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Estratégias da Fisioterapia para Autonomia
Ana Cristina

A fisioterapia tem por objetivo a habilitação e/ou reabilitação da


funcionalidade, que se traduz na possibilidade de desempenhar com autonomia
e independência as atividades de vida diária, sejam elas básicas, instrumentais
ou avançadas. Elucidar estes conceitos se torna muito relevante para maior
compreensão da atuação fisioterapêutica na estimulação funcional, bem como
entender seu papel dentro da equipe multidisciplinar.
Independência se refere à capacidade de realizar atividades por seus
próprios meios, sem auxílio de outra pessoa para tanto. Já a autonomia está
relacionada à capacidade de julgamento e tomada de decisão sobre as
demandas do cotidiano.
Desta forma é possível entender que para a funcionalidade plena é
necessário que exista a combinação destes dois conceitos. Mas não
necessariamente a falta de independência acarreta falta de autonomia. Por outro
lado, a dificuldade de autonomia interfere de maneira significativa na
independência funcional.
Por esta razão, é preciso entender que as prioridades funcionais nesta
etapa da vida variam desde questões relacionadas à independência de moradia
até a necessidade de tutela. E dentro desta variação, a fisioterapia é indicada
com diferentes objetivos em cada caso.
Tendo como ponto de partida o DSM – V com a classificação do TEA em
nível 1, 2 e 3 de acordo com a necessidade de suporte na realização das
atividades de vida diária. O indivíduo nível 1 apresenta em relação à
comunicação, na ausência de suporte, déficits com prejuízos notáveis na
interação social, respostas atípicas e dificuldade em fazer e manter amizades.
Em relação aos comportamentos restritos e repetitivos, demonstra inflexibilidade
de comportamento que causa interferência significativa na funcionalidade em um
ou mais contextos. Apresenta apego à rotina com dificuldade na troca de
atividade, bem como problemas para organização e planejamento, que
impactam negativamente na independência.

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Ao considerar estas características, compreende-se que um indivíduo
adulto, mesmo que já tenha adaptado e/ou camuflado alguns comportamentos,
ainda os terá e assim será classificado da mesma maneira.
Por esta razão vale ressaltar a importância no detalhado levantamento da
queixa funcional do indivíduo, pois a partir dela será possível desenvolver um
plano de atenção voltado para as demandas trazidas por ele. E assim ele
participará do processo de tratamento como ator primário do seu processo
terapêutico.
A fisioterapia muitas vezes, por meio do estímulo ao movimento, com
estratégias para o trabalho de equilíbrio e da coordenação motora acaba por
auxiliar em processos cognitivos, como por exemplo a atenção, extremamente
relevante para a funcionalidade como um todo.
Mesmo na vida adulta é importante, a manutenção do cuidado e da
atenção multidisciplinar e com adequado suporte familiar, para que o indivíduo
consiga lidar com situações em que as demandas sociais excedam as suas
capacidades e que as estratégias aprendidas, até então, não sejam suficientes.
A manutenção da assistência tende a reduzir as dificuldades na
construção do funcionamento social, profissional e em outras áreas importantes
da vida do indivíduo, independente do TEA estar associado a outro transtorno do
neurodesenvolvimento, mental ou comportamental.
Para um indivíduo adulto com TEA que possui maior necessidade de
suporte, nível 2 e 3, possivelmente a demanda será por melhorar e/ou manter as
atividades de vida diária básica e instrumentais, relacionadas ao autocuidado e o
cuidado ao domicílio. Propiciando desta maneira, maior independência e
autonomia, através do estímulo adequado e personalizado para cada caso, na
busca do melhor desempenho para todas as atividades que ele tenha
capacidade de realizar.
Com o objetivo da intervenção personalizada e direcionada a queixa
funcional, seja do próprio indivíduo ou da família/tutor, a avaliação deve ser
realizada de forma detalhada desde a anamnese, contendo a identificação do
sujeito, seus dados pessoais, história de vida, queixa funcional, descrição do
diagnóstico clínico, uso de medicação e presença de comorbidades,

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identificação sobre a realização de outras terapias e destaque para as primeiras
impressões do ponto de vista comportamental e de comunicação.
Durante a avaliação é necessário a busca pelo entendimento de suas
potencialidades, que podem estar relacionadas aos interesses pessoais e/ou
hiperfoco, sendo costumeiramente um bom ponto de partida para a criação de
vínculo como também para o direcionamento das atividades e propostas
terapêuticas.
Sendo bem comum a melhor aderência ao tratamento quando os
objetivos estão relacionados de alguma forma ao assunto de interesse do
indivíduo, é possível notar uma maior motivação para melhora do desempenho
na realização, bem como um maior senso de autoeficácia e empoderamento.
Ao se propor alguma tarefa é importante se ater a instrução verbal, esta
pode ser desafiadora para alguns pacientes. É recomendado que se dê
informações curtas e direcionadas, com tempo suficiente para que ele consiga
processar a informação. A possibilidade de utilizar suporte visual é uma prática
baseada em evidência e auxilia na independência funcional por fornecer
previsibilidade.
A utilização de estratégias adequadas de estimulação para cada caso,
auxilia de maneira positiva visando o processo de plasticidade neural e
consequentemente o aprendizado.

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Referências Bibliográficas

SATO P. F.; MERCADANTE M. T. A Clínica Psiquiátrica: Transtornos


Invasivos do Desenvolvimento, (1085- 1093), 2011.

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