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4° PERÍODO

Habilidades e Atitudes Médicas


Maria Vitória de Sousa Santos
1. Capacidade funcional: capacidade de
INTRODUÇÃO A GERIATRIA manter as habilidades físicas e mentais
1. Gerontologia: É definido pela Sociedade necessárias para uma vida independente e
Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG), autônoma.
como o estudo do envelhecimento nos aspectos 2. Autonomia: capacidade de gerir a própria
biológicos, psicológicos, sociais, dentre outros". vida, tomando decisões e alcançando objetivos
Ou seja, é um campo de atuação que visa à determinados.
compreensão, ao estudo, à descrição e à 3. Independência: capacidade de realizar
explicação do envelhecimento sob vários tarefas rotineiras sem auxílio, como limpar o
aspectos e dimensões. q u a r t o o u c a m i n h a r. O c o n c e i t o d e
2. Geriatria: Segundo a SBGG, "a especialidade independência depende da capacidade física e
médica que se integra na área da Gerontologia cognitiva para a realização das atividades
com o instrumental específico para atender aos básicas da vida diária (ABVDs),
objetivos da promoção da saúde, da prevenção necessárias para o autocuidado, e das
e do tratamento das doenças, da reabilitação atividades instrumentais da vida diária
funcional e dos cuidados paliativos". (AIVDs), necessárias para uma vida
3. Geriatra: É o médico especializado em independente na comunidade.
intervir para um envelhecimento de qualidade PRINCIPAIS SÍNDROMES GERIÁTRICAS
e em abordar amplamente todas as dimensões 1. Incapacidade cognitiva;
do idoso em sua avaliação clínica. 2. Imobilidade;
OBJETIVOS DA GERIATRIA 3. Quedas;
1. Avaliar a capacidade funcional dos idosos; 4. Incontinência esfíncteriana;
2. Compreender a morbidade que afeta do idosos; 5. Iatrogenia.
3. Aumentar a qualidade de vida dos idosos. I N S T R U M E N T O S D E AVA L I A Ç Ã O D O
CONCEITOS DE ENVELHECIMENTO DOMÍNIO COGNITIVO
É um processo sequencial, individual, acumulativo, O diagnóstico precoce do comprometimento
irreversível, universal, não patológico, de cognitivo permite que o paciente apresente uma
deterioração de um organismo maduro, próprio a resposta mais eficaz ao tratamento, além de
todos os membros de uma espécie, de maneira que garantir que sua família consiga programar o futuro
o tempo o torne menos capaz de fazer frente ao da melhor forma possível. O comprometimento
estresse do meio ambiente e, portanto, aumente sua cognitivo deve ser rastreado na avaliação
possibilidade de morrer. multidimensional do idoso, por meio de
SENESCÊNCIA X SELINIDADE questionamentos sobre:
1. Memória (tem apresentado esquecimentos? O
que costuma esquecer? Os esquecimentos têm
piorado? Tem-se observado muito repetitivo?).
2. Orientação (esquece datas ou se confunde
com elas? Tem se perdido em locais
conhecidos? Apresentou episódios em que não
reconhecia onde estava, apesar de estar em
ambiente familiar?).
3. Habilidades para realizar tarefas
rotineiras (tem se atrapalhado nas atividades
DEFINIÇÃO ATUAL DE SAÚDE que fazia antes sem dificuldades? Quais
A definição atual de saúde abrange o bem-estar atividades?).
físico, mental e social, que possibilita aos indivíduos 4. Linguagem (tem apresentado dificuldade
identificar e realizar suas aspirações e satisfazer suas para se lembrar das palavras e nomear objetos?
necessidades. A saúde não é definida pela ausência Tem dificuldade para compreender as falas e as
de doenças, e sim pelo grau de preservação da orientações?).
capacidade funcional, que depende da autonomia e 5. Comportamento (apresenta alteração do
independência do indivíduo e interfere em sua comportamento? Passou a apresentar condutas
qualidade de vida. pessoais ou sociais inadequadas? Quais?).
Alguns conceitos importantes para esse tema são: AVALIAÇÃO GERIÁTRICA AMPLA
• A Avaliação Geriátrica Ampla (AGA) surgiu
como forma de avaliar esses pacientes, incluindo
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diversos aspectos da sua vida, como o físico 3. Escolher a roupa
(médico), o mental, o social, o funcional e o 4. Arrumar-se e cuidar da higiene pessoal
ambiental. Para isso, são utilizados instrumentos transporte público)
capazes de identificar sinais de demência, 5. Fazer compras
delirium, depressão, fragilidade, déficits visuais e 6. Vestir-se
auditivos, assim como perda do equilíbrio e 7. Tomar banho
capacidade funcional. 8. Andar e transferir (por exemplo, da cama para
• A AGA se diferencia do exame clínico padrão por a comunicação cadeira de rodas).
enfatizar a capacidade funcional e a qualidade de Atividades instrumentais de vida diária
vida, otimizar a avaliação clínica com escalas e (AIVDs)
testes quantitativos, ter relevância nos idosos São habilidades complexas necessárias para se viver
frágeis e possibilitar a participação de equipe de maneira independente. Essas habilidades são
interdisciplinar na avaliação e no plano geralmente aprendidas durante a adolescência e
terapêutico. incluem:
Benefícios 1. Gerenciar as finanças
1. Precisão diagnóstica; 2. Lidar com transporte (dirigir ou navegar
2. Melhora do estado funcional e mental; transporte público)
3. Redução da mortalidade; 3. Fazer compras
4. Diminuição de internamentos hospitalares; 4. Preparar refeições
5. Serve de guia para a escolha de medidas que 5. Usar o telefone e outros aparelhos de
visam restaurar e preservar a saude comunicação
( f a r m a c o t e r a p i a , fi s i o t e r a p i a , t e r a p i a 6. Gerenciar medicações
ocupacional, psicoterapia); 7. Manutenção das tarefas domésticas e da casa
6. Identifica fatores que predispõem iatrogenia e INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO DOMÍNIO
per mite estabelecer medidas para sua FÍSICO / FUNCIONALIDADE
prevenção; • A avaliação funcional começa com a observação
7. E s t a b e l e c e p a r â m e t r o s p a r a o do paciente antes mesmo de sua entrada no
acompanhamento do paciente; consultório. Observa-se, assim, como ele realiza
8. Redução de institucionalização e maior as transferências, as dificuldades auditivas e
satisfação com o atendimento. visuais etc.
Como instrumento de diagnóstico Alguns instrumentos e testes auxiliam a avaliação
multidimensional, a AGA é estruturada para que do impacto das dificuldades do idoso:
possa haver um acompanhamento da evolução do 1. ABVDs: Utiliza-se a escala de Katz,
paciente e para avaliar prognóstico. Avalia as 4 constituída por seis itens que obedecem à
principais dimensões (capacidade funcional, seguinte hierarquia de complexidade:
condições médicas, funcionamento social e saúde a l i m e n t a ç ã o, c o n t ro l e d e e s f í n c t e re s,
mental) a partir dos seguintes parâmetros: transferência, higiene pessoal, capacidade para
1. Equilíbrio, mobilidade e risco de quedas; se vestir e tomar banho. Cada função em que o
2. Função cognitiva; indivíduo apresenta independência soma um
3. Condições emocionais; ponto, enquanto, nas funções em que ele é
4. Deficiências sensoriais; dependente, não há pontuação.
5. Capacidade funcional;
6. Estado e risco nutricional;
7. Condições socioambientais;
8. Polifarmácia e medicações inapropriadas
(anamnese e exame físico);
9. Comorbidades e multimorbidade (anamnese e
exame físico).
CAPACIDADE FUNCIONAL
Atividade básicas de vida diária (ABVD)
São tarefas básicas de autocuidado, parecidas com
as habilidades que aprendemos na infância.
Essas habilidades incluem: 2. AIVDs: A escala de Lawton investiga a
1. Alimentar-se capacidade para realizar preparo das refeições,
2. Ir ao banheiro tarefas domésticas, lavagem da roupa,
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manuseio da medicação, uso do telefone, Deve ser permitido o uso de tecnologia assistiva
manuseio do dinheiro, compras e uso dos meios (bengalas, muletas, andadores etc.) durante o
de transporte. Cada fator desse é classificado de TUG.
1 a 3, no qual 1 representa dependência para
determinada função, 2 significa que o indivíduo
precisa de ajuda, e 3 exibe total independência
para a função. O escore total é o somatório das
pontuações, tendo como pontuação máxima 27
pontos.

2. C i r c u n f e r ê n c i a d a p a n t u r r i l h a :
Normalmente >/= 31cm; valor menor pode
indicar sarcopenia.
3. Escala de Dowton: A Escala de Downton é
utilizada para avaliar o risco de queda, se
n e c e s s á r i o, p a r a p ro g r a m a r m e d i d a s
preventivas para evitar novos eventos. Esta
escala considera o fato de não ocorrência de
quedas anteriores, as causas que produziram ou
fatores de risco apresentados a respeito de cada
paciente e da idade, atribuindo a cada ponto
um valor de 0 ou 1. Quando o escore da escala
for maior que 2 pontos considera-se que o
paciente tem um elevado risco de quedas.

I N ST RU M E NTO D E AVA LI AÇÃO PA R A


EQUI LÍBRIO, MOBI LIDADE E RISCO DE
QUEDAS
A avaliação da mobilidade começa assim que o
paciente entra no consultório, quando se torna
possível observar alterações qualitativas de marcha
e equilíbrio.
1. Teste Timed Up and Go (TUG): Mede a
habilidade do paciente de se levantar de uma
cadeira, andar 3 metros e voltar para se sentar
novamente. Um idoso que demora mais de 12
segundos, principalmente se mais de 20
segundos, apresenta risco maior de quedas. A 4. Escala de Tinetti: Classifica os aspectos da
avaliação também pode ser qualitativa, marcha como a velocidade, a distancia do
observando-se qualquer desvio em relação à passo, a simetria e o equilíbrio em pé, o girar e
m a r c h a c o n s i d e r a d a c o n fi a n t e c o m também as mudanças com os olhos fechados. A
desempenho normal. Um teste anormal contagem para cada exercício varia de 0 a 1 ou
consistia na observação de ritmo lento e de 0 a 2, com uma contagem mais baixa que
hesitante, passos curtos, braços com pouco ou indica uma habilidade física mais pobre. A
nenhum balançar, uso de paredes ou móveis pontuação total é a soma da pontuação do
para se apoiar, sinais de desequilíbrio, equilíbrio do corpo e a da marcha. A
movimentos anormais de tronco e membros e pontuação máxima é de 12 pontos para a
não conseguir andar seguindo uma linha reta. marcha, de 16 para o equilíbrio do corpo e de
28 para a total.
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5. Teste de velocidade da marcha: Marca-se


no solo uma distância de 4m - 6m e solicita-se
ao indivíduo que caminhe na sua velocidade
habitual o percurso demarcado. O teste é
realizado 3 vezes, e o cronômetro é acionado
quando o pé do avaliado ultrapassa a linha de
início. A partir dos tempos cronometrados,
obtém-se a média para avaliação. Considera-se
o ponto de corte de 0,8 m/s. Velocidade de
marcha inferior a esse valor mostrou associação
com menor sobrevida em idosos.
6. Medida da força de preensão palmar: É
utilizado para avaliação da força muscular. O
idoso fica sentado em uma cadeira, com os
ombros posicionados em posição neutra e o
cotovelo do membro a ser medido flexionado
em 90°, com o antebraço em rotação neutra.
Deve então ser instruído a apertar com a maior
força possível o dinamômetro em três
tentativas, com 1 min de descanso entre elas,
considerando-se para acompanhamento a
maior medida. Ainda não existe consenso
quanto a valores de referência, mas são
baseados no índice de massa corporal (IMC),
na idade e no sexo. A maioria dos autores
considera o ponto de corte para perda de força
muscular inferior a 30 kg para homens e
inferior a 20 kg para mulheres.

7. The 30-second chair stand test: Consiste


em levantar-se e sentar-se o máximo de vezes
em uma cadeira em 30 segundos.
8. The 4-stage balance test: Ficar em pé e
manter diversas posições por 10 segundos pés
juntos, posição em semi-tandem, em tandem e
em um pé só.
9. E s c a l a d e E q u i l í b r i o d e B e r g :
Compreende a avaliação de 14 tarefas
relacionadas ao dia-a-dia, que envolvem o
equilíbrio estático e dinâmico, tais como
alcançar, girar, transferir-se, permanecer em pé
e levantar-se. As tarefas são avaliadas por meio
de observação do desempenho, com uma escala
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ordinal de 0 á 4. A pontuação é baseada no


tempo em que a posição pode ser mantida, a
distância que o braço é capaz de alcançar para
a frente, ou o tempo para completar uma
tarefa. Assim, estes pontos são subtraídos caso o
tempo ou a distancia não sejam atingidos, o
sujeito necessite de supervisão para a execução
da tarefa, ou se o sujeito apóia em um suporte
externo ou recebe ajuda do examinador, a
pontuação máxima é de 56 pontos.

AVALIAÇÃO DA COGNIÇÃO
Recomenda-se que o rastreio para declinio
cognitivo seja realizado caso a família ou o paciente
AVALIAÇÃO DE HUMOR reporte problemas com a memória ou seja
A depressão pode se apresentar de maneira atípica percebida alteração cognitiva durante a consulta.
em idosos, como apatia, perda de peso, declínio 1. Mine exame do estado mental (MEEM):
cognitivo e manifestações somáticas, como dor É constituído de duas partes, uma que abrange
crônica, e ter impacto negativo na qualidade de orientação, memória e atenção, com pontuação
vida, acarretando declínio funcional e aumento do máxima de 21 pontos e, outra que aborda
risco de suicídio e de uso dos serviços de saúde. habilidades específicas como nomear e
Escala de depressão geriátrica de Yesavage: compreender, com pontuação máxima de 9
É um instrumento validado para rastreio composto pontos, totalizando um escore de 30 pontos. Os
por 15 perguntas. Pontuação ≥ 5 indica rastreio valores mais altos do escore indicam maior
positivo e exige avaliação mais detalhada para o desempenho cognitivo. Aborda questões
diagnóstico. A escala original era composta de 30 referentes à memória recente e registro da
perguntas. memória imediata, orientação temporal e
espacial, atenção e cálculo e linguagem - afasia,
apraxia e habilidade construcional.
2. Teste do desenho do relógio: Avaliação
quantitativa ou qualitativa do desenho de um
relógio após comando: desenhar relógio
redondo com todos os números e ponteiros
indicando 11 horas e 10 minutos).
3. Teste de fluência verbal: Consiste em dizer
o maior número de nomes de animais, frutas ou
palavras que começam com a letra F no
período de 1 minuto.
Observação: O mini-cog combina o teste do
relógio com o teste de evocação de três palavras.
AVALIAÇÃO DA NUTRIÇÃO
A prevalência de desnutrição na população idosa
pode chegara 15% e, se não houver intervenção
multidisciplinar, são devastadores os efeitos em
morbidade, perda de funcionalidade e mortalidade.
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1. Mini-avaliação nutricional (MAN):


Incorpora questões importantes, como perda
de peso nos últimos 3 meses, hábitos
alimentares e medidas antropométricas, como
perímetro braquial e perímetro da panturrilha.
Classifica o individuo como normal, sob risco
de desnutrição e desnutrido.
Observação: Na avaliação global nutricional, que
apresenta mais perguntas, o escore de indicação de
desnutrição (Mais de 24 pontos = eutrófica, de 17 a
23,5 = risco de desnutrição, menos de 17 pontos =
desnutrição).

2. IMC Para idosos: IMC < 22 - Baixo peso,


IMC entre 22 a 27 kg/m2 - Eutrófico, IMC >
27 - Obesidade.
3. Medida da circunferência abdominal: >
94 em homens e > 80 cm mulheres —> risco
CV. > 102 em homens e > 88 cm mulheres —
> risco para HAS,DM e DLP.
4. Medida da panturrilha: Normal (>/= 31
cm). Analisa a massa muscular e sarcopenia:
5. Força de Preensão Palmar (FPP): >/= 20
kg mulheres e >/= 30 kg homens.
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DOENÇA DO REFLUXO FATORES DE RISCO


1. Obesidade;
GASTROESOFÁGICO 2. Refeições volumosas antes de deitar;
CONCEITO 3. Gravidez;
• Afecção crônica decorrente do fluxo 4. Tabagismo;
retrógrado de parte do conteúdo 5. Alcoolismo;
gastroduodenal para o esôfago e/ou órgãos 6. Idade avançada;
adjacentes, acarretando variável espectro de 7. Pré disposição genética;
sintomas e sinais esofagianos e/ou extra 8. Uso de terapia hormonal;
esofagianos, associados ou não a lesões 9. Estresse;
teciduais. Ocorre em todas as pessoas, várias 10. Doença de chagas (redução do
vezes ao dia e sem sintomas/lesão, não peristaltismo);
associado a complicações. Curta duração e 11. Atraso do esvaziamento gástrico;
rápida depuração (fisiológico). 12. Volume gástrico aumentado;
• Agentes agressores que irritam a 13. Hérnia de hiato (presença de secreção
mucosa: ácido, pepsina, sais biliares e gástrica no estômago herniado, sem
enzimas pancreáticas. clareamento adequado).
MECANISMOS DE DEFESA MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
Mecanismos de defesa funcionais: • P i ro s e ( q u e i m a ç ã o
1. Peristaltismo esofagiano; re t ro e s t e r n a l / a z i a -
2. Saliva (pH alcalino); queimação epigástrica)
3. Bicarbonato secretado pela mucosa do é o sintoma mais
esôfago; comum da DRGE e
4. Re s i s t ê n c i a d a m u c o s a ( j u n ç õ e s frequentemente é
intercelulares muito firmes). grave, começando 30 a
60 min depois da
Elementos mecânicos de defesa:
ingestão alimentar.
1. Tônus do EIE;
• Regurgitação
2. Entrada oblíqua do esôfago no estômago;
(percepção do fluxo do
3. Roseta da mucosa gástrica ao nível da
conteúdo gástrico
cárdia;
refluído para boca).
4. Pilar direito do diafragma;
• Eructações (arrotos) e
5. Prega de Gubbaroff;
dor torácica (em geral,
6. Porção distal do esôfago com localização
a dor é localizada na
intra-abdominal;
região epigástrica ou
7. Elementos de fixação do estômago.
retrosternal e
ETIOPATOGENIA frequentemente
irradia para a
garganta, o ombro ou
o dorso).
• Pode causar sinais e
sintomas respiratórios
como pigarro, asma,
tosse crônica e
laringite, mas é
importante ressaltar
que a causa desses
sintomas geralmente é
multifatorial, além do diagnóstico de DRGE.
SINAIS DE ALARME
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• Odinofagia, disfagia, sangramento, anemia, sintomas de refluxo (pirose e regurgitação >/


emagrecimento, náuseas, vômitos, história = 2x por semana por 4-8 semanas) e nos
familiar de câncer, hemorragia digestiva. exames diagnósticos opcionais.
FATORES IMPORTANTES ENDOSCOPIA DIGESTIVA ALTA
• Consiste em introduzir um endoscópio de
fibra óptica flexível no esôfago com a
finalidade de examinar o lúmen do sistema
digestório superior. Esse exame também
possibilita fazer uma biopsia, se for
necessário.
Indicações
- Dispepsia;
- Disfagia e/ou odinofagia;
- Sintomas de RGE;
- Vômitos persistentes, de causa
desconhecida;
- Sangramento de origem obscura;
- Hemorragia digestiva;
CLASSIFICAÇÃO - Sd de má absorção intestinal;
Presença ou não de erosões ao exame - Seguimento de lesões pré-malignas;
endoscópico: - Sinais de alarme.
1. DRGE erosiva; Contraindicações
2. DRGE não-erosiva (forma mais frequente). • Absolutas
Observação: Para existir DRGE não precisa - Intolerância do paciente;
ter lesão à EDA. - Suspeita / confirmação de perfuração de
CLASSIFICAÇÃO DE LOS ANGELES víscera;
1. Grau A, uma ou mais pequenas - Cardiopatas descompensadas e doenças
erosões (< 5 mm); pulmonares graves.
2. Grau B, uma ou mais erosões (> 5 • Relativas
mm), não convergentes; - Gravidez – 1° trimestre
3. Grau C, erosões convergentes Complicações:
(contínuas), mas envolvendo menos de - Odinofagia;
75% da circunferência do órgão; - Dor retroesternal / epigástrica;
4. Grau D, erosões ocupando pelo menos - Hemorragias / perfurações;
75% da circunferência do órgão. - Relacionadas ao uso de anestésico
tópico / sedação.
PHMETRIA ESOFÁGICA DE 24 HORAS
• Com o monitoramento do pH por 24 h, um
tubo fino com eletrodo de pH é introduzido
pelo nariz até o esôfago.
• Os dados fornecidos pelo eletrodo são
registrados em uma pequena caixa leve
fixada por um cinto em torno da cintura e
depois analisados por um computador.
• Esse equipamento torna possível ao paciente
anotar as alterações da posição, refeições,
pirose ou dor, que depois são correlacionadas
com os episódios de refluxo ácido.
Indicações
DIAGNÓSTICO - Sintomas de DRGE;
• O diagnóstico do refluxo gastresofágico
baseia-se principalmente na história de
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- EDA normal e ausência de resposta ao • DD: esofagite química (alendronato, ATB,
teste terapêutico; AINE);
- Documentação de DRGE em pré- • Quadro súbito, com dor retroestrenal,
operatório de cirurgia anti-refluxo; disfagia e odinofagia.
- Avaliação da eficiência do tratamento ESÔFAGO DE BARRETT
clínico ou cirúrgico. • O esôfago de Barrett caracteriza-se por um
IMPEDANCIO-PHMETRIA ESOFÁGICA processo reparativo, no qual a mucosa
• Movimento anterógrado/ retrógrado do estratificada pavimentosa escamosa que
refluxato; normalmente recobre o esôfago é substituída
• Refluxo líquido, gasoso ou misto; gradativamente (+ precisamente no terço
• Refluxo ácido ou não-ácido (importante nas distal) por epitélio colunar anor mal
falhas a IBP); semelhante ao do estômago ou do intestino.
• DRGE refratária, queixas atípicas. • Essa complicação está associada ao aumento
MANOMETRIA ESOFAGIANA do risco de desenvolver adenocarcinoma
• Avalia tônus dos esfíncteres e atividade (+ comum no estômago) do esôfago (+
motora do esôfago; comum carcinoma epidermóide).
• Documentar hipotonia importante de EEI;
• Distúrbios de motilidade (peristalse,
hipocontratilidade);
• Pré-operatório cirurgia anti-refluxo;
• Localizar EEI para colocação de sensores de
pHmetria.
COMPLICAÇÕES
• As complicações como estenoses e esôfago de
Barrett (mudança no terço distal do epitélio
do esôfago para o epitélio do estômago =
Metaplasia) desencadeiam um ciclo de lesão
da mucosa seguida de hiperemia, edema e
erosão da superfície interna do órgão.
ESTENOSES
• As estenoses são causadas por uma
combinação de fibrose tecidual, espasmo e
edema.
• Essa complicação causa estreitamento do
esôfago e disfagia quando a constrição do
lúmen esofágico é significativa.
Anamnese: DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
• DRGE longa data que inicia disfagia para • Esofagite eosinofílica;
sólidos. • Esofagite infecciosa;
• Pode apresentar odinofagia, impactação • Distúrbios motores do esôfago;
alimentar. • Pirose funcional.
• Perda de peso pouco significativa.
ÚLCERAS
• Esôfago distal, isoladas ou associadas a
erosões;
• História de refluxo de longa duração;
• Pirose + odinofagia;
• Pode haver emagrecimento por recusa
alimentar;
• EDA com biópsias para excluir Barrett;
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A dispepsia pode ser dividia em dois grandes


