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Centro de Emprego e Formação Profissional de Castelo

Branco

Abordagem Geral sobre a Pessoa


com Deficiência
Curso Técnico(a) de Apoio Familiar e de Apoio à Comunidade (TAFAC)
UFCD 7215 – 25 horas

19 de Setembro de 2022
Formadora: Regina Coelho
remscf@gmail.com
Objetivos

IDENTIFICAR…
Conceito e princípios fundamentais relacionados com a deficiência.
Conceito de inclusão e o papel da família e dos profissionais de apoio
familiar na sua promoção.
Os tipos de deficiência e caracterizar cada uma delas.
Estratégias psicológicas e afetivas no cuidado de pessoas com deficiência.

2
Conteúdos Programáticos

1. Conceito de deficiência e tipos de deficiência


1.1. Tipos de deficiência e graus de deficiência
1.2. Classificação de causas da deficiência mental
1.3. Graus da deficiência mental e características de cada grupo
1.4. Os afetos e a sexualidade na pessoa com deficiência
2. Direitos e deveres da pessoa com deficiência
3. Conceito de inclusão
3.1. Papel da família, profissionais e redes sociais na inclusão da pessoa
com deficiência
3
4. Processos psicológicos implicados no cuidador de pessoas com
deficiência
4.1. Sentimentos e emoções
4.2. Sobrecarga física e emocional

4
Avaliação
• Contínua;
• Execução dos objetivos e tarefas propostas ao longo das sessões através da
realização de exercícios/fichas de trabalho/teste diagnóstico, apreciações críticas
de textos de opinião/filmes e/ou documentários individual ou em grupo;
• Teste/Trabalho individual;
• Participação, Motivação, Interesse e Empenho;
• Atitudes e Relações Interpessoais;
• Assiduidade/Pontualidade;

Nota: a meio da UFCD (13 horas) será realizada uma avaliação dos formandos para
verificar evolução ao nível da aprendizagem dos conteúdos apresentados. Em caso
de dificuldade, será efetuado compromisso ou plano de recuperação aos mesmos.
5
A deficiência

O termo deficiência provém do


étimo latino deficientia, cujo
significado é “a falta de., ou
enfraquecimento” inerente a
alguém defectivus, isto é,
defeituoso, imperfeito.

“Alguém com insuficiência ou


ausência” (terminologia
médica e na sociedade em
geral) 6
o conceito de “deficiência” tem
um enfoque eminentemente
biológico/médico.
Refere-se às alterações ou
anomalias ao nível das
estruturas e funções do corpo
(incluindo as mentais), tais
como um desvio importante ou
perda.

Geralmente associada à
INCAPACIDADE

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Conceito de Deficiência

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Antes de definirmos o conceito de Deficiência é importante distinguir
outros termos

Deficiência (limitação física/mental)

Incapacidade (impacto da anomalia/limitação)

Desvantagem (consequência da incapacidade ou deficiência em termos


sociais)

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• Deficiência • Incapacidade
Perda ou anormalidade de estrutura ou Restrição, resultante de uma
função psicológica, fisiológica ou deficiência, da habilidade para
anatômica, temporária ou permanente. desempenhar uma atividade considerada
Incluem-se nessas a ocorrência de uma normal para o ser humano. Surge como
anomalia, defeito ou perda de um consequência direta ou é resposta do
membro, órgão, tecido ou qualquer indivíduo a uma deficiência psicológica,
outra estrutura do corpo, inclusive das física, sensorial ou outra. Representa a
funções mentais. Representa a objetivação da deficiência e reflete os
exteriorização de um estado distúrbios da própria pessoa, nas
patológico, refletindo um distúrbio atividades e comportamentos essenciais
orgânico, uma perturbação no órgão. à vida diária.

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• Desvantagem
Prejuízo para o indivíduo, resultante de
uma deficiência ou uma incapacidade, que
limita ou impede o desempenho de papéis
de acordo com
a idade, sexo, fatores sociais e culturais
Caracteriza-se por uma discordância entre
a capacidade individual de realização e as
expectativas do indivíduo ou do seu grupo
social. Representa a socialização da
deficiência e relaciona-se às dificuldades
nas habilidades de sobrevivência.

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Ao falarmos de deficiência, também temos que falar no ambiente.

O ser humano insere-se e vive num meio/ambiente onde se organiza


pessoal (família, escola, relações interpessoais) e socialmente
(estruturas sociais formais, normas de conduta, ideologias, etc.)

É no meio ambiente onde habita que vai conduzindo a sua vida e este
meio tem grande influência (positiva ou negativamente) na sua vivência
e no modo como experiencia as situações.

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O ambiente tem grande impacto sobre a experiência e extensão da
deficiência

Pessoa Surda – sem interprete língua gestual (não comunica nem se


relaciona com os que o rodeiam)
Pessoa em Cadeira de rodas – num prédio sem elevador acessível (não
se movimenta)
Pessoa Cega que usa PC sem um software leitura tela (não comunica)

NÃO SE ADAPTAM … NÃO PARTICIPAM da vida pessoal e social


limitação imposta desadaptativa

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A deficiência é assim algo complexa, dinâmica e multidimensional

Não é apenas um atributo da pessoa

Resulta da interação entre a pessoa com deficiência e barreiras


(pessoais e ambientais) que impedem a sua participação plena na
sociedade.

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A OMS define a deficiência como “anomalia de
estrutura ou de aparência do corpo humano ou
do funcionamento de um órgão, sistema
independentemente da sua causa que envolve
disfuncionalidade em um ou mais níveis:
diminuição da capacidade (problema ao nível das
funções e estruturas do organismo - CORPO;
limitação da atividade – ATIVIDADE e restrições à
participação - PARTICIPAÇÂO”

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Deficiência
Condição biopsicossocial inerente ou adquirida do indivíduo causada
por alterações na função ou estrutura do corpo que resultam num
limitação da atividade e participação plena do mesmo na sociedade

Enfatiza se a funcionalidade/disfuncionalidade - aspetos


positivos/negativos da interação entre um indivíduo (com uma
condição de saúde) e os seus fatores contextuais (ambientais e
pessoais) – o conceito de deficiência não se traduz na própria limitação
em si
Deficiência = Impedimentos X Barreiras
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A evolução (desde os anos 80) em torno deste conceito em que a
deficiência passou de uma terminologia de “é ser doente, débil,
anormal, inválido” para PESSOA COM Deficiência leva a uma
desconstrução da deficiência - não se traduz numa limitação em si, mas
numa correlação de fatores;

(deficiente mental – défice intelectual)

Esta evolução em torno do conceito de deficiência também se reflete


nas metodologias de classificação refletindo se num avanço na
compreensão e mensuração da deficiência.

