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Será que podemos dizer que a psicologia analítica (junguiana) é uma aplicação originalíssima da
Teoria Moral de Kant? Para bem averiguarmos essa ousada afirmação, teremos que
acompanhar o desenvolvimento da teorética junguiana através dos seus conceitos e, muito
principalmente, sua concepção de homem.
Teremos, também, que compreender a filosofia kantiana relativa à pergunta “que devo fazer?”
que apresenta instrumentos por demais esclarecedores no trato da questão prática, resultando
em um corpo conceitual com implicações imediatas no agir hodierno e, eis a novidade, na prática
clínica.
Em um terceiro momento, relacionaremos uma e outra teoria, buscando sobreposições e
interseções que proporão a possibilidade de uma filosofia educativa e/ou terapêutica, resgatando
a tão antiga e quase esquecida tradição da Grécia Clássica, quando já um Sócrates preocupado,
sempre, em tornar os homens o que de melhor poderiam ser, indicava perguntando:
“...se teus filhos fossem potros ou garrotes, saberíamos a quem ajustar como treinador para lhes
aprimorar as qualidades adequadas; seria um adestrador de cavalos ou um lavrador; como,
porém, eles são homens, quem pensas tomar como seu treinador? Quem é mestre nas
qualidades de homem e de cidadão?”1
Carl Gustav Jung jamais gostou de teorizações ocas. A sua sólida formação de cientista e
pesquisador médico, e anos de profundos estudos de filosofia, teologia, história comparada,
mitologia, folclore e etc., lhe habilitou a uma iconoclastia bem-humorada, característica daqueles
que, ao dominar um tema, bem sabem separar o acessório do essencial.
Por exemplo, certa feita, Jung comentou sobre o conceito freudiano de desenvolvimento
psiquíco-sexual da fase oral, que não havia necessidade alguma de recorrer a esse tipo peculiar
de terminologia, como “zona oral”. É claro que a comida se mete na boca!2, completou. Ele não
achava nada interessante que a ciência, em grande parte, se reduzisse a mero palavreado3.
Muito lhe irritava a perfumaria científica traduzida em vocabulário pomposo. Desta forma, não
perdoou a Otto Rank, falar em trauma do nascimento. É pura e simplesmente, um fato; pois não
se pode observar a psicologia de quem não nasceu. (...) È apenas uma falta epistemológica4.
Assim, a Psicologia Analítica, nome que deu ao seu método, é pautada por uma preocupação
com o indivíduo concreto, que acorda, vai ao trabalho e, na volta, talvez mesmo muito cansado,
dá um beijo ou distribui cascudos, conforme o caso, em sua família antes de ir dormir. Pois que
sempre há a possibilidade desta pessoa, em sua vida cotidiana, por um motivo ou outro,
desenvolva uma incapacidade de lidar com os problemas, pequenos ou grandes, que se lhe
apresentam no seu dia-a-dia:
“Eis por que o objetivo mais nobre da psicoterapia não é colocar o paciente num estado
impossível de felicidade, mas sim possibilitar que adquira firmeza e paciência filosóficas para
suportar o sofrimento.”5
Mas não é só de cura médica de que se trata, antes e provavelmente mais importante, há que
se cuidar de uma pedagogia para a vida; pois que se na infância e adolescência tínhamos
escolas, onde buscar na fase adulta, aconselhamento e aprendizado, que norteiem para a
autonomia? Há, ao mesmo tempo, que se prestar atenção no desenvolvimento pleno da
personalidade e no zelo para com as potencialidades características do indivíduo:
“O que no passado era método de terapia converte-se aqui em método de auto-educação, e com
isso o horizonte da nossa psicologia abre-se, repentinamente, para o imprevisível. O que é
decisivo agora não é o diploma médico, mas a qualidade humana.”6
1. A Filosofia Teórica de Jung
Um conceito fundamental para o bom entendimento da teoria junguiana é o de “individuação”.
Na verdade, é, ao mesmo tempo, a descrição acurada de um processo natural que com ou sem
terapia se dará inexoravelmente desde que não se lhe oponha obstáculos:
“A individuação é um processo natural. É o que faz uma árvore tornar-se árvore; se interferirem
nela, então adoece e não pode funcionar como árvore; mas se a deixarem entregue a si mesma,
desenvolve-se até ser uma árvore. Isso é a individuação.”7
O que foi dito até agora, a guisa de introdução ao pensamento junguiano, será também
igualmente elaborado quanto à teoria de Kant, relativamente à sua Filosofia Prática, a qual
vamos no momento observar, para que, no terceiro tópico, tratemos do âmago da nossa
problemática.
“Tudo na natureza age segundo leis. Só um ser racional tem a capacidade de agir segundo a
representação das leis, isto é, segundo princípios, ou: só ele tem uma vontade. Como para
derivar as ações das leis é necessária a razão, a vontade não é outra coisa senão razão prática.”
