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[...] nós envelheceremos um dia, se tivermos este privilégio.

Olhemos,
portanto, para as pessoas idosas como nós seremos no futuro.
Reconheçamos que as pessoas idosas são únicas, com necessidades
e talentos e capacidades individuais e não um grupo homogêneo
por causa da idade.
KOFI ANNAN, EX-SECRETÁRIO GERAL DA ONU, DURANTE
A ASSEMBLEIA MUNDIAL SOBRE ENVELHECIMENTO
HUMANO, MADRI, 2002.

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CAPÍTULO 1 – Importância do curso para o idoso e para os
cuidadores

O treinamento de pessoas para o cuidado faz-se necessário, face à situação de


desamparo em que se encontram os idosos, no sentido de facilitar o atendimento
imediato às suas necessidades básicas quando estes se encontram sozinhos,
totalmente dependentes ou quando estão doentes e fragilizados.

Este curso objetiva capacitar e resgatar o papel dos cuidadores, tendo em vista o
aumento progressivo da população idosa. Em razão da complexidade cada vez
maior na organização das sociedades, enfatiza-se a necessidade do preparo,
treinamento e aprendizado específicos para exercer a função de cuidador.

Não se pode esquecer que, em muitas situações, o cuidador nem sempre é um


ente da família, e que introduzir pessoas externas ao contexto familiar implica
em reconhecer valores de respeito e discrição, para não interferir na dinâmica
familiar. Um cuidador capacitado está apto a atender a estas necessidades
familiares com segurança e responsabilidade.

Para cuidar de idosos, espera-se que


haja alguém capaz de desenvolver
ações de ajuda naquilo que estes
não podem mais fazer por si só;
essa pessoa assume a
responsabilidade de dar apoio e
ajuda para satisfazer às suas
necessidades, visando à melhoria da
condição de vida.

* Quem é o cuidador?

O cuidador é uma pessoa, envolvida no processo de "cuidar do outro" - o idoso,


com quem vivencia uma experiência contínua de aprendizagem e que resulta na
descoberta de potencialidades mútuas. É nesta relação íntima e humana que se
revelam potenciais, muitas vezes encobertos, do idoso e do cuidador. O idoso se
sentirá capaz de se cuidar e reconhecerá suas reais capacidades.

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O cuidador é um ser humano de qualidades especiais, expressas pelo forte traço
de amor à humanidade, de solidariedade e de doação. Costuma doar-se ou
voluntariar-se para as áreas de sua vocação ou inclinação. Seus préstimos têm
sempre um cunho de ajuda e apoio humanos, com relações afetivas e
compromissos positivos.

* Quais são as principais funções do cuidador de idosos?

É provável que o cuidado de outra pessoa compreenda:


Alimentá-la ou dar-lhe banho;
Ajudá-la a usar o banheiro;
Supervisionar o horário de tomar as medicações;
Contratar a outras pessoas que a cuidem;
Programar todo o atendimento médico ou;
Administrar todos os seus assuntos econômicos e legais.

Ajudar nas atividades da vida diária; administrar medicamentos por via oral
prescritos pelo especialista; auxiliar na deambulação e mobilidade; cuidados
com a organização do ambiente protetor e seguro, acesso a dispositivos de ajuda
(equipamentos) para a atenção ao idoso; propiciar conforto físico e psíquico;
estimular o relacionamento e contato com a realidade e levar o idoso a participar
de atividades recreativas e sociais. Conferir sinais vitais, reconhecer sinais de
alterações (alerta) e prestar socorro em situações de urgência (os primeiros).

* Quais habilidades e qualidades o cuidador deve possuir?

Habilidades técnicas: São o conjunto de conhecimentos teóricos e práticos,


adquiridos por meio da orientação de profissionais especializados. Esses
conhecimentos irão preparar o cuidador para prestar atenção e cuidados ao idoso.

Qualidades éticas e morais: São atributos necessários para permitir relações de


confiança, dignidade, respeito e ser capaz de assumir responsabilidades com
iniciativa. Quando não for parente, deve procurar adaptar-se aos hábitos
familiares, respeitar a intimidade, a organização e crenças da família, evitando
interferência.

Qualidades emocionais: Deve possuir domínio e equilíbrio emocional, facilidade


de relacionamento humano, capacidade de compreender os momentos difíceis
vividos pelo idoso, adaptação às mudanças sofridas por ele e família, tolerância
ante situações de frustração pessoal.

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Qualidades físicas e intelectuais: Deve possuir saúde física, incluindo força e
energia, condições essenciais nas situações em que há necessidade de carregar o
idoso ou dar apoio para vestir-se e cuidar da higiene pessoal. Ser capaz de
avaliar e administrar situações que envolvem ações e tomada de decisões.

Motivação: É condição fundamental a empatia por idosos. Valorizá-los como


grupo social, considerando que o "cuidado" deve ser um compromisso
prioritário, pessoal e também da sociedade.

* O cuidador deve se cuidar

O cuidador de idosos dependentes deve organizar suas tarefas de cuidado de


modo a ter oportunidades de se autocuidar.

Muitas vezes, o cuidador se sobrecarrega nas suas atividades e se esquece de que


é uma pessoa que também necessita de cuidados. A família deve avaliar esse
trabalho, em conjunto com profissionais e planejar atividades para idosos e
cuidadores.

Geralmente, o ato de cuidar, com freqüência, começa em forma gradual.


Provavelmente você já está ajudando a alguém em tarefas como: levar ao
médico, fazer as compras no supermercado, pagar as contas, lavar a roupa ou
limpar a casa ou cozinhar.

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Com o tempo, maiores cuidados são necessários. A responsabilidade de cuidar,

sempre que possível, deve ser compartilhada com outros membros da família ou
com amigos.

Cuidado para que você não se encarregue de tudo, inclusive até


dedicando as 24 horas do seu dia ao cuidado de uma pessoa.

Os exercícios de ALONGAMENTO podem e devem ser feitos diariamente tanto


para o idoso, quanto para o cuidador.

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Legislação atual sobre a profissão de Cuidador de Idosos

Atualmente o Cuidador de Idosos está no CBO – Código Brasileiro de


Ocupações com o número 5162-10 - Cuidador de idosos - Acompanhante de
idosos, cuidador de pessoas idosas e dependentes, cuidador de idosos domiciliar,
cuidador institucional.

É importante que sua Carteira de Trabalho seja assinada com este código para
que todos seus direitos sejam garantidos.

O novo guia trabalhista dos Cuidadores de Idosos

O envelhecimento da população brasileira agora é realidade. Temos 23 milhões


de pessoas idosas no Brasil, com perspectiva de chegar a 35 milhões em menos
de 20 anos. Com isto, muitas questões relacionadas ao envelhecimento aparecem
com força cada vez maior. Um exemplo são as doenças próprias das pessoas
mais idosas, tais como catarata, osteoporose, problemas articulares e ortopédicos,
e a pior de todas, a doença de Alzheimer. Outro exemplo claro do
envelhecimento brasileiro aconteceu nestes últimos dias, com a aprovação da
PEC das domésticas, pelo Congresso Nacional.

Todos os trabalhadores domésticos


foram incluídos nesta PEC (proposta de
emenda à constituição), inclusive os
cuidadores de idosos. Sem falar que
também tramita no Congresso Nacional
– já aprovado pelo Senado Federal,
aguardando aprovação na Câmara
Federal – o projeto de lei do Senador
Waldemir Moka, que regulariza a
profissão de Cuidador da Pessoa Idosa (PLS – Projeto de Lei do Senado, Nº 284
de 2011). Enquanto não é regulamentada a lei dos Cuidadores de Idosos e
sancionada pela Presidente Dilma, o que vale é o que está escrito na PEC das
domésticas.

Mas o que muda de fato nas relações entre os cuidadores e seus patrões, depois
da PEC das domésticas (dos cuidadores também), a partir de agora?

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Para efeitos de direitos trabalhistas, a função de cuidador de idosos é enquadrada
na classe de trabalhadores domésticos. O cuidador de idosos tem as mesmas
garantias trabalhistas e os mesmos direitos que a empregada doméstica, a
passadeira, a cozinheira, o jardineiro e a babá.
Agora, todos os cuidadores de idosos terão grande parte dos direitos que já
usufruem todas as outras classes de trabalhadores da indústria, do comércio e da
área de serviços, já que seus deveres já eram iguais ou até maiores que a de
outras classes trabalhistas (exemplo: jornada de trabalho maior).
Todos os direitos, inclusive os aprovados na PEC das domésticas, estão listados
a seguir. Leiam com atenção, pois são muitos os detalhes e muitas dúvidas
podem surgir:
*Trabalhando mais que 3 dias por semana na casa da pessoa idosa, o cuidador
de idosos tem direito a uma série de obrigações, por parte de quem o contrata,
por parte do patrão:
 Receber o pagamento mensal até o quinto dia útil do mês seguinte ao mês
de trabalho;
 Ter a garantia de Férias + o Abono de 1/3 de Férias para cada ano
trabalhado;
 Ter direito ao 13o. salário, pago a primeira parcela em novembro e a
segunda em dezembro;
 Ter estabilidade no emprego até o quinto mês após o parto;
 Direito a descansar nos domingos e feriados, ou pelo menos um dia na
semana;
 Aposentadoria por tempo de trabalho, idade ou por invalidez;
 Aviso Prévio de 30 dias, limitado a 90 dias de acordo com o tempo de
trabalho, caso o patrão resolva demitir a empregada sem justa causa;
 Licença Paternidade de 5 dias, quando a mulher tem filho (para o homem);
 Licença Maternidade sem prejuízo do salário, por no mínimo 120 dias;
 Vale-Transporte, quando a empregada usa condução para ir e vir do
trabalho;
 Recebimento de pensão equivalente, pelos filhos menores, no caso de
morte do empregado doméstico, pagos pela Previdência Social.

Jornada de Trabalho de 8 horas diárias e 44 horas semanais. Lembramos que


agora será necessário, além da carteira de trabalho assinada, um novo contrato
de trabalho com todos os dados referentes à atividade do cuidador, com hora de
entrada e saída, mais horário de descanso, necessidade de vale-transporte e
exame admissional de saúde. Também deverá ter folha de ponto ou Livro de
Ponto para controlar Jornada de Trabalho, Horas Extras, Adicional Noturno,
Faltas e Atrasos;
Horas extras a 50%, no máximo de 2 horas por dia;

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Seguro Desemprego;
Fundo de Garantia do Tempo de Trabalho – FGTS;
Adicional Noturno. Somente para quem trabalha das 22 as 5 horas da manhã.
Empregada que dorme em casa neste horário não tem direito;
Salário Família;
Auxilio Creche para filhos de empregados domésticos de até 5 anos de idade;
Seguro Acidente de Trabalho.
*Escrito em cor preta: direitos anteriores já consolidados. Escrito em cor
vermelha: novos direitos pela PEC da domésticas, já valendo. Os escritos em cor
vermelha grifados ainda precisam de regulamentação pelo Congresso Nacional e
do Ministério do Trabalho e do Emprego.

**O recebimento do PIS ainda não é direito dos trabalhadores domésticos.


Mais um detalhe – O que o patrão poderá descontar do cuidador, na folha de
pagamento, mensalmente:
Vale-Transporte, até 6% (seis por cento) do salário-base.
Atrasos e faltas ao serviço não justificadas e, o domingo de descanso da semana
quando existir faltas não abonadas na semana;
Contribuição Previdenciária, de acordo com a tabela do INSS vigente no período
do desconto, que varia de 8% a 11% de acordo com o salário (remuneração)
recebida no mês;
Faltas e atrasos;
Pensão Alimentícia, é o caso do empregado separado, que tem uma sentença que
determina o pagamento da pensão;
Telefonemas interurbanos não autorizados e gastos extras provocados pelo
cuidador, sem prévia autorização do patrão, por exemplo.
É proibido desde o mês de Julho de 2006, o desconto de Moradia, Alimentação,
Vestuário e Material de Higiene, em função da Lei 11.324/2006.

*fonte: www.domesticalegal.com.br

Perguntas que ficam:

Como ficará a situação daqueles cuidadores que trabalham em regimes de


horários diferentes, como 12h x 36h ou 24hx24h. Ou mesmo de cuidadoras que
moram e cuidam durante a semana toda na casa da pessoa idosa e folgam nos
finais de semana?
As famílias de idosos dependentes que precisam do trabalho dos cuidadores e
cuidadoras deverão, por força da nova PEC da domésticas, contratar mais
funcionários para esta função, devido a nova jornada de trabalho?

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CAPÍTULO 2 – O processo de envelhecimento populacional

* Por que existem mais velhos em nossa população atualmente?

Estima-se que, em todo o mundo, cerca de 1 milhão de pessoas cruzem a


barreira dos 60 anos de idade por mês. Em 2050, deverão existir 2 bilhões de
idosos, mais da metade deles vivendo em países como o Brasil. A cidade de São
Paulo tem hoje aproximadamente 1,2
milhões de pessoas com 60 anos ou mais.
Já em todo Estado de São Paulo, o número
sobe para cerca de 4 milhões. É muita
gente! (Fundação Seade)

Como sabemos, ninguém nasce velho; as


pessoas ficam velhas. No curso de vida
normal, elas nascem, crescem,
amadurecem, envelhecem e morrem.
Assim, envelhecer é um processo que
ocorre no transcorrer da vida.

E por que hoje há mais velhos do que antes?

Antigamente, as pessoas morriam mais cedo. Algumas, mais fortes, chegavam a


idades mais avançadas e, por serem poucas, eram vistas de forma extravagante,
esquisita. Os casais costumavam ter muitos filhos, mas parte deles morria ainda
criança. Não é incomum que, ao conversarmos hoje com uma pessoa de 85 ou
90 anos vinda, por exemplo, do Recife, ela nos diga que teve 15 filhos e que oito
morreram em diferentes idades. Muito foi feito para mudar essa situação:
melhoraram as condições de saneamento básico (água, esgoto), apareceram as
vacinas, criaram-se os programas de acompanhamento de gestantes e crianças,
entre outros avanços. Com isso, o número de morte de crianças começou a
diminuir.

Na década de 1960, surgiu a pílula anticoncepcional e muitas mulheres passaram


a ter menos filhos. A ciência progrediu muito e, por essa razão, as pessoas,
mesmo doentes, passaram a viver mais. Assim, se eu nasço e não morro quando
criança, eu vou crescer e envelhecer. Se, apesar de ficar doente ou sofrer algum
acidente, eu conseguir ser atendido de forma adequada por um serviço de saúde,

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provavelmente vou melhorar e, ainda que tenha algumas limitações, envelhecer.
Se os casais têm menos filhos, com o decorrer do tempo vão existir menos
crianças e mais jovens, adultos e velhos.

É essa soma de fatores que faz com que a população envelheça, ou seja, que
hoje haja mais pessoas idosas em nossa sociedade. Sabemos disso porque as
vemos diariamente andando pelas ruas, no transporte público, nos bailes de
terceira idade, nos supermercados, nos bancos, enfim, em todos os lugares.

Como são os idosos de hoje?

Com frequência, os grupos de terceira idade têm muito mais mulheres que
homens. Por que será? Será que eles ficam em casa e, por isso, não os vemos nas
ruas? Em parte é verdade, mas o fato é que existem mais idosas que idosos. Isso
ocorre porque, ainda hoje, os homens morrem mais cedo que as mulheres, por
diversas razões, especialmente por diferenças nas condições de vida e trabalho
que assumiram durante a vida. Esse panorama está mudando e é provável que,
no futuro, esse quadro se modifique.

- Você sabe o que são as DANTs (Doenças e agravos não-transmissíveis)?

* As alterações comuns no processo de envelhecimento

O envelhecimento é uma parte importante de todas as sociedades humanas,


refletindo as mudanças biológicas, mas também as convenções sociais e
culturais, envelhecer diz respeito às perdas das funções normais que ocorrem
com o passar dos anos. Estas perdas de funções começam a ficar mais evidentes
após os 60 anos.

Envelhecer é diferente de adoecer. O envelhecimento “normal” (senescência),


inclui eventos “normais”/naturais que ocorrem através do tempo e que levam a
um declínio funcional, aumentando nossa vulnerabilidade e a probabilidade de

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ficarmos doentes. A senescência tem características particulares, e mesmo entre
indivíduos da mesma idade pode haver grandes diferenças nas reservas
funcionais: há idosos bem dispostos e em boas condições de saúde; há também
idosos cansados e com muitos problemas de saúde.

São diversos os fatores influenciadores no quanto vivemos e como


envelhecemos. Entre eles podemos citar a herança genética, o acesso a
tratamento médico e medidas preventivas, a exposição a agentes ambientais e o
estilo de vida que vivemos.

Por exemplo, um idoso de 72 anos acostumado a realizar atividade física, que


não fuma e não bebe, terá provavelmente uma capacidade cardiovascular,
osteoarticular e respiratória muito melhor do que aqueles com um estilo de vida
sedentário.

Para um idoso acostumado a se exercitar as alterações normais do


envelhecimento tendem a ser mais suaves. Ou seja, as “perdas” relacionadas ao
envelhecimento podem ser minimizadas pelo investimento pessoal em funções e
atividades em idades mais precoces.

“Nosso corpo foi feito para se movimentar!”

* Entre as alterações normais do envelhecimento podemos citar:

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A pele perde a elasticidade e fica mais fina, sua menos e produz menos sebo.
Por isso é comum que ela fique mais fina, seca e áspera, sendo mais fácil coçar e
mais fácil abrir feridas com pequenos traumas.
O andar fica mais lento, a flexibilidade e os reflexos diminuem, tornando mais
fáceis as quedas e mais difícil proteger-se delas.

A saliva diminui, os movimentos de deglutição são mais lentos; é mais fácil


engasgar-se e sentir a boca ressecada e a saliva grossa.

O sistema imunológico, que defende o indivíduo contra infecções, é menos ativo,


e o idoso normal tem uma suscetibilidade maior a algumas infecções como
pneumonia e tuberculose.

O sistema de adaptação de pressão arterial e temperatura também muda, sendo


comuns: a deficiência na resposta ao calor ou frio intenso; a ausência de febre
nas infecções; as quedas de pressão em mudanças rápidas de posição e a má
adaptação da pressão arterial a perdas de líquidos (desidratação).

O conteúdo de cálcio dos ossos, a massa e força muscular diminuem.

O cérebro diminui de tamanho, porém preserva suas funções, como capacidade


de aprender e memória; existe uma diminuição de memória em idades muito
avançadas, mais relacionadas à falta de estímulo e atividade do que à
incapacidade de lembrar; mantendo o estímulo e a atividade mental, os idosos
preservam a capacidade de exercer suas funções intelectuais habituais com
agilidade e experiência.

O coração pode bater mais lento, mesmo em situações em que deveria acelerar,
e diminui sua capacidade de adaptação ao "stress".

Há uma diminuição da capacidade do pulmão ventilar e da habilidade de tossir.

Os rins diminuem sua reserva funcional, tornando-se mais sensíveis aos


medicamentos.

O sono se altera, sendo comum o idoso dormir menos à noite, e ter períodos de
sonolência (cochilos) durante o dia, principalmente quando não tem atividade
nenhuma.

Portanto, ser idoso não é uma doença, mas é uma fase da vida
caracterizada por diminuição das reservas funcionais e da

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capacidade do organismo em se adaptar a mudanças bruscas, tornando-o mais
susceptível a infecções, quedas, desidratação, efeito colateral de medicamentos,
entre outros. O idoso doente tem sinais e sintomas de doença, e deve receber
tratamento.

Algumas doenças podem fazer com que um idoso ativo e


totalmente independente, repentinamente fique totalmente
dependente e incapacitado. Este processo quase sempre é muito
traumatizante e pode levar à depressão, tópico que será bem
aprofundado mais a frente.

* O que é qualidade de vida?

O conceito de qualidade de vida pode ser muito subjetivo, pois o que é


qualidade de vida para uma pessoa, não necessariamente é para outra.
Quando falamos em qualidade de vida para idosos, um tópico muito importante
que deve ser estudado é a prevenção.

Entre as medidas preventivas temos as que visam impedir a ocorrência de


doenças, medidas para diagnóstico precoce de doenças e medidas para impedir a
progressão de doenças e perda da função (incapacidade física).

- Medidas preventivas:

Ter um sono reparador.


Não fumar e não beber.
Realizar atividades físicas regularmente (o médico deve sempre avaliar as
indicações e contra-indicações de determinadas atividades).
Ter uma alimentação saudável.
Utilização de protetor solar diário, principalmente nas áreas expostas como o
rosto, braços e mãos, região do pescoço. Protetores com fator de proteção acima
de 15 são eficazes.
Uso de bonés ou similares; uso de óculos de sol com proteção para raios
ultravioleta previne a catarata e rugas.
Vacinação: as vacinas previnem a ocorrência de doenças, que em geral são
graves no idoso. As vacinas que são dadas a partir dos 60 anos incluem a vacina
contra Influenza (vacina contra gripe anualmente), a vacina contra pneumococo
(vacina contra pneumonia a cada 5 anos) e a vacina antitetânica (vacina contra o
tétano a cada 10 anos).

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* O cuidador e a equipe de saúde

O cuidador é a pessoa designada pela família para o


cuidado do idoso, quando isto for requerido. Esta
pessoa, geralmente leiga, assume funções para as
quais, na grande maioria das vezes, não está
preparada. É importante que a equipe tenha
sensibilidade ao lidar com os cuidadores. No livro
“Você não está sozinho” produzido pela ABRAz,
Nori Graham, Chairman da ADI – Alzheimer Disease
International, diz: “uma das maneiras mais
importantes de ajudar as pessoa é oferecer informação. As pessoas que possuem
informações, estão mais bem preparadas para controlar a situação em que se
encontram”.

O ato de cuidar não caracteriza o cuidador como um profissional de saúde,


portanto o cuidador não deve executar procedimentos técnicos que sejam
de competência dos profissionais de saúde, tais como: aplicações de injeção
no músculo ou na veia, curativos complexos, instalação de soro e colocação
de sondas, etc.

As atividades que o cuidador vai realizar devem ser planejadas junto aos
profissionais de saúde e com os familiares. Nesse planejamento deve ficar claro
para todos as atividades que o cuidador pode e deve desempenhar. É bom
escrever as rotinas e quem se responsabiliza pelas tarefas. É importante que a
equipe deixe claro ao cuidador que procedimentos ele não pode e não deve fazer,
quando chamar os profissionais de saúde, como reconhecer sinais e sintomas de
perigo. As ações serão planejadas e executadas de acordo com as necessidades
da pessoa a ser cuidada e dos conhecimentos e disponibilidade do cuidador.

A parceria entre os profissionais e os cuidadores deverá possibilitar a


sistematização das tarefas a serem realizadas no próprio domicílio,
privilegiando-se aquelas relacionadas à promoção da saúde, à prevenção de
incapacidades e à manutenção da capacidade funcional da pessoa cuidada e do
seu cuidador, evitando-se assim, na medida do possível, hospitalização,
asilamentos e outras formas de segregação e isolamento.

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CAPÍTULO 3 – Doenças respiratórias

Respiração

Nós respiramos para levar oxigênio (O2) para todas as células do corpo e
remover delas os resíduos existentes sob a forma de gás carbônico. O ar, que
contém o O2, entra no organismo pelo nariz, onde é aquecido, filtrado e
umedecido, e caminha por diferentes estruturas internas de nosso corpo até
chegar aos pulmões.

Os pulmões, em número de dois, localizam-se no interior do tórax, composto


pelas costelas, coluna vertebral e esterno, um de cada lado do coração. O ato de
respirar envolve dois movimentos, um ativo, a inspiração – entrada do ar do
meio externo nos pulmões –, e outro passivo, a expiração – expulsão do ar dos
pulmões. A respiração é controlada pelo sistema nervoso.

Com o envelhecimento, ocorrem mudanças importantes nos principais órgãos


respiratórios. A estrutura óssea que envolve os pulmões fica mais rígida,
diminuindo sua capacidade de movimentação, e, para que a respiração aconteça,
é necessária maior ação muscular (músculos do maxilar, do pescoço e
intercostais), o que se traduz em maior esforço respiratório.

Os pulmões tendem a acumular secreções que não são expectoradas com


facilidade. A tosse, que é um mecanismo de eliminação de partículas e secreções
das vias aéreas, torna-se menos eficiente, aumentando, assim, a chance de
acúmulo de secreções. Quanto mais parada ficar a pessoa idosa (em especial
deitada), mais essas alterações tendem a se manifestar, podendo levá-la,
rapidamente, a desenvolver problemas respiratórios (sobretudo pneumonia).
Programas de exercícios regulares como caminhar, andar de bicicleta ou nadar,
podem melhorar a capacidade respiratória do idoso.

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As principais doenças respiratórias são:

- Bronquite crônica
- Asma
- Pneumonia
- Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) ou Enfizema Pulmonar
- Câncer de pulmão

Sobre a pneumonia podemos dizer que se trata de uma inflamação dos pulmões.
As doenças pulmonares ocorrem em todas as idades, mas as pessoas idosas são
as que sofrem os quadros mais graves com maior risco à vida. A pneumonia é
uma das principais causas de óbito entre as pessoas idosas, sendo a quinta causa
de morte mais comum nesta população.

As imagens de RX abaixo mostram um pulmão saudável e um acometido por


pneumonia:

O que pode ser feito para reduzir as chances de ocorrências de


doenças respiratórias?

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CAPÍTULO 4 – Osteoporose

Osteoporose é uma condição metabólica que se caracteriza pela diminuição


progressiva da densidade óssea e aumento do risco de fraturas.

Para entender o que acontece, é preciso lembrar que os ossos são compostos de
uma matriz na qual se depositam complexos minerais com cálcio. Outra
característica importante é que eles estão em constante processo de renovação e
esse processo permanente e constante possibilita a reconstituição do osso
quando ocorrem fraturas e explica por que a mais ou menos a cada dez anos o
esqueleto humano se renova por inteiro.

Com o tempo, porém, a absorção das células velhas aumenta e a de formação de


novas células ósseas diminui. O resultado é que os ossos se tornam mais porosos,
perdem resistência. Perdas mais leves de massa óssea caracterizam a osteopenia.
Perdas maiores são próprias da osteoporose e podem ser responsáveis por
fraturas espontâneas ou causadas por pequenos impactos, como um simples
espirro ou uma crise de tosse, por exemplo.

Na maioria dos casos, a osteoporose é uma condição relacionada com o


envelhecimento. Ela pode manifestar-se em ambos os sexos, mas atinge
especialmente as mulheres depois da menopausa por causa da queda na
produção do estrógeno.

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Causas e fatores de risco

Entre os fatores de risco que podem levar à osteoporose destacam-se:


história familiar da doença;
pessoas de pele branca, baixas e magras;
asiáticos;
deficiência na produção de hormônios;
medicamentos à base de cortisona, heparina e no tratamento da epilepsia;
alimentação deficiente em cálcio e vitamina D;
baixa exposição à luz solar;
imobilização e repouso prolongados;
sedentarismo;
tabagismo;
consumo de álcool;
certos tipos de câncer;
algumas doenças reumatológicas, endócrinas e hepáticas.

Sintomas

A osteoporose é uma doença de instalação silenciosa. O primeiro sinal pode


aparecer quando ela está numa fase mais avançada e costuma ser a fratura
espontânea de um osso que ficou poroso e muito fraco, a ponto de não suportar
nenhum trauma ou esforço por menor que sejam.

As lesões mais comuns são as fraturas das vértebras por compressão, que levam
a problemas de coluna e à diminuição da estatura e as fraturas do colo do fêmur,
punho (osso rádio) e costelas. Nas fases em que se manifesta, a dor está
diretamente associada ao local em que ocorreu a fratura ou o desgaste ósseo.

Diagnóstico

A densitometria óssea por raios X é um exame não invasivo fundamental para o


diagnóstico da osteoporose. Ele possibilita medir a densidade mineral do osso na
coluna lombar e no fêmur para compará-la com valores de referência pré-
estabelecidos. Os resultados são classificados em três faixas de densidade
decrescente: normal, osteopenia e osteoporose.

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Prevenção

Como até os 20 anos, 90% do esqueleto humano estão prontos, medidas de


prevenção contra a osteoporose devem ser tomadas desde a infância e,
especialmente, na adolescência para garantir a formação da maior massa óssea
possível. Para tanto, é preciso pôr em prática três medidas básicas: ingerir cálcio,
tomar sol para fixar a vitamina D no organismo e fazer exercícios físicos, Na
verdade, essas regras devem ser mantidas durante toda a vida.

Principalmente, a atividade física tem efeito protetor sobre o tônus e a massa


muscular, que se reflete na melhora do equilíbrio e ajuda a evitar as quedas ao
longo da vida.

Tratamento

Como a osteoporose pode ter diferentes causas, é indispensável determinar o que


provocou a condição, antes de propor o tratamento, que deve ter por objetivo
evitar fraturas, diminuir a dor, quando existe, e manter a função.

Existem várias classes de medicamentos que podem ser utilizadas de acordo


com o quadro de cada paciente. São elas: os hormônios sexuais, os bisfosfanatos,
grupo que inclui diversas drogas (o mais comum é o alendronato), os
modeladores de receptores de estrogênio e a calcitonina de salmão. A
administração subcutânea diária do hormônio das paratireoides está reservada

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para os casos mais graves de osteoporose, e para os intolerantes aos
bisfosfonatos.
Recomendações

Sempre é bom lembrar que:

1) a osteoporose não é problema que atinge só as mulheres. Ela afeta também os


homens. Nelas, a causa mais comum é a queda na produção de estrógeno depois
da menopausa; neles, o índice da massa corpórea abaixo de 20, a falta ou
excesso de exercício, diabetes, hipertireoidismo, doença do glúten, drogas contra
a epilepsia ou imunossupressores usados em transplantes de órgão;

2) a dieta diária deve incluir alimentos ricos em cálcio como leite, queijos,
iogurtes; o cálcio é um mineral indispensável para garantir a recomposição da
estrutura óssea;

3) suplementos de cálcio e vitamina D são recomendados para manter a massa


óssea, especialmente nos pacientes cujas dietas são pobres em leite e laticínios, e
que apanham pouco sol;

4) caminhar, andar de bicicleta, nadar, correr e, especialmente, exercícios com


pesos são fundamentais para manter o tônus muscular e prevenir a osteoporose;

5) os esportes mais indicados para a produção contínua de massa óssea são os


que provocam grande tensão muscular. Músculos exercitados e em movimento
colaboram para que os ossos fiquem mais fortes e reduzem o risco de quedas e
fraturas nas pessoas de idade

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CAPÍTULO 5 – Acidente vascular cerebral (AVC) e Acidente
vascular encefálico (AVE)

* O que é AVC?

