Livro: Avaliação em Neuropsicologia do Envelhecimento / Katie Almondes, Cândida Alves, - 1.
Ed. – São Paulo : Hogrefe, 2022
CAP 1 – ANTONIO E. PUENTE – NEUROPSICOLOGIA DO ENVELHECIMENTO: CONCEITO
HISTÓRICO E PARADIGMA.
“O envelhecimento é tradicionalmente entendido pelos profissionais de saúde do
ponto de vista fisiológico. Como consequência, as interpretações do envelhecimento são focadas na esfera física. No entanto, à medida que a saúde física dos indivíduos melhorou, começaram a aumentar as estatísticas de morbidade e mortalidade. Com esse aumento, vieram as observações de que não apenas houve mudanças físicas significativas, mas também outras, incluindo comportamentais, emocionais e cognitivas” (pág. 15) “Galeno, um filósofo e médico grego, cuja posição principal era servir seu imperador romano Marco Aurélio [...] A perspectiva prevalente na época era que envelhecer era uma deterioração de tudo o que era bom enquanto se era jovem, viril e robusto. Lentamente, com certeza e tristeza, tudo o que era positivo azedou com o processo de envelhecimento, tendo como resultado final a deterioração e a morte. [...] Galeno propôs uma alternativa holística e positiva que incluía atividades físicas, dieta adequada e até estilos de vida preventivos que viam o envelhecimento como algo que poderia ser controlado. Esse regime seria dirigido por um médico que, por sua vez, seria um filósofo. Essa abordagem permitiu compreender o envelhecimento, sua evolução e sua resolução no âmbito da teoria e do pensamento sobre o envelhecimento. O envelhecimento mudou de negativo e físico, para positivo e holístico ” (pág. 16) “[...] Um corpo saudável é a base para um pensamento claro. Envelhecer e morrer faz parte da vida e, [...] deve ser apreciado emocionalmente e cognitivamente, não sendo negado ou evitado. “ (pág 17) “É nesse contexto que as perspectivas modernas embarcam em uma representação mental ativa do processo de envelhecimento (Kraeplin, 1919). As perspectivas modernas do envelhecimento na psicologia são fortemente influenciadas pelas teorias cognitivas, embora limitando as perspectivas neurocientíficas às sociais. Com o tempo ocorreu uma mudança do foco exclusivamente físico para um foco amplamente cognitivo, bem como social e emocional. Staudinger (2015) sugeriu que o envelhecimento pode ser mais bem considerado como um marcado percebido do que um simples marcador biológico, como a idade. Uma perspectiva interna de quem você é em um determinado ponto de seu desenvolvimento pode não ser mais dependente do sentido físico, mas do psicológico. Essa análise depende de como alguém não apensas pensa sobre si mesmo, mas também de como pensa em geral “ (pág. 17) CAP. 2 – Cândida Alves, Márcia Dourado – SENESCÊNCIA E SENILIDADE “O envelhecimento fisiológico está ligado as alterações nas funções orgânicas, em decorrência dos efeitos da idade no organismo, pelos quais as funções fisiológicas começam a declinar de forma gradual” (p. 30) “Biologicamente, o envelhecimento ocorre como uma degeneração do organismo, sendo esse processo iniciado logo após o nascimento. ” (p. 310 “O ser humano, durante o processo de desenvolvimento e maturação, passa por diversas transformações que estabelecem constantes aprendizagens e envolvem aquisições, bem como perdas de funções. Os idosos pertencem a um grupo de indivíduos que necessitam de atenção especial, em razão das intensas modificações fisiológicas e ambientais a que são expostos regularmente. ((Moriguti, et al, 2009) p. 31). “A implementação de um plano de cuidados exige a interação do idoso e da família, com os recursos disponíveis. Deve-se procurar o conforto do idoso e da família, na certeza de que é ‘sempre possível melhorar algo’ ou pelo menos, ‘não piorar a vida do idoso’” ((Borges & Coimbra, 2008) p. 32) “Envelhecer faz parte da vida que se inicia na concepção e termina na morte” (p.32) “O envelhecimento cognitivo é caracterizado por um declínio gradual no desempenho cognitivo, que não estão relacionados a processos patológicos, ou seja, difere do comprometimento encontrado na senilidade. Assim é chamado de envelhecimento neurocognitivo normal. Assim sendo o processo de envelhecimento ocasiona uma diminuição do desempenho cognitivo e, entre as causas para redução estão as alterações estruturais e funcionais do cérebro” (p. 33) “Tanto o cérebro masculino como o feminino tendem a diminuir com a idade ((Cox et al., 2018) p. 34). “A diminuição do tamanho do cérebro tem sido associada ao comprometimento de componentes cognitivos como inteligência fluída, raciocínio, velocidade de processamento e memória” ((Glisky, 2007) p. 34) “[...] A redução do volume da massa cinzenta é progressiva até por volta dos 70 anos, tornando-se acelerada após esse período (Cox et al., 2018). Essa atrofia também está presente em outras regiões