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A Classificação Internacional de Incapacidade e Saúde e a própria
Classificação Internacional de Funcionalidade (CIF) destacam a
complexidade da terminologia da deficiência (envolve elementos
individuais combinados com a estrutura social – deficiência,
incapacidade e desvantagem)

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A CIF enfatiza os fatores ambientais para a criação de deficiências.

Nesta classificação, os problemas de funcionalidade humana são


categorizados em três áreas interconectadas:
■ Alterações das estruturas e funções corporais - significa problemas de
funções corporais ou alterações de estruturas do corpo, como por
exemplo, paralisia ou cegueira;
■ Limitações - são dificuldades para executar certas atividades, por
exemplo, caminhar ou comer;
■ Restrições à participação em certas atividades são problemas que
envolvem qualquer aspeto da vida, por exemplo, enfrentar
discriminação no emprego ou nos transportes.

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A CIF contém uma classificação de fatores ambientais que descreve o
mundo no qual pessoas com diferentes níveis de funcionalidade devem
viver e agir. Esses fatores podem ser facilitadores ou grandes barreiras.
Os fatores ambientais incluem: produtos e tecnologias, o ambiente
natural e o construído, suporte e relacionamentos, atitudes, e serviços,
sistemas, e políticas públicas.
A CIF também reconhece fatores pessoais, tais como motivação e
autoestima, que podem influenciar o quanto uma pessoa participa da
vida em sociedade.

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A deficiência surge da interação entre problemas de
saúde e fatores contextuais – fatores ambientais e
pessoais

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CIF
A deficiência corresponde a todo e qualquer comprometimento (físico
ou mental) orgânico que afeta a integridade da pessoa e traz prejuízos
aos níveis pessoais e sociais.

Importa sim tentar compreender o que é a deficiência, como se


adquire, o que implica, o que significa, como se relaciona… porque uma
só característica não define uma pessoa;

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E a definição de Pessoa com Deficiência

Pessoa com deficiência “aquela que apresenta, em caracter permanente,


perdas ou reduções da sua estrutura ou função anatómica, fisiológica,
psicológica ou mental que geram incapacidade para certas atividades,
dentro do padrão considerado normal para o ser humano”

A declaração universal dos Direitos do Homem considera a Pessoa com


Deficiência “aquela que, por motivos de perda, anomalia, congénita ou
adquirida, de funções ou estruturas do corpo, incluindo as funções
psicológicas, apresente dificuldades específicas suscetíveis de, em
conjugação com os fatores do meio, lhe limitar a atividade e participação
em condições de igualdade com as demais pessoas”
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A deficiência pode resultar de causas
congénitas ou adquiridas.
As chamadas deficiências físicas ou
congénitas são todas aquelas que ocorrem
desde o nascimento e resultam de causas
variadas (prematuridade, trauma parto, uso
de drogas, etc.).
A deficiência adquirida ocorre após o
nascimento podendo acometer o indivíduo
em diferentes etapas do ciclo vital (tumores,
processo degenerativo, acidentes, etc.)

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A pessoa com deficiência pode ser
portadora de uma deficiência
única ou de múltiplas deficiências
Tipologia e
Graus de 4 conjuntos distintos de tipologia

Deficiência • Deficiência Física ou motora;


• Deficiencia Visual;
• Deficiência Auditiva;
• Deficiência Mental/Intelectual;

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Deficiência Física ou Motora
uma disfunção física ou motora;
 causa congénita ou adquirida;
Afeta e impacta na mobilidade, locomoção, coordenação motora,
linguagem e escrita (dependendo da área afetada);

Pessoa com deficiência motora é “aquela que é portadora de deficiência


motora, de caracter permanente, ao nível dos membros superiores ou
inferiores, de grau igual ou superior a 60%” . Para além disso, para ser titular
deste nome, é necessário que essa deficiência dificulte, comprovadamente, a
locomoção na via pública sem auxílio de outrem ou recurso a meios de
compensação, bem como o acesso ou utilização dos transportes públicos.
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A deficiência física é uma limitação do funcionamento completo ou
parcial de partes do corpo humano, como os membros superiores e/ou
membros inferiores.

alteração completa ou parcial de um ou


mais segmentos do corpo humano

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A deficiência física compreende as condições de dificuldade na marcha,
na sustentação e no equilíbrio do corpo, da cabeça e na movimentação
dos membros superiores, em graus diferentes de comprometimento,
como paralisia (plegia) e falta de força (paresia).

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Tipos de Deficiência Física
Monoplegia (paralisia em um membro do corpo;
Hemiplegia (paralisia metade do corpo - hemisfério);
Triplegia (paralisia em 3 membros)
Paraplegia (paralisia da cintura para baixo);
Tetraplegia (paralisia do pescoço para baixo);
Amputação (falta de um membro);

PERDA TOTAL
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Deficiência Motora
Desvantagem resultante de perturbação ou incapacidade
(deficiência ou outro problema de saúde) que limita o desempenho
motor;
Impacto na mobilidade, vitalidade física e autoimagem;

A pessoa com deficiência motora é “a pessoa incapaz de assegurar pro


si mesmo, total ou parcialmente, necessidades individuais e sociais
normais”

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Tipos e categorias da Deficiência Motora
A Tipologia depende da origem
Encefálica (paralisia cerebral, esclerose múltipla)
Espinhal (poliomielite)
Muscular (distrofia muscular progressiva)
Osteo-articular (doenças ligadas com ossos, etc.)

A categoria enquadra e envolve conjunto de


sintomas
A paralisia cerebral;
Epilepsia;
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Nanismo;
A Paralisia Cerebral (PC) refere-se a
um grupo de desordens no
desenvolvimento do controlo motor
e da postura, como resultado de
uma lesão não progressiva aquando
do desenvolvimento do sistema
nervoso central.
A lesão pode ocorrer no nascimento,
anteriormente ou no período que se
segue. Não agrava, não progride,
mas causa limites na atividade.