Acidente Vascular Cerebral (AVC) também conhecido por derrame pode ser
definido como o surgimento de um déficit neurológico súbito causado por um
problema nos vasos sanguíneos do sistema nervoso central. Classicamente o
AVC é dividido em 2 subtipos:

AVC isquêmico: ocorre pela obstrução ou redução brusca do fluxo sanguíneo


em uma artéria cerebral causando falta de circulação no seu território vascular.

AVC hemorrágico: o acidente vascular cerebral hemorrágico é causado pela


ruptura espontânea (não traumática) de um vaso, com extravazamento de sangue
para o interior do cérebro (hemorragia intracerebral), para o sistema ventricular
(hemorragia intraventricular) e/ou espaço subaracnóideo (hemorragia
subaracnóide).

Sinais de Alerta

Aprenda a reconhecer o AVC, porque tempo perdido é cérebro perdido.


Início súbito de qualquer dos sintomas abaixo:

22
Fraqueza ou formigamento na face, no braço ou na perna, especialmente em um
lado do corpo
Confusão, alteração da fala ou compreensão
Alteração na visão (em um ou ambos os olhos)
Alteração do equilíbrio, coordenação, tontura ou alteração no andar
Dor de cabeça súbita, intensa, sem causa aparente

Três testes importantíssimos:

1 – Peça à pessoa para sorrir

2 – Peça à pessoa para levantar os dois braços

3 – Peça à pessoa para repetir uma frase completa que você disser. Ex.: O Brasil
é o país do futebol

Se você ou alguém que você conhece estiver com um destes sintomas –


NÃO ESPERE MELHORAR! CORRA! Cada segundo é importante.

LIGUE imediatamente para o número 192 (SAMU), ou para o serviço de


ambulância de emergência da sua cidade, para que possam enviar o atendimento
a você.

Outro dado importante é observar / checar / anotar a hora em que os primeiros


sintomas apareceram. Se houver rapidez no atendimento do AVC, até 4,5 horas
do início dos sintomas um medicamento que dissolve o coágulo pode ser dado
aos pacientes com AVC isquêmico, o tipo mais comum de AVC, diminuindo a
chance de sequelas.

23
24
CAPÍTULO 6 – Transtornos Mentais em Idosos

A velhice é um período normal do ciclo vital caracterizado por algumas


mudanças físicas, mentais e psicológicas. É importante fazer essa consideração
pois algumas alterações nesses aspectos não caracterizam necessariamente uma
doença. Em contrapartida, há alguns transtornos que são mais comuns em idosos
como transtornos depressivos, transtornos cognitivos, fobias e transtornos por
uso de álcool. Além disso, os idosos apresentam risco de suicídio e risco de
desenvolver sintomas psiquiátricos induzidos por medicamentos.

Muitos transtornos mentais em idosos


podem ser evitados, aliviados ou mesmo
revertidos. Conseqüentemente, uma
avaliação médica se faz necessária para o
esclarecimento do quadro apresentado pelo
idoso.

Diversos fatores psicossociais de risco


também predispõem os idosos a transtornos
mentais. Esses fatores de risco incluem:

Perda de papéis sociais


Perda da autonomia
Morte de amigos e parentes
Saúde em declínio
Isolamento social
Restrições financeiras
Redução do funcionamento cognitivo (capacidade de compreender e pensar de
uma forma lógica, com prejuízo na memória).

* Demência

Demência é um comprometimento cognitivo geralmente progressivo e


irreversível. As funções mentais anteriormente adquiridas são gradualmente
perdidas. Com o aumento da idade a demência torna-se mais freqüente.
Acomete 5 a 15% das pessoas com mais de 65 anos e aumenta para 20% nas
pessoas com mais de 80 anos.

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Os sintomas incluem alterações na memória, na linguagem, na capacidade de
orientar-se. Há perturbações comportamentais como agitação, inquietação, andar
a esmo, raiva, violência, gritos, desinibição sexual e social, impulsividade,
alterações do sono, pensamento ilógico e alucinações.

As causas de demência incluem lesões e tumores cerebrais, síndrome da


imunodeficiência adquirida (AIDS), álcool, medicamentos, infecções, doenças
pulmonares crônicas e doenças inflamatórias. Na maioria das vezes as
demências são causadas por doenças degenerativas primárias do sistema nervoso
central (SNC) e por doença vascular. Cerca de 10 a 15% dos pacientes com
sintomas de demência apresentam condições tratáveis como doenças sistêmicas
(doenças cardíacas, renais, endócrinas), deficiências vitamínicas, uso de
medicamentos e outras doenças psiquiátricas (depressão).

As demências são classificadas em vários tipos de acordo com o quadro clínico,


entretanto as mais comuns são demência tipo Alzheimer e demência vascular.

* Demência tipo Alzheimer

De todos os pacientes com demência, 50 a 60% têm demência tipo Alzheimer, o


tipo mais comum de demência. É mais freqüente em mulheres que em homens.
É caracterizada por um início gradual e pelo declínio progressivo das funções
cognitivas. A memória é a função cognitiva mais afetada, mas a linguagem e
noção de orientação do indivíduo também são afetadas. Inicialmente, a pessoa
pode apresentar uma incapacidade para aprender e evocar novas informações.

As alterações do comportamento envolvem depressão, obsessão (pensamento,


sentimento, idéia ou sensação intrusiva e persistente) e desconfianças, surtos de
raiva com risco de atos violentos. A desorientação leva a pessoa a andar sem
rumo podendo ser encontrada longe de casa em uma condição de total confusão.
Aparecem também alterações neurológicas como problemas na marcha, na fala,
no desempenhar uma função motora e na compreensão do que lhe é falado.

O diagnóstico é feito com base na história do paciente e do exame clínico. As


técnicas de imagem cerebral como tomografia computadorizada e ressonância
magnética podem ser úteis.

O tratamento é paliativo e as medicações podem ser úteis para o manejo da


agitação e das perturbações comportamentais. Não há prevenção ou cura
conhecida.

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* Demência vascular

É o segundo tipo mais comum de demência. Apresenta as mesmas


características da demência tipo Alzheimer, mas com um início abrupto e um
curso gradualmente deteriorante. Pode ser prevenida através da redução de
fatores de risco como hipertensão, diabete, tabagismo e arritmias. O diagnóstico
pode ser confirmado por técnicas de imagem cerebral e fluxo sangüíneo cerebral.

* Esquizofrenia

A esquizofrenia é uma doença psiquiátrica endógena, que se caracteriza pela


perda do contato com a realidade. A pessoa pode ficar fechada em si mesma,
com o olhar perdido, indiferente a tudo o que se passa ao redor ou, os exemplos
mais clássicos, ter alucinações e delírios. Ela ouve vozes que ninguém mais
escuta e imagina estar sendo vítima de um complô diabólico tramado com o
firme propósito de destruí-la. Não há argumento nem bom senso que a convença
do contrário.

Antigamente, esses indivíduos eram colocados em sanatórios para loucos,


porque pouco se sabia a respeito da doença. No entanto, nas últimas décadas,

houve grande avanço no estudo e tratamento da esquizofrenia que, quanto mais


precocemente for tratada, menos danos trará aos doentes. Cerca de 20% das
pessoas com esquizofrenia não apresentam sintomas ativos aos 65 anos; 80%
mostram graus variados de comprometimento. A doença torna-se menos
acentuada à medida que o paciente envelhece.

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Os sintomas incluem retraimento social, comportamento excêntrico, pensamento
ilógico, alucinações e afeto rígido. Os idosos com esquizofrenia respondem bem
ao tratamento com drogas antipsicóticas que devem ser administradas pelo
médico com cautela.

* Transtornos depressivos

A idade avançada não é um fator de risco para o desenvolvimento de depressão,


mas ser viúvo ou viúva e ter uma doença crônica estão associados com
vulnerabilidade aos transtornos depressivos. A depressão que inicia nessa faixa
etária é caracterizada por vários episódios repetidos.

Os sintomas incluem redução da energia e concentração, problemas com o sono


especialmente despertar precoce pela manhã e múltiplos despertares, diminuição
do apetite, perda de peso e queixas somáticas (como dores pelo corpo). Um
aspecto importante no quadro de pessoas idosas é a ênfase aumentada sobre as
queixas somáticas.

Pode haver dificuldades de memória em idosos deprimidos que é chamado de


síndrome demencial da depressão que pode ser confundida com a verdadeira
demência. Além disso, a depressão pode estar associada com uma doença física
e com uso de medicamentos.

* Transtorno Bipolar (Transtornos do Humor)

Os sintomas da mania em idosos são semelhantes àqueles de adultos mais jovens


e incluem euforia, humor expansivo e irritável, necessidade de sono diminuída,
fácil distração, impulsividade e, freqüentemente, consumo excessivo de álcool.
Pode haver um comportamento hostil e
desconfiado. Quando um primeiro episódio
de comportamento maníaco ocorre após os
65 anos, deve-se alertar para uma causa
orgânica associada. O tratamento deve ser
feito com medicação cuidadosamente
controlada pelo médico.

* Transtorno delirante

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A idade de início ocorre por volta da meia-idade, mas pode ocorrer em idosos.
Os sintomas são alterações do pensamento mais comumente de natureza
persecutória (os pacientes crêem que estão sendo espionados, seguidos,
envenenados ou de algum modo assediados). Podem se tornar violentos contra
seus supostos perseguidores, se trancarem em seus
aposentos e viverem em reclusão. A natureza dos
pensamentos pode ser em relação ao corpo, como
acreditar ter uma doença fatal (hipocondria).

Ocorre sob estresse físico ou psicológico em indivíduos


vulneráveis e pode ser precipitado pela morte do cônjuge,
perda do emprego, aposentadoria, isolamento social,
circunstâncias financeiras adversas, doenças médicas que
debilitam ou por cirurgia, comprometimento visual e
surdez.

As alterações do pensamento podem acompanhar outras doenças psiquiátricas


que devem ser descartadas como demência tipo Alzheimer, transtornos por uso
de álcool, esquizofrenia, transtornos depressivos e transtorno bipolar. Além
disso, podem ser secundárias ao uso de medicamentos ou sinais precoces de um
tumor cerebral.

* Transtornos de ansiedade

Incluem transtornos de pânico, fobias, TOC, ansiedade generalizada, de estresse


agudo e de estresse pós-traumático. Desses, os mais comuns são as fobias.

Os transtornos de ansiedade começam no início ou no período intermediário da


idade adulta, mas alguns aparecem pela primeira vez após os 60 anos.
As características são as mesmas das descritas em transtornos de ansiedade em
outras faixas etárias.
Em idosos a fragilidade do sistema nervoso autônomo pode explicar o
desenvolvimento de ansiedade após um estressor importante. O transtorno de
estresse pós-traumático freqüentemente é mais severo nos idosos que em
indivíduos mais jovens em vista da debilidade física concomitante nos idosos.

As obsessões (pensamento, sentimento, idéia ou


sensação intrusiva e persistente) e compulsões
(comportamento consciente e repetitivo como
contar, verificar ou evitar ou um pensamento que

29
serve para anular uma obsessão) podem aparecer pela primeira vez em idosos,
embora geralmente seja possível encontrar esses sintomas em pessoas que eram
mais organizadas, perfeccionistas, pontuais e parcimoniosas. Tornam-se
excessivos em seu desejo por organização, rituais e necessidade excessiva de
manter rotinas. Podem ter compulsões para verificar as coisas repetidamente,
tornando-se geralmente inflexíveis e rígidos.

* Transtornos Somatoformes

São um grupo de transtornos que incluem sintomas físicos (por exemplo dores,
náuseas e tonturas) para os quais não pode ser encontrada uma explicação
médica adequada e que são suficientemente sérios para causarem um sofrimento
emocional ou prejuízo significativo à capacidade do paciente para funcionar em
papéis sociais e ocupacionais. Nesses transtornos, os fatores psicológicos são
grandes contribuidores para o início, a severidade e a duração dos sintomas. Não
são resultado de simulação consciente.

A hipocondria é comum em pacientes


com mais de 60 anos, embora o seja
mais freqüente entre 40 e 50 anos.
Exames físicos repetidos são úteis para
garantirem aos pacientes que eles não
têm uma doença fatal. A queixa é real,
a dor é verdadeira e percebida como
tal pelo paciente. Ao tratamento, deve-
se dar um enfoque psicológico ou
farmacológico.

* Transtornos por Uso de Álcool e Outras Substâncias

Os pacientes idosos com dependência de álcool, geralmente, apresentam uma


história de consumo excessivo que começou na idade adulta e apresenta uma
doença médica, principalmente doença hepática. Além disso, um grande número
tem demência causada pelo álcool.

A dependência de substâncias como hipnóticos, ansiolíticos e narcóticos é


comum. Os pacientes idosos podem abusar de ansiolíticos para o alívio da
ansiedade crônica ou para garantirem uma noite de sono.

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A apresentação clínica é variada e inclui quedas, confusão mental, fraca higiene
pessoal, depressão e desnutrição.

* Depressão

Sinônimos e nomes relacionados:

Transtorno depressivo, depressão maior, depressão unipolar, incluindo ainda


tipos diferenciados de depressão, como depressão grave, depressão psicótica,
depressão atípica, depressão endógena, melancolia, depressão sazonal.

O que é a depressão?

Depressão é uma doença que se caracteriza por afetar o estado de humor da


pessoa, deixando-a com um predomínio anormal de tristeza. Todas as pessoas,
homens e mulheres, de qualquer faixa etária, podem ser atingidas, porém
mulheres são duas vezes mais afetadas que os homens. Em crianças e idosos a
doença tem características particulares, sendo a sua ocorrência em ambos os
grupos também freqüente.

Como se desenvolve a depressão?

Na depressão como doença (transtorno depressivo), nem sempre é possível


haver clareza sobre quais acontecimentos da vida levaram a pessoa a ficar
deprimida, diferentemente das reações depressivas normais e das reações de
ajustamento depressivo, nas quais é possível localizar o evento desencadeador.

As causas de depressão são múltiplas, de maneira que


somadas podem iniciar a doença. Deve-se a questões
constitucionais da pessoa, com fatores genéticos e
neuroquímicos (neurotransmissores cerebrais)
somados a fatores ambientais, sociais e psicológicos,
como: estresse, estilo de vida, acontecimentos vitais,
tais como crises e separações conjugais, morte na
família, climatério, crise da meia-idade, entre outros.

Como se diagnostica a depressão?

Na depressão a intensidade do sofrimento é intensa,


durando a maior parte do dia por pelo menos duas

31
semanas, nem sempre sendo possível saber o porquê de a pessoa está assim. O
mais importante é saber como a pessoa se sente, como ela continua organizando
a sua vida (trabalho, cuidados domésticos, cuidados pessoais com higiene,
alimentação, vestuário) e como ela está se relacionando com outras pessoas, a
fim de se diagnosticar a doença e se iniciar um tratamento médico eficaz.

O que sente a pessoa deprimida?

Freqüentemente o indivíduo deprimido sente-se triste e desesperançado,


desanimado, abatido ou " na fossa ", com " baixo-astral ". Muitas pessoas com
depressão, contudo, negam a existência de tais sentimentos, que podem aparecer
de outras maneiras, como por um sentimento de raiva persistente, ataques de ira
ou tentativas constantes de culpar os outros, ou mesmo ainda com inúmeras
dores pelo corpo, sem outras causas médicas que as justifiquem. Pode ocorrer
também uma perda de interesse por atividades que antes eram capazes de dar
prazer à pessoa, como atividades recreativas, passatempos, encontros sociais e
prática de esportes. Tais eventos deixam de ser agradáveis. Geralmente o sono e
a alimentação estão também alterados, podendo haver diminuição do apetite, ou
mesmo o oposto, seu aumento, havendo perda ou ganho de peso. Em relação ao
sono pode ocorrer insônia, com a pessoa tendo dificuldade para começar a
dormir, ou acordando no meio da noite ou mesmo mais cedo que o seu habitual,
não conseguindo voltar a dormir. São comuns ainda a sensação de diminuição
de energia, cansaço e fadiga, injustificáveis por algum outro problema físico.

Como é o pensamento da pessoa deprimida?

Pensamentos que freqüentemente ocorrem com as pessoas deprimidas são os de


se sentirem sem valor, culpando-se em demasia, sentindo-se fracassadas até por
acontecimentos do passado. Muitas vezes questões comuns do dia-a-dia deixam
os indivíduos com tais pensamentos. Muitas pessoas podem ter ainda
dificuldade em pensar, sentindo-se com falhas para concentrar-se ou para tomar
decisões antes corriqueiras, sentindo-se incapazes de tomá-las ou exagerando os
efeitos "catastróficos" de suas possíveis decisões erradas.

Pensamentos de morte ou tentativas de suicídio

Freqüentemente a pessoa pode pensar muito em morte, em outras pessoas que já


morreram, ou na sua própria morte. Muitas vezes há um desejo suicida, às vezes
com tentativas de se matar, achando ser esta a "única saída" ou para "se livrar"
do sofrimento, sentimentos estes provocados pela própria depressão, que fazem
a pessoa culpar-se, sentir-se inútil ou um peso para os outros. Esse aspecto faz

32
com que a depressão seja uma das principais causas de suicídio, principalmente
em pessoas deprimidas que vivem solitariamente. É bom lembrar que a própria
tendência a isolar-se é uma conseqüência da depressão, a qual gera um ciclo
vicioso depressivo que resulta na perda da esperança em melhorar naquelas
pessoas que não iniciam um tratamento médico adequado.

Sentimentos que afetam a vida diária e os relacionamentos pessoais

Freqüentemente a depressão pode afetar o dia-a-dia da pessoa. Muitas vezes é


difícil iniciar o dia, pelo desânimo e pela tristeza ao acordar. Assim, cuidar das
tarefas habituais pode tornar-se um peso: trabalhar, dedicar-se a uma outra
pessoa, cuidar de filhos, entre outros afazeres podem tornar-se apenas
obrigações penosas, ou mesmo impraticáveis, dependendo da gravidade dos
sintomas. Dessa forma, o relacionamento com outras pessoas pode tornar-se
prejudicado: dificuldades conjugais podem acentuar-se, inclusive com a
diminuição do desejo sexual; desinteresse por amizades e por convívio social
podem fazer o indivíduo tender a se isolar, até mesmo dificultando a busca de
ajuda médica.

Como se trata a depressão?

O tratamento médico sempre se faz necessário, sendo o tipo de tratamento


relacionado à intensidade dos problemas que a doença traz. Pode haver
depressões leves, com poucos aspectos dos problemas mostrados anteriormente,
ou pode haver depressões bem mais graves, prejudicando de forma importante a
vida do indivíduo. De qualquer forma, depressões leves ou mais graves
necessitam de tratamento médico, geralmente medicamentoso (com medicações
antidepressivas), ou psicoterápico, ou a combinação de ambos, de acordo com a
intensidade da doença e a disponibilidade dos tratamentos.

33
CAPÍTULO 7 – Doença de Parkinson

Doença neurológica, crônica e progressiva, sem causa conhecida, que atinge o


sistema nervoso central e compromete os movimentos. Quanto maior a faixa
etária, maior a incidência da doença de Parkinson. De acordo com as estatísticas,
na grande maioria dos pacientes, ela surge a partir dos 55, 60 anos e sua
prevalência aumenta a partir dos 70, 75 anos.

Sintomas

Os sintomas da doença de Parkinson variam de um paciente para o outro. Em


geral, no início, eles se apresentam de maneira lenta, insidiosa, e o paciente tem
dificuldade de precisar a época em que apareceram pela primeira vez.

A identificação dos movimentos e os tremores nas extremidades das mãos,


muitas vezes notados apenas pelos amigos e familiares, costumam ser os
primeiros sinais da doença. A diminuição do tamanho das letras ao escrever é
outra característica importante.

Outros sintomas podem estar associados ao início da doença: rigidez muscular;


acinesia (redução da quantidade de movimentos), distúrbios da fala, dificuldade
para engolir, depressão, dores, tontura e distúrbios do sono, respiratórios,
urinários.

Causas

A principal causa da doença de Parkinson é a morte das células do cérebro, em


especial, na área conhecida como substância negra, responsável pela produção
de dopamina, um neurotransmissor que, entre outras funções, controla os
movimentos.

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Tratamento

O tratamento pode ser medicamentoso, psicoterápico e até cirúrgico em alguns


casos.

O tratamento medicamentoso é feito à base de drogas neuroprotetoras que visam


a evitar a diminuição progressiva de dopamina, neurotransmissor responsável
pela transmissão de sinais na cadeia de circuitos nervosos.

O tratamento psicoterápico ocorre em função da depressão, perda de memória e


do aparecimento de demências e pode incluir a prescrição de medicamentos
antidepressivos e de outros psicotrópicos.

Recomendações

Procurar um médico tão logo perceba um ligeiro tremor nas mãos ou tenha
notado que sua letra diminuiu de tamanho (micrografia).
Mantenha a atividade intelectual; leia, acompanhe o noticiário.
Não atribua ao passar dos anos, a perda da expressão facial e o piscar dos olhos
menos freqüentes.
Pratique atividade física. Fazer exercícios físicos regularmente ajuda a preservar
a qualidade dos movimentos.
Estimular as motivações.
Melhorar ao máximo a capacidade física, a mobilidade geral e atividade
voluntária das mãos.
Favorecer uma dicção clara.
Avaliar as possibilidades da volta ao trabalho.
Contribuir aos planos de apoio continuado do paciente e sua família satisfazendo
a necessidade de estímulo para manter o paciente em seu melhor nível de
rendimento físico e intelectual.

35
CAPÍTULO 8 – Doença de Alzheimer

" O que aconteceria se você se encontrasse numa enorme e estranha sala de


jantar cheia de pessoas idosas e doentes? Você procurasse por uma face ou voz
familiar, mas tudo, sons, ambiente e sentimentos, estivessem confusos? Como
você chegou aí? O que você deveria estar fazendo? Onde você deveria estar?
Há quanto tempo você está aqui? Algum familiar seu saberá como encontrá-lo?
Você diz ao jovem todo de branco perto de você que está na hora de você ir
embora para casa, mas ele responde: - Agora esta é sua casa."

* O que é a Doença de Alzheimer (DA)?


É uma doença neurológica, progressiva, degenerativa,
lenta e irreversível, que dura em média oito anos, mas
sua duração pode variar de dois a vinte anos.

Foi descrita pela primeira vez em 1906 pelo psiquiatra


alemão Alois Alzheimer.
É caracterizada pela presença de placas senis que
causam lesões em todas as estruturas do córtex cerebral e no hipocampo. Estas
placas são esféricas e formadas por por uma parte central de proteínas beta-
amilóides.

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Neurônios normais x Alzheimer

* Possíveis causas para a Doença de Alzheimer:

Etiologia Genética
Idade Elevada
Sexo feminino
Traumatismos cranianos
Síndrome de Down em um parente de primeiro grau
Exposição ao alumínio, zinco e toxinas
Tratamentos hormonais à base de estrógenos durante a menopausa

* Fases da degeneração

1ª Fase – DA Inicial:

Déficit de memória
Desorientação espacial
Dificuldade de recordar acontecimentos recentes
Dificuldades de linguagem

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2ª Fase – DA Intermediária:

Sintomas da 1ª fase são acentuados


Dificuldades para vestir e com a higiene pessoal
Desorientação em lugares conhecidos
Não reconhece parentes
Não consegue responder aos comandos verbais

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3ª Fase – DA Avançada ou Terminal:

Não realiza AVDs


Não se comunica mais
Adquire padrões neurológicos hipertônicos

* Como receber o diagnóstico?

Graças ao avanço da ciência, hoje a DA é diagnosticada cada vez mais


precocemente e, por essa razão, um idoso com Alzheimer necessitará de
tratamento e cuidados por mais tempo. Como nas fases mais precoces ele
apresenta vários momentos de lucidez, poderá planejar seu futuro com a família.

Não é fácil – ao contrário é muito difícil – para o idoso e seus familiares receber
e aceitar o diagnóstico de provável DA, principalmente por ser uma doença de
evolução progressiva e ainda incurável. A notícia, com certeza, o abalará tanto
quanto a sua família, pois todos saberão que ele demandará cada vez mais ajuda.

Mas isso é motivo de desespero? Certamente, não. Já vimos que muitas doenças
do passado, consideradas incuráveis, tiveram o prognóstico modificado com o
avançar da ciência, que nos surpreende a cada dia. Enquanto causas, tratamentos
e cura continuam a ser incessantemente buscados, podemos ampliar nosso leque
de informações de forma a superar o desgaste físico, mental e emocional que
uma notícia como essa pode provocar. Uma pessoa atualizada e bem informada
pode encarar a situação de maneira positiva e garantir ao doente e a si mesma
melhor qualidade de vida. Receber diagnóstico de DA necessariamente
provocará mudanças na vida do idoso. Cada pessoa é única e reage a uma

39
notícia como essa a seu modo. Há algumas maneiras de enfrentar a situação,
ficar mais relaxado ou diminuir o estresse causado pela notícia.

Deve-se entender que o diagnóstico é parte da vida do idoso e não toda a sua
vida; mudanças sempre acontecem, algumas são mais difíceis de lidar que outras.
Os familiares e as pessoas próximas devem procurar auxiliá-lo a utilizar seu
tempo desenvolvendo atividades menos estressantes, como jardinagem, cuidado
de animais, música, exercícios ao ar livre, e a passar mais tempo com a família e
os amigos.

Participar de grupos de apoio, como a Associação Brasileira de Alzheimer


(Abraz), auxilia tanto a pessoa que está com a doença quanto seus familiares a
compreender o que está ocorrendo. Eles poderão entrar em contato com outras
pessoas que estão na mesma situação e, assim, não se sentirão isolados como se
o problema deles fosse único.

Ao saberem do diagnóstico, as pessoas talvez sintam medo ou raiva, fiquem


assustadas ou tristes, ou, então, aproveitem para rever, na medida do possível,
suas pendências com a vida, organizem suas coisas e fortaleçam os laços
familiares fragilizados ou até rompidos.

Boa parte dos profissionais de saúde e das associações de famílias recomenda


que o idoso seja informado do diagnóstico quando ainda tem condição
intelectual de entender seu significado. Essa posição tem por base os seguintes
pressupostos:

a) A pessoa está percebendo falhas em sua memória e não consegue


compreender por que ou mudar a situação, fato que gera ansiedade e depressão.
Ela tem o direito de saber com o que está lutando.

b) Esconder a verdade não vai poupar o idoso, só vai quebrar sua confiança.
Dizer a verdade é uma demonstração de respeito e de valorização, pois assim ele
vai poder participar da decisão sobre o tratamento e planejar o futuro. Esse
planejamento pode se referir a questões legais (o idoso poderá dizer quem quer
como seu tutor), escolher os tratamentos que prefere e rejeitar outros para as
fases avançadas da doença (reanimação, sondagem etc.), definir como
administrar seus bens etc. Essas decisões, quando compartilhadas, diminuem, e
muito, o estresse do cuidador familiar no futuro, pois ele agirá conforme a
vontade de seu parente idoso sem ter muitas dúvidas a esse respeito.

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Mesmo que ainda acredite que pode fazer “as coisas sozinha”, é conveniente que
a pessoa com DA recém-diagnosticada vá à consulta médica com alguém, um
familiar ou amigo próximo. Essa pessoa poderá fazê-la, sentir-se mais confiante,
ajudá-la a recordar coisas que tinha planejado perguntar e, depois, a lembrar-se
do que foi dito pelo médico. Seu parente ou amigo também pode querer discutir
algumas coisas com o médico, como: o que esperar do futuro; tipos de serviços
que serão necessários e onde encontrá-los; como manter o próprio bem-estar e o
da família como um todo.

* A pessoa idosa com DA pode ficar sozinha em casa?

Essa não é uma pergunta tão simples. Ela requer avaliação prévia bem cuidadosa.
Alguns questionamentos podem auxiliar nessa decisão:
a) Está confusa ou tem comportamentos imprevisíveis?
b) É capaz de reconhecer uma situação de perigo (por exemplo, um incêndio)?
c) Sabe utilizar um telefone em caso de emergência?
d) Sabe pedir ajuda?
e) Costuma permanecer em casa?
f) Anda sem rumo e fica desorientada com facilidade?
g) Mostra sinais de agitação, depressão ou afastamento quando fica sozinha
durante curtos períodos de tempo?
h) Tenta realizar atividades que podem provocar ferimentos, como cozinhar,
fazer pequenos consertos etc.?

Caso as respostas sejam positivas, possivelmente essa pessoa encontra-se em


risco se ficar sozinha em casa sem supervisão.

* Perambulação

“Ele(a) caminha sem parar, de um lado para outro do quarto.”


“Ele(a) fica, à noite, andando ao redor da mesa, por horas seguidas.”
Esse costuma ser um comportamento frequente; pode expressar inquietação,
insegurança ou falta de atividade física.

O que fazer?

Embora possa ser muito irritante para o cuidador, esse comportamento, em si,
não causa nenhum mal nem coloca a pessoa em perigo. Deixe-a andar. Se isso
acontecer à noite e o idoso residir em um apartamento, providencie um calçado

41
confortável com solado de borracha para não fazer barulho e incomodar os
vizinhos do andar de baixo.
Reorganize o ambiente de modo a permitir que ele tenha espaço para andar sem
ficar se chocando com móveis ou outros obstáculos.

Se o comportamento for constante, procure organizar caminhadas externas, de


preferência à tarde, em lugares pouco agitados.

* Perguntas repetitivas

Esse é outro comportamento frequente e igualmente perturbador.


Ele faz sempre as mesmas perguntas até quando o cuidador acabou de responder
a elas. Ele também pode repetir as mesmas frases e gestos constantemente.
É preciso entender que o problema de base dessa pessoa é a memória.
Ela repete as perguntas porque não memorizou as respostas. Cada vez que
pergunta, para ela, é como se fosse a primeira.
Esse comportamento também pode expressar insegurança e ser a tradução de um
pedido de ajuda. É um modo de chamar a atenção e de reafirmar sua presença no
mundo.

Ações ou frases repetitivas podem expressar aquilo que ela ainda consegue fazer
e que, de alguma forma, a interessa ou a preocupa. Assim, uma mãe com DA
pode falar ao telefone com o filho todos os dias, em diferentes momentos e
sempre perguntar se ele se alimentou (não importa a hora), se dormiu, se está
bem.

O que fazer?

