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Catija Zita Nuva

Licenciatura em Psicologia Clínica

Conceito e Realidade (Gestalt e conceito, Insuficiência dos conceitos e inferência,


Alterações dos conceitos)

INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA ALBERTO CHIPANDE

Pemba, 2021
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Catija Zita Nuva

Licenciatura em Psicologia Clínica

Trabalho apresentado ao Instituto Superior


De Ciências e Tecnologia Alberto Chipande
para avaliação na disciplina de
Psicopatologia do Ciclo Vital I ao Estudo
de Psicologia Clínica.

Docente:

Msc. Viaze Maera

INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA ALBERTO CHIPANDE

Pemba, 2021
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Índice
Introdução..........................................................................................................................3

Conceito e Realidade.........................................................................................................4

Conceitos...........................................................................................................................4

Agressividade....................................................................................................................4

Aqui-Agora........................................................................................................................5

Ansiedade..........................................................................................................................5

Auto-apoio/ autonomia......................................................................................................6

Auto-realização /Auto-regulação.......................................................................................6

Awareness..........................................................................................................................6

Caráter...............................................................................................................................7

Ciclo de contato.................................................................................................................7

Figura e Fundo...................................................................................................................8

Gestalt................................................................................................................................9

Inferência.........................................................................................................................16

Conclusão........................................................................................................................17

Bibliografia......................................................................................................................18
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Introdução

O presente trabalho é da disciplina de Psicopatologia do ciclo vital I, que tem como


tema Conceito e Realidade, onde procuro abordar sobre Gestalt e Conceitos,
Insuficiência dos Conceitos e Inferências e Alterações dos conceitos. Os conceitos
permitem perceber as relações existentes entre aspetos da realidade objetiva (natural e
social). Podem ser sistematicamente evidenciadas certas relações em detrimento de
outras que são consideradas, por um determinado ser humano e pela sociedade, como
menos relevantes.

O relacionamento entre conceitos é efectuado por meio de juízos e deduções. O juízo é a


afirmação ou a negação de algo relativamente a um sujeito. A dedução é uma cadeia de
juízos organizados de tal forma que cada um deles se depreende dos outros, segundo
leis lógicas. Metodologicamente, o trabalho assumiu a forma de pesquisa bibliográfica,
pois foi desenvolvido a partir do levantamento de referências teórico já analisado, e
publicado por meio escritos e eletrónicos, como livros e artigos científicos.
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Conceito e Realidade
Realidade (do latim realitas isto é, "coisa") significa em uso comum "tudo o que existe".
Em seu sentido mais livre, o termo inclui tudo o que é, seja ou não perceptível, acessível
ou entendido pela filosofia, ciência ou qualquer outro sistema de análise.

O real é comumente entendido como aquilo que existe fora da mente particular, mas
também pode incluir, em certo sentido, a realidade interna que existe dentro da mente
também. A ilusão, a imaginação, embora não esteja expressa na realidade tangível extra
mentis, existe ontologicamente, onticamente ou seja: Intra mentis. E é portanto real,
embora possa ser ou não ilusória. A ilusão quando existente, é real e verdadeira em si
mesma.

Realidade significa o ajuste que fazemos entre a imagem e a ideia da coisa, entre
verdade e verossimilhança. O problema da realidade é matéria presente em todas as
ciências e, com particular importância, nas ciências que têm como objeto de estudo o
próprio homem. Na interpretação ou representação do real, (verdade subjetiva ou
crença), a realidade está sujeita ao campo das escolhas, isto é, determinamos parte do
que consideramos ser um fato, ato ou uma possibilidade, algo adquirido a partir dos
sentidos e do conhecimento adquirido.

Conceitos

Agressividade
A função da agressão para a GT: origina-se no que ele chamou de “agressão dental”:
morder, tirar pedaços e mastigar a própria experiência absorvendo o que lhe é
necessário e livrar-se do que não precisa. A agressão é colocada de forma positiva, serve
tanto para a preservação de si mesmo como para contatar o ambiente. A agressão nos
habilita arriscar a ter um impacto no nosso mundo, e nos libertos para sermos criativos
ou produtivos.

Freud vinculava a agressão ao sadismo e ao instinto de morte, e Perls não podia


concordar com isso. Para ele, a personalidade sadia é formada na idiossincrasia de sins e
nãos “, no sim e no não consistem todas as coisas” quando as pessoas não podem dizer
sim tão livremente quanto podem dizer não, tendem a aceitar acriticamente uma visão
da realidade ou um modo de vida ditado por outros. A ausência do não era causada pela
repressão da agressão dental, devido ao medo do conflito, que para Perls era a gênese da
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patologia neurótica. Não a agressão mas a sua inibição que produz a impotência,
explosões de violência, dessensibilização e embotamento. (Ref.: livro Ego, Fome e
agressão. F. Perls).

