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Política Nacional de transformar em um grande aliado da gestão

(Brasil, 2013c).
 Princípios e diretrizes da PNH
 Desafios Humanização
Os princípios se baseiam em orientações clínicas,
ética e políticas, procurando não apenas se
restringirem ao campo
→ Unidade I

 Listas de siglas
SUS- Sistema Único de Saúde
PNH- Política Nacional de Humanização
Biológico, mas também reconhecem os direitos
 Debate
das pessoas de poder participar em todos os
O desenvolvimento científico e tecnológico tem processos que dizem respeito a sua vida
oferecido, para a sociedade, uma série de relacionada ao serviço de saúde (Brasil, 2013c,
benefícios ( e também alguns prejuízos). A 2016).
verdade é que ainda não sabemos lidar com
algumas questões oriundas desse avanço. A
humanização da saúde vem sendo muito debatida, // Princípios //
é um tema que aborda questões de retomada de
valores éticos e morais na assistência atual. Em _ Transversalidade
virtude disso o que acha: é realmente necessário Esse princípio deve perpassar todas as políticas e
humanizar a assistência? programas do sus. A transversalidade reconhece
que todas as áreas devem ser permitidas a
 Política Nacional de Humanização do
conversa com os usuários, ouvindo-os, deixando
SUS
sua vivência fazer parte do processo, isto é, o
O ministério da Saúde, em 2003, instituiu a PNH profissional de saúde deve considerar os relatos de
no atendimento prestado à população vidaa do usuário, e não somente fazer uso do seu
(amplamente conhecida como HumanizaSUS), conhecimento técnico-científico.
com a finalidade de colocar em prática o princípio
- Indissociabilidade entre atenção e gestão
da transversalidade, lançando mão de ferramentas
e dispositivos para consolidar redes, vínculos e Pressupões que os modos de cuidar sejam
corresponsabilização entre todos os entes que inseparáveis dos modos de gerir e se apropriar do
participam da rede de assistência, procurando trabalho. Propões a inclusão de todos os sujeitos
articular ações na busca da garantia de atenção nos processos de produção de saúde, de modo que
integral, ao mesmo tempo resolutiva e de forma sejam capazes de viabilizar mudanças na gestão,
humanizada (Brasil,2009b, 2013c). aumentar o grau de comunicação, afirmar a
indissociabilidade entre a gestão, atenção e a
Humanizar no contexto dos serviços de saúde
corresponsabilização dos atores desse processo:
significa incluir trabalhadores, usuários e gestores
gestores, usuários e trabalhadores.
no processo de gestão e do cuidado. Para isso, é
fundamental construir, de forma coletiva e O objetivo é ajudar os coletivos organizados na
compartilhada mudanças necessárias, por meio produção e na articulação de arranjos, pactos e
das quais os trabalhadores possam reinventar o ações concretas, capazes de viabilizar mudanças
seu processo de trabalho, do qual o usuário possa na gestão, indispensáveis para que haja também
tomar parte, decidindo sobre o seu cuidado e mudanças nos modos de atenção à saúde
participando da gestão da unidade, tendo liberdade (Campos, 2003)
para inclusão da sua rede sócio-familiar durante o
processo do cuidar, e, assim, ser A gestão das unidades de saúde que cada usuário
corresponsabilizado pelo cuidado que lhe é frequenta e onde cada trabalhador desenvolve seu
prestado. E, todo esse processo pode se trabalho deve ser do domínio de ambos,
favorecendo o engajamento deles no processo de
gestão e no processo de cuidar, reconhecendo as
dificuldades da rede e buscando, juntos, com Ministério da saúde recomenda a participação nos
corresponsabilidade, solução para os problemas do colegiados gestores, mesas de negociação, câmara
dia-a-dia da unidade. (Campos, 2003) técnica de humanização, grupos de trabalhos,
gerência DE PORTA ABERTA, OU SEJA,
- Protagonismo, corresponsabilidade e autonomia DEVEM SER BUSCADAS ALTERNATIVAS
dos sujeitos e coletivos QUE POSSIBILITEM A PARTICIPAÇÃO DE
Esse princípio permite que a população se insira FORMA JUSTA E QUE TRAGAM A
de forma a decidir quais os serviços que devem EQUIDADE AO PROCESSO.