Não adianta se irritar ou tentar argumentar; apenas responda e entenda que é o


máximo de elaboração a que a pessoa está conseguindo chegar. Dizer, por
exemplo, “Já respondi mais de vinte vezes” só vai aumentar a insegurança do
doente.
É um comportamento de fato cansativo, monótono e enervante, mas não gera
perigo algum. Deixe-o perguntar.
Procure responder à pergunta de maneira clara e precisa, lenta e articulada, e
peça a ele que repita o que você disse.
Se a pergunta repetitiva estiver relacionada à hora (“Que horas são?”), procure
relacionar a resposta com alguma atividade (“É hora do almoço”, “do jantar”,
“de tomar banho” etc.). A atividade ainda pode servir como uma referência de

42
tempo, enquanto o valor da hora provavelmente tenha perdido seu significado
concreto.

* O doente segue você por toda parte

Você pode representar a única referência de segurança que ele ainda tem; o resto
do mundo pode parecer hostil e ameaçador. Pode também ser um
comportamento mimético, ou seja, o doente reproduz os gestos, atitudes, idas e
vindas do cuidador. Isso ocorre pela evolução da doença, quando o doente perde
a autonomia em relação ao ambiente e passa a imitar o comportamento das
pessoas ao redor. Indica dependência social. Esse comportamento pode ainda
representar a angústia que a pessoa sente em ficar sozinha.

O que fazer?

Procure entreter o doente com algum tipo de atividade que ele gosta de fazer e
que o distrai. Momentaneamente ele vai esquecê-lo, mas permanecerá tranquilo
porque sabe que você está por perto. Tente descobrir outras pessoas com quem
ele se sente tranquilo e estude a possibilidade de elas virem, rotineiramente,
visitá-lo. Isso o auxiliará a manter outros vínculos e não se sentir inseguro na
ausência de seu cuidador. Acostume-o também a ficar sozinho em alguns
momentos.

* Apatia ou tristeza

O doente poderá mostrar-se apático ou triste em diferentes momentos, em


especial quando se tornar cada vez mais dependente. Esse comportamento pode
representar um mecanismo de defesa contra o fracasso. Talvez a pessoa doente
comece a demonstrar menor reação às circunstâncias emocionais, não queira
fazer nada, não deseje mais sair, nada lhe agrade. Passa a reagir menos aos
eventos felizes ou infelizes (arrefecimento afetivo). Esse tipo de arrefecimento
tende a aumentar com o avançar da doença, comprometendo as atividades do dia
a dia; chega a afetar também as relações sociais e familiares do doente,
aumentando seu isolamento.

O que fazer?

Avalie a capacidade remanescente do doente e proponha atividades programadas


que ele consiga desempenhar. Essas atividades podem fazê-lo sentir-se útil e
integrado.

43
Busque as atividades que lhe dão prazer e faça-as com ele. Mas avalie bem, pois,
se ele não conseguir desempenhar a atividade, esse fato poderá induzi-lo a
perceber seu fracasso, aumentando ainda mais a angústia. Evite que ele faça o
que não se sente capaz de fazer. Não o coloque em situações de
hiperestimulação; dê-lhe tempo para entender o que lhe foi solicitado e para que
tente responder. Valorize seus sucessos, mesmo que mínimos.

* Inquietação, nervosismo

As dificuldades apresentadas pelo doente no dia a dia modificam sua


autopercepção e causam angústia. A desorientação (no tempo e no espaço) gera
insegurança e ansiedade. No início da doença, ele tem dificuldade de entender o
que está acontecendo e entra em pânico por seus lapsos de memória e por perder
a confiança em si mesmo. Com o avançar da doença, ele poderá se sentir em
geral diante de um fracasso, pois já não sabe avaliar o que é ou não capaz de
fazer e tem medo de que as pessoas o julguem incapaz.

O que fazer?

Não tente argumentar ou explicar. Procure transmitir ao doente calma e


tranquilidade (atenção ao tom de voz e postura corporal). Se ele perceber que
você está irritado com a situação, ficará ainda mais nervoso. As palavras são
importantes, mas podem não ser suficientes; toque-o gentilmente, mostrando seu
afeto. Fique a seu lado e procure fazer com ele as tarefas que o angustiam.
Procure melhorar a autoestima do doente. Elogie quando estiver arrumado e
limpo e ressalte seus feitos manuais ou artesanais e as tarefas concluídas. Essa
postura mostra reconhecimento e atenção e transmite confiança.

* Alucinações e ideias delirantes

A pessoa idosa com DA pode referir que vê, ouve ou sente coisas, pessoas ou
animais que não existem (alucinações) na realidade, ou ainda expressar temor ou
pensamentos que não condizem com a realidade (ideias delirantes).
Em geral as alucinações são visuais, simples ou muito elaboradas. Podem
também ser auditivas (ouvir a mãe chamando, alguém falando etc.). Na maioria
das vezes são fenômenos transitórios. Em alguns casos são favorecidas por
comprometimentos sensoriais (redução da visão ou da audição).

As consequências das alucinações dependem de sua natureza e de como são


vivenciadas tanto pelo doente quanto por quem o cerca. Alucinações

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acompanhadas de agitação podem estar associadas a um evento clínico, e o
médico deve ser comunicado. As ideias delirantes representam uma
interpretação equivocada de uma situação vivida. As mais comuns referem-se a
roubo, ciúme ou ao fato de a pessoa estar convencida de que querem se livrar
dela.

Caracterizam-se por uma convicção absoluta e inabalável de algo que o doente


pensa ser verdadeiro. Resistem a qualquer prova em contrário ou às evidências
da realidade. São geralmente transitórias e limitadas a determinado campo e
normalmente não evoluem para um delírio que tome conta da vida do doente.
Não se conhece sua causa, mas sabe-se que estão associadas às lesões cerebrais
ocasionadas pela doença e, também, à dificuldade do doente de interpretar a
realidade em decorrência de sua desorganização mental.

Ideias de roubo ou ciúme podem afetar as relações afetivas, diminuir sua


motivação e a de outras pessoas, o que afetará a qualidade dos cuidados
prestados.

O que fazer?

Não entre em pânico e não tente argumentar dizendo que aquilo que ele afirma
ver, sentir ou ouvir não é real. Para ele é muito real, e ele tem plena convicção
disso, resistindo a qualquer tentativa de lhe mostrarem o contrário. Se for
possível, remova-o do ambiente ou comece outro assunto muito diferente, por
exemplo, o que fizeram durante o dia. Procure prender sua atenção com uma
atividade prazerosa.

No caso de ideias delirantes, se você for o alvo de acusações, não as leve como
ofensa pessoal. Não se zangue, pois, por mais que pareça, não se trata de nada
pessoal. Se o alvo for outra pessoa, procure certificar-se da veracidade da
situação (talvez não seja verdade, mas também pode ser). Deixe-o falar, procure
não tomar partido, evite argumentar, alimentar ou contradizer suas colocações;
tranquilize-o e desvie sua atenção para uma atividade de substituição.

* Esconder objetos

O doente pega uma coisa de que pensa precisar, coloca-a em um lugar que lhe
pareceu adequado naquele momento e, em seguida, esquece que a pegou e onde
a colocou. Por essa razão, ele não vai entender sua irritação.

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É comum que o doente coloque objetos em locais inusitados e não se lembre do
local onde estão ou negue tê-los pego. Isso ocorre em geral porque ele esqueceu
o que devia fazer com esses objetos ou se distraiu quando os pegou. Ou, ainda,
ele nega ter visto ou pego os objetos para não ter de reconhecer seus deficits.
Há situações em que ele vai referir que foi roubado e pode acusar você ou outra
pessoa que trabalha na casa, gerando situações tensas.

O que fazer?

Não o repreenda, ele não fez por mal. Possivelmente quis realmente guardar o
objeto, mas não vai lembrar nem que o pegou nem onde o colocou. A noção de
significado das coisas pode estar perdida ou alterada. Assim, procure os objetos
perdidos em todos os possíveis esconderijos (qualquer lugar onde ele possa
caber). Considere olhar dentro dos bolsos das roupas no armário; dentro de
sapatos e bolsas guardados; embaixo do tapete, do colchão ou de outros objetos
maiores; dentro do lixo, da geladeira, atrás de almofadas etc.

Para evitar essas situações, procure ser organizado e não deixe objetos de valor
(chaves, talão de cheques, contas) ao alcance do idoso. Procure diminuir o
número de “esconderijos” possíveis. Retire as chaves das gavetas, deixando-as
trancadas. Nunca despreze o lixo sem olhar seu interior.
Tenha sempre cópias das chaves mais importantes e coloque-as em lugares
distintos. Ficar repetindo que quer ir para casa, mas está nela. Em consequência
da doença, ele está desorientado e pode ter dificuldade em reconhecer o
ambiente como familiar, principalmente se foi modificado.

* Ficar repetindo que quer ir para casa, mas está nela

Em consequência da doença, ele está desorientado e pode ter dificuldade


em reconhecer o ambiente como familiar, principalmente se foi
modificado.

O que fazer?

Não tente argumentar e explicar que ele está na casa dele. Tire-o do ambiente,
dê uma volta e retorne. Isso pode bastar para que ele se acalme. Se estiver muito
agitado, coloque-o no carro e dê uma volta mais longa.

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* Não reconhecer mais a si mesmo no espelho ou aos membros da
família

É triste, mas é próprio da doença, e seus mecanismos ainda não estão totalmente
esclarecidos. Não significa que houve uma falha no cuidado, apenas evolução da
doença. Às vezes ocorre de ele reconhecer a foto da esposa no álbum de
casamento, mas não a mulher a seu lado como sendo ela.

Ele pode olhar no espelho e conversar com sua imagem como se fosse um
estranho, e até achar que as pessoas que vê na televisão são personagens reais e
iniciar uma conversa com elas.

O que fazer?

É necessário explicar aos familiares, que sofrem muito com essas situações, por
mais que entendam que são causadas pela doença. Oriente-os a não tentarem
argumentar, não guardarem rancor, não se torturarem e, acima de tudo, não o
repreenderem.

Lembre-os da inutilidade em ficarem repetindo para ele o nome e o papel das


pessoas, pois ele não será capaz de fixar. Às vezes essas situações são
transitórias. Oriente-os a sair brevemente do ambiente e retornar depois, pois
isso pode bastar para minimizar a situação.

*Trocar o dia pela noite

Isso pode acontecer por várias razões. Com o envelhecimento, a pessoa tende a
dormir menos horas. Se apresentar períodos de sonolência durante o dia e o
cuidador permitir que ela durma por longos períodos, isso vai interferir no sono
noturno (pequenos cochilos não são ruins). Talvez ela não tenha tido nenhum
gasto energético durante o dia (falta de atividade física). Pode acordar à noite e
se sentirq desorientada e perdida, ficando com medo, inquieta e ansiosa.

O que fazer?

Mantenha uma programação rotineira de atividades durante o dia, pois, assim, à


noite o doente estará fisicamente mais cansado. Assegure-se de que o quarto seja
um ambiente calmo e acolhedor onde o idoso se sinta confortável e em
segurança. Tranque portas e janelas que dão acesso à rua ou ao exterior da casa
ou apartamento. Instale uma lâmpada noturna para que, ao acordar, ele consiga

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perceber o ambiente onde está. Programe passeios mais longos, mas bem
planejados e de preferência à tarde. Certifique-se de que ele esvaziou a bexiga
antes de deitar.

Caso ele se levante e você não veja, ao perceber procure se aproximar dele com
calma, de frente, olhando em seus olhos, falando delicadamente e lembrando a
ele quem você é. Mostre-lhe que está escuro; não adianta dizer que “é noite”,
pois isso talvez não tenha nenhum significado. Converse calmamente com ele e
tente levá-lo de volta ao quarto. Caso ele insista em ficar acordado, proponha
alguma atividade para entretê-lo.

* Reações catastróficas

A pessoa com DA gradativamente vai perdendo a noção de tempo e de espaço.


Assim, ela pode não saber onde está, se é dia ou noite, que horas são etc. Isso a
deixa muito insegura e desorientada. Ela pode reagir desproporcionalmente às
situações apresentadas gritando, chorando, batendo o pé ou até se tornando
agressiva. A agressividade verbal é mais frequente que a física. A pessoa com
DA age assim porque não consegue adequar sua reação à situação que vivencia.
Vê ameaça e perigo onde não existem e apenas reage a essas sensações, que,
para ela, são reais.

O que fazer?

Para o cuidador, são situações sempre difíceis de lidar, pois cansam, estressam e
magoam. O cuidador sempre fica se perguntando o que fez para desencadear
essa situação. Muitas vezes não fez nada ou fez algo interpretado de modo
inadequado. Quando ocorrer esse tipo de situação, procure manter a calma e
tente controlar o doente. Não grite com ele nem o segure com força, pois ele
pode se sentir ameaçado e agredido, o que só vai piorar o quadro.

Não se afaste, fale com ele em tom normal, devagar e com delicadeza; se estiver
chorando, console-o. Não tente argumentar ou racionalizar, nem procure se
justificar, pois isso só piorará a situação. Se ele ficar agressivo, não tente segurá-
lo, saia do seu alcance, mas deixe que ele continue visualizando você. Aguarde a
ira passar e, depois, esqueça o ocorrido. Não tente conversar a respeito, isso não
vai ajudar. Por mais difícil e ilógico que pareça, em geral há uma razão para o
desencadeamento dessas situações. Procure descobrir qual é para poder evitá-la.
Se isso acontecer em um ambiente público, não se estresse e não sinta vergonha.
Procure afastar as pessoas e explique que o idoso é portador de DA. Hoje em dia

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essa doença já é bastante conhecida e alguém poderá ajudá-lo a conter a situação
conversando com as pessoas que porventura se aglomerem ao seu redor.

* Sair na rua e não saber voltar para casa

O doente pode fugir de casa, caracterizando uma fuga, ou se perder em um


trajeto corriqueiro, caracterizando uma andança a esmo. As fugas geralmente
ocorrem após alguma contrariedade ou por algum distúrbio de reconhecimento
(o doente não reconhece a casa, a esposa e foge para encontrá-las). O vagar a
esmo está ligado à desorientação e à memória espacial. Ele sai, perde-se, não
encontra o caminho de volta, perde as referências e começa a vagar. Isso pode
ocorrer porque ele tenta chegar a um antigo endereço. Essas fugas ou andanças
podem ser potencialmente perigosas, pois a pessoa pode andar longas distâncias
e não conseguir pedir ajuda. Pode cair, ficar exposta a frio ou calor intenso, à
chuva, ser agredida.

Sua expressão (ar incerto ou perdido) ou atitude talvez levem as pessoas a


pensarem, erroneamente, que se trata de um alcoolista ou drogado e se afastarem
dela, recusando ajuda. Em cidades pequenas essas situações são menos
problemáticas, pois em geral as pessoas se conhecem e podem ajudar. Numa
cidade como São Paulo a pessoa pode, simplesmente, desaparecer.

O que fazer?

Não entre em pânico, analise calmamente a situação. Dê uma volta rápida no


quarteirão. Se a busca começar rapidamente, o doente poderá ser encontrado em
um raio de 1,5 km de sua residência. Vá aos lugares a que costuma ir quando sai
com ele e pergunte às pessoas se o viram. Telefone para a polícia e saiba como
descrevê-lo, lembrando-se de como estava vestido quando desapareceu. Avise
os familiares. Como essa situação pode ser bastante comum, o ideal é preveni-la.

Avise vizinhos e comerciantes próximos sobre a doença do idoso e que ele


poderá se perder. Forneça seu telefone para que eles possam avisá-lo numa
circunstância dessas. Não deixe que o idoso use objetos de valor (jóias) ou
carregue os documentos originais.

Providencie um identificador, que pode ser uma pulseira ou algo costurado na


parte interna da roupa contendo nome, sobrenome, endereço e telefone de
contato. Procure ter sempre uma foto dele atualizada para auxiliá-lo (ou à polícia)
na busca. Mantenha as portas de acesso à rua trancadas e as chaves em locais de

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difícil acesso. Colocar uma cortina ou uma tapeçaria cobrindo a porta também
auxilia. Não se desespere e não se sinta necessariamente culpado.

Procure prevenir essas situações e mantenha a família sempre orientada quanto à


possibilidade de ocorrerem. Saiba sempre para quem ligar se isso acontecer.
Tenha sempre à mão telefones úteis (polícia, bombeiros, prontos-socorros,
hospitais e serviços de urgência próximos, médico do idoso e parente que
costuma ajudar).
Quando ele for localizado, procure entender por que ele agiu daquela maneira.
Esse cuidado o auxiliará no estabelecimento de um planejamento preventivo
para novas ocorrências semelhantes.

* Síndrome do “sundown” (pôr do sol)

Os distúrbios de comportamento podem acontecer com mais freqüência em


determinados horários do dia. É o caso do final da tarde, conhecido como
sundown (pôr do sol, em inglês). Nesse horário, o doente fica mais agitado,
confuso e desorientado. Começa a seguir o cuidador pela casa toda, fica andando
de um lado a outro e pode ver ou ouvir coisas que não existem.
Isso ocorre porque o doente perdeu a noção de dia e noite, confunde os dois
períodos e não tem a noção das respectivas atividades. O aumentar da escuridão
pode provocar a sensação de medo e agravar sua insegurança.

O que fazer?

Pesquise uma causa física ou medicamentosa, converse com o médico.


Tranquilize-o procurando ficar ao lado dele nesse momento e repita com calma
que ele não tem nada a temer. Inicie uma atividade de substituição de que ele
goste. Programe o dia para ter um fim de tarde calmo, evitando tudo o que possa
causar estimulação excessiva (menos barulho, menor número de pessoas
circulando, menos agitação).

* A pessoa idosa com DA tem comportamentos sexuais inadequados

Esse tipo de comportamento pode estar relacionado a modificações da vida


afetiva, à perda de julgamento crítico (desinibição ou conveniências sociais). Em
geral o doente apresenta uma diminuição da libido e da atividade sexual, mas, às
vezes, ocorre o contrário. Isso pode ser expresso de diferentes maneiras:
masturbar-se na frente de terceiros, usar palavras ou gestos obscenos, assediar

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sexualmente seu cuidador, fazer propostas sexuais a uma pessoa desconhecida,
apalpar pessoas desconhecidas ou com quem não tem nenhuma intimidade.

As manifestações inadequadas podem ser resultado da manutenção das


necessidades sexuais. Mas, com a doença, ele está desorientado e pode ter
perdido a conveniência social, manifestando seus desejos de forma intempestiva
(quando, como e onde não deve). A manifestação mais frequente costuma ser
“falta de pudor” (aparecer nu na frente de visitas, crianças ou estranhos).

É necessário entender esses comportamentos e explicar para a família que eles


se devem à ausência de crítica, não são intencionais.

O que fazer?

São situações extremamente delicadas para todos os envolvidos. Lembre-se de


que o doente não está com más intenções, apenas responde a estímulos que não
controla mais. Fale aos familiares sobre possíveis alterações de seu
comportamento sexual para evitar surpresas desagradáveis. Caso ele tire a roupa
em público, explique que não é exibicionismo, ele apenas esqueceu a
importância e o significado social do fato de estar vestido. Não o repreenda,
leve-o gentilmente de volta a seu quarto para vesti-lo. Explique às pessoas que
ele(a) está doente e por essa razão não sabe que tais atitudes são inadequadas.
Ele não teve a intenção de chocar ninguém.

* Medidas de segurança para uma pessoa com doença de


Alzheimer considerando a presença de distúrbios de
comportamento

1. Perambulação
. Mantenha o ambiente organizado retirando objetos dos corredores de
circulação para permitir que ela se mova com liberdade.
. Assegure-se de que o piso não é escorregadio; evite o uso de ceras.
. Retire tapetes pequenos do caminho e instale rampas nos locais onde existem
desníveis.
. Certifique-se de que o idoso está calçado com sapato de solado de borracha.
. Tranque portas e janelas e mantenha uma chave com você e outra guardada em
lugar seguro.
. Instale mecanismos de segurança nas janelas limitando sua abertura e
impedindo a passagem de uma pessoa.
. Coloque alarmes de segurança nas portas e janelas.

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. Coloque sinais de “pare”, “não entre”, “fechado” em pontos estratégicos das
portas. Reduza os sinais que indiquem saídas (sapatos, chaves, maletas, casacos,
guarda-chuvas).
. Coloque uma pulseira de identificação na pessoa idosa ou fixe na parte interna
de sua roupa um identificador com nome, endereço e telefone de contato.
. Informe aos vizinhos sobre a possibilidade de a pessoa sair e peça a eles que o
comuniquem de imediato se isso ocorrer.
. Nunca deixe o doente sozinho.

2. Esconder objetos
. Medicamentos e produtos perigosos devem ser colocados fora do alcance da
pessoa idosa e trancados.
. Elimine alimentos estragados ou vencidos, pois o doente pode não saber
diferenciar um alimento bom de um inadequado.
. Não deixe coisas de valor ou documentos visíveis.
. Reserve um local para que a pessoa possa colocar as coisas livremente.
. Tranque a porta de cômodos que não são usados, o mesmo fazendo em
armários e gavetas.
. Periodicamente faça uma busca na casa mesmo que não esteja sentindo falta de
nada (você pode não ter percebido o sumiço ainda).

3. Alucinações e ideias delirantes

. Oriente a família a pintar as paredes da casa com cores claras para que possam
refletir a luz. Prefira cores sólidas, sem brilho (paredes decoradas podem
confundir a pessoa idosa).
. Mantenha o ambiente com iluminação adequada; pouca iluminação pode
produzir sombras e desorientar ainda mais a pessoa idosa.
. Retire ou cubra espelhos se eles estiverem contribuindo para esses episódios.
. Preste atenção se as alucinações ocorrem em locais específicos; se é o caso,
avalie o local para identificar possíveis causas.
. Evite mudanças no ambiente; também evite ficar mudando o ambiente em que
o idoso permanece a maior parte do tempo todos os dias, pois isso pode
aumentar sua desorientação.
. Evite que o doente assista programas violentos ou perturbadores na televisão,
pois ele pode achar que a história é real e amedrontar-se.
. Não confronte a pessoa idosa nem negue o que ela diz. Procure tranquilizá-la e
certifique-se de que haja uma saída do ambiente que não passe pelo local que
está causando desconforto.

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* Como auxiliar a pessoa idosa com DA a administrar as atividades
básicas do dia a dia

Todos os dias realizamos várias atividades que fazem parte de uma “rotina”
pessoal criada ao longo de muitos anos. Comemos nos mesmos horários,
fazemos nossa higiene pessoal na mesma sequência (escovar os dentes, barbear-
se, lavar o rosto, banhar-se) etc. Depois que crescemos, costumamos
desempenhar essas atividades sem a ajuda de ninguém, porque somos
autônomos e independentes.

Do que necessitamos para desenvolver, de modo adequado e a contento, tais


atividades?

Precisamos tê-las aprendido, ou seja, não nascemos sabendo andar, comer,


levantar e deitar, nos vestir, ser continentes etc. No início, executávamos todas
essas atividades com alguma dificuldade, mas, à medida que nos desenvolvemos,
elas foram se tornando mais fáceis. Em determinado momento, elas se tornaram
tão fáceis que entraram em uma rotina, ou seja, passamos a desempenhá-las
automaticamente, quase sem pensar sobre elas.
Isso as torna atividades fáceis de serem executadas?
Na verdade não, elas são bem complexas e necessitam ser desenvolvidas
sequencialmente, passo a passo.

Vamos utilizar, como exemplo, escovar os dentes.


• Inicialmente ter disponíveis os materiais necessários para executar a ação:
escova de dentes, pasta de dentes, água e toalha.
• Preparar a ação: abrir o tubo da pasta, espalhar a pasta na escova, tampar o
tubo.
• Escovar os dentes em movimentos alternados (de cima para baixo e de baixo
para cima).
• Abrir a torneira, pegar a água com um copo ou com as mãos e levá-la à boca;
encher a boca, bochechar e em seguida cuspir a água na pia; fechar a torneira.
• Enxugar-se com a toalha.
• Guardar todo o material em local adequado.

Observe que uma ação que executamos uma ou mais vezes ao dia, tão
rotineiramente, requer, na realidade, várias sequências em uma ordem bem
definida. Enquanto não desenvolvermos problemas físicos ou cognitivos
(relacionados a nossa estrutura de pensamento), seremos independentes para
desenvolvê-la e autônomos para decidir como e quando fazê-la.

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O que ocorre com uma pessoa com doença de Alzheimer?

Depende do estágio da doença. No início, ela ainda poderá executar sozinha.


Gradativamente ela vai desenvolvendo dificuldades em se “lembrar” da
sequência da atividade e, consequentemente, perdendo o interesse em
desenvolvê-la. Ouvimos dos familiares que seus parentes doentes, aos poucos,
pararam de se preocupar com a aparência, de estar socialmente apresentáveis,
mesmo que, anteriormente, tenham sido pessoas muito vaidosas. É menos
estressante eles deixarem de se lavar do que precisarem preocupar-se com a
sequência do banho. Eles perdem a noção de tempo; dias ou semanas não fazem
diferença; as horas perdem seu significado concreto.

O cuidador é fundamental para essas pessoas, para que sua autoestima e


dignidade sejam preservadas a partir do desempenho de um cuidado
complementar adequado. Discorreremos um pouco sobre cada uma dessas
atividades.

* Banhos de urgência

Diz respeito ao banho necessário quando, por exemplo, o idoso é incontinente


(não consegue reter urina ou fezes), sujando a si e, às vezes, o ambiente. Proceda
como no banho diário; ele provavelmente não lembrará que já o tomou.
Se isso ocorrer na frente de outras pessoas, pode haver certo constrangimento
geral. Não entre em pânico, controle o ambiente e a situação, aja com calma,
falando gentilmente com o idoso, e leve-o ao banheiro com tranquilidade. Se o
ambiente ficou sujo e as pessoas começarem a se incomodar, não se abale.
Lembre-se de que seu compromisso é com o idoso; atenda-o antes.

* O que fazer quando sair de casa com a pessoa com DA?

Procure levá-la ao banheiro antes de sair. Não pergunte apenas se está com
vontade de ir ao banheiro. Lembre-se de que ela pode não fazer mais a
associação necessidade/ação.
Verifique se as roupas que está utilizando são adequadas e fáceis de despir e
vestir. Prepare uma valise com roupas adicionais para utilizá-las em caso de
“acidente”; inclua toalha e lenços higiênicos.
Assim que chegar ao destino, localize o banheiro mais próximo e acompanhe-a
até lá. Auxilie-a, pois será um ambiente estranho e ela poderá apresentar
dificuldades. Faça isso a cada duas horas aproximadamente. Fique atento a

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sinais que demonstrem que ela tem vontade de ir ao banheiro (ficar inquieta ou
tentar tirar a roupa); aja rápido, mas com calma.

* Uso de fraldas

Quando a pessoa idosa não conseguir mais ser continente ou sua dificuldade em
chegar ao banheiro a tempo for muito acentuada apesar de todas as adaptações,
converse com a família sobre a possibilidade do uso de fraldas. Essa não deve
ser, no entanto, a primeira medida do cuidador.

A pessoa idosa com DA pode ter dificuldade inicial de aceitar a fralda. Não a
apresente como tal, diga-lhe que é uma nova peça do vestuário, mais moderna e
mais fácil de usar. Auxilie-o a colocar com naturalidade sem dar muita ênfase ou
explicações. As justificativas não serão compreendidas, e falar muito sobre o
assunto pode despertar uma atenção desnecessária no momento. Agir com
naturalidade como faz com outras peças do vestuário não despertará a atenção
do idoso, que passará a incorporá-la com mais facilidade.
Fraldas com calça plástica são melhores porque fornecem uma proteção maior.
Também já existem fraldas adequadas à incontinência urinária masculina, que
são menos volumosas e causam menor estranhamento. Há várias no mercado.

Converse com a família, avalie o custo e a adequação à pessoa de quem cuida.


As fraldas devem ser trocadas sempre que molhadas ou sujas, para evitar
desconforto, assaduras, lesões na pele e odores desagradáveis. Realizar higiene
íntima nas trocas é importante para eliminar resíduos de fezes e urina. Lembre-
se de que, nas mulheres, a higiene deve sempre ser feita no sentido vagina-ânus,
para diminuir o risco de infecções.

A incontinência fecal é mais rara e ocorre nas fases mais avançadas da doença.
A obstipação intestinal, ou prisão de ventre, é mais comum nas pessoas idosas
em geral. Isso pode ser melhorado com a adoção de hábitos alimentares mais
adequados. O cuidador deverá conhecer os hábitos intestinais do idoso de quem
cuida, qual sua regularidade intestinal e utilizá-la como referência. Nunca use
laxantes sem falar previamente com o médico.

Alterações no hábito, consistência, odor e coloração das fezes podem indicar


outros problemas de saúde que deverão ser investigados. Avise os familiares e o
médico do idoso se isso for observado.

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*Sono e repouso

Com o avançar da idade, passamos a dormir menos e a ter nossa estrutura de


sono modificada. O idoso com DA tende a ter essas modificações ainda mais
acentuadas:
• Maior sonolência durante o dia em decorrência do menor número de atividades.
• Sono mais curto durante a noite; acorda com facilidade.
• Sente-se muito desorientado ao acordar à noite, querendo levantar-se e se
vestir porque acha que é dia.
• Pode inverter completamente o dia pela noite.
As principais consequências da privação do sono noturno estão relacionadas à
ocorrência de acidentes (especialmente as quedas) e às fugas.

Normalmente a pessoa idosa compensa o sono noturno dormindo de dia. Isso é


ruim para a dinâmica do dia e para o cuidador.

O que pode ajudar?

• Programe o dia com atividades físicas regulares (passeios, exercícios


adaptados etc.).
• Organize um final de tarde mais calmo: .abaixe o volume da televisão ou do
rádio; .desligue o celular e abaixe a campainha do telefone; .propicie um
ambiente confortável no quarto (temperatura adequada, cama arrumada e com
roupas limpas, quarto organizado etc.); .tranque portas e janelas que dão acesso
à rua ou a ambientes externos; .leve-a ao banheiro para urinar antes de deitar-se.
• Mostre-lhe que é noite, que a rua está calma e que as pessoas já foram dormir
(não adianta dizer que é noite; a palavra “noite” pode não ter nenhum
significado).
• Leve-a para o quarto e ajude-a a se acomodar na cama.
• Não saia do quarto antes que ela durma.
• Diminua a luz ou apague-a; deixe iluminação noturna do lado de fora do
quarto para o caso de a pessoa idosa levantar-se à noite.
• Se isso ocorrer, aborde-a gentilmente, olhando de frente para ela e
identificando-se. Tente levá-la de volta para a cama. Se ela perdeu
completamente o sono, busque uma atividade de substituição para distraí-la, mas
que seja pouco excitante.