Aqui-Agora
Segundo a G.T. tudo está contido no agora, apresenta uma concepção de tempo, que não
é a do tempo linear, trabalha com a idéia de presente e passado presentificados. Todas
as “gestalten inacabadas” estão de certa forma “prontas” para emergir no aqui-agora do
momento vivido. Logo, não perguntamos “- Porque é que você está se comportando
desta maneira? “Mas sim: “- O que é que está fazendo? “, “- Como é que faz?” , “-O
que é que está fazendo comportar-se desta maneira? “. Ref.: livro 11, pág. 65. O contato
com o mundo é baseado na consciência sensorial ( ver, ouvir, tocar). Logo, só podemos
ver, ouvir e tocar no presente. Daí, aqui-agora é onde a consciência sensorial acontece:
no presente. Ref.: livro 14, pág. 3 “No agora, você usa o que está disponível, e é
obrigado a ser criativo. Observe crianças brincando, o que estiver disponível será usado,
e então alguma coisa acontece, alguma coisa surge do seu contato com o aqui e agora.”
Ref.: livro 2, pág. 77

A intervenção do psicólogo nesta abordagem também é centrada na atualidade, no que


emerge, no que está acontecendo – podemos perguntar “o que se passa aqui-agora?” e
não porquê. Por isso se trabalha a partir de uma atitude descritiva, por exemplo: solicitar
que o paciente descreva o que sente, como pensa, como vê e assim por diante, assim
estaremos ajudando-o a tornar-se mais consciente de si.

Ansiedade
Ansiedade “…é a excitação, o élan vital que carregamos conosco, e que se torna
estagnado se estamos incertos quanto ao papel que devemos desempenhar.” Ref.: livro
2, pág. 15

“A ansiedade é o vácuo entre o agora e o depois” Ref.: livro 2, pág. 15-52. Ref.: livro
13, pág 134. Também é o produto do impedimento de viver plenamente a excitação.
Ref.: livro 2, pág. 95. “Se a excitação não puder fluir para a atividade por intermédio do
sistema motor, então procuramos dessensibilizar o sistema sensorial para reduzir a
excitação”. “Pensar é ensaiar em fantasia para o papel que tem de ser desempenhado na
sociedade. E quando chega o momento do desempenho e não está seguro sobre se a
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atuação será bem recebida, então sobrevém o pânico do palco. A esse pânico do palco
foi dado pela psiquiatria o nome de ansiedade.” Ref.: livro 11, pág. 30/31.

Auto-apoio/ autonomia:

“É passar do apoio ambiental para o auto-apoio, seria uma não dependência com relação
a aprovação dos outros para tomar suas decisões e sem quem é. Ocorre quando “o
comportamento é o desejo próprio”. “É a livre escolha, e tem sempre um sentido
primário de despreendimento, seguido por um de compromisso. A liberdade é dada pelo
fato de que o campo de novas escolhas foi alcançada: a pessoa se compromete de
acordo com o que ela é, isso é, com o que se torna… sendo autônomo, o comportamento
é o de sua própria escolha, uma vez que em princípio, tal comportamento já foi
amadurecido, assimilado…” Ref.: livro 10, pág. 446.

“A teoria básica da gestalt-terapia diz que a maturação é um processo de crescimento


contínuo, onde o apoio ambiental é transformado em auto-apoio. No desenvolvimento
sadio, a criança mobiliza e aprende a usar seus próprios recursos. Um equilíbrio variável
entre apoio e frustração, a capacita a tornar-se independente, livre para usar seu
potencial inato.”Ref.: livro 14, pág. 33.

Auto-realização /Auto-regulação:
Auto-realização /Autorregulação: tanto em termos de sistema nervoso como no que diz
respeito ao organismo como um todo – não fazendo dicotomia subjetividade/corpo;
enfim, observou-se que o sistema vivo tem uma capacidade de auto-organização e para
que essa auto-organização se efetive, ele exerce uma auto-regulação. Dizendo de outro
modo: todo o sistema vai se empenhar nessa organização de si a partir de uma auto-
regulação. Esta auto-regulação vai estar a serviço de uma outra condição inata que o
sistema vivo tem, que é de se auto-realizar, ou seja, ser tudo aquilo que ele pode ser em
potência, desenvolver-se da melhor forma que puder dentro do contexto que vive.

