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Consultoria

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Proteção de Sistemas Elétricos
Elétricos

1 – Relés Direcionais de Corrente


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1 - INTRODUÇÃO

I L4
4
T1

Barra consumidora
L3
3
F

~ T2
L2
2

L1
1

Fig. 10.67 – Indicação de proteção direcional em quatro linhas de transmissão


Os relés direcionais são construídos em unidades eletromecânicas, eletrônicas ou estáticas e
digitais .
Há três tipos de relés direcionais, que serão estudados detalhadamente, cujo emprego
depende da grandeza elétrica que se quer controlar,

ou seja:
 relé direcional de sobrecorrente de fase;
 relé direcional de sobrecorrente de terra;
 relé direcional de potência.

2 – Relés Direcionais de Corrente


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A B

Carga
LT T2 Icc
1 2 T3
3 LT
II
Icc

9
I 4 T4

Carga
Carga
LT
8 7 T6
T7 6
Carga C
D

Carga
8 - Disjuntor extraível
LT - Linha de transmissão T5 5

ou - Relé direcional de corrente


- Relé de sobrecorrente
LT

Fig. 10.68 – Diagrama unifilar de um circuito em anel fechado


1.1 - Relé de sobrecorrente de indução
1.1.1 - Relé direcional de sobrecorrente de fase
 Esses relés são utilizados essencialmente na proteção de linhas de transmissão da classe
de tensão, normalmente igual ou superior a 69 kV.

3 – Relés Direcionais de Corrente


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 Os relés direcionais de sobrecorrente reconhecem o sentido de fluxo da corrente elétrica


que circula no ponto de sua instalação.
 É importante observar que a saturação dos transformadores de corrente utilizados nesse
tipo de proteção não é normalmente crítica, quando se trata na realidade de comparar o
sentido da corrente, em vez da magnitude da corrente, como acontece numa proteção de
sobrecorrente convencional.
 Os relés direcionais de sobrecorrente de fase somente devem ser aplicados em sistemas
fechados em anel ou naqueles dotados de dois ou mais circuitos alimentadores operando
em paralelo. Não há sentido em aplicá-los em sistemas radiais.
 Os relés direcionais de indução são construídos em unidades monofásicas e trifásicas. As
unidades trifásicas são na realidades três unidades monofásicas.
1.1.1.1 - Características construtivas
Os relés direcionais de sobrecorrente de fase são constituídos basicamente das seguintes
unidades:
a) Unidade temporizada de sobrecorrente
Consiste em uma bobina de operação de corrente enrolada em uma estrutura de ferro
magnético, na forma de U, provida de várias derivações ou tapes. O eixo do disco possui um
contato móvel solidário que se desloca no sentido de tocar o contato fixo. O deslocamento
rotacional do eixo é controlado por uma mola do tipo espiral que fornece um torque antagônico.
O movimento do eixo é também retardado por um ímã permanente que age sobre o disco. O
ímã permite que se obtenham as curvas características de tempo x corrente do relé.
Tab. 10.13 – Faixas de ajuste dos relés direcionais UTS
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Faixa (A) Tapes disponíveis (A)
0,5 - 4 0,5-0,6-0,7-0,8-1,0-1,2-1,5-2,0-2,5-3,0-4,0
1,5 - 12 1,5-2,0-2,5-3,0-4,0-5,0-6,0-7,0--8,0-10,0-12,0
2,0 - 16 2,0-2,5-3,0-4,0-5,0-6,0-7,0--8,0-10,0-12,0-16,0

b) Unidade direcional de potência


É constituída de um cilindro de indução com estator laminado. O rotor, semelhante a um copo,
é feito em alumínio. A unidade funciona igual a um motor de indução de fase dividida.
As impedâncias dadas na Tab. 10.14 referem-se à condição de ligação do relé no tape mínimo.
Quando o relé é ligado em qualquer outro tape, o que é muito comum, a impedância varia com
o inverso e com o quadrado da corrente do tape admitido de acordo com a Equação (10.17).
Por exemplo, se um relé de característica de tempo muito inverso estiver ligado no tape 3,0 A,
de acordo com a Tab. 10.14, o valor da sua impedância valerá:
2
 I 
Z 2  Z 1   1 
 I2 

 Para a resistência
2 2
 I   1,5 
R 2  R1   1   0,43     0,107 
 I2   3

 Para a reatância
2 2
 I   1,5 
X 2  X 1   1   1,01     0,252 
 I2   3 

Tab. 10.14 – Cargas do circuito de corrente a 60 Hz do relé IBC – GE


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Carga no pick-up de mínima impedância - Ohm


Característica Faixa 3X 10X VA a 5A
Resis.efetiva Reat. Imped. Potência Fat
do tempo de pu pu 5,0 A
tape    VA - mín mín -
Inverso 2,0-16 0,57 1,92 2,00 8,00 0,28 1,80 0,80 50,00
Muito inverso 1,5-12 0,43 1,01 1,09 2,47 0,39 1,00 0,90 27,00
Extremam. Inverso 1,5-12 0,29 0,63 0,69 1,55 0,41 0,70 0,70 17,00

c) Unidade instantânea
É do tipo armação articulada.
Tab. 10.15 – Carga da unidade instantânea
Unidade Faixa Pick-up Carga no pick-up mínimo
Faixa Carga Z ( ) x pick-up
instatânea 
mínimo
A - A A R X Z 3 10 20
6 - 150 60 L 6,0 - 30,0 0,110 0,078 0,135 0,090 0,080 0,080
H 30,0-150,0 0,022 0,005 0,023 0,020 0,020 0,020

d) Unidade de bandeirola e selagem


Semelhantemente ao relé de sobrecorrente já estudado, essa unidade tem a sua bobina em
série e os seus contatos em paralelo com os contatos da unidade de sobrecorrente de fase.
Quando opera, faz surgir uma bandeirola vermelha, que somente é desfeita por desarme
manual através do mesmo mecanismo que destrava a bandeirola da unidade instantânea.
Tab. 10.16 – Características da unidade de selagem

