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BIOMECÂ NICA – Conceitos iniciais

Professora Cristiane

Bio - “vida”
Mecânica - “estudo das ações das forças”

“A biomecânica é um dos métodos para estudar a maneira como os seres vivos (principalmente o homem) se
adaptam às leis da mecânica quando realizando movimentos voluntários”.
Chkaidze, 1973

O progresso da Biomecânica como disciplina científica que estuda funções dos seres vivos tornou-se,
ao longo dos últimos três séculos, muito amplo e disso resultaram, como nas Ciências Naturais (Matemática,
Física, Química, Biologia), múltiplas divisões didáticas e delimitação de território de especialidades científicas.
O termo Biomecânica foi usado para descrever a ciência que envolve o estudo dos aspectos mecânicos de
organismos vivos, adotado no início da década de 70 pela comunidade de cientistas internacionais.
Dentro dos campos da Cinesiologia e ciência do exercício, o organismo vivo mais estudado é o corpo
humano. As forças estudadas incluem tanto forças internas produzidas pelos músculos como forças externas
que atuam sobre o corpo. A Biomecânica do movimento humano é uma subdisciplina da Cinesiologia. A
análise do movimento humano pode ser quantitativa ou qualitativa. Quantitativo implica que números estão
envolvidos e qualitativo diz respeito à descrição da qualidade, sem o uso de números.

ÁREAS DE ATUAÇÃO
Biomecânica do movimento humano: Biomecânica do esporte; Biomecânica ocupacional; Biomecânica
clínico-ortopédica.

Metodologia biomecânica: Métodos e instrumentação; Medição e processamento de dados; Modelagem,


simulação e otimização.

Biomecânica músculo-esquelética: Controle do movimento; Mecânica muscular; Biomecânica das


articulações e da coluna; Análise eletromiográfica.

Biomecânica dos tecidos e biomateriais: Biomecânica dos tecidos moles e duros; Biomateriais; Próteses e
fixações externas.

Biomecânica ambiental: Impacto e vibrações; Biomecânica de micro e hipergravidade; Locomoção terrestre,


aquática e aérea

Biomecânica cárdio-respiratória: Biomecânica cardíaca e vascular; Biomecânica respiratória.

RESGATE HISTÓRICO

Antiguidade: 650 a.C. – 200 (Aristóteles, Arquimedes, Galenos)


Quatro aspectos principais: 
O conhecimento e o mito foram separados;
Foram desenvolvidos paradigmas mecânicos e matemáticos;
Foram desenvolvidos paradigmas anatômicos; e
Foram realizadas as primeiras análises biomecânicas do corpo humano.

Idade média: 200 – 1450


A pintura (representação do corpo humano) floresceu na arte grega e romana, e seria o artista, ao invés do
cientista, quem reviveria mais tarde o estudo do movimento humano.

Renascimento: 1450 – 1600 (Da Vinci, Versalius, Galileu, Boreli, Isaac Newton...)
Três aspectos principais:
1. Foi revivido o trabalho científico;
2. Foram assentadas as fundamentações para a moderna anatomia e fisiologia; e
3. O movimento e a ação muscular começaram a ser estudados como entidades conectadas.
Galileu lançou as bases da mecânica newtoniana. Primeiro a contestar as ideias de Aristóteles, descobriu que
a massa não influi na velocidade da queda de corpos.
Telescópio - montanhas da Lua, satélites de Júpiter, manchas solares. Balança hidrostática.
“Diálogo sobre os grandes sistemas do universo”

Revolução científica: 1600 - 1730


Dois aspectos principais:
1. Foram introduzidas a experimentação e a teoria como elementos complementares na investigação
científica; e
2. Foi estabelecida a mecânica newtoniana, fornecendo uma completa teoria para a análise mecânica do
corpo humano.
Borelli - “De motu animalium” - ao estudar a locomoção dos animais caracterizou-os como figuras
geométricas em movimento. Estabeleceu ainda a hipótese de que os nervos transportavam substâncias
capazes de desencadear a contração muscular. Esta hipótese foi confirmada em meados do século XX
quando se descobriu a mediação química da transmissão sináptica.
Newton - “Philosophiae naturalis principia mathematica” - estabeleceu uma completa teoria para a análise
mecânica do corpo humano (mecânica newtoniana).

Iluminismo: 1730 – 1800 (Luigi Galvani, Haller...)


Quatro aspectos principais:  
1. O conceito de força tornou-se mais claramente entendido;
2. Os conceitos de conservação de momento e de energia começaram a ser desenvolvidos;
3. As diferentes leis da mecânica foram consolidadas matematicamente; e
4. A contração e a ação muscular passaram a ser entendidas como eventos influenciados por forças
mecânicas, bioquímicas e elétricas.
Galvani (1737 - 1798) - pai da neurofisiologia, mostrou que a estimulação elétrica de um tecido muscular
produz contração e força.

O século da marcha: 1800 – 1900 (Etienne-Jules Mare, Braune, Fischer…)


Três aspectos principais:
1. Foram desenvolvidos métodos de medição para quantificar a cinemática e a cinética do movimento, os
quais foram extensivamente aplicados na análise do caminhar humano;
2. Foram desenvolvidos métodos de medição para quantificar a atividade elétrica durante a ação muscular; e
3. Princípios de engenharia começaram a ser aplicados nas análises biológicas e biomecânicas.
Muybridge - estudos fotográficos sobre padrões de movimentos.
Marey & Demeny - instrumentação e quantificação de parâmetros para análise da marcha humana.
Auguste & Louis Lumiére - invenção da cinematografia.
Braune & Fisher - modelo matemático para reconstrução tridimensional da marcha humana.

O século XX - XXI
Três aspectos principais:
1. O desenvolvimento da biomecânica como uma disciplina nas universidades e a consequente contratação
de professores;
2. Os resultados de pesquisas biomecânicas começaram a ser significativamente usados em aplicações
práticas, médicas e industriais; e
3. A biomecânica tornou-se um elemento ativo num elenco multidisciplinar para a compreensão do movimento
humano e animal.