Awareness
Awareness – refere-se a capacidade de aperceber-se do que passa dentro e fora de si no
momento presente nos três níveis simultaneamente: corporal, mental e emocional
(embora uma ou outra zona possa se tornar figuro em dado momento).

É estado manter-se consciente de; estado de consciência a respeito do que se passa,


capacidade de estar no aqui-agora, cônscio das suas necessidades e das possíveis
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escolhas que podem ser tomadas, tanto em termos individuais como coletivo. “O
objetivo (da Awareness) é o paciente descobrir o mecanismo pelo qual ele aliena parte
dos processos do seu self e, assim, evita estar consciente de si e de seu ambiente… Um
experimento típico (da Awareness) é pedir que os participantes formem uma série de
sentenças começando com as palavras “aqui-agora eu estou consciente de…” Ref.: livro
34, pág. 78/79. “Este continuum de tomada de consciência parece ser muito simples;
apenas tomar consciência do que se passa segundo após segundo… Entretanto, assim
que a tomada de consciência se torna desagradável, ela é interrompida pela maioria das
pessoas. Então, estas, repentinamente, começam a intelectualizar, usar palavreado do
tipo bla-bla-blá, voar em direção ao passado…” Ref.: livro 2, pág. 78

Caráter
Caráter (no sentido da couraça caracterológica de Reich): “é o conjunto de
comportamentos motores e verbais expressos – os que são facilmente observáveis e
verificáveis.” Ref. Livro 14, pág. 31. “O nós não existe por si só, mas se constitui a
partir do eu e você e é um limite do intercâmbio onde duas pessoas se encontram. E
quando nos encontramos lá, então eu mudo e você muda, através do processo de um
encontro mútuo, a não ser que … as duas pessoas tenham um caráter. Uma vez que você
tenha um caráter, você terá desenvolvido um sistema rígido. Seu comportamento se
torna petrificado, previsível, e você perde a capacidade de lidar livremente com o
mundo com todos os seus recursos. Você fica predeterminado a lidar com os fatos de
uma única forma, ou seja, de acordo com o que seu caráter prescreve. Desta forma,
parece ser paradoxal o fato de eu dizer que a pessoa mais rica, mais produtiva e criativa
é a pessoa que não tem caráter. Na nossa sociedade exigimos que a pessoa tenha caráter,
e especialmente um bom caráter, porque desta forma ela é previsível, pode ser
classificada, e assim por diante…” Ref.: livro 2, pág. 21/22.

Ciclo de contato
Ciclo de contato – contato/retraimento: é a teorização pela qual Perls se utilizou para
pensar a forma como nos relacionamos. A priori nem todo contato é bom, nem toda
fuga é negativa. Nenhum é bom ou mau em princípio, ambos são formas de
enfrentamento. Quando se tornam patológicos? Temos que avaliar a situação em que
ocorrem. Uma característica do neurótico é não poder fazer um bom contato, nem
organizar sua fuga. O ideal seria conquistar um padrão rítmico conforme nossas
necessidades, para isso é necessário a capacidade de discriminação. Os teóricos da
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gestalt, a título de estudo, dividem o contato em algumas etapas. Utilizaremos o


referencial de J. Ponciano Ribeiro. Este autor descreve nove etapas do contato e para
cada uma delas associa um mecanismo de defesa subjacente quando há interrupção. São
elas nesta ordem de acontecimento: fluidez, sensação (desensibilização), consciência,
mobilização de energia, integração, contato pleno, satisfação, retirada ou fechamento.

Consciência : “a consciência é sempre consciência de alguma coisa, ou seja, a


consciência é intencionalidade “. Ref.: livro 12, pág. 11/21/34

Contato: “é esta conjunção articulada de motivação, percepção, afeto, cognição e


ação.”. É um dos conceitos central na Gestalt Terapia. A qualidade dos contatos vai
determinar em grande parte o processo saúde/adoecimento. A formação de Gestalt
completas e abrangentes é a condição da saúde mental e do crescimento.

Continuum de consciência – seria uma filosofia de vida baseada na constante atenção


(Awareness) ao que se passa tanto consigo próprio quanto com o que se passa ao seu
redor.

Culpa: “Na GT,… nós vemos a culpa… como um ressentimento projetado: sempre que
você sentir culpa, descubra do que você se ressente, a culpa desaparecerá … “. Ref.:
livro 2, pág. 73. “Quando nos sentimos culpados, encontraremos um núcleo de rancor,
de ressentimento.” Ref.: livro 11, pág.44.