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Descrição Tapes
0,2 2
Resistência CC ± 10% () 7,00 0,13
Operação mínima (A) + 0 - 25% 0,20 2,00
Passagem contínua (A) 0,30 3,00
Passagem para 30 A/s 0,03 4,00
Passagem para 10 A/s 0,25 30,00
Impedância, 60 Hz () 52,00 0,53

1.1.1.2 - Características de tempo

a) Característica de tempo inverso


Essa característica é notadamente indicada para sistemas onde a corrente de curto-circuito
depende principalmente da capacidade de geração no instante do defeito.
b) Característica de tempo muito inverso
Essa característica de tempo é normalmente indicada para sistemas onde a corrente de curto-
circuito depende da distância entre o local onde ocorre o defeito e o ponto de instalação do
relé. Independe da capacidade de geração do sistema e está associada, em síntese, à
impedância de falta.
c) Característica extremamente inversa
Pode ser aplicada em sistemas com características semelhantes ao sistema de tempo muito
inverso. Apresenta, no entanto, tempo de atuação significativamente mais rápido.

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Faixa de Ampliação (Série 800)


Faixa Ajuste
Unid. Tempo Unid. Inst. Tapes Unid. Tempo Unid. Inst.
0.5 - 4.0 0.5 - 4.0 0.5 - 0.6 - 0.7 - 0.8 - 1.0 - 1.2 - 1.5 - 2.0 - 2.5 - 3.0 - 4.0 Ajuste
1.5 - 12.0 2-18 1.5 - 2.0 - 2.5 - 3.0 - 4.0 - 5.0 - 6.0 - 7.0 - 8.0 - 10 - 12 Contínuo
2-16 10-80 2.0 - 2.5 - 3.0 - 4.0 - 5.0 - 8.0 - 7.0 - 8.0 - 10 - 12 - 18
20-180

10

Tempo e Segundos
Tempo e Segundos
10
11 9
8
7

Ajuste de Tempo
6
5
4

0,1 1
1
2

0,01
1 10 100 1.000 10.000
Múltiplos de Calibração do Tape

Fig. 10.69 – Curva de temporização do relé direcional IBC


1.1.1.3 - Torque
A unidade direcional do relé de sobrecorrente de fase é percorrida pela corrente da fase
correspondente à ligação do relé, enquanto a tensão aplicada à bobina de potencial é referente
às outras duas fases. Isto é, o relé da fase A é sensibilizado pela corrente que flui na fase A,
enquanto a bobina de potencial é ligada entre as fases B-C.

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A Equação (10.18), de caracter geral, fornece o torque produzido por uma unidade direcional
de sobrecorrente, ou seja:
T  K 1  I 1  I 2  sen   K 2

K1- constante do relé que depende do projeto;


K2- constante que representa o torque resistente da mola;
I1 - corrente da bobina de potencial da unidade direcional;
I2- corrente da bobina de corrente da unidade direcional;
- ângulo de defasagem entre as correntes I1 e I 2 .

Conforme se observa na Equação (10.18), o valor máximo de torque se dá para   90 0

conforme Fig. 10.70 (a). Porém, muitas vezes se deseja que o conjugado máximo seja
alcançado para um ângulo  diferente de 90 0 , como ocorre durante os eventos de curto
circuito. Para isso, basta que através de uma resistência ou capacitor se efetue a
decomposição de I 1 (corrente tomada como referência), de tal forma que apenas uma de suas
componentes I 1 atue na bobina da unidade direcional. Dessa forma, obtêm-se a Equação
(10.19).
T  K 3  I1'  I 2  sen       K 2

Ou ainda:
T  K3  I1'  I 2  cos      K 2

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I2 Posição de I 2
para conjugado I2
máximo
I1

 I1
 Referência
90º
= 90°
I1 T>0

T<0 T=0
I1

(a) (b)
Fig. 10.70 – Diagrama vetorial do relé polarizado por corrente
I 1' - componente de I1, aplicada à bobina de corrente da unidade direcional;

 - ângulo que define neste caso o conjugado máximo que é uma característica particular

de cada relé.
Analisando a Equação (10.20) pode-se constatar que os conjugados máximos, nulos e
negativos são obtidos para as seguintes condições, admitindo-se K 2 desprezível.
cos      1      T  Tmax

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cos      0      900  T  0

cos      0      900  T  0

Isso pode ser melhor entendido através da Fig. 10.70 (b). Com a variação do ângulo de     90
°a     90 °, pode-se garantir que o relé produz um torque positivo. Para valores diferentes, o
torque resultante será negativo ou nulo. Através desse artifício se consegue que o relé seja
direcional para um determinado sentido de corrente.
Sendo a corrente I 1 tomada como referência, os ângulos são contados como positivo quando
estão medidos a partir de I 1 no sentido contrário aos ponteiro do relógio.
O torque de uma unidade direcional poderá ser calculada de uma outra forma, quando se
considera que o relé é alimentado por um vetor corrente e um vetor tensão que é utilizado
como polarização. Nessa condição, o torque pode ser fornecido pela Equação (10.21).
T  K1  I p  I  sen(   )  K 2

K1- constante do relé que depende do projeto;


K2- constante que representa o torque resistente da mola;
Ip- corrente que circula na bobina de tensão, produzindo um fluxo  e ;
I - corrente que circula na bobina de corrente da unidade direcional;
- ângulo de defasagem entre a tensão estabelecida na bobina de potencial e a corrente
circulante na bobina de corrente, respectivamente designadas por V p eI ;

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 - ângulo de defasagem entre a corrente circulante na bobina de potencial e a tensão
estabelecida na bobina de potencial do relé (ângulo negativo), respectivamente designadas por
I p e Vp.