DISPEPSIA grupos:
Dispepsia é definida por presença de dor ou 1. Orgânica: Quando os sintomas são
desconforto no abdome superior, referindo-se, secundários a doenças específicas. Ex:
portanto, a uma grande variedade de sintomas DRGE, Úlcera péptica, gastrite etc.
de causas diversas. 2. Funcional: Quando há sintomas do
FATORES DE RISCO aparelho digestivo alto não relacionado a
Fatores que alteram a motilidade gástrica/ atividade física e não secundário as
secreção ácida, favorecendo o aparecimento de doenças localizadas ou sistêmicas.
dispepsia. - Dispepsia investigada: Usa exames
1. Idade avançada; complementares para o diagnóstico.
2. Tabagismo; - Dispepsia não investigada: Não usa
3. Etilismo; exames complementares para diagnóstico.
4. Ingestão abusiva de sal e conservantes; DISPEPSIA FUNCIONAL
5. Uso de Anti-inflamatórios (AINEs). • Segundo o último Consenso de Roma (Roma
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS IV, 2016) define a DF como uma síndrome
Entre os sintomas mais comuns que clínica que impacta as atividades habituais do
caracterizam a dispepsia, encontram-se: paciente e é caracterizada pela presença de
1. Sensação de distensão abdominal* sintomas dispépticos recorrentes e crônicos,
2. Saciedade precoce* na ausência de lesões estruturais ou
3. Plenitude pós-prandial* metabólicas subjacentes, observadas em
4. Epigastralgia em queimação* investigação clínica habitual (incluindo
5. Eructação endoscopia), capazes de justificar o quadro
6. Náuseas e vômitos clínico.
Para caracterizar dispepsia, é necessário que os • Sua fisiopatologia permanece obscura,
sintomas: estando, possivelmente, associada a
1. Sejam recorrentes e intermitentes; hipersensibilidade visceral, disfunção motora
2. Não haja relação com exercícios físicos; e fatores psicossociais.
3. Não haja irradiação da dor para o tórax ou FISIOPATOLOGIA
localizada em todo o abdome; Em linhas gerais, as principais hipóteses
4. Não seja aliviada pela defecação; fisiopatalógicas da dispepsia funcional são:
5. Não preencha critério para demais Alterações da motilidade
distúrbios funcionais GI. gastroduodenal
SINAIS DE ALARME - Retardo do esvaziamento gástrico, mais
Os sinais e sintomas de alarme na dispepsia são relacionado com sintomas de plenitude
todos aqueles que nos fazem pensar em câncer pós- prandial do que com sintomas de dor
gástrico como um diagnóstico diferencial. São ou vômito;
eles: - Alteração da acomodação gástrica,
1. Perda de peso não intencional; caracteriza-se por alteração na
2. Idade maior que 40 anos; capacidade de acomodar o alimento na
3. Vômitos persistentes; parte proximal do estômago, atingindo o
4. Odinofagia, Disfagia progressiva; antro precocemente. Isso gera dilatação
5. Hematêmese; do antro, conseqüente saciedade precoce
6. Ascite; e perda de peso.
7. Anemia não explicada; Hipersensibilidade visceral
8. Massa abdominal ou linfadenopatia; • A causa dessa hipersensibilidade visceral é
9. História familiar de câncer do TGI; desconhecida, podendo ser, em linhas gerais,
10. Cirurgia gástrica prévia; uma redução do limiar de percepção de
11. Icterícia. estímulos viscerais que poderiam ser
CLASSIFICAÇÃO causados por:
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- Sensibilização nos mecanorreceptores 2. Síndrome da Dor Epigástrica:
intragástricos por inflamação, injúria ou Predomina dor ou queimação epigástrica,
defeitos intrínsecos desses; moderada a intensa, inter mitente,
- Maior recrutamento ou excitabilidade de ocorrendo, no mínimo, uma vez por
neurônios do corno posterior por semana, nos últimos 3 meses.
estímulos repetitivos;
- Alteração no sistema nervoso central em
processar ou modular os estímulos
aferentes que aumentariam a vigilância
ou amplificariam os estímulos viscerais.
Fatores psicossociais
- Depressão
- Síndrome do pânico
- Ansiedade generalizada
- Doenças somatoformes
Hipersecreção ácida
Gastrite associada ao H. Pylori.
CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS-ROMA IV
De acordo com o consenso de Roma IV os
DIAGNÓSTICO
seguintes critérios são necessários para o diag-
1. História clínica (Hab. Alimentar);
nóstico de DF:
2. Exame físico (IMC, exame do abdômen,
1) Q u e i x a s d i s p é p t i c a s f r e q u e n t e s e
mucosas);
recorrentes que devem estar presentes nos
3. Endoscopia digestiva alta;
últimos três meses e que se iniciaram, no
4. Hemograma
mínimo, seis meses antes do diagnóstico;
5. Parasitológico de fezes
2) Essencial a presença de um ou mais dos
6. Teste não invasivos para H. pylori (teste
seguintes sintomas: a) Plenitude pós-
respiratório da ureia, antígeno fecal ou
prandial; b) Saciedade precoce; c) Dor
sorologia);
epigástrica; d) Queimação epigástrica;
7. Ultra-sonografia abdominal (suspeita de
3) Ausência de lesões estruturais (incluindo a
doença hepática, biliar)
realização de endoscopia digestiva alta) que
8. TC e RM de abdômen;
possam justificar os sintomas.
9. Cintilografia de esvaziamento gástrico;
CLASSIFICAÇÃO 10. Avaliação para doença celíaca, e
Para uma melhor orientação propedêutica e intolerância à lactose e frutose.
terapêutica, esse consenso sugere que os
pacientes com DF sejam classificados em duas
síndromes, de acordo com o sintoma principal:
1. Síndrome do Desconforto Pós-
Prandial: Predominam os sintomas de
e m p a ch a m e n t o p ó s - p r a n d i a l e / o u
saciedade precoce, que ocorrem pelo
menos 3 vezes por semana, nos últimos 3
meses.

Maria Vitória de Sousa Santos

TRATAMENTO
Segundo Roma IV, o tratamento inicial deve
ser direcionado para tipo de sintomas
predominantes, conforme o fluxograma abaixo:

1. Medidas dietéticas: Evitar refeições ricas


em gordura deve ser útil porque a presença
de lipídeos no duodeno aumenta a
mecanosensibilidade gastroduodenal. Em
geral, é lógico orientar o paciente a comer
mais freqüentemente em refeições
menores. Evitar refeições copiosas e
consumo excessivo de líquidos durante as
refeiçõe. Evitar alimentos condimentados,
I
bebidas alcoólicas, café e fumo em excesso?
Diminuir o consumo de alimentos
produtores de gases por fermentação
2. IBPs;
3. Antagonistas dos receptores de H2;
4. Antinociceptivos;
5. Antiácidos;
6. Procinéticos.
Maria Vitória de Sousa Santos

PARASITAS INTESTINAIS • O ciclo inicia-se, principalmente, pela


ingestão de água e/ou alimentos
GIARDÍASE
contaminados com os cistos.
INTRODUÇÃO E EPIDEMIOLOGIA • O processo de desencistamento
• A giardíase, infecção intestinal causada por (transformação do cisto em trofozoíto) inicia-
um protozoário flagelado denominado se no estômago, devido ao estímulo do baixo
Giardia lamblia/duodenalis/intestinalis), é uma pH; e se completa no duodeno e no jejuno.
das principais parasitoses encontradas em • Posteriormente, ocorre outro processo, o de
todos os países (subdesenvolvidos e encistamento (transformação do trofozoíto
desenvolvidos), principalmente naqueles de em cisto) no baixo íleo ou no ceco.
clima tropical e subtropical. • Pode ter como estímulos: o pH intestinal, a
• A giardíase predomina nos países em presença de sais biliares e o destacamento do
desenvolvimento, principalmente nos locais trofozoíto da mucosa.
onde as condições de saneamento básico são
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
precárias.
• Após um período de incubação, que varia de
ASPECTOS MORFOLÓGICOS 5 a 25 dias (média de 7 a 10 dias), a
Se apresenta de duas maneiras, como: sintomatologia da doença pode surgir.
1. Trofozoíto (forma não infectante) • Entretanto, na maioria dos casos, a giardíase
2. Cisto (forma infectante) é assintomática ou oligossintomática.
FORMAS DE TRANSMISSÃO 1. Diarreia aguda + dor e distensão
• O homem pode ser infectado ao ingerir água abdominal
não filtrada ou alimentos não cozidos 2. Diarreia crônica (recidivante, esteatorreia,
contaminados com o cisto ou a partir da má flatulência)
higienização dos alimentos. - Anorexia + perda de peso.
• Outras formas de infecção estão ligadas ao - Má absorção intestinal (açúcares,
contato direto entre pessoas, o que explica gorduras e vitaminas A, D, E, K, B12,
também a alta prevalência em ambientes ácido fólico, ferro ou zinco). Cobrem a
aglomerados, como creches, enfermarias e mucosa do duodeno, similar a uma
asilos. barreira mecânica que prejudica a
CICLO BIOLÓGICO absorção de vitaminas lipossolúveis,
cobalamina e folato > fadiga.
- Disco suctorial produzir irritação,
lesões das vilosidades intestinais e
atrofia focal ou difusa (similar à doença
celíaca).
- Acometimento das vilosidades
intestinais leva à intolerância
secundária à lactose.
3. Manifestações cutâneas: alergias e
urticárias
DIAGNÓSTICO
1. Parasitológico de fezes: Pesquisa de
custo ou trofozoítos nas fezes. É necessário
a coleta de ao menos 3 amostras de fezes
em dias diferentes (método de Faust).
2. Coleta do fluido duodenal e biopsia
duodenal por meio de endoscopia:
Em casos de amostras de fezes
sequencialmente negativas, recomenda-se a
realização da coleta do fluido duodenal e
da biopsia duodenal por meio de
Maria Vitória de Sousa Santos

endoscopia. A biopsia duodenal, por ser FORMAS DE TRANSMISSÃO


um método invasivo, fica reservada aos • É adquirida por meio da ingestão de água ou
casos em que é necessário fazer o alimentos contaminado contendo o cisto,
diagnóstico diferencial com outras doenças. além da má higiene pessoal.
3. Pesquisa de antígenos fecais por • A aquisição pela via sexual raramente
meio da técnica de ELISA acontece.
4. Detecção do (DNA) em amostra de CICLO BIOLÓGICO
fezes pela técnica de (PCR): Baseia-se • O ciclo da E. histolytica é monoxênico.
na amplificação de sequências de DNA do • No hospedeiro humano, o parasito
parasito com (PCR). desenvolve-se quando o indivíduo ingere
TRATAMENTO cistos maduros presentes em água, alimento e
mãos sujas.
• Os cistos são resistentes ao suco gástrico, e
somente no intestino delgado começam a
sofrer modificações, mais especificamente na
região ileocecal.
• N e s s e l o c a l , o c o r re o p ro c e s s o d e
desencistamento (saída do metacisto por
uma fenda na parede cística), favorecido por
temperatura compatível e meio anaeróbio.
• O metacisto sofre, então, diversas divisões
celulares, for mando quatro e,
posterior mente, oito trofozoítos
metacísticos uninucleares.
• Chegando ao intestino grosso, essas
estruturas se desenvolvem e originam os
trofozoítos, que ali permanecem aderidos.
• Tais formas sofrem desidratação, formando
os pré-cistos.
• Por último, esses agentes recém-formados
AMEBÍASE secretam uma membrana cística, dando
INTRODUÇÃO E EPIDEMIOLOGIA origem ao cisto, que será eliminado nas
• A amebíase é uma infecção cujo agente fezes, continuando o ciclo.
causal – Entamoeba histolytica – é um dos Observação: Os trofozoítas podem invadir a
protozoários mais conhecidos. parede do cólon (causando colite amebiana).
• A infecção está, muitas vezes, associada aos Eventualmente atingem a corrente circulatória,
hábitos de higiene do indivíduo. disseminando-se à distância (ex.: abscessos
• No Brasil, a prevalência da infecção é amebianos no fígado, pulmão ou cérebro).
variável, confor me a região e,
consequentemente, os fatores a ela
associados, como as condições sanitárias e
socioeconômicas.
ASPECTOS MORFOLÓGICOS
A E. histolytica pode apresentar duas formas
evolutivas:
1. Cisto: São encontrados na água e nos
alimentos contaminados com fezes, são
resistentes à acidez gástrica e assumem a
forma de trofozoítos, no intestino grosso.
(Forma infectante)
2. Trofozoíto (forma não infectante)
Maria Vitória de Sousa Santos

MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS 4. Retossigmoidoscopia/colonoscopia:


• Assintomática (maioria). Pacientes com forte suspeita clínica que
• Intestinal: Ulceras no cólon, sigmoide e reto. apresentam exames de fezes negativos.
- Colite amebiana: Dor abdominal baixa Também é útil para biópsias de úlceras.
associada a diarreia baixa (múltiplos 5. Exames de imagem: Para diagnóstico
episódios, pequeno volume, muco, pus e de amebíase extraintestinal, podendo
sangue). confirmar os casos de abcesso hepático
Aguda 6. Exames bioquímicos e hemograma:
1. D i s e n t e r i a a m eb i a n a : d i a r r e i a Podem ser solicitados para avaliação do
mucossanguinolenta profusa, febre, paciente, entre os quais: análise bioquímica
n a u s e a s, t e n e s m o, d o r a b d o m i n a l do fígado – tais como dosagem de
frequente, com sinais peritoneais e extenso bilirrubinas, fosfatase alcalina,
comprometimento do cólon. gamaglutamil transpeptidase e
2. Colite amebiana fulminante: quadro aminotransferases.
mais grave, febre, leucocitose e perfuração 7. Radiografia de tórax: Podem ser
intestinal. Mulheres grávidas, indivíduos utilizados para visualizar a existência de
imunocomprometidos, diabetes mellitus, atelectasias, derrame pleural e outras lesões
etilistas ou em uso de corticosteroides da amebíase pleuropulmonar.
apresentam alto risco para a doença 8. Ultrassonografia e TC de abdome:
fulminante. Podem ser úteis para identificação e
3. Megacolón tóxico: dilatação colônica. diferenciação mais detalhada da lesão
Crônica (desconforto abdominal, hábito hepática, podendo também ser indicadas
intestinal irregular) nos casos em que a drenagem cirúrgica seja
1. Ameboma: Incomum, granuloma na necessária.
parede intestinal. Estreitamento do lúmen. TRATAMENTO
Semioclusão. Ao exame físico: massa Formas intestinais não graves:
abdominal palpável. • Imidazólicos:
Formas extraintestinais: - Secnidazol
1. Disseminação para outros tecidos. - Metronidazol
2. Abscessos hepáticos, pulmonares e - Tinidazol
cerebrais. Fo r m a s i n t e s t i n a i s g r a v e s o u
3. Fígado: + COMUM: lesão única em lobo extraintestinais:
D, dor em HD, febre, suor noturno, ao - Metronidazol
e x a m e : s i n a l d e To r r e s - H o m e m . - Tinidazol
Laboratório: leucocitose importante, - Formas intraluminais
elevação de AST/ALT. Imagem: US, TC. - Teclozan
Tratamento: terapia far macologica. - Etofamida
Drenagem percutanea ou cirurgia aberta, a ASCARIDÍASE
depender da situação clínica INTRODUÇÃO E EPIDEMIOLOGIA
DIAGNÓSTICO • Ascaridíase – é uma enfermidade provocada
1. Parasitológico de fezes: O encontro de pelo helminto Ascaris lumbricoides.
trofozoítos contendo hemácias (cepa patogênica) • A ascaridíase é a verminose mais frequente
fagocitadas no exame de fezes a fresco é no mundo.
considerado patognomônico, em particular se • As populações de baixo rendimento
o paciente apresentar disenteria. socioeconômico estão mais propensas a
2. ELISA e pesquisa de antígeno fecal conviverem com más condições de higiene e
3. Reação em cadeia da polimerase saneamento básico, apresentando uma
(PCR): Também pode ser usada para o prevalência mais alta.
diagnóstico da infecção, por pesquisa do FORMAS DE TRANSMISSÃO
DNA do parasito em amostra de fezes.
Maria Vitória de Sousa Santos

• A transmissão da ascaridíase ocorre pela passa pela traqueia, faringe e poderá ser
ingestão de ovos larvados do parasito através expelida ou deglutida.
da água ou alimentos contaminados. • As larvas deglutidas passarão pelo trato
• A poeira e insetos como moscas, formigas e digestório até o intestino delgado, fixam-se
baratas podem contaminar os alimentos, e na mucosa e formam os adultos jovens.
ovos podem ser transportados • O ciclo pulmonar é denominado “ciclo de
mecanicamente pelas patas desses insetos. Loss”.
CICLO BIOLÓGICO MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
• Os indivíduos parasitados com baixa
intensidade são assintomáticos.
• E m i n f e c ç õ e s m a c i ç a s, n a f a s e d e
desenvolvimento da larva, podem ser
encontradas:
1. Dor abdominal, diarreia, nausea, perda de
apetite.
2. Obstrução intestinal "bolo de áscaris"
3. Migração do parasita (Pancreatite aguda,
Colangite, Abscesso hepático).
4. Sindrome de Löeffler (Ciclo pulmonar da
larva - Tosse seca, broncoespasmo - Rx:
infiltrados intersticiais múltiplos e
migratórios - Eosinofilia no HMG).
DIAGNÓSTICO
1. Exame de fezes: Utilizado para
• Os ovos são eliminados pelo hospedeiro por identificação dos ovos de áscaris nas fezes,
meio das fezes, no ambiente, em condições pelos métodos de sedimentação de Lutz ou
ideais (25 °C a 30°C, umidade mínima de de Hoffman (para ovos inférteis) ou
70%, presença de O2) forma os embriões métodos de suspensão, como o de Faust
que originam a primeira larva (L1). (para ovos férteis).
• Após uma semana a larva L1 do tipo 2. Hemog rama: É possível detectar
rabditoide sofre muda e transforma-se em L2 eosinofilia.
e posteriormente em L3 (larva infectante do 3. E x a m e s
tipo filarioide) dentro do ovo. radiológicos: Os
• O hospedeiro ingere o ovo infectante exames radiológicos, do
contendo a larva L3 encontrada no solo, tipo baritados, podem
atravessa o trato digestório e eclode no revelar imagens de
intestino delgado. “falha de enchimento”
• A eclosão ocorre devido a vários fatores do patognomônicas de
h o s p ed ei ro : agen tes red u to res, p H , ascaridíase - O “bolo de
temperatura, sais e CO2. áscaris” é um exemplo.
• Na altura do ceco atravessa a parede do Obstrução intestinal.
intestino, cai nos vasos linfáticos e veias, Observação: Na fase de migração larvária
encaminha-se para o fígado. podem ser encontradas larvas no escarro.
• Por meio da veia cava inferior ou superior TRATAMENTO
atingem o coração direito. Formas não complicadas
• Migram para os pulmões em 4 a 5 dias, onde - Albendazol*
realiza muda transformado-se em L4. - Mebendazol
• Esta penetra nos capilares rompendo-os, - Ivermectina
caem nos alvéolos onde realiza outra muda, - Levamizol
- Pamoato de pirantel
formando a L5 que sobe a árvore brônquica,
Forma complicada (obstrução intestinal)
- Citrato de piperazina (+ óleo mineral)
Maria Vitória de Sousa Santos

ENTEROBÍASE (OXIURÍASE) • Um indivíduo suscetível que tenha as mãos


INTRODUÇÃO E EPIDEMIOLOGIA contaminadas por ovos de um indivíduo
• A enterobíase – também conhecida como infectado – por exemplo, por ocasião de um
oxiuríase – é uma enfermidade parasitária cumprimento – e que as leve a boca, poderá
causada pelo Enterobius vermicularis e tem adquirir o patógeno e desenvolver a
ocorrência comum em crianças na faixa enterobíase.
etária de 5 a 10 anos. • Ao serem ingeridos, os ovos eclodem no
• A infecção pelo patógeno ocorre em todas as intestino delgado, liberando larvas que irão
classes socioeconômicas. se desenvolver até a forma adulta, enquanto
• Essa parasitose apresenta alta incidência em se movem para o ceco.
países de clima temperado, inclusive naqueles • Por fim, os vermes copulam e dão início a
com ampla cobertura de saneamento básico. um novo ciclo.
• O agente etiológico, um parasito monóxeno,
costuma habitar o lúmen intestinal humano,
e a infecção, quando sintomática, é
responsável por causar prurido anal de
caráter intenso e produzir complicações
locais e/ou em sítios ectópicos.
FORMAS DE TRANSMISSÃO
• Ingestão de ovos pela má higienização das
mãos, além do compartilhamento de
alimentos e de roupas de cama/íntimas
contaminadas.
• A transmissão é fecal-oral: o ser humano
ingere os ovos embrionados, na maioria das
vezes eliminados por si próprio – ao coçar a
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
região anal, perianal ou perineal; o indivíduo
A infecção por E. vermicularis costuma ser
contamina as suas mãos e posteriormente as
assintomática, quando sintomática apresenta
leva até a boca.
como sintoma mais comum:
• Além disso, com as mãos contaminadas o
1. Prurido na região perianal (intenso,
sujeito pode contaminar alimentos, passando
principalmente durante a noite)
a verminose para outras pessoas geralmente
Observação: Tal situação pode levar a uma
do convívio domiciliar.
irritação na região anal com proctite e
CICLO BIOLÓGICO vulvovaginite, pelo deslocamento das larvas para
• Apresenta ciclo biológico monoxênico, e seu a região genital feminina, o que ocasiona
único hospedeiro é o homem. prurido vulvar, desconforto vaginal e
• Quando grávidas, as fêmeas liberam seus granulomas no útero, nos ovários e nas tubas
ovos na região perianal do hospedeiro. uterinas. Pode ocorrer corrimento vaginal além
Observação: Quando estão grávidas, elas se de os lábios se apresentarem eritematosos e
deslocam para o reto do hospedeiro, edemaciados.
principalmente no período noturno – devido à 2. Perturbações no sono e irritabilidade (em
temperatura mais baixa, nesse local. consequência do prurido anal)
• Estes são maturados em 4 a 6 horas, na 3. Infecção do sistema urinário (higienização
temperatura da superfície do corpo (cerca de perineal inadequada)
30°C). 4. Pode ocorrer colite crônica, a qual causa
• O intenso prurido perianal causado faz com fezes amolecidas ou diarreicas,
que o paciente coce a região, facilitando a emagrecimento e alterações do apetite.
transferência dos ovos infectantes para a Observação: Infecções extraintestinais, como
boca, através das mãos contaminadas no sistema reprodutor feminino, nos pulmões,
(autoinfecção). no fígado, no baço, no apêndice e na próstata,
são incomuns.
Maria Vitória de Sousa Santos