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• A paralisia cerebral diz respeito à
lesão de uma ou mais áreas do
sistema nervoso central, tendo
como consequência alterações
psicomotoras.
• Não agrava, não progride, mas
causa limitações nas atividades
diárias das pessoas.

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Nanismo
deficiência no crescimento;

um transtorno que causa baixa


estatura (o corpo não cresce
nem se desenvolve);
Causa congénita ou adquirida;

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• 2 tipos:
1. Nanismo pituitário;
2. Acondroplasia (mais comum)-
desproporção entre partes do
corpo;

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Epilepsia
• É uma doença neurológica que envolve o sistema nervoso. Fala-se em
epilepsia quando ocorrem, pelo menos, dois episódios de convulsões
não relacionados com outro problema de saúde;
• Afeta diversas funções mentais e físicas;
• Aqui incluída por ser condição que mais conduz a deficiência física ou
motora;

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Pessoa Com
Mobilidade Reduzida
Considera-se uma pessoa com mobilidade
reduzida “aquela que, podendo não se
enquadrar no conceito de pessoa
portadora de deficiência, tenha, por
qualquer motivo, dificuldade de
movimentar-se, permanente ou
temporariamente, gerando redução
efetiva da mobilidade, flexibilidade,
coordenação motora e perceção”.

Causalidade congénita ou adquirida

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Visão
• Um dos órgãos dos
sentidos;
• Fundamental para o
ser humano no sentido
em que permite
COMUNICAR através
da compreensão do
mundo e atribuição de
significados aos
objetos, conceitos;
perceber o que está à
nossa volta; etc. 40
• A visão é a experiência sensorial
mais utilizada pelo ser humano
constituindo o elo integrador
entre os restantes sentidos.
• A visão, o mais dominante dos
nossos sentidos, desempenha um
papel crítico em todas as facetas e
fases das nossas vidas. Tomamos
a visão como garantida, mas sem
a visão, aprender a andar, a ler, a
participar da escola e a trabalhar
tornam-se muito mais difíceis.

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A capacidade visual depende de 5 fatores:
1. Acuidade visual – clareza de visão (aquilo que se olha e vê a
determinada distância);
2. Campo visual – amplitude da área de visão (aquilo que o nosso olho
vê quando fixamos um determinado ponto);
3. Visão binocular – ambos os olhos são utilizados conjuntamente;
4. Visão cores – a cor caracteriza-se por frequências que são
interpretadas pelo olhos (células fotorreceptoras: cones e
bastonetes) que são responsáveis por conseguirmos visualizar as
diferentes cores;
5. Adaptação à diferentes luminosidades - os olhos (pupila) adaptam-
se às diferentes frequências luminosas comprimindo ou dilatando
consoante a sensibilidade do ambiente ;
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Deficiência Visual
• Perda ou redução da capacidade visual em
ambos os olhos, com caracter definitivo, não
sendo suscetível de correção ou melhoria;
• Pode ser congénita (glaucoma congénito) ou
adquirida (catarata);

3 tipos essenciais:
1. Portadores de cegueira
2. Cegueira parcial ou visão monocular - a pessoa
ainda é capaz de distinguir luz e sombra);
3. Portadores de visão subnormal ou baixa visão
(limites dependem de outros fatores como
43 fusão, visão cromática, adaptação ao claro e
escuro, sensibilidade a contrastes, etc.);
A deficiência visual é a perda ou redução das funções básicas do olho e
do sistema visual que pode ser súbita e grave ou ser o resultado de
uma deterioração gradual;

A baixa visão define-se pelo comprometimento do funcionamento


visual dos olhos, mesmo depois de tratamento ou correção.
A cegueira caracteriza-se pela perda total da visão ou pouca capacidade
de ver “cegueira parcial”( quando os indivíduos apenas são capazes de
contar dedos a curta distância e os que só percebem vultos);
Mais próximos da cegueira total, mas ainda considerados com cegueira
parcial ou visão monocular, estão os indivíduos que só têm perceção e
projeção luminosas.

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• Cegueira – sem perceção da luz (tudo • Baixa Visão (alteração da capacidade
é escuro) funcional decorrente de fatores
Incapacidade total e irremediável de como a diminuição da acuidade
perceber qualquer tipo de luz e, assim, visual, sensibilidade aos contrastes
de cor, tamanho, distância, forma, entre outros limitações de outras
posição ou movimento de objetos. capacidades). Incapacidade de ver
com clareza;

Situação irreversível
Acuidade visual 0,3 a 0,05g (20/60)

Acuidade visual = ou < 0,05g


Visão normal (20/20)
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A deficiência visual é uma situação irreversível da diminuição da
resposta visual (40 a 60%) em virtude de fatores congénitos ou
adquiridos;

Varia de intensidade podendo ser classificada em:


i. Leve;
ii. Moderada; Baixa visão ou visão subnormal
iii. Profunda;
iv. Perda total;
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• Deficiência visual

• Doença ocular (alterações no olho causadas maioritariamente pelo


ambiente. É comum podendo conduzir a deficiência visual
Conjuntivite, olho seco,

• Problema ocular (defeitos refrativos – alterações na focagem)


Miopia, astigmatismo, estrabismo; hipermetropia;

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A baixa visão acomete a visão central e a visão periférica comprometendo
a sua funcionalidade ao nível da perceção, transmissão, discriminação.

Visão central é aquela na qual a imagem vai diretamente em uma


área chamada mácula (parte da retina). Essa visão é cheia de
detalhes.
Visão periférica é aquela que se forma fora da mácula, na periferia
da retina.
Essa visão é pouco rica em detalhes, percebe-se a presença dos
objetos e movimentos, mas nada nítido. É importante para se
locomover, principalmente à noite (com pouca iluminação).

