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Reabilitação Cognitiva

Adultos e Idosos
Profª. Rejane Soares Ferreira
Psicóloga pela UnB
Mestre em Psicologia pela UnB

Neuropsicóloga pela PUC-GO


Avaliação e Tratamento em Dor Crônica pela USP
Aperfeiçoamento Psicogeriatria pela USP

Especialista em Neurociência do Comportamento pela PUC-RS


Membro da Sociedade Brasileira de Neuropsicologica
Membro da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia
A longevidade
Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA): 20% da população
mundial será idosa, em 2050.
E 80% desses idosos estarão em países em desenvolvimento.
ONU, 2019
Estamos envelhecendo!
O Brasil é idoso.
• Qualquer país com mais de 7% de idosos é considerado idoso pela OMS.
• O Brasil é idoso!
IBGE
• O Brasil terá 58,2 milhões (25,5%) de pessoas com 65 anos ou mais
em 2060.

Hoje, 44% depende


financeiramente do
“bônus Em 2060, dependerá
grupo
demográfico” 67,2%
economicamente
ativo
Essa realidade exige
estratégias de aumento
da independência e da
autonomia.
Diminuição
da
natalidade
Acúmulo de
Aumento da
doenças
longevidade
crônicas

Brasil
Nunca se sobreviveu tanto às doenças crônicas!
Nunca se sobreviveu tanto após alterações encefálicas
inatas ou adquiridas!
Promover saúde é fundamental
para toda a sociedade que
envelhece!
Vamos refletir…
• Todos nós sabemos que precisamos nos exercitar mais, fisicamente.

• Mas priorizamos o que nos poupa mais energia: usar o controle


remoto do que ir até a televisão, usar carro do que andar a pé, deixar
o telefone próximo ao corpo do que ir buscá-lo na sala…

• Por que fazemos isso?


Desafio:
Como fazer com que as pessoas usem mais escadas do que elevadores
ou escadas rolantes?
https://www.youtube.com/w
atch?reload=9&v=tLqkc5yF5
OY
E o que podemos dizer sobre
a cognição?
Como está a sua cognição?

Dificuldade
Desatenção Esquecimentos
para aprender

Baixa agilidade
Impulsividade
motora
Ciclo vicioso de comportamentos
prejudiciais à saúde

Estresse
e fadiga

Corpo
menos Insatisfação
saudável

Cpts Tomada de
nocivos decisão
COVID-19
Como a Neuropsicologia pode
promover saúde?
Avaliação

Neuropsicologia

Reabilitação
Vamos discutir alguns
casos...
Aurora, advogada, 29 anos, João, 40 anos, médico, TCE Sr. José, 63 anos, servente de Srª Maria, 74 anos, EMC,
TDAH recém diagnosticado. por acidente automobilístico obra aposentado, EFI, AVE há funcionária pública
há 2 meses 4 meses aposentada, diagnóstico de
DA há um mês.
Queixas: esquecimentos, Queixas: hemiparesia à Queixas: hemiparesia à direita, Queixas: dificuldade na
perda de objetos, esquerda, déficit atentivo, está em uso de cadeira de memória, momentos de
desorganização, perde prazos, comportamento robotizado, rodas (faz fisioterapia), tem desorientação topográfica,
autoestima baixa, tem anosoagnosia, momentos de apresentado labilidade baixo gerenciamento de
momentos de impulsividade confabulação, falhas na emocional, não consegue tempo, anosoagnosia. A
alimentar, é muito lenta para memória anterógrada, prestar atenção por muito paciente mora sozinha e está
aprender novas informações, apresenta comportamentos tempo, tem dificuldade para resistente em permitir uma
precisa rever várias vezes o inadequados (quer voltar a acompanhar conversas, cuidadora. Ela tem deixado a
que escreveu, não consegue se dirigir, está com uma consegue se expressar chama acesa, não administra
destacar no trabalho, tem higienização precária), oralmente mas com muita corretamente as medicações e
muita dificuldade com também apresenta anomia (isso o deixa nervoso). parou de dirigir porque bateu
cálculos, tem dificuldade para comportamentos destoantes Fazia uso abusivo de álcool. o carro na pilastra da garagem
usar agenda, tem se sentido do padrão prévio (indiferença Tinha uma relação familiar e este está no conserto. Os
muito ansiosa. Ficou feliz por emocional com os filhos disfuncional e hoje apenas filhos estão muito
ter recebido o diagnóstico (se pequenos e passa muito uma filha assumiu os cuidados preocupados e com receio de
sentia incompreendida), mas tempo no celular). com ele. Está resistente a fazer impor novas condições e a
também se sente inferior às qualquer atividade que exija mãe ficar deprimida.
outras pessoas. maior esforço físico ou
cognitivo.
Questão norteadora
Escolha um dos casos e responda:

Como desenvolver uma proposta de intervenção de reabilitação


neuropsicológica?
Bem vindos ao mundo mágico da
reabilitação!
Habilidades de um reabilitador

Foco na
Criatividade Sensibilidade
funcionalidade

Positividade Bom senso


Considerar a
história pessoal e o
contexto atual

Criatividade

Elaborar
Inspirar atividades
Acolher

Sensibilidade

Compreender
Identificar
as relações
reforçadores
funcionais
Impacto na
rotina

Foco na
Funcionalidade

Dificuldades e
Objetivos
habilidades
preservadas
estabelecidos
Ver o
possível

Positividade

Energia Entusiasmar
libidinal
Metas
alcançáveis

Bom
senso
Personalizar
Coerência
metodológica
as
estratégias
Isso é reabilitação neuropsicológica?
• Fazer palavras-cruzadas?
• Se matricular em programas específicos de tarefas cognitivas?
• Jogar baralho?
• Ler?
• Se matricular num curso de línguas ou de instrumento musical?
• Usar o relógio em outro braço, escovar os dentes com outra mão, ler
um livro de cabeça para baixo?
Estimulação Reabilitação
Treino Cognitivo
Cognitva Neuropsicológica
Estimulação Cognitiva
• Atividades que estimulam o funcionamento cognitivo e social de
maneira geral.

• Jogos, cursos de línguas, curso de computação, de instrumentos


musicais, de jardinagem, grupos de oração…

• Recomendado para a população geral!!! Benefício preventivo!


Treino Cognitivo
• Técnicas para melhorar, compensar ou manter funções
cognitivas específicas (atenção, planejamento, flexibilidade,
memória, linguagem, percepção visual, etc).
• Podem estar incluídas num tratamento de reabilitação (a
depender do usufruto da mesma e da mediação).
• Efeito preventivo e pode ter efeito remediativo (a depender do
uso da atividade).
O que significa reabilitação?
Tratamento estruturado que se objetiva a:

Otimizar
Diminuir déficits Adaptar
desempenho

Manejar as
Aumentar a
dificuldades
qualidade de vida
comportamentais
Reabilitação Neuropsicológica

•Treino individualizado com atividades e


estratégias compensatórias para lidar as
dificuldades cognitivas e o impacto das mesmas
na funcionalidade do indivíduo.
Reabilitação Neuropsicológica
• Envolve objetivos específicos, demanda uma ANP e uma observação
apurada de desempenho, tem foco na performance do indivíduo em
suas rotinas. Demanda um profissional capacitado e uma mediação
específica. Agrega promoção de melhora cognitiva, comportamental e
emocional.

• Incluiu pessoas cuidadoras e/ou familiares próximos.


Por que reabilitar? Por que
utilizar estratégias não
medicamentosas no
tratamento?
Ainda que uma doença não
tenha cura, não significa que ela
não tenha tratamento.
O tratamento não modifica o curso da doença, mas pode minimizar o
impacto da mesma na qualidade de vida.
Lifestyle interventions to prevent cognitive impairment, dementia and Alzheimer disease.
Kivipelto, M. et al Nat Rev Neurol. 2018 Nov;14(11):653-666. doi: 10.1038/s41582-018-0070-3.

