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da Saúde do Idoso
André Luiz Fidelis Lima
Ana Gabriela Silva
Introdução ao Estudo
da Saúde do Idoso
Introdução
Olá,
Bons estudos!
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Noções Preliminares
Neste conteúdo de Introdução ao Estudo da Saúde do Idoso apresentará o Cuidado ao
Idoso como um desafio para os profissionais da saúde, principalmente o enfermeiro,
por se tratar de uma área do conhecimento complexa, que tem como objetivo a
garantia da atenção à saúde de forma integral, humanizada e holística, proporcionando
adequadamente o ato do cuidar.
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O enfermeiro precisa se fundamentar em três critérios técnicos e científicos, baseados
na Política Nacional de Atenção ao Idoso para uma prestação adequada da assistência
de enfermagem. O primeiro critério é fazer com que a pessoa idosa participe
ativamente dos processos sociais, dando-lhe autonomia para o desenvolvimento das
rotinas diárias; o segundo critério é promover a saúde e desenvolver o bem-estar no
processo do envelhecer; e; o terceiro, e último critério, é promover a criação de um
ambiente domiciliar ou comunitário saudável, propício e adequado ao processo do
envelhecimento.
Essas práticas visam, principalmente, reabilitar a pessoa idosa as suas rotinas diárias
normais, e precisa estar associadas aos princípios e diretrizes do Sistema Único de
Saúde do Brasil. Precisamos entender que desenvolver um trabalho efetivo com um
público específico requer do profissional enfermeiro, além do conhecimento básico da
sua área, uma especialidade direcionada ao estudo alvo em questão, nesse caso da
nossa disciplina, os cuidados com o indivíduo idoso.
Levando em consideração o contexto deste estudo, dizemos que existem duas áreas
do conhecimento que desenvolvem trabalhos com as pessoas idosas: geriatria e
gerontologia. A primeira é considerada uma especialidade da área médica, direcionada
ao público idoso, e exercida pelo médico geriatra. A segunda é considerada uma
especialidade multiprofissional, direcionada aos diversos estudo dos aspectos
do processo do envelhecimento, então, dizemos, por exemplo, que o enfermeiro
gerontólogo que irá desenvolver uma assistência de enfermagem em gerontologia.
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Figura 1 - Pessoa Idosa
Fonte: Marish, Shutterstock, 2020.
#pratodosverem: Na imagem de fundo branco, com diversos ambientes colo-
ridos, observamos cinco figuras de pessoas idosas exercendo atividades de
rotina diárias. Na primeira imagem, o idoso se encontra sentado, manipulando
a sua rede social, em seu notebook, sobre uma mesa. Na segunda imagem, a
idosa se encontra sentada em uma poltrona vermelha, fazendo crochê. Na ter-
ceira imagem, o idoso se encontra em pé, praticando exercício físico em casa.
Na quarta imagem, o idoso se encontra sentando manipulando um computador
sobre uma mesa e escutando música com o fone de ouvido. Na quinta imagem,
temos dois idosos, de gêneros diferentes, sentados jogando dama.
No campo dos Cuidados ao idoso, existem duas palavras que são bem utilizadas:
Geriatria e Gerontologia. São campos de estudos que atuam com o mesmo público,
o idoso, mas possuem finalidades distintas. No geral, ambas as áreas se direcionam
para a qualidade de vida e bem- estar do idoso. Profissionais que desejarem atuar
com os cuidados ao idoso, devido ao constante aumento dessa população no
Brasil, precisam compreender de forma mais eficaz e com medidas de intervenções
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resolutivas o mundo da pessoa idosa e, para isso, é necessário se especializar em
geriatria e/ou em gerontologia (SBGG, 2020).
Além disso, estão ligadas por desenvolverem cuidados de saúde desde a promoção
de um processo do envelhecimento adequado e saudável até o tratamento e a
reabilitação do indivíduo idoso. A ação contínua do envelhecer gera um impacto no
comportamento do corpo, e pode demandar uma abordagem planejada e diferenciada
(SBGG, 2020).
O médico geriatra também está direcionado aos tratamentos das disfunções orgânicas,
multicausais, como tonturas, vertigem, síncopes, desmaios, crises convulsivas,
incontinência urinária e tendência a quedas. Os cuidados paliativos aos idosos
também, fazem parte da geriatria, e estão associados aos cuidados dos pacientes
idosos e portadores de patologia sem perspectiva de cura.
