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APOSTILA DO

CUIDADOR

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Anotações:
O PAPEL DO CUIDADOR

Caro cuidador, cuidar significa ter uma atitude constante de ocupação,


preocupação, responsabilidade, envolvimento e ternura para com o semelhante.
Requer, por isso, estar atento às necessidades de outra pessoa e auxiliar com solicitude,
tratando a bem.
Todo ser humano necessita ser cuidado ao longo de toda a vida, em maior ou menor
intensidade e de diversas maneiras, conforme a fase da vida e as circunstâncias pessoais.
Ao mesmo tempo, todas as pessoas cuidam de outras também, de forma natural e
espontânea, pois o cuidado é essencial ao desenvolvimento de quem o oferece e de
quem o recebe.
Cuidar é, portanto, algo natural do ser humano, que pode passar a constituir um
papel social, como por exemplo, o de mãe ou de pai ou mesmo uma profissão: a de
cuidador.
Em 1999, a Portaria Interministerial nº 5.153 instituía o primeiro Programa Nacional
de Cuidadores de Idosos, coordenado por uma comissão composta pela Secretaria de
Estado de Assistência Social do Ministério da Previdência e Assistência e pela Secretaria
de Políticas de Saúde do Ministério da Saúde, com o intuito de formar cuidadores em
todo o território nacional (Groisman, 2013).

Foi graças a esse programa que, em 2002, o Ministério do Trabalho e Emprego


incluiu, na Classificação Brasileira de Ocupações (CBO), a ocupação de cuidador de
idosos, sob o código 5162. (GG DEBERT, 2015)

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária define cuidador de idosos como a "pessoa


capacitada para auxiliar o idoso que apresenta limitações para realizar atividades da vida
diária" (ANVISA, 2005).

Como toda profissão, cuidar é uma tarefa a ser aprendida e aprimorada ao longo do
tempo. Portanto, para ser cuidador, é necessário primeiro, conhecer os aspectos
normativos e conceituais que envolvem a profissão, além de adquirir habilidades
práticas, como por exemplo, auxiliar no banho, conduzir uma cadeira de rodas ou cuidar
de um aparelho auditivo.
Vale ressaltar que cuidar é algo dinâmico e complexo, que varia conforme as
necessidades individuais de cada um, que por sua vez variam ao longo do tempo. É
fundamental que o cuidador saiba atender a cada idoso conforme suas características
próprias, valorizando sua história de vida, preferências e interesses. É preciso, ainda,
estar atento às possíveis mudanças no estado psicológico e de saúde de cada idoso com
o passar do tempo.

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Dentre as tarefas realizadas pelo cuidador, citamos algumas:
o Prestar cuidados essenciais e elementares à manutenção do bem-estar do
indivíduo, que compreende aspectos pessoais como: banho, vestimenta, higiene
e alimentação.
o Proporcionar conforto/bem-estar físico e psíquico.
o Auxiliar nas atividades básicas e instrumentais da vida diária, estimulando
independência e autonomia.
o Auxiliar na mobilidade.
o Estimular comunicação: conversar, valorizar o que diz, ajudar a mantê-lo
informado dos acontecimentos
o Acompanhar/estimular em atividades sociais, culturais e de lazer.
o Acompanhar em consultas médicas e terapias, exames, procurando seguir as
orientações dadas pelos profissionais de saúde.
o Estimular a participação e relacionamento social, bem como das funções
motoras cognitivas (sob orientação profissional).
o Auxiliar manutenção dos pertences dos idosos.
o Monitorar adequação do ambiente.
o Estimular a autoconfiança, valorização e aceitação do idoso.
o Observar alterações (de saúde e comportamento) dos idosos, registrá-las e
informar ao familiar ou profissional de saúde responsável pelo idoso.

Dentre as atribuições do cuidador, destacamos:

o Manter capacidade e preparo físico, emocional e espiritual


o Cuidar da sua aparência e higiene pessoal
o Demonstrar educação e boas maneiras
o Adaptar-se a diferentes estruturas e padrões familiares e comunitários
o Respeitar a privacidade da CJAI
o Demonstrar sensibilidade e paciência
o Saber ouvir
o Perceber e suprir carências afetivas
o Manter a calma em situações críticas
o Demonstrar discrição
o Observar e tomar resoluções
o Em situações especiais, superar seus limites físicos e emocionais
o Manter otimismo em situações adversas

O uso do caderno/agenda
É muito importante que o cuidador tenha um caderno/agenda para que anote tudo
o que acontece com o paciente, desde alterações básicas no comportamento,
alimentação e etc, como também a evolução, quedas, acidentes e toda a rotina do idoso,
caderno/agenda deve ser individual para cada paciente.

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Adotar essa medida, garante segurança quanto ao que acontece no seu plantão,
além de ficar mais organizado na hora da consulta, ao passar alguma informação para o
médico ou para a família.
Concluímos, conforme exposto anteriormente, que o papel do cuidador é de
fundamental importância no atendimento às necessidades cotidianas do idoso, no
seguimento das orientações para sua saúde, bem-estar, segurança e conforto e ainda
no respeito e estímulo à sua autonomia e independência.
De fato, no atendimento ao idoso temos o objetivo de mantê-lo o mais ativo e
independente possível por mais tempo, e promover a autonomia, ou seja, possibilitar
que o indivíduo faça escolhas e que estas sejam respeitadas. Nesse sentido, o cuidador
deve garantir a prestação de auxílio necessário, mas estimular a independência e
autonomia, o que na prática significa respeitar as opiniões, preferências e decisões do
idoso, sempre que isso não acarrete nenhum risco para ele, motivar o idoso a se manter
ativo e participante no seu círculo social; e permitir que se esforce para realizar tarefas
cotidianas com o menor auxílio possível, pois quanto mais o idoso exercita uma
habilidade, mais ele mantém essa habilidade preservada.
A seguir, serão expostos os conceitos de autonomia e independência:

AUTONOMIA INDEPENDÊNCIA

Autogoverno, liberdade individual, Capacidade de viver sem ajuda nas


privacidade, livre escolha e atividades de subsistência básica, no
independência moral. A capacidade de o domicílio e na comunidade, dependendo
indivíduo fazer escolhas sobre as das demandas do meio ambiente.
questões relacionadas à sua vida.

As condições de autonomia, independência e dependência envolvem uma relação


dinâmica expressa de forma diferente nas diversas fases do desenvolvimento da pessoa
(infância, juventude, vida adulta e velhice) e circunstâncias sociais e de saúde. Por isso
devemos prestar atendimento considerando as necessidades individuais de cada idoso,
garantindo que desenvolva suas atividades cotidianas de forma segura e satisfatória,
preservando sua identidade e privacidade.
Numa instituição de longa permanência para idosos, há residentes com diversas
necessidades e graus de dependência, de tal maneira que os cuidadores devem prestar
auxílio proporcional às necessidades de cada um.
Em instituições grandes, é importante que cada idoso seja avaliado por profissional
competente e o gerenciamento de recursos humanos, bem como a organização de
rotinas de cuidados e de atividades sejam dimensionados de acordo com o grau de
dependência do grupo de idosos.
Os cuidadores familiares e os profissionais que atendem em domicílio geralmente
cuidam de apenas um idoso, porém como o envelhecimento é um processo dinâmico, é

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importante observar, ao longo do tempo, possíveis mudanças nas necessidades e
mesmo no grau de dependência do idoso.

COMO AVALIAR O GRAU DE DEPENDÊNCIA DO IDOSO


Com o processo de envelhecimento o idoso pode adquirir limitações para execução
de atividades simples como banhar-se sozinho ou escovar os dentes e essas limitações
pode ser avaliado com algumas escalas dentre as mais usadas podemos ressaltar a
Escala de Katz.
A ANVISA (2005) define a dependência como "condição do indivíduo que requer o
auxílio de pessoas ou de equipamentos especiais para a realização de atividades da vida
diária". Os graus de dependência são os seguintes:

GRAU DE DEPENDÊNCIA I GRAU DE DEPENDÊNCIA II GRAU DE DEPENDÊNCIA III

Idosos dependentes, Idosos com dependência idosos com dependência


mesmo que requeiram uso em até três atividades de que requeiram assistência
de equipamentos de autocuidado para a vida em todas as atividades de
autoajuda; diária tais como: autocuidado para a vida
alimentação, mobilidade, diária e ou com
higiene; sem compromisso comprometimento
cognitivo ou com alteração cognitivo.
cognitiva controlada;

Indivíduo autônomo - é aquele que detém poder decisório e controle sobre sua vida.
Outro modo semelhante de se classificar o grau de dependência é o que
apresentaremos a seguir, comentando brevemente qual a atuação correspondente do
cuidador.
Independente - Idosos que realizam as atividades de vida diária sem auxílio, mesmo
que requeiram uso de equipamentos de autoajuda.
Atuação geral do cuidador: oferecer auxílio na execução das atividades quando
perceber dificuldade e informar equipe; estar atento para dificuldades mentais, sociais
e emocionais; auxiliar na manutenção de ambiente organizado e seguro, e que favoreça
a execução das atividades; auxiliar na divulgação sobre atividades oferecidas pela
instituição e acompanhar até os diferentes locais da instituição aqueles que precisarem.
Semi-dependentes - Idosos com dependência em até três atividades de
autocuidado para a vida diária tais como: alimentação, mobilidade, higiene; sem
comprometimento cognitivo ou com alteração cognitiva controlada.
Atuação geral do cuidador: população com maior risco, dobrar a atenção! Oferecer
a quantidade de auxílio necessária e estimular a manutenção das funções; informar a
equipe sobre alterações observadas; auxiliar na manutenção de ambiente organizado e
seguro, e que favoreça a execução das atividades, auxiliar na divulgação sobre atividades

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oferecidas pela instituição e acompanhar até os diferentes locais da instituição aqueles
que precisarem.
Dependentes - Idosos com dependência que requeiram assistência em todas as
atividades de autocuidado para a vida diária e ou com comprometimento cognitivo.
Atuação geral do cuidador: estar atento para não subestimar a capacidade do idoso;
estimular a participação, mesmo que não seja possível realizar a tarefa completa
sozinho; é necessário "ser" para o idoso as funções que estão comprometidas: crítica,
percepção do meio, etc; manter o ambiente organizado e seguro, e que favoreça a
execução das atividades; buscar manter na rotina não só as atividades de autocuidado,
mas também estimular o convívio social e a participação nas atividades voltadas para
este público e em outras orientadas pela equipe, sempre acompanhar aos diferentes
locais da instituição.
Cada idoso irá atribuir um significado ao seu processo de envelhecimento e às
possíveis limitações e dependência para realizar suas atividades cotidianas. Isto
dependerá de características da personalidade e história de vida, do suporte social, do
seu quadro clínico e de recursos econômicos e sociais que se dispõe.
De acordo com a forma que este idoso encara suas dificuldades e com as limitações
reais que apresentar, ele pode precisar de mais ou menos auxílio, e o cuidado oferecido
terá características diferenciadas, podendo variar em tipo e intensidade. É o que
comentaremos a seguir, recordando, antes que, de forma geral, devemos sempre
estimular que o idoso busque utilizar todas as funções preservadas, pois assim
estaremos auxiliando-o a manter-se mais ativo e evitar um declínio ainda maior de sua
capacidade funcional.

TIPOS DE CUIDADOS
o Físicos: quando é preciso utilizar seus movimentos e força para auxiliar o idoso
a executar uma tarefa. Ex: empurrar cadeira de rodas, auxiliar na transferência,
ofertar dieta, trocar fralda.

o Cognitivos: quando é preciso orientar e auxiliar na tomada de decisões para o


idoso executar uma tarefa. Ex: lembrar o idoso de qual atividade ele precisa
executar naquele momento, como refeições, tomar banho ou ir ao médico.

o Sociais e emocionais: além de cuidar para que o idoso realize as atividades de


autocuidado, o cuidador também oferece cuidado nos aspectos sociais e
emocionais. Ex: conversar com o idoso sobre assuntos gerais, estimular que
participe dos passeios, eventos sociais e atividades de lazer, oferecer um sorriso
e uma palavra de conforto quando estiver chateado. Afinal os profissionais
acabam se tornando as pessoas de convivência diária desses idosos, e é possível

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manter uma relação afetiva e social sem perder o profissionalismo e o foco no
seu papel.
Intensidade dos cuidados
o Sem auxílio: idoso realiza a atividade por iniciativa própria e o faz de forma
segura e eficiente, com independência.

o Supervisão: idoso precisa de alguém próximo a ele enquanto executa uma


tarefa, para lembrá-lo do que precisa ser feito, preparar o ambiente ou para
certificar-se de que o desempenho foi satisfatório. Não é preciso tocar no idoso.

o Auxílio parcial: já é necessário tocar no idoso para auxiliá-lo na execução de uma


tarefa, mas ele executa a maior parte do esforço. Auxílio total: quando é preciso
executar toda ou mais da metade da tarefa pelo idoso. O maior esforço é do
cuidador.
É possível através do acompanhamento médico e multidisciplinar, estabelecer
orientações específicas que guiem o cuidador/familiar a auxiliar e estimular cada idoso
dentro de suas particularidades e fases. A orientação geral é sempre "fazer junto com o
idoso, ou seja, compensando pelas suas limitações, e não "fazer pelo" idoso, ou seja,
sem que esteja participando também ativamente, e o máximo que puder da tarefa. A
proposta principal é que o conhecimento sobre o processo de envelhecimento e a
aquisição de habilidades para o manejo dos idosos permitam ao cuidador desenvolver
seu trabalho com maior qualidade e evitando sobrecarga.

Importante para atuação do cuidador:


o Promover a autonomia e independência e minimizar o impacto negativo que a
aquisição de dependência pode ter sobre o idoso.
o Garantir a oferta de cuidados na intensidade necessária ao idoso.
o Evitar desestímulo ou comportamento dependente do idoso.

Depoimento do cuidador:
O fato de pôr a mão nas costas, o idoso já se refere: "não preciso de ajuda, vou sozinho".

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SEGURANÇA DO IDOSO
É de suma importância abordar aqui sobre a prevenção dos idosos, tanto em casa,
na rua, nos parques e no telefone.
Prevenção em casa
o Lembre sempre de trancar portas e janelas;
o Janelas perto da porta;
o Jamais abra a porta sem ter certeza de quem bate;
o Guarde seu dinheiro em lugar seguro;
o Procure manter contato regular com vizinhos;
o Tenha um telefone no seu quarto;
o Esteja sempre atento (a) ao entrar e sair de sua residência.

Prevenção na rua
Ir ás ruas é o momento em que se requer mais atenção!
o Como os delinquentes escolhem suas vítimas: de acordo com a facilidade que
cada um deles tenha a oferecer naquele exato momento.
o Procure sempre andar acompanhado(a);
o Nunca aceite ajuda de estranhos;
o Sempre esteja atento(a) ao que acontece ao seu redor;
o Deixe gravados no seu celular números de emergência;

Prevenção no banco

É muito comum hoje em dia vermos muitos idosos caindo em diversos golpes, é
importante que você, cuidador, conheça e previna o seu paciente. Listemos abaixo
alguns deles:

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Deixando objetos caírem Golpe nas compras

Golpe da abordagem Até onde você menos imagina!

Golpe utilizando a pessoa idosa Golpe da Cirurgia

Golpe do SMS que anuncia prêmio Golpe da bolsa aberta

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Golpes envolvendo a previdência Golpe no transporte público

Golpe do falso prestador de serviço Golpe do Falso sequestro

Golpe do bilhete de loteria

Segurança contra acidentes


o A instalação de corrimão; o Desligue o gás no botijão ou na fonte;
o Evitar manter tapetes; o Use algum tipo de despertador ou
o Fazer caminhadas e exercícios físicos; cronômetro.
o O uso de bengalas é importante;

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AUTOCUIDADO
Autocuidado significa cuidar de si próprio, são as atitudes, os comportamentos que
a pessoa tem em seu próprio benefício, com a finalidade de promover a saúde,
preservar, assegurar e manter a vida. Nesse sentido, o cuidar do outro representa a
essência da cidadania, do desprendimento, da doação e do amor. Já o autocuidado ou
cuidar de si representa a essência da existência humana. A pessoa acamada ou com
limitações, mesmo necessitando da ajuda do cuidador, pode e deve realizar atividades
de autocuidado sempre que possível. O bom cuidador é aquele que observa e identifica
o que a pessoa pode fazer por si, avalia as condições e ajuda a pessoa a fazer as
atividades. Cuidar não é fazer pelo outro, mas ajudar o outro quando ele necessita,
estimulando a pessoa cuidada a conquistar sua autonomia, mesmo que seja em
pequenas tarefas. Isso requer paciência e tempo. O autocuidado não se refere somente
àquilo que a pessoa a ser cuidada pode fazer por si. Refere-se também aos cuidados que
o cuidador deve ter consigo com a finalidade de preservar a sua saúde e melhorar a
qualidade de vida.

BIOSSEGURANÇA
Os profissionais de saúde ao longo de sua história têm enfrentado vários desafios.
Desde os primeiros relatos da infecção pelo vírus da Imunodeficiência Humana e da
Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (HIV/aids), expondo a fragilidade e
possibilidade de transmissão de doenças em nível ocupacional, têm sido obrigados a
repensar suas práticas de controle de contaminação cruzada. A partir de então, os
diversos tipos de hepatites virais e outras doenças passíveis de transmissão no ambiente
de trabalho passaram a merecer destaque e esta preocupação tem se traduzido em
medidas de redução de riscos. Isso trouxe a necessidade de se discutir e adotar
mecanismos de proteção, tanto para os profissionais envolvidos no atendimento em
saúde, quanto para os usuários
Higienização das mãos
Lavar as mãos frequentemente é, isoladamente, a ação mais importante para a
prevenção do risco de transmissão de microrganismos para clientes, pacientes e
profissionais de saúde. O método adequado para lavagem das mãos depende do tipo de
procedimento a ser realizado. As mãos devem ser lavadas: - Ao início e término do turno
de trabalho; - Antes e após atividades que eventualmente possam contaminá-las, antes
de calçar luvas e após a remoção das mesmas; - Quando as mãos forem contaminadas
por material biológico e/ou químico.
Atenção:
o O uso da luva não exclui a lavagem das mãos;
o As unhas devem ser tão curtas quanto o possível;
o Todos os adornos (anéis, pulseiras, relógio e etc.) devem ser removidos antes da
higienização;
o Todas as partes devem ser limpas igualmente;
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o A pia de higienização das mãos deve ser distinta da pia de lavagem de
instrumental.

O CUIDADO
O processo de envelhecimento é considerado uma etapa natural e gradual do ciclo
da vida, dentre todas as maneiras de chegar a essa etapa se pode garantir ou não um
envelhecimento saudável e ativo. O envelhecimento também é definido como uma
mudança etária da população que a partir de 60 anos de idade considera-se o início da
velhice. Uma vez que o processo do envelhecimento se inicia o desenvolvimento de
doenças na velhice também aparece. Segundo o IBGE em 2008 foi realizado um estudo
de projeção da população brasileira por sexo e idade, espera-se que em 2025 o Brasil
seja o sexto país do mundo com o maior número de idosos em sua população.
O cuidado nessa etapa da vida se torna crucial para contribuir e garantir que esse
envelhecimento seja saudável. Cuidado significa atenção, precaução, cautela,
dedicação, carinho, encargo e responsabilidade. Cuidar é servir, é oferecer ao outro, em
forma de serviço, o resultado de seus talentos, preparo e escolhas; é praticar o cuidado.
Cuidar é também perceber a outra pessoa como ela é, e como se mostra, seus gestos e
falas, sua dor e limitação. Percebendo isso, o cuidador tem condições de prestar o
cuidado de forma individualizada, a partir de suas ideias, conhecimentos e criatividade,
levando em consideração as particularidades e necessidades da pessoa a ser cuidada.
Esse cuidado deve ir além dos cuidados com o corpo físico, pois além do sofrimento
físico decorrente de uma doença ou limitação, devemos levar em conta as questões
emocionais, a história de vida, os sentimentos e emoções da pessoa a ser cuidada.
“Respeito e carinho com os idosos é essencial para uma sociedade harmoniosa.”

