dificuldade para chegar até a lavanderia. – Micaela assentiu, apanhando a braçada de
toalhas e saindo.

Na verdade ela teve dificuldade. Mas, por fim, chegou a área da lavanderia. Várias
mulheres estavam lá, nas poças, lavando roupas ou engomando-as. Micaela
procurou até encontrar o lugar onde deveria largar o que trazia em mãos. Depois
foram outros 500 pra encontrar a dispensa. Por fim tinha uma braçada de toalhas
e coadores limpos em mãos. Voltou a cozinha e começou a separá-los.

Maria: Depois poderá ajudar com o almoço, assim ela a deixará em paz. – Disse,
mexendo um tacho enorme, que estava no fogo.

Micaela : Obrigada por me ajudar. – Disse, grata, separando os coadores das toalhas.
Então...

Joshua: Bom dia. – Disse, a voz grossa vindo detrás dela. Micaela empedrou.

Micaela abaixou a cabeça, encarando as toalhas na mesa. Joshua só via o longo


rabo de cavalo, discreto, que caía por suas costas. Pelo uniforme era uma
empregada. Ele não estranhou; os empregados em geral baixavam a cabeça antes
de falar com ele.

Joshua: Maria, sabe onde está a Srta. Dobrev? – Perguntou, inalterado.

Maria: Saiu daqui dizendo que iria cuidar da menina Suri, senhor. – Micaela continuava
imóvel.

Joshua: Bem. – Disse, pensativo – Quando ela voltar mande que me procure. E sirva
mais um lugar a mesa; O mensageiro de Zack está aqui.

Maria: Sim, senhor.

Joshua virou as costas e saiu. Micaela respirou em uma golfada violenta, se amparando
na mesa.

Maria: Está tudo bem? – Perguntou, observando-a.

Micaela : Sim, foi apenas uma vertigem. – Disse, voltando ao trabalho.

Ela escapara. Pelo menos dessa vez.

---*
Uma semana se passou. Micaela trabalhava feito uma condenada, fazia de tudo:
Limpeza, lavava roupas, cozinhava, limpava os quartos... Enfim, tudo. Mas por
final estava tão cansada que o pânico não conseguia atingi-la. Já começara a criar
uma rotina, e estava feliz com isso. Feliz porque já conhecia boa parte do castelo,
feliz porque não se batera mais com Joshua... Depois do trabalho, quando ela já
estava se preparando pra dormir, ChristNicholas sempre a visitava. Se tornara um
bom amigo. Conversava com ela um pouco, a fazia rir, até lhe dera um livro de
presente. A respeitava. Mesmo vendo-a de camisola, pronta pra dormir, nunca lhe
dirigiu nenhum olhar desrespeitador. Ela estava satisfeita com isso.

Suri: Mas papai, não posso nem ir ao pátio? – Insistiu.

Joshua: Não. Não é seguro. Você fica dentro do castelo, como sempre. – Disse, paciente
– Não tens pra ti todas as tuas bonecas, teus brinquedos, tuas panelinhas, ursos e tudo
mais?

Suri: Tenho. – Disse, emburrada.

Joshua: Tem mais alguma coisa que você deseje ter? Me diga o que é e o terá de
imediato. – Perguntou, acaricNicholasdo o rosto da filha.

Suri: Não tem mais nada, papai.

Joshua: Se tiver, não hesite em me dizer, sim? Seja um pouco paciente, bebé, eu vou
resolver tudo isso e poderá sair. – Prometeu, e a menina assentiu.

Micaela estava trabalhando, quando Nina, aparentemente pra sacanear, lhe


ordenou que levasse uma tapeçaria enorme até a lavanderia, batesse o pó e a
escovasse. Micaela cambaleou pelos corredores, e obedeceu, limpando tudo, e
voltando pra por no lugar.

Micaela : Esse trambolho. – Murmurou, cambaleando pelo corredor com uma tapeçaria
enorme nos braços.

Nina: Terminou? – Perguntou, ao se bater com ela.

Micaela : Sim, senhora. – Disse, quieta.

Nina: Deixe-me ver. – Micaela teve vontade de soltar a louca, e lembrar o quanto
aquilo era pesado. Nina olhou a ponta da tapeçaria e largou – Isso está imundo.

Micaela : Perdão?

Nina: Leve de volta e torne a limpá-la. Agora! – Ordenou. Micaela assentiu e deu as
costas, pra voltar pra lavanderia.

Mas no meio do caminho se bateu com algo estranho. Uma menina. Estava em uma
cadeira de rodas.
Micaela : Oi. – Disse, sorrindo. Suri sorriu também.

Suri: Oi. – Micaela ia apertar a mão da menina, mas se desequilibrou com o peso da
tapeçaria.

Micaela : Desculpe. – Disse, desistindo – Tudo bem com você?

E Suri falou. Desabafou. Disse que estava triste, pois não havia quem ficasse com
ela. Micaela , querendo ajudar a menina, chamou-a pra ajudá-la com a tapeçaria,
assim poderiam conversar mais. Suri, encantada, ofereceu seu colo pra colocar a
tapeçaria, assim Micaela apenas empurrava a cadeira. Pena Suri não ter dito de
quem era filha. Pena maior ainda Micaela ter tirado a menina do castelo sem
permissão.

A atividade resultou prazerosa. O tapete já estava limpo, verdade seja dita, mas
como Micaela recebera ordens e não queria problemas, levou-o pra limpar
novamente. Encontrou um espaço de sombra, na area da lavanderia, arejado e
seco, abriu o tapete e pôs a menina sentada em cima. Lhe deu uma escovinha e
ficou com uma. As duas se poram a conversar e a trabalhar juntas. Era agradavel,
simples, leve. Fazia Micaela se sentir bem ver que a pequena estava tão
radNicholaste. Enquanto isso, dentro do castelo...

Nina: Senhor. – Disse, branca feito papel, se aproximando. Joshua e Nicholas tinham
um mapa em cima de uma mesa, e conversavam intensamente, desenhando rotas.
Joshua ergueu o rosto, sério, os olhos verdes sondando a outra.

Nina gaguejava. Joshua a iria matar, isso era certo. Dito e feito, enquanto ela foi
explicando o rosto dele foi se transformando, se tornando mais duro, até que ele
interrompeu.

Joshua: Onde está minha filha, Srta. Dobrev? – Perguntou, a voz dura. Nicholas
observava os dois.

Nina: Eu não sei, senhor. – Admitiu, olhando o chão – Eu a deixei em seu quarto, em
sua cadeira e vim trazer a bandeja do café da manhã. Quando eu voltei a porta estava
aberta e ela já não estava. – Joshua largou a pena que tinha na mão, e Nina estremeceu –
Eu já procurei em todas as dependências do castelo, senhor. Ela não está em nenhuma, e
não pode ter subido para as torres, então eu...

Joshua: Pensei que fosse paga para que Suri fosse assistida. – Rosnou, atravessando a
sala. Ele abriu a porta, gritando o nome de alguém – Acredita em Deus, Srta. Dobrev? –
Perguntou, virando o rosto.

Nina: Sim, senhor.


Joshua: Pois ponha-se a rezar para que minha filha esteja bem. – Aconselhou, e a
ameaça por trás daquilo era evidente.

Nicholas: Fique calmo. A menina deve estar por ai.

Joshua: Por onde, Nicholas? – Perguntou, já ofegando de raiva – Correndo por ai,
brincando? Eu não creio.

O homem que Joshua gritou chegou, e ele mandou que se reunissem os homens e
dessem uma batida atrás de Suri. Ele próprio saiu a procura da menina,
acompanhado por Nicholas.

Micaela : Eu creio que já esteja bom. Vai terminar por esfolar. – Disse, se deitando no
tapete. Suri riu, se deitando também.

Suri: Os do meu quarto são como estes. – Disse, passando a mão no tapete. Micaela
passou a mão no rosto, cansada, olhando as nuvens.

Micaela : Tens tapeçarias em teu quarto? – Perguntou, estranhando.

Suri: Claro, tu não tens no teu? – Perguntou, confusa.

Micaela : Não. – Disse, ainda olhando as nuvens – Tua mãe deve gostar muito de ti.
Tapeçarias como estas são caras, sabes?

Suri: Não conheci a minha mãe. – Micaela virou o rosto, olhando-a. – Mas papai diz
que como uma princesa, eu vou superar isso.

Micaela : Teu pai te chama de princesa? – Perguntou, sorrindo.

Suri: Todos chamam. – Disse, cada vez mais confusa. Micaela riu.

Micaela : E tu és. – Disse, olhando a cadeira de rodas atrás da menina. Era injusto e
triste que Suri, tão pequena, não pudesse andar.

Suri: Papai diz que quando eu tiver idade, e quando ele já não estiver aqui, serei rainha.
– Comentou. Micaela parou, olhando pra cima.

Micaela : Como é o teu nome? – Perguntou, encarando a menina.

Suri: Suri, já não o disse? – Perguntou, confusa.

Micaela : T-teu sobrenome. – Disse, um nervoso a apanhando tão violentamente que a


fazia tremer – Quem é teu pai?
Suri: Sou Suri Marie Herrera. – Micaela arregalou os olhos, quase sufocando – Sou
filha de Joshua. O que foi, Annie?

Mas Micaela tinha levantado de um salto. Ofegava, e recuou um passo. Estava


perdida.

Micaela : Não é possível. Tu estás morta. – Disse, passando a mão no rosto. Era o que
achava. A filha de Joshua Herrera morrera com a mãe, era o que Hades dizia a todos do
reino. Não era possível que aquela menina... Mas Micaela olhou o vestido que usava.
Os tecidos eram finos, delicados. A cadeira de rodas, o cabelo...

Suri: Não estou, não. – Disse, se amparando nos bracinhos pra poder levantar. Custou
um pouco mas conseguiu – O que há? – Micaela nem conseguia respirar. Se aquela
menina realmente fosse a princesa...

Micaela : Eu estou morta. Morta. – Gemeu, o rosto em panico. – Porque não me disse
antes, Suri?

Suri: Porque tu não o perguntaste. – Disse, mais confusa ainda.

Micaela : Vão me matar. Preciso levar você de volta. Agora! – Disse, indo até a menina.
Ela apanhou a cadeira de rodas, pondo-a no lugar.

Suri: Mas porque?

Micaela : Não tenho tempo, já devem ter dado por tua falta! Deus, o que eu fiz? –
Perguntou, se abaixando para poder apanhar a menina. Mas então...

XXXX: Parada! – Ordenou e Micaela gelou, empedrada no lugar. – ENCONTREI A


MENINA! – Gritou, informando a alguém.

O que ocorreu foi um dos soldados de Joshua pondo Suri na cadeira de rodas e
levando-a dali. Então uma pancada forte atingiu o rosto de Micaela , e ela
desmaiou.

---*

Suri estava aborrecida. Não deixou que Nina a cuidasse, tampouco. Estava se
divertindo. Foi quando Joshua entrou na sala onde ela estava.

Joshua: Meu anjo. – Disse, a voz cortada de preocupação, apanhando o rosto dela entre
as mãos – Estás ferida? Te machucaram? Estás bem?
Suri: Ai... Papai! – Ralhou, e Joshua a olhou, ansioso – Estou aborrecida com o senhor.
– Disse, emburrada. Joshua franziu o cenho.

Joshua: Como?

Suri: Eu estava me divertindo! E um brutamontes me trouxe a força! Deviam ter me


ouvido, não deviam?

Nicholas: Onde ela estava? – Perguntou, olhando Nina.

Nina: Na lavanderia, senhor. – Respondeu, mortificada.

Joshua: Onde?! – Ele olhou Suri – O que fazias na lavanderia?

Suri: Estava limpando a tapeçaria. – Disse, enfezada.

Joshua: LIMPANDO? – Perguntou, incrédulo – Quem foi o... O... – Ele não encontrava
palavras – Quem?

Micaela recobrou a consciência mas não conseguiu abrir os dois olhos. Um parecia
se negara abrir, e o outro doía. Todo seu corpo doía. Sua barriga principalmente.
Havia algo molhado em seu rosto... Depois ela viria a descobrir que era o próprio
sangue. Braços a mantinham de pé, mas suas pernas não. Ela tentou se amparar
nas pernas, cambaleando.

XXXX: Senhor, ela acordou. – Informou.

Os minutos que vieram em seguida foram uns dos piores que Micaela se
recordava. Seu cabelo havia se soltado, ela não enxergava direito e uma voz grossa
lhe exigia algo. Ela respondia então os golpes vinham até ela, machucando,
agredindo... Sua boca só tinha gosto de sangue, e ela não entendia o que mais a voz
queria dela, se ela já havia dito tudo!

Nicholas: Joshua, eu estava te procuran... Meu Deus. – Exclamou, ao ver o estado de


Micaela . Sob o olhar de Joshua outro guarda ergueu a mão e esmurrou a barriga dela
que frágil, tossiu. Joshua permaneceu quieto. – Parem com isso! Joshua, que diabo
significa isso?!

Joshua: Porque tirou a menina do castelo? – Perguntou, pela enésima vez. Micaela
soluçou em seu choro.

Micaela : Eu não sabia quem era, por Deus. – Disse, a voz cortada pelo choro. – Ela só
me pediu pra sair.
Joshua: Ah sim, tu não sabia quem era? – Perguntou, descrente. Sob a ordem do olhar
dele Micaela apanhou mais uma vez, o murro agora atingindo-lhe o rosto – Eu tenho o
dia inteiro.

Nicholas: Joshua, seja racional. Ela não fez dano à menina, pare com isso! É brutal! –
Intercedeu. Joshua não se demoveu – Joshua, se não parar de torturar essa mulher sairei
dessa sala agora, apanharei Maggy e me retirarei. – Joshua o encarou – Não vou
compartir disso.

Joshua teve que recuar perante a ameaça. Precisava de todo o apoio possível.
Nicholas não poderia ir embora e levar suas tropas. Seria desastroso.

Joshua: Que seja. – Disse, sorrindo debochado. Então virou-se pros guardas que
mantinham Micaela de pé – Matem-na. – Ordenou, virando as costas pra sair.

Micaela ouviu a ordem, e não se opos. Sabia que não tinha chance, só sofreria
mais. Era uma pena, ela se saiu bem na primeira semana. Chegou a achar que
poderia construir uma vida. As mãos em seus braços a ergueram, arrastando-a.
Então veio um rugido furioso.

Nicholas: Como? NÃO! – Rugiu, furioso – Vai matar esta mulher só porque tirou a
menina de dentro do castelo?

Joshua: Já fiz mais por menos, não seja dramático, por favor. – Disse, se virando, já
quase na porta.

Nicholas: É monstruoso. Se soubesse desse teu aspecto pensaria melhor em te apoiar,


Joshua. – Criticou – Não vão matá-la. Soltem-na. – Disse, avançando, o rosto fechado,
os olhos de um azul claro feito água raivosos. – AGORA! – Rugiu, raivoso.

Os soldados não sabiam o que fazer. Nicholas estava raivoso, mas não podiam
contrariar a ordem de Joshua. Joshua observou a cena, frio, e deu as costas, saindo
dali.

Nicholas: Não me fiz claro? – Perguntou, os olhos se dilatando de raiva – Eu disse


AGORA!

E pela falta de objeção de Joshua largaram Micaela , saindo dali. Ela caiu no chão,
tossindo, largada. Nicholas se abaixou, levando dois dedos até o pescoço dela, pra
sentir sua pulsação. Micaela nem sabia quem era, mas já era grata.

Nicholas: Há alguém que possa cuidar de você? – Perguntou, vendo o estado deplorável
dela.

Micaela : Eu... Não sei. Mas ficarei bem. – Disse, sem ter muita certeza – Obrigada.

Nicholas: Faça um favor a si mesma: Não te aproximes mais daquela crNicholasça. Eu


não vou estar sempre pra deter ele. – Aconselhou, se levantando. E ele saiu dali.
Alguns minutos depois, rompendo o silencio absoluto, houveram passos acelerados,
e uma mão apanhou seu rosto.

ChristNicholas: Micaela ! O que fizeste? – Perguntou, e Micaela caiu no choro,


soluçando.

Micaela : Eu não sabia! Eu juro por Deus que não sabia, ChristNicholas! Ai! – Gemeu,
quando ele tentou erguê-la.

ChristNicholas: Como não sabia, meu Deus?

Micaela : Hades disse a todos que a menina morrera junto com Dulce María. Eu não
sabia nem que era viva. – ChristNicholas a olhou, penalizado.

ChristNicholas: Ele viu teu rosto?

Micaela : Eu não sei, quando acordei já estava aqui. Era Joshua, ChristNicholas? –
Perguntou, e ele percebeu que ela tremia.

ChristNicholas: Era. – Disse, pesaroso. – Mas se acalme. Eu vou cuidar de você. –


Disse, apanhando-a nos braços.

ChristNicholas levou Micaela pros fundos da casa, atrás dos dormitórios. Lhe
tirou o vestido, deixando-a com as roupas debaixo e a colocou numa tina cheia
d‟agua. Trazia baldes com água limpa, ajudando-a a lavar-se. Depois de remover o
sangue do rosto ela conseguiu abrir os olhos, e, com certa dificuldade, a se lavar.
Pediu a ele que lhe jogasse água nos cabelos, e ele jogou. Ela respirou fundo,
tentando se acalmar. Graças a voz (Ela nem sabia quem era pra poder agradecer
em suas orações), estava viva. Após algum tempo a dor começou a ceder.

Micaela : Obrigada. – Disse, quando ChristNicholas banhou-a com o ultimo balde


d‟água.

ChristNicholas: Não vai poder aparecer por um bom tempo. – Avaliou.

Micaela : Porque? – Perguntou, confusa.


ChristNicholas: Está marcada, Micaela . Teu rosto. – Disse, vendo as marcas roxas
começando a aparecer – De qualquer forma acho melhor não apareceres na vista de
Joshua por agora. Enquanto estiver machucada vai ficar no quarto, melhorar, e sumir da
memória dele, com a ajuda de Deus. – Disse e Micaela assentiu, se abraçando – Não
posso te levar vestida assim. – Analisou. A roupa debaixo dela, como a de todas as
mulheres, era branca, agora transparente e com manchas vermelhas, pelo sangue. –
Buscarei uma capa minha e te levarei ao quarto com ela, lá tu te vestes, sim? – Micaela
assentiu.

ChristNicholas tirou Micaela da tina de água, pondo-a sentada em um banco e a


enrolou com uma toalha, sumindo por instantes. Voltou com uma capa cinza, na
qual a envolveu, carregando-a em seguida. Teve de deixá-la sozinha pois precisava
voltar ao trabalho. Micaela se vestiu, pondo a roupa debaixo e uma camisola, e
parou pra se olhar no espelho. Seu rosto estava machucado, a boca partida, o rosto
inchado, meio roxo. Ela se lembrou da ordem de “matem-na”, e agradeceu a Deus
por ter sobrevivido só com aquilo. Haviam roxos em seus braços e sua barriga
dormia também, mas ela não lamentou. Trataria de sumir da vista de Joshua, e
com alguma sorte, sobreviveria. Foi se prometendo isso que ela apagou a vela do
quarto, se deitando (com certa dificuldade pela dor no corpo), e se aconchegando
na cama. O colchão nunca lhe pareceu tão bom, tão acolhedor. Ela se encolheu
como um bebê, abraçada a coberta, ouvindo o barulho distante da chuva que
começava a cair. Então dormiu, exausta e machucada. Foi só.

Micaela mal conseguia se mover no dia seguinte. Todo seu corpo doía muito.
ChristNicholas a ajudou, indo visitá-la sempre que podia escapar, lhe ajudando
com tudo. Foi assim durante dias.

ChristNicholas: Eu tenho uma noiva. – Disse, enquanto esperava ela terminar o jantar, já
a noite. Micaela o encarou e ele sorriu pela expressão dela.

Micaela : Porque nunca me apresentou?

ChristNicholas: Porque... Ela ficou do outro lado da fronteira. – Explicou, olhando as


mãos – Nós nos conhecemos enquanto ainda havia paz, e eu consegui a permissão do
pai dela, consegui sua mão, a cortejava todos os dias... Então Hades matou Dulce,
Joshua ficou possesso em seu ódio, e a guerra estourou.

Micaela : Ela ficou lá? – Perguntou, penalizada.

ChristNicholas: Ficou, e eu não a vi desde então. Apenas uma vez, mas é muito
arriscado. – Explicou, dando de ombros. – Mas ela me espera. – Disse, animado –
Diogo traz e leva cartas minhas pra ela, e dela pra mim. As encontro periodicamente no
oco que há exatamente naquela arvore onde eu encontrei você caída. Bom, a guerra não
vai durar pra sempre, então poderei ir até lá e buscá-la.

Micaela percebeu naquele instante que vidas desmoronavam por todos os lados
graças a aquela guerra, e odiou mais Hades naquele momento. Se ele não tivesse
atacado Dulce nada disso haveria acontecido... Levou duas semanas até que todas
as marcas e as dores houvessem sumido, mas enfim Micaela estava pronta pra sair
novamente. Após vestir seu uniforme e arrumar os cabelos adequadamente, ela
saiu.

ChristNicholas: Lembra-te: Nada de nada. – Disse, severo, e ela assentiu – Qualquer


problema procura por mim. Boa sorte.

Micaela foi até a cozinha, receber as atividades do dia. Nina estava lá.

Nina: Ora, ora, quem está aqui. Não morreste, afinal.

Micaela : Não. – Respondeu, com um toque de petulância na voz. Se Nina não houvesse
mandando-a limpar o condenado tapete já limpo, nada disto teria acontecido.

Nina: Vá ajudar a armazenar as coisas na dispensa, chegaram condimentos hoje. –


Disse, observando-a. Micaela assentiu, se virando – Levar a princesa para limpar um
tapete. – Disse, com um sorriso maldoso – Francamente.

Micaela não respondeu. Foi pro seu trabalho. E durante uma semana ela se tornou
tão imperceptível, concentrada em não chamar a atenção para si mesma nem se
estivesse morrendo, quem nem o próprio Joshua nem qualquer outra pessoa do
castelo deram por sua falta. Seu trabalho era feito e ela agradecia a Deus toda
noite, quando ia dormir, por ter conseguido passar despercebida mais um dia.
Porém...

Nina: Até que enfim! – Disse, quando Micaela entrou na cozinha.

Micaela : Eu precisei trocar de uniforme. – Disse, ajeitando o cabelo. Nina havia


derramado um copo de café cheio em cima dela, com a intenção de enfurecê-la. Mas
Micaela não disse nada, apenas pediu permissão para sair.

Nina: Já é tarde. – Informou – O jantar já será servido. Maria foi demitida... –


Interrompida.

Micaela : Mas porque?

Nina: Um pequeno acidente com açúcar e sal. – Disse, maldosa. Micaela tinha certeza
de que ela tinha algo a ver com isso – Outra cozinheira está em teu lugar, Nelly, porém é
nova e precisa de meu auxilio para conhecer as dependências.

Micaela : E...

Nina: E que vossa majestade não se sente bem hoje. Está indisposto. Tu farás sua janta e
levará até a torre. – Micaela arregalou os olhos – Ficará lá até que termine. Aproveite o
tempo lá, e cheque a cama, ou qualquer outra coisa que precise de reparo. Só volte
quando ele estiver satisfeito.
Micaela : Mas...

Nina: O tempo está passando. – Avisou, saindo. Micaela se amparou em uma mesa,
tentando respirar. Joshua iria vê-la. Estava perdida.

Então saiu correndo. Correu pelos corredores do castelo, saindo desabalada pelos
jardins. Se bateu com ChristNicholas perto do portão. Quase o derrubou.

ChristNicholas: O que passa, mulher? – Perguntou, exasperado. Micaela estava branca,


soava, e os cabelos começavam a querer se soltar.

Micaela contou tudo, exasperada. ChristNicholas ouviu, e suspirou no final.

ChristNicholas: Danou-se tudo. Nina quer te entregar a ele. – Disse, pensando em uma
saída.

Micaela : Como?

ChristNicholas: Ela não sabe se tu sabes cozinhar. Está apostando que, se Joshua não
lembrar de teu rosto quando a vir, chame a atenção pro que você o apresentar para que
coma. Se for uma porcaria falhará imediatamente. Micaela , pela graça de Deus, nosso
senhor, tu sabes cozinhar, não sabes?

Micaela : Ora, é claro que sei! – Disse, exasperada.

ChristNicholas: Ótimo. Não prepare nada muito sofisticado, nem muito demorado.
Apenas a entrada, e o prato principal. Não derrube nada, nem pareça nervosa. – Micaela
estava tendo um ataque histérico.

Micaela : ChristNicholas, eu não posso!

ChristNicholas: É claro que podes! E vai! Anda, vai pra cozinha, se te atrasares é mais
um motivo pra que a reclame! Vá! Boa sorte. – Disse, ao vê-la recuar – Mais depressa,
Micaela ! – Disse, e ela acordou, em um choque de realidade.

Micaela saiu correndo novamente, de volta pra cozinha. Sorte. Ela tinha a breve
impressão que nem toda a sorte do mundo a salvaria disso.

---*

Micaela subiu pra torre como quem vai pra morte. A bandeja tremia em sua mão.
Ela própria checou toda a comida e o vinho, estava tudo em estado perfeito.
Houveram duas batidinhas na porta.

Joshua: Entre. – Ordenou, parado em um canto, com vários papéis na mão.


Micaela entrou, em silencio, e foi até a mesa que havia ali. Joshua se sentou, ainda
concentrado em seus papeis, enquanto ela servia a entrada. Ele estava descalço,
usava calça, camisa branca e colete. Micaela rezou aos céus pra que ele mantivesse
sua atenção nos papéis até ela ir embora. Pra alivio dela ele comeu toda a entrada
lendo, e nem sequer a olhou quando ela trocou pelo prato principal. Micaela , após
servi-lo, se afastou. Foi até a cama king-size, procurando por um amassão, pedindo
por algo que a mantivesse ocupada, mas a cama estava intacta. Ela o olhou pelo
canto do olho e apanhou um travesseiro, afofando-o. Ele continuava concentrado.
Deus, por favor, que ele não olhe para mim...

Joshua: O engraçado... – Começou, largando os papeis na mesa e se virando para


encará-la. Micaela simplesmente empedrou – É que você realmente está com medo de
que eu a ataque.

Micaela continuou parada, agarrada ao travesseiro, enquanto ele a encarava.


Deus, os olhos dela eram incrivelmente azuis!

Joshua: Respire. – Instruiu, erguendo a sobrancelha. Micaela respirou fundo,


obedecendo-o.

Micaela : Perdão. – Disse, sem se tocar de que ainda estava agarrada ao travesseiro.
Joshua olhou o travesseiro na mão dela e riu de leve, ficando com um sorriso de
canto no rosto. Ela estava simplesmente apavorada.

Joshua: Escute. Sei que meu comportamento contigo foi resumidamente pavoroso, mas
não precisas ter tanto medo de mim. – Instruiu – Não lhe farei nada, te acalmas. –
Micaela estava começando a ter vertigens – Por Deus, eu tento te acalmar e tu ficas
ainda mais branca?

Micaela : Tudo bem. – Disse, e olhou o travesseiro.

Joshua: Apenas me responda algo. Não irei lhe fazer mal, lembre-se. O que passava em
tua cabeça ao levar minha filha para a lavanderia?

Micaela : Eu não tive a intenção de... Aborrecê-lo. – Disse, respirando aos poucos – A
menina parecia entediada, triste... Eu só tentei animá-la um pouco. Não sabia que era
tua filha.

Joshua: Não? – Perguntou, meio debochado, se levantando. Micaela recuou um passo,


se batendo com a mesa de cabeceira – Calma. – Disse, erguendo as mãos – Como é
possível que não saiba quem é a princesa? Todo o meu reino sabe quem é Suri.

Epa.
Micaela : Tenho pouco tempo no castelo, senhor. Ouvi falar da menina, mas não sabia
sua aparência física. Não prestei atenção no fato de estar na cadeira de rodas. Perdoe. –
Pediu, quieta.

Joshua: Tudo bem, águas passadas. Não o faça novamente. – Micaela assentiu – Vais
rasgar o travesseiro.

Micaela : Ah. – Disse, como se tivesse tomado um choque. Ela afofou o travesseiro e o
colocou na cama.

Mas Joshua se deu conta de algo. No primeiro dia estava possesso de ódio, e ela
estava lavada em sangue, logo ele nem olhou. Mas agora... Ela era
espetacularmente linda! Seu corpo parecia ter sido modelado, desenhado... Joshua
não era depravado. Nunca quisera e repugnara toda e qualquer mulher depois de
Dulce, mesmo, como rei tendo direito sob qualquer mulher do reino. Ele deixou a
cabeça tombar levemente de lado, avalNicholasdo. O vestido lhe privava a visão,
mas ela era da altura certa, tinha as curvas delineadas, os seios fartos. Os cabelos
pareciam sedosos até a visão, aguçava o toque. Micaela largou o travesseiro no
lugar e o encarou. O rosto era delicado, os lábios finos, desenhados, a pele pálida,
os olhos de um azul meio acinzentado. Quando ela se virou ele voltou ao seu posto
normal.

Joshua: Qual o teu nome?

Micaela : Micaela . Micaela Giovanna, senhor. – Respondeu, tentando por tudo se


acalmar.

Joshua pensou consigo mesmo. É claro, não sabia o nome de todos do reino, era
gente demais, mas quando era apenas o príncipe herdeiro tivera acesso aos livros
do pai, onde havia o registro de todos os nomes. Os da letra A Joshua se lembrava,
pois o admirara o quanto de crNicholasças levava seu nome. Alguma espécie de
homenagem, devia ser. Mas não havia nenhuma Micaela .

Joshua: Qual o teu sangue? – Perguntou, ainda intrigado. Micaela não entendeu a
pergunta.

Micaela : V-vermelho. – Disse, confusa, e olhou o braço, onde a veia estava por baixo –
Liquido. – Completou, completamente confusa.

Joshua riu gostosamente com isso. Perguntando o sangue ele queria saber qual o
sobrenome dela, qual a família, e ela vinha com isso. Micaela se assustou mas
sorriu. Ele passou a mão no rosto, ainda sorrindo.

Joshua: Vermelho? – Micaela assentiu – É claro. – Disse a si mesmo, voltando a mesa e


apanhando o copo, tomando um gole do vinho. Ainda ria levemente. Era possível existir
alguém tão inocente?
Micaela : S-senhor... – Joshua se virou, olhando-a. Ele era forte, ela quase podia ver os
músculos debaixo do linho branco da camisa – Posso retirar a mesa?

Joshua: Ah sim, claro. – Disse, se afastando da mesa.

Ele observou, afastado, ela recolher a louça na bandeja com movimentos rápidos,
porém leves, graciosos. Os cabelos, mesmo presos, balançavam a suas costas. Ele
imaginou como seriam soltos... Ela andava fluidamente, de um lado ao outro, até
que terminou.

Micaela : Precisa de mais algo, senhor?

Joshua: Não. Pode se retirar. – Disse, e Micaela assentiu.

Micaela : Com licença. Tenha uma boa noite. – Joshua assentiu e ela se virou, saindo
dali. Ele ficou parado por um instante, olhando a porta. Largou os papeis em um canto
e, pensativo, foi pra cama, os pensamentos distantes, longe demais. Então o perfume
dela, preso ao travesseiro, o atraiu. Ele apanhou o travesseiro, amarrotado pelos apertos
dela e aspirou o perfume, olhando para a frente. Curioso.

Interessante.

---*

Micaela estava deitada, em seu quarto. Dormia profundamente, mas tinha a


impressão de que era observada. Abriu os olhos e Joshua estava parado no quarto.
Com aquele olhar estranho que parecia devorá-la.

Micaela : O que...

Joshua: Shhh. – Ordenou, e ela se calou, confusa.

Ela se sentou, assustada, e ele avançou para a cama. Micaela , sem ter pra onde
recuar, aguardou. Joshua avançou pra cama em duas passadas, a mão apanhando
o rosto dela. Micaela ainda tinha aquele olhar assustado. Ele passou pra cima
dela, sentindo o corpo frágil recebendo seu peso e a beijou. Ela arfou, mas
correspondeu o beijo, os lábios frágeis sendo oprimidos pelos dele. As mãos dele
buscaram os seios dela por cima da camisola, encontrando-os, apalpando-os.
Tinham o tamanho que ele imaginara ao vê-la vestida. Ele ergueu a mão, trazendo-
a ao rosto dela, separando-se de seu beijo para encará-la. Ela sorriu atrevidamente
pra ele, as mãos buscando os botões da camisa que ele usava pra dormir, abrindo-
a. Ele apanhou a camisola dela, removendo-a ao mesmo tempo que ela tirava sua
camisa. Joshua a abraçou novamente, se pondo entre as pernas dela, que as abriu,
acolhendo-o, enquanto o beijava, as mãos atrevidas percorrendo os músculos das
costas dele, apertando-os...

E ele acordou.
Joshua olhou a escuridão do quarto, o cenho franzido. Era o travesseiro dela. Ele o
apanhou, sentindo o perfume leve, floral, mais uma vez. Em seguida se virou,
sentindo o próprio cheiro no outro travesseiro. Seu peito arfava. Ele não queria
pensar, não queria imaginar... Mas a possibilidade já se materializara em seus
sonhos. Ele até já imaginava qual era a sensação. E o principal: A idéia o agradava.

---*

Micaela dormiu pesadamente aquela noite, cansada, mas Joshua não voltou a
dormir, mesmo as acomodações dele sendo bem melhores que as dela. Ele pensou
muito durante aquela noite. O dia amanheceu e ele estava parado, a cabeça entre
dois travesseiros, entre o próprio perfume e o perfume dela, pensando no que era
certo, e no que queria fazer. Micaela acordou, se banhou, se vestiu e penteou, e foi
apanhar suas atividades. Tudo como o rotineiro. Mas...

Joshua: Srta. Dobrev? – Chamou, entrando na cozinha. Nina se virou, sobressaltada.


Joshua não costumava ir ali... A não ser com um propósito.

Nina: Senhor?

Joshua: A garota que me serviu ontem... – Interrompido.

Nina: Micaela , senhor. – Entregou, vitoriosa. Com certeza ele mandaria colocar
Micaela para fora.

Joshua: Eu sei seu nome. – Disse, quieto – Onde ela está?

Nina: Na... Na lavanderia, senhor. – Informou.

Joshua: Vá atrás dela. – Nina ia sorrir, vitoriosa, mas... – Eu quero que ela sirva o
almoço hoje.

Nina ficou quieta um instante. Essa atividade era sua. Ela processou por um
instante e Joshua ergueu a sobrancelha, aguardando.

Nina: Como preferir, senhor.

Micaela estava recolhendo roupas secas, colocando-as em uma cesta para levar
para engomarem, tranqüila. Logo choveria. O céu estava nublado, fechado, mas
ventava. Quando parasse de ventar choveria e ela queria já estar abrigada.

Nina: Você. – Chamou. Micaela deu um pulo, a cesta escapulindo de suas mãos. Ela se
apressou, apanhando-a antes que caísse no chão.

Micaela : Que susto! – Disse, pondo a mão no peito.

Nina: Não sei o que fizeste naquela torre ontem, mas deu certo. – Disse, amarga.
Micaela : Como?

Nina: Não te faça de sonsa. E não tenho tempo para isso, termina logo com isso e vai te
aprontar, vais servir o almoço hoje.

Micaela : Mas porque? – Perguntou, confusa.

Nina: Apenas obedeça. – Disse, virando as costas e sumindo dali.

Micaela olhou Nina se afastando com uma careta no rosto. Aquela mulher de certo
tinha problemas. Ela só não sabia que Joshua observava a cena, de longe,
pensativo. Viu ela apanhando suas camisas, já limpas e secas, dobrando-as e
pondo-as na cesta, que estava no chão. Ele pensou em se aproximar, porém ela era
mais bonita de se observar sem aquele olhar de pânico no rosto. Ficou ali por
minutos, observando. O vento levava e trazia os cabelos dela. Joshua gostava dos
cabelos dela. Chegou a desejar que o vento desfizesse o delicado laço de fita preto
que os seguravam, para ver como seria os cachos livres ao vento, mas não
aconteceu. Micaela apanhou todas as suas roupas, dobrando-as e pondo-as na
cesta. Ela inclinou, checando as camisas e as calças dele no cesto e novamente a
cabeça dele tombou pro lado, admirando. A barriga dela, mesmo sobre o
espartilho, era incrivelmente reta. Era farta em todos os ângulos em que uma
mulher poderia querer ser.
Após checar tudo, ela apanhou a cesta e saiu caminhando, tranqüila, sumindo
dentro de uma porta. Ela deixou as roupas lá. Joshua estava quase saindo,
voltando aos seus afazeres quando ela saiu, fechando a porta. O laço de fita estava
em sua mão. Ele aguçou a visão, mas ela já fazia o rabo de cavalo de novo.
Frustrado e instigado Joshua viu ela sumir dentro do castelo novamente e deu as
costas, muito mais pensativo que antes.

Nicholas: Então o único modo é aguardar. – Disse, olhando Nicholas.

Joshua: Aguardar até quando? Ele não avança nem retrocede, é impossív... – Micaela
havia entrado na sala. Colocava as terrinas na mesa, em silencio. – Impossível. –
Completou.

Nicholas olhou de Joshua pra Micaela , em seguida tomou um gole de sua própria
bebida, disfarçando um sorriso. Joshua olhava Micaela como se nunca houvesse
tido tempo para reparar nos detalhes.

Nicholas: Você. – Disse, e Micaela ergueu os olhos. Joshua não se lembrava que eram
tão claros. Só perdiam pros de Nicholas. – Quando terminar vá até a torre e avise a
minha esposa de que ela já pode descer.

Micaela : Sim, senhor. – Disse, e Joshua permaneceu calado.

Micaela terminou de pôr as terrinas no lugar e pediu licença, indo buscar Maggy.
Alguns instantes depois que ela saiu...
Nicholas: Você tem problemas? – Joshua o olhou, despertando de seu transe – Primeiro
manda matá-la, e depois a devora com os olhos? – Ele riu consigo mesmo, bebendo
novamente.

Joshua: Ora, fique quieto. – Disse, mas sorria.

Nicholas: Deve-se reconhecer que é bonita...

Maggy: Quem é bonita, Nicholas? – Perguntou, entrando na sala. Nicholas e Joshua se


levantaram. Micaela passou por trás dos três, voltando a suas tarefas.

Maggy era morena clara, os cabelos de um castanho médio, com cachos fartos. Os
olhos eram amendoados. Ela usava um vestido claro, branco com coral.

Nicholas: Tu. – Corrigiu, galante, beijando a mão dela. Joshua se sentou de novo,
revirando os olhos. – Pensei que não virias mais.

Maggy: Perdão pela demora. – Disse, se sentando na cadeira que o marido puxava pra
ela. Joshua assentiu.

Micaela serviu a todos. Maggy foi a que menos aceitou. Nicholas foi normal. Já
Joshua... Ela parou ao lado dele, servindo-lhe o prato, mas ele olhava o braço dela,
não a quantidade do almoço. Um cacho dela, delicado, caiu por seu braço
enquanto ela o servia. Joshua queria tocá-lo, ver se era tão macio quanto
aparentava. Joshua olhou da pele branca dos braços dela, subindo pelo ombro,
passando pelo colo e chegando aos seios. Estavam mais perto do que nunca haviam
estado. Ele podia ver, pela abertura de cima, o inicio do decote. Micaela ,
estranhando porque o prato estava quase cheio ele não a mandara parar o olhou, e
se arrepiou ao ver como ele a olhava. Ele viu a pele dela se eriçar, se
arrepNicholasdo, e ergueu os olhos até encontrar os dela. Houve um instante de
silencio.

Micaela : Senhor? – Perguntou, meio desestabilizada.

Joshua: Basta. – Disse, sem nem ter olhado o prato, e ela se afastou. Joshua viu ela se
afastar e viu que o rosto dela corou. Sorriu com isso, mas o sorriso morreu ao olhar pro
prato, com uma careta. Estava quase transbordando.

Uma coisa era certa: Nada de bom sairia daquilo.

Semanas se passaram, e Joshua impunha a presença de Micaela em todos os


lugares que podia. Era ela que arrumava sua cama, servia a mesa, e fazia tudo o
que tivesse que ser feito perto dele. Era como se fosse algo que ele não cansasse de
observar. Mas cada noite, quando ele ia se deitar, sozinho, ele tinha uma certeza:
Ele queria tocar. Micaela já percebera o que estava acontecendo, e nem
acreditava. Joshua nunca quisera mulher alguma. Ela sabia que era colocar a
própria cabeça na forca se aproximar, até que fosse por um olhar, mas quando
tinha que chegar perto dele seu corpo se alterava, como se a presença dele fosse
capaz de alterar sua pulsação, só de saber no que ele estava pensando quando a
olhava.

Micaela : É claro, o faça de novo, mais uma vez, não está bom, blábláblá. – Disse,
imitando Nina, que mandara ela refazer o cabelo de novo, alegando que estava
bagunçado, sem estar. – Está fora do lugar, tu não deverias... AI! – Disse, tomando um
senhor esbarrão com alguém.

Joshua: Cuidado. – Disse, segurando-a pra não cair. – Falando só? – Perguntou,
divertido.

Micaela : Perdão, senhor. – Disse, já alerta pela presença dele – Apenas pensando alto.

Mas as mãos dele ainda a seguravam pelos braços, possessivamente. Os dois se


encararam, o silencio esmagando o corredor onde estavam.
As mãos dele pareciam queimar em seus braços. Joshua olhava os olhos dela com
uma expressão estranha, parecia querer ver além do que podia.

Micaela : Senhor... – Disse, e já ofegava brevemente – Meus braços.

Joshua: És uma mulher encantadora, Micaela . – Disse, o elogio a apanhando de


surpresa.

Micaela : S-s-sou? – Joshua assentiu, sorrindo de canto com a inocência dela.

Joshua: Em todos os sentidos. Até quando estás com medo de mim. – Completou, e ela
corou violentamente – Principalmente quando tua pele se arrepia deste modo. Porque? –
Perguntou, meio intrigado, meio fascinado.

Micaela : T-tua voz. – Respondeu, ciente de que o sangue havia subido completamente
pro rosto.

Joshua: Minha voz te arrepia? – Micaela assentiu. Já tremia. - E só acontece comigo? –


Perguntou, cada vez mais próximo.

Micaela : S-só. – Disse, alerta pela aproximação dele.

Joshua: Me encanta. – Disse, olhando a boca dela.

Uma das mãos de Joshua se ergueu, soltando o braço dela, indo em direção ao
rosto. Ele não havia tocado o rosto dela mas sua pele inflamava pela proximidade.
Ele foi se aproximando, tanto o rosto quanto a mão, enquanto os olhos estavam
fixos aos dela. Os dois lábios se tocaram minimamente e Micaela tremeu, mas a
mão forte de Joshua em seu outro braço a forçou a ficar no lugar. Porém...

Nicholas: Joshua? Maldito seja, onde está? – Perguntou, e pela voz já estava irritado.

Joshua se afastou de Micaela , respirando fundo. Era claro que não podia fazer
aquilo. Não agora. Mas a decisão estava tomada.

Joshua: À noite. – Foi só o que disse, encarando-a, e saiu, gritando em resposta para
Nicholas.

Micaela arfou, sozinha no corredor, pondo uma mão no peito. À noite.

Micaela : Ai, meu Deus. – Gemeu consigo mesma, se amparando na parede.

Micaela passou o dia, resumidamente, em pânico. Derrubou uma bandeja, o que


fez Nina gritar com ela, que nem ouviu. Seus nervos estavam a flor da pele. À
noite, quando foi liberada, foi direto pro banho.
Passou muito mais tempo lá que o normal, como se estivesse se escondendo. Depois
foi até a cozinha, tomar um copo de água e se acalmar. Joshua deveria estar
dormindo a essa hora, pensou enquanto ia pro quarto. Ela estava ficando psicótica.
Micaela entrou no quarto e fechou a porta, segurando-a, indecisa. Por fim decidiu
trancá-la. Respirou fundo: estava segura agora. Se pôs a acender as velas do
quarto. Iria ler enquanto o sono não vinha. Quando se virou para acender a
ultima, o quarto já todo iluminado, foi que viu Joshua lá dentro, encostado na
parede. Ela hiperventilou.

Joshua: Tu trancaste a porta. – Observou, encostado na parede, de braços


cruzados.Estava como na primeira noite: Descalço, de calça, camisa e colete.

Micaela : Tranquei. – Assentiu, empedrada.

Joshua: Sabias que eu viria, e ainda assim a trancou. – Observou, pensativo – Estás com
medo de mim?

Micaela : Não.

Joshua: Micaela . – Repreendeu.

Micaela : Um pouco. – Admitiu, e ele sorriu. Seu coração tomou um choque ao vê-lo se
desamparar da parede, indo em direção a ela.
Joshua: Não é necessário; não vou machucá-la. – Assegurou.

Os dois se encararam por um minuto. Micaela nem acreditava que ele estava ali.
Então algo passou pela cabeça dele.

Joshua: Mas isso. – Ela viu a mão dele se erguer e tremeu, quieta em seu lugar. Mas ele
não tocou seu rosto; buscou seu cabelo. Micaela viu ele remover o laço que prendia o
cabelo, os cachos caindo soltos por suas costas.

Joshua apanhou um punhado do cabelo dela, tocando os cachos. Eram tão macios
quanto ele pensou que era, sedosos, lisos. Ele trouxe o rosto até o cabelo dela,
aspirando seu perfume.

Micaela : O que estás fazendo? – Perguntou, ainda empedrada.


Joshua: Um antigo desejo. – Disse, passando o nariz dos cabelos dela pro pescoço.
Micaela recuou, mas ele a segurou – Calma, ou vai se machucar. – Alertou.

Joshua aspirou o perfume dela como quem degusta um vinho. Então ergueu o
rosto, a encarando.

Joshua: Não tenha medo. – Disse, vendo sua expressão assustada – Vai ser bom,
carinho. – Prometeu, levando os lábios até o rosto dela, que fechou os olhos, ainda
quieta.

Os lábios dele beijaram todo o rosto dela, até chegar na boca. Ele a olhou.
Continuava de olhos fechados, a mesma expressão inocente. Então ela sentiu os
lábios dele pressionando os seus, e se manteve quieta. Joshua estranhou.

Joshua: O que há? – Perguntou, beijando os lábios dela como quem busca permissão pra
algo, mas ela não o correspondia.

Micaela : Fiz algo errado? – Perguntou, ansiosa.

Joshua: Não. – Na verdade ela não fizera nada, isso era o errado. – Ele a encarou.

Micaela : Perdoe. – Disse, corando mais ainda. Joshua a encarou, esperando – Eu não...
Não sei o que fazer.

Joshua: Você... – Ele nem terminou a frase.


Ela era virgem. Mas isso era evidente demais. A inocência dela era completa e
absoluta, e ele estava prestes a roubá-la. Deus, não sabia nem como beijá-lo!

Joshua: Eu não devia fazer isso. – Disse a si mesmo. Não tinha nada para oferecer a ela
ainda assim iria roubar sua pureza – Mas já é tarde. – Disse, e ela não sabia se ele falava
com ela ou consigo próprio.

Micaela : O que é tarde? – Perguntou, angustiada.

Joshua: Nada. – Disse, acaricNicholasdo o rosto dela – Faça o que eu te disser pra fazer,
e tudo correrá bem, sim?

Micaela assentiu. Basta ver no que isso vai dar.

Joshua: Abra os lábios. – Orientou, e ela entreabriu os lábios. Ele avançou, abraçandoa
pela cintura novamente.

Micaela sentiu os lábios dele pressionando os seus novamente, mas dessa vez foi
mais úmido. Então ela sentiu a língua dele sondando seus lábios, entrando em sua
boca. Era estranho, mas não era tão mal. Ela, receosa e hesitante, pôs as mãos no
peito dele, nem rejeitando nem aceitando. Joshua massageou a língua dela com a
própria, e ela achou que devia fazer o mesmo. Logo, de modo natural, os dois se
beijavam. Micaela não conseguia respirar direito assim, mas era bom. As mãos
dele apertaram a cintura dela, e ela sentiu o beijo se tornar mais esfomeado, mais
abrupto. Ela não conseguia acompanhar direito assim. Então as mãos dele subiram
pela barriga dela, e apanharam o feixe da camisola dela, abrindo-o.

Micaela : Não! – Disse, livrando-se do beijo e tapando-se. Mas Joshua a segurou. – Me


solte! – Pediu, mas ele não soltou. Estava presa – O que está fazendo?! – Perguntou,
confusa e envergonhada.

Joshua: Já disse: Calma. – Disse, mas a inocência dela causava ainda mais tesão nele.

Micaela : Me solta. – Pediu e ele soltou. Ela recuou um passo, segurando a camisola
aberta.

Joshua: Eu disse pra me obedeceres, não? – Micaela assentiu. Joshua foi até a cama
dela, sentando-se na borda, e bateu no próprio colo de leve – Vem, senta-te aqui.

Micaela , ainda segurando a camisola, caminhou hesitante até ele. Se sentou no


colo dele, mas de lado. Joshua sorriu consigo mesmo e a encarou, vendo o rosto
confuso dela. Micaela nem percebeu como, mas ele a ergueu levemente, fazendo-a
se sentar de frente pra ele, com ele entre suas pernas.
Joshua: Solte. – Disse, apanhando as mãos dela. Micaela não soltou – Confie em mim.
– Disse, vendo a expressão dela. - Não vou lhe fazer mal. – Insistiu. Micaela parecia
um animal indefeso, acuado – Me deixe vê-los. – Instruiu. Micaela o encarou por um
instante, incerta.

E ele conseguiu, após uns instantes, remover as mãos dela. Os seios brancos
ficaram expostos a ele, frente a seu rosto. Ele ergueu uma mão, tocando um seio
levemente, e Micaela estremeceu.

Joshua: São preciosos. – Disse, em um murmúrio, e ela sentiu ele dar um beijinho em
seu colo. Se mantinha parada, os braços caídos do lado do corpo, esperando a próxima
ordem.

Então, abruptamente, ele abocanhou um dos seus seios. Ela arfou, surpresa, mas
não o afastou. Joshua passou os lábios delicadamente em volta do mamilo dela e
em seguida a língua, de modo demorado, como se provasse. Primeiro um seio,
depois outro. Provava um e tinha o outro na mão. Micaela estava confusa. Aquilo
era... Diferente. Ele sentiu, aos poucos, os mamilos dela se tornarem túmidos, duas
perolas em suas mãos, e sorriu. Brincou com os seios dela demoradamente,
sabendo que ninguém poderia atrapalhá-los ou interrompê-los, até que a pele
branca começou a ganhar marcas vermelhas. Micaela permitiu, a respiração
acelerada, até que uma mão dele passou por sua coxa, apertando, e subiu pra
dentro de sua camisola. Ela estremeceu novamente, a mão segurando a dele. Ela já
era fraca, e estava debilitada, então é claro que ele estava vencendo.

Micaela : Não. – Disse, tentando afastar a mão dele. Joshua suspirou, se controlando, e
ergueu o rosto pra ela. Os olhos verdes estavam intensos, dilatados.

Joshua: Está com medo agora? – Perguntou, umedecendo os lábios.

Micaela : Estou. – Admitiu, olhando-o.

Joshua: Não tenha. Apenas relaxe, e deixa que eu faço o resto. Mas se me deter todo o
tempo passaremos a noite toda assim, carinho. – Disse, paciente. Se ela soubesse o
quanto a inocência dela o excitava, talvez o tivesse dado passe livre. Micaela assentiu.

Joshua trouxe o rosto dela pra si, beijando-a novamente. As mãos subiram por
debaixo da camisola dela novamente, mas dessa vez, contrarNicholasdo sua
vontade, ela deixou. As mãos dele apanharam o traseiro dela apertando com
vontade, e ela arfou dentre o beijo, surpresa. Joshua levou a boca até o pescoço
dela, devorandolhe a pele enquanto as mãos continuavam a apalpá-la.

Micaela : O que eu devo fazer? – Perguntou, arfando.


Joshua: O que tens vontade de fazer?

Demorou uns minutos até que as mãos tímidas dela buscassem o colete dele.
Micaela não sabia como aquilo funcionava, ela só achava que uma vez que ele
retirara sua roupa, ela tinha o direito de retirar a dele também. Ela tirou o colete
dele, e em seguida desabotoou a camisa. Joshua só largou as mãos dela pra ela
poder remover a peça. Uma vez tendo o peito dele desnudo Micaela achou que
estavam em pé de igualdade. Joshua continuava beijando-a, mordendo-a, parecia
faminto.
Micaela se sentia estranha. Algo se afogueava dentro dela.
Ela, tímida, vendo que ele a beijava, deu um beijinho tímido no ombro dele,
traçando os dedos pelos músculos definidos. Ela traçava os músculos dele, sentindo
seus carinhos, e era impossível ser mais inocente. Foi inocente até quando sentiu
algo desconfortável debaixo de si. Ela se remexeu, tentando desfazer aquilo, e
sentiu a mão de Joshua apertando-a. Não entendeu. Então, do nada, Micaela se
inclinou pra frente, conseqüentemente forçando as intimidades dos dois. Ela
gemeu, tomada por uma sensação que não conhecia e que era muito boa, e Joshua
arfou, parando no que fazia.

Micaela : O que...? – Perguntou, atordoada.

Joshua a apanhou pela coxa, repetindo seu ato. Uma vez, duas, três... De modo
demorado, lento e intenso. Micaela gemeu de novo, deliciada.

Joshua: É bom? – Perguntou, com um toque malicioso na voz. Micaela assentiu,


corada. Ela gostara, verdade seja dita.

Mas assim que ela dissera que era bom, ele a tirou de seu colo, pondo-a deitada na
cama, com a cabeça no travesseiro. Joshua passou pra cima dela, se ajoelhando na
cama antes para abrir o cinto.

Micaela : O que há? – Perguntou, confusa. Joshua, após se livrar do cinto, abriu as
pernas dela, se pondo entre elas – O que está fazendo? – Perguntou, assustada.

Joshua: Vou fazer ficar melhor. – Prometeu, e antes que ela pudesse dizer algo a beijou
novamente.

Micaela gostava quando Joshua a beijava. Era bom. Ela levou uns instantes pra se
adaptar com o peso dele em cima de seu corpo, mas gostou disso também. Tinha
uma mão no rosto dele, delicadamente, e a outra acaricNicholasdo suas costas. Foi
surpresa quando a mão de Joshua encontrou a intimidade dela, os dedos
sondando-a. Micaela se assustou, mas o beijo dele não permitiu que ela o afastasse.
Joshua sorriu consigo mesmo ao sentir seus dedos úmidos. Mesmo sem saber o que
fazia, Micaela se excitara por ele.
Joshua: Me dá tua mão. – Pediu, apanhando a mão dela que estava em seu rosto. Ela
sentiu ele enlaçar os dedos com os seus. Gostou do carinho mas não o entendeu.

Joshua a beijou novamente por minutos, até que ela sentiu a intimidade dele forçar
a sua. Naquele momento ela entendeu o que ele ia fazer, e teve medo. Ele sentiu ela
se encolher debaixo dele, sem dizer nada, e teve pena.

Joshua: Fique calma. Relaxe, e vai ser melhor. – Instruiu, beijando-a.

Ele deu um tempo até ela se destravar, e se pôs a invadi-la. Todo seu corpo gritava
para que a violasse logo, mas algo lhe dizia que não seria justo machucá-la ainda
por cima. E assim seguiu, polegada por polegada, até que a resistência veio. Joshua
parou, pensando em um jeito melhor de fazer aquilo, mas só havia um. Ela já tinha
o rosto afundado no ombro dele, o cenho franzido, e apertava a mão dele. Ele a
beijou, distraindo-a, então ela sentiu uma fisgada forte de dor. Piorou depois e ela
gritou, as unhas cravadas nas costas dele. Joshua se moveu lentamente, quase
parando, tentando ajudá-la, mas ela se travou, e só piorou tudo.

Micaela : Não! – Quase gritou.

Joshua: Shhh. – Disse, tentando acalmá-la.

Micaela : NÃO! Pára, sai! – Disse, empurrando-o.

Joshua: Micaela , quieta! – Ordenou, prendendo os braços dela. Ela soluçou, agonizando
– Me escuta. Quanto mais você brigar, pior vai ser! Eu já vim até aqui, e não vou voltar,
então facilite pra nós dois. – Instruiu.

Micaela : Isso dói. – Gemeu, o cenho delicado franzido.

Joshua: É só porque você está com medo, e nervosa. O pior já passou. Relaxe e vai
parar. Eu prometo.

Micaela não tinha opção. Ele a beijou novamente. Por mais que Micaela gostasse
do beijo dele, aquilo ainda doía. Ela respirou fundo, tentando se acalmar, como ele
dissera. Quando ele se moveu de novo ela apertou sua mão, esperando pela dor...
Mas ela não veio. Micaela abriu os olhos, olhando o teto, confusa. Ele continuou se
movendo, cada vez com mais força. Agora que já havia violado o instinto de
Joshua, preso há quase 6 anos, estava livre. Logo ele a possuía agressivamente, o
corpo oprimindo-a, exigindo dela tudo o que era possível dar. Micaela estava
confusa. Estava sentindo dor. Mas aquilo não era bem dor. O que era aquilo? Ela
sentia o corpo todo convulsionando, sua respiração estava difícil, algo nela parecia
prestes a estralar. E a medida que ele investia nela com mais força, se tornava
melhor. Ela gemeu, afundando o rosto no ombro dele. Logo ela não tinha mais
controle, e Joshua tampouco. A violara, e agora queria possuir tudo o que tinha
direito. O corpo dela se debatia sob as investidas dele, mas ela não reclamou mais.
Aquela dor era muito boa pra ela pedir que ele parasse. Então ele a beijava, e
ficava ainda melhor. Os gemidos dela vinham com naturalidade, assim como os
dele, ambos morrendo ali, entre os dois amantes.
Havia horas que, devido a brutalidade dele, voltava a ser dor, mas ela não se
queixou mais. Tempos depois algo pareceu se formar dentro dela, algo violento,
prestes a explodir... E o orgasmo dela veio com a mesma violência com a qual ele a
consumiu. Micaela deixou escapar um gritinho, e se deixou perder naquela
sensação nova. Joshua se correu logo depois, se apertando a ela. As velas que
sobraram já estavam baixas, a luz do quarto era quebrada. O único som que houve
por um tempo foram os ofegos dos dois.

Joshua: Tu estás bem? – Micaela assentiu, quieta.

E nada mais foi dito.

Joshua se sobressaltou de seus pensamentos quando percebeu que ela adormecera.


Estava aninhada a ele, que a abraçara, o corpo mole, o rosto sem expressões, o
cabelo caindo a toda volta. Ele acariciou o rosto dela, lentamente, retirando o
cabelo dali. O que fizera com aquela mulher? Roubara sua inocência, sua pureza,
em um gesto de puro egoísmo. Ele não tinha o direito de estar ali. Se levantou, se
desvencilhando dela com cuidado. Micaela estava tão cansada que nem notou, se
aninhou com o cobertor. Joshua a cobriu direito e se vestiu, observando-a, e saiu
dali em seguida. O castelo estava deserto, ele caminhou tranquilamente e
despercebido. Passou no quarto de Suri e checou a filha; a menina dormia
profundamente. Depois foi pra sua torre. Chegando lá tirou as roupas, vestindo o
que usava para dormir, e se sentou na cama. Olhou pro lado e um porta retrato
estava ali, com uma pintura. O único retrato que havia no quarto.* Ele o apanhou,
observando a foto.

Joshua: Dulce, o que estou fazendo, meu amor? – Perguntou, em um murmúrio. Mas
Dulce seguiu do mesmo modo, imortalizada em seu retrato. Joshua pôs o porta retrato
no lugar e se deitou, apagando as velas.

Micaela quase chorou quando o apito soou nos corredores, avisando que era hora
dos empregados se levantarem. Estava tão cansada! Ela se esticou na cama vazia,
com a sensação de que seus ossos haviam sido substituídos por maria-mole. Foi pro
banho e quase dormiu debaixo d‟água.

Micaela : Nada que um café forte não resolva. – Comentou consigo própria, após se
vestir. Então parou em frente ao espelho e fez uma careta.

Aquilo sim seria um problema. O colo dela tinha marcas claras de boca, sem
contar nos seios. Ela puxou mais a aba do vestido pra cima, tapando maior parte
das marcas. Mas não havia como tapar o pescoço, que tinha pontos vermelhos e
roxos nas laterais. Ela apanhou o cabelo, solto, e jogou por sobre o pescoço.
Ocultava as marcas. Assim apanhou duas mechas grandes de cabelo, uma de cada
lado do rosto e prendeu em um mini rabo de cavalo no alto da cabeça.
Mas era só um penteado, o cabelo seguida solto na parte debaixo, não no rabo de
cavalo que era parte do uniforme. Como foi a única idéia que ela teve, saiu assim
mesmo, bocejando.

Nelly: Bom dia, menina. – Micaela assentiu, se sentando – Não está bem?

Micaela : Sono demais. – Disse, respirando fundo.

Nelly: Vou te fazer um café forte. – Disse, solidária. Nelly era a nova cozinheira. Uma
pessoa de idade avançada, e completamente adorável. Fizera amizade com Micaela
logo a inicio.

Nelly serviu o café e Micaela o bebeu de bom grado, sentindo a cafeína obrigando
seu corpo a despertar. É, café sempre ajudava.

Micaela : Obrigada. – Disse, pondo a xícara vazia na mesa. Mas...

Nina: O que significa isto? – Perguntou, incrédula.

Micaela : Bom dia, Srta. Dobrev. – Respondeu, se levantando.

Nina: Bom dia. – Disse, debochada – Onde crê que está, Micaela ? Em uma festa, um
baile?

Micaela : Não, senhora. – Disse, respirando fundo. Estava tão cansada!

Nina: Pois trate de arrumar o cabelo como ordenado.

Micaela : Não. – Disse, e inconscientemente deu um passo pra trás.

Nina: Como? – Perguntou, como se não houvesse ouvido direito.

Micaela : Não posso. Perdoe. – Disse, na defensiva.

Nina: Vou lhe mostrar se não pode. – Disse, avançando pra Micaela .

Nicholas e Joshua andavam no corredor. Joshua despertara com um humor muito


mais agradável, e Nicholas notara isso.

Joshua: Vamos, me deixe em paz. – Disse, rindo do deboche do outro.

Nicholas: É claro, não está mais aqui quem disse. Mas que está alegrinho, está. Não sei
porque isso me lembra aquela criada... Como era o nome...? – Disse, sínico. Joshua riu
do deboche.
Joshua: Cale a boca. – Disse, consertando colete. Os dois eram uma linda imagem a se
ver, andando pelo corredor, as camisas brancas, impecáveis, e os coletes negros por
cima. O reino de Nicholas era distante do de Joshua, mas ele já conseguira se adaptar.

Nicholas: Falando em criada, não aparecerá nenhuma? – Perguntou, franzindo o cenho e


olhando para trás, procurando por alguém – Alguém precisa ir levar o café de Maggy.

Joshua: Que gritaria é essa? – Perguntou, com o cenho franzido. Nicholas parou,
olhando pro nada, e ouviu também. Vinha da cozinha.

Voltando a cozinha...

Micaela : NÃO SE OUSE A POR A MÃO EM MIM! – Disse, do outro lado da mesa,
acuada.

Nina: E TU ABAIXAS TEU TOM DE VOZ! NÃO ESTÁS EM TUA CASA! – Micaela
revirou os olhos – Prende o cabelo, agora, ou prendo eu!

Nelly: Não briguem. – Pediu, inutilmente.

Micaela : MEU DEUS, quantas vezes eu vou ter que dizer que não posso? – Perguntou,
exasperada.

Nina: O que é isto? – Perguntou, parando por um instante.

Micaela seguiu o olhar dela. Na correria pra fugir das mãos da outra a aba do
vestido voltara pro lugar certo, revelando um pedaço da pele vermelha, marcada.
Micaela imediatamente puxou o tecido pra cima novamente, na defensiva.

Nina: O que tu fizeste? – Perguntou, escandalizada.

Micaela : Me. Deixa. EM PAZ! – Exigiu, se irritando. Nunca achou que teria coragem
de enfrentar Nina, mas acabara de descobrir que tinha.

Nina partiu pra cima de Micaela de novo, que recuou bruscamente. Uma cadeira
da cozinha caiu com um estrondo. Havia a mesa grande entre as duas, e era o que
Micaela usava como escudo.

Nina: Ou tu prendes este cabelo como deve agora, ou podes ir embora. – Ordenou –
Volte de onde veio. É tua escolha.

Micaela : Pois não farei nenhum dos dois. – Disse, cruzando os braços, petulante.
Micaela estava diferente e ela própria percebia isso. Parecia mais forte, mais madura,
mais segura de si.
Nina: Como é?

Micaela : Não prenderei o cabelo, e tampouco irei embora. Tu não és a dona desse
castelo, é uma criada, como eu, logo não tens o direito de me pôr pra fora. – Disse,
ainda de braços cruzados.

Nina: Petulante. – Rosnou, indo pra Micaela de novo.

Dessa vez Micaela levou a pior; Tropeçou na cadeira que derrubara e quase caiu.
Nina a apanhou pelo braço nessa fração de segundo. Micaela se desvencilhou da
cadeira, puxando o braço, mas o ato destapou um dos lados de seu pescoço. Ela viu
o choque da compreensão no rosto de Nina na hora e puxou o braço com tudo,
libertando-o, e pôs os cabelos no lugar.

Nina: Sua...

Micaela : ME DEIXA EM PAZ, EM NOME DE DEUS! – Disse, agora com raiva.

Joshua: Eu posso saber que alvoroço é esse? – Perguntou, a voz baixa, tranqüila e
observadora, parado na porta da cozinha, com Nicholas ao seu lado.

Houve um instante de silencio. Nina espumava de raiva, era até anormal.

Micaela : Não foi nada, senhor. – Disse, abaixando a cabeça. Ela apanhou a cadeira no
chão, pondo-a no lugar – Apenas um mal entendido.

Joshua: Qual o motivo dos gritos? – Perguntou, olhando Nina.

Nina: Ela desrespeitou minha autoridade, senhor. – Micaela respirou fundo, virando o
rosto. Joshua observou o ato – Tentou me agredir.

Micaela : É mentira! – Disse, incrédula. – Não obedeci sua ordem, isso é certo, mas em
hora alguma tentei agredi-la, pelo contrário!

Joshua: Qual ordem foi lhe dada? – Perguntou, paciente. Nicholas olhava de um rosto
pro outro, com o riso preso no rosto.

Micaela levou um instante para responder. Então ergueu o rosto, corada, e o


encarou.

Micaela : Ela mandou que... Que eu prendesse o cabelo. – Disse, mortificada.

Deus, por favor, que Joshua não confirme a ordem! Ele a observou por um
instante, buscando entender, mas não conseguiu.
Joshua: Muito bem. Nina, vá levar o café da Sra. Somerhalder no quarto, ela está
esperando. –Nina arregalou os olhos em choque – Micaela , me acompanhe.

Nicholas: E eu vou... – Joshua e Micaela o olharam – Ele respirou fundo, o riso quase
escapando entre os lábios – Eu vou dar um passeio. – Disse, debochado, e deu as costas,
saindo. Estava rindo antes de sumir do corredor.

Mas Nina não se movera. Olhava de Micaela para Joshua. Era impossível... Mas
era ele! Ele a estava defendendo porque fora com ele que ela fora para cama, fora
ele que a marcara! A injustiça era tão grande que ela mal podia respirar!

Joshua: Srta. Dobrev? – Chamou, olhando Nina.

Nina: Sim, senhor. – Disse, amarga, dando as costas.

Joshua: Venha comigo. – Ordenou, virando as costas. Micaela o seguiu.

Os dois caminharam em silencio por vários corredores do castelo. Micaela ajeitou


o vestido e o cabelo, ocultando tudo o que podia ser visto. Joshua a levou até uma
sala grande, onde havia uma mesa com vários papéis, uma lareira e poltronas. Ele
esperou ela entrar e fechou a porta.

Joshua: Que mal te deu? – Perguntou, olhando-a. Não seria admissível que Micaela
achasse que, por causa do que ocorrera entre os dois, possuía algum privilegio.

Micaela : Nada. Porque? – Perguntou, confusa.

Joshua: Porque não a obedeceu? – Continuou, observando-a.

Micaela : Ah, isso. – Disse, e ele quase sorriu vendo-a corar de novo – É que ela me
mandou prender o cabelo.

Joshua: Isso eu sei. Você não o fez por...?

Micaela : Porque se eu fizesse... – Ela não conseguiu continuar e Joshua ergueu uma
sobrancelha, incentivando-a – Se eu tirasse o cabelo todos iriam ver. – Disse, acanhada.

Joshua: Ver...? – Perguntou, a confusão tingindo seu rosto.


Micaela , o rosto vermelho, apanhou os cabelos com as duas mãos, retirando-os do
pescoço. Joshua viu as manchas que ele deixou ali e entendeu. Ela não estava
pedindo nada pra si, nenhum privilegio, ela só estava tentando se proteger. Ele
sorriu e ela respirou fundo, o rosto quente. Joshua se aproximou, apanhando o
rosto dela com a mão e virando-o pro lado (como um vampiro faz pra morder
alguém), e observou as marcas. Os dedos dele tocaram uma das manchas, o olhar
com certo fascínio.
Joshua: Perdoe. – Disse, olhando a marca. – Não foi minha intenção marcá-la. –
Micaela assentiu, calada. – Foi só isso que a incomodou? – Perguntou, a proximidade
dele alterando-a.

Micaela , ainda corada, puxou o decote do vestido pro lugar certo, exibindo
algumas das manchas em seu colo. Havia até uma mordida. Ele tocou a pele dela, o
olhar sempre observador, e ela se arrepiou, involuntariamente.

Joshua: Tudo bem. – Disse, soltando-a. Micaela ajeitou o vestido e colocou os cabelos
sobre o ombro novamente. Joshua demorou um instante olhando um cacho chocolate
caído por cima do colo dela – Tem minha permissão para usar o cabelo assim.

Micaela : Obrigada.- Disse, aliviada – Com licença. – Joshua assentiu e ela saiu,
fechando a porta atrás de si. Joshua se sentou, pensativo. Parecia que tinha muito o que
aprender sobre ela.

Micaela trabalhou o dia todo. Mal tivera tempo de respirar. Nina, com ódio,
triplicara seu trabalho. Ela não vira mais Joshua naquele dia. No final do dia nem
se dignou a ler, apagou as velas e se deitou na cama, se esticando. O perfume de
Joshua ainda estava ali. Ela se virou de bruços, se cobrindo, e deixou relaxar.
Minutos depois, ela estava quase dormindo, ouviu o barulho da porta se abrindo e
fechando. Uma mão forte puxou seu braço, virando-a de barriga pra cima, e o peso
do corpo dele estava sob o dela. Hoje não houveram ensaios, já era familiar, e
mesmo no escuro ela reconhecia o corpo, o perfume... O beijo. Ela o abraçou,
abrindo as pernas para acolhê-lo acima de si.

Micaela : Não devias ter vindo. – Disse, a voz quebrada, quando ele se afastou, as mãos
tremulas de vontade desamarrando a camisola dele.

Joshua: Eu sei. Tentei não vir. Não pude. – Disse, se deitando por cima do corpo agora
despido dela.

E Micaela o aceitou. Joshua, já sabendo dela marcada, teve cuidado para não
machucar ou marcar ainda mais. Demorou bem menos que na noite anterior. Logo
ele a possuiu, e ela inclinou o corpo, languida, gemendo de modo abafado, e ele a
beijou, começando a se mover. Foi desconfortável a inicio mas logo os dois estavam
juntos, levados pela mesma sensação. No escuro, quase em silencio, era segredo. E
aparentemente todas as noites agora seriam assim.

Joshua dormiu dessa vez. Micaela se chocou quando acordou na manhã seguinte e
o viu dormindo, profundamente, ao seu lado. Ela se levantou com cuidado,
cobrindoo em seguida.

Micaela : Tem um rei dormindo na minha cama. – Murmurou consigo mesma, vendo
Joshua adormecido – É uma vida confusa. – Disse, coçando o cabelo.

E ela saiu, indo pro banho. O trancou lá, só por segurança, mas não fez diferença,
ele ainda estava dormindo quando ela voltou. Não viu ela se vestir, nem cobri-lo
com mais um cobertor, protegendo-o do frio que fazia. Não percebeu quando ela
afrouxou o cinto e feixe de sua calça, lhe deixando mais confortável. Nem viu
quando houveram batidas na porta. Mas Micaela viu. Seu coração disparou,
olhando de Joshua, seminu em sua cama, pra porta.

Micaela : Quem é? – Perguntou, em um sussurro.

ChristNicholas: Sou eu, Annie. Posso entrar? – Perguntou, distraído.

Micaela : Não! – Exclamou, segurando a porta. Então olhou Joshua. Ele continuava
dormindo, como podia?

ChristNicholas: O que há? – Perguntou, confuso.

Micaela : Não estou vestida. – Disse, com a primeira coisa que veio a cabeça – Aguarde
um pouco.

ChristNicholas assentiu, completamente disperso. Micaela correu pro espelho,


puxando o vestido pras marcas que ainda estavam ali e prendeu o cabelo como no
dia anterior. Checando tudo ela olhou Joshua, que continuava dormindo. Não
podia deixá-lo trancado, uma hora ele acordaria e teria de sair.

Micaela : Deus ajude que ninguém entre aqui. – Disse, ajoelhada ao lado da cama,
passando a mão superficialmente no cabelo dele.

Ela se levantou e saiu, abrindo a porta só o suficiente pra sair. ChristNicholas


ergueu a sobrancelha.

ChristNicholas: Seu cabelo...? – Perguntou, enquanto andavam.

Micaela : É mais conveniente assim. – Disse, dando de ombros.

Os dois caminharam pelos corredores do castelo, ouvindo o barulho da chuva lá


fora. Micaela só tinha uma coisa na cabeça: Se alguém entrasse naquele quarto
com Joshua lá, daquele jeito...

ChristNicholas: Já soube das novidades? – Perguntou, tirando Micaela de seu transe.

Micaela : Quais? – Perguntou, dispersa.

ChristNicholas: Estão comentando que Joshua tem uma amásia. – Micaela arregalou os
olhos – Uma criada. Todos no castelo estão comentando. – Disse, divertido. – O que é
interessante, pois desde que Dulce morreu ele nunca nem olhou pra ninguém.

Micaela : É? – Perguntou, meio deslocada – Quem disse?

ChristNicholas: Nina estava comentando ontem a noite.


Micaela : Vadia despeitada. – Rosnou consigo mesmo.

ChristNicholas: Que?! – Perguntou, olhando-a.

Micaela : Apenas pensando alto. – Disse, se recompondo – Eu acho que Nina deveria
cuidar da própria vida. Joshua já é suficientemente grande pra cuidar da dele. Enfim.

ChristNicholas: Soube também do desentendimento de vocês duas. Deu pra querer


chamar a atenção pra si agora? – Perguntou, debochado.

Micaela : É claro que não. Ela apenas me deixe viver em paz, e nem ouvirão falar o meu
nome. – Disse, mordida.

ChristNicholas: Tudo bem, não está mais aqui quem falou. – Disse, dando de ombros.

Aquilo bastou pra arruinar com o humor de Micaela . Joshua iria ficar uma arara
quando soubesse, isso era certo.

Não deu outra.

Micaela : Eu não creio que tu estás brigando comigo por isso! – Disse, exasperada com
a injustiça.

Você não está sozinho, juntos nós permaneceremos.


Eu estarei ao seu lado, você sabe que eu segurarei sua mão ♫

Joshua: E o que tu quer que eu faça, sorria? Estão todos falando de mim pelas costas,
logo vazará pra fora desse castelo e será o inferno! – Disse, irritado.

Micaela : Meu Deus, quantas vezes eu vou ter que repetir? Não fui eu! – Disse,
incrédula.

Joshua: E quem foi, em nome de Deus?!

Micaela : Eu já disse, foi Nina! – Disse, o rosto se corando de raiva.

Joshua: E quer que eu acredite que ela descobriu sozinha, que adivinhou?

Micaela : Ela deve ter suposto quando tu não confirmou a ordem dela, ontem. – Disse,
cansada.

Joshua: Então a culpa é minha? – Perguntou, debochado.


Micaela : Em nome de Deus, não é culpa de ninguém!

Quando ficar frio, e parecer o fim


Não há para onde ir, e você sabe que eu não cederei...
Não, eu não cederei...

Joshua: E porque ela espalharia isso? – Perguntou. Micaela passou a mão no rosto,
tentando se acalmar.

Micaela : Porque está com inveja, porque queria que fosse ela no meu lugar, só tu não
vê? – Perguntou, encarando-o. Estavam os dois em uma sala fechada, e ele apenas a
acusava – Não fui eu que disse nada, confie em mim.

Joshua: Porque confiaria? – Perguntou, encarando-a.

Continue agüentando firme


Porque você sabe que conseguiremos, nós conseguiremos ♫ ㅤ
Micaela levou aquilo como um tapa no rosto. Ela hesitou por um instante, sem
reação com aquilo, então assentiu.

Micaela : Eu não tenho mais nada a dizer. Com licença. – Disse, virando as costas.

Mas quando ela estava perto da porta a voz dele veio, cheia de autoridade.

Joshua: Nem mais um passo, eu não terminei ainda. – Ordenou, e ela teve que ficar. Ela
olhou a porta, desejosa, e se virou para encará-lo.

Micaela : O que mais quer que eu diga, Joshua? – Ela estava tão magoada que não
reparou que o chamara pelo nome. Mas era a primeira vez que ele ouvia seu nome pela
voz dela, e ele gostou. – Eu já disse quem foi, já disse que não fui eu, mas tu não confias
em mim, o que mais quer que eu faça?

Joshua: Como posso confiar em alguém que eu conheço a menos de um mês? E que já
me deu razões suficientes pra duvidar, como levar minha filha sem consentimento de
dentro do castelo? – Micaela olhou o chão, respirando fundo, então o encarou.

Micaela : Menos de um mês não foi o suficiente para que confie em mim, mas foi o
suficiente para se por em minha cama duas vezes. – Disse, a voz morta.

Apenas seja forte,


Porque você sabe que eu estou aqui por você ♫

Joshua: Isso deveria tornar-te especial? – Perguntou, debochado. Micaela riu consigo
mesma.
Micaela : Obviamente que não. – Disse, dando de ombros – Mas se soubesse que seria
assim o teria rejeitado, desde o primeiro dia. – Joshua riu.

Joshua: Me rejeitado? – Ele riu novamente – Falas como se tivesse o poder.

Micaela : E eu tenho. Você pode me violentar, se quiser, esse é o seu direito, como é o
meu não querer alguém que me acusa mesmo tendo a verdade em mãos. – Disse,
juntando as suas mãos – E agora, com sua licença. Eu ainda tenho muito o que fazer
antes que possa parar. Principalmente agora que minha superior está mordida comigo
por uma verdade que tu és incapaz de administrar. – Disse, virando as costas.

Joshua: Micaela ! – Rosnou, vendo ela lhe dar as costas pela segunda vez.

Micaela : Me deixa em paz! – Pediu, virando-se uma ultima vez para encará-lo. Os
olhos azuis traziam todo o peso da magoa.

Mas ela não parou dessa vez. Passou pela porta, fechando-a, e quando ouviu os
passos dele vindo, desatou a correr. Era só isso que ela sabia fazer, afinal: Fugir.
Mas estava magoada. Se lembrou do rosto dele, adormecido, esta manhã, então as
palavras duras a açoitaram de novo. Ela ouviu a porta se batendo atrás dela, mas
não olhou pra trás, apenas acelerou o passo. O vestido não ajudava. ㅤ
Não há nada que você possa dizer,
Nada que você possa fazer ♫

Joshua: MICAELA ! – Chamou, se irritando pela petulância dela de fugir dele.

Mas Micaela não parou. Só parou quando se bateu com alguém. Nina. Ela encarou
a outra, ofegante pela corrida.

Nina: Vou ter que repetir quantas vezes que não deves andar por ai assim? – Perguntou,
mas estranhou Micaela não responder. Os cabelos de Micaela haviam se soltado do
pequeno laço na corrida, e caído pelas costas. O pescoço marcado estava exposto, mas
ela não ligou. Joshua parou na parede atrás da curva, observando.

Micaela : Odeio você. – Disse, e Nina ergueu uma sobrancelha – A odeio porque é uma
invejosa, despeitada.

Nina: Me respeita, garota. – Disse, admirada pela reação da outra.

Micaela : O que anda espalhando por ai, Nina? O que ganhas com isso? – Perguntou,
magoada. Seu peito doía, e ela não conseguia se desfazer daquilo. Queria chorar.

Nina: Não sei do que está falando. – Disse, sínica, mas sorria. Joshua não podia ver o
sorriso.

Não há outro jeito quando se trata da verdade


Então continue agüentando firme ♫

Micaela : É claro que não. Ninguém sabe. – Disse, a voz mais mortificada ainda. – Não
te suporto, quero que isso fique claro.

E ela saiu de novo a passos rápidos, logo correndo outra vez. Mas estava muito
longe das dependências onde ficavam os quartos dos empregados. Ela, cansada de
correr, se confinou em uma sala, ofegando pela corrida e pela dor da decepção. O
silencio a cercou. Ela caminhou até um canto, se amparando em um armário de
louças, e pôs as mãos no rosto. Porque aquilo a incomodava tanto? Porque estava
machucando tanto? Várias pessoas já haviam desconfiado dela, acusado, mas
nunca doera tanto como agora. Então a porta se fechou atrás dela. ㅤ
Porque você sabe que conseguiremos, nós conseguiremos... ♫

Joshua: Eu disse que não havia acabado. – Micaela respirou fundo, se virando para vê-
lo ali, subitamente perto. Ela teve que erguer o rosto para encará-lo – Te ousas a fugir de
mim outra vez e pagarás o preço pela insolência. – Avisou, encarando-a.

Micaela : Por favor, eu não quero mais brigar.

Joshua ergueu a mão, tocando o rosto dela possessivamente. Ela não se moveu,
quieta.

Joshua: Se ponha em meu lugar. Eu não conheço você, como posso confiar?

Micaela : Você nunca quis conhecer. – Disse, derrotada. – Me deixe ir, por favor.

Tão longe, eu gostaria que você estivesse aqui ♫



Joshua a observou por um instante, então a soltou. Micaela se soltou dele e saiu
dali, sem olhar pra trás. Foi pro seu quarto, e ao chegar lá se sentou em um canto,
no chão, e ficou calada, tentando sufocar sua dor. As horas se passaram e ela
continuava lá, na mesma posição. Até que ChristNicholas entrou no quarto.
Já havia anoitecido.

Micaela : ChristNicholas, agora eu realmente não posso conversar, eu...

ChristNicholas: Tenho noticias. – Disse, erguendo um papel na mão. Micaela se calou –


Micaela , Hades deu uma batida em tua antiga casa.

Micaela desmoronou, encostando a cabeça na parede. Sabia que isso iria


acontecer, mas isso não tornava o fato menos grave.

ChristNicholas: Hades mandou procurarem você, esperou que aparecesse, mas quando
não aconteceu ele mesmo foi procurá-la. Deu uma batida em tua casa e não a encontrou,
obviamente. – Micaela o encarou, esperando – Teu pai o enfrentou, Micaela .
Micaela hiperventilou. Não! Ela se levantou aos tropeços, os olhos assustados, e
ChristNicholas teve que continuar.

ChristNicholas: Levaram ele preso. – Respondeu a pergunta muda dela. – Tua mãe
continua em casa, mas não se tem noticias de seu pai.

Micaela : Meu Deus. – Gemeu, pondo a mão no rosto – Eu... Eu tenho que voltar.
Agora. – Disse, desorientada.

ChristNicholas: Como?!

Micaela : Preciso voltar. – Disse, se antecipando pra porta. – Quando Hades me


encontrar deixará meu pai em paz.

ChristNicholas: Não vai, não. – Disse, puxando-a de volta.

Micaela brigou com ChristNicholas, tentando se soltar. Não conseguiu. Até que ele
a deteve, puxando-a pelos braços e empurrando pra longe da porta.

ChristNicholas: Escuta! Não vais a lugar algum, se saísse daqui o máximo que
conseguiria era morrer na fronteira, ou ser entregue a Joshua! – Micaela estava em
choque – Micaela , me perdoe, mas Diogo me escreveu coisas que me fazem acreditar
que teu pai já esteja morto.

Antes que seja tarde demais, isso tudo poderia desaparecer ♫



Com essa Micaela caiu, sentada na cama. Morto. Ela mal conseguia respirar. As
lágrimas caíram por seu rosto de modo livre, ao contrário do desespero que ela
sentia.

ChristNicholas: Se sair daqui tudo o que foi feito, o sacrifício de teu pai, tudo terá sido
em vão. Entende que não pode ir? – Micaela não respondeu, ainda em choque – Eu
realmente sinto muito. – Disse, pesaroso.

Micaela não disse nada nos minutos que se seguiram. ChristNicholas tentou
mesmo consolá-la, mas nada adNicholastava. Por fim ele teve de ir embora, voltar
pro trabalho. Micaela não se moveu por horas. Seu pai estava morto. Isso doía
tanto! Até que a porta do quarto se abriu. Joshua hesitou, vendo tudo escuro. Ele
apanhou uma das velas do quarto e voltou no corredor, acendendo-a em uma das
tochas que havia ali. Distribuiu as chamas por todas as velas do quarto. Quando
pôs a ultima no suporte foi que veio ver ela.

Joshua: Escute, eu... – Ele parou, vendo seu estado – Micaela ?

Antes que as portas se fechem, isso chegue ao fim ♫



Mas ela só ergueu os olhos, vermelhos pelo choro, para encará-lo. Joshua,
entendendo errado, hesitou.

Joshua: Certo, eu realmente a ofendi. – Disse, preocupado, se aproximando da cama.


Ele se sentou, tocando o rosto dela, inchado pelas lagrimas que haviam caído – Eu não...

Micaela : Não é tua culpa. – Disse, passando a mão no nariz. Mas soluçou de novo,
desolada.

Joshua: Não? – Perguntou, admirado – Quem te machucou? – Perguntou, a voz já em


tom de ataque. Micaela negou com a cabeça, incapaz de falar algo – Em nome de Deus,
o que houve?

Micaela : Meu pai... Está morto. – Desabafou, caindo no choro com mais força ainda.
Joshua ergueu a sobrancelha.

Mas com você ao meu lado, eu lutarei e defenderei ♫

Joshua: Ah. – Disse, surpreso – Eu... Eu lamento. Ei, não fique assim. – Disse,
preocupado. – Venha. – Disse, esticando o braço. Como Micaela não se moveu ele a
apanhou pelo braço, trazendo-a pra si, e ela o abraçou, as lágrimas molhando sua
camisa. – Isso, chore. Deixa tua dor vir. – Disse, beijando-lhe o cabelo. Micaela apenas
soluçava – Ele estava doente? – Micaela assentiu. – Você precisa de permissão para ir
vêlo? Acompanhar o velório, ou algo assim? Eu posso providenciar... – Ela o
interrompeu, negando com a cabeça.

A verdade é que Joshua não queria que ela fosse. Não queria dar a licença, pois
não queria perdê-la de vista, tê-la fora de seu alcance. Mas daria ainda assim, o
que ela precisava.

Joshua: Não? – Perguntou, ainda ninando-a. Um braço forte a abraçava, e o outro


acariciava-lhe o rosto.

Micaela : Meu pai... Nós não nos dávamos bem. – Mentiu – Minha família... Não me
aceitaria. Por isso vim para cá. Por isso nunca precisei sair. – Disse, a voz carregada de
agonia.

Joshua: Entendo. Mas você o amava.

Micaela : Demais... – Disse, caindo no choro outra vez. Ele a acolheu em seu peito,
agoniado por fazê-la parar de chorar. Mas sabia que não havia como. Quando os
funerais de Dulce terminaram ele não teve condições de sair do quarto por semanas,
nem pra ver a filha.
Eu lutarei e defenderei... ♫

Joshua: Vai ficar tudo bem. – Disse, tranqüilizando-a – Eu vou ficar aqui, com você. Vai
passar.

Mas Micaela não teve condição de responder. Ela chorou por horas a mais, a
verdade engasgada em sua garganta, uma dor que lhe atormentava. Ela
adormeceu amparada nele, abraçada. Ele, que ainda a ninava, sentiu a cabeça dela
tomar em seu ombro. Por um instante achou que tivesse desmaiado, mas estava
dormindo. Ele, cuidadosamente, se encostou na cabeceira da cama e a ajeitou
sobre seu peito. Ele puxou, lentamente, os cordões do vestido dela, liberando-a do
aperto do espartilho, mas não tentara nada. Passou a noite toda em claro, os lábios
no cabelo dela, os olhos fixados a sua frente. Queria poder fazer a dor dela passar.
Queria poder protegê-la dessa e de qualquer outra dor. Inferno, era tão frágil! Ele
só se dera conta disso após vê-la chorando. Debaixo do queixo empinado e do olhar
inocente era frágil. De que diabo adNicholastava ser rei se não podia proteger a
quem queria bem?

Micaela só despertou na manhã seguinte. Estranhou porque não estava sob a


cama. Estava sob algo que respirava, e haviam braços a sua volta, abraçando-a
confortavelmente. Joshua viu os olhos dela, avermelhados e confusos, se situando, e
lhe acariciou o braço.

Micaela : Você ficou. – Disse, admirada, a voz rouca. Joshua acariciou o rosto dela –
Passou a noite aqui e eu nem... – Ela passou a mão no rosto, olhando em volta – Perdoe.

Continue agüentando firme


Porque você sabe que conseguiremos, nós conseguiremos ♫

Joshua: Tranqüila. – Disse, confortando-a – Apenas tive que trancar a porta. Seu amigo
teve aqui duas vezes. Você nem acordou quando eu levantei, nem quando eu a apanhei
no colo. – Comentou, distraindo-a.

Micaela : Que horas são? Nina virá me buscar. – Disse, mas não desencostou a cabeça
do peito dele; Ali podia ouvir seu coração. O som era encantador.

Joshua: Nina não está. Na verdade, ninguém está. – Disse, dando de ombros.

Micaela : Ninguém... Onde estão?

Joshua: É aniversário de Nicholas. Haverá uma comemoração, e todos os criados foram


mandados até o salão de festas, para organizar tudo. Seu amigo avisou que estava
saindo, da ultima vez que tentou entrar.

Micaela : Eu deveria ter ido? – Perguntou, ainda confusa pelo sono. Joshua acariciou o
cabelo dela.
Joshua: Não. Hoje tu não vais a lugar algum. Aliás, vai sair comigo, salvo engano. – Ele
viu Micaela franzindo o cenho – Vou te levar a um lugar onde eu ia quando era mais
novo. Lá poderemos ficar em paz. – Vá se banhar. Eu vou preparar... Uma cesta.

Micaela : Tu vais preparar uma cesta? – Perguntou, rindo de leve.

Joshua: Se te fizer sorrir assim, vou. Não quero te ver triste. – Disse, tocando o queixo
dela. Micaela sorriu e ele selou os lábios com os dela, apenas por tocar. – Anda, vai.

Apenas seja forte,


Porque você sabe que eu estou aqui por você ♫

Micaela : E se nos verem?

Joshua: Mando matar. – Disse, e ela ergueu uma sobrancelha. Ele riu – Ninguém nos
verá, confie.

Micaela o olhou, o olhar sondando-o por um instante, então se levantou,


cambaleando com o vestido frouxo. Joshua sorriu, divertido, perante o olhar
acusador dela e ela, após olhar o corredor, saiu. Ele foi logo em seguida. Vamos ver
no que dá.
Os dois saíram juntos. Era estranho ver o castelo vazio daquele jeito. Joshua a
levou pelos fundos do castelo, os dois se embrenhando no mato por um tempo. Ele
levava a cesta e Micaela segurava o vestido, pra poder andar.

Micaela : Onde estamos indo? – Perguntou, logo atrás dele.

Joshua: Não consegue ouvir? – Perguntou, se virando pra olhá-la. Micaela parou um
instante, aguçando o ouvido. Era água correndo.

Micaela : O rio? – Perguntou, e ele sorriu, assentindo.

Joshua: Cuidado com a pedra. – Disse, e a apanhou com um braço, erguendo-a do chão.
Micaela dobrou as pernas e ele a passou pela pedra, pondo-a no chão novamente.

Os dois chegaram até o rio em poucos minutos. Havia uma parte onde era bem
rasinho, dava pra ver as pedras, mas no centro era fundo, e havia certa correnteza.
O dia estava frio. Joshua os levou até uma parte seca, debaixo de uma arvore. Os
dois sentaram ali e nem comeram, largando a cesta de lado, apenas conversando.
Joshua fez perguntas sobre o passado dela e ela respondeu exclusivamente com a
verdade, ocultando apenas o fato de onde passara o resto da vida. Depois foi a vez
dele falar. A conversa fluía levemente, os dois riam, era normal.
Joshua: Na época da peste todos ficaram muito apreensivos. Eu devia ter 11 anos. Meus
pais me trancaram em um quarto fechado, e ninguém me visitava. – Disse, franzindo o
cenho – A inicio eu achei que tinha feito algo errado, mas era pra evitar que alguém me
tocasse e passasse a doença. Um pouco radical, é verdade, - Disse, dando de ombros.
Micaela riu, e ele não agüentou, rindo também – Mas depois ficou tudo certo.

Micaela : Eu não me lembro dessa época. Era pequena ainda. – Disse, pensativa. -
Descobrira que era 4 anos mais nova que Joshua. – Mas me lembro de que minha mãe
vendia doces, e bolos... E ela sempre me deixava ficar com as panelas, os tachos e as
colheres. – Disse, e Joshua sorriu – Não deboche, era uma delicia. Pena que dava dor de
barriga depois.

Joshua: Eu não tive essas experiências que as crNicholasças normais tem. Tipo brincar
na terra, ou lamber panelas. – Disse, sutilmente, e ela sorriu – Era tudo dentro dos
conformes, eu nasci dentro desse castelo e cresci ai. Precisava servir de exemplo.
Sempre foi uma porcaria. – Micaela riu, e ele assentiu – Não queres me dizer nem onde
moras? Eu posso ajudar tua família. – O sorriso de Micaela morreu – Não, não fique
triste. – Se antecipou, tocando o rosto dela – Eu só pensei que seria de ajuda com os
funerais, e eles saberem onde tu estás, e que estás bem.

Micaela não disse nada, pensativa. Na verdade sabiam. Seu pai morrera porque,
orgulhoso que sempre fora, passara na cara de Hades que Micaela estava no
castelo de Joshua, sob os domínios dele; Ou seja, no único lugar onde Hades não
poderia ir buscá-la. Joshua se antecipou, sentando mais perto dela, e apanhando
seu rosto entre as mãos.

Apenas seja forte,
Porque você sabe que eu estou aqui por você ♫

Joshua: Esqueça. Não vamos mais tocar neste assunto. – Propôs, os olhos verdes
preocupados – Se te entristece já não me interessa.

Micaela o observou por um instante, erguendo a mão para levá-la até o rosto dele.
Queria tanto poder desabafar! Mas sabia qual seria seu destino se ele soubesse a
verdade. Doía saber que seria pelas próprias mãos dele. Então se calou. Ele se
aproximou para beijá-la, mas ela se levantou. Ele a olhou, confuso, e viu ela
puxando as amarras do vestido.

Joshua: Que está fazendo? – Perguntou, confuso.


Micaela : Vamos tomar banho. – Disse, sorrindo, puxando as cordas do espartilho, que
foi afrouxando-o.

Joshua: O que? Está frio! – Protestou, apontando pro rio. Micaela riu, debochando dele,
e uma vez que o vestido afrouxou ela o retirou, ficando de roupa debaixo.

Micaela : Tu és rei e estás com medo de água fria? – Brincou, se livrando do vestido.

Joshua: Reis sentem frio. Ficam resfriados também. – Disse, debochado. Ela riu, se
afastando. – Não faça isso. – Insistiu.

Mas Micaela virou as costas, se afastando. Os cabelos dela se soltaram no ato.


Joshua observou ela andando, desinibida com suas roupas debaixo (um short e um
corpete, ambos brancos), os cabelos dançando as suas costas. Micaela parou
quando seus pés entraram na água.

Não há nada que você possa dizer,
Nada que você possa fazer
Não há outro jeito quando se trata da verdade ♫

Joshua: Eu avisei. – Disse, vendo ela se abraçar, olhando o rio. – Ande, volte pra cá. –
Chamou.

Mas ela não atendeu. Apenas o olhou, sorrindo, e caminhou mais um tanto, logo
mergulhando de cabeça no rio. Joshua teve um breve flash daquele lugar. Levara
Dulce ali, recém casados. Ela não quis se aproximar da água, pois tinha medo de
que houvessem bichos, e os dois tiveram que vir embora. Micaela emergiu, tirando
os cabelos molhados do rosto, e ele viu a pele dela um tom mais claro, pelo frio. Os
cabelos formavam uma cachoeira escura em seus ombros, boNicholasdo em volta,
na água. Ele sorriu, se levantando.

Joshua: Eu vou me arrepender por isso. – Murmurou, consigo mesmo, desabotoando o


colete, enquanto empurrava os sapatos com os pés.

Micaela : Ande tu, venha. – Disse, oferecendo a mão. Ele negou com a cabeça, enquanto
se livrava da camisa, o peito forte ficando exposto ao vento.

Logo ele, só de cueca, mergulhava no rio também. A água alfinetou cada pedaço da
sua pele, e ele praguejou em pensamento, mergulhando pra tentar se aquecer
estimulando os músculos. Então, debaixo d‟água, viu as pernas dela, parada,
esperando. Ele avançou e abraçou ela pelas pernas, erguendo-a. Micaela gritou
pelo susto, mas riu quando ele emergiu, deixando-a no alto.

Micaela : Me ponha no chão. – Ordenou, e ele ergueu a sobrancelha – Está frio! –


Protestou, pelo vento.
Joshua: Ah, está frio. – Disse, debochado, e ela fez bico. – Vem. – Ele soltou ela por um
instante, fazendo-a descer, e a amparou antes que batesse no chão.

Micaela : Teu cabelo está gracioso. – Brincou, apanhando os cabelos molhados dele e
espetando. Joshua fechou a cara com o deboche. Ela arregalou os olhos azuis, e ele teve
vontade de sorrir. Ela molhou a mão, passando no cabelo dele, deixando-o lambido –
Pronto. -Ele continuou olhando-a – Ah, pelo amor de Deus! – Pediu, empurrando-o pelo
ombro.

Micaela se soltou dele, mas a correnteza da água a fez tropicar pro lado, sendo
„levada‟. Ele não agüentou a cara dela com isso e riu. Ela ergueu a sobrancelha.

Joshua: Cuidado. Venha cá. – Chamou, oferecendo a mão. Micaela , submersa até o
colo, pegou a mão dele, que a puxou de volta, abraçando-a – Acontece algo interessante
com roupa branca, uma vez molhada, te contaram?

Então continue agüentando firme


Porque você sabe que conseguiremos, nós conseguiremos. ♫

Micaela olhou pra baixo, se dando conta do corpete grudado em seu corpo,
quase transparente. Ele riu do choque dela, que cruzou os braços pra se tapar.

Joshua: Vem aqui. – Disse, trazendo-a novamente pra si. Ela ainda estava de braços
cruzados, perplexa. Ele, ainda abraçando-a, afundou o rosto no ombro molhado dela,
beijando-o superficialmente. Então se tocou – Eu não quero forçá-la. – Disse, se
lembrando das circunstancias que o fizeram levá-la ali.

Micaela : Não me força. – Disse, apanhando o rosto dele entre as mãos. Meio incerta ela
se aproximou, unindo os lábios dos dois delicadamente. Joshua observou, com um
sorriso de canto no rosto. Como era possível que fosse tão inocente?

Joshua: Não? – Perguntou, as mãos subindo pelas costas dela, sentindo o tecido mole
pela água. Ela negou com a cabeça.

Micaela : Faça amor comigo. – Pediu, tocando os lábios dele com o dedo, desenhando-
o. Ele ergueu a mão, apanhando o rosto dela, fazendo-a encará-lo. Deus, o que estava
sentindo por aquela estranha?

Acredite quando eu digo,


Quando eu digo: Eu acredito! ♫

Joshua abaixou o rosto, alcançando os lábios dela. Micaela cada dia que passava
amava mais o beijo dele. Ele a abraçou mais forte, trazendo-a pra si, e ela arfou,
pondo as mãos em seu peito. Estava frio. Ela sorriu dentre o beijo, e ele lhe selou os
lábios.
Joshua: Cigana. – Acusou, em um murmúrio, após um instante encarando-a. Ela sorriu,
os olhos perdidos nos dele – Feiticeira. – Completou, a mão lhe acaricNicholasdo o
rosto possessivamente.

Nada mudará, nada mudará o destino ♫

Quando ele buscou a boca dela, em seguida, tinha muito mais fome. Ela o abraçou
pelos ombros, pequena que era perto dele, se estreitando no corpo dele. Os seios
dela se comprimiram contra o peito dele, os mamilos já rígidos pelo frio e também
por vontade, e ele a sentiu. As mãos dele a apanharam pela cintura, apertando-a. A
mão dele buscou a pele das costas dela, que estremeceu pelo contato. Ele não pôde
desfrutar muito disso; Alfinetadas começaram a atingir suas costas. Ele se soltou
dela, e os dois olharam pra cima ao mesmo tempo: Estava chovendo.

Joshua: Mas que maravilha. – Disse, derrotado, e ela riu.ㅤ

Ele observou ela rindo por um instante e balançou a cabeça negativamente,


apanhando-a pra si. Dessa vez ele já a deu um impulso, fazendo-a enlaçar as
pernas em sua cintura. Micaela , deliciada pelo beijo dele, nem sentiu ele andando,
só quando suas costas bateram em uma pedra. A chuva e o frio dificultavam a
respiração dos dois, mas o intuito ali era muito claro. Joshua, precisando se
aquecer e ávido em seu desejo por ela, se tornou mais bruto. Micaela estremecia
todo o tempo, e não era frio. Ela sentiu as mãos dele puxarem seu short minutos
depois, e se perguntou se já havia dado tempo. Ela não entendia do assunto, mas
achou que dessa vez havia sido rápido. Talvez por ser mais bruto, mais energético,
funcionasse mais rápido. Ela não conseguia pensar direito. Quando Joshua soltou
seus lábios, a boca descendo, faminta, mais uma vez, por seu pescoço, ela ia
respirar direito, mas sua respiração veio cortada, porque ele a possuía. Ela se
agarrou nos braços dele, as mãos quase escorregando, e beijou-lhe o ombro. O que
Joshua gostava de Micaela , acima de todo o resto, era a inocência dela. Ele a
estava roubando, pouco a pouco, era verdade, mas o encantava ver como ela se
soltava, como aprendia, sempre tímida, hesitante. A chuva não foi suficiente, nem
de perto, para esfriá-los. Acabou com Micaela deixando um pequeno grito
escapar, e com Joshua gemendo o nome dela, em seguida. O silencio reinou, só a
chuva caindo o contrariava.

Micaela : Nem fez tanto frio assim. – Brincou, acaricNicholasdo os cabelos dele, que
sorriu – Joshua, onde está meu short? – Perguntou, olhando-o.

Ele ergueu o rosto, a expressão de quem tinha vontade de rir, e olhou o rumo que a
correnteza do rio levava. A essa altura o short já deveria estar longe. Ela ergueu a
sobrancelha pra ele, que riu gostosamente.
Joshua: Ei, não brigue. – Disse, beijando o bico dela – O que eu querias que eu fizesse?
Estava com as mãos ocupadas. – Alegou. Micaela corou com isso. – Melhor assim. –
Elogiou, beijando-a de leve.

O que quer que seja, nós resolveremos perfeitamente... ♫



O clima de romance se rompeu minutos depois. A chuva estava muito forte, e
voltou a fazer frio. Joshua saiu da água, catando as roupas dos dois no chão
ensopado, e voltou pra água, mergulhando as roupas lá, contra os protestos de
Micaela . Já estava tudo molhado mesmo.
Ele vestiu a calça, a camisa e o colete, mas perdeu um sapato que a correnteza
levou. Os dois olharam o sapato se afastando, boNicholasdo, e Micaela riu.

Micaela : Deus é mesmo justo. – Comentou, vendo o sapato boNicholasdo, já longe.

Ela pôs o vestido e ele amarrou os cordões do espartilho, inchados de água. Foi
então que ele falou.

Joshua: Terei que sair. – Disse, enquanto puxava os cordões com as duas mãos – É
aniversário de Nicholas. – Lembrou, e ela assentiu – Você pode vir, se quiser.

Micaela : Prefiro ficar.

Joshua: Foi o que pensei. – Disse, dando o ultimo laço no vestido.

Continue agüentando firme


Porque você sabe que conseguiremos, nós conseguiremos ♫ ㅤ
Ele saiu da água e deu a mão pra ela, ajudando-a a sair. O vestido a essa altura
pesava quilos. Os dois conversaram brevemente na volta, mas a chuva fez os dois
se apressarem. Quando chegaram ao castelo Micaela rangia os dentes.

Joshua: Eu avisei. – Disse, puxando os cordões do vestido dela, novamente, mas agora
desfazendo o trabalho já feito, os dois parados no corredor, na frente do quarto dela.

Micaela : Só preciso de uma toalha. – Disse, e ele revirou os olhos. Ela nunca dava o
braço a torcer.

Apenas seja forte


Porque você sabe que eu estou aqui por você ♫

Mas por fim os dois se separaram. Micaela tinha o vestido frouxo, não parou tão
cedo; Preparou o banho dele, em seguida o seu. Após um tempo ela saiu do banho e
vestiu a camisola, pronta pra passar o dia na cama. Mal havia deitado quando ele
voltou.
Micaela : Passou. – Disse, sorrindo. Joshua já estava trocado, e tinha um terno negro em
um dos braços. Ele sentou nos pés da cama. Tinha um livro com a capa azul escura,
grande, de aparência sofisticada, na mão.

Joshua: Trouxe pra você. É o livro que eu falei. Achei que gostaria. – Disse, oferecendo
o livro. Ela apanhou, sorrindo, e o abriu, olhando o escrito da primeira folha. – Fique
aqui hoje. Descanse. – Disse, passando o braço pra dentro do terno. Ela assentiu. – O
que precisar...
Micaela : Eu sei onde fica a cozinha. – Brincou, erguendo os olhos pra ele. Ele hesitou
por um instante, depois riu.

Joshua: Estou só sendo patético. – Disse, e ela riu – Fique bem, sim? Não quero saber
que chorou enquanto estive ausente. E eu vou saber. – Disse, em uma ameaça, e ela
arregalou os olhos, na defensiva – Melhor assim. – Disse, se levantando.

Não há nada que você possa dizer,


Nada que você possa fazer
Não há outro jeito quando se trata da verdade ♫

Micaela : Leve uma capa. A estrada deve estar fria. – Recomendou e ele sorriu com isso.
Ninguém tinha esse tipo de cuidado com ele há anos.

Joshua: Levarei. Fique bem. – Ela assentiu e ele se abaixou, beijando-a levemente, antes
de sair.

Então continue agüentando firme


Porque você sabe que conseguiremos, nós conseguiremos... ♫


E ela ficou, tentando não pensar. Estava fácil; ele estava em toda parte. O livro a
distraiu por horas, até que o cansaço venceu e ela dormiu.

---*

ChristNicholas passou no quarto de Micaela apenas na manhã seguinte. A festa do


aniversário de Nicholas ainda repercutia; Micaela dormiu levemente. Não soube
que foi Joshua que foi ao quarto dela, na madrugada, tirando-lhe o livro da mão e
cobrindo-a direito.

ChristNicholas: Como você está?

Micaela : Vou sobreviver. – Tentou brincar, sorrindo. ChristNicholas sorriu, então seus
olhos focalizaram algo. O livro, ao lado dela, na cama.

ChristNicholas: Micaela , tu roubaste o livro? – Perguntou, alerta.


Micaela : Não. – Disse, e abraçou o livro, na defensiva.

ChristNicholas: Como não? Esse livro é da biblioteca particular de Joshua, ele não deixa
que ninguém os toque, porque fez isso? – Perguntou, exasperado. Micaela ainda
segurava o livro – Anda, me dá.
Micaela : Não! – Disse, descrente.

ChristNicholas: Eu vou tentar repor no lugar antes que ele dê falta, anda, me dá! –
Insistiu. – Joshua a matará por esse livro, sabe disso? – Ele avançou pra tomar o livro
dela.

Micaela : Foi um presente!

Houve um instante de silencio no quarto. ChristNicholas olhou o livro luxuoso pro


rosto de Micaela .

ChristNicholas: Um presente? De quem?

Micaela : De... De mim mesma. Eu mereço. Vou ler, depois reponho.

ChristNicholas: Micaela ...

Micaela : Me deixa em paz, ChristNicholas! – Disse, exasperada – Joshua não vai me


matar por esse livro. – A certeza na voz dela quase a denunciou. Mas ChristNicholas
não fez nada. Apenas negou com a cabeça, saindo dali. Ela respirou fundo, afundando
na cama.

Era noite. Madrugada, pra ser mais exata. A chuva açoitava as paredes, e fazia
frio. No quarto de Micaela as velas estavam pela metade. Joshua estava deitado de
costas na cama, amparado na cabeceira, com ela deitada em cima de si, as costas
amparadas em seu peito forte. Os dois estavam cobertos da cintura pra baixo.
Joshua tinha os seios de Micaela nas mãos, confortavelmente, como quem ampara,
ou mede, o dedão a acaricNicholasdo ternamente. Uma alNicholasça dourada, que
não era dela, brilhava no anular esquerdo dele, mas ela não se importava.

Joshua: Tu tens dormido alguma noite esses dias? – Perguntou, divertido.

Micaela : Tanto quanto tu. – Disse, divertida.

Joshua: Eu te canso? – Perguntou, beijando o ombro dela, que sorriu.

Micaela : Se eu pudesse tê-lo por ainda mais tempo, assim seria. – Disse, virando o
rosto, oferecendo-o para ser beijado. Joshua sorriu e a beijou lentamente, de modo doce.
Então houveram batidas na porta.

Nina: Micaela ?
Micaela : Eu estou deitada, qual o teu problema? – Perguntou, e Joshua mordia a orelha
dela, distraindo-a.
Nina: Doce como sempre. Preciso de tua ajuda na cozinha. Anda, te levanta.

Micaela : Mas é madrugada! – Exclamou, e colocou a mão na boca pra não rir pelas
cócegas em seu pescoço. A barba dele, por fazer, as vezes pinicava.

Nina: Tu não trabalhaste na festa, é justo que vá ajudar. E não vou discutir. Porque esta
porta está trancada? – Perguntou, e houve o barulho da maçaneta sendo forçada.

Micaela : Porque estou dormindo. Tive licença para não trabalhar na festa, e tampouco
me levantarei agora. Amanhã, sim. Pelo amor de Deus, que horas são? – Perguntou,
incrédula. – Pare com isso! – Sussurrou, prendendo o riso. Joshua a mordia.

Nina: Licença? Quem lhe deu licença? – Joshua revirou os olhos e Micaela respirou
fundo.

Micaela : Posso? – Perguntou, em um sussurro.

Joshua: Já deveria. – Autorizou, mordendo os lábios dela.

Micaela : Joshua me deu licença. – Disse, satisfeita. Ele sorriu ao ouvir seu nome na voz
dela e beijou sua orelha, enquanto as mãos apertavam os seios dela possessivamente.

Houve um instante de silencio.

Nina: Ah, é claro. Havia me esquecido. Tu és a „privilegiada‟. – Joshua ergueu a


sobrancelha, olhando a porta.

Joshua: É sempre tão irritante? – Perguntou, a voz quase imperceptível. Micaela revirou
os olhos, suspirando.

Micaela : Nina, eu quero dormir.

Nina: Que seja. Me procure amanhã, antes de qualquer coisa. – Disse, irritada.

Micaela sabia que uma tonelada de tarefas lhe seriam entregues, mas se deu por
satisfeita por ouvir os passos da outra se afastando.

Micaela : Ela vai me derrubar. – Disse, deixando o corpo amolecer em cima do dele.

Joshua: Eu posso derrubá-la antes. – Propôs, e Micaela riu.

Micaela : Deixa como está. – Disse, manhosa. – As vezes dá uma vontade de ti. –
Confessou.
Joshua: Sinto isso o dia todo. Conto as horas para que todos vão dormir e eu possa vir
ficar contigo. – Disse, fungando o nariz dela.

Micaela se virou, deitando de barriga pra cima, encarando-o. Joshua a abraçou,


acaricNicholasdo-lhe as costas.

Micaela : Porque eu? – Perguntou, a mão delicada passando pelos cabelos dele.

Joshua: Eu não sei. – Disse, sincero – Eu nunca quis outra mulher, depois de Dulce. Mas
você... Havia algo diferente. – Disse, uma mão tirando o cabelo dela do rosto.

Micaela : Diferente?

Joshua: Você era tão inocente! Dava pra ver em teus olhos, em teu modo de andar, de
falar. Tão pura! E ao mesmo tempo cheirava a pecado. – Ele sorriu – Era intrigante
demais, instigador demais. Feitiçaria, como venho a desconfiar. – Brincou, e ela riu –
Cigana maldita. – Terminou, mordendo a maçã do rosto dela.

Micaela : Feitiçaria, é claro. Eu devia ter imaginado. – Disse, rolando os olhos, e ele riu
– Eu me pergunto...

Joshua: Se pergunta...?

Micaela : Quanto tempo isso vai durar.

Joshua: Não faço idéia. – Admitiu, mas sorriu de canto – Mas temos todo o tempo do
mundo.

Ele se inclinou para beijá-la. Dessa vez o beijo se intensificou, se tornando intenso.
Ele desceu as mãos das costas dela para as coxas, fazendo-a acolhe-lo entre elas, e
provavelmente encaixando os quadris dos dois novamente. Ela, entendendo o que
ele queria, enlaçou a mão no cabelo dele, correspondendo ao beijo, os seios
esmagados contra o peito dele. Nada mais que foi dito a partir dali fez muito
sentido.

---*

Joshua entrou no quarto de Micaela , como sempre.Só que pela primeira vez ela
não estava lá. Ele nem precisou acender as velas pra saber disso, a ausência dela se
notava no ar. Assim ele acendeu as velas e se sentou, pronto pra esperar. Porém
não demorou muito, uns vinte minutos depois ela entrou no quarto. Parecia
cansada. Não estava sendo fácil: Passava as noites em claro com Joshua, e durante
o dia Nina a derrubava com tarefas, uma mais pesada que a outra. Ainda assim seu
rosto se iluminou ao vê-lo sentado ali.
Micaela : Me perdoe pela demora. – Disse, fechando a porta.

Joshua: Ainda trabalhando? – Perguntou, vendo a roupa dela.


Micaela : Coisas demais na cozinha. O fiz esperar demais? – Perguntou, se
aproximando.

Joshua: Uma vida. – Brincou, e ela ergueu a sobrancelha – Certo, cerca de meia hora.
Venha. – Ele ofereceu a mão, trazendo-a pra se sentar em seu colo. Assim que ela sentou
ele passou a mão pela cabeça dela, sumindo com o laço, deixando os cachos livres pelas
costas dela – Esse rostinho está cansado demais. – Disse, tirando o cabelo do rosto dela.

Micaela : Nina se torna a cada dia mais inconformada. – Explicou, dando de ombros –
Eu dou conta. – Disse, e fungou em seguida.

Joshua: Oh, nunca duvidei de teus poderes. – Brincou, e ela riu. – Bem melhor. –
Observou, vendo-a rir.

Micaela : Posso pedir algo?

Joshua: Sendo que tu já estás pedindo... – Micaela ergueu a sobrancelha, repreendendo-


o – Porque tu me olhas desse jeito? – Perguntou, indignado.

Micaela : Só te olho desse jeito quando estás errado. – Respondeu, mas o abraçava.
Joshua a ninava no colo.

Joshua: Que seja, peça. Meu reino será teu. – Ilustrou e ela arregalou os olhos, fazendo-
o rir.

Micaela : Não quero teu reino. – Disse, acaricNicholasdo a gola da camisa dele – Só me
beije.

Joshua a encarou por um instante. Que preciosa era! Ele sorriu, acaricNicholasdo
o cabelo dela, e inclinou o rosto, beijando-a. Doce, somo sempre. Micaela pôs as
mãos no rosto dele, acaricNicholasdo-o ternamente. Após um tempo Joshua
apertou a cintura dela sutilmente, e ela suspirou. Mas ao tentar colocar as pernas
cansadas pra cima da cama, seus pés bateram em algo. Desgostosa, ela se separou
do beijo dele.

Joshua: O que... Ah, claro! – Disse, seguindo o olhar dela. Era uma caixa grande,
branca, nos pés da cama. Micaela o encarou, a pergunta clara em seu olhar – Havia me
esquecido. Lhe trouxe um presente.

Micaela não gostou quando ele a tirou de seu colo, fazendo-a se levantar. Ele
puxou a caixa, pondo em seu colo. Micaela abriu a caixa fina. Havia um papel
delicado envolvendo algo. Joshua olhava o rosto dela, deliciado com as reações.

Micaela : Um... Um vestido. – Disse, mortificada, puxando o vestido de dentro da caixa.


Era luxuoso, sofisticado, de um azul marinho meio metalizado, com o corpete
preto. Era o vestido mais lindo que Micaela já havia visto. Tudo nele era bem
trabalhado, era delicado. Joshua sorriu ao vê-la moldar o vestido no corpo,
sorrindo.

Micaela : Como tu soubeste meu tamanho? – Perguntou, encantada.

Joshua: Bom... Foi meio problemático. – Confessou.

Na realidade, fora. Ele conheceria o corpo de Micaela vendo-o de longe, mas


vestidos eram diferente. Havia a questão das dezenas de camadas de tecido, e o
espartilho... Ele não havia como se basear. O corpo de Micaela era completamente
diferente do de Dulce. Enquanto Dulce era mais baixa e robusta, Micaela era alta
e farta. Ele viu o olhar dela, impulsionando-o a explicar.

Joshua: Por fim eu fiz vestirem os manequins com os vestidos, e apalpei. – Confessou, e
ela riu. – Foi algo interessante. – Continuou – Eu fechei os olhos e imaginei que eram
mulheres, e que eu deveria te achar. Quando minhas mãos te encontraram, eu soube o
tamanho. – Disse, satisfeito.

Micaela : É lindo. – Disse, rodopNicholasdo com o vestido.

Joshua: E tem sapatos. – Disse, apanhando duas botas de couro preto, salto, lustradas.

Micaela : Porque está me dando presentes? – Perguntou, olhando-o.

Joshua: Eu sou um rei. Dou presentes a quem eu quiser. – Disse, e ela revirou os olhos.

Micaela : Por um segundo pensei que irias dizer que foi feitiçaria minha também. – Ela
colocou o vestido com cuidado em cima da cômoda, pulando no colo dele novamente –
Obrigado. – Disse, apanhando o rosto dele entre as mãos e enchendo-o de beijos.

Micaela esperou que ele a segurasse e intensificasse o beijo, mas ele não fez. Ela o
olhou por um instante, os dois perto demais, e ele negou com a cabeça. Ela franziu
o cenho.

Joshua: Hoje vamos dormir. – Disse, o rosto ainda colado ao dela.

Micaela : Mas porque? – Perguntou, confusa.

Joshua: Porque tu precisas. – Disse, pondo-a no seu lado na cama – Não contestes. –
Avisou, calando o protesto dela. Micaela se emburrou, dando as costas a ele.

Demorou minutos. Joshua colocou a caixa na cômoda junto com o vestido, e


apagou as velas. Quando o quarto se fez escuro, ela sentiu ele voltar a cama. Então
ele beijou-lhe o ombro, a mão puxando os cordões do vestido dela. Micaela sorriu.
Joshua: Eu não mudei de idéia. – Avisou, em um sussurro.

O rosnado que Micaela emitiu em seguida fez Joshua gargalhar gostosamente. Ela
arregalou os olhos, passando pra cima dele tapando-lhe a boca.

Micaela : Vais acordar o castelo todo! – Ralhou. Após alguns instantes ele fez um sinal,
e ela o soltou.

Joshua: Tenha sonhos felizes. – Desejou, beijando-lhe a testa.

E Micaela dormiu em minutos, feito uma crNicholasça. Ele a aninhou em seus


braços e terminou por dormir também.

Na noite seguinte...

Micaela estava deslumbrante. Fizera tudo em tempo recorde, tomando um banho


demorado e vindo pro quarto. Colocou o vestido que ele lhe dera, puxando o
espartilho até não poder mais, deixando o corpo delineado, os seios e as curvas
fartas. Seria uma surpresa, para quando ele viesse. Pôs as botas. Soltou os cabelos,
e estava arrumando os cachos quando aconteceu.

Nina: Micaela , você terminou de... – Ela parou na porta, vendo a outra. Micaela se
virou, na defensiva, sentindo o peso das camadas a mais de tecido adicionadas ao
vestido – O que significa isso?

Micaela : Não é nada.

Nina: Para onde você vai? Que vestido é esse? – Perguntou, pasma.

Micaela : Não vou a lugar algum. O vestido é meu.

Nina: Ora, você deve ter dezenas desse, não é? Não minta pra mim, sua... – Ela parou
olhando a cama. Havia algo azul debaixo do travesseiro. Nina apanhou o livro antes que
Micaela pudesse contê-la – O roubou. – Disse, em um murmúrio.
Micaela : É claro que não roubei, não diga tolices.

Nina: Foi até o quarto dele e o roubou! Este livro é dele, eu já o vi! É de sua biblioteca
particular, ele não deixa ninguém tocá-los! E esse vestido... Ah, que maravilha.
Roubaste um dos vestidos de Dulce. – Disse, a glória cintilando em seu rosto. – Oh, isso
ele não vai perdoar.

Micaela : Eu não roubei nada. – Disse, revirando os olhos.

Nina: GUARDAS! – Gritou pro corredor, um sorriso triunfante no rosto.


Agora é que se deu.

---*

A cena na cozinha seria engraçada se não fosse dramática. Estavam Nicholas,


Nina, Micaela e dois seguranças, sendo que um a segurava por cada braço.

Nicholas: Certo... Porque estão segurando ela? – Perguntou, incrédula.

Nina: Porque é uma ladra! – Disse, satisfeita.

Micaela : Se não mandar me soltarem, Nina, eu vou te mostrar quem é a ladra. – Disse,
se debatendo. Nina riu.

Nicholas: Senhoras, se acalmem. – Disse, revirando os olhos. Os olhos de Nicholas


eram tão claros que pareciam duas pequenas piscinas. – Ela tentou agredir alguém?

Nina: Ora, está tentando me agredir agora! – Mostrou.

Nicholas: Antes de você mandar agarrá-la. – Disse, respirando fundo.

Nina: Não. – Disse, a contra-gosto.

Nicholas: Soltem-na. Agora. – Os guardas olharam pra Nina – Será que os guardas
desse castelo não entendem minhas ordens? Onde está Joshua?

Nina: Já mandei chamá-lo. Ele saberá o que fazer.

Nicholas: É, só que daqui até que ele chegue a maior autoridade aqui é minha, e eu
estou ordenando que soltem esta mulher. – Disse, sério. Os guardas, sem ter opção,
soltaram. Nicholas era um rei; Nina era uma criada. – E, permita-me dizer, seja qual for
a ocasião, você está encantadora. – Disse, debochado.
Joshua: Que alvoroço é esse? – Perguntou, a voz vindo do corredor – Nicholas, sabia
que Maggy está na sala de leitura? – Perguntou, divertido. Nicholas riu - Quem está
encantadora?

A resposta foi muda. Joshua parou no portal da cozinha, e olhou Micaela de cima
a baixo. O vestido lhe caíra como uma luva, estava tão linda! Realçava os olhos,
entrava em contraste com a pele clara. O cabelo estava solto, os cachos caindo por
cima dos ombros. Quando o olhar dele encontrou o dela os dois se encararam por
um longo instante, sem saber o que dizer.

Nicholas: Joshua, testando, um, dois, três. – Disse, estralando os dedos na frente do
rosto de Joshua.

Joshua: Que diabo...? – Ele não conseguiu completar.


Micaela : O diabo é que eu estava em meu quarto. – Disse, o rosto quente de raiva – E
esta criatura descontrolada entrou sem pedir permissão, e chamou dois guardas para me
arrastarem. – Disse, tirando o cabelo do rosto, impaciente. Joshua observou o gesto,
interessado. Nunca a vira assim.

Nicholas: Joshua. – Chamou a realidade novamente.

Nina: Acontece é que é uma ladra! Ladrazinha de terceira categoria!

Micaela : Se tornar a me chamar de ladra vou te descer a mão na cara. – Avisou, e


Nicholas riu alto, divertido. Joshua teve que se controlar pra não rir também.

Nina: Ah, não és ladra? Pois veja, senhor. – Disse, apanhando o livro – Este livro é de
sua biblioteca pessoal, e eu encontrei no quarto dela! Sem contar na prova óbvia: Ela
roubou um vestido da minha senhora, Dulce. Uma ladra, senhor. – Disse, em jubilo.

Micaela : Eu vou partir a boca dela. – Disse, pra si mesma, olhando a parede.

Nina: Imagino a dor que não deve causar ao senhor ver essa ladrazinha usando as vestes
da minha senhora. – Micaela virou o olhar pra ela.

Micaela : Dor? Você gosta de dor? Eu vou te mostrar a dor, Nina. – Disse, sorrindo
angelicalmente.

E Micaela partiu pra cima de Nina. Joshua ergueu as sobrancelhas, maravilhado


com o surto de raiva dela. Nicholas gargalhou, dando a volta... Pra sair do caminho
e observar melhor. Estava ficando vermelho pelo riso. Porém os guardas detiveram
Micaela antes que ela pudesse fazer qualquer dano.

Nina: Ainda tenta me agredir! – Disse, exasperada. Micaela , presa pelos braços,
alcançou um jarro que ficava com água em cima da mesa e tacou na direção de Nina.
Não atingiu, mas a intenção ficou clara.

Joshua: Certo, cuidado com os nervos. Nicholas, que diabo, pare de rir! – Nicholas
havia se amparado na parede, rindo gostosamente – Micaela , se acalme. – Micaela
parou de se debater.

Nina: Como eu disse, senhor, aqui está o livro. E ela ainda usa o vestido da minha
senhora. Ladra! – Micaela ergueu a sobrancelha, virando os olhos azuis pra ela.
Nicholas ficava cada vez mais vermelho.

Joshua: Este vestido não é de Dulce María. É de Micaela . – Esclareceu.

Dessa vez houve um instante de silencio na cozinha, interrompido por Micaela ,


que deixou a cabeça cair pra trás e gargalhou. O riso era falso, mas ela precisava
fazer aquilo. Nicholas, que tinha parado de rir, voltou a rir também.
Joshua: O que te passa? – Perguntou, incrédulo.

Micaela : Raiva. – Respondeu. O riso terminou como começou: Instantaneamente.

Nina: Como... Como dela, senhor?

Joshua: O vestido é dela. O livro que você segura também. – Apontou – Eu os


presenteei a ela. E você os tomou.

Micaela : Quem é a ladra agora? – Perguntou, divertida.

Joshua: Tirem as mãos dela. – Ouvindo a ordem os guardas largaram Micaela . –


Devolva o livro e se desculpe. – Nicholas assoviou, cruzando os braços – Nicholas, em
nome de Deus, pare com isso!

Nicholas: Eu deveria ter vindo aqui antes. No meu castelo não é nem de longe divertido
assim. – Comentou, e Joshua revirou os olhos.

Os olhos de Nina estavam incrédulos quando ela viu Joshua se aproximar,


segurando Micaela pela cintura inconscientemente. Ela se aproximou, com o livro
na mão.

Nina: Perdoe-me. Não tive a intenção. – Disse, como se cada palavra a envenenasse,
devolvendo o livro.

Micaela : Com licença. – Disse, em um murmúrio, e saiu dali.

Nicholas: Foi um prazer conhecer você. – Disse, dando tchau com a mão quando ela
saiu. Joshua o fuzilou os olhos.

Joshua: Estão dispensados. – Disse aos guardas, que se retiraram – Limpe isso. – Disse
a Nina, sobre o chão molhado e os cacos de vidro – E tu... Se não quiseres que eu vá até
Maggy e conte que está flertando com as minhas criadas, para de gracinha.

Nicholas: Porque, está com ciúme? – Perguntou, de braços cruzados, sorrindo


abertamente.

Joshua: É impossível. – Murmurou, revirando os olhos.

Ele saiu dali. Foi atrás de Micaela . A alcançou na entrada do quarto. Ela colocou o
livro na cômoda, puxando o cordão do vestido com raiva. Joshua trancou a porta.

Joshua: O que há? – Perguntou, ao ver o estado dela.

Micaela : Era uma surpresa. – Disse, e ele percebeu que ela estava a beira de lágrimas.
Joshua: Preparou uma surpresa pra mim? – Perguntou, sorrindo, e se aproximando. Ela
não deixou que ele a tocasse.

Micaela : Eu me matei hoje, o dia todo, pra terminar tudo rápido. – Disse, e uma lágrima
escorreu por seu rosto. Ela a secou – Quando você chegasse eu estaria toda arrumada,
seria uma surpresa. Mas ela estragou tudo, sempre estraga!

Joshua: Ei, pare! – Disse, segurando os braços dela, impedindo-a de abrir o vestido.
Micaela o encarou. O rosto estava vermelho, os olhos lacrimejando. – Ainda é uma
surpresa. Estás linda.

Micaela : E em que circunstancia tu me viste! Presa! Eles quase o rasgaram. –


Lamentou, olhando o vestido - E eu nem tinha terminado de me aprontar. – Disse, e
outra lágrima caiu. Ele apanhou o rosto dela entre as mãos, secando a lágrima.

Joshua: Estás preciosa do mesmo modo.

Micaela : Me deixe tirar isso, por favor. – Pediu, aborrecida.

Joshua: Não. Você vai precisar. – Disse, virando-a de costas. Micaela franziu o cenho.

Micaela : Precisar? – Perguntou, confusa. O corpo dela balançou quando ele começou a
puxar o espartilho novamente.

Joshua: Nós vamos jantar juntos. – Comunicou, puxando o espartilho.

---*

Nina: Aquela vadiazinha barata... – Murmurava consigo própria, arrumando as coisas.

Joshua: Srta. Dobrev? – Chamou, entrando na cozinha.

Nina: Senhor? – Perguntou, se endireitando.

Joshua: Prepare a quarta sala de jantar. Mande acenderem a lareira. Jantar para 02.

Nina: Mas o Sr. Nicholas me pediu para levar sua janta no quarto, para ele e Mrs.
Maggy, senhor. – Disse, confusa.

Joshua: Eu não pretendia jantar com Nicholas. Sirva a mesa para 02. – Ele pensou por
um instante.

Nina: Devo perguntar qual o tipo de refeição, senhor? Informal? – Perguntou, dura.
Joshua: Sofisticada. Como se Mrs. Maggy fosse minha convidada. É uma mulher, mas é
não é ela. – Disse, pensativo – Quero tudo impecável. Quanto a comida... Sirva uma
mesa farta, eu quero várias opções. – Diabo, ele nem sabia do que Micaela gostava –
Farto. – Se resumiu – Não esqueça a lareira, está frio.

Nina: Sim, senhor.

Joshua deu as costas e saiu, pouco se importando em olhar pro rosto de Nina. Se
olhasse veria o ódio nos olhos dela. Ele iria levar Micaela para jantar na quarta
sala! Era uma das maiores, das mais bonitas! Ele mandara acender a lareira! Isso
era tão injusto! Mas Joshua não estava se preocupando com isso. Andava
pensativo, até que se bateu com Nicholas, na sala de estar. Ele ia passar direto pela
porta, mas o riso de Nicholas o fez parar. Ele olhou e o moreno ria, com um cacho
de uvas verdes nas mãos.

Nicholas: Ai está algo que eu não esperava de ti. – Disse, pondo uma uva na boca.
Ainda tinha o tom divertido.

Joshua: Do que está falando? – Perguntou, parando a porta.

Nicholas: Vai jantar com a criada. Deu o vestido a ela. – Disse, sorrindo, enquanto
mastigava a uva.

Joshua: Deu para ouvir atrás das portas? – Perguntou, cruzando os braços.

Nicholas: Não. – Disse, arrancando uma uva do cacho – Mas alguns de nós tem boa
audição. – Disse, pondo a uva na boca – Espere até ver a esposa de Zack. É espantador.
– Disse, pensativo – Mas este não é o foco. Mandou servir a mesa para ela.

Joshua: Não te meta.

Nicholas: Te importas com os sentimentos dela...

Joshua: Cale a boca, Nicholas.

Nicholas: Te apaixonaste por uma criada, Joshua? – Perguntou, divertido.

Joshua hesitou um instante, olhando o outro. Nicholas parecia completamente


tranqüilo, comendo suas uvas.

Joshua: Falando em criada... Você está elogios demais pro lado dela. – Disse, mudando
de assunto, franzindo o cenho.

Nicholas: Ora, sou um homem justo. Há anos não ponho os olhos em uma tão bonita. –
Um rosnado começou a nascer no peito de Joshua – Sem contar no corpo, é tão farta que
me tira o fôlego. – Disse, arregalando os olhos e sorrindo.
Nicholas largou o cacho de uvas na bandeja, ficando com uma na mão.

Nicholas: Mas não se preocupe... – Disse, pondo a uva na boca – Ela não é Maggy. –
Disse, dando dois tapinhas nos ombros de Joshua e saindo dali, ainda sorrindo.

Joshua revirou os olhos e seguiu seu caminho. Parou no cofre. Haviam coisas
demais ali, mas ele queria algo pequeno. Algo que havia guardado fazia muito
tempo. Teve que remexer uns minutos até encontrar. Quando achou o que era, uma
caixinha de metal, retirou, fechando o cofre. Resolveu passar pela sala de jantar
para verificar.

Joshua: Tudo pronto? – Perguntou, parado a porta.

Nina: Só falta terminar de acender a lareira, senhor. – Disse, a voz dura.

Joshua: Termine e retire-se. Mande que todos se retirem; Não quero ninguém perto desta
sala hoje. – Ordenou, dando as costas antes mesmo de ouvir a resposta dela.

Micaela : Pensei que já não voltaria. – Disse, ao vê-lo entrar no quarto.

Joshua: Venha. – Disse, oferecendo a mão. Micaela o olhou, receosa.


Micaela : Vão nos ver. – Lembrou.

Joshua: Venha. – Insistiu.

Micaela deu as mãos a ele e os dois foram pelos corredores. Ela sempre olhando
em volta, até que ele mandou ela parar. Ao entrar na sala de jantar Micaela se
deslumbrou. Sempre que estivera ali era dia, e estava tudo bagunçado. Agora não.
A lareira estava acesa a fogo alto. A grande mesa estava forrada com uma toalha
de renda branca, farta em comida, com velas. A louça era fina, de porcelana, os
talheres de prata polida. Ela caminhou uns passos, olhando tudo, encantada. O
tapete parecia gostoso de tocar só por olhar. Um toca discos estava repousado em
um canto. Naquele momento, olhando o que ele tinha feito pra ela, Micaela se
sentiu especial. É claro que ela não sabia que, para Nina, servir cada um daqueles
pratos, acender cada uma daquelas velas, ou a lareira, ou todo o resto, foi como
espetar agulhas nos olhos. Não viu também Joshua trancar a porta, atrás dela.

Joshua: Tenho algo para ti. – Disse, puxando algo do bolso do colete.

Micaela : Mais presentes? – Perguntou, exasperada.

Joshua: Cala-te. – Disse, ofendido, e ela revirou os olhos. Ele estendeu a mão. Era uma
caixa de metal trançado, quadrada... Certo, eu não consigo descrever isso, assistam The
Vampire Diaries 1x03, é a caixinha onde Stefan dá o colar com Verbena pra Elena, fim
de papo sobre caixinhas. Ela abriu a tampa, encontrando um escapulário dourado. Ouro.
Era delicado, fino, pequeno. Micaela sorriu. Joshua fechou a caixinha, guardando-a
novamente – Isso é meu. Digo, sempre foi meu, desde que era novo.

Você não está só,


Juntos permaneceremos ♫

Micaela : É lindo. – Disse, olhando o escapulário. Ela não estava dizendo que era lindo
porque era de ouro maciço, mas sim pelo que significava.

Joshua: Eu nunca quis dar a ninguém. – Nem a Dulce María. Mas ele não disse isso em
voz alta. – Mas quero que seja seu. Use-o, e eu estarei com você. Use-o, e estará
protegida. Use-o... E, além do próprio Deus, eu estarei por você. – Terminou, vendo ela
sorrir.

Eu estarei ao seu lado,


Você sabe que eu segurarei sua mão ♫

Micaela : Eu usarei sempre. – Prometeu. Joshua apanhou o escapulário na mão dela,


pondo-o em seu pescoço.

Joshua: Enquanto estiver com ele nenhum mal a atingirá. – Prometeu, selando a
promessa beijando os lábios dela. – Mas veja. Este jantar é seu. – Mostrou, com o braço.

Micaela : Eu vi. É lindo. Tem até um toca discos. – Disse, encantada.

Joshua: Achei que você gostaria de musica. – Comentou, trazendo ela pela sala. Ele
puxou a cadeira pra ela que sorriu pelo galanteio.

Micaela : Tem comida demais aqui. – Reparou, vendo a variedade de pratos que ele
exigiu.

Joshua: Na verdade eu não sabia do que você gostava, e mandei que cozinhassem tudo o
que desse tempo. – Disse, fazendo a volta na mesa, se sentando frente a ela – Temos
conversas pendentes.

Micaela : Muitas. – Concordou.

Quando tudo estiver frio, e parecer o fim


Não há para onde ir, você sabe que eu não cederei
Eu não cederei... ♫

Os dois conversaram pouco durante a janta. Joshua observou, reservadamente,


mas ela se dava muito bem com todos os talheres. Sua mãe fizera questão de lhe
ensinar a se portar a mesa, e agora fora de utilidade. A comida estava ótima, o
vinho estava suave... Tudo perfeito.
Micaela : Onde você vai? – Perguntou, confusa, ao vê-lo se levantar. Os dois estavam
conversando, cada um com sua taça de vinho, e ele levantou do nada.

Joshua: Isso não está aqui para enfeite. – O tocador de disco era simplesmente enorme.
Já havia um disco que ele havia escolhido ali. Após colocar ele pôs a agulha em cima do
vinil, e após um breve arranhão a musica começou a soar. Joshua caminhou até ela e
ofereceu a mão – Dança comigo?

Micaela aceitou a mão dele, se levantando. Ele a levou até o tapete, na frente da
lareira, e a pôs a sua frente, abraçando-a. Micaela sorriu, ouvindo a valsa começar
a soar lentamente pela sala.

Micaela : Você é o primeiro homem com quem eu danço. – Comentou, o corpo sendo
guiado pelo dele. Exceto o pai dela, mas esse não se considerava como „homem‟.
Joshua riu.

Joshua: Há alguma coisa em ti cuja eu não tenha sido o primeiro a fazer? – Perguntou,
divertido. Micaela revirou os olhos.

Micaela : Cala-te. – Disse, afundando o rosto no ombro dele, olhando as chamas na


lareira – Estão falando, Joshua.

Joshua: Eu sei. – Disse, beijando a orelha dela – Estão falando que eu tenho uma
amásia. O que falam de mim pouco importa, só não podem saber que é você.

Micaela : Acha que depois de hoje Nina não dirá?

Joshua: Ela não teria nem metade da coragem. – Isso era verdade – Não sabendo o que a
aguarda se o fizer. Fique tranqüila.

A musica mudou um tom e os dois rodopiaram pela sala, ele sorriu pra ela.

Micaela : Gosto de estar assim. – Disse, se apertando mais a ele – É ousadia minha?

Joshua: Não, pois gosto de sentir você assim. – Disse, aninhando-a em seu braço.

E ele gostava. Era quando sentia que tinha poder; Quando a tinha protegida em
seus braços. Tão pequena, tão frágil... Tão dele. Os dois dançaram por instantes,
até que o olhar de Joshua caiu em algo. Em cima da lareira. O retrato de Dulce
María repousava lá, de frente pra ele. Aquele retrato nunca saia do seu quarto,
mas Nina teve um gosto imenso em deixar aquilo como sobremesa. Micaela
estranhou quando ele parou de dançar, se tornando imóvel.

Micaela : Aconteceu algo?

Joshua: Eu não estou me sentindo muito bem. – Disse, se afastando dela. Sentia remorso
agora. Aquele retrato, ali, representava o que ele estava fazendo com Dulce e não era
justo.
Micaela : O que há? – Perguntou, preocupada.

Joshua: Eu creio que o jantar não me fez bem. – A valsa acabou, o som da agulha
soltando o vinil representando como a magia ali havia acabado – Importa-se se eu for
pro meu quarto, Micaela ?

Micaela : É claro que não. Quer que eu lhe prepare algo? – Perguntou, ainda
preocupada.

Joshua: Não, obrigado. Eu creio que se eu me deitar vai ficar tudo bem. Me perdoe. –
Disse, angustiado.

Micaela : Não tenho pelo que perdoar, não foi intencional, não diga bobagens. Vá pro
seu quarto, eu retiro isso tudo. – Disse, realmente acreditando que ele não estava se
sentindo bem.

Joshua: Deixe ai; outro empregado retirará. Vá dormir. Eu só vou demorar um instante e
vou também. – Disse, a voz entrecortado.

Micaela : Fique bem. – Joshua assentiu e Micaela deu as costas, o olhar ainda
preocupado, e saiu dali.

Joshua viu a porta bater e colocou as mãos na cabeça, olhando o retrato que
Micaela não reparou.

Joshua: Dulce, o que está fazendo aqui? – Perguntou, angustiado. O retrato ainda o
encarava, repousando. Ele apanhou o porta retrato, observando a foto – Não... O que eu
estou fazendo com você, meu amor? – Perguntou, acaricNicholasdo a foto.

Joshua já não procurou Micaela . A principio ela pensou que ele realmente
estivesse mal, mas quando ele passou por ela, ignorando-a, soube que não o era.
Não fez nada, todavia. Não havia nada que pudesse fazer. Doía ficar longe dele,
mas ela sabia qual era seu lugar. Voltou ao seu trabalho, como sempre foi, e Nina,
deliciada porque conseguira seu intento, a deixara em paz. Mas Micaela ainda
usava o pequeno escapulário que ele pusera em seu pescoço. Usaria sempre.
Joshua, por sua vez, sentia demais a falta dela, mas o remorso o corrompia. Era
errado para com Dulce María o que ele estava fazendo. Fazer um jantar de luxo e
levar uma criada como companhia, o que ele estava pensando? Seus pais, se vivos,
o matariam só por pensar nisso. E a pobre Dulce não o merecia.

Nicholas: Pelo amor de Deus, tu estás insuportável. - Disse, desistindo e afastando uma
planilha que os dois tinham a frente.

Joshua: A rota está traçada, é essa e ponto. - Disse, duro.


Nicholas: Pois vá nela tu com teus homens, e morra lá. - Disse, os olhos claros sérios -
Sua tolice não é um motivo pelo qual eu pretenda morrer, Joshua.

Nada funcionava. Os dois precisavam trabalhar junto em um plano de ataque, mas


não se entendiam. Joshua estava irritante e Nicholas já era arisco por si; Não era
de sua natureza se curvar. A falta do apoio de Zack e a indecisão de Robert, que
não queria travar uma guerra que não era dele, também não ajudavam. Estava
impossível prosseguir com uma guerra desse jeito.

Micaela : Com licença. - Pediu, batendo na porta.

Maggy: Entre. - Disse, parada na frente da janela. O vento brincava com os cachos dela.

Micaela : Bom dia, senhora. - Maggy assentiu, se abraçando.

Micaela se pôs a trabalhar. A cama era enorme e precisava ser feita logo.
Trabalhou em silencio, estirando os lençóis, as cobertas, afofando os travesseiros...
Enfim.

Micaela : Necessita de algo, senhora?

Maggy: Me diga algo que eu precisasse que você poderia me dar. - Disse, divertida com
a idéia. Micaela ergueu as sobrancelhas, considerando.

Micaela : Não... Sei. A senhora apenas parece triste. Pensei que quisesse algo. Perdão.

Maggy: Não, me perdoe tu. Fui grossa, você só quis ajudar. - Disse, saindo de perto da
janela. Usava um vestido cinza. Ela suspirou, olhando o quarto - Estou realmente
infeliz, mas não é nada que ninguém possa resolver.

Micaela : Gostaria... De conversar? - Perguntou, hesitante. Maggy avaliou.

Maggy: Implorei a Nicholas que não aceitasse o pedido de Joshua. Essa guerra não é
nossa, não precisávamos estar aqui. Mas não sei, parece que o instinto da briga, da
batalha, correm junto com o sangue dele, e ele aceitou. - Ela se sentou em uma poltrona
- Agora todos os dias são dessa incerteza. Não sei se seremos atacados. Não sei quando
meu marido resolverá atacar. Não sei quando vou vê-lo sair pro campo de batalha, e não
sei se retornará. Essa instabilidade me incomoda.

Micaela : Entendo. - Disse, acompanhando o raciocínio dela.

Maggy: Como é teu nome?

Micaela : Micaela , senhora.