Excitamento: parece ser um bom termo pois abrange a excitação fisiológica assim
como emoções indiferenciadas. Inclui a noção freudiana de catexis e o élan vital
bergsoniano, e nos dá a base para uma teoria simples da ansiedade.

Experimento: “episódio no qual se procura primeiramente, passo a passo e com a ajuda


de pequenas intervenções e propostas por parte do facilitador, evidenciar mais
claramente o conflito e os sentimentos envolvidos, para depois, buscar formas possíveis
de sair do impasse por ele criado. Ref.: livro 15, pág. 103. O experimento é “… um
ensaio ou observação especial feitos para provar ou descartar algo duvidoso,
especialmente sob condições determinadas pelo observador, um ato ou operação
realizados a fim de descobrir algum princípio ou efeito desconhecidos, ou, para testar,
estabelecer ou ilustrar alguma verdade conhecida ou sugerida; teste prático; prova. ”
Ref.: livro 34, pág. 78/79.
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Figura e Fundo
Figura e Fundo – Conceito central da teoria. Percebemos as coisas de forma integrada,
organizada, não percebemos os elementos de uma situação desordenados entre si. Esta
lei é válida para qualquer percepção, mesmo as conceituais, pois o pensamento é um
prolongamento da percepção, um não está subordinado ao outro. São apenas atributos
diferentes do mesmo psiquismo. Na GT relacionamos a figura com a experiência do
primeiro plano e o fundo. Ref.: livro 2, pág. 90, com a perspectiva, com a situação que a
compõe, o contexto.

O significado é a relação da figura em primeiro plano com o seu fundo. Os psicólogos


gestaltistas propuseram a teoria de que a pessoa que percebe não era um simples alvo
passivo para o bombardeamento sensorial originário do meio ambiente; mais
propriamente, ela estruturava e impunha uma ordem às suas próprias percepções.
Basicamente, ela organizava as percepções do fluxo sensorial recebido na experiência
primária de uma figura sendo vista ou percebida contra um background, ou fundo. A
figura poderia ser uma melodia, diferenciada de um fundo harmônico, ou poderia ser
um padrão visual emergindo como uma entidade coerente contra um agrupamento de
linhas estranhas. Uma figura, seja ela simplesmente perceptual ou consistindo de uma
ordem de complexidade superior, emerge do fundo à maneira de um baixo-relevo,
avançando para uma posição que força uma atenção e que acentua as suas qualidades de
limites e clareza.” Ref.: livro 36, pág. 44.

Fronteiras de contato: Tem a função básica de discriminar eu/mundo. Ref.: livro 14,
pág.53. “Não é tanto uma demarcação física, mas sim um conceito funcional que se
refere à diferenciação e à interdependência dos elementos” Ref.: livro 15, pág. 49. “A
fronteira-do-eu (fronteira do ego) de uma pessoa é a fronteira daquilo que é para ela
contato permissível… Dentro da fronteira-do-eu o contato pode ser feito com facilidade
e encanto, e resulta num confortável senso de gratificação e crescimento…. Na
fronteira-do-eu, o contato se torna mais arriscado e a probabilidade de gratificação é
menos certa… Fora da fronteira-do-eu, o contato é quase impossível… O modo pelo
qual uma pessoa bloqueia ou permite a consciência e a ação na fronteira-do-contato é o
seu modo de manter o senso dos seus limites. ” Ref.: livro 36, pág. 109.
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Gestalt
Gestalt – Palavra de origem alemã que não tem tradução literal para a língua
portuguesa. Tem o sentido de “forma”, de “figura”, de um sentido que emerge de um
todo. O termo se generalizou no seu sentido mais amplo dando nome ao movimento.
Tem sido usado na Gestalt terapia com o significado de “configuração dinâmica e
integrada”. Este conceito remete ao modo como percebemos as coisas. A percepção de
algo ou de uma situação se dá na sua totalidade e não dos elementos individualizados
que a compõe. O sentido de algo é dado pela sua integração, ou seja, a relação entre as
partes que compõe um todo é que vão dizer deste todo, e não por suas partes aleatórias.

Ex: consultório, hospital, sala de aula, etc. Quando visualizamos alguns desses locais
sabemos de qual se trata tendo uma percepção global do lugar, que vai se dar pela
relação existente entre as partes. A organização hospital, organização escola, cada uma
tem uma configuração particular, assim como a vivencia que temos das coisas. A
maneira como percebemos a realidade se dá a partir de “configurações de sentido”, cada
situação vivenciada é uma gestalt.