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ALIMENTAÇÃO SAÚDAVEL
Anatomia digestiva
O sistema digestivo ou gastrointestinal inclui o tubo digestivo que é constituído por:
boca, faringe, esôfago, estômago, intestino delgado, intestino grosso, reto e anus, e
órgãos glandulares - glândulas salivares, glândulas estomacais, fígado e pâncreas - que
segregam substâncias que lançam no interior desse tubo. Um conjunto de órgãos que
têm por função a realização da digestão.
A função do aparelho digestivo é transferir as moléculas orgânicas, água e sais
minerais que constituem a alimentação para o meio interno do organismo, de modo a
que os átomos e moléculas que os constituem possam ser distribuídos pelas células
através do sistema circulatório. Ou seja, é o sistema responsável por obter dos alimentos
ingeridos o nutriente necessário às diferentes funções do organismo, como
crescimento, energia para reprodução, locomoção, etc. O tubo digestivo de um adulto
mede aproximadamente de 8 à 9 metros de comprimentos desde a boca até ao ânus, e
o seu interior está em contato com o exterior através desses dois orifícios, o que quer
dizer que, em sentido estrito, o conteúdo do tubo digestivo é exterior ao corpo humano.
Ao contrário do que geralmente se imagina, a eliminação de produtos
desnecessários (excreção) não é uma função principal do aparelho digestivo. O maior
responsável pela eliminação dos resíduos é, no corpo humano, o aparelho renal,
enquanto as fezes são constituídas por materiais não digeridos e por bactérias que
residem no tubo digestivo, isto é, por materiais que nunca penetram, de facto, no corpo
humano.
Uma alimentação saudável, isso é, adequada nutricionalmente e sem
contaminação, tem influência no bem-estar físico e mental, no equilíbrio emocional, na
prevenção e tratamento de doenças.
Durante doenças graves e de longa duração pode ocorrer sangramento nas gengivas,
por isso é preciso que o cuidador tenha uma atenção redobrada com a higiene da boca
da pessoa cuidada. Ao observar sangramento mais constante e presença de pus nas
gengivas o cuidador precisa comunicar o fato à equipe de saúde.
É comum a pessoa idosa ter uma diminuição da estrutura óssea da boca. Essa perda
óssea faz com que a prótese fique frouxa, aumentando o movimento, o desconforto e a
possibilidade de lesões na gengiva. Lembrar que dentes quebrados podem ferir a boca.
Geralmente as pessoas doentes têm o apetite diminuído, mas é preciso estar
atento, a recusa em se alimentar ou a agitação no horário das refeições pode ser
decorrente de prótese mal adaptada, cárie, dentes fraturados, feridas, alterações e
inflamação das gengivas. É importante que a alimentação seja saborosa, colorida e
equilibrada, que respeite as preferências individuais e valorize os alimentos da região,
da época e que sejam acessíveis do ponto de vista econômico. Para se ter uma
alimentação equilibrada, com todos os nutrientes necessários para a manutenção da
saúde, é preciso variar os tipos de alimentos, consumindo-os com moderação. Os

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nutrientes são as substâncias químicas que o organismo absorve dos alimentos, esses
nutrientes são indispensáveis para o bom funcionamento do organismo. Os nutrientes
dos alimentos fornecem calorias, que são a quantidade de energia utilizada pelo corpo
para a manutenção de suas funções e atividades. Uma alimentação que fornece mais
calorias do que o organismo gasta em suas atividades diárias pode provocar o excesso
de peso e obesidade. Uma alimentação que fornece menos calorias que o necessário
pode levar à perda de peso e desnutrição.
Os dez passos para uma alimentação saudável
Os 10 passos para uma alimentação saudável é uma estratégia para buscar uma vida
mais saudável, recomendada pelo Ministério da Saúde. Esses passos podem ser
seguidos por toda a família.
1. Aumente e varie o consumo de frutas, legumes e verduras. Coma-os 5 vezes por dia.
As frutas e verduras são ricas em vitaminas, minerais e fibras. Coma, pelo menos, 4
colheres de sopa de vegetais (verduras e legumes) 2 vezes por dia. Coloque os
vegetais no prato do almoço e do jantar. Comece com 1 fruta ou 1 fatia de fruta no
café da manhã e acrescente mais 1 nos lanches da manhã e da tarde.
2. Coma feijão pelo menos 1 vez por dia, no mínimo 4 vezes por semana. O feijão é um
alimento rico em ferro. Na hora das refeições, coloque 1 concha de feijão no seu
prato, assim você estará evitando a anemia.
3. Reduza o consumo de alimentos gordurosos, como carne com gordura aparente,
salsicha, mortadela, frituras e salgadinhos, para no máximo 1 vez por semana. Retire
antes do cozimento a pele do frango, a gordura visível da carne e o couro do peixe.
Apesar de o óleo vegetal ser um tipo de gordura mais saudável, tudo em excesso faz
mal! O ideal é não usar mais que 1 lata de óleo por mês para uma família de 4
pessoas. Prefira os alimentos cozidos ou assados e evite cozinhar com margarina,
gordura vegetal ou manteiga.
4. Reduza o consumo de sal. Tire o saleiro da mesa. O sal da cozinha é a maior fonte de
sódio da nossa alimentação. O sódio é essencial para o funcionamento do nosso
corpo, mas o excesso pode levar ao aumento da pressão do sangue, que chamamos
de hipertensão. As crianças e os adultos não precisam de mais que 1 pitada de sal
por dia. Siga estas dicas: não coloque o saleiro na mesa, assim você evita adicionar
sal na comida pronta. Evite temperos prontos, alimentos enlatados, carnes salgadas
e embutidos como mortadela, presunto, linguiça, etc. Todos eles têm muito sal.
5. Faça pelo menos 3 refeições e 1 lanche por dia. Não pule as refeições. Para lanche
e sobremesa prefira frutas. Fazendo todas as refeições, você evita que o estômago
fique vazio por muito tempo, diminuindo o risco de ter gastrite e de exagerar na
quantidade quando for comer. Evite “beliscar”, isso vai ajudar você a controlar o
peso.
6. Reduza o consumo de doces, bolos, biscoitos e outros alimentos ricos em açúcar
para no máximo 2 vezes por semana.
7. Reduza o consumo de álcool e refrigerantes. Evite o consumo diário. A melhor
bebida é a água.

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8. Aprecie a sua refeição. Coma devagar. Faça das refeições um ponto de encontro da
família. Não se alimente assistindo TV.
9. Mantenha o seu peso dentro de limites saudáveis – veja no serviço de saúde se o
seu IMC está entre 18,5 e 24,9kg/m2. O IMC (índice de massa corporal) mostra se o
seu peso está adequado para sua altura. É calculado dividindo-se o peso, em kg, pela
altura, em metros, elevado ao quadrado.
10. Seja ativo. Acumule 30 minutos de atividade física todos os dias; caminhe pelo seu
bairro; suba as escadas; não passe muitas horas assistindo TV. Essas recomendações
foram elaboradas para pessoas saudáveis, mas servem como guia para planejar a
alimentação de pessoas que necessitam de cuidados especiais de saúde. Pessoas
que precisam de dietas especiais devem receber orientações específicas e
individualizadas de um nutricionista, de acordo com o seu estado de saúde.

COMO IDENTIFICAR ALTERAÇÕES DE DEGLUTIÇÃO NO IDOSO

"Desde a mãe que amamenta o bebê até a avó que serve um lanche da tarde,
promover a alimentação é uma maneira comum de demonstrar amor e afeto e os
cuidados com esta tarefa torna-se fundamental para possibilitar a deglutição funcional,
segura e prazerosa".
A deglutição é uma função natural que tem o papel de transportar a saliva e os
alimentos desde a cavidade oral até o estômago. Envolve um complexo grupo de
estruturas, conectadas ao mecanismo neural, sendo um processo dinâmico e tendo a
função de satisfazer os requisitos nutricionais e de prazer do indivíduo. Alguns fatores
como as habilidades cognitivas (atenção do idoso durante as refeições e percepção dos
utensílios e dos alimentos), fatores psicossociais, o volume do alimento ingerido, o
posicionamento do indivíduo durante as refeições e o ambiente em que as refeições
acontecem são essenciais para que a deglutição aconteça de forma segura.
A deglutição, embora seja um processo contínuo, também é dividido em fases: fase
preparatória oral, fase oral, fase faríngea e fase esofágica da deglutição.
A fase preparatória oral e a fase oral são voluntárias e responsáveis pela
mastigação, pela manipulação do alimento dentro da boca, pelo posicionamento do
alimento e pela condução deste até a faringe.
A fase faríngea e a fase esofágica da deglutição são involuntárias e envolve uma
sequência complexa de movimentos coordenados que levam o bolo alimentar para o
estômago. Na fase faríngea há um fechamento completo e automático da glote durante
a deglutição, não permitindo a entrada de nenhuma substância na via aérea.
A deglutição, embora seja um ato simples, torna-se complexa através do
aparecimento de alterações orais, podendo afetar a rotina e a qualidade de vida do
idoso

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Deglutição e o envelhecimento
Existem várias mudanças fisiológicas do sistema digestivo associadas ao
envelhecimento que podem descompensar o mecanismo da deglutição e muitas vezes
afetar diretamente o estado nutricional ou pulmonar do idoso (Fúria e Pelegrini, 2007).
A presença das modificações relacionadas às estruturas orais associadas com a
diminuição das papilas gustativas e da percepção olfativa pode também implicar a
aceitação alimentar do idoso.

CARACTERÍSTICAS DAS ESTRUTURAS E DA DEGLUTIÇÃO DO IDOSO

o Redução da força e dos movimentos dos lábios, língua e bochecha.


o Diminuição do olfato e do paladar.
o Diminuição da saliva (decorrente de medicamentos).
o A mucosa oral (gengiva) permanece mais "fina" (dificuldade em adaptar as
próteses dentárias).
o Perda da dentição natural e diminuição da força mastigatória (mastigação
mais lenta).
o Alterações das estruturas da faringe e do esôfago como: redução da elevação
laríngea durante a deglutição, maior sensação do alimento "parado na
garganta", diminuição da movimentação peristáltica e trânsito alimentar mais
lento.

As características citadas anteriormente são inerentes ao envelhecimento e


geralmente não causam alterações significativas na deglutição do idoso. No entanto,
essas modificações associadas às doenças como: doenças vasculares (acidente vascular
encefálico), doenças degenerativas (demências), doenças do aparelho digestivo (refluxo
gasoesofágico) ou até mesmo o uso de medicamentos que afetam o mecanismo neural
podem prejudicar a deglutição.
DISFAGIA
É um distúrbio de deglutição, com sinais e sintomas específicos, que se caracteriza
por alterações em qualquer fase da dinâmica da deglutição, podendo ser congênita ou
após um comprometimento neurológico, mecânico ou psicogênico, podendo adquirida
trazer prejuízo aos aspectos nutricional, de hidratação, do estado pulmonar, prazer
alimentar e social do indivíduo (Furkim e Santini, 1999).
SINAIS E SINTOMAS
o Dificuldade em deglutir a saliva com escape desta pelos lábios. Dificuldade de
mastigação com escape dos alimentos pela boca.
o Dificuldade em deglutir os alimentos permanecendo parados na boca. Tosse e/ou
engasgos durante ou logo após a deglutição.
o Pigarro frequente
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o Regurgitação nasal
o Alteração da voz após a deglutição (presença de voz molhada).
o Dor ao deglutir.
o Sensação de alimento "parado na região da garganta".
o Cansaço e/ou alteração da respiração após as refeições.
o Diminuição ou recusa da aceitação alimentar.
o Aumento de tosse e secreções após as refeições.

Dentre as doenças mais comuns entre os idosos, destacam-se aquelas de natureza


neurológica como, por exemplo, as demências. As demências em estágios mais
avançados podem causar alterações importantes na dinâmica alimentar, interferindo na
deglutição e consequentemente no estado nutricional e pulmonar do indivíduo idoso.
Nesses casos, a dinâmica alimentar comprometida pelas alterações cognitivas, como
alterações do comportamento, dificuldade em realizar algumas tarefas simples (fazer
seu próprio prato ou levar o garfo até a boca) pode gerar conflito, cansaço e riscos para
o idoso e seus cuidadores. Assim, o papel do cuidador na tarefa de alimentar torna-se
muito importante, pois na maioria das vezes é ele quem observará primeiramente os
sinais e/ou sintomas iniciais da disfagia.
Características da deglutição do idoso com demência
o Dependência alimentar e tempo de refeição aumentado.
o Alterações do comportamento e dos hábitos alimentares.
o Recusa do alimento.
o Ato de cuspir os alimentos.
o Alteração do apetite.
o Problemas em funções básicas como abrir e fechar a boca, mastigar e deglutir.
A atuação fonoaudiológica nas disfagias tem como objetivo identificar, por meio da
história do individuo e da avaliação especifica da deglutição, as informações que
auxiliarão o planejamento das adaptações e condutas terapêuticas a serem utilizadas
como idoso disfágico.
Alguns instrumentos como a videofluoroscopia e a videoendoscopia da deglutição
também podem ajudar de forma mais objetiva a avaliação da dinâmica da deglutição.
O processo terapêutico consiste no gerenciamento dos distúrbios da deglutição e
da alimentação, que podem ser realizados por meio de orientações, adaptações,
reorganização dos hábitos alimentares do idoso e na reabilitação garantindo assim uma
alimentação segura e com boa qualidade.
O fonoaudiólogo juntamente com uma equipe interprofissional participará da
decisão das condutas alimentares estipuladas para o idoso disfágico

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CONDUTAS FONOAUDIOLÓGICAS ALIMENTARES
Sugestão do tipo de via alimentar
O tipo de via alimentar será decidido pelo médico conforme a necessidade,
desempenho e segurança do idoso. O fonoaudiólogo pode participar deste processo
com o auxilio das informações colhidas durante a avaliação. Os tipos de vias alimentares
são:
o Via oral: alimentos ingeridos pela boca.
o Via enteral: uso de sonda nasoenteral, nasogástrica, jejunostomias ou
gastrostomia
o Via mista: uso de sonda como a principal via de alimentação, porém com oferta
de alimentos por via oral para treino da deglutição.
Consistências alimentares
Juntamente com o nutricionista, e através da avaliação da deglutição, o
fonoaudiólogo estipula a consistência que oferece maior segurança para o idoso:

Dieta geral Dieta branda Dieta pastosa Dieta líquida Dieta liquida
engrossada

Abrange Alimentos de Alimentos Vitaminas de alimentos


alimentos consistência preparados em frutas, mingau, líquidos
duros, normal, porém forma de purê, iogurtes (transparentes)
mastigáveis bastante pastas ou (necessidade como sucos,
como pão cozidos e em creme. do uso de chás, café, água
francês, carnes, pedaços espessante). e caldo de
legumes crus, pequenos. vegetais.
maçã, biscoitos
e grãos.

Durante a alimentação é importante não oferecer alimentos em consistências


diferentes das estabelecidas pelo médico, fonoaudiólogo ou nutricionista, pois isso
implicará a segurança do idoso disfágico durante as refeições.

Utensílios para alimentação


Alguns utensílios podem facilitar a dinâmica alimentar do idoso como:
o Prato fundo: a borda do prato pode facilitar a independência do idoso durante
a alimentação sem que os alimentos caiam do prato.
o Colher de sobremesa: facilita a independência do idoso durante a alimentação
e faz que o idoso coloque na boca quantidades pequenas dos alimentos.

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o Ingerir líquidos em copo, colher ou com canudo: (de acordo com a facilidade e
segurança da deglutição).
o Uso de toalha lisa: alguns desenhos na toalha podem distrair ou confundir o
idoso durante a alimentação.
o Uso de seringa: caso o idoso esteja com dificuldade em abrir a boca para ingerir
os alimentos, podemos oferecer a dieta pastosa através da adaptação do uso da
seringa de 60 ml (é importante a avaliação e orientação do fonoaudiólogo para
esta adaptação).
Posicionamento
A postura adequada torna-se funcional e segura para alimentação, assim:
O idoso deve estar sentado, o mais ereto possível.

o O idoso deve estar com apoio no pescoço, nos braços e nos pés da cadeira.
o Nunca alimentar o idoso deitado, caso seja inevitável, a cabeceira da cama deve
ser elevada de 45 a 90 graus com apoio do travesseiro, fazendo que a cabeça do
idoso fique o mais vertical possível.
o Manter esse posicionamento também para idosos que utilizam a via enteral para
a alimentação, prevenindo, assim, o refluxo Gastroesofágico e possível
Broncoaspiração.
Ambiente
o O ambiente deve ser calmo.
o O idoso tem de estar atento e confortável durante a alimentação.
o Não devem existir interferências de rádio, televisão ou pessoas conversando a
sua volta.
o O ambiente deve ter poucos estímulos visuais.
o É importante preparar o idoso para o início da sua refeição, informando-o sobre
os alimentos que serão oferecidos.

Higiene oral
o É importante manter uma rotina de escovação realizando a higiene oral sempre
após as refeições.
o Escovar os dentes e retirar as próteses dentárias durante a escovação. • Limpar
a "gengiva", a língua, o assoalho da boca, o "céu da boca" e as bochechas.
o A higiene oral também pode ajudar na prevenção do câncer bucal e na
prevenção de pneumonias aspirativas dos idosos com disfagia.
o Manter a rotina quanto às visitas ao dentista.
ALERTAS E DICAS PARA UMA ALIMENTAÇÃO SEGURA
1. Concentre o idoso durante a alimentação.
2. Não tenha pressa para oferecer as refeições.
3. O idoso deve estar sentado, com os pés apoiados no chão e as mãos apoiadas
nos braços da cadeira.

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4. Mantenha a cabeça mais ereta possível.
5. Ofereça as refeições em um lugar sossegado. Desligue a TV e o rádio.
6. Evite conversar durante a alimentação.
7. Realize a higiene oral após as refeições.
8. Se a dentadura estiver solta, retire-a durante a alimentação e não ofereça
alimentos que necessitem de muita mastigação (solicite um dentista).
9. Espere o idoso engolir toda a comida antes de oferecer uma nova colherada do
alimento.
10. Durante a refeição, se observar que após a oferta do alimento o idoso não o
deglutiu, ofereça uma colher vazia para estimular a deglutição dos alimentos
que estão parados na boca.
11. Observe as tosses e engasgos durante e após a deglutição.
12. Observe também se o idoso está perdendo peso.
13. Fique atento ao estado febril
14. Observe e procure um médico, um fonoaudiólogo ou um nutricionista caso
perceba alguma alteração na dinâmica alimentar do idoso.
Orientações alimentares para aliviar sintomas:
Náuseas e vômitos
o Oferecer à pessoa com vômitos ou diarreia, 2 a 3 litros de líquidos por dia em
pequenas quantidades, de preferência nos intervalos das refeições.
o Oferecer refeições menores de 5 a 6 vezes ao dia.
o Os alimentos muito quentes podem liberar cheiros e isso pode agravar a náusea.
Os alimentos secos e em temperaturas mais frias são mais bem aceitos.
o É importante que a pessoa mastigue muito bem e devagar os alimentos.
o Logo após as refeições, o cuidador deve manter a pessoa sentada para evitar as
náuseas e vômitos.
o Enquanto durar as náuseas e vômitos, deve-se evitar os alimentos muito
temperados, com cheiros fortes, salgados, picantes, ácidos, doces e gorduras.
o Dificuldade para engolir (disfagia)
o Oferecer refeições em quantidades menores de 5 a 6 vezes por dia.
o Oferecer líquidos nos intervalos das refeições, em pequenas quantidades e
através de canudos.
o Manter a pessoa sentada ou em posição reclinada com ajuda de travesseiros
nas costas, para evitar que a pessoa engasgue.
o A pessoa com dificuldade para engolir aceita melhor os alimentos mais leves e
macios, os líquidos engrossados com leite em pó, cereais, amido de milho, os
alimentos pastosos como as gelatinas, pudins, vitaminas de frutas espessas,
sopas tipo creme batidas no liquidificador, mingaus, purê de frutas, polenta
mole com caldo de feijão.
o As sopas podem ser engrossadas com macarrão, mandioquinha, cará, inhame e
aveia.

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o Evitar alimentos de consistência dura, farinhentos e secos como a farofa e
bolachas. O pão francês e as torradas devem ser oferecidos sem casca,
molhados no leite.

Intestino preso (constipação intestinal)


o O intestino funciona melhor quando a pessoa mantém horários para se
alimentar e evacuar.
o Os alimentos ricos em fibras como o arroz e pão integrais, aveia, verduras e
legumes, frutas como mamão, laranja, abacaxi, mangaba, tamarindo, ameixa,
grãos em geral etc, ajudam o intestino a funcionar.
o Quando a pessoa está com intestino “preso” evite oferecer banana prata, caju,
goiaba, maçã, chá preto/mate, pois esses alimentos são ricos em tanino e
prendem o intestino.
o Cuidador, ofereça à pessoa uma vitamina laxativa feita com 1 copo de suco de
30 laranja, 1 ameixa seca,1 pedaço de mamão, 1 colher de sopa de creme de
leite, colher de sopa de farelo de aveia, milho, trigo, soja. O farelo de arroz deve
ser evitado, pois resseca o intestino.
Gases (flatulência):
A formação de gases causa muito desconforto às pessoas acamadas. Para evitar a
formação de gases é importante oferecer à pessoa mais líquida e uma alimentação
saudável, evitando alguns alimentos, como: agrião, couve, repolho, brócolis, pepino,
grãos de feijão, couve-flor, cebola e alho cru, pimentão, nabo, rabanete, bebidas
gasosas, doces concentrados e queijos amarelos. Os exercícios auxiliam na eliminação
dos gases.

ALIMENTAÇÃO POR SONDA


A dieta enteral é fornecida na forma líquida por meio de uma sonda, que colocada
no nariz ou na boca vai até o estômago ou intestino. Assim, é possível fornecer os
nutrientes que a pessoa necessita independente da sua cooperação, fome ou vontade
de comer.
A alimentação por sonda é usada nas seguintes situações:
o Para ajudar na cicatrização de feridas.
o Para controlar a diarreia, prisão de ventre e vômitos.
o Para preparar o organismo para algumas cirurgias e tratamentos de
quimioterapia, radioterapia e diálise.
o Quando a pessoa não pode se alimentar pela boca.
o Quando a quantidade de alimentos que a pessoa come não está sendo
suficiente.
o Quando há necessidade de aumentar a quantidade de calorias sem aumentar a
quantidade de comida.

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Em algumas situações a pessoa recebe alimentação mista, isso é se alimenta pela
boca e recebe um complemento alimentar pela sonda. A nutrição enteral pode ser
preparada em casa ou industrializada. As dietas caseiras são preparadas com alimentos
naturais cozidos e passados no liquidificador e coados, devem ter consistência líquida e
sua validade é de 12 horas após o preparo. A dieta industrializada já vem pronta para o
consumo, tem custo mais alto e pode ser utilizada por 24 horas depois de aberta. A
alimentação enteral deve ser prescrita pelo médico ou nutricionista e a sonda deve ser
colocada pela equipe de enfermagem. A fixação externa da sonda pode ser trocada pelo
cuidador, desde que tenha cuidado para não deslocar a sonda. Para fixar a sonda é
melhor utilizar esparadrapo antialérgico, mudando constantemente o local de fixação,
assim se evita ferir a pele ou as alergias.