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É importante dizer que a medicina geriátrica vem avançando dia a dia em prol da
longevidade, qualidade de vida e melhor segurança para a pessoa idosa (SBGG, 2020).
Os profissionais, das diversas outras áreas que se destinam a estudar o idoso são
chamados de gerontólogos. A gerontologia tem a finalidade de estudar o processo
do envelhecimento nos aspectos biopsicossocial e em outras dimensões dos
conhecimentos científicos. Trabalham em conjunto, como já foi mencionado nesse
conteúdo, com o médico geriatra.
Por outro lado, não pode ser considerado sinônimo de doença o processo natural
de envelhecer. Devemos solicitar, enquanto profissional da saúde, exames para
diferenciar o tratamento natural do envelhecimento, das patologias que o idoso pode
vir a apresentar.
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Os estudos da ação contínua do envelhecimento tiveram início no século XIX, mas
hoje em dia o tema é abordado de forma bem mais complexa, porque o processo
de envelhecimento não é algo fácil de entender. Esses estudos requerem aspectos
multidisciplinares e multiprofissionais, que envolvem até a forma de organização
da sociedade, ou seja, extrapolam o meio da saúde e desencadeiam outros fatores
socioeconômicos e culturais (FECHINE; TROMPIERI, 2012).
• Envelhecimento biológico;
• Envelhecimento cronológico;
• Envelhecimento Funcional;
• Envelhecimento Psicológico;
O que precisamos perceber com muita atenção é que o processo do envelhecer chega
ir além de questões biológicas e cronológicas. Ele pode ser caracterizado por questões
sociais, e nesse tipo de envelhecimento, o indivíduo inicia um processo da falta de
oportunidades futuras para a sua vida, se sentindo totalmente excluído dos padrões
que a sociedade impõe e, com esse sentimento, deixa de desenvolver interações
sociais e tende a se isolar em ambientes domésticos, ocasionando processo orgânicos
depressivos com evolução para a morte.
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É importante lembrar que, no Brasil, os indivíduos não estão preparados ou não se
preparam para o momento do óbito. Não faz parte da nossa cultura e, quando isso
ocorre, geralmente, sofrem um extremo abalo psicológico, que pode ocasionar o
aceleramento do processo de envelhecimento, chamado de senescência (DIAS, 2012).
Muitos estudiosos da área da geriatria e gerontologia estão indo muito além, e dizem
que o corpo humano é bem mais complexo. Já dizem que existe a chamada quarta
idade, que pode ser caracterizada pelo nítido processo do envelhecimento funcional,
associado às adaptações do organismo humano ao meio social. E, com isso,
desenvolvem uma dependência pelas dificuldade de desenvolverem suas atividades
básicas da vida diária (ABVD) que fazem parte do ciclo vital de qualquer indivíduo,
como se alimentar, se locomover, se vestir, se levantar, se sentar, descansar e deitar,
entre outras (MORAES, 2012).
É importante deixar claro que a quarta idade pode aparecer em qualquer situação
ou momento do ciclo vital, mas é comum ser detectado na pessoa idosa com idade
bem avançada. Envelhecer de forma harmoniosa depende de questões multifatoriais,
externas e internas, de como levamos a vida diariamente.
Processo de Envelhecimento
Conceituar o processo do envelhecimento é algo difícil. Biologicamente pode ser
considerado uma ação contínua que perdura toda a vida, ou seja, dura todo o ciclo
vital do indivíduo (MORAES, 2012). De forma multidisciplinar, podem existir diversas
definições do processo de envelhecer, se levarmos em consideração a visão
biopsicossocial, a autonomia da pessoa idosa e a sua qualidade de vida. Esses fatores
resultam na saúde do idoso e retarda, um pouco mais, o processo do envelhecimento.
É importante dizer que pessoas com um poder aquisitivo reduzido envelhecem
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mais rapidamente, resultado de aspectos multifatorial que não favorecem uma vida
saudável e cheia de desafios diários.