18
Mas o homem não é movido sempre pela razão; pode, de momento, “fazer o que dá na telha”
e se deixar levar por desde instintos biológicos, passando por hábitos grupais, até o desejo de
felicidade que lhe impõe o embolso de mensalinhos e mensalões. Como pode se dizer livre o
homem escravo dos seus desejos?:
“Quando a vontade busca a lei, que deve determiná-la, em qualquer outro ponto que não seja a
aptidão das suas máximas para a sua própria legislação universal, quando, portanto, passando
além de si mesma, busca essa lei na natureza de qualquer dos seus objetos, o resultado é então
sempre heteronomia. Não é a vontade que então se dá a lei a si mesma, mas é sim o objeto que
dá a lei à vontade pela sua relação com ela.” 19
Assim, a vontade que dá a si mesma a lei é livre, posto que não há meio-termo: ou há
heteronomia ou autonomia da vontade. Em outro lugar20 Kant já insistiu que “A liberdade no
sentido prático é a independência do arbítrio frente à coação dos impulsos da sensibilidade”. Lei
Moral e vontade livre estão intrinsecamente relacionadas posto que a segunda se dá exatamente
quando pressupõe a primeira. Liberdade é independência a determinantes empíricos e, ao
mesmo tempo, princípio racional e auto-suficiente do agir:
“Mas a proposição: ‘A vontade é, em todas as ações, uma lei para si mesma’ caracteriza apenas
o princípio de não agir segundo nenhuma outra máxima que não seja aquela que possa ter-se a
si mesma por objeto como lei universal. Isto, porém, é precisamente a fórmula do imperativo
categórico e o princípio da moralidade; assim, pois, vontade livre e vontade submetida a leis
morais são uma e mesma coisa.”21
Pela expressão imperativo categórico, Kant quer fazer referência à nossa humanidade tão
suscetível às seduções mundanas. Imperativo recomenda curso de ação às vontades, como as
nossas, que não são imediatamente obedientes à razão, dada nossa predisposição às
inclinações sensíveis (desejos) e categórico se refere a condição formal de fim em si mesmo, “se
a ação é representada como boa em si, por conseguinte, como necessária numa vontade em si
conforme à razão como princípio dessa vontade, então o imperativo é categórico”22.
Por isso, o imperativo categórico fica assim estabelecido: Age apenas segundo uma
máxima23 tal que possas ao mesmo tempo querer que ela se torne lei universal24.
Muito se tem dito de ser a moral kantiana uma teoria desprovida de aplicabilidade prática –
práxis, ou de ser uma Moral para anjos. Na verdade, por reconhecer, no Homem, a possibilidade
de seguir tanto os impulsos da sensibilidade como os ditames da razão é que Kant insiste nesta
última como expressão do que há de mais digno: a liberdade.
Se quero medir, por exemplo, o tamanho de algo, preciso compará-lo a uma unidade de
medida – metro, polegada, braças – ou coisa do gênero; dá-se o mesmo se quero pesar - uso
então quilos, libras ou onças. Lê-se Kant para conhecer a unidade de medida Moral.
Diferentemente do que fora feito até Jung, não se trata mais de identificar terapia nem com
sublimação tão-somente, nem conscientização do que fora reprimido, antes e de forma
revolucionária, o caso agora é de uma pedagogia e exame zeloso dos próprios pressupostos, o
que se traduz como uma forma de considerar a própria realidade:
Anos de prática clínica deram a Jung uma perspectiva muito interessante. Será que a psique,
embora ao mesmo tempo natureza e como tal, amoral, também possui uma instância a qual
poderíamos, muito justificadamente, classificar como Moral? Neste sentido cabe analisar um
caso deveras ilustrativo:
Um rapaz procurou Jung com uma neurose de compulsão. Levava um manuscrito de cento e
quarenta páginas, de próprio punho, descrevendo o seu caso de um modo tão completo que
poderia ter sido publicado. Perguntou por que não estava curado depois de uma psicanálise tão
completa. Jung respondeu que de acordo com as regras do jogo [freudiano] ele deveria estar, de
fato, curado. Mas notou que o rapaz não era rico nem vinha de família abastada, mesmo assim,
passava o verão em ST. Moritz e o inverno na Riviera. Como? Explorando uma jovem senhora
que com salário de professora primária, passava necessidades a fim de sustentá-lo em seus
luxos. Jung, imediatamente, comenta28: “E você vem me perguntar por que está doente...!” Ao
que o rapaz retruca: “Ora, o senhor tem uma posição moralista; isto não é nada científico”. E,
com seus botões, Jung pensa:
“Um ponto de vista totalmente anticientífico, é evidente, mas estou convencido de que ele
merece a sua neurose compulsiva e será a sua companheira até o último dia de sua vida, se ele
continuar a comportar-se como um porco. (...) O homem comete um crime, rouba todas as
economias de toda uma vida de uma mulher honesta só para poder divertir-se. O lugar desse
fulano seria na cadeia e a sua neurose compulsiva providencia-lhe isso.”