como o córtex pré-frontal, o que influencia o desempenho, principalmente, em tarefas de memória, atenção, funções executivas e memória operacional” (p. 34) “Na senescência também estão presentes modificações relacionadas aos neurônios. Grande número deles sofre alterações, tais como diminuição no número e uma considerável perda de sinapses (Cox et al., 2018) essas modificações neuronais associadas à idade estão relacionadas a alterações na memória, flexibilidade cognitiva e memória operacional ((Glisky, 2007) p. 34) “[...] a senilidade consiste em alterações decorrentes de situações de doença e a sobrecarga decorrente do processo de doença junto com a perda da capacidade de manutenção da homeostase, decorrente desse processo natural de envelhecimento. Ela desencadeia o surgimento de sintomas e implica o prejuízo da autonomia e da independência do ínvido.” (p. 37) “uma das maiores causas da senilidade são os transtornos neurocognitivo. (APA, 2014). A categoria de transtornos neurocognitvos abrande o grupo de transtornos em que o déficit clínico primário está na função cognitiva, sendo transtornos adquiridos e, muitos deles, como a demência, processos de doença associados ao aumento da idade, que resultam em prejuízo das funções cognitivas e intelectuais de um individuo. Entre os vários tipos de demência, a doença de Alzheimer (DA) é a mais comum, sendo responsável por aproximadamente 70% dos casos” (p. 38) Cap 7 – Avaliação Neuropsicológica no envelhecimento: definições e criticas “O exame neuropsicológico consiste em um método clínico de investigação sistematizada do funcionamento das funções cognitivas, funcionais e afetivas. Esse exame ainda deve tratar inferências biológicas e ambientais sobre as características funcionais e estruturais do sistema nervoso.” (p. 124) “[...] instrumentos válidos e confiáveis para compor um protocolo de avaliação neuropsicológica direcionado ao idoso” (p. 124) “A avaliação neuropsicológica é um método que visa examinar o cérebro por meio da investigação das manifestações comportamentais do indivíduo (Lezak, Howieson & Bigles, 2012) e ainda de sus expressões e funcionalidades emocionais, cognitivas e linguísticas. Para tal uma série de entrevistas, escalas, questionários e testes padronizados fornece de forma relativamente válida e precisa, informações sobre as manifestações comportamentais da atividade neuronal. De acordo com esses três autores, o comportamento pode ser conceitualizado em três sistemas funcionais: cognição, emoções e sistema de controle. Cognição se refere ao aspecto do comportamento relativo a manipulação de informações. As emoções referem-se aos sentimentos e as motivações. E os sistemas de controle de execução referem-se como fazer com que determinado comportamento seja expresso de maneira eficiente. Cada uma desses três conjuntos de funções é interligado e modula a manifestação dirigida do comportamento a um fim. No entanto, cada sistema pode ser conceitualizado e tratado separadamente. Além disto, o dano cerebral raramente afeta apenas um desses sistema” (p. 125) “Apesar das diferenças concepções sobre a prática clínica em Neuropsicologia, o principal objetivo da avaliação neuropsicológica é compreender como determinada condição patológica afeta o comportamento observável do paciente (Malloy-Diniz, Mattos, Abreu & Fuentes, 2018) “ A avaliação neuropsicológica de idosos tem como principal objetivo a mensuração do desempenho cognitivo inserido em um processo de desenvolvimento, do qual as mudanças cognitivas fazem parte.” (p. 126) “A avaliação com essa finalidade visa confirmar e/ou refutar as hipóteses diagnósticas que explicam os sinais e os sintomas apresentados pelo paciente. Neste sentido, a avaliação neuropsicológica é de grande relevância e de alta responsabilidade, em razão do peso da definição do processo de diagnóstico diferencial da queixa.” (p. 127) “Os intrumentos de aplicação são constituídos por anamnese (histórico do individuo e da queixa), avaliação subejetiva da queixa (organização e sumarização das alterações subjetivas da cognição e do comportamento relatadas tanto pelo paciente quanto pela família), avaliação subjetiva da queixa (aplicação e interpretação de testes cognitivos, escalas emocionais e inventários funcionais), além do registro das observações da postura e conduta do avaliado e de seu cuidador durante todo o processo avaliativo.” (p. 127) “A análise neuropsicológica da composição e integração de toda essa informação auxiliam em diferenciar, primeiramente, entre as quatro possibilidades diagnósticas – envelhecimento saudável, declínio cognitivo subjetivo da memória, comprometimento cognitivo leve (CCL) e estágio inicial de demência, para, em um segundo momento, realizar uma análise de auxílio para diagnóstico diferencial da presença de quadro demencial