* Comunicação

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A comunicação entre os seres humanos é feita basicamente pela linguagem. Essa
é uma habilidade perdida com o avançar da DA, e é muito frustrante para a
pessoa idosa, para seus familiares e também para o cuidador. Ela vai aos poucos
esquecendo o nome das coisas e das pessoas, trocando palavras, diminuindo seu
vocabulário. Isso não ocorre apenas com a linguagem verbal, mas também com
a escrita. Progressivamente o idoso terá dificuldades de expressar o que sente ou
o que deseja, o que torna seu cuidado um grande desafio para o cuidador.

O que pode ajudar?

Comunicação verbal
• Quando a pessoa idosa começa a apresentar dificuldade de encontrar o nome
de um objeto, peça-lhe que aponte para ele e, quando o fizer, repita o nome
correspondente.
• Quando ela errar ou trocar palavras, não a corrija sistematicamente apontando
seu erro. Reelabore a frase e repita para ela.
• Se ela parar no meio da frase, auxilie-a repetindo duas ou três vezes a última
palavra dita. Se a pessoa não conseguir continuar, mude calmamente de assunto.
• Dê-lhe tempo para falar, não a interrompa para ajudar, respeite seu ritmo.
• Cuide para que haja apenas um interlocutor de cada vez, especialmente quando
várias pessoas estiverem juntas, pois isso poderá confundi-la ainda mais.
• Converse muito com ela. A verbalização ajuda-a a sentir-se integrada ao
contexto familiar e à vida.
• Fique atento ao tom de voz utilizado, pois a percepção dela pode não estar
alterada, e ela perceberá seu humor como bom ou ruim e reagirá a isso.
• Não utilize frases longas, seja direto.
• Evite palavras difíceis mesmo que o idoso seja muito letrado.
• Comunique apenas uma ideia em cada frase.
• Evite explicações, pois ele poderá não compreender. O que conta não é o que
você diz, mas o que ele consegue entender.
• Faça perguntas simples.
• Evite colocá-lo em situações de escolha.

Comunicação escrita
• Utilize quando você precisar se ausentar e ele ainda for capaz de entender
recados escritos.
• Procure redigir mensagens curtas, diretas e fáceis de entender (“O almoço está
sobre o fogão”).
• Não faça anotações adicionais (“Depois que comer, não se preocupe em lavar o
prato que eu arrumo tudo quando chegar, pois não vou demorar”).
• Deixe as anotações em locais bem visíveis.

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• Utilize letras de forma e em tamanho grande.
• Evite o uso de papéis desenhados ou coloridos.

Comunicação com imagens


As imagens são muito úteis para evocar lembranças mais remotas.
Utilize sempre imagens simples, significativas e grandes. Coloque-as à altura
dos olhos e utilize cores contrastantes quando quiser chamar a atenção para
alguma coisa. É possível utilizá-las para:
• identificar o guarda-roupa (coloque a imagem de um vestido ou terno);
• identificar o banheiro (coloque a imagem de um vaso sanitário na porta);
• identificar pessoas e lugares (fotos de familiares e lugares que conheceu).

Entenda a progressão da doença e como ela afeta a comunicação com a pessoa


idosa. O que funciona bem em um dia pode não funcionar mais no outro. Nunca
a exponha a situações de fracasso. Aja sempre com naturalidade e tranquilidade.

Uma das grandes dificuldades dos doentes de Alzheimer é a orientação no


tempo e no espaço. A utilização de alguns recursos simples pode ajudá-los em
alguns períodos da doença:
• Calendário com letras grandes e algarismos bem visíveis.
• Cartazes com o nome do dia da semana.
• Relógio com mostrador tradicional e com algarismos arábicos grandes e
legíveis.

Procure encorajar o idoso sorrindo (não rindo dele!). O bom humor é a melhor
maneira de contornar situações constrangedoras, evitar confusões e mal-
entendidos em casa ou fora dela. Tudo fica mais fácil e menos penoso.

* Como reconhecer sinais de desconforto

Com o avançar da doença, a pessoa idosa vai apresentando dificuldades em


expressar desconforto, dor ou mal-estar. O cuidador precisa estar atento para
poder auxiliá-la, procurando reconhecer sinais que possam mostrar o
desconforto e suas causas.

Dificilmente a pessoa doente utilizará palavras para expressar o que sente.


Poderá chorar, gritar, ficar agitada ou muito apática. O comportamento não terá,
necessariamente, uma causa evidente ou direta. A pessoa só está apontando que
algo está errado. A tensão emocional pode ser expressa por inquietação, agitação
e nervosismo. Por exemplo, começar a andar de um lado para outro, mexer

58
insistentemente em alguma coisa ou em si mesma. Apatia e passividade podem
estar relacionadas ao avançar da doença. O cuidador deve estar atento se a
instalação desse quadro foi repentina, pois pode indicar alterações físicas
(doenças, infecções etc.).

Sempre haverá uma razão para os sinais de desconforto. O cuidador poderá


identificá-la mais facilmente se construir um bom vínculo com a pessoa de quem
cuida e ficar atento a seus sinais.

* Como ocupar o tempo livre

As atividades com um idoso com DA, quando adequadamente executadas,


ocupam boa parte do dia, pois levarão mais tempo para serem executadas.
Mesmo assim, sobrará algum tempo livre, que deverá ser preenchido com
atividades estimuladoras e planejadas. Por muito tempo a pessoa idosa poderá
manter suas capacidades físicas, podendo e devendo ser estimulada a utilizá-las.

O desenvolvimento de atividades diversas tem muitas vantagens:


• Manutenção da capacidade funcional.
• Redução da dependência.
• Diminuição do tédio e do isolamento.
• Melhora da autoestima.

Para o alcance dessas vantagens, o cuidador deve estar atento a três regras
básicas:
1. As atividades propostas devem mobilizar as capacidades físicas e mentais
remanescentes do idoso: .Não proponha atividades que com certeza ele não
consegue mais desempenhar. .Procure conhecer os hábitos e preferências do
idoso e propor atividades que já fazia antes.
2. O cuidador não deve fazer a atividade pelo idoso, mas com o idoso.
3. O cuidador deve dar ao idoso o tempo necessário para a execução da
atividade.

Qual o critério de escolha das atividades?

• Escolha atividades concebidas para adultos. As atividades têm de ser concretas


e de utilidade reconhecida (varrer a casa, estender a toalha na mesa etc.).
. Devem estar centradas em coisas que ele sabia e gostava de fazer.
. Precisam ter, preferencialmente, curta duração.
. Devem ser divididas em pequenas sequências claramente indicadas.

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• Demonstre como fazer quando vir o idoso com dúvidas, mas não faça por ele.
• A qualidade do produto não deve ser importante; a execução e o
entretenimento causado é que importam.
• Passear é adequado e estimulante do ponto de vista físico, cognitivo e social. O
período da tarde é o mais indicado. Procure fazer os mesmos trajetos, pois a
rotina auxilia a reduzir a desorientação causada pela doença. Procure um lugar
ou horário tranquilo (menos barulho, menor tráfego). Estimule-o durante o
passeio, conversando, mostrando as coisas. Não tenha pressa, o passeio não é
uma corrida. Se ele quiser parar, faça uma pausa.
• Atividades culinárias para mulheres costumam ser familiares e estimulantes.
Evite objetos cortantes ou que possam quebrar.
. Oriente-a passo a passo e supervisione a atividade valorizando seus acertos.

* Algumas dicas para o bom cuidado de um idoso com doença de


Alzheimer

1. Lembre-se sempre de que você está cuidando de uma pessoa que tem uma
doença crônica e progressiva e que pode apresentar problemas de
comportamento conforme ela for avançando.
2. A agitação ou mudança de comportamento não é intencional ou deliberada.
3. Carinho, afeto, atenção, calma tornam o cuidado do idoso com DA mais fácil
de ser desempenhado.
4. O idoso com DA esquece as coisas, inclusive seu passado; não adianta ficar
remoendo ou lembrando coisas ruins que já aconteceram.
5. É necessário estar sempre atualizado quanto à doença e aos progressos em
relação a seu tratamento.
6. Procure desenvolver boas técnicas de comunicação tanto com o doente quanto
com seus familiares.
7. Mantenha sempre um ambiente organizado, calmo, tranquilo e encorajador.
8. Demonstre segurança naquilo que vai fazer com o idoso; se você ficar
inseguro, ele vai perceber e poderá se agitar.
9. Procure controlar situações que possam ser constrangedoras para ele; nunca o
exponha ao ridículo.
10. Retire-o de situações que possam gerar frustrações ou assustá-lo; faça-o com
calma, distraindo-o.
11. Trate-o com naturalidade e como adulto, sempre com muito respeito.
12. Seja realista, não espere que o idoso apresente grandes melhoras.
13. Nunca discuta com o idoso nem argumente muito, pois ele não o
compreenderá; só perceberá sua irritação, o que poderá assustálo ou enfurecê-lo.
14. Tente rotinizar todas as atividades diárias de modo que cada dia possa ser
bem programado.

60
15. Supervisione a alimentação e o atendimento de necessidades de eliminação
do idoso; ele pode não saber mais referir que as sente.
16. Mudança de comportamento repentino sempre tem uma causa, física ou
psicológica; procure identificá-la e ajudá-lo a resolvê-la.
17. Evite tarefas cansativas ou frustrantes; não dê ao idoso responsabilidades
além de suas capacidades.
18. NUNCA, em hipótese alguma, empurre, bata, grite, xingue ou desrespeite o
idoso. Isso é considerado violência contra o idoso, passível de ações penais.
19. Se ficar cansado, irritado ou descompensado, peça uma folga, saia do
ambiente, tire férias, mas NUNCA desconte na pessoa idosa.
20. Tenha paciência, paciência e... paciência.

61
CAPÍTULO 9 – Incontinência urinária e fecal

A falta de controle da bexiga e do intestino é o que chamamos de incontinência


urinária e incontinência fecal, respectivamente. A mais comum é a incontinência
urinária. As duas podem acontecer ao mesmo tempo e é conhecida como
incontinência mista.

Alterações do trato urinário e intestinal que ocorrem no processo de


envelhecimento associados a problemas de saúde que são comuns entre as
pessoas idosas como, por exemplo, diabetes, derrame cerebral, demências e uso
de várias medicações, explicam por que a incontinência acomete mais essa
parcela da população.

As mulheres são mais atingidas devido aos traumas durante o parto e às


características da uretra que é mais curta, deixando o trato urinário mais exposto
ao meio externo.

A incontinência é um problema de saúde que afeta a qualidade de vida das


pessoas idosas em seus aspectos psicológicos e físicos, podendo prejudicar a sua
independência e dignidade. Essa alteração pode levar a pessoa idosa a
experimentar situações como a depressão, o isolamento social, a rejeição da
família e a perda de confiança em si, além de provocar problemas econômicos,
pelo aumento de gastos com a sua saúde. Também facilita o aparecimento de
infecções, feridas na pele, formação de escaras, interfere no sono, pode levar a
quedas e aumenta o risco da pessoa idosa ser internada pela família numa
instituição de longa permanência para idosos (ILPI).

* Incontinência Urinária

A incontinência urinária é a condição na qual a perda de urina não intencional é


um problema social e/ou higiênico que pode ser demonstrada, por exemplo, com
as roupas molhadas.
Essa situação geralmente vem antes da incontinência fecal.

Calcula-se que pelo menos uma em cada três pessoas idosas tenha algum grau
de dificuldade para controlar a urina. Semanalmente, cerca de uma em cada dez
pessoas idosas perde a urina sem querer, molhando as roupas. Praticamente, a

62
metade das pessoas idosas que moram nas instituições de longa permanência
para idosos (ILPI) apresenta esse problema.
Existem vários tipos de incontinência urinária, mas é comum que o idoso que
está perdendo urina tenha mais de um tipo diferente ao mesmo tempo.

Veja abaixo como se classifica a incontinência urinária.

1 Transitória: é causada por algum agente externo que normalmente, tem


tratamento e cura. São causas possíveis os seguintes agentes: infecção urinária,
estado de confusão mental, medicamentos, depressão, diabetes descompensado,
fezes impactada no intestino, deficiência do hormônio estrogênio etc. Todos
esses fatores devem ser investigados e afastados pelo médico quando o paciente
chega com a queixa de incontinência urinária.

2 Permanente: esse tipo é dividido em quatro categorias diferentes, a saber:


2.1 - de estresse: a musculatura que envolve a uretra é responsável por evitar que
a urina escape da bexiga. Quando esta musculatura se torna flácida, mesmo com
um mínino de esforço, pode causar um pequeno vazamento. Exemplo:
atividades como tossir, espirrar, gargalhar, pegar objetos pesados, podem forçar
esta musculatura e provocar a perda de urina. É comum este tipo de
incontinência nas mulheres durante ou após o parto ou na menopausa.
2.2 - de urgência: caracteriza-se por uma necessidade urgente de ir ao banheiro
que aparece de repente, mesmo quando a bexiga ainda não está cheia. Perdas de
moderadas a grande de urina molham a roupa antes que a pessoa idosa chegue
ao banheiro. Ocorre em pessoas idosas com boa saúde e em algumas doenças
como: demências, doença de Parkinson e derrame cerebral. É a forma mais
comum de incontinência da pessoa idosa.
2.3 - por transbordamento: aqui existe uma incapacidade de contrair a bexiga de
maneira adequada. A bexiga fica cheia de urina e a pessoa não percebe.
Pequenas perdas de urina na roupa podem ocorrer. Causas comuns podem ser:
diabetes, problemas da coluna vertebral e de crescimento da próstata. Esse tipo é
muito comum nos homens com a próstata aumentada de tamanho.
2.4 - funcional: perda de urina em pessoas idosas que não conseguem usar o
toalete. Acha-se relacionada aos casos de demência, incapacidades físicas (por
exemplo, dificuldade para caminhar), fatores psicológicos e ambientais
(banheiros mal localizados, por exemplo) que levam a dificultar o uso do
banheiro.

É importante saber que, pelo menos, duas em cada três pessoas idosas que
perdem urina sem querer, podem ser curadas quando avaliadas de maneira
correta por um profissional da saúde capacitado.

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Veja abaixo algumas questões em que o cuidador deve prestar atenção quando
estiver diante de uma pessoa idosa com incontinência urinária, para respondê-las
ao médico.

* Dez perguntas importantes para avaliar a pessoa idosa com perda de


urina

1. Ocorre a perda de urina todos os dias ou só de vez em quando?


2. Acontece apenas quando tosse, espirra ou aperta a barriga?
3. A pessoa idosa sente vontade, mas não consegue chegar a tempo no banheiro?
4. A pessoa idosa tem dificuldade de tirar a roupa para urinar?
5. Na incontinência, a urina sai para valer ou fica pingando na roupa?
6. A pessoa idosa se perde e não acha o banheiro?
7. Ocorre apenas de dia ou só à noite?
8. Quais os medicamentos que a pessoa idosa toma?
9. A pessoa idosa relata dor ao urinar, urina muitas vezes ao dia?
10. A urina está com a cor mais escura ou o cheiro forte?

Para responder estas perguntas com maior fidelidade, o cuidador deverá, durante
alguns dias, fazer um relatório, um diário sobre a incontinência, ou seja, registrar
todas as vezes que a pessoa idosa urinar, no vaso ou como incontinência, para
poder entender um possível padrão, qualificando melhor esta intercorrência.
Assim, o médico poderá fazer um correto diagnóstico e terá melhores condições
de indicar os meios para solucionar este problema, de maneira mais eficaz.

Dicas para o cuidador.

1. Em primeiro lugar, nunca cause constrangimento ou mostre raiva contra a


pessoa idosa, pois além de não ser culpa dela, pode deixá-la também muito triste,
pouco cooperativa e até muito mais deprimida ou agitada;

2. Se a pessoa idosa se perde, não sabendo onde fica o banheiro e não chega a
tempo, acontecendo assim a incontinência, uma das dicas é sinalizar bem a porta
do banheiro, com palavras grandes e chamativas (rosa-choque, verde e azul
exuberantes, vermelho...) ou colocar a própria figura de um vaso sanitário. À
noite, deixe a luz do banheiro acesa. Acomode a pessoa idosa num quarto mais
perto do banheiro. Em alguns casos, o ideal seria deixar o recipiente chamado de
papagaio ou comadre junto à cama. Finalmente, facilitar o uso do vaso sanitário
com assentos altos e adaptados e barras de apoio laterais;

64
3. É uma má idéia diminuir a ingestão de líquidos, para a pessoa idosa urinar
menos. Esta atitude pode causar desidratação e, piorar ainda mais sua saúde.
Algumas vezes, com a orientação do médico é aceitável um ajuste nos horários
da oferta dos líquidos, normalmente com mais incentivo durante o dia para
evitar a perda de urina à noite;

4. Durante o dia, procure levar a pessoa idosa ao banheiro em intervalos


regulares. O diário poderá ser útil para identificar os melhores horários. Procure
vestir a pessoa idosa com roupas fáceis de serem retiradas ou de abrir. O velcro
é uma ótima opção, no lugar do zíper ou dos botões.

5. O uso de fralda descartável geriátrica pode ser útil à noite, apesar do


constrangimento e da vergonha que a pessoa idosa possa sentir. Quando bem
explicado e feito de maneira carinhosa, sempre há boa aceitação. Observar se a
fralda não amanhece muito cheia ou vazando, pois talvez seja necessária uma
troca no meio da madrugada;

6. Se a pessoa idosa não consegue ir até o banheiro para urinar por diversos
problemas e a incontinência é mais severa, o uso de fralda geriátrica é
imperativo, durante todo o dia (dia e noite). Deve-se atentar, então, para alguns
cuidados como a troca de fraldas em intervalos regulares. Nunca deixar fraldas
molhadas no corpo por muito tempo, evitando assaduras e feridas na pele. Uma
boa higiene com uso de água e sabonete, em cada troca, é muito importante para
retirar resíduos de fezes e de urina. Nas mulheres, a má higiene pode, inclusive,
ser causa de infecção urinária. Ao fazer a limpeza, sempre limpar a região anal
de frente para trás, isto é, da vagina para o ânus, evitando levar fezes para o
canal da uretra, pois isso contamina a urina;

7. Em pessoas idosas com demência ou dificuldade para se comunicar, lembrar


que a agitação pode ser um sinal de que ela quer urinar ou evacuar. Se já usa a
fralda, pode ser sinal de trocá-la; 8. Sentar a pessoa idosa no vaso sanitário e
ficar junto a ela conversando calmamente, ouvir música, abrir a torneira da pia
(para o ruído tentar estimular a micção), verificar que o ambiente esteja calmo e
que não existam outras pessoas no recinto (que poderiam estar inibindo-a), são
medidas adicionais, porém, fundamentais no sucesso do enfrentamento dessa
crucial questão;

8. Se a sonda vesical de demora tiver que ser usada, em função de escaras ou


outras condições, ela deve estar conectada a um coletor fechado e não deve ser
lavada com anti-sépticos, nem deve ser fechada por alguns períodos. Lembrar

65
que deve ser trocada, no máximo, a cada três semanas, por profissional, com
rigorosa técnica de assepsia;
9. Quando indicada pela equipe de saúde, a cateterização intermitente deve ser
feita com treinamento adequado da pessoa idosa (com boa visão, habilidade
manual e capacidade mental preservada) ou cuidador disposto a aprender. Tal
procedimento é repetido quatro ou mais vezes durante o dia e deve ser realizado
com rigorosa assepsia para prevenir infecções vesicais;

10. O uso do coletor externo, o condom, também conhecido como uripen, é uma
outra opção que pode ser indicada pela equipe de saúde. Porém, só oferece
vantagens para o homem devido à anatomia do órgão genital externo. O
cuidador deve estar atento a complicações como lesões de pele por alergia;

11. O treinamento do ato de urinar, feito por fisioterapeutas, em pacientes


lúcidos através de exercícios específicos para fortalecer a musculatura pélvica
apresenta excelentes resultados e devem ser indicados;

12. Algumas medicações podem ajudar no controle da incontinência urinária e


devem ser prescritas por um médico;

13. Existe uma alta probabilidade de obter sucesso, para isso, é preciso manter
uma postura otimista e procurar o auxílio de uma equipe de saúde treinada nesse
problema.

* Incontinência Fecal

A incontinência fecal é a perda involuntária ou inapropriada das fezes.

Normalmente é mais grave que a urinária e, quando se instala, dificilmente pode


ser totalmente corrigida. Apesar de pouco estudada, calcula-se que até quase um
terço da população idosa sofra de incontinência fecal. Naquelas que moram em
instituições de longa permanência para idoso (ILPI) há uma proporção maior.

Existem várias causas para essa alteração como: doenças do intestino, uso de
medicações como os laxantes, incapacidade funcional de chegar ao banheiro,
quadros de confusão mental, lesão de um nervo da região genital que é comum
nas mulheres durante o parto e outras.

Lembrar que na pessoa idosa sadia o ritmo intestinal pode não ser diário.
Recebendo esta informação, a pessoa idosa não se sente mal, mesmo que não

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evacue diariamente, sabendo que não se trata de prisão de ventre. Os problemas
se iniciam quando a pessoa idosa e o cuidador pensam que o correto é evacuar
diariamente, fazendo, com isso, uso de laxantes.
A própria presença de impactação fecal ou fecaloma pode induzir ao que se
chama de incontinência fecal paradoxal, caracterizada por perda de fezes
líquidas ou semi-sólidas, várias vezes ao dia, mesmo que o final do intestino
esteja com fezes endurecidas paradas.

A imobilização também pode ser uma das causas da prisão de ventre.


Evite a imobilidade e sempre faça caminhadas diárias com a pessoa idosa.
Outra dica é a rotina de levá-la ao banheiro, sempre no mesmo horário, para
evacuar.

O cuidador deve observar também alterações no ritmo intestinal, se era mais


constipado e ficou mais diário e pastoso ou vice-versa, pois poderá significar
alguma doença em curso, ou problemas com a dieta da pessoa idosa. Não deixe
de relatar tais alterações para o médico.

Quando se trata de incontinência fecal, a antecipação do acidente ainda é a


melhor maneira de abordar o problema. Porém depois de instalado, o mais
importante é não deixá-lo de lado, pois toda incontinência deve merecer
adequada investigação da equipe de saúde que procurará encontrar todas as
condutas a serem adotadas.

Saiba que existem diversas maneiras de proporcionar à pessoa idosa e seus


familiares medidas de conforto e dignidade no enfrentamento desse obstáculo à
qualidade de vida. Nunca esconda o problema, pois ele pode se agravar.

Importante lembrar

1. Incontinência urinária e fecal é a perda do controle da bexiga e do intestino.


2. O que mais atrapalha no tratamento da incontinência é a vergonha das pessoas
idosas em contar esse problema para a equipe de saúde, por achar que nada pode
ser feito.
3. Saiba que não se trata de um acontecimento normal da velhice e em muitos
casos têm cura.

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CAPÍTULO 10 - Quedas, fraturas, hospitalização e risco de
mortalidade

De cada quatro pacientes com fratura no fêmur, um não sobrevive além de um


ano.

Uma queda sempre envolve múltiplos fatores de


risco.

Dentre os fatores de riscos extrínsecos, que


envolvem obstáculos ambientais e situações
sociais de risco, apresentaram relevância os
seguintes itens:

- utilização de tapetes (65,10%);

- piso domicílio escorregadio (54,71%);

- não utilização de luz sentinela (65,09%);

- ausência de cadeira de apoio para se vestir e


calçar (74,52%);

- ausência de telefone ao lado da cama (63,03%);

- ausência de barras de apoio no banheiro (96,22%).

Observem que todos os fatores de risco apresentados podem ser trabalhados


pelas famílias, alguns problemas, inclusive, de fácil resolução.

Quanto aos fatores intrínsecos, como mudanças fisiológicas relacionadas ao


envelhecimento, presença de doenças e/ou fatores psicológicos e reações
adversas ao uso de medicamentos, destacaram-se: a utilização diária de vários
medicamentos (63,19%) e limitações sensoriais como visão e audição (58,46%).

Sempre ouvimos que as fraturas nos idosos, principalmente as do fêmur são


motivo de grande preocupação tanto para o idoso como para a família. As
principais lesões são as fraturas proximais do fêmur, da bacia, do punho, do

68
úmero, do tornozelo e da coluna vertebral, decorrentes de traumatismo de baixa
energia.

As fraturas do fêmur constituem o problema maior, pois, em cada quatro


pacientes, um não sobrevive além de um ano; e somente metade dos pacientes
consegue recuperar seu nível de atividade antes da fratura, visto que pela idade
avançada estes pacientes apresentam outras doenças associadas.

Com um envelhecimento acelerado da população aumenta a incidência de


mortalidade de idosos devido a fraturas decorrentes de quedas.

Fraturas decorrentes de queda entre idosos são um grave problema de Saúde


Pública e têm sido associadas com maior risco de morte.

Doença cardíaca, pneumonia, sangramento digestivo, septicemia, embolia


pulmonar, diabetes e AVE foram causas importantes de morte no ano que se
seguiu à fratura.

CAPÍTULO 11 - Fraturas de quadril em idosos

O processo de envelhecimento causa diminuição da densidade óssea, e isso é


muito mais pronunciado em mulheres. Por isso é muito importante para a
população com idade acima de 60 anos o exercício e a atividades física, pois
mesmo pequenas modificações na parte muscular podem trazer grandes avanços
- uma simples caminhada já ajuda muito, e pode animar a ponto de outras
atividades físicas serem almejadas por esta população (já falamos sobre esses
benefícios em outro post, sobre atividade física na melhor idade).
O principal objetivo de nos exercitarmos e nos cuidarmos quando vamos
envelhecendo é diminuir a chance de complicações, e entre elas estão as fraturas.
Ossos com densidade diminuída fraturam com mais facilidade, e quanto mais
fraco vão ficando maior é a chance de se ter uma fratura mais grave.

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RX mostrando uma fratura de fêmur esquerdo (setas brancas e pretas)

A região do quadril e a região da coluna são as mais frequentes que determinam


fraturas em consequencia da osteoporose, mas a região do quadril é a mais
complicada pelo fato desta fratura necessitar de uma cirurgia para sua correção.
O osso chega a ficar tão fraco que as vezes costumamos dizer que a pessoa
quebra e cai (ao contrário do que muita gente acha, quando pensa que o osso
somente quebra porque a pessoa caiu no chão).
A necessidade da cirurgia é uma evidência importante, pois quando o idoso
quebra o quadril (geralmente na região do fêmur) tem um risco muito grande de
ficar acamado, e isso pode gerar consequencias graves (como a maior chance de
ter uma trombose, pelo fato de não mexer muito a perna).
Existem hoje materiais ortopédicos muito bons, onde se conseguem uma boa
fixação para fazer com que o paciente consiga
andar em 3 a 5 dias, com o auxílio de um
andador. Só para vocês terem uma idéia, se a
cirurgia não fosse realizada, talvez o paciente
necessitasse de 3 meses ou mais de
imobilização, e isso com certeza seria fatal em
virtude dos riscos clínicos.

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Haste bloqueada fixando uma fratura de fëmur proximal - após este
procedimento o paciente já pode andar em menos de 1 semana.

Fraturas de quadril em pacientes idosos devem ser operadas assim que


diagnosticas, e os planos de saúde tem que entender isso. Muitas vezes ficamos
esperando dias para que materiais bons de fixação sejam liberados (pelo fato
destes serem mais caros), mas estamos pensando na saúde do paciente. Muitos
planos pensam nisso somente preocupados com o dinheiro, e devemos lutar
contra isso sempre. Nossa preocupação maior deve ser sempre o paciente,
quando lidamos com saúde.

71
CAPÍTULO 12 - Prevenção de incidentes no domicílio

Acidentes na terceira idade são eventos freqüentes e geralmente acabam tendo


como conseqüências, danos físicos irrecuperáveis e até a morte.
Cerca de 75% dos acidentes com idosos ocorre dentro de casa.
Os acidentes aumentam com a idade, originada por quedas ao solo.

Cuidados importantes

1. A cama não deve ser muito alta. Deve ter uma altura entre 50 e 55 centímetros.

2. Os interruptores precisam ficar ao alcance da pessoa na cama para que ela não
tenha que se movimentar no escuro antes de acender a luz.

3. O piso precisa ser antiderrapante e os tapetes fixos no chão.

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4. Barras de apoio no banheiro tanto no vaso como dentro do box são
fundamentais para evitar queda.

5. Os degraus devem ser substituídos por rampas de inclinação leve. Toda


escada tem que ter corrimão e proteção antiderrapante.

7. Os móveis devem ser adaptados para serem de fácil alcance e devem ter os
seus cantos arredondados.

8. Adapte as cadeiras. Todas devem ter braços laterais de apoio e encosto.

9. As prateleiras não devem se nem muito altas ou baixas para evitar que a
pessoa tenha que se esticar ou abaixar para pegar algo.

10. Adapte as maçanetas, se necessário. Todas devem ser de fácil manuseio, e as


portas não devem ficar trancadas.

11. Ilumine bem todos os ambientes da casa.

12. O ideal é que sempre haja alguém em casa, pois caso aconteça algo, ela
poderá prestar ajuda.

OS ACIDENTES COM IDOSOS TÊM VÁRIAS CAUSAS.


AS MAIS FREQÜENTES SÃO AS SEGUINTES:

Uso incorreto de facas de cozinha, causando ferimentos;


Uso incorreto de produtos inflamáveis, causando queimaduras;
Quedas de bancos ou cadeiras;
Andar sobre pavimentos molhados, úmidos ou com cera;
Andar sobre tapetes, sem superfície antiderrapante;
Andar somente de meias;
Usar chinelos ou sapatos muito soltos;
Mobília instável;

73
Gavetas abertas;
Objetos deixados no caminho;
Má iluminação;
Escadas com degraus de tamanhos diferentes;
Fios elétricos ou de telefone deixados no chão;
Soleiras das portas não niveladas com o chão;
Banheiro sem barras de apoio ou tapete antiderrapante.