Maggy: E o pior: Nós éramos felizes, Micaela . - Disse, o rosto com um tom de raiva -
No nosso reino não há uma fronteira tão fortemente guardada, não há homens sendo
treinados para morrer, não há famílias destroçadas. Lá há paz, há calma. Éramos felizes.
Fomos felizes desde o momento em que Nicholas me tirou para dançar no baile em que
os pais dele deram para escolher sua noiva. Esta guerra não é nossa! Eu não conheci
Dulce María, e eu não quero que meu marido se arrisque para vingar a morte dela! - Ela
suspirou novamente, o rosto delicado - A cada dia eu espero que isso tudo acabe, mas
por fim não quero que aconteça. Não vou suportar vê-lo sair para a batalha; embora
cada dia saiba que está se aproximando.

Micaela : Não há como demovê-lo? - Maggy negou, revirando os olhos.

Maggy: Não. Como disse, o instinto da batalha está no sangue dele. Ele já sente como se
essa briga fosse a briga dele. - Ela parou, raciocinando - Pelo menos se Vanessa me
ouvisse! - Disse, contrariada. - Temos nos correspondido, mas eu entendo ela.

Micaela : Vanessa?

Maggy: Uma velha amiga. Esposa de Zack. Aliado que Joshua precisa para encerrar
com isso. - Explicou - Eu entendo que ela não se sinta impulsionada a vir até aqui, eu
não viria, mas com o poder de armas que Zack tem tudo isso se tornaria mais fácil. Se
Hades soubesse que Zack estava vindo, capaz seria de ele recuar.

Micaela não conhecia Zack, mas algo era certo: Já tinha medo dele. E em parte,
da esposa também. Micaela pensou em qual seria a reação de Maggy se soubesse
quem ela realmente era.

Micaela : Eu sinto muito. - Disse, sincera - Realmente espero que isto tudo termine
logo, e que termine bem. - Maggy sorriu de canto.

Maggy: Mas uma vez perdoe-me, fui rude. Você só queria ajudar. A oscilação não me
faz bem, perdoe. - Micaela assentiu.

Uma hora havia um rei em sua cama. Na outra, uma rainha lhe pedindo perdão. E
Micaela era uma plebéia do reino inimigo. A cada dia isso se tornava mais e mais
confuso.

Um mês depois...

Joshua queria Micaela . Ele precisava dela. Parecia que a cada dia que passava
resistindo seu coração passava a tentar bombear palha no lugar do sangue, entre as
veias. Ele sentia a garganta seca, as mãos ansiavam. Passar por ela e ignorar era
como ingerir fogo. Parecia o inferno. Ele estava andando pro rio. Era o que sempre
fazia quando estava desnorteado: Ia até lá, se sentava e pensava até pôr as coisas
em ordem. Porém parou ao avistar o rio.
Joshua: Diabo. - Praguejou, recuando. Mas não resistiu a olhar.

Micaela havia ido ali com o mesmo intento que ele. O vestido dela se achava
dobrado em um ponto seco, na terra. Ela boiava na agua, os olhos fechados, os
braços abertos, os cabelos boNicholasdo a sua volta. A correnteza não estava tão
forte hoje pois não ventava, logo ela apenas oscilava no mesmo ponto. Parecia um
convite a ele. Um convite quase irresistível. Joshua se amparou em uma arvore,
angustiado entre o que era certo e o que queria fazer, observando-a. As mãos dela
estavam espalmadas na água, o corpo parecendo gritar pelas mãos dele. Joshua
olhou o vestido dela no chão. Repousado delicadamente em cima do vestido estava
o escapulário. Ela o retirara certamente com medo de perdê-lo na água, mas vê-lo
ali mostrou a Joshua que ela ainda o usava, que ainda se importava.

Micaela : O que faz aqui? - Perguntou, sobressaltada. Ele ergueu os olhos pra ela, tarde
demais pra vir na defensiva.

Os dois se encararam por minutos. A vontade era tanta que podia ser sentida no ar.
Nenhum dos dois disse nada. Joshua sabia que se ela saísse da água com a roupa
molhada, grudada ao corpo, sua sanidade iria ao inferno. Mas ela não saiu. Apenas
o encarou, em uma pergunta muda. Porque? O que ela fizera de errado? Por fim
ele recuou, ainda encarando-a. Ela teve vontade de dizer: "Fique.", mas não disse.
As lembranças daquele lugar eram fortes e recentes demais pros dois. E ele virou
as costas, saindo.

Duas semanas depois...

Micaela terminou de servir o jantar. Joshua cutucava a mesa com a faca. Parecia
estar tentando esfaqueá-la. Micaela pôs a ultima travessa na mesa, e Nicholas se
pronunciou.

Nicholas: Avise Mrs. Maggy de que o jantar está servido, por favor. - Disse,
esparramado em sua cadeira.

Micaela : Sim, senhor. - E ela saiu.

Joshua: Eu estou enlouquecendo. Eu estou enlouquecendo. Eu estou enlouquecendo. -


Disse, esfaqueando a mesa.

Nicholas: É, você está. - Disse, distraído - E porque é idiota.

Joshua: Deus, eu não posso nem pensar. - Ele largou a faca, colocando as mãos na
cabeça.
Nicholas: Ela passa bem a sua frente, todo o tempo, e você a rejeita. É mais imbecil do
que posso calcular. - Pensou consigo próprio.

Joshua: Nicholas, eu tenho uma esposa. - Disse, as mãos dentro dos cabelos.

Nicholas: E ela está morta há 05 anos. - Disse, imediatamente - Com todo o respeito que
me cabe, a essa altura o corpo dela já se desfez.

Joshua: Então eu ponho uma criada em seu lugar.

Nicholas: Não uma criada; Uma mulher. Tente não ser idiota. - Impôs, parecendo
entediado.

Joshua: Se fosse Maggy...

Nicholas: Eu sofreria tanto quanto fosse possível. Mas quando, anos depois, aparecesse
outra que me atraísse eu não iria para a cama com uma pintura, acredite. - Garantiu.

Maggy: Porque toda vez que eu entro na sala você está dizendo algo que me soa
indecente, querido? - Perguntou, sorrindo, ao entrar. Joshua e Nicholas se levantaram.

Nicholas: Não foi por isso que você aceitou se casar comigo? - Perguntou, parecendo
confuso. Ela sorriu, apaixonada. A própria Micaela riu consigo mesma, baixinho.
Joshua voltou a se sentar e Nicholas foi puxar a cadeira para a esposa se sentar. - Pode
servir o jantar. - Disse a Micaela .

Micaela serviu Maggy, que mais uma vez comeu muito pouco, Nicholas, e por
ultimo Joshua. Ela não sabia como se aproximar; As refeições eram o inferno. Se
manteve o mais longe que pode, evitando tocá-lo ou entrar em seu campo de
visão... Mas ela não podia controlar o próprio perfume. Ele atingiu Joshua como
uma lamina afiada, e ele olhou pra frente, martirizado.

Nicholas: Pode se retirar. - Disse, vendo que Joshua não dava ordem alguma.

Micaela assentiu e saiu, sumindo pelo corredor. Joshua nem olhou pra comida. Se
houvessem largatas em seu prato ele não teria visto. Olhava a toalha da mesa, a
expressão torturada, como se estivesse asfixNicholasdo. Levou dois minutos pra ele
se levantar em um rompante, dando as costas. Nicholas riu.

Nicholas: Boa sorte. - Disse, levando o garfo a boca. Maggy sorriu, sem entender,
olhando os dois.

Mas Joshua mal ouviu; Ele já estava correndo.

---*
Joshua foi direto ao quarto dela, mas ela não estava lá. Que diabo! Não podia
haver tempo pra se arrepender, ou voltar atrás. Ele andava a passos largos, quase
ofegando pela corrida. Foi quando parou na cozinha.

Joshua: Onde está Micaela ? - Perguntou, direto.

Nina: Eu já a dei dispensa, senhor. Precisa de algo? - Perguntou, confusa.

Joshua não respondeu, pensando. Ela recebera dispensa e não estava no quarto...
Ele sabia onde ela estava.

Joshua: Preciso do molho de chaves. - Pediu.

Nina ergueu as sobrancelhas, e buscou algo preso na cintura de seu vestido. Era
um chaveiro com uma cópia de todas as chaves do castelo. Haviam mais de cem
chaves, mais de duzentas, Joshua não sabia dizer. Ele saiu sem dar explicação. Só
parou quando chegou a frente da sala de banho dos funcionários. Havia barulho de
água lá dentro. Joshua tentou abrir a porta, estava trancada. Levou minutos até
ele conseguir encontrar a chave certa dali. Ele já havia chamado por todos os
demônios que conhecia até lá. Abriu a porta com cuidado, fechando-a atrás de si.
Pensou por um instante, mas reconheceu o perfume dela. Era ela que estava ali.
Joshua caminhou, ainda hesitante, pela sala, até um dos boxes. Era apenas um
quadrado de madeira, que ocultava o corpo da pessoa, no caso Micaela . Ela estava
de costas. Ele só via até o ombro dela.
Tinha os cabelos emaranhados em espuma. Joshua sorriu ao vê-la sacudir a
cabeça, após puxar a cordinha que fazia cair água. Micaela se virou e se
sobressaltou ao vê-lo ali.

Micaela : Meu Deus. - Disse, pondo a mão no peito, respirando fundo pelo susto.

Os dois se encararam novamente, azul contra verde, sem nada dizer. Até que
Joshua largou o molho de chaves (que caiu com um barulho estrondoso no chão),
indo até ela. Ele abriu a porta do box, apanhando-a nos braços e beijando-a
agressivamente. Micaela o aceitou, ofegante e feliz. Ele voltara pra ela. Na
afobação dois terminaram por puxar a cordinha. Um jato de água caiu na nuca de
Joshua, fazendo Micaela rir. Ele sorriu e a beijou novamente. Daquele ponto até
ele ter perdido as roupas, que ficaram pelos cantos, foi muito rápido. Os dois não
se soltavam por nada, a respiração era difícil, a vontade guardada era muita. Sem
contar que o espaço era mínimo. Quando Joshua, por fim, possuiu Micaela , os dois
pararam por um instante, apenas desfrutando a sensação. Porém, quando ele se
moveu...

Micaela : Ai. - Gemeu, franzindo o cenho - Não, pára! - Disse, espalmando as mãos no
peito dele. Joshua a olhou, confuso.

Joshua: O que há? - Perguntou, a voz quebrada. Como ela era louca de mandá-lo parar
agora?
Micaela : Eu não sei, eu... - O corpo dela parecia estar se adaptando, se adequando.

Joshua: Estou machucando você? - Perguntou, a voz preocupada.

Micaela : Me dê um instante. - Pediu, confusa com o que sentia. Aquilo costumava ser
bom, qual era o problema?

E Joshua esperou. Procurando mais uma lista de demônios pra praguejar


mentalmente, mas esperou. Alguns minutos depois ela se moveu, se remexendo. Se
continuasse assim ele teria uma sincope.

Micaela : Eu acho que... - Ele a encarou. Ela estava corada, isso dispensava o resto da
frase.

Ele tentou novamente, e dessa vez ela não se queixou. Logo os dois se consumiam
ardorosamente, com todo o ímpeto que a saudade exigia. De vez em quando um
dos dois se batiam na cordinha, ganhando um jato de água pela cara ou pelas
costas, o que garantia os risos. Quando terminou Micaela abafou um grito no
ombro dele, que se deixou vir chamando pelo nome dela, as mãos apertando-a
saudosamente. O silencio reinou ali. Nenhum dos dois sabia o que fazer, ou o que
dizer. Então Micaela , ainda no colo dele, puxou a cordinha, fazendo a água cair
sob os dois de novo. Os dois riram.

Joshua: Precisei de um tempo... Para pensar. - Começou.


Micaela : Eu pensei que tivesse feito algo errado. - Disse, tirando o cabelo dele do rosto.

Joshua: É claro que não o fez. Eu só... Minha esposa... - Micaela esperou - Esquece
isso. - Disse, franzindo o cenho. Não queria falar de Dulce María.

Micaela : Senti saudade. - Disse, abraçando-o. Joshua sorriu do jeito de menina dela,
retribuindo o abraço, enquanto beijava seu ombro. Fazia um frio cortante ali, tanto pelo
clima lá fora tanto porque os dois estavam molhados.

Joshua: Vamos pro seu quarto? - Convidou, ainda beijando o ombro dela.

Micaela : É a primeira vez que você pede permissão. - Comentou e ele riu, dando de
ombros - Mas eu quero que você vá. - Disse, beijando a orelha dele, que sorriu.

E tudo estava bem novamente.

Joshua: Porque você está se vestindo? - Perguntou, indignado, ao se virar e vê-la de


camisola.

Micaela : Porque alguém vai ter que usar as toalhas que eu trouxe para mim. - Disse,
apontando com a cabeça pro bolo de roupas molhados.
Joshua: Se alguém me ver assim... - Disse, pensativo, olhando o bolo de roupa.

Micaela : Será potencialmente problemático. - Disse, se aproximando com uma toalha.


Ele estava dentro do box, com a porta fechada, escorado na porta. Os músculos dos
braços, naquela posição, se viam bem mais agressivos. Ela secou o rosto dele
ternamente, o toque da toalha sendo suave - Mas daremos um jeito. Eu posso ir buscar
outra muda de roupas. - Propôs.

Joshua: Não. - Disse, imediatamente. Micaela o olhou - Nicholas ainda está a solta. Não
quero que você se bata com ele vestida assim. - Explicou, e Micaela riu.

Micaela : De qualquer forma, saia dai, vai se resfriar. - Disse, secando o cabelo dele, que
ficou todo arrepiado.

Joshua: Talvez você possa entrar de novo, e me aquecer. - Propôs, malicioso - Podemos
passar a noite aqui.

Micaela : Er... Eu dispenso. - Ele riu - Estou falando sério, vai se resfriar! - Ralhou.

Joshua: Não posso sair por ai nu, nem enrolado em uma toalha! Eu sou um rei. - Disse,
debochado. Micaela revirou os olhos.

Micaela : Toma. Se seque e se cubra. - Disse, entregando as toalhas a ele.

Joshua: Não vai sair assim. - Ordenou, severo.

Micaela : Apenas se seque. - Disse, apanhando as roupas dele.

Joshua viu, divertido, ela torcer suas roupas o Maximo que pôde, mas por fim
ainda estavam molhadas. Ela entregou a ele ficando com a camisa na mão, ainda
na tentativa de torcê-la mais. Por fim Joshua saiu, com as roupas molhadas. Com
sorte ninguém os viu no corredor. Ao entrar no quarto dela ele largou o colete
molhado em um canto no chão, se livrando da camisa, mas ela havia recuado. Ele
não entendeu até vê-la bater a porta. Tentou abrir, estava trancada. A explicação
veio quando ele ouviu o barulho do pesado molho de chaves, vindo do lado de fora.

Micaela : Há toalhas secas na cômoda. - Sussurrou.

Joshua: Abra essa porta, ou eu a arrombarei. - Ameaçou, em um rosnado.

Micaela : Use as toalhas. Não faça barulho. Eu já volto. - E ele ouviu os passos dela se
afastando. Ela era louca?

Demorou minutos. Micaela não foi até o quarto dele; Foi até a lavanderia. Estava
tudo deserto por lá. Ela usou uma das chaves para abrir a porta. O diabo é que
estava tudo escuro. Levou minutos para ela conseguir achar um conjunto completo
de roupas para ele. Por fim fechou a porta, voltando. Um raio não cai duas vezes
no mesmo lugar: Ela se bateu com Nina no corredor. A outra olhou a muda de
roupas na mão dela, o molho de chave que Joshua havia lhe tomado, e o cabelo de
Micaela , ainda molhado. Juntou as peças e soube o que havia acontecido. Micaela
não disse nada, apenas passou por ela no corredor, apressando o passo. Algo lhe
dizia que Nina era problema pequeno comparado a deixar Joshua preso muito
tempo. Ela entrou no quarto, trancando a porta atrás de si. Ele estava enrolado em
uma toalha, e com outra em volta do pescoço. Ela riu.

Micaela : Trouxe roupas. E nem me bati com Mr. Nicholas. - Disse, se justificando.

Joshua: Você me prendeu. - Disse, a voz séria.

Micaela : Por uma causa nobre. - Ainda tentou, mostrando a ele as roupas secas e limpas
em seu braço, enquanto largava a chave na cômoda.

Joshua: Recapitulando. - Micaela assentiu - Você desobedeceu minha ordem, me


enganou, e me trancou. - Micaela ergueu as sobrancelhas, prendendo o riso - Atrevida
demais. - Condenou. Ela viu ele descruzar os braços, tirando a toalha do ombro - Venha
até aqui.
Micaela : O que há? - Perguntou, desconfiada, largando as roupas dele cuidadosamente
nos pés da cama.

Joshua: O que acontece com quem desobedece um rei? - Perguntou, obvio. Micaela
esperou - Você vai ser punida. - Disse, a voz suave demais pra não ser perigosa -
Tranque a porta e venha.

Micaela estava apanhando de Joshua. Ela nem acreditava nisso. Começara com
uma pergunta confusa.

Micaela : Castigada? – Perguntou, pregada onde estava.

Joshua: Não faça perguntas, apenas me obedeça. – Ordenou, autoritário. O tom de voz
dele fez ela se arrepiar.

Micaela deu um passo hesitante, logo depois outro. Joshua observava, o rosto
impassível, mas rindo absurdamente por dentro. Quando Micaela chegou ao
alcance dele ele bateu nela com a toalha que tinha na mão, ensopada. Joshua
aprendera, em uma brincadeira de crNicholasça, que golpes de tecido molhado não
deixavam marca. Ótimo. Ele viu os olhos dela se abrirem em placas, surpresa, mas
logo outro golpe a atingiu. Ele a agarrou pelo braço, batendo nas laterais do corpo
dela com a toalha como quem bate em uma crNicholasça com um cinto. Aquilo não
doía, apenas causava um impacto ardido. E uma sensação que ela não sabia
reconhecer, vinda do fato e estar submissa, subjugada por ele. Na linguagem de
hoje em dia ela sentiu tesão por isso.
Micaela : Pare... – Disse, se esquivando. Os dois giravam pelo quarto, ela tentando se
soltar e se esquivar e ele golpeando-a e segurando-a. Os dois riam. – Em nome de Deus,
pare! - Pediu, sem fôlego.

Joshua: Agora tu rogas por Deus? – Perguntou, encarando-a, os olhos verdes começando
a se dilatar, a respiração já alterada pelo riso, por bater nela e por segurá-la - Pois deixa
Deus fora disso.

Micaela foi arremessada na cama. Aquilo resultava divertido. Ambos sabiam que
se ele quisesse aquela cena podia ser real; A propósito, sob ordens dele, ela já
levara a maior surra de sua história até agora. Mas agora não. Agora o clima era
leve, gostoso. Micaela , ao perceber que na cama não tinha pra onde correr, tentou
se levantar em um rompante. Mas ele já estava lá. A apanhou pelos ombros,
arremessando-a de volta na cama, agora de barriga pra cima. Os cachos dela
dançaram a volta dela, e ele observou aquele ato, fascinado. Joshua a prendeu
entre as pernas, e ela protestou, tentando se levantar. No impulso o estapeou. Os
dois pararam com o gesto dela. Os dois se encararam um instante, antes de
voltarem a falar. Era cômico.

Micaela : Foi sem querer. – Se apressou a dizer, os olhos azuis brilhando.

Joshua: Bateste em mim. – Confirmou o ato, observando-a.

Micaela : Um acidente. – Justificou – Tu está me batendo, foi um reflexo! – Mas Joshua


negou com a cabeça.

Joshua: Por mais que eu a castigue, você nunca aprende. Me bateu! – Exclamou,
admirado – Nunca aprende.

E ele voltou a surrá-la com a toalha. Micaela se retorcia na cama, se esquivando,


mas era acertada em todas. Ele tinha que mantê-la presa dentre suas pernas para
não deixá-la fugir. Não que fosse o momento de comparações, mas sexo com
Micaela era melhor que com Dulce. Dulce era tímida, recatada e envergonhada.
Parecia apenas fazê-lo para satisfazer o marido, pois era sua obrigação. As luzes
estavam sempre apagadas, havia silencio e era sempre o que chamamos de „arroz
com feijão‟ (Ou papai e mamãe, se você preferir.). Com Micaela não. Com ela as
luzes estavam sempre acesas. Haviam risos, posições diferentes, prazeres com
novos gostos. Havia liberdade entre os dois. Deus, até no rio que Dulce certa vez
classificara como repugnante fizeram! Ele viu o rosto dela se afoguear, atento as
suas reações.

Joshua: Tu estás gostando disso. – Disse, observando-a. Micaela o encarou, o rosto


afogueado, os olhos ressaltados – Cigana maldita, eu te bato e isso te agrada? –
Perguntou, fingindo-se de sério, mas fascinado por dentro.

Micaela : Tu estás me castigando. Porque eu haveria de gostar? – Perguntou, em sua


defesa. Mentira, ela estava gostando mesmo.
Joshua: E te atreves a mentir para mim. Olhe só teu rosto! – Ele apanhou o rosto dela
com uma mão (a outra ainda segurava a toalha), erguendo-o. A pele dela estava quente
sob a mão dele. – Está em fogo. – Disse, em um murmúrio. Ela apenas o encarou.
Ofegava sem ter um porque exato. – Mas você vai aprender. – Ele largou o rosto dela,
que voltou a cair na cama – Eu vou te mostrar.

Joshua largou a toalha. Ela viu ele apanhar sua camisola pelas duas abas, e antes
que protestasse o tecido se rasgou. Joshua continuou destruindo a camisola dela
até que ela só ficou com o short. Foi quando ele parou, para observar o trabalho
feito. Era uma vez uma camisola. Ela tinha o rosto corado por sua nudez, os
cabelos que ele tanto amava largados ao seu redor, alguns cachos por seus ombros,
os seios fartos de presente aos olhos dele, assim como a barriga definida. O short
sobreviveu. Micaela , tomada pelo rubor, se tapou.

Joshua: Como ousa? – Perguntou, forçadamente ultrajado. – Tire os braços. – Ela não se
moveu – Micaela , isso foi uma ordem. – Repetiu. – Agora.

Micaela : Não. – Respondeu, a voz tremula pela ousadia e pelo riso preso. Viu ele erguer
a sobrancelha, o verde dos olhos surpresos.

Joshua: Vejo que não foi o suficiente. – Comentou, meio que falando consigo mesmo.
E a toalha, úmida e molhada, bateu no ombro e no braço de Micaela estremeceu,
se mantendo. Joshua voltou a investir seus golpes contra ela. Era ardido, mas não
chegava a ser dor. Ela se esquivava, rindo e se debatia contra ele, tentando se
levantar, sair dali, os braços ainda tapando os seios. Micaela soltou os seios e
passou a lutar com ele pra tomar a toalha. Sua pele já estava vermelhinha,
irritada, mas aquilo não deixava de ser bom. Ela o empurrou deitado na cama,
com ela por cima. Joshua podia lançá-la no inferno, mas deixou que ela o
dominasse.

Micaela : Solte isso. – Disse, tentando soltar a toalha da mão dele. Joshua ria do esforço
dela. – Ande, solte! – Micaela não percebia em cima de que estava sentada, e de que
estava quase nua. Ele apenas observava. Ela se abaixou e mordeu o punho dele, que no
susto largou a toalha, que caiu no chão.

Joshua: Feiticeira amaldiçoada, agora até mordes? – Micaela riu, vitoriosa – Cigana. –
Acusou, mordendo o ombro dela, enquanto suas mãos desciam pela pele clara de suas
costas de modo pegado.

Micaela não viu como, mas estava por baixo. Ela imediatamente tentou se tapar,
mas ele já havia detido seus braços.

Joshua: Não senhora. – Disse, afastando os braços dela – Não mais. – Disse, e parecia
estar falando consigo próprio.
Joshua beijou o queixo dela suavemente antes de baixar o rosto de vez. Ele estava
faminto. Quando a boca dele alcançou os seios dela Micaela arfou, se arqueando,
pela intensidade. Parecia que o tempo que passara afastado dela piorara sua
brutalidade. Vendo ela se arquear ele a abraçou pelas costas, lhe mordendo os
seios, beijando. Micaela se amparou nos ombros dele, sentindo aquela sensação
estranha se apoderar dela outra vez. Mesmo concentrado nos seios dela ele
percebeu o gesto inconsciente dela de abrir-lhe as pernas, acolhendo-o. Era o corpo
pedindo de forma muda. Micaela nem viu que fez aquilo, ela nem percebeu.

Ela só percebeu que havia o acolhido dentro de suas pernas quando ele pressionou
a intimidade dos dois, a dele já ativa e viril, o que a fez gemer, surpresa. Joshua
sorriu, enquanto se deliciava nos seios dela. Pareciam ter sido feitos só para seu
paladar, na medida e no formato certo. Micaela acariciou os cabelos dele, os olhos
fechados, deixando que ele se banqueteasse. Os seios de Micaela já estavam
vermelhos, sensíveis, os mamilos túmidos, quando ele a deixou. A boca desceu pela
barriga dela, parando um instante no umbigo. Micaela se sobressaltou ao ser
beijada ali. A sensação era estranha, e causava cócegas. Ele mordeu a barriga dela
em alguns pontos, sentindo a pele de pêssego se retrair ao toque de seus lábios. Mas
não havia o gosto que ele queria: O gosto dos lábios dela. Assim ele voltou a boca
dela, tomando-a em um beijo repentino. Que saudade! As línguas se encontraram e
se reconheceram imediatamente em um beijo ávido, apaixonado. Durou alguns
instantes, mas Micaela sentia que aquilo não consistia apenas em deixar que ele a
tocasse. Foi incerta que ela largou seus lábios e, hesitante, lhe beijou o rosto, perto
da orelha.Era pecado estar degradando aquela inocência, mas era excitante
demais, e ele arderia no inferno. Ele sentiu as mãos dela, incertas, pousadas nos
músculos de seus braços, de modo hesitante.

Joshua: Você quer me tocar? – Perguntou, a voz rouca pelo esforço de não tocá-la.
Micaela assentiu, umedecendo os lábios – Faça-o.

Micaela : Não sei como. – Admitiu, se achando estúpida. Joshua estremeceu com aquela
confissão. Era mesmo um depravado pra se excitar assim pela inocência de alguém.

Joshua apanhou a mão dela, pondo-a em suas costas. Ela contornou os músculos
dele, guiada pelo próprio, até que se soltou. Gostava de sentir os relevos, a pele
firme. O acariciou por instante, até que suas mãos alcançaram o nó da toalha. Ele
a encarou, encorajando-a. Micaela pensou na hipótese e algo forte atravessou seu
corpo.

Micaela : Eu acho que há algo errado. – Joshua franziu o cenho – Comigo. – Ele
continuou confuso – Toda vez que nós... – Ele esperou, tentando entender – Acontece
algo. Algo... Estranho. – Ela estava vermelho sangue.

Joshua: Estranho? – Perguntou, ainda confuso.


Micaela : Quando estamos assim... Acontece algo... Algo com meu corpo. – Disse, e ele
assentiu, entusiasmando-a. – É algo que só acontece quando eu estou com você. Uma
parte do... Do meu corpo, fica estranha.

Joshua: Que parte? – Perguntou, ainda boNicholasdo. Pelo rosto dela viu que ela não
falaria. – O que você define como estranho?

Micaela : Quente. – Joshua sorriu ao entender o que era. Como era possível que
houvesse alguém tão inocente no mundo?

Joshua: Creio que sei o que é. – Micaela esperou, envergonhada e ansiosa. Talvez
estivesse doente. Pode parecer patético, mas ela realmente não sabia porque aquilo
acontecia. Talvez estivesse doente. Porque ele estava com aquele sorriso no rosto? –
Quente. – Micaela assentiu – Molhado. – Ela ruborizou mais ainda. – Como... Isso? –
Perguntou, e Micaela não pôde reprimir, foi rápido demais. A mão dele desceu por sua
barriga, sumindo por dentro de seu short e encontrando a intimidade dela. – Como isso?
– Perguntou, em um murmúrio, os dedos explorando a intimidade dela, quente e
molhada como fora avisado. Micaela parecia ter perdido a capacidade de falar, então
apenas assentiu.

Joshua levou um dedo ao interior dela, logo um segundo. Ela olhava pra frente, as
unhas cravadas no ombro dele. O interior dela se tornava cada vez mais úmido;
apesar do choque ela gostava daquilo. Ele mordiscou os lábios dela, deliciado por
sua inocência. Ele moveu os dedos e ela arfou, languida.

Joshua: Isso vai acontecer com você toda vez que você tiver vontade de estar com
alguém. – Algo mordiscou Joshua ao imaginar que outro homem poderia tocá-la.

Micaela : Então eu creio que quero muito estar com você agora. – Disse, em um
murmúrio, enquanto o encarava. Joshua a olhou como se esperasse encontrar algo
dentro dos olhos dela. Ela apenas observou o verde intenso dos olhos dele, satisfeita por
estar ali, por ser a escolhida.

Depois daquela revelação nada mais foi dito. O ato se consumou minutos depois.
Joshua a possuiu como se não fosse ter mais a oportunidade, de modo desesperado,
e ela entregou tudo o que podia. Quando terminou ele a abraçou, trazendo-a pro
seu peito, beijando-lhe a testa. O silencio reinou por instantes.

Micaela : Aquilo... – Disse, e ele a olhou – Só acontece com você.

Joshua: Só comigo? – Perguntou, acaricNicholasdo o cabelo dela. Ele gostara


violentamente de ouvir aquilo.

Micaela : Só... Só acontece quando estou perto de você. Quando me toca. Quando ouço
sua voz, quando fala comigo. – Admitiu.
Joshua: Então vai acontecer muitas vezes mais. Eu vou fazer acontecer sempre que
puder. – Prometeu, mordendo a orelha dela.

Micaela : A propósito... Eu estava mesmo gostando das toalhadas. – Brincou e ele riu
gostosamente, fazendo-a sorrir.

Em seguida ele trouxe o rosto dela pra si com a mão, beijando-a docemente. Logo
dormiriam. E nada mais seria dito.

---*

Joshua: Suri, está se tornando aborrecida. – Recriminou, respirando fundo. A menina


simplesmente não lhe dava paz.

Suri: Papai, eu sou princesa, não sou? – Essa pegou Joshua desprevenido.

Joshua: Sim, você é. – Disse, tentando entender.

Suri: Segundo o senhor, um dia serei rainha, não é? – Continuou.

Joshua: Sim, Suri, será. – Disse, paciente.

Suri: Pois então como princesa herdeira e futura rainha eu ordeno que Micaela passe a
tomar conta de meus afazeres. – Disse, solene.

Joshua piscou duas vezes antes de gargalhar gostosamente. Suri cruzou os


bracinhos, séria, aguardando.

Suri: Papai, não ria de mim! – Pediu, mas Joshua ainda ria – E então?

Joshua: Ai... – Ele pôs a mão em cima da barriga, ainda rindo – Eu vou pensar no
assunto. – Um sorriso iluminou o rosto de Suri – Eu disse pensar, Suri. – Disse, severo.

Suri: Entendo, claro. – Disse, satisfeita.

Joshua: Vou descer. Seja uma boa menina com a Srta. Dobrev. – Ordenou, se
levantando.

Suri: Eu sempre sou. – Disse, ainda sorrindo. Joshua sorriu e beijou a testa da filha,
saindo.

Joshua terminou de descer as escadas rindo. Que diabo, mal tinha 05 anos e já
queria mandar nele! O sorriso de Joshua se fechou ao se bater com Nicholas.

Nicholas: Como passou a noite? – Perguntou, divertido.

Joshua: Sem piadas. – Disse, entrando na sala. – Alguma novidade?


Nicholas: Chegou uma carta. Há um mensageiro de Robert a caminho. – Informou,
recostado em sua cadeira. Joshua parou, franzindo o cenho.

Joshua: De Robert? Pensei que ele houvesse dado seu parecer final, que não viria. –
Disse, confuso.

Nicholas: Acontece... – Começou, circulando a alNicholasça em seu dedo – Que Maggy


mantém contato com Vanessa. Há tempos vem tentando convencer Vanessa a induzir
Zack a aceitar nossa proposta. Não me pergunte como isso, eu só soube ontem. – Disse,
tentando se resumir – Vanessa não quer Zack no fogo cruzado, porém tem um velho
amigo... chamado Robert. – Disse, irônico.

Joshua: A esposa de Zack é amiga de Robert? – Perguntou, surpreso.

Nicholas: Aparentemente foram criado juntos, ou cresceram juntos, não importa. O que
importa é que Vanessa foi até Robert e conversou particularmente com ele. Como diria
minha ama de leite, vocês brancos que se resolvam. – Disse, pensativo – Algo que ela
disse fez ele pelo menos considerar a proposta, é o que importa. Pelo que soube são
amigos íntimos. Me contaram que Zack até confia em deixar Vanessa sair em viagens de
caça com Robert, na floresta. – Joshua ergueu as sobrancelhas – Curioso é que ninguém
nunca viu nenhum dos dois voltar com qualquer caça. Mas o que eles caçam não é
problema nosso. O fato é: Robert baixou a guarda, então bendita seja Vanessa.

Joshua: Zack? – Perguntou, em vão.

Nicholas: Ainda nada. Não quer se envolver, e ponto. – Ele se levantou, indo até a mesa.
Haviam vários papeis espalhados. Ele olhou um deles fixamente, quase obsessivo – Eu
conheço Zack. Ele só precisa ver a cara encardida de Hades e estará furioso pela
batalha.

Joshua: A propósito... Porque você cedeu? – Perguntou, de cenho franzido.

Nicholas: O que é a vida sem algumas batalhas? – Perguntou, divertido.

Joshua: Brigou com Maggy? – Ele teria brigado com Dulce.

Nicholas: Ora, é claro que não, porque brigaria? – Perguntou, se endireitando – Deixe
que ela continue a manter contato com Vanessa. Vai que um dia desses convence a
própria a jogar o marido no tabuleiro? Elas mulheres que se entendam. – Joshua riu. –
Falando em mulheres...

Joshua: Eu disse: “Sem piadas.” – Cortou.

Nicholas: Seu humor parece ótimo essa manhã. – Continuou, alegremente.

Joshua: E ele está. A propósito, eu estou com fome. Morrendo. – Nicholas riu - Com
licença. – E saiu da sala.
O dia passou nos conformes. Joshua tomou seu café e voltou a discutir táticas de
ataque com Nicholas. O problema é que eles queriam que Hades atacasse: Quem
ataca perde força com isso. No fim da tarde eles pararam. Joshua saiu
caminhando, pensando em tudo. Suri tentando dar uma de rainha pra cima dele.
Maggy e Vanessa... Não, Dulce jamais teria coragem de fazer o que Maggy fizera,
tão tímida que era. Seu pensamento não pode evitar constatar que Micaela o faria
sem pensar duas vezes. Ele passou a mão no cabelo, espantando aquilo, foi quando
viu Nicholas e Maggy, passeando de mãos dadas pelo jardim. Nicholas já ria.
Joshua respirou fundo; Não havia mais como desviar.

Nicholas: Pelo que eu soube. – Sussurrou, ao passar por Joshua – Ela está na lavanderia.

Joshua: Como vai, Maggy? – Perguntou, apanhando Maggy de surpresa e fazendo


Nicholas gargalhar.

Por fim Nicholas seguiu seu caminho com a esposa, e Joshua voltou a caminhar.
Andou... Andou... E quando percebeu estava na área da lavanderia. Já que estava
lá não custava nada, não é?

Ele estava prestes a desistir quando a encontrou. Estava em uma sala fechada com
pilhas de roupas, passando-as. Ele fechou a porta em silencio e a agarrou pela
cintura, afundando o rosto em seu pescoço. Micaela se sobressaltou mas sorriu.

Micaela : O que faz aqui? – Perguntou, divertida – Ei! – Joshua havia mordido seu
ombro.

Joshua: Senti sua falta. – Murmurou, ainda beijando-a.

Você não está só,


Juntos permaneceremos ♫

Micaela : Cuidado... Joshua! – Exclamou.

Joshua a virou pra si, sem lhe dar o direito de resposta, e a beijou. Micaela ofegou,
surpresa, mas correspondeu. As mãos dele subiram pelas costas dela de modo
apertado, pressionando-a contra o seu peito... E ele esbarrou a mão no ferro, em
cima da mesa. Micaela só entendeu o gemido de dor quando ele a soltou.

Joshua: Diabo! – Rosnou, sacudindo a mão pra conter o ardor.

Micaela : Eu avisei para que tivesses cuidado. – Disse, preocupada – Me deixa ver. –
Ela apanhou a mão dele, vendo a pele vermelha, irritada – Espera aqui.

Joshua: Não precisa, foi só um... – A porta bateu, deixando-o só – Ótimo. – Murmurou
sozinho.
Joshua olhou em volta. Encontrou um banco vazio entre as pilhas de roupas,
algumas passadas e dobradas e algumas amassadas. Se sentou, encostando na
parede. Logo ela voltou, fechando a porta com o pé. Tinha um paninho molhado na
mão. Micaela se ajoelhou em frente a ele, apanhando sua mão. Ele sorriu quando
o alivio da água fria atenuou a dor do queimado.

Eu estarei do seu lado,
Você sabe que eu segurarei sua mão ♫

Joshua: Não há roupa demais aqui? – Perguntou, pondo o cabelo dela atrás da orelha
com a mão livre.

Micaela : Ontem a noite, quando vim aqui buscar roupas pra ti, Nina me viu na volta. –
Disse, deliciada com o carinho – Supôs a verdade, então está tentando me derrubar
novamente. – Disse, dando de ombros.

Joshua: Eu vou falar com ela. Isso é absurdo.

Micaela : Não! – Disse, cortando-o – Já falam demais sem que você saia por ai me
defendendo. Está bem como está, eu dou um jeito. – Ela trocou o lado do paninho,
pondo o lado mais frio na mão dele. Os ferros de antigamente eram grandes e pesados,
feitos de metal e preenchidos com carvão em brasa. Para manuseá-los a pessoa
precisava proteger a mão com um pano, e a todo tempo caiam cinzas na roupa, o que
prejudicava e muito. As mãos frágeis de Micaela estavam doloridas, mas ela não se
queixou.

Joshua: Olha pra mim. – Disse, erguendo o rosto dela. A memória dele nunca parecia
fazer justiça, o azul dos olhos dela era cada vez mais misterioso – Eu quero que tuas
mãos, assim como teu corpo, sejam guardados para mim, não mutilados em uma taboa
de roupas. – Disse, tocando os lábios dela com o dedo. – É minha vontade. É lei.

Quando estiver frio e parecer o fim,


Não há lugar pra ir, e você sabe, eu não vou ceder.
Não, eu não vou ceder... ♫

Micaela : E qual lei tu vais criar justificando que uma criada não deve passar roupas? –
Perguntou, sorrindo de canto. Ela levou a mão, hesitante, até o rosto dele, tocando a
maxilar.

Joshua: Não preciso criar uma lei, é só dar uma ordem. – Disse, franzindo o cenho.
Micaela passou a mão no cenho dele, desfazendo-o.

Micaela : Eu estarei lá esperando por você, sempre que me procurar. Não é o suficiente?
– Perguntou, sorrindo de canto. – Tu vais me beijar. – Constatou, vendo o rosto dele. Ele
sorriu.
Joshua: Como podes saber? – Perguntou, fascinado.

Micaela : Teus olhos avisam. – Respondeu, simples. Joshua se inclinou, abraçando-a, e


beijando-lhe o rosto.

Continue agüentando firme


Porque você sabe que conseguiremos, nós conseguiremos ♫

Joshua: Queres que eu a beije? – Perguntou, os beijinhos traçando o rosto dela, o


queixo, a maxilar, nunca a boca.

Micaela : Acho que é o que eu mais quero agora. – Murmurou, quietinha.

Ele a encarou, sorrindo de canto, e se aproximou. Os lábios dos dois se


encontraram ternamente, e o beijo foi doce, calmo. Micaela o abraçou
cautelosamente, as mãos acaricNicholasdo seus cabelos... E ouviram uma voz vindo
do lado de fora, gritando por ela, o que matou o beijo. Micaela se soltou dele,
levantando aos tropeços. Era Nina. Os dois se encararam, logo olhando a porta:
Nenhum dos dois havia trancado.

Joshua nem viu. Micaela fez um movimento simples e um bolo de roupa caiu por
cima dele, seguido pelo peso dela, que sentou em seu colo. Ele piscou, afastando o
nariz do tecido, e ela abriu o vestido, tapando as pernas dele.

Joshua: Foi-se o tempo em que tu me respeitavas. – Disse, divertido.

Micaela : Calado. – Ralhou em um sussurro. E Nina entrou na sala.

Nina: Não me ouviu chamar? – Perguntou, olhando Micaela – Porque está sentada?
Acha que aqui é tua casa?

Micaela : Acho que torci o tornozelo. – Mentiu, segurando o tornozelo. Nina ergueu a
sobrancelha.

Nina: Ah. – A possibilidade de Micaela ficar manca já era explicação o suficiente.

Micaela : AI! – Gritou, se sobressaltando. Joshua alcançara as coxas dela por debaixo do
vestido, e a beliscava. Ela ouviu o riso rouco dele em seu ouvido.

Nina: Está doendo? – Perguntou, satisfeita.

Micaela : Absurdamente. – Disse, irônica, segurando as mãos de Joshua.

Nina: Enfim, não demore ai, você ainda tem mais trabalho depois disso. – Disse,
olhando em volta – Preciso de um jogo de toalhas. Acreditas que a peste, o demônio da
Suri conseguiu se sujar toda com o painel de tintas? – Perguntou, apanhando as toalhas.
Os braços de Joshua se imobilizaram. – Eu ainda avisei, mas não me deu ouvidos.
Agora está com o cabelo seco de tinta óleo. Ah, se coubesse a mim...

Micaela : É só uma crNicholasça. – Disse, agora lutando pra manter Joshua sentado.
Parecia que o outro tinha o ímpeto de se revelar.

Apenas seja forte


Porque você sabe que eu estou aqui por você, eu estou aqui por você ♫

Nina: Uma crNicholasça mimada porque não consegue andar. Lá é culpa minha que é
aleijada? – Um rosnado havia naquela sala, mas só chegava aos ouvidos de Micaela –
Eu já vou. Quanto mais tempo eu demoro, mais a tinta seca. Volte a passar a roupa. – E
ela saiu.

Micaela tropeçou quando Joshua conseguiu se libertar. O rosnado dele ecoava pelo
quarto, estava branco feito giz. Ele retirou a ultima peça de roupa de cima de si e
avançou para a porta. Micaela entrou no meio.

Micaela : Não. – Pediu, se segurando na porta. – Joshua, não!

Joshua: Não me obrigue a te tirar a força, você sabe que eu posso! Saia! – Micaela se
agarrou a porta – É uma ordem, saia agora!

Ela passou a mão na fechadura, trancando a porta, e obedeceu, saindo. Ele puxou
a porta que não obedeceu, e percebeu o que ela fizera.

Joshua: Não é hora para brincadeiras, me dê a chave. – Ordenou, avançando pra ela.

Micaela : Nunca vai aprender a ouvir um não? – Perguntou, recuando.

Joshua a encarou, a fúria em seus olhos mais que evidente. Não queria descontar
seu ódio nela, mas aparentemente seria impossível.

Joshua: Só vou ordenar mais uma vez. Me dê a chave. Ela continuou recuando.

Micaela : Não é não. – E ela pôs a chave dentro do decote.

Joshua: Acha mesmo que eu não vou pegar? Porque você está defendendo ela?!

Micaela : Porque ela não fez nada. – Disse, ainda recuando.

Joshua: Como é? Ela chamou minha filha de demônio! Aleijada vai estar ela se
sobreviver ao que vai passar, anda, me dá a chave! – Ele avançava mais ainda.

Micaela : Eu sei que ela chamou, mas você não. Você não estava aqui, Joshua! – Isso o
desarmou. – Não nos denuncie por sua raiva.
Não há nada que você possa dizer,
Nada que você possa fazer,
Não há outro jeito quando se trata da verdade ♫

Joshua: Eu tenho pena da alma dela quando eu puser minhas mãos nela. – Rosnou.

Micaela : Depois, por outro motivo. Esse não. – Ela o fez sentar novamente. Joshua
ofegava.

Joshua: Estou com raiva. – Rosnou, enquanto ela acariciava seu cabelo – Me distraia. –
Pediu, antes de amparar a cabeça na barriga dela.

Micaela : Já passou. Foram só comentários maldosos, ela gosta de fazer isso. – Disse,
acarinhando-o.

Joshua: Eu quero matá-la. Vou fazer isso eu mesmo. – Disse, inconformado.

Micaela : Não vai não. Vai ficar aqui comigo, e se acalmar. – Disse, acaricNicholasdo-o.

Joshua: Suri nunca teve nem a oportunidade de... Tudo por causa daquele desgraçado. –
Murmurou. Micaela tinha os olhos fixos a frente. Ela tinha algo a dizer, mas se dissesse
ele não confiaria e ela não poderia tentar. Ah, sem contar que ele a mataria.

Micaela : Shhh, acabou. – Disse, acaricNicholasdo-o, quieta.

Joshua ficou parado, sentindo o carinho dela por um bom tempo. Mas seu ódio não
passava. Ela sentiu quando ele apertou suas coxas pelas laterais, respirando fundo.

Joshua: Venha aqui. – Murmurou, e a ergueu do chão, apanhando-a no colo.

Então continue agüentando firme


Porque você sabe que conseguiremos, nós conseguiremos ♫ ㅤ
Não houveram muitas preliminares, nem nada mais que o necessário. Micaela só
sabia que seu corpo era a única coisa que o deteria agora, e ela o cederia de boa
vontade. Joshua meio que a deitou em uma pilha de roupas ao seu lado, se
separando dela apenas pra abrir seu cinto, e se desviar do vestido dela. Quando ele
a possuiu ela arqueou o corpo, arfando. Joshua se manteve parado, sentindo cada
nervo do corpo reagindo a mudança da situação. Não houve violência daquela vez,
tampouco. Quando ele se moveu, a encarava, ambos cúmplices do que acontecia. O
ritmo foi se alterando aos poucos, mas os olhares se mantinham juntos, unidos. E
não havia muito que ser dito mais sobre aquele dia.

---*

Joshua: Anjo. – Disse, se sentando na cama da filha. Suri ergueu o rosto do livro de
colorir que tinha no colo – Você gosta da Srta. Dobrev?
Suri: Não. – Disse, curta e clara. Joshua piscou, achando graça da espontaneidade.

Joshua: Porque? Ela maltrata você? – Perguntou, como quem não quer nada.

Suri: Não, ela só é chata. Não tem graça ficar com ela. – Disse, se esticando na cama –
Mas se o senhor colocasse Micaela no lugar dela... – Interrompida.

Joshua: Não comece. – A menina riu, sapeca – Alguma vez a Srta. Dobrev fez algo que
machucou você? Algum acidente... Algo assim? – Algo que levaria a cabeça dela pra
forca, por exemplo.

Suri: Não que eu me lembre. Está tudo bem? – Perguntou, estranhando.

Joshua: Tudo sim. Eu só precisava saber. Você já jantou? – A menina assentiu com a
cabeça – Não deveria ir dormir agora, então?

Suri: Assim que eu terminar esse desenho. – Propôs, e ele sorriu.

Joshua: 05 minutos.

Suri: 10. – Intercedeu.

Joshua: O que eu faço com você? – Perguntou, passando a mão no cabelo. A menina riu
– 10 minutos e eu venho ver você. – A menina assentiu.

Joshua deu um beijinho na testa da filha e saiu. Ainda espumava de raiva, mas
Micaela o fizera prometer que não faria nada. Ele cumpria suas promessas. Ele
não torceria o pescoço de Nina, isso era cumprir sua promessa. Voltou em 10
minutos e pôs Suri na cama, cobrindo-a do frio que fazia. A menina pediu pra que
ele lesse, pra atrair seu sono. Assim ele terminou na cama dela, sem sapatos, lendo
um livro grande e ilustrado. Quando a menina dormiu ele a abraçou forte,
beijando-lhe os cabelos. Nem que lhe custasse a vida, nunca nada de mal
aconteceria a Suri. Por fim a pôs entre as almofadas, guardou o livro e apagou as
velas, saindo. É claro que não foi pro próprio quarto.

Micaela : Até que enfim! – Disse, ao vê-lo entrar no quarto – Já estava prestes a ir atrás
de ti! – Disse, suspirando aliviada. Não havia sangue na roupa dele; Nina estava viva.

Joshua: Fiquei um pouco com Suri. – Disse, abraçando-a – O que ia fazer, entrar na sala,
pedir licença a Nicholas e me trazer pelas orelhas? – Perguntou, divertido, erguendo-a
do chão. Micaela riu.

Micaela : Algo do tipo. – Disse, manhosa, aceitando a fungada que ele dava em seu
pescoço.
Joshua trouxe o rosto dela pra si, beijando-a, e a levou até a cama. Os dois caíram
deitados lá, aos beijos e carinhos, e ela o acolheu dentre suas pernas, satisfeita. Na
manhã seguinte...

Joshua: Srta. Dobrev. – Disse, aparecendo do nada. Nina quase derrubou a bandeja no
susto. Joshua não de desculpou.

Nina: Meu senhor. – Respondeu, se recuperando do susto.

Joshua: Tenho algo a falar com você... Sobre aquela criada. Micaela . – Disse, com a
mão as costas. Nina esperou. Havia algo estranho nos olhos de Joshua, como se ele
reprimisse a vontade de atacar.

Nina: Ela o importunou, senhor?

Joshua: Não. É sobre a carga de trabalho dela. – Nina ergueu a sobrancelha – Me parece
demais para uma só mulher.

Nina: É justo, senhor. Todos temos nossas atividades. – Disse, tentando modelar o
ciúme na voz.

Joshua: Justo. – Repetiu consigo próprio. Os olhos dele ainda tinham aquele brilho
violento, doentio, que não combinava com o rosto calmo – Pois muito bem. A partir de
hoje a Srta. Assumirá o trabalho dela.

Nina: Perdão? – Perguntou, incrédula.

Joshua: O trabalho dela. Você o fará. Todo ele. – Repetiu, respirando fundo pra manter
as mãos nas costas.

Nina: Perdão, senhor, mas não há como me encarregar dos serviços sendo que dedico
meu tempo integral a menina Suri e... – Interrompida.

Joshua: Suri não é mais responsabilidade sua. A propósito, eu quero você longe da
minha filha. – Disse, e o brilho em seus olhos se tornou mais doentio.

Nina: Mas... Porque? – Perguntou, em choque.

Joshua: Apenas obedeça. Deixe o café de Suri aqui, e assuma as atividades de Micaela .
Agora. – E ele deu as costas, saindo, deixando-a espumando de raiva.

Joshua foi procurar Micaela . Não achou em lugar nenhum.

Joshua: Que diabo, onde está? – Perguntou, cansado.

Nicholas: No corredor do segundo patamar. – Informou, lendo o folhetim, passando por


ele com uma caneca na mão, sem nem dar atenção. Joshua fez uma careta, mas já que
servira... Ele foi atrás dela.
Micaela , como Nicholas dissera, estava lá. Tinha um balde perto dela e um
esfregão nas mãos, secava um lado do chão e esfregava com cera o outro lado,
esfregando o pano com a pontinha do pé. Joshua parou por um instante, vendo o
malabarismo.

Joshua: Que está fazendo? – Ela se assustou e perdeu o equilíbrio, fazendo-o se


precipitar para segura-la – Ei!

Micaela : Me assustas-te. – Disse, pondo a mão no peito. – Estou limpando, o que mais?

Joshua: Duas coisas ao mesmo tempo?

Micaela : Economiza tempo. – Deu de ombros – Depois de encerar isso aqui ainda
tenho que lustrar a prataria isso antes do almoço então... – Interrompida.

Joshua: Largue isso. – Disse, tomando o esfregão. – Maltrata suas mãos. – Disse,
desgostoso, beijando as mãos dela.

Micaela : Eu realmente tenho trabalho. Não me beije, podem nos ver! – Disse, olhando
em volta.

Joshua: Beijo quando eu quiser. – Disse, insolente, abraçando-a pela cintura e enchendo-
a de beijos. Ela riu.

Micaela : Exibido.

Joshua: Me escute, eu estive com Nina. – Ele viu ela abrir os olhos em placas – Respire,
ela está viva. Eu fui até justo. – Disse, orgulhoso. Ela ergueu a sobrancelha – Não me
olhe assim. Ela já teve seu castigo, e todos os membros estão no lugar. E você não fará
mais nada disso, não quero que minha mulher fique se desmontando por ai.

Era a primeira vez que ele chamava ela de minha mulher. Ela percebeu, ele não.

Micaela : E o que devo fazer, então?

Joshua: Me obedecer. – Disse, com um sorrisão. Micaela revirou os olhos – Certo,


venha.

E ele levou ela. A principio ela não entendeu quando ele a fez apanhar a bandeja na
cozinha, mas ele só parou quando chegaram a porta de um quarto.

Joshua: Eu... – Ele respirou fundo, hesitando, e a encarou. O verde de seus olhos estava
intenso, como se ele estivesse medo do que fazia, como se arriscasse algo valioso – Lhe
abrindo esta porta estou lhe confNicholasdo o que tenho de mais precioso na vida,
Micaela . Aliás, eu estou lhe confNicholasdo minha própria vida. Então eu imploro, não
me decepcione. Eu não o suportaria. – Pediu, em tom baixo. Aparentemente quem
estava do outro lado não devia ouvir.

Micaela : Do que está falando? – Perguntou, confusa.

Então ele abriu a porta. Dois olhos castanhos, avelã, inocentes, se focalizaram neles
dois, e um sorriso imenso iluminou o rosto de Suri. Foi então Micaela entendeu.

O estouro foi instantâneo. Suri, se pudesse andar, teria saído pulando. Micaela
quase derrubou a bandeja. Joshua sentiu o pânico repentino que tivera sumir com
aquela reação. Era como se duas velhas amigas se reencontrassem. Ele tentou dizer
que Micaela pegaria as instruções com Nina depois, mas Suri não parava de beijá-
lo. Micaela passou o resto do dia com a menina. Brincaram de boneca, chazinho,
coloriram livros, conversaram, fizeram penteados no cabelo (Sem querer Suri fez
um nó catastrófico no cabelo de Micaela , mas nada que se assuste). A noite a
menina dormiu antes que o pai fosse vê-la, de tão cansada.

Joshua: Você. – Disse, em um sussurro, puxando Micaela pra si. Não tinha visto ela o
dia todo. Ela arregalou os olhos, sabendo que Suri estava atrás dela, podendo acordar –
Largue estes livros.

Micaela : Enlouqueceu? – Perguntou, sussurrando – Não vou largar, me largue você!

Joshua: Tu tens me dito não demais ultimamente. – Recriminou, e tomou os livros a


força. Ele repousou os livros com cuidado na mesinha perto da filha, e voltou pra ela,
que recuou – Se a acordar... – Micaela se virou, rindo, e saiu correndo.

Joshua sorriu ouvindo os passos dela se distancNicholasdo. Olhou a filha em seu


sono pesado e saiu, fechando a porta. Micaela ria enquanto corria, segurando os
vestidos. Havia um certo suspense naquilo, os corredores estavam desertos... E um
braço forte apanhou-a pela cintura, erguendo-a do chão, enquanto lhe mordia o
ombro. Micaela balançou as pernas no ar, rindo, e ele lhe pôs no chão.

Joshua: Acredita mesmo que algum dia vais conseguir me vencer?

Micaela : Olha que posso te surpreender. – Desafiou, prensando ele na parede. Joshua
riu gostosamente. Ela olhou pros lados, verificando se vinha alguém, e apanhou o rosto
dele entre as mãos, beijando-o. O apanhou de surpresa. Ele gostou.

Os dois se beijaram sedentamente por tempos. Apesar de estar prensado na parede


o braço de Joshua formava uma corrente firme em volta da cintura dela,
oprimindo-a. Quando começou a ficar bom...

Joshua: Basta. – Disse, a voz meio cortada, afastando o rosto. Micaela o olhou, confusa.
Joshua nunca a afastava. – Eu tenho algo pra você. – Disse, a mão passando pelo cabelo
dela de modo insolente e soltando-o do rabo de cavalo.
Micaela não entendeu a principio. Ele apenas apanhou a mão dela e saíram
andando. Ela já não sabia onde estava quando ele parou em frente a uma porta
trancada. Após abri-la ele a levou pra dentro, fechando a porta. As velas já
estavam acesas.

Micaela : Que lugar é esse? – Perguntou, olhando em volta.

Era um quarto grande, amplo, com uma cama de casal que parecia confortável só
de olhar. O chão estava encerado, em madeira, e havia um guarda roupa, um
espelho, uma cômoda e um bonito tapete. Havia uma janela também, protegida
agora por uma cortina.

Micaela : O que meu vestido está fazendo aqui? – Perguntou, apanhando seu vestido
que estava estirado na cama, o vestido que ele lhe dera.

Joshua: É seu. – Disse, olhando em volta – Bom, é nosso. Eu pretendo estar aqui quando
você estiver, então... – Ele deu de ombros.

Micaela : Esse lugar é pra mim? – Perguntou, aparvalhada. Era como um sonho. Nem
em sua casa jamais pudera ter um quarto assim.

Joshua: Sim. – Disse, se aproximando – Não mando que venha pra cá agora porque tu
virás com aquela história de que vão perceber e blábláblá. – Disse, fazendo uma careta,
e ela sorriu. – Mas venha aos poucos, com o tempo. É tudo seu.

Micaela : Você é louco. – Disse, tocando o colchão fofo.

Joshua: Por você. – Respondeu, abraçando-a e beijando-lhe a orelha – Aquele quarto de


empregada era pequeno demais, úmido demais e quente demais. Você merece algo
melhor. Esse é seu quarto agora. – Disse, aspirando o perfume do cabelo dela.

Micaela : Eu... – Ela nem sabia o que dizer, olhando em volta.

Joshua: Tem mais. – Disse, e Micaela cambaleou quando ele a fez andar. Havia uma
porta do lado do guarda roupa. Um banheiro. Nada extravagante, mas um banheiro
bonito. Havia até...

Micaela : Uma banheira! – Exclamou, fascinada. Joshua a abraçou por trás, beijando-lhe
o rosto, deixando ela desfrutar do presente. – É minha também? – Ele assentiu, fazendoa
sorrir. Ela se desvencilhou dele, indo até a banheira. Já estava cheia. Ela tocou a água,
morninha contrarNicholasdo a chuva que caia – É porcelana. – Disse, mais pra si
mesma.

Joshua: Tudo seu. – Disse, e ela o olhou, encostado na porta.

Micaela : Porque? – Perguntou, encarando-o.


Joshua: Porque eu quero. – Disse, obvio – Porque você merece, porque esse quarto é
isolado do resto das dependências, o que nos dá privacidade... E porque eu quero. –
Disse, com uma careta. Ela não costumava ter que se justificar.

Micaela : É louco. – Repetiu, passando a mão na água.

Joshua observou ela por minutos, até que ela o encarou, se levantando. Ele viu,
com um sorriso satisfeito, ela começar a desamarrar o vestido, se despindo
enquanto o encarava. Quis avançar, mas pensando bem olhar seria melhor. O
vestido dela caiu aos seus pés e ela veio até ele, que não fez nada. Micaela se pôs a
desabotoar o colete dele, que apenas a olhava, quieto.
Depois do colete a camisa e o cinto, então o próprio corpete. Ela o abraçou,
estremecendo quando seus seios entraram em contato com a pele quente do peito
dele.

Micaela : Tome banho comigo. – Pediu, puxando-o pra dentro do banheiro. Ele foi,
sorrindo por dentro. Tão menina!

Joshua: Tomar banho com você? – Perguntou, como se avaliasse, afastando os cabelos
dela do ombro e beijando-lhe a pele sutilmente.

Micaela : Faça amor comigo, Joshua. – Pediu, a voz cortada em um murmúrio, e ele a
encarou.

Joshua tomou a boca dela em seguida, sacudindo os braços pra se soltar da camisa
e do colete. Uma vez livre ele a apanhou no colo, aprofundando o beijo, enquanto
caminhava pra banheira. A água quente os envolveu quando ele a deitou na
banheira, mas ninguém ligou. Algum tempo depois havia acabado. Havia água no
chão. Haviam marcas brotando pelos corpos. Havia um desejo temporariamente
saciado. Joshua estava deitado na banheira, com a cabeça encostada na borda, os
olhos fechados, descansando. Ela tinha a cabeça no peito dele, os cabelos
ensopados, olhando pra frente. Algo foi dito em silencio, um simples mover de
lábios que deveria ter sido notado, mas não foi.

Micaela : Eu amo você. – Disse, sem emitir som algum.

---*

Joshua havia dormido. Estava tão cansado... E seu corpo estava em erupção. Ele
despertou do sono e em seus reflexos bem treinados (até demais), apanhou os
pulsos dela, prendendo-a. Foi um gesto de um segundo, e ele entendeu. Seu corpo
estava unido ao dela. Os olhos de Micaela pareciam de um azul liquido enquanto
ela esperava pela aprovação dele. Joshua afrouxou as mãos no punho dela, se
recuperando do susto. Seu corpo pulsava de vontade.

Joshua: E eu é que sou louco. – Disse, abraçando-a pelas costas, guNicholasdo os


movimentos agora.
Micaela gemeu gostosamente. Não sabia fazê-lo direito, mas ele sim sabia. Joshua
deslizou ela pra baixo de si. Ele já estava investindo furiosamente sob ela antes que
ela pudesse tomar fôlego. Parecia ainda mais furioso ao ter sido despertado. Ela
não conseguia respirar. Mais água da banheira foi pro chão enquanto os dois se
consumiam. Terminou tão rápido quanto começou. Joshua estava caído de novo, o
rosto no ombro dela, e ela ofegava, olhando pra frente.

Micaela : Me desculpe por acordá-lo, não pude esperar. – Disse, acaricNicholasdo-lhe


os cabelos.

Joshua: Não se desculpe nunca. – Disse, rouco, e ela sentiu um beijinho cansado em seu
ombro – Eu também não queria esperar.

Micaela : Vamos pra cama? – Perguntou, sentindo a água fria. Ouviu o riso dele, rouco,
perto de seu ouvido – Dormir, Joshua.

Joshua: Dormir, é claro. – Disse, se amparando pra tirar o peso de cima dela.

Micaela : Você está desmoronando de cansado, pelo amor de Deus. – Disse, vendo-o
puxar a toalha. Ele parou no meio do caminho, virando o rosto pra ela.

Joshua: Está me desafNicholasdo? – Micaela riu.

Micaela : Longe de mim, em nome de Deus. – Ela apanhou a toalha, secando o cabelo
dele – Está realmente frio.

Joshua: Vamos pra cama. – Micaela ergueu a sobrancelha – Dormir. – Completou, com
um sorriso nada convincente no rosto.

Micaela : Dormir. – Repetiu e ele assentiu, solene – Queria eu acreditar. – Murmurou


pra si própria, e ele riu.

Joshua se levantou, se enrolando na toalha e trouxe outra pra ela, que saiu da água
encolhida de frio. Eles foram pra cama. Mas se dormiram já é outra história, que
fica pra outra ocasião.

---*

Micaela estava, resumidamente, feliz. Amava Joshua. Sabia que ele não o
correspondia e as vezes aquele sentimento a assustava, mas então a noite chegava e
lá estava ele, nos braços dela. Não estava sobrecarregada de trabalho; Sua tarefa
era cuidar de Suri em tempo integral. Ela e a menina já se amavam. Poucas
semanas se passaram e toda a insegurança de Joshua desapareceu. Micaela não
faria mal a Suri, pelo contrário, a menina estava a cada dia mais feliz.

Suri: Annie... – Chamou, sentada em sua cama. Micaela estava catando as bonecas no
chão, e a olhou. Joshua parou do lado de fora da porta. Era sempre fascinante observar
as duas – Se eu perguntar algo você me conta a verdade?
Micaela : Sempre. – Disse, sem entender.

Suri: Você vai ser minha mãe? – Perguntou, e havia certa expectativa na voz dela. Pegou
Micaela de baixa guarda. Joshua observava, imóvel. Viu ela largar a boneca em uma
cadeira, se aproximando da cama.

Micaela : Não, bebê. – Disse, se sentando perto da menina – Você já tem uma mãe.

Suri: É, mas eu nem nunca vi ela. Ela não gostava de mim? – Joshua já estava de cara
fechada.

Micaela : Ela amava você. Demais. – Joshua esperou.

Suri: E porque ela nunca apareceu? Eu não posso perguntar isso ao papai, ele fica bravo.
– Disse, encolhidinha.

Micaela : Porque alguém foi cruel com ela. Mas ela sempre amou você. – Disse,
acaricNicholasdo o rosto da menina.

Suri: Porque você não vira minha mãe? Aposto que meu pai gosta de você. – Disse,
travessa.

Micaela : Não repete isso. – Disse, e Joshua sorriu ao ver o pré-panico no rosto dela –
Veja, não vou ser sua mãe. Você já tem uma, e deve amá-la assim como ela te amou.
Mas posso ser sua amiga. – Disse, sorrindo. – O que quer fazer agora?

Suri: Acho que estou com fome. – Disse, se recostando no travesseiro.

Micaela : Fome? – Suri assentiu – Ainda está longe do jantar... – Ela pensou – Vou ver
se trago algo para você lanchar, sim? – Suri assentiu.

Joshua saiu do caminho antes de Micaela saiu. Ela sentiu o perfume dele no ar,
mas não deu atenção. Foi para a cozinha. Lá preparou uma bandeja para Suri com
algumas frutas, suco, e sanduíches. Fazia um pouco mais de um mês que assumira
a menina, e só se encantava mais.

Nina: Que está fazendo? – Perguntou, entrando na cozinha.

Micaela : Suri tem fome. – Disse, sem dar atenção. A tempos não deixava nina
aborrecela.
Nina: Não está no horário da refeição dela. – Disse, severa.

Micaela : E ela está com fome, o que quer que eu faça? – Perguntou, revirando os olhos.
Nina: É por isso que ela quis você, porque tu fazes todas as vontades. Parece que isso
funciona, tu não trabalha mais, tens um cômodo teu... Só por fazer „vontades‟. – Disse,
maldosa.

Joshua: Eu vi o que você fez. – Disse, e as duas se sobressaltaram. Micaela se virou. –


Eu gostei. – Se resumiu.

Micaela : Era o certo. – Disse, sabendo que Dulce María não era um assunto do qual ele
gostava de falar.

Micaela se virou pra apanhar a bandeja pronta, então o cheiro do suco a apanhou.
Ela largou a bandeja, aquilo a causou repugnância.

Joshua: Há algo errado? – Perguntou, confuso. Nina observava, também sem entender.

Micaela : Acho que isso está estragado. – Disse, cheirando o suco. Seu estomago se
revirou terrivelmente, mas ela sabia que não podia levar nada estragado até Suri – Não
sei, o cheiro...

Nina: Estragado? O suco? – Perguntou, incrédula.

Micaela tomou um gole do suco, provando o gosto. A convulsão veio


imediatamente. Joshua olhava a cena, confuso e incrédulo. Ela largou o copo de
qualquer jeito na bandeja e disparou correndo, com a mão na boca. Que iria
vomitar era um fato claro. Joshua se aproximou e apanhou o copo. O perfume do
suco de laranja era fresco. Ele bebeu um gole, o gosto estava normal. O rosto dele
estava fechado quando ele pôs o copo de volta a bandeja. Nada bom.

Micaela não esteve bem por dias. A comida a enjoava, ela tinha mal estar. Achava
que era alguma gripe, algo assim, e por isso Joshua não a estava tocando mais, com
medo de se contagiar. Ele apenas a observava. Observava demais.

Micaela : Acho que jantarei hoje. – Disse, achando que estava melhorando. Joshua
caminhava com ela, as mãos nas costas, quieto. – O que tu tens?

Joshua: Nada, apenas pensando em algumas coisas. – Eles entraram na cozinha.


Estavam pondo a mesa dos empregados.

Micaela : O que tem pra jantar? – Perguntou, curiosa, indo até a cozinheira, que
respondeu algo sobre carne. Ele não ouviu – Hum, o cheiro é bom. Estou com tanta
fome! É estranho. – Disse, devaneando.

Joshua apenas encarou Nina, mas aquele olhar era o mesmo olhar que ele tinha
quando dava a ordem da execução de alguém. Não havia vida. Ela entendeu e
assentiu apenas uma vez.

Joshua: Micaela , venha comigo um instante. – Chamou, saindo dali. Ela foi. Ele parou
no corredor – Lembra-se da viagem que lhe disse que faria?
Micaela : Me lembro, claro.

Joshua: Irei amanhã pela manhã. – Disse, e ela estranhava o comportamento dele.
Parecia desgostoso com algo. – Se não... Se não se sentir bem amanhã, fique em seus
aposentos. Avise, que outra pessoa cuidará de Suri enquanto você... Se recupera.

Micaela : Não se preocupe, eu estou melhorando. – Disse, tomando a instrução dele por
precaução.

Joshua: Não irei ver-te hoje, preciso organizar papéis com Nicholas, para que amanhã
cedo esteja tudo pronto. – Micaela assentiu. Ele ergueu a mão, tocando a maxilar dela –
Fique bem.

Micaela : Estarei esperando você voltar. – Disse, ainda inocente. Ele assentiu uma só
vez e deu as costas, saindo dali. Ela não o viu mais.

Quando Micaela se sentou aquela noite, em frente a seu prato, estava faminta.
Tanto que não viu quem o preparou, nem como havia sido preparado. Uma pena.
Comeu até a ultima garfada, e nem percebeu o sorriso no olhar de Nina
observando-a comer. Quando terminou foi até Suri, verificando-a, e depois se
retirou. Era estranho estar naquele quarto enorme sem Joshua. Tudo ali lembrava
ele. Ela parou por um instante pensando no tempo livre que em geral não tinha, e
resolveu tomar um banho demorado. Soltou os cabelos e foi pra banheira. Não
estava se sentindo muito bem. Acontece que naquela época os métodos abortivos
não eram como os de hoje em dia. Existiam, mas não tão sofisticadamente. Se
tratava de uma combinação de ervas que eram fatais ao feto. O jantar dela foi
temperado com essas ervas. Se a mulher não estivesse grávida, nada lhe
aconteceria, ela nunca saberia. Mas se ela estivesse...

Micaela : Ai. – Gemeu, desconfortável, algum tempo depois. Havia cochilado na água, e
acordara porque as dores pioraram. Ela se remexeu, sentindo pontadas agudas no ventre.
Foi então que abriu os olhos e viu. A espuma havia se desfeito com o tempo, e a água
limpa estava manchada gravemente de sangue. Ela se sentou, mas piorou a dor.

Micaela estava assustada. Estava morrendo, era isso? A dor era forte mas era
suportável, porém ela se sentia sangrar. Porque isso aconteceu justo quando
Joshua não estava? Se ele estivesse, mesmo se não soubesse porque aquilo
acontecia, chamaria alguém. Ela tinha perdido a voz. Não eram suas regras, não
era assim que acontecia. Foi pensando em suas regras que um clique ocorreu em
sua cabeça. Suas regras não vinham há muito tempo, e agora isso... O olhar de
Joshua, duro, e ele distante todo o tempo... Os enjôos, mal estar... O sangue a sua
frente. Estava grávida. Estivera, agora não mais. Seu bebê morrera porque o pai
ordenara. Micaela se recostou na banheira, se abraçando, desolada. Não era dor
pela dor do filho; ela não tivera tempo de amá-lo, de senti-lo seu. Era o vazio pelo
que poderia ter sido. Ela nunca cobraria nada dele, nem o pediria pra olhar o bebê
uma única vez, ou reconhecê-lo, mas ele não pensara nisso. A apunhalou, logo ele
que ela tanto confiava!

Micaela : Desculpe, bebê. – Disse, rouca, o rosto soado e molhado de lágrimas.

E ela se abandonou. Não pensou, não sentiu, não quis saber. Quando recobrou a
consciência já devia ser madrugada. A dor forte havia passado, agora só haviam
algumas fisgadas. Havia terminado. A água da banheira era irreconhecível, parecia
sangue puro. Ela puxou a tampa do ralo, deixando a água ir, e abriu a torneira, se
lavando. Parara de sangrar, mas algo estava morto nela. No rosto, no olhar. Ela se
lavou novamente e saiu dali. Seu andar estava dolorido. Se vestiu e foi pra cama.
Chorou. Em seguida, como não há dor existente que não possa ser vencida pelo
sono, e ela adormeceu.

---*

Micaela teve febre na manhã seguinte, efeito do aborto. Sua boca estava seca. Ela
se retorceu na cama, o rosto soado, se encolhendo, quando a voz a buscou.

Nina: Não passa bem? – Perguntou, a voz feliz.

Micaela : Vá pro inferno... – Murmurou, a garganta grudando de seca – Você, ele, todos
vocês... Me deixem em paz...

Nina: Eu queria que ele estivesse aqui para vê-la assim, caída, derrotada. Gostaria de ver
o deslumbramento sobreviver a isso. – Disse, vitoriosa.

Micaela : Eu quero que ele vá para o diabo que o carregue. Você junto. – Disse,
engolindo em seco. Estava ardendo em febre.

Nina: O que você pensou? Que ele assumiria o filho bastardo? – Micaela rosnou, mas
estava fraca.

Micaela : Não fale do meu filho. – Ordenou, perdida na escuridão. Abrir os olhos lhe
dava dor de cabeça. – Saia daqui, saia agora! – Nina riu – Eu vou me recuperar, e você
vai pagar por isso. Eu juro por Deus, nosso senhor, que tu vais se arrepender de tê-lo
feito, Nina.

Nina: Criar o bastardinho, colocá-lo ao lado de Suri como seu irmão, como seu igual? –
Perguntou, debochada.

Micaela : Eu vou melhorar. – Ela riu de leve. Fazer aquilo foi como enfiar farpas de
madeira debaixo das unhas – E eu vou ser sua sombra. Se acha sua vida ruim, eu vou
transformá-la no inferno. Eu prometo. Me mate agora, enquanto o pode, Nina. Quando
eu me levantar você vai pagar.

Nina: Isso é uma ameaça, vossa alteza? – Perguntou, debochada, e riu em seguida.
Micaela : É um aviso. Saia daqui. Agora. – Ordenou, se virando de costas.

Pelo som do riso se afastando, Nina havia ido. Mas Micaela não esqueceria. E o
aviso estava de pé.

Micaela levou dois dias de cama. Nina não lhe levou comida, e ela só conseguiu
beber água na madrugada do primeiro dia. Mas enfim estava bem. Fisicamente.
Algo em si havia se quebrado, se partido, ido embora junto com seu bebê. Um
sentimento desconhecido se apossou dela. Nina pagaria, e Joshua... Ah, Joshua,
porque você fez isso? Ela tomou banho e se vestiu, parando em frente ao espelho.
Seus olhos pareciam estar sem vida, ter perdido a cor. Tinha no rosto toda a
maturidade que uma mulher pode ter; envelhecera 10 anos em 2 dias. Nina
pagaria, mas contra Joshua nada ela podia fazer. A não ser...

Micaela : Pois que fique com o que gosta. – Disse, consigo mesma. A ânsia da vingança
era o que a mantinha de pé.

E ela penteou o cabelo minuciosamente, com cuidado. Quando os cachos estavam


sedosos sob seus ombros ela pegou uma tesoura no armário. Apanhou os cabelos,
reunindo-os, e o cortou sem dó. Ficou na altura do ombro, reto, sem os cachos, liso
(o cabelo dela era liso na raiz e cacheava nas pontas. Como as pontas se foram
ficara liso, como chapinha.). Ela viu seu cabelo enorme, nas mãos. Apanhou um
elástico e amarrou-o, guardando em uma gaveta. Haveria seu tempo.
Se olhou novamente no espelho. Seu rosto parecia ter envelhecido ainda mais com
o cabelo curto. Ela jogou ele pra frente, e logo uma franja, também lisa, estava em
sua testa. Seria essa a imagem que ela teria. Se ele amava tanto seu cabelo, ela não
o teria mais.

Micaela : Bom dia. – Disse, de cara fechada, entrando na cozinha. Nina, uma das
criadas e a cozinheira pararam olhando Micaela . Parecia outra mulher. – Suri já
acordou?

Nina: O que... O que está fazendo? – Perguntou, meio suspensa. O rosto de Micaela não
parecia o mesmo, não tinha mais aquela alegria fútil e irritante. Algo no olhar dela
assustava.

Micaela : O que eu pareço estar fazendo? – Perguntou, retoricamente, apanhando uma


bandeja – Alguém sabe dizer se a menina acordou ou eu preciso checar?

Nina: Eu não sei... Se você deve cuida-la. – Micaela parou, virando o rosto pra Nina.
Parecia algo mecânico.

Micaela : É meu trabalho.

Nina: Ainda assim.. – Disse, receosa.


Micaela : A única pessoa que me fará parar é quem me fez começar. Mande que ele
venha atrás de mim, se lhe apraz. – Disse, pondo a bandeja no lugar – Vou verificar se
Suri acordou.

Micaela ia saindo, mas se deteve. Ela se aproximou de Nina, os olhos azuis sendo
duas pedras de gelo, e sua voz era mais fria ainda quando falou.

Micaela : Você realmente deveria ter me matado quando teve chance. – Disse em tom
baixo, assim só Nina ouviu. E ela saiu.

Suri por fim estava acordada. Micaela voltou a cozinha e apanhou a bandeja do
café, levando pra menina. Não tinha raiva de Suri, a menina era inocente, não
sabia do que o pai havia feito. Nem saberia.

Suri: O que houve com você? – Perguntou, acanhada, largando o copo na bandeja.

Micaela : Estive doente. – Disse, sentada ali perto – Por isso não vim.

Suri: Me contaram que tu estavas doente. – Micaela assentiu, tentando esboçar um


sorriso – Mas seu cabelo... – Lamentou, vendo o cabelo curto, reto, liso, e com franja.

Micaela : É mais prático assim. – Mentiu – Termine seu café. Poderemos brincar depois.
Você não terminou os livros sozinha, terminou? – Perguntou, e Suri sorriu.

Suri: É claro que não. – Micaela tentou sorrir de novo. Falhou miseravelmente. – Você
está bem?

Não houve uma resposta. Micaela estava longe de estar bem. Ela tinha dor, ódio e
uma vingança violenta guardada dentro dela, isso não era bom. Mas cuidou de
Suri o dia inteiro, brincando, tentando ser amável. Por fim a menina dormiu, após
o jantar. Micaela retirou a bandeja e saiu, indo pra cozinha.

Nina:...Se ela enlouqueceu, não pense que assusta a mim. – Dizia, sentada a mesa,
quando Micaela entrou.

Micaela : Que bom que eu não assusto. – Disse, pondo a bandeja em uma das pias –
Medo não é bem o que eu quero de você.

Nina: Quem pensas que é para me confrontar assim? – Perguntou, exasperada. Micaela
se aproximou, sorrindo de canto. O sorriso estava mais morto que seu filho.

Micaela : Eu prometi o inferno, Nina. Eu vou cumprir. – Disse, se abaixando perto da


outra para falar em seu ouvido. Ela olhava pra frente enquanto falava – Eu vou dizer o
que vou causar. Uma palavra, três letras. Adivinhe.

E ela se levantou. Com o movimento rápido passou o pé nas pernas da cadeira de


Nina, puxando-a. A cadeira virou e a outra caiu, levando o prato e o copo de sua
janta, que caíram em sua roupa. Micaela a observou de cima.
Micaela : Ops. – Disse, erguendo a sobrancelha. E saiu.

Micaela não dormiu bem aquela noite. Ela precisava confronta-lo. Não importa
quem ele era, ele não podia tê-lo feito! Na manhã seguinte se banhou. Pentear o
cabelo foi quase desnecessário, ela só fez por fazer. Se vestiu e parou olhando sua
imagem. Foi então que ouviu o barulho de cavalos do lado de fora da janela. Se
aproximou só por fazer, e viu a carruagem preta parada em frente a escadaria do
castelo.

Micaela : Ótimo. – Disse, olhando os cavalos.

Ele havia voltado.

---*

Joshua, ao chegar, fora direto ao seu quarto. Precisava de um banho. Estava


ansioso por ver Micaela . Se ela estivesse grávida, agora já teria tido seu fim... Ele
não gostava de pensar nisso. Preferia pensar na opção. Ela não estava grávida e
nunca saberia o que havia em seu prato. O estaria esperando, saudosa. Ele gostava
dessa opção. Porém foi com um estampido que a porta do quarto abriu, enquanto
ele ainda desabotoava o punho da camisa.

Micaela : VOSSA MAJESTADE! – Disse, ironicamente, após abrir as duas portas do


quarto aparentemente com um murro. Havia um sorriso quase maligno no rosto dela.

Joshua parou, em choque, vendo a imagem a sua frente. Micaela estava morta.
Sua Micaela , a Micaela que ele aprendera a gostar, a respeitar, estava morta. Não
era aquela mulher. Aquela não tinha nenhuma inocência em seu olhar, e parecia
carregar o mundo nas costas. E o cabelo... Onde estavam os cachos que várias
vezes hipnotizavam ele? Ele não teve reação ao vê-la parada ali, como um espectro.

P.S.: Pra quem assiste Camaleões, o cabelo da Micaela ta igual o da Mercedes, só


que com franja. Procurei foto mas não achei.

Joshua: Micaela , o que... Seu cabelo... Seu... Meu Deus. – Ele não sabia direito o que
dizer.

Micaela : Oh, sim, meu cabelo. Está aqui, alteza. – Foi então que ele percebeu o que ela
tinha nas mãos: Em uma um lençol, na outra... Ah, meu Deus... – É todo seu. Sei que lhe
agrada. – Ela se aproximou, e colocou o cabelo cortado delicadamente nos pés da cama
dele. – A propósito... – Ela apanhou o lençol que se arrastava no chão e o abriu em cima
da cama dele. A mancha de sangue seco no tecido branco era grande. – Parabéns, papai.
– Disse, quase em um silvo.
Joshua: Micaela ... – Suspirou, passando a mão no rosto. É claro que tinha que ser a
opção mais difícil.

Micaela : Senhor? – Perguntou, debochada. Ela quase espumava de raiva.

Joshua: Não me chame de senhor. – Tentou, respirando fundo – Escute. – Como


explicar? – Eu não quis lhe fazer mal.

Micaela : Então envenenar meu filho foi um acidente? – Perguntou, falsamente curiosa.

Joshua: Não. Mas tente entender, eu não podia assumir essa crNicholasça... –
Interrompido.

Micaela : VOCÊ NÃO TINHA O DIREITO DE MATÁ-LA! – Gritou, trêmula de ódio –


NÃO ERA SEU FILHO, ERA MEU! COMO PÔDE? JOSHUA, EU CONFIEI EM
VOCÊ! VOCÊ É UM MONSTRO!

Joshua: Não altere a voz para mim. – Disse, e o comando em sua voz era claro. Era um
lembrete. Ele era rei. Ela não era ninguém.

Micaela : Eu cuidaria do meu filho, e eu nunca pediria nem que você dedicasse um olhar
a ele. Mas foi mais fácil para ti derrubá-lo, como a um inimigo seu, em um campo de
batalha. Sem nem saber seu nome, sem nunca olhar seu rosto. – Disse, quase em um
murmúrio.

Joshua: Era necessário. – Disse, duro.

Micaela : É claro que era. Não vou gastar meu tempo com você. – Disse, passando a
mão no cabelo. A franja se bagunçou, e ele sentiu falta dos cachos. – Eu pensei que você
era diferente. Depois de tê-lo conhecido, eu achei que você só era uma vitima pelo que
fizeram a Dulce María. Mas não. Você é como Hades, Joshua. – Disse, com o olhar
duro.

Joshua: Cala-te. Minha paciência acabou, assim como teu show, Micaela . – Disse, se
irritando.

Micaela : Não, você precisa ouvir. – Disse, pensativa – Chame seus guardas e mande me
matarem se quer me calar, você faz isso com tanta facilidade! – Disse, debochada –
Hades matou a Dulce María porque queria derrubá-lo, tinha um motivo por trás. Mas tu
é pior. Tu mataste teu próprio filho pra que todos não soubessem que você AMASIOU
UMA CRIADA! – Gritou, furiosa.

Joshua: Tu não sabes o que diz. – Rosnou, furioso. Ele respirava em arfadas.

Micaela : Eu sei de algo. Eu tenho pena de Dulce María. Pena, realmente. – Os olhos de
Joshua agora eram duas placas verdes, incrédulas. Ela ia mesmo confrontá-lo assim? –
Foi obrigada a se casar, a dividir uma cama e uma vida com um homem repugnante, e
morrer porque era sua esposa. Sim, porque se não o fosse, estaria viva. Vê? Quem se
aproxima de ti ou morre ou se machuca. Deve ser triste, não é?

A bofetada que atingiu o rosto dela fez a lateral do rosto queimar em dor, mas ela
riu. Joshua se afastou, as mãos em punho como se estivesse se controlando, como se
seu instinto fosse o de mata-la, mas ele estivesse lutando contra ele.

Joshua: Cale a boca, e saia daqui. Micaela , agora. – Ordenou.

Micaela : É claro, meu senhor. Antes preciso lhe devolver algo. – Ela retirou uma chave
do decote, e jogou-a na direção de Joshua, que se esquivou – É a chave do quarto que o
senhor me deu. Eu não quero mais, dê a outra que esteja disposta. Lá está todo o resto
do que tu me deste. O vestido, o escapulário, os livros, enfim, tudo. Se procurar direito
poderá até encontrar a alma do teu filho, ficou perdida por lá também.

Joshua: Você só está com raiva. – Amenizou, observando-a.

Micaela : Não estou. – Disse, agora falsamente controlada – Vê isso? – Ela abriu os
braços e Joshua observou. O corpo continuava o mesmo, mas a mudança no rosto e no
cabelo eram lamentáveis – Foi tua obra. Conseguiu me destruir. Parabéns, majestade.
Agora, com sua licença...

Joshua ainda estava atônito com aquele show quando ela parou, na porta, se
virando pra ele.

Micaela : Uma ultima coisa... – Disse, pensativa – Eu amei você. – A declaração de


amor, mesmo naquele tom de voz e naquela circunstancia teve o impacto que teria no
normal – Eu o amei como eu não achei que fosse capaz de amar alguém. Tu podes estar
incrédulo, se lhe apraz, mas eu daria minha vida por você. Eu o amei. – Finalmente duas
lágrimas caíram pelo rosto pálido dela, e ela as secou – Parabéns por ter destruído isso
também, vossa alteza. A única pessoa que realmente te amou o odeia agora. Parabéns. –
Disse, e se virou.

Joshua viu ela se afastar, não correndo como a antiga Micaela faria. Andando,
calmamente, e sumir no corredor. Ele fechou a porta e olhou sua cama. Puxou o
lençol dela dali, não queria ter que ver aquilo, mas o cabelo ainda estava lá. Ele se
sentou, respirando fundo para espantar a raiva, e passando as mãos nas têmporas.
Ótimo.

---*

Dias se passaram. Micaela voltou ao seu quarto de empregada. Nina não tinha
paz. Joshua tampouco. Mas Nina era porque Micaela não o dava; Joshua era
porque sua mente não dava. Ele não a procurou, e ela tampouco. Quando ele
entrava no quarto para ver Suri ela simplesmente saia, ou então se afastava, os
olhos distantes. Ele ainda não se acostumara ao ver o cabelo dela picotado,
mutilado daquele jeito. Nos dias de hoje já seria anormal, naquela época pior
ainda... (Insisto, quem quiser ver exatamente o cabelo da Micaela , procure uma
foto da Mercedes de Camaleões, depois de ela cortar o dela). No começo ele teve
receio de ela tentar algo contra Suri. Não era a mesma Micaela cuja ele confiara a
filha. Mas...

Suri: Papai diz que serei rainha. – Disse, sentada a sua cadeira, na frente do espelho.
Micaela , que dobrava uns lençóis, a olhou.

Micaela : E tu serás. – Disse, se aproximando.

Suri: Só não entendo como. – Disse, tristinha, olhando as pernas imóveis. Joshua estava
tão imóvel quanto as pernas dela, do lado de fora do quarto. Viu Micaela passar a mão
no cabelo curto outra vez (ela pegara essa mania), olhando a menina – Não posso me
pôr de pé, como governarei algo ou alguém?

Micaela : Tu serás uma rainha exemplar, disso estou certa. – Disse, se aproximando.

Suri: Como pode saber?

Micaela : Porque tu és linda. Preciosa. Inteligente. Quem liga pra pernas com uma
pessoa sendo tão especial? – Perguntou, tocando o nariz da menina. Suri sorriu.

Suri: Eu imagino como seria... Papai nunca deixou... – Pensou alto.

Micaela : O que teu pai não deixou? – Perguntou, se abaixando frente a menina. Joshua
não gostou do descaso com o qual ela falou dele.

Suri: Eu nunca me vi de pé. Estou sempre sentada, ou deitada. Pedi a ele para me pôr de
pé uma vez, mas ele disse que não podia, e saiu. – Micaela escutava, quieta.

Micaela : Pois vamos ver... – Disse, se ajoelhando em frente a cadeira.

Suri: É sério? – Perguntou, admirada e animada. Micaela assentiu.

Joshua não queria assistir aquilo, mas continuou ali. Ver como Suri se privava era
como lastimar a si mesmo.
Mas ainda assim viu Micaela cuidadosamente apanhar a menina por debaixo dos
braços e colocá-la de pé em frente ao espelho, segurando-a por trás.

Micaela : Viu? – Perguntou, mantendo a menina de pé. Suri arrumava o vestido,


sorrindo pra própria imagem – Tu és linda. Será a rainha mais linda que qualquer reino
possa ter. – Micaela disse isso porque não conhecia Vanessa Uckermann. Ok, parei.

Suri: É diferente. – Disse, se olhando – Mas eu não consigo... – Disse, um nozinho de


esforço se fazendo entre suas sobrancelhas.

Micaela : Não consegue... Ei, não faça isso! – Pediu, vendo que o esforço era pra tentar
mover as pernas. Joshua estava prestes a entrar no quarto quando ela intercedeu.
Suri: Porque não funcionam, como as tuas? – Perguntou, frustrada.

Micaela : Porque tu és diferente. Especial. – Disse, puxando a cadeira de volta. Ela pôs
Suri cuidadosamente lá. – Não te entristeças por isso. Não vale a pena. – Suri assentiu,
caidinha – Vamos falar de outro assunto! Quer dar um passeio?

Suri: Você diz lá fora? – Perguntou, admirada novamente. Micaela assentiu – Mas
papai...

Micaela : Queres ou não? – Joshua revirou os olhos com a interrupção.

Mas Suri assentiu, radNicholaste, e ele saiu dali antes que Micaela passasse com a
menina. Acompanhou o passeio de longe, as duas apenas deram umas voltas no
jardim e apanharam algumas flores. Depois desse dia ele teve novamente certeza
de que Micaela não causaria mal a Suri. Enquanto isso, Nina descobria o
significado da palavra inferno.

Cozinheira: Passa algo? – Perguntou, vendo Nina se retorcendo.

Nina: Algo na minha roupa... Coça. – Disse, estranhando. Micaela sorriu.

Micaela : Daqui a algum tempo piora. – Disse, sorrindo angelicalmente enquanto saía da
cozinha com a bandeja do café de Suri.

---*

Nina entrou em seu quarto, já de camisola. Sua pele ainda tinha marcas de unha
pela coceira que o pó-de-mico lhe causou. Maldita Micaela ! Ela foi pra cama, se
deitando e se cobrindo. Tentou relaxar, e dormir. Então houveram várias espetadas
em seu corpo, suas pernas, seus braços. Algo parecia andar sob ela. Ela puxou a
coberta pra ver a cama coalhada de formigas. Centenas delas. Ela gritou, tentando
levantar, então os parafusos previamente folgados da cama cederam, e a cama
quebrou com um baque, levando ela e as formigas ao chão.

---*

Nina: O almoço está servido? – A cozinheira assentiu. Nina se sentou com cuidado no
seu lugar. As formigas eram venenosas, as picadas formaram feridas que doíam.
Micaela estava em seu lugar, revirando o suco com uma colher, como se esperasse algo.
Nina comeu umas 4 garfadas até que parou de mastigar aos poucos – Isso tem um gosto
estranho. – Micaela ergueu a sobrancelha, olhando o copo. O cabelo estava
desgrenhado, como sempre.

Criada: A mim parece normal. O que é isto no seu prato? – Perguntou, olhando de longe.
Algo parecia se mover.
Nina olhou o prato, gritando em seguida. Haviam vermes brancos misturados ao
arroz. Ela se levantou, derrubando a cadeira, e Micaela sorriu, tomando o suco.
Nina teve um acesso, logo vomitando no chão da cozinha. Micaela fez uma careta.

Micaela : Oh. – Disse, com cara de nojo. Então riu e se levantou. Nina convulsionou
mais uma vez, então, tremula, olhou Micaela .

Nina: Como podes? – Perguntou, ainda nauseada.

Micaela : Fácil. Quando chove faz lama. – Disse, explicando – Se você olhar debaixo de
pedras, ou troncos de arvores, acha centenas deles. Vem com um pouco de terra, mas
nada que não se possa lavar... Ou confundir com feijão. – Ela deu de ombros, rindo, e
tomou mais um gole do suco.

Nina: ME DEIXE EM PAZ! FIQUE LONGE DE MIM, ESTOU AVISANDO! – Disse,


histérica. – VOCÊ ESTÁ COM O DEMÔNIO NO CORPO!

Micaela : Autsh. – Disse, fazendo uma careta – Ficar longe de você? Senão o que?

Nina: VOCÊ ESTÁ LOUCA! COMO... COMO...?

Micaela : “Como...?” – Imitou, debochada – Eu só comecei e você já está lamentando.

Nina: Eu vou fazer queixa. – Avisou, tremula.

Micaela : Você teve a chance de me matar, e não matou. Teve a chance de me deixar em
paz, e não deixou. Assuma agora. – Disse, pondo o copo na pia – Escolheu a pessoa
errada pra lidar.

Nina: EU VOU PROCURAR JOSHUA! – Avisou, em uma ameaça. Micaela , já na


porta, parou e virou o rosto. Parecia acinzentado.

Micaela : Tenho tanto medo dele quanto de ti. Bom apetite. – Desejou, e saiu.

Meia hora depois, na sala de visitas...

Nicholas: Ela pôs vermes na comida? – Perguntou, fascinado.

Joshua: Nicholas, pelo amor de Deus! – Rosnou, passando a mão no rosto. Nina estava
em lágrimas – Se acalme. Foi só hoje?

Nina: Não. – Ela secou o rosto – Desde que... – Joshua soube mesmo sem ela conseguir
completar – Há insetos na minha roupa, ela quebrou minha cama, e pôs formigas, e... –
Ela soluçou em seu choro. Nicholas gargalhou, a cabeça caindo para trás. – Eu não sei
mais o que fazer.
Nicholas: Devia ter começado tomando cuidado com o que faz. – Disse, debochado.
Conhecia a história e não concordava - Vermes na comida, é genial! – Exclamou, rindo.

Joshua: Nicholas. – Disse, revirando os olhos – Tudo bem, se acalme, Srta. Dobrev. Eu
vou fazer ela parar. Vá até a cozinha, tome um copo de água...

Nicholas: ...Vermes brancos e arroz, brilhante! – Disse, as gargalhadas.

Joshua:...Tire o dia de folga. – Disse, cansado. Nina assentiu e pediu licença, saindo. –
Eu não acredito que ela está fazendo isso! – Disse, se amparando na mesa.

Nicholas: Nem eu. Eu não teria tido a idéia dos vermes, mas as formigas sim.

Joshua: Nicholas, pelo amor de Deus!

Nicholas: Eu gostaria que fossem percevejos em tua cama, Joshua. Não chegaria a ser
justiça, mas ainda assim. – Disse, secando o olho.

Joshua: É reconfortante falar com você. – Disse, se sentando.

Nicholas: Perto do que Nina fez a essa mulher, insetos não são nada. E se ela for como
eu, só vai piorar. – Comentou, mexendo na alNicholasça. – Você vai mesmo precisar
pará-la, ou essa empregada vai acabar morrendo. Boa sorte. E não, eu não vou falar com
ela no seu lugar, e tu tampouco tem minha ajuda. É problema seu. – Disse, se
levantando – A propósito... Se ela me consultar pedindo idéias, eu tenho várias. – Disse,
antes de rir novamente, saindo.

Joshua revirou os olhos novamente, suspirando. Precisava mesmo pará-la. Só não


sabia como.

Joshua pensou o dia inteiro em como ir falar com ela. Tinha receio de se aproximar
dessa Micaela ; ela o impulsionava a machucá-la, e ele não podia perder o controle.
Não com ela. Mas por fim veio a queixa da perna de uma cadeira quebrada, o que
levou Nina a torcer o pé, e ele teve que ir. Parou na porta do antigo quarto dela e
tentou abrir. Trancada. Ele bateu.

Joshua: Micaela , abra. – Ordenou, batendo na porta. Micaela , que estava deitada lendo
um dos seus antigos livros, ergueu os olhos.

Micaela : Só um instante, senhor. – Ele revirou os olhos. Ela fechou o livro, pondo-o de
lado, e procurou seu hobbie. O vestiu e amarrou, ele ia até os tornozelos e tinha manga
cumprida. Quando ela abriu a porta ele viu o hobbie, e respirou fundo.

Joshua: Preciso falar com você. – Ela ergueu as sobrancelhas.

Micaela : Sim, senhor. – Disse, saindo. Mas ele segurou a porta do quarto.

Joshua: Aqui. – Ordenou. O olhar dela era frio.


Micaela : Como preferir. – Disse, voltando pro quarto. Ela entrou e ouviu a porta se
fechar atrás dela – Posso ajudar em algo?

Joshua: Sabia que Nina teve que imobilizar a perna?

Micaela : Eu soube. – Disse, despreocupada – Quer que eu cuide dela? – Se ofereceu,


com um toque de deboche na voz.

Joshua: O que pretende, matá-la? – Perguntou, exasperado.

Micaela : Interessante como nossas conversas ultimamente sempre tendem pro assunto
“morte”. – Comentou consigo mesma.

Joshua: Ela fez cumprindo ordens minhas. Ataque a mim. – Micaela ergueu a
sobrancelha.

Micaela : Você é sozinho. As pessoas ou te respeitam, ou te temem. Sem amor, ou


amizade. Está só. Não há castigo pior que esse, eu não tenho nada a fazer por ti. – Disse,
cruzando os braços.

Joshua: Você não pode estar assim por um bebê que você só percebeu que o tinha
quando o perdeu, por Deus. – Disse, exasperado.

Micaela : Não estou assim pelo bebê. Eu não cheguei a amá-lo, a dor da morte dele foi
mais frustração que dor em si. – Disse, e passou a mão no cabelo – Estou assim porque
confiava em você. O que está doendo é o que você me fez, não o bebê. Eu vou ter
filhos, senhor. Com o homem certo. Já tu... - Ela deixou a frase em aberto.

Joshua: O que quer que eu faça, que peça desculpas?

Micaela : ConfNicholasça é como um cristal. Uma vez quebrada não há volta. Eu te


amava tanto que teria ido embora com meu filho, só para não lhe ser infortúnio. Eu me
esconderia onde só tu pudesses me encontrar, assim ninguém saberia. Mas você o
matou.

Joshua: Micaela , por favor... – Pediu, se aproximando. Ela o encarou, o olhar distante.
Joshua tocou o rosto dela com a mão, traçando sua maxilar com um dedo. Ela continuou
quieta – Carinho, sabe que eu nunca quis lhe fazer mal. Eu não quis fazer isso, também.
Por favor, tente entender, tente ver pelo meu ponto de vista. Eu nunca machucaria você
propositalmente. Se fiz o que fiz foi porque não tive escolha. Me perdoe. – Disse, pondo
o cabelo dela, lamentavelmente curto, atrás da orelha.

Micaela : Eu já olhei pelo seu lado. Eu entendo. Está perdoado. – Disse, ainda parada.

Joshua: Então porque se porta assim? Se me entende porque me repele? Eu sinto sua
falta, meu anjo. – Disse, tocando o rosto dela com a outra mão. – Assim como sentes a
minha, ainda que o negues. Eu tenho me afastado para que tua raiva possa passar, mas
não melhora nunca, eu não sei como agir. – Disse, a mão abraçando-a pela cintura. Já
era natural.

Micaela : Eu o perdôo, mas não confio mais em ti. Por favor, tire as mãos de mim,
senhor. – Pediu, encarando-o. Ela viu a frustração faiscar no olhar dele.

Joshua: Pelo amor de Deus, eu estou implorando, pare com isso. Volte a ser a minha
Micaela . Eu não me importo com a tua aparência. Se tu o queres assim... – Ele tocou o
cabelo dela, ansNicholasdo pelos cachos que estavam em seu quarto – Pra mim está
tudo bem. Mas volte a ser a minha Micaela .

Micaela : Ela está morta. O senhor a matou. Retire as mãos, por favor. – Insistiu, fria.

Joshua: Não está morta. Está presa. Deixe-a voltar pra mim. – Pediu, e então ela
percebeu que podia sentir o perfume do hálito dele. Perto demais. Ele a encarou, como
se procurasse algo em seus olhos, e avançou para beijá-la. Seus lábios bateram no
cabelo dela, que havia saído dali. Ele respirou fundo. Estava tentando, Deus estava
vendo. – Micaela , depois de tudo o que vivemos, me repelir assim chega a ser
hipocrisia. – Disse, respirando fundo de novo.

Micaela : Aconteceu, mas não voltará a acontecer. Eu não vou permitir. Estou com nojo
das suas mãos, do seu toque. Me causa repulsa. Não acontecerá outra vez. – Ele não a
via, mas a voz dela era fria. – A não ser que me forces. Tem esse poder. Use-o, se
preferir.

Joshua: Micaela ... – Interrompido.

Micaela : Senhor, se não se incomoda, eu tenho trabalho a fazer amanhã. – Ela


caminhou até a porta, abrindo-a – Então se não tiver mais nada a me dizer, ou nenhuma
ordem a dar, eu peço sua licença. – Disse, fria.

Joshua se controlou até ali. Mas mandá-lo sair era ousadia demais, audácia
demais. Ele virou o rosto, vendo-a parada, segurando a porta.

Joshua: Enlouqueceu? – Perguntou, agora prontamente já irritado.

Micaela : Louca? – Perguntou, quieta – Pois que seja. Porém, louca ou sã, tu não tocas
mais em mim. Saia, Joshua. Minha resposta é não. – Ela apontou a porta aberta, em um
sinal claro de que o colocava pra fora. Ela ofegava de raiva.

Joshua: Está mesmo me pondo pra fora? – Perguntou, com um brilho estranho nos
olhos.

Micaela : O que parece? – Desafiou, subitamente raivosa.

Joshua: Como se atreve? Quem pensa que é? – Ele se aproximou a passadas largas e
bateu a porta com força, a madeira tremendo – Pois eu vou lhe mostrar.
Ele a apanhou pelo braço com força, trazendo-a pra si, e a luta corporal começou.
Joshua era violentamente mais forte que ela, mas ela estava possessa. Ele levou
umas duas bolachas antes de conseguir deter a mão dela. Sua outra mão buscou o
cabelo dela, ansNicholasdo puxá-lo, mas já quase não existia. Quando conseguiu
agarrálo seus dedos quase tocaram a raiz dos fios. Ele puxou-lhe os cabelos com
uma mão, enquanto prendia os braços com a outra, e ergueu o rosto dela. Os dois
se encararam raivosamente por um instante, e ela ainda se debatia. Quando ele
avançou ela desviou o rosto. Ele soltou a mão dela e puxou-lhe pelo queixo com
força.

Joshua: Eu mando em você. Tu és minha propriedade. Nunca esqueça isso, não se


equivoque. – Disse, em um rosnado.

E ele a beijou, a força, provando cada uma das palavras ditas. A boca de Micaela
recebeu, saudosa, o beijo dele. Mas a Micaela em si não o queria. Foi por isso que
os dentes dela se cravaram com toda a força nos lábios dele, que grunhiu,
recuando.

Micaela : SAIA! – Disse, exaltada. Joshua tocou a boca, e olhou o dedo ensangüentado.
– Não sou tua propriedade, acredite quando eu digo isso. – E ela quase jogou seu
segredo na cara dele.

Joshua: Sim, tu és. Assim como tudo aqui, tu és. – Limite não foi algo ensinado a
Joshua, lamentavelmente. Desde crNicholasça, quando ele queria uma coisa ele a tinha.

E ele avançou novamente. A luta corporal começou de novo. Se ele não estivesse de
camisa, levaria as marcas das unhas dela. Só que nessa ela perdeu o roupão. Ele se
afastou novamente, com o roupão dela em uma das mãos, sorrindo.

Joshua: Melhor assim. – Comentou, largando o roupão no chão.

Micaela : Se não sai tu, saio eu. – Disse, e se virou. Tinha posto metade do corpo pra
fora do quarto quando a mão dele a puxou novamente, e a porta se bateu com um novo
baque.

Dessa vez não houve como lutar, ela cambaleou direto pros braços dele, que a
beijou, sufocando-a. As mãos dela estavam presas, ela só podia se debater. O gosto
do sangue dele foi pra boca dela, mas antes que ela pudesse tentar machucá-lo
novamente, foi arremessada contra a cama. Abriu os olhos e viu ele a sua frente.
Joshua apanhou os pés dela, puxando-a pra si, abrindo suas pernas e se pondo
dentre elas. Dessa vez conseguiu deter as mãos dela rapidamente. Ele fez questão
de deixar todo seu peso cair sobre ela enquanto buscava seus lábios outra vez, mas
dessa vez só um selinho.

Joshua: Isso foi só uma prova de que tu és sim, minha propriedade. Se eu quisesse
possuí-la agora, assim seria, e você se curvaria a minha vontade. – Disse, e ela rosnou,
raivosa – Mas a força não, carinho. Eu quero minha Micaela de volta, não só possuir
teu corpo, por mais que ele me atraia. – E, pra incredulidade dela, ele soltou suas mãos,
se levantando. – Eu errei, mas quero minha mulher de volta. A força não.

Micaela : Saia daqui. – Murmurou, recuando na cama.


Joshua: Vou sair. – Disse, colocando o hobbie dela perto dela, na cama – Mas saiba que
eu vou estar esperando. Esperando que me perdoe, e que volte pra mim. Não importa
quanto tempo demore, assim que voltar a ser minha Micaela , assim que me perdoar,
volte pra mim. Eu vou esperar por você. – Disse, se afastando.

E ele saiu antes que ela pudesse responder qualquer coisa. Na verdade, não havia
nada mais a ser dito.

Você pensa que a situação ia melhorar? Não melhorou. Micaela não dormiu a
noite toda. Não, pode parecer cruel, mas ela não sentia tanto a morte do bebê. Você
não pode sofrer por algo que nunca quis, nunca planejou... Nunca teve. Ela apenas
lamentava, mas não chegava a ser dor em potencial. O que doía era a atitude dele.
Ela queria poder deixar seu cabelo crescer, subir as escadarias, entrar debaixo dos
lençóis dele, abraçá-lo e dizer que o amava, que o amou o tempo todo... Mas a dor
da traição não permitia. Ela não poderia. Sempre se achou segura por estar com
ele, mas no final foi ele que a atacou. Joshua tampouco dormiu. Sentia o molde do
corpo dela ainda em suas mãos, o calor, o gosto do beijo... Mas que diabo! Ele virou
de lado, impaciente. No escuro viu a silhueta de Dulce no porta retrato. “Está
morta porque era sua mulher.”. E ele se virou de novo, colocando a cabeça debaixo
do travesseiro, esperando que finalmente amanhecesse.

Suri: Meu cabelo é curto como o seu. – Disse, acertando o cabelo de Micaela com as
mãozinhas. Estava sentada nos pés da cama, com travesseiros a suas costas, e Micaela
sentada no chão, com um grande espelho a sua frente. – Mas o seu é mais curto.

Micaela : Você não gosta? – Perguntou, sorrindo, vendo a menina procurando um jeito
de fazer seu cabelo parecer maior.

Suri: Eu gostava grande. – Suri apanhou uma boneca e, segurando-a pela cabeça, pôs o
cabelo na cabeça de Micaela , onde o cabelo acabava. A cor era diferente, mas a
intenção era clara – A gente pode tentar colar... – Pensou, em voz alta. Micaela riu
gostosamente com isso.

Joshua parou do lado de fora da porta apenas para ouvir o som do riso dela.
Quando parou ele bateu na porta do quarto, e ouviu o: “Entra” da filha. Micaela
se levantou imediatamente do chão, se afastando, como sempre fazia. Joshua se
aproximou de Suri, pondo-a sentada no lugar certo na cama, e sentando-se ao lado
dela.

Joshua: Dormiu bem? – Perguntou, beijando-lhe a testa. A menina assentiu.

Suri: O que é isso? – Perguntou, passando a mãozinha nas olheiras do pai. Micaela
estava ocupada arrumando a cômoda, dobrando roupas, de costas pra ele. Joshua negou,
beijando a testa da menina de novo – Eu desisto. O cabelo da Annie some, seu rosto fica
preto, não quero mais brincar. – Disse, e se jogou, caindo de lado na cama, com a cara
no colchão. Nessa Micaela e Joshua olharam. Micaela riu de leve e Joshua fez uma
careta, puxando a menina sentada de novo.

Joshua: Ei. – Suri tinha a cabeça pendurada, os cabelinhos caindo pela cara – Dormiu. –
Disse, entrando na brincadeira – Ei, princesa, acorde e brilhe. – Disse, mordendo o
ombro dela. A menina se encolheu, dando um gritinho.

Suri: Tá, acordei. – Disse, tirando o cabelo do rosto – Mas o cabelo da Annie não era
melhor grande? O senhor não acha, papai? - Houve um silencio pesado dentro do
quarto. Joshua observou Micaela , de costas pra ele, por um instante antes de responder.

Joshua: Sim, eu preferia como era antes. – Ele estava falando com ela.

Suri: Eu não disse, Annie? – Perguntou, inocente da situação. Micaela assentiu sem
olhar.

Micaela : Suri, eu vou até a lavanderia buscar tuas roupas. – Disse, fechando a gaveta. –
Não me demoro, sim? – Suri assentiu. – Com licença, senhor. – Pediu, sem encará-lo.

Joshua tampouco respondeu. Viu ela se afastar, sumindo logo pela porta. A
situação era insuportável, podia se ser sentida no ar. Por todos menos Suri, é claro.
Ele se segurou por um instante, mas...

Joshua: Anjo, vai ficar bem se eu sair por um instante? – Suri assentiu.

E ele se levantou, saindo a passadas largas. Atrás dela, novamente.

ChristNicholas: Ei, com licença, você viu Ana... Sangue de Cristo tem poder. – Disse,
quando Micaela se virou.

Micaela : Creio que vi. – Disse, vendo a cara de choque dele. Será possível que os
boatos não chegaram a ChristNicholas?

ChristNicholas: Que diabo aconteceu com você? – Perguntou, olhando-a de cima a


baixo – Seu cabelo... Você cortou o cabelo? Porque?

Micaela : Coloquei pra lavar. – Disse, debochada – Você sumiu. – Comentou, dando
pela falta dele.

ChristNicholas: Fui mandado com o grupo pra alinhar as armaduras, daí passei um
tempo fora. Mas escute, eu tenho algo pra você. – Ele buscou o bolso da calça. Micaela
esperou, confusa. Ele tirou um envelope amassado de lá – Já está comigo há duas
semanas, mas não a encontrei.

Micaela : O que é isto? – Perguntou, apanhando o envelope amassado.


ChristNicholas: É da tua mãe, para ti. – Disse, e Micaela arregalou os olhos.

Micaela : Mas... Como conseguiu...? Meu Deus! – Disse, em choque.

ChristNicholas: Diogo. – Disse, em justificativa. Um sorriso lindo se estampou no rosto


de Micaela . Um sorriso autentico, feliz, sem ressentimentos ou mágoas.

Micaela : ChristNicholas, obrigada! – Disse, e pulou no pescoço dele, abraçando-o.


Foi exatamente isso que Joshua viu. Ela com o sorriso dele no rosto, e em seguida
se lançando no pescoço do outro. Ele sentiu raiva. Uma raiva violenta. Quem era
aquele homem? Piorou quando Micaela encheu o rosto de ChristNicholas de
beijinhos. Ela estava realmente feliz.

ChristNicholas: Mulher, componha-se. – Disse, rindo da histeria dela. – Ele ainda disse
que, com certa cautela, pode até mandar uma resposta tua pra ela. Parece que Hades está
viajando, então as coisas estão mais calmas por lá. Bom, foi isso que Maite me disse.

Micaela : Você a encontrou? – Perguntou, e ChristNicholas assentiu, satisfeito –


Garanhão. – Brincou, e ele revirou os olhos.

ChristNicholas: Ande, vá. Preciso voltar ao trabalho. Se der passo em teu quarto antes
de dormir, pra conversar. Cuidado com essa carta, Micaela . – Alertou, sério, e ela
assentiu.

Micaela saiu dali quase saltitando. ChristNicholas caminhou, tranquilamente (e


inocentemente), até que se bateu com o Joshua em pessoa. Parado, com a expressão
dura.

Joshua: É sua namorada? – ChristNicholas franziu os cenhos.

ChristNicholas: Quem? Micaela ? – Joshua esperou – Não, senhor. É uma amiga.

Joshua: Amiga. – Mediu, encarando o outro. A cena era realmente cômica. – Tudo bem,
pode ir.

ChristNicholas: Com licença. – Disse, confuso, e saiu.

Joshua bateu em retirada atrás de Micaela . A encontrou nos fundos da lavanderia,


sentada no chão, com as pernas dobradas, os braços amparados no joelho, e
segurando o rosto. Havia um papel em sua mão. E ela estava... Estava chorando?

Joshua: Micaela ? – Perguntou, sua raiva apagada como uma vela ao vento. Ela estava
feliz a minutos, porque agora chorava? Micaela se sobressaltou ao vê-lo ali, levando os
olhos azuis, momentaneamente desarmados, até ele.

Você não está só,


Juntos permaneceremos ♫
Joshua: Você se machucou? – Perguntou, preocupado. Micaela negou com a cabeça, se
levantando e secando o rosto. Os olhos continuaram úmidos.

Micaela : Não foi nada. – Respondeu, rouca.

Joshua: Que papel é esse? – Pediu, confuso, estendendo a mão.

Epa.

Micaela : Não é nada, senhor. – Joshua revirou os olhos.


Joshua: Me deixe ver. – Pediu, avançando.

Micaela : Não! – Disse, recuando. Joshua realmente não estava entendendo – Joshua,
por favor, não. – Pediu, com a carta as costas. Ele hesitou. Pelo menos ela o chamara
pelo nome. Ele assentiu, recuando um passo, em sinal de paz.

Eu estarei do seu lado,


Você sabe, eu segurarei sua mão ♫

Joshua: Me diga o que foi. – Pediu, sem atacá-la. Micaela dobrou a carta e guardou no
decote. Ele observou levNicholasamente o ato.

Micaela : Era uma carta... Da minha mãe. – Ela não mentiria pra ele ainda assim. – Eu...
Eu pedi para ir embora, para voltar pra casa.

Joshua: Porque fez isso?! – Perguntou, exaltado. Micaela ergueu a sobrancelha,


olhandoo – Aliás, porque achou que eu permitiria? – Algo sobre ter Micaela longe de
seu domínio o esfaqueava.

Micaela : Não te preocupes, ela não me quer de volta em casa. – Joshua respirou fundo,
virando o rosto por um momento pra se acalmar.

Joshua: Por isso choravas. – Disse, agora que o susto passara, penalizado. Não gostava
de vê-la sofrendo.

Quando estiver frio, e parecer o fim


Não há lugar pra ir, e você sabe que eu não vou ceder
Eu não vou ceder... ♫

Micaela : Eu disse que era bobagem. – Disse, olhando o chão – Eu... Eu preciso voltar a
trabalhar. Suri está só. – Disse, caminhando.

Joshua: Espere. – Disse, puxando-a pelo braço.

Mas ele não a beijou, nem tentou nada do tipo. Apenas a abraçou. Um abraço que
dava força, o mesmo abraço que ele deu a ela enquanto ela chorava pela morte do
pai. Micaela ia repeli-lo, mas não agüentou. Chorou. Se abraçou a ele e chorou.
Esse tipo de situação acontece na vida real: Você está magoada, machucada, mas o
único lugar que parece servir de conforto são os braços de quem a fez mal. ㅤ
Continue agüentando firme!
Porque você sabe que nós conseguiremos, nós conseguiremos... ♫

Joshua: Shhh... – Disse, alisando os cabelos dela, enquanto o outro braço a mantinha
firme em seu abraço – Vai passar. – Prometeu, meio que ninando-a. Sentiu o ombro de
sua camisa se molhar com as lágrimas dela.

Micaela : Porque você fez isso? – Perguntou, a voz tremula pelo choro e pelos soluços
que vinham. – Meu Deus, eu confiava em você!
Joshua: Me perdoe. – Pediu, os olhos fechados, o nariz no cabelo dela, aspirando o
perfume que continuava o mesmo.

Micaela : Eu não consigo. Eu não confio mais em ti. Eu não posso. – Disse,
aproveitando os segundos que restavam nos braços dele.

Apenas seja forte


Porque você sabe que eu estou aqui por você, eu estou aqui por você ♫

Joshua: Você sabe que eu não quero seu mal. Eu só me precipitei... Eu não soube como
agir. – O vento frio que bateu nos dois anteriormente teria feito o cabelo dela dançar no
ar. Agora, nada.

Micaela : Já basta. – Disse, e ele sentiu ela afastá-lo. O rosto dela estava molhado de
novo
– Queres meu bem? – Joshua esperou – Me deixa viver em paz, então. Esquece tudo. –
Pediu, e antes que ele pudesse responder havia saído a passos rápidos, secando o rosto.
Os braços dele sentiram falta do corpo dela, mas ele não a seguiu.

A cabeça de Joshua só conseguia manter uma pergunta. Não importava agora o


passado, ou Hades, ou a guerra. Apenas uma pergunta: Como reverteria aquilo?

04 meses depois...

Micaela : Teu pai deve vir te ver. – Disse, acomodando Suri – Se precisar de algo, grite.
– Ela terminou de cobrir a menina – Tenha bons sonhos.

Suri: Teu cabelo está crescendo. – Disse, tocando o cabelo de Micaela . Só crescera uns
três, quatro dedos, mas era perceptível. A franja continuava lá. Micaela sorriu.

Micaela : Tu já disseste isso 05 vezes hoje. Durma, sapeca. – Disse, beijando-lhe a testa.

Suri: Boa noite, Annie.

Micaela se bateu com Joshua na saída. Acontecia com freqüência, mas os dois não
se falavam muito. Joshua mudara nesses meses. As olheiras pareciam
permanentes, o rosto não tinha alegria. Ela o encarou por um instante e saiu,
deixando-o com a filha. Passou pela cozinha para tomar um copo de água.

Nina: Eu creio que já estou ficando melhor. – Contou a cozinheira, se equilibrando pra
se manter de pé. Micaela ergueu a sobrancelha.

Micaela : QUE NOTICIA BOA! – Disse, dando um tapa no ombro de Nina. No susto a
outra se desequilibrou e caiu, gritando enquanto segurava a perna novamente fraturada.
Micaela gargalhou, desistindo da água e indo pro seu quarto.

Ela ainda sorria enquanto entrava no quarto, mas seu sorriso terminou em um
esgar de choque. Havia alguém ali.

Nicholas: Não grite. – Advertiu, sentado na cama dela.


Micaela : Precisa de algo, senhor? – Perguntou, incrédula.

Nicholas: Feche a porta. – Ordenou, se acomodando no travesseiro dela. Micaela


ergueu a sobrancelha – Eu preciso conversar com você, fique tranqüila.

Micaela avaliou por um instante e fechou a porta. Quando se virou Nicholas


estava girando o livro dela na ponta do dedo. Micaela fez uma careta.

Nicholas: Se sente. – Pediu, apontando os pés da cama. Ela foi, hesitante – A propósito,
não gostei do teu corte de cabelo. Preferia o anterior.

Micaela : É o que a maioria diz. – Disse, dando de ombros. Nicholas sorriu de canto. –
Joshua o mandou aqui?

Nicholas: Ele não manda em mim. – Disse, franzindo o cenho, e parando de girar o livro
– Não, ele nem sabe que está aqui. E eu prefiro que continue sem saber.

Micaela : Tudo bem, eu não estou entendo. – Disse, realmente confusa. Nicholas se
sentou direito, a encarando. Os olhos dele eram perturbadoramente claros.

Nicholas: Em primeiro lugar, eu não estou aqui para defender Joshua. Sou contra o que
ele lhe fez. – Micaela esperou – Mas eu estou vendo-o definhar dia após dia. Quando
você passa vejo nos olhos dele a esperança de algum progresso, para logo voltar ao
torpor. Se algo acontecer a Joshua eu perco essa guerra, Micaela . Eu não vim aqui para
isso.

Micaela : Eu não vou voltar para ele. – Disse, categórica.

Nicholas: Não sou um cupido, não vim pedir isso. Mas você precisa entender o lado
dele. Precisa ver pelo ângulo que ele viu a situação. – Disse, e ela esperou – Micaela ,
nós, reis, temos uma criação muito diversificada da tradicional. Quando eu tiver filhos
não vou cria-los do modo como eu fui criado. É errado e prepotente, mas somos criados
para sermos reis, não humanos.
Micaela : O que quer dizer com isso? – Perguntou, confusa.

Nicholas: Um homem normal é criado para honrar sua mulher e filhos. – Exemplificou.

Micaela : Um rei também, suponho. – Disse, irônica. Nicholas assentiu, sorrindo de


canto.

Nicholas: Certamente. Só que nós fomos criados sob um ângulo diferente. Em minha
adolescência meu pai me disse inúmeras vezes que eu poderia amasiar quantas criadas
eu tivesse vontade, porém que minha esposa ou qualquer outra pessoa jamais deveriam
saber. Eu seria rei, logo, eu poderia passar por cima dos outros.

Micaela : Que adorável. – Disse, novamente irônica.

Nicholas: É, adorável era o nome do meio do meu pai. – Debochou, coçando a


sobrancelha – Alguns de nós, como Joshua e eu, aprendemos a ter dignidade sozinhos.
Eu nunca tocaria outra mulher que não fosse Maggy, por mais que apareçam mulheres
encantadoras a minha volta. – Disse, insinuador. Micaela riu. Conversar com Nicholas
chegava a ser leve.

Micaela : Por favor. – Pediu, revirando os olhos, e ele sorriu.

Nicholas: Do mesmo modo como Joshua jamais olhou outra mulher a não ser Dulce
María.
Nem após sua morte, 05 anos depois, ele manteve o celibato e nunca quis outra mulher.
Até que você apareceu. – Narrou, girando a alNicholasça no dedo – E algo em você o
derrubou em sua convicção. Ele a tornou sua amante. Mas ainda assim, é importante
que isso fique claro, ainda que morta, até que ele despose outra mulher, Dulce María é a
esposa oficial. – Micaela o encarava, quieta – É uma basbaquice, mas é assim que
funciona. A cama dele está vazia, mas a esposa dele é ela.

Micaela : Não entendo onde quer chegar. – Disse, passando a mão no cabelo.

Nicholas: Quero chegar no ponto em que você não o entendeu. Joshua estava feliz tendo
a você, até que aconteceu. – Micaela ergueu a sobrancelha – A crNicholasça que você
carregava no ventre era uma ameaça explicita. Se chegasse a conhecimento publico, e
você sabe que isso podia acontecer, Joshua sofreria por ter tido um filho, com todo
respeito, bastardo. A descriminação, as criticas, até que perderia o trono. Perderia o
trono em meio a uma guerra. Você consegue adivinhar quem seria o primeiro a assumir
o trono dele?

Micaela : Hades. – Disse, dura.


Nicholas: Exatamente. Ele se viu dNicholaste dessa situação e não soube o que fazer.
Não poderia ir até você e dizer: “Querida, você não pode ter nosso bebê.”. Seria
patético, e você não aceitaria.

Micaela : Tu fazes isso parecer engraçado, quando não é.

Nicholas: Acho que é um dom. – Disse, pensativo – O fato é, quando você apareceu
grávida ele se viu com uma bomba nas mãos. Nada sabia sobre isso, então tentou se
recordar do que lhe fora ensinado. Eu mesmo recebi ordens de que se um dia uma de
minhas amasias engravidasse, ou ameaçasse revelar a verdade, ela deveria ser morta. No
caso da gravidez, morta ela e a crNicholasça. Meu adorável pai cansou-se de repetir
isso. Acho que por tanto ele repetir até hoje o ventre de Maggy se nega a gerar um filho
meu. – Disse, fazendo uma careta.

Micaela : Você está mentindo. – Isso era absurdo.

Nicholas: E o que eu ganho mesmo mentindo para defende-lo? O assunto de vocês não é
problema meu. – Lembrou – Joshua recebeu as mesmas instruções, e isso era o certo a
se fazer no caso dele. Pelo menos foi assim que fomos criados. Ele não soube o que
fazer e matar você seria o mesmo que suicídio. Então fez o que fez, em uma medida
desesperada. Se arrependeu amargamente, como se vê hoje, mas não havia outra
alternativa, Micaela .
Micaela : Ele deveria ter me matado, é isso o que quer dizer?

Nicholas: Sem hesitar ou pensar duas vezes. – Confirmou. – Essa crNicholasça era fruto
da traição dele a memória de Dulce María. Me perdoe pela franqueza, mas de um modo
ou outro, tu concordando ou não, ela não podia vir ao mundo. Não no meio de uma
guerra, não nessas circunstancias. Mas ele escolheu poupar a ti. Tua vida se manteve
intacta.

Micaela : É isso? Tudo isso é sobre dignidade?

Nicholas: É sobre tudo o que mais for. Joshua fez o que achou ser certo em um
momento de desespero. Não o condene como está fazendo, é cruel. – Se resumiu.

Micaela : Ele me traiu! – Exclamou.

Nicholas: Traiu mas ele não sabia que isso era errado, nenhum de nós sabe! Quando se
tem um reino em suas costas, muitos dos princípios são equivocados! – Rebateu – É isso
o que tu precisas entender: Todos tem a distinção de certo e errado. Para nós, reis, o que
Joshua fez a ti está na lista do que é certo. A não ser porque ele a manteve viva.

Micaela : Ainda assim...

Nicholas: Ele se arriscou poupando você, Micaela . Você poderia bem sair por ai
gritando aos 4 ventos a verdade, e ele estaria condenado do mesmo modo. Mas ele
poupou você; Ele preferiu encarar as conseqüências do que tirar tua vida. Pense nisso.
Micaela parou, passando a mão no cabelo, e olhando pra frente. Se era assim...
Não, de jeito nenhum. Ela se virou pra olhar, mas Nicholas girava o livro no dedo
novamente.~

Nicholas: Quando uma crNicholasça está crescendo, seus pais lhe ensinam a não roubar,
pois é errado. – Exemplificou – Quando um rei está se formando, seu pai o ensina a
matar as amasias e os bastardos, porque é o certo. É difícil distinguir o certo do errado
desse modo. – Disse, olhando o livro girar – Eu acho que era isso que eu tinha a dizer.

Micaela : Dirá a ele que esteve aqui?

Nicholas: Eu sou um rei, não um pombo correio. – Disse, franzindo o cenho, e Micaela
riu – Não estou pedindo que saia correndo porta afora e se atire nos braços dele. Seria
melodramático demais. – Disse, girando o livro – Mas pense no que eu te disse. Quando
você tem uma granada na mão não há muito tempo pra decidir o que fazer. Seu bebê era
uma granada. Se ele não agisse, logo, iria estourar na mão dele. – Disse, e parou o livro.

Micaela : Um ponto de vista agradável. – Disse, debochada.

Nicholas: Eu também acho. – Disse, largando o livro – Mas se tu estás viva agora, foi
porque ele realmente gosta muito de ti. Do contrário estaria morta, fria, com teu filho
ainda no ventre, morto junto contigo. Pela piedade dele não está. – Disse, se levantando
– Vou deixá-la dormir. Pense no que eu te disse.

Micaela não viu Nicholas se afastar, mas ele parou na porta. Ela o olhou, meio
aturdida.

Nicholas: Duas coisas. Primeiro uma pergunta. Aquela Nina... – Micaela ergueu as
sobrancelhas – Você já tentou a almofada de alfinetes dentro do sapato? – Perguntou,
curioso, e Micaela gargalhou.

Micaela : Não, não tive essa idéia. – Disse, rindo.

Nicholas: É infalível. – Sugeriu, e ela agradeceu com a cabeça – Mais uma coisa... Se tu
disseres a ele que eu estive aqui, ou que te expliquei alguma dessas coisas, eu vou negar.
– Micaela revirou os olhos – Tenha uma boa noite. – E saiu, fechando a porta.

Micaela colocou as mãos nas têmporas, cerrando os olhos. Uma coisa era certa:
Nicholas lhe dera muito em que pensar.

#Flashback de Joshua

Joshua: Que diabo está acontecendo? Onde está o médico? – Perguntou, raivoso.

Criada: Está a caminho, senhor. A chuva está detendo-o. – Disse, agoniada.

Dulce: Joshua... – Chamou, fraca, na cama. Ele a olhou. Ela respirava superficialmente,
e estava branca demais.
Joshua: Vá, e traga-o! – Ordenou, e a criada saiu. Ele foi até a cama, apanhando a mão
de Dulce. Estava ficando fria. – Eu estou aqui, meu amor. – Disse, beijando a mão dela.

Dulce: Eu estou morrendo. – Disse, e tossiu em seguida.

Joshua: Não diga tolices, Dulce. Isso foi apenas... Apenas... É só um mal estar. – Disse,
alterado. Pobre Joshua.

Dulce: Precisa me escutar. – Disse, e duas lágrimas caíram pelo canto dos olhos dela –
O médico...

Joshua: Está chegando. Logo. – Prometeu, afobado. Se acontecesse algo a Dulce o


médico morreria antes de bater no chão.

Dulce: Quando ele chegar... Joshua, o bebê... – Ela engasgava com as palavras. Os olhos
já estavam fechados, e ela soava. A barriga enorme parecia ser um pecado contra algo
tão frágil – Salve o bebê.

Joshua: Amor, não fale. Não se canse mais.

Dulce: Me prometa. – Ela respirou fundo, e com algo que parecia ser um esforço
estrondoso, abriu os olhos quase sem brilho para encará-lo – Me prometa que vai salvar
nosso filho. Prometa que vai cuidar dele. Prometa... Joshua, prometa agora.

Joshua: Eu prometo. – Disse, se abaixando para beijar a mão dele.

Só que quando ele ergueu o rosto não era mais Dulce; Era Micaela . Os olhos dele
se abriram em choque, e a mão dela o apertou. A respiração de Micaela ficou
suspensa por instantes, então a cabeça dela pendeu para trás, os olhos azuis ainda
abertos. Mas aquela era a morte de Dulce, não a de Micaela . O medico chegaria
em segundos, e traria Suri a vida. Aquela era a morte de Dulce, ele se lembrava
claramente.

Joshua: Não. – Disse, apavorado. – Micaela , não. – Disse, tocando o rosto dela. – Não,
outra vez não.

Micaela estava arrumando o quarto. Queria sair dali antes que ele acordasse. Mas
ele estava inquieto. Ela se apressou, deveria estar acordando. Mas ele estava
realmente inquieto. No sonho de Joshua...

Joshua: Micaela , pare com isso! Pare agora! – Ele apanhou o rosto dela, erguendo-a da
cama. Os olhos permaneceram mortos, e a cabeça dela pendeu para trás, os cachos
balançando no ar. – Você não é Dulce, não vai morrer como ela, acorde! MICAELA ,
ACORDE! – Rugiu, apavorado. Então a barriga de Dulce, enorme, sumiu. Em
compensação uma mancha de sangue começou a brotar no lençol branco. – Não... Por
favor...
Micaela se aproximou da cama. Joshua tinha o cenho franzido. Ela pensou se
deveria chamar ajuda. Então duas lágrimas caíram pelo canto do rosto dele. É
possível alguém chorar dormindo? Ela se aproximou mais. Ele respirada em
arfadas, parecia atordoado, e ela teve pena. Seja qual fosse o pesadelo, ia acabar.

Micaela : Joshua... – Chamou, tocando o ombro dele – Joshua, acorde. – Ele continuou
em seu sono conturbado – Meu Deus. – Disse, estranhando. Ela queria que ele
acordasse. O retrato de Dulce repousava tranquilamente atrás dela. – Joshua! Mas que
diabo, acorde! – Ela apanhou o rosto dele nas mãos, tentando acordá-lo.

Joshua acordou com um impacto. Os olhos se abriram em choque e ele respirou


fundo violentamente, se situando na realidade. Os olhos dela estava em frente aos
dele.

Joshua: Está viva. – Disse, em um murmúrio, tocando o rosto dela. A imagem dos olhos
morto de Micaela o assombrava.

Micaela : Estou. – Disse, confusa. – Solte meu pulso, está me machucando. – Alertou,
sem entender. Joshua olhou o pulso dela. Sua mão estava fechada em torno dele como
uma algema. Ele não a soltou.

Joshua: Meu Deus. – Ele se sentou, respirando fundo. Seu rosto estava molhado de suor.

Micaela : Você está bem? – Oi, você vai quebrar meu pulso.

Joshua: Não muito. – Respondeu, tentando se acalmar.

Micaela : Foi só um pesadelo. – Disse, hesitante, e ergueu a mão livre (que ainda tinha
um pulso bom), secando a testa dele.

Joshua: Me abrace. – Pediu, angustiado. O pesadelo fora real demais.

Micaela : Joshua... – Ela recuou. Ah, seu pulso continua preso.

Joshua: Só um abraço. Por favor.

Micaela hesitou, mas se sentou na cama e o abraçou. Joshua a agarrou firme


(finalmente soltando seu pulso), como se tivesse medo que escapasse, e afundou o
rosto em seu ombro. Ela teve a impressão de que ele chorava, mas não o
interrompeu. Quando ela precisou de um ombro pra chorar, ele estava lá. Ela
acariciou os cabelos dele, sentindo a nuca soada (e tendo dificuldade em respirar,
esmagada no abraço dele), tentando acalmá-lo.

Micaela : Foi só um pesadelo. - Disse, e ele ergueu o rosto do ombro dela. O retrato de
Dulce estava a sua frente. Ele franziu o cenho e virou o rosto. Não queria ver.
Joshua: Parecia real. - Murmurou, mas sentia o coração dela batendo, comprimido
(esmagado) contra seu peito. Isso o acalmava.

Micaela : Quer dizer o que foi? - Perguntou, ainda acaricNicholasdo-o.

Joshua: Não. - Ele fungou. O perfume dela o embriagou. - Já passou.

Micaela : Bom. - Ele sentiu ela soltando seu cabelo, afastando-o - Se você está bem, eu
vou voltar a trabalhar.

Joshua: Não! - Disse, e a prendeu de novo - Não fuja mais de mim. Eu não agüento
mais. - Disse, os olhos atormentados a encarando.

Micaela : Nós já falamos sobre isso. - Disse, tentando se desvencilhar dele. - Me solte.

Joshua: Olhe nos meus olhos e diga que não me ama mais. - Pediu, olhando o rosto dela.
Micaela se deteve - Diga me encarando, diga que não me ama mais.

Keep holding on!


Cause you know we make it trough, we make it trough ♫

Micaela : Por favor. - Pediu, tentando se soltar.

Joshua: Só diga que não me ama mais. - Insistiu, encarando-a.

Micaela : Você nunca me amou, que diferença isso faz? - Perguntou, atordoada.

Joshua: Quem disse que eu nunca a amei? - Perguntou, imediatamente.

Just stay strong!


Cause you know i'm here for you, I'm here for you ♫

Micaela : Está mentindo. - Disse, os olhos sondando os dele.

Joshua: Não estou. - Ele apanhou uma das mãos dela, levando ao seu peito - Sinta, eu
não estou. - Disse, os olhos desarmados frente a ela.

Micaela não soube o que dizer. Estava ai algo que ela não esperava. Ele poderia
estar mentindo, só para ela perdoá-lo... Ou podia ser verdade. O coração dele batia
descompassadamente sob sua mão, e os olhos pareciam sinceros. Ela não teve
tempo para pensar, ele se aproximou mais dela. Lentamente, como quem pede
permissão. Ela hesitou, e viu ele aproximando o rosto do seu. Como reprimir isso?
Os olhos dois se mantiveram juntos até que os lábios se tocaram. Joshua selou-lhe
os lábios primeiro, logo outra vez... Na terceira ele se demorou, abrindo os lábios
dela, que estava imóvel. Ele a encarou uma ultima vez então tomou os lábios dela
de modo saudoso. Micaela arfou, já no inferno, e deu passagem a língua dele. O
beijo que se seguiu foi apaixonado, violento. Ele soltou as mãos dela, mas ela
apanhou seu rosto, trazendo-o para si, matando aquela saudade que a consumia.

Saudade: Uma palavra, sete letras e um sentimento que machuca mais do que se
pode suportar. Era isso que havia naquele quarto. Saudade. Joshua parecia alguém
que tinha andado pelo deserto por muito tempo, procurando um oásis que não
encontrava. Ele estava cansado, sedento. Micaela ? A confusão. Sua cabeça girava,
mas ela estava bloqueando os pensamentos agora. Não queria pensar, queria sentir.
Ela não viu, mas suas costas se recostaram suavemente na cama dele, e ela estava
deitada. A cama de Joshua era a cama mais macia em que Micaela já havia se
deitado, parecia ser feita de nuvens... Que carregavam o perfume dele. O beijo dos
dois seguia, contrarNicholasdo a necessidade de ar. Ele passou pra cima dela
sutilmente, sentindo o corpo frágil se adaptar ao seu de modo saudoso. As mãos de
Micaela desceram pelas costas dele, sentindo os músculos molhados de suor
(Joshua transpirara durante o pesadelo, e ele dormira sem camisa). Ele mordiscou
a boca dela várias vezes, beijando-lhe o queixo em seguida, a maxilar, o pescoço...
E bateram na porta.

Joshua: O que? – Perguntou, malcriado. Micaela riu de leve, e ele selou os lábios dela.

Criada: O café da manhã está servido, senhor. Senhor Nicholas mandou avisar-lhe que
já está a sua espera. – Disse a voz do outro lado da porta.

Joshua: Nicholas. – Rosnou, olhando pro lado. Se praga pegasse, Nicholas a esta hora
estaria em apuros – Diga-o para começar sem mim. Vou me atrasar.

Criada: Sim, senhor. – E os passos se afastaram.

Joshua avançou para Micaela novamente, e a próxima pessoa que o interrompesse


teria a cabeça arrancada... Mas ela não o correspondeu.

Joshua: O que há? – Perguntou, a frustração mal disfarçada na voz.

Micaela : Minha resposta ainda é não. – Reprimiu, retirando as mãos dele.

Joshua: Não? – Perguntou, se amparando em um braço para encará-la.

Micaela : Eu preciso de tempo. – Disse, sincera. Queria voltar pros braços dele mas
ainda se sentia andando em uma corda bamba.

Joshua: Tempo. – Repetiu, os olhos sondando os dela.

Micaela : Eu sinto sua falta, demais. – Disse, os dedos tocando a maxilar dele. – Mas eu
preciso de tempo, pra me situar. Me dê tempo. – Pediu, encarando-o.

Joshua: Quanto tempo você precisar. – Disse, tirando o cabelo dela do rosto. – Eu vou
continuar aqui. Só não me reprima mais, como a um inimigo. Eu só quero seu bem. –
Micaela assentiu.
Então ela lhe deu um beijo, por mais incrível que possa parecer, na bochecha, e se
esquivou debaixo dele. Joshua deixou ela sair. Observou ela se levantar, tirando os
amassados do vestido e arrumando o cabelo. Ela apanhou as toalhas dele, que
havia trocado, e saiu do quarto. Joshua se afundou no travesseiro de novo, com as
mãos no rosto. Se ela precisa de tempo, vamos dar tempo a ela.

---*

Mas dois meses se passaram, e ela não voltou. Joshua tampouco a procurou, não a
viu, nem com Suri. Ele não tinha paciência pra isso. Ou ela o queria, ou não
queria. Ele não iria rastejar mais. Porém o acaso ama pregar peças...

Empregado: Senhores. – Disse, com a respiração ofegante, entrando na sala onde Joshua
e Nicholas estavam. Joshua virou o rosto para olhar; Nicholas apenas ergueu os olhos.

Nicholas: O que há? – Perguntou, os olhos claros quase perfurando o soldado.

Empregado: Willow Creek. – Era uma das propriedades de Joshua. Como uma das
extremidades do território. – Está sob mira de ataque. Pelo visto temos menos de 02
horas até que o confronto ocorra.

Joshua: Quantos homens? – Nicholas observava, sem um pingo de graça no rosto.

Empregado: Esse é o problema, o olheiro não conseguiu ver a divisa. – Joshua franziu o
cenho, Nicholas arregalou os olhos – Mais de 500 pelo que pude ver, senhor.

Joshua: Mais de 500 em uma batalha neutra? – Perguntou, incrédulo.

Empregado: Não é o numero total, eu vim dar o alarme e ainda haviam homens em
marcha. – Disse, e dava para se ver o porque da afobação.

Nicholas: Não é uma batalha neutra. – Disse, olhando para frente – Joshua, Willow
Creek estava com a divisa descoberta, discutimos isso ontem. Uma frente de batalha de
500 homens em um campo sem defesa, pelo amor de Deus. – Disse, apontando o óbvio.
O rosto de Joshua se entalhou em pedra de uma hora pra outra.

Joshua: Ele está vindo. – Concluiu, e Nicholas assentiu erguendo a sobrancelha –


Desgraçado. – Rosnou, se levantando, e saiu. Nicholas se levantou também. A urgência
era clara agora.

Nicholas: Soe o alarme, eu quero, por baixo, mil homens pro campo de batalha agora.
Cubram a guarda do castelo e esperem por mim e Joshua lá fora. Vá! – Ordenou, antes
de sair da sala, também apressado.

Maggy lia um livro; Micaela cuidava de Suri; Cada um em seus afazeres...


Quando houveram sinos. Altos, ensurdecedores. Os da igreja e os do castelo. O
copo que Micaela tinha na mão, vazio, caiu e se quebrou em vários cacos, mas ela
não o olhou. Maggy ergueu o rosto do livro, e parecia mais branca que o normal.
Ambas sabiam o que aqueles sinos significavam: Guerra. Imediata, iminente.

Suri: O que é isso? – Perguntou, atordoada com o barulho. Micaela olhou a menina, e
Suri viu o pânico nos olhos dela – Annie, o que foi?

Micaela : Eu... Eu já volto. – E ela saiu correndo.

Micaela nem sabia o que estava fazendo. Os sinos continuavam tocando, e aquilo a
atormentava. Ela percorreu salas e salas, procurando por ele, e nada. Onde estava?
Ela parou no corredor do primeiro andar, revirando os olhos pra si mesma, e
desembestou para a escadaria que dava na torre de Joshua. Seu pulmão doía pelo
esforço quando ela abriu as portas (novamente sem bater), encontrandoo lá. Ele já
estava com a armadura, e prendia algo de metal ao seu braço, como uma proteção.
Os dois pararam ao se verem.

Joshua: O que há? – Perguntou, na defensiva, parado ao vê-la ali.

Micaela : Não vá. – Pediu, rouca tanto pela caminhada, tanto pelo desespero.

Joshua: O que? – Perguntou, confuso.

Micaela : Joshua, não vá. Não atenda o chamado, fique aqui. – Ele entendeu o medo
dela.

Joshua: Micaela ... – Ele suspirou. Micaela viu a espada dele pousada nos pés da cama,
e isso lhe pareceu um mal sinal.

Micaela : Eu estou implorando. – Ela estava chorando – Eu faço o que você quiser. Pelo
amor de Deus, não vá.

E, pro choque de Joshua, ela se ajoelhou perante a ele.

Joshua: Ei. – Disse, se aproximando dela. Ele se abaixou, apanhando-a pelos ombros –
Se acalme. – E ele a abraçou. Os sinos continuavam chamando. Micaela o abraçou, mas
o metal frio entre os dois servia como barreira.

Micaela : Não vê que ele está fazendo isso para atraí-lo? Ele quer você morto, Joshua,
não vá. – Ele seguia calado.

Joshua ergueu os olhos, e o retrato de Dulce, pousado em sua cabeceira, servia de


contraproposta. Hades matara Dulce. Joshua esperou 05 anos por esse dia, por ter
sua oportunidade. Ele teve novamente um flash da morte de Dulce, dos olhos dela
sem vida em frente a ele, e Suri que jamais andaria...
Joshua: Eu não posso. – Ele a soltou, e Micaela o olhou, desolada. O cabelo dela estava
maior, e já fazia alguns cachos. A franja se desfizera em uma camada curta do cabelo. –
Eu tenho uma conta a acertar.

Micaela : Você vai morrer por essa vingança. – Disse, desolada. Ela viu Joshua terminar
de prender o acessório de metal no braço. Porque ele não estava ouvindo-a?!

Joshua: Se tiver de ser assim... – Seria. Era a resposta clara: Ele estava disposto a
morrer.

Micaela não teve mais o que falar. Não conseguia. Ele apanhou algo que lembrava
um capacete, de metal, um escudo e a espada. Estava pronto. Os sinos pararam de
tocar. Ele parou, frente a ela, e aquilo era uma despedida.

Joshua: Espere por mim. – Pediu, olhando-a.

Micaela : Por favor... – Insistiu. Ele tocou a maxilar dela.