DIAGNÓSTICO ingestão acidental de ovos ou proglotes, o que


Exame de fezes leva à formação de cisticercos (larvas) no
1. Clínica: Para a maioria dos casos, organismo, ocasionando a cisticercose.
considerando o prurido anal como CICLO BIOLÓGICO
principal manifestação da enfermidade • O ser humano é o único hospedeiro
(quando esta é sintomática). definitivo.
2. Método de Graham (Método da fita • Ovos e/ou proglotes grávidas são eliminados
adesiva): Método de fita adesiva nas fezes dos pacientes afetados,
transparente, ou celofane. Pesquisa de ovos contaminando o meio ambiente (solo,
e larvas diretamente na região perianal, pastagens, água), onde os ovos conseguem
seguida de leitura em microscópio. sobreviver por dias a meses.
Também podem ser pesquisados em • O gado bovino e os porcos se tornam
material retirado de unhas de crianças infectados por suas respectivas espécies de
infectadas. Quando presentes, os ovos irão Taenia, ao ingerirem vegetação contaminada
aderir-se à fita gomada. Depois de com ovos ou proglotes grávidas.
descolada da pele, a fita será preparada em • No intestino de tais animais, após ação do
uma lâmina para análise microscópica. suco gástrico e da bile sobre os ovos, as
3. Inspeção do introito anal e de oncosferas eclodem e invadem a parede
roupas íntimas e de cama. A fim de intestinal, ganhando acesso à circulação
identificar os vermes móveis – as fêmeas sanguínea, através da qual chegam à
são finas e brancas, semelhantes a pedaços musculatura esquelética e cardíaca.
de fios de algodão. • Nessa região, a forma larvária tecidual, o
4. Pesquisa de antígeno fecal cisticerco, segue o seu desenvolvimento e
TRATAMENTO torna-se infectante para o ser humano cerca
- Pamoato de pirantel de 60 dias depois.
- Albendazol • Os seres humanos se tornam infectados por
- Mebendazol meio da ingestão de carne crua ou malcozida
TENÍASE com cisticercos.
• Após a digestão, os cisticercos são postos em
INTRODUÇÃO
liberdade e, por ação dos sucos digestivos,
• A teníase é uma doença decorrente
libertam o seu escólex que logo se fixa por
principalmente da infecção por T. solium, T.
suas ventosas à mucosa do intestino delgado,
saginata.
evoluindo então com a formação das
• Esses agentes podem viver principalmente no
proglotes, o que irá constituir o verme adulto,
intestino delgado do ser humano.
completando o ciclo evolutivo do parasita.
• O ser humano é o hospedeiro definitivo
(abriga a forma adulta) das principais
espécies de Taenia, sendo os bovinos os
hospedeiros intermediários (abriga as
formas larvas) da forma saginata, enquanto o
porco o é da espécie solium.
FORMAS DE TRANSMISSÃO
• A infecção humana pela teníase se dá pela
ingestão de carne bovina ou suína com larvas
teciduais (cisticercos) dos respectivos
patógenos.
• Ao ingerir a carne crua ou insuficientemente
cozida, o ser humano se torna infectado pela
larva, que evolui para verme adulto no
intestino, originando a teníase.
• Apenas no caso da Taenia solium pode ainda
ocorrer a contaminação humana pela
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Observação: Caso o homem se infecte DIAGNÓSTICO


ingerindo água ou alimento contendo ovos da 1. Pesquisa de proglotes ou ovos nas fezes
tênia, ele pode comportar-se como 2. Teste de Graham (prova da fita adesiva)
hospedeiro intermediário. A oncosfera 3. Sorológicos:
será eclodida e dará origem a cisticercos nos 4. Hemograma (aumento de IgE)
tecidos com maiores concentrações de Observação: Como os ovos da T. saginata
oxigênio, como sistema nervoso central, olhos e podem ser depositados nas áreas perianais,
musculatura esquelética. podem ser detectados por pesquisa anal, assim
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS como pela prova da fita adesiva
A maioria é assintomática, quando presente TRATAMENTO
surgem: - Praziquantel
1. Queixas inespecíficas como tontura, - Niclosamida
fraqueza, anorexia, náuseas, vômitos, dor - Mebendazol
abdominal. ESQUISTOSSOMOSE
2. Desconforto em região perianal INTRODUÇÃO
CISTICERCOSE • A esquistossomose mansoni é uma doença
• A cisticercose humana ocorre quando o causada pelo parasita Schistosoma mansoni.
homem ingere os ovos (ou eventualmente • Os vermes deste gênero parasitam os vasos
proglotes grávidas). sanguíneos do ser humano, alimentando-se
• Os ovos então, por ação do suco gástrico, são dos nutrientes circulantes.
convertidos em oncosferas, que em seguida • O S. mansoni tem como hospedeiro
são absorvidas pela mucosa intestinal, definitivo (onde se desenvolvem os vermes
alcançando a corrente circulatória e adultos) o ser humano e tem como
disseminando-se para os órgãos com grande hospedeiro intermediário (onde se
aporte de O2 (SN, músculos, coração etc), desenvolvem as formas larvárias) o caramujo
nos quais então se transformarão nos do gênero Biomphalaria.
cisticercos.
FORMAS DE TRANSMISSÃO
O bser v ação : Os c is tic erc os c aus am
• Adquiridos por meio de contato com água
problemas, especialmente aqueles que se doce contaminada, onde habitam os
alojam no parênquima cerebral – caramujos.
neurocisticercose, também apresentam
CICLO BIOLÓGICO
acometimento extraneural (fígado, olhos,
• Um indivíduo doente inicia o ciclo de
musculatura esquelética, coração, entre outros).
transmissão ao eliminar suas fezes contendo
Manifestações clínicas neurais
ovos do parasita.
• Epilepsia
• Esses ovos, com boa luminosidade e em
• Convulsão, podendo ocorrer outras lesões
ambiente aquático, absorvem água e
focais, como déficits motores e distúrbios
rompem a casca, liberando uma forma larval
visuais.
do denominada miracídio.
• Hidrocefalia pela obstrução do fluxo
liquórico pode levar a sinais de hipertensão • Graças ao batimento de cílios que recobrem
intracraniana, com cefaleia, náuseas, sua superfície, os miracídios nadam em alta
vômitos, borramento de visão, papiledema e velocidade à procura do hospedeiro
rebaixamento do nível de consciência. intermediário, especialmente nas primeiras 5
Manifestações clínicas extraneurais horas depois de liberados na água.
1. Acometimento ocular (redução da • Ocorre a descarga do conteúdo das glândulas
acuidade visual ou cegueira) adesivas, principalmente enzimas
2. Músculos (mialgias, edema, febre e proteolíticas, que digerem os tecidos do
eosinofilia - grande envolvimento musc.) hospedeiro.
3. Coração (arritmias e/ou distúrbios de • No interior do hospedeiro intermediário, o
condução elétrica) miracídio sofre uma série de modificações,
4. Cutâneo (nódulos subcutâneos calcificados) transformando-se em cercárias (forma
larval infectante no homem).
Maria Vitória de Sousa Santos

• As cercárias são liberadas do corpo do 2. Febre de Katayama: Síndrome febril


caramujo para o ambiente aquático, no qual eosinofilica.
nadam ativamente. - Febre alta intermitente com calafrios,
• A liberação da cercária é influenciada pela sudorese, mialgia, artralgia, náuseas vômitos e
luz solar e a temperatura da água (período diarreia com dor abdominal.
- Hepatoesplenomegalia + rash cutâneo +
mais quente e com maior luminosidade).
prurido.
• Elas penetram ativamente na pele do - Leucocitose.
homem, dando origem a uma irritação no 3. Forma hepatointestinal
local da penetração que varia de intensidade. - Dispepsia - eructações, plenitude, náuseas,
• No processo de penetração no hospedeiro vômitos, anorexia, flatulência.
definitivo, as cercárias perdem a cauda e se - Dor abdominal em cólica, difusa / Q/D com
transformam em esquistossômulos, os episódios de diarreia + tenesmo.
quais caem na circulação sanguínea e/ou 4. Forma hepatoesplenica
linfática e seguem em direção ao coração e - Esplenomegalia + Hipertensão portal
pulmão, nos quais permanecem por certo DIAGNOSTICO
tempo. 1. Exames parasitológicos
• O s p a r a s i t a s re t o r n a m a o c o r a ç ã o 2. Testes sorológicos
posteriormente e são levados pelas artérias 3. Pesquisa de antígeno no soro, urina,
para diferentes partes do corpo, sendo seu escarro
local preferencial de localização o fígado. 4. Testes moleculares (PCR)
• Somente os esquistossômulos que chegam ao TRATAMENTO
sistema porta hepático, cerca de 3 semanas
depois da penetração das cercárias, são
capazes de amadurecer e originar vermes
adultos.
• No fígado, as formas jovens se alimentam e
se diferenciam sexualmente.
• Os parasitas migram para as veias do
intestino, nas quais eles se acasalam.
• Ocorre então a postura dos ovos, e estes
migram para a luz intestinal.
• Os ovos do parasito são eliminados pelo
doente com as fezes, recomeçando o ciclo.

ANCILOSTOMÍASE
• A Ancilostomíase, Ancilostomose ou
Necatoríase são nomes de doenças causadas
p e l o s A n c i l o s to m í d e o s d a s e s p é c i e s
Ancylostoma duodenale ou Necator
americanus.
• Essas verminoses, também conhecidas como
“amarelão”, têm grande prevalência em
regiões quentes e úmidas de solo arenoso.
TRANSMISSÃO
A transmissão se dar para o homem ocorre de
duas formas:
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS 1. Pela penetração da larva L3 na pele,
1. D e r m a t i t e c e r c a r i a n a : E r u p ç ã o quando em contato com qualquer parte do
maculopaular pruriginosa. corpo;
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2. Por ingestão da larva L3 com água ou • Nos alvéolos, as larvas migram para os
verduras cruas mal lavadas contaminadas. brônquios, traqueia, faringe e chega à laringe
onde podem ser expelidos ou ingeridos.
• Estes últimos atravessam o tubo digestório e
atingem o intestino delgado e dentro de 8
dias começa a exercer hematofagismo,
fixando-se à mucosa, transformam-se na
larva L5 (após 15 dias de infecção), seu
habitat final.
• Após 30 dias da infecção tornam-se adultos,
exercem hematofagismo, iniciam a cópula e
em seguida a oviposição (35 a 60 dias).
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
Maioria assintomáticos.
1. Palidez;
2. Olhos e mucosas descoradas;
3. Fadiga;
CICLO DE VIDA 4. Vertigens;
• Ao serem eliminados nas fezes, os ovos 5. Tonturas;
fertilizados estão geralmente em seus 6. Desânimo e fraqueza;
estágios iniciais de clivagem; têm casca fina e 7. Dores de cabeça;
hialina e formato ovoide. 8. Dores epigátricas;
• Os ovos maturam em 1 a 10 dias, quando 9. Falta de apetite;
encontram condições favoráveis no solo 10. Cólicas;
(temperatura entre 20 - 30 °C para Ancylos- 11. Vômitos;
toma e 25 - 35 °C para Necator), umidade 12. Flatulências;
elevada e oxigenação), produzindo larvas 13. Diarreias sanguinolentas ou não.
rabditoides (L1) em seu interior. 14. Anemia (pois os parasitos se alimentam de
• Em 12 a 24 horas, a eclosão dos ovos libera sangue);
larvas L1. 15. O intestino é acometido pela destruição
• O ovo eclode liberando a L1 que então se dos tecidos e ingestão de hemácias pelos
desenvolve no solo e muda para L2, parasitos, podendo gerar úlceras intestinais
trocando a bainha. além de anemia e hipoproteinemia
• No solo, as larvas alimentam-se de bactérias (causando uma hipoalbuminemia e edema
e material orgânico em decomposição. generalizado -anasarca);
Sofrem mais duas mudas para transformar- 16. A penetração das larvas causa dermatites
se em larvas filarioides (L3) infectantes, cerca de intensidades variáveis de acordo com o
de 1 semana depois. número de larvas e o sistema imunológico
• A infecção humana se dá pela penetração de do hospedeiro.
larvas filarioides na pele, geralmente dos pés 17. A passagem das larvas pelos pulmões pode
e das mãos, que entram em contato direto provocar lesões transitórias e sintomas
com o solo contaminado com fezes como dispneia, tosse e febre baixa.
humanas. DIAGNÓSTICO
• O processo de penetração na pele leva cerca • Exame parasitológico de fezes –
de 30 minutos e pode produzir prurido M é t o d o s d e L u t z , Wi l l i s o u Fa u s t –
intenso. ContagemdeovospeloKato-Katz;
• Atravessa a pele, mucosa ou conjuntiva e cai • Eosinofilia leve a moderada.
na corrente sanguínea ou linfática, chega ao TRATAMENTO
coração e pelas artérias pulmonares atinge os 1. Mebendazol;
pulmões onde se transforma na larva L4 (2 a 2. Albendazol;
7 dias). 3. Pamoato de Pirantel.
Maria Vitória de Sousa Santos

TRICURÍASE • Geralmente os pacientes apresentam forma


Tricuríase é uma infecção causada por um assintomática ou com manifestações leves.
parasita chamado Trichuris trichiura, uma espécie • Além disso, é comum observar quadros
de nematódeo do gênero Trichuris comumente anêmicos que não está relacionado ao hábito
encontrado no Intestino Grosso dos pacientes. hematófito do parasita e sim devido as perdas
TRANSMISSÃO sanguíneas geradas pelas micro lesões na
Pode ser transmitido por via oral, água ou mucosa.
alimentos contaminados e fatores mecânicos. • Além disso temos aumento do TNF-a que
CICLO DE VIDA diminui o apetite do paciente, podendo
resultar em um quadro de caquexia.
• Os ovos são eliminados com as fezes e
• Como os níveis dos hormônios IGF-1 e
demoram cerca de 13 a 20 dias para se
precursor do colágenos podem causar
tornar infectantes.
prejuízos no crescimento e desenvolvimento
• O ovo larvado é ingerido pelo homem e
neuropsicomotor e cognitivo.
então, quando entra em contanto com
• Em quase todos os casos ocorre distensão
fatores favoráveis como pH, CO2, sais
abdominal e cólicas, vômitos, disenteria
biliares, presentes nos sucos digestivos acaba
crônica com fezes mucossanguinolentas,
liberando as larvas L1 que vão sofrer várias
tenesmo, anemia hipocrômica e microcítica e
mudanças e dentro de 90 dias pós
desnutrição proteico-energética.
contaminação tornam-se vermes adultos que
• Prolapso retal ocorre em alguns pacientes.
vão iniciar a oviposição.
• Der matite toxico-alérgica: placas
• Esse processo ocorre quando a larva L1
urticariformes.
invade a mucosa das criptas cecais formando
tuneis sinuoso para maturar. DIAGNÓSTICO
• Quando se maturam, colocam a parte mais • É indicada o exame parasitológico de fezes
robusta na luz intestinal de forma a permitir (Métodos de Lutz, Faust ou Kato-Katz).
a copulação. Com a copulação liberam ovos • Em casos de trichiuríase maciça, o exame da
que saem com o bolo fecal. mu c o s a r e t a l p o r p ro c t o s c o p i a o u
• No meio ambiente ele se matura podendo colonoscopia podem revelar os vermes
infectar novos hospedeiros. adultos.
TRATAMENTO
Os medicamentos de primeira linha são:
- Albendazol 400 mg, VO, 1 x/dia por 3 a 7
dias OU Mebendazol 100 mg, 1x/dia por 3
a 7 dias.
Os de segunda linha são:
- Ivermectina 200 mcg/kg, VO, por 3 dias
OU Nitazoxanida 7,5mg/kg/dose 2x/dia
por 3 dias.
- Mebendazol e pamoato de pirantel.

MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
Maria Vitória de Sousa Santos

DIARREIA AGUDA
• Diarreia se refere a uma alteração do hábito ETIOLOGIA
intestinal por diminuição de consistência das 1. Infecciosa;
fezes (pastosa ou aquosa) e aumento da 2. Não infecciosa.
frequência (>3x dia) e do volume das MECANISMOS PATOLÓGICOS
evacuações (>200g/dia). - Osmótica: Ocorre por acúmulo de solutos
• É decorrente da alteração na absorção, osmoticamente ativos não absorvíveis no
secreção ou motilidade intestinal. lúmen intestinal. Água é atraída para dentro
• A queixa de diarreia é inespecífica do lúmen intestinal pela concentração
(fisiológicos e patológicos). hiperosmótica do seu conteúdo, a tal volume
As diarreias podem ser de causas por: que o cólon não consegue reabsorver o
1. Agentes infecciosos; excesso de líquido. Assim, ocorre retenção
2. Intolerância alimentar; de líquidos intraluminais e
3. Intoxicação alimentar; consequentemente diarreia.
4. Fármacos ou doença intestinal; • Causas:
5. Entre outros. - Deficiência de dissacaridases (lactose,
• Disenteria aguda é caracterizada pela frutose)
diarreia com presença de sangue nas fezes, - Alimentos dietéticos com sorbitol/
podendo haver muco e/ou pus. Pode estar manitol/lactulose
acompanhada de sintomas como febre, cólica - Uso indiscriminado de laxantes/
e tenesmo. antiácidos com Mg
• Presença de produtos patológicos: sangue, - Medicamentos (colestiramina, lactulose,
pus, muco, resíduos alimentares, fezes metformina)
brilhantes/flutuantes - Crescimento bacteriano excessivo
• Pode haver: desconforto perineal, tenesmo, - Doenças disabsortivas (Doença celíaca,
urgência fecal, dor abdominal tipo cólica, giardíase)
incontinência fecal, sensação de urgência Observação: Cessa com jejum. Fezes sem
para evacuar. muco e/ou sangue. Irritação perineal
CLASSIFICAÇÃO DA DIARREIA (substâncias redutoras/ pH fecal ácido). Gap
DURAÇÃO osmótico: ↑ 125 mOsmol/kg nas fezes.
1. Aguda: Começa subitamente e persiste
por menos de 2 semanas geralmente
causada por agentes infecciosos. São
processos autolimitados, na maioria das
vezes, e a conduta primordial é a
manutenção da homeostase com o
equilíbrio hidroeletrolítico.
2. Crônica: Sintomas persistem por 4
semanas ou mais. - Secretória: Distúrbio no processo
3. Persistente: Duração entre 2 e 4 hidroeletrolítico pela mucosa intestinal, por
semanas. meio do aumento de secreção de íons e água
para o lúmen ou inibição da absorção, por
LOCALIZAÇÃO
meio de drogas ou toxinas.
1. Alta: Originada no intestino delgado.
Desencadeia diarreia de padrão secretor. • Causas:
- Bactérias produtoras de enterotoxinas:
2. Baixa: Originada no intestino grosso.
V. cholerae
Costumam apresentar padrão inflamatório.
- Dano epitelial por vírus: Rotavírus,
Adenovírus
- Uso de laxantes: bisacodil, senna
- Medicamentos: furosemida,
espironolactona, IECA, ranitidina
Maria Vitória de Sousa Santos

- Má absorção de sais biliares 4. Disabsortiva: A causa dessa diarreia está


- Tumores produtores de hormônios associada a baixa absorção dos lipídios no
(tumor carcinóide, tumor medular da intestino delgado (esteatorreia). Ex: Doença
tireoide, gastrinoma) Celíaca e Giardíase.
- Toxinas: ferro, organofosforado 5. Funcional: Nesse tipo de diarreia, a
Observação: Não cessa com jejum. Fezes sem absorção e secreção estão normais, porém
muco e/ou sangue. Risco de desidratação. Gap não há tempo suficiente para ocorrer a
osmótico: ↓ 50 mOsmol/kg nas fezes. absorção desses nutrientes corretamente.
Aumento de trânsito intestinal. Ex:
Síndrome do Intestino Irritável (SII).
Observação: Se alta motilidade, baixa
absorção = diarreia. Se baixa motilidade —>
proliferação bacteriana —> desconjugação de
sais biliares —> diarreia.