A Fig. 10.71 mostra o diagrama de operação do relé direcional, cuja tensão é tomada
como referência, enquanto a Fig. 10.73 mostra um diagrama básico de um relé direcional
dotado das unidades direcionais e de sobrecorrente com indicação da tensão e correntes
aplicadas às respectivas bobinas de tensão e corrente.

T máximo
I b
Ib
T>0
T=0

70


T<0 °
Vp

Ip


p

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Fig. 10.71 – Diagrama vetorial do relé polarizado por tensão


A Fig. 10.72 mostra sumariamente uma unidade wattimétrica, cujo ponteiro é substituído por
um contato móvel. Há uma diferença a considerar. O torque máximo do wattímetro se dá
quando a corrente está em fase com a tensão, enquanto no relé direcional o torque máximo é
obtido quando a corrente está em atraso da tensão de um determinado ângulo.
Os relés direcionais do sobrecorrente são constituídos de uma unidade direcional formada por
uma bobina de tensão, conectada aos terminais de um transformador de potencial e uma
bobina de corrente conectada em série à bobina de corrente da unidade sobrecorrente, de
conformidade com a Fig. 10.73.

Bobina de tensão da unidade


Terminais de tensão direcional
Para a bobina
E do disjuntor

Contato móvel

Bobina de corrente da
unidade direcional 67

Terminais
 de corrente

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Fig. 10.72 – Unidade wattimétrica de um relé direcional


Para que haja operação do relé direcional, é necessário, portanto, que a unidade de
sobrecorrente (bobina de corrente) feche seus contatos, que estão em série com os contatos
da unidade direcional, (bobinas de corrente e de potencial), conforme pode ser observado pela
Fig.

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B
C

Transformadores
TP1 TP2 de potencial

a c
b

Bobina
de
Transformadores de

Unidade direcional
potencial b Vp
a c
Ip
b
de fase
corrente

Bobina
de c b a

Ib

Ia
Ic
corrente

Unidade de
TC1

TC2

TC3

c b a sobrecorrente

Ib

Ia
Ic
de fase

52

Fig. 10.73 – Diagrama de um relé direcional e suas unidades operacionais

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Retificador Bobina auxiliar

Contato auxiliar do relé

Banco de
Baterias

51 - A 67 - A I
Disjuntor

51 - B 67 - B Bobina de
abertura
51 - C 67 - C

Contato da Pólo do disjuntor


unidade direcional (67 - C)

Contatos da
unidade de
sobrecorrente

Fig. 10.74 – Ligação dos contatos dos relés direcionais


Ao circular uma corrente no sentido inverso ao normalmente admitido pelo relé na fase C a
unidade sobrecorrente temporizada (67C/TOC), da Fig. 10.76 é acionada através do controle
da unidade direcional (67-C/DIR). Desta forma, é fechado o contato correspondente 67 - C, da
Fig. 10.77, e energizada a bobina de selo 67-C/SI, cujo contato em paralelo com o contato da
unidade de sobrecorrente direcional garante, com segurança, a operação da bobina de
abertura do disjuntor 52/TC através do seu contato normalmente aberto 52a (fechado para o
disjuntor fechado).
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A B C

S2

X1

Y
52

Ib 67 - 3 67 - 2 67 - 1
X1
H1 DIR DIR DIR

H1
67 - 3 67 - 2 67 - 1 67-3 62-2 67-1
TC TOC TOC TOC
DIR DIR DIR
TC TC TC

A B C 67-3 67-2 67-1


TOC TOC TOC
F H1 X1

c
Corrente de Disparo

CORREÇÃO DA CORRENTE
Direção da

67 - 1

Vcd
DIR H1 X1

DE DISPARO
67 - 2 67-3

b
TPs DIR DIR

67-1
67 - 3 DIR
DIR

67-2
DIR
a

ABERTO
67 - 3
TOC - Bobina de corrente da unidade da sobrecorrente temporizada da fase C.
67 - 3
67 - 3 - Unidade direcional da fase C. D I R - Bobina de corrente da unidade direcional da fase C.

Fig. 10.75 – Relé dir. c/ 2 TP´s e 3 TC´s Fig. 10.76 – Relé dir. c/ 3 TP´s e 3 TC´s

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Linha 1 Linha 2
Rede de suprimento Rede de suprimento
C B A C B A
TPs TPs
a a
a a
x +3 +3
67.A 4 67.A 4
b 4 b 4
67-C 67-C
b b
+3 +3
67.B +3 67.B +3

Defeito
c 4 c 4
c c

Defeito
Normal

Normal
+

F 67-A/DIR
67-A/DIR
+ 51-A + 51-A
67 - C TCs 7 8 5 6 TCs 5 6
SI
7 8 5 6 5 6
125 ou 220 Vcc

67 - B 67 - A 51 - C 67 - C/DIR
67 - C 67 - C
SI 7 8 5 6 5 6
Para defeito no
52 ponto X 52
Normal
Normal
52a

52
TC
-
SI - Bobina de selo
52/TC - Bobina de disparo do disjuntor Carga
52a - Contato auxiliar do disjuntor (este contato está aberto quando do disjuntor está desligado)

Fig. 10.77 – Diagrama de comando Fig. 10.78 – Diagrama trifilar

Na proteção direcional existem praticamente três tipos de ligação convencional quando são
utilizados relés direcionais polarizados por tensão-corrente. Cada uma dessas ligações

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corresponde um relé direcional específico, com ângulo máximo de torque diferente. Nos relés
digitais, pode-se ajustar o ângulo conforme a necessidade do projeto.
São esses os tipos de ligação:
a) Conexão 300
Corresponde à ligação vista na Fig. 10.79. Nesse caso, a corrente de operação Ia está
adiantada da tensão de polarização Vac de um ângulo de 300 elétricos.