Joshua: Ainda que não acredite, eu realmente amo você. – Disse, olhando os olhos
lacrimejantes dela – Se eu não voltar... Não esqueça isso.

E ele beijou a testa dela demoradamente, saindo dali. Ainda precisava ver Suri.
Um desespero tomou conta de Micaela a ponto de sufocá-la. Ela encarou o retrato
de Dulce. Uma fúria desmedida justificou ela ter avançado pelo quarto, apanhando
o porta retrato e atirando-o com força na parede oposta. O som do vidro
quebrando foi o que veio antes dos soluços do choro assustado dela, que caiu
sentada na parede do outro lado. Ela não suportaria esperar... Não suportaria
perde-lo.

Joshua largou a espada, o capacete e o escudo do lado de fora do quarto de Suri


antes de entrar, mas a armadura já o denunciava. A menina franziu o cenho,
confusa.

Suri: Papai, o senhor viu a Annie? Ela saiu daqui meio... Que roupa é essa? – Perguntou,
se interrompendo. Joshua se sentou perto dela na cama, e a menina bateu no peito da
armadura como quem bate em uma porta.

Joshua: Eu vou ter que sair. – Disse, passando a mão no cabelo dela.

Suri: Pra onde?

Joshua: Enquanto... Enquanto eu estiver fora, prometa que vai ser uma boa menina. Que
vai se cuidar, e crescer... E ser feliz. Prometa isso pro seu pai.

Suri: Quanto tempo o senhor vai levar fora? – Perguntou, confusa.

Joshua: Eu não sei. Prometa.


Suri: Eu prometo. – Disse, sem entender.

Joshua: Não esquece de uma coisa: Tanto o papai quanto a mamãe amam você demais,
sim? – Perguntou, e a menina assentiu, sem entender. Ele beijou a testa dela, respirando
fundo – Eu amo você.

Suri: Eu também amo você, papai. – Disse, tentando abraçá-lo. Mas seus braços eram
pequenos e a armadura o tornava ainda menos acessível.

Joshua: Fique bem. – Disse, abraçando-a. Joshua levou bem um minuto abraçado com a
filha, então, beijando-a novamente, saiu. Suri continuou sem entender. Não soube que
aquilo podia ser uma despedida.

Falando em despedidas... Maggy não disse uma palavra. Permaneceu sentada em


um canto, sem olhar, enquanto Nicholas se vestia. Uma vez com a armadura
montada ele foi até ela, mas quando a puxou, fazendo-a se levantar, houve objeção.
Ela se resetou ao toque dele, estapeando-o, se afastando.

Maggy: Tu não vais se despedir de mim, Nicholas, não! – Disse, se afastando dele.

Nicholas: Kath... – Tentou, respirando fundo.

Maggy: Não vá. Essa guerra não é sua, não é nossa. Não me deixe aqui sabendo que
você pode morrer lá fora, Nicholas, pelo amor de Deus! – E parece que Micaela não era
a única a suplicar – Essa guerra não é nossa, você não precisa ir!

Nicholas: É minha guerra agora. – Disse, e ela revirou os olhos, impaciente e em pânico,
passando as mãos no cabelo. – Não confia em mim?

Maggy: Não é o caso de confiar ou não, você vai morrer no campo de batalha, lutando
por uma causa que não lhe pertence!

Nicholas: E se eu realmente morrer como tu pensas, vai desperdiçar os últimos minutos


que tem comigo brigando? – Perguntou e ela o encarou.

Maggy encarou Nicholas por instantes, então, derrotada, o abraçou. Ele trouxe o
rosto dela para si, beijando-a apaixonadamente, e aquela era a despedida que ela
não queria ter. Os sinos voltaram a tocar, um ultimato. Ela se agarrou a ele, mas
ele se libertou.

Maggy: Volte para mim. – Pediu, em um murmúrio.

Nicholas: Eu vou voltar. Confie. Eu amo você. – Ele selou os lábios com os dela e, após
se armar de capacete, escudo e espada, saiu. Ela olhou a porta aberta por minutos, até
desmoronar na poltrona novamente.

Maggy: Inferno. – Rosnou, amaldiçoando Joshua pela hora em que ele mencionara pedir
o apoio de Nicholas para essa guerra.
Mas agora já era tarde. Bastava esperar para ver quem voltaria... Ou se voltaria.

Nicholas: Joshua. – Chamou, ao montar em seu cavalo. Os soldados iam a pé, mas
Nicholas e Joshua de cavalo, ambos negros. – Essa não é a batalha que havíamos
planejado, e nós estamos esperando por Robert e por Zack, lembre-se disso.

Joshua: O que quer que eu faça, entregue a coroa? – Perguntou, esperando o exercito
avançar a sua frente para poder passar (Os soldados abriam frente para a cavalaria).

Nicholas: Não. Mas se for uma armadilha, se ele não estiver lá, nós vamos fechar
fronteira e recuar.

Joshua: Ele está lá. – Disse, pondo o capacete.

Nicholas: Espero que esteja. Mas se não estiver e tu insistires, eu vou recuar com meus
homens e largá-lo lá sozinho. – Avisou, pondo o capacete também. Joshua não
respondeu.

Esse era todo o problema da situação. Batalhas haviam, e várias, mas era como no
xadrez: Apenas os peões iam, os reis eram protegidos. Uma vez que Hades estivesse
dentre o exercito de ataque, Joshua deveria sair do castelo e oferecer resistência. Se
ele não fizesse isso, perderia. Porém se Joshua fosse derrubado em um campo de
batalha onde Hades nem estava... Seria uma catástrofe. Haviam 1.500 homens
reunidos ali. Nicholas queria que houvesse resistência de pelo menos 2 homens seus
para cada 1 de Hades. E em silencio todos seguiram.

Suri: Onde está meu pai? – A menina estava impaciente desde que Joshua saíra –
Micaela , chame ele!

Mas Micaela não respondeu. Tanto ela quanto Maggy não diriam mais nada
aquela tarde. O silencio dominava o castelo. No quarto de Joshua o retrato de
Dulce fora recolocado em seu lugar, a pobre não tinha culpa do final que tivera.
Como Micaela iria justificar a falta do vidro do porta retrato era o de mínimo
agora.
Ela só rezava. Rezava para que nada acontecesse a ele, para que voltasse para ela...
E as horas passavam... Passavam... O campo de batalha era o caos. Joshua já
sumira dentre os soldados, procurando por Hades... Matando quem passava ao seu
redor. Nicholas não descera do cavalo, procurava como Joshua, mas com os olhos.

Nicholas: ARQUEIROS! – Rugiu, ainda olhando pro campo de batalha. Mais de 200
arcos se montaram as suas costas, esperando as ordens – AGORA!

E voaram duas centenas de flechas juntas, enegrecendo o céu por instantes.


Parecia chuva. Quando atingiram seus alvos, muitos caíram. A cena era caótica.
Haviam gritos, e o som do metal cortando tudo o que aparecesse. Nicholas
permaneceu quieto, procurando novamente. Porém a verdade o açoitava
juntamente com o ódio. Ele deu a ordem aos arqueiros novamente, e mais uma
revoada de flechas sobrevoaram o céu.
Haviam menos homens de Hades agora. A vitória estava ao alcance das mãos.
Porém...

Nicholas: Ele não está aqui. Desgraçado. – Disse, fazendo o cavalo girar para olhar em
volta. Não havia sinal de Hades por ali, só soldados. Nicholas ergueu o braço e com um
gesto deu a ordem – RECUAR! RECUAR, AGORA!

Os soldados começaram a recuar. Os arqueiros; a montar resistência na fronteira.


Mas Joshua não estava dentre nenhum dos dois. Também percebera que Hades
não estava ali e estava furioso. Todos os que cruzavam ao seu redor terminavam
por morrer. Tanto sua espada quanto sua armadura já estavam lavadas em sangue.
Perdera o capacete em algum lugar, seu rosto estava livre, e era o rosto da fúria.
Nicholas localizou Joshua rapidamente: Dentre os que ainda não recuaram ele era
o mais rodeado, e o que mais derrubava homens.

Nicholas: JOSHUA! – Rugiu, raivoso. Joshua, se ouviu, ignorou. – É o inferno.


HOMENS, RECUAR! – Ordenou, e puxou a espada da bainha, atiçando o cavalo que
foi no meio – E eu que não queria me sujar de sangue. – Rosnou consigo mesmo.

Não queria, mas se sujou. Todos aqueles que não eram seus e que passaram por seu
caminho caíram. Até que ele chegou a Joshua. Não havia como parar, ele estava
sendo atacado. O cavalo relinchou e a espada de Nicholas reluziu no ar, se
abatendo sobre todos os que se aproximava.

Nicholas: JOSHUA! – Dessa vez tinha certeza de que Joshua ouvira – ELE NÃO ESTÁ
AQUI, O QUE ESTÁS FAZENDO? – Não houve resposta. – Ótimo. – Disse, descendo
do cavalo.

Desgraça pouca era realmente bobagem. Se um dia Hades tivera chance de ganhar
essa guerra era agora. Nicholas e Joshua estavam expostos combatendo soldados!
Não podia ser melhor! Joshua matava homens porque estava com raiva, e Nicholas
matava homens para tentar deter Joshua. Quando não havia mais nenhum homem
por perto, ou no raio de alcance deles, Nicholas agarrou Joshua pela armadura.

Nicholas: Tu tens sorte por eu ser piedoso e não tê-lo largado aqui. – Rosnou, raivoso –
Quando eu ordenei para recuar, se aplicava a ti também. Vamos sair daqui.

Joshua não disse nada, apenas se virou para sair. Não haviam chegado ao cavalo
ainda quando alguém o atacou pela costas. A espada do atacante passou pelo feche
da armadura de Joshua, acertando-o nas costas. Ele cambaleou, com um grunhido,
e Nicholas se virou. Ao ver a situação Nicholas tirou o próprio capacete e atirou na
direção do homem que atacara Joshua, e foi até ele (que estava no chão), cravando
sua espada em seu peito. Ele puxou a espada de volta, gotejando sangue, e se virou.
Mas Joshua já havia caído, e agora estava no chão, imóvel e com a espada cravada
na lateral das costas.
Todos estavam paralisados. Nicholas fez sinal para que vigiassem ao seu redor
enquanto se aproximava de Joshua.

Nicholas: Joshua, pode me ouvir? – Perguntou, olhando a espada. Por baixo uns 04
dedos da lamina haviam perfurado a carne.

Joshua: Não, fiquei surdo. – Respondeu, com a voz abafada pela grama.

Nicholas apanhou a espada e a puxou das costas de Joshua, que gritou perante a
dor. Nicholas trouxe a espada até perto do rosto, medindo o trecho manchado de
sangue. Quatro dedos, como imaginara. Ele largou a espada de lado, voltando a
Joshua, que ofegava no chão. Escorria sangue pela lateral da armadura.

Nicholas: Consegue andar? – Perguntou, se abaixando.

Joshua: Não, creio que terei de voltar pro castelo engatinhando. – Respondeu, e sua voz
era entrecortada. Houve um suspiro de alivio geral quando Joshua se pôs a levantar...
Mas ao pôr o peso na perna esquerda (O lado do corte), cambaleou, rosnando. Nicholas
o amparou. – Adorável, não é? – Perguntou, e ainda ofegava.

Nicholas: Tragam o cavalo. – Ordenou, e um dos soldados saíram. – Se tivesse me


escutado não estaria ferido agora.

Joshua: O que é realmente reconfortante. – Joshua não sabia o que estava mais forte em
seu corpo: O ódio ou a dor. O empregado com o cavalo chegou. Joshua penou pra
conseguir subir, e uma vez lá se amparou no cavalo, ofegante.

Nicholas: Vocês. – Disse, se virando. – Recolham os mortos, devolvam as suas famílias


para que façam os funerais como se deve. Eu não quero nenhum sobrevivente do
exercito de Hades. Se encontrarem algum... – Pra bom entendedor meia ordem basta.
Nicholas se virou mas Joshua já havia saído, se equilibrando pra segurar a rédea do
cavalo com uma mão só (erguer o braço do lado ferido era lancinante). – É o inferno...
Joshua! – Exclamou, indo atrás.

Nicholas seguiu atrás de Joshua. O cavalo dele estava logo ali. Ele montou com a
maior facilidade após prender a espada na bainha, e seguiu o outro. Um criado
ajudou Joshua a descer no castelo, amparando-o até dentro de casa. Já era
madrugada.

Nicholas: Você. – Disse, e uma criada assentiu – Vá até meu quarto e avise a Mrs.
Maggy que eu voltei. – Ordenou e a empregada saiu. – Eu quero uma equipe para
revezar na segurança do castelo, chamem homens que não tenham participado da
batalha, eu não quero ninguém dormindo na guarnição, e tampouco quero ser atacado
enquanto durmo. – Disse, irônico.

Micaela ouvira o alvoroço e viera correndo, mas parara na porta. Nicholas estava
em cima de seu cavalo... Mas o cavalo de Joshua estava livre, olhando
levNicholasamente para um canteiro de orquídeas que havia ali perto. Micaela
hiperventilou. Demorou instantes até Nicholas vê-la parada ali, branca feito a
morte. Ao encontrar o olhar dele ela avançou.

Micaela : Onde... Onde está? – Perguntou, olhando do cavalo de Joshua pra Nicholas.
Nicholas desceu do próprio cavalo, revirando os olhos.
Nicholas: Mulher, se controle. – Disse, procurando graça – Está no quarto. – Micaela
quase desmaiou. – Vocês são tão precipitadas! – Disse, observando-a.

Mas então a prova da precipitação desceu as escadarias do castelo correndo.

Maggy: NICHOLAS! – Exclamou, os cabelos longos ricocheteando enquanto ela


segurava o vestido para correr.

E ela não se importou ao se lançar nos braços do marido. Não se importou por se
chocar contra a armadura dele, nem por sujar o vestido luxuoso de sangue ou a
pele de fuligem. Ela apenas o beijou. Ele a amparou nos braços, correspondendo
seu beijo em uma frase que dizia: “Está tudo bem. Acabou.”. Micaela não esperou
para ver aquela cena romântica: Já estava correndo novamente. Destino? O
quarto de Joshua.

Micaela entrou novamente sem bater. Joshua, que acabara de largar a armadura
numa cadeira. Estava de calça e camisa sem botões. Os braços ainda protegidos
pelos acessórios de metal. Descalço. Os dois se encararam por um instante longo, e
ela correu na direção dele, lançando-se em seu pescoço, abraçando-o. Joshua a
abraçou, mas não suportou o peso dos dois: Cambaleou, se amparando na cômoda
com a mão. Ela o soltou, olhando-o de cima abaixo.

Micaela : O que há? – Perguntou, alerta.

Joshua: Eu me machuquei... Um pouco. – Ele viu o pânico nos olhos dela – Nada com
que se preocupar.

Micaela : O que? Onde... – Ela parou ao puxá-lo de lado. Na lateral da camisa branca
havia uma mancha vermelha enorme, que descia pela cintura dele, sumindo na calça
preta. Ela ergueu a camisa pra se debater com o corte da espada. Micaela prendeu a
respiração.

Joshua: Não é nada. Já estão vindo cuidar disso, eu chamei uma...

Criada: Com licença, senhor. – Disse, parada a porta. Micaela e Joshua olharam.

Joshua: Uma enfermeira. – Completou, apontando.

Micaela : Pode sair. – Ordenou, tomando o kit de primeiros socorros da mão da


enfermeira. – Eu vou cuidar dele.

Joshua sorriu, divertido, e assentiu para a criada sair. Uma vez que ela saiu
Micaela fechou a porta, parecendo ultrajada. Se desarmou após trancar a
fechadura. Joshua engoliu o sorriso. Ela largou o kit em cima da cama e voltou até
ele, voltando a olhar o ferimento.

Micaela : Está sangrando demais.

Joshua: Vai parar. – Disse, erguendo a mão pra tocar o rosto dela.
Micaela : Vá pro banho. – Ordenou, rasgando o tecido da camisa dele. Joshua deixou ela
destruir sua camisa, divertido. Uma vez de peito nu ela o encarou – Ande, vá! Eu vou
mandar prepararem algo para você comer. – Disse, e apanhou os braços dele, puxando
os protetores de metal. – Vá. Eu vou cuidar de você. – Disse, tocando o rosto dele.
Joshua, depois de ter passado por tudo o que passou, ansiou pelo carinho dela... Mas ela
o despachou mancando pro banho.

A água queimou no corte dele, e no piso tinha a cor vermelho sangue. Demorou até
ele terminar. Lavou os cabelos, e quando saiu havia uma muda de roupa para ele
ali. Se secou e se vestiu. O ferimento ainda sangrava. Ele mancou de volta ao
quarto, onde Micaela o fez comer até dizer: “Chega!”. Agora ele estava de bruços
na cama, sem camisa, e ela limpava o ferimento dele cuidadosamente com um
algodão molhado.

Joshua: O que houve com o retrato de Dulce? – Perguntou, vendo o porta retratos sem
vidro. Epa.

Micaela : Quando tu saíste eu fiquei ansiosa... – Ele esperou, ainda de bruços, e ela não
podia dizer a verdade – Eu comecei a mexer em tudo e terminei derrubando o porta
retratos. Perdão.

Joshua: Tudo bem, eu mando buscarem uma moldura nova. – Disse, e respirou fundo,
acomodando o rosto no travesseiro. Agora lavado podia se ver um pequeno talho na
sobrancelha dele, mas aquilo melhoraria por si só. – Tu sabes o que está fazendo? –
Perguntou, por precaução, sentindo a fisgada fria da agulha atravessar sua pele.

Micaela : Sei, minha mãe me ensinou algo sobre algo. Você vai ficar bem. – Os olhos
dela estavam atentos a linha na pele dele, dando o primeiro ponto. – Como foi?

Joshua: Ele não estava lá. – Disse, em um murmúrio frustrado. – Se esquiva como uma
enguia, porque não me enfrenta de vez, já que comprou a briga?

Micaela : Porque sabe que tu o matarias sem contar até vinte. – Disse, puxando a agulha
novamente. Joshua já fora suturado outras vezes, mas nunca vira ninguém fazê-lo com
tanto cuidado, ou tanto carinho como ela. – É um covarde. E tu deverias se controlar, e
não se jogar desse modo toda vez que ele pregar uma peça. Ficou histérico. – Disse,
terminando o segundo ponto. – Me assustei. Tive medo de que não voltasse.

Joshua: Eu estava exaltado... Mas não muda a verdade do que eu te disse. – Disse,
virando o rosto o máximo que podia para olhá-la. Micaela o encarou, hesitando por um
momento, mas seguiu.
Micaela : Suri esteve exaltada a tarde toda, e custou a dormir. – Disse, puxando um
novo ponto. O sangue começava a ceder ao curativo.

Joshua: Não mude de assunto. – Disse, e ela empurrou o rosto dele de volta no
travesseiro. Ele não pôde evitar de rir.

Micaela se manteve calada o resto da sutura. Quando terminou de dar os pontos


fez um curativo em cima.

Micaela : Melhor assim. – Disse, recolhendo as coisas. – Você precisa descansar. – Ela
deu um beijinho nas costas dele, se levantando – Eu vou levar...

Nem terminou. A mão de Joshua já estava no braço dela, detendo-a em seu lugar.
Os dois se encararam, e ele estava decidido.

Joshua: Dessa vez não. – Disse, trazendo-a sentada de novo. E não havia como sair.

Micaela : Por favor...

Joshua: Não. – Disse, resolvido. Ainda a segurava. Dessa vez ela teve que rir. Ele
esperou.

Micaela : Não o que? – Perguntou, divertida.

Joshua: Não o que você for pedir. E ainda é não. – Disse, concreto.

Micaela : Mas tu nem sabes o que eu ia pedir. – Disse, exasperada.

Joshua: Posso imaginar qual é a natureza. E a resposta é não.

Micaela o encarou, erguendo a sobrancelha. Ele a confrontou. Ela do nada puxou


o braço. Não conseguiu nem um centímetro de avanço. Ele sorriu, satisfeito. Ela
puxou de novo. Nada.

Micaela : Mas que diabo, me largue. – Disse, largando o que tinha no colo no chão pra
tentar se levantar a força.

Joshua: Olha os modos. – Repreendeu, puxando-a sentada de volta.

Micaela : Enquanto não me soltar falo o que eu quiser. – Confrontou, ousada, tentando
se soltar. Joshua ergueu as sobrancelhas.

Joshua: Se tu vais falar o que quiser, eu faço o que quiser também. – Respondeu,
satisfeito.

E Micaela nem viu como. Em um minuto ela estava falando, e no outro estava no
ar. Joshua a puxou para fazer cair deitada ao seu lado. Porém quando foi passar
pra cima dela a dor em sua cintura foi mais forte, fazendo-o grunhir e voltar ao seu
lugar com uma careta.

Micaela : Estourou os pontos? – Perguntou, preocupada.

Joshua: Não. – Disse, se acomodando – Só foi um aviso de que não é pra eu sair daqui.

Micaela : Eu vou mandar prepararem um chá pra sua dor. – Disse pra si mesma, indo
pra cima dele – Me deixe ver. Pode ter voltado a sangrar. – Disse, tentando virá-lo.
Joshua franziu o cenho.
Joshua: Tu és absurda. – Disse, e ela o olhou, confusa.

Micaela : Porque? – Perguntou, confusa, encarando-o. Joshua olhou o corpo dela, de


volta pros olhos, em uma resposta clara. Ela olhou pra trás. Estava de 4 em cima dele.
Ele viu o rosto dela ruborizar e ela recuar, engatinhando... Mas segurou seu braço.

Joshua: Não, carinho. – Disse, mantendo-a no lugar. Ela o encarou novamente.

Joshua a encarou por um instante, levando a mão até sua maxilar. Ele se
aproximou e não houve objeção: O beijo aconteceu. Ele trouxe ela pra si, pondo-a
deitada em seu colo e abraçando-a pelo ombro com um braço, enquanto o outro
segurava o rosto dela, permitindo que sua boca devorasse a dela. Nenhum dos dois
deu a mínima pro retrato de Dulce, logo ali atrás. Saudade, saudade, saudade,
saudade...

Micaela : Não. – Disse, escapando dos lábios dele. Joshua respirou fundo.

Joshua: Pelo amor de Deus... – Suspirou, frustrado.

Micaela : Eu o quero. – Disse, tocando a maxilar dele. Joshua a encarou, o olhar entre
confusão e satisfação – Deus, como quero. – Ela selou os lábios com os dele.

Joshua: E então? – Perguntou, já apertando-a contra o peito novamente.

Micaela : E então que você vai se machucar. Sabe que é verdade. Mal consegue se
levantar. – Disse, beijando o nariz dele.

Joshua: Eu não preciso me levantar, preciso? – Perguntou, mordendo o ombro dela, com
um toque de malicia na voz.

Micaela : Hey! – Disse, tapando o rosto dele, que riu, mordendo a mão dela.

Joshua: Eu estou com tanta saudade. – Lamentou, mordendo-a novamente. Micaela riu,
com cócegas.

Micaela : Eu também... – Ele a beijou, mordiscando seus lábios – Mas não vai ajudar se
seus pontos abrirem. – Joshua suspirou, derrotado. Por mais que não reconhecesse, ela
tinha razão.
Joshua: Fique comigo. – Pediu, colocando o cabelo dela atrás da orelha.

Micaela : Aqui? – Perguntou, admirada.

Joshua: Aqui. – Confirmou – Eu não preciso de sexo pra me satisfazer. Fique comigo,
me dê sua companhia, seu perfume... Seu sorriso. – Ele tocou o queixo dela, sorrindo –
E tudo ficará bem.

Micaela : Sério? – Perguntou, desconfiada.

Joshua: Por enquanto. – Disse, severo, e ela sorriu – E não mata se tu me deres uns
beijos também. – Propôs, na maior cara de pau.

Micaela : Me deixe sair. – Joshua fechou a cara – Eu só vou levar as coisas e me trocar.
Eu volto.

Joshua: Prometa. – Disse, sondando os olhos dela.

Micaela : Eu prometo. – Disse, selando-lhe os lábios.

Joshua: Se não voltar, eu vou buscá-la. Só pra ressaltar. – Disse, soltando-a. Micaela
riu, e se levantou.

Joshua viu ela catar tudo e sair. Ele respirou fundo, pensando no que havia visto e
feito hoje... Então a sensação dos lábios dela... Ele virou o rosto pro lado e Dulce
estava lá, imortalizada, com a mão próxima ao rosto, os cabelos revirados.

Joshua: Me perdoe, meu amor. Eu não consegui. – Disse, olhando o retrato. Não
conseguira matar Hades. Não conseguira manter outra mulher longe de si.

Joshua abriu a gaveta da mesa de cabeceira e pousou o retrato lá cuidadosamente,


fechando a gaveta. Micaela logo voltaria. Ele não permitiria que ela dormisse ali
com o retrato de Dulce ali; Seria a memória viva do que ele estava fazendo, sendo
que Dulce morrera há apenas algumas torres de distancia. Ele se virou... E doeu.
Rosnando Joshua olhou o curativo. Não havia sangue, mas se ele se movesse podia
sentir os pontos repuxando a pele. Ótimo. Ele nem sabia o que havia ocorrido com
o homem que o atacara. Ele revirou os olhos, passando a mão no cabelo. Passou
minutos ali, até que ouviu passos apressados. Olhou para a porta. Logo Micaela
entrou no quarto, correndo.

Joshua: O que...? – Ele não terminou a pergunta.

Micaela : Vai dar 3 da manhã. Esse castelo deserto dá medo. – Disse, fechando a porta.
Joshua riu gostosamente. Ela se amparou na porta, respirando fundo. Ele ainda ria
quando reparou nos trajes dela. O roupão tinha se aberto na corrida desesperada dela.
Por baixo ela usava um corpete e um short (a roupa intima daquela época). O rosto
estava branco pela corrida. Os cabelos haviam crescido uma matiz mais escura do que
costumavam ser (Cabelo atual da Micaela ).

Joshua: Veio correndo de lá debaixo até aqui? – Perguntou, puxando conversa para
poder observar.

Micaela : Só dos pés da escada. Entrei em pânico. – Admitiu. Então ela viu o olhar dele.
Seguindo-o... – Ei! – Ralhou, fechando o roupão.

Joshua: Eu não fiz nada. – Ele viu ela dando um nó apertado no roupão, arrumando-o de
modo que não se via nada – Tire isso.

Micaela : Não, eu estou de roupa intima. – Disse, ultrajada. Ela ia subir na cama, mas
ele não deixou, levando o pé até onde ela ia subir. – O que?

Joshua: Tire. – Ordenou. Ela ergueu a sobrancelha – Por... Por favor? – Tentou e ela riu
gostosamente, deixando a cabeça cair pra trás. Ele sorriu.

Micaela : Uma hora tu ordenas, outra tu pedes por favor... É contraditório. – Disse,
divertida.

Joshua: Vamos lá. – Insistiu.

Micaela : Não!

Joshua: Eu estou sem camisa, qual o problema? – Impôs – Carinho, não há nada em
você que eu não tenha visto, se essa é a precaução. – Micaela ergueu a sobrancelha.

Micaela : Não é não. – Disse, cruzando os braços.

Joshua: Certo. – Disse, se apoNicholasdo nos braços. Micaela arregalou os olhos.

Micaela : Pare! O que está fazendo? Se deite! – Disse, impedindo-o de levantar.

Joshua: Me faça deitar. – Disse, apontando pro roupão dela.

Micaela o encarou por instantes, ultrajada. Era impossível! Por fim ele ergueu a
sobrancelha, dando-lhe um ultimato, e ela revirou os olhos, desamarrando o
roupão. Ele sorriu. Ela deixou o roupão em uma poltrona do quarto e caminhou
até a cama, agora conseguindo subir.

Micaela : Está doendo? – Perguntou, passando por cima dele para olhar o curativo.
Continuava limpo. Joshua brincou com o feche do corpete dela. – Joshua!

Joshua: Não resisti. – Disse, como uma crNicholasça pega no flagra – Não, não está
doendo, nada que eu não possa suportar. – Ele a apanhou nos braços, fazendo-a se deitar
em seu peito. – Seu cabelo está mais escuro. – Comentou, beijando-lhe o rosto.
Micaela : Eu sei. – Joshua a censurou com o olhar – Não fui eu.

Joshua: Não, imagina. – Disse, debochado – Mas deixemos isso pra lá. Sei de algo
melhor...

Ele a beijou novamente. Aquilo durou bem meia hora. Ele alternava entre sua
boca, o rosto e o pescoço, às vezes ousando o decote do corpete. As velas se
gastaram enquanto os dois continuavam ali, entre carinhos.

Micaela : Não seria melhor parar agora? – Perguntou, com a voz meio cortada, os lábios
entreabertos, enquanto ele afastava a alça de seu corpete, distribuindo beijos chupados
aqui e lá.

Joshua: Não gosta? – Perguntou, e a voz dele, rouca e baixa, fez ela se arrepiar.

Micaela : Gosto... Demais. – Disse, tentada – Esse é o problema.

Joshua: Só é problema se você quiser que seja. – Propôs, a boca mordendo a orelha dela.

Micaela : Ah... – Ela se encolheu, e ele beijou toda sua maxilar até o queixo de modo
demorado – Você prometeu. – Impôs, antes que ele a fizesse esquecer disso.

Joshua: Me faça quebrar a promessa. – Ofereceu, e a mão dele que estava em sua
cintura desceu de modo pegado pelo quadril, até a coxa, que ele apertou com volúpia.

Micaela : Não faça. – Disse, torturada.

Joshua: Não estou fazendo nada. – Disse, descendo a boca pelo colo dela, só passando
os lábios – Não vou fazer nada que você não queira.

Micaela : Eu não quero que você me toque. – Ofereceu, na hora, e ele sorriu.

Joshua: É? – Perguntou, subindo a mão da coxa dela até os seios. Ele desviou sutilmente
do corpete, apanhando um dos seios dela, enchendo sua mão, e apertando-o. Micaela
não conseguiu conter um gemido abafado. Os dedos dele buscaram o mamilo dela,
descobrindo túmido, rígido. Ele o apertou entre os dedos - Mentirosa. - Acusou,
sorrindo, e mordeu os lábios dela.

Micaela : É o inferno, eu deveria ter ido embora.

Joshua: Eu iria buscá-la. - Disse, antes de calá-la com mais um dos beijos que a
deixavam com a pulsação alterada. Enquanto a beijava Joshua deixou a mão brincar
com o corpo dela, atiçando-a, provocando-a. Micaela emergiu do beijo, deixando os
lábios dela, e quase ofegava.

Micaela : Agora basta. - Disse, afastando a mão dele.


Joshua: Eu conheço outra opção. - Disse, com a boca no ouvido dela. Ele beijou-lhe o
ouvido superficialmente e ela estremeceu. Os lábios dele estavam quentes, úmidos...
Joshua a ergueu com os braços, fazendo-a se sentar em seu colo, com uma perna em
cada lado. Micaela cravou as unhas no braço dele ao se sentar bem em cima do membro
dele, a essa altura pronto pra qualquer coisa - Bem melhor do que a que você me
oferece. - Concluiu.

Micaela : Você vai se... HUM! - Gemeu, languida, quando ele a apanhou pelo traseiro
com as duas mãos, pressionando sua intimidade contra o membro dele ao mesmo tempo
que erguia o quadril contra ela - Você vai se machucar. - Lamentou, vendo a batalha
perdida. Joshua se divertia mordiscando os seios dela por cima do corpete, como se a
idéia da roupa estar no caminho fosse desafio. Ele a puxou contra seu quadril de novo e
ela suspirou, enlaçando as mãos no pescoço dele, os dedos adentrando o cabelo
enquanto dava um beijo mordido na curva do pescoço dele.

Joshua: Deixe que eu faça o que quero, e não vou me machucar. - Disse, erguendo o
rosto aos poucos - Eu quero você, carinho. Eu a quero tanto agora que nada vai me
machucar mais que sua rejeição.

Micaela o encarou por um instante, indecisa. Os olhos de Joshua pareciam


flamejar. Ela suspirou, desistindo. Já estava no inferno mesmo. Ele suspirou, com
urgência, quando ela o beijou. As mãos dele agarraram o short dela como se
quisessem rasgá-lo... E rasgou. A mão dele procurou a intimidade dela, testando-a,
e ele sorriu ao ver que ela já estava mais que pronta pra ele. Micaela , deliciada no
beijo dele, só sentiu ele se remexer debaixo de si (afastando a calça), e as mãos dele
a buscaram.

Joshua: Aqui. - Disse, puxando o quadril dela. Com um movimento sutil ele possuiu o
corpo dela. Micaela mordeu o ombro dele, contendo o grito que veio até sua boca -
Assim... - Disse, satisfeito. A voz dele já estava cortada.

Bom, havia um tanto de razão quando Joshua disse que deixando-o fazer ele não se
machucaria. Naquela posição o ferimento dele nem era tocado, funcionava a todos
os efeitos. Ele ganhou ritmo aos poucos, guNicholasdo-a pela cintura. A pulsação
de Micaela estava tão forte que o coração dela ameaçava pular pra fora. Meu
Deus! Joshua a beijava, a tocava, ela não conseguia respirar! Sua memória não lhe
fazia justiça, nunca fizera!

Micaela : Ah. - Gemeu, ainda apertando os braços dele. Sentia os músculos dele se
movendo, e isso era...

Joshua: Hum? - Perguntou, mordendo o queixo dela. O quarto estava quase todo escuro
agora, pela ausência das velas. Micaela não conseguiu responder. Os corpos dos dois se
friccionavam agora quase com violência. - Diga o meu nome, carinho. Preciso ouvir tua
voz. - Pediu, passando os lábios pelo ombro dela.

Micaela : Joshua. - Chamou, atendendo o pedido dele. As mãos dela adentraram o


cabelo dele enquanto ela distribuía vários chupões pelo pescoço dele, e algumas
mordidas - Joshua... Ah, meu Deus. - Gemeu, e ele subiu uma das mãos por suas costas
até adentrar os cabelos. Ele ergueu o rosto dela, beijando-a.

Não demorou muito, tamanho desejo. Os dois se vieram quase juntos; Primeiro ela,
e ele após senti-la. O silencio reinou. Micaela estava desmontada no peito dele,
sentindo o coração dele tamborilar. Instantes depois a mão dele passou pelo cabelo
dela, acaricNicholasdo-a.

Micaela : Seu corte... - Disse, cansada, tentando olhar o curativo. O que ela conseguiu
ver estava branco.

Joshua: Eu estou no céu. - Brincou, beijando o cabelo dela. Ela ergueu os olhos,
encarando-o. O silencio durou por minutos, os dois se encarando.

Micaela : Amo você. - Disse, em um murmúrio. Joshua sorriu de canto.

Joshua: Eu também. - Respondeu, antes de beijá-la.

Logo os dois dormiram. E foi assim que aconteceu.

---*

Na manhã seguinte... Joshua acordou aos poucos, e se virou. Pela primeira vez em
mais de 5 anos havia alguém na cama. O braço dele buscou o corpo frágil de
Micaela , abraçando-a. Ele abriu os olhos, vendo Micaela dormindo do seu lado,
os cabelos escuros caídos a sua volta. Ele apanhou um dos cachos, menos vivos do
que costumavam ser no dedo e enrolou, tentando modelá-los... Quando soltou
voltou ao normal. Ele revirou os olhos.

Nicholas: Joshua, trate de acordar, eu quero saber se... – Nicholas entrou no quarto, e
parou na porta com a cena. Micaela e Joshua abraçados, cobertos até a cintura, ela de
espartilho, dormindo – Curioso. – Disse, prestes a cair no riso.

Joshua: A porta não estava trancada? – Nicholas ergueu a mão com um molho de
chaves, ainda admirando a cena – Ótimo. – Joshua trouxe Micaela mais pra si, na
defensiva. Dormindo, ela acolheu o braço dele em sua cintura, a mão o segurando
suavemente.

Nicholas: Pelo visto você está bem. – Disse, cruzando os braços.

Joshua: Perfeitamente. Quer dar licença? – Perguntou, exasperado.

Nicholas: Quem diria, vossa alteza... – Disse, os olhos claros sondando o rosto de
Joshua – Tu realmente te apaixonaste pela criada. – Concluiu, intrigado.

Joshua: É assunto seu? – Perguntou, na defensiva, puxando ainda mais Micaela pra si.
Mais um pouco e desmontaria a pobre.
Nicholas: Mas é claro que não. – Disse, divertido – Com sua licença. – Disse,
debochado, se curvando. Joshua revirou os olhos. Nicholas saiu, fechando a porta, e o
riso dele foi audível até dentro do quarto.

Ele olhou o rosto dela, que ainda dormia tranquilamente. Se lembrou da voz dela,
afogada, gemendo seu nome, há apenas algumas horas. Ele sorriu, afundando o
rosto no pescoço dela, beijando-a. Micaela despertou, se espreguiçando, manhosa,
e sorriu também.

Joshua: Bom dia, anjo. – Murmurou, beijando o rosto dela docemente.

Micaela : Bom d... Dia? – Perguntou, arregalando os olhos. Joshua ergueu as


sobrancelhas. Micaela olhou em volta. A claridade da luz do dia entrava pela janela
fechada, e o perfume de orvalho denunciava que já amanhecera.

Joshua: Algo vai mal? – Perguntou, olhando pra janela, sem entender.

Micaela : Claro que vai mal, como eu vou sair daqui? – Perguntou, se sentando. Ela
puxou o lençol para se cobrir. Joshua riu, deitando no travesseiro – Não ria! Eu deveria
ter ido embora assim que você dormisse, que diabo! – Disse, aflita.

Joshua: Eu tenho roupas. Posso emprestar. – Brincou, dando um beijinho no ombro dela.
Então imaginou Micaela vestindo suas roupas e gargalhou gostosamente, voltando ao
travesseiro.

Micaela : Eu pareço estar brincando? – Perguntou, ultrajada. Joshua estava ficando


vermelhinho pelo riso – Como vou sair daqui, Joshua? Não posso simplesmente desfilar
por ai de roupão! – Ele demorou um instante pra conseguir pegar fôlego.

Joshua: E eu tampouco o permitiria. Só eu posso vê-la, só eu posso tocá-la... – Disse,


apanhando o rosto dela com a mão. – Só eu. – Impôs, e viu o bico com que ela ficou. –
Não fique assim. – Disse, beijando o bico dela. – Passará o dia aqui comigo, cuidando
de mim. – Avisou.

Micaela : O dia inteiro? – Perguntou, erguendo a sobrancelha.

Joshua: E a noite inteira. – Disse, e ela riu. Ele a puxou deitada novamente,
mordendolhe a orelha – Você se ofereceu para o trabalho.

Micaela : Aceitaria que outra o fizesse em meu lugar? – Perguntou, afastando o rosto do
dele, falsamente indignada. Ele sorriu vendo o jeito de menina dela novamente em seu
rosto. Ele prontamente montou uma expressão de inocente acusado pro rosto.

Joshua: Longe de mim. – Disse, e ela ergueu a sobrancelha.

Micaela : Vá, se vou cuidar de ti, vá pro banho. – Disse, tentando por a cabeça em
ordem – Eu vou olhar teu curat... – Ele a beijou.
Micaela suspirou e aceitou o beijo dele. Em poucos instantes Joshua, se
amparando no braço e ignorando bravamente a dor, passou pra cima dela. Micaela
deixou a boca dele, segurando seu rosto.

Micaela : O que eu faço com você? – Perguntou, encarando-o. Joshua se acomodou de


modo em que a fisgada da linha no ferimento parou.

Joshua: Apenas me ame. – Disse, passando a mão no rosto dela, tirando os cabelos – Me
ame e todo resto será relevante. – Concluiu.

Micaela : Eu amo. – Disse, encarando-o.

Joshua: É só do que eu preciso. – Disse, antes de beijá-la novamente. Ela retribuiu,


novamente... Era tudo o que sabia fazer. Mas ele interrompeu o beijo – Antes... Algo que
está me incomodando. – Ela franziu o cenho, sem entender.

Entendeu quando ele apanhou seu corpete pelo decote com uma mão, puxando-o, e
conseqüentemente rasgando-o. Joshua se divertiu removendo aquela peça como
um cachorro se diverte ao encontrar um osso. Por fim ele, satisfeito, a beijou
novamente. Ela retribuiu o beijo, enlaçando as mãos no pescoço dele,
entregandolhe o corpo e a alma. Logo não havia mais nada pra ser dito.

Dias depois...

Nicholas: Perdemos poucos homens. – Encerrou, largando o papel com a lista dos
mortos na batalha.

Joshua: Ainda assim foi um desperdício, tanto de vida quanto de armas. – Micaela
colocou o copo de suco na mesa, na frente dele. Joshua a encarou, exasperado. Ela o
fazia comer algo o tempo todo! Ela ergueu a sobrancelha, repreendendo-o, e ele bebeu,
derrotado. Nicholas disfarçou o riso com um tossido. Mas...

Maggy: Bom dia. – Disse, entrando na sala – Por favor, não se levantem. – Disse,
dispensando, quando Micaela se curvou e Nicholas e Joshua iam levantar. – Nicholas...
Há alguma novidade sobre Hades? – Perguntou, levemente interessada.

Nicholas: Não que eu saiba. – Disse, estranhando – Porque?

Maggy: Carta de Vanessa. Acabaram de me entregar. – Disse, passando o papel que


tinha na mão pro marido.

Nicholas olhou. A caligrafia era fina, firme e delicada. Ele passou o trecho em que
Vanessa falava de outras coisas até o ponto em que Maggy indicou.

Nicholas: “Já chegou ao meu conhecimento a sujeira na batalha em Willow Creek.


Lamento que tenham se envolvido, e espero que todos estejam bem. Algo que não me
agrada é desonestidade. Se tu entras em uma briga, ganhe ou perca, mas saia de
cabeça erguida. Este ato não foi honesto. Logo... Estou envNicholasdo uma espécie de
“presente”. Há algo que eu aprendi ao longo dos anos: Introduza um pouco de
anarquia, quebre a ordem vigente e tudo se torna caos. Sabe qual a chave para o caos?
Medo. Ódio também funciona muito bem. E é exatamente disso que vocês precisam...
Um pouco de caos. Do lado dele, é claro. Soube há um tempo que Hades se enfureceu
porque uma concubina dele fugiu, provavelmente se infiltrando onde vocês estão. Isso
já causa raiva, é um começo. Somando com o que estou envNicholasdo será
significativo. Enfim, aguardem por noticias. Quando chegar até vocês, saberão que foi
um presente meu. Esperando que estejam bem, Vanessa Uckermann.” – Nicholas
abaixou o papel. – O que ela quer dizer com isso?

Joshua: Uma concubina dele? Aqui? – Perguntou, incrédulo. Micaela estava branca
feito papel.

Micaela : Tu não estás bebendo. – Disse, tentando controlar o tremor nas mãos. Joshua
revirou os olhos e tomou o resto do suco, encarando-a. Ela assentiu em aprovação, e ele
sorriu.

Nicholas: Isso é o de mínimo, o que ela quis dizer sobre “um presente”? – Perguntou,
intrigado.

Maggy: Era o que eu queria saber quando lhe perguntei se sabia algo. – Disse,
apanhando a carta de volta e dobrando-a.

Joshua e Nicholas deram a ordem. Imediatamente o boato correu: Todos queriam


saber o que estava acontecendo do outro lado da fronteira. A noticia chegou mais
rápido do que esperavam.

Criado: A mãe de Hades faleceu, senhores. – Informou. Micaela quase gemeu. Com
certeza isso traria uma resposta; Hades não se casara, era apegado a mãe mais que a
qualquer outra coisa.

Nicholas: Morreu? Como morreu? – Perguntou, confuso.

Criado: Pelo que dizem, quebrou o pescoço. – Informou, reservado.

Joshua: Caiu de uma escada? – Perguntou, tentando informar.

Criado: Isso é o confuso: Morreu dormindo, em seus aposentos. – Nicholas gargalhou


gostosamente. Maggy pôs a mão na boca e Joshua arregalou os olhos.

Maggy: Ela... Ela quebrou o pescoço da...? Meu Deus. – Disse, exasperada.

Nicholas: Vanessa, bem como eu a imaginei. – Disse, satisfeito.

Joshua: Como ela conseguiu adentrar o reino e o castelo dele assim? – Perguntou, ainda
em choque.
Nicholas: Dizem que ela é como o vento, pela noite. Incontrolável. Entrar no castelo
deve ter sido fácil. – Respondeu a pergunta de Joshua.

Maggy: O que significaria que ela está por perto? – Perguntou, olhando a carta.

Micaela : O que significa que eles estão se envolvendo na briga. – Disse, concluindo o
raciocínio. Joshua, Nicholas e Maggy a encararam.

Nicholas: Eu não havia pensado por esse modo. Joshua, se Vanessa matou a mãe de
Hades é porque esteve com raiva, se esteve com raiva está tomando nosso partido. –
Disse, se animando.

Criado: Senhores, outro fato: O olheiro realmente viu Hades vindo, em Willow Creek. –
Joshua e Nicholas olharam, confusos.

Joshua: Ele não estava lá. – Contrapôs na hora.

Criado: Não, senhor. Pelo que o olheiro diz ele vinha, com os arqueiros e a cavalaria,
então alguém intercedeu e disse algo que o fez retroceder. O olheiro acredita que a
informação de que sua alteza estava no campo de batalha vazou, e o fez recuar. –
Concluiu.

Joshua: Vazou? – Repetiu, irônico.

Nicholas: Informações não “vazam”, são passadas. – Disse, virando rosto para Joshua –
Há alguém dele aqui dentro, Joshua. Eu venho lhe dizendo isto há meses, e tu não o
crês. Agora isso. O que mais quer de prova? – Perguntou, e Joshua não respondeu – Há
alguém aqui, alguém que soube que iríamos no contra ataque e mandou avisarem com
antecedência, para que ele pudesse recuar!

Micaela : Posso me retirar? – Perguntou, em tom baixo. Estava nervosa demais.

Joshua: Estou com fome. – Disse, na mesma hora, erguendo o rosto. Micaela o encarou,
em um misto de incredulidade e graça na voz. Ele sempre dizia que estava com fome
quando queria que ela ficasse perto; Ela o alimentava.

Micaela : É claro que está. – Murmurou pra si própria, e ele sorriu – Eu já volto. – E
saiu.

Micaela parou na cozinha vazia e se amparou na mesa, ofegando, tremula. Como


Vanessa fora saber disso? Ter a verdade tão perto de Joshua a desestabilizou, ela
estava branca, fria, tremia.

Joshua: Micaela ? – Que diabo, ele viera atrás?! – Micaela respirou fundo, se
recompondo. Ele apareceu no portal da cozinha – Passa algo? – Micaela negou com a
cabeça, com medo da voz traí-la – Porque saiu daquele modo?
Micaela : Por nada. Eu só pensei que estava sendo inútil ali, eu não faço parte disso. –
Disse, se resumindo. Pro pânico dela ele se aproximou, puxando-a pro seu abraço.

Joshua: Não diga tolices, tu nunca és inútil. – Disse, beijando-lhe a testa – Está fria. –
Disse, estranhando.

Micaela : Não é nada, só uma tontura. – Mentiu. Então a voz de Nicholas veio do
corredor.

Nicholas: Joshua! – Chamou, a voz forte, fazendo Micaela estremecer.

Micaela : Eu vou pro meu quarto só um instante, sim? – Pediu, e ele pensou que era
porque ela realmente não estava se sentindo bem.

Joshua: A encontro em um minuto, só o tempo de mandar Nicholas ir pro inferno. –


Prometeu, e ela sorriu. Ele selou os lábios dela e saiu, ainda mancando um pouco, ao
encontro de Nicholas. Micaela , longe dele, deixou o rosto cair de novo.

Não suportaria. Não suportaria que ele descobrisse, que ele a deixasse. Ela preferia
morrer do que sobreviver perante o desamor dele. Ela encararia a morte com um
sorriso no rosto. Deus, me ajude...

Joshua foi ao encontro de Micaela pouco tempo depois. Ela havia tomado banho,
tentando esfriar os ânimos, e estava com a roupa debaixo. Ele entrou no quarto,
fechando a porta.

Joshua: Está melhor? – Perguntou, preocupado.

Micaela : Passou, foi só uma vertigem. – Disse, abraçando-o e afundando o rosto em seu
ombro. Ele a abraçou, meio que ninando-a.

Joshua: Anjo, se importa de voltar ao quarto que eu lhe dei? – Perguntou, beijando o
cabelo dela – Esse é pequeno demais, úmido demais... Você merece algo melhor.

Micaela : Não, não me importo. – Ela não se importava com nada agora.

Joshua: Vamos sair daqui, então. – Disse, apanhando o roupão dela. Micaela ia
protestar, mas ele a calou com o olhar.

Os dois saíram dali de mãos dadas. Joshua a levou pelos corredores, e com um
toque do acaso ninguém os viu. Ele retirou a chave do quarto do bolso, abrindo a
porta, e entrou com ela. A cama de casal, confortável, estava forrada com lençóis
limpos, ele mandara limpar e organizar tudo.

Joshua: Tua chave. – Disse, pondo a chave em cima da cômoda. – Se deite um pouco,
vai ajudar. – Disse, abraçando-a por trás e dando-lhe um beijinho no ombro.
Micaela : Eu sei de algo que vai me ajudar. – Disse, se virando pra ele, abraçando-o –
Faça amor comigo, Joshua. – Pediu, beijando-lhe o rosto.

Joshua: O que? – Perguntou, meio confuso. Ela não estava doente?

Micaela : Quero que faça amor comigo. – Repetiu, e ele trouxe o rosto dela pra si,
encarando-a.

Joshua: Não posso fazer isso, está doente, vai piorar. – Disse, acaricNicholasdo o rosto
dela.

Micaela : Ao acaso tu me ouvistes quando eu disse o mesmo, na tua torre? – Perguntou,


contra-atacando, e ele riu.

Joshua: Era diferente. – Impôs.

Micaela : É claro que era. – Ela o beijou. Dentre os muitos dons de Joshua, rejeitá-la
não se incluía.

Ele retribuiu, abraçando-a firmemente. Era estranho. Dulce nunca o procurava,


era sempre reservada, até se esquivava. Nem nunca falava no assunto. Micaela era
completamente o oposto. Dulce nunca o tinha buscado; Micaela já. O fazia como
se fosse natural. Ele gostava disso. Ele sentiu ela fazer algum esforço, e após alguns
instantes percebeu que ela tentava fazê-lo andar. Permitiu. Ele se bateu na cama,
caindo sentado, se separando do beijo dela. Micaela acariciou o rosto dele, que,
encarando-a, beijou sua mão e pulso. Ela o soltou, ficando parada a sua frente, e
desfez o nó do roupão, se revelando de roupa intima na frente dele.

Joshua: Micaela ... – Repreendeu.

Micaela : Shhh. – Disse, pondo um dedo na boca dele. Ele se calou.

E ele não disse mais nada. Apenas observou ela desamarrar o nó frontal do
corpete, se libertando dele. A encarou o tempo todo. Quando ela por fim o retirou,
largando-o no chão junto ao roupão, ele não conseguiu evitar desviar o olhar,
vendo o cabelo agora escuro dela caindo junto a pele pálida, os seios fartos e
barriga reta a sua frente. Não pôde mais brigar. Ele a queria e ela pedia por aquilo.
A apanhou pelas coxas, abocanhando sua barriga em um beijo mordido. Micaela
sorriu, acaricNicholasdo o cabelo dele. Assim se sentiria segura: Em seus braços,
sendo sua mulher. Joshua deixou uma trilha de marcas vermelhas subindo pela
barriga dela até encontrar os seios, que estavam bem a sua frente. A encarou por
um instante, mas logo se ocupara de beijá-los. Micaela fechou os olhos, se
permitindo sentir as caricias dele. Parecia faminto. A pele dela foi se esquentando
sob as mãos dele, perante seus lábios, e ele sorriu ao sentir o mamilo dela se
enrijecer em seus lábios. Então ela passou pro seu colo, as mãos buscando os botões
do colete, soltando-os. A boca de Joshua buscou a orelha dela, o rosto, de modo até
agressivo, sedento. Micaela removeu o colete dele e partiu imediatamente pra
camisa, que logo foi eliminada.

Ele mordeu o queixo dela quando ela buscou seu cinto, abrindo-o sem nenhum
pudor.

Joshua: Me encanta, carinho. – Disse, com a boca próxima ao ouvido dela.

Micaela sentiu as mãos dele apanhando sua cintura e erguendo-a, e logo ela estava
por baixo na cama. Ele empurrou os sapatos e as meias com os pés, de qualquer
jeito, e ela acolheu o peso dele sob si, lânguida. Não demorou mais de alguns
minutos e os dois se moviam juntos, mas Joshua ainda estava hesitante, achando
realmente que ela estava doente.

Micaela : Amor. – Sussurrou, no ouvido dele. A voz dela estava quebrada, rouca pelo
desejo. Ela sentiu as mãos de Joshua apertarem sua cintura, como que buscando
controle para manter aquele ritmo lento, apaziguado, ao ouvir a voz dela. – Assim não. –
Pediu, beijando-lhe a orelha.

Joshua: Não faça... – Ele realmente estava usando cada fibra da sua resistência para não
atacá-la como tinha vontade.

Micaela : Por favor. – Disse, e ele sentiu ela enlaçar as pernas na cintura dele,
pressionando-o contra si – Isso não é o que você quer... – Induziu, traçando uma linha
pelas costas dele com a unha.

Joshua: É o que eu posso fazer sem machucá-la. – Rebateu. Ela insistindo daquele modo
não ajudava em nada.

Micaela : Então eu quero que você me machuque. – Sussurrou, mordendo a orelha dele
– Eu estou pedindo por isso. Eu quero a dor. – Concluiu, passando os lábios entreabertos
de leve pela orelha dele.

Ela sentiu Joshua morder seu ombro. Ele parecia estar buscando forças,
tentando... E falhou miseravelmente.
Micaela sentiu ele puxando-a mais pra si, fazendo-a quase deslizar na cama, e ele
investiu nela com brutalidade, como ela havia pedido, fazendo-a gritar a inicio.
Agora sim. O corpo de Micaela oscilava com as estocadas que recebia dela, e ela
tinha a cabeça inclinada para trás, os lábios entreabertos. Joshua tinha o rosto no
pescoço dela, mordendo-o, chupando-o. Tinha o cenho franzido pela força que
usava. Micaela cravou as unhas nas costas dele, deliciada com tudo aquilo. Era
mais do que havia pedido, era mais do que ela precisava, era... Deus! Durou
tempos. Ele não perdeu o ritmo, não se cansou, e a cada segundo que passava para
ela era melhor. Até que...

Micaela : Me beije. – Arfou, sentindo seu corpo quase que convulsionar. Ele atendeu,
muito satisfeito, buscando os lábios dela.
Alguns instantes depois o gemido dela foi parar na boca dele, e Joshua sentiu ela se
suavizar debaixo de si. A buscou por mais alguns minutos e foi sua vez, vindo-se
com o nome dela nos lábios. Os dois ficaram quietos por alguns minutos, ele
largado em cima dela e ela acaricNicholasdo os cabelos dele ternamente, enquanto
ouvia a chuva caindo, batendo na janela fechada. Joshua sentiu a mão dela
procurar delicadamente o curativo em suas costas, tocando-o superficialmente,
mas o curativo estava seco e limpo; Sem danos. Ele saiu de cima dela trazendo os
dois para debaixo do edredom depois de se livrar das calças, e a trouxe pro seu
peito, abraçando-a. Micaela o abraçou ternamente, deixando sua cabeça repousar
em seu ombro, aspirando teu perfume.

Joshua: Eu não mereço você. – Disse, com os lábios no cabelo dela, acaricNicholasdo
seu ombro.

Micaela : Merece em tudo o que tem. – Disse, dando-lhe um beijinho no pescoço,


deixando o nariz amparado na maxilar dele – Nada se aproxima do que você me dá.

Joshua abaixou o rosto, encarando-a. Micaela se sentia bem quando ele a olhava
assim. Ele tirou o cabelo dela do rosto, acaricNicholasdo-lhe a pele.

Joshua: Eu estou amando você. – Disse, e viu um sorriso de canto nascer no rosto dela.

Micaela : Eu sempre te amei. – Respondeu, retribuindo seu olhar. Ele beijou o nariz
dela, que riu, e a apertou em seu abraço.

E enquanto se mantivesse assim estaria tudo bem.

---*

Dias depois... Micaela acordou. Não estava chovendo, o que era raro. Ela se
sentou, tirando o cabelo do rosto, e olhou a camisola amarrotada... Mas inteira. O
que era mais raro ainda. Olhou pro lado e viu Joshua dormindo pesadamente, sem
camisa, coberto de qualquer jeito. Se desvencilhar dele fora quase uma luta
corporal, mas ela conseguiu, pondo seu travesseiro nos braços dele em seu lugar. O
dia claro parecia um pressagio, um aviso, uma constatação... O medo violento que
ela sentia, sua angustia e seu receio não evitariam o mal que estava por vir. Talvez
esses fossem seus últimos dias com Joshua.
Ela não desperdiçaria isso sendo fraca; agora isso não resolveria nada. Ela
trancaria seu medo em um compartimento escondido, onde ele não pudesse
atrapalhar. Foi pensando nisso que ela se levantou, se banhou e se arrumou. Saiu
do banheiro e estava se penteando quando a voz de Joshua a reprovou.

Joshua: Porque tens essa maldita mania de me deixar sozinho na cama? – Ele
sinceramente odiava isso.

Micaela : Porque tu ficas lindo dormindo. – Disse, sorrindo, passando a escova nas
pontas do cabelo – Eu não vou acordá-lo, e preciso trabalhar. Logo tu dormes e eu vou.
Joshua: Vou rasgar esses travesseiros, então quero ver o que tu vais por em teu lugar. –
Disse, debochado, e ela riu. Ele gostou do som do riso dela – Venha aqui. – Chamou,
estendendo a mão.

Micaela : Joshua. – Reprovou, sem se mover. – Sempre que tu acordas me atrasa.

Joshua: Agora. – Ordenou, insolente, e ela suspirou, se aproximando. Se sentou na


cama, olhando-o, e ele se sentou atrás dela, deixando-a entre suas pernas, apanhando a
escova de sua mão. – Passarei o dia fora hoje. – Disse, passando a escova
cuidadosamente no cabelo dela. Ele observou, curioso, um cacho se esticar e voltar ao
lugar sob seu toque.

Micaela : Devo me preocupar com sua saída? – Perguntou, virando o rosto.

Joshua: Não. – Disse, se divertindo com os cachos dela – Só vou com Nicholas resolver
algo na cidade. Devo voltar ao entardecer.

Micaela : Estarei aqui. – Disse, aninhando as costas no peito dele, que deixou a escova
de lado, abraçando-a.

Joshua: É claro que estará. – Disse, beijando-lhe a orelha de modo mordido, fazendo-a
sorrir, se encolhendo. Ele trouxe o rosto dela para si, beijando-a de modo apaixonado,
doce.

E ela se atrasou. Quando ele saiu, seguido por um Nicholas impaciente e cheio de
piadas, o sol já estava alto.

Micaela : Bom dia. – Disse, entrando na cozinha. Nina tomava café. Micaela preparou a
bandeja de Suri um pouco mais apressada, pelo horário, mas quando ia sair não perdeu a
oportunidade de passara mão descaradamente no copo de Nina, derrubando-o e
ensopando a outra de suco de laranja. Nina gritou, se levantando, mas já era tarde.

Nina: VOCÊ NUNCA VAI PARAR COM ISSO?! – Gritou, possessa.

Micaela : Não. – Disse, forçadamente pensativa – É divertido. – Completou, apanhando


a bandeja e saindo dali, sem dar atenção.

Micaela passou o dia tranquilamente. Como Joshua não estava ela dedicou todo o
seu dia a Suri; a menina adorou ter a babá inteiramente de volta.
Desde o episodio em Willow Creek Micaela dividia seu tempo entre pai e filha,
alternando entre os dois. Na ausência de um ela podia ficar com a outra. Joshua se
demorou o dia todo fora, até mais. Pretendia voltar ao anoitecer, mas já era tarde
quando conseguiu entrar no castelo. Nicholas nem o deu boa noite; A convivência
forçada não era boa amiga, foi pro seu quarto. Joshua subiu até o andar do quarto
de Suri, a capa que usava sobre os ombros revoando em seus calcanhares, e abriu a
porta do quarto da menina cuidadosamente. Ela já dormia um sono tranqüilo. Ele
foi até ela, ajeitando seu cobertor e lhe beijando a testa. Em seguida saiu atrás de
Micaela . Não via a hora de poder tê-la em seus braços outra vez, pra poder
esquecer o dia cansativo que tivera. Mas ela não estava em seu quarto. Ele foi no
antigo quarto dela, mas também estava vazio.

Joshua: Que diabo...? – Perguntou, frustrado. Onde ela estava?

Foi parado no corredor, tentando pensar, que ele terminou escutando.

Era musica. Baixa, mas perceptível. Ele ergueu levemente as sobrancelhas.


Quando raramente fazia tempo bom, como hoje, os empregados tinham permissão
para acender uma fogueira nos fundos do castelo, onde, em geral, bebiam,
conversavam... E tocavam musica. Ele não imaginaria Micaela lá... Mas ele não
fazia idéia de onde ela podia estar. Assim caminhou até o lado de fora, descendo
pelo gramado seguindo a musica. Estavam na copa das arvores, da floresta que
cercava tanto o castelo quanto o rio. Ele parou ainda distante, observando. É, ela
estava lá. ㅤ
Se eu fosse jovem, eu fugiria desta cidade.
Eu enterraria meus sonhos debaixo da terra ♫

Não era nada do que ele esperava, mas Micaela sempre o surpreendia mesmo. Lá
estava ela, dentre os outros criados. A fogueira ardia pro ar, e os homens cantavam,
sentados em volta do fogo, um deles com um pequeno violão. Haviam algumas
mulheres também, mas Micaela era a única de pé... E a única vestida daquele
jeito. Que diabo era aquilo? Ele observou cuidadosamente a roupa dela: Uma
blusa de botões, amarrada abaixo da costela, deixando a barriga definida livre a
vista de quem quisesse e uma saia, branca como a blusa, solta, que rodopiava no ar
quando ela girava. E ela girava. Estava dançando. Joshua nunca vira nada mais
intrigante, mais vicNicholaste... Nada mais seu. Ela dançava em volta fogo, se
balançando conforme a musica. Ele, ainda mortificado, viu ela segurando a saia, o
que deixava os tornozelos livres. Ela dava pequenos passos demoradamente, os pés
descalços tocando delicadamente a grama, girava e dançava ao redor do fogo e sob
os comandos da musica. Os cabelos estavam soltos, os cachos que ele amansara há
algumas horas estavam balançando junto com a dona, de modo livre, até selvagem.
Ela olhava o fogo enquanto dançava, como se algo nas chamas a prendesse. Logo,
não o viu.

Assim como eu, nós bebemos pra morrer, e nós bebemos esta noite ♫ ㅤ
Joshua desgrudou os olhos com esforço da imagem dançante dela para observar os
que estavam ao redor. As mulheres olhavam Micaela com certo despeito no rosto,
até inveja, talvez. Entre os homens, sua grande maioria, alguns conversavam,
alheios, outros olhando-a, e os que cantavam, olhavam ela.
Havia cobiça no olhar de muitos, desejo, gana. Joshua ficou mordido. Não se tinha
mais respeito, era isso?!

Longe de casa, elephant gun
Nós vamos derrubá-los, um por um ♫

Mas Micaela não via. Ela olhava o fogo, apenas a ele. Alheia a cobiça, a inveja...
Alheia a própria perfeição. Micaela olhava o fogo e esgotava seu corpo, tentando
se libertar da angustia que sentia por dentro. Parecia estar funcionando. Então,
sem se anunciar, como o vento, ela sentiu uma sensação familiar. Sensação de
presença, mais forte até que a própria sensação de estar sendo observada. Em um
dos rodopios ela o viu, parado, longe dali, oculto pela falta de luz e pela capa negra
que usava. Micaela perdeu o passo um instante, desarmada pela aparição dele;
com sorte ninguém viu. Ele viu o olhar dela sob si e sorriu, batendo palmas
conforme a musica, em um elogio silencioso a dança dela. Ela sorriu de volta,
voltando a se mover, mas agora o encarava, discretamente; estava dançando para
ele. Ele a observou, fascinado, o olhar aprovando o que via. E ela dançou ainda
com mais gosto, porque agora tinha pra quem dançar. Durou por mais um bom
tempo. Quando as chamas morreram, tempos depois, Micaela se preocupou por
alguém vêlo na volta pro castelo... Mas ele havia sumido, tão subitamente como
aparecera.

Nós vamos derrubá-lo, ele não foi encontrado, não está por aí ♫ ㅤ
Todos foram embora. As chamas, antes imperiosas, agora eram só cinzas e carvão.
Micaela olhou a grama, esgotada, e respirou fundo, sentindo o perfume da noite.
Caminhou em silencio até o celeiro. Estava alerta demais para ir se retirar, o
sangue ainda corria rapidamente por suas veias. Ao chegar lá, o celeiro estava
vazio e escuro. Ela passou pelos estábulos, indo pra trás do feno, onde sabia haver
uma bica, de onde os criados tiravam água para os cavalos. Ela apanhou da água,
lavando o rosto soado e molhando a nuca, afastando o calor. O frio em si estava
voltando, o céu nublado lá fora denunciava isso. Ela secou o rosto na manga da
blusa, caminhando de volta. Alguns cavalos dormiam, outros a observavam. ㅤ
Micaela : Ei, garotão. – Disse, passando a mão na crina do cavalo de Joshua, que se
destacava por ser o de maior porte e melhor cuidado. O cavalo, orgulhoso, não se
derreteu pelo carinho, mas era claro que estava gostando. Ela sorria quando uma voz a
apanhou, vindo bem detrás dela.

Joshua: Você se expõe levNicholasamente, perante a todos... Há explicação para isso? –


Perguntou, tão perto que ela podia sentir o hálito dele em seu ouvido.

Micaela se arrepiou, involuntariamente, com a presença dele ali. Ela se virou e ele
a observava, os olhos verdes com um tom diferente, mais intensos. Pela falta de
resposta dela ele insistiu.

Joshua: E então? – Insistiu, olhando-a.

Micaela : Creio que não tenho explicação para isso. – Disse, dando de ombros.

Joshua: Todos os homens ali estavam olhando você. – Continuou, vendo ela se afastar –
Que diabo de roupa é essa? – Micaela olhou pra baixo, vendo a roupa improvisada que
usava.

Micaela : Estava calor. – Argumentou, e ele ergueu a sobrancelha.


Joshua: Estava calor, é claro. – Repetiu, irônico – Então você se desnuda e sai dançando
por ai. – Ele cruzou os braços. Ficava tão bonito quando estava emburrado!

Micaela : Não estava dançando por ai, estava dançando para você. – Corrigiu, e ele
ficou quieto, observando-a se aproximar, abraçando-o de lado. – Devo interpretar isso
como ciúmes, alteza? – Perguntou, antes de dar um beijinho no ombro dele, coberto
pela capa. Joshua levou um longo instante observando-a, até responder.

Joshua: Não gostei do modo como te olhavam. – Disse, ainda mordido.

Micaela : Eles olham assim para qualquer uma. – Tranqüilizou, beijando-lhe novamente.

Joshua: Minha mulher não é qualquer uma. – Impôs, imediatamente.

Micaela : Nenhum deles nem sonha que eu sou tua mulher. – Rebateu, e viu a frustração
no rosto dele por não poder dizer nada. – Não seja ciumento. Olhar não machuca.

Joshua: Deveria dar ordens para furar-lhe os olhos, um por um. – Disse, enfezado.

Micaela : Shhh, não diga isso. – Disse, tapando a boca dele com os dedos. Ele ergueu a
sobrancelha – Eles nem se lembram mais.

Joshua: Sonharão com isto essa noite. – Rebateu. Pelo tom de voz dele era claro que
isso era uma ofensa grave.

Micaela : Não pode controlar os sonhos das pessoas, majestade. – Ela acariciou o rosto
dele, sorrindo.

Joshua: Me atraso poucas horas e vê o que tu me aprontas. – Micaela ergueu as


sobrancelhas perante a acusação.

Micaela : Não aprontei nada. – Se defendeu, imediatamente.

Joshua: Ah não? – Perguntou, erguendo as sobrancelhas – Nem na mais profunda de


minhas brincadeiras pareceste tanto uma cigana como hoje. – Disse, a mão tocando o
rosto dela possessivamente. Ela se deleitou com o carinho.

Micaela : Isso é ruim? – Perguntou, os olhos azuis encarando-o.

Joshua: De várias formas. É indecente. – Respondeu, se virando enquanto apanhava o


rosto dela com a outra mão, se inclinando para beijá-la.

Não foi um beijo calmo, o que surpreendeu Micaela . Estavam tendo uma conversa
civilizada e agora... Santo Deus!
Ele parecia estar tentando devorar sua boca. Ela arfou, se segurando nos braços
dele para não tropeçar, deliciada com tudo aquilo. Durou por instantes até que ele
mordeu seu lábio inferior, puxando-o.
Joshua: Não se exponha assim para outra pessoa, não gostei do modo como me fez
sentir. – Disse, secando as gotas de água no rosto dela com os lábios, em beijos
chupados.

Micaela : Outra pessoa? – Perguntou, sorrindo, de olhos fechados. – Logo isso não o
inclui.

Joshua: Obviamente não. – Ela riu. – Não. – Protestou, sentindo ela afastando suas
mãos, se libertando dele – Que está fazendo?

Micaela não respondeu. Ela deu um passo hesitante ao redor dele... E logo outro, e
outro, e rodopiou. Os protestos dele calaram ao vê-la dançar novamente. O olhar
de Micaela estava preso ao dele assim como estivera preso ao fogo, anteriormente.

Joshua: Não vai resolver. – Disse, prendendo o sorriso. Ela sorriu, apanhando a mão
dele. Joshua seguiu ela, que sorria pra ele, até largá-lo sentado em um monte de feno, no
fundo do estábulo – Ei!

Micaela já havia se afastado. Voltara a dançar, e a encará-lo. Ele sorriu,


desamarrando a capa e se amparando no joelho para olhá-la. Durou minutos. Ele
nunca vira nada mais encantador... Nada mais intrigante. Por fim Micaela riu, se
afastando.

Joshua: Porque parou? Que está fazendo? – Ela continuava a se afastar.

Micaela : Eu terminei. – Disse, obvia. Joshua ergueu as sobrancelhas.

Joshua: Como? – Perguntou, incrédulo.

Micaela : Até amanhã. – Ela soltou um beijinho pra ele e disparou correndo. Joshua
piscou duas vezes, atônito, e disparou atrás dela.

Micaela ria. Ele sorriu vendo o esforço dela de correr, e balançou o rosto
negativamente, acelerando o passo. Quando ela ia alcançar a saída do celeiro um
braço forte dele passou por sua cintura, erguendo-a do chão, e ela deu um gritinho,
rindo. Joshua sorria enquanto fechava a porta do celeiro, impedindo a fuga dela.
Ela se debateu no ar enquanto ele a levava de volta pros fundos, segurando-a
tranquilamente com apenas um braço.

Micaela : Eu tenho certeza de que há uma lei que me proteja contra isso. – Disse,
ofegante pelo riso. Joshua parou e ela virou o rosto pro lado, encarando-o em uma
indagação.

Joshua: Uma lei contra mim? Sério? – Perguntou, debochado. Micaela suspirou,
derrotada, e ele voltou a andar, assim como ela voltou a se debater.
Micaela se agarrou a Joshua quando ele tentou largá-la, e os dois riam naquela
breve luta corporal. Por fim ele a jogou no feno e ela se rendeu, rindo
gostosamente.

Joshua: Parece um bezerro desmamado. – Comentou, sobre o ataque dela.

Micaela : Um bezerro. – Repetiu – Tudo bem, isso não foi galante, alteza. – Disse, se
sentando. – Vamos pra dentro, está tarde. – Chamou, pegando uma mão dela. Joshua
ainda a observava com fascínio no olhar.

Joshua: Não. – Ela o olhou, esperando – Tem uma coisa que eu tenho que fazer aqui,
antes de irmos.

Micaela : Tudo bem. – Disse, alheia. Verdade seja dita, depois do dia cansativo e tudo
mais, estava ficando com sono. Ela tocou a capa dele, que estava estendida debaixo
dela, sentindo o veludo luxuoso sob seus dedos. Olhou para ele, que continuava ali,
segurando sua mão e olhando-a, e franziu o cenho – O que está esperando? Vá. – Disse,
confusa. Joshua sorriu, divertido – Qual a graça? – Perguntou, se enfezando.

Joshua: Nenhuma. – Disse, apertando a mão dela. Ele subiu no monte de feno,
ajoelhando-se entre as pernas dela, e apanhou seu rosto, beijando-a novamente.

Micaela retribuiu, é claro. Não importa o que acontecesse, beijar Joshua sempre
seria uma das melhores sensações que ela provaria. O hálito dele, o gosto dos
lábios, o contato das línguas... Ela só não entendia porque ele estava beijando-a, se
tinha que fazer alguma coisa. Clique.

Micaela : Ei. – Disse, desvNicholasdo a boca da dele com algum esforço. Joshua levou
os lábios pelo frontal do pescoço dela, chegando no colo. – Aqui? – Perguntou, receosa.

Joshua: Tem coragem suficiente para dançar daquele modo em frente a todos, e lhe falta
coragem para isto? – Ele sentiu a pele do rosto dela esquentando em rubor, e sorriu –
Aqui, meu amor. – Disse, beijando-lhe o rosto. A bochecha dela estava quente como se
tivessem lhe dado uma bofetada.

Ainda receosa ela olhou em volta. Pelo menos ele tinha fechado a porta. Ele incitou
ela a se deitar, levando-a com seu próprio corpo. Micaela gostava disso. Desse
modo como ele a comandava, a controlava. A fazia sentir segura, protegida... A
excitava. Ele se deliciou na pele dela por instantes incansáveis, até que parou na
blusa. Sem paciência, puxou as duas abas com tudo, rasgando-a, mas o nó o deteve.

Joshua: Que diabo...? – Murmurou, erguendo o rosto para olhar o nó. Micaela riu.
Joshua desceu as mãos até o nó apertado, desfazendo-o quase com raiva. Por fim o colo
dela se desnudou e ele aproveitou, abocanhando-lhe um dos seios, fazendo-a arfar,
segurando-lhe os cabelos.

Parecia faminto, e ao mesmo tempo apressado. Micaela podia sentir os ardidos de


onde as marcas apareceriam no dia seguinte, mas o tesão absurdo que a consumia
não a deixava se importar. Ele desceu a boca, parando na barriga dela. Lhe
abocanhou o umbigo, mordendo, e ela se encolheu, fazendo-o sorrir.
Passou a língua por toda a barriga dela, fazendo-a se arrepiar, e pelo umbigo, o
que a fez se encolher novamente. Ele se deteve apanhando a saia dela, puxando-a e
rasgando-a ao meio. Micaela apenas esperava, entregando o corpo pro desfrute
dele, desfrutando de suas caricias. Ele apanhou a roupa debaixo dela, fazendo
pouco caso, e a rasgou também. A madrugada estava fria, o vento rugia pelas
telhas do estábulo, mas parecia não haver frio ali. Joshua mordeu a lateral da coxa
dela, ouvindo o riso surpreso em seguida. Não podia ver tecnicamente nada ali,
estava tudo escuro, a única fonte de luz que tinha vinha das tochas do castelo, mas
ele fechara a porta, bloqueando-a. Enquanto mordia a coxa dela um pensamento
relampejou em sua cabeça. Ela nunca tivera nenhum homem (o irritava pensar na
opção), logo... Micaela gemeu, surpresa, ao sentir, após uma ultima mordida dele,
seus lábios encontrarem sua intimidade. Ela tinha algo pra dizer, ela não lembrava
o que era... Meu Deus! A língua dele a buscava incansavelmente, como se estivesse
a saborear algo que lutara muito pra conseguir... E ela estava encontrando
dificuldade para respirar. Era estranho, era diferente... Era bom. Joshua gostou de
ouvir os gemidos que ela não conseguiu reprimir. Ele tinha uma mão na coxa dela,
segurando-a, mantendo-a no lugar, enquanto sua boca a devorava.

Verdade seja dita, ouvira falar sobre isso em sua adolescência, em uma conversa
entre amigos, em uma viagem que ganhara dos pais. Nunca tentara. A única
mulher que tivera em sua cama fora Dulce, e ele nunca nem pensara nisso, não o
tentaria, mas Micaela era diferente. Ele queria aquilo, queria o gosto dela, queria
ouvi-la gemer seu nome. Durou minutos, até que ele sentiu a respiração dela se
acelerar mais, o corpo ficando mais tenso, se contraindo em espasmos... E ele a
deixou. Micaela não teve tempo de falar, ela não conseguia apanhar o ar. Foi um
instante mínimo, apenas tempo suficiente para tirar o condenado cinto e se desviar
da calça. Os corpos dos dois se encaixaram com suavidade, e ele buscou a boca dela
antes de começar a se mover. Se um dia Micaela tivera perto de um colapso, fora
aquele. Os dois se amaram com brutalidade, quase violência, um desejo
desconhecido que não tinha explicação, mas parecia queimar.

Micaela : Ah. – Gemeu, cravando as unhas no ombro dele. Estava vindo outra vez, ela
podia sentir...

Joshua: Tudo bem. – A voz dele estava baixa, rouca – Deixe vir... – Pediu, mordendolhe
os lábios.

E ela deixou. Com um gemido cansado, extasiado, ela deixou vir, sentindo o corpo
todo ficar como suspenso, anestesiado, os sentidos meio como dopados. Em seu
devaneio pôde ouvir o ultimo gemido dele antes que o corpo dele caísse sob o seu,
derrotado, satisfeito. Joshua ofegou por instantes, desfrutando daquela sensação
maravilhosa, e em seguida se deitou ao lado dela, apanhando-a em seu braço. O
silencio reinou por longos minutos, enquanto ele beijava o cabelo dela,
acaricNicholasdo-lhe as costas, e ela tentava voltar a pensar com coerência. Não
eram mais rei e criada, homem e mulher, nem nada disso... Eram amantes,
apaixonados, sem se importar. Só isso.
Joshua: Tive ciúmes. – Admitiu, ainda acaricNicholasdo-a, e ela ergueu o rosto do peito
dele, encontrando seus olhos com dificuldade na escuridão do celeiro – Medo de que
um daqueles que te olhavam te agradasse, por poder te dar a vida que eu não posso. Por
poder te assumir, criar uma casa, uma família. Por poder te dar paz. – Concluiu, em voz
baixa.

Micaela : Eu não preciso de paz. – Respondeu, se aninhando a ele – E tampouco tenha


ciúmes. – Disse, acaricNicholasdo o rosto dele. O coração de Joshua batia
descompassado – Ainda que houvessem mil como tu, ainda serias o primeiro. –
Garantiu.

Joshua apenas a encarou, sentindo algo violento dentro de si. Apenas um


sentimento poderia roubar a paz de um homem daquele jeito.

Joshua: Eu amo você. – Disse, e viu ela sorrir. Ele beijou o nariz dela, que o apertou em
seu abraço, e foi só.

---*

Os dois ficaram quietos até que as primeiras gotas da chuva caíram. Era um aviso
que tinham que sair dali.

Joshua: Não faço a mínima idéia de onde tenha ido parar meu cinto. – Disse, divertido –
Não tem luz aqui?

Micaela : Não! – Disse, segurando-o. Joshua a olhou, vendo quase nada. – Não quero
que me veja.

Joshua: Porque? – Perguntou, confuso. Silêncio como resposta. Ele abaixou o rosto,
encostando com o dela... E o rosto dela estava quente, como se ela estivesse muito
tempo no sol. – Está com vergonha de mim, carinho? – Perguntou, tirando o cabelo dela
do rosto. Ela seguiu calada – Não seja tola. – Ele mordeu-lhe o rosto – Foi bom, não
foi? – Micaela assentiu, mortificada. – Eu estou vendo você agora.

Micaela : Não está, não. – Murmurou, quieta.

Joshua: Estou, sim. – Ela pode ver os olhos dele quase ameaçadoramente no escuro, e se
encolheu. Ele riu, selando os lábios com os dela – Continuamos isso depois, pode ser
divertido. – Ele levou um tapa no escuro – Mas vai chover, precisamos ir.

Joshua ajeitou a calça, fechando-a, e se levantou, tateando pelo cinto no chão. Ela
se sentou e deitou de novo. Ele se virou, tentando enxergar.

Joshua: Vou ter que levá-la carregada? – Perguntou, divertido.


Micaela : Não, eu sei andar. – Respondeu, a voz quase perdida no escuro.

Joshua: Então...?

Micaela : Me responda COMO eu vou sair? – Ele recebeu um bolo de pano nos peitos.
O apanhou, apalpando. Era a blusa dela.

Joshua: Oh. – E ele teve um acesso de riso. As gargalhadas gostosas ecoavam pelo
celeiro, sobressaltando alguns cavalos.

Micaela : Eu estou rindo? Como vou voltar? Não posso ficar aqui assim, alguém pode
entrar! Joshua! – Exclamou, vendo que ele não parava de rir.

Joshua: Seria ótimo ver alguém me confrontar. – Disse, parecendo divertido com a
idéia. – Agora assim que eu achar meu cinto... – Ele levou uma cinturada leve no braço,
e ouviu o riso dela. – Virou graça me bater? – Perguntou, mas sorria, apanhando o cinto
e colocando-o no lugar.

Micaela : É divertido. – A garoa estava engrossando. Micaela se levantou, ajeitando a


capa sobre si, soltando os cabelos, e apanhou os trapos da roupa dela – Venha.

Ela caminhou até a porta, sem ter a mínima idéia de onde ele estava. Quando abriu
as portas do celeiro, a luz que vinha de fora a iluminou. Ela se virou e ele estava
bem atrás dela, fazendo-a se sobressaltar. Ele sorria.

Joshua: Está linda assim. – Disse, olhando-a de cima abaixo. A capa era grande pra ela,
arrastava no chão. Os cabelos soltos caiam sob o veludo, crNicholasdo a pergunta de
qual dos dois seria mais suave.

Micaela sorriu e ele a abraçou pelo ombro, os dois saindo sob a garoa,
caminhando tranquilamente. Alguém os viu, mas isso já é história para outro dia.

---*

Horas depois, em um lugar muito, muito longe dali...

O chão era branco, alvo, incomum para os daquela época, que em geral eram de
madeira escura. Um sapato preto, lustrado, caminhou por ali. Era um quarto.
Tudo ali era claro, tudo muito refinado. A cama king size tinha vários travesseiros,
era acolchoada. O quarto em si era enorme, haviam vários espelhos, várias
poltronas, cômodas, uma saída pra um banheiro e uma pra um guarda-roupas. Na
cama havia uma mulher sentada. Usava um vestido luxuoso, vermelho vinho. Sua
pele era assustadoramente branca, e os cabelos tão escuros quanto podiam ser. Ela
penteava os cabelos levNicholasamente, por fazer. O homem, cujos sapatos foram
citados primeiramente, se aproximou da cama.

Zack: Eu não tenho uma negação razoável para isso. Você tem, vossa alteza? – Brincou,
erguendo a mão. Havia uma carta e um cartão em sua mão.
A mulher se virou, olhando o marido. Os olhos dela eram de um castanho suave. As
maçãs do rosto eram pálidas, mas os lábios eram corados. Ela sorriu ao visualizar
o marido; gostava do que via. Ele sorriu de volta, parecendo tão encantado quanto
ela. Ela ergueu a mão, tão branca quanto o resto, que carregava uma alNicholasça
dourada, e apanhou o papel, lendo-o. Era um convite para um baile.

Vanessa: São mais inteligentes do que eu supus. Os subestimei. – Disse, ainda lendo o
papel – Não, querido. Eu não tenho uma negação para isso. – Disse, abaixando o papel
para encarar o marido.

Na falta de objeção, algo era certo: Eles iriam.

---*

No dia seguinte...

Micaela acordou... Dolorida, cansada e confusa. Parecia que todos os seus ossos
haviam se soltado das juntas, mas a dor era gostosa. Ela se virou, se espreguiçando,
e deu com o rosto no peito de Joshua. Ela afundou o rosto no peito dele, aspirando
seu perfume, e ele suspirou, o braço forte abraçando-a, esmagando-a contra seu
peito. Ela riu.

Micaela : Não. – Disse, tentando se soltar. Quanto mais ela tentava, mais ele a apertava,
o músculo do braço rígido.

Joshua: Hum... – Brincou, e sorriu com o gritinho que ela deu. Ele se virou, ficando em
cima dela, prendendo-a com seu peso – Bom dia.

Micaela : Nem pensar. – Disse, acaricNicholasdo o cabelo dele.

Joshua: Ia me deixar só de novo. – Acusou, os olhos fechados, a cabeça repousada no


colo dela.

Micaela : Eu preciso trabalhar. – Lembrou.

Joshua: Não precisa, não. – Dispensou, apertando-a mais contra si. Micaela arregalou
os olhos, apanhando ar.

Micaela : Não posso respirar. – Ela ouviu o riso rouco dele, que afrouxou o abraço –
Preciso ir.

Joshua: Se eu digo que não precisa, não precisa. – Disse, prático.

Micaela : Volte a dormir, alteza. – Mimou, acaricNicholasdo o cabelo dele levemente.

Joshua: Posso fazer isso. – Respondeu, satisfeito.


Micaela : Não em cima de mim. – Reprovou, rindo de leve.

Joshua: Se eu deixar você vai embora. – Resmungou.

Micaela : Não irei longe. – Disse, descendo as mãos pelo pescoço dele, e lhe
acaricNicholasdo os ombros em seguida. Sentiu os músculos dele se resetarem ao seu
toque.

Joshua: Não irá a lugar algum. – Rebateu, e ela sentiu os lábios dele em seu colo,
passando só por passar.

Micaela : Não comece... – Os lábios dele se fecharam, nada sonolentos, sob um dos
mamilos dela, detendo-os de forma mordida – Joshua! – Reprovou, mas ele viu a pele
dela se arrepNicholasdo. Ele abocanhou o seio dela, quase inteiro, mordendo-o de modo
faminto. Ela suspirou, momentaneamente sem fala.

Joshua: Shhh. – Disse, puxando-a para baixo, modelando os corpos dos dois.

Micaela : Vou me atrasar. – Conseguiu dizer antes que ele a beijasse. Ela não
correspondeu. Tinha coisas demais para fazer, ao contrário dele. Ela abaixou o rosto,
ocultando o rosto no peito dele, se encolhendo para se esquivar dele.

Joshua: Que está fazendo? – Perguntou, frustrado. Micaela riu do tom de voz dele,
ainda escondida.

Micaela : Não é não. Você nunca se cansa? – Perguntou, exasperada. Ele era forte. Se
conseguisse beijá-la, a resistência dela não duraria nada.

Joshua: Você disse que me amava. – Lembrou, tentando tirá-la de debaixo de si. Podia
fazer isso com facilidade, mas Micaela era tão frágil! Ela suspirou. Chantagem já era
demais.

Micaela : E eu amo. – Respondeu, beijando o peito dele sem perceber o que fazia.

Joshua: Quanto? – Insistiu, desvencilhando ela, beijando-lhe a testa demoradamente.

Micaela : Mais que tudo no mundo. – Murmurou. Ela estava perdendo a luta antes
mesmo de começar.

Joshua: Então? – Perguntou, a voz tão doce que parecia embriagá-la, conseguindo soltá-
la de seu peito.

Micaela : Inferno. – Murmurou, buscando os lábios dele em um beijo. Joshua sorriu,


vitorioso, abraçando-a pela cintura, e não foi dito mais nada.
Micaela realmente se atrasou. Muito. Joshua dormia novamente, satisfeito,
quando ela se aprontou. Ela ajeitou as cortinas, ocultando a claridade do lado de
fora. Chovia muito, o frio ardia no nariz. Ela apanhou um cobertor mais no
guardaroupa, cobrindo-o. Ela se despediu com um beijinho no queixo dele, que
continuou dormindo, cansado. Foi direto até o quarto de Suri, mas a menina já
havia tomado café. Ela recolheu as roupas da menina para lavar e a deixou com
um livro de colorir. Levou tudo pra lavanderia, deixando lá. Voltou e foi até seu
antigo quarto, para recolher os lençóis. Havia tempo que não usava, e não queria
que nada pegasse mofo. Estava terminando quando houveram batidinhas na porta.
Era ChristNicholas. Com tudo o que vinha acontecendo, Micaela se revezava entre
Joshua e Suri, logo não tivera muito tempo para conversar. Ele observou ela
espanar tudo, afastando a poeira, e os dois conversaram e riram. Era bom
conversar com ChristNicholas. Só que...

ChristNicholas: O que é isto? –Perguntou, apontando para a cadeira.

Micaela virou os olhos, seguindo o olhar dele. Ele olhava para a cadeira, no canto
do quarto. Na noite anterior, quando voltara, parara ali e pegara uma camisola
para vestir. Deixara a capa de Joshua ali, e a esquecera (Ele, resmungão, a
carregara e levara, debaixo de beijos e mordidas). Lá estava a capa, o veludo de
um negro luxuoso, pesado... E agora tinha feno em alguns pontos. ChristNicholas
apanhou a capa antes que ela pudesse detê-lo, abrindo-a. O perfume de Joshua
logo se espalhou no quarto pequeno. Micaela ficou momentaneamente sem reação.

ChristNicholas: Isso é de Joshua. – Disse, virando a capa – Eu o vi saindo com isso


ontem, juntamente com Nicholas. Como isso veio parar aqui?

Micaela : Eu apanhei para lavar. – Justificou.

ChristNicholas: E trouxe para cá? – Perguntou, debochado. Micaela tentou apanhar a


capa, mas ele desviou. Nisso um pouco de feno se soltou, caindo pelo ar. ChristNicholas
olhou a capa. Havia feno em vários pontos. – Você não voltou para cá ontem, conosco.
Ficou sozinha lá fora. – Ele olhou a capa novamente – Para onde foi, Micaela ?

Micaela : A lugar algum. – Disse, mortificada. Uma coisa era as pessoas suporem; outra
era ChristNicholas descobrir.

ChristNicholas: Eu não acredito nisso. – Disse, encarando-a.

Micaela : ChristNicholas... – Interrompida.

ChristNicholas: Todos sempre comentaram, e eu nunca acreditei. Eu não queria


acreditar.

Micaela : As pessoas são maldosas. – Interpôs.

ChristNicholas: Sim, elas são, por isso eu sempre ignorei. Sempre a defendi. Mas isso...
– Ele olhou a capa – Ele protege você. Ele lhe confiou Suri. Você tem um quarto novo,
afastado dos empregados... Há ouro em seu pescoço. – O escapulário que Joshua lhe
dera pareceu pesar 5 quilos no pescoço dela agora – Ele lhe deu. Ninguém pode falar de
você, ou olhar para você, sem correr o risco de ser mandado para a morte por ele. –
Agora que os olhos dele estavam aguçados ele podia ver a pele do pescoço dela irritada,
vermelha. Os lábios inchados e algumas marcas fracas pelo colo e braços. - Você é a
amasia dele. – Concluiu.

Micaela : ChristNicholas... – Ela não tinha o que dizer.

ChristNicholas: Você nunca soube mentir direito. Me encare, olhe nos meus olhos e me
diga que não é. Me diga que nunca teve nada com ele. Diga que nunca se entregou a ele.
– Propôs.

Micaela : CHRISTNICHOLAS! – Exclamou, meio tremula. Ela tomou a capa dele.

ChristNicholas: EU NÃO ACREDITO NISSO! Depois de tudo que foi feito, depois de
todo o risco que passamos, depois de todo o esforço para encobrir o teu segredo você
vai parar na cama dele, PELO AMOR DE DEUS! – Ele estava nervoso. Iriam descobri-
la. Micaela era tola, mas não merecia morrer.

Micaela : Ele me ama. – Murmurou, acuada. Não havia como negar.

ChristNicholas: Ele vai matá-la. – Rebateu. Doeu em Micaela como uma bofetada,
porque era verdade.

Micaela : Não vai. – A voz dela era só um fio. Ela queria acreditar naquilo... Mas não
acreditava.

ChristNicholas: Você realmente está cega a ponto de acreditar nisso ou é só para se


desviar de mim? – Perguntou, incrédulo – Se não vai porque você não vai até lá agora e
conta a ele a verdade. Suponho que você não contou, não é? – Micaela ficou calada –
Vai matá-la, maldito seja. – Disse, passando as mãos nos cabelos.

Micaela : Não o amaldiçoe. – Defendeu. Algo a mordia por ver alguém insultando
Joshua. ChristNicholas a encarou, incrédulo – Eu estou mentindo, não ele. Amaldiçoe a
mim, se lhe apraz, mas ele não.

ChristNicholas: Está cega de amor, Deus a ajude. – Disse, e havia angustia nos olhos
dele – Micaela , Joshua ama Dulce María. Ele sempre a amou, desde o dia em que a viu
até depois de sua morte. Ele declarou guerra pela morte dela. Ele já matou inocentes em
nome dela. Assim como matará você. Não o vê?

Micaela : Eu prefiro a morte em si do que ser obrigada a viver sem ele agora.- Admitiu,
agarrada a capa em perceber.
ChristNicholas: Afaste-se dele. Ponha fim nisso enquanto é tempo. – Propôs, e viu o
choque nos olhos dela. – Antes que seja tarde demais. Micaela , me ouça. Quando for
tarde eu não vou poder proteger você, não vou poder ajudar.

Micaela : Nem se eu quisesse, nem se eu pudesse... Ele não aceitaria. Ele me ama,
ChristNicholas. Ele me diz isso e há verdade em seus olhos. Acredite em mim.

ChristNicholas: Ainda que a ame ele é um rei, e você é uma mulher de Hades. – Jogou,
e ela franziu o cenho.

Micaela : Não sou uma mulher de Hades, nunca fui, você sabe disso! – Se defendeu.

ChristNicholas: Nasceu lá, viveu lá, fugiu de lá. O fato de que não foi para a cama com
ele de nada adNicholastará. – O rosto de Micaela estava vermelho, quente. –
Suponhamos que seja inteligente. Há alguém de Hades aqui dentro, e Nicholas tem sede
pelo sangue dessa pessoa. O amor de Joshua vai defendê-la quando ele souber a
verdade? Quando pensar que a espiã é você?

Micaela : Cale a boca. – Ela estava a beira de lágrimas.

ChristNicholas: Termine com ele. Se afaste, volte para cá. Volte a sua vida normal.
Salve sua vida, Micaela . – Pediu. A angustia de ChristNicholas a estava deixando
nervosa.

Micaela : Ele não vai me deixar partir!

ChristNicholas: Diga que não o ama! – Ele viu o choque transpassar o rosto dela só pela
idéia – Diga que não o ama mais. Diga que há outro. – Micaela levou um instante até
responder.

Micaela : Eu opto por morrer. – Disse, séria, os olhos sem emoção.

ChristNicholas: É sua palavra final? – Perguntou, cansado.

Micaela : É. – Disse, decidida.

ChristNicholas: Seu destino será triste, e não há de demorar agora. Eu realmente sinto
muito. Você não merece o final que vai ter. – Disse, mortificado.

Micaela : Já basta.

ChristNicholas: Você é diferente do que eu pensava. É uma pena teu pai ter morrido por
uma causa tão pequena. – Disse, abrindo a porta. Ele saiu, batendo a porta com força.

O silencio reinou depois que ChristNicholas saiu. Micaela se sentou na cama,


sentindo-se meio aérea. “Ele vai matá-la.”. Isso ecoava em seus ouvidos, doía. Ela
queria chorar, sua alma chorava, estava em prantos, mas as lágrimas em sai não
vinham. Ela ficou lá por minutos, até que a porta se abriu. Joshua já estava lá,
banho recém tomado, barba feita, roupas limpas.

Joshua: Aqui está você. – Disse, fechando a porta – Anjo, você viu onde eu deixei... –
Ele parou, observado-a. Estava de cabeça baixa, havia algo estranho – Olhe para mim. –
Ordenou, preocupado. Micaela ergueu os olhos, encarando-o. Estavam vermelhos. Ela
estava pálida, parecia tremer. – O que houve com você? – Perguntou, se abaixando na
frente dela. Micaela não respondeu. Ele pegou o rosto dela na mão, e ela estava fria – O
que fizeram com você? Quem estava aqui? – Micaela negou com o rosto.

Micaela : Eles sabem. – Disse, e a voz dela estava por um fio.

Joshua: Quem sabe o que? – Perguntou, angustiado.

Micaela : Todos sabem. Sobre nós dois. – Esclareceu.

Joshua: É por isso que está assim? – Ela não respondeu – Eu não vou deixar nada te
acontecer, você não precisa temer. Ei. – Ele segurou o rosto dela, mantendo seu olhar –
Nenhum mal no mundo a alcançará. Eu prometo. Ninguém vai te machucar. – Ela teve
vontade de perguntar “Ninguém inclui você?”, mas se manteve calada. – Você está
chorando. – As lagrimas finalmente resolveram vir – Não. Micaela , olhe para mim. Eu
amo você, isso não basta? – Perguntou, preocupado e angustiado – Não chore.

Micaela : Me abrace. – Pediu, entre seus soluços – Só me abrace. – Ele a trouxe pros
seus braços, abraçando-a de modo apertado. Micaela afundou o rosto no ombro dele,
deixando sua dor vir. Ele acariciou-lhe os cabelos, tentando acalmá-la.Ela apenas
chorou. Não havia nada a fazer agora, apenas esperar.

Dias depois...
Micaela estava decidida: Iria contar. Qualquer coisa devia ser melhor que aquela
angustia. O pai de Micaela não fora covarde; Morrera porque gritara a verdade
aos 4 ventos. Micaela não tinha a metade da coragem do pai, mas ainda assim...
Ela caminhou de forma rápida até a sala, onde sabia que ele estava, entrando lá de
forma quase intempestiva. Ele estava parado num canto da sala, com um papel na
mão. Ao vê-la entrar ergueu os olhos verdes, inocentes da verdade, para encará-la.

Micaela : Precisamos conversar. – Disse, antes que ele pudesse interromper – Eu preciso
dizer algo. Não posso mais escon... – Ela parou, olhando.

Havia algo diferente nos olhos de Joshua. Ele esperava ela falar, era verdade, mas
o verde dos olhos dele parecia ressaltado... Mais intenso. Estava transbordando
felicidade.

Micaela : O que houve? – Perguntou, confusa. Qual era o problema?


Joshua: Eles estão vindo. – Disse, e sua voz quase tremia de ansiedade e excitação.
Micaela engoliu em seco.

Micaela : Q-qual deles? – Perguntou, sem querer saber bem a resposta. Se fosse Robert,
ainda podia haver esperança. Por favor, que seja Robert...

Joshua: Zack. – Disse, e um sorriso nasceu em seu rosto. Micaela quase desmaiou –
Robert também. Estão vindo os dois, e as esposas juntamente. – Uma viagem naquela
época era oficialmente importante quando a rainha era retirada do castelo, levada junto
– Sua idéia foi brilhante, brilhante! – Disse, caminhando até ela.

Joshua a apanhou nos braços, erguendo-a do chão e abraçando-a. Estava


transbordando felicidade. Como ela podia matar aquela felicidade, em nome de
Deus?

Joshua: Você disse que queria me contar algo. – Disse, pondo-a no chão. Micaela
hesitou, encarando-o. Como seus olhos estavam lindos, pareciam duas esmeraldas
vivas...

Micaela : Não é nada. Só que eu amo você. – Ele franziu o cenho, sorrindo – Eu... Senti
a necessidade de dizer isso . Para que nunca esqueça. – Disse, acaricNicholasdo o rosto
dele.

Joshua: Não vou esquecer. Nunca. – Prometeu, e abaixou o rosto, tomando-a em um


beijo doce. Micaela retribuiu, abraçando-o. Uma vez que já não parecia ter coragem no
normal, nessa circunstancia seria impossível.

Bastava esperar que a promessa dele valesse.

---*

Era um dia frio. Era outono, o céu estava nublado e ventava muito. Faltava pouco
para o baile, e para a chegada dos tão esperados. Micaela caminhava no jardim
com Joshua ao seu lado. Ela andara angustiada. Seu relacionamento com ele
estava perfeito, melhor que nunca antes, mas ela tivera um pesadelo dias atrás. Ela
andava sozinha, não havia nada a sua volta, só neblina... Como se ela estivesse
dentro da nuvem. Então uma voz clara disse a ela: “O céu cairá quando o inverno
chegar.”. O inverno estava quase chegando, faltavam poucos meses. Ela acordara
gritando, as lágrimas, mas Joshua estava lá, deitado do lado dela. Ele a abraçou e
prometeu que estava tudo bem. Ela se acalmou, mas a „mensagem‟, ficou. Desde
então o inverno a apavorava.

Micaela : Preciso trabalhar. – Disse, se virando para ele – A noite nos vemos. – Ele
sorriu.

Joshua: O que vai fazer agora? – Perguntou. Ele estava aquecido, usando uma capa de
veludo pesado, mas ela usava apenas seu uniforme.
Micaela : Lenha. As da lareira do seu quarto deram cupim. – Disse, debochada. Joshua
riu gostosamente. Não passava as noites em seu quarto: Só ia lá tomar banho, se trocar e
ir atrás dela. Logo a lareira não era acesa. Ele riu até ver ela ir até o toco de uma arvore,
apanhando o machado cravado ali.

Joshua: Ei. – Ela o olhou – Vai se machucar.

Micaela : Já fiz isso antes. – Disse, apoNicholasdo o machado no chão. Era pesado.

Joshua: Isso é trabalho de homem. – Impôs, e Micaela ergueu as sobrancelhas. Ela riu
ao vê-lo tirar a capa.

Micaela : Vai cortar lenha, vossa alteza? – Perguntou, se apoNicholasdo no machado.

Joshua: Sou homem. – Ele passou a capa pelos ombros dela, que revirou os olhos.

Micaela : É um rei. – Rebateu.

Joshua: Fui homem antes de ser rei. – Respondeu, afivelando a capa. Estava quente e
tinha o perfume dele. – Eu odeio isso, sabe? – Perguntou, desabotoando o punho da
camisa.

Micaela : Isso o que? – Perguntou, vendo-o dobrando das mangas da camisa.

Joshua: Estereótipos. Porque eu sou rei, eu não posso fazer nada pesado. Porque uma
pessoa está doente, ou magra demais, ou gordas demais, ou baixas demais, se elas tem
dinheiro demais ou de menos, elas tem que andar com pessoas do mesmo estereótipos
que os dela. – Disse, segurando o machado, olhando-a. – Eu acredito que o que interessa
é quem são por dentro. Pessoas julgam sem conhecer, isso tira do sério.

Micaela : Você não julga as pessoas sem conhecer? – Perguntou, observando-o.

Joshua: Não. – Disse, olhando em volta – Se perde muito por julgar as pessoas apenas
por fora.

Micaela : E se você conhecesse uma pessoa por dentro. – Começou, e ele esperou. Os
dois estavam pálidos pelo clima, mais brancos que o normal – Por dentro e parcialmente
por fora.

Joshua: Parcialmente por fora? –Perguntou, confuso.

Micaela : É. Se você conhecesse alguém totalmente por dentro, e por fora faltasse um
detalhe... Um detalhe razoavelmente importante. – Joshua esperou – Quando você
soubesse esse detalhe você julgaria a pessoa por dentro?

Joshua: Eu gosto do interior da pessoa? – Perguntou, levando a história hipoteticamente.

Micaela : Aparentemente ama. – Ela sorriu com a ingenuidade dele.


Joshua: Se eu amo o interior dela... – Ele deu de ombros – Quão grave é o que eu não
sei?

Micaela : Muito. – Disse, se abraçando a capa dele. Joshua passou a mão na cabeça, o
cabelo dele ficou bagunçado, bonitinho. Ela sorriu.

Joshua: Iria depender. Estou confuso. Porque está me perguntando isso?

Micaela : Não sei. Seu discurso sobre „não julgar sem conhecer‟ me deu essa
curiosidade. Mas vamos lá, majestade.

ChristNicholas, que estava no castelo, observou, confuso, a cena. Viu Micaela


parada, com a capa de Joshua, que ergueu o braço, olhando o machado. Micaela o
olhou de modo duvidoso e riu. Ele ergueu a sobrancelha pra ela e tomando
impulso, desceu o machado na madeira, que se rachou em duas. Não era o jeito
exato de se fazer, mas era lenha. Ele sorriu pra ela, vitorioso, equilibrando o
machado na mão, e ela bateu palmas, dando pulinhos.

Joshua: Ham? Ham? – Disse, andando pra ela de braços abertos, sorrindo, todo
orgulhoso.

Micaela : Meu herói. – Disse, caminhando até ele, rindo.

ChristNicholas viu Micaela pular no pescoço dele, beijando-o. Joshua a segurou no


ar, retribuindo o beijo apaixonado. O vento sacudiu os dois, os cachos dela
ricocheteando ao vento, e ChristNicholas negou com a cabeça, suspirando, e saindo
dali. Ficava a questão: Ele seria capaz de perdoar?

---*
Como era esperado, o inverno veio. Em uma manhã fria e calada os primeiros
enviados de Zack vieram, seguidos pelos de Robert. Era costume mandar enviados,
como mensageiros, o que avisava que a realeza estava a caminho. Micaela estava
angustiada ao máximo... Até que algo a atropelou.

Nicholas: Joshua. – Joshua ergueu o rosto da xícara de café. Micaela , que o servia, não
deu atenção – Nunca pensou em casar-se novamente? – Perguntou.

Tanto Joshua quanto Micaela endureceram na hora. Cada um por um motivo


diferente. Ela porque não suportaria ter que dividi-lo com outra, ou pior... Perdêlo.
As opções para ele eram mulheres finas, educadas, ricas, bonitas, refinadas,
mulheres que ele podia exibir ao seu lado. Princesas. Enquanto ela, Micaela , não
passava de uma criada, pobre, e com um segredo que a sufocava nas costas. Joshua
se paralisou porque nunca nem cogitara a idéia. Só havia Dulce María, sempre
fora assim, logo ela morrera e ele se adaptara a solidão. Então Micaela entrou em
sua vida, figurativamente como um raio de sol, e ela estava em todos os lugares. Ele
se acostumara a isso, sua vida era tão perfeita desse modo que ele nem se tocara de
que ela ainda era sua amasia. Era como se fosse sua esposa.
Nicholas: Não quis ofender, é claro. – Continuou, interpretando o silencio e a expressão
de Joshua.

Joshua: Não ofende. – Ele secou a boca com um guardanapo – Não, nunca o pensei.

Nicholas: Faz idéia de quanto nos ajudaria, não faz? – Perguntou, brincando com a mão
de Maggy.

Joshua: Não consigo ver em que. – Micaela continuava uma estatua de sal, parada no
mesmo lugar.

Maggy: Se me permitem... – Joshua e Nicholas a olharam. Micaela havia perdido os


sentidos do corpo, exceto a audição. – Vanessa comentou sobre isso certa vez.

Nicholas: Comentou? – Maggy assentiu – Nunca me disseste nada.

Maggy: Não achei que o assunto viria a pauta, Joshua é tão... Perdão. – Ela avaliou as
palavras – Nunca pensei que Joshua sequer pensaria no assunto, logo não pensei ser
relevante.

Nicholas: O que ela disse? – Perguntou, observando-a. Joshua se manteve calado.

Maggy: Me contou que em uma visita a Robert o assunto surgiu.

Joshua: Minha vida pessoal está em pauta agora? – Perguntou, se recostando na cadeira.

Nicholas: Seja razoável. – Dispensou – Continue.

Maggy: Vanessa ouviu em conversa Zack e Robert comentando o quanto ajudaria se


Joshua tivesse uma esposa. Segundo ela ter uma imagem só não é útil quando se quer
apoio, principalmente em uma guerra. – Resumiu – Segundo eles seria mais fácil tomar
uma decisão se você fosse casado.

Joshua: Porque mais fácil? Se eu tivesse uma esposa ela iria ao campo de batalha, em
nome de Deus?

Nicholas: Já mandei se acalmar. – Joshua revirou os olhos – Maggy tem razão, já tinha
dito antes e tu o sabes.

Joshua: Não havia pensado nesse aspecto.

Nicholas: Joshua, já os temos aqui para um baile civil. – Disse, se inclinando na mesa –
Emende esse convite para um baile de escolha. Mantenha-os aqui até o baile, escolha
uma princesa qualquer, mantenha-os aqui até o casamento! – Nicholas tinha aquele tom
excitado pré-briga na voz outra vez. – Micaela achava que ia vomitar. É claro que ele ia
negar, é claro que...
Joshua: Posso lidar com isso. – Ela tinha certeza de que ia vomitar – Não preciso dar
uma resposta oficial agora, ou tenho?

Nicholas: Eu já tenho a resposta que precisava. – Ele sorria. Isto era péssimo.

Maggy: Algum problema? – Perguntou, de cenho franzido, delicadamente curiosa,


olhando Micaela parada. Joshua virou o rosto em um choque: Esquecera que Micaela
estava ali. Ela estava branca feito papel.

Micaela : Nenhum, alteza. – Disse, recuperando a voz – Apenas me distrai, perdão.

Maggy: Está tudo bem? – Joshua olhava o café na xícara, percebendo em que enrolada
ele estava se permitindo envolver. Sua vida amorosa estava perfeita. Micaela era
perfeita pra ele, tanto na cama quanto fora dele, e ele não tinha do que reclamar. Não
havia o que melhorar no que era perfeito.

Micaela : Sim, senhora. – Disse, terminando de servir a bandeja, limpando as mãos no


vestido – Com licença.

Micaela saiu tranquilamente da sala. Maggy continuou seu café, tranqüila.


Nicholas estava empolgado demais para reparar em algo. Mas Joshua ouviu.
Ouviu os passos dela se acelerando de modo familiar, até que ela estava correndo e
então o som estava distante demais para ser ouvido. Ótimo.

Joshua terminou seu café e foi atrás de Micaela . Não encontrou em lugar algum.
Por fim procurou Suri, recordando que sempre que podia Micaela estava com a
menina. Ele ficou com a filha bem uma hora, brincando, conversando, até que não
suportou.

Joshua: Anjo. – Chamou, beijando o cabelo da menina. Ela estava em seu colo,
colorindo um livrinho.

Suri: Hum? – Perguntou, dengosa.

Joshua: Viste Micaela hoje? – Perguntou, apoNicholasdo o livrinho pra ela colorir.

Suri: Ela esteve logo antes do senhor chegar. Parecia triste. Estava meio branca. –
Observou. Joshua olhou pra frente, respirando fundo.

Joshua: Sabes pra onde ela foi?

Suri: Ela disse que ia tomar um ar, e depois ia na cozinha, e depois na lavanderia. –
Respondeu, balançando com a cabeça. Joshua sorriu do jeitinho dela.

Alguns minutos depois ele saiu novamente. Se ela havia ido dar uma volta, ele não
tinha nem como adivinhar onde tinha ido; Micaela nunca saia do castelo. Então
passou a segunda opção e foi a cozinha, mas ela já havia passado por lá. A
encontrou na lavanderia, em um tanque de roupas, lavando o que lhe lembrava ser
um colete seu. A reconheceu pelo cabelo, não podia ver seu rosto de onde estava.

Joshua: A procurei por toda a parte. – Comentou, se aproximando. Micaela virou o


rosto, na surpresa, para olhá-lo. Era verdade, estava pálida. – Onde estava?

Micaela : Não me senti bem, fui até o rio. – Disse, voltando a atenção pro que tinha nas
mãos. Joshua suspirou consigo próprio. É claro, o rio.

Joshua: O que há? – Perguntou, afastando o cabelo dela. Micaela meio que se retraiu ao
sentir seu toque. – Está me reprimindo. O que passa?

Micaela : Só não me sinto muito bem.

Joshua: Tu sempre fostes péssima mentindo. – Disse, virando o rosto dela para si – É
por causa do que Nicholas disse? Não dê atenção, sabes como ele é. Fará de tudo pra
ganhar essa guerra, não importa o que.

Micaela : Não é nada, já disse. – Respondeu, tentando soltar o rosto. Não podia usar as
mãos que estavam molhadas.

Joshua: Shhh. – Ele manteve o rosto dela, fazendo-a encará-lo. O toque de suas mãos
era quente. – Não fique assim.

Micaela : Joshua, e se um dia eu quisesse partir? – Perguntou, agora sem desviar o rosto.
Foi a vez dele ficar sem resposta.

Joshua: Partir? – Perguntou, processando a pergunta.

Micaela : Ir embora. – Continuou.

Joshua: Porque? Pra onde? – Ele estava indignado só com a pergunta.

Micaela : Me responda. – Pediu, encarando-o.

Joshua: Porque? – Insistiu. Ele a encarou por um longo instante, os dois suspensos –
Quer me deixar?

Micaela : Se um dia eu precisasse. Se não houvesse opção. O que você faria?

Joshua: Eu não permitiria. Não há outro lugar para ti. – Respondeu, a voz sem
entonação.

Micaela : E se eu quisesse ter uma vida? Uma casa...

Joshua: Aqui é tua casa. – Interrompeu.


Micaela : Um marido, filhos. – Pra isso ele não teve objeção. – Sabe que dentro dos
muros do castelo não há futuro para mim. Eu vou definhar aqui, tal como estou agora. E
se eu não quisesse isso? Se eu quisesse ir? – Levou quase um minuto até que ele
respondesse. Agora ele estava pálido.

Joshua: Se tua felicidade dependesse disso, então eu a deixaria partir. Seria minha morte
vê-la se afastar, mas ainda assim eu viveria para desvanecer em ciúmes do homem que
tu escolhesses para pôr em meu lugar. – Respondeu, quieto.

Micaela : Se tivesse que escolher entre mim e a guerra? – Perguntou, e ele suspirou.

Joshua: Micaela ...

Micaela : E se eu pedisse para que tu fosses embora comigo? – Ele arregalou os olhos.

Joshua: E largar tudo? – Ela assentiu – Sabes que é impossível, carinho. Não posso
simplesmente dar as costas a tudo e fugir.

Micaela : Poderia dar as costas a guerra, se quisesse. Poderia não se casar, poderia
acabar com isso e ficaríamos juntos e em paz.

Joshua: Não me peça isso. – Pediu, encostando a testa na dela. Micaela tentou resistir
ao perfume dele. Fracassou.

Micaela : É tão importante assim? – Perguntou, tocando-lhe a maçã do rosto.

Joshua: É mais importante a cada vez que eu vejo Suri entrevada naquela cadeira.

Micaela : E a cada vez que vê olha sua cama e percebe que Dulce María não irá voltar. –
Completou. Joshua a encarou. Ela nunca tocava no nome de Dulce.

Uma voz os interrompeu. A pessoa aparentemente freou ao ver a cena, sem reação.

Joshua: Saia agora. – Ordenou, a voz alta e firme, como aviso do que aconteceria caso a
pessoa não saísse. O criado tropeçou perante a ameaça e logo havia sumido – Porque
está fazendo isso?

Micaela : Eu só quero viver em paz.

Joshua: Eu te darei paz. – Prometeu, encarando-a.

Micaela : Terminará por me matar, meu amor. – Disse, com o semblante triste, tocando
os lábios dele com o dedo – Acredite.

Joshua: Não vou matá-la, eu te amo. – Impôs - Porque diz esse absurdo? – Mais uma
vez foram interrompidos – EU MANDEI SAIR! – Ordenou, ao sentir a presença de
alguém novamente.
Nicholas: Só que você não manda em mim. – Joshua e Micaela se viraram para olhar –
Desculpem interromper a cena, estava realmente lindo e eu vou arder no mais profundo
inferno pela interrupção, mas é necessário.

Joshua: O que queres?

Nicholas: Ele está aqui. – Disse, com aquela alegria feroz no rosto novamente.

Houve um silencio rápido e intenso. Nicholas e Joshua se encaravam, ainda


incrédulos com a situação. O chão de Micaela havia sumido, ela sentia que podia
desmaiar a qualquer momento.

Joshua: Qual? Como? Quando? – Perguntou, sem se dar conta de que ainda segurava o
rosto de Micaela . Ela apenas olhava o ombro dele, quieta, querendo sumir.

Nicholas: Robert, trazendo a esposa. A cavalaria e a corte estão perto do castelo, mas a
carruagem com ele acabou de passar a fronteira, eu mesmo dei a autorização. –
Informou – Ande, se mova! Vocês terminam isso depois! – Disse, impaciente, dando as
costas e voltando a andar.

Joshua soltou o rosto de Micaela . Ele caminhou uns passos, deixando-a para trás,
então parou, se virando para olhá-la.

Micaela : Vá. É o seu mundo te chamando. – Disse, a voz quase imperceptível. Ele ficou
calado por um bom tempo.

Joshua: Eu fugiria com você, se pudesse. – Disse, encarando-a. Então ele deu as costas e
saiu, deixando-a ali.

Ele realmente iria, se pudesse. Pena que não podia.

---*

Micaela não saiu para a recepção. Se trancou com Suri e lá permaneceu. Ouviu o
alvoroço nos corredores mas não saiu. Apenas se retirou quando Suri já dormia
pesadamente. Os corredores já estavam vazios, desertos e silenciosos. Ela soltou o
cabelo, passando o dedo pela raiz para relaxar o couro cabeludo. Seu pensamento
estava longe. O que ela faria quando Joshua fosse lhe procurar hoje?
Ele estava ocupado agora, com certeza, então como já havia acontecido ela se
aprontaria pra dormir e se deitaria. Então ele apareceria, no meio do escuro, sem
nenhum som para avisar e estaria debaixo de seus lençóis, o corpo forte oprimindo
o dela e não haveria mais nada. Era sempre assim. Foi nessa duvida que ela se
bateu em alguém. Foi como dar de cara um muro de concreto. Ela gemeu,
cambaleando, e uma mão a segurou. Era fria. Micaela ergueu o rosto e então não
tinha reação.

Micaela : Jesus. – Murmurou, congelada.


Um par de olhos anormalmente claros olhavam pra ela. Não claros como os de
Nicholas, eram topázio. Um topázio quase opaco, claro... Lindo. O dono dos olhos
era pálido, e tinha os cabelos cor de bronze, espetados.

Robert: Você está bem? – Perguntou, franzindo o cenho levemente. Micaela sabia que
devia dizer alguma coisa, mas era que... Pelo amor de Deus, como os olhos de uma
pessoa atingiam aquela cor?!

Pena foi que não deu tempo dela reagir. Joshua vinha atrás de Robert. O moreno
viu Micaela parada, encarando o ruivo, que a segurava pelo braço. Ele ergueu
uma sobrancelha vendo o olhar quase embasbacado de Micaela . Não gostou.

Joshua: Algum problema aqui? – Perguntou, mordido. Porque os cabelos dela estavam
soltos?

Robert: Não sei. Ela não reage. – Disse, encarando Joshua.

Joshua: Micaela ? – Chamou, severo. Uma vez com o olhar livre ela conseguiu se
recuperar. Cambaleou, se soltando, e respirou fundo.

Micaela : Perdão, foi minha culpa, eu estava distraída. Alteza. – Ela se curvou. Era
ÓBVIO que aquele era Robert.

Robert: Está tudo bem. Você se machucou? – A voz dele era... Jesus, Maria, José.

Micaela : Não, majestade. Perdão, mais uma vez. – Robert assentiu, tranqüilo. Joshua
ainda observava. – Com licença. – E ela saiu.

Joshua arregalou os olhos verdes, vendo-a se afastar apressadamente. Ela nem se


dirigira a ele! Robert, uma vez desimpedido, seguiu seu caminho. Micaela foi pro
seu quarto e tomou um longo banho, relaxando. Saiu do banheiro de camisola e
parou em frente ao espelho, penteando os cabelos. Estava prestes a terminar
quando a porta abriu. Era Joshua, e a expressão em seu rosto não era boa.
Distraída com o fenômeno que era Robert, ela se esquecera do problema que tinha
em mãos. Acabara de lembrar.

Joshua: Pode me dizer que diabo significou aquilo? – Perguntou, quase em um silvo,
trancando a porta.

Micaela : Do que está falando? – Perguntou, cansada.

Joshua: Sabes do que estou falando. – Rebateu.

Micaela : Eu apenas me esbarrei, estava distraída. – Justificou.

Joshua: Se esbarrou e ficou olhando? – Perguntou, debochado.

Micaela : Isto seria ciúme? – Perguntou, observando.


Joshua: Não brinque comigo.

Micaela : Não estou.

Joshua: O que pretende, variar de um rei para outro? – Micaela levou aquilo como uma
bolacha.

Micaela : Está me ofendendo. – Disse, mortificada.

Joshua: Tudo bem, perdoe. – Ele passou a mão no cabelo, respirando fundo. – Me
excedi. Mas porque ficou olhando-o?

Micaela : Que te passa? Eu apenas olhei! – Disse, exasperada.

Joshua: Não gostei de como me fez sentir. – Micaela revirou os olhos.

Micaela : Tu estas prestes a se casar e me repreende apenas por admirar alguém? –


Perguntou, se abraçando.

Joshua: Quem disse que eu estou prestes a casar, meu Deus?!

Micaela : Você pode conviver com isso. – Lembrou as palavras dele, debochada – Uma
vez que tu tenhas uma vida eu terei uma também, Joshua. Longe de ti.

Ele ficou paralisado, olhando-a. Mais pálido do que chegara. Micaela nem viu ele
avançando, então os olhos verdes estavam perto demais e as mãos dele
machucavam seus braços.

Micaela : Ai! – Gemeu, se encolhendo.

Joshua: Olhe pra mim! – Rosnou. Micaela ergueu os olhos, encarando-o – Você é
minha, Micaela . Não vou perde-la em circunstancia alguma, para ninguém! Me fiz
claro?

Micaela : Está me machucando. – Disse, assustada.

Joshua: Nunca mais pense nisso. Não fale mais isso em voz alta. Você é minha. Só
minha. Entendeu?! – Ele sacudiu ela, que assentiu. Ele soltou os braços dela, abraçando-
a. Micaela se afundou no peito dele, sentindo o perfume familiar. Como era tolo! Ela
seria dele até o dia de sua morte, talvez até além. – Eu amo você. – Murmurou, com os
lábios no cabelo dela – Não esqueça.
Micaela : Eu também. Deus sabe, eu também. – Ela aspirou o perfume dele, saudosa.

Joshua: Me beije. – Pediu, a voz rouca no ouvido dela. Micaela ergueu o rosto dele,
tomando-o entre suas mãos, e o beijou docemente.
Uma vez beijando-a a fúria de Joshua pareceu se amansar. Ele a abraçou forte, a
boca devorando a dela... Então Micaela não viu o que, mas havia sido erguida no
chão. Flutuou no ar com uma rapidez anormal, erguida por ele. Então ela
percebeu que ele estava na defensiva... Quase atacando. Ele largou ela no chão, se
virando para a janela, então ela ouviu o som que o alertara: Flechas. Pelo barulho
centenas. Joshua a empurrou sutilmente, fazendo-a se afastar da janela, e abriu a
mesma. Os dois viram uma nuvem de flechas riscando o céu escuro. Que diabo era
aquilo?

Micaela : Joshua? – Chamou, repreensiva. Ele pediu um tempo com a mão, observando-
a cena do lado de fora no castelo.

Joshua: Não é uma ofensiva, é um aviso. – Disse, e ele... Ele sorria? – Finalmente.

Micaela : O que está acontecendo? – Ela ouviu o som das flechas atingindo a terra,
longe. Foram todas atoa?

Joshua: Zack. – Disse, observando algo ao longe.

Micaela hiperventilou. Ele não viu. Ela recuou, apreensiva, pálida... E desmaiou.

Joshua: An... Micaela ? – Chamou, sobressaltado. Ele correu até ela, apanhando-a no
chão. A cabeça da loura desfaleceu para trás, os cachos se arrastando no chão – Agora
não, carinho. Acorde. – Chamou, agoniado.

Nicholas: Joshua! – Ele abriu a porta – Deram o alerta de que... Assim já é impossível. –
Ele parou, olhando a cena, debochado – O que você fez?

Joshua: Não fiz nada, ela caiu! – Disse, exasperado.

Nicholas: Não seja lerdo, ponha ela na cama. – Joshua carregou Micaela com
facilidade, pondo-a deitada com cuidado. – E vamos.

Joshua: Não posso deixar ela assim. – Se opôs.

Nicholas: E vai fazer o que, velar o desmaio dela? – Não havia o que se fazer naquela
época sobre desmaios, apenas esperar – Vamos! – Uma segunda nuvem de flechas
cortou o ar pela janela aberta. Anunciava que a carruagem real estava próxima. A
terceira anunciava que havia chegado. Nicholas foi até a janela, observando – Robert já
está lá. – Informou – JOSHUA!

E ele apanhou Joshua pela gola da camisa, arrastando para fora. Ele foi, deixando
o coração do lado de Micaela na cama. Micaela só acordou minutos depois. Nem
queria acordar. Era sua morte chegando, passando pelos muros. Ela se levantou, se
arrastando, e parou na janela.
O pátio estava movimentado, iluminado. Joshua, Nicholas e Robert aguardavam
em seus postos, parados na escadaria. Após a corte toda uma carruagem maior e
mais luxuosa se aproximou da escadaria, puxada por cavalos negros. Um criado se
apressou, indo abrir a porta. De lá saiu um homem forte, pálido, de cabelos
escuros. O corpo estava coberto por uma capa, mas podia se ver de longe seu porte
físico. Os detalhes do rosto eram negligenciados pela escuridão e distancia. Micaela
estava tonta. A terceira (e ultima) nuvem de flechas foi disparada, cobrindo a luz
da lua por instantes e caindo ao relento. Micaela observou o criado abrir a outra
porta da carruagem. O homem, Zack, ofereceu a mão a alguém. Uma mulher. Ela
apanhou a mão dele delicadamente, descendo da carruagem de modo gracioso. O
vestido que ela usava era de um negro que parecia aveludado, apertado que doía só
de olhar. Os cabelos, igualmente negros, caiam pelas costas. Mas havia algo
diferente nela. O tom da pele, talvez. Era tão branco que parecia não ser natural.
Parecia branco gesso. Ela olhou em volta, aparentemente conhecendo o local e
parecendo muito a vontade com a noite, e Micaela pôde jurar que em um
momento os olhos das duas se encontraram. De outro modo não teria como saber
que os olhos da outra eram assustadoramente negros, contrastando com todo o
resto. Por fim ela encarou o marido, sorrindo de canto, e os dois caminharam uns
passos, se aproximando. Ela parecia totalmente a vontade com toda aquela
cerimônia, a vontade por estar de mãos dadas com o marido. O nome dela era
Vanessa Uckermann.

Joshua: Sejam bem vindos. – Recebeu, com um sorriso de jubilo no rosto. O vento
varreu a cena, levando os cabelos de Vanessa, mostrando o pescoço branco, exposto.

Micaela não ouviu o que Joshua disse. Ela não podia ouvir dali. Ela só sabia de
algo, com tudo isso: Seu fim acabara de começar.

---*

Joshua: Vim o mais depressa que pude. Estava preocupado. – Disse, abraçado a ela, na
cama.

Micaela : Foi apenas um mal estar. – Disse, erguendo o rosto para beijá-lo. Joshua
retribuiu o beijo dela docemente, até que sentiu ela estreitando o corpo ao seu,
intensificando o beijo.

Joshua: Não. – Murmurou, e ela suspirou, frustrada.

Micaela : Porque não?

Joshua: Porque você está esgotada. Quero que descanse. Venha. – Ele a acomodou em
seu abraço, e ela deitou a cabeça novamente em seu ombro, aspirando seu perfume –
Durma. Eu estou aqui. Vou cuidar de você.

Micaela : Eu sei que vai. – Disse, a voz rouca de sono, e sentiu os lábios dele em sua
testa.

Nada mais foi dito. O próprio Joshua dormiu antes que ela. Era claro, a
consciência dele estava tranqüila, ele estava em paz com a vida.
Ela ficou lá, aspirando o perfume dele e sentindo o tamborilar de seu coração
debaixo do peito. Por quanto tempo ainda teria aquilo?

---*

Micaela dormiu pesadamente... Assim que conseguiu dormir. Joshua saiu na


manhã seguinte e avisou que cortaria o pescoço daquele que interrompesse o sono
dela. Assim foi. Tanto que ela se sobressaltou na hora em que acordou. Deu um
pulo na cama, se aprontando de qualquer jeito, mas Suri já havia tomado seu café.

Micaela : Eu dormi. – Disse, derrotada, e Suri sorriu – O que há? – A menina olhou –
Está triste, anjinho?

Suri: Não sei. – Disse, confusa consigo mesma.

Micaela : Se você estivesse, porque estaria?

Suri: Hoje é meu aniversário. Eu acho. – Disse, franzindo a sobrancelha – Não tenho
certeza. Acho que esqueci. – Micaela ergueu as sobrancelhas.

Micaela : E... Oh. – Ela hesitou com o choque. Como assim era aniversário da princesa
e ela estava só? – Hey, meus parabéns! – Disse, apanhando a menina no colo e lhe
dando um beijo apertado. Suri sorriu. – O que quer fazer hoje?

Suri: Se for meu aniversário eu não posso sair. – Comentou, franzindo o cenho.

Micaela : Porque? Eu... Ah, é claro. Seu pai. – Ela respirou fundo e Suri assentiu –
Deixa comigo. – Disse, pondo a menina na cama.

Suri: Ele vai brigar. – Avisou.

Micaela : Eu sei como lidar com ele. – E piscou para a menina, saindo do quarto.

Micaela caminhou pelos corredores direto a sala de reunião. Isso era impossível, o
aniversário de Suri era tão desprezado que ela própria estava esquecendo a data!
Isso com 6 anos! Ela freou no corredor, ouvindo as vozes na sala. Não podia entrar,
mas precisava chamar Joshua. Ela parou perto da porta aberta, tomando coragem.
Quando tomou impulso recuou. Um par de olhos negros a olhava. Micaela
encarou Vanessa por um instante, o coração doendo pela rapidez com que batia.
Como era possível alguém ter olhos tão negros? Vanessa, porém parecia tranqüila.
Suas feições eram calmas, e havia um meio sorriso no canto de sua boca. Ela
sustentou o olhar de Micaela por um longo instante, então virou o rosto pro lado
do marido, se inclinando sutilmente para dizer algo a ele.

Zack ergueu as sobrancelhas, e ela assentiu. Micaela a essa hora estava em pânico,
mas nenhum dos dois falou nada. Foi então que o olhar de Joshua recaiu sobre o
dela. Ela fez sinal, chamando por ele, que pediu licença, se retirando. Algo era
diferente hoje: Ele usava preto. A camisa, o colete, tudo. É, era aniversário de Suri.
Joshua: Queres permissão para que?! – Perguntou, no corredor, em tom baixo e
incrédulo.

Micaela : É aniversário dela! – Lembrou, exasperada.

Joshua: E quer que eu dê permissão para fazer uma festa comemorando o dia em que a
mãe dela morreu? – Perguntou, debochado e irritado.

Micaela : Não, quero permissão para que ela comemore o dia em que ela sobreviveu! –
Rebateu, e em seguida respirou fundo. Bater de frente com Joshua nunca funcionava. –
Suri não consegue andar. Não tem mãe. Ainda assim ela é adorável, ela sorri e ela é
amável, ela sobreviveu a tudo o que lhe ocorreu com o rostinho erguido. – Joshua estava
impaciente – Por mais que lhe doa falar sobre isso, assim é. CrNicholasças normais tem
uma festa e presentes no dia do seu aniversário. CrNicholasças normais. Porque Suri,
que é tão especial, não pode ter?

Joshua: Micaela ...

Micaela : Não quero dar uma festa. Você nem precisa ir. – Insistiu – Me permita apenas
levar um bolo, alguns doces, essas coisas que crNicholasças gostam. Comemorarei com
ela sem fazer algazarra alguma. Irei até a vila e trarei dois presentes, ou três, levarei
tudo pro quarto e estaremos de portas trancadas, apenas para que ela se sinta feliz. – Ele
ficou calado – Não a prive disso. Joshua, por favor. – Pediu, entregando todos os
argumentos que tinha.

Ele ficou em silencio por um minuto. Ia contra todos os seus instintos qualquer tipo
de alegria no dia em que Dulce se fora. Mas por outro lado o que Micaela dizia era
verdade. Ele nem nunca visitara Suri no dia de seu aniversário.

Joshua: Tem minha permissão. – Concedeu, em voz baixa. Micaela sorriu.

Micaela : Obrigada. – Ele assentiu, quieto. Micaela podia sentir o peso da dor sob seus
ombros. Não seria um dia fácil.

Ela caminhou até a porta da sala onde estavam, fechando-a, sob o olhar dele.
Voltou e o abraçou pelos ombros, lhe beijando. Sentiu as mãos dele em sua cintura,
apertando-a durante o beijo, e lhe acariciou os cabelos. A verdade era que Joshua
ainda era em demasiado jovem e já havia sofrido demais, ainda tendo uma guerra
sob as costas.

Micaela : Eu amo você. – Murmurou, nos lábios dele, e abriu os olhos pra se debater
com os olhos dele perto demais dos seus, em um mudo “eu também”.

Micaela o beijou mais uma vez, levemente, e deu as costas, saindo. Joshua a
observou sumir pela porta, e passou a mão no rosto enquanto se perguntava:
Haveria alguma coisa que ela pedisse que ele seria capaz de negar?
Durante as horas que se seguiram nada se soube nem nada se ouviu sobre Micaela
ou Suri. Por um instante Joshua teve receio de que Micaela fizesse realmente uma
festa, com musicas e risos, mas logo ele afastou essa hipótese da cabeça.
Confiava nela. Se ela dissera que não criaria tumultos, então ele acreditava.

Nicholas: Joshua? – Chamou, e Joshua virou o rosto – Onde estava?

Joshua: Lugar nenhum, apenas tive um lapso. Perdão. – Disse, e suspirou em seguida.
Qualquer coisa que pudesse ter sido dita foi abafada pelo que ocorreu.

Maggy: Vanessa! – Disse, alegre, entrando na sala. Vanessa, que estava a um canto
conversando com o marido, virou o rosto. Em seguida sorriu: Uma fileira de dentes
brancos, alinhados, com aparência de serem afiados. O tipo de sorriso que ao mesmo
tempo é deslumbrante e assustador.

Vanessa: Kath. – Respondeu, fazendo a volta pela mesa até alcançar a outra, abraçandoa
delicadamente.

Acontecia que Maggy tivera um mal estar durante a manhã, então só vira os outros
agora, Vanessa inclusa. Depois de tanto se corresponderem era como se fossem
melhores amigas. Robert chegou logo em seguida.

Robert: Perdoem a demora, eu... Ora, Maggy. – Cumprimentou, com um gesto sutil da
cabeça, e Maggy sorriu.

Vanessa: Onde está Kristen? – Zack observava os gestos da mulher com um sorriso que
quase exalava orgulho no rosto.

Robert: Ficou no quarto... Ei! – Ele chamou um criado no corredor. O criado largou o
que tinha imediatamente e veio atender, de olhos baixos – Vá até meus aposentos, diga a
Kristen que Vanessa e Maggy estão aqui. – O criado assentiu e saiu.

Nicholas: Se sente melhor? – Perguntou, se aproximando de Maggy. Ele apanhou o


rosto dela entre as mãos e ela sorriu, assentindo. – Avisei para não apanhar tanto sol
ontem. – Ralhou.

Maggy: Não apanhei tanto sol. É inverno. – Brincou, e ele sorriu.

Observar aquele grupo reunido era meio desconcertante. Parecia haver algo
suspenso no ar, algum mistério... Começando pelos olhos, cada um de uma cor
impactante: Vanessa e seu olhos cor de carvão, Robert com os seus da cor de
topázio e Nicholas com os olhos cor de água. O próprio olhar que trocavam parecia
haver algum segredo seguramente guardado. Seguia pelas posturas dos corpos,
todos muito eretos e flexíveis, terminando pela cor da pele. Principalmente a cor da
pele. No topo ficava Vanessa, tão branca que parecia impossível, parecia que ela
nunca havia se exposto ao sol, e não fosse ofensivo quase como alguém sem vida,
cujo sangue já não corava os tecidos. Logo depois vinha Robert, também branco,
porém não como Vanessa. Era outro que parecia nunca corar. Então vinha
Nicholas, que não ficava quase nada atrás de Robert. Era... Desconcertante. Zack
desviou os olhos de Vanessa um instante, vendo Joshua que observava a cena com o
olhar longe. Joshua era o único desparelhado ali.

Zack: Nicholas comentou que tu pensas em casar outra vez. – Puxou o assunto,
observando Joshua, que o olhou. A beleza de Zack era algo com que nem a própria
Vanessa conseguira se acostumar. O cabelo, os olhos, a maçã do rosto, os lábios, a cor
da pele, o físico, o porte, a voz... Chega, Samila.

Joshua: Nicholas ainda morrerá pela língua. – Rosnou, se abraçando.

Zack: Desculpe? – Perguntou, franzindo o cenho.

Joshua: Nada, apenas pensei alto. – Se retratou, quieto.

Zack: Sei que hoje não é dia para falar sobre isso, respeito seu luto e sua dor. –
Continuou – Apenas quero assinalar que tens meu total apoio. Já travas uma guerra pela
morte de Dulce, logo tens todo o direito de querer outra esposa. – Concluiu. Joshua
assentiu, agradecendo, e Zack encerrou o assunto voltando a olhar para Vanessa.

Kristen: Rob, mandou me chamar? – Perguntou, então sorriu. Kristen era mais baixa que
Vanessa e Robert, do tamanho de Maggy, pálida, com os cabelos da cor de chocolate,
caindo ate o meio das costas, e da mesma cor dos olhos.

Vanessa: Zack. – Chamou, virando-se. Seu olhar encontrou ao dele e ela notou que ele
já observava. Sorriu para o marido, que retribuiu.

Zack: Tudo bem. – Assentiu e Vanessa apanhou a aba do vestido pesado, saindo dali
com as outras mulheres. Nicholas piscou duas vezes, mas Robert já havia ido se sentar.

Nicholas: O que foi isso? – Perguntou, apontando pro corredor. – Ela chama seu nome e
você diz tudo bem?

Zack: Ela queria minha permissão para sair. Caminhar no jardim. – Disse, se recostando,
tranqüilo.

Nicholas: Ela só disse seu nome, como pode saber?

Zack: Porque eu conheço minha mulher. – Disse, obvio. Robert riu. – Vá até o jardim,
se lhe apraz. Ela está lá. Estava pedindo minha permissão.

Joshua: Mas o tempo está frio, vai chover, está nublado. – Disse, ainda distraído. O dia
não estava sendo fácil para ele.

Zack: Tão melhor. – Se resumiu. Logo outro assunto subiu a mesa, e aquele foi abafado.
Joshua não soube nada sobre Micaela o dia todo. As celebrações e missas pela
morte de Dulce levaram toda a tarde, e ele tampouco teve tempo. Toda cidade
comparecia, todos os anos. Suri não ia. Micaela também não foi.

Nina: O que significa isso? – Perguntou, entrando na cozinha que cheirava levemente a
açúcar e estava coberta de doces. Micaela confeitava um bolo enorme.

Micaela : O que parece ser? - Perguntou, fazendo um confeito bonitinho na lateral do


bolo.

Nina: Joshua vai matá-la. – Disse, satisfeita. Micaela revirou os olhos – E eu vou
contar. – Micaela suspirou.

Micaela : Será que tu não aprendestes ainda que não pode me contrariar? – Perguntou,
debochada.

Nina: Isso só porque és amasia dele. – Alfinetou. Micaela parou um instante, mas não
se conteve.

Micaela : É, porque eu sou amásia dele. – Confirmou, divertida. As sobrancelhas de


Nina se ergueram em surpresa.

Nina: Então tu o confirmas? – Perguntou, e Micaela ergueu o queixo. Todos já sabiam


mesmo.

Micaela : Confirmo. – Disse, divertida – Confirmo e tu tens inveja. – Disse, pondo um


dedo sujo de confeito na boca.

Nina: Inveja de ti? – Perguntou, mordida.

Micaela : Inveja porque ele escolheu a mim, não a ti. Inveja por ele quase não me deixar
trabalhar, por me dar presentes e um quarto enorme e confortável, enquanto tu continuas
com o teu de empregada. – Começou, lavando a alma – Inveja porque ele confia tanto
em mim que me confiou a filha. Inveja porque ele me deixa fazer tudo o que quero, na
hora que quero. – Continuou, então sorriu – Inveja, porque toda noite ele faz coisas
comigo... Coisas que nem nos teus melhores sonhos tu podes imaginar. – Disse,
descarada, sorrindo – E aqui entre nós, sei que tu já o imaginou.

Nina: Estás louca. – Repudiou, mas estava corada.

Micaela : Ele é melhor. Melhor do que tudo o que fantasiaste. Tão melhor que me custa
respirar as vezes. – Micaela estava adorando provocar – E não, ele não se cansa. É a
toda hora, em todo lugar, de todos os modos possíveis. – Ela suspirou – Não que seja de
tua conta, é claro. Agora saia daqui que tenho muito o que fazer.

Nina: Eu vou estar aqui para rir quando teu conto-de-fadas terminar, Micaela . Eu vou
rir de você. – Micaela nem olhou para ela, mexendo um tacho – Que crês? Que ele vai
assumi-la, colocar uma coroa em tua cabeça e ter uma mão de filhos? – Ela riu – Pobre
de ti.

Micaela : Meu conto de fadas terá um final feliz. – Ela queria acreditar nisso – E sim, tu
estarás aqui para vê-lo. Agora saia, já disse.

Nina fuzilou Micaela por instantes, então saiu. Uma vez sozinha Micaela riu de
leve, balançando a cabeça, e voltou ao trabalho. Suri esperou. Sozinha, em silencio,
horas a fio. Porém, quando Micaela voltou, estava de mãos vazias.

Suri: Eu avisei que ele não deixaria. –Disse, sorrindo de canto – Ele não brigou contigo,
brigou? – Preocupou-se.

Micaela : Não se preocupe com isso. – Disse, se aproximando – Venha, vamos tomar um
banho. – Disse, descobrindo as pernas da menina e carregando-a.

Suri: Estás cheirando a açúcar. – Comentou, divertida, no colo de Micaela , que sorriu.

Micaela : Estou? – Suri assentiu. Micaela deu de ombros.

Micaela levou Suri para o banho. A menina não se entristeceu por não ter uma
festa. Se frustrou por um instante, mas logo estava brincando com as bolhas de
espuma na banheira. A capacidade de Suri se recuperar de uma desilusão era
fascinante. Micaela pediu licença por um instante, e correu. No corredor haviam
vários carrinhos, com toda a comida que ela havia preparado. Ela trouxe tudo
para o quarto, enchendo-o, e correu para buscar os pacotes. Não havia comprado
um, ou dois brinquedos, como dissera a Joshua. Comprou vários, dezenas.
Bonecas, livrinhos, ursos de pelúcia, joguinhos, tudo. Arrumou o quarto todo e
voltou pro banheiro, terminando o banho da menina. A vestiu com uma
camisolinha rosa, fofa, e lhe penteou os cabelos. Quando voltou ao quarto os olhos
de Suri se arregalaram em choque.

Micaela : Parabéns pra você, nessa data querida... – Cantarolou, feliz. Suri ainda não
tinha palavras.

Fora todos os brinquedos haviam montes de comida ali. Comida que crNicholasça
gosta: Doces, guloseimas, tudo o que Micaela conseguiu preparar durante o dia, e
três bolos. Exagero, pois eram só elas duas, mas a menina merecia.

Suri: Ele deixou?! – Perguntou, a vozinha aguda de felicidade. Os olhos da menina


corriam dos montes de doces pros vários brinquedos. Haviam velas nos bolos. Haviam
chocolates, balas, pãezinhos... Um dos bolos era de morango, um de creme e outro de
chocolate confeitado.

Micaela : Seu pai ama você, demais. Mesmo que não tenha tempo para demonstrar
como deve. – Disse, levando a menina para a cama. Joshua, parado no corredor as
escondidas, escutava tudo com os olhos contraídos em dor.
Suri: As vezes eu não sei. Parece que ele me evita. Só vem na hora de acordar e na de
dormir. – Ela deu de ombros.

Micaela : Um homem mal fez algo muito feio com o seu pai. – Explicou, arrumando o
cabelo da menina – Muito, muito feio. Agora seu pai está magoado, ele quer revidar.
Não que seja certo revidar. – Ralhou, e Suri sorriu – Mas ele quer. Está demorando, por
isso ele não vem muito. – Suri assentiu – Sabe, foi ele que me mandou fazer isso tudo. –
Mentiu. Os olhinhos de Suri se arregalaram e Joshua franziu o cenho. Ele não mandara.

Suri: Ele me mandou essa festa? – Perguntou, agora radNicholaste de felicidade.

Micaela : Com tudo o que tem aqui. Eu pedi permissão e ele me ordenou fazer tudo o
que desse tempo. – Continuou. Joshua sorriu consigo mesmo, o olhar distante – Ele ama
você, acredite. Mas agora vamos a sua festa. – Disse, puxando uma das bonecas. Suri
apanhou, desembalando-a animadamente.