3. Inflamatória/exsudativa: É causada MECANISMO DE DEFESA DO ORGANISMO


por uma alteração inflamatória, levando a
produção de muco, pus e/ ou sangue nas
fezes. Caracteriza por lesão e morte de
enterócitos, atrofia de vilosidades e
hiperplasia de criptas.
• Causas:
- Bacteriana: Salmonella, Shigella, E.coli, C
difficile
- Parasitária: E histolytica, S stercoralis, S
·
· ·

mansoni
- DII
- Neoplasia de cólon/reto
- Colite isquêmica
- Colite pós-radiação AGENTES ETIOLÓGICOS
- Colite eosinofílica VIRAL
Observação: Presença de fezes com muco e/ • Principais agentes da diarreia aguda
ou sangue. Gap osmótico normal. infecciosa
• Duração: Autolimitada 24-72 h (maioria
dos casos).
• Quadro clínico: Diarreia aquosa, náuseas e
vômitos, desconforto abdominal, mialgia,
cefaleia, febre baixa
• Transmissão: fecal-oral / através do
vômito
• S u rt o s : Pe n s a r e m fo n t e d e á g u a
contaminada
Observação: Rotavírus (lactentes e crianças
pequenas). Norovírus (adultos e crianças
maiores). Citomegalovírus
(imunocomprometidos).
Maria Vitória de Sousa Santos

PARASITAS

BACTÉRIAS

DIAGNÓSTICO DA DIARREIA AGUDA


1. História clínica: Questiona-se quais são
as características das fezes, frequência de
evacuação, intensidade, outros sintomas,
inclusive doenças coexistentes, uso de
fármacos e exposição a possíveis patógenos
intestinais. Importante observar relato de
boca seca e sede, diurese concentrada,
oligúria em caso de desidratação.
2. Exame físico: Especial atenção deve ser
dada ao estado nutricional e à hidratação.
Pele e mucosas desidratadas e hipotensão
postural com taquicardia. Sinais de
toxemia indicam quadro mais grave e
necessidade de maior cuidado clínico. O
exame físico do abdome normalmente
exibe dor leve difusa à palpação, com
Maria Vitória de Sousa Santos

possibilidade de descompressão brusca


levemente dolorosa em situações de maior
distensão de alças e dor mais intensa.
3. Hemograma: Em pacientes que evoluem
com formas mais graves da diarreia aguda,
podem-se encontrar anemia e
hemoconcentração. Nas diarreias por vírus,
linfocitose pode estar presente. Leucocitose
com neutrofilia e desvio à esquerda é
frequente nas infecções bacterianas mais
invasivas com diarreia inflamatória.
4. F u n ç ã o re n a l e e l e t r ó l i t o s : A
desidratação causa hipovolemia que altera
AVALIAÇÃO CLÍNICA
a perfusão renal (por reduzir a perfusão
• Anamnese;
renal, leva a necrose tubular aguda e
• Tempo de início, frequência, volume;
insuficiência renal), fazendo com que haja
• Característica das fezes;
elevação da creatinina e, principalmente,
• Relação com alimentos? Jejum?
da ureia em depleções volêmicas mais
• Sintomas associados (vômitos, flatulência,
importantes.
cólicas...)
5. Exame de fezes (Leucócitos fecais): É
• História mórbida pregressa;
o teste mais utilizado na avaliação de - Diagnóstico;
diarreia aguda e identifica processos - Condições que agravam o quadro;
inflamatórios mais intensos.
• Comorbidades (HIV: diarreia por agentes
6. Radiografia simples: Nos casos mais
oportunistas);
graves, é útil para avaliar complicações
• Classificar a diarreia;
como íleo paralítico e megacólon tóxico.
• Avaliar possível agente etiológico;
7. Endoscopia: A retossigmoidoscopia - Riscos epidemiológicos : Água/alimentos
flexível deve ser feita nos pacientes com
suspeitos, saneamento, viagens recentes
clínica de proctite (tenesmo, dor retal) e,
(diarreia do viajante), casos semelhantes
também, se há suspeita de colite
familiares;
pseudomembranosa. Nesses casos, a - Uso de medicamentos;
biopsia é importante para excluir doença - Internações, confinamentos (C. difficile).
inflamatória intestinal.
Diarreia funcional
8. Sorologia;
• Diarreia alternada com constipação, longa
9. PCR.
duração;
• Cólicas que aliviam com a defecação;
• Maior número de evacuações pela manhã;
• Não acorda o paciente à noite;
• BEG;
• Fezes sem sangue. Pode ter muco e formato
afilado.
Diarreia orgânica
• Queda do estado geral, perda de peso,
anemia;
• Febre;
• Despertam paciente à noite.
EXAME FÍSICO
• Nível de consciência;
• Estado geral;
• Estado nutricional (peso);
• Grau de desidratação;
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- Boca seca? Sede? Diurese concentrada? • Glicemia
Oligúria? • Fezes
- Pele e mucosas / hipotensão postural com - Protoparasitológico;
taquicardia - Coprocultura;
• Palidez mucosa / icterícia; - Pesquisa de leucócitos;
• PA, FC, FR; - Pesquisa de sangue oculto;
• Temperatura axilar (febre?); - Pesquisa de gordura (Sudan III);
• Palpação abdominal; - Substâncias redutoras e pH;
- Dor ? Irritação peritoneal? - Pesquisa de toxina do C difficile;
• Ruídos hidroáreos; - Pesquisa de antígenos virais (rotavírus).
• Linfonodos; TRATAMENTO
• Toque retal; 1. Reidratação: Na maioria dos casos, a
• Sinal sugestivo de doença crônica. reidratação oral é suficiente. A solução
deve conter glicose, para favorecer a
absorção do sódio. Quando as perdas
forem mais importantes, a reposição deve
ser feita com soluções contendo eletrólitos
(Na+,K+,HC03- e Cl-) em concentrações
aproximadas daquelas perdidas na diarreia.
Para os pacientes hipovolêmicos, deve-se
fazer hidratação venosa com soluções
isotônicas contendo glicose e eletrólitos.
2. Dieta: O paciente deve ser orientado para
continuar alimentando-se durante o
episódio de diarreia. Aqueles que têm
náuseas e vômitos devem dar preferência
aos líquidos em pequenas quantidades de
QUANDO SOLICITAR EXAMES cada vez, para garantir a reposição das
• A maioria dos casos é autolimitada e não perdas. Alguns alimentos devem ser
necessita exames evitados temporariamente por causa de
Sinais de alarme seus efeitos sobre a dinâmica intestinal,
- Diarreia inflamatória/ sanguinolenta; como, por exemplo, aqueles que contêm
- Dor abdominal persistente/importante; cafeína, capazes de inibir a fosfodiesterase
- Duração maior que 3 dias; e, assim, elevar os níveis intracelulares de
- Grande depleção de volume; cAMP (inibem o canal de Na+/Cl-). O
- Hospedeiro imunocomprometido; mesmo ocorre com alimentos que contêm
- Extremos de idade; lactose, já que pode haver deficiência
- Uso de medicação imunossupressora; transitória de lactase. Alimentos com maior
- Sinais de irritação peritoneal; teor de gordura e as frituras também
- Sinais de doença sistêmica; podem ter sua absorção reduzida e agravar
- Surto na comunidade. a diarreia.
AVALIAÇÃO LABORATORIAL 3. Antidiarreicos: Em alguns casos, é
• Hemograma; recomendável reduzir o número das eva-
- Graves: anemia/hemoconcentração cuações, especialmente nas diarreias
- Vírus: linfocitose infecciosas, notadamente naquelas não
- Bactérias: leucocitose com neutrofilia e inflamatórias.
desvio à esquerda - Subsalicilato de bismuto: Tem
• Função renal; efeito variado, é bactericida e
• Desidratação —> hipovolemia —> ↑Cr/Ur antissecretor por bloquear o efeito das
• Eletrólitos; enterotoxinas, além de estimular a
• VHS; reabsorção intestinal de sódio e água.
Maria Vitória de Sousa Santos

- Loperamida e difenoxilato:
Inibem a motilidade intestinal,
aumentam o tempo de contato para a
absorção de água e eletrólitos, e com
isso diminuem o número das
evacuações intestinais e as cólicas.
Observação: Esses medicamentos devem ser
evitados nos casos de disenterias e nos
pacientes com febre alta e toxemia, pois
poderiam agravar a evolução da doença e
precipitar o aparecimento de megacólon
tóxico.
4. Antibióticos: Como a maioria das
diarreias infecciosas tem evolução
autolimitada, o uso de antibióticos deve ser
restrito a condições específicas (disenteria).
Usados em caso de toxemia. Se sintomas
persistirem por mais de 1 mês usar
metronidazol (Ad: 750 mg 3x dia por 5 d.)

5. Antiparasitários: Usados em caso de


infecção por parasitas.
6. Medidas preventivas (lavagem de frutas,
l e g u m e s, m ã o s, c o r t e s d e u n h a s,
saneamento, água tratada etc).
7. Probióticos;
8. Zinco.
Maria Vitória de Sousa Santos

HEMORRAGIA DIGESTIVA vômito), a gastropatia congestiva, a ectasia


vascular antral e a lesão de Dieulafoy
• A Hemorragia Digestiva engloba qualquer (exulcerativo simples) são responsáveis por
sangramento que ocorra no trato menos de 10% das causas de HDA.
gastrointestinal.
HEMORRAGIA DIGESTIVA NÃO VARICOSA
É classificada conforme a sua localização em
Doença Ulcerosa Péptica
relação ao ligamento de Treitz entre:
• Principal causa.
I. Hemorragia digestiva alta
• As úlceras pépticas são soluções de
II. Hemorragia digestiva baixa.
continuidade da mucosa do trato
gastrointestinal que podem se estender
através da camada muscular da mucosa,
atingindo a submucosa e até mesmo a
muscular própria.
• Geralmente, ocorre aumento dos fatores
agressivos e diminuição dos fatores de defesa
e reparação, ocasionando,
consequentemente, a lesão mucosa.
• As causas mais comuns de úlceras no trato
AVALIAÇÃO INICIAL
gastrointestinal incluem lesão péptica devida
Primeiro passo: Estabilização clínica. à infecção por Helicobacter pylori e o uso de
1. Vias áreas: Proteção (evitar aspiração do anti-inflamatórios não esteroides.
sangue vomitado ou regurgitado); • Úlceras de estresse (UTI, pacientes graves em
intubação (vômitos acentuados e alterações ventilação mecânica).
do estado mental). • Usualmente, úlceras sangram a partir de um
2. Respiração: Mov. Respiratórios, cianoses vaso em sua base, mais frequentemente com
e SatO2. lesão arterial, a qual sofre erosão por um
3. C i r c u l a ç ã o : PA , F C , s i n a i s d e processo ácido péptico.
hipoperfusão (estado mental alterado, • Dor epigástrica.
enchimento capilar aumentado,
diminuição do débito urinário e aumento
de lactato.
4. Ressuscitação hemodinâmica.
AVALIAÇÃO NA HEMORRAGIA DIGESTIVA
1. História clínica (comorbidades= IC,
doenças pulmonares, renais, hepáticas,
distúrbios de coagulação);
2. Exame físico;
3. Exames laboratoriais;
4. Exames endoscópicos.
HEMORRAGIA DIGESTIVA ALTA (HDA)
• A hemorragia digestiva alta (HDA) é definida
como um sangramento decorrente de uma
lesão proximal ao ligamento de Treitz,
envolvendo o esôfago, estômago ou duodeno.
• A hemorragia ocasionada por doença
ulcerosa péptica (DUP), seguida da síndrome
de hipertensão portal com ruptura de varizes
esofágicas ou gástricas, são as causas mais
frequentes de sangramento digestivo alto.
• A esofagite erosiva, a lesão de Mallory-Weiss
(laceração hemorrágica da transição
esofagogástrica induzida por esforços de
Maria Vitória de Sousa Santos

Erosões ou úlceras pequena curvatura do estômago, porém,


esofágicas pode ser encontrada em qualquer local do
• História de doença do trato gastrointestinal.
r e fl u x o • Acontece episódios recorrentes de
gastroesofágico, que sangramento importante e várias
em algumas situações endoscopias digestivas normais, devido à
pode ocasionar HDA, interrupção espontânea da hemorragia e
porém, a gravidade da ausência de alterações na mucosa gástrica,
hemorragia depende da extensão da lesão uma vez que anormalidade vascular é
esofágica e da presença de complicações. subepitelial.
Laceração de Mallory-Weiss Angiodisplasia
• Caracterizada por • Doença renal, estenose
laceração da junção aórtica ou telangiectasia
esofagogástrica h e m o r r á g i c a
devido a esforços hereditária.
repetitivos de Neoplasias malignas
náuseas e vômitos, • Disfagia, dor
ocorre quando a abdominal, desnutrição.
lesão envolve o HEMORRAGIA DIGESTIVA ALTA VARICOSA
plexo venoso ou • Hemorragia digestiva
arterial esofágico alta varicosa é
subjacente. definida como um
• Ocorre principalmente em elitistas e sangramento
gestantes e costuma cessar de forma originário da ruptura
espontânea. de varizes esofágicas
Fístula aortoentérica: ou gástricas
• Deve ser suspeitada visualizado no
em paciente com momento da
histórico de cirurgia endoscopia ou a
de aneurisma de presença de varizes
aorta, úlcera esofágicas calibrosas
penetrante, invasão em paciente com
tumoral, trauma, sangue no estômago
radioterapia e sem qualquer outra
perfuração por corpo causa de hemorragia
estranho. identificada
• O sangramento é intenso. • Aumento da pressão
Lesão de Dieulafoy n o s is tem a ven os o
• Lesão originada de portal.
uma dilatação • Quanto maior as varizes e sinais de cor
vascular arterial vermelha maior a chance de sangramento.
aberrante, medindo • Em menor escala: Gastropatia hipertensiva
entre 1 e 3 mm, portal, ectasia
localizada na vascular astral
submucosa, com gástrica.
desgaste da mucosa • Etiologia: Cirrose
em sua superfície, hepática (alcoólica e
evoluindo para vírus da hepatite B),
ruptura do vaso, sem f o r m a
ulceração local. hepatoesplênica da
• A localização mais esquistossomose.
frequente é a
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Varizes gastroesofágicas:
• Resultam diretamente da hipertensão portal,
que permite que o sangue da veia porta a
seja desviado para a circulação sistêmica. N
devido ao aumento da resistência ao fluxo ou • Estas derivações podem ocorrer: ·

ao aumento do fluxo sanguíneo na veia HEMORRAGIA DIGESTIVA BAIXA


porta. Têm taxa mais elevada de • Corresponde aos sangramentos que ocorrem
sangramento. a partir do ligamento de Treitz.
A HDB pode ser classificada em aguda e
crônica:
1. Aguda: Definida como de início recente
(arbitrariamente com menos de três dias de
duração) e pode resultar em instabilidade
clínica, anemia e/ou necessidade de
hemotransfusão. As duas principais
etiologias são a doença diverticular e as
angiectasias.
2. Crônica: O sangramento acontece por
um período mais prolongado, de forma
mais lenta ou intermitente.
As principais manifestações clínicas são:
1. Pesquisa de sangue oculto positivo nas fezes
(PSOF);
2. Episódios de hematoquezia ou pequenos
sangramentos visíveis pelo reto.
Observação: Aproximadamente 60% das
HDB têm como causa lesões orificiais
(hemorroidas e fissuras), seguidas pelo câncer
colorretal, colites, pólipos e doença diverticular.
ETIOLOGIA
1. Doença diverticular;
2. Angiodisplasia/ectasias vasculares;
3. Colite isquêmica;
4. Neoplasia colorretal;
5. DII;
6. Hemorroida/fissuras;
7. Colite infecciosa;
8. Divertículo de meckel;
9. Varizes retais;
PATOGENIA
10. Colite actínica.
• A hipertensão portal (HP) é definida como
Colite isquêmica
um aumento do gradiente de pressão venosa
• A colite isquêmica é a
hepática (GPVH) acima de 6 mmHg. As
segunda causa mais
varizes esofágicas surgem quando o GPVH
frequente de HDB
atinge 10 mmHg e a ruptura das varizes
aguda, acometendo
ocorre com gradientes superiores a 12
de 6 a 22% dos
mmHg.
pacientes.
• A HP pode ser classificada em pré-hepática,
• É o resultado de uma
intra-hepática (subdividida em pré-
re d u ç ã o a b r u p t a ,
sinusoidal, sinusoidal e pós-sinusoidal) e pós-
temporária do fluxo
hepática, sendo associada a diversas
s a n g u í n e o
etiologias.
mesentérico secundária
• O aumento da pressão portal está associado
ao desenvolvimento de circulação colateral, o
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à hipoperfusão, vasoespasmo ou oclusão dos m a i s


vasos mesentéricos. frequentes no
• As regiões tipicamente afetadas são: o ângulo intestino
esplênico, o cólon descendente e o grosso.
retossigmoide. • Os episódios
• O quadro clínico é de dor abdominal hemorrágicos
moderada associada a hematoquezia ou na DDC são
diarreia sanguinolenta. a g u d o s ,
• Os pacientes afetados são os idosos habitualmente
portadores de aterosclerose ou doença com repercussão hemodinâmica e sempre
cardíaca. atribuídos a um único divertículo.
Neoplasia colorretal • A apresentação clínica mais frequente é a
• O sangramento hematoquezia, sem dor abdominal associada.
secundário às Há resolução espontânea da hemorragia em
neoplasias é, 75 a 80% dos casos, com recorrência de
em sua maioria, sangramento de 25 a 40% em até 4 anos.
de pequena Pós- polipectomia
quantidade, • O sangramento
traduzido por pós-polipectomia
anemia e ocorre em 0,3 a 6%
sangue oculto dos pacientes, pode
nas fezes. ser imediato ou
• Geralmente é resultado de ulcerações na tardio e corresponde a 2 a 5% das causas de
superfície de lesões tumorais avançadas. HDB aguda.
• Paciente maior que 50 anos, com dor • Pode estar associado a técnicas inadequadas
a b d o m i n a l , e m a g re c i m e n t o, m a s s a s de polipectomia, ao tamanho dos pólipos,
abdominais e anemia crônica. distúrbios da coagulação ou uso de
Doença inflamatória intestinal anticoagulantes.
• Em geral a MANIFESTAÇÕES DA HD
hemorragia nas A perda de sangue pelo trato gastrointestinal
d o e n ç a s manifesta-se, então, de cinco maneiras:
i n fl a m a t ó r i a s 1. Hematêmese: Vômito sanguinolento,
intestinais (DII) é seja fresco, vermelho vivo, rutilante ou
pequena, porém, mais velho, com a aparência de borra de
sangramentos mais café, resultante da sua conversão para
intensos são hematina no estômago na presença do
responsáveis por 0,1 ácido clorídrico.
a 1,2% das 2. Melena: Caracterizada como fezes
internações hospitalares nesses pacientes. contendo sangue, que saem pretas,
• A retocolite ulcerativa é complicada pela brilhantes, grudentas, com mau cheiro e
presença de HDB em até 15% dos casos. Já a consistência que lembra o alcatrão. Ela é o
doença de Crohn cursa com hemorragia resultado da degradação de sangue.
maciça em 1% das vezes. Ocasionalmente, a ingestão de beterrabas
• Grande parte desses sangramentos cessa com fará o paciente procurar o médico pela
o tratamento específico para a doença de passagem de fezes avermelhadas. Em sua
base. passagem através do intestino, o sangue
• Paciente jovem com diarreia com sangue e torna-se mais escuro e, eventualmente,
muco, dor abdominal e perda de peso. preto. Essa alteração de cor é iniciada pela
Doença diverticular ação do ácido e da pepsina do estômago,
• Divertículos surgem pela herniação da nos casos de sangramento gástrico; já a cor
mucosa e submucosa através do defeito na preta acredita-se ser devida à presença de
camada muscular da parede intestinal e são
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pigmentos porfirínicos. A alteração para 3. Laboratoriais: Anemia, neutrofilia e


fezes pretas dependerá de vários fatores, trombocitose, ureia sanguínea aumentada,
incluindo o local, a quantidade e rapidez TP, TTPa, dosagem de eletrólitos (potássio
do sangramento e o tempo de trânsito e sódio).
intestinal. As fezes podem permanecer 4. Radiologia.
pretas por vários dias após o sangramento
maciço, mesmo que ele já tenha cessado.
Se o trânsito intestinal for rápido, como
pode ocorrer em alguns sangramentos
maciços por úlcera duodenal (o sangue
pode estimular o peristaltismo intestinal,
ocasionando cólicas e diarreia), as fezes
podem sair com sangramento vermelho
(enterorragia).
3. Hematoquezia (enterorragia): É a
passagem de sangue vivo rutilante ou
sangue marrom do reto na forma de
sangue puro, sangue misturado com fezes
formadas, coágulos sanguíneos ou diarreia
sanguinolenta.
4. Sangue oculto: A perda de sangue no
trato gastrointestinal frequentemente é
oculta, isto é, somente detectada testando
as fezes com um reagente químico.
5. Sintomas de perda sanguínea: Os
pacientes podem se apresentar sem
qualquer sinal objetivo de sangramento
digestivo a não ser sintomas de perda
sanguínea, tais como pré-síncope, dispneia,
angina ou mesmo choque.
EXAME FÍSICO
• Inicialmente, deve focar os sinais vitais,
especialmente os sinais de hipovolemia,
como:
1. Taquicardia
2. Hipotensão
3. Hipotensão postural.
• Palidez, sudorese, confusão mental.
• Exame abdominal: Sensibilidade, massas,
hepatomegalia, esplenomegalia.
• Toque retal.
• Sinais de hepatopatia crônica e hipertensão
portal (cabeça de medusa, telangiectasias,
esplenomegalia etc).
EXAMES COMPLEMENTARES
1. EDA: Padrão ouro. Permite diagnóstico e
terapêutica. Usado após a estabilização
dinâmica. Realizar em ate 12h na HDA
varicosa e até 24h na HDA não varicosa.
2. Colonoscopia: Retossigmoidoscopia e
anuscopia.
Maria Vitória de Sousa Santos

ABDOME AGUDO 5. Doença inflamatória pélvica;


6. Lesão ou trauma na região.
• Síndrome caracterizada por dor abdominal
Para análise do paciente é importante observar:
difusa de inicio súbito, que necessita de
1. Paciente imóvel;
intervenção médica, clínica ou cirúrgica.
2. Comportamento geral importante;
MECANISMOS DE DOR ABDOMINAL 3. Taquicardia;
1. Inflamação do peritônio parietal; 4. Rigidez abdominal;
2. Obstrução de vísceras ocas; 5. Defesa involuntária;
3. Distúrbios vasculares; 6. Dor a palpação superficial e profunda;
4. Parede abdominal: hematoma de bainha 7. Descompressão brusca dolorosa.
do reto;
TIPOS DE ABDOME AGUDO
5. Dor referida: origem no tórax, na coluna
Uma atitude que pode facilitar o diagnóstico é
vertebral ou nos órgãos genitais;
tentar enquadrar o paciente em uma das cinco
6. C r i s e s a b d o m i n a i s m e t a b ó l i c a s :
síndromes abdominais agudas não traumáticas:
diabetes(cetoacidose), satumismo, uremia;
1. Perfurativa: Úlcera péptica, neoplasia
7. Cólica renal;
gastro-intestinal perfurada, amebíase, febre
8. Outras causas: Distúrbios neurogênicos,
tifóide, divertículos do cólon, dentre outros.
herpes zoster, infarto agudo do miocárdio
2. Inflamatória: Apendicite, colecistite
(IAM) e uremia.
aguda, pancreatite aguda, diverticulite,
AVALIAÇÃO CLÍNICA doença inflamatória pélvica, abscessos
1. Idade; intra-abdominais, peritonites primárias e
2. Tempo de evolução e modo de instalação secundárias, dentre outros.
da dor; 3. Obstrutiva: Aderências intestinais, hérnia
3. Características da dor; estrangulada, fecaloma, obstrução pilórica,
4. Duração dos sintomas; volvo, intussuscepção, cálculo biliar, corpo
5. Localização e irradiação da dor; estranho, bolo de áscaris, DII (DC), dentre
6. Sintomas associados e sua relação com a outros.
dor; 4. Vascular: Oclusões arteriais (trombose,
7. Náusea, vômitos e anorexia; embolia, vasculites), venosas (trombose) nos
8. Diarreia, constipação ou outras alterações vasos do mesentéricos, ruptura de
no ritmo intestinal; aneurismas, isquemia não oclusiva.
9. História menstrual. 5. Hemorrágica: Gravidez ectópica rota,
PERITONITE ruptura do baço, ruptura de aneurisma de
• É a inflamação decorrente de infecção que a o r t a a b d o m i n a l , c i s t o ov a r i a n o
acomete o peritônio, tecido que reveste a hemorrágico, necrose tumoral,
parede interna do abdômen e recobre a endometriose, dentre outros.
maioria dos órgãos da região abdominal, CLASSIFICAÇÃO ETIOLÓGICA
como o estômago, os intestinos, o fígado e o
baço.
• Na maioria dos casos, a causa é uma ruptura
(perfuração) na parede abdominal.
• Geralmente, a peritonite está ligada à
presença de bactérias no interior da cavidade
abdominal.
As causas mais comuns de rupturas que levam
à peritonite incluem:
1. Apendicite;
2. Presença de úlceras no estômago ou cólon
perfurado, que permitem a entrada de
bactérias que podem causar a inflamação;
3. Pancreatite;
4. Diverticulite;
Maria Vitória de Sousa Santos

IRRITAÇÃO PERITONEAL
Tipos de abdome que apresentam irritação
peritoneal:
1. Inflamatório;
2. Perfurativo;
3. Hemorrágico.
Tipos de abdome que não apresentam
irrigação peritoneal:
1. Obstrutivo;
2. Vascular.
OBSTRUTIVO
• Presença de obstáculo mecânico ou funcional
que leve a interrupção da progressão do
conteúdo intestinal.
• Segunda causa mais comum de abdome
agudo.
• Dor em cólica, geralmente periumbilical.
• Associada a náuseas, vômitos, distensão
abdominal, parada da eliminação de flatos e
fezes.
• Oclusão mecânica por bridas, hérnias,
neoplasias e invaginação.
Observação: TRÍADE CLÁSSICA: Dor
abdominal + Distensão abdominal + Parada
de eliminação de fezes e flatos.