A Biomecânica no Brasil
As propostas curriculares das primeiras escolas de Educação Física do Brasil já tinham a Cinesiologia como
discipliana obrigatória. A biomecânica começou a ser introduzida nos currículos a partir de 1965, quando foi
estabelecido um acordo cultural entre o Brasil e a Alemanha. Desde que a biomecânica iniciou-se no Brasil,
observa-se o aumento do número de estudiosos e de interessados na área. Com este novo espaço para a
comunicação e a reflexão de procedimentos e condutas acadêmicas, a biomecânica expandiu-se para além
da Educação Física e do Esporte, gerando importantes relações interdisciplinares. A biomecânica é um
campo vasto e relativamente novo, reunindo ou aproximando-se de diversas ciências, muitas tecnologias e
toda a faixa de técnicas de movimentos usadas na educação física e no esporte. Esta área de conhecimento
muito ainda pode oferecer. Ela pode explicar o que já é sabido na prática e desta maneira fornecer uma base
científica para coisas tais como a seleção de um equipamento, o ensino de uma técnica e a prevenção de
lesões. Ela pode também explorar o desconhecido. Pode procurar respostas para questões fundamentais
relativas a como o corpo humano se move, e, especialmente importante, como o corpo pode ser movido para
obter o melhor efeito.

A BIOMECANICA DO MOVIMENTO HUMANO

O corpo humano pode ser descrito como um conjunto de segmentos rígidos que se articulam sobre o
ponto de vista do sistema musculoesquelético e biomecânico. Durante uma avaliação física ou
fisioterapêutica buscam-se observar, a partir desses conjuntos de segmentos rígidos, as principais alterações
que eles podem causar no sistema musculoesquelético, como os músculos, os tendões, os ligamentos e as
cartilagens.
A biomecânica está relacionada com o estudo das estruturas do corpo humano por meio dos conceitos
e métodos mecânicos. Esses estudos biomecânicos podem estar relacionados com observações de sistemas
dinâmicos e estáticos, ou seja, aqueles que estão em movimento ou sem movimento, respectivamente. Para
facilitar o estudo do movimento humano, pode-se dividir a biomecânica em duas partes: a Cinemática - na
qual se observam aspectos como deslocamento, tempo, espaço e massa; e a Cinética - na qual são
observadas as forças causadoras do movimento.

TERMOS DE REFERÊNCIA

Posição de referência anatômica - É uma posição ereta com os pés ligeiramente afastados e os braços
pendendo relaxados ao lado do corpo, com as palmas das mãos voltadas para frente. Não é uma posição
ereta natural, mas é a orientação corporal convencionalmente usada como referência quando são definidos
termos relacionados ao movimento.

Termos direcionais - Para descrever a relação entre as partes do corpo ou a localização de um objeto
externo em relação ao corpo torna-se necessário o uso de termos direcionais. Os termos direcionais mais
comumente usados são: superior, inferior, anterior, posterior, medial, lateral, proximal e distal.

Superior: próximo à cabeça (cranial).


Inferior: afastado da cabeça (caudal).
Anterior: voltado para a frente do corpo (ventral).
Posterior: voltado para trás do corpo (dorsal).
Medial: próximo à linha média do corpo.
Lateral: afastado da linha média do corpo.
Proximal: próximo ao tronco.
Distal: afastado do tronco.

Todos estes termos direcionais podem ser relacionados como antônimos. Dizer que o cotovelo é proximal em
relação ao punho é tão correto quanto dizer que o punho é distal em relação ao cotovelo. Da mesma forma, o
nariz é superior à boca e a boca é inferior ao nariz.

Planos de referência anatômicos

Três planos dividem o corpo em três dimensões. São planos imaginários de referência que dividem o corpo
em metades da mesma massa ou peso.

Plano sagital - É o plano que divide o corpo verticalmente em metades direita e esquerda. Neste plano (ou
em planos paralelos à ele) ocorrem os movimentos para frente e para trás do corpo ou dos segmentos
corporais - flexão/extensão.

Plano frontal - É o plano que divide o corpo verticalmente em metades anterior e posterior. Neste plano (ou
em planos paralelos à ele) ocorrem os movimentos laterais do corpo ou dos segmentos corporais -
adução/abdução.

Plano transverso - É o plano que divide o corpo horizontalmente em metades superior e inferior. Neste plano
(ou em planos paralelos à ele) ocorrem os movimentos corporais paralelos ao solo quando o corpo está em
posição ereta - rotações.

Em um indivíduo na posição de referência anatômica a interseção dos três planos de referência se dá no


centro de gravidade do corpo. Estes planos imaginários de referência existem apenas em relação ao corpo
humano. Se uma pessoa gira 45º à direita, os planos de referência também giram 45º à direita.

Plano frontal

Plano sagital

Plano transversal

Eixos de referência anatômicos

O movimento de um segmento corporal consiste quase sempre em uma rotação em torno de um eixo
imaginário que passa pela articulação à qual ele está ligado. Existem três eixos de referência para descrever
o movimento humano, e cada um deles é perpendicular a um dos três planos de referência.

Eixo médio-lateral - Perpendicular ao plano sagital. É o eixo em torno do qual ocorrem as rotações no plano
sagital.
Eixo ântero-posterior - Perpendicular ao plano frontal. É o eixo em torno do qual ocorrem as rotações no
plano frontal.

Eixo longitudinal - Perpendicular ao plano transversal. É o eixo em torno do qual ocorrem as rotações no
plano transversal.

MECÂNICA

Ramo da física que envolve a análise das ações das forças, no estudo de aspectos anatômicos a funcionais
dos organismos vivos. (Hall, 1993)

MECÂNICA

ESTÁTICA DINÂMICA

Cinética dos Sistema de


sistemas sem velocidade Cinemática Cinética
movimentos constante

Cinemática Cinética

CINEMÁTICA

Descrição espaço-temporal dos movimentos

Movimento - Mudança na posição: mover-se de um ponto para outro em relação a um referencial. ESPAÇO
para mover-se e TEMPO durante o qual mover-se.

Movimento linear - Translação - Todos os pontos do corpo movem-se a mesma distância ou direção, ao
mesmo tempo.

TRANSLAÇÃO RETILÍNEA: Todos os pontos movem-se em linhas retas paralelas.

a) direção não muda;


b) orientação não muda;
c) pontos do objeto percorrem a mesma distancia.

TRANSLAÇÃO CURVILÍNEA: Todos os pontos movem-se em linhas curvas paralelas.

a) direção muda constantemente;


b) orientação não muda;
c) pontos do objeto percorrem a mesma distância.

Movimento angular - Rotação – os pontos movem-se em linhas circulares em torno de um eixo.


a) trajetórias circulares em torno de um eixo
b) linha entre dois pontos muda continuamente de direção
c) eixo de rotação não muda de posição.

Movimento generalizado - linear + angular.