Dali pra frente a festa correu solta. O barulho das brincadeiras entre as duas e os
risos não passavam da porta do quarto. Joshua saiu dali quando a conversa sobre
ele acabou. Parou em seu quarto e abriu a gaveta, apanhando a foto de Dulce a
muito colocada lá. Todo ano ele mantinha o luto, como agora, vestido de preto até a
alma, e a dor nunca passava. Ele se lembrou das pilhas de doces e presentes...
Como Suri podia duvidar de seu amor? Ele tinha sido um bom pai, não tinha? Ele
nem sabia dizer... Olhou a foto de Dulce novamente, e se lembrou da voz de
Micaela , mentindo, dizendo que ele tinha ordenado a pequena festa. O mérito era
dela e ela mentiu para fazer sua filha feliz... Para ajudá-lo.

Joshua: Dulce... – Chamou, observando a foto. Dulce o encarava de lá, neutra. – Porque
eu não consigo mais sonhar contigo? – Perguntou, olhando-a.

Joshua largou a foto na cama, apoNicholasdo os cotovelos nos joelhos e apanhando


a cabeça nas mãos, os dedos adentrando os cabelos, o cenho cerrado. Como todas
as perguntas que ele fizera a Dulce nos últimos 6 anos, esta também ficou sem
resposta.

Já era tarde. Micaela já tinha recolhido toda a festa, e já havia se recolhido. Suri
estava pronta pra dormir, debaixo de suas cobertas.

Joshua: Está acordada? – Perguntou, alisando os cabelos da menina, que se virou,


admirada, olhando o pai. – Feliz aniversário, meu amor. – Disse, oferecendo um
embrulho grande que havia em suas mãos. Suri se sentou, apoNicholasdo nos braços, e
coçou os olhinhos.

Suri: Estou dormindo? – Perguntou, confusa. Joshua sorriu.

Joshua: Não, meu anjo. Vim trazer um presente para você. – Disse, e Suri apanhou o
embrulho, desembalando-o. Era uma boneca enorme, linda, de porcelana. Foi a mais
cara que Joshua encontrou. Seus cabelos eram louros, e o corpo de pano. – Eu gostaria
de ter comprado mais, mas Micaela trouxe tudo ao alcance. – Ele riu de leve.
Suri: Porque o senhor mandou trazer. – Lembrou, feliz – E essa é a minha preferida,
porque o senhor escolheu. – Disse, abraçando a boneca. Joshua lhe acariciou o cabelo.

Joshua: Me perdoe por ser ausente, Suri. Você merecia um pai melhor do que eu sou. –
Disse, olhando-a – Me perdoe por não fazer uma festa no seu aniversário, por não fazer
festas, é que eu... Eu... – Ele procurou palavras.

Suri: É que a mamãe morreu no dia do meu aniversário. – Disse, observando-o. Joshua
precisou de um instante para voltar a falar. – Por isso eu não consigo andar.

Joshua: É. – Confirmou – E eu ainda não sei lidar com tudo isso, mas você não tem
culpa, me perdoe.

Suri: Tudo bem, hoje o senhor veio. – Disse, alisando o braço dele. Joshua observou a
mãozinha da menina no tecido preto de sua camisa – Eu espero o senhor aprender a
lidar. Ainda tenho muitos aniversários. Vai dar tempo.

Joshua: Você é a melhor filha que alguém poderia ter, sabia? – Ele sorriu para ela.
Joshua passou pro lado dela na cama, apanhando-a em seu colo e abraçando-a – Eu amo
você. – Disse, beijando-lhe a testa. Micaela , que vinha verificar a menina, temendo que
a quantidade de doces que a menina comeu lhe desse dor de barriga. Mas percebeu que
Joshua estava lá e retrocedeu.

Suri: Também amo você, papai. – Disse, tentando abraçar Joshua. Os bracinhos dela
eram demasiado curtos, mas a intenção era clara. Joshua a abraçou forte, esmagando-a,
e a menina riu, alegre – Esse é o melhor aniversário de todos do mundo. – Comentou, e
ele sorriu, enchendo-a de beijos. Micaela sorriu e saiu dali. Aquele momento não era
dela, era deles dois.

Micaela ficou lendo em seu quarto por horas, esperando que Joshua viesse. Por
fim concluiu que ele decidira dormir com Suri, era provável e justo, então fechou o
livro, foi ao banheiro e voltou, apagando as velas. O quarto estava quase todo no
breu quando ela ouviu a porta fechando. Não podia ver mais nada, não sobravam
velas. A situação podia ser assustadora: Estava escuro, frio, chovia lá fora... Mas
ela sentia a presença dele. Ficou imóvel, esperando, até que ele a abraçou, a boca
sedenta atacando sua pele, beijando e mordendo.

Micaela : Já não ia esperá-lo. – Disse, sorrindo, e ouviu o riso baixo dele, perto de sua
orelha. Era incrível, ele estava em plena depressão, mas bastava se aproximar dela que
era capaz de sorrir outra vez.

Joshua ficou em silencio. A boca dele mordia o pescoço dela, o queixo, lábios, rosto,
as mãos sedentas passeando por seu corpo. Durou minutos onde só o que se ouvia
era o ofegar dos dois, então ele falou, rompendo o silencio.

Joshua: Quero que vá ao baile. – Anunciou, e Micaela arregalou os olhos no escuro.


Micaela : Enlouqueceu? – Perguntou, se segurando nos ombros dele para não tropeçar
ou cambalear. O rosto dela oscilava com os beijos dele. – Vão me reconhecer. Sou só
uma criada.

Joshua: Será um baile de mascaras. – Explicou, resumidamente – Ninguém a verá. Se


alguém vir, eu mando matar. – Micaela o estapeou no escuro. As mãos de Joshua
subiram por debaixo da camisola dela, apertando a barriga, e logo se enchendo dos seios
dela, que ofegou – Você vai. E não haverá mulher tão linda quanto você. – Concluiu.

Micaela : Está louco... Ai! – Quase gritou, lânguida, oscilando para trás. Ele riu de novo.
Micaela sentiu as mãos dele descendo por sua barriga, apanhando-a pelas coxas, e ela
estava no colo dele.

Joshua: Não estou louco, só amo você. – Se resumiu e passou com ela pra cima da
cama. Micaela riu com a simplicidade dele. – Que está fazendo? – Perguntou, quando
ela afastou suas mãos. Uma vez que ser rejeitado era frustrante, sem poder ver era
impossível.

Micaela : Shhh. – Ele sentiu um dedo em seus lábios. Ele percebeu que ela queria se
soltar e saiu de cima dela... Só pra rir quando ela passou pra cima de si, sentando-se em
seu colo. Ela puxou um travesseiro, pondo-o deitado com a cabeça em cima. Joshua
esperou. – Quieto. Eu vou cuidar de você – Sussurrou, mordendo a orelha dele. Joshua
não sabia, mas aquilo era uma tentativa de fazê-lo relaxar e esquecer o dia exaustivo que
tivera.

Não era do fetil de Joshua obedecer, verdade seja dita, mas ele obedeceu. Ficou
quieto, esperando. Ela tirou a camisola e ele nem viu, aliás, ele não estava vendo
nada. Só quando ela apanhou as mãos dele, pondo-as em sua barriga, foi que ele
deu pela falta da peça.

Joshua: Isso pode ser interessante. – Observou, começando a gostar da brincadeira.


Micaela riu até sentir as mãos dele apertando-a, o dedo encontrando seu umbigo,
brincando com ele, fazendo-a sentir uma fisgada no ventre.

Tutorial Faça Você Mesmo: É muito simples. O material necessário é um dedo


indicador e um umbigo. Pegue o seu lindo dedo, coloque no umbigo e pressione
com a unha. Pronto, você conseguiu a fisgada da qual eu estou falando. Xoxo,
Gossip Girl.

As mãos de Joshua fizeram sua festa aquela noite. Valendo-se do fato que ele não
enxergava, as mãos se fartaram nela. Micaela se inclinou, tomando os lábios dele
em um beijo sôfrego enquanto as mãos dele se divertiam passeando pelo corpo
dela. Primeiro pelos seios, sua atenção principal, brincando, apalpando como se
nunca tivesse visto. Depois as mãos desceram pelas costas dela, arranhando-a de
modo apertado, e Micaela arfou, o que o fez sorrir de canto, mordendo-lhe os
lábios. O ponto final do tour foi o traseiro dela, do qual ele judiou. Apalpava,
apertava, e logo teve a brilhante idéia de pressioná-la contra si. Nisso Micaela
gemeu. Ele deixou os lábios dela, já inchados, para deixá-la respirar, e desceu até
seu pescoço, provando-lhe a pele. Micaela puxou a camisa dele, as unhas
marcando-o sem intenção, estourando os botões, e uma vez livre pressionou os
seios, túmidos pelas mordidas, apertadas e beliscões que levara, no peito forte dele.
Joshua gostou da sensação. Ela se moveu no peito dele, friccionando os dois, até
que as peles começaram a esquentar... E bastou.

Joshua: Não quero mais brincar. - Disse, meio rouco, e ela se afastou para permitir que
ele se livrasse das roupas dos dois.

Joshua desviou da própria calça, e o que foi feito do short de Micaela é mistério
até hoje. Os corpos dos dois se uniram em um movimento suave, natural.
Enquanto ela prendeu a respiração ele suspirou, satisfeito. Micaela se abaixou
novamente, beijando-o de modo mordido e se movendo devagar, permitindo seu
corpo sentir o dele antes que tudo se emaranhasse. Joshua, como havia prometido,
ficou quieto...
Até onde sua força de vontade permitiu.
Quando não pôde mais apertou o quadril dela, provavelmente deixando a marca, e
a puxou, começando a guiar os movimentos do seu jeito. Depois dali nada mais fez
muito sentido. Quando Micaela sentiu que estava por vir, afundou o rosto no
ombro dele, mordendo-o, e ele a sentiu. Depois de poucos minutos foi a vez dele,
que a apertou contra si, gemendo abafado e deixando a cabeça cair para trás. O
silencio comandou tudo depois disso. Após instantes ele acariciava as costas dela
com a ponta dos dedos e Micaela , o peito dele, ambos abraçados. Ele só quebrou o
silencio para dizer uma coisa.

Joshua: Você irá ao baile. - Finalizou, e ela não encontrou argumentos. Ela iria.

Semanas depois... O dia do baile chegou. Na primeira semana depois do mês em


que Dulce expirara. Micaela acordou e Joshua já havia partido. Ela seguiu sua
rotina, cuidou de Suri e fez tudo de modo normal. Ao entardecer deixou Suri
brincando e foi em seu quarto, sentar um pouco para descansar as pernas. O
choque se deu quando abriu a porta do quarto. Havia um vestido em sua cama.
Era o vestido mais lindo que ela já havia visto. De festa, cor de pele, meio
acizentado, com vários detalhes. Micaela perdeu a fala. Ela se aproximou da
cama, tocando o tecido do vestido. Era leve, suave. Na loucura de Joshua sobre ela
ir ao baile ela nem pensara que não tinha roupa para ir. Mas ele pensara, e lá
estava. O vestido, roupa de baixo, sapatilhas, meia calça, luvas cinzas e uma
mascara negra. Do lado da mascara havia uma rosa vermelha e um bilhete. Ela
sorriu, apanhando o papel branco, pesado, e desdobrando-o.

Use isto e será a mulher mais bonita da história da criação. A mulher que estará ao
meu lado, e que fará os homens terem inveja de mim por possuí-la.
Eu te amo.
Joshua.

Nina: Micaela , Suri se recusa a ir pro banho se você não for até lá, e antes que eu perca
a paciência... – Ela parou na porta aberta, olhando tudo. O vestido, delicado, estendido
na cama. As roupas, as luvas, a sapatilha preta, tão nova que parecia lustrada... A
mascara. – Eu não acredito nisso. Ele vai levá-la ao baile?!

Micaela : As coisas em que tu não crês e que são verdades poderiam compor um livro.

Nina: É impossível. – Disse, exasperada, olhando o vestido.

Micaela revirou os olhos, se aproximando dela, mostrando o bilhete. O rosto de


Nina desmoronou, e Micaela riu, pondo o bilhete na cama, junto ao vestido.

Micaela : Vou ver Suri. Vamos, saia daqui. – Nina a olhou, ainda incrédula – Não pense
que eu vou deixá-la aqui para quando voltar encontrar meu vestido em frangalhos. –
Disse, e esperou Nina sair. Ela trancou a porta – Se alguma coisa acontecer a esse
vestido direi a Joshua que foi tu, e que Deus tenha piedade da tua alma perante a fúria
dele. – Avisou, se fazendo entender, e saiu.

Uma vez longe de Nina, Micaela riu gostosamente. Estava rindo quando chegou ao
quarto de Suri. A menina sorriu, satisfeita.

Micaela : O que houve, anjo? – Perguntou, se sentando.

Suri: Uma criada queria me levar pro banho. Eu disse que você era minha criada, e que
eu só ia com você. – Disse, orgulhosa, e Micaela sorriu.

Micaela : Mas precisarei sair. – Disse, acaricNicholasdo o rosto da menina. –


Trabalharei no baile.

Suri: Ah. – Disse, erguendo as sobrancelhas – Eu esqueci.

Micaela : Fazemos assim. Te dou banho e te deixo prontinha, então outra criada trará
seu jantar, trato? - Ofereceu a mão.

Suri: Trato. – Disse, apertando a mão de Micaela , que riu, abraçando a menina.

Micaela banhou Suri, a aprontou e deixou a menina jantando. Depois foi pro
próprio quarto, tomando um banho bem perfumado e demorado. Em seguida
escondeu o vestido e as coisas e pediu a uma criada para enlaçar seu corpete.
Quando terminou Micaela mal conseguia respirar. Agradeceu e a criada saiu. Ela
vestiu a meia calça, e em seguida o vestido, apertando-o ainda mais, por cima do
corpete. Resultou lindo. O corpete tinha a aparência meio metálica, o decote em V,
os seios fartos realçados, e as camadas do vestido delicadamente pousadas.
Encaixou os pés nas sapatilhas que logo ficaram ocultadas pelo vestido. Soltou os
cabelos e os escovou até que os cachos pareciam lustrados, em um chocolate escuro
perfeito caindo pelo meio das costas. Calçou as luvas e por fim pôs a pequena
mascara.

Estava pronta. Se olhou no espelho procurando imperfeições aqui e ali, mas não
encontrou. Foi até o banheiro, apanhando um vidro delicado de um perfume que
Joshua lhe dera, pondo-o levemente no pescoço, no decote e atrás das orelhas. Foi
quando ouviu a voz dele.

Joshua: Carinho? – Chamou, fechando a porta. Joshua se portava em um terno de festa,


com uma camisa preta por baixo, tudo muito luxuoso.

Micaela : Estou aqui. – Respondeu, apanhando a rosa na bancada do banheiro e saindo.


Joshua demorou quase um minuto admirando a beleza dela. Parecia um anjo, caído a
sua frente. Ela sorriu, ansiosa, e os olhos dos dois se encontraram.

Joshua: Em nome de Deus, nosso senhor, se vê tão preciosa que devia ser pecado eu ter
que partilhá-la. – Disse, encantado.

Micaela : Não seja tolo. – Disse, ruborizando.

Joshua: Se vê encantadora. – Disse, se aproximando. Ele abriu uma caixinha a frente


dela. Micaela recuou.

Micaela : Já é demais. – Recusou. Havia uma gargantilha e um par de brincos na


caixinha. Micaela nunca havia visto uma jóia, mas agradava aos olhos.

Joshua: São safiras. Valorizarão teus olhos. – Disse, apanhando a gargantilha.

Micaela : Joshua, não! – Ela se desviou dele, que revirou os olhos – Não vou usar as
jóias de Dulce, você não precisa fazer isso, eu estou bem assim.

Joshua: Dulce odiava safiras e tudo mais que fosse azul. Isso não é dela, é seu, comprei-
as hoje, para você. – Ele se aproximou de novo – Vai usá-las, é uma ordem. – Ressaltou.

Sem alternativa Micaela permitiu que ele colocasse a gargantilha. O toque frio da
prata se fechou sobre o pescoço dela, e logo as duas alfinetadas dos brincos nas
orelhas. Os brincos eram só as pedrinhas, mas por ser singelos eram preciosos.

Joshua: Eu deveria trancá-la, para que apenas eu pudesse vê-la. – Micaela o empurrou
de leve, o que o fez rir. – Está linda, meu anjo.

Micaela : Pare com isso. – Pediu, ruborizada.

Joshua: Tudo bem. – Ele apanhou a capa que tinha deixado em cima da cama antes de
entrar – É minha. – Disse, pondo a capa em cima do ombro dela, amarrando em volta do
pescoço –Irá na carruagem comigo. Quando chegarmos lá eu desço e entro. Siga na
carruagem, desça nos fundos e me encontre no salão. Deixe a capa na carruagem. –
Orientou e ela assentiu, enquanto ele colocava o capuz em sua cabeça. Ele deu um
beijinho no nariz dela que sorriu, radNicholaste.

E assim seria.

---*
Micaela fez como Joshua orientou. Entrara no salão com sucesso. Era tão lindo!
Enorme, teto alto, bem iluminado, com musica, mesas com aperitivos, salão de
dança... Na extremidade norte havia uma escadaria que levava a uma plataforma
alta, com quatro tronos. Vanessa usava um vestido grafite, tomara que caia e
luxuoso, os cabelos em um penteado sofisticado. Kristen estava de verde musgo,
metálico, e Maggy de marrom-vinho. Robert conversava com Nicholas, Kristen
com Vanessa e Maggy. Joshua e Zack não estavam. Micaela olhou em volta,
deliciada. Passou um tempo caminhando entre as pessoas, observando. Um garçom
a serviu uma taça de champagne. Tinha um gosto engraçado. Quando a musica
começou, Micaela se afastou, animada, vendo os casais se formando, dançando a
valsa que tocava. Foi quando um homem de meia idade, se direcionou a ela.

XXXX: É a dama mais encantadora da noite, me permita dizer. – Disse,


reverencNicholasdo-
a. Micaela empedrou. O que devia fazer? Pense, Micaela . Se você fosse uma princesa,
o que faria? Ela sorriu delicadamente, apanhando a aba do vestido e retribuindo a
reverencia.

Micaela : Obrigada.

XXXX: Posso saber seu nome, senhorita? – Perguntou, galante.

Joshua: Patrick. – Disse, aparecendo atrás de Micaela . O coração dela deu um pulo. Ela
tomou um gole grande do champanhe para se acalmar. Ele viu o gesto e quase sorriu –
Se importa?

Patrick: Ora, Joshua! – Cumprimentou com a cordialidade de quem cumprimenta um


superior – É claro que não, sinta-se a vontade. – Joshua assentiu com a cabeça e
estendeu a mão a Micaela , que colocou a taça em um canto, pegando a mão dele.

Os dois caminharam até o meio do salão sob os olhares de todos. No meio do salão
ele a trouxe para sua frente, encarando-a. Os dois ergueram uma das mãos, quase
tocando-as, e girando no mesmo lugar Isso aqui, gente: http://migre.me/44zCY

Micaela : Quem era ele? – Perguntou, encarando Joshua, enquanto se movia sutilmente
em torno dele.

Joshua: Alguém que estava gritando pela morte. – Respondeu, tranqüilo, e ela sorriu. Os
dois trocaram as mãos, girando na direção oposta – Quem a ensinou a dançar? – Ele viu
o sorriso no olhar de Micaela morrer – Desculpe. Não precisa responder.

Micaela : Meu pai. Quando eu era pequena. – Respondeu, sorrindo de canto.

Joshua: Não fique triste. Não hoje. – Pediu, apanhando-a pela cintura. Micaela sorriu,
assentindo, enquanto os dois valsavam. Nesse momento Nicholas e Maggy desceram
pro salão, se juntando a dança. – Eu estou miseravelmente com vontade de beijá-la. –
Admitiu, com uma careta frustrada. Micaela riu.

Micaela : Não se atreva. – Alertou e ele suspirou, fazendo-a rir. Os dois rodopiavam
sutilmente pelo salão, pareciam dois bonequinhos daqueles fofos que vem em caixa de
som.

Joshua: Você é a atração da noite. – Comentou, vendo ela arregalar os olhos – Já me


pararam varias vezes, perguntando quem tu eras.

Micaela : E tu? – Perguntou, observando-o. Ele girou e os cachos dela balançaram no ar,
batendo na mão dele, causando uma sensação gostosa.

Joshua: Não respondi. - Disse, satisfeito, e ela riu de leve. - Todos estão olhando para
nós agora. E eu continuo querendo beijá-la. - Suspirou, frustrado. Micaela ficou
repentinamente alerta de que todas as atenções agora eram dela: Nada bom.

Mas não teve tempo de pensar. Joshua a rodopiou, embolando-a em seu braço, a
ergueu do chão levemente, encarando-a, depois... Puta que o pariu. Ele fez isso
aqui, gente: (http://migre.me/44zE5) Muito obrigado. Quando ele a pôs de volta no
chão ela sorriu, momentaneamente desviada da preocupação. Como podia ser tão
único? A valsa acabou e Joshua a soltou, encarando-a, e se curvou perante ela,
como todos os homens da pista faziam para suas damas. Micaela sorriu vendo
Joshua se afastar, então se virou, sentindo sede. Mas algo a paralisou. Havia um
homem, há alguma distancia, batendo palmas levemente. Encarando-a. Hades.
Micaela recuou, apavorada, então um garçom passou por ela. Quando ela olhou
novamente ele já não estava lá.

A paz e a felicidade que habitavam em Micaela foram substituídas por um pânico


sem precedentes. Ela procurou, e procurou, e não encontrou. Não era alucinação,
ela tinha visto. A situação piorou quando Zack tirou Vanessa para dançar:
As pessoas que estavam no salão de dança saíram, sentando-se em seus lugares, e
Micaela não podia ficar de pé, dando bandeira, em frente a todos. Ela se viu Zack
oferecer a mão a esposa que sorriu, apanhando a mão dele. Viu os dois descerem a
escadaria, se posicionando um em frente ao outro no meio do salão. Então se
sentou, o coração em duras marteladas. Iria morrer. Iria morrer essa noite. Ela viu
Zack e Vanessa começarem a valsar elegantemente no meio do salão, e sua visão se
desviou até Joshua. Este estava sentado em seu trono, conversando algo com
Nicholas tranquilamente. Quando, por fim, a valsa de Zack e Vanessa terminou, o
barulho ensurdecedor das palmas assustou Micaela a ponto de quase fazê-la pular.
Os dois sorriram um pro outro e voltaram pra plataforma. Aos poucos tudo voltou
ao seu lugar e Micaela voltou a procurar. Passou-se uma hora assim. Ela achava
que ia desmaiar. Se amparou em uma mesa, em um canto, respirando fundo.
Pânico nunca resolvera nada. Quando por fim, aparentemente se regularizara, se
virou... Para dar de cara com quem procurava.

Hades: Tenho a impressão de que está procurando por alguém. – Comentou, tranqüilo,
de braços cruzados frente a ela. Os olhos de Micaela entraram em choque. Estava
mesmo ali, em frente a ela, falando com ela. Ela ia morrer. Mas como tudo que está
ruim pode piorar...

XXXX: E agora a corte real! – Anunciou em voz alta.

Joshua: Micaela ! – Chamou, a voz se aproximando. Hades sorriu vendo o desespero no


rosto de Micaela – Venha, dance comigo. – Disse, se aproximando, e pegando o braço
dela.

As vezes a sorte gosta de pregar peças. Joshua estava tão distraído que não viu que
Micaela conversava com um homem. Não viu quem era o homem.

Joshua: Carinho, está gelada. – Comentou, estranhando – O que há? – Perguntou,


olhando o rosto dela, preocupado. Hades sorria, debochado, de braços cruzados.
Micaela ia ter uma sincope. Se Joshua se virasse, se olhasse para trás, se visse de
relance...

Micaela : Acho que foi o champanhe. – Mentiu, montando um sorriso no rosto.

Joshua: Está se sentindo mal? – Perguntou, ainda mais preocupado. Joshua zelava por
Micaela como a se próprio, talvez mais. – Há uma sala nos fundos, posso ficar com
você até que melhore. – Hades ergueu as sobrancelhas, ainda sorrindo.

Micaela : Não. Vamos... Vamos dançar. – Disse, apontando pra corte que se formava.
Joshua a encarou, sondando-a. Havia algo errado. – Venha. – E ela puxou ele, fazendoo
sair dali sem olhar pra trás. Por sorte.

Joshua pegou a mão de Micaela , guNicholasdo-a. Eles passaram por toda a corte,
se posicionando a sua frente. Eram quarto casais: Robert e Kristen na ponta
esquerda, Micaela e Joshua, Zack e Vanessa, Nicholas e Maggy fechando na ponta
direita. A musica começou a tocar, assim como todos a dançar. Era uma espécie de
quadrilha, os movimentos de todos eram iguais, nada muito diferente. De vez em
quando os casais se trocavam. Quando Micaela foi parar nos braços de Nicholas,
este ria.

Micaela : Qual a graça? – Perguntou, hesitante. Os dois dançavam sutilmente, seguindo


os outros. Rodopiaram por Joshua e Maggy, que dançavam com cortesia.

Nicholas: Fora tu estares da temperatura de Vanessa? – Perguntou, e Micaela esperou –


Nada. Só que ele deve gostar muito de ti para trazê-la aqui. – Micaela sorriu, quieta –
Está passando mal? – Perguntou, franzindo o cenho.

Micaela : Não é nada demais. – Tranqüilizou, e ele assentiu. Então os casais se


destrocaram e ela voltou para os braços de Joshua – Acha que vai demorar muito para
acabar?
Joshua: É o primeiro baile ao qual tu vens? – Micaela assentiu. Costumavam haver
bailes na época de Dulce, por isso a pergunta – Em geral levam até o amanhecer,
carinho. – Respondeu, e Micaela sentiu o estomago embrulhar. Não passava da meia
noite. – Ainda se sente mal?

Micaela : Vai passar. – Respondeu, e graças aos céus nessa hora as damas da pista
giraram, rodopNicholasdo, o que evitou que Joshua visse os olhos dela. O som das abas
dos vestidos rodopNicholasdo abafou o soluço seco que ela emitiu.

Enfim a quadrilha terminou. Os casais, na posição inicial, se inclinaram,


agradecendo os aplausos. Micaela se perguntava se entregar-se e morrer logo não
seria melhor que essa agonia. Talvez fosse.

Micaela rodou incansavelmente. O que era pra ser a noite perfeita terminou sendo
seu pior pesadelo. Era madrugada. Ela não agüentava mais. Joshua viu ela
encarando-o e pediu licença, se aproximando. Ele sorria. Que pena.

Micaela : Joshua... Ele está aqui. – Disse, a voz falha em seu pânico.

Joshua: Ele quem, carinho? – Perguntou, arrumando a mascara dela.

Micaela : Hades. – A voz dela estava tão sofrida que era quase imperceptível. Quase.
Ela viu ele empedrar no momento em que ela proferiu o nome.

Joshua: Como pode saber? – Perguntou, a fúria substituindo a alegria que estava no
rosto dele.

Micaela : Eu vi. Me bati com ele. – Ela respirou fundo – Está de preto, usa uma
mmascara...

Joshua: Você tem certeza? – Perguntou, sondando os olhos dela.


Micaela : Absoluta. – Confirmou, se entregando aos leões – Ele está aqui.

Joshua: Não vá para lugares vazios. – Ordenou e deu as costas, saindo.

Micaela nem se moveu. Que Deus tivesse piedade dela. Joshua subiu as escadarias
a passadas largas. Foi até o canto onde Nicholas, Zack e Robert estavam e disse
algo rapidamente. Os olhares de alerta foram imediatos. Zack perguntou algo que
Micaela interpretou como: “Tem certeza?”, e Joshua confirmou. Zack se levantou,
em seguida, e foi até Vanessa, apanhando-a sutilmente pelo braço. Vanessa a olhou,
indagadoramente, mas ele apenas negou com a cabeça, tirando-a dali. Depois que
as rainhas foram tiradas dali, Micaela viu soldados entrando discretamente no
salão. Micaela se abraçou, vendo todos se dispersando, procurando. Passou-se
bem uma hora. Ela queria ir pra casa. Queria estar em sua cama, com Joshua em
seus braços, e saber que tudo estava bem. Saiu caminhando, tentando se acalmar...
Sem perceber que estava se afastando. Terminou em um canto afastado, perto da
saída, onde estavam as carruagens.
Hades: Ou você é realmente corajosa, ou realmente tola. – Comentou, a voz atrás dela, e
Micaela franziu o cenho.

Micaela : O que quer, Hades? – Perguntou, se virando, cansada.

Hades: Há um leque de coisas. Primeiramente eu quero que você volte para casa. Em
segundo plano, quero seu namoradinho morto.

Micaela : Voltarei para casa quando isso tudo acabar. – Disse, tranqüila. Não tinha mais
nada que perder mesmo – Joshua não irá morrer. Não tão cedo, nem por tuas mãos.

Hades: Quem me deterá, tu? – Perguntou, debochado.

Micaela : Se tentar, vou ser eu a cravar a adaga em teu coração. Eu prometo.

Hades: Se vê que tu não é mais a menina tola que ia com a mamãe lavar roupas atrás de
meu castelo. – Observou, olhando-a.

Micaela : Você não me conhece. – Disse, quieta. – Vá embora. Retire suas tropas, acabe
essa guerra. Deixe Joshua em paz. – Hades riu – Que inferno, você já matou a mulher
dele, já aleijou a filha, o que mais você quer?

Hades: Você não sabe da metade das estruturas dessa guerra. – Disse, divertido. Ele
olhou pro chão, sorrindo. Então uma mão estava no braço de Micaela , puxando-a – Mas
ainda assim voltará para casa esta noite.

Micaela : Já disse que voltarei para casa quanto terminar. Tire as mãos de mim! – Ela se
debateu, tentando se soltar.

Hades: Voltará para casa agora, comigo. – Corrigiu.

Micaela : Tu não és homem de pisar onde é minha casa. – Debochou, sorrindo de canto,
ainda se debatendo. Hades ergueu as sobrancelhas.

Hades: E tu, Micaela , se considera mulher? Mulher o suficiente? – Perguntou,


balançando a cabeça pro lado – Se eu abrir a boca e gritar tua verdade para que teu
amado a ouça agora, vai continuar sendo mulher assim? Vai ser mulher quando ele a
matar?

Micaela : Ele sabe a verdade. – Murmurou.

Hades: Mentira tua. – Rebateu, na mesma hora. Micaela voltou a se debater.

Micaela : Tu não vais abrir a boca para gritar nada, pois é um verme. Sabe quem está
aqui, e sabe que morrerá se colocarem os olhos em ti. – Debochou, com um sorriso
morto no rosto. Então voltou a se debater – ME LARGUE! – Gritou, puxando o braço,
mas ele a arrastava. Ela olhou para trás; Seus gritos não alcançariam Joshua. Estava
perdida, Hades a levaria.

Vanessa: Solte-a. – Ordenou, a voz branda, vindo de trás dos dois. O coração de Micaela
despencou do peito, atravessando o chão. Hades parou por um instante, virando o rosto
para Vanessa. A morena ergueu o rosto, encarando-o com um desprezo que chegava
gelar, os olhos negros feito carvão. Mas, ao contrário de Micaela , não havia medo em
seu rosto.

Hades: Está falando comigo? – Perguntou, lentamente, achando graça da afronta.

Vanessa: Com quem mais seria? – Perguntou, educada.

Hades: És bonita, mas não faz meu tipo. E mulheres não mandam em mim. – Debochou,
puxando o braço de Micaela novamente.

Vanessa: Se vê de longe que não sabes quem eu sou. – Comentou, mordendo o lábio. Os
cabelos caiam pelos ombros até a altura da cintura, negros, sedosos. O penteado
provavelmente se desfizera quando Zack a levou dali as pressas. Ela passou a mão nos
cabelos, tirando-os do rosto. Hades respirou, cansado, e se virou. Micaela perdera a
voz.

Hades: Eu deveria saber? – Perguntou, falsamente interessado.

Vanessa: Se fosse alguém inteligente saberia quem é meu marido. Mas é claro que
inteligência de você seria pedir demais. – Observou – Solte-a.

Hades: Cansei dessa brincadeira. – Suspirou – Ande, sua pequena vadia, vamos. –
Rosnou, puxando Micaela , que cambaleou. Vanessa ergueu as sobrancelhas.

Vanessa: Você beija sua mãe com essa boca? – Perguntou, e Hades se virou. Vanessa
tinha um sorriso autentico no rosto agora. Ela ergueu as sobrancelhas, fingindo surpresa
– Ops. Esqueci. Não beija mais. – Disse, e abriu um sorriso faiscante.

Hades: Quem é você? – Perguntou, agora irritado com Vanessa. Aquela mulher tinha
dedo na morte de sua mãe.
Vanessa: Vanessa Uckermann. – Disse, tranqüila – Eu vou dizer pela ultima vez: Soltea.
Se não solta-la agora eu vou gritar, meu marido estará aqui em uma fração de segundo e
tu estarás morto antes de bater no chão.

Hades: Está blefando. – O braço de Micaela doía barbaramente. Vanessa assentiu.

Vanessa: Tudo bem, vamos ver. – Ela tomou um sopro de ar – ZACK! – Chamou, em
um grito, encarando Hades. – Experimente contar até dez. – Disse, abrindo aquele
sorriso ameaçador novamente.

Hades, desgostoso, encarou Micaela . Os olhos azuis estavam quase sem vida, de
tanto medo. Por fim ele a soltou. Micaela gemeu, segurando o braço. Hades passou
por Vanessa, encarando-a, e a outra manteve seu olhar, destemidamente. Hades
não era burro: Uma ofensiva com Zack naquele momento era pedir para morrer.
Uma vez que ele saiu, o olhar de Vanessa voltou-se para Micaela .

Vanessa: O que ele queria com você? – Perguntou, os olhos sondando Micaela .

Micaela : Eu não sei. – Murmurou, quase com a certeza de que ia desmaiar. – Só me


agarrou, queria me levar. Obrigada. – Vanessa assentiu.

Vanessa: Aparentemente Hades quer realmente criar problemas com todas as mulheres
de Joshua. – Comentou, ainda encarando Micaela .

Zack: Vanessa? – Chamou, aparecendo ali. Incrível, levara poucos segundos.

Vanessa: Saiu por ali. Fugiu de mim. – Apontou. Zack fez um sinal e uns 20 homens o
acompanharam. Logo Micaela e Vanessa estavam sozinhas novamente.

Vanessa: É bom que tu não estejas mentindo para mim, Micaela . – Disse, e Micaela a
encarou – Se estiver mentindo e meu marido estiver defendendo a ti e a Joshua debaixo
de uma mentira, é comigo que tu deverás se preocupar. – Avisou, em seguida apanhando
seu vestido e voltando para o salão, tranquilamente.

Micaela , uma vez sozinha, se amparou em uma parede, cobrindo o rosto com as
mãos. Quando esse pesadelo ia terminar?

---*

Era manhã e fazia frio. Micaela fora mandada pra casa. Tomara banho, se
desarrumara, mas por fim se embolou em um lençol, jogando-o pelos ombros, e
ficou olhando as nuvens pesadas de chuva no céu. Era inverno. Seu céu iria cair.
Recebera a prova viva disso. Os armários estavam abertos. Quando ela chegou,
desnorteada, abrira tudo como se procurasse algo. Em algumas gavetas haviam
roupas debaixo e os vestidos que ela usava para trabalhar. No guarda-roupas,
pendurados, estavam os inúmeros vestidos que Joshua lhe dera, pendurados. O
ultimo era o da festa. Em cima da cômoda, a caixa com as jóias que ele lhe dera.
Ela se abraçava, segurando o lençol em volta de si, olhando tudo sem ver nada. Foi
quando a voz dele veio atrás dela.
Joshua: Ei, carinho. – Disse, e ela se virou – Vanessa me disse que aquele desgraçado
estava tentando levá-la. Você está bem? – Perguntou, apanhando o rosto dela entre as
mãos.

Micaela : Apenas assustada. – Assustada, apavorada, com medo...

Joshua: O que ele queria contigo? – Perguntou, os olhos preocupados e cansados


sondando o rosto dela.
Micaela : Eu não sei. Apareceu me puxando, disse que eu tinha de ir com ele, ir pra
casa. – Ela respirou fundo – Srta. Vanessa acredita que ele quer lhe tomar todas as
mulheres que você escolher para si. – O rosto de Joshua se fechou com aquilo.

Joshua: Eu não vou permitir. Você vai ficar bem. – Ele deu um beijo na testa dela.

Micaela : Você não vai ficar? – Perguntou, decepcionada. Queria ficar abraçada a ele até
que aquele pavor se esvaísse.

Joshua: Não agora. O território entre a fronteira daqui e a de Hades é neutro, logo,
ambos tem passagem. Zack acredita que não houve tempo para que ele tenha passado
sua fronteira ainda. – Explicou.

Micaela : Vão se embrenhar nas arvores atrás dele, Joshua? – Perguntou, em um


lamurio.

Joshua: Zack, Nicholas, Robert e eu. E metade de um exercito. Queremos alcançá-lo. Mas assim
que voltar virei procurá-la, e o castelo poderá cair, que não a deixarei. – Prometeu, e ela sorriu.

Joshua partiu minutos depois . Micaela por fim se vestiu, mas não teve condições
de sair. Apenas se jogou na cama e se abandonou. Joshua só voltou horas depois.
Frustrado, furioso. Nada. E mais nada foi dito ou feito naquele dia. Aquela noite
Joshua passou com Micaela , mas apenas a abraçou forte, como se seu abraço fosse
protegê-la de todos os males. Nenhum dos dois disse nada. Dias depois...

Joshua: E então – Perguntou, sozinho com Nicholas, em uma sala. Ambos sentados.

Nicholas: Eles irão embora. Anunciarão a partida em breve. – Joshua franziu o cenho.

Joshua: O que há? Houve a ofensiva, Hades atacou Vanessa diretamente, e Zack vai
embora? – Perguntou, indignado.

Nicholas: Zack está realmente irado com isso, mas o ponto fraco dele é aquela mulher.
Vanessa não está nem um pouco amedrontada. Kristen está. Quer ir embora a qualquer
custo. Se Robert partir, Zack levará Vanessa e voltaremos a estaca zero. – Ele respirou
fundo – Joshua, só você pode impedir.

Joshua parou, olhando pro chão. O único modo de impedir era aceitando um novo
casamento. Aceitando-o, os outros ficariam até o baile da escolha, depois até as
cerimônias do matrimonio. Tempo suficiente para demove-los. Nicholas esperou,
calado.
Quando a voz de Joshua se pronunciou, foi como uma lamina cortando o vento.
Joshua: Tudo bem, eu aceito. – Nicholas ergueu as sobrancelhas – Peça para que
mandem os convites, traga as princesas. Escolherei uma, se é tão necessário. Me caso e
ponho um fim nisso. – Se resumiu, e Nicholas sorriu, toda a preocupação desaparecendo
de seu rosto.
Nicholas: Eu sabia que tu tomarias a decisão certa. – Disse, sorrindo e dando dois
tapinhas no ombro de Joshua, antes de sair. Foi direto fazer a noticia correr aos quatro
ventos.

Joshua ficou sozinho na sala, olhando o nada. Iria se casar. Ter uma nova esposa.
Uma nova rainha... Problema seria só explicar isso a Micaela .

Só que Joshua não teve coragem de dizer a Micaela . Esteve com ela, a noite, e
tentou dizer. Mas ela, ao vê-lo tenso daquele modo, pensou que ainda era uma
conseqüência pela visita indesejada de Hades, e o beijou. Ele não a reprovou, e
terminaram na cama. Foi assim pelos dias que se seguiram. Ele sempre
empurrava, adiava... Nunca fora covarde, mas aquilo a magoaria, ele não sabia
como fazer. Porém o diabo pode ser sujo...

Micaela : They don‟t know how long it takes, waiting for a love like this... –
Cantarolou, entrando na cozinha – Everytime we… Tá me olhando porque, perdeu
algo? – Perguntou, erguendo a sobrancelha. Nina estourou de rir. Micaela esperou,
aérea, mas como a outra não parava de rir ela revirou os olhos, começando a desfazer a
bandeja do jantar de Suri.

Uma nota de sua autora: A energia elétrica nem sonhava em existir e Micaela já
estava cantando Glee Cast. É como Samila Uckermann vê isso

Nina: Como se sente agora, Micaela ? – Perguntou, ofegante em seu riso. Micaela
franziu o cenho, respirando fundo.

Micaela : Perfeitamente bem. Você pode dizer de uma vez porque está rindo? Está
começando a me irritar. – Disse, suspirando. Ela tirou a louça da bandeja, colocando-a
na pia, e desmontou a bandeja. Nina se levantou, rindo, e se aproximou dela. Tinha um
papel na mão.

Nina: Entao... – Ela respirou fundo – Teu conto de fadas vai ter um final feliz, ham? –
Perguntou, pondo o papel na mesa, levando-o até a visão de Micaela . Micaela não
olhou.

Micaela : Pelo amor de Deus, despeito criou graça e eu não sabia? – Perguntou,
suspirando.

Nina: Leia. – Pediu, divertida. Micaela revirou os olhos novamente e se aproximou,


olhando o papel. Era um folheto.

Um folheto que anunciava um baile. O folheto dizia que Joshua iria escolher uma
princesa. Que se casaria com ela. O chão de Micaela sumiu aos poucos, sua
audição era apenas um zumbido. Não era possível. Ele prometera que dissera
aquilo só para se livrar de Nicholas.

Micaela : Não é possível. – Murmurou, olhando o papel. Nina pipocou rindo


novamente.
Nina: Creio, pela tua reação, que a escolhida não será tu, verdade? - Micaela continuou
parada.

Nina só viu o olhar de Micaela um instante antes de acontecer. Os olhos estavam


de um azul gelo. Então, no instante seguinte, com um golpe rápido, o braço de Nina
sangrou. A morena gritou, assustada, e cambaleou. Micaela a esfaqueara. Ainda
tinha a faca ensangüentada nas mãos, a faca de prata do jantar de Suri, que ficara
sob a mesa.

Micaela : SUMA DA MINHA FRENTE! SUMA AGORA! - Gritou, fora de si, e Nina,
atordoada, saiu, segurando o corte fundo do braço. Micaela largou a faca que caiu no
chão
– Ah, não. Isso não, Joshua. – Rosnou, apanhando o papel na mão e saindo desembalada
pelo corredor.

Nada bom, nada bom...

Micaela : SUA ALTEZA! – Disse, possessa, abrindo as duas portas do quarto dele.
Joshua, que saíra do banho, abotoava o punho da camisa.

Joshua: Jesus, me proteja. – Murmurou para si próprio, vendo a entrada dela.

Você não está só,


Juntos permaneceremos ♫

Micaela : Joshua, o que é isto? – Perguntou, mostrando o folheto a ele. Joshua suspirou,
passando a mão no rosto. Ela o observou – Eu ainda tive esperanças de que tu o
negasse, MAS OLHE ISSO! – Disse, furiosa, largando o folheto no chão.

Joshua: Se acalme. – Pediu, olhando para ela.

Micaela : Você me disse... Me prometeu que não se casaria. – Disse, e ofegava de raiva
– Prometeu olhando nos meus olhos. Eu nem acredito nisso.

Joshua: É necessário. Tente entender, carinho. – Pediu, sem saber como falar.

Micaela : Eu entendo. – Disse, encarando-o, e ele esperou. Ela tirou uma chave do
decote, a chave do seu quarto, e atirou na direção dele, que se esquivou – Entendo
completamente. Obrigada por tudo. Me esqueça. Adeus. – Disse, e deu as costas,
batendo em retirada.

Joshua: Nem mais um passo. – Rosnou, irritado. Joshua bem tentava controlar seu
temperamento perto dela, mas algumas vezes era impossível! Tipo agora. Micaela
respirou fundo, se virando.

Eu estarei do seu lado,


Você sabe, eu segurarei sua mão ♫
Micaela : Precisa de algo, majestade? – Perguntou, formalmente.
Joshua: Está sendo infantil. – Observou. A raiva dela piorou consideravelmente com
isso.

Micaela : Como o senhor preferir. Com licença. – E tentou sair de novo, mas...

Joshua: MICAELA ! – Rugiu, fazendo-a parar.

Micaela : NÃO GRITE COMIGO! – Rebateu, se virando. Joshua ergueu as


sobrancelhas.

Perdeu o juízo, mulher?

Joshua: O conselho estava todo indo embora, o que queria que eu fizesse?

Micaela : Não é da minha conta. Eu sou só uma criada. Meus sinceros votos de que seja
feliz com a princesa que escolher, senhor. – Disse, debochada.

Joshua: Eu não vou brigar com você, você está com raiva. – Agora ele também estava –
Tome. – Ele catou a chave no chão – Vá para o seu quarto, e se acalme. Mais tarde
conversaremos. – Para surpresa dele Micaela gargalhou, a cabeça caindo para trás,
segurando a barriga. Era ironia. Joshua odiava ironia. Ele deu as costas a ela, se
bloqueando da visão, tentando por tudo não se irritar mais...

Quando estiver frio, e parecer o fim


Não há lugar pra ir, você sabe, eu não vou ceder.
Eu não vou ceder... ♫

Micaela : Que pensa, alteza? Que irá se casar, e quando tua esposa dormir tu irás
escapar, em silencio pela madrugada, me procurar e que eu te aceitarei?

Joshua: Tu não tens escolha. – Lembrou, em voz baixa. Ela via os ofegos de raiva dele.
O peito forte subia e descia conforme ele respirava. Assustaria qualquer um. Mas não
agora, ela estava com ódio demais.

Micaela : Pois me deixa te dizer uma coisa, Joshua. – Disse, e agora não havia ironia em
tua voz. Ela falava sério, em tom baixo – A partir de hoje tu não me tocas mais. Uma
vez sendo casado, esquece que um dia colocastes as mãos em mim. Aliás, guarde como
uma boa lembrança: Você tirou minha pureza. Mas não se equivoque, acabou aqui. Com
sua licença.

Micaela ia sair, quando a mão dele apanhou os dois lados da porta, batendo-os
com força. O som ecoou pela escadaria. Alguns andares abaixo, Vanessa, que
conversava com o marido e com Robert, ergueu os olhos delicadamente, sorrindo
de leve. Joshua arfava atrás de Micaela (Que por sinal estava encurralada entre
ele e a porta). Ela podia sentir o hálito dele em seu ouvido. A mão dele a apanhou
com força pelo braço, virando-a para ele.
Joshua: Não se equivoque tu ao pensar que pode me deixar. – Disse, também em tom
baixo, os olhos faiscando de raiva – Isso só termina quando eu disser que acabou,
Micaela . Me casarei com quem bem entender e tu estará em minha cama na hora em
que eu bem desejar, para satisfazer todas as minhas vontades.

Micaela : Isso é o que nós vamos ver. – Debochou, atrevida.

Ela só sentiu o peso da mão dele em seu rosto. Joshua a esbofeteara. O rosto dela se
virou com a bofetada, os cabelos caindo por cima da pele que ardia absurdamente.
No andar debaixo Vanessa ergueu os olhos de novo, passando a mão no próprio
rosto, como se achasse graça de algo. ㅤ

Continue segurando firme!


Porque você sabe que nós conseguiremos, nós conseguiremos ♫ ㅤ
Zack: Algum problema, meu anjo? – Perguntou, apanhando a mão dela, e ela o encarou,
o sorriso ainda perdido no rosto.

Vanessa: Apenas me distrai. Perdoem. – Disse, mas ainda sorria, como se quisesse rir.
Robert a encarou por um instante, procurando algo que ele tivesse perdido, mas ela
negou com a cabeça.

Micaela parou, ofegando, olhando o chão, considerando a idéia de passar sua


verdade na cara dele agora, só para ver a convicção dele se desfazer, mas seria
tolice. Antes que ela pudesse se recompor ele apanhou o rosto dela pela maxilar,
fazendo-a encará-lo.

Joshua: Já o disse, não se equivoque, carinho. Tu pertences a mim, não importa a


circunstancia. – Micaela apenas o encarava com um ódio que não podia ser descrito.

Micaela : Me force. – Desafiou, os olhos fixados aos dele. Vou perguntar de novo:
Perdeu o juízo, mulher?

Só seja forte!
Porque você sabe, eu estou aqui por você, eu estou aqui por você ♫

Joshua: Sabe que eu posso fazê-lo. Quantas vezes me der vontade. – Assinalou.

Micaela : Pois faça. Me obrigue. É o único modo de me ter em sua cama agora, querido.
– Disse, parecendo subitamente tranqüila. Apenas seus olhos e a cor pálida (exceto a
marca vermelho sangue da bofetada) de seu rosto denunciavam seu ódio. Joshua sorriu
de canto, e ela esperou.

Joshua: Posso forçá-la a inicio. Mas me rejeitar nunca foi uma capacidade sua, não é? –
Brincou, malévolo, e ela aguardou – Por fim estará se espreitando por mim, feito uma
gata.

Micaela : Me force, Joshua. – Repetiu.


Não há nada que possamos dizer!
Não há nada que possamos fazer!
Não há outro modo quando se trata da verdade... ♫

Joshua a observou por um instante, a raiva pulsando em seu sangue, então ele a
beijou. Micaela franziu o cenho, travando os lábios e o empurrando. Ela estava
blefando, ele iria mesmo forçá-la? Pode isso, produção? As mãos dela não eram
ofensa pra ele, nem de longe ela tinha força para reprimi-lo. Apanhando-a de
surpresa Joshua mordeu os lábios dela, que perdeu um instante em sua resistência.
Instante esse em que ele conseguiu a passagem que procurava: A beijou.

Nicholas: Que diabo, onde está Joshua? – Perguntou, entrando na sala.

Vanessa: Está em seu quarto, brigando com a amásia dele. – Disse, tranqüila, abraçada
ao marido, que lhe acariciava o braço.

Nicholas: Brigando porque? – Perguntou, incrédulo. Em geral Micaela e Joshua faziam


de tudo... Menos brigar.

Vanessa: Aparentemente ela descobriu que ele ia casar, e foi tomar satisfações. Eles
gritaram por um bom tempo, ele esbofeteou ela, os dois brigaram mais, e eu parei de
ouvir porque não é da minha conta. – Resumiu – A propósito... Tem alguém sangrando
gravemente aqui por perto. – Observou.

Maggy: Como pode saber? – Perguntou, atrás de Nicholas. Nicholas, Vanessa e Robert
riram.

Vanessa: Alguns de nós tem a audição aguçada. – Disse, reservada. Robert riu.

Zack: Você é um pequeno demônio. – Brincou, sorrindo, e beijou o rosto dela,


levemente.

Voltando a torre... Mesmo tentada pelo gosto dele, o ciúme por saber que teria que
partilhá-lo e o ódio porque isso seria pela vontade dele venceram. Ela o empurrou,
o esmurrou, até que devolveu na mesma moeda: O mordeu. O gosto do sangue dele
veio na boca dela, mas ele não se demoveu. Ela continuou. Tinha os dentes
cravados no lábio dele, que parecia nem se importar. Ele parou na tentativa, mas
não pela dor, pois não se afastou. Apenas a encarou, observando-a. Micaela queria
machucá-lo. Ela só parou instantes depois, os lábios cobertos de sangue, e ele
continuou observando-a. Ela o encarou por bem um minuto. O sangue descia pelo
queixo dele, pingando na camisa, mas ele nem estava ligando. Parecia procurar
algo nos olhos dela. Por fim ela se soltou dele, saindo correndo. Joshua respirou
fundo, pensativo. Dor física era algo muito fútil. Se ele quisesse tê-la forçado, assim
o seria. Mas ele a amava demais para isso. Pena que ela não parecia entender.

---*
Os dias se passaram. Micaela fugiu de Joshua como o diabo foge da cruz. Ele
nunca a via, só quando estava com Suri: Ele entrava e ela saia. Ela saíra do quarto
que ele lhe dera, deixando tudo lá; Só levava o escapulário porque esquecera de
devolver, força do habito. O dia do baile finalmente chegou. O reino todo parara
perante aquilo. A noite foi o mais luxuosa possível. Os homens em seus ternos
refinados, e as mulheres estonteantes, cada uma de seu modo.
Vanessa usava um vestido tomara que caia, apertado, ousado para aquela época,
pois deixava seu colo exposto, só vinha se abrir em saia balão da cintura para
baixo. Havia um colar enorme, com diversos diamantes cravados ali. Os cabelos,
soltos, penteados delicadamente caiam até a cintura, difundindo-se com o vestido.
Haviam diamantes em seu pescoço, em suas orelhas, em seu pulso... Zack parecia
gostar de tê-la assim. Kristen, mais modesta, usava grafite, um vestido de
aparência delicada e fina, do jeitinho dela. Também levava seus diamantes, mas
eles eram tímidos como a dona. Maggy usava vermelho vinho, e seus diamantes
ficavam em meio termo: Mais extravagantes que os de Kristen, menos que os de
Vanessa. E Micaela nem acreditava que estava trabalhando. Toda a equipe do
castelo, todos os criados estavam ali, exceto os soldados que guardavam o castelo
onde Suri ficara. Esse baile era extremamente mais luxuoso que o outro. Micaela
agora tinha a convicção de que não queria estar ali. Devia ter se jogado de uma
escada, quebrado uma perna. Mas agora era tarde. Haviam dezenas de princesas
ali, de toda variedade: Loiras, ruivas, morenas, claras, escuras, altas, baixas,
magras, gordinhas... E a noite se arrastou. Micaela virou a cara ao ver Joshua
dançando com varias delas, conversando, sorrindo. Que ódio! Por fim, ele se
pronunciou. Estava na plataforma alta, com os reis e rainhas sentados atrás dele.

Primeiro fez o cerimonial de recepção, agradecendo a todos ali presentes, e


blábláblá. A voz dele ecoava pelo salão silencioso. Até que ele se concentrou em sua
escolha. Micaela percebeu, no instante em que soube que ele iria se anunciar, que
não suportaria ouvir. Largou a bandeja em um canto e bateu em retirada,
retardada pelas pessoas eu estavam paradas no caminho. Ela tinha que passar
despercebido.

Joshua: Enfim. Essa noite eu vi mulheres de todos os tipos, cada uma encantadora de
sua forma, mas minha decisão era clara. – Disse, e Micaela acelerou o passo – Apenas
uma mulher pode ser minha esposa, porque apenas essa carrega minha felicidade. E, por
incrível que pareça, essa mulher está fugindo agora. – Vanessa virou o rosto, olhando –
Micaela , pare de correr. – Pediu.

Só seja forte!
Porque você sabe, eu estou aqui por você, estou aqui por você ♫

Nicholas engasgou com o vinho, cuspindo-o fora, engasgado entre tossido e riso.
Micaela empedrou em seu lugar. Jesus, Maria, José. Todos olhavam em volta,
procurando.

Joshua: Olhe para mim. – Pediu. Todos estavam confusos. Nicholas continuava
tossindo, e Vanessa tinha um riso preso, assim como o marido. Micaela se virou, o rosto
pulsando sangue, e ele sorriu ao ver os olhos incrédulos dela, desde longe – Em nome
de Deus, nosso senhor, eu amo você. Não poderia escolher outra mulher, pois meu
coração pertence a ti. Eu não me importo que seja uma criada, não tem importância, eu
te amo, e eu escolho você. – Um silencio esmagador se abateu sobre o salão. Joshua
estendeu a mão na direção dela, chamando-a – Seja minha rainha. Case-se comigo,
Micaela . – Pediu. Ninguém parecia saber o que falar.

Por essa ninguém esperava.

Os ouvidos de Micaela ainda pareciam zumbir. Maggy acudiu Nicholas, lhe dando
um copo de água, me esse já ria gostosamente. Joshua ainda olhava pra ela, o
braço estendido em sua direção, chamando-a. Ela, sem alternativa, caminhou até
ele, nitidamente ciente de que todos ali olhavam para ela. Todas as princesas
olhavam pra ela. Algumas pareciam não ligar, outras pareciam ter raiva, despeito,
enfim. Micaela se lembrou que o vestido que ela usava, branco e cinza, de cores
neutras e sem atrativos, devia parecer um trapo. Quando o primeiro pé dela tocou
a escadaria, todos os reis se levantaram (Nicholas ainda se recuperava de seu
ataque), em saudação. Nina, com um curativo inflamado e dolorido no braço,
quase espumava de ódio. ChristNicholas tinha uma mistura de alegria,
preocupação e dó no rosto. Quando ela o alcançou, apanhou sua mão, e ele sorriu,
trazendo-a até seu lado na plataforma. Todos aplaudiram, era ensurdecedor.
Joshua tinha um sorriso lindo no rosto.

Micaela : Você enlouqueceu. – Murmurou, mortificada, mas ele ainda sorria.

Os aplausos pioraram quando ele apanhou seu rosto, beijando-a sutilmente.


Dentre seus pensamentos incoerentes Micaela pensou que agora tudo poderia ficar
bem. Mal sabia ela que só estava enrolando a corda no próprio pescoço, mais e
mais...

Várias pessoas desconhecidas vieram saudar Micaela . Algumas ficaram receosas.


Diabo, era uma criada, o que Joshua estava pensando?! Quando a poeira baixou
rosto dela continuava da cor de sangue.

Joshua: Para onde vai, alteza? – Brincou, vendo ela se afastar.

Micaela : Eu preciso de um espelho. Estou horrível, olhe o meu estado. – Disse,


exasperada. Joshua sorriu, abraçando-a.

Joshua: Não diga tolices, está linda. Sempre está. – Murmurou, beijando a testa dela.

Micaela : Não, eu preciso de um espelho. – Insistiu. Joshua revirou os olhos. – Eu já


volto. – Prometeu, e ele a soltou. Ela saiu correndo, discretamente, desceu as escadarias
e sumiu para o banheiro.

Micaela lavou o rosto quinhentas vezes no banheiro. A água fria parecia ferver em
sua pele. Por fim ela desistiu, se olhando no espelho. Soltou os cabelos, passando os
dedos e soltando os cachos. Arrumou o vestido sentindo falta dos seus, trancados
em seu quarto, no castelo. Por fim saiu, pronta pra voltar pro lado dele. Se bateu
com ChristNicholas.

ChristNicholas: Tu estas louca?- Perguntou, meio penalizado.

Micaela : Se eu estiver, que minha loucura seja perdoada, porque metade de mim é
amor, e a outra também. – Respondeu, sorrindo. Era possível que ela estivesse feliz?!

ChristNicholas: As duas metades serão amor quando ele precisar catalogar tua família
também? – Perguntou, passando a mão no rosto.
Micaela : Minha família? – ChristNicholas suspirou.

ChristNicholas: Ele quer te fazer rainha, Micaela . Para ser rainha não vai bastar mentir
dizendo que não falas com a tua família. Ainda que não fale ele precisa conhecê-los,
para registro. Eles precisarão se expor perante a todos nas cerimônias do casamento.
Assinar documentos, e todo o protocolo. Então, o que vai fazer quando chegar a hora?

A felicidade de Micaela ia e voltava com uma velocidade que a incomodava. Ela


não sabia disso, não tinha como saber.

Joshua: Micaela ? – Chamou, a voz se aproximando.

Micaela : Eu darei um jeito. Contornarei isso. – ChristNicholas suspirou – Suma daqui


antes que ele o veja. – Disse, se afastando. Quando olhou para trás, ChristNicholas já
havia sumido.

Joshua: Ei, carinho. – Disse, ao encontrá-la. – Tome. – Disse, abrindo as mãos. Haviam
dois brincos ali. Dois diamantes. – Vanessa pediu que os entregasse. – Explicou.
Micaela ergueu a sobrancelha, mas os aceitou – Você continua gelada. – Observou.
Micaela sorriu, pondo os brincos.

Pena que ele não sabia o porque dela estar gelada. Mas vamos aguardar o que a
noite vai trazer.

Micaela afastou esse pensamento de sua cabeça durante o resto da noite. Nem
podia acreditar que ele estava lá, abraçando-a na frente de todos, que ele queria se
casar com ela! A felicidade era tanta que parecia poder se materializar. Por fim ela
foi embora com ele, em sua carruagem, os dois aos beijos e carinhos. Ao chegarem
ao castelo todos ainda estavam acordados demais, excitados demais com a
reviravolta, para dormirem. Prolongaram a festa na sala de jantar, com um bom
vinho. Micaela não viu sentido em se trocar agora; Joshua a escolhera rainha do
jeito que ela estava. Nicholas ainda fazia piadas sobre as caras das princesas ao
serem preteridas por uma criada.

Zack: Mas fico feliz por você. Muitos não sabem o quanto demora até encontrar o amor.
E nem sempre ele vem em cascas adequadas. – Comentou, tranqüilo.

Robert: Tu me diz isso? Onde está Vanessa? – Nicholas gargalhou.


Vanessa: Me chamou, Robert? – Perguntou, divertida, repentinamente atrás do outro.
Micaela se sobressaltou; Robert não. Apenas riu.

Zack: Te digo isso pois já havia escolhido outra princesa, antes de Vanessa.
Meus pais me pressionaram, era hora de assumir o trono, e eu escolhi. – Deu de ombros
– Então viajei com meu pai, para fazer uma sociedade com o pai dela. Quando eu a vi
soube que apenas ela serviria. – Ele sorriu pra a esposa – O que não muda o fato de que
eu estive perto de cometer um erro irreversível.

Maggy: E a outra princesa? – Perguntou, tranqüila. Micaela apenas observava, abraçada


a Joshua.
Zack: Não sei que fim tomou. Não podia me casar com ela uma vez tendo posto os
olhos em Vanessa. Vi ela pela primeira vez no jantar, e avisei a meu pai que a queria
antes de ir dormir. Foi uma confusão. – Disse, revirando os olhos.

Kristen: Você não a viu em seu baile?

Zack: Não. Ela não foi. – Disse, debochado consigo mesmo. Vanessa riu.

Zack: No final eu nem me lembro qual era o nome da outra princesa. Pobre coitada. –
Ser escolhida e em seguida rejeitada por um rei era a ruína para uma princesa. Ocorria
muito raramente.

Nicholas: Como era o nome dela? – Perguntou, descarado. Seria como falar mal da
pobre coitada revelar seu nome.

Maggy: Nicholas! – Reprimiu. Micaela sorriu, quieta.

Zack: Como disse, não me lembro. – Disse, tranqüilo.

Vanessa: Belinda. – Entregou, se aproximando para sentar-se ao lado do marido.

Zack: Vanessa. – Repreendeu, os olhos focados nos dela. Mas ela sorriu docemente.
Nicholas gargalhou.

Vanessa: Eu apenas me lembro. – Disse, falsamente inocente, se sentando ao lado dele,


que a abraçou.

Maggy: Você está bêbado? – Perguntou, sondando o rosto de Nicholas, que ria.

Robert: Então, para quando é o casamento? – Perguntou, puxando conversa.

Joshua: O mais rápido possível. – Respondeu, virando o rosto para encarar Micaela . Ela
nunca tinha visto esse tom de felicidade nos olhos dele.

Zack: Então é bom começar logo. Há muito que se fazer. – Observou, tomando um gole
de seu vinho.
Joshua: Eu sei. Amanhã mesmo mandarei enviados até as igrejas, a família dela, os
sacerdotes, e todo o resto. Com sorte em dois meses estaremos com tudo pronto. –
Disse, tranqüilo. Micaela empedrou. A família dela. – Tu podes começar a planejar teu
vestido amanhã mesmo. – Disse, feliz. Mas ela já não sorria. – Precisarei que me dê o
endereço de tua casa, carinho. – Disse, agora em particular – Sei que tu não fala com
eles e farei o máximo para que não tenha contato, mas precisarei de algumas
assinaturas, coisas de praxe. Mas não fique assim. – Disse, interpretando mal a
expressão dela – Deve se preocupar apenas em estar linda quando for me dizer sim. –
Micaela sorriu de canto.

Kristen: Se precisar de ajuda com alguma coisa, Micaela , não receie em me procurar. –
Se ofereceu, e Robert lhe beijou a têmpora, sorrindo.
Vanessa: Faz tempo que eu não penso em uma festa de casamento, mas me tem a
disposição também. – Maggy concordou. Micaela assentiu.

Micaela : Eu... Eu estou exausta. Vou me retirar. Me dêem licença. – Pediu, se


levantando. Todos assentiram e ela saiu.

Micaela bateu em retirada, correndo, até seu quarto. O que faria agora, meu
Deus? Ela estava tão feliz com aquele casamento, ela o queria tanto! Mas mais uma
vez a vida lhe passava a perna. Toda a felicidade foi substituída por tristeza
quando ela entendeu o que precisava fazer. Minutos depois a porta se abriu e
Joshua entrou.

Joshua: Carinho, porque veio para este quarto? – Perguntou, fechando a porta. – Está
sentindo algo?

Micaela : Joshua... Eu não posso me casar com você. – Disse, em voz baixa. Viu o rosto
dele se fechar, incrédulo – Minha resposta é não. – Concluiu.

Joshua: Como? – Perguntou, incrédulo – Mas porque?

Micaela : Eu não quero. Não posso. Me perdoe. – Disse, quieta.

Joshua: Você tem noção do que eu terei que enfrentar por ter escolhido você? E você me
diz não? – Perguntou, exasperado – Há outro?

Micaela : Não! – Disse, na mesma hora – Nunca houve outro, nem vai haver. Eu amo
você. Só você.

Joshua: Eu não consigo entender, se me ama porque está me dizendo não? – Perguntou,
incrédulo.

Micaela : Porque eu tenho medo. – Disse, em um murmúrio.

E ela sabia que este era o único modo de fazê-lo aceitar a negativa: Machucando-o.
Estava matando-a por dentro, lenta e dolorosamente, mas ela precisava fazer.
Joshua: Medo? Medo de que, em nome de Deus?

Micaela : Medo de aceitar ser sua rainha e terminar como Dulce María terminou. –
Jogou. Um silencio pesado se sobrepôs ali. Ela pode ver a dor cruzando os olhos dele.

Joshua: Micaela , eu vou morrer antes de permitir que algum mal lhe atinja. Eu prometo.
– Disse, a voz séria, encarando-a. Ele interpretou a dor nos olhos dela como medo, e
isso o machucou mais.

Micaela : Prometeu isso a Dulce também, não prometeu? – Ela queria chorar. Queria
morrer, queria sumir. Estava machucando-o, rasgando as feridas dele, podia ver. –
Entretanto não conseguiu protegê-la da morte. – Ela precisou se virar, dando-lhe as
costas.

Joshua: Porque está fazendo isso comigo, Micaela ? – Perguntou, e sua voz era baixa,
sem o tom energético da objeção. - Eu te ofereci o meu amor, minha confNicholasça,
minha fidelidade, meu reino... Eu te ofereci minha vida. Porque está fazendo isso?

Micaela : Uma coisa é ser sua amasia, outra bem diferente é dar a cara ao mundo e
assumir que sou sua mulher. Sua esposa. Sua rainha. – A primeira lagrima desceu pelo
rosto dela. Como ela estava de costas, ele não viu – A ultima mulher que teve coragem
de fazer isso, a essa altura, já se decompôs em seu tumulo. Eu não tenho coragem. Me
perdoe. – O choro estava subindo. Ela secou o rosto, respirando fundo.

Joshua: Sua resposta final é não? – Perguntou, parecendo tão abatido quanto podia estar.

Micaela : Não. – Disse, se virando – Quando a guerra acabar... Quando isso tudo
terminar, se você ainda me quiser, eu vou ser sua até que meu tempo expire. Se voltar a
me fazer esse pedido, direi sim antes que termine de fazê-lo. Mas agora não posso. Eu
amo você, Joshua. Mas não posso. – Disse, encarando-o – Eu sinto muito.

Joshua a encarou por longos instantes. Estava machucado, magoado, destruído.


Esperara tudo menos isso. Quando viu que ela não ia voltar atrás, deu as costas e
saiu. Assim que a porta bateu Micaela desmoronou no chão, o choro vindo a tona,
os soluços de dor saindo livremente. Ela queria ir atrás dele, abraçá-lo, dizer que o
amava e que o queria, e apagar aquela dor do olhar dele. Mas se aceitasse se casar
morreria, e conquistaria o ódio dele. Porque a vida precisava ser tão cruel? O que
ela havia feito para merecer tudo isso?

---*

A noticia de que Micaela havia se recusado a Joshua se espalhou mais rápido que
areia no vento. Os dias que se seguiram passaram de modo lento, tortuoso, e não
havia um dia em que ela não chorasse por ele. Ela não o via. Quase ninguém,
exceto o conselho em si, o via. Era caótico.
Kristen: Sinceramente, nem sei o que dizer. Não esperava. – Micaela , que ia servir o
chá na torre, parou atrás da porta, quieta. Vanessa observou a porta brevemente, mas não
disse nada.

Maggy: Nicholas me disse que ele está abalado. Calado, sempre quieto. Só aparece
quando é necessário. Eu nem imagino como deve ser. E olhe que sou mulher. –
Comentou.

Kristen: O fato é: Micaela o rejeitou e agora o nome dele virou motivo de piadas para
todo o reino, e para todos os reinos dos quais ele rejeitou as princesas. – Assinalou.

Vanessa: Eu o vi. – Comentou, parada a sombra da janela – Está pálido, abatido, cheio
de olheiras. A voz não tem vida. Enfim. – Micaela não agüentou mais ouvir; Entrou no
quarto.

Micaela : Com licença, senhoras. – Disse, mas as outras continuaram conversando.

Kristen: Se pudesse fazer algo para ajudá-lo, faria. Estou com pena. – Admitiu.

Vanessa: Se eu tivesse um coração, ele estaria em pedaços. – Observou, olhando algo


pela janela. Isso dispersou a atenção de Micaela .

Micaela : Desculpe. – Todas a olharam – Perdão. Mas “Se eu tivesse um coração”? –


Indagou, confusa.

Vanessa: Eu só possuía um, e o entreguei a Zack. – Se resumiu. Micaela franziu o


cenho mas não disse nada.

A verdade é que Micaela também não estava nada bem. Não havia cor em seu
rosto, nem em seus olhos. Estava quase morta. Saber do sofrimento de Joshua não
melhorara em nada. Naquele dia, quando anoiteceu, ela se pôs em prantos, como
sempre era. Não conseguia sustentar essa situação, era impossível! Ela olhou em
volta e cada pedaço do pequeno quarto trazia lembranças dele. Então ela saiu.
Desceu pelo gramado, sem ter um destino, os soluços oscilando seu peito. Até que
se bateu com alguém.

ChristNicholas: Micaela . – Disse, penalizado, e a abraçou. Ela afundou a cabeça no


peito dele, que precisou segurá-la para que não caísse, tão desesperado era seu choro –
Tanto que eu te avisei. – Lamentou.

Micaela : Eu o amo, ChristNicholas. – Disse, a voz cortada, abafada – Meu Deus, eu o


amo.

ChristNicholas: Talvez... – Disse, tentando encontrar algo de consolo – Talvez quando a


guerra acabar.

Micaela soluçou. A guerra demoraria. Já demorara anos, talvez demorasse mais.


Alguém precisava por fim nisso. ChristNicholas reparou quando, subitamente, o
choro dela se acalmou. Ela se afastou dele, o rosto inundado em lagrimas, os olhos
vermelhos, e começou a se afastar.

ChristNicholas: O que há? – Perguntou, confuso.

Micaela : Alguém precisa acabar com a guerra. Se Hades morrer, a guerra acaba. – Um
soluço perdido escapou dela, que se afastava – Se alguém o matar, a guerra termina. –
ChristNicholas a olhava, confuso – Eu vou matá-lo. – Concluiu.

ChristNicholas: Matar? Tu vais matar Hades? – Perguntou, incrédulo – Micaela , onde


está indo?

Micaela : Me oferecerei como bandeira de paz. – Disse, pensando alto – Ele quer me
possuir, antes de me matar. Quando o tiver em meus braços o matarei. – Disse, olhando
o chão – O matarei e voltarei para voltar para Joshua, para lhe contar minha verdade, e
se ele ainda me quiser, com a ajuda de Deus, serei feliz. Eu o matarei por Joshua. –
Concluiu, dando as costas.

Micaela disparou correndo, mas logo foi detida. ChristNicholas a agarrou pelo
braço, e logo ela se sacudiu, tentando se soltar, lutando violentamente.

ChristNicholas: Micaela ... Mulher, está louca? Tu vai matar Hades? Agora? –
Perguntou, debochado – Para começar, como vai matá-lo?

Micaela : Atravessarei uma adaga em seu coração. – Respondeu, prontamente, ainda


lutando pra se soltar.

ChristNicholas: Ah, ótimo. Como pretende passar da fronteira? – Insistiu.

Micaela : Do mesmo modo como entrei. – Rebateu – ChristNicholas, só vou pedir uma
vez: Me solte. – Disse, parando de se debater e encarando ele. A resolução estava pronta
no olhar dela.

ChristNicholas: É uma missão suicida, se fosse tão fácil o próprio Joshua teria feito!
Tente raciocinar! – Apelou.

Micaela : Hades não quer levar Joshua para cama, quer levar a mim. Essa é minha
vantagem. É meu ultimo aviso: Tire as mãos de mim. – Disse, séria.

ChristNicholas: Eu não vou permitir, é loucura, Micaela ! – Disse, segurando os dois


braços dela.

Micaela : SOCORRO! – Gritou, sua voz ecoando pela grama, entrando os corredores do
castelo. ChristNicholas arregalou os olhos – ME LARGUE! ALGUÉM ME AJUDE,
SOCORRO!

ChristNicholas: O que está fazendo? – Perguntou, confuso.


Micaela : SOCORRO! – Insistiu, se debatendo. Logo dois guardas apareceram.

Guarda: O que há aqui? – Perguntou, olhando a cena.

Micaela : Ele está tentando me agarrar a força. – Disse, virando os olhos lacrimosos
para o guarda. Todos sabiam quem era Micaela : Era a mulher que havia rejeitado o rei.
Se algo acontecesse a ela a fúria de Joshua podia ser cruel.

Guarda: Solte a moça! – Ordenou, se aproximando.

ChristNicholas: Mas... Micaela ! – Exclamou, exasperado.

Micaela : Tirem ele de perto de mim. – Disse, com a expressão assustada. Resultou que
os dois guardas apanhando ChristNicholas, um por cada braço, e arrastando-o. Micaela
se abraçou, fingindo-se de machucada.

Guarda: Você está bem? – Micaela assentiu.

Micaela : Estou. Apenas... Tirem ele de perto de mim. – Pediu, com a voz quebrada.

Os guardas assentiram e rebocaram ChristNicholas dali. Ele observou Micaela o


tempo todo, enquanto caminhava, em um pedido mudo de que ela não fizesse
aquilo. Ela, por sua vez, apenas disse um: “Me perdoe.”, mudo, e deu as costas,
sumindo rapidamente por uma das portas do castelo. Ninguém a deteria.

ChristNicholas gritou por horas. Esbravejou, apanhou, gritou mais ainda. Exigia
ver Joshua. Gritou até não poder gritar mais, então continuou gritando.

Guarda: Senhores, licença. – Pediu. Zack, Robert, Nicholas e Joshua olharam. O guarda
explicou a situação rapidamente.

Robert: Bata nele. – Ordenou, sem entender.

Guarda: Já o fiz, senhor. Ele continua gritando. Parece estar possuído. – Disse, quieto.

Nicholas: Dê-lhe uma pancada, faça-o desmaiar. – Disse, franzindo o cenho.

Guarda: Já fizemos, senhor. E ele acorda já aos gritos novamente. – Respondeu.

Zack: Quebre-lhe os dentes. – Propôs.

Joshua: Não, tudo bem. – Disse, quieto. Até a voz de Joshua mudara, estava mais morta.
– Eu vou ver o que é. Com licença. – E ele se levantou, saindo.
Caminhando pelo corredor Joshua se perguntou brevemente o que esse homem
teria de tão importante para fazer tal escândalo. Mas nem a curiosidade mais ele
conseguia manter, todos os sentimentos eram muito passageiros.

Guarda: É ele, senhor. – Apontou para ChristNicholas, que estava amarrado na cadeira.
ChristNicholas ergueu o rosto, inchado, com o nariz partido, e cuspiu um tantinho de
sangue que estava em sua boca.

ChristNicholas: Joshua! – Disse, aliviado. Joshua ergueu as sobrancelhas – Digo, alteza.


O senhor tem que impedi-la. Ela está indo para a morte. – Agora que conseguira falar
com Joshua, ChristNicholas tecnicamente entrara em pânico. Já se passara tempo
demais.

Joshua: Quem está indo para a morte? – Perguntou, franzindo o cenho.

ChristNicholas: Micaela . – As feições de Joshua repentinamente estavam alertas – Ela


está indo atrás de Hades. Quer apunhalá-lo, matá-lo, para acabar com a guerra, voltar e
poder casar-se com o senhor. – Ele respirou fundo – Diz que vai matá-lo em seu nome.
– Joshua era a incredulidade viva – Se Hades pôr as mãos nela, sabendo que o senhor a
ama, vai matá-la.

Mas Joshua já havia saído batido dali. Micaela era louca! Ele partiu direto para a
sala onde ficavam as armas. Se Micaela disse que ia matar Hades em seu nome,
precisaria se armar ali. Dito e feito, em um faqueiro, onde costumavam haver 48
adagas, haviam 47 e um bilhete. ChristNicholas entrou logo atrás e viu Joshua
lendo o bilhete. Era curto, apressado, e estava amassado.
Dizia apenas poucas frases: "Vou matá-lo, ChristNicholas. Vou matá-lo em nome de
Joshua. Isso tudo acaba hoje. Se eu não voltar... Conte a verdade a Joshua e diga que
eu o amei mais que a minha vida. Micaela ." Bastou para Joshua sair correndo de
novo. Por favor, que não seja tarde...

Enquanto isso, na floresta... Micaela passara da fronteira alegando estar levando


lenha. Ninguém nem ligou. Ao se afastar ela soltou o cavalo da carroça,
montandoo, e saiu a galope. Não sabia ao certo quanto tempo cavalgara, mas não
podia mais ver o topo da torre do castelo de Joshua, então devia estar longe. Mas
estava escuro. Não havia lua e as arvores eram altas. Ela parou o cavalo, com medo
de tombar com uma arvore, e tentou enxergar uma trilha no escuro. Foi então que
uma voz cortante chegou até ela, fazendo-a estremecer, e assustando o cavalo.

XXXX: Procurando por alguém, Micaela ? – Perguntou a voz, malevolamente divertida


e debochada.

Micaela : O que está fazendo aqui? Como me alcançou? – Perguntou, gelada.

Joshua: Eu conheço meu reino como a palma da minha mão. E você provavelmente
estava correndo em voltas no escuro há um bom tempo. – Disse, a voz se aproximando
– Você perdeu o juízo?! – Perguntou, em um silvo.
Micaela : Me deixe ir. – Pediu, olhando o escuro – Me deixe acabar com isso, Joshua.

Joshua: Desça daí. – A mão dele agarrou o pulso dela, trazendo-a ao chão – Primeiro
não, eu não vou deixar. Segundo sou eu que vou matá-lo, não tu. Terceiro, vamos sair
daqui.

Micaela : Porque está me arrastando? – Perguntou, indignada. Micaela sentiu a mão


dele apanhando a adaga em seu decote, desarmando-a.

Joshua: Porque isso aqui é terra de ninguém, carinho. Porque eu não estou enxergando
direito e porque podem nos atacar. Brigarei com você assim que pisarmos no castelo. –
Micaela sentiu-se ser erguida pela cintura, e estava em cima do cavalo.

Micaela : O cavalo...

Joshua: Ele nos seguirá. – Disse, e ela sentiu ele montando no cavalo a sua frente – Não
caia. – Advertiu.

Então o cavalo saiu a galope. Micaela viu seu plano, sua resolução, tudo caindo
por água abaixo. Joshua, por fim, sentiu ela se abraçando ao peito dele, o rosto de
afundando em suas costas, mas não disse nada. Passaram pela fronteira direto, só
parando ao pisar no castelo. Joshua ordenou que Micaela não mexesse um
músculo de onde estava (Uma das salas de reunião), enquanto ele ia avisar a
ChristNicholas e aos outros que estava tudo bem. Foi nesses poucos minutos que a
resolução veio a Micaela : Ela encararia a morte. Tendo tido ele em seus braços
novamente, sentido sua pele, sua pulsação, seu perfume, ela soube que a vida não
teria sentido longe dele. Joshua voltou em breve, já pronto para brigar com ela.

Joshua: Eu nem sei por onde começar. – Disse, parado a porta. Uma vez na claridade ela
podia ver a incredulidade no olhar dele. – Você está louca? Iria tentar furar a fronteira
dele, invadir o castelo, matá-lo e voltar apenas com uma adaga na mão? O que passa na
sua cabeça? Aliás, porque acha que conseguiria?

Micaela : Porque eles iriam me deixar passar pela fronteira. – Disse, quieta. Sua voz não
tinha emoção, não tinha nada. – Eu caminharia pelas ruas e entraria no castelo com
facilidade. – Continuou. Joshua a observava, confusa – O mataria pois ele me quer em
sua cama.

Joshua: Que diabo está dizendo? – Perguntou, confuso – Ele tentou assediá-la no baile?
– Perguntou, o ódio subindo a boca.

Micaela : Não. Ele tentou me assediar antes de eu vir para cá. – Continuou, com aquele
tom de voz estranho, sem emoção – Aliás, este foi o motivo por eu ter vindo.

Joshua: Eu não estou entendendo. – Observou, totalmente perdido.

Micaela : Minha família sempre foi muito unida. – Disse, o olhar perdido – Éramos eu,
meu pai e minha mãe. Nós nos amávamos e sempre vivemos em paz. – Joshua
continuou confuso, cada vez mais. A família dela não havia posto ela para fora? – Meus
pais me amavam mais que tudo no mundo. Quando a guerra estourou eu era uma
menina ainda. – Continuou – Porém com o passar do tempo eu cresci, virei uma
mulher... – Ela olhou o próprio corpo – E isso chamou a atenção de Hades. Atraiu os
olhos dele para mim.

Joshua: Você tem noção de que o que está dizendo não faz o menor sentido? –
Perguntou, lentamente. Micaela sorriu de leve, sem alegria.

Micaela : Durante muito tempo ele me assediou. Me queria como sua amasia. Eu
sempre me neguei. Sonhava me casar pura, e me entregar apenas para o homem que eu
amasse. – Continuou – Meu pai me defendeu com unhas e dentes. Minha mãe tinha
medo. Até que um dia a paciência de Hades acabou. Ele decidiu que me levaria embora
a força, me possuiria e mataria em seguida. Então eu fugi. Vim para cá. – Joshua estava
calado. Seus ouvidos não queriam ouvir aquilo – Era o único lugar onde ele não me
alcançaria: Em teu castelo, pois tu o mataria se conseguisse pôr os olhos nele. Ele não se
atreveria a vir até aqui, a passar a fronteira... Mas eu tive. Eu passei. Aqui estou.

Houve um silencio pesado na sala. Joshua a encarava, o verde dos olhos


conturbados pela verdade. Quando ele falou, sua voz era irreconhecível.

Joshua: Mentiu para mim todo este tempo? – Perguntou, em um silvo furioso. Não, não
era fúria, era ódio. E estava acabado para Micaela .

Micaela : Na verdade eu não menti em quase nada. Eu só não te disse de onde tinha
vindo. – Observou – Jurei para mim mesma que começaria uma vida nova aqui, livre,
então conheci você. – Ela sorriu – No dia em que você me viu chorando... Quando meu
pai morreu... Hades o matou. Procurou por mim por todo o reino, não encontrou, então
confrontou meu pai que passou a verdade na cara dele. – Ela riu de leve – Agora veja só,
eu estou me entregando a morte só por amor a você. Como isso é absurdo! – Disse,
quieta.

Joshua: Eu-eu nem acredito nisso. Eu te dei o mundo, eu te confiei minha filha, eu te
amei e você mentiu para mim! – Disse, incrédulo, tremulo. Ele ofegava de ódio. –
Estava aqui a mando dele, para me fazer mal!

Micaela : Isso não. Isso nunca. – Disse, observando-o. Joshua passou a mão no rosto,
ainda ofegando – Joshua, se eu pretendesse lhe fazer algum mal, teria feito a inicio.
Perdi a conta de quantas vezes o tive adormecido, indefeso, em meus braços. Estive
sozinha com Suri inúmeras vezes. Eu os amo, não lhes faria mal.

Joshua: Eu não conheço você. – Murmurou, os olhos duros encarando-a – GUARDAS!


– Rugiu, tremulo, abrindo a porta.
Micaela : Joshua. – Sussurrou, derrotada, fechando os olhos.

Ela nem viu. Só sentiu duas mãos se fecharem em volta de seus braços. Não abriu
os olhos, não queria ver o olhar dele daquele jeito sob si. Só queria se lembrar do
olhar dele ao dizer que a amava.

Nicholas: Joshua, que alvoroço é esse? O que está fazendo? – Perguntou, olhando a
cena. Robert entrou atrás – Você não pode prendê-la por tentar terminar a guerra, seja
racional.

Joshua: Ela é a espiã. – Acusou, tremulo.

Epa.

Micaela : Não! Não, isso não! – Ela abriu os olhos, erguendo o rosto – Menti, sim, mas menti
para salvar minha vida! Uma vez aqui não sai do castelo sozinha! Não sou a espiã, e nem faço
idéia de quem seja, Joshua, eu ajudei vocês! – Lembrou, incrédula.

Joshua: Matem-na. – Ordenou, virando o rosto. Não queria ver.

Ouvir a ordem fez Micaela se calar. Nicholas não se impôs. Micaela sentiu uma
mão subir por sua nuca: Iriam quebrar seu pescoço. Pelo menos seria rápido,
pensou. Um instante antes...

Zack: Vocês são burros? – Perguntou, aparecendo parado na porta. Todos o olharam. –
Se essa mulher é a espiã vocês vão matá-la antes de tirar dela tudo o que ela sabe?
Ninguém pensa aqui? – Perguntou, cansado.

Joshua: Eu a quero morta. – Rosnou, raivoso.

Robert: Zack tem razão. – Assinalou.

Nicholas: Prendam-na. Precisamos dela viva por enquanto. – Ordenou, e a mão deixou
os cabelos de Micaela , libertando sua nuca. Então ela foi levada.

Micaela não sabia quanto tempo havia se passado. Podiam ser dias, horas,
minutos... Ela perdeu a noção do tempo a partir de um ponto. Só havia dor. Estava
presa, amarrada, e cada pedaço do seu corpo estava doendo. Pela temperatura
fria, úmida, ela tinha certeza de que haviam levado ela para as masmorras. Estava
em pé, amarrada em uma pilastra de concreto pelos braços, cintura perna. Não
conseguia enxergar. Já haviam batido tanto nela, mas tanto, que ela se perguntava
como não havia morrido ainda. Sentia dor, sede, fome, cansaço, seus braços doíam,
seu corpo gritava para ser desamarrado dali. Havia sangue em seu rosto, em seus
braços, seu vestido, que já começava a ceder. Ela contava o tempo por respirações.
Respirava pela boca, pois o sangue seco obstruíra seu nariz. Então eles voltavam e
faziam perguntas. Ela não sabia responder, então apanhava novamente. Eles
achavam que sob dor ela diria a verdade. O inferno é que ela não sabia a verdade,
ela não era a espiã. Os momentos de paz eram quando havia silencio. Ela ficava
quieta, de olhos fechados, analisando cada aspecto da dor. Suri, por outro lado,
estava revoltada.

Suri: Papai... – Disse, com um sorriso angelical. Angelical demais – Eu NÃO vou
comer, eu NÃO vou brincar, eu NÃO vou tomar banho, eu NÃO vou tomar meus
remédios, - Joshua revirou os olhos – Eu NÃO vou fazer NADA até Micaela voltar. E é
minha palavra final. – Disse, tranqüila. A menina trancava a boca sempre que tentavam
lhe dar de comer, ou os remédios, ou qualquer coisa. Mordera e arranhara uma criada
que tentara lhe dar banho. Passava o tempo de braços cruzados, olhando pra cima.

Joshua: Pois tu não fará mais nada nunca então, ela não vai voltar. – Disse, sem
paciência, se levantando.

Suri: Eu te odeio. – Murmurou, olhando o pai com desprezo. Joshua olhou a menina,
incrédulo. Era a primeira vez que ela dizia isso.

Joshua: Como?

Suri: O odeio. – Repetiu, erguendo o rosto para ele – Apenas uma pessoa no mundo
gostou de mim de verdade, sem me tratar com pena ou por obrigação, apenas uma
pessoa me amou de verdade, mesmo eu sendo a aberração que sou, e o senhor a toma de
mim. Eu o odeio. – Disse, a voz carregada de magoa.

Joshua: Suri, Micaela não foi a única pessoa que a amou, não diga tolices. – Pediu,
passando a mão no cabelo. Sabia lidar com tudo, mas sua filha dizendo que o odiava era
algo fora de seu alcance.

Suri: É mesmo? Quem mais? Mamãe? Tu? Pelo amor de Deus. – Ela virou o rosto.

Joshua: Suri, não fale assim de tua mãe. – Ordenou, severo.

Suri: Micaela me amava. Gostava de ficar comigo, de brincar comigo, mesmo do jeito
que eu sou. Queria me ver feliz, não por eu ser tua filha, mas porque gostava de mim. –
Continuou – Ela gostava de ti também.

Joshua: Era mentira. – Alegou, respirando fundo.

Suri: Não era não. Ela nunca me disse, mas eu sempre vi o modo como ela ficava
quando o senhor se aproximava. Ela corava, ficava sem jeito, as vezes sorria, os olhos
brilhavam. – Joshua não queria ouvir – A perguntei se ela queria ficar com o senhor e
ser minha mãe, mas ela disse que não podia, pois minha mãe havia morrido. Mas ela
queria ser minha amiga. E gostava do senhor. Todos que eu vejo te olharem tem medo,
ou respeito, mas te olhava e gostava do que via. Não do rei, mas da pessoa. Eu sou uma
crNicholasça e entendo isso, e tu que é rei não? – Não perca a paciência, Dulce morreu
por ela... – O que fez com ela, papai?
Joshua: Não vou discutir. – Encerrou, dando as costas.

Suri: Eu tampouco. – Disse, se afundando nos travesseiros novamente. Joshua saiu,


batendo a porta, e nada foi dito.

Enquanto isso, nas masmorras... Micaela havia apanhado novamente. Uma voz
que ela não conhecia fazia perguntas, e como ela não sabia responder, apanhava.
Por fim a deixaram. Micaela sentia um misto de dor e enjôo. Por ter os olhos
fechados, doloridos, não viu Joshua observando, de longe, os braços cruzados, o
rosto duro. O rosto dela oscilou para frente, uma lagrima caindo pela pele
machucada, cansada. Ela não sabia o que era pior: A dor ou o enjôo. A dor era
pior, mas ela vomitou. Não viu, mas era sangue. Só o soube pelo gosto. Outra
convulsão veio, e ela pôs uma nova quantidade para fora, o sangue caindo pelo
queixo, direto pro chão, sujando-lhe o vestido. Na terceira convulsão uma mão fria
tocou seu rosto, erguendo-o sutilmente.

Robert: Respire. – Instruiu. Micaela virou o rosto. Não conseguia, o nariz estava
entupido, a única via que tinha era a boca, que estava cheia de sangue. – Ande, respire. –
Instruiu. Curioso, ele próprio parecia não respirar perto do sangue. Micaela sentiu a
outra mão fazendo meio que uma manobra em seu nariz, apertando-o, e o ar desceu pelo
nariz. Ardeu, mas ela respirou fundo. Tossiu, cuspindo mais sangue.

Joshua não disse nada ao ver o rosto dela todo lastimado, todo partido,
machucado, ao ver Robert socorrendo-a para que não morresse engasgada com o
próprio sangue. Seu rosto só se tornou mais duro, como se ele próprio estivesse
sentindo dor. Algo dentro de Joshua queria gritar contra aquilo, queria se rebelar,
queria impedir aquilo. Aquele sentimento lutava fortemente para vir a tona, para
tirar Micaela dali. Mas ele não permitia.

Micaela : Obrigado. – Disse, ofegando, rouca. Havia cabelo seco grudado em seu rosto.

Robert: Em nome de Deus, prefere morrer ao dizer o que sabe? – Perguntou, incrédulo.

Micaela : A questão é que não sei nada. – Falar custava. Os pulmões dela pareciam fora
do lugar.

Robert: Se não abrir a boca morrerá, tu o sabes. – Disse, observando a figura lastimada a
sua frente. Ele podia sentir o coração dela lutado, batendo descompassadamente, de
modo rápido demais, as vezes falhando.

Micaela : Não demorará. – Disse, quieta. Ela parecia ver isso com esperança.

Robert se afastou, saindo. Joshua se aproximou, em silencio. De perto, vendo os


danos mais claramente, ele subitamente se lembrou do riso dela, dela rindo pra
ele... Dizendo que o amava. Lembrou dos olhos azuis, de sua inocência e malicia.
Ela não o viu. Abrir os olhos doía, e suas pálpebras estavam inchadas. Mas ela
sentiu o cheiro. Aspirou o ar como quem saboreia, então subitamente soluçou em
seu choro. Podia senti-lo. Joshua viu as lágrimas descendo pelo rosto dela, e ela
respirou fundo, se controlando. Não disse nada. Ele tampouco. Apenas a olhou.
Ninguém viu, mas seu olhar se inundou ao vê-la daquele jeito. Estava doendo nele.
A ultima vez em que Joshua chorara fora após o funeral de Dulce. Micaela não
viu, ela apenas sentia a presença. Ele ergueu a mão, quase levando-a ao cabelo
dela, grudado pelo sangue seco. Quase a tocou. Uma lagrima caiu por seu rosto e
ele recolheu a mão, se afastando, secando o rosto. O sentimento era forte o
suficiente para ser sentido sem o físico. Respirou fundo. Seu pai lhe dissera que ele
nunca, jamais poderia ser fraco, não importa a circunstancia. Outra lágrima caiu
por seu rosto, mas ele a secou, recuando. Ele não podia ser fraco nem agora.
Mesmo que cada fibra do seu corpo gritasse para que ele acabasse com isso.

Ela percebeu a presença dele se afastando, e com esforço, ergueu o rosto. Sua nuca
doía. Queria poder enxergar, queria poder vê-lo, mas ninguém veria Joshua chorar
novamente. Ele tinha de ser forte. Quanta força era necessária para conseguir
deter o amor preso, e deixar que as coisas aconteçam como devem ser? Joshua deu
as costas. Precisava sair dali, precisava ser rei. E ele deu as costas, saindo das
masmorras. Encontrou Robert parado no corredor, acompanhado de Nicholas.

Robert: Dêem água a ela. – Ordenou, e um guarda entrou na masmorra. Não davam
água a ela há 3 dias.

Nicholas: Nada ainda? – Perguntou, e Robert negou. Joshua seguia quieto. Todos
ouviram Micaela engasgar e tossir ao receber água. Joshua continuou impassível.

Robert: O coração dela não vai agüentar muito tempo. Resolvam se vão deixá-la morrer
ou não. – Disse, olhando de Joshua para Nicholas. Joshua pensou no coração de Micaela
perdendo a batalha, no corpo dela frio, imóvel... Tão imóvel quanto Dulce, porém
machucada. Não o suportou e saiu dali, dando as costas. Não conseguiria administrar.

Era madrugada. Chovia forte. Joshua desceu as escadarias desembestado. Não


dormia há três dias, sua cabeça não parava de doer. Estava frio, soava. Entrou nas
masmorras no mesmo ímpeto. Estremeceu. Micaela pendia para frente, a cabeça
baixa. Por um instante Joshua entrou em pânico, mas se ela tivesse morrido teriam
avisado. Ele avançou até ela, decidido. Um guarda se opôs. Joshua apenas o olhou,
fazendo-o sair. O segurança saiu da masmorra. Ele apanhou os braços dela, que
ergueu o rosto.

Micaela : Joshua? – Perguntou, rouca, sentindo os braços dele puxando os nós.

Joshua: Shhh. – Pediu, e se abaixou, soltando os pés dela. Em seguida a cintura, logo os
braços. Ele a carregou e Micaela gritou de dor ao sentir as pernas se dobrarem. Logo
não as sentia. Ele puxou uma cadeira com o pé, pondo-a sentada com cuidado, e
apanhou seu rosto entre as mãos – Pode me ver? – Perguntou, quase desesperado.
Micaela fez um esforço hercúleo para abrir os olhos. Conseguiu abrir um mínimo e
assentiu.

Micaela : Você não ia me matar? – Perguntou, vendo ele rasgando seu vestido, soltando
as amarras, deixando o peito dela livre pra respirar.
Joshua: Eu ainda vou. Eu acho. Não me faça perguntas agora, eu estou confuso. –
Micaela ficou quieta – Onde dói?

Micaela : Onde não dói? – Perguntou, irônica consigo mesma. – Estou feliz que tenha
vindo.

Joshua: Me deixe te ajudar. – Disse, rasgando um pedaço da própria camisa. Ele


apanhou um vaso com água que havia ali, molhando o pano. Limpou o nariz dela
sutilmente, removendo o sangue seco. Micaela respirou fundo.

Micaela : Se está aqui é porque ainda me ama. – Disse, meio lesa pela dor.

Joshua: Você mentiu para mim. Não há perdão para isso. – Respondeu, molhando a área
dos olhos dela.

Micaela : Mesmo eu tendo mentido, você voltou. Vai me matar no final, mas se importa.
– Disse, e parecia satisfeita.

Joshua: Isso tranqüiliza você? – Perguntou, incrédulo.

Micaela : Menti para você, mas não sou a espiã. Veja, estou morrendo sem nem
reclamar. – Joshua molhou o pano de novo, levando aos olhos dela – Me tranqüiliza,
porque mesmo eu morrendo, você se importou.

Nessa hora Zack, Robert e Nicholas entraram na masmorra, acompanhados pelos


guardas. Joshua não respondeu Micaela .

Zack: Joshua, o que está fazendo? – Perguntou, observando a cena.

Joshua: A partir de agora ninguém, eu repito, NINGUÉM, tem autorização para bater
nela, nem atá-la. Ela não vai fugir. Deixem-na presa aqui. – Disse, limpando os olhos de
Micaela . Ela olhava ele agora, pelos olhos entreabertos – Se eu descobrir que alguém
encostou o dedo nela, eu juro por Deus, nosso senhor, a pessoa morre.

Nicholas: E vamos fazer o que com ela? Ela não fala, não há modo. – Ressaltou.

Micaela : É porque eu não sei de nada. – Disse, remotamente.

Vanessa: Você sabe o que vamos fazer com ela. – Disse, aparecendo atrás dos outros.
Robert a encarou, e ela assentiu – Deixe que Micaela fique em paz esta noite. Amanhã
tiraremos a verdade dela. – Disse, quieta. Nicholas aquiesceu, e Joshua se perguntou se
perdera alguma coisa.

Micaela : Eu estou com sede. – Murmurou, quieta. Os outros saíram, dando as costas.
Apenas Vanessa ficou.
Joshua rasgou outro pedaço da camisa, molhando-o em água fresca e limpa.
Ouvira os engasgos dela; fazê-la beber não funcionaria. Molhou o pano e levou até
os lábios dela, que aceitou grata, sugando a água. Ela bebeu um bom bocado, então
não conseguiu mais.

Joshua: Você provavelmente vai morrer amanhã. – Disse, largando a água. – Não sei o
que eles vão fazer, mas no final não terá utilidade.

Micaela : Eu sei. Ainda assim você se importou. – Ela não viu nada, só quando ele a
carregou novamente, pondo-a em cima de algo. Era feno coberto. Ele a deitou, e ela
suspirou.

Joshua: Eu ter vindo não significa nada, Micaela . Não deixei machucarem você por
consideração a memória de tudo o que vivemos. – Ressaltou – Mas não se equivoque.
Eu não confio em ti, eu não vou protegê-la quando chegar a hora. Eu estou com ódio de
você. – Murmurou, quieto.

Micaela queria responder, mas seu cansaço era tão grande que ela desmaiou em
seu sono. Machucada, magoada... Morrendo. Joshua não sabia o que sentia. Ele
apenas tirou o resto da camisa, cobrindo o colo dela, e saiu dali. Vamos esperar
para ver o que Nicholas, Vanessa e Robert tinham a fazer.

Joshua não pregou os olhos. Era o inferno, novamente. Em um instante ele pensou
ter a plena felicidade: Venceria a guerra, e depois seria livre para ser feliz com
Micaela . Mais feliz do que jamais fora. Então lhe puxaram o tapete, ele teria de
matar Micaela , Suri se negava a comer e dizia o odiar. Era caótico. Micaela , por
sua vez, pensou que sua única noite pelo menos passaria dormindo. Com sorte seus
sonhos seriam lembranças, lembranças dos dias felizes que tiveram ali. Mas o
“interrogador”, Micaela não sabia seu nome, voltou de madrugada, e tornou a
fazer as perguntas. Ela não soube responder, e apanhou novamente. Uma vez
deitada ele lhe dava pontapés na região do ventre, lhe esbofeteava, esmurrava-lhe o
rosto, puxava-lhe o cabelo. Ela não tinha força pra mais nada.

XXXX: Meu filho está no maldito campo de batalha e esta guerra não termina porque
você não abre a boca. – Rosnou, trazendo o rosto dela pelos cabelos.

Micaela : Eu juro em nome de Deus, eu não sei. – Disse, rouca. A cabeça dela foi
arremessada com força de volta ao chão, se batendo brutalmente na parede. Sangue
fresco brotou da raiz do cabelo dela, descendo pela parede. Micaela sentiu a visão
escurecendo. Estava morrendo? Ela não conseguia respirar direito. Joshua, eu te amo.
Não conseguia se mover, o sangue desceu pelo seu rosto...

Joshua: Não poderá alegar que eu não avisei. Aliás, não poderá alegar nada. – Disse, a
voz cortando o silencio. Micaela quase não ouvia, mas ouviu um barulho de osso
quebrando, depois de um baque no chão. Era o osso de uma coluna, na região da nuca.
Joshua quebrou o pescoço do homem, que bateu no chão, morto. – Ei. – Disse, se
ajoelhando. Micaela estava mais lá que cá.
Micaela : Não sou... Não sou a espiã. Eu juro. Não sei... – A voz dela falhou – Não sei
de nada.

Joshua: Shhh, não fale.

Micaela : Estou morrendo. – Disse, puxando ar. As vezes fugia a cabeça dela com quem
ela estava falando, ou o que, mas então lembrava – Não consigo segurar muito... Muito
mais. – A voz dela era baixa – Posso pedir algo?

Joshua: Micaela ... – Suspirou.

Micaela : Fique comigo. – Pediu, ainda assim – Está tão frio. Eu estou com medo. Não
me... Não me deixe sozinha aqui. Por favor.

Joshua a olhou, os olhos se inundando de novo. Não estava fazendo tanto frio, nada
mais que o normal. Ela sentiu ele se sentando ao lado dela, pondo sua cabeça em
seu colo, e quase sorriu. Sorriria se lembrasse como era. Joshua tocou o pescoço
dela, ensangüentado, e suspirou. Estava febril. Ele apanhou a capa que trouxera
pra ela (O que o fez descer da torre a inicio), e a cobriu.

Micaela : Obrigada. – Disse, suspirando novamente.

Joshua: Posso pedir algo? – Novamente ele estava chorando e ninguém via. Dessa vez
ele não secou o rosto. Micaela assentiu uma vez só. – Não morra. – A voz dele falhou
no final, mas ela não notou.

Micaela : Vou tentar, porque você pediu. – Ela respirou fundo – Se eu não conseguir...
Me perdoe.

E ela dormiu. No primeiro impacto ele entrou em pânico, achando que ela não
tinha resistido, mas ela suspirou. A noite foi tortuosa. Ele não fechou os olhos nem
um segundo. A noite pareceu se arrastar, cada vez mais lentamente... Ele queria
que ela acordasse. Tê-la mole daquele jeito não lhe trazia um bom sentimento. Ele
só soube que amanheceu quando houve movimento do lado de fora. Logo entraram
Nicholas, Robert, Vanessa e Zack, que não se aproximou. Ambos observaram a
cena.

Zack: Sabia que estaria aqui. – Disse, se encostando na porta.

Joshua: O que vão fazer com ela? – Perguntou, meio que na defensiva.

Vanessa: Nós só queremos a verdade, Joshua. A vida dela não me tem valor, fique
tranqüilo. – Disse, quieta. Ela passou pelo cadáver do guarda, olhando. – Ela está quase
morta. – Concluiu, olhando Micaela – Dará tempo? – Vanessa usava um vestido grafite,
e luvas que iam até o cotovelo.
Nicholas: Dará. – Ele se aproximou. Joshua o encarou, os olhos sendo duas pedras – Eu
só vou colocá-la na cadeira.

Joshua se moveu, e Nicholas se afastou. Joshua carregou Micaela , levando-a até a


cadeira. Micaela acordou com o movimento. Ela gemeu quando ele a sentou,
suspirando.

Micaela : Eu consegui. – Disse, parecendo satisfeita, olhando para Joshua. Ele assentiu
uma vez, sorrindo de canto. Nicholas puxou uma cadeira, sentando-se em frente a
Micaela e curvando-se para ela. Vanessa se aproximou, tirando uma das luvas. Micaela
sentiu um toque frio em seu pescoço, como o sopro de um congelador, e olhou, mas era
uma mão cinzenta. Ela olhou para Joshua. Estava assustada.

Joshua: O que estão fazendo? – Perguntou, confuso. Vanessa tocava Micaela , Nicholas
observava seu rosto e Robert esperava, um pouco afastado, de braços cruzados, olhando
o chão, como se ouvisse uma história.

Zack: Apenas observe. – Instruiu. Micaela olhava Joshua, assustada.

Nicholas: Olhe para mim. – Disse, trazendo o rosto dela para si. A falta de resistência
denunciava a fraqueza dela. Micaela franziu o cenho. Havia algo estranho nos olhos de
Nicholas – Você vai continuar me encarando, e vai me dizer a verdade. – Micaela
assentiu. Joshua olhou para Zack, incrédulo, mas esse apenas dispensou com a cabeça. –
Como é o meu nome?

Micaela : Nicholas Joseph Somerhalder. – Respondeu, encarando-o. O que era aquilo


nos olhos dele?

Nicholas: Qual é o teu nome? – Continuou.

Micaela : Micaela Giovanna Puente Portilla. – A voz dela ainda era rouca, mas ela
encarava Nicholas, e respondia fluidamente.

Nicholas: Você veio aqui com o objetivo de passar informações a Hades?

Micaela : Não. – Respondeu, encarando-o – Eu fugi para cá. – Robert continuava


olhando o chão, e Vanessa parecia alheia.

Nicholas: Porque fugiu? – Insistiu.

Micaela : Se eu não fugisse ele iria me prender, me violentar e me matar. – Respondeu.

Nicholas: E porque veio justamente para cá?

Micaela : Era o único lugar no mundo onde ele não teria coragem de vir atrás de mim. –
Joshua queria perguntar que diabo era aquilo, mas não intercedeu.
Nicholas: Você nos entregou em Willow Creek? – Perguntou, sério. Ainda a encarava.

Micaela : Não. Eu não fiz nada naquele dia.

Nicholas: O que você chama de nada?

Micaela : Eu não queria que Joshua fosse, mas ele foi. Eu estava com medo, nervosa.
Quebrei o retrato de Dulce María, no quarto dele, pois se não fosse por ela, ele não iria.
– Joshua ergueu a sobrancelha – Depois limpei tudo e escondi o retrato quebrado. Por
ultimo fui rezar, pedindo que ele voltasse. – Relatou.

Nicholas: Micaela , você é a espiã de Hades? – Repetiu.

Micaela : Não. – Negou, convicta – Nunca disse nada a ele sobre o que vi e ouvi aqui.
Eu nunca sai do castelo desde que cheguei. – Vanessa tirou a mão do pescoço de
Micaela , calçando a luva de novo.

Vanessa: Não é ela. – Informou, passando pro lado do marido.

Nicholas: Você sabe que vai morrer. - Continuou.

Micaela : Eu estou morrendo. – Respondeu, calma.

Nicholas: É sua ultima chance. – Alertou.

Micaela : Eu amo tanto Joshua que estou abdicando minha vida em silencio, por ele. Eu
não o prejudicaria. Eu até tentei matar Hades, só para que a guerra acabasse. Não sou a
espiã, não sei quem é. – Nicholas a encarou em silencio, por um instante.

Nicholas: Porque eu deveria acreditar em você?

Micaela : Porque eu posso curar a menina. – Respondeu, calma. Um silencio profundo


se abateu ali. Joshua franziu o cenho, olhando-a. Ninguém soube o que dizer.

Nicholas: O que quer dizer com isso? – Perguntou, calando o protesto de Joshua.

Micaela : Há uma planta. Uma flor, para ser mais especifica. É o que foi servido a
Dulce, antes de sua morte. Pode devolver as pernas da menina. – Respondeu, quieta. Os
olhos de Nicholas pareciam dilatados.

Nicholas: Aquilo matou Dulce. – Impôs.


Micaela : O parto matou Dulce. A erva que ela tomou apenas a faria dormir
profundamente, por um longo tempo. O bebê morreria, era o que Hades queria, que
Joshua não tivesse um herdeiro. – Explicou – Dulce entraria em um estado catatônico,
quase morta, e o bebê morreria por falta de oxigênio. Mas ela acordaria. O que matou
Dulce foi o corte que fizeram nela, para salvar o bebê. – Joshua parecia enjoado,
atordoado, seu rosto contraído em dor. – Hades sempre disse a todos que Suri havia
morrido com Dulce. Só soube que a menina sobrevivera quando cheguei aqui.

Nicholas: E então?

Micaela : O que foi servido a Dulce foi um chá, fraco, apenas com o extrato da flor. Era
o que a faria dormir. Mas acredito que tirando o sumo do caule e o ministrando direito
remova o dano que fez a Suri.

Joshua: Eu matei Dulce María. – Gemeu, nauseado, transtornado.

Zack: Joshua, se acalme. – Alertou, vendo o estado do outro.

Joshua: Eu a matei mandando o médico lhe abrir a barriga para retirar Suri. Ela... Ela
me pediu. Eu achei que já estivesse morta, mas ela estava viva o tempo todo, sentiu
tudo. Meu Deus. – Ele pôs as mãos nos cabelos, completamente fora de si – Eu a matei.

Nicholas: Onde eu posso encontrar essa flor? – Continuou, determinado.

Micaela : No jardim do castelo de Hades. Apenas lá. Ele as cultiva como em um


deboche pelo que fez. É uma flor simples, muito bonita, de pétalas brancas. É
importante que se arranque da raiz. – Comentou, distraída – O jardim dele é coberto
delas, porque foram graças a ela que ele conseguiu começar a guerra.

Nicholas: O que devo fazer ao ter a flor? – Micaela não notou que contando a verdade
estava se tornando dispensável.

Micaela : Despreze as pétalas. Se ela tomar as pétalas pode morrer. Extraia o sumo,
como um xarope, e o administre. Ela começará a sentir os impulsos. Não é certo, mas
acredito fielmente nisto. – Disse, quieta.

Zack: Você vai arriscar nisso? – Perguntou, olhando Joshua. Mas este ainda estava
muito aturdido. Eu matei Dulce María, eu matei Dulce María, eu matei Dulce María...

Nicholas: Tem certeza de que isso não vai envenenar a menina? – Perguntou, os olhos
fixados nela.

Micaela : Envenená-la nunca. – Disse, convicta – Apenas se livre das pétalas.

Nicholas: Tudo o que você me disse é verdade, Micaela ? – Perguntou, os olhos mais
intensos que nunca.

Micaela : É toda a verdade que eu conheço.


Nicholas se levantou. Quando o contato visual dele se rompeu, Micaela oscilou
para frente, novamente frágil.

Nicholas: Ela disse a verdade. Não é ela, não sabe de nada, que inferno! – Robert apenas
assentiu como um “Eu sei tanto quanto você”. – O que vamos fazer com ela?

Vanessa: Deixe ela aqui. Tranquem a porta. Se não morrer, não terá estado de fugir. –
Instruiu. Nicholas ia protestar, mas Vanessa apontou sutilmente para o estado de Joshua
– Depois. – Nicholas assentiu.

Nicholas apanhou Micaela no colo, e ela gemeu novamente. A deixou em sua cama
improvisada de palha. Todos saíram, Vanessa ficou novamente. Ela observou
Micaela caída, machucada, coberta de sangue.

Vanessa: Sinceramente. - Micaela a olhou - Você sabia que isso ia acontecer, que ia
morrer. Porque se deixou envolver por ele?

Micaela : Porque eu amei. - Ela estava rouca novamente - Desde o primeiro momento
até o ultimo. Cada gota de sangue que eu perdi aqui valeu a pena por que eu o amei. -
Ela respirou fundo - O amei desde que pus os olhos nele, e vou amá-lo até que ele feche
os meus olhos. - Vanessa assentiu.

Vanessa: O conselho vai condená-la. - Era um fato.

Micaela : Eu não sinto quase nada. Meu pai sempre me disse que as coisas estão ruins
quando você não consegue sentir. - Contou, se lembrando do pai - Talvez o conselho
não precise me condenar.

Vanessa: Você está conformada com isso. - Observou.

Micaela : Eu o amo. - Disse, como se servisse de justificativa. Vanessa assentiu,


observando, então se afastou, ainda olhando-a.

Vanessa: Que final romântico, morrer de amor. - Comentou e Micaela sorriu e canto.
Vanessa deu as costas, saindo dali.

Micaela havia desmaiado novamente antes que fechassem a porta, tendo levado
Joshua, completamente fora de si, transformado em dor. Haviam duas questões: Se
valia a pena arriscar por Suri, e se Micaela ainda estaria viva quando alguém
retornasse ali.

Era madrugada. Joshua não saiu do quarto, não falou com ninguém. Havia
matado Dulce. Mas o que ele podia fazer? Achou que ela estava morta, Deus,
estava fria e sem pulsação! E ela pediu para salvar o bebê, ele tinha que obedecer!
Dera a ordem do parto forçado (vulgo cesarNicholasa), sem ter a mínima noção de
que ela sentiria todas as dores, todos os cortes, tudo. E ela o sentiu, sem poder se
expressar. O remorso o corroia em todos os seus poros, tirava sua paz. E havia
Micaela . E a guerra. Deus, que inferno! E se Suri morresse em uma tentativa dele
salvá-la? Enquanto isso, em outro quarto do castelo...
Zack e Vanessa se aprontavam para dormir. Ele tinha o peito nu, estava de calça,
descalço, e coçava o cabelo distraidamente, lendo algo. Tinha mania de fazer isso.
Uma vez livre de todos os adereços, Vanessa parecia ter uma tonalidade meio
cinzenta. Enquanto as mulheres ainda usavam camisolas de algodão, Vanessa
usava seda pura, negra, tão pura que parecia flutuar. Enquanto as outras usavam
gola alta, mas a dela eram decotadas. Os cabelos caiam, lisos, até a cintura,
passando pelos braços pálidos, quando ela o abraçou pelas costas.

Zack: Anjo. – Disse, simples, sentindo as mãos frias dela abraçando-o, tocando os
músculos da barriga delicadamente.

Vanessa: Você decidiu ficar. – Concluiu, vendo ele soltar o papel.

Zack: Vou apoiá-lo. – Disse, respirando fundo – Mandarei um ultimato pela manhã,
avisando as tropas. Joshua não é má pessoa, e agora que sabe sobre Dulce, depois que
Micaela morrer, estará tão vulnerável que Hades o matará se partirmos. – Disse,
acaricNicholasdo a mão dela – Vamos ficar.

Vanessa: Zack. - Ela beijou as costas nuas do marido, respirando fundo - Eu quero
interceder por Micaela . - Zack virou o rosto, olhando-a.

Zack: Como?

Vanessa: Eu não tenho voz no conselho, mas tu sim, e teu voto é o que mais pesa. - Ela
beijou o ombro dele - Quero que quando chegue a hora, interceda por ela. Não permita
que a matem.

Zack: Não estou te entendendo. - Disse, olhando-a pelo espelho - Compaixão nunca foi
uma virtude tua. Porque está intercedendo por ela?

Vanessa: Porque eu entendo a razão. Entendo o amor. Porque eu o faria por você, sem
pensar duas vezes. - Ela beijou a orelha dele - Morreria por você, Zack. - Ele se virou,
abraçando-a.

Zack: Está tudo bem. Se é o que você quer, não a matarão. – Disse, abraçando-a – Não
permitirei. Você está sentimental. – Observou.

Vanessa: Apenas estou feliz pois o homem que eu amo é auto-suficiente. – Disse,
sorrindo, e o beijou. Havia uma promessa ali.

No dia seguinte, quando o conselho se reuniu...

Robert: Micaela se tornou dispensável. – Observou, tamborilando os dedos – Aliás, se


sobreviveu a noite é um milagre.
Joshua: Eu fui vê-la. Está viva. – Disse, parado, olhando pro nada. Estava branco, e
cheio de olheiras.

Nicholas: Uma vez que ela já disse tudo o que sabe, não há porque se manter. Ela
mentiu. – Disse, e não havia nenhum traço de sua felicidade ali. Eram dois votos contra.
Nada bom.

Zack: Ela será absolvida. – Disse, olhando o tampo da mesa. Parecia entediado.

Robert: Porque absolvê-la? – Perguntou, confuso.

Zack: Vanessa rogou por ela. – Disse, tranqüilo – Micaela mentiu para sobreviver, não
nos traiu, e não oferece mal. Não há motivo para uma execução.

Nicholas: E os caprichos de tua mulher contam como voto agora? – Perguntou,


debochado.

Zack: Contam. – Disse, petulante, como se desafiasse Nicholas a protestar.

Robert: Joshua. – Chamou, e Joshua o olhou. Ele precisava votar. – Você deve ser
imparcial. – Lembrou.

Zack: Não há como ser imparcial nesse caso. – Impôs. Se Joshua votasse contra Micaela
Zack teria que armar um motim para atender Vanessa. Se votasse a favor, teria ganho.

Nicholas: Eu fui criado para não ter sentimentos. – Disse, sem parecer satisfeito com
isso – E para que todos sentimentos fossem sobrepostos pelo bem maior. Eu fui criado
para ser um rei.

Zack: Antes de ser um rei é um homem. – Rebateu. Joshua seguia quieto.

Joshua: Não é só uma questão de sentimento, é uma questão de força. – Comentou,


olhando para frente.

Robert: Força? – Perguntou, confuso.

Joshua: Como ter força para ordenar a morte da mulher que você mais amou na vida? –
Perguntou, os olhos vagando. Zack se recostou, satisfeito – Micaela é a mulher da
minha vida, não vou ordenar sua execução. Não sou forte o suficiente. Se isso me
desqualifica, então eu sou um péssimo rei. Esse é meu voto. Ela vive. – Disse, se
levantando.

Quando saíram da sala, encontraram as mulheres no corredor. Todas esperavam


uma resposta, mas Vanessa encarava Zack. Ele piscou para ela, discretamente, e
ela sorriu, satisfeita. Joshua abriu o cortejo em direção as masmorras. Tiraria
Micaela de lá. Todos foram atrás. Ele parou do lado de fora, puxando as trancas, e
ouviram um tossido fraco, cansado. Quando abriu a porta ele gemeu. Havia quase
uma poça de sangue em volta de Micaela , que estava virada de lado, metade do
rosto ensangüentada. Ela parecia ter vomitado sangue e engasgado de novo. Mas,
infelizmente, Robert não estava lá para lhe erguer o rosto novamente. Ela estava
imóvel. Imóvel demais. Joshua se lançou ao chão, apanhando o rosto dela entre as
mãos, sujando-se de sangue. Meu Deus, outra vez não, por favor.
Joshua: Micaela . - Chamou, a voz tomada de pânico. Ela estava branca, fria, rígida,
mesmo sob as sacudidas fortes que levava. Joshua estava no mais puro pânico - Micaela
, fale comigo. Acorde. Pelo amor de Deus, não morra. - A voz dele falhou.

Maggy: Ela está morta? - Perguntou, olhando o marido. Nicholas apenas a abraçou.

Joshua: MICAELA ! - Rugiu, sacudindo o corpo imóvel dela. Os olhos azuis,


antigamente cheios de alegria, estavam opacos, olhando o nada.

Robert: Joshua, deixe-a. - Pediu, meio penalizado.

Joshua: NÃO! – Rugiu, apanhando-a nos braços – Ei, acorde. Você prometeu. Prometeu
pra mim. Acorde. – Murmurou, se balançando com ela no colo. Micaela não se moveu.
Joshua caiu no choro. Dessa vez não negou, ou ocultou. Ele apanhou o rosto dela entre
as mãos, buscando algo, mas não havia nada. Ele ergueu a mão, os dedos trêmulos, e
fechou os olhos dela, em seguida unindo as testas dos dois, soluçando em seu choro.
Deus, o que havia feito?

“Eu o amei desde o momento em que coloquei os olhos nele até o momento em que ele
fechar meus olhos.”

Vanessa passou por Zack, se ajoelhando junto a Micaela , o vestido se sujando no


sangue que havia no chão. A mão dela buscou o peito imóvel da outra, os dedos
dedilhando algo. Robert sorriu de canto, trazendo Kristen para si, e esperou.

Joshua: Que está fazendo? – Perguntou, a voz rouca pelo choro, confuso. Então,
parecendo encontrar o que procurava, Vanessa deu impulso contra o peito de Micaela
com a mão. Uma vez, duas, três...

Vanessa: Sopre ar para ela. – Ordenou, parando o movimento. Joshua nem pestanejou:
Levou os lábios aos dela, lhe dando tudo o que seu pulmão tinha. Quando a deixou seus
lábios estavam cobertos de sangue, e Vanessa já impulsionava contra o peito de Micaela
de novo. Robert deixou a cabeça cair pro lado, como se aguardasse ouvir algo – De
novo. – Joshua tomou ar e se abaixou de novo, unindo os lábios com os dela, enchendo-
lhe os pulmões.

Vanessa forçou a mão de novo. Porém, na segunda vez, Micaela tossiu. Robert
sorriu, tendo encontrado o som que procurava, pouco antes do tossido. Joshua
olhou, meio suspenso. Zack riu consigo mesmo. Vanessa investiu no peito dela
seguidamente e rapidamente agora, como se quisesse que os batimentos cardíacos
se acelerassem energeticamente. Pouco tempo depois Micaela tossiu de novo, e
abriu os olhos. Vanessa a largou, se afastando.
Joshua: Você voltou. Graças a Deus. – Ele encostou a testa na dela de novo.

Micaela : Voltei? – Perguntou, meio confusa. Se sentia dormente.

Joshua: É claro que voltou. – Vanessa se levantou, dando privacidade aos dois.
Micaela : Eu prometi. – Disse, forçadamente orgulhosa. Joshua riu, tremulo.

Zack: Você é teimosa. – Repreendeu, vendo Vanessa voltando para ele, vitoriosa.

Vanessa: Eu não aceito perder. – Disse, simples. – Eu disse que ela vive, logo, ela vive.
Preciso me trocar. – Comentou, divertida, com seu vestido todo manchado de sangue.

Zack: Meu pequeno demônio. – Disse, carinhosamente, abraçando-a e selando seus


lábios.

Joshua: É claro que você prometeu. Eu vou tirá-la daqui. – Disse, passando a mão por
baixo dos joelhos dela com cuidado.

Micaela : Você não ia me matar? – Perguntou, parecendo levemente intrigada.

Joshua: Não vou mais não. – Micaela tentou rir, mas terminou tossindo – Cale a boca,
antes que eu mude de idéia. – Blefou e ela assentiu uma vez, fraca. Ela gemeu de dor
quando ele a carregou – Vai passar. – Prometeu, e ela assentiu. Ele desviou dos outros,
saindo dali apressadamente.

E nada mais ocorreria naquela masmorra.

Micaela não soube para onde estava indo. Estava tonta, seu corpo doía. Havia
apanhado TANTO nos últimos dias! Todos os seus músculos pareciam empedrados,
e os ossos deslocados. Seu rosto... Deus, seu rosto! Estava tudo dormente, inchado,
os olhos inchados, a pele sensível, machucada. O auto estima dela doeu e ela passou
a língua nos dentes, conferindo-os. Quase sorriu ao senti-los todos inteiros e no
lugar. Ela ouviu Joshua pedindo pelo medico dele (o médico que atendia a realeza)
e comida, então subiram escadas. Houve barulho de água caindo. Ele a colocou
sentada em um banquinho, e suas roupas foram rasgadas. Todas elas. Uma vez
nua, ele a colocou em uma banheira. Micaela gritou ao sentir a água em seus
cortes, ardendo, queimando.

Joshua: Shhh. Vai passar logo, eu prometo. – Micaela gemeu, mas não disse nada.

Ele deu banho nela com cuidado. Precisou trocar a água varias vezes. Alguns
cortes recomeçavam a sangrar ao serem lavados. Ele trouxe água aos cabelos dela,
que gemeu novamente ao sentir a água em seu couro cabeludo. Pareciam haver
cortes em todos os cantos. O cabelo desgrudou do rosto, e aos poucos o banho fluiu.
Micaela se sentia um pouco melhor. Joshua não. Podia ver os roxos enormes, a
boca, o nariz e a sobrancelha partidos.

Joshua: Por favor, diga que me perdoa. – Pediu, torturado.


Micaela : Continue me banhando assim, e eu perdoarei. – Brincou, e ele riu de leve.

Joshua: Estou falando sério. Fiquei cego de fúria pela mentira, não consegui pensar.
Você sabe, sou uma anta. – Micaela sorriu.
Micaela : Eu sabia que esse dia aconteceria. Agora me sinto leve. Eu não tenho mais
nada para esconder, estou livre. – Disse, olhando a água – E no final eu nem morri.

Joshua: Eu não seria capaz de matá-la. Apesar de tudo eu amo você. – Micaela sorriu,
olhando a água. Então...

Micaela : Me trouxe pro seu quarto? – Perguntou, olhando em volta. Era a sala de banho
da torre de Joshua.

Joshua: Você precisa se recuperar. – Justificou. Ele terminou de massagear os cabelos


dela com todo o cuidado do mundo e o enxaguou. Ela reprimiu o gemido. Joshua
apanhou uma esponja, levando ao rosto dela, lavando tudo. Micaela queria tocar a
espuma, mas estava tão fraca... – O médico está chegando. Você sente algo?

Micaela : Levei uma baita surra, estou moída. E tenho fome. – Joshua sentiu, com uma
pancada de remorso, que ela não comia há dias.

Joshua: Eu serei levado a julgamento. – Comentou, esfregando o braço dela sutilmente


com a esponja. Micaela o encarou.

Micaela : Porque?

Joshua: Primeiro, porque pedi você em casamento. Depois, porque no conselho votei
contra sua execução. – Explicou, lavando o colo dela. Ele ignorou os seios, tão
delicados, com manchas roxas. Quando os lavou usou todo o cuidado para não
machucá-la.

Micaela : O que vai acontecer com você? – Perguntou, olhando-o.

Joshua: Eu não sei. Ninguém em minha linhagem foi a julgamento. Talvez eu perca a
coroa. Talvez me exilem. Talvez até me matem, por ato indecoroso perante a coroa. –
Micaela franziu o cenho. – Consegue se erguer?

Micaela se afastou um pouco e ele a lavou com a esponja delicadamente por sua
nuca e as costas.

Micaela : Não quero que se prejudique por mim. – Apesar da dor que sentia, Micaela
estava estranhamente feliz por não ter mais o maldito segredo entre os dois. Porém ela
também reparara que os dois não eram mais um casal, como antes. Algo estava ausente
ali.

Joshua: Eu não me importo. – Disse, apanhando uma das pernas dela, lavando-a.
Joshua lavou todo e cada pedaço do corpo dela, livrando-a do sangue e das
lembranças. Ele se reprimiu ao lavar-lhe a intimidade e os seios, como uma
crNicholasça que vê seu brinquedo favorito mas está proibido de brincar. Por fim a
enxaguou. A água ficou vermelha, e ele puxou o ralo.

Micaela : Posso escovar os dentes? – Perguntou, quieta. Estava com sono.


Joshua: Eu sou muito obtuso. – Comentou, se levantando.

Foi engraçado Joshua escovando os dentes de Micaela . Ela ria as vezes, ele ralhava
com ela, e ria em seguida. Depois que ela estava totalmente limpa, o corpo, o cabelo
e os dentes, ele encheu a banheira com água quente e óleos perfumados, deixando-a
relaxar. Joshua só saiu por um instante: Para buscar roupas para ela. Quando
voltou, a carregou para fora da banheira, secando-a e vestido-a. Em seguida foi
outro processo: Pentear-lhe os cabelos. Micaela tinha os cabelos longos, e estavam
embaraçados. Joshua não tinha o menor jeito com isso, mas não desistiu até ver os
cachos úmidos cuidadosamente penteados. A surpresa dela foi quando ele a
colocou em sua cama, bem no meio, após afofar os travesseiros. Micaela suspirou,
satisfeita, ao ser acolhida na cama. O medico veio e a consultou, recomendando
alguns chás para dor. A medicina era muito obsoleta naquela época, não tinha
como diagnosticar nada direito. Depois que o medico se foi, Joshua levou uma
bandeja enorme de comida a Micaela , que comeu, satisfeita. Depois lhe deu o
primeiro chá que o medico receitou. Era pra ser uma xícara, mas Joshua levou um
copo enorme. Micaela estava empanturrada no final. Não sentia mais fome, ou
sede. Só doía quando ela se mexia. Ele se aproximou, puxando os cobertores pra
cima dela, e em seguida foi atiçar o fogo da lareira. Micaela estava quase
dormindo quando ele se virou para ela.

Joshua: Se sentir alguma coisa, qualquer coisa, apenas olhe para mim. – Disse, puxando
uma cadeira.

Micaela : Não seja... – Ela bocejou – Tolo. Deite aqui, a cama é enorme. – Disse, cada
vez mais sonolenta.

Joshua: Você não me odeia? – Perguntou, olhando-a. Os cachos caíam sob os


travesseiros brancos, e o rosto tinha grandes manchas roxas, estava inchado e meio
partido.

Micaela : Não. Juro que não. – Joshua a observou – Você devia ter me matado. Qualquer
um teria me matado. Nicholas, Robert, Zack... Teriam me matado do modo mais
doloroso. Mas não tu. Eu menti para você, e você me deixou viver. Eu sou grata por
isso. – Ela estava quase dormindo – Eu o puxaria para cama, mas não tenho força. –
Disse, derrotada.

Joshua tirou os sapatos, as meias, o colete, desabotoou o cinto e alguns botões da


camisa, passando para debaixo dos cobertores, junto a ela. Quando a olhou ela já
dormia, exausta. Ele apanhou a mão dela, que graças a Deus não estava roxa, e a
beijou levemente. Como havia encontrado uma mulher assim, entre todas no
mundo? Como permitira que a raiva o cegasse a ponto de deixar que a
machucassem naquele ponto?

---*

Micaela dormiu. Muito. Joshua não deixava ninguém nem olhar na direção dela,
logo era ele que lhe dava os chás, no tempo certo. Mas ela dormia segundos após
ser colocada de volta a cama.
Estava pálida, o que destacava as manchas roxas e os inchaços, e os cabelos
cacheados estavam soltos a sua volta, nos travesseiros brancos. Joshua estava
agoniado.

Joshua: Eu estou aqui. – Disse, segurando a mão dela, que o olhava, sonolenta. Ela
tivera convulsões durante a madrugada e chegou a tossir sangue, mas não vomitou. –
Qualquer coisa... – Interrompido.

Micaela : É só te olhar. – Completou, sorrindo de canto. – Eu estou tão... – Ela suspirou,


olhando pra frente... E dormiu. Joshua viu aquilo como uma derrota. Ele pôs a mão dela
no lugar e se sentou, respirando fundo. Foi quando Zack e Vanessa entraram, após bater
na porta.

Joshua: Porque ela dorme tanto? – Perguntou, angustiado.

Zack: Pense nas surras que ela levou e deixe-a dormir. Antes adormecida que morta. –
Assinalou.

Joshua: Não tive oportunidade de agradecê-la. – Disse, olhando Vanessa. Esta dispensou
com o rosto, sorrindo – Porque você me mandou soprar ar para ela? – Perguntou,
lembrando-se de como fora lento.

Vanessa: Porque acredite, você não ia querer que eu tivesse o sangue dela em meus
lábios. – Respondeu, se aproximando da cama, e Zack riu gostosamente. Ela tocou a
veia do pescoço de Micaela , observando suas feições – Você a alimentou?

Joshua: Ontem a noite. Ela não acordou desde então. – Respondeu.

Vanessa: Só está fraca. – Disse, observando – E esse osso está quebrado, alguém não
devia ter tomado uma providencia? – Perguntou, apanhando o braço de Micaela
sutilmente. O pulso realmente estava em um ângulo estranho.

Joshua: O médico não disse nada. – Disse, preocupado, olhando.

Vanessa: Me dá licença? – Joshua assentiu. Vanessa checou os ossos de Micaela


rapidamente, braços, pernas, dedos. Apenas um pulso estava partido. – É, apenas o
pulso. E duas costelas, se eu não me engano. – Joshua gemeu. Micaela , por sua parte,
continuou no mais profundo sono. – Eu acho que tenho algo. Com licença. – E ela saiu.

Joshua: Ela é sempre assim? - Perguntou, olhando Micaela .


Zack: Encantadora, não é? – Perguntou, orgulhoso. – Escute. Defenderei você
dNicholaste da suprema corte. – Joshua o olhou.

Joshua: Defenderá?

Zack: Acredito que Nicholas e Robert também. Você não fez nada, não merece ser
punido. – Disse, com as mãos nos bolsos – Eu não entrei nessa guerra para perder. –
Resumiu.
Joshua: Você entrou? – Perguntou, admirado.

Zack: É divertido aqui. – Disse, tranqüilo, como se isso justificasse.

Joshua: Obrigado. – Zack assentiu. Nessa hora Vanessa voltou. Trazia algo branco nas
mãos.

Zack: Mad... Vanessa, em nome de Deus, o que é isso? – Perguntou, confuso.

Vanessa: Espartilhos são objetos curiosos. – Disse, se sentando ao lado de Micaela .

Aparentemente Vanessa rasgara um espartilho seu, o que lhe dera bastante tecido,
e uma espátula de aço. Ela apanhou o pulso de Micaela , pondo a espátula
cumprida (ia da mão até perto do cotovelo) debaixo do braço dela. Micaela se
remexeu quando Vanessa sutilmente pressionou seu pulso, levando o osso torcido
de volta ao lugar. Em seguida atou todo o braço dela com o linho branco,
imobilizando fortemente, mantendo a espátula lá. Micaela havia voltado ao seu
sono. No final ficou como engessado, tudo perfeitinho, nem uma linha fora do
lugar.

Vanessa: Vai funcionar. – Garantiu.

Joshua: Chamarei o médico novamente. – Disse, acaricNicholasdo a outra mão de


Micaela . Zack observava Vanessa como quem observa um troféu caro.

Vanessa: Eu preciso de apoio antes que as costelas dela comecem a se reagrupar fora do
lugar. – Disse, parecendo falar consigo mesma. – Zack, me ajude?

Zack: Sempre. O que quer? – Perguntou, se aproximando.

Vanessa passou as duas mãos por debaixo do tronco de Micaela , erguendo-a


levemente... Levando as costelas a posição onde deveriam estar. Por fim Micaela
gemeu de dor, franzindo o cenho.

Micaela : Hum. – Gemeu, puxando uma golfada de ar.

Vanessa: Segure-a. – Pediu, e as mãos de Zack substituíram as dela. Ela apanhou um


travesseiro, pondo-o embaixo de Micaela , o que a faria ficar na posição que devia.
Micaela : Estou olhando para você agora. – Disse, olhando Joshua. Aquilo doía.

Joshua: É pro seu bem. Me perdoe. – Disse, e ela respirou fundo, sentindo Zack deixar o
corpo dela relaxar sob o travesseiro. A dor começou a ceder.

Vanessa: Isso não é permanente, mas se seguir assim não demora muito. – Observou.

Joshua: Obrigado. – Micaela o encarava.

Zack: Vamos deixá-los a sós. – Disse, e apanhou a mão de Vanessa, levando-a dali.
Logo os dois estavam sozinhos.
Micaela : Estou toda quebrada, não é? – Perguntou, rouquinha – Devo estar horrível. –
Ela franziu o cenho.

Joshua: Sua beleza é imutável. Segue linda. – Disse, beijando a mão dela - Nunca vou
cansar de pedir perdão.

Micaela : Quando eu melhorar, lhe esbofetearei sempre que você insistir em pedir. –
Disse, e ele sorriu – Não há o que perdoar.

Nesse instante bateram na porta. Joshua deu autorização para entrar. Era uma
criada.

Criada: Senhor... A menina Suri desmaiou. – Informou. Joshua gemeu, se levantando.

Micaela : Desmaiou? – Perguntou, confusa. Suri era sempre saudável.

Joshua: Ela entrou em greve de fome desde que sumiste. Aliás, em greve de tudo. Eu
sabia que isso ia acontecer. – Rosnou consigo mesmo – Ficará bem?

Micaela : Estarei dormindo antes que chegue ao quarto dela. – Prometeu, sorrindo. Ele
assentiu, urgente.

Joshua: Eu já volto. – E saiu desembestado pela porta.

Micaela suspirou, fechando os olhos. Dormiu quase de imediato. O silencio e o


conforto dali faziam bem para ela. O problema é que Joshua esqueceu de fechar a
porta, que ficou escancarada, para quem quisesse entrar. Que pena.

Joshua: Mas que diabo, falei a você, não falei? - Perguntou, irritado.

Suri: Não vou comer e ponto. Papai, não insis... – A menina suspirou... E desmaiou de
novo.

Joshua: Deu-se a desgraça. – Suspirou, passando a mão no rosto. Nicholas gargalhava


na porta. – Vá buscar algo para ela comer. – Disse, apanhando o algodão com álcool. A
criada saiu - E CHAME O MÉDICO! – Completou.
Nicholas: APROVEITE E MANDE O MÉDICO SE MUDAR DE VEZ PARA CÁ! –
Emendou, e Joshua revirou os olhos.

Joshua: Você é uma gracinha, Nicholas. – Disse, passando o algodão perto do nariz de
Suri. Aos poucos a menina despertou. Joshua suspirou – Já não vê que não pode brigar
comigo?

Suri: Não é não. – Disse, determinada. Estava prestes a desmaiar de novo.

Nicholas: A tenacidade dela um dia ainda vai ser útil. – Disse, observando-a.

Suri: Eu quero Micaela . – Impôs.


Nicholas: Ela viajou. – Disse, e tanto Suri quanto Joshua o olharam com uma cara tipo:
Hã?

Suri: Mentira. – Disse, lentamente.

Joshua: Precisou ir buscar uns remédios. – Emendou.

Suri: Remédio para quem? – Ela cruzou os braços.

Joshua: Por suposto que para mim não é. – Rebateu, erguendo a sobrancelha.

Suri: Não preciso de remédios. E se fosse verdade o senhor teria me dito antes. – Impôs.
A menina piscou uma duas vezes e Nicholas riu novamente, vendo-a desmaiar.

Joshua: JESUS, O QUE FOI QUE EU FIZ? – Perguntou, apanhando o algodão de novo.
Levou um instantes para Suri acordar – Vai ficar assim ou podemos encontrar um meio
termo?

Suri: Que... – Ela estava meio zonza – Que meio termo?

Joshua: Ela vai voltar. – Propôs.

Suri: Quando? – Rebateu.

Joshua: Eu não sei. – Disse, sincero.

Suri: Nada feito.

Joshua: É tudo o que eu tenho, pelo amor de Deus! – Disse, exasperado.

Suri: Um mês? – Estipulou, erguendo as sobrancelhas delicadas. Joshua se lembrou do


estado de Micaela .

Joshua: Dois meses. – Rebateu, e a menina avaliou – É o que posso fazer.


Suri: Se estiver mentindo... – Ameaçou. Nicholas estava vermelho de rir.

Joshua: Menina, ainda sou teu pai! – Lembrou, incrédulo. A criada entrou com a
bandeja, servindo-a na frente de Suri.

Suri: Dois meses. – Lembrou. Joshua assentiu e ela se pôs a comer. Ele suspirou,
aliviado.

Enquanto isso, na torre mais alta... Micaela dormia o sono dos justos. A torre de
Joshua era confortável, o clima era gostoso, fazia frio, pela chuva. Ela tinha sonhos
felizes. Em seu sonho, Joshua segurava os braços dela, os dois rindo gostosamente
enquanto ele tentava fazê-la cortar lenha. Havia um sorriso de canto no rosto dela.
Nina não gostou desse sorriso.

Nina: Faz o que fez, é absolvida e ainda vem parar aqui, tratada assim. – Disse, em um
murmúrio para si própria – Não há justiça nisso. Eu vou te mostrar, “vossa alteza”.

E ela apanhou um travesseiro, afofando-o. Micaela não se moveu. Nem quando


Nina avançou sobre ela, levando o travesseiro em direção ao seu rosto, na intenção
de sufocá-la.

O travesseiro estava quase tocando o rosto de Micaela ...

Joshua: Srta. Dobrev. – Disse, a voz cortante, parado a porta, e Nina se sobressaltou,
virando-se – O que pensa estar fazendo?

Nina: Nada, senhor. – Respondeu, ainda tremula pelo susto – A porta estava aberta.
Entrei para ver se ela precisava de algo. – Joshua a olhou por instantes, os olhos
insondáveis.

Joshua: É claro. – Disse, debochado – Fora daqui. – Ordenou, duro.

Nina: Sim, senhor. – Ela soltou o travesseiro na cama, dando uma ultima olhada em
Micaela , e saiu. Joshua fechou a porta, suspirando. Teria que se dividir em 50 agora?
Ele se aproximou da cama, preocupado, mas Micaela dormia profundamente. Ele se
sentou, cansado, e respirou fundo.

Micaela : Ela está melhor? – Perguntou, rouca, os olhos azuis olhando-o.

Joshua: Fora a teimosia, está. – Disse, tirando um cacho do rosto de Micaela – Ainda
sente sono?

Micaela : Um pouco... É, sinto. – Joshua sorriu. – Joshua, se lhe significar problemas eu


estar aqui, não sendo sua esposa e tendo causado todo o problema, eu posso pedir a... –
Interrompida.

Joshua: Pro diabo com os problemas. A torre é minha e você fica aqui. – Dispensou, e
ela sorriu.
Micaela : Você parece cansado. – Observou, vendo as olheiras dele.

Joshua: Eu quase te mato e você se preocupa comigo. – Disse, negando com a cabeça –
Eu estou bem. Volte a dormir.

Micaela : Se deite aqui e durma comigo. – Ela se esforçou e estendeu o braço bom,
numa tentativa falida de abraçá-lo. Joshua apanhou o braço dela, repreendendo-a com o
olhar, e o pôs no lugar.

Micaela ia perguntar o que foi, mas ele empurrou os sapatos, se deitando do lado
dela, e a abraçou pelo ombro com cuidado, beijando-lhe a testa. Ela encostou a
cabeça no pescoço dele, desfrutando de seu perfume, e logo ambos dormiam.
Simples assim.

A recuperação de Micaela foi muito mais demorada e muito mais sofrida do que
Joshua gostaria. O medico detectara realmente os ossos partidos.
Agora ela tinha o pulso engessado, e grandes tiras de atadura em volta das costas,
comprimindo-as no lugar. Mal conseguia respirar, coitada. Os roxos foram se
tornando azulados, que se tornaram amarelos, até que aos poucos sumiram. Mais
de um mês se passou. Suri agora tinha um caderninho onde marcava os dias até o
prazo final do pai. Joshua revirou os olhos para isso. A menina, infelizmente,
herdara a tenacidade dele. Micaela já não sentia tanto sono, mas não havia muito
(lê-se nada) que pudesse fazer, então ficava olhando o dorsel da cama. Joshua não
saia do lado dela. Deixara até a guerra de lado.

Micaela : Engraçado. – Disse, certa vez. Joshua notou que ela respirava
superficialmente, pela boca, e desejou ter encontrado outro modo para curá-la do que as
ataduras.

Joshua: O que é engraçado? – Perguntou, olhando-a.

Micaela : Você sabe minha verdade agora. Toda ela. – Começou, mas parou para
respirar.

Joshua: Isso é engraçado? – Perguntou, observando-a, com um breve sorriso.

Micaela : Engraçado que eu não estou morta. – O sorriso dele se fechou.

Joshua: Não tem graça.

Micaela : Na verdade, eu tinha certeza de que ia morrer. Assim que você soubesse. Nos
últimos dias, depois de ter lhe dito não, eu considerei se viver valia a pena sob aquelas
circunstâncias. – Ela parou para respirar novamente – Muitas vezes o tive em meus
braços com medo de que você descobrisse a verdade, e aquela fosse a ultima vez. – Ela
parou novamente, tomando um sopro de ar – E eu nem morri no final.
Joshua: Não morreu nem morrerá. Pare de repetir isso. Logo se livrará do gesso e tudo
correrá bem. – Disse, e ela sorriu, olhando-o. Estava pálida, devido ao longo tempo sem
movimento e longe do sol.

Micaela : Na verdade, eu devia ter morrido. – Continuou.

Joshua: Pelo amor de Deus, você está com febre? – Perguntou, exasperado, levando a
mão a testa dela, que riu – Se não parar de repetir isso vou lhe amordaçar. – Ela riu mais
ainda, parando pra tomar um grande gole de ar. Ele sorriu, se sentando de novo em seu
lugar, e o silencio reinou.

Micaela : Eu teria me casado com você. – Observou.

Joshua: Mentindo? – Perguntou, pensando na hipótese. Micaela assentiu. Ele riu. – Ai


sim seria uma bruta confusão, quando descobrissem.

Micaela : Hades não permitiria. – Disse, e já não sorria.