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Visão Subnormal ou Baixa Visão - tipologia
• Perceção Turva (dificuldade de • Escotoma central e visão
perceção dos contrastes, cores, periférica (a retina periférica é
relevo e distâncias) que funciona não sendo tão
discriminativa. Baixa acuidade
visual)

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• Visão tubular (redução da visão
noturna e limitativa das
atividades de autonomia)

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Existem várias patologias que podem conduzir à baixa visão

o Atrofia do nervo ótico;


o Alta miopia;
o Cataratas congénitas;
o Degeneração macular;
o Glaucoma;
o Retinopatias;
o Outros;

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Como compensar…
• Baixa visão – lentes de aumento, lupas, telescópios;
• Cegueira – braille;

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A Audição

• É um dos órgãos dos sentidos;


• Importante para o
desenvolvimento do indivíduo
enquanto pessoa e sociedade
– papel essencial na
COMUNICAÇÂO humana (É
por meio da audição que o
indivíduo desenvolve as
habilidades para a fala e
linguagem.);
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O ouvido é o nosso sensor de som, tal como os olhos são o sensor de
luz.
Os dois ouvidos permitem-nos ter noção tridimensional do som ao
nível da sua intensidade (amplitude da onde sonora medida em
Decibel) e altura do som (frequência onda medida em hertz –HZ)

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Deficiência Auditiva
• Consiste na disacusias - perda parcial ou total da capacidade de ouvir;
• Mais conhecida por surdez;
• Causas congénitas e adquiridas (mais comuns – envelhecimento e ruídos);

As disacusias podem ser de vários níveis classificando-se em:


i. Leve (entre 20 e 40db);
ii. Moderada (entre 40 a 70db);
iii. Severa (entre 70 a 90db);
iv. Profunda (mais de 90db);
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A deficiência auditiva, normalmente conhecida como surdez, consiste
na perda parcial ou total da capacidade de ouvir, isto é, uma pessoa
que apresente um problema auditivo.
• É considerado surdo todo o indivíduo cuja audição não é funcional no
dia-adia, com ou sem prótese auditiva.
• Considerado parcialmente surdo todo aquele cuja capacidade de
ouvir, ainda que deficiente, é funcional com ou sem prótese auditiva.

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Diferença depende da profundidade perda
SURDEZ DEFICIENCIA AUDITIVA
Ausência de audição (capacidade Perda parcial ou total da
de ouvir e processar a informação capacidade de ouvir (escutar)
e espectro do som – cérebro)

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Tipologia de Deficiência Auditiva
A. Deficiência Auditiva Condutora ou Transmissão (a habilidade auditiva
para conduzir o som para o ouvido interno é  bloqueada ou reduzida
devido a lesão no ouvido externo ou médio. Afeta geralmente todas as
frequências sonoras);
B. Deficiência Auditiva sensório-neural ou perceção (danos nas células
sensoriais auditivas; nervo auditivo ou ouvido). A capacidade de
descodificação do som fica gravemente prejudicada.
A perda auditiva relacionada com a idade, conhecida também como
Presbiacusia é um tipo de perda auditiva sensorioneural e a 
perda auditiva induzida por ruído é uma perda auditiva permanente
causada por exposição prolongada a níveis altos de ruído);
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C. Deficiência Auditiva Mista (Uma combinação de perda auditiva
condutiva e perda auditiva sensório-neural, ou seja, afeta componentes
de transmissão ou perceção do som);
D. Deficiência/Disfunção Auditiva Central/surdez central (diferentes
graus de dificuldade na perceção e compreensão sonora)

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Para compensar o défice …que tecnologias e
suporte?
• Aparelhos auditivos;
• Implante coclear;
• Aparelho de caixa;

Aumentam SOM

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Para complementar ou substituir
• Intérpretes de Língua Gestual;
• Tradutores de discurso para texto;
• Legendas de televisão, vídeos e filmes;
• Telefones de texto;
• Computadores;
• Alarmes;

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Multideficiência
“conjunto de 2 ou mais
incapacidades ou diminuições de
ordem física, psíquica ou sensorial”

É mais do que a mera combinação de


deficiências constituindo-se como
um grupo heterogéneo uma vez que
as deficiências podem estar
relacionadas ou não e a pode
verificar-se prevalência de uma sobre
outra;
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Pessoa com multideficiência “apresenta acentuadas limitações no
domínio cognitivo, associadas a limitações no domínio motor e/ou no
domínio sensorial (visão ou audição), e que podem ainda necessitar de
cuidados de saúde específicos. Estas limitações impedem a interação
natural com o ambiente, colocando em grave risco o acesso ao
desenvolvimento e à aprendizagem”.

• as pessoas com multideficiência manifestam acentuadas limitações a


vários níveis, têm necessidades muito específicas e requerem apoio
permanente.

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• A tipologia depende das
áreas afetadas:
Sensorial/sensorial: surdo
cegueira;
Psíquica/sensorial:
deficiência mental +
surdez;
Física/sensorial: síndrome
dismórfico com alterações
oculares;
Física/psíquica;
Física/psíquica/sensorial;
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Multideficiência profunda
“Toda a pessoa que padeça de deficiência motora de caracter
permanente, ao nível dos membros inferiores ou superiores, de grau
igual ou superior a 60%, e contenha, cumulativamente outra deficiência
(sensorial, intelectual ou visual) de caracter permanente, resultando
num grau de desvalorização/incapacidade superior a 90%”

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A Cognição

• A cognição engloba
todos os processos
mentais do indivíduo
que estão na base do
seu conhecimento,
comportamento e
desenvolvimento;

68
A deficiência intelectual ou deficiência mental corresponde a
expressões como insuficiência, falta, falha, carência, imperfeição
associadas ao significado de deficiência (do latim deficientia) aplicadas
ao conceito de mente ou intelecto.

A principal característica da deficiência mental é a redução da


capacidade intelectual (QI), situada abaixo dos padrões considerados
normais para idade. O termo atual para sua designação é deficiência
intelectual.

69
• A deficiência mental não é igual
a doença mental

70
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a deficiência mental
é “uma interrupção ou desenvolvimento incompleto do funcionamento
mental, havendo alteração das faculdades que determinam o nível
global de inteligência (funções cognitivas, linguagem, motricidade e
capacidades sociais”.

71
Segundo o DSM-IV (Manual
Diagnóstico e Estatístico de
Transtornos Mentais), deficiência
mental é um ''estado de redução
notável do funcionamento intelectual
inferior à média, associado a
limitações pelo menos em dois aspetos
do funcionamento adaptativo:
comunicação, cuidados pessoais,
competências domésticas, habilidades
sociais, utilização dos recursos
comunitários, autonomia, saúde e
segurança, aptidões escolares, lazer e
trabalho‘’.

