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A ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE (OMS, 1946) AFIRMA QUE “SAÚDE É UM ESTADO DE COMPLETO BEM-
ESTAR FÍSICO, MENTAL E SOCIAL E NÃO APENAS A MERA AUSÊNCIA DE DOENÇA OU ENFERMIDADE”.
SAÚDE DAS PESSOAS IDOSAS
Os principais determinantes dessa acelerada transição demográfica no Brasil são a redução expressiva na
taxa de fecundidade, associada à forte redução da taxa de mortalidade infantil e o aumento da
expectativa de vida. Estima-se que, em 2025, o Brasil ocupará o sexto lugar quanto ao contingente de
idosos, alcançando cerca de 32 milhões de pessoas com 60 anos ou mais.
Em 2050, as crianças de 0 a 14 anos representarão 13,15%, ao passo que a população idosa alcançará os
22,71% da população total.
Assim, o Brasil caminha rapidamente para um perfil demográfico mais envelhecido, caracterizado por uma
transição epidemiológica, onde as doenças crônico-degenerativas ocupam lugar de destaque. O
incremento das doenças crônicas implicará a necessidade de adequações das políticas sociais,
particularmente aquelas voltadas para atender às crescentes demandas nas áreas da saúde, previdência e
assistência social (MENDES, 2011).
PERFIL DEMOGRÁFICO MAIS ENVELHECIDO!!!
Quais
conhecimentos você
usou para responder
a essa pergunta?
SAÚDE DAS PESSOAS IDOSAS
Segundo O Relatório Mundial sobre Envelhecimento e Saúde da OMS, o envelhecimento saudável seria
“o processo de desenvolvimento e manutenção da capacidade funcional que permite o bem-estar na
idade avançada”, caracterizado pela interação dos recursos físicos e mentais do próprio indivíduo
(capacidade intrínseca) e dos recursos ambientais aos quais o indivíduo está inserido (capacidade
extrínseca)
Dessa maneira, o idoso é considerado saudável quando é capaz de realizar atividades sozinho, de
maneira independente e autônoma, mesmo que tenha doenças. (MORAES, 2012). Ou seja, saudável é o
idoso cuja funcionalidade está preservada.
Assim, concluímos algo muito importante, que norteará todo o nosso raciocínio clínico em relação ao
cuidado da pessoa idosa: a saúde do idoso está diretamente relacionada a sua FUNCIONALIDADE.
ANOTE AÍ???
COMO
PODEMOS
CLASSIFICAR UM
IDOSO
SAUDÁVEL ??
E O QUE SERIA FUNCIONALIDADE?
#INDEPENDÊNCIA
X AUTONÔMIA
✥ Note que um paciente pode ter autonomia sem ter independência. Um paciente acamado, por exemplo,
pode manter sua capacidade de decisão, apesar de não poder executá-la. Dessa forma, mesmo restrito ao
leito, ele é capaz de decidir sobre, por exemplo, seu tratamento.
Dona Maria das Dores sai de casa e caminha sozinha, se deslocando até a padaria. Então, a independência
depende da mobilidade, certo?
Observe que ela se utiliza da visão para olhar ao atravessar a rua e ao escolher os pães. Ela também
conversa com a vendedora e pergunta sobre o preço do pão doce. Assim, utiliza também a fala e a audição.
Ou seja, para executar uma decisão (autonomia), o idoso precisa ter independência, isto é, ter preservadas
sua capacidade de se deslocar (mobilidade) e sua capacidade de interagir com o meio (comunicação).
A mobilidade é, portanto, a capacidade de deslocamento ou de manipulação do meio e engloba algumas
funções, que são: alcance, preensão e pinça (note que ela pega o bolo na prateleira de cima); capacidade
aeróbica (conseguir se deslocar até a padaria sem se cansar muito); marcha, postura e transferência; e
continência urinária. Ressalta-se que, se dona Maria das Dores estivesse incontinente, poderia apresentar
dificuldades ou evitar sair de casa devido à incontinência.
CHEGAMOS ENTÃO À SEGUINTE CONCLUSÃO:
Um dos marcadores/indicadores de saúde em idosos relaciona-se a sua qualidade de vida, que por sua vez
está estreitamente relacionada à manutenção de sua autonomia e independência. Podemos dizer que a
pessoa idosa precisa ter sua funcionalidade preservada, ou seja, desempenhar as atividades de vida diária
sem dificuldades.
Para realizar esta avaliação deve-se adotar uma compreensão multidimensional, avaliando e identificando
as necessidades e especificidades de cada pessoa idosa, do ponto de vista clínico, psicossocial e funcional.
COMO AVALIAR O IDOSO EM UMA PERSPECTIVA MULTIDIMENSIONAL?