Joshua: O que há com ele? – Perguntou, reservado. Observava as expressões dela


atentamente.

Micaela : Ele não permitiria que eu fosse feliz. – Disse, o rostinho triste – Encontraria
um modo de arruinar tudo. Ele não vai permitir que viva em paz, enquanto ele viver.

Joshua: Então ele vai morrer. – Resumiu o obvio, beijando o cabelo dela, que sorriu.

Micaela : Ele matou meu pai, Joshua. – Joshua se lembrou do dia da morte do pai dela –
Minha mãe ainda está lá. – Ela respirou fundo – A qualquer hora, por puro capricho,
pode resolver matá-la. Não suportarei se acontecer.

Joshua: Não vai acontecer. – Tranqüilizou ela, mas não adNicholastou.

Micaela : Como pode saber?

Joshua: Porque mantendo-a viva ele nutre a esperança de que você volte para buscá-la.
Ele está esperando por isso. – Micaela observou por esse ponto – Algo que
notoriamente também não vai acontecer. – Disse, vendo a expressão dela. Micaela
sorriu.

Os dois ficaram em silencio por minutos. Até que Joshua não agüentou.

Joshua: Micaela . – Ela levou os olhos até ele – O que você disse sobre Suri. – Ela
esperou – Sobre a flor que me fez... Que eu pensei... – Ele hesitou.

Micaela : Sobre a flor que matou Dulce. – Completou, e ele a encarou, os olhos verdes
atordoados. Ele respirou fundo, e tentou assentir.
Joshua: Eu nem consigo falar sobre isso. – Disse, se interrompendo, e olhou para frente.

Micaela : Não foi sua culpa. – Joshua negou com a cabeça.

Joshua: Eu dei a ordem. O medico... O medico abriu a barriga dela, com uma lamina. Eu
não me importei porque pensei que ela já estivesse morta, eu assisti tudo. E no final ela
estava lá, viva, sentindo tudo. Cada corte, todas as dores... – Ele hesitou, passando a
mão no rosto – Eu a matei.

Micaela : Você não tinha como saber. Fez o que ela mandou, fez o que achasse melhor. –
Ela apanhou a mão dele, enlaçando os dedos – Não se culpe por algo que não podia
evitar. Veja, ela terminaria morrendo sem poder tirar o feto morto de dentro de si. –
Mentira. Ela entraria em trabalho de parto induzido. A expulsão seria mais dificil, mas
ela sobreviveria. Mas Joshua não sabia. Ele a encarou.

Joshua: O que disse sobre a flor que incapacitou Suri. – Ela esperou – Aquilo pode curá-
la?

Micaela : Acredito nisso com a minha vida. – Respondeu, e ele assentiu.

Joshua: É só disso que eu preciso saber. – Encerrou, respirando fundo. Problema seria só
conseguir transpassar as barreiras do castelo de Hades.

---*

Robert: Problema não vai ser entrar lá, problema vai ser sair. – Dias haviam se passado.
Micaela dormia. Joshua velava seu sono, como sempre. Os reis discutiam como ir
buscar a condenada flor.

Vanessa: Não sei porque vocês vêem isso como um problema. É surpreendentemente
simples. – Disse, parecendo entediada.

Robert: Nem todos nós temos o dom de nos embrenhar na escuridão. – Vanessa riu.

Vanessa: Nem todos nós precisamos ir. – Ofereceu, satisfeita.

Zack: Nem pense nisso. – Cortou e Vanessa suspirou, cruzando os braços. – Voltamos ao
ponto inicial.

Micaela : Eu vou. – Disse, e Joshua a olhou. Ele ergueu a sobrancelha e levou as mãos,
fechando os olhos dela.

Joshua: Volte a dormir. – Ordenou, e Vanessa riu.

Micaela : Me escute. Joshua! – Todos esperaram e Joshua, de mal gosto, tirou a mão –
Inventem uma mentira. Como se...

Joshua: Não.
Micaela : Como se eu tivesse ido lá enviar algum recado. – Tentou. – Qualquer mentira.

Joshua: Não.

Micaela : Eu só preciso de uma noite, e estarei de volta. – Completou. Os outros


avaliavam, mas...

Joshua: Não. E não é não. – Encerrou.

Micaela : Não seja teimoso. – Pediu.

Joshua: Você nem consegue andar. – Cortou.

Micaela : Conseguirei dentro de pouco. – Rebateu.

Joshua: Já disse: Não! – Exclamou, exasperado.

Nicholas: Olha essa briga de galinha aqui para não quebrar meus ovos. – Interrompeu a
discussão. Vanessa ria gostosamente.

Vanessa: Eu adoro esse castelo. – Disse, divertida, e Zack sorriu ao som da voz dela.

Robert: Ela teria uma justificativa. – Observou.

Joshua: Não vou entregá-la nas mãos dele. – Disse, ultrajado.

Nicholas: Quem está falando em entregar? Ela vai voltar. – Propôs.

Joshua: Não. – Disse, entediado. Micaela rosnou – Quieta. – Ela fechou a cara para ele.

Vanessa: Vocês podem me deixar ir. Eu vou e volto ainda hoje. – Se ofereceu,
sorridente.

Zack: Vanessa, eu disse não. – Cortou, sem se virar para olhá-la.

Vanessa: Já fiz isso antes. – Lembrou. Zack virou o rosto, e o olhar dele a fez se calar,
mesmo a contragosto.

Micaela : Quem vota por mim?

Joshua: Como é a história? – Perguntou, exasperado.

Nicholas: 4 votos. – Informou.

Joshua: Eu, simplesmente, não vou deixar. – Disse, sorrindo, debochado.


Micaela : E eu, simplesmente, vou fugir. – Rebateu e dessa vez Nicholas que gargalhou.
– Já o fiz uma vez, com sucesso. – Lembrou.

Nicholas: Eu amo ela. – Comentou. Joshua ainda encarava Micaela , sem palavras.

Zack: Está decidido então, ela vai. Porém, senhores, ladies... Em nome de Deus, nosso
senhor, não digam isso a ninguém. Se o espião souber Hades vai saber, e então eu não
garanto a volta dela. – Pediu, obvio, e todos assentiram.

Joshua ainda reclamaria, e muito, mas no final perderia para a maioria: Micaela
iria. Era o único modo.

Demorou mais três semanas até termos algum progresso. Suri lembrava,
freqüentemente, que o pai só tinha mais uma semana em seu acordo. Foi a essa
altura que os médicos liberou Micaela das ataduras, recomendando-a apenas que
não fizesse movimentos bruscos na primeira semana. Ela arfou, sentindo-se arder,
e ele a olhou, preocupado. Micaela vestia um bustiê e a roupa debaixo, a barriga
branca agora exposta.

Joshua: O que? – Perguntou, alarmado.

Micaela : Queima. – Comentou, respirando.

Médico: É de rotina. – Explicou.

Joshua: Mas porque? – O medico hesitou. Não havia explicação para essas coisas.
Vanessa: É apenas o sangue correndo solto pela pele. Já vai passar. – Disse, com um
livro na mão, parada do outro lado. Micaela e Joshua a olharam – É só sangue,
acreditem. – Tranqüilizou, satisfeita, voltando ao livro. Os dois ainda a olhavam, meio
suspensos... DE ONDE ELA SURGIRA? Micaela olhou pra Joshua e perguntou, muda:
Ela estava ali? Mas ele deu de ombros.

Micaela : Está passando. – Disse, respirando fundo.

Vanessa: Como eu disse, sangue. – Disse, passando a pagina do livro.

Medico: Bom, pode voltar as suas atividades normais. Sua mão, no entanto, demorará
mais algumas semanas. Repouse uns dias, fará bem.

Vanessa: É de uma utilidade... – Murmurou, consigo própria, passando os olhos pelas


paginas. O medico a olhou – Eu acompanho o senhor. – Se ofereceu, mostrando um
sorriso deslumbrante, de aparência afiada. O medico concordou. Quando ele saiu ela
revirou os olhos pra Micaela e Joshua, que sorriram, e saiu dali, fechando a porta.

Micaela se esticou, respirando fundo, e sorriu. Era bom respirar livremente.


Joshua: Graças a Deus. – Agradeceu – Ei, não estique tanto. – Micaela o encarou,
incrédula. Ela se deitou novamente, se espreguiçando, obviamente desobedecendo, e ele
suspirou – Sempre teimosa.

Micaela : Tens olheiras. – Disse, deitada, observando.

Joshua: Não tenho dormido bem. Remorso não é um sentimento fácil de lidar, e eu o
tenho de sobra. – Disse, e tocou o nariz dela – Mas estou feliz de que estejas se
recuperando.

Micaela : Não tens motivo para sentir remorso.

Joshua: Não. Apenas alguns... Muitos fatores. – Disse, os dedos brincando com a pele
da barriga dela, agora vermelhinha. Sangue.

Micaela : Quantas vezes eu vou ter que repetir... – Perguntou, suspirando, cansada.

Joshua: Cada vez que eu puser os olhos em ti vou sentir remorso pelo que te fiz. Fui um
monstro, e você nem era culpada. – Disse, os olhos distantes – É essa história toda. Reis
não sentem. Agem com a razão, não com a emoção. Só não sentem. Se um dia eu tiver
um filho... Não farei isso com ele, mas a vida fará. É um fardo.

Micaela : Será um ótimo pai, como o é para Suri. – Disse, acaricNicholasdo a olheira
dele. O carinho entre os dois era natural, acontecia mesmo sem ser planejado. Joshua riu
de si próprio.

Joshua: É claro, Suri a propósito está com uma greve de fome para começar na semana
que virá. – Lembrou, Micaela riu de leve – Quando você sumiu, ela disse que me
odiava.
– Disse, e hesitou – Mais um ponto em que eu fracassei: Ser pai.
Micaela : Ela não o odeia, acredite, eu sei. Ela só devia estar com raiva. – Joshua
assentiu, quieto. O silencio demorou um minuto inteiro para ser quebrado.

Joshua: Você ainda me ama? – Perguntou, e ela ergueu os olhos, vendo os verde dos
olhos dele intenso, encarando-a.

Micaela levou um instante para responder. Ele ainda a encarava. Que espécie de
pergunta era aquela?

Micaela : Eu nunca deixei de te amar. – Respondeu, calma. Não sabia o que aquilo
significaria, o que ele queria ouvir, mas era a única verdade que tinha.

Joshua: Apesar de tudo o que eu te fiz?

Micaela : Você salvou minha vida. De todas as maneiras em que eu podia ser salva. –
Joshua sorriu, quieto.
Micaela o olhou por um bom tempo. Ele tinha o olhar perdido, distante. Ela não
gostava daquele olhar. Aprendera ao passar dos dias, que cada vez que ele ficava
assim, sua alma estava sofrendo, torturada. Joshua nem viu o movimento dela, até
que ela se amparou em um cotovelo, se erguendo, o apanhou pelo rosto e o beijou.

Por um instante o gosto dela, seu perfume, o inebriou. Ele esqueceu o que o
atormentava. Fazia tanta falta! Sentiu a mão dela enlaçando seus cabelos,
carinhosamente, e suspirou, sua boca buscando a dela faminta, retribuindo o beijo.
Micaela estava feliz. Ele sabia a verdade, ela não morrera, e ao que parecia ele
também a amava. Com a outra mão ela puxou ele pra si, na verdade apenas
trazendo-o, fazendo-o se inclinar pro lado dela e pra cima dela. Seu corpo se
adequou ao dele, que sentiu, satisfeito, a estatura delicada acolhê-lo. As línguas dos
dois se encontravam carinhosamente, do mesmo modo como a mão dele acariciava
o rosto dela, e a dela, o acariciava os cabelos. Tudo era natural como respirar.
Mas...

Joshua: Não. – Disse, emergindo do beijo após sentir que rumo estava tomando.

Micaela : Porque? – Perguntou, frustrada, os olhos sondando ele, buscando a fonte da


rejeição.

Joshua: Não vou machucar você outra vez. – Justificou, mas selou os lábios com os
dela. Micaela veio notar agora que ele estava apoiado em cima dos braços, sem deixar
seu peso tocá-la. – Não vou pôr tudo a perder. – Disse, se lembrando de como a
respiração dela era impossível com as ataduras. Micaela sorriu, se inclinando
novamente, tomando seus lábios outra vez.

Joshua se permitiu beijar. Estava tão exausto que quase dependia daquilo. Sua
maior vontade era se abandonar nos braços dela, e não voltar mais. A realidade o
chamou ao sentir a mão dela desabotoando seu colete. Ele se soltou de seu beijo
novamente, mas ela lhe beijou o queixo, em seguida o pomo-de-adão.

Micaela : Eu não morri. – Murmurou, empurrando o colete dele, enquanto o acolhia


dentre as pernas – Me faça sentir que continuo viva. –Pediu, mordendo o queixo dele.
Joshua tinha os olhos fechados, o rosto sem expressão. Ele suspirou. – Não vai me
passar nada.

Ele a encarou, parecendo em duvida. Ela, por sua vez, parecia decidida. Ele ergueu
o rosto, olhando para a porta. Estava destrancada. Ela viu isso.

Mas Micaela não teve tempo de dizer nada: Dessa vez ele a beijou. Com fome, com
saudade. Ela suspirou, satisfeita, desabotoando a camisa dele. Era mais demorado
por causa de uma das mãos, imobilizada, mas ela conseguia. Por fim conseguiu, e
ele se afastou um instante, se libertando das peças, e quando a abraçou novamente
estava de peito nu. As mãos dele, hesitantes quanto a sua costela, apanharam o
traseiro dela, apertando com vontade, o que a fez arfar. Tinha a mão boa nas
costas dele, as pontas das unhas descendo levemente pelos músculos, e a outra, que
não era lá de nenhuma utilidade, apenas pousada de lado, evitando atrapalhar. O
corpo de Joshua reagiu ao dela imediatamente, quase como um interruptor. Era
sempre assim. Ela era o antídoto para todos os seus problemas, para toda a sua
amargura. Para toda a guerra, talvez. Ele deixou os lábios dela, já inchados,
buscando-lhe os ombros, surpreendendo-a ao morde-la, mordiscando, chupando.
Desceu por seu colo, deixando um rastro quente por onde sua boca passava, e uma
das mãos dele subiu até o colo dela, agarrando-lhe o bustiê e arrancando-lhe.
Micaela arfou quando ele lhe alcançou os seios, as mãos novamente lhe enlaçando
os cabelos, enquanto ele a devorava. Sentira sua falta mais do que podia expressar.
Queria que ele parasse de se segurar nos braços, queria sentir seu peso. Joshua
sentiu a mão dela tentando empurrar a sua, afastá-la da cama, o que o faria cair
por cima dela, mas não permitiu. Sentiu ela arfar, frustrada, ainda tentando, então
lhe abocanhou um seio, mordendo-o, levando-o quase todo a boca. Ouviu o gemido
surpreso dela, momentaneamente desarmada, e sorriu. Mas logo ela se lembrou.

Micaela : Por favor. – Pediu, em um murmúrio. Queria sentir totalmente o calor dele
sobre si, não só aquele toque leve, sutil. Queria seu peso, a compressão... Mas não
conseguia fazer ele se soltar – Eu estou bem, eu juro. – Joshua a encarou – Por favor. –
Ele ficou quieto por um instante. Então ela sentiu ele se soltando aos poucos, deixando
o peso cair sobre ela lentamente, e sorriu em agradecimento.

Joshua: Eu não devia estar fazendo isso. – Se condenou, mordendo a maçã do rosto dela
– Me prometa que se eu a machucar... Não importa o modo, se você sentir dor, de
qualquer forma, vai me avisar na hora. – Micaela suspirou – Prometa agora ou juro que
saio daqui. – Ameaçou, sem saber se era capaz de cumprir. Micaela arregalou os olhos,
indignada, e ele ergueu as sobrancelhas.

Micaela : Eu prometo. – Ele sorriu, satisfeito, e baixou a boca sedenta para a pele dela
novamente. Micaela estava quente. Gostava quando ela ficava assim, submissa. Os pés
dela acariciavam a lateral da perna dele, instigando-o – Me faça mulher, Joshua. –
Sussurrou, mordendo o ouvido dele em seguida.

Joshua se afastou um instante, para se livrar da calça. Quando a abraçou


novamente, tinha um tom de hesitação em seu rosto.
Micaela sabia que se algo corresse e ela se machucasse Joshua passaria isso em sua
cara até os dois estarem velhos. Porém quando ele a possuiu, essa preocupação se
esvaiu. Ele inspirou fundo, desfrutando daquilo, e ela se agarrou a ele,
mordendolhe o ombro, abafando um gemido satisfeito. A partir dali ele não
conseguiu se refrear, apenas pôde esperar que tudo acabasse bem. Buscou a boca
dela, tomando-lhe o fogo, e os dois começaram a se mover juntos. Primeiro
delicadamente, com todo o carinho que a saudade pedia. Depois com ritmo,
pressão, força, do jeito que o desejo ordenava. Por sorte ninguém resolveu ir até a
torre aquela manhã, era no que Joshua se preocupara ao olhar a porta. Mas não
importava. Nada importava. Algum tempo depois, ele sentiu ela cravar as unhas
em seu braço, e gemer, sem fôlego, languida. Sentiu o corpo dela se contrair sob o
seu, e afundou o rosto em seu ombro, continuando até conseguir sua própria
liberação, com o nome dela nos lábios. Houve um silencio agradável então. Ela
ficou de olhos fechados, acaricNicholasdo os cabelos dele, ambos prolongando
aquela sensação boa. Até que ele tentou sair de cima dela.

Micaela : Pare com isso. – Repreendeu.

Joshua: Só metade. – Pediu, e ela suspirou, assentindo. Ele tirou metade do corpo de
cima dela (transferindo todo seu peso para a cama), e cobriu os dois, protegendo-os da
manhã fria, abraçando-a em seguida. – Obrigado. – Disse, com o rosto deitado no colo
dela. Estava tão cansado!

Micaela : Durma, meu amor. – Disse, ninando-o, acaricNicholasdo-lhe os cabelos.

Joshua: Você vai ficar bem? – Perguntou, sempre preocupado.

Micaela : Eu estou com você, estou bem. – Tranqüilizou – Durma.

Joshua dormiu antes que pudesse dizer algo. Dormiu o sono que o sobrecarregava,
o que estava preso. Dormiu como não dormia há semanas. Ela velou pelo sono dele
por vários minutos, sentindo a respiração dele em seu colo e o modo inconsciente
como ele a agarrava. Estava em paz. Pela primeira vez ela o tinha em seus braços e
não havia nenhuma mentira. Para alguns podia ser pouco, mas para ela significava
perfeição. Paz. Foi assim que ela adormeceu.

Ambos não acordaram. Joshua porque estava exausto, e Micaela provavelmente


pela paz que tinha ali. O dia expirou e os dois continuaram ali, abraçados,
dormindo. Nicholas mandou uma criada na hora do almoço, mas sob as batidas da
porta Joshua só fez se remexer, puxando mais Micaela , afundando o rosto no
pescoço dela. No final da tarde, porém, a enviada foi Nina. Após bater algumas
vezes ela resolveu entrar. Micaela mais dormia que qualquer outra coisa, e ela
precisava trabalhar. Parou, em choque, ao entrar no quarto, vendo o quadro.

Nina: Não é possível. – Rosnou, consigo mesma.

Micaela dormia com Joshua, os dois muito confortáveis, descobertos até a cintura.
O braço de Joshua cobria os seios dela, e ele tinha o rosto afundado em seu
pescoço, como se quisesse ficar ali por seu perfume. Ela o abraçava pelas costas
com o braço bom, o outro caído em seu lado, engessado.
Tinha o rosto virado pro dele, os lábios na testa dele, os cabelos esparramados a
sua volta. Nina sentiu um ódio tão violento dentro de si que mal podia respirar. Ela
fizera de tudo, e ainda assim terminava ali?! Onde estava a justiça?! Estava lá,
dormindo abraçada com ele, na cama real. A boca de Nina amargara. Porém...

Vanessa: Apenas vim tentar apanhar meu livro, esqueci quando... Essa porta já estava
aberta? – Perguntou, a voz se aproximando. Logo Vanessa entrou no quarto com Maggy
e Kristen. As três pararam.

Kristen: Doce Jesus. – Disse, paralisada, com os olhos arregalados.


Vanessa: Mas que diabo... Porque essa porta estava aberta? – Perguntou, aturdida.
Micaela e Joshua seguiram dormindo quase descaradamente – O que você está fazendo
aqui?

Maggy: Eu devia mesmo chamar Nicholas para ver isso. – Disse, divertida. Kristen riu.

Nina: Eu bati e ninguém atendeu. Pensei que ela estava dormindo, e entrei, então... – Ela
suspirou, o coração martelando dolorosamente. O olhar de Vanessa estava
perigosamente pousado nela.

Kristen: Tome o maldito livro e vamos sair daqui. Se eles acordarem e nos virem aqui,
vou ser forçada a me jogar pela janela. – Disse, apanhando o livro na mesinha e o
entregando a Vanessa.

Vanessa: Você presencia cenas como essa e fica de pé olhando? – Perguntou, debochada.

Maggy: Vanessa, vamos sair daqui! – Disse, ruborizada, mas Vanessa estava nem ai pra
Micaela e Joshua, que tampouco davam a mínima para a cena.

Nina: Não fiz por mal, senhora. Confie. – Pediu, de cabeça baixa. Vanessa ergueu a
sobrancelha, e abaixou o rosto, olhando o livro.

Vanessa: Me permita ser clara. Não confunda o fato de eu não tocar fogo em você
enquanto você dorme com confNicholasça. – Kristen, já no corredor, riu alto. – Saia
daqui.

Maggy: Qual o problema? – Perguntou, vendo Nina, mortificada, saindo.

Vanessa: Tem algo nesta mulher que não me agrada. – Disse, os olhos observando Nina
sumir pelo corredor – Preciso conversar com Zack sobre ela. Farei isso hoje.

Maggy: Fará queixa a Zack contra ela por causa disso? – Perguntou, sabendo que Zack
se viraria contra a pobre criada assim que Vanessa acusasse.

Vanessa: Tem algo nela que me irrita, me ofende. Como se algo em mim me alertasse
contra ela. – Disse, os olhos distantes – Sim, vou falar com ele, ainda hoje. Mas vamos
sair daqui, em nome de Deus. – Disse, e Maggy assentiu.

Após a porta ser fechada, o silencio reinou no quarto. Por mais incrível que pareça,
as duas pessoas que eram o foco da cena não faziam idéia de que eram.
Continuaram dormindo, o sono dos justos. Mas Nina havia comprado um
problema.

---*

Zack: Maddy, não é assim. – Disse, divertido, e ela se jogou de costas na cama.
Os Uckermann se preparavam para dormir. A mobília do maior dos quartos de
hospedes da mansão fora toda trocada, capricho de Vanessa. Era tudo maior, mais
luxuoso. Ela parecia indignada. Fizera queixa e Zack não se alterara.

Vanessa: É possível que você não tenha ouvido o que eu falei? – Perguntou, olhando o
teto. Ouviu o riso dele e suspirou, fechando os olhos.

Zack: Eu ouvi, meu coração, mas não posso simplesmente mandar prender ou matar
uma criada porque você não foi com a cara dela. – Explicou, coçando a sobrancelha,
enquanto terminava de se aprontar para dormir. Havia um papel em cima da cômoda,
em frente a ele.

Vanessa: Na verdade, você pode. – Disse, parando de se remexer na cama.

Zack: Eu acostumei você mal demais. - Disse, mas não era uma repreensão - É, eu
posso. – Disse, rolando os olhos.

Vanessa: E então...?

Zack: Não estamos em casa, minha vida. – Disse, ela ouviu a voz dele perto, o que a fez
abrir os olhos.

Vanessa: Há algo de errado com aquela mulher, Zack. Confie em mim. – Disse,
encarando-o. Zack apanhou um dos pés dela na cama, afastando a seda escura da
camisola, e apertando-o, massageando-o.

Zack: Só porque ela estava espNicholasdo? – Perguntou, massageando os pés dela com
as duas mãos. Ela suspirou, sentindo a massagem – Se for assim tu também estavas.

Vanessa: Eu não estava espNicholasdo! – Se defendeu, indignada, e ele riu – Eu fui


buscar meu livro, a porta estava aberta!

Zack: É claro que sim, não se exalte. – Ele beijou um pé dela.

Vanessa: Prefiro fazer do que olhar. – Disse, atrevida, e ele sorriu, mordendo o pé dela.
Ela se sentou, ele ficando entre suas pernas na cama alta, e o abraçou pela cintura –
Mate-a, Zack. – Pediu, encarando-o.

Zack: Mad... – Ele suspirou. Ela mordeu sua barriga por sobre a camisa, o que o fez
sorrir.

Vanessa: Mate-a enquanto é tempo, enquanto ela não causou danos maiores. – Induziu,
puxando-o pela camisa.

Zack: Está tentando me distrair? – Perguntou, encarando-a, ainda sorrindo. Ela sorriu de
canto, puxando-o para a cama, passando para cima dele.
Vanessa: Não, estou me distraindo. – Corrigiu, passando uma perna de cada lado de seu
corpo, se inclinando sobre ele. – Mate-a. – Insistiu, e sentiu a boca dele afastando a alça
de sua camisola, tragando o perfume dela antes de beijar-lhe a pele.

Zack: Não.

Vanessa: Vai simplesmente ignorar o que estou alertando? – Perguntou, a voz calma
demais para não ser preocupante.

Zack: É claro que não. Colocarei meus melhores homens para vigiá-la. Um passo
suspeito, e eu dou a morte dela de presente a você. – Ela sorriu consigo mesma, e ele
franziu o cenho, apertando os quadris dela ao sentir a força dos dentes dela em uma
mordida na dobra de seu pescoço, próximo a jugular – Satisfeita?

Vanessa: Ainda não. – Respondeu, subindo a boca até alcançar a dele, beijando-o
sedentamente.

Verdade, ela não estava satisfeita. Estava acostumada a ser atendida de primeira
ordem. Mas aquilo bastava. Se Nina desse qualquer passo em falso, Zack a
atenderia. Vanessa trataria para ser esse passo em falso.

Quando Micaela e Joshua despertaram, faltava pouco para amanhecer. Ela


acordou primeiro, e ficou ninando-o, acaricNicholasdo-lhe o cabelo. O sono de
Joshua era tão profundo, tão acumulado, que ele demorou quase duas horas mais
para despertar. Primeiro suspirou, voltando a realidade, depois ela sorriu quando
ele a abraçou mais forte, esquecendo-se das costelas dela.

Joshua: Que horas são? – Perguntou, rouco, ainda de olhos fechados.

Micaela : Não faço idéia. – Respondeu, tocando a pele dos olhos dele. As olheiras dele
quase haviam sumido completamente. Ele abriu os olhos ao toque dela – Acho que é
tarde. Ou cedo. – Ela franziu o cenho e ele sorriu, olhando-a – A chuva não me permite
pensar. Mas passou tempo. – Joshua pensou por um instante e ergueu o rosto, tentando
focalizar o relógio de cabeceira no escuro. Por fim ele suspirou.

Joshua: Vai amanhecer. – Respondeu, se abraçando a ela novamente – Como é possível?


– Micaela riu da exasperação dele – Como ninguém veio nos chamar?

Micaela : Eu tenho a breve impressão de ter ouvido alguém chamando Jesus de doce, e
algo sobre alguém pegando fogo enquanto dormia. – Os dois ficaram em silencio por
um instante, e riram juntos – Certo, era sonho.

Joshua: Você está bem?

Micaela : Maravilhosamente. – Ele deu uma fungada no ombro dela – Escute. Acha que
posso ir ver Suri hoje? Não quero que teu prazo termine. – Lembrou.
Joshua: Vai ser ótimo olhá-la sem receber um ultimato em troca. – Respondeu, aliviado,
e Micaela riu. Joshua ergueu o rosto, os lábios encontrando os dela no escuro, beijando-
a repetidas vezes, docemente. Ela tocou o rosto dele saudosamente, aceitando seus
beijos, até que notou que ele sorria. Ela beijou o nariz dele, o que o fez rir – Deus, eu
estou com fome. – Observou ela riu alto com a exasperação dele.

Micaela : Não vai haver nada na cozinha agora. – Avisou – Só se você me permitir
descer. - Propos.

Joshua: Não. Não pretendia mesmo ir. Não vou sair daqui por tão pouco. – Disse,
voltando a deitar a cabeça no colo dela, que voltou a lhe acariciar o cabelo. Os dois
ficaram em silencio por minutos.

Micaela : Porque você não dorme mais um pouco? - Perguntou, mimando-o.

Joshua: Você está com sono? – Perguntou, brincando com um cacho do cabelo dela, que
tinha próximo ao rosto.

Micaela : Tu o tens por nós dois. – Brincou, e ele sorriu – Durma, eu estou aqui.

Joshua: Qualquer coisa... – Interrompido.

Micaela : Eu olho para você. – Respondeu em um sussurro no ouvido dele, e ele não
disse nada.

Adendo de sua autora: I LOOK TO YOOOOOOOOU, I LOOK TO YOU! ♫

Nada mais foi dito. Joshua dormiu alguns minutos depois, e Micaela em seguida.
O dia seria longo, mas só aquilo bastava para enfrentar talvez uma guerra inteira.

Suri acordou com um toque suave em seu rosto. A menina suspirou, despertando.
Ainda de olhos fechados, não viu quem a despertava.

Joshua: Quer ver? – Perguntou, e Micaela sorriu. Suri não ouviu.

Suri: 04 dias. – Murmurou para si própria, então encheu o peito de ar –


PAPAAAAAAAAAAAAAAAI! – Chamou, e Joshua ergueu a sobrancelha. Do ultimo
mês para cá era isso: Ela nem abria os olhos, e já estava gritando por ele, para lhe
entregar outro ultimato. Um dia ele experimentou ignorar os gritos; o resultado foi que a
menina terminou sem voz por dois dias, com a garganta inflamada.

Joshua: Eu estou bem aqui, Suri. – Disse, ainda com a sobrancelha erguida. Tinha os
braços nas costas.

Suri: Faltam quatro dia, ai meu Deus. – Micaela sorriu – ANNIE! – A menina deu
impulso nos braços, pulando no pescoço de Micaela , que riu. Joshua se sobressaltou,
com um alerta de “as costelas!” nos lábios, mas Micaela já estava enchendo Suri de
beijos – Você voltou. – Disse, radNicholaste de felicidade.
Micaela : Teu pai não disse que eu voltaria? – Perguntou, acaricNicholasdo o cabelo da
menina.

Joshua: Eu creio que comentei. – Disse, fingindo-se de pensativo – Uma vez... Duas...
Três... Quatro... O ultimo mês inteiro. – Disse, cruzando os braços.

Suri: Eu pensei que... Onde você estava? – Ralhou, cruzando os braços.

Micaela : Precisei viajar. – Rebateu, na mesma hora.

Suri: Onde estão os remédios? – Perguntou, esperta.

Micaela : Não os consegui ainda. Por isso viajarei novamente. Breve. – Respondeu,
tocando o nariz da pequena.

Joshua: Na verdade não vai, não. – Negou, tranqüilo.

Micaela : Irei, porque a maioria vence. – Disse, debochada, sem olhá-lo.

Suri: Do que estão falando? – Perguntou, confusa. Micaela negou com a cabeça – O
que houve com seu braço? – Joshua observou, quieto.

Micaela : Despenquei de uma escada e dei de nariz no chão. – Disse, mostrando o pulso.
Suri riu.

Joshua: Suri! – Ralhou.

Suri: Perdão. – Disse, prendendo o riso – Eu sempre te digo para não andar tão depressa.
Falei pra você. –Micaela deu de ombros – Vai ficar assim para sempre? – Perguntou,
pegando o gesso.

Micaela : Não, só algumas semanas. – Disse, tranqüilizando-a – O fato é que viajarei em


breve. E não importa o quanto eu demore para voltar, mesmo que eu não volte...

Joshua: Micaela . – Rosnou.

Micaela : Mesmo que não volte. – Continuou – Não pode parar de comer e ralhar com
todo mundo. Promete? – Suri assentiu.

Suri: Mas eu não estou doente nem nada, não preciso de remédios. – Contrapôs,
desgostosa.

Micaela : Na devida hora saberá.


Joshua: Vou deixá-las a sós, estou me vendo desnecessário aqui. – As duas riram – Não
toquem fogo no castelo, vai demorar para construir outro. – Pediu, enquanto saia. Mas
sorria.
Micaela passou toda a manhã com Suri. Lhe deu o café da manhã, lhe aprontou,
brincaram, riram. A manhã passou em um segundo. Quando deu meio-dia,
Micaela saiu, indo buscar o almoço de Suri. Fazia aquele dia. Chovia bastante. A
menina ficou sentada, satisfeita.

Joshua: Micaela , eu... – Ele parou na porta do quarto – Onde está Micaela ?

Suri: Foi buscar meu almoço. – Respondeu, simples. Joshua respondeu e deu as costas.
– Papai! – Chamou, e ele se virou.

Joshua: Sim?

Suri: Feche a porta. – Joshua fechou, desconfiado – Escute. – Joshua esperou – Eu não...
Não o odeio. – Disse, quietinha. Joshua se aproximou da cama.

Joshua: Não?

Suri: Não, claro que não. Eu o amo. – Joshua sorriu de canto – Eu só estava brava
porque pensei que o senhor não queria mais dividir Micaela comigo. – Explicou.

Joshua: Dividir? – Perguntou, confuso.

Suri: É. Pensei que quisesse prender ela só para você. Não é justo, convenha. – Joshua
ergueu a sobrancelha, suspenso – Papai, não sou boba. Já vi o modo como ela te olha, e
o sorriso bobo que o senhor tem quando a observa. – Joshua ergueu as sobrancelhas – Já
os vi até se beijando uma vez. – Joshua engasgou, quase hiperventilando.

Joshua: Como?!

Suri: Vocês pensavam que eu estava dormindo, e eu não estava. Achei bonitinho, se quer
saber. – Disse, tranqüila – Por isso pensei que tinha ficado com ela só para si. Mas
nunca o odiei. – Joshua ainda se recuperava – Tudo bem se quiser ficar com ela. –
Acrescentou.

Joshua: Tudo? – Perguntou, meio incrédulo. Se a mãe dele fosse viva, ele
provavelmente teria saído gritando por ela. Suri assentiu.

Suri: Me perdoe por ter sido grossa. – Pediu, acanhada. Ele sorriu.

Joshua: Está tudo bem agora.- Disse, apanhando a menina no colo, e a beijando.

Micaela : Suri, eu não encontrei o... Perdão. – Disse, mas Joshua assentiu para que
entrasse. Suri estava abraçada em seu peito – Interrompo?
Joshua: Não. Suri só estava me contando de como desfrutou da imagem de nós dois nos
beijando, enquanto ela inconvenientemente fingia dormir. – Disse, debochado. Micaela
arregalou os olhos, quase derrubando a bandeja, mas Suri ria, sapeca.
Suri: Está tudo bem. – Disse, olhando Micaela . Joshua ria do choque na cara de
Micaela .

Micaela : Ande, saia daqui. – Ralhou, fazendo ele sair. - Me deixe aprontá-la.- Disse,
tomando Suri no braço.

Quando Micaela pôs Suri sentada em seu lugar, as pernas da menina, moles,
ficaram em um ângulo estranho, largado. Micaela encarou Joshua enquanto
arrumava as pernas da menina no lugar. E não podia ter havido mensagem mais
clara: Era ela quem teria de resolver aquilo.

Micaela ficou com Joshua e Suri até a menina terminar de comer. Por fim os dois
saíram. Ela pretendia ir apanhar roupas limpas, já estava cansada de só usar
camisola, e ele ia encontrar os outros. Foi quando entraram na sala. A conversa
estava acesa.

Robert: Pela noticia que corre, Hades vai se casar. – Anunciou. Todos viraram a cara
para olhá-lo.

Nicholas: Como é? – Perguntou, pego de surpresa.

Maggy: Com quem? – Perguntou, confusa.

Vanessa: Boa pergunta. Quem quis aquele demônio da encruzilhada? – Perguntou,


abraçando Zack pelas costas. Ele estava sentado em uma cadeira e ela o abraçou pelos
ombros, beijando-lhe o rosto. Nicholas riu.

Robert: Belinda. – Respondeu, satisfeito. Um instante de silencio reinou.

Kristen: Perdão? – Perguntou, incrédula.

Zack: É impressão minha ou ele parece partir da idéia de que pode me confrontar? –
Perguntou, divertido, e Vanessa riu gostosamente, beijando-lhe outra vez.

Robert: Era uma vez uma princesa chamada Belinda. Ela foi escolhida em um baile, e
iria se casar, e ter lindos filhos. – Começou.

Vanessa: Tenho a breve impressão de conhecer essa história. – Disse, e Zack a puxou
pela cintura, fazendo-a fazer a volta e sentar-se em seu colo, beijando-lhe o queixo.

Robert: As vésperas do casamento o noivo dela viajou a negócios. Quando voltou, a


abandonou, pois havia encontrado outra mulher, uma mulher com a pele em um
estranho e medonho tom de cinza. – Debochou, e Vanessa e Zack riram – Ela foi
abandonada com seu vestido de noiva pronto, todos os planos, tudo. Virou motivo de
piada durante anos, e nunca mais conseguiu um noivo.

Nicholas: Agora estamos em guerra. Ela conseguiu um noivo, finalmente. Minha


intuição me diz que ela sabe que o noivo dela batalha tecnicamente contra o homem que
a abandonou. – Intitulou, mas Zack fez pouco caso – Aposto que o pai dela cederá seu
apoio a Hades na hora em que o aro da alNicholasça passar em seu dedo.

Kristen: Mais apoio contra nós. – Resumiu.

Zack: Estou tremendo da raiz do cabelo até o dedo do pé. – Debochou – Eu não entro
em uma guerra para perder. O que me incomoda nisso tudo é que quanto mais apoio ele
tiver, mais gente vai morrer no final. Inocentes. Minha armada não vai parar até
conseguir a vitória, homens morrerão, famílias vão se desfazer, vidas vão acabar. É isso
o que me incomoda. – Ele deu um beijinho no ombro de Vanessa.

Maggy: Para quando é o maldito casamento? – Perguntou.

Nicholas: Para breve, é claro. O que nos leva de volta ao ponto de que um entre nós
pretende perfurar a fronteira. E que deve ser logo.

Micaela : Assim que for possível. – Respondeu, e Joshua rosnou.

Zack: Assim que tu retornares declararei guerra. – Anunciou, e todos o olharam – Minha
frente de batalha tomará a iniciativa: Atacará. Assim acabamos com essa palhaçada.

Micaela : Eu posso partir quando...

Joshua: Micaela . – Interrompeu – Meu anjo. Porque você não volta para a cama? –
Perguntou, com um sorriso forçado. – Tome. – Ele tirou a chave da torre do bolso – Já a
encontro. – Micaela ia protestar – Vá. – Ordenou, e Micaela revirou os olhos, saindo.

Zack: Retardar não vai resolver. – Disse, mas Joshua já sabia disso.

Joshua ficou ali mais meia hora. Depois foi para a torre, procurá-la. Estava
trancada. Estranho. Ele bateu na porta, chamou e nada. Voltou pela escadaria,
estranhando. Até que se deparou com algo no chão. A chave. Alguns degraus a
baixo havia um pedaço de tecido. Ele o apanhou. Era um pedaço do vestido de
Micaela , rasgado a força. Era um pedaço da bainha, o que induzia que se rasgara
enquanto ela fora arrastada.

---*

Zack: Você sabe que isso é uma armadilha. – Ressaltou, vendo Joshua montar no cavalo.
Nem a armadura colocara, apenas apanhara a espada.

Joshua: Sei. Escutem. – Robert, Nicholas e Zack observavam – Eu não posso deixá-la
lá. Não posso permitir que chegue as mãos dele. Eu... Eu não sou capaz. – Ele respirou
fundo – Se eu não voltar, cuidem de Suri. Cuidem para que Hades não tome conta do
meu reino. Honrem meu nome.

Robert: Boa sorte. – Joshua assentiu e puxou as rédeas do cavalo, saindo a galope.
Joshua atravessou a cidade como um raio. Todos saiam do caminho. Em sua
cabeça só havia algo: Hades havia pego Micaela . Sua Micaela . Ah, ele preferia
morrer a permitir isso. Ao chegar na fronteira alguns soldados se olharam,
confusos, mas Joshua fez o cavalo saltar sobre a barreira, sumindo dentro das
arvores.
Encontrá-la ali seria impossível. Ultrapassar a fronteira de Hades seria impossível;
Ele seria alvejado só ao ser visto. Cavalgou por minutos a fio, desvNicholasdo de
arvores. Ao chegar em uma pequena clareira avistou algo caído no chão, mas não
teve tempo de identificar o que era: Algo pesado atingiu sua cabeça, na região da
nuca, causando uma dor insuportável e aguda, e ele caiu do cavalo. Quando
chegou ao chão já havia desmaiado.

Joshua não sabia quanto tempo havia se passado. Ele despertou sabendo que tinha
algo urgente a fazer, mas não sabia o que era. O tempo estava tão frio, ventava
tanto! Havia o cheiro das arvores e da grama molhada. Algumas gotas caiam do
céu. Micaela ! Ele abriu os olhos, olhando em volta. Sua cabeça doía
barbaramente. Ele olhou em volta, a clareira estava vazia, a não ser...

Joshua: Micaela . – Murmurou, vendo que o vulto caído era ela. Ele procurou forças,
mas não achou. Se arrastou um instante, logo engatinhando em direção a ela. Mesmo
engatinhando as vezes ele tropeçava, caindo de novo. A alcançou e a apanhou no colo,
pegando seu rosto – Ei, acorde. – Chamou, tonto.

Hades: Ora, ora, ora. – Disse, se desencostando de uma arvore, se aproximando – O


nobre Joshua, de uma linhagem unicamente de sangue puro, se curvando e se arrastando
por uma plebéia. – Disse, cruel. Joshua tateou a bainha a procura da pistola, ou da
espada, mas nada – Não seja tolo.

Joshua: Vá para o inferno. – Rosnou

Hades: Estou nele. – Respondeu, caminhando, tranqüilo.

Joshua: Porque não a deixa em paz? – Perguntou, raivoso, puxando a Micaela ainda
desfalecida mais para si.

Hades: Ela? – Perguntou, com descaso – É só um brinquedo que você me tomou. Em


geral quando eu enjôo, jogo meus brinquedos fora. Mas não foi por isso que eu o trouxe
aqui. – Disse, de braços cruzados. – Temos uma conversa pendente, antes que a guerra
possa seguir.

Joshua: Não tenho nada para conversar com você. – Rosnou, raivoso. A presença de
Hades o enojava.

Hades: Percebi que tu estas mantendo essa guerra sob os pilares errados. Você precisa
entender, para então eu poder matá-lo. – Joshua riu, debochado – Precisa entender o que
eu fiz, e porque eu o fiz. Precisa entender porque eu declarei guerra contra você
partindo do nada. Nós temos um assunto em comum, Joshua. – Disse, e havia um
sentimento estranho em seus olhos. Parecia ódio, fúria.
Joshua: Não tenho nada em comum contigo. – Rosnou.
Hades: Temos Dulce María.

Joshua: Não... Pronuncie... – Joshua estava possesso – Não diga o nome dela. Não se
ouse. Não você.

Hades: Porque? Porque eu a matei? – Perguntou, debochado – Não, tu a mataste. E veja,


tu o sabes. Tu não devias pronunciar o nome dela, não eu.

Joshua: Culpa tua. Tudo foi culpa tua. – Disse, a boca amarga.

Hades: DULCE NÃO O AMAVA! NUNCA AMOU! – Rugiu, furioso, mas respirou
fundo – Ela era minha. Minha, Joshua, MINHA!

Joshua: Você enlouqueceu. – Disse, confuso com aquilo – Dulce era minha esposa.

Hades: Porque eu era jovem. – Rebateu – Ela tinha a mesma idade que eu, mas eu não
podia desposá-la porque não havia alcançado a maioridade. Então tu passaste na minha
frente. – Disse, com nojo – Eu estava apenas a esperava. Nós já namorávamos. Nos
amávamos. Então você surgiu, e a levou.

Joshua: Está louco, Hades. – Murmurou, observando o outro.

Hades: Ela nunca foi feliz ao teu lado! Nunca quis ir a lugar algum, quase nunca sorria,
porque não o amava! Não o procurava na cama, não sentia prazer com você, sentia nojo
do seu corpo, do seu toque, dos seus beijos! Ela me disse isso em palavras, seu grande
idiota! Se lamentou dezenas de vezes por saber que a noite você a procuraria
novamente, e ela não teria como se negar! – Continuou – Mas um caso comigo durante
todo o tempo. No fundo de teu castelo corre um rio, sabe, Joshua? Ela disse a você que
tinha nojo daquele lugar. Mentira, ela o achava lindo, mas ela queria que tu acreditasse
que ela se enojava. Então nos encontrávamos ali. Perdi as contas de quantas vezes eu
lhe fiz amor naquele lugar, e você nem desconfiava.

Joshua: Eu vou mesmo matar você. – Disse, em tom baixo.

Hades: Lembra-se dos passeios da tarde dela? Aqueles em que ela não o deixava ir? Ela
ia se encontrar comigo. – Disse, com um sorriso de canto – Passávamos a tarde juntos,
todas as tardes, todos os dias.

Joshua: Dizendo que eu acredite nesse absurdo. Você a amava e a matou? – Perguntou,
debochado.

Hades: Nosso relacionamento ia muito bem. Eu havia planejado tudo: Iria roubá-la.
Então, maldição, ela estava GRÁVIDA! – Gritou, furioso. – Meu Deus do Céu, como
eu quis que aquele filho fosse meu! Eu rezei tanto! Mas não. – Ele respirou fundo – Ela
me garantiu que suas regras haviam vindo depois da ultima vez em que estive com ela.
O bastardo era seu. – Ele parou consigo mesmo. Joshua parecia enjoado com aquilo.
Tudo se encaixava, mas ele se recusava a aceitar – Ela disse que não fugiria. Que não
lhe roubaria o filho que era seu. Então eu a envenenei. – Disse, os olhos distantes – Mas
não ela, ela nunca! Era pro bastardo morrer! Uma vez livre dele ela fugiria comigo!
Joshua: Cale a boca. – Ordenou, nauseado.

Hades: Mas como sempre VOCÊ tinha que interferir! A MATOU E ACABOU COM
TUDO POR CAUSA DA MALDITA CRNICHOLASÇA! QUE SENTIDO ISSO FAZ?
– Perguntou, furioso. – VOCÊ A TOMOU DE MIM ATÉ MATÁ-LA!

Joshua: Eu não tinha como saber. Eu pensei que ela estava morta, ela me implorou para
salvar a crNicholasça. – Ele falava consigo próprio. Cada vez que a dor do remorso o
atingia ele se cobria repetindo isso.

Hades: Estava viva, meu Deus, ESTAVA VIVA! – Havia dor no rosto de Hades –
Quando ela abortasse aquela aberração eu a levaria para longe. Abandonaria o trono, iria
embora. Mas você entra e a mata.

Joshua: Cale essa maldita boca. – Rosnou, se tornando furioso.

Hades: Pois que fique claro o motivo dessa guerra: Você tomou Dulce de mim. Se casou
com ela. Nós tínhamos um caso, debaixo do teu nariz. Ela engravidou de você, e eu
tentei matar a monstruosidade que habitava em seu ventre. Tu a mataste. – Disse, duro –
Eu amei Dulce María, Joshua. Eu a amei tanto que nem posso explicar em palavras. A
amava em cada respiração. E acredite em mim, ela retribuía. Esse é o propósito desta
guerra: Você matou a mulher que e amava. Minha vida nunca mais teve sentido desde
que eu soube que ela estava morta. As cores sumiram, tudo o que vejo é cinza.

Joshua: Saia daqui. – Micaela continuava mais pra lá que pra cá.

Hades: É por isso que eu não vou desistir. Por isso que eu posso morrer no processo. –
Ele respirou fundo – Eu quero matá-lo agora, mas não haveria glória nisso. Tu me
enfrentarás no campo de batalha. Lá sim. Posso morrer, mas é o único que posso fazer.
Minha vida não tem mais nenhum propósito, eu nunca mais consegui amar ninguém,
isso tudo por culpa sua. Porque você tomou a mulher que eu amava.

Joshua: Você é doente. – Desprezou, encarando-o. Cada palavra de Hades ecoava em


sua cabeça.

Hades: Vá até a beira o rio. Há uma pedra grande, antiga, com uma estrela arranhada
nela. Debaixo da pedra encontrará o diário dela, e sua gargantilha. Ela enterrou lá,
quando pensou estar só, depois de saber da gravidez. Está lá ainda. Se precisa de uma
prova do que estou dizendo, sabe onde encontrar. – Disse, com descaso - Tua arma e tua
espada estão na copa de uma arvore, na borda da clareira. Teu cavalo fugiu. – Disse,
saindo dali – No campo de batalha, quando chegar a hora, Joshua. Mas agora você já
sabe. Você precisava saber. – Disse, olhando Joshua sentado com a cabeça de Micaela
no colo como se fosse um animal, nojento, desprezível.
Hades saiu dali, indo na direção de seu reino. Logo se ouviu o relinchar de um
cavalo, e as patadas no chão, então havia sumido. Joshua olhou Micaela em seu
colo. Desmaiada, desacordada, como ele queria estar. Ele se levantou, procurando
nas arvores, até que achou suas armas. Deu três tiros pro ar, e soube que logo a
ajuda viria. Voltou ao chão, a Micaela . Ela sempre lhe fora fiel. Sempre lhe amara.
Deus, como Dulce fora capaz?! Hades dissera coisas que ele nem tinha como saber,
e a verdade estava nos olhos dele. Dulce não o amava. O traíra o tempo todo.
Joshua não sabia o que estava sentindo naquele momento. Ele colocou a cabeça de
Micaela no colo e se deitou na grama, afundado seu rosto ali, sem querer pensar,
sem querer existir.

Quando Micaela acordou, a ajuda ainda não tinha chegado. Ela gemeu, as mãos
tateando a terra, e Joshua viu

Joshua: Shhh. Tudo passa bem. – Tranqüilizou.

Micaela : Joshua! – Exclamou, assustada, e se agarrou a ele, que a abraçou. – Alguém...


Alguém me sufocou com éter na escadaria da torre, meu Deus do céu! – Disse, agarrada
nele. Sua cabeça doía.

Joshua: Você conseguiu ver quem foi? – Perguntou, acaricNicholasdo o cabelo dela,
mas ela negou.

Micaela : Não deu tempo, perdão. – Ele assentiu – Como você me encontrou? Como
vim parar aqui? – Perguntou, confusa.

Joshua: Eu pensei que Hades havia seqüestrado você. – Dizer o nome do outro ardia
como fogo em sua garganta – Então vim atrás. A encontrei caída aqui, mas meu cavalo
fugiu. Pedi ajuda e esperei. – Mentiu.

Joshua queria se abrir com ela, contar tudo o que tinha ouvido, mas não era capaz.
Algo dentro de si o sufocava, então ele mentiu.

Micaela : O que há com você? – Perguntou, encarando-o. Ele negou – Está frio. Seus
olhos... – Ela tocou no rosto abatido dele, vendo os olhos com a aparência morta.

Joshua: Eu só me assustei. Tudo passará bem.- Repetiu.Nesse momento ouviram


cavalos se aproximando – Você está bem? – Ela tocou a lateral do corpo, onde sentia
uma pontada desagradável, mas assentiu.

A cavalaria logo chegou. Joshua montou Micaela em um cavalo, sem dizer uma
palavra, e montou atrás dela, disparando de volta para casa. Só parou ao chegar
no castelo. Todos o esperavam do lado de fora.

Robert: Está tudo bem? – Joshua assentiu.

Joshua: Vá para dentro. – Disse e Micaela assentiu, pedindo licença, e saiu dali.
Zack: Quando teu cavalo retornou supus que estavas morto. – Acrescentou.

Joshua: Eu apenas cai a galope. – Tranquilizou.

Nicholas: Ele estava lá? – Perguntou, observando-o.

Joshua: Não, ela estava sozinha. Eu também não entendi. – Robert encarou Nicholas,
pensativo, mas Zack observava Joshua – Me dêem sua licença. – Pediu, entrando no
castelo.

Joshua não dormiu aquela noite. As palavras de Hades latejavam em sua cabeça.
Dulce o havia traído. Não comeu nada, tampouco. Micaela o questionou até se
cansar... E nada. Ele apenas ficou em silencio. Tudo em que acreditara era mentira,
e agora ele não sabia em que acreditar. No dia seguinte levantou cedo, antes dela, e
simplesmente sumiu. Sem rumo, sem direção. Porém só havia um lugar para onde
ele poderia ir: O rio. Ele caminhou em volta dele, pensativo, se lembrando das
diversas ocasiões onde estivera ali com Micaela . Sorriu, distante, ao lembrar do
riso dela na água, de sua inocência... De seus gemidos, ao pé de deu ouvido,
enquanto ele lhe fazia amor ali. Ele não estaria em paz se não procurasse.
Olhou as pedras em volta do rio, destacando as grandes. Foi então que viu:
Grande, com musgo, e aparência antiga. Ele se aproximou, passando a mão sobre o
limo, afastando-o, e se revelou uma pequena estrela cravada, arranhada na pedra.
Encontrara.

Ele apanhou a pedra pela base, puxando-a. Seu coração doeu ao ver o diário dela e
a medalhinha que ela usava quando ele a conheceu ali. O diário já estava molhado,
empapado, logo ele não pôde salvar muito, apenas algumas passagens.

“...Hades é o homem mais carinhoso que já conheci. Ele me trata como se eu fosse uma
deusa, é sempre carinhoso, atencioso, e eu o amo. Ele entende tudo que estou passando,
trancafiada nesse maldito casamento, e prometeu que vai me ajudar. Vai abandonar o
trono e nós vamos fugir, para onde Joshua não possa nos alcançar...”

“...Então eu não tenho como negar nada, mas a convivência é insuportável.


Antigamente eu amava as noites, pela lua e as estrelas, agora a odeio pois sei que ele
virá até mim. Ontem tive anseios, náuseas sob o toque dele, pensei que iria vomitar por
estar deixando que violasse meu corpo, mas por sorte ele foi tolo ao ponto de pensar
que eu estava gostando, e que meus anseios eram porque sou tímida...”

“...Desde que Joshua viajou. Eu nem acredito. Posso ter paz, mesmo a curto tempo.
Ontem Hades me fez amor na queda da cachoeira. Eu o amo tanto! Depois ficamos
deitados, abraçados, observando o rio correr. Este lugar é lindo, mas apenas quando
estou com ele. Disse a Joshua que sinto nojo daqui, logo, ele não me traz aqui. Este
lugar é apenas meu e de Hades...”

“...Hoje Joshua disse que me ama. Ele custou a dizer isso, sempre sem jeito, mas por
fim disse. Eu apenas sorri. Ele, como sempre, achou que era por timidez. Eu não o amo.
Não o amo e nunca vou amá-lo. No dia que morrer, terei a certeza de que o único
homem que amei foi Hades...”

“...Eu gostaria que ele parasse com isso. Hoje ele me deu mais jóias. Um conjunto com
diamantes. Eu nem olhei direito. Não me interessa, não usarei nada do que ele me der.
Não vejo a hora de Hades conseguir resolver tudo e me roubar daqui. Gostaria de ver a
cara de Joshua quando ler tudo o que eu tenho para dizê-lo, em minha carta de
despedida, quando eu já estiver longe...”

“...Não. Meu Deus, por favor, que isso não esteja acontecendo...”

“...E tudo foi por água abaixo. Por mais que eu tenha nojo de Joshua, não posso fugir
carregando esse bastardo. É filho dele, não meu. Quase não suportei ver a dor nos
olhos de Hades quando disse que não poderia fugir. Talvez quando eu der a luz a essa
maldita crNicholasça, possamos ir embora. Não amo este bebê como não amo o pai
dele. Tenho nojo dele pelo que está fazendo ao meu corpo, com a minha vida. Quando
eu achei que estava tudo dando certo, que eu iria ser livre, me vem isso...”

“...Hoje me joguei dentro do banheiro. Ouvi a história de uma mulher que perdeu o
bebê por causa de uma queda. Não tenho coragem de tomar as tais ervas, mas um
acidente seria perfeito. Cai três vezes, com toda a força: De barriga, de costas e
sentada, mas nada ocorreu. O ódio que tenho por essa crNicholasça só faz aumentar,
junto com a devoção de Joshua a ela. Os odeio. Não quero que ele me toque, não quero
que me traga presentes, eu quero ir embora...”

“...Meu corpo está horrível. Minha barriga está enorme. Não consigo mais me
locomover direito. Não posso mais ir ao rio, me encontrar com Hades, como
antigamente. Primeiro porque Joshua não sai da minha sobra, depois porque não
consigo andar quase nada sem sentir dor. Se bem que se eu tropeçasse, caisse em uma
das pedras do caminho até o rio, essa maldita crNicholasça desistisse de mim e
morresse, resolveria o problema...”

“...Hades disse que encontrou a solução. Ainda faltam 3 meses para o bebê nascer, três
insuportáveis meses, mas ele disse que encontrou a solução para me livrar dele. Não
me disse o que era, só me disse que na hora eu entenderia. Tive medo a principio, mas
confio nele...”

E foi tudo o que Joshua conseguiu ler. Ele estava branco gesso quando puxou a
ultima folha que dava pra ler. No resto a tinta já havia se diluído pela água, mas só
isso bastava. Era a confissão dela, em próprio punho. Ela tinha nojo dele, enquanto
ele a adorara. Ele amassou o bolo de papel molhado, esmigalhando-o, eliminando o
testemunho de toda aquela imundice. Dulce María tivera o que pedira, afinal.
Tentara matar Suri, Deus, como era possível?! Ele jogou o bolo de papel molhado
na água e o viu afundar, sumindo na água. Se levantou e saiu dali, o rosto duro, a
medalhinha dela na mão. Ninguém jamais saberia o que havia escrito ali, as juras
de amor dela para Hades, o asco dela por ele e por Suri. Deus, ele travara uma
guerra por ela! Ninguém saberia, mas ele sabia. Aquelas palavras estavam
gravadas em seu cérebro e jamais sumiriam. Ele sabia, e era o suficiente.
Ainda era manhã quando Joshua chegou no castelo. A dor dele se transformara em
raiva, uma raiva tão absoluta quanto ele nunca sentira antes na vida. Ele subiu pro
quarto em passadas largas, sem se lembrar de que havia deixado alguém lá.
Micaela se vestia quando ele entrou. Viu a feição do rosto dele, viu a raiva e a dor
em seu rosto. Viu que ele arfava. Como ela não estava podendo usar espartilhos,
usava uma bata com uma saia de cintura alta por cima. Ela estava terminando de
fechar a saia quando ele entrou.

Micaela : Joshua? – Chamou, dando um passo hesitante em direção a ele. Ele ainda
arfava, como um animal acuado. – Aconteceu algo?

Joshua: Aconteceu tudo. – Rosnou, ainda preso onde estava.

Micaela : O que houve? – Perguntou, preocupada.

Joshua não respondeu, apenas a observou. Os cabelos soltos, caindo até o meio da
cintura. A pele clara, os olhos de um azul lindo, preocupados. Os lábios cheios, a
curvatura delicada e farta do corpo...

Joshua: Venha aqui. – Chamou. Micaela hesitou, mas caminhou em direção a ele –
Micaela , venha! – Ordenou, a voz autoritária e forte fazendo-a se arrepiar. Não passou
despercebido o fato de que ele ainda arfava.

Ela respirou fundo, recobrando os comandos, e foi até ele. Assim que entrou em seu
campo de alcance a mão dele a apanhou pelo braço, puxando-a com força,
lançando-a contra a porta, que se bateu com um baque. Micaela arregalou os
olhos, mas antes que pudesse protestar ele a beijou. Violentamente,
agressivamente. Micaela arfou, segurando-o pelos ombros. Pelo amor de Deus, o
que fora aquilo? Ela ouviu a mão dele trancando a porta, atrás de si, e em seguida
puxando a saia dela para cima, até suas mãos conseguiram alcançar sua coxa. As
mãos dele agarraram as coxas dela com brutalidade, apalpando, apertando. Ele
deixou a boca dela para descer a boca por seu pescoço, mordendo-o, chupando-o.
Micaela estava aturdida.

Micaela : O que... – Arfou, confusa, sendo quase violada contra a porta.

Joshua: Calada. – Ordenou, e ela não disse nada.

Joshua passou as mãos pelas coxas dela, subindo até que encontrou o traseiro, que
apertou com força e vontade contra si, diversas vezes. Depois a mão dele subiu,
sem ela sentir, até seu seio. Ele encheu a mão com um dos seios dela, sob a bata, e o
apertou com vigor, sentindo o mamilo já túmido. Ela reagira a ele mesmo sem
entender o porque. Quando ele a apertou Micaela gemeu, mas não foi dor. Gemeu
em deleite. Gostava dele assim. Seu corpo todo estava quente, e ela se estreitou
contra ele, sentindo o corpo forte comprimindo-a contra a madeira. Joshua largou
ela por um instante para as duas mãos rasgarem a roupa dela. Tudo o que estava
ao alcance, as mãos dele agarraram e puxaram, levando pelo caminho. Ela passou
a mão pro colete dele, desabotoando-o as pressas enquanto ele se livrava dos
retalhos de sua roupa. Ele viu esse ato, o observou por um instante. Ela retirou o
colete e a camisa dele as pressas, arfando, enquanto as mãos dele brincavam,
perversas, pelo corpo dela. Ela ia apanhar o cinto dele quando ele apanhou seu
rosto pela maxilar, com uma mão, fazendo-a encará-lo. Os olhos de ambos estavam
dilatados.

Joshua: Você quer transar comigo? – Perguntou, encarando-a.

Micaela : Que espécie de pergunta é essa? – Perguntou, confusa, respirando aos ofegos.

Joshua: Quer transar comigo ou está fazendo isso porque eu estou forçando-a? –
Insistiu. Micaela riu consigo mesma da pergunta idiota. – Responda. – Ordenou.

Micaela : Eu creio que transar contigo é o que eu mais quero agora. – Respondeu, o
rosto corando em seguida. Ele pôde ver a verdade nos olhos dela.

Joshua: Era o que eu precisava saber. – Respondeu, antes de beijá-la novamente.

Joshua a apanhou no colo, e a levou até a cama. Lá ele a jogou, passando pra cima
dela. Quando ele desceu a boca por seu colo, abocanhando seus seios
agressivamente, uma Micaela que arfava buscou o cinto dele, desafivelando-o, e
em seguida abriu os botões da calça. Mesmo com a calça e a cueca por cima ela
podia sentir o quanto Joshua estava... Alterado. Ela empurrou a calça dele como
pôde, mas parou para gemer quando a mão dele passou por suas coxas, invadindo
sua intimidade impiedosamente. Ela deixou escapar um “Ah!”, aturdida, o corpo
se arqueando debaixo do dele. Joshua ainda a mordia, os seios dela já vermelhos,
três dedos em seu interior, movendo-se com força, girando, testando. Micaela
desistiu da calça dele e cravou as unhas em seu braço, languida. Parecia que sentir
o quanto ela estava molhada, pronta pra ele, apaziguava a alma de Joshua. Ela o
queria. Alguns minutos depois ele sentiu a intimidade dela começando a se contrair
contra os dedos dele, e parou. Micaela gemeu, frustrada, se sentindo vazia,
quando a mão dele a abandonou.

Joshua: Assim não. – Respondeu, a voz cortada, rouca, e ela viu ele terminar de se livrar
da calça.

Joshua não hesitou em possuí-la logo em seguida. Com um golpe só, com força.
Micaela não conseguiu conter um grito sonoro que ecoou pelo quarto. Ele gostou
de ouvir. Apanhou as coxas dela, abrindo-as e acomodando-as como bem queria ao
redor de sua cintura, e pôs a se movimentar. Ele segurou uma mão na cabeceira da
cama, buscando ainda mais força para suas investidas. Micaela não conseguia
acreditar naquilo! Ele socava contra ela, sem cansar, sem perder o ritmo, um
grunhido escapando de seus lábios a cada vez. Micaela sentiu dor no inicio, não ia
mentir, mas logo foi tomada por um prazer que parecia incendiá-la. O corpo dela
se debatia, oscilava sobre a cama, a cada investida dele. Ela não conseguia segurar
os gemidos, até gritos, e eles vinham de forma natural. Joshua captava cada um
dele. Os dois oscilaram pela cama em direção a cabeceira, que era onde a mão dele
buscava força. Micaela tinha certeza que se havia uma possibilidade de um corpo
se desmontar, ela seria a primeira. Mas não ligava. Ela não conseguia respirar,
estava tremula, mordia o ombro dele. Joshua tinha os olhos abertos o tempo todo.
O cenho franzido, pelo esforço da força e da rapidez de suas investidas, os nervos
tensos pelo tesão, os sentidos alertas para cada reação ela. As mãos dela estavam
nas costas dele, as unhas cravadas fortemente na pele dele, quase perfurando-a. O
modo como ele colocara as coxas dele, em volta do seu quadril, permitia que o
contato dos dois fosse ainda mais intimo: Ela o sentia melhor e ele conseguia ir
ainda mais fundo. Ele a prendeu assim, sem permitir que ela o afastasse, ou
reprimisse. Como se ela quisesse. Algumas vezes ela tinha a tola impressão de que
ele chegava a tocar o seu útero. Mas não tinha tempo para pensar, não tinha tempo
para nada. Ela ia morrer. Todo o seu corpo estava pegando fogo, e aquele prazer só
fazia aumentar...

Ele tinha marcas dos arranhões dela por toda as costas, e marcas de mordidas pelo
ombro e pescoço. O prazer que sentia era tão violento que quase lhe roubava os
sentidos. Quase.

Micaela : Meu Deus. – Gemeu, tomando ar bruscamente. Joshua pegou o rosto dela com
a mão livre, encarando-a. Viu que ela soava, tremula, os olhos dilatados de prazer. A
velocidade dele foi parando, foi se tornando mais lento, e ela gemeu, frustrada. Estava
tão bom! – Eu vou enlouquecer. – Choramingou. Joshua investiu nela com força,
apanhando-a de surpresa, fazendo-a gritar, cravando ainda mais as unhas nele.

Joshua: Você gosta? - Perguntou, os olhos quase perfurando os dela. – Gosta de me


sentir, Micaela ? – Perguntou, rouco. Ela não entendia o porque daquilo, mas só fazia
aumentar seu tesão.

Micaela : Gosto. – Disse, e sorriu, atrevida. Ele sorriu de canto, mordendo o lábio
inferior dela. Investiu contra ela novamente, que grunhiu, o corpo oscilando novamente,
o que fez ela prender a respiração – Gosto de cada pedaço. – Confirmou. Joshua a
observou por um instante.

Joshua: Diga que me ama, Micaela . – Pediu, e ela não entendeu a urgência no olhar
dele.

Micaela : Eu amo. – Disse, acaricNicholasdo o rosto dele – O amo tanto que morreria
por você, sem pensar duas vezes. O amo mais que a minha vida, Joshua. – Disse,
encarando-o. Joshua investiu contra ela de novo, quase tomando o ar de seus pulmões.
Uma vez, outra...

Joshua: Repita. – Ordenou – Eu preciso ouvir. – Disse, com a cabeça afundada no


ombro dela. Ele estava começando a ganhar velocidade novamente, junto com a força.

Micaela : Eu amo você. – Repetiu – O amo, Joshua. – A voz dela falhou no final.
Logo não conseguia mais falar nada. Voltaram ao ritmo inicial, e tudo o que ela
conseguia fazer era gemer. Quando estava prestes a terminar, ela conseguiu falar...

Micaela : Joshua... – Chamou, se agarrando mais a ele. Estava vindo, ela sentia... Ele
também.

Joshua: Eu sei. – Disse, satisfeito – Deixe vir. – Disse, tomando a boca dela em um beijo
sedento. Ambos soavam.

E ela deixou. O orgasmo dela foi tão forte, um misto tão poderoso entre dor e um
prazer absoluto que ela gritou. Ele deixou os lábios dela, satisfeito, apenas para
ouvir seu grito. A exasperação dela morreu aos pontos, e ele se agarrou a ela,
investindo ainda com mais força, se é que era possível. Estava quase, tão perto... E
ele não conseguia.

Joshua: Inferno. – Murmurou, soltando a cabeceira da cama para agarrar os quadris


dela. Micaela estava sem fôlego outra vez. Já havia perdido as contas de quantas vezes
havia gozado ali, mas ele nunca se satisfazia. – Não consigo. – Disse, desgostoso.

Micaela se ajustou a ele, incentivando-o, tentando... Mas depois de tudo o que ele
tinha visto antes de ir pra lá não conseguia e ponto. Tudo o que ele sabia sobre si
havia desmoronado, e o orgasmo se negou a vir. Ao contrário dele, o corpo de
Micaela logo se contraiu de novo e ela gemeu, fraca. Até que uma idéia riscou sua
cabeça.

Micaela : Me deixe tentar algo. – Pediu, vendo o rosto angustiado dele. Aquilo estava
começando a doer. Tanto tesão, tanta vontade acumulada, e nada. Ele a encarou,
confuso, e viu ela empurrando-o.

Joshua: Que está fazendo? – Perguntou, atordoado, vendo ela sair debaixo de si.

Micaela : Shhh. Feche os olhos. – Joshua ergueu as sobrancelhas. Ela o deitou de


barriga para cima, sem tocá-lo – Confie em mim. – Pediu. Joshua não queria, mas não
sabia o que fazer. Ele confiava nela. Fechou os olhos.

Ele ficou alguns segundos no escuro, de olhos fechados. Estava impossível. O


orgasmo dele estava por vir, ele podia senti-lo, e... A boca dela cobriu o membro
dele. Os pensamentos de Joshua se cortaram com aquilo. Ele abriu os olhos, e se
deparou novamente com a Micaela inocente que conhecera. Sobre aquilo ela não
sabia absolutamente nada. Passou a língua na cabeça do membro dele, provando,
procurando algum gosto. Nada. O fez novamente, como quem prova um doce, mas
não tinha gosto. Estranho. Joshua agarrou o lençol, franzindo o cenho. Ela o levou
a boca novamente, os lábios passando por toda a extremidade. Joshua fizera isso
com ela e dera certo. Tinha que dar certo com ele também. Joshua já havia
passado por isso com uma prostituta que pagara, em suas viagens de adolescente,
mas nada comparado a isso. Novamente a inocência dela o intrigava. Excitava.
Micaela tateou o membro dele com os dedos. Estava totalmente rígido, duro feito
pedra. Ela observava tudo com um olhar interessado, alheia do olhar dele sobre si.
Desistindo de encontrar gosto ou qualquer coisa, se lembrando da noite do celeiro,
ela o levou quase todo até a boca, permitindo que fosse até a garganta, e ele gemeu,
cerrando os olhos. Logo ela havia pego movimento, as mãos brincando com o que a
boca não alcançava, a língua acaricNicholasdo-o sem pudor algum. Ela estava
satisfeita por ouvir os gemidos dele. Se ele gemia era porque estava dando certo.
Tomando cuidado com os dentes, se divertiu ali. Era diferente. Joshua estava com
um pé na insanidade e...

Joshua: Micaela ! – Chamou, exasperado, a voz cortada. – Saia! – Ordenou, e ela não
entendeu porque. Mas se ela saísse ele não conseguiria. Então ela não saiu.

Micaela ignorou o alerta dele. Ele procurou a força dos braços para puxá-la, mas
não encontrou. Ela brincava consigo própria, se desafNicholasdo até onde
conseguia levá-lo, descendo por sua garganta. Então com um gemido longo, algo
com um gosto azedo parou na garganta dela, em breves jatos. Muitas mulheres
teriam nojo, ou pudor, mas Micaela ficou feliz. Só teve cuidado para engolir, e não
engasgar. Satisfeita por tê-lo feito conseguir, por satisfazê-lo, ela deu um beijinho
na barriga dele, que ainda tinha os olhos fechados. Joshua sorriu instantes depois,
mas quando ele ia olhá-la, ela lhe tapou os olhos.

Joshua: O que?

Micaela : Não quero que me olhe. – Disse, envergonhada. Ele riu.

Joshua: Mas eu gostei. – Disse, apanhando uma das mãos dela e mordendo-a – Gostei
demais. – Disse, tirando-lhe o cabelo do rosto. Ela estava vermelha. – Porque fez isso?

Micaela : Porque você não conseguia... Eu pensei que talvez se eu... Bom, no dia do
celeiro você... – Ele ia acompanhando o raciocínio dela, mesmo que ela não terminava o
que ia dizer.

Joshua: Não teve nojo? – Perguntou, tocando a maçã do rosto dela, tentando espalhar o
sangue que se acumulara ali.

Micaela : Eu deveria ter? – Perguntou, confusa. Ele sorriu.

Joshua: Eu amo você. – Disse, acaricNicholasdo-lhe o rosto – Perdoe se sou agressivo


as vezes, mas te amo.

Micaela : Eu gosto da sua agressividade. – Acrescentou, e ele ergueu as sobrancelhas,


admirado – Era pra mentir? – Perguntou, exasperada, e ele riu gostosamente. Até se
esquecera de todo o resto. – Que absurdo! – Ela estapeou o peito dele, se amparando
para se levantar, mas ele a manteve pelos pulsos, mordendo –lhe o pescoço enquanto
ria, fazendo-lhe cócegas. – Não quero mais brincar. – Impôs. Joshua riu mais
gostosamente ainda.

Joshua: O bebê não quer brincar mais? – Perguntou, fazendo bico pra ela, mas rindo.
Micaela : Não ria de mim! – Exclamou, exasperada – Não quero. E nem faço mais... –
Ele ergueu a sobrancelha, esperando, mas ela não conseguiu terminar – Você sabe o que.
Não faço mais nada.

Joshua: Não seja rebelde. – Disse, passando pra cima dela – Eu gosto de brincar com
você. – Disse, rindo em seguida pelo termo “brincar”.

Micaela : Não quero saber. Saia de cima de mim, Alteza. – Alfinetou, e Joshua sorriu –
Não! – Disse, mas riu quando ele começou a mordiscá-la – Eu também gosto de brincar.
Mas não vou mais. – Impôs. Ele apanhou um seio dela nos lábios, passando-os por cima
das marcas roxas que começavam a brotar. Ela se arrepiou.

Joshua: Eu acho que você vai. – Contrapôs, se sentando e puxando ela pro seu colo,
ajeitando as pernas dela em volta da sua cintura – Te marquei inteira. – Observou,
satisfeito, as manchas vermelhas e roxas aparecendo pelo corpo dela.

Micaela : Eu te perdôo. – Disse, passando as mãos nos cabelos dele. – Tu tens algum
compromisso hoje?

Joshua: Não que eu me lembre. – Disse, beijando o ombro dela – Porque?

Joshua se surpreendeu quando ela uniu os corpos dos dois novamente. Ele não
estava totalmente pronto, mas já estava acordado. Ele a encarou, surpreso. Ela
suspirou brevemente. Estava sensível, dolorida, mas nada que não pudesse
contornar.

Micaela : Porque eu queria brincar. – Respondeu, travessa, e ele sorriu, apanhando-a em


um beijo. Ele a abraçou pela costas, mantendo-a e guNicholasdo seus movimentos, e ela
enlaçou as mãos em seu ombro, apaixonada, dando o corpo por presente.

Aquilo continuaria por horas. Acabando, recomeçando, acabando, recomeçando.


Mas infelizmente o dia ainda seria longo, e não seria só aquilo, como Joshua logo
viria a descobrir.

Depois de toda a algazarra o corpo de Joshua estava gostosamente relaxado. Ele


despertou do breve sono tateando na cama, procurando ela, mas não achou.
Franziu o cenho. Se levantou, preguiçosamente, depois foi para o banho. Uma vez
pronto foi a procura dela.

Suri: Ela disse que o senhor ia procurar. – Disse, tranqüila – Disse que ia buscar meu
remédio.

Joshua: Tem certeza?- A menina assentiu. – Merda. – Rosnou, saindo do quarto.

Joshua ia correr atrás dela, quando passou pela porta da sala de armas. Por
instinto entrou ali. Abriu a gaveta das adagas pra gemer, passando a mão no rosto.
Faltava uma. No lugar havia um bilhete: “Confie.”
Joshua: Vocês sabiam? – Perguntou, passando pelos outros.

Nicholas: Sabíamos de que? – Perguntou, incrédulo. Eles seguiram Joshua até a porta. O
cavalo dele já estava parado no gramado, esperando.

Joshua: Micaela foi atrás de Hades. – Disse, antes de pular no cavalo e sumir dali.
Tinha de alcançá-la, tinha de impedir.

Um silencio profundo se fez entre eles. Micaela não avisou. Provavelmente sabia
que Joshua não permitiria. A voz de Vanessa veio de traz de Zack tranqüila,
observadora, como se ela houvesse estado ali todo o tempo.

Vanessa: Ele vai morrer tentando atravessar a fronteira, atrás dela. Você sabe. –
Comentou, olhando Joshua sumir.

Zack: É, eu sei. – Ele suspirou. – EU PRECISO DE UM CAVALO! – Rugiu, descendo


as escadarias. Logo um garanhão negro apareceu lá. Zack montou e sumiu.

Joshua nem podia acreditar. Se algo acontecesse a ela... Ele se lembrou do riso dela
hoje, em seus braços. Se lembrou dos gemidos, e da voz atordoada dizendo que a
amava. Se lembrou da malicia e da inocência. Ele rosnou consigo mesmo, atiçando
o cavalo.
Ao chegar na fronteira fez o cavalo saltar sobre a barreira, para não perder tempo.
Se embrenhou nas arvores em seguida. Ele não a perderia. Não ela, que o amava.
Após quase uma hora correndo, com Zack em sua cola, ele a avisou. Usava o
vestido azul que ele lhe dera, o primeiro, e tinha o cabelo solto, caído as costas.

Joshua: MICAELA ! – Rugiu, raivoso. Ela olhou para trás, sobressaltada, e seu cavalo
se pôs a correr mais ainda – Inferno.

Ele tentou alcançar ela por mais um bom tempo, mas as arvores não ajudavam. O
problema é que estava chegando perto da fronteira de Hades. Da morte dele.

Micaela : JOSHUA, PELO AMOR DE DEUS, VOLTE! - Disse, exasperada.

Joshua: Não. – Rosnou, atiçando mais o cavalo.

Micaela : ZACK! – Rogou.

Joshua nem viu como. Em um instante estava correndo, a alto galope, no outro o
cavalo de Zack havia passado na frente do seu e ele estava no chão. A pancada foi
dolorosa. Joshua se levantou, pronto para ir atrás dela, mas Zack bloqueou sua
visão.

Micaela : Só uma noite. – Disse, longe, em uma promessa. Joshua a encarou, seu olhar
implorando para que ela não fosse. Ela murmurou um “Eu te amo”, mudo, e retomou
seu caminho, logo sumindo pela arvores.
Zack: Deixe ela ir. – Disse, tranqüilizando o outro.

Joshua: Ela vai morrer nas mãos dele. – Disse, passando a mão no rosto.

Zack: Não vai. – Intercedeu – Se você a detivesse agora, ela fugiria no meio da noite.
Você não ia poder prendê-la para sempre.

Joshua: Inferno. – Murmurou, consigo mesmo.

Zack: Ela vai voltar. Tenha fé. – Tranqüilizou.

Joshua: Você deixaria, se fosse Vanessa? – Perguntou, debochado.

Zack: Como você acha que a mãe de Hades morreu? Quebrando o pescoço enquanto
dormia? – Perguntou, óbvio.

Joshua: Eu quero lançar uma ofensiva. – Zack cerrou os olhos – Atacar e ir buscá-la.

Zack: Os homens de Robert ainda não chegaram, e eu quero atacar com toda a potencia.
– Ele respirou fundo – Joshua, se acalme. Ela vai voltar. – Prometeu – Perdoe pelo
tombo. – Disse, apontando o cavalo de Joshua, que esperava – Vamos voltar, não é
seguro aqui.

Joshua foi. Montou no cavalo e deu as costas, indo embora. Deixou seu coração lá,
esperando a volta dela, mas foi.

---*

Micaela suspirou aliviada quando percebeu que Zack havia interceptado Joshua.
Ele estava em segurança. Pelo menos ele. Ao chegar na fronteira, os guardas
pararam para ver Micaela . Não havia ninguém no reino de Hades que não
soubesse quem ela era. Ela não disse nada, apenas passou pela fronteira, ciente de
que em minutos Hades saberia que ela estava lá. Mas antes ela precisava fazer
algo.

Mary: Já vai! – Exclamou, tirando o avental, pondo-o na bancada. Era uma senhora,
magra, dos cabelos louro claro e os olhos azuis. Ao abrir a porta, o choque. – Senhor
Jesus. Micaela ! – Exclamou, puxando a filha em um abraço. Micaela já chorava
abertamente.

Micaela : Mamãe. – Disse, rouca, abraçando a mãe com força.

Ela percebeu que tudo que precisara todo esse tempo fora disso: Sua mãe. Que lhe
abraçasse, lhe passasse conforto, alguém que não a machucaria, nem a faria mal.
Todo o peso de tudo que havia acontecido desde sua partida pareceu cair sobre
suas costas e Micaela se apertou mais a mãe, chorando desconsoladamente. Mary
fechou a porta, já também ás lagrimas, sem soltar o abraço de Micaela , como se
temesse que aquilo fosse um sonho.

Mary: Meu anjo, olhe só para você. – Disse, pegando o rosto de Micaela entre as mãos,
olhando-a – É uma mulher agora, minha bonequinha. – Disse, o rosto cansado coberto
pelas lagrimas. Micaela soluçou em seu choro, sorrindo.

Micaela : Senti tanto sua falta, mãe, precisei tanto de ti! – Disse, e abraçou a mãe
novamente.

Demorou bastante tempo para as duas se acalmarem. Por fim Mary passou um
café e tortinhas de chocolate para as duas.

Mary: Sente-se, vamos conversar. – Disse, ainda saudosa. Não desgrudava os olhos de
Micaela .

Micaela olhou o banco alto, e olhou para baixo. Estava dolorida dos pés até a
cabeça. Sentar já estava impossível depois da manhã inteira com Joshua, e ela
ainda teve que cavalgar.

Mary: Annie? – Chamou, confusa.

Micaela : Estou bem em pé, mamãe. – Disse, sorrindo de canto.

Mary: Não seja tola, esta é sua casa. Sente-se. – Disse, ainda sorrindo. Micaela olhou o
banco alto de madeira novamente.

Micaela : Tudo bem. – Disse, respirando fundo.

Micaela tentou sentar, mas o banco era alto. Sem alternativa bateu a mão na
xícara de café, derramando-a. Mary se virou imediatamente para apanhar um
pano e Micaela subiu no banco, com uma careta de dor.

Micaela : Ai. – Gemeu, mordendo a boca.

Mary: Está tudo bem, meu anjo. – Disse, alvoroçada pela presença da filha, enquanto
limpava tudo – Sempre atrapalhada. – Disse, sorrindo consigo própria. Micaela ainda
tinha uma careta no rosto. Então Mary parou – O que está fazendo aqui, Micaela ?

Micaela : Eu precisei... – Santo Deus, aquilo estava impossível! Ela quase podia ver
Joshua rindo da cara dela agora – Preciso resolver algo aqui, mamãe. Mas antes precisei
vir vê-la. – Disse, tomando do café para ver se conseguia se distrair da dor. Não podia
ser um sofá? Uma almofada? Porque o banco, além de ser alto, tinha que ser de
madeira?

Mary: Do que... – Interrompida.


Micaela : Mamãe! – Exclamou, descendo do banco, abafando um gemido. Mary franziu
o cenho – Vamos para a sala.

Mary: Porque? – Perguntou, confusa.

Micaela : Senti saudade de casa. – Mentira, é porque tinha um sofá, e ele era baixo.

Mary assentiu, e apanhou uma bandeja para pôr as coisas. Micaela passou na
frente, indo para a sala. O sofá com certeza seria melhor.

Micaela : Maldito seja, Joshua. – Rosnou, consigo própria, e sentou devagar no sofá.
Era desagradável, mas bem melhor que o banco.

Mary: Aqui. – Disse, pondo a bandeja. Micaela pegou um bolinho. – Pode começar a
falar. – Disse, autoritária.

Micaela : Preciso falar com Hades. – Disse, de boca cheia. Mary engasgou.

Mary: Enlouqueceu? – Perguntou, escandalizada.

Micaela : Não, eu... Mamãe. – Mary esperou – A senhora, por acaso, teria uma muda de
Oleandro aqui?

Mary: É claro que não. Tenho pavor daquela flor. Porque?

Micaela : Por nada. – Disse, tomando mais do café.

Mary: Meu amor, como você cresceu! Está mais bonita, mais madura. – Micaela sorriu.

A mãe de Micaela contemplava a filha até que chegou no decote do vestido.


Haviam marcas de mordidas, chupões, marcas de dedos, vermelhas e roxas, por
toda a parte. Ela olhou o vestido. Era de um tecido luxuoso, caro. Estranho.

Mary: Bebê, você se casou? – Perguntou, olhando-a. Micaela seguiu o olhar da mãe.

Epa.

Micaela : Na verdade, não. – Disse, completamente sem jeito.

Mary: Quem te fez isso? – Perguntou, ainda confusa, meio indignada.

Micaela : Al... O rei Joshua, mamãe. – Disse, passando a mão no cabelo. Não fazia
sentido algum esconder.

Mary: Oh, meu anjo. – Ela estava penalizada – Ele forçou você? – Perguntou,
acaricNicholasdo o rosto de Micaela .
Micaela : Ahn... Não. – Disse, e estava vermelha. A mãe dela a olhou, esperando – Eu
estou apaixonada, mamãe. – Admitiu.

Mary: Pelo rei? – Perguntou, lentamente.

Micaela : Ele me ama. Juro que ama. Ele que me deu esse vestido. – Disse, apontando
pro vestido – Ele me dá tudo o que eu quero. Ultimamente tenho dormido no quarto
dele. – A mãe de Micaela estava branca, cor de papel. – Ele me deu isso, veja. – Ela
puxou o escapulário de dentro do decote mostrando a mãe. A insígnia real estava
cravada no ouro.

Mary: Micaela , você enlouqueceu?! Quando ele descobrir a verdade...

Micaela : Ele sabe. – Interrompeu. A mãe dela ergueu as sobrancelhas – Ele me pediu
em casamento, mãe. – Disse, sorrindo – Então eu contei a verdade. – Mary parecia ter
engolido a voz – Ele não aceitou a inicio... – A voz dela abaixou, se lembrando dos dias
na masmorra, da dor e da certeza da morte iminente – Mas agora ele sabe.

Mary: Se ele a amasse não deixaria que você tivesse vindo até aqui! – Disse,
preocupada. Micaela sorriu.

Micaela : Ele não deixou. Eu fugi. – Explicou. – Preciso de algo. Algo que está no
castelo de Hades, tenho que ir até lá buscar. – Ela respirou fundo – Ele me prometeu que
dentro em breve virá levá-la daqui. Para ficar comigo. – Contou, e Mary sorriu da
felicidade da filha – Eu o amo tanto, mãe. – Disse, abaixando a cabeça.

Mary: O que quer que você tenha para fazer no castelo de Hades não vale a pena. –
Alertou – A esta altura ele já sabe que tu estas aqui. Fuja, Micaela .

Micaela : A filha de Joshua sobreviveu, mamãe. – Contou, e Mary perdeu as palavras –


Ao contrario do que acreditamos, está viva. Eu preciso de uma muda fresca da flor, para
curá-la. É uma menina encantadora. Eu só volto quando tiver o que vim buscar. – Ela
respirou fundo – Preciso ir, mamãe. – Disse, grunhindo consigo mesma, ao se levantar.

Mary: Annie, por favor, não vá até lá. – Intercedeu, os olhos azuis tingidos de
preocupação.

Micaela : Voltarei em breve para buscá-la. Se cuide, fique bem, até que eu volte. –
Disse, abraçando a mãe novamente – Eu amo você, mamãe. – Murmurou.

Mary: Eu também, meu anjo. Eu também. – Disse, acaricNicholasdo os cabelos da filha.

Após a despedida Micaela saiu. Subir no cavalo foi outra tormenta. Da primeira
vez ela fez as pressas, só se lembrou da dor quando ela veio, mas agora não. Por
fim montou, e seguiu seu caminho. Várias pessoas na rua apontavam para ela,
cochichavam, mas ela já tinha seu destino certo.

O cavalo de Micaela passou pelos portões do castelo e ela respirou fundo.


Coragem. Ela parou em frente a escadaria principal, e desceu do cavalo.

Diogo: Micaela ?! Pelo sangue de Cristo, o que você pensa que está fazendo aqui? –
Perguntou, escandalizado.

Micaela : Preciso falar com Hades. – Disse, os olhos empedrados no jardim a sua volta.
Haviam milhares das flores que ela precisava.

Diogo: Falar com Hades?! Você enlouqueceu?! – Perguntou, incrédulo.

Micaela : Apenas mande avisar que estou aqui. – Disse, olhando as flores.

Foi com os olhos incrédulos que Diogo viu Micaela subir as escadarias e entrar no
castelo. Já anoitecia. Ela estava na janela onde mandaram ela aguardar. Não havia
nada na sala, apenas uma mesa e a lareira. Ela olhava pela janela, mas não tinha
como ver o castelo de Joshua no horizonte. Ele estava longe, e ela estava só. Ela
baixou os olhos do horizonte até o jardim, novamente olhando as flores. Até que...

Hades: Minha pombinha. – Disse, a voz repentinamente próxima. Micaela respirou


fundo e se virou, vendo-o parado no portal da sala – Devo admitir que sua visita me
deixou intrigado.

Agora não havia mais volta.

Micaela : Boa noite, Hades. – Respondeu, quieta. Ele cruzou os braços.

Hades: Eu me pergunto... Que motivo traria você aqui. – Disse, se aproximando. Ele
sorria – Perdeu o juízo?

Micaela : Eu quero fazer um acordo. – Disse, neutra.

Hades: Pois muito bem. – Ele se encostou na mesa, ainda sorrindo, e a olhou de cima
abaixo – O que você tem a me oferecer, Micaela ?

Micaela : Eu me ofereço. – Disse, lutando para manter a calma – Essa guerra já perdeu o
sentido. Estou aqui, me entrego em tuas mãos, mas desista disso. Sobreviva. – Hades riu
gostosamente, a cabeça pendendo um pouco para trás.

Hades: Preocupação comigo? – Perguntou, debochado.

Micaela : Por mim tu morres. – Respondeu, sorrindo – Mas amo a Joshua, e quero ele
fora do campo de batalha. É minha proposta.
Hades: Curioso... O que Joshua te disse sobre o dia em que você foi raptada, Micaela ? –
Ele viu a confusão riscar os olhos dela brevemente – Oh, ele não te disse que eu estava
lá, não é?

Micaela : Se ele não disse é porque não era relevante. – Disse, ainda neutra.

Hades: Não era relevante que Dulce María me amava? Que ela odiava Joshua, e que
tinha nojo da aberração que ele plantou em seu ventre? – Micaela franziu o cenho –
Não era relevante o fato de que ela o traiu o tempo todo comigo? De que nós íamos
fugir? Tens certeza?

Micaela : Bom. – Ela respirou fundo – Isso tudo revela que Dulce María tinha um
péssimo gosto. Deplorável. Um homem como Joshua não se troca, ela era tola se
pretendeu fazer isso. – Hades ergueu as sobrancelhas – Ele é bonito, rico, gentil, fiel,
honesto, carinhoso, atencioso, sem contar que é maravilhosamente bom de cama. –
Alfinetou, atrevida.

Hades: Você cresceu. – Observou, sorrindo. – É uma mulher agora, Micaela . –


Completou, observando-a.

Micaela : Ele me fez mulher. – Desafiou, de queixo erguido – Mas eu não sou o assunto
principal aqui. Lhe fiz uma proposta. – Hades tornou a rir. Micaela via o rosto de
Joshua toda vez que piscava os olhos, era isso que a mantinha de pé.

Hades: Tu crês que vales a guerra, Micaela ? Que eu iria desistir por ti? Pelo amor de
Deus. – Ele respirou fundo – A guerra não vai acabar, e tu não vais fugir novamente.

Micaela : Isto é uma recusa?

Hades: É muita audácia sua vir ao meu castelo, me confrontar, insultar a memória de
Dulce...

Micaela :... Não insultei, apenas assinalei que ela não tinha bom gosto. Ou que era
burra, escolha o que lhe apraz.

Hades: CALADA! – Ela havia conseguido irritado – Sim, isto é uma recusa. Não, você
não vai voltar. E veja só, você ter fugido só me fez bem. Melhorou consideravelmente. –
Micaela se aproximou de Hades, e ele sorriu. Ela estava próxima dele agora, podia
sentir seu hálito, os olhos próximos, e ele sorria, sondando-a.

Micaela : Estarei morta antes de permitir que tu me possuas. Não tendo Joshua como
meu homem. – Disse, em um sussurro, encarando-o – Tenho nojo de ti.

Hades: Estará morta logo após que eu me satisfizer, minha pombinha. – Respondeu, a
mão se erguendo para tocar a maxilar dela – Há muito esperei por isso. Temos um
assunto pendente. – Lembrou, os olhos dos dois próximos demais, assim como os
lábios. Ela podia sentir a respiração dele, quente, em seu rosto.

Micaela : Soube que irá se casar. – Disse, estreitando mais a distancia entre os dois.
Mais um milímetro e os lábios se tocariam – Achaste um ser tão desprezível quanto tu,
afinal? – Perguntou, sorrindo. Ela não sabia de onde encontrara coragem, mas sentia
prazer naquilo.

Hades: Tua ousadia me fascina. – Disse, ainda sorrindo, tocando o queixo dela com o
polegar - Mas onde estão meus bons modos? – Perguntou, irônico, se afastando –
Venha, vou levá-la aos seus aposentos. – Chamou, mostrando-lhe a porta. Ela ergueu a
sobrancelha, sorriu, e foi. Seja o que Deus quiser.

Para surpresa de Micaela , ele a levou a um dos quartos de hospedes. Ela não havia
levado nada, logo, não tinha nada. Foi chamado por um mensageiro, algo sobre o
casamento. Micaela escapou na hora. Correu até o jardim, se lançando no canteiro
de flores, e colheu uma porção enorme com todo o cuidado, guardando-as em um
envelope grande. Quando voltou pro quarto, ele ainda não estava lá. Ela estava
tremula. Como iria sair dali? Largou o envelope em cima de uma cômoda, e
apanhou a adaga de prata que roubara, com as iniciais AH entalhadas no punho.
Olhou pela janela. A noite era cruel lá fora.

Hades: Me demorei? – Perguntou, irônico. Micaela escondeu a adaga debaixo do


vestido, no espartilho. Ela nem o olhou. Estremeceu quando o corpo dele se juntou ao
dela.

Micaela : Reconsiderou em sua resposta? – Perguntou, os olhos fixados na janela. Hades


farejou o pescoço dela, aspirando seu perfume, e ela sentiu a primeira ânsia vindo.
Joshua, eu amo você...

Hades: Por suposto que não. – Ela sentiu os cordões do vestido serem desamarrados, seu
corpo se balançando com as puxadas, e franziu o cenho.

Micaela : Tire as mãos de mim, Hades. – Alertou. Ele riu, e a virou de frente pra si. Não
conseguira se desfazer totalmente dos cordões; o vestido de Joshua a protegeu.

Hades: Senão o que? – Perguntou, debochado.

Micaela : Veja. – As mãos dela subiram pelo peito dele. Seu estomago se rebelava
completamente contra isso – Você vai morrer. Aceitando minha proposta vive, e ainda
me leva como bônus.

Hades: E, eu aceitando, o que você pretende fazer com as flores que acabou de roubar
do meu jardim? – Perguntou, debochado. A mascara de Micaela quase caiu.

Micaela : Aquilo é para o caso de você não aceitar. – Disse, sorrindo. Cada pedaço do
corpo dela emanava sedução, mesmo ela estando a ponto de vomitar.
Hades carregou Micaela . Uma ânsia forte veio até ela, mas ela se conteve,
mantendo o olhar dele. Os dois desmontaram na cama, e ele já atacava o corpo
dela, a boca maculando as marcas deixadas por Joshua. A mão dele puxou o decote
do vestido, na intenção de rasgá-lo, e Micaela permitiu. Queria ele distraído.
Hades mordeu o decote do espartilho dela, apanhando uma porção de seu seio na
boca, como se provasse. Meu Deus, por favor, que eu não vomite. Não agora.
Micaela se moveu cuidadosamente. A adaga estava em sua mão. Ela ergueu o
braço, como se fosse abraçá-lo, tomou o impulso para cravar a adaga e... Do nada a
mão dele estava segurando seu punho. Ele ria. A mão dele apertou o punho dela até
que ela não agüentou a dor e soltou a adaga, que ele apanhou e jogou longe, caindo
no chão do quarto.

Hades: Tão fácil assim, minha pombinha? – Perguntou, debochado. Agora Micaela
estava com medo. Muito medo. – Vamos ver até onde vai sua ousadia, uma vez
desarmada.

E ele partiu pra cima dela outra vez. Agora ela estava perdida.

Micaela : Não! – Grunhiu, empurrando-o – Saia de cima de mim! SOCORRO! – Gritou,


em pânico. Ele era consideravelmente mais forte. Hades riu da tentativa dela.

E pra desespero de Micaela ele tentou beijá-la. Ela trancou os lábios com toda a
força que tinha, forçando os dentes uns contra os outros, mas isso não parava os
lábios dele, que estavam sobre os seus. Micaela tinha nojo. Ela se lembrou do
toque de Joshua e se resetou ainda mais, estapeando-o, arranhando-o. Ele baixou a
boca pro pescoço dela, deixando beijos pegados por onde passava. Uma ânsia de
vomito veio a garganta de Micaela , mas ela a deteve. Continuou resistindo. Não
permitiria, nem que morresse no intento. Seu desespero piorou quando sentiu suas
pernas descobertas (ele puxara o vestido para cima), e as mãos dele apanhando as
pernas dela. Ela trancou as pernas, empurrando-o, se debatendo, mas Hades
parecia estar se divertindo. Então, do nada, se lembrou da voz de Nicholas,
distante, dizendo que um golpe em um certo local machucava miseravelmente um
homem, quase imobilizando-o...

Hades: Puta! – Exclamou, momentaneamente paralisado, após receber uma joelhada


entre as pernas com toda a força que podia reunir. Ele se encolheu, cego pela dor, e ela
escorregou, ofegante. Mas ao se levantar ele a puxou de volta – Você não vai embora,
sua vadia. – Rosnou, puxando-a.

Mas Micaela estava de pé, e ele, caído, ainda retardado pela dor. Ela tentou se
soltar e ele puxou o vestido dela, rasgando-o, deixando o espartilho dela exposto.
Micaela o empurrou, desesperada, e não sabia como, mas conseguiu pegar o
atiçador da lareira do quarto. Queria tanto estar com a adaga agora! Ela tentou
golpeá-lo com o atiçador, mas não era afiado o suficiente e ele estava se
recuperando.
Micaela então bateu nele com o pedaço de ferro, na cabeça, com toda a força que
tinha. Ela perdeu a conta de quantas vezes, até que ele caiu. Desesperada, e ainda
ofegante, com a roupa rasgada, Micaela apanhou o envelope e disparou correndo
porta a fora com toda a velocidade que conseguia atingir. Tropeçou nos degraus da
escadaria, nos últimos, caindo na grama, mas se levantou imediatamente. Por sorte
ainda não haviam retirado seu cavalo dali. Ela montou e saiu, ofegando, parecendo
um borrão. As pessoas paravam para olhar ela passando. Era como uma alarme.
Problema foi quando chegou a fronteira. Hades havia dado ordens para que ela
não passasse.

Micaela : Por favor. – Implorou, quase as lagrimas – Pelo amor de Deus, me deixem ir.
– Nenhum dos guardas se moveu.

Uma multidão se formou ali, e Micaela presa contra a fronteira. As pessoas a


olhavam, especulando. Lá estava ela, os cabelos alvoroçados, a roupa rasgada,
soando, ofegando. Era uma proscrita. Micaela não soube porque, mas se sentiu na
obrigação de fazer o que fez.

Micaela : ESCUTEM TODOS! – As pessoas olharam para ela, os murmúrios parando –


A filha do rei Joshua sobreviveu. Tem 6 anos recém completados, e é uma crNicholasça
absolutamente saudável. – Disse, olhando de rosto em rosto – Hades mentiu. Mentiu o
tempo inteiro. Mentiu para todos vocês, levando seus maridos e filhos para morrer em
seu nome no campo de batalha apenas porque perdeu a mulher que queria para um
homem melhor que ele! – O cavalo oscilava no lugar – Joshua tem o apoio do rei Zack,
do rei Robert, e do rei Nicholas. Nossa potencia de ataque é a maior possível. Quando
ocorrer, quem se opor morrerá.

As pessoas cochichavam entre si, assustadas, sem saber se acreditavam ou não.


Algumas assustadas, outras receosas. Como assim a filha de Joshua sobrevivera?
Hades mentira?

Micaela : No reino de Joshua há paz, mesmo em guerra. Não há fome, não há dor, há
respeito e compreensão. – Continuou – Fugi daqui para escapar de Hades, e ele me
acolheu. Soube da minha verdade, e ainda assim não me matou. – Os cochichos
aumentaram – Aqui está a prova. – Ela puxou o vestido – Hades tornou a me atacar
hoje, mas antes dele me rasgar as vestes esse vestido era lindo, e foi Joshua quem me
presenteou com ele. Ele escuta as pessoas antes de matá-la, e nunca mata ninguém por
capricho. – Ela respirou fundo, se segurando no cavalo – Sim, senhores. Eu sou a
amásia dele, como correm os boatos. Tenho orgulho disso.

O alvoroço foi total. Micaela estava causando um motim mesmo sem saber.

Micaela : Joshua não pretende matar NINGUÉM por ser daqui. Pelo contrário, ele vai
abrigá-los, assim que esta maldita guerra acabar. As famílias poderão se unir
novamente, essa fronteira já não vai existir. – Ela respirou fundo. Uma voz veio dentre a
multidão, questionando-a do porque voltara – Voltei porque precisava disso. – Ela
estendeu a mão, mostrando o envelope – São oleandros. A filha de Joshua, a princesa
Suri, precisa disso para voltar a andar. – Respondeu, então se virou para os guardas
novamente – Então por favor. Por. Favor. Me deixem ir antes que Hades me alcance
novamente.
Porém os guardas foram impassíveis. Tinham ordens, e as cumpririam. Duas
lagrimas caíram pelo rosto de Micaela . Tudo isso e morreria na maldita fronteira.
Até que houve um alvoroço entre a multidão.

XXXX: Deixe que ela passe! – Exclamou uma voz de homem. Micaela não reconhecia.

Aos poucos o caos reinou. A multidão se lançou contra os guardas, causando um


alvoroço. Micaela se viu obrigada a recuar. Esperara tudo, menos aquilo. Apenas
alguns homens brigavam, os outros ainda observavam, com as mulheres e
crNicholasças.

Micaela : A PRINCESA VIVE! – Incentivou – CHEGA DE MENTIRAS, JÁ BASTA! A


OFENSIVA ESTÁ POR VIR, ESSE INFERNO VAI ACABAR! – De repente todos
gritavam em aprovação. Micaela sorriu e atiçou seu cavalo, passando pela multidão em
luta, passado a fronteira e sumindo dentre as arvores.

Joshua estava, resumidamente, indócil. Ficara na fronteira por horas, esperando,


olhando... Então voltou para o castelo. Se trancou em seu quarto. Tremia. Cada
minuto pareciam 10 anos. Ele estava furioso. Se ela sobrevivesse, ele a mataria só
por ter ousado fazer. Não, não a mataria. A cobriria de beijos, e a abraçaria, não
soltando-a nunca mais.

Joshua: É tudo culpa sua. – Rosnou, apanhando o retrato de Dulce da armação. O rasgou
furiosamente, jogando-o na lareira em seguida. Joshua abriu uma gaveta de uma
cômoda, apanhando uma caixa de madeira grande, abrindo-a. Haviam dezenas de jóias
ali dentro. As jóias de Dulce, todas elas. Dezenas de colares, brincos, pulseiras...
Diamantes, rubis, prata, ouro, e Joshua apanhou tudo com raiva, atirando ao fogo –
Tudo sua culpa, Dulce María, MALDITA SEJA! – Rugiu, lançando a própria caixa com
todo o resto no fogo.

A noite passou de modo tortuoso. As chamas derreteram todas as jóias, a foto, o


porta retrato, tudo, e ele ainda estava lá. Cada minuto, e ela estava nas mãos de
Hades. Ele se sentou na cama, se amparando nos joelhos. Mal conseguia respirar.
Até que duas mãos suaves tocaram seus ombros.

Micaela : Eu só pedi uma noite. – Sussurrou, e ele se virou em um rompante. Ela estava
lá, toda rasgada, com alguns cortes pelos braços, mas inteira.

Joshua: Ah, meu Deus. Obrigado. – Disse, arfando, e a puxou pro seu colo, abraçandoa
com toda a força. Ela caiu no choro. Uma vez em segurança, todo o pânico de tudo o
que ela passara caiu sobre seus ombros. Mas ela estava nos braços dele agora. Ele
percebeu os soluços do choro dela, e aquiesceu – Nunca mais, Micaela . Nunca mais. –
Disse, a voz cortada, embaçada. – Está tudo bem. Já passou.

Micaela ainda chorou por minutos. Estava apavorada. Mas estar nos braços dele a
confortava, e aos poucos ela se acalmou.

Micaela : Meu Deus, eu amo você. – Murmurou, se apegando no ombro dele.


Joshua: Me deixe ver você. – Ele a colocou de pé em sua frente, e pegou os braços dela,
um de cada vez, observando os cortes. Mas eram apenas talhos, provavelmente de
galhos de arvores. Então algo passou na cabeça dele. O estomago dele se revirou, vendo
a roupa dela rasgada – Você... Ele te... Ele obrigou você a... Vocês... – Ele não conseguia
terminar. Ela tapou a boca dele com um dedo.

Micaela : Você é e sempre vai ser o único homem a tocar em mim. – Joshua sorriu,
respirando fundo – É o único em minha alma, Joshua. – Disse, beijando a testa dele. Ele
a abraçou pela cintura, amparando a cabeça em sua barriga - Bom, no meu corpo
também. – Sussurrou, brincando, e ele riu de leve.

Joshua: Mas sua roupa... – Disse, vendo o estado do vestido dela. O espartilho quase
todo estava exposto.

Micaela : Ele tentou. – Admitiu, e Joshua fechou a cara – Mas eu fugi. – Disse, sorrindo.
– Me sinto suja pelo toque dele. – Admitiu, e Joshua a apanhou pelas coxas, trazendo-a
sentada pro seu colo. Ele puxou o vestido, terminando de rasgá-lo, deixando-a só de
roupa debaixo. Micaela o beijou sedentamente, apanhando seu rosto entre as mãos, e
ele a aceitou, puxando-a pela cintura. O beijo durou minutos, mas ela o freou – Não. –
Murmurou, e ele a encarou.

Joshua: O que há? – Perguntou, confuso.

Micaela : Preciso usar isso antes que seque. – Disse, apanhando o envelope na cama,
atrás dele. O rosto de Joshua empedrou.

Joshua: Você conseguiu. – Disse, mortificado.

Micaela : Passou da hora de alguém aqui começar a andar. – Sussurrou, antes de morder
o ouvido dele, e se levantou. Mas ele não teve resposta para aquilo. Finalmente.

Joshua observou atentamente cada passo de Micaela . Ela apanhou o primeiro


vestido que encontrara e jogou por cima, prendendo os cabelos de qualquer jeito.
Ela foi até a escrivaninha dele, apanhando um canivete, e abriu o envelope,
despejando as flores brancas na mesa lustrada. Eram de uma beleza sedutora.
Micaela cortou as pétalas imediatamente, e se virou para ele.

Micaela : Toque fogo nisso. Em todas elas, e em cada uma. – Pediu, e ele assentiu,
pegando o bolo grande de pétalas brancas amassadas nas mãos, caminhando até a
lareira. Atiçou o fogo, e jogou as pétalas lá. O perfume que veio foi forte. Ele voltou até
Micaela , vendo que ela observava o caule da planta.

Micaela apanhou um vidrinho vazio, de vidro, em uma gaveta qualquer, e colocou


o caule da flor na borda da mesa. Com o canivete ela pressionou o caule. Um sumo
branco opaco saiu dali, em uma quantidade quase assustadora para uma flor tão
pequena, e ela o recolheu até que o frasquinho estivesse cheio. Fez isso com todos
os caules, no final 12 frascos estavam cheios.
Joshua: Acha que precisará dos 12? – Perguntou, e podia se ouvir a hesitação dele sobre
aquilo, enquanto andava com ela no corredor.
Micaela : Não sei ao certo a quantidade. Vou dar aos poucos, até que ela recupere os
movimentos totalmente, então eu paro. Não é uma ciência exata. – Disse, e ele parou na
porta do quarto de Suri, respirando fundo – Confie em mim.

Joshua: Eu estou confNicholasdo. – Disse mas ainda parecia nervoso – Estou lhe
confNicholasdo o que tenho de mais precioso. – Ele respirou fundo novamente.

Micaela : Vai ficar tudo bem. – Garantiu, e selou os lábios com os dele, entrando no
quarto.

Suri despertou satisfeita, por ter o pai e Micaela ali. Sua satisfação foi embora
assim que ela viu o frasquinho. O sumo cheirava a planta, e era branco opaco,
quase cinza.

Suri: Não vou beber isso. – Disse, vendo Micaela apanhando uma colher.

Micaela : Sim, a senhorita vai. – Suri fez bico – Tu serás rainha, seja corajosa. -
Incentivou.

Suri: Eu nem estou doente. Para que é isto? – Joshua permanecia calado, nos pés da
cama.

Micaela : Quando for o momento, tu saberás. – Micaela não queria criar falsas
expectativas, caso não desse certo.

Suri: Papai. – Apelou, desgostosa, vendo Micaela depositando o “xarope” na colher.

Joshua: Ouça ela, meu anjo. – Pediu, em voz baixa. Joshua estava branco feito cal.

Micaela : No três. – Disse, e Suri olhou o remédio com uma careta – Um, dois, três!

Joshua abaixou os olhos ao ver Suri abrir a boca e engolir o remédio. Micaela
ainda lhe deu mais duas colheres , três no total.

Suri: Minha boca está ardendo! – Exclamou, com uma careta. Joshua olhou para
Micaela , preocupado.

Micaela : Está tudo bem, já acabou. – Ela tampou o frasco, deixando-o na cabeceira de
Suri. Ela apanhou um copo de água da cabeceira e deu a menina, que bebeu.

Suri: Annie, minha garganta está queimando. – Se queixou, atordoada. Sentia os lábios
ardendo, dormente, assim como toda a boca e a garganta. Ela tomou mais da água, mas
não ajudava.
Micaela : É pro seu bem, acredite. Se deite mais um pouco, logo tudo vai passar. –
Prometeu, ajeitando a menina na cama. Suri tinha uma caretinha desgostosa no rosto –
Vai passar. – Sussurrou, beijando a testa dela em seguida, e a menina sorriu de canto,
fechando os olhos.

Joshua: E agora? – Perguntou, angustiado, em um sussurro.

Micaela : Agora nós esperamos. – Respondeu, e ele suspirou. Ela o abraçou e ele a
apertou forte contra o peito, aspirando seu perfume, enquanto observava a filha.

Só restava esperar.

Joshua: Ela está dormindo há tempo demais. – Disse, angustiado.

Era noite. Suri adormecera pela manhã, logo após tomar o remédio, e não
acordara. Estava pálida, quieta, mal parecia respirar.

Micaela : Tenha calma. – Pediu, observando a menina.

Joshua: Ela tem a aparência de Dulce María. – Ele estava entrando em pânico. – Eu vou
chamar um médico. – Disse, se levantando em um rompante.

Micaela : Ei. – Ela o segurou pelo colete. Joshua a olhou, atordoado – O medico
resolveu da ultima vez? – Joshua não respondeu – Confie em mim.

Nicholas: Com licença. – Disse, batendo na porta. Micaela e Joshua olharam. – Joshua,
o jantar foi servido. Tu vens?

Joshua: Não. – Respondeu, de imediato.

Micaela : Vai. – Rebateu, ao mesmo tempo. Nicholas ergueu a sobrancelha, esperando.


Joshua a olhou, indignado – Sim, tu vais. Tua preocupação a deixará ainda mais tensa,
vá e só volte quando eu chamar. – Disse, empurrando-o.

Joshua: Não vou sair daqui, você enlouqueceu? – Perguntou, exasperado.

Nicholas: Precisa de ajuda? – Perguntou, sorrindo, debochado.

Micaela : Por favor. – Pediu, cansada.

Houve uma luta corporal rápida dentro do quarto. Nicholas era rápido, mas
Joshua se esquivava. Até que Micaela se lançou, abraçando Joshua com força, o
que deu tempo de Nicholas agarrá-lo pelo fundo da camisa.

Joshua: Micaela . – Contestou.

Micaela : Confie em mim. – Disse, acaricNicholasdo o rosto dele – Vá.


E Nicholas rebocou Joshua. Micaela olhou Suri, após fechar a porta. A menina
estava quase cinza. Apenas horas depois, já noite aberta, que houve resposta. Suri
gemeu, franzindo o cenho, e Micaela se adNicholastou.

Micaela : Shhh. Shhh. – Disse, apanhando o rosto da menina – Eu estou aqui.

Suri: Meu corpo está doendo. – Gemeu, rouca.


Micaela : Calma. – Acalientou.

Suri: Ai. – Choramingou, se encolhendo. Só que dessa vez ela se encolheu totalmente,
junto com as pernas – Você viu o que eu fiz? – Perguntou, chocada.

Micaela : É claro que eu vi. – Disse, dando-lhe um beijinho.

Suri: Está doendo! – Exclamou, exasperada. Estava quase as lagrimas.

Micaela : Calma. Respire. – Suri soluçou, segurando as pernas. Era como se estivessem
lhe enfNicholasdo agulhas, dezenas delas.

Suri: Faça isso parar. – Pediu, angustiada.

Micaela se levantou, indo até os pés da cama. Apanhou um dos pés da menina com
cuidado, tentou dobrar-lhe a perna, mas ela gritou. Micaela respirou fundo. Ela se
pôs a massagear os pés da menina, que apenas choramingou, angustiada. Joshua
estava atrás da porta, vendo tudo, observando tudo. Levou horas para Suri parar
de chorar. Mais horas para se acalmar. Já amanhecia quando, exausta, adormeceu.
Ele entrou no quarto e Micaela ergueu o rosto, assentindo. Ambos estavam
exaustos. Joshua foi até ela, a apanhando no colo e beijando seu ombro de leve.

Joshua: Acabou? – Perguntou, em tom baixo.

Micaela : Não posso ter certeza, mas acho que ela ainda sentirá dor quando acordar. –
Ambos suspiraram – Sinto falta da tua cama agora. – Micaela estava realmente
cansada. Desde a fuga ela não dormia.

Joshua: Durma um pouco. Estas quase desmontando. – Disse, tirando o cabelo do rosto
dela.

Micaela : Dormirei quando tu fores. Estou bem. – Disse, se aconchegando no peito dele,
suspirando.

Joshua: Não gosto de vê-la sofrer assim. Minha função sempre foi impedir que toda e
qualquer dor alcançasse Suri. – Disse, vendo a filha dormir, o rostinho ainda molhado
das lagrimas.

Micaela : Não poderá fazê-lo para sempre. – Disse, aspirando o perfume dele – E pense
que logo ela estará correndo, para cima e para baixo. – Joshua sorriu.
Joshua: Teremos que trancar a porta do quarto. – Disse, divertido. Micaela o beliscou, o
que o fez rir.

Micaela : Hum... – Ela suspirou novamente, cansada - Seria abuso meu pedir que me
beijasse? – Perguntou, encolhida no peito dele, que sorriu, tocando-lhe a maçã do rosto.

Joshua: Eu estava prestes a pedir. – Confessou, o que a fez sorrir. Joshua abaixou o
rosto, tomando os lábios dela de modo delicado, doce.

O sentimento que havia entre os dois parecia se fortalecer mais a cada minuto.
Micaela se perguntava se aquele frenesi nunca passaria. Só de sentir os braços
dele, ou até mesmo seu perfume, ela se sentia segura, em paz, feliz. Ela o abraçou
pelo pescoço, tendo cuidado para não machucá-lo com o gesso, entregando-se de
boa vontade. Joshua suspirou com a receptividade dela, satisfeito. Essa sim o
queria, o amava. Podia ver em seus olhos, em sua voz, no modo como ela se
estreitava no abraço dele, como se não quisesse mais vê-lo partir. Só que...

Suri: Nem no meu leito de morte vocês dois param com isso? – Perguntou, observando.
Micaela e Joshua se separaram, sobressaltados, e ela sorriu.

Joshua: Ela começou. – Acusou, brincando, e Micaela ergueu as sobrancelhas,


ultrajada. Suri riu.

Micaela : Sente alguma coisa, bebê? – Perguntou, descendo do colo de Joshua.

Suri: Meu pé está formigando, só, eu acho. – Disse, respirando fundo, então se tocou.
Seu pé jamais formigara – Ei, olhe isso! – Disse, novamente chocada.

Joshua: Fique calma. – Pediu, cauteloso.

Suri: Mas está formigando! – Repetiu, como se Joshua não tivesse captado a mensagem
direito.

Micaela : Tente mover. Sem expectativas, só por tentar. – Suri assentiu, e haviam três
pares de olhos nos pés dela: Um azul, um verde e um castanho esverdeado.

Suri franziu o cenho delicado, olhando os pés. Aos poucos o pé direito foi se
movendo, como de ela desse impulso tentando levantar a perna.

Joshua: Devagar. – Orientou, mas Suri ignorou.

A menina conseguiu dobrar a perna quase até a metade então ofegou, cansada.
Micaela levou as mãos a perna dela, apanhando-a.

Micaela : Dói? – Perguntou, flexionando o joelho da menina, dobrando a perna e


desdobrando.

Suri: Formiga. Meio que arde. – Disse, parecendo sonolenta.


Joshua: Será que foi pouco? – Perguntou, em um sussurro.

Micaela : Creio que com mais tempo... – Respondeu, no mesmo tom, equilibrando a
perna da menina com o gesso da mão – Suri, você... – Ela parou. A pequena caíra no
sono outra vez. – Deixe que durma. Vai ficar bem. – Joshua assentiu, preocupado.
Micaela apanhou duas das varias almofadas da cama de Suri, e se levantou do colo dele
– Venha aqui.
Ela o puxou pro chão. Joshua achou graça; Ela sempre o surpreendia. Se ajoelhou,
desabotoando o colete e os pulsos da camisa dele, e lhe tirou os sapatos. Ele
observou ela desamarrar seu cinto, divertido.

Joshua: Posso tirar sua roupa também? – Propôs, e Micaela revirou os olhos.

Micaela : Não seja tolo. – Ela o empurrou, fazendo-o cair deitado, com a cabeça no
travesseiro. Ele riu. Ela empurrou as sapatilhas de qualquer jeito, e ia deitar, mas ele a
deteve – O que?

Joshua: As costelas. – Lembrou, severo. Micaela revirou os olhos – Você não está em
condição de reclamar. Ainda estou pensando se devo enforcar você por ter fugido ou
não. – Disse, severo, e se sentou. Ela deu as costas, deixando ele afrouxar os cordões do
vestido e do espartilho, se era o que queria – Micaela ...

Micaela : Hum? – Respondeu, cansada.

Joshua: Uma de minhas adagas sumiu. – Disse, e ela franziu o cenho. Isso era encrenca
– Quer explicar?

Micaela : Queria que eu fosse desarmada? – Perguntou, o corpo oscilando pelas puxadas
dele.

Joshua: Não queria que você fosse. – Corrigiu. Houve um instante de silencio – Onde
está? – Micaela não respondeu. Estava perdida em algum lugar naquele quarto
medonho. Joshua interpretou o silencio dela de modo errado – Micaela , você o atacou!
– Disse, exasperado.

Micaela : Ele me atacou. – Corrigiu – Tentou me violentar. – Isso desarmou Joshua, o


deu nojo – Eu tentei me defender, mas escapuliu da minha mão. A perdi. Terminei
usando uma espátula da lareira pra me defender, afinal. – Disse, se virando para olhá-lo.
Joshua parecia meio verde. Só a possibilidade de Hades ter posto a mão nela, os lábios
forçando sua pele...

Joshua: Maldito seja. – Rosnou, enraivecido.

Micaela : Dei na cabeça dele até que desmaiasse. Ele precisava aprender que o único
que pode me tocar és tu. – Disse, beijando-lhe sutilmente.Ele sorriu de canto com
carinho dela.
Joshua: Venha. – Ele se deitou, puxando-a para o seu peito. Ele observou o modo como
ela se agarrou a ele, se acomodando. Gostava disso.

Os dois adormeceram dentro em breve. Perderam a noção do tempo perante o


cansaço, até que...

Suri: Ei. – Disse, cutucando o pai – Vocês dois. Pelo amor de Deus, acordem. – Disse,
impaciente.

Joshua: Está sentindo al... – Os olhos sonolentos se abriram em placas – Micaela . –


Chamou, cutucando a outra. Micaela suspirou, abrindo os olhos novamente, depois
arregalando-os.

Micaela : Ah, meu Deus. – Exclamou, quase engolindo a voz.

A menina estava de pé do lado da cama, dNicholaste deles, olhando-os com um


sorriso radNicholaste no rosto.

Joshua: Você está vendo isso também? – Perguntou, olhando a filha, mas agarrado no
braço de Micaela .

Micaela : Deu certo. – Murmurou, maravilhada. – Joshua, você vai quebrar meu gesso.
– Avisou, olhando a menina, mas se referindo ao braço que ele segurava. Ele a soltou.

Suri: Porque vocês estão sem roupa no meu quarto? – Perguntou, erguendo a
sobrancelha.

Micaela : Não é do que quero falar agora. – Disse, se sentando. O vestido frouxo não
aderiu ao seu corpo, quase levando-a de volta ao chão. Joshua a amparou, por reflexo,
ainda olhando a filha. Estava branco. – Sente algo?

Suri: Na verdade, não. – Disse, o rosto ansioso, quase saltitando. – Eu acordei e vocês
estavam dormindo. Eu levantei, depois me lembrei que não podia levantar, ia gritar, mas
desisti. – Contou – Olhe isso! – Ela caminhou em direção a eles perfeitamente,
orgulhosa. Joshua agarrou Micaela novamente. – Eu posso andar!

Houve um momento de silencio entre os três, até que Micaela (se libertando do
apertão que tomava), se levantou, abraçando a menina, que riu gostosamente,
comemorando. Joshua continuou estático. Nem acreditava que aquele pesadelo
finalmente havia acabado. Suri o olhou, como se esperasse aprovação, mas ele não
conseguiu falar. Estendeu a mão para ela, que caminhou até ele, pegando-a, e a
abraçou forte. Micaela sorriu vendo a expressão dele sob o ombro da menina.

Joshua: Meu bebê. – Murmurou, rouco. Suri se agarrara ao ombro do pai, quietinha –
Estou tão orgulhoso de você. – Completou, dando um beijinho no cabelo dela.

Joshua olhou Micaela , que observava quieta, e disse um “Obrigado.”, sem som.
Ela apenas sorriu. Foi um longo, longo, dia. Suri descera para o almoço, se
comportando como uma perfeita dama, e conversou com as rainhas presentes
educadamente. Primeiro houve um momento de surpresa, admiração, depois a
comemoração, os parabéns, um champanhe foi aberto. Micaela ficou a beira,
primeiramente, atenta a Suri, mas Joshua a surpreendeu, chamando-a. Depois do
almoço, Suri ficou irredutível. Queria andar o mundo em uma tarde, e foram
precisos Micaela e Joshua para contê-la. A noite foi pior ainda. A menina não
queria dormir, por nada.

Micaela : ACABOU! – Disse, exasperada. Joshua e Suri olharam. Micaela tentava por
Suri na cama há quase duas horas, mas Joshua brincando com a menina não ajudava –
Já chega. Saia daqui. – Ordenou, apanhando-o pelo braço. Suri gargalhou gostosamente.
– Fora. – Ela o empurrou até a porta do quarto. Ele soltou um beijinho para a filha, que
retribuiu, e ela o empurrou porta a fora – Suma daqui. – E ia fechar a porta, mas ele
segurou seu braço.

Joshua: Estarei lhe esperando.- Disse, em tom baixo, os olhos encarando os dela. Ele
sorria.

Micaela : Grande novidade. – Disse, revirando os olhos, e ele riu. Ela o empurrou e
fechou a porta. – Agora você, mocinha. – Disse, se virando. Suri pulou pra fora da
cama, rindo, e correu pro banheiro. Micaela suspirou.

Levou mais meia hora até ela conseguir pôr Suri para dormir. Por fim ela cobriu a
menina, sorrindo, apagou as velas e saiu. O cansaço a apanhou logo na porta. A
escadaria da torre parecia interminável, e ela considerou dormir ali. Por fim abriu
a porta da torre, vendo Joshua sentado na cama, sem camisa, os cabelos curtos
molhados, banho recém tomado.

Joshua: Você está despencando. – Lamentou, vendo as olheiras dela. Ele tentou contar o
tempo desde que Micaela havia dormido... Mas a lembrança dele se perdia no momento
em que ele voltou a torre, após ter encontrado os restos do diário de Dulce María, e a
encontrou lá. Ele quase a violentara, logo depois ela fugiu, passara Deus sabe lá o que
com Hades, voltara fugida, então perdera outra noite cuidando de Suri... Ele suspirou.

Micaela : Nada que um pouco de sono não resolva. – Disse, se aproximando, e ele a
puxou pro seu colo. – Você viu o sorriso dela? – Perguntou, cansada, mas sorrindo.
Sentiu as mãos dele começarem a puxar os cordões do vestido.

Joshua: Esperei por esse momento minha vida inteira. – Disse, puxando o vestido solto
pelos ombros dela, deixando-a de espartilho. Logo estava puxando os cordões do
espartilho, removendo-o – Obrigado. – Disse, dando um beijinho no ombro dela ao
terminar. Ela sentiu o espartilho frouxo e se recostou nele, de olhos fechados,
fungandolhe o pescoço. Joshua deu um beijinho na maxilar dela.

Micaela : Você cheira a sabonete. – Comentou, fungando dele novamente, que riu.
Joshua: Vou te dar um banho. – Ofereceu, se levantando, e levando-a junto. Ele
empurrou o vestido dela de qualquer jeito, deixando-o no chão. Micaela estava quase
dormindo em pé. Tropeçou alguns passos e ele a pegou no colo.

Micaela : Você acabou de sair do banho. – Observou, meio aérea.

Joshua: Shh. – Ela assentiu, se acomodando no peito dele. Ficou lá, quieta, até que ele a
colocou de pé. Ela nem sentiu ele tirando o resto de sua roupa, então a água quente a
acolheu. Ela suspirou, se prendendo a realidade.
Micaela : Esse momento tinha que ser romântico. – Observou, sentindo as mãos dele
subindo por seu pescoço, massageando. Ele estava sentando na borda da banheira, de
bermuda.

Joshua: Está sendo. – Disse, e ela deixou a cabeça cair quando ele apertou seus ombros.
As mãos dele eram fortes, e seus ombros estavam tensos, doloridos.

Micaela : Mentiroso. – Disse, soprando a espuma, e ele riu – Porque não entra na água
comigo?

Joshua: Porque... – Os dedos dele traçaram o ombro dela, apertando a pele cansada, e
ela suspirou – Eu não tenho tanto controle assim. Porque se eu entrar na água vou
terminar fazendo o que não devo. Porque se eu fizer amor com você, você vai entrar em
coma. – Disse, beijando a testa dela, que riu. – Só quero que você descanse.

Micaela : Amanhã... – Começou.

Joshua: Não vai precisar nem me lembrar, eu prometo. – Ela riu do tom dele.

Joshua a massageou até que ela desfaleceu, caindo no sono. Ele a ensaboou, a
banhou, e se desafiou a não acordá-la. A carregou com cuidado, secando-a
sutilmente, e a vestiu. A pegou no colo, levando-a para cama, e a deitou. Soltou o
cabelo dela, ajeitando o travesseiro, e a cobriu. Se secou, apagou as velas e se
deitou ao lado dela. Sorriu no escuro, porque assim que se deitou ela, adormecida,
o abraçou, deitando a cabeça no peito dele, se estreitando, abraçando-o. Ele amava
cada um desses atos. A abraçou, trazendo-a para si, e ela suspirou em seu sono.

Joshua: Durma bem, meu amor. – Murmurou, beijando-lhe o cabelo em seguida.

E ela dormiu. O sono era profundo, merecido, cansado, o sono dos justos. Dormiu
a noite inteira. Ela não sabia, mas o dia seguinte seria longo.

---*

O dia estava frio. Todo o reino estava reunido em frente ao castelo. Um palco fora
montado em frente as escadarias. Haviam 8 tronos ali. Os primeiros a chegar
foram Robert e Kristen, seguidos por Nicholas e Maggy, logo por Joshua, por
ultimo Zack e Vanessa. Apenas um trono ficou vazio. A cada vez que alguém
chegava, todos se curvavam. Joshua, sentado no trono do centro, tinha um sorriso
de canto no rosto. Todos aguardavam, sem fazer idéia do porque haviam sido
convocados ali. Até a guerra havia parado para esse anuncio; Apenas
permaneceram guardas nas fronteiras . Joshua quis o máximo de pessoas possíveis.

Suri: Estou nervosa. – Disse, passando a mão no vestido. Seu vestido era rosa, delicado,
e as luvas eram de renda branca. Ela estava pálida.

Micaela : Não vejo porque. Está linda. É a princesa. – Disse, dando de ombros. Suri
sorriu. Micaela usava seu vestido de criada, cinza e branco, e tinha os cabelos presos no
tradicional rabo de cavalo baixo. Ela puxou a aba do vestido de Suri, olhando as
sapatilhas brancas, delicadas – O sapato está machucando? – Perguntou, e Suri negou –
Sente algo?

Suri: Fora a vontade de sair correndo? – Perguntou, apertando as mãos, e Micaela


sorriu, beijando-lhe a testa.

Micaela : Vai ficar tudo bem. – Prometeu – Eu vou lá fora espiar pra você, certo? – Suri
assentiu, ansiosa.

Micaela sorriu, caminhando até a plataforma, pela lateral, espNicholasdo


escondida pela sombra do trono de Kristen. Ela arregalou os olhos. Havia gente até
o horizonte, de todos os lados, pessoas paradas, olhando. Ela tentou contar, mas
não havia como. Até a linha do horizonte, e além, haviam pessoas. Ela respirou
fundo, procurando se acalmar. O reino todo estava ali, era gente demais, não cabia
no alcance dos olhos. Ela olhou para Joshua, mas ele olhava para frente. Micaela
observou. Era a primeira vez que via Joshua usando a coroa. Ela sabia que, se
estivessem a sós, ela riria dele. A coroa dele era de prata, com algumas pedras que
ela não podia distinguir pela distancia, envolvendo a cabeça a partir da testa. Ela
olhou em volta. Todos os reis usavam coroas. Diferentes, é claro, mas todos
usavam. As rainhas também. As delas eram mais delicadas, cada uma a seu
formato. A de Vanessa tinha diamantes cravados, Micaela reconhecia pela cor e
pelo brilho. Se prendia na raiz dos cabelos negros, e era grande, bonita. Prendia a
visão. Todos estavam muito bem vestidos. Vanessa de preto, como sempre. Maggy
de vermelho e Kristen de azul turquesa. Os reis usavam ternos longos, negros, tudo
muito luxuoso. Até que Joshua se levantou. Havia uma pequena caixa preta no
trono vazio ao lado dele. Micaela tropeçou de volta, correndo pra Suri.

Suri: E então? – Perguntou, ansiosa.

Micaela : Er... Vai ficar tudo bem. – Disse, tentando conter o rosto.

Suri: Venha comigo. – Pediu, agarrando a mão dela. Micaela arregalou os olhos.

Micaela : Não posso, está louca? – Perguntou, exasperada. Mas a voz de Joshua soou.
Silencio total se fez.

Micaela olhou em direção ao “palco”. Joshua estava de pé, bem na frente, com as
mãos as costas, e todos observavam atentamente.
Joshua: Creio que todos nós conheçamos as bases da guerra em que vivemos. –
Começou, sério. – Há seis anos minha... – A boca dele amargou – Minha esposa, Dulce
María, foi assassinada. Minha filha sobreviveu, porém jamais pôde andar. – Todos
esperavam. Todos conheciam aquela história, onde ele queria chegar? – Eu tentei de
tudo, desesperadamente, e me vi como um pai frustrado. Não consegui ajudá-la. – O
silencio reinou – Quando eu achei que tudo estava perdido, entretanto, um raio de luz
nos alcançou. – Ele sorriu consigo mesmo – Houveram controvérsias, problemas,
desentendimentos, mas não se pode tapar o sol com a mão. A luz chegou até mim, até
minha vida, até meu castelo... Até minha filha. – Ele sorriu novamente, e respirou fundo
– Então hoje eu os chamei aqui pois tenho considerações e apresentações a fazer.

Suri se agarrou ao braço bom de Micaela , que nem sabia o que fazer. Era demais
pedir a uma crNicholasça para encarar aquilo.

Joshua: Em primeiro lugar, lamentavelmente com seis anos de atraso, eu quero lhes
apresentar vossa princesa. – Ele se virou e franziu o cenho vendo Suri agarrada em
Micaela . Micaela o explicou com um olhar e ele entendeu. Caminhou até a escadaria e
estendeu a mão pra Suri, que não conseguiu se mover. Micaela apanhou a mão dela,
levando-a até o pai. Suri pegou a mão de Joshua, e respirou fundo, sorrindo. Um
murmúrio começava a nascer entre o povo. Joshua caminhou com Suri até a beira do
palco, e um silencio violento se abateu – Esta é minha filha, Suri Marie Herrera, a
princesa herdeira de meu trono. – Encerrou, e sorriu para filha.

Todos olhavam a menina de pé. Era um milagre. Então um rugido nasceu e a


multidão estava gritando, batendo palmas, comemorando. Suri se assustou, mas
ele a acalentou, e ela sorriu, se inclinando brevemente para agradecer os aplausos.
Joshua se afastou por um instante, apanhando a caixa negra e abrindo-a. Havia
uma coroa ali. Pequena, delicada, mas ainda assim uma coroa. Micaela observava
tudo. Quando Joshua se voltou para Suri, levando a coroa, todos os reis e rainhas,
ainda batendo palmas, se levantaram em reverencia. Suri sentiu a coroa delicada
tocando-lhe os cabelos, e sorriu para o pai. Os aplausos aumentaram. Micaela
batia palmas, sorrindo. Até que Joshua pediu um pouco de silencio, e os aplausos
cederam.

Joshua: Por ultimo, mas não menos importante, eu quero lhes apresentar a luz. – Disse,
sorrindo. Ele se virou e viu Micaela com os olhos arregalados, já com um passo atrás
pra correr. Ele ergueu a sobrancelha pra ela – Minha noiva, futura esposa, e vossa futura
rainha: Micaela Giovanna. – Ele estendeu a mão para ela. Micaela estava branca –
Micaela , por favor. – Chamou. Micaela nem sentia as pernas, pra começar. Como
aquilo havia ocorrido?
Micaela apanhou a mão dele, e se viu ser levada até a frente do palco. Estava
gelada. Ele apanhou um anel delicado na caixa onde estivera a coroa. Havia um
diamante cravado nele. Ele apanhou a mão direita dela, sorrindo de canto.

Joshua: Você me prometeu uma vez que quando a guerra acabasse, se eu te repetisse
esse pedido, você me diria sim. – Disse, e ela o encarou – Bom, nossa guerra acabou. –
Disse, dando ênfase ao “nossa” – Case-se comigo, Micaela . – Pediu.

Ela o encarou por um instante, tendo mil coisas pra falar e não dizendo nada.
Então apenas sorriu. Ele entendeu e a alNicholasça fria deslizou pelo dedo dela.
Joshua beijou a mão dela, em seguida se afastando, segurando-a na palma da mão.

Joshua: Vossa futura rainha. – Repetiu, mostrando a alNicholasça recém colocada.

Houve um instante de murmúrio, então aos poucos todos se curvaram. Não


perante a presença opressora de Vanessa e Zack, nem a de Joshua; Se curvaram
perante Micaela . Ela nem acreditava em tudo aquilo, mas o encarou e ele sorria.
Suri, radNicholaste, apanhou a outra mão dela, sorrindo. Parecia impossível, mas
acontecera.

Naquele dia, mais tarde...

Todos haviam comemorado o dia inteiro, com direito a muito vinho e champanhe.
Suri adormecera há uma hora, cansada. Uma criada a levou para cama.

Micaela : Podemos subir? – Perguntou, aninhada no abraço de Joshua. Ele a olhou,


acaricNicholasdo-lhe o cabelo, e assentiu.

Joshua: Bom, com a licença de vocês. – Começou – Eu vou me retirar. Foi um longo
dia.

Nicholas: É claro. – Disse, vendo Micaela se levantar com Joshua. Parecia achar graça
em algo.

Robert: Boa noite. – Disse, e uma mão fria apanhou Micaela pelo braço, afastando-a de
Joshua. Não se soube qual foi o olhar mais indignado: O dele ou o dela.

Joshua: O que está fazendo? – Perguntou, erguendo a sobrancelha.

Robert: Você disse que ia dormir. – Lembrou. Zack riu gostosamente, pondo a mão na
barriga.

Micaela : Eu... – Ela hesitou. Falar diretamente com um rei era uma completa novidade.
– Eu vou com ele.

Joshua: Pois é, ela vem comigo. – Disse, debochado.


Nicholas: Não, eu acho que não. – Disse, prendendo o riso.

Vanessa: Vamos, não torne isso tão obsceno. – Disse, enquanto Zack brincava com sua
mão.

Joshua: Eu não estou entendendo a piada. – Disse, se irritando. Tentou apanhar


Micaela , mas Robert a tirou do alcance rapidamente.

Kristen: Ela é sua noiva agora, não sua esposa. – Lembrou.

Joshua: E...?

Maggy: E... Que sendo sua noiva ela não pode estar em seus aposentos com você. –
Disse, como o marido, prendendo o riso – Não até ser sua esposa.

Joshua: Isso é brincadeira, não é? – Perguntou, lentamente.

Vanessa: Como eu disse, não torne isso tão obsceno. – Disse, sorrindo.

Zack: Vá dormir, Joshua. – Aconselhou, tranqüilo.

Joshua encarou Micaela , exasperado, mas ela piscou pra ele, muito timidamente.
Ele se despediu de todos e saiu. Uma hora depois Micaela estava em seu quarto,
não o de empregada, o outro, em seu banho. Ainda sentia o perfume dele, o calor
de sua pele... E ela se aprontou, pondo a camisola e um hobbie. Apagou as velas, e
saiu descalça, na ponta dos pés e rapidamente. Mas na curva do corredor...

Nicholas: Cuidado com a pressa. – Disse, parado, encostado na parede. Estava


encostado preguiçosamente na parede – Pode cair em um corredor escuro. – Ele riu
levemente – Evite acidentes, vá para o seu quarto, Micaela .

Micaela : Nicholas... – Apelou.

Nicholas: Nanana. Não no meu posto, nem no meu plantão. – Micaela suspirou – Farei
um favor, mandarei avisar a ele que você não vai. Viu? Eu sou um anjo.

Micaela : ARGH! – Disse, e Nicholas gargalhou. Ela correu. Colocou tanta força que
suas pernas doeram... Mas ele então, do nada, ele estava parado a sua frente, trancando
o corredor. Ela ofegou pela breve corrida, derrotada – Estou indo, estou indo. – Disse,
voltando pro quarto.

Ele não poderia ficar lá a noite toda; era um rei. Micaela esperou até a
madrugada. Nicholas foi embora... Mas deixou um guarda. Não tinha jeito de sair.
Ela olhou pela janela, mas era alto demais para pular. Joshua quase matou a
criada que foi lhe mandar o recado de Nicholas. Desceu para ir buscá-la, chegou a
dispensar o guarda, mas Robert apareceu, e o levou. Por fim os dois dormiram,
sozinhos e separados. Era o inferno.
Dias se passaram, e Micaela não conseguiu fugir. Joshua estava, resumidamente,
espumando. Ficou se sabendo do casamento de Belinda e Hades. Apenas se soube
que se casaram; o silencio sob esse fato parecia meio agourento.

Micaela : Mas porque eu não posso?! – Perguntou, indignada.

Kristen: Porque você será rainha. – Explicou, paciente.

Micaela : E ele será meu marido. – Rebateu.

Vanessa: Será, do verbo não é ainda. E solte esse cabelo, isso é coisa de empregados. –
Ela puxou a fitinha do cabelo dela, soltando-o. Os cachos caíram soltos sobre os ombros
.
Maggy: Esses uniformes também... Em nome de Cristo, não trouxeram roupas ainda?

Micaela : Trouxeram. – Disse, lembrando-se das malas e malas com vestidos e todos os
tipos de roupa que chegaram para ela.

Kristen: E você não os usa por...

Micaela : Porque eu não sou rainha. – Disse, debochada – Usarei quando for, no verbo
não sou ainda. – Vanessa riu gostosamente.

Vanessa: Gosto da sua atitude. – Disse, se sentando. Então uma criada bateu na porta,
dizendo que “ela” havia chegado. Maggy mandou entrar.

Micaela : Ela quem?

Vanessa: A não ser que tu queiras virar rainha vestida em trapos, precisaremos de um
vestido de noiva. – Disse, divertida. A costureira entrou.

Aquilo distraiu Micaela por instantes. A costureira tinha modelos dos mais
perfeitos vestidos que ela já havia visto, e além. Micaela queria o vestido perfeito
para quando fosse se tornar mulher de Joshua. Depois do que Dulce fizera, ele
merecia o melhor. Dias depois...

Joshua: Soube que tu estas trabalhando em um vestido. – Comentou. Os dois


caminhavam no jardim dos fundos. Ele a observava, como quisesse memorizar cada
pedaço.

Micaela : E eu, que tu estas trabalhando em uma coroa. – Rebateu, o que o fez sorrir.
Iam perguntar quem os delatara... Mas a mini delatora passou correndo em frente aos
dois, rindo.

Joshua: Como está indo?


Micaela : Você não pode saber. – Rebateu, imediatamente. Joshua franziu o cenho,
confuso – O noivo não pode saber do vestido antes do casamento. Dá azar.

Joshua: Oh. – Disse, entendendo.

Micaela : E tu? – Perguntou, divertida.

Joshua: Estou indo maravilhosamente bem, já que perguntas. Quero uma coroa perfeita,
para a rainha perfeita. – Disse, parando de andar e tomando o rosto dela entre as mãos.
Ela sorriu.

Micaela : Soube que tua audiência foi marcada para antes do casamento. – Disse,
preocupada.

Joshua: Não se moleste com isso. Eu darei um jeito. – Disse, tocando o nariz dela.
Micaela fez um bico insatisfeito. Ele lhe deu um selinho – Não sabe como sinto tua
falta. – Disse, olhando os lábios dela.

Micaela : Me prendem. – Se queixou, insatisfeita, tocando o queixo dele.

Joshua: Eu sei. No fundo, estão certos. Haveriam boatos, seria o inferno. – Ele selou os
lábios com os dela novamente, como se testasse o gosto – Mas está sendo impossível. –
Murmurou.

Micaela olhou por cima do ombro dele, procurando Suri, mas a menina havia
sumido. Ele sorriu vendo a expressão dela, que o beijou em seguida. Ele suspirou,
satisfeito pela iniciativa, tomando espaço entre os lábios dela e devorando-lhe a
boca. Ela arfou, languida, e ele a abraçou forte pelas costas, oprimindo o corpo
contra o dela, os lábios quase se machucando de saudade... Então um barulho os
interrompeu. Era... Algo estava cacarejando. Os dois abriram os olhos, ainda com
os lábios unidos, ambos confusos. Olharam pro lado a tempo de ver Suri passar
desembalada, correndo atrás de uma galinha. A galinha tinha uma vantagem
obvia, mas a menina tentava, perdendo tempo toda vez que se lançava para
agarrar o animal. Micaela riu alto.

Joshua: Mas... Porque ela está fazendo isso? – Perguntou, aturdido. A galinha passou
quicando em frente a eles, e Suri atrás. Micaela ainda ria. – SURI! – A menina não deu
bola.

Micaela : Deixe ela. – Disse, abraçando-o.

Joshua: E se ela cair? – Perguntou, exasperado.

Micaela : Se levantará. – Ela beijou o queixo dele. – Soube que está reformando a torre.
– Disse, chamando a atenção dele antes que ele cortasse a alegria de Suri.
Joshua: É necessário. Quando me mudei para lá estava aturdido demais para pensar em
algo, e então terminou uma torre... Masculina. – Explicou – Mas agora tenho uma
rainha. – Ela sorriu com a suposição.

Micaela : Não precisa mudar nada, se não quiser. Gosto dela do jeito que é. – Disse,
fungando do perfume dele.

Joshua: Por enquanto só estou amplNicholasdo os armários. Não sou bom com
arquitetura. –
Disse, franzindo o cenho – Tu estas livre para mudar qualquer coisa, é só dar a ordem. –
Disse, baixando o rosto para olhá-la – E se preferir outra torre, há uma suficientemente
grande na ala norte que nós podemos tentar adap... – Ela tocou os lábios dele com o
dedo, calando-o.