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• Existe diminuição dos componentes líquidos associado ao aumento do tecido
adiposo corporal, que provavelmente poderá contribuir para as modificações
do processo de absorção, atividade celular e eliminações das substâncias tó-
xicas na pessoa idosa;
• A diminuição da proteína albumina modifica o transporte de inúmeras subs-
tâncias sanguíneas;
• A atividade basal celular reduz, em média, 10% a 20% com o avanço da idade,
interferindo nas necessidades calóricas diárias;
• A beneficência da glicose pode se alterar, desenvolvendo conflitos para se
diagnosticar determinadas patologias como, por exemplo, o diabetes melitos.
Epidemiologia do Envelhecimento
Podemos entender como um campo das ciências da saúde que estuda os fatores
determinantes do processo do adoecimento e associa com a população humana
(LEBRA, 2009).
É importante dizer que, entre 1980 a 2000, o Brasil computou um grande aumento
dessa população, de idosos, que resultou em um crescimento de 56% dessa população,
e estima-se, para as próximas décadas, um aumento de 100% de idosos na população
brasileira (LEBRA, 2009).
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• Primeira fase
• Segunda fase
• Terceira fase
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Em média de cinco décadas, o Brasil transitou de um perfil de adoecimento e morte
(morbimortalidade), características dos indivíduos jovens, que são as doenças
infectocontagiosas, para um perfil de morbimortalidade de patologias crônicas
e degenerativas, que são características típicas dos indivíduos idosos, gerando
incapacidades das faixas etárias da população idosa (MORAES, 2012).
• Mobilidade
• Independência
é a aptidão que uma pessoa desenvolve para ter o auto cuidar. É considerada uma
atribuição básica para a execução de atividades realizadas no dia a dia, sem precisar
do auxílio de outro indivíduo.
• Dependência
é considerada uma incapacidade de realizar uma ou mais tarefas do dia a dia. Precisa
do auxílio de uma outra pessoa. Tem as suas definições através de escalas testes
para definir se a incapacidade é leve, moderada e/ou avançada.
• Autonomia
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Diante do processo do envelhecer dos indivíduos, o propósito dos cuidados e
atendimento à saúde não se objetivam somente em prolongar o ciclo vital mas,
principalmente, tenta estabilizar a capacidade funcional e orgânica do indivíduo de tal
forma que esse indivíduo apresente-se autônomo e independente por muito longos
tempos da sua vida (NERI, 2011). Para que isso venha a se suceder, o sistema de
saúde público e privado deve garantir o acesso universal aos atendimentos e cuidados
de saúde, e que esses estejam baseados nas políticas de atenção de saúde pública,
enfatizando primordialmente a promoção de saúde e a prevenção das patologias
(TEIXEIRA, 2006). Além disso, a pessoa idosa deve ser clinicamente avaliada de forma
integral, humanizada e holística, com a finalidade de manter a capacidade funcional
desse indivíduo.
• comer ou alimenta-se;
• ir ao banheiro;
• escolher a roupa e arrumar-se;
• higiene pessoal;
• manter-se continente;
• locomover-se e transferir-se de um local para o outro.
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para se viver independente (NERI, 2011). Podemos considerar que essas habilidades
são geralmente aprendidas durante todo o período da adolescência. São caracterizadas:
Não podemos esquecer que as AVD e AIVD são habilidades conjuntas, que os
indivíduos precisam executar para se tornar independentes (UNA/SUS, 2014).
Para a pessoa idosa, a capacidade funcional está ligada às execuções das tarefas
do dia a dia ou do seu cotidiano. Isso garante o seu processo de querer aprender ou
absorver, que podemos denominar de autonomia (MINAS GERAIS, 2006). Quando esse
processo está sendo prejudicado, falamos que a pessoa idosa está sendo afetada nas
tarefas do seu cotidiano.
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Os profissionais geriatras e gerontólogos mensuram e avaliam o grau de preservação
da aptidão de realização de atividades básicas de vida diária – AVDs e o grau de
habilidade para executar atividades instrumentais de vida diária – AIVDs como sendo
uma relação estreita, paralela e conjunta.
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Avaliação Multidimensional do Idoso
Identificação Anamnese
PLANO DE CUIDADOS
Ações preventivas, promocionais, curativas, paliativas e reabilitadoras
Quadro 1 - Avaliação Multidimensional do Idoso
Fonte: MINAS GERAIS, 2006 (Adaptado).