A avaliação multidimensional deve avaliar a saúde das pessoas idosas e a influência de diferentes fatores
na sua condição de saúde, contemplando as diferentes dimensões da vida dos idosos. Aborda, portanto,
não somente a dimensão clínica, mas também as dimensões funcional e psicossocial.
São incluídos, portanto, na Avaliação Multidimensional da Pessoa Idosa:
Autonomia e independência, representada pela funcionalidade global (AVDs: instrumentais e básicas);
Sistemas funcionais, (cognição, humor, mobilidade e comunicação);
Sistemas fisiológicos;
Medicamentos;
História pregressa;
Fatores contextuais;
Fatores psicossociais.
IDENTIFICANDO AS GRANDES SÍNDROMES GERIÁTRICAS
A avaliação multidimensional começa pela funcionalidade. É importante avaliar as AVDs instrumentais e básicas.
Como você viu, a causa do declínio funcional sempre estará associada a uma das 4 funções:
Cognição,
Humor,
Mobilidade
Comunicação.
Por exemplo: a idosa pode deixar de cozinhar porque não enxerga mais e estava errando os temperos ou pode
parar de cozinhar porque não se lembra mais de como executar a receita. Pode, ainda, desistir da tarefa ou porque
está deprimida e perdeu a vontade ou porque está sentindo muita tontura e não consegue ficar em pé no fogão,
bem como pela conjunção de mais de um desses fatores.
Esse declínio funcional pode ser estabelecido – em um idoso com limitação funcional por algum/alguns dos
domínios afetados – ou iminente, que ocorre no idoso em risco de declínio funcional, o que envolve: sarcopenia,
comorbidades múltiplas, comprometimento cognitivo leve, polifarmácia, história de internação recente etc.
Ressalta-se que, para que as tarefas do cotidiano sejam executadas de forma plena, é necessário que os sistemas
funcionais estejam íntegros.
AVALIANDO A COGNIÇÃO
Perguntas-chave:
1- Existe esquecimento? A percepção do familiar e do idoso é diferente?
2- Esse esquecimento vem piorando com o tempo?
3- Por causa da memória o idoso deixou de fazer atividades que desempenhava anteriormente?
4- Qual o tipo de esquecimento? Qual memória está sendo afetada: memória de trabalho
(tarefas/atividades) ou memória episódica (fatos/acontecimentos)?
Memória de trabalho é um esquecimento da memória atual. Muito frequente em pessoas ansiosas,
deprimidas, que não dormem bem ou que fazem várias coisas ao mesmo tempo. Já o esquecimento da
memória episódica tem a ver com fatos, com memórias de episódios da vida da pessoa. São
esquecimentos do quando. A pessoa esquece o que comeu, aonde foi no dia anterior, recados que
recebeu etc.
Um esquecimento percebido mais pelo familiar que pelo paciente, que piora com o tempo, com
comprometimento de memória episódica e que piora a funcionalidade precisa ser mais bem investigado,
pois essas são as características do esquecimento por um quadro demencial. Assim, será preciso aplicar
testes mais apurados para melhor avaliação.
AVALIANDO O HUMOR
Como você viu anteriormente, o humor e a cognição são domínios indispensáveis para a manutenção da
autonomia do idoso, que é sua capacidade de tomar decisões.
Na avaliação do humor temos que considerar não só a presença de depressão, mas também sintomas
comportamentais que podem estar associados à demência.
O paciente com demência também pode apresentar, além da alteração da memória, mudanças na sua
personalidade, no comportamento ou nas funções sociais. O controle dos sintomas comportamentais é muito
importante, pois é uma grande causa de sobrecarga e estresse do cuidador.
O Inventário Neuropsiquiátrico - INPI nos auxilia na avaliação da gravidade desses sintomas e grau de prejuízo
ao cuidador ou familiares. A demência pode afetar outras funções cognitivas que não a memória/cognição:
Alteração de senso/percepção (alucinação);
Avaliação do pensamento (delírios);
Humor (depressão associada à demência).
A presença de depressão é muito frequente em idosos e não é raro observarmos sintomas depressivos
negligenciados ou desconsiderados durante a consulta. Por isso, é fundamental identificarmos o idoso que
apresenta o quadro de depressão, inclusive quando esse quadro não é típico.
AVALIAÇÃO DA MOBILIDADE
A mobilidade é fundamental para a execução das decisões tomadas (independência), sendo responsável
pelo deslocamento do indivíduo e manipulação do meio.
No modelo multidimensional do idoso, a mobilidade é constituída de quatro subsistemas:
• alcance;
• preensão e pinça-marcha;
• postura e transferência-capacidade aeróbica/muscular;
• continência esfincteriana.
IDENTIFICANDO AS GRANDES SÍNDROMES GERIÁTRICAS
A Atenção Primária à Saúde tem um papel fundamental na prevenção do declínio cognitivo. Dos
principais fatores de risco, apenas o genético não é possível modificar ou influenciar na APS.