Gestalt incompleta (ou situação inacabada): está ligada a idéia de uma situação que
ficou em aberto, isso quer dizer, uma situação onde o contato foi interrompido em
algum momento do processo. “Toda experiência fica suspensa até que a pessoa a
conclui. A maioria dos indivíduos tem uma grande capacidade para situações
inacabadas… Não obstante, embora se possa tolerar uma quantidade considerável de
experiências inacabadas, estes movimentos não completados buscam um complemento
e, quando se tornam suficientemente poderosos, o indivíduo é envolvido por
preocupações, comportamentos compulsivos, cuidados, energia opressiva e muitas
atividades autofrustrantes. Se você não xinga seu chefe no trabalho, mas gostaria
realmente de fazê-lo, e então vai para casa e o faz com seus filhos, as probabilidades são
de que isto não funcione porque é somente uma tentativa fraca ou parcial de terminar
alguma coisa que de qualquer maneira ainda está suspensa, inacabada… Uma vez que a
finalização foi alcançada e que pode ser experenciada plenamente no presente, a
preocupação com o antigo não-completamento é resolvido e a pessoa pode caminhar
para as possibilidades atuais.” Ref.: livro 36, pág. 49/50. Gestalten : plural de gestalt,
na língua original (alemão).

Impasse : ” é o ponto onde o apoio ambiental ou o obsoleto apoio interno não é mais
suficiente, e o auto-apoio autêntico ainda não foi obtido”. Ref.: livro 2, pág. 50. “No
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núcleo de cada neurose está o que os russos chamam de ponto doente… Na GT


chamamos este ponto de impasse”. Ref.: livro 14, pág.34. “O impasse existencial é a
situação em que nenhum suporte ambiental promove avanço e o paciente é, ou acredita
ser, incapaz de lidar com a vida por conta própria.” Ref.: livro 34, pág.78.

Insight : “… é uma formação de padrão do campo perceptivo, de uma maneira tal que
as realidades significativas ficam aparentes; é a formação de uma gestalt na qual os
fatores relevantes se encaixam com respeito ao todo.” Ref. Livro 34, pág.16. “O
insight, uma forma de awareness, é uma percepção óbvia imediata de uma unidade entre
elementos, que no campo aparentam ser díspares.

Indiferença Criativa: termo cunhado por Sigmund Friedlaender ( Perls tinha-o como
um de seus três gurus, (“com ele aprendi o significado de equilibrio, do centro zero dos
opostos. O segundo é Selig escultor e arquiteto do instituto Esalen, e meu último guru
foi Mitzie “uma linda gata branca que me ensinou a sabedoria do animal” Ref.: livro 37,
pág71. Friedlaender era o filósofo do nada, seu trabalho filosofico “Creative
Indifference” teve tremendo impacto sobre fritz, postula que qualquer coisa se
diferencia em opostos, se somos capturados por uma dessas forças opostas, estamos
numa cilada, ou pelo menos desequilbrados, se ficarmos no nada do centro-zero estamos
equilibrados e temos perspectiva.

Intuição: É a inteligência do organismo. Ref.: livro 2, pág.42.

O todo e as partes – isso significa uma integração de partes em oposição à soma do


“todo”. O todo é mais que a soma das partes, ou seja, o todo não é mera soma das
partes. Estas partes formam um todo dinâmico, integrado e interdependente. Ex: as
notas que formam a melodia, isto é, a melodia é um todo organizado e não a soma das
notas que a compõe.

Neurose: “pode ser definido como a incapacidade de assumir total identidade e


responsabilidade pelo comportamento maduro. (O Neurótico) faz tudo para se manter
no estado de imaturidade, mesmo quando faz papel de adulto – isto é, seu conceito
infantil de como o adulto é. O neurótico não se concebe como uma pessoa que se
mantém sozinha, capaz de mobilizar seu potencial para lidar com o mundo. Procura
apoio do meio através de ordens, ajuda, explicações e respostas. Não mobiliza seus
próprios recursos e sim maneiras de manipular o meio – impotência, adulação, estupidez
e outros controles mais ou menos sutis – de forma a receber apoio. ” Ref.: livro 14, pág.
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32. Perls diz: ”… considero a neurose um sintoma de maturação incompleto”… “um


