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Urgência e emergência no SUS: UNH- Unidades não-hospitalares

 Desafios História e marcos legais


→ Unidade I
 História da estruturação da Atenção às
urgências no Brasil
 Listas de siglas
A história da estruturação da atenção a urgência
ACLS- Advanced Cardiac Life Support no Brasil começa com a história do sistema de
ATLS- Advanced life trauma support saúde brasileiro, que nasceu concomitantemente à
previdência Social. Desde a chegada dos
APS- Atenção primária à saúde Portugueses no Brasil, até a instalação do império,
não se dispunha de nenhum modelo de atenção à
APH – Atendimento pré-Hospitalar saúde da população, não havia nem mesmo o
BLS – Basic Life support interesse, por meio do governo colonizador
(Portugal), em cria-lo.
COSEMS- Conselho de secretarias municipais de
saúde Década de 20- Criação das primeiras unidades
hospitalares
UNHAUE - Unidade não-hospitalares de
atendimento às urgências e emergências Antes da década de 20, a organização da
assistência hospitalar geral estava a cargo da
DERSA- Desenvolvimento rodoviário S.A. irmandade da misericórdia, em São Paulo. Então,
a década de 20 significou, entre outras coisas, um
HUES – Hospitais universitários de ensino
marco em que o estado dá os primeiros passos na
NOAS- Normas operacionais de assistência à direção daa organização da assistência hospitalar
saúde com a criação do primeiro hospital a ser
construído, o Hospital São Francisco de Assis, no
NOB’s- Normas operacionais básicas Rio de Janeiro – 1922, instalado em um antigo
NEU – Núcleo de educação em urgências asilo de medicidade.

OMS- Organização mundial de saúde Neste período também foram criados no Rio de
Janeiro:
OPAS- Organização Pan-americana da Saúde
→ Abrigo –Hospital Arthur Bernarddes, para
PPA- Plano de pronta ação crianças, localizados em um hotel (1924)
PDR – Plano diretor de regionalização → Hospital Pedro II, localizado em uma antiga
PNRMAV- Política Nacional de Redução da escola e destinado aos casos de maláriaa.
mortalidade dos acidentes e violência → Hospital Gaffrée e Guinle ( 1924-1934)
Pu’s- Postos de urgência → Hospital e instituto do câncer ( 1927-1934)
PEET – Programa de enfrentamento ÀS Hospital de Clínicas Arthur Bernardes, da
emergências e traumas Faculdade de Medicina (1926-1934)
RAS- Rede de atenção à saúde 1932- Criação do Socorro Médico
SAMDU- Serviço de assistência médica Logo após a implantação do modelo de
domiciliar e de urgência previdência SOCIAL NO Brasil, foi instituído o
SAMU- Serviço de atendimento móvel de socorro médico apenas para beneficiários das
urgência Caixas de Aposentadorias e Pensões, através do
Decreto nº 22.016, de 26 de outubro de 1932
SAUE- Sistemas de atenção as urgências e (BRASIL,1932)
emergências
1949 – Implantação do SAMDU Ainda no âmbito da previdência social, houve a
desburocratização do atendimento nos casos de
Em 1949, foi implantado o serviço de assistência emergência, com a aprovação do plano de pronta
médica domiciliar e de urgência (SAMDU), por ação (PPA), em 1974, ou seja, a universalização
meio do Decreto nº 27.664 de 30 de dezembro de dos atendimentos de urgência. Então, pela
1949, mantido por todos os institutos e as caixas primeira vez após a extinção do SAMDU, que
ainda remanescentes, vinculados ao Ministério do ocorreu em 1967, a previdência social admitia o
Trabalho (BRASIL,1949) uso de seus recursos no atendimento universal
Mas, foi com a aprovação do decreto nº 46.349, (Mercante et al., 2002; Oliveira; Teixeira, 1989).
em 3 de julho de 1959, que ocorreu a A Lei nº6.229, de 17 de julho de 1975,
regulamentação da finalidade do SAMDU em estabeleceu a criação do Sistema Nacional de
prestar assistência médica de urgência, em Saúde. Tal lei responsabiliza os municípios na
ambulatórios, hospitais, em domicílio ou local de prestação de serviços de urgência e estimulava a
trabalho, e esse serviço era mantido por todos os criação de novos métodos terapêuticos e novas
institutos e as caixas ainda remanescentes modalidades de prestação de assistência, com
(Brasil,1959; Polignano,2001) recursos financeiros da previdência social
Nesse período, foram construídos Postos de (Brasil,1975)
Urgências (PU’s) acoplados aos ambulatórios, Nesse período, foi reintroduzido o Atendimento
cuja demanda era feita via rádio aos Pus, como pré-hospitalar (APH) móvel, e houve uma grande
também foram implantados SAMDU nos estados distribuição de ambulâncias por parte da
do Rio de Janeiro, São Paulo, Rio Grande do Sul, previdência social, neste momento a função
Pará, Pernambuco, Piauí e Ceará (Mendes,2001) transporte era executada independentemente do
O SAMDU prestava assistência somente aos estado do paciente e os carros não eram
beneficiários das caixas de aposentadorias e adequados.
pensões. Os trabalhadores que não dispunham de Destaca-se, nessa época, a implantação do APH
carteira de trabalho assinada eram considerados “à móvel nos moldes do SAMDU pela secretaria
margem do sistema”, mas podiam utilizar o Municipal de São Paulo (Serviço conhecido como
SAMDU mediante contribuição fixada em tabela “192”) e pela secretaria municipal do Rio de
(Brasil,1959; Castro,2002) Janeiro.
A atuação importante do SAMDU era a Na perspectiva de novas modalidades de prestação
assistência aos pacientes (previdenciários ou seus de assistência e por meio da DERSA
dependentes) com doenças crônicas (diabetes, (Desenvolvimento Rodoviário SA), surgiu o
insuficiência cardíaca e obstrução urinária). Eles “Sistema de ajuda ao usuário”, nas rodovias, sob
eram acompanhados mediante visitas domiciliares sua jurisdição. O serviço oferecido tinha como
regulares (Mendes, 2001). característica o posicionamento de uma
Em 1967, os IAPs, o SAMDU e a ambulância tripulada por um motorista e a
superintendência dos serviço reabilitação da presença de um atendente de primeiros socorros
previdência social foram incorporados ao instituto treinado, sob supervisão de médicos. Era mantido
de previdência SOCIAL (inps). A CRIAÇÃO DO com a arrecadação dos pedágios e com recursos da
inps CRIOU AS CONDIÇÕES PARA Previdência Social (Okumura, 1989;
IMPLANTAÇÃO DE UM MODELO DE Serviços...,2001)
ATENÇÃO À SAÚDE CENTRADA NA
ASSISTÊNCIA MÉDICA, COM PRÁTICAS
CURATIVAS VOLTADAS AO COMPLEXO
MÉDICO-HOSPITALAR. A LÓGICA ERA
CONSTRUIR HOSPITAIS E CONTRATAR
SERVIÇOS HOSPITALARES PRIVADOS
(Brasil,1949,1959,1975; Mendes, 2001;
Mercadante et al.,2002; Oliveira; Teixeira,1989).
1975 – Criação do Sistema nacional de saúde e
implementação do APH móvel
No âmbito hospitalar, destacaram-se, na década de A lei nº 8080/90 previa como atribuições comuns
70, a criação do plantão médico administrativo e à união, aos estados e ao município a
os critérios de atendimento de urgência responsabilidade com as emergências
estabelecidos pelo pronto-socorro do Hospital das (Brasil,1990).
clínicas de São Paulo, para diminuir o
congestionamento desse pronto-socorro. Essa Então, de um lado, os estados brasileiros
operação demandou aliança com vários hospitais expandiram seus serviços de APH móvel por meio
da região metropolitana, de forma que ao Hospital dos bombeiros (executados exclusivamente por
de Clínica pode ser atribuída a execução da socorristas ou por profissionais de saúde e
primeira instância reguladora da transferência socorristas); do outro, os municípios expandiram
entre hospitais para cuidados de seus serviços no modelo do SAMDU (executados
urgência/emergência no Brasil (GUI,2002) por profissionais de Saúde), agora vinculados a
uma central de regulação de urgência.
1989 – Implantação da Regulação médica no
Uma característica importante é que esses serviços
APH móvel
prestavam atenção às urgências de forma
Em 1989, foi realizado um convênio de dissociada e isolada; cada um restringia-se a
cooperação técnica para a implantação de centrais cumprir o seu papel. Prontos-socorros e o APH
de regulação médica nos municípios que móvel eram a única porta de entrada no Sistema
dispunham de APH móvel, nos moldes do de atenção à saúde.
SAMDU, que funcionavam com o número “192”
(Silva et al.,2010).
De um lado, o governo federal estimulou novos  O que aconteceu na área de urgência e
métodos terapêuticos e novas modalidades de emergência após a criação do sus?
prestação de assistência; e, de outro, “aparelhou os Entre os anos de 1920 e 1980, houve dois tipos de
municípios com equipamentos, ambulâncias com modelo de atenção à saúde: um de saúde pública e
perfil de terapia intensiva e contratos de médicos e outro previdenciário. Esse último, promovia uma
enfermeiros treinados” (Brasil,1975; Lopes; vinculação entre a obtenção dos direitos e a
Fernandes,1999; Scarpelini, 2007). carteira assinada, a qual Wanderley Guilherme
Ainda na década de 1980, surgiu a proposta de um dos Santos chamou de “Cidadania regulada”
sistema de referência para o encaminhamento dos (Mansur,2001).
acidentados aos locais próximos das ocorrências, Entretanto, com o aumento da mortalidade por
estabelecendo, pela primeira vez, uma proposta de acidentes e violência, na década de 1980, a União,
territorialização e integração dos serviços de por meio do Ministério da Saúde (MS), em 1990,
atendimento imediato e de internação. Essa implantou o Programa de Enfrentamento às
proposta foi elaborada por representantes do emergências e traumas (PEET), cujo objetivo era
Pronto-Socorro do Hospital das Clínicas, da reduzir a incidência e a morbimortalidade por
Secretaria de Higiene e Saúde do município de causas externas.
São Paulo, do Hospital Heliópolis e da Santa Cada
da misericórdia de São Paulo (Ferreira, 1999). Em 1994 e 1997, o MS, considerando a situação
crítica dos atendimentos de urgência/Emergência,
1988 até os dias atuais – SUS o alto custo operacional dos referidos serviços e a
incidência de lesões por causas externas, resolveu
A partir da implantação do SUS, concebido pela
(Brasil, 1994ª, 1995, 1997):
Constituição de 1988 como um Conjunto de ações
e serviços de saúde, prestados por órgãos e - Criar o código de atendimento específico em
instituições públicas federais, estaduais e urgência e emergência;
municipais, da administração direta e indireta e
das fundações mantidas pelo poder público, com - Instituir o índice de valorização hospitalar para
participação da iniciativa privada em caráter atendimentos de urgência e emergência;
complementar, surge a Lei nº 8080 de 19 de - Instituir o internamento na área de urgência e
setembro de 1990, que instituiu as condições para emergência.
a promoção, a proteção e a recuperação da saúde,
bem como a organização e o funcionamento dos Em 1998, reconheceu a carência dos serviços na
serviços correspondentes e deu outra providência área de atendimento as urgências e emergências
(Brasil, 1990,2001ª). nos grandes centros urbanos; a necessidade de
organizar e hierarquizar os serviços de assistência PERÍODO, FORAM POSSÍVEIS PORQUE AS
as urgências e emergências e, então, instituiu o Normas Operacionais Básicas (NOBS) editadas
Programa de Apoio à implantação dos Sistemas entre os anos de 1991 e 1996 fixaram as seguintes
Estaduais de referência Hospitalar para bases de funcionamento do SUS (Brasil,
atendimento de urgência e emergência, que contou 1991,1993,1996,1998):
com recursos financeiros nas áreas de:
- Pagamento por produção de serviços para órgãos
- Assistência pré-hospitalar; de Governo, mediante a apresentação de faturas
(Esse procedimento, até então comum para os
- Centrais de regulação; prestadores de serviços privados, agora era
- Hospitais referências do Sistema estadual; estendido aos prestadores públicos);