Micaela : Só faça o necessário. Quero ela do jeito que é. – Joshua sorriu. Odiaria ter que
ter o trabalho de ir para a outra torre, embora jamais fosse admitir. Estava acostumado
com as coisas do jeito que estavam... O que o fez lembrar do pandemônio que foi sua
vida quando casou com Dulce; ela fez questão de mudar TUDO de lugar (Na antiga
torre, a qual ele deixou após sua morte) – Deixe as camisas sob a cadeira, a porta do
banheiro sempre encostada e a toalha molhada em cima da cama. – Ele riu de leve,
apaixonado. Ela sempre o repreendia por isso. – Não quero que você mude em nenhum
único aspecto. – Encerrou.

Joshua: Amo você. – Disse, encantado, acaricNicholasdo-lhe os cabelos... – SURI! –


Exclamou, soltando Micaela quando a filha passou a sua frente novamente, seguindo a
galinha branca, atordoada.

Micaela riu vendo Joshua correr atrás de Suri. Ele alcançou a menina em poucas
passadas, carregando-a. A galinha se safou, sumindo de vista. Ele jogou Suri, que
ria gostosamente no ombro e foi na direção de Micaela , que correu, mas logo foi
alcançada. A apanhou pela cintura, erguendo-a do chão e mordendo-lhe o ombro, o
que a fez gritar. A felicidade parecia estar ali, no alcance das mãos.

Quase um mês depois...

Uma mudança clara se via em Micaela . Após Maggy ter sumido misteriosamente
com seus vestidos simples (Embora ela negasse participação) e Kristen ter dado
fim em todo o resto (Com um sorriso de anjo no rosto), ela se via vestida com
vestidos mais caros, mais bonitos, os cabelos se viam mais sedosos, as expressões
mais delicadas. Após algum tempo, a convivência com as outras rainhas se tornou
mais natural. Ela não se sentia mais uma criada entre a realeza; ela era a noiva do
rei.
Micaela : Suri dormiu? – Perguntou, e a criada assentiu. Micaela sorriu. Suri sempre
dormia depois do almoço, principalmente agora que passava a manhã inteira
aprontando. Micaela olhou a criada retirando a mesa, e a sala vazia. Era uma
oportunidade – E Joshua? – Perguntou, mas...

Kristen: É por isso que eu disse. Se resultar pesado demais ela ficará corcunda com o
passar das horas. – Comentou, a voz vindo do corredor. Micaela suspirou, derrotada, e
se recostou na cadeira.

Vanessa: Você tem noção de quanto meu vestido pesava? – Perguntou, e se ouviu o riso
de Kristen – Se passaram quase 20 horas até que eu pudesse parar e descansar. – As
duas entraram na sala – Ai está você.

Micaela : Quanto seu vestido pesava? – Perguntou, franzindo o cenho. Dessa vez foi
Vanessa a rir.

Vanessa: Não queira saber. – Ela se sentou ao lado de Micaela – A saia do vestido tinha
25 camadas de tecido. – Micaela arregalou os olhos – Juro por Deus! Isso fora o
corpete, as luvas, o colar e por fim a coroa. Depois da primeira cerimônia eu estava com
tudo isso e ainda era manhã. – Ela suspirou – Quando por fim terminei, e tirei o vestido,
foi como se eu tivesse ganhado asas.

Kristen: 25 camadas. – Repetiu, olhando pra frente.

Vanessa: Cada passo que eu dava era um exercício para as pernas. Mas podem olhar as
fotos, foi o vestido mais lindo em que eu já coloquei os olhos. Fiz questão. – Ela sorriu.
– Aliás, foi o casamento perfeito. Me lembro de cada detalhe: A igreja, as flores, o
sorriso de Zack... Mas enfim. – Ela ergueu o rosto – Aqui estamos.

Kristen: Pelo menos suas botas foram de couro. Soube da história de uma que se casou
com sapatilhas de mármore. – Entregou. Micaela até saiu de seus devaneios. Ela e
Vanessa viraram o rosto ao mesmo tempo, lentamente. Foi cômico. Dois pares de olhos,
um negro e um azul, completamente exasperados. Kristen se sentou – Estou dizendo.

Micaela : Mármore? – Repetiu, escandalizada. Vanessa olhou os próprios pés, ocultos


sobre as botas pretas, então caiu no riso.

Kristen: Mármore branco. – Confirmou. Vanessa ainda ria. – Qual a graça?

Vanessa: Estou me imaginando com meu vestido e sapatos de mármore. Está doendo só
de imaginar. – Disse, e Micaela riu.

Micaela : Ela não caiu? O sapato não quebrou? – Kristen negou - Como pode, gente?!

Essa conversa se prolongou por horas. Saíram das sapatilhas para o vestido de
Micaela , e os preparativos da festa... Assuntos de rotina. Até que resolveram ir
buscar Maggy, que dormia. Queriam a opinião dela.
Micaela : Você ainda é viva? – Perguntou, parando. Nina limpava um corredor.

Vanessa: Não por minha vontade. – Respondeu, parando atrás de Micaela – Vamos, não
dê atenção a isso. – Ela apanhou a mão de Kristen e passou, sumindo pelo corredor.
Micaela quase tinha esquecido de Nina; sua vida tinha mudado tanto... Entretanto isso
não mudava nada.

Micaela : Eu avisei que você estaria aqui para ver o final. – Disse, os olhos azuis quase
congelados na outra. Nina largou a esponja no chão e suspirou.

Nina: Nunca vai me deixar em paz? – Perguntou, exasperada.

Micaela : Não. – Disse, erguendo as sobrancelhas – Você matou meu filho. – Lembrou.

Nina: Joshua matou teu filho. – Rebateu, ao mesmo tempo.

Micaela : Cuidado com as palavras! – Ela não gostava de ouvir o nome de Joshua na
voz de Nina – E se dirija a ele com a reverencia que ele merece, ele não é teu amigo ou
algo o tipo. – Rosnou. Cada segundo que passava a irritava mais – O sangue está em
suas mãos.

Nina: Ele deu a ordem. – Lembrou. Micaela ficou calada por um instante, os olhos
fuzilando a outra, até que em um movimento rápido chutou o balde com a água suja,
que virou, jogando água por todo corredor, sujando tudo. Nina apenas olhou o trabalho
todo acabado.

Micaela : Eu não me importo. – Disse, com um sorriso debochado. Então houveram


risos vindo do corredor – Acredite, só vai piorar. – Os risos se tornaram mais altos, até
que a voz de Maggy soou.

Maggy: Micaela ? – Chamou, a voz se aproximando. O riso de Kristen acompanhava –


Annie, onde está?

Micaela : Estou indo. – Disse, olhando Nina. Ela apanhou as abas do vestido, erguendo-
as para passar pela água – Limpe isso. – E deu as costas, sumindo.

Mas após aquilo, a irritação não passou. Ela não conseguia se manter focada na
conversa, estava irritadiça.

Kristen: Micaela ? – Chamou, vendo a outra aérea.

Micaela : Desculpem. – Disse, erguendo o rosto – Eu estou meio... Desculpem, eu


preciso mesmo ver Joshua. – Só ele a faria se acalmar – Com licença.

Maggy: Micaela , espere. – Disse, e a outra se virou – Bom, ele saiu. – Micaela achou
algo de errado no rosto de Maggy.
Micaela : Onde ele foi? – Perguntou, desconfiada. Joshua não saia sem falar com ela.
Quando o viu, no café da manhã, ele não disse nada. O silencio reinou – Onde ele está?

Vanessa: A audiência dele é hoje, Micaela . A esta hora já está acontecendo. Ele não quis
dizer para não preocupá-la, perdoe. – Disse, quieta. Os olhos de Micaela se arregalaram
em placa. Como ela não percebera? Fora Joshua, Zack sumira, juntamente com
Nicholas e Robert, e ela não se tocou! – Escute, não fique nervosa.

Agora era tarde.

Joshua chegou horas depois. Estava exausto. Passara o dia com pessoas a sua volta
que dariam uma mão para tomar-lhe a coroa. Colocaram todos os fatos da guerra
em mesa, falaram sobre Dulce María, expuseram Suri... Questionaram
cansativamente o casamento de Joshua com uma mulher que não tinha sangue
azul, e principalmente era naturalizada do reino cujo qual ele atacava. Só teve fim
quando Zack pediu a palavra, expondo sua opinião, declarando seu apoio na
guerra e acrescentando meia dúzia de ameaças, que foram ironicamente apoiadas
por Nicholas e sutilmente confirmadas por Robert. No final não deu em nada.

Vanessa: Até que enfim. – Disse, se levantando e indo em direção ao marido quando ele
entrou na sala. Ela o abraçou, e ele beijou sua testa. – Senti sua falta. – Murmurou e
Zack sorriu, selando-lhe os lábios.

Joshua percorreu a sala com os olhos, procurando Micaela . Mas cada mulher da
sala foi até seu respectivo marido, e Micaela não estava ali.

Kristen: Digamos que você criou um problema. – Disse, vendo o olhar dele.

Maggy: Um problema enorme. – Acrescentou. Joshua suspirou.

Joshua: Ela sabe. – Disse, passando a mão no rosto.

Vanessa: Deu por sua falta, queria sair a sua procura. – Ele assentiu – Eu avisei que isso
não iria dar certo.

Joshua: Com licença. – Disse, dando as costas.

Nicholas: Não se exceda. – Lembrou, divertido, e Maggy riu.

Quando Joshua entrou no quarto, Micaela estava deitada. O tecido do vestido


estava ao longo da cama, e ela tinha os olhos fechados. Ele sorriu ao ver a
expressão no rosto dela. Era daquela paz que ele precisava agora. Porém quando
ele se aproximou...

Micaela : Eu realmente quero matar você agora. – Disse, ainda de olhos fechados. Ele
não conseguiu não sorrir.
Joshua: Em vez disso me dê um abraço. Eu senti sua falta. – Disse, acaricNicholasdo o
rosto dela. Ela abriu os olhos e viu a expressão dele.

Micaela : O que fizeram com você? – Perguntou, se sentando. Ela acariciou o cabelo
dele, vendo o cansaço em seus olhos.

Joshua: Nada. Só estou cansado. – Ela o trouxe para perto, abraçando-o forte. Joshua
deixou a cabeça repousar no ombro dela, aspirando seu perfume.

Micaela : E então? O que aconteceu lá? – Perguntou, meio que ninando-o.

Joshua: O que eu disse que aconteceria. Nada. – Ele se abraçou a ela, quase esmagando-
a. Micaela empurrou o terno dele, feliz por se ver livre do gesso, e o trouxe para si. Ele
terminou deitado em cima dela. Empurrou os sapatos de qualquer jeito, sentindo o peso
do mundo nas costas.

Dentro de pouco Joshua estava dormindo. Micaela ninou o sono dele todo o
tempo. Meia hora depois Nicholas e Robert apareceram para buscá-lo, mas ela
intercedeu.

Micaela : Por favor. Ele só está dormindo. – Os olhos de Nicholas observaram a cena,
avalNicholasdo – Só dessa vez. – Robert assentiu e apanhou Nicholas, que riu, saindo
dali. Micaela beijou a testa de Joshua, que continuou dormindo. Nada mais foi dito ali.

Joshua acordou no cair da noite. Avisou que não desceria para o jantar, e ela
entendeu. Chovia furiosamente lá fora. Após se aprontar para dormir, Micaela
ficou perto da janela, olhando a chuva cair. Quase não se via nada lá fora, o cheiro
era gostoso e o barulho era reconfortante. Ela caminhou até a porta, abrindo-a de
leve... Não havia ninguém lá fora. O que não mudava o fato de que Nicholas
adorava aparecer do nada, no escuro. Ela fechou a porta e, descalça, saiu na ponta
dos pés. Na curva do corredor não havia ninguém... E ela desatou a correr. Correu
como se estivesse salvando a vida, desembalada pelos corredores desertos, os pés
mal tocando o chão frio. Joshua estava em seu quarto. Tinha tomado banho, se
preparava para dormir... Novamente. Ele abriu uma gaveta, e procurando uma
pasta terminou derrubando-a.

Joshua: Que maravilha. – Murmurou consigo mesmo, se abaixando. Estava catando os


papéis quando a porta se abriu com um baque, se fechando em seguida. Ele virou o
rosto pra se debater com a imagem dela parada, encostada na porta, ofegando. Estava de
camisola, os cabelos soltos, descalça.

Micaela : Consegui. – Murmurou pra si mesma, passando a mão para trancar a porta.
Ela se virou, dando de costas na porta, e viu o olhar confuso dele.

Joshua: O que houve? – Perguntou, alerta.


Micaela : Eu fugi. – Disse, satisfeita, com um sorriso enorme aparecendo no rosto.
Joshua teve que rir.

Joshua: Fugiu? – Repetiu, se levantando.

Micaela : Fugi. Correndo. – Ela tirou o cabelo do rosto, e ele riu mais gostosamente
ainda – Eu tenho graça? – Perguntou, erguendo a sobrancelha.

Joshua: Em certa parte. – Admitiu, coçando a sobrancelha. A expressão do rosto dela fez
ele rir mais ainda. Ela observou por um instante, então ele viu ela abrindo a porta
novamente.

Micaela : Eu não mereço. – Disse pra si, abrindo a porta. Quando tomou impulso para
sair, entretanto, a mão dele a puxou de volta, fechando a porta. Ela sorriu ao sentir a
boca dele em seu ombro, os beijos quase fazendo a pele arder. Ele trancou a porta e
tirou a chave da maçaneta, largando-a no chão.

Joshua: Não conhecia esse teu lado caprichoso. – Murmurou, virando-a pra si, e viu o
sorriso travesso no rosto dela.

Micaela : É novo. – Provocou e ele sorriu, tomando a boca dela em seguida.

Uma coisa era certa: Ela não voltaria pro quarto aquela noite.

Ele se afastou com ela da porta, abraçando-a forte, a boca devorando a dela. A
resposta estava ali, era dela que precisava para esquecer aquele dia horroroso.
Micaela arfou, satisfeita, e ele sorriu, mordendo os lábios dela. Apenas quando ela
tombou sentada nos pés da cama dele, que se tocou de algo. Ele não entendeu
porque ela o afastou.

Joshua: O que há? – Perguntou, confuso. Estava começando a ficar bom e ela o
afastava?

Micaela : Vão vir me buscar. – Disse, frustrada – Assim que derem minha falta. –
Joshua olhou para a porta. A tranca não impediria Nicholas de armar um pandemônio,
aos risos ainda.

Joshua: Temos que sair daqui. – Constatou.

Micaela : Pra onde? – Perguntou, e ele se afastou um pouco dela, tentando manter o
foco. Demorou. – Pare de me tratar como se eu fosse outra pessoa. – Ralhou.

Joshua: Como é? – Perguntou, achando graça do biquinho dela.


Micaela : Pare de pensar em mim como uma rainha. Com alguém da realeza. – Insistiu.

Joshua: Mas você é alguém da realeza. – Brincou, apanhando o queixo dela com a mão
e selando-lhe os lábios.

Micaela : Eu sou sua mulher. – Corrigiu, e ele sorriu – Não me trate cheio de não-
metoques, eu não vou aceitar. – Joshua riu. Ela se jogou de costas na cama, tapando o
rosto com os braços – Ótimo. – Ela abriu os braços, deixando-os cair de lado. –
Continue rindo. Não vai demorar nada e Nicholas estará do outro lado da porta. – Mas
Joshua apenas a observava, com um sorriso de canto – O que agora?

Joshua: Tem uma mulher linda se espreitando na minha frente, em minha cama. É
indecente de tão tentador. – Ela sorriu com o elogio, então se sentou, puxando-o para si.

Micaela : Se não sairmos daqui vão me levar embora. – Lembrou. Joshua se focou
novamente por um instante, então se soltou dela, sumindo dentro do closet. – Então? –
Perguntou, olhando na direção da porta.

Joshua: Sei de um lugar. – Disse, a voz abafada dentro do closet – Mas vamos nos
molhar. – Avisou, saindo de lá. Ele já tinha uma capa sobre os ombros, e trazia uma para
ela. Micaela sorriu.

Ele vestiu a capa nela, puxando seu capuz, e em seguida lhe deu a mão, indo pra
porta. Os dois avançaram rapidamente pelo corredor da torre, descendo as escadas
em silencio. Após observarem o corredor principal, saíram em disparada, porém
na direção oposta a saída. Ela não questionou, apenas o seguiu; ele conhecia o
castelo melhor que ela. Vários corredores e escadarias depois os dois deram nos
fundos, no gramado perto da lavanderia. A chuva forte fustigou os dois, que
correram até que ele ouviu o riso dela, que o fez parar, sorrindo.

Joshua: O que há? – Perguntou, a voz um pouco mais alta para ela ouvir. Ele não usava
capuz, os cabelos já estavam molhados, pingando.

Micaela : Parecemos crNicholasças. – Respondeu, se lançando no pescoço dele e o


beijou de modo apaixonado. Ele a ergueu do chão, retribuindo seu beijo, e ela sentiu ele
andando, meio que tropeçando pro lado. O gramado devia estar escorregadio, a terra
fofa. Chovia tanto que quase não se podia ver, mas Micaela viu de relance uma luz
vindo do corredor da área de serviços. Podia ser qualquer criado... Mas podiam ser
Nicholas e Robert. Ela arfou, soltando os lábios dele, que beijou-lhe o queixo, ainda
erguendo-a no ar – Vem alguém. – Murmurou, os olhos azuis focalizando o corredor...
Mas não dava pra ver.

Na falta de opção os dois saíram correndo novamente. Ao chegar a copa das


arvores Micaela ofegava, rindo, e ele apanhou a mão dela novamente,
guNicholasdo-a no escuro. Ali a chuva era abafada pelas arvores, mas ainda estava
muito molhado. Correram até chegar no rio. Foi então que Joshua praguejou.
Micaela : O que foi? – Perguntou, ofegando pela corrida.

Joshua: Havia um... Umas pedras ali. – Ele apontou pra um lugar onde a água cobria. -
Eu não me dei conta que a chuva faria a correnteza subir. – Micaela olhou o lugar onde
ele apontava. A água corria solta – Perdoe.

Micaela : Vamos nadar? – Perguntou, olhando-o. Ele ergueu as sobrancelhas e riu.

Joshua: Nadar? – Confirmou.

Micaela : Há outro modo de atravessar? – Perguntou, e ele riu – Bom, ou nós nadamos,
ou vamos terminar aqui no chão. Eu não passei por tudo isso pra voltar pra casa tão
cedo. – Ele a olhava, meio fascinado.

Joshua: Você realmente quer estar comigo. – Disse, ainda com aquele olhar estranho
sobre ela. Joshua ignorou o fato de Dulce María se encontrar com Hades ali.
Rapidamente veio um flash em sua cabeça, de uma passagem do diário dela,
comentando o quanto era desprezível ter que conviver com ele, quem dirá ter que tê-lo
em sua cama. Mas Micaela sorriu, abraçando-se a ele, selando-lhe os lábios.

Micaela : Se eu não quisesse tanto não estaria nessa chuva. – Disse, passando a mão no
cabelo dele. A chuva açoitava os dois sem piedade. Joshua a olhou por um instante, e ela
queria poder saber o que ele estava pensando.

Joshua: Então nós vamos nadar. – Confirmou, apontando com a cabeça pro rio, e ela
sorriu, travessa.

Micaela se arrependeu da idéia na hora em que a água se fechou sobre sua cabeça.
Estava tão frio que ela mal conseguiu manter o ar dentro dos pulmões. A
correnteza quase a levou, mas a mão dele a agarrou pelo braço, trazendo-a de
volta.

Joshua: Tudo bem? – Perguntou, a voz preocupada. A água batia no colo dela. Pareciam
facas atravessando seu corpo. A respiração dos dois formava pequenas nuvens brancas a
sua frente. Ela assentiu, soltando-se dele e tomando impulso novamente.

Logo os dois estavam nadando. Joshua ficara pra trás propositalmente, para não
perder ela de vista. Os braços de Micaela pareciam se negar a se mover, os
músculos quase empedrados, ma ela nadou com toda a força que conseguiu. A
correnteza forte, tentando desviá-los do caminho, também não ajudou. Passaram-
se minutos a fio. Quando ela achou que não ia mais conseguir, seus braços se
bateram em pedras; Chegara. As mãos de Joshua a apanharam por debaixo dos
braços, tirando-a da água. Ai foi que o barraco desabou: Se dentro da água o frio
era horrível, fora dela era excrucNicholaste. Ela ofegou, se arqueando, e ele a
apanhou no colo, pondo-se a andar, sumindo nas arvores do outro lado. Dentro de
minutos ela pediu para ir pro chão; andar a aqueceria.
Joshua: Não falta muito. – Disse, apanhando a mão dela. Os dois voltaram a andar
rapidamente. As capas pesadas de água não ajudavam.

Micaela : Para onde estamos indo? – Perguntou, os dentes batendo.

Joshua: Há uma cabana de caça aqui perto. – Explicou. Ela assentiu.

Dentro de alguns minutos ela viu: Uma casinha, pequena, aparentemente de um só


cômodo. Ele se aproximou, então rosnou.

Joshua: É claro que você não vai trazer a chave, alteza. – Disse, debochando de si
próprio, e se afastou, dando um pontapé na porta que se abriu.

A cabana era no meio do nada, só haviam arvores em volta, e estava fria, mas pelo
menos completamente seca. Ele a pôs pra dentro e fechou a porta, puxando uma
cadeira e pondo atrás da maçaneta, como tranca.

Joshua: Tem um acendedor em algum lugar aqui. – Disse, tentando se lembrar.

Micaela : Me dê sua capa. – Ela passou a mão nos ombros dele, tirando-lhe a capa
molhada. Só de não estar mais na chuva seus dentes pararam de ranger. Falando em
chuva, o barulho dessa no telhado era alto, quase ensurdecedor.

Joshua conseguiu fogo poucos minutos depois. Achara um frasco com um liquido
de cheiro forte em algum lugar. Após jogá-lo na lenha da lareira, tacou fogo.
Micaela torcia as capas cuidadosamente, para não estragá-las, em um canto
afastado. Após acender a lareira ele apanhou uma das tochas presas na parede,
acendendo-a na lareira e espalhou o fogo pelo resto das tochas. Micaela olhou em
volta. Não havia muito ali: Uma mesa de madeira com 4 cadeiras (uma agora
servia como tranca para a porta), uma cama de casal num canto, um armário com
objetos que Micaela não identificou, e só. Uma cabana de caça, resumidamente.
Ela apanhou duas cadeiras, colocando do lado da lareira e colocou as capas nelas,
deixando-as aquecer. O calor logo aqueceu os dois. Joshua foi até a cama, puxando
um lençol de proteção que haviam posto de cabeceira a cabeceira. Os lençóis eram
brancos, simples, e havia um cobertor grosso dobrado aos pés da cama.
Micaela voltou ao canto molhado e jogou os cabelos pro lado, torcendo-os. Joshua
voltou até o armário, fuçando algo, e apanhou duas toalhas. Entregou uma a ela.

Micaela : Não está empoeirado nem nada. – Disse, olhando em volta, enquanto secava o
pescoço.

Joshua: Tem um criado que vem aqui periodicamente. Troca a lenha, os forros, espanta a
poeira e evita que algo dê mofo, ou cupins. – Ele tirou a camisa molhada, e teve o
impulso de largá-la na cama. Micaela ergueu a sobrancelha e ele riu. Ela foi até ele e
tomou-lhe a camisa, o que o fez rir mais ainda. Ela levou a camisa dele até o „canto da
água‟ e a torceu, colocando-a perto do fogo.
Micaela : Me dê a calça. – Disse, na maior naturalidade. Ele, que a observava de braços
cruzados, ergueu as sobrancelhas, mas não disse nada. Tirou a calça, ficando de cueca, e
deu a ela, que repetiu o procedimento. Os olhos dele se aguçaram quando ela tirou a
camisola, ficando de calcinha, os cabelos molhados caindo até o meio das costas
pálidas, e a torceu, desprezando-a. Ela não viu nada, só quando ele a abraçou pelas
costas.

Joshua: Não tens vergonha de se desnudar na minha frente? – Perguntou, afundando o


rosto no pescoço dela, beijando-a, e afastando-a das cadeiras com as roupas, e ela sorriu,
pondo seus braços em cima dos dele.

Micaela : Eu deveria ter? – Perguntou, deixando que ele se banqueteasse em sua pele.

Joshua: Houve uma época que você corava só por me olhar nos olhos. – Lembrou, e ela
riu. Ele a virou pra si, estreitando os corpos dos dois. Os seios dela se comprimiram
contra o peito dele, e o frio parecia ter sumido.

Micaela : Deus, como eu senti sua falta. – Disse, saudosa, tocando os lábios dele. Joshua
sorriu de canto, observando-a.

Joshua: Não sente mais? – Perguntou, os olhos sondando-a, e ela sorriu, se esticando
para beijá-lo.

Joshua a tomou nos braços, retribuindo seu beijo. Micaela enfrentara a chuva, a
floresta e o rio só para estar nos braços dele, e isso o fascinara. Ele a ergueu do
chão, caminhando até a cama, onde a deitou, atravessada. A cama apesar de
simples era enorme. Ela mal havia deitado e ele já estava por cima dela, ela sorriu,
saudosa, o acolhendo dentre as pernas. Ele apanhou os pulsos dela, prendendo-os
do lado do corpo. Sentira falta do peso dele roubando-lhe o ar. Quando Joshua
deixou os lábios dela, eles tinham a tonalidade vermelho sangue. Os beijos dele
desceram pela frontal do pescoço dela, mordiscando-a, provando-a. Micaela
apenas acariciava perna com a ponta do pé, uma vez que estava presa.

Joshua: Senti falta de cada pedaço. – Murmurou, antes de morder a lateral do seio dela.
Ela gemeu, surpresa, quando ele abocanhou um seio seu, sugando-o na boca, como se
quisesse guardar o gosto. – Principalmente do som dos seus gemidos. – Assinalou, e ela
corou, se arrepNicholasdo. Ele viu e sorriu – Tão minha, Micaela . – Disse, antes de
mergulhar o rosto no colo dela, descendo até os seios como uma crNicholasça faminta.
Micaela arfou, languida, e os beijos dele continuaram. Depois de marcar a pele alva dos
seios inteira ele mordeu a barriga dela, torturando-a em seu umbigo, fazendo-a se
encolher e rir. Logo o corpo dela tinha marca de mordidas por toda a parte.

Mas havia desejo demais acumulado. Minutos depois ele se desfez do que sobrara
de roupa e a possuiu com um movimento brusco. Micaela cravou as unhas na mão
dele que prendia seu pulso, respirando fundo para conseguir aceitar a invasão. Ele
se deteve por um instante, o rosto afundado no pescoço dela, respirando por
arfadas, para desfrutar da sensação do corpo dela acolhendo-o novamente,
aceitando, se adequando. Micaela não teve certeza de como não desmontara
aquela noite. Ele pôs a se mover sobre ela furiosamente, incansavelmente, parecia
que o tempo tinha resultado nisso. Ela mal conseguia respirar. Tinha as unhas tão
cravadas na mão dele que quase o fazia sangrar. Os gemidos dela chegavam ao
ouvido dele como musica, e parecia servir de combustível. Cada vez mais forte,
cada vez mais fundo. Ele parecia ter perdido o controle; apenas sentia.

Micaela : Me solte. – Choramingou, e por um breve instante ele pensou tê-la


machucado. Mas eram apenas seus pulsos, presos do lado do rosto.

Joshua a soltou e ela o abraçou pelas costas, as unhas logo deixando um traço
vermelho por ali e enlaçou as pernas na cintura dele. Ele apanhou os quadris dela
com as mãos, prendendo-a no lugar, e retomou seu ritmo. Micaela gemeu abafado
no ombro dele com isso. Meu Deus! O prazer chegava a se formar dor em alguns
pontos, mas ela não se importava. Ela o queria, cada pedaço, cada aspecto. As
costas dele logo estavam decoradas com marcas de unhas, cada vez mais
vermelhas. Então chegou o ponto em que o prazer se fez insuportável... E Micaela
abafou seu grito final no ombro dele. Após alguns instantes dele se agarrou a ela,
gemendo abafado, e o silencio reinou, só perdendo pro barulho da chuva. Os dois
ficaram quietos até que ela acariciar as costas dele, acarinhando. Ele se acomodou
no colo dela, quieto, até que ela sentiu a pele dele esfriar. Apesar das tochas e da
lareira ainda chovia lá fora.

Micaela : Venha. – Chamou, e ele foi com ela, ambos deitando-se direito na cama,
enquanto ela puxava o cobertor pra cima dos dois. Uma vez aquecidos ele a puxou pra
si, os dois ficando de conchinha.

Joshua: Eu amo você. – Sussurrou, perto do ouvido dela, que sorriu, se aninhando nos
braços dele. Uma resposta não era necessária.

Os dois ficaram quietos por vários minutos; ela acaricNicholasdo os braços dele e
ele beijando-lhe o ombro carinhosamente, até que caíram em um sono tranqüilo.
Pro inferno com o temporal, o rio frio, com Hades ou com a guerra. Nada
importava ali.

Não se sabe ao certo quanto tempo se passou, mas ainda era madrugada, ainda
chovia e as chamas da lareira ainda ardiam a pleno vapor. Micaela e Joshua ainda
estavam juntos... E completamente acordados. Ele estava recostado nos
travesseiros, e ela deitada em cima dele. Era a terceira vez que transavam desde
que chegaram ali. Mas dessa vez havia calma, carinho, sem afobação ou
agressividade. Ainda era ele que a guiava, como sempre, mas os movimentos eram
leves, tranqüilos, os beijos eram doces, lentos. Quando por fim acabou ela
continuou por cima dele, quieta, o cobertor tendo escorregado até as cinturas dos
dois, e ele acariciava as costas dela, após ter afastado o cabelo já seco. Joshua tinha
o corpo gostosamente relaxado, mas seus olhos estavam fixos em algum ponto da
parede.

Joshua: Há algo que eu não lhe contei. – Disse, sem precisar alterar a voz porque sua
boca estava do lado do ouvido dela. Micaela abriu os olhos azuis, o rosto deitado no
peito dele, olhando-o – No dia em que te apanharam no castelo... Que você acordou
caída na floresta da divisa. – Micaela assentiu – Bom... Eu menti sobre aquele dia. –
Micaela franziu o cenho – Quando eu cheguei você realmente já estava caída... – Disse,
lembrando – Mas algo me golpeou e eu cai. Quando despertei você continuava
desmaiada... Mas Hades estava lá. – Completou. Micaela ergueu o rosto,
apoNicholasdo o queixo no peito dele para olhá-lo.

Micaela : Porque escondeu isso? – Perguntou, tocando uma marca de unha mal
posicionada, que ficara na curva da maxilar, provavelmente da segunda transa.

Joshua: Porque eu ainda não estava pronto para falar sobre o que ouvi. Ainda não estou,
mas não quero ter segredos com você. – Ela sorriu de canto e ele lhe beijou o nariz.

Micaela : O que ele te disse? – Joshua hesitou, e ela viu – Se não quiser falar disso eu
vou entender. Não me importa, não é da minha conta. – Então ela franziu o cenho – Mas
se foi algo sobre mim, é mentira. – Alegou, e ele até saiu das lembranças ruins, rindo de
leve.

Joshua: Não, não foi sobre você. – Disse, ainda sorrindo de canto, acaricNicholasdo o
rosto dela – Foi sobre... Foi sobre Dulce María. – Um breve silencio se instalou ali. –
Micaela ... Dulce foi amante de Hades. O tempo todo. Desde antes de nosso casamento
até o momento de sua morte. Ela nunca me amou. – Começou, e ia continuar, explicar
até que ela entendesse, mas...

Micaela : Eu sabia. – Joshua a encarou, erguendo a sobrancelha – Desde que fui buscar
a flor para Suri, desde meu encontro com Hades... Eu o confrontei e ele me contou.

Joshua: Porque você não me disse nada? – Perguntou, encarando-a.

Micaela : Porque nada que vá te machucar, ou te causar dano, é do meu interesse. Se


você não sabia, se aquilo não o havia alcançado, eu não diria. Morreria comigo. –
Joshua a observava – Não valia a pena machucá-lo, não fazia sentido. Eu só quis
protegê-lo.

Joshua: O que ele te disse? – Perguntou, colocando o cabelo dela atrás da orelha.

Micaela : Não me lembro em palavras, foi uma noite horrorosa. – Os olhos dela se
desfocaram do olhar dele enquanto ela tentava lembrar – Ele me disse que a namorava,
porém não pediu sua mão, pois não era de maior. Que então você a tomou em
casamento, mas que ela ainda o amava, e que teve um caso com ele durante... Durante
todo o tempo. Que ele iria fugir com ela, largar o trono, quando ela engravidou. Por o
filho ser seu ela não podia fugir, então eles esperariam o bebê nascer... Mas ela jamais
pôde fugir.
Joshua: O que você disse a ele? – Perguntou, observando-a.

Micaela : Que ela tinha mal gosto. – Respondeu, imediatamente. Disso ela lembrava.
Joshua riu, surpreso.

Joshua: Como? – Perguntou, sorrindo para ela.

Micaela : Que ela tinha mal gosto. E tinha. – Disse, indignada com o riso dele – Ele é
bonito, mas não chega aos teus pés em nada. – Ela lhe deu um selinho.

Joshua: Acha ele bonito? – Perguntou, erguendo a sobrancelha. Micaela arregalou os


olhos.

Um adendo de sua autora: Eu acho Hades Wesley uma TENTAÇÃO. Não é


nenhum Nicholas Somerhalder, mas... Enfim, isso não vem ao caso.

Micaela : Ah, não. Esqueça que eu disse isso. – Joshua ainda a encarava, ultrajado –
Certo, escute. As mulheres tem como mania dividir os homens em categorias: Bonitos,
simpáticos e feios. – Joshua parecia ter levado uma bolacha – Mas isso é pelo físico, e
não é tudo o que importa. Nós não procuramos saber o interior a principio, nós olhamos
um homem e pelo físico determinamos onde ele fica. Desculpe, amor. – Disse, beijando
o queixo dele.

Joshua: Muito bem. Eu vou ignorar essa parte. – Ela riu de leve – Foi só isso que ele lhe
disse? – Ela assentiu – Bom, a mim teve mais uma coisa... Ele me disse onde encontrar
o diário de Dulce María. Em uma pedra, na beira do rio. Eles se encontravam lá, o
diário dela ficou lá. Eu o encontrei no dia em que você fugiu. Estava danificado,
molhado e desgastado, mas eu consegui ver algumas paginas. – Micaela esperou, mas
ele não encontrou palavras.

Micaela : Não precisa me dizer nada disso, você sabe.

Joshua: Mas eu quero dizer. Você é minha mulher, e eu quero que saiba tudo sobre mim.
– Ela sorriu – O diário dela... Bom, Dulce María me odiava. Ela realmente tinha nojo de
mim, sentia raiva o tempo todo por ter que conviver comigo. Dizia que meu toque lhe
causava náuseas, uma vez até ânsias. – Micaela ergueu as sobrancelhas – Ela odiava
tudo, minha voz, meu cheiro, meu toque, meu castelo, meu reino... Tudo que tivesse
relação comigo. Quando engravidou, passou a odiar a crNicholasça também, porque era
um pedaço meu. Praguejava Suri dia após dia, e após algum tempo passou a dizer que a
entregaria a Hades antes de fugir. Que deixaria que matassem, só por ter lhe
“deformado” o corpo.

Micaela : Isso é absurdo. – Disse, chocada. Ela pensou em Suri, agora curada, e nesse
momento dormindo, feliz, em seu quarto, no castelo.

Joshua: Em seu leito de morte ela me implorou que salvasse o bebê. – Lembrou –
Suplicou. Ela não sabia o que tinha tomado, acho que a gravidez a estava matando. Me
implorou varias vezes. – Ele respirou fundo – Eu pensei que fosse por amor! Depois de
sua morte, por dias eu não pude olhar para Suri, eu a repugnava. Mas no final ela só
queria que eu salvasse o bebê para que Hades viesse e a matasse. Creio que ele nunca
tentou porque eu declarei guerra logo após a morte dela. – Encerrou.

Micaela : Incrível... É mais burra do que eu pensava. – Disse, e Joshua ergueu as


sobrancelhas. O modo como Micaela via as coisas era subjetivamente hilário. – Não, é
sério. Perdoe se ainda o ofende, mas ela teve o final que mereceu.

Joshua: Não ofende. – Disse, suspirando – É por isso que as vezes eu me paro e te
pergunto se você realmente quer estar comigo, se eu não a estaria forçando. No inicio
cheguei a pensar que uma mulher não poderia se aproximar de mim por livre vontade, e
que tu só estavas comigo, que só se submetia em minha cama porque eu a obrigava. –
Micaela esperou por um instante.

Micaela : Está me chamando de burra? – Perguntou, erguendo as sobrancelhas, e ele riu


gostosamente.

Joshua: Longe de mim. – Ele beijou o bico que ela fez – Agora você sabe tudo. –
Micaela deitou o rosto no peito dele de novo. Passaram-se alguns instantes até ele falar
novamente – Já pensou que um dia podemos ter bebês?

Micaela : Penso sempre. – Disse, sorrindo – Bebês turrões como tu. – Brincou, e ele a
pegou pela cintura, pondo-a pra baixo, e a encheu de mordidas. Micaela gritou, rindo
em seguida pelas cócegas.

Joshua: Não sou turrão. – Micaela fez um “aham” debochado, que fez ele mordê-la
mais ainda. Ela gritou novamente, se encolhendo debaixo dele – Você acha... Acha que
o que eu fiz antes nos prejudicou? – Perguntou, o rosto sério. Ela sabia do que ele estava
falando. Já pensara nisso.

Micaela : Não. Só não chegou o momento certo ainda. – Joshua ergueu a sobrancelha –
Joshua, eu conheço aquela erva. Ouvi minha mãe comentando sobre ela várias vezes.
Não causa dano. Não chegou o momento ainda – O rosto dele ficou menos tenso – O
que significa que nós temos que continuar tentando. – Sussurrou, atrevida. Ele ergueu as
sobrancelhas, sorrindo, e viu que ela sorria, travessa, mordendo o lábio.

Joshua: Feiticeira. – Acusou, tomando-a no braço e ela riu, mas não durou muito porque
ele a beijou, fazendo-a suspirar, satisfeita. Ela o acolheu dentre as pernas, as mãos
passeando pelas costas (machucadas de unha) dele, enquanto os lábios se consumiam.

E aquilo levaria a noite toda.

Amanheceu. Durante a madrugada, enquanto Micaela dormia Joshua se levantou,


pondo mais 4 pedaços de lenha no fogo que morria. Logo as chamas estavam vivas
novamente. A chuva se acalmou um pouco pela manhã, travando uma batalha com
o vento forte. Dentro da cabana as tochas haviam apagado, restando só a lareira.
Micaela estava deitada no peito de Joshua, de costas pra ele, que a abraçava
firmemente com os dois braços. Os dois olhavam os fogo, quietos, apenas se
sentindo.

Micaela : Nós podemos ficar aqui. – Disse, se aninhando a ele – Para sempre. Ficar
velhinhos juntos. – Disse, manhosa.

Joshua: Nosso “para sempre” aqui não ia durar muito. Iríamos morrer de fome. –
Lembrou, e sorriu com a careta dela – Mas nós vamos ficar velhos juntos. – Prometeu,
beijando a orelha dele.

Micaela : Vão dar por nossa falta logo. – Comentou, franzindo o cenho.

Joshua: Amor, já deram por nossa falta há horas. – Corrigiu e ela riu, se virando pra ele,
ficando deitada de barriga pra cima em seu peito. Ele tirou o cabelo dela do rosto,
acaricNicholasdo-a.

Micaela : Eu amei ter fugido com você. – Ele sorriu.

Joshua: Mesmo com nosso pequeno banho no rio? – Brincou, ela revirou os olhos.

Micaela : Principalmente por nosso banho no rio, é claro. – Ele riu, inclinando o rosto
para beijá-la. Ele a abraçou com força, expulsando o ar que ela tinha nos pulmões, o que
a fez rir dentro do beijo. Ele rolou com ela pela cama, pondo-a pra baixo, e a encheu de
beijos mordidos, fazendo-a gritar pelas cócegas.

Quando eles saíram, por fim, da cabana, já havia amanhecido. A chuva perdera
para o vento, e o tempo estava frio. Os dois caminharam tranquilamente pela
volta. Ao chegar no rio, com sorte, a correnteza havia baixado um pouco,
revelando o caminho de pedras. Eles tiveram que molhar os pés ao passar, mas
nada que incomodasse demais. Ao chegar no castelo...

Joshua: Bom dia. – Disse, entrando na cozinha pela entrada dos funcionários. Tinha a
mão dada com Micaela . A cozinheira e Nina olharam, se curvando em seguida. A
expressão do rosto de Nina ficou, se era possível, ainda mais fechada. Ela observou as
roupas dos dois: Joshua de capa, a camisa e a calça amassados, os cabelos arrepiados, e
Micaela com a capa fechada (para ocultar a camisola), os cachos soltos pelos ombros,
levemente aerados pelo vento. Ambos descalços. – Onde estão os outros?

Cozinheira: Tomando café, senhor. – Respondeu.

Joshua: Ótimo. – Disse, virando o rosto para olhar Micaela , que sorriu – Com licença. –
E saiu com ela.

Eles se despediram com um beijo no corredor do quarto dela, cada um tomando


seu rumo. Micaela , feliz e satisfeita, quase saltitante, entrou no quarto, tirou a
capa e foi direto para o banho. Parou em frente ao espelho após tirar a camisola, se
olhando: Seu corpo estava TODO marcado. Marcas de boca, de mão, de unha, de
tudo. Mas ela sorriu. Tomou um banho quente e demorado na banheira, e seus pés
doeram quando ela saiu; Havia corrido feito uma condenada pela floresta, as
pedras do rio, tudo... Descalça. Os pés tinham roxos e até uns cortes. Ela se
penteou, vestiu outra camisola e se deitou, feliz, em sua cama. Cansada. Exausta.
Morrendo. Mas ainda podia sentir o perfume dele na pele, e só isso lhe bastava.
Joshua por sua vez tomou um banho normal, rápido, sorrindo as vezes ao se
lembrar de passagens da noite anterior. Ao sair do banho constatou que seus pés
também estavam em um estado deplorável, com direito a uma lasca de madeira
presa na pele, que ele retirou. Ele se vestiu, se penteou, e quando se sentou para
resolver como faria para se calçar... Se descobriu exausto. Riu consigo próprio,
passando as mãos nos olhos, e decidiu que poderia se atrasar um pouco pro café. A
pobre Micaela havia dormido apenas uma hora quando seu sono foi interrompido.

Maggy: Qual o problema com seus pés? – Perguntou, parada, aos pés da cama, olhando
os as solas dos pés de Micaela . Micaela gemeu, se encolhendo.

Vanessa: Acorde e brilhe, estrelinha. – Disse, se encostando na cama.

Micaela : Pelo amor de Deus. – Murmurou, cobrindo o rosto com os braços. Pelo menos
os braços não tinham marcas... Só os pulsos.

Kristen: Não seria melhor pedir uma salmoura? – Perguntou, avalNicholasdo.

Micaela : Não é nada, gente. – Disse, suspirando e abrindo os olhos. Kristen e Maggy se
sentaram. Vanessa ficou de pé.

Vanessa: É, não foi nada, ela só fugiu para Deus sabe onde descalça. – Disse, prendendo
o riso.

Micaela : Mad, porque não se senta conosco? – Perguntou, observando. Vanessa


estreitou o olhar e Micaela sorriu, satisfeita.

Vanessa: Estou bem de pé. – Agradeceu. Micaela ergueu a sobrancelha, esperando.


Vanessa respirou fundo e se sentou nos pés da cama... Porém com uma dificuldade
notável. Micaela riu.

Micaela : Fala de mim e é igual. – Acusou, e Vanessa riu também.

Vanessa: Há uma diferença entre nós: EU sou casada. – Disse, fazendo as três rirem.

Micaela : Me deixem dormir. – Disse, derrotada, se afundando nos travesseiros.

Maggy: A costureira está ai. Você esqueceu, mas tem prova do vestido hoje. Mas pelo
visto mandarei dispensarem ela por hoje. – Disse, observando as marcas no pescoço e
colo de Micaela – Nós não queremos um escândalo. – Assinalou, debochada.
Resultou que Micaela não conseguiu voltar a dormir. Se contentou em saber que
dormiria a noite. Porém ela não sabia o que a noite reservava. Estavam todos na
sala de estar, conversando antes do jantar, quando Zack entrou na sala. Estava
mais pálido que o normal.

Zack: Vanessa desapareceu. – Anunciou, em um silvo, alertando a todos os outros na


sala.

---*

Nicholas: Não pode ter sumido do nada para o nada. – Disse, mas já estava na
defensiva. Nada de bom viria do sumiço de Vanessa.

Zack: Ela me pediu licença para voltar ao quarto antes do jantar, para descansar. Ela
sempre faz isso. Eu dei permissão. Ela foi. Há 3 horas. – Ele rosnou – Voltei para
chamá-la e a cama nem sequer fora desfeita. – Zack tinha uma aparência doentia – Eu já
revirei o castelo inteiro. Ela não está.

Joshua: Muito bem. As propriedades são enormes, ela pode estar em qualquer lugar. –
Disse, se levantando. Ele colocou o rosto no corredor, gritando por alguém – Ela deve
estar em algum lugar.

Zack: É bom que esteja. – Rosnou, olhando o chão.

Um homem apareceu na porta e Joshua deu a ordem para que se reunisse o maior
numero de homens possível e dessem uma batida na propriedade atrás de Vanessa.
Foi feito. Micaela pediu licença e foi aos tropeços até o quarto de Suri, mas a
menina se aprontava para jantar. Micaela lhe disse que jantaria no quarto hoje, e
que não era pra sair em hipótese alguma, gritando a plenos pulmões se precisasse
de algo. Quando ela voltou todos já estavam alvoroçados... E o pior, na sala de
armas. Maggy estava com Kristen em um canto, quietas. Joshua e Nicholas
mexiam em algo em um armário, e Robert olhava papeis em cima de uma mesa.
Micaela se aproximou de Joshua e assentiu, garantindo que Suri estava bem. Zack
era o pior: Respirava aos ofegos, andando de um lado pro outro.

Robert: Nós não estamos prontos para uma ofensiva agora. Vamos vencer, mas a que
custo? – Disse, a voz baixa, olhando os papeis.

Zack: Eu simplesmente não me importo. – Disse, debochado.

Micaela : Joshua. – Disse, segurando a mão dele. A gaveta com as adagas dele, de prata
com “AH” cravadas no punho estava aberta. A adaga que ela havia perdido já havia sido
reposta – O que vai fazer? Vai atacar Hades? Hoje? – Perguntou, atordoada. Seu coração
latejava. Joshua assentiu, os olhos focados em algo que ele mexia na gaveta – Mas
Robert disse que não estão prontos. – Disse, atordoada.

Nicholas: Se Vanessa realmente sumiu iremos ainda assim. – Disse, puxando uma
espada de dentro do armário. Não era a dele, mas Micaela tinha a breve impressão de
que ele não deixaria Maggy sem guarda – Somos família agora, Micaela .
Robert: Que nós vamos é um fato, mas temos que ter pelo menos uma rota. Sejam
racionais. – Disse, e todos sabiam que ele tinha razão.

Zack: Eu tenho uma rota. – Disse, virando o rosto. Parecia doentio.


Principalmente por ter uma adaga na mão. Micaela recuou um passo
inconscientemente. – Eu vou sair e vou buscar minha mulher. Vou matar todos e cada
um que se colocar no meu caminho, até encontrá-la. – A desgraça era que ele estava
falando sério.

Nicholas: Gostei disso. – Disse, pensativo – Rápido, pratico, simples de memorizar. –


Disse, debochado.

Joshua: Realmente, adorável. – Joshua não gostava de matar, seja qual fosse a ocasião.
Ele se virou para Micaela , retirando duas adagas do estojo na gaveta. O tom de voz dele
era só para ela – Deixarei você com Suri, e as outras. Fique com isso, esconda como
puder. Haverá guarda, mas se chegar a hora, se defenda. Não há nada bonito em matar
uma pessoa, Micaela , mas faça isso se for preciso. Me prometa. – Disse, olhando-a, e
ela assentiu. Ele entregou as adagas a ela, beijando sua testa em seguida. Então um
soldado entrou.

Soldado: Senhor. – Todos olharam – Terminamos a busca. Sua alteza não está em lugar
algum. – Zack sorriu de canto, assentindo.

Nicholas: Preparem as tropas. Lançaremos uma ofensiva agora. – O soldado arregalou


os olhos mas assentiu, se retirando.

Zack: Se ele tiver tocado nela... Eu vou retalhar o reino dele até que chova sangue. –
Disse, olhando o chão, ainda com aquele sorriso estranho – Se ele tiver tocado nela, essa
guerra acaba hoje. – Encerrou, saindo da sala, provavelmente para se armar.

Todos iam sair (Joshua levando Micaela pelo braço para trancá-la), quando
ouviram um barulho. Um barulho forte, de coisa pesada caindo no chão. Todos se
imobilizaram imediatamente. Nicholas passou o corpo na frente do de Maggy,
protegendo-a. Joshua imitou o gesto. Zack franziu o cenho, voltando pelo corredor.

Robert: Em nome de Deus, ninguém vai ver o que foi? – Perguntou, revirando os olhos.
Zack passou a frente, avançando.

Porém, quando todos pararam na porta da sala de jantar...

Vanessa: Estou perdendo alguma festa? – Perguntou, parecendo divertida, vendo todos
parados, e desamarrando uma capa que tinha nos ombros.

Robert: Graças a Deus. – Murmurou pra si próprio, sumindo no corredor, provavelmente


pra retirar a chamada do exercito.

Zack: Onde você estava? – Perguntou, em um silvo furioso, partindo pra cima dela.
Vanessa arregalou os olhos e recuou. Nicholas passou a frente, junto com Joshua,
contendo Zack.

Nicholas: Calminha, campeão. – Disse, empurrando Zack de volta pro lugar.

Zack: Olhem como está vestida! – Vanessa tinha o cabelo preso em um coque elegante,
e usava um vestido tomara que caia, de veludo preto, fora luvas que iam até depois do
cotovelo. Estava linda, mas para aquela época era quase indecente. Tomaraque-caia era
moderno demais, ainda polemico na época, e os seios fartos dela formavam um decote
chamativo – Vanessa... – Ele respirou fundo – Onde você foi? – Rosnou. Mas...

Micaela : Mãe? – Chamou, vendo o corpo caído nos pés de Vanessa. Era uma mulher,
obviamente, mas estava de costas, deitada no chão.

Joshua: Mãe? – Repetiu, olhando Micaela . Mary havia se sentado quando ele olhou
novamente. Os traços, a semelhança, a cor dos olhos... Era evidente demais. – Mãe. –
Disse, erguendo as sobrancelhas. Então caiu na real – Perdoe-me. – Ele se abaixou,
ajudando a mãe de Micaela a se levantar. Vanessa sorriu, satisfeita.

Zack: Vanessa, o que é isso? – Perguntou, tentando respirar. Nicholas ainda o segurava.
– Porque está vestida desse modo?

Vanessa: Um presente de casamento. – Disse, obvia. Então se virou para olhar Micaela ,
que abraçava a mãe. Micaela a encarou, os olhos mareados, pelo ombro de Mary – Em
nome dos Uckermann. – Disse, assentindo com a cabeça.

Zack: Deus, não permita que eu mate ela. – Pediu, em um sussurro. Nicholas riu
gostosamente – Voltou até lá sozinha?

Vanessa: Querido, não faça perguntas estúpidas. Você conhece a resposta. – Disse,
piscando pra ele.

Zack: Alguém viu você? – Perguntou, respirando fundo novamente.

Vanessa: Ninguém que tenha sobrevivido para contar. – Disse, com um sorriso
encantador.

Zack: Menos mal. – Ele passou a mão no rosto, tentando se acalmar.

Kristen: Como deixaram você passar pelas fronteiras? – Perguntou, franzindo o cenho.

Vanessa: Como se eu tivesse permitido que alguém me visse. – Disse, divertida com a
idéia. Kristen e Maggy riram. Robert voltou, e Kristen a abraçou.

Micaela : Está tudo bem agora, mãe. – A voz de Micaela estava rouca – Veja. – Ela se
separou da mãe, revelando Joshua atrás dela. Joshua teve o breve impulso de correr, mas
o controlou. Estava nervoso e nem sabia porque. – Este é Joshua. Agora meu noivo. –
Disse, sorrindo. Mary olhou Micaela , os olhos azuis observando-a, e logo após
Joshua... Então ela se curvou em reverência.

Joshua: Não, por favor. – Impediu, e ela o olhou – Estou encantado em conhecê-la. –
Disse, apanhando a mão dela e beijando-a. A mãe de Micaela parecia ter perdido a voz.

Vanessa: Adoro finais felizes. – Disse, sorrindo e cruzando os braços. A mãe de Micaela
se sobressaltou ao ouvir a voz dela

Zack: Eu ainda não decidi seu final, não o comemore. – Disse, e ela suspirou.

Micaela : Está assustada? – Perguntou, só pra mãe ouvir, e ela negou educadamente com
a cabeça.

Vanessa: Ela está com medo de mim. – Observou, franzindo o cenho. – Tudo bem, ela
se assustou e não quis vir, eu não tinha tempo então a trouxe a força. Os meios
justificam os fins. – Assinalou.

Micaela : São amigos, mamãe. – Tranqüilizou. Mary assentiu.

Vanessa: Não houve tempo antes, mas... Eu sou a rainha Vanessa Uckermann. NY,
Estados Unidos. – Se apresentou – Este tentando me matar é meu marido, Zack. – Mary
arregalou os olhos.

Nicholas: Nicholas Somerhalder. – Se apresentou – Mystic Falls, Virginia. Esta é minha


esposa, Maggy. – Disse, e Maggy assentiu.

Robert: Você está em Mystic Falls? – Perguntou, franzindo o cenho. Zack ainda fuzilava
Vanessa.

Nicholas: Faz anos. – Disse franzindo o cenho, e virando o rosto – É o melhor ponto em
toda a Virginia. – Justificou.

Kristen: Sou a rainha Kristen, de Forks, Washington. – Disse, meio tímida. Robert sorriu
– Esse que resolveu discutir geografia no momento mais inoportuno é meu marido,
Robert Pattinson. – Robert e Nicholas riram.

Micaela : Está segura, mamãe. – Ressaltou. Mary parecia ainda mais branca.

Zack: Vanessa, vá para o quarto. – Ordenou. Vanessa ergueu as sobrancelhas – Foi uma
ordem. – Ressaltou.

Vanessa: Zack, você está sendo infantil. – Ressaltou.

Zack: Agora. – Vanessa revirou os olhos e saiu, após cumprimentar os outros.

Mary: Não me deu tempo de trazer nada. – Disse, preocupada. Vanessa a trouxera
apenas com a roupa do corpo.
Joshua: Não se preocupe com isso. Tudo será providenciado. – Mary pareceu
empalidecer ainda mais com Joshua se dirigindo diretamente a ela. Ele tocou o ombro
de Micaela , que o olhou – Vou mandar prepararem um quarto para ela, sim? – Micaela
assentiu. Ele lhe beijou a testa e saiu.

Mary: Então os boatos eram mesmo verdade. Vais casar com o rei. – Micaela sorriu,
radNicholaste.

Zack: Com licença. – Disse, e ia saindo.

Micaela : Zack. – Zack se virou, os olhos castanhos parados nela. Mary observou – Eu
quero interceder por Vanessa. – Zack ergueu uma sobrancelha, voltando.

Zack: Interceder por ela? – Repetiu.

Micaela : Ela fugiu por mim. Para salvar minha mãe, e sou grata. – Falar com Zack
naquele estado a deixava nervosa – A intenção foi boa. Quero rogar por ela.

Zack: Porque se importaria? – Sondou, observando-a.

Micaela : Porque ela é minha amiga. – Rebateu. Zack ergueu as sobrancelhas – E


porque ela intercedeu por mim na hora da minha morte. – Mary olhou Micaela ,
franzindo o cenho – Por favor. – Zack a observou por um instante.

Zack: Gosto da sua atitude. – Assinalou. Zack valorizava a gratidão, e principalmente a


amizade. – Não se preocupe. Nada acontecerá a Vanessa.

Micaela : Obrigada. – Zack assentiu e saiu. Micaela suspirou.

Nicholas: Não se preocupe. – Disse, olhando-a – Ele é louco por aquela mulher. Dois
gritos depois estará nos braços dela. – Micaela sorriu.

Maggy: Nicholas! – Ralhou. Kristen e Robert riram.

Kristen: Bom, vamos deixar vocês a sós. Se precisar de qualquer coisa... – Micaela
assentiu. Todos saíram.

Mary: O que foi isto? – Perguntou, aparvalhada.

Micaela : Vou explicar tudo, mamãe. – Disse, abraçando a mãe de novo – Está tudo bem
agora.

Pelo menos dessa vez a história se desenrolou sem briga. Dessa vez.
Um pequeno flashback...

Haviam dois guardas, dois soldados, em frente a uma pequena casinha, perto da
copa da fronteira, próxima a algumas arvores. A noite era fria e ventava bastante,
mas os dois não se demoviam. Tinham ordens expressas: Hades acreditava que
Micaela voltaria para buscar a mãe. Quando ela voltasse, estariam prontos. A
ordem era matá-la sem perguntar, e levar o corpo para ele. Mas dias se passaram,
e nada aconteceu.

Guarda1: Está mais frio que o normal. – Disse, esfregando as mãos.

Guarda2: Creio que logo choverá. – Os dois olharam o céu nublado, observando,
então...

- Boa noite.

Os dois olharam. Do nada havia uma pessoa ali, parada como se houvesse estado o
tempo todo, coberta por um manto negro, com capuz. Só se via o queixo e os lábios.
A voz era feminina e a mulher sorria de canto. Podia bem ser um espectro. Os
guardas puxaram as espadas imediatamente, alarmados.

Guarda1: Nem um passo, em nome do rei. Retire o capuz. – Ordenou.

O vulto aquiesceu e duas mãos cobertas por luvas puxaram o capuz, revelando um
rosto tão branco que tinha uma matiz acinzentada. Os cabelos eram negros, presos
em um coque, mas não tão negros como os olhos. Era assustador. Assustador e
violentamente encantador.

Vanessa: Porque as espadas, cavalheiros? – Perguntou, e os soldados abaixaram as


espadas, meio hesitantes.

Guarda2: Este local está vetado a civis. – Disse, e ela sorriu de canto.

Vanessa: Ótimo. Se eu avistar um, avisarei. – Disse, sorrindo. A pele dela parecia glacê,
sumindo pelo decote do vestido. Ela se aproximou, e um dos guardas olhou pro outro,
sorrindo descaradamente – Por favor, senhores. Eu só preciso fazer uma breve visita. –
Disse, a voz sedutora.

Guarda2: Ordens do rei. – Negou – Não lhe contaram que uma dama não deve andar só
a noite? Sozinha, desprotegida... Não é seguro. – O sorriso de Vanessa aumentou.

Ela aproximou o rosto do pescoço dele, que lamentavelmente não impediu. Seu
sussurro foi frio. O outro guarda, achando se tratar de uma tentativa de suborno,
apenas sorriu, animado.
Vanessa: E tu? Não lhe contaram uma história que afirma que a morte tem várias faces?
– Perguntou, com um sorriso – Uma delas é encantadoramente bonita, com a voz
incrivelmente doce e sedutora... Usando um manto negro. – Completou.

Mary se preparava para dormir quando o barulho veio. Algo como um grunhido,
um grito de homem, que se afogou, em seguida um segundo, um barulho de
espada, um baque forte, e a porta se abriu. Mary gritou, recuando. A mulher era
branca, totalmente branca, vestia negro e tinha sangue descendo de modo
abundante, começando pela boca, sujando todo o pescoço, descendo em fios pelo
colo.

Mary: Não. – Ofegou, apavorada. Vanessa franziu o cenho, como se o fato de ela estar
banhada de sangue não fosse relevante.

Vanessa: Não se preocupe. Não vou lhe machucar. – Ela fechou a porta, trancando-a –
Não vai demorar darem por sua falta, precisamos partir. – Disse, se aproximando. Mary
se afastou rapidamente. Vanessa apanhou um pano de prato, molhando-o na pia – Já
disse que não vou machucá-la, em nome de Deus! – Isso não muda o fato de que você
está com os lábios cobertos de sangue.

Mary: Não vou a lugar algum com você. – Disse, vendo Vanessa limpando-se do sangue
rapidamente. O pano de prato branco logo se tornou vermelho. Vanessa se abaixou na
pia, levando água a boca, e gargarejou... Quando cuspiu era sangue. Mary recuou mais
ainda

Vanessa: Agora me escute bem, pois não temos tempo. – Disse, se virando. Apesar de
agora estar limpa, a imagem permanecia.

Mary: O que você é? Um demônio? – Perguntou, apavorada.

Vanessa: Meu marido me acusa disso as vezes, já que menciona, mas não. – Ela
desamarrou a capa do pescoço, revelando o ombro pálido – Não vou lhe fazer mal,
estou aqui em nome de alguém que lhe quer bem demais, cujo nome é tabu. Agora
vamos. – Mas Mary apanhou uma faca em cima da mesa, apontando-a para Vanessa.

Mary: Não se aproxime. – A mão dela era tremula. Vanessa ergueu a sobrancelha,
incrédula, observando por um instante.

Vanessa: É sério isso? – Perguntou, num misto de incredulidade e diversão – Pois muito
bem então.

E ela sumiu. Mary olhou em volta, assustada... Então algo bateu em sua nuca e ela
caiu. Vagou entre a consciência várias vezes, esperando o momento que aquela
criatura dilacerasse sua garganta e drenasse seu sangue. Mas mãos frias a
apanharam e ela soube que estava em movimento pelo vento passando em seu
rosto. Só parou em uma sala clara, com o ambiente agradável, e ela foi deixada no
chão. Uma discussão começou, e ela despertou totalmente. Iria gritar, mas uma voz
doce e conhecida chamou. Uma só palavra: “Mamãe.”
Fim de flashback.

Vanessa estava em seu quarto. Assim que a fúria de Zack passasse, ela pensaria em
sair com Robert em uma viagem de caça. Seria bom. Falando em fúria de Zack... A
porta se trancou. Ela se levantou, virando-se, e o viu parado.

Zack: Você tem noção do que eu passei pensando que alguém tivesse lhe feito algo? –
Perguntou, a voz dura. Ela se aproximou dele, que não se demoveu.

Vanessa: Meu anjo, eu estou aqui. Bem aqui. – Ela tocou o peito dele, as mãos ainda
cobertas pelas luvas – Já acabou. Eu estou aqui.

Zack: Está, mas poderia não estar. – Ele apanhou os pulsos dela, apertando-os – Eu
quase lancei uma ofensiva para ir atrás de você! Quase pus tudo a perder por tua
desobediência! – Ele realmente estava furioso. Os pulsos dela doíam barbaramente.

Vanessa: Zack, calma. – Pediu, encarando-o – Meu amor, sou eu. – Ele ofegava, raivoso.
– Está me machucando.

Zack: Você me prometeu... – Ela recuou, tentando se soltar, mas seus pulsos estavam
definitivamente presos. Ela sentia como se o osso fosse se romper a qualquer momento
– Me prometeu da ultima vez que não faria mais isso. Vanessa, eu acreditei em você, e
você mentiu. – Rosnou, entortando o pulso dela, que arfou.

Vanessa: Belinda mandaria matar a mãe dela. Tu sabes disso. Não corri risco algum, e
fiz o necessário. – Ela o encarava corajosamente, ignorando a dor lancinante dos pulsos.
– Eu nunca faria nada que apresentasse a possibilidade de me afastar de ti, Zack. Por
favor.

Zack: Me dê sua palavra de que não vai tornar a me desobedecer, não importa qual for a
ocasião. – Ordenou. Ela hesitou, e o aperto em seus pulsos piorou. Ela grunhiu. Torcidos
já estavam. – Você me deve obediência. Dê sua palavra agora, Vanessa.

Vanessa: Não vou mais desobedecê-lo. – Disse, encarando-o – Tem minha palavra. Me
desculpe.

Zack a encarou por instantes, então largou os pulsos dela, que gemeu baixo,
respirando fundo. Tentou mexe-los, mas não conseguiu fazer direito. Estavam
torcidos, doía. Ele observou e se afastou, ofegando. Não gostava de machucá-la.

Zack: Eu vou dormir em outro lugar. – Disse, se afastando em direção a porta. Vanessa
ergueu o rosto, vendo-o sair, e interferiu.

Vanessa: O que? Não! – Zack a olhou, viu ela ainda segurando os pulsos contra a
barriga, mas o rosto agoniado – Eu dei minha palavra, pedi desculpas, não vá! – Ele
sorriu de canto – Meu erro foi tão grande assim?
Zack: Eu estou com raiva. Me assustei demais, me senti acuado. – Ela esperou – Preciso
me acalmar... Longe de você. – Ela gemeu – Se ficar aqui vou terminar por machucá-la,
- Ele apontou os pulsos dela – E não é minha intenção.

Vanessa: Prefiro que me machuque a passar a noite sem você. Está frio. Por favor. –
Pediu, completamente desarmada perante aquilo. Ele avaliou. – Por favor, Zack.

Ele se aproximou e ela esperou. Tinha tentado ajudar, agora além de machucada
ficaria sem o marido? Onde morava a justiça nisso? Ele a encarou por instantes,
até que levantou a mão. Ela chegou a cogitar que ele fosse esbofeteá-la, mas ele
acariciou-lhe a maxilar.

Vanessa: Por favor. – Insistiu. Ele assentiu e ela sorriu, respirando fundo.

Zack: Me deixe ver isso. – Ele se sentou nos pés da cama, apanhando os braços dela
com cuidado. Retirou as luvas delicadamente, avalNicholasdo-lhe os pulsos. Os roxos já
eram evidentes. – Inferno. – Murmurou, vendo o estrago.

Vanessa: Não é nada. – Ela se sentou ao lado dele, que a olhou. Em seguida ergueu a
mão, puxando os grampos do cabelo dela, soltando-os do coque, deixando-os cair lisos
pelas costas dela.

Zack: Tive tanto medo de perdê-la. – Confessou, pondo-lhe o cabelo atrás da orelha –
Nunca havia sentido medo desse modo. Eu não suportaria. – Ele apanhou um mecha do
cabelo dela, aspirando o perfume.

Vanessa: Já acabou. – Prometeu, os dedos pálidos passeando pelo rosto dele. Os pulsos
estavam rígidos, duros, doendo, mas ela tinha controle dos dedos.

Zack: E essa roupa? – Questionou, rolando os olhos – Dividir até sua imagem, vestida
assim, com os outros, me incomodou. – Ele a pôs de pé, olhando o vestido justo. Zack a
virou de costas e ela se deixou manusear como uma boneca de pano, logo sentindo os
puxões do espartilho. Dentro em pouco o vestido caiu no chão, deixando-a com a roupa
debaixo, também negra. Ele a virou pra si novamente, observando-a. Ainda estava
consternado, ela podia ver, apesar de que ele estava tentando se controlar.

Vanessa: Pedi um banho para mim, antes de você chegar. Está pronto. – Disse, enquanto
ele enrolava uma mecha do cabelo dela com o dedo. Os cabelos de Vanessa, soltos,
formavam uma cortina negra que ia até a curvatura da cintura, abaixo do umbigo.

Zack: Tudo bem. – Ele a soltou, catando as luvas e apanhando o vestido do chão,
embolando-o. Ela viu ele se levantar e se afastar, jogando o vestido em um canto
separado. Ele se virou de volta e viu ela ainda ali, parada, olhando-o.

Vanessa: Venha comigo. – Chamou, se aproximando.

Zack: Vanessa...
Vanessa: Há lugar para nós dois lá. – Ela ergueu as mãos, desabotoando o colete dele,
ignorando a dor forte nos pulsos. Ela retirou o colete dele, largando-o em um canto, e
repetiu o ato com a camisa. O peito forte e pálido de Zack se revelou ao toque dela, que
o abraçou, beijando-lhe o queixo – Venha comigo. – Insistiu.

Ela deu um beijinho na orelha dele, passando os lábios por ali, e ele afundou o
rosto no ombro dela, respirando de modo pesado, o hálito quente arrepNicholasdo-
a. Logo as duas mãos dele subiram pelas costas dela, apertando-a contra ele, e ela
sorriu, enchendo o rosto do marido de beijos até alcançar-lhe a boca. Foi aos beijos
que os dois caminharam até o banheiro, onde a banheira esperava, cheia de água
quente. Ao contrário da primeira, a segunda etapa do castigo de Vanessa
demoraria mais. Começando na banheira, se estendendo para a cama logo depois.
Mas desse castigo ela não tinha do que se queixar.

---*

Micaela estava em seu quarto. Seus pés doíam terrivelmente. Assim que entrou se
livrou dos sapatos, gemendo e mancando para a cama. Se massageou, pensando na
mãe, que agora dormia, salva e segura, a poucos quartos de distancia. Fora
realmente constrangedor explicar como as marcas em sua pele não haviam sumido,
pelo contrario, haviam piorado. Micaela tinha roxos pela pele do pescoço,
sumindo pelo colo, mordidas, marcas de mão. Simplesmente constrangedor. Mas
no fim dera tudo certo. Ela se levantou, caminhando até o espelho, olhando sua
imagem refletida. Sua vida havia mudado tanto! Ela sorriu, testando os pés,
erguendo-os para olhar no espelho... Estava péssimo. Mas ela estava que não cabia
de felicidade. Então, subitamente, estava dançando. Há tempos não se sentia tão
bem a esse ponto, mas agora sim. Dançava pra si própria, rodopNicholasdo,
segurando a saia do vestido, sorrindo

Joshua: O que é isto? – Perguntou, o olhar fascinado nela, parado a porta. Ela se virou,
sorrindo, e estendeu as mãos para ele, que foi até ela. Ele sentou nos pés da cama e ela
lhe beijou a testa, acaricNicholasdo-lhe os cabelos.

Micaela : Quando eu era pequena, mais jovem, antes da guerra começar, eu tinha uma
tia. O marido dela era comercNicholaste então ele viajava muito, e ela sempre com ele.
Sempre me trazia presentes lindos, e me contava histórias. – Contou. Ele observava,
quieto – Dentre essas ela me ensinou essa dança. Era de algum lugar no oriente, as
mulheres dançavam para os maridos, e tinha panos, eram lindos! Ela me deu vários, mas
ficaram todos em casa. Ainda assim sei dançar. – Explicou. – Não se dança com essas
roupas todas, elas se vestem diferente, bem menos. – Comentou.

Joshua: É algo que eu quero ver. – Disse, um sorriso malicioso no rosto, imaginando.

Micaela : Verá logo. – Ela selou os lábios com os deles repetidas vezes. Ele apenas
sentiu.
Joshua: Parece que faz tanto tempo... – Suspirou, apertando a cintura dela sutilmente –
E foi ontem. – Ele riu de leve.

Nicholas: Toque de recolher. – Avisou, pondo o rosto na porta.

Joshua: 5 minutos. – Negociou, e Nicholas assentiu, saindo. – Venha aqui. – Ele puxou
ela pro seu colo, de lado, enchendo-a de beijos. Micaela riu.

Micaela : Estou feliz. – Disse, acaricNicholasdo o rosto dele, enquanto ele colocava as
pernas dela em cima da cama – Feliz, feliz, feliz! – Disse, distribuindo beijos mordidos
nele, que riu – Seus pés não doem? – Perguntou, sentindo os pés latejarem, mesmo livre
das sapatilhas. Joshua gemeu derrotado, suspirando.

Joshua: Terrivelmente. – Ela o acariciou, observando – Mas vai melhorar.

Micaela assentiu e, sabendo que tinham poucos minutos, o beijou. Um beijo doce,
apaixonado, calmo. Ele a apertou em seus braços, correspondendo seu beijo.
Durou os poucos minutos que tinham, menosprezando a necessidade de ar. Até que
ela selou os lábios dele, deixando o rosto ainda próximo.

Micaela : Não sei se já disse... – Ela uniu os lábios com os dele novamente, como se
provasse – Mas eu gosto quando você me beija. – Confessou. E era verdade, ela amava
os beijos dele, desde o primeiro. Ele sorriu. O modo como ela pensava as coisas era
fascinante. – É gostoso. – Admitiu, travessa.

Joshua: É? – Perguntou, mordendo o lábio dela, que assentiu. Ele tomou os lábios dela
novamente, afundando a mão nos cachos dela, que suspirou, satisfeita. Dessa vez não
durou tanto, bateram na porta de novo – Inferno, Nicholas. – Rosnou.

Nicholas: Eu deixei o dobro do tempo. Vamos, saia daí. – Respondeu, a voz vindo do
corredor.

Joshua: Mais 5 minutos. – Disse, beijando-a novamente. Ela riu, enlaçando as mãos no
pescoço dele.

Nicholas: Eu não sou a mamãe, Joshua. – Disse, debochado. Não houve resposta. Ele
deu dois murros na porta, fazendo Micaela e Joshua se sobressaltarem – OLHA ESSE
SILÊNCIO AQUI, HEIM?!

Joshua: Nicholas... – Suspirou. Micaela jogou a cabeça pra trás, mas ria.

Nicholas: Vamos, não me obriguem a entrar e me macular vendo algo que não quero
ver. – Disse, debochado.

Micaela : Não estamos fazendo nada! – Exclamou, exasperada.

Nicholas: E as marcas em seu lindo decote apareceram por obra divina. – Debochou –
VAMOS, JOSHUA!

Terminou que Joshua teve que ir embora. Micaela se presenteou com um banho de
banheira, quente e demorado, tentando relaxar os pés. O dia amanheceu sem mais.
No quarto dos Uckermann, Vanessa dormia sobre o peito do marido, quieta, ambos
cobertos até a cintura. Zack já havia acordado, e acariciava os cabelos dela, quieto,
pensando. Até o dia anterior pensara não ter medo. Nunca o sentira, nunca
importara; medo era para os fracos. Então ele se fez fraco. Se fez fraco dNicholaste
da possibilidade de perdê-la, sentiu medo, angustia, pavor.
Encontrara sua fraqueza, talvez sua ruína: Vanessa.
Ele abaixou os olhos até uma das mãos dela, que estava sob sua barriga, e os pulsos
dela pareciam ter um bracelete quase negro, da largura da mão dele, contrastando
com a pele dela. Ele lhe beijou a testa demoradamente e ela sorriu de canto,
despertando.

Vanessa: Bom dia. – Murmurou, ainda com o rosto no peito dele, fungando de seu
cheiro.

Zack: Bom dia, anjo. – Ela sorriu de canto, os olhos fechados – Mad, eu vou chamar um
médico hoje. – Disse, acaricNicholasdo-a.

Vanessa: Quem está doente? – Ela franziu o cenho, sem abrir os olhos, confusa. Ele
gostava do modo como ela acordava, meio alheia.

Zack: Seus pulsos. Causou dano. – Explicou. Ela abriu os olhos, olhando um pulso, e
gemeu.

Vanessa: Não preciso de um medico. Vou ficar bem. – Dispensou.

Zack: Podem estar quebrados. – Insistiu.

Vanessa: Não... – Ela ergueu o braço e tentou dobrar o pulso. Ele observou o ato. Ela
não conseguiu, e arfou – Não estão quebrados.

Zack: Mad...

Vanessa: Shhh. – Ela ia calá-lo com o dedo, mas doía. – Ficará tudo maravilhosamente
bem se você me fizer amor de novo. – Disse, manhosa, se estreitando sobre ele, que
sorriu.

Zack: Eu te machuquei. Não vai dizer nada? – Perguntou, tirando o cabelo dela do rosto.
Cada pedaço dela o encantava.

Vanessa: Fazer uma cena desperdiçaria um tempo que nós podemos aproveitar muito
melhor. – Ele riu da simplicidade dela – Eu errei, eu paguei, é pratico. Não sinta
remorso. – Ela selou os lábios com os dele, que ria.
Zack: Não torne a fazer. – Alertou, após passar os dedos sutilmente pelo rosto dela,
entrando nos cabelos e puxando-s de leve pela raiz, fazendo-a inclinar o rosto. O olhar
dele era sério.

Vanessa: Nunca mais. – Confirmou, e ele sorriu, satisfeito. Então os dois rolaram na
cama, ele passando para cima dela que imediatamente o acolheu dentre as pernas, tendo
sua boca assaltada pelo beijo faminto dele. Ela enlaçou os braços no pescoço dele,
sabendo que não teriam lá utilidade, sendo que doíam sem ela nem tentar mexer, e os
dois pulsos tinham marcas iguais. Aquele assunto estava encerrado.

Mas no final das contas...

Vanessa: Você sabe que isso é patético. – Disse, de cara fechada, mas abriu os lábios
para que ele lhe desse mais um pedaço de fruta.

Estava tudo ótimo, mas Vanessa não conseguia manejar os talheres (não conseguia
mover os pulsos pra nada), logo não desceu pro café e ele teve que alimentá-la na
boca.

Zack: Tem alguma idéia melhor? – Perguntou, espetando um pedaço de maçã com um
garfo, mas era claro que estava se divertindo com a situação.

Vanessa: Tenho, que você me deixe em paz! Não estou com fome! – Choramingou, e ele
levou um copo de suco aos lábios dela, que bebeu, sem ter alternativa – Zack, eu vou
estourar, já chega! – Ralhou, e ele não agüentou: Riu. Então houveram batidas na porta.

Maggy: Vanessa? – Chamou, a voz educada.

Zack: Eu abro. – Ele pôs a bandeja de lado, se levantando.

Vanessa: Espere. – Ele a olhou – Abra aquela gaveta. – Ela indicou com o rosto – Há
luvas ali. Apanhe as cinzas. – Obviamente para combinar com o vestido dela.

Zack: Você não precisa me proteger. – Esclareceu, percebendo a intenção dela em


ocultar as marcas.

Vanessa: Meu amor, as luvas. – Ignorou. Zack sorriu de canto, buscando as luvas – Já
vou, Kath!

Zack trouxe as luvas e ajudou a vestir. Eram da cor do vestido, e mais curtas que a
da noite anterior, indo até o meio do antebraço, ocultando o que não devia ser
visto. Só depois Zack abriu a porta. Maggy estava lá com Kristen e Micaela .

Zack: Vou deixá-las a sós. – Disse, apanhando a bandeja e saindo.

Micaela : Está tudo bem? – Perguntou, ao fechar a porta.


Vanessa: Perfeitamente. – Disse, com um sorriso impecável no rosto – Só fui preguiçosa
ao não descer, foi um dia longo ontem. Como está sua mãe?

Micaela : Perfeitamente bem. Nunca poderei agradecer o suficiente. – Disse, se


sentando ao lado de Vanessa.

Vanessa: Foi um presente. De casamento. – Lembrou – Não precisa agradecer.

Kristen: Você quer me dizer como conseguiu fazer aquilo? – Perguntou, exasperada.
Vanessa riu.

A conversa fluiu gostosamente. Ninguém notou nada.


Vanessa: Isso não some. – Rosnou, enquanto Robert avaliava seus pulsos. Não
melhoraram em nada. Os dois estavam sós em uma sala, era meio da tarde. – Todos me
questionam o porque eu ando de luvas, Zack quer chamar um médico, é o inferno!

Robert: Ainda dói? – Perguntou, virando os pulsos dela na mão.

Vanessa: Não muito, quase nada. Isso não vai sumir? – Perguntou, atordoada – Rob, eu
já me machuquei inúmeras vezes, eu acreditei que isso teria desaparecido na noite
seguinte!

Robert: Antes não foi ele a machucá-la. – Disse, observando as marcas negras. Vanessa
ergueu a sobrancelha – Você o ama.

Vanessa: Ainda esperando o motivo pelo qual isso não some. – Disse lentamente.

Robert: Você o ama e ele lhe machucou. Por isso a mancha não some. – Ela olhou de
Robert pros pulsos.

Vanessa: Acredite, essa não é a primeira vez que ele deixa uma marca em mim. – Disse,
debochada.

Robert: Suponho que essa tenha sido a primeira que ele deixou com a intenção de
deixar. De machucar, causar dor. – Ela não teve resposta. Era verdade.

Vanessa: O que eu faço? – Perguntou, derrotada. Robert pressionou um roxo, fazendo


ele sumir... E em seguida reaparecer.

Robert: Você já tentou...

Vanessa: Já. – Completou, sem que ele precisasse terminar a pergunta, e ele assentiu,
soltando-lhe as mãos sutilmente. Ela apanhou as luvas, calçando-as. Os pulsos não
doíam mas pareciam relutantes em obedecer. Ela olhou Robert, esperando. Os olhos
dourados estavam pensativos, distantes.

Robert: Eu não faço idéia. – Ela suspirou, passando a mão no rosto.


Vanessa: O casamento está próximo. Eu preciso resolver isso. – Disse, angustiada.

Zack: Mad? – Chamou, a voz vindo do corredor.

Robert: Eu vou pesquisar. Alguém deve saber. – Disse, vendo ela se levantar, e ela
agradeceu com um sorriso de canto.

Vanessa: Eu estou aqui, querido. – Disse, sumindo no corredor.

Ai estava um problema similar a guerra: Ninguém sabia como resolver.

---*
O dia do casamento chegou. Micaela mal dormiu. Logo pela manhã criadas foram
ajudá-la. Prepararam um banho com pétalas de rosas, massagem, logo havia
alguém para cuidar dos cabelos... O vestido de noiva, pronto, impecável, estava em
um manequim. O castelo (o reino) estava um alvoroço. Porém o quarto dos
Uckermann estava quieto. Vanessa, recém saída do banho, olhava desolada os
pulsos. A criada acabara de sair, após amarrar o espartilho preto. Ela suspirou.
Tentara de tudo, e a droga da mancha não sumia. Ela se virou para a cama, o
vestido preto metálico, luxuoso, passado e engomado. Ao seu lado a caixa com a
coroa... E luvas. Ela não agüentava mais. Até que a porta se abriu e Robert entrou,
fechando-a.

Vanessa: Robert, que susto! – Ralhou, tendo recuado para se esconder, antes de ver
quem era. Estava seminua, só de roupa debaixo. Aquilo era motivo pra morte.

Robert: Esperei Zack sair. – Disse, entregando uma garrafinha de metal a ela, como
aquelas que as pessoas usam para guardar whisky hoje em dia. Ela pegou, confusa. –
Beba isso.

Vanessa: O que... – Ela puxou a tampinha, aspirando o cheiro, então o encarou. Era
familiar. – De quem é?

Mas antes que Robert pudesse responder...

Zack: Mad, você viu onde eu deixei aquela pasta que eu trouxe ontem? – Perguntou, a
voz vindo do corredor, cada vez mais próximo da porta. Ela arregalou os olhos, olhando
pra si mesma, de roupa de baixo, e Robert parado ao seu lado. Aquilo seria uma
desgraça.

Vanessa: Ele vai matar você. – Literalmente. – Suma daqui! – Sussurrou.

Robert: Até a ultima gota. – Ressaltou, e havia sumido. Só deu tempo de Vanessa
esconder a garrafinha debaixo do vestido na cama e Zack entrou.

Zack: O que há? – Perguntou, vendo a expressão dela.

Vanessa: O espartilho. – Mentiu – Acho que apertei demais. – Completou. Ele observou.
Zack: Quer que eu afrouxe? – Perguntou, se aproximando. Ela negou.

Vanessa: Não precisa. – Ela apanhou uma pasta largada na cabeceira da cama – Aqui
está. – Ele apanhou – Vá, eu vou terminar de me arrumar. Não permita que Nicholas
enlouqueça Joshua. – Zack riu, dando-lhe um selinho, e saiu.

Vanessa respirou fundo, se acalmando. Robert já havia sumido dali. Ela apanhou a
garrafinha, destampando-a, e virou nos lábios. O gosto era particularmente
familiar, mas ela não detectou. Com um suspiro tomou o resto em goladas... Até a
ultima gota. Quando terminou arfou, olhando os pulsos... E nada. Ela largou a
garrafinha, limpando os lábios, e voltou a se arrumar. Bastava aguardar.
Joshua: SAIA DAQUI! – Rugiu, exasperado, e Nicholas gargalhou gostosamente.

Nicholas: Mas está uma coisa linda! – Disse, debochado, fazendo biquinho. Joshua
suspirou, exasperado.

Joshua: Nicholas, eu vou me casar. Hoje. Agora. DEIXE EU TERMINAR DE ME


ARRUMAR?! – Pediu, exasperado.

Nicholas: Não estou interrompendo. – Disse, se fazendo de ofendido, e passou a coroa


de Joshua, que estava em cima da cama no braço, girando.

Joshua: Se alguma pedra cair eu vou fazer você engolir todo o resto. – Avisou, fechando
o colarinho da camisa.

Nicholas: Gostaria de vê-lo tentar. – Disse, girando a coroa.

Zack: Nicholas, não seja insuportável. – Nicholas riu. Zack tomou a coroa de Joshua, se
virando pro próprio – Você tem que ir.

Joshua: E Micaela ? – Perguntou, com toque de ansiedade.

Nicholas: Joshua, vendo sua ansiedade, se eu não te conhecesse juraria que você era
virgem. – Disse, fazendo biquinho de novo. Com essa Zack riu.

Zack: A carruagem está aguardando. Micaela irá em seguida. – Joshua assentiu,


apanhou a coroa e saiu. Nicholas ainda ria.

Micaela estava pronta. Os cachos estavam formosamente delineados, mas ela não
deixou que prendessem. Joshua gostava deles soltos. O vestido resultou em um
lindo tomara-que-caia, com 20 camadas de saia (Acordo entre Vanessa e Kristen).
O véu longo, que ia até o chão, se arrastando, estava preso as raízes do cabelo.

Mary: Está na hora, bebê. – Disse, e Micaela se virou, os olhos ansiosos – Está
parecendo um anjo, Micaela . – Elogiou, e ela sorriu. Então uma criada veio confirmar a
carruagem que aguardava.
Micaela respirou fundo e foi. Finalmente seu dia chegara.

Cada casal de reis foi em uma carruagem, Joshua sozinho na primeira e Micaela
com Suri na ultima. O reino em peso estava em frente a catedral. O tapete
vermelho parecia Hollywood em si. Após Joshua entrar, parando para acenar para
alguns, e para umas poucas fotos, vieram Robert e Kristen. Pipocaram fotos para
os dois, que sorriram, antes de entrar. A próxima carruagem foi a de Nicholas e
Maggy. Nicholas, cheio de gracinhas, arrancou suspiros, logo sendo levado por
Maggy para dentro da catedral. Na ultima carruagem...

Zack: Me dê suas mãos. – Pediu, tranqüilo. Vanessa estava linda. O vestido negro
alinhado, os cabelos em um penteado sofisticado... Mas o rosto triste. Ela deu as mãos a
ele , que retirou as luvas dela. Ela ia protestar, mas...
Vanessa: Sumiu. – Disse, exasperada, olhando os pulsos. As marcas sumiram, só haviam
sombras, que estavam sumindo também.

Zack: Robert veio conversar comigo. – Ela o encarou. Ele sorriu e puxou o braço do
terno, em seguida desabotoou o punho da camisa, revelando o pulso. Estava cortado. O
corte era recente, fundo. Não sangrava mais, mas ela podia ver.

Vanessa: O que foi isso? – Perguntou, exasperada. Ele ergueu a sobrancelha,


denuncNicholasdo o obvio enquanto fechava a camisa e ela ergueu as sobrancelhas,
entendendo. – Bem que era familiar. – Disse, e ele riu, puxando o terno pro lugar –
Obrigada. – Disse, se lançando no pescoço dele, beijando-o docemente. A carruagem
parou com um solavanco.

Zack: Robert explica depois. Venha. – Ele desceu, oferecendo a mão a ela.

Choveram flashes ruidosos quando os Uckermann pararam no tapete vermelho,


ele tendo uma mão na cintura dela, possessivamente. Só que agora ela sorria,
radNicholaste. Os dois entraram na catedral, que estava lotada. Haviam barreiras
na porta da catedral, barrando até onde os súditos podiam ir, havia muita gente ali
parada, querendo observar, dar pelo menos uma espiadinha no casamento real,
fora a segurança. Houve um espaço de tempo até que a ultima carruagem chegou.
Joshua estava impaciente, andando de um lado pro outro. Até que a marcha
nupcial tocou, imponente. Todos se viraram para olhar. A primeira sapatilha de
Micaela tocou o tapete e ela saiu da carruagem, se expondo aos olhares de todos.
Tinha um buquê de rosas vermelhas na mão. Suri apanhou a mão livre dela,
apertando-a, e Micaela sorriu. A menina passou a sua frente, usando um vestido
dourado e rosa, a coroa no topo dos cabelos lisos, com uma cesta de pétalas de
flores na mão, jogando pelo caminho, feliz. O barulho das maquinas fotográficas
obsoletas era quase ensurdecedor, junto com as vozes. Joshua observava, mas a
catedral era enorme, e ele nem podia ver Suri ainda. Mas podia ver Nicholas.

Nicholas: Se você desmaiar eu vou rir disso pelo resto da minha vida. – Comentou, a
voz vindo de trás de Joshua. Nicholas, lamentavelmente, era o padrinho de Micaela .
A marcha ainda tocava. Micaela deu seus primeiros passos, então notou algo.
Alguém no meio da multidão. Hades. Quieto, observando tudo. Então ela abriu o
sorriso mais radNicholaste que já havia aberto até então, quase um desafio. Ele
sorriu de canto e assentiu com a cabeça um vez. Ela sabia que ele não podia fazer
nada, e nem o fato de seu casamento estar acontecendo sob uma guerra ofuscou
aquela felicidade. Ela caminhou, tranqüila, e entrou na catedral. Ela olhou em
volta, tudo estava tão perfeito! Suri sorria, radNicholaste, a sua frente. Micaela
olhou pra frente, aguçando os olhos... E seu olhar encontrou o de Joshua. Ele tinha
um sorriso glorioso no rosto, o que fez ela sorrir também. Os instantes seguintes
foram torturantemente longos. Ela queria sair correndo ao encontro dele, mas seus
passos eram lentos. Por fim chegou até ele, ainda com o sorriso no rosto.

Joshua: Você não tem idéia do quanto eu esperei por você. – Sussurrou, e ela sabia que
ele não estava falando apenas da igreja.

Micaela : Eu esperei a vida toda. – Respondeu, e o sorriso dele aumentou. Suri apanhou
o buque de Micaela , que deu a mão a Joshua, ambos caminhando juntos os poucos
passos que faltavam até o altar.

E nada podia ser mais perfeito.

---*

A cerimônia durou quase uma hora, e Micaela , de joelhos, ouviu atentamente cada
pedaço. Queria se lembrar de cada palavra. Por fim, o padre se voltou diretamente
a ela.

Padre: Micaela Giovanna. – Ela sorriu, esperando – Você aceita sua alteza, rei Joshua
Herrera Rodriguez como seu legitimo esposo, para amá-lo e respeitá-lo por todos os
dias da sua vida, até que a morte vos separe?

Micaela : Sim. – Disse, respirando fundo. Não queria chorar e estragar tudo. O padre se
voltou para Joshua.

Padre: Joshua Herrera Rodriguez. – Joshua esperou - Você aceita Micaela Giovanna
como sua legitima esposa, prometendo amá-la e respeitá-la por todos os dias da sua
vida, até que a morte vos separe?

Joshua: Além disso. – Respondeu, tranqüilo. Ela sorriu mais ainda – Sim.

Houve um alvoroço do lado de fora da igreja. As pessoas gritavam, faziam


algazarra, comemoravam. Depois de anos, tinham uma rainha novamente. Micaela
e Joshua se levantaram, virando-se um pro outro. Joshua sorria, mas o sorriso dela
era maior, era radNicholaste. O padre ergueu uma pequena almofada e ela
apanhou a alNicholasça dele, que lhe deu sua mão.

Micaela : Joshua, recebei esta alNicholasça como prova do meu amor e da minha
fidelidade. – Disse, enquanto deslizava a alNicholasça no dedo dele. Ele observava, com
um sorriso de canto. Após terminar ela o encarou, sussurrando um “Eu te amo.” sem
som. Ele assentiu uma vez sutilmente. Depois foi a vez dele.

Joshua: Micaela , recebe esta alNicholasça como prova do meu amor, e de minha
fidelidade. –
Disse, pondo a alNicholasça no dedo dela. Em seguida os olhos dos dois se encontraram
– Você me trouxe paz em uma vida de guerra. – Disse, antes de beijar a mão dela, em
cima da alNicholasça. Os aplauso que vieram com isso foram ensurdecedores.

Padre: Pelo poder investido a mim pela santa amada igreja, eu vos declaro hoje marido e
mulher. – Disse, dando a benção sobre as alNicholasças nas mãos dos dois. – O que
Deus uniu, o homem não separa. Pode beijar a noiva.

Os aplausos não pararam. Do lado de fora o povo comemorava aos gritos, confetes
eram jogados, a comoção era geral. Joshua trouxe Micaela para si sutilmente pela
cintura, aproximando os rostos e lhe dando um beijo doce, leve.

Joshua: Minha. – Sussurrou, como quem declara uma vitória, ainda nos lábios dela. Só
ela ouviu, e sorriu.

Micaela : Sua. – Confirmou, e ele sorriu, se afastando dela, ambos de mãos dada. E
assim seria.

Micaela e Joshua sairam da igreja de mãos dadas. Choveu arroz. Ela riu,
abaixando a cabeça pra proteger os olhos e ele sorriu, acolhendo o rosto dela em
seu peito. A carruagem chegou, e ele ajudou ela a subir. As nuvens de fumaça das
maquinas fotográficas estavam alvoroçadas.

Nicholas: Porque eu não posso tacar arroz também? – Perguntou a Maggy, indignado,
observando.

Maggy: Porque não. – Disse, beliscando o braço dele disfarçadamente. Robert ria. –
Vamos. – Disse, suspirando. O dia mal havia começado e Nicholas parecia uma
crNicholasça, saltitando porque o natal chegou.

Micaela e Joshua foram juntos em uma carruagem diferente, aberta. Os súditos


apontavam, comemoravam, eufóricos. Micaela observava tudo, admirada,
fascinada.

Joshua: Está feliz? – Perguntou, o rosto relaxado como não ficava a muito tempo,
sorrindo pra ela. Micaela virou o olhar pra ele, buscando palavras pra dizer algo. Ele
viu a resposta nos olhos dela e seu sorriso aumentou ainda mais, antes que ele beijasse
sua testa. Os gritos em volta aumentaram violentamente.

Dali foram todos pro palácio do governo. Um palácio enorme, com uma sacada.
Somente Micaela , Joshua, os reis e suas esposas entraram. Lá foi um tipo de
casamento civil. Eles repetiram os votos perante sacerdotes, assinaram vários
livros... Então Joshua se voltou para ela, com uma caixa preta de veludo, olhandoa.
Ele abriu a caixa, revelando a coroa bonita, feminina, imponente, traçada em prata
com várias safiras incrustadas, alternando com diamantes. Ele se virou para um
dos sacerdotes, entregando a caixa. Micaela teve de um trecho de um livro, assinar
mais vários papéis, então Joshua a afastou da mesa, levando-a para se sentar em
umas poltronas que haviam ali. Nicholas, Zack e Robert assinavam o livro agora,
provavelmente como testemunhas.

Micaela : Bom trabalho. – Disse, encarando-o. Ela não conseguia parar de sorrir.

Joshua: Vão combinar com seus olhos. Desenhei cada detalhe. – Ele beijou a mão dela –
Estava pensando... No dia em que nos conhecemos eu lhe perguntei qual era teu sangue,
e você me disse que era vermelho. – Ele parou um instante, rindo da recordação, e ela
abaixou a cabeça. Ele apontou para a mesa onde várias alternavam o grande livro –
Bom, ele está se tornando azul agora.

Micaela considerou, e ele sorriu da expressão dela. Mas ela não teve tempo de
responder, ele levou as mãos ao cabelo dela, soltando o véu sutilmente. Ela não
questionou, apenas tinha o cenho franzido. Ele libertou os cabelos dela,
acaricNicholasdo os cachos com uma fascinação familiar, e se levantou. Ela ia se
levantar, mas ele fez sinal para que ela continuasse sentada.
Ela ficou, então todos se aproximaram. Suri sorria, incontrolável. Micaela sentiu o
aro frio da coroa se fixando nas raízes do seu cabelo, sentiu o peso dela, e uma voz
masculina veio de trás dela.

Sacerdote: A partir desse momento, por via do poder em mim investido, eu a declaro
Rainha Micaela Giovanna, Duquesa de Strathearn, Condessa de Mystic Falls, Baronesa
de Forks. – Disse, enquanto fixava a coroa nos cabelos dela.

Cada titulo fora presente de alguém: Strathearn era um dos principais condados
do reino de Zack, e ele a fez duquesa. Nicholas escolhera Mystic Falls como seu lar,
e ele a fez condessa. O mesmo acontecia com Robert, nomeando-a baronesa.
Micaela ficou meio tonta, em um instante não era nada, no outro era tudo:
Rainha, duquesa, condessa e baronesa. A tontura passou quando Joshua ofereceu a
mão a ela, que a pegou, se levantando. Todos se afastaram, em direção a saída, na
sacada do palácio.

Micaela : O que fazemos agora? – Perguntou, caminhando com ele em direção a sacada.

Joshua: Agora... – Ele olhava para frente – Agora nós saímos na sacada, minha esposa é
nomeada rainha perante seus súditos, então eu me inclino para ela e a beijo
demonstrando para todos no alcance dos olhos o quanto eu a amo, e o quanto ela é
minha. – Resumiu. Micaela sorriu.

Suri passou na frente, e os gritos recomeçaram assim que a pequena saiu na


sacada. Em seguida, Micaela e Joshua. Alguma voz lá em baixo anunciou “Sua
alteza real, Micaela Giovanna.”, e de repente todos se curvaram em reverência.
Houveram aplausos em seguida. Joshua se virou para Micaela , sorrindo, e
apanhou o rosto dela nas mãos.
Joshua: Sua alteza. – Brincou, como quem pede permissão, e ela sorriu. Em seguida ele
a beijou.

Gritos ensurdecedores vieram assim que os dois lábios se tocaram. Micaela


aquiesceu sobre os lábios dele, feliz, e os gritos se uniram em um “Deus salve a
rainha!”, mas nenhum dos dois estava prestando atenção agora. Não importava.
Não agora.

---*

Do palácio do governo foram para o salão de festas. A multidão seguiu todos até lá,
porém só os convidados entraram. Joshua não largou a mão dela nem por um
instante. A decoração era bem mais luxuosa, e dessa vez havia um trono do lado de
Joshua, seu par, o trono de sua rainha. Todos os reis (e suas rainhas) se sentaram,
como tradição, observando tudo. Micaela observava cada detalhe, encantada.
Joshua apertou a mão dela, sutilmente, e ela sorriu, virando o rosto pra ele.

Micaela : Podemos sair daqui? – Perguntou, em um sussurro. Joshua franziu o cenho,


observando o salão que se enchia.

Joshua: Depende de quanto tempo vai levar. Para onde quer ir? – Perguntou, confuso. A
festa mal começara e ela já queria partir? – Não está gostando?

Micaela : Pelo contrário, está perfeito. – Disse, o sorriso radNicholaste iluminando seu
rosto novamente – Só vai levar um minuto.

Joshua: Que seja. – Disse, sem entender. Ele se levantou, apanhando a mão dela, e os
dois saíram sutilmente dali. Assim que sumiram pelos fundos da plataforma, ele alertou
– Não podemos demorar, carinho.

Ela andou apenas mais alguns passos, e ele continuava confuso. Ela conhecia
aquele lugar porque já trabalhara ali. Os dois terminaram no fim do corredor. A
iluminação não era boa, e ainda se ouvia as vozes vindo do salão principal. Ele a
observou, completamente perdido, e ela se lançou em seu pescoço, beijando-o.
Joshua sorriu, abraçando-a pela cintura, ao entender o que ela queria. O beijo era
mais atrevido que o que deram na sacada do palácio do governo, e causaria criticas
se fosse visto, por isso ela pediu pra sair. A boca dele devorou a dela, que arfou,
feliz, inebriada por seu gosto... Então se fez uma sombra.

Nicholas: Vou precisar dizer algo? – Perguntou, a voz debochada.

Micaela : Estamos indo... Que droga. – Murmurou, ainda nos lábios do marido, que riu.

Nicholas: Agora. – Ressaltou, dando as costas e voltando.


Joshua: Temos a vida livre dele agora. Começando hoje a noite. – Lembrou, beijando o
nariz dela, que assentiu, sorrindo – Está se saindo uma ótima rainha, alteza. – Brincou,
enquanto a levava de volta.

Alguns minutos depois os dois desceram para o centro do salão. Micaela se


lembraria de sua valsa de casamento até o seu ultimo minuto. Todos observavam
enquanto os dois valsavam pelo meio do salão, o que fez ela ficar tensa, com medo
de tropeçar ou errar, a calda do vestido era tão grande! Mas ele a acalmou com o
olhar, e deu tudo certo. Foi tudo perfeito. Após minutos Zack se levantou,
oferecendo a mão a esposa, galante, e ela sorriu, apanhando-a. Os dois desceram e
acompanharam os outros dois na valsa, sendo recebidos por palmas. Logo Nicholas
& Maggy, Robert & Kristen desceram, e tudo ficou mais tranqüilo.

Micaela : Porque tantos broches? – Perguntou, tocando o peito dele, carinhosa. Joshua
usava um smoking logo, preto, luxuoso, e em cima do peito esquerdo haviam broches
de prata presos, menos de 5, ela não contou. Ele riu.

Joshua: Não são broches, são brasões. – Explicou e ela riu de leve. – Hoje ganhei mais
três. – Comentou, e ela o observou.

Micaela : Quem te deu? – Perguntou, curiosa. Dentre os presentes não haviam brasões,
pelo menos não dentre os que ela olhou.

Joshua: Minha esposa. – Assinalou, e ela ergueu as sobrancelhas – Um de duque, um de


conde e um de barão. – Ela sorriu ao entender. Por ela ter um posto ele seria seu par, não
importa o que fosse.

Então os casais se inverteram. As rainhas, girando delicada e sutilmente, trocaram


seus pares. Micaela foi parar nos braços de Nicholas. Esse já prendia o riso antes
de ter dito nada.

Micaela : Veja bem, eu estou livre de você. – Comentou, divertida.

Nicholas: Bom, ainda não. – Corrigiu.

Micaela : A partir de hoje a noite. – Disse, rolando os olhos. Nicholas mordeu o lábio
inferior, sorrindo, os olhos fixados nos dela.

Nicholas: É verdade. Mas tem algo curioso. – Micaela ergueu a sobrancelha – Gostaria
de saber como você vai lidar com o fato de que não só eu, mas que todo o reino, e além,
sabem o que você e o seu marido estarão fazendo naquela torre hoje à noite. – Micaela
arregalou os olhos e Nicholas gargalhou – Lide com isso agora.

Micaela : Ah, meu Deus. – Disse, corando involuntariamente.

Nicholas: Não há nada que você possa fazer, supere. – Disse, ainda rindo – Não vai
desmaiar, vai, alteza? – Perguntou, fascinado.
Enquanto isso, perto dali...

Vanessa: Você pode me explicar porque o pulso do meu marido está cortado? –
Perguntou, e Robert a fez rodopiar, antes de responder.

Robert: Bom, as marcas não sumiam porque quem te machucou foi aquele que você
amava, e ele teve a intenção de machucar. – Começou.

Vanessa: Esperando a parte onde eu entendo isso. – Disse, sendo inclinada para trás.

Robert: A cura era o sangue daquele que a machucou, aquele que você mais ama, dado
de boa vontade, como prova de seu arrependimento. – Explicou, e ela ergueu a
sobrancelha – Chega a ser pateticamente simples.

Vanessa: Como você descobriu isso? – Perguntou, achando graça. Os dois valsavam
elegantemente, uma beleza que chegava a não ser normal.

Robert: Eu não descobri. Apenas tentei. Não que Kristen pudesse me machucar ao ponto
de que eu pudesse testar. – Disse, franzindo o cenho. – Nicholas vai fazer Micaela ter
uma crise em poucos segundos. – Observou. Vanessa virou os olhos. Micaela estava
branca, e Nicholas ria. – Vou fazer a troca antes dê em uma catástrofe. – Vanessa
assentiu.

Vanessa: Obrigada. – Agradeceu, grata, e Robert piscou, sorrindo torto antes de girá-la.
Micaela nem notou ao ser trocada de braços, então um par de olhos dourados a
encarava e ela estava com Robert. Vanessa pousou sutilmente nos braços de Nicholas,
que ainda ria.

Robert: Não dê atenção ao que Nicholas diz, seja lá o que for. – Sugeriu, e Micaela
assentiu – Está linda hoje. – Micaela sorriu, sentindo a tensão se esvair.

Vanessa: Você não vai deixá-la em paz nunca? – Perguntou, exasperada.

Nicholas: É claro que eu vou. Um dia. Não hoje. – Vanessa revirou os olhos – Está
divertido demais para dispensar.

Vanessa: Insuportável. – Condenou, mas sorria – Me devolva pro meu marido. –


Ordenou, e ele negou. Ela riu. – Nicholas, a musica vai acabar! – Alertou.

Só no ultimo instante ele permitiu que ela girasse de volta pra Zack, que devolveu
Kristen a Robert, que passou Micaela para Joshua, que por sua vez devolveu
Maggy a Nicholas. Os aplausos soaram, ensurdecedores.

Joshua: Está fria. – Reparou, apertando a mão dela.

Micaela : Nicholas. – Disse, como justificativa. Joshua olhou, mas Nicholas não olhava
os dois, estava ocupado dando um beijo na testa da esposa.
Joshua: Não dê atenção, o dia mal começou. – Sugeriu. Ela assentiu, abraçando-o. Outra
valsa começou a tocar. Dessa vez alguns dos convidados foram para a pista de dança. –
Ei, mocinha. – Chamou, e Suri, muito divertida, olhou. Ele ofereceu a mão a ela que
veio, saltitando alegremente.

Micaela forçou uma formalidade obvia enquanto entregava Joshua a filha, e se


afastou para deixar os dois dançarem. Os outros reis já haviam voltado ao seu
lugar, e Micaela subiu a escadaria, se sentando também. Estava cansada de tanto
ficar em pé, o vestido pesava. Ela se acomodou e observou Joshua rindo enquanto
dançava com Suri. Ele era alto demais pra ela e ela não sabia dançar, o que era
cômico. Primeiro ele colocou os pés dela em cima dos seus, e a menina, vermelha de
rir, se agarrou na barriga dele. Não funcionou bem. Os dois bem tentavam, aos
risos, então ele se abaixou, carregando-a por debaixo dos braços, e a abraçando,
dando-lhe um beijinho apertado na bochecha. Dessa vez funcionou, os dois
dançavam sutilmente, mas riam ainda assim. Joshua olhou Micaela e ergueu as
sobrancelhas, pedindo aprovação. Ela assentiu, sorrindo, então disse um “Eu te
amo” sem som. Ele sorriu e assentiu, girando com Suri, que deu um gritinho.
Estava tudo bem ali. Por enquanto.

A festa levou a tarde inteira e entrou a noite. A felicidade de Micaela e Joshua


podia ser sentida no ar. Quando anoiteceu os reis desceram do palanque, indo falar
com alguns convidados. As rainhas ficaram sozinhas, conversando.

Micaela : Eu não agüento mais o peso desse vestido. – Disse, balançando as pernas
levemente. Maggy riu.

Kristen: Eu avisei. – Disse, satisfeita.

Vanessa: Não fique se lamentando, só tem 5 camadas a menos que o meu. – Ralhou, e
Micaela riu. Uma criada se aproximou.

Criada: Alteza? – Micaela se virou, e a criada fez uma reverencia – Me pediram para
entregar. – Disse, passando uma caixinha prateada. Micaela apanhou.

Micaela : Obrigada. Pode ir. – A criada se curvou de novo e saiu.

Maggy: Outro presente? – Vanessa riu com a exasperação dela – Pelo amor de Deus, já
não mandei despachar direto pro castelo?

Kristen: Não seja antipática. – Criticou, olhando o marido, que ria em uma conversa
com alguns homens, no meio do salão. Vários súditos mandavam presentes a Micaela ,
sua nova rainha, e ela recebia todos. O sorriso dela permaneceu enquanto
desembrulhava a caixa, pra morrer quando viu seu conteúdo.
Era uma tira de tecido rasgado. Azul metálico, longo. Uma tira do primeiro vestido
que Joshua lhe dera. O vestido que Hades rasgara. Ela olhou o tecido por um
instante, respirando fundo em seguida.

Maggy: Essa foi nova. – Disse, observando – Que diabo é isso? – Perguntou, incrédula.
Kristen olhou também. – Um pano de prato? – Kristen riu gostosamente, mas o olhar de
Vanessa estava sério.

Vanessa: Ele está aqui, não está? – Micaela retribuiu o olhar. Vanessa voltou os olhos
pro salão, logo encontrando o marido, mas Micaela intercedeu.

Micaela : Mad, não! Por favor. – Vanessa a olhou, confusa – Ele só quer estragar meu
casamento. Eu não vou permitir. – Disse, guardando o tecido na caixinha – Por favor,
não avise a eles. – Vanessa avaliou por um instante. Se dissesse um “ai” a Zack sobre o
assunto, o lindo casamento logo viraria um pandemônio.

Vanessa: Tudo bem. – Disse, se sentando – Mas isso não garante que eu não vá quebrar
o pescoço dele se ele passar na minha frente. – Acrescentou.

Maggy: Sempre adorável. – Disse, debochada.

Micaela : Vou procurar Joshua. Já volto. – Disse, se levantando.

A maioria do salão observou a graciosidade com que ela desceu as escadarias,


segurando o vestido pra não cair, a cauda do vestido fazendo um manto branco na
escada atrás dela, os cachos soltos pelos ombros, enfeitados pela coroa. Ela não
percebeu. Quando terminou a escadaria, e ergueu o rosto, o marido estava na sua
frente, as mãos as costas, sorrindo.

Joshua: Algum problema, majestade? – Perguntou, brincando. Ela sorriu.

Micaela : Estou procurando meu marido. – Deu corda, e ele riu de leve, abraçando-a.

Joshua: Acho que posso ajudar. – Disse, antes de lhe selar os lábios demoradamente. –
Algo vai mal? – Perguntou, acaricNicholasdo o rosto dela.

Micaela : Em absoluto. – Negou, se abraçando a ele – Tudo está perfeito.

E estava.

---*

Nada mais aconteceu, para alivio de Micaela . Durante a madrugada, enfim, pôde
ir embora. Se separou de Joshua na entrada, ele foi resolver um problema rápido
de ultima hora e ela aproveitou para se trocar. Deixou a coroa nos pés da cama,
mas os cordões do vestido não cederam.
Vanessa: Eu trouxe a caixa. Kristen salvou o buque, e Maggy o véu... Que diabo você
está fazendo? – Perguntou, exasperada. Ela riu ao ver o esforço da outra. – Aqui. –
Disse, largando uma caixa grande, branca e pesada nos pés da cama. Ela arrancou a
coroa dos cabelos, deixando do lado da de Micaela , e foi ajudar.

Micaela : Pensei que havia perdido o véu. – Disse, satisfeita, vendo Maggy e Kristen
juntas dobrando o véu dela. – Pra que o buque?

Kristen: Oh. – Disse, dobrando o véu. Era tão grande que mesmo cada uma ficando de
um lado do quarto sobrava pano – Ninguém explicou. – Micaela esperou.

Maggy: É como uma tradição. – Explicou – O buque da rainha é salvo, junto com todo o
resto do vestido. Você os guarda até que sua primeira filha mulher chegue na idade de se
casar, então quando ela encontrar um noivo, você a presenteia.

Micaela : Minha filha vai ser obrigada a se casar com meu vestido? – Perguntou,
observando.

Kristen: Não é obrigatório, é mais simbólico. – O corpo de Micaela oscilava enquanto


Vanessa puxava os cordões do espartilho – As filhas nunca aceitam, querem fazer seu
próprio vestido, então o seu vestido fica pra você, guardado, como uma recordação viva.
Um legado, se preferir.

Vanessa: Pronto. – Disse, soltando Micaela . O vestido caiu ao chão. – Me ajudem com
isso antes que Joshua volte. Nicholas já torrou a paciência dele hoje pela conta. – Disse,
se aproximando com o vestido.

Micaela observou as outras dobrarem seu vestido meticulosamente. Vanessa lhe


pediu as sapatilhas e ela deu. Depositaram as sapatilhas no fundo da caixa, que
tinha um monte de um papel branco, delicado, dentro. Em seguida colocaram o
vestido, que foi coberto pelo véu. Uma vez dentro da caixa o vestido foi coberto,
protegido por várias camadas e papel seda, e então despetalaram o buque do
casamento, cobrindo o papel com as pétalas. Ficou bonito no final. Maggy tampou
a caixa, retirando-a dali, deixando a cama livre... Exceto pela coroa de Micaela e a
de Vanessa. Uma apenas de diamantes, brilhando, imponente, e a outra mais terna,
o brilho dos diamantes alternando com safiras.
Haveriam rubis e esmeraldas na cama se Kristen e Maggy se juntassem, mas elas
não fizeram. Foram embora, todas. Micaela foi pro banheiro. A camisola que
havia escolhido era de seda branca, longa, com um detalhe grafite no decote fundo.
Ela se vestiu, se penteou e voltou pro quarto... E Joshua estava sentado nos pés da
cama, já descalço, sem o terno e o colete, apenas a camisa, com sua coroa na mão.
Ele parou por um instante, observando-a de cima abaixo, como quem aprecia algo.

Joshua: Pensei que teria de ir buscá-la. – Brincou, se levantando. Ele deixou a coroa
dela em cima da mesa próxima da cama, do lado da dele, e se aproximou, oferecendo a
mão. Ela apanhou a mão dele, abraçando-o pela cintura – Está linda. – Murmurou,
passando o nariz pelo cabelo dela. Ela se arrepiou com a respiração dele em seu rosto,
com a voz tão próxima.
Finalmente chegara sua noite de núpcias.

Joshua: Estou me sentindo mal. – Comentou, beijando-lhe o rosto demoradamente.

Micaela : O que há? – Perguntou, preocupada, e ele sorriu, beijando-lhe a testa. Ele se
afastou, apanhando uma champanhe deixada ali, com duas taças. Ele abriu, servindo, e
ela não entendeu nada.

Joshua: Não fisicamente, carinho. – Disse, voltando com a taça – Me sinto mal por não
poder lhe dar a viagem de lua-de-mel que você merece. – Ela entendeu.

Joshua entregou a taça a ela. Os dois brindaram, de brincadeira, e ela tomou um


gole antes de responder.

Micaela : Não sinto falta de uma lua-de-mel. Estamos juntos, olhe isso tudo. – Ela
apontou pro champanhe, e em seguida para a cama. Os lençóis foram trocados por
lençóis do linho mais luxuoso que Vanessa conseguiu encontrar, o que era algo, branco,
os vários travesseiros alinhados. Chovia forte lá fora, e a lareira estava acesa, tornando o
clima mais gostoso, apesar do frio. Ela caminhou até a cama, se sentando na beira,
sorrindo ao pensar que agora ela teria tudo aquilo todos os dias, sem fugir ou correr.

Joshua: É pouco, mas em compensação tirarei o tempo que você quiser. Levantarei a
defensiva, a guerra vai parar enquanto estivermos em lua de mel. – Propôs, observando-
a. Ela ergueu as sobrancelhas delicadas, tomando mais do champanhe. Ele sorriu vendo
ela corar pela bebida.

Micaela : Você pode fazer isso? – Perguntou, admirada.

Joshua: Posso. Não por muito tempo, mas posso. – Confirmou – Já fiz. Na nossa lua de
mel ninguém vai nos incomodar, eu vou estar com você o tempo todo, e faremos o que
você quiser. – Ele hesitou, vendo ela beber outro gole. Abaixou o rosto, ocultando o
sorriso. Micaela sempre fora fraca com bebida – Quando isso tudo acabar, viajaremos
para onde você preferir.

Micaela : Quanto tempo nós temos?

Joshua: Dois meses. Foi o máximo que eu consegui. – Disse, em um pedido de


desculpas, e ela abriu um sorriso lindo, radNicholaste. Ele se aproximou, sorrindo. Na
afobação ela não retirara os brincos, os diamantes brilhando, singelos, em suas orelhas.
Se via preciosa.

Micaela : Parou pra pensar que nossos filhos vão ser concebidos aqui? – Perguntou, se
deitando de costas na cama. Joshua coçou o cabelo, deliciado com a situação.

Joshua: Aqui ou em qualquer outro cômodo. – Ele passou pra cima dela, que o encarou,
sorrindo – Mas pra deixar a coisa toda mais civilizada juraremos que foi aqui. –
Sussurrou e ela riu gostosamente.
Joshua mergulhou dois dedos na própria taça, levando o champanhe até os lábios
dela, umedecendo-os. Em seguida a beijou. O gosto do champanhe junto com o
sabor dos lábios dela combinaram perfeitamente. Micaela o acolheu entre as
pernas, se estreitando em seu corpo...

Micaela : Não. – Murmurou, emergindo do beijo dele. Ela equilibrava o braço para não
derrubar a taça com o resto do champanhe, e ele a apanhou, tirando-a dali, salvando o
lençol branco.

Micaela riu de leve. Ele a fez se sentar, ainda agachado dentre as pernas dela. Ele
beijou-lhe o rosto, descendo por seu pescoço, então afastou a alça da camisola dela.
Ela estremeceu quando ele derrubou um pouco do seu champanhe no ombro dela,
logo levando a boca para secá-la. Ele soltou a outra alça da camisola, fazendo-a
cair na cintura dela. Ele olhou os seios dela por um instante, admirando o que
agora era seu, então o olhar dos dois se encontraram. Havia cumplicidade ali,
paixão. Ele a fez deitar novamente, e ela arfou quando o champanhe desceu por
seu colo, molhando seus seios e barriga. A boca dele quente, como contraste, tornou
a sensação ótima. Causava vertigens nela. Ele secou todo o champanhe dela, ao
mesmo tempo que dispensava a taça.

Ele respirou fundo, as duas mãos livres apanhando-a pela cintura, e tomou um dos
seios dela com a boca, brincando com o mamilo túmido pelo frio do champanhe e
pela excitação. Aquela lentidão, aquela meticulosidade, tiravam Micaela do sério.
Ela subiu as mãos pelas costas dele, por debaixo da camisa, as unhas lhe traçando
a pele, sentindo os músculos. Joshua baixou a boca, mordendo a barriga dela,
fazendo-a se encolher e arfar.

Micaela : Amor... – Joshua sorriu – Podemos deixar pra fazer isso com calma depois? –
Ele riu gostosamente. Estava bêbada com uma taça de champanhe!

Joshua: Como preferir. – Disse, satisfeito, e a atacou.

Joshua a apanhou pela cintura novamente, levando-a para o centro da cama,


enquanto despia ela do resto da camisola. A boca dele apanhou a dela
agressivamente, todo o desejo controlado (ele quisera fazer tudo lentamente
porque mulheres insistiam em romantismo na noite de núpcias, mas como não era
o caso...), e Micaela arfou, satisfeita por ter sido atendida.
Ela puxou a camisa dele, estourando os botões de modo desajeitado até ter o peito
dele, quente, forte, pressionando seu corpo. Joshua apanhou as pernas dela,
enlaçando-as em sua cintura, e ela suspirou ao senti-lo já pronto pra ela. As mãos
dele desceram pelas costas dela, de modo apertado, se detendo em seu traseiro,
apertando-a contra si. Os dois trocaram carinhos e afagos pelos minutos que se
seguiram, até que os lábios de Micaela atingiram a cor de sangue. Um sorriso
nasceu no rosto dela quando ele se afastou por um instante, se livrando da calça
que usava e do short dela. Os corpos dos dois se juntaram de novo, mas quando ele
a beijou novamente, seu corpo havia possuído o dela. Micaela se soltou do beijo
dele, apanhando o ar com a boca, mas ele não esperou, começou a se mover. Não
calmamente, no ritmo que seu desejo pedia. Ela afundou o rosto no ombro dele, as
mãos em suas costas, sentindo os músculos se retraírem a cada investida que ele lhe
dava.

A respiração de Joshua era irregular, ele ofegava pelo esforço e pelo tesão,
querendo se satisfazer, e ao mesmo tempo sem querer que aquilo acabasse. Tempos
depois, quando a mente dela já estava nublada, longe, ele se sentou bruscamente,
trazendo-a junto. Ela gemeu com a mudança de posição, os cabelos caindo
livremente por seus ombros. Isso o deteve. A velha obsessão pelos cabelos dela
ainda existia. Ele passou a mão pelo rosto dela, em seguida os dedos enlaçando-lhe
os cachos, modelando-os. O ritmo dos dois se tornou brando nesse momento. Ela o
encarou, quieta, e ele retribuiu. Ele a fizera sua. Como desde a primeira vez, mas
agora para sempre. Ela tocou o rosto dele, a respiração irregular, os dedos
traçando os lábios dele. Ganhara mais do que pudera cobiçar para toda a vida. Ela
o beijou ternamente, ainda olhando-o, e ele sorriu. A trouxe pra si, beijando-a, e
voltando a se mover. Micaela enlaçou as pernas na cintura dele cravando as unhas
em suas costas. O ritmo dos dois se acelerou, até que atingiu um ponto
insuportável, e por mais que ela quisesse manter aquilo por mais tempo, seu
orgasmo veio, agressivo, roubando-lhe os sentidos, fazendo-a perder um breve
grito. Ele a manteve por mais alguns instantes, então a apertou contra o seu peito,
gemendo abafado, e se deixou cair de costas na cama, trazendo-a consigo. Micaela
o abraçou, acaricNicholasdo-lhe o peito, e ele sorriu, cansado.

Joshua: Podemos fazer com calma depois. – Lembrou, e ela riu.

Micaela : Temos todo o tempo do mundo. – Respondeu, dando um beijinho no queixo


dele.

Joshua: Posso viver com isso. – Ele suspirou – Não vai se arrepender? – Ela franziu o
cenho – Junto comigo você ganhou todos os meus problemas. Todo o reino. É muito
peso. – Avaliou.

Micaela : Eu nunca estive tão feliz em toda minha vida. – Ele a encarou, colocando o
cabelo dela atrás da orelha, o pequeno diamante cintilando ali. – Vamos envelhecer
juntos, alteza. – Ele riu.

Joshua: É, eu acredito que vamos. – Disse, e ela sorriu.

Micaela : Posso viver com isso. – Repetiu as palavras dele, que sorriu, selando-lhe os
lábios demoradamente.

Mas o casamento levara o dia todo, e ambos estavam cansados física e


emocionalmente. Joshua cobriu os dois, aninhando-a em seu abraço, e logo os dois
dormiram, exaustos.

---*
Em outro cômodo, um pouco mais cedo... Vanessa, apenas de roupa de baixo
(corpete e short pretos) soltava os grampos das raízes dos cabelos, que caiam,
negros, até a cintura. A coroa repousava na cômoda que possuía o espelho em que
ela se olhava. Zack estava sentado nos pés da cama, amparado em um dos pilares,
de braços cruzados. O olhar dela não encontrou o dele, mas em um ponto ela
sorriu de canto.

Vanessa: O modo como você me olha é indecente. – Comentou, deixando um dos


grampos do cabelo na cômoda. Ele riu de leve.

Zack: É? – Perguntou, fazendo pouco caso.

Vanessa: É. – Confirmou, se virando – Mas me faz pensar em algo.

Zack: Em que? – Perguntou, mas não a encarava. O olhar admirou a estatura dela, os
seios fartos presos pelo espartilho, as curvas retas, o cabelo longo que o encantava, as
coxas torneadas, quase sem cor alguma.

Vanessa: Suponho que a guerra esteja suspensa. – Zack assentiu, ainda observando o
corpo dela. – Bom... Sem guerra, não temos o que fazer, o que significa tempo livre. De
qualquer forma, não estamos em casa, estamos viajando. – Ela se aproximou da cama e
ele ergueu os olhos, com um sorriso de canto.

Zack: Não estou acompanhando seu raciocínio. – Comentou, divertido.

Vanessa: Podemos fazer disso nossa segunda lua de mel. – Esclareceu, sorrindo. Ele a
apanhou pelo corpete, puxando-a pra perto. Ela deixou a mão esquerda atravessar o
cabelo dele, a alNicholasça dourada brilhando na mão branca. Ele afundou o rosto na
barriga dela, aspirando seu perfume e soprou uma mecha de cabelo ali perto,
acompanhando-a – Fazem muitos... Muitos anos desde a primeira. – Lembrou. Ele
mordeu a barriga dela sobre o tecido rígido do espartilho – Não que eu esteja me
queixando de nada, longe de mim. – Ela riu, com um toque de malicia.

Zack: Eu acho uma idéia... Encantadora. – Ele a apanhou pela cintura, a lançando na
cama. Ela deu um gritinho, os cabelos formando uma mancha ao seu redor. Ele passou
por cima dela, beijando-a em seguida e ela o abraçou pelas costas, acaricNicholasdo a
coxa dele com o pé.

Em um corredor, dois andares a cima... Kristen esquecera sua coroa na sala de


estar, o que a fez voltar sozinha para apanhar. Na volta, porém, se bateu com algo.
Um casal, em um corredor deserto, em altos amassos. Nicholas e Maggy. Os dois se
beijavam avidamente, e ela arfava, o vestido todo amassado, presa na parede.
Havia uma agressividade (encantadora, por sinal), nos movimentos de Nicholas, a
boca devorando a dela, as duas mãos passeando pelas costas dela. O terno de
Nicholas, assim como o colete dele já haviam sido abertos, pendiam em seu braço, e
as unhas dela estava no pescoço branco dele, quase cravadas. Kristen arregalou os
olhos e recuou em silencio, mas...
Robert: Encontrou? – Perguntou, olhando-a.

Kristen: Shhh! – Disse, sussurrando – Está aqui.

Robert: O que há? – Perguntou, confuso, e olhou o corredor – AH, POIS MUITO BEM!
– Disse, e Kristen arregalou os olhos. Nicholas se separou de Maggy, ofegando, e os
dois olharam.

Kristen: Nos perdoem! – Pediu, mortificada. Maggy riu.

Robert: NÃO ME PERDOEM NÃO! – Disse, com uma diversão perversa no rosto –
Kristen, pode soltar, quantas vezes Nicholas nos interrompeu, achando até graça disso?
– Kristen envermelhou na mesma hora.

Nicholas: CrNicholasças, o que estão fazendo fora da cama tão tarde? – Perguntou,
divertido, jogando o terno no lugar.

Robert: Porque eu estou sozinho quando era pra haver uma rebelião? – Perguntou,
indignado. Kristen o rebocava, puxando-o pela camisa.

Kristen: Kath, perdão. – Maggy piscou pra ela, sorrindo. Nicholas ria da indignação de
Robert. – Robert Thomas Pattinson! – Ralhou. Robert a olhou, exasperado, e assentiu.

Robert: Vai ter volta. – Avisou a um Nicholas que ria gostosamente, antes de ser levado
pela esposa.

Kristen só soltou Robert no quarto dos dois, após trancar a porta. Ele ria da
indignação dela enquanto guardava a coroa dos dois. Ela desistiu e parou frente a
penteadeira, removendo as jóias que usava.

Robert: Tudo bem, perdoe. – Disse, mas os olhos dourados estavam divertidos. Ela o
olhou pelo espelho e sorriu.

Kristen: Você vestido assim, e com esse cabelo engomado, está me lembrando
constantemente o dia do nosso casamento. – Ele sorriu.

Robert: Você estava tão nervosa que sua mão parecia gelo quando seu pai te entregou a
mim. – Lembrou, sorrindo.

Kristen: Eu estava com medo. Estava completamente apaixonada, mas ser rainha era
outra coisa. – Disse, fazendo uma careta, e ele riu – Com razão. – Alfinetou – Então, nos
nossos votos, você me encarou. – Disse, sorrindo de canto – Eu nem existia mais
naquele momento. Só me lembro dos seus olhos. – Ele sorriu, se levantando – Então
você disse: “Nenhuma quantia de tempo de tempo ao seu lado seria suficiente.” –
Lembrou, e ele a abraçou por trás.

Robert: “... Mas vamos começar com a eternidade.” – Murmurou, antes de dar um beijo
apertado. Ela sorriu, se aninhando nele – Eu me lembro de cada minuto daquele dia. E
sabe... Nós podiamos aproveitar esse clima...

Kristen: ...Obscenamente promiscuo... – Assinalou, fazendo-o rir.

Robert: ...Que está predominando nesse castelo, e tirarmos um tempo pra nós dois. – Ele
virou ela pra si, tocando seu rosto com o dedão, beijando-lhe a maxilar em seguida.

Kristen: Só nós dois? – Perguntou, sorrindo.

Robert: Só nós dois, eu e você, ninguém mais. – Disse, enchendo-a de beijos.

Kristen: Gosto disso. – Respondeu, antes de beijá-lo. Ele a abraçou forte, erguendo-a do
chão, sentindo o gosto doce de seus lábios.

Ali estava tudo em paz. Mas longe, muito longe dali...

Hades: Você pediu ao teu pai que me mandasse reforços imediatos? – Perguntou,
entrando no quarto.

Uma mulher estava sentada, penteando o cabelo, que era de um castanho claro,
longo e liso. Ela virou o rosto, e seus olhos eram de um verde insoso. Seu nome era
Belinda.

Belinda: Se eu não tive uma lua de mel, eles também não vão ter. – Explicou, simples.
Ela não tivera uma lua de mel. Ela não tivera o casamento dos seus sonhos porque isso
lhe fora roubado no ultimo momento. Agora era hora de pagar. Hades sorriu, fazendo a
volta pela cama, e ela se levantou. Ele tocou o rosto da esposa, ainda sorrindo.

Hades: Como eu não encontrei você antes? - Ela sorriu, dando de ombros – Não se
preocupe, eles não terão uma lua de mel. Ninguém terá. – Acrescentou e ela assentiu,
satisfeita.

Era uma promessa. Posteriormente seria um problema.

---*

Os dias que se seguiram foram os mais felizes já vistos ali. Na verdade, ninguém
via ninguém; ninguém saía de seus quartos, nem pra comer. Os empregados se
revezavam para servir os quartos de café da manhã, almoço e janta, perfeitamente.
O reino todo estava feliz. A guerra parara, havia uma nova rainha, estava tudo
perfeito.
No dia seguinte a noite de núpcias, Joshua acordou Micaela aos beijos, com uma
bandeja linda de café na cama. Não era necessário dizer que os dois nem saíram da
cama. Suri não entendia porque todo mundo havia sumido, mas toda vez que
perguntava a Mary (sua nova melhor amiga), o assunto era despistado, até que ela
deixou pra lá. Os dias se passavam com uma tranqüilidade gostosa, e ninguém se
ousava a passar pelos corredores durante a noite. Podia ser perturbador. ㅤ
Você não está só, juntos permaneceremos
Eu estarei do seu lado, você sabe, eu segurarei sua mão... ♫ ㅤ
Micaela e Joshua estavam no seu quarto. Haviam terminado de tomar café da
manhã. Ele estava deitado, de barriga pra cima, e ela amparada em um braço. Ela
tinha um morango na mão livre. Ele observou ela morder a fruta, e em seguida
oferecer a ele. Porém quando ele foi morder ela esquivou a mão, brincando. Ele
tentou mais duas vezes, e ela sorria, divertida, mastigando o que tinha na boca. Ele
parou um instante, observando-a, e partiu pra cima dela, que arregalou os olhos
azuis, dando um gritinho antes de ser jogada nos travesseiros. Ele roubou o
morango da mão dela, de propósito mordendo-lhe os dedos, e em seguida enchendo
o rosto dela, que ria gostosamente, de beijos mordidos.

Quando ficar frio, e parecer o fim


Não há lugar pra ir, você sabe, eu não vou ceder... Não,
eu não vou ceder... ♫

Era madrugada. Vanessa ria. Ela usava uma camisola de seda, longa, negra, e
conversava com o marido. Ele de pé, o peito nu, só de calça, sorrindo. Então ela
rolou na cama, ficando atravessada, com um sorriso ultrabranco no rosto, os
cabelos caídos na cama ao seu lado, e disse algo que o fez erguer as sobrancelhas,
gargalhando em seguida. Ele se aproximou da cama e ela ainda ria quando ele a
puxou pelo braço, trazendo-a pra si. Ele mordeu a curva do pescoço dela, fazendoa
se encolher, rindo, e beijou-a em seguida. Ela, ajoelhada, apanhou o cós da calça
dele, sem interromper o beijo e o puxou, trazendo-o para a cama. Quando Zack se
permitiu cair deitado ela passou pra cima dele, dando continuidade ao beijo
apaixonado. As mãos dele subiram pelas costas dela, por cima da camisola, de
modo carinhoso, apertado. ㅤ
Continue agüentando firme!
Porque você sabe que conseguiremos, nós conseguiremos ♫ ㅤ
As unhas de Maggy desceram pelas costas de Nicholas de modo demorado,
deixando um rastro vermelho escuro na pele branca. Os dois estavam na cama,
embolados nos lençóis, e era a terceira vez que transavam aquele dia. Ela não se
lembrava de ter tido tanto tempo junto com ele, sem ser interrompidos, desde a lua
de mel, e ela estava adorando tudo isso! Ele mordeu a maxilar dela, em seguida os
lábios, puxando-os pra si, antes de se afundar em um beijo agressivo, demorado.

Apenas seja forte!


Porque, você sabe, eu estou aqui por você, estou aqui por você. ♫

Robert saíra do banho, enrolado em uma toalha, o peito branco molhado, e os
cabelos espetados em várias direções. Kristen teve um acesso de riso olhando o
marido, que passou a mão no cabelo, por costume. Piorou tudo. Ela já estava
vermelha de rir, encostada na cama, quando ele partiu pra cima dela, que deu um
gritinho, saindo correndo. Não durou quase nada, quatro passos depois ele havia
alcançado ela, apanhando-a pela barriga e erguendo-a do chão. Os dois caíram na
cama, e ela rolou pra cima dele, passando a mão em seu cabelo. Ele observou,
sorrindo. Ela afofou o cabelo dele até ficar lambido, caindo no riso de novo. Ele
sacudiu a cabeça pros lados, pingando água, e puxou o rosto dela pra si, enchendoo
de mordidas. Ela gritou, rindo, e o afastou, caindo de lado na cama. Ele se deitou
de costas, os olhos dourados fixados nela, que engatinhou até ele, dando-lhe um
beijinho. Robert manteve o semblante sério. Ela o beijou de novo, e outra vez,
então ele riu, puxando-a pra cima de si, beijando-a direito em seguida. Dessa vez
não houve objeção.

Não há nada que você possa dizer, nada que você possa fazer
Não há outro jeito quando se trata da verdade... ♫

Chovia forte lá fora. Era madrugada. Joshua acordara com sede e com frio. Após
vestir uma calça, bebeu um copo de água, e colocou mais lenha na lareira. Não
ficou bom ainda, então ele acendeu as velas dos castiçais da parede e da mesa de
cabeceira. Por fim o clima ficou gostoso novamente. Ele tomou outro copo d‟agua,
e se virou pra cama, olhando. Micaela estava descoberta até a cintura, encolhida
de frio, agarrada ao travesseiro dele. Dormia profundamente, os cabelos caídos em
seu travesseiro. Haviam marcas por toda a sua pele, marcas de mordida, de mão,
de chupão, nas costas todas, na nuca. Ele sorriu se lembrando da disposição pra ele
sempre que ele a buscava, do sorriso que se transmitia nos olhos, o som do riso
feliz, os carinhos que lhe fazia para acordá-lo. Ele tocou a alNicholasça nova em
seu dedo, a dela, e sorriu de canto. Toda vez que olhava pra ela, que ela o
abraçava, ele tinha certeza de que todo o sofrimento que passara havia valido a
pena, porque o tinha levado até ela. Ele voltou pra cama, cobrindo-a até os
ombros, e assim que se deitou ela o abraçou, se aconchegando nele, respirando
fundo. Ele passou pra debaixo da coberta e a abraçou pelo ombro, lhe beijando a
testa. Ela suspirou, abraçando-o, mas não acordou.

Então continue agüentando firme
Porque você sabe que conseguiremos, nós conseguiremos... ♫ ㅤ
Um mês se passou desde o casamento. Amanhecia. O frio era cortante. O reino
dormia, quando aconteceu. Um barulho de algo grande cortando o ar, então um
estrondo que parecia ter feito o chão tremer. Zack dormia com Vanessa em cima do
se peito. Quando o barulho veio ele apenas abriu os olhos, mirando o teto. Robert
puxou Kristen pelo braço, afastando-a da janela, o cenho se franzindo. Joshua
apertou Micaela nos braços, antes de se sentar, em alerta. Nicholas, que estava aos
carinhos com Maggy, ela de costas pra ele que dava beijinhos leves em seu ombro,
parou com o que fazia, os olhos claros prontamente aguçados. Era uma vez a paz.

---*

O alvoroço vindo do lado de fora foi imediato. Os reis, muito contra vontade, se
vestiram as pressas. Ninguém sabia o que era, mas todos sabiam que não era
normal.
Joshua: Eu só vou ver o que foi. Fique aqui, me espere. – Ordenou e Micaela assentiu
com a cabeça, enrolada num lençol, no meio da cama.

Ele mal fechou o colete e saiu, descendo as escadas apressadamente. A guarda se


fechou na frente da escadaria assim que ele passou batido, direto pro quarto de
Suri. Mas a menina dormia profundamente, sua inocência intocada pelo barulho
anormal. Guardas armados foram pra porta do quarto da menina e ele desceu pro
térreo. Encontrou Nicholas e Robert lá.

Nicholas: Coincidência vê-los por aqui, cavalheiros. – Disse, sorrindo descaradamente,


o cabelo bagunçado, a camisa pra fora da calça.

Robert: Estou realmente encantado. – Disse, debochado. Os cabelos de Robert estavam


apontando pra todos os cantos, de qualquer modo – Que demônio foi aquilo?

Joshua: Não sei, mas não me parece nada bom. – Se resumiu.

Zack: Vanessa está furiosa. – Disse, se revelando no fundo do corredor – Isso não é um
bom presságio para nada, acreditem. – Disse, passando a frente.

A cena seria cômica se não fosse trágica. Todos estavam descalços, despenteados,
mal vestidos (Zack nem se dera ao trabalho de colocar o colete), e com as caras
amassadas. Quando chegaram a sala já havia um oficial lá, que explicou
rapidamente a situação.

Robert: Ele atirou o que? – Repetiu, em um silvo.

Oficial: Havia uma catapulta, senhor. – Confirmou – Aparente é um rolo de corda,


gigante.

Nicholas: Aparentemente? – Repetiu – Ninguém parou para olhar o que era?

Oficial: Está pegando fogo, senhor. Não há como se aproximar. – Zack observava tudo,
quieto.

Joshua: Por onde?

Oficial: Willow Creek. – Informou.

Zack: Eu não coloquei homens meus cobrindo aquela divisa? – Perguntou, tranqüilo
demais pra ser saudável.

Oficial: Ainda assim, alteza, é um campo aberto. Estão atacando por lá. Enquanto
brigam, a catapulta é puxada mais para perto. Meus soldados acreditam que o objetivo é
atingir o castelo. – Encerrou.

Nicholas: Vamos plantar arvores! – Disse, rindo, debochado.


Robert: Quantos homens? – Perguntou, respirando fundo.

Oficial: Não temos como saber. Atacaram por todos os lados, e havia o alvoroço com a
bola de fogo. Não temos um numero, mas preciso de reforços.

Joshua: Ele está lá? – Perguntou, quieto.

Oficial: Não senhor. Só civis. – Joshua assentiu. – Mas eles tem ordem de alcançar o
castelo, estão tentando ultrapassar a fronteira com tudo.

Nicholas: É uma missão suicida. Ele sabe. Colocou os homens para morrer por puro
capricho. – Disse, passando a mão no cabelo. Estava tão bom antes disso!

Zack: Pois muito bem. Envenene as flechas com querosene e toque fogo nelas antes de
devolvê-las. Soe o alarde e chame os meus homens. – Ordenou, e o oficial assentiu –
Prepare meu cavalo. – Disse, desgostoso, dando as costas. Bonito ia ser explicar isso a
Vanessa.

Robert: Contenham o avanço, apaguem a bola de fogo. Precisarei do meu cavalo


também. – Disse, antes de sair.

Nicholas: E só por precaução... – Disse, com um sorriso angelical – DESTRUAM a


maldita catapulta.

Joshua: Nós estamos indo. – Encerrou, e os dois saíram juntos.

Micaela aguardava, como fora ordenado. Vanessa havia se vestido. Kristen saía do
banho. Maggy estava quase dormindo de novo. Os sinos tocaram, o barulho
estrondando por todo o castelo. Kristen suspirou, exaltada. Maggy abriu os olhos,
focando a parede. Micaela gemeu, passando a mão no rosto. Vanessa olhou pro
teto, um rosnado nascendo em seu peito. Maldito fosse.

Micaela : Você prometeu. – Disse, quieta, quando ele entrou no quarto. Joshua suspirou.

Joshua: Eu prometi... Mas ele está tentando tocar fogo no castelo, carinho. – Micaela
ergueu as sobrancelhas – Eu vou resolver isso rápido, eu prometo.

Micaela : Nossa lua de mel estava tão perfeita. – Lamentou, aborrecida.

Joshua: Me dê algumas horas. – Disse, se sentando ao lado dela – No final do dia, no


mais tardar, terei resolvido isso tudo. Tem minha palavra.

Micaela assistiu Joshua se arrumar as pressas. Odiava vê-lo com aquela


armadura. Enquanto isso, no andar debaixo...

Vanessa: Me dê um motivo razoável pra eu não quebrar o pescoço de alguém. – Disse, a


cabeça caída pro lado, olhando pro nada. Zack prendeu o riso.
Zack: Porque eu estou mandando. – Disse, terminando de fechar a armadura, e ela
suspirou.

Vanessa: Me dê outro. – Ele riu.

Zack: Eu preciso ir. – Disse, se aproximando para beijá-la, mas ela se esquivou. Ele
franziu o cenho.

Vanessa: Entregue esse beijo a Hades. – Disse, cinza de raiva, e saiu porta a fora. Ele
sorriu, divertido.

Zack: Vanessa, você está de camisola! – Alertou. Veio um grito em resposta no corredor.

Vanessa: APROVEITE O TEMPO PRA MEDITAR SOBRE COMO EU ME IMPORTO


SOBRE ESTAR DE CAMISOLA! – Disse, quase histérica, e ele riu, apanhando a
espada nos pés da cama.

Zack: Mad...

Vanessa: PORQUE AINDA NÃO FOI, ZACK? – Perguntou, a voz já longe no corredor.

Zack: E se eu morrer lá? – Perguntou, divertido, saindo do quarto. O som do riso dela
ecoando pelo corredor o fez rir. Era uma ameaça pior que qualquer grito.

Quando os 4 reis saíram, juntos, o caos reinava. O fedor de queimado alcançava o


castelo. Eles se dispersaram, precisavam ordenar os homens, apagar a bola de fogo
e quebrar a catapulta. Zack ficou no comando do exercito, sua ordem
transparecendo logo em um rugido raivoso. Robert foi atrás da bola de fogo, que
na tentativa de ser apagada agora rolava, espalhando fogo por tudo o que era
canto. Joshua e Nicholas foram furar a barreira para quebrar a catapulta.

Robert: Mas que diabo... O que vocês fizeram com isso? – Perguntou, exasperado,
vendo a bola de fogo rolando sem controle, e as pessoas correndo para sair do caminho.

Soldado: Tentamos rolá-la, para quebrar, senhor. Saiu de controle. – Robert rolou os
olhos.

Robert: Percebi. – Disse, incrédulo – Façam ela parar, ataquem com lanças até fixá-la
em um ponto e JOGUEM AGUA! – Disse, óbvio. O soldado assentiu e saiu correndo,
repetindo a ordem. Robert observou. Os gritos de Zack eram ouvidos dali. Ele aguçou
os olhos, vendo pra onde a bola rolava – Não deixem ela alcançar... – A arvore chegou
na copa das arvores e Robert gemeu, suspirando em seguida - ...As arvores.

Ele saiu a galope atrás da bola, desvNicholasdo o cavalo do rastro de fogo deixado.
Aquilo daria trabalho. Nicholas e Joshua passavam como duas flechas pelo campo
de batalha, que parecia literalmente o inferno. Homens se matavam, haviam
flechas pegando fogo por tudo quanto era canto. Ao chegarem a catapulta, já
preparavam uma segunda bola de fogo (o que provavelmente tiraria Robert do
sério).
Nicholas atropelou o primeiro soldado que tentou pará-lo, sem nem se dar ao
trabalho. Depois eram ele e Joshua contra uns 30. Não foi fácil, e não havia nada
bonito em matar, principalmente sabendo que aqueles homens tinham uma
família, uma vida. Aquela situação era obvia: Fora colocada só para criar caos. Por
fim eram eles dois e a catapulta. Os dois usaram as espadas (cobertas de sangue)
para cortar as cordas que mantinham a catapulta em pé.

Nicholas: Em pensar no que eu podia estar fazendo em casa. – Rosnou, baixando a


espada em uma corda grossa, na intenção de torá-la. Joshua teve vontade de chorar
ouvindo aquilo, pensando em Micaela em casa, esperando por ele.