72
Deficiência Mental/Intelectual
• Caracterizada por limitações nas
habilidades mentais gerais. Essas
habilidades estão ligadas à inteligência,
atividades que envolvem raciocínio,
resolução de problemas e planeamento,
entre outras. 
• Pressupõe um funcionamento intelectual
(inteligência) inferior à média e com
limitações associadas à funcionalidade e
adaptação – limitação no desenvolvimento
das funções cognitivas necessárias para
compreender e interagir com o meio;
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Ao falar de deficiência mental temos, obrigatoriamente, de pensar em quociente de
inteligência, na medida em que esta deficiência interfere diretamente com o
funcionamento intelectual de qualquer ser humano.
De acordo com a Associação Americana para a Deficiência Mental e com Organização
Mundial de Saúde o resultado do teste de Q.I. traduz-se em cinco graus de deficiência
mental e distribuem-se em grupos:
• Limite ou bordeline:
QI - 68-85
•  Ligeiro:
QI - 52-67
• Moderado ou Médio:
QI - 36-51
• Severo ou Grave:
QI - 20-35
• Profundo:
QI - Inferior a 20
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A tabela foi desenvolvida segundo parâmetros da Organização Mundial
da Saúde (OMS), considerando o coeficiente de inteligência:
Entre 52 a 67: leve, com idade mental correspondente de 7 a 12 anos;
Entre 36 e 51: moderado ou médio, com idade mental correspondente
de 2 a 7 anos;
Entre 20 e 35: severo ou grave, com idade mental correspondente de 0
a 2 anos;
Menor de 20: profundo, com idade mental correspondente de 0 a 2
anos.

75
76
• A deficiência mental/intelectual tem implícito 2 fatores essenciais:
1. Funcionamento mental (QI) sendo que a deficiência é tipificada
quantitativamente atendendo a este fator;
2. Capacidade adaptativa e funcional (autonomia/independência que a pessoa
tem em realizar as suas tarefas quotidianas)
Com base esta avaliação qualitativa, a deficiência mental pode ser tipificada em:

Dependente
(sem capacidade ao Treinável
nível das AVD´s e
Comunicação) (capaz de aprender AVD´s básicas) Educável

(capaz de aprender)

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A deficiência mental/intelectual é um transtorno que
se caracteriza pelas limitações de um conjunto de
atividades adaptativas e necessárias que prejudicam
o comportamento, relações em geral, desempenho,
aprendizado, entre outros.

Existem algumas características específicas e comuns


na deficiência mental
Físico/Motor – falta de equilíbrio, dificuldade
locomoção, coordenação e manipulação;
Pessoais – ansiedade, falta autocontrole, tendência
para evitar fracasso, baixa resistência à frustração,
possível existência de perturbação psiquiátrica, fraco
controlo motor, etc;
Sociais – atraso evolutivo em diferentes áreas (jogo,
relações, etc.)
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Causalidade congénita (cromossómica ou genética) ou adquirida
(traumatismos, doenças – meningite, outros fatores ambientais como
abandono, negligência, maus-tratos, etc.).

De acordo com a etiologia, a deficiência mental/intelectual pode


tipificar se de várias formas
Trissomia 21 ou Síndrome de Down; Síndrome do X-frágil;
Atraso de desenvolvimento; Autismo; Perturbações do espectro do
autismo;

79
A palavra deficiência encontra-se normalmente associada ao conceito
de handicap, isto é, existe a ideia de que a deficiência se encontra
sempre relacionada com desvantagens e obstáculos, sendo percetível a
quantidade de barreiras e dificuldades que as pessoas portadoras de
deficiência se defrontam, sobretudo no seu meio ambiente que
condicionam invariavelmente a sua funcionalidade.

Assim é relevante perceber que a deficiência também é uma questão


de direitos humanos … PORQUÊ?

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Diariamente as pessoas portadoras de deficiência …
enfrentam desigualdades, por exemplo, quando elas tem negado o
acesso igualitário a serviços de saúde, emprego, educação, ou
participação política devido à sua deficiência.
estão sujeitas a violações da sua dignidade, por exemplo, quando são
sujeitas à violência, abuso, preconceito, ou desrespeito devido à sua
deficiência.
perdem sua autonomia, por exemplo, quando estão sujeitas a
esterilização involuntária, ou quando são confinadas em instituições
contra sua vontade, ou quando são vistas como legalmente
incompetentes devido à sua deficiência;

81
Mas que direitos têm as pessoas portadoras
de deficiência?

82
Os 10 principais direitos da pessoa portadora
de deficiência em Portugal
1.  Acesso a informação especializada sobre os seus direitos, benefícios e deveres – acesso a informação
sobre direitos, deveres, benefícios e recursos através do balcão de inclusão e encaminhamento para
outros serviços/organismos;
2. Direito a atendimento prioritário – desde que “grau de incapacidade igual ou superior a 60%”. Tem
exceções em serviços com marcação prévia, entidades prestadoras de cuidados de saúde, quando
esteja em causa o direito à proteção da saúde e acesso à prestação de cuidados e em conservatórias ou
outras entidades de registo, quando a alteração da ordem de atendimento possa colocar em causa a
atribuição de direitos ou vantagens decorrentes da prioridade do registo;
3. Direito a apresentar reclamações e queixas por discriminação – queixa no livro de reclamação devendo
ser auxiliado sempre que não o consiga fazer por si próprio;
4. Direito ao Regime do Maior Acompanhado - uma pessoa com deficiência, que por essa razão esteja
impedida de tratar de assuntos mais complicados, consiga fazer valer os seus direitos e a sua vontade
através de outra pessoa designada. Esta designação pode ser feita pela própria pessoa portadora de
deficiência ou tribunal;
5. Direito ao sistema de atribuição de produtos de apoio - objetivo compensar e atenuar as limitações de
atividades das pessoas com deficiência ou incapacidade temporária através da atribuição de produtos
83
de apoio e ao seu financiamento;
6. Direito a acompanhamento e apoio na área do ensino e formação (Idade Escolar
Direito à Educação Inclusiva – aprender com qualidade beneficiando de praticas
pedagógicas atentas às suas necessidades individuais em correlação com a sua
participação ativa na escola; Idade Pós-escolar Transição para a vida pós-escolar –
planear projeto de vida futuro; Acesso e apoio ao ensino superior para jovens com
deficiência – concursos especiais e atribuição de bolsas;
7. Direito a medidas específicas que melhoram o acesso ao mercado de trabalho -
 perfil de empregabilidade da pessoa com deficiência e plano pessoal de emprego;
8. Direitos no local de trabalho para as pessoas com deficiência em Portugal –
alteração/redução horário, jornada contínua, faltar sem prejuízo para tratamentos,
faltar sem prejuízo por motivo de doença desde que decorra da sua condição e
adaptação posto trabalho;
9. Direitos das pessoas com deficiência em relação aos transportes – prioridade e
prestação de assistência;
10. Modelo de Apoio à Vida Independente para pessoas com deficiência – melhorar
a inclusão; 84
• Os direitos da pessoa portadora
de deficiência abarcam assim 5
eixos essenciais:
a. Educação (intervenção precoce,
resposta educativa);
b. Discriminação;
c. Trabalho e Emprego ;
d. Proteção Social;
e. Tecnologias e equipamentos;