neurótico é incapaz de enxergar o óbvio. Ele perdeu os sentidos.” Ref.: livro 9, pág. 38.
Neurose “é a fixação em um passado imutável”. Ref.: livro 10, pág. 438. Perda da
função Ego ou da personalidade: a escolha da atitude adequada é difícil ou desadaptada.
Ref.: livro 16, pág. 128. É uma psicopatologia consistindo em camadas. As camadas da
neurose, segundo Perls, são: 1ª camada: Desempenho de papéis, 2ª camada: implosiva
que leva ao impasse. Medo de ser. 3ª Camada: Explosiva (explosão de amor sensual,
raiva, alegria ou tristeza) 4ª camada: Viver autêntico. Ref.: livro 14, pág. 40/41.
Comportamento Neurótico implica na “manipulação dos outros em vez de crescer
sozinho”. Ref.: livro 9, pág. 33.

Polaridade: Segundo a GT, todo o evento tem dois pólos que permitem que o
diferenciemos. “… Se quisermos ficar no centro do nosso mundo,… seremos
ambidestros – então veremos os dois pólos de todo evento. Veremos que a luz não pode
existir sem a não-luz. A partir do momento em que existe igualdade, não se pode mais
perceber. Se sempre existisse luz, vocês não experienciariam mais a luz. Deve haver um
ritmo de luz e escuridão.” Ref.: livro 2, pág. 35.

Ponto cego (ou escotoma)destruição mágica do que queremos evitar, éum substituto de
uma catexia negativa. Ref. livro 13, pág.35. Há pessoas que literalmente não vêem o
que não ‘querem’ ver, não ouvem e não “sentem” determinados sentimentos. A imagem
que podemos fazer é a de que tem “buracos” em determinadas partes do corpo, ou seja,
partes cuja sensibilidade encontra-se perturbada.

Processo : “é uma mudança ou uma transformação em um objeto ou organismo, na qual


uma qualidade consistente ou uma direção podem ser discernidas. Um processo é
sempre, em algum sentido, ativo; algo está acontecendo. Ele contrasta com a estrutura
ou a forma de organização daquilo que muda, cuja estrutura é concebida para ser
relativamente estática, a despeito da mudança processual.” Ref.: livro 34, pág. 203

Psicose : “A psicose seria, sobretudo, segundo Goodman, uma pertubação da função


“id” : a sensibilidade e a disponibilidade do sujeito às excitações externas ( perceptivas)
ou internas ( proprioceptivas) são perturbadas: ele não responde claramente ao mundo
exterior nem às suas próprias necessidades. Ele está cortado da realidade: nele não há
mais ajustamento criador do organismo ao meio.” Ref.: livro 16, pág. 128.
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Resistência: Em “Ego, fome e agressão” Perls já apontava que a origem delas é oral, o
que representa uma pequena mudança na ênfase psicanalítica – esse artigo encontrou
reprovação quando apresentado no congresso da Tchecoslováquia.

A psicanálise clássica considerava que a origem das resistências era anal, por volta dos
dois/três anos as crianças dizem não a tudo. Segundo Melanie Klein e seus seguidores
isso era a evidencia da natureza bárbara da criança, “que precisa ser domada para se
moldar e se transformar em comportamento civilizado. Já Erick Ericson colocava esse
período sob um prisma positivo dizendo que o controle do esfíncter anal era indicio de
possibilidade de conquista de maior autonomia.

A mudança da recusa anal para a oral, opera uma nova concepção, de que a criança
tanto pode dizer não como sim! Tanto pode se rebelar como se acomodar livremente. A
boca surge como o lugar em que a criança se relaciona com o mundo: o lugar de comer,
mastigar, degustar, mais tarde possibilita a linguagem e é as vezes o lugar de amar
também (Perls ainda não tinha formulado o conceito de fronteira de contato, só mais
tarde com ajuda de Goodman, mas a idéia já estava plantada aqui).

A aquisição de dentes põe a criança num outro patamar de relacionamento, agora não
recebe o alimento passivamente, ela o tritura, rasga, sente o paladar se multiplicar pela
diversidade de alimento e consistências. Começa a discriminar o que gosta e o que não
gosta, “ao tornar-se critica da experiência a criança forma uma personalidade
individual” (pág. 22)

Perls entendia que a introjeção responsável pela pelo aprendizado da criança pode ser a
partir do nascimento dos dentes, acrescida da autodeterminação. Para Perls apoiar a
“criança para que vá além da introjeção nessa fase não é consigná-la ao barbarismo, é
respeitar o processo natural, autoregulador de crescimento sadio”. (22)

Saúde doença: Segundo Delhlefsen e Dahlke (1998), toda doença é como uma tentativa
do organismo de ser ouvido, decifrado e compreendido, trazendo um novo aprendizado
sobre si mesmo. A sabedoria do organismo elege uma parte do seu todo para revelar
algo de si.

