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MANUAL UFCD 3549

HIGIENE DA PESSOA IDOSA EM


LARES E CENTROS DE DIA

Curso: Agente em Geriatria

Duração: 50 HORAS

Formador(a): ENF.ª BÁRBARA VILELA

Apúlia, janeiro de 2020

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Título: Higiene da Pessoa Idosa em Lares e Centros de Dia
Editor: Instituto do Emprego e Formação Profissional, IP
Delegação Regional do Norte
Centro de Formação Profissional de Viana Do Castelo
Ano: 2015

Área de Educação e Formação: 762 – Trabalho Social e Orientação


Formação: 762191 – Agente em Geriatria
Nível de Qualificação do QNQ: 2
Modalidade: Educação e Formação de Adultos

Unidade de Formação de Curta Duração: 3549 – Higiene da Pessoa Idosa em Lares e


Centros de Dia

Objetivos Gerais:
• Executar os cuidados de higiene da pessoa idosa e do meio envolvente.

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ÍNDICE

INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 4
1. CUIDADOS DE HIGIENE............................. ERRO! MARCADOR NÃO DEFINIDO.
1.1. Cuidados Parciais ........................................... Erro! Marcador não definido.
1.2. Cuidados Gerais ............................................. Erro! Marcador não definido.
2. HIGIENE GERAL ......................................................................................... 10
2.1. Limpeza e Desinfeção dos Espaços e InstalaçõesErro! Marcador não
definido.
2.2. Limpeza e Desinfeção dos Equipamentos e MateriaisErro! Marcador não
definido.
3. MEDIDAS DE PROMOÇÃO DO BEM-ESTAR................................................. 18
3.1. Limpeza e Desinfeção Individual e Coletiva .... Erro! Marcador não definido.
3.2. Prevenção de Úlceras de Pressão ................... Erro! Marcador não definido.
3.3. Prevenção do Risco de Acidente..................... Erro! Marcador não definido.
3.4. Prevenção do Isolamento e Imobilismo da Pessoa IdosaErro! Marcador não
definido.
3.5. Utilização de meios de Primeiros Socorros ..... Erro! Marcador não definido.
3.6. Adequação de Ementas.................................. Erro! Marcador não definido.
3.7. Distribuição e Fornecimento das Refeições .... Erro! Marcador não definido.
3.8. Situações de Emergência................................ Erro! Marcador não definido.
4. GERIATRIA – PRÁTICAS PROFISSIONAIS .... ERRO! MARCADOR NÃO DEFINIDO.
4.1. Observação Participativa no Quotidiano ........ Erro! Marcador não definido.
4.2. Análise e Compreensão das Situações ObservadasErro! Marcador não
definido.
CONCLUSÃO ..................................................................................................... 31

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INTRODUÇÃO
O envelhecimento faz parte natural do ciclo da vida. É, pois, desejável que
constitua uma oportunidade para viver de forma saudável, autónoma e independente,
o maior tempo possível. Grande parte das vezes o idoso necessita de ajuda para
continuar a viver de forma saudável. Esta ajuda pode ser dada no conforto do seu
domicílio ou pode ser internado num lar ou instituição.
O envelhecimento deve ser pensado ao longo da vida. O ideal é, desde cedo, ter
uma atitude preventiva e promotora da saúde e da autonomia na velhice. No entanto,
existem ainda muitos preconceitos em relação à velhice, que fazem com que esta fase
de vida seja muitas vezes marcada pelo medo e não-aceitação, tanto pelo idoso como
por quem o rodeia.
Todas as pessoas têm necessidades individuais que devem ser satisfeitas na
medida em que proporcionem conforto e bem-estar. As necessidades mais básicas são
as necessidades fisiológicas como higiene e conforto, a alimentação e hidratação, a
eliminação, o sono, entre outras. O agente em geriatria é responsável ajudar ou por
satisfazer estas necessidades no envelhecimento. Assim, este profissional destaca-se
como tendo um papel fundamental e importantíssimo na promoção da qualidade de
vida dos idosos.
Este manual surge com o objetivo de clarificar a melhor forma de satisfazer as
necessidades no envelhecimento. Inicialmente são abordados os cuidados de higiene e
a higiene geral das instalações e materiais, seguem-se algumas medidas de promoção
de bem-estar, quer seja na prevenção de úlceras e acidentes, que seja na distribuição e
acompanhamento na alimentação. Por fim, são orientadas algumas práticas
profissionais no acompanhamento do quotidiano do idoso.
“Como em qualquer outra idade, na velhice,
o Homem também sente desejo de amar, de se sentir amado,
de continuar a ser objeto de atenção e de afeto.”
(Lopes, 1993)

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1. HIGIENE CORPORAL DA PESSOA IDOSA

O ser humano tem necessidades humanas básicas (NHB), sendo estas comuns a
qualquer ser humano. É algo que para a pessoa é imprescindível para sobreviver ou
funcionar o mais adequadamente possível, de tal modo que atinja um nível de equilíbrio
satisfatório.
As necessidades de primeiro nível são as necessidades fisiológicas. São
necessidades que devem ser atendidas, pelo menos em nível mínimo, para a
sobrevivência do corpo. São exemplo a higiene e o conforto. Sendo a higiene e conforto
um item a abordar neste módulo, torna-se evidente explorar a sua importância. Deste
modo, importa ainda referir que todas as pessoas têm uma perspetiva individual das
necessidades de higiene e conforto.
Cultivar hábitos de limpeza do corpo é essencial para garantir a saúde de todo o
organismo, contra os estímulos externos, com destaque para o ataque de
microrganismos. E é justamente a incapacidade de perceção às investidas desses seres
que dá à higiene um papel fundamental para o bem-estar do corpo.
Os mecanismos de higiene pessoal devem ser aplicados em todo o corpo de
forma global e incentivados desde os primeiros anos de vida. São atitudes simples e
indispensáveis, como a de lavar as mãos antes e depois de fazer necessidades
fisiológicas. Isso porque tanto a falta de lavagem das mãos quanto a má limpeza da
região anal podem ajudar a transmissão do vírus da hepatite A, por exemplo. Vivemos
numa época de enorme transformação e evolução tecnológica, onde a pressa de viver e
de fazer em menos tempo é cada vez mais evidente, remetendo para segundo plano,
aspetos como a privacidade nos cuidados.
Todo o indivíduo tem necessidades que precisam de ser satisfeitas. A
dependência no idoso surge com o passar dos anos e com a perda de algumas das suas
capacidades. Esta pode agravar-se devido à ausência de apoio e de afeto familiar, que