TC
A Ia

30
°
B A

C TP TP Ia

a
a
Vac
c
b C B

Fig. 10.79 – Conexão a 300


b) Conexão 600
Corresponde à ligação vista na Fig. 10.80. Nesse caso, a corrente de operação I a está
adiantada da componente da tensão de polarização Vbc  V ac de um ângulo de 600 elétricos.

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TC
Ia
A

B A

Vbc + Vac
C TP TP Ia 60°

a
Vbc + Vac
b
c C B

Fig. 10.80 - Conexão a 600


c) Conexão 900
Corresponde à ligação vista na Fig. 10.81. Nesse caso, a corrente de operação Ia está
adiantada da tensão de polarização Vbc de um ângulo de 900 elétricos.
TC
A Ia

B A

C TP TP Ia

b Vbc 90°
c C B

Fig. 10.81 - Conexão a 900

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Como a conexão em quadratura é a mais empregada em projetos de proteção de


sobrecorrente direcional, será melhor detalhada a sua aplicação.
Considerar a Fig. 10.82 onde operam dois relés de sobrecorrente direcionais ajustados para
atuarem somente para correntes de defeito que circulem nos sentidos ACB ou BCA. Cada relé
possui ângulo máximo de torque de + 300 e está conectado em quadratura, conforme
diagramas das Fig.10.83 e 10.84. Foi considerada também uma corrente mínima ajustada de
I min . Neste caso, tem-se para cada fase:

A
G1 I b
TC C
52 T=O

TP I b (para Fp=1)

Posição de I b
67 para conjugado
Carga
máximo
Corrente Mínima
B I min
G2
TC Vpol
52

TP

T>O
67
T<O

Fig. 10.82 – Conexão em paralelo Fig. 10.83 – Conexão em quadratura


 Relé da fase A
 Tensão de polarização V pol  Vcb
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 Corrente de operação I op  I a

 Relé da fase B
 Tensão de polarização V pol  V ac

 Corrente de operação I op  I b

 Relé da fase C
 Tensão de polarização V pol  Vba

 Corrente de operação I op  I c

Denomina-se ângulo característico do relé ou ângulo de projeto (  ) que se ajusta no


equipamento, aquele formado entre a grandeza de operação, normalmente a corrente, e a
grandeza de polarização, normalmente a tensão.
Decompondo o diagrama vetorial da Fig. 10.84 (a), em que a corrente I b está em adiantado de
90 0 em relação à tensão de polarização Vac (ligação do relé chamada em quadratura), obtém-
se o diagrama desagregado da Fig. 10.84 (b), que melhor visualiza os componentes vetoriais.

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A Ia
Vba Vba

Ia Vcb

Ib Vfase(para Fp=1)

Ic
C Ic Ib B
Vac Vcb Vac

(a) (b)
Fig. 10.84 – Conexão em quadratura (90º)
 Considerar agora os valores numéricos de um relé ligado em quadratura, conforme
diagrama da Fig. 10.85. O ângulo  pode ser alterado pela simples aplicação de resistores
e capacitores no circuito das bobinas do relé e, por isso, é denominado ângulo de projeto.
Na prática, esse ângulo está compreendido entre  45 0 a  70 0 .
 Admitindo inicialmente um relé ajustado de fábrica com um ângulo   45 , conforme se 0

pode observar na Fig. 10.85, o relé desenvolverá o seu conjugado máximo para uma
corrente I b , defasada de 45° em relação a Vac . Neste caso, a corrente I b estará atrasada
de 45° em relação à sua posição para fator de potência igual a 1.
 Se considerar agora um relé que vem ajustado de fábrica para um ângulo de projeto   70 0

. Assim, o relé desenvolverá um conjugado máximo quando a corrente I b estiver defasada


da tensão Vac de um ângulo   20 , conforme Fig.10.86. Dessa forma, a corrente I b fica em
0

atraso de um ângulo de 70 0 em relação à sua posição para fator de potência unitário.


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I b
 Ib
Posição para I b
para conjugado
máximo I b = (para fator potencia igual a 1)
Ib
0
45
Posição de I b para conjugado máximo
T>0 70
°

 450
T<0 V ac = 20°

Vac
 45 0
T>0


T<0
T=0 T=0

Fig. 10.85 – Quadratura para : - 45º Fig. 10.86 – Quadratura para : - 70º
 Muitas vezes é conveniente ajustar o relé para o seu conjugado máximo relativo a uma
corrente em atraso da tensão de um ângulo de 70 0 para a posição de fator de potência
unitário, em virtude de sua atuação se dar, em geral, durante ocorrências de curtos-circuitos,
quando o fator de potência é muito baixo, cerca de 0,30. Isso corresponde a uma corrente
em atraso da tensão de um ângulo de 72,5 , obtendo-se, assim, o valor máximo do
0

conjugado desejado.
Assim, para um relé, cujo ângulo entre a tensão de polarização e a corrente de operação para
a condição de fator de potência unitário, é   40 , operando num circuito cuja corrente de carga
0

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vale I 65  /-31,70 A (fator de potência igual a 0,85), pode-se analisar a condição de operação e
bloqueio do relé da seguinte forma, baseada na Fig. 10.87.