RECOMENDAÇÕES

Use sapatos de saltos largos;


Evite usar chinelos;
Coloque os móveis de modo a que possa movimentar-se
Não ande sobre locais escorregadios, molhados ou encerados;
Coloque em casa apenas tapetes com forro antiderrapante;
Evite comprar móveis que tenham rodas;
As cadeiras devem ficar a uma altura adequada;
Coloque barras de apoio na banheira ou chuveiro;
Use tapetes de borracha, antiderrapantes, no chuveiro e na banheira;
A casa deve estar bem iluminada;
As escadas devem ter um corrimão seguro;
Use óculos sempre que não conseguir ver um local de maneira nítida;
Não deixe gavetas abertas;
Não deixe no chão fios elétricos ou de telefone;
Preste atenção aos movimentos inesperados de animais, crianças;
Coloque interruptores de luz próximos da cama.

74
CAPÍTULO 13 - Posicionamentos Terapêuticos e suas
finalidades

O principal objetivo doas posicionamentos terapêuticos são a prevenção das


ÚLCERAS POR PRESSÃO ou escaras. Além disso, temos as seguintes
finalidades:
Proporcionar conforto ao paciente;
Garantir uma circulação venosa livre;
Manter o alinhamento normal do corpo;
Distribuir equivalentemente o peso corporal;
Reduzir a intensidade da espasticidade;
Prevenir deformidades ligadas ao crescimento;
Reduzir problemas associados com a imobilidade;
Auxiliar e facilitar a realização de exames e cirurgias.

- Posição prona ou Decúbito Ventral

- Posição supina ou decúbito dorsal

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Exemplo de posicionamento correto com o paciente em decúbito dorsal

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- Posição ortostática (ereto) ou de pé

- Posição fowler

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- Posição semi-fowler

Decúbito lateral

Exemplo de posicionamento correto com o paciente em decúbito lateral

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- Posição sentada

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CAPÍTULO 14 - Atividade física na terceira idade

Benefícios:

Manutenção da capacidade funcional.


Bem-estar, conseguir fazer mais coisas ao mesmo tempo.
Autonomia física durante o processo de envelhecimento.
Diminuição do peso em alguns casos.
Treinamento de força muscular no adulto e na terceira idade visando mais
resistência.
Aumento da flexibilidade com alongamentos.
Diminuição do uso de medicamentos
Melhora da velocidade de andar;
Melhora do equilíbrio;
Aumento do nível de atividade física
espontânea;
Melhora da auto-eficácia;
Aumento da densidade óssea;
Controle do diabetes, artrites e doenças
cardíacas;
Melhora da ingestão alimentar e
Diminuição da depressão.
Alegria e descontração, integração social.

Além dos benefícios acima, o exercício contribui na prevenção das quedas


através de diferentes mecanismos:

Fortalece os músculos das pernas e costas;


Melhora os reflexos;
Melhora a sinergia motora das reações posturais;
Melhora a velocidade de andar;
Incrementa a flexibilidade;
Mantém o peso corporal;
Melhora a mobilidade.

A hidroterapia e hidroginástica melhoram o retorno venoso, sistema respiratório


e não tem impacto para as articulações, sendo assim uma das atividades mais
indicadas e completas para os idosos.

81
O MÉDICO SEMPRE DEVE SER CONSULTADO ANTES DO INÍCIO DE
QUALQUER ATIVIDADE FÍSICA.

82
CAPÍTULO 15 - Exercícios para treinar equilíbrio, força e
flexibilidade

*Exercícios para treinar o equilíbrio

Nesta seção apresentamos alguns exercícios para treinamento de equilíbrio e


esses exercícios podem ser ministrados obedecendo aos princípios de
treinamento. A idéia é que em cada sessão de treinamento todos os exercícios
abaixo devem ser executados. É importante ressaltar que nem todos idosos são
capazes de realizar tais movimentos, mas adaptações são possíveis a cada
exercício.

Flexão Plantar

Este exercício tem por objetivo fortalecer os músculos do tornozelo e da região


posterior da perna (panturrilha).

Mantenha o corpo ereto, segurando em um apoio para manter o equilíbrio;


Lentamente fique nas pontas dos pés, o mais alto que conseguir (expirando);
Mantenha a posição um pouco;
Lentamente desça os calcanhares até o chão (inspirando).

Flexão de Joelho

Este exercício serve para fortalecer a musculatura da região posterior da coxa e


da panturrilha.
Mantenha o corpo ereto, segurando em um apoio para manter o equilíbrio;
Lentamente flexione o joelho até o limite (expirando);
Mantenha a posição um pouco;
Lentamente abaixe a perna, voltando à posição inicial (inspirando);
Ao terminar a as séries com uma perna, repita com a outra.

Flexão de Quadril

Este exercício tem como objetivo fortalecer os músculos da coxa e do quadril.


Mantenha o corpo ereto, segurando em um apoio para manter o equilíbrio;
Lentamente erga seu joelho na direção do peito, sem deixar o tronco descer em
direção à coxa (expirando);

83
Mantenha a posição um pouco;
Lentamente abaixe a perna até o chão (inspirando);
Ao terminar as séries com uma perna, repita com a outra.

Extensão de Quadril

Este exercício serve para fortalecer a musculatura da região posterior da coxa e


da região glútea.
Se posicione entre 30 e 45 cm afastado de um apoio para os membros superiores;
Incline o corpo à frente e segure no apoio;
Lentamente erga a perna (extendida) para trás (expirando);
Mantenha a posição um pouco;
Lentamente abaixe a perna, voltando à posição inicial (inspirando);
Ao terminar a as séries com uma perna, repita com a outra.

Elevação Lateral do Membro Inferior

Este exercício serve para fortalecer a musculatura da região lateral da coxa e do


quadril.
Mantenha o corpo ereto, segurando em um apoio para manter o equilíbrio;
Lentamente eleve uma perna para o lado, de 15 a 30 cm (expirando);
Mantenha a posição um pouco;
Lentamente volte à posição inicial (inspirando);
Ao terminar a as séries com uma perna, repita com a outra;
O tronco e os dois joelhos devem estar extendidos durante toda a execução do
exercício.

Levantar e sentar sem a utilização das mãos

Este exercício tem por objetivo fortalecer os músculos do abdômen, das costas,
do quadril e da coxa.
Coloque um travesseiro no encosto de uma cadeira;
Sente na metade anterior do assento da cadeira, com os joelhos flexionados e
com os pés totalmente apoiados no chão;
Recline sobre o travesseiro, permanecendo com o tronco inclinado e com as
costas retas;
Leve o tronco à frente até ficar sentado com as costas retas, usando
minimamente as mãos (inspirando);
Levante lentamente, usando minimamente as mãos (expirando);
Sente lentamente, usando minimamente as mãos (inspirando);

84
Recline novamente o corpo, apoiando as costas no travesseiro, retornando assim
à posição inicial (expirando);
Mantenha as costas e os ombros retos durante toda a execução do exercício.

Outros exercícios

Há ainda alguns exercícios que treinam o equilíbrio e podem ser praticados a


qualquer hora, em qualquer lugar e quanto for desejado. Mas é importante que
haja algum apoio por perto para gerar segurança em uma eventual instabilidade
durante sua execução:
Permanecer ereto em apenas um pé (alternando-os), o que pode ser feito durante
atividades do cotidiano.
Andar com passos bem curtos, de maneira que o pé que executou o passo
encosta o calcanhar nos artelhos (dedos do pé) do pé de apoio.

* Exercícios para treinar a força

Os exercícios aqui sugeridos correspondem a exercícios de treinamento de força


para os membros superiores. Como os exercícios para treinar o equilíbrio são
também exercícios para treinamento de força para os membros inferiores, um
treinamento completo será alcançado somando os exercícios deste item com os
de equilíbrio. Assim, ao realizar seu treinamento de força, simultaneamente a
capacidade de manter o equilíbrio também será treinada, tornando assim o
treinamento mais simples. É importante lembrar que os mesmos cuidados
necessários para o treinamento de força para os membros inferiores também
devem ser tomados para o treinamento de força para os membros superiores.
Estes cuidados estão descritos em fundamentos de treinamento (equilíbrio).
Estes exercícios também podem ser executados em pé, sendo a cadeira apenas
um facilitador.

Elevação Lateral dos Membros Superiores

Este exercício serve para fortalecer a musculatura do ombro.


Sente em uma cadeira;
Mantenha os pés em total contato com o chão e afastados na largura dos ombros;
Os braços devem estar extendidos ao lado do corpo;
Eleve os braços lateralmente até a altura dos ombros;
Mantenha a posição um pouco;
Lentamente retorne à posição inicial.

85
Extensão de Cotovelo

Este exercício tem por objetivo fortalecer o músculo posterior do braço (tríceps).
Sente em uma cadeira;
Mantenha os pés totalmente apoiados no cão, separados na largura do ombro;
Levante um braço com o cotovelo flexionado, até este ficar apontando para o
teto (e a mão deve estar próxima ao ombro);
Apoie a mão do braço oposto logo abaixo do cotovelo para dar suporte para o
exercício;
Extenda o cotovelo lentamente;
Mantenha a posição um pouco;
Flexione o cotovelo lentamente, voltando à posição inicial;
Repita o exercício com o outro braço após terminar as séries;

Flexão de Cotovelo

Este exercício tem por objetivo fortalecer a musculatura anterior do braço


(bíceps) e os músculos do antebraço.
Sente em uma cadeira sem braços, apoiando as costas em seu encosto;
Mantenha os pés em total contato com o chão e afastados na largura dos ombros;
Deixe o braço extendido para baixo, ao lado do corpo, com a palma da mão para
a frente;
Lentamente flexione o cotovelo, trazendo a mão para perto do peito;
Mantenha a posição um pouco;
Lentamente extenda o cotovelo, voltando à posição inicial;
Repita o exercício com o outro braço após finalizar as séries.

Flexão de Ombro

Este exercício serve para fortalecer a musculatura dos ombros.


Sente em uma cadeira;
Mantenha os pés totalmente apoiados no cão, separados na largura do ombro;
Posicione os braços entendidos ao lado do corpo, com as palmas das mãos
voltadas para dentro;
Eleve ambos os braços à sua frente até a altura dos ombros, girando as palmas
das mãos para cima;
Mantenha a posição um pouco;
Lentamente desça os braços até a posição inicial, girando as palmas das mãos
para dentro novamente;

Empurrar a Cadeira

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Este exercício serve para fortalecer os músculos da parte de trás dos braços
(tríceps), das costas, do antebraço e do peito.
Sente em uma cadeira com braços;
Incline o corpo ligeiramente à frente, mantendo as costas retas;
Segure nos braços da cadeira;
Posicione os pés abaixo da cadeira, com o peso sobre os artelhos;
Lentamente levante o corpo utilizando apenas os braços (expirando);
Lentamente desça os braços até a posição inicial (inspirando).

* Exercícios para Treinar a Resistência Aeróbia

Seguem alguns exemplos de atividades e exercícios de treinamento da


resistência aeróbia:

Dificuldade moderada:

Nadar
Pedalar
Andar rapidamente em superfície plana
Fazer faxina
Jogar golfe a pé
Jogar tênis em duplas
Jogar voleibol
Remar
Dançar.

Dificuldade vigorosa:

Subir escadas
Andar rapidamente em superfícies íngremes (subidas)
Subir superfícies íngremes de bicicleta
Jogar tênis
Nadar rapidamente
Marcha atlética
Correr lentamente.

* Exercícios de alongamento para flexibilidade

87
88
CAPÍTULO 16 - Transferências: mobilização e transporte de
pessoas idosas mais dependentes

Antes do início, esses procedimentos devem ser cuidadosamente planejados.


Esse planejamento envolve:

• Avaliação e preparo da pessoa idosa – Capacidade de


compreensão e colaboração; presença de artefatos (ex.:
sondas), explicação prévia do procedimento; medidas
de segurança (colocação de sapatos com solado
antiderrapante, em vez de chinelos ou apenas meias).
• Preparo do ambiente e dos equipamentos –
Verificação da adequação do tamanho do espaço físico
para não restringir os movimentos; verificação da
disposição do mobiliário e remoção de obstáculos; verificação das condições de
segurança do piso (encerado, molhado, irregular). A colocação e/ou uso de
equipamentos auxiliares (barras de apoio em banheiros, cadeira de rodas própria
para banho e higiene – cadeira de banho) e a adaptação de certas condições
ambientais (elevação da altura do vaso sanitário, substituição de degraus por
rampas) podem ser necessárias.

• Preparo do cuidador – Conhecer e aplicar a mecânica


corporal na execução de suas atividades; usar sempre
movimentos sincrônicos; trabalhar com segurança e calma;
utilizar roupa que permita liberdade de movimentos e sapatos
apropriados (sem salto, com solado antiderrapante); saber que,
em muitas ocasiões, não será possível executar os
procedimentos, com segurança, sozinho e, nessas situações,
solicitar auxílio.

* Auxílio na movimentação na cama de idosos mais dependentes

a) Em duas pessoas – Ambas ficam do mesmo lado, de frente para a pessoa


idosa, com uma das pernas à frente e os joelhos e quadril fletidos, deixando os
braços ao nível da cama: a primeira pessoa coloca um dos braços sob a cabeça
do idoso e o outro sob a região lombar; a segunda põe um braço também sob a

89
região lombar e o outro na região posterior da coxa. As duas pessoas devem
sincronizar seu movimento de modo a trazer o idoso para o lado da cama em que
estão de forma coordenada

b) Em uma única pessoa – A pessoa deve realizar a atividade em etapas,


utilizando o peso corporal como contrapeso e lençol dobrado no sentido vertical
e posicionado no meio da cama, abaixo do idoso (lençol móvel): colocar os
braços do idoso sobre o corpo dele, prevenindo traumas na movimentação;
trazer os membros inferiores para o lado em que está posicionada e segurar o
lençol móvel firmemente; aproximá-lo de seu corpo; reorganizar o idoso na
nova posição.

c) Colocação em decúbito lateral 1 – Colocar-se do lado para o qual o idoso vai


virar; cruzar o braço e a perna dele no sentido em que será virado (atenção para
o posicionamento do outro braço); posicionar a cabeça da pessoa na direção em
que vai virar; rolar o idoso para o lado desejado de forma gentil, utilizando
ombro e joelho como alavancas.

90
d) Colocação em decúbito lateral 2 – Esse procedimento também pode ser feito
com o auxílio do lençol móvel. Ficar do lado oposto ao que o idoso vai virar;
puxar o lençol móvel de modo a trazer a pessoa em sua direção (para a beira da
cama), mantendo as costas eretas e utilizando o peso do próprio corpo; elevar o
lençol cuidadosamente, fazendo com que o idoso vire para o lado oposto. É
recomendável que no lado oposto exista uma grade ou que a cama seja
aproximada da parede, para evitar que o idoso caia no chão.

91
e) Subir o idoso na cama – Preferencialmente, executar essa manobra em duas
pessoas, uma de cada lado da cama. Tirar o travesseiro da cabeça do idoso e
colocá-lo na cabeceira da cama (para proteger de traumas); utilizar o lençol
móvel para realizar o movimento; segurar firmemente o lençol com as duas
mãos e, em movimento ritmado, movimentar o idoso no sentido da cabeceira.

f) Sentar na cama 1 – Se o idoso puder ajudar parcialmente, posicionar-se de


frente para ele colocando um de seus joelhos no nível do quadril do idoso e
sentando-se sobre o próprio tornozelo; segurar no cotovelo do idoso, que
também se apóia no cotovelo do cuidador; de modo sincronizado, idoso e
cuidador fazem força para aproximar-se, permitindo que o
idoso sente; colocar em suas costas travesseiros de apoio.

92
g) Sentar na cama 2 – Quando o idoso for incapaz de colaborar, o ideal é
executar essa manobra em duas pessoas, uma de cada lado da cama, olhando em
direção à cabeceira. Elas devem colocar um de seus joelhos no nível do quadril
do idoso e sentar-se sobre o próprio tornozelo; utilizar o lençol móvel ou uma
toalha resistente sob as costas do idoso e puxá-lo de forma sincronizada,
elevando-o.

h) Sentar na cama 3 – Quando o idoso, apesar de limitado, é capaz de executar a


manobra sozinho, podem-se utilizar materiais simples, fixados nos pés da cama,
para auxiliá-lo, como uma corda mais grossa com nós ou uma escada de cordas.
Esse tipo de material auxilia o idoso a erguer-se gradativamente, minimizando o
esforço exigido pela manobra e proporcionando-lhe maior independência.

93
* Auxílio no transporte de idosos mais dependentes

Para o transporte de idosos, devem ser utilizados dispositivos auxiliares, como


cinto de transporte, pranchas de transferência, discos giratórios e auxílios
mecânicos (bengalas e andadores).

a) Levantar de cadeira ou poltrona – Deve-se utilizar um cinto de transferência e,


conforme o caso, solicitar auxílio de outra pessoa. Posicionar o idoso para a
frente da cadeira ou poltrona puxando-o alternadamente pelo quadril;
permanecer ao lado da cadeira/poltrona olhando na mesma direção que ele; o
idoso deve apoiar uma das mãos no braço da poltrona ou assento da
cadeira e a outra na mão do cuidador; com o outro braço, o cuidador circunda a
cintura do idoso, segurando-o pelo cinto, e o levanta de forma coordenada com
movimentos de balanço.

b) Locomoção – Deve-se utilizar um cinto de transferência. Se o idoso puder e


conseguir andar, o cuidador posiciona-se bem próximo a ele, do lado em que ele
apresenta alguma limitação/deficiência, colocando um braço em volta de sua
cintura e o outro apoiando
sua mão.

94
c) Transferência da cama para a cadeira de rodas/poltrona
Posicionar a cadeira de rodas ao lado da cama com a frente voltada para o
cuidador; travar as rodas e erguer os apoios de pés e pernas; sentar o idoso na
cama; virá-lo para o lado em que vai sair da cama; colocar os membros
inferiores para fora da cama próximos à beira do leito; elevar a cabeça ou o
tronco do idoso e girá-lo até que se sente.

Com o idoso sentado na cama, calçá-lo com sapatos ou chinelos antiderrapantes;


segurá-lo pelo cinto de transferência, auxiliando-o a levantar-se, virar-se e
sentar-se na cadeira de rodas

95
d) Transferência da cama para a cadeira de rodas/poltrona 2
Se o idoso tiver condições de executar essa manobra sozinho, ele pode ser
orientado a utilizar uma prancha/tábua de transferência. O cuidador coloca a
cadeira ao lado da cama (cadeira e cama devem ter a mesma altura), trava a
cadeira e a cama (se necessário), remove o braço da cadeira e eleva o apoio dos
pés e posiciona a prancha/tábua apoiada seguramente entre a cama e a cadeira. O
idoso, então, desliza pela prancha/tábua até a cama.

96
A utilização dessas manobras, além de preservar a saúde do cuidador, auxilia na
construção de um vínculo positivo com o idoso ao fornecer--lhe segurança.

97
CAPÍTULO 17 - Atividades da vida diária

Capacidade de desempenho da pessoa idosa em suas atividades do dia a dia

Muitos idosos são portadores de doenças como hipertensão, diabetes, artrose,


entre outras, e, por fazerem acompanhamento médico regularmente, tomarem
suas medicações de forma apropriada e seguirem todas as orientações do
tratamento, encontram-se muito bem e fazem tudo o que necessitam sem
precisar de qualquer ajuda.

Outros têm os mesmos problemas, mas não conseguiram fazer o mesmo tipo de
acompanhamento e, por essa razão, apresentaram complicações das doenças,
como derrame, amputações etc. Essas pessoas podem encontrar-se bem mais
limitadas em suas atividades e, para desempenhá-las, necessitam da presença de
um cuidador. Apesar de apresentarem limitações que comprometem sua
independência, elas mantêm suas capacidades mentais e são capazes de decidir
como desejam que as coisas sejam feitas, isto é, preservam sua autonomia.

Autonomia é o exercício do autogoverno, incluindo liberdade individual,


privacidade, livre escolha e harmonia com
os próprios sentimentos e necessidades.
Preservá-la é sinônimo de respeito à
dignidade humana. Qualquer cuidador
tem por obrigação procurar preservar ou
resgatar a autonomia da pessoa idosa de
quem cuida. Por exemplo, o idoso que usa
cadeira de rodas poderá exercer sua
autonomia escolhendo as coisas que quer
fazer e a maneira como gostaria que
acontecessem, apesar de não ser
totalmente independente.

Independência é a capacidade de realizar


algo com os próprios meios; significa
poder sobreviver e desempenhar, sem
ajuda, as chamadas atividades de vida
diária (AVDs).

98
Dependência é a incapacidade de sobreviver satisfatoriamente sem ajuda (por
limitações físicas, funcionais e/ou mentais) de algo (bengala, andador) ou
alguém (cuidador).

Didaticamente, as atividades de vida diária são subdivididas em:

1. Atividades básicas de vida diária (ABVDs) – Envolvem as atividades de


autocuidado, como alimentar-se, banhar-se, vestir-se, arrumar-se, movimentar-
se, manter o controle de suas eliminações, caminhar. Seu comprometimento
exige, necessariamente, o auxílio de outra pessoa para que sejam
desempenhadas.
2. Atividades instrumentais de vida diária (AIVDs) – Indicam a capacidade
do indivíduo de levar uma vida independente dentro da comunidade. Abrangem
atividades como fazer compras, administrar os próprios medicamentos e
finanças, utilizar transporte, realizar tarefas domésticas leves e pesadas, preparar
refeições e telefonar. Quando comprometidas, a família precisa se reorganizar
para auxiliar a pessoa idosa, mas nem sempre é necessária a presença de um
cuidador.
3. Atividades avançadas de vida diária (AAVDs) – Envolvem a participação
em atividades sociais, produtivas e de lazer, como viajar, visitar familiares e
amigos, praticar esportes etc. Seu comprometimento pode requerer o auxílio de
outra pessoa para desempenhá-las, mas geralmente sua ausência não
compromete a sobrevida do indivíduo, e sim sua qualidade de vida.

99
CAPÍTULO 18 - A família do idoso no processo de
envelhecimento

Como conviver com a família do idoso?

Desde muito pequenos desenvolvemos contato com as pessoas, primeiro com


nossos pais e irmãos, depois com outros parentes próximos; então, começamos a
fazer amigos e a conviver com outras pessoas (vizinhos, colegas de escola, de
trabalho, membros da comunidade etc.). Essas pessoas mantêm contato conosco
e, às vezes, entre si e, mesmo que isso não ocorra, também conhecem muitas
outras.

Quando a pessoa idosa está mais fragilizada, é comum que sua rede de relações

fique restrita à família, porque é sobre ela que recai a maior carga de
responsabilidade por seus cuidados.

Atualmente, o núcleo familiar é cada vez menor e as mulheres trabalham fora;


com isso, o idoso mais dependente, muitas vezes, permanece longos períodos
sozinho, mesmo morando com outras pessoas. Quando ele fica doente e precisa
de ajuda, nem sempre há um familiar disponível para ajudar e, para que seja
cuidado adequadamente, a família necessita da ajuda de um cuidador de fora.

Esse cuidador começa, então, a ter um contato muito próximo com o idoso e
com sua família, reagindo de diferentes maneiras ao tipo de relações com que
passa a conviver.

100
No interior da família, cada um se mostra como realmente é e isso pode
gerar situações agradáveis e descontraídas ou momentos tensos e
constrangedores. Não há como evitar um envolvimento com essas relações,
porém é necessário que o cuidador entenda que essa é a família do idoso e não a
sua; ele participou e contribuiu de alguma forma para a construção dessas
relações.

A pessoa idosa, no interior de sua família, pode ser valorizada, respeitada,


amada e auxiliada de forma adequada em suas necessidades ou, então, rejeitada,
tratada com indiferença ou hostilidade e tida como um “peso”. Essas atitudes
são em geral respostas à forma como as relações foram construídas ao longo da
história da família.

Não cabe ao cuidador “julgar” as atitudes do idoso ou de seus familiares, pois


eles podem ter valores muito diferentes dos seus. Ele deve se esforçar para olhar
para a situação da maneira mais neutra possível, tentando entender o que está
acontecendo e por quê. Em suma, o ambiente domiciliar pode ser tanto
harmonioso e tranqüilo como conflituoso e desarmonioso. Em certas situações, o
cuidador pode até fazer algumas sugestões ou solicitar colaboração,
buscando melhorar a qualidade de vida da pessoa idosa, mas em nenhum
momento deve criar expectativas em relação ao que acredita ser adequado para a
vida do idoso, esquecendo-se das reais possibilidades afetivas dele e das pessoas
com quem convive.

101
CAPÍTULO 19 - O Estatuto do Idoso

Um breve resumo

Após sete anos tramitando no Congresso, o Estatuto


do Idoso, projeto apresentado pelo Senador Paulo
Paim (PT-RS) foi aprovado em setembro de 2003 e
sancionado pelo presidente da República no mês
seguinte, sendo composto por 118 artigos dispostos
em sete títulos, amplia os direitos dos cidadãos com
idade acima de 60 anos.

Mais abrangente que a Política Nacional do Idoso,


lei de 1994 que dava garantias à terceira idade, o
estatuto institui penas severas para quem desrespeitar ou abandonar cidadãos da
terceira idade, além de garantir condições de vida digna e assegurar a cidadania
plena para este grupo que continua discriminado em vários setores de nossa
sociedade.

DISPOSIÇÕES PRELIMINARES

Art. 1º É instituído o Estatuto do Idoso, destinado a regular os direitos


assegurados às pessoas com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos.
Art. 3. º É obrigação da família, da comunidade, da sociedade e do Poder
Público assegurar ao idoso, com absoluta prioridade, a efetivação do direito à
vida, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, ao esporte, ao lazer, ao
trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência
familiar e comunitária.
Parágrafo único
A garantia de prioridade compreende:
• A preferência na formulação de políticas sociais,
• O privilégio para os idosos na destinação de recursos públicos,
• A viabilização de formas eficazes de convívio, ocupação e participação dos
mais jovens com os idosos;
• A prioridade no atendimento público e privado;
• A manutenção do idoso com a sua própria família;
• O estabelecimento de mecanismos que esclareçam á população o que é
envelhecimento.

102
Art. 6º Todo cidadão tem o dever de comunicar à autoridade competente
qualquer forma de violação a esta Lei que tenha testemunhado ou de que tenha
conhecimento.

DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS

DO DIREITO À VIDA

Art. 9. º É obrigação do Estado, garantir à pessoa idosa a proteção à vida e à


saúde, mediante efetivação de políticas sociais públicas que permitam um
envelhecimento saudável e em condições de dignidade.

DO DIREITO À LIBERDADE, AO RESPEITO E À DIGNIDADE.

Art. 10. É obrigação do Estado e da sociedade, assegurar à pessoa idosa a


liberdade, o respeito e a dignidade, como pessoa humana e sujeito de direitos
civis, políticos, individuais e sociais, garantidos na Constituição e nas leis.
§ 3º É dever de todos zelar pela dignidade do idoso, colocando-o a salvo de
qualquer tratamento desumano, violento, aterrorizante, vexatório ou
constrangedor.

ALIMENTOS

Art. 14. Se o idoso ou seus familiares não possuírem condições econômicas de


prover o seu sustento, impõe-se ao Poder Público esse provimento, no âmbito da

assistência social.

DO DIREITO À SAÚDE

103
Art. 15 - O idoso tem atendimento preferencial no Sistema Único de Saúde
(SUS).
§ 2° Incumbe ao Poder Público fornecer aos idosos, gratuitamente,
medicamentos, especialmente os de uso continuado, assim como próteses,
órteses
e outros recursos relativos ao tratamento, habilitação ou reabilitação.
§ 3º Os planos de saúde não podem reajustar as mensalidades de acordo com o
critério da idade.
A distribuição de remédios aos idosos, principalmente os de uso continuado
(hipertensão, diabetes etc.), deve ser gratuita, assim como a de próteses e órteses.
Art. 16. O idoso internado ou em observação em qualquer unidade de saúde tem
direito a acompanhante, pelo tempo determinado pelo profissional de saúde que
o atende.

DA EDUCAÇÃO, CULTURA, ESPORTE E LAZER.

Art. 23 - Todo idoso tem direito a 50% de desconto em atividades de cultura,


esporte e lazer.

DA PROFISSIONALIZAÇÃO E DO TRABALHO

Art. 27 - É proibida a discriminação por idade e a fixação de limite máximo de


idade na contratação de empregados, sendo passível de punição quem o fizer.
Parágrafo único. O primeiro critério de desempate em concurso público será a
idade, dando-se preferência ao de idade mais elevada.
Art. 28. O Poder Público criará e estimulará programas de:
Profissionalização para idosos e estimular projetos sócias voltados para maiores
de 60 anos.

DA HABITAÇÃO

Art. 38. Nos programas habitacionais, públicos ou subsidiados com recursos


públicos, o idoso goza de prioridade na aquisição de imóvel para moradia
própria sendo uma das observações:
A reserva de 3% (três por cento) das unidades residenciais para atendimento aos
idosos.

DOS TRANSPORTES COLETIVOS

104
Art. 39 - Os maiores de 65 anos têm direito ao transporte coletivo público
gratuito. (Antes do estatuto, apenas algumas cidades garantiam esse benefício
aos idosos, a car-
teira de identidade é o comprovante exigido).
Nos veículos de transporte coletivo é obrigatória a reserva de 10% dos assentos
para os
idosos,com aviso legível.
Art. 40 - Nos transportes coletivos interestaduais, o estatuto garante a reserva de
duas vagas gratuitas em cada veículo para idosos com renda igual ou inferior a
dois salários mínimos. Se o número de idosos excederem o previsto, eles devem
ter 50% de desconto no valor da passagem, considerando-se sua renda.

DAS MEDIDAS DE PROTEÇÃO

Art. 43. As medidas de proteção ao idoso são aplicáveis sempre que os direitos
reconhecidos nesta Lei forem ameaçados ou violados:
I – por ação ou omissão da sociedade ou do Estado;
II – por falta, omissão ou abuso da família, curador ou entidade de atendimento;
III – em razão de sua condição pessoal.

DAS MEDIDAS ESPECÍFICAS DE PROTEÇÃO

Art. 44. As medidas de proteção ao idoso previstas nesta Lei poderão ser
aplicadas, isolada ou cumulativamente, e levarão em conta os fins sociais a que
se destinam e o fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários.
Ministério Público ou o Poder Judiciário, a requerimento daquele, poderá
determinar, dentre outras, as seguintes medidas:
• Requisição para tratamento de sua saúde, em regime ambulatorial, hospitalar
ou domiciliar;
• Abrigo em entidade;
• Abrigo temporário.

DA POLÍTICA DE ATENDIMENTO AO IDOSO

Art. 47. São linhas de ação da política de atendimento.