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leva à solidão e ao isolamento. Dependendo do tipo de ajuda que as pessoas necessitam
trata-se de ajuda parcial ou total.
Com o passar dos anos ocorrem determinadas alterações no corpo humano. Esta
situação leva a perda de capacidades ao nível do equilíbrio, da mobilidade, visão,
audição, músculos, ossos, entre outros… Assim, sentem maiores dificuldades na
satisfação de necessidades como a higiene pessoal, o conforto, o vestir/despir, a
mobilidade e a alimentação.
Nos cuidados prestados ao utente as necessidades fisiológicas têm uma
dimensão importantíssima no bem-estar deste, já que muitos deles dependem dos
prestadores de cuidados para a satisfação das mesmas. A satisfação das NHB do utente
têm por base a prestação adequada dos cuidados humanos básicos.
Uma boa higiene compreende todo o conjunto de medidas que se deve ter em
conta para que o utente tenha a pele, cabelo, unhas, dentes e boca em boas condições.
Os cuidados de higiene devem ser, na medida do possível, realizados pelo próprio
utente, a fim de preservar a sua autonomia. Quando este não conseguir deve ser
auxiliado, incentivando-o sempre. Uma boa higiene pessoal é imprescindível para a
saúde e bem-estar de qualquer individuo. Além da limpeza da pele, uma boa higiene
permite, também, o conforto físico e psicológico, um sentimento de bem-estar e evitar
possíveis infeções.

A higiene pessoal, cuidado básico para a saúde e bem-estar do ser humano, é


uma atividade incorporada na rotina diária desde a infância e difere entre culturas e
épocas. Entende-se por higiene pessoal a corporal e íntima, a oral e a do couro cabeludo.

Perspetival Histórica
A cultura do asseio ou da limpeza do corpo veio com a Revolução Industrial. Antes, as
pessoas que trabalhavam no campo traziam esse registo no seu corpo e nas roupas. Mulheres
de pescadores cheiravam a peixe e camponeses, a gado. A sujidade era vista como positiva. Não

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tomar banho com frequência era demonstração de força, pois indicava que a pessoa não sentia
frio tão facilmente. Acreditava-se que a sujidade e as secreções que saíam do corpo lhe
forneciam proteção adicional.
O asseio, o autocontrolo e a disciplina foram importantes ferramentas passadas de mão
em mão num processo histórico comummente referido como de “domesticação da classe
trabalhadora”, que adotava os valores da classe média por meio das ideias de higiene. As
“novas” normas preconizavam que as pessoas sujas eram rebeldes e difíceis, enquanto as limpas
e saudáveis representavam organização. A guerra contra a sujeira, impurezas e a desordem
constituía um clássico esforço contra o caos. O asseio passou, então, a diferenciar a classe média
da trabalhadora e os camponeses da burguesia, esta reconhecida como classe social emergente.
O asseio tornou-se moda. Um mundo sem cheiro era elegante e aristocrático (“mundo longe
dos currais”). Os papéis domésticos foram redistribuídos, valorizando mais aqueles que, de
alguma maneira, administravam o trabalho dos outros em detrimento dos que realizavam
serviços pesados.
Os textos relacionados ao cuidado escritos nessa época falam da necessidade dos
“banhos de limpeza”. Para retirar a sujidade pesada, sugeria adicionar amônia à água. As
pessoas sum metidas a esses banhos, denominados “banhos de admissão”, reclamavam do
cheiro da mistura e de como se sentiam desconfortáveis com ele.
O lema adotado para a higienização dos doentes dizia: “pessoas acamadas podem não
parecer sujas, mas elas necessitam de banho tanto quanto as que estão em pé”.
A explicação fisiológica passou a ser a seguinte: a pele é um órgão de excreção, que
secreta gordura e água pela transpiração, juntamente com substâncias orgânicas. Se essas
substâncias não forem removidas da pele no banho, elas provocarão odor desagradável e, por
vezes, lesões na pele.
A partir daí, em algumas culturas, o banho começou a ter utilização terapêutica nas
formas de hidroterapia, banho frio, banho quente, banho a vapor, ou seja, as pessoas os
procuravam para tratar de suas doenças. Ainda hoje, muitas buscam banhos terapêuticos em
spas ou estações de água para melhorar as suas condições de saúde. Noutras culturas, no
entanto, o banho não é visto como procedimento de conforto para pessoas doentes ou
dependentes, mas como risco de torná-las ainda mais doentes, por ficarem expostas ao frio.