ser implantados a partir das suas necessidades e as - Ambiência
áreas prioritárias, sem, contudo, deixar de
valorizar o saber adquirido e especializado dos Na saúde compreende o espaço físico, social,
trabalhadores as saúde, bem como considerar as profissional e de relações interpessoais que deve
peculiaridades da gestão da rede de assistência à estar em sintonia com um projeto voltado para a
saúde (Brasil, 2013c, 2016) atenção acolhedora, resolutiva e humana.
Neste sentido o protagonismo social entra com o Baseia-se na transversalidade e indissociabilidade
objetivo de desenvolver autonomia e da atenção e gestão, de projetos cogeridos de
autodeterminação na elaboração e condução de ambiência como um dispositivo para contribuir na
projetos terapêuticos principalmente pelos mudança das relações de trabalho. Norteada por 3
próprios usuários. eixos principais relacionados ao espaço (Brasil,
2010ª)
// Diretrizes //
Confortabilidade;
- Acolhimento Ferramenta facilitadora do processo de trabalho;
Diretriz da PNH, que independente de local, hora Encontros entre sujeitos.
ou profissional específico para fazê-lo, pois faz
parte de todos os encontros do serviço de saúde.
A ambiência, isoladamente, não altera o processo
Trata-se de uma postura ética que implica:
de trabalho, mas pode ser uma ferramenta para as
A escuta do usuário em suas queixas; mudanças, através da coprodução dos espaços
O reconhecimento do protagonismo do usuário no aspirados pelos profissionais de saúde e usuários,
processo de saúde e adoecimento; com funcionalidade, possibilidades de
A responsabilidade pela resolução do problema; flexibilidade, garantia de biossegurança,
A ativação de redes de compartilhamento de prevenção de acidentes biológicos e com arranjos
saberes. que favoreçam o processo de trabalho (Brasil,
2010ª)
Ou seja, acolher é um compromisso de resposta às
- Clínica ampliada e compartilhada
necessidades dos cidadãos que procuram os
serviços de saúde (Brasil,2008) Esse conceito além de assistência propriamente
dita, busca a integração entre todos os
É necessário realizar a escuta qualificada das
participantes, trabalhadores, gestores e usuários,
razões que levaram o usuário a procurar o serviço
estando o usuário na centralidade do processo.
de saúde, bem como oportunizar o atendimento
das necessidades que ele apresenta, além de - Valorização do trabalhador
facilitar o acesso às tecnologias necessárias para a
resolução do seu problema. É uma forma de Isso é possível com programas de formação em
assegurar que todos sejam atendidos dentro das saúde e trabalho, com intervenções que incluam o
prioridades e riscos de cada um, baseando-se diálogo com a comunidade, com análise dos
sempre nos princípios de equidade e buscando problemas que enfrenta, realizando pactuações
atender às peculiaridades de cada caso, a fim de com os gestores e com o grupo de trabalhadores
diminuir os riscos e complicações. sobre como as ações devem ser conduzidas. É
importante fazer com que os trabalhadores se
- Gestão participativa e cogestão tornem protagonistas dentro do processo, e não
meros executores de políticas ou planejamentos
Uma boa gestão participativa deve permitir a
realizados em outro nível.
inclusão de todos os entes (trabalhadores, gestores
e usuários) nos espaços coletivos de gestão. O - Defesa dos direitos dos usuários
Os usuários possuem direitos já garantidos por lei. modalidades de serviços para atenderem as
Eles têm direito, inclusive, a conhecer o seu necessidades de saúde de modo integral.
tratamento e também sobre o compartilhamento
dos seus problemas com outras pessoas. O acolhimento inicial conta com avaliação de
riscos e vulnerabilidades, deve ser encarado como
Os dispositivos são as diversas formas de uma mudança de postura na relação entre
organizar o trabalho, pautados nas diretrizes, de profissionais e usuários, um dispositivo orientador
modo que permitem a experimentação do cuidado. da atenção e produção de saúde.
Os exemplos a seguir, mostram que as diretrizes e
os dispositivos são desdobrados na PNH (Brasil, // Modelagens de acolhimento //
2014) -Acolhimento realizado pela equipe referência DO