CINEMÁTICA LINEAR - Ocupa-se com a descrição do movimento linear

POSIÇÃO - Localização no espaço


Unidimensional: Objetos em uma dimensão  1 eixo
Bidimensional: Objetos em duas dimensões  2 eixos
Tridimensional: Objetos em três dimensões  3 eixos

SISTEMA DE COORDENADAS CARTESIANAS - René Descartes (1596 – 1650) - Filósofo matemático


francês que inventou a geometria analítica.

ORIGEM - ponto de referência fixo para o sistema de coordenadas.

DISTÂNCIA - Medida de comprimento do trajeto seguido pelo objeto cujo movimento está sendo descrito de
uma posição inicial até uma posição final.

DESLOCAMENTO - Distância em linha reta em uma direção específica da posição inicial até a posição final.

VELOCIDADE - Grandeza vetorial que indica de que forma um corpo muda de posição ao longo do tempo ou,
em outras palavras, qual o tempo gasto para um objeto percorrer uma determinada distância (em m/s).

VELOCIDADE ESCALAR - Indica o valor numérico da velocidade sem indicar sua direção e sentido.

VELOCIDADE MÉDIA - Distância percorrida pelo tempo que gasto para percorrer esta distância

VELOCIDADE ESCALAR MÉDIA - A velocidade escalar média não diz muito sobre o que ocorreu durante o
movimento, não diz o quão rápido o corpo (um atleta, por exemplo) estava se movendo em qualquer instante
específico e também não diz a velocidade máxima alcançada por ele.

VELOCIDADE INSTANTÂNEA - Velocidade real do corpo em qualquer instante de tempo, quando o intervalo
de tempo tende a zero.

ACELERAÇÃO - Grandeza vetorial que indica de que forma um corpo muda de velocidade ao longo do tempo
ou, em outras palavras, qual o tempo gasto para um objeto sofrer determinada mudança na sua velocidade
(em m/s 2).

PROJÉTEIS - Corpo em movimento sujeito a apenas forças da gravidade e a resistência do ar.

COMPONENTE VERTICAL – é influenciada pela gravidade, relaciona-se com a altura máxima atingida.

COMPONENTE HORIZONTAL – nenhuma força (ignorando-se a resistência do ar) afeta essa componente
que se relaciona com a distância que o projétil percorre.

Os objetos tornam-se projéteis uma vez que são arremessados, liberados ou atirados se a resistência do ar
for insignificante. Depois que a bola é abandonada as ações humanas não podem afetar mais o curso.
O corpo humano pode ser um projétil. Corpo do atleta deixou o solo – tornou-se um projétil e não pode mais
mudar sua trajetória ou velocidade horizontal.

A velocidade horizontal de um projétil é constante e seu movimento horizontal é constante. As imagens


alinham-se ao longo de uma linha reta, de tal forma que o deslocamento da bola está em uma linha reta. O
deslocamento em cada intervalo de tempo é o mesmo, logo a velocidade da bola é constante.

MOVIMENTO VERTICAL DE UM PROJÉTIL - A aceleração vertical de um projétil é constante. A velocidade


vertical do projétil está constantemente reduzida, em 9,81m/s para cada segundo de vôo para cima e
constantemente aumentada em 9,81m/s para cada segundo de vôo para baixo.

GRAVIDADE - É uma força “constante e imutável” que produz uma aceleração vertical descendente
constante. Essa aceleração se mantém constante independente do tamanho, formato ou peso do projétil. O
componente vertical da velocidade inicial de lançamento determina o deslocamento vertical máximo
conseguido por um corpo lançado de determinada altura relativa de projeção

INFLUÊNCIA DA RESISTÊNCIA DO AR - Se for ignorada a resistência do ar, a velocidade horizontal de um


projétil permanece constante durante toda a trajetória.

FATORES QUE INFLUENCIAM A TRAJETÓRIA – velocidade, ângulo e altura do lançamento.

Velocidade de lançamento: determina o comprimento ou tamanho da trajetória de um projétil.


Ângulo de lançamento: é particularmente importante na prática de arremessos

Ângulo perfeitamente vertical (90°)  trajetória vertical seguindo o mesmo caminho retilíneo para subir e para
descer

Ângulo obliquo (entre 0° e 90°)  trajetória parabólica

Ângulo perfeitamente horizontal (0°)  trajetória igual à metade de uma parábola

Quando a resistência do ar não é considerada, o ângulo ótimo de lançamento baseia-se na altura relativa de
lançamento.

zero = ângulo ótimo de lançamento igual a 45°

positiva = ângulo ótimo de lançamento menor que 45º

negativa = ângulo ótimo de lançamento maior que 45º

CINEMÁTICA ANGULAR - Ocupa-se com a descrição do movimento angular.

A maioria dos movimentos humanos são resultados de movimentos angulares dos membros em torno das
articulações

POSIÇÃO ANGULAR - ângulo em relação a um sistema de referência.

Ângulo absoluto - ângulo medido em relação a uma referência fixa

Ângulo relativo - ângulo medido em relação a uma referência móvel


VELOCIDADE ANGULAR - Grandeza que indica de que forma um corpo muda de posição angular ao longo
do tempo ou, em outras palavras, qual o tempo gasto para um objeto percorrer um determinado
deslocamento angular (Unidade: rad/s ou °/s).

VELOCIDADE ANGULAR MÉDIA - Deslocamento angular percorrido dividido pelo tempo gasto para percorrer
este deslocamento. A velocidade angular média não diz muito sobre o que ocorreu durante o movimento, não
diz o quão rápido o corpo (um segmento corporal, por exemplo) estava se movendo em qualquer instante
específico e também não diz a velocidade angular máxima alcançada por ele.

∆θ
ω=
∆t

VELOCIDADE ANGULAR INSTANTÂNEA - Velocidade angular real do corpo em qualquer instante de tempo.
quando o intervalo de tempo tende a zero.

ACELERAÇÃO ANGULAR - Grandeza que indica de que forma um corpo muda de velocidade angular ao
longo do tempo ou, em outras palavras, qual o tempo gasto para um objeto sofrer determinada mudança na
sua velocidade angular (Unidade: rad/s2 ou °/s2).

ACELERAÇÃO CENTRÍPETA - Aceleração linear dirigida ao eixo de rotação,


muda constantemente a direção do movimento.
2
v 2
a c= ou a c =ω r
r

RELAÇÕES ENTRE MOVIMENTO LINEAR E MOVIMENO ANGULAR

Existe uma relação direta entre as grandezas cinemáticas angulares e as grandezas cinemáticas lineares de
um ponto qualquer do corpo em rotação. Esta relação depende da distância do ponto considerado ao eixo de
rotação. O deslocamento, a velocidade e a aceleração lineares de um ponto mais longe do eixo de rotação
são maiores.

