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Envelhecimento: Autonomia, Incapacidade, Dependência

Os adultos idosos enfrentam uma grande variedade e uma prevalência elevada


de problemas de saúde, físicos e cognitivos, que podem afetar de forma
adversa a capacidade para um funcionamento independente, sendo que a
capacidade funcional corresponde à capacidade do indivíduo poder cuidar
de si próprio, desempenhando tarefas de cuidados pessoais e de adaptação
ao meio em que vive.

Na conjuntura atual, podemos enquadrar a dependência no contexto do


envelhecimento da população e das alterações sócio familiares. Para se falar
de dependência devemos considerar três fatores:

Existência de uma limitação física, psíquica ou intelectual que


comprometa determinadas capacidades;
Incapacidade para realizar por si as atividades de vida diária;
Necessidade de assistência ou cuidados por parte de terceiros.

A definição de dependência de acordo com a Classificação Internacional de


Funcionalidade, Incapacidade e Saúde, propõe o seguinte esquema conceptual
para interpretar as consequências das alterações de saúde:

▪ Défice de funcionalidade: é a perda ou anomalia de uma estrutura ou


de uma função anatómica, fisiológica ou psicológica.

▪ Restrição de atividade: restrição ou perda de capacidade para


exercer atividades consideradas normais para o ser humano, em
consequência de um défice de funcionamento.

▪ Restrição da participação: desfasamento entre as limitações


surgidas, na sequência de um défice no funcionamento e/ou restrição
da atividade, e os recursos a que o indivíduo tem acesso, ficando em
desvantagem, no que se refere a um papel social considerado normal.

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Embora o conceito de dependência se sobreponha muitas vezes ao de


incapacidade, eles não são sinónimos.

Por exemplo, o indivíduo que sofre de uma diminuição da acuidade visual


pode ser incapacitado mas, mesmo se sofrer uma restrição de alguma
atividade, esta pode ser compensada mediante a adaptação ao meio, não
havendo necessariamente dependência de outras pessoas, para realizar essa
atividade.
Uma pessoa dependente será aquela que durante um prolongado período
de tempo, necessita de ajuda de outros para realizar determinadas
atividades do quotidiano.

No sentido de operacionalizar o conceito de dependência, para se saber o


quão dependente é um indivíduo, avalia-se a dependência pelo método de
avaliação da capacidade funcional e, esta avaliação, ajudará a determinar a
evolução dos indivíduos e os cuidados necessários aos mesmos, consoante o
seu grau de funcionalidade.

A funcionalidade define-se como a capacidade de um indivíduo se adaptar


aos problemas e exigências do quotidiano e é avaliada com base na
capacidade e autonomia de execução das atividades da vida:

▪ Atividades básicas de vida diária, como higiene pessoal e vestir;

▪ Atividades instrumentais de vida diária, como fazer compras e gerir a toma


dos medicamentos;

▪ Atividades avançadas da vida diária, ligadas à auto motivação, como


atividades de lazer e contactos sociais.

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Exemplos de Escalas de Funcionalidade:

Escala de Barthel (1965): pretende detetar-se pequenas mudanças no grau


de dependência e mede as atividades básicas de vida diária, incluindo a
mobilidade, ou seja, a dependência funcional das AVD`s.

Escala de Incapacidade Física da Cruz vermelha (1986): avalia a capacidade


para o autocuidado, classificando a pessoa em seis graus. Em termos de
incapacidade, considera três tipos, Incapacidade leve, moderada e severa).

 O desempenho funcional que se encontra bastante individualizado e,


pode variar, com base em fatores como a cultura, a situação
socioeconómica e a presença de problemas de saúde.
 A capacidade funcional que corresponde à capacidade do indivíduo
poder cuidar de si próprio, desempenhando tarefas de cuidados
pessoais e de adaptação ao meio em que vive.

A funcionalidade deve ser avaliada de acordo com o que o indivíduo faz no seu
quotidiano e com os meios de que dispõe e ser relacionada com fatores
intrínsecos, de natureza física e mental, e com fatores extrínsecos, de
natureza social, económica e ambiental, que interfiram na função. Deve ser
classificada de acordo com o grau de autosuficiência nesse desempenho, o
que se pode manifestar como:
▪ Independência, com ausência de recurso a qualquer apoio;
▪ Autonomia, com recurso a apoios mecânicos cujo uso permite ultrapassar as
limitações existentes;
▪ Dependência, quando há necessidade de ajuda regular de terceiros, na
execução de pelo menos uma das tarefas de funcionalidade.

Para além das escalas anteriores existem ainda:


Índice de Katz – permite fazer a avaliação da independência das AVD`s

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Índice de Lawton e Brody – permite avaliar as atividades instrumentais da


vida diária.

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