Diretrizes Dispositivos usuário
Acolhimento Acolhimento com
Cogestão e gestão classificação de risco
1. Usuário chega ao serviço como demanda
participativa Equipe referência espontânea;
Clínica ampliada Apoio matricial
Projeto terapêutico singular 2. É direcionado para a equipe da unidade de
(PTS) saúde;
3. O enfermeiro organiza a agenda do dia para que
 Acolhimento à demanda espontânea o usuário da demanda espontânea SEJA
NA Atenção Básica ATENDIDO PRIMEIRAMENTE, POR ELE,
ATÉ UM CERTO HORÁRIO;
O que se observa nos serviços que atendem
apenas demanda espontânea é que, na maioria das 4. Após esse tempo predeterminado, o enfermeiro
vezes, a própria população resolve seus problemas retorna a suas atividades agendadas para aquele
de saúde, de forma imediata. Nesse modelo, o dia, e o médico fica na retaguarda para os casos
indivíduo define o que é urgência dentro do seu agudos que surgirem;
ponto de vista e cria os caminhos a percorrer na 5. Após escuta da demanda espontânea, o
rede de serviços de saúde de acordo com as atendimento usual volta a acontecer, e, então, a
necessidades. próxima escuta fica a cargo do técnico de
Significa dizer que, embora a Atenção Básica seja enfermagem, tendo o enfermeiro e o médico na
considerada uma das principais portas de entrada retaguarda.
do sistema de saúde, as emergências e prontos- A grande vantagem dessa modelagem é a
socorros em todo Brasil ainda funcionam como vinculação e responsabilização da equipe com o
portas de entrada do sistema, por operarem de usuário, gerando confiança. Desvantagem é a
forma ininterrupta nas 24h, na maioria dos dificuldade de conciliação com as outras
serviços com demanda espontânea, e por atividades da unidade, como visitas domiciliares e
possibilitarem respostas efetivas aos usuários que atividades programadas.
os procuram, mesmo quando, na maioria das
vezes, encontram-se superlotados (Brasil, 2013ª) - Equipe de acolhimento do dia
Os serviços de urgência realizam a classificação Funciona onde existe mais de uma equipe. As
de risco, uma maneira de qualificar o atendimento mesmas podem se revezar para realizar o
pela gravidade e não pela ordem de chegada, acolhimento em dias definidos. O enfermeiro e o
atendendo a todos e definindo o tempo de técnico da equipe, que ficam escalados para
atendimento de acordo com a necessidade de cada determinado dia, ficam na linha de frente na
um. primeira escuta, e o médico fica na retaguarda
para todos os casos, a não ser que a demanda seja
A Atenção Básica tem participação importante nas muito grande e necessite da ajuda de outra equipe.
redes de Atenção à saúde pela possibilidade de Caso isso não aconteça, as outras equipes
criar vínculo com os usuários e pela sua continuam a realizar suas atividades habituais.
responsabilidade e atuação na realização de ações
coletivas de promoção e prevenção no território, Vantagem: não é necessário alterar as agendas das
no cuidado individual e familiar, oferecendo outras equipes.
serviços com maior grau de descentralização e
capilaridade, que, por vezes, perpassam outras
Desvantagens: menor responsabilização e vínculo andando, sem sinais visíveis de problemas físicos,
da equipe com a população adscrita e sobrecarga mas muito angustiado, pode estar mais
para a equipe que está escalada no dia. necessitado de atendimento e com maior grau de
risco e vulnerabilidade do que outros pacientes
- Acolhimento misto aparentemente mais necessitados.
Cada equipe fica atendendo à demanda A avaliação de risco busca:
espontânea de sua área de referência até um certo Acolher e identificar os usuários que necessitam
horário ou até uma certa quantidade de de tratamento imediato;
atendimento acordada entre equipes. O enfermeiro Basear o atendimento no potencial de risco e
atende, e o médico fica para os casos agudos. A sofrimento do usuário;
partir do horário combinado para a volta das Deixar para trás o atendimento por ordem de
atividades agendadas, ou do momento que chegada e organizar o fluxo de atendimento
ultrapasse o quantitativo anteriormente estipulado, conforme as necessidades apresentadas pelo