85
Princípios consignados no Regime Jurídico da Prevenção,
Habilitação, Reabilitação e Participação da Pessoa com
Deficiência:

Princípio da Singularidade: À pessoa com deficiência é reconhecida a singularidade, devendo a sua abordagem ser feita de
forma diferenciada, tendo em consideração as circunstâncias pessoais;

Princípio da Cidadania: A pessoa com deficiência tem direito ao acesso a todos os bens e serviços da sociedade, bem como o
direito e o dever de desempenhar um papel ativo no desenvolvimento da sociedade;

Princípio da Não Discriminação: A pessoa não pode ser discriminada, direta ou indiretamente, por ação ou omissão, com
base na deficiência. A pessoa com deficiência deve beneficiar de medidas de ação positiva com o objetivo de garantir o
exercício dos seus direitos e deveres corrigindo uma situação factual de desigualdade que persista na vida social;

Princípio da Autonomia: A pessoa com deficiência tem o direito de decisão pessoal na definição e condução da sua vida 

Princípio da Informação: A pessoa com deficiência tem direito a ser informada e esclarecida sobre os seus direitos e deveres;

86
Princípio da Participação: A pessoa com deficiência tem o direito e o dever de participar no planeamento,
desenvolvimento e acompanhamento da política de prevenção, habilitação, reabilitação e participação da pessoa com
deficiência;

Princípio da Globalidade: A pessoa com deficiência tem direito aos bens e serviços necessários ao seu desenvolvimento ao
longo da vida;

Princípio da Qualidade: A pessoa com deficiência tem o direito à qualidade dos bens e serviços de prevenção, habilitação
e reabilitação, atendendo à evolução da técnica e às necessidades pessoais e sociais;

Princípio do Primado da Responsabilidade Pública: Ao Estado compete criar as condições para a execução de uma política
de prevenção, habilitação, reabilitação e participação da pessoa com deficiência;

Princípio da Transversalidade: A política de prevenção, habilitação, reabilitação e participação da pessoa com deficiência
deve ter um carácter pluridisciplinar e ser desenvolvida nos diferentes domínios de forma coerente e global;

Princípio da Cooperação: O Estado e as demais entidades públicas e privadas devem atuar de forma articulada e cooperar
entre si na concretização da política de prevenção, habilitação, reabilitação e participação da pessoa com deficiência;

Princípio da Solidariedade: Todos os cidadãos devem contribuir para a prossecução da política de prevenção, habilitação,
reabilitação e participação da pessoa com deficiência.
87
Deficiência
Conceito ainda ligado ao estigma, preconceito, a uma representação
social conotada negativamente e onde muitas vezes os direitos são
violados

Importa sim tentar compreender o que é a deficiência, o que implica, o


que significa e como se adquire… e a importância de INCLUIR …

88
Incluir quer dizer fazer parte, inserir,
introduzir

Inclusão
1. ato ou efeito de abranger, compreender ou integrar
2. ato ou efeito de inserir ou acrescentar

A inclusão é um pilar na promoção da dignidade humana, como refletido na


Declaração Universal dos Direitos Humanos.

Inclusão significa que as necessidades de todas as pessoas são respeitadas e


que todos tenham acesso às mesmas oportunidades para …viver, brincar e
aprender.
89
A inclusão exigiu uma mudança de paradigma

Deficiência/Incapacidade Pessoa com …

Motivo de preconceito sujeito de direitos


Discriminação participação, aceitação
Marginalização respeito pela diferença
Alienação

90
Mas há que distinguir conceitos …
Separar
Por de parte
Marginalizar
Desigualdade
Preconceito
Renegação

Normalizar diferença
Reconhecimento e
tornando parte
valorização da
(aceder
diversidade como
superficialmente)
um Direito
mas sem concessão
Humano
de direitos

91
• Existem 2 tipos essenciais de inclusão:
1. Inclusão Social: equilibrar/reduzir desigualdades (deficiência, etnias,
géneros, etc.);
2. Inclusão Educativa: que resulta da educação inclusiva (a escola deve
solucionar problemas e desigualdades sociais que resultam da
diversidade;
Aqui enquadram-se as Necessidades Educativas Especiais (NEE) onde a
escola tem um papel essencial na estruturação de uma resposta
educativa adequada

92
• Uma sociedade inclusiva promove e sustenta um sentimento de
pertença; valoriza a diversidade; pratica o respeito pelas origens e
modos de vida de seus membros; e procura que todos possam ter
acesso a bens e serviços em igualdade de oportunidades.

• o principal objetivo da inclusão social é permitir que todos os


cidadãos, independentemente da sua situação de vida no momento,
tenham acesso a serviços como saúde, educação, lazer, cultura,
emprego, moradia, entre outros.

93
• A Inclusão Educativa ou “escola para todos” apoia a educação para todos
conferindo à diferença/diversidade um estatuto pedagógico e de cidadania
(todos têm direito a uma resposta educativa num ambiente regular,
normativo, indiferenciado que fomente as suas reais necessidades,
capacidades e habilidades);

Declaração de Salamanca
“O princípio fundamental das escolas inclusivas consiste em todos os alunos
aprenderem juntos, sempre que possível, independentemente das dificuldades
e das diferenças que apresente. Estas escolas devem reconhecer e satisfazer as
necessidades diversas dos seus alunos, adaptando-se aos vários estilos e ritmos
de aprendizagem, de modo a garantir um bom nível de educação para todos,
através de currículos adequados, de uma boa organização escolar, de
estratégias pedagógicas, de utilização de recursos e de uma cooperação com
as respetivas comunidades. É preciso, portanto, um conjunto de apoios e de
serviços para satisfazer o conjunto de necessidades especiais dentro da escola”.94
A educação Inclusiva, de acordo com a Declaração de Salamanca, adota
estratégias de intervenção que promovem a educação de todas as
crianças com sucesso, assume e aceita as diferenças humanas como
“normais”, pelo que, se torna necessária e importante uma mudança
de atitudes que levem à criação de uma sociedade mais inclusiva,
humanizada e acolhedora.