Self – na GT é ele quem exerce a função do contato, o complexo sistema de contatos


necessários para o ajustamento nas dificuldades do meio. É composto pelas seguintes
estruturas: Id, Ego e Personalidade.
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Id: fundo (de ordem molecular, corporal, pulsional, as gestalten abertas, necessidades).

Ego: quem se identifica com as figuras e se aliena de outras, quem age.

Personalidade: a imagem que vai sendo criada pelas escolhas que vou fazendo para meu
crescimento. auto imagem. Não é uma entidade, mas um processo, é através dele que
nos retraímos ou estabelecemos contato. Ele seria o administrador, o que vai “resolver”
o funcionamento da hierarquia de necessidades, com suas catexias negativas e positivas
(investimentos).

Self suport – Devido a imagem positiva do ser humano, a GT parte do princípio de que
cada ser humano possui o equipamento necessário para poder enfrentar a vida. Para
tanto só precisa se conscientizar de suas forças. Geralmente quando a pessoa busca
ajuda, ela não conta com esse suporte, muitas vezes não tem a mínima noção das suas
possibilidades e nem uma visão clara do que já construiu na vida. Deve ser um dos
objetivos da terapia possibilitar self suport ao paciente, ou seja, oferecer meios para que
ele possa desenvolver e utilizar seus recursos para resolver seus problemas de forma
satisfatória. Cada situação difícil “resolvida” torna a próxima solução mais fácil. Há um
fortalecimento a cada obstáculo vencido – a força emocional vem daí (resumindo: seria
reconhecer as necessidades e descobrir os meios de supri-las).

Simbolismo dos sonhos recurso, segundo Miller (1997), poderá também ser
compreendido como uma forma que o self encontrou para representar.

Suporte : “O suporte refere-se a qualquer coisa que possibilite o contato ou o


afastamento: energia, suporte corporal, respiração, informação, preocupação com os
outros, linguagem e assim por diante. O suporte mobiliza recursos para o contato ou
para o afastamento. Por exemplo, para dar suporte à excitação que acompanha o
contato, a pessoa precisa ingerir oxigênio suficiente.” Ref.: livro 34, pág. 18.

Teoria de Campo : “Características do campo: 1. um campo é uma teia sistemática de


relacionamentos, 2. um campo é contínuo no espaço e no tempo, 3. tudo é de um
campo, 4. os fenômenos são determinados pelo campo todo, 5. o campo é uma
fatalidade unitária: tudo no campo afeta todo o resto.” Ref.: livro 34, pág. 184.

O campo é definido como:”Uma totalidade de forças mutuamente influenciáveis que,


em conjunto, formam uma fatalidade interativa unificada”. Ref.: idem, pág. 185. O
espaço entre o self e o outro não é um vácuo, como na maioria das abordagens
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psicológicas. A experiência se desdobra em um campo, parecido com um campo


elétrico, carregado de premências, a vontade, necessidades, preferências, anseios
desejos, julgamentos e outras expressões e manifestações do ser. O contato entre duas
pessoas não é, por exemplo, uma colisão entre duas estruturas neurobiológicas internas
ou hábitos e crenças condicionados ou um ego, id e superego…

Teoria Paradoxal da Mudança : “… consiste nisto: a mudança ocorre quando uma


pessoa se torna o que é, não quando tenta converter-se no que não é”. Ref. livro 11, pág.
110. “… a mudança pode ocorrer quando o paciente abandona, pelo menos de
momento, aquilo em que gostaria de se tornar e tenta ser aquilo que é. A premissa é que
a pessoa deve permanecer em seu lugar, a fim de ter um terreno firme para se deslocar,
e que é difícil ou impossível qualquer movimento sem essa base sólida.”Ref.:idem,
pág.111.

Top dog/Under dog: conflito interno entre dominador (top dog) e dominador (under
dog). “O dominador (Top dog) pode ser descrito como exigente, punitivo, autoritário e
primitivo. Ele manda continuamente com afirmações do tipo: ” Você deveria”,”Você
precisa”, ” Por que você não”… O dominado (Under dog) desenvolve uma grande
habilidade em fugir das ordens do dominador. Normalmente, com a intenção de
concordar apenas parcialmente com o dominador, ele responde: ” Sim, mas…”, “estou
tentando muito, mas da próxima vez farei melhor” e “amanhã…”. Ref.: livro 14, pág.
24. “O dominador geralmente se julga com a razão e é autoritário; ele sabe mais… o
dominado manipula sendo defensivo, desculpando-se, seduzindo, representando o bebê-
chorão ou coisa parecida. ” Ref.: livro 2, pág. 35/36.