• Serviços especiais de prevenção e atendimento às vítimas de negligência,
maus-tratos, exploração, abuso, crueldade e opressão;
• Serviço de identificação e localização de parentes ou responsáveis por idosos
abandonados em hospitais e instituições de longa permanência.

DAS ENTIDADES DE ATENDIMENTO AO IDOSO

105
Art. 50 - Algumas das obrigações das entidades de atendimento são:
• Fornecer vestuário adequado se for pública, e alimentação suficiente;
• Oferecer instalações físicas em condições adequadas de habitabilidade.
Art. 49. Uns dos princípios que as entidades que desenvolvam programas de
institucionalização de longa permanência deverão adotar é a preservação dos
vínculos familiares.

FISCALIZAÇÃO DAS ENTIDADES DE ATENDIMENTO

Art.52 A fiscalização dessas instituições fica a cargo do Conselho Municipal do


Idoso de cada cidade, da Vigilância Sanitária e do Ministério Público.

DAS INFRAÇÕES ADMINISTRATIVAS

Art. 57. Deixar o profissional de saúde ou o responsável por estabelecimento de


saúde ou instituição de longa permanência de comunicar à autoridade
competente os casos de crimes contra idoso de que tiver conhecimento:
Pena – multa de R$ 500,00 (quinhentos reais) a R$ 3.000,00 (três mil reais),
aplicada em dobro no caso de reincidência.

APURAÇÃO JUDICIAL DE IRREGULARIDADES EM ENTIDADE DE


ATENDIMENTO

Art. 66 O dirigente de instituição de atendimento ao idoso responde civil e


criminalmente pelos atos praticados contra o idoso.

DO ACESSO À JUSTIÇA

Art. 70. O Poder Público poderá criar varas especializadas e exclusivas dos
idosos.
Art. 71. É assegurada prioridade na tramitação dos processos e procedimentos e
na execução dos atos e diligências judiciais em que figure como parte ou
interveniente pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos, em
qualquer instância.
§ 2° A prioridade não cessará com a morte do beneficiado, estendendo-se em
favor do cônjuge supérstite, companheiro ou companheira, com união estável,
maior de 60 (sessenta) anos.

DO MINISTÉRIO PÚBLICO

106
Art. 74. Entre as competências do Ministério Público estão:
• Zelar pelo efetivo respeito aos direitos e garantias legais
• Assegurados ao idoso, promovendo as medidas judiciais e extrajudiciais
cabíveis.
Art. 81. Para as ações cíveis fundadas em interesses difusos, coletivos,
individuais indisponíveis ou homogêneos, consideram-se legitimados,
O ministério público, a união, os estados, o distrito federal, os municípios e a
OAB (Ordem de advogados do Brasil) se tornam representantes legais dos
idosos em todas as pendências jurídicas.

DOS CRIMES EM ESPÉCIE

Nenhum idoso poderá ser objeto de negligência, discriminação, violência,


crueldade ou opressão.
Art. 96 - Quem discriminar o idoso, impedindo ou dificultando seu acesso a
operações bancárias, aos meios de transporte ou a qualquer outro meio de
exercer sua cidadania pode ser condenado e a pena varia de seis meses a um ano
de reclusão, além de multa.
Art. 98 - Famílias que abandonem o idoso em hospitais e casas de saúde, sem
dar respaldo para suas necessidades básicas, podem ser condenadas a penas de
seis meses a três anos de detenção e multa.
Art. 99- Para os casos de idosos submetidos a condições desumanas, privados da
alimentação e de cuidados indispensáveis, a pena para os responsáveis é de dois
meses a um ano de prisão, além de multa. Se houver a morte do idoso, a punição
será de 4 a 12 anos de reclusão.
Art. 104 Qualquer pessoa que se aproprie ou desvie bens, cartão magnético (de
conta bancária ou de crédito), pensão ou qualquer rendimento do idoso é
passível de condenação, com pena que varia de um a quatro anos de prisão, além
de multa.

Conclusão

Sabemos que o maior legado que podemos deixar para as gerações que estão se
constituindo é a educação voltada para o respeito aos direitos humanos. Só é
possível uma harmonia que escapa da violência, dos maus-tratos na infância e na
velhice, dos salários indignos,das piores condições de sobrevivência, do
sofrimento e do abandono social quando existir o respeito e a valorização do
outro, da natureza e da humanidade. Diz o provérbio chinês: “Aquele que
garante o bem-estar dos outros garante o próprio”.

107
A velhice deve ser considerada como a idade da vivência e da experiência, que
jamais devem ser desperdiçadas. O futuro será formado por uma legião de
indivíduos mais velhos e se não estivermos conscientes das transformações e
preparados para enfrentar esta nova realidade, estaremos fadados a viver em
uma civilização solitária e totalmente deficiente de direitos e garantias na
terceira idade. O Estatuto do Idoso é a concretização de um sonho para milhões
de idosos que vivem
na miséria e no
abandono.

108
CAPÍTULO 20 - Tipos de instituições voltadas para o
acolhimento de idosos

 Abrigamento: Longa e Curta Permanência


 Centros Dia
 Centros de Convivência
 Assistência Domiciliária
 Serviços Hospitalares Especializados

Esta totalidade de intervenções deve ser oferecida nas proximidades do lar, (ou
mesmo no lar) do idoso:

. Rede básica treinada e equipada


. Atividades preventivas e de reabilitação
. Programas de suporte e educação aos idosos e seus cuidadores

-> Unidade Residencial sob Sistema Participativo URSP

Unidade mantida pelo Estado, por entidade civil ou constituída por idosos sob
sistema participativo, em caráter residencial com ou sem suporte familiar, de
caráter gratuito ou não, tendo por objetivo a promoção do bem-estar e da
autonomia de idosos, com capacidade máxima para 12 (doze) residentes.

-> Instituição de longa permanência

A Instituição é destinada a propiciar atenção integral, de caráter gratuito ou não,


sob regime de internato (Asilos, Clínicas de Repouso, Lares etc.). Pode ser
dividida em 3 modalidades.

MODALIDADE I
Destinada aos idosos independentes, mesmo que requeiram uso de equipamentos
de auto-ajuda.

MODALIDADE II
Destinada aos idosos com dependência funcional (dependência em qualquer
atividade de auto-cuidado: alimentação, mobilidade, higiene, entre outras), e que
necessitem de auxílios e cuidados especializados;

109
MODALIDADE III
Destinada aos idosos com dependência que requeiram assistência total nas
atividades de auto-cuidado.

* Exemplos de exigências legais para o funcionamento de


instituições de longa permanência:

Estar legalmente constituída;


Ter um responsável técnico pelo serviço (Médico).
Oferecer instalações físicas em condições adequadas de habitabilidade, higiene,
salubridade e segurança em conformidade com a RDC nº
50/2002/ANVISA/MS ou a que vier substituí-la. Lei 73 de 2000, do MAS
(Modalidades de Atenção ao Idoso).
A construção, reforma ou adaptação na estrutura física das ILPI e Similares
deve ser precedida de aprovação do projeto arquitetônico junto à autoridade
sanitária local.
Possuir alvará de funcionamento expedido pelo órgão sanitário competente;
Comprovar a idoneidade de seus dirigentes;
Observar os direitos e garantias dos idosos, inclusive o respeito a liberdade de
credo;
Preservar a identidade, intimidade e privacidade do idoso, assegurando ambiente
de respeito e dignidade;
Promover integração dos idosos das ILPI e URSP, nas atividades desenvolvidas
pela comunidade .
Favorecer o desenvolvimento de atividades inter-geracionais nas ILPI e URPS.
Designar o Responsável Técnico, como o guardião para todos os efeitos de
direito, respondendo, civil e criminalmente, pelos atos que praticar em
detrimento do idoso, sem prejuízo das sanções administrativas.
Celebrar contrato escrito de prestação de serviço com o idoso, ou seu Curador
em caso de interdição judicial, especificando o tipo de serviço prestado bem
como as obrigações da entidade e do usuário.
Proceder à avaliação multidimensional de cada caso com abertura e atualização
de prontuário, garantindo acompanhamento médico, social e de demais
profissionais necessários de acordo com o nível de complexidade de cada caso
para as ILPI.
Proceder à Avaliação Multidimensional de cada idoso com abertura e
atualização de ficha individual garantindo seu bem estar social e suporte
logístico para as URSP.

110
Comunicar à Secretaria Municipal de Assistência Social ou congênere, a
situação de abandono familiar do idoso ou a ausência de identificação civil deste.
Comunicar à autoridade sanitária local toda ocorrência de moléstia infecto-
contagiosa passível de comunicação compulsória.
Manter arquivado no prontuário ou ficha individual do idoso comprovante dos
bens móveis pertencentes ao idoso, sob a guarda da instituição.

- Recursos Humanos para uma Instituição de Longa Permanência Modalidade


III:
a. Um médico com carga horária de 12 horas por semana;
b. Um enfermeiro com carga horária de 20 horas por semana;
c. Um nutricionista carga horária de 08 horas por semana;
d. Um fisioterapeuta carga horária de 20 horas por semana;
e. Um auxiliar/técnico de enfermagem para cada 10 idosos, ou fração, por turno,
f. Um cuidador para cada 08 idosos, ou fração, por turno.
g. Dois funcionários para serviços gerais com carga horária de 40 horas por
semana.
h. Duas cozinheiras com carga horária de 40 horas por semana.

111
CAPÍTULO 21 - Principais alterações fonoaudiológicas
decorrentes da idade

Patologias que podem surgir na terceira idade:

Presbiofonia;
Alterações respiratórias;
Tensões musculares;
Problemas de postura;
Presbiacusia;
Disfagia;
Disartria;
Distúrbios da motricidade oral.

Alterações mais comuns encontradas:


Diminuição do paladar;
Lentidão na hora da mastigação;
Ter que fazer o ato de engolir várias vezes ;
Dificuldade em engolir alimentos duros, fibrosos e secos;
Engasgos freqüentes e tosse após engolir;
A voz torna-se grave em mulheres e aguda nos homens;
Mau uso de aparelhos de amplificação auditiva;
Presença de refluxo gastro-esofágico;
Próteses dentárias (dentadura) mal adaptadas;
Dificuldade ou incapacidade de escutar e/ou distinguir sons, principalmente em
ambientes ruidosos.

112
* Estratégias para melhorar a comunicação com o paciente idoso

Abordagem holística que visa a redução de déficits na função, atividade,


participação e qualidade de vida de indivíduos com deficiência auditiva, por
meio da combinação de gerenciamento audiológico, instrução, treinamento
perceptual e aconselhamento.

Não basta ouvir, a pessoa quer compreender o que é dito... Usar os dispositivos
para auxiliar na comunicação!

Objetivos

Melhorar a qualidade de vida, eliminando ou reduzindo os déficits de


comunicação relacionados à deficiência auditiva.

113
CAPÍTULO 22 - Manobra Heimlich para intervir em caso de
engasgo

Engasgo

Pode ocorrer sempre que um alimento (líquido ou sólido) ou um objeto é


colocado na boca, engolido e ao invés de ir para o estômago, se extravia e vai
para o pulmão, o que chamamos de aspiração. Dessa forma, o alimento ou
objeto pode impedir a passagem de ar para os pulmões podendo levar à
sufocação ou asfixia.

Pode, então, ser causado por:


• pedaços grandes de alimentos mal mastigados (principalmente carne);
• balas, doces, bombons, líquidos;
• ingestão excessiva de álcool;
• prótese dentaria;
• vômito, etc.

Condutas para prevenir o engasgo:


• cortar os alimentos em pedaços pequenos e orientar o idoso para mastigá-los
bem, vagarosamente, especialmente se a pessoa usa dentadura;
• evitar rir e conversar enquanto estiver mastigando e engolindo;
• evitar ingestão excessiva de álcool.

Como identificar uma situação de sufocação/asfixia por engasgo

Quando uma pessoa engasga pode apresentar os seguintes sinais:


• tosse;
• agitação;
• dificuldade para falar ou não consegue falar;
• dificuldade para respirar;
• leva a mão à garganta.

114
Sinais de sufocação/asfixia por engasgo

Como proceder em caso de engasgo:

• em caso de vômitos, manter a cabeça do idoso virada para um dos lados,


evitando que ele engula o vômito e este vá para o pulmão;
• nunca tente puxar os objetos da garganta ou abrir a boca para examinar o seu
interior, pois esta conduta pode empurrar o objeto para dentro e dificultar, ainda
mais, a sua saída ou provocar o vômito e agravar a situação do idoso;
• estimular o idoso a tossir com força, pois este é o recurso mais eficiente
quando não há asfixia/sufocação;
• enquanto o idoso estiver tossindo ou ainda emitir algum tipo de som, não
devemos interferir, pois isto é um processo normal de defesa do organismo, para
tentar liberar a passagem de ar para os pulmões;
• se o idoso não consegue tossir com força, falar ou emitir sons é um sinal de
que o objeto/alimento está impedindo totalmente a passagem de ar, o que
significa que há asfixia/sufocação.

E se estiver ocorrendo asfixia/sufocação:

• se você notar que o objeto está impedindo totalmente a passagem de ar para o


pulmão, ou seja, que o idoso não respira, deve de imediato chamar pelo serviço
de emergência e, em seguida, aplicar no idoso a manobra conhecida como de
“HEIMLICH”.

Manobra Heimlich com o idoso consciente em pé ou sentado

• fique de pé, atrás, com seus braços ao redor da cintura do idoso;


• coloque a sua mão fechada com o polegar para dentro, contra o abdome do
idoso, ligeiramente acima do umbigo e abaixo do limite das costelas; agarre
firmemente seu pulso com a outra mão;
• exerça pressão contra o abdome rapidamente para trás e para cima;

115
• repita até que o objeto seja expelido.
Caso o idoso não consiga ficar em pé, ou se você não tem força suficiente esta
manobra poderá ser realizada com ele sentado ou deitado.

Manobra Heimlich com o idoso consciente em pé.

Manobra Heimlich com o idoso consciente deitado


• coloque o idoso deitado de costas com a face para cima;
• ajoelhe-se com as pernas afastadas, na altura dos joelhos do idoso;
• coloque o punho de uma mão com os dedos estendidos no abdome do idoso,
ligeiramente acima do umbigo e abaixo do limite das costelas; a outra mão em
cima da primeira;
• exerça pressão contra o abdome rapidamente para cima;
• repita até que o objeto seja expelido.

116
Manobra Heimlich com o idoso consciente deitado

NÃO ESQUEÇA
Em primeiro lugar, mande alguém ligar para um serviço móvel de socorro (por
exemplo, o SAMU “192”) enquanto você começa a prestar o socorro mais
imediato.

117
CAPÍTULO 23 - A sexualidade na terceira idade

É freqüentemente vista e baseada em velhos estereótipos privado de significados,


como também é associada à disfunção ou insatisfação.

Esta constatação é substituída por numerosos estudos que demonstram que um


vasto percentual de indivíduos com idade superior aos 65 anos, não só
continuam a atividade sexual, mas também, geralmente são satisfeitos do sexo e
de seus parceiros.

AS MUTAÇÕES FÍSICAS DEVIDO A IDADE

As mudanças que intervém na fisiologia sexual de um indivíduo em idade


avançada, podem afetar, seja a função erétil que a ejaculação.

Essas alterações não devem ter algum impacto funcional em relação ao usufruto
subjetivo de um encontro sexual.

Essas mudanças não são disfunções e que uma assistência pra corrigir as praticas
sexuais, pode ser indispensável para prevenir tal ocorrência devido à ansiedade
ou medo de falhar.

* PROBLEMAS PODEM SURGIR COM O CUIDADOR (A)


RELACIONADOS À SEXUALIDADE DO (A) PACIENTE

Pacientes com demências podem perder a noção de pudor.


Pacientes com distúrbios psiquiátricos podem apresentar LUBRICIDADE
SENIL, assim como os dementes.
Nestes casos, deve haver um cuidado maior com os orifícios dos pacientes para
que nada seja introduzido.

ALGUMAS DICAS PRÁTICAS PARA OS CUIDADORES (AS):

Procure encarar com naturalidade estes problemas de sexualidade inadequada e


exacerbada, não busque o confronto com o idoso, não grite com ele e nem seja
intolerante, ríspido e rígido.
Evite colocar o idoso em situação de ridículo, não reaja com estardalhaço, ainda
mais na presença de crianças. Seja gentil, paciente e, se necessário, haja com
firmeza. Procure não elevar o tom da voz para não piorar a situação.

118
ALGUMAS DICAS PRÁTICAS PARA OS CUIDADORES (AS):

Muitas vezes, a carência de afeto leva a distúrbios comportamentais. Ofereça


amor, carinho e compreensão. A sua presença e o toque suave diminuem a
ocorrência desses distúrbios.

A ansiedade pode ser controlada com um contato físico (um abraço, por
exemplo), não esqueça que atitudes gentis transmitem calma e confiança.

Às vezes cuidadores são abordados pelo paciente com insinuações inapropriadas.


O cuidador pode ser confundido com a (o) parceiro (a) deste idoso. É importante
distraí-lo, tentando desviar sua atenção com outro assunto.

Pode ser que o cuidador observe o paciente masturbar-se freqüentemente. Com


tranqüilidade, explique-lhe que esta é uma prática que merece ambiente
reservado.

Diante de situações constrangedoras, não permita que o paciente fique exposto


ao ridículo. Delicadamente, conduza-o para outro ambiente e com extrema
calma, explique-Ihe que seu comportamento é inadequado.
Ex.: Na hora do banho.

- VONTADE DE URINAR: às vezes, tirar a roupa em público pode ser


somente vontade de urinar ou evacuar. Portanto, para contornar este problema, o
idoso deve ser levado ao banheiro em intervalo regulares, durante todo o dia.

-MANIPULAR GENITAIS: observar se a roupa não está muito apertada ou


muito quente, se não estão ocorrendo assaduras ou alergias na região genital.

-TIRAR A ROUPA EM PÚBLICO: pode significar que a roupa está apertada


ou que está com calor. Observe se o comportamento inadequado não é alguma
necessidade que o idoso não sabe expressar.

-MASTURBAÇÃO E RELAÇÃO SEXUAL: cabe ao parceiro, e às vezes, até a


família, a decisão sobre o relacionamento íntimo, conjugal e sexual. Em muitas
ocasiões, o que o idoso apresenta é somente carência de afeto e de amor. O
toque, o carinho, o abraço, o beijo e o sorriso resolvem facilmente. Em relação à
masturbação (mais comum em homens), procure explicar ao idoso que este tipo
de prática não deve ser feito, muito mais em público. Em último caso, deve levá-
lo para um lugar reservado.

119
Comportamentos difíceis, que exigem da família e de quem cuida muito tato,
discernimento e compreensão do que é a doença de Alzheimer e como agir
nestes casos mais complicados.

120
CAPÍTULO 24 - Infecção por HIV em idosos

AVANÇO DA AIDS NA TERCEIRA IDADE

Vários fatores têm culminado no aumento de idosos contaminados pelo vírus


HIV, como alterações no comportamento sexual surgidas com o lançamento de
drogas para disfunção erétil. Para confirmar a suspeita, o Ministério da Saúde
realizou uma pesquisa em 2002, a qual revela que 67% da população entre 50 e
59 anos de idade se diz sexualmente ativa; aqueles acima de 60 anos, 39%
afirmam ter vida sexual.

Esses resultados levam a necessária e urgente discussão sobre o avanço da AIDS


nesse público tão esquecido pelas campanhas de prevenção e visivelmente
discriminado pela sociedade.
Em 10 anos, a incidência de AIDS na população com mais de 60 anos teve um
aumento de 50%, segundo o Programa Nacional de DST e AIDS do Ministério
da Saúde.

PERGUNTAS IMPORTANTES A SEREM DISCUTIDAS


Qual o impacto da AIDS na terceira idade?
Qual o número de pacientes infectados com HIV na terceira idade?

121
Em geral, como se dá a contaminação destes pacientes?
Quais fatores contribuíram para o aumento do número de pacientes com AIDS
nesta faixa etária?
Quais doenças podem estar associadas ao HIV nesta faixa etária?
Qual a dificuldade de tratar essas doenças?
Como deve ser a abordagem ou cuidados no tratamento destes pacientes?
Por que estes pacientes nunca estiveram no foco das campanhas de prevenção?
O tratamento para o HIV é o mesmo para esta faixa etária?
A adesão destes pacientes ao tratamento é mais fácil ou mais difícil que
naqueles de outras faixas etárias?
Como a família reage com o diagnóstico de um familiar idoso portador do vírus
HIV?
Os pacientes sofrem preconceitos?
Existem ambulatórios especializados para o tratamento desses pacientes?
Em sua opinião, com o aumento da expectativa de vida dos brasileiros, quais os
rumos que a AIDS pode tomar?

ADESÃO, SINTOMAS E TRATAMENTO DO PACIENTE IDOSO

Os sintomas em uma pessoa idosa são diferentes de um soropositivo jovem?


Quais são as diferenças no tratamento entre o paciente idoso e o jovem?
Tomar anti-retrovirais é um problema para o idoso que já toma outros
medicamentos e vai ao médico?
Como o paciente idoso reage ao tratamento?
É importante a relação médico-paciente na adesão ao tratamento?

A IMPORTÂNCIA DA FAMÍLIA PARA O IDOSO HIV+


Qual a importância da família na adesão ao tratamento?
O que acontece quando ele esconde o diagnóstico da família?
Como fica a imagem do idoso com HIV/Aids perante a família e a sociedade?
O paciente idoso fala sobre a doença com os amigos e a família? Por quê?

ENTENDER A DOENÇA PARA ENFRENTAR O VÍRUS

Como o paciente idoso entende a doença?


O idoso aceita melhor e mais facilmente o diagnóstico que o paciente jovem?
Por que é tão diferente?
Como o idoso vê o uso do preservativo?
Existem grupos de adesão para a Terceira Idade?
Como o senhor começou a tratar do idoso soropositivo?

122
Quais os principais sintomas da AIDS?

Os principais sintomas da AIDS aparecem cerca de 10 anos após a


contaminação com o vírus HIV e se caracterizam por:
Febre alta persistente;
Tosse seca prolongada;
Suor noturno;
Edema dos gânglios linfáticos por mais de 3 meses;
Dor de cabeça;
Dor em todo o corpo;
Cansaço fácil;
Rápido emagrecimento. Perder 10% do peso corporal num mês, sem dieta e
exercício;
Candidíase oral ou genital persistente;
Diarreia há mais de 1 mês;
Manchas avermelhadas ou pequenas erupções na pele (Sarcoma de Kaposi).
Estes sintomas indicam que as células de defesa do organismo estão tendo
grandes dificuldades em combater o vírus HIV, por serem insuficientes.

123
CAPÍTULO 25 - Câncer

* O que é o câncer?

Câncer é o nome dado a um conjunto de mais de 100 doenças que têm em


comum o crescimento desordenado (maligno) de células que invadem os tecidos
e órgãos, podendo espalhar-se (metástase) para outras regiões do corpo.

Dividindo-se rapidamente, estas células tendem a ser muito agressivas e


incontroláveis, determinando a formação de tumores (acúmulo de células
cancerosas) ou neoplasias malignas. Por outro lado, um tumor benigno significa
simplesmente uma massa localizada de células que se multiplicam
vagarosamente e se assemelham ao seu tecido original, raramente constituindo
um risco de vida.

Os diferentes tipos de câncer correspondem aos vários tipos de células do corpo.


Por exemplo, existem diversos tipos de câncer de pele porque a pele é formada
de mais de um tipo de célula. Se o câncer tem início em tecidos epiteliais como
pele ou mucosas ele é denominado carcinoma. Se começa em tecidos
conjuntivos como osso, músculo ou cartilagem é chamado de sarcoma.

Outras características que diferenciam os diversos tipos de câncer entre si são a


velocidade de multiplicação das células e a capacidade de invadir tecidos e
órgãos vizinhos ou distantes (metástases).

124
* O que causa o câncer?

As causas de câncer são variadas, podendo ser externas ou internas ao


organismo, estando ambas inter-relacionadas. As causas externas relacionam-se
ao meio ambiente e aos hábitos ou costumes próprios de um ambiente social e
cultural. As causas internas são, na maioria das vezes, geneticamente pré-
determinadas, estão ligadas à capacidade do organismo de se defender das
agressões externas. Esses fatores causais podem interagir de várias formas,
aumentando a probabilidade de transformações malignas nas células normais.

De todos os casos, 80% a 90% dos cânceres estão associados a fatores


ambientais. Alguns deles são bem conhecidos: o cigarro pode causar câncer de
pulmão, a exposição excessiva ao sol pode causar câncer de pele, e alguns vírus
podem causar leucemia. Outros estão em estudo, como alguns componentes dos
alimentos que ingerimos, e muitos são ainda completamente desconhecidos.

O envelhecimento traz mudanças nas células que aumentam a sua


suscetibilidade à transformação maligna. Isso, somado ao fato de as células das
pessoas idosas terem sido expostas por mais tempo aos diferentes fatores de
risco para câncer, explica em parte o porquê de o câncer ser mais freqüente
nesses indivíduos.Os fatores de risco ambientais de câncer são denominados
cancerígenos ou carcinógenos. Esses fatores atuam alterando a estrutura genética
(DNA) das células.
O surgimento do câncer depende da intensidade e duração da exposição das
células aos agentes causadores de câncer. Por exemplo, o risco de uma pessoa
desenvolver câncer de pulmão é diretamente proporcional ao número de cigarros
fumados por dia e ao número de anos que ela vem fumando.

Fatores de risco de natureza ambiental


Os fatores de risco de câncer podem ser encontrados no meio ambiente ou
podem ser herdados. A maioria dos casos de câncer (80%) está relacionada ao
meio ambiente, no qual encontramos um grande número de fatores de risco.
Entende-se por ambiente o meio em geral (água, terra e ar), o ambiente
ocupacional (indústrias químicas e afins) o ambiente de consumo (alimentos,
medicamentos) o ambiente social e cultural (estilo e hábitos de vida).

As mudanças provocadas no meio ambiente pelo próprio homem, os 'hábitos' e o


'estilo de vida' adotados pelas pessoas, podem determinar diferentes tipos de
câncer:

 Tabagismo

125
 Hábitos Alimentares
 Alcoolismo
 Hábitos Sexuais
 Medicamentos
 Fatores Ocupacionais
 Radiação solar
 Hereditariedade

São raros os casos de cânceres que se devem exclusivamente a fatores


hereditários, familiares e étnicos, apesar de o fator genético exercer um
importante papel na oncogênese. Um exemplo são os indivíduos portadores de
retinoblastoma que, em 10% dos casos, apresentam história familiar deste tumor.

Alguns tipos de câncer de mama, estômago e intestino parecem ter um forte


componente familiar, embora não se possa afastar a hipótese de exposição dos
membros da família a uma causa comum. Determinados grupos étnicos parecem
estar protegidos de certos tipos de câncer: a leucemia linfocítica é rara em
orientais, e o sarcoma de Ewing é muito raro em negros.

* Dez dicas para se proteger do câncer

1. Pare de fumar! Esta é a regra mais importante para prevenir o câncer.

2. Uma alimentação saudável pode reduzir as chances de câncer em pelo menos


40%. Coma mais frutas, legumes, verduras, cereais e menos alimentos
gordurosos, salgados e enlatados. Sua dieta deveria conter diariamente, pelo
menos, cinco porções de frutas, verduras e legumes. Dê preferência às gorduras
de origem vegetal como o azeite extra virgem, óleo de soja e de girassol, entre
outros, lembrando sempre que não devem ser expostas a altas temperaturas.
Evite gorduras de origem animal (leite e derivados, carne de porco, carne
vermelha, pele de frango etc) e algumas gorduras vegetais como margarinas e
gordura vegetal hidrogenada.

3. Evite ou limite a ingestão de bebidas alcoólicas. Os homens não devem tomar


mais do que dois drinques por dia. As mulheres devem se limitar a um drinque.

4. É aconselhável que homens, entre 50 e 70 anos, na oportunidade de uma


consulta médica, orientem-se sobre a necessidade de investigação do câncer da
próstata. Os homens com histórico familiar de pai ou irmão com câncer de

126
próstata antes dos 60 anos devem realizar consulta médica para investigação da
doença a partir dos 45 anos.

5. Pratique atividades físicas moderadamente durante pelo menos 30 minutos,


cinco vezes por semana.

6. As mulheres, com 40 anos ou mais, devem realizar o exame clínico das


mamas anualmente. Além disto, toda mulher, entre 50 e 69 anos, deve fazer uma
mamografia a cada dois anos. As mulheres com caso de câncer de mama na
família (mãe, irmã, filha etc, diagnosticados antes dos 50 anos), ou aquelas que
tiverem câncer de ovário ou câncer em uma das mamas, em qualquer idade,
devem realizar o exame clínico e mamografia, a partir dos 35 anos de idade,
anualmente.

7. As mulheres com idade entre 25 e 64 anos devem realizar o preventivo


ginecológico periodicamente. Após dois exames com resultado normal com
intervalo de um ano, o preventivo pode ser feito a cada três anos. Para os
exames alterados, deve-se seguir as orientações médicas.

8. É recomendável que mulheres e homens com 50 anos ou mais realizem exame


de sangue oculto nas fezes, a cada ano (preferencialmente), ou a cada dois anos.

9. Evite exposição prolongada ao sol, entre 10h e 16h, e use sempre proteção
adequada, como chapéu, barraca e protetor solar. Se você se expõe ao sol
durante a jornada de trabalho, procure usar chapéu de aba larga, camisa de
manga longa e calça comprida.

10. Realize diariamente a higiene oral (escovação) e consulte o dentista


regularmente.

Atualmente não falamos que uma pessoa tem câncer, este


termo foi substituído por NEOPLASIA.

127
CAPÍTULO 26 - Alimentação e envelhecimento

Verificamos, hoje, uma preocupação crescente com questões relacionadas à


alimentação. Todos os dias podemos ver algum tópico a esse respeito na mídia
(TV, jornais, revistas etc.). Uma alimentação adequada mantém sempre os
mesmos fundamentos básicos, mas, em cada fase da vida, temos de tomar alguns
cuidados específicos.

Assim, quando falamos de alimentação para pessoas idosas, devemos considerar


as alterações que ocorrem no organismo nessa fase da vida, bem como as
mudanças em seu estilo de vida.
Com o envelhecimento, algumas alterações no organismo costumam modificar
as necessidades nutricionais, o que pode ser ainda mais acentuado pela presença
de doenças, pelo uso de medicamentos ou por problemas sociais e psicológicos.