Terminologia NEE ao invés de “criança especial ou diferente”


Não abarca apenas a diferença ao nível da deficiência mas todas as
diferenças (criança com algum tipo de necessidade)
95
A Educação Inclusiva propõe:
desenvolver processos de adaptação perante os vários estilos e
ritmos de aprendizagem;
 criar e implementar currículos adequados à população escolar;
organizar a escola de forma a responder às necessidades de todos os
alunos;
equacionar estratégias pedagógicas diversificadas e que impliquem
atividades funcionais e significativas para os alunos;
desenvolver processos de cooperação/colaboração com a
comunidade em que a escola se insere;
utilizar e rentabilizar recursos humanos e materiais existentes”

96
• Educação Inclusiva significa pensar uma escola em que é possível o
acesso e a permanência de todos os alunos e onde os mecanismos de
seleção e discriminação, até então utilizados, são substituídos por
procedimentos de identificação e remoção das barreiras para a
aprendizagem

97
• A educação especial responde às NEE tendo necessariamente de se
adaptar às reais necessidades de quem dela careça criando respostas
específicas;
Quando falamos em Necessidades Educativas
Especiais há que refletir em tudo o que
engloba a inclusão de uma criança "diferente"
no contexto. É necessário elaborar um plano
para que todo o potencial dessa criança seja
trabalhado e estimulado mas também é
importante que esta se sinta como parte
integrante do grupo. 
98
O processo de inclusão educativa pressupõe a relação entre a família, a
escola (professores/profissionais) e a própria sociedade não podendo
desligar-se desta tríade;

Família – importante relação com espaço educacional sendo o principal e


primeiro agente educativo (1ª instituição social onde o individuo
desenvolve habilidades, competências específicas) “A família, espaço
educativo por excelência

A família, espaço educativo por excelência


99
• De acordo com os princípios da inclusão, se queremos que estas
crianças e jovens tenham as mesmas oportunidades que qualquer
outra pessoa, devemos, desde o início da sua integração social,
forçosamente, envolver as suas famílias nas estratégias que
promovem o sucesso da sua inclusão escolar

100
• Quando se trata das famílias das pessoas portadoras de deficiencia,
não chega estimular a sua participação e colaboração nesse processo
educativo, é necessário também intervir no seu seio, de modo a
prestar-lhes um apoio constante a todos os níveis, nomeadamente,
psicológico, emocional, pedagógico e social.

101
• É um grande desafio aos professores o processo de inclusão dos alunos com
necessidades educacionais especiais, pois cabe a eles construírem novas propostas
de ensino, atuar com um olhar diferente em sala de aula, sendo o agente
facilitador do processo de ensino-aprendizagem
• cabe aos professores procurar novas posturas e habilidades que permitam
problematizar, compreender e intervir nas diferentes situações que se deparam,
além de auxiliarem na construção de uma proposta inclusiva, fazendo com que
haja mudanças significativas pautadas nas possibilidades e com uma visão positiva
das pessoas com necessidades especiais. O professor deverá promover um ensino
igualitário e sem desigualdade, já que quando se fala em inclusão não estamos
falando somente nos deficientes e sim da escola também, onde a diversidade se
destaca por sua singularidade, formando cidadãos para a sociedade.

102
• uma sociedade inclusiva plasma o acesso e exercício aos direitos e
deveres de cidadania que habilitam cada pessoa na comunidade, em
todos os Estados de Direito democráticos. A cidadania é exercida em
igualdade, equidade e com garantia de não discriminação, permitindo
a participação plena em todos os domínios da vida.

103
• A capacidade para o acesso ao exercício dos direitos e deveres e de inclusão
plena passa pela educação adequada às caraterísticas e especificidades de
cada pessoa, em qualquer nível de ensino, convocando igualmente ao
trabalho em condições de igualdade e com dignidade, livremente escolhido,
o acesso à formação profissional e à qualificação e ao desenvolvimento do
potencial e à garantia de reabilitação vocacional e profissional. Uma
sociedade inclusiva prevê sistemas de apoio financeiro, serviços de apoio
social, de saúde e de reabilitação de qualidade, ajustados às necessidades
de cada pessoa e às especificidades do ciclo de vida em que se encontra,
privilegiando a autonomia e a garantia da autodeterminação das pessoas
com deficiência, contribuindo para a construção de comunidades mais
resilientes e inclusivas.
104
• Consideramos o Cuidar uma acção humana mobilizadora, que, no
fundo, se traduz no respeitar o sofrimento, os princípios, os valores e
a dignidade do dependente, enquanto pessoa singular, proporcionar-
lhe melhor qualidade de vida e, simultaneamente, ter qualidade de
vida enquanto cuidador. Implica entrega, dedicação, empenho,
criatividade, no sentido duma (re)construção e actuação conjunta, do
dependente, do cuidador, da rede de apoio, simultaneamente
racional e afectiva, plena de significados e sentimentos de todos os
envolvidos. Cuidar é de todos e para todos,

105
• São múltiplas e diferenciadas as razões ou motivações que levam
alguém a cuidar informalmente de outrem em situação de
dependência. Ricarte (2009), defende cinco razões principais: o amor,
a gratidão (noção de dever, pressão social, modelo da família
tradicional), a moralidade (dever moral, expectativas sociais,
sentimento de reciprocidade), a solidariedade (laços afectivos) e a
vontade própria. A