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O auxílio à higiene é uma das principais atividades dos cuidadores. Isso acontece quando
a pessoa não consegue satisfazer essa necessidade sozinha. Quando os cuidadores depararem
com resistência do idoso para o banho, o primeiro passo deve ser tentar descobrir o porquê. Ele
pode ter receio de sofrer uma queda na banheira, estar a apresentar algum tipo de dor ou
simplesmente estar muito cansado.
O banho é, normalmente, realizado mais para agradar a quem cuida (senso de
responsabilidade) do que para atender a uma real necessidade ou desejo da pessoa
cuidada. O banho diário não se baseia tanto em requerimentos clínicos, e sim em
normas culturais. Algumas delas valorizam o asseio e acreditam que o banho é
incompleto se não houver o uso de vários sabonetes ou desodorizantes; outras, porém,
consideram o banho semanal suficiente, não vendo sentido em “mascarar” o próprio
odor com produtos perfumados.
A frequência do banho depende das necessidades apresentadas pelas pessoas
idosas. Em algumas circunstâncias, ele pode ser dado apenas, por exemplo, duas vezes
por semana. É o caso dos idosos com a pele extremamente seca, dos muito
enfraquecidos ou dos que, por problemas de saúde, se cansam facilmente.
Embora o banho seja muito importante, a rotina do uso diário não pode ser
legitimamente resguardada. Se um banho por dia já é difícil de defender, o que dirá dois.
No entanto, esse é o hábito de alguns hospitais, instituições, cuidadores domiciliares,
etc.
O auxílio à higiene corporal é, geralmente, uma das principais atividades
desenvolvidas pelos cuidadores. Isso ocorre quando a pessoa idosa apresenta
dificuldades para tomar banho sozinha. Várias são as razões que podem gerar essa
necessidade, entre elas: efeitos das doenças existentes; diminuição de força e energia;
presença de dor ou desconforto; incapacidade de chegar a determinadas partes do
corpo (ex.: pés, pernas, costas); medo de se ferir durante o procedimento (insegurança
pessoal); presença de confusão mental, dificuldade de compreensão, esquecimento do

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que deve ser realizado e como. Essa dificuldade em desempenhar a higiene pessoal pode
ser classificada como temporária, permanente ou progressiva.
O cuidador precisa ser alertado sobre a necessidade de estimular a pessoa idosa
a realizar, durante o banho, aquilo que conseguir, pois os princípios de autonomia e
independência devem ser sempre preservados.
A pele é o maior órgão do organismo, constituindo uma barreira física contra os
microrganismos e substâncias estranhas. Por conter inúmeras terminações nervosas,
permite-nos reconhecer informações sobre o meio exterior.
Com o envelhecimento, ocorrem: diminuição da renovação epidérmica e da
espessura da derme por perda de tecido subcutâneo; diminuição da tonicidade da pele
por perda de elastina; perda da elasticidade da pele por redução do colagénio; alteração
da barreira epidérmica; atrofia dos capilares da pele; perda de tecido adiposo
subcutâneo e modificação em sua distribuição (menos em braços e pernas e mais na
região abdominal); atrofia do tecido glandular da mama; aparecimento de rugas e de
manchas na epiderme; diminuição da atividade das glândulas sebáceas; atrofia das
glândulas sudoríparas.
Também se verificam alterações nos denominados “tegumentos” (pelos,
cabelos, unhas): diminuição dos pelos; perda e redução da espessura dos cabelos;
embranquecimento; desaceleração do crescimento; espessamento das unhas (por
diminuição da circulação periférica).
Com o avançar da idade, há redução em todos os processos que mantêm a pele
húmida, com perda de seu suprimento sanguíneo, o que contribui para a diminuição da
secreção sebácea. As glândulas sebáceas secretam sebo para a superfície da pele pelo
folículo piloso. Este age como emoliente, mantendo a humidade da pele; a diminuição
resulta em pele e cabelos mais ressecados.
O primeiro objetivo do cuidado com a pele da pessoa idosa é a manutenção da
sua hidratação; a humidade auxilia na prevenção da formação de feridas, pois permite
que a pele seja mais resistente e tenha recuperação mais rápida quando lesada.
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As células diferenciadas da pele constituem 95% da epiderme e são capazes de
absorver grande quantidade de água. Portanto, o momento ideal para hidratar a pele é
logo após o banho, quando as células retêm, na pele, a maior quantidade de água
potável. A aplicação de cremos e loções auxilia na prevenção da evaporação da água,
aumentando a humidade da camada mais superficial da pele e, consequentemente, a
proteção.
Qualquer produto que diminua a humidade da pele tem de ser evitado; assim,
deve-se dar preferência àqueles que contenham emolientes e evitar os que sejam à base
de álcool.
O momento do banho também é indicado para uma observação mais detalhada
da pele da pessoa idosa, permitindo identificar lesões, mudanças de coloração, edemas,
hematomas, etc.

1.1. Cuidados de Higiene e Conforto Parciais


Os cuidados parciais são prestados a utentes que não necessitem de um banho geral.
Este tipo de cuidados tem objetivos semelhantes aos cuidados gerais mas contemplam apenas
os cuidados específicos de cada parte do corpo, frequentemente as regiões com secreção
abundante e maior carência de higiene (cara e boca, mãos, axilas, pés e genitais).

1.2. Cuidados de Higiene e Conforto Totais/Gerais


Os cuidados totais ou gerais são realizados àqueles utentes que necessitam desde um
banho geral, ao corte das unhas e aos cuidados com o cabelo. O banho geral na cama consiste
na lavagem total do corpo da pessoa, na cama, de forma a satisfazer as necessidades de higiene
e conforto e aparência do doente, tendo a capacidade de reunir todos os acessórios necessários,
seguindo-se a secagem do corpo.
O banho no chuveiro ou na banheira é executado fora do leito, pela própria pessoa, com
ajuda, de acordo com o seu grau de dependência.

1.2.1. Banho geral no leito

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• Objetivos: Proporcionar higiene corporal ao utente; Promover o conforto; Observar a condição
física, mental e emocional do utente; Estimular a circulação sanguínea, a respiração cutânea e
o exercício; Manter a integridade cutânea – prevenir úlceras de pressão; Favorecer a
independência do utente; Melhorar a autoimagem favorecendo o aspeto físico; Promover a
relação de ajuda com o utente.

• Elementos da avaliação: Capacidade para executar os cuidados de higiene; Hábitos de higiene;


Alergias a produtos (sabões, cremes…); Estado da pele, boca, cabelos, unhas e pés; Avaliação
da autonomia nas atividades; Estado da função motora; Raciocínio – estado mental.