- Hospitais Universitários e de Ensino (HUES) - Definição dos critérios para alocação de


integrados aos sistemas estaduais de referência recursos, condicionando a sua liberação à
hospitalar em atendimentos de urgência e apresentação de planos, programas e projetos
emergências. - Criação de mecanismos de decisão com
Considerando a importância da implantação dos eminente caráter participativo e descentralizador.
sistemas estaduais de referência Hospitalar em Marcos Jurídicos importantes:
atendimento de urgência e emergência e a
necessidade de organização dessa assistência e - Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990
incentivo financeiro nessa área, foi publicada a
Portaria º 479, de 15 de abril de 1999, a qual O artigo 7º da lei nº8.080/90 estabelece que as
instituiu a criação de mecanismos para a ações e serviços públicos de saúde e os serviços
implantação dos sistemas Estaduais de Referência privados contratados ou conveniados que integram
Hospitalar em atendimento de urgência e o sus sejam desenvolvidos de acordo com as
emergência, de acordo com área física e diretrizes previstas, tendo como um dos princípios
instalações, recursos tecnológicos e humanos a utilização da epidemiologia para o
adequados para o atendimento das estabelecimento de prioridades, a alocação de
urgências/emergências (Brasil,199ª) A postaria recursos e a orientação programática
classificava os hospitais em: (Brasil,1990).

- Porte 1: Hospitais especializados de natureza Norma operacional básica do sistema único de


clínica e cirúrgica, nas áreas de pediatria ou saúde (NOB) de 06 de novembro de 1996 (NOB
traumato- ortopedia ou cardiologia 96)