O cuidador deve seguir os seguintes cuidados quando a pessoa estiver recebendo a


dieta enteral:
1. Antes de dar a dieta coloque a pessoa sentada na cadeira ou na cama, com as
costas bem apoiadas, e a deixe nessa posição por 30 minutos após o término da
alimentação. Esse cuidado é necessário para evitar que em caso de vômitos ou
regurgitação, restos alimentares entrem nos pulmões.
2. Pendure o frasco de alimentação enteral num gancho, prego ou suporte de vaso
em posição bem mais alta que a pessoa, para facilitar a descida da dieta.
3. Injete a dieta na sonda lentamente gota a gota. Esse cuidado é importante para
evitar diarreia, formação de gases, estufamento do abdômen, vômitos e também
para que o organismo aproveite melhor o alimento e absorva seus nutrientes.
4. A quantidade de alimentação administrada de cada vez deve ser de no máximo
350 ml, várias vezes ao dia; ou de acordo com a orientação da equipe de saúde.
5. Ao terminar a alimentação enteral injete na sonda 20 ml de água fria, filtrada ou
fervida, para evitar que os resíduos de alimentos entupam a sonda.
6. Para as pessoas que não podem tomar água pela boca, ofereça água filtrada ou
fervida entre as refeições, em temperatura ambiente, por meio de seringa ou
colocada no frasco descartável. A quantidade de água deve ser definida pela
equipe de saúde.
7. A sonda deve permanecer fechada sempre que não estiver em uso.
8. A dieta enteral de preparo caseiro deve ser guardada na geladeira e retirada 30
minutos antes do uso, somente a porção a ser dada.

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9. A dieta deve ser dada em temperatura ambiente, não há necessidade de aquecer
a dieta em banho-maria ou em micro-ondas.
Se a sonda se deslocar ou tiver sido retirada acidentalmente, não tente recolocá-la,
chame a equipe de saúde.
Para o preparo e administração de dieta enteral alguns cuidados de higiene são muito
importantes:
1. Lave o local de preparo da alimentação com água e sabão.
2. Lave bem as mãos com água e sabão antes de preparar a dieta.
3. Utilize sempre água filtrada ou fervida.
4. Lave todos os utensílios com água corrente e sabão.
5. Lave com água e sabão, o equipo, a seringa e o frasco e enxágue com água
fervendo.
Uma maneira simples de verificar se a nutrição enteral está ajudando na
recuperação da pessoa é observar frequentemente se ela está mais disposta, se o aperto
de mão é mais firme e se consegue caminhar um pouco mais a cada dia. Caso a pessoa
esteja inconsciente, o cuidador pode verificar se a pele está mais rosada, e menos
flácida, se os músculos estão ficando mais fortes. Sempre que for possível é bom pesar
a pessoa.
A diarreia pode ser uma ocorrência comum em pessoas que recebem alimentação
enteral. Por isso, é preciso ter muita higiene no preparo e administração da dieta.

ABORDAGEM INTERDISCIPLINAR
A assistência ao idoso evoluiu significativamente nos últimos 20 anos, a busca por
conhecimento sobre o processo natural do envelhecimento e a disponibilidade de
técnicas diagnósticas e terapêuticas com certeza contribuíram para esta evolução.
Mas nada se compara ao entendimento de que a associação de conhecimentos.
antes restrita ou exclusiva a cada profissão ou disciplina, só agrega valor e incrementar
positivamente a atividade assistencial
Cada disciplina diz respeito a um conhecimento específico, por exemplo
fisioterapia, enfermagem, terapia ocupacional, medicina, etc. Podemos utilizar este
conhecimento específico para alcançar determinados resultados, mas muitas vezes
esses resultados são muito mais efetivos se acontecer uma interação entre essas
disciplinas. Por exemplo: o familiar percebe que o idoso está emagrecendo, a
nutricionista identifica que o idoso está sem apetite e não aceita toda a alimentação, a
fonoaudióloga nota que ele está engasgando muito e o enfermeiro identifica que o
hálito está com odor fétido. Se cada profissional atuar sozinho, o cuidador receberá uma
série de orientações de cada profissional e muitas vezes não conseguirá executá-las.
Demoraremos mais tempo para identificar o problema e propor a solução. Por outro
lado, quando trabalhamos em equipe, a proposta interdisciplinar propicia a interação

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entre as disciplinas e as informações colhidas servirão para subsidiar as ações a serem
tomadas em conjunto.
Prática interdisciplinar
Significa a interação de várias disciplinas em que o conhecimento técnico se difunde
não apenas em direção ao idoso ou cliente, mas também aos outros profissionais, com
o objetivo de incrementar o conhecimento do grupo. Resumidamente estamos falando
do trabalho em equipe com objetivo comum, trabalho em equipe articulado,
compartilhamento de normas, preservação das diferenças técnicas, flexibilização das
fronteiras entre as áreas profissionais.
A OPAS (Organização Pan-americana da Saúde) reafirmou a importância da
promoção de saúde entre os idosos, definindo-a como o conjunto de ações que
provocam mudanças no estilo de vida, objetivando a diminuição do risco de adoecer
morrer, estabilizando ou melhorando saúde dos indivíduos em sua totalidade, aliando a
saúde física a sua complexidade social. Ressalta que "quaisquer que sejam as atividades
de promoção de saúde planejadas, deverão incluir atuações no campo biológico,
psicossocial, político e legal". Enfatiza ainda que a promoção de saúde dos idosos deve
estar a cargo de uma equipe interdisciplinar. Falaremos a seguir um pouco sobre cada
disciplina:
Enfermagem
Enfermagem é uma das áreas da saúde cuja essência e especificidade é o cuidado
ao ser humano, individualmente, na família ou na comunidade, desenvolvendo
atividades de promoção, prevenção de doenças, recuperação e reabilitação da saúde,
atuando em equipes. A enfermagem se responsabiliza, através do cuidado, pelo
conforto, acolhimento e bem-estar dos pacientes, seja prestando o cuidado, seja
coordenando outros setores para a prestação da assistência e promovendo a autonomia
dos pacientes através da educação em saúde. Fazem parte da equipe de enfermagem:
o enfermeiro, o técnico e o auxiliar de enfermagem.
O enfermeiro é responsável pelo planejamento e execução do cuidado de
enfermagem:

o Identificação dos problemas - tomada de decisão. Prescrição das intervenções.


o Execução dos cuidados.
o Avaliação dos resultados obtidos.
o Modificação do plano quando necessário.
o Liderança e orientação dos técnicos e auxiliares de enfermagem na execução do
plano de cuidados.
o Prestação de cuidados a fim de promover, manter e recuperar a saúde e
reabilitar o indivíduo junto à família e comunidade, além de assistir no processo
de morte.

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Farmácia
Atenção farmacêutica é um conjunto de prática profissional no qual o paciente é o
principal beneficiário das ações do farmacêutico. A atenção é o compêndio das atitudes,
dos comportamentos, dos compromissos, das inquietudes, dos valores éticos, das
funções, dos conhecimentos, das responsabilidades e das habilidades do farmacêutico
na prestação da farmacoterapia, com o objetivo de alcançar resultados terapêuticos
definidos na saúde e na qualidade de vida do paciente.
o Prestar informações sobre medicamentos a outros profissionais da equipe de
saúde, colaborando para a prescrição de drogas eficazes e seguras e para a sua
adequada administração
o Garantir a ausência de não conformidades, no que diz respeito à via de
administração, frequência, posologia prescrita, compatibilidade entre
medicamentos, descrição do medicamento, interação droga a droga e alergias a
medicamentos
o Monitorização terapêutica de drogas
Fisioterapia
Ciência aplicada, cujo objeto de estudos é o movimento humano em todas as suas
formas de expressão e potencialidades, quer nas suas alterações patológicas quer nas
suas repercussões psíquicas e orgânicas, com objetivo de preservar, manter,
desenvolver ou restaurar a integridade de órgão, sistema ou função.
o Prevenção das disfunções físicas de pacientes vítimas de lesões ou doenças
o Prevenção ou tratamento de complicações respiratórias.
o Recuperação da função motora,
o Melhoria da mobilidade Melhoria da força muscular.
o Melhoria da amplitude de movimento.
o Melhoria de coordenação
o Melhoria do equilíbrio
o Postura
o Alívio da dor

Fonoaudiologia
O fonoaudiólogo é o profissional da área da saúde, legalmente credenciado para a
atuação na comunicação oral e escrita, voz, audição, fluência, articulação da fala,
sistema miofuncional orofacial, cervical e deglutição.

o Atua em pesquisa, prevenção, diagnóstico, habilitação e reabilitação


o Intervenção nos aspectos funcionais da alimentação/deglutição
o Disfagias mecânicas, neurogênicas, decorrentes da idade, iatrogênicas.
o Videodeglutograma.
o Intervenção nos aspectos funcionais da comunicação.

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o Trocas articulatórias, omissões e distorções na produção dos sons.
o Afasias, disartrias
o Disfonias, apraxias.
o Avaliação audiológica e reabilitação auditiva.
o Diagnóstico audiológico.
o Adaptação de próteses auditivas.

Medicina
A medicina é a ciência e a arte humana da cura, da manutenção da saúde, da
prevenção de doenças e outros males físicos, psíquicos; da identificação da qualidade
de vida coletiva e individual, do respeito à vida e à morte.
Nutrição
Atividade que estuda a fundo as propriedades dos alimentos e busca soluções para
promover a saúde a partir da alimentação.
A dietoterapia é a ciência que estuda e aplica a dieta com princípio terapêutico,
tendo a dieta normal como padrão. A finalidade básica da dietoterapia é ofertar ao
organismo debilitado nutrientes adequados ao tipo de doença, condições físicas,
nutricionais e psicológicas do paciente, mantendo ou recuperando o estado nutricional.
Para isso, o profissional nutricionista deve proceder à prescrição dietética.
Psicologia
É a ciência que estuda a estrutura psíquica e o comportamento humano. Promove
a saúde na prevenção, no tratamento e na reabilitação de distúrbios psíquicos,
estudando características individuais e aplicando técnicas adequadas para restabelecer
os padrões adaptativos de comportamento e relacionamento humano.
Serviço social
O serviço social caracteriza-se como prática ou disciplina profissional em virtude de
atuar em realidades sociais concretas mediante processos intencionais de ação
transformadora, podendo produzir conhecimentos e teorias voltados para esta ação e
seus resultados.
Trata-se de uma ação global de cunho socioeducativa ou socializadora, voltadas
para a maneira de ser, de sentir, de ver e agir dos indivíduos, que busca a adesão dos
sujeitos. Incide tanto sobre questões imediatas, como sobre a visão global do mundo
dos "clientes".
A assistência social é:
o Direito do cidadão e dever do estado;
o Política de seguridade social não contributiva,
o Provedora dos mínimos sociais, voltada para o atendimento das necessidades
básicas
Com objetivos de:

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o Proteção à família, à maternidade, à infância, a adolescência e à velhice,
o Amparo a crianças e adolescentes carentes;
o Habilitação e reabilitação das pessoas portadoras de deficiência;
o Promoção da integração ao mercado de trabalho;
o Garantia de um salário mínimo de benefício mensal ao idoso e a pessoa
portadora de deficiência. (fonte: Lei Orgânica da Assistência Social-Lei n°
8742/93)

HIGIENE
A higiene corporal além de proporcionar conforto e bem-estar, é um fator
importante para a recuperação da saúde. O banho deve ser diário, no chuveiro, banheira
ou na cama. Procure fazer do horário do banho um momento de relaxamento.
Algumas pessoas idosas, doentes ou com incapacidades podem, às vezes, se recusar
a tomar banho. É preciso que o cuidador identifique as causas. Pode ser que a pessoa
tenha dificuldade para locomover-se, tenha medo da água ou de cair, pode ainda estar
deprimida, sentir dores, tonturas ou mesmo sentir-se envergonhada de ficar exposta à
outra pessoa, especialmente se o cuidador for do sexo oposto. É preciso que o cuidador
tenha muita sensibilidade para lidar com essas questões. Respeite os costumes da
pessoa cuidada e lembre que confiança se conquista, com carinho, tempo e respeito. SÓ
FAÇA AQUILO QUE O IDOSO NÃO CONSEGUE FAZER, é de suma importância que o
cuidador estimule o Autocuidado no momento da higiene.
Como proceder no banho no leito
Quando a pessoa não consegue se locomover até o chuveiro o banho pode ser feito
na cama. Caso a pessoa seja muito pesada ou sinta dor ao mudar de posição, é bom que
o cuidador seja ajudado por outra pessoa no momento de dar o banho no leito. Isso é
importante para proporcionar maior segurança à pessoa cuidada e para evitar danos à
saúde do cuidador. Antes de iniciar o banho na cama, prepare todo o material que vai
usar: papagaio, comadre, bacia, água morna, sabonete, toalha, escova de dente, lençóis,
forro plástico e roupas. É conveniente que o cuidador proteja as mãos com luvas de
borracha. Existe no comércio materiais próprios para banhos, no entanto o cuidador
pode improvisar materiais que facilitem a higiene na cama.
1. Antes de iniciar o banho cubra o colchão com plástico.
2. Iniciar a higiene corporal pela cabeça.
3. Com um pano molhado e pouco sabonete, faça a higiene do rosto, passando o pano
no rosto, nas orelhas e no pescoço. Enxágue o pano em água limpa e passe na pele
até retirar toda a espuma, secar bem.
4. Lavagem dos cabelos:
- Cubra com plástico um travesseiro e coloque a pessoa com a cabeça apoiada
no travesseiro que deve estar na beirada da cama.
- Ponha, embaixo da cabeça da pessoa, uma bacia ou balde para receber a água.
-Molhe a cabeça da pessoa e passe pouco shampoo.

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-Massageie o couro cabeludo e derrame água aos poucos até que retire toda a
espuma.
-Seque os cabelos.
5. Lave com um pano umedecido e sabonete os braços, não se esquecendo das axilas,
as mãos, tórax e a barriga. Seque bem, passe desodorante, creme hidratante e cubra
o corpo da pessoa com lençol ou toalha. Nas mulheres e pessoas obesas é preciso
secar muito bem a região embaixo das mamas, para evitar assaduras e micoses.
6. Faça da mesma forma a higiene das pernas, secando-as e cobrindo-as. Coloque os
pés da pessoa numa bacia com água morna e sabonete, lave bem entre os dedos.
Seque bem os pés e entre os dedos, passe creme hidratante.
7. Ajude a pessoa a deitar de lado para que se possa fazer a higiene das costas. Seque
e massageie as costas com óleo ou creme hidratante para ativar a circulação.
8. Deitar novamente a pessoa com a barriga para cima, colocar a comadre e fazer a
higiene das partes íntimas. Na mulher é importante lavar a vagina da frente para
trás, assim se evita que a água escorra do ânus para a vulva. No homem é importante
descobrir a cabeça do pênis para que possa lavar e secar bem. A higiene das partes
íntimas deve ser feita no banho diário e também após a pessoa urinar e evacuar,
assim se evita umidade, assaduras e feridas (escaras).

Se durante a higiene você observar alteração na cor e na temperatura da pele,


inchaço, manchas, feridas, principalmente das regiões mais quentes e úmidas e
daquelas expostas a fezes e urina, assim como alteração na cor, consistência e cheiro
das fezes e da urina, comunique esses fatos à equipe de saúde.
É importante usar um pano macio para fazer a higiene e lembrar que as partes do
corpo que ficam em contato com o colchão estão mais finas e sensíveis e qualquer
esfregação mais forte pode provocar o rompimento da pele e a formação de feridas.
Trocas de fralda
A fralda de uma pessoa acamada deve ser verificada a cada 3 horas e trocada
sempre que estiver suja com urina ou fezes, para aumentar o conforto da pessoa e evitar
o surgimento de assaduras. Assim, é possível que sejam utilizadas, pelo menos, 4 fraldas
por dia.
Normalmente, a fralda geriátrica, que é facilmente encontrada em farmácias e
supermercados, só deve ser utilizada em pessoas acamadas que não conseguem
controlar a vontade de urinar ou defecar, como após um AVC, por exemplo. Nos outros
casos, é recomendado levar a pessoa ao banheiro ou usar uma comadre para que não
se perca o controle dos esfíncteres ao longo do tempo.
Para evitar que a pessoa caia da cama durante a troca da fralda, é aconselhado que
a troca seja feita por duas pessoas ou que a cama esteja encostada na parede.

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Passos para trocar a fralda
1. Descole a fralda e limpe a região genital com uma gaze molhada em água e sabão
ou lenços umedecidos, retirando a sujeira da região genital para o ânus, para evitar
infecções urinárias;
2. Dobre a parte da frente da fralda para que fique com a parte limpa para cima e vire
a pessoa para um dos lados da cama.
3. Limpe o bumbum e a região anal com outra gaze molhada em água e sabão ou use
os lenços umedecidos, retirando as fezes com um movimento da região genital em
direção ao ânus;
4. Retire a fralda suja e coloque uma limpa em cima da cama, encostada no bumbum.
Depois seque a região genital e a região anal com uma gaze seca, toalha ou fralda
de algodão;
5. Vire a pessoa para cima da fralda limpa e cole-a. Após secar a região genital e anal
é recomendado passar uma pomada para assadura, como Hipoglós ou Bepantol,
para evitar o surgimento de irritação na pele.
Caso a cama seja articulada, é aconselhável que esteja elevada ao nível do
quadril do cuidador e completamente na horizontal, para facilitar a troca da
fralda.
Troca de lençol
Os lençóis da cama de uma pessoa acamada devem ser trocados depois do banho
e sempre que estiverem sujos ou molhados, para manter o paciente limpo e confortável.
Além disso, utilizar esta técnica torna a tarefa mais fácil e rápida para o cuidador.
Geralmente, a técnica para trocar os lençóis da cama é utilizada no caso de pacientes
que não têm força para sair da cama, como é o caso de pacientes com Alzheimer e
Parkinson. No entanto, também pode ser utilizada após cirurgias em que é aconselhado
manter repouso absoluto.
Seis passos para a troca do lençol
1. Remova os lençóis de baixo do colchão para soltá-los
2. Retire a colcha, o cobertor e o lençol de cima do paciente, mas deixe o lençol ou o
cobertor, caso o paciente tenha frio
3. Vire a pessoa para um dos lados da cama.
4. Enrole os lençóis em direção às costas do paciente.
5. Estenda o lençol limpo na cama.
6. Vire o paciente para o outro lado e remova o lençol sujo, esticando o resto do
lençol limpo.
Caso a cama seja articulada, é aconselhável que a cama esteja ao nível do quadril do
cuidador, evitando, assim, dobrar muito as costas. Além disso, é importante que a
cama esteja completamente na horizontal para facilitar a troca dos lençóis.
Deve-se esticar bem o lençol de baixo, prendendo os cantos debaixo da cama. Isto
evita que o lençol fique enrugado, diminuindo o risco de aparecimento de escaras.

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Mudanças de Posição
A posição em que a pessoa permanece deitada pode causar dores na coluna e
dificuldades respiratórias e dessa maneira diminuir a qualidade do sono. A seguir é
descrito como deitar a pessoa cuidada da forma correta nas diversas posições.
Deitada de costas
Coloque um travesseiro fino e firme embaixo da cabeça da pessoa de maneira que o
pescoço fique no mesmo nível da coluna. Coloque um travesseiro ou cobertor fino
embaixo da barriga das pernas, assim diminui a pressão dos calcanhares sobre a cama.
Dobre os cotovelos levemente e coloque as mãos da pessoa apoiadas nos quadris.
Mantenha as pernas da pessoa esticadas e as pontas dos dedos voltadas para cima.
Apoie os pés em uma almofada recostada na guarda final da cama, a uma inclinação de
60º ou 90º.
Deitada de lado
Coloque a pessoa deitada de um dos lados. Coloque um travesseiro fino sob a
cabeça e o pescoço de modo que a cabeça fique alinhada com a coluna. Escore as costas
da pessoa com um travesseiro maior, para evitar que ela vire de costas, e coloque outro
travesseiro entre os braços da pessoa para dar maior conforto. A perna que fica por cima
deve estar levemente dobrada e apoiada em um travesseiro, a fim de mantê-la no nível
dos quadris. Dobre levemente o joelho e coloque uma toalha dobrada, ou cobertor ou
edredom fino, a fim de manter o tornozelo afastado do colchão.
Deitada de bruços
Deite a pessoa de bruços, vire a cabeça delicadamente para um dos lados,
acomodando-a com um travesseiro fino ou toalha dobrada. Ajude a pessoa a flexionar
os braços para cima de modo que os cotovelos fiquem nivelados com os ombros. Depois,
coloque toalhas dobradas embaixo do peito e do estômago. Por fim, ajeite as pernas
apoiando os tornozelos e elevando os pés com uma toalha ou lençol enrolado.

Ter maior cuidado no posicionamento da pessoa que apresenta parte do corpo que
não se movimenta (braço ou perna “esquecida”), para evitar surgimento de feridas e
deformidades. No caso de sequela de derrame, o braço comprometido deve estar
sempre estendido e apoiado em um travesseiro e a perna afetada deve ser colocada
ligeiramente dobrada e apoiada com um travesseiro embaixo do joelho, impedindo que
a perna fique toda esticada.
Se a pessoa consegue ficar em pé com ajuda do cuidador, mesmo que por pouco
tempo, é importante que o cuidador encoraje, apoie e estimule a pessoa a ficar nessa
posição, pois isso ajuda a melhorar a circulação do sangue e a evitar as feridas.