• Meta-análise: estudos observacionais identificaram vários fatores de


risco potencialmente modificáveis ​para demência, incluindo
hipertensão, dislipidemia e obesidade na meia-idade, diabetes
mellitus, tabagismo, inatividade física, depressão e baixos níveis de
educação.
• Intervenções múltiplos domínios mais efetivas: atividades cognitivas,
exercícios físicos, interação social dieta e controle vascular e
metabólico.
Neurophysiologic and Cognitive Changes Arising from Cognitive Training Interventions in Persons with Mild
Cognitive Impairment: A Systematic Review Mioto, E. et al Review Article | Open Access
Volume 2018 |Article ID 7301530 | 14 pages | https://doi.org/10.1155/2018/7301530

• O objetivo principal da presente revisão foi examinar as alterações


neurofisiológicas medidas por ressonância magnética funcional e
possíveis alterações cognitivas após treinos cognitivos com pessoas
com CCL.
• A maioria dos estudos incluídos nesta revisão mostrou evidências de
melhor desempenho cognitivo objetivo associado aos treinos
cognitivos, mesmo em tarefas semelhantes às atividades da vida
cotidiana. Além disso, houve mudanças significativas na ativação
cerebral associadas a intervenções, tanto em áreas cerebrais típicas
quanto atípicas e em redes relacionadas à memória.
Advanced Cognitive Training for Independent Elderly (ACTIVE) trial and Vital Rebok
et al., Journal of the American Geriatrics Society, 2014

• Financiado pelo National Institute of Aging;


• 2832 participantes, múltiplos centros americanos, idade média de 73,6 anos;
• 3 intervenções semanais de treino cognitivo por 6 semanas – memória, raciocínio e velocidade de
processamento;
• Após 2 anos, melhora da performance na habilidade treinada, não generalizada para atividades
de vida diária;
• Após 5 anos, menor dificuldade referida para atividades de vida diária, manutenção da velocidade
de processamento e do raciocínio.
• Retreinamento de dez sessões para memória, raciocínio ou velocidade de
processamento. Treinamento de reforço de 4 sessões aos 11 e aos 35 meses após o treinamento.

• Após 10 anos, as intervenções de raciocínio e velocidade de processamento mantiveram seus


efeitos Os efeitos de treinamento de memória não foram mais mantidos para o desempenho da
memória. Se manteve a menor dificuldade para as atividades de vida diária.
Vários estudos com idosos
• Estimulação cognitivo-sensorial em idosos de uma IPSS. Borges, A. Portal dos Piscólogos, 2018.
• Contribuições de um treino cognitivo para a memória de idosos institucionalizados. Chariglione & Janczura.
Psico-USF, Bragança Paulista, v. 18, n. 1, p. 13-22, jan./abril 2013
• Efeitos longitudinais das atividades avançadas de vida diária em idosos: implicações para a reabilitação
gerontológica. Dias, Duarte & Lebrão. O Mundo da Saúde: 34(2):258-267, 2010.
• Efeitos de um Treino de Atenção, Memória e Funções Executivas na Cognição de Idosos Saudáveis. Irigaray, Gomes
Filho & Schneider. Psicologia: Reflexão e Crítica, 25 (1), 188-202, 2010.
• Comprometimento Cognitivo Leve em Idosos: avaliação, fatores associados e possibilidades de intervenção. Rabelo.
Rev.Cairós Gerontologia, v. 2(12), 2009.
• Comprometimento Cognitivo Leve em Idosos: avaliação, fatores associados e possibilidades de intervenção. Simon
& Ribeiro. Psic. Rev. São Paulo, v. 1(20), 2011.
• Treino cognitivo para idosos baseado em estratégias de categorização e cálculos semelhantes a tarefas do
cotidiano. Silva et al, Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia, vol. 14, núm. 1, 2011.
• Treino de Memória no Idoso Saudável: Benefícios e Mecanismos. Yassuda et al, Psicologia: Reflexão e Crítica, 19 (3),
470-481, 2006.
Não perder á ganhar!
E a genética? Ela interfere na
reabilitação?
SIM!
• Pesquisas apontam que a genética também interfere na eficácia das
intervenções. Ex.: o gene chamado catecol-O-metiltransferase
(COMT) responsável pela degradação da dopamina no córtex pré-
frontal, mostrou-se impactante na reabilitação, pois, pacientes que
tinham um pequeno defeito nesse gene tiveram uma maior melhora
após a reabilitação, demonstrando que, em parte, níveis aumentados
de dopamina no cérebro pode otimizar os efeitos da intervenção.
Outras pesquisas
• Uma pesquisa realizada na Itália (Piermamico, 2012) confirmou a
influência do COMT e do gene receptor D3 de dopamina (DRD3) na
eficácia da reabilitação.