• Princípios básicos: Preparar material e ambiente; Informar a pessoa sobre o procedimento e


pedir a sua colaboração (segundo a avaliação realizada); Lavar as mãos; Respeitar a privacidade
do utente; Oferecer a arrastadeira antes de iniciar o banho; Adequar a temperatura da água à
preferência do utente; Utilizar os princípios básicos de mecânica corporal; Lavar o corpo das
zonas mais limpas para as mais sujas, das mais afastadas para as mais
próximas; Mudar a água, sempre que necessário, e obrigatoriamente
após a lavagem dos pés e órgãos genitais; Substituir toalha e esponjas,
sempre que necessário; Secar bem o corpo do utente; Massajar o
corpo do utente com especial atenção às zonas de pressão ruborizadas
(não massajar); Colocar sempre a roupa suja diretamente no respetivo
saco; O vestuário deverá ser adequado, limpo e largo. De preferência
os doentes acamados deverão usar o cabelo curto; Cuidado com:
Ferimentos na pele; Constipações; Lesões músculo-esqueléticas.

• Material: Luvas de látex ou vinil; Arrastadeira ou urinol; Bacia com água, gel de banho (pH
neutro) e champô; Toalhas; Esponjas/manápulas, compressas e cotonetes; Escova e pasta de
dentes copo, desinfetante, vaselina; Secador de cabelo, se necessário; Creme hidratante/óleo
de amêndoas doces e vitamina A; Roupa para mudar o doente; Roupa para mudar a cama
(lençol de baixo, resguardo, lençol de cima, cobertor, colcha e fronhas); Fralda, se necessário;
Corta-unhas ou tesoura e escova do cabelo; Sacos.

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Procedimentos
1. Distribuir o material em lugar funcional e acessível;
2. Lavar as mãos;
3. Calçar luvas limpas e vestir o avental de proteção;
4. Explicar o procedimento ao utente e pedir a colaboração;
5. Retirar as almofadas e a roupa da cama (colcha e cobertores), deixando o utente tapado com
o lençol;
6. Oferecer a arrastadeira/urinol;
7. Assistir/posicionar o utente em decúbito dorsal.

Proceder aos cuidados à boca:


1. Elevar a cabeceira;
2. Proteger a cama e o utente com uma toalha sob o queixo;
3. Colocar o material ao alcance do utente, caso este esteja capaz de realizar o procedimento;
4. Colocar uma tina sob o queixo do utente;
5. Humedecer a escova de dentes (utilizar uma escova de dentes macia) e aplicar um dentífrico;
6. Lavar os dentes, gengivas e língua suavemente;
7. Pedir ao utente para bochechar com água e secar a boca;
8. Lubrificar os lábios com produto próprio (ex: vaselina/batom do cieiro).
9. Caso o utente tenha placa dentária, retirar a placa e lavar com água, escovando-a com a
escova de dentes e dentífrico apropriado;
10. Se o utente estiver inconsciente ou desorientado, lavar a boca com compressas enroladas
em espátulas, embebendo-as em água e elixir.

Proceder aos cuidados à face:


1. Colocar uma toalha sobre o peito do utente;
2. Lavar os olhos com água limpa/soro e compressas (uma para cada
olho), do canto interno para o externo;
3. Lavar a face (com sabão, se o utente o usar) e secar;

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4. Lavar as orelhas e secar bem;
5. Passar um cotonete pelas narinas;
6. Aplicar creme hidratante.
Quando existir sonda nasogástrica: esta é fixada por um adesivo na cana do nariz; Sempre
que necessário, trocar o adesivo; Cuidado para não extrair a sonda.

Proceder à lavagem do cabelo:


1. Este procedimento deve ser realizado frequentemente ou em SOS;
2. Descer a cabeceira e retirar as almofadas;
3. Colocar uma toalha sob a cabeça do utente e um
dispositivo próprio ou bacia com água;
4. Pentear o cabelo e proteger os ouvidos, se necessário;
5. Molhar o cabelo, aplicar o champô e massajar;
6. Retirar o champô com água e secar o couro cabeludo, de
preferência com secador;
7. Pentear o cabelo suavemente.

Despir a camisa ou pijama ao utente e colocar no saco da roupa suja;

Proceder à lavagem dos membros superiores: braços, antebraços e mãos:


1. Começar pelo membro mais afastado;
2. Destapá-lo e colocar a toalha esticada sob o membro;
3. Dispor a bacia com água ao utente para emergir e lavar as mãos, segundo a sua possibilidade;
4. Lavar e secar bem o membro, dando especial atenção e aos espaços interdigitais, prega do
cotovelo e à região axilar;
5. Proceder de igual modo para o membro mais próximo.

Proceder à lavagem do tórax (peito) e abdómen (barriga):


1. Destapar o tórax e abdómen;

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2. Lavar e secar bem o tórax e abdómen, dando especial atenção ao pescoço, região
inframamária e umbigo.

Proceder à lavagem dos membros inferiores: pernas


1. Começar pelo membro mais afastado;
2. Destapá-lo e colocar a toalha esticada sob o membro;
3. Lavar e secar bem a perna;
4. Proceder de igual modo para a perna mais próxima;

Proceder à lavagem dos membros inferiores: pés


1. Se possível, fletir os membros do utente, colocar uma toalha e a bacia sob os pés e mergulhá-
los na água;
2. Lavar bem os pés, dando especial atenção aos espaços interdigitais;
3. Retirar a bacia e secar bem os pés, envoltos na toalha.
Trocar água e esponjas/manápulas

Proceder à lavagem da região dorsal (costas) e nadegueira (nádegas):


1. Assistir na alternância de posicionamento/posicionar o utente em decúbito lateral;
2. Tapar o doente na parte da frente com o lençol limpo;
3. Colocar a toalha sobre a cama ao longo das costas do utente;
4. Lavar e secar as costas;
5. Lavar e secar a região nadegueira;
6. Aplicar vitamina A, se necessário (na região nadegueira);
Trocar água e esponjas/manápulas

Proceder à lavagem dos órgãos genitais:


1. Assistir na flexão/fletir os joelhos do doente;
2. Proceder à lavagem dos órgãos genitais, tendo especial atenção à
lavagem do espaço interlabial, pequenos lábios e grandes lábios, na

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mulher. No homem proceder à retração do prepúcio, lavar a glande, secar e colocar o prepúcio
na posição inicial;
3. Secar bem e aplicar vitamina A, se necessário;
Se o utente estiver algaliado: Lavar o meato urinário sem puxar a algália; Despejar o saco
sempre que este apresente cerca de 2/3 da capacidade total e contabilizar; Trocar o saco sempre
que este estiver sujo, ou com sedimento; Evitar dobras da algália e do saco de urina;

• Retirar as luvas;
• Fazer a base da cama;
• Proceder à aplicação de creme hidratante ou óleo de amêndoas doces e massajar o corpo do
utente (não massajar zonas de pressão já ruborizadas);

• Vestir o utente;
• Terminar de fazer a cama;
• Assistir no posicionamento/posicionar o utente.

1.2.2. Outros cuidados de Higiene: cabelo, unhas, barba e bigode


A apresentação do utente é um aspeto muito importante para a sua recuperação.
Assim, deve-se ter em consideração todos os cuidados básicos de higiene, incluindo cuidados
com o cabelo, barba, bigode e unhas.

Cabelo
A higiene dos cabelos deve ser feita frequentemente, no mínimo
três vezes por semana. Diariamente inspeciona-se o couro cabeludo
observando se há feridas, piolhos ou áreas de quedas de cabelo. Os
cabelos curtos facilitam a higiene, mas lembre-se de consultar a pessoa
antes de cortar os cabelos, pois ela pode não concordar por questão religiosa ou por outro
motivo.

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Unhas
Cortar as unhas em pequenas porções, e de forma que fiquem
em quadrado pois evita que encravem.

Barba e bigode
Deve ser realizada a tricotomia facial de 48/48h ou de
acordo com a rotina do utente. Deve-se aparar a barba e o bigode
sempre que se justifique.

1.3. Grau de Dependência da Pessoa Idosa


Segundo o Decreto-Lei 101/2006 nº 108, entende-se por dependência a “(…)
situação em que se encontra a pessoa que, por falta ou perda de autonomia física,
psíquica ou intelectual, resultante ou agravada por doença crónica, demência orgânica,
sequelas, pós-traumáticas, deficiência, doença severa e ou incurável em fase avançada,
ausência ou escassez de apoio familiar ou de outra natureza, não consegue, por si só,
realizar as atividades da vida diária”.

A dependência pode ser classificada em três grandes grupos:

Baixa dependência ou independente necessitam apenas de supervisão ou vigilância, na


medida que possuem ainda alguma autonomia, quer ao nível da mobilidade, quer ao
nível da realização de determinadas atividades da vida diária (ex.: higiene pessoal,
vestir/ despir, comer…);

Média dependência ou semi-dependência encontram-se numa situação em que


necessitam não só de supervisão, mas também de ajuda efetiva de terceiros no
desempenho de algumas atividades especificas como, por exemplo, tomar banho,
controlar a toma dos medicamentos, entre outras.
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Elevada dependência ou dependente necessitam, diariamente, de ajuda extensiva e
intensiva. Isto quer dizer que não têm capacidade para desempenhar um determinado
conjunto de tarefas “básicas”. São pessoas que se encontram acamadas ou que têm
fortes restrições ao nível da mobilidade, tendo algumas delas outras incapacidades
associadas como, por exemplo, a diminuição das aptidões cognitivas e do controlo
esfincteriano (bexiga e intestinos)”.

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2. HIGIENE DO AMBIENTE
O agente em geriatria é também responsável pela higiene geral dos espaços,
instalações, equipamentos e materiais do local de trabalho.
Uma adequada limpeza e desinfeção do meio envolvente da pessoa são medidas
cruciais para prevenir e reduzir as infeções cruzadas em utentes e profissionais, bem
como para minimizar a gradual deterioração das superfícies.

2.1. Cuidados de Limpeza e Arrumação do Quarto


Os passos básicos da limpeza de quartos variam de estabelecimento para
estabelecimento. O que é importante:
• A mínima quantidade de tempo e esforço desperdiçada. Pensar em avançar
também poupa tempo.
• O risco de propagação das bactérias e pó deve ser minimizado.
• Seguir uma ordem lógica para que nada seja esquecido e o trabalho termine.

Etapas na limpeza de um quarto:


1. Bater à porta antes de entrar;
2. Deixar a porta entreaberta durante a limpeza;
3. Colocar o carrinho de limpeza à porta;
4. Puxar as cortinas e abrir as janelas para arejar o quarto;
5. Verificar se existe algum estrago;
6. Desligar aparelhos elétricos (se possível);
7. Retirar qualquer alimento ou tabuleiro com refeição e devolver à área de serviço;
Esvaziar os caixotes de lixo;
8. Puxar o autoclismo, aplicar um detergente e desinfetante;
9. Desfazer as camas;
10. Retirar toda a roupa suja (incluindo as toalhas da casa de banho coloque no saco
apropriado);
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11. Refazer as camas;
12. Limpar a casa de banho;
13. Limpar o pó da mobília seguindo uma lógica viável;
14. Fechar as janelas;
15. Recolocar caixotes do lixo;
16. Aspirar o chão;
17. Verificar a aparência geral do quarto.

Aspetos importantes na abertura de camas:


• Ao desfazer a cama evitar bater na roupa da cama, pois isto pode espalhar pó e
bactérias no quarto. Cada objeto deve ser dobrado para o centro da cama;
• Nunca colocar cobertores ou roupa limpa no chão. Colocar a roupa suja diretamente
no contentor destinado a ela – saco da roupa;
• Assegurar-se que o ocupante da cama dorme entre os lados direitos dos lençóis;
• A dobra do lençol superior deve ter um tamanho de 20 cm e estar a 10 cm da
cabeceira;
• A abertura lateral da fronha não deve ser visível – para baixo e para o centro da
cama;
• Fazer as dobras corretamente.