Exame físico:
- Ao exame físico notamos grande distensão
abdominal, timpanismo à percussão, e dor
difusa à palpação.
- Os ruídos hidroaéreos são inicialmente
aumentados com timbre metálico, podendo
estar ausentes em quadros avançados.
- O exame físico compreende também a
avaliação da região inguinal, à procura de
possíveis herniações.
Observação: O delgado não tem gás, ao
contrário do cólon, que sempre tem gás. Este é PERFURATIVO
o padrão radiológico normal. Toda vez que • Dor súbita e intensa, com defesa abdominal e
observarmos inversão do padrão radiológico irritação peritoneal.
normal, estaremos diante de um quadro de • Derrame do conteúdo de víscera oca no
obstrução mecânica. Quando distendido, o peritônio.
delgado é reconhecido pelas pregas de Kerkring • Terceira causa mais comum de abdome
(válvulas coniventes). No abdômen agudo agudo.
obstruído é notado o Sinal do Empilhamento de • Úlcera gastroduodenal, diverticulite, corpos
Moedas e do grão de café (volvo). estranhos e neoplasias.
Maria Vitória de Sousa Santos
• Dor súbita, intensa, aguda, difusa e • O abdome agudo vascular ocorre quando há
persistente, o que faz o paciente chegar sofrimento de uma víscera por interrupção
rapidamente no pronto-socorro. súbita do aporte sanguíneo para esse órgão.
• Dor piora com o movimento. Por isso, • Dor difusa e mal definida, há desproporção
geralmente o paciente fica imóvel, em entre a dor e o exame físico.
posição fetal. • Causas mais comuns: embolia e trombose
• Peritonite (decorrente da liberação de ácido mesentérica com isquemia intestinal.
clorídrico, bile ou fezes na cavidade • Alguns fatores de risco do abdome agudo
abdominal). vascular estão intimamente relacionados a
• Sinal de Jobert: Perda da macicez hepática este processo, como a idade avançada, a
durante a percussão do hipocôndrio direito, doença vascular, a fibrilação arterial, as
que indica a presença de perfuração de doenças valvares, as cardiopatias e a
víscera oca em peritônio livre, como na hipercoagulação.
úlcera péptica. • O exame padrão ouro é a angiografia, que
• Durante a palpação do abdome, há rigidez consegue identificar o vaso acometido e,
involuntária com descompressão brusca muitas vezes, tratar a obstrução vascular.
positiva em todo o abdome (“abdome em • A tomografia computadorizada, no entanto,
tábua”). é o exame mais utilizado, tendo em vista a
• Palidez e sudorese. maior facilidade de acesso e menor
• Pode evoluir para o choque séptico. invasividade.
Achados característicos na radiografia e • A radiografia de abdome pode revelar
TC: distensão de alças intestinais e níveis líquidos
- Pneumoperitônio: Indica a presença de (achado mais comum), enquanto a USG tem
ar entre o diafragma e o fígado (mais contexto reduzido na isquemia, devido a
comum) ou entre o diafragma e estômago. distensão abdominal diminuir a visibilidade.
INFLAMATÓRIO
• Tipo de abdome agudo mais comum,
consequência de processos inflamatórios/
infecciosos.
• Curso clínico de dor abdominal que vai
aumentando de forma progressiva ao longo
de algumas horas, chegando a forte
intensidade, podendo associar-se à anorexia,
febre e fatores de melhora ou piora a
depender da etiologia.
• Causas mais comuns: apendicite aguda,
colecistite aguda, diverticulite aguda,
pancreatite, anexite aguda.

VASCULAR/ISQUÊMICO
Maria Vitória de Sousa Santos

Exame físico pancreatite:


- Sinais de Cullen: Equimose na região
periumbilical.
- Gray Turner: Equimose ao longo dos
flancos.
Exame físico apendicite:
- Sinal de Blumberg: Dor à descompressão
brusca na seqüência da palpação profunda
da fossa ilíaca direita;

- Casos leves (80-90%): Apresentam sinais


de desidratação, taquicardia e um estado
- Sinal de Rovsing: Dor observada na fossa geral bom. O abdome apresenta dor à
palpação, distendido e com ruídos
ilíaca direita por ocasião da palpação
hidroaéreos diminuídos.
profunda na fossa ilíaca e flanco esquerdo; - Casos graves (10 a 20%): Os pacientes
podem apresentar ruim estado geral,
taquicardia, hipotensão, dispneia e
desidratação, sudorese, febre, torpor e coma.
O abdome apresenta dor à palpação,
distendido e com sinais de inflamação
difusa. Além disso, os ruídos hidroaéreos são
diminuídos ou abolidos.
HEMORRÁGICO
- Sinal de Lapinsky: dor na fossa ilíaca • Dor intensa, com rigidez e dor à
direita desencadeada pela palpação descompressão.
profunda no ponto de McBurney com o • Dor abdominal súbita de localização difusa e
membro inferior direito hiperestendido e sinais de choque hipovolêmico (palidez,
elevado. diminuição do tempo de enchimento capilar,
- Diminuição dos ruídos hidroaéreos, e da hipotensão, taquicardia, sudorese fria,
percussão, com dor à percussão do ponto de agitação).
McBurney. • Causas mais comuns: gravidez ectópica rota,
Exame físico Colecistite: ruptura de cistos, ruptura de aneurismas,
- Sinal de Murphy, interrupção da rotura de baço.
inspiração profunda derivada da palpação Exame físico:
da região vesicular, é o sinal mais importante - Massas palpáveis pulsáteis ou não
e específico para a colecistite aguda. (aneurisma).
- Ausculta pode apresentar diminuição dos - Sopro na face anterior ou dorso do abdome.
ruídos aéreos e dor ao percutir em - Equimose na cicatriz umbilical (Sinal de
hipocôndrio direito. Cullen- sangramento intraperitoneal) e nos
Maria Vitória de Sousa Santos
flancos (Sinal de Gray Turner- sangramento
retroperitoneal).
- Sinal de Lafond (dor referida no ombro) e
Sinal de Kehr (dor referida na região
infra-escapular) por irritação do nervo
frênico.
SINAIS DO EXAME FÍSICO EM ABDOME
AGUDO
Maria Vitória de Sousa Santos

Observação: A maioria das hepatites virais


HEPATITES agudas é assintomática, independentemente do
É caracterizada por uma inflamação no fígado. tipo de vírus. A hepatite crônica, em geral,
Causada por: cursa de forma assintomática. As manifestações
1. Auto-imunidade; clínicas aparecem quando a doença está em
2. Infecções; estágio avançado, com relato de fadiga, ou,
3. Vírus hepatotrópico
hepatotópicos (A, B, C, D e E); ainda, cirrose.
s
4. Isquemia; Observação: As hepatites virais são doenças
5. Neoplasia; de notificação obrigatória, conforme Portaria
6. Alterações biliares; vigente. Para a vigilância epidemiológica,
7. Causas metabólicas; devem-se seguir as orientações de definição de
8. Agentes tóxicos. casos do “Guia de Vigilância em Saúde” e suas
HEPATITES VIRAIS atualizações.
As hepatites virais são causadas por cinco vírus: HEPATITE A
1. Vírus da hepatite A (HAV); • Doença infecciosa viral, contagiosa, causada
2. Vírus da hepatite B (HBV); pelo vírus A (HAV) e também conhecida
3. Vírus da hepatite C (HCV); como “hepatite infecciosa”, “hepatite
4. Vírus da hepatite D (HDV) epidêmica”, ou “hepatite de período de
5. Vírus da hepatite E (HEV). incubação curto”. O agente etiológico é um
pequeno vírus RNA, membro da família
Picornaviridae.
Observação: Mais assintomática e quando
sintomática está muito associada a icterícia,
principalmente no adulto.
PERÍODO DE INCUBAÇÃO
• O período de incubação, intervalo entre a
exposição efetiva do indivíduo suscetível ao
vírus e o início dos sinais e sintomas clínicos
da infecção, varia de 15 a 50 dias (média de
30 dias).
TRANSMISSÃO
• A principal via de contágio é a fecal-oral, por
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
contato inter-humano ou por água e
As manifestações clínicas das hepatites virais
alimentos contaminados.
agudas podem ser divididas em três fases:
• A disseminação está relacionada às condições
1. Pródromo ou período pré-ictérico:
de saneamento básico, nível socioeconômico
Mal-estar, mialgia, artralgia, fadiga aos
da população, grau de educação sanitária e
mínimos esforços, anorexia, náuseas,
condições de higiene da população.
vômitos, rinorreia, tosse, diarreia ou
• A transmissão sexual da hepatite A pode
constipação intestinal, aversão ao paladar
ocorrer com a prática sexual oral-anal
e/ou olfato, fotofobia, desconforto no
(anilingus), por meio do contato da mucosa
hipocôndrio direito, urticária e exantema
da boca de uma pessoa com o ânus de outra
papular ou maculopapular.
portadora da infecção aguda da hepatite A.
2. Fase ictérica: Começa 7 a 14 dias depois
• A prática dígito-anal-oral pode ser uma via
do período prodrômico. Os pacientes têm
de transmissão.
hipersensibilidade na região do fígado,
emagrecimento discreto e hemangiomas PREVENÇÃO
aracneiformes. • A hepatite A pode ser prevenida pela
3. Período de recuperação: Caracteriza- utilização da vacina específica contra o vírus
se por sensação crescente de bem-estar, A1.
recuperação do apetite e desaparecimento • Entretanto, a melhor estratégia de prevenção
da icterícia. desta hepatite inclui a melhoria das
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condições de vida, com adequação do HEPATITE B CRÔNICA


saneamento básico e das medidas • Quando a reação inflamatória do fígado nos
educacionais de higiene. casos agudos sintomáticos ou assintomáticos
CURA persiste por mais de seis meses, considera-se
• O prognóstico é excelente e a evolução que a infecção está evoluindo para a forma
resulta em recuperação completa. crônica.
• A ocorrência de hepatite fulminante é • Os sintomas, quando presentes, são
inferior a 0,1% dos casos ictéricos. Não inespecíficos, predominando fadiga, mal-
existem casos de hepatite crônica pelo HAV. estar geral e sintomas digestivos.
DIAGNÓSTICO • Somente 20 a 40% dos casos têm história
1. Anti-HAV IgM: A presença deste prévia de hepatite aguda sintomática. Em
marcador define o diagnóstico de hepatite uma parcela dos casos crônicos, após anos de
aguda A. É detectado a partir do 2° dia do evolução, pode aparecer cirrose, com
início dos sintomas da doença e começa a surgimento de icterícia, edema, ascite, varizes
declinar após a 2ª semana, desaparecendo de esôfago e alterações hematológicas. A
após 3 meses. hepatite B crônica pode também evoluir para
2. Anti-HAV IgG: Este marcador está hepatocarcinoma sem passar pelo estágio de
presente na fase de convalescença e persiste cirrose.
i n d e fi n i d a m e n t e, p r o p o r c i o n a n d o TRANSMISSÃO
imunidade específica ao vírus. E um Por meio de:
importante marcador epidemiológico, por 1. Relações sexuais desprotegidas, pois o vírus
demonstrar a prevalência de contato com o encontra-se no sêmen e secreções vaginais.
HAV em deter minada população. Há que se considerar que existe um
Também está presente no indivíduo gradiente de risco decrescente desde o sexo
vacinado contra hepatite A. anal receptivo, até o sexo oral insertivo sem
3. Anti-HAV total: Anticorpos contra o ejaculação na boca;
vírus da hepatite A das classes IgM e IgG 2. Realização dos seguintes procedimentos
simultaneamente. sem esterilização adequada ou utilização
de material descartável: intervenções odon-
tológicas e cirúrgicas, hemodiálise,
tatuagens, perfurações de orelha, colocação
de piercings;
3. Uso de drogas com compartilhamento de
HEPATITE B seringas, agulhas ou outros equipamentos;
4. Transfusão de sangue e derivados
• Doença infecciosa viral, contagiosa, causada
contaminados2;
pelo vírus da hepatite B (HBV), conhecida
5. Transmissão vertical (mãe/filho);
anteriormente como soro-homóloga.
6. Aleitamento materno;
• O agente etiológico é um vírus DNA,
7. Acidentes perfurocortantes.
hepatovírus da família Hepadnaviridae,
podendo apresentar-se como infecção PREVENÇÃO
assintomática ou sintomática. • Vacinação e uso de imunoglobulina humana
• Em pessoas adultas infectadas com o HBV, anti-vírus da hepatite B (recém-nascidos de
90 a 95% se curam; 5 a 10% permanecem mães portadoras do HBsAg, contatos sexuais
com o vírus por mais de seis meses, evoluindo com portadores ou com infecção aguda,
para a forma crônica da doença. vítimas de violência sexual, acidentes
PERÍODO DE INCUBAÇÃO ocupacionais segundo Manual de Exposição
Ocupacional).
• O período de incubação, intervalo entre a
exposição efetiva do hospedeiro suscetível ao DIAGNÓSTICO
vírus e o início dos sinais e sintomas da 1. HBsAg (antígeno de superfície do HBV) -
doença varia de 30 a 180 dias (média de 70 pode ser detectado por meio de testes
dias). rápidos ou laboratoriais na grande maioria
Maria Vitória de Sousa Santos

dos indivíduos com hepatite B crônica ou HEPATITE C


aguda. Juntamente com o HBV-DNA, é • O agente etiológico é um vírus RNA, da
um dos primeiros marcadores da infecção, família Flaviviridae, podendo apresentar-se
detectável em torno de 30 a 45 dias após a como uma infecção assintomática ou
infecção, e pode permanecer detectável por sintomática. Em média, 80% das pessoas que
até 120 dias nos casos de hepatite aguda. se infectam não conseguem eliminar o vírus,
Ao persistir além de 6 meses, caracteriza a evoluindo para formas crônicas. Os restantes
infecção crônica. 20% conseguem eliminá-lo dentro de um
2. Anti-HBc IgM (anticorpos da classe IgM período de seis meses do início da infecção.
contra o antígeno do capsídeo do HBV) : É PERÍODO DE INCUBAÇÃO
um marcador de infecção recente, que • O período de incubação, intervalo entre a
geralmente surge 30 dias após o exposição efetiva do hospedeiro suscetível a
aparecimento do HBsAg e é encontrado no um agente biológico e o início dos sinais e
soro por até 32 semanas após a infecção. sintomas clínicos da doença neste hospedeiro,
3. Anti-HBc Total: Anticorpos contra o varia de 15 a 150 dias.
vírus da hepatite B das classes IgM e IgG HEPATITE C AGUDA
simultaneamente. • A manifestação de sintomas da hepatite C
4. Anti-HBs (anticorpos contra o antígeno em sua fase aguda é extremamente rara.
de superfície do HBV): Quando presente Entretanto, quando presente, ela segue um
nos títulos adequados (pelo menos 10UI/ quadro semelhante ao das outras hepatites.
mL), este marcador confere imunidade ao
HEPATITE C CRÔNICA
HBV. O seu surgimento, normalmente,
• Quando a reação inflamatória nos casos
está associado ao desaparecimento do
agudos persiste sem melhoras por mais de
HBsAg, funcionando como um indicador
seis meses, considera-se que a infecção está
de cura e imunidade. Está presente
evoluindo para a forma crônica.
isoladamente em pessoas que tomaram a
• Os sintomas, quando presentes, são
vacina contra o HBV.
inespecíficos, predominando fadiga, mal-
5. HBV-DNA (DNA do HBV): É o material
estar geral e sintomas digestivos.
genético do vírus. Sua quantificação
• Uma parcela das formas crônicas pode
corresponde à carga viral circulante no
evoluir para cirrose, com aparecimento de
indivíduo. Por ser um indicador direto da
icterícia, edema, ascite, varizes de esôfago e
presença do vírus, pode ser usado como
alterações hematológicas.
teste complementar no diagnóstico da
• O hepatocarcinoma também faz parte de
infecção pelo HBV. Também é usado no
uma porcentagem do quadro crônico de
monitoramento do paciente e no
evolução desfavorável.
acompanhamento da terapia antiviral.
6. HBeAg - antigeno da partícula "e" do TRANSMISSÃO
vírus da hepatite B, marcador de Os mecanismos conhecidos para a transmissão
replicação viral. dessa infecção são os seguintes:
7. Anti-HBe: Anticorpo específico contra o 1. Transfusão de sangue e uso de drogas
antígeno "e" do vírus da hepatite B. injetáveis;
2. Hemodiálise;
3. Acupuntura, piercings, tatuagem, droga
inalada, manicures, barbearia,
instrumentos cirúrgicos;
4. Relacionamento sexual;
5. Transmissão vertical e aleitamento
materno (mãe-feto);
6. Acidente ocupacional;
7. Transplante de órgãos.
PREVENÇÃO
• Não tem vacina;
Maria Vitória de Sousa Santos
• Triagem em bancos de sangue. do vírus B: ocorre quando o indivíduo
DIAGNÓSTICO previamente infectado pelo vírus B, que
1. Anti-HCV (anticorpo contra o HCV) - evoluiu para a cronicidade, é contaminado
pode ser detectado por meio do teste pelo vírus D. O prognóstico é mais grave,
rápido ou teste sorológico laboratorial. É o podendo haver dano hepático severo,
marcador que indica contato prévio com o ocasionando formas fulminantes de
vírus. É detectado na infecção aguda ou hepatite ou evolução rápida e progressiva
crônica e no paciente curado, não para a cirrose.
diferenciando, portanto, a fase da doença. TRANSMISSÃO
Após a infecção, esse marcador demora de • Os modos de transmissão são os mesmos do
8 a 12 semanas para ser detectado, HBV.
mantendo-se reagente indefinidamente. PREVENÇÃO
2. HCV-RNA (RNA do HCV) - é o material • A melhor maneira de se prevenir a hepatite
genético viral. A presença do HCV-RNA é D é realizar a prevenção contra a hepatite B,
uma evidência da presença do vírus, por pois o vírus D necessita da presença do vírus
isso testes para detecção deste marcador B para contaminar uma pessoa.
são utilizados para complementar o DIAGNÓSTICO
diagnóstico da infecção. Pode ser detectado 1. Anti-HDV total: Anticorpos contra o
entre uma e duas semanas após a infecção. vírus da hepatite D das classes IgM e IgG
Quando não detectado, pode indicar a simultaneamente.
cura natural, clareamento viral ou resposta 2. HDV-RNA: É utilizado como marcador
sustentada ao tratamento. de replicação viral tanto na fase aguda
HEPATITE D como na fase crônica da doença e como
• Doença infecciosa viral, contagiosa, causada controle de tratamento. Pode ser detectado
pelo vírus da hepatite delta ou HDV (é um 14 dias após a infecção. Na infecção pelo
vírus RNA, que precisa do vírus B para que vírus da hepatite D, observam-se as formas
ocorra a infecção), podendo apresentar-se de ocorrência a seguir.
como uma infecção assintomática ou
sintomática e, nesses casos, até mesmo com
formas graves de hepatite.
PERÍODO DE INCUBAÇÃO
• O período de incubação, intervalo entre a
exposição efetiva do hospedeiro suscetível a
um agente biológico e o início dos sinais e HEPATITE E
sintomas clínicos da doença nesse • Doença infecciosa viral, contagiosa, causada
hospedeiro, varia de 30 a 50 dias (média de pelo vírus E (HEV) do tipo RNA, classificado
35 dias). como pertencente à família Caliciviridae.
TIPOS PERÍODO DE INCUBAÇÃO
1. Coinfecção do vírus D com o vírus B em • O período de incubação, intervalo entre a
indivíduos normais: ocorre quando o exposição efetiva do hospedeiro suscetível ao
indivíduo adquire simultaneamente os vírus e o início dos sinais e sintomas clínicos
vírus B e D. Na maioria dos casos se da doença neste hospedeiro, varia de 15 a 60
manifesta como uma forma de hepatite dias (média de 40 dias).
aguda benigna, com as mesmas TRANSMISSÃO
características de uma hepatite aguda B • A hepatite pelo HEV ocorre tanto sob a
clássica. O prognóstico, geralmente, é be- forma epidêmica, como de forma esporádica,
nigno, ocorrendo completa recuperação e em áreas endêmicas de países em desenvolvi-
clarificação do HBV e HDV. A evolução mento.
para a cronicidade é rara. • A via de transmissão fecal-oral favorece a
2. Superinfecção pelo vírus D em disseminação da infecção nos países em
portadores (sintomáticos ou assintomáticos) desenvolvimento, onde a contaminação dos
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reservatórios de água mantém a cadeia de
transmissão da doença.
• A transmissão interpessoal não é comum. Em
alguns casos os fatores de risco não são
identificados.
PREVENÇÃO
• Como na hepatite A, a melhor estratégia de
prevenção da hepatite E inclui a melhoria
das condições de saneamento básico e
medidas educacionais de higiene.
DIAGNÓSTICO
1. Anti-HEV IgM - anticorpo específico
para hepatite E em todos os indivíduos
infectados recentemente. O teste para
detecção do anti-HEV IgM torna-se
reagente de 4 a 5 dias após o início dos
sintomas, desaparecendo de 4 a 5 meses
depois.
2. Anti-HEV IgG - anticorpo indicativo de
infecção pelo vírus da hepatite E no
passado. Está presente na fase de
convalescença e persiste indefinidamente.
3. Anti-HEV Total - anticorpos contra o
vírus da hepatite E das classes IgM e IgG
simultaneamente.