- Porte 2: Hospitais gerais com atendimento geral Institui a Programação Pactuada e Integrada (PPI),
das urgências/emergências de natureza clínica e que envolve as atividades de assistência
cirúrgicas ambulatorial e hospitalar, de vigilância sanitária e
de epidemiologia e controle de doenças,
- Porte 3: Hospitais gerais com atendimento geral constituindo um instrumento essencial de
das urgências/ emergências clínicas, cirúrgicas e reorganização do modelo de atenção e da gestão
traumatológicas e com atribuições de capacitação, do Sus, de alocação dos recursos e de explicitação
aprimoramento e atualização dos recursos do pacto estabelecido entre as três esferas de
humanos envolvidos como a atenção às governo (Castro,2002).
urgências/emergências.
Além disso, ficou determinado que, para integrar
o Sistema estadual de referência hospitalar em
atendimento de urgências e emergências, os
hospitais deveriam participar das centrais de
regulação ou de mecanismos de garantia de
referência. Os maiores incentivos financeiros
seriam distribuídos de acordo com a classificação,
hospitais tipo 3 e, depois, por ordem decrescente.
Os incentivos financeiros na área de atenção às
urgências E EMERGENCIAS, NESSE
A NOB96 orienta que o modelo de atenção à ATUALIZAÇÃO DOS CRITÉRIOS DE
saúde vigente, que concentra sua atenção no caso BABILITAÇÃO DE ESTADOS E MUNICIPIOS.
clínico, na relação individualizada entre o
profissional e o paciente, na intervenção Um dos pontos importantes das NOAS é o que diz
terapêutica armada específica, deve ser associado, respeito ao processo de elaboração do plano
enriquecido, transformado em um modelo de diretor de regionalização (PDR). Coordenado pelo
atenção centrado na qualidade de vida das pessoas gestor estadual e com a participação do conjunto
e do seu meio ambiente, bem como na relação da de municípios, esse plano deve garantir:
equipe de saúde com a comunidade, 1. Acesso dos cidadãos, o mais próximo possível
especialmente, com os seus núcleos sociais de sua residência, a um conjunto de ações e
primários (as famílias). Essa prática, inclusive, serviços vinculados as seguintes responsabilidades
favorece e impulsiona as mudanças globais e Inter mínimas:
setoriais.
- Assistência pré-natal, parto e puerpério;
Programação pactuada e integrada (PPI)
- Acompanhamento do crescimento e
Traduz a responsabilidade de cada município com desenvolvimento infantil;
a garantia de acesso da população aos serviços de
saúde, que pela oferta existente no próprio - Cobertura universal do esquema preconizado
município, quer pelo encaminhamento a outros pelo Programa Nacional de Imunização, para
municípios, sempre por intermédio de relações todas as faixas etárias;
entre gestores municipais, mediadas pelo gestor - Ações de promoção da saúde e prevenção de
estadual. doenças;
Portaria nº824/GM, de 24 de junho de 1999 - Tratamento de intercorrências MAIS COMUNS
A portaria , que aprova o texto de Normatização NA INFANCIA;
de atendimento pré-hospitalar, em seu anexo, - Atendimento de afecções agudas de maior
define normas de atividade médica em nível pré- incidência;
hospitalar com definição; objetivo, regulação
médica das emergências; DEFINIÇÃO DE - Acompanhamento de pessoas com doenças
PROFISSIONAIS, PERFFIL E crônicas de alta prevalência;
COMPETÊNCIAS; CONTEÚDO TÉCNICOE
- Tratamento clínico e cirúrgico de casos de
CIENTÍFICO PARA CAPACITAÇÃO PARA
pequenas urgências ambulatoriais;
INÍCIO DAS ATIVIDADES DOS
PROFISSIONAIS NO aph MÓVEL, COM - Tratamento dos distúrbios mentais e
CARGA HORÁRIA PRÉ ESTABELECIDAS; psicossociais mais frequentes;
NORMAS PARA VEÍCULOS DE
ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR; - Controle de doenças bucais mais comuns;
MATERIAIS E EQUIPAMENTOS DAS - Suprimento/dispensação dos medicamentos da
AMBULÂNCIAS; TRIPULAÇÃO E Farmácia Básica.
TRANSPORTE INTERHOSPITALAR
(Brasil,1999b) 2. O acesso de todos os cidadãos aos serviços
necessários à resolução de seus problemas de
Normas operacionais de assistência à saúde saúde, em qualquer nível de atenção, diretamente
(NOAS), de 27 de fevereiro de 2002) ou mediante o estabelecimento de referências
As NOAS/2002 aparecem com os seguintes intermunicipais.
objetivos:
- Ampliar as responsabilidades dos municípios na ----------------//------------------
Atenção básica;
- Estabelecer o processo de regionalização como
estratégia de hierarquização dos serviços de saúde Considerando a necessidade de criação de uma
e de busca de maior equidade; política Nacional de Atenção integral às
urgências, com a organização de sistemas
- Criar mecanismos para o fortalecimento da regionalizados, regulação médica, hierarquia
capacidade de gestão do sus e proceder à resolutiva e responsabilização sanitária,
universalidade de acesso, integralidade na atenção Os princípios básicos que norteiam a PNRMAV
e equidade na alocação de recursos e ações de são:
Sistema Único de Saúde, de acordo com as
diretrizes gerais do SUS e as NOAS 01/2001, - A saúde constitui um direito humano
foram estabelecidos os princípios e as diretrizes da fundamental e essencial para o desenvolvimento
regulação médica das urgências e da normatização social e econômico;
dos serviços de atendimento pré-hospitalar móvel - O direito E o respeito à VIDA CONFIGURAM
de urgência, já existentes, bem como dos que VALORES ÉTICOS DA CULTURA E DA
viriam a ser criados no país a partir, da portaria nº SAÚDE;
814/gm, de 01 de junho de 2001
(Btasil,2001b,2001c). Também foram definidos os - A PROMOÇÃO DA SAÚDE DEVE
profissionais que comporiam as equipes, oriundos EMBASAR TODOS OS PLANOS,
e não oriundos da saúde, perfil profissional e PROGRAMAS, PROJETOS E ATIVIDADES DE
competências; VEÍCULOS DE aph; REDUÇÃO DA VIOLÊNCIA E DOS
MEDICAMENTOS, MATERIAIS E ACIDENTES.
EQUIPAMENTOS DAS AMBULÂNCIAS. Esta
portaria revogou a portaria nº824/gm, de 24 de
junho de 1999(Brasil,1999) Para atingir os propósitos dessa política, são
estabelecidas as diretrizes que orientarão a
definição ou redefinição dos instrumentos
Sob a luz das NOAS 2001, foi aprovada a Política operacionais para sua implementação,
Nacional de Redução das mortalidades dos representados por planos, programas, projetos e
acidentes e violência (PNRMAV), por meio da atividades. As diretrizes são:
Portaria nº 737, de 16 de maio de 2001, com o - Promoção da adoção de comportamentos e de
objetivo de reduzir a morbimortalidade por ambientes seguros e saudáveis.
acidentes e violência no país, mediante o
desenvolvimento de um conjunto de ações - Monitorização da ocorrência de acidentes e de
articuladas e sistematizadas (Brasil,2001b, violências.
2001d).
- Sistematização, ampliação E consolidação do
A Política estabelece as diretrizes gerais de ambiente pré-hospitalar.
organização das ações de atenção básica
- Assistência interdisciplinar e intersetorial às
qualificada, média e de alta complexidade, por
vítimas de acidentes e de violência
meio do mapeamento das redes de referência em
áreas estratégicas específicas, como gestação de - Estruturação e consolidação do atendimento
alto risco, urgência e emergência, hematoterapia, voltado à recuperação e a reabilitação e
entre outras. Esse tipo de regionalização requer capacitação de recursos humanos.
uma articulação dos gestores municipais sob
coordenação e regulação estadual, para a - Apoio ao desenvolvimento de estudos e
negociação e pactuação de referências pesquisas.
intermunicipais e sua Programação pactuada e ----------------//-----------------
integrada (PPI), além do fortalecimento da
capacidade gestora de Estados e Municípios sob As atribuições do controle, regulação e avaliação
uma nova perspectiva reguladora, de controle e deveriam ser definidas conforme as pactuações
avaliação do sistema. (Brasil,2001d) efetuadas pelos três níveis de governo, bem como
a previa a regulação da assistência por meio da
A PNRMAV assume que os acidentes e violências implantação de complexos reguladores
são eventos, em maior ou menor grau, previsíveis (Brasil,2001b,2002). Mas foi sob a égide da
e preveníveis. O setor saúde, ao incorporar os Portaria nº373, de 27 de fevereiro de 2002, que
temas, assume, de um lado, a sua participação aprovadas as noas 2001/2002, onde nasceram os
com os outros setores de qualidade de vida da primeiros instrumentos que se propuseram a
população; e, de outro, o seu papel específico de organizar, articular e distribuir as ações e serviços
organizar as estratégias de promoção a saúde e de para ampliar o acesso ÀS URGENCIAS NUM
prevenção de doenças e agravos, bem como a PROCESSO DE REGIONALIZAÇÃO,
melhoria das ações relativas à assistência e HIERARQUIZAÇÃO E FORTALECIMENTO
reabilitação. DA CAPACIDADE DE GESTÃO DO SUS,
SENDO UM MARCO NA -Enfatiza a necessidade de capacitar todos os
REESTRUTURAÇÃO DA ATENÇÃO às recursos humanos da rede assistencial de atenção
urgências. (Brasil,2001b,2002ª) às emergências com cursos de habilitação (para
profissionais antes de iniciarem as atividades na
Nesse mesmo ano, foi instituída a Portaria nº área de urgência) e a reabilitação (cursos de
2.048, de 5 de novembro de 2002, que aprovou o recertificação a cada 2 anos) por meio do Núcleo
Regulamento técnico dos sistemas estaduais de de Educação em urgência, cuja criação é indicada
atenção às urgências, que propõe a reestruturação por esse regulamento já com conteúdo e carga-
dos Sistemas Atenção Às urgências e Emergências horária preestabelecidos.
(SAUE) ao estabelecer os critérios e as diretrizes
para a elaboração do Plano Estadual de atenção às - Responsabiliza cada um dos componentes da
urgências, implantação do Núcleo de Educação rede assistencial (inclusive o programa de saúde
em Urgências (NEU) e as normas para da família) por uma determinada parcela da
transferências e transporte inter-hospitalar, bem demanda de urgência, respeitando os limites de
como para organização da rede assistencial. sua complexidade e capacidade de resolução;
- Estabelece composição de equipe de recursos
humanos, classificação dos serviços, área física,
Alguns pontos merecem destaque nesse medicamentos, materiais e equipamentos,
regulamento: estruturação da grade de referência;
-Na estruturação do Sistema Estadual de Urgência - Criar nova nomenclatura e classificação para a
e emergência (SAUE), devem ser feitos área de assistência hospitalar de urgência e
planejamentos de um Plano estadual de emergência;
atendimento as urgências e emergências a partir
do confronto das necessidades sociais em saúde e Recomenda a implantação do acolhimento nas
das urgências com a oferta de serviços existentes, unidades de atendimento das urgências e
tendo em vista a ideia de promoção intersetorial emergências e a “Triagem Classificação de Risco”
de saúde, de forma a manter a autonomia dos (Brasil,2002b)
indivíduos e da comunidade, através das ações de
prevenção das doenças, educação, proteção e
recuperação da saúde e reabilitação dos indivíduos
acometidos por agravos que afetaram, em alguma
medida, sua autonomia;
- Indicação da implantação de salas bases de
estabilização em locais de cazios assistenciais, que
devem ser estruturadas com, no mínimo, o mesmo
material e medicamentos especificados para a
atenção primária em saúde e que devem contar
com a retaguarda ininterrupta de profissional
treinado para o atendimento e a estabilização dos  Política nacional de atenção às
quadros agudos mais frequentes; urgências (PNAU)
- A central de regulação médica de urgência passa Em 2003, foi aprovada a primeira PNAU,
a ser elemento ordenador e orientador dos SEAU, implantada em todas as unidades federadas,
a partir da organização e da qualificação do fluxo respeitadas as competências das três esferas de
de pacientes no sistema, bem como uma porta de gestão (Brasil,2003ª)
comunicação aberta ao público e aos demais
serviços de urgência, através dos números Essa política composta pelos sistemas de atenção
telefônicos: (192,190,193) as urgências estaduais, regionais e municipais,
organizados com o objetivo de:
- Criação de unidades não hospitalares de
atendimento às urgências e emergências de
complexidade intermediária entre unidades
básicas de saúde (UBS), Unidades de saúde da
família (USF) e Unidades hospitalares;
- Garantir a universalidade, equidade e orientar a comunidade sobre como prevenir de
integralidade no atendimento às urgências algum agravo que tem apresentado indicadores
clínicas, cirúrgicas, gineco-obstétrica, preocupantes, entre outros.
psiquiátricas, pediátricas e às causas externas
(traumatismo não intencionais, violência e 2º Eixo estruturante – Organização de redes loco-
suicídios); regionais