O estímulo à prática de exercícios físicos regulares, à alimentação saudável e ao envolvimento social e
afetivo significativos, bem como a identificação e controle dos principais fatores de risco
cardiovasculares podem reduzir de forma significativa a ocorrência dessa condição.
Mas quando a prevenção não é alcançada, é também da APS a função primordial de identificação
precoce do quadro. Diante de um esquecimento, é importante avaliar se há declínio cognitivo.
Confirmado o declínio cognitivo, é preciso definir sua causa: demência, depressão, delirium ou doença
mental
A DEMÊNCIA REVERSÍVEL
A demência reversível representa menos de 5% das demências e, como o próprio nome diz, o
tratamento pode reverter o quadro. Pode ocorrer por causas tóxicas, infecciosas, metabólicas ou
estruturais (“TIME”).Dentre as causas:
a) tóxicas, podemos citar o uso de benzodiazepínicos, demência alcoólica.
b) infecciosas, a neurossífilis e a encefalopatia pelo HIV (por isso, pedimos na suspeita de demência o
VDRL e anti-HIV).
c) metabólicas, hipotireoidismo, (como o caso da dona Terezinha, por exemplo), deficiência de B12 e
encefalopatia hepática.
d) estruturais, hidrocefalia de pressão normal, hematoma subdural, tumor, TCE.
MARCHA, POSTURA E TRANSFERÊNCIA
A avaliação da marcha deve ser feita rotineiramente em todo o idoso, com objetivo de prevenção de
quedas e manutenção e/ou recuperação da independência.
Quando o idoso vai da sala de espera até o consultório, por exemplo, podemos avaliar sua marcha,
observar se desequilibra ao longo do trajeto, se os pés se levantam adequadamente e um ultrapassa o
outro, bem como se o tronco está ereto ou pendente e se a marcha está muito lenta.
Faz parte da avaliação da mobilidade, a avaliação da função muscular. Assim, a avaliação de sarcopenia é
de extrema importância.
Circunferência de Panturrilha (CP): a medida da circunferência de panturrilha pode ser feita nas posições
sentada ou de pé, preferencialmente na panturrilha esquerda, com os pés apoiados em uma superfície
plana. No idoso acamado, devemos flexionar a perna, de modo que o pé fique completamente apoiado
no colchão.
CONTINÊNCIA - ESFINCTERIANA
Você tem o hábito de perguntar ao seu paciente idoso sobre incontinência? De fato, às vezes nos
esquecemos desse item tão importante. Você sabia que a incontinência urinária (IU) é a queixa mais
negligenciada no exame clínico de rotina?
Ela é uma importante causa de perda funcional. A vergonha e/ou o incômodo pelo mau cheiro do
escape de fezes e de urina frequentemente resulta no isolamento social da pessoa. Por vezes, as equipes
de saúde podem não perceber de pronto as graves repercussões nas demais dimensões da vida da
pessoa idosa, sobretudo a psicossocial, de sintomas considerados inadequadamente como “simples” ou
“naturalizados”, devido o avanço da idade. Por isso, a presença de incontinência urinária deve ser
prontamente reconhecida com investigação de possíveis causas.
A incontinência urinária pode ser:
Transitória (decorrente de medicações em uso, infecção urinária ou fecaloma); e
Permanente e é classificada como: de urgência, de esforço, de transbordamento ou mista, dependendo
da causa subjacente.
O IDOSO COM HISTÓRICO DE QUEDAS RECORRENTES
A avaliação da marcha e postura deve ser realizada rotineiramente no idoso com o objetivo de prevenção
de quedas e manutenção ou recuperação da sua independência.
Diante de um idoso com relato de quedas, é essencial avaliar os fatores de risco para quedas, com vistas à
resolução ou pelo menos redução do risco de novas quedas.
Fatores de risco:
Fraqueza muscular;
Déficit visual;
Limitação da mobilidade por doença musculoesquelética;
Incapacidade cognitiva: demência ou depressão;
Presença de hipotensão ortostática;
Comprometimento em AVDs;
Interação medicamentosa.
AVALIAÇÃO DO SONO:
Avaliação do sono: o sono do idoso é mais superficial, o que facilita despertares. É importante avaliar a
presença de distúrbios do sono (sonolência excessiva - hipersonia), dificuldade em iniciar ou manter o
sono (insônia) e comportamentos estranhos ou não usuais durante o sono (parassonias). Além de
contribuir para redução da qualidade de vida e aumento do risco de quedas, alterações do sono podem
indicar condições subjacentes, como depressão ou quadro demencial.
Todos os sistemas fisiológicos deverão ser avaliados, principalmente para reconhecer as doenças mais
frequentes nos idosos.