Vab = V34

T>O
Va T<O
30°
Ia
I 65 /-31,7° (Invertida)

-V2 20° 11
,7°

°
72

40
Tmáx ,5°
I 56 /-72,5°

I 56 /-72,5°
(Invertida)
Ic 120° Ib
Vc Vb

I 65 /-31,7°
Corrente de defeito
Corrente de carga
Ia

Fig. 10.87 – Diagrama vetorial para ângulo do relé de 400


Inicialmente, traçam-se os vetores de tensão de fase Va ,Vb e Vc . Em seguida, obtém-se a
tensão composta, no caso V ab  V34 , que está aplicada à bobina de potencial do relé 67 - A,
conforme Fig. 10.78. Constata-se na Fig. 10.78 que, durante a operação normal do sistema
elétrico, a corrente circula na bobina de corrente da unidade direcional 67 – A/DIR, ligada em
série com a bobina 51 – A e ligada aos terminais do TC, com polaridade de 6 para 5. Durante
os eventos de curto-circuito a corrente de defeito circula inversamente, isto é, da polaridade de
5 para 6.
25 – Relés Direcionais de Corrente
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Vc

T=O Ic

I 65 /-31,7° Tmáx
(Invertida)

31,7° -Vb

I 56 /-72,5°
72
,5°

40°
°
120
Vab = V34
I 56 /-72,5°
(Invertida)

Va
V3

I1 Corrente de defeito
T>O
Corrente de carga
I 65 /-31,7° T<O

Fig. 10.88 – Diagrama vetorial para ângulo do relé de 900


É bom observar que a unidade direcional controla direcionalmente a unidade temporizada de
sobrecorrente. Há certas condições de operação do sistema em que o relé direcional de
sobrecorrente pode atuar indevidamente se não forem tomadas medidas preventivas.
Suponhamos o caso de um sistema mostrado na Fig. 10.89.

26 – Relés Direcionais de Corrente


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Icc

G3
Ic

Carga
G1 1 2 4 5
F

G2

Fig. 10.89 – Diagrama básico do sistema


1.1.2 - Relé direcional de sobrecorrente de terra
São relés de sobrecorrente direcionais usados na proteção de linhas de transmissão contra
defeito fase e terra.
Assim, para se obter uma proteção de terra podem ser instalados os relés de sobrecorrente
direcionais de acordo com a conexão da Fig. 10.89. Dessa forma, é possível operar o relé para
a corrente de curto-circuito do sistema mesmo que tenha valores próximos ao da corrente de
carga. Para isso, deve-se conectar os transformadores de potencial do relé de neutro visto na
Fig. 10.88 em delta aberto (3V0) que é a tensão de polarização do relé. A corrente de operação
Iop corresponde à corrente de neutro, obtida através da conexão dos transformadores de
corrente com a polaridade invertida.

27 – Relés Direcionais de Corrente


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TP TP TP

3VO

Relé

3I O

Fig. 10.90 – Diagrama de ligação de uma proteção de neutro sensível a 3V0


Em condições normais de operação o relé não deve atuar pois o resultado da tensão e da
corrente na bobina de operação de neutro (67N) vale:
3V0  V a  Vb  Vc  0

3I o  I a  I b  I c  0

Se o sistema está submetido a uma falta monopolar, por exemplo, na fase A para a terra,
haverá circulação de corrente de seqüência zero 3I o e consequentemente a atuação do relé
que está polarizado por 3V 0 .
28 – Relés Direcionais de Corrente
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1.1.3 - Relé direcional de potência


A proteção com o relé direcional de potência tem a finalidade de reconhecer em que sentido
está fluindo a potência do sistema num determinado momento. Esses relés são empregados
em unidades geradoras, quando um fluxo de potência flui num sentido não desejado. Neste
caso, o relé é ajustado para atuar se este fluxo de potência perdurar por um período de tempo
além do valor definido, fazendo operar o disjuntor correspondente.

I cc Carga
G1 1 3 G3
A LT1

Carga
LT2

G2 2 4 G4

Relé + Disjuntor

Fig. 10.91 – Aplicação de relés direcionais de potência


Os relés direcionais de potência são utilizados freqüentemente na proteção contra a
motorização dos geradores de energia.
Construtivamente, os relés direcionais de potência consistem de:
 1(uma) unidade direcional;
 1(uma) unidade de sobrecorrente temporizada;

29 – Relés Direcionais de Corrente


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 1(uma) unidade de bandeirola e selagem.


Os relés direcionais de potência são normalmente fornecidos em unidades monofásicas.

+
52 F

67
X1 SI
H1
em excesso p/ disparo

67
Direção da potência

TOC
67 67
SI TOC

H1
X1 67
TOC 52a

67
TOC

(a) – Ligação do relé com o sistema (b) – Diagrama de ligação


Fig. 10.92 – Esquemas básicos de relés direcionais de potência

EXEMPLO DE APLICAÇÃO (1)

Considerar o sistema de 69 kV representado na Fig. 10.67. Determinar os ajustes do relés


direcional de sobrecorrente de fase da linha (3), sabendo-se que a corrente de curto-circuito
barra consumidora é de 6.370 /  51 A. 0

30 – Relés Direcionais de Corrente


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A carga máxima por linha é de 55 MVA. O relé direcional está ligado em quadratura, isto é, a
corrente no relé para fator de potência unitário está adiantada da tensão de polarização de um
ângulo de 90 0 . O ângulo de projeto do relé é de  450 .
 Transformadores de proteção
6.370
It   318,5 A
20

RTC : 400  5 : 80

55.000
In   460,2 A
3  69

Finalmente: RTC: 500 - 5: 100


 Corrente de tape da unidade temporizada
1,5  460,2
It   6,9
100

Pela Tab. 10.13, tem-se:


I t  7 A (faixa: 1,5 a 12)A

 Tempo de operação do relé para a condição de curto-circuito


I cc  6.370 / - 51 A

I cc 6.370
M    9,1
RTC  I t 100  7

31 – Relés Direcionais de Corrente


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Pelo gráfico da Fig. 10.69, tem-se:


Trs  0,6 s (valor considerado neste exemplo): curva 2.