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HIGIENE ORAL
É muito importante fazer a higiene da boca das pessoas acamadas para evitar cáries,
dor de dente e inflamação da gengiva. Se a pessoa consegue escovar os dentes sozinha,
deve ser encorajada a fazê-lo. O cuidador deve providenciar o material necessário e
ajudá-la no que for preciso. A higiene bucal de adultos e idosos, independente da pessoa
ter ou não ter dentes, deve ser feita após cada uma das refeições e após o uso de
remédios pela boca. Se a pessoa cuidada consegue fazer a higiene bucal, o cuidador
deve estimulá-la e providenciar os materiais necessários, orientando, dando apoio e
acompanhando a atividade.
Se a pessoa não consegue fazer sua higiene bucal sozinha, o cuidador deve ajudá-la
da seguinte maneira:
1. Colocar a pessoa sentada em frente à pia ou na cama, com uma bacia.
2. Usar escova de cerdas macias e sempre que possível usar também o fio
dental.
3. Colocar pequena porção de pasta de dente para evitar que a pessoa engasgue.
4. Escove os dentes.
Como proceder quando o idoso usa prótese:
As próteses são partes artificiais, conhecidas como dentadura, ponte fixa ou ponte
móvel, colocadas na boca para substituir um ou mais dentes. A prótese é importante
tanto para manter a autoestima da pessoa, como manter as funções dos dentes na
alimentação, na fala e no sorriso. Por todos esses motivos e sempre que possível a
prótese deve ser mantida na boca da pessoa, mesmo enquanto ela dorme.
Quando for proceder a limpeza na boca da pessoa que usa prótese, realiza-se da
seguinte maneira:
o Retire a prótese e a escove fora da boca, com escova de dente de cerdas mais
duras e sabão neutro ou pasta dental;
o Para a limpeza das gengivas, bochechas e língua, o cuidador pode utilizar escova
de cerdas mais macias ou com um pano ou gaze umedecidas em água. O
movimento de limpeza da língua é realizado de dentro para fora, sendo preciso
cuidar para que a escova não toque o final da língua, pois pode machucar a
garganta e provocar ânsia de vômito.
o Enxaguar bem a boca e recolocar a prótese. Quando for necessário remover a
prótese, coloque-a em uma vasilha com água e em lugar seguro para evitar
queda. A água da vasilha deve ser trocada diariamente. Não se deve utilizar
produtos como água sanitária, álcool, detergente para limpar a prótese, basta
fazer a higiene com água limpa, sabão neutro ou pasta dental. A limpeza da boca
deve ser feita mesmo que a pessoa cuidada não tenha dentes e não use prótese.

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Doenças da boca
Algumas doenças e alguns medicamentos podem provocar sangramento e
inflamação nas gengivas. Além disso, a boca da pessoa doente ou incapacitada está mais
sujeita às feridas, às manchas esbranquiçadas ou vermelhas e cárie nos dentes.
Cárie dental
A cárie é a doença causada pelas bactérias que se fixam nos dentes. Essas bactérias
transformam em ácidos os restos de alimentos, principalmente doces, que ficam
grudados nos dentes. Os ácidos corroem e furam o esmalte dos dentes. A alimentação
saudável e boa higiene da boca e dentes ainda é a melhor e mais eficiente maneira de
se prevenir a cárie dos dentes.
Sangramento das gengivas
Quando não é feita uma boa limpeza da boca, dentes e prótese, as bactérias
presentes na boca formam uma massa amarelada que irrita a gengiva provocando
inflamação e sangramento. Para prevenir e tratar a irritação das gengivas e acabar com
o sangramento é necessário melhorar a escovação no local da gengiva que está
vermelha e sangrando. Durante a limpeza haverá sangramento, mas à medida que for
sendo retirada a placa de bactérias e melhorada a escovação, o sangramento diminui
até desaparecer.
Ferida na boca
Durante a limpeza da boca o cuidador deve observar a presença de ferida nas
bochechas, gengivas, lábios e embaixo da língua e comunicar à equipe de saúde.
É comum a pessoa idosa ter uma diminuição da estrutura óssea da boca. Essa perda
óssea faz com que a prótese fique frouxa, aumentando o movimento, o desconforto e a
possibilidade de lesões na gengiva. Lembrar que dentes quebrados podem ferir a boca.
- É comum que pessoas doentes tenham o apetite diminuído, mas é preciso estar atento,
a recusa em se alimentar ou a agitação no horário das refeições pode ser decorrente de
prótese mal adaptada, cárie, dentes fraturados, feridas, alterações e inflamação das
gengivas.

OSTOMIA
Ostomia é uma abertura cirúrgica realizada na parede do abdome para ligar o
estômago, ou parte do intestino ou a bexiga, com o meio externo. Existem dois tipos de
ostomia: para eliminação de fezes e urina ou para administrar alimentação. A ostomia
intestinal e urinária tem uma coloração rosada, brilhante e úmida e a pele ao seu redor
deve estar lisa e sem vermelhidão. Dependendo do lugar onde foi realizada a abertura
a ostomia recebe um nome:

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Gastrostomia ou Ileostomia ou colostomia Urostomia
jejunostomia

Liga o estômago ou o Liga uma parte do Liga a bexiga à parede do


jejuno à parede do intestino à parede do abdome e serve para
abdome
abdome e serve para eliminar urina
e serve para alimentar a
eliminar fezes.
pessoa por meio da sonda.

Cuidados com gastrostomia


1. Limpe com água filtrada sem esfregar a pele em volta da ostomia, retirando
secreção ou sujidade.
2. Lave a sonda com uma seringa de 50 ml com água, em um único jato.
3. Antes de alimentar a pessoa pela sonda, teste a temperatura do alimento no
dorso da mão.
4. Injete o alimento lentamente na sonda.
5. Observe se a pessoa apresenta barriga estufada, sensação de barriga cheia, ou
diarreia.
A diarreia pode ser causada pela composição do alimento ou pela administração
muito rápida do alimento. Essas ocorrências devem ser comunicadas à equipe
de saúde.
6. Atentar para não injetar líquidos, alimentos ou água na via da sonda que serve
para manter o balonete de fixação inflado.
7. Caso a sonda saia, não tente reposicioná-la. Entre em contato com a equipe de
saúde e feche o orifício.
8. Comunique também à equipe de saúde caso observe saída de secreção ou da
dieta pelo local de inserção da sonda.
Cuidados com ileostomia, colostomia e urostomia
Na abertura da ileostomia, colostomia ou urostomia é colada uma bolsa plástica para
coletar as fezes ou urina.
1. Usar a bolsa adequada para coleta de fezes ou urina seguindo as orientações do
profissional de saúde.
2. O recorte da bolsa deve ser sempre de acordo com o tamanho e formato da
ostomia.
3. As bolsas devem ser guardadas em locais limpos, secos e protegidos do sol para
evitar umidade e ressecamento que comprometam a capacidade adesiva da
bolsa.
4. A bolsa deve ser esvaziada sempre que estiver com 1/3 do espaço ocupado com
fezes ou urina.

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A bolsa coletora deve estar bem fixa na pele ao redor da abertura para evitar que
as fezes ou urina entrem em contato com a pele e causem irritações. A pessoa com
ostomia deve ser avaliada pela equipe de saúde quando a ostomia ou a pele ao redor
apresentar vermelhidão, coceira, feridas, pus ou dor e quando não houver eliminação
de fezes, gases ou urina.
Quando trocar a bolsa
A bolsa pode ser utilizada por cerca de três dias, devendo ser trocada antes disso
quando a resina que cola perder a cor amarela ou quando se perceber deslocamento ou
vazamento. Cuidador, no momento da troca observe os seguintes cuidados:
1. Umedeça a pele com água morna e descole delicadamente a bolsa para evitar
ferir a pele.
2. Não utilize álcool, benzina ou éter, pois esses produtos podem ser absorvidos
pela ostomia e ressecam a pele.
3. Lave a ostomia e a pele ao redor delicadamente com água e sabonete neutro
sem esfregar.
4. Seque com pano macio em toques leves. Não é necessário usar nenhum tipo de
produto.
5. Observe se a ostomia está com coloração saudável, isso é, vermelho vivo ou rosa
brilhante. Para colocar uma nova bolsa:
6. Recorte a bolsa de acordo com o tamanho e formato da ostomia.
7. Retire o papel que protege o adesivo.
8. Coloque a bolsa de baixo para cima e pressione até que esteja bem colada a pele.
9. Feche a parte de baixo com o clamp.

A bolsa que coleta fezes (colostomia e ileostomia) deve ser esvaziada sempre que
for necessário, geralmente uma ou duas vezes ao dia, sempre que estiver com 1/3 do
espaço ocupado com fezes ou urina.

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PRIMEIROS SOCORROS
Podemos definir primeiros socorros como sendo os cuidados imediatos que devem
ser prestados rapidamente a uma pessoa, vítima de acidentes ou de mal súbito, cujo
estado físico põe em perigo a sua vida, com o fim de manter as funções vitais e evitar o
agravamento de suas condições, aplicando medidas e procedimentos até a chegada de
assistência qualificada.
Crise convulsiva:
Na maior parte das ocasiões, as convulsões caracterizam-se pela perda súbita de
consciência, seguida de contração de todo o corpo e cianose da face (face arroxeada).
Podem ser seguidas de uma fase de movimentos bruscos de todo o corpo, respiração
ruidosa e perda de controle de urina e fezes. Têm uma duração que vai de poucos
segundos a muitos minutos.

O QUE FAZER AO PRESENCIAR UMA CONVULSÃO?

o Avaliar a cena;
o Adotar medidas de autoproteção como uso de luva
o Proteger a cabeça da pessoa cuidada e afrouxar a roupas apertadas
o Afastar a pessoa cuidada de objetos perigosos
o Lateralizar a cabeça da pessoa cuidada
o NÃO INTRODUZIR OBJETOS NA BOCA DA PESSOA CUIDADA
o Solicitar auxílio quando houver múltiplos episódios de convulsão.

Crise de hipoglicemia:
A diabetes é uma doença em que o pâncreas não produz uma quantidade suficiente
de insulina e os níveis de açúcar estão aumentados no sangue e na urina. A complicação
mais grave e frequente do diabético é a crise de Hipoglicemia (baixa de açúcar no
sangue). Esta ocorre habitualmente depois da realização de exercício físico, por jejum
prolongado ou por exagero da dose de insulina, surgindo alguns destes sinais e
sintomas:
o Palidez, suores e tremores das o Voz entaramelada;
mãos; o Alterações de humor;
o Fome intensa ou enjoo e o Palpitações, pulso rápido;
vômitos; o Perda da fala e dos movimentos
o Confusão mental, raciocínio ativos;
lento, bocejos repetidos, o Desmaio, convulsão, coma.
expressão apática,
“apalermada”;

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O que se deve fazer?
Lidar com a pessoa com calma (habitualmente há rejeição e teimosia em relação ao
que lhe é proposto);

IDOSO CONSCIENTE IDOSO INCONSCIENTE

Oferecer algo doce, porém, sempre Com uma colher de açúcar e uma colher
evitando alimentos muito gordurosos, de água, deve-se fazer uma papa de
pois açúcar
dificulta a absorção da glicose. e esfregar no interior da bochecha do
idoso até que o mesmo volte à
consciência

Hipotensão
Hipotensão, ou pressão baixa, significa que a pressão arterial é mais baixa do que o
esperado. Na maioria dos adultos saudáveis, a pressão baixa não causa problemas ou
sintomas. Em alguns casos, ela pode até ser normal. Mas se a pressão arterial cai
subitamente ou causa sintomas como tontura e desmaio, pode ser um problema de
saúde.
Sinais e sintomas
o Tonturas, vertigens ou desmaio. o Visão embaçada
o Batimento cardíaco rápido ou o Fraqueza
irregular o Confusão
o Náuseas e vômitos o Cansaço
o Sentir mais sede do que o o Pele fria e pegajosa Respiração
habitual ofegante
Hipotensão Ortostática (Postural)
Esse tipo de pressão baixa ocorre quando a pessoa se levanta depois de estar
sentada ou deitada. Ela pode fazer a pessoa se sentir tonta ou mesmo desmaiar.
Caso a pessoa comece a sentir sinais e sintomas de pressão baixa ela deve sentar
ou deitar imediatamente. Deve-se procurar elevar os pés acima do nível do coração. Se
os sintomas não forem embora rapidamente, deve-se chamar o atendimento médico
imediatamente.

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Queda:
Podem danificar várias estruturas corporais e a vítima corre o risco de sofrer lesões
irreversíveis (alterações de consciência, da sensibilidade e da mobilidade, ou até morte);
A primeira coisa a fazer é avaliar o estado da vítima. Feridas na boca, nariz, pescoço,
olhos, órgãos genitais ou quaisquer feridas extensas e/ou profundas, requerem
tratamento médico ou diferenciado. Consequência das quedas:
Fechadas – equimoses e hematomas;
Abertas – escoriações, feridas incisivas, perfurantes, entre outras.
O que fazer em cada uma delas:

EQUIMOSE HEMATOMA HEMORRAGIA

Aplicar frio (saco de gelo), Além da aplicação do frio, Agir em conformidade com
para diminuir o edema, deve imobilizar a zona os procedimentos
indicados
mas também a hemorragia afetada, para evitar o
para cada situação.
e a dor. agravamento da
hemorragia.

Hemorragia:
Para tentar travar uma hemorragia externa, a compressão direta sobre a lesão é a
forma mais simples, eficiente e a que sempre deve ser tentada em primeira instância.
Tal como o nome indica, consiste na compressão do ferimento.
O que fazer?
1. Tampar todo o ferimento com um pano limpo ou com uma compressa
esterilizada grossa. Podem também ser utilizados outros tipos de tecido, como,
por exemplo, toalhas limpas ou pedaços de lençol.
2. Colocar gelo ou uma compressa fria na ligadura para ajudar a parar a hemorragia
e diminuir o inchaço.
3. Comprimir com firmeza toda a zona ferida por 10 minutos, de forma
ininterrupta.
4. Assim que terminar a hemorragia deverá segurar a compressa firmemente, com
uma ligadura. Se o curativo for num membro, verifique periodicamente o pulso
arterial.
5. Se o sangramento não parar, vá ao Serviço de Urgência do Hospital mais
próximo.

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Hemorragia nasal
As hemorragias nasais geralmente não são graves e podem ser facilmente tratadas
por uma pessoa treinada em prestar os Primeiros Socorros. Este tipo de hemorragia é
causado, normalmente, por infecções, lesões na cabeça ou situações de tensão arterial
muito elevada.

O que fazer?
1. Sentar o paciente, inclinando-o para frente (nunca inclinar cabeça para trás);
2. Pedir ao paciente para respirar pela boca;
3. Pinçar o nariz, ou pedir ao paciente para fazê-lo, por 10 minutos, utilizando os
dedos polegar e indicador. Durante esse período, aplicar uma compressa fria no
nariz e zona em redor;
4. Em ocasiões em que a compressão não pare a hemorragia, deverá tamponar a
narina que está a sangrar, ou as duas, se for o caso.
5. Caso, mesmo assim, a hemorragia persistir, vá ao Serviço de Urgência do
Hospital mais próximo
Queimadura:
As queimaduras têm o potencial de desfigurar, causar incapacitações temporárias
ou permanentes ou até mesmo a morte. A pele é o maior órgão do corpo humano e tem
o papel importante na proteção contra infecção, quando essa pele é queimada se torna
porta de entrada para bactérias.
O que se deve fazer?
1. Se a roupa estiver aderida, envolver a vítima numa toalha molhada ou, na sua,
fazê-la rolar pelo chão ou envolvê-la num cobertor (cuidado com os tecidos
sintéticos);
2. Se a vítima se queimou com água ou outro tipo de líquido a ferver, despi-la
rapidamente;
3. Se a queimadura for de 1º ou 2º grau deve-se arrefecer a região queimada com
água fria corrente, até a dor acalmar;
4. Se as bolhas não estiverem rebentadas não as rebentar, aplicar gaze.

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1º GRAU 2º GRAU 3º GRAU

- Não sangra - Úmida - Atingem vasos, ossos,


pele,
geralmente seca - Presença de bolha
músculo, nervos
- Toda inervada - Avermelhada
- Pouca ou nenhuma
- Avermelhada - Dolorosa
dor
- Dolorosa - Cura espontânea
- Úmida
mais lenta.
-Esbranquiçada,
amarelada ou marrom
- Não cicatriza
Espontaneamente

Se as bolhas rebentarem, não cortar a pele da bolha esvaziada: tratar como


qualquer outra ferida. Deve manter-se 48 horas e só depois expor a zona queimada ao
ar para evitar o risco de infecção/tétano.
Na queimadura de 3º grau, para além de todos os outros procedimentos descritos
anteriormente, caso a queimadura seja muito extensa, deve-se envolver a vítima num
lençol lavado que não largue pêlos, previamente umedecido com soro fisiológico ou, na
sua falta, com água simples;
Uma queimadura profunda é uma situação grave que necessita urgentemente de
transporte para o Hospital.
O que não se deve fazer:
1. Retirar qualquer pedaço de tecido que tenha ficado agarrado à queimadura;
2. Espremer as bolhas ou tentar retirar a pele das bolhas que rebentam;
3. Aplicar sobre a queimadura outros produtos além dos referidos.

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Obstrução das vias aéreas: (Asfixia/Sufocação):

ASFIXIA (IDOSO INCONSCIENTE) ASFIXIA (IDOSO CONSCIENTE)

1. Efetuar a manobra de extensão da cabeça; 1. Junto da vítima, ao lado e ligeiramente por


trás, em posição de equilíbrio;
2. Desapertar roupas, colarinhos, gravatas,
cintos e lenços; 2. Com uma mão suster o tórax da vítima,
inclinando-a ligeiramente à frente;
3. Abrir a boca e verificar se existe algum
corpo estranho. Se sim, retirá-lo. 3. Com a outra mão aplicar 5 pancadas entre
as omoplatas;
4. Se não visualizar o corpo estranho, realizar
compressões na região epigástrica. 4. Assim que se observar a reversão da
obstrução interromper a manobra.

Manobra de Heimlich:
1. Junto da vítima, por detrás se deve colocar os braços em redor desta, na região
superior do abdômen, entre o apêndice Xifóide e o umbigo;
2. Cerrar o punho sobre esta região, agarrá-lo com a outra mão e aplicar 5
movimentos bruscos e secos, no sentido para dentro e para cima.

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Desmaio:
A lipotimia, mais frequentemente chamada de desmaio, é uma situação
caracterizada pela perda momentânea da consciência, sem que se
paralisem o coração e a respiração. Requer que o paciente seja
transportado para o Hospital, embora seja necessário administrar
alguns cuidados.

o Soltar toda a roupa que o paciente tenha ao nível da cintura;


o Dispor o paciente em posição horizontal, com as pernas
levantadas. Se necessário, empregar uma cadeira, por exemplo,
para manter as pernas elevadas;
o Ir comunicando com o paciente, de modo a perceber se
este recuperou a consciência;
o Tratar da deslocação ao Serviço de Urgência do Hospital
mais próximo.

Parada cardíaca
As causas mais frequentes são: Obstrução da laringe por corpos estranhos;
Afogamento; Choque Elétrico e Traumatismo Craniano.
O que se deve fazer:
1. Verificar a pulsação na artéria carótida
2. Certificar-se de que as vias respiratórias se encontram obstruídas e, se assim for,
desobstruí-las;
3. Deitar a vítima de costas;
4. Ajoelhar-se ao lado dos ombros da vítima
5. Colocar-lhe a cabeça o mais para trás;
6. Com uma mão puxar a testa da vítima para trás e com a outra mão apoiada na
nuca puxar-lhe o queixo para cima, levantando-lhe lentamente o pescoço, assim
facilita a respiração.
7. Entre os mamilos realizar a massagem cardíaca, até o socorro chegar;

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8. Verificar regularmente se o
coração bate se não bater, iniciar
de imediato, e em simultâneo com
a ventilação artificial, manobras
de compressão cardíaca externa.
9. Uma vez a respiração
restabelecida, manter a vítima
confortavelmente aquecida, na
Posição Lateral de Segurança
enquanto aguarda o transporte.
Posição lateral de segurança
o Evitar que a língua da vítima bloqueie os canais respiratórios;
o Forçar para que fluido como sangue ou vômitos sejam drenados da boca da
vítima;
o Manter a vítima numa posição segura, caso, por algum motivo, tenha de ser
deixada sozinha.
o A Posição Lateral de Segurança deve ser evitada em situações de suspeita de
fratura da coluna vertebral ou do pescoço. Em casos de fratura de braços ou de
pernas, ou se por qualquer razão um desses membros não puder ser movido,
coloque um cobertor enrolado debaixo do lado ileso da vítima, o que elevará o
corpo desse lado e deixará as vias respiratórias desobstruídas.
Como colocar uma vítima na posição lateral de segurança
1. Ajoelhe-se ao lado da vítima e remova do local qualquer objeto frágil, como,
por exemplo, óculos;
2. Vire a cabeça da vítima para si e
incline-a para trás, de forma a
desimpedir-lhe as vias respiratórias;
3. Ao longo do corpo da vítima, estenda
o braço que fica mais perto de si e
cruze o outro braço sobre o peito.
Cruze a perna mais afastada da vítima
sobre a que lhe está mais próxima.
4. Segure a cabeça da vítima com uma
das mãos e com a outra a agarre pela
nuca mais afastada;

SINAIS VITAIS
Os sinais vitais são aspectos simples das funções básicas do nosso corpo que
indicam se está tudo bem com a nossa saúde. Através de dados fisiológicos comparados
com valores de referência é possível avaliar as condições de saúde da pessoa. Com base

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nos resultados fica mais fácil tomar decisões sobre as intervenções médicas necessárias
para aquele quadro. De acordo com o Ministério da Saúde, os 4 sinais vitais mais
importantes e valores normais são:

Frequência Pressão arterial Temperatura Frequência


respiratória (FR)
cardíaca (FC) (PA)

Entre 60 e 100 Sistólica entre 100 Entre 36 º C e Entre 16 e 20 irpm;


e 140 mm e 37,5º;
bpm
diastólica entre 60
e 90 mm;

Frequência cardíaca (FC)


A frequência cardíaca é a pulsação que sentimos em diferentes partes do corpo a
partir da movimentação das artérias. A mudança nesses valores pode ser temporária e
afetada por fatores como a prática de exercícios físicos, alimentação, sustos, emoções,
uso de drogas, entre outros. Os valores são medidos em pulsação por minuto (bpm) e,
quando normais, podem variar entre 60 e 80 bpm. Dessa forma, fica implícito que ao
medir o pulso de alguém esse procedimento deve ser feito por pelo menos 60 segundos.