2.2. Cuidados de Limpeza e Arrumação da Casa de Banho


A limpeza das instalações sanitárias é uma das etapas que requer maior atenção
e é uma das tarefas de maior importância na execução do serviço de limpeza pelos
seguintes motivos:
• As instalações sanitárias recebem desperdícios como a sujidade das mãos e do
corpo, pele morta, cabelos, excrementos ou sujidade das limpezas. Todas estas
sujidades têm bactérias perigosas que se multiplicam em condições de falta de
limpeza.
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• Estas áreas são utilizadas por muitas pessoas, e basta uma pessoa infetada para
contaminar todas as outras que usaram a mesma banheira, lavatório ou sanita.
• Se estas áreas não forem limpas devidamente e com a frequência necessária,
começam a largar maus cheiros.

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Quando se limpam sanitas:
1. Usar sempre luvas e uma bata para proteger a roupa e a pele de bactérias.
2. Usar somente panos destinados à limpeza de sanitas (distinguir, por exemplo,
por cores)
3. Prestar especial atenção às extremidades e abertura do autoclismo onde as
bactérias se podem alojar.
4. Nunca transferir uma piaçaba de uma casa de banho para a outra. Isso pode
espalhar as bactérias.
5. Semanalmente usar um detergente alcalino, e de vez em quando um detergente
ácido forte. Deixar atuar.
6. Depois de limpar a sanita, verificar o rebordo.

Quando se limpa banheiras, lavatórios e bidés:


1. Limpar os derrames porque estes atraem sujidade e bactérias.
2. Ver se os ralos têm cabelos ou outras sujidades.
3. Para remover gordura das banheiras, molhar a área com um detergente alcalino
e deixar atuar alguns minutos antes de esfregar.
4. Remover as marcas de água da banheira com um detergente ácido, seguindo as
regras de utilização.
5. Secar toda a área com uma toalha seca.

Procedimentos para limpar uma casa de banho:


1. Limpar todos os acessórios sanitários antes da sanita.
a. Por o sabonete e os artigos pessoais de parte.
b. Limpar os acessórios, parede circundante e objetos como o tapete de
banho e cortinas.
c. Enxaguar com água limpa.
d. Limpar os espelhos, torneiras e superfícies sanitárias com papel próprio.
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e. Secar todas as superfícies.
f. Voltar a por os objetos pessoais no seu lugar.
2. Limpar a sanita.
3. Remover as toalhas e as ofertas e fornecimentos para o hóspede.
4. Inspecionar o quarto, anotando qualquer falha ou avaria.
5. Limpar o chão.
Lavar, enxaguar e pôr a secar os panos, escovas e luvas utilizados na limpeza.

O Equipamento de Proteção Individual


Relativamente ao funcionário que executa a higiene de espaços ou
equipamentos é importante que este cumpra com determinadas normas universais que
englobam cuidados diários relativos à higiene e fardamento pessoal do funcionário,
comportamentos a evitar e procedimentos gerais a ter em conta aquando da higiene de
espaços ou equipamentos nomeadamente:
• Manter uma higiene pessoal cuidada ao nível do corpo, da roupa, do fardamento
e do calçado;
• Utilizar o uniforme exclusivamente nas instituições;
• Manter o uniforme limpo e substituí-lo sempre que necessário.

Os equipamentos de proteção individual utilizados na limpeza e higienização de


instalações/ superfícies de serviços de saúde são:
• Luvas: o uso de luvas constitui uma barreira de proteção para as mãos do
trabalhador ao tocar nos produtos e artigos.
• Avental: utilizado para proteção individual nas situações em que houver risco de
contaminação com sangue, fluidos corporais ou outros líquidos.

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3. LAVANDARIA

O esforço implementado nas lavandarias geralmente apresenta um balanço de


custo-benefício favorável e, quando bem implementada, possibilita uma prestação de
serviços com segurança e qualidade.
Quando um utente é recebido no seu leito limpo, às vezes é difícil imaginar que
as roupas foram utilizadas por outros. Ao utilizar roupas hospitalares, espelha-se um
resultado do bom desempenho da lavandaria no cumprimento do seu objetivo principal:
transformar a roupa suja e contaminada em roupa limpa e livre de quantidade de
microrganismos patogénicos.
As roupas hospitalares representam todo e qualquer material de tecido utilizado
dentro do hospital ou instituições similares e que necessita de passar por um processo
de lavagem e secagem para a sua reutilização. Para prevenir infeções ao nível das
roupas, é necessário ter cuidados no seu manuseamento.

Equipamentos de proteção individual


Os equipamentos de proteção individual (EPI’s) deverão ser usados sempre que
existir risco de contato ou aspersão de fluidos corpóreos no profissional durante os
procedimentos. Os equipamentos de proteção individual utilizados na unidade de
processamento de roupas de serviços de saúde são:
Luvas: o uso de luvas na unidade de processamento de roupas constitui uma barreira de
proteção para as mãos do trabalhador ao tocar artigos, roupas ou superfícies contendo
sangue e outros fluidos corporais. No caso da recolha e do transporte de roupa suja,
recomenda-se o uso de luvas e remoção das mesmas para tocar em qualquer superfície;
As luvas recomendadas para uso na unidade de processamento de roupas são as
de borracha reutilizáveis e de cano longo. Não é recomendado o uso de luvas de látex
(cirúrgicas e de procedimento) devido à sua fragilidade.