Enquanto isso, em casa... Maggy e Kristen estavam com Micaela , na torre.


Vanessa sumira. Mary estava com Suri.

Maggy: Não deixe que isso estrague sua lua de mel. Imprevistos acontecem. – Disse,
tranqüila.

Micaela : Não foi um imprevisto, Hades fez de propósito.

Kristen: Em poucas horas ele estará aqui novamente. – Consolou – Não há motivo para
se...
A porta abriu com um estrondo, revelando uma Vanessa com uma aparência
doentia de tanta raiva do lado de fora. Ela tinha uma garrafa de whisky na mão, a
camisola de seda negra longa, os cabelos soltos.

Vanessa: BOM VER VOCÊS! – Disse, raivosa, fechando a porta com o pé.

Kristen:... Se irritar. – Completou, olhando Vanessa.

Vanessa: Não estou irritada. Estou FURIOSA! – Disse, os olhos negros quase opacos –
Eu estava em lua de mel! – Disse, indignada. Micaela ergueu as sobrancelhas.

Micaela : Eu que o diga. – Disse, debochada.

Vanessa: Quer? – Ofereceu a garrafa. As outras negaram. Ela deu de ombros, virando a
garrafa na boca.

Maggy: Porque você está bebendo mesmo?

Vanessa: Porque eu quero matar alguém e eu não posso. – Disse, se largando em uma
poltrona – Estou com o DEMÔNIO no corpo, apenas isso!

Kristen: Porque não pode?


Vanessa: Porque Zack me proibiu de sair do castelo. – Disse, olhando o whisky – Eu
não sei porque eu insisto em tentar beber, nunca funciona. – Disse, revoltada, colocando
a garrafa no chão – Qual era o assunto? – Perguntou, tirando o cabelo do rosto.

Kristen: Como Micaela não deve se irritar por esse contratempo. – Informou.

Vanessa: Como não? É claro que ela deve se irritar, não sei se vocês perceberam, EU
ESTOU IRRITADA! – Disse, sorrindo. Micaela riu da revolta de Vanessa. – Eu poderia
estar rolando na cama nos braços do meu marido, que tem braços lindos por sinal,
agora, MAS NÃO! Estou aqui, tentando me embebedar mesmo sabendo que não
funciona! – Disse, debochada.

Micaela : Não fica preocupada por ele estar lá? – Perguntou, receosa.

Vanessa: É isso? Micaela , pelo amor de Deus. Zack está lá, não há risco para nenhum
deles. Estou FURIOSA pelas horas desperdiçadas, nada mais. Em relação a isso fique
tranqüila.

Maggy: É realmente confortante conversar com ela. – Ironizou e Vanessa riu.

Os homens só voltaram no cair da noite, após encerrar a batalha em campo,


apagar todo o fogo e dar uma busca rigorosa até declarar o castelo seguro
novamente. Nem se despediram ao entrar em casa, cada um tomando seu rumo.
Joshua largou a armadura na sala de armas; algo o dizia que o humor de Micaela
não melhoraria ao ver o sangue ali. Ela se manteve calada quando ele entrou no
quarto, e enquanto ele tomava banho. Arrumava algo em uma gaveta. Usava uma
saia solta, preta, e um bustiê que deixava a barriga livre (um sutiã) também preto.
Ele saiu do banho secando o cabelo e se sentou na cama, mais arrumada do que
estivera no ultimo mês.

Joshua: Está brava? – Micaela ficou quieta – Carinho, não foi porque eu quis, Deus viu
que não.

Micaela : Eu sei. Me irrita o fato de que Hades sempre arruma um modo de arruinar
tudo o que eu faço. – Disse, se virando pra ele.

Joshua: Nossa lua de mel não está arruinada. Esqueça o dia de hoje. – Ela assentiu,
quieta. Ele a observou por um instante, até que uma lembrança veio em sua cabeça –
Dance pra mim. – Pediu. Ela ergueu o rosto.

Micaela : Desculpe? – Perguntou, pondo o cabelo atrás da orelha.

Joshua: Você me disse que sua tia havia lhe ensinado a dançar. – Lembrou – Na época
não podíamos, porque Nicholas faria o inferno, mas agora podemos. – Ele sorriu de
canto – Dance para mim. – Insistiu. Micaela respirou fundo, em seguida o encarando.

Ela não permitira que Hades estragasse sua lua de mel desse modo. Ela dançaria
pra ele.
Joshua: Se te tranquiliza, não vai acontecer outra vez. Nós redobramos a guarnição, e
Zack assegurou que se alguém tentar novamente, ele solta Vanessa. – Micaela riu de
leve.

Joshua tomou o silencio ela como algo positivo. O copo estava meio cheio, pelo
menos ela não tinha dito não. Ela viu ele se levantar, indo até a porta e trancandoa,
tirando a chave da fechadura e pondo-a de lado. Ele se virou, encarando-a, meio
que sondando.

Joshua: Dance pra mim. – Pediu novamente.

Joshua viu Micaela se desencostar da cômoda, caminhando até ele, encarando-o.


Ela não parou de andar até que seu corpo colou no dele. Os dois se encararam por
instantes, a respiração de um batendo no rosto do outro, até que ele sentiu as mãos
dela em seu braço, não tocando, segurando. Micaela o trouxe junto de si até a
cama, onde o empurrou sentado. Ele nem reclamou, apenas observava. Ela
apanhou a toalha dele, largada em cima da cama, e a cintura dela começou a se
mover pros lados, primeiro lentamente, depois ganhando velocidade. Ela deu um
passo pra trás, sem deixar de mover a cintura, e se pôs a girar. Ele sorria,
encantado, observando tudo. Ele mal podia ver os pés dela, por causa da saia, mas
podia ver a barriga reta, as curvas sumindo dentro da saia, os seios expostos pelo
sutiã. De onde ela tirara aquilo? Ela parou de girar, ficando de frente pra ele,
sorrindo de canto, e levou as mãos aos cabelos, fechando os olhos, como se aquilo
lhe causasse prazer. O corpo de Joshua começou a reagir a cena; ele segurou no
lençol pra conter o impulso de agarrá-la. Micaela passou por ele, indo pros pés da
cama, lhe dando as costas. Ele deixou a cabeça cair pro lado, observando os
quadris dela indo e vindo. Ela havia aberto os braços, o que presenteava a visão
dele maravilhosamente com as curvas dela. A atenção dele foi chamada quando ela
jogou a cabeça pros lados, os cabelos ricocheteando no ar. Ele sorriu.

Ela sabia o apelo que os cabelos tinham sobre ele. Ela tornou a fazer, agora pro
outro lado, e girou pro outro lado da cama, voltando a encará-lo. Sorria.
Continuou balançando a cintura freneticamente pros lados, e subiu as mãos
lentamente pelas curvas do corpo, provocando-o, até que ficou com os braços pra
cima. Ela se pôs a girar, rebolando pros lados, lentamente. Só deixou de encará-lo
quando teve que dar a volta, os cachos se balançando pelos impulsos dela. Joshua
nem percebera, mas estava quase de 4 na cama, na direção dela. Ofegava
brevemente, os olhos dilatados de vontade. Ela girou livremente, voltando pra
frente da cama, e abriu os braços na frente dele, jogando o cabelo pro lado,
encarando-o. O azul dos olhos dela parecia hipnotizá-lo. A cintura ainda se
movendo, ela subiu as mãos pela barriga, passando pelos seios e chegando nos
cabelos, retirando-os do rosto, destacando os olhos em cima dele. Ela riu de leve e
girou novamente, voltando pro ponto de onde começara. Joshua se ajeitou na
cama, como se girasse em torno dela. Micaela apanhou a toalha desprezada no
chão, como um lenço, e a abriu, passando em torno dos ombros e girou umas três
vezes. Joshua umedeceu os lábios ao ver ela se aproximar dele. Micaela passou a
toalha por trás do ombro dele, prendendo-o, e se aproximou dele, ficando entre
suas pernas. Micaela levou o colo até o rosto dele, deixando os seios em frente ao
seu rosto enquanto balançava os ombros. Joshua olhou os seios dela, tentado a
encerrar aquilo, mas a encarou e sorriu. Ela o soltou, subindo na cama, dando as
costas a ele, jogando os quadris pros lados enquanto tirava o cabelo do rosto. Ele
olhou o movimento do traseiro dela e respirou fundo, mantendo o controle. Ela se
virou pra ele, voltando a encará-lo, e após puxar a saia pra cima, colocou o pé no
peito dele.
Joshua pegou a perna dela sutilmente com uma mão, dando-lhe um beijinho no pé,
ergueu a sobrancelha, mordendo o lábio, quando ela se inclinou pra trás, até onde
dava, balançando os ombros.

Quando ela fez o percurso de volta, ficando em ereta novamente, empurrou o peito
dele com o pé, fazendo-o deitar com a cabeça no travesseiro. Ela passou por cima
dele, ficando com um pé de cada lado dele, olhando-o, e passou o pé desde o ombro
dele, descendo por seu peito, parando no cós da calça, beliscando-o. Quando ela
começou a se abaixar, jogando com os ombros, Joshua se sentou. Ela parou,
deixando os seios na altura do rosto dele de novo, dando com os ombros. Joshua
não ergueu o rosto dessa vez, e as mãos dele apanharam a cintura dela. Ainda
balançando o colo em frente a ele ela jogou o cabelo pro lado, os cachos caindo por
seu colo, entrando na visão dele. Por fim ela parou de dançar, apanhando o queixo
dele com uma mão, fazendo-o encará-la. Ambos ofegavam, os olhares carregados
de tesão acumulado.

Joshua: Cigana. – Acusou, em um murmúrio, fazendo-a sorrir, e apanhou o rosto dela, a


mão entrando em seu cabelo, puxando-a para um beijo. Ele a lançou na cama ao seu
lado, e ela riu, deixando que ele atacasse seu corpo.

Dessa vez não houve preliminares; Joshua parecia furioso. Ele apenas matou a
vontade que ficara nos seios dela. Puxou o sutiã com uma mão só, como uma
crNicholasça que desembrulha um presente, e se banqueteou, mordendo, sugando,
sentindo. Os vermelhos já estavam acesos, os seios dela sensíveis, quando ele
rasgou a saia que ela usava, se desvNicholasdo de sua calça, se afundando no corpo
dela em seguida. Ele parou um instante, perdendo um gemido abafado e ela arfou
audivelmente com a invasão, olhando o dorsel da cama, todo o ar dos pulmões
tendo sido expulsos.

Micaela : Tire isso. – Pediu, atordoada, puxando a camisa dele. Joshua se ergueu um
instante, puxando a camisa de qualquer jeito, beijando-a na volta.

O grito de Micaela morreu na boca de Joshua quando ele voltou a se mover contra
ela, tamanha a força. As costas dele não tinham mais espaço pra arranhões, mas
recebeu. Ela cravou as unhas na cintura dele, no ponto onde os músculos de
moviam com suas investidas, deixando a marca viva ali. Toda a irritação, toda a
preocupação, tudo se tornou pequeno dNicholaste aquilo. Ele estava ali, era seu
marido, sempre seria dela. Em um ponto Joshua se sentou, trazendo-a pro seu
colo. Enquanto guiava os movimentos dele, durante um tempo ele ficou com os
olhos abertos, observando a expressão facial dela. Tinha os olhos fechados, o cenho
delicado franzido, mordia a parte inferior do lábio. Então, subitamente, franziu
mais o cenho, com força, os lábios se entreabrindo, a respiração suspensa por um
instante, as unhas apertando seu ombro, e um gemido alto escapou dela. Joshua
sorriu, satisfeito por ter assistido aquele momento, e deu um beijinho no queixo
dela, que abraçou. Ele notou que ela tremia. Minutos depois foi a vez dele, que se
correu com o nome dela nos lábios. Ele rolou de lado, caindo de costas na cama
com ela em cima do seu peito, e ambos ficaram quietos. Ele arfava, de olhos
fechados. Micaela ofegava, as vezes perdendo pequenos gemidos baixos, meio
tremula ainda. Demorou minutos pra que ele falasse.

Joshua: Sua tia ainda é viva? – Perguntou, rouco, acaricNicholasdo as costas dela.
Micaela franziu o cenho com a pergunta.

Micaela : Eu acredito que sim. – Respondeu, amparando o rosto no peito dele de modo
que pudesse olhá-lo. Ele ainda tinha os olhos fechados – Porque?

Joshua: Quero lhe enviar flores, com um cartão de agradecimento. – Disse, um sorriso
descarado nascendo em seu rosto, e ela riu – Com que idade ela te ensinou isso? –
Perguntou, olhando-a.

Micaela : Idade o suficiente. – Resumiu, e ele riu – Porque? Quer que eu já comece a
ensinar a Suri?

Joshua parecia ter levado uma bolacha. Ele fechou a cara, erguendo a sobrancelha
pra ela, que riu alto.

Joshua: Quero que você dance mais vezes. – Disse, tirando o cabelo dela de seu rosto.

Micaela : Eu sei fazer mais coisas. – Disse, travessa. Ele ergueu as sobrancelhas.

Joshua: O que? – Ela negou com a cabeça, sorrindo.

Micaela : Segredo. Na hora você descobre. – Provocou, e ele a apanhou pelos pulsos,
jogando-a na cama, e ela ria gostosamente, se encolhendo.

Joshua: Fala pra mim. – Pediu e ela negou. Ele abaixou o rosto, mordendo a barriga
dela, que gritou – Fala, carinho. – Ela negou novamente – Eu vou te morder inteira se
você não falar. – Avisou. Ela negou novamente e levou outra mordida, na curva da
cintura, o que a fez se encolher.

Aquela brincadeira durou vários minutos e inúmeras mordidas. Por fim ele tomou
gosto pelas mordidas, e a brincadeira ficou séria, levando horas a frente. E no
final, ela não falou.

Um mês e meio depois...

Um mês e meio porque tudo estava muito bom, tudo estava muito bem, e ninguém
queria terminar a lua de mel. Mas chegou a hora. Em resumo do ultimo mês, não
houve um novo ataque, mas houve muito sexo em compensação. Ninguém viu
ninguém durante esse tempo.

Joshua: Quer que eu mande trazer seu café aqui hoje? – Perguntou, fechando o colete.

Micaela : Não. – Disse, se esticando pra se levantar. Digamos que se sentar não era a
mais fácil das missões. Ela estava de camisola, de linho branco, longa e sem mangas. –
Quero descer hoje. – Ele assentiu.

Joshua: Carinho. – Disse, se aproximando – Não é porque nossa lua de mel acabou que
as coisas precisam mudar tanto. Eu sempre vou estar pra você na hora em que você
precisar, não importa o que. – Disse, acaricNicholasdo o rosto dela em seguida.

Micaela : É... Mas não há como deter a guerra, há? – Perguntou, quieta. Ele suspirou, se
afastando, voltando aos botões do colete. Joshua ainda tinha os cabelos úmidos, do
banho.

Joshua: Não. É como tentar tapar o sol com uma toalha. Vai acabar logo, eu prometo. –
Ela assentiu, se amparando no lastre da cama – Há mais algo que você queira, algo que
eu possa fazer?

Micaela : Eu quero paz, Joshua. – Ele abaixou a cabeça, olhando os botões que fechava
– Eu quero paz pra todos nós. Pra Suri. Pra você, pra mim. – Ela hesitou um instante – E
para a crNicholasça que está crescendo em meu ventre.

Joshua estancou no lugar. Ela esperou pela reação dele, mas ele não conseguiu
apresentar uma. Apenas ergueu o olhar, os olhos de um verde estagnado,
encarando-a. Ah, meu Deus.

Joshua: Grávida? – Micaela assentiu – Oh. – Ele meio que recuou, respirando fundo.
Micaela esperou, ansiosa. Então um sorriso nasceu no rosto dele. O sorriso mais lindo
que ela já havia presenciado. – Oh, meu Deus. – Ele quase correu até ela, abraçando-a.
Micaela sorriu, beijando-lhe a orelha, e ele a retirou do chão – Meu Deus, obrigado. –
Murmurou, apertando-a em seu abraço.

Micaela : Por um instante eu pensei que você não fosse gostar. – Disse, a voz rouca de
emoção, agarrada a ele.

Joshua: Não gostar? – Perguntou, meio atônito. Joshua ofegava como se tivesse feito
uma corrida a pouco, o sorriso bobo sempre no rosto. Ele a colocou no chão, apanhando
seu rosto nas mãos – Você não podia ter me feito mais feliz. Não podia. – Disse,
cobrindo o rosto dela de beijos. Micaela sorriu – Obrigado. – Murmurou, antes de
beijála.
A noticia correu como vento. Primeiro pelo castelo, então antes do meio dia todo o
reino já festejava.
Vanessa: Grávida. – Analisou, como se a idéia não lhe passasse pela cabeça. Micaela
segurava em uma cômoda, os braços abertos, enquanto uma criada laçava seu corpete. –
Como pode ter certeza?

Micaela : Eu não sei como. Eu só sei que não estou mais sozinha. É complicado
explicar. – Disse, olhando-as pelo espelho – Porque você me parece chocada, Mad?

Vanessa: Nada. Só estou surpresa. Não tinha pensado nisso antes. – Disse, dando de
ombros.

Micaela : Nunca lhe passou pela cabeça de que Zack um dia vai precisar de um
herdeiro? Um sucessor? – Vanessa sorriu.

Vanessa: Você parece partir da estranha idéia de que eu vou deixá-lo morrer. – Disse,
divertida, se levantando. Micaela riu. – De qualquer forma, meus parabéns novamente.

Micaela : Onde estão as outras? – Perguntou, dando falta de Kristen e Maggy.

Vanessa: Eu acredito que começando a planejar um enxoval. – Micaela franziu o cenho


– Kristen ficou tão alvoroçada que parecia um esquilo. Não parava de mexer no cabelo,
e saltitar. Na verdade foi engraçado. – Observou, pensativa.

Joshua: Ei, não aperte tanto isso. – Disse, entrando no quarto. Micaela revirou os olhos.

Micaela : Não há nada pra apertar ainda, Joshua. – Tranqüilizou.

Joshua: Apertando desse jeito ele não vai conseguir respirar. – Rebateu.

Micaela e Vanessa se encararam, pelo reflexo do espelho, ambas rindo em seguida.


Joshua ergueu as sobrancelhas.

Micaela : Querido, não diga tolices. – A criada terminou de laçar o espartilho, indo
apanhar o vestido. Vanessa ainda ria.

Vanessa: Joshua, com todo respeito, meus parabéns e tudo mais, mas volte para sala. Já
vamos descer. – Disse, empurrando Joshua pra fora. Este encarou Micaela , que
assentiu. Vanessa fechou a porta – Quem vê pensa que é pai de primeira viagem.

Micaela : Eu acredito que Dulce não deixou Joshua viver a gravidez dela. – Disse,
passando as pernas pra dentro do vestido – Sempre o reprimindo, afastando, como se a
gestação fosse uma doença, uma vergonha. – A criada subiu o vestido por ela, que o
passou pelos braços.

Vanessa: Porque diz isso? Você a conheceu? – Micaela ergueu as sobrancelhas, olhando
o chão, enquanto a criada puxava os cordões do vestido.

Micaela : Não. Intuição. – Mentiu – De qualquer forma, dessa vez ele vai acompanhar
todos os passos. Ele merece isso.
Criada: Pronto, senhora. – Disse, pondo as sapatilhas de Micaela em frente aos seus
pés. Micaela assentiu, liberando-a.

Micaela : Joshua já sofreu muito. Mais do que justo, mais do que necessário. – Disse,
apanhando a escova na penteadeira, se pondo a escovar os cachos.

Vanessa: Imagino. Tudo com Dulce, e depois Suri sem poder andar... Perdoe, mas até
mesmo quando pensou que teria que matá-la. – Micaela assentiu.

Micaela : Não posso dizer como sei, Mad, mas Dulce foi uma mulher desprezível. Tanto
mulher quanto esposa. Joshua não merecia. – Disse, e Vanessa assentiu – Acredite, não é
despeito. Então Hades. Argh. – Disse, largando a escova. Pensar no sofrimento de
Joshua não era agradável – As vezes tenho vontade de matá-lo eu mesma. – Disse,
quieta.

Vanessa: Acredite, eu teria o feito há meses... Se Zack não fosse torcer meu pescoço
caso eu o desobedeça de novo. – Disse, com uma careta, Micaela riu – Mas se um dia
eu me bater com ele... Por acidente, em um lugar que não seja um festa... Bom, você
terá pelo que me agradecer. – Disse, dando de ombros. Micaela sorriu.

Então vieram vozes do outro lado da porta, cada vez mais altas. Pareciam brigar,
ou pelo menos conversar, discutir algo. Micaela e Vanessa olharam a porta.

Kristen: Se fizermos um enxoval todo azul e for uma menina você vai encontrar um
problema em mim, Maggy. – Disse, a voz surpreendentemente ameaçadora. Vanessa
ergueu as sobrancelhas, divertida. – Porque azul?

Maggy: Porque eu quero. – Disse, absoluta.

Kristen: E se for uma menina?!

Maggy: Então jogamos tudo fora. – Disse, simples.

Kristen: E o bebê fica sem roupa. – Disse, debochada.

Maggy: Fazemos dois Kristen, pronto. – Kristen pareceu pensar.

Kristen: Três. – Houve uma pausa – Um rosa, um azul, e um misto. Com branco,
amarelo, e outras cores.

Vanessa: Vamos, antes que elas resolvam fazer um quarto enxoval. – Micaela assentiu,
e as duas saíram para a comemoração, rebocando Kristen e Maggy no corredor.

No final Micaela se envolveria no enxoval. Vanessa ajudaria mais nos modelos que
nas cores, mas ajudaria. E enquanto continuasse assim, tudo ficaria bem.
As horas se passaram, os dias se converteram semanas, e as semanas em meses.
Joshua quis lançar uma ofensiva no dia em que soube que Micaela estava grávida,
acabar logo com isso... Mas Robert o informou que durante a gestação da rainha,
todo o reino deve se apaziguar. Ou seja, não podiam atacar ainda. Apenas planejar.
O bebê de Micaela teria mais roupas que qualquer outro bebê jamais fosse ter.
Três enxovais caprichados, luxuosos, finos. Joshua acompanhava cada pedaço da
gravidez dela, fascinado, encantado. A barriga de Micaela crescia em uma
velocidade impressionante. Dulce nunca permitiu que ele visse a barriga dela
descoberta, mas Micaela deixava, e ele gostava. Estava feliz, tão feliz quanto
nunca pensara ser.

Joshua: Se vê enorme. – Disse, deitado. Ela estava recostada em travesseiros


(Observação: Joshua lotou a cama de travesseiros. Pra a cabeça a dela, os pés, as costas,
enfim.), e ele deitado com a cabeça na barriga dela – E mal tem cinco meses. – Disse,
acaricNicholasdo-a – Oi, amor.

Micaela : Ele não te ouve. – Disse, acaricNicholasdo a cabeça dele.

Joshua: É claro que ele ouve, não diga tolices. – Ela riu de leve – Você me ouve, não me
ouve, grandão? – Mimou, acaricNicholasdo a barriga dela.

Micaela : Grandão. – Observou, sorrindo – Eu nunca vi ninguém com uma barriga tão
grande, tão rápido. Minha mãe diz que é porque ele é saudável. – Disse, satisfeita.

Joshua: Então é melhor assim. – Disse, virando o rosto pra beijar a barriga dela – Eu
preciso ir. – Disse, desgostoso – Quer que eu mande trazer seu café aqui?

Micaela : Quero. – Disse, manhosa – Meus pés doem. – Ela fez bico, e ele beijou o bico
dela.

Joshua: Mandarei trazerem uma compressa. Está tudo bem? – Ela assentiu, sorrindo –
Me sinto mal de deixá-la só.

Micaela : Só? Que bobagem sua. – Disse, com uma careta de deboche – Não te
contaram? Eu estou montando um enxoval pra dez bebês. – Joshua riu. – Assim que
saíres este quarto estará um pandemônio, creia. – Joshua sorriu, beijando-a levemente
em seguida, repetidas vezes.

Joshua se levantou, indo pro banho. Micaela ficou, abraçada ao filho. Estava tão
feliz que nem podia calcular! Seu bebê era saudável, seu marido a amava... A vida
fora doce com ela. Ela relaxou, ouvindo a água caindo no chuveiro, então se
levantou, tirando a camisola (com dificuldade). Joshua não viu quando ela entrou
no Box. Estava de olhos fechados, a água caindo em seu rosto, descendo livremente
por seu peito. Então ela o abraçou por trás, dando-lhe um beijinho no ombro.

Joshua: Ei. – Disse, sorrindo, se virando pra ela – Vai acordá-lo com a água fria. –
Repreendeu.
Micaela : Continuará dormindo, não seja turrão. – Disse, abraçando-o. A barriga entre os
dois era um lindo empecilho, mas ele a acolheu, beijando-lhe a testa. – O que vai fazer
hoje?

Joshua: Agüentar Nicholas. – Brincou. Ela riu, beijando-lhe o queixo. Na verdade


Nicholas descobrira dezenas de piadas sobre abstinência sexual, mas ele não diria isso a
ela.

Micaela : Hum... – Disse, manhosa, se estreitando como podia – Sinto tanta falta. –
Disse, dando-lhe um beijinho na maxilar.

Joshua: Deus sabe que eu também. – Murmurou, beijando o ombro dela. Os dois não
tinham mais relações até então. Nos dois primeiros meses tudo continuou normal. No
terceiro começou a dificultar, até que no quarto ela estava grande o suficiente pra que os
dois desistissem. Agora, no quinto, o bebê era grande e os seios dela doíam, pesados do
leite que se acumulava. – Nunca pensei que seria capaz de dividir uma cama com você
sem tocá-la. – Comentou, divertido.

Micaela : E eu nunca pensei que concordaria com um absurdo desses. – Respondeu,


fazendo-o sorrir.
Joshua: Quatro meses. Cinco. – Lamentou o acréscimo. Ela riu. Ele desceu a mão,
alcançando a barriga dela, tocando-a ternamente – Não vejo a hora de tê-lo em meus
braços. – Disse, fazendo uma pocinha de água com a mão e deixando-a cair na barriga
dele – O que será, menino ou menina? – Perguntou, intrigado.

Joshua: Suri me pergunta se eu já sei todo santo dia. Não quer comprar bonecas de
presente se for um menino. – Comentou e Micaela sorriu. Ele se abaixou, beijando a
barriga dela carinhosamente. Ele fazia isso sempre que ela se trocava: Acariciava o
bebê, as vezes conversava, e lhe dava um beijinho. Ele encheu a barriga dela de
beijinhos carinhosos. No começo ela sorriu, mas depois a respiração dele quente em sua
pele... Ela apertou os ombros dele, respirando fundo. Joshua olhou, confuso. Ela sempre
deixou ele beijar o bebê.

Micaela : Eu vou deixar você tomar banho. – Disse, acaricNicholasdo-lhe o rosto.


Joshua franziu o cenho, vendo ela se afastar, os cabelos molhados grudados nas costas,
andando com cuidado pra não escorregar.

Joshua: Ei. – Ele a puxou de volta delicadamente, com firmeza mais cuidando pra ela
não se esbarrar em nada – O que foi? Se sente mal? – Porque ele sempre achava que ela
estava se sentindo mal?

Micaela : Não. – Tranqüilizou – Eu só sinto sua falta. Não podemos. – Lembrou,


tristonha, e ele entendeu. O corpo dela não estava muito normal com a gravidez: Uma
hora ela estava feliz, e então irritada, ou histérica, ou com fome, ou com sono demais...
E as vezes isso.

Joshua: Shhh. – Disse, passando-a pro outro lado, de modo que a água só caía nas costas
dele – Incomoda, verdade? – Ela assentiu. Ele colou a testa na dela, raspando o nariz
dos dois, e ela prendeu a respiração quando sentiu uma das mãos dele delicadamente em
seu seio. Ele sabia que qualquer toque, qualquer apertão, por mínimo que fosse, causaria
dor nela. Ele não faria.

Micaela : Joshua... – Tentou, sabendo quantas vezes eles tentaram e falharam, antes de
desistir, mas ele fez “Shhh” de novo. Isso quase a irritou. Ele passou o dedão em volta
do seio dela, sentindo-o mais pesado que o normal, acaricNicholasdo-o carinhosamente.
O mamilo logo se enrijeceu na mão dele, que sorriu, desfazendo-o sutilmente com os
dedos. Micaela esperava, encostada na parede, quieta. Aquilo nunca parecera tão bom
antes.

Ele baixou o rosto, dando beijos chupados pelo colo dela, se detendo ao chegar aos
seios. Ali ele foi mais carinhoso, tocando-os com os lábios entre abertos, só por
tocar. Micaela suspirou, languida com o carinho. Ele subiu o rosto novamente,
tomando-lhe a boca em um beijo apaixonado. Ela apanhou o rosto dele entre as
mãos, usando do que tinha, beijando-o sedentamente, mas perdeu o passo quando
a mão dele encontrou sua intimidade. Ele não deixou o beijo se perder, e tampouco
a caricia que se iniciou. A mão dele brincava com a intimidade dela, percorrendoa,
forçando-a e retrocedendo. O rosto de Micaela logo corou, ela adentrando as mãos
no cabelo dele, apanhando-os pela raiz. Ele se desfez do beijo pouco tempo depois,
sem dizer nada, beijando-lhe a maçã do rosto, onde o sangue se concentrara, e foi
com frustração que ela pensou que a brincadeira havia acabado.
Após beijar-lhe o rosto ele se agachou, se ajoelhando, e antes que ela pudesse
contestar, ele lhe alcançou a intimidade com a boca, logo após lhe dar um beijinho
na barriga e um na coxa. Micaela arfou, surpresa, mas ele não lhe deu tempo
(tempo nunca ajudava em nada). Apanhou uma das pernas dela, mordendo-lhe a
coxa sutilmente, e a fez colocar o pé em seu ombro, lhe dando acesso. A boca dele
buscou a intimidade dela famintamente, e Micaela franziu o cenho, o primeiro
gemido se perdendo de seus lábios. Os outros se seguiram naturalmente, até que a
respiração dela se suspendeu um por um instante, o cenho franzido, e seu gemido
final, o mais intenso entre os outros, veio. Ele sentiu o corpo dela se amolecer logo
depois que ela se veio, e pôs seu pé de volta no chão com cuidado, mantendo a
esposa de pé.

Micaela : E você? – Lamentou, vendo ele acariciar o bebê. Joshua sorriu.

Joshua: Eu vou ficar bem. – Disse, dando um selinho no bico dela.

Micaela : Você é impossível. – Disse, abraçando-o pelo ombro. Ele sorriu, acolhendo-a.

Joshua: Você precisa sair da água fria. – Advertiu.

Micaela : E você precisa parar de me tratar como se eu fosse de quebrar. – Rebateu,


fazendo-o rir.

Joshua: Vamos, não seja teimosa. – Disse, se soltando dele. A cara que Micaela fez o
fez gargalhar, e ela o estapeou.
Os dois tomaram banho juntos, conversando. Ele ensaboou as costas dela, sentindo
os ombros dela tensos, massageando-os (Micaela sentia dores nas costas. Era sua
primeira vez, e o bebê era grande, pesado). Depois ela ensaboou as costas dele,
dando-lhe vários beijinhos, e os dois saíram do chuveiro juntos. Ele a ajudou a se
vestir e a voltar pra cama, acolchoando-a, e ela observou, satisfeita, ele se vestir.
Com um ultimo beijo nela (e outro no bebê), ele se foi. Ela fechou os olhos,
relaxando, mas 5 minutos depois...

Kristen: Estamos pensando se há necessidade de fazer vestidos azuis pro bebê. –


Anunciou, entrando no quarto.

Vanessa: Eu não agüento mais isso. – Disse, indo até os pés da cama de Micaela e se
jogando de cara na cama. Os cabelos ricochetearam frente, mostrando a pele
acinzentada dela, revelada pelo decote das costas do vestido negro.

Maggy: Achamos que não, pois seria bem estranho uma menina usando azul, assim
como um menino rosa, mas queremos sua opinião. – Completou. Kristen assentiu.

Micaela : Vocês ficaram loucas?! É só um bebê, não precisa de um mundo de roupas! –


Disse, exasperada.

Vanessa: Eu acho que eu disse isso. Uma vez. – Disse, a voz abafada – Duas. Durante os
últimos cinco meses. – Completou.

Kristen: Não é “só um bebê”. É o príncipe herdeiro. – Assinalou.

Micaela : Suri é a princesa. Façam um enxoval pra ela. – Disse, sorridente. Pensando
bem, seria crueldade com a menina.

Maggy: Ela já tem um enxoval. – Disse, franzindo o cenho – Se bem que podemos
aproveitar o impulso. – Pensou. Vanessa ergueu o rosto da cama, uma careta incrédula
ali, e seu olhar se encontrou com o de Micaela , que não podia estar mais exasperada.

Micaela : Eu não mereço isso. – Disse, se afundando na cama.

Mas no final das contas era assim todos os dias. Até a paz tem seus lados
controversos.

Dias depois...

Joshua: Tem certeza que não quer que eu vá com você? – Perguntou, desgostoso, atrás
dela. Micaela usava um vestido claro, de um branco leitoso. O vestido dela era
diferente, só haviam duas camadas de pano, uma seda mais grossa e mais solta, que
começavam da caída dos seios. Ele veio por trás dela, tocando seus cabelos
delicadamente, e prendeu a coroa dela ali.
Micaela : Tenho. São só umas poucas compras. Eu estou bem. – Garantiu, vendo ele
ajeitar a coroa. Há muito tempo não a usava. – Ninguém vai me fazer nada. Vanessa está
comigo.

Joshua: Me preocupo com o bebê. Ei, grandão. – Disse, se ajoelhando em frente a ela,
dando-lhe um beijinho na barriga – Seus pés estão bem? – Perguntou, atencioso.

Micaela : Bem melhor. – Tranqüilizou – Não vou me demorar. Não agüento mais ficar
aqui sem fazer nada tampouco. Estou ficando aborrecida. – Ele sorriu – Posso levar
Suri? – Joshua a encarou – Quero dizer, ela não tem muita experiência fora do castelo,
um passeio normal seria bom. – Explicou. Joshua sorriu.

Joshua: Não precisa me pedir permissão. Ela é sua filha agora, também. – Disse, dando-
lhe um selinho – Ela vai adorar. – Observou. Micaela assentiu – Eu estive pensando.

Micaela : Sobre...?

Joshua: Sobre o bebê. Eu acho que é um menino. – Ela sorriu, e ele a abraçou de novo,
dando-lhe um beijinho na barriga.

Micaela : Porque?

Joshua: Porque ele é maior do que Suri era. – Ela acariciou o cabelo dele, que deu um
beijinho em seu braço – Certo, eu não cheguei a ver ela na barriga sem o vestido por
cima, mas ele é maior. Então é um menino. – Concluiu.

Micaela : Você quer um menino? – Perguntou, e ele se ajeitou sobre os joelhos,


encostando o ouvido na barriga dela. Os dois ficaram em silencio por um instante, como
se ele fosse conseguir ouvir o filho.

Joshua: Eu quero esse bebê. Não importa o que ele seja. – Respondeu, quieto, ainda com
o ouvido na barriga dela. Houveram batidinhas na porta, avisando que as outras estavam
prontas – Me prometa que não vai se esforçar. Não vai se cansar, não vai tomar sol, não
vai ficar muito em pé. E que se sentir qualquer coisa, o que quer que seja, mandará me
chamarem.

Micaela : Só se você me prometer que não ficará se preocupando com isso. – Ele sorriu,
dando outro beijinho na barriga dela – Tenho a impressão de que você dá mais beijos a
esse bebê que a mim. Não é justo. – Reclamou. Joshua riu da manha dela. Ele se
levantou, se sentando ao lado dela e apanhou seu rosto entre as mãos.

Joshua: Boba. – Ele selou os lábios com os dela – Boba. – Outra vez – Boba, boba,
boba. – Mais três selinhos. No final do ultimo selinho ele se demorou, os lábios sentindo
os dela, e Micaela suspirou, satisfeita, quando os lábios dele tomaram espaço entre os
seus, a língua dele provando a boca dela, indo de encontro a sua, acaricNicholasdo-a.
Ela tocou o rosto dele sutilmente, correspondendo, e logo os dois se beijavam
apaixonadamente. Terminou como começou, de modo lento, carinhoso. – Melhor?
Micaela : Consideravelmente. – Respondeu, sorrindo.

Os dois saíram do quarto instantes depois. Ele a apanhou no colo com cuidado
antes de descer as escadas. Ele nunca deixava ela descer ou subir sozinha, receava
que ela tropeçasse no vestido, ou sentisse uma tontura (o que acontecia com
freqüência), então a carregava. Ela não reclamava pela dor nas pernas e na coluna,
eram muitos degraus, e os degraus eram altos. Quando chegaram no térreo ele pôs
ela no chão com o mesmo cuidado. Os dois caminharam uns instantes, até que se
encontraram com os outros.

Micaela : Onde está Maggy? – Perguntou, dando falta. Se arrependeu na hora. Kristen
desfiou um rosário de queixas, sobre dezenas de coisas. Agora o problema era o
tamanho das roupinhas. O bebê não parava de crescer, e Maggy, estava querendo
mandar refazer tudo, só que em tamanho maior. Joshua franziu o cenho, mas Micaela
dispensou com a cabeça.

Nicholas: Maggy está se aprontando. - Respondeu, entrando no corredor - Sabe, eu acho


que devemos chamar um médico. - Disse, cruzando os braços. Todos o olharam. - Não
adNicholasta mais negar.

Micaela : Negar o que? - Perguntou, confusa.

Nicholas: Você está com vermes. - Respondeu, erguendo as sobrancelhas de modo


debochado, e Micaela revirou os olhos, abraçando a barriga. Kristen parecia ter levado
uma bolacha.

Robert sorriu da exasperação da esposa, se afastando, mas uma mão pálida,


branca, segurou seu braço. Ele ergueu o rosto e viu Vanessa, sempre de preto, os
diamantes da coroa brilhando sobre os cabelos, e o rosto com uma expressão
perturbadora. Era preocupação, frustração, receio. Ela olhava a barriga de
Micaela , que tentava acalmar Kristen.

Robert: O que há? – Perguntou, em tom baixo, voltando pra perto dela.

Vanessa: Há algo de estranho com esse bebê. – Disse, ainda olhando a barriga de
Micaela . Robert olhou, inclinando a cabeça pro lado, mas não encontrou o ponto.

Robert: Estranho? – Repetiu, tentando entender.

Vanessa: É. – Disse, ainda concentrada – Eu não sei o que é. Algo anormal, diferente. –
Ela ergueu os olhos negros para encará-lo. Havia preocupação ali. – Algo errado. –
Concluiu.

Suri, surpreendentemente, se engajou no enxoval do irmão, o que fez Micaela e


Vanessa colocarem ela na carruagem que saiu na frente, com Kristen e Maggy.
Vanessa parecia distante, pensativa.
Micaela : Está tudo bem? – Perguntou, estranhando. Vanessa a encarou e assentiu.
Ambas esperavam a carruagem parar na frente do castelo.

Joshua: Ei. – Disse, descendo a escadaria. Ele tinha o manto dela nas mãos. Enquanto o
de Vanessa (que já o vestia) era negro, o de Micaela era da cor do vestido. Joshua
passou o manto em volta do ombro dela, abotoando-o. – Tome cuidado. – Advertiu mais
uma vez, quando a carruagem parou. Joshua ajudou ela a subir na carruagem. Vanessa
entrou sozinha. Ele fechou a porta e passou a frente, pra falar com o cocheiro. Sua voz
era ameaçadora – Dê um único tombo ou sacudida nessa carruagem, e eu vou mandá-lo
a forca. – Avisou – E não corra.

Cocheiro: Sim, alteza. – Confirmou e Joshua se afastou.

Nicholas: Sabe... Você precisa parar com isso. – Disse, enquanto Joshua observava a
carruagem se afastar.

Joshua: Me deixe em paz. – Murmurou, saindo dali.

Uma vez na carruagem, ao se afastarem do castelo... Micaela estava muito bem,


muito obrigada, mas Vanessa parecia observá-la. Então, não se contendo, e como
quem não quer nada, questionou.

Vanessa: Como... Como está se sentindo? – Micaela ergueu a sobrancelha.

Micaela : De todas as pessoas que eu pensei que Joshua fosse pôr para me vigiar, você
foi uma das ultimas que eu imaginei. – Respondeu, achando graça.

Vanessa: Não. – Corrigiu – Não digo apenas agora. Na gravidez, em um sentido geral.
– Micaela abaixou a cabeça, olhando a barriga, e a abraçou, inconscientemente.

Micaela : Ah. Bom, meu bebê é grandão. – Disse, lembrando de como Joshua chamava
o filho – Fora isso é tudo normal. Eu tenho sono, enjôo com tudo, as vezes desmaio.
Minha coluna dói, meus pés incham com facilidade, meus seios estão doloridos pelo
leite... Nada demais. Porque? – Perguntou, insinuando – Por um acaso...

Vanessa: Não. Não vai crescer uma melancia na minha barriga tão cedo, acredite. –
Micaela riu, divertida – Curiosidade, apenas. – Ela parou por um instante – Você não
sente nenhuma dor... Dor na cabeça, ou no peito, nada assim?

Micaela : Não. – Disse, confusa – Eu deveria?

Vanessa: É claro que não. – Disse, sorrindo de canto.

Vanessa voltou a ficar pensativa, e Micaela resolveu não interromper. A


carruagem real tinha seis cavalos presos nela, todos pretos. A viagem não demorou
muito; elas só iam a uma loja, pra variar um pouco. Quando a carruagem parou
houve um pequeno alvoroço. Micaela tentou abrir a porta, mas alguém segurou.
Cocheiro: Só um instante, alteza. – Pediu, a voz vindo do lado de fora.

Micaela : O que há? – Perguntou, estranhando.

Vanessa: A noticia de que estamos vindo pra cá deve ter vazado. – Disse, tranqüila –
Sem contar que Maggy, Kristen e Suri já devem ter passado. Não é nada demais.

E foi verdade. Alguns instantes depois o cocheiro abriu a porta. Soldados haviam
dado as mãos, fazendo uma corrente, como um corredor largo, afastando os
súditos. A imprensa também estava ali. Vanessa saiu da carruagem elegantemente,
ajeitando a capa nos ombros, mas Micaela teve dificuldade. Tinha medo de tomar
um esbarrão, qualquer coisa que machucasse o bebê. Joshua teria concordado.

Vanessa: Ajude-a. – Ordenou, e o cocheiro deu a mão a Micaela , que agradeceu,


descendo lentamente da carruagem.

Micaela : Estou retardando-a, não é? – Perguntou, sem jeito. Vanessa sorriu.

Vanessa: Retardando? Quem? – Brincou, e Micaela sorriu – Vamos, está frio aqui. –
Disse, quando a carruagem saiu.

Micaela assentiu e elas caminharam um passo, mas o alvoroço se fez mais alto.
Todos queriam ver a barriga de Micaela , ninguém havia visto a gestação dela
ainda. Haviam fotos, e as pessoas se espremiam. Micaela parou por um instante
para acenar delicadamente para todos, o que causou uma onda de gritos, e Vanessa
sorriu, sem acenar para ninguém, mas sendo simpática. Por fim elas entraram na
loja, e a segurança barrou a entrada.

Mais tarde, naquele dia, fotos de Micaela e Vanessa juntas, assim como as que
foram tiradas de Suri, Maggy e Kristen anteriormente, estariam circulando nos
folhetins, em destaque, mesmo sendo preto e branco. E longe dali, alguém se daria
ao trabalho de ler a noticia. Hades observou o sorriso radNicholaste de Suri, de
mãos dadas com Kristen e Maggy, a pequena coroa nos cabelos, mas sua atenção
foi chamada para outra coisa.

FLASHBACK

Micaela lavava roupas. Ela, a mãe, e várias outras mulheres, na beira do rio. Usava os
vestidos que as mulheres usavam para lavar roupas, sem espartilho, só uma camada de
um tecido fino, que facilitava com o calor. Ele se deleitou vendo os seios fartos
decalcados no vestido fino, as coxas delineadas expostas (Micaela estava agachada,
logo suas pernas estavam de fora), os cabelos presos de qualquer jeito em um coque.
Era uma das mulheres mais lindas que já havia posto os olhos, Deus havia sido
generoso com seu corpo. Enquanto ele observava ela conversava com a mãe, então
algo a fez rir, um riso gostoso, sincero. O que ela tinha de bonita tinha de inocente.
Hades riu consigo mesmo, negando com a cabeça, então parou de perder tempo
observando e voltou pro castelo, já pensando em outra coisa.

FIM DE FLASHBACK

Hades: Aberração. – Condenou, olhando o ventre dela, antigamente rígido, agora


enorme. O folhetim dizia que ela estava chegando aos 6 meses, mas a barriga dela já
tinha o tamanho de 9. Ele largou o folhetim, com nojo, passando a mão no cabelo –
Onde aquele desgraçado está? – Rosnou.

“Aquele desgraçado” estava lá como fora mandado. Nas redondezas do castelo de


Joshua, esperando o momento certo. Chegaria em poucas horas.

Aconteceu horas depois. Micaela chegou das compras e foi descansar (ordens de
Joshua). Só que não tinha sono, então ficou sentada na cama, encostada nas
almofadas, pensando. Quando chegara ali estava fugindo, marcada para morrer.
Agora as pessoas gritavam por ela, se aglomeravam só para vê-la, nem que fosse
por um instante. Era um mundo confuso. Foi em seus devaneios que Suri entrou no
quarto, quietinha.

Suri: Não queria te acordar. – Disse, com um embrulho na mão.

Micaela : Não estou com sono, teu pai que me prendeu aqui. – Brincou, e Suri sorriu.
Joshua vinha tendo graça ultimamente – O que é isso?

Suri: Uma boneca. – Disse, olhando o embrulho – É minha. Nem é nova, mas é a minha
preferida.

Micaela : E porque tu a embrulhaste? – Perguntou, observando.

Suri: Porque eu quero dar ela. Pro bebê. – Micaela ergueu as sobrancelhas – Quero
dizer, eu gosto muito dela, então o bebê também deve gostar. – Micaela sorriu.
Micaela : Deixe isso. Vem aqui. – Disse, estendendo o braço. Suri fechou a porta,
largando a boneca nos pés da cama e foi até Micaela , se sentando ao lado dela. Micaela
a abraçou pelo ombro, beijando-lhe o cabelo – Não precisa se desfazer das coisas que
gosta. – Disse, ajeitando o cabelo da menina.

Suri: Mas é meu irmão, não é? – Perguntou, observando a barriga de Micaela .

Micaela : Exatamente. São irmãos, vão poder brincar juntos. Tenho certeza de que teu
pai vai encher esse castelo de coisas mesmo. – Suri riu, parecendo apoiar a iniciativa do
pai.

Suri: Bom, ele me deixa comprar tudo o que eu sugiro. – Micaela revirou os olhos. Suri
olhou a barriga dela, intrigada – Está tão grande. Não dói?

Micaela : Você é a segunda pessoa que me pergunta isso hoje. – Disse, afagando-lhe os
cabelos. – Não, não dói. Só é... Pesado. As vezes ele chuta. – Comentou. Suri pareceu
indignada.
Suri: Ele te chuta? – Micaela assentiu – Mas porque?

Micaela : Porque ele está crescendo, e não tem muito espaço. Os chutes não doem, ele é
pequenininho, eu só me assusto. – Suri pareceu pensar – Bom, um dia eu estava
abraçada com teu pai, o bebê chutou, e ele sentiu. Perdeu a voz por 3 horas, coitado. –
Comentou, pensativa. Suri riu gostosamente. – Ei, me dê sua mão. – Disse, pegando a
mãozinha da menina.

Joshua havia subido pra ver Micaela , e forçá-la a comer algo. Parou ao ouvir a voz
da esposa. Ele entreabriu a porta, observando, e viu Suri dar a mão a Micaela , que
a levou até sua barriga. Parecia procurar um ponto, querer mostrar algo. Suri
ficou calada por um instante, então seu rostinho se iluminou, como se tivesse sido
sacudida.

Suri: Ele me cutucou! – Disse, exasperada, e Micaela riu.

Micaela : Ele te chutou. – Corrigiu.

Suri: Ei, faz de novo! – Pediu ao irmão, olhando a barriga dela. Micaela sorriu. Mais
uma pra lista dos que falavam com o bebê.

Joshua sorria, parado na porta. Não quis interromper. Estava quieto, aquele
sorriso bobo no rosto. Havia um nó em sua garganta, como se ele pudesse ter uma
crise de choro ou explodir de emoção, de felicidade, talvez. Viu Suri se frustrar por
não receber outro „cutucão‟, então saiu dali, para não ser pego e interromper o
momento.

Micaela : Acho que ele dormiu. Não vai te chutar mais. – Disse, vendo a frustração da
menina.

Suri: Vamos lá, papai disse que não se deve ter preguiça. – Ralhou, e Micaela riu. O
chute não veio. – Ai, desisto.
Micaela : Não fique chateada. Ele é pequeno, cansa ele cada chute desses. Depois que
ele nascer, poderá brincar com ele o quanto quiser. – Prometeu.

Suri: Você não se cansa de ficar aqui o tempo todo? – Perguntou, parecendo aborrecida.

Micaela : Completamente. – Afirmou, e Suri riu – Vamos dar um passeio? – A menina


assentiu, pulando pra fora da cama. Micaela desceu da cama com cuidado, apanhando
seu manto. – É segredo. – Avisou.

Elas desceram da torre em silencio, indo pros fundos, pro jardim. Caminhavam
lentamente, sentindo o ar frio.

Micaela : Sabe que não precisa sentir ciúmes, não sabe? Do bebê? – Suri a olhou –
Ninguém vai tomar teu lugar.
Suri: Sei disso. Só quero que ele nasça logo, já demorou demais. – Disse, aborrecida –
Eu não posso comprar brinquedos se não sei se é menino ou menina. – Reclamou.

Micaela : Ele tem seu tempo. – Disse, acaricNicholasdo a barriga – Compre todos os
brinquedos que quiser. Depois, se não servir, damos utilidade.

Micaela não chegou a ouvir a resposta de Suri. Algo atingiu sua cabeça e ela
apagou antes de bater no chão.

Micaela acordou não sabia onde, nem quanto tempo depois. Era uma cabana de
madeira, suja, empoeirada. Ouvia a voz de Suri gritando com alguém. Havia algo
afiado contra sua barriga. Ela respirou fundo, os olhos se arregalando ao perceber
que era uma espada. Estava sentada em um banco de madeira, seus braços
estavam amarrados. Um homem alto, louro, forte, apontava a espada contra a
barriga dela. Ela entrou em pânico.

Micaela : Não... – Ela tomou ar – Não, não, não, não, não, não, não, não, não, eu
imploro! – Cuspiu as palavras, desesperada – Não faça isso, por favor.

XXXX: Eu tenho que fazer. – Rosnou, a espada ainda em posição. Ele tomou impulso
com a espada, a lâmina afiada prestes a rasgar a barriga dela.

Micaela e Suri: NÃO! – Ele se retardou, e Micaela arfou.

Micaela : Não, por favor. – Ela estava quase chorando – Foi Hades, não foi? – O homem
a encarou. Seus olhos eram absurdamente azuis. – Escute. Ele quer a mim. Me dê
tempo.

XXXX: Tempo? – Perguntou, os olhos confusos.

Micaela : É, tempo. – Disse, tentando pensar – Alguns dias. Até eu ter o meu bebê. –
Uma lágrima caiu dos olhos dela. Queria que ele tirasse aquela espada dali. – Eu... Eu
posso forçar. – Ela franziu o cenho.

XXXX: Forçar? – Perguntou, incrédulo.


Micaela : É, forçar. Ele só tem 6 meses, mas se eu tentar forçar o parto, talvez funcione.
Deixe o meu bebê nascer, entregue-o a Suri e deixe que ela volte para Joshua. – Ela
respirou fundo – Mate a mim, e leve a Hades. Só me dê alguns dias. – Disse, a voz
fraca.

O homem parou por um instante, suspenso. Suri tentava roer as cordas, tentava se
soltar, se debatia. Por fim ele suspirou, largando a espada, que caiu no chão, e deu
as costas a ela. Micaela suspirou. Ele colocou as mãos nos olhos, e parecia ofegar.

Micaela : Você não quer fazer isso. – Percebeu, vendo-o. Agora, longe do pânico inicial,
ela percebia que ele era jovem. Devia ter uns 18 anos, 20 no máximo. Ele grunhiu
abafado. Estava chorando? – Tudo bem. Como é seu nome?
Matt: Matt, sua alteza. Matt Donovan. – Disse, se virando. Jovem demais.

Micaela : Porque está aqui, Matt? Seja qual for o trato que fez, Hades não o honrará. –
Disse, tentando pacificar. Suri continuava tentando roer as cordas.

Matt: Eu não fiz nenhum trato. – Ele respirou fundo, se acalmando – Hades matou toda
a minha família. Meus pais, meus irmãos, meus sobrinhos. Ele quis Vicki. Era minha
irmã. Ela soube de ti, de que tinhas fugido e ele não desistira, então não relutou, se
entregou a ele. Mas o desgraçado a matou em seguida. – Grunhiu. – Só me sobrou
Caroline. Minha esposa.

Micaela : Ele a tem? – Perguntou, com dó.

Matt: Não. Está escondida, perto daqui. Está grávida, também. – Ele sorriu de canto –
Hades prendeu a mim, mas eu consegui escondê-la antes de ser preso. – Ele respirou
fundo – Me deu ordem para que eu a capturasse, e transpassasse sua barriga com a
espada. Queria que eu deixasse o corpo aqui, ainda com a espada, para que Joshua
encontrasse. Mas eu não consigo. – Ele rosnou consigo novamente.

Micaela : Onde exatamente... É aqui? – Perguntou, olhando em volta. Não havia nada na
cabana, só uma lareira apagada, e muita poeira.

Matt: A floresta após a fronteira. – Informou.

Micaela : Porque não se senta? – Perguntou. Tudo que ela podia fazer era acalmá-lo.
Matt observou, então puxou uma cadeira e se sentou. – Me conte sobre Caroline.

Matt: Bom, Caroline é branquinha, tem os cabelos loiros, pouco abaixo dos ombros,
lisos... Isso a irrita, pois ela gostaria de tê-los cacheados. – Ele sorriu – Ela é ciumenta,
insegura, indecisa, mas é a mulher mais linda que eu já vi. – Micaela sorriu – Ela é
romântica, é ótima dona de casa, meio meticulosa, muito carinhosa. Eu costumava levar
um lírio para ela toda noite, quando voltava pra casa. É a flor que ela mais gosta. – Ele
respirou fundo – Isso, é claro, antes de eu ter que escondê-la no mato. – Disse,
desgostoso.

Micaela : Você é feliz. – Observou.

Matt: Eu era. Nossa casa não era muito grande, era o suficiente para mim e para ela, e
ela estava sempre feliz, sempre sorridente. – Ele riu de leve – Teve um ataque para
conseguir me contar que estava grávida, e depois começou a chorar.

Micaela : Matt. – Ela tentou se inclinar pra ele, mas as cordas a mantiveram - Matt, você
sabe quem eu sou. – Ele assentiu – Sabe quem ela é. – Apontou com a cabeça para Suri,
que lutava com as cordas – E sabe que se nós fizer algo, Joshua irá até o inferno atrás de
ti, e o matará da forma mais dolorosa que encontrar.

Matt: O que eu devo fazer?!


Micaela : Me liberte. Venha comigo para o castelo. – Matt riu consigo mesmo, em
deboche, se levantando – Escute! Eu vou rogar perante a Joshua, ele vai acolhê-lo, a tu e
a Caroline.

Matt: Ele vai me matar. – Disse, debochado.

Micaela : Não vai. Joshua não é assim. Suri, pare de morder isso. – Ordenou. A menina
a olhou, surpresa, com um pedaço de corda preso na boca – Ele me escutará. Não
permitirei que o machuque. Me leve de volta para casa. É sua única esperança. –
Ponderou.

Matt: Porque está sendo gentil comigo? – Perguntou, estranhando.

Micaela : Porque você não precisa estragar sua vida assim. Você é jovem. Tem uma vida
pela frente. Se me matar, Joshua não vai demorar a encontrá-lo. Acredite em mim, você
não quer enfrentar a fúria dele. – Explicou. – Me leve pra casa, Matt. – Insistiu.

Matt encarou Micaela , confuso. E se ela estivesse mentindo?

---*

Joshua: Todos irão buscar. – Joshua tinha o rosto branco feito gesso, as expressões
fechadas, o rosto sem vida. O dia morria, o céu nublado, dando a tudo um tom de cinza
– Todos, sem exceções. – Anunciou. Havia gente ao perder de vista na frente do castelo,
murmurando, atordoados. Tanto soldados quanto civis. A rainha sumira, a princesa
também.

Nicholas: Joshua, não podemos colocar mulheres e crNicholasças no meio disso. –


Lembrou. Joshua nem sequer virou o rosto.

Joshua: Todos se dividirão. – Os olhos de Joshua, em geral, eram esmeralda. Agora


pareciam mais escuros, contrastando com a pele, e ele estava branco. Se algo
acontecesse a ela, a Suri... Ele não gostava nem de pensar – CrNicholasças não, elas não
me tem utilidade. Mas todos, homens e mulheres, vão procurar sua rainha. As mulheres
se retém perante a fronteira, eu não me responsabilizo pela mulher que a ultrapassar. –
Ele respirou fundo – Os homens, se não a encontrarem, invadam a fronteira dele.

Robert: E a objeção? – Perguntou, pensativo. Micaela raptada definitivamente não era


algo que eles precisavam agora. Ele não ousaria dizer, mas a essa hora já deveria estar
morta. Sumira desde antes do almoço, e já ia anoitecer. Ninguém viu, ninguém ouviu
falar.

Joshua: Matem todos que cruzarem o caminho. – Ordenou – Eu sou rei. São meus
súditos. Me devem obediência e respeito. Essa é a minha ordem, e ela vai ser cumprida.
Encontrem a minha mulher. – Disse, por fim. Não havia como contestar.
Nicholas: Escute. Não precisamos envolver civis nisso, mandaremos soldados, deixe as
mulheres em casa com as crNicholasças. – Intercedeu, logo interrompido.

Joshua: Eu não vou perdê-la, Nicholas. Eu não posso. – Disse, se resumindo. A palavra
dele era lei. Então ouve um alvoroço na multidão. Joshua, que estava de costas, nem se
virou. Coitado do que ousasse tentar se amotinar agora.

Micaela : JOSHUA! – Gritou, as pessoa abrindo espaço para ela passar.

Joshua se virou em um rompante. Nicholas suspirou, agradecendo a Deus. Micaela


vinha na direção de Joshua, em lágrimas, o vestido luxuoso, branco leitoso,
formando uma cauda atrás dela. Ela dera seu manto para Suri; fazia frio. Atrás
dos dois havia um homem, parecia apavorado.

Joshua: Micaela ! – Exclamou, descendo a escadaria em um rompante. Ela se lançou no


ombro dele, soluçando em seu choro, e ele a acolheu – O que houve? – Ela não
conseguiu responder – Shhh. Já acabou. – Ninou – Suri? – Perguntou, preocupado com
a filha, que estava parada num canto, enrolada no manto de Micaela .

Suri: Estou bem. Só com dor nos dentes. – Joshua franziu o cenho – Longa história.

Joshua: O que houve? Você está bem? – Perguntou, apanhando o rosto dela nas mãos.
Micaela assentiu, respirando fundo.

Micaela : Hades mandou me seqüestrar. Ordenou que cravassem uma espada na... Na
minha barriga, e me largassem morta, para que tu encontrasse o corpo. – Descreveu. Os
olhos de Joshua se arregalaram em descrença. Nicholas rosnou. Robert observava,
indignado – Eu estava caminhando no jardim, com Suri, e levei uma pancada na cabeça.
Acordei em uma cabana, no meio do nada.

Joshua: Este homem a encontrou? – Perguntou, apontando com a cabeça para Matt.

Micaela : Não. – Ela respirou fundo – Ele foi quem me raptou.

Joshua: Matem-o. – Ordenou, imediatamente. Matt abaixou a cabeça, esperando. Os


guardas se moveram, se aproximando dele.

Suri e Micaela : NÃO! – Exclamaram, ao mesmo tempo. Micaela tentou se pôr na


frente, mas Joshua a manteve. Suri conseguiu escapar, abraçando Matt. Os soldados
ficaram sem saber o que fazer.

Suri: Vai lá agora, bonitão, me mate pra alcançar ele. – Disse, raivosa. Nicholas ergueu
as sobrancelhas, achando graça.

Joshua: Micaela , o que está fazendo? – Perguntou, atordoado. Ele entregou ela
cuidadosamente aos guardas, que a mantiveram presa pelos braço.
Micaela : Ele salvou minha vida! Devia ter me matado, mas me poupou! – Disse,
exasperada – Joshua, estou implorando, não o mate! – Suri continuava agarrada a Matt,
o peito estufado como em uma afronta, se pondo entre ele e os soldados. Esse, coitado,
estava branco, gelado, tremia. Só conseguia pensar em Caroline, sozinha. Quando ela
soubesse de sua morte...

Joshua: Ele a raptou! – Rosnou, raivoso. Micaela se debateu, mas estava presta –
Matem-o! – Repetiu a ordem.

Suri: Passe por cima de mim! – Desafiou, impetuosa.

Joshua: SURI! – Rugiu.

Suri: Vão ter que me matar. – Desafiou o pai. Houve um instante de silencio.

Joshua: Tirem ela daí. – Ordenou, incrédulo.

Suri: Me dê as mãos. Não solte por nada. – Ordenou, enlaçando os dedos com os de
Matt. Ele apertou a mão dela. Era errado usar uma crNicholasça como escudo, mas não
podia morrer agora. Então o que ninguém esperava aconteceu: Ela gritou – EU
CONTINUO
ESPERANDO POR AQUELE QUE VAI TER CORAGEM DE PASSAR POR CIMA
DE UMA ORDEM MINHA!

Nicholas: Meu Deus. – Disse, abismado.

Vanessa: O que é isso? – Perguntou, descendo a escadaria.

Zack: Nada. Volte para dentro. – Disse, tranqüilo.

Micaela : Mad! Mad, me ajude! – Implorou, desesperada. Vanessa adoraria ajudar, mas
Zack quebraria seu pescoço se ela interferisse.

Vanessa: O que há aqui?! – Perguntou, se irritando – Nicholas? – Perguntou, vendo que


Zack não responderia. Nicholas a chamou com o dedo. Ela segurou o vestido, descendo
até onde ele estava, e ele começou a explicar.

Um dos soldados tentou soltar a mão de Suri. A menina desceu a boca no braço
desarmado do soldado, mordendo-o com toda a força que encontrou. O sangue
desceu, pingando no chão. O soldado recuou, atordoado. Não podia se defender, ela
era a princesa.

Joshua: Suri, eu estou perdendo a paciência. – Avisou.

Suri: Eu já perdi a minha faz tempo. – Rebateu. Micaela ainda tentava se soltar.
Micaela : Joshua, ele poderia ter me matado, e não fez nada! Me trouxe de volta, sem
nenhum arranhão, e me devolveu para você. Seja racional.
Joshua: Uma boa ação não é capaz de redimir um crime. – Descartou.

Vanessa: Mas parece ser capaz de condenar. – Comentou, amparada em Nicholas. O


caos estava armado.

Micaela : Você não sabe porque ele teve se fazer isso. Joshua, por favor. – Pediu, se
debatendo.

Joshua: Tampouco me importa. MATEM-O, AGORA! – Rugiu.

Foi difícil. Os soldados avançaram. Suri olhou em volta. Vanessa encarou a


menina, urgente, e alertou sem som: “O pescoço!”. Suri pulou no colo de Matt,
como se fosse abraçá-lo, mas envolveu o pescoço dele com os braços, protegendo-o.
Ninguém podia ferir a princesa. Ela já estava toda suja de sangue, e cada mão que
tentava pegá-la levava outra mordida. Matt estava quieto, trêmulo. Micaela se
debatia com toda a força que tinha. Era, resumidamente, o caos.

Micaela : O QUE ACONTECEU COM NÃO JULGAR ANTES DE CONHECER?! –


Gritou, pra se fazer ser ouvida, e Joshua a encarou. – Por favor.

Joshua parou por um instante, observando a esposa. Ele respirou fundo, e olhou o
alvoroço que eram Suri e os soldados, tudo para proteger o maldito homem. Por
fim suspirou.

Joshua: Soltem-no. – Disse, de cara fechada. Os soldados se dispersaram – Ele será


julgado.

Suri: Eu tenho sua palavra? – Perguntou, descendo do colo de Matt, o queixo inundado
de sangue, que descia manchando seu vestido. Vanessa sorriu de canto, observando. –
Perante todo o reino. – Ela elevou a voz para que todos ouvisse. O silencio era opressor
– Meu pai, eu tenho sua palavra de que não matará esse homem antes que ele tenha um
julgamento justo?

Joshua: Tem minha palavra. – Disse, e todos ouviram. Micaela suspirou, duas lágrimas
caíram por seu rosto – Prendam-no. – Ordenou, então olhou a esposa – Soltem-a.

Micaela tropicou, mas não foi pros braços do marido. Ela desceu até o ponto onde
Matt estava sendo algemado.

Matt: Obrigado, alteza. – Agradeceu, sincero.

Micaela : Você poupou minha vida. – Agradeceu. – Joshua só está com raiva. Não tema,
nada lhe acontecerá. – Matt a encarou – Ele não vai matá-lo, e como prova de minha
gratidão conseguirei asilo para tu e para Caroline, a salvo, aqui no reino. – Matt
soluçou, caindo no choro, então se ajoelhou. Estava algemado, as mãos nas costas –
Shhh. Ficará tudo bem. Eu prometo.
Matt: Obrigado. Muito obrigado. – Então ele abaixou o rosto e beijou os pés dela.
Joshua observou a cena, quieto.
Micaela : AGORA EU QUERO QUE TODOS ME OUÇAM CLARAMENTE. – Disse,
o rosto repentinamente duro – ESSE HOMEM NÃO DEVE SER TORTURADO SOB
NENHUMA HIPOTESE. ESSA É A MINHA ORDEM: ELE AGUARDARÁ
JULGAMENTO NAS MASMORRAS, E NINGUÉM O MACHUCARÁ. A PESSOA
QUE ME DESOBEDECER IRÁ PARA A FORCA POR MINHA ORDEM. –
Encerrou. Os súditos se curvaram em reverencia.

Nicholas: O poder da realeza está começando a dominar o sangue dela. – Comentou


com Vanessa, que assentiu, divertida.

Micaela : Se levante. – Disse, e Matt se levantou – Ficará tudo bem. Tu tens minha
gratidão.

Joshua: Levem-no. – Ordenou. Matt foi levado – Suri. – A menina o encarou. – Você
está de castigo até que o sol fique negro. Não vai sair do quarto, não vai ver ninguém. –
Disse, os olhos parados na filha – Suma da minha vista. – Suri passou por ele, muito
digna, subindo as escadarias. – E tu. – Ele se virou para Micaela – Ficará deitada, em
repouso, daqui até que o bebê nasça. Fui claro? – Micaela assentiu. – Suma daqui.

Micaela : Não me mande sumir. – Ela o abraçou, beijando-lhe o queixo – Vou precisar
de ajuda, pra tomar banho, me alimentar... E eu não quero ficar só. Venha comigo. –
Pediu, acaricNicholasdo o rosto dele, enquanto o encarava.

Joshua: Voltem todos para suas casas. O problema foi resolvido. – Ordenou.

Robert: Graças a Deus, nosso senhor. – Suspirou.

Joshua: Porque eu não consigo te dizer não? – Perguntou, o rosto fechado, mas
acaricNicholasdo a maçã do rosto dela. – Vamos, venha para dentro.

Tudo resolvido. Por enquanto.

Dias depois... O conselho se reuniu para o julgamento de Matt. Joshua estava


irredutível; sua raiva passara, mas o susto ainda o assombrava, e ele queria a
morte do rapaz. Robert preferia procurar saber antes de agir. Zack não via
necessidade de matar, e Nicholas não estava dando à mínima. No momento em que
iam começar a discutir...

Zack: Podemos resolver isso logo? – Perguntou, olhando a mesa – Ainda temos que
fazer a ronda, e eu quero voltar antes que essa chuva caia, e antes do anoitecer. – Disse,
quieto.

Micaela : Perdoem o atraso. – Disse, entrando na sala. Usava um vestido azul água,
segurando o tecido das pernas.

Joshua: Como você desceu as escadarias? – Perguntou, exasperado.


Vanessa: Bom dia. – Respondeu, se mostrando atrás de Micaela .
Joshua: O que está fazendo aqui, Micaela ? – Perguntou, se virando.

Micaela : Eu sou a testemunha. Eu vivi o fato que vai ser julgado, logo, eu tenho que
estar aqui. – Nicholas puxou uma cadeira pra ela, que se sentou com cuidado. –
Obrigada, Nicholas. – Ele assentiu com a sobrancelha. Micaela suspirou. Não se sentia
bem desde a madrugada, não dormira nada.

Zack: Muito bem. Diga o que tem a dizer, Micaela . – Disse, se virando.

Micaela : Matt me raptou, sim. – Joshua fez uma careta debochada – Mas não teve
coragem de me matar.

Joshua: Se não ia ter coragem de matá-la, porque a levou? – Insistiu.

Micaela : Porque estava preso! – Ela respirou fundo – Hades matou toda sua família, os
pais, a irmã, todos, e ele estava preso. Só conseguiu sair porque recebeu a ordem de me
matar. – Contou. Micaela estava meio tonta. – Tem uma esposa, Caroline, que está em
uma cabana no mato, grávida, foi a única que ele conseguiu salvar. Joshua, por favor. –
Joshua a observava, impassível – Estou rogando por ele. Se o matar, a esposa dele
morrerá de inanição, junto com o bebê, esperando por seu retorno. É crueldade demais,
principalmente por quem poupou minha vida e a de Suri.

Nicholas: Não vai dizer nada? – Perguntou, achando graça do silencio de Vanessa. Esta
tinha uma aparente preocupação no rosto, uma angustia, e olhava a barriga de Micaela
fixamente.

Vanessa: Eu não estava lá. – Respondeu, distante.

Micaela : Estou implorando. Não o matem. – Pediu, respirando fundo – Peço que dêem
asilo a ele e a esposa. – Zack ergueu a sobrancelha. Ai já era demais – Eu coloco minha
mão no fogo de que ele não criará problema. Ele é jovem, só quer ter o filho dele em
paz. Por favor.

Nicholas: Deliberemos. – Disse, parecendo entediado.

Joshua: Conhecem meu voto. – Disse, quieto.

Robert: Ele não lhe fez mal algum? – Micaela negou – Então não há necessidade de
matar o homem.

Nicholas: De acordo. – Disse, tranqüilo – Zack?

Zack: Deixem-no em paz. – Micaela suspirou, agradecendo com o olhar.

Todos se levantaram, rumo as masmorras. Vanessa tinha o olhar distante,


enquanto se levantava. Nicholas apanhou a mão dela, fazendo-a rodopiar, como em
uma dança, então a inclinou para trás. Ela riu.
Vanessa: Nicholas, eu sou uma mulher casada. – Riu, encarando-o. Ele ergueu as
sobrancelhas de modo debochado.

Nicholas: Então temos algo em comum. – Brincou, pondo-a de pé novamente. Ele riu,
saindo dali, e ela foi atrás.

Micaela não tinha boas lembranças das masmorras. Na ultima vez em que estivera
ali, passara pelos piores dias se sua vida. Ao abrirem a porta ela entrou na frente.
Matt estava sentado no monte de feno onde ela passara sua ultima noite ali, ainda
algemado com as mãos nas costas. Ele ergueu o rosto, assustado, quando todos
entraram. Micaela se aproximou, e ele se levantou, tropeçando. Estava ficando
fraco.

Micaela : Matt, onde está Caroline? – Perguntou, olhando-o. Joshua observava a


distancia.

Matt: Não sei explicar, alteza. Só sei chegar lá. – Ele respirou fundo, ansioso – A
senhora conseguiu perdão para ela? – Micaela sorriu – Podem me algemar mais, me
amarrar, eu os levo até ela, não vou tentar fugir, eu prometo. – Os olhos do rapaz se
encheram d‟água. Iria morrer, mas pelo menos Caroline seria acolhida.

Micaela : Shhh. Nós vamos lá, buscá-la, mas tu não vais algemado. Está livre, Matt. –
Disse, com um sorriso. Matt olhou dela pra Joshua, ofegando pela surpresa, meio
assustado. Deus, era quase um adolescente!

Matt: O... O que queres dizer com livre?

Micaela : Quero dizer que vamos acolhê-los, a tu e a tua esposa, em segurança. Imagino
que não tenham nada. – Disse, pensativa. Joshua observava a esposa – Bom, de
imediato os traremos para o castelo. Quantos meses Caroline tem?

Matt: Quatro, majestade. – Respondeu, tremulo.

Micaela : Então meus vestidos antigos lhe servirão. Ficarão um pouco folgados,
provavelmente, meu bebê é grande, mas podemos ajustar. A ti, providenciaremos vestes.
Ficarão no castelo e trabalharás aqui até que possa construir tua própria casa. É um
presente, como forma de nossa gratidão. – Disse, sorrindo.

Matt não teve reação por um instante, então se ajoelhou perante a ela, chorando.
No sobressalto Micaela abraçou a barriga e Joshua avançou um passo, mas não
era nada. Ele tentou beijar-lhe os pés novamente, em forma de agradecimento, mas
ela não deixou.

Micaela : Não faça isso. Eu é que lhe sou grata. – Ele a encarou, os olhos azuis
mareados – Agora se levante. Precisa se alimentar, e precisa ir buscar tua Caroline.

Matt: Obrigado, alteza. Muito obrigado. – Ele, ainda ajoelhado, beijou as mãos dela.
Joshua: Soltem-no. – Ordenou, e um guarda foi até Matt, livrando-o das algemas –
Meus soldados o acompanharão até onde tua esposa está. Se tentar fugir, ou coisa do
tipo, eles tem ordens para matá-lo na hora. Me fiz claro?

Matt: Completamente, vossa majestade. – Disse, se levantando.

Joshua: E tu. – Micaela o olhou – Venha. Não devias ter saído do quarto. – Disse,
oferecendo a mão a ela. – Eu já estou saindo. Não vou me demorar. – Micaela assentiu
– Venha, vou lhe levar para o quarto. – Ele a apanhou no colo e ela não reclamou.

Não se sentia bem. Não o diria, senão ele não iria. Era só um mal estar. Ele a
deixou deitada, e foi. Ela se acomodou, fechando os olhos, e tentou descansar por
meia hora. O desconforto não passava.

Vanessa: Viemos fazer companhia. – Disse, entrando no quarto – Está tudo bem?

Micaela : Na verdade, não. – Admitiu. Vanessa aguçou o olhar – Só um mal estar, logo
vai... Ai! – Gemeu, se encolhendo, a mão alcançando a barriga.

Kristen: Perdi alguma coisa? – Perguntou, confusa.

Micaela : Eu acho que estou sangrando. – Disse, se sentando. – Chamem a minha mãe!
– Disse, assustada, então Vanessa havia sumido. Instantes depois apareceu com Mary. –
Mamãe! – Exclamou, assustada. A mãe dela se aproximou, apanhando sua mão –
Mamãe, está doendo! – Choramingou – Eu estou sangrando. – A mãe de Micaela tocou
o ventre dela, abaixo do umbigo, tateando com os dedos, como se medisse algo. Então
franziu o cenho.

Mary: Não é sangue, bebê. – Disse, confusa – Sua bolsa estourou. – Avisou.

Isso seria normal se ela não estivesse perto de entrar no sétimo mês. Seu bebê
nasceria prematuro. Shh... Nada bom.

O problema foi que Joshua, turrão, resolveu acompanhar Matt até a floresta. Por
falta do que fazer, todos foram junto, logo ninguém achou ele pra dar a noticia. No
castelo haviam três parteiras e dois médicos. Micaela estava assustada. As
contrações iam e vinham. Ela sempre soube que haveria a dor, havia se preparado
psicologicamente pra ela, era natural, mas não agora! Era muito cedo! Todos se
preparavam para o parto, as rainhas saíram pra não encher o ambiente, todas
angustiadas. Mas a pior era Vanessa. Essa estava indócil. Andava de um lado pro
outro, passava a mão nos cabelos, parecia angustiada.

Maggy: Você está me deixando mais aflita do que eu já estou. – Avisou, vendo Vanessa.

Vanessa: Está errado... Está errado... Onde está Robert?! – Disse, angustiada.

Kristen: Já mandamos buscar Joshua. Estamos aguardando. No que Robert pode ajudar?
– Vanessa a encarou, franzindo o cenho.
Vanessa: Isso é assunto entre você e ele. – Dispensou, voltando a andar em círculos.

Levou horas. Micaela não fazia idéia de onde diabos Joshua estava. Era cômico
que o reino todo soubesse que o príncipe ia nascer, menos o rei. Estava nervosa,
com medo, com dor. Depois de tudo, Deus não podia permitir que nada acontecesse
com seu bebê. A livraram de seu vestido, tornando a estar de camisola. Haviam
toalhas brancas, limpas, e água morna, sempre sendo trocada, esperando pelo
bebê. Então, quando as contrações pareciam não ceder, Mary, que estava com as
parteiras, veio pro lado de Micaela .

Mary: Bebê, me dê sua mão. – Disse, se sentando ao lado de Micaela . Micaela deu a
mão a mãe. Já soava, tremula. – Agora eu preciso que você seja forte.

Micaela : Isso dói. – Ofegou, o cenho franzido.

Mary: Vai acabar. – Prometeu – Preste atenção. Agora concentre toda a sua força, tudo o
que você puder, e faça força pra baixo. – Micaela gemeu. Temera esse momento. –
Ajude o seu bebê a nascer. – Micaela assentiu e respirou fundo.

Ela gritou no momento em que fez força. A dor era simplesmente horrível, parecia
não haver espaço dentro dela, ela não conseguia respirar, e ainda assim ela tinha
que continuar. Fechou os olhos, lembrou de Joshua despertando o bebê hoje pela
manhã, assim que acordou. Lembrou-se dele chamando-o de “grandão”. Então
respirou fundo outra vez, apertando a mão da mãe, e voltou a fazer força pra
baixo, mais que antes, sufocando o grito, até ter que parar, aos ofegos – Não
conseguia fazer força ao mesmo tempo. Pelo visto seria isso, não parecia ter como
piorar. Enquanto isso, longe dali.

Caroline: Você pode me explicar o que é isso? – Perguntou, em um murmúrio, sendo


trazida de cavalo com Matt. Ele sorria.

Matt: Há tempo. – Disse, tranqüilo, caminhando a frente do cavalo dela, levando-o pela
cela. Ela segurava a barriga, sentada de lado. Reparou que ele parecia bem, tinha vestes
novas e não parecia ter medo, então ficou quieta, apesar da histeria interior.

Nicholas: E graças ao azedume de Joshua eu ganhei uma inesquecível viagem até um


buraco no meio do mato. Não vejo como agradecer. – Disse, debochado. Joshua
continuava de bico.

Zack: Horas da minha vida que eu nunca mais vou ter de volta. – Comentou, quando
eles atravessaram a copa das arvores, se aproximando da fronteira. Robert franziu o
cenho.

Nicholas: Vai ter bolo aqui hoje? – Perguntou, ainda debochado, vendo o alvoroço em
que o reino parecia estar.
Robert: Vanessa. – Disse, olhando o chão. Zack o encarou.

Zack: Porque a está acusando? – Defendeu, incrédulo. Não era possível que Vanessa
houvesse armado aquilo tudo. As pessoas corriam pelas ruas, alvoroçadas, em direção
ao castelo.
Robert: Não. – Desprezou – Ela está me chamando. Está apavorada. – Ele reergueu o os
olhos, vendo três rostos incrédulos o encarando. – Se me derem licença... – Ele açoitou
o cavalo, passando pela fronteira e sumindo rapidamente em direção ao castelo.

Joshua: Você não acha meio estranho? Eles dois? – Perguntou, virando o rosto pra Zack,
que ergueu a sobrancelha – Quero dizer, tem essa loucura toda, e você deixa ela viajar
sozinha com ele.

Zack: No começo achava. Mas ele conhecia ela antes de mim, já era assim quando eu a
conheci, inclusive as viagens. Fui uma vez pra ver como era, mas fiquei entediado. –
Joshua e Nicholas olhavam – Pelo que eu sei se conhecem a anos... Desde
crNicholasças, cresceram juntos, ou coisa assim. – Ele deu de ombros – Me parece
inofensivo. Não posso proibi-la de ter um amigo.

Nicholas: Se você diz... – Eles haviam chegado a fronteira – Ei. – Um dos soldados se
virou, então todos se curvaram em reverencia – Eu perdi alguma coisa? – Perguntou,
apontando a desordem.

Soldado: A rainha entrou em trabalho de parto, senhor. – Informou, satisfeito. Joshua


arregalou os olhos.

Joshua: Entrou no trabalho de quem?! – Perguntou, ficando branco como cal.

Soldado: Já fazem horas agora, senhor. – Confirmou – Já deve estar para nascer. Todos
estão esperando em frente ao castelo.

Nicholas: Eu acho que me perdi com os cálculos... Ela não está com 7 meses? –
Perguntou, meio incrédulo.

Joshua: Vão ser 7 semana que vem. – Murmurou – Que inferno aconteceu aqui na
minha ausência?

Soldado: Nada, senhor. Tudo estava tranqüilo. Pouco depois que o senhor saiu, os
criados vieram procurá-lo, para avisar. Alguns entraram nas arvores, mas não
conseguiram mais achá-lo. Voltaram com medo de se baterem, desarmados, com algum
dos homens de Hades. – Informou.

Joshua nem respondeu. O cavalo relinchou e ele havia saído a galope. Robert
dissera que Vanessa estava apavorada. O que podia ter acontecido?! Enquanto
isso, no castelo... Micaela gritou, mais alto que das ultimas vezes, e caiu de costas
nos travesseiros, ofegando. Um choro de bebê chegou aos seus ouvidos e ela sorriu,
duas lágrimas caindo pelo canto dos olhos. Vanessa olhou pra cima, ouvindo o som,
mas seu rosto ficou ainda mais assustado, se é que podia.
Mary: É um menino. – Avisou, e Micaela riu de leve, abrindo os olhos. Um dos
médicos segurava o bebê, todo ensangüentado, e ele chorava, as mãozinhas em punhos,
parecendo indignado.

Joshua mal havia passado os portões, aos ofegos, quando os sinos soaram. Não era
a guerra dessa vez, só badalaram o sino três vezes. Ele parou, sem reação, olhando
a torre.

Nicholas: Meus parabéns, papai. – Disse, assim que conseguiu alcançá-lo. Zack também
tinha um sorriso satisfeito no rosto. Todos aguardaram, o silencio parecendo opressor. O
sino soou novamente... Duas vezes. Todos gritaram em comemoração.

Joshua: É um menino. – Disse, meio abobado – Meu filho. – Ele não tinha reação nem
de descer do cavalo – Meu filho nasceu. – Murmurou, um sorriso enorme nascendo no
rosto, os olhos cheios d‟água.

Nada mais que ele dissesse pôde ser ouvido, pois todo o reino ali presente gritou
junto: “Vida longa ao príncipe!”, repetidas vezes. Robert alcançou Vanessa já sem
entender, dentro do castelo.

Vanessa: Onde você estava?! – Rosnou.

Robert: No meio do mato, por capricho de Joshua. Mas vê, não havia motivo pra se
preocupar. – Disse, sorrindo. Ele olhou Maggy e Kristen abraçadas, saltitando na sala ao
lado – É hora de comemorar.

Vanessa: Não seja estúpido! – Rosnou – Tente escutar! – Disse, mais branca que o
normal. Robert deixou a cabeça cair pro lado, escutando... Escutando... Então franziu o
cenho, confuso. Em geral um parto real tinha um acompanhante, dois médicos e três
parteiras.

Robert: Vanessa... Quantas pessoas tem naquela torre? – Perguntou, mas ela negou com
o rosto, calada.

Na torre... O bebê já havia sido limpo, e já iam entregar ele a Micaela ... Mas ela
estava inquieta. Até que arfou, agarrando o travesseiro, os olhos em choque. A dor
havia voltado, forte, impiedosa.

Micaela : Mamãe... – Exclamou, assustada, olhando a barriga. O relevo diminuíra... Mas


não chegou a sumir. Ela olhou o bebê, e pelo que podia ver ele era de tamanho normal,
até pequenininho assim por dizer. Não era “grandão”. Só se... – Mamãe! – Mary, que
observava os médicos com o bebê, se voltou pra ela. Mas antes que perguntasse o que,
uma das parteiras, a que estava fazendo a remoção da placenta, avisou o que era.
Parteira: Ela entrou em contrações novamente. – Um dos médicos olhou – Há outra
crNicholasça. – Anunciou. O rosto de ninguém ali foi de comemoração. Nada, nada
bom.

---*

Joshua: Porque eu não posso vê-la? – Perguntou, indignado, quando a sogra o parou na
escadaria da torre. Ela descera em busca de mais toalhas. Ele não estava gostando da
expressão dela. Piorou quando Micaela gritou de dor, o som machucando-o quase
fisicamente – Porque ela está gritando?
Mary: São gêmeos, Joshua. – Respondeu, e ele parou como se tivesse levado uma
bofetada. Nicholas, que passava no corredor abaixo, ouviu. A alegria sumiu do rosto
dele no momento. – Eu preciso ir. – Ela terminou de descer. Joshua ficou parado, uma
estatua viva, os olhos no chão. Micaela gritou outra vez.

Nicholas: Venha. – Chamou, subindo até onde ele estava, tirando-o dali.

Acontece que gêmeos naquela época não era bom pra ninguém. Nunca terminava
bem. Em geral a própria mãe morria durante o parto; não tinha forças o suficiente
para a segunda expulsão, e o bebê morria com ela. Quando, por algum milagre, ela
conseguia dar a luz aos dois, estavam prematuros demais, e em geral não
vingavam. No caso de Micaela principalmente, tão prematuros que eram. A
noticia caiu como uma desgraça, e então toda a comemoração se transformou em
uma corrente de preces. Micaela não podia morrer. Não houveram tempos mais
sombrios naquele reino como na época após a morte de Dulce Maria, também no
parto. Joshua não merecia. Os minutos se passaram, se convertendo em horas, e
todos estavam sentados na mesa da sala principal, em silencio. Joshua tinha o
olhar distante, o rosto condoído, como se pudesse sentir a dor dela.

Vanessa: Não está dando certo. – Murmurou pra Robert. Ele ficou quieto. A verdade era
que Vanessa nunca se permitiu ter uma amiga, uma verdadeira amiga, ela nunca quis
ninguém tão perto. Micaela fazia ela se sentir a vontade, se sentir bem. E agora sua
única amiga estava morrendo, enquanto ela esperava, impotente.

Robert: Se ela conseguisse pelo menos... – Ele se interrompeu. O tom dos dois era tão
baixo que ninguém havia percebido a conversa ali.

Vanessa: Ela não está conseguindo. Tente escutar. – Disse, passando a mão no rosto. Os
dois ficaram quietos. Então, por um instante, o coração de Micaela , que batia
freneticamente, perdeu o compasso, parando por um instante, logo voltando. Falharia a
qualquer momento.

Robert: Vá. – Aconselhou, e Vanessa se levantou. Ninguém se moveu.

Na torre estava difícil. Micaela não tinha mais forças, e a dor não cedia, não
acabava nunca. O rosto dela já estava molhado pelo suor e pela lagrimas. Ela
estava pálida, branca, já havia perdido sangue demais, tremia. Não conseguia fazer
aquilo. Não viu Vanessa entrar, até que ela se sentou ao seu lado, apanhando sua
mão.

Micaela : Eu vou morrer. – Constatou, respirando em um arquejo. – Eu estou morrendo,


Mad. – Vanessa sabia disso. Ela podia ouvir.

Vanessa: Tente se acalmar. Está perto de acabar. – Ela olhou os médicos,


desafNicholasdo alguém a desmenti-la.

Micaela : Eu não agüento mais. Dói muito. – Ela soluçou, perdida – Não tenho força. –
Declarou, impotente. Vanessa respirou fundo, parecendo ter levado um choque.

Vanessa: Ei, ei, ei, ei. – Disse, aprumando Micaela , que caíra, cansada. O bebê estava
atravessado, e ela não conseguia mais fazer força – Eu não vou aceitar uma desistência.
– Avisou.

Micaela : Eu não consigo! – Disse, seu choro se aprofundando.

Vanessa: Respire fundo. – Micaela obedeceu – Juntas, tudo bem? – Micaela negou,
sabendo que não conseguiria. – Tira essa mão daqui! – Rosnou, e a parteira tirou a mão
da barriga de Micaela , assustada.

Parteira: Essa manobra é de ajuda, alteza. É uma tentativa de ajudá-la, empurrando o


bebê. – Explicou. Vanessa colocou a mão no lugar onde a mão da parteira estivesse.

Vanessa: Com as duas mãos juntas você não tem um oitavo da força que uma mão só
minha tem, acredite. – Dispensou, voltando a olhar Micaela

Parteira: Senhora... – O olhar de Vanessa a calou. Que fosse.

Vanessa: Joshua está lá embaixo. – Micaela a encarou – Está aflito, angustiado, perdeu
a voz. E a cada segundo que passa, esse bebê se perde mais dele. – Micaela soluçou, se
sentindo incapaz. Sabia disso. Seu bebê não tinha oxigênio, e ela, fraca, não podia fazer
nada. – Nós vamos tentar. Eu não vou deixar você morrer. Respire fundo. – Micaela
assentiu, engolindo o choro. Mas a dor chegara em um ponto insuportável! – No três. –
Micaela assentiu novamente – Um. Dois.

O grito seguinte de Micaela foi mais alto que os anteriores. Uma das mãos de
Vanessa comprimia a barriga dela, empurrando o bebê, e a outra segurava a mão
dela. Ao contrário da parteira, que parecia desajeitada com as duas mãos, a mão
de Vanessa não saiu do lugar, e Micaela sentia a força quase lhe roubando o ar. Ela
apertou a mão da outra, que retribuiu, incentivando, e após respirar fundo, fez
toda a força que conseguiu. Quanto mais força ela fazia, mais a força da mão de
Vanessa em sua barriga aumentava.

Vanessa: Não! - Proibiu, quando viu que ela ia parar - Não se atreva! Aperte minha mão.
Micaela : Não dá mais. - Grunhiu, ainda forçando, mas apertou mais a mão da outra.

Médico: Isso. Continue. - Incentivou. Vanessa quase soltou um: "Cale essa boca!", mas
não precisava de um barraco agora.

Vanessa: Respire. - Ordenou, retirando a força da mão. Micaela caiu, sob os


travesseiros, ofegando, e duas lagrimas transbordaram de seus olhos. - Isso. - Ela tomou
o ar pela boca, arfando. - Vai ficar tudo bem.

Médico: Está coroando. - Avisou, com um sorriso. Tivera a certeza de que esse bebê
morreria, por falta de oxigênio, mas de algum modo estava funcionando.

Vanessa: Outra vez. - Micaela assentiu.


Os gritos se seguiram pelos minutos que vieram. Vanessa parecia determinada,
apesar do tom cinza em seu rosto. Então quando Micaela achou que nem assim
conseguiria... A dor se foi, e veio o silencio. O segundo bebê não chorou. Os
médicos a manusearam imediatamente, cortando o cordão umbilical, fazendo algo
que os olhos arregalados de Micaela não conseguiam ver. Então, após ter as vias
aéreas desobstruídas, um chorinho fraco, que dava dó, ecoou pelo quarto. Micaela
sorriu.

Vanessa: A propósito... Não, você não vai morrer. - Disse, com um sorriso de canto, se
levantando.

O sino tocou novamente... Apenas uma vez. O reino saiu de suas preces para uma
comemoração furiosa. Duas lágrimas grossas caíram dos olhos de Joshua, que
tinha a cabeça baixa, indo direto pro chão, enquanto ele suspirava. Os outros
haviam se levantado, comemorando, mas ele não tinha reação. Amanhecera tendo
uma filha... Agora tinha três. Era uma menina, sua princesinha. Ele foi
interrompido de seus devaneios por Nicholas, que o agarrou a força pela roupa,
dandolhe um caloroso abraço de parabéns, então ele estava rindo. Na torre... O
trabalho de parto terminara, enfim. Micaela fora levada pro banho pela mãe,
junto com uma parteira, os médicos trabalhavam nos bebês, e criados trocavam os
jogos de cama. Haviam colocado várias toalhas e lençóis debaixo dos quadris de
Micaela , mas sua hemorragia fora tanta que o sangue por pouco não alcançou o
colchão. Por fim estava tudo limpo, e ela foi trazida de volta pra cama. Suspirou,
cansada, deixando o corpo se relaxar sob os lençóis frios. Foi quando Joshua
chegou.

Joshua: Ei. – Disse, preocupado, indo até a cama. Ela sorriu de canto pra ele. Estava
pálida, os olhos quebrados, os lábios brancos, mas tentou retribuir o sorriso.

Micaela : Você já os viu? – Perguntou, rouca. Joshua se sentou ao lado dela, passando
um braço por seu ombro.

Joshua: Não. Os médicos ainda não os deixaram. – Ele beijou a testa dela
demoradamente – O que houve?
Micaela : Eu não sei. Nada em especial, eu só estava aqui, como você me deixou, e
aconteceu. – Disse, dando de ombros – Por um instante pensei que não ia conseguir. –
Murmurou.

Joshua: Não diga tolices. – Repreendeu. Ela sorriu de canto. As parteiras haviam ido
embora, levadas por Mary, e os médicos não estavam ali.

Micaela : Devemos muito a Vanessa. Mais do que poderemos pagar um dia. – Ele
passou a mão no cabelo dela, ninando-a.

Joshua: Como se sente? – Perguntou, a voz ecoando preocupação.

Micaela : Fraca. Cansada. Sinto como se fosse desmaiar e dormir por dias... Mas não
vou dormir. Quero vê-los. – O sorriso fraco apareceu de novo – Sinto sede. Minha
garganta parece uma lixa. – Se queixou.
Joshua se levantou imediatamente, metendo a cabeça no corredor e dando um
grito, pedindo por água fresca. Micaela ia rir, mas tossiu. Logo uma criada
apareceu com uma bandeja com uma grande jarra de água e copos. Ele a serviu.
Foi difícil a inicio, a garganta dela ardia, mas tamanha era a sede que ela engoliu
sem pestanejar. Tomou três copos até se declarar satisfeita. Ele dispensou a
bandeja e voltou a posição inicial.

Micaela : A menina é mais nova. – Comentou, e ele sorriu – E menorzinha. – Disse, se


lembrando brevemente.

Joshua: Grandão. – Lembrou, e ela sorriu. – Durma. Poderá vê-los quando acordar. –
Disse, atencioso. Ela negou veemente.

Micaela : Não. Preciso segurá-los. – Ele não insistiu.

Quase uma hora depois os médicos vieram. A menina vestia rosa, e o menino azul,
ambos envolvidos em mantas grossas, que os aqueciam. Na falta de uma
incubadora era assim que funcionava: As vias aéreas eram desobstruídas como se
podia, os bebês eram aquecidos, protegidos, e se rezava para que vingassem .
Micaela sorriu ao pensar que os enxovais não foram em vão. Entregaram o
menino nos braços dela, e a menina, tão pequena que parecia poder quebrar, nos
dele. Ambos tinham os cabelos escuros como os do pai, e ambos tinham os olhos
fechados. Micaela tinha um sorriso enorme, radNicholaste, contrastando com o
rosto sem cor, enquanto olhava o filho. Joshua passou o dedo no rostinho da filha,
a pele tão fina que ele podia ver a sombra de algumas veias atrás, e ele podia jurar
que a menina se aconchegou mais a ele. Ele ergueu o rosto, e viu Micaela
observando aquele sorriso lindo ainda no rosto. Sorriu também, levando o rosto
até o dela, selando-lhe os lábios.

Micaela : Tão pequena. – Observou, olhando a filha. A menina era menor que o menino,
ambos prematuros – Gostaria de tê-los guardado por mais tempo. Sinto que a fragilidade
deles é minha culpa.
Joshua: Shhh. Não é culpa de ninguém, Deus quis assim. Está tudo bem agora. –
Micaela assentiu, voltando a olhar pro filho, imóvel em seus braços.

Os dois passaram minutos em silencio, até que o rosto dela desfaleceu no


travesseiro, o braço ainda protetoramente segurando o filho. Ele se sobressaltou,
levando a mão ao pescoço dela, os dedos procurando sua veia... Mas a pulsação
dela estava normal. Um pouco mais fraca, mas nada preocupante. O sono apenas a
venceu. Ele não viu o médico se aproximando, tomando ar pra falar... Nem Vanessa
tocando o ombro dele, impedindo-o de atrapalhar o momento. Ele a olhou,
confuso, e ela exibia um sorriso branco, os dentes parecendo afiados, e indicou com
a cabeça pro corredor. Os dois saíram em silencio.

Médico: Alteza, eu preciso falar com ele... – Interrompido.

Vanessa: Fale comigo. – Disse, cruzando os braços. Os dois estavam no corredor em


frente a escada da torre.
Médico: Os bebês são muito prematuros. Entenda, majestade, os pulmões da
crNicholasça amadurecem nos últimos meses de gestação, mais especificamente do
sexto ao oitavo. – Vanessa esperou – A gravidez foi interrompida no final do sexto mês.
Os pulmões não estão prontos, e os bebês são fracos. Não teriam força nem para mamar
sozinhos, o que nos fez alimentá-los com um suprimento preparado.

Vanessa: E eu quero saber disso porque... – Continuou, erguendo a sobrancelha.

Médico: Como eu disse, são bebês muito fracos. Prematuros demais. As perspectivas
não são boas. É preciso que estejam preparados. – Ele hesitou – A menina em especial.
Ela provavelmente não vencerá a noite. O menino não está muito longe disso.

Robert: Agora me diga algo que eu já não saiba. – Disse, parado atrás do medico como
se tivesse estado ali o tempo todo. O medico se virou com o susto. Robert tinha a cara
fechada, os olhos dourados duros. – O recado foi dado, receite seus remédios e pode ir.
– Disse, a voz autoritária. O médico ficou branco feito cal ao se ver encurralado entre
Vanessa e Robert. Era apavorante.

Vanessa: Nenhuma palavra disso a ninguém. Me fiz clara? – O medico assentiu,


tremulo, e saiu dali. Vanessa suspirou, encarando Robert em seguida – Esse dia não vai
acabar nunca?

Robert: Pelo menos não agora. – Disse, a voz severa – Ele tem razão, o coração da
menina mal tamborila, e já falha constantemente. Não tem força. Nenhum dos dois tem.
– Vanessa suspirou de novo, deixando a cabeça cair para trás – Precisamos nos apressar.

Ela assentiu, tirando o cabelo do rosto, e os dois sumiram pelo corredor. Bastava
ver no que isso ia dar.

Robert: Agora. – Disse, fechando a garrafinha. Fora a mesma que ele dera a ela no dia
do casamento de Micaela e Joshua. Ela segurava um lenço em volta do pulso. Assim
que fechou a garrafa, ele imitou o ato, mas não envolveu o pulso, só o limpou. O corte
fundo já havia cicatrizado. Os dois concordaram que a mistura seria mais eficiente, mais
forte que apenas um dos dois – Sabe o que fazer. Metade pra cada um, a menina
primeiro. Seja rápida.

Vanessa: Tire-o de lá. – Disse, apanhando a garrafa e escondendo-a no decote.

Joshua ninava Micaela . Um berço havia sido instalado no quarto, precocemente.


Era de madeira. Bem simples, um quadrado acolchoado, onde os dois bebês
estavam agora. O berço deles, o berço real, traçado em ouro, voltara para ser
refeito. Ele acariciava os cabelos dela, terno, quando houveram batidinhas na
porta. Robert entrou, um sorriso no rosto.

Robert: Estão todos lá embaixo, comemorando. Venha. – Sussurrou, chamando.

Joshua: Não vou deixá-la sozinha. – Respondeu, em tom baixo, apontando pra Micaela .

Robert: Ela nem vai notar. Não acordará tão cedo. Vamos! – Era desespero na voz de
Robert? Joshua balançou a cabeça. Estava vendo coisas. Ele sorriu, tirando o braço do
ombro de Micaela , que ficou, inalterada, a bela adormecida em forma humana.

Joshua: Eu já volto. – Sussurrou, beijando a testa dela – Só um copo. – Impôs, e Robert


assentiu.

Assim que Joshua saiu, Vanessa estava no quarto. Caminhou até Micaela
cautelosamente, os olhos sondando, e ergueu a sobrancelha. Micaela continuou
dormindo. Ela se voltou pro berço. Franziu o cenho. Sua experiência com bebês
era inexistente. Ela apanhou o bebê de rosa sutilmente nos braços, a menina nem
notou. De perto sua fraqueza dava dó. Vanessa apanhou a garrafinha, dispensando
a tampa. Levou até os lábios da menina, incerta. Pro seu desespero, a menina
franziu o cenho, caindo no choro. Ela arregalou os olhos, e com um sopro do vento,
estava fora do quarto, no corredor.

Vanessa: Shhh, shhh, neném bonitinho, shhh! – Disse, tensa. A menina já estava fraca,
chorar só ia acelerar o processo – Shhh, mentira, sh... – A bebê parou quando a garrafa
pairou perto de seu rosto – É isso? – Perguntou, incrédula. Levou a garrafa com mais
cuidado até a boca da menina, que aceitou, começando a beber com a força que tinha –
Fome. – Suspirou – Podia ser mais óbvio, Vanessa? – Perguntou, debochada. A verdade
é que o “suprimento” dos médicos não era nada agradável, não matava a fome, e
Micaela não teve condições de amamentar. O bebê tinha fome. – Isso. Beba. – Disse,
satisfeita.

Como se tivesse sido ordenada, a menina se encheu na metade da garrafa. O


coração dela agora já batia, não só aquele tamborilar fraco. Vanessa tampou a
garrafa, guardando-a no decote. A bebê lambeu os lábios, os olhinhos fechados, e
Vanessa achou graça. Levou um pequeno lenço aos lábios dela, limpando a mancha
vermelha que ficara. Voltou ao quarto, deixando-a no berço, e apanhou o menino.
Foi mais fácil. No fim a garrafa estava vazia, e os bebês na cama. Ela saiu,
pressentindo a volta de Joshua. Robert a alcançou em um corredor, longe da torre.
Robert: O que foi aquilo? – Rosnou.

Vanessa: A menina se assustou com o frio do metal nos lábios. Nada demais. – Disse,
entregando a garrafinha a ele.

Robert: Tem noção do que foi convencer Joshua de que não tinha ouvido o choro? –
Perguntou, exasperado.

Vanessa: Da próxima vez levarei uma mamadeira. – Debochou – Robert, eu fiz. Eles
beberam. Não vão morrer, e o sangue estará fora do organismo dele antes que o sol
morra amanhã. Eles crescerão, serão lindas crNicholascinhas saudáveis, humanos, vivos
e fortes. Agora eu vou dormir. – Disse, um sorriso ameaçador aparecendo no rosto.
Robert riu. Vanessa deu as costas, sumindo pelo corredor.

Joshua velou o sono de Micaela até que o dia raiou. Terminou adormecendo, a
cabeça próxima a dela. Despertou sobressaltado, mas Micaela acariciava-lhe o
rosto.

Joshua: Perdoe. – Disse, rouco. Ela sorriu.

Micaela : Dormiu de sapatos. Quantas vezes vou ter que ralhar? – Perguntou, carinhosa.

Joshua: Me distrai. Eu a acordei? – Micaela negou, e ele lhe beijou a testa. Um


chorinho fraco os alcançou, e ambos olharam – Parece que acordei alguém. – Disse,
sorrindo. Joshua se levantou, apanhando os filhos no braço. Os dois acomodaram os
filhos na cama, entre os dois, observando. – Rosalie. – Disse, tocando o rosto da
menina, que se acalmara.

Micaela : Rosalie DNicholasna. – Corrigiu, e ele sorriu. – Rosalie e Chord. –


Completou.

Joshua: Rosalie DNicholasna e Chord Inácio. – Corrigiu, fazendo-a rir. Rosalie se


balançou, o a mãozinha fechada em punho esfregando o olho – Acho que ela tem fome.
– Observou.

Micaela tomou impulso pra se sentar, e Joshua a ajudou. Ele a entregou Rose, que
se pôs a mamar assim que a mãe lhe ofereceu o seio. Micaela fez uma careta,
sorrindo. A sensação era estranha, mas gostosa. Era bom sentir aquele vinculo
formado. Era mãe. Joshua apanhou Chord, e o menino, pouco incomodado com a
situação, se aconchegou ao calor do pai. Nada poderia estragar aquele momento.

Dias depois...

Micaela : Você é impossível! Não pode deixá-la presa! – Disse, exasperada. Micaela
usava uma camisola solta, branca. Joshua calçava os sapatos.
Joshua: Tanto posso que estou deixando. – Disse, cansado. Tinham essa discussão todo
dia – Suri me desobedeceu, e deve ser punida. – Ele trocou o pé, apanhando o sapato no
chão – E não se exalte assim, não vai lhe fazer bem.

Micaela : Punida até quando? – Ele não respondeu – Joshua! Al... Amor, me escute. –
Ele riu de leve da tentativa dela de ser dócil – Ela já foi privada de tudo por tanto tempo.

Joshua: Amor... – Ele se virou pra ela – Não. – Disse, achando graça. Micaela perdeu a
paciência.

Micaela : Vou mandar que arrombem a porta. – Avisou, em um rosnado. Ele ergueu as
sobrancelhas.

Joshua: Será tua ordem contra a minha. Eu acho que sei qual eles vão obedecer. – Disse,
indo até ela e lhe dando um selinho.

Micaela : Eu mesma vou arrombar a porta. – Joshua parou e virou o rosto pra ela,
sorrindo.

Joshua: Adoraria vê-la tentar. – Disse, fazendo biquinho. Antes que ela respondesse, ele
acrescentou – Vanessa não irá ajudar. Zack a proibiu de se envolver em nossos
problemas pessoais. – Micaela suspirou, derrotada.

Micaela : Ela vai sair do quarto. – Disse, em tom alto.

Joshua: Não, não vai. – Disse, fechando os botões do colete aberto.

Micaela : A FILHA É MINHA! – Gritou, no auge da raiva. Joshua ergueu as


sobrancelhas, sorrindo em seguida.

Joshua: Eu sei. Mas é minha também. Se deite um pouco, tente descansar. –


Aconselhou.

Micaela : Deixe apenas que ela veja os bebês. – Intercedeu, sabendo que era inútil.

Joshua: Não vou mais discutir isso. – Abafou, beijando a testa de Micaela . Houveram
batidinhas na porta do quarto – Entre. – A porta se abriu, e Vanessa entrou.

Micaela : Joshua, o sol não vai ficar negro. – Grunhiu, raivosa.

Vanessa: Interrompo? – Perguntou, com um pé pra fora.

Joshua: Papai já vai, meus amores. – Disse, baixando o rosto no berço dos bebês. O
berço era de metal e ouro trançado, um quadrado acolchoado, com uma cortina fina de
renda (agora aberta) por cima. Era grande, espaçoso. Os bebês o olharam – Ambos
abriram os olhos dias depois do nascimento. Eram de um azul claro, perturbador,
exatamente como os da mãe. Contrastava com os cabelos escuros e a pele clara.
Encantadores. – Dá o beijo. – Ele deu um beijo estralado em cada um. Rosalie riu de
leve, sapeca.

Micaela : Joshua. – Rosnou.

Joshua: Bom dia, Vanessa. – Cumprimentou, saindo.

Micaela : ARGH! – Gritou, furiosa, passando a mão nos cabelos.

Vanessa: Qual o problema? – Perguntou, observando.

Micaela : Joshua é o problema! – Disse, irritada. Então suspirou – No episódio com


Matt, ele colocou Suri de castigo, no quarto. O castigo duraria até que o sol ficasse
negro.

Vanessa: Eu não acho que vá ficar. – Disse, franzindo o cenho – Mal tem sol aqui, pra
começo de conversa.

Micaela : Esse é o ponto. O problema é que Suri o desafiou dNicholaste de todo o reino,
e Joshua é orgulhoso, quer que ela pague. Mas isso tudo já faz tanto tempo... Ela nem
viu os irmãos ainda. Argh. – Disse, se sentando – Onde estão as outras? – Perguntou,
tentando se acalmar.

Vanessa: Vindo. – Disse, indo até o berço dos bebês. Ela os observou brevemente, então
apanhou o bracinho de Rosalie, puxando a manga do macacão, descobrindo o bracinho.
Ela levou o nariz até o pulso da menina, sentindo o cheiro... Estava limpo.
Rosalie riu com o frio do toque de Vanessa, duas covinhas aparecendo em seu rosto.
Ela sorriu, puxando o braço do macacão pro lugar, e repetiu o movimento com Chord. O
menino a observou, com uma dignidade que chegava a ser engraçada. Lembrava Joshua,
quando estava desconfiado.

Micaela : Que está fazendo? – Perguntou, se aproximando, observando. Vanessa soltou


o braço do menino. Já havia verificado antes, mas quis fazer de novo; ter certeza de que
seu sangue já saíra do sistema dos bebês, estavam limpos.

Vanessa: Apenas olhando. – Disse, se virando – São bebês fortes. – Disse, caminhando
até a cama.

Micaela : Eu sei. – Disse, sorrindo pros bebês – No dia em que nasceram eram tão
fracos, tão pequenos... Cheguei a ter medo. – Ela balançou o rosto, afastando a
possibilidade – Mas aqui estão, meus pequenos milagres. – Disse, afagando o rosto de
Chord. O menino sorriu pra mãe.

Vanessa: Adoro milagres. – Disse, sorrindo – Tem se tornado tão comuns ultimamente...
– Comentou consigo própria.

Micaela : Hum? – Perguntou, se virando.


Vanessa: Nada. – Disse, sorrindo – Fico feliz que estejam fortes. – Micaela assentiu.

Micaela : E tu? Não pensas em ter um? – Insinuou, e Vanessa riu.

Vanessa: Bom, Micaela . As mulheres da minha... Da minha família, não podem ter
filhos. Eu fui um acidente. Um milagre.

Micaela : Sério? – Perguntou, condoída.

Vanessa: Sério. Vem da família de meu pai... Bom, ele encontrou uma mulher, minha
mãe, e ela teve a mim. Apenas a mim. Morreu no parto. Não conheci ninguém da
família dela, mas todas as mulheres da família de meu pai são inférteis. Como disse,
mulheres como eu não foram criadas pra ser mães. – Disse, dando de ombros.

Micaela : Zack sabe? – Perguntou, e Vanessa assentiu.

Vanessa: Pessoas como eu... Bom, não podemos ter filhos. – Disse, dando de ombros –
Mas adoramos tentar. – Disse, e piscou. Micaela riu.

No corredor de baixo...

Kristen: Que seja então. – Abriu mão, e Maggy assentiu. Então se bateram com Matt.
Ele vinha trabalhando no castelo, e estava na parte interna repondo a lenha das lareiras
dos quartos. – Olá. – Disse, simpática. Matt pousou o carrinho que empurrava.

Matt: Altezas. – Disse, se curvando.

Kristen: Como vai sua esposa? – Perguntou, as mãos as costas. Matt sorriu.

Matt: Muito bem, majestade. Estamos aqui no castelo, mas não demorará para que eu
consiga nossa própria casa. – Disse, sorrindo. Maggy observava com um sorriso de
canto no rosto.

Kristen: Tudo bem. Se ela precisar de algo, com a gravidez, por favor, não hesite em
pedir ajuda. – Ofereceu.

Matt: Obrigado, alteza. – Disse, grato. - Com licença. – Ele apanhou o carrinho e sumiu
pelo corredor. Maggy observava, sorrindo. Kristen ergueu a sobrancelha pra ela em uma
pergunta muda.

Maggy: Os olhos dele são tão azuis! – Disse, jogando a cabeça pra trás – Eu adoraria... –
Interrompida.

Nicholas: O olhos de quem são azuis, Maggy? – Perguntou, subitamente atrás dela,
olhando-a. Kristen se sobressaltou, Maggy não. Ela se virou pro marido, sorrindo.

Maggy: Quem mais? – Perguntou, passando o dedo na região abaixo dos olhos dele. Os
olhos de Nicholas eram os mais claros que qualquer um ali já havia visto. Ele ergueu a
sobrancelha e ela sorriu, enlaçando os braços no pescoço, beijando-o em seguida. Ele
sorriu dentre o beijo, abraçando-a pela cintura. Kristen tinha uma careta no rosto, como
se tivesse sido esbofeteada do nada.

Kristen: Eu não mereço. – Disse, saindo dali. Nicholas e Maggy riram de leve, mas ele
se afundou mais no beijo dela, e nada mais foi dito.

Um mês depois...
Micaela dançava para Joshua. Dessa vez ela encomendara uma roupa pra isso.
Era de um azul escuro, quase preto. Um sutiã, com algo bordado em prata, e
algumas pecinhas que faziam um barulho agradável, como pequenas moedas
presas no decote, várias delas. A barriga lisa descoberta, uma saia preta e um cinto
grande, com mais das moedinhas, todas em prata, caindo pela saia, fazendo o
barulhinho.
Ela tinha o rosto maquiado, os olhos azuis ressaltados. Começara de modo simples.
Ele chegara, tomara banho e fora ficar com os bebês, e ela foi se banhar também.
Sexo não era um assunto nem que viesse a sua cabeça no momento. Ela se demorou
mais no banho, mas ele esperou, inacreditavelmente para irem dormir. Estava
sentado em frente ao berço, velando o sono dos filhos, quando o perfume fresco
avisou que ela havia saído do banho. Ele se virou, e ao invés de camisola, ela usava
um dos roupões dele, branco, grande demais pra ela (com a intenção de ocultar a
roupa por baixo). Havia uma correntezinha prata nos cabelos dela, atravessando
sua testa e sumindo por debaixo dos cachos.

Joshua: O que é isso? Perguntou, observando a maquiagem no rosto dela. Ele fechou a
rendinha do berço dos bebês, se levantando, indo em direção a cama. Se sentou,
observando-a.

Micaela : O médico esteve aqui hoje. – Joshua esperou – Bom, eu estou oficialmente de
alta. – Disse, um sorriso nascendo em seu rosto. Algo violento correu no sangue de
Joshua ao pensar na possibilidade. Faziam tantos meses...

Joshua: Tem certeza? – Perguntou, hesitante.

Micaela : Absoluta. – Ela abriu o roupão, deixando-o cair no chão, revelando sua quase
nudez por baixo, o sutiã e a saia. Joshua não sorriu. Estava subitamente sério. – Eu
achei que você fosse gostar. – Disse, sorrindo pra ele. O olhar dele percorreu o corpo
dela de cima pra baixo, por fim encontrando os olhos. Os dois se encararam por
instantes, então ela começou a dançar.

Agora ele estava no centro da cama, enquanto ela rodopiava pelo quarto, os
quadris se movendo de um modo impossível. O cabelo dele estava arrepiado (Ela
já havia estado perto dele, a mão adentrando seu cabelo e puxando-o levemente).
Ele apenas observava, quieto, como um animal que espera pra dar o bote. Ela
parou em frente a ele, jogando com a cintura, indo e vindo, os olhos sem deixá-lo
nunca, sorrindo de canto, e se pôs a girar. No ponto em que ela teve de lhe dar as
costas ela jogou a cabeça pra trás, os cabelos formando uma cascata de cachos em
suas costas. Ela parou de se mover, de costas pra ele, que umedeceu os lábios. Ela
jogou a cintura pra um lado, as moedinhas do cinto fazendo um barulho que
sugava a audição dele, então começou a rebolar pros lados devagar. Ergueu os
braços, mantendo-os acima da cabeça, com os pulsos em cruz, e ele observou os
quadris dela indo e vindo... Indo e vindo... Então ela abriu os braços, jogando os
cabelos com força pro lado, então voltando a girar, as moedinhas se balançando
freneticamente enquanto ela voltava a ficar de frente pra ele. Ela avançou pra ele,
balançando o decote em sua direção, os olhos encarando-o. As mãos dele se
curvaram em garra, de vontade.

Joshua: Venha aqui. – Chamou, rouco, avançando pra ela. Então ela recuou.

Micaela : Não. – Ofegou, recuando de costas.

Joshua: Eu não agüento mais, carinho. – Disse, pensando que ela dissera “não” porque
queria dançar mais. – Venha aqui. – Chamou, a voz causando um arrepio na espinha
dela. Apostara alto naquilo. Uma parte menos nobre de si ordenava que ela atendesse ao
chamado dele.

Micaela : Eu vou. – Ela sorriu pra ele, que sorriu de canto – Se você libertar Suri. – Os
olhos dele encontraram o dela, em choque.

Joshua: Micaela . – Repreendeu.


Micaela : É isso ou nada. Ele não podia acreditar que ela estava falando sério –
Aceite. Por favor. – Disse, juntando o corpo ao dele. Joshua estava ajoelhado na cama.
Ele aspirou o perfume dela, um tremor quase sacudindo seu corpo – Eu quero. –
Sussurrou, perto do ouvido dele. As mãos dele agarraram a cintura dela firmemente,
apertando-a, e ela suspirou de vontade – Por favor.

Joshua: Conversamos sobre Suri depois. – Murmurou, mordendo a maxilar dela, que
arfou ao sentir o hálito quente dele em sua pele.

Micaela : Não. – Quando foi que ela fechou os olhos? Parecia tão impossível abri-los
agora... As mãos de Joshua subiram pelas costas nuas dela, quentes, fazendo-a se
arrepiar. Ele estreitou o espaço entre os dois e ela pôde senti-lo, duro feito pedra,
mesmo sob a calça. Aquilo quase a fez perder o prumo – Me dê a chave.

Joshua: Depois conversaremos. – Rebateu, buscando os lábios dela. Micaela suspirou


quando ele a beijou. Queria tanto! A boca dele devorou a dela, que arfou,
correspondendo. Mas algo martelava na cabeça dela, e ela se afastou.

Micaela : Não, Joshua. – Disse, se desvencilhando dele – Não vou me deitar com você
até que me dê a chave. – Disse, recuando de costas novamente.

Joshua: Eu digo que você vai. – Rebateu. Micaela negou com a cabeça. Ele percebeu o
que ela ia fazer um segundo antes dela fazê-lo: Ela correu, sumindo em direção ao
banheiro. Ele se bateu com ela antes que ela trancasse a porta. Micaela sabia que se ele
colocasse a mão nela, estaria tudo perdido. Ele empurrou a porta, e ela manteve do
outro lado, a mão puxando a tranca com força. Ela suspirou quando conseguiu trancar a
porta. – Abra a porta, Micaela .

Micaela : Não. – Algo no interior dela gritava: “Sim!”. Sim, deixe que ele entre, deixe
que ele a possua, que a devore! Mas aquela era a única arma que ela tinha,
lamentavelmente. Ela se afastou da porta, indo até a pia, onde molhou a nuca com água
fria.

Joshua: Eu vou arrombar a porta. Juro por Deus. – Avisou, forçando a fechadura.

Micaela : Não é não! – Disse, tentando normalizar a respiração.

Joshua: Tudo bem.

O estouro da porta sendo arrombada ecoou pela torre. Micaela , que puxava a
tiara dos cabelos se virou, vendo o marido parado na porta, ofegando. Ela teve o
reflexo de recuar, soltando a tiara no chão, mas se bateu na pia. Rosalie acordou
com o barulho, caindo em um choro assustado, mas Joshua avançou pelo banheiro,

apanhando-a pela cintura com violência. Os lábios dele machucaram os dela
quando a ele a beijou, apanhando-a pelas coxas e colocando em cima da pia.
Micaela arranhou a nuca dele, que abriu suas pernas, se pondo entre elas. Ela
enlaçou as pernas na cintura dele, puxando-o de encontro a ela, e gemeu alto
quando as intimidades dos dois se encontraram, mesmo sob as roupas. Ele arfou, a
boca descendo pelo pescoço dela, que mordeu o ombro dele com vontade. O choro
de Chord se juntou ao de Rosalie, o que a chamou a realidade.
Micaela : Vai me forçar? Perguntou, soltando-o. Joshua ofegou, parecendo ter
dificuldade pra falar.

Joshua: Não estou forçando. – Disse, um toque sutil de malicia na voz.

Micaela : Em meu estado normal eu digo não. Não se não me der a chave. – Disse,
arfando – O que fizer a partir daí fica por responsabilidade sua. – Joshua parou por um
instante, uma das moedinhas da saia dela em sua mão, então a largou, se afastando.

Joshua: Não, Micaela . Ela vai continuar lá. – Disse, se afastando.

Micaela : É o que vamos ver. – Aceitou, descendo da pia.

Ele voltou ao quarto, e o choro dos bebês parou dentro em pouco. Um silencio
violento se apossou do quarto. Micaela tomou banho novamente, a porta
escancarada provocando-o, mas ele não reagiu. Ela se vestiu e foi pra cama. Ele
não disse nada, nem tampouco a abraçou. Ela também não fez nada pra mudar
isso. Desafio lançado, que vença o melhor.

Dias se passavam...

Micaela : Aqui. – Disse, entregando três camisolas a criada. - Há uma marcação... Aqui.
– Ela mostrou – Quero-as para hoje.

Kristen: Porque está mandando cortar suas camisolas? – Perguntou, confusa.

Micaela : Aumente esse decote, também. Pode ir. – A criada saiu. Ela se virou pra
Kristen – Porque eu preciso mostrar a Joshua que eu também sei brincar. – Respondeu.

Quando Joshua entrou no quarto, a noite, ela já estava deitada, os bebês


dormindo. Ele sabia que ela não estava dormindo, mas não disse nada. Se
aprontou pra dormir, apagou as velas e se deitou. Demorou minutos, talvez horas.
Ele já tinha os olhos pesados, o sono dominando-o, quando ela se abraçou a ele.
Normal. Tinha dormido. Ele passou o braço por seu ombro, acolhendo-a, ainda em
seu sono. Até que ela enlaçou as pernas com as dele. As pernas dela, de algum
modo, estavam nuas, a pele macia friccionando a dele, e ele soube que ela estava
acordada. Suspirou. Seu corpo estava em combustão. Ele iria enlouquecer. Ela se
estreitou contra ele, arfando levemente em seu ouvido.

Joshua: Deus. – Chamou, sem emitir som, olhando pra cima. Micaela se agarrou a ele
de um modo impossível, e se aquietou. Só que era tarde, o sono dele havia ido, agora ele
podia sentir cada pedaço do corpo dela, quente, junto ao seu. O perfume o inebriava. Ele
trincou os dentes e se obrigou a ficar imóvel. Micaela , com a cabeça no peito dele,
podia ouvir a respiração contida quase as arfadas, e sorriu de canto consigo própria.

Joshua não dormiu aquela noite. Seu corpo parecia irritado, revoltado com a
ofensa iminente. Quando o sol raiou ele se soltou dela, com cuidado para não
acordá-la, e se levantou. Como fazia todos os dias, foi até o berço dos bebês, o que
o fez sorrir.
Chord tinha um dos bracinhos de Rosalie preso nas mãozinhas, ambos dormindo.
Joshua soltou os bebês com cuidado, dando um beijinho em cada um, e foi pro
banho. A água fria o alfinetou impiedosamente. Se Micaela pensava que iria
vencer tão fácil, estava...

Micaela : Bom dia. – Disse, meio rouca, entrando no banheiro. Ele estreitou os olhos ao
ver a camisola “melhorada”, mas virou a cara pra cima, deixando a água do chuveiro
esfriá-la.

Joshua: Acordou cedo. – Disse, sacudindo o cabelo, jogando água pros lados. Micaela
estava na bancada da pia, escovando os dentes. Ela deu de ombros.

Micaela : Não dormi bem. – Joshua quase riu de si próprio – E a cama ficou fria quando
você saiu.

Joshua: Falando em dormir... Chord e Rosalie dormiram a noite inteira dessa vez. –
Comentou, achando graça.

Micaela : Não há um histórico. – Brincou. Era certo, todas as noites, um dos dois
acordar chorando.

O silencio durou enquanto ela escovava os dentes, exceto pelo som da água caindo
no chão. Joshua não sentiu ela entrando no box, até que ela o abraçou pelas costas,
de camisola mesmo, o rosto tocando a pele molhada.

Micaela : Gosto de como você acorda. A pele morna, macia. – Ela lhe deu um beijinho
no ombro.

Joshua: Brincadeira tem limite, Micaela . – Rosnou – Assim como meu controle.

Micaela : Não tenho medo de você. – Respondeu, prontamente.

Joshua: Então não terá do que se queixar. – Rebateu, se mantendo em silencio em


seguida.

Micaela não disse nada. Distribuiu pequenos beijinhos pelas ombros dele, se
demorando nas dobras dos músculos fortes. Após alguns minutos Joshua se
esquivou dela, que o deteve com as mãos. Ele apanhou as mãos dela, retirando-as
de seu peito, mas ela resistiu.

Micaela : Apenas me dê a chave. – Sussurrou, beijando a nuca dele em seguida.

Ela nem viu, apenas sentiu o puxão forte em seu braço. Seus pés escorregaram no
piso, mas ele não a deixou cair, empurrando-a até que ficasse prensada na parede,
de frente pra ele. Viu o susto nos olhos dela com a surpresa.
Joshua: Eu não sou o tipo de homem com que se deve brincar, Micaela , a essa altura
você já devia ter percebido isso. – Rosnou, raivoso.

Micaela : E tu devia ter percebido que eu não desisto quando quero alguma coisa. –
Rebateu.

Joshua: Insista o quanto quiser. – Desafiou. Ele se aproximou dela, a boca ficando a
centímetros da dela. Ela fechou os olhos, sentindo o hálito dele em sua boca, achando
que ele iria beijá-la, mas... – Você. Vai. Perder. – Concluiu, falando pausadamente, e em
seguida se afastou dela. Micaela precisou de um instante pra se recompor.

Micaela : Seu capricho por manter Suri presa é maior que o desejo que tem por mim? –
Perguntou, em voz baixa.

Joshua: Seu capricho de me confrontar é? – Rebateu.

Micaela não respondeu. Apenas o fuzilou com os olhos, saindo do box em seguida.
Joshua sorriu de canto, voltando pro seu banho, sabendo que não sairia da água
fria tão cedo.

Duas semanas depois...

Queixar | v. pron.: Fazer queixa de. Lamentar-se. Mostrar-se ofendido ou


indignado. Formular queixa ou denúncia.

- IMPOSSIVEL!

- Se ele pensa que eu vou...

- Ela realmente enlouqueceu se acredita que...

- Só pra não me dar a porcaria da chave! Suri está presa há dois meses, é absurdo...

- Mas não, ela faz questão de amamentar na minha frente, então ela dorme com
aqueles... Pedaços de pano, sempre em cima de mim, é irracional que...

- Ele sai do banho quase sem roupa, e as gotas d‟agua descem pelo peito dele, nos
músculos... Bom, eu sou humana, e ele não pode pensar que...

- Sempre se espreitando, se esfregando em mim, eu sou homem, na hora em que eu


perder o controle...

Nicholas: CHEGA! – Disse, se levantando. Robert riu – Eu não agüento isso! Está me
fazendo imaginar sua mulher se esfregando em mim de camisola, e acredite em Deus,
você NÃO QUER que eu pense nisso. – Avisou, exasperado. Robert riu mais ainda.
Robert: Porque... Porque você não faz as pazes com ela? – Perguntou, achando graça.

Joshua: Ela está jogando. Eu não vou perder.

Nicholas: Arranque os cabelos então. Se quer enlouquecer, ÓTIMO, mas não vai me
levar junto. Onde está Maggy? – Perguntou, enfNicholasdo a cara no corredor. –
MAGGY! – Chamou. Robert passou a mão no cabelo, vermelho em seu riso.

Robert: Está com Vanessa e Kristen. Pare de gritar. Onde está Zack?

Joshua: Eu tenho cara de quem sei de Zack? – Perguntou, e Nicholas se largou na


cadeira.

Nicholas: Joshua... Faça as pazes com Micaela , ou meu sexto sentido me avisa que
ALGUÉM VAI SE MACHUCAR AQUI. – Robert colocou a mão na barriga, a cabeça
caindo pra trás.

Joshua: Eu não vou perder. – Esse era o defeito de ser rei: Havia paciência e resistência
para batalhas, por mais dolorosas que fossem.

Nicholas: Eu vou perder. Vou perder a paciência com você. – Ele se levantou – Eu vou
atrás da minha esposa, com licença. – E saiu.

Robert: Nicholas, deixe Maggy em paz.- Disse, com a cabeça pro corredor. Ouviu um
“CUIDE DA SUA VIDA!” em resposta. – Tudo bem. – Disse, divertido.

Joshua: Não vou perder. – Decidiu, dando um pequeno murro na mesa, e se levantou,
saindo.

Micaela também estava convencida disso. Vamos ver então.

No dia seguinte...

Micaela caminhava com Vanessa, Kristen e Maggy no jardim. Kristen empurrava


o carrinho de bebê duplo, de onde Rosalie e Chord observavam tudo.

Maggy: Gosto desse clima. – Disse, respirando fundo – Essa calma. Faz parecer que a
guerra foi soterrada.

Vanessa: E o pior cego é aquele que não quer ver. – Disse, com a mãos nas costas.
Aquela calma toda, toda aquela paz... Era a calmaria que vinha antes da tempestade.

Kristen: Você fala como se pudesse sentir. – Disse, erguendo o rosto.


Vanessa: Digamos que eu já vivi o suficiente pra conhecer um pouco sobre muita coisa.
– Comentou, quieta.

Maggy: Não mais que nós. O que, 25 anos? – Vanessa assentiu.

Vanessa: De certa forma, sim. É saudável pra vocês acreditar nos 25. – Disse, divertida.

Maggy: Como assim? – Perguntou, incrédula.


Vanessa: Eu parei de contar em 25. – Disse, erguendo as sobrancelhas sugestivamente.
Lembrava Nicholas quando fazia isso – E porque alguém aqui não está me soterrando
em perguntas também? – Perguntou, olhando Micaela , que caminhava, quieta, o olhar
distante.

Kristen: Tudo bem. Estamos em 1864. Quando você parou de contar? – Instigou.

Vanessa: Porque não faz essa pergunta a Robert, Kristen? – Perguntou, e Kristen
suspirou. Robert não responderia – Como vai, Joshua? – Perguntou, ainda olhando pra
frente.

Joshua: Bem, obrigado. – Disse, atrás dela. Todas se viraram. – Senhoras, vocês podem
tomar conta dos bebês por um instante, por favor?

Vanessa: Estarão seguros. – Disse, tranqüila, e Joshua agradeceu com a cabeça. Estava
em cima de seu cavalo, observando-as.

Joshua: Posso falar com você? – Perguntou, observando a esposa, que o olhou por um
instante, e assentiu. Ela olhou os bebês uma ultima vez, apenas por costume, e foi até
ele.

Joshua desceu do cavalo, ajudando-a a subir. Micaela se sentou de lado e ele


apanhou as rédeas do animal, indo a sua frente, a pé, levando-a. Os dois
permaneceram em silencio. Joshua contornou a copa das arvores, e ela perguntou
pra onde iam. Ele apenas respondeu “É outro modo de chegar ao rio.”, e o silencio
voltou. Havia mesmo uma trilha entre as arvores, e eles passaram, não demorando
a chegar na beira do rio.

Micaela : Porque me trouxe aqui? – Joshua não respondeu. Amarrou o cavalo perto
d‟agua, e ajudou a descer. O animal nem fez caso, se aproximou do rio, bebericando a
água quase gelada, pela ventania que fizera na noite anterior.

Joshua: Porque eu precisava de um lugar em paz, para conversarmos. – Disse, e ela se


pôs a caminhar ao lado dele. Joshua andou poucos passos e se virou pra ela – Carinho,
não quero continuar brigando com você. Olhe pra nós dois.

Micaela : Não parece. – Disse, quieta.


Joshua: Você também não ajuda. Dançando daquele modo na minha frente pra depois...
– Ele suspirou. Ela ergueu a sobrancelha com a acusação – Não é o objetivo. O que
passou, passou.

Micaela : Então porque não solta Suri? – Pressionou. Joshua hesitou por um instante,
então se sentou em uma pedra seca, perto de uma arvore. Ela observou, e se sentou na
frente dele.

Joshua: Precisa entender. Suri nunca ergueu a voz para mim, então me desafiou aos
gritos perante todo o reino. Ela é uma crNicholasça. – Disse, cruzando as mãos – Se eu
não mostrar a ela agora que o que ela fez foi errado, que mesmo ela sendo a herdeira do
trono deve respeito a mim como pai e como rei, as coisas vão fugir do meu controle, e
eu não posso permitir isso. – Ele suspirou – Dói em mim deixá-la presa, mas eu seria
incapaz de lhe erguer a mão, e é o único modo que eu vejo de puni-la.

Micaela : Não crê que já foi tempo demais? – Perguntou, apanhando as mãos dele entre
as suas – Já faz mais de dois meses. Você nem permitiu que ela visse os irmãos, e você
se lembra o quanto ela estava ansiosa por eles.

Joshua: Eu vou me resolver com Suri. – Prometeu, e ela esperou – Logo. Mas não sei
agir sob pressão.

Micaela : Me prometa que não a manterá presa por muito mais tempo. – Pediu.

Joshua: Prometo que vou tentar resolver isso com o melhor de mim. Mas não vim aqui
falar apenas de Suri. – Ele tocou o rosto dela – Nós mal nos casamos, e já estamos
brigados. Você me irrita tanto que as vezes tenho vontade de estrangulá-la, como pode?-
Perguntou, acaricNicholasdo a maçã do rosto dela, que riu.

Micaela : Parecia que você não me queria. Me tornei irritada. Passou. – Disse, beijando
a mão dele. Joshua se aproximou, beijando a testa dela demoradamente. O coração de
Micaela disparou ao sentir os lábios dele em sua pele.

Joshua: Passou? – Murmurou, inquisitivamente, os lábios descendo pelo rosto dela.


Micaela segurou o rosto dele, sorrindo.

Micaela : Só quando Suri estiver livre. – Sussurrou, e ele sorriu. Ainda jogando, afinal.

Joshua: Que seja. – Ele deu de ombros. Ela sentiu as mãos dele lhe apanhando por
debaixo do braço, puxando-o pra ele – Me deixe pelo menos te abraçar. – Disse,
apanhando-a nos braços, e ela retribuiu o abraço, saudosa de seu perfume.
Eles ficaram assim por horas. Se beijando, se acaricNicholasdo, nunca passando do
limite, apenas matando a saudade. Nenhum dos dois disse nada, nada precisava ser
dito.

Micaela : Podemos ir agora? – Murmurou, nos lábios dele.

Joshua: Quer ir embora? – Perguntou, confuso. Fizera algo de errado?

Micaela : Na verdade, não. Ficaria aqui por horas a fio. – Joshua sorriu,
acaricNicholasdo o rosto dela. Os dois estavam meio deitados, largados, ele encostado
em uma arvore e ela em cima dele, o vestido esparramado a sua volta. – Mas não vai
demorar, e será a hora de amamentar dois bebês. – Disse, tocando o nariz dele. Joshua
sorriu mais ainda. – Podemos ficar mais uma hora, no máximo, mas então teremos que
voltar apressados. Chord se irrita quando não o alimento a tempo. Faz birra. – Joshua
riu, lembrando do filho.
Joshua: Vamos. Podemos passear um pouco antes de voltar, já que temos tempo. –
Disse, se levantando – Eu tinha em mente vários lugares pra irmos, antes de entrarmos
em conflito, é claro. – Micaela sorriu, apanhando a mão dele, e se levantou.

Dessa vez ela montou com uma perna em cada lado do cavalo, que parecia
entediado por esperar, e ele montou atrás dela, apanhando as rédeas do cavalo.
Joshua a levou a um campo afastado do castelo, mas ainda nas propriedades, onde
cresciam girassóis. Não eram muitos, nem muito grandes, porque o sol não
aparecia muito, mas as cores deixaram ela encantada. Anoitecia. Os dois voltavam
brincando, rindo, e Joshua acelerou o cavalo, fazendo-a gritar com ele, assustada,
lhe causando um riso gostoso. Porém o ritmo do cavalo friccionou o corpo dos dois
de um modo não muito convencional; ela estava quase pulando no colo dele.
Acumulou o desejo preso por meses, os dias de provocação, a tarde de carinhos
que, querendo ou não, deixou os dois acesos, e agora isso. Ela ficou quieta, e ele viu
a mão dela agarrar a crina do cavalo, e sorriu consigo mesmo, instigando o animal,
fazendo-o correr mais, aumentando a fricção do corpo dos dois.

Ele observou cada reação dela. Micaela agüentou firme o quanto pode, mas por
fim gemeu, derrotada. Aquilo bastou pra ele. Ela não saberia dizer como, mas ele
puxou ela pela cintura, com uma mão só, mantendo a rédea com a outra mão e a
vez girar, ficando de frente pra ele. Micaela se agarrou no tronco do marido,
cravando as unhas nos ombros dele. Joshua manteve uma das mãos nas costas dela
e afundou rosto em se ombro, sentindo ela literalmente cavalgar em seu colo. Ela
virou o rosto pra ele, a pele afogueada, e o beijou, sufocando qualquer som que
pudesse emitir. Joshua devorou a boca dela, tamanho era o tesão que tinha,
apertando-a mais pra si com a mão. O cavalo, animado com a corrida repentina,
não precisou de ordem pra manter seu ritmo, independente do que estivesse
acontecendo em suas costas. Era melhor do que Joshua tinha cogitado, mas ainda
não era o que ele queria.

Joshua: Me desculpe. – Sussurrou nos lábios dela, e ela sentiu o cavalo ser parado
subitamente.
Micaela teria caído com o relincho e com o solavanco, mas ele a manteve em seu
peito. Pulou pra fora do cavalo, caindo imediatamente no chão. Micaela não sabia
onde estava. Sabia que havia grama no chão, não havia luz vindo de nenhum lugar,
e haviam plantas altas em volta. Estava no meio do nada. Não importava. Havia
perdido. Sabia disso. Queria perder. Joshua não esperou reação, tomando a boca
dela, e suas mãos desceram, apanhando o decote do vestido, pronto pra rasgar...

Micaela : NÃO! – Ele parou, arfando, sem nem acreditar – Não vou ter com o que
voltar. – Explicou, e ele sorriu.

Ele a puxou sentada, envolvendo-a com os braços como se fosse abraçá-la, mas
puxando o zíper do vestido dela pra baixo. Micaela não estava usando espartilho.
O vestido era de um azul metálico, solto, e ela usava um sutiã, quase como os de
hoje em dia. O sutiã porque era pratico, sendo que ela amamentava com
freqüência, e o espartilho porque o medico recomendou não sufocá-la tão cedo. É
claro que isso facilitou a vida de Joshua de modo inimaginável. Ele só puxou o
zíper, afrouxando o vestido, que como bem solto, quase deslizou pra fora do corpo
da esposa.
Ele sorriu quando largou o vestido dispensado no chão: Micaela o abraçou,
beijando-lhe novamente. Tinha tanta sede quanto ele. Não foram necessárias
preliminares ali, só o calor do corpo, o perfume e o tempo acumulado serviam de
sobra. Ele retirou o sutiã dela (sem rasgar nada, se comportando muito bem), se
dando a vista de presente. Micaela se contorceu ao sentir o hálito quente dele em
seus seios, em beijinhos mínimos e demorados. Em algum lugar em sua mente
nublada ele se lembrava dela comentando sobre um desconforto para amamentar,
uma breve dor, principalmente por serem dois. Ele não a machucaria. Baixou o
rosto, o nariz brincando com a barriga dela, e mordeu a dobra da cintura dela em
cheio, fazendo-a se inclinar pra cima. As mãos dela buscaram o cinto dele,
tremulas, se desvNicholasdo do fecho, e ele deixou, provando da pele dela enquanto
esperava. Ela abriu a calça dele, empurrando-a com os pés, e ele subiu o rosto de
novo, mordendo-lhe o pescoço, a maxilar, chupando, marcando.

Micaela : Tire isso. – Disse, angustiada com os botões refinados do colete dele. Queria
sentir o calor dele sob si, os músculos se contraindo quando ele a possuísse, não isso.
Ela já havia aberto metade do colete, e ele apanhou o resto com a mão, estourando os
botões. Ela riu. Ele puxou a camisa pela gola, retirando-a pela cabeça mesmo,
estourando alguns botões, e voltou a abraçá-la.

Foi muito fácil a partir dali. Fácil como respirar. Se desviar das roupas só levou um
segundo. Micaela grunhiu abafado quando ele a possuiu, mordendo seu ombro em
seguida pra abafar o grito. Joshua amparou a cabeça no ombro dela, respirando
aos ofegos, as mãos do lado de seu corpo, no chão, tomando força a cada
movimento. Tinha tanto tempo! Sua memória não fazia justiça ao corpo dela, nem
de longe. Micaela deixou as mãos nas costas dele, sentindo os músculos se
contraindo e relaxando, contraindo e relaxando, cada vez com mais força, até que
ela cravou as unhas ali, deixando uma trilha vermelha por onde passou. Nenhum
dos dois soube dizer quanto tempo durou. Por fim ela não conseguiu conter o grito,
que veio livremente, e minutos depois foi a vez dele de gemer o nome dela. Depois,
silencio, interrompido apenas por ofegos. Micaela tremia.

Joshua: Eu te amo. – Murmurou, beijando o rosto dela. Micaela sorriu, lhe dando um
beijinho carinhoso, quieta.

Ela também o amava. Do modo mais absoluto que uma pessoa pudesse amar outra.
Mas isso não mudava o fato de que ela havia perdido.

Micaela entrou no castelo apressada, fazendo pouco caso de Joshua que ria dela.
Ela estava composta, ao contrário dele, que tinha a roupa toda amassada, a camisa
com botões estourados, o colete em frangalhos, o cabelo espetado. Ela deu língua a
ele, ignorando-o, e correu quando viu ele partir atrás dela. O caso é que havia se
atrasado pra dar de mamar aos bebês; a essa altura Chord já deveria estar
fazendo um escândalo. Ela dispensou a criada que cuidava dos bebês na torre e
apanhou o filho no colo. Rosalie estava irritadinha, com fome, mas Chord era
birrento. Ele passou pro banho enquanto ela alimentava o menino. Se vestiu com
um sorriso no rosto, observando-a. Ela acariciava o cabelo do menino de leve,
enquanto ele mamava, mimando-o.

Joshua: Vais descer? – Perguntou, fechando o punho da camisa. Tinha o cabelo


molhado, já penteado.

Micaela : Não, estou cansada. Ainda vou amamentar Rose, e preciso de um banho. –
Respondeu – Se importa se eu jantar aqui em cima hoje?

Joshua: Claro que não. Mando trazerem aqui. – Ele se aproximou dela, beijando-lhe a
testa – Sabe que só vou porque vão questionar minha ausência.

Micaela : Então sugiro que vá antes que Nicholas apareça a porta. – Joshua fez uma
careta, e ela sorriu. Ele lhe beijou a testa novamente e saiu.

Micaela olhou Chord. O menino adormecera. Ela se levantou, pondo-o no berço, e


apanhou Rosalie. A menina se pôs a mamar satisfeita, os olhinhos claros vagando.
A verdade é que Micaela queria ficar sozinha. Estava triste. Era o único que Suri
tinha, e falhara. Caíra, perdera, depois de tudo. No fundo ela sempre soube que ia
perder, mas a cada dia que conseguia resistir, pensava que podia ser o ultimo: Ele
não ia agüentar. Agora tudo tinha se perdido. Ela não tinha mais arma nenhuma.
Não fazia sentido recomeçar; Ele não cedera nem após meses de abstinência,
começar do zero seria inútil. Rosalie dormiu mais depressa que o irmão, então
Micaela foi pro banho. Cada marca em seu corpo (em especial a marca exata da
arcada dentária de Joshua em vermelho escuro na curvatura de sua cintura) era
como um lembrete de que ela fora fraca. Ela se vestiu, e quando voltou pro quarto
já havia uma bandeja farta nos pés da cama, que tinha os lençóis feitos. Faminta
que estava, jantou, desprezando a bandeja em seguida. Apagou os candelabros do
quarto, deixando apenas a lareira, e foi pra debaixo dos lençóis. Se sentia quase
depressiva, de tão triste. Não por ter transado com Joshua, ela era mulher dele,
isso era seu direito e dever, mas por não poder mais ajudar Suri. Estava em um
misto de sono e tristeza quando ele entrou no quarto. Joshua não disse nada ao ver
as luzes apagadas. Se aprontou para dormir, entrando debaixo das cobertas em
seguida.

Joshua: Ei. – Disse, em tom baixo, se virando pra ela. Micaela o olhou. Ele tocou o
rosto dela, acaricNicholasdo carinhosamente – Porque tão triste, meu anjo? – Ela sorriu
de canto.

Micaela : Não é nada. – Disse, beijando a mão dele. Joshua a observou por minutos,
acaricNicholasdo o rosto dela ternamente, e ela não disse nada, apenas manteve o olhar
dele. Deus, o amava em cada pedaço!

Então ele abaixou os olhos, e ela sentiu a mão dele abrindo a sua, em seguida
depositando a chave de metal fria na palma, e fechando os dedos dela em cima.