S=θ∙ r

S=ω ∙r

S=α ∙ r onde r é a distância do ponto considerado ao eixode rotação .


CINÉTICA

Forças associadas ao movimento.

ISAAC NEWTON - Descobriu muitas das relações fundamentais que estabeleceram as bases da mecânica
moderna. Estes princípios tratam das inter-relações entre as grandezas cinéticas.

Lei da inércia - Todo o corpo permanece em repouso ou em movimento retilíneo uniforme, exceto se forças
externas atuarem nele. RESULTANTE DAS FORÇAS EXTERNAS = ZERO.


F r=0

Um objeto imóvel permanecerá assim desde que não haja uma força resultante agindo sobre ele. Da mesma
forma, um corpo movimentando-se com velocidade constante ao longo de uma trajetória retilínea manterá
este movimento, a não ser que sobre ele atue uma força resultante que altere a velocidade ou a direção do
movimento

Lei da aceleração - Uma força aplicada a um corpo provoca uma aceleração deste corpo, com uma
magnitude proporcional a ela, na sua direção e inversamente proporcional à massa do corpo. Relação entre
FORÇA, MASSA e ACELERAÇÃO. Quando uma bola e arremessada, golpeada ou rebatida por um objeto,
ela tende a se mover na direção da linha de ação da força aplicada. Quanto maior a força aplicada, mais
rapidamente a bola se move.


F r=m ∙ ⃗a

Exemplo: Se uma bola de 1 kg é chutada com uma força de 10 N, a aceleração resultante da bola será de
10 m/s2. Se a bola tem uma massa de 2 kg, a aplicação da mesma força de 10 N produzirá uma aceleração
de apenas 5 m/s2.

Lei da ação e reação - Quando um corpo exerce uma força sobre outro, este segundo corpo exerce uma força
de reação que é igual em magnitude e em sentido oposto à do primeiro corpo. Para toda ação, há uma
reação IGUAL e OPOSTA.

Força de reação - Saltador reduz a velocidade horizontal e cria uma velocidade vertical dirigida para cima.

FRS = desempenho

CONCEITOS DA CINÉTICA

MASSA - É a quantidade de matéria que compõe o corpo. A unidade de massa no SI é o quilograma (kg).

INÉRCIA - É a tendência de um corpo manter seu estado de movimento linear, esteja ele parado ou
movendo-se a uma velocidade constante. A inércia não tem unidades de medida, mas é diretamente
proporcional à massa do corpo.

MOMENTO DE INÉRCIA - É a tendência de um corpo manter seu estado de movimento de rotação, esteja
ele em repouso ou movendo-se a uma velocidade angular constante. O momento de inércia depende não
apenas da massa do corpo mas também da sua distribuição. A unidade de momento de inércia no SI é o
quilograma-metro quadrado (kgm2).
FORÇA - É toda causa capaz de provocar em um corpo uma modificação (ou uma tendência de modificação)
de movimento ou de forma. A unidade de força no SI é o Newton (N). Uma força é caracterizada pela sua
intensidade, sua direção e seu sentido - é uma grandeza vetorial.

PESO - É a força gravitacional exercida sobre um corpo. As unidades de peso são as mesmas unidades de
força. A força peso age sempre na direção vertical, em sentido ao centro da Terra. O ponto de aplicação da
força peso de um corpo é o centro de gravidade deste corpo.

FORÇA DE ATRITO - Força que atua na interface das superfícies em contato, no sentido oposto à do
movimento ou independente dele. A grandeza do atrito gerado determina o grau de dificuldade de se
moverem dois objetos em contato. À medida que a magnitude da força aplicada vai aumentando, a magnitude
da força de atrito oposta também aumenta até um certo ponto crítico. Neste ponto a força de atrito presente é
chamada atrito estático máximo (Am). Se a magnitude da força aplicada aumentar além de Am, o movimento
ocorre. Uma vez que a caixa esteja em movimento, uma força de atrito oposta continua atuando. A força de
atrito existente durante o movimento é chamada de atrito cinético (Ac). Ao contrário do atrito estático, a
magnitude do atrito cinético permanece com seu valor constante que é menor que o do atrito estático
máximo. A força de atrito permanece a mesma, independente da quantidade de força aplicada ou da
velocidade do movimento.

Dois fatores determinam a força de atrito estático máximo ou de atrito cinético em cada situação: o coeficiente
de atrito, representado pela letra grega mu (), e a força de reação normal (N).


F =μ ∙ ⃗
N

O coeficiente μé adimensional e representa a facilidade relativa de deslizamento ou a quantidade de


interação mecânica e molecular entre as duas superfícies em contato. Quanto maior a interação maior o valor
de .

Fatores que influenciam o valor de : irregularidade das superfícies, rigidez relativa das superfícies em
contato, tipo de interação molecular entre elas.

O coeficiente de atrito entre duas superfícies assume um entre dois valores diferentes, dependendo se os
corpos em contato estão imóveis (estático) ou em movimento (cinético).

 coeficiente de atrito estático (e)

 coeficiente de atrito cinético (c)

O outro fator que afeta a magnitude da força de atrito gerada é a força de reação normal. Se o peso é a única
força vertical agindo sobre um corpo apoiado em uma superfície horizontal, N é igual ao peso em magnitude.

MOMENTO LINEAR - O momento linear pode ser definido genericamente como a quantidade de movimento
que um objeto possui. Mais especificamente, o momento linear é o produto da massa de um objeto pela sua
velocidade.


M =m ∙ ⃗v (kg.m/s)

Objeto estático – não tem momento linear. M = 0

A primeira lei de Newton pode ser adaptada como o princípio da conservação do momento linear. Na
ausência de forças externas, o momento linear total de um dado sistema permanece constante. ⃗
M 1=⃗
M2
IMPULSO - Quando forças externas atuam, elas modificam o momento linear presente em um sistema de
maneira previsível. As alterações no momento linear não dependem apenas da magnitude de ação das forças
externas, mas também do tempo em que cada força atua. O produto da força pelo tempo é conhecido como
impulso.

⃗I =⃗
F ∙ ∆ t (N.s ou kg.m/s)

Quando um impulso atua em um sistema, o resultado é uma alteração no momento linear total do sistema. A
relação impulso-momento linear pode ser expressa como:

⃗I =∆ ⃗
M


F ∙ ∆ t=m ∙ v f −m∙ v i


F ∙ ∆ t=m ∙(v ¿ ¿ f −v i) ¿

⃗ (v ¿ ¿ f −v i ) ⃗
F =m∙ ¿ F r=m ∙ ⃗a
∆t

IMPACTO - Impacto é a colisão de dois corpos por um intervalo de tempo extremamente pequeno (30 – 50
ms), durante o qual os dois imprimem forças relativamente grandes um contra o outro. O comportamento de
dois objetos após um impacto depende não somente do momento linear coletivo, mas também da natureza
do impacto.