-Consubstanciar as diretrizes de regionalização da Organização de redes loco-regionais de atenção às


atenção às urgências; urgências, ENQUANTO ELOS DA CADEIA DE
MANUTENÇÃO DA VIDA: PRÉ-
- Desenvolver estratégias promocionais da HOSPITALAR FIXO E MÓVEL, REDE
qualidade de vida e saúde capazes de prevenir HOSPITALAR E PÓS-HOSPITALAR. Cada
agravos, proteger a vida, educar para a defesa da ponto dessa rede é um elo interligado que forma
saúde e recuperar a saúde; uma cadeia de estabilização, manutenção e
reabilitação de vida na área de urgência
- Fomentar, coordenar e executar projetos
estratégicos de atendimento as necessidades 3º eixo estruturante - Instalação e operação das
coletivas em saúde, de caráter urgente e centrais de regulação médica de urgência
transitório;
Integradas ao complexo regulador da atenção no
-Contribuir para o desenvolvimento de processos e sus (Brasil, 2003ª)
métodos de coleta, análise e organização dos
resultados das ações e serviços de urgência, 4º eixo – Capacitação e educação continuada das
permitindo que a partir de seu desempenho seja equipes
possível uma visão dinâmica do estado de saúde Capacitação e educação continuada das equipes de
da população e do desempenho do SUS em seus saúde de todos os âmbitos da atenção, a partir de
três níveis de gestão; um enfoque estratégico promocional, abarcando
- Integrar o complexo regulador do sus, promover toda a gestão e atenção pré-hospitalar fixa e
intercambio com outros subsistemas de móvel, hospitalar e pós-hospitalar, envolvendo os
informações setoriais, implementando e profissionais de nível superior e os de nível
aperfeiçoando permanentemente a produção de técnico, de acordo com as diretrizes do sus e com
dados e a democratização das informações com a alicerce nos polos de educação permanente em
perspectiva de usá-las para alimentas estratégias saúde (Brasil,2003ª)
promocionais; 5º eixo – Humanização da atenção
- Qualificar a assistência e promover a capacitação Concomitantemente à aprovação da PNAU, foi
continuada das equipes de saúde do SUS na publicada a portaria nº 1.864, de 29 de setembro
atenção às urgências, de acordo com os princípios de 2003, que instituiu o componente pré-
da integralidade e humanização. hospitalar móvel previsto na PNAU por meio da
→ Eixos estruturantes do PNAU implantação de serviços de atendimento móvel de
urgência (SAMU) com suas centrais de regulação
1º Eixo estruturante: Estratégias promocionais de de urgências (192) e seus núcleos de educação em
qualidade de vida emergência em municípios e regiões de todo o
território brasileiro, como primeira etapa da
Buscando identificar os determinantes e
implantação da PNAU (Brasil,2003b)
condicionantes das urgências e por meio de ações
transetoriais de responsabilidade pública, sem -----------------//-----------------
excluir as responsabilidades de toda a sociedade.
A portaria nº1.864 estabeleceu os parâmetros de
Uma excelente maneira para executar as ações cobertura populacional para alocação de
deste eixo é qualificando e articulando a rede na ambulâncias e recursos financeiros, para aquisição
promoção de estratégias que identifiquem os de materiais e equipamentos das ambulâncias,
principais determinantes que geram as urgências, para central de regulação médica e urgência, para
além de trabalhar com os grupos vulneráveis. estruturação de laboratórios de ensino em
Exemplo: desenvolver ações de promoção da procedimentos de saúde e para a capacitação no
saúde e prevenção de violência e acidentes de NEU, e para o acompanhamento e avaliação das
transito, trabalhar a gestão da segurança alimentar, ações do APH móvel por intermédio da
apresentação trimestral de casuística e de (BRASIL, 2002c, 2008a; CONFERÊNCIA
indicadores de desempenho; e responsabilidades NACIONAL DE SAÚDE, 1992).
dos estados na organização da atenção às
Realmente, esse ciclo foi um marco na
urgências. reestruturação da atenção às urgências no Brasil,
Possibilitou que os municípios e estados que mas, como as NOAS estavam pautadas em critérios
possuíssem serviços de APH móvel e central samu de habilitação rígidos para financiamento das ações
em conformidade com a Portaria nº2.048, de 05 de e serviços de saúde, a implementação desse
novembro de 2002, deixassem de apresentar arcabouço jurídico foi bem diversificada em todo o
faturamento de serviços com base nas tabelas do território brasileiro, levando alguns estados e
sistema de informação ambulatorial (SAI/SUS) e municípios a perpetuarem o modelo de atenção às
passassem a ser custeados por meio de repasse urgências centrado nos serviços que funcionavam 24
mensal regular e automático fundo a fundo. horas e hospitais com atenção pontual e
fragmentada.
Também determinou a formalização dos comitês
gestores dos sistemas de atenção as urgências nos Então, podemos sintetizar que o arcabouço jurídico
âmbitos estadual, regional e municipal, com o desse período mostra um avanço na regionalização,
objetivo de monitorar, avaliar e discutir os na reestruturação dos sistemas de atenção às
indicadores produzidos na rede assistencial de urgências e emergências e no enfrentamento das
urgências. Esse período tem uma forte orientação
atenção às urgências e corrigir possíveis
para a construção de banco de dados na área de
distorções nos planos estaduais de atenção às
urgências, com o objetivo de diagnosticar as
urgências.
necessidades das urgências nos territórios sociais
Após a implantação do samu, com suas centrais de para o planejamento estratégico sustentado por
regulação de urgências como primeiro políticas públicas orientadas pela equidade e
componente da PNAU, foram instituídas pelo permeadas pela ideia da promoção intra e
decreto nº5.055, de 27 de abril de 2004, cinco intersetorial da saúde. 
portarias ministrais: Três características inovadoras foram fundamentais
na área de urgências e emergências (BRASIL,
 Portaria nº 1.828, de 02 de setembro de 2002b):
2004; (BRASIL, 2004b)
 Portaria nº 1.927, de 15 de setembro de 1º Aprovação tanto do regulamento técnico dos
2004; (BRASIL, 2004c) sistemas de atenção as urgências e emergências
 Portaria nº 1.929, de 15 de setembro de quanto da primeira política nacional de atenção as
2004; (BRASIL, 2004d) urgências (Versão2003)
 Portaria nº 2.657, de 16 de dezembro de 2º Organização de redes loco-regionais de atenção
2004. (BRASIL, 2004d) às urgências, a partir das necessidades de saúde e
das urgências, as quais seriam ordenadas por
Tais instrumentos jurídicos são focados no repasse centrais de regulação de urgências 192, por meio do
de recursos financeiros e nas diretrizes para a acolhimento com avaliação e classificação de risco;
implantação/implementação dos serviços em todo o
território brasileiro (BRASIL, 2004a, 2004b, 2004c, 3º A proposta de criação de UNHAUE e sala de
2004d, 2004e). Em âmbito nacional, foi instituído o estabilização, estruturas intermediárias entre a
Comitê Gestor Nacional de Atenção às Urgências, atenção básica em saúde e os hospitais com
por meio da Portaria nº 2.072/GM, de 30 de outubro funcionamento 24 horas.
de 2003 (BRASIL, 2003c). Também se constituiu o
Grupo Técnico (GT), visando a avaliar e
recomendar estratégias de intervenção do SUS para  Pacto pela vida, em defesa do sus e da
abordagem dos episódios de morte, por meio gestão
da Portaria MS/GM nº 2.420, de 9 de novembro de
A regulamentação do Pacto pela Saúde surge a partir
2004 (BRASIL, 2004f).
de compromisso firmado entre os gestores do SUS,
Percebe-se que as mudanças propostas neste ciclo com ênfase no processo e organização do sistema
são fortemente influenciadas pelas propostas da I sob a forma de rede como estratégia para consolidar
Conferência Mundial de Promoção da Saúde, os princípios de universalidade, integralidade e
realizada em 1986 no Canadá (Carta da Ottawa) e equidade, efetivado através de três dimensões
pela IX Conferência Nacional de Saúde, em 1992 (BRASIL, 2006b):
- Compromisso com as prioridades que apresentam As UPAs têm como objetivo garantir o acolhimento
impacto sobre a situação de saúde da população; aos pacientes que a elas recorram, intervir em sua
condição clínica e contrarreferenciá-los para a rede
- Defesa do sus: Compromisso com os princípios de atenção à saúde, para a rede especializada ou para
constitucionais do sus; internação, proporcionando uma continuidade do
- Gestão: Compromisso com os princípios e as tratamento com impacto positivo no quadro de saúde
diretrizes para a descentralização, regionalização, individual e coletivo da população. Já as Salas de
financiamento, planejamento, programação pactuada Estabilização têm o objetivo de dar suporte ao
e integrada, regulação, participação social, gestão do SAMU e/ou à Cadeia de Manutenção da Vida e se
trabalho e da educação em saúde. (Brasil,2006b) destinam a configurar pontos de apoio ao
atendimento, transporte e/ou transferência de
pacientes críticos/graves nas localidades onde o
O Pacto pela Saúde 2006 mudou a forma de SAMU tem caráter regional, em locais/municípios
pagamento das ações e serviços de saúde por com grande extensão territorial de característica
rural ou municípios com isolamento geográfico de
produção e alocação dos recursos federais em cinco
comunidades (BRASIL, 2008e, 2011d).
blocos:
- Atenção primária/básica
- Atenção de média e alta complexidade
→ Portarias revogadas:
- Vigilância em saúde;
- Assistência farmacêutica; *2008