Tomada de consciência – é o sentido que se dá ao trabalho terapêutico, de uma


constante tomada de consciência, realizado no sentido de desenvolver uma capacidade
discriminatória cada vez mais clara a medida em que as gestalten vão sendo fechadas –
seria o conscientizar-se.

Zona de contato – O contato “é a conjunção articulada de motivação, percepção, afeto,


cognição e ação.”

zona interna: diz respeito a relação conosco mesmos, com as percepções que temos
com relação ao “si” que compreendem percepções subjetivas (estados de espírito) e
objetivas como sede, fome, dor em alguma parte do corpo, etc.
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zona intermediária: envolve a imaginação, o pensamento, a cognição.

zona externa: é o entorno, tudo o que envolve aquilo que percebemos como o que está
fora de nós. Todas aquelas condições do ambiente que nos afetam de alguma forma. Vai
desde as condições atmosféricas até o mais sutil signo: um olhar, gestos, o significado
que damos as coisas. Esta zona compreende então o ambiente e os outros.

Inferência
Inferência é operação intelectual mediante a qual se afirma a verdade de uma
proposição em decorrência de sua ligação com outras proposições já reconhecidas como
verdadeiras. Consiste, portanto, em derivar conclusões a partir de premissas conhecidas
ou decididamente verdadeiras.

Inferência é a ação e o efeito de inferir (deduzir algo, tirar uma conclusão de outra coisa,
conduzir a um resultado). A inferência surge a partir de uma avaliação mental entre
distintas expressões que, ao serem relacionadas como abstrações, permitem traçar uma
implicação lógica.

Ao partirmos de hipóteses ou argumentos, é possível inferirmos uma conclusão


(podendo ser verdadeira ou falsa). Por exemplo: “Ainda não recebi a confirmação
oficial por parte da empresa, aquilo que te digo é apenas uma inferência minha”, “Cada
vez que joga a seleção, a Mariana falta ao trabalho: a minha inferência é que, amanhã,
vamos estar sozinhos no escritório”, “Não nos podemos guiar por inferências.

O silogismo é uma forma essencial de inferência. Trata-se de uma forma de raciocínio


dedutivo formada por duas proposições (premissas) e uma conclusão. Esta conclusão é a
inferência que se deduz necessariamente das duas premissas. A veracidade da conclusão
dependerá das regras que regulam a relação entre as premissas comparadas. A garantia
de verdade do novo juízo é a lógica, que deverá estabelecer distintas classificações das
premissas.

Nem todas as inferências oferecem conclusões verdadeiras. É possível afirmar que todos
os cães são animais peludos de quatro patas, mas não se pode inferir que todos os
animais peludos que tenham quatro patas sejam cães. Um exemplo de inferência que
oferece uma conclusão verdadeira seria: “todos os homens possuem olhos, sendo que
Pedro é um homem, por tanto, Pedro é um homem”. A esse processo conhecemos como
processo dedutivo, onde, a partir de uma informação chegamos a uma dedução.
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Conclusão
Depois de tantas pesquisas com base no tema, conclui que Awareness refere-se a
capacidade de aperceber-se do que passa dentro e fora de si no momento presente nos
três níveis simultaneamente: corporal, mental e emocional (embora uma ou outra zona
possa se tornar figuro em dado momento), e o problema da realidade é matéria presente
em todas as ciências e, com particular importância, nas ciências que têm como objeto de
estudo o próprio homem.
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Bibliografia
2 : Perls, Frederick – GESTALT TERAPIA EXPLICADA , 7a.edição, São Paulo:
Summus

14: Perls, F. – ISTO É GESTALT , São Paulo: Summus, 1977

11: Fagan, J. e Shepherd, I.L. – GESTALT-TERAPIA – TEORIA, TÉCNICAS E


APLICAÇÕES , Rio de Janeiro:Zahar, 1980

10: Perls, F. Goodman, P. e Hefferline R.- GESTALT THERAPY, 3a.edição, New


York:Crown, 1980

34: Yontef, Gary M. – PROCESSO, DIÁLOGO E AWARENESS , São Paulo:Summus,


1998

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