Impacto perfeitamente elástico  a velocidade relativa dos dois corpos após o impacto é a mesma que sua
velocidade relativa antes dele.

Impacto perfeitamente inelástico (ou plástico)  pelo menos um dos corpos se deforma, não recuperando sua
forma original, e os corpos não se separam.

A maioria dos impactos não é nem perfeitamente elástico nem perfeitamente plástico, mas fica em algum
ponto entre eles. A elasticidade relativa de um impacto é descrita pelo coeficiente de restituição (e). É um
valor adimensional e varia de 0 a 1

Quanto mais próximo de 1 for o coeficiente de restituição, mais elástico é o impacto


Quanto mais próximo de 0 for o coeficiente de restituição, mais plástico é o impacto

O coeficiente de restituição descreve as relações entre as velocidades relativas de dois corpos antes e após o
impacto.

No caso de um impacto entre um corpo em movimento e outro estacionário, a equação pode ser simplificada,
pois a velocidade do corpo estacionário permanece igual a 0.

Para um corpo que cai de determinada altura e após o impacto com o solo sobe novamente até uma outra
altura o coeficiente de restituição é dado por
hf = altura final hi = altura inicial

O coeficiente de restituição descreve a interação entre dois corpos durante um impacto; ele não é descritivo
para qualquer objeto ou superfície individualmente. Deixando cair uma bola de futebol, uma bola de tênis e
uma bola de basquetebol em várias superfícies diferentes, demonstra-se que algumas bolas saltam mais alto
em certos tipos de superfície.

CINÉTICA ANGULAR

TORQUE OU MOMENTO - É o efeito de uma força aplicada sobre um corpo capaz de produzir rotação neste
corpo. Algebricamente é o produto da intensidade da força pela distância (perpendicular) da linha de ação da
força ao eixo de rotação. A unidade de momento no SI é o Newton-metro (Nm).

τ =⃗
F ∙ r . sen θ

TORQUE OU MOMENTO RESULTANTE - Da mesma forma que é possível determinar uma força resultante
que isoladamente tem o mesmo efeito das forças componentes de um sistema, pode-se determinar o
momento resultante de um sistema de forças em relação a um determinado eixo. O torque resultante em
relação a um determinado eixo é a soma dos torques de cada uma das forças que compõem o sistema em
relação ao mesmo eixo.
MOMENTO DE INÉRCIA - Propriedade de um objeto em resistir às mudanças no seu movimento angular. É
afetado pela massa do objeto e como esta está distribuída em relação ao eixo de rotação. Cada partícula
fornece alguma resistência à mudança no movimento angular. Essa resistência é igual á massa da partícula
vezes o quadrado da distância da partícula ao eixo de rotação.

I = mr2 (kg.m2)

O momento de inércia de um objeto é dado pelo somatório dos momentos de inércia individuais de todas as
partículas que o compõem.

I = Σmiri2 (kg.m2)

RAIO DE GIRAÇÃO - Distância teórica do eixo de rotação onde toda a massa do objeto deveria estar
concentrada para criar a mesma resistência à mudança no movimento angular que o objeto oferece no seu
formato original. Portanto, o momento de inércia de um objeto é dado por:

I = mh2 onde h é o raio de giração

Efeito da massa e sua distribuição - A massa e a distribuição desta massa possuem efeitos diferentes sobre o
momento de inércia. Dobrando a massa - dobra momento de inércia. Dobrando o raio de giração -
quadruplica o momento de inércia. A distribuição da massa de um objeto á mais significativa para o momento
de inércia do que a própria massa. Para uma mesma massa, quanto mais afastada do eixo de rotação ela
estiver distribuída (ou concentrada), maior o momento de inércia.

Momento de inércia em eixos diferentes - Dependendo do eixo em torno do qual um objeto gira, seu momento
de inércia varia, apesar da massa ser a mesma. O momento de inércia sempre é relativo a um eixo de
rotação. Um mesmo segmento corporal apresenta diferentes valores de momento de inércia dependendo do
eixo em torno do qual gira.

Ex.: antebraço
flexão-extensão - maior momento de inércia
pronação-supinação - menor momento de inércia

Momento de inércia no corpo humano - Variação de posição dos eixos/segmentos → variação no momento
de inércia no corpo humano.

Momento angular - Pode ser definido como a quantidade de movimento angular de um corpo. O momento
angular de um corpo depende do seu momento de inércia e da sua velocidade angular.

H = I  (kg.m2/s)

Momento angular do corpo humano - O momento angular de todo corpo é igual à soma dos momentos
angulares de todos os segmentos corporais. Para não haver rotação do corpo: momento angular total = zero

Interpretação angular da 1ª lei de Newton - Princípio da conservação do momento angular: O momento


angular de um objeto permanece constante a menos que um torque externo resultante seja exercido sobre
ele.

Hi = Iii = Iff = Hf

A 1ª lei de Newton não requer que a velocidade angular seja constante, mas sim que o produto do momento
de inércia pela velocidade angular seja constante, se não houver torques externos atuando.
- momento de inércia

 velocidade angular momento angular constante

Interpretação angular da 2ª lei de Newton: Se um torque externo for exercido sobre um objeto, este irá sofrer
uma aceleração angular no sentido deste torque e essa aceleração angular será diretamente proporcional ao
torque e inversamente proporcional ao momento de inércia do objeto.

=T/I ou T = I

Para objeto com momento angular variável. Torque externo resultante é igual á taxa de variação do momento
angular.

T = H / t = (Hf – Hi) / t

Mudança no momento angular: aumento ou diminuição da velocidade angular, mudança na direção do eixo
de rotação, mudança no momento e inércia.

A aceleração angular do objeto ou uma mudança no seu momento de inércia não necessariamente indica a
presença de um torque externo resultante, pois o momento angular total do objeto pode permanecer
constante mesmo se ele acelerar angularmente ou mudar seu momento de inércia.

Interpretação angular da 2ª lei de Newton: Para cada torque exercido por um objeto sobre o outro, o segundo
exerce sobre o primeiro um torque de igual magnitude mas no sentido oposto. Os efeitos dos torques
dependem dos momentos de inércia dos objetos.