- Gestão do SUS. Portaria nº 2.922 : Estabelece diretrizes para o


fortalecimento e implementação do componente de
"Organização de redes loco-regionais de atenção
integral às urgências" da Política Nacional de
Logo após a regulamentação das diretrizes do Pacto Atenção às Urgências (BRASIL, 2008e).
pela Vida, em Defesa do SUS e da Gestão, foi
aprovada a Política Nacional de Regulação do SUS, *2009
agregando a central de regulação médica de urgência
Portaria nº 1.020: Estabelece diretrizes para a
“192” à Regulação do Acesso à Assistência
implantação do componente pré-hospitalar fixo para
(BRASIL, 2008b).
a organização de redes locorregionais de atenção
integral às urgências em conformidade com a
Dando prosseguimento às propostas do Pacto da
Política Nacional de Atenção às Urgências
Gestão do SUS, estabeleceram-se as diretrizes
(BRASIL, 2009).
técnicas para regionalização da Rede Nacional
SAMU “192”. Também, foi incorporada a *2011
“motolância'' a este serviço (BRASIL, 2008c,
2008d). A partir desse momento, houve indução Portaria nº 1.601: Estabelece diretrizes para a
federal para a implementação do SAMU em caráter implantação do componente Unidades de Pronto
regional. Atendimento (UPA 24h) e o conjunto de serviços de
urgência 24 horas da Rede de Atenção às Urgências,
Avançando-se no processo de implementação da em conformidade com a Política Nacional de
PNAU, surgiu a Portaria nº 2.922, de 2 de dezembro Atenção às Urgências (BRASIL, 2011e).
de 2008, que estabeleceu as diretrizes para o Portaria nº 2.338: Estabelece diretrizes e cria
fortalecimento de organização de redes loco- mecanismos para a implantação do componente Sala
regionais de atenção integral às urgências, através da de Estabilização (SE) da Rede de Atenção às
implantação/adequação das Unidades de Pronto Urgências (BRASIL, 2011d). 
Atendimento (UPAs) e das Salas de Estabilização
(SEs), as quais são estruturas de complexidade Portaria nº 2.648: Redefine as diretrizes para
intermediária entre as unidades básicas de implantação do Componente Unidade de Pronto
saúde/unidades de saúde da família e a rede Atendimento (UPA 24h) e do conjunto de serviços
hospitalar; e como tais estruturas deveriam compor de urgência 24 (vinte e quatro) horas da Rede de
uma rede organizada de atenção às urgências, com Atenção às Urgências, em conformidade com a
pactos e fluxos previamente definidos (BRASIL, Política Nacional de Atenção às Urgências
2008e). (BRASIL, 2011f). 
Portaria nº 2.820: Dispõe sobre o incentivo Portaria nº 10: Redefine as diretrizes de modelo
financeiro de investimento para o Componente assistencial e financiamento de UPA 24h de Pronto
Unidade de Pronto Atendimento (UPA 24h) e o Atendimento como Componente da Rede de
conjunto de serviços de urgência 24 horas da Rede Atenção às Urgências, no âmbito do Sistema Único
de Atenção às Urgências, em conformidade com a de Saúde (BRASIL, 2017a).
Política Nacional de Atenção às Urgências
(BRASIL, 2011g). Portaria nº 381: Dispõe sobre as transferências,
fundo afundo, de recursos financeiros de capital ou
Portaria nº 2.821 Dispõe sobre o incentivo corrente, do Ministério da Saúde a Estados, Distrito
financeiro de custeio para o Componente Unidade Federal e Municípios destinados à execução de
de Pronto Atendimento (UPA 24h) e o conjunto de obras de construção, ampliação e reforma (BRASIL,
serviços de urgência 24 horas da Rede de Atenção às 2017b).
Urgências, em conformidade com a Política
Nacional de Atenção às Urgências (BRASIL, Portaria de consolidação nº3: Consolidação das
2011h).: normas sobre as redes do Sistema Único de Saúde
(BRASIL, 2017c).
*2013
Portaria de consolidação nº6: Consolidação das
Portaria nº 342 : Redefine as diretrizes para normas sobre o financiamento e a transferência dos
implantação do Componente Unidade de Pronto recursos federais para as ações e os serviços de
Atendimento (UPA 24h) e do conjunto de serviços saúde do Sistema Único de Saúde (BRASIL,
de urgência 24 (vinte e quatro) horas não 2017d).
hospitalares da Rede de Atenção às Urgências e
Emergências (RUE), em conformidade com a É oportuno registrar que em relação à infraestrutura
Política Nacional de Atenção às Urgências, e dispõe e atividades prestadas, as UPAs são semelhantes às
sobre incentivo financeiro de investimento para Unidades Não Hospitalares de Atendimento às
novas UPA 24h (UPA Nova) e UPA 24h ampliadas Urgências (UNHAU), porém com programa
(UPA Ampliada) e respectivo incentivo financeiro arquitetônico específico, criado pelo Ministério da
de custeio mensal (BRASIL, 2013b).  Saúde (de maneira concorrente, conforme Artigo 24
da Constituição Federal de 1988) e validado pela
*2014 Anvisa. As UPAs foram implantadas por meio da
Portaria Nº 2.048, de 05 de novembro de 2002, que
Portaria nº 3.740: Altera a Portaria nº 342/GM/MS, também define as Salas de Estabilização (SEs)
de 4 março de 2013, que redefine as diretrizes para (BRASIL, 2001a, 2001b).
implantação do Componente Unidade de Pronto
Atendimento (UPA 24h) em conformidade com a A diferença entre as UPAs e as UNHAU é que as
Política Nacional de Atenção às Urgências, e dispõe UPAs estão vinculadas à rede SAMU. A UPA 24
sobre incentivo financeiro de investimento para
horas é um programa do Ministério da Saúde, assim,
novas UPA 24h (UPA Nova) e UPA 24h ampliadas
(UPA Ampliada) e respectivo incentivo financeiro possui regramento específico para admitir a
de custeio mensal; e dá outras providências habilitação de uma unidade. Esse regramento não
(BRASIL, 2014).  precisa ser cumprido nas unidades de urgências não
hospitalares, como prontos-socorros e prontos-
*2015 atendimentos que não fazem parte do programa
tripartite.
Portaria nº678: Acresce o art. 14-A à Portaria nº
342/GM/MS, de 4 março de 2013, que redefine as Uma característica importante desse ciclo foi a
diretrizes para implantação do Componente Unidade ampliação do acesso às urgências por meio da
de Pronto Atendimento (UPA 24h) em expansão das portas de entrada do SUS na área de
conformidade com a Política Nacional de Atenção urgência e emergências mediante as UPAs e SEs. A
às Urgências, e dispõe sobre incentivo financeiro de implantação/implementação desses serviços foi uma
investimento para novas UPA 24h (UPA Nova) e política desse período. Houve mudanças na forma de
UPA 24h ampliadas (UPA Ampliada) e respectivo
custeio das ações e serviços no SUS, que passaram a
incentivo financeiro de custeio mensal; e dá outras
ser em blocos e por resultados sanitários.
providências (BRASIL, 2015). 