É importante que essa avaliação seja feita de maneira integral, considerando o paciente e não somente
suas comorbidades. A avaliação multidimensional é, por essência, uma avaliação integral, que
considera as mais diferentes dimensões da vida das pessoas idosas, reconhecendo que a saúde é um
conceito muito mais amplo que o controle de doenças.
Por último, precisamos estar sempre atentos à iatrogenia, que muitas vezes é a grande causa das
incapacidades do idoso. Muitas vezes, a simples retirada de medicação indevida pode resultar em
melhora da funcionalidade.
APLICANDO A AVALIAÇÃO MULTIDIMENSIONAL DA PESSOA IDOSA
A perda funcional nunca será “normal da idade”. Se o idoso deixou de fazer algo que ele fazia antes, é
preciso investigar qual ou quais dimensões foram responsáveis por essa perda funcional a fim de intervir,
na tentativa de melhorar sua funcionalidade ou, pelo menos, evitar sua piora, evitando as incapacidades.
Para nortear tanto nossas intervenções quanto decisões clínicas, bem como realizar uma gestão
adequada de cuidados ao idoso, é muito importante aprender a estratificá-lo de acordo com sua
funcionalidade. O MS propõe na Linha de Cuidado para Atenção Integral à Saúde da Pessoa Idosa a
avaliação das seguintes dimensões de saúde:
a) DIMENSÃO CLÍNICA
Avaliação do histórico pessoal e familiar de saúde e adoecimento, e seu estado clínico atual, avaliando
comorbidades crônicas e agudas, intervenções médicas realizadas, uso de medicamentos, hábitos de vida
e qualidade de vida. ( HISTÓRIA PREGRESSA)
APLICANDO A AVALIAÇÃO MULTIDIMENSIONAL DA PESSOA IDOSA
b) DIMENSÃO PSICOSSOCIAL
Avaliação ampla da saúde mental e cognição, domínios que afetam diretamente a autonomia da pessoa
idosa; compreensão da dinâmica familiar e suporte familiar e social incluindo questões econômicas,
culturais, ambientais, etnicorraciais e de gênero.
c) DIMENSÃO FUNCIONAL
Avaliação pormenorizada das atividades de vida diárias (básicas e instrumentais) identificando o grau
das limitações ou se há perda de função, necessitando de auxílio de outras pessoas para a realização das
atividades. Observação do ambiente físico em que a pessoa está inserida (residência, instituição,
comunidade) o qual pode impor obstáculos ou deter recursos para auxiliar nas ABVD e AIVD.
APLICANDO A AVALIAÇÃO MULTIDIMENSIONAL DA PESSOA IDOSA
• Mora com esposa e filho mais novo. Esposa é a principal responsável por seus cuidados,
auxiliando na tomada de medicações, no entanto, apresenta-se irritada e
Dimensão
PSICOSSOCIAL aparentemente sobrecarregada.
• Necessita de auxílio para tomar suas medicações e as saídas de casa sozinhas estão
Dimensão sendo restringidas pela família por risco de se perder.
FUNCIONAL
A iatrogenia consiste em um estado de
doença, efeitos adversos ou alterações
patológicas causados ou resultantes de
um tratamento de saúde correto e
realizado dentro do recomendável, que
são previsíveis, esperados ou
inesperados, controláveis ou não, e
algumas vezes inevitáveis.
APLICANDO A AVALIAÇÃO MULTIDIMENSIONAL DA PESSOA IDOSA
3) Perfil 3. Pessoas idosas dependentes de terceiros para realizar as atividades da vida diária
Incluem-se neste grupo aquelas pessoas idosas que não realizam as AVDs sozinhas e encontram-se
totalmente dependentes de terceiros para realizá-las.
Elas não participam de nenhuma etapa da atividade e há a presença de terceiros com a necessidade de
contato físico para realizá-las, como por exemplo, dar banho, vestir, alimentar, mudar de decúbito, fazer a
transferência da cama para a cadeira ou vice-versa, entre outras.
Essas pessoas idosas apresentam declínio funcional estabelecido, com necessidade de acompanhamento
contínuo para a realização das atividades básicas da vida diária; trata-se de pessoas que têm sua
capacidade funcional mais comprometida, que já perderam a capacidade para a realização das atividades
mais complexas da vida e apresentam comprometimento também para a realização das atividades mais
simples para o próprio cuidado. Para essas pessoas, o foco do cuidado deve estar na prevenção terciária e
quaternária, gerenciando as condições crônicas e ofertando cuidados prolongados. O acompanhamento
domiciliar deve ser planejado, visando à reabilitação possível, os cuidados paliativos e o suporte à família e
aos cuidadores.
RESUMO DAS AVALIAÇÕES DE VIDA DIÁRIA.