Impulso angular = mudança no momento angular

T = H / t = (Hf – Hi) / t T t = H = (Hf – Hi)

CONDIÇÕES DE EQUILÍBRIO

O controle do equilíbrio é um crítico fator em termos de prevenção de quedas, pois disfunções no equilíbrio
tem sido identificado como importante fator de risco para quedas.

Equilíbrio estático - Um corpo está em equilíbrio estático quando a força resultante e o momento resultante
de todas as forças que atuam sobre ele for igual a zero.

O equilíbrio consiste em manter o centro de gravidade (CG) dentro de uma base de suporte que proporcione
maior estabilidade nos segmentos corporais, durante situações estáticas e dinâmicas.

Centro de massa - Ponto em que se concentra toda a massa de um corpo.

Centro de gravidade (CG) - Ponto em que se concentra toda o peso de um corpo.

Relação (ou diferença) entre centro de massa e centro de gravidade:

Sinônimos  variação da força da gravidade é pequena.


Não sinônimos  variação da força da gravidade é grande

Centro de Pressão - Ponto onde está localizado o vetor resultante da força vertical do solo, que representa a
média ponderada de todas as pressões da área da superfície em contato com o solo. (Tookuni et al., 2005).
Resultado das forças aplicadas no apoio como resposta neuromuscular ao balanço do centro de massa.
(Mochizuki e Amadio, 2003).

Usado como uma medida de deslocamento influenciado pela posição do centro de massa e classicamente
associada aos estudos do controle postural pela sua relação com este. (Amadio et al., 1999).

1ª condição de equilíbrio:

A força resultante de todas as forças que atuam sobre o corpo deve ser igual a zero.

garante ausência de translação

2ª condição de equilíbrio:

O momento resultante de todas as forças que atuam sobre o corpo em relação a qualquer eixo deve ser igual
a zero.

garante ausência de rotação

ALAVANCAS

Quando os músculos desenvolvem tensão, tracionando os ossos para sustentar ou mover resistências, estes
funcionam mecanicamente como alavancas. Alavancas são hastes rígidas que podem girar em torno de um
eixo sob a ação de forças.

No corpo humano os ossos são as hastes rígidas, as articulções são os eixos e os músculos e cargas
resistentes aplicam forças.

Os três tipos possíveis de alavancas são: Primeira classe ou interfixa; Segunda classe ou inter-resistente;
Terceira classe ou interpotente.
Vantagem mecânica de uma alavanca - A eficiência de uma alavanca para mover uma resistência é dada
pela vantagem mecânica:

braço de força - distância do eixo até a força

braço de resistência - distância do eixo até a resistência

• Vm = 1 - a força necessária para movimentar uma resistência é exatamente igual à resistência.

• Vm > 1 - a força necessária para movimentar uma resistência é menor do que a resistência.

• Vm < 1 - a força necessária para movimentar uma resistência é maior do que a resistência

Alavancas de primeira classe

• Força e resistência aplicadas em lados opostos do eixo.

• No corpo humano - ação simultânea dos agonistas e antagonistas em lados opostos de uma
articulação.

• A vantagem mecânica pode ser maior, menor ou igual a 1.

Alavancas de segunda classe

• Resistência aplicada entre o eixo e a força.

• No corpo humano - não existem exemplos análogos.

• A vantagem mecânica é sempre maior que 1, pois o braço de força é sempre maior que o braço de
resistência.

Alavancas de terceira classe

• Força aplicada entre o eixo e a resistência.

• No corpo humano - a grande maioria das alavancas do corpo.

• A vantagem mecânica é sempre menor que 1, pois o braço de força é sempre menor que o braço de
resistência.

A grande maioria das alavancas do corpo humano, por serem de terceira classe e apresentarem as inserções
dos músculos próximas das articulações, apresentam baixo rendimento em termos de força. Entretanto, um
pequeno encurtamento do músculo possibilita uma grande amplitude de movimento na extremidade do
segmento. Da mesma forma, uma velocidade de encurtamento do músculo relativamente baixa acarreta uma
velocidade muito maior na extremidade do segmento.
TRABALHO E ENERGIA

Trabalho - Do ponto de vista mecânico, trabalho é o produto de uma força aplicada contra uma resistência
pelo deslocamento da resistência na direção da força.

W =⃗
F ∙ d (joules)
Força aplicada produz movimento → W ≠ 0
Força aplicada não produz movimento → W = 0
Movimentos humanos → ação de músculos
concêntrica → W positivo
excêntrica → W negativo
* contrações concêntricas → maior gasto calórico

Potência - Do ponto de vista mecânico, potência é a quantidade de trabalho realizada em um determinado


período de tempo.

W
P= (Watts)
∆t

P=F ∙ v *arremessos, corridas de velocidade, saltos.

Energia - Energia é a capacidade de produzir trabalho mecânico. Existem duas formas de energia mecânica:
energia cinética e energia potencial (joules).

Energia cinética - É a energia do movimento. Se um corpo está em movimento ele possui energia cinética.
m ∙ v2
Ec =
2

Energia potencial - É a energia acumulada ou armazenada. O termo potencial implica na possibilidade de


conversão para energia cinética. Existem dois tipos de energia potencial: energia potencial de posição e
energia potencial elástica ou de deformação

ENERGIA POTENCIAL DE POSIÇÃO (OU GRAVITACIONAL) - A energia potencial de posição está


relacionada com a altura que um corpo está em relação a uma superfície de referência, geralmente o solo.

E pg=mgh

ENERGIA POTENCIAL ELÁSTICA - A energia potencial elástica ou de deformação é a energia armazenada


quando um corpo se deforma. Esta energia armazenada pode ser restituída na forma de energia cinética.

k x2
E pe =
2

* restituição de energia pelos arcos plantares e tendão de Aquiles na corrida

CONSERVAÇÃO DE ENERGIA MECÂNICA - Quando um corpo está sujeito apenas à ação da gravidade,
sua energia mecânica permanece constante.

Ec + Ep = Constante

* recovery na marcha humana

RELAÇÃO TRABALHO-ENERGIA - O trabalho realizado por uma força sobre um corpo é igual à variação da
energia mecânica do corpo.

W = ∆E

W = ∆Ec + ∆Ep
OSSOS

Tecido extremamente dinâmico, continuamente formado e remodelado pelas forças às quais está sujeito.

Duas funções mecânicas importantes:

• Sustentação e proteção

• Sistema de alavancas

PROPRIEDADES E ESTRUTURA DO TECIDO ÓSSEO

Principais constituintes: carbonato de cálcio, fosfato de cálcio, colágeno e água.