um enfermeiro que fica escalado exclusivamente usuário.
para esses atendimentos para a atender a demanda
espontânea, e um médico exclusivo para os Deve-se organizar o atendimento dos usuários de
atendimentos dos casos agudos que ultrapassaram acordo com as prioridades clínicas de cada um,
a quantidade estipuladas pela equipe. É feito considerando suas peculiaridades e
rodizio entre esses profissionais que cobrem esses vulnerabilidades.
horários para cada dia. Esse modelo requer
comunicação e entrosamento entre as equipes e É de fundamental importância que o serviço de
gerenciamento das agendas. Atenção Básica acolha a escuta do usuário, discuta
com o restante da equipe o problema, leve-o para a
- Acolhimento coletivo gestão ter conhecimento, problematize, só assim as
soluções podem ser efetivas, sempre colocando o
Ocorre com todos reunidos em um mesmo
usuário como o centro da questão, e não o próprio
ambiente serviço ou as dificuldades.
Vantagem: envolvimento de toda a equipe na
primeira escuta. É como se fosse uma grande É necessário, também, realizar escuta de forma
triagem ampliada. Diferentemente do que ocorre nos
serviços de urgência, que os tempos devem ser
Desvantagem: ausência DE PRIVACIDADE, rigorosamente respeitados, na Atenção Básica, é
DIFICULDADE PARA AVALIAÇÃO DOS necessária uma escuta de forma ampliada,
RISCOS E VULNERABILIDADES. reconhecendo os riscos e vulnerabilidades para o
A ESCOLHA DA MODELAGEM DO acionamento de intervenções (BRASIL, 2013b).
ACOLHIMENTO VAI DEPENDER DE CADA
LUGAR E DE CADA GRUPO DE TRABALHO,  Avaliação de risco e vulnerabilidades
MAS A MELHOR ESCOLHA SERÁ AQUELA em situações de urgência E
QUE ATENDERÁ às necessidades da população EMERGENCIA
e as equipes que são responsáveis. Nas urgências existem protocolos rigorosos e
fáceis de executar, desde que o profissional esteja
 Avaliação de risco e vulnerabilidades treinado para tal.
Diversas estratégias podem ser adotadas para
A avaliação de risco e vulnerabilidades traz o melhorar o acesso dos usuários à unidade de
acolhimento como dispositivo técnico-assistencial saúde. A classificação de Manchester é
que permite a reflexão e a mudança dos modos de regularmente a mais usada. Fundamenta-se em
operar a assistência, pois questiona a reflexão prioridades clínicas para garantir um atendimento
clínica no trabalho em saúde, os modelos de adequado e equânime (BBrasil, 2013c)
atenção e gestão, e as relações de acesso aos Foi inicialmente direcionada para serviços de
serviços. Na avaliação de risco e de pronto-socorro, mas é possível adaptar nas
vulnerabilidades, não podem ser desconsideradas unidades básicas de saúde e USF de forma
as percepções do usuário (e de sua rede social) singularizada.
acerca do seu processo de adoecimento.
Avaliar os riscos e as vulnerabilidades implica Modelo de Classificação de demanda espontânea
estar atento ao grau de sofrimento físico quanto na Atenção Básica:
psíquico, pois, muitas vezes o usuário que chega
// Classificaçã0 → Situação possível

Atendimento imediato Alto risco de vida,


necessita de intervenção da
equipe no mesmo momento,
exige presença do médico

Atendimento prioritário Risco de vida


moderado, necessita de
intervenção breve da equipe
Ofertar, inicialmente medidas de
conforto

Atendimento no dia Risco baixo, situação


que precisa ser manejada no
mesmo dia pela equipe.
Requer
atendimento/orientações
específicas

Agendamento Situação não aguda. Podem


ser inclusas em ações
programáticas, agendamento
de consultas conforme
necessidades e tempo
Oportuno, orientação específicas
e/ou sobre as ofertas da
unidade.

As ferramentas para avaliação dos riscos e


vulnerabilidade ajudam a corrigir as injustiças e
tentam realizar um atendimento mais equitativo,
observando as situações diferentes com “olhos
diferentes”.

O acolhimento na Atenção Básica, principalmente


para situações de urgência e emergência, objetiva
identificar as necessidades de saúde dos usuários e
compreender que qualquer demanda deve ser
amparada, ouvida, problematizada e reconhecida
como verdadeira.

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