 Rede de Atenção à saúde (RAS)


→ Portarias vigentes:
A estruturação da Rede de Atenção à Saúde (RAS)
*2017 surgiu como estratégia para superar a fragmentação
da atenção e da gestão nas Regiões de Saúde e Para se desenhar um modelo operacional de uma
aperfeiçoar o funcionamento político-institucional rede, devem-se considerar os seguintes atributos:
do SUS, com vistas a assegurar ao usuário o (BRASIL, 2010a)
conjunto de ações e serviços de que necessita com
efetividade e eficiência (BRASIL, 2010a). - população E território na oferta de serviços de
saúde disponíveis;
A Rede de Atenção à Saúde é definida como
arranjos organizativos de ações e serviços de saúde,
- Atenção Primária em Saúde estruturada como
de diferentes densidades tecnológicas, que
primeiro nível de atenção e porta de entrada do
integrados por meio de sistemas de apoio técnico,
sistema;
logístico e de gestão, buscam garantir a
integralidade do cuidado. Ela tem como objetivo
promover a integração sistêmica, de ações e serviços - Prestação de serviços especializados em lugar
adequado;
de saúde com provisão de atenção contínua, integral,
de qualidade, responsável e humanizada, bem como
incrementar o desempenho do Sistema, em termos - Existência de mecanismos de coordenação,
de acesso, equidade, eficácia clínica e sanitária, e a continuidade do cuidado e integração
eficiência econômica (BRASIL, 2010a). assistencial por todo o contínuo da atenção;

Caracteriza-se pela formação de relações horizontais - Atenção à saúde centrada no indivíduo, na


entre os pontos de atenção com o centro de família e na comunidade, tendo em conta as
comunicação na Atenção Primária à Saúde (APS), particularidades culturais, de gênero, assim
pela centralidade nas necessidades em saúde de uma como a diversidade da população;
população, pela responsabilização na atenção
contínua e integral, pelo cuidado multiprofissional, - sistema de governança único para toda a rede,
pelo compartilhamento de objetivos e compromissos com o propósito de criar uma missão, uma visão
com os resultados sanitários e econômicos e estratégias nas organizações que compõem a
(BRASIL, 2010a). região de saúde; definir objetivos e metas que
devam ser cumpridos no curto, médio e longo
prazo; articular as políticas institucionais; e
desenvolver a capacidade de gestão necessária
para planejar, monitorar e avaliar o desempenho
dos gerentes e das organizações;

- participação social ampla;

- gestão integrada dos sistemas de apoio


administrativo, clínico e logístico;

- recursos humanos suficientes, competentes,


Fonte: (MENDES, 2011, adaptado). comprometidos e com incentivos pelo alcance
de metas da rede;
Fundamenta-se na compreensão da APS como
primeiro nível de atenção, enfatizando a função - sistema de informação integrado que vincula
resolutiva dos cuidados primários sobre os todos os membros da rede, com identificação de
problemas mais comuns de saúde. É ponto de dados por sexo, idade, lugar de residência,
partida para a realização e coordenação do cuidado origem étnica e outras variáveis pertinentes;
em todos os pontos de atenção à saúde, que são
entendidos como espaços onde se ofertam - financiamento tripartite, garantido e suficiente,
determinados serviços de saúde, por meio de uma alinhado com as metas e gestão baseada em
produção singular (BRASIL, 2010a). resultado;

Os elementos que constituem uma RAS são: uma - ação intersetorial e abordagem dos
população adstrita (população e território), estrutura determinantes da saúde e da equidade em saúde;
operacional (componentes da RAS) e modelo lógico
(modelo de atenção à saúde para as condições - sistema de informação integrado que vincula
agudas e modelo de atenção à saúde para as todos os membros da rede.
condições crônicas) (BRASIL, 2010a).
---------------//------------------ A RAU tem a finalidade de articular e integrar todos
os equipamentos de saúde, objetivando ampliar e
Com base no conceito, nos fundamentos e nas qualificar o acesso humanizado e integral aos
atribuições de Rede de Atenção à Saúde (RAS) usuários em situação de urgência e emergência nos
da Portaria nº 4.279, de 30 de dezembro de 2010, foi serviços de saúde, de forma ágil e oportuna. Prioriza
reformulada a PNAU (BRASIL, 2010a) e instituiu- as linhas de cuidado cardiovascular,
se a Rede de Atenção às Urgências (RAU). cerebrovascular, traumatológico e o programa de
São diretrizes da RAU (BRASIL, 2011c): atenção domiciliar.

- A ampliação do acesso e acolhimento aos casos Todas essas portas têm como norte a ser seguido: a
agudos demandados aos serviços de saúde em todos proposta do acolhimento com classificação do risco,
os pontos de atenção, contemplando a classificação qualidade e resolutividade na atenção. Constitui-se
de risco; pelos seguintes componentes (BRASIL, 2011c):

- garantia de implantação de modelo de atenção - Promoção, prevenção e vigilância à saúde: Tem


de caráter multiprofissional, compartilhado por por objetivo estimular e fomentar o
trabalho em equipe, instituído por meio de desenvolvimento permanente de ações de saúde e
práticas clínicas cuidadoras e baseado na gestão educação voltadas para a vigilância e prevenção das
de linhas de cuidado; violências e acidentes, das lesões e mortes no
trânsito e das doenças crônicas não transmissíveis,
- articulação e integração dos diversos serviços e além de ações intersetoriais, de participação e
equipamentos de saúde, atuação territorial, mobilização da sociedade, visando à promoção da
definição e organização das regiões de saúde e saúde, prevenção de agravos e vigilância à saúde.
das redes de atenção a partir das necessidades de
saúde das populações, seus riscos e - Atenção básica em saúde: Tem por objetivo a
vulnerabilidades específicas; ampliação do acesso, o fortalecimento do vínculo e
responsabilização e o primeiro cuidado às urgências
- monitoramento e avaliação da qualidade dos e emergências, em ambiente adequado, até a
serviços por meio de indicadores de desempenho transferência/encaminhamento a outros pontos de
que investiguem a efetividade e a resolutividade atenção, quando necessário, com a implantação de
da atenção; acolhimento com avaliação de riscos e
vulnerabilidades.
- articulação interfederativa entre os diversos
gestores desenvolvendo atuação solidária, - Serviço de atendimento móvel de urgência (SAMU
responsável e compartilhada; 192) e suas centrais de regulação médica das
urgências: Tem como objetivo chegar precocemente
- participação e controle social dos usuários à vítima após ter ocorrido um agravo à sua saúde (de
sobre os serviços; natureza clínica, cirúrgica, traumática, obstétrica,
pediátrica, psiquiátrica, entre outras) que possa levar
- fomento, coordenação e execução de projetos a sofrimento, a sequelas ou mesmo à morte, sendo
estratégicos de atendimento às necessidades necessário garantir atendimento e/ou transporte
coletivas em saúde, de caráter urgente e adequado para um serviço de saúde devidamente
transitório; hierarquizado e integrado ao SUS. É considerado
como atendimento primário o pedido de socorro
- regulação articulada entre todos os oriundo de um cidadão. O atendimento é
componentes da RAU com garantia da equidade considerado secundário quando a solicitação parte
e integralidade do cuidado; de um serviço de saúde no qual o paciente já tenha
recebido o primeiro atendimento necessário à
-qualificação da assistência por meio da estabilização do quadro de urgência apresentado,
educação permanente das equipes de saúde do mas ainda necessita ser conduzido a outro serviço de
SUS na Atenção às Urgências, de acordo com os maior complexidade para a continuidade do
princípios da integralidade e tratamento.
humanização (BRASIL, 2011c).
- Sala de estabilização: Deverá ser ambiente para
----------------//----------------- estabilização de pacientes críticos e/ou graves, com
condições de garantir a assistência 24 horas,
vinculado a um equipamento de saúde, articulado e
conectado aos outros níveis de atenção, para da demanda das urgências, dimensionamento da
posterior encaminhamento à rede de atenção à saúde oferta dos serviços de urgência existentes e análise
pela central de regulação das urgências. Apesar de a da situação da regulação, da avaliação, do controle,
portaria manter-se vigente, no cenário atual, não da vigilância epidemiológica, do apoio diagnóstico,
estão ocorrendo novas habilitações nem repasse de do transporte para as urgências, da auditoria e do
custeio de salas de estabilizações. Acrescenta-se que controle externo, pela Comissão Intergestores
a Portaria Nº 816, de 28 de março de 2018, revoga Regional (CIR), com o apoio da Secretaria de
os Artigos N º 875 a 879 da Portaria de Saúde (BRASIL, 2011c).
Consolidação Nº 6, de 28 de setembro de 2017, que
A operacionalização para implementação da RAU
tratam do financiamento para a implantação do
dar-se-á em 5 fases (BRASIL, 2011c):
componente Sala de Estabilização (SE) da Rede de
Atenção às Urgências (BRASIL, 2017 b, 2018 ). 1. Adesão