• O carbonato e o fosfato de cálcio dão rigidez ao osso e são os responsáveis pela resistência à
compressão.

• O colágeno dá elasticidade ao osso e contribui para a resistência à tração.

• A água também é importante para a resistência do osso.

• Osso cortical - baixa porosidade (5 a 30% do volume), mais rígido, suporta maiores tensões e
menores deformações.

• Osso esponjoso - alta porosidade (30 a 90% do volume), menos rígido, suporta menores tensões e
maiores deformações.

A maioria dos ossos do corpo humano tem as camadas externas compostas de osso cortical com osso
esponjoso no interior. O osso é um material anisotrópico, isto é, resiste de maneira diversa à cargas aplicadas
em diferentes direções.
As estruturas dos ossos são grandemente determinadas pela natureza das forças às quais eles estão
sujeitos.

CARGAS MECÂNICAS SOBRE OS OSSOS

• Compressão

• Tração

• Cisalhamento

• Flexão

• Torção

COMPRESSÃO

Pode ser entendida como um aperto. É um tipo de carga que, atuando axialmente sobre um osso, tende a
diminuir o seu comprimento e aumentar seu diâmetro. Quanto maior a carga de compressão, mais tecido
deve ter o osso para suportá-la.

Vértebras lombares e ossos dos membros inferiores.

TRAÇÃO

É o oposto da compressão. É um tipo de carga que, atuando axialmente sobre um osso, tende a aumentar o
seu comprimento e diminuir seu diâmetro.

Sujeito suspenso em uma barra e carregamento de um peso.

CISALHAMENTO

É um tipo de carga que tende a provocar um deslizamento (ou deslocamento) de uma parte de um osso sobre
outra (ou de um osso sobre outro).
Força atuando sobre a articulação do joelho durante um agachamento.

FLEXÃO

É um tipo de carga que tende a curvar um osso, provocando esforços de compressão de um lado e esforços
de tração do outro. Acontece quando uma força excêntrica (não-axial) é aplica à extremidade de um osso,
criando um momento (torque) em um plano que contém seu eixo longitudinal.

Forças musculares atuando em ossos longos.

TORÇÃO

É um tipo de carga que tende a torcer um osso. Acontece quando uma força tende a girar um osso em torno
do seu eixo longitudinal estando uma de suas extremidades fixas (ou impedida de girar livremente). Deve-se
a um momento (torque) em um plano perpendicular ao eixo longitudinal do osso.

Tíbia: pé fixo enquanto o resto do corpo sofre uma rotação (futebol).

Cargas mecânicas

compressão tração cisalhamento torção flexão

CARGAS COMBINADAS

Como os ossos do corpo humano estão submetidos à força gravitacional, forças musculares e outros tipos de
forças, eles geralmente estão submetidos a mais de um tipo de carga. A combinação de duas ou mais
formas puras de carga é chamada carga combinada.

A forma irregular e a estrutura assimétrica dos ossos também contribui para o surgimento de cargas
combinadas.

TENSÃO (ESTRESSE MECÂNICO)


Tensão é a força aplicada por unidade de área. A mesma força aplicada em ossos com diferentes seções
transversais produz diferentes tensões.

CARGAS TRAUMÁTICAS E REPETITIVAS

• Carga traumática é uma carga de grande magnitude que aplicada uma única vez é suficiente para
causar lesão.

• Carga repetitiva é uma carga de pequena magnitude que aplicada uma única vez não é suficiente para
causar lesão, mas aplicada repetidamente sim (fratura por fadiga).

RESPOSTA ÓSSEA À CARGA

• Hipertrofia - aumento da densidade óssea (mineralização) em resposta ao aumento das cargas


regularmente aplicadas (atividades físicas regulares). Quanto maior a força regularmente aplicada,
maior a mineralização do osso.

• Atrofia - diminuição da densidade óssea (mineralização) em resposta à redução das cargas


regularmente aplicadas (sedentarismo).

LESÕES ÓSSEAS COMUNS

Considerando as importantes funções mecânicas desempenhadas pelos ossos, sua integridade é um


componente importante da saúde geral. As lesões ósseas mais comuns são:

• Fratura - interrupção na continuidade do osso

• Osteoporose - deficiência de cálcio

Fraturas

• Avulsão - fratura induzida por uma carga de tração, na qual uma parte do osso é puxada para fora por
um tendão ou ligamento nele inserido (arremessos e saltos extremamente explosivos)

• Fratura por flexão (ossos longos)

• Fratura por torção (fratura da tíbia - futebol)

• Fratura por cisalhamento (colo do fêmur)

• Fratura impactada - fratura induzida por uma carga de compressão; rara, normalmente acontece
quando existem cargas combinadas
• Fratura cominutiva - resultante de uma carga rápida, caracterizada por numerosos pequenos
fragmentos

• Fratura por fadiga - resultante de carga repetitiva de pequena magnitude (colo do fêmur)

• Fratura em galho verde - fratura incompleta

Avulsão Fratura em galho verde

Osteoporose

Com o aumento da proporção de idosos na sociedade houve um concomitante aumento da


prevalência da osteoporose.

Importância da atividade física como fator de mineralização óssea e de saúde.

Perda excessiva de componente mineral e da resistência do osso. Observada na maioria dos


indivíduos idosos, principalmente mulheres. Cerca de 90% das fraturas após os 60 anos estão relacionadas
com a osteoporose. Estudos têm demonstrado que a atividade física regular tende a aumentar a
mineralização óssea em indivíduos com osteoporose. Entretanto, programas da atividades físicas para estes
indivíduos devem ser feitos com cuidado para minimizar os riscos de fraturas.

MÚSCULOS

São estruturas individualizadas que cruzam uma ou mais articulações e pela sua contração são
capazes de transmitir-lhes movimento.

Único tecido do corpo humano capaz de desenvolver tensão ativamente.


Função do tendão - Transmitir a tensão (força) do músculo para o osso.

PAPÉIS DOS MÚSCULOS

Ligadas ao movimento humano:

 Produção de movimento

 Manutenção de posturas e posições

 Estabilização de articulações

• Agonistas - músculos que causam movimento em torno de uma articulação por meio de ação
concêntrica. Exemplo: Bíceps braquial na flexão do cotovelo

• Antagonistas - músculos que se opõem ao movimento em torno de uma articulação por meio de ação
excêntrica. Exemplo: Tríceps na flexão do cotovelo

• Estabilizadores - músculos que agem em um segmento de modo a estabilizá-lo, para que possam
ocorrer movimentos específicos em articulações adjacentes. Exemplo: Rombóide fixa a escápula para
movimentar somente o membro superior

• Neutralizadores - músculos que previnem ações acessórias indesejadas provocadas por outros
músculos. Exemplo: Bíceps braquial produz tanto flexão do cotovelo quanto supinação do antebraço.
Se apenas a flexão do cotovelo é desejada o pronador redondo age como neutralizador na supinação
do antebraço.