Será que o que foi descrito é mesmo anticientífico? Pois que existem outras estórias clínicas
como essa29 cuja fenomenologia é basicamente a mesma. Ou a psicologia junguiana é
notadamente uma filosofia antes que uma técnica científica? Se for assim, convenhamos, pode
ser uma enorme vantagem, enquanto tradução contemporânea de uma tradição auto-educativa
que remonta à Grécia clássica. O que há que se notar, muito claramente é o afastamento da
“Psicologia Analítica” das outras psicologias na relevância emprestada ao elemento ético:
“...as causas principais da neurose são confiltos de consciência e problemas morais difíceis, cujo
processo de cura exige que se dê uma resposta a eles.30”
O método junguiano claramente aproxima-se da Filosofia, muito principalmente, quando
propõe na prática clínica, em lugar da mera tecnologia comportamental, as considerações de
ordem Moral: “A cura da neurose não é, em última análise, um problema técnico, mas um
problema moral.31”
E, ainda, como leitor voraz de Kant, Jung concorda tanto que a decisão Moral é racional - “É
inegável que a razão aparece aqui como uma instância de decisão ética.”32; como, nos moldes
kantianos, insiste nela não como uma “invenção” arbitrária de um determinado indivíduo ou
grupo social e imposta aos demais, antes, afirma veementemente a sua objetividade:
“Não se deve esquecer que a lei moral não é apenas algo imposto de fora à humanidade (por
exemplo, por um avô ranzinza), mas é expressão de uma realidade psíquica.”33
É certo que Jung não recomenda a adoção de um conjunto de regras éticas absolutas.
Admite, até, que nem sempre é reconhecível o tênue limite que separa o mal do bem na prática
clínica e na vida em geral, reconhecendo mesmo no par de opostos ético, um justo direito a cada
um, pois que como se reconheceria um sem o outro? Para ele, é justamente do conflito entre os
opostos34, condição fundamental à existência humana, que se origina a possibilidade de
resolução e o crescimento.
Para prosseguirmos temos de bem entender o conceito de arquétipo. Como o corpo carrega
em si mesmo milhares de anos de evolução, o inconsciente coletivo – que não deve sua
existência à experiência pessoal, não sendo portanto uma aquisição pessoal35- pode ser
entendido a parte da psique (inconsciente) herdada evolutivamente, cujos conteúdos nomeiam-
se arquétipos. Jung afirma que se o biólogo necessita da anatomia comparada, também o
psicólogo não pode prescindir da “anatomia comparada da psique”36. Assim um arquétipo, seria
um tema, quase que um roteiro dramático:
“Meu caro senhor, não sei mais do que você o significado do mundo ou o significado de sua vida.
Mas você... Todos os homens... nasceu com um cérebro inteiramente equipado. Foram precisos
milhões de anos para se criar o cérebro e o corpo que hoje temos. O seu cérebro incorpora toda
a experiência da vida. A psique, que pode ser denominada a vida do cérebro, existia antes que a
consciência existisse na criança pequena. Agora, suponhamos que eu necessito de conselhos
sobre a vida e conheço um homem que já tem mil anos de idade. Procuro-o e digo: ‘Você
presenciou muitas mudanças; observou e experimentou a vida sob múltiplos aspectos. Minha
vida é curta - talvez setenta anos, talvez menos - e você viveu um milhar de anos. Diga-me qual
é o significado da vida para mim. (...)
Esse homem fala com você todas as noites. Como? Em seus sonhos.”39
1 PLATÃO; Defesa de Sócrates; São Paulo; Nova Cultural; 1987; pág. 07.
2 McGUIRE, William e Hull, R.F.C. (orgs.); C.G. Jung: Entrevistas e Encontros; São Paulo;
Cultrix; 1982; pág. 258.
3 ibdem
4 ibdem
5 JUNG, Carl Gustav; A Prática da Psicoterapia; vol.XVI/1; Petrópolis; Vozes, 1985; pág. 78.
6 Idem; pág. 71.
7 McGUIRE, William e Hull, R.F.C. (orgs.); C.G. Jung: Entrevistas e Encontros; São Paulo;
Cultrix; 1982; pág. 195.
8 Vide HARK, Helmut (org.); Léxico dos Conceitos Junguianos Fundamentais; São Paulo;
Loyola; 2000; pág. 102.
9 Vide JUNG, Carl Gustav; O Homem e seus Símbolos; 6ª edição; Rio de Janeiro; Nova
Fronteira; 1987; pág. 31.