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Máscara cirúrgica e proteção ocular: é indicado sempre que houver possibilidades de
contaminação de mucosas (nariz, boca ou olhos) com sangue ou fluidos corporais. Na
área suja, avaliar a necessidade de uso de máscara de carvão ativado, a depender do
nível de contaminação e forma de manipulação dos produtos químicos.
Touca ou gorro: há poucas evidências de que o uso do gorro ou da touca atua na
prevenção de infeções, porém, protege os cabelos dos profissionais nas situações de
risco envolvendo sangue ou fluidos corporais.
A utilização de equipamentos de proteção individual diminui os riscos de
acidentes e de doença ocupacionais.
Avental: utilizado para proteção individual nas situações em que houver risco de
contaminação com sangue, fluidos corporais ou outros líquidos. Na área suja da unidade
de processamento deve-se utilizar avental de mangas longas, principalmente na seleção
e classificação da roupa suja. O avental, se não for descartável, e a roupa privativa
devem ser lavados diariamente.
Botas: O uso de botas é obrigatório na área suja. São de uso individual, devendo ser
lavadas no final de cada turno.
O trabalhador da unidade de processamento de roupas deve comunicar à sua
chefia qualquer alteração que torne impróprio o uso dos equipamentos de proteção
individual e de outras barreiras de proteção.
A seguir apresenta-se um quadro resumo dos EPI’s a utilizar em cada zona.

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3.1. Colaboração nas Tarefas de Lavandaria
A recolha, a triagem, o acondicionamento e o transporte de roupa
A recolha deve ser realizada em horário preestabelecido e a roupa suja deve
permanecer o menor tempo possível na unidade. Durante a operação de recolha, o
profissional deve usar luvas de borracha, avental, máscara e gorro.
A roupa suja da noite, domingos e feriados, períodos em que a lavandaria não
funciona, permanece em sacos fechados, de preferência num carro, no depósito de
roupa suja da unidade até poderem ser removidos para a lavandaria. Os sacos podem
ser caracterizados por cores ou sinais, para identificar a unidade de procedência da
roupa. Devem conter ainda o nome da unidade e a data da recolha.
Os carros utilizados na remoção dos sacos de roupa suja nunca devem ser
utilizados para o transporte de roupa limpa. Igualmente, deve ser evitado o cruzamento
da roupa suja com a limpa. Quanto ao transporte, o percurso e o elevador usados na
remoção dos sacos de roupa suja não devem ser utilizados simultaneamente por carro
de roupa limpa e/ou de comida.
Terminada a recolha nas unidades, a roupa suja é transportada à receção do
setor de roupa suja, para o processamento em nível de lavandaria. Em caso de

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lavandaria centralizada que lave a roupa de outros estabelecimentos da rede, o chefe
ou encarregado da lavandaria deve treinar os responsáveis pela recolha e transporte da
roupa.

A recolha de roupa suja: procedimentos e normas associadas


O controlo das infeções relacionadas com o processamento da roupa hospitalar
exige uma série de medidas perfeitamente coordenadas em todos os locais de trabalho,
sendo a barreira de contaminação e o controle do fluxo de pessoas e roupas as medidas
mais importantes contra as infeções. Além destas, recomendam-se as seguintes:
• A roupa suja deve ser manuseada e sacudida o menos possível, devendo ser
transportada ao serviço de lavandaria em sacos resistentes e bem vedados;
• Os cobertores devem ser de tecido lavável, do tipo algodão;
• A roupa suja nunca deve ser contada, portanto o rol de roupa suja deve ser
definitivamente abolido.

A triagem da roupa: tipo de roupa, tipo de procedimentos associados, identificação,


selagem e rotulagem
A triagem da roupa hospitalar deve ser cuidada para que diferentes tipos de
roupa sofram diferentes tratamentos. A roupa contaminada deve ser conduzida à
lavandaria em sacos nitidamente identificados de acordo com as normas da instituição
de trabalho. Normalmente a roupa de isolamento sofre um processamento de
desinfeção numa pré-lavagem, antes de ser junta com a restante roupa.
A roupa após ser triada, de acordo com o seu uso anterior, deve ser embalada
em sacos devidamente identificados, selados e rotulados de acordo com as normas da
instituição. Nesta informação deve constar, de entre outras informações, o tipo de
serviço de onde é proveniente a roupa, a data, o grau de sujidade da roupa, o tipo de
tecido e a cor.

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Esta classificação, realizada durante a separação, tem como finalidades agrupar
a roupa que pode ser lavada em conjunto e agrupar a roupa que terá o mesmo
acabamento.
Na separação, é indispensável que todas as peças de roupa sejam
cuidadosamente abertas, para a retirada de instrumentos cirúrgicos, distintivos e outros
objetos, visando evitar que estes elementos entrem no processo de lavagem, causando
danos às máquinas e ao próprio processo.
Durante a separação, a roupa é agrupada em lotes ou sacos correspondentes a
uma fração da capacidade da máquina, em geral 80% de sua capacidade de lavagem. Os
sacos, já triados ou classificados, recebem uma marca ou identificação, segundo cor,
tipo de tecido e grau de sujidade, que irá determinar a fórmula para lavagem.

Os Circuitos de Transporte da Roupa


Após a recolha das roupas e identificação das mesmas, esta é enviada para a
lavandaria através de carros apropriados. Na receção da lavandaria, a roupa é retirada
dos carros de recolha onde sofre uma separação e pesagem, indispensável para indicar
a carga correta das máquinas de lavar. Posteriormente é lavada de acordo com a triagem
efetuada. O processo de lavagem propriamente dito é realizado na área suja.
Seguidamente, é selecionada devido o tratamento a processar. Finalmente, é dobrada
já na área limpa para posteriormente ser novamente distribuída e utilizada.

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Figura: Fluxograma operacional do processo de lavagem da roupa hospitalar.

O Acondicionamento de Roupa Suja e Lavada


A roupa suja, após triada e separada em diferentes sacos, de acordo com o
tratamento que terá que sofrer é acondicionada numa sala de roupa suja até ser toda
recolhida e preparada para enviar para a lavandaria.
A roupa limpa, após ter sido distribuída, é colocada num local limpo para ser
reutilizada. Normalmente é colocada numa sala de roupa limpa, onde são preparados
os carros de higiene, a utilizar posteriormente.