Nosso metabolismo, ou seja, a capacidade de nosso organismo de produzir e


utilizar as substâncias orgânicas, diminui com o passar dos anos. Assim, ele
acaba precisando de menor quantidade de energia conforme envelhece. Com o
avançar da idade, nosso corpo muda. Há diminuição da massa magra (músculos
e ossos) e aumento da massa gordurosa (braços e pernas se tornam mais finos e
a cintura engrossa ou a barriga fica mais proeminente).

Já as alterações na visão, no paladar, no olfato, na audição e no tato podem levar


à perda de apetite, fazendo com que a pessoa idosa coma menos.
A ausência parcial ou total de dentes, o uso de dentaduras ou pontes inadequadas,
a presença de cáries e a diminuição da saliva são fatores que, em geral,
dificultam a mastigação e a deglutição (engolir os alimentos), podendo fazer
com que o idoso mude seus hábitos alimentares (menor consumo de carnes,
frutas, verduras e legumes crus para facilitar a mastigação). Isso pode ser ainda
mais importante quando a pessoa apresenta limitações físicas que a impedem de
sair para comprar os próprios alimentos.

Outras alterações relacionadas à digestão e aproveitamento dos alimentos pelo


organismo podem dificultar a digestão e favorecer a obstipação intestinal (prisão
de ventre). É comum que idosos com uma ou mais doenças, como diabetes
melitus e hipertensão arterial, tenham suas necessidades nutricionais afetadas.
Os remédios utilizados para controle dessas doenças podem interagir entre si e
com os nutrientes dos alimentos, prejudicando seu aproveitamento e,
consequentemente, o estado nutricional da pessoa.

128
* Cuidados com a refeição da pessoa idosa

• Ofereça ao idoso alimentos que sejam de fácil digestão e provoquem saciedade.


• Deixe o prato com aparência agradável (bonito, aromático e apetitoso).
• Varie o cardápio todo dia, para não causar monotonia.
• Não substitua alimentos na forma sólida por sopas e purês se o idoso não tiver
problemas para mastigar.
• Se ele apresentar problemas nos dentes ou não os tiver, não deixe de incluir
carnes, legumes, verduras e frutas na alimentação. Para facilitar, pique, desfie,
moa, rale, amasse ou bata no liquidificador.
• Sirva pouca quantidade de alimentos em cada refeição, para facilitar a digestão.
• Evite o uso exagerado de sal.
• Dê preferência aos óleos vegetais no preparo e cozimento dos alimentos.
• Lembre que produtos diet não contêm açúcar, mas podem apresentar grande
quantidade de gordura.
• Procure comprar os alimentos da estação, principalmente frutas e verduras,
pois têm melhor qualidade e menor custo.
• Tente manter a regularidade no horário das refeições.
• Preferencialmente, não substitua o jantar por lanche, prática muito comum
entre os idosos.

129
CAPÍTULO 27 – Tipos de dietas (enteral, parenteral e outras)
e sua administração

Muitos trabalhos científicos apontam que alimentos muito calóricos aceleram o


processo de envelhecimento.
Experimentos com animais de laboratório mostram que a restrição alimentar
favorece a longevidade.
Portanto, devemos nos preocupar com a qualidade e a quantidade de alimentos
que ingerimos.

* DESNUTRIÇÃO

* A ALIMENTAÇÃO POR SONDA (naso-gástrica e naso-enteral)

130
* A ALIMENTAÇÃO POR SONDA (naso-gástrica e gastrostomia)

* A ALIMENTAÇÃO ENDOVENOSA (parenteral)

131
CAPÍTULO 28 - O idoso diabético

Diabetes meilitus é uma doença crônica principalmente na


terceira idade;
Elevada taxa de glicose (açúcar) no sangue (é necessário
verificar fatores importantes como doenças associadas)
Alta parcial ou total de insulina (hormônio que queima o
açúcar).

Esta doença é bastante freqüente na população idosa


(ocorre em 20% acima de 70 anos) e pouco diagnosticada
e tratada nesta idade. A grande maioria dos diabéticos tem
mais de 45 anos e no Brasil existem em torno de 5 milhões
de diabéticos.

Perguntas

Qual a taxa normal de açúcar no sangue na pessoa idosa?


O que provoca o aparecimento do Diabetes com o envelhecimento?
Quais os primeiros sintomas e sinais de Diabetes?
O Diabetes não controlado pode trazer complicações?
O que o diabético não pode comer?
Exercícios físicos ajudam a controlar o Diabetes?
O que é hipoglicemia?

* Tipos de Diabetes

132
Diabetes gestacional

Perguntas

Qual a taxa normal de açúcar no sangue na pessoa idosa?


O que provoca o aparecimento do Diabetes com o envelhecimento?
Quais os primeiros sintomas e sinais de Diabetes?

* DICAS PARA O PACIENTE DIABÉTICO

Não fume;
Use escovas de dente macias,
Escove os dentes após cada refeição,
Massageie a gengiva,
Use fio dental todos os dias;

133
Examine os pés diariamente, mantenha-os limpos, secos e sem calosidades; use
calçados confortáveis;
Consulte o oftalmologista;
Antes de iniciar qualquer tipo de atividade física, procure um serviço médico;
Não use medicamentos sem aviso prévio;
Não fique muito tempo sem se alimentar;
Ande sempre com identificação de diabético.

* O “PÉ DIABÉTICO”

134
CAPÍTULO 29 - Hipertensão

Pressão alta é doença traiçoeira e democrática. Traiçoeira, porque não dá


sintomas. Democrática, porque se manifesta em qualquer idade (crianças,
adultos e idosos), nos dois sexos e em qualquer etnia (branca, negra, amarela)..

Muita gente pensa que a hipertensão provoca dor


na nuca, dor de cabeça e pontos luminosos que
perturbam a visão. Não é verdade. É freqüente
descobrir que a pressão arterial está alta, quando a
pessoa vai ao médico por qualquer motivo e custa
a crer no diagnóstico, uma vez que os sintomas só
aparecem quando há aumento brusco da pressão.

Ninguém mais discute, porém, que a incidência


dessa doença aumenta com a idade. Mais ou
menos 50% dos homens e mulheres acima dos 50
anos apresentam hipertensão. Aos 60 anos, essa porcentagem sobe para 60% e,
daí em diante, não pára de crescer. São tão comuns os casos de hipertensão em
idosos que não seria exagero dizer que, depois de certa idade, é quase normal ter
pressão alta.

135
* Como aferir a pressão arterial?

O QUE É A PRESSÃO ARTERIAL?

A pressão que o sangue exerce sobre as paredes das artérias, dependendo da


força da contração do coração, da quantidade de sangue e da resistência das
paredes dos vasos é chamada Pressão Arterial.

O ponto mais alto da pressão nas artérias é chamado de pressão sistólica. O


ponto mais baixo, ou a pressão que está sempre presente sobre as paredes
arteriais é chamada de pressão diastólica.
O instrumento utilizado para medir a pressão arterial é o esfigmomanômetro, e
os tipos mais usados são os de coluna de mercúrio e o ponteiro (aneróide),
possuindo ambos um manguito inflável que é colocado em torno do braço do
paciente.
O estetoscópio é o instrumento que amplifica os sons e os transmite até os
ouvidos do operador.
A série de sons que o operador ouve, ao verificar a pressão sangüínea, são
chamados de sons de Korotkoff.
O primeiro som claro, quando o sangue flui, através da artéria comprimida, é a
pressão sistólica. A pressão diastólica ocorre no ponto em que o som muda ou
desaparece.

VARIAÇÃO NORMAL DA PRESSÃO ARTERIAL

A Pressão Arterial de um indivíduo varia de acordo com vários fatores tais como
a idade, o estado emocional, a temperatura ambiente, a posição postural (em pé,
deitado, sentado), estado de vigília, ou sono e com uso de drogas (fumo, álcool,
etc ... ).
A medida da pressão arterial é simples e o método é fácil, mas certos cuidados e
recomendações devem ser levados em consideração para que se evitem erros;
observar no anexo 1.

136
A medida incorreta da pressão arterial pode trazer conseqüências graves, tanto
por levar pessoas normotensas a serem tratadas sem necessidade ou, ao contrário,
deixar de tratar pessoas hipertensas.
As fontes de erros mais comuns são apresentadas no anexo 11. Um cuidado
especial deve ser tomado quanto à escolha adequada do manguito quando as
pessoas são muito gordas ou muito magras.
O problema da pressão alta (hipertensão arterial) é de extrema gravidade no
mundo. No Brasil, sabe-se que essa doença é responsável direta ou
indiretamente por 19% de todas as mortes ocorridas no país e 3% de todas as
internações, além de se constituir na terceira causa de afastamento do trabalho
(Iogo depois das doenças mentais e tuberculose).
Seu diagnóstico é muito fácil, mas exige algumas considerações como veremos
adiante.

É fundamental o uso de Normas PADRONIZADAS para se determinar


corretamente o valor da pressão arterial

PROCEDIMENTOS PARA A MEDIDA DA PRESSÃO ARTERIAL

1. Colocar o indivíduo em local calmo com o braço apoiado a nível do coração


e deixando-o à vontade, permitindo 5 min tos de repouso. Usar sempre o mesmo
braço para a medida;

2. Localizar o manômetro de modo a visualizar claramente


os valores da medida;

3. Selecionar o tamanho da braçadeira para


adultos ou crianças. A largura do manguito
deve corresponder a 40% da circunferência
braquial e seu comprimento a 80%;

4. Localizar a artéria braquial ao longo da face interna superior do braço


palpando-a;

137
5. Envolver a braçadeira, suave e confortavelmente, em torno do braço,
centralizando o manguito sobre a artéria braquial. Manter a margem inferior da
braçadeira 2,5cm acima da dobra do cotovelo. Encontrar o centro do manguito
dobrando-o ao meio;

6. Determinar o nível máximo de insuflação palpando o pulso radial até seu


desaparecimento, registrando o valor (pressão sistólica palpada) e aumentando
mais 30 mmHg;

7. Desinsuflar rapidamente o manguito e esperar de 15 a 30 segundos antes de


insuflá-lo de novo;

8. Posicionar o estetoscópio sobre a artéria braquial palpada abaixo do


manguito na fossa antecubital. Deve ser aplicado com leve pressão assegurando
o contato com a pele em todos os pontos. As olivas devem estar voltadas para
frente;

138
09. Fechar a válvula da pera e insuflar o manguito rapidamente até 30 mmHg
acima da pressão sistólica registrada;

10. Desinsuflar o manguito de modo que a pressão


caia de 2 a 3 mmHg por segundo;

11. Identificar a Pressão


Sistólica (máxima) em mmHg, observando no manômetro
o ponto correspondente ao primeiro batimento regular
audível (sons de Korotkoff);

12. Identificar a Pressão Diastólica (,mínima) em mmHg,


observando no manômetro o ponto correspondente ao
último batimento regular audível.
Desinsuflar totalmente o aparelho com atenção voltada ao
completo desaparecimento dos batimentos;

13. Esperar de 1 a 2 minutos para permitir a liberação do


sangue. Repetir a medida no mesmo braço anotando os
valores observados;
14. Registrar a posição do paciente, o tamanho do
manguito, o braço usado para a medida e os menores
valores de pressão arterial Sistólica e Diastólica
encontrados em mmHg. Retirar o aparelho do braço e
guardá-lo cuidadosamente afim de evitar danos.

* CAUSAS DE ENGANO DA MEDIDA DA PRESSÃO ARTERIAL

ENGANOS DEVIDOS AO EQUIPAMENTO

139
1. Sistemas inadequadamente calibrados ou testados;

2. Defeitos do esfigmomanômetro aneróide ou


de coluna de mercúrio: oríficio de ar obstruído,
calibração alterada, manguito incompletamente
vazio, tubulação defeituosa, sistema de flação ou
válvula de escape, mercúrio, insuficiente no
reservatório ou indicador zero errado;

3. Tamanho da braçadeira em desacordo com o


do braço;

4. Circunferência do membro em relação à


variação da largura da braçadeira maior ou menor que 2,5 produz leituras de
pressão indireta falsamente altas ou baixas respectivamente.

* ENGANOS DEVIDOS À TÉCNICA DE EXAMINAR

1. Braços sem apoio dão pressões falsamente altas;

2. Examinador posiciona o instrumento ao nível acima ou abaixo do coração ou


comprime o estetoscópio demasiado frme sobre o vaso;

3. Examinador apresenta preferência por números


pares;

4. Mãos do examinador e equipamento frios


provocam aumento da pressão sanguínea;

5. Sistema acústico danificado;

6. Interação entre examinado e examinador pode afetar a leitura da pressão


arterial.

140
141
CAPÍTULO 30 - O idoso em fase terminal

* O que é Doença Terminal?

O termo doença terminal é utilizado para designar o estágio da doença em que


não há mais possibilidade de se restabelecer a saúde, evoluindo para a
insuficiência de órgãos-alvo e iminência de morte. Em geral, relacionado com
doença crônica, também pode ocorrer em situações agudas e subagudas. Ao
sujeito que se encontra nesse estado denominamos paciente terminal, sendo a
eles dirigidos cuidados que melhorem a qualidade de vida, como alívio da dor e
tratamento da depressão, chamados de paliativos, por não serem curativos.

Um paciente terminal não tem cientificamente chances de sobreviver, fica-se


esperando a sua morte. O sofrimento e a impotência experimentados pelos
pacientes e familiares torna-os vulneráveis aos charlatões.
Do ponto de vista religioso, uma doença terminal é aquela que não tem cura por
meios científicos, mas curável por meio de milagres. Religiosos acreditam que
os milagres podem fazer qualquer coisa, inclusive ressuscitar mortos. As
doenças terminais se diferem entre si, sendo algumas causadoras de dores e
outras características por causarem o estado vegetativo ou o coma.

A situação pela qual o paciente terminal está passando é composta por uma série
de medos:

 Medo do desconhecido
 Medo da perda do corpo
 Medo da solidão
 Medo da perda da família e dos amigos
 Medo da perda de autocontrole
 Medo do sofrimento e dor
 Medo da perda da identidade

Pacientes terminais nem sempre serão idosos, e o cuidador também


está apto a acompanhá-los.

Em qualquer situação, algumas atitudes e cuidados são importantes


nas pessoas que acompanham o paciente idoso (ou não idoso) em fase terminal:

142
1. Aceitar a morte como parte da experiência vital: nascemos, vivemos e
morremos.

2. Ver o paciente terminal como vivo e não como morto. Parecer haver um
pensamento generalizado de que aquele que tem uma doença incurável está
acabado.

3. Ter maturidade frente à morte e o morrer para que o cliente possa falar sobre
o que lhe aflige; saber ouvir. Acompanhar uma pessoa que está morrendo é uma
oportunidade de aumentar nossa capacidade de amar e vencer o medo. Ter medo
da morte é ter medo de viver. A vida é um processo e não uma meta.

4. A tranqüilidade do Cuidador é condição indispensável, pois essa é a hora da


“terapia do silêncio”.

5. “Estar junto” é um transmissor de afeto. Quem ama passa segurança, a


sensação de estar acompanhada e não abandonada. Tocar, segurar na mão, fazer
um afago ajuda a sentir-se seguro para poder apagar a vela da vida.

6. Respeitar a vontade da pessoa, tanto para morrer, como para depois da morte.

7. A família e peça chave, por isso e preciso prepará-la para enfrentar as diversas
fases do processo de morrer.

143
144
CAPÍTULO 31 - A morte

Falar sobre a morte e o morrer quase sempre é um tabu. Mas o cuidador irá lidar
com a morte com muita frequência.

Todas as pessoas que sofrem algum tipo de perda ou que têm a possibilidade de
sofrer (morte de ente querido, diagnóstico de doença, falência, traição, punição
criminal, etc.) passam por um processo de luto, para poder elaborar e lidar com
essa situação.

A falecida psiquiatra suíça, Elisabeth Kubler-Ross pesquisou e trabalhou com


esse tema durante toda sua vida. Elisabeth descreveu cinco fases desse processo
de luto. Nestas fases, é possível perceber que existem pensamentos e
comportamentos comuns às pessoas que se encontram vivenciando cada uma
dessas fases. Essa descrição pode facilitar a compreensão e a percepção sobre o
que ocorre com pessoas que vivenciam alguma forma de perda ou luto.

* As cinco fases emocionais que antecedem a morte

* Primeira fase: negação

Nessa fase a pessoa nega a existência do problema ou situação. Pode não


acreditar na informação que está recebendo, tentar esquecê-la, não pensar nela
ou ainda buscar provas ou argumentos de que ela não é a realidade.

Pensamentos Comportamentos
• “Isso não é verdade!” • Buscar uma segunda opinião ou
• “Isso não pode estar acontecendo!” outras explicações para a questão.
• “Vai passar.” • Continuar se comportando como
• “Sempre dou um jeito em tudo, vou antes (ignorando a situação).
resolver isso também.” • Não aderir ao tratamento (no caso de
doença) ou não falar sobre o assunto
(no caso de morte, desemprego ou
traição).

145
* Segunda fase: raiva

Nessa fase a pessoa expressa raiva por aquilo que ocorre. É comum o
aparecimento de emoções como revolta, inveja e ressentimento. Geralmente
essas emoções são projetadas no ambiente externo; percebendo o mundo, os
outros, Deus, etc. como causadores de seu sofrimento. A pessoa sente-se
inconformada e vê situação como uma injustiça.

Pensamentos Comportamentos
• “Por que eu?” • Perde a calma quando fala sobre o
• “Isso não é justo!” assunto.
• “Por que fizeram isso comigo?” • Recusa-se a ouvir conselhos.
• Evita falar sobre o assunto.
• Pode ser rude com o cuidador e
familiares

* Terceira Fase: negociação ou barganha

Nessa fase busca-se fazer algum tipo de acordo de maneira que as coisas possam
voltar a ser como antes. Essa negociação geralmente acontece dentro do próprio
indivíduo ou às vezes voltada para à religiosidade. Promessas, pactos e outros
similares são muito comuns e muitas vezes ocorrem em segredo.

Pensamentos Comportamentos
• “Vou acordar cedo todos os dias, • Rezar e fazer um acordo com Deus.
tratar bem as pessoas, parar de beber, • Buscar agradar (no caso de uma
procurar um emprego e tudo ficará traição).
bem.” • Se alimentar com produtos lights e
• “Vou pensar mais positivamente e diets para compensar os outros
tudo se resolverá.” alimentos.
• “Deus, deixe-me ficar bem de saúde,
só até meu filho crescer.” (pessoa ao
saber que está doente)

* Quarta fase: depressão

Nessa fase ocorre um sofrimento profundo. Tristeza, desolamento, culpa,


desesperança e medo são emoções bastante comuns. É um momento e que
acontece uma grande introspecção e necessidade de isolamento.

146
Pensamentos Comportamentos
• “Não tenho capacidade para lidar • Chorar.
com isso.” • Afastar-se das pessoas.
• “Nunca mais as coisas ficarão bem.” • Comportar-se de maneira
• “Eu me odeio.” autodestrutiva.
• "Estou tão triste. Por que me
preocupar com qualquer coisa?"

* Quinta fase: aceitação

Nessa fase percebe-se e vivencia-se uma aceitação do rumo das coisas. As


emoções não estão mais tão à flor da pele e a pessoa se prontifica a enfrentar a
situação com consciência das suas possibilidades e limitações.

Pensamentos Comportamentos
• “Não é o fim do mundo.” • Buscar ajuda para resolver a situação.
• “Posso superar isto.” • Conversar com outros sobre o
• “Posso aprender com isto e assunto.
melhorar.” • Planejar estratégias para lidar com a
• “Tudo vai acabar bem.” questão.

As pessoas não passam por essas fases de maneira linear, ou seja, elas podem
superar uma fase, mas depois retornar a ela (ir e vir), estacionar em uma delas,
sem ter avanços por longo período ou ainda suplantar todas as fases rapidamente
até a aceitação. Não há regra. Tudo depende do histórico de experiências da
pessoa e crenças que ela tem sobre si mesma e sobre a situação em questão.

Tem pessoas que podem passar meses ou anos num vai e vem e não chegar à
aceitação nunca. Tem pessoas que em poucas horas ou dias fazem todo o
processo, isso varia também em função da perda sofrida pela pessoa.

* Os 5 arrependimentos daqueles que estão para morrer

5. Eu gostaria de ter me permitido ser mais feliz


"Esse é um arrependimento surpreendentemente comum. Muitos só percebem
isso no fim da vida que a felicidade é uma escolha. As pessoas ficam presas em
antigos hábitos e padrões. O famoso 'conforto' com as coisas que são familiares
O medo da mudança fez com que ele fingissem para os outros e para si mesmos

147
que eles estavam contentes quando, no fundo, eles ansiavam por rir de verdade e
aproveitar as coisas bobas em suas vidas de novo."

4. Eu gostaria de ter ficado em contato com os meus amigos


"Frequentemente eles não percebiam as vantagens de ter velhos amigos até eles
chegarem em suas últimas semanas de vida e não era sempre possível rastrear
essas pessoas. Muitos ficaram tão envolvidos em suas próprias vidas que eles
deixaram amizades de ouro se perderem ao longo dos anos. Tiveram muito
arrependimentos profundos sobre não ter dedicado tempo e esforço às amizades.
Todo mundo sente falta dos amigos quando está morrendo."

3. Eu queria ter tido a coragem de expressar meus sentimentos


"Muitas pessoas suprimiram seus sentimentos para ficar em paz com os outros.
Como resultado, eles se acomodaram em uma existência medíocre e nunca se
tornaram quem eles realmente eram capazes de ser. Muitos desenvolveram
doenças relacionadas à amargura e ressentimento que eles carregavam."

2. Eu gostaria de não ter trabalhado tanto


"Eu ouvi isso de todo paciente masculino que eu trabalhei. Eles sentiam falta de
ter vivido mais a juventude dos filhos e a companhia de seus parceiros. As
mulheres também falaram desse arrependimento, mas como a maioria era de
uma geração mais antiga, muitas não tiveram uma carreira. Todos os homens
com quem eu conversei se arrependeram de passar tanto tempo de suas vidas no
ambiente de trabalho."

1. Eu gostaria de ter tido a coragem de viver a vida que eu quisesse, não a


vida que os outros esperavam que eu vivesse
"Esse foi o arrependimento mais comum. Quando as pessoas percebem que a
vida delas está quase no fim e olham para trás, é fácil ver quantos sonhos não
foram realizados. A maioria das pessoas não realizou nem metade dos seus
sonhos e têm de morrer sabendo que isso aconteceu por causa de decisões que
tomaram, ou não tomaram. A saúde traz uma liberdade que poucos conseguem
perceber, até que eles não a têm mais."

148
CAPÍTULO 32 - Testamento e inventário

Se nos relacionamos com pessoas e coisas ao longo de nossa vida para formar
um patrimônio, com a morte, esse patrimônio será transferido aos nossos
herdeiros. Dessa sucessão aos herdeiros cuida o Direito das Sucessões.

No relacionamento das pessoas entre si para celebrar contratos (Direito das


Obrigações) e do relacionamento das pessoas com as coisas para adquirir
propriedade (Direito Real), formamos um patrimônio, por isso, o Direito Civil
regula estas relações.

Propriedade e herança são dois direitos que estimulam a capacidade produtiva


das pessoas, em benefício direto da família e indireto da sociedade como um
todo.
Quem vai primeiro se beneficiar com o nosso trabalho será os familiares.
A expressão sucessão em direito, ela pode ser tanto inter vivos, como mortis
causa. A sucessão inter vivos interessa ao direito obrigacional/contratual.

A sucessão que nos interessa agora é a sucessão “mortis causa”, ou seja, em


decorrência da morte.

Art. 1786 do CC – A sucessão “mortis causa” se dá 1º - por lei ou 2º - por


disposição de última vontade.

A sucessão por lei é a sucessão legal.


A sucessão por disposição de última vontade é a sucessão testamentária.
Toda sucessão ou é decorrente da lei ou do testamento, ou então decorrente dos
dois.

Na sucessão por lei quem determina para quem vão os bens é a lei: 95% das
sucessões em nosso país são legais.

Já a sucessão testamentária é exceção em nosso costume, se dá por disposição de


última vontade = testamento. Todavia, mesmo havendo testamento, a lei vai
limitar essa liberdade de testar para resguardar os familiares mais próximos que
são os filhos e o cônjuge.

Por que a sucessão testamentária é rara?


1°) Achamos que nunca vamos morrer.

149
2°) Quando se morre sem testamento, os nossos bens vão para nossos filhos, a
quem mais queremos bem, então não precisamos testar.
3°) Pela burocracia, despesa em cartório.

Esses 3 (três) argumentos nos levam a desprezar o testamento. Mas há um novo


artigo do Código Civil de 2002 que pode aumentar os testamentos, porque agora,
o cônjuge herda em igualdade com nossos filhos. Uma coisa é deixar seus bens
para os filhos, outra coisa é deixar para os cônjuges em condições de igualdade
com os filhos, especialmente nos casamentos desgastados. O tempo irá dizer se
agora as pessoas mal casadas vão ter a preocupação de testar para beneficiar os
filhos mais do que o cônjuge.

Na sucessão legal, não há testamento ou ele foi anulado, teremos sempre a


figura dos herdeiros que são aqueles que sucedem a título universal, porque
tanto recebe os créditos como os débitos, até o limite da herança.

Na sucessão testamentária, deveremos encontrar herdeiros sucedendo a título


universal, mas poderemos encontrar legatários, porque estes sucedem a título
singular, ou seja, legatário não responde pelas dívidas do falecido.

Com base na cláusula testamentária, se o testador deixa a exemplo 1/3 do seu


patrimônio, ou 10% deste patrimônio para alguém, está testando a título
universal, mas se deixa coisas individualizadas, especificadas: casa na praia,
colar de diamantes, etc., está testando a título singular.

O herdeiro assume a posse logo, já o legatário não assume, só assume no final


do processo de inventário, quando se verificar que a herança é solvível, ou seja,
pode pagar as dívidas do falecido.

Art. 1784 do CC – Destaca-se: a herança transfere-se logo aos herdeiros, o


legado não se transfere logo. Se a herança não pagar as dívidas, o legatário não
vai receber seu colar de diamantes.

É vantagem ser legatário porque não responde pelas dívidas da herança, em


compensação só entra na posse após se verificar que a herança é solvível;
ressalto que herdeiro só paga as dívidas do falecido dentro dos limites da
herança, afinal ninguém herda só dívida.

Em alguns casos, o cuidador recebe a herança do idoso que cuidou durante a


vida toda, desde que haja testamento assim especificando tal situação.

150
CAPÍTULO 33 – Cuidando da pele

A pele merece atenção especial e o momento do banho é o mais apropriado para


se observar a presença de hematomas (manchas roxas), hiperemia (vermelhidão),
pruridos (coceiras), assaduras ou qualquer outro tipo de lesão, as quais se
tratadas adequadamente e a tempo evitam complicações e previnem a ocorrência
de úlceras por pressão (escaras).

Manter a higiene da pele é de suma importância, pois se trata de uma barreira


natural de que dispõe o organismo contra infecções, portanto, trabalhe para
manter sua integridade;

Idosos apresentam fragilidade de vasos capilares, que se rompe com facilidade,


causando manchas avermelhadas na pele. Aumente a oferta de alimentos ricos
em vitamina C , ela melhora a resistência dos vasos capilares;

Ao segurar o paciente pelos braços ou mãos, não exerça demasiada pressão,


lembre-se, a sua pele é frágil, e muitas vezes, rompe-se com uma simples
pressão;

Manter a pele hidratada é de fundamental importância, existem no mercado bons


cremes hidratantes, de perfume suave, que umidificam adequadamente, evitando
seu ressecamento;
Mantenha o paciente hidratado, ofereça líquidos à vontade;
Evite a exposição à luz solar após as 9 horas da manhã (10 no horário de verão);
Pruridos (coceiras) podem ser causados por vestuário confeccionado com
tecidos sintéticos, dê preferência às roupas de algodão ou tecidos antialérgicos;
Assaduras podem surgir devido a má higienização ou a longa permanência com
fraldas molhadas;
Após eliminações urinárias ou intestinais, deve-se providenciar uma higiene
íntima;
Pacientes incontinentes devem ter suas fraldas trocadas de 3/3 horas ou antes se
necessário;
Evite cosméticos com perfume forte, eles costumam produzir alergias
respiratórias;
Não use talcos, se aspirados inadvertidamente podem produzir alergias
respiratórias;

Evite banhos muito quentes, eles provocam o ressecamento, além de causar


queimaduras em peles muito sensíveis.

151
CAPÍTULO 34 - Higiene, vestimenta e conforto

Entende-se por higiene pessoal a higiene corporal e íntima, a oral e a do couro


cabeludo (lavagem da cabeça). Trata-se de um cuidado básico para a
manutenção da saúde e do bem-estar do ser humano.

* Higiene corporal

O banho tem muitos objetivos, entre eles: limpar a pele; remover as bactérias;
eliminar e prevenir odores corporais; estimular a circulação e a movimentação
articular; prevenir úlceras de pressão; promover conforto e sensação de bem-
estar.
O banho diário é uma prática recente, comum em países de clima tropical como
o Brasil. Muito antigamente, a sujeira não era malvista. Não tomar banho com
frequência mostrava que a pessoa não sentia frio tão facilmente e, portanto, era
uma demonstração de força. Acreditava-se que a sujeira lhe fornecia proteção
adicional.

Hoje, o banho é considerado, em nossa sociedade, algo muito positivo, trazendo,


além de higiene e conforto, benefícios terapêuticos. No entanto, em sociedades
mais tradicionais, ainda se acredita que o banho pode deixar uma pessoa doente
ou agravar a doença de quem estiver acamado, por causa da exposição ao frio.

Saber isso é importante, pois muitos cuidadores poderão encontrar resistência do


idoso para o banho. Se isso ocorrer, recomenda-se tentar descobrir o porquê. Ele
pode ter medo de cair no banheiro, estar com dor ou muito cansado ou, ainda,
não achar necessário o banho diário, pois não fez isso a vida toda.

O cuidador deve aproveitar a hora do banho para examinar a pele da pessoa


idosa, identificando lesões, rachaduras, descamação, mudanças na cor
(descorada, avermelhada, azulada), presença de regiões quentes ao toque,
edemas, hematomas e/ou tumorações. Qualquer anormalidade precisa ser
comunicada à família, para tomada de providências.