Micaela : Está fazendo isso porque venceu? – Perguntou, observando-o.

Joshua: Não. – Disse, pondo o cabelo dela atrás da orelha – Estou fazendo isso porque
nada que eu faça e te entristeça tanto pode ser certo. – Ele tocou o nariz dela com o
dedo. Micaela abriu um sorriso lindo, e ele sorriu – Bem melhor assim.

Micaela : Obrigada, obrigada, obrigada. – Disse, pulando no colo dele, enchendo-o de


beijos. Joshua riu da espontaneidade dela – Eu vou conversar com ela, ela não vai fazer
de novo, eu prometo. – Disse, lotando o rosto dele de beijos.

Joshua: Eu... – Interrompido por um selinho. Ele riu de novo. – Eu sei. – Ela riu,
abraçando-o – Mas posso pedir uma coisa?

Micaela : O que quiser. – Disse, prontamente.

Joshua: Deixa pra ir lá falar com ela amanhã, quando amanhecer. – Disse, apanhando a
chave da mão de Micaela . Ela viu ele pôr a chave na mesa de cabeceira – Eu tenho
saudades demais pra ser capaz de deixar você sair daqui agora. – Disse, fungando no
ombro dela. Micaela sorriu.

Micaela : Tudo bem. – Disse, dando-lhe um selinho demorado – Sei de algo que ajuda a
matar o tempo e a saudade. – Sussurrou, mordendo o nariz dele. Joshua sorriu.

Joshua: O que? – Perguntou, dando corda. Mas Micaela não respondeu; ela mostrou.
Inclinou o rosto, tomando os lábios dele em um beijo. Joshua não prolongou a conversa,
retribuindo o beijo e cercando-a com os braços, em um abraço forte.

Assim é melhor.

Nicholas: Uma flor por teus pensamentos. – Disse, alcançando Vanessa em um corredor.
Ela sorriu.
Vanessa: O jardim é cheio de flores. Se eu quiser uma, é só buscar. – Disse, divertida.

Nicholas: O que há? – Insistiu.

Vanessa: Estou entediada. – Disse, dando de ombros – Cada um tem o que fazer, e agora
Zack está preso a guerra, quer lançar uma ofensiva o mais cedo possível... Enfim.

Nicholas: Chega a ser pecado. – Disse, virando-se frente a ela, trancando o corredor.
Vanessa ergueu a sobrancelha – Deixar de lado uma mulher bonita como tu, seja qual
for a razão. – Ele ergueu a mão, tocando a maxilar dela. Estava fria, como sempre.

Vanessa: Nicholas... Tens noção de que perderias a mão se Zack visse isso? – Perguntou,
se aproximando dele. Ela fez menção de passar por ele, mas parou ao seu lado, virando
o rosto, de modo que seu hálito batia no rosto dele. Nicholas manteve o olhar a frente,
sorrindo de canto – Ou o que faria se soubesse o modo como andas me assedNicholasdo
ultimamente?

Nicholas: O que ele faria sabendo que tens correspondido? – Perguntou, dando corda.

Vanessa: Terias coragem, Nicholas? – Perguntou, parecendo intrigada, virando o rosto


pra ele. – Tu és casado.
Nicholas: E minha esposa confia em ti como amiga. – Rebateu. Vanessa sorriu. – Não
me desafie, Vanessa. Amo Maggy, mas não sou conhecido por ter limites.

Ele apanhou o braço dela, que foi arremessada contra a parede. O principal: Ele a
beijou. Pior ainda: Ela correspondeu. Não era Zack; não tinha seu calor, seu
cheiro, seu gosto... Mas isso não era ruim. Os lábios de Vanessa estavam frios,
como se ela tivesse estado com gelo na boca por muito tempo; ele gostou disso.
Suspirou, se afundando no beijo dela, as mãos subindo por suas costas, moldando o
corpo de manequim no seu. Ela enlaçou as mãos nos cabelos dele, enlaçando os
dedos nos cabelos macios, sentindo o corpo rígido pressionando-a. O perfume de
Nicholas a instigava, fazia ela querer mais. Ele apanhou a maxilar dela com uma
mão, prendendo seu rosto, e mordeu os lábios dela, não com força, só por fazer,
antes voltar a devorar sua boca. Aquilo durou minutos, até que...

Joshua: Viu Nicholas? – Perguntou, a voz de longe. Os dois se separaram, os rostos


ainda juntos, os lábios entreabertos, ofegando, se encarando... Esperando.

Criado: O vi naquela direção, senhor.

Micaela : Eu vou subir, vou ver os bebês. – Avisou, a voz ecoando pelo corredor.

Vanessa: Guarde isso como recordação. – Sussurrou nos lábios dele, que sorriu. – Me
solte. – Nicholas afrouxou as mãos, então com um sopro do vento, ela havia sumido.
Ele riu, passando a mão no cabelo, limpando o lábio em seguida.

Nicholas: Recordação... Sei. - Murmurou, pra si próprio – ESTOU AQUI, JOSHUA!


Na torre...

Nina olhou os bebês. Estavam acordados, quietinhos, os olhos distraídos. Ela


correu. Abriu as gavetas, procurando em todos os cantos, até que encontrou. 11
frasquinhos de vidro, com um liquido branco, opaco. A seiva da flor. Ela sorriu
consigo mesma, apanhando dois deles.

Nina: Contos de fada nem sempre tem finais felizes, Micaela . – Disse, enquanto tirava
a tampa de um dos frascos. Ela o substituiu por um bico de mamadeira.

Em outro corredor...

Vanessa: Micaela ! – Chamou, aparecendo atrás dela. Micaela se virou, assustada.

Micaela : Precisa parar de fazer isso. – Disse, pondo a mão no peito.

Vanessa: Me dá um abraço? – Perguntou, com um sorriso angelical. Angelical demais.

Micaela : É claro. – Ela sorriu e abraçou a outra. Vanessa sorriu, apertando o abraço –
Aconteceu alguma coisa? – Perguntou, ainda abraçada com a outra.

Vanessa: Não. Eu só precisava disso. – Disse, se demorando no abraço mais um instante


– Na verdade, Zack precisa disso. – Ela se separou, baixando o rosto brevemente. O
perfume que possuía era o de Micaela agora – Enfim. Obrigada. – Ela deu as costas e
sumiu.

Micaela : De nada. – Disse, estranhando, e deu as costas, subindo a escada.

Micaela estava distraída, pensando em tudo. Sua vida estava perfeita. Amava
Joshua, e ele retribuía. Seus bebês eram saudáveis. Suri estava livre novamente.
Apenas a sombra da guerra que estava por vir a assustava, mas todos dispensavam
essa hipótese; com Zack ninguém se machucaria. Ela abriu a porta do quarto, e
seus olhos se arregalaram. Nos pés da cama havia um frasco/mamadeira com um
conteúdo branco, que Micaela reconhecia bem.

O pior: Do outro lado do quarto, Nina tinha Chord no colo, e tinha outro
frasco/mamadeira daqueles, que oferecia a menina.

Micaela : NÃO! – Gritou, apavorada.

Chord se assustou com o grito da mãe, se sobressaltando. Micaela usava um


vestido grafite e branco, com um broche prata abaixo dos seios (ainda daqueles
modelos de vestido para gestantes, que só tinha duas camadas por um todo), a seda
do vestido crNicholasdo uma cauda no chão. Nina arrancou o bico de mamadeira
da tampa da garrafa.
Nina: Um grito e eu viro tudo na boca dele. – Avisou. Micaela estava com as mãos
estendidas, imobilizada.

Micaela : Por favor. – Implorou – Eu faço o que você quiser. Por favor.

Nina: A rainha implorando? – Chord se retorcia no colo de Nina. Queria a mãe. – Essas
crNicholasças nem eram pra ter nascido. Eu só deixei você entrar aqui porque Hades
não queria lhe perder de vista. Mas é claro que você ia reverter tudo.

Micaela : Hades? Que tem Hades a ver com isso? Nina, me dê Chord, por favor. –
Disse, avançando. Nina abriu a boca do menino a força, levando a garrafa.

Nina: Nem mais um passo. – Micaela se imobilizou, e ela afastou a garrafa – Sim,
Hades. Eu dei o aviso sobre Willow Creek, estraguei tudo, coloquei a culpa em você,
mas você tinha que se safar.

Micaela : Você é a espiã. – Murmurou, ainda paralisada. Queria gritar. Um grito seu, e
Vanessa ouviria.

Nina: Desde a época de Dulce María. – Disse, revirando os olhos – Era eu a levar os
bilhetes de um pro outro, desde sempre. Mas você foi um calo. Primeiro enlouqueceu,
aprontando o diabo comigo, então eu terminei como faxineira e tu rainha! Como pode?!
– Perguntou, parecendo meio louca.

Micaela : Pobre de ti, Joshua vai matá-la. – Murmurou – Me dá meu filho, Nina.

Nina: Se não o que? – Desafiou – Porque você não morreu no maldito parto? Porque
essas malditas crNicholasças vingaram? Não faz sentido! – Rosnou. Chord
choramingou.
Podia ver a mãe, e ela o olhava, aflita. Porque Micaela não o carregava? – Mas tudo
bem. Vamos alimentar os bebês.

Ela levou a garrafa até a boca de Chord. Micaela sentiu um ódio violento ao ver o
menino fazer uma careta, virando o rostinho. Parecia que estava vendo tudo
vermelho. Nunca fora uma pessoa violenta, mas não tinha escolha: Partiu pra cima
de Nina. Com um murro derrubou a garrafa. Nina largou Chord só de ruindade.
Micaela se lançou pra alcançar o menino, mas Nina a interceptou e o bebê caiu no
chão. De repente Nina e Micaela estavam saindo no tapa, nos murros literalmente.

Micaela : VANESSA, SOCORRO! – Conseguiu gritar.

Mas, era uma pena, no mesmo instante havia outra briga acontecendo...

Vanessa: ACONTECE QUE NÃO AGUENTO MAIS TEU DESCASO! – Silvou,


raivosa. Vanessa ficava meio cinza quando tinha ódio.
Zack: Descaso?! DESCASO?! – Rugiu, raivoso.

Vanessa: CALE A BOCA! – Disse, franzindo o cenho.

Zack: É o que? – Perguntou, incrédulo.

Vanessa: Pensei ter ouvido alguém me chamar. – Disse, tentando ouvir. Não havia mais
nada.

Zack: Não estamos em casa. Isso é uma guerra, esqueceu? – Vanessa virou o rosto,
novamente raivosa.

Vanessa: Fui tua mulher antes dessa guerra estourar. – Rosnou.

Zack: EU NÃO LHE DEIXO FALTAR NADA! – Disse, abrindo os braços – Vanessa, o
que você quer?

Vanessa: EU QUERO MEU MARIDO! – Gritou, raivosa – NÃO ESTOU


ACOSTUMADA A SER DEIXADA EM SEGUNDO PLANO, ZACK, VOCÊ SABE!

Zack: Estou fazendo o que posso, mas não posso estar em dois lugares ao mesmo
tempo, meu Deus! – Disse, raivoso. Ambos arfavam – Se eu não me engano, estou em
sua cama todas as noites. – Disse, maldoso.

Vanessa baixou a mão na cara dele, em um tapa. Zack hesitou, sentindo o rosto
arder. Ninguém nunca havia lhe esbofeteado.

Vanessa: Nunca mais... Nunca mais fale comigo desse modo. – Avisou, cinza de ódio.

Zack: Enlouqueceu. – Disse, erguendo o rosto pra ela. Os olhos dele estavam
perigosamente dilatados.

Vanessa: Revide, Zack. – Desafiou, se aproximando mais – Me bata. Faça alguma coisa.
Qualquer coisa.

Zack: Eu seria capaz de matá-la agora, Vanessa. – Grunhiu.

Vanessa: Eu pensei que você me amava. – Debochou.

Zack: Eu amo. É por isso que vou sair daqui; pra não fazer nada de que eu me
arrependa, e que eu não possa reparar depois. – Ele recuou um passo.

Vanessa: Vá. Volte para sua guerra. Pelo menos ela tu podes coordenar. – Zack parou
por um instante, ofegando, então ela foi arremessada com força na cama, batendo a
cabeça na cabeceira de madeira. Ela gemeu, pondo a mão em um ponto debaixo do
couro cabeludo, caída de qualquer jeito na cama.
Zack: Tu nunca mais te atreves a me esbofetear. – Avisou, parado nos pés da cama – Eu
a amo, mas não me responsabilizo mais, Vanessa.

Vanessa: Suma daqui. – Rosnou, com a mão ainda dentre os cabelos. Ele deu as costas e
ela se deixou cair na cama, respirando fundo. Que diabo estava acontecendo com seu
casamento?

No jardim...

Kristen: Kath, o que há? Está preocupada, receosa... – Disse.

Maggy: Posso confiar em você, Kristen? – Perguntou, se virando.

Kristen: É claro. Qual o problema? – Perguntou, ansiosa.

Maggy: Estou sim, receosa. Ansiosa. – Ela respirou fundo – Pode se dizer apavorada.

Kristen: O que houve? – Insistiu;

Maggy: O garoto, Matt. – Lembrou. Kristen assentiu – Me deitei com ele. – Kristen
arregalou os olhos – Quatro vezes. – Perguntou, e Kristen parecia paralisada.

Kristen: MAGGY! – Exclamou, escandalizada.

Maggy: Os olhos dele são tão azuis! – Repetiu, passando a mão no cabelo – É delicioso,
posso garantir. – Ela piscou – Mas pode entender o que Nicholas fará se descobrir o que
eu fiz? – Perguntou, respirando fundo.

Parece que era a época de grandes casamentos ruírem. Enquanto isso, na torre, a
porrada comia solta.
Por fim Micaela perdeu. Estava no chão, e Nina conseguiu se erguer, dando dois
chutes nela: Um na altura do útero e um nos seios, já altamente doloridos pelo
ciclo pesado de amamentação. A dor venceu e Micaela arqueou no chão, sem
força. Abriu a boca e cuspiu sangue. Nina quis ficar e terminar, mas temeu que
Vanessa estivesse vindo: Fugiu. Micaela se arrastou pelo chão até onde o filho
chorava. Por sorte não caíra de cabeça.

Micaela : Chord... Chord. Shhh. – Ela tinha uma das mãos no ventre, e tocou o rostinho
do filho com o outro. O menino a encarou, os olhinhos azuis confusos, cheios d‟agua –
Olha pra mamãe. – Ela estava rouca – Já acabou. – O menino foi parando de chorar, se
acalmando – Isso. Mamãe ta aqui. Mamãe tá aqui, meu príncipe. – Disse, e tocou o
nariz do menino com o dedo. Chord sorriu com a brincadeira, o rostinho molhado pelas
lagrimas – Papai já vem. – Ela sabia que não tinha força pra levantar. – Ele já vem.

Mas sentia dor demais: Desmaiou. Chord não fez escândalo, ele já vira Rosalie
dormir, então não estranhou que a mãe dormisse. Segurou o dedo dela, quietinho.
Demorou em média meia hora, então Joshua entrou no quarto.
Joshua: Carinho, o almoço está servido, estamos esperando por voc... MICAELA ! –
Gritou, alarmado. Ele foi até ela, apanhando seu rosto. Havia sangue em sua boca. O
dedo alcançou a veia do pescoço dela, e ele suspirou aliviado ao sentir a pulsação forte
do sangue. Chord olhava o pai quieto – O que houve? – Perguntou, apanhando o filho.
Micaela desmaiara com Chord no colo? Isso não explicava o sangue.

Joshua olhou o menino, examinando. Achou um roxo no quadril dele (Onde havia
batido no chão), e mais nada. Rosalie dormia. Ele foi até o chão, apanhando a
esposa no colo, e se sentou com ela na cama.

Joshua: Micaela . Micaela , acorde. Ei. – Ele tocou o rosto dela, erguendo-o. Os cachos
dela caíam pelo braço dele, caindo no colchão – Micaela ! – Ele a sacudiu de leve. Após
alguns minutos ela abriu os olhos, confusa, e gemeu. – O que houve?

Micaela : Joshua... Nina. – Ela gemeu de novo.

Joshua: Nina fez isso com você? – Perguntou, exasperado.

Micaela : Ela queria matar... – Ela tossiu – Matar Chord. – Joshua rosnou – O veneno...
O veneno da flor. – Balbuciou, olhando-o. Joshua olhou pra cama e viu a outra
“mamadeira” ali. – Ela é a espiã.

Joshua: Shh. Descanse. Pode ficar só um instante? – Micaela assentiu. Ele a pôs na
cama com cuidado – Vou trancar a porta. Eu já volto. Descanse. – Ela havia fechado os
olhos antes que ele saísse.

O silencio durou por um segundo na sala de estar. Então Vanessa, sentada, se virou
em câmera lenta para olhar o marido, um olhar doentio no rosto.

Vanessa: O que foi que eu disse a você? – Perguntou, em um silvo.

Zack: Tudo bem, você estava certa, meus parabéns. – Debochou.

Joshua: Eu preciso ir cuidar de Micaela . Preciso que pelo menos dois de vocês liderem
as tropas de busca, Nina não pode ter ido muito longe. – Pediu, urgente.

Robert: Eu vou. – Se ofereceu.

Zack: Vou com você. – Disse, e os dois saíram.

Vanessa: Com licença. – Grunhiu, saindo dali.

Joshua: Eu vou ver Micaela . Com licença. – E saiu.


Nicholas: Vocês duas. – Disse, e Maggy e Kristen olharam – Vão pro meu quarto.
Busquem Suri e Mary. Fiquem juntas, tranquem a porta até que eu volte. Vou dar uma
batida pelo castelo. – As duas assentiram e saíram.

Nicholas saiu em seguida. Revistou o castelo inteiro, e nada. Claro que não. Então
um pensamento petulante passou por sua cabeça: Todos saíram, e iriam demorar.
Maggy estava trancada. Zack estava longe. Vanessa estava sozinha. Ela sorriu de
canto. “Recordação”, ela dissera. Vamos ver.

Vanessa tomara banho, prendera o cabelo em uma poupa frouxa, vestira um short
e um sutiã (Ela tinha que admitir que os sutiãs de amamentação de Micaela eram
bem melhores que espartilhos. Copiou o modelo, o melhorou e mandou fazer pra
si, resultando em um sutiã meia taça dos dias de hoje), e um roupão de renda por
cima, tudo preto. Não podia permitir isso acontecer. Seu casamento nunca tivera
uma crise. Ela ia se acalmar, ia esperar Zack chegar, ia...

Vanessa: Nicholas? – Perguntou, incrédula, vendo ele parado a porta. Estivera tão
aturdida que não o ouvira chegar.

Nicholas: Escolha interessante de trajes. Melhor do que eu esperava. – Vanessa fechou o


hobbie. Grande coisa, é renda, oi. – Não, não se dê ao trabalho. – Disse, cínico.

Vanessa: Onde está Maggy? – Perguntou, achando graça. Ela deu as costas, procurando
algo mais composto para vestir. Um dos roupões de Zack, talvez.

Nicholas: Onde está Zack? Oh, espere. Eu sei. – O braço dele passou pela cintura dela, o
hálito quente em sua nuca – Um pecado deixá-la aqui, desse jeito.

Vanessa: Eu não vou fazer isso, Nicholas. – Disse, olhando pra frente. – Um beijo é uma
coisa, sexo é outra. Me solte.

Nicholas: Não? – Perguntou, fungando atrás da orelha dela – Diga que a idéia não é
tentadora.

Vanessa: Não sente remorso? – Perguntou, debochada. – Maggy confia em você. Em


nós dois.

Nicholas: Eu conheço minha esposa, Vanessa. Maggy anda cautelosa demais, hesitante,
me olhando como se esperasse uma reação minha, uma explosão. – Resumiu – Algo de
errado ela fez. Me sinto livre.

Vanessa: Eu não. – Ela se afastou dele, se virando. Jogou o rosto pro lado, afastando as
mechas soltas – Zack me é fiel. Sempre foi. Não vou me deitar com você na cama dele.
– Recusou. Nicholas sorriu.
Nicholas: Isso é medo, Vanessa? – Ela ergueu a sobrancelha – Está recuando? – Vanessa
se aproximou dele, sorrindo, de modo que sua boca se aproximasse da orelha dele.

Vanessa: Eu não sei o que é medo, Nicholas. – Sussurrou.

Nicholas: Então eu não sei o que estamos discutindo. – Respondeu, no mesmo tom. Ele
a encarou por um instante, beijando-a novamente em seguida. Ela suspirou, relutante,
mas retribuiu. Então o riso de Zack riscou sua mente. O tom da voz dele, o gosto suave
que não era o que ela tinha na boca agora, a tonalidade que os olhos dele tomavam
quando lhe fazia amor... E ela o empurrou.

Vanessa: Olhe nos meus olhos. – Nicholas sorriu, gostando do jogo, e a encarou. O que
os olhos dela tinham de negros, os dele tinham de claros. – Não. – Nicholas se jogou
sentado nos pés da cama – Nicholas, saia daqui.

Nicholas: Toda sentimentos. Ui ui ui. – Debochou.

Vanessa: Você não quer me irritar. – Avisou, e era uma ameaça.

Nicholas: Se lembrou dele quando me beijou. – Instigou. Vanessa grunhiu, dando as


costas – Se lembrou do toque dele, perante o meu. – Continuou – Você me quer, mas a
lembrança dele está aqui. – Sorriu – Vanessa, eu não estou pedindo que se divorcie. É só
sexo. Não significa nada.

Vanessa: Levante-se daí! – Rosnou, se virando. Ter Nicholas na cama de Zack era
absurdo. Nicholas riu, se levantando – As lembranças dele pouco te importam.

Nicholas: Verdade. – Ele se aproximou. Ergueu a mão como se fosse tocar o rosto dela,
mas os dedos adentraram o cabelo. Ela trincou os dentes perante a dor quando ele
encontrou o ponto em que a madeira atingira sua cabeça, quando Zack a jogou na cama.
– Oh. Essa lembrança também é agradável?

Vanessa: Saia daqui. – Rosnou.

Nicholas: Me faça sair. – Rebateu. Ela não teve reação e ele a tomou em um beijo,
agressivo dessa vez. Ela empurrou o peito dele, tentando se afastar, mas a vontade era
maior. Queria se vingar. Pelo descaso, pela guerra, pela agressão. Por fim ele a soltou,
apanhando-a pelo braço.

Vanessa: O que está fazendo? – Perguntou, vendo ele levá-la em direção ao quarto.

Nicholas não respondeu. Os dois avançaram pelo corredor em silencio, até o antigo
quarto de Micaela . Ao fechar a porta os dois se agarraram novamente, se beijando
sedentamente. Nicholas procurou o fecho do roupão dela, mas não achou. Ela
achou o colete dele, passando a mão sutilmente... Arrancando os botões. Nicholas
se abaixou, apanhando-a no colo, e ela enlaçou braços e pernas nele. Os dois
tombaram na cama, ambos arfando, e ela estourou a camisa dele. Vanessa o
empurrou, passando pra cima dele, segurando seus braços do lado do rosto,
enchendo-o de beijos mordidos. O som do riso de Zack ecoou na cabeça dela
novamente, de modo nítido. Ela abaixou o rosto, mordendo a orelha dele, e ele
ouviu seu sussurro.

Vanessa: Você é um demônio, Nicholas. – Sussurrou – Mas quando eu digo não a uma
coisa, é não.

E ela estava fora da cama, de pé no meio do quarto. Nicholas riu, respirando


fundo, e se amparou no braço.

Nicholas: Quando eu quero algo, eu tenho. – Disse, erguendo as sobrancelhas de modo


debochado. – Não vou desistir.

Vanessa: Então eu espero que goste de se decepcionar. – Os cabelos dela estavam soltos,
enquanto ela recuava – Resolva seus problemas com Maggy. Eu não vou trair meu
marido.

Nicholas: É um desafio, Vanessa? – Perguntou, divertido.

Vanessa: Não, é um aviso. Nem mais um beijo. – Avisou – Eu sou dele. Se convença
disso e poupe esforços. – E ela saiu.

Na torre...

Joshua ajudou Micaela a tomar banho. Ela saiu do banho e vestiu um short.
Joshua rosnou alto ao ver as marcas roxas em Micaela . A da barriga era quase
preta, os seios dela estavam vermelho escuro. Ela insistiu em amamentar, de modo
como ele não teve como contestar. Quando Rosalie abocanhou o seio da mãe,
inocente, Micaela gemeu de modo breve, suspirando em seguida.

Joshua: Não precisa fazer isso. – Micaela negou com a cabeça – Está te machucando,
carinho.

Micaela : Vai passar. Traga Chord. – Chamou, apoiada nos travesseiros. Joshua apanhou
o filho no berço. Tivera medo de algum machucado grave, mas o menino estava bem, só
com o roxo. Deus abençoe a hora em que ele resolveu colocar aquele tapete no quarto.

Ela arfou quando foi a vez de amamentar o filho. Seus seios doíam demais. Mas
por fim o pequeno Chord dormiu, cansado, e foi parar em seu berço, junto com a
irmã. Joshua fechou a rede do berço, voltando-se para a esposa. Ele fez ela se
deitar, e ela obedeceu. Joshua se pôs a massagear a barriga dela lentamente,
primeiro pelas beiradas do roxo, depois se adentrando. Em qualquer situação tê-la
ali, os seios a sua vista, a pele ao seu toque, o excitaria. Mas não agora.
Ela estava machucada. Sentia dor. Fora machucada salvando o filho dos dois.
Depois de tempos massageando a barriga dela, ele tentou o mesmo com os seios,
buscando aliviar a tensão, mas ela não agüentou a dor.

Joshua: Chamarei o médico amanhã. – Decretou, apanhando uma de suas camisas no


guarda-roupas. Ela continuava quieta, olhando-o. Ele olhou os seios dela, preocupado.
Pareciam inflamados. – Venha, me deixe te ajudar a se sentar.

Micaela : Não é nada. – Disse, deixando ele sentá-la e passar a camisa por seus braços –
Eu me curo rápido.

Joshua: Há alguma coisa que eu possa fazer? – Perguntou, angustiado.

Micaela : Há. Você pode ser meu marido, apagar as luzes, se deitar ao meu lado e me
abraçar forte. – Ela sorriu – Chord está bem. É o que importa.

Joshua não teve resposta. Obedeceu. Uma vez deitado, no escuro, a virou de costas
pra ele e a abraçou com cuidado, de conchinha, lhe dando um beijo no ombro.
Depois disso nada foi dito. Quando Zack entrou em seu quarto, já noite daquele
dia, havia um cheiro estranho. Era tecido queimando. Ele foi até a lareira acesa,
apanhando uma espátula, e cutucou o bolo em chamas. Eram roupas dela.

Zack: Mad? – Chamou, confuso.

Vanessa: Meu amor. – Murmurou pra si mesma, se lançando na direção dele. Ela o
abraçou. Zack não entendeu, mas retribuiu. Ela usava a mesma roupa que usou com
Nicholas, só que essa era toda branca: O sutiã, o short e o roupão de renda.

Zack: Ei. – Disse, largando a espátula - O que houve?

Vanessa: Me perdoe. – Murmurou, agarrada a ele. Ela tinha os cabelos meio presos por
um palito.

Zack: Pelo que? Ei. – Ele apanhou o rosto dela nas mãos, encarando-a – O que foi?

Vanessa: Eu amo você. Só você. – Disse, tocando o rosto do marido.

Zack: Eu amo você. – Respondeu, sorrindo – Venha aqui. – Ele se sentou, pondo ela em
seu colo – Anjo, eu sei que você não está acostumada a isso. A não ser o seu castelo, a
não ser o centro das atenções. Eu sei. Eu te mimei assim. – Ele acariciou o rosto dela. –
Mas isso é provisório. Eu vou acabar com essa guerra, e nós vamos voltar pra casa. –
Ela sorriu – Todos os meus pensamentos são seus, Vanessa. Não quero que briguemos.

Vanessa: Fui infantil. Por um momento pensei que... Pensei que pudesse viver sem você.
Mas descobri que tenho força pra tudo, menos pra isso. – Ela tocou os lábios dele – Não
vamos mais brigar. Eu entendo o seu lado. Eu vou esperar. – Ele sorriu. Ela o encarou,
os olhos negros insondáveis – Faça amor comigo, Zack. – Ele ergueu as sobrancelhas,
surpreso.

Zack: Eu acabei de chegar da rua. Montei a cavalo a tarde inteira. Você não me quer
assim. Está limpinha. – Ele beijou o ombro dela, aspirando o perfume do banho recém-
tomado – Cheirosa. Merece mais que isso. – Ele beijou o nariz dela – Vou tomar um
banho, e conversamos sobre o assunto novamente. – Prometeu, e ela sorriu. – Não me
demoro. Não se mova. – Ela fingiu ser uma estatua, e o marido riu, sumindo na porta do
banheiro.

Uma vez sozinha ela suspirou. Amava aquele homem com cada célula que possuía.
Aceitar os flertes de Nicholas tudo bem, era engraçado, mas beijá-lo fora uma
estupidez total. Ela ouviu o chuveiro se abrindo e olhou a lareira. O fogo já havia
consumido inteiramente a roupa que ela usara aquela tarde, e o cheiro já se fora.
Ela apagaria a lembrança daquilo assim como o fogo apagou a prova material.
Mas ela precisava de mais. Precisava que ele a possuísse, seu direito natural, que a
marcasse, porque ela era definitivamente só dele. Ela ouviu o chuveiro se fechar e
se levantou, ansNicholasdo. Zack saiu do banheiro em seguida, de roupão, os
cabelos úmidos, e parou para observá-la. A lingerie branca mal se destacava na
pele pálida dela, a barriga rígida, os seios fartos, a renda branca quase jogando
com o olhar dele. Ele sorriu com a visão. Ela estendeu a mão pra ele, chamando-o,
e ele sorriu, indo até ele.

Zack: Quando sai daqui você estava querendo me matar. Porque a mudança? –
Perguntou, se aproximando.

Vanessa: Porque matá-lo seria o mesmo que matar a mim mesma. – Respondeu,
simples, e ele passou as mãos delicadamente nos ombros dela. O roupão de renda
deslizou e caiu levemente pro chão.

Ela o encarou e pegou as mãos dele, levando até o feche do sutiã. Zack o abriu,
desprezando a peça. Ela se deitou na cama, abrindo os braços, olhando-o. Zack
ficou de pé por um instante, sorrindo, observando, então passou pra cima dela. No
momento em que teve o corpo do marido sobre o seu, ela o beijou, agarrando-o.
Zack sentiu a sede dela e a retribuiu. Ela puxou o nó do roupão, desnudando o
marido e jogando a peça que caiu do outro lado do quarto. Zack tomou um dos
seios dela na boca, mordendo, chupando, uma das mãos brincando, e ela sorriu
consigo mesma, sentindo o corpo se contrair. A boca dele desceu por sua barriga,
lambendo, mordendo, e ele ouviu o primeiro arfar dela. Apanhou o short dela com
as duas mãos, retirando-o, mas quando ia passar pra cima da esposa ela o fez se
sentar, montando em seu colo, sem unir os dois. Ela se sentou sob a coxa dele,
evitando de qualquer modo a invasão, e Zack mordeu o colo dela, logo alcançando
seu pescoço. Ela se impulsionou contra a coxa do marido, e as mãos dele
agarraram imediatamente os quadris dela. Ele tencionou o músculo da coxa,
comandando o ato dela, e Vanessa agarrou o ombro dele, respirando fundo. Durou
por minutos, até que...
Vanessa: Olhe para mim. – Pediu, rouca, e ele ergueu o rosto dos seios dela, os lábios
meio vermelhos, encarando-a. Ela desmontou da perna dele, se sentando direito em seu
colo, e os dois se encararam enquanto ela deixava ele deslizar pra dentro de si
lentamente. Por fim os dois estavam juntos, ainda se encarando. Mas ela não conseguiu
sustentar por muito tempo; seus olhos se fecharam e ela abaixou a cabeça, gemendo
baixo. Podia senti-lo inteiro dentro de si, parado, pulsando. Ele sorriu, pondo o cabelo
dela atrás da orelha, tomando sua boca e a segurou pela cintura novamente, começando
a se mover.

A situação ganhou intensidade rapidamente. Os dois corpos se moviam juntos,


unidos, e nada foi dito. Aos poucos ganharam velocidade e força. Ela tinha o rosto
afundado no ombro dele, as unhas cravadas em suas costas. Não podia evitar os
gemidos: Eles vinham. Ela tentava refreá-los, mas era impossível; ele estava em
toda parte, em cada poro do seu corpo.

Zack: Não os prenda. – Disse, rouco, no ouvido dela. Ela ergueu o rosto, encarando-o,
meio tremula – Eu gosto de ouvi-los. – Disse, antes de morder o lábio inferior dela.

Parecendo querer arrancá-los dela, ele fez ela enlaçar as pernas em sua cintura,
ganhando ainda mais força em suas investidas. Vanessa quase gritou, e ele sorriu
de canto, mordiscando o pescoço dela. Durou por mais algum tempo, até que ele se
separou dela, mudando a posição: Ele ainda estava sentado, mas fez ela sentar de
costas pra ele. Ela sentiu os braços dele envolvendo sua cintura, prendendo-a no
lugar. Ele voltou a invadi-la, agora por trás, e Vanessa conteve a respiração,
relaxando... Até que, por fim, ele encostou a cabeça em suas costas. Ela cravou as
unhas nas mãos dele, que começou a se mover lentamente... A inicio. Logo haviam
retomado a força de sempre, e ela não teria sido capaz de conter os gemidos, nem
se quisesse. Se fosse uma opção pra ela, pensaria que estava morrendo. Seu corpo
parecia estar pegando fogo, inflamando. Após algum tempo a respiração dela se
tornou mais acelerada... E ele parou tudo, se tornando imóvel.

Vanessa: Zack... – Choramingou, deixando a cabeça cair no ombro dele.

Zack: Shh. – Disse, beijando o ouvido dela – Não tão depressa, anjo. - Ela gemeu
aturdida, sentindo a sensação que estivera tão perto se afastando cada vez mais.

Vanessa: Por favor. – Pediu, com a voz entrecortada. Os cabelos dela, agora soltos,
cobriam o ombro e o braço dele, caindo no colchão.

Zack: Não. – Negou, e ela sorriu com o toque de maldade na voz dele – Calma. –
Brincou.

Vanessa: Porque você adora fazer isso comigo? – Perguntou, frustrada, presa na grade
dos braços dele.
Zack: Porque eu gosto. – Respondeu, petulante. Ela suspirou. – Porque eu quero que
dure mais. Porque você gosta. – Na ultima frase ele voltou a se mover, e ela franziu o
cenho, mordendo o lábio inferior.

Ficaram naquilo mais algum tempo, até que ele se separou dela novamente.
Vanessa caiu deitada de costas na cama e ele partiu pra cima dela, pela frente
novamente, com mais força que antes. Vanessa grunhia a cada estocada, os corpos
dos dois oscilando na cama. Ela amava essa brutalidade dele, essa violência que o
possuía quando estava perto de correr-se. Mas ela veio antes, com um grito que
ecoou pelo quarto, e ele não deteve. Ela sentiu exatamente o momento dele, que se
pressionou demoradamente contra ela, gemendo alto, logo se aquietando. O único
barulho depois disso foram as chamas crepitando na lareira. Ela se pôs a acariciar
o cabelo dele ternamente, que desfrutou do carinho por tempos, até erguer o rosto,
selando os lábios com os dela. Ele riu de leve. Ela apanhou uma mão do cabelo
dele, puxando-o.

Vanessa: Cachorro. – Condenou, e ele riu – Eu te amo.

Zack: Eu não entendi o motivo disso... Mas foi muito bom. – Ela puxou os cabelos dele
de novo, fazendo-o rir gostosamente.

Vanessa: Me promete uma coisa? – Perguntou, olhando-o. Ele assentiu – Não me deixa,
não. – Pediu. Ele franziu o cenho.

Zack: Quem você matou dessa vez? – Perguntou, mas ela negou com a cabeça – Eu
prometo.

Vanessa: Me grite, me prenda, me bata se for necessário. Eu posso suportar tudo isso.
Mas não viver sem você. – Disse, acaricNicholasdo o rosto dele.

Zack: Isso tudo é uma crise hormonal, ou você tá aprontando pra mim? – Brincou. Ela
revirou os olhos.

Vanessa: Você é impossível. – Disse, se afundando no travesseiro. Ele riu, se amparando


em um dos braços.

Zack: Não importa o que você fez ou vai fazer. Eu não vou te deixar. Eu te amo. –
Disse, próximo ao ouvido dela. Ela sorriu. Ele selou os lábios com os dela novamente e
ela se abraçou ao marido, se aninhando no peito dele pra dormir.

Ali era seu lugar. Ali estava segura. E agora ela sabia: Isso não ia mudar nunca.

---*

Kristen: Não, por favor, só me diz uma coisa. – Disse, aos sussurros – Não entra na
minha cabeça. O menino, Matt, ele é apaixonado pela esposa, ficou feliz em pensar que
íamos dar abrigo a ela antes de matá-lo! – Maggy parou de andar se virando pra Kristen
– Como você... Como conseguiu?

Maggy: Ele é apaixonado pela esposa. E eu sou apaixonada por Nicholas. Daria a vida
por ele sem pensar duas vezes. Mas chega um momento na vida, Kristen, onde você
consegue separar amor de sexo, tornando um independente do outro. – Explicou – E,
respondendo a tua pergunta, a mulher dele está grávida. Uma bola. Ele não tinha sexo
há meses. É quase um garoto, os hormônios explodindo. Eu sou rainha, isso já serve
como afrodisíaco. No começo ele ficou confuso, mas foi ridiculamente fácil. – Ela
revirou os olhos – Mas não faço mais isso, se quer saber.

Kristen: Não? – Perguntou, sondando.

Maggy: Não. Foi um erro. E eu quero contar pra Nicholas. – Ela viu os olhos de Kristen
se arregalarem perante o perigo – Não com quem foi, mas o que fiz. Quero contar a ele.

Kristen: Porque não conta? Tem medo de magoá-lo? – Tentou.

Maggy: Este é o problema: Nicholas não se magoa. – Ela virou o rosto pra Kristen – Ele
se vinga.

Em outro corredor... Um esbarrão.

Nicholas: Perdão... Ora, veja só. – Um sorriso se abriu no rosto dele. Vanessa revirou os
olhos.

Vanessa: Com licença. – Disse, voltando a andar.

Nicholas: Correu pros braços do maridinho ontem, Vanessa? – Perguntou, divertido,


acompanhando-a.

Vanessa: Corri. E você não faz idéia de como foi bom, Nicholas. Chego a me arrepiar só
de lembrar. – Provocou, caminhando.

Nicholas: Pensou em mim enquanto ele te tocava? – Vanessa parou de andar, respirando
fundo. Se o matasse, iam dar pela falta do corpo em pouco tempo, e no final Zack
saberia que foi ela.

Vanessa: Você me insultou. – Disse, por entre os dentes.

Nicholas: Perdão. Não foi a intenção, eu juro. – Ele falava sério. Ela sondou os olhos
dele e viu a sinceridade ali, o que provavelmente evitou um homicídio.
Vanessa: Não, eu não pensei em você. Não que você vá entender, mas quando você está
nos braços de Zack, suas funções normais são quase que desativadas. Você não pensa,
você só sente. – Provocou – E as vezes ouve. – Acrescentou, se lembrando do timbre
rouco da voz dele em seu ouvido, na noite passada.

Nicholas: Atrevida. – Lançou. Ela deu de ombros.

Vanessa: Escute, Nicholas. Se não parar de me atormentar, faço queixa a Zack, e


teremos uma guerra aqui dentro mesmo. Eu sou uma mulher casada, e quero ser tratada
e respeitada como tal. – Ameaçou.

Nicholas: Diria a ele? Tudo? – Ressaltou.

Vanessa: Deus me ajude, mas eu digo. – Disse, séria – Não vou ser tratada como uma
desfrutável, ou como uma qualquer, Nicholas. Eu sou e sempre fui fiel ao meu marido. –
Completou.

Nicholas: Tudo bem, tudo bem, não precisa se irritar. Não podemos ser amigos pelo
menos? – Perguntou, e Vanessa ergueu a sobrancelha – Éramos amigos antes de
começarmos com isso.

Vanessa: Que eu me lembre, o único amigo homem que eu sempre tive foi Robert. –
Alfinetou, voltando a andar, e Nicholas sorriu.

Nicholas: É uma história interessante. O que você faz nessas „viagens de caça‟,
Vanessa? – Perguntou, fazendo graça.

Vanessa: Algo que você com certeza não quer que eu faça com você. – Ela abriu um
sorriso enorme... E perigoso, mesmo a distancia. Nicholas riu gostosamente.

Então prontamente eram amigos outra vez. Ter resolvido essa história manteve o
humor de Nicholas até que Maggy o chamou no quarto, antes do jantar, dizendo
que precisava contar algo. Ele deixou ela contar. O humor dele foi parar no
inferno.

Nicholas: Você fez o que? – Perguntou, em um silvo, os olhos claros tão dilatados de
ódio que mal se via a parte clara. – Quem foi o condenado? – Rosnou.

Maggy: Não importa quem, Nicholas. – Murmurou, parada em pé.

Nicholas: QUEM? – Rugiu, virando a mesa em que ela estava próxima , fazendo vários
objetos voarem longe. Ele arfava.

Na sala de jantar... Um barulho forte ecoou pelos corredores, vindo do andar de


cima. Mas Vanessa e Robert se encaram, ambos cenhos franzidos.
Robert: Nicholas. – Kristen engasgou com o vinho. – Ele vai matar ela! – Disse,
alarmado, se levantando.

Vanessa: Eu vou. – Disse, pulando fora da mesa.

Zack: Mad. – Chamou, confuso.

Vanessa: Só eu posso pará-lo agora Zack, explico depois. – Ele assentiu.

Robert: Vanessa, agora! – Ela havia sumido. Robert tinha os olhos arregalados. – Ele vai
matar ela. – Murmurou de novo, saindo da sala apressadamente, no rastro de Vanessa.

De volta ao quarto...

Maggy: Não vou dizer quem, Nicholas, a culpa foi minha. – Disse, de cabeça baixa,
tremendo. Já tinha se arrependido de ter começado a falar. Ele a apanhou pelos ombros,
fazendo-a encará-lo.

Nicholas: Quantas vezes? – Perguntou, rosnando.

Maggy: Isso importa? – Perguntou, a dor terrível em seus ombros dando a impressão de
que iriam se partir.

Nicholas: QUANTAS?! – Rugiu, sacudindo-a.

Maggy: Quatro. – Respondeu, caindo no choro. Ele não teve piedade.

Nicholas: Eu deixei de ser homem para você, Maggy? – Perguntou em um silvo. Estava
fora de si – Em qualquer aspecto, eu deixei que lhe faltasse algo? Amor, atenção,
carinho, sexo, o que for? RESPONDA!

Maggy: Não. – Disse, erguendo os olhos lacrimosos pra ele – Eu não sei porque fiz,
aconteceu. Me arrependi logo após ter feito.

Vanessa: Nicholas, abra a porta. – Disse, forçando a fechadura. Ele ignorou – Se não
abrir eu vou arrombar, abra a porta, você não está sendo racional. – Ele não deu atenção
ainda assim.

Nicholas: Um erro é cometido uma vez, e pra isso existe perdão. Mas quatro?
QUATRO? –
Ela se encolheu – NINGUÉM ME AVISOU QUE EU ESTAVA TOMANDO UMA
VAGABUNDA POR ESPOSA QUANDO ME CASEI CONTIGO! EU TE DEI
MINHA VIDA, MEU AMOR, MINHA FIDELIDADE, MEU REINO, EU TE DEI
TUDO, MAGGY, TUDO! - Ela soluçou nos braços dele. Era tudo verdade – EU TE
AMEI E VOCÊ JOGOU ISSO FORA POR NADA! – Nem o barulho da porta sendo
estourada por um pontapé de Vanessa o sobressaltou.
Vanessa: Nicholas, solte-a. Me ouça, solte ela. – Disse, passando pelos escombros da
mesa.

Maggy: Você vai quebrar meu ombro. – Murmurou, apavorada. Ele a olhou por
instantes, arfando de ódio.

Nicholas: Você quebrou meu coração. – Murmurou em resposta, soltando-a.

Vanessa: Robert, tire-a daqui. – Disse, saltando sob a mesa, se pondo entre Maggy e
Nicholas. Robert observava na porta – Leve-a para Kristen.

Maggy: Não... – Murmurou, o rosto lavado em lágrimas, olhando o marido. Ele a


encarava, arfando de ódio.

Nicholas: Saia de perto de mim antes que eu me arrependa de não ter te matado. –
Rosnou – Estou com nojo de você, Maggy. Suma da minha vista, estou avisando. –
Vanessa pôs uma mão no peito dele, fazendo-o recuar.

Robert levou Maggy, e Vanessa fechou a porta quebrada, se encostando nela.


Nicholas estava de costas pra ela, mas ainda arfava de raiva. Problema seria
conseguir acalmá-lo agora.

Vanessa: Nicholas. – Começou.

Nicholas: Me deixe sozinho. – Disse, a voz baixa.

Vanessa: Eu não tenho medo de você, a mim você não pode machucar. – Disse,
avançando em direção a ele – Tente se acalmar.

Nicholas: Como ela pôde, Vanessa? – Perguntou, passando a mão no rosto.

Vanessa: Nicholas, isso não é hipocrisia sua? – Ele a encarou, exasperado – Teria feito o
mesmo se eu tivesse permitido.

Nicholas: Eu... – Ele riu de leve – Não sei se você percebeu, mas eu não insisti mais. Eu
senti um remorso tão grande depois que você foi embora, que eu... Pensei que fosse
enlouquecer. – Ele respirou fundo – Sabe o que eu fiz? Eu sai. Comprei uma jóia pra
ela. Uma jóia pra compensar por eu ter pensado em traí-la. Mas não, olhe só o que ela
fez.

Vanessa: Eu não sabia. – Disse, quieta.

Nicholas: Não tinha como. – Ele se sentou nos pés da cama. Vanessa foi até o meio do
quarto, apanhando a mesa de madeira pesada com a ponta dos dedos e reerguendo-a,
pondo-a de pé. Nicholas não viu. Olhava o chão. – Eu sempre fui caprichoso, era assim
que minha mãe dizia. Fui atrás de você porque era o que eu não podia ter. Se eu tivesse
logrado, seria apenas uma vez, e estaria queimando de remorso logo depois. – Ele a
olhou – Mas ela tecnicamente manteve um caso com outro homem debaixo do meu
nariz.

Vanessa: Tente se acalmar. – Aconselhou.

Nicholas: Você sabia? – Perguntou, olhando-a.

Vanessa: Soube no momento em que ela te contou, eu estava ouvindo. Eu a toquei


quando a tirei daqui, só Kristen sabia. – Ele a observava.

Nicholas: Você sabe quem é ele. – Contestou, observando-a.

Vanessa: Agora eu sei tudo. Não, eu não vou te dizer. Seria sangue inocente derramado
atoa. – Ele suspirou. – O que vai fazer? – Divorcio era algo sério naquela época.

Nicholas: Eu não sei. Preferia a guerra agora do que ter que lidar com isso. – Ele parou,
olhando pra frente – Sabe, eu tenho um irmão. Quase mesma idade. Eu não queria me
casar, nem nada disso, eu gostava de viver. – Ele respirou fundo – Então os pais de
Maggy fizeram uma visita ao meu reino. Trouxeram a filha. Me encantou assim que eu
a vi.

Vanessa: Não seja dramático. – Tentou brincar.

Nicholas: Não estou sendo; ela era. – Ele sorriu – Meu irmão se encantou por ela
também. Ela jogava com nós dois. Me lembro bem do dia em que decidi que ela seria
minha. – Os olhos dele estavam distantes – Estávamos caminhando no jardim, ela a
nossa frente, eu e meu irmão fascinados observando, como sempre. Então ela tropeçou.
Nós dois nos lançamos logo, claro, para impedir a queda, mas ela se recuperou só, e
sorriu pra nós dois. Me lembro do que disse em palavras. – Ele sorriu – Ela sorriu de
canto, os olhos nos sondando, e disse: “Os dois irmãos Somerhalder, vindo ao meu
resgate... Qual devo escolher?” – Citou. Vanessa se ajoelhou em frente a ele, ouvindo –
Naquela noite disse ao meu pai que eu a queria.

Vanessa: E o seu irmão?

Nicholas: Não fala comigo até hoje. Eu era o mais velho, tinha de me casar, meu pai
achou uma benção meu repentino interesse, e Maggy pareceu deliciada. Eu não dei a
mínima pra ele. – Disse, revirando os olhos – Foi o atrevimento dela que me atraiu. E
veja onde me trouxe. – Ele amparou os cotovelos nos joelhos, e levou as mãos a cabeça,
os dedos adentrando o cabelo.

Vanessa: Você a ama.

Nicholas: Mais do que posso calcular. – Disse, a voz abafada – Do contrário já a teria
matado. O divórcio seria piedade. Quero fazer isso... Mas não consigo. Não posso
perdê-la.
Era penoso ver Nicholas sofrer assim. Vê-lo sem uma piada nos lábios, ou um
sorriso no rosto. Parecia errado. Vanessa acariciou o cabelo dele ternamente, e ele
não se moveu. Ela o abraçou, pondo a cabeça em sua nuca, confortando-o. Ele
ficou quieto a principio, mas depois aceitou o abraço sempre frio, retribuindo-o.

Vanessa: Tire um tempo pra pensar, pra colocar os pensamentos em ordem. Eu vou
manter ela longe da sua vista pelo tempo que precisar, até que tome uma decisão. –
Murmurou, acaricNicholasdo o cabelo dele.

Nicholas: Obrigado. – Disse, quieto. Zack e Robert apareceram a porta, pra ver se ela
precisava de ajuda, mas pararam. Ela avisou com os olhos que a tempestade havia
passado, e os dois assentiram, saindo dali.

Por hora havia passado, mas toda tempestade deixa danos. Basta esperar pra ver
no que isso vai dar.

---*

Semanas depois... Nicholas não voltou a olhar nos olhos de Maggy. Não jantava
com os outros, e não a buscava. Vanessa, como prometido, se encarregou de
impedir de que ela fosse até ele. Chord e Rosalie cresciam a pleno vapor, saudáveis,
e Micaela era feliz em todos os sentidos. Menos por um: A guerra parecia cada vez
mais próxima. O estado de humor de Vanessa, cada vez mais calada, avisava que
não demoraria muito.
Vanessa: Comentarão essa guerra por anos. Escreverão livros e contarão histórias sobre
ela. – Disse, observando o treinamento dos soldados. Micaela , Kristen e Maggy
estavam com ela, na torre de Micaela . – Os nomes dos guerreiros que lutaram nela
permanecerão pela eternidade. – Disse, contemplando. Haviam soldados treinando ao
perder de vista.

Kristen: Não está preocupada? Por Zack? – Perguntou, os olhos aflitos em um homem
no meio dos soldados, observando tudo, totalmente desarmado. Os cabelos dele eram de
um bronze claro.

Vanessa: Não. Veja como ele se diverte. – Disse, deixando a cabeça cair pro lado,
sorrindo carinhosamente, observando. Zack tinha as mãos as costas, calado, olhando
tudo – No fundo ele anseia que o momento chegue.

Maggy: Anseia por matar? – Perguntou, erguendo a sobrancelha.

Vanessa: Anseia pela vitória. Pela glória. O nome de Zack sempre esteve dentre os
grandes, e essa guerra ganhou proporções que o agradam. – Disse, dando de ombros.
Rosalie deu um gritinho no carrinho, e Vanessa virou o rosto, sorrindo – O que há? –
Perguntou, sorrindo. A menina riu. Vanessa foi até o carrinho, apanhando-a no colo.
Micaela não deu atenção. Olhava Joshua. A amizade entre Rosalie e Vanessa era
curiosa, porém cresceu de modo natural, aos poucos. As duas se conheceram e se
amaram. A parte curiosa é que Vanessa não gostava de crNicholasças. Parecia que não
conseguira manter Rose longe.

Micaela : Ganhou proporções? – Repetiu, e Rosalie apertou o nariz de Vanessa, que riu.

Vanessa: Cresceu. – Explicou – Como com fermento. Você não sente? Começou por
uma vingança idiota, então cresceu, cresceu... E estamos com uma granada, prestes a
explodir. – Ela arregalou os olhos pra Rosalie, brincando – Não sejam tolas em pensar
que Hades não está se preparando, todo esse tempo. Se armando, conseguindo aliados.
Uma granada. – Repetiu.

Kristen: Chega. – Disse, nauseada.

Vanessa: Ka-bum! – Rosalie riu, batendo palminha – É, kabum, bebê linda.

Micaela : Sem “kabum”, Rosalie. – Ralhou, mas prestava atenção nos soldados.

Vanessa: Não sejam tolas. Quando chegar o momento, eles atacarão, nós venceremos. –
Disse, pondo Rosalie no berço – Se Hades atacar antes, estaremos prontos, e
venceremos. Simples.

Só que ocorreu dias depois. Nicholas não dormira. Maggy conseguira até ele, e ele
quase lhe quebrou o pescoço. Ela estava deitada sozinha em seu quarto, ele no de
hospedes. Robert tinha Kristen nos braços, ambos dormindo. Zack e Vanessa
dormiam de conchinha, ele com o rosto afundado no ombro dela, ambos com os
dedos enlaçados. Joshua dormia com a cabeça no colo de Micaela , que o abraçava
pelos ombros, os cabelos caídos a sua volta. Devo acrescentar que nenhum dos
casais estavam de roupa.
Então houve um barulho ensurdecedor. Ainda amanhecia, o seu cinzento, e o sino
caiu, quase em câmera lenta, o objeto enlouquecedoramente grande quebrando os
tijolos da construção, caindo no vazio, batendo no chão com um baque absurdo.
Rosalie e Chord desataram a chorar, assustados. Joshua já havia pulado da cama.
Zack idem. Vanessa olhava pra frente. Kristen gemeu quando Robert saiu da
cama. Nicholas, que tinha a vantagem de já estar vestido, passou pra fora do
quarto correndo.

Soldado: Senhor. – Disse, desesperado. Zack chegou ao mesmo tempo, e então Robert
estava lá. – Eles estão por toda a parte!

Zack: Por onde eles invadiram? Porque vocês não detiveram? – Perguntou, exasperado.

Soldado: Dormindo. Todos dormindo, na fronteira. Vieram em silencio, ninguém deu o


alarme. Havia alguma coisa na comida, eu não sei, todos que jantaram estão
desmaiados, dormindo. – Avisou. – Hades está com eles. Eu o vi, senhor.

Robert: Nina. – Ninguém contestou.


Zack: Eu vou entregar ela a Vanessa e não vou ter pena, juro por Deus. - Disse,
respirando fundo.

Então alguém atingiu o soldado por trás, a espada transpassando sua armadura. O
homem estava morto antes de bater no chão. O atacante partiu de espada na
direção de Zack, que esquivou, e Nicholas passou por cima do soldado morto,
quebrando o pescoço do atacante, que caiu no chão. Outro soldado chegou atrás
deles.

Zack: Nós já sabemos. – Cortou.

Joshua: Eles estão aqui dentro? – Sibilou, vendo os dois corpos no chão. O soldado
assentiu, ofegando. – Como?!

Zack: Depois, Joshua. – Ele se virou pro soldado – Eu quero todos os homens armados
pra batalha na formação treinada agora. Tirem esses vermes de dentro do castelo.

Joshua: Suri. Armem a porta do quarto de Suri. De Micaela , e Vanessa, e Maggy,


Kristen, e da mãe de Micaela . Protejam-nas. – Disse, tentando pensar.

Nicholas: Agora. – Silvou. O soldado saiu correndo. Já haviam gritos de briga dentro do
castelo, pelos corredores. Todos saíram correndo, sem dizer nada, para se armar.

Chegara a hora, mas era o caos: A guerra estava dentro do castelo.

Uma vez que anunciada, a guerra emanava no ar. As tropas de Zack foram as
primeiras a entrar em combate, seguida pela da de Nicholas. Os reis se
preparavam.
Porém, cada um em seu clima.
Vanessa: Traga a vitória pra mim. – Disse, fechando a armadura dele por trás. Zack
sorriu. Ela usava um hobbie preto.

Zack: Você a quer? – Ela assentiu no ouvido dele – Então eu trarei.

Vanessa: E não demore. – Ela mordeu a orelha dele, que riu, puxando-a pro seu braço,
beijando-a. Vanessa espalmou as mãos no peito dele, as unhas causando um curioso
barulho de pedra contra metal ao se bater na armadura dele. O beijo foi interrompido
porque duas pessoas, aos berros, dois soldados, se bateram na porta. Zack rosnou,
irritado.

Zack: Me concede cinco segundos? – Perguntou, nos lábios dela. Vanessa puxou a
espada dele, de prata afiada, pesada, com um puxão rápido, oferecendo-o.

Vanessa: Eu estou contando. – Avisou.

Zack saiu, fechando a porta. Houve o barulho de uma brevíssima luta no corredor,
então um baque no chão e a voz dele dando uma ordem. Então ele voltou, com um
sorriso no rosto que não parecia ser da pessoa que segurava uma espada
totalmente ensangüentada.

Vanessa: Vá. Termine isso. Volte pra mim. – Disse, se aproximando com o protetor de
braços de Zack, de metal. Ele estendeu o braço e ela o encaixou – Eu saberei
recompensar sua volta. – Prometeu.

Zack: Essa guerra não vai durar 5 minutos. – Brincou, beijando-a novamente, e ela riu.

Porém, nem em todos os quartos havia tanta harmonia. Em uns havia angustia...

Robert: Não saia daqui. Nós resolvemos que será mais seguro se cada rainha estiver em
um ponto do castelo; a porta será guardada por soldados. – Ele fechou a armadura –
Qualquer coisa, o que for, grite.

Kristen: Rob... – Gemeu.

Robert: Shh. Vai acabar. Mais próximo do que você pensa. – Ele beijou o nariz dela,
silencNicholasdo-a. Ela não poderia detê-lo, não tinha jeito.

Em outros, já havia briga...

Maggy: Não é justo! – Disse, os olhos lacrimosos.

Nicholas: Tu teres me traído foi justo? – Perguntou, fechando os protetores no braço.

Maggy: Nicholas. Nicholas, me escute... Não pode ir a guerra brigado comigo.


Nicholas, eu não vou suportar. – As lágrimas caíram no rosto dela e ele virou o rosto.

Nicholas: Pois esse será teu castigo. Como visto não sou homem suficiente pra deixar
você. – Disse, desgostoso – Então tu ficarás aqui, presa, sem saber se morri ou não. Não
é metade do que mereces, mas é o que acontecerá. – Ele ergueu as sobrancelhas – Será
até um castigo justo a ti se eu morrer brigado contigo. Não que eu vá permitir que
alguém me mate por algo tão pequeno. – Murmurou pra si próprio.

Maggy: Eu imploro, Nicholas, por favor... – Disse, passando a mão nos cabelos.

Nicholas: Tenha um bom dia, Maggy. – Disse, debochado, apanhando a espada e saindo.
Ela se largou na cama, caindo em um choro apavorado.

E então o medo...

Joshua: Ei, ei, ei. – Disse, indo até Micaela . Já estava completamente armado –
Carinho, shh. – Micaela tremia, encolhida – Não é nada. Vai passar.

Micaela : Eles estão aqui dentro. – Murmurou, a voz tremula – Eles vão te machucar.
Joshua: É claro que não vão, ei! – Disse, tranqüilizando-a. Não tinha tempo agora – Me
dê alguns pares de horas, então eu vou voltar, e tudo terá terminado.

Micaela : E se ele te... Joshua, e se você morrer? – Perguntou, branca de pavor. Ele
sorriu.

Joshua: Eu não vou, acredite. Não vou a lugar algum sem você. – O barulho de uma
nuvem de flechas que se seguiu não acalmou Micaela – Eu preciso ir. Voltarei antes do
que imaginas. Vou matá-lo, Micaela . – Havia alegria nos olhos de Joshua. Como podia?
– Hoje tudo acaba.

Ela o beijou, os lábios frios de medo, mas não durou muito. Ele teve de ir. Micaela
se pôs a rodar pelo quarto. Rosalie e Chord estavam inquietos. Ela apanhou o
primeiro vestido que achou, branco e roxo, e o vestiu. Por favor, Joshua, por favor,
volte... Em outro quarto... Ninguém dissera a Suri o que estava ocorrendo. Só que
ela não podia sair. A menina não contestou. Então houve um barulho de briga do
lado de fora, e a porta foi estourada. Um homem alto, de olhos verdes, parou no
portal, olhando-a.

Suri: Quem é você? – Perguntou, recuando por instinto – Meu pai não quer que
ninguém entre aqui, saia!

Hades: Aberração. Eu estava certo em vir a você primeiro. – Murmurou, cheio de nojo.
Ele se aproximou e Suri recuou mais ainda, os olhos inocentes arregalados – Seus
olhos... Lembram os olhos dela. Como se atreve?!

Suri: Os olhos dela quem? – Haviam homens caídos na porta. Havia sangue. Suri estava
com medo – PAPAI! – Chamou, vendo o estranho se aproximar.

Hades: Ah, teu pai está longe. Mas não tão longe quanto tua mãe. Você a matou. –
Acusou.
Suri: Mentira. – Ela havia começado a chorar. Estava com medo.

Hades: Ela te odiava. Tinha nojo de ti. Não a quis em nenhum momento. – Disse, e Suri
soluçou. A menina ainda usava camisola, descalça, os cabelos soltos – Sua mãe me
amava, e você estragou tudo. Você a matou. – Disse, agora próximo demais.

Suri: Mentiroso! Minha mãe amava meu pai, assim como minha mãe Micaela ama! –
Ou pelo menos essa era a história que lhe contaram. Hades riu.

Hades: Micaela ? Sua mãe? – Perguntou, se divertindo com o pavor nítido da menina.

Suri: Sim. Micaela é minha mãe. – Disse, secando o rosto com o punho – E eu tenho
dois irmãos. Chord e Rosalie. E você não é bem vindo!
Hades: Aberração. Eu prometi a sua mãe, a sua verdadeira mãe, que faria isso. Demorei,
mas vou cumprir minha promessa. – Então a mão de Hades agarrou o pescoço de Suri,
estrangulando-a. A menina arregalando os olhos, tossiu, agarrando a mão que a
asfixiava. – Eu estou cumprindo, minha Dulce. Estou matando o monstro. – Disse, mais
pra si próprio, apertando a mão. Suri estava ficando branca, o rosto molhado pelas
lagrimas, sem conseguir respirar. Mais um pouco e...

Vanessa: Eu não faria isso se fosse você. – Disse, a voz cortando o quarto como um
punhal. Hades soltou Suri, por reflexo, que caiu, segurando o pescoço, tossindo.

Vanessa estava parada na porta, vestida com um vestido negro luxuoso, os cabelos
caindo, negros, até a cintura, os olhos parecendo um poço preto, opaco, sem fim, a
pele branca feito papel. Hades se virou, reconhecendo-a.

Hades: De novo você. O que, vai chamar o maridinho de novo? – Debochou.

Vanessa: Suri, vá para debaixo da cama. Só saia quando eu mandar. – Ordenou, sem
deixar de encarar Hades. Suri rolou pra debaixo da cama imediatamente, ainda tossindo.
Vanessa deu um passo pra dentro do quarto – Eu tenho um problema pra resolver. –
Completou. Hades se virou pra ela, preparado.

E ali estava, pronta, uma luta que resultaria épica.

Vanessa sumiu, como um borrão no ar, mas no segundo em que ia apanhar Hades
(Quebrando-lhe o pescoço) ele desviou. Ela se viu de cara com a parede. Se virou
pra ele, o cenho franzido.

Vanessa: Não pode ser. – Murmurou, olhando-o. – Você não pode estar aqui. Não foi
convidado a entrar. – Especulou, os olhos negros insondáveis. Hades riu.

Hades: Não, eu não sou uma anormalidade. Sou normal. Apenas tenho bons reflexos. –
Se aquilo foi só reflexo, Joshua teria problemas – Os únicos monstros que vivem aqui,
que eu saiba, são você e o seu amiguinho, Robert.

Vanessa: Como sabe tanto? – Perguntou, enojada.

Hades: Você matou minha mãe, Vanessa Uckermann. É claro que eu ia querer saber
quem eu ia ter que enfrentar. Ia mesmo procurar você, assim que terminasse com a
aberração que está tossindo debaixo da cama. – Ele deu de ombros.

Vanessa: O que faria de você um tolo. – Silvou, raivosa.

Hades: Mas falando em aberração... Ai está você. E o que você é. – Ele a olhou, com
nojo – O que você faz. Na floresta. Com Robert. Ah, eu vi. – Ela ergueu a sobrancelha –
Tive ânsias.
Vanessa: Pior só gente que entra no quarto de crNicholasças, inocentes e indefesas,
atacandoas para compensar o fato que é um completo fracassado. Há beleza no que sou,
pessoas já se ajoelharam perante a mim por isso, mas você... – O deboche era claro - Se
sabe o que eu sou, sabe o que vou fazer com você, e ainda assim está parado na minha
frente, falando. – Ela deixou a cabeça cair pro lado.

Hades: Não tenho medo de você. – Disse, sorrindo. O sorriso dela em retorno foi
deslumbrante.

Vanessa: Não sabe o que eu já vi. Não sabe o que já fiz. Não sabe o que sou capaz de
fazer. – Sussurrou – Eu vou lhe ensinar sobre medo.

E ela partiu pra cima dele, um rosnado alto subindo por seu peito. Suri, que via
por debaixo da cama, viu a cauda do vestido de Vanessa sumir do chão, como se ela
tivesse pulado, e o par de botas sumir logo depois. Em seguida estampidos, baques,
o barulho de pano rasgando. Os dois eram apenas um borrão preto
rodopNicholasdo pelo quarto, se batendo em coisas, quebrando-as, e então a mão
do homem apanhou o bracinho dela, puxando-a com força pra fora da cama.

Vanessa: Tire as mãos dela. – Grunhiu, e Suri viu o que fora o barulho do pano: Ele
puxara o tecido do vestido dela, para derrubá-la. Ela tinha reflexos impecáveis e evitou
a queda, mas agora as camadas de renda grafite aparecendo, o vestido destruído. –
AGORA!

Hades: Como queira. – Mas ele não largou Suri; Ele a jogou. A testa da menina bateu
com toda a força no chão e ela gritou, soluçando em seu choro. Vanessa já havia saído
na mão com Hades novamente.

Ela era forte, rápida, mas ainda era mulher. Ainda assim conseguiu apanhá-lo pela
gola da camisa, erguendo-o e lançando-o no chão. O barulho foi estrondoso. As
mãos buscaram o pescoço dele, mas ele a puxou, lançando-a no chão ao seu lado, e
ela rolou, logo recuperando o equilíbrio. Se Zack visse o modo como Hades chutou
Vanessa em seguida, fazendo-a cambalear pra trás, Hades não viveria pra mais
uma respiração. Apesar do pontapé que recebera ela partiu pra cima dele, e
conseguiu cravar os dentes na curva do pescoço dele. Hades grunhiu, logo
gritando, tentando empurrá-la. Caiu de joelhos. Vanessa não engoliu uma gota do
sangue, mas destruiu tudo que seus dentes puderam alcançar. Porém outro cheiro
a alcançou antes que ela pudesse terminar. Sangue novo, limpo... Em grande
quantidade. Vanessa ergueu o rosto (O queixo banhado em sangue, assim como os
lábios) e viu Suri caída, a testa lavada em sangue.
Hades rastejou pra longe de Vanessa, aproveitando a distração dela, segurando o
pescoço que doía horrivelmente.

Vanessa entrou em batalha consigo própria: Suri estava morrendo e Hades estava
fugindo. Matá-lo ou salvá-la? Suri gemeu, fraca, e Vanessa assentiu. Não cabia a
ela a morte de Hades, lamentavelmente. Ela deu as costas, deixando o verme
rastejar pra fora, e foi até a menina. Rasgou um pedaço do vestido destruído e
limpou a testa de Suri com cuidado. O sangue fluía por debaixo do cabelo da
menina.

Vanessa: Ei. – Disse, apanhando outro pedaço de pano, pondo-o em cima do corte. Suri
gemeu com a pressão – Consegue me ver?

Suri: Minha cabeça está doendo. – Gemeu, sem abrir os olhos.

Vanessa: Eu sei. – Disse, sentindo o tecido se molhar sob seus dedos – Respire fundo.
Não deixe que o sono a leve. – Suri assentiu – Inferno. – Rosnou consigo própria,
frustrada.

Só que, ao deixar Hades fugir, Vanessa estava preocupada demais pra notar que
não o ferira o suficiente para aleijá-lo; ele ainda andava. E tinha vários outros
alvos ainda dentro do castelo.

---*

Micaela rodava de um lado pro outro, na torre, como Joshua ordenara. Rosalie e
Chord não dormiram mais. Ela podia ouvir tudo, as flechas cortando o ar, gritos,
barulho de metal contra metal, bombas, cavalos relinchando, e o cheiro no ar
indicava que alguém tocara fogo em algo. Estava inquieta. Não se aproximava da
janela. Olhara uma vez, procurando Joshua... Mas a cena quase a fez desmaiar.
Haviam pessoas se matando até o horizonte.

Micaela : Tudo bem... Tudo bem... Tudo bem... – Repetia, como um mantra, andando
em círculos – Tudo bem... Tudo JESUS CRISTO! – Exclamou, pondo a mão na boca
pra conter o grito.

Vanessa: Porque diabo essa porta está destrancada? – Perguntou, irritada.

Micaela precisou de um segundo para digerir. Vanessa estava toda rasgada.


Haviam arranhões de um cinza escuro em seus braços, mas o pior... Sua boca, seu
queixo, seu pescoço, o colo... Lavados em sangue.

Vanessa: Não é meu. – Disse, vendo o olhar da outra – Hades mandou lembranças.

Micaela : Hades?! – Micaela se moveu, inconscientemente, pra mais perto do berço dos
filhos – Você o viu? Ele... SURI! – Exclamou, ao ver o que Vanessa tinha nos braços. A
testa da menina estava lavada em sangue. Micaela arregalou os olhos – É... É dela? –
Perguntou, olhando a boca de Vanessa.

Vanessa: Pare de gritar e não diga tolices. Não gosto de crNicholasças, mas não as
ataco.
Devem ter um gosto horroroso. – Disse, indo até a cama de Micaela . Depositou Suri lá
– Hades estava tentando enforcá-la. Eu não sei de quem foi a idéia estúpida de manter
todos separados, mas sei que não foi de Zack, então estou resolvendo. – Disse, puxando
o vestido rasgado – Que oportuno. – Disse, debochando de si mesma. – Não teria um
vestido, por acaso?

Micaela : Suri está bem? – Perguntou, atordoada, recuando para o guarda roupas.

Vanessa: Melhor que nós duas. Agora só dorme. – Micaela pegou qualquer vestido,
oferecendo. Era rosa. Vanessa ergueu a sobrancelha – Micaela , pelo amor de Deus. –
Micaela a olhou – Não tem nada escuro?

Micaela jogou o vestido rosa e branco num canto, e apanhou outro, preto e grafite.
Vanessa agradeceu, rasgando o resto do que vestia, apanhando o outro. O vestido
leve de Micaela ajudaria, pensou ela, fechando o broche prata abaixo dos seios.
Micaela estava pálida.

Vanessa: Algum problema? – Perguntou, rasgando uma tira do vestido acabado,


limpando o rosto.

Micaela : Estamos em guerra? – Perguntou, aturdida.

Vanessa: Vocês superestimam isso... – Ela revirou os olhos, terminando de se limpar –


Mais alguma coisa?

Micaela : Fico imaginando Joshua lá fora... No meio disso. E eu não posso fazer nada. –
Murmurou.

Vanessa: Pode cuidar de Suri. – Micaela suspirou. Vanessa olhou em volta – Use isso. –
Ela apanhou o arco e flecha pesado, parado no canto, desprezado por Joshua.

Micaela : Não sei atirar. – Disse, derrotada.

Vanessa: Não tem problema. Só se certifique de que Zack não está no meio, e divirta-se.
– Disse, indo até a janela. Ela carregava o arco pesado com facilidade. Sua expressão se
fechou. – Venha aqui.

Micaela foi. Não entendeu muito bem o que Vanessa queria quando armou o arco
e
o colocou em sua mão, abraçando-a por trás, segurando-a, como alguém que
segura as mãos de uma pessoa, ensinando-a a tocar bateria. Ela puxou a flecha no
seu limite, os olhos negros observadores.

Vanessa: Na verdade é muito fácil. – Micaela procurou o alvo da flecha. Zack estava
rodeado de soldados, lutando violentamente, na frente do castelo. A linha do arco
tremeu pela pressão – Fácil demais. Apenas seja a flecha. – Instruiu, o hálito gelado na
orelha de Micaela , e soltou a flecha, que cortou o ar, atingindo um dos soldados que
Zack enfrentava na nuca.
Micaela : Como você fez isso? – Perguntou, escandalizada. Eram metros e metros de
distancia e altura.

Vanessa: Já disse, seja a flecha. – Repetiu – Vou buscar Kristen. Se Suri acordar dizendo
alguma coisa sobre eu ter dado algo de beber a ela, ou algo que Hades tenha dito de
anormal, negue. – Instruiu – Diga que foi fruto da cabeça dela. E tranque essa porta. –
Disse, saindo.

Micaela tentou com o arco, mas ser a flecha não era tão simples quanto
aparentava. Por fim desistiu, apanhando uma tina com água e toalhas limpas,
limpando a testa de Suri. Ela procurou com cuidado sob os cabelos da menina, mas
não havia corte algum. Agora, depois de limpa, podia perfeitamente estar
dormindo. Ela largou a água suja no banheiro e voltou pra janela, procurando o
marido. Não durou muito...

Nina: Com licença, sua alteza. – Disse, encostada na parede da porta, sorrindo. Micaela
se virou, no reflexo. De imediato ela viu o problema: Enquanto ela estava na janela,
Nina estava perto da porta... Perto demais do berço.

Ojalá ela tivesse trancado a porta quando Vanessa mandou.

Micaela agiu por instinto: O arco ainda estava em sua mão. A pontaria foi
razoável, mas a força nem tanta, e Nina apanhou a flecha com a mão, jogando-a
pro lado. Micaela lançou mão de outra, e Nina desviou, ainda se aproximando,
sorrindo.

Nina: Não sabe como eu esperei por esse dia. – Disse, com um sorriso ameaçador.

Então, no alvoroço, uma das flechas acertou. Abaixo do ombro, acima do seio. Nina
arfou, com uma careta, e Micaela partiu pra mão. Primeiro acertou ela com o arco
pesado, mas Nina reagiu, e defendeu. Nos minutos que se vieram a luta foi
equilibrada, apesar de que uma das duas estava ferida. Micaela bateu, mas
também levou, porém fez algo pensado, sem mostrar suas intenções: Levou a briga
pra longe do berço. Se Nina fosse tocar em um de seus filhos, seria depois de matá-
la. Mas ao pensar em Nina pondo as mãos em Chord, os olhos inocentes do menino
sem entender, ou em Rosalie, tão delicada, tão frágil, em pensar nela
machucandoos, uma fúria assassina tomou conta de Micaela . Ela podia sentir o
gosto do ódio na boca, e Nina foi parar no chão. Com um rosnado a puxou junto,
mas as mãos de Micaela pareciam vespas, só se via a sombra, e se sentia. Então
Micaela se lembrou de uma conversa distante, em dias tranqüilos, longe dali...

Vanessa: Quebrar o pescoço de uma pessoa é ridiculamente fácil. – Explicou, se
postando atrás de Maggy, que ergueu as sobrancelhas – Apanhe a cabeça da outra
pessoa com as duas mãos. – Começou, postando as mãos abertas na cabeça de Maggy,
com as palmas em cima da orelha da outra – Tome impulso, balançando a cabeça pro
lado... – Ela balançou a cabeça de Maggy pra direita, tomando impulso, e Maggy
ergueu os olhos – Depois puxe com tudo pro outro lado. Vai ouvir um estalo, coisa
muito simples, e acabou.
Ela achou graça no dia, mas agora... Micaela nunca se imaginou matando alguém.
Então ela se lembrou de como Nina deixara Chord cair propositalmente no chão,
no choro assustado do menino, na marca roxa que apareceu. Nina tinha força,
esmurrando-a, arranhando-a, toda a força de vontade para derrubá-la. Se ela não
matasse Nina, Nina a mataria. Chord e Rosalie seriam os próximos, quem sabe até
Suri, ainda desmaiada na cama. A fúria chegou ao seu ápice.

Micaela : CHEGA! – Rugiu, se ajoelhando, as mãos apanhando a cabeça de Nina pelas


laterais, e o próximo que se viu foi o movimento brusco dos ombros de Micaela ,
apanhando força, então um barulho alto de algo se quebrando. Nina ofegou uma ultima
vez e caiu no chão, os olhos abertos, e não se moveu mais.

Micaela se levantou, o ódio se abrandando como uma onda que se quebra, o


pânico vindo depois. Matara uma pessoa. Com suas mãos. Sentira o estalo do
pescoço se quebrando em seus dedos. Ela estava tremendo. Se sentou nos pés da
cama, tirando o cabelo do rosto, e já estava chorando.

Vanessa: Para de reclamar, até parece que eu vou jogá-la no campo de batalha. – Disse,
a voz vindo da escadaria. A porta se abriu – Pron... Ops. – Disse, olhando a cena.
Kristen se paralisou, olhando a cena. Micaela chorava nos pés da cama, agarrada aos
cabelos, e Nina estava caída no outro canto, uma mancha de sangue no colo, a boca e o
nariz partidos... Morta. Então Vanessa estava em frente a Micaela , apanhando seu rosto
– Olhe para mim. – Disse, a voz séria. Micaela quase convulsionava, tremendo, as
lagrimas caindo por seu rosto – Está machucada?

Micaela : Não. – Disse, respirando fundo – Meu Deus, eu matei uma pessoa. – Disse, e
Vanessa a olhou. Kristen checava os bebês.

Vanessa: É só choque. – Constatou. – Kristen, abra mais essa janela pra mim. – Pediu.
Kristen correu, abrindo a janela – Pegue um copo d‟agua pra ela.

Kristen pegou da água da cabeceira da cama, levando o copo até Micaela , que
ainda tremia. Vanessa ergueu Nina pelo vestido e simplesmente a lançou da janela
da torre. Não ficou pra olhar o corpo da outra se estatelar no chão, apenas fechou
a janela.

Vanessa: Se acalme. Eu matei uma pessoa quando tinha a metade da tua idade. –
Micaela e Kristen franziram os cenhos, em uma careta. Isso era pra confortar? – Cuide
dela, eu vou buscar Mary.

Kristen: Ela é impossível. – Murmurou, se voltando pra Micaela – Respire fundo. Já


acabou.

Micaela respirou fundo, assentindo. Fizera o que fora necessário. Seus filhos
estavam seguros agora. Ela era uma rainha, não uma covarde. Esse problema
estava resolvido... Mas o castelo estava longe de se declarar seguro novamente.
Micaela caminhava sozinha pelo castelo. Vanessa sumira; Aparentemente Maggy
não estava em lugar algum. Suri acordou, inocente de tudo o que passara, e
Micaela descera ao quarto da menina, lhe apanhando roupas. Aparentemente a
algazarra tinha sido levada para fora do castelo. Ela estava voltando pra a torre
quando o encontrou.

Hades: É intrigante. – Começou, encostado em uma parede, observando-a. O


sangramento em seu pescoço estancara. – Quase dá náuseas ver a ralé vestida como se
fosse da realeza. – Provocou.

Micaela : Andas muito mal informado. – Disse, pondo o vestido de Suri no braço. – Se
ninguém te avisou, eu sou rainha. E dentre poucas horas serei rainha do teu reino,
também, embora tu não estarás mas aqui para ver-me subir ao trono. – Debochou.

Hades: Ou, o que é mais provável, estará viúva, amarrada e amordaçada, observando
enquanto eu quebro os ossos das suas crias. – O sorriso de Micaela se fechou, e o dele
se abriu – Um por um, na sua frente. Para que ouça os gritos, e por fim veja os corpos.

Micaela : Eu sugiro que tenha cuidado, Hades. Joshua se aborrecerá se eu resultar


fazendo o trabalho que é dele. – Rosnou.

Hades: Não tem mais medo de mim, pombinha? – Debochou, se aproximando mais
ainda.

Micaela : Onde está a desprezível da tua mulher? – Perguntou, sorrindo novamente.

Hades: Em casa. A salvo. Esperando que eu volte. – Deu corda.

Micaela : Hum... Espero que ela goste de se decepcionar, então. – Hades agora estava
perigosamente perto de Micaela .

Hades: Porque? Tu vais me matar, Micaela ? Tu? – Debochou – Ah, não. Não creio. No
começo tinhas utilidade, era bonita. Podia ter sido minha amasia. Mas agora... – Ele a
olhou de cima abaixo – Está estragada. Uma fruta podre, das que dá nojo olhar. – As
mãos dele apanharam o rosto dela, pela lateral... Do mesmo modo que Micaela havia
pego o rosto de Nina, minutos atrás. – Pronta para ser descartada. – Completou.

Mas Micaela não o encarava. Estava prestes a morrer, mas não o encarava.
Olhava algo atrás dele. Quando Hades tomou impulso para quebrar-lhe o pescoço,
no entanto, ela lhe abriu um sorriso radNicholaste, o que o retardou por um
instante, deixando-o confuso. Ele iria matá-la e ela estava sorrindo para ele.
Enlouquecera? Ele se retardou um instante... Mas um instante era tudo o que era
preciso.
Vanessa: Perdeu. – Avisou, a voz vindo de trás deles.

A lança que ela atirou cruzou o ar mais rápido e com mais força que uma flecha,
acertando-lhe o ombro por trás. Hades soltou Micaela , cambaleando e caindo de
joelhos, e esta limpou as roupas, se afastando dele. Não achara que essa história de
ser isca daria certo, mas a adrenalina resultou deliciosa. Hades arrancou a lança
das costas com um grunhido, arfando, e virou o rosto.

Hades: Você é teimosa. – Arfou, olhando Vanessa.

Vanessa: Sou. E você vai morrer. – Disse, abrindo aquele sorriso ameaçador de novo.
Ela sumiu em um borrão, e então estava em cima dele, os braços dele presos pelo pulso
ao lado do rosto – Joshua realmente vai se aborrecer... Mas é irresistível. – Comentou, e
tomou impulso para trás, os dentes já expostos. Iria mordê-lo outra vez, Hades sabia, e
dessa vez não o deixaria com vida. Mas no momento em que ela iria dar o bote...

Hades: Vocês não encontraram a mulher de Nicholas, não foi? – Ofegou, e Vanessa
parou, praguejando internamente de vontade, a língua passando levemente por um
canino – Maggy, o nome, não é?

Vanessa virou o rosto para Micaela , em uma pergunta muda. O triunfo de Micaela
sumiu de seu rosto, e ela negou. Não, não havia sinal de Maggy.

Hades: Estava chorando, a coitadinha, tão nervosa... Apavorada. Andando de um lado


pro outro. – Instigou. Ele não viu como, mas Vanessa estava de pé, e ele junto. Ela o
ergueu pelo pescoço, prensando-o na parede.

Vanessa: Faça valer mais alguns minutos de sua vida. Onde você a deixou? – Rosnou.

Hades: Me mate. – Provou. Vanessa rosnou de vontade – Mas seja rápida, se ainda
pretende procurá-la. Do jeito que eu a deixei sangrando... Tsk tsk. – Ele ergueu as mãos,
e havia sangue fresco ali. Fresco demais para o ferimento do pescoço dele, que já havia
estancado. – Se eu fosse você, nem me daria ao trabalho. – Comentou.

Micaela : Ah, meu Deus. – Gemeu, subitamente apavorada. Viu Vanessa aproximar o
rosto da mão ensangüentada de Hades... Farejando. Então os olhos da morena se
abriram em choque, e ela o lançou com força contra a parede.

Vanessa: O QUE VOCÊ FEZ?! – Rugiu, furiosa. Hades riu.

Hades: O tempo está passando. – Debochou. Ele abaixou a mão. O sangue de Maggy
gotejou.

Vanessa: Eu devia mesmo matá-lo. Devia matá-lo agora. – Disse, mais furiosa do que já
estivera.
Micaela : Mad, Maggy. – Lembrou. Vanessa rosnou mais uma vez e arremessou Hades,
que deslizou alguns metros no chão. Por sorte veio um soldado, todo ensangüentado da
batalha, pelo corredor.

Soldado: Ele está aqui. ELE ESTÁ AQUI! DÊÊM O ALERTA! EU O ENCONTREI! –
Gritou, vendo Hades, que ria gostosamente, se levantando.

Vanessa: Cale essa maldita boca. – Rosnou. – Escute. Sabe onde Robert está?

Soldado: Eu o vi comandando as tropas na fronteira leste, alteza. – Disse, sem entender.


Hades estava de pé novamente, escorado na parede, rindo.

Vanessa: Encontre Robert. Diga a ele que eu estou chamando, que é urgente, e que ele
precisa vir o mais depressa possível. Diga que temos problemas graves dentro do
castelo. Repita isso para cada soldado que você encontrar no caminho: Eu preciso que
Robert venha até mim. VÁ! – O soldado saiu correndo.

Hades: Não vai dar tempo. – Cantarolou. Vanessa se virou pra ele, possessa, mas
Micaela segurou seu braço.

Micaela : Porque Robert? – Perguntou, confusa. Agora estava com medo.

Vanessa: Porque fora Zack, é o único que vai atender meu chamado. E ele é mais
rápido: Eu preciso que ele encontre Nicholas imediatamente. – Disse, tirando o cabelo
do rosto. Não fazia idéia de pra onde ir, por onde começar. Porque Maggy saíra sozinha
do maldito quarto?

Micaela : Não pode... Não pode sentir o cheiro? Como sentiu na mão dele? – Hades riu
novamente.

Hades: Poder ela até poderia. Mas tem gente demais sangrando aqui dentro, não há
como distinguir assim, há, aberração? – Perguntou, debochado. Vanessa estava
começando a tremer de ódio.

Vanessa: Se Maggy morrer... Hades, eu vou descer ao inferno para fazer você pagar.
Acredite. – Prometeu – Venha. – Disse, puxando o braço de Micaela , e as duas saíram
dali correndo.

Mas o castelo era muito grande, haviam cômodos demais pra gente de menos
procurando. E o principal: O tempo está contra nós. Contra Maggy.

---*

Uma vez expulso do lado de fora, o caos reinava fora do castelo. Gritos, tiros,
flechas, metal se chocando, corpos caindo, cavalos relinchando, canhões, e mais
gritos até o perder de vista. Apenas 3 pessoas pareciam estar tranqüilas: Zack,
Nicholas e Robert, em seus cavalos, cada um em seu canto. Joshua estava,
resumidamente, furioso. Onde aquele desgraçado estava? Zack estava em seu
cavalo, observando e ordenando seu exercito, quando outro cavalo se aproximou.
Era Nicholas, rindo, pra variar.

Zack: Imagine encontrá-lo aqui, Nicholas. – Disse, divertido.

Nicholas: Dia bonito. – Comentou, levNicholaso.

Zack: Isso anima você? – Perguntou, virando o rosto. Ao contrário dos outros, Zack não
usava capacete. Nicholas tirou o seu, sacudindo o cabelo distraidamente, ainda sorrindo.

Nicholas: A você não? – Perguntou, como se o fato da armadura dele estar coberta em
sangue fosse trivial. Foi então que o cavalo de Robert surgiu, trotando, se aproximando
dele – Robert, que surpresa! – Disse, como se recepcionasse alguém em uma festa. Zack
riu, balançando a cabeça, mas Robert estava sério.

Zack: Que cara é essa? Deslocou um músculo? – Nicholas gargalhou com essa, mas
ainda assim Robert não riu.

Robert: Nicholas. – Ofegou, puxando a rédea do cavalo – Maggy. – Resumiu, e o riso de


Nicholas morreu no rosto, assim como a diversão no rosto de Zack.

Nicholas deu meia volta com o cavalo, dando as costas a guerra, e sumiu em
direção ao castelo. Zack observou, os olhos preocupados, mas não podia
acompanhar ele e Robert: Joshua estava exclusivamente atrás de Hades, e alguém
tinha que comandar as tropas. Hades já saíra do castelo. Cuidaria de Vanessa
assim que a guerra estivesse controlada, e Micaela seria a próxima. Agora cantava
vitória do lado de fora, matando todos que cruzavam seu caminho. Logo uma pilha
de corpos estava ao seu redor. Foi então que...

Joshua: Finalmente. – Grunhiu, se aproximando do circulo, os olhos dilatados de ódio.


Hades se virou tranquilamente, encarando-o – Encontrei você, sua barata imunda.

Zack viu as pessoas parando de lutar para observar algo, se afastando pra dar
espaço, logo um circulo se formando, e ergueu a sobrancelha, aguçando o olhar.
Sorriu de canto, um rosnado ansioso saindo de seu peito, e se aproximou, não para
intervir, mas para assistir o duelo que começaria ali. A espada de Joshua cortou o
ar no momento em que Zack parou para observar. Uma coisa era certa: Aquilo
terminaria ali.

---*

Pandemônio. Os soldados de Zack não foram treinados para abandonar uma luta,
mas também não foram para atacar quem não revidava, e os soldados de Hades
pareciam estar mais interessados no duelo do que ganhar a briga em si. Zack, em
seu cavalo, observando a briga, tinha o cenho franzido de concentração... Então
suspirou e revirou os olhos.

Zack: Ah, pelo amor de Deus, vocês querem calar a boca? – Perguntou, exasperado. Os
soldados o olharam – Eu estou tentando assistir isso aqui. Agradecido. – Disse,
debochado.

Micaela , Robert, Nicholas e Vanessa saíram em uma expedição de busca pelo


castelo, mas divididos. Até que Micaela notou o silencio anormal.

Micaela : Não está calmo demais? – Perguntou, caminhando com Vanessa. Essa invadia
todas as portas que passava pela frente, sondando, procurando.

Vanessa: Joshua deve ter encontrado Hades. – Disse, distraída.

Micaela : O que?! – Perguntou, estancando no lugar.

Vanessa: É. Todos estão olhando o duelo, por isso não tem barulho. – Disse, sumindo
por uma porta, voltando logo depois – Essa é a primeira guerra a qual você vai? Pelo
amor de Deus. – Ela revirou os olhos.

Micaela : Eu tenho... Joshua, ah meu Deus. – Disse, angustiada – Eu tenho que ir vê-lo.

Vanessa: Para roubar seu foco? Acredite, você não quer isso. – Disse, então parou,
franzindo o cenho.

Micaela : Eu não posso apenas ficar aqui e... – Interrompida.

Vanessa: Shhh. – Disse, erguendo a mão. Micaela se calou, confusa. Vanessa farejou
alguma coisa no ar, mas havia um barulho também. Algo baixo, interrompido...
Engasgos.

Vanessa avançou a frente, então parou, gemendo consigo mesma. Micaela a


alcançou logo depois, e arfou. Maggy estava caída no chão, se contorcendo... A
garganta cortada.

---*

Robert: Ela não está pra lá. Porque vocês estão aqui? – Perguntou, se aproximando.
Nicholas viu as caras delas duas, e avançou batido pelo corredor, parando logo em
seguida, o rosto sem emoções.

Nicholas: Maggy. – Sussurrou, vendo a esposa engasgar em sua frente, uma poça de
sangue em volta do pescoço cortado.

Lá fora... As espadas de Joshua e Hades se batiam freneticamente, o barulho do


metal se encontrando ecoando em volta. Agora ninguém dizia nada, todos
olhavam. Havia se formado um circulo enorme em volta dos dois, para que
ninguém pudesse interromper. Então Hades tropeçou, caindo de costas no chão.
Muitos prenderam a respiração, achando que o fim estava ali, mas Joshua não era
covarde ao ponto de atacar alguém caído.

Joshua: Levante-se. – Rosnou, o rosto duro – Eu não vou permitir que uma pedra retire
minha glória.

Hades se amparou no punho da espada, se levantando... Mas Joshua tinha honra,


Hades não. Em um reflexo rápido, ainda ajoelhado, ele golpeou Joshua, que se
esquivou, e a luta recomeçou furiosamente. Quando se tratava de um duelo a regra
era clara: Não machucar; matar. Tanto que ao entrarem para o duelo, ambos os
dois retiraram as armaduras, aceitando a morte clara se ela viesse. Mas como eu
disse, Joshua tinha honra, Hades não. Foi por isso que, ignorando as regras,
investiu contra a perna de Joshua. Joshua novamente desviou... Mas não a tempo
de evitar o corte. Um corte grande, profundo na coxa esquerda. O sangue jorrou
imediatamente e Joshua grunhiu, cambaleando.

A mão de Zack apanhou a bainha da espada, ele já tomando impulso para descer
do cavalo e assumir a briga, mas Hades não esperou Joshua se erguer: Deu uma
coronhada com o cabo da espada na nuca de Joshua, que caiu. Zack pulou do
cavalo e o caminho se abriu, mas Hades investia com a espada em direção a
Joshua, que desviava, rolando pelo chão, se esquivando. Zack passou na frente e
bloqueou Hades, que riu, recuando.

Zack: Verme. Eu deveria lhe dar um motivo para achar graça. – Cuspiu, e se abaixou,
apanhando a espada de Joshua onde ficara, indo até o outro, que ofegava no chão –
Pode se levantar?

Joshua: Acho que sim. – Rosnou, a mão agarrando a coxa. Hades fizera
propositalmente, para deixá-lo mancando. O riso do outro foi claro enquanto Zack
ajudava Joshua a se levantar, então ele se virou pro castelo, abrindo os braços.

Hades: FOI POR ISSO QUE VOCÊ FUGIU?! – Perguntou, uma das mãos apontando
para Joshua caído – FOI POR ISSO QUE VOCÊ ME DEIXOU?! – A pergunta era
claramente a Micaela . E ela ouviu.

Joshua: Você fala demais. – Rosnou se levantando – E nunca mais se dirija a minha
mulher. – Encerrou, antes de avançar pra Hades novamente, recomeçando tudo.

Uma vez dentro do castelo...

Nicholas: Maggy. – Ele se ajoelhou ao lado dela, tocando o rosto da esposa, que o
olhou, duas lágrimas caindo pelos cantos dos olhos. Ela mal respirava, e engasgava
muito.

Maggy: Nicholas. – Sussurrou.


Nicholas: Eu estou aqui. – Disse, os olhos atordoados, tirando o cabelo do rosto dela.

Maggy: Nicholas. – Repetiu. Ela engasgou novamente, vendo o olhar atordoado dele –
Estou – Ele franziu o cenho – Estou grávida. – Engasgou, e o choque do
reconhecimento riscou os olhos dele.

Nicholas: Alguém faça alguma coisa, pelo amor de Deus. – Disse, olhando o corte dela.
Perdera sangue demais – Não deixem que ela morra, eu imploro.

Robert: Saia daqui. Leve Micaela . – Nicholas fechou a cara em protesto. Micaela
estava estagnada desde o grito de Hades. – Nicholas, vá. – Disse, urgente. Maggy não
tinha mais que minutos.

Nicholas: Escute. – Maggy o olhou, o rosto pálido, engasgando novamente – Eu amo


você. Vai ficar tudo bem, eu prometo. – Disse, secando a lágrima que caiu dos olhos
dela.

Vanessa: Nicholas! – Apressou.

Nicholas se levantou e Micaela o levou dali. Ele estava tão abatido que não
conseguiu dizer nada, ela tampouco. Ele só conseguia implorar. Deus, por favor,
por favor.
Leve a mim, mas ela não. Por favor. Bastava saber se Deus ouviria.

Algum tempo depois Robert apareceu na sala. Nicholas estava irredutível, mas
Robert se conteve em dizer que Vanessa estava com Maggy, que ela ia sobreviver.

Nicholas: Robert, é minha mulher, eu vou vê-la. – Disse, os olhos azuis ameaçando o
outro a contestá-lo.

Robert: Nicholas, estamos em guerra. – Nicholas respirou fundo – Esse silencio não lhe
indica nada? Vai acabar e precisaremos conter as demandas, não podemos deixar Zack
sozinho com isso, quando você voltar Maggy estará aqui! No quarto de Micaela , pra ser
mais exato. – Deu de ombros. Micaela , empedrada, olhou pra ele.

Nicholas: Ela está bem? – Perguntou, em um rosnado.

Robert: Está dormindo. Estará aqui quando voltar. Vamos. – E empurrou Nicholas.
Quase na porta Robert se virou, vendo Micaela branca como uma estatua de cera – E
tu... Fique calma. Não faça nenhuma bobagem. Volte pro quarto, lá é seguro. Vai
terminar.

Micaela : Não deixe... Não deixe que ele se machuque. – Disse, com a voz quebrada.
Robert assentiu e ela deu as costas, saindo.
Micaela vagou a esmo até chegar na torre. Queria sair do castelo. Queria ir até o
local do duelo, e gritar até que Hades deixasse Joshua. Queria se pôr entre os dois.
Queria proteger Joshua. Ao entrar na torre, sua atenção foi desviada. Maggy
estava deitada ao lado de Suri, branca feito a morte, o colo sujo de sangue... Mas
respirava. Vanessa por sua vez estava amparada perto da janela, parecendo
exausta, o olhar distante.

Vanessa: Não deixe essa porta aberta. – Disse, e Micaela olhou a porta por onde entrou.
Vanessa ainda encarava o nada – Eu não preciso de mais ninguém morrendo.

Micaela : Você está bem? – Perguntou, se aproximando. Kristen saiu do banheiro com
uma tina de água limpa e uma toalha, e se sentou ao lado de Maggy, limpando o
sangue do pescoço da outra. No lugar do corte havia uma linha rosa escura, em relevo...
Porém nada que jorrasse sangue. Vanessa virou o rosto.

Vanessa: Desculpe? – Micaela reparou que Vanessa segurava os pulsos enrolados em


lenços.

Micaela : Você está bem? – Repetiu. Vanessa sorriu de canto. Ela sempre aparentava ser
tão forte que ninguém, exceção a Zack, e algumas vezes Robert, realmente se importava
com o que ela estava sentindo. Essa era a diferença em Micaela ; Micaela sentia. E se
importava.

Vanessa: Apenas cansada. – Agradeceu – Aparentemente melhor que você. – Observou,


vendo a expressão de Micaela .

Micaela : Se Hades feri-lo... Se machucá-lo... – Ela não conseguiu terminar.

Vanessa: Então eu vou ter que me esvair em sangue e vocês vão fugir para viver
clandestinamente, contrarNicholasdo o fato obvio de que ele deveria estar morto. –
Micaela riu de leve. Vanessa sorriu, voltando a olhar a janela – Falta pouco, e tudo
estará em paz. Suri vai acordar logo. – Micaela se sobressaltou, olhando a menina – Se
quer ter alguma mentira bem feita, é melhor começar agora.

Não demorou nada e Suri realmente acordou. Micaela dispensou poucas palavras,
ajudou a menina a se banhar e se vestir, e voltaram ao silencio e sempre. Micaela
se amparou no berço, olhando os filhos. Rosalie dormia, mas Chord encarou a
mãe, observador. Ela sorriu pra ele, acaricNicholasdo o rostinho do menino.
Enquanto Chord estava em paz, seu pai lutava bravamente. Vanessa não deixou
Micaela se aproximar da janela porque a luta estava dNicholaste dos olhos, na
escadaria do castelo. A perna de Joshua doía horrivelmente. Ele podia sentir o
sangue escorrendo, se esvaindo, mas não tropeçou nem por um momento. Sua
espada e a de Hades cruzaram o ar, se chocando violentamente várias vezes. Zack
observava tudo, neutro. Até que, ninguém viu como, Hades tentou atingir a cabeça
de Joshua com a espada, mas esse desviou, se abaixando, e cravou a espada na
barriga do outro. O metal duro transpassou a barriga de Hades, saindo pelas
costas, e esse ofegou, perdendo a espada. Um silencio pesado tomou conta da cena
enquanto o sangue jorrava do cabo da espada para as mãos de Joshua, que se
manteve, encarando o outro, ofegando de ódio.

Joshua: Por Suri. – Rosnou, e arrancou a espada fora, voltando a golpeá-la em seguida.
Hades cambaleou – Pela minha paz. – Assinalou, puxando a espada de novo. Dessa vez
Hades caiu deitado, e Joshua deu um passo até estar em cima dele. Ergueu a espada
novamente, ainda encarando o outro – Por Micaela . – Completou, e afundou a espada
no peito de Hades, bem em cima do coração. – Hades ofegou de modo tortuoso mais
duas vezes... E não respirou mais. – Dulce María espera por você no inferno, verme.

Mais dois segundos de silencio, então a gritaria explodiu. Explodiu com uma força
que sobressaltou quem estava no castelo, feriu os ouvidos. Joshua recuou, olhando
o corpo de Hades no chão com nojo, agora sim permitindo cambalear sob a perna
ferida. Esperara tanto por esse momento... Ele se lembrou de Suri privada na
cadeira de rodas, de Micaela chorando pela morte do pai, se lembrou de sua
impotência perante a isso, e o gosto da vitória em sua boca foi doce. Então...

Micaela : JOSHUA! – Gritou, parada na escadaria atrás dele. Todos os rostos se viraram
para ver. Era como se fosse o anjo da paz, descendo a terra para terminar a guerra.

Ouça quando eu digo, quando eu digo: Eu acredito! Nada


mudará, nada mudará o destino... ♫

Joshua sorriu de canto. É claro que ninguém conseguiria mantê-la presa até ele
voltar. Ela segurou a aba do vestido e desceu em disparada a escadaria, a imagem
linda do azul delicado com o branco do vestido dela sendo levado pelo vento junto
com seus cabelos dando uma sensação estranha de paz aos soldados. Parecia
mesmo um anjo. Mas o anjo não olhou por ninguém; Apenas para um. Micaela se
lançou no ombro do marido, abraçando-o forte, as lagrimas caindo por seu rosto.
Ela nem olhou pro corpo de Hades, mas Joshua estava de pé, isso bastava.
Ele a abraçou, aspirando do perfume dela leve. Só ali teve certeza de que a
maldita guerra acabara.

Micaela : Eu tive tanto medo, tanto medo. – Murmurou em seu choro, agarrada ao
ombro dele.

O que quer que seja, nós resolveremos perfeitamente.


Yeah, yeah, yeah, yeah... ♫

Joshua: Acabou agora. Eu disse que ia acabar. – Brincou, beijando a orelha dela – Eu
amo você.

Micaela virou o rosto, tomando os lábios dele em um beijo sem sequer avisar. Ele
sorriu, acolhendo-a em seus braços, retribuindo. Todos olhavam, sem ter como se
desviar. Mas era bonito de se ver.
Nicholas: Cena estranha de se ver em uma guerra. – Debochou, se aproximando a
cavalo.

Continue agüentando firme!


Porque você sabe, nós conseguiremos, nós conseguiremos... ♫

Zack: Essa foi uma guerra estranha. – Pensou, tranqüilo. Nicholas pensou por um
instante e assentiu.

Micaela se apertou mais a Joshua, não querendo deixá-lo nunca... Mas ele
cambaleou. O peso dos dois foi demais pra ele e Micaela se afastou, confusa. As
vezes Joshua a carregava em um só braço, o peso dela não o incomodava.

Micaela : O que... – O olhar dela parou no ponto onde o corte se destacava na perna dele
– Ah, meu Deus.

Joshua: Não entre em pânico. – Pediu, os olhos alertando-a. Tarde demais.

Micaela : Está ferido?! – Ela recuou, puxando ele até que pode ver o corte fundo. Se
ouviu o riso de Zack com a cara de Joshua.

Só continue sendo forte!


Porque você sabe, eu estou aqui por você, estou aqui por você... ♫

Joshua: Estou bem. – Garantiu, e sorriu pra ela.

Micaela : Cale a boca. – Disse, mas o abraçou. Joshua riu. – Venha, vou cuidar de você.
– Disse, apanhando a mão dele. Mas Joshua não foi.

Joshua: Não posso ir. Eu tenho que...

Micaela : Não tem que nada. – Ralhou. Ele ergueu as sobrancelhas, divertido, o que
piorou quando ela virou o rosto para a multidão que observava – ESCUTEM TODOS
VOCÊS: ACABOU! – Nicholas gargalhou – TODOS VÃO PARA SUAS CASAS,
ACABOU ESSA
HISTÓRIA DE SE MATAREM! – Joshua observava ela, fascinado – E SE ALGUÉM
ABRIR A BOCA PARA MENCIONAR A PALAVRA “GUERRA” DE NOVO, DEUS
ME AJUDE, MAS EU MANDO CORTAR A CABEÇA! – Joshua riu – Vão embora. E
você vem comigo. – Disse, emburrada. Joshua ainda ria. Ele encarou Zack que também
rindo, assentiu para que ele entrasse. Não seria de ajuda nenhuma com aquele corte.

Nicholas: O poder da coroa conseguiu dominá-la completamente. – Disse, divertido.


Zack assentiu, sorrindo. – Robert foi cobrir a área sul. Podem haver revoltosos. Não que
eu consiga pensar em alguém que vá querer vingar essa morte. – Ele apontou Hades
com a cabeça. A espada de Joshua ficou lá, de pé, fincada no coração dele.

Zack: É, mas temos que limpar a bagunça. – Disse, olhando em volta. Todos os
soldados, aliados e inimigos derrotados esperavam por novas ordens.

Assim Micaela rebocou Joshua de volta pro castelo, Zack, Nicholas e Robert
ordenaram os soldados... E ninguém sentiu pela morte de Hades. A guerra teve o
final justo, aquele que todos esperavam e que ninguém lamentava. E foi só.

---*

Quando Micaela chegou a torre (depois de muito trabalho; conseguir subir as


escadas com Joshua naquele estado não fora fácil), pensou que teria um problema.
Da ultima vez que estivera na torre, esta servia como pronto socorro, e todos
estavam lá. Mas agora não sobrara ninguém, e os lençóis foram trocados. Aliás,
ninguém exceto Rosalie e Chord, que brincavam com os ursinhos no berço.
Micaela ajudou Joshua a tomar banho, ignorando o sangue que foi embora com a
água, se angustNicholasdo com o grunhido alto que ele perdeu quando a água
atingiu seu corte. Ao ver a aflição dela, no entanto, ele sorriu.

Joshua: Vá... Vá ver os bebês. – Aconselhou – Eu vou terminar isso já já. – Micaela ia
contestar – Shit. – Alertou, e ela sorriu.

Micaela : Vou providenciar algo de comer. – Disse, saindo do box. O vestido luxuoso
estava arruinado, todo amassado, manchado de sangue, agora molhado.

Joshua: Não desça sozinha. – Alertou.

Micaela : Shit. – Imitou, dando as costas a ele e saindo dali. Ele riu.

Em outro cômodo do castelo... Kristen ainda cuidava de Maggy. Robert não


voltara, então ela ficara com a amiga. Maggy acordou pouco tempo depois, meio
desnorteada, olhando em volta. Kristen a aquietou, e ela se acalmou.

Maggy: Onde está... Onde está Nicholas? – Perguntou, decepcionada.

Kristen: Joshua matou Hades. – Atualizou, ajeitando o travesseiro da outra – Mas Hades
quase decepou a perna dele antes, então Nicholas, Robert e Zack foram acalmar as
tropas. Vanessa se retirou, parecia estar a ponto de desmaiar de tão fraca. – Maggy
assentiu.

Maggy: Devo minha vida a Vanessa. – Constatou, terrivelmente rouca.


Kristen: Sente algo? – Perguntou, preocupada. Maggy negou – Kath... Vanessa disse
que... – Maggy esperou – Que você disse que estava gravida. – Maggy sorriu de canto.

Maggy: E eu estou. – As mãos dela, pálidas, tocaram o ventre por cima do vestido
cobre, carinhosamente. Então ela viu a expressão de Kristen – O bebê é do Nicholas,
Kristen. – Dispensou.

Kristen: Como pode saber? – Perguntou, tirando a resposta da boca de Nicholas, que
estava atrás da porta. Este ficou quieto, os olhos duros na parede.

Maggy: Só estive com outro 4 vezes, então não mais. Minhas regras vieram 3 vezes
depois da ultima vez. E depois disso eu me deitei com Nicholas mais vezes do que
posso contar, mais de uma vez por noite. O bebê é dele. – Disse, carinhosamente. Tanto
Nicholas quanto Kristen sorriram. – Acha que ele vai me perdoar? – Mas antes que
Kristen respondesse...

Nicholas: Kristen. – Disse, entrando no quarto. Ainda usava a armadura de guerra – Me


permite falar com Maggy a sós um instante? – Perguntou, e Kristen prontamente se
levantou. Nicholas agradeceu com o rosto e saiu. Maggy se sentou na cama, os olhos
sondando-o, sem conseguir nada. Ele por sua vez a encarava, os olhos claros
ressentidos, duros, e sem nada dizer.

Voltando a torre... Micaela amamentou os bebês as pressas. Chord dormiu,


cansado da agitação do dia, e Rosalie ficou brincando com seu ursinho. Joshua lhe
dera aquele ursinho, e desde então ela não desgrudava dele nem pra dormir, os
olhinhos inocentes percorrendo o brinquedo enquanto os dedinhos se deliciavam
na pelúcia marrom. Micaela fez Joshua comer até não agüentar mais, então
cuidou de seu ferimento. Era grande, profundo, e estava começando a inflamar.
Vendo-a suturálo Joshua se lembrou da ultima vez que ela fizera isso. Da ultima
vez ela não queria nem olhar em sua cara, pensou com escárnio. Ele observou o
rosto dela concentrado no que fazia, ignorando a dor lancinante que pulsava em
sua coxa, tanto que ele nem sentia a linha ser puxada. Mas algo martelava em sua
cabeça.

Joshua: Você... Você viu? – Perguntou, quieto.

Micaela : Vi. – Disse, desgostosa – Vai custar a sarar. – Joshua ergueu a sobrancelha –
Creio que amanhã não conseguirá se pôr de pé.

Joshua: Não estou falando disso. – Micaela franziu o cenho, erguendo o rosto para
encará-lo – Você viu o momento em que... Viu quando ele me derrubou? – Pensou,
relembrando a cena. Não queria que Micaela tivesse visto ele cair, nem muito menos
rolar pelo chão, se esquivando dos golpes que recebia. Parecia covardia.

Micaela : Ele conseguiu te derrubar? – Joshua ficou quieto. Micaela gemeu, frustrada –
Não, não vi. Não vi nada, pra falar a verdade. Só consegui fugir de Vanessa no final.
Ela parecia cansada... E eu sai correndo. – Deu de ombros. Joshua sorriu. – Agora não,
Rose. – Suspirou, voltando a atenção pra sutura. Rosalie dava pequenos gritinhos. Fazia
isso sempre que Joshua não lhe dava atenção – Vai acordar Chord. – Comentou em voz
baixa, puxando a linha delicadamente no ultimo ponto.

Joshua: Foi no momento em que ele saiu aos berros perguntando se era „por isso‟ que
você o tinha deixado. – Continuou – „Isso‟ era eu, que não havia conseguido me
levantar ainda.

Micaela : Pergunta estúpida. – Disse, franzindo o cenho – Não há outro homem pra
mim. E não se preocupe com isso, foi só uma queda. Todos nós caímos. Eu cai na
descida da escada, fugindo de Vanessa. – Joshua riu, e ela lhe selou os lábios – Você
venceu. Trouxe a paz de volta. E mesmo que tivesse perdido, ou caído 10 vezes, eu
ainda estaria explodindo de orgulho. Não seja tolo, sim? – Ela selou os lábios dele de
novo, que sorriu.

Joshua: Deixo de ser se tu me beijares de novo. – Disse, descarado, e ela riu, beijandoo
novamente.

Micaela : Eu beijo, beijo, beijo... – Disse, cobrindo-o de beijos – Hoje te darei todos os
carinhos do mundo. – Disse, dando beijo apertados na maxilar dela.

Joshua: Todos? – Perguntou, abraçando-a. Micaela maleável assim chegava a ser


pecado. Ela enlaçou as mãos nos cabelos dele, ainda enchendo-o de beijos, e ele beijou
seu ombro demoradamente.

Micaela : Todos. Todos os carinhos e todos os mimos. – Disse, mordendo-lhe a


bochecha.

Joshua: Que ótimo. – Disse, mordendo a orelha dela, e Micaela arregalou os olhos,
empurrando-o.

Micaela : Nem sonhe com isso. – Disse, catando os objetos de primeiro socorro e se
levantando. Ele riu, se recostando nos travesseiros.

Joshua: Ei, volte aqui. Nós estamos apenas conversando. – Disse, na defensiva.

Micaela : Conheço esse teu tipo de conversa. E a resposta é não. Não há maneira. –
Disse, guardando o kit de primeiros socorros.

Joshua: Mas eu queria... – Brincou, e ela o lançou um olhar que o fez se calar e rir em
seguida. Ele sabia que com aquele corte, mesmo sendo mais abaixo da coxa, perto do
joelho, ele não iria a lugar algum. – Ei. Me dê Rose antes que ela acorde Chord. –
Micaela avaliou, então assentiu. Foi até o berço, apanhou Rosalie e checou Chord. O
menino dormia. Ela entregou Rosalie a Joshua. O rosto da menina se alegrou ao ver o
pai.
Micaela : Vou pro banho. Se você ousar tentar se levantar dessa cama, eu vou cometer
um crime. – Joshua arregalou os olhos, falsamente assustado, e ela deu as costas.

Joshua brincou com Rosalie por minutos a fio. A menina não falava ainda, apenas
umas palavras desconexas, mas era a alegria do pai. Ela brincou com ele, as
mãozinhas apanhando um punhado de seu cabelo. Joshua tinha problemas toda
vez que isso acontecia. Mas a solução era pratica: Ele fazia cara de choro pra ela e
a menina o soltava, os olhinhos atentos. Ele riu em seguida, beijando-a.

Joshua: Você... – Ele deu um beijo apertado nela – É... – Outro – O amor... – Outro –
De minha vida. – Completou, beijando a barriga da menina, que riu gostosamente –
Sim, você é. E você está com sono. – Disse, vendo a carinha de sono dela. Rosalie
imitou o pai, olhando-o, e ele riu – Amor da minha vida. – Repetiu, beijando-lhe a testa.

Micaela : Se ela é o amor da sua vida, o que resta pra mim? – Perguntou, saindo do
banho, e Joshua sorriu.

Joshua: Sobra bastante. Põe ela no berço? – Pediu e Micaela assentiu, apanhando a
filha, que tinha o rostinho sonolento. Ela a levou até o berço, acomodando-a, e dessa
vez Rose não reclamou. – Venha aqui. – Micaela ergueu a sobrancelha – Micaela . –
Repreendeu.

Micaela : Você é impossível. – Disse, e ele sorriu vendo ela ir até a porta, trancando-a, e
até os castiçais, apagando as velas, de modo que só sobrou a luz da lareira. O clima era
gostoso. A chuva que caíra parecia que viera para lavar todo o terror da guerra. Ele
sentiu ela ir pra debaixo dos lençóis, pra perto dele, e sorriu – Como está sua perna?

Joshua: Colada com o resto do corpo. – Dispensou, e ela não conseguiu não rir – Escuta,
você pode me beijar? – Perguntou, e ela gargalhou da espontaneidade dele. – Se é só o
que eu posso pedir, peço logo assim. – Se queixou.

Micaela : Sabe que se eu deixar você fazer algo, vai se machucar. Está todo ralado. – Os
braços e o peito de Joshua tinham alguns curativos brancos, nada demais, só ralado
mesmo. Ele estava de peito nu e com uma bermuda solta, branca, pra não pressionar o
machucado.

Joshua: Eu pedi um beijo. – Lembrou, azedo.

Micaela : Hum, enfezadinho. – Disse, apanhando o rosto dele nas mãos, selando-lhe os
lábios. Joshua suspirou e ela o encarou, confusa.

Joshua: Assim, Micaela . – Disse, apanhando o rosto dela com as duas mãos, trazendo-
os pra si.

Os lábios dele encontraram os dela, quentes, oprimindo-os, a língua logo tomando


espaço dentre os lábios dela, encontrando a sua. Micaela suspirou, deliciada, mas
não teve tempo de relaxar; após se apossar da boca dela ele a devorou, faminto
como sempre, os lábios exigindo dela tudo o que ela podia dar. Micaela sorriu
dentre o beijo, a mão adentrando o cabelo dele. Estava feliz. A guerra acabara.
Nada os ameaçava, eles teriam a vida juntos, pra se amarem, para serem felizes. E
ela devia isso a ele. Ele fora lá, ele arriscara a vida, ele terminara a guerra. Mas,
quebrando o momento, Joshua a soltou.

Joshua: Tudo bem. Eu pedi um beijo, ganhei um beijo. – Disse, se afundando nos
travesseiros. Ele respirou fundo, e ela podia sentir a frustração vindo dele. – Eu planejei
comemorar essa noite de um modo diferente que dormindo. – Soltou, rindo de si
próprio. Sua perna latejava dolorosamente, mesmo parada.

Micaela : Parece um menino choramingando. – Brincou, e ele sorriu de leve. – Me deixe


ver. – Disse, passando pra cima dele, sem colar os corpos dos dois. Joshua merecia
aquela noite.

Joshua: Micaela . – Repreendeu. Ele tentou mover a perna, mas desistiu perante a dor. –
Eu não consigo, carinho. – Disse, frustrado.

Micaela : Me toque, Joshua. – Pediu, apanhando a mão dele, que estava na cama. Ela
trouxe a mão do marido até o próprio colo, fazendo os dedos dele a acariciarem. Joshua
a encarou, ainda quieto, com um olhar e um sorriso de puro deslumbramento. Ele
ergueu o rosto, levando-o ao pé do ouvido dela, o hálito quente dele naquela região
arrepNicholasdo-a.

Joshua: Quer que eu a toque? – Sussurrou, a mão que ela colocara em seu colo sumindo
por dentro da camisola dela.

Micaela : Muito. – Respondeu, sentindo a boca subitamente seca. – Quero que me


toque. Quero que me beije. – Complementou, aspirando do perfume dele. Instigava ela.

Joshua: Porque? – Perguntou, adorando a situação.

Micaela : Porque você é meu marido. – Disse, selando os lábios com os dele – Meu
homem. – Ela repetiu o ato, mordiscando-o agora – E porque só você pode.

Joshua não disse mais nada, apenas a beijou. O incomodava que ela mantivesse
todo o peso nos braços, sem tocá-lo. Ele tentou forçar os braços dela, puxá-los,
várias vezes, mas ela não cedeu. Micaela , vendo que ele não ia desistir, apanhou a
mão dele que tentava forçar seu cotovelo e trouxe até seu seio, enchendo a mão
dele. Isso distraiu Joshua completamente. O corpo de Micaela parecia ter sido
feito exatamente ao molde de suas mãos... E ele se aproveitou disso. Usou de tudo o
que podia, afinal fora ela que pedira para que ele a tocasse. As mãos dele deixaram
os seios dela vermelhos, sensíveis, a barriga com marcas de unha, nas costas os
vergões por onde ele a apertou até chegar ao traseiro dela, que ele apanhou com as
duas mãos, apertando com gana. Micaela não conseguia respirar direito. Ele não
deixou os lábios dela um segundo, seu corpo tremia, era difícil se manter sob os
braços trêmulos agora... Até que a mão dele desviou das roupas dela, encontrando
sua intimidade. Micaela gemeu alto, caindo das mãos, se amparando nos
cotovelos, e ele deixou os lábios dela, que afundou o rosto em seu ombro, sem ver o
sorriso que ele tinha no rosto. Os dedos dele brincavam com ela, instigavam, e ela
ia enlouquecer. Pior, ela ia permitir. O ultimo fio da razão dela foi sua voz, e ela
bem tentou.

Micaela : Joshua. – Chamou, e ouviu um “hum?” perverso dele em seu ouvido,


enquanto ele distraia a boca em seu ombro. Estava adorando aquilo, o desgraçado –
Chega.

Joshua: Não ouvi. – Disse, sorrindo maliciosamente, ameaçando invadir a intimidade


dela com os dedos e retrocedendo na ultima hora. Micaela teve uma vertigem com isso,
ainda amparada nos cotovelos para não tocá-lo.

Micaela : Pare com isso. – Disse, mordendo o ombro dele. Sabia que se ele tentasse algo
agora, ela não teria resistência suficiente, e aquele corte... – Pare agora.

Joshua: Mas você pediu para que eu te tocasse. – Lembrou, e mordeu a orelha dela,
deixando um chupão ali atrás – Não pediu? – A voz dele estava excitando-a mais ainda.

Micaela : Agora estou pedindo que pare. – Porque ela não tinha força pra sair dali? – Eu
pedi, mas... – Ela arfou – Mas já chega. – A voz dela estava tão tremula que não levou
nada da ordem que ela pretendera enviar.

Joshua: Ainda não. Quase. – Ele ainda sorria. Micaela grunhiu, ele não sabia se de raiva
ou de prazer. – Shhh... – Tranqüilizou, mas seus dedos na intimidade dela se tornaram
mais intensos, mais ágeis.

Ela não conseguiu responder. Alguns instantes depois ela gemeu, mais alto ainda, e
quase perdeu o controle do corpo. Joshua parou com tudo o que fazia só pra
desfrutar da reação dela. Queria poder ver seu rosto, o tom corado que tomava
toda vez que ela chegava ao orgasmo, mas o rosto dela estava caído em seu ombro.
Ele levou a mão até o queixo dela, erguendo o rosto, e ela estava de olhos fechados,
a respiração forte... A maçã do rosto vermelha. Ele sorriu. Então percebeu o
quanto ela tremia, tentando se manter nos cotovelos, e segurou os braços dela, lhe
dando tempo. Após instantes ela abriu os olhos, encarando-o, e viu que ele ria. Teve
vontade de lhe descer a mão na cara, mas ao invés disso o beijou. Joshua recebeu
como surpresa. Ela deixou seus lábios, beijando-lhe o queixo, o pomo-deadão, o
peito, a barriga (se desvNicholasdo de dois curativos)... E chegou na bermuda. E
ela nem hesitou. Joshua fechou os olhos, sentindo os lábios dela abrangerem seu
membro, deixando o corpo relaxar... Depois do dia que tivera, isso era o paraíso. O
primeiro gemido dele veio curto, mas serviu como estimulante para ela, que não
descansou até que ele ficasse no mesmo ponto em que ela estivera. Joshua arfava, a
barriga se contraindo o tempo todo, os músculos se destacando ali, e ele chamava
por ela. No fim ele gemeu alto, agarrando o lençol, e Micaela o deixou, sorrindo ao
se deitar ao lado dele, que ainda arfava. Após alguns instantes ele virou o rosto
para ela, encarando-o, e ela sorriu. Ele riu consigo mesmo um instante, e ela
acariciou o rosto dele, que beijou sua mão.
Joshua: E eu que só pedi um beijo. – Comentou, divertido, e ela empurrou o rosto dele.
Ele bocejou em seguida. – Me abrace. – Pediu, quieto, e Micaela foi mais pra perto
dele, abraçando-o pelos ombros, oferecendo-lhe seu colo.

Micaela : Cuidado. – Alertou quando ele se virou, se agarrando a ela. Joshua sentiu os
pontos da coxa se esticarem e foi com mais calma, até que a perna estava estirada
seguramente de novo. Ele afundou o rosto no pescoço dela, suspirando – Durma. –
Disse, lhe acaricNicholasdo os cabelos.

Joshua: Ainda vai me amar quando eu acordar? – Perguntou, rouco.

Micaela : Eu sempre te amei, sempre vou amar. – Murmurou, beijando o cabelo dele, e
ele ficou quieto. Aquilo bastou. Ele dormiu logo, exausto, e ela ficou acordada, velando
o sono dele.

Alguns andares abaixo...

Zack: Finalmente. – Disse, entrando no quarto. Ele já não usava a armadura, mas havia
sangue seco e sujeira em seu pescoço e em seus braços. O quarto estava vazio. Estranho,
Kristen dissera que Vanessa estaria ali. – Mad? – Sem resposta.

Ele avançou pelo quarto, cansado, chamando por ela. Nada. Estranho. Já era
tarde, Vanessa não sairia assim em um dia normal, quem dirá hoje. Apenas
quando passou na porta do banheiro que viu: Dois pés pálidos, cobertos por renda
preta. Ele se apressou até o banheiro e viu a esposa caída de qualquer jeito no
chão, usando roupa debaixo e o hobbie de renda, os cabelos esparramados a sua
volta... Desfalecida. Ele olhou em volta, procurando um atacante, mas não havia
ninguém. Olhou pra ela, os olhos em um desespero mudo, mas não havia sangue.
Que diabo acontecera ali?

Zack: Vanessa! – Chamou, se abaixando, e apanhando o rosto da esposa nas mãos. A


cabeça de Vanessa caiu pra trás, os cabelos negros se arrastando no chão. Os lábios
estavam brancos, quase cinzas – Droga, Mad. – Disse, passando a mão por debaixo do
joelho dela, carregando-a até a cama. – Mad. Mad, shhh. – Disse, dando dois tapinhas
suaves no rosto dela. – Ei. Acorde. – Pediu, segurando ela pela maçã do rosto. Não
demorou muito, Vanessa suspirou. Ele respirou fundo, se acalmando.

Vanessa: Me diga que eu não cai. – Pediu, a voz quebrada. Ele sorriu.

Zack: Você não caiu. – Atendeu, e ela riu – O que há? – Perguntou, e ela abriu os olhos,
encarando-o.

Vanessa: Nada. Apenas estou, resumidamente, exausta. – Disse, se sentando. – Cansada,


exausta, faminta. – Acrescentou, e ele sorriu.

Zack: Me assustou. – Disse, ajoelhado ao lado da cama.


Vanessa: Perdoe. Gente demais morrendo nesse castelo hoje. Hades tentou decepar a
cabeça de Maggy. – Ela suspirou. Estava realmente exausta – Mas tudo vai bem. Só
preciso descansar. E tu, - Ela reparou no estado do marido – Precisa de um banho.

Zack: Preciso. – Disse, puxando a camisa suja pela gola. – Você vai ficar bem?

Vanessa: Vou sair. – Ele a repreendeu com o olhar imediatamente – Não vou longe.
Tome um banho demorado, lave os cabelos, - Ela passou os dedos carinhosamente nos
cabelos dele, cobertos de poeira e fuligem – E quando terminar estarei aqui.

Zack: Tome cuidado. – Disse, se levantando. Vanessa se levantou também, abotoando o


hobbie, a renda ocultando muito pouco. Ele se aproximou para beijá-la, mas ela recuou,
os lábios parecendo secos, os olhos que davam a aparência de arder. Ela olhou os lábios
dele por um momento, então, parecendo se refrear, colocou dois dedos ali. Ele a
encarou, confuso.

Vanessa: Não é uma boa idéia. Quando eu voltar, com certeza. – Zack sorriu, e assentiu.
Ela se afastou dele, respirando fundo – Eu já volto. – E deu as costas, saindo. Ele
sacudiu o cabelo, sumindo no banheiro.

No quarto de Maggy...

Nicholas: Você me disse que está grávida. – Disse, e Maggy assentiu – É meu?

Maggy: É claro que é. – Disse, se sentando direito. Nicholas se sentou ao lado dela,
olhando pra frente.

Nicholas: Porque, Maggy? Porque fez isso? – Ela ficou quieta – Ele era bonito? –
Perguntou, tentando entender. Bom, Vanessa era bonita.

Maggy: Era. – Murmurou, encolhida. Nicholas ergueu as sobrancelhas, olhando o chão


– Não tanto quanto tu, mas era. O que isso importa agora, Nicholas?

Nicholas: Era melhor que eu? – Perguntou, e ela suspirou.

Maggy: Isso importa? – Perguntou, olhando-o.

Nicholas: Importa pra mim. Responda. – Ordenou.

Maggy: Não. É claro que não. Nunca tive homem melhor que tu. – Disse, e ele assentiu
– Era apenas diferente. Eu não sei porque fiz aquilo, eu não pensei, eu cogitei a idéia e
quando eu dei por mim eu... Argh. – Gemeu. Os olhos dele voaram pra ela, varrendo seu
rosto.
Nicholas: Sente algo? – Perguntou, alertado. A cicatriz vermelho escuro no pescoço de
Maggy bastava para apavorá-lo.

Maggy: Sinto. Me sinto uma idiota porque cometi um capricho e agora meu marido está
me deixando. Não é ótimo? – Disse, virando o rosto pra ocultar as lágrimas dele.
Nicholas observou um instante, calado.

Nicholas: Eu não estou deixando você.

O silencio durou um instante. Maggy virou o rosto, encarando-o, esquecendo de


secar as lágrimas de desespero que já haviam começado a cair. O encarou,
procurando algum sinal de deboche no olhar dele, mas não havia nada anormal no
modo como ele a encarava. Nada do ódio com o qual ele a olhara nos últimos dias.
Era o olhar normal dele pra ela, apaixonado, meio fascinado... E agora ressentido.

Nicholas: Não sou santo. – Disse, vendo a expressão dela – Pensei, sim, em me
divorciar de ti. Mas tudo perdeu perspectiva quando a vi sangrando hoje. Eu te amo,
Maggy. – Resumiu. – Se isso fizer de mim um fraco, não tenho como me opor. Eu amo
você. – Ela sorriu abertamente, então, alertando-o, o abraçou – SHHH! Cuidado!

Maggy: Obrigado. Obrigado, obrigado, obrigado. – Disse, forçando a voz


impossivelmente rouca – Nunca mais eu faço isso, nunca mais, eu juro por Deus, pela
minha felicidade, pelo nosso filho. Ah, eu amo você, Nicholas. – Disse, enchendo o
rosto dele de beijos.

Nicholas: Nosso filho. – Repetiu, sorrindo. Ela o encarou, ansiosa – Gosto disso.

Os dois se encararam por um instante, até que ele trouxe o rosto dela pra si,
beijando-a. Maggy podia ter morrido de felicidade ali mesmo. Nicholas não ia
deixála. A guerra acabara, ele não corria mais risco. Teriam um filho. Suspirou, se
abraçando ao marido, que a acolheu em seus braços, e tudo estava bem. Nicholas
jamais saberia nada sobre Matt, e os Donovan tampouco voltariam a se aproximar
da realeza. Eles seriam felizes, e só. Saindo dali... Kristen andava pelos corredores.
Não encontrara Robert no quarto, procurava por ele. Até que tombou com alguém.

Kristen: Ai! – Disse, tendo a impressão de ter se chocado com um muro de pedra. Ela
olhou e viu Vanessa recuando, os olhos abertos em choque – Ei, você acordou! – Disse,
sorrindo. Vanessa assentiu, sorrindo também – Fiquei preocupada. – Vanessa pôs a mão
no rosto, em cima da boca, como quem tapa a boca por ter se assustado... Mas nesse
caso segurando os lábios juntos e tampando a respiração – Você está bem?

Vanessa: Estou. – Disse, por trás da mão. Ela ainda se afastava – Porque está aqui
sozinha?

Kristen: Procurando Robert. – Disse, dando de ombros. – Fiz algo errado? – Perguntou,
estranhando o olhar de Vanessa. Essa riu de leve.
Vanessa: Não, claro que não. Você é só humana. – Dispensou, e Kristen sorriu – Escute,
eu preciso ir, preciso... – A voz abafada pela mão sendo interrompida por alguém.

Kristen: Rob, finalmente! – Disse, vendo o marido se aproximar. Ele viu a expressão de
Vanessa e sutilmente se pôs em frente a esposa, sorrindo. Vanessa revirou os olhos.

Robert: Vamos? – Chamou, e Kristen assentiu. Ele a levou pelo corredor, e parou ao
lado de Vanessa – Escolha interessante de roupas. – Murmurou, e ela sorriu, debochada
– Vai ficar bem?

Vanessa: Perfeitamente. Só preciso sair daqui, agora. Chega de civis passando na minha
frente hoje. – Robert riu.

Robert: Zack? – Perguntou. Kristen esperava, alguns passos a frente.

Vanessa: É um civil! – Lembrou, e Robert riu gostosamente – Ande, saia da minha


frente. – Disse, passando por ele e disparando pelo corredor.

Robert abraçou Kristen pelo ombro, levando-a. Chegando ao quarto ele foi pro
banho, e quando saiu ela estava sentada em frente ao espelho, escovando o cabelo.

Kristen: Estou feliz por irmos para casa. – Disse, largando a escova. Robert secava o
cabelo.

Robert: Pensei que gostasse daqui. – Disse, observando-a.

Kristen: Eu gosto, mas sinto saudade de casa. – Disse, se aproximando – E nosso filho
não pode nascer no reino dos outros. – Disse, dando de ombros. Robert ergueu a
sobrancelha pra ela, que sorriu, radNicholaste – Então eu sugiro que nossa partida não
tarde muito.

Robert: Ah, meu Deus. – Murmurou, indo pra ela, e Kristen gritou, rindo, quando ele a
ergueu no ar, enchendo-lhe de beijos – Meu Deus, Kristen! – Disse, vermelho de
euforia. Ele a baixou até sua altura, beijando-a em seguida.

E, como diz o ditado: Tudo está bem quando termina bem.

A guerra foi contida. Vanessa ficou bem. O corpo de Hades ficou trancado em uma
sala durante a noite, ainda com a espada de Joshua cravada em seu peito. No dia
seguinte uma pira enorme fora erguida na praça principal da cidade, e o corpo de
Hades estava lá. Era uma cerimônia, o fim da guerra, o novo rei reclamando seu
direito. Problema é que Joshua não conseguia se levantar.

Robert: E agora? – Perguntou, vendo Joshua vestido, de pé em cima de uma perna. A


outra inchara, e ele não conseguia pôr peso nenhum sem mancar.
Micaela : Ele só precisa acender a palha, não é?

Nicholas: Ele precisa andar pela praça até a pira, e então acender. – Apresentou o
problema.

Zack: Podemos providenciar uma liteira. – Pensou.

Joshua: Seria patético. – Disse, suspirando.

Antes que alguém dissesse algo houve o barulho de madeira se quebrando. Todos
viram Vanessa atravessando o quarto com uma tora de madeira na mão,
quadrada, quebrada na altura do cotovelo. Uma muleta.

Vanessa: Ampare isso debaixo do cotovelo. Bastará para alguns passos, ele só precisa
andar da carruagem até o centro da praça. – Disse, fazendo pouco caso.

Zack: Ela é diabólica, não é? – Perguntou, orgulhoso, vendo a esposa se afastar.

---*

A praça estava lotada. Soldados abriram espaço quando as carruagens reais


chegaram. Joshua e Micaela chegaram por ultimo.

Micaela : Eles precisam mesmo estar aqui? – Perguntou, apontando para Chord e
Rosalie, ambos de branco, usando coroas de prata, singelas.

Joshua: É o regulamento. Não me agrada também. Mas eles não vão ver muito. – Disse,
acaricNicholasdo o rosto do filho. - Me preocupo mais com Suri. - Disse, desgostoso.

A carruagem de Joshua parou. Ele apanhou a muleta improvisada, e a custo


desceu da carruagem. Suri já estava lá. Micaela desceu atrás. Usava um vestido
preto e prata, a coroa presa no alto de seu cabelo, e ele lhe ofereceu a mão
enquanto uma criada colocava Chord e Rosalie no berço. Zack, Nicholas e Robert
vieram, e Micaela teve que se afastar. Olhou aflita Joshua mancar a frente,
apoiado na muleta, os outros três o flanqueando. Quando chegou até a pira, largou
a muleta improvisada em um canto, o que fez Micaela gemer. Fazia frio. Ela
gostaria de ter mantido Joshua na cama, aquecido, aquele dia. A perna dele estava
impossivelmente inflamada. Mas nem pareceu quando ele subiu os 4 degraus altos,
chegando a altura em que o corpo estava depositado, e puxou sua espada do peito
de Hades, o sangue seco causando uma sensação nauseante. Parecia ter ficado mais
viscoso, como cola. Ele se virou, estendendo a própria espada, mostrando-a a todos
os expectadores. Zack, Nicholas e Robert assistiam solenemente. Um soldado
entregou uma tocha a Joshua, que se afastou um passo, acendendo as chamas.
Logo não se via o corpo. Ele se virou novamente, erguendo a tocha, e dessa vez
houveram gritos e aplausos em saudação. Aquilo significava que, depois de anos, a
maldita guerra acabara.

Vanessa: Quieta. – Disse, segurando Micaela , que ia ajudar Joshua, quando ele apanhou
a muleta de novo.

Micaela : Porque? – Perguntou, exasperada.

Vanessa: Porque ele precisa fazer isso sozinho. Ele é o rei. – Disse, serena, a enorme
coroa de diamantes contrastando com seu cabelo e vestido.

Micaela não gostou, mas pode entender. Sem dizer nada os reis voltaram para as
carruagens, dando as costas ao fogo arrasador. As pessoas ficariam ali,
comemorando o dia inteiro, mas não eles. Por fim Joshua se aproximou, e Micaela
sorriu pra ele. Ele beijou a testa dela, abraçando-a, enquanto a carruagem
chegara.

Meses depois...

A guerra fora contida. As fronteiras foram derrubadas. Os dois reinos se uniram,


famílias estavam juntas novamente. ChristNicholas casara com sua noiva. A paz
podia ser sentida no ar. Não haviam mais tantos soldados armados, não havia dor,
apenas paz, e era perfeito. A barriga de Kristen se destacava mais que a de Maggy,
mas as duas estavam redondamente grávidas.
Houve uma chuva de flechas na hora em que todos desceram. Estavam indo
embora. Não havia mais necessidade de apoio. Todos se despediram em um clima
de nostalgia, e com muitas promessas de visitas breves.

Micaela : Ah, Mad. – Disse, abraçando a outra. Já tinha passado minutos abraçada a
Kristen e Maggy. Vanessa estava fria, como sempre, mas sorria. – Sentirei sua falta.

Vanessa: Você pode ir nos conhecer, duquesa. – Brincou – Também sentirei sua falta. –
Ela viu o olhar de Micaela – E sim, eu tenho certeza, eu não posso ter filhos. Não, não
estou nem um pouco arrasada com isso, nem Zack. Desista. – Micaela riu. – Prometa
levar a pequena para me ver, ou ela não se lembrará de mim.

Micaela : Eu levarei. – Disse, e suspirou, vendo o clima de despedida em volta – Ah, eu


gostaria que vocês ficassem.

Vanessa: Eu tenho uma casa também. Um castelo magnífico. Quando você for nos
visitar, - Insistiu – Verá. – Zack a chamou. A carruagem esperava. – Eu preciso ir. Não
direi adeus. – Assinalou.

Micaela : Não é um adeus. – Disse, apertando as mãos da outra – Faça boa viagem. –
Vanessa agradeceu.
Vanessa: Obrigado. Até mais, pequena Rose. – Disse, dando tchauzinho pra menina.
Rosalie, toda fofa, retribuiu.

Vanessa desceu as escadarias, tranqüila em seu vestido negro, mas no final Micaela
não agüentou.

Micaela : Mad! – Chamou, correndo até a outra. Vanessa olhou, sem entender – Só...
Por favor, só me diga uma coisa. – Vanessa esperou – Como você consegue sair de dia?
– Perguntou, exasperada, e Vanessa gargalhou. Zack sorriu com o som, esperando na
carruagem.

Vanessa: Bom, eu não me lembro do sol ter saído desde que eu cheguei aqui. Curioso,
não é? – Perguntou, piscando pra Micaela .

Micaela : O sol... Você... – Ela não conseguiu terminar. Vanessa riu de novo.

Vanessa: O sol não. Não dou pra tanto. – Disse, com uma careta – Mas as nuvens... A
neve... São fenômenos curiosos, não são? – Perguntou, divertida – Até mas, Micaela . –
Disse, dando as costas.

Micaela subiu as escadarias novamente, indo até o marido, que esperava. As


carruagens saíram. Joshua a abraçou pelo ombro, beijando-lhe o rosto, e os dois
observaram em silencio os amigos partirem. Tudo tinha seu lado negativo. O lado
negativo do fim da guerra era ter de deixá-los partir.

Suri já havia sido colocada na cama. Chord e Rosalie dormiam. Chord


pronunciara sua primeira tentativa hoje, um “mamá” engraçado, olhando pra
Micaela . A algazarra depois disso durou horas. Rosalie não entendeu porque, mas
adorou. Cresciam fortes, felizes, seguros, mais amados a cada dia. Suri ficou com
Rose até tarde, brincando com as bonecas. Bom, Suri brincava, e Rosalie ficava
sentada, os olhinhos observadores, olhando. Ria com freqüência. Eram bebês
felizes. Agora ambos dormiam, seguros, tranqüilos. Joshua sorria, sentado na
cama. A vida fora doce com ele, pensou, enquanto observava. Micaela dançava. Na
opinião dele, nunca estivera tão fascinante. Era a primeira vez que ela dançava pra
ele depois do fim da guerra, e isso já fazia vários meses, quase um ano. Parecia que
a alegria que agora emanava nela a deixara mais sexy ainda, se era possível. Os
olhos azuis gelo não deixavam os dele, e ela ofegava pelo movimento. Ela sorriu
pra ele e rebolou dando a volta, inclinando a cabeça pra trás. As moedinhas de sua
saia iam e vinham, frenéticas. Ela abriu os braços, jogando a cabeça pra um lado,
os cabelos ricocheteando no ar, rebolando devagar, então subitamente se virou pra
ele, subindo na cama. Joshua sorriu, batendo palmas. Ela se ajoelhou em frente a
ele, deixando a cabeça cair pra trás, a barriga reta oscilando, e ele só sabia sorrir.
Ela ergueu o rosto, e aproximou o busto dele, se balançando, deixando os seios na
altura do marido. Sabia que ele adorava quando ela dançava pra ele.
Joshua: Sabe... Se alguém um dia soubesse do teu dom. – Começou, mas parou quando
ela deixou os cachos passarem pelo rosto dele, aspirando o perfume – Tu ficarias
conhecida na eternidade como a rainha que enfeitiçava com o corpo. – Micaela riu –
Não que eu pretenda dividir isso com alguém, é claro. – Dispensou.

Micaela : Dividir? – Perguntou, atrevida. Ela, que estava ajoelhada, deixou o corpo cair
pra trás, deitando as costas na cama, os lábios entreabertos, os cabelos em um
redemoinho a sua volta, e oscilou o ventre em direção a ele, logo recolhendo-o de volta.
Joshua deixou a mão pairar no ventre dela, caindo pesadamente ali. Micaela parou de
se mover, ofegando, olhando pra cima.

Joshua: Ninguém nunca vai saber. É só meu. – Disse, possessivo. Ele passou pra cima
dela, que riu, desdobrando as pernas de debaixo dele. – Tu te sai atrevida demais. Me
lembro bem de como eras quando chegou aqui. – Micaela franziu o cenho, ainda
ofegando
– “Mais alguma coisa, alteza?” – Repetiu, e Micaela arregalou os olhos.

Micaela : Posso ajudar, alteza? – Repetiu, o tom inocente tingindo seus olhos. Joshua
ergueu as sobrancelhas – Sim, senhor. Com licença, majestade. – Ela fez bico,
empurrando-o de cima de si, mas ele a puxou de novo, fazendo-a cair. Ela ria
gostosamente enquanto ele a mordia. Joshua tinha o peito nu, e usava uma calça preta.

Joshua: Descarada. – Acusou, segurando o rosto dela, afundando os beijos em seu


pescoço. Micaela tremeu sentindo a língua dele na pele sensível, suspirando.

Micaela : Se lembra da primeira vez em que estive aqui? – Perguntou, em tom baixo,
enlaçando as mãos nos cabelos dele.

Joshua: Estava com medo de mim. – Lembrou, descendo a boca pelo decote dos seios
dela – Apavorada. Pensava que eu ia te matar.

Micaela : Nunca imaginei que pudesse chegar a ser tão feliz. – Disse, e ele ergueu o
rosto para encará-la. Os olhos de ambos estavam dilatados – Sou tão feliz que parece
não caber em mim. Se alguém me dissesse que terminaria aqui, como tua mulher, eu
riria. O que tu, rei, ia ver em mim? – Perguntou, mordendo o queixo dele em seguida.

Joshua: O que eu, homem, podia não querer em ti? – Sussurrou os lábios dele.

Micaela : No final das contas, você me matou. – Joshua ergueu os olhos, encarando-a –
Me mata. Todas as noites. As vezes durante o dia. – Um sorriso delicioso se abriu no
rosto dele – Nas minhas provas de roupa. Durante o meu banho. Até quando estou
dormindo. O tempo inteiro. – Disse, atrevida, com um biquinho.

Joshua: Quem vê até acredita que tu gostas de morrer. – Murmurou, mordiscando os


lábios dela e puxando-os, repetidamente.
Micaela : E eu gosto. Cada dia mais. – Disse, libertina. As mãos dele apanharam os
quadris dela, puxando-a direito para debaixo de si.

Joshua: Então permita-me, - Começou, descendo a boca pelo rosto dela, até que pairou
perto de seu ouvido – Pois bem agora eu me ponho louco de vontade de fazê-la morrer.
– Micaela suspirou de antecipação. Então veio um sussurro. – Eu amo você. – Ele
ergueu o rosto, vendo-a sorrir pra ele, e ela disse um “eu te amo”, sem emitir som
nenhum. Ele sorriu, se abaixando, tomando os lábios dela em um beijo apaixonado.
Nem o primeiro nem o ultimo, apenas mais um dos infinitos que eles ainda trocariam.

E exatamente como em um conto de fadas, eles viveram felizes para sempre.

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ㅤ FIM

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