LABORATORIAIS
Maria Vitória de Sousa Santos
3. Diminuição dos inibidores da cristalização
LITÍASE URINÁRIA (citrato, magnésio, pirofosfato, alto peso
• É caracterizada pela presença de cálculos no molecular - glicosaminoglicanos,
trato urinário, poupando o parênquima nefrocalcina, uropontina, bikunina,
renal. fragmento urinaro de protrombina,
• Cálculos correspondem a estruturas proteína de Tamm-Horsial).
cristalinas que alcançaram tamanho FISIOPATOLOGIA
suficiente para causar sintomas ou serem • O processo físico-químico de formação de
percebidos por técnicas de imagem cálculos depende de uma cascata complexa
radiológicas. de eventos que ocorrem quando o filtrado
FATORES DE RISCO glomerular (FG) atravessa o néfron.
1. Raça: brancos; Inicia-se então pelos seguintes eventos,
2. Sexo: predominante em homens; gradativamente:
3. Idade predominante: 20 a 40 anos; 1. Supersaturação (concentração elevada na
4. Hábitos alimentares de risco: excesso de urina de substâncias que formam cálculos:
carne e sódio; Ca, Ox, P, Urato, H);
5. Ingestão hídrica: risco em baixa ingestão; 2. Nucleação (Heterogênea, homogênea!
6. Clima: regiões montanhosas, desertos e epitaxia);
áreas tropicais (meses mais quentes —> sol 3. Crescimento;
estimula a síntese de Vit. D —> aumenta a 4. Agregação;
reabsorção intestinal de cálcio); 5. Adesão ao urotélio.
7. Profissões sedentárias, em ambientes • Sendo assim, temos uma urina que se torna
quentes; s u p e r s at u r a d a e m re l a ç ã o a o s s a i s
8. Sedentarismo; formadores de cálculo, de modo que íons
9. Associação com obesidade, diabetes dissolvidos se precipitam para fora da solução
mellitus, síndrome metabólica (diminui pH e formam os cristais.
urinário e hipercalciúria). • Após sua formação, os cristais podem fluir
TIPOS DE CÁLCULO com a urina ou ficar retidos no rim em
1. Oxalato de cálcio; pontos de ancoragem ou áreas de constrições
2. Fosfato de cálcio; que promovem crescimento e agregação.
3. Ácido úrico;
4. Cístina;
5. Estruvita.

ETIOLOGIA
1. Excesso de solutos; MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
2. Diminuição da ingestão hídrica; Entretanto, a apresentação característica é de:
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1. Cólica nefrética (inicia-se com dor 2. AAS


À Salicílico (aumenta urato e Ox);
localizada na região lombar, no flanco ou 3. Medicamentos que precipitam na urina
na fossa ilíaca, súbita, forte, geralmente ( a c i c l o v i r, i n d i n a v i r, m e t i l d o p a ,
unilateral, em cólica, não aliviada com triantereno).
triamtereno).
repouso ou posição, irradiada para o EXAME FÍSICO
trajeto ureteral, a região de bexiga, 1. Exame clínico geral (palidez, sudorese,
testiculos e a genitália externa). taquicardia, irritação
irrigação peritoneal, distensão
2. Sintomas viscerais intensos (náuseas, abdominal);
vômitos, sudorese, tontura); 2. Exame urológico específico;
3. Hematúria (microscópica e macroscópica); 3. Sinais vitais;
4. Piúria; 4. Pressão arterial;
5. Infecção do trato urinário (ITU); 5. Sinal de Giordano (dor no ângulo
6. Hidronefrose (raramente). costovertebral)
Ao exame físico, notam-se frequentemente: 6. Palpação dos pontos reno-ureterais.
1. Taquicardia; ESTUDOS DE IMAGEM
2. Palidez; 1. Ultrassonografia: A ultrassonografia
3. Sudorese; torna possível detectar todos os tipos de
4. Dor à palpação em região de ângulo cálculo, independentemente da
costovertebral (Giordano +); radiopacidade, além de avaliar a presença
5. Distensão abdominal leve, porém não e o grau da hidronefrose. Pode ser
associada a sinais de irritação peritoneal. realizada na vigência de cólica nefrética e
DIAGNÓSTICO durante a gestação. A USG pode
1. Historia clinica; determinar o tamanho e a forma dos rins,
2. Exame fisico completo; a presença de dilatação na pelve e nos
3. Analise da urina; cálices e demonstrar o afilamento do córtex
4. Estudos de imagens. em casos de hidronefrose grave;
HISTÓRIA CLÍNICA 2. R a i o X s i m p l e s d e a b d ô m e n :
Condições clínicas relacionadas: Confirmar se há cálculo e sua localização.
1. Distúrbios genéticos / alteração de cálcio e Cálculos renais são radiopacos. Para ser
fósforo; visualizado, um cálculo precisa apresentar
2. Condições de má absorção que levam a ao menos 2 mm em seu maior diâmetro. A
hipercalciuria entérica; limitação das radiografias simples reside na
3. Doença de Crohn (Ca/Ox); baixa sensibilidade para cálculos ureterais;
4. Ressecção ileocecal (Ca/Ox); 3. U r o g r a fi a
5. Bypassileo-jejunal(Ca/Ox); excretora: Útil na
6. Colectomia (AC. Ur.) avaliação anatômica
Outras patologias: dos rins e na detecção
1. Sarcoidose; de hidronefrose;
2. Hiperparatireoidismo; 4. T o m o g r a fi a
3. Acidose tubular renal; computadorizada:
4. Doenças ósseas; A t o m o g r a fi a
5. ITU
TU recorrente; computadorizada
6. Neoplasias. helicoidal é o padrão-
História: ouro para o diagnóstico de litíase urinária.
1. Historia familiar; Apresenta altas sensibilidade e
2. História de formação de cálculos; especificidade, pode ser usada sem
3. Resultados anteriores de análise de administração de contraste na cólica renal
cálculos; aguda, diagnostica patologias não
4. Intervenções urológicas anteriores. relacionadas com o trato urinário e detecta
Medicações: praticamente todos os tipos de cálculo
1. Acetazolamida (cristalização Ca/P); (radiopacos ou não). Além disso, possibilita
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utilizar a densidade, medida em unidades 9. Leiomioma uterino;


Hounsfield, para estimar a composição do 10. Ligadura de ureter acidental;
cálculo (em escala crescente de densidade – 11. Estenose de ureter (tuberculose, radiação,
ácido úrico, estruvita, cistina, oxalato de esquistossomose).
cálcio mono-hidratado e hidroxiapatita) e OPÇÕES DE TRATAMENTO PARA CÁLCULOS
sua resposta ao tratamento. 1. </= 0, 5 cm (tratamento clínico);
MECANISMO DA DOR 2. > 0,5 </= 2 cm (litotripsia);
3. > 2 cm (Cirurgia percutânea, ureterorreno
flexivel, videocirurgia, cirurgia aberta).
• Posição renal ou ureteral proximal:
Nefrolitotomia percutânea;
• Posição ureteral média: Ureterorrenoscopia ou
LOCE (litotripsia extracorpórea por ondas de
choque);
• Posição ureteral distal: Ureterorrenoscopia.

CONDUTAS IMEDIATAS PARA DOR


• Analgesia na fase aguda:
- Hioscina + dipirona;
- AINH;
- Corticóide se necessário;
- Morfina se necessário.
• Hidratação;
• Anti-emético;
• Controle clínico rigoroso.
COMPLICAÇÕES
1. Obstrução;
2. Insuficiência renal;
3. Infecção urinaria;
4. Hidronefrose;
5. Ruptura de ureter.
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
1. Doença intestinal inflamatória;
2. Gravidez;
3. Aneurisma de aorta;
4. Carcinoma do ureter, útero, próstata,
bexiga, cólon ou reto;
5. Fibrose retroperitoneal;
6. Tuberculose;
7. Sarcoidose;
8. Linfoma retroperitoneal;
DIAGNÓSTICO DE GRAVIDEZ E A 2. Amolecimento do colo uterino percebido
pelo toque (semelhante à consistência
PRIMEIRA CONSULTA PRÉ-NATAL labial) a partir de seis semanas de gestação;
EXAMES DIAGNÓSTICOS 3. Sinal de Hegar: amolecimento do istmo
• Na prática clínica, é muito importante o uterino (durante o toque bimanual, a
diagnóstico precoce da gravidez, o que tantas sensação é semelhante à separação do
vezes coloca em risco o prestígio do médico. corpo da cérvice);
• Esse diagnóstico pode ser clínico, hormonal 4. Sinal de Piskacek: assimetria uterina à
ou ultrassônico. palpação no local da implantação;
• O atraso da menstruação pode ser um 5. Sinal de Nobile-Budin: preenchimento do
sintoma difícil de avaliar, porque algumas fundo de saco posterior pelo útero
mulheres têm ciclos menstruais irregulares. amamentado de volume;
• Além disso, o sangramento de pequena 6. Sinal de Osiander: percepção do pulso da
monta é relativamente comum na gravidez artéria vaginal ao toque vaginal;
precoce normal, e muitas vezes ocorrendo no 7. Sinal de Jacquemier: coloração violácea do
mesmo período em que seria esperada a meato urinário e da vulva, entre 8 e 12
menstruação. semanas;
O diagnóstico de gravidez baseia-se na 8. Sinal de Kluge: coloração violácea da
presença de qualquer um dos seguintes vagina, entre 8 e 12 semanas;
achados: 9. Alterações do muco cervical: torna-se
1. Detecção de hCG no sangue ou na urina; viscoso, mais espesso e não se cristaliza;
2. I d e n t i fi c a ç ã o d a g r a v i d e z p o r 10. Aumento do volume uterino: o útero
ultrassonografia; aumenta de tamanho em cerca de 1 cm
3. Identificação da atividade cardíaca fetal por semana após quatro semanas de
por ultrassom Doppler. gestação. O útero permanece um órgão
DIAGNÓSTICO CLÍNICO pélvico até aproximadamente 12 semanas
Didaticamente, os achados na gravidez podem de gestação, quando se torna
ser divididos em sinais de presunção, suficientemente grande para se palpar
probabilidade e certeza. abdominalmente logo acima da sínfise do
Sinais de presunção: púbis, a menos que a mulher seja obesa.
1. Náuseas e vômitos; Sinais de certeza:
2. Polaciúria; 1. Ausculta dos batimentos cardiofetais com o
3. Atraso menstrual até 14 dias; estetoscópio de Pinard (a partir de 20
4. Aumento da sensibilidade álgica mamária; semanas) ou o sonar (a partir de 10 a 12
5. Cloasma gravídico ou máscara gravídica: semanas);
manchas provocadas pelo aumento da 2. Percepção de partes e movimentos fetais
produção de melanina circundando parte pelo examinador: por meio da palpação
da testa, ao redor do nariz, bochecha e abdominal, é possível perceber movimentos
lábio superior; do feto a partir de 18 a 20 semanas;
6. Linha nigra: pigmentação da linha alba; 3. Sinal de Puzos (rechaço fetal intrauterino):
7. Sinal de Halban: aumento da lanugem nos durante o exame bimanual, um discreto
limites do couro cabeludo; impulso no útero, por meio do fundo de
8. Tubérculos de Montgomery: glândulas saco anterior, deslocará o feto no líquido
sebáceas hipertrofiadas nas aréolas; amniótico para longe do dedo do
9. R e d e d e H a l l e r : a u m e n t o d a examinador. A tendência do retorno do
vascularização venosa na mama; feto faz com que ele seja novamente
10. Sinal de Hunter: hiperpigmentação da palpável.
aréola primária e aparecimento da aréola DIAGNÓSTICO HORMONAL
secundária com limites imprecisos. • Constitui, atualmente, o melhor parâmetro
Sinais de probabilidade: para o diagnóstico de gravidez incipiente, de
1. Atraso menstrual maior que 14 dias; acordo com sua precocidade e exatidão.
• Apoia-se na produção de gonadotrofina
coriônica humana (hCG) pelo ovo.
• Uma semana após a fertilização, o trofoblasto,
implantado no endométrio, começa a
produzir a hCG em quantidades crescentes,
que podem ser encontradas no plasma ou na
urina maternos. PRÉ NATAL
• Esse é o primeiro momento em que o hCG • A assistência pré-natal engloba aplicação
pode ser detectado com um teste individualizada de condutas clínico-
ultrassensível, e valores acima de 25 mUI/mL obstétricas protocolares ao longo de todo o
sugerem gravidez em curso. período gestacional. Estratégia
• A concentração de hCG duplica a cada 48 a interdisciplinar de atendimento profissional
72 horas durante os primeiros 30 dias após a otimiza o alcance e a manutenção da
implantação de gravidez intrauterina viável; integridade das condições de saúde materna
aumento mais lento é sugestivo de gravidez e fetal.
anormal (por exemplo, morte ectópica, Os objetivos básicos da assistência pré-natal
morte embrionária precoce). são:
DIAGNÓSTICO ULTRASSONOGRÁFICO 1. Orientar os hábitos de vida (higiene pré-
• Com 4 a 5 semanas, na parte superior do natal);
útero, começa a aparecer for mação 2. Assistir a gestante psicologicamente;
arredondada, anelar, de contornos nítidos, 3. Preparar a gestante para a maternidade,
que corresponde à estrutura ovular, instruindo-a sobre o parto (parto
denominada, em ultrassonografia, saco humanizado), dando-lhe noções de
gestacional (SG). puericultura;
• A partir de 5 semanas, é possível visualizar a 4. Evitar o uso de medicação e de medidas
vesícula vitelina (VV) e, com 6 semanas, o que se tornem prejudiciais para o feto (p.
eco embrionário e a sua pulsação cardíaca ex., teratogênese);
(BCF). 5. Tratar os pequenos distúrbios da gravidez;
• Em torno de 10 a 12 semanas, nota-se 6. Realizar a prevenção, o diagnóstico e o
espessamento no SG, que representa a tratamento das doenças próprias da
placenta em desenvolvimento e seu local de gravidez ou nela intercorrentes.
implantação no útero. EXAMES SOLICITADOS NO PRÉ NATAL
• Com 12 semanas, a placenta pode ser • Os exames laboratoriais têm importante
facilmente identificada e apresenta estrutura papel na assistência pré-natal, como forma
definida com 16 semanas. de rastreamento e prevenção de possíveis
• Medições biométricas (por exemplo, doenças.
tamanho do saco gestacional, comprimento
cabeça-nádeg a, diâmetro biparietal,
comprimento do fêmur) são utilizadas para
estimar a idade gestacional (i.e., duração da
gravidez) e a data de parto. O comprimento
cabeça-nádega é o principal referencial para
avaliar a idade da gravidez no primeiro
trimestre.
• A atividade cardíaca fetal geralmente é
identificada na quinta semana nos embriões
com 2 mm.
• No entanto, é sabido que, em 5% a 10% das
gestações nor mais, não se consegue
identificar atividade cardíaca em embriões
até 4 mm.
Rastreamento de doenças infecciosas: 6. Detalhes de gestações prévias;
A. Rubéola: a pesquisa sorológica está 7. Hospitalizações anteriores;
indicada no primeiro trimestre. 8. Uso de medicações;
B. Hepatite B: vacinar todas as mulheres não 9. História prévia de doença sexualmente
imunizadas e, em especial, aquelas com transmissível;
riscos sociais ou ocupacionais de exposição; 10. Exposição ambiental ou ocupacional de
C. Citomegalovírus: muito comum na risco;
população; em especial, deve-se realizar o 11. Reações alérgicas;
rastreamento nas mulheres que trabalham 12. História pessoal ou familiar de doenças
em unidades de tratamento intensivo hereditárias/malformações;
(UTI), UTI neonatal, creches e unidades 13. Gemelaridade anterior;
de diálise. 14. Fatores socioeconômicos;
D. Teste IgG para parvovírus B19 para 15. Atividade sexual;
professoras de escolas ou funcionárias de 16. Uso de tabaco, álcool ou outras drogas
creches, devido a associação dele com lícitas ou ilícitas;
hidropisia fetal não imune; 17. História infecciosa prévia;
E. Toxoplasmose: preocupação para as 18. Vacinações prévias;
mulheres que possuem animais domésticos, 19. História de violências.
como gato, e as que comem ou manipulam Observação: Na pesquisa de sintomas
carne crua. Estudar o momento relacionados à gravidez também deverá ser
imunológico (IgG e IgM). Quando a IgM é questionada a existência de náuseas, vômitos,
positiva, deve-se realizar o teste da avidez dor abdominal, constipação, cefaleia, síncope,
de IgG, que indicará se a infecção é antiga sangramento ou corrimento vaginal, disúria,
ou recente; polaciúria e edemas.
F. Teste para HIV: para todas as mulheres; Observação: É importante sanar dúvidas e
G. Teste para Neisseria gonorrhoeae, minimizar a ansiedade do casal. Informações
Chlamydia trachomatis, Treponema sobre alimentação, hábito intestinal e urinário,
pallidum em pacientes sexualmente ativas. movimentação fetal, assim como presença de
A cultura para clamídia e gonorreia será corrimentos ou outras perdas vaginais ajudam
solicitada em grávidas de alto risco, com a identificar situações de risco gestacional e
diminuição dos custos decorrentes da orientam medidas educativas que devem ser
menor incidência de trabalho de parto enfatizadas durante o pré-natal.
prematuro, parto prematuro, endometrite HISTÓRIA OBSTÉTRICA
pós-parto e conjuntivite neonatal; 1. D O N : D i a g n ó s t i c o O b s t é t r i c o d e
H. Zika vírus: até sete dias do contato, solicita- Normalidade;
se proteína C reativa (PCR); após o 2. DOPA: Diagnóstico Obstétrico Patológico
período de viremia, solicita-se a sorologia. Atual;
PRIMEIRA CONSULTA PRÉ-NATAL 3. DOPP: Diagnóstico Obstétrico Patológico
Na primeira consulta, deve-se pesquisar os Pregresso;
aspectos socioepidemiológicos, os antecedentes 4. DCC: Diagnóstico Clínico-Cirúrgico.
familiares, os antecedentes pessoais gerais, 5. DG: Diagnóstico Ginecológico
ginecológicos e obstétricos, além da situação da EXAME FÍSICO
gravidez atual. - São indispensáveis os seguintes
Os principais componentes podem ser assim procedimentos: avaliação nutricional (peso e
listados: cálculo do IMC), medida da pressão arterial,
1. Data precisa da última menstruação; palpação abdominal e percepção dinâmica,
2. Regularidade dos ciclos; medida da altura uterina, ausculta dos
3. Uso de anticoncepcionais; batimentos cardiofetais, registro dos
4. Paridade; movimentos fetais, realização do teste de
5. Intercorrências clínicas, obstétricas e estímulo sonoro simplificado, verificação da
cirúrgicas; presença de edema, exame ginecológico e
coleta de material para colpocitologia - Medida e avaliação da altura uterina;
oncótica, exame clínico das mamas e toque - Ausculta dos batimentos cardiofetais;
vaginal de acordo com as necessidades de - Registro dos movimentos fetais;
cada mulher e com a idade gestacional. - Teste de estímulo sonoro simplificado (Tess);
- No exame físico, os mais importantes - Exame clínico das mamas;
componentes que precisam ser incluídos na - Exame ginecológico (inspeção dos genitais
primeira visita pré-natal são os seguintes: externos, exame especular, coleta de
peso, altura, pressão arterial, avaliação de material para exame colpocitopatológico,
mucosas, da tireoide, das mamas, dos toque vaginal).
pulmões, do coração, do abdome e das
extremidades.
- No exame ginecológico/obstétrico, deve-se
avaliar a genitália externa, a vagina, o colo
uterino e, no toque bidigital, o útero e os
anexos. Após a 12a semana, deve-se medir a
altura do fundo uterino no abdome. A
ausculta fetal será possível após a 10a-12a
semana, com o sonar-doppler [grau de
recomendação D].
- N a s v i s i t a s s u b s e q u e n t e s, t o r n a - s e
obrigatório medir a altura uterina, pesar a
paciente, mensurar a pressão arterial,
verificar a presença de anemia de mucosas, a
existência de edemas e auscultar os
batimentos cardíacos fetais. Deve-se avaliar
o mamilo para lactação. A definição da
apresentação fetal deverá ser determinada
por volta da 36a semana [grau de
recomendação D].
EXAME FÍSICO GERAL
- Inspeção da pele e das mucosas;
- Sinais vitais: aferição do pulso, frequência
cardíaca, frequência respiratória,
temperatura axilar;
- Palpação da tireoide , região cervical,
supraclavicular e axilar (pesquisa de nódulos
ou outras anormalidades);
- Ausculta cardiopulmonar;
- Exame do abdome;
- Exame dos membros inferiores;
- Determinação do peso;
- Determinação da altura;
- Cálculo do IMC;
- Avaliação do estado nutricional e do ganho
de peso gestacional; - Medida da pressão
arterial;
- Pesquisa de edema (membros, face, região
sacra, tronco).
EXAME FÍSICO ESPECÍFICO (GINECO-
OBSTÉTRICO):
Palpação obstétrica:
Maria Vitória de Sousa Santos
ABORDAGEM CLÍNICA DA GESTANTE NO 5. Devem ser feitas a revisão e a atualização
SEGUNDO E TERCEIRO TRIMESTRES do Cartão da Gestante e da Ficha de Pré-
Natal.
IMPORTÂNCIA DO PRÉ NATAL
Além disso, devemos executar as seguintes
• O objetivo do acompanhamento pré-natal é tarefas:
assegurar o desenvolvimento da gestação,
I. CONTROLES MATERNOS
permitindo o parto de um recém-nascido
1. Cálculo e anotação da idade gestacional;
saudável, sem impacto para a saúde materna
2. Determinação do peso e cálculodo
inclusive abordando aspectos psicossociais e
índicede massa corporal(IMC): anote no
as atividades educativas e preventivas.
gráfico e realize a avaliação nutricional
• Os cuidados assistenciais no primeiro
subsequente e o monitoramento do ganho
trimestre são utilizados como um indicador
de peso gestacional;
maior da qualidade dos cuidados maternos.
3. Medida da pressão arterial (observe a
Segundo a Organização Mundial da Saúde
aferição da PA com técnica adequada);
(OMS), o número adequado seria igual ou
4. Palpação obstétrica e medida da altura
superior a 6 (seis), com acompanhamento
uterina (anote os dados no gráfico e
intercalado entre médico e enfermeiro:
- 1° Trimestre: Uma consulta; observe o sentido da curva para avaliação
- 2° Trimestre: Duas consultas; do crescimento fetal);
- 3° Trimestre: Três consultas. 5. Pesquisa de edema;
6. Exame ginecológico, incluindo das mamas,
Sempre que possível, as consultas devem ser
para observação do mamilo.
realizadas conforme o seguinte cronograma:
- Até 28ª semana: mensalmente; MANOBRAS DE LEOPOLD
- Da 28ª até a 36ª semana: quinzenalmente; Palpação do fundo uterino
- Da 36ª até a 41ª semana: semanalmente. • O primeiro tempo da manobra tem como
• A maior frequência de visitas no final da objetivo identificar o polo fetal presente no
gestação visa à avaliação do risco perinatal e fundo uterino e assim determinar qual a
das intercorrências clínico-obstétricas mais situação do feto.
comuns nesse trimestre, como trabalho de • Para isso, o examinador deve utilizar ambas
parto prematuro, pré-eclâmpsia e eclâmpsia, as mãos encurvadas de forma a comprimir a
amniorrexe prematura e óbito fetal. parede abdominal com as bordas cubitais
1ª CONSULTA para delimitar o fundo uterino.
• Após delimitar o fundo uterino, deve-se
1. Anamnese;
determinar qual a parte do feto que está
2. História Clínica;
localizada no fundo uterino. Geralmente a
3. Exame Físico;
parte fetal a ser palpada é o polo pélvico,
4. Exames Complementares;
identificado por ser mais volumoso, esferoide,
5. Condutas Gerais.
de superfície irregular e amolecido.
ROTEIRO DAS CONSULTAS SUBSEQUENTES
• Agora, se for palpado o polo cefálico, a
Nas consultas subsequentes, devem ser sensação é de um corpo de superfície regular,
realizados os seguintes procedimentos: resistente e endurecido.
1. Anamnese atual sucinta: deve-se enfatizar a • A partir dessa manobra, já dá para prever
pesquisa das queixas mais comuns na qual é a apresentação fetal, uma vez que essa
gestação e dos sinais de intercorrências é a situação.
clínicas e obstétricas, com o propósito de se • Assim, se for palpado o polo pélvico, a
reavaliar o risco gestacional e de se realizar apresentação é cefálica, assim como, se for
ações mais efetivas; palpado o polo cefálico, a apresentação será
2. Exame físico direcionado (deve-se avaliar o pélvica.
bem-estar materno e fetal); • Quanto à situação, o feto pode estar em
3. Verificação do calendário de vacinação; situação longitudinal (vertical), transversal ou
4. Deve-se avaliar o resultado dos exames córmica, ou oblíqua, em relação ao eixo
complementares;
materno.
Maria Vitória de Sousa Santos
Palpação da lateralidade das características qual é a parte fetal
• Após o primeiro tempo, o examinador localizada.
desliza as mãos para o polo inferior do órgão, • O polo cefálico é menor, com uma superfície
regiões laterais no abdome, para tentar regular, lisa e endurecida (apresentação
identificar o dorso fetal de um lado e as cefálica).
pequenas partes ou membros do outro lado. • Já o polo pélvico é maior, com uma superfície
• O dorso fetal é sentido como uma superfície irregular e amolecida (apresentação pélvica).
resistente, lisa, regular e contínua. • Na apresentação córmica, no qual o feto está
• Quando o dorso está localizado para trás, os em situação transversa e, durante o quarto
membros fetais são mais perceptíveis, pois tempo, o polo inferior encontrará vazio.
estarão em contato mais direto com a parede
anterior.
• Assim, fica perceptível que, se o dorso estiver
orientado para a direita, os membros estarão
posicionados à esquerda, e vice-versa.
• Essa manobra tem como objetivo determinar
a posição fetal e pode até ajudar a identificar
o melhor foco de ausculta dos batimentos
cardíacos do feto (dorso).
Palpação do pólo inferior
• Possui como objetivo avaliar a mobilidade do
polo fetal inferior em relação ao estreito
superior da bacia materna, determinando
assim a apresentação fetal.
• Para isso o examinador precisa apreender o
polo entre o polegar e o dedo médio da mão
d i r e i t a , r e a l i z a n d o m ov i m e n t o s d e
lateralidade para indicar o grau de
penetração da apresentação na bacia.
• Quando o polo fetal está alto e móvel
durante o exame, o polo balança facilmente
de um lado para outro. Agora, se o polo
estiver mais insinuado, se encontrará fixo. II. CONTROLES FETAIS:
• A apresentação fetal pode ser classificada 1. Ausculta dos batimentos cardiofetais;
quanto ao polo inferior em cefálica, quando 2. Avaliação dos movimentos percebidos pela
o polo inferior é o polo cefálico, pélvica, mulher e/ou detectados no exame
quando o polo inferior é o polo pélvico, e obstétrico/ registro dos movimentos fetais;
córmica, quando o feto encontra-se em 3. Teste de estímulo sonoro simplificado
situação transversal. (Tess), se houver indicação clínica.
Encaixe pélvico
Encaixe pélvico III CONDUTAS:
• Responsável por determinar a insinuação 1. Interpretação dos dados da anamnese e do
fetal, é a única manobra realizada com as exame clínico/obstétrico e correlação com
costas do examinador voltada para a cabeça resultados de exames complementares;
da paciente. 2. Avaliação dos resultados de exames
• Nesse tempo, o examinador precisa complementares e tratamento de alterações
posicionar suas mãos sobre as fossas ilíacas, encontradas ou encaminhamento, se
aprofundando-as na pelve como se estivesse necessário;
“escavando”, indo em direção ao hipogástrio, 3. Prescrição de suplementação de sulfato
à procura do polo fetal inferior. ferroso (40 mg de ferro elementar/dia)e
• Assim como no primeiro tempo, ao achar o ácido fólico (5mg/dia), para profilaxia da
polo inferior, é necessário determinar através
anemia;
Maria Vitória de Sousa Santos
4. Oriente a gestante sobre alimentação e - Uso do calendário: some o número de
faça o acompanhamento do ganho de peso dias do intervalo entre a DUM e a data
gestacional; da consulta, dividindo o total por sete
5. Incentive o aleitamento materno exclusivo (resultado em semanas);
até os seis meses; - Uso de disco (gestograma): coloque a seta
6. Oriente a gestante sobre os sinais de risco e sobre o dia e o mês correspondentes ao
a necessidade de assistência em cada caso; primeiro dia e mês do último ciclo
7. Faça o acompanhamento das condutas menstrual e observe o número de semanas
adotadas em serviços especializados, pois a indicado no dia e mês da consulta atual.
mulher deverá continuar a ser
acompanhada pela equipe da atenção
básica;
8. Proceda à realização de ações e práticas
educativas individuais e coletivas;
9. Faça o agendamento das consultas
subsequentes.
EXAMES 1°, 2° E 3° TRIMESTRE