• O gene BDNF muito interfere na neuroplasticidade e tem um


importante papel de duração do potencial de ação neuronal no
hipocampo (Mak et al, 2013).
Outras pesquisas
• O gene 5HTTLPR (que produz o transportador da serotonina)
apresenta uma variação denominada de “alelo S” em contraste com
outra possibilidade genética chamada “alelo L”.

• No estudo de Bryant et al (2010), as intervenções foram mais eficazes


nos indivíduos portadores do “alelo L” do que nos portadores do
“alelo S”.

Interessados: Fontoura, DR et al (Orgs) (2017). Teoria e Prática na Reabilitação Neuropsicológica.


São Paulo: Vetor.
Pressupostos Básicos
Reabilitação Cognitiva: uma abordagem integrativa (Sohlber and
Mateer, 2009).
Pressupostos básicos

1. A cognição não está isolada!

• Lesões cerebrais afetam o funcionamento cognitivo,


comportamental, emocional e social. Portanto, o objetivo não é
apenas melhorar a condição cognitiva!
Pressupostos básicos
2. O tratamento precisa ser multidisciplinar.

• O tratamento efetivo dos distúrbios cognitivos requerem um


conhecimento variado de disicplinas: conhecimento orgânico
das patologias, conhecimento psicoterápico, conhecimento
pedagógico, conhecimento social e conhecimento das novas
tecnologias.
Pressupostos básicos
3. A definição prévia das dificuldades precisa ser estabelecida.

• Os distúrbios precisam ser compreendidos antes do paciente


iniciar a reabilitação. Portanto, a avaliação neuropsicológica
precede a reabilitação.
Pressupostos básicos
4. A reabilitação implica em uma parceria paciente-familiar-
reabilitador

• A colaboração da família é imprescindível para a generalização do


aprendizado proporcionado no tratamento.
Perspectivas atuais

Neuroplasticidade

Avanços tecnológicos

Ênfase na funcionalidade
Modelos de processos
cognitivos:

dados históricos
Modelos de processamento cognitivo

• A cognição sendo estudada em laboratórios científicos para


observação direta.

• Exemplo: como a linguagem se processa no cérebro? Quais


regiões estão envolvidas na linguagem? Como se apresentam
as alterações na linguagem mediante determinada lesão?
Modelos de fator analítico
• Consideram a análise fatorial de desempenho através da
testagem psicométrica.
• Envolve a compreensão neuroanatômica, a definição e
descrição das funções, bem como a manifestação das
habiliddes mediante faixa etária e escolaridade.
• Exemplo: a memória de uma pessoa de 80 anos está com perfil
patológico ou está conforme o esperado para a sua faixa
etária?
Modelos funcionais
• Envolve a descrição de como processos cognitivos podem ser
usados para a complementação das tarefas no dia a dia.