A oferta de cuidado deve se dar ao longo do tempo e não de forma pontual, envolvendo
pessoas próximas ao sujeito que possam colaborar, sejam familiares ou pessoas da
comunidade. Também deve respeitar o desejo e as possibilidades de cada sujeito a quem o
cuidado seja ofertado, construindo em conjunto com a pessoa idosa e, sempre que
necessário, com seus familiares e cuidadores, as alternativas tanto de promoção da saúde e
prevenção, quanto de tratamento e reabilitação, quando for o caso.
Na avaliação multidimensional, a DIMENSÃO CLÍNICA considera o histórico de saúde-doença
por meio de uma anamnese ampliada e centrada no idoso, e o exame físico tradicional,
buscando identificar a presença de agravos (quedas, hematomas, fraturas etc.), doenças
crônicas e agudas, as intervenções médicas já sofridas ao longo da vida, hábitos,
antecedentes familiares, a quantidade e os tipos de medicamentos utilizados.
DIMENSÃO PSICOSSOCIAL!
√ Multimorbidades (≥ 5 diagnósticos).
√ Polifarmácia (≥ 5 medicamentos/dia).
√ Internações recentes (mais de duas internações nos últimos seis meses).
√ Incontinência esfincteriana (urinária e/ou fecal).
√ Quedas recorrentes (duas ou mais nos últimos 12 meses).
√ Alteração de marcha e equilíbrio.
√ Comprometimento cognitivo (perda de memória, desorientação espacial e temporal...).
√ Comprometimento sensorial (visão, audição).
√ Dificuldades de comunicação.
SINAIS DE ALERTA QUE PODEM COMPROMETER A CAPACIDADE
FUNCIONAL!
√ Isolamento social.
√ Insuficiência familiar.
√ Sinais e sintomas de transtorno de humor (depressão, ansiedade).
√ Perda de peso não intencional (mínimo 4,5 kg ou 5% do seu peso corporal) no último ano.
√ Suspeitas de violência.
√ Dificuldade de mastigação e/ou deglutição, engasgos e/ou tosses recorrentes.
AS DIMENSÕES
• Considera o histórico de saúde-doença por meio de uma anamnese ampliada e centrada no idoso.
• O exame físico tradicional, buscando identificar a presença de agravos (quedas, hematomas, fraturas etc.), doenças
DIMENSÃO crônicas e agudas, as intervenções médicas já sofridas ao longo da vida
CLÍNICA
• Enfatiza os aspectos relacionados à cognição, à memória, ao humor, aos comportamentos e à saúde mental de forma
geral, atentando tanto para situações de sofrimento psíquico quanto de transtornos mentais estabelecidos.
DIMENSÃO • Avaliação psicossocial compreende o entendimento da dinâmica familiar, do suporte familiar e social, de questões
PSICOSSOCIAL econômicas, culturais, ambientais
• Objetiva se uma pessoa é capaz ou não de realizar atividades da vida diária, utilizando diferentes habilidades, de modo a
avaliar se consegue desempenhar as atividades necessárias para cuidar de si.
DIMENSÃO • Como tomar banho, alimentar-se, vestir-se etc, interagir com sua família, com seu ambiente físico, com as pessoas de
FUNCIONAL sua comunidade e transitar por seu território
A ATENÇÃO BÁSICA NA LINHA DE CUIDADO À SAÚDE INTEGRAL DA
PESSOA IDOSA NA REDE DE ATENÇÃO À SAÚDE – RAS
A Atenção Básica constitui o primeiro contato de indivíduos, famílias e comunidades com o SUS,
trazendo os serviços de saúde o mais próximo possível aos lugares de vida e trabalho das pessoas e
significa, na RAS, o primeiro elemento de um processo contínuo de atenção.
Deve exercer um conjunto de ações de saúde, no âmbito individual e coletivo, que abrange a promoção
e a proteção da saúde, a prevenção de agravos, o diagnóstico, o tratamento e a reabilitação, mantendo-
se como referência para os sujeitos mesmo que estes necessitem de cuidados em outros pontos da
rede.
A coordenação do cuidado é desenvolvida por meio de práticas gerenciais e sanitárias democráticas e
participativas, sob a forma de trabalho em equipe, dirigidas a populações de territórios bem delimitados,
pelas quais assume a responsabilidade sanitária, considerando a dinamicidade existente nos locais e nas
comunidades em que vivem essas populações. A Atenção Básica deve cumprir três funções essenciais:
Resolutividade para a grande maioria dos problemas de saúde da população; Organização dos fluxos e
contrafluxos dos usuários pelos diversos pontos de atenção à saúde; Responsabilização pela saúde dos
usuários em qualquer ponto de atenção à saúde em que estejam (MENDES, 2002; 2011).
AÇÕES ESPERADAS NO ÂMBITO DA AB!