Logo, o ajuste do dial é a curva 2. Conforme se observa na Fig. 10.87, para um corrente de
curto-circuito de 6.370 /  51 A, o relé atuará próximo ao ângulo do seu conjugado máximo, que é
0

de 45 0 em relação à corrente e à tensão para fator de potência unitário. Os demais relés


direcionais não atuarão devido ao autobloqueio, isto é, o sentido da corrente. O mesmo ajuste
deve ser aplicado aos demais relés.
EXEMPLO DE APLICAÇÃO (2)

Determinar os ajustes de um relé direcional de potência destinado à proteção de um gerador


de potência nominal de 50 MW/13,80 kV. Sua potência de motorização é de 1.000 kW. O fator
de potência do gerador é 0,80 indutivo.
 Corrente nominal de gerador
50.000
I ng  I c   2.614,8 A
3  13,8  0,80

 Transformador de corrente
RTC  3.000  5  600

 Transformador de potencial
RTP  13.800  120  115

 Corrente de motorização do gerador


32 – Relés Direcionais de Corrente
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1.000
I mot   52,3 A
3  13,8  0,8

 Corrente de motorização no secundário do TC


I mot 52,3
I mots    0,087 A  0,08A
RTC 600

Para que o relé atue na reversão de potência é necessário que disponha de um tap mínimo
igual ou inferior a 0,08, cuja corrente de acionamento seja de:
I a  I t  RTC  0,08  600  48 A  52,3 A

2.2 - Relé de sobrecorrente direcional digital


 Tal como os relés anteriormente estudados, o relé de sobrecorrente direcional digital
apresenta os mesmos princípios operacionais dos relés de indução.
 Nos relés digitais, as correntes secundárias dos transformadores de corrente são
convertidas em sinais proporcionais de tensão através dos transformadores de entrada do
equipamento. Já os sinais analógicos de tensão são conduzidos a um conversor A/D
(analógico/digital) que os converte em sinais digitais antes de serem utilizados pelo
microprocessador. Todas as operações de atuação do relé são executadas digitalmente pelo
microprocessador. O programa do relé está armazenado em memória EPROM .
 Os valores ajustados, corrente, potência e tempo, são armazenados em memória EEPROM,
evitando que os ajustes do relé sejam apagados no caso de ausência de tensão em seus
terminais.

33 – Relés Direcionais de Corrente


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 O microprocessador do relé é constantemente supervisionado por um circuito denominado


watchdog (cão de guarda) que, ao perceber qualquer anormalidade operacional do
microprocessador, ativa um alarme no relé de saída de auto-supervisão efetuando ao
mesmo tempo o bloqueio do próprio microprocessador.
 A unidade direcional impede a operação da unidade de sobrecorrente, a temporização não
será ativada.
 A unidade direcional necessita de um fluxo mínimo de corrente, para definir a direção de
disparo em geral, 0,02  I n , e um pequeno módulo de tensão, em geral, 1 V. A partir desses
valores a unidade direcional será acionada desde que conhecidas as condições ajustadas
do fluxo de corrente.
 Os relés digitais possuem uma característica direcional baseada na medição do ângulo de
fase e no tempo de coincidência das medições entre a corrente e a tensão.
 Como se sabe, no momento do defeito, a tensão entre fases nos terminais do relé é
praticamente nula, mas qualquer que seja o seu valor é tomada como tensão de referência
para a corrente daquela fase. O ângulo característico para o qual se obtém a maior
sensibilidade do relé pode ser ajustado numa ampla faixa de valores, como por exemplo, 15
a 850.
2.2.1 – Unidade direcional de fase
Em geral, os relés apresentam unidades direcionais temporizadas e instantâneas de fase
2.2.1.1 – Unidade direcional temporizada de fase
Os relés possuem três unidades direcionais, cada uma destinada a uma fase. Para cada uma
das fases, tal como ocorre nos relés eletromecânicos, a grandeza de operação continua sendo
34 – Relés Direcionais de Corrente
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a corrente da fase correspondente e a polarização é dada pela tensão das outras duas fases,
(conexão em quadratura).
No relé ZiV, o elemento de sobrecorrente temporizado realiza sua operação sobre o valor
eficaz da corrente de entrada. A partida do relé ocorre quando o valor da corrente medida
supera 1,05 vezes o valor da corrente ajustado. O relé retorna a sua condição de repouso
quando a corrente decresce e atinge o valor 1 vez seu valor da corrente ajustado.

35 – Relés Direcionais de Corrente


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I1

I1

I2

I2

I3

I3

MICROPROCESSAMENTO
In

CIRCUITOS DE

DO RELÉ
In

V22

V1

V23

V2

V31
V3
Vv

Vl

Compactadores

Fig. 10.93 – Diagrama de bloco de um relé digital trifásico

36 – Relés Direcionais de Corrente


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A ativação da partida do relé habilita a função de temporização que realiza uma integração dos
valores medidos de corrente. Esta se realiza aplicando incrementos em função da corrente de
entrada sobre um contador que, ao fim da contagem de tempo ajustado, determina a atuação
do elemento temporizado do relé.
Quando o valor eficaz da corrente medida decresce abaixo do valor da corrente de partida
ajustado ocorre a reposição rápida do integrador. A ativação do sinal de saída do relé requer
que a partida permaneça atuando durante todo o tempo de integração. Qualquer retorno à
condição inicial de repouso do relé conduz o integrador às suas condições iniciais, de forma
que uma nova atuação inicia a contagem de tempo na posição zero.
No caso do relé ZiV 7IVD-L, a característica de tempo pode ser selecionada entre 6 (seis)
alternativas de funções inversas (inversa, muito inversa, extremamente inversa e tempo longo
inversa, tempo curto inversa e uma de tempo fixo). A estas pode ser acrescentada uma
característica de tempo definida pelo usuário e introduzida no relé através do seu sistema de
comunicação.
Para o relé de fabricação ZiV são os seguintes elementos utilizados na graduação:
 Unidade de corrente temporizada de fase direcional (modelo 7IVD-L)
 habilitação da unidade (permissão): sim ou não;

 partida da unidade:  0,2 a 2,4   I n , em passos de 0,01 A;

 curva de tempo: tempo fixo, curva inversa, muito inversa, extremamente inversa, etc;

 índice de tempo de curvas inversas: 0,05 a 1, em passos de 0,01;

 temporização da curva de tempo fixo: 0,05 a 100 ms, em passos de 0,01 s;

37 – Relés Direcionais de Corrente


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 controle de partida (habilitação de bloqueio de partida): sim ou não.