• Exemplo: o paciente apresenta uma dificuldade cognitiva


após lesão adquirida. Como ele pode melhor realizar as
atividades de vida diária?
O modelo funcional tem sido o mais utilizado como
tratamento.
O início...
• Como um profissional é procurado para essa
prestação de serviço?
Encaminhamentos
• Geralmente outros profissionais indicam

• Inicia-se com o laudo da ANP

• Retoma-se as queixas do paciente e/ou de seus


familiares

• Explica-se sobre os objetivos desta reabilitação


A avaliação neuropsicológica

ANP

Metas de
Expectativas curto
prazo
Reab
gravidade

Metas de
Metas de longo
Funções médio prazo
Funções prazo
prejudicadas
preservadas
Nem sempre a ANP traz dados
diretos suficientes para a
reabilitação

Reflexão: baixa validade ecológica?


Exemplos
Instrumentos de maior valor ecológica:
✓Rivarmead Behavioral Memory Test (RBMT – Wilson et al, 1989)
✓Behavioral Assessment of Dysexecutive Syndrome (BADS – Wilson et
al, 1996)
✓Multiple Errands Test (MET – Burgess, 1991)
✓Multiple Errands Test – Hospital Version (MET-HV – Alderman &
Burgess, 2002)
Uma coisa é eu saber que o paciente se saiu
com dificuldade grave na evocação A7 RAVLT,
outra coisa é eu saber quantas vezes ele se
esquece de tomar os remédios.
Levantamento de dados

• Análise qualitativa dos dados: tipos de erros, estratégias adotadas,


atitude em tarefa…

• Análise quantitativa dos dados: habilidades preservadas, habilidades


prejudicadas, intensidade e amplitude dos prejuízos, consistência das
dificuldades.
Levantamento de dados
• As escalas podem auxiliar na descrição dos sintomas.

• Muitas delas precisarão ser respondidas junto aos


familiares/cuidadores.

• Cuidado com as escalas de auto relato em situações de anosoagnosia.


Escala Funcional de Pfeffer

Escala para o cuidador responder em relação ao paciente

0. Normal
1. Faz com dificuldade
2. Necessita de ajuda
3. Não é capaz
Escala de Pfeffer - ponto de corte: 5
0 1 2 3

Ele (Ela) é capaz de preparar uma comida?

Ele (Ela) é capaz de administrar a própria medicação?

Ele (Ela) manuseia seu próprio dinheiro?

Ele (Ela) é capaz de comprar roupas, comida, coisas para casa sozinho?

Ele (Ela) é capaz de esquentar a água para o café e apagar o fogo?

Ele (Ela) é capaz de manter-se em dia com as atualidades, com os acontecimentos da comunidade ou da vizinhança?

Ele (Ela) é capaz de prestar atenção, entender e discutir um programa de rádio ou televisão, um jornal ou uma revista?

Ele (Ela) é capaz de lembrar-se de compromissos, acontecimentos, familiares, feriados?

Ele (Ela) é capaz de passear pela vizinhança encontrar o caminho de volta pra casa?