- Força nacional de saúde do sus: Objetiva aglutinar 2. Desenho regional da rede


esforços para garantir a integralidade na assistência 3. Habilitação dos pontos de atenção
em situações de risco ou emergenciais para
populações com vulnerabilidades específicas e/ou 4. Qualificação dos componentes
em regiões de difícil acesso, pautando-se pela
5. Monitoramento
equidade na atenção, considerando-se seus riscos.

- Unidades de pronto atendimento (UPA24h):


Conjunto de serviços de urgência 24 horas, de Então, após diagnóstico situacional das necessidades
complexidade intermediária entre as Unidades sociais em saúde e de urgências de uma determinada
Básicas de Saúde/Saúde da Família e a rede área geográfica, o desenho regional de uma RAU
hospitalar, devendo com estas compor uma rede engloba (BRASIL, 2011c):
organizada de atenção às urgências, que deve prestar
atendimento resolutivo e qualificado aos pacientes - rede assistencial fixa de base territorial composta
acometidos por quadros agudos ou agudizados de pela Atenção Básica em Saúde (ABS) /Atenção
natureza clínica e prestar primeiro atendimento aos Primaria em Saúde (APS);
casos de natureza cirúrgica ou de trauma,
estabilizando os pacientes e realizando a - conjunto de serviços de urgência 24
investigação diagnóstica inicial, definindo, em todos horas (Unidades Não Hospitalares de Atendimento
os casos, a necessidade ou não de encaminhamento a às Urgências e Emergências - UNHAUE, UPAS e
serviços hospitalares de maior complexidade. Sala de Estabilização);

- Hospitalar: constituído pelas Portas Hospitalares - rede hospitalar com seus leitos de retaguarda,
de Urgência, pelas enfermarias de retaguarda, pelos sobretudo os leitos de terapia intensiva, atenção
leitos de cuidados intensivos, pelos serviços de domiciliar, centrais de regulação médica urgência
diagnóstico por imagem e de laboratório e pelas 192;
linhas de cuidado prioritárias.
- equipes móveis da rede SAMU.
- Atenção domiciliar: É compreendido como o
conjunto de ações integradas e articuladas de Fazem parte da RAU a Promoção, a Prevenção e
promoção à saúde, prevenção e tratamento de Vigilância à Saúde e a Força Nacional de Saúde.
doenças e reabilitação, que ocorrem no domicílio, Mas, para acolher as condições agudas e condições
constituindo-se como nova modalidade de atenção à crônicas agudizadas, torna-se imperativa a
saúde que acontece no território e reorganiza o capacitação permanente promovida
processo de trabalho das equipes realizadoras do preferencialmente de forma direta pela Rede de
cuidado domiciliar na atenção primária, Atenção às Urgências (RAU) (BRASIL, 2011c).
ambulatorial e hospitalar.
----------------//------------------- Inicialmente, deve-se constituir um Grupo Condutor
Estadual da Rede de Atenção às Urgências, formado
A portaria da RAU estabelece que o desenho pela Secretaria Estadual de Saúde (SES), Conselho
regional da rede deve ser realizado a partir da de Secretarias Municipais de Saúde (COSEMS) e
análise da situação dos serviços de atendimento às com o apoio institucional do Ministério da Saúde,
urgências, com dados primários, incluindo dados para assegurar a melhoria da saúde da população, a
demográficos e epidemiológicos, dimensionamento integração e a articulação na lógica do
funcionamento da RAU, com qualidade e eficiência Tripulação: Tripulada por no mínimo dois
para os serviços e para o sistema. Para tanto, precisa profissionais, sendo um condutor de veículos de
haver a contratualização das metas entre os entes urgência e um técnico ou auxiliar de enfermagem.
reguladores/financiadores e os prestadores de
serviços (BRASIL, 2011c). Tipo de veículo: Unidade de suporte avançado de
vida terrestre
Ficou instituído o monitoramento das metas
pactuadas entre os gestores do SUS por meio dos Tripulação: Tripulada por no mínimo três
Comitês Municipais Gestores de Atenção às profissionais, sendo um condutor de veículo de
Urgências (garantindo a adequada articulação entre urgência, um enfermeiro e um médico.
os entes gestores e os executores das ações), os
Comitês Estaduais Gestores de Atenção às Tipo de veículo: Equipe de aeromédico
Urgências e os Comitês Regionais Gestores de
Atenção às Urgências. Tais comitês serão espaços Tripulação: Composta por no mínimo um médico e
de discussão e implementação de correções um enfermeiro, além do condutor.
necessárias aos Planos de atenção às
urgências (BRASIL, 2011c). Tipo de veículo: Equipe de embarcação

Quanto aos Comitês Gestores de Atenção às Tripulação: Composta por dois ou três profissionais,
Urgências já existentes, a PNAU orienta que eles de acordo com o tipo de atendimento (suporte básico
devem ser mantidos, mas que devem apresentar ou avançado) a ser realizado, contando com o
propostas de estruturação e funcionamento de novos condutor da embarcação.
Comitês nos âmbitos estaduais, regionais e
municipal nos locais onde ainda não Tipo de Veículo: Motolância
existem (BRASIL, 2011c).
Tripulação: Conduzida por um profissional de nível
Após a reformulação da PNAU, foram publicadas técnico ou superior em enfermagem com
cinco Portarias Ministeriais para readequação do treinamento para condução de motolância.
SAMU à nova estruturação da RAU (Portaria nº
2.026, de 24 de agosto de 2011; a Portaria nº 2.301, Tipo de veículo: Veículo de intervenção rápida
em 29 de setembro de 2011; a Portaria nº 2.649, de (VIR)
07 de novembro de 2011; a Portaria nº 804, de 28 de
novembro de 2011, a Portaria nº 1.010, de 21 de Tripulação: um condutor de veículo de urgência, um
maio de 2012) (BRASIL, 2011b, 2011i, 2011j, médico e um enfermeiro.
2011k, 2012b). Em relação às UPAS e SEs, além
das portarias supracitadas a partir de janeiro de 2011 - Regionalização do SAMU
(BRASIL, 2011d, 2011e, 2011f, 2011g, 2011h ), as
Portarias Nº 342/2013 e Nº 10/2017, revogadas, O componente SAMU “192” deve ser regionalizado,
também abordaram esses conteúdos, mas, foram a fim de ampliar o acesso às populações dos
atualizados nas Portarias de Consolidação Nº 3 e Nº Municípios em todo o território nacional, com
6, de 28 de setembro de 2017 (Consolidação das centrais de regulação médica de urgência
Normas sobre as Redes do SUS ) (BRASIL, 2013b, regionalizadas. Cada região terá um Plano de Ação
2017a, 2017c, 2017d). Regional da Rede de Atenção às Urgências com
centrais de regulação de urgência de caráter
Além dos pontos já relatados, na Portaria 1.010, de regional. Municípios com população igual ou
21 de maio de 2012, merecem destaque (BRASIL, superior a quinhentos mil habitantes que já possuem
2012b): SAMU 192 poderão constituir por si só uma região,
para fins de implantação de Central de Regulação
- Definição das unidades móveis com suas Médica das Urgências, desde que todos os
respectivas tripulações: Municípios do seu entorno já estejam cobertos por
outra Central de Regulação das Urgências (BRASIL,
Tipo de Veículo: Unidade de suporte básico de vida 2012b).
terrestre
- Capacitação permanente para a equipe do Samu
“192”
O componente SAMU “192” deverá dispor de Emergência (RUE), foi criada a Força Nacional
programa de capacitação permanente promovido de Saúde do Sistema Único de Saúde (FN-SUS),
pela rede de atenção às urgências (BRASIL, 2012b). através da Resolução nº 443, de 9 de junho de
2011 (BRASIL, 2011m). Também foram
- Qualificação da central de regulação médica das definidas e estabelecidas as diretrizes sobre a
urgências e samu “192” declaração de Emergências de Saúde Pública de
Importância Nacional (ESPIN) (BRASIL,
Central de Regulação Médica das Urgências e o 2011n).
componente SAMU “192” já habilitados terão
direito à qualificação, com a alteração de valores de Ainda, foi publicada a Portaria nº 2.029, de 24
custeio, mediante a apresentação de vários de agosto de 2011, que instituiu a Atenção
documentos ao Ministério da Saúde, entre eles Domiciliar (AD) no âmbito do SUS (BRASIL,
(BRASIL, 2012b): 2011o). A Portaria nº 2.527, de 27 de outubro
2011, redefiniu a AD no âmbito do SUS
- Plano de Ação Regional da Rede de (BRASIL, 2011p) que, posteriormente, passou
Atenção às Urgências; por nova redefinição, sendo uma nova
modalidade de atenção à saúde, substitutiva ou
- informação dos Municípios abrangidos complementar às já existentes, caracterizada por
pelo componente SAMU “192” e do um conjunto de ações de promoção à saúde,
Município da Central de Regulação Médica prevenção e tratamento de doenças e reabilitação
das Urgências; prestadas em domicílio, com garantia de
continuidade de cuidados e integrada às redes de
- informações dos Municípios que terão atenção à saúde. Isso ocorreu por meio
bases descentralizadas e as ambulâncias a da Portaria nº 963, de 27 de maio de 2013
serem distribuídas; (BRASIL, 2013).