Portanto, cabem às equipes da Atenção Básica (eAB) e de Saúde da Família (eSF) a primeira abordagem
e a avaliação multidimensional das pessoas idosas dos territórios para os quais são referências. Sendo
assim, as pessoas idosas de um determinado território, bem como suas condições funcionais, devem ser
avaliadas e identificadas pelas eSF e por outros dispositivos da Atenção Básica, como as Equipes de
Consultórios na Rua, UBS e Nasfs-AB. Independentemente do ponto da RAS acessado pela pessoa idosa,
cabe à Atenção Básica o papel de disparador e coordenador do processo de cuidado integral.
Os Nasfs-AB exercem um papel fundamental de apoio, matriciamento, suporte clínico, sanitário e
pedagógico aos profissionais das equipes de Atenção Básica/Saúde da Família. Competem também aos
Nasfs-AB participar do planejamento conjunto das ações, de discussão de casos, atendimento individual,
compartilhado, interconsulta, educação permanente, ações intersetoriais etc.
AÇÕES ESPERADAS NO ÂMBITO DA AB!
O Programa Academia da Saúde, desenvolvido na AB, traz vários benefícios para as pessoas idosas,
pois potencializa uma série de ações voltadas à preservação da capacidade funcional, por meio da
realização de atividades como Dança Sênior, Tai Chi Chuan, atividades físicas orientadas para ganho de
massa muscular, força, equilíbrio e coordenação motora, entre outras, itens essenciais para a prevenção
de quedas em idosos e outros agravos, além de promover a convivência intergeracional e social, as
práticas artísticas e culturais, a educação em saúde e a mobilização comunitária.
Entre as abordagens de cuidado integral oferecidas no âmbito da atenção básica estão as Práticas
Integrativas e Complementares em Saúde (PICS). As PICS envolvem abordagens que buscam
estimular os mecanismos naturais de prevenção de agravos e recuperação da saúde por meio de
tecnologias eficazes e seguras, com ênfase na escuta acolhedora, no desenvolvimento do vínculo
terapêutico e na integração do ser humano com o meio ambiente e a sociedade. Outros pontos
compartilhados pelas diversas abordagens abrangidas nesse campo são a visão ampliada do processo
saúde-doença e a promoção global do cuidado humano, especialmente do autocuidado (BRASIL, 2006).
AÇÕES ESPERADAS NO ÂMBITO DA AB!
Além disso, as PICS podem oferecer cuidado para condições específicas como dores crônicas,
depressão, ansiedade, entre outras. Também podem auxiliar em diversas questões inespecíficas
para o tratamento convencional, mas que debilitam e diminuem a autonomia e o bem-estar das
pessoas.
As práticas integrativas e complementares em saúde contribuem para a ampliação das ofertas de
cuidados e para a racionalização das ações de saúde, estimulando alternativas inovadoras e
socialmente contributivas ao desenvolvimento sustentável de comunidades, além de proporcionar
maior resolutividade dos serviços de saúde (BRASIL, 2006).
Ainda, cabe à AB a implementação das ações de imunização, como campanhas vacinais,
garantindo índices satisfatórios de cobertura e, portanto, de prevenção de doenças transmissíveis
como a influenza e as doenças pneumocócicas.
CADERNETA DE SAÚDE DA PESSOA IDOSA COMO FERRAMENTA PARA A
AVALIAÇÃO MULTIDIMENSIONAL.
O Ministério da Saúde oferece a Caderneta de Saúde da Pessoa Idosa como ferramenta de apoio para a
avaliação multidimensional a ser realizada no nível primário de atenção. Em alguns contextos, foram
organizados outros instrumentos e protocolos específicos, adequados às características loco regionais, para
a realização da avaliação multidimensional.
A Caderneta de Saúde da Pessoa Idosa possibilita o rastreio de eventos e contextos importantes para a
identificação das reais necessidades de saúde, bem como do potencial de risco e graus de
comprometimento da autonomia e independência do indivíduo, permitindo o direcionamento de
intervenções oportunas e adequadas a cada caso.
A Caderneta de Saúde da Pessoa Idosa possibilita o rastreio de eventos e contextos importantes para a
identificação das reais necessidades de saúde, bem como do potencial de risco e graus de
comprometimento da autonomia e independência do indivíduo, permitindo o direcionamento de
intervenções oportunas e adequadas a cada caso.
AÇÕES ESPERADAS NO ÂMBITO DA AB!
Outra questão importante na gestão do cuidado é a oferta de Cuidados Paliativos que devem ser
iniciados a partir do diagnóstico de qualquer doença que ameace a continuidade da vida, associados ou
não à terapia curativa. Podem se tornar a prioridade da assistência na fase avançada de evolução de
uma doença incurável ou, ainda, tornar-se o foco exclusivo do cuidado na fase final de vida ou durante o
processo ativo de morte. Para tal, o cuidado deve ser adaptado às necessidades dos pacientes e suas
famílias, acompanhando a progressão da doença até sua eventual fase final.