Ele (Ela) pode ser deixado (a) em casa sozinho(a) de forma segura?
0.Normal 0. Nunca ficou, mas poderia ficar
1.Sim, com precauções agora
2.Sim, por curtos períodos 1. Nunca ficou e agora teria
3.Não poderia dificuldade
Escala de Lawton
• AVALIAÇÃO DAS ATIVIDADES DE VIDA INSTRUMENTAL(AVI) Referência BRASIL.
Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção
Básica. Envelhecimento e saúde da pessoa idosa. Brasília, DF: Ministério da
Saúde, 2006.
• Esta escala avalia o desempenho do idoso em relação as atividades instrumentais
a fim de verificar a sua independência funcional.
• AVALIAÇÃO: A pontuação máxima possível são 24 pontos.
• Existem três respostas possíveis as perguntas que variam de independência,
dependência parcial ou dependência que consistem, respectivamente, nas
seguintes possibilidades: sem ajuda (3 pontos), com ajuda parcial (2 pontos) e
não consegue (1 ponto).
Escala de Lawton
1. O Sr(a) consegue usar o telefone?
2. O(a) Sr(a) consegue ir a locais distantes, usando algum transporte, sem
necessidade de planejamentos especiais?
3. O(a) Sr(a) consegue fazer compras?
4. O(a) Sr(a) consegue preparar suas próprias refeições?
5. O(a) Sr(a) consegue arrumar a casa?
6. O(a) Sr(a) consegue fazer trabalhos manuais domésticos, como pequenos
reparos?
7. O(a) Sr(a) consegue cuidar de suas finanças?
8. O(a) Sr(a) consegue tomar seus remédios na dose e horários corretos?
Escala de Lawton

Pontuação Classificação

0a5 Dependência total

6 a 20 Dependência parcial

21 a 27 Independência
Índice de Katz
• Quem faz?
O Teste de Katz poderá ser realizado por qualquer membro da equipe técnica multiprofissional da
Unidade Básica de Saúde que tenha sido devidamente treinado no serviço.
• Avaliação de resultados:
A pontuação varia de 0 (ZERO) a 6 (SEIS) pontos. Se faz sozinho recebe (SIM), 1 ponto. Se faz com
ajuda (NÃO), 0 ponto.
• Pontuação
6: indica total independência. 3, 4 e 5: indica dependência parcial. 0, 1 e 2: muita dependência.
• Encaminhamentos:
Cada teste deverá ser avaliado pela equipe devendo ser elaborado o plano de cuidados específico
conforme as alterações apresentadas. O resultado do teste também servirá para o
acompanhamento evolutivo da pessoa idosa.
• Referência: adaptado de BRASIL. Ministério da Saúde. Caderno 19 da Atenção Básica:
Envelhecimento e Saúde da Pessoa Idosa. Brasília, 2006.
Índice de Katz
Índice de Barthel (avalia AVD)
Independência: 95 – 100
Dificuldade leve: 80 – 90
Dificuldade moderada: 60 – 75
Dificuldade grave: 45 – 55
Dificuldade Severa: menor que 45
Escalas de Sintomas
Avaliação Dinâmica e Funcional
• Identificar o impacto que as alterações geram no dia a dia do
paciente.

• Avaliação baseada no conceito de zona de desenvolvimento proximal


de Vygostky

• Distância entre o que consigo sozinho e o que consigo mediante


ajuda: tentativa de visualizar o potencial de aprendizagem
Dois Modelos de Avaliação Dinâmica
• Modelo sanduíche: avaliação pré e pós treinamento. Teoria Teste-
ensino-reteste (Budoff in Fontoura et al, 2017).

• Modelo bolo: instruções e feedbacks dados em camadas. Na medida


em que o indivíduo acerta é apresentado o próximo item, porém,
quando erra, dicas são oferecidas, com base no grau das dificuldades.
Lev Vygotsky e Reuven Feuerstein
• Teóricos sócio-interacionistas do séc. XX
Vygotsky e Feuerstein
• Quando o aprendente interage com um outro mais experiente,
definido como mediador, ele pode expandir seu conhecimento.

• Eles desenvolveram um instrumento de avaliação dinâmica do


potencial de aprendizagem (Learning Potencial Assessment Device –
ADPA – para crianças, jovens e adultos) Ferriolli et al, 2001.