2. Quando a data da última menstruação é


desconhecida, mas se conhece o período do
mês em que ela ocorreu:
- Se o período foi no início, meio ou fim do
mês, considere como data da última
menstruação os dias 5, 15 e 25,
respectivamente. Proceda, então, à
utilização de um dos métodos descritos
3. Quando a data e o período da última
menstruação são desconhecidos:
- Quando a data e o período do mês não
Observação: USG = Determinação da idade
forem conhecidos, a idade gestacional e a
gestacional (1° trimestre), morfológico de 1°
data provável do parto serão,
trimestre, morfológico de 2° trimestre,
inicialmente, deter minadas por
dopplervrlocimetria.
aproximação, basicamente pela medida
CÁLCULO DA IDADE GESTACIONAL da altura do fundo do útero e pelo toque
Os métodos para esta estimativa dependem da vaginal, além da informação sobre a data
data da última menstruação (DUM), que de início dos movimentos fetais, que
corresponde ao primeiro dia de sangramento habitualmente ocorrem entre 18 e 20
do último ciclo menstrual referido pela mulher. semanas. Pode-se utilizar a altura uterina
1. Quando a data da última menstruação e o toque vaginal, considerando-se os
(DUM) é conhecida e certa: É o método de seguintes parâmetros:
escolha para se calcular a idade gestacional • Até a 6a semana, não ocorre
em mulheres com ciclos menstruais alteração do tamanho uterino;
re g u l a re s e s e m u s o d e m é t o d o s • Na 8a semana, o útero corresponde
anticoncepcionais hormonais: ao dobro do tamanho normal;
Maria Vitória de Sousa Santos
• Na 10a semana, o útero que permite a classificação do índice de
corresponde a três vezes o tamanho massa corporal (IMC) por semana
habitual; gestacional.
• Na 12a semana, o útero enche a • Com base no IMC obtido na primeira
pelve, de modo que é palpável na consulta de pré-natal, é possível conhecer o
sínfise púbica; estado nutricional atual e acompanhar o
• Na 16a semana, o fundo uterino ganho de peso até o final da gestação.
encontra-se entre a sínfise púbica e • Recomenda-se que a gestante seja pesada em
a cicatriz umbilical; todas as consultas.
• Na 20a semana, o fundo do útero • A estatura pode ser aferida apenas na
encontra-se na altura da cicatriz primeira consulta, desde que não seja
umbilical; gestante adolescente (menor de 20 anos), cuja
• A partir da 20a semana, existe medida deverá ser realizada pelo menos
relação direta entre as semanas da trimestralmente.
gestação e a medida da altura
uterina. Porém, este parâmetro
torna-se menos fiel a partir da 30a
semana de idade gestacional.
Observação: Quando não for possível
determinar clinicamente a idade gestacional,
solicite o mais precocemente possível a
ultrassonografia obstétrica.
CÁLCULO DA DATA PROVÁVEL DO PARTO
• Calcula-se a data provável do parto levando-
se em consideração a duração média da
gestação normal (280 dias ou 40 semanas, a
partir da DUM), mediante a utilização de
calendário.
• Com o disco (gestograma), coloque a seta
sobre o dia e o mês correspondentes ao
primeiro dia e mês da última menstruação e
observe a seta na data (dia e mês) indicada
como data provável do parto.
• Outra forma de cálculo consiste em somar
sete dias ao primeiro dia da última
menstruação e subtrair três meses ao mês em
que ocorreu a última menstruação (ou
adicionar nove meses, se corresponder aos
meses de janeiro a março). Esta forma de
cálculo é chamada de Regra de Näegele.

AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL E DO


GANHO DE PESO GESTACIONAL
• A avaliação do estado nutricional da gestante
consiste na tomada da medida do peso e da
altura e o cálculo da semana gestacional, o
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS DOS • A flora vaginal normal é predominantemente
aeróbica, sendo os mais comuns os
CORRIMENTOS VAGINAIS E NÓDULOS lactobacilos produtores de peróxido de
MAMÁRIOS hidrogênio (Lactobacillus acidophllus).
CORRIMENTO VAGINAIS • pH vaginal normal: 3,6 a 4,6 na menacme
1. Causas fisiológicas; (mantido pela produção de ácido lático):
2. Não infecciosas; - Estímulo estrogênico nas células epiteliais
3. Infecciosas; vaginais (ricas em glicogênio);
CAUSAS FISIOLÓGICAS E NÃO INFECCIOSAS
- Decompõem o glicogênio em
monossacarideos;

1. Drenagem de excessivo material mucóide


fisiológico;
- Monossacarídeos podem ser convertidos
2. Vaginite inflamatória descamativa; pelas próprias células
colulas e pelos lactobacilos
3. Vaginite atrófica (em mulheres na pós- em ácido lático.
menopausa); Microscopia:
4. Presença de corpo estranho. - Muitas células epiteliais superficiais e
Outras patologias podem causar prurido lactobacilos;
vulvovaginal sem corrimento: - Poucos leucócitos;
1. Der matites alérgicas ou irritativas - Nenhuma ou poucas células indicadoras
(sabonetes, perfumes, látex) ("Clue-celle");
2. Doenças da pele (líquen, psoriase). - Teste com hidróxido de potássio a 10%
(KOH a 10%) negativo;
VAGINA NORMAL
- Coloração pelo Gram: mostra células
Composição das secreções vaginais
superficiais normais e predomínio de bacilos
normais:
gram-positivos (lactobacilos).
1. Secreções vulvares das glândulas sebáceas,
Mecanismos de defesa:
sudoríparas, de Bartholin e de Skene;
- Vulva: tegumento; pelos abundantes;
2. Transudato da parede vaginal;
coaptação adequada dos pequenos lábios.
3. Células vaginais e cervicais estolladas;
- Vagina: acidez vaginal (pH 3,5 a 4,5);
4. Muco cervical;
corvical;
presença de lactobaciios; Integridade do
5. Líquidos endometriais e das tubas;
assoalho pélvico; Justaposição das paredes
6. Consistência flocular e cor branca;
vaginals; espessura pregueamento das
7. M i c ro o rg a n i s m o s e s e u s p ro d u t o s
paredes vaginais.
metabólicos.
- Colo: muco endocervical; Integridade
O tipo e a quantidade da secreção:
anatômica.
São determinados por processos bioquímicos,
Influenciados pelos níveis hor monais VAGINOSE BACTERINA
(estrogênio e progesterona). • É a mais frequente das infecções genitais
1. Células superficiais - prevalecem baixas: 40 a 60% dos casos
quando há estímulo estrogênico; • 50% das mulheres são assintomáticas
2. Células intermediárias - predominam • É uma infecção polimicrobiana, que resulta
na fase lútea devido ao estímulo de um desequilíbrio da microbiota vaginal
progestogênico; normal, com mudança da sua população
3. Células parabasais - predominam na bacteriana predominantemente aeróbica
ausência de estímulo hormonal (estrogênio (Lactobacillus sp), para anaeróbicas
anacróbica (Gardnerella
e progesterona), pós-menopausa. vaginalis, Prevotella sp, Bacierdides sp e fragilis,
Mobiluncus sp, Peproestreptococus sp, Mycoplasma).
• As razões para esse desequilíbrio são
desconhecidas.
Quadro clínico:
• Secreção vaginal branca-acinzentada, fina,
homogênea, com pequenas bolhas, que
revestem finamente as paredes vaginais;
• Ausência de irritação e hiperemia; 6. Obesidade;
• Secreção com odor desagradável, tipo "peixe 7. Vestimenta íntima sintética oouapertada.
apertada.
podre", que piora após o coito o no final da Quadro clínico:
menstruação. 1. Corrimento branco, espesso, grumoso,
inodoro, com aspecto de " leite talhado" ou
"nata de leite", aderido a parede vaginal e
colo uterino;
2. Prurido vulvovaginal, que pode ser intenso,
hiperemia vulvar e vaginal;
3. Edema, fissuras e escoriaçãos dos lábios eo
vulvar;
4. Irritação e queimação vulvar;
5. Dispareunia de penetração;
6. Ardência miccional ("disúria externa").
Diagnóstico:
1. Exame à fresco com KOH à 10% (pseudo-
Diagnóstico: hifas, micélios, esporos);
1. Clínica; 2. Exame a fresco com solução salina (pode
2. Teste das aminas (*Whiff test"), com KOH haver aumento de leucócitos, visualização
10%: quando o pH H se torna alcalino libera de hifas e esporos);
odor de "peixe podre" decorrente da 3. pH vaginal = 3,6 a 4,6;
liberação de aminas voláteis (putrocina, 4. Bacterioscopia da secreção vaginal
cadaverina e trimetilamina); (coloração pelo Gram);
3. pH > 4,5 (geralmente de 4,7 a 6,7); 5. Teste das aminas negativo;
4. Microscopia: 6. Indica-se cultura específica (meio de
- Aumento das células indicadoras ou "Clue Sabourand) nos casos recorrentes não
Cells" - cels. epiteliais recobertas por identificados com os métodos anteriores.
granulações (bactérias) aderidas à sua
superfície, deixando suas bordas sem
nitidez,
- Ausência ou diminuição dos leucócitos;
- Redução dos lactobacilos.