E pode continuar após a morte do paciente por meio do apoio às famílias em seu processo de luto.
Quando a prática da atenção paliativa focada nas necessidades do cuidado ao paciente é ofertada desde
o diagnóstico de uma doença grave ou ameaçadora da vida, pode-se investir para melhorar sua
qualidade de vida e sua capacidade de lidar com a situação de maneira mais adaptativa (OMS, 2002).
CUIDADOS PALIATIVOS
Os Cuidados Paliativos podem ser definidos como “cuidados holísticos ativos, ofertados a pessoas de
todas as idades que se encontram em intenso sofrimento relacionados a sua saúde, proveniente de
doença grave irreversível, especialmente aquelas que estão no final da vida. Seu objetivo é, portanto,
melhorar a qualidade de vida dos pacientes, de suas famílias e de seus cuidadores”. (RADBRUCH et al.,
2020).
Outra definição comumente utilizada é a da Organização Mundial de Saúde (OMS, 2002): “Cuidado
paliativo é uma abordagem que promove a qualidade de vida de pacientes e seus familiares, que
enfrentam doenças que ameacem a continuidade da vida, através da prevenção e alívio do sofrimento.
Requer a identificação precoce, avaliação e tratamento da dor e outros problemas de natureza física,
psicossocial e espiritual”.
EM CONSONÂNCIA COM AS DEFINIÇÕES ANTERIORES, A RESOLUÇÃO CIT/MS Nº 41, DE 31 DE
OUTUBRO DE 2018 DEFINE EM SEU ARTIGO 2º CUIDADOS PALIATIVOS COMO:
a) Neoplasia
b) Doença Cardíaca
e) Doença Hepática
g) Doença de Parkinson
i) Esclerose Múltipla
j) Fragilidade
l) Demência
VISA:
Noção ampliada de saúde como bem-estar biopsicossocial e não apenas como ausência de doenças.
Tem como foco as necessidades de saúde da pessoa idosa.
Recomenda a avaliação multidimensional para identificação destas necessidades.
Recomenda o planejamento das ações coletivas de promoção da saúde e prevenção de doenças e
agravos, com base no estudo do território vivo, suas relações e necessidades.
Tem como meta o envelhecimento saudável entendido como a preservação e/ou recuperação da
capacidade funcional da pessoa idosa.
Tem como objetivo primordial: manter e/ou recuperar a capacidade funcional da pessoa idosa, sua
autonomia e independência, na busca de uma melhor qualidade de vida e participação social
SERVIÇO DE PROTEÇÃO E ATENDIMENTO INTEGRAL À FAMÍLIA (PAIF):
3. Serviço de Proteção Social Básica no Domicílio para Pessoas com Deficiência e Idosas: CRAES / CRAS
Tem como objetivos:
prevenir agravos que possam desencadear o rompimento de vínculos familiares e sociais; prevenir o
confinamento; identificar situações de dependência; colaborar com redes inclusivas no território;
prevenir o abrigamento institucional; sensibilizar grupos comunitários sobre direitos e necessidades de
inclusão, buscando a desconstrução de mitos e preconceitos; desenvolver estratégias para estimular e
potencializar recursos das pessoas, de suas famílias e da comunidade no processo de habilitação,
reabilitação e inclusão social; oferecer possibilidades de desenvolvimento de habilidades e
potencialidades, a defesa de direitos e o estímulo à participação cidadã; incluir usuários e familiares no
sistema de proteção social e serviços públicos; contribuir para resgatar e preservar a integridade e a
melhoria de qualidade de vida dos usuários; contribuir para a construção de contextos inclusivos.
Reconhecer os direitos da pessoa idosa relacionados à aposentadoria, Benefício de Prestação
Continuada e demais direitos definidos pela Constituição da República e pela legislação
vigente, dentre elas o Estatuto do Idoso (Lei nº 10.741, de 1º de outubro de 2003).
Considerando o conceito ampliado de saúde, reconhece-se que a garantia e defesa da saúde da pessoa
idosa frequentemente extrapola o âmbito dos serviços de saúde. Políticas de Educação, Trabalho,
Previdência Social, Direitos Humanos, Habitação, Transporte e Cultura têm direta relação com a saúde,
uma vez que ela está intimamente ligada ao acesso à moradia, à mobilidade urbana, à cultura, ao lazer,
por exemplo.
Portanto, a atenção integral à saúde das pessoas idosas deve ser, necessariamente, intersetorial, e os
serviços socioassistenciais (rede do Sistema Único de Assistência Social - SUAS) são alguns dos de maior
importância.