 Unidade de corrente instantânea de fase direcional (modelo 7IVD-L)


 habilitação da unidade (permissão): sim ou não;

 partida da unidade :  0,1 a 0,30   I n , em passos de 0,01 A;

 temporização da unidade instantânea: 0 a 100 s, em passos de 0,01 s;

 controle de partida: sim ou não.

 Unidade direcional
 Ângulo característico de fase: 15° a 85°, em passos de 1°;

 Ângulo característico de neutro: 15 a 85° em passos de 1°;

 Bloqueio por falta de polarização: sim/não.

A temporização da unidade de sobrecorrente pode ser obtida através das curvas


características  tempo corrente das Figs. 10.94 e 10.95. A temporização pode ser obtida
também através das Equações 10.22 a 10.26, ou seja:
 Característica de tempo inversa
0,14
T  0, 02
 Tms
 I ma


 1 (10.22)
 I 
 s 

38 – Relés Direcionais de Corrente


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I ma - sobrecorrente máxima admitida;
Is - corrente de ajuste no relé;
Tms - multiplicador de tempo, ou índice de tempo.
 Característica de tempo muito inversa
13,5
T   Tms
 I ma  (10.23)
  1
 I s 

 Característica de tempo extremamente inversa


80
T   Tms
 I ma  (10.24)
  1
 I s 

 Característica de tempo inversa longa


120
T
 I ma  (10.25)
  1
 I s 

 Característica de tempo inversa curta


0,05
T
 I ma  (10.26)
  1
 I s 

39 – Relés Direcionais de Corrente


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Tiempo en Segundos
Tiempo en Segundos
1000 1000

100 100

10 10

Indices

1
0,9
0,8
0,7 Indices
0,6
0,5
1 1
0,4

0,3 1
0,9
0,8
0,7
0,2 0,6

0,5
0,4
0,1
0,3

0,2

0,05
0,1 0,1

0,1

0,05

0,01 0,01

0,1 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 20 0,1 1 2 3 4 5 6 7 8 910 20


Veces el Valor de Ajuste Veces el Valor de Ajuste

Fig. 10.94 – Curva inversa Fig. 10.95 – Curva muito inversa


10.6.2.1.2 – Unidade direcional instantânea de fase

A unidade instantânea atua com o valor registrado do pico de corrente.


Em geral, os relés dispõem de um temporizador ajustável na saída que permite a temporização
opcional das unidades instantâneas.
10.6.2.1.3 – Unidade de controle de partida

40 – Relés Direcionais de Corrente


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Alguns relés possuem um ajuste de controle de partida ou habilitação do bloqueio da partida.


Existem duas funções bem diferenciadas. Uma está associada à unidade direcional,
habilitando ou desabilitando a direcionalidade do equipamento. A outra é a de reposição das
funções temporizadas incluídas nas unidades de tempo e instantâneas.
10.6.2.2 – Unidade direcional de neutro
A operação da unidade direcional de neutro está fundamentada na utilização de grandezas de
seqüência zero e terra. Se toma como grandeza de operação a corrente de seqüência zero
utilizando-se duas fontes para obter a grandeza de polarização:
 tensão seqüência zero;
 corrente de circulação pelo aterramento (corrente de sequência zero).
Assim, há duas características de operação correspondentes a cada um das grandezas acima
mencionadas e que representadas sobre um diagrama polar são definidas por retas, cada uma
das quais divide o plano em dois semiplanos. A localização da grandeza de operação
determina a saída da unidade direcional e sua ação sobre a unidade de sobrecorrente.
Assim, a polarização pode ocorrer das seguintes formas:
 Polarização por tensão
O princípio de operação de uma unidade direcional de terra se apoia sobre a determinação do
ângulo de fase relativo entre a corrente de seqüência zero e a tensão de seqüência zero.
 Polarização por corrente
Realiza-se através da defasagem existente entre a corrente residual e a que circula pelo
aterramento. As defasagens entre as grandezas anteriormente referidas estão compreendidas
entre 0º e 180º, sendo o ângulo característico sempre de valor igual a 0º.
41 – Relés Direcionais de Corrente
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 Polarização por tensão e corrente


Em geral, os relés são dotados de duas polarizações na mesma proteção. Dessa forma, deve-
se evitar indefinições na resposta das unidades de sobrecorrente. Adota-se, por princípio, a
prioridade ao bloqueio.
O bloqueio da unidade de sobrecorrente requer que o critério de polarização por tensão e por
corrente detectem a corrente em direção contrária à corrente de disparo. Será suficiente que
um dos dois critérios detecte a corrente na direção de disparo para permitir a operação da
unidade de sobrecorrente.
10.6.2.2.1 – Unidade direcional temporizada de neutro

Para o relé de fabricação ZiV são os seguintes elementos utilizados na graduação.


 Unidade de corrente temporizada de neutro direcional (modelo 7IVD-L)
 habilitação da unidade (permissão): sim ou não;

 partida da unidade :  0,04 a 0,48  I n , em passos de 0,01 A;

 curva de tempo: tempo fixo; curva inversa, muito inversa, extremamente inversa, etc;

 índice de tempo de curva inversa: 0,05 a 1, em passos de 0,01;

 temporização da curva de tempo fixo: 0,05 a 100 s, em passos de 0,01 s;

 controle de partida: sim ou não.