TRICOMONÍASE
Fatores de risco:
1. Múltiplos parceiros sexuais;
2. Baixo nível sócio-econômico;
3. Raça negra;
CANDIDÍASE VAGINAL
4. Tabagismo;
Fatores predisponente:
Fatores predisponentes:
5. História prévia de DST;
1. Diabetes;
6. N ã o u t i l i z a ç ã o d e m é t o d o s
2. Imunodepressão;
anticoncepcionais (barreira ou hormonal).
3. Anticoncepcionais de alta dosagem
Quadro clínico:
Quadro clínico:
(controverso);
Varia desde assintomático até severo.
4. Antibióticos de largo espectro;
5. Gravidez;
1. Corrimento amarelo esverdeado, bolhoso ALTERAÇÕES MAMÁRIAS
ou espumoso, profuso, com odor fétido, Manifestações clínicas:
podendo ser acompanhado de prurido 1. Alterações do volume mamário;
vulvar; 2. Alterações da forma das mamas e do
2. Podem ocorrer: irritação, desconforto complexo areolo - mamilar;
vulvar, dispareunia e disúria; 3. Modificações do aspecto e cor da pele e do
3. Pode provocar eritema vaginal e colpite complexo areolo - mamilar;
macular ("colo em framboesa"), dor em 4. Alterações na vascularização superficial;
baixo ventre (ocasionalmente), ficar atento 5. Cicatrizes e marcas congênitas;
para doença inflamatório pélvica; 6. Aparecimento de nervos da derme;
4. Na gravidez pode causar: ruptura 7. Alterações de implantes se presentes
prematura das membranas prematuridade; (silicone, salino, misto);
infecção puerperal. 8. Presença de secreções mamilares;
Observação: Os sintomas se exacerbam no 9. Presença de nodularidades nas mamas;
final ou logo após a menstruação. 10. Linfonodomegalia em região axilar/supra
Diagnóstico: e infra clavicular.
1. Clínica; EXAME FÍSICO DAS MAMAS
2. Exame a fresco (com SF 0,9%): observação Pode ser feito pelo clínico e pela própria
direta do parasita móvel, aumento paciente (auto-exame da mama).
leucócitos; O exame físico das mamas é feito através de:
3. Secreção vaginal corada pelo Gram, ou - Inspecção das mamas: estática e dinâmica;
Glensa, ou Papanicolau; - Palpação das mamas;
4. pH elevado maior que 5, geralmente entre - A expressão papilar/mamilar;
6 e 7; - Palpação dos linfonodos axilares e
5. Cultura: meio de Diamond (meio supraclaviculares.
anaeróbico); INSPEÇÃO DA MAMA
6. Teste das aminas: ocasionalmente positivo. • A inspecção das mamas (estática e dinâmica):
Identificar alterações da estrutura e superfície
das mamas relacionadas à algumas
patologias.
ESTÁTICA
• Paciente em pé
ou sentada.
• As alterações da
superfície:
retração da pele,
alteração da
pigmentação,
hiperemia,
surgimento de
manchas, edema
(aspecto de ‘’pele em casca de laranja’’),
úlceras ou fissuras.
• Ex: A pele hiperemiada é sinal de processo
inflamatório como mastite ou abcesso
mamário, a pele em casca de laranja, as
retracções e úlceras estão presentes em
processos malignos como carcinoma da
mama.
• As alterações da estrutura ou forma como
abaulamentos ou tumorações, alteração dos
contornos, desvio da posição normal dos • A palpação é realizada com a paciente
mamilos, em geral indicam presença de deitada com as mãos atrás da cabeça e os
massas benignas ou malignas. braços bem abertos.
• Permite avaliar o volume, a consistência, a
elasticidade e a temperatura da pele.
• É fundamental avaliar as duas mamas
(mesmo que a queixa seja em apenas uma)
para comparar os achados e orientar o
diagnóstico.
• O volume pode estar alterado por processos
inflamatórios (como mastite ou abcesso) ou
tumorais (como quisto ou carcinoma da
mama).
• A consistência pode estar alterada em caso
de presença de áreas de condensação (edema,
DINÂMICA nódulos, massas císticas ou sólidas).
• Na inspeção dinâmica a • Os nódulos ou massas palpáveis devem ser
realização de manobras caracterizados em relação a limites,
é para realçar possíveis consistência, mobilidade, fixação nas
retrações e estruturas circunjacentes e diâmetro.
a b a u l a m e n t o s, q u e • A elasticidade do mamilo pode estar alterada
podem sugerir ou não na presença de cicatrizes e massas.
processos malignos, Técnicas:
bem como, verificar o • Velpeau: Realizada
comprometimento dos com mão
planos musculares, espalmada e
cutâneo e gradil movimentos
costal. circulares.
• São realizadas as • Boodgood: É
manobras solicitando realizada com a
à paciente que eleve ponta dos dedos
lentamente as mãos simulando tocar
sobre a cabeça e em piano.
seguida baixar e PALPAÇÃO DOS LINFONODOS
pressionar com as • Palpa-se os
mãos as asas do osso linfonodos axilares,
ilíaco bilateralmente, para contrair a supra e
musculatura peitoral. infraclaviculares.
• A manobra de inclinação do tronco para • Para a palpação da
frente com os braços abertos é útil em cadeia linfática
pacientes com mamas grandes ou pendulares axilar direita, deve-
e para melhor observação de retração do se deixar o braço
complexo areolopapilar, que pode sugerir direito da paciente
malignidade. solto ao longo do
Observação: examinar toda a mama em corpo, ou apoiado
todos os seus quadrantes. ou sustentado pelo
PALPAÇÃO DA MAMA braço direito do
• A palpação deve ser feita em toda mama, e x a m i n a d o r,
incluindo a região subareolar, regiões enquanto com a
paraesternais, infraclaviculares e axilares. mão esquerda, este
faz a palpação.
• Para a cadeia linfática do lado esquerdo, NÓDULOS MAMÁRIOS
inverte-se o Na detecção eventual do nódulo ou tumoração
braço de apoio é necessário caracterizar quando a:
e a mão que 1. Localização (quadrantes);
palpa, ou seja, 2. Tamanho bidimensional;
mão direita 3. Forma (redondo,ovalova ou irregular);
palpa axila 4. Limites (contornos);
esquerda e 5. Consistência;
mão esquerda 6. Mobilidade.
palpa axila
direita.
• D e v e - s e
observar a
presença de
gânglios, localização dos mesmos, tamanho,
dor local, consistência, mobilidade, relação
entre si, aderência a planos profundos e
eventuais ulcerações. Da mesma forma, todos
os achados devem ser criteriosamente
anotados.
EXPRESSÃO PAPILAR
• A expressão papilar
(pressão ao nível da
aréola e da papila)
permite investigar a
eventual presença CÂNCER DE MAMA E QUADRANTES
de secreção papilar. 1. Área retroaréolar: 18%
• O tipo de secreção 2. QSM: 15%
pode indicar o tipo 3. QSL: 50%
de patologia, por 4. QIM: 6%
exemplo a secreção 5. QIL: 11%
purulenta está CAROÇOS NAS MAMAS
presente em processos infecciosos como 1. C i s t os : E s t r u t u r a s a r re d o n d a d a s,
mastite e abcesso. preenchidas com líquidos (sangue ou outros oviros
• S e c re ç õ e s h e m o r r á g i c a s p o d e m s e r fuidos).
fluídos).
indicativas de carcinoma da mama. 2. Alterações fibrocísticas: Parênquima
Observação: É importante ver cor, se é uni com área irregular, aumento da densidade,
ou multiductal, quantidade e dor local. dor local e aparecimento comum no
CLASSIFICAÇÃO DE TANNER periodo peri-menstrual.
3. Nódulos: Semelhantes aos cistos, em
forma e tamanho, se diferenciam por serem saem
sólidos.
soldo
4. Tumores: Mais parecidos com os
nódulos, se diferenciam principalmente
pelo tamanho e por sua composição.
Principais razões de aparecimento de caroços
nas mamas:
1. Período menstrual;
2. Placas de glândulas que produzem falsos
nódulos;
3. Tratamentos hormonais;
4. Nódulos fibroe piteliais benignos -
fibroadenomas;
5. Nódulos de gordura - lipomas;
6. Infecções mamárias - mastites e abscessos
mamários;
7. Mastopatia
Masfopatia diabética - nódulos benignos
em usuária de insulina;
8. Câncer de mama (consistência endurecida,
fixo, indolor).
Sinais de
Sinais dealerta:
alerta:
- Um nódulo com textura dura e irregular
geralmente indolor;
- Nódulo preso na pele ou na parede torácica;
- Covinhas na pele perto do nódulo)
- Pele espessada e vermelha sobre a mama
com pequenos furinhos (em casca de
laranja);
- Uma secreção sanguinolenta do mamilo ou
semelhante a água de rocha;
- Linfonodos da axila de consistência
endurecida ou que estão emaranhados ou
presos à pele ou parede torácica.
ÚLCERAS GENITAIS POTENCIAIS COMPLICAÇÕES
ÚLCERAS GENITAIS • As UGs, além de proporcionarem incômodo
e muitas vezes dor para a mulher, têm como
• Úlceras genitais (UGs) são lesões localizadas
complicação importante ser um meio
na vulva, vagina ou colo uterino com perda
facilitador para a aquisição de outros agentes
de tecido, envolvendo a epiderme e a derme
relacionados às DSTs, em especial o vírus da
ou apenas a epiderme.
imunodeficiência humana (HIV).
• As UGs podem se apresentar em tamanho e
• As UGs podem facilitar a transmissão sexual
número variados, quase sempre associadas a
e perinatal do HIV.
processo inflamatório.
• A quebra da integridade da mucosa cria
• Necrose, infecção, sangramento e tecido
facilidades na entrada de microrganismos,
granulomatoso podem estar presentes, mas
proporcionando aumento importante no
isso não é obrigatório.
risco de aquisição de HIV em mais de três
• Manifestam como lesões ulcerativas erosivas,
vezes.
precedidas ou não por pústulas e/ou
O procedimento básico de investigação da
vesículas, acompanhadas ou não de dor,
causa das UGs consiste em identificar com
ardor, prurido, drenagem de material
detalhes:
mucopurulento, sangramento e
1. Tempo e forma de evolução da UG;
linfadenopatia regional.
2. L o c a l i z a ç ã o p r e c i s a , d i v i d i n d o
• Acomete uma parcela significativa da
preferencialmente a vulva em terços;
população feminina, tendo sua lesão mais
3. Aspecto: tamanho, profundidade, grau de
comum, quando de causa infecciosa,
inflamação;
associada ao vírus do herpes simples.
4. Presença de linfadenomegalia regional e/
CLASSIFICAÇÃO
ou a distância;
Do ponto de vista didático e para facilitar a 5. Aparecimento concomitante de outras
abordagem das UGs, podemos classificá-las lesões no corpo e na boca;
em: 6. Presença de fator desencadeante: trauma,
1. UGs causadas por infecções sexualmente uso de medicamentos, outras pessoas com
transmissíveis (ISTs): Têm como agentes o mesmo quadro;
etiológicos os seguintes microrganismos: 7. Presença de doenças sistêmicas.
- Herpes simplex virus (HSV);
- Treponema pallidum (sífilis); HERPES GENITAL
- Haemophilus ducreyi (cancro mole); • O herpes genital (HG) é uma doença
- Chlamydia trachomatis sorotipos L1-3 sexualmente transmissível de alta prevalência
em nosso meio.
(linfogranuloma venéreo – LGV);
- Klebsiella granulomatis (granuloma • A propagação da infecção se dá por contato
sexual oral, vaginal ou anal sem proteção.
inguinal ou donovanose).
• Em casos de gravidez, da mãe para o bebê,
2. UGs não relacionadas às ISTs: Têm como
pode ser transmitido pelo parto ou
as principais causas:
- Vasculites autoimune; amamentação.
- Traumas; • O herpes simples vírus (HSV) pode provocar
- Neoplasia. lesões na pele e nas mucosas dos órgãos
genitais masculinos e femininos.
• O vírus penetra nas terminações dos nervos
sensoriais e é transportado retrogradamente
pelo axônio para as raízes dos gânglios
dorsais, onde fica potencialmente latente por
toda a vida.
• A reativação espontânea por várias causas
resulta no transporte anterógrado de
partículas/proteínas do vírus para a
superfície, onde se dissemina, com ou sem 5. Queimação e dor intensas acompanham as
formação de lesões. lesões vesiculares iniciais;
• Há dois tipos do vírus herpes simples (HSV, 6. Prurido e formigamento;
de herpes simplex vírus), o HSV-1 e o 7. Disúria (sintoma urinário - podem estar
HSV-2. presentes em caso de lesões na vulva).
1. O HSV-1 é a causa mais frequente das 8. Edema (levando à obstrução uretral).
lesões orais. 9. Febre baixa, mal-estar e cefaleia (sinais de
2. O HSV-2 costuma ser encontrado nas viremia);
lesões genitais, embora ambos os tipos 10. Linfonodomegalia inguinal dolorosa
possam causar herpes genital. bilateral;
• As pacientes infectadas podem transmitir o 11. Corrimento vaginal (quando atinge o colo
vírus quando assintomáticas, e muitas uterino).
infecções são sexualmente transmitidas por
pacientes que desconhecem sua infecção.
FATORES DE RISCO
• O desenvolvimento de herpes simples está
muito relacionado a imunidade.
Principais causas de imunossupressão que
aumentam as chances de herpes:
1. Falta de sono;
2. Traumas;
3. Trabalho excessivo;
4. Uso de drogas;
5. Constrangimentos emocionais;
6. Má alimentação (desnutrição); Observação: Não há dúvidas de que a carga
7. AIDS (síndrome da imunodeficiência viral contribui para o número, o tamanho e a
adquirida); distribuição das lesões. Os mecanismos
8. Uso de altas doses de corticoide; normais de defesa do hospedeiro inibem o
9. Neoplasias; crescimento viral, e a cicatrização se inicia em
10. Quimioterapia; 1 a 2 dias. O tratamento inicial com um
11. Entre outras. medicamento antiviral reduz a carga viral.
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Pacientes imunodeficientes apresentam maior
O vírus infecta células epidermais viáveis, e a suscetibilidade, menor resposta e cicatrização
resposta à infecção é formada por: retardada.
1. Pápulas eritematosas; Observação: Para um paciente não infectado
2. Vesículas dolorosas (agrupadas nas regiões anteriormente, a fase vesicular ou inicial é mais
genitais); longa. Há aumento no período de formação da
Observação: Às vezes, elas estão presentes nova lesão e a cicatrização é mais demorada. A
dentro do meato uretral ou, por contiguidade, dor persiste pelos primeiros 7 a 10 dias, e a
podem atingir a região anal e perianal, cicatrização da lesão requer 2 a 3 semanas.
3. Úlcera dolorosa (rompimento da cobertura Observação: Se um paciente tiver sofrido
da bolha); exposição anterior ao HSV-2, o episódio inicial
4. Crostas (úlcera cicatriza e desenvolvem será significativamente menos grave. A dura-
uma crosta); ção da dor e da sensibilidade dolorosa será
Observação: As três fases das lesões são: (1) menor, e o tempo de cicatrização será de
vesícula com ou sem formação de pústula, com aproximadamente duas semanas.
duração de aproximadamente uma semana, (2) Observação: As lesões do HG costumam
ulceração e (3) crosta. Pode-se predizer que o regredir espontaneamente, mesmo sem
vírus se dissemina durante as duas primeiras tratamento, nos indivíduos imunocompetentes.
fases do surto infeccioso. Nos imunodeprimidos, incluindo os infectados
pelo HIV, porém, elas podem adquirir
dimensões extraordinárias.
COMPLICAÇÕES • Acredita-se que a transmissão sexual de T.
• As complicações extragenitais mais comuns pallidum ocorra apenas quando lesões
são meningite asséptica e retenção urinária sifilíticas mucocutâneas estão presentes.
por disfunção do sistema nervoso autônomo Observação: Toda erupção cutânea sem
sacral. causa determinada deve ser investigada com
DIAGNÓSTICO testes para sífilis.
1. Clínica; FATORES DE RISCO
2. Exame físico; 1. Início precoce da atividade sexual;
3. Cultura (padrão-ouro - a especificidade é 2. Utilização não adequada dos métodos de
alta, mas a sensibilidade é baixa e declina à barreira;
medida que as lesões cicatrizam). 3. Ter múltiplos parceiros sexuais;
4. PCR (é mais sensível do que a cultura). 4. Portadores de outras Infeções Sexualmente
5. Sorologia (testes sorológicos tipo-específicos Transmissíveis, principalmente o Vírus da
para glicoproteína-G disponíveis para de- Imunodeficiência Adquirida (HIV);
tectar anticor pos específicos para 5. Grupos socioeconômicos desfavoráveis.
g l i c o p ro t e í n a - G 2 ( H S V- 2 ) e p a r a CLASSIFICAÇÃO E SINTOMAS DA SÍFILIS
glicoproteína-G1 (HSV-1)). 1. Sífilis recente (primária, secundária e
6. NAAT (mais sensíveis). latente recente): Até um ano de evolução;
TRATAMENTO 2. Sífilis tardia (latente tardia e terciária):
Mais de um ano de evolução.
Tradicionalmente, a sífilis não tratada é
classificada nos seguintes estágios:
1. Sífilis primária: O tempo de incubação
é de 10 a 90 dias (média de três semanas).
A primeira manifestação é caracterizada
por uma úlcera rica em treponemas,
geralmente única e indolor, com borda
bem definida e regular, base endurecida e
fundo limpo, que surge no local de entrada
da bactéria (pênis, vulva, vagina, colo
uterino, ânus, boca ou outros locais do
tegumento), sendo denominada “cancro
duro”. A lesão primária é acompanhada de
linfadenopatia regional (que acomete
linfonodos localizados próximos ao cancro
duro). Sua duração costuma variar muito,
em geral de três a oito semanas, e seu
desaparecimento independe de tratamento.
2. Sífilis secundária: Ocorre dentro de 6
semanas a 6 meses após a cicatrização da
lesão inicial, manifestando-se por manchas
no corpo que, em geral, não coçam,
incluindo as palmas das mãos e as plantas
dos pés. São lesões ricas em bactérias que
também desaparecem espontaneamente,
SÍFILIS
trazendo a falsa impressão de cura. Além
• A sífilis é uma doença infecciosa causada pela
disso, podem ocorrer micropoliadenopatia,
bactéria Treponema pallidum.
linfadenopatia generalizada, sinais
• A sua transmissão se dá por meio de relação
constitucionais, como mal-estar, febre,
sexual desprotegida, transfusão de sangue ou
cefaleia, dor de garganta e falta de apetite,
compartilhamento de seringas com sangue
quadros neurológicos, oculares e hepáticos.
contaminado e durante a gestação e o parto.
A sífilis secundária representa a fase da
circulação da bactéria na corrente
sanguínea. A sintomatologia desaparece
em algumas semanas, independentemente
de tratamento, trazendo a falsa impressão
de cura. Atualmente, têm-se tornado mais
frequentes os quadros oculares,
especialmente uveítes. A neurossífilis
meningovascular, com acometimento dos
pares cranianos, além de quadros
meníngeos e isquêmicos, pode acompanhar
essa fase.
3. Sífilis latente: Período em que não se
observa nenhum sinal ou sintoma.
- Latente recente - até um ano após a
exposição;
- Latente tardia - mais de um ano de
evolução;
4. Sífilis terciária: Pode surgir entre 1 e 40 COMPLICAÇÕES NA GESTAÇÃO
anos depois do início da infecção. A Na gestação, a sífilis pode apresentar
inflamação causada pela sífilis nesse estágio consequências severas, como:
provoca destruição tecidual. É comum o 1. Abortamento;
acometimento dos sistemas nervoso e 2. Prematuridade;
cardiovascular. Além disso, verifica-se a 3. Natimortalidade;
formação de gomas sifilíticas (tumorações 4. Manifestações congênitas precoces ou
com tendência a liquefação) na pele, tardias;
mucosas, ossos ou qualquer tecido. As 5. Morte do recém-nascido – RN.
lesões podem causar desfiguração, DIAGNÓSTICO
incapacidade e até morte. Os testes utilizados para o diagnóstico de sífilis
Observação: A transmissibilidade da sífilis é são divididos em duas categorias:
maior nos estágios iniciais da doença (sífilis 1. Exames diretos;
primária e secundária), diminuindo 2. Testes imunológicos.
gradualmente com o passar do tempo (sífilis
EXAMES DIRETOS
latente recente ou tardia). Essa maior
Os exames diretos são aqueles em que se
transmissibilidade explica-se pela riqueza de
realiza a pesquisa ou detecção do T. pallidum
treponemas nas lesões, comuns na sífilis
em amostras coletadas diretamente das lesões.
primária (cancro duro) e secundária (lesões
muco-cutâneas).
TESTES IMUNOLÓGICOS virtude do fenômeno prozonac. Uma vez
• Caracterizam-se pela realização de pesquisa observada reatividade no teste, a amostra
de anticorpos em amostras de sangue total, deve ser diluída em um fator dois de
soro ou plasma. diluição, até a última diluição em que não
Esses testes são subdivididos em duas classes: haja mais reatividade no teste. O resultado
1. Treponêmicos: São testes que detectam final dos testes reagentes, portanto, deve ser
anticorpos específicos produzidos contra os expresso em títulos (1:2, 1:4, 1:8 etc.). Os
antígenos de T. pallidum. São os primeiros a testes não treponêmicos são utilizados para
se tornarem reagentes, podendo ser o diagnóstico (como primeiro teste ou teste
utilizados como primeiro teste ou teste complementar) e também para o
complementar. Em 85% dos casos, monitoramento da resposta ao tratamento
permanecem reagentes por toda vida, e controle de cura.
mesmo após o tratamento e, por isso, não Observação: A queda adequada dos títulos é
são indicados para o monitoramento da o indicativo de sucesso do tratamento.
resposta ao tratamento. - VDRL
DRL (do inglês Venereal Disease
- Os testes rápidos – TR utilizam Research Laboratory);
principalmente a metodologia de - RPR (do inglês Rapid Plasma Reagin);
imunocromatografia de fluxo lateral ou de - USR (do inglês Unheated-Serum Reagin).
plataforma de duplo percurso – DPP. São Observação: Anticorpos anticardiolipinas
os mais indicados para início de podem estar presentes em outras doenças. Por
diagnóstico; isso, é sempre importante realizar testes
Observação: Os TR são práticos e de fácil treponêmicos e não treponêmicos para a
execução, com leitura do resultado em, no definição laboratorial do diagnóstico.
máximo, 30 minutos. Utilizam amostras de Observação: Resultados falso-reagentes
sangue total colhidas por punção digital ou podem ocorrer em reações cruzadas com HIV,
venosa. Têm a vantagem de ser realizados no gestação, senilidade, imunizações, uso de
momento da consulta, possibilitando drogas injetáveis, ou indicar presença de
tratamento imediato. anticardiolipinas, doenças autoimunes,
- Testes de hemaglutinação (TPHA, do hanseníase ou leptospirose.
inglês T. Pallidum Haemagglutination Observação: Os testes não treponêmicos
Test) e de aglutinação de partículas tornam-se reagentes em cerca de uma a três
(TPPA, do inglês T. Pallidum Particle semanas após o aparecimento do cancro duro.
Agglutination Assay); ensaios de micro- A denominada cicatriz sorológica ou memória
hemaglutinação (MHA-TP, do inglês sorológica caracteriza-se pela persistência de
Micro-Haemagglutination Assay); resultados reagentes nos testes treponêmicos e/
- Teste de imunofluorescência indireta ou nos testes não treponêmicos com baixa
( F TA - A b s, d o i n g l ê s F l u o re s c e n t titulação após o tratamento adequado para
Treponemal Antibody-Absorption); sífilis, afastada a possibilidade de reinfecção.
- Ensaios imunoenzimáticos (como os testes
ELISA, do inglês Enzyme- Linked
Immunosorbent Assay) e suas variações,
como os ensaios de quimiluminescência
(CMIA, do inglês Chemiluminescent
Microparticle Immunoassay).
2. Não treponêmicos: Esses testes
detectam anticorpos anticardiolipina não
específicos para os antígenos do T. pallidum.
Permitem uma análise qualitativa e
quantitativa. Sempre que um teste não
treponêmico é realizado, é imprescindível
analisar a amostra pura e diluída, em
Esquema oral alternativo (mulheres alérgicas à
penicilina, não grávidas):
- Doxiciclina 100 mg, VO, 2x/dia, por 4
semanas.

CANCRO MOLE
• O cancroide é uma afecção provocada por
Haemophilus ducreyi, mais frequente nas regiões
tropicais.
• Denomina-se também cancro mole, cancro
venéreo ou cancro de Ducrey.
• O período de incubação é geralmente de três
a dez dias, podendo se estender por até duas
semanas.
• O cancro mole é uma doença infecciosa
aguda de transmissão sexual e ulcerativa, a
partir de microabrasões na pele, localizada
nos genitais, pouco frequente em nosso meio.
• É causada por bacilo Gram-negativo e
caracterizada clinicamente pela presença de
ulcerações dolorosas, em número variado, de
bordas irregulares e frequentemente envoltas
por halo eritematoso vivo, localizadas em
TRATAMENTO região genital, anal ou anogenital,
Sífilis primária, secundária, latente acompanhadas ou não de adenopatia satélite.
precoce (menor 1 ano): MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
- Penicilina G benzatina, 2,4 milhões de • Inicia-se como pequena pápula inflamatória
unidades, IM dose única envolta por halo eritematoso escuro, que
Esquemas orais alternativos (mulheres alérgicas rapidamente evolui para lesão
à penicilina, não grávidas): vesicopustulosa que, ao se romper, resulta em
- Doxiciclina 100 mg, VO, 2x/dia, por 2 lesão ulcerada, de base mole, rasa, com
semanas bordas irregulares, recoberta por exsudato
Sífilis latente tardia, terciária e necrótico purulento e envolta por halo
cardiovascular: eritematoso vivo.
1. Penicilina G benzatina, 2,4 milhões de • São lesões dolorosas e em número, forma e
unidades, IM, semanalmente, por 3 tamanho variados devido a sua característica
semanas de autoinoculação.
• Em regra, as lesões são recobertas com GRANULOMA INGUINAL
material purulento e, quando secun- • A doença ulcerativa genital granuloma
dariamente infectadas, exalam odor fétido. inguinal também é conhecida como
• Nas mulheres as localizações mais comuns donovanose, e é causada por uma bactéria
são a fúrcula vulvar, o vestíbulo, o clitóris e os intracelular gram-negativa,
grandes lábios. Calymmatobacterium (Klebsiella) granulomatis.
• As úlceras no colo uterino ou na vagina • Parece que o grau de contágio dessa doença
podem ser duras. é apenas médio, requerendo exposições
• Simultaneamente, quase metade das repetidas, e possui um período longo de
pacientes desenvolverá linfadenopatia incubação, de semanas a meses.
inguinal mole unilateral ou bilateral. • Acomete preferencialmente pele e mucosas
• Quando as úlceras são grandes e flutuantes, das regiões genitais, perianais e inguinais.
são chamadas de bubão. Às vezes podem • É pouco frequente, ocorrendo na maioria das
supurar e formar fístulas, e sua drenagem vezes em climas tropicais e subtropicais.
resultará na formação de outra úlcera. • A donovanose (granuloma inguinal) está
frequentemente associada à transmissão
sexual, embora os mecanismos de
transmissão não sejam bem conhecidos,
sendo sua transmissibilidade baixa.
• Ele pertence à microbiota intestinal, e seu
período de incubação varia de 1 a 12
semanas
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
DIAGNÓSTICO
• A paciente com
1. Clínica; g r a nu l o m a
2. Exame físico; i n g u i n a l
3. Bacterioscopia (o diagnóstico é confirmado apresenta-se com
com a identificação de bastonetes gram- n ó d u l o s
negativos, sem motilidade, em esfregaço i n fl a m a t ó r i o s
coletado da lesão e corado pelo Gram). indolores, que
Observação: Antes de se obter a amostra, o progridem para
pus superficial ou a crosta devem ser removidos úlceras altamente
com gaze esterilizada embebida em solução vascularizadas,
salina. aver melhadas e
4. Cultura e biópsia (podem ser úteis no car nudas, que
diagnóstico diferencial ou em casos não sangram com
responsivos à terapia empregada); facilidade ao
5. Teste de amplificação de ácido nucléico. contato.
Observação: Não se deve esquecer de que o • A ulceração tem
teste para HIV deverá ser feito rotineiramente borda plana ou
em pacientes com úlcera genital. hipertrófica, bem
TRATAMENTO delimitada, com
fundo granuloso,
de aspecto vermelho vivo e de sangramento
fácil.
• Se secundariamente infectadas, podem se
tornar dolorosas.
• Essas úlceras cicatrizam por fibrose, o que
pode resultar em cicatrizes semelhantes a
queloides.
.
• Os linfonodos, em geral, não estão 5. BRASIL. Ministério da saúde. Protocolo
envolvidos, mas podem aumentar de clínico e diretrizes terapêuticas para
tamanho, e novas lesões surgirem junto aos atenção integral as pessoas com infecções
canais de drenagem linfática. sexualmente transmissíveis (IST). Brasília,
• Há predileção pelas regiões de dobras e 2022.
região perianal.
• Na mulher, a forma elefantiásica é uma
sequela tardia, sendo observada quando há
predomínio de fenômenos obstrutivos
linfáticos.
DIAGNÓSTICO
• O diagnóstico é confirmado pela história
clínica, exame físico e identificação de
corpúsculos de Donovan ao exame microscópico
de amostra corada com Wright-Giemsa, esse
método é feito a partir da biópsia ou raspado
do bordo da lesão.

TRATAMENTO


Referências:
1. LASMAR, R. B. Tratado de Ginecologia.
1. ed. Rio de Janeiro: Grupo GEN, 2017.
2. BEREK, J. S. Tratado de Ginecologia. 15.
ed. Rio de Janeiro: Grupo GEN, 2014.
3. HOFFMAN, B. L. et al. Ginecologia de
Williams. 2. ed. Rio de Janeiro: Grupo A,
2014.
4. FEBRASGO. Febrasgo - Tratado de
Ginecologia. 1. ed. Rio de Janeiro: Grupo
GEN, 2019.

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