Frequência normal Entre 60 a 100 bpm

Bradicardia Menos de 60 bpm

Pulso acelerado Entre 90 a 100 bpm

Taquicardia Mais de 100 bpm

A maneira mais comum de medir o pulso é utilizando a artéria radial, que fica
literalmente na região do nosso pulso. Mas, a terminologia pulso pode fazer referência
a diferentes partes do corpo que também permitem medir a frequência cardíaca:
o Pulso temporal
o Pulso da carótida: pescoço abaixo da orelha;
o Pulso braquial: parte de dentro do cotovelo/braço;
o Pulso femoral: entre a coxa e a virilha;
o Pulso radial: pulso da mão;
o Pulso poplíteo: atrás do joelho;
o Pulso da artéria pediosa dorsal: peito do pé;
o Pulso da artéria tibial posterior
Pressão arterial (PA):
A pressão arterial popularmente é apenas conhecida como 'pressão' e é o sinal vital
que mede o bombeamento de sangue, através dos vasos, do coração para o resto do

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corpo. Esses valores são medidos com o auxílio de aparelhos específico para isso:
esfigmomanômetro e estetoscópio ou um aparelho digital. Os valores normais de
pressão arterial podem ser considerados:

Pressão sistólica Entre 10 e 14 cm de Hg (100 e 140


mm)

Pressão diastólica Entre 6 e 9 cm de Hg (60 e 90 mm)

ESFIGMOMANÔMETRO
ESTETOSCÓPIO

Temperatura
A temperatura corporal controla o calor do nosso organismo, que é regulado pelo
nosso próprio sistema orgânico. Ela pode ser verificada em diferentes partes do corpo
com a ajuda de um termômetro. Antes de medir a temperatura é preciso considerar os
fatores que podem alterá-la, como emocional, roupas, ovulação, ambiente, distúrbios
da Tireoide, doenças, entre outros. Os valores de referência normais de temperatura
são:

TEMPERATURA ALTERADA
TEMPERATURA NORMAL

Axila: 35,8º C a 37ºC Febre: 37,6ºC e 38,9ºC


Boca: 36,3ºC a 38ºC Hiperpirexia: Acima de 39ºC
Reto: 37ºC a 38º C Hipotermia: Abaixo de 36,5ºC

Frequência respiratória (FR)


Observar os sinais vitais de respiração implica em medir a frequência respiratória
(trocas gasosas entre o organismo e o ambiente exterior). Dessa forma consegue-se
garantir que a troca entre sangue e pulmões funcione corretamente. Nessa análise são
levados em conta 3 aspectos:

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FREQUÊNCIA RITMO INTENSIDADE

De deslocamento Regular ou Irregular Profunda ou superficial


respiratório por minuto

Os valores de referência normais para um adulto podem variar entre 16 a 20


movimentos respiratórios por minuto. Conforme se observam alterações nos
movimentos respiratórios, essas situações são classificadas de diferentes maneiras
segundo uma terminologia:

Apneia Bradpneia Taquipneia Dispneia Ortopneia

Parada Respiração Respiração Dificuldade Só é possível


respiratória lenta acelerada para respirar com a
respirar coluna ereta

SONDA VESICAL DE DEMORA


A sonda vesical de demora, ou sonda de Foley, é utilizada quando a pessoa não é
capaz de urinar espontaneamente ou de controlar a saída da urina. Essa sonda possui
um pequeno balão interno que depois de cheio prende a sonda dentro da bexiga. A
parte externa da sonda deve ficar presa na coxa da pessoa de forma a manter a sonda
no lugar, permitindo a movimentação. Para fixar a sonda e evitar ferir a pele ou as
alergias é melhor utilizar esparadrapo antialérgico, mudando constantemente o local de
fixação.
Fora do corpo a sonda liga-se a uma bolsa que armazena a urina e pode ser fixada
na lateral da cama, na cadeira de rodas ou na perna da pessoa. Este tipo de sonda só
pode ser colocado e retirado pela equipe de saúde. A sonda de demora faz com que a
pessoa urine continuamente e, como essa sonda fica por um tempo dentro da bexiga, é
preciso cuidados para se prevenir infecções, sangramentos e feridas:
o Lave as mãos antes de mexer na sonda.
o Limpe a pele ao redor da sonda com água e sabão pelo menos duas vezes ao dia
para evitar o acúmulo de secreção.
o Lave a bolsa ou frasco coletor de urina uma vez ao dia, com água e sabão e
enxague com água clorada.
o Mantenha o frasco ou bolsa coletora abaixo do nível da cama ou do assento da
cadeira, e não deixe que ela fique muito cheia. Esses cuidados são necessários
para evitar que a urina retorne do frasco para dentro da bexiga.
o Tome cuidado para não puxar a sonda, pois isso pode causar ferimentos na
uretra.
o A sonda tem que ficar livre para que a urina saia continuamente da bexiga, por
isso, cuide para que a perna da pessoa ou outro objeto não comprima a sonda.
o Se durante algum tempo não houver urina na bolsa coletora, verifique se a sonda
está dobrada, obstruída ou pressionada pela perna da pessoa. Caso a pessoa não
urine num espaço de 4 horas, mesmo ingerindo líquido, procure falar
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urgentemente com a equipe de saúde. Uma pessoa produz e elimina, em média,
1.200 a 1.500 ml de urina em 24 horas. Essa quantidade é modificada pela
ingestão de líquido, suor, temperatura externa, vômitos ou diarreia.
o Lembre-se que a sonda de demora só pode ser colocada e retirada pela equipe
de saúde.

Uripen
O uripen é uma sonda externa feita de borracha
fina, também conhecida como sonda de camisinha, pois
é colocada no pênis como uma camisinha. A mangueira
do uripen é encaixada a uma bolsa coletora de urina.
Existem vários tamanhos de uripen.
Cuidados no uso de uripen
A colocação do uripen é simples e deve ser orientada
pela equipe de saúde.
o A fixação não deve ficar muito apertada.
o Evite fixar o uripen com esparadrapo comum,
pois pode causar alergias e lesões no pênis.
o É mais fácil colocar o uripen com o pênis em ereção.
o Manter os pelos pubianos aparados, pois facilita a utilização do uripen
o Retire o uripen uma vez ao dia para lavar e secar bem o pênis.
CUIDADOS COM A PELE DO IDOSO
A pele reflete condições físicas e psicológicas, como saúde, idade, diferenças étnicas
e culturais, além de proteger e regular a temperatura corporal. É uma barreira protetora
impermeável que impede a perda de líquidos e a penetração de substâncias e micro-
organismos. Evita que o organismo receba radiações ultravioletas e a sede de reações
imunológicas relacionadas com a defesa orgânica e da percepção sensitiva e imagem
corporal. Na terceira idade, essas funções decaem tornando-a mais frágil, mais sujeita
às agressões do meio ambiente. A idade avançada acaba por ser acompanhada de
alterações no turgor da pele e função imunológica. Conforme a pessoa envelhece,
aumenta o risco de aparecerem lesões no tegumento, já que este se torna mais fino,
mais frágil e ocorre perda na camada de gordura subcutânea. Essas alterações requerem
atenção qualificada no cuidado e manutenção da saúde do idoso
O cuidador deve estar atento ao aparecimento de alterações cutâneas, como
assadura, lesão por pressão, dermatite, úlcera venosa e arterial.
Assadura
As assaduras ocorrem devido à continuação de forças de atrito entre a pele e
roupas, tecidos, calçados, fraldas e diversos outros motivos. Normalmente, as partes
mais afetadas são as coxas, a virilha, os mamilos, a barriga, as axilas e os pés. É muito

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comum o aparecimento de assaduras, devido ao longo período em que utilizam as
fraldas plásticas, as assaduras podem ser evitadas tomando algumas precauções, como
passar pomadas e cremes que evitam o seu surgimento, entre outras.
Sinais e Sintomas
O principal sintoma da assadura é o surgimento de vermelhidão, ardência no local
afetado e coceira constante na área afetada. Portanto, antes dela avançar e começar a
doer ainda mais, é comum que antes a pele fique irritada ou inchada. No caso das
assaduras pelo uso de fraldas (dermatite de fralda), o principal sintoma é o surgimento
de erupções vermelhas nas nádegas da criança. As assaduras são facilmente
identificadas por qualquer pessoa, pois provocam dores e machucados na região do
corpo afetada.
As assaduras podem surgir devido aos mais diversos motivos, como roupas
apertadas, calçados que pegam no pé, higienização inadequada, obesidade,
transpiração excessiva, contato prolongado com acessórios de plástico e excesso de
limpeza na pele. Outras causas comuns também envolvem a colonização da pele por
fungos e uso de antibióticos. O mais comum é que as assaduras surjam em decorrência
do contato excessivo da pele com um fator agressor.
Tratamentos
o Utilizar um sabão neutro para realizar a higienização do local e enxaguar bem.
o Ideal é utilizar alguma pomada adequada ou um lubrificante natural que
promova a cicatrização.
o Aparar os pelos pubianos com tesoura para facilitar a higiene íntima e manter a
área mais seca. Encoste de leve a tolha, de modo a remover toda a umidade sem
agredir a pele.
o Fazer a higiene íntima a cada vez que a pessoa evacuar ou urinar e secar bem a
região.
o Se for possível exponha a área com assadura ao sol, isso ajuda na cicatrização da
pele. Se mesmo com esses cuidados a pessoa apresentar assadura é importante
comunicar o fato à equipe de saúde e solicitar orientação.
Os óleos naturais ajudam a pele a se recuperar, porém você deve procurar por
opções que não contém fragrância. Entre os óleos que podem ser utilizados na cura de
assaduras, estão: o óleo de amêndoas, o óleo de calêndula e a lanolina. É essencial que
esses óleos sejam aplicados na pele já higienizada e seca. Caso julgue necessário, você
também deve aplicar uma gaze no local depois de passar o óleo para proteger a região
dos atritos
Lesão por pressão
As escaras são feridas que surgem na pele quando a pessoa permanece muito
tempo numa mesma posição. É causada pela diminuição da circulação do sangue nas
áreas do corpo que ficam em contato com a cama ou com a cadeira. Os locais mais

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comuns onde se formam as escaras são: região final da coluna, calcanhares, quadril,
tornozelos, entre outros
Como prevenir
Estimule a pessoa cuidada a mudar de posição pelo menos a cada 2 horas. À noite,
o cuidador pode mudar a pessoa de posição quando acordar a pessoa cuidada para dar
medicação, ou fazer outro cuidado.
o Ao mudar a pessoa de lugar ou de posição, faça isso com muito cuidado, evitando
que a pele roce no lençol ou na cadeira, pois a pele está muito fina e frágil e pode
se ferir. Mantenha a roupa da cama e da pessoa bem esticada, pois as rugas e
dobras da roupa podem ferir a pele.
o Cuidador, se a pessoa cuidada fica a maior parte do tempo em cadeira de rodas
ou poltrona, é preciso ajudá-la a aliviar o peso do corpo sobre as nádegas, da
seguinte maneira:

Se a pessoa tem força nos braços Se a pessoa não consegue se apoiar


nos braços

Oriente a pessoa cuidada a sustentar O cuidador deve ajudá-la


o peso do corpo ora sobre uma a se movimentar. Procure orientações da
nádega, ora sobre a outra. equipe de saúde como auxiliar a pessoa

cuidada nessa movimentação.

Alguns apoios podem ajudar a pessoa a se segurar e mudar de posição sozinha,


podem ser comprados ou improvisados em casa: barras de apoio para cabeceiras da
cama, faixas de pano amarradas na cabeceira, nas laterais ou nos pés da cama ajudam
a pessoa a levantar ou mudar de posição na cama.
O colchão de espuma tipo “caixa de ovo” ou piramidal ajuda a
prevenir as escaras, pois protege os locais do corpo onde os ossos são
mais salientes e ficam em contato com o colchão ou a cadeira. Quando
a pessoa não consegue controlar a saída de urina e/ou fezes, é
necessário proteger o colchão com plástico, apenas na região das
nádegas, e por cima do plástico colocar um lençol de algodão. A pele
não deve ficar em contato com o plástico.

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o Proteja os locais do corpo onde os ossos são mais salientes com travesseiros,
almofadas, lençóis ou toalhas
dobradas em forma de rolo, entre
outros.
o Se possível, leve a pessoa a um local
onde possa tomar sol por 15 a 30
minutos, de preferência antes das 10 e
depois das 16 horas, com a pele
protegida por filtro solar.
o O sol fortalece a pele, fixa as
vitaminas no corpo e ajuda na cicatrização das escaras.
o A pele da pessoa cuidada precisa ser frequentemente avaliada e bem hidratada.
o Se a pessoa cuidada utilizar fraldas, é necessário trocá-las cada vez que urinar e
evacuar, para evitar que a pele fique úmida
o Procure alimentar a pessoa fora da cama para evitar que os resíduos de
alimentos caídos no lençol machuquem a pele e possam provocar escaras. Caso
seja necessário alimentar a pessoa na cama, é preciso catar todos os farelos e
resíduos de alimentos que possam ter caído.
o Ao fazer a higiene corporal, evite esfregar a pele com força, pois isso pode
romper a pele. Faça movimentos suaves, use pouca quantidade de sabonete e
enxague bem, para que a pele da pessoa não fique ressecada.
Tratamento das lesões por pressão
O tratamento da escara é definido pela equipe de saúde, após avaliação. Cabe ao
cuidador fazer as mudanças de posição, manter a área da escara limpa e seca, para evitar
que fezes e urina contaminem a ferida e seguir as orientações da equipe de saúde.

FERIDAS
As feridas são consequência de uma agressão por um agente ao tecido vivo. O
tratamento das feridas vem evoluindo desde 3000 anos A.C., onde as feridas
hemorrágicas eram tratadas com cauterização; o uso de torniquete é descrito em 400
A.C.; a sutura é documentada desde o terceiro século A.C. Na Idade Média, com o
aparecimento da pólvora, os ferimentos tornaram-se mais graves. O cirurgião francês
Ambroise Paré, em 1585 orientou o tratamento das feridas quanto à necessidade de
desbridamento, aproximação das bordas e curativos. Lister, em 1884, introduziu o
tratamento antisséptico. No século XX, vimos a evolução da terapêutica com o
aparecimento da sulfa e da penicilina.
As feridas podem ser classificadas de várias maneiras: pelo tipo do agente causal,
de acordo com o grau de contaminação, pelo tempo de traumatismo, pela profundidade
das lesões, sendo que as duas primeiras são as mais utilizadas, destacaremos a
classificação das feridas quanto ao grau de contaminação.
Quanto ao grau de contaminação

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Esta classificação tem importância, pois orienta o tratamento antibiótico e também
nos fornece o risco de desenvolvimento de infecção.

Limpas Limpas Contaminadas Infectadas


contaminadas

São as produzidas Também são Há reação Apresentam sinais


em ambiente conhecidas como inflamatória, são as nítidos de infecção.
cirúrgico, sendo potencialmente que tiveram
que não foram contaminadas; contato com
abertos sistemas nelas há material como
como o digestório, contaminação terra, fezes, etc.
respiratório e grosseira, por Também são
geniturinário. A exemplo, nas consideradas
probabilidade da ocasionadas por contaminadas
infecção da ferida é faca de cozinha, ou aquelas em que já
baixa, em torno de nas situações se passou seis
1 a 5%. cirúrgicas em que horas após o ato
houve abertura dos que resultou na
sistemas ferida. O risco de
contaminados infecção da ferida
descritos já atinge 10 a 17%.
anteriormente. O
risco de infecção é
de 3 a 11%

TIPOS MAIS COMUNS DE FERIDAS CRÔNICAS


Úlceras de Pressão
A úlcera de pressão é uma área localizada de necrose celular, que resulta da
compressão do tecido mole entre uma proeminência óssea e uma superfície dura por
um período prolongado de tempo (UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO, 2001). Outros termos
também são usados com frequência como úlcera de decúbito, escara, escara de
decúbito, porém, por ser a pressão o agente principal para a sua formação, o termo
recomendado é úlcera de pressão. O termo "escara" não deve ser utilizado para a
definição, porque ele é usado para designar apenas a parte necrótica ou crosta da ferida.
A região sacral e os calcâneos são os locais mais frequentes de aparecimento da úlcera
de pressão.

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Os indivíduos mais propensos à formação desse tipo de

ferida são aqueles

o Com alterações da mobilidade:


o Com alterações da percepção sensorial:
o Com alterações da circulação periférica;
o Com alterações do nível de consciência;
o Incontinentes, Mal nutridos;
o Imunodeprimidos.

Os tecidos recebem oxigênio e nutrientes, eliminando os produtos tóxicos por via


sanguínea. Qualquer fator que interfira neste mecanismo, afeta o metabolismo celular
e a função ou vida da célula. O dano no tecido ocorre quando a pressão exercida contra
o mesmo é suficiente para fechar os capilares (> 32 mmHg) e permanece por tempo
prolongado até provocar a lesão isquêmica. Quando a pressão é retirada a tempo (alívio
antes do ponto crítico), a circulação é restaurada através de um mecanismo fisiológico
compensatório chamado hiperemia reativa.
Úlceras Vasculares
As úlceras vasculares, mais conhecidas como úlceras de perna, podem ser definidas
como sendo a perda da continuidade da pele nos membros inferiores, abaixo dos
joelhos, e cujo processo de cicatrização se prolonga por mais de seis semanas, elas são
altamente recidivantes, acometem principalmente em pessoas idosas e estão
frequentemente associadas a outras doenças, tais como: diabetes mellitus, artrite,
hipertensão arterial, hanseníase, entre outras. Estas feridas são uma das principais
causas pelas quais as pessoas procuram as unidades de saúde, pois cerca de 80% delas
podem ser tratadas ambulatorialmente. Elas podem causar dor, depressão, redução da
movimentação, incapacidade para trabalho, perda da autoestima e isolamento social,
ou seja, graves transtornos tanto individuais quanto coletivos. As úlceras vasculares
apresentam etiologia de origem venosa, arterial ou mista. As úlceras de origem venosa
(maioria) são basicamente resultantes da hipertensão venosa crônica, que produz a
estase venosa e edema. As úlceras de origem arterial são produzidas quando o fluxo
sanguíneo para os membros inferiores está diminuído, resultando em isquemia e
necrose. As úlceras de origem mista resultam da combinação da hipertensão venosa
crônica com patologias arteriais periféricas.
Uma maneira fácil de proceder a elevação dos membros, sem dobrar a perna na
altura da cabeça do fêmur, é colocando tijolos ou blocos de madeira sob os pés da cama.
Segundo Mayberry et al. Apud Dealey (1996), é importante a continuidade do uso das
meias compressivas após a cicatrização da úlcera venosa, para evitar as recidivas. Os
exercícios também são indicados, com a finalidade de melhorar o retorno venoso, que

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está prejudicado na presença
de patologias vasculares
venosas. Importante lembrar
que usar adequadamente
meias e bandagens, aliando-se
esta prática ao tratamento
tópico adequado, existe a
possibilidade de 97% de
cicatrização nas úlceras
venosas. Mesmo após a
cicatrização, as orientações
quanto à prevenção de recidivas devem ser meticulosas e o acompanhamento do
paciente deverá ser constante.

Úlceras Neuropáticas
o Úlcera Plantar na Hanseníase
Uma das características da Hanseníase é o comprometimento dos nervos
periféricos, com diminuição ou perda da sensibilidade nos
membros. Também ocorre o comprometimento dos filetes
nervosos, com a infiltração nos folículos pilosos, glândulas
sudoríparas e glândulas sebáceas localizadas na derme,
fazendo com que a pele fique sem umidade (anidrose). Assim
sendo, a hidratação e a lubrificação da pele são cuidados que
devem ser ensinados ao paciente, para que o mesmo os
realize no domicílio, pois são indispensáveis ao cuidado
preventivo.
o Úlcera Diabética
A úlcera diabética é uma ferida que pode acometer pessoas com Diabetes Mellitus.
Seu surgimento pode ocorrer por dois mecanismos:
1. Perda da sensibilidade
2. O aumento do açúcar no sangue (hiperglicemia) pode afetar os nervos
periféricos das pernas e pés, levando à diminuição ou perda da sensibilidade
térmica, tátil e dolorosa.
A pessoa diabética pode não perceber um sapato apertado, um objeto quente
ou a dor após um corte inadequado das unhas. Esta deficiência de sensação é
denominada neuropatia diabética.

Características do pé neuropático:

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o Pontos de pressão anormais (calos);
o Dedos deformados em garra;
o Pé quente, rosado, com veias dilatadas;
o Peito do pé saliente -pé encurvado;
o Pele seca - rachaduras.

3. Doença vascular
A hiperglicemia também pode acarretar um endurecimento e estreitamento das
artérias e consequentemente uma diminuição do fluxo sanguíneo para os
membros inferiores.