A Substituição de Roupa e de Produtos de Higiene e Conforto


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A roupa hospitalar deve ser cuidadosamente manuseada aquando a sua
substituição para que não haja contaminação da roupa limpa a utilizar.

Técnicas de substituição de roupas em camas, berços e macas desocupadas


A substituição da roupa da cama deve ser feita de forma cuidada para que a
roupa limpa não seja contaminada pela roupa suja.
Aquando a substituição da roupa em camas desocupadas é essencial remover
toda a roupa existente, quer seja lençóis, resguardo e fronha. Esta roupa deve ser
colocada nos sacos próprios. Só posteriormente se inicia a colocação da roupa limpa,
tendo o cuidado de não misturar as roupas. Este processo é simples mas exige cuidado
por parte de quem o pratica. Qualquer junção destes dois tipos de roupa leva
novamente ao envio da roupa recém-contaminada para a lavandaria.

Normas e Procedimentos de Higiene, Segurança e Saúde no Trabalho


Cada indivíduo tem obrigação de zelar pela saúde, bem-estar, segurança própria
e de seus semelhantes. É necessário que se observem certos princípios para evitar
enfermidades e acidentes, sendo imprescindível que as pessoas envolvidas sejam
protegidas contra o risco de contaminação e acidentes.
No caso da lavandaria, é imprescindível que as pessoas envolvidas no
processamento da roupa, bem como aquelas que dela farão uso, sejam protegidas
contra o risco de contaminação e acidentes.
A segurança e higiene do trabalho, na lavandaria, distendem-se ao pessoal
envolvido no processamento da roupa em todo o hospital. Entre os aspetos mais
importantes, consideram-se a infeção hospitalar e contaminação; os acidentes de
trabalho e as instalações de proteção contra incêndios e outros acidentes. Em cada
instituição devem constar as normas e procedimentos de Higiene, Segurança e Saúde
no Trabalho.

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3.2. Preparação e Arrumação da Roupa da Pessoa Idosa
O processo de lavagem da roupa permite remover a sujidade e a possível
presença de alguns microrganismos. Se no início deste processo são necessários
cuidados, também nesta fase final se devem manter as mesmas linhas orientadoras.
A dobragem da roupa é muito importante e deve ser feita logo que engomada.
Deve dobrar-se sempre da mesma forma, facilitando a arrumação e utilização. Por
exemplo: os vincos dos lençóis ajudam a fazer uma cama com mais rapidez e perfeição,
assim como uma toalha bem dobrada proporciona uma mesa mais equilibrada e
agradável. Uma má dobragem pode estragar todo o trabalho feito anteriormente.
Na arrumação, deverá existir o cuidado de colocar a roupa, em armários
fechados, nas prateleiras ou gavetas, por tipos e com as dobras todas para o mesmo
lado, pois além de ficar mais agradável, torna mais simples o seu manuseamento.

3.3. Levantamento das Necessidades de Vestuário de Uso Pessoal da Pessoa


Idosa
Numa instituição, a maioria das pessoas permite que a roupa que usam seja do
próprio estabelecimento. Assim, e como funcionário da organização, deve ter especial
cuidado na disponibilização de vestuário suficiente para os utentes. Estes devem trocar
de roupa com frequência de forma que se mantenham limpos e frescos.

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CONCLUSÃO

Este módulo faculta competências para cuidar de uma pessoa idosa,


especificamente em lares e centros de dia. No entanto, baseia-se em noções básicas e
gerais para a prestação de cuidados a qualquer pessoa em qualquer lugar.
Perante qualquer utente, no momento da prestação de cuidados de higiene,
deve-se começar por ter noção do tipo de cuidados que ela necessita, se totais ou
parciais. Para além disso é importante saber qual o grau de dependência para puder
adequar o tipo de cuidados a cada utente. Importa não esquecer que cada pessoa é
única e os cuidados prestados devem ser individualizados.
Quanto à higienização das instalações, o profissional deve ter noções da sua
importância para a prevenção de problemas de saúde, no entanto deve ser capaz de
adequar esses cuidados à pessoa que se referem. Numa instituição, é certo que o utente
terá que se adequar às normas da casa, no entanto o profissional pode, de certa forma,
adaptar essas mesmas normas ao utente institucionalizado.
Quanto à lavandaria, ao utilizar as roupas hospitalares ou instituições similares,
espelha-se um resultado do bom desempenho desta no cumprimento do seu objetivo
principal: transformar a roupa suja e contaminada em roupa limpa e livre de quantidade
de microrganismos patogénicos. Neste tema apresentam-se alguns cuidados a ter nesta
área das instituições, de forma a prevenir as indesejadas infeções.

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BIBLIOGRAFIA

CASTALDI, P.A (2003). Guia de estudo Fundamentos de Enfermagem Conceitos e


Procedimentos, (pp.41-45). Loures: Lusociência.
ELKIN, M.; PERRY A.; POTTER, P. 2005. Intervenções de enfermagem e Procedimentos
Clínicos, (pp.232-235). Loures: Lusociência.
MAILLOUX-POIRIER, D. 1995. Beber e Comer. In Berger, L., D. Pessoas Idosas, uma
abordagem global. Lisboa: Lusodidacta.
POTTER, P.A.; PERRY, A.G. 2006. Fundamentos de Enfermagem Conceitos e
Procedimentos, (pp.203-217).
RUIPÉREZ, I., & LLORENTE, P. 1998. Geriatria (M. T. R.Teixeira, trad.). Rio de Janeiro:
McGraw-Hill Intramericana do Brasil, Ltda. (Obra original publicada em 1996).
TRAVERSAT,A. F. P.; BESNIER, E.; BONNRERY, A. N.; LEROY, C. G. 2001. Cuidados de
Enfermagem-fichas técnicas, (pp.717-726). Loures: Lusociência.

Texto respeitando o Novo Acordo Ortográfico.

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