OS DIREITOS PREVIDENCIÁRIOS
Todos as pessoas idosas que tenham ou tenham tido qualquer vínculo formal com Carteira de Trabalho
e Previdência Social (CTPS) assinada são automaticamente inscritas como segurados do INSS, para o
qual é destinado parte de sua folha de pagamento como contribuição mensal.
Os principais benefícios previdenciários aplicáveis às pessoas idosas são as:
Aposentadorias;
Os auxílios doença;
Acidente e reclusão; e a
Pensão por morte ou pensões especiais, cada qual com suas regras.
As aposentadorias, cujas regras se modificaram em novembro de 2019 com a reforma da previdência,
levam em conta os aspectos de tempo de contribuição e idade do segurado, estabelecendo condições
mínimas para usufruto desse direito.
OS DIREITOS PREVIDENCIÁRIOS
Para a pessoa idosa e/ou com deficiência, sem direito à aposentadoria e que comprove hipossuficiência
familiar, é garantido o direito ao benefício assistencial, também conhecido como Benefício de
Prestação Continuada (BPC).
Para se ter direito ao BPC, previsto na Lei Orgânica da Assistência Social (Lei nº 8.742/1993 – LOAS, Art.
20), no valor de um salário mínimo mensal, é necessário que a renda por pessoa do grupo familiar seja
menor que 1/4 do salário-mínimo.
Por ser um benefício assistencial, não há exigência de contribuição ao INSS, mas, por outro lado, não há
direito a 13º salário e ou pensão por morte, sendo o benefício extinto com a morte do beneficiário.
4. ACESSO AO BENEFÍCIO DA ASSISTÊNCIA SOCIAL DE PRESTAÇÃO
CONTINUADA (BPC/LOAS) E AOS BENEFÍCIOS EVENTUAIS.
a) Média complexidade:
1. Serviço de Proteção e Atendimento Especializado a Famílias e Indivíduos (Paefi):
Atende a famílias e indivíduos em situação de risco e/ou com direitos violados. Serviço desenvolvido
pelas equipes dos Creas, de apoio, orientação e acompanhamento a famílias com um ou mais de seus
membros em situação de ameaça ou violação de direitos.
2. Serviço Especializado em Abordagem Social:
Desenvolvido pelas equipes dos Creas, com a finalidade de assegurar trabalho social de abordagem e
busca ativa principalmente com população em situação de rua.
4. ACESSO AO BENEFÍCIO DA ASSISTÊNCIA SOCIAL DE PRESTAÇÃO
CONTINUADA (BPC/LOAS) E AOS BENEFÍCIOS EVENTUAIS.
3. Serviço de Proteção Social Especial para Pessoas com Deficiência, Idosas e suas Famílias:
Serviço desenvolvido pelas equipes dos Creas ou Unidades Referenciadas, seja nas próprias unidades ou
nos Domicílios dos usuários, para a oferta de atendimento especializado a famílias com pessoas com
deficiência e idosos com algum grau de dependência, que tiveram suas limitações agravadas por
violações de direitos.
Tem como impacto esperado contribuir para: acesso aos direitos socioassistenciais; redução e prevenção
de situações de isolamento social e de abrigamento institucional; diminuição da sobrecarga dos
cuidadores; fortalecimento da convivência familiar e comunitária; melhoria da qualidade de vida familiar;
redução dos agravos decorrentes de situações violadoras de direitos; proteção social e cuidados
individuais e familiares voltados ao desenvolvimento de autonomias.
4. ACESSO AO BENEFÍCIO DA ASSISTÊNCIA SOCIAL DE PRESTAÇÃO
CONTINUADA (BPC/LOAS) E AOS BENEFÍCIOS EVENTUAIS.
Revisão acerca das grandes síndromes geriátricas: incapacidade cognitiva, instabilidade postural,
imobilidade e incapacidade comunicativa, com enfoque nos aspectos etiológicos, diagnóstico e
condutas terapêuticas. A saúde do idoso está estritamente relacionada com a sua funcionalidade global,
definida como a capacidade de gerir a própria vida ou cuidar de si mesmo.
Essa capacidade de funcionar sozinho é avaliada por meio da análise das atividades de vida diária, que
são tarefas do cotidiano realizadas pelo paciente. A saúde do idoso é determinada pelo funcionamento
harmonioso de quatro domínios funcionais: cognição, humor, mobilidade e comunicação. A perda
dessas funções resulta nas grandes síndromes geriátricas abordadas.
RESUMO
A independência refere-se à capacidade de realizar algo com os próprios meios. Significa execução e
depende diretamente de mobilidade e comunicação. Portanto, a saúde do idoso é determinada pelo
funcionamento harmonioso de quatro domínios funcionais: cognição, humor, mobilidade e
comunicação. Tais domínios devem ser rotineiramente avaliados na consulta geriátrica.
RESUMO