Propriedades do tecido muscular:


Extensibilidade: capacidade de aumentar o seu comprimento

Elasticidade: capacidade de retornar a seu comprimento original após a deformação

Contratilidade: capacidade do músculo se encurtar ao receber estimulação suficiente

Irritabilidade: capacidade de responder a um estímulo

Capacidade de gerar tensão: A tensão muscular é gerada pela ativação do músculo.

A tensão aplicada sobre um segmento corporal pode gerar movimento deste segmento através da rotação em
torno de uma articulação (produção de torque)

O torque resultante determina a presença ou não de movimento.

TENSÃO MUSCULAR

Quando um músculo é ativado ele desenvolve tensão, que depende da área da sua seção transversal
( 90 N/cm2). Esta tensão produz torque nas articulações. O torque resultante determina a presença ou não
de movimento.

AÇÕES MUSCULARES

Ação concêntrica

• Acontece quando a tensão muscular provoca um torque maior que o torque das cargas resistivas,
encurtando o músculo. A ação concêntrica é responsável pela maioria dos movimentos voluntários
dos membros do corpo humano.

• Uma única fibra muscular é capaz de se encurtar até aproximadamente metade de seu comprimento
normal de repouso.

Ação isométrica

• Acontece quando a tensão muscular provoca um torque igual ao torque das cargas resistivas. O
comprimento do músculo permanece inalterado e não ocorre movimento em torno da articulação.

• A ação isométrica aumenta o diâmetro do músculo.

Ação excêntrica

• Acontece quando a tensão muscular provoca um torque menor que o torque das cargas resistivas,
alongando o músculo. A ação excêntrica age como um mecanismo de freio.

• Para produzir o mesmo trabalho mecânico, uma ação concêntrica normalmente requer um dispêndio
calórico maior do que uma ação excêntrica.
FATORES MECÂNICOS QUE AFETAM A FORÇA MUSCULAR

A magnitude da força gerada por um músculo está relacionada, entre outras coisas, com sua velocidade de
encurtamento, com seu comprimento e com seu ângulo de inserção.

• Relação força x velocidade

• Relação força x comprimento

• Ângulo de inserção do músculo

Relação força x velocidade

A relação entre a força concêntrica produzida por um músculo e a velocidade com a qual ele encurta é
inversa. Quando a resistência é alta, a velocidade de encurtamento deve ser relativamente baixa. Quando a
resistência é baixa, a velocidade de encurtamento pode ser relativamente alta.

A relação força x velocidade não implica na impossibilidade de mover uma resistência elevada a uma
velocidade alta nem de mover uma carga leve a uma velocidade baixa.

A relação força x velocidade indica que para uma determinada carga ou força muscular desejada existe uma
velocidade máxima de encurtamento possível.

A relação entre a força excêntrica produzida por um músculo e a velocidade com a qual ele alonga apresenta
um comportamento diferente. Em cargas menores que a isométrica máxima, a velocidade de estiramento é
controlada voluntariamente. Em cargas maiores que a isométrica máxima, o músculo é forçado a estirar com
velocidade proporcional à carga.

Relação força x velocidade

(concêntrica)
Relação força x comprimento

A força isométrica máxima que um músculo pode produzir depende em parte do seu comprimento. No corpo
humano, o pico de geração de força acontece quando o músculo está levemente estirado.

Ângulo de inserção do músculo

A força muscular aplicada a um segmento corporal é decomposta em duas componentes, cujos valores
dependem do ângulo de inserção do músculo:

• componente rotatória

• componente de deslizamento

Componente rotatória

É a componente da força muscular que atua perpendicularmente ao eixo longitudinal do segmento. É a


responsável pelo torque que possibilita o movimento de rotação do segmento em torno da articulação.

Componente de deslizamento

É a componente da força muscular que atua paralelamente ao eixo longitudinal do segmento. Dependendo do
ângulo de inserção do músculo, tende a puxar o osso para fora do centro articular (componente deslocadora)
ou empurrá-lo em direção ao centro articular (componente estabilizadora).
Componentes da força muscular

Ângulo de inserção do músculo

Quando o ângulo de inserção é agudo, a componente rotatória é pequena e a de deslizamento estabiliza a


articulação. A componente rotatória aumenta até um valor máximo com um ângulo de inserção de 90º. A
medida que este ângulo aumenta, a componente rotatória novamente diminui e a componente de
deslizamento passa a puxar o osso para fora da articulação.

Como a componente rotatória é a responsável pelo torque na articulação, alterações no seu valor acarretam
alterações no torque articular. O torque máximo na articulação ocorre quando o ângulo de inserção do
músculo é 90º.

O torque máximo produzido na articulação do cotovelo ocorre quando braço e antebraço formam entre si
aproximadamente 80º.

POTÊNCIA MUSCULAR

Potência muscular é o produto da força muscular pela velocidade de encurtamento do músculo. Como as
fibras CR desenvolvem tensão mais rapidamente que as CL, um músculo com maior percentagem de fibras
CR é capaz de desenvolver maior potência.
A potência muscular máxima ocorre aproximadamente a um terço da velocidade máxima de encurtamento do
músculo.

Relação potência x velocidade

EFEITO DA TEMPERATURA

À medida que a temperatura corporal se eleva, a atividade dos músculos aumenta, provocando um desvio na
curva força x velocidade, com um valor mais alto de tensão isométrica máxima e uma velocidade de
encurtamento muscular mais elevada para qualquer carga aplicada. Estes efeitos provocam um aumento da
tensão, da potência e da resistência musculares.

A função muscular é mais eficiente a 38,5 Cº.

LESÕES
Exercicios

Considerar a força do bíceps (B) igual a 30 kgf e constante para os diferentes ângulos da articulação do
cotovelo. Calcular para os ângulos de inserção de 15°, 30° e 80° o valor das componente S e T da força do
bíceps e o valor do torque gerado pelo bíceps sobre a articulação do cotovelo, sabendo que a distância do
ponto de inserção do músculo até a articulação é 5 cm.

P = 50 N, Ps = 20 N, F = 400 N

a = 5 cm, b = 15 cm, c = 30 cm

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