10.6.2.2.2 – Unidade direcional instantânea de neutro

42 – Relés Direcionais de Corrente


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Para o relé ZiV, tem-se:


 Unidade de corrente instantânea de neutro direcional (modelo 7IVD-L)
 habilitação da unidade (permissão): sim ou não;

 partida da unidade :  0,1 a 12   I n , em passos de 0,01 A;

 temporização da unidade instantânea: 0 a 100 s, em passos de 0,01 s;

 controle de partida: sim ou não.

 Unidade direcional
 ângulo característico de fase: 150 a 850, em passos de 10;

 ângulo característico de neutro: 150 a 850, em passos de 10;

 bloqueio por falta de polarização: sim ou não.

10.6.3 – Relés multifunção


São relés que incorporam várias funções numa só unidade. Há diversos tipos de relés
multifunção, cada um deles incorporando uma certa quantidade de funções, como por exemplo
os relés apresentados na Fig. 10.96, ou seja:
a) Relé multifunção (1)
 Função 50: sobrecorrente instantânea de fase;
 Função 51: sobrecorrente temporizada de fase;
43 – Relés Direcionais de Corrente
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 Função 51N: sobrecorrente temporizada de neutro;


 Função 49: relé térmico de proteção do transformador;
 Função 46: relé de reversão ou balanceamento de corrente de fase.

CS

52 I >> I >, t Ie, t > I 2 >, t 52 I >> I >, t Ie , t > I 2 >, t

TC 50 51 51N 49 46 TC 50 51 51N 49 46

RELÉ MULTIFUNÇÃO (1) RELÉ MULTIFUNÇÃO

CS

 
 I >, t I e >, t Ie Ie >  I >, t I e >, t Ie Ie >

51 51N 67 67N 51 51N 67 67N


51N
TC
CS
RELÉ MULTIFUNÇÃO (2) RELÉ MULTIFUNÇÃO

CS

52 52

CS
CS

TP

CS CS

52 I >> I >, t I e >, t 52 I >> I >, t I e >, t

TC 50 51 51N TC 50 51 51N

CS CS

Carga Carga

Fig. 10.96 – Diagrama unifilar com proteção através de relés multifunção


b) Relé multifunção (2)
44 – Relés Direcionais de Corrente
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 Função 51: sobrecorrente temporizada de fase;


 Função 51N: sobrecorrente temporizada de neutro;
 Função 67: relé direcional de sobrecorrente de fase;
 Função 67N: relé direcional de sobrecorrente de neutro.

EXEMPLO DE APLICAÇÃO

Determinar os ajustes de um relé direcional de sobrecorrente de fase e neutro, unidades


temporizadas e instantâneas do esquema elétrico mostrado na Fig. 10.97 instalado no circuito
do transformador. O ponto de conexão ou de acoplamento entre o sistema da concessionária e
do consumidor é em P.A. O gerador e a rede operam em paralelo. A impedância equivalente do
sistema é igual a Z  (2,4  j1,8) pu . Utilizar o relé ZiV, de temporização inversa, mostrada na Fig.
10.94.
a) Ajuste da unidade temporizada de sobrecorrente direcional de fase
O relé deve ser ajustado para permitir o suprimento integral da carga do consumidor,
quando o gerador G estiver fora de operação.
 Transformadores de corrente
12.500
Ic   552,9A
3  13,80

I cc 11.000
It    550A (veja Fig. 10.97)
20 20

45 – Relés Direcionais de Corrente


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RTC  600  5 : 120

P.A.(ponto de acoplamento)

52

10/12,5 MVA
69/13,80 kV
~ 7,5 MVA

52 52

TC 67 TC 67
I cc = 11 kA
I ft = 1,7 kA

13,8/440V
1000 kVA

1000 kVA

Fig. 10.97 – Diagrama elétrico


 Corrente de tape
I ur  5A (corrente nominal do relé)
K  I c 1,50  552,9
It    6,9A
RTC 120
46 – Relés Direcionais de Corrente
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K  1,50 (valor adotado de sobrecarga)
It 6,9
M nr    1,38
I nr 5

Faixa de ajuste: (0,2 a 2,4)  I nr


Ajuste do relé: I am  1,38  I nr

 Corrente de acionamento:
I a  I am  RTC  1,38  5  120  828A

 Tempo de operação do relé para a condição de curto-circuito


0,14 0,14
T   Tms   0,3  0,79 s
 I ma 
0 , 02
13,20 , 02  1
  1
 Is 

 I  11.000
M   máx    13,2
I
 s  828

Tms - curva ajustada : 0,3 (valor adotado em função do tempo de coordenação com outros
relés aqui não considerados)

 Ajuste do ângulo característico do relé


X 2,4
  1,33
R 1,8

47 – Relés Direcionais de Corrente


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X  2,4 
arctg  arctg    53
R  1,8 

Para que o relé opere no seu torque máximo, ajustar o ângulo característico do relé em 53°(a
faixa de ajuste varia entre 15 a 85°).
b) Ajuste da unidade instantânea de sobrecorrente de fase
Habilitação da unidade: não
c) Ajuste da unidade temporizada direcional de neutro
 Corrente de tape
K  I c 0,30  552,9
I tn    1,38A
RTC 120

K  0,30 (valor adotado)


I tn 1,38
M nr    0,27
I nr 5

Faixa de ajuste: (0,04 a 0,48)  I nr

Ajuste do relé : I am  0,27  I nr

 Corrente de acionamento
I ac  I am  RTC  0,27  120  5  162A

 Tempo de operação do relé para a condição de curto-circuito fase-terra


48 – Relés Direcionais de Corrente
Consultoria
e Projetos
Proteção de Sistemas Elétricos
Elétricos
0,14 0,14
T   Tms   0,1  0,29 s
 I ma 
0 , 02
10,40, 02  1  I 
  1 1.700
M   ma    10,4
 Is   I s  120  0,27  5

Tms  0,1(valor adotado)

49 – Relés Direcionais de Corrente

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