ADAPTAÇÕES AMBIENTAIS
Muitas vezes é preciso fazer algumas adaptações no ambiente da casa para melhor
abrigar a pessoa cuidada, evitar quedas, facilitar o trabalho do cuidador e permitir que
a pessoa possa se tornar mais independente. O lugar onde a pessoa mais fica deve ter
somente os móveis necessários. É importante manter alguns objetos que a pessoa mais
goste de modo a não descaracterizar totalmente o ambiente. Cuide para que os objetos
e móveis não atrapalhem os locais de circulação e nem provoquem acidentes.
Alguns exemplos de adaptações:
o As cadeiras, camas, poltronas e vasos sanitários mais altos do que os comuns
facilitam a pessoa cuidada a sentar, deitar e levantar. O cuidador ou outro
membro da família podem fazer essas adaptações. Em lojas especializadas
existem levantadores de cama, cadeiras e vasos sanitários.
o Antes de colocar a pessoa sentada numa cadeira de plástico, verifique se a
cadeira suporta o peso da pessoa e coloque a cadeira sobre um piso
antiderrapante, para evitar escorregões e quedas.
o O sofá, poltrona e cadeira devem ser firmes e fortes, ter apoio lateral, que
permita à pessoa cuidada se sentar e se levantar com segurança.
o Se a pessoa cuidada não controla a saída de urina ou fezes é preciso cobrir com
plástico a superfície de cadeiras, poltronas e cama e colocar por cima do plástico
um lençol para que a pele não fique em contato direto com o plástico, pois isso
pode provocar feridas.
o Sempre que possível, coloque a cama em local protegido de correntes de vento,
isso é, longe de janelas e portas.
o Retire tapetes, capachos, tacos e fios soltos, para facilitar a circulação do
cuidador e da pessoa cuidada e também evitar acidentes.
O ambiente da casa precisa estar sempre limpo, arejado e livre de fumaça e poeira. A
limpeza do chão e dos móveis deve ser feita diariamente com pano úmido. Os produtos
de limpeza com cheiro forte devem ser evitados, pois podem provocar alergias e
alterações respiratórias.
o Sempre que for possível é bom ter barras de apoio na parede do chuveiro e ao
lado do vaso sanitário, assim a pessoa cuidada se sente segura ao tomar banho,

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sentar e levantar do vaso sanitário, evitando se apoiar em pendurador de
toalhas, pias e cortinas.
o O banho de chuveiro se torna mais seguro com a pessoa cuidada sentada em
uma cadeira, com apoio lateral.
o Piso escorregadio causa quedas e escorregões, por isso é bom utilizar tapetes
antiderrapantes (emborrachados) em frente ao vaso sanitário e cama, no
chuveiro, embaixo da cadeira.
o A iluminação do ambiente não deve ser tão forte que incomode a pessoa cuidada
e nem tão fraca que dificulte ao cuidador prestar os cuidados. É bom ter uma
lâmpada de cabeceira e também deixar acesa uma luz no corredor.
o Os objetos de uso pessoal devem estar colocados próximos à pessoa e numa
altura que facilite o manuseio, de modo que a pessoa cuidada não precise se
abaixar e nem se levantar para apanhá-los.
o As escadas devem ter corrimão dos dois lados, faixa ou piso antiderrapante e ser
bem iluminadas. As pessoas idosas ou com certas doenças neurológicas podem
ter dificuldades para manusear alguns objetos por ter as mãos trêmulas.
Algumas adaptações ajudam a melhorar o desempenho e a qualidade de vida da
pessoa
o Enrole fita adesiva ou um pano nos cabos dos talheres e também no copo,
caneta, lápis, agulha de crochê, barbeador manual, pente, escova de dente.
Assim os objetos ficam mais grossos e pesados, o que facilita à pessoa coordenar
seus movimentos para usar esses objetos.
o Coloque o prato, xícara e copo em cima de um pedaço de material emborrachado
para que não escorregue.
Proteção a pessoa cuidada
Pessoas com limitações físicas ou que estejam confusas, desorientadas no tempo
ou no lugar não podem ser deixadas sozinhas, pois podem se envolver em acidentes,
dentro ou fora de casa.

O cuidador e a família devem organizar o ambiente da casa de forma a prevenir os


acidentes:

1. Objetos pontiagudos, cortantes, quebráveis, pesados ou aqueles muito pequenos


devem ser removidos do ambiente ou guardados em local seguro.
2. A pessoa cuidada não deve executar sozinhas as atividades na cozinha, pois esse é o
local da casa onde mais ocorrem acidentes.
3. Os produtos de limpeza devem ser mantidos em armários fechados.
4. O piso da casa deve ser preferencialmente, antiderrapante e não deve ser encerado.
5. No armário do banheiro devem ser guardados apenas os objetos de higiene de uso
diário, como pente, escova de dente, sabonete.
6. A cama deve estar encostada na parede e se possível ter uma proteção lateral.
7. Mantenha no mesmo lugar os objetos de uso frequente, assim é mais fácil encontrá-
los quando precisar.

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Mudança de posição do corpo
As pessoas com algum tipo de incapacidade, que passam a maior parte do tempo
na cama ou na cadeira de rodas, precisam mudar de posição a cada 2 horas. Esse cuidado
é importante para prevenir o aparecimento de feridas na pele (úlceras de pressão) - que
são aquelas feridas que se formam nos locais de maior pressão, onde estão às pontas
ósseas como: calcanhar, final da coluna, cotovelo, cabeça, entre outras regiões

Mudança da cama para a cadeira


Quando a pessoa está há muitos dias deitada, é preciso que o cuidador faça a
mudança da posição deitada para sentada e depois em pé, pois a pessoa pode sentir
fraqueza nas pernas, tonturas e vertigem.
Cuidador siga os seguintes passos:
o Caso a cama seja de hospital, trave as rodas e abaixe as laterais, mova as pernas
da pessoa para o lado, segurando a pessoa com firmeza pelos ombros. Peça a
pessoa que se apoia firmemente nos braços e levante o corpo da cama. Com a
pessoa já sentada na cama, solicite a ela que apoie os dois pés no chão.
o Para evitar que a pessoa se desequilibre e caia, permaneça na frente dela
enquanto ela se acostuma a ficar sentada e a movimentar as pernas.
o Quando a pessoa não se sentir tonta e cansada, calce os sapatos
antiderrapantes, traga-a para a beira da cama, posicione seus pés firmemente
no chão e peça-lhe para tentar se levantar, estando alerta para ajudá-la caso se
desequilibre.
o Se a pessoa precisar de ajuda para ficar de pé, posicione-se de forma que os
joelhos da pessoa cuidada fiquem entre os seus. Então se abaixe, flexionando
levemente as pernas, passe os braços em volta da cintura da pessoa e peça-lhe
para a pessoa cuidada dar impulso. Erga-se a trazendo junto.
o Guie a pessoa até uma cadeira. Posicione-a de costas para a cadeira, com os
joelhos flexionados e as costas eretas. Caso a cadeira tenha braços, peça à
pessoa cuidada para se apoiar nos braços da cadeira ao sentar. Caso a pessoa
não movimente o braço, é preciso que a poltrona ou cadeira onde essa pessoa
vai se sentar tenha apoio lateral resistente para que o braço afetado possa ficar
bem apoiado.

PROBLEMAS COM O SONO


A falta de sono ou sonolência em excesso interfere na qualidade de vida da pessoa
cuidada e do cuidador. A insônia pode se manifestar de várias maneiras: a pessoa pode
demorar a dormir ou dormir por pouco tempo, acordar e não conseguir adormecer
novamente, ou acordar muito cedo com a sensação de “sono que não descansa”. Essas
alterações podem estar relacionadas com a doença, com algum medicamento ou com o

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uso de alimentos excitantes no período da noite, tais como: café, chá, chimarrão e
refrigerante à base de cola. Como prevenir a insônia:
1. Evite, após as 18 horas, dar a pessoa substâncias estimulantes como chá preto,
mate e café.
2. Verifique se a pessoa cuidada está sentindo dor, coceira na pele, câimbra ou
outro desconforto que possa estar prejudicando o sono.
3. À noite, evite dar líquido à pessoa, pois ao acordar para urinar a pessoa pode
demorar a adormecer novamente.
4. Converse com a equipe de saúde sobre a possibilidade de mudar o horário da
medicação que aumenta a vontade de urinar.
5. Mantenha uma iluminação mínima no quarto de modo a facilitar os cuidados e
a não interferir no sono da pessoa.
6. Evite que a pessoa cuidada permaneça por muito tempo à noite assistindo
televisão ou lendo. O esvaziamento da bolsa que coleta urina (urostomia) deve
ser feita conforme orientação da equipe de saúde. A bolsa que coleta fezes
(colostomia e ileostomia) deve ser esvaziada sempre que for necessário,
geralmente uma ou duas vezes ao dia, sempre que estiver com 1/3 do espaço
ocupado com fezes ou urina. Fique atento: A bolsa não deve ser retirada e
recolocada sem que haja necessidade, porque vai perdendo a cola.
7. Atividades prazerosas, exercícios leves e massagens ajudam a relaxar e
melhoram a qualidade do sono.
8. Converse com a pessoa a fim de identificar as causas da insônia ou da sonolência.
Pode ser que a pessoa esteja sentindo medo ou angústia ou tenha tido
desentendimentos familiares.
Medicamentos para dormir só podem ser administrados se tiverem sido receitados pelo
médico. Esteja atento às reações, pois alguns medicamentos podem provocar agitação
ou excesso de sono.

DOENÇAS COMUNS NA TERCEIRA IDADE


Diabetes de Mellitus (DM)
Diabetes Mellitus (DM) é uma síndrome metabólica de origem múltipla, decorrente
da falta de insulina e/ou da incapacidade de a insulina exercer adequadamente seus
efeitos. A insulina é produzida pelo pâncreas e é responsável pela manutenção do
metabolismo da glicose e a falta desse hormônio provoca déficit na quebra da glicose e,
consequentemente, desenvolve a diabetes que se se caracteriza por altas taxas de
açúcar no sangue (hiperglicemia) de forma permanente.

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TIPO 1 TIPO 2 DIABETES
GESTACIONAL

Causada pela destruição Resulta da resistência à É a diminuição da


das células produtoras de insulina e de deficiência tolerância à glicose,
insulina, em decorrência na secreção de insulina. diagnosticada pela
de defeito do sistema Ocorre em cerca de 90% primeira vez na gestação,
imunológico em que os dos diabéticos podendo ou não persistir
anticorpos atacam as após o parto. Sua causa
células que produzem a exata ainda não é
insulina. Ocorre em cerca conhecida
de 5 a 10% dos diabéticos

Principais sintomas do DM tipo 1: vontade de urinar diversas vezes; fome frequente;


sede constante; perda de peso; fraqueza; fadiga; nervosismo; mudanças de humor;
náusea; vômito.
Principais sintomas do DM tipo 2: infecções frequentes; alteração visual (visão
embaçada); dificuldade na cicatrização de feridas; formigamento nos pés; furúnculos.
Complicações:
O tratamento correto do diabetes significa manter uma vida saudável, evitando
diversas complicações que surgem em consequência do mau controle da glicemia. O
prolongamento da hiperglicemia (altas taxas de açúcar no sangue) pode causar sérios
danos à saúde:
Retinopatia diabética: lesões que aparecem na retina do olho, podendo causar
pequenos sangramentos e, como consequência, a perda da acuidade visual;
Nefropatia diabética: alterações nos vasos sanguíneos dos rins fazem com que haja
a perda de proteína na urina; o órgão pode reduzir sua função lentamente, porém de
forma progressiva, até sua paralisação total;
Neuropatia diabética: os nervos ficam incapazes de emitir e receber as mensagens
do cérebro, provocando sintomas como: formigamento, dormência ou queimação das
pernas, pés e mãos; dores locais e desequilíbrio; enfraquecimento muscular;
traumatismo dos pêlos; pressão baixa; distúrbios digestivos; excesso de transpiração e
impotência;
Pé diabético: ocorre quando uma área machucada ou infeccionada nos pés
desenvolve uma úlcera (ferida). Seu aparecimento pode ocorrer quando a circulação
sanguínea é deficiente e os níveis de glicemia são mal controlados.

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Qualquer ferimento nos pés deve ser tratado rapidamente para evitar complicações
que podem levar à amputação do membro afetado;
Infarto do miocárdio e acidente vascular: ocorrem quando os grandes vasos
sanguíneos são afetados, levando à obstrução (arteriosclerose) de órgãos vitais como o
coração e o cérebro. O bom controle da glicose, somado à atividade física e
medicamentos que possam combater a pressão alta e o aumento do colesterol e a
suspensão do tabagismo, são medidas imprescindíveis de segurança. A incidência deste
problema é de 2 a 4 vezes maior nas pessoas com diabetes;
Infecções: o excesso de glicose pode causar danos ao sistema imunológico,
aumentando o risco da pessoa com diabetes contrair algum tipo de infecção. Isso ocorre
porque os glóbulos brancos (responsáveis pelo combate aos vírus, bactérias, etc.) ficam
menos eficazes com a hiperglicemia. O alto índice de açúcar no sangue é propício para
que fungos e bactérias se proliferam em áreas como boca e gengiva, pulmões, pele, pés,
genitais e em locais de incisão cirúrgica.
Prevenção e controle

Pacientes com história familiar de DM Pacientes com DM devem ser orientados a:


devem ser orientados a:

Manter o peso normal; não fumar; Realizar exame diário dos pés para evitar o
controlar a pressão arterial; evitar aparecimento de lesões; manter uma
medicamentos que potencialmente possam alimentação saudável; utilizar os
agredir o pâncreas; praticar atividade medicamentos prescritos; praticar
atividades físicas; manter um bom controle
física regular.
da glicemia, seguindo corretamente as
orientações médicas.

Somente médicos e cirurgiões-dentistas devidamente habilitados podem


diagnosticar doenças, indicar tratamentos e receitar remédios.
Hipertensão arterial
A hipertensão arterial ou pressão alta é uma doença que ataca os vasos sanguíneos,
coração, cérebro, olhos e pode causar paralisação dos rins. Ocorre quando a medida da
pressão se mantém frequentemente acima de 140 a 90 mmHg.
Essa doença é herdada dos pais em 90% dos casos, mas há vários fatores que
influenciam nos níveis de pressão arterial, entre eles:
o Fumo, consumo de bebidas alcoólicas, obesidade, estresse, grande consumo de
sal, níveis altos de colesterol, falta de atividade física;
o Além desses fatores de risco, sabe-se que sua incidência é maior na raça negra,
aumenta com a idade, é maior entre homens com até 50 anos, entre mulheres
acima de 50 anos, em diabéticos.

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Sintomas
Os sintomas da hipertensão costumam aparecer somente quando a pressão sobe
muito: podem ocorrer dores no peito, dor de cabeça, tonturas, zumbido no ouvido,
fraqueza, visão embaçada e sangramento nasal.
Prevenção e controle
A pressão alta não tem cura, mas tem tratamento e pode ser controlada.
Somente o médico poderá determinar o melhor método para cada paciente, mas
além dos medicamentos disponíveis atualmente, é imprescindível adotar um estilo de
vida saudável:
o Manter o peso adequado, se necessário, mudando hábitos alimentares;
o Não abusar do sal, utilizando outros temperos que ressaltam o sabor dos
alimentos;
o Praticar atividade física regular;
o Aproveitar momentos de lazer;
o Abandonar o fumo;
o Moderar o consumo de álcool;
o Evitar alimentos gordurosos.
Somente médicos e cirurgiões-dentistas devidamente habilitados podem
diagnosticar doenças, indicar tratamentos e receitar remédios.
Alzheimer
Doença de Alzheimer é a forma mais comum de demência neurodegenerativa em
pessoas de idade. A causa é desconhecida, mas acredita-se que seja geneticamente
determinada. A doença instala-se quando o processamento de certas proteínas do
sistema nervoso central começa a dar errado. Surgem, então, fragmentos de proteínas
mal cortadas, tóxicas, dentro dos neurônios e nos espaços que existem entre eles.
Como consequência dessa toxicidade, ocorre perda progressiva de neurônios em certas
regiões do cérebro, como o hipocampo, que controla a memória, e o córtex cerebral,
essencial para a linguagem e o raciocínio, memória, reconhecimento de estímulos
sensoriais e pensamento abstrato.
Sintomas
o Falta de memória para acontecimentos recentes;
o Repetição da mesma pergunta várias vezes;
o Dificuldade para acompanhar conversações ou pensamentos complexos
o Incapacidade de elaborar estratégias para resolver problemas;
o Dificuldade para dirigir automóvel e encontrar caminhos conhecidos;
o Dificuldade para encontrar palavras que exprimem ideias ou sentimentos
pessoais;

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o Irritabilidade, suspeição injustificada, agressividade, passividade,
interpretações erradas de estímulos visuais ou auditivos, tendência ao
isolamento.
A doença de Alzheimer costuma evoluir de forma lenta e inexorável. A partir do
diagnóstico, a sobrevida média oscila entre 8 e 10 anos.
O quadro clínico costuma ser dividido em quatro estágios:

ESTÁGIO 1 ESTÁGIO 2 ESTÁGIO 3 ESTÁGIO 4


(Forma inicial) (Forma moderada) (Forma grave) (Terminal)

Alterações na Dificuldade para Resistência à Restrição ao leito


memória, na falar, realizar tarefas execução de tarefas Mutismo
personalidade e nas simples e coordenar diárias,
incontinência
habilidades visuais. movimentos,
urinária e fecal,
agitação e insônia;
dificuldade para
comer, deficiência
motora progressiva;

Tratamento
A doença é incurável. O objetivo do tratamento é retardar a evolução e preservar
por mais tempo possível as funções intelectuais. Os melhores resultados são obtidos
quando o tratamento é iniciado nas fases mais precoces.
Numa doença progressiva nem sempre é fácil avaliar resultados. Por essa razão, é
fundamental que os familiares utilizem um diário para anotar a evolução dos sintomas.
A memória está melhor? Os afazeres diários são cumpridos com mais facilidade? O
quadro está estável? O declínio ocorre de forma mais lenta do que antes da medicação?
Sem essas anotações fica impossível avaliar a eficácia do tratamento.
Uma vez iniciado, o tratamento precisa ser reavaliado pelo médico ao completar
um mês, mas deve ser mantido obrigatoriamente por um período mínimo de 3 a 6
meses, para que se possa ter ideia da eficácia. Enquanto a resposta for favorável, o
medicamento não deve ser suspenso, sendo fundamental a tomada diária nas doses e
observar os intervalos prescritos. A administração irregular compromete o resultado
final.
Parkinson
É uma doença neurológica, que afeta os movimentos da pessoa. Causam tremores,
lentidão de movimentos, rigidez muscular, desequilíbrio, além de alterações na fala e na
escrita. A Doença de Parkinson ocorre por causa da degeneração das células situadas

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numa região do cérebro chamada substância negra. Essas células produzem a substância
dopamina, que conduz as correntes nervosas (neurotransmissores) ao corpo. A falta ou
diminuição da dopamina afeta os movimentos provocando os sintomas acima descritos.
Diagnóstico
O diagnóstico da doença é feito com base na história clínica do paciente e no exame
neurológico. Não há nenhum teste específico para o seu diagnóstico ou para a sua
prevenção.
Sintomas
A história de quem é acometido pela doença de Parkinson consiste num aumento
gradual dos tremores, maior lentidão de movimentos, caminhar arrastando os pés,
postura inclinada para frente.
O tremor afeta os dedos ou as mãos, mas pode também afetar o queixo, a cabeça
ou os pés, podendo ocorrer em um ou ambos lados do corpo, o mesmo ocorre quando
nenhum movimento está sendo executado, daí o nome “tremor de repouso”. Por razões
que ainda são desconhecidas, o tremor pode variar durante o dia. Torna-se mais intenso
quando a pessoa fica nervosa, mas pode desaparecer quando está completamente
descontraída. O tremor é mais notado quando a pessoa segura com as mãos um objeto
leve como um jornal. Os tremores desaparecem durante o sono.
A lentidão de movimentos é, talvez, o maior problema para o parkinsoniano,
embora esse sintoma não seja notado por outras pessoas. Uma das primeiras coisas
percebidas pelos familiares é que o doente demora mais tempo para fazer o que antes
fazia com mais desenvoltura como, banhar-se, vestir-se, cozinhar, escrever (ocorre
diminuição do tamanho da letra).
Outros sintomas podem estar associados ao início da doença: rigidez muscular,
redução da quantidade de movimentos, distúrbios da fala, dificuldade para engolir,
depressão, dores, tontura e distúrbios do sono, respiratórios e urinários.
A progressão é muito variável e desigual entre os pacientes. Em geral, possui um
curso vagaroso, regular e sem rápidas ou dramáticas mudanças.
Tratamento
Não existe cura para a doença, porém, ela pode e deve ser tratada, não apenas
combatendo os sintomas, como também retardando o seu progresso. A grande barreira
para se curar a doença está na própria genética humana, pois, no cérebro, ao contrário
do restante do organismo, as células não se renovam. Por isso, nada pode ser feito
diante da morte das células produtoras da dopamina na substância negra. A grande
arma da medicina para combater o Parkinson são os medicamentos e, em alguns casos,
a cirurgia, além da fisioterapia e a terapia ocupacional. Todas elas combatem apenas os
sintomas. A fonoaudiologia também é muito importante para os que têm problemas
com a fala e a voz.

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Acidente Vascular Cerebral (AVC)
O AVC decorre da alteração do fluxo de sangue ao cérebro. Responsável pela morte
de células nervosas da região cerebral atingida, o AVC pode se originar de uma
obstrução de vasos sanguíneos, o chamado acidente vascular isquêmico, ou de uma
ruptura do vaso, conhecido por acidente vascular hemorrágico.

Acidente vascular isquêmico ou infarto Acidente vascular hemorrágico


cerebral

Responsável por 80% dos casos de AVC. O rompimento dos vasos sanguíneos se
Esse entupimento dos vasos cerebrais dá na maioria das vezes no interior do
pode ocorrer devido a uma trombose cérebro, a denominada hemorragia
(formação de placas numa artéria intracerebral.
principal do cérebro) ou embolia (quando
um trombo ou uma placa de gordura
originária de outra parte do corpo se solta
e pela rede sanguínea chega aos vasos
cerebrais);

Como consequência imediata, há o aumento da pressão intracraniana, que pode


resultar em maior dificuldade para a chegada de sangue em outras áreas não afetadas
e agravar a lesão. Esse subtipo de AVC é mais grave e tem altos índices de mortalidade.