10 JUNG, Carl Gustav; Tipos Psicológicos; Rio de Janeiro; 1981; Zahar; pág. 525: “A relação
fundamental que se estabelece entre os processos inconscientes e a consciência tem de ser
considerada de natureza compensatória, na medida em que faz emergir do processo
inconsciente, conforme a experiência nos ensina, o material subliminar que corresponde à
situação consciente, isto é, toda a constelação de conteúdos que, e tudo fosse consciente, não
poderia faltar no quadro da situação consciente. A função compensatória do inconsciente revela-
se de um modo tanto mais claro quanto mais unilateral for a disposição consciente, do que a
patologia nos oferece muitos exemplos.”
11 Ibidem; pág. 489.
12 Ibidem; pág. 497.
13 Ibidem; pág. 522
14 Vide HARK, Helmut (org.); Léxico dos Conceitos Junguianos Fundamentais; São Paulo;
Loyola; 2000; pág. 102: “Para Jung, a psique representa a totalidade dos processos psíquicos
conscientes e inconscientes”.
15 JUNG, Carl Gustav; Fundamentos da Psicologia Analítica; vol.XVIII/1; Petrópolis; Vozes; 1985
pág. 41.
16 Idem; Os Arquétipos e o Inconsciente Coletivo; vol IX/1; Petrópolis; Vozes; 2000; pág. 53.
17 KANT, Immanuel; Fundamentação da Metafísica dos Costumes; pág. 214: “Não se pode
prestar serviço mais precioso àqueles que se riem de toda a moralidade como de uma simples
quimera da imaginação humana exaltada pela presunção do que conceder-lhes que os conceitos
do dever(...) têm de ser tirados somente da experiência”. E logo adiante repete: “Não se poderia
também prestar pior serviço à moralidade do que querer extraí-la de exemplos.”
18 Ibibem; pág. 217.
19 Ibidem; pág. 239.
20KANT, Immanuel; Crítica da Razão Pura; Lisboa; Calouste Gulbekian; 1997; pág. 463.
21 KANT, Immanuel; Fundamentação da Metafísica dos Costumes; pág. 243.
22 Ibidem; pág. 219.
23 Ibidem; nota 9 à pág. 209: “Máxima é o princípio subjetivo do querer; o princípio objetivo (isto
é, o que serviria também subjetivamente de princípio prático a todos os seres racionais, se a
razão fosse inteiramente senhora da faculdade de desejar) é a lei prática.”
24 Ibidem; pág. 223.
25 JUNG, Carl Gustav; Psicologia da Religião Ocidental e Oriental (vol. XI); Petrópolis; Vozes;
1983; pág. 334: “Que o médico nada tenha a dizer a respeito das últimas questões da alma é de
todo compreensível.”
26 Idem; A Dinâmica do Inconsciente; Petrópolis; Vozes; 1984; pág. 73.
27 Idem; A Prática da Psicoterapia; Petrópolis; Vozes; 1985; pág. 77.
28 Idem; Fundamentos da Psicologia Analítica; Petrópolis; Vozes; 1985; pág. 120-121.
29 Ibidem; págs. 47 a 50.
30 Idem; A Vida Simbólica vol. XVIII/2; Petrópolis; Vozes; 1998; pág. 191.
31 Ibidem; pág. 192.
32 Idem; Psicologia da Religião Ocidental e Oriental (vol. XI); Vozes; Petrópolis; 1983; pág. 77.
33 Idem; A Vida Simbólica vol. XVIII/2; Petrópolis; Vozes; 1998; pág. 194.
34 Ibidem; pág. 195: “A vida é um contínuo equilíbrio entre os opostos, como qualquer outro
processo energético. A abolição dos opostos seria o mesmo que a morte. NIETZSCHE escapou
da colisão dos opostos indo para o manicômio. O iogue chega ao ‘nidvandva’ (livre dos dois) na
rígida posição do lótus do ‘samadhi’ (refugiar-se na meditação) inconsciente e inativo. Mas a
pessoa normal está entre os oposto e sabe que, enquanto tudo estiver bem, nunca poderá aboli-
los.”
35 Idem; Os Arquétipos e o Inconsciente Coletivo pág. 53.
36 Idem; O Homem e Seus Símbolos; pág. 65. vide a página anterior cuja fotografia mostra
embriões de um homem, um tubarão e um galo, extremamente semelhantes, possuindo
inclusive, todos, uma cauda!
37 Ibidem; pág. 67.
38 Ibidem; pág. 69.: “O arquétipo é, na realidade, uma tendência instintiva, tão marcada quanto o
impulso das aves para fazer seu ninho ou o das formigas para se organizarem em colônias.”
39 McGUIRE, William e Hull, R.F.C. (orgs.); C.G. Jung: Entrevistas e Encontros; São Paulo;
Cultrix; 1982; pág. 79.