- relatório de indicadores de desempenho do Ainda nesse período, o governo federal,


serviço do período de 6 meses; preocupado com o aumento da mortalidade por
acidentes de trânsito no Brasil, implantou
- Plano de Ação Regional de Atenção Integral às o Pacto Nacional pela Redução dos Acidentes de
Urgências; Trânsito – Pacto pela Vida, em 11 de maio de
2011, envolvendo o Ministério das Cidades, o
- documento da Grade de Referência, e outros. Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) e
o Ministério da Saúde. Teve como objetivo
mobilizar a sociedade e reunir ações para
reduzir, pela metade, até 2020, o número de
- Repasse de recursos financeiros: O repasse de vítimas de acidentes de trânsito no país
recursos financeiros é destinado também à (BRASIL, 2010b). Após um ano da assinatura
manutenção das Unidades Móveis efetivamente do referido Pacto, observou-se que os acidentes
implantadas por unidades habilitadas e e as mortes nas rodovias federais caíram durante
qualificadas (BRASIL, 2012b). Os custos do os principais feriados nacionais (BRASIL,
componente SAMU "192" e da Central de 2010b, 2012).
Regulação Médica das Urgências devem estar
previstos no Plano de Ação Regional, e o A partir desse histórico, percebe-se o avanço no
registro da produção no Sistema de Informação processo de regionalização e na proposta de
Ambulatorial (SIA/SUS) é obrigatório descentralização dos processos administrativos
(BRASIL, 2012b, 2011k), mesmo não se relativos à gestão, com responsabilidade
convertendo em pagamento. Destaca-se a compartilhada no planejamento regional de redes
garantia de repasse financeiro para todos os integradas por pontos de atenção às urgências, tendo
componentes (SAMU, UPA Portas de entrada como centro de comunicação a regulação médica de
hospitalares e leitos), exceto Salas de urgência “192”, centrado nas necessidades em saúde
Estabilização (BRASIL, 2012b). de uma população, na ideia de promoção e
vigilância em saúde, com responsabilidade na
----------------//----------------- atenção contínua e integral das urgências, pelo
compartilhamento de objetivos e compromissos com
Dando seguimento à implementação da PNAU e os resultados sanitários e econômicos.
à conformação da Rede de Urgência e
Uma característica importante desse período foi a Vascular. Além disso, há um grande problema
ampliação do acesso às urgências através da de saúde pública em relação ao uso de drogas
expansão das portas de entrada do SUS na área de ilícitas, como o crack, tornando-se imperativo
urgência e emergências por meio das UPAS e SEs. garantir o acesso à reabilitação qualificada
Observa-se, pelo número de atos normativos desses usuários nos serviços de saúde. Perceba
direcionados ao aporte financeiro e às diretrizes das que a reabilitação em nível ambulatorial se
UPAS/SEs, que a implantação/implementação encontra contemplada na ABS/APS e, em nível
desses serviços foi uma política do governo federal, hospitalar, nos leitos de retaguarda do SUS.
nesse ciclo.
Considerando os componentes da PNAU versão
Também merece destaque a reestruturação dos 2003 e 2004, foi realizado um exercício,
hospitais de referência na área de urgências na desenhando uma RAU, cujo centro de
perspectiva de melhorar a gestão, qualificar e comunicação é representado por todo o sistema
ampliar o acesso aos usuários em situações de regulatório, composto pela regulação das
urgência, reduzir o tempo de espera e garantir urgências, de internação e ambulatorial. O fluxo
atendimento ágil, humanizado e com acolhimento. dessa rede envolve o componente assistencial de
atenção às urgências, constituído pelos serviços
Ao aprofundar a reflexão entre as versões 2003 e de atendimento fixo de base populacional
2011 da PNAU, observa-se que houve grandes (ABS/APS; UPA/SE; rede hospitalar; atenção
avanços na qualificação dos atendimentos dos domiciliar, ambulatorial e hospitalar de
hospitais, implantação das linhas de cuidado dentro reabilitação; leito de dia/internação ambulatorial
da RAU, implantação de Grupos condutores, e o SAMU, com suas equipes móveis); o
Monitoramento da RAU, entre outros aspectos componente vigilância e estratégias de qualidade
listados a seguir: de vida, promoção da saúde e prevenção de
doenças e agravos; o componente educação
-desmembramento de componentes APH fixo em permanente; o componente princípios de
Atenção Básica à Saúde em UPAs (24 horas); humanização do SUS; e o componente
governança da rede.
-ampliação do componente de adoção de estratégias
promocionais de qualidade de vida para promoção,
prevenção e vigilância à saúde;

-criação da Força Nacional de Saúde do SUS;

-supressão do componente rede pós-hospitalar


constituído por hospitais-dia e os projetos de
reabilitação, possivelmente porque esses serviços
estão alocados na APS e rede hospitalar;

-qualificação dos atendimentos dos hospitais;

- implantação das linhas de cuidado prioritárias


dentro da RAU;

- implantação de grupo de condutores;

- monitoramento da RAU, entre outros. Considerações finais

----------------//----------------- O Brasil possui uma vasta legislação na área de


atenção às urgências, a qual foi construída ao longo de
Destaca-se o papel da reabilitação na RAU, por 92 anos e acompanhou as transformações
exemplo, nos leitos de cuidados prolongados. A epidemiológicas, demográficas e sociais enfrentadas
PNAU tem como prioridades as linhas de pelos sistemas de saúde público e privado brasileiros,
cuidado cardiovascular, cerebrovascular e decorrentes da urbanização, do envelhecimento e das
traumatológico, bem como está desenhada nas mudanças globalizadas nos estilos de vida, que se
inovações tecnológicas nas linhas de cuidado do combinam entre si, para tornar as doenças crônicas e
Infarto Agudo do Miocárdio e do Acidente os traumatismos causas cada vez mais importantes de
morbidade e de mortalidade (MENDES, 2011; OMS,
2008).

O modelo biomédico sozinho é incapaz de resolver os


problemas nessa área. Portanto, o processo de melhoria
da qualidade da assistência só alcançará resultados
sanitários a partir da análise situacional da saúde de
uma região, bem como a partir de um planejamento de
rede desenhado com base nas ideias de promoção,
prevenção e vigilância à saúde, com a articulação e a
integração dos pontos de atenção à saúde, de forma
ágil e oportuna. O grande desafio é operacionalizar a
RAU e fazê-la funcionar em todo o território
brasileiro.

Noas

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