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O Envelhecimento Populacional e o Enfermeiro
O Ministério da Saúde (MS) do Brasil, desde meados do final dos anos 90, planeja
e desenvolve ferramentas administrativas e políticas que conceituam o que seria
a pessoa idosa nos diversos âmbitos. O MS elaborou a Política Nacional de Saúde
da Pessoa Idosa (PNSPI) que define a pessoa idosa como sendo um indivíduo com
60 anos ou mais. Essa PNSPI é regulamentada pelo Decreto 1948 de 03/06/1996,
associado com o Estatuto do Idoso (EI), Lei 10.741 de 01/10/2003. Tanto a PNSPI
quanto o EI tem por finalidades garantir e regulamentar o direito da pessoa idosa no
âmbito das políticas sociais no Brasil (SANDRI; ALVAREZ, 2018).
Já foi explicado, ao longo desse conteúdo, que a faixa etária cronológica não é indício
para as modificações que acompanham o processo do envelhecimento do ser humano,
já que esse processo é considerado multifatorial e ocorrem inúmeras diversidades que
estão relacionadas ao estado de saúde, habilidades e níveis de independência entre
indivíduos de faixa etária semelhantes. Para ter acesso à garantia de assistência que
são estipuladas na PNSPI, é preciso que os indivíduos considerados idosos pelo MS
estejam na faixa etária estabelecida no regimento dessa PNSPI, independentemente
dos aspectos biológicos.
Os dias atuais nos dizem que os direitos dos idosos devem ser respeitados e precisa
prevalecer, já que são considerados os indivíduos que tem maior crescimento
populacional por conta da ampliação da expectativa de vida, que aumentou,
aceleradamente, dos 51 para os 75 anos entre os anos de 1950 e 2010. Estudiosos
afirma, ainda, que a estimativa de vida, em 2040, chegará, em média, aos 80 anos de
vida (SANDRI; ALVAREZ, 2018). Dessa forma, a população mundial está passando pelo
processo do envelhecimento acelerado, e é importante dizer que essas modificações
estão acontecendo rapidamente nos países considerados em desenvolvimento.
Cada vez mais percebemos o números crescente de idosos que estão atingindo 80,
90 anos de idade, e é importante dizer que isso se deve ao aumento da expectativa
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de vida mas, por outro lado, também percebemos o acentuado aumento do indivíduo
idoso diagnosticado com demências, surpreendendo, cada vez mais, os profissionais
de saúde, e alertando as autoridades públicas sobre a vulnerabilidade e o risco de
maus tratos que está população sofre no ambiente doméstico (LEBRA, 2009).
Pensando em uma melhor expectativa e qualidade de vida para a pessoa idosa, a OMS
sugeriu, de forma documentada, e publicada em 2011, a Década do Envelhecimento
Saudável de 2020 a 2030 (OMS, 2020). Essas propostas sugerem modificações para
os cuidados com a saúde do idoso, tendo como apoio as políticas públicas de cada
país envolvido com esse plano.
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e informados sobre os cuidados da saúde do idoso, para que a prestação da assistência
seja bem mais eficaz e resolutiva.
Saiba mais
A atuação do enfermeiro, no ramo da saúde do idoso, deve
ser centrada no processo de educação e saúdes, levando em
consideração o processo do envelhecimento. Baseado nesse
contexto, leia na íntegra o artigo: O papel da enfermeira na
reabilitação do idoso, acessando o link https://www.scielo.br/pdf/
rlae/v8n1/12437.pdf
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Enfim, compreender a sistematização do processo da assistência de enfermagem ao
cliente idoso não é nada fácil, mas deve ter como finalidade a persistência e valorização
do querer fazer e contribuir do idoso, de acordo com a sua necessidade, para que
ele possa desenvolver um processo de independência e autonomia. O enfermeiro
necessita entender os novos paradigmas de atenção à saúde da pessoa idosa
contribuindo, dessa forma, para a promoção, prevenção, tratamento e reabilitação da
pessoa idosa no processo do envelhecimento preferencialmente saudável.
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Referências
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção
Básica. Envelhecimento e saúde da pessoa idosa / Ministério da Saúde, Secretaria de
Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica – Brasília: Ministério da Saúde, 2006.
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