• Avalia: raciocínio numérico e analógico, categorização e estratégias de


memória.
O reabilitador irá associar os
dados da alteração orgânica, da
ANP e da funcionalidade do
paciente.
Fonte: Nikaedo, Piza & Orsati (2017)
Avaliação tradicional Avaliação dinâmica
Objetivo principal Avaliar conhecimentos e habilidades Quantificar o processo de
já adquiridas aprendizagem e o potencial de
mudança em uma situação nova

Relação com o avaliando Neutralidade do avaliador Interação ativa e individualizada


Feedback Não é oferecido É parte central do processo
Delineamento Situacional, reflete o presente Avaliação mais extensa
momento

Instrumentos Testes psicométricos Tarefas-problema para propiciar uma


situação de aprendizagem

Interpretação Análise classificatória e O próprio sujeito é o seu referencial


estandardizada

Ênfase no olhar Ênfase no produto Ênfase no processo: interesse na


“taxa de crescimento”
O reabilitador precisará acolher esses olhares

Avaliação
tradicional Avaliação
dinâmica
Qual a diferença entre
deficiência, inabilidade e
incapacidade?
Critério de Classificação Internacional de Funcionalidade
(CIF), proposto pela OMS (2001).

• Impairments
• Danos nas
deficiência estruturas físicas

• Disabilities
• Prejuízos causados pela deficiência,
inabilidade funções afetadas

• Handicaps
• Alterações na funcionalidade (autocuidado, vida
incapacidade comunitária, autonomia)
Deficiência-inabilidade-incapacidade

Identificar a
deficiência
(lesão)

Descrever as
inabilidades
(ANP)

Verificar as
incapacidades
(observação,
escalas,
entrevistas,
etc.)
Frente a esses dados chega-se
às demandas da reabilitação.
As expectativas
• Geralmente espera-se a cura... Nem sempre será possível!

• Metas são traçadas e, muitas vezes, diferenciadas em função


do tempo: metas de curto, médio e longo prazo.
Metas – exemplo de um paciente pós AVC
• Metas de curto prazo: estabelecer a rotina, o cronograma semanal de
atividades e treinar a mediação com a família e os cuidadores envolvidos.

• Metas de médio prazo: aumentar a mobilidade motora, retomar os


cuidados nas AVD´s e melhorar a recordação de eventos que precisa
cumprir (orientação temporal, nomes dos profissionais que o atendem,
organizar ativamente a rotina, aumentar o tempo de atenção sustentada,
aumentar a velocidade de respostas).

• Metas de longo prazo: retomar a administração financeira, voltar a


frequentar a academia e poder ficar em casa sozinho por algum período
de tempo.
Sistema SMART (Wilson, 2008)

• S: specific (metas específicas)


• M: measurable (metas mensuráveis)
• A: achievable (metas alcançáveis)
• R: relevant (metas relevantes)
• T: timed (metas em tempo determinado)
Considerações
Reabilitação Neuropsicológica

Requer uma Enfatiza-se a


As necessidades estreita relação do participação ativa e
são inidividuais terapeuta com o a colaboração (50%
paciente e a família para cada)

As sessões são A psicoeducação é


estruturdadas essencial
Para tal, o tratamento demanda:

Compreender o estilo de vida prévio

Compreender as alterações cerebrais apresentadas

Definir metas que podem ser revistas ao longo do


tratamento
Reabilitador
• Conferir sempre sobre a compreensão do paciente e dos envolvidos
em relação à patologia e ao tratamento.

• Muitas famílias se envolvem no “pacto do silêncio”.


Cada situação é singular
Cuidar de Cuidar de
Luto de corpo
quem eu quem eu
presente
admiro tenho conflitos

Cuidar e não
Assumir um Tomar
ver a melhora
novo papel decisões
esperada
Fato ou Fake?
Podemos realizar
reabilitação neuropsicológica
em grupo?
Podemos reabilitar pessoas
com doenças progressivas?
O uso de softwares, games e
aplicativos podem ser usados
como ferramentas de
reabilitação?
A reabilitação neuropsicológica
deve ser restrita a contexto de
alteração neurológica?
https://youtu.be/LNHBMFCz
znE
After watching this, your brain will not be the same | Lara Boyd |
TEDxVancouver
Sigamos para os próximos
capítulos...

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