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AVALIANDO A COGNIÇÃO
Perguntas-chave:
1- Existe esquecimento? A percepção do familiar e do idoso é diferente?
2- Esse esquecimento vem piorando com o tempo?
3- Por causa da memória o idoso deixou de fazer atividades que desempenhava
anteriormente?
4- Qual o tipo de esquecimento? Qual memória está sendo afetada: memória de
trabalho (tarefas/atividades) ou memória episódica (fatos/acontecimentos)?
Memória de trabalho é um esquecimento da memória atual. Muito frequente em
pessoas ansiosas, deprimidas, que não dormem bem ou que fazem várias coisas
ao mesmo tempo. Já o esquecimento da memória episódica tem a ver com fatos,
com memórias de episódios da vida da pessoa. São esquecimentos do quando. A
pessoa esquece o que comeu, aonde foi no dia anterior, recados que recebeu etc.
Um esquecimento percebido mais pelo familiar que pelo paciente, que piora com
o tempo, com comprometimento de memória episódica e que piora a
funcionalidade precisa ser mais bem investigado, pois essas são as
características do esquecimento por um quadro demencial. Assim, será preciso
aplicar testes mais apurados para melhor avaliação.
Tais testes são úteis para o diagnóstico de declínio cognitivo, não sendo
específicos para o diagnóstico de demência. Podem estar alterados nas outras
causas de incapacidade cognitiva, como na depressão, delirium e doença mental,
como vimos acima.
AVALIANDO O HUMOR
Avaliação da Mobilidade
A mobilidade é fundamental para a execução das decisões tomadas (independência),
sendo responsável pelo deslocamento do indivíduo e manipulação do meio.
No modelo multidimensional do idoso, a mobilidade é constituída de quatro
subsistemas:
alcance;
preensão e pinça-marcha;
postura e transferência-capacidade aeróbica/muscular;
continência esfincteriana.
A imobilidade pode ser classificada como completa ou parcial (ou grau V),
tendo a imobilidade parcial vários graus (I, II, III, IV). A descrição dos
respectivos graus de imobilidade são apresentados na Figura abaixo.
(Moraes e Moraes, 2016)
A avaliação da marcha e postura deve ser realizada rotineiramente no idoso
com o objetivo de prevenção de quedas e manutenção ou recuperação da sua
independência.
Diante de um idoso com relato de quedas, é essencial avaliar os fatores de
risco para quedas, com vistas à resolução ou pelo menos redução do risco de
novas quedas.
Fatores de risco:
✥ fraqueza muscular;
✥ déficit visual;
✥ limitação da mobilidade por doença musculoesquelética;
✥ incapacidade cognitiva: demência ou depressão;
✥ presença de hipotensão ortostática;
✥ comprometimento em AVDs;
✥ interação medicamentosa.
Teste do Sussuro
O teste do sussurro avalia a compreensão de sons de baixa intensidade (30 dB) e alta
frequência.
O examinador deve permanecer de pé, fora do alcance do campo visual do paciente, a
uma distância equivalente ao comprimento do braço do paciente estendido (30 cm), a
fim de evitar a leitura labial.
O examinador sussurra, enquanto, gentilmente, comprime e massageia o trágus da
orelha contralateral. Após uma expiração completa, o examinador sussurra um conjunto
de três letras/números (“5, B, 6”), selecionados aleatoriamente, ou alternativamente
perguntas aleatórias.
Cada ouvido é testado individualmente e com combinações diferentes. O teste é
considerado positivo caso o paciente não consiga repetir corretamente o conjunto de três
letras/números ou responder adequadamente às perguntas realizadas.
Caso positivo, excluída a possibilidade de tampão de cerúmen pela otoscopia, o paciente
deverá ser submetido à audiometria, exceto se não concordar com o uso de prótese
auditiva.
Fala: Neste item, avaliamos a voz, a produção linguística (fala, escrita e gestos)
e a deglutição/mastigação. Nesse contexto, é importante avaliar a presença de
disfagia/engasgos. O comprometimento da visão, audição ou fala capaz de
prejudicar a interação do indivíduo com o meio é chamado de incapacidade
comunicativa.
Sistemas fisiológicos
Após a avaliação dos sistemas funcionais, é necessário fazer a avaliação dos
sistemas fisiológicos.
Avaliação Nutricional
Para a triagem de risco nutricional no idoso, a Caderneta de Saúde da Pessoa
Idosa traz além do acompanhamento dos dados antropométricos (item 2.5), uma
questão específica sobre perda de peso não intencional e questões
complementares sobre hábitos alimentares da pessoa (item 2.11).
A triagem do risco nutricional e seu adequado registro na Caderneta de Saúde
da Pessoa Idosa é fundamental para a prevenção ou identificação/manejo
precoces de estados nutricionais alterados.
Alguns aspectos comumente encontrados no acompanhamento de pessoas
idosas podem contribuir para o seu risco nutricional, demandando atenção dos
profissionais de saúde:
✥ perda da autonomia para comprar os alimentos, inclusive financeira;
✥ perda da capacidade/autonomia para preparar os alimentos e para
alimentar-se;
✥ perda de apetite e diminuição da sensação de sede e da percepção
da temperatura dos alimento;
✥ perda parcial ou total da visão que dificulte a seleção, preparo e
consumo dos alimentos;
✥ perda ou redução da capacidade olfativa, interferindo no seu apetite;
✥ algum motivo que a faça restringir determinados tipos de alimentos,
como dietas para perda de peso, diabetes, hipertensão,
hipercolesterolemia;
✥ alterações de peso recentes;
✥ dificuldade de mastigação por lesão oral, uso de prótese dentária ou
problemas digestivos.
1º passo: faça três refeições ao dia (café da manhã, almoço e jantar) e, caso necessite de mais,
faça outras refeições nos intervalos.
2º passo: dê preferência aos grãos integrais e aos alimentos em sua forma mais natural.
3º passo: inclua frutas, legumes e verduras em todas as refeições ao longo do dia.
5º passo: lembre-se de incluir carnes, aves, peixes ou ovos e leite e derivados em pelo menos
uma refeição durante o dia.
6º passo: use pouca quantidade de óleos, gorduras, açúcar e sal no preparo dos alimentos.
7º passo: beba água mesmo sem sentir sede, de preferência nos intervalos entre as refeições.
9º passo: fique atento(a) às informações nutricionais disponíveis nos rótulos dos produtos
processados e ultraprocessados para favorecer a escolha de produtos alimentícios mais
saudáveis.
Sempre pergunte a hora que o idoso se deita, pois muitos idosos possuem o hábito de
dormir muito cedo, o que faz com que acordem bem mais cedo também. Isso pode levar
a família a pensar em insônia, quando, na verdade, o tempo de sono está normal. Por
exemplo, um idoso que se deita às 20 h e acorda às 2h da manhã teve 6h de sono.
Lembre-se de que situações de ansiedade, depressão e acontecimentos importantes da
vida comumente afetam os hábitos ou a higiene do sono.
Todos os sistemas fisiológicos deverão ser avaliados, principalmente para reconhecer as
doenças mais frequentes nos idosos.
É importante que essa avaliação seja feita de maneira integral, considerando o paciente
e não somente suas comorbidades. A avaliação multidimensional é, por essência, uma
avaliação integral, que considera as mais diferentes dimensões da vida das pessoas
idosas, reconhecendo que a saúde é um conceito muito mais amplo que o controle de
doenças.
Por último, precisamos estar sempre atentos à iatrogenia, que muitas vezes é a grande
causa das incapacidades do idoso. Muitas vezes, a simples retirada de medicação
indevida pode resultar em melhora da funcionalidade.