106
• Cuidar implica que os cuidadores prestem ao dependente, cuidados de vária
ordem: instrumentais e expressivos. Os primeiros podem ser de natureza
física (higiene, alimentação, vestuário, eliminação, mobilização), técnica
(terapêuticos, curativos, preventivos) e outros mais práticos (vigilância,
acompanhamento a consultas, gestão financeira, da medicação e do lar). Os
cuidados expressivos, são sobretudo os cuidados afectivos
(companheirismo, conforto, carinho, satisfação da vontade e das
necessidades) e relacionais (convívio e estimulação social, distracção,
comunicação e individuação dos cuidados). Portanto, cuidar ou apoiar
orienta-se para o colmatar de necessidades fisiológicas, psicológicas e
sociais da pessoa dependente, assumindo-se uma visão holística da mesma,
como um ser biopsicossocial
107
• assumimos que os apoios formais remetem para a prática de cuidados estruturados que
implicam procedimentos planeados, a organização de actividades cuidativas e a mobilização de
recursos diversos, apresentando-se sob a forma de prestação de um serviço de apoio, de
saúde, social, domiciliário ou outro, que pressupõe regras de mercado, em termos de
quantidade, qualidade e custo, orientando-se ou não para o lucro. Já os apoios informais estão
assentes no princípio da dádiva e da solidariedade social, considerados assim como “toda a
prestação de bem ou serviço efectuada sem garantia de retorno, com vista a criar, alimentar ou
recriar o vínculo social entre as pessoas” (Caillé, como citado em Portugal, 2006, p.64), nos
quais “… a quantidade e a qualidade das prestações não são fixadas por uma negociação
explícita, mas antes por um código implícito de honra e generosidade que penaliza socialmente
aqueles que lhe fogem.” (Portugal, 2006, p.65) A prestação de cuidados informais é uma prática
profundamente enraizada nos valores culturais da sociedade portuguesa, na sua dimensão
afectiva de apoio psicológico e na dimensão instrumental de ajuda física, fazendo com que “… o
nosso país seja enquadrado no modelo de protecção social do Sul, que atribui um papel
fundamental à família na produção de bem-estar…

108
• Quando se fala da dependência, não se pode deixar de salientar os
seus impactos.
• os impactos da dependência atingem um vasto leque de aspectos da
vida familiar e potenciam o sofrimento em termos de aumento da
sobrecarga e perda de qualidade de vida. São impactos de natureza
psicossocial, na saúde física, socioeconómicos e situacionais.
• é saber se o cuidador principal e a família tem capacidade para
suportar as exigências do cuidar e mais encargos do que os que já
suporta e se é possível e ético exigir-lhes mais do que já praticam.

109
• fala na sobrecarga da família/ cuidador principal nas vertentes:
sensação de sobrecarga; abandono do autocuidado; medo de prestar
cuidados e em relação ao futuro do seu familiar; perda de papéis
(familiar, sociais); alteração económica; sentimento de culpa por
sentir não poder fazer mais pelo seu familiar.

110
• A sobrecarga objectiva resultante da prática dos cuidados “… definida como toda a
alteração observável e verificável …” (Ricarte, 2009, p.47), “… se refere às consequências
negativas concretas e observáveis resultantes da presença do (…) [dependente] na
família” (Bandeira & Barroso, 2005, p.37), remete para “… acontecimentos (…)
directamente associados ao desempenho desse papel como exemplo (restrição de tempo,
maior esforço físico, gastos económicos, alterações no bem-estar psicológico, fisiológico,
social e económico).” (Ferreira, 2009, p.69). E a sobrecarga subjectiva relacionada com a
percepção da primeira, manifesta-se “… através de stress ou sofrimento.” (Ricarte, 2009,
p.47), “… se refere à percepção ou avaliação pessoal do familiar [cuidador] sobre a
situação, envolvendo ainda a sua reacção emocional e seu sentimento de estar sofrendo
uma sobrecarga, atribuída por ele à presença do (…) [dependente] na família” (Bandeira &
Barroso, 2005, p.38), diz respeito “… aos sentimentos e atitudes inerentes às tarefas e
actividades desenvolvidas no processo de cuidar. (…) mais associada (…) às características
do cuidador.”

111
• São diversas as necessidades ou dificuldades que se deparam ao
cuidador na sua actividade de cuidar, “… de ordem física, social,
emocional, económica, espiritual …” (Ferreira, 2009, p.68) e estão
desde logo relacionadas com o tipo e grau de dependência da pessoa
ao seu cuidado, com factores externos e internos ao cuidador “…

112
• Assumimos como aspectos capazes de despoletar mais stress no cuidador
na sua actividade de cuidar: os cuidados directos, contínuos e intensos de
vigilância e tratamento; a falta de informação acerca das razões da
dependência e sobre como cuidar / tratar / lidar com a dependência e o
dependente; a sobrecarga de tarefas como cuidador principal, o aumento da
responsabilidade como único cuidador e as dificuldades relacionais ou
conflitos na família; a dificuldade de adaptação às exigências do cuidar em
termos de Tempo, de disponibilidade emocional, de competências,
conhecimentos e capacidades técnicas, de recursos económicos, de
recursos/ ajudas técnicas, de adaptações ambientais, de quebras de rotina
diária familiar e de rotina diária social, de experiência pessoal em cuidar e
de história relacional com o dependente.
113
• os cuidadores estão sujeitos a um stress muito especial que implica
riscos. São pessoas que apresentam uma morbilidade superior à dos
indivíduos da mesma idade não sujeitos a tal sobrecarga. Sofrem a
vivência frequente de sentimentos negativos, de preocupação constante
e, por isso, tendem a desenvolver doenças psíquicas, sobretudo quadros
depressivos, ansiógenos e outros sintomas psicopatológicos, sintomas
fisiológicos como alterações do sistema imunitário, problemas de sono,
fadiga crónica, hipertensão arterial e outras alterações cardiovasculares.
Deste modo, os próprios cuidadores, necessitam de estratégias para lidar
com a sua realidade e, ao mesmo tempo, devem desenvolver uma
consciência dos factores de risco “…

114
• faz referência a várias repercussões para os cuidadores principais que
advêm da tarefa de cuidar. São elas de natureza física (fadiga/ cansaço
/ esgotamento físico, perturbação do repouso/ sono, alterações de
saúde), psicológica (stress – prolongado envolvimento na prestação
de cuidados, preocupação, ansiedade, depressão) e sócio-profissional
(isolamento e alteração das rotinas relacionais/ de convívio/ de
autocuidado, renúncia/ mudança/ falta de assiduidade em relação ao
emprego, comprometimento da vida social por falta de tempo de
lazer e convívio ou devido a sentimentos de culpa e abandono).

115

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