152
* Tipos de banho

• Banho de aspersão (chuveiro)

As pessoas idosas podem tomar banho de chuveiro em pé ou sentadas,


dependendo de sua condição física. Algumas medidas de segurança são
necessárias:
−Coloque tapete antiderrapante no interior do boxe.
−Tenha certeza de que o piso do banheiro está seco, para prevenir escorregões e
quedas.
−Não aplique óleo de banho na pele da pessoa durante o banho, para evitar que o
piso fique escorregadio.
−Confira previamente a temperatura da água com o dorso da mão ou braço e
proceda aos ajustes necessários antes de iniciar o banho.
−Se a pessoa idosa for capaz de se banhar sozinha, fique próximo ao banheiro
enquanto ela o faz.
−Evite correntes de ar, fechando portas e janelas.
−Solicite a instalação de barras de apoio no interior do boxe, para maior
segurança.
−Oriente o idoso a nunca se apoiar no toalheiro ou na saboneteira, pois estes não
estão preparados para suportar seu peso e podem se quebrar, ocasionando
acidentes (quedas, traumas, lesões).

• Banho de leito

É o tipo de banho dado em pessoas que não conseguem se levantar ou não


podem ou têm muita dificuldade em se dirigir ao banheiro, como as que estão
inconscientes, incapacitadas (física ou mentalmente) ou muito enfraquecidas. O
banho de leito pode ser muito constrangedor para o idoso, pois aumenta seu
sentimento de dependência, diminui sua autonomia e rompe com sua
privacidade. Para diminuir esses sentimentos, é importante conversar com ele
durante o procedimento, que deve ser executado de forma rápida e eficiente e
em total privacidade.

• Banho parcial

Nesse tipo de banho, dado na cama ou no banheiro, face, mãos, axilas, pescoço,
nádegas e genitália são, normalmente, as áreas higienizadas. A higiene oral pode
ser feita nesse momento.

153
* Cuidados gerais com o banho de pessoas idosas

• Organize antecipadamente todo o material a ser utilizado durante o banho.


• Dirija-se ao idoso chamando-o pelo nome, demonstrando respeito e reforçando
sua identidade pessoal.
• Nunca utilize apelidos sem autorização ou termos demasiadamente afetuosos
(“minha querida”, “meu coração”, “minha linda”, “meu fofo”) nem diminutivos
que infantilizam (“lindinha”, “queridinha”, “mãozinha”, “boquinha”);
• Converse com ele antes do banho e explique o que será feito e como.
• Aqueça o ambiente do banho, fechando portas e janelas.
• Permita que a pessoa idosa escolha os artigos a serem utilizados no banho,
assim como as roupas que vestirá depois.
• Mantenha-a agasalhada (coberta com uma toalha) quando fora da água.
• Durante o banho, não abra portas e janelas, para evitar sua exposição às
correntes de ar.
• Sempre comece o banho pelas partes mais limpas, seguindo para as mais sujas.
• Se a pessoa idosa tiver histórico de quedas ou tonturas ou sentir-se muito
enfraquecida, providencie uma cadeira de banho, de forma que ela possa fazer o
procedimento sentada.
• Utilize outros procedimentos de segurança, como barras de apoio, tapetes
antiderrapantes, checagem prévia da temperatura da água etc.
• Encoraje o idoso a ajudar no banho o máximo que sua condição física/mental
permitir.
• Auxilie na higienização da pele com delicadeza, principalmente se ela estiver
lesionada ou ressecada.
• Use sabonetes que contenham hidratante ou lubrificante.
• Evite a utilização de óleos de banho, pois podem deixar o piso escorregadio e
provocar acidentes.
• Estimule a pessoa idosa a se autoaplicar o creme hidratante após o banho e a
auxilie apenas nos locais de difícil acesso.
• Utilize o creme hidratante em pequenas quantidades, removendo o excesso
com uma toalha, para que a pele não fique desagradavelmente escorregadia e
pegajosa.
• Evite o uso de talcos. Se isso não for possível, aplique apenas uma fina camada
na superfície da pele. Não o associe a cremes, porque a mistura formará uma
crosta dura sobre a pele, causando irritação e aumentando o risco de infecção.
Não o espalhe no ar, pois sua inalação pode irritar o trato respiratório,
provocando espirros.
• Prefira desodorantes sem perfume, para evitar sensação de desconforto na
pessoa idosa. Pergunte a ela qual é seu desodorante preferido e o utilize.

154
• Evite interrupções (nem as mais breves) durante a execução do banho (atender
telefones ou outras pessoas, sair do local do banho deixando a pessoa idosa
sozinha).

Se a pessoa idosa tiver histórico de quedas ou tonturas ou sentir-se muito


enfraquecida, é preciso utilizar uma cadeira de banho.

* Assaduras

As assaduras são lesões na pele das dobras do corpo e das nádegas, provocadas
pela umidade e calor ou pelo contato com fezes e urina. A pele se torna
avermelhada e se rompe como um esfolado. As assaduras são portas abertas para
outras infecções.

Os cuidados importantes para evitar as assaduras são:

- Aparar os pêlos pubianos com tesoura para facilitar a higiene íntima e manter a
área mais seca.

155
- Fazer a higiene íntima a cada vez que a pessoa evacuar ou urinar e secar bem a
região.
- Se for possível exponha a área com assadura ao sol, isso ajuda na cicatrização
da pele.
Se mesmo com esses cuidados a pessoa apresentar assadura é importante
comunicar o fato à equipe de saúde e solicitar orientação.

156
157
158
* Ostomia

Ostomia é uma abertura cirúrgica realizada na parede do abdome para ligar o


estômago, ou parte do intestino ou a bexiga, com o meio externo. Existem dois
tipos de ostomia: para eliminação de fezes e urina ou para administrar
alimentação. A ostomia intestinal e urinária tem uma coloração rosada, brilhante
e úmida e a pele ao seu redor deve estar lisa sem vermelhidão.

159
Dependendo do lugar onde foi realizada a abertura a ostomia recebe um nome:

• Gastrostomia ou jejunostomia - liga o estômago ou o jejuno à parede do


abdome e serve para alimentar a pessoa por meio da sonda.
• Ileostomia ou colostomia - liga uma parte do intestino à parede do abdome e
serve para eliminar fezes.
• Urostomia - liga a bexiga à parede do abdome e serve para eliminar urina.

Cuidados com gastrostomia


• Limpe com água filtrada sem esfregar a pele em volta da ostomia, retirando
secreção ou sujidade.
• Lave a sonda com uma seringa de 50 ml com água, em um único jato.
• Antes de alimentar a pessoa pela sonda, teste a temperatura do alimento no
dorso da mão.
• Injete o alimento lentamente na sonda.
• Observe se a pessoa apresenta barriga estofada, sensação de barriga cheia, ou
diarréia. A diarréia pode ser causada pela composição do alimento ou pela
administração muito rápida do alimento. Essas ocorrências devem ser
comunicadas à equipe de saúde.
• Atentar para não injetar líquidos, alimentos ou água na via da sonda que serve
para manter o balonete de fixação inflado.
• Caso a sonda saia, não tente reposicioná-la. Entre em contato com a equipe de
saúde e feche o orifício.
• Comunique também à equipe de saúde caso observe saída de secreção ou da
dieta pelo local de inserção da sonda.

Cuidados com ileostomia, colostomia e urostomia

Na abertura da ileostomia, colostomia ou urostomia é colada uma bolsa plástica


para coletar as fezes ou urina.

160
Cuidados com a bolsa
• Usar a bolsa adequada para coleta de fezes ou urina seguindo as orientações do
profissional de saúde.
• O recorte da bolsa deve ser sempre de acordo com o tamanho e formato da
ostomia.
• As bolsas devem ser guardadas em locais limpos, secos e protegidas do sol
para evitar umidade e ressecamento que comprometam a capacidade adesiva da
bolsa.
• A bolsa deve ser esvaziada sempre que estiver com 1/3 do espaço ocupado
com fezes ou urina.

Quando trocar a bolsa


A bolsa pode ser utilizada por cerca de três dias, devendo ser trocada antes disso
quando a resina que cola perder a cor amarela ou quando se perceber
deslocamento ou vazamento.

Cuidador, no momento da troca observe os seguintes cuidados:

• Umedeça a pele com água morna e descole delicadamente a bolsa para evitar
ferir a pele.
• Não utilize álcool, benzina ou éter, pois esses produtos podem ser absorvidos
pela ostomia e ressecam a pele.
• Lave a ostomia e a pele ao redor delicadamente com água e sabonete neutro
sem esfregar.
• Seque com pano macio em toques leves. Não é necessário usar nenhum tipo de
produto.
• Observe se a ostomia está com coloração saudável, isso é, vermelho vivo ou
rosa brilhante.

Para colocar uma nova bolsa:

• Recorte a bolsa de acordo com o tamanho e formato da ostomia.


• Retire o papel que protege o adesivo.
• Coloque a bolsa de baixo para cima e pressione até que esteja bem colada a
pele.

161
• Feche a parte de baixo com o clamp.
Fique Atento: A bolsa não deve ser retirada e recolocada sem que haja
necessidade, porque vai perdendo a cola.

* Cuidados com as unhas das mãos e dos pés

O cuidado com as unhas deve ser realizado, preferencialmente, após o banho,


pois estarão mais hidratadas e amolecidas.
• Se as unhas forem muito grossas, duras e quebradiças, coloque-as, por cerca de
10 minutos, imersas em uma solução de água bicarbonatada ou água morna com
sabão neutro. Isso facilitará o corte.
• Corte-as sempre em linha reta (para que não encravem) e não muito rente à
pele (para não provocar lesões, que podem originar processos inflamatórios ou
infecciosos). Não retire as cutículas, para evitar ferimentos e infecções.
• Após o corte, lixe as unhas e enxágue-as.
• Finalize secando cuidadosamente a região entre os dedos.

Os pés merecem atenção especial, pois são os responsáveis pela sustentação do


corpo, postura e marcha, fundamentais para a maior independência da pessoa
idosa.
• Inspecione-os cuidadosamente (temperatura, estado da pele, sensibilidade,
circulação, presença de deformidades – joanetes, calosidades etc. –, presença de
micoses).
• Seque-os delicadamente, sem esfregar, sobretudo a região entre os dedos, para
evitar a contaminação por fungos.
• Exercite-os, para prevenir atrofias musculares e estimular a circulação.
• Auxilie o idoso a vestir as meias, que devem ser limpas e folgadas (sem furos
ou remendadas com costuras duras). Elas mantêm os pés aquecidos,
proporcionando sensação de conforto.
• Ajude-o a colocar os calçados, verificando sua adaptação aos pés, para evitar
lesões.

Pessoas idosas com diabetes requerem cuidado especial com os pés. Nesses
casos, o encaminhamento para um podólogo pode ser necessário. Pergunte ao
seu professor mais informações sobre o “pé diabético”.

* Higiene oral

A higiene oral tem por finalidades:

162
• Eliminar restos alimentares e micro-organismos.
• Estimular a circulação sanguínea local.
• Evitar mau hálito, proporcionando sensação agradável de limpeza e conforto.
Sua falta ou deficiência podem ocasionar problemas como cáries, mau hálito,
sangramentos da gengiva, hipersensibilidade dos dentes e infecções.
Deve ser realizada ao acordar, após as refeições e antes de dormir. Isso vale
tanto para dentes naturais como para dentaduras e pontes.
• Se o idoso não puder escovar seus dentes e higienizar sua boca sozinho, deixe-
o sentado (ângulo de 45°) ou deitado com a cabeça de lado.
• Escove os dentes naturais das arcadas superior e inferior com movimentos
firmes, limpando os dentes e massageando a gengiva.
• Língua e mucosa oral também devem ser higienizadas. Existem no mercado
instrumentos próprios para limpar a língua; em seu lugar, pode ser utilizada a
própria escova de dentes ou uma espátula envolvida em gaze. Faça movimentos
suaves em um único sentido (de dentro para fora), para evitar náuseas (vontade
de vomitar).
• Após a escovação, a boca deve ser enxaguada com água limpa, desprezada em
recipiente próprio. Repita esse procedimento quantas vezes forem necessárias,
até que os dentes, a língua e a mucosa oral estejam limpos.
• Complemente a limpeza dos dentes com fio dental.
• No final do procedimento, lubrifique os lábios do idoso, para evitar seu
ressecamento e a ocorrência de rachaduras.

Com o envelhecimento, costuma ocorrer maior dificuldade na adaptação das


próteses dentárias, o que pode provocar lesões nem sempre percebidas pela
pessoa idosa. Aproveite o momento da higiene para verificar a existência de
lesões e, caso as encontre, avise a família.

* Cuidados com as roupas do idoso

• Se possível não altere o estilo preferencial de roupas da pessoa, para manter


sua identidade.
• Deixe as roupas em local de fácil acesso ao idoso, permitindo-lhe levar o
tempo que for preciso para escolhê-las.
• Quando forem necessárias mudanças, solicite a participação dele.
Recomenda-se o uso de tecidos macios, antialérgicos e que não amassem.
• Se a pessoa idosa for fisicamente dependente ou apresentar limitações
articulares nas mãos, os zíperes podem ser substituídos por elásticos e os botões

163
por velcro. Fechamentos frontais de roupas e peças íntimas proporcionam maior
independência do idoso na realização dessa atividade.
• Os calçados têm de ser de material macio, de fácil colocação e de adequada
adaptação aos pés, com solado antiderrapante. Chinelos devem ser evitados
(principalmente os de dedo), pois facilitam a ocorrência de quedas. Sapatos
fechados e sem cadarço são os mais recomendados. Existem no mercado
calçadeiras longas que ajudam a pessoa idosa a desempenhar essa atividade sem
ajuda. Estimule-a isso.
• Fique sempre atento à higiene do vestuário e sua organização, visando ao
conforto, à segurança e ao bem-estar do idoso.
• Manter a autonomia da pessoa idosa constitui o princípio básico na execução
desse cuidado. Auxilie-a e não decida por ela o que vai ou não vestir.

164
CAPÍTULO 35 - Úlceras por pressão ou escaras

Conhecidas antigamente por escaras, as úlceras por pressão ocorrem em pessoas


acamadas ou que ficam sentadas muito tempo na mesma posição, sem condições
para movimentar-se sozinhas. Elas são decorrentes de diminuição da circulação
sanguínea nas áreas do corpo onde os ossos causam pressão nos tecidos moles
como músculo e pele.

* Identificação

O início das úlceras é evidenciado por manchas vermelhas ou roxas que não
desaparecem após a mudança de posição, bolhas que vão escurecendo ou até
mesmo perda da pele ou uma crosta preta (que é a escara). Também a pele mais
quente ou mais endurecida nestes locais pode evidenciar o início de uma lesão e
se não tratada, a ferida pode atingir até os ossos. Se a pessoa não tem controle da
urina e fezes e tem dificuldades para ter uma boa alimentação o problema pode
se agravar. No entanto, certas medidas podem ser usadas para diminuir o
problema.

Prevenção

Para a prevenção das úlceras é preciso saber que


o fator principal é o excesso de pressão local.
Assim, as pessoas têm que ser mudadas
freqüentemente de posição, não podem ficar
deitadas ou sentadas em superfícies duras,
devendo-se usar colchão e/ou almofada tipo
caixa de ovo ou de ar e as proeminências ósseas

165
tem que ser protegidas com almofadas ou travesseiros macios e os pés precisam
ser elevados.

As úlceras de pressão podem ser divididas em quatro fases:

ESTÁGIO I
Quando a pele está intacta, mas se observa vermelhidão e um pouco de
ulceração de pele.

ESTÁGIO II
Quando a pele já está perdendo sua espessura, manifestando abrasão, bolha ou
cratera superficial.

166
ESTÁGIO III
Quando se observa uma ferida de espessura completa, envolvendo a epiderme, a
derme e o subcutâneo.

ESTÁGIO IV
Quando se tem uma lesão significante, onde há a destruição ou necrose para os
músculos, ossos e estruturas de suporte (tendões e cápsula articular).

167
Em alguns casos é necessária a intervenção da cirurgia plástica.

Como prevenir?

Manter colchão piramidal (caixa de ovo);


Mudar sempre o paciente acamado de posição;
Colocar travesseiros macios embaixo dos tornozelos para elevar os calcanhares;
Colocar o paciente sentado em poltrona macia;
Quando sentado mudar as pernas de posição;
Manter alimentação rica em vitaminas e proteína;
Manter hidratação;
Trocar fraldas a cada três horas, mantendo paciente limpo e seco;
Hidratar a pele com óleos e/ou cremes a base de vegetais;
Utilizar sabonetes com pH neutro para realizar a limpeza da região genital;
Estar atento para o aparecimento de candidíase;
Aplicação de filme transparente e/ou cremes ou loções a base de uréia;

168
Realizar massagem suave na pele sadia, em áreas potenciais de pressão e
Manter a limpeza das roupas de cama, bem como mantê-las secas e bem
esticadas.

Como é o tratamento das úlceras por pressão?

O tratamento da ferida consiste em limpeza da lesão com jato de soro fisiológico,


preferencialmente morno. O jato é conseguido perfurando-se o frasco de soro.
Este jato tem a propriedade de limpar a ferida sem destruir o que o próprio
organismo vem reconstruindo.
Se há presença de escaras (crosta preta e endurecida) sobre a lesão, esta deverá
ser retirada por um profissional médico ou enfermeiro especializado.
Existem vários produtos, chamados de “novas tecnologias” para auxiliar no
tratamento das úlceras de pressão. A indicação fica a critério médico ou de
enfermeira especializada. Os resultados são bastante eficazes.

169
CAPÍTULO 36 - Violência contra o idoso

A VIOLÊNCIA CONTRA OS IDOSOS NÃO OCORRE SÓ NO BRASIL:

Faz parte da violência social em geral e infelizmente constitui um fenômeno


universal.
Em muitas sociedades, diversas expressões dessa violência, freqüente-mente,
são tratadas como uma forma de agir “normal” e “naturalizada” ficando ocultas
nos usos, nos costumes e nas relações entre as pessoas.

AS VIOLÊNCIAS CONTRA IDOSOS SE MANIFESTAM DE FORMA:

(a) Estrutural, aquela que ocorre pela desigualdade social e é naturalizada nas
manifestações de pobreza, de miséria e de discriminação;

(b) Interpessoal que se refere às interações e relações cotidianas;

(c) Institucional que diz respeito à aplicação ou à omissão na gestão das


políticas sociais e pelas instituições de assistência.

ABUSO FÍSICO, MAUS TRATOS FÍSICOS OU VIOLÊNCIA FÍSICA

São expressões que se referem ao uso da força física para compelir os idosos a
fazerem o que não desejam, para feri-los, provocar-lhes dor, incapacidade ou
morte.

170
ABUSO PSICOLÓGICO, VIOLÊNCIA PSICOLÓGICA OU MAUS
TRATOS PSICOLÓGICOS

Correspondem a agressões verbais ou gestuais com o objetivo de aterrorizar os


idosos, humilhá-los, restringir sua liberdade ou isolá-los do convívio social.

ABUSO SEXUAL E VIOLÊNCIA SEXUAL

São termos que se referem ao ato ou jogo sexual de caráter homo ou hetero-
relacional, utilizando pessoas idosas. Esses abusos visam a obter excitação,
relação sexual ou práticas eróticas por meio de aliciamento, violência física ou
ameaças. Existem também os casos de gerontofilia.

ABANDONO

É uma forma de violência que se manifesta pela ausência ou deserção dos


responsáveis governamentais, institucionais ou familiares de prestarem socorro a
uma pessoa idosa que necessite de proteção.

171
NEGLIGÊNCIA

Refere-se à recusa ou à omissão de cuidados, por parte dos responsáveis


familiares ou institucionais. Ela se manifesta, freqüentemente, associada a outros
abusos que geram lesões e traumas físicos, emocionais e sociais.

Abuso econômico e financeiro

Consiste na exploração imprópria ou ilegal dos idosos ou ao


uso não consentido por eles de seus recursos financeiros e
patrimoniais. Esse tipo de violência ocorre, sobretudo, no
âmbito familiar.

172
Auto-negligência

Diz respeito à conduta do idoso que ameaça sua própria saúde ou segurança,
pela recusa de prover cuidados necessários a si mesmo.

173
CAPÍTULO 38 - Administração de medicamentos

Estudos mostram que os idosos compõem o grupo de pessoas que mais utilizam
medicamentos, muitas vezes sem receita médica, e aqueles que padecem de
doenças crônicas, como diabetes, artrite, hipertensão, doenças cardíacas e
articulares, entre outras, precisam usá-los por longo prazo.

Na maioria das vezes, os idosos usam em casa medicamentos que são vendidos
nas seguintes formas:

• Líquida: medicamentos usados em gotas (ex.: dipirona), suspensões, soluções,


xaropes e aerossóis.
• Sólida: comprimidos, cápsulas, drágeas e pastilhas.
As principais formas líquidas utilizadas nos medicamentos são:
• Solução: Tem aparência homogênea e límpida; pode ser administrada em sua
forma original sem cuidado prévio específico.
• Suspensão: É composta por partículas sólidas dispersas em líquido e, antes de
administrada, deve ser agitada para sua homogeneização.
• Xarope: Trata-se de uma solução com alta concentração de açúcar associada a
aromáticos. O xarope, por conter açúcar, deve ser usado por pacientes diabéticos
apenas com prescrição médica.
• Aerossol: É o medicamento acondicionado em recipiente pressurizado.
É preciso tomar alguns cuidados ao oferecer medicamentos ao idoso, pois a
administração incorreta pode fazê-los “perder” parte de suas propriedades
terapêuticas (de tratar).

Todas as formas sólidas devem ser administradas com cuidado, pois o idoso
pode engasgar, principalmente quando são grandes, como ocorre com
antibióticos e complexos vitamínicos. É imprescindível que, durante a
administração do medicamento, ele fique sentado ou, caso esteja acamado, seja
colocado em decúbito elevado. Além disso, a quantidade de líquido para auxiliar
a ingestão do medicamento deve ser de pelo menos 100 mL (meio copo). Caso a
pessoa tenha restrição de líquidos (ex.: pacientes com problemas renais), deve-se
perguntar ao médico que volume pode ser dado.

Para os medicamentos na forma líquida, o cálculo da dose é baseado na


quantidade de medicamento (concentração) presente por mililitro ou nas gotas.
Desse modo, a contagem exata do número de gotas e a visualização correta dos

174
mililitros (mL) nos medidores (conta-gotas, colheres, copinhos) são
fundamentais.

Entre os idosos, é frequente que o número de gotas de medicamentos como


neozine, neuleptil e haldol seja pequena (ex.: cinco gotas). Esse número, apesar
de parecer muito pequeno, é a dose que, de fato, é considerada segura para
causar o efeito desejado. Assim, nunca aumente a dose.

* Aspectos gerais da administração de medicamentos

A administração correta dos medicamentos, que vai além dos cinco certos
clássicos (medicamento certo, dose certa, via certa, horário certo, paciente certo),
e o seguimento das recomendações médicas são essenciais para a obtenção do
efeito terapêutico desejado.
Para facilitar a administração de medicamentos à pessoa idosa e evitar
problemas, algumas condutas são fundamentais.

Inicialmente, é importante manter um registro diário dos medicamentos usados


pelo idoso, incluindo os receitados pelo médico e aqueles usados sem receita.

Anote:

• O nome de cada medicamento.


• O nome do médico que o receitou.
• A dose prescrita.
• O horário em que deve ser administrado.
• Como deve ser tomado (ex.: com um copo de água, suco, chá).

Deixe essas anotações em um local em que você e os responsáveis pelo cuidado


com o idoso (familiares) tenham facilidade para visualizar.
Quando for necessário administrar vários medicamentos de diferentes formas
farmacêuticas, utilize a seguinte sequência:

• Primeiro, os comprimidos ou cápsulas.


• Em seguida, os líquidos.
• Por último, o comprimido sublingual.

Outros aspectos que merecem destaque são:

175
• Leia atentamente a bula do medicamento, prestando atenção aos itens relativos
à dose, contraindicações, reações adversas, precauções, interações com outros
medicamentos e conservação.
• Mantenha o medicamento na embalagem original, mesmo após sua abertura
(para verificar prazo de validade, lote e não misturar com outros comprimidos);
no caso dos medicamentos em cartela (geralmente os distribuídos pelas
farmácias do governo), não a jogue fora, mesmo depois de retirada a maioria dos
comprimidos, pois o nome, a dose e o lote podem estar contidos na parte da
cartela que seria descartada.
• Jogue fora os medicamentos com prazo de validade vencido.
• Conserve o medicamento fora do alcance de crianças e pessoas com
comprometimento de memória ou problemas de alteração de comportamento.
• Não permita que o medicamento receitado pelo médico (nome, substância) seja
substituído por outro sem o conhecimento dele.
• Não aceite indicação de similares do balconista da farmácia.
• Oriente o idoso e sua família sobre os efeitos colaterais dos medicamentos,
pois muitas pessoas abandonam o tratamento por falta de esclarecimento a esse
respeito.
• Ofereça água na administração dos medicamentos.
No entanto, gelatina, purê ou cremes podem ser utilizados caso o idoso
apresente dificuldade para ingerir o comprimido.
• Ajuste o horário de administração do medicamento de acordo com a finalidade
terapêutica e a necessidade do idoso, por exemplo: antiemético (medicamento
para evitar náusea e vômito) 45-60 minutos antes das refeições principais;
diurético durante o dia, no máximo às 16 horas, para evitar que o idoso tenha de
levantar durante a noite.
• Evite administrar muitos medicamentos no mesmo horário; essa prática pode
alterar seus efeitos.
• Procure não administrar vários medicamentos macerados pela sonda enteral,
caso o idoso a utilize.
• Administre antiácidos de modo isolado; obedeça a intervalos de
aproximadamente duas horas entre o antiácido e qualquer outro medicamento.
• Se, ao administrar o medicamento, o paciente apresentar algum sintoma
estranho (coceira, náusea, vômito, palpitação, inchaço etc.), fale imediatamente
com o médico.
• Cuidado: a dose de um medicamento considerada normal para um adulto pode
causar intoxicação e sérios danos à saúde de uma criança, idoso ou paciente com
doença cardíaca, hepática ou renal.
• Evite a prática de automedicação pelo idoso.
• Nunca recomende um medicamento a outra pessoa nem aceite recomendações
desse tipo. As características de cada pessoa, bem como as indicações dos

176
medicamentos, devem levar em consideração vários fatores para os quais
somente os médicos estão habilitados.
• Não interrompa o tratamento do idoso por conta própria; sempre consulte o
médico antes de fazê-lo e não o faça sem sua autorização.
• Evite misturar álcool e medicamentos. Alguns medicamentos, como diazepam,
morfina e haldol, quando misturados com álcool, podem causar reações graves e
até morte, dependendo da dose e da idade da pessoa.

Ao acompanhar o idoso em uma consulta médica em que for dada uma receita
de medicamentos, certifique-se de que ele fez as seguintes perguntas:
• Qual o nome do medicamento e por que será usado?
• Qual o nome da doença que esse medicamento trata?
• Quantas vezes por dia o medicamento deve ser tomado?
• Quando e como tomar (horário, antes ou após as refeições, usar com água ou
leite)?
• Por quanto tempo o medicamento deve ser utilizado (até a próxima consulta,
por 15 dias)?
• Quanto tempo o medicamento demora para fazer efeito?
• Se houver esquecimento da tomada do medicamento, o que deve ser feito?
• Quais os efeitos indesejados que podem aparecer? Caso apareçam, o que deve
ser feito?
• Durante o tratamento, pode-se ingerir álcool? E usar outros tipos de
medicamentos?
• O medicamento pode interferir nas atividades do dia a dia, como tomar banho
sozinho, dirigir, assistir à televisão, cozinhar, sair de casa sozinho?

177
Declaração dos direitos do cuidador familiar

Tenho o direito de me cuidar;


Tenho o direito de receber ajuda e participação de meus familiares no cuidado
do idoso dependente;
Tenho o direito de procurar ajuda;
Tenho o direito de ficar aborrecido, deprimido e triste;
Tenho o direito de não deixar que meus familiares tentem me manipular com
sentimentos de culpa;
Tenho o direito de receber consideração, afeição, perdão e aceitação de meus
familiares e da comunidade;
Tenho o direito de orgulhar-me do que faço;
Tenho o direito de proteger minha individualidade, meus interesses pessoais e
minhas próprias necessidades;
Tenho o direito de receber treinamento para cuidar melhor do idoso dependente;
Tenho o direito de ser feliz.

178
179
BIBLIOGRAFIA

ORGANIZAÇÃO: DR. LILEODES DE OLIVEIRA MARIANO – CREFITO


04/173724F.

BRASIL, Previdência Social. Idosos: Problemas e cuidados básicos. Brasília:


MPAS/SAS, 1999.

INCA – Instituto Nacional do Câncer

Cuidar Melhor e Evitar a Violência - Manual do Cuidador da Pessoa Idosa -


Brasília, 2008 - Tomiko Born – Organizadora. Secretaria Especial dos Direitos
Humanos da Presidência da República.

MELO. M. A.; DRIUSSO. P. Proposta Fisioterapêutica para os cuidados de


Portadores da Doença de Alzheimer. Envelhecimento e Saúde. V. 12, n 04,
(2009)

Estatuto do Idoso: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/l10.741.htm

Manual dos cuidadores de pessoas idosas - Governo do Estado de São Paulo -


FuturIdade - Plano Estadual para pessoa idosa - Secretaria de Assistência e
Desenvolvimento Social (Seads-SP) – Distribuição gratuita.

<http://enfermagem.no.comunidades.net/index.php?pagina=1540470453>

<http://pt.wikipedia.org/wiki/Modelo_de_K%C3%BCbler-Ross>

"The Top Five Regrets of the Dying"

Rede AVC Brasil.

Portal do Envelhecimento

BITTAR, C. (2012). Fraturas no idoso. Disponível em


http://www.segs.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=728
61:fraturas-no-idoso&catid=47:cat-saude&Itemid=328. Acesso em 02/05/2012.

180
CORREIO DO BRASIL (2012). Programa de Saúde do Idoso divulga análise de
fatores de risco de quedas. Disponível em
http://correiodobrasil.com.br/programa-de-saude-do-idoso-divulga-analise-de-
fatores-de-risco-de-quedas/436332/. Acesso em 02/05/2012.

ENSP. FIOCRUZ (2012). Estudo avalia mortalidade de idosos devido à queda.


Disponível em http://www.ensp.fiocruz.br/portal-
ensp/informe/site/materia/detalhe/30115. Acesso em 02/05/2012.

Fontes das figuras – Manobra de Heimlich:


www.ibvivavida.org.br/Utilidade_Publica.asp
www.lxjovem.pt/index.php?id_tema=473

181

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