Sintomas e sinais de alerta

Muitos sintomas são comuns aos acidentes vasculares isquêmicos e hemorrágicos,


entre eles destacamos:

1. Dor de cabeça muito forte, de início súbito, sobretudo se acompanhada de


vômitos;
2. Fraqueza ou dormência na face, nos braços ou nas pernas, geralmente
afetando um dos lados do corpo;
3. Paralisia (dificuldade ou incapacidade de se movimentar);
4. Perda súbita da fala ou dificuldade para se comunicar e compreender o que se
diz;
5. Perda da visão ou dificuldade para enxergar com um ou ambos os olhos.
6. Tontura
7. Perda de equilíbrio ou de coordenação.
Os ataques isquêmicos podem manifestar-se também com alterações na memória
e na capacidade de planejar as atividades diárias, bem como a negligência. Neste caso,
o paciente ignora objetos colocados no lado afetado, tendendo a desviar a atenção
visual e auditiva para o lado normal, em detrimento do afetado.
Aos sintomas do acidente vascular hemorrágico intracerebral podem-se acrescer
náuseas, vômito, confusão mental e, até mesmo, perda de consciência. O acidente
vascular hemorrágico, por sua vez, comumente é acompanhado por sonolência,

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alterações nos batimentos cardíacos e na frequência respiratória e, eventualmente,
convulsões.
O AVC é uma emergência médica. Se achar que você ou outra pessoa está tendo
um, é preciso dirigir-se com urgência ao serviço de emergência do hospital mais próximo
para um diagnóstico completo e tratamento.
FATORES DE RISCO
o Hipertensão o Colesterol elevado
o Diabetes o Doenças cardiovasculares
o Tabagismo o Sedentarismo
o Consumo frequente de álcool e o Doença do sangue
drogas o Má alimentação
o Estresse
Existem fatores que podem facilitar o desencadeamento de um Acidente Vascular
Cerebral e que são inerentes à vida humana, como o envelhecimento.
Pessoas com mais de 55 anos possuem maior propensão a desenvolver o AVC.
Características genéticas, como pertencer a raça negra, e história familiar de doenças
cardiovasculares também aumentam a chance de AVC. Esses indivíduos, portanto,
devem ter mais atenção e fazer avaliações médicas mais frequentes.
Reabilitação
Parte importante do tratamento, o processo de reabilitação muitas vezes começa
no próprio hospital, a fim de que o paciente se adeque mais facilmente a sua nova
situação e restabeleça sua mobilidade, habilidades funcionais e independência física e
psíquica. Esse processo ocorre quando a pressão arterial, o pulso e a respiração
estabilizam, muitas vezes um ou dois dias após o episódio de Acidente Vascular Cerebral
e é conduzido por equipe multiprofissional, formada por neurologistas, enfermeiros,
fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais.
O processo de reaprendizagem exige paciência e obstinação do paciente e,
também, do seu cuidador, que tem uma função extremamente importante durante toda
a reabilitação. Outro aspecto de considerável importância é a reintrodução do indivíduo
no convívio social, seja por meio de leves passeios, compras em lojas ou quaisquer
atividades comuns à sua rotina normal.
Pneumonia
Pneumonia é uma infecção que se instala nos pulmões, órgãos duplos localizados
um de cada lado da caixa torácica. Pode acometer a região dos alvéolos pulmonares
onde desembocam as ramificações terminais dos brônquios e, às vezes, os interstícios
(espaço entre um alvéolo e outro). Basicamente, pneumonias são provocadas pela
penetração de um agente infeccioso ou irritante (bactérias, vírus, fungos e por reações
alérgicas) no espaço alveolar, onde ocorre a troca gasosa. Esse local deve estar sempre
muito limpo, livre de substâncias que possam impedir o contato do ar com o sangue.

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Diferentes do vírus da gripe, que é altamente infectante, os agentes infecciosos da
pneumonia não costumam ser transmitidos facilmente.
Sintomas
o Febre alta o Mal-estar generalizado
o Tosse o Falta de ar
o Dor no tórax o Prostração
o Alterações da pressão arterial o Secreção de muco purulento de
o Confusão mental cor amarelada ou esverdeada

Fatores de risco
Fumo: provoca reação inflamatória que facilita a penetração de agentes
infecciosos;
Álcool: interfere no sistema imunológico e na capacidade de defesa do
aparelho respiratório;
Ar-condicionado: deixa o ar muito seco, facilitando a infecção por vírus e bactérias;
• Resfriados mal cuidados;
• Mudanças bruscas de temperatura.
Diagnóstico
Exame clínico, auscultação dos pulmões e radiografias de tórax são recursos
essenciais para o diagnóstico das pneumonias.
Tratamento
O tratamento das pneumonias requer o uso de antibióticos e a melhora costuma
ocorrer em três ou quatro dias. A internação hospitalar pode fazer-se necessária quando
a pessoa é idosa, tem febre alta ou apresenta alterações clínicas decorrentes da própria
pneumonia, tais como: comprometimento da função dos rins e da pressão arterial,
dificuldade respiratória caracterizada pela baixa oxigenação do sangue porque o alvéolo
está cheio de secreção e não funciona para a troca de gases.
Recomendações
o Não fume e não beba exageradamente;
o Observe as instruções do fabricante para a manutenção do ar-condicionado em
condições adequadas;
o Não se exponha a mudanças bruscas de temperatura;
o Procure atendimento médico para diagnóstico precoce de pneumonia, para
diminuir a probabilidade de complicações.

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Osteoporose
Osteoporose é uma doença que se caracteriza pela perda progressiva de massa
óssea, tornando os ossos enfraquecidos e predispostos a fraturas.
Algumas dicas podem ajudar na prevenção ou no controle da osteoporose:
1. A ingestão de cálcio é fundamental para o fortalecimento dos ossos. Adote uma
dieta rica em alimentos com cálcio (leite e derivados, como iogurtes e queijos).
Os médicos indicam dois copos de leite desnatado e uma fatia de queijo branco
por dia;
2. Consuma verduras de folhas escuras, como brócolis, espinafre e couve;
3. Evite carne vermelha, refrigerante, café e sal;
4. Exponha-se ao sol de forma moderada. Os raios ultravioletas sobre a pele
estimulam a produção de vitamina D, fundamental para a absorção do cálcio
pelo organismo. Basta de 20 a 30 minutos de sol por dia, entre 6h e 11h;
5. Não fume e evite o consumo excessivo de álcool;
6. Independente da idade inicie um programa de exercícios (pode ser caminhada
ou musculação, por exemplo). Entre outras vantagens, ajuda a fortalecer os
músculos, melhorar o equilíbrio e os reflexos, evitando as quedas;
7. Mulheres que entraram na menopausa devem consultar um médico para
começar um tratamento especial. A partir de 45 anos, devem ser submetidas a
um teste de densitometria óssea;
8. Obstáculos como móveis, tapetes soltos e pouca iluminação, podem facilitar
quedas e, consequentemente, provocar fraturas em pessoas com osteoporose.
Saiba como deixar a casa mais segura para evitar quedas:
1. Na cama, é importante que a pessoa sentada consiga apoiar os pés no chão,
evitando assim, a hipotensão postural (tonturas);
2. A mesa de cabeceira deve ser 10 cm, mais alta do que a cama e com bordas
arredondadas. Se possível, fixe-a no chão ou na parede, evitando que se
desloque caso a pessoa precise apoiar-se nela;
3. Sempre que possível, instale os interruptores de luz próximos à cama, ou adote
um abajur;
4. Prefira pisos antiderrapantes para áreas molhadas (como box e corredores);
5. Evite tapetes soltos e prefira os de borracha e antiderrapantes;
6. O corrimão das escadas deve ter altura média de 80 cm e os degraus das
escadas devem ser marcados com fitas antiderrapantes.
Catarata
Doença dos olhos em que a visão fica opaca. Ocorre principalmente em decorrência
do envelhecimento, porém, existem casos de catarata congênita (de nascença) ou
provocada por fatores como exposição demasiada ao sol sem óculos apropriados.
Sintomas

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o Visão nublada;
o Sensibilidade à luz e necessidade de maior iluminação para ler;
o A visão noturna torna-se mais fraca e as cores tornam-se amareladas.

Tipos de catarata
É o tipo de catarata mais comum. Ocorre em
Senil pessoas idosas (é relacionada a idade),
geralmente após os 60 anos.

A criança geralmente já nasce com catarata.


Ocorre por doenças da mulher (como a rubéola
Congênita e a toxoplasmose) durante a gravidez.
Frequentemente está acompanhada de outras
alterações.

Ocorre após acidentes com o olho. Geralmente


é unilateral; o trauma, mesmo sem perfuração
Traumática do olho, pode provocar a opacificação do
cristalino.

Inicia-se geralmente em idade mais precoce e


Do diabético
com perda visual mais rápida que na senil.

Principalmente os corticoides, quando usados


Secundária a medicamentos
por longos períodos.

Tratamento
Consiste numa cirurgia que retira o cristalino opaco e introduz, no lugar, uma lente
intraocular que devolve a visão normal ao paciente. A recuperação é rápida e o paciente
está liberado para retomar suas atividades normais em apenas uma semana.
Erisipela
Erisipela é um processo infeccioso da pele, que pode atingir a gordura do tecido
celular, causado por uma bactéria que se propaga pelos vasos linfáticos. Pode ocorrer
em pessoas de qualquer idade, mas é mais comum nos diabéticos, obesos e nos
portadores de deficiência da circulação das veias dos membros inferiores. Não é
contagiosa. Nomes populares: esipra, mal-da-praia, mal-do-monte, maldita, febre-de-
santo-Antônio.
A erisipela ocorre porque uma bactéria (um Estreptococo) penetra numa pele
favorável à sua sobrevivência e reprodução. A porta de entrada quase sempre é uma
micose entre os dedos (as famosas “frieiras”), mas qualquer ferimento pode
desencadear o mal. A pele mais favorável é a das pernas inchadas, principalmente nos
pacientes diabéticos, obesos e idosos.

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Sintomas
Os primeiros sintomas podem ser aqueles comuns a qualquer infecção: calafrios,
febre alta, astenia, cefaléia, mal-estar, náuseas e vômitos. As alterações da pele podem
se apresentar rapidamente e variam desde uma simples vermelhidão, dor e inchaço até
a formação de bolhas e feridas por necrose (morte das células) da pele.
A localização mais frequente é nos membros inferiores, na região acima dos
tornozelos, mas podem ocorrer em outras regiões como face e tronco. No início, a pele
se apresenta lisa, brilhante, vermelha e quente. Com a progressão da infecção, o inchaço
aumenta, surgem as bolhas com conteúdo amarelado ou cor de chocolate e, por fim, a
necrose da pele. É comum o paciente queixar-se de “íngua” (aumento dos gânglios
linfáticos na virilha).
Quando o paciente é tratado logo no início da doença, as complicações não são tão
evidentes ou graves. No entanto, os casos não tratados a tempo podem progredir com
abscessos, ulcerações (feridas) superficiais ou profundas e trombose de veias. A sequela
mais comum é o linfedema, que é o inchaço persistente e duro localizado
principalmente na perna e no tornozelo, resultante dos surtos repetidos de erisipela.
Tratamento
O tratamento consta de várias medidas realizadas ao mesmo tempo e só deve ser
administrado pelo médico:
1. Uso de antibióticos específicos para eliminar a bactéria causadora;
Redução do inchaço, fazendo repouso absoluto com as pernas elevadas,
principalmente na fase inicial. Pode ser necessário o enfaixamento da perna para
que desinche mais rapidamente;
2. Fechamento da porta de entrada da bactéria, tratando as lesões de pele e as
frieiras;
3. Limpeza adequada da pele, eliminando o ambiente propício para o crescimento
das bactérias;
4. Uso de medicação de apoio, como anti-inflamatórios, antifebris, analgésicos e
outras que atuam na circulação linfática e venosa.

Prevenção
As crises repetidas de erisipela podem ser evitadas através de cuidados higiênicos
locais, mantendo os espaços entre os dedos sempre bem limpos e secos, tratando
adequadamente as frieiras, evitando e tratando os ferimentos das pernas e tentando
manter as pernas desinchadas. Deve-se evitar engordar, bem como permanecer muito
tempo parado, em pé ou sentado. O uso constante de meia elástica é uma grande arma
no combate ao inchaço, bem como fazer repouso com as pernas elevadas sempre que
possível.

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Diarreia
A diarreia é um desarranjo do intestino com aumento do número de evacuações e
fezes amolecidas ou líquidas.
Causas
Os germes causadores da diarreia costumam chegar ao ser humano através da
boca, podendo estar na água ou alimentos contaminados. A maioria das diarreias é
causada por vírus, bactérias ou parasitas. Os parasitas são comuns em locais com
condições precárias de higiene sanitária.
Complicações da diarreia
o Desidratação; diarreias de repetição, desnutrição crônica, retardo do
desenvolvimento do peso e estatura;
o Retardo do desenvolvimento intelectual;
Morte
Procurar um especialista quando apresentar qualquer dos sintomas iniciais da doença,
relatados anteriormente
Tratamento
o Iniciar a ingestão do soro caseiro* o mais breve possível;
o Aumento da ingestão de líquidos como soros, sopas, sucos;
o Ingerir de 50 a 100 ml de líquido após cada evacuação diarreica;
o Manter a alimentação habitual, principalmente o leite materno, corrigindo erros
alimentares e seguindo as orientações médicas;
Observar os sinais de desidratação.
SINAIS DE DESIDRATAÇÃO
o Olhos fundos
o Boca e língua seca
o Diminuição de quantidade de urina
o Muita sede
o Ausência de lágrimas quando chora
Se apresentar dois ou mais sintomas, pode ser desidratação. É necessário procurar a
unidade de saúde mais próxima imediatamente para atendimento médico

Prevenção
o Beber somente água tratada, filtrada ou fervida;
o Beber bastante líquidos, principalmente nos dias mais quentes;
o Observar se os encanamentos da residência não estão furados;
o Manter os depósitos de água sempre fechados e fazer limpeza regularmente;

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o Não tomar banho em rio, açude ou piscina contaminada;
o Manter a higiene da casa, pessoal e dos utensílios de mesa e fogão;
o Lavar as mãos com água e sabão antes de preparar os alimentos, antes de
amamentar, após a troca de fraldas de crianças ou após usar o banheiro;
o Proteger os alimentos de moscas, baratas e ratos;
o Lavar cuidadosamente as verduras e frutas.
Como preparar o soro caseiro
Misture em um litro de água mineral, de água filtrada ou de água fervida (mas já
fria) uma colher pequena (tipo cafezinho), de sal e uma colher grande (tipo sopa), de
açúcar. Misture bem e ofereça o dia inteiro ao doente em pequenas colheradas.
COVID-19: Coronavírus
Como já sabemos, o Coronavírus têm alto potencial de contágio e os idosos tendem
a ter imunidade mais baixa, isso redobra a atenção quanto aos cuidados e as precauções
do cuidador com aqueles idosos, principalmente os que já foram diagnosticados com
alguma patologia como Mal de Alzheimer, Mal de Parkinson e outras síndromes
demenciais, já que essas pessoas têm mais dificuldades de seguir orientações simples,
os cuidadores deverão tomar precauções quanto sua própria higiene como também
com a higiene daquele idoso.
As principais formas de contágio incluem levar as mãos à boca, nariz e olhos, por
isso, é necessária uma atenção especial a esses hábitos a todo momento.
Os cuidados citados abaixo, não substituem os cuidados orientados pelo enfermeiro
ou médico do idoso.
o Cuidado ao chegar da rua para a residência do idoso: antes de qualquer coisa, deve-
se lavar as mãos. Caso o cuidador faça uso de transporte público, que passe por
aglomerações, não deve se aproximar do idoso, a recomendação é que tome banho
ou pelo menos lave o rosto e troque de roupa;
o Ao encontrar outras pessoas: Evite beijos e abraços, mesmo que seja alguém que
aparentemente não esteja infectado, lembre-se que o vírus pode estar incubado,
evitar apertos de mãos e caso ocorra, higienizar as mãos logo em seguida, evitar
estar em contato com pessoas que tenham doenças respiratórias ou apresente
algum sintoma como tosse, espirros e secreções.
o Utilizar a máscara facial o tempo todo, sempre que ela estiver úmida fazer a troca
por outra limpa e seca, e em caso de tosse ou espirro, cobrir o rosto com o cotovelo
flexionado.

Cuidados no ambiente e ao manusear objetos


o Aumente a frequência de limpeza dos ambientes onde o idoso costuma ficar
mantendo sempre a ventilação natural;

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o O uso dos aparelhos de sinais vitais devem ser exclusivamente do idoso, caso não
seja possível, faça a higienização dos aparelhos com álcool 70% imediatamente
após o uso;
O álcool em gel pode ser um aliado não apenas na manutenção da higiene pessoal,
mas por reforçar o hábito da limpeza constante das mãos, espalhe frascos deste pelos
ambientes.
Hoje principalmente para os idosos, a vacina é um dos grandes aliados para a
prevenção

MAUS TRATOS
Maus tratos são atos ou omissões que causem dano, prejuízo, aflição, ou ameaça à
saúde e bem-estar da pessoa. O mau trato pode ocorrer uma única vez ou se tornar
repetitivo, pode variar de uma reação brusca, impensada, até uma ação planejada e
contínua e causar sofrimento físico ou psicológico à pessoa cuidada. Os maus tratos
tanto podem ser praticados pelo cuidador, por familiares, amigos, vizinhos, como por
um profissional de saúde. Os maus tratos podem estar relacionados a diversas causas,
tais como: conflitos familiares, incapacidade técnica do cuidador em desempenhar as
atividades adequadamente, problemas de saúde física ou mental da pessoa cuidada ou
do cuidador, desgaste físico e emocional devido a tarefa de cuidar, problemas
econômicos, etc. A violência e os maus tratos podem ser físicos, psicológicos, sexuais,
abandono, negligências, abusos econômico-financeiros, omissão, violação de direitos e
autonegligência.
Abusos físicos, maus tratos físicos ou violência física – são ações que se referem
ao uso da força física como beliscões, puxões, queimaduras, amarrar os braços e as
pernas, obrigar a tomar calmantes etc.
Abuso psicológico, violência psicológica ou maus tratos psicológicos –
correspondem a agressões verbais ou com gestos, visando aterrorizar e humilhar a
pessoa, como ameaças de punição e abandono, impedir a pessoa de sair de casa ou
trancá-la em lugar escuro, não dar alimentação e assistência médica, dizer frases como
“você é inútil”, “você só dá trabalho” etc.
Abuso sexual, violência sexual – é o ato ou jogo de relações de caráter hétero ou
homossexual, sem a permissão da pessoa. Esses abusos visam obter excitação, relação
sexual ou práticas eróticas por meio de convencimento, violência física ou ameaças.
Abandono – é uma forma de violência que se manifesta pela ausência de
responsabilidade em cuidar da pessoa que necessite de proteção, seja por parte de
órgãos do governo ou de familiares, vizinhos, amigos e cuidador.
Negligência – refere-se à recusa ou omissão de cuidados às pessoas que se
encontram em situação de dependência ou incapacidade, tanto por parte dos

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responsáveis familiares ou do governo. A negligência frequentemente está associada a
outros tipos de maus tratos que geram lesões e traumas físicos, emocionais e sociais.
Abuso econômico/financeiro – consiste na apropriação dos rendimentos, pensão e
propriedades sem autorização da pessoa. Normalmente o responsável por esse tipo de
abuso é um familiar ou alguém muito próximo em quem a pessoa confia.
Autonegligência – diz respeito às condutas pessoais que ameacem a saúde ou
segurança da própria pessoa. Ela se recusa a adotar cuidados necessários a si mesmo,
tais como: não tomar os remédios prescritos, não se alimentar, não tomar banho e
escovar os dentes, não seguir as orientações dadas pelo cuidador ou equipe de saúde.

A conduta do cuidador em casos de maus tratos

-Ter consciência de que maus tratos existem e que têm um efeito destrutivo na qualidade
de vida das pessoas.

-Refletir diariamente se, mesmo sem querer, realizou algum ato que possa ser considerado
como maus tratos, procurando desculpar-se junto à pessoa cuidada.

-Identificar as razões e buscar a ajuda da equipe de saúde.

-Caso assista ou tenha conhecimento de alguma forma de maus tratos à pessoa cuidada,
denuncie esse fato.

Denúncia em casos de maus tratos


Quanto mais dependente for à pessoa, maior seu risco de ser vítima de violência. O
cuidador, os familiares e os profissionais de saúde devem estar atentos à detecção de
sinais e sintomas que possam denunciar situações de violência. Todo caso suspeito ou
confirmado de violência deve ser notificado, segundo a rotina estabelecida em cada
município, os encaminhamentos devem ser feitos para os órgãos e instituições
discriminados a seguir, de acordo com a organização da rede de serviços local:

o Delegacia especializada da o Centro de Referência da


mulher Assistência Social (CRAS)
o Centros de Referência da mulher o Ministério Público
o Delegacias Policiais o IML e outros
o Conselho Municipal dos Direitos
da Pessoa Idosa

O Ministério Público é um dos principais órgãos de proteção, que para tanto, poderá
utilizar medidas administrativas e judiciais com a finalidade de garantir o exercício pleno

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dos direitos das pessoas vítimas de violência. Portanto, deve a sociedade civil, conselhos
estaduais e municipais e demais órgãos de defesa dos direitos, procurarem o Ministério
Público local toda vez que tiver conhecimento de discriminação e violência.

DIREITOS DO IDOSO
Uma nação que preza pela qualidade de vida dos mais velhos, está cuidando
também das suas crianças e dos seus jovens, para que estes envelheçam com
respeitabilidade e assim desfrutem de direitos inerentes a sua condição humana.
Em decorrência da expectativa de vida ter aumentado em vários países, ou
seja, a população mundial está vivendo cada vez mais, surgiu-se a necessidade de se
criar direitos que protegessem tais pessoas vulneráveis em razão de sua respectiva
idade.
Desta forma, com a aprovação do Estatuto do Idoso (Lei nº 10.741), em
setembro de 2003 e sancionado em outubro desse mesmo ano, e passando a vigorar
em janeiro de 2004, os direitos da pessoa idosa foram ampliados e legitimados perante
a Sociedade, garantindo punição severa para aqueles que desrespeitarem ou
abandonarem os cidadãos na velhice. Esse Estatuto resgatou princípios constitucionais
que garantem, aos cidadãos, direitos que preservem a dignidade da pessoa humana,
sem discriminação de origem, raça, sexo, cor e idade (BRASIL, 2007).
1. Proteção interna e base Constitucional
A análise acerca dos direitos da pessoa idosa é de grande importância para a
qualificação do cuidador de idoso, uma vez que tal estudo ajudará o profissional a
entender quais são as suas responsabilidades no que diz respeito à função que este irá
exercer.
Todavia, assim como os direitos da criança e do adolescente e de outros grupos
vulneráveis, os direitos dos idosos são extensos. Desse modo, o objetivo desta apostila
não é esgotar o tema, mas sim trazer os pontos mais relevantes sobre o assunto, em
que o aluno deverá ter uma atenção redobrada.
Em relação ao ordenamento jurídico brasileiro há diversos direitos assegurados
à pessoa idosa, especialmente no que diz respeito aos direitos sociais. Internamente,
dois diplomas destacam-se: a Constituição Federal e o Estatuto do Idoso.
1.1 . O idoso e a sua condição de vulnerabilidade
O princípio da igualdade pressupõe que as pessoas colocadas em situações
diferentes sejam tratadas de forma desigual: “Dar tratamento isonômico às partes
significa tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais, na exata medida de
suas desigualdades”. (NERY JUNIOR, 1999, p.42).
Assim, para todos os indivíduos que se encontram em uma condição de
vulnerabilidade, o ordenamento jurídico brasileiro prevê uma proteção diferenciada

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dos demais. Desta forma, em razão do idoso ser considerado uma pessoa vulnerável,
este gozará de prerrogativas conferidas em lei.
Segundo dispõe o art. 203, I da CF, a assistência social será prestada a quem dela
necessitar e tem por objetivo proteger, entre outros grupos vulneráveis, as pessoas
idosas:
Art. 203. A assistência social será prestada a quem dela necessitar,
independentemente de contribuição à seguridade social, e tem por objetivos:
I- A proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice;
(...)
Para que um indivíduo seja considerado idoso este deverá ter 60 anos ou mais.
Assim, no momento em que esta pessoa completar tal idade gozará de todos os
direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, além de gozar da proteção integral
de que trata o Estatuto do Idoso, assegurando-se lhe, por lei ou por outros meios,
todas as oportunidades e facilidades, para preservação de sua saúde física e mental e
seu aperfeiçoamento moral, intelectual, espiritual e social, em condições de liberdade
e dignidade.
É mister salientar, que para alguns estudiosos do direito, o idoso com mais de 80
anos é” prioridade das prioridades”. Isso se deve ao fato de a lei federal 13.466/
2017(editada em julho de 2017), que altera o Estatuto do Idoso, prevê para as pessoas
acima dessa faixa etária, primazia especial, com atendimento de suas necessidades
sempre preferencialmente em relação aos demais idosos.
1.2 . O papel do Estado, da família e da sociedade na proteção ao idoso
Além da previsão legal ora mencionada, o Estatuto do Idoso em seu artigo 3º
afirma que é obrigação da família, da comunidade, da sociedade e do Poder Público
assegurar ao idoso, com absoluta prioridade, a efetivação do direito à vida, à saúde, à
alimentação, à educação, à cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à
liberdade, à dignidade, ao respeito familiar e comunitária.
Desta forma, todas as pessoas com 60 anos ou mais não só têm direito, como
também o Estado se compromete a oferecer todas as condições para que estas
continuem ativas no âmbito social, e consequentemente vivam de forma digna e
respeitável.
Todavia, este não é um compromisso que deve ser prestado apenas pelo Estado,
este também é um dever da família, que em regra geral é o vínculo mais afetivo que
um indivíduo pode ter. Além de ser um dever da sociedade como um todo.
1.3. Direito à vida
O art. 8º do Estatuto do Idoso trata do direito ao envelhecimento, sob duas
vertentes. Por um lado, é visto como um direito social. E por outro lado, é visto com

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um direito personalíssimo, ou seja, é relativo ao idoso de forma intransferível, só
podendo ser exercido por ele.
1.4. Direito à Saúde
No Brasil, o Poder Público tem a obrigatoriedade legal de garantir que o indivíduo
que chegou à nova idade tenha atendimento à saúde, para que assim sua qualidade de
vida seja garantida.
De acordo com o art. 196 da CF: “A saúde é direito de todos e dever do Estado,
garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de
doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para
sua promoção, proteção e recuperação”
Além desta previsão constitucional, o Estatuto do Idoso dedica o Capítulo IV ao
Direito à saúde, assegurando que as pessoas tenham total acesso para a prevenção,
promoção, proteção e tratamento de doenças, sejam aquelas que afetam
preferencialmente idosos ou não.
Todavia, os idosos não são obrigados a usufruírem da saúde pública, pois aqueles
que tiverem condições ou se sentirem mais confortáveis em contar com a assistência
da saúde particular poderão gozar de seus serviços. Contudo, o Estatuto do idoso
proíbe as operadoras de cobrar valores abusivos do plano em razão da idade do
cliente.
Além disso, quando o idoso for submetido a uma internação ou observação em
hospitais, em prontos-socorros e outras unidades de saúde, este tem o direito de ter
um acompanhante, conforme dispõe o art.16 do Estatuto do Idoso. A instituição deve
garantir as condições adequadas para que neste momento difícil seja assegurado ao
idoso o amparo de seus familiares, enquanto este estiver recebendo tratamento.
Entretanto, tal autorização deverá ser concedida pelo profissional de saúde
responsável pelo tratamento, e caso haja alguma impossibilidade, este deverá justificá-
la por escrito, conforme dispõe o parágrafo único do art. 16 do Estatuto do Idoso.
1.5. Direito à Educação, Cultura, Esporte e Lazer
Assim como os jovens, os idosos também necessitam de um período para
desfrutar de atividades prazerosas, para que assim possam usufruir de uma vida plena
e feliz. Visando conceder tais momentos para os mais velhos, o Estatuto do Idoso
assegura uma série de prerrogativas, como o direito à educação, cultura, diversão e
espetáculos.
Para facilitar o idoso a alcançar esses momentos de lazer, a participação dos
idosos em atividades de entretenimento será proporcionada mediante descontos de
pelo menos 50% (cinquenta por cento), conforme dispõe o art. 23 do Estatuto do
Idoso.
1.6. Direito à Habitação

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Toda pessoa idosa tem direito a uma moradia digna e respeitável, seja no seio da
família natural ou substituta. De acordo com o Estatuto, quando o idoso não possuir
uma residência, nem puder ser acolhido junto com os seus familiares, será conferida a
ele uma assistência integral de habitação no sistema casas-lares, conforme disciplina o
art. 37 do Estatuto do Idoso.
Vale mencionar que o abrigo no qual o idoso for inserido precisará manter os
padrões de habitação compatíveis com as necessidades deles, bem como provê-los
com alimentação regular e higiene indispensáveis às normas sanitárias e com estas
condizentes, sob as penas da lei, conforme prevê o art. 37, parágrafo 3º do Estatuto do
Idoso.
1.7. Direito à Assistência Social
A seguridade social compreende um conjunto integrado de iniciativa dos poderes
públicos e da sociedade a fim de assegurar direitos relativos à saúde, à previdência e à
assistência social. Dessa maneira, para os idosos a partir de 65 anos que não possuam
meios suficientes para prover a sua subsistência, nem de ter o amparo de suas famílias
nesta questão, é assegurado o benefício mensal de 1 salário-mínimo.
1.8. Direito ao trabalho
De acordo com o art. 26 do Estatuto do Idoso, as pessoas de 60 anos ou mais têm
direito ao exercício de atividade profissional, respeitadas suas condições físicas,
intelectuais e psíquicas.
No passado, em diversas situações os mais velhos eram vistos pela sociedade
como um indivíduo “fraco” para compor a força laboral. Os empregos eram oferecidos
apenas aos mais jovens, e os idosos eram impossibilitados de colaborar com a sua
capacidade e experiência no mercado de trabalho.
Entretanto, com o passar dos anos e com o avanço da sociedade este cenário
mudou. Devido às condições de vida terem apresentado uma melhora significativa, a
população idosa cresceu de forma exponencial e a forma como o idoso era enxergado
sofreu alterações.
Assim, foi constatado que os indivíduos aos 60 anos de idade, na maioria dos
casos, ainda possuem capacidade física e intelectual para trabalharem. Desta forma,
sob esse novo prisma, a inclusão do trabalhador idoso no mercado de trabalho tornou-
se de grande relevância.
Desta forma, o art. 26 do Estatuto do Idoso veio para reforçar a liberdade e o
direito de o trabalhador idoso exercer a atividade profissional como direito
personalíssimo, respeitadas as suas condições físicas, intelectuais e psíquicas.
Todavia, toda regra comporta suas exceções. Apesar de a pessoa idosa ter o
direito ao trabalho, em algumas situações poderá haver o impedimento destes
indivíduos no que tange a determinados empregos. Por exemplo, se o desempenho de
determinada função apresentar algum risco à integridade física do idoso, este não

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poderá exercê-la, ou seja, em trabalhos que forem penosos, insalubres ou em sobre
jornadas o idoso não poderá trabalhar. Neste caso, não se trata de uma discriminação
com o idoso, e sim uma iniciativa de protegê-lo.
1.9. Direito ao Transporte
Para finalizar alguns dos direitos dos idosos previstos no Estatuto do Idoso, prevê
o art. 39 o benefício tarifário concedido aos maiores de 65 anos que utilizam os
transportes coletivos urbanos públicos.
Assim, cabe ressaltar que a idade necessária para que se possa alcançar o direito
ao transporte público gratuito é diversa dos outros direitos conferidos à pessoa idosa.
Neste caso, a idade prevista não será de 60 anos e sim de 65 anos.
2. DOS CRIMES COMETIDOS CONTRA A PESSOA IDOSA
Na atualidade surgem diariamente diversos crimes e infrações penais cometidas
contra a pessoa idosa, dos quais é possível observar que o Estatuto do Idoso traz um rol
de crimes, os quais constam nos artigos 95 a 108, do referido diploma legal. Desta
forma, a presente apostila fará menção de alguns destes.

1)Discriminar pessoa idosa, impedindo ou dificultando seu acesso a operações


bancárias, aos meios de transporte, ao direito de contratar ou por qualquer outro meio
ou instrumento necessário ao exercício da cidadania, por motivo de idade. desdenhar,
humilhar, menosprezar ou discriminar pessoa idosa, por qualquer motivo. Pena:
Reclusão de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e multa.

* Se a vítima se encontrar sob os cuidados ou responsabilidade do agente. Pena: Pena


será aumentada de 1/3 (um terço).

2) Deixar de prestar assistência ao idoso, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, em
situação de iminente perigo, ou recusar, retardar ou dificultar sua assistência à saúde,
sem justa causa, ou não pedir, nesses casos, o socorro de autoridade pública. Pena:
Detenção de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e multa.

3) Abandonar o idoso em hospitais, casas de saúde, entidades de longa permanência,


ou congêneres, ou não prover suas necessidades básicas, quando obrigado por lei ou
mandado. Pena: Detenção de 6 (seis) meses a 3 (três) anos e multa.

4) Expor a perigo a integridade e a saúde, física ou psíquica, do idoso, submetendo-o a


condições desumanas ou degradantes ou privando-o de alimentos e cuidados
indispensáveis, quando obrigado a fazê-lo, ou sujeitando-o a trabalho excessivo ou
inadequado. Pena: Detenção de 2 (dois) meses a 1 (um) ano e multa.

* Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave. Pena: Reclusão de 1 (um) a 4


(quatro) anos.

* Se resulta morte. Pena: Reclusão de 4 (quatro) a 12 (doze) anos.

5) Obstar o acesso de alguém a qualquer cargo público por motivo de idade. Pena:
Reclusão de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e multa.

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o Negar a alguém, por motivo de idade, emprego ou trabalho. Pena: Reclusão de 6
(seis) meses a 1 (um) ano e multa.
o Recusar, retardar ou dificultar atendimento ou deixar de prestar assistência à
saúde, sem justa causa, a pessoa idosa. Pena: Reclusão de 6 (seis) meses a 1 (um)
ano e multa.
o Deixar de cumprir, retardar ou frustrar, sem justo motivo, a execução de ordem
judicial expedida na ação civil a que alude esta Lei. Pena: Reclusão de 6 (seis) meses
a 1 (um) ano e multa.
o Recusar, retardar ou omitir dados técnicos indispensáveis à propositura da ação civil
objeto desta Lei, quando requisitados pelo Ministério Público. Pena: Reclusão de 6
(seis) meses a 1 (um) ano e multa.

ENVELHECIMENTO
Entende-se como envelhecimento uma série de alterações que vão ocorrendo no
organismo ao longo do tempo vivido. Este processo provoca mudanças nas funções e
estrutura do corpo e o torna mais suscetível a uma série de fatores prejudiciais, estes
podem ser tanto internos (falha imunológica, renovação celular comprometida, etc)
como externos (estresse ambiental).
Gerontologia X Geriatria
Gerontologia- é a ciência que estuda os processos do envelhecimento das pessoas
e como proporcionar-lhes uma melhor qualidade de vida com um envelhecimento
saudável.
Geriatria- é a ciência da área médica que estuda e trata das patologias das pessoas
idosas.
Quais órgãos podem oferecer apoio ao idoso?
Centros de Referência de Assistência Social (CRAS)
O Centro de Referência de Assistência Social (Cras) é a porta de entrada da
Assistência Social. É um local público, localizado prioritariamente em áreas de maior
vulnerabilidade social, onde são oferecidos os serviços de Assistência Social, com o
objetivo de fortalecer a convivência com a família e com a comunidade. A partir do
adequado conhecimento do território, o Cras promove a organização e articulação das
unidades da rede socioassistencial e de outras políticas. Assim, possibilita o acesso da
população aos serviços, benefícios e projetos de assistência social, tornando- se uma
referência para a população local e para os serviços setoriais. Conhecendo o território,
a equipe do Cras pode apoiar ações comunitárias, por meio de palestras, campanhas e
eventos, atuando junto à comunidade na construção de soluções para o enfrentamento
de problemas comuns, como falta de acessibilidade, violência no bairro, trabalho
infantil, falta de transporte, baixa qualidade na oferta de serviços, ausência de espaços
de lazer, cultural, entre outros.

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Serviços ofertados
O Cras oferta o Serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família (Paif) e o
Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos (SCFV). No Cras, os cidadãos
também são orientados sobre os benefícios assistenciais e podem ser inscritos no
Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal.
Público Atendido
Famílias e indivíduos em situação graves vulnerabilidade, pessoas com deficiência,
idosos, crianças retiradas do trabalho infantil, pessoas inseridas no Cadastro Único,
beneficiários do Programa Bolsa Família e do Benefício de Prestação Continuada (BPC),
entre outros.
Centros de Referência Especializados de Assistência Social – CREAS
O Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas) é uma unidade
pública da política de Assistência Social onde são atendidas famílias e pessoas que estão
em situação de risco social ou tiveram seus direitos violados.
Serviços ofertados
A unidade deve, obrigatoriamente, ofertar o Serviço de Proteção e Atendimento
Especializado a Famílias e Indivíduos (PAEFI), podendo ofertar outros serviços, como
Abordagem Social e Serviço para Pessoas com Deficiência, Idosas e suas famílias. É
unidade de oferta ainda do serviço de Medidas Socioeducativas em Meio Aberto. Além
de orientar e encaminhar os cidadãos para os serviços da assistência social ou demais
serviços públicos existentes no município, no Creas também se oferece informações,
orientação jurídica, apoio à família, apoio no acesso à documentação pessoal e estimula
a mobilização comunitária.
Público Atendido
Famílias e indivíduos em situação de risco pessoal e social, com violação de direitos,
como: violência física, psicológica e negligência; violência sexual; afastamento do
convívio familiar devido à aplicação de medida de proteção; situação de rua; abandono;
trabalho infantil; discriminação por orientação sexual e/ou raça/etnia; descumprimento
de condicionalidades do Programa Bolsa Família em decorrência de violação de direitos;
cumprimento de medidas socioeducativas em meio aberto de Liberdade Assistida e de
Prestação de Serviços à Comunidade por adolescentes, entre outras.
Hospital dia- É uma Assistência Intermediária entre a internação e o Atendimento
ambulatorial, para realização de procedimentos clínicos, diagnósticos, terapêuticos que
requeiram o paciente na unidade por um período máximo de 12 h.
Centro-dia- É o espaço destinado à permanência diurna do idoso com o objetivo de
proporcionar diversas atividades e integração
Casas lares ou casa de repouso- Residência a idosos que são sós ou afastados do
convívio familiar e com renda insuficiente para sua sobrevivência

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LP- Instituições de Longa Permanência: ABRIGO, ASILO

LOAS
O Benefício Assistencial (ou Benefício de Prestação Continuada – BPC) é a prestação
paga pela previdência social que visa garantir um salário mínimo mensal para pessoas
que não possuam meios de prover à própria subsistência ou de tê-la provida por sua
família. Pode ser subdividido em Benefício Assistencial ao Idoso, concedido para idosos
com idade acima de 65 anos e no Benefício Assistencial à Pessoa com Deficiência,
destinado às pessoas com deficiência que estão impossibilitadas de participar e se
inserir em paridade de condições com o restante da sociedade. O Benefício Assistencial
é garantia constitucional do cidadão, presente no art. 203, inciso V da Constituição
Federal, sendo regulamentado pela Lei 8.742/93 (Lei Orgânica da Assistência Social –
LOAS).
Quem tem direito ao Benefício Assistencial
Tem direito ao benefício os idosos com idade acima de 65 anos que vivenciam
estado de pobreza/necessidade (o antigo conceito de estado de miserabilidade), ou
pessoas com deficiência que estão impossibilitadas de participar e se inserir em
paridade de condições com o restante da sociedade, e que também vivenciam estado
de pobreza ou necessidade. Destaca-se que para obtenção do benefício não é preciso
que o requerente tenha contribuído para o INSS, bastando que este preencha os
requisitos que serão apresentados abaixo. Portanto, contribuições previdenciárias NÃO
é um requisito.

RECONHECENDO O FIM
Reconhecendo o fim Diante da possibilidade de morte de alguém querido, a família
ou o cuidador passa pelo sentimento de incapacidade e isso gera sentimentos
contraditórios, tais como raiva, culpa alívio, etc. A raiva é um sentimento que aparece
quando se percebe que não se pode mudar o rumo das coisas e prolongar a vida. A culpa
está relacionada com o sentimento de não ter cuidado mais e melhor. Por outro lado, a
morte de alguém que está sofrendo pode representar um alívio para a família e para o
cuidador. Esses são sentimentos comuns e normais nessa situação, dificilmente são
reconhecidos ou aceitos.
É preciso que o cuidador e os familiares reconheçam seus limites e entendam que
mesmo que esteja fazendo tudo o que é necessário para o bem-estar da pessoa, pode
ser que ela não recupere a saúde. Ao longo da vida passa-se por várias situações:
algumas coisas são perdidas e outras ganhas, tais como: ao crescer se perde a infância
e se ganha a adolescência, ao mudar de casa ou de trabalho se pode ganhar mais espaço,
ou melhor, salário, mas se perde o lugar que gostava ou se deixam os amigos, ao
terminar um relacionamento amoroso e iniciar outro, os sentimentos também são
contraditórios. Se sente tristeza pela perda do amor antigo, apesar de estar feliz com
novo amor.

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Todas essas situações podem parecer insuportáveis e insuperáveis. Esse momento
de sofrimento pela perda de alguém é mais bem suportado quando se tem com quem
partilhar, pois esconder os sentimentos, chorar escondido, negar a perda não torna o
sofrimento mais suportável. Nessas horas cada pessoa tem seu jeito de procurar consolo
para seu sofrimento como, por exemplo, rezar, mudar de ambiente, pensar sobre a vida,
conversar sobre a situação, reencontrar velhas amizades, cuidar de si mesmo e
reorganizar a vida.

COMO PROCEDER NO CASO DE ÓBITO


Óbito na residência sem assistência médica
Procurar na sua cidade o serviço de verificação de óbitos para a emissão do atestado
de óbito, caso não haja esse serviço, o atestado deverá ser emitido por médico do
serviço de saúde público mais próximo ao local onde ocorreu o falecimento, ou na falta
deste, por qualquer outro médico da localidade. Em todos os casos deverão constar no
atestado que a morte ocorreu sem assistência médica
Óbito no hospital
No próprio hospital o familiar/cuidador receberá orientações necessárias sobre como
proceder para obter a declaração de óbito. Após a emissão da declaração de óbito, a
família ou responsável pelo falecimento deverá levar o documento ao Cartório de
registro mais próximo a fim de registrar o óbito. Esse registro resultará na Certidão de
Óbito emitida pelo Cartório, documento essencial para que se proceda ao sepultamento
e todas as outras providências necessárias.

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Referências
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/guia_pratico_cuidador.pdf
https://acvida.com.br/coronavirus/coronavirus-cuidador-de-idosos/
http://bvsms.saude.gov.br/dicas-em-saude/2052-diabetes
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/dicas/226_alzheimer.html
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/dicas/233_pneumonia.html
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/dicas/248_erisipela.html
http://bvsms.saude.gov.br/dicas-em-saude/2189-catarata
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/dicas/251_parkinson.html
http://bvsms.saude.gov.br/dicas-em-saude/2188-avc-acidente-vascular-cerebral
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm
https://valentereispessaliadv.jusbrasil.com.br/artigos/543577701/como-funcionam-
os-direitos